10ª Edição Mar - Abr - 11

Page 1

Ano 2

.

N° 10

.

Mar | Abr 2011

Foto: Gil Leonardi-Secom-MG

ISSN 2179-6653

POSSE DE NOVO SECRETÁRIO DA AGRICULTURA TRAZ BOAS EXPECTATIVAS PARA O AGRONEGÓCIO MINEIRO Elmiro Nascimento traz a sua experiência no campo para a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e traz consigo a promessa de valorização do produtor mineiro


2

MAR | ABR 2011


Em março a Revista Agrominas comemorou seu primeiro ano. Agradecemos a todos os nossos colaboradores que ajudaram com seus pareceres técnicos a manter nossos leitores bem informados sobre o agronegócio, não só nos três Estados de nossa abrangência, mas também do país. Esse avanço e o reconhecimento que a revista vem ganhando devem ser divididos com todos aqueles que fizeram e ainda fazem parte desse processo. Desde a primeira edição, mudanças ocorreram para melhor atender o público alvo, criando uma identidade e ligação com quem nos acompanha. Para comemorar esse primeiro aniversário, a revista está de cara nova. Nesse espírito lançamos mais uma seção: Forragicultura. Esperamos manter assim, um vínculo cada vez mais forte com o nosso leitor, a quem agradecemos também por fazer parte da família Agrominas. Nesta edição, uma entrevista com o novo Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Elmiro Alves do Nascimento, empossado no dia 3 de janeiro, onde ele mostra o cenário promissor para o agronegócio em Minas, os desafios e propostas para essa gestão. Acompanhe também a visita à Agropecuária Jovisa, propriedade que cresce na seleção de Nelore. Na seção Sustentabilidade, o projeto Limpa Brasil Let’s do it!, mostra como conscientizar a sociedade na criação de mutirões para retirar o lixo das ruas. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) é a Entidade de Classe desta edição, mostrando a história pela defesa dos direitos e interesses dos produtores rurais brasileiros, promovendo o desenvolvimento econômico e social do Setor Agropecuário. Bom, esperamos contar com vocês mais uma vez nesse segundo ano e, da nossa parte, nos responsabilizamos em proporcionar informação atualizada e de qualidade sobre o agronegócio. Boa leitura! Denner Esteves Farias

ÍNDICE

EDITORIAL

Parabéns!!

4 6 9

Giro no Campo Entrevista Entidade de Classe

12

Grandes Criatórios

15

Dia de Campo

18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 22 Forragicultura 25 Agrovisão 27 Sustentabilidade 29 Perfil Profissional 30 Meteorologia 31 Mercado 33 Cotações 34 Mão na Massa 35 Emater | IMA | Idaf | Adab 39 Aconteceu 42 Culinária

Editor-Chefe

Uma publicação da Minas Leilões e Eventos Ltda.

Editor-Chefe Denner Esteves Farias Zootecnista - CRMV-MG 1010/Z

Diagramação Finotrato Design

Colaboração - Alexandre Sylvio - Eng. Agrônomo - AgriPoint e MilkPoint - Emater/IMA/Idaf/Adab - Hyberville Neto - SCOT Consultoria - Humberto Luiz Wernersbach Filho - Zootecnista - Luana Guedes Miranda- Ger. Adm. Minas Leilões - Marcelo Conde Cabral - Médico Veterinário - Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa e Universidade Estadual Paulista - Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo - Waldir Francese Filho - Eng. Agrônomo - Coocafé

Contato Publicitário Thiago Lauar Scofield (33) 3271.9738 comercial@revistaagrominas.com.br

Distribuição Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba.

Jornalista Responsável / Redação Lidiane Dias - MG 15.898 (em formação) Jornalistas Colaboradoras Alessandra Alves - MG 14.298 JP Andressa F. Tameirão - MG 14.994 JP

Tiragem 5.000 exemplares Impressão CGB Artes Gráficas A Revista AgroMinas não possui matéria paga em seu conteúdo. As ideias contidas nos artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores. Administração/Redação - Revista AgroMinas Rua Ribeiro Junqueira, 383 - Loja - Centro 35.010-230 | Governador Valadares-MG Tel.: (33)3271-9738 E-mail: jornalismo@revistaagrominas.com.br

http://www.facebook.com/revistaagrominas

Siga-nos: twitter.com/RevistAgrominas

MAR | ABR 2011

3


GIRO NO CAMPO

CBH-DOCE lança cartilha sobre cobrança pelo uso da água Os Comitês com atuação na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, ANA - Agência Nacional de Águas, IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas, e IEMA - Instituto Estadual de Meio Ambiente, lançaram em fevereiro a cartilha “Bacia Hidrográfica do Rio Doce Água de Qualidade para todos, hoje e sempre – Saiba o que é a cobrança pelo uso da água”. A cartilha chegou num momento de importantes decisões para o CBH-Doce e tem a função de explicar à comunidade o que é e como será feita a cobrança pelo uso dos recursos hídricos. A cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Doce tem previsão para início de setembro de 2011. A Cobrança objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água e obter recursos para o financiamento dos programas e intervenções contemplados no Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia

Exportação de carnes atinge média diária de US$ 81 milhões em março As exportações brasileiras de carnes obtiveram média diária de US$ 81,014 milhões nas duas primeiras semanas de março, período compreendido de 7 a 13. A média acumulada chega a US$ 74,444 milhões, 33,2% superior à média diária de fevereiro último, de US$ 55,895 milhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no dia 14/03. No comparativo com a média diária de março de 2010, de US$ 48,175 milhões, o desempenho de março desse ano é 54,5% maior. (Fonte: Canal do Produtor)

4

MAR | ABR 2011

Hidrográfica do Rio Doce, PIRH-Doce. A aplicação dos recursos será integralmente na bacia do rio Doce e decidida com a participação do poder público, da sociedade civil e dos usuários representados nos Comitês. O setor Agropecuário é de grande importância para economia na região da bacia hidrográfica do rio Doce, a cobrança para esse segmento visa, além de arrecadar recursos para o PIRH-Doce, incentivar o produtor rural a adotar práticas que racionalizem o uso da água, como, por exemplo, a utilização de sistemas de irrigação mais eficientes. Representantes do setor agropecuário no CBH-Doce propuseram ao comitê medidas para reduzir os valores cobrados, já que a classe possui particularidades em relação aos outros setores, assim o CBH-Doce estuda mecanismos para reduzir os valores de cobrança para o setor agropecuário. A cartilha está sendo distribuída em escolas, entidades ligadas à preservação do Rio Doce, membros do Comitê e também pode ser solicitada na sede do CBH-Doce, na Av. Jequitinhonha, nº 96, loja A – Ilha dos Araújos. (Fonte: Juliana Rangel / Ascom CBH-Doce)

Merck e Sanofi-Aventis mantêm negócios separados na saúde animal A Merck (NYSE: MRK) e a Sanofi-aventis (EURONEXT: SAN e NYSE: SNY) anunciaram, dia 22 de março, a rescisão mútua de seu acordo de formar um novo empreendimento conjunto em saúde animal, unificando a Merial, os negócios de saúde animal da Sanofi-Aventis com a Intervet/Schering-Plough, a unidade de saúde animal da Merck. Como resultado, cada parte manterá seus bens e negócios de saúde animal atuais, separados. As companhias estão descontinuando seu acordo principalmente devido a crescente complexidade de implementar a transação proposta, tanto em termos da natureza e extensão dos desinvestimentos previstos quanto ao espaço de tempo necessário para o processo de análise regulatória mundial. Como resultado da rescisão, tanto a Merial quanto a Intervet/ Schering-Plough continuarão a operar independentemente. A rescisão do acordo não penaliza nenhuma das partes e cada uma é responsável por suas próprias despesas. (Fonte: Julia Teixeira / Alfapress Comunicações)


Novas normas para controle de qualidade do leite iniciam em julho Produtores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste só poderão entregar produção em laticínios e cooperativas se o leite seguir os novos limites de quantidade de bactérias toleradas. A norma estabelece critérios mais rigorosos também na refrigeração e transporte. Nordeste e Norte terão mais um ano para adequar-se à medida. A exigência poderá expor um cenário

Valor da produção das principais culturas agrícolas deve chegar a R$ 189,6 bilhões em 2011 O Valor Bruto da Produção (VBP) das 20 principais culturas do país deve atingir R$ 189,6 bilhões até o final do ano. A projeção é feita com base na estimativa de safra 2010/2011 e nos preços agrícolas praticados até fevereiro. O número demonstra crescimento de 5,8% em relação ao VBP de 2010. O levantamento feito pela Secretaria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, mostra que é o maior valor da produção em 14 anos e deve ultrapassar o recorde de 2008, que foi de R$ 181,8 bilhões. Os produtos com melhor desempenho são o algodão, uva e o café em grão. (Fonte: Notícias Agrícolas)

ainda mais “escuso” da venda de leite, tendo em vista que 33% do leite produzido no Brasil não é inspecionado. Entre as exigências, o maior desafio é a CBT (contagem bacteriana total), que serve como pista sobre o grau de higiene do lugar onde a vaca foi ordenhada. No começo, a instrução exigiu CBT máximo de 1 milhão. Atualmente, o limite é 750 mil. A partir de julho, cairá significativamente, para até 100 mil, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Também será mais rígido o controle de células somáticas, que podem revelar doenças nas glândulas mamárias da vaca, além de teores de gordura e resquícios de antibióticos e produtos químicos no leite. Se a quantidade de bactérias for excessiva, o laticínio orienta o produtor a se adaptar. Em última instância, ele pode até ser descredenciado da cooperativa e a indústria se negar a coletar seu leite. (Fonte: Portal do Agronegócio)

INFORME

Errata: os resultados, a metodologia utilizada e as discussões constantes no artigo “Efeito dos níveis de sal e uréia sobre o consumo de suplementos fornecidos ad libitum”, publicado na Revista Veterinária e Zootecnia em Minas de Jul/ Ago/Set 2009, ano XXVIII, pág. 41-45, #102, SÃO DE AUTORIA do Professor Edenio Detmann e outros, da Universidade Federal de Viçosa, publicados conforme a seguinte referência: Karla Alves Magalhães, Edenio Detmann, Sebastião de Campos Valadares Filho, Pedro Veiga Rodrigues Paulino, Fabiana L. Ana de Araújo, Luciana Lacerda Diniz, Mozart Alves Fonseca. Efeitos dos níveis de sal e uréia em suplementos múltiplos para bovinos em pastejo: Consumo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43ª, 2006, João Pessoa. Anais... Sociedade Brasileira de Zootecnia: João Pessoa, 2006 (CD-ROM). Leonardo Sicupira Sena Zootecnista - CRMV/Z-MG 1523

MAR | ABR 2011

5


ENTREVISTA

Novo Secretário de Agricultura de Minas Gerais desperta boas expectativas no setor ELMIRO ALVES DO NASCIMENTO TRAZ A EXPERIÊNCIA POLÍTICA E DO CAMPO PARA UMA SECRETARIA DE PESO DO GOVERNO ANASTASIA por Andressa Tameirão

No dia 3 de janeiro, Minas Gerais empossou o seu mais novo Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Elmiro Alves do Nascimento. Empresário e produtor rural, Elmiro é formado em Administração de Empresas e especializou-se em Administração Rural. Além de pecuarista e cafeicultor, Elmiro Nascimento já foi diretor financeiro da Camig, presidente da Loteria Mineira, prefeito de Patos de Minas, no Alto do Paranaíba, e deputado estadual. Natural de Patos de Minas, o novo secretário possui experiência política, além de ser militante do agronegócio, fatores que podem e muito contribuir para o desenvolvimento do setor. Com um cenário promissor para o agronegócio mineiro, as palavras de ordem de sua gestão são produtividade, geração de renda, capacitação e valorização do meio rural. Diante desse cenário, a Revista Agrominas entrevistou o novo Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, que revelou as expectativas e desafios de sua gestão. REVISTA AGROMINAS - Em 2010, Minas Gerais teve a maior participação no PIB Nacional desde 2001. O PIB do Agronegócio mineiro estimado para 2010 (com base nos dados de janeiro a outubro) foi de R$ 98,7 bilhões, o que corresponde a 12,4% do PIB Nacional. Diante desse panorama, quais as expectativas para o agronegócio mineiro em 2011 e as medidas que serão tomadas para o fomento do setor? ELMIRO NASCIMENTO - O nosso grande desafio é crescer em termos da agricultura apoiando, principalmente, a agricultura familiar. A proposta é incentivar, estimular e 6

MAR | ABR 2011

apoiar o pequeno produtor para que Minas Gerais possa continuar crescendo e se destacar como o grande celeiro do Brasil. O poder de compra do brasileiro está em plena ascensão e esse é um momento muito importante para a agricultura e para a pecuária no Brasil. O que se destaca, nesse momento, é o fato de termos agricultores que fazem uso de tecnologia de ponta, uma tecnologia altamente avançada. Temos que dar apoio ao nosso pequeno para que ele também possa sobressair e sobreviver nesse espaço tão tecnológico e também para aumentar a sua produção, gerar emprego, divisas e ter uma maior perspectiva de vida. REVISTA AGROMINAS - Quais são as propostas da gestão do Senhor para a agricultura familiar? ELMIRO NASCIMENTO - Nós vamos criar, agora, o Comitê do Leite e do Café, e estamos nos diversificando ao máximo para que tenhamos condição de garantir um ganho a mais para o agricultor, principalmente o agricultor familiar. Eu estive com a ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti, no intuito de colocarmos também como item de produção a pesca. Nós temos condições excepcionais para isso. Minas, hoje, está em 11º lugar no Brasil, a nível de pescado, e nós temos condições de sermos os primeiros, mas é preciso de apoio técnico para que o nosso produtor realmente tenha mais itens de produção. Minas, por exemplo, é o maior produtor de leite do Brasil e temos condição de expandir cada vez mais. Além disso, contamos com o apoio técnico que a Epamig, a Emater e o IMA estão dando, para que possamos agregar valor e garantir uma produção de renda a mais.

REVISTA AGROMINAS - O que vem representando para o Estado de Minas Gerais a atuação das estruturas de suporte da secretaria como a Emater, Epamig, IMA e Ruralminas? ELMIRO NASCIMENTO - A atuação desses órgãos representa muito para o nosso Estado. Se você fizer um histórico do trabalho que todos esses órgãos já realizaram, a nossa proposta é ampliar isso, para que órgãos como a Emater-MG possa dar uma sustentabilidade, ensinamento e melhorar a condição do pequeno em si. O importante é isso, é nós estruturarmos os nossos órgãos, fazermos parcerias, integrar a secretaria como um todo e dar uma sustentabilidade ao pequeno produtor, para que ele tenha condição de produzir, de morar com dignidade no campo, para que ele consiga ter uma condição exemplar de vida e não provoque o êxodo rural, como realmente está provocando. O objetivo é que ele tenha condições de morar em seu meio com prazer e produzindo, gerando riqueza, dando uma educação exemplar a seus filhos e tendo uma condição de vida cada vez melhor. REVISTA AGROMINAS - Para elevar a produtividade no campo, mais do que capacitações e tecnologias, é necessário apoio e parcerias não somente do governo, mas também de empresas privadas. Qual a sua proposta nesse sentido? E qual o papel da agroindústria nesse cenário? Ela pode ser uma forte aliada do governo? ELMIRO NASCIMENTO - O que nós queremos é fazer uma integração de todo o setor e isso inclui a iniciativa privada, pois se tivermos só o governo atuando, não temos condições de movimentar tudo isso. Precisamos,


Foto: Wilson Avelar

dos produtos lácteos no mercado? Haverá a busca por incentivos aos produtores de leite? ELMIRO NASCIMENTO - Vai haver e deve haver incentivos, no intuito de melhorar a qualidade do leite e, logicamente, para que o produto tenha condições de competitividade. O interesse da Secretaria não é punir ninguém, é fiscalizar e dar condições para que o produtor realmente tenha a oportunidade de melhorar a sua produção. Em relação à merenda escolar, eu conversei muito com a secretária da Educação e ela vai orientar todas as diretoras, a partir de agora, a comprar produtos derivados de leite qualificados pelo IMA, para que possamos agregar valor a esses produtos e, logicamente, estimular outros a se sim, da ajuda da iniciativa privada, das adequarem. A nossa intenção é dar concooperativas, que são entidades fortes, dições para que essas pessoas tenham para que a secretaria possa integrar qualificação. esse sistema e possa ajudar principalmente o pequeno produtor. Em termos REVISTA AGROMINAS - O café de valorização de produto, as coopera- correspondeu por 53,9% das exportativas são de fundamental importância ções do setor mineiro em 2010. O Separa que realmente possamos alavan- nhor, como produtor de café, conhece car a agricultura. O nosso intuito é jus- bem as necessidades e expectativas para tamente integrar toda a rede produtiva o setor. O que deve ser feito para que o para que realmente um possa ajudar o Estado agregue valor à produção? outro, inclusive os órgãos do governo. ELMIRO NASCIMENTO - O café Nós tivemos uma reunião com várias é um produto muito importante para Secretarias e com vários secretários, Minas e está em primeiro lugar em para que possamos nos integrar. Estive nossa pauta de exportação. Milhares várias vezes com a secretária Dorothea de empregos são gerados em todo o Werneck (secretária de Estado de De- Estado e a tendência é continuar mais senvolvimento Econômico), para que um bom tempo nesse patamar de preela possa, através das ações da Secre- ço. Queremos, também, agregar valor taria, levar a industrialização para o ao café. Estamos organizando, com o meio rural e trazer as agroindústrias. A IMA, a proposta de se fazer um georagroindústria terá um papel fundamen- referenciamento no Estado inteiro. Tetal nesse processo, pois vai agregar va- mos, hoje, um café de altíssima qualidalor ao produto. Também nos reunimos de, tanto o café do Sul de Minas como com a secretária da Educação, Ana Lú- o café do Cerrado. Necessitamos fazer cia Gazzola, para que possamos inserir um estudo mais apurado em relação novamente o leite na merenda escolar e ao que nós temos de café, a qualidade facilitar a comercialização dos produtos do produto e a bebida em si, para que agrícolas. Tivemos reuniões com outros possamos vender esse produto com um secretários, inclusive, para que possa- preço mais vantajoso. O preço do café, mos estar estruturando o meio rural em hoje, está em torno de R$ 500 reais a termos de estrada e de ponte, para que saca. Está num patamar como nunca tenhamos melhores condições de ir e esteve na história. Mas com um café vir. São ações como essas que o gover- de qualidade, poderíamos chegar mais nador está muito empenhado, para que longe. Queremos montar uma estrutura, possamos valorizar e dar uma condição juntamente com as cooperativas, para melhor ao meio rural. que realmente esse preço possa ser cada vez mais valorizado, principalmente, REVISTA AGROMINAS - O se- a nível de exterior. Além disso, temos nhor já atuou na criação de gado de condições de vender esse café lá fora, leite. Como ampliar a competitividade não através de atravessadores e sim di-

retamente, para que possamos valorizar o nosso produtor. REVISTA AGROMINAS - O Milho e a Soja representam 88,4% de todos os grãos produzidos em Minas Gerais (cerca de 9,0 milhões de toneladas). Há a perspectiva de a secretaria criar algum programa de incentivo à produção desses grãos? Como continuar estimulando a produção? ELMIRO NASCIMENTO - O estímulo vem, logicamente, do preço. Nesse sentido, a soja está muito bem, o algodão está excepcional, então, praticamente todos os produtos agrícolas estão numa fase muito boa em relação a preço e a demanda do produto. Vamos estimular a produção, sem a presença dos atravessadores que diminuem a lucratividade do produtor. A Emater-MG vai ter um papel fundamental nisso, no sentido de orientar o produtor a ter uma produtividade cada vez maior e possa aprimorar ainda mais a sua produção. REVISTA AGROMINAS - O Senhor pretende continuar a investir nos atuais e em futuros programas de desenvolvimento da agropecuária mineira? ELMIRO NASCIMENTO - Vamos continuar com os atuais programas, mas também vamos criar outros, mas baseados mais na agricultura familiar. O grande produtor também será muito beneficiado, mas as ações do governo precisam atingir, principalmente, àqueles que realmente precisam de nossa ajuda, para que eles tenham condições de sobreviver. Para isso, precisamos de uma política agrícola a longo prazo. Hoje, Minas está se estruturando em todos os sentidos. O governador está muito empenhado, não somente em nível de produção, mas a nível estrutural, também, a nível de estradas, para que haja condições de se transportar a produção e condição de ir e vir ao produtor rural. Minas Gerais está se sobressaindo por isso, está envolvendo todos os órgãos, trabalhando em parceria e em integração. REVISTA AGROMINAS - Um dos gargalos da agropecuária, atualmente, é a falta de infraestrutura e de logística no setor. Quais medidas deverão ser tomadas pela Secretaria para facilitar o escoamento da produção mineira? ELMIRO NASCIMENTO - Vou MAR | ABR 2011

7


dar um exemplo pra que se tenha ideia de como Minas está cumprindo sua parte e é um Estado diferenciado: hoje, nós reativamos, por exemplo, a estrada de Pirapora estimulando bastante o escoamento da região noroeste, que é uma das maiores produtoras não só de Minas, mas de todo o país. O Proacesso facilitou muito também, já que a maioria dos municípios de Minas conta com acesso por asfalto. O Caminhos de Minas também vai alavancar ainda mais e garantir ao Estado uma estrutura cada vez melhor. Com esse programa, milhares de quilômetros vão ser asfaltados, para que realmente o governo possa dar condições de escoamento da produção. REVISTA AGROMINAS - O que deve ser feito para diversificar a renda agrícola no Estado? ELMIRO NASCIMENTO - São as ações que já estamos promovendo. Vamos desenvolver projetos que não dependem somente da Secretaria da Agricultura, mas dependem também da União. O nosso Ministro da Agricultura está muito empenhado, assim como a iniciativa privada e os órgãos do meio ambiente, que também são parceiros. Estamos trabalhando com parcerias para que realmente tudo possa fluir com rapidez e para que as ações possam ser favoráveis ao nosso produtor. São parcerias como essas que vão gerar um ganho a mais ao nosso produtor e projetar um futuro promissor a toda população de Minas e, principalmente, a aquele que está produzindo e gerando riquezas, emprego e garantindo uma fartura muito grande a todos os brasileiros. REVISTA AGROMINAS - O destino de nossas exportações vem ampliando cada vez mais. Quais incentivos podem ser esperados para atrair novos países para os nossos produtos? Em sua gestão, o Senhor pretende ampliar a pauta de exportação do Estado? ELMIRO NASCIMENTO - Pretendemos e essa é a política do governo. Pretendemos cada vez mais galgar novas pautas para ampliar a pauta de exportação do agronegócio mineiro. Incentivos de toda maneira devem ser feitos para atrair novos exportadores para Minas. Nós fizemos parcerias 8

MAR | ABR 2011

com vários países e estamos agregando valor ao produtor para que o agricultor tenha um ganho maior. Incentivo é o que não falta em Minas. Hoje, estamos crescendo bem acima da média nacional e estamos nos estruturando para que possamos dar condições de escoamento à produção. REVISTA AGROMINAS - Em 2010, os Vales do Mucuri e Jequitinhonha, Leste e Norte de Minas tiveram um crescimento expressivo. Apesar desse crescimento, a região Central de Minas Gerais ainda concentra o maior número de municípios exportadores. Existem uma preocupação do governo em estimular ainda mais o crescimento nas regiões mais pobres do Estado? ELMIRO NASCIMENTO - Existe e é tanto que o governo criou uma Secretaria específica para essa região, para que realmente possamos alavancar o progresso. Temos projetos voltados para o leite, com o objetivo de ampliar a produção e estão previstas ações que irão beneficiar todo o Estado de Minas Gerais. REVISTA AGROMINAS - Com o crescimento populacional e a demanda de alimentos e energia, o Brasil tem grande potencial para abastecer o mundo, levando-se em conta os nossos estoques de grãos. Com isso, a tendência do país é alavancar a produção de grãos e cana-de-açúcar para atender a essa demanda. A produção de cana-de-açúcar em Minas cresceu absurdamente ao longo dos anos. Em 2000 era de 18.706 toneladas e passou para 61.343 toneladas em 2010. A demanda do mercado mundial pelo produto tende a crescer nos próximos anos. Minas Gerais vem se preparando para esse panorama? ELMIRO NASCIMENTO - Nós já estamos preparados para isso. É lógico que o preparo vai se qualificando cada vez mais, mas a grande virtude, do Brasil como um todo, é justamente isso. O mundo está crescendo não só a nível populacional, mas também no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida. O ganho do brasileiro melhorou muito e a qualidade da alimentação também melhorou sensivelmente. O Brasil é o celeiro, é o país com a maior condição de expansão do mundo e Minas Gerais está qualificada para isso.

REVISTA AGROMINAS - Uma questão que permeia esse cenário é o crescimento econômico aliado a produção sustentável. O Brasil é o país que tem a agricultura mais sustentável do mundo. O que pode ser feito para a mitigação da pobreza e uma produção de alimentos suficientes, em Minas Gerais, sem se esquecer dos modelos de produção sustentável? ELMIRO NASCIMENTO - Os dados os quais você cita são interessantes de se falar. De 20 anos para cá, vê-se a tecnologia que o nosso agricultor está passando e melhorando. De anos para cá, nós melhoramos, em termos de expansão agrícola, em torno de 20 anos, e aumentamos a produtividade em torno de 154%. Nós nos preocupamos com o meio ambiente, damos tecnologia de ponta ao nosso produtor e o ganho está sendo muito grande. Minas Gerais vai e deve continuar a investir nos modelos sustentáveis de produção. Contamos com os órgãos de suporte da Secretaria, melhorando a qualidade do produto, estamos dando condições de estradas, pontes e de água, então, a Secretaria está integrada para que possamos alavancar a nossa agricultura e o nosso produtor. REVISTA AGROMINAS - Para finalizar, quais são os principais desafios para a sua gestão? ELMIRO NASCIMENTO - O grande desafio para mim é ultrapassar ano a ano a nossa produção e vamos conseguir isso. Eu acho que Minas vai suplantar bastante a média nacional como realmente está acontecendo. Para esse ano a projeção da Conab para Minas está em torno de 3,5% de aumento na produção e enquanto que a projeção brasileira gira em torno de 2,5%. Ano que vem, nós temos certeza de que vamos aumentar essa média e suplantar mais ainda a média nacional. Esse é o nosso grande desafio, apoiando o produtor, principalmente, a agricultura familiar, dando condições de o grande produzir cada vez mais e alavancar o agronegócio, não somente em Minas, mas também no Brasil. O agronegócio, hoje, representa muito e é um setor muito importante de nossa economia. O governador está empenhado em fazer um trabalho em que o grande beneficiado seja o nosso produtor e principalmente a população de Minas.


UMA HISTÓRIA DE LUTA PELOS PRODUTORES RURAIS BRASILEIROS Foto: Wenderson Araújo

ENTIDADE DE CLASSE

CNA

Prédio da Confederação Nacional da Agricultura em Brasília

Associação: reunião de pessoas para um fim comum. Esse é um dos significados da palavra associação. Com esse intuito é que as pessoas se unem, por um objetivo em comum. Portanto, não foi diferente o que aconteceu com a atual Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Com quase 60 anos de criação, a CNA, antiga Confederação Rural Brasileira (CRB), surgiu pela necessidade de organização profissional e econômica do setor agrícola por meio de sindicatos. A missão dessa entidade é representar, organizar e fortalecer os produtores rurais brasileiros. Defende também, seus direitos e interesses, promovendo o desenvolvimento econômico e social do Setor Agropecuário. Para tudo isso se tornar realidade, a CNA congrega associações e lideranças rurais e participa de forma ativa e permanente das discussões e decisões sobre a política nacional agrícola. Hoje com 27 Federações de

Agricultura, 2.154 sindicatos rurais, 1.129 extensões de base associados à CNA e 1,7 milhão de produtores rurais associados (voluntários), a Confederação tem como objetivo a união da classe produtora rural; a defesa do homem do campo e da economia agrícola; a valorização da produção agrícola e a preservação do meio ambiente associada ao desenvolvimento da agropecuária e da produção de alimentos; a defesa do livre comércio de produtos da agropecuária e agroindústria; buscar e demonstrar o correto conhecimento dos problemas e soluções apropriadas às questões da categoria econômica. Oito presidentes eleitos já passaram pela CNA. Atualmente é presidida pela senadora Kátia Abreu e a diretoria é composta por nove diretores.

Públicas, criado em 1860, dando lugar ao Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Deixando em segundo plano a atividade agrícola. Para lutar pela agricultura do país, disseminando o retorno do brasileiro ao campo e unir a classe produtora, em 1897 surgiu a Sociedade Nacional da Agricultura (SNA). Para estimular a união do setor rural, a SNA começou uma campanha para concretizar as associações do setor. A partir do Decreto nº 979, de 1903, os líderes agrícolas tiveram a prioridade de se organizarem em sindicatos. Em 1905, a SNA instituiu o Comitê Central dos Sindicatos Agrícolas, e, em seguida, o Sindicato Central dos Agricultores do Brasil. Surgem os primeiros sindicatos no Brasil. Dois anos depois, no Decreto nº 1.637, de 1907, as sociedades cooperativas foram VOLTANDO NO TEMPO Tudo começou em 1889 instituídas. Até 1908, havia sido com a extinção do Ministério da registrada a fundação de 54 asAgricultura, Comércio e Obras sociações especificamente rurais. MAR | ABR 2011

9


Foto: Wenderson Araújo

A Senadora Kátia Abreu, primeira mulher na presidência da CNA

A criação da primeira Confederação Rural Brasileira foi uma tentativa frustrante em 1928. Os líderes do movimento associativo entenderam que não era possível reunir o homem do campo em sindicatos profissionais. Assim, a criação de uma lei específica que reunisse esses produtores num movimento homogêneo seria a solução. Portanto, no dia 24 de outubro de 1945, o Decreto-lei nº 8.127, que se referia à organização do setor rural, foi promulgado. Muito polêmico, o Decreto-lei gerou discussões porque alguns parlamentares achavam que os agricultores seriam submetidos ao arbítrio do governo, porém, foi esclarecido que no mesmo, apenas se estabeleciam normas para registro e reconhecimento das entidades no Ministério da Agricultura. A partir daí o movimento dos agricultores no Brasil começou a progredir. Em 1950, 200 associações e oito federações estaduais já estavam registradas. Em 1951, a SNA reafirma o seu apoio a uma nova tentativa de organização da Confederação Rural Brasileira. No dia 28 de agosto, o presidente da SNA, Artur Torres Filho, juntamente com os representantes das Federações de Agricultura, se reuniu para viabilizar a organização das associações rurais em Federações Estaduais vinculadas a uma entidade nacional, órgão máximo do setor no Brasil. Os estatutos foram aprovados e os órgãos administrativos foram eleitos. Depois de muita luta, no dia 27 10

