Revista
da
Suinocultura PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS • ANO 5 • Nº 22 • Jan/Fev • 2017
MAPEAMENTO
SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
CONHEÇA OS DADOS INÉDITOS DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO PAÍS
MAPEAMENTO DA SUINOCULTURA
SUMÁRIO EXECUTIVO
PRODUÇÃO REGIONAL DE SUÍNOS MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA PRINCIPAIS DESAFIOS E AGENDA ESTRATÉGICA NA SUINOCULTURA
Faça parte da mudança na suinocultura brasileira.
AÇÕES DE MARKETING
PARTICIPE DO FNDS! CAPACITAÇÕES NA PRODUÇÃO E INDÚSTRIA AÇÕES POLÍTICO INSTITUCIONAIS
Saiba mais em www.abcs.org.br
APRESENTAÇÃO Neste Sumário Executivo é possível verificar os principais
A ABCS reuniu instituições apoiadoras de renome para
dados atualizados sobre a produção de suínos no Brasil. A
realizar um raio-x oficial da cadeia, o que dá ainda mais cre-
Suinocultura Nacional vem crescendo vigorosamente nas
dibilidade para esse trabalho. Contribuíram a Associação
últimas décadas, fruto dos investimentos em ampliações e
Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (Abegs), Asso-
também de uma substancial evolução na produtividade das
ciação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Confederação
granjas. Neste período houve uma significativa expansão da
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Serviço Nacional
suinocultura, além de diversas aquisições e fusões que muda-
de Aprendizagem Rural (Senar) e o Sindicato Nacional da
ram o panorama da produção no país.
Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). O material contou com apoio institucional da Empresa Brasileira de Pes-
Para demonstrar o efeito destas transformações sobre o se-
quisa Agropecuária (Embrapa) e do Ministério da Agricultura
tor, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS),
Pecuária e Abastecimento (MAPA).
junto ao SEBRAE Nacional, propôs a execução de levantamento sistêmico, baseados nos dados de 2015, que apresen-
O conteúdo completo do Mapeamento da Suinocultura
tasse o real tamanho e importância econômica e social desta
Brasileira está disponível no portal da ABCS. No exemplar é
cadeia para o país: o Mapeamento da Suinocultura Brasileira.
possível ter acesso a todos os dados da cadeia e assim ter um
O material foi produzido em parceria com a Markestrat, em-
panorama sobre a produção suinícola brasileira e mundial.
presa com grande expertise em mapeamento e quantificação Boa leitura!
de sistemas agroindustriais.
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Mapeamento da Suinocultura Brasileira
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Lisbete Canello (português) Giseli Akiama Rodrigues (inglês) Duo Design Comunicação Revista da Suinocultura JORNALISTA RESPONSÁVEL Danielle Sousa Luciana Lacerda PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Duo Design
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
5
CA P A SUINOCULTURA NO BRASIL
8
ARRANJOS PRODUTIVOS
13
PRODUÇÃO REGIONAL DE SUÍNOS NO BRASIL
29
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA
36
PRINCIPAIS DESAFIOS E AGENDA ESTRATÉGICA NA SUINOCULTURA
CUSTO DE PRODUÇÃO POLÍTICA PÚBLICA LINHAS DE CRÉDITO MERCADOS INTERNACIONAIS FOMENTAR O CONSUMO INTERNO
CUIDAR DA SANIEDADE E DO REBANHO BRASILEIRO ADEQUAÇÃO À CRESCENTE PRESSÃO SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL
SUMÁRIO EXECUTIVO
SUINOCULTURA NO BRASIL CADEIA SUINÍCOLA BRASILEIRA É REFERÊNCIA PARA O AGRONEGÓCIO NACIONAL E INTERNACIONAL
O PLANTEL REPRODUTIVO BRASILEIRO É DE 1.720.255 MATRIZES, TENDO PRODUZIDO 39.263.964 SUÍNOS PARA ABATE EM 2015 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) DA SUINOCULTURA NO BRASIL SOMOU R$ 62,576 BILHÕES
A SUINOCULTURA NO BRASIL GERA 923.394 EMPREGOS INDIRETOS A SUINOCULTURA EMPREGOU DIRETAMENTE CERCA DE 126 MIL PESSOAS, PROPORCIONANDO MASSA SALARIAL DE R$ 3.339,7 MILHÕES EM 2015
MOVIMENTAÇÃO DE TODA CADEIA PRODUTIVA DE SUÍNOS FOI DE R$ 149,867 BILHÕES
A ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS AGREGADOS FOI DE R$ 17,6 BILHÕES
OS INSUMOS NECESSÁRIOS À PRODUÇÃO DE SUÍNOS MOVIMENTARAM R$ 14,154 BILHÕES
OS AGENTES FACILITADORES MOVIMENTARAM R$ 1.831,4 MILHÕES
EM 2015, A PRODUÇÃO DE SUÍNOS PARA ABATE MOVIMENTOU R$ 16,117 BILHÕES
A PRODUÇÃO TECNIFICADA ESTÁ DISTRIBUÍDA EM CERCA DE 3,1 MIL GRANJAS DE PRODUÇÃO E QUASE 15 MIL GRANJAS DE ENGORDA (CRECHÁRIOS, TERMINAÇÕES E WEAN TO FINISH). DADOS REFERENTES A 2015.
A
suinocultura brasileira assume dife-
com produção de ciclo completo. Cada sistema está
rentes contornos quando se observa a
adaptado ao seu mercado e todos vêm ganhando
escala de produção, o nível de adoção
eficiência e competitividade, mantendo um cons-
tecnológica e o arranjo produtivo entre o produtor
tante crescimento da produção nacional.
e a empresa de processamento. O modelo produtivo, por exemplo, diferencia-se de acordo com a
O plantel reprodutivo brasileiro é de 1.720.255
região do país. No Sul há predomínio de pequenos
matrizes, tendo produzido 39.263.964 suínos para
suinocultores integrados ou cooperados, especiali-
abate em 2015. Esse volume, quando se considera
zados em determinada fase da produção, já a região
as diferentes etapas de produção e consumo, fez
sudeste é marcada por produtores independentes
com que o Produto Interno Bruto (PIB) da suinocul-
05
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
tura no Brasil somasse R$ 62,576 bilhões, ou US$
do total). Juntos esses cinco estados somam 83,7%
18,745 bilhões, se considerado o câmbio de R$ 3,33
do rebanho de matrizes da suinocultura industrial
estabelecido pelo Banco Central do Brasil (BCB) no
brasileira. Em 2015, a produção de suínos para
fechamento de 2015. Por sua vez, a movimentação
abate movimentou R$ 16,117 bilhões, ou US$ 4,828
de toda cadeia produtiva de suínos foi de 149,867
bilhões, representando 10,8% da movimentação
bilhões (US$ 44,893 bilhões).
financeira de toda cadeia produtiva.
A CADEIA PRODUTIVA POR FUNÇÃO ANTES DAS GRANJAS
PERFIL DO SUINOCULTOR BRASILEIRO
Os insumos necessários à produção de suínos movi-
trizes tem até 500 reprodutoras, com predomínio
mentaram R$ 14,154 bilhões, ou US$ 4,240 bilhões,
absoluto (aproximadamente 81%) de produção in-
o que equivale a 9,4% da movimentação financeira
tegrada ou cooperada. A região concentra 96% das
de toda cadeia produtiva.
granjas de terminação, 95% dos crechários e 56%
Nos estados do Sul cerca de 60% das granjas de ma-
das granjas de wean to finish levantadas neste estu-
NAS GRANJAS: O PRODUTOR DE SUÍNOS
A produção tecnificada está distribuída em cerca
do, sendo estas também vinculadas a agroindústrias ou a cooperativas.
de 3,1 mil granjas de produção e quase 15 mil gran-
06
jas de engorda (crechários, terminações e wean to
Na região Sudeste há forte prevalência da produção
finish). Santa Catarina lidera o ranking com número
independente (77%), sendo as bolsas de Minas Ge-
estimado de 420.488 matrizes (24,4% do total). Na
rais e São Paulo as grandes referências para o mer-
sequência estão Rio Grande do Sul (340.416 matri-
cado spot. Embora o tamanho médio das granjas de
zes ou 19,8% do total), Minas Gerais (273.197 ma-
produção da região (785 matrizes) seja bem supe-
trizes ou 15,9% do total), Paraná (264.371 matrizes
rior às granjas do sul do país (456 matrizes), a região
ou 15,4% do total) e Mato Grosso (141.389 ou 8,2%
também apresenta 60% das granjas com menos de
SUMÁRIO EXECUTIVO
500 reprodutoras. Devido à baixa expressividade dos modelos de produção cooperado e integrado, apenas 1,7% das granjas de engorda estão abrigadas na região. Já nos estados do Centro-Oeste observa-se maiores escalas de produção, com 46% das granjas de matrizes tendo pelo menos 1.000 reprodutoras. Embora cerca de 50% de sua produção seja integrada a agroindústrias, a região concentra apenas 2,5% das granjas de terminação, o que é justificável já que apresentam o maior tamanho médio do país. Também estão na região cerca de 2,3% dos crechários e pouco mais de 44% das granjas wean to finish, estas concentradas no Mato Grosso do Sul. Nas regiões Norte e Nordeste a produção é 100% independente, caracterizadas por granjas de menor escala, com tamanho médio de aproximadamente 200 matrizes. bilhão) em 2015. A criação de suínos gerou aproxi-
DEPOIS DAS GRANJAS: DA INDÚSTRIA ATÉ O CONSUMO
madamente 35 mil empregos, com massa salarial de
As atividades de processamento industrial, comer-
de empregos foi gerado nas atividades operacionais
cialização e consumo movimentaram R$ 117,761
da produção dos suínos: 92% do total de empregos
bilhões, ou US$ 35,276 bilhões. Esse montante
gerados ou 32 mil postos de trabalho, com remu-
equivale a 78,58% da movimentação financeira de
neração média de R$ 1.761/mês, e massa salarial
toda cadeia produtiva.
de R$ 679 milhões. As atividades administrativas
R$ 792,5 milhões. Desse montante, o maior número
relacionadas às granjas geraram 2,8 mil postos de
AGENTES FACILITADORES
trabalhos, remuneração média de R$ 3.315/mês
Os processos produtivos de registro genealógico,
por trabalhador e massa salarial de R$ 113 milhões.
transporte, assistência técnica, custos portuários
As unidades frigoríficas geraram cerca de 92 mil
e softwares de gestão movimentaram R$ 1.831,4
postos de trabalho com abate e processamento de
milhões (US$ 548,6 milhões).
suínos, proporcionando massa salarial de R$ 2.547 milhões, ou US$ 763 milhões.
