Edição Nº3 | Agosto de 2011 | Esta revista faz parte integrante do jornal “Público”. Não pode ser vendida separadamente
Vila Nova de Foz Côa
JF Muxagata: Festival das Tradições D’entre Douro e Côa JF Santo Amaro: Magnificas paisagens que marcam a ruralidade JF Cedovim: “Uma freguesia rica em património artístico e cultural”
Alfandega da Fé
JF Valverde: “A altura é de redefinir projectos e encargos”
Vinhais
JF Agrochão: “Descubra a nossa singularidade” JF Tuizelo: Um local de refúgio, ar puro e natureza
Escola de Condução Beira-Mar 25 Anos a Ensinar
Romaria Senhora da Agonia » Elogio à Beleza: “Temos a representação da cultura e dos costumes de todo o concelho”
Índice 03 Editorial 06 VILA NOVA DE FOZ CÔA
editorial
Em mais um mês atípico de um atípico ano foram realizados contactos e entrevistas. Os textos foram escritos, revistos e as fotografias seleccionadas. A metodologia de quem faz a segunda parte do trabalho, para além de uma preparação prévia, é como a catalogação das fotos das férias. O que visitar, o que registar, qual o melhor ângulo e graças ao digital apagar e repetir ou tentar salvar a obra de arte nalgum programa milagroso. O calor finalmente aperta, as férias para muitos dos nossos leitores acontecem agora, em pleno Agosto. Esse “querido mês de Agosto” que acarreta consigo o simbolismo de um mês de eleição e predilecção para visitarmos os locais que ansiávamos, para reencontrar amigos e familiares mais distantes. O mês de festas e romarias que convidam à religiosidade, às tradições, à exaltação da cultura popular e do ser português, a uma modernidade associada à História. Neste convite a visitar paisagens deslumbrantes, sejam no Interior ou Litoral, o INCARTE pretende que, no Centenário da Instituição do Turismo em Portugal, não releguemos para segundo plano a marca colectiva da nossa história, da nossa inovação e da nossa força enquanto sociedade que caminha e procura o bem comum. A crise que tem sido publicada e comentada é real e, como já foi referido noutras páginas de anteriores INCARTEs, os verdadeiros empreendedores aproveitam este momento para separar o trigo do joio. Esta crise para ser superada precisa de união, precisa de ser enfrentada com garra e carácter. Esta crise precisa de empresários que honrem os seus compromissos e saibam enaltecer e engrandecer Portugal na Europa e no Mundo como uma mais-valia que não é, nunca foi e nunca será lixo...porque eles não são Portugal e nunca saberão sê-lo. CB
JF Muxagata
JF Santo Amaro
JF Cedovim
12 ALFANDEGA DA FÉ
JF Valverde
14 VINHAIS
JF Agrochão
JF Tuizelo
18 SENHORA DA AGONIA
CM Viana do Castelo
22 PESSOAS & NEGÓCIOS
Escola de Condução Beira-Mar
24 LAZER
Linha do Tua
26 AMBIENTE CVR
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA Redacção: Ana Borges Pinto, anaborgespinto@folhadamanha.pt; Carlos Borges, redacao@folhadamanha.pt |
INCARTE
Departamento Gráfico: 2x7 Design - Mónica Fonseca, Vanessa Taxa, 2x7design@gmail.com | Banco de Imagens: Stock.xchng | Director Comercial: Rui Martins, ruimartins@folhadamanha.pt | Departamento Comercial: Raul Pereira, Rui Martins | Propriedade: Folha da Manhã – Edições Periódicas, Lda. - Rua da Constituição, 236, 3 Frt – 4200 - 192 Porto | Telefone/Fax: 220161495, geral@folhadamanha.pt | Contribuinte: 509646115 | Director Geral: Raul Pereira, raulpereira@folhadamanha.pt | Impressão: Multiponto, SA. | Distribuição: Gratuita com o Jornal Público | Periodicidade: Mensal | Número DL: 324312/11 | Registo ISSN: 2182-2441 | Preço de Capa: 2,65€ (incluído IVA a 6%)
Agosto | 2011 | 03
» Notícias CENTENÁRIO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TURISMO EM PORTUGAL 1911 – 2011
100 anos de Turismo em Portugal
VINHO VERDE INVESTE NO ENOTURISMO
Campanha internacional promove vinho verde no mundo A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) lançou, no passado mês de Julho, o projecto Minho IN, para desenvolver o potencial de enoturismo do Minho na qualificação da oferta e do produto. A iniciativa pretende reestruturar a Rota dos Vinhos Verdes, aumentar o número de aderentes e, ao mesmo tempo, fazer crescer a estadia média na região. “O enoturismo não é uma maneira de vender vinho, mas antes um sector turístico no qual o vinho é o mote”, defende o presidente da CVRVV, Manuel Pinheiro, convicto do crescimento deste produto turístico nos próximos anos. A CVRVV vai inaugurar, até ao final do ano, a Casa do Vinho Verde, que funcionará como um espaço moderno de informação e promoção do Vinho Verde e apresentará a Grande Rota dos Vinhos Verdes, um percursos de 200 quilómetros que levará os visitantes aos principais elementos patrimoniais e paisagísticos da região.
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O Centenário da Institucionalização do Turismo em Portugal (1911-2011) é uma oportunidade para evocar a criação, pela primeira vez em Portugal, da Repartição de Turismo, anunciada pelo governo republicano no memorável IV Congresso Internacional do Turismo, realizado de 12 a 19 de Maio de 1911 na Sociedade de Geografia de Lisboa. Segundo Jorge Mangorrinha, Presidente da Comissão Nacional, esta celebração permite, também, destacar os marcos históricos destes 100 anos, bem como debater os caminhos de futuro do Turismo em Portugal e o seu posicionamento actual no mundo, particularmente no espaço lusófono, através de um Programa com origem na comunidade científica e empresarial, envolvendo entidades académicas, politicas e empresariais.
Notícias «
TURISMO PORTO E NORTE DE PORTUGAL
Levar o Porto e o Norte de Portugal ao pódio O Turismo do Porto e Norte de Portugal é o organismo responsável pela gestão e promoção turística da região Norte, englobando um total de 82 municípios. Sedeada em Viana do Castelo, esta entidade regional tem ainda delegações nas cidades de Guimarães, Chaves, Bragança e Braga, cada uma responsável pela dinamização de um produto estratégico. O Porto e Norte de Portugal concentra num só destino uma diversidade de produtos e experiências, capazes de satisfazer todo o tipo de visitantes. Turismo de Negócios; City & Short Breaks; Gastronomia e Vinhos; Turismo de Natureza; Turismo Religioso; Touring Cultural & Paisagístico e dos Patrimónios e Turismo de Saúde e Bem-Estar são os sete produtos estratégicos identificados pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal como elementos distintivos da oferta da região.
OILCA
Projecto melhora competitividade do sector Melhoria da competitividade e redução da pegada de carbono do sector do azeite, mediante a optimização da gestão de resíduos e implementação de uma ecoetiqueta. O projecto OiLCA é um projecto internacional, com duração de três anos, por iniciativa comunitária Interreg IVB SUDOE. Pretende melhorar a competiti-
vidade do sector oleico da região sudoeste Europeia que congrega Espanha, Portugal e o Sul de França, baseando-se na Análise de Ciclo de Vida (ACV) e na Análise de Custos para identificar as oportunidades de optimização da produção de azeite. As entidades que participam no programa em representação de Portugal são a Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro de Mirandela e o Centro para a Valorização de Resíduos.
VILA NOVA DE FOZ CÔA
Cursos especializados permitem qualificação A Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, o Agrupamento Vertical de Escolas e a Escola Superior de Tecnologias e Gestão, estabeleceram recentemente uma parceria no sentido de ser ministrado dois CETs (Cursos de Especialização Tecnológica) em Vila Nova de Foz Côa. A câmara municipal e o agrupamento vertical de escolas vêm por este meio informar que se encontram abertas as inscrições para 2 cursos de especialização tecnológica: O curso condução de obra e o curso gestão de animação turística.
estes cursos são uma formação pós-secundária não superior que visa conferir qualificação profissional do nível 4. os titulares do cet em condução de obra poderão ingressar no curso de engenharia civil ministrado pela escola superior de tecnologia e gestão e os titulares do curso de gestão de animação turística poderão ingressar no curso superior de turismo e lazer a escola superior da guarda ao “reservar” anualmente algumas vagas para estes alunos permitem um acesso directo.
ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS
Inscrições abertas para o RVCC profissional de bombeiro Os Centros Novas Oportunidades da ENB, em Sintra e na Lousã, estão em condições de desenvolver o processo que conduzirá à Certificação Profissional de Bombeiro. Esta formação pode ser realizada nos próprios Centros ou em regime de itinerância Se é bombeiro e deseja que as suas competências sejam reconhecidas inscreva-se e valorize a sua vida profissional e pessoal.
