Especial Crianças e Adolescentes

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ESPECIAL

Crianรงas

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infanto juvenil

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Editorial

Diretor Presidente Pedro Zidoi Diretor Executivo Renato R. Tamarozzi Jornalista Responsável Celso Arnaldo Araujo MTB: 13.064 Gerente de Marketing e Vendas Graziele C. Lucato Diagramação e Arte ABCFARMA

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Crescendo e aprendendo Nesta quarta edição do caderno Crianças e Adolescentes, trazemos para você informações atualizadas e valiosos esclarecimentos de superespecialistas acerca de temas relevantes nos dias de hoje. Neste século 21, marcado por novos tipos de relacionamentos humanos e pela exposição sem limites das pessoas através das redes sociais, novos desafios foram colocados para pais e educadores. Aqui, você conhecerá, por exemplo, as explicações de uma psicóloga sobre o fenômeno do bullying – e como blindar as crianças para não se tornarem vítimas dele. Mostramos também os objetivos de uma nova especialidade médica – a Hebiatria, voltada a adolescentes. E uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria que defende tolerância zero contra o álcool durante a gravidez e no período de aleitamento. Por falar em alimentação infantil, você está preparada para enfrentar a onda de obesidade cada vez mais precoce e do excesso de colesterol entre crianças? E a visão dos bebês? Como notar que ela tem problemas? Esta edição, enfim, é para ser guardada para consulta, em benefício de crianças e adolescentes. Pedro Zidoi Diretor Presidente

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Cuidados desde cedo

s a n o h l o De

se m e r i r b o c s e is d a p s o a r a p s 10 dica

C

lassicamente, se diz que o início da vida escolar é a época ideal para descobrir se a criança tem algum problema de visão. Geralmente, os pais esperam o filho ser alfabetizado para levá-lo à sua primeira visita ao oftalmologista. Mas, segundo a Dra. Daniella Fairbanks, oftalmologista do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, é necessário observar a visão dos pequenos desde o nascimento, a fim de evitar complicações no futuro e garantir a saúde dos olhos. Confira 10 dicas da Dra. Daniella Fairbanks para descobrir se seu filho tem problemas de vista

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s a ç n a i r c as

são i v e d a m e l b pro m ê t s o h l fi s em se seu

Recém-nascidos...

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Procurar um retinólogo no caso de crianças prematuras

Crianças prematuras que nascem com peso próximo de um quilo são submetidas a altas cargas de oxigênio a fim de estimular o ganho de peso. A oftalmologista alerta que, devido a esse tratamento de choque, o bebê pode desenvolver a distúrbios de retina com complicações seríssimas. Por isso, nesses casos, um oftalmologista com especialização em retina deve ser consultado o mais rápido possível.

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Certificar-se que o ‘teste do olhinho’ foi realizado;

Todos os recém-nascidos devem ser submetidos ao “Teste do Olhinho”, ou Teste do Reflexo Vermelho. É uma obrigação da maternidade, mas recomenda-se aos pais se certificarem de que o teste foi realizado. Esse exame é fundamental para descobrir alguma alteração na visão do bebê, antes mesmo da alta da maternidade. O Teste do Olhinho é fácil, rápido e não dói.

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Cuidados desde cedo

Antes de um ano...

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Estrabismo em bebês é normal?

Até os seis meses, sim. Nesse caso, o desvio se deve a uma natural imaturidade visual da criança. Após essa idade, porém, se o desvio de olhar permanecer, os pais devem levá-la a um oftalmologista para avaliação.

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Primeira visita ao oftalmologista entre seis e oito meses de idade

Catarata não é um mal apenas da terceira idade. Ela pode passar despercebida até mesmo no Teste do Olhinho. Por isso, a Dra. Daniella recomenda que os pais levem o filho ao oftalmologista, pela primeira vez, entre seis e oito meses de idade. “Na infância, a catarata é perigosa, pois pode interromper o desenvolvimento da visão. A criança diagnosticada com essa patologia deve ser operada com urgência”, alerta.

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Examine seu filho em casa

Tape um dos olhos do bebê e dê um brinquedo para ele manusear. Em seguida, repita o teste com o outro olho. Observe bem. Caso a criança tenha algum problema num dos olhos, ela não gostará que tampem seu olho saudável e, naturalmente, irá reclamar e chorar.

Entre os 2 e 3 anos...

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Não se engane com o desenvolvimento da criança

A criança pode se adaptar a enxergar com apenas um olho. Se houver algum problema com um dos olhinhos, o oftalmologista poderá indicar o uso de óculos ou, dependendo do caso, um tampão no olho mais saudável, com o objetivo de estimular a visão prejudicada.

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Com figuras, a criança já informa a visão

Nessa idade, já é possível medir a visão da criança por meio de figuras. Isso é fundamental para obter um exame de visão mais apurado e corrigir a vista, caso necessário.

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Dilatar a pupila é importante!

Muitos pais resistem à dilatação de pupila feita por oftalmologista, pois o exame pode provocar desconforto na criança. Mas, dependendo do exame clínico, a dilatação é inevitável.

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Aos 4 anos...

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Voltar ao oftalmologia antes da alfabetização

Atualmente, a criança brasileira se alfabetiza com aproximadamente 5 anos de idade. Com isso, é importante retornar ao oftalmologista antes desse momento, para garantir uma visão saudável e aproveitar bem os primeiros aprendizados na escola.