MAR | ABR 2011

de setembro de 1951, foi fundada a Confederação Rural Brasileira (CRB) como entidade civil, com sede no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no prédio da SNA. Mas em 1958 a CRB obteve a doação de um terreno para construir sua sede na nova Capital do país, em Brasília. Nos registros históricos aponta-se que o terreno tinha 2.700 m² (nível de galeria) e 800 m² (nível do primeiro pavimento), avaliado na época em CR$ 100.273.500,00. A escritura foi lavrada em 16 de junho de 1960. Treze anos depois da criação da CRB, pelo Decreto 53.516 de 31 de janeiro de 1964, publicado no Diário da União no dia 05 de fevereiro de 1964, a CRB passou a se chamar Confederação Nacional da Agricultura (CNA), sendo reconhecida como entidade sindical de grau superior, coordenadora dos interesses econômicos da lavoura, pecuária e similares da produção extrativa rural, em todo território nacional, na conformidade do Estatuto do Trabalhador Rural. Em 1960, no Decreto 48.557 de 22 de julho de 1960, foi criada a Medalha do Mérito Agrícola, como prestígio aos produtores que se dedicam à atividade rural. O primeiro presidente da CNA foi o gaúcho Mário de Oliveira, zootecnista. Por motivos pessoais, inclusive de saúde, ele permaneceu no cargo de 1951 a 1953. Antes de renunciar, Mário de Oliveira realizou a I Conferência Rural Brasileira, no Rio de Janeiro, marcando a consolidação do associativismo. O vice-presidente da CNA, o ruralista e ex-secretário de Agricultura de São Paulo, Alkindar Junqueira assumiu o cargo e completou o mandato até a eleição do novo presidente. O deputado federal e ex-presidente da Federação das Associações Rurais de São Paulo, Iris Meinberg assu-

miu o cargo, que rendeu a ele, mandatos sucessivos: de 1953 a 1967. LINHA DE TRABALHO

Através dos sindicatos rurais é que a CNA tem contato com o produtor. Os sindicatos por sua vez, atuam sob orientação das Federações Estaduais e esses repassam à CNA as demandas desses produtores. Esse ciclo garante uma sintonia entre cada etapa desse processo. Com a finalidade de tornar esse contato mais próximo, foi criado o programa “O Campo vai à CNA”, levando até Brasília os presidentes de sindicatos rurais acompanhados dos presidentes das suas federações. Assim eles podem trocar conhecimentos, se aprofundar no trabalho realizado pela CNA, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/Nacional) e Instituto CNA (ICNA) e tentar solucionar as questões da atividade rural. O SENAR oferece 163 cursos de formação profissional e, ainda, cursos com programas com carga horária maior, que contam com suporte de consultoria. É o exemplo dos programas Empreendedor Rural, Com Licença Vou à Luta, Programa Alimento Seguro (PAS) Leite, Negócio Certo Rural, Mãos que Trabalham, Sindicato Forte, Secretaria Eficiente e Campo Futuro. Na linha da responsabilidade social, em 2010 foram atendidos 358.633 produtores, trabalhadores e seus familiares, por meio de 44 diferentes atividades de promoção social. Visando desenvolver aptidões pessoais e sociais: Útero é Vida, Ciranda Filmes, Ciranda da Cultura e Inclusão Digital Rural. O SENAR é o braço educacional da CNA. Através do SENAR são desenvolvidas ações de formação profissional e de promoção social voltadas para quem vive e trabalha no meio rural. As atividades são voltadas para capacitação dos homens e mulheres no campo, dando-lhes qualidade de vida e oferecendo preparo para exercerem plenamente


a cidadania. No ano passado, 700 mil pessoas foram capacitadas pelo SENAR. No total, foram mais de 43.730 turmas que representaram 1.154.921 horas de treinamento. Em dez anos de trabalho, o SENAR contabiliza o atendimento a mais de 12 milhões de pessoas que vivem no campo, tanto nos cursos de formação profissional, quanto nas ações de promoção social. O Canal do Produtor, ferramenta que facilitou o acesso do produtor às informações referentes ao setor e à Confederação, se tornou uma forma de estreitar os laços entre o produtor e a CNA, uma via de comunicação direta entre ambos. Segundo informações repassadas pela Confederação, os serviços disponíveis no Canal foram planejados após um trabalho minucioso, junto aos produtores rurais, para atender as demandas dos mesmos. Desde 2009, quando foi criado, o Canal do Produtor vem expandindo seu alcance, atingindo cada vez mais acessos. No site são oferecidos serviços como: previsão de tempo, conversor de moedas, calculadora de índices de mercado por período, agenda de eventos e notícias. Oferece ainda, um vídeo em formato de telejornal, que informa logo cedo, às 5 horas, os preços diários das commodities. O Canal é atualizado todos os dias por uma equipe especializada no setor. Assim como o Canal do produtor, em 2009 o Instituto CNA (ICNA) iniciou suas atividades, objetivando levar educação e conhecimento ao mundo rural, contribuindo para o desenvolvimento de quem vive e trabalha no campo. Com estreita parceria com a CNA e o SENAR, o ICNA promove pesquisas sobre a realidade da população rural, ajudando nas políticas públicas e desenvolvendo estratégias de fortalecimento do Sistema. DEFESAS ATUAIS

Uma das atuais defesas da CNA é a atualização do Código Florestal. O Código em vigor, editado em 1965, criminaliza mais de 90% dos produtores, pois proíbe usos e plantios sempre permitidos ao longo de

décadas. Para a presidente da CNA, Kátia Abreu, “é preciso retirar do texto abusos e impropriedades que colocaram os produtores na clandestinidade. A atualização do Código Florestal é fundamental para trazer segurança jurídica ao campo e garantir a produção de alimentos para o país”. Kátia Abreu defende que não serão necessários novos desmatamentos para ampliar a produção de carnes e grãos. “Graças às tecnologias disponíveis é possível ampliar a produção agropecuária sem desmatar novas áreas. O relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o Código Florestal é muito claro em relação a esse assunto: não será permitido o desmatamento de florestas nativas pelo período de cinco anos, prorrogáveis por igual período. Hoje, desde que autorizado, pode haver desmatamento”, aponta. Outro fator assinalado é a questão da logística e infraestrutura para a agropecuária no país. As deficiências em relação a esse item têm sido apresentadas pela CNA ao governo federal. Kátia Abreu informa que nas regiões Sul e Sudeste os portos estão saturados. Situação preocupante também nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “A CNA apresentou ao Ministério dos Transportes uma lista de reivindicações que inclui investimentos em rodovias, hidrovias, ferrovias e portos, possibilitando a integração destes três modais de transporte e a ampliação da capacidade para embarques ao exterior em 10 milhões de toneladas de grãos partindo destas três regiões, nos próximos quatro anos”, ressalta. A MULHER NO COMANDO

Em novembro de 2008, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, juntamente com o agronegócio do país, tem um marco na sua história: é eleita a primeira mulher para a presidência da CNA. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) conquista o cargo da entidade maior da agropecuária no Brasil. O setor, que é uma das bases de manutenção da economia no país, res-

ponde por 42% das exportações, 24% do Produto Interno Bruto (PIB) e por um terço dos empregos. Natural de Goiânia (GO) e formada em Psicologia, sua carreira no campo começou em 1987, aos 25 anos, quando ficou viúva e precisou tocar a antiga Fazenda Aliança e atual Aliança do Tocantins, propriedade que recebeu de herança do marido. Precisou trabalhar em dobro devido à falta de conhecimento na área até então. A dedicação foi tamanha que se destacou na atividade agropecuária e tornou-se líder dos produtores rurais no Sindicato Rural de Gurupi (TO). Em seguida, de 1995 a 2005, exerceu a presidência da Federação da Agricultura do Estado do Tocantins (FAET). Em 2005 elegeu-se como vice-presidente de Secretaria da CNA, cargo que antecedeu o atual cargo de presidente. Em outubro de 2006, além de ser a primeira mulher na presidência de uma Federação Estadual e um Sindicato Rural, elegeu-se como a primeira senadora do estado do Tocantins. Como líder nata, seu sonho é “ver o Brasil se transformar em exemplo de políticas sociais responsáveis, um exemplo de preservação ambiental, combate a violência, segurança jurídica nos campos e cidades. Fazer o brasileiro acreditar, todos os dias, que os sonhos são apenas o próximo passo para quem trabalha com coragem e determinação”. Segundo a presidente, o Brasil evoluiu muito nos últimos anos, o que fez com que o país saísse da condição de importador para exportador de commodities agrícolas. Mas para o agronegócio brasileiro continuar se destacando no cenário mundial, é preciso manter “um quadro de segurança jurídica que garanta a atualização da legislação ambiental, sanitária e trabalhista”, aponta Kátia Abreu.

MAR | ABR 2011

11


Fotos: Lidiane Dias

GRANDES CRIATÓRIOS

Nelore Jovisa A AGROPECUÁRIA JOVISA CRESCE NA SELEÇÃO DE NELORE Uma história de amor entre a medicina e a criação de Nelore. A Fazenda Central, localizada no município de Divino das Laranjeiras (MG), foi o resultado dessa paixão pelo campo. Formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1988 e especializado em Cardiologia, o médico cardiologista Carlos Augusto Formiga Areas, 47 anos, teve a oportunidade de comprar a propriedade em novembro de 2001. Antes de ser o conceituado cardiologista que é hoje, fez um ano de Agronomia em Viçosa. Largou a faculdade de Agronomia, mas a ligação pela terra sempre existiu. Seu pai possuía uma fazenda pequena voltada para a pecuária leiteira e isso fez com que ele gostasse desde cedo do ambiente no campo. Natural de Governador Valadares, a carreira do médico teve influência direta na aquisição da fazenda. Fez residência em São Paulo e passou uma temporada nos Estados Unidos. Depois de cinco anos fora de Belo Horizonte, há dez anos, já trabalhando como médico na capital mineira, cidade que mora atualmente com a família, foi convidado a montar um 12

MAR | ABR 2011

serviço de hemodinâmica em um hospital em Governador Valadares. Com as vindas frequentes à cidade, esse gosto pela fazenda foi reativado. A chance apareceu em 2001, quando descobriu, que a propriedade onde está localizada a Fazenda Central, estava à venda. Gostou do lugar na primeira visita e uma semana depois o negócio foi fechado. Depois de cinco anos, aproximadamente, outra propriedade foi adquirida: a Fazenda Santa Brígida, com 176 alqueires, localizada no São José do Itapinoa, distrito de Governador Valadares.

Com 180 alqueires, divididos em 47 piquetes, a Fazenda Central vinha de um processo onde ela estava degradada. A propriedade passou por uma reforma e toda a estrutura foi sendo montada: currais, baias, balanças, embarcador, trator. Ela é toda mecanizada e todo ano uma parte da propriedade é recuperada de acordo com a necessidade. Cada uma das divisões tem um cocho com sal e um bebedouro de 1200 litros, onde a água é encanada e distribuída.


Fotos: Lidiane Dias

Carlos Augusto e Clores Jovisa, campeã Novilha Menor Expoagro 2010

A CRIAÇÃO

Criador de gado de corte, já no sétimo ano de criação do gado Nelore, Carlos Augusto começou a trabalhar na seleção dessa raça onde, foi feita na época, a aquisição das primeiras fêmeas. Trinta e seis fêmeas da raça Nelore foram compradas em uma propriedade em Abaeté (MG) e mais 50 vacas Nelore, em Varzelândia, no Norte de Minas. Foi ai que a criação de Nelore teve início. Em homenagem aos seus dois filhos, João Vitor Areas, 13 anos, e Isabela Areas, 11 anos, a criação foi nomeada de Nelore Jovisa. O plantel da Agropecuária Jovisa,

somando as duas propriedades, tem hoje 1470 cabeças, entre gado registrado e comercial. Destas, 900 fêmeas estão em reprodução, sendo que 150 são registradas e 750 fêmeas são cara limpa, destinadas para a produção de bezerro de corte. O restante do gado está entre novilhas e fêmeas retidas para a reposição do plantel. A estação de monta é feita no período das chuvas, de dezembro a março. Novecentas vacas estão em reprodução: 400 fêmeas passaram pela Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e após o 5° dia, o touro é colocado para a fase de repasse. Ela volta para o curral em três ou quatro meses para ser tocada com o ultrassom para avaliar se é filha do touro, da inseminação ou do repasse. Com as outras 500 foi feito o trabalho de monta natural com os touros da fazenda. Os partos ocorrem geralmente nos meses de setembro, outubro e novembro. O trabalho se concentra em determinadas épocas do ano. Onze funcionários trabalham de modo fixo, com carteira assinada, nas duas propriedades: seis na Fazenda Central e cinco na Fazenda Santa Brígida. Em cada uma, dois funcionários são res-

ponsáveis pela lida com o gado. Eles trabalham basicamente, na parte de reprodução, com a avaliação de cio, na inseminação, nas vacas que retornam ao cio, na avaliação do gado que tem que ir numa exposição. Outro ponto são os cuidados com os bezerros, pois a mensuração é enviada para a central de avaliação, desde o peso do bezerro quando ele nasce, o peso de quando ele é desmamado e quando ele chega ao sobreano. Depois da análise desses lotes contemporâneos, o animal entra em venda. Em média, todo ano, 15% das vacas vão para descarte. No ano passado, por exemplo, o índice de prenhez foi de 63% com IATF, porcentagem que subiu para 85% com repasse com touro. As 15% restantes foram eliminadas. As novilhas são desafiadas a emprenhar entre 18 e 24 meses. Já em relação à alimentação, ela é feita basicamente a pasto e sal mineral, como conta Areas. O manejo sanitário é feito através da vacinação de todo o gado. “Nós temos lá a carteira da vacinação, pois cada época do ano tem a vacinação dos machos, das fêmeas, na parte do controle de Brucelose, da vacinação da Aftosa. Esse controle sanitário é rigoroso feito pelo veterinário da fazenda”, informa o cardiologista.

MAR | ABR 2011

13


MELHORAMENTO GENÉTICO

Há seis anos a Fazenda Central começou a participar do Programa de Melhoramento Genético da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Já no PAINT, Programa de Melhoramento Genético de Raças de Corte da CRV Lagoa, através de seleção de gado a pasto, teve início há um ano. As tecnologias utilizadas na fazenda são todas voltadas para o melhoramento genético. Nessa parte de reprodução, a base do gado é de inseminação artificial, acasalamento dirigido, análise da progênie em relação ao peso no nascimento, desmama e no sobreano. As características produtivas também são analisadas: Carcaça, precocidade, musculatura, umbigo e temperamento (CPMUT). No PAINT 500 vacas estão sendo analisadas. O técnico do programa analisa as características fenotípicas da vaca, em termo de carcaça, precocidade e se ela tiver algum defeito de pigmentação, de aprumo, ela é descartada e não entra no programa. É feita uma avaliação genética no rebanho, utilizando como ferramenta de seleção técnica. O acasalamento, com o touro certo de inseminação, é dirigido, feito com as vacas 14

MAR | ABR 2011

que passaram na seleção. “Eu tenho aqui dentro do rebanho, qual que é a melhor vaca. Das 900 eu sei quem é a melhor e quem é a pior. Então eu posso fazer um processo de descarte, descartando as piores. Depois do nascimento é feita toda a análise, não da vaca, mas da progênie, do produto da vaca. Que a melhor vaca para mim não é aquela vaca grande, gorda, é pelo melhor produto que ela dá”, aponta Areas. O cardiologista informa ainda que em Abril dois tourinhos de desmama, retirados com menos de 12 meses, estão indo participar do Centro de Performance CRV Lagoa da Serra, em Sertãozinho (SP), dentro do PAINT. EXPOSIÇÕES

O gado de corte da Nelore Jovisa é vendido no leilão do Nelore na Expoagro, em Governador Valadares. As terças-feiras do evento são destinadas ao núcleo do Nelore, do qual Carlos Augusto Areas faz parte. Em 2010, durante o evento, três animais da Nelore Jovisa foram premiados: duas fêmeas e um macho. O primeiro prêmio na categoria. Esse ano, segundo Areas, a pretensão é levar um lote maior para a exposição em Governador Valadares. Por estar próxima a data, não foi possível participar esse ano de uma exposição no Espírito Santo.

Em maio o gado será levado para a exposição em Curvelo e em agosto para Expogenética, em Uberaba. A PAIXÃO

Mesmo não acompanhando diariamente o trabalho feito na fazenda, Areas diz que acompanha todos os dados e tenta coincidir a ida à fazenda juntamente com os técnicos dos programas de melhoramento. Se ele não está junto, todos os dados são enviados para que possa acompanhar o que acontece. Apostar na raça, antes de tudo, foi por gostar do Nelore. Quando era criança, Carlos Augusto Areas conta que ganhou um livro sobre raças zebuínas e a parte que mais o interessava era a de Nelore. “Sou um apaixonado pela raça nelore, desde menino. É aquela coisa: você abre um livro sobre raças zebuínas, eu só abria o nelore, só gostava do nelore. Eu tenho essas propriedades por gostar e não por ter meramente como negócio”, expressa. Para ele, os criadores da raça fizeram um grande trabalho de melhoramento ao longo dos anos. “Hoje sou um aproveitador da genética desse pessoal”. Nos Feriados ele tem a oportunidade de desfrutar a propriedade junto com a família.


SÍTIO PIRAPETINGA, PROPRIEDADE MODELO NO PROGRAMA MINAS LEITE EM COROACI

Fotos: Andressa Tameirão

DIA DE CAMPO

Produtor Familiar

Constituída por seis integrantes, a família Silva que ilustra essa história tem um papel importante na região Leste de Minas. Em setembro de 2009, o Sítio Pirapetinga, propriedade que pertence à família, situada a 13 km de Coroaci, começou a fazer parte do Programa Minas Leite, coordenado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) e executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG). Assim, a família é uma das 12 que fazem parte do programa na regional de Coroaci, onde são trabalhadas tecnologias de menor custo e que tenha um resultado mais rápido possível para o produtor. Recebido o sítio como herança de seu pai, Helenita Maria de Jesus e Silva passou aos cuidados de seu filho, Marciano Geraldo da Silva, 28 anos, a responsabilidade de cuidar da propriedade. Os trabalhos executados no sítio se dividem entre Marciano Geraldo, seu pai Geraldo Guiroga da Silva e o restante da família. A forma de subsistência é a produção leiteira de gado mestiço. Depois da ordenha, duas por dia, o leite é deixado no tanque de resfriamento comunitário de 1800 litros, compartilhado por 12 produtores.

Marciano Geraldo conta que mesmo tendo morado sempre no sítio e sendo seu avô produtor de leite, ele não se interessava pelo negócio até seus dez anos. Depois da morte de seu tio em um acidente, ele que alavancava o negócio da família, a produção desestruturou. Com 12 anos, Marciano começou a ajudar no trabalho, a tirar leite e pegou gosto pelo negócio. A propriedade tem 34 hectares, uma área de pastagem de 28,5 hectares e o plantel é composto por 46 animais. A divisão utilizada é em mangas e na propriedade possuem nove. A topografia não permitiu que a divisão fosse em piquetes, mas é feita uma rotação nessas mangas, fora do sistema intensivo. A preocupação com o melhoramento genético faz parte do dia-a-dia da família. Um botijão de sêmen foi adquirido em 2005 e Marciano Geraldo faz a inseminação em todas as vacas do rebanho do Sítio Pirapetinga. O extensionista agropecuário da EMATER-MG em Coroaci, Clésio Peixoto de Melo, que atende a propriedade, informou que a meta de Marciano Geraldo é chegar a 100 litros/dia. Mais que isso não compensa porque ele teria que MAR | ABR 2011

15


contratar um funcionário para ajudá-lo no serviço. No início do programa a produção do sítio estava em 40 litros/dia, com 42 animais e 12 vacas em lactação. Aproximadamente 3,3 litros/dia/vaca. Em fevereiro desse ano, 12 vacas estavam em lactação, mas só nove foram pesadas, tendo uma produção total de 75,25 litros/dia. Rentabilidade R$ 0,62. A alimentação é feita a pasto. O gado é preso durante o dia para que os animais se alimentem de braquiária na parte de cima do sítio. À noite os animais são soltos para pastarem na parte mais baixa da propriedade. O concentrado de cana com ureia só é ministrado de acordo com a produção. A mineralização forçada foi uma das intervenção as vacas começaram a ciclar mais rápido. A carência de mineral para a manutenção do próprio organismo fazia com que isso se refletisse na produção de leite. O mineral era colocado junto com o concentrado fazendo com que elas ciclassem mais rápido. “Ele vai colher os frutos agora. A gente não chega lá e manda o que ele vai fazer. Isso tudo é uma troca. Ele leva a demanda, a gente conversa, dialoga e chega a uma conclusão”, explica a extensionista.

Geraldo da Silva, Helenita de Jesus e Silva e Marciano da Silva 16

MAR | ABR 2011

Marciano Geraldo informa que tomou conhecimento do Minas Leite no início de 2009. Ele pretendia fazer parte de outro programa. Mas, por não estar dando certo na região, ele foi apresentado ao Minas Leite. Em setembro de 2009 o programa foi implantado na fazenda. A área foi dividida em mangas e a cerca elétrica, como já tinha, só foi reposicionada. Pela necessidade do alimento para o gado, foi implantado também, o sistema de irrigação, para o plantio da cana, nas partes mais baixas. No dia 16 de fevereiro deste ano, os coordenadores do programa pela SEAPA, Rodrigo Puccini Venturin e pela EMATER-MG, Feliciano Nogueira, juntamente com outros extensionistas da EMATER-MG e lideranças municipais de Coroaci, estiveram no Sítio Pirapetinga realizando um Dia de Campo para conhecerem a propriedade e ver como o Minas Leite está sendo executado. O MINAS LEITE Em 2010 o trabalho desenvolvido no Estado atingiu 600 propriedades. Para esse ano, objetiva-se atingir 1000 pequenas fazendas produtoras de leite. Nas regiões de Governador Valadares, Guanhães e Ipatinga, 60 fazendas participam do Minas Leite. O Dia de Campo fez parte do 2° Circuito Minas Leite no Estado, visando à ampliação do programa. A metodologia parte de uma proposta baseada na produção de leite a pasto com gado mestiço, realidade dos produtores familiares. Assim, tem-se privilegiado alguns pontos que são chamados de pontos prioritários, no manejo voltado com o cuidado da gestão e da introdução de tecnologias. “Trabalhamos um ponto bastante enfático que é a questão da gestão. O registro, o controle de anotações, o controle de tudo que se passa na propriedade; um controle com registro do pasto, controle do manejo reprodutivo do rebanho, um inventário de toda a propriedade, dos animais que existem. Depois partimos para o fluxo de caixa que é aquele que vai sinalizar a rentabilidade da atividade”, aborda Feliciano Nogueira.


Foto: Andressa Tameirão

Quatro preceitos são seguidos: a propriedade precisa ser de produtores familiares, que o produtor seja receptivo, que ele esteja apto a anotar as informações e repassar para o técnico e que seja uma pessoa entusiasta. “O relevante do programa é que as informações que vão ser geradas irão proporcionar não só ao produtor, mas também a região, a tomar decisões direcionadas até para um ganho comum”, aponta Rodrigo Venturin. Assim o diagnóstico para ver se o produtor tem o perfil do programa é feito para levantar às informações da fazenda, vendo o tamanho da área, a produção atual do produtor, a parte sanitária, a produção de volumoso e o cadastro de informações. Com isso, as metas são traçadas. O fator nutricional é um dos problemas reprodutivos na maioria dos casos. O que aconteceu com a propriedade de Marciano, diagnosticado pelos extensionistas e adotada a mineralização forçada para reverter o quadro. A estratégia adotada em todos é intervir na questão nutricional. Possibilitando assim, uma disponibilidade de alimento o ano todo, de maneira regrada, mas mantendo o animal bem nutrido para aumentar a eficiência reprodutiva. A qualificação da gestão é a busca do programa, estabelecendo estratégias no manejo diário e ampliando o número de animais em produção. O Minas Leite, diferente de outros programas, se adapta a realidade do produtor familiar. “Depois do programa a gente aprendeu muito como baixar custo numa coisa ou outra, para melhorar a produção”, avalia Marciano Geraldo.

Fátima Saulytis, Marciano da Silva e Clésio Peixoto

MAR | ABR 2011

17


SAÚDE ANIMAL

Importância e Impacto das Mastites por Marcelo Cabral

Médico Veterinário

Fonte: Adaptado de Intervet Schering-Plough Animal Health (www.intervet.com.br)

Foto 01: Ordenhadeira mecânica

O leite é um produto importante em todos os países do mundo. Além do alto valor nutritivo, o leite e seus derivados participam na geração de renda de muitos países, gera empregos diretos e indiretos e contribui com a redução da migração de pessoas do meio rural para os centros urbanos, sendo que, vários fatores influenciam a atividade de produção de leite no Brasil, entre eles, os problemas sanitários. Dentre os problemas sanitários que aparecem na Bovinocultura de leite, as doenças infecto-contagiosas são talvez as mais importantes, sendo a mastite a mais preocupante. A Mastite ou mamite é uma enfermidade da glândula mamária, que se caracteriza por processo inflamatório, quase sempre decorrente da presença de microorganismos infecciosos, interferindo diretamente na função do órgão, uma vez que uma vaca com mastite tem a sua produtividade de leite diminuída, podendo chegar ao nível de perda entre 15 e 20 % em relação à produção láctea normal. As mastites interferem também na qualidade do leite, observando-se teores menores de açúcares, proteínas e minerais como a lactose, caseína, gordura, cálcio, fósforo e um aumento significativo de imunoglobulinas, cloretos e lipases, ficando o leite impossibilitado de ser consumido e utilizado para fabricação de seus derivados como iogurtes, queijo etc., sem considerar os prejuízos causados pela condenação do leite na plataforma da usina. Podemos citar como principais causas de mastite as seguintes situações fisiológicas, infecciosas, metabólicas e traumas. Um fator extremamente importante como causador de 18

MAR | ABR 2011

Foto 02: Mastite clínica aguda

mastites são as falhas de assepsia (limpeza) durante o processo de ordenha como contaminação das mãos do ordenhador, problemas com ordenhadeiras mecânicas (foto 01), vasilhames contaminados, contaminação ambiental etc. As mastites infecciosas são importantes porque podem evoluir para casos de septicemia e não para curas espontâneas. Mastites são classificadas em: • Mastites clínicas • Mastites subclínicas • Mastites agudas • Mastites crônicas As mastites clínicas normalmente são causadas por bactérias ambientais, causam infecções de curta duração, quando comparadas a outros agentes contagiosos mais frequentes. Os agentes bacterianos mais frequentes são altamente contagiosos, pois a própria vaca é a fonte de infecção. São o Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e Corynebacterium bovis, Escherichia coli, Enterobacter sp, Klebsiella sp e outros. As mastites subclínicas são as mais importantes, pois se estima que, para cada vaca com mastite clínica, existam nove com mastite subclínica e são as que causam mais prejuízos ao criador, pois diminuem a produção total do leite. SINTOMAS

A sintomatologia principal de uma mastite é a interferência na produção de leite, podendo ser total ou parcial, de acordo com o grau de infecção:


Mastite subclínica Caracteriza-se pela redução na produção total e pela alteração na composição do leite, sem que haja sinais de processos inflamatórios ou fibrosamento. Mastite clínica aguda ou Mastite aguda (foto 02) Apresentam sintomas de um processo inflamatório inicial, como dor, calor e rubor com alterações da característica do leite. Mastite clínica crônica ou Mastite crônica Há uma redução significativa na produção de leite, ausência de sinais de processo inflamatório, ocorrendo alterações na qualidade do leite e um intenso processo de fibrosamento. DIAGNÓSTICO

Os métodos mais utilizados para diagnóstico de uma infecção mamária são as seguintes: Teste da caneca de fundo escuro (foto 03) O processo consiste no exame em uma bandeja de fundo escuro, dos primeiros jatos de leite antes da ordenha, em que se busca a presença de resíduos como grumos, filamentos, coágulos, pus e sangue. Este teste é usado para a observação da ocorrência da mastite clínica. Método pelo uso do CMT (California Mastitis Test) Ele baseia-se no aumento de células somáticas presentes no leite que reagem com o reativo, um detergente aniônico aumentando a viscosidade deste leite. • Observação - Quando não se observa grumos no teste da caneca, alterações no úbere, mas é CMT positivo, a mastite é denominada subclínica. PROFILAXIA

Deve-se colocar em prática um simples e eficaz programa de controle que se baseia em 06 pontos: Programa de 06 pontos 1. Adequada Rotina de Ordenha; • Teste da Caneca; • Aplicação do Desinfetante (pré-dipping); • Ordenha do Leite; • Aplicação do desinfetante (pós-dipping). 2. Regulagem e Funcionamento do Equipamento; 3. Tratamento Imediato dos Casos Clínicos; 4. Terapia de Vacas Secas; 5. Descarte de Vacas Crônicas; 6. Proporcionar Ambiente Adequado. Uma nutrição inadequada, com uma dieta desbalanceada, pode tornar as vacas mais suscetíveis a uma infecção da glândula mamária, sendo de fundamental importância uma correta suplementação mineral.

TRATAMENTO

Um processo terapêutico contra as mastites deve ser sempre acompanhado por um Médico Veterinário que tenha conhecimento de produtos específicos para cada período (como tratamentos de vacas secas e em lactação), de práticas de higiene e manejo, bem como de processos de ordenha (limpeza de salas de ordenha, equipamentos, ordenhador, etc.). A terapia mais indicada no controle das mastites é o esgotamento frequente e total do quarto infectado, acompanhado pela infusão intramamária de um antibiótico, podendo utilizar-se a ocitocina como coadjuvante. Nas infecções crônicas, principalmente as causadas por Staphylococcus aureus, o uso de uma antibioticoterapia sistêmica e intramamária combinadas, aumentam as chances de um sucesso terapêutico, principalmente se esta for feita com antibióticos específicos, de largo espectro e que tenham uma duração longa, com alta biodisponibilidade sanguínea. Contudo, em certos casos de mastite crônica, deve-se avaliar a possibilidade de eliminar o animal do plantel para que não sirva como fonte de contaminação para outros animais. O tratamento de uma mastite subclínica durante a lactação é indicado somente naqueles casos em que o produtor se sinta ameaçado de uma possível perda do mercado, devido à alta porcentagem de vacas infectadas, sendo que a maneira ideal de atacar e controlar a mastite subclínica é através da correta secagem das vacas e o uso de antibióticos próprios para este período, pois eles curam e previnem as infecções entre a secagem e o parto. O procedimento terapêutico correto para vacas secas é o tratamento de todos os quartos de todas as vacas do plantel, depois da última ordenha da lactação, sendo uma medida muito segura na prevenção das mastites, devendo-se sempre observar e respeitar o período de carência de cada produto e descartar o leite dos animais tratados durante este período. O comprometimento de todos e a execução fiel das recomendações do médico veterinário, garantirão a qualidade do leite para o consumidor e uma melhor remuneração do produto, resultando em sucesso na atividade.