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» V.N. de Foz Côa Junta de Freguesia de Muxagata
A grande aposta:
“Turismo, turismo e turismo!” Envolvida pelo histórico Vale do Côa, Muxagata, freguesia no concelho de Vila Nova de Foz Côa, com 300 habitantes tem um objectivo bem definido: desenvolver o turismo. Frederico Lobão, presidente da Junta de Freguesia, e a sua equipa, querem manter activa a aldeia que os viu crescer, e para isso, projectos e ideias não lhes faltam.
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freguesia de Muxagata está inserida no concelho de Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda e conta com cerca de 300 habitantes. Foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX e a primeira referência a Muxagata pode ler-se no documento de extinção da Ordem dos Templários, publicado por D. Dinis. A origem de tão invulgar nome conta com várias explicações, sendo que os mais idosos defendem que “o nome provém de uma mocha e de uma gata, símbolos gravados, em alto-relevo, na padieira de uma porta em casa particular, sendo hoje denominada por Pedra de Muxagata”. Nos dias de hoje, a freguesia é essencialmente caracterizada pela agricultura, abençoada pelo terroir único, concedido por um clima e solo óptimos, sendo a viticultura a principal fonte de rendimentos, seguida da olivicultura e do amendoal que nas palavras do secretário presidente da Junta de Freguesia, Paulo Grandão “são pequenos nichos que não geram rendimento suficiente para que as pessoas possam depender economicamente deles”. A cumprir o segundo mandato, Frederico Lobão conta
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que “o primeiro foi muito difícil, ganhamos as eleições muito novos, foi um mandato de aprendizagens e de vasto enriquecimento”. Com os olhos postos no presente e no futuro, os objectivos deste mandato passam sem dúvida por garantir o modo de vida digno dos muxagateiros. Para o Executivo “o mais importante neste momento é criar condições dignas, a determinadas famílias que se encontram em situação desfavorável”. Depois de concretizado o objectivo, o passo seguinte da Junta de Freguesia é substituir “o alcatrão, por calçada, uma vez que torna a aldeia mais rústica, mais característica e também porque é um investimento para a vida”. A freguesia conta já com um Centro de Dia, mas o desejo do Executivo é implementar um lar de terceira idade. Apesar da vontade ser grande, o processo está a ser difícil, pois a Segurança Social da Guarda afirma que o distrito tem já serviços sociais a esse nível que respondem às necessidades das freguesias. Contudo desistir não é opção e por isso, a ideia é para avançar. “Com este projecto podemos colmatar duas falhas clamorosas da Freguesia. Por um lado, iremos dar total apoio aos nossos
idosos e por outro conseguiremos criar oportunidades de trabalho aos jovens” diz Manuela Tomé. No que à saúde diz respeito, todas as semanas, as voluntárias da Cruz Vermelha deslocam-se a Muxagata para fazerem rastreios, e tal como afirma o presidente da Junta, “a proximidade da freguesia com Foz Côa cobre muita lacuna, já que em cinco minutos estamos no serviço de unidade básico e portanto não posso dizer que estamos mal servidos”. Também devido a esta proximidade, a escola primária de Muxagata não vai voltar a abrir portas no próximo ano lectivo, “os pais já estão mentalizados e os alunos vão ter a oportunidade de se desenvolver mais em Foz Côa, porque como cá são poucos, não existe aquela competição saudável e disputa natural entre colegas”. Um dos problemas que mais preocupa a freguesia são as casas em ruína. Muitos dos habitantes de Muxagata emigraram, criando descendência que nunca conheceram a zona, e as suas origens, identificando-se pouco com a freguesia. Quando existem pessoas interessadas em adquirir casas abandonadas, “os proprietários praticam preços exorbitantes, sendo consequência disso o
Junta de Freguesia de Muxagata
V.N. de Foz Côa «
MUXAGATA Também é conhecida como a Terra das Tomatas, pois em tempos idos, os primeiros produtos hortícolas a aparecerem no Mercado Municipal de Vila Nova de Foz Côa, eram os de Muxagata, nomeadamente as “Tomatas”, que pelas suas características únicas, ao nível do paladar, conferiram à localidade tal nome.
elevado número de casas em ruína nela existentes”. Um descontentamento confesso do Executivo tem a ver com as acessibilidades. “Muito honestamente tenho a dizer que já esteve melhor, porque este novo acesso que nos fizeram, resultante do novo traçado do IP2 é uma vergonha, não tiveram qualquer tipo de consideração pelos habitantes de Muxagata.” A cultura está bem presente no dia-a-dia da freguesia e é-lhe atribuída um grande valor. Frederico Lobão conta que “temos feito imensos esforços para manter Muxagata activa, no sentido de celebrar a festa da Santa Padroeira, manter a fogueira de Natal, e de dar a conhecer, essencialmente aos jovens, aquilo que Muxagata tem, que faz, e que já teve”. Colectividades como Associação Cultural de Muxagata – A Terra das Tomatas, Clube de Caça e Pesca de Muxagata e Chãs e Associação para a Promoção da Arte e Cultura do Vale do Côa e Douro Superior (APDARC) ocupam também um lugar importante na freguesia, organizan-
do várias actividades. - Bailes Populares; Festivais de Tradições; Jogos Tradicionais; Tomatadas; Ronda dos Copos; Raids Todo o Terreno, são algumas das iniciativas da A.C.M. A Terra das Tomatas. - A valorização das Actividades Cinegéticas, é uma das razões que leva o C.C.M.C. a ser reconhecido a nível Nacional. - Projecto “Workshop de Muxagata” promovido pela APDARC e orientado por Shin Egashira e Pedro Jervell, tem como objectivo contribuir para a revitalização cultural e social da aldeia de Muxagata através de intervenções em espaços/ edifícios em estado de abandono. O projecto, cuja periodicidade é anual, no presente ano realizará uma intervenção no antigo forno comunitário da aldeia de Muxagata. Manuela Tomé recorda com orgulho a festa que fizeram no ano passado. “Fechamos as ruas da freguesia, recuperamos o espaço que é denominado a fábrica, que era a padaria e lagar de
azeite, abrimo-la ao público, e convidamos os locais a vender os seus produtos. Enfeitamos as ruas com antiga maquinaria e fizemos uma nova actividade não só no concelho como no país, que foi a tomatada. Comprámos 4000 quilos de tomate e convidámos os participantes a aliviarem-se, divertindo-se, da rotina do dia-a-dia”. Um dos pontos fortes desta freguesia é o turismo, que segundo o presidente “não está devidamente aproveitado”. Com a envolvência do verde da natureza, com os trilhos óptimos para um passeio, com um centro de recepção inserido no Parque Arqueológico do Vale do Côa e com um passado cheio de história, Muxagata tem tudo para dar certo e apostar forte no turismo. Desta
forma, não é difícil para o Executivo afirmar que “o futuro da freguesia passa pelo turismo, turismo e turismo, de todo e qualquer tipo, desde sénior a campismo, tudo”. Como forma de incentivar os muxagateiros e lhes passar alguma da sua forte vontade de apostar no turismo, Frederico Lobão transmite uma mensagem de esperança. “Quero deixar uma mensagem de esperança no futuro, de acreditarem neles próprios, as pessoas têm um pouco de medo de avançarem com ideias próprias principalmente no que toca ao turismo, e quero deixar uma mensagem de confiança porque acho que na realidade temos muito a ganhar com o turismo. As pessoas têm que ser autodidactas, pró-activas, corajosas e aventureiras!”
Festival das Tradições D’entre Douro e Côa dias 05, 06 e 07 de Agosto de 2011 05/08/2011 22:00 – Tiros 2 06/08/2011 07:30 – Caminhada 18:00 – TOMATADA - Polidesportivo 22:00 – Henrique Matos + Júpiter (10 refeições)
07/08/2011 Manhã – Eucaristia em Honra de Santa Maria Madalena 22:00 – Riluf
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» V.N. de Foz Côa Junta de Freguesia de Santo Amaro
O Natural e o Edificado na Evolução Transmontana Visitar Santo Amaro é ficar deslumbrado com as magnificas paisagens que envolvem e marcam a «pura ruralidade» desta modesta e boa mas rude freguesia do concelho de Foz Côa. José Luís Ferreira, presidente em pleno segundo mandato, considera que importantes são as pedras vivas da freguesia e o seu bem-estar.
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Porquê visitar ou sequer passar por Santo Amaro, uma freguesia escondida e esquecida por muitos no Interior de Portugal, ali quase a fazer fronteira com Espanha na região do Alto-Douro. Os motivos são variados, porque é necessário conhecer e divulgar as riquezas do nosso país. Porque as pessoas acolhem-nos com o sorriso e a amabilidade à muito perdida nas cidades. Porque a poluição, que é global, ainda resiste a imiscuir-se com o ar puro que se partilha com os cerca de 60 habitantes residentes, menos 30 que no caderno eleitoral. Para José Luís Ferreira o segundo mandato, enquanto presidente da freguesia e das suas gentes, servirá para poder concluir algumas obras, que iniciou no mandato anterior, e começar novos projectos. “O parque de lazer, no Mira-
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douro da Mata dos Carrascos, actualmente com muita adesão, para além do deleite visual, serve também de local de merendas. Temos as condições para quem nos visita fazer piqueniques e até assados mas queremos dotar o local com casas de banho, essencialmente para as senhoras”. Este local já existia, e está incluído na rota dos miradouros do concelho de Vila Nova de Foz Côa, mas têm vindo a ser melhoradas as condições com o empenho do entrevistado. Sempre zeloso pela qualidade de vida dos habitante e de quem os visita os caminhos rurais têm sido alargados, alguns alcatroados e outros com paralelo para poderem circular com mais comodidade e nenhum lugar ser inacessível. “Fizeram-se uns metros de calçada à portuguesa, uns caminhos rurais. Não se pode fazer muito porque o dinheiro é pouco”, explica.
Mesmo com um fundo de maneio limitado, porque não é fácil ser-se presidente de uma freguesia do Interior, as pequenas vitórias são feitas com orgulho, esforço e muito suor. São quase 90 por cento de imaginação autárquica. Os Centros de Interpretação abundam no Interior de Portugal e Santo Amaro não é excepção, afinal é preciso perceber para saber dar a conhecer. De onde vimos e para onde vamos, o que fizemos e o como fazemos. “Adquirimos, com a ajuda da câmara municipal, um lagar para um Centro de Interpretação de Vinhos. São poucos os que têm tão boas condições”. Livros, televisão, jogos, café e outras possibilidades de bebericar são novidades para os habitantes. O acolhedor centro de convívio é explorado pela Junta de Freguesia, e aberto sempre que há fregueses para tardes de con-
vívio com jogos tradicionais e muita animação onde não faltam os computadores que fazem a ponte entre a ruralidade e o mundo. Numa freguesia rural o predomínio é no sector primário e a principal ocupação na agricultura. A produção agrícola passa pelo azeite, cujos primeiros olivais datam do final do séc. XVI, a amêndoa e o vinho de mesa e generoso, o famoso vinho do Porto.
Junta de Freguesia de Santo Amaro
V.N. de Foz Côa «
tunidades. Não existem fábricas, nem serviços para poderem dar sustento a sangue novo e outra vida à freguesia. Com o Miradouro da Mata dos Carrascos e o parque de merendas onde nem lenha falta, a freguesia de Santo Amaro ainda tem outros atractivos para quem os visita. O Núcleo de Arquitectura Rural, as Alminhas da Carreira, a Fonte das Malhadas, o Cruzeiro da Ermida, a Ponte do Vale do Nedo, a Igreja Matriz, e a saudosa Linha férrea do Douro que outrora era ilustrada pelo vapor e pela sua evolução ao longo dos anos. Futuramente a escola primária, desactivada há cerca de 10 anos, vai ser reconvertida em habitação de turismo rural, com quartos de casal e individuais para acolher quem quiser conhecer as riquezas telúricas do Alto-Douro, ou apenas desfrutar da alimentação tradicional e recuperar forças para o caminho. A principal festa e romaria deve-se ao santo cujo nome para além de padroeiro também baptiza a freguesia,
Amaro, e celebra-se a 15 de Janeiro, Seja qual for a intempérie. “Seja qual for o dia da semana a celebração traduz-se na missa, na procissão e depois a festa, com música e as condições possíveis”, aclara. Mas como o futuro começa-se ontem as ideias para Santo Amaro são sempre muitas como recuperar uma fonte centenária cuja água serviu outrora a população e nunca deixou de correr. Para José Luís Ferreira ainda é cedo para falar-se numa recandidatura porque a sua preocupação actual são os seus fregueses, “é necessário cuidar de quem fica e garantir a sua qualidade de vida”. E as suas palavras finais são para todos, os presentes e os ausentes na diáspora mas sempre com as coordenadas de Santo Amaro no gps. “Desejo que todos colaborem com a Junta de Freguesia e eu dentro das minhas possibilidades estarei sempre disponível para atender e ajudar todos os fregueses, a qualquer hora do dia ou da noite. Gosto de ajudar seja quem for”
“A principal fonte de rendimento é a agricultura mas há muitas pessoas que têm os terrenos e estão a deixá-los ao abandono porque não existem apoios e não querem dispor dos poucos rendimentos numa actividade sem retorno.” José Luís Ferreira ainda alinha nestas lides por carolice afinal tem disponibilidade e gosto mas confessa tristeza por ver a freguesia deserta de jovens, que foram à procura de outras opor-
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» V.N. de Foz Côa Junta de Freguesia de Cedovim
“O meu desejo era conseguir fixar os jovens” A vila de Cedovim pertence ao concelho de Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda. Fica situada numa serra a 574 metros de altitude, no extremo norte do distrito a 15 quilómetros das belezas do Rio Douro. Cedovim consta nos anais de Portugal com o primeiro foral recebido por, D. Afonso III em 1271 século XII e o segundo por D. Manuel em 1512 que fará 500 anos em 2012. É considerada uma das aldeias mais bonitas devido às suas belas paisagens em particular na época das amendoeiras em flor.
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hegados a Cedovim deparamo-nos de imediato com uma população hospitaleira, acolhedora e de sorriso estampado no rosto. A vila de mil encantos, histórias e tradições está viva e recomenda-se. Rua a cima, rua a baixo, mais velhos e mais novos vão-se cruzando e trocando dois dedos de conversa. Aqui a mistura de gerações é ainda uma realidade há muito perdida nas grandes cidades. Com cerca de 400 habitantes, 80 por cento vive da agricultura, do vinho generoso e da amêndoa e azeite, os restantes vão-se espalhando pelo comércio presente na vila: nos CTT, nos dois cafés, nos dois supermercados, na indústria da construção civil, na panificação bem como a oficina de mecânica e serralharia civil A visita guiada a Cedovim foi-nos feita através das palavras do Presidente da Junta, António Pereira. A cumprir o segundo mandato, é com orgulho que este filho da terra nos fala da aldeia que honra em servir. Do passado faz um balanço positivo, e indica as pequenas obras de reestruturação a alguns ornamentos da freguesia como trabalho já realizados, sem esquecer uma das pri-
meiras promessas que cumpriu: a rede de wireless. Em conjunto com a Câmara Municipal, a freguesia tem a funcionar uma rede de internet pública que permite que o mundo entre em Cedovim e que a freguesia se mostre também ao mundo. Porém, até ao fim do mandato, António Pereira tem três objectivos que quer cumprir: “ A requalificação de um antigo lagar de azeite para se transformar num museu agrícola, a construção de uma casa mortuária e sanitários públicos”. O que realmente preocupa este presidente são as carências ao nível de emprego, que consequentemente fazem com que os jovens tenham que sair para a sede de concelho e para o concelho vizinho. “O meu desejo era conseguir fixar os jovens em Cedovim”. Com uma média de idade envelhecida, a saúde ocupa um lugar muito importante na freguesia. Para o presidente a situação está controlada, “temos um centro de saúde aqui perto, a cinco quilómetros, temos uma parceria com a Câmara Municipal e com a Cruz Vermelha. Vem uma equipa de enfermeiros todas as semanas a Cedovim e temos também o nosso Centro de Dia e Lar com um enfermeiro disponível uma vez por semana”. A qualidade de vida dos mais idosos
não é portanto descuidada, por isso a freguesia está equipada com um Centro de Dia, um Lar da Terceira idade e com apoio ao domicílio. A vila encontra-se bem preservada e exemplo disso são as habitações que na grande maioria se encontram reconstruídas, não havendo assim grande degradação nas casas. É com brio que o presidente fala sobre o saneamento, luz e água, “ Somos pioneiros a nível do concelho, fomos a primeira freguesia com a actual rede de esgotos e água”. Nos cerca de 400 habitantes podemos encontrar quarenta crianças com menos de dezoito anos, contudo, a escola primária encerrou portas este ano e a pré-primária não as voltará a abrir no próximo ano lectivo. A localização geográfica de Cedovim permite que os alunos frequentem as escolas nos concelhos vizinhos. Aliado a este factor, as acessibilidades facilitam essa deslocação. “Estamos relativamente bem, agora com a construção da IP estamos mais perto da capital de distrito, cerca de metade do tempo, e para Viseu o acesso também é bom. Estamos no centro, rodeados por Viseu, Guarda e Foz Côa” explica António Pereira.