A partir dos 5 anos...

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Visitar o oftalmologista pelo menos uma vez ao ano

O exame de fundo de olho, ou oftalmoscopia, é indicado pelo menos uma vez ao ano.

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Cuidados básicos

a i v i l A F

ast food, refeições fora de hora, excesso de computador e videogame, falta de atenção dos pais. Tudo isso está produzindo uma verdadeira epidemia global de obesidade infantil. No Brasil, essa doença atinge cerca de 15% das crianças, de acordo com um estudo publicado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Nesta matéria, a Dra. Lidiane Perlamagna, endocrinologista pediátrica do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Hospital San Paolo, explica as causas dessa epidemia e aponta as soluções para que a obesidade não acompanhe essa criança pelo resto da vida.

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o s e p o o d vian No ambulatório de obesidade do HC, que às sextas-feiras é dedicado a crianças e adolescentes, tem sido comum a presença de crianças com mais de cem quilos de peso. A Dra. Lidiane cita o caso de um adolescente de 18 anos e 212 quilos. “Às vezes, com o acúmulo de pacientes, o espaço de ambulatório parece ficar pequeno. Esta epidemia está apresentando um impressionante crescimento. Não estamos mais falando de sobrepeso, mas de obesidade mórbida”. E não é preciso reforçar o prejuízo que um estado crônico e tão avançado de obesidade pode causar a uma criança ou adolescente, justo no momento em que começa a desenvolver e definir sua personalidade.

As gozações e os apelidos na escola levam a uma vida ainda mais fechada dentro de casa e de si mesmo – o que produz um círculo vicioso de sedentarismo e introspecção, o que por sua vez aumenta ainda a compensação pela comida. Recentemente, a mídia noticiou vários casos de bebês obesos em várias regiões do país – mas este tipo de obesidade tão precoce provavelmente é devido a síndromes genéticas. Mas por que uma criança sai do peso? Como apenas 1% dos casos de obesidade pode ser atribuído à genética, como informa a Dra. Lidiane, os demais podem ser imputados àqueles fatores citados na abertura desta matéria – a contribuição dos pais é decisiva, portanto.

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Cuidados básicos

O D N E C S E R C E O D N E C S

CRE

O

diagnóstico não é difícil – chega a ser elementar. A atual epidemia de obesidade é sem dúvida fruto de profundas mudanças no estilo de vida dos dias de hoje. É cada vez mais comum que pai e mãe fiquem o dia inteiro fora de casa, o que naturalmente reduz o tempo de atenção que dispensam aos filhos. Sozinhos em casa, os pequenos exageram e acabam perdendo o controle da alimentação. O problema é agravado quando os pais, por sentimento de culpa em relação à sua ausência, tentam compensar trazendo para casa presentes na forma de chocolate e guloseimas. “Além disso, no País há a cultura das famílias acharem a criança ‘gordinha’ mais bonita”, diz a Dra. Lidiane. A obesidade também pode atingir as crianças que têm muitas atividades em sua rotina, como cursos paralelos - inglês, natação, judô, ballet, kumon - e aulas particulares. Expostas a um ambiente de muita pressão e cobrança por resultados há o aumento

da fome e, geralmente, o consumo de guloseimas, como bolachas, chocolates e refrigerantes. Tudo isso associado a pouca atividade física leva a um aumento de peso e, conseqüentemente, a obesidade. “Além disso, o ritmo de vida dos pais, repleto de stress, repercute na família. Uma criança ou adolescente que vive num ambiente extremamente agitado, irritado, acaba ansioso e come por ansiedade”. Feito o diagnóstico, é hora de buscar ajuda – pois os pais dificilmente terão êxito na árdua missão de vencer uma obesidade mórbida por conta própria. Mesmo nos ambulatórios especializados, como o do Hospital das Clínicas, o índice de sucesso não ultrapassa os 40%. Mas nos casos bem sucedidos, os resultados são animadores – com reduções de até 40 quilos. “Quando se perde 10% do peso corporal, o metabolismo da criança obesa já mostra importantes melhoras”. Mas a Dra. Lidiane diz que, diante de um quadro social tão complexo, não basta mudar hábitos alimentares, cortando isto e acrescentando aquilo –

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mas a mudança de todo um estilo de vida, incluindo mudanças na estrutura e na convivência familiar, que possa pelo menos interromper a escalada de aumento de peso. Daí a importância de

um suporte psicológico para as famílias afetadas. É bom frisar – diz a Dra. Lidiane – que 85% das crianças obesas serão adolescentes obesos se não forem tratados adequadamente.

R A T N E M I L A E SCA DA SAÚD

EM BU

N

ão é um trabalho fácil. Muitos pacientes – e suas respectivas famílias – acabam abandonando o tratamento. “As consequências nesses casos vão além do desenvolvimento do diabetes, pressão alta e aumento do colesterol. Pode haver acúmulo de gordura no fígado que leva a uma alteração irreversível das enzimas hepáticas. O mais grave, porém, é quando ocorre uma alteração cardíaca, pois o excesso de esforço pode deixar o coração inchado e levar a uma hipertrofia do ventrículo esquerdo. Uma situação também irreversível”. Por isso, segundo a médica, a obesidade deve ser encarada como uma doença, que necessita de tratamento e envolve toda a família do paciente porque nada mais é do que uma repercussão dos hábitos alimentares familiares. Se a família toda não se reeducar, não existe mágica.