GERAÇÃO DE IMPOSTOS
A arrecadação de impostos obtidos com as vendas em cada relação comercial da cadeia produtiva foi de R$
EMPREGOS INDIRETOS
A partir do Modelo de Geração de Emprego e Renda
19,2 bilhões (ou US$ 5,7 bilhões). As vendas dos insu-
(MGER), metodologia desenvolvida pelo Banco
mos para a indústria e produção de suínos arrecada-
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
ram R$ 1,6 bilhão, resultando arrecadação em impos-
(BNDES), estimou-se que para cada emprego direto
tos agregados de R$ 17,6 bilhões (ou US$ 5,2 bilhões).
na produção agropecuária foram gerados 0,3333 de emprego indireto, enquanto a atividade de abate
EMPREGOS DIRETOS
e processamento ocasionou 9,9444 de empregos
Estimativas utilizadas mostram que a suinocultura
indiretos. Dessa forma, a suinocultura no Brasil gera
empregou cerca de 126 mil pessoas, proporcio-
923.394 empregos indiretos, ou 7 empregos indire-
nando massa salarial de R$ 3.339,7 milhões (US$ 1
tos para cada emprego direto formalizado.
07
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
08
SUMÁRIO EXECUTIVO
ARRANJOS PRODUTIVOS SUINOCULTURA NO BRASIL E OS SEUS DIFERENTES MODELOS DE PRODUÇÃO
A
tualmente a suinocultura no Brasil conta com diferentes sistemas de produção. Regionalmente, observa-se padrões variados de
ocorrência dos mesmos, uma vez que as características locais como tamanho médio das propriedades pecuárias, oferta de insumos necessários à produção e perfil das agroindústrias, entre outras variáveis, influenciam diretamente na viabilidade dos diferentes modelos e manutenção do sistema de manejo escolhido. Considerando o breve histórico apresentado, nota-se que dois sistemas de produção emergiram da necessidade de adaptação demandada pelo mercado: o modelo centralizado nas cooperativas e o sistema de produção integrada. Há de destacar que, além desses dois sistemas, deve-se considerar um terceiro, na qual encontra-se o produtor independente e que realiza, em sua maioria, o Ciclo Completo (CC). O modelo de cooperativas é mais encontrado na região Sul do Brasil, local onde os produtores são, em sua maioria, menores em termos de capacidade produtiva e pulverizados geograficamente. No entanto, além das cooperativas, os sistemas de produção integrados também estão fortemente presentes nesses estados, uma vez que a origem da produção integrada ocorreu nessa parte do país. Na região Sudeste encontra-se uma maioria de produtores independentes que realizam o ciclo completo na propriedade e atuam majoritariamente no mercado spot.
09
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
Apesar de não ser uma suinocultura com grandes
Plantas de grandes agroindústrias foram inauguradas
volumes de contratos de integração, os produtores
nos estados do Mato Grosso e Goiás, o que têm con-
independentes dos estados dessa região acom-
tribuído na modificação do perfil da suinocultura local,
panharam e se atualizaram quanto às evoluções
como o aumento do sistema de produção integrado.
tecnológicas do setor, razão que os torna altamente profissionalizados.
O modelo de integração é o que mais tem crescido, seja pela maior segurança que oferece ao produtor
Na região Centro-Oeste, a suinocultura tem avan-
ou pela concentração da agroindústria exportadora,
çado rapidamente, seguindo o desenvolvimento das
que utiliza o modelo como forma de controlar os
fronteiras agrícolas e a proximidade na produção/
custos de produção, obter altos índices de produ-
oferta de grãos.
tividade por meio da especialização, controlar a qualidade dos insumos necessários conforme o
Nesses estados há grandes produtores de grãos que
mercado alvo do produto final, otimizar processos
buscam diversificar a atividade e agregar valor à
logísticos e garantir o abastecimento das suas in-
produção por meio de uma suinocultura tecnificada.
dústrias e mercados consumidores.
MODELO INDEPENDENTE
rurais tradicionais, que compram insumos para sua produção e comercializam os suínos com a agroindústria sem a presença de vínculos contratuais formais.
O modelo independente está presente em diferentes escalas em praticamente todos os estados brasileiros
A propriedade dos ativos produtivos, bem como as res-
que estão envolvidos na produção de suínos. A maioria
ponsabilidades pelos insumos necessários e negocia-
dos produtores que dele faz parte realiza o “Ciclo Com-
ção do produto final, é do próprio produtor, razão que
pleto” em suas granjas, desenvolvendo todas as ativi-
justifica o predomínio dos contratos simples de compra
dades: do manejo reprodutivo das matrizes até às rela-
e venda entre os dois agentes econômicos.
cionadas à terminação do cevado para posterior abate. A Figura 1 ilustra como o suinocultor optante do mode-
10
Configurado como o primeiro modelo de produção uti-
lo independente está posicionado na cadeia produtiva
lizado, o modelo independente conta com produtores
da suinocultura.
No entanto, há de destacar que, quando comparado
produtores independentes especializados em algu-
com o sistema de produção integrado, o modelo de
ma etapa da produção suinícola, como a venda de
produção independente tem clara diferença nos
leitões destinados à engorda em uma segunda pro-
arranjos contratuais estabelecidos entre os agentes
priedade, é possível afirmar que esse não é o padrão
econômicos e a especialização produtiva necessária
encontrado junto aos suinocultores que fizeram a
em suas etapas. Apesar de atualmente já encontrar
opção pelo modelo independente.
SUMÁRIO EXECUTIVO
FORNECEDORES
SUINOCULTOR INDEPENDENTE
Reprodutores
FRIGORÍFICO
MERCADO DE PORTA
Sêmen Medicamentos Vacinas
CICLO COMPLETO (CC) Gestação + Maternidade + Creche + Terminação
Pequena Fábrica de Ração
Assistência Técnica
Farelo de soja
FIGURA 1 – TRANSAÇÕES DO SUINOCULTOR INDEPENDENTE Fonte: Elaborada pelos autores a partir das entrevistas primárias.
Óleo de soja Casca de soja Milho Premix/Vitaminas
MODELO INTEGRADO
diversos setores do agronegócio. Em alguns setores esse movimento é mais intenso e evidente como na produção de suínos e aves. Em outros, nota-se um movimento mais
O sistema integrado é apontado como uma evolução
tímido nesse sentido, porém todas as previsões e análises
dos sistemas tradicionais de produção de suínos, tendo
de tendências indicam na direção dos sistemas especiali-
como características principais a especialização dos
zados e, consequentemente, mais eficientes.
processos, a presença de um agente coordenador e modelos contratuais de maior complexidade que ofere-
Esse modelo organizacional insere o suinocultor em uma
cem sustentação ao sistema de produção.
relação na cadeia produtiva já vinculada a suprir uma parte da demanda da agroindústria. Por essa razão, o
No sistema Integrado a pessoa jurídica, proprietária de
agente econômico principal (a agroindústria) geralmen-
grande parte dos fatores de produção, é uma empresa
te coordena os principais insumos necessários à produ-
privada, sendo o suinocultor um importante fornece-
ção, como reprodutores, animais para engorda e rações,
dor de serviços com especialização em alguma função
transferindo ao suinocultor a gestão adequada da granja
da atividade produtiva.
e dos ativos a ele delegados, como as matrizes e leitões produzidos. No modelo integrado, o produtor é um espe-
A especialização do trabalho para ganho de eficiência nas
cialista em prover serviços, salvaguardando a proprieda-
operações é uma tendência que pode ser vista nos mais
de da indústria que são os animais de produção.
11
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
FORNECEDORES
SUINOCULTOR INTEGRADO
Reprodutores
Especializado por Sítios
Sêmen
Assist. Técnica Ração Pronta Farelo de soja
UT Leitão 22 kg até terminado 125kg
CRECHÁRIO
UPD Nascimento até desmama
Entra: 6kg Saí: 22kg 60/70 dias
UPL Nascimento até 22kg 60/70 dias
UT Leitão 22kg até terminado 125kg
Óleo de soja Casca de soja
UDP Nascimento até desmama
Milho
WEAN TO FINISH Leitão desmamado até terminado 125 kg
Premix/Vitaminas
FIGURA 2 – TRANSAÇÕES DO SUINOCULTOR INTEGRADO Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias.
MODELO COOPERADO Se há uma distinção direta entre o Sistema Cooperado
da cooperativa, razão que faz com que o grau de diver-
e o Integrado é o objeto social da Pessoa Jurídica à
sificação de negócios deste modelo seja grande. Entre-
jusante do suinocultor. Nesse caso, a Pessoa Jurídica
tanto, via de regra as transações entre suinocultor e a
é uma cooperativa, constituição formada por diversos
cooperativa são similares ao apresentado na Figura 2.
cooperados e que partilham os resultados da operação (lucro) com os associados.
Dessa forma, considerando os diferentes sistemas de manejo na produção e os modelos existentes de con-
12
Especificamente nesse caso, o sistema de manejo ado-
trole e organização, é preciso observar como esses se
tado pelo suinocultor depende diretamente dos ativos
comportam na suinocultura brasileira.
Agroindústria (processamento)
Vacinas
Agroindústria (fornecimento de insumos)
Medicamentos
SUMÁRIO EXECUTIVO
PRODUÇÃO REGIONAL DE SUÍNOS NO BRASIL SUINOCULTURA INDUSTRIAL BRASILEIRA É MARCADA PELOS PROCESSOS DE TECNIFICAÇÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO, INTEGRAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO
E
ntre as décadas de 1950 a 1970, a criação da
gimento de novos polos de produção e o aprimora-
maioria das associações de produtores nos
mento das técnicas de manejo. Contudo, foi a partir
níveis nacional, estaduais e locais propicia-
do final da década de 1990, quando os frigoríficos
ram os primeiros avanços tecnológicos significati-
brasileiros passaram a ganhar participação nos mer-
vos, sobretudo com foco no melhoramento genético
cados internacionais, que os investimentos pesados
do rebanho, visando maiores produtividades.
em tecnologia começaram a elevar a suinocultura industrial brasileira ao patamar de destaque que ela
Ao longo da década de 1980 a cadeia produtiva de
tem hoje, podendo ser comparada às melhores do
suínos do Brasil continuou a se fortalecer, com o sur-
mundo em muitos aspectos.
LINHA DO TEMPO 1950 a 1970 • Criação da maioria das associações de produtores nos níveis nacional, estaduais e locais.
1980 • Cadeia produtiva de suínos do Brasil se fortalece com o surgimento de novos polos de produção e o aprimoramento das técnicas de manejo.
1990 • Frigoríficos brasileiros passaram a ganhar participação nos mercados internacionais; • Investimentos em tecnologia dá destaque para o setor.
13
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
Para ganhar a confiança dos consumidores interna-
No campo da nutrição, o avanço das pesquisas na
cionais e nacionais, o setor precisou evoluir tanto
elaboração de dietas e a utilização de ingredientes
em termos de qualidade como em relação a sanidade
de alta qualidade e da mais moderna tecnologia em
animal. Os trabalhos em seleção genética, nutrição
aditivos, minerais e vitaminas tem propiciado não
e manejo passaram a focar não somente na produ-
apenas ganhos de conversão alimentar como tam-
tividade, mas também na qualidade da carne. Para-
bém melhorias na saúde dos animais. Atualmente,
lelamente, as ações coordenadas entre os órgãos
tanto a ração formulada nas granjas quanto as
públicos de defesa animal, as organizações repre-
produzidas nas fábricas de ração adotam rigorosos
sentantes dos produtores e as indústrias frigoríficas
processos de controle de qualidade.
permitiram avanços enormes no controle sanitário.
DESAFIOS DA SUINOCULTURA BRASILEIRA
AGREGAR VALOR POR MEIO DA APLICAÇÃO SUSTENTÁVEL DE DESEJOS
CLIMATIZAR AS GRANJAS PARA PROPORCIONAR MAIOR CONFORTO AOS ANIMAIS E GERAR MAIOR PRODUTIVIDADE AOS EMPREENDIMENTOS
EXTRAIR VALOR DE TODA A TECNOLOGIA USADA NAS PROPRIEDADES
Com o aumento da produção, outro desafio surgiu
automação das instalações visando reduzir os cus-
para o setor: a destinação e o manejo dos dejetos su-
tos de mão de obra, a especialização das granjas em
ínos. O que antes era um grande problema passou a
etapas específicas da produção - Unidades de Pro-
fazer parte de soluções engenhosas para o aumento
dução de Leitões (UPLs), Unidades de Crescimento
da renda dos produtores que investem em tecno-
ou Crechários e Unidades de Terminação (UTs), e a
logia. Entre as alternativas de uso desses dejetos
ampliação da capacidade de alojamento das unida-
destacam-se a aplicação, em doses controladas, de
des, visando ganhos de escala.
biofertilizante em plantações e nutrientes para a criação de peixes em sistemas de produção consor-
Toda essa evolução técnica tem sido acompanhada
ciados. Outra alternativa é a produção de energia
pela adoção de melhores práticas, processos e sis-
por meio da utilização de biodigestores, tanto para o
temas de gestão, o que é necessário para que o pro-
consumo próprio das granjas quanto para a comer-
dutor consiga tirar o máximo de valor de toda a tec-
cialização de excedentes.
nologia à qual ele passou a ter acesso, controlar seus custos e auferir níveis satisfatórios de rentabilidade.
Outros avanços no manejo incluem a climatização
14
de granjas para proporcionar maior conforto aos
Por meio do sistema de integração (em suas diferen-
animais e produtividade aos empreendimentos, a
tes configurações de parcerias), os produtores pas-
SUMÁRIO EXECUTIVO
saram a contar com um importante suporte técnico,
A Tabela 1 mostra o efetivo de matrizes industriais
financeiro e de gestão, enquanto a agroindústria
nos principais estados brasileiros e a estratificação
garante os níveis de volume, qualidade e padrão no
de suas granjas por faixas de tamanho/capacidade.
suprimento de matéria prima, reduzindo a necessidade de destacar estruturas de produção pecuária ainda maiores.
O crescente desenvolvimento e tecnificação da suinocultura brasileira tem permitido substanciais ganhos de produtividade, expressos em um maior número de leitões produzidos por matriz, pela redução da conversão alimentar e aumento do ganho de peso, refletindo no crescimento da produção. TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DAS GRANJAS DE MATRIZES (CC, UPL E UPD) NO BRASIL, POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO RS FAIXA
SC
PR
GO
MS
MT
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Até 200
26
4,1%
201
19,7%
104
17,6%
1
1,7%
6
14,6%
36
31,3%
201 a 300
55
8,7%
211
20,6%
113
19,1%
2
3,3%
1
2,4%
6
5,2%
301 a 500
153
24,1%
276
27,0%
163
27,6%
2
3,3%
5
12,2%
27
23,5%
501 a 1000
163
25,6%
223
21,9%
122
20,6%
11
18,3%
3
7,3%
11
9,6%
1001 a 2000
185
29,2%
65
6,4%
61
10,3%
21
35,0%
9
22,0%
4
3,5%
2001 a 3000
33
5,1%
33
3,2%
13
2,2%
22
36,7%
13
31,7%
9
7,8%
Acima de 3000
20
3,1%
13
1,2%
15
2,6%
1
1,7%
4
9,8%
22
19,1%
Total de Granjas
634
100%
1021
100%
592
100%
60
100%
41
100%
115
100%
Total de Matrizes
340416
420488
264371
DF FAIXA
89208
SP
66750
MG
141389
RJ
ES
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Até 200
5
29,4%
15
20,0%
132
39,2%
1
33,3%
20
64,5%
201 a 300
0
0,0%
14
18,7%
21
6,3%
1
33,3%
1
3,2%
301 a 500
5
29,4%
14
18,7%
46
13,6%
0
0,0%
4
12,9%
501 a 1000
4
23,5%
14
18,7%
62
18,5%
1
33,3%
4
12,9%
1001 a 2000
2
11,8%
9
12,0%
46
13,6%
0
0,0%
1
3,2%
2001 a 3000
0
0,0%
5
6,7%
18
5,4%
0
0,0%
1
3,2%
Acima de 3000
1
5,9%
4
5,3%
11
3,4%
0
0,0%
Total de Granjas
17
100%
75
100%
337
100%
3
100%
31
100% (continua)
Total de Matrizes
11470
65500
273197
900
10663
15
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
BA FAIXA
PE
MA
RN
SE
AL
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Até 200
63
76,8%
8
80,0%
1
25,0%
16
100,0%
14
100,0%
0
0,0%
201 a 300
5
6,1%
2
20,0%
1
25,0%
0
0,0%
0
0,0%
5
71,4%
301 a 500
8
9,8%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
2
28,6%
501 a 1000
4
4,9%
0
0,0%
1
25,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
1001 a 2000
2
2,4%
0
0,0%
1
25,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
2001 a 3000
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
Total de Granjas
82
100%
10
100%
4
100%
16
100%
14
100%
7
100%
Total de Matrizes
15113
1130
CE FAIXA
2500
PI
800
AC
1050
PA
1900
RO
TOTAL
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Granjas
%
Até 200
1
10,0%
13
100,0%
0
0,0%
0
0,0%
14
82,4%
677
21,4%
201 a 300
1
10,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
2
11,8%
440
14,3%
301 a 500
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
1
5,9%
707
22,9%
501 a 1000
7
70,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
630
20,4%
1001 a 2000
0
0,0%
0
0,0%
1
100,0%
1
100,0%
0
0,0%
407
13,2%
2001 a 3000
1
10,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
148
4,8%
Acima de 3000
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
0
0,0%
91
3,0%
Total de Granjas
10
100%
13
100%
1
100%
1
100%
17
100%
3101
Total de Matrizes
7580
800
1500
1500
2000
1720225
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de Agriness e entrevistas com produtores, associações e empresas.
O enquadramento dos produtores de acordo com a
produtor é substancialmente mais baixo pois repre-
legislação brasileira, baseado no faturamento anual,
senta basicamente seu pagamento pelo uso do capi-
é fortemente influenciado pelo sistema de produção.
tal empregado em instalações e equipamentos, mão de obra, energia e a parte que lhe cabe da produção.
Suinocultores independentes, por serem pro-
16
prietários de todos os fatores produtivos, tem
Considerando um faturamento de até R$3.600.000
faturamento mais alto uma vez que as despesas de
anuais, limite para o enquadramento como Empresa
todos os insumos compõem seu custo de produção
de Pequeno Porte (EPP) segundo a referida legis-
e evidentemente ele espera vender seu produto
lação, estima-se que cerca de 80% das granjas de
(suíno vivo) por um preço superior ao custo para
ciclo completo, UPL e UPD mapeadas neste estudo,
obter lucro na atividade. Na suinocultura integrada
totalizando cerca de 2500 unidades de produção,
ou cooperada, por sua vez, a agroindústria ou coo-
sejam de pequenos produtores. Já em relação às
perativa é a proprietária de boa parte dos fatores
14.767 granjas de terminação, crechário e wean to
produtivos (reprodutores, animais para engorda,
finish apontadas no trabalho, praticamente 100%
rações, medicamentos, etc), logo o faturamento do
são enquadradas como EPPs.
SUMÁRIO EXECUTIVO
Embora a suinocultura esteja presente em todos as
caracterização da produção nas unidades de maior
regiões do Brasil, alguns estados se destacam em
produção: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Para-
função de sua elevada participação na produção
ná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e
nacional. As seções a seguir apresentam uma breve
Mato Grosso do Sul.