A cultura mexe-se na freguesia e faz mexer quem lá mora, o Grupo Cultural Desportivo e Recreativo de Cedovim, fundado há cerca de trinta anos contínua activo. Actualmente é dirigido por um grupo de jovens, tem a funcionar uma escola de música, realizam várias actividades religiosas, culturais e recreativas e organizam convívios com bastante frequência. Como é possível constatar, Cedovim é
Junta de Freguesia de Cedovim
V.N. de Foz Côa «
festa”, conta com entusiasmo. A pensar nos emigrantes que em Setembro já não se encontram na vila, existiu a necessidade de fazer uma outra festa de Verão dedicada a estes filhos da terra que outrora a tiveram de abandonar. Eis então que acontece todos os anos a Festa do Emigrante, em meados de Agosto, que nas palavras do presidente da junta “ duplica a freguesia”. Mas nem só de festas vive esta povoação e por isso, ao longo de todo o ano o turista é convidado a visitar esta vila que tanto património arquitectónico tem para mostrar, desde a Igreja Matriz, a várias capelas, ao pelourinho, à fonte de mergulho, às casas senhoriais até aos vestígios de telha romana. Sempre disponível para receber quem visita Cedovim e com vontade de ajudar na descoberta da vila, o presidente da junta deixa o seguinte conselho: “ Como Cedovim é uma freguesia muito rica, quer em património artístico quer cultural, aconselhava às pessoas, que quando nos vierem
visitar, tivessem contacto com a junta de freguesia para ficarem informados de toda a riqueza da vila e para que possam usufruir de todos os bons momentos e de tudo que aqui temos, como podem constatar pela nossa página em www.cedovim.net”.
uma freguesia alegre e por isso as festas não faltam. O presidente considera importantes estas festividades para juntar as pessoas da freguesia bem como as das aldeias vizinhas. “ Temos a festa do S.João com sardinhada e bailarico à noite e temos a Festa de Verão no primeiro fim-de-semana de Setembro em honra do Senhor dos Aflitos. É uma festa grandiosa, com bastante gente das aldeias vizinhas, são quatro dias de
Capelas: Igreja Matriz Capela de S. Mamede Capela de S. António Capela de S. Sebastião Capela de Nossa Senhora do Amparo Capela de Santa Madalena Capela de Nossa Senhora do Rosário Capela de Santa Marinha Capela de Nossa Senhora da Conceição
Fontes/ Chafarizes: Largo do Adro Praça do Município Largo de Santa Madalena Fonte dos Amores
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» Alfândega da Fé Junta de Freguesia de Valverde
Um simpático Vale Verde
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Entre os ribeiros de Zacarias e de Vilariça, próximo da Serra de Gouveia, a quatro quilómetros da sede de concelho, Alfandega da Fé, e pertencente ao distrito de Bragança encontramos Valverde. Fernando Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia, apresenta-nos uma região de Verões quentes e Invernos muito frios, com uma economia baseada na agricultura e com pessoas de sorriso acolhedor. 12 |
alverde enche o olhar de quem a visita pelas cores, pelos cheiros da terra lavrada, pela mistura de ribeiras e serras e pelo ar quente ou frio, que nos acaricia a derme, dependente da altura do ano. Pelo som do silêncio muitas vezes interrompido pelos animais, domésticos ou selvagens, pelo falar de quem se aproxima e conhecemos pelo andar ou pelas poucas crianças que existem mas enchem a freguesia de sorrisos, olhares atrevidos de quem quer conhecer e extravasar fronteiras acompanhadas pelas lembranças dos mais antigos. Esses antigos que têm histórias e “estórias” que ultrapassam o tempo e muitas vezes o espaço físico que nos limita as forças do corpo mas nunca dos sonhos, dos desejos e das ambições que não se confinam ao povoado. Valverde é como o nome geograficamente indica, um vale que é verde, um verde tenro, um verde fresco, um verde esperança que circunda uma inteira aldeia que acolhe quem os visita com um sorriso, com uma história e com sensações que se tornam únicas e que invadem os sentidos num turbilhão de sensações. Valverde é a degustação de uma gastronomia típica e rica na sua variedade com as sopas de segada e mantença. Com salpicões, chouriços e alheiras ou o botelo e as bocheiras, nos enchidos. Os queijos com o apetecível requeijão depois de um convívio ao redor da mesa onde não falta a sobremesa Lérias de Valverde, tão regional como característica. Valverde é a terra de Fernando Rodrigues, por nascimento e por querer. Um querer teimoso de quem ama a sua freguesia e por ela trabalha há três mandatos como presidente de um executivo que aos poucos e com pouco faz o muito no melhoramento e na manutenção deste Vale que é Verde. Com pouco mais de 100 fogos habitados e uma extensão de 2 mil hectares têm inscrito 118 eleitores pois a migração para a sede
do concelho, Alfandega da Fé, que dista a uma distância de quatro quilómetros, originou um êxodo na procura de melhores condições de vida, de emprego, de sustentabilidade e de constituição de família. Nas últimas eleições o presidente faz o balanço de uma freguesia pequena e despovoada mas que é o rosto do Interior de um país que como os rios desagua no mar e procuram também o Litoral mas onde a abstenção foi a verdadeira vitória. “Vivemos da lavoura, de uma agricultura de subsistência direccionada para a amêndoa e o azeite” caracteriza Fernando Rodrigues e acrescenta que, “a amêndoa apanha-se em Setembro e a azeitona em Dezembro e Janeiro. Os homens varejam as oliveiras e as mulheres apanham o fruto”. Valverde nas palavras, muitas vezes parcas, de quem conhece ruas e caminhos mas que transmitem orgulho, “tem carência de trabalho e juventude. Somos uma aldeia cada vez mais envelhecida, a média de idades passa pelos 60, e existem poucos jovens” lamenta o presidente. A escola primária, fundada em 1902 e que encerrou em pleno segundo mandato do edil, encontra-se recuperada e a funcionar com crianças da pré-escola. Cinco meninos, oriundos da comunidade cigana que há muito Valverde acolhe e que estão perfeitamente inseridos na dinâmica da freguesia. Os oito Valverdenses que ainda estudam no ensino primário vão todos os dias para o centro-escolar de Alfandega da Fé, uma viajem de autocarro porque o futuro é deles, a escola é obrigatória e o saber não ocupa lugar. O balanço destes anos de governação é feito a meio desta viagem pelo saber, pelo conhecimento e por uma região que cativa a visitar, que cativa os sentidos, e que cativa ao velhinho mas sempre actual slogan, “vá para fora cá dentro”. “Agora temos estado mais parados, a altu-
Junta de Freguesia de Valverde Alfândega da Fé « ra é de redefinir projectos e encargos. Aumentamos o cemitério, alcatroamos a estrada até ao santuário de S. Bernardino e claro que houve mudanças e reparações na freguesia, pelos caminhos que percorremos todos os dias. Calcetamentos, alcatroar e alargar, melhorar a qualidade de vida, no que diz respeito à entidade Junta de Freguesia, dos nossos fregueses”, refere fazendo o exercício da memória governativa. Fernando Rodrigues deseja ver mais turistas na sua freguesia, por isso as melhorias também são feitas a pensar em quem os visita, a rede viária que serve Valverde tem o piso algo degradado. A velhinha estrada municipal perdeu a conta a marcas e feitios mas “a nova IC5 que está a ser construída será vantajosa e vamos ficar com um nó de ligação à freguesia”, assegura. A saúde é uma das principais preocupações numa freguesia com uma média de idade avançada, o habitante mais velho conta com 92 anos. “Todos os meses temos a visita de uma enfermeira que
se desloca à freguesia para os habituais testes de medição. Se houver necessidade as enfermeiras do centro de saúde deslocam-se ao domicílio”. Um freguesia que conserva a sua identidade e onde podemos observar as antigas habitações de xisto com telhados de barro. A Igreja Matriz do século XVIII, cujo replicar dos sinos alerta para o culto quinzenalmente, possui uma cruz processional e uma imagem do Imaculado Coração de Maria dignas de registo e da tradição religiosa de Portugal. Os santuários de S. Sebastião e S. Bernardino, o cruzeiro e a fonte de mergulho do período romano juntamente com o reabilitado edifício da escola primária são outros atractivos para o visitante e para o leitor deste INCARTE que Fernando Rodrigues espera receber em Valverde. “Espero que nos visitem mais amiúde pois somos uma população acolhedora numa região magnífica e com muitas tradições sempre de braços abertos para os receber”.
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» Vinhais
Junta de Freguesia de Agrochão
Encantadora e Hospitaleira Identificam-se como uma das melhores aldeias do concelho de Vinhais. Uma freguesia pequena, modesta e com pouco mais de 200 habitantes. Sofre da interioridade e da desertificação próprias do Interior de Portugal. Sobrevivem da agricultura e da sazonalidade dos campos e do clima. Manuel Gomes, presidente, e António Gomes, secretário, são os rostos de Agrochão.