Eis aqui algumas dicas que devem nortear o tratamento de uma criança ou adolescente obeso:

3 Não é preciso “cortar” radicalmente nada, mas moderar ou substituir – um sorvete de chocolate por um de frutas, por exemplo. Refrigerante normal por um light. Nas festas, por exemplo, preferir salgadinhos assados – em vez dos fritos. 3 Não estimular o consumo de líquidos à refeição 3 Estimular o consumo de vegetais antes da refeição 3 Estabelecer refeições a intervalos de três horas Reduzir o tempo diante do computador ou do monitor de TV 3 Estimular algum tipo de atividade física 3 Crianças e adolescentes não podem tomar remédio para emagrecer. Só após os 16 anos, em casos bem específicos, pode ser prescrito medicamento. e bre obesidad so ta n u rg e p alguma elo Se você tem Dra Lidiane p à a d vi ú d a su infantil, envie .br agna@uol.com m a rl e .p li il a e-m

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Cuidados especiais

l e p a p o o d n a h n e p m e s De

D E M A N E Ã M D

e início, uma constatação: o mundo mudou, pais também devem mudar. Aquela educação à base do “manual” não funciona. Segundo o Dr. Içami Tiba, a mãe de hoje não pode simplesmente falar não, porque os jovens de hoje têm outra cabeça. “Nossos filhos hoje são uma geração de pesquisadores digitais com um cérebro-chip. E os pais não podem tentar corrigi-los usando um martelo. Como corrigir um computador com um martelo?”. E como um filho pode descobrir até onde “ir” com sua mãe? Qual é o limite? “O que determina isso é a própria competência do filho. E isso não quer dizer que os filhos devem fazer apenas o que os pais querem. O problema é que eles fazem o que não devem e aí não têm condições de arcar com as consequências do que fizeram. E, por outro lado, uma mãe altamente neurótica, que deixa o filho sempre paralisado, vai criar um

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A T R E C A D I ED

pânico danado! Então, o melhor limite estabelecido pelos pais é aquele que leva os filhos a tentar ‘empurrar’ as linhas desse limite - mas não a quebrá-lo. Isso é fazer a ampliação da própria competência dos filhos. O rompimento mostra uma falta de saber lidar com os próprios limites. Os limites foram feitos para serem ampliados, através de descobertas, através da prática e situações vividas. Você quebra um recorde, mas você não quebra um limite”.

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Cuidados especiais

, S E T N E S RE P S I A P S O S E T N E S U EMBORA A O fato de que um número cada vez maior de mães que voltam a trabalhar fora logo após a licença-maternidade, deixando as crianças aos cuidados de entidades ou babás, não pode ser desculpa para a falta de educação dos filhos. Mas os pais não devem tentar compensar sua ausência nos fins de semana. “Aí está um grande erro. Porque nos fins de semana, eles querem ser os pais do passado, que deixam o filho fazer tudo, etc. Você pode não ter tempo, mas você tem que ter competência educativa. Há dez anos, uma pessoa se sentia orgulhosa por ficar cinco anos sem tirar férias. Hoje, se age assim, é um incompetente”. Para o Dr. Içami, pais e filhos não devem fazer papéis de chefes e chefiados, patrões e empregados, mas formar uma equipe. “E as equipes funcionam de um jeito em que a liderança é compartilhada e em mão dupla. O filho pode saber algo a mais que os pais e também ensiná-los. O que não pode, nessa nova dinâmica familiar, é o pai ou a mãe simplesmente chegar em casa, ligar a televisão e ver os filhos desfilarem na frente deles.

Conselho aos pais: ao chegar em casa, vá até o quarto do filho, cumprimente-o e pergunte o que ele está fazendo naquele momento, mas com um tom harmonioso: ‘Conte para mim o que você está fazendo’. O grande drama de hoje é que os pais não sabem o que os filhos têm dentro deles, seus conhecimentos, suas informações, seus sentimentos, quem são seus amigos. Aí, chega o fim de semana e eles querem grudar 24 horas nos filhos, o que não dá certo nunca”. A necessidade de interação entre a educação formal e a educação familiar também é destacada pelo Dr. Içami. “Filhos são como um navio: os pais fabricam os ‘navios’, mas quem os equipa são as escolas. Não se delega às escolas a educação dos filhos e esse é um dos dramas da atualidade. Qualquer pai ou mãe logo se convencerá disso se entender que, para a escola, o filho dele é um ‘transeunte curricular’, um migrante. A combinação entre a educação da escola e a dos pais é que forma bons indivíduos”.

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LIDERANÇ A, NÃO PODE R

Para o Dr. Tiba, as mães não de vem mais usar matriarcal pura e abusar do po e simplesmente der , como nos velh pai e mãe pre o s te cisam ter é au mpos. “Hoje, o que toridade funci e não mais a onal, que é a do chefe de fa d o líder mília, como a dinâmica mud ntigamente. H ou tanto na fa o je , m a ília que ningu chamado de ém quer mais chefe de fam ília. A linguage ser certo. Quando m do poder já os pais falam u n ão d á m mais não para o filho explicado, porq , esse não tem ue é assim que de ser a criança ou o adolescen te vai aprender o seu limite. A pu nição e a proib ição são recursos do poder e não de educação. No fu ndo, todos nós queremos edu car, mas acabam os usando o pode r para isso - e co m poder não se e duca ninguém ”.

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Cuidados especiais

GUIADAS PELOS HORMÔNIOS Apesar das profundas mudanças ocorridas no sistema familiar, as mães de hoje estão aprendendo a lidar com a “maternidade moderna”? Para o médico e educador, na prática ainda não. “As mães ainda são guiadas por seus hormônios e põem o vínculo dela com os filhos acima de qualquer outro valor e com isso às vezes perdem a razão. A conversa com os filhos é sempre mais emoção do que sensatez e isso pode induzir os filhos a não se desenvolverem. Há um exemplo clássico: a escola chama a atenção do aluno, a mãe vai até lá e briga com a escola. Quer dizer: muita mãe ainda está no tempo em que era preciso defender o filho contra o mundo o tempo todo. Certas mães ainda estão perdidas em seu papel de educadora justamente porque ainda seguem seus instintos hormonais e não demonstram muita lógica no comportamento. E educação tem que ter afeto, claro, mas não pode ser só emoção”.

BITS OS D A R E L E AC A convivência obrigatória com este mundo digitalizado é uma realidade diante da qual os pais não podem ser passivos. “As crianças de hoje, principalmente as meninas, têm a oportunidade de usar o que o mundo moderno e suas tecnologias oferecem. São crianças nativas do computador, do celular, do Facebok, do Instagram, enquanto nós somos imigrantes disso tudo. Mas, frequentemente, são os próprios pais que alimentam a obsessão pelo computador. Nenhum filho se alimenta tanto de alguma coisa sem a concordância dos pais, direta ou indiretamente. O pai ainda se choca ao falar de sexo com o filho, mas, ao comprarlhe um computador sem restrições de uso, dá todas as condições para que ele acesse tudo quanto é site e programas. É como eu sempre digo: os pais têm que estar dispostos a aprender com os filhos, porque eles sabem muita coisa. Permitindo isso, vão diminuir a distância das duas realidades”.

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Especialidade Médica

A I R T A I B E H a do n i c i d e A m

e t n e c s e l o d a U

ma nova especialidade médica começa a ficar popular: a Hebiatria. Termo originário do nome grego Hebe, a deusa da juventude, filha de Zeus e Hera, a Hebiatria é a medicina dos adolescentes.

Até agora, esses pacientes caiam numa espécie de vácuo – jovens demais para frequentar um clínico geral, já se sentiam deslocados num típico consultório de pediatra, com bichinhos na parede e pirulitos. É aí que entram os hebiatras – pediatras especializados nos transtornos da adolescência. Mas isso não exclui a necessidade de trabalharem em

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Especialidade Médica

equipes multidisciplinares, já que a adolescência é um período de enormes transformações físicas e psicológicas. Nesta entrevista, a Dra. Débora Gejer, uma das pioneiras da hebiatria no Brasil, médica de adolescentes do Centro de Acompanhamento da Saúde e Check-up do Adolescente e chefe do ambulatório de especialidades do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, fala sobre o desafio de atender a esses pacientes tão especiais

, o c i d é m a t s i v e d o t n ? o a i p c o n ê D c s e l o d a a o que é

Segundo a OMS, é a faixa etária dos 10 aos 20 anos de idade. E o que é adolescência? Um período da vida onde se processam inúmeras transformações – físicas, psicológicas e sociais. As mudanças no corpo recebem o nome de puberdade, que é quando ocorre um amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas e, com isso, a liberação de uma série de hormônios que produzem essa metamorfose no adolescente. Dessas mudanças, algumas chamam mais a atenção e o estirão de crescimento é a principal. Desde que o bebê se forma, a partir da união do óvulo com o espermatozoide, o ser humano começa a crescer de modo a que, ao nascer, ele é cerca de 3 mil vezes maior do que o

embrião. Com o nascimento, porém, a velocidade de crescimento cai muito e só vai voltar a acelerar na puberdade. É o único período da vida onde há uma aceleração na velocidade de crescimento. Isso nas meninas costuma começar aos oito anos, nos meninos ao redor dos 10.

Quando os pais devem se preocupar com problemas no crescimento? É uma preocupação constante dos pais. O estirão do crescimento tem um fator genético, que não só tem a ver com a própria estatura dos pais como com o próprio início da puberdade deles. Se a mãe menstruou com 15 anos, por exemplo, provavelmente a filha vai menstruar próxima dessa idade – mais tardia do que a média. E há os fatores

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ambientais. Uma dieta pobre em proteínas e calorias atrasa o crescimento. Já a criança obesa em geral entra na puberdade um pouco antes – provavelmente por excesso de leptinas, hormônios que se encontram nas células gordurosas.

E essa história de que a primeira menstruação é o limite de estatura das meninas é verdadeira? Depois da menarca, ela ainda crescerá por aproximadamente dois anos, mas não muito – em média de 5 a 6 centímetros.