Foto 03: Teste da caneca de fundo escuro

MAR | ABR 2011

19


CADERNO TÉCNICO

Valores nutricionais do farelo de girassol para animais monogástricos WAGNER AZIS GARCIA DE ARAÚJO ¹, HORÁCIO SANTIAGO ROSTAGNO ¹, LUIZ FERNANDO TEIXEIRA ALBINO ¹, NILVA KAZUE SAKOMURA ² 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA | 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - JABOTICABAL

O milho e o farelo de soja têm sido os principais ingredientes usados na alimentação dos monogástricos, por isso eles são considerados os ingredientes padrões para comparações entre o valor nutricional de alimentos protéicos e energéticos (Bellaver, 2004; Ferreira et al., 2007). A alimentação de suínos e aves sustenta-se basicamente nestes dois ingredientes. Sabe-se que a maioria dos ingredientes substitutos de milho e farelo de soja é nutricionalmente pior que estes. Não se sabe, porém, até que ponto o prejuízo dos animais submetidos às dietas com estes substitutos pode ser suportado economicamente. O milho pode ser responsável por grande parte do custo de produção da indústria avícola (Helfand & Rezende, 1998). Entretanto, devido às novas políticas internacionais de incentivo aos combustíveis renováveis, haverá o redirecionamento de parte da produção desta “commodity” para a produção de etanol, elevando o valor de suas cotações internacionais. Portanto, a utilização de ingredientes alternativos na alimentação de aves e suínos tem despertado interesse, sendo necessária a realização de pesquisas sobre o tema a fim de gerar informações sobre alternativas econômicas. 20

MAR | ABR 2011

A política federal de incentivo à geração de energia renovável tem levado à expansão do cultivo de girassol. Sob esta nova conjuntura, haverá a disponibilidade de subprodutos decorrentes da extração do óleo. Desta maneira o preço destes subprodutos seria reduzido, se eles forem disponibilizados em excesso no mercado, trazendo vantagens para utilização destes na alimentação animal. Segundo Bett et al. (2004) 42,8% do grão de girassol é constituído de extrato etéreo (EE), em sua maioria óleo. Dorrel & Vick (1997) reportaram sobre os principais processos utilizados na extração do óleo em sementes de girassol: 1) extração de óleo por prensagem mecânica; 2) extração de óleo por pré-prensagem e solvente; e 3) extração por solvente. Existe grande variabilidade na composição do farelo de girassol na literatura, esta diferença gera impacto sobre o desempenho dos animais, quando este é utilizado como alimento. Um dos principais fatores influenciadores é o da fibra, estando esta inversamente proporcional ao conteúdo de energia e aminoácidos digestíveis do farelo de girassol. O tipo de processamento utilizado para a extração do óleo tem influên-

cia sobre o produto final. A extração pode ser apenas por esmagamento, ou, adicionalmente ao esmagamento, com utilização de solvente “a frio” ou em alta temperatura. O farelo obtido por esmagamento contém mais óleo e fibra e menores quantidades de proteína bruta do que o farelo obtido através de extração por solvente. E quanto maior a temperatura de processamento, maior a quantidade de óleo extraído, influenciando na composição final. O conteúdo de energia e a concentração de proteína do girassol variam em função da quantidade de casca presente. Novas variedades de girassol contendo menos casca e também a remoção da casca (decorticação), antes do processo de separação e depois do processo de extração, têm produzido farelos de melhor qualidade nutricional e com elevados conteúdos de proteína. O processo mecânico de extração de óleo (a frio), com menor eficiência, gera um produto com média de 18,0% de óleo na matéria seca denominado torta de girassol. Já a utilização do solvente (hexano) num processo à quente, resultando no farelo de girassol, gera um produto com média de 1,5% de extrato etéreo na matéria seca (Oliveira, 2003).


Foto divulgação

A extração em pequena escala do óleo de girassol com prensa mecânica é uma opção econômica para as pequenas propriedades (Costa et al., 2005). Uma das possibilidades de plantio do girassol é como cultura na época da safrinha, sendo uma boa alternativa para a agricultura familiar com pouca área disponível (Sluszz & Machado, 2006). Estas características tornam a cultura do girassol, e o aproveitamento do farelo, alternativas para os pequenos produtores brasileiros. Entretanto estudos a respeito da utilização do farelo de girassol na alimentação de aves e suínos ainda são muito escassos, sendo necessária a realização de mais pesquisas a fim de elucidar com maior clareza o real valor nutricional deste alimento para estes animais. TABELA 1 - COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO FARELO DE GIRASSOL OBTIDO ATRAVÉS DE EXTRAÇÃO POR SOLVENTE OU POR ESMAGAMENTO COMPONENTES Umidade, % Proteína bruta, % Fibra bruta, % Extrato etéro, % Matéria mineral, % Ca, % P total, % Mg, % K, % Mn, ppm

TIPO DE PROCESSAMENTO ESMAGAMENTO

SOLVENTE

7,00 41,00 13,00 7,60 6,80 0,43 1,08 1,00 1,08 13,00

7,00 46,08 11,00 2,90 7,70 0,43 1,08 1,00 1,08 13,00

Fonte: Pond & Maner (1984)

TABELA 2 - COMPOSIÇÃO DO FARELO DE GIRASSOL COM OU SEM CASCA COMPOSIÇÕES

SEM CASCA (%)

COM CASCA (%)

Umidade, % Proteína bruta, % Fibra, % Fósforo disponível, % Cálcio, % Arginina, % Fenilalanina, % Isoleucina, % Leucina, % Lisina, % Metionina, % Cisteína, % Tirosina, % Treonina, % Triptofano, % Valina, %

7,00 45,40 12,20 0,16 0,37 2,93 1,66 1,44 2,31 1,20 0,82 0,66 1,03 1,33 0,44 1,74

10,00 32,00 24,00 0,14 0,31 2,38 1,23 1,29 1,86 1,01 0,59 0,48 0,76 1,04 0,38 1,49

Referências Bibliográficas

BELLAVER, C. Utilização de grãos na produção de carne suína de qualidade. Revista Porkworld, n.19, p.44-46, 2004. BETT, V.; OLIVEIRA, M.S.; SOARES, W.V.B.; BERTOCCO, J.M. Digestibilidade in vitro e degradabilidade in situ de Diferentes variedades de grãos de girassol (Helianthus annuus L.). Acta Scientiarum, v. 26, n. 4, p.513-519, 2004. COSTA, M.C.R.; SILVA, C.A.; PINHEIRO, J.W. et al. Utilização da torta de girassol na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação: Efeitos no desempenho e nas características de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1581-1588, 2005. DORRELL, G.; VICK, A., Properties and processing of oilseed sunflower. In: SCHNEITER, A.A. (ed.), Sunflower Technology and Production. Agronomy, Madison, Wisconsin, USA, p.709-745, 1997. FERREIRA, A.S.; ARAÚJO, W.A.G.; SILVA, B.A.N. et al. Nutrição e manejo da alimentação de porcas na gestação e lactação em momentos críticos. In: VII Seminário de Aves e Suínos – Avesui, 2007, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, p.71-95, 2007. HELFAND, S.M.; REZENDE, G.C. Mudanças na distribuição espacial da produção de grãos, aves e suínos no brasil: o papel do centro-oeste, 1998. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/pub/td/1998/ td_0611.pdf 1998, 37 p. Acesso em maio 2010. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of poultry, Washington, D.C.: National Academy Press, 9th revised ed., 1994. OLIVEIRA, M.D.S. Torta da prensagem a frio na alimentação de bovinos. In: Simpósio Nacional XV Reunião Nacional da Cultura de Girassol, 3., 2003, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto, 2003. POND, W.G.; MANER, J.H. Swine production and nutrition. AVI Pub. Co. Inc. Westport, Connecticut, 1984. p.469-473. SLUSZZ,T.; MACHADO, J.A.D. Características das Potenciais Culturas e Matérias Primas do Biodiesel e sua Adoção pela Agricultura Familiar. Disponível em: http://paginas.agr.unicamp.br/ energia/agre2006/pdf/50.pdf 2006, 10p.Acesso em 10/02/2008.

Fonte: NRC (1994)

MAR | ABR 2011

21


FORRAGICULTURA

Recuperação de pastagens degradadas Humberto Luiz Wernersbach Filho

Zootecnista MSc / Supervisor de Pesquisa Fertilizantes Heringer S/A

O rebanho bovino brasileiro tem nas pastagens tropicais a base principal da sua alimentação. O Brasil possui aproximadamente 170 milhões de hectares de pastagens, sendo que em torno de 100 milhões são de pastagens cultivadas e 70 milhões de hectares são de pastagens nativas (IBGE, 2005). Diversas são as estimativas, tornando-se difícil afirmar o número exato, mas diversos pesquisadores e técnicos relatam que mais de 50% das pastagens cultivadas no país sofrem algum processo de degradação. Utilizando-se um valor de 50%, tem-se um número em torno de 50 milhões de hectares de pastagens degradadas. Fazendo-se um paralelo com a agricultura, cuja área agrícola (somando-se todas as culturas anuais e perenes) é de aproximadamente 60 milhões de hectares, conclui-se que o Brasil tem, em área degradada de pastagens, o equivalente à área utilizada atualmente para agricultura. Dado esse que prejudica e deprecia os índices pecuários, por isso, tratar o pasto como cultura é peça chave para a mudança desse cenário.

cuarista na tomada de decisão em relação às ações de manejo que serão dadas em uma área de pastagem degradada. Diversas são as causas da degradação da pastagem, dentre elas pode-se citar: - Manejo incorreto; - Má formação; - Baixa Fertilidade Natural de Solo. De acordo com Macedo (2002), a degradação da pastagem possui três fases, que são (figura 01): 1) Fase de manutenção: É o início da degradação, onde a pastagem começa a perder em vigor e produtividade e, consequentemente, o ganho por animal. Nessa fase, com melhorias de manejo e adubação de recuperação, a pastagem torna-se produtiva novamente. É a fase de menor custo para recuperação. 2) Fase de degradação da pastagem: a forrageira perde em produtividade e qualidade, ocorre aparecimento de invasoras, pragas e doenças, ocorrendo morte e comprometimento do “stand”. Nessa fase, além das medidas sugeridas na fase anterior, tem-se a necessiEntendendo o Processo de degradação da pastagem dade de se fazer um novo plantio. É a fase de custo Entender o processo de degradação auxilia o pe- intermediário para recuperação.

Figura 01 – Etapas da degradação da pastagem segundo Macedo (2001).

22

MAR | ABR 2011


3) Fase de degradação do solo: Nessa última fase, ocorre compactação excessiva e erosão. Nesse momento, além de todas as operações da segunda fase, é necessária, também, a recuperação da condição física do solo. É a pior etapa, onde o custo é mais elevado em comparação às outras fases.

Recuperar ou reformar?

A recuperação de pastagens apresenta diversas vantagens sobre a reforma, pois a pastagem já está implantada. Portanto, de maneira geral, possui menor risco, maior velocidade de retorno e menor custo devido ao menor número de operações (tabela 01). Contudo, nem sempre é possível recuperar a pastagem em toda sua extensão, devido aos diferentes graus de degradação existentes numa fazenda. É necessário, portanto, fazer um diagnóstico detalhado da área para se identificar quais estratégias serão utilizadas.

TABELA 1 - ESTIMATIVA POR HECTARE DE CUSTOS PARA REFORMA E RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS ITEM* Calagem Aplicação do Calcário Gr. Pesada Gr. Intermediária Adubação de Plantio Adubação de Cobertura Aplicação de Fertilizantes Sementes ** Plantio Cobrimento de Sementes

TOTAIS (R$/ha)

REFORMA

UD Quant.

T Vb. Vb. Vb. Kg Kg Vb. Kg Vb. Vb.

R$/Ud

RECUPERAÇÃO R$

Quant.

R$/Ud

R$

60,00 120,00 2,0 2,0 35,00 35,00 1,0 1,0 1,0 110,00 110,00 90,00 90,00 1,0 350,0 0,90 0,90 400,0 35,00 35,00 1,0 1,0 12,0 18,00 216,00 25,00 1,0 25,00 25,00 25,00 1,0 -

60,00 35,00 1,00 35,00 -

120,00 35,00 428,00 35,00 -

971,00

618,00

Nota: * - considerando um solo de baixa fertilidade natural para região de Governador Valadares – MG e desconsiderando a necessidade de se usar herbicidas em ambos os casos. ** - Sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu com 50 % de valor cultural. ***- Preços cotados em fevereiro de 2011.

Diagnóstico da Pastagem

O Diagnóstico da Pastagem visa identificar as áreas que serão reformadas ou recuperadas. Deverá ser feito o diagnóstico das áreas que poderão ser intensificadas e aquelas em que o manejo inicial será um período de descanso. Essa estratégia visa utilizar os recursos disponíveis (capital, equipamentos, mão-de-obra, etc.) de forma racional e facilitar o manejo do rebanho dentro da fazenda. Uma ferramenta para se fazer o diagnóstico é ilustrada na tabela 02.

MAR | ABR 2011

23


TABELA 02 - CRITÉRIOS PARA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS. REFORMA

RECUPERAÇÃO

Áreas com ausência de plantas da pastagem de interesse menores que dois metros quadrados.

Áreas com solo exposto ou coberto por plantas daninhas são maiores que dois metros quadrados.

Existe pelo menos uma touceira por metro quadrado para colonião ou capim elefante.

Em vários locais da pastagem encontra-se área de um metro quadrada com ausência de plantas da pastagem de interesse.

Existem pelo menos duas touceiras para as braquiárias.

Quando há necessidade de se trocar a espécie forrageira por motivos de ataque de pragas e doenças.

Fonte: Adaptado de Oliveira (2007)

de plantio deverão ser observadas para que a pastagem Conforme dito anteriormente, nem toda pastagem é recém implantada possa ter longevidade de produção. passível de recuperação, devendo ser adotada uma boa Bibliografia Complementar reforma da área. Observar as boas práticas agronômiIBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo cas, corrigir a fertilidade de solo e, sobretudo, escolher uma espécie forrageira adaptada àquela condição de Agropecuário 2006. In: http://www.ibge.gov.br/home/estatistimanejo, são práticas fundamentais para alcançar a lon- ca/economia/agropecuaria/censoagro/brasil_2006/Brasil_censoagro2006.pdf . Acessado dia 01/11/09. gevidade dos pastos. Manejo das áreas a serem reformadas

Manejo das áreas a serem recuperadas

Quanto melhor a condição do pasto, mais rapidamente ele irá responder à recuperação. Por isso, a recuperação via utilização de corretivos e fertilizantes deverá ser iniciada nas melhores áreas das fazendas. Já nas piores áreas, o primeiro manejo realizado será o descanso da pastagem, pois assim a planta poderá recuperar seu sistema radicular e parte aérea. Com isso, será possível aumentar a produção de palhada sobre o solo, protegendo-o e conseguindo assim melhorar os processos microbiológicos que estão ligados à fertilidade. Considerações Finais

O diagnóstico preciso da pastagem é a principal ferramenta para se identificar qual a ação de maior rentabilidade para o Pecuarista. A recuperação direta da pastagem apresenta vantagens sobre a reforma, no entanto, nem toda pastagem poderá ser recuperada e, nesse caso, a reforma entra como a principal alternativa. As boas práticas 24

MAR | ABR 2011

OLIVEIRA, P. P. A.; OLIVEIRA, W. S.; TRIVELIN, P. C. O.; CORSI, M. Uso de calagem na recuperação de uma pastagem de colonião (panicum maximum). In: 5º ENCONTRO CIENTÍFICO DOS PÓS-GRADUANDOS DO CENA/USP. Piracicaba, 1999. P. 70. OLIVEIRA, P. P. A. Recuperação e reforma de pastagens. In: PEDREIRA, C. G. S.; MOURA, J. C.; SILVA, S. C. da. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 24, Piracicaba, 2007. Anais...Piracicaba: Fealq, 2007a. p. 39-73 OLIVEIRA, P. P. A.; TRIVELIN, P. C. O.; OLIVEIRA, W. S.; CORSI, M. Efeito residual de fertilizantes fosfatados solúveis na recuperação de pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu em Neossolo Quartzarênico. Rev. Bras. Zootec., 2007b, vol.36, no.6, p.1715-1728. ISSN 1516-3598. SILVA, E. M. B. da. Nitrogênio e enxofre na recuperação de pastagem de Capim-braquiária em degradação em neossolo quartzarênico com expressiva matéria orgânica. Tese (doutorado). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2005.