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primeiro mandato ainda está a meio, ou como dita a sabedoria popular, a procissão ainda vai no adro mas “o balanço é positivo”, referem a duas vozes presidente e secretário. A crise económica e os poucos apoios são motivos de ânimo para tentar fazer muito com pouco muito embora reconhecem que com mais faziam melhor. “Precisávamos de mais mas estamos a fazer o impossível, é complicado pelo que se está a passar no país mas acho que estamos a cumprir os objectivos a que nos pro-
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pusemos”, reforça Manuel Gomes, presidente da Junta de Freguesia de Agrochão. Os objectivos, “abrilhantar a aldeia”, são simples mas úteis, necessários para que a qualidade de vida dos agrochanenses se mantenha, melhore e quem os visita se sinta acolhido. “Queremos ter mais e melhores condições no Santuário, um pavilhão e no Bairro do Outeiro fazer passeios e lugares de estacionamento”, acrescenta. As dificuldades são as inerentes a uma junta do Interior. E Manuel Gomes aponta a emigra-
ção e a desertificação como a causa da escola primária ter fechado há dois anos mas em contrapartida a pré-escola funciona e terá crianças por muitos e longos anos. A saúde, em Agrochão, é vigiada todas as semanas por uma junta médica que se desloca à aldeia. Existe também um centro social e paroquial, com todas as valências necessárias para o bem-estar de quem necessita deste serviço. Centro de dia, lar e apoio domiciliário. A vida faz-se em comunidade e as associações ainda têm o mesmo significado de serem
Junta de Freguesia de Agrochão agregadoras e transmissoras de saberes, de diversão e convívio. A Associação Recreativa e Cultural não se deixa afectar pelas paisagens, pelo passar do tempo mas recriam esse mesmo tempo, os espaços e as festas com os seus bailaricos. A cultura em Agrochão recomenda-se. “Ainda recentemente estivemos em Vinhais e fomos mostrar/ recriar a Apanha da Azeitona e o ciclo da Lã, desde a tosquia até aos cobertores. Também fizemos a representação do Ciclo do Pão, desde a sementeira, a ceifa, a malha, o moer até ao cozer no forno para transmitirmos este saber às gerações futuras, foi tudo registado em dvd.” Existe na pacatez desta aldeia de Trás-os-Montes uma árvore centenária, um Castanea Sativa Miller, vulgarmente conhecido por Castanheiro. Esta árvore para além de ser digna a sua longevidade tem outras características como a altura de 19.5 metros, o perímetro de 1.30 metros a 10.8
metros e o diâmetro da copa de 22 metros. Nada melhor que um generoso abraço e uma fotografia de recordação deste generoso ex-líbris. Agrochão é esta aldeia simpática em Trás-os-Montes, encantadora e hospitaleira, rica e digna de um património que não se restringe ao edificado mas também todo o património imaterial, oral, e natural com rios, animais, árvores e plantas, uma fauna e flora diversificada. Os objectivos da equipa de Manuel Gomes, presidente, e António Gomes, secretário, e Eduardo Freitas, tesoureiro, passam pela cobertura de Internet na freguesia e em específico na antiga escola primária onde as obras passam também por uma cozinha regional e um salão de convívio para os fregueses. O convite estende-se aos próximos e aos de longe, aos turistas portugueses e estrangeiros que descobrem as riquezas de Portugal e optam pelo Interior e
pela pacatez rural para as suas férias. “Convidamos todos os que quiserem passar por Agrochão a descobrir a nossa terra, a nossa particularidade e singularidade. Uma terra bonita para pernoitar e desfrutar com calma e tempo. Somos acolhedores e aqui temos boas acessibilidades”, conclui Manuel Gomes, o presidente.
Origens A antiga povoação de Agrochão teve foral dado por El-Rei D. Dinis a 5 de Julho de 1288, onde consta. “Dom Dinis, pela graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve: A todos que esta carta virem faço saber que eu dou e outorgo carta de foro aos meus homens de Agrochão aqueles que herdarem de Vilarinho que é termo de Nozelos e dou a esses meus homens e seus sucessores esses herdamentos que têm em Vilarinho e cada um paz e saude”.
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AGROCHÃO O “CAMPO PLANO”, o “CAMPO BOM” é uma freguesia do concelho de Vinhais, localizada a Sul da sede, a 25 quilómetros de distância, e com uma área de 18,07 quilómetros quadrados. É de origem medieval e aparece referenciada nas Inquirições de 1258. Com inúmeros locais de interesse, o património edificado mostra a riqueza de uma freguesia que tem orgulho nas suas raízes, que as preserva e transmite como lições de história a quem os visita. O MUSEU ETNOGRÁFICO, com duas salas de exposição, pretende preservar a memória colectiva e as suas tradições do dia-a-dia, os conhecimentos seculares e as alfaias que serviram e servem a população na sua labuta de freguesia agrícola. O antigo LAGAR DE AZEITE, do século XVIII, continua a ter a sua função primitiva e primordial, ser um lagar de azeite, mas agora funciona apenas como museu. Um projecto recuperado pela Câmara Municipal, com funções didácticas para os jovens e de memória para a população idosa. A igreja matriz do século XVIII, mais propriamente de 1768, é dedicada a S. Mamede, são vários os autores que defendem a tese desta ter sido construída sob uma igreja anterior, mais primitiva. Outro ponto de interesse religioso, turístico e de natureza pela sua vista é o Santuário do Divino Senhor Jesus da Piedade. Do Santuário temos uma bela vista panorâmica sobre toda a aldeia e mais além por vários quilómetros de deleite visual. Numa encosta da Ribeira de Macedo rodeada por fragas e árvores existe a Capela de Nossa Senhora do Areal, com a sua fonte que acredita-se seja milagrosa. É do século XVI e segundo os antigos a povoação de Agrochão terá nascido e crescido neste local. Existe também o Cruzeiro, as Alminhas e Moinhos de Água, de diferentes tamanhos, funções mas belezas únicas. Neste CAMPO BOM, topónimo de Agrochão, a ruralidade mistura-se com as famosas fontes de mergulho, fontes essas que outrora serviram para abastecer as casas de água, proliferam na região e devem o seu nome à característica de todo o cântaro, ou o recipiente em questão, ser mergulhado na dita fonte.
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» Vinhais
Junta de Freguesia de Tuizelo
Um paraíso à espera de ser descoberto Tuizelo pertence ao concelho de Vinhas, distrito de Bragança. A esta freguesia estão agregadas sete aldeias: Salgueiros, Cabeça de Igreja, Nuzedo de Cima, Peleias, Quadra, Revelhe e Cruz de Revelhe. André Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Tuizelo recebeu a nossa revista para uma conversa que nos levou à realidade do interior transmontano que tanto tem para oferecer.
O
prémio de melhor salpicão da 31º Feira do Fumeiro de Vinhais, foi este ano para Salgueiros, uma das sete aldeias anexas à freguesia de Tuizelo. O turista que venha visitar estas terras transmontanas pode deliciar-se com a gastronomia que não deixa ninguém indiferente. Desde o presunto, ao fumeiro, do leitão, ao cabrito, às casulas e o folar da Páscoa, todas estas iguarias podem ser encontradas nesta característica aldeia. Tuizelo dista de cerca de doze quilómetros da sede de concelho, Vinhais, e quarenta e cinco da capital de distrito Bragança. Situa-se na zona norte do concelho, conta com uma área de 34,80 km² e 350 habitantes. Segundo reza a história, Tuizelo deriva da palavra de origem germânica “Teodicellus”, nome histórico de um rei visigodo da península. Não rei, mas presidente da Junta de Freguesia, André Rodrigues, a cumprir o primeiro mandato faz até agora um balanço positivo, “fizeram-se serviços para aumentar a qualidade de vida das pessoas”. Os principais rendimentos de quem por aqui vive vêm essencialmente da agricultura, da castanha e da
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criação de gado. As principais carências apontadas por André Rodrigues são sobretudo a falta de apoio social e a falta de investimento. Um dos objectivos alcançados neste mandato foi conseguir que um médico se desloque à Junta de Freguesia, de quinze em quinze dias. Como explica André Rodrigues, “é uma forma de as pessoas conseguirem um melhor apoio médico e sentirem-se acompanhadas com regularidade”. Longe vão os tempos em que as casas destas aldeias
tinham gente para as habitar, agora, a cada ano que passa o número de habitantes diminui. Para o Presidente da Junta, “esta é uma situação preocupante, principalmente nas aldeias de Peleias e Quadra porque as casas estão abandonadas”. O riso das crianças e o estridente barulho da infância é ouvido com menos frequência, a natalidade em Portugal tem vindo a diminuir e os três jovens da aldeia, com idades entre os 14 e os 16 anos, deslocam-se diariamente até Vinhais para terem acesso ao ensino. Os habitantes de Tuizelo podem caracterizar-se como pessoas bem-dispostas e com espírito festivo, prova disso são as inúmeras iniciativas culturais. No que toca a movimento associativo o destaque vai para o Grupo Etnográfico de Tuizelo, que para além de outras actividades prepara todos os anos o tradicional cantar de reis. Com o objectivo de manter a vida social activa da aldeia organiza também inúmeros jantares de convívio. Um dos pontos altos do Grupo Etnográfico foi a organização do I Passeio Pedestre, que segundo André Rodrigues “foi um sucesso, tivemos cerca de 200 participantes”. Quem por cá vive nesta pacata e recatada aldeia
Junta de Freguesia de Tuizelo transmontana aguarda ansiosamente pelo mês de Agosto, que aqui, como em outra qualquer aldeia é sinónimo de festa e de regresso dos filhos da terra. Neste mês as aldeias ganham vida, cor, barulho e movimento que a todos agrada. Os familiares emigrados são recebidos de braços abertos e as festas duram quase um mês. O mês de Agosto passa a correr para quem cá vive, que com a felicidade de ver as aldeias cheias de gente nem se lembram do isolamento que virá nos meses seguintes. Durante o mês de eleição dos emigrantes, as oito aldeias: Tuizelo, Salgueiros, Cabeça de Igreja, Nuzedo de Cima, Peleias, Quadra, Revelhe e Cruz de Revelhe, comemoram as festas em honra de cada santo, sendo o expoente máximo a festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios em Tuizelo, que começa a 31 de Agosto e se prolonga até 8 de Setembro. Mas quem quiser visitar esta freguesia não precisa de esperar pelo mês de Agosto, já que ao longo de todo o ano pode apreciar a riqueza do seu património cultural. Desde Capelas, Igrejas, Fontes, Moinhos de Água, o Santuário Mariano de Nossa Senhora dos Remédios até à Serra do Coroa ou mergulhar nas águas límpidas do rio Rabaçal com praia fluvial. Se quer fugir da rotina do dia-a-dia, e da confusão das grandes cidades, Tuizelo oferecesse como um local de refúgio, ar puro e envolvência com a natureza. Apesar de não se encontrar muito divulgado, o
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LOCAIS A VISITAR:
- Santuário Mariano de N. S. dos Remédios em Tuizelo. - Igreja Paroquial de Santo André cem Tuizelo. - Capela de Santo Cristo em Tuizelo. - Capela de Santa Madalena em Tuizelo. - Fonte da Senhora em Tuizelo. - Moinhos de Água em Tuizelo. - Capela de S. Lourenço em Salgueiros - Casa dos Fidalgos em Salgueiros - Alminhas em Quadra - Capela de S. Pedro em Quadra - Capela de S. Bárbara em Revelhe - Capela de S. Roque em Peleias - Igreja de N. S. da Assunção em Nuzedo
FESTAS:
turismo é a grande aposta de André Rodrigues que gostaria de ver mais pessoas a deslocarem-se a esta parte do país que tanto tem para oferecer. “O futuro desta zona passará pelo turismo” afirma o Presidente da Junta que deixa um convite a todos os leitores: “Venham visitar Tuizelo”.