O que leva um adolescente ou os pais dele a procurar um hebiatra? Geralmente, uma dor de cabeça frequente, uma cólica menstrual, gastrite, baixa estatura. Mas a gente observa que as queixas são apenas um pretexto, não a razão da consulta. Na verdade, o adolescente tem muitas dúvidas em relação a essa fase de tantas mudanças. Daí a importância do check-up nessa fase da vida, até para prevenir moléstias que podem se iniciar na adolescência. E um dos objetivos do hebiatra é fazer o adolescente ser cada vez mais responsável pela própria saúde.

Mas quando uma criança “baixinha” merece uma investigação para saber se há alguma coisa errada com seu crescimento? “Há limites de observação. Meninas de 13 anos de idade e meninos de 14 anos que ainda não apresentaram nenhum sinal de puberdade devem preocupar. E quais são esses sinais? O aparecimento dos brotos mamários e dos pelos pubianos nas meninas e o aumento do volume testicular nos meninos. A exemplo do bebê que vai todo mês ao pediatra, o adolescente também precisa desse seguimento. Iniciada a puberdade, os pais podem ficar tranquilos – o adolescente vai crescer o que tiver de crescer. A baixa estatura, porém, é uma possibilidade natural. Só um pequeno número de casos com atraso de desenvolvimento puberal e deficiência do hormônio de crescimento merecerá um tratamento específico. Mas reconheço que, para alguns adolescentes, o crescimento mais lento é um desespero. Já tive pacientes que diziam chorando: “Eu quero crescer agora, não quero esperar”. Adolescentes em geral são imediatistas.”

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Especialidade Médica

Oferecemos a eles um espaço privativo de consulta e o sigilo absoluto do médico – o que ele não tinha até agora. Num primeiro momento, entram o adolescente e a mãe, ou responsável, e nessa primeira conversa se estabelece um pequeno contrato de confidencialidade entre médico e paciente. Se todos concordarem, a gente pede para o adolescente esperar um pouco lá fora, enquanto a mãe, se for o caso, conversa com o médico – às vezes, ela tem alguma preocupação que não quer expor diante do filho ou da filha, Como medo de drogas, por exemplo. O que garanto ao adolescente é que, a partir daquele momento, eu não falarei mais com a mãe a sós. Se tiver de falar, será na frente do adolescente, para não quebrar o sigilo prometido. Para o adolescente, essa é uma oportunidade um marco de passagem da infância para a vida adulta. E um meio de ele se aproximar mais do médico, revelando o que normalmente não contaria à mãe.

Do ponto de vista preventivo, quais são as doenças “de adulto” que podem ser detectadas já no check-up do adolescente? Um exemplo é o colesterol aumentado, cada vez mais comum – inclusive em adolescentes não obesos, que não comem de forma correta e abusam de fast food. Geralmente são famílias onde pai e mãe trabalham e ninguém tem tempo para pensar numa alimentação mais balanceada.

Quais são as etapas desse check-up? Começa com um exame clínico total, mais a avaliação do desenvolvimento psicológico e social: como está a vida, a escola, os amigos, a casa? A gente tenta captar problemas. Às vezes, as coisas vêm à tona rapidamente, porque o adolescente está querendo se abrir. Em geral, falam abertamente de tristezas, depressão, drogas. É preciso ficar atento a tudo, porque eventualmente esse adolescente deve ser encaminhado a um psiquiatra.

Um dos hábitos que em geral se iniciam na adolescência e cobram pesados tributos na idade adulta é o tabagismo. Por que, apesar de tantas campanhas contra o cigarro, o adolescente começa a fumar? O adolescente é onipotente: comigo não vai acontecer nada. Não acredita que o cigarro um dia possa matá-lo. E começa a fumar por afirmação, por influência, por transgressão – já que o fumo está se transformando num hábito quase banido. O que tentamos fazer é oferecer a ele um espaço onde tudo isso possa ser debatido e pensado, não só em relação ao cigarro como as drogas ilícitas. Não adianta eu dizer que fumar não presta. O adolescente tem de entender por si próprio – cabe a nós orientá-lo e meditar sobre a questão.

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Hábitos alimentares

Colesterol em

crianças O

colesterol alto não é um problema exclusivo de adultos: cada vez mais crianças e adolescentes vêm apresentando níveis de colesterol elevado. Em alguns casos, o problema é de origem genética, herdado dos pais. Mas hábitos alimentares errados, além do sedentarismo precoce, também estão por trás dessa epidemia de excesso de gordura no sangue – que representa um risco exponencial para doenças cardiovasculares na idade adulta, causando entupimento das artérias, sobretudo as coronárias. Por isso, crianças a partir dos cinco anos de idade, ou mesmo antes, em algumas condições, devem ter checado seu perfil lipídico– ou seja, o nível de gorduras no sangue. Em determinados casos, a criança precisa de estatinas – os medicamentos capazes de reduzir

a taxa de colesterol. O alerta é da Dra. Maria Cristina Izar, Professora Afiliada e Livre Docente da Disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo e uma das maiores autoridades do país em Hipercolesterolemia Familiar Submeter crianças pequenas a exames de sangue para avaliar seu nível do colesterol não era uma prática usual há dez anos. Hoje, baseado em estatísticas nacionais e internacionais, os médicos acreditam que cerca de 30% das crianças brasileiras tenham esse problema. A alimentação inadequada,