SANTA CATARINA De 21,38 mil a 286,80 mil
Norte Oeste
De 286,80 mil a 488,06 mil
Vale do Itajaí
De 488,06 mil a 1,22 milhões De 1,22 milhões a 45,43 milhões
Serrana
Superior a 45,43 milhões
Grande Florianópolis
Sul
FIGURA 3 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DE SANTA CATARINA POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015 Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
Berço de algumas das mais tradicionais agroin-
genético para todo o país. De acordo com os dados
dústrias da cadeia de suínos do Brasil, o estado de
trânsito animal do Ministério da Agricultura, Pecuá-
Santa Catarina continua a ter na suinocultura sua
ria e Abastecimento (MAPA), Santa Catarina foi res-
principal atividade econômica do agronegócio. Em
ponsável por 45% da movimentação interestadual
termos nacionais, o estado responde por cerca de
de reprodutores em 2015, além de ser referência
24% das matrizes alojadas, 33% das granjas exis-
nacional no fornecimento de sêmen. A tabela 2, lo-
tentes e 26% da produção de carne suína do Brasil.
calizada abaixo, mostra a participação da suinocul-
Destaca-se também pelo fornecimento de material
tura de Santa Catarina no contexto brasileiro.
TABELA 2 – REPRESENTATIVIDADE DE SANTA CATARINA NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
SC
PARTICIPAÇÃO (%)
1.720.225
420.488
24%
3.101
1.022
33%
699
417
60%
Capacidade dos crechários (espaços)
1.497.840
801.057
53%
Número de Wean to finish (unidades)
77
38
49%
Capacidade das Wean to finish (espaços)
204.128
45.106
22%
Número de Terminações (unidades)
13.991
5.736
41%
11.257.370
3.722.664
33%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
10.299
25%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
923
26%
Número de matrizes (unidades) Número de granjas UPL, UPD ou CC (unidades) Número de crechários (unidades)
Capacidade das Terminações (espaços)
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
17
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
A distribuição no estado por Modelos de Produção
A representatividade de Santa Catarina quanto
tem a seguinte estratificação: 16% são suinoculto-
aos sistemas de produção especializados, como
res independentes, 45% são integrados e 39% são
crechários, wean to finish e terminações, reafirma o
cooperados.
predomínio dos sistemas de produção integrado e cooperado, que juntos respondem por cerca de 84% das matrizes do estado.
RIO GRANDE DO SUL De 75,20 mil a 87,03 mil
Noroeste
De 87,03 mil a 670,80 mil De 670,80 mil a 1,09 milhão
Nordeste Centro Ocidental
De 1,09 milhão a 3,49 milhões Superior a 3,49 milhões
Centro Oriental
Metropolitana de Porto Alegre
Sudoeste Sudeste
FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DO RIO GRANDE DO SUL POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS - 2015 Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
Os dados de abate e produção de carne suína co-
mil toneladas. Isso leva a suinocultura gaúcha a
locam o Rio Grande do Sul atrás somente de Santa
responder por 20% da produção nacional. Essa
Catarina. Conforme as estimativas da ABPA, entre
representatividade se repete quando analisa-
2011 e 2016 o volume de carne suína produzida no
dos os números de matrizes alojadas e a distri-
estado cresceu 23% (maior avanço entre os estados
buição de granjas entre os estados.
do Sul), passando de 602 mil toneladas para 738,3
18
SUMÁRIO EXECUTIVO
TABELA 3 – REPRESENTATIVIDADE DO RIO GRANDE DO SUL NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS Número de matrizes (unidades) Número de granjas UPL, UPD ou CC (unidades) Número de crechários (unidades) Capacidade dos crechários (espaços) Número de Wean to finish (unidades)
BRASIL
RS
PARTICIPAÇÃO (%)
1.720.225
340.416
20%
3.101
635
20%
699
166
24%
1.497.840
342.624
23%
77
5
6%
Capacidade das Wean to finish (espaços)
204.128
8.300
4%
Número de Terminações (unidades)
13.991
5.077
36%
11.257.370
3.076.662
27%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
8.240
20%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
738
20%
Capacidade das Terminações (espaços)
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
Estima-se que 82% dos suinocultores do Rio Grande
Como resultado, observa-se um processo de con-
do Sul produzam em regime contratual de integra-
solidação na produção de suínos do estado, no qual
ção com agroindústrias e cooperativas (Integrados
as granjas tornam-se maiores, mais tecnificadas e
55% e Cooperativas 27%).
automatizadas e com processos de gestão melhor desenvolvidos. Percebe-se um movimento em que
Coordenado pela integradora, o perfil dos produto-
alguns produtores de menor porte saem do sistema
res tem apresentado alguma mudança nos últimos
integrado das indústrias e buscam entrar no sistema
anos. Buscando alternativas para o aumento dos
cooperado (o que tem ajudado as cooperativas a ex-
custos e redução das margens, as indústrias têm
pandir sua base de produção); enquanto outros, em
estimulado medidas para criar economias de escala
especial entre os independentes, deixam a ativida-
e de especialização nas granjas, entre quais pode-
de em momentos de maior pressão de custo e baixos
-se citar o aumento da capacidade de alojamento
preços, como o vivenciado em 2011 e 2012.
das unidades integradas e a especialização dos estabelecimentos em UPDs, UPLs, crechários e Uts.
19
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
PARANÁ De 113,38 mil a 150,71 mil Noroeste
Norte Central
Norte Pioneiro
De 150,71 mil a 172,29 mil De 172,29 mil a 291,23 mil Centro Ocidental
De 291,23 mil a 793,57 mil De 753,97 a 4,26 milhões
Centro Oriental
Oeste Centro-Sul
Sudeste
Metropolitana de Curitiba
Sudoeste
FIGURA 5 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DO PARANÁ POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015 Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
O estado do Paraná responde por cerca de um em
O estado conta também 15% do número de matrizes
cada quatro suínos abatidos na região Sul, o que
alojadas no país. Entretanto, sua participação na dis-
corresponde a mais de 16% da produção nacional.
tribuição numérica das granjas é maior: 19%. Assim
Estima-se que ao final de 2016 sejam abatidos no
como em Santa Catarina, a maioria das granjas do
estado 6,5 milhões de cabeças, contra 5,9 milhões
estado abriga até 500 matrizes. Para efeitos compa-
abatidas em 2011 (crescimento de 11%).
rativos, a média de matrizes por granja no Paraná é de 447, frente a 536 matrizes/granja no Rio Grande do Sul e 411 matrizes/granja em Santa Catarina.
TABELA 4 – REPRESENTATIVIDADE DO PARANÁ NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
PR
PARTICIPAÇÃO (%)
Número de matrizes (unidades)
1.720.225
264.371
15%
3.101
591
19%
699
83
12%
Capacidade dos crechários (espaços)
1.497.840
212.065
14%
Número de Terminações (unidades)
13.991
2.560
18%
11.257.370
2.362.880
21%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
6.553
16%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
587
16%
Número de granjas UPL, UPD ou CC (unidades) Número de crechários (unidades)
Capacidade das Terminações (espaços)
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
20
SUMÁRIO EXECUTIVO
O estado do Paraná também segue a tendência de
Paranaense contabilizaram cerca de 11% cada
grande participação de sistemas de integração e
uma. Essas mesmas áreas eram as mais relevantes
cooperativas dos demais estados da região Sul. A
já em 2006.
distribuição no estado por Modelos de Produção apresenta a seguinte estratificação: 23% são sui-
Entretanto, uma vez que a região Oeste recebeu a
nocultores independentes, 30% são integrados e
maioria dos investimentos do setor durante esse
47% cooperados. Assim como nos outros estados
período, sua participação, que então era de cerca de
do Sul, a distribuição do rebanho suíno no Paraná
28%, apresentou grande salto.
encontra-se concentrada. A região Oeste paranaense abrigou 60% das cabeças em 2015, enquanto a região Sudoeste e a região Centro-Oriental
MINAS GERAIS De 68,67 mil a 147,96 mil
Norte Jequitinhonha
De147,96 mil a 235,13 mil Noroeste
De 235,13 mil a 331,46 mil
Vale do Mucuri
De 331,46 mil a 1,08 milhão Central
De 1,08 milhão a 1,95 milhão Triângulo Mineiro / Alto Parnaíba
Vale do Rio Doce
Metropolitana de Belo Horizonte Oeste
FIGURA 6 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DE MINAS GERAIS POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015
Campo das Vertentes
Zona da Mata
Sul/Sudoeste
Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
Os números da produção em Minas Gerais mostram
O estado conta ainda com 16% do número estimado
que o estado tem mantido sua relevância no cenário
de matrizes e 11% do número total de granjas do país.
nacional da suinocultura brasileira. Embora os dados de abate compilados pela ABPA mostrem uma
Considerando-se o número de granjas, cerca de
retração no número de cabeças de cerca de 9% en-
40% estão concentradas, sobretudo, na faixa mais
tre 2011 e 2016, nota-se que a produção teve uma
baixa de alojamento (até 200 matrizes), sendo que a
queda bastante acentuada especificamente no ano
média de alojamento é de pouco mais de 800 matri-
de 2013, mas que a partir de 2014 a curva de cres-
zes por granja.
cimento passou a ser novamente positiva. Para este ano de 2016 estima-se que serão abatidas cerca de 4,6 milhões de cabeças, o que corresponde a 11% da produção nacional.
21
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
TABELA 5 – REPRESENTATIVIDADE DE MINAS GERAIS NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
MG
PARTICIPAÇÃO (%)
Número de matrizes (unidades)
1.720.225
273.197
16%
3.101
337
11%
699
17
2%
Capacidade dos crechários (espaços)
1.497.840
77.998
5%
Número de Terminações (unidades)
13.991
241
2%
11.257.370
676.624
6%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
4.659
11%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
416
12%
Número de granjas UPD, UPL ou CC (unidades) Número de crechários (unidades)
Capacidade das Terminações (espaços)
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
Apesar do estado contar com agroindústrias inte-
A suinocultura em Minas Gerais é levemente menos
gradoras, diferentemente dos estados da região
concentrada entre as regiões do estado do que nos
Sul, Minas Gerais conta com um com um percentual
estados do Sul e as características dos produtores va-
expressivo (77%) de produtores independentes, via
riam de uma região para a outra. As regiões que mais
de regra em granjas de ciclo completo. Os demais
se destacam são a do Triângulo Mineiro e Alto Para-
23% estão organizados em sistemas de produção
naíba, com 39% do efetivo contabilizado pelo IBGE
integrados, concentrados no triângulo mineiro.
em 2015, e a Zona da Mata, com 21% do rebanho.
Sua capacidade de alojamento em crechários e terminações ainda é pouco representativa se comparada com o total do país (5 e 6% respectivamente).
SÃO PAULO
São José do Rio Preto Ribeirão Preto Araçatuba
De 1,00 mil a 18,02 mil De 28,02 mil a 49,59 mil De 49,59 mil a 121,61 mil
Araraquara Presidente Prudente
De 121,61 mil a 203,94 mil
Campinas
Marília Piracicaba Assis
Bauru Vale do Paraíba Paulista
De 203,94 mil a 237,69 mil Macro Metropolitana Itapetininga
FIGURA 7 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DE SÃO PAULO POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015 Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
22
Litoral Sul
Metropolitana
SUMÁRIO EXECUTIVO
No estado de São Paulo, a suinocultura é formada
quadro em grandes prejuízos nos tempos de ele-
inteiramente por produtores independentes, fora
vados preços de grãos e baixos preços do suíno.
dos sistemas de integração das grandes indústrias e cooperativas do setor, ficando os produtores mais
O domínio do modelo independente faz com
expostos às oscilações de mercado. O que repre-
que o estado não possua representatividade
senta lucro acima da média em anos de bons preços
em granjas especializadas em sítios, sejam eles
e baixos custos de matérias primas, e reversão do
crechários, wean to finish ou terminação.
TABELA 6 – REPRESENTATIVIDADE DE SÃO PAULO NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
SP
PARTICIPAÇÃO (%)
Número de matrizes (unidades)
1.720.225
65.500
4%
Número de granjas (unidades)
3.101
75
2%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
1.179
3%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
101
3%
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
A produção paulista também é mais pulverizada
Embora a possibilidade de diversificação signifique
entre as mesorregiões do estado, diferente do que
redução de riscos para o produtor, o que é saudável
ocorre na maioria dos estados com produção rele-
para a cadeia, isso pode representar também maior
vante no cenário nacional. A região com o maior re-
propensão por parte dos criadores a deixar ou re-
banho, a Macro Metropolitana Paulista, respondeu
duzir seu comprometimento com a suinocultura em
por 13% do efetivo em 2015, seguida pela região
momentos em que outras atividades agropecuárias
de Campinas e pela região de Bauru, ambas com
se mostrem mais rentáveis.
aproximadamente 10% do plantel. O produtor médio das duas primeiras regiões representa o perfil
Com o ponto forte da suinocultura do estado, des-
de suinocultor típico do estado: proprietários de
taca-se a proximidade das áreas produtoras com o
área rurais relativamente pequenas, muitas vezes
principal centro consumidor do país. Como maiores
produtores de hortifruti, que enxergam na pro-
desafios, os produtores citam a disponibilidade e
dução de suínos uma alternativa de diversificação
custo dos grãos (a maioria das regiões dependem de
das atividades.
matéria-prima oriunda de outros estados).
23
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
MATO GROSSO De 69,60 mil a 76,43 mil De 76,43 mil a 86,87 mil
Norte Nordeste
De 86,87 mil a 211,01 mil De 211,01 mil a 2,40 milhões Superior a 2,40 milhões Sudoeste
FIGURA 8 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DO MATO GROSSO POR
Sudeste
Centro-Sul
MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015
Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
O estado do Mato Grosso registrou o maior cres-
Contudo, o produtor independente mato-grossen-
cimento na produção de carne suína nos últimos
se possui um perfil diferente de seus pares de outros
tempos. Entre 2011 e 2016, este crescimento foi
estados. Na média, os independentes do Mato Gros-
de 47% em termos de cabeças abatidas e 55% em
so são grandes produtores e também agricultores,
volume de carne. Novamente, os dados evidenciam
possuindo maior escala e tecnologia avançada.
um nítido acréscimo no peso médio da carcaça. Atu-
Alguns são verticalizados, possuindo unidades de
almente, a participação relativa do estado no abate
ciclo completo na criação e até mesmo plantas frigo-
nacional chega a 8%, com uma estimativa de 3,2
ríficas próprias.
milhões de cabeças abatidas em 2016. A distribuição no estado por Modelos de Produção A suinocultura industrial teve início no estado em
tem a seguinte estratificação: 65% são suinocultores
meados da década de 1970, sendo então praticada
independentes, 31% são integrados e 4% coopera-
majoritariamente por migrantes do Sul que viam na
dos. Como apresenta a tabela 3.7, apesar da pouca
atividade uma forma de agregar valor à produção de
representatividade, o estado do Mato Grosso conta
grãos da região. Como em outras regiões, a criação é
também com granjas especializadas na produção de
praticada tanto sob modelos de parceria, como o da
leitões (UPLs) e terminações. Esses dados são refle-
integração com a agroindústria, quanto por produ-
xo da chegada da agroindústria integradora.
tores independentes. TABELA 7 – REPRESENTATIVIDADE DO MATO GROSSO NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
MT
PARTICIPAÇÃO (%)
Número de matrizes (unidades)
1.720.225
141.389
8%
Número de granjas UPL ou CC (unidades)
3.101
115
4%
Número de Terminações (unidades)
13.991
100
1%
11.257.370
450.000
4%
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
3.266
8%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
290
8%
Capacidade das Terminações (espaços)
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
24
SUMÁRIO EXECUTIVO
Por ser um grande estado produtor de grãos, a suino-
Um desafio a ser enfrentado pelo estado é o alto
cultura ali instalada sofre variações proporcionalmen-
custo logístico, impactados pela distância dos por-
te menores nos custos de produção do que aqueles
tos exportadores, porém acredita-se que o estado é
que necessitam trazer os grãos de outras regiões.
atrativo para a suinocultura e isso possa impactar no
Outro ponto que favorece a suinocultura no estado é
crescimento da atividade nos próximos anos.
a disponibilidade de área e a presença de produtores capitalizados para investir em novas tecnologias.
GOIÁS De 75,23 mil a 86,50 mil
Norte
De 86,50 mil a 111,85 mil De 111,85 mil a 338,75 mil
Leste
Noroeste
De 338,75 mil a 1,42 milhão Centro
Superior a 1,42 milhão
FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DE GOIÁS POR MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015
Sul
Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
O estado de Goiás vivenciou crescimento expres-
O modelo de integração está fortemente presente
sivo na produção de carne suína nos últimos anos.
na suinocultura do estado, sendo que seu polo inte-
Entre 2011 e 2016, este crescimento foi de 38% em
grador localiza-se na região de Rio Verde.
termos de cabeças abatidas e 43% em volume de carne, seguindo assim a tendência de aumento no
A distribuição no estado por Modelos de Produção
peso médio das carcaças.
apresenta a seguinte estratificação: 20% são suinocultores independentes e 80% são integrados.
Atualmente, a participação relativa do estado no
Crechários e granjas wean to finish ainda não têm
abate nacional é de 6%, com uma estimativa de 2,5
representatividade na suinocultura goiana.
milhões de cabeças abatidas em 2016.
TABELA 8 – REPRESENTATIVIDADE DE GOIÁS NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA – 2015 VARIÁVEIS
BRASIL
GO
PARTICIPAÇÃO (%)
Número de matrizes (unidades)
1.720.225
89.208
5%
Número de granjas UPL ou CC (unidades)
3.101
60
2%
Número de Terminações (unidades)
13.991
165
1%
11.257.370
669.780
6%
Capacidade das Terminações (espaços)
25
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
VARIÁVEIS
BRASIL
GO
PARTICIPAÇÃO (%)
Cabeças abatidas (mil unidades)
40.717
2.519
6%
Produção de carne (mil toneladas)
3.604
224
6%
Nota: inclui somente dados de granjas e rebanhos tecnificados/industriais Fonte: Elaborada pelos autores a partir de entrevistas primárias realizadas com indústrias, associações de produtores e ABPA.
Avaliando-se a distribuição do rebanho pelas mesor-
Assim como os outros estados da região centro-o-
regiões de Goiás nota-se grande concentração no sul
este, a suinocultura de Goiás possui alguns pontos a
do estado, com 70% do plantel. Em seguida destaca-
seu favor tais como a disponibilidade dos principais
-se a região central, com 17% do rebanho estadual,
insumos produtivos (grãos), utilização de alta tecno-
devido as granjas presentes no entorno de Brasília.
logia e reduzidos problemas logísticos e ambientais.
MATO GROSSO DO SUL
Pantanal
Centro Norte
De 36,83 mil a 169,92 mil Leste
De 169,92 mil a 363,96 mil De 363,96 mil a 711,05 mil Superior a 711,05 mil
FIGURA 10 – DISTRIBUIÇÃO DO REBANHO SUINÍCOLA DO MATO GROSSO DO SUL POR
Sudoeste
MESORREGIÃO (EFETIVO EM CABEÇAS) - 2015 Fonte: IBGE / Pesquisa Pecuária Municipal (2016).
O Mato Grosso do Sul tem menor produção quando
Foram mapeadas pelo estudo 41 granjas de matri-
comparado aos outros grandes estados da região
zes sendo que 54% destas estão na faixa de 1000 a
centro-oeste, tendo abate de cerca de 1,3 milhões de
3000 matrizes e, diferentemente dos outros esta-
cabeça. Apesar do crescimento em termos de cabe-
dos da região Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul
ças abatidas de 2011 a 2016 ser expressivo, também
possui granjas especializadas em crechário e wean
ficou aquém daquele vivenciado pelo restante da
to finish.
região centro-oeste. Enquanto Mato Grosso e Goiás registraram crescimento de 47% e 38% respecti-
Foram identificados 16 unidades de crechários com
vamente, o Mato Grosso do Sul contabilizou 11%.
espaço para 64.096 leitões, 34 unidades de wean to
Em termos de produção de carne esse percentual se
finish, com espaço para 150.722 suínos e 70 unida-
eleva para 16% também indicando aumento no peso
des de terminação com capacidade de espaço para
de carcaça. Com relação ao número de matrizes, o es-
212.660 animais.
tado participa com 4% do total do rebanho brasileiro.
26
SUMÁRIO EXECUTIVO
Entre os pontos que fazem com que lideranças do
por ordem de relevância (número de matrizes),
setor acreditem que a suinocultura no estado do
apresentados na sequência.
Mato Grosso do Sul deverá aumentar nos próximos anos destacam-se: a disponibilidade de grãos, os
•
Bahia: 82 granjas em operação, com cerca
financiamentos bancários com taxas mais atra-
de 15.113 matrizes em produção 100% re-
tivas, um bom mercado consumidor interno, a
alizada por suinocultores independentes;
proximidade com os estados do sul (que possuem
•
alizada por suinocultores independentes;
de carne suína elevados) e a presença de grandes agroindústrias que tendem a investir e aumentar
Ceará: 10 granjas em operação, com cerca de 7.580 matrizes em produção 100% re-
uma suinocultura evoluída e índices de consumo •
Maranhão: 4 granjas em operação, com cerca de 2.500 matrizes em produção 100%
sua produção nos próximos anos.
realizada por suinocultores independentes;
OUTRO ESTADOS
•
alizada por suinocultores independentes;
Unidades da Federação no montante da produção nacional, será apresentado em seguida uma breve
Alagoas: 7 granjas em operação, com cerca de 1.900 matrizes em produção 100% re-
Considerando a pequena participação das demais •
Sergipe: 14 granjas em operação, com cer-
descrição da suinocultura nestes estados, fruto de
ca de 1.150 matrizes em produção 100%
pesquisas e entrevistas com empresas e profissio-
realizada por suinocultores independentes
nais do setor. A exceção do distrito Federal, que tem
•
Pernambuco: 10 granjas em operação,
uma parcela importante de produção integrada, tra-
com cerca de 1.130 matrizes em produção
ta-se de produtores independentes, em sua maioria
100% realizada por suinocultores inde-
de pequena escala, destinados majoritariamente ao
pendentes
abastecimento do mercado estadual.
•
Rio Grande do Norte: 16 granjas em operação, com cerca de 800 matrizes em pro-
DISTRITO FEDERAL
dução 100% realizada por suinocultores independentes;
O estado da capital Federal tem cerca de 11.470 matrizes, distribuídas entre os suinocultores inde-
•
Piauí: 13 granjas em operação, com cerca
pendentes (26%) e suinocultores integrados (74%).
de 800 matrizes em produção 100% reali-
O levantamento deste estudo identificou 17 granjas
zada por suinocultores independentes;
de matrizes no estado, além de 10 granjas de terminação vinculada a Asa Alimentos, agroindústria em operação no Distrito Federal.
REGIÃO NORTE
A produção na região Norte do Brasil apresentou a seguinte distribuição, segundo dados levantados
REGIÃO SUDESTE
Os dois últimos estados que compõe a região, Espíri-
para este mapeamento: •
suinocultores independentes;
zada por suinocultores independentes. No Espírito Santo foram identificadas 31 granjas, com 10.663
•
Acre: 1 granja, com cerca de 1.500 matrizes em produção independente;
matrizes. Por sua vez, no Rio de Janeiro foram identificadas apenas 3 granjas, com cerca de 900 matrizes.
Rondônia: 17 granjas, com cerca de 2.000 matrizes em produção 100% realizada por
to Santo e Rio de Janeiro, têm produção 100% reali-
•
Pará: 1 granja, com cerca de 1.500 matrizes em produção independente
REGIÃO NORDESTE
Entre os nove estados que formam a região, o mape-
Na Tabela 9, é apresentada a consolidação dos mo-
amento identificou produção em oito deles, sendo,
delos de produção por Unidade da Federação.
27
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
TABELA 9 – CONSOLIDAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO POR MODELOS DE PRODUÇÃO, POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO REGIÃO
UNIDADE DA FEDERAÇÃO
TOTAL MATRIZES
DISTRIBUIÇÃO POR MODELO DE PRODUÇÃO (%) INDEPENDENTE
INTEGRADO
COOPERADO
PR
264.371
23%
30%
47%
RS
340.416
18%
55%
27%
SC
420.488
16%
45%
39%
Sul
1.025.275
18,5%
44,5%
37%
ES
10.663
100%
MG
273.197
77%
23%
RJ
900
100%
SP
65.500
100%
Sudeste
350.260
82%
18%
0%
DF
11.470
26%
74%
GO
89.208
20%
80%
MS
66.750
38%
47%
15%
MT
141.389
65%
31%
4%
Centro-Oeste
308.817
45%
50%
5%
AL
1.900
100%
BA
15.113
100%
CE
7.580
100%
MA
2.500
100%
PE
1.130
100%
PI
800
100%
SE
1.050
100%
RN
800
100%
Nordeste
30.873
100%
AC
1.500
100%
PA
1.500
100%
RO
2.000
100%
Norte
5.000
100%
1.720.225
38%
39%
23%
Sul
Sudeste
Centro-Oeste
Nordeste
Norte
Brasil
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de ABEGS/Agroceres PIC e entrevistas realizadas com suinocultores e cooperativas.
28
SUMÁRIO EXECUTIVO
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DIMENSÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE SUÍNOS NO BRASIL
T
DEPOIS DAS GRANJAS, dimensão que inclui as atividades de processa-
omando por base que cada setor tem o seu mercado,
mento industrial e comercialização
cada qual formado por agentes econômicos que desem-
(atacado e varejo), a participação
penham atividades especializadas que se fazem presen-
na movimentação financeira foi de
tes no produto final trocado por valores em moeda, conhecer a movimentação financeira de uma cadeia produtiva torna-se um dos mecanismos para se dimensionar a sua relevância.
78,58% de todo montante; NAS GRANJAS, dimensão que considera somente as atividades rela-
Quando se observa o Produto Interno Bruto (PIB) da suinocultu-
cionadas com a produção de suínos,
ra no Brasil, tem-se que essa cadeia produtiva gerou R$ 62,576
função exercida pelo suinocultor, que
bilhões (US$ 18,745 bilhões), se considerado o câmbio de R$ 3,33
teve participação na movimentação
estabelecido pelo Banco Central do Brasil (BCB) no fechamento
financeira de 10,76% do total;
de 2015. Entretanto, quando se considera que o PIB gerado é o resultado da atividade produtiva de diversos agentes, a movi-
ANTES DAS GRANJAS, dimensão
mentação da cadeia produtiva de suínos assume contornos de
que inclui os insumos necessários à
maior relevância. No ano de 2015, a suinocultura movimentou
atividade suinícola, tendo como parti-
R$ 149,867 bilhões (US$ 44,893 bilhões) incluindo nesse valor os
cipação na movimentação financeira o
serviços prestados pelos agentes facilitadores.
percentual de 9,44%;
Distribuindo esse montante sob uma perspectiva estruturada,
AGENTES FACILITADORES, agentes
na qual o elo à jusante adquire o produto de quem o produziu (à
externos que contribuem no funcio-
montante), momento no qual quem produziu é remunerado fi-
namento e bom desempenho de uma
nanceiramente pelo comprador, a qualidade inserida no produto
cadeia produtiva, especificamente
transacionado é o que torna elemento motivador percebido por
nesse caso formada por atividades
cada agente do mercado identificar um valor de uso e, assim, re-
de registro genealógico, transporte,
troalimentar toda a cadeia produtiva.
assistência técnica, custos portuários e softwares de gestão, com participação
Partindo então do processo final de compra do mercado até o primeiro agente da produção, a movimentação financeira da sui-
de 1,22% do total movimentado.
nocultura, em 2015, foi assim realizada: Assim exposto, é apresentada na Figura 11 o desenho da cadeia produtiva de suínos no Brasil, na qual os agentes que participam na composição dos valores movimentados, em seus respectivos elos, serão posteriormente detalhados.
29
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
FATURAMENTO DA CADEIA (MILHÕES US$) 44.893,4
PIB DA CADEIA (MILHÕES US$) 18.744,55 Numero Matrizes 1.720.255
ANTES DAS GRANJAS (Milhões US$)
NAS GRANJAS (Milhões US$)
4.240,17
4.828,40 Suínos terminados
Genética
135,94
Cachaços
20,64
Leitão (6kg)
Matriz para Reprodução
66,20
Leitão (22kg)
Avós
35,59
Sêmen
7,06
Suínos Vivos Importados
1,03
Materiais Inseminação Artificial
5,42
Vacinas e Medicamentos
4.826,14 84,68 1.000,06
Animais Vivos Exportados
2,25
182,80 50,58
INSUMOS INDUSTRIAIS (Milhões US$)
Endoparasiticidas
0,77
737,15
Ectoparasiticidas
0,40
Biológicos
Endectocidas Antimicrobianos
0,71 62,82
Energia Elétrica
138,39
Terapêuticos
6,02
Combustível para Caldeira
19,47
Suplementos
1,41
Produtos Químicos para Limpeza
15,10
Produtos de Uso Ambiental
3,59
Aditivos de Desempenho
15,96
Outros
40,56
Alimentação Animal
3.706,24
Milho
1.618,03
Farelo de Soja
1.166,45
Outros Concentrados
368,73
Aminoácidos
118,32
Derivados do Leite Premix
Óleos/Graxas Lubrificantes
2,53
Filtros de Água
0,06
Gases Refrigerantes
0,26
Peças/Equipamentos Manutenção EPIs Embalagens
103,40 12,29 445,68
87,29 347,42
Despesas Gerais
78,88
Energia Elétrica
34,58
Combustíveis
12,23
Reparos e Manutenção
32,07
Infraestrutura
135,66
UPL
84,74
Terminação
51,46
FIGURA 11 – CADEIA PRODUTIVA DE SUÍNOS NO BRASIL – 2015 – COM AGENTES E MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA ESTIMADA Fonte: Elaborada pelos autores
30
SUMÁRIO EXECUTIVO
MASSA SALARIAL (MILHÕES US$) 1.000,43
TRIBUTOS (MILHÕES US$) 5.751,31
Animais Abatidos 39.263.964 INDÚSTRIA FRIGORÍFICA (Milhões US$)
DISTRIBUIÇÃO (Milhões US$)
12.092,19
Distribuidor/Atacado: 4.889,1
Frigoríficos
12.092,19
Mercado Externo
Atacado
4.889,10
Carne In Natura
1.279,00
768,77
Carne Processada
4.120,33
10.813,19
Carcaça Inteira
185,36
Meia Carcaça
247,15
Varejo
17.557,81
Carne In Natura Produtos In Natura
2.695,48
Pernil
539,86
Carré
479,37
Panceta
323,56
Espinhaço
246,95
Lombo
244,62
Costela
246,05
Sobre Paleta
185,83
Paleta
113,93
Filé
92,84
Papada
24,25
Toucinho
4.354,62
Carne Processada
13.203,19
Food Service
CONSUMIDOR FINAL
Mercado Interno
Varejo: 17.557,8
N/D*
8,78
Retalhos
3,53
Outros
185,89
Produtos Processados
7.685,20
Lingüiça Fresca
1.739,08
Bacon
1.187,20
Lingüiça Defumada
851,94
Produtos Temperados
1.336,15
Presunto
658,10
Apresuntado
428,61
Salame
414,73
Produtos Salgados
360,31
Copa
219,85
Costela
96,74
Lombinho
108,10
Paio
47,08
Mortadela
31,77
Salsicha
1,71
Outros
203,83
AGENTES FACILITADORES (Milhões US$) Registro Genealógico Transporte
1,19 499,71
548,6 Assistência Técnica Custos Portuários
21,45 23,40
Software de Gestão
2,84
*Resultado não disponível. Não foi possível estimar a totalidade dos fluxos de produtos de carne suína que tiveram como destino os estabelecimentos de food service devido à falta de dados consistentes. 31
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
TABELA 10 – ESTIMATIVA DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DA CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA DO BRASIL EM 2015 MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA
DIMENSÃO PRODUTIVA R$ (em Bilhões)
US$ (em Bilhões)
Participação (%)
1,831
0,548
1,22%
Depois das Granjas
117,762
35,276
78,58%
Nas Granjas
16,118
4,828
10,76%
Antes das Granjas
14,155
4,240
9,44%
Total
149,868
44,893
100%
Agentes Facilitadores
Fonte: Elaborada pelos autores
Para melhor entendimento, o detalhamento da
venda dos leitões desmamados (6kg) e no pós-cre-
quantificação de cada elo é apresentado a partir do
che (22 kg) para posterior terminação em 2015.
fluxo de transformação da matéria-prima e do serviço no produto final específico de cada elo, sendo
Para obter esse montante, os autores aplicaram
este produto adquirido e remunerado pelo agente
o percentual de matrizes alojadas em Unidades
à jusante.
Produtoras de desmamados (UPDs) e Unidades Produtoras de Leitões (UPLs) no total produzido
Para complementar a Figura 11 o Sumário Execu-
por estado, possibilitando estabelecer o número de
tivo reuniu alguns pontos essenciais do setor que
leitões vendidos internamente. O cálculo também
destacam a dimensão da movimentação financeira
considerou as granjas wean to finish (WTF), que têm
da cadeia suinícola.
o leitão desmamado (6kg) como insumo e o animal terminado como produto final.
NAS GRANJAS
Para quantificar a dimensão “nas Granjas”, os au-
Partindo da estimativa de que, no Brasil, 16% das
tores do estudo consideraram as vendas de suínos
matrizes alojadas estão no sistema de UPD, chegou-
realizadas pelas granjas no ano de 2015, contem-
-se ao número de 6,3 milhões de leitões desmama-
plando os animais vendidos para abate no Brasil e
dos comercializados (aproximadamente 6kg), re-
as exportações de suínos vivos. Entretanto, sendo
sultando na movimentação financeira de R$ 282,7
a suinocultura uma sequência de atividades cada
milhões (US$ 84,6 milhões). Desse total, aferiu-se
vez mais especializada, igualmente foi quantificada
que 6,5% tiveram como destino o sistema wean to
a movimentação financeira com os leitões oriundos
finish (WTFs). Para quantificar a movimentação
das Unidades Produtoras de Desmamados (UPDs),
financeira dos leitões com origem nas UPLs e cre-
Unidades Produtoras de Leitões (UPLs) e Crechá-
chários (22kg), foi considerada a soma das matrizes
rios destinados às Unidades de terminação ou gran-
alojadas em UPLs e UPds, subtraindo proporcional-
jas wean to finish.
mente as matrizes relativas aos leitões que foram destinados ao sistema WTF.
VENDA DE LEITÕES PELAS UPDS, UPLS, CRECHÁRIOS
32
Assim, chegou-se ao percentual de 64% das matri-
No Brasil a cadeia produtiva de suínos trabalha com
zes. Esse percentual correspondeu a um número
diferentes modelos de produção. Entretanto, na
de cerca de 25 milhões de leitões de 22 kg vendidos
obtenção do faturamento quantificado foi conside-
para a terminação, resultando no valor movimenta-
rada a movimentação financeira alcançada com a
do de R$ 3,3 bilhões (US$1,0 bilhão).
SUMÁRIO EXECUTIVO
Importante reiterar que os valores acima descritos
com o objetivo de detalhar a movimentação
já estão contabilizados nas vendas totais dos suínos
dentro da dimensão “na Granja”.
vivos destinados ao abate, sendo aqui apresentadas
Leitão 22kg
Animal Abate
Ciclo Completo R$ 2,9 mi
R$ 5,7 BI
Wean to finish
R$ 167,6 mi
UPD R$ 280 mi
Crechário
UPL
R$ 0,7 bi
R$ 2,6 bi
Terminação
Terminação
R$ 2,4 bi
FRIGORÍFICOS
Leitão 6kg
R$ 7,8 bi
FIGURA 12 – FATURAMENTO DAS GRANJAS COM LEITÕES E ANIMAIS TERMINADOS.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de estimativas Markestrat Nota: para o cálculo dos animais em sistema WTFs, utilizou-se o número total de espaços existentes no sistema e a execução de dois ciclos anuais.
MASSA SALARIAL
Esse montante foi dividido em atividades adminis-
A suinocultura assim como outras atividades do
trativas e atividades de produção. O maior número
agronegócio, tem o poder de interiorizar a renda e
de empregos foi gerado pelas atividades operacio-
o emprego. Segundo estimativas do presente tra-
nais da produção dos suínos: 92% do total de em-
balho, essa atividade empregou cerca de 126 mil
pregos gerados ou 32 mil postos de trabalho, com
pessoas gerando uma massa salarial de R$3.339,7
remuneração média de R$ 1.761/mês. Esses valores
milhões (US$ 1,0 bilhão) em 2015. A Tabela 11
levam a uma massa salarial de R$ 680 milhões (86%
mostra o número de trabalhadores estimados na
da massa salarial da criação de suínos).
produção de suínos e nas atividades de abate e processamento bem como a massa salarial resul-
As atividades administrativas relacionadas às gran-
tante em cada uma das atividades.
jas produtoras de suínos, geraram por sua vez 2,8 mil postos de trabalhos em 2015. A remuneração
Estratificando, a atividade de criação de suínos
média levantada foi de R$ 3.315/mês por trabalha-
gerou aproximadamente 35 mil empregos, o
dor resultando em massa salarial de R$ 112 milhões.
que resultou em uma massa salarial de R$ 792,5
A segmentação dos trabalhos gerados na criação de
milhões.
suínos pode ser visualizado na Tabela 11.
33
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
TABELA 11 – NÚMERO DE TRABALHADORES EMPREGADOS NA CRIAÇÃO DE SUÍNOS - 2015 ATIVIDADE
NÚMERO EMPREGOS
REMUNERAÇÃO MÉDIA MENSAL (R$/TRABALHADOR)
MASSA SALARIAL (R$ MILHÕES)
Administrativo
2.835
3.315
112,8
Produção
32.169
1.761
679,7
Total
35.004
792,5
Fonte: Elaborada pelos autores a partir entrevistas com criadores e suínos e frigoríficos.
As unidades frigoríficas geraram cerca de 92 mil
mil postos de trabalho gerados levaram a uma massa
postos de trabalho com o abate e o processamento
salarial de R$ 2.547 milhões, ou US$ 762,9 milhões.
de suínos. Muitas delas também realizam o abate e processamento de aves, porém o levantamento de
A Tabela 12 mostra a estratificação dos postos de
postos de trabalho e massa salarial do presente tra-
trabalho gerados pela indústria frigorífica entre as
balho diz respeito apenas à cadeia de suínos. Os 92
atividades administrativas e de produção.
TABELA 12 – NÚMERO DE TRABALHADORES NO ABATE E PROCESSAMENTO DE SUÍNOS - 2015 ATIVIDADE
NÚMERO EMPREGOS
REMUNERAÇÃO MÉDIA MENSAL (R$/TRABALHADOR)
MASSA SALARIAL (R$ MILHÕES)
Administrativo
9.569
4.400
505,2
Produção
82.113
2.072
2.042,0
Total
91.682
2.547,2
Fonte: Elaborada pelos autores a partir entrevistas com criadores e suínos e frigoríficos
Como pôde ser visto, foram gerados pouco mais de 80 mil postos de trabalho com as atividades opera-
EMPREGOS INDIRETOS
O Modelo de Geração de Emprego e Renda (MGER),
cionais de produção nos frigoríficos (90% do total de
metodologia desenvolvida pelo Banco Nacional
empregos gerados nos frigoríficos).
do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), possibilita estimar o número de postos de trabalho,
Considerando uma remuneração média de R$ 2.072/
que podem surgir a partir do aumento da produção
mês por trabalhador, chegou-se a uma massa salarial
em setores específicos. Estudo de Najberg e Pereira
estimada em R$ 2.042 milhões (80% da massa sala-
(2004) disponível no sítio do Ministério da Indús-
rial dos frigoríficos).
tria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), tem-se que para cada emprego direto na produção agrope-
Já com as atividades administrativas, foram gerados
cuária gera-se 0,3333 de emprego indireto.
9,6 mil empregos, com uma remuneração média de
34
R$ 4.400/mês, resultando em massa salarial de R$
Por sua vez, a atividade de abate animal e processa-
505 milhões.
mento ocasiona 9,9444 de empregos indiretos.
SUMÁRIO EXECUTIVO
Aplicando esses índices no número de trabalhado-
suínos no Brasil proporcionou 923.394 empregos
res quantificados na criação e abate de suínos em
indiretos. Portanto, sete empregos indiretos para
2015, na tabela 13 é possível inferir que a criação de
cada emprego direto formalizado.
TABELA 13 – NÚMERO DE EMPREGOS INDIRETOS NA CRIAÇÃO E ABATE DE SUÍNOS - 2015 ATIVIDADE
EMPREGOS DIRETOS
EMPREGOS INDIRETOS*
Criação de suínos
35.004
11.667
Abate e processamento
91.682
911.727
Total
126.686
923.394
* MGER: Estimativa Setor Agropecuária – 1:0,3333; Estimativa Setor Abate de Animais: 1:9,9444. Fonte: Elaborada pelos autores a partir do método MGER, publicado em Najberg e Pereira (2004).
IMPOSTOS AGREGADOS E CONTRIBUIÇÕES OBRIGATÓRIAS
O sistema tributário nacional é complexo e tem ele-
de suínos arrecadaram R$ 1,6 bilhão, resultando arrecadação em impostos agregados de R$ 17,6 bilhões (ou US$ 5,2 bilhões).
vada carga tributária, com impostos incidindo em cascata, influenciando diretamente o preço final de
Para o cálculo do imposto total utilizou-se a somató-
cada produto. Na suinocultura essa mesma realida-
ria dos impostos gerados em cada elo da cadeia pro-
de acontece.
dutiva, da venda dos insumos agrícolas e industriais até a venda dos produtos finais em cada mercado
As estimativas aplicadas no processo de mapear e
destino. Para eliminar a dupla contagem e conside-
quantificar a cadeia produtiva de suínos no Brasil
rar os impostos agregados, subtraiu-se do total, os
identificou que a arrecadação de impostos obtidos
impostos gerados nos primeiros elos (insumos agrí-
com as vendas em cada relação comercial da cadeia
colas e industriais).
produtiva foi de R$ 19,2 bilhões (ou US$ 5,7 bilhões). Foram considerados nesse levantamento os imposAs vendas dos insumos para a indústria e produção
tos FUNRURAL, IPI, PIS, CONFINS e ICMS.
35
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
FOMENTAR O CONSUMO INTERNO
MERCADOS INTERNACIONAIS
CUSTO DE PRODUÇÃO
LINHAS DE CRÉDITO
SUINOCULTURA POLÍTICAS PÚBLICAS
SANIDADE
BEM-ESTAR ANIMAL
PRINCIPAIS DESAFIOS E AGENDA ESTRATÉGICA NA SUINOCULTURA AUMENTAR A COMPETITIVIDADE DENTRO DA CADEIA VISANDO A MELHORA DA PRODUÇÃO E RENTABILIDADE DO SETOR
A 36
ABCS realiza planejamento estratégico
participam reconheçam os principais problemas do
de longo prazo, formado por ações com-
setor e busquem alternativas para superá-los. Este
plementares e que se fortalecem com
Sumário Executivo traz os principais desafios que
Políticas Públicas de interesse nacional. Para que a
a suinocultura brasileira precisa enfrentar para se
cadeia produtiva de suínos brasileira participe cada
manter na vanguarda mundial em termos de custos
vez mais da crescente demanda mundial por alimen-
de produção e produtividade. A proposta é uma lista
tos, é essencial que os agentes econômicos que dela
com desafios e agenda para o setor.
SUMÁRIO EXECUTIVO
CUSTO DE PRODUÇÃO
Nestes últimos anos, as cadeias produtivas da agropecuária brasileira passaram por algumas transformações que merecem destaque, entre elas o considerável aumento de custos de produção, que teve alguma contrapartida no aumento de preços das commodities quando consideradas em Reais, quadro preocupante quando os preços caem nas perspectivas futuras. Além do alto custo do trabalho (aumento de 100% em dólar em 10 anos) e das exigências e questões trabalhistas, dos aspectos ambientais e da menor
lização tecnológica da atividade, fatores importantes
disponibilidade de capital, com elevação de juros e
para a manutenção da competitividade da suinocul-
dificuldades de acesso ao crédito governamental.
tura frente a outros players mundiais. É necessário
Situação que impactou tanto no agro em geral como
se repensar o crédito para a atividade, uma vez que
especificamente na cadeia produtiva de suínos.
o Brasil com suas taxas de juros absolutamente altas acaba punindo o setor produtivo, que é quem justa-
POLÍTICAS PÚBLICAS
mente gera a renda para o desenvolvimento.
da parte do Governo Federal, a criação de Políticas
MERCADOS INTERNACIONAIS
O primeiro desafio da suinocultura brasileira é ter, Públicas Planejadas e com foco na sustentabili-
Os direcionadores (drivers) de consumo são muito
dade do negócio, o que permitiria ampliar a com-
positivos para a agricultura e para produção de
petitividade internacional da cadeia produtiva. A
alimentos brasileira, pois a população mundial
inexistência de um planejamento estruturado da
chegará a 9 bilhões de habitantes em 2050, por-
parte do estado se exemplifica nas oscilações do
tanto será necessário produzir alimentos para
preço do milho, principal insumo utilizado na ali-
mais 2 bilhões de pessoas. Crescimento econômico
mentação de suínos e que padece internamente de
mundial, principalmente nos países emergentes,
ações estruturadas de abastecimento no território
que são os grandes mercados futuros de alimentos,
nacional. Entre 2015 e 2016 o custo deste insumo
impactando diretamente em suas necessidades
ao suinocultor chegou a dobrar, dependendo do pe-
de importações. China, Índia, Indonésia, Vietnã,
ríodo avaliado, deixando a atividade com margens
Paquistão, Nigéria, Angola, África do Sul, México,
negativas. Faltam então ferramentas que sejam
Brasil e países agregados do Oriente Médio, entre
capazes de mitigar grandes oscilações no preço do
muitos outros, trarão grandes surpresas, uma vez
milho, o que auxiliaria a dar mais constância à rela-
que os mesmos possuem muitos mercados de rua,
ção entre o preço do quilo do suíno vivo e o preço do
alta informalidade nas cadeias alimentares e ausên-
quilo deste grão. Como referência, a partir de uma
cia de dados disponíveis. Passarão cada vez mais a
relação de 1:8 (1 quilo de suíno vivo sendo suficiente
serem grandes importadores.
para comprar 8 quilos de milho) pode-se inferir que a atividade está gerando lucro ao produtor.
FOMENTAR O CONSUMO INTERNO
Aumentar o consumo interno de carne suína é,
LINHAS DE CRÉDITO
simultaneamente, um desafio e uma grande oportu-
As linhas de crédito são escassas e o processo muito
nidade, visto que o consumo no Brasil é ainda baixo
burocrático, dificultando ao suinocultor o acesso a
quando comparado com a Europa, por exemplo. Tra-
recursos que são necessários para a expansão e atua-
tando-se de um país com 200 milhões de habitantes
37
MAPEAMENTO | SUINOCULTURA BRASILEIRA E SUAS DIMENSÕES
com consumo per capita de somente 15 kg/ano, fica
erradicar a Peste Suína Clássica de parte do norte e
evidente o potencial de crescimento da cadeia a par-
nordeste, evitando assim mais barreiras comerciais
tir de uma expansão de consumo baseada no merca-
às exportações brasileiras de carne suína. Investi-
do interno. Cada 1 quilo de incremento no consumo
mentos em pesquisas para sanidade animal devem
per capita é capaz de aquecer o mercado, reduzindo
ser prioritários nos órgãos de pesquisa estaduais e
a dependência das exportações e melhorando a
federais no Brasil.
rentabilidade do negócio. Portanto é necessário fortalecer os grandes esforços feitos já pela ABCS no marketing da carne suína, pois estes comprova-
BEM-ESTAR ANIMAL
Entre 2001 e 2013, novas regras para o alojamento
damente dão resultados e responderão mais se mais
de matrizes gestantes alteraram profundamente
recursos forem alocados.
a produção de suínos europeia, exigindo grandes mudanças estruturais nas granjas para permitir o
SANIDADE
alojamento coletivo destes animais. Esta mudança
Cuidar da sanidade do rebanho nacional é um gran-
tem influenciado a suinocultura dos principais
de desafio. O país é livre de PRRS e PED, doenças de
países produtores e os reflexos no Brasil já são e
alta relevância econômica. Apesar de não limitarem
videntes. Embora ainda não haja regulamentação
as exportações, geram enormes prejuízos com os
no país, BRF, JBS e Aurora, que juntas respondem
índices de mortalidade e queda no desempenho.
por mais de 40% da produção brasileira, já comuni-
Reestruturada numa parceria entre MAPA, ABCS e
caram ao mercado que irão adequar sua cadeia de
ABEGS, a estação quarentenária localizada em Ca-
produção até meados da próxima década. Efetivar
nanéia-SP tem sido um forte aliada na manutenção
esta importante adequação estrutural, mantendo o
do excelente status sanitário das granjas brasileiras.
volume de produção e nível de produtividade den-
Por se tratar de uma estação quarentenária em uma
tro de um cenário de escassez de crédito e margens
ilha longe de polos de produção de suínos, poucos
cada vez mais baixas, certamente será um grande
países no mundo têm uma estrutura tão eficiente
desafio à cadeia e todos os seus players. Por outro
para mitigar o risco de entrada de novos patóge-
lado, os produtores já têm buscado informações
nos em seu território. Além disso, cabe salientar a
sobre o tema e modelos adequados à esta exigência,
importância de aumentar a área (idealmente em
na tentativa de compreender as opções que melhor
todo o país) livre de Febre Aftosa sem vacinação e
se adaptam ao seu modelo de negócio.
Este Sumário Executivo é uma síntese do livro Mapeamento da Suinocultura Brasileira e permite ao setor conhecer mais profundamente a cadeia produtiva, quem faz parte, seus números principais, agentes, articulações, localizações e outros. Entendendo que o conhecimento de suas dimensões é um passo importante para
CONSIDERAÇÕES FINAIS
38 APOIO R
SINDAN
R
que qualquer setor possa pleitear políticas públicas visando sua sustentabilidade, a ABCS entrega a cadeia de produção de suínos brasileira o seu cartão de visitas.
SUINOCULTOR
ESCOLHA QUEM ESCOLHE
{ VOCÊ }
A L I M E N T O S
IGAS } { EMPR E S A DSA SAU IM N O C U LT U R A
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