Revelhe - Primeiro Domingo de Agosto, festa em honra de Santa Bárbara Salgueiros - 10 de Agosto, festa em honra de S. Lourenço Nuzedo de Cima - 15 de Agosto, festa em honra de Nossa Senhora da Assunção Peleias – 16 de Agosto, festa em honra de S. Roque Cabeça de Igreja – 24 de Agosto, festa em honra de S. Bartolomeu Quadra- 4 de Agosto, festa em honra de S. Bartolomeu Tuizelo – de 31 de Agosto a 8 de Setembro, festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios
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Fotos: Arménio Belo
» Senhora da Agonia
Câmara Municipal de Viana do Castelo
Elogio à Beleza do Alto-Minho
A maior romaria do Norte de Portugal, em Viana do Castelo, é dedicada em honra à Senhora da Agonia. Uma festa que é o verdadeiro elogio à beleza do Alto-Minho, às suas gentes, nomeadamente às mulheres. Uma festa popular, uma festa religiosa, uma festa à tradição e à cultura desta região.
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emos a representação da cultura e dos costumes de todo o concelho através das mordomas de cada freguesia e do cortejo etnográfico com elementos característicos e diferenciadores da região. É uma festa muito importante para a cidade e para o concelho que tem, de facto, amplitude e visibilidade pela sua cor, pela sua alegria e também pela sua autenticidade”, começa por explicar José Maria Costa, o edil que nos recebeu entre preparativos. Uma festa que nasceu com os pescadores, uma Senhora da Agonia de devoção ribeirinha, afinal quem se aventura nestas lides é que sabe os cabos das tormentas que têm de transpor, mesmo que seja na nossa orla marítima. Uma festa que foi apropriada pela cidade de Viana do Castelo, que foi apropriada por uma região, o Alto-Minho, e que foi apropriada por um país, por uma península e é conhecida internacionalmente pela tradição, pela cultura e pela sua riqueza não só humana mas material. O traje à Vianense não é só uma exaltação à riqueza exterior dos belos bordados e do ouro que as mordomas ostentam e exibem orgulhosas mas é também o orgulho a uma sociedade matriarcal. A Romaria da Senhora da Agonia, no seu cortejo das mordomas e no cortejo etnográfico, exalta a mulher
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que continua a ter destaque no seio familiar, na sua estrutura e na sua economia. “A mulher é de facto o grande elemento da festa”, assegura José Maria Costa que acrescenta, “não é por acaso que nos últimos anos no cartaz das festas aparece a mulher. Existe de facto um trabalho realizado em torno do traje, em torno do ouro e do bordado de Viana que também são questões importantes”. O cartaz, pela primeira vez e na opinião de muitos após uma longa espera, foi sujeito a concurso público, depois das diversas abordagens que tem tido ao longo dos anos pelos convites efectuados a artistas de diversas áreas. Esta iniciativa foi também uma solução para responder a muitos pedidos e para promover e divulgar as festas da cidade entre as várias áreas do saber visual e envolver diferentes gerações. “É uma forma de valorizar a festa e proporcionarmos uma maior participação de autores não limitando aos convites mas sendo uma forma mais participativa na produção do cartaz. Este concurso vai permitir que se fale mais das Festas da Senhora da Agonia e das diversas candidaturas faremos uma exposição em cada ano”, explica o entrevistado. Uma região conhecida pelos excelentes vinhos
verdes que produz o cortejo etnográfico, será este ano uma homenagem a esse néctar apreciado mundialmente, “Viana – Cidade do Vinho 2011”, como foi designada pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho. As referências ao vinho e à vinha indicam Viana do Castelo e o seu porto como locais importantes para esta transacção comercial para o Norte da Europa. Uma região demarcada muitos antes e mais importante, em tempos agora imemoriais, que os vinhos do Porto. “O cortejo será uma referência ao que foi o porto de Viana e à importância do vinho ao longo da história. Vamos dar a conhecer os princípios da cultura castreja até à actualidade”. José Maria Costa está convencido que este será um momento inesquecível na história da Romaria da Senhora da Agonia. “Será um grande cortejo do ponto de vista da afirmação de Viana como cidade sempre ligada às questões do vinho e da vinha e que ao longo dos séculos criaram e desenvolveram a economia local”. História, tradições e cultura, como têm sido referidas, são factores que a organização nunca esquece pois procura-se dar a conhecer o Alto-Minho não só aos Vianenses mas também aos milhares de visitantes que são esperados. A previsão e expectativa em
Câmara Municipal de Viana do Castelo
2010 eram de mais de um milhão de visitantes, este ano, o presidente de Viana do Castelo, espera que a sua cidade seja literalmente invadida por turistas ávidos de conhecimento, afinal a conjuntura económica ajuda ao turismo interno e ao conhecimento do melhor que existe em Portugal. Mas se a religiosidade, a devoção e fé estão na base desta romaria ao longo dos anos os momentos lúdicos, mais festivos e “profanos” têm centrado muitas vezes a procura dos visitantes. Em Viana do Castelo, as festas duram três dias, e os momentos religiosos estão destacados para continuarem a ter a merecida importância. A sociedade é laica, como o Estado, mas as tradições, a base cultural continua a ter raiz na religião e o exercício da memória deve ser cultivado e respeitado. As cerimónias religiosas são valorizadas como a Procissão ao Mar e ao Rio, um dos elementos de destaque no cartaz das festas, e a respectiva bênção das embarcações. “Esta cooperação entre o profano e o religioso tem sido pacífica. Diria que tem havido uma certa cumplicidade porque se pretende que do ponto de vista religioso existam condições para que as pessoas possam cumprir as suas promessas. A Senhora da Agonia tem, de facto, muitos devotos não só na comunidade piscatória para que haja este respeito. Existe uma mística em torno da procissão e dos espaços da procissão que têm sido preservados e valorizados pela comissão de festas”, aclara José Maria Costa. No sítio da câmara municipal nem só à festa são as referências à Senhora da Agonia mas também às obras de requalificação, que nem sempre são fáceis devido ao património envolvido. O entrevistado e também presidente da referida entidade assegura que na próxima edição da festa os melhoramentos estarão concluídos e o espaço terá a merecida requalificação. “O que pretendemos é a valorização do adro da Senhora da Agonia e da envolvente da Capela de S. Roque. Havia pareceres de muitas entidades e não foi fácil conjugar as diversas propostas agora estamos em condições de avançar. Este projecto
foi inicialmente proposto pelo arquitecto Fernando Távora, que efectuou um estudo prévio, e terá o apoio do programa Polis Litoral Norte”. O terreno tem Serras que são rasgadas por Rios que desaguam no Mar que banha a sua costa, este é o retrato da paisagem de Viana do Castelo. Esta região é ideal não só para férias e visitar mas para viver, para desenvolver iniciativas e projectos numa cidade cada vez mais cultural, criativa e de futuro como revela o edil. “O município apoia e promove não só a nossa arte e cultura popular, como os bordados, a nossa doçaria, a olaria, o ouro, a loiça de Viana, de referência nacional e internacional mas também os criativos onde se inserem os jovens. Estamos a preparar uma Bienal de Artes e Design em que vamos procurar transformar Viana numa cidade mais atractiva para os criadores. Esta componente do acolhimento empresarial e da inovação têm de estar associadas à beleza da cidade. Estamos muito contentes pelo nosso enquadramento paisagístico mas não podemos ficar por aqui, queremos desempenhar um
Senhora da Agonia «
papel importante no design e neste momento associado à recriação dos temas tradicionais”. Viana conjuga edifícios antigos, que fazem parte da sua história, com arquitectura moderna que ficará para a história, entretanto convivem em roteiros culturais que revelam uma cidade criativa e de futuro. “A valorização do património construído no passado, com novas e modernas propostas de qualidade como a biblioteca, a pousada da juventude, o centro cultural e dos edifícios da Praça da Liberdade. Queremos que a cidade seja cada vez mais vivida e tida como criativa para que se possa afirmar na competição de cidades criativas e culturais”. Estes são desejos que ultrapassam a Romaria da Senhora da Agonia mas que se perpetuam na agenda municipal que, em 2011, são Cidade da Cultura pela Associação do Eixo Atlântico, cidades do Norte de Portugal e Galiza. Serão três dias onde o sagrado, o profano, a cultura, a criatividade e a natureza conjugam forças para acolher os milhares de visitantes que serão esperados em mais uma Romaria da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo.
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» Senhora da Agonia
Câmara Municipal de Viana do Castelo
Norte = Regionalização = Desenvolvimento Os temas que fazem a actualidade de Viana do Castelo e do país também foram objecto de conversa com José Maria Costa. A Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima e os estaleiros de Viana, cuja decisão foi adiada para Setembro, não são assuntos tabus para o edil.
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ncarte (I): Qual a opinião sobre a CIM Alto-Minho quando foram o último município a ingressar uma Comunidade Intermunicipal? José Maria Costa (JMC): Foi uma decisão aprovada por unanimidade não só na Câmara Municipal mas também na Assembleia Municipal. Resultou do acordo entre os diversos municípios num aperfeiçoamento das questões estatutárias relativamente a assuntos importantes e de consenso aos dez municípios, ou seja, em questões relacionadas com financiamentos comunitários teria de existir o acordo dos presidentes de Câmara. Eu diria que a Comunidade tem dado um forte contributo para o desenvolvimento desta região, tem-se conseguido um conjunto de iniciativas do ponto de vista da qualificação do território em infra-estruturas ao nível dos equipamentos dos centros escolares, mas também da água e saneamento e na atracção e valorização cultural. Esta comunidade teve a melhor taxa de execução do QREN, dos fundos comunitários, e tivemos acesso à bolsa de mérito porque conseguimos executar mais de 75 por cento dos fundos previstos até ao final de 2011. Temos consciência que o Alto Minho é um distrito que está relativamente afastado dos grandes centros de decisão e só unidos e com uma visão conjunta e solidária conseguiremos as melhores condições para os nossos concidadãos, no fundo, para quem nos candidatamos. I: As CI são a antecâmara da regionalização? JMC: Eu diria que é um espaço de concertação do ponto de vista regional mais restrito e menos profundo. A regionalização é essencial para o país, nós sentimos muito isso no Norte e a ausência das regiões tem motivado que não exista tanto esforço do ponto de
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vista financeiro e do que possa ser factor de desenvolvimento. Nos últimos anos a região Norte tem vindo a empobrecer. O único aspecto positivo tem sido a qualificação das pessoas mas do ponto de vista do potencial produtivo, da internacionalização a região perdeu importância. Isso só é possível se houver regionalização, se existir distribuição das competências, por exemplo, no turismo, vemos as discrepâncias entre o que é atribuído ao Algarve e à região Norte. Eu considero as regiões fundamentais
e uma fonte de melhor aproveitamento dos recursos porque as decisões têm de estar mais próximas dos cidadãos e não concentradas em Lisboa. Por exemplo, temos neste momento a afirmação do Aeroporto do Porto com as empresas “low cost” e que precisava de ter associada uma grande campanha internacional. Se o aeroporto tem neste momento 5 milhões de passageiros fazia sentido que tivéssemos uma promoção externa visível à que se faz para o Allgarve e que não está a ser feito.
I: Qual a opinião da Câmara Municipal sobre a realidade dos Estaleiros de Viana? JMC: A situação dos estaleiros é muito preocupante para a cidade e para a região. Os estaleiros têm uma grande influência para o tecido industrial, económico e social. Se verificarmos o estaleiro representa parte da vida económica da cidade e não podemos colocar como cenário qualquer hipótese de encerramento. Nós temos consciência que os estaleiros precisam de um plano de recuperação mas diria que mais importante é que o país tenha uma política coerente e consistente em relação ao mar e ao sector da construção naval. Portugal tem a maior zona económica exclusiva, tem e teve responsabilidade na marinha mercante e hoje tem de voltar-se para o mar. As relações de Portugal com os países de expressão portuguesa são de proximidade e devemos ter um papel importante. O Brasil tem mostrado disponibilidade e um forte investimento em diversos domínios e nos próximos dois anos vão precisar de mais de 50 navios, estão a crescer mas ainda não tem capacidade auto-suficiente. Precisamos de um plano de apoio financeiro a este sector, equivalente ao da indústria automóvel, ou seja, um apoio na formação e qualificação dos recursos e tem de haver um esforço na internacionalização da empresa. Com os problemas na produção de energia nuclear há uma grande afirmação das energias eólicas, há países, como a Escócia, que estão a converter os estaleiros para estas necessidades e é também uma oportunidade que podíamos abarcar. Diria que há esperança e perspectiva mas o que nos foi anunciado, pela administração, era uma situação social insustentável para a cidade e concelho para além do que implica no tecido económico de pequenas empresas e serviços que estão associados a esta actividade.
O Seu Hotel no Douro
O Hotel Régua Douro fica estrategicamente situado na cidade de Peso da Régua, a 1 minuto da Estação dos Caminhosde-ferro e a 5 minutos dos Cruzeiros no Douro, e coloca ao dispor dos seus estimados clientes, 77 quartos com uma magnífica vista sobre o rio Douro e seus vinhedos. Todos os quartos são equipados com ar condicionado, mini-bar, LCD, Internet WI FI, telefone, WC privado, secador de cabelo. Desfrutamos de 2 Restaurantes Panorâmicos com um excelente serviço à carta e Buffet Familiar ao Domingo; 1 Snack-bar Panorâmico com self-service e 2 salas para banquetes. O Hotel possui salas de reuniões, sala de leitura, parque infantil, piscina exterior, ginásio, jacuzzi, banho turco, garagem, parque de estacionamento, cais fluvial privado, entre outros. O Hotel Régua Douro também realiza banquetes, jantares temáticos, provas de vinhos, com visita guiada aos lagares de granito e tonéis de madeira, numa Quinta Centenária. Visite o Douro Património Mundial da Humanidade e desfrute dos excelentes serviços do Hotel Régua Douro. Esperamos pela sua visita!
Av. da Galiza-Largo da Estação da CP 5050-237 Peso da Régua - Douro - Portugal Tlf: +351 254 320 700/+351 966 905 987 comercial@hotelreguadouro.pt www.hotelreguadouro.pt www.facebook.com/regua.douro
» Pessoas & Negócios Escola de Condução Beira-Mar
25 Anos a Ensinar Tem mais de 18 anos? Está a pensar tirar a carta de condução mas ainda não decidiu onde? A revista INCARTE tem a solução: Escola de Condução BeiraMar. Com 25 anos de história no mercado nacional, esta Escola de Condução foi fundada em 1985 e desde então tem passado de geração em geração sempre dentro do seio familiar.
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o longo destes anos, Madalena Pacheco, gerente da escola, garante que “já encartamos milhares de condutores”. À sua espera, os alunos, têm uma diversificada oferta em relação às categorias que esta Escola ministra: A, A1; B, B1; C, C+E e CAM (Certificado de Aptidão de Motoristas). Um factor aliciante e mais-valia quer para a Escola, quer para os candidatos, é a formação CAM – Certificação de Aptidão de Motoristas – que os condutores de pesados que exercem a profissão de motoristas são obrigados a possuir. É com orgulho que a gerente fala sobre esta certificação visto ser um
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passo importante. “Existem várias entidades que podem ministrar esta formação agora alargada a algumas escolas de condução”. Para manter o entusiasmo dos alunos no processo de obtenção da carta de condução, a Escola conta com a ajuda de profissionais altamente qualificados. Madalena Pacheco não poupa elogios aos membros da sua equipa que se encontram a exercer a sua profissão nesta escola quase desde o início da mesma. A qualidade na prestação de serviços é o ponto forte desta Escola de Condução. Apesar de terem uma imagem positiva e bastante credível, Madalena Pacheco quer mais, por isso, fez questão de CERTIFICAR a Escola. “Penso que até agora temos sido vistos no mercado como uma escola credível, naturalmente que uma coisa é dizer e outra constatar. A Escola de Condução Beira-Mar presta um serviço certificado e quem não nos conhece terá esta referência sobre nós. A certificação de
Escola de Condução Beira-Mar
qualidade não é fundamental mas faz a diferença”. A baixa taxa de reprovações dos alunos é um indicar que prova essa qualidade. “Quanto menor for a taxa de reprovação maior são os índices de qualidade. Nós não conseguimos fazer a comparação de resultados com as outras escolas mas podemos verificar as estatísticas internas” esclarece Madalena Pacheco. A gerente salienta três factores imprescindíveis para alcançar essa marca: “Naturalmente que essa qualidade se deve aos instrutores e às exigências destes nas aulas de código e condução. Para que o aluno tire as
dúvidas na altura certa e perceba o que é necessário para ser um bom condutor deve ter um instrutor exigente e disponível. E sem duvida que o cumprimento e rigor da lei também são imagens de marca da nossa Escola”. A opinião dos alunos também é muito importante, e por isso, são realizados inquéritos de satisfação com bastante regularidade e analisados com toda a atenção. A actual crise económica que afecta o país também se faz sentir nesta Escola de Condução, tal como afirma Madalena Pacheco. “Neste sentido não somos diferentes dos outros e sentimos as
mesmas dificuldades. Temos que ter em conta que é uma prestação de serviços que nem todos consideram um bem essencial. Hoje encartamos pessoas de Matosinhos ou os antigos alunos que estão fidelizamos à empresa e a nossa dedicação também é retribuída com a vinda dos seus filhos e netos”, desabafa a gerente. A política da empresa passa também pelas parcerias, actualmente com o Leixões Sport Club e com as Casas da Juventude da Câmara Municipal de Matosinhos. As pessoas em questão podem usufruir de um desconto caso se inscrevam na Beira-Mar.