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Hábitos alimentares

“quem vê cara não vê colesterol” a falta de atividade física e a genética estão por trás desse desequilíbrio. Um estudo realizado em Pernambuco com 414 crianças mostrou que 30% delas tinham o diagnóstico – e apenas 4% estavam acima do peso. A genética, portanto, é um fator de grande peso. Por isso, é fundamental a identificação de uma criança com colesterol elevado – e saber se essa alteração tem uma base genética, pois o diagnóstico precoce modifica o desenvolvimento da doença e suas consequências. Como explica a Dra. Maria Cristina, alterações do colesterol podem ser devidas à alimentação inadequada (causa ambiental), a alterações em vários genes (poligênica) e menos frequentemente, a defeitos genéticos na captação de colesterol pelas células, chamado de hipercolesterolemia familiar. O tratamento envolve mudanças no estilo de vida e frequentemente requer medicamentos, como os fármacos que bloqueiam a produção de colesterol pelo fígado. Conhecidas como estatinas, esses medicamentos são bastante eficientes na redução do LDL-colesterol, o chamado “colesterol ruim”. Entre as estatinas, a rosuvastatina é bastante empregada entre crianças e adolescentes, por

ser considerada bastante segura para uso nessas faixas etárias. Estudos com população pediátrica mostram reduções de 50% no LDL-colesterol com o uso da rosuvastatina. No entanto, quando se diagnostica hipercolesterolemia familiar, muitas vezes é necessário associar-se dois ou três medicamentos para se obter controle ideal do LDL-colesterol. A hipercolesterolemia familiar é um problema de saúde mundial, que atinge cerca de 12 milhões de pessoas -- das quais estima-se que 200 mil irão morrer de doença arterial coronariana (DAC) prematura. De acordo com a Dra. Maria Cristina Izar, “se não houver tratamento, a maioria desses indivíduos terá DAC aos 60 anos, sendo a taxa de mortalidade de 50% nos homens e de 15% nas mulheres”. Por ser a doença herdada de modo dominante, de cada duas pessoas da família de um indivíduo afetado, 50% pode apresentar a doença. A Escola Paulista de Medicina e outros centros de pesquisa em nosso país têm se empenhado na busca ativa de novos casos de hipercolesterolemia familiar”.

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Hábitos alimentares

Mudança de hábito Fatores genéticos à parte, melhorar a alimentação da criança é a primeira fase do tratamento – e também da prevenção da doença. Os alimentos que aumentam o colesterol precisaram ser substituídos. Essa mudança, associada à prática de exercícios, ajuda a reduzir o colesterol ruim. Saem carnes vermelhas gordurosas, derivados de leite (em especial os integrais), bolacha recheada, sorvete de massa, frituras e embutidos. Entram

Sedentarismo precoce Outro diagnóstico comum na infância é o HDL, o chamado colesterol bom, aquele que protege as coronárias, abaixo do nível saudável. O HDL recolhe do sangue as sobras de colesterol, evitando que seja depositado nas artérias. O HDL baixo ocorre sobretudo porque as crianças hoje são mais sedentárias. Uma atividade física todos os dias, por pelo menos 50 minutos, é aliado do HDL. Resumindo: menos computador, mais vida ao ar livre.

azeite de oliva, cereais, leite desnatado, frutas, verduras e legumes. O mesmo deve acontecer na escola. Em alguns colégios, as cantinas já deixaram de vender alimentos fritos, por exemplo. Em outros, uma nutricionista prepara refeições especiais para os alunos com colesterol alterado a partir do cardápio do dia. A comida não é muito diferente da servida para os outros alunos, para a criança não ficar desestimulada a fazer a dieta.

De pai para filho O fator genético é tão importante no caso do colesterol que a recomendação médica para pais com colesterol alto antes dos 40 anos de idade é submeter seus filhos a um primeiro check-up já aos dois anos. Além da dieta e do aumento da prática de atividades físicas, em alguns casos, quando a alteração é grave e não foi possível controlá-la de outro jeito, é necessário mesmo o uso de medicamentos. Outro fator que influencia na doença é a obesidade. No Brasil, 10% das crianças com menos de cinco anos estão acima do peso. Elas têm mais chances de desenvolver colesterol alto.

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Perigo na Gravidez

g a n l o o Álc A

G M U NEM

s opiniões ainda se dividem. Para muitos especialistas, gestantes podem brindar à vida com uma taça de vinho, aqui e ali. Ou mesmo com seu drinque favorito, de vez em quando. Mas a Sociedade de Pediatria de São Paulo adverte do alto de suas estatísticas: não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica para a mãe que proteja o feto de qualquer risco, durante a gravidez. O álcool atravessa a placenta em 10 minutos. Portanto, Lei Seca para as gestantes

A exposição pré-natal a bebida alcoólica pode acarretar problemas graves ao bebê - ou ter efeitos tardiamente, podendo se perpetuar até a idade adulta. A chamada Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) apresenta diversas manifestações - de alterações comportamentais a malformações congênitas neurológicas, cardíacas e renais.

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z e d i v a r g a

O H N I L O G M

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Perigo na Gravidez A SAF contabiliza, no mundo, de um a três casos por mil nascidos vivos. No Brasil, não há dados oficiais sobre o que ocorre de norte a sul do país sobre esse tipo de dano. Mas há números sobre universos específicos. No Hospital Municipal Maternidade-Escola de Vila Nova Cachoeirinha, por exemplo, um estudo com duas mil futuras mamães apontou que 33% bebiam regularmente mesmo esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz. Claro, os riscos são muito maiores se o consumo estiver ao nível de um quadro

de alcoolismo. Mas, a exemplo da Lei Seca ao volante, a maioria dos obstetras e pediatras defende tolerância zero ao álcool durante toda a gestação. A gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar pela abstinência, como alerta a Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre, coordenadora do Grupo de Prevenção dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Não existe dose limite pré-estabelecida para a ingestão do álcool pela gestante que não prejudique o bebê.

E R V I L M E G A S S A P

to, livre centa e, portan la p la e p m e ol g com livre passa etaboliza o álco a m , ci ão ân st aç b rm su fo a m o ue está em O álcool é u ado do bebê, q cool permanece ál fíg o : O . ja to se fe u o O a , o ar ãe passagem p o espontâneo e e o fígado da m rt u o q ab te n O e . m ãe ta n m s le bém m relação à duas vezes mai a gravidez, tam mo do bebê, e d is s e an õ rg aç o lic o p n m o p O risco mo outras co dobro de tem ades menores. aturo, assim co tid m an re u p q to m ar e p o e d endo trabalho do álcool, mesm álcool. Depend so e u m o so n m co co s te o an do a gest os no feto estão relacionad uase dobra quan rejuízos causad q p s o o e , n o tâ n rid o e g sp in e l ental. de aborto tidade de álcoo rado e retardo m an u u ig q sf a e d d e o z st e ro d podem rtamento a da fase da gravi alguns sintomas mas de compo as le m b , ro o p ic e fís d o ito vã a fe pelo álcool apresenta de ação Mundial d ão iz n an r, rg ce O as A n s. ao o , bê tre 3 e 4 an e do Por vezes, o be com a Síndrom bê complete en e m b o ce e as u n q o é d at n u s ebês no m não ser óbvio vivos. da ano, 12 mil b ca a , e u q a il nascimentos m im a st d ca m e Saúde e s ê eb l (SAF) - ou 2,2 b Alcoolismo Feta

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Alteração no peso -

O peso de um bebê que foi exposto ao álcool é normalmente inferior ao dos bebês de mães que não beberam durante a gravidez – dois quilos, em média, contra 3,5 quilos. À medida que a criança cresce, outros prejuízos começam a aparecer - entre os quais memória fraca, falta de concentração, raciocínio frágil e incapacidade de aprender com a experiência. A exposição do feto ao álcool, independentemente da fase da gravidez, não tem como consequência, necessariamente, a SAF. Mas – repitase - não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez.

O BEBÊ NASCEU. E AGORA? O nascimento do bebê não representa, evidentemente, um atestado de liberação para o consumo de álcool. A fase de amamentação é tão delicada quanto à gravidez em termos de danos potenciais ao bebê. Eis o que dizem os especialistas: * O álcool deve ser evitado durante todo o período de amamentação, pois passa para o bebê através do leite materno. * Como o álcool passa rapidamente para o sangue, o drinque da mamãe já atua sobre o bebê após 10 minutos.

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Comportamento

: G N I Y L L U B

Q A R I E D A C RIN

B

O

termo é inglês e não tem tradução em português. Mas é um fenômeno mundial. A expressão compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas entre iguais, sobretudo estudantes, que causam dor e angustia nas vítimas. Normalmente, os mais fortes(os bullies) atemorizam os mais fracos através de apelidos constrangedores, palavrões, ameaças, discriminações, exclusões, intimidações, assédios e até agressões injustificadas. A meninada diria que “fazer bullying” é “zoar” com alguém. Mas a situação muitas vezes ultrapassa os limites de uma brincadeira maldosa, para se transformar num estado de terror contra determinadas crianças. Nesta matéria, a professora, fonoaudióloga, psicopedagoga e psicóloga Elizabeth Salgado ensina como identificar, prevenir e interromper uma situação de bullying que afeta nossos filhos na escola

Ofender, zoar, gozar, humilhar, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar e quebrar pertences são

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:

A C U H C A M E A QU alguns dos comportamentos típicos do fenômeno bullying. Segundo a Dra. Elizabeth, na melhor das hipóteses, bullying é fazer com que alguém se sinta inseguro, insignificante ou amedrontado, excluindo essa pessoa de atividades, jogos ou de um grupo social, ignorando-os deliberadamente. Numa forma mais extremada de bullying, agressões físicas estão incluídas. Mas o pior do bullying às vezes nem é a ação em si – mas o efeito que tem sobre a vítima. Para a psicóloga, esse tipo de comportamento sempre existiu. O que mudou foi a intensidade de sua frequência e de sua agressividade, “reflexo de um mundo individualista, cada vez mais bélico e carente de humanidade”.

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Comportamento

Y L L U B M U E U Q R O P ? M I S S A E AG

, s e r o t a f s o ser m e d o p s o i r Vá : h t e b a z i l E o segund 3 O agressor pode ter sido, ele mesmo, alvo de bullying em outra época 3 Pode estar querendo chamar a atenção 3 É assim que ele lida melhor com sua baixa estima e seus complexos 3 Acredita que o bullying lhe trará popularidade dentro do grupo 3 Tem sentimentos de inveja ou ciúme A Dra. Elizabeth sustenta que o autor do bullying, que pode agir sozinho ou em grupo, também é infeliz, além de incapaz de compreender os sentimentos alheios – mas os bullies são excelentes observadores do cotidiano humano,

sempre escolhendo como vítimas colegas que serão facilmente subjugados ou que têm características físicas que dão margem a apelidos ou gozações. “Na realidade, essas pessoas precisam tanto de ajuda

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quanto suas vítimas, sob risco de que venham a se tornar marginais e infratores da lei, adultos com comportamentos antissociais ou violentos”.

G? N I Y L L U B RO A T I V E O COM

S

egundo a psicóloga, o melhor antídoto para um adolescente lidar com o bullying, e não se tornar alvo fácil, é gostar de si mesmo, é acreditar em si próprio, é ter uma elevada autoestima e não aceitar o papel de vítima. Às vezes, isso é difícil: muitas vítimas preferenciais do bullying têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressão. “Muitos passam a ter baixo desempenho na escola, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com frequência ou até abandonam os estudos”. É nesse quadro de “sintomas” que os pais devem demonstrar sensibilidade suficiente para detectar e ajudar os filhos a lidar com a situação”. O que tentar transmitir aos filhos que estão sendo vítimas dos valentões? 3 Não passar uma imagem de medo – este é o grande prêmio do bully. 3 Deve manter a calma, não lutar ou reagir de modo agressivo, transparecendo sua raiva, que é outro objetivo dos bullies 3 Tente ignorar os provocadores. Ir embora esvazia o poder de quem coage

Importante: quem é perseguido

por bulllys deve andar próximo de amigos durante intervalos de aulas ou recreio, evitando ficar isolado.

Muito importante, segundo a Dra. Elizabeth: “Deve tratar os outros do modo como gostaria de ser tratado. Deve ajudar alguém que necessita, pois quando precisar, alguém o fará por você. E lembrar que cada um de nós tem o direito de ser respeitado e a responsabilidade de respeitar os demais”.

Aos funcionários das escolas, outras recomendações: “A equipe deve ficar atenta aos alunos novos e àqueles que permanecem sozinhos e isolados, procurando conversar com eles, desenvolver um clima de amizade e confiança e procurando inserí-los em atividades”. Segundo ela, quando não há intervenções concretas contra o bullying, o ambiente escolar se torna totalmente contaminado. Todas as crianças são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo.

Com a palavra, e a régua na mão, pais e professores.

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Educação

Pais e filh

Na lição de c

C

omo ajudar a criança com a lição de casa? Em primeiro lugar, dizem as especialistas consultadas pelo site UOL, os pais devem entender a importância dessa atividade para o estudante, especialmente os que estão nos primeiros anos do ensino funamental.

“A família precisa valorizar a lição de casa, mostrar interesse, deixar a criança falar sobre como foi o dia dela na escola. Nunca usar termos para desmerecer, dizer que a lição é uma coisa chata, um sacrifício, que a família não pode sair porque a criança tem tarefa para fazer”, afirma Marcia Almirall, orientadora

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lhos

e casa

do 3º ano do ensino fundamental do Colégio Santa Maria. Em seguida, os pais devem descobrir qual é o melhor horário para fazer a lição de casa. Especialistas dizem que a hora varia muito de acordo com a rotina da família, mas é indispensável que um adulto esteja presente para acompanhar a criança.

“A hora de fazer a lição deve virar uma rotina para a família. É algo que deve acontecer de preferência no mesmo horário todos os dias. Não deve ser muito tarde, porque a criança está cansada e não rende”, diz Sueli Conte, diretora e psicopedagoga do Colégio Renovação.

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Educação

Onde fazer, que horas fazer? Decidido o melhor horário, é preciso escolher um local bem iluminado, confortável e silencioso para a criança fazer a tarefa. Os pais devem desligar a TV, o computador e evitar espaços em que outras crianças estejam brincando –tudo para não desviar a atenção dos estudantes. Não importa o lugar escolhido, todos os materiais escolares devem estar ao alcance do estudante, o que evita passeios pela casa e a distração na hora de fazer os exercícios. A partir daí, os pais devem se fazer presentes, mas nada de sentar ao lado da criança e ficar ali do início ao fim dos exercícios. Deixá-la sozinha também é prejudicial. O ideal é ficar atento ao que o estudante está fazendo e estar acessível caso a criança queira ajuda. “Os pais precisam estar presentes para que a criança sinta que tem um apoio, que aquilo é importante”, diz Marcia Almirall.

Corrigir a lição? Para Adriana Iassuda, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, nesse momento os pais devem tentar auxiliar a criança, mas nunca resolver o exercício em seu lugar. “Muitas vezes os pais acham que a lição deve voltar para a escola totalmente correta, e acabam resolvendo pelo filho ou extrapolando nas explicações. Cuidado, pois isso pode resultar em mais dúvidas ou mascarar uma dificuldade significativa”, explica. Se as dúvidas são de matemática, por exemplo, os pais não devem ensinar a maneira como aprenderam a fazer determinada conta –o que pode confundir ainda mais a criança. “O certo não é explicar do jeito dele, mas tentar ajudar o filho a buscar, dentro dos seus próprios conhecimentos, a resolução do problema”, afirma Marcia Almirall.

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