CADA TIPO DE SOLO APRESENTA UMA CARACTERÍSTICA DIFERENCIADA EM RELAÇÃO AOS RISCOS DE EROSÃO. FATOR IMPORTANTE QUE PRECISA SER CONSIDERADO PARA A CONSTRUÇÃO DAS ESTRADAS por Alexandre Sylvio

Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio ambiente; Coordenador do Curso de Agronomia da Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br

Foto Divulgação

AGROVISÃO

Os taludes das estradas

Diversas regiões do país, principalmente o Estado de Minas Gerais, apresentam relevo ondulado com extensas cadeias de morros e montanhas. As estradas federais e estaduais construídas nestas regiões acompanham este relevo, algumas vezes contornando estas topografias acidentadas e outras passando no seu interior, através de cortes no solo e até mesmo nas rochas, de modo a atender às necessidades dos cálculos da engenharia. Apesar dos elevados custos para construção das rodovias nestas condições, pouco ou quase nada é feito na conservação do solo e das rochas, que ficam expostas após a conclusão da obra. Atualmente, é realizada a hidrossemeadura, técnica para revegetação de encostas de baixo custo adotada pelas construtoras,

mas de baixa eficiência. A técnica é utilizada sem a caracterização química e física do solo, pontos primordiais para o estabelecimento das plantas no local. Os adubos, corretivos e sementes são misturados em grandes tanques de caminhões que são aspergidos sob pressão na encosta onde, previamente, são preparadas as covas de pouca profundidade. Alguns adubos e corretivos não podem ser misturados e aplicados no mesmo momento, pois reagem e os elementos minerais não ficam disponíveis para as plantas. Algumas encostas apresentam elevado grau de adensamento e compactação do solo, o que dificulta e, até mesmo, impede o crescimento das raízes da maioria das plantas que não conseguem se desenvolver eficientemente e mor-

rem com o tempo. A recuperação das encostas, após a construção das estradas, apresenta importância secundária, levando em conta os recursos que são destinados para esta atividade em relação ao montante contratado para a construção e manutenção das estradas. Para as empresas responsáveis pelas obras, a prioridade está no asfalto e nas suas obras agregadas como canaletas, drenos, compactação, ou seja, tudo que envolve a estrada em si. A parte vegetativa de contenção das encostas é apenas um mero coadjuvante de uma obra maior. Mas, quem viaja de carro, ônibus ou caminhão percebe que não apenas os buracos nas estradas podem trazer grandes transtornos, mas também as barreiras. Muitas vezes, chuvas de baixa intensidade são o suficiente MAR | ABR 2011

25


Foto Divulgação

26

MAR | ABR 2011

Foto Divulgação

para bloquear parte ou totalmente uma estrada através da queda do solo da parte superior das encostas ou da parte inferior, que carrega para o fundo dos vales não apenas solo, mas alguns veículos também. Existem diversos tipos de solos, cada um com suas características de textura, estrutura, porosidade, nutrientes, densidade, tipo de material original, profundidade, etc. Solos como os Argissolos, Latossolos, Cambissolos e outros apresentam características bastante diferenciadas em relação aos riscos de erosão, fatores que não são considerados quando se fazem os cortes nas encostas durante a construção das estradas. Existem diferenças até entre as rochas. Algumas rochas são mais frágeis e sofrem muito com a ação do ambiente como chuva, temperaturas elevadas, ventos, etc. Estas rochas se fragmentam facilmente ocasionando quedas de grandes blocos nas pistas. Durante as chuvas, alguns barrancos são erodidos de forma gradativa liberando apenas as partículas minerais ou pequenos agregados. Este material desce pela encosta e se acumula na pista podendo causar acidentes graves, pois o motorista pode perder o controle ao passar sobre este tipo de material que, em pista molhada, torna o trecho escorregadio. Isto acontece porque o solo não apresenta estrutura estável comum nos solos mais argilosos. Outros solos apresentam estruturas chamadas de blocos ou prismas. Durante a erosão promovida pelas chuvas ocorrem quedas de grandes blocos de solo, semelhante aos blocos de rocha, podendo até mesmo interditar as pistas. Estes grandes blocos são firmes e estruturados pelas argilas. Outros solos, comuns nas regiões serranas do país, são rasos e chamados de Regossolos. Este tipo de solo apresenta um perfil que geralmente não passa de 1,5 m, com o surgimento da rocha logo em seguida. Nestes casos, mesmo a presença das matas e da cobertura vegetal pode não ser o suficiente, pois não existe um sistema de continuidade com a rocha tornando o solo muito suscetível à erosão, principalmente quando está satu-

rado de água, onde o seu peso aumenta significativamente. Nestes casos, técnicas mecânicas de contenção como a construção de gabiões e muros de contenção são necessários, pois apenas a vegetação não é capaz de conter o deslocamento do solo. As técnicas e o manejo de recuperação de áreas agrícolas e encostas de morros que sofreram o desmatamento, na maioria dos casos, não se enquadram na recuperação de cortes de morros realizados para construção de estradas, devido ao processo diferenciado de degradação a que o solo é submetido. A inclinação mais acentuada, expondo as camadas do perfil do solo, torna necessária a criação de um sistema de manejo próprio para a recuperação das estradas. A determinação de um sistema de manejo de contenção das encostas das estradas seria de grande importância para o país. Durante o período das chuvas, as quedas de barreiras nas rodovias comprometem a economia de uma região, pois os caminhões ficam retidos na estrada ou são obrigados a passar por longos desvios. A demora e o aumento do percurso podem comprometer a qualidade da carga, principalmente de produtos muito perecíveis como as olerícolas e aumentar os custos de transporte, tornando o produto mais caro para o consumidor. Os desmoronamentos de terra, frequentes no período das chuvas, comprometem também a segurança dos usuários da estrada, aumentando os riscos de acidentes. Os custos do Departamento de Estradas e Rodagens para recuperação destas vias expressas também são elevados, pois frequentemente torna-se necessário o deslocamento de máquinas e trabalhadores para a desobstrução e recuperação de trechos das rodovias que são destruídos pelos desmoronamentos, verbas que poderiam ser destinadas para outras frentes como a pavimentação das rodovias, melhorias na sinalização, etc. Verificamos que, cada caso é um caso, ou seja, cada região e cada tipo de solo devem ser avaliados, individualmente, para que se possa tomar as medidas corretas de contenção destas encostas.


SUSTENTABILIDADE

Foto Divulgação

Limpa Brasil Let’s do it! CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE NA RETIRADA DO LIXO DAS RUAS

Com o aumento da produção de lixo pelo mundo afora, as atitudes ecologicamente corretas vem seguindo a mesma direção. Para tentar diminuir e corrigir esse crescimento da produção de lixo, inspirados pelo Let’s do it World criado na Estônia, em parceria com a UNESCO, a empresa Atitude Brasil trouxe para o país o projeto Limpa Brasil Let’s do it!. O movimento tem o objetivo de unir a sociedade para reverter o descaso com o meio ambiente e a cultura de jogar lixo fora do lixo, com a proposta de criar mutirões de limpeza para a retirada do lixo das ruas. O Limpa Brasil Let’s do it! foi lançado no país em maio de 2010, no Rio de Janeiro, durante o III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Na primeira etapa do projeto estão incluídas 14 cidades brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Guarulhos, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. O Rio de Janeiro será a primeira cidade a receber o mutirão da limpeza, que acontecerá nos dias 04 e 05 de junho no Rio de Janeiro e em Brasília simultaneamente. O critério adotado para a escolha dessas cidades foi de acordo com o tamanho da população, escolhendo-se os locais com mais de 1 milhão de habitantes. O projeto terá duração de dez anos no Brasil, devido à extensão territorial, acontecen-

do a cada dois anos, a partir deste ano. A ideia de se criar um programa, que contasse com a participação da população, surgiu devido à dimensão territorial do Brasil, além de criar uma conscientização e uma mobilização popular. “Não basta tirar o lixo das ruas, se as pessoas voltarem a descartar tudo o que não querem de maneira negligente, sem se preocupar com as consequências desse tipo de atitude. Se as pessoas não saírem de suas casas para conhecer a situação em que se encontram suas cidades e colaborar com a mudança, não ocorrerá à manutenção da limpeza nem tampouco a construção de um novo ideário popular acerca da gestão de resíduos”, frisa a diretora da Atitude Brasil, Marta Rocha. O foco educativo é a estratégia adotada pela Atitude Brasil para promover essa mobilização em torno do projeto. Por meio de ações educativas, que ainda estão sendo definidas, e dos meios de comunicação, a informação sobre o projeto será levada à sociedade. “As atividades educativas serão realizadas dentro das escolas, com foco especial em crianças e jovens, mas também fora delas, buscando alcançar toda a sociedade. Dessa forma, é possível colocar em pauta essa reflexão e fazer toda a população repensar seu comportamento em relação ao lixo, tanto a sua produção quanto a sua gestão”, informa a diretora.

Para a realização de um projeto da amplitude do Let’s do it! há a necessidade de parceiros que possibilitem a efetivação do movimento. Eles podem atuar como patrocinadores ou apoiadores. A participação desses parceiros pode ser no fornecimento de recursos, apoiando as ações pontuais e outros. Os apoiadores da mídia farão a divulgação do movimento. Em cada um dos países que o projeto esteve, contou com uma configuração própria para aquele local. O projeto Limpa Brasil será adaptado à realidade do país. O mutirão ocorrerá em um final de semana, sendo adaptada à realidade da cidade em que ocorrerá, mas as ações educativas, que serão desenvolvidas em um tempo maior que a limpeza, atuarão como um convite à mudança de atitude da sociedade. “Se a pessoa sai de casa para limpar a rua, é porque de algum modo ela se preocupa. Na Estônia, por exemplo, 50 mil voluntários limparam o país inteiro em 5 horas. Eles recolheram 10 mil toneladas de lixo. Assim, os voluntários serão personagens de grande importância, não só nos dias de limpeza, mas também depois, no processo de difusão de ideias ”, enfatiza. Em 2013, depois que a primeira fase do projeto estiver concluída, o Limpa Brasil será dirigido para outras cidades do país. Segundo Marta, o

MAR | ABR 2011

27


Foto: Arquivo Limpa Brasil Foto: Arquivo Limpa Brasil

Estoniano Rainer Nolvak no III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade

Diretora da Atitude Brasil, Marta Rocha

28

MAR | ABR 2011

critério de escolha será diferente do utilizado na primeira fase, sendo, provavelmente, escolhidas cidades menores. A diretora disse ainda que qualquer cidade brasileira pode receber o programa, desde que haja uma iniciativa do governo municipal. Após a execução do trabalho, a intenção é que o espírito de conscientização, cidadania e respeito ao próximo seja mantido. “É preciso um envolvimento real da população brasileira. Que cada um se preocupe em manter limpo aquilo que também lhe pertence. As cidades são de todos, é preciso cuidar delas como se cuida do que é próprio de cada um. Queremos que a população saia de suas casas para tirar os resíduos inapropriadamente descartados e passe, então, a se preocupar de verdade com essa questão. E também que deixe de ignorar os problemas que a gestão inadequada do lixo pode nos trazer e colabore para a melhoria da qualidade de vida em nossas cidades”, confia Marta. LET’S DO IT WORLD

O “Let’s do it!” ou “Vamos fazer juntos!” foi idealizado por um grupo de amigos no dia 29 de agosto de 2007, na Estônia. Eles queriam encontrar possíveis planos de ação em prol do meio ambiente. O projeto teve a cooperação de toda a sociedade, em união com o Estado, ONGs e empresas privadas, na retirada do lixo das ruas. O movimento já foi implantado na Estônia, Lituânia, Romênia, Portugal, Índia, Letônia, Eslovênia, Ucrânia e Holanda. No Brasil, foi necessário que a empresa interessada ficasse responsável por planejar, buscar apoio, divulgar e coordenar a realização do movimento. A Atitude Brasil, empresa organizadora do projeto, presta consultoria nas áreas de comunicação socioeconômica, ambiental e cultural. É uma empresa especializada em desenvolver projetos com foco nos princípios da sustentabilidade.


Foto: Arquivo Pessoal

PERFIL PROFISSIONAL

Maria Helena Murta JUSTIÇA AMBIENTALMENTE CORRETA

Natural de Nova Era (MG), Maria Helena Batista Murta, mudou-se para Governador Valadares em 1962 e, depois de idas e vindas, fixou-se com a família na cidade há 13 anos. Aos 30 anos, ingressou na faculdade e formou-se em Direito por achar que a profissão fazia parte de sua personalidade. Ela gosta de ser justa e persegue a justiça desde cedo. “A justiça é tão importante como o ar que respiramos. Sua ausência é um dano incalculável para nossa formação, compreensão e contextualização da liberdade e responsabilidade”, enfatiza. Em 1981, em Carajás (PA), quando teve a oportunidade de assistir palestras, encontros e seminários sobre questões ambientais no Projeto Carajás, desenvolvido por uma empresa de mineração, Maria Helena deu os primeiros passos na trajetória em defesa do meio ambiente. Hoje, Maria Helena é superintendente, atuando na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável no Leste Mineiro (Supram), na Coordenação da equipe responsável pelo processo de Regularização Ambiental na região Leste de Minas Gerais. TRAJETÓRIA E DESAFIO

Seu primeiro emprego foi em 1977, como secretária de um colégio em Governador Valadares. Para Maria Helena todas as experiências profissionais que teve foram excepcionais, porque foram únicas. Algumas mais

desafiadoras do que outras. A Advogada, Gestora Ambiental e Professora, não contabiliza o número de trabalhos científicos produzidos por ela ao longo da carreira. Maria Helena diz que o tempo perdido contando é mais útil para desenvolver ações de conscientização ambiental. Na época que participou do Projeto Carajás, Maria Helena ajudou na criação de um Distrito Bandeirante – Monteiro Lobato, onde ela e mais outros dez voluntários, trabalharam na educação sócio-ambiental de 27 crianças filhas de funcionários da empresa responsável pela implantação do projeto. “Nosso maior objetivo, naquela ocasião, era inserir o contexto de qualidade de vida e preservação dos recursos naturais, naquelas 27 crianças. A maioria delas, hoje com mais de 35 anos, participa de trabalhos ambientais nas empresas onde atua. A filosofia de Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, o criador do bandeirantismo, era nossa bandeira e nosso maior compromisso, assim como cuidar da vida e preservar a natureza”, ressalta Maria Helena. Antes de aceitar esse desafio, Maria Helena estudou muito: fez pesquisas, participou de congressos, seminários, cursos, workshops, palestras, fóruns, conferências e outras atividades da área, que tivessem níveis nacional e internacional de conscientização. “Antes de decidirmos encarar um desafio,

é importante conhecer o que representa e em que pode contribuir ou mesmo modificar uma determinada situação, um comportamento. Em seguida, devemos assumir o risco de promover esta mudança e estarmos preparados para enfrentar seus resultados. A certeza da necessidade de trabalhar nesta e para esta causa, mudou minha própria vida. E aqui estou cuidando dela, da melhor forma que posso”, destaca. Gestão Ambiental, Gestão Ambiental Municipal, Gestão de Território e Patrimônio Cultural e Gestão Integrada de Território são as especializações de Maria Helena. Segundo ela, a área ambiental é nova, pouco conhecida, mas aos poucos, vai sendo difundida e ganhando novos adeptos na luta pela preservação da qualidade de vida. Para Maria Helena, o cenário de políticas e ações sustentáveis evoluiu, mas está distante do resultado ideal. “Antes de qualquer ação, devemos educar o nosso país, nosso povo. Transformar esta potência, nos moldes da educação e da qualidade de vida. Estamos fartos de observar pessoas provando frutas, alimentos impróprios para o consumo imediato, impondo ali riscos à sua própria saúde, à sua vida e ninguém nada faz para coibir ou mesmo ensinar a forma correta de agir. Isto se chama Educação Ambiental”, conclui.

MAR | ABR 2011

29


METEOROLOGIA

Fim da estação chuvosa por Prof. Ruibran dos Reis

Foto Divulgação

Coordenador do Minas tempo e prof. da PUC Minas

Historicamente a estação chuvosa em Minas Gerais começa em outubro e termina em abril. As chuvas começam a ocorrer na forma de pancadas isoladas devido ao forte calor no mês de outubro, novembro, dezembro e janeiro. Com a presença de frentes frias as chuvas ocorrem durante cinco a oito dias seguidos. As chuvas do mês de fevereiro normalmente são abaixo ou acima da média histórica, sendo um mês com grande variabilidade. As águas de março sempre são significativas, mas o período chuvoso ainda continua no mês de abril. Dependendo do ano, as massas de ar polar chegam no início de abril e consequentemente as chuvas ocorrem na forma de fraca intensidade. Neste ano, o fenômeno La Niña atuou durante a estação chuvosa, que começou de forma significativa no mês de outubro. Nos meses de janeiro e fevereiro as chuvas nas

regiões leste, nordeste e norte do Espírito Santo ficaram muito abaixo da média histórica. Foi o segundo ano consecutivo em que o veranico, sequência de dias sem chuva, esteve com forte intensidade. O fenômeno La Niña perde força neste mês de abril, assim a tendência é do outono ser com condições normais. As frentes frias deverão chegar ao Estado de Minas Gerais neste mês de abril, com fraca intensidade, podendo causar chuvas fracas e queda da temperatura. Na maioria dos dias de abril o céu vai ficar parcialmente nublado, com possibilidade de ocorrência de chuviscos em pontos isolados pela manhã. A umidade relativa do ar deverá se manter elevada, entre 45 e 85%. A porcentagem de água disponível no solo deverá cair a partir de meados do mês, principalmente nos Vales do Mucuri e Jequitinhonha.

“A Revista Agrominas comemorou no mês de março o Dia Mundial da Meteorologia e do Meteorologista, afinal, as previsões climáticas estão intimamente ligadas à prosperidade no campo”. Parabéns!

30

MAR | ABR 2011


por Hyberville Neto

Mercado de sêmen parado. A pouca movimentação não é exclusiva deste mercado. É observada em todos os setores da reprodução. A maior parte dos negócios ocorre no período pré-estação de monta e no início desta, entre agosto e novembro. Durante o resto do ano, a movimentação cai. Quanto à participação de sêmen de corte e leite nas vendas, em 2010 os resultados da pecuária de leite foram interessantes, o que pode ter aumentado o investimento em reprodução. Por outro lado, na pecuária de corte, a forte alta dos preços do boi gordo e a reposição firme também foram estímulos à cria e vendas de sêmen.

Em 2010, a participação de sêmen de corte no total comercializado, provavelmente, tenha sido ainda maior que em 2009. As raças Angus e Nelore foram às líderes de vendas nos últimos anos. Ambas têm aumentado suas participações. Figura 1. Tendência que deve ter sido mantida em 2010

Quanto à origem do sêmen, considerando as expectativas para o câmbio, de manutenção do patamar atual, tem-se um fator positivo para a utilização de genética importada, que deve ter venda expressiva este ano.

Figura 1. Fonte: ASBIA / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

MERCADO

Movimentação e tendências no mercado de sêmen

Participação das vendas de sêmen Nelore e Angus no total da comercialização de sêmen de raças de corte, de 2000 a 2009.

MAR | ABR 2011

31


Oferta em declínio x vendas em março devem indicar reajuste ao produtor Marcelo Pereira de Carvalho - Diretor Executivo da AgriPoint Rodolfo Castro - Analista de Mercado de Lácteos da MilkPoint

A safra nacional de leite entrou em declínio, rumando para os meses de historicamente menor produção do ano. O recuo frente a fevereiro tem variado de 5 a até 15% dependendo da região, segundo agentes de mercado consultados pelo MilkPoint. Para abril, essas variações devem acentuar-se. Os produtores têm observado uma escalada dos custos de produção, liderados pelas altas da soja e milho. Contudo, os preços pagos aos produtores no período, segundo média nacional do Cepea-Esalq/USP, valorizaram quase 20%, chegando a R$ 0,7371/ litro. Indicando que a alta nos custos tem sido relativamente compensada pela receita, conforme pode-se observar em nosso cálculo de Receita Menos Custo da Ração. Para a indústria, os dois primeiros meses do ano apresentaram vendas aquém da expectativa, o que respondeu pela manutenção ou leve valorização do preço ao produtor nesses meses. Em março, com o fim do carnaval e início (efetivo) do período escolar, as vendas começaram a acontecer e alguns agentes se mostram positivos para o restante do mês. O preço do leite em pó reagiu, sendo encontrados por valores entre R$ 8,20 a 8,70/kg no atacado. O mercado de queijos, que teve um início de ano ruim, está se recuperando e os preços no atacado estão a R$ 8,00-8,50/kg. O leite longa vida (UHT) tem sinalizado melhora de preços, principalmente, nos últimos 15 dias e os valores no atacado têm variado de R$ 1,45 a 1,65/litro dependendo da região. Mesmo assim, segundo quase totalidade dos agentes de mercado consultados pelo MilkPoint, está sendo difícil emplacar maiores preços e/ou volume de vendas no varejo e algum estoque começa a se formar. A tragédia no Japão - que ainda não se sabe o efeito na oferta, estoques e demanda -, a crise no Norte da África e em países do Oriente Médio, os últimos importantes importadores de lácteos, torna a previsão de um ponto de equilíbrio entre oferta e demanda,

e por consequência, uma faixa de preço, praticamente impossível. O efeito disso para o Brasil é que mesmo com os preços sob patamares históricos, a cotação baixista do dólar tem praticamente impossibilitado as exportações. Pelo contrário, as importações nos primeiros dois meses do ano é que foram favorecidas. Tabela 1. Volume e valor comercializado em janeiro e fevereiro de 2011 e variação sobre mesmo período em 2010. VOLUME (Kg) JAN E FEV DE 2011

VAR. vs 2010

Exportações

4.806.892

- 44,4%

Importações

28.913.510

89,2%

Saldo

-24.106.618

263,6%

VALOR (US$) JAN E FEV DE 2011

VAR. vs 2010

Exportações

13.244.305

- 48,9%

Importações

101.006.875

142,9%

Saldo

-87.762.570

459,9%

LEITE SPOT Retornando ao mercado nacional e com um indicativo favorável ao produtor: o mercado de leite spot (comercializado entre indústrias), cotado entre 85 e 87 centavos/litro, está sinalizando valorização de 2-3 centavos, algumas indústrias tentando até 5 centavos.

Cafeicultura:

mercado em alta pressionado pelos estoques baixos Waldir Francese Filho

Eng. Agr. Gerente Comercial Coocafé

O mercado de café vive momento histórico após anos de muitas dificuldades no setor. A oferta de cafés, nos países produtores, está restrita no mercado e com estoques baixos. O Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor da bebida, perdendo somente para o mercado americano, influencia fortemente tanto na produção como no consumo da bebida. Dados da Conab indicam a produção de 43 milhões de sacas para a safra brasileira que iniciará a colheita a partir de maio próximo. As expectativas para consumo no Brasil são de 20 milhões de sacas e possibilidade de exportarmos 25 milhões, gerando um déficit de 2 milhões de sacas que contribuem para queima de 32 estoques que já estão baixos. Diante deste cenário estamos obMARhistóricos | ABR 2011 com as commodities desde 14 anos. servando preços

Poucos produtores da Zona da Mata e Leste de Minas conseguiram realizar lucro com os preços atuais. A maior parte da safra anterior foi comercializada antes mesmo da virada do ano de 2010. O mercado indica que para a próxima colheita teremos possibilidades de melhorar a receita da propriedade principalmente com os cafés de qualidade superiores.

Cotação Março/11

Arábica | Duro tipo 6 | R$ 460,00 Cereja | Descascado Fino | R$ 500,00 Conilon | Tipo 8 | R$ 210,00


COTAÇÕES

BOI GORDO

(R$/@)

MERCADO FUTURO (BM&F) 23/03

ESALQ / BM&F Boi Gordo

VENCIMENTO

AJUSTE (R$/@)

VAR.(R$)

C.A.

Março 2011

105,34

0,44

3.885

DATA

VISTA

PRAZO

Abril 2011

102,79

0,50

1.197

21/03

105,96

107,55

Maio 2011

100,40

0,40

2.794

22/03

106,16

107,56

Fonte: BeefPoint

23/03

105,79

106,62 Fonte: BeefPoint

PREÇOS DO LEITE

(R$/L)

COTAÇÕES DO LEITE CRU PREÇOS PAGOS AO PRODUTOR SP

GO

BA

SC

0,6900

0,6723

0,6595

0,7065

0,7033

0,6745

0,6868

0,7581

0,7373

0,7284

0,6698

0,7075

0,6513

0,7586

0,7469

0,7366

0,6538

0,7373

0,6815

0,7676

0,7553

0,7397

0,6373

0,7514

0,6954

0,7761

0,7513

0,7518

0,6312

0,7543

R$/LITRO

MG

RS

Set/10

0,7181

0,6097

Out/10

0,7164

0,6060

0,7506

Nov/10

0,7256

0,6323

Dez/10

0,7235

Jan/11

0,7211

Fev/11

0,7285

0,7500

PR 0,6828

Fonte: Cepea - Esalq/USP (Milk Point)

MAR | ABR 2011

33


MÃO NA MASSA

Receita de Sabão Caseiro SE O INSTITUTO TRIÂNGULO NÃO ATUA EM SUA REGIÃO, UMA SAÍDA PARA DAR UM DESTINO CORRETO AO ÓLEO DE COZINHA, É FAZER O SABÃO EM CASA. PARA ISSO, ANOTE A RECEITA ABAIXO:

Foto Divulgação

Fonte: Instituto Triângulo

INGREDIENTES 2 litros de óleo de cozinha usado; 350 g de soda em escama; 350 ml de água. PREPARO Dissolva a soda cáustica na água em um balde reforçado ou em uma lata de tinta de 18 litros. Reserve. Coloque o óleo, já coado, em um recipiente e leve ao fogo até aquecer em temperatura aproximada de 60º. Apague o fogo e, em seguida, acrescente a soda, já dissolvida, e mexa até engrossar (cerca de 20 a 30 minutos). Após esse período despeje o conteúdo em recipientes e aguarde a secagem.

34

MAR | ABR 2011

*IMPORTANTE Cuidado no manuseio da soda cáustica, pois é um material muito corrosivo. Utilize luvas e óculos de proteção para evitar qualquer acidente. Deixe o sabão em descanso depois de pronto, por alguns dias antes de utilizá-lo, para que a soda cáustica se dissolva.


Engº Agrº Enes Pereira Barbosa Extensionista Agropecuário Emater-MG / Esloc Alvarenga.

Foto Divulgação

EMATER

Compra direta da agricultura familiar

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é responsável pela alimentação dos alunos das escolas de Educação Infantil (creche e pré-escolar), Ensino Fundamental (1º ao 9º ano), segundo grau da rede pública em todo ano letivo, atende ainda alunos de entidades filantrópicas, comunidades quilombolas e indígenas. O PNAE é o mais importante programa, no que se refere à suplementação alimentar do país e o mais antigo programa social do governo federal na área de educação. Assim que se tornou Lei que 30% do recurso, destinado a compra de merenda escolar, deveria ser destinado à compra diretamente da agricultura familiar através de suas associações, a prefeitura de Alvarenga por meio da Secretaria Municipal de Educação, providenciou a documentação necessária para fazer cumprir a lei e inserir agricultores familiares no mercado. Foram adquiridos: broas, bolos, arroz, feijão, frango, farinha, açúcar mascavo, fubá, canjiquinha e frutas. Com esses alimentos, que chegam frescos, livres de agrotóxicos e com qualidade, foi possível preparar uma alimentação equilibrada, sempre com a orientação da nutricionista Adriana Camilo, que providenciou o cardápio que oferece nutrientes em quantidades adequadas e balanceadas para o desenvolvimento e crescimento de cada faixa etária. O cardápio atual é composto de arroz, feijão, carne, legumes, frutas e sucos oriundos da agricultura familiar, pro-

porcionando assim, uma alimentação mais natural aos alunos. Existe também um órgão atuante dentro do município, o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), que acompanha o programa, realiza reuniões, fiscaliza o funcionamento do programa e a prestação de contas. Em 2010 foram comprados R$ 6.000,00 em produtos da agricultura familiar, envolvendo nove famílias no programa, que passaram a produzir broas, pães, quitandas, frango e frutas exclusivamente para as escolas do município. Todos os agricultores recebem assistência técnica da Emater-MG, que vão desde boas práticas de produção, manejo do solo e da água, associativismo, alimentação e nutrição e a emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que é o documento oficial que garante ao agricultor familiar participar de todas as ações dos governos federal, estadual e municipal, que envolvam políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar. Segundo a prefeita de Alvarenga, Maria Izabel da Silva Neto, a intenção do município é ampliar de 30% para o máximo possível de aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar, pois além de garantir um produto de excelente qualidade e procedência idônea, garante emprego e renda para o meio rural, principalmente os jovens que estão entrando no competitivo mercado de trabalho.

MAR | ABR 2011

35


IMA

Minas lidera em propriedades aptas a exportar para União Europeia Marcelo de Aquino Brito Lima

Foto: Lidiane Dias

Fiscal Estadual Agropecuário

Minas lidera a lista de propriedades que exportam para a União Europeia desde 2008, sendo o Estado que possui o maior número de propriedades aptas a exportar carne no país com 566 estabelecimentos rurais rigorosamente rastreados, autorizados a fornecer animais para frigoríficos exportadores. Esse número representa 26% das 2.210 propriedades em todo o Brasil e mantém o Estado no primeiro lugar, seguido de Goiás com 23% e Mato Grosso com 20%. Minas Gerais foi o Estado pioneiro na implementação do serviço de rastreabilidade em 2008. Mesmo com a implantação e evolução deste serviço nos demais Estados, permanece com o maior número de propriedades exportadoras. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizou

36

MAR | ABR 2011

em 2010, auditorias em 310 propriedades cadastradas no Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). Desse número, 255 propriedades foram consideradas aptas para a exportação à União Europeia. O IMA conta com 24 equipes formadas por 48 profissionais devidamente treinados para realizar as auditorias nas fazendas. Essas equipes realizaram as 310 auditorias nas propriedades do SISBOV e mais 855 vistorias em propriedades que exportam para países menos exigentes, pois não têm a rastreabilidade como quesito obrigatório, totalizando 1.165 propriedades aptas à exportação incluindo para UE e outros países fora do continente europeu.


IDAF

Treinamento do IDAF e Mapa capacita médicos veterinários no sistema de vigilância da peste suína clássica Jória Motta Scolforo

Assessoria de Comunicação/Idaf

Para manter o Espírito Santo livre da Peste Suína Clássica (PSC) o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizaram no mês de fevereiro, treinamento para a capacitação de 65 médicos veterinários sobre os procedimentos de vigilância sanitária, em parceria com o Centro Universitário Vila Velha (UVV) e a Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases). De acordo com a diretora-presidente do Idaf, Lenise Menezes Loureiro, essa ação vem fortalecer a defesa sanitária animal, favorecendo não apenas a vigilância quanto à PSC, mas todo o trabalho de controle das enfermidades dos rebanhos capixabas. Para o representante da Superintendência Federal da Agricultura, Luiz Guilherme Barbosa, a importância da atividade de defesa está na prevenção. Segundo afirma, a ocorrência de uma doença como a PSC pode comprometer seriamente as exportações dos produtos de origem animal, provocando grandes prejuízos. Sendo, portanto, a vigilância ferramenta fundamental para a proteção da saúde dos suínos. O treinamento consistiu em uma parte teórica - abrangendo os temas: “Programa Nacional de Sanidade dos Suínos”, “A atuação do Serviço Oficial nas ações e o papel do Médico Veterinário como Responsável Técnico” e “As Síndromes Hemorrágicas dos Suínos e as enfermidades confundíveis com a Peste Suína Clássica” – e outra

prática, nas quais os profissionais são orientados quanto às técnicas de necropsia e colheita de materiais para exames. O curso foi ministrado pelos profissionais do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Adriana Cavalcanti e Antônio Augusto Rosa Medeiros e pelo professor da Universidade Federal do Paraná, Geraldo Camilo Alberton. Dentre os participantes estavam médicos veterinários autônomos; servidores do Serviço de Defesa Animal dos Estados do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais e das instituições de ensino superior Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc) e UVV. Do Idaf, foram 45 os profissionais participantes. PROCEDIMENTOS DE VIGILÂNCIA

A vigilância sanitária é o conjunto de ações que visam impedir o ingresso de doenças e detectar sinais da presença de um ou mais agentes causadores de enfermidades em uma população animal susceptível, possibilitando reações rápidas de controle. Dentre as atividades de vigilância da PSC previstas para o Espírito Santo está a realização de um monitoramento soroepidemiológico, no primeiro semestre de 2011, no qual serão coletadas amostras de sangue dos animais para comprovação da ausência da doença. O procedimento será efetuado nos 741 criatórios de suínos de subsistência cadastrados no Idaf. Serão feitas colheitas também nos sete frigoríficos que abatem suínos no Estado. Segundo o chefe do Departamento

de Defesa Sanitária e Inspeção Animal do Idaf, Fabiano Fiúza Rangel, os trabalhos previstos fazem parte do Programa de Vigilância da PSC e estão acordados junto aos mercados internacionais. “Para o Espírito Santo é muito importante a manutenção da classificação como zona livre, pois nos possibilita a abertura de novos mercados” afirma. O Brasil, atualmente, está em quarto lugar no ranking de produção e exportação de carne suína, representando 10% do volume comercializado no mundo, com lucro de mais de US$ 1 bilhão por ano. No Estado existem 118 estabelecimentos de criação com características comerciais, totalizando 81 mil suínos. Nos criatórios de subsistência têm-se oito mil animais, principalmente nas regiões Sul e Centro-Serrana. PESTE SUÍNA CLÁSSICA

A peste suína clássica é uma doença altamente contagiosa e geralmente fatal. Os sintomas da mesma são: hemorragias, febre alta, falta de coordenação motora, orelhas e articulações azuladas, vômitos, diarréia, falta de apetite, esterilidade e abortos. A enfermidade se caracteriza pelo agrupamento dos animais nos cantos da pocilga e pela mortalidade após quatro a sete dias do aparecimento dos sintomas. A contaminação ocorre por meio de alimentos, água, veículos, equipamentos, animais infectados e roupas e calçados de indivíduos que mantiveram contato direto com porcos doentes.

MAR | ABR 2011

37


ADAB

Indústria avícola adere ao Sisbi Leonardo Barbosa / Diogo Vasconcelos

Foto Divulgação

Ascom Adab

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) garantiu em janeiro, a inclusão da Avigro no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi). Este é o primeiro matadouro frigorífico de aves e coelhos a fazer parte desse sistema na Bahia. Para garantir o ingresso da Avigro ao Sisbi foram realizadas auditorias no estabelecimento, que avaliaram os procedimentos, documentos e planilhas. Com a adesão ao Sisbi as empresas ficam habilitadas a realizar comércio a nível nacional, conquistando assim, novos mercados; explica o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Agropecuária em exercício, Adriano Bouzas. A Adab tem recebido solicitações de diversas indústrias baianas para ingressar neste sistema e, de acordo com, Bouzas a previsão é de que, até o final deste semestre, outras três novas empresas sejam inseridas. A Bahia é um dos três primeiros Estados, seguido de Minas Gerais e Paraná a aderir ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Esse sistema permite ao Serviço de Inspeção Estadual (S.I.E) a equivalência com o Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.), ampliando o comércio de produtos baianos para todo o país.

38

MAR | ABR 2011


Com o objetivo de integrar, promover e levar conhecimento científico de ponta à classe produtora de toda a região, aconteceu nos dias 25 e 26 de fevereiro o 1º Simpósio Integração Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia de Pecuária Bovina, no Parque de Exposições de Carlos Chagas, Minas Gerais. Promovido pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Carlos Chagas e pela Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN), as expectativas dos organizadores para o evento foram alcançadas, tendo 503 inscritos no simpósio, com representações de participantes de 52 municípios. Segundo o presidente do simpósio e da ACCN, Nabih Amin El Aouar, o ineditismo do evento foi um fator fundamental, pois se conseguiu integrar três Estados onde a pecuária é expressiva, tanto de corte como de leite. Em levantamentos realizados pela organização, somando o sul da Bahia, norte do Espírito Santo, leste e nordeste de Minas Gerais, a população bovina gira em torno de 6.627.667 (seis milhões, seiscentos e vinte e sete mil, seiscentos e sessenta e sete) cabeças de gado. Além da presença de nove frigoríficos e 11 laticínios. “A maior importância, primeiro, é levar conhecimento, informações científicas, como também integração que, com certeza, vai auxiliar no crescimento e no desenvolvimento do agronegócio nessa macrorregião. Então, esse evento, é a união das lideranças ruralistas, lideranças políticas, empresariais, universitárias, com o produtor rural. Fazendo com que esse setor cresça com isso”, apontou o presidente. Na oportunidade, estiveram presentes, os secretários de Agricultura, Pecuária e Abastecimento dos Estados de Minas Gerais, Elmiro Alves do Nascimento e do Espírito Santo, Ênio Bergoli. O ex-secretário de Agricultura, Pecuária e Abasteci-

Fotos: Lidiane Dias

ACONTECEU

Simpósio de Integração na Pecuária Bovina leva conhecimento aos produtores rurais mento do Estado de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, autoridades, lideranças, universitários e personalidades de destaque na pecuária nacional também compareceram. O tema principal do Simpósio foi a “Produtividade na Pecuária Bovina”. Dentro desse contexto, a produção e a demanda de alimentos no mundo e a contribuição sócio-econômica da pecuária bovina foi o tema abordado por Gilman Viana Rodrigues. Ele informou que a concentração da produção está nas mãos de poucos produtores rurais. Investimentos em ciência, tecnologia e inovação estão demandando a produção de mais alimentos. De acordo com o ex-secretário de agricultura, em uma pesquisa realizada, até 2020 o mundo produzirá 30% a mais de alimentos, se comparado com a produção atual. Com a aceitação desse evento, os organizadores veem a possibilidade da realização de um novo simpósio no próximo ano, possivelmente, em outra cidade que compõe a macrorregião do sul da Bahia, norte do Espírito Santo, leste e nordeste de Minas Gerais. “Essa parceria, que a gente montou aqui, é um pontapé inicial. Nesse ano, Carlos Chagas está sediando, mas qualquer outro município, qualquer outra cidade ou sindicato que queira, para o ano que vem, sediar esse simpósio, nós encaminharemos para lá. Isso aqui não pode acabar”, registrou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Carlos Chagas e vice-presidente do Simpósio, José Geraldo Ferreira Batista. O 1º Simpósio integração foi encerrado com uma visitação pelo Parque de Exposições e Leilão de bovinos de corte.

Foto: Alexandre Soares

Empossada nova diretoria da Emater-MG

José Rogério Lara, Marcelo Lana, Maurílio Guimarães, Elmiro Nascimento, Fernando Mendes e Bernardino Cangussu

Os diretores da Emater-MG foram empossados pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Elmiro Nascimento, em cerimônia realizada no dia 17 de março na sede da empresa, em Belo Horizonte. Em seu discurso de posse, o novo presidente da Emater-MG, Maurilio Soares Guimarães, disse que vai buscar uma gestão participativa e democrática para melhorar ainda mais a qualidade do atendimento aos produtores rurais. Também tomaram posse o secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura, o subsecretário do Agronegócio, o subsecretário de Agricultura Familiar, e as diretorias executivas dos órgãos vinculados à Seapa: Epamig, IMA e Ruralminas. Maurílio Guimarães é empresário e natural de Curvelo, região Central de Minas. Ele já foi presidente da Câmara de Vereadores e

prefeito do município. Maurílio Guimarães também ocupou o cargo de secretário-adjunto de Turismo de Minas Gerais. De acordo com o presidente da Emater-MG, é preciso união e empenho de todos para que a empresa continue sendo referência nacional no setor de assistência técnica e extensão rural. “Nós daremos atenção total ao pequeno produtor. Iremos dar continuidade às ações da Emater-MG em todo o Estado e implantar novas ações de acordo com a necessidade, visando sempre a qualidade e o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar”, afirma. Marcelo Lana Franco assumiu a vice-presidência da empresa. O produtor rural e engenheiro agrônomo José Rogério Lara é o novo diretor Técnico da Emater-MG. Na diretoria Administrativa e Financeira, assume Bernardino Cangussu Guimarães. O economista Fernando José Aguiar Mendes permanece como diretor de Promoção e Articulação Institucional, cargo que ocupa desde 2003. O secretário de Agricultura, Elmiro Nascimento, elogiou os novos dirigentes do sistema da agricultura mineira. Ele disse confiar no sucesso do trabalho a ser realizado pela nova equipe. “São pessoas competentes que sempre abraçaram a causa do agronegócio mineiro. Nossa intenção é alavancar a nossa economia por meio da agropecuária e vamos trabalhar para atender aos anseios dos pequenos e médios produtores”, disse o secretário, Elmiro Nascimento. (Fonte: Ascom Emater-MG) MAR | ABR 2011

39


Cafés Sustentáveis:

O sucesso do 15º Simpósio de cafeicultura em Manhuaçu A 15ª edição do Simpósio de Cafeicultura surpreendeu pela excelente capacidade de renovação e o alto nível das palestras em Manhuaçu. Durante três dias, cerca de 1.800 produtores, técnicos e engenheiros agrônomos tiveram a oportunidade de participar de debates e mini-cursos, assistiram palestras e conheceram novidades e tecnologia para produzir mais, melhor e com respeito ao meio ambiente. Um dos focos principais da discussão foram as mudanças sobre o Código Florestal. Nas palestras e na fala de lideranças do setor ficou claro que é preciso manter boas práticas agrícolas aliadas à viabilidade econômica da cafeicultura. A trajetória do Simpósio de Cafeicultura foi construída

com uma significativa mudança da qualidade e da produtividade das lavouras cafeeiras da região das montanhas das Matas de Minas. Durante as palestras apresentadas neste ano, engenheiros e especialistas em cafeicultura mostraram resultados práticos de sucesso de aplicação de boas práticas agrícolas e de gestão que estão gerando retorno financeiro, com aumento na rentabilidade ou redução do desperdício. (Fonte: Carlos Henrique Cruz/ACIAM)

Fotos: Thiago Scofield

Abate demonstrativo em Caratinga

Representantes do Frical e da Fazenda do Arrojo

No dia 25 de fevereiro aconteceu, no Frical Alimentos Ltda, em Caratinga (MG), um abate demonstrativo da Raça Brahman. O objetivo do abate foi obter dados que possibilitassem comparar este grupo de animais com outros de origem comercial destinados ao corte, com o intuito de ser comprovada a superioridade da raça quanto à produtividade e qualidade. Para um dos organizadores do evento e zootecnista da Fazenda do Arrojo, João Cervoni, as expectativas do abate foram alcançadas, pois puderam atingir os objetivos e mostrar ao produtor de Caratinga e região, o potencial da raça. Informou ainda que a raça é nova no 40

MAR | ABR 2011

Brasil, com apenas 18 anos, e por isso poucas pessoas conhecem o potencial da mesma. Esse evento foi o primeiro do gênero na região e acredita que outras demonstrações poderão ocorrer. “Demonstrações futuras vão acontecer, porém, serão incluídos para o abate, animais de origem do cruzamento do Brahman com outras raças, o qual terá o objetivo de mostrar a qualidade destes animais”, adianta Cervoni. O abate contou com a presença de criadores da região e de selecionadores da raça Brahman. Eles tiveram a oportunidade de visualizar os animais no curral antes do abate e de uma apresentação da forma que os animais foram criados desde o período de engorda. Após o abate, as carcaças foram expostas para melhor visualização da cobertura de gordura, volume e convexidade de musculatura (carne), dentre outros. Dezesseis animais machos foram selecionados para a demonstração. Eles eram de propriedade da Fazenda do Arrojo, do proprietário Olídio Blanc e Luis Amaral. Os zebuínos foram castrados no dia 11 de outubro de 2010, com idade média de 36 meses e criados no sistema extensivo. No dia 22 de dezembro do ano passado, os animais pesavam, sem jejum, uma média 492 kg. Na mesma data eles entraram no sistema de semi-confinamento, com pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu e suplementação de 4 Kg/animal/dia de ração. No dia do evento os animais foram pesados, após 12 horas de jejum (somente com água), e tiveram uma média de 538,8 Kg. Eles tiveram um ganho de peso na fase de terminação (22/12/2010 a 24/02/2011) de 1,3 Kg/dia. Após o abate, as carcaças quentes pesaram uma média de 315,5 Kg, um rendimento de 58,6%.


Matrizes e Reprodutores Brahman de Alto Valor Genético Fazenda do Arrojo e Fazenda Esperança Luis Amaral e Olídio Blanc, tem como objetivo trabalhar de forma sistemática para o avanço do agronegócio nacional, sobretudo na evolução, disseminação e democratização da Raça Brahman, contando com infraestrutura física moderna e equipe especializada que capacita atingir bons resultados.

Todo o nosso trabalho do Brahman Arrojo e Fazenda Esperança, está disponível para o criador que se importa com matrizes e reprodutores de alto valor genético.

Também, criteriosos investimentos em Material Genético, são constantes para contribuir com a pecuária

Venha nos fazer uma visita, nossas porteiras estão abertas esperando por você.

Escritório

Tel: (31) 3286-8369/ Fax 3286-8471/ Cel 8635-1251 R. Desemb. Jorge Fontana, 428 • sl 705 Belvedere • Belo Horizonte – MG CEP: 30320-670

mais desenvolvida do mundo.

Fazenda do Arrojo Município de Esmeraldas - MG Tel.: (31) 3530-1100 Coordenadas Geográficas 19’’53’08.59’’S • 4’’18’23.32’’O

Fazenda Esperança Município de Teófilo Otoni - MG Tel: (33) 8854-0667 MAR | ABR 2011

41


Peixe Rápido CULINÁRIA

Fonte: Site Mais Você

Ingredientes

06 postas (grandes) de peixe de couro; 01 pimentão amarelo; 01 pimentão verde; 01 cenoura, cortada em rodelas; 01 batata, cortada em rodelas; 01 cebola média, cortada em rodelas; Cebolinha, cheiro verde, a gosto; 01 pacote de sopa de cebola; Pimenta do reino (branca) a gosto; 500 ml de leite de coco; 01 colher de extrato de tomate; 01 tomate, cortado em rodelas, com semente e casca.

Modo de Preparo

Frite as postas do peixe e depois de fritas, coloque em uma panela grande todos os ingredientes. Primeiro, coloque azeite no fundo da panela, coloque as postas de peixe, depois, corte tudo em rodelas finas e coloque em cima das postas, coloque o pacote de sopa de cebola, junto com uma colher de sopa de extrato de tomate, junte o leite de coco e deixe cozinhar por aproximadamente 40 min. Está pronto. Acompanha uma salada e arroz. Envie a sua receita para a Revista Agrominas jornalismo@revistaagrominas.com.br

42

MAR | ABR 2011


CLASSIFICADOS

as

MAR | ABR 2011

43


.

O primeiro in ntramamário para vacas em lactaçã ão conservado em geladeira. O mesmo Mastijet® Forte que voc cê já conhece. ® Mastijet Forte, o intramamário muito maiss eficiente.

A orie orienta ntação ção do Méédico V Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicam ament entoos.

44

MAR | ABR 2011A Intervet/Schering-Plough gh A Animal nimal Heal Health th é uma empresa e composta pelas sociedades Intervet do Brasil Veterinária Ltda. e Coopers r Saúde Animal mal Indúst Indústria ria e Comé Comércio rcio Ltda. L


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.