12ª Edição junho - 11

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Ano 2

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Junho 2011

ISSN 2179-6653

DE OLHO NO DESENVOLVIMENTO, A SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA DA BAHIA BUSCA A CRIAÇÃO DE AGROINDÚSTRIAS NO ESTADO Considerada a produtora mundial de graviola, a Bahia é o palco desta edição por meio da entrevista com o secretário da Agricultura Eduardo Salles, falando sobre os investimentos para o agronegócio no Estado


O PRIMEIRO ENDECTOCIDA A BASE DE IVERMECTINA COM DESCARTE ZERO DO LEITE.

A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos.

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A Intervet/Schering-Plough Animal Health é uma empresa composta pelas sociedades Intervet do Brasil Veterinária Ltda. e Coopers Saúde Animal Indústria e Comércio Ltda.


ÍNDICE

EDITORIAL

No último editorial falamos das constantes idas e vindas da votação do novo Código Florestal Brasileiro. Na madrugada do dia 25 de maio os deputados votaram a favor da mudança do código, que resultou em 410 votos a favor, 63 contra e uma abstenção. Assim, o relatório aprovado do deputado Aldo Rebelo, legaliza algumas Áreas de Preservação Permanente, já ocupadas para produção agrícola, antes de 22 de julho de 2008. O polêmico relatório ainda será votado pelo Senado, que, até o fechamento desta edição, não havia ocorrido. O final do outono, agora no mês junho, trouxe consigo uma estimativa de aumento da safra de cereais, leguminosas e oleaginosas, de maio, em 7,8%, segundo dados do IBGE, superando a safra de 2010. O Instituto divulgou ainda que o setor da agropecuária se destacou no primeiro trimestre deste ano com o crescimento de 3,3%, se comparado ao quarto trimestre do ano passado. Nesta edição confira a entrevista com o secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, para finalizar o ciclo de entrevistas com os secretários de Agricultura dos Estados de nossa abrangência. Salles nos concedeu uma entrevista e fala dos novos investimentos que a Bahia vem recebendo. Em Grandes Criatórios, conheça a Fazenda Santa Edwiges, situada em Naque, que se dedica à criação de Gir. Na seção Sustentabilidade, o tema turismo rural é o assunto abordado pela colaboradora dessa edição. Já em Dia de Campo, a alface hidropônica é a aposta da marca Sempre Verde. Lembramos que no dia 24 de junho é o Dia Internacional do Leite, matéria-prima de grande importância para o setor agropecuário. No clima das festividades juninas, a culinária traz uma dica de um doce típico do período. Boa leitura! Denner Esteves Farias

4 Giro no Campo 6 Entrevista 10 Entidade de Classe 12

Grandes Criatórios

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Dia de Campo

18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 23 Forragicultura 26 Agrovisão 28 Sustentabilidade 30 Perfil Profissional 31 Meteorologia 32 Mercado 34 Cotações 35 Mão na Massa 36 Emater | IMA | Idaf | Adab 40 Aconteceu 42 Culinária

Editor-Chefe

Uma publicação da Minas Leilões e Eventos Ltda.

Editor-Chefe Denner Esteves Farias Zootecnista - CRMV-MG 1010/Z Jornalista Responsável / Redação Lidiane Dias - MG 15.898 (em formação) Jornalistas Colaboradoras Alessandra Alves - MