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S a ú d e B u s i n e ss S c h o o l Os melhores conceitos e práticas de g e s t ã o , a p l i c a d o s a o s e u h o s p i ta l
Módulo 08
A integração entre engenharia clínica e TI patrocínio:
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Introdução Depois do sucesso dos primeiros saúde business school continuamos com o projeto. Este ano, falaremos sobre TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE Na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro
na organização de seus departamentos de TI e na interação da
ano do projeto Saúde Business School
área com os stakeholders.
o tema Tecnologia da Informação em
Em cada edição da revista FH, traremos um capítulo sobre o
Saúde. Ainda que exista literatura sobre
tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores
o tema, a nossa função aqui é construir
e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo
um manual prático para a geração de um
para você.
ambiente de tecnologia hospitalar mais
Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados
seguro, que auxilie e oriente as equipes
em nosso site: www.saudeweb.com.br
O projeto envolve os seguintes temas: Módulo 1 - Infraestrutura de TI nos Hospitais Módulo 2 - O papel do CIO Módulo 3 - Governança de TI nos hospitais Módulo 4 - ERPs Módulo 5 - Segurança dos dados Módulo 6 - Terceirização de TI em hospitais Módulo7 - Prontuário eletrônico Módulo 8 - A integração entre engenharia clínica e TI Módulo 9 - RIS/ PACS Módulo 10 - Gestão dos indicadores Módulo 11 - Mobilidade nos hospitais Módulo 12 - Cloud Computing
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A integração entre engenharia clínica e TI Donizetti Louro e Rodolfo More
Inovação, tecnologia e sociedade A inovação e a tecnologia são partes da mesma realidade em instituições hospitalares e clínicas especializadas. Enquanto uma alcança as reengenharias de processos em projetos audaciosos a outra busca otimizar estas condições. Condições estas que permeiam as necessidades inerentes às instituições na procura de seu diferencial competitivo em suas formas de excelência com resultados de sucesso. A evolução tecnológica dos equipamentos médicos e o aumento da demanda por TI e comunicação têm se tornado cada vez mais importantes e presentes na estratégia de negócios das instituições de saúde. Até o fim dos anos 70, a tecnologia da informação (TI) estava restrita às grandes empresas, universidades e filmes de ficção científica. Podemos perceber a efervescência que alimenta os desejos de todos os povos. A interação homem-máquina é cada vez maior e para acompanhar esta evolução é necessário que haja uma compreensão dos alicerces do conhecimento, permitindo as oportunidades que a tecnologia oferece. Ao longo destas décadas a TI aumentou a participação nas relações humanas, científicas e corporativas. Não obstante, alcançar o alinhamento estratégico de uma instituição da saúde é uma tarefa complexa e exige o apoio de um modelo que permita gerenciar, controlar e monitorar os processos tanto internos quanto externos, cada vez mais importantes nos objetivos do setor. Antes de continuarmos com as particularidades desta situação é importante ressalvar que a área de tecnologia da informação compreende os campos da ciência da computação, sistemas de informação e engenharia da computação. Desta forma, ampliamos um pouco mais a reflexão e o alcance prático que esta área nos permite. Considerando que, o desenvolvimento de softwares embarcados em dispositivos médicos, e o pensamento sistêmico na gestão de processos com o equilíbrio financeiro apontam para um futuro repleto de alternativas e segurança nas atividades e rotinas diárias dentro das instituições de saúde. O desenvolvimento humano especializado baseado nas competências dos profissionais de cada área devem definir os processos para a aquisição de dispositivos médicos. Com esta premissa, a sociedade educacional brasileira investiu em suas iniciativas de formação profissional em universidades e centros técnicos vislumbrando um cenário de mudanças marcado por fortes tendências na utilização de alta tecnologia nas áreas da medicina diagnóstica, monitoramento, e dispositivos móveis principalmente. Como
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referência a estas iniciativas, podemos citar o curso de engenharia biomédica com uma vocação convergente às demandas geradas nesta oportunidade. A consideração acima alcança uma subárea chamada Engenharia Clínica que atua, também, em estabelecimentos de saúde que desenvolvem atividades baseadas nos conhecimentos de engenharia e de gerenciamento aplicadas às tecnologias de saúde. Este profissional, engenheiro clínico, conforme definição do ministério da saúde atua na gestão de tecnologias médico-assistenciais. No nível micro, diretamente com equipamentos utilizados no atendimento ao paciente. No nível macro a atuação é, por exemplo, no planejamento, definição e execução de políticas e programas para incorporação de tecnologias para a saúde. Estendendo esta formatação, entendemos que este profissional alcança também uma participação mais efetiva no planejamento e desenvolvimento de equipamentos, suas relações de interação homem-máquina, usabilidade e formação continuada, além de ser uma coluna na contribuição aos determinantes de processos regulatórios junto a órgãos de controle e validação de produtos.
Integração Quando conjecturamos as atividades do engenheiro clinico com conhecimentos e práticas em sistemas de informação, procuramos contemplar a necessidade de interação entre as áreas, uma vez que os processos de controle e planejamento envolvem decisões e ações destinadas a promover a efetividade, conforme a citação do Ministério da Saúde, em resultados obtidos versus esperados e segurança baseada na relação risco versus benefício do uso das tecnologias que está condicionado por uma série de recursos, dentre eles os respectivos equipamentos e acessórios; recursos humanos e sua capacitação; infraestrutura, suporte técnico, insumos e informações para realimentação do processo. Este é, a priori, um vetor de responsabilidades e que contemplam a gestão da tecnologia nas instituições da saúde, com métricas e monitoramento em tempo real de todas as atividades e processos internos e externos à organização. A área de TI significa hoje uma contingência
estratégica em todos os setores da sociedade, logo não poderia ser diferente em saúde. Com esta preocupação, esses profissionais da engenharia clínica com conhecimentos híbridos deverão ocupar cargos de decisão nestas instituições, com visão sistêmica do processo assistencial da saúde para a tomada de decisão e planejamento de risco com oportunidades. Os níveis de abrangência desta atividade alcançam: hospitais, clínicas ou postos de saúde, indústrias (processo produtivo) e comércio (propaganda, treinamento, suporte pós-venda, assistência técnica), enquanto o nível macro refere-se aos órgãos de fins regulatórios (Anvisa / Tecnovigilância); normativos (ABNT); resolutivos (MS, CNS, SES, órgãos de classe profissionais), ou financiadores (SUS, saúde suplementar, etc.), além de planejamento de produtos para as indústrias fundamentando inovação e tecnologia. A longevidade, proveniente destes avanços, requer uma sociedade preparada para esta nova forma de pensar e agir, pois surge a necessidade de estabelecer norteadores e indicadores que sejam suficientes para consolidar a sustentabilidade neste processo. A evolução tecnológica dos equipamentos médicos se vê na telemedicina e robótica, nas simulações computacionais de órteses e próteses, em implantes com inteligências e modelos computacionais para o domínio cognitivo humano. São muitas as contribuições destas ciências na área da tecnologia da informação. Entender como a tecnologia pode estar a serviço das organizações e dos gestores neste cenário significa planejar novas formas de competências dos profissionais de cada área na definição de processos para a aquisição de dispositivos móveis ou não, mas com incrementos de inteligência computacional. Desta forma, um pouco mais orientado deve ser o vetor que determina como deve ser feita a transição para a integração do negócio no hospital e em clínicas do setor público e privado. Sustentar-se de forma planejada, pois o que facilita a vida dos profissionais é ter algo que atenda a necessidade deles e não soluções altamente complexas que dificultam as suas tomadas de decisão. Principais pontos que devem ser abordados por gestores para que a integração seja bem sucedida: 1. O Planejamento como Estratégia de Processo; 2. A Gestão de Processos, Pessoas e Tecnologias; 3. Ambientes Conexionistas: Tecnologia e Ser Humano; 4. Tecnologia da Informação: Área Mediadora e Inovadora; 5. Usabilidade: Obstáculos de Aprendizagem e Ausência de Processos; 6. Tecnologia e Sociedade: A Tecnologia da Informação e Engenharia Clínica; 7. Gestão e Controle na Utilização de Sistemas de Informação em Processos; 8. Estratégia e Gestão: Visão Sistêmica do Processo Assistencial da Saúde.
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Evitando resistências Os obstáculos epistemológicos surgem, neste cenário, com a ausência de processos. Essa ausência demonstra a necessidade da facilitação, em termos de inteligência, dos modelos pensados para a usabilidade de equipamentos médicos e, neste caso, o profissional se vê desconfortável com a nova tecnologia e volta às ferramentas já consolidadas, imediatamente, tornando-se assim resistente as mesmas. A tecnologia discutida aqui por dispositivos médicos deve atender as demandas específicas de maneira eficaz e eficiente, o que pressupõe um planejamento estratégico de pessoas para pessoas, pois não importa apenas “passar” uma informação sobre as aplicabilidades das ferramentas, ou de como a ferramenta funciona, e sim se trata de consolidar os conhecimentos tecnológicos emergentes, com filosofia própria de cada organização aumentando o grau de satisfação e sucesso na tomada de decisão dos gestores, médicos, enfermeiras, atendentes e todo o corpo de colaboradores dentro destas instituições. Finalizando, a tecnologia pode, e deve, estar a serviço das organizações de saúde, após estudos e aplicação, específicos, que atendam primeiramente aos recursos humanos como veículo transformador e gestor da transferência de tecnologia em implantação ou otimização nos processos de serviços ou produção. A tecnologia e o ser humano estão interligados em ambientes conexionistas que desenham novas formas para a tomada de decisão em todo o cenário de gestão da Inteligência, humana ou computacional. Logo, essas estruturas abstratas nos possibilitam a interação em um mundo onde a otimização se faz presente. A atividade diária de um profissional de TI e de engenharia clínica tangencia a experiência em processos com a utilização de equipamentos e ferramentas que aperfeiçoam suas aplicações. Entre essas atividades encontram-se técnicas de produção de imagens, entre outras, que se destacam com os métodos radiológicos (raios X simples e contrastado, CT, MRI, imagens de medicina nuclear, tomografia PET; ultra-sonografia, ecocardiografia), micrografias, exames anatomopatológicos, endoscopias, análises cromossomiais, fotografias e exames relacionados a especialidades em particular, como a oftalmologia. Não teríamos condições aqui de elencar todas as formas de diagnósticos possíveis, tampouco as intervenções advindas com as anamneses.
A medicina caminha de mãos dadas com a inovação e a tecnologia trazendo todas as possibilidades de ampliar sua contribuição às bases de pesquisa para que este ciclo de conhecimento resulte em novos processos e que encontre novas formas de otimizar suas incursões. Em meio a tantas situações emergenciais e de extrema condição crítica, o profissional da saúde de maneira geral não tem tempo suficiente para pensar em situações de controle e monitoramento que atendam desde a lógica operacional dos equipamentos em suas organizações, assim como suas condições de uso e preparação preventiva de ações baseadas em inteligência computacional, para garantir o bem estar físico e mental de todos os envolvidos neste setor. Por exemplo, o trabalho com imagens médicas pode ser dividido em categorias: aquisição de sinais e transformação em imagens, geração e captação de imagens, tratamento de imagens por morfologia computacional, análise de imagens, gerenciamento de imagens, e gerenciamento de informações contidas nas imagens, entre outras que se desdobram ancoradas nas demandas específicas de cada área. A utilização das informações com escalabilidade chegaram para facilitar as consultas em tempo real com algumas garantias de segurança que antes não era possível, os dispositivos com mobilidade que gerenciam informações em tempo real e os robôs de monitoramento conquistaram os médicos e administradores hospitalares. Em cada uma destas tarefas é possível o uso do computador e customizá-los para as tarefas pessoais.
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Trabalho em equipe O desenvolvimento de novas competências para solucionar as dificuldades inerentes ao avanço das tecnologias aplicadas à saúde é emergencial porque suas raízes encontram-se na inovação como processo de sustentabilidade e, neste âmbito, a governança da saúde, em específico de TI e engenharia clínica, permitem o gerenciamento, o controle e a utilização de sistemas de informação na gestão de projetos, e nas decisões com o objetivo de agregar valor e apoiar a estratégia corporativa da organização. Com estas prerrogativas pode-se delinear a importância da integração para o negócio do hospital, clínicas e sistemas de saúde como um todo. Mais ainda, o desenvolvimento estratégico das empresas se situa na análise perceptiva e no perfil cognitivo de seus funcionários e colaboradores, como estudo prévio, para a melhor utilização e gestão dos processos. Com este norteador, argumenta-se uma formação contínua. As máquinas podem receber inferências de transformação por códigos em inputs lógicos, de forma rápida e eficiente, mas os humanos ainda não desenvolveram ressonâncias para adaptações de processos desta natureza. Desta forma, a TI nas suas condições de área mediadora e inovadora auxilia as incursões mais complexas, mas sempre começa com o planejamento das condições mais simples e imediatas do conhecimento e especialidades humanas.
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C a s o d e s u c e ss o Integração estratégica Projeto iniciado há três anos fez com que hospital SÃO JOAQUIM, DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA modernizasse parque tecnológico e aumentasse a capacidade de atendimento às demandas de seus clientes internos Guilherme Batimarchi – gbatimarchi@itmidia.com.br As novas tecnologias, especialidades e procedimentos médicos tornam o hospital um edifício dinâmico e em constante transformação. Essa evolução do setor de saúde faz com que instituições centenárias, como o Hospital São Joaquim, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, com 150 anos, tenham de se adaptar a esta realidade sem interromper seu fluxo de atendimento. Mas, para isso, não basta simplesmente adquirir equipamentos digitais, servidores ou monitores de última geração, pois é necessário que a tomada de decisão e o processo de implementação dessas novas tecnologias ocorram em conjunto, abrangendo todas as áreas envolvidas. Principalmente, quando se trata da engenharia clínica, responsável pelas tecnologias de saúde, e a TI, dedicada à gestão da informação, armazenamento de dados e sua infraestrutura da instituição. Diante disso, há três anos, o São Joaquim iniciou o processo de integração entre essas duas áreas, começando pela implementação de um sistema de PACS (Picture Archiving and Communication System) para gerenciar todas as imagens diagnósticas geradas na instituição a partir dos novos equipamentos digitais de diagnóstico por imagem. O processo de integração entre a engenharia clínica e a TI demorou cerca de dois anos para se concluir e, além do envolvimento de ambas as áreas, corpo diretor e corpo -clínico, foram estabelecidas metas que contemplavam: integridade da informação, otimização dos processos envolvidos, avaliação da melhor infraestrutura disponível para acomodar os dispositivos, avaliação da relação custo- beneficio das tecnologias disponíveis para atingir as metas e a integração de equipes multidisciplinares. Atualmente, as equipes de engenharia clínica e TI contam com cerca de 70 profissionais, responsável por todo o parque tecnológico da instituição, que vai da área de radiologia digital à criação de indicadores que auxiliam na estratégia da instituição. Segundo o gerente de engenharia clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Marcos Iadocicco, a convergência entre os departamentos foi fundamental para a estratégia do hospital, e o principal benefício dessa integração foi colocar o São Joaquim rumo ao conceito de hospital inteligente, onde foram integradas diversas tecnologias médicas de forma organizada e acessível para o cliente interno da instituição. “Desta forma, temos como resultado um hospital seguro e com facilidades que são atrativas também para os pacientes.”
Sobre o Autor Autores
Donizetti Louro - Professor e diretor da agência de inovação e transferência de tecnologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Diretor de inovação e tecnologia da associação brasileira de engenharia clínica. Coordenador de centro de tecnologia da informação, dispositivos médicos e assuntos regulatórios – CETIDAR. Rodolfo More - Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Clinica – Abeclin.
Sobra a abeclin
Fundada em outubro de 2003, a Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin) tem o objetivo de promover a divulgação da engenharia clínica no Brasil, incentivar o desenvolvimento, aprimoramento e divulgação da Engenharia Clínica, mediante realização de debates, conferências, reuniões, cursos e congressos.
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Saúde Business School é uma iniciativa da IT Mídia. Todos os direitos reservados.
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