Pessoas & Negócios «
Lutadora e com bastante espírito de sacrifício, Madalena Pacheco não pensa em desistir e tudo promete para melhorar, cada vez mais, o seu serviço. “Não estamos parados e não podemos baixar os braços. Espero ter capacidade e espírito de sacrifício para resistir durante mais 25 anos. É uma responsabilidade grande da minha parte”. Nesta fase difícil que o país atravessa, Madalena Pacheco não esquece o grande apoio da sua equipa, e em conjunto, dia após dia conseguem levar a Escola de Condução Beira-Mar em frente e continuar o excelente trabalho até agora realizado. PUB
Agosto | 2011 | 2 3
» Lazer
F
A Linha do TUA é Nossa
oi durante um fim-de-semana daqueles que prometia ser soalheiro mas que ao acordar, antes do galo cantar, as promessas iam-se desvanecendo. A chegada ao ponto de encontro para mais um passeio na Linha do Tua, já habituada a ser percorrida, visitada e fotografada, que para nós era o passeio tornou-se magnifica pelo calor e luz do astro-rei que afinal cumpre as suas promessas. Animados, ansiosos e mesmo receosos pela caminhada anunciada fizemo-nos aos carris, movidos apenas com a vontade de conhecer e nos deslumbrarmos pelas maravilhas telúricas de Trás-os-Montes. O barulho era de passos mais ou menos ritmados, da descoberta de algo novo, principalmente dos petizes que não faltaram à chamada. Da paisagem deslumbrante e dos animais, que muitas vezes de observados parecia que observavam, não pela novidade de pessoas a passar pelo seu território mas talvez pelo colorido das roupas, das formas e feitios, que diferem dos anteriores caminheiros que há mais ou menos horas por ali passaram e a quem também saudaram com o BEM-VINDOS característico de toda uma região que apenas quer ser preservada e de uma linha que deseja ser mantida e usada. Uma viagem por todos considerada de excelência e sem sobressaltos sempre acompanhados pela inenarrável, que com ousadia tentamos, beleza e calma da natureza que abraça a nossa Linha do Tua. “Pare, Escute e Olhe”. É o apelo que ao longo da linha avisa para os comboios que não circulam, que não se ouvem e que não obrigam à paragem de quem se sente pequeno pela grandeza da força motora, que outrora animava e facilitava a vida de quem não desiste das suas casas, das suas terras e resiste ao litoral, ao alcatrão e ao cimento que
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D. EMÍLIA E FILHOS
foi anunciado como alternativa às aldeias que envelhecem com a passagem das estações do ano.
“Flor do Monte” O “Flor do Monte” não é uma espécie de flora que encontramos no caminho mas sim o Hotel Rural, no Alto Douro, que nos encontrou e acolheu para recuperarmos as forças do magnífico passeio pela Linha, afinal, também os comboios têm paragem na gare. Acolhidos com a mestria e simpatia de Dª Emília e filhos, característica dos transmontanos, que ultrapassa a qualidade e a quantidade que o conceito encerra. O Hotel Rural Flor do Monte tem o património natural e edificado, a riqueza das pessoas e das tradições, a arte e a cultura como pano de fundo ao conceito “sinta-se em casa”. Gastronomia regional, pitorescos passeios por terra ou no rio, caça e pesca, actividades agrícolas apropriadas a cada altura do ano e às maravilhas que a mãe-terra nos oferece, estas são algumas das actividades a que nos podemos dedicar e deliciar em contacto com a natureza do Nordeste português. O Hotel Rural Flor do Monte está integrado na Região do Alto Douro vinhateiro – Património Mundial. Encontra-se situado em Pombal de Ansiães, a poucos quilómetros do rio Tua, do rio Douro e das Termas de S. Lourenço. A decoração, que nos invade os sentidos, é de tapeçarias artesanais e pinturas originais de múltiplas inspirações. Equipado com 16 quartos, cada um com casa de banho, Tv com satélite, telefone directo e aquecimento central para além do ar condicionado. Diversas salas para conviver, têm ainda restaurante e bar com lareira para o Inverno, piscina para o Verão e parque de estacionamento privado.
Visitas guiadas às Gravuras Rupestres do Vale do Côa Quinta do Chão D’Ordem - Turismo Rural Tel./Fax - 279 762 427 - Estrada Nacional 102 - 5150 Vila Nova de Foz Côa - Portugal
» Ambiente
CVR - Centro para a Valorização de Resíduos
A Biotecnologia ambiental aplicada ao sector oleícola Apresentado o projecto e os parceiros, Jorge Araújo, da direcção executiva da CVR, concedeu uns minutos à revista INCARTE para podermos ter mais informações sobre a participação do Centro para a Valorização de Resíduos num projecto sobejamente importante para a fileira do azeite e para o ambiente.
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ncarte (I): Que significa para o sector oleícola português a participação num projecto internacional tão importante como o OILCA? Jorge Araújo (JA): Significa em primeiro lugar uma diferenciação positiva em prol da produtividade do sector do azeite português quando comparado com os sectores do azeite de outras zonas produtoras. Acresce que o compromisso com o meio ambiente, bem presente neste projecto, aportará sem dúvida valor acrescentado ao azeite português. (I): Qual o significado para o CVR participar no projecto OiLCA? (JA): O sector oleícola no Sudoeste Europeu é responsável pela produção de quase 50 por cento de todo o azeite no mundo inteiro, daí o significado acrescido para o CVR de um projecto como o OiLCA que incide na competitividade de um sector medida em muito pela correcta gestão dos resíduos que gera. Espera-se potenciar o I+D+I transformando-se numa melhoria da competitividade e internacionalização do tecido empresarial oleícola e indústrias afins. Participar no OiLCA é participar num projecto pioneiro, que permitirá reduzir o impacte ambiental de um sector produtivo tipicamente português e que contribuirá para transmitir para as gerações vindouras um Portugal ambientalmente sustentável. (I): O software que permitirá analisar o impacto ambiental e económico do processo de transformação da azeitona será desenvolvido pelo CVR. O que é que vai ser desenvolvido até final do projecto? (JA): O software terá informação de base recolhida junto dos produtores oleícolas quer pelo CVR quer pela AOTAD - Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro - que também é
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parceira neste projecto. Esta ferramenta informática será dirigida principalmente aos técnicos e será utilizada nas 55 empresas participantes, 35 de Espanha, 10 de Portugal e 10 de França. Permitirá que se avalie a pegada de carbono em cada uma delas de forma a diagnosticar e de forma quantitativa reduzir a emissão de gases de efeito de estufa, permitirá antecipar o aumento de custo com a gestão de resíduos e com a introdução de normas ambientais mais restritivas no futuro. (I): “Análise de Ciclo de Vida (ACV) e Análise de Custos para identificar as oportunidades de optimização da produção de azeite”. 3 Anos é suficiente para o projecto se desenvolver e atingir as primeiras metas? (JA): O principal desafio do projecto é mesmo a difusão e transferência de tecnologia e resultados obtidos a todo o sector oleícola. As empresas é que ditarão se as metas do desenvolvimento,
a aplicação da ferramenta informática e a implantação da eco-etiqueta ao azeite foram atingidas. A avaliação da participação de 55 empresas nestes primeiros 24 meses do projecto será chave para o desenvolvimento futuro. (I): Uma “eco-etiqueta que transmita a pegada de carbono associada ao litro de azeite adquirido”. Os portugueses têm consciência do impacto ambiental da produção de azeite ou será uma novidade? (JA): Não é uma novidade para os
portugueses que já vão tendo neste sector consciência do impacto ambiental da produção de azeite. A gestão dos resíduos, a eco-eficiência do processo e os custos daí derivados são conceitos que cada vez mais se aplicam no sector do azeite. O que é interessante neste projecto é estar a desenvolver-se uma normalização de critérios para que se possam analisar um maior número de variáveis da produção e gestão no sector segundo os diferentes produtores como o Norte e Sul de Portugal, a Catalunha, a Andaluzia e o Sudeste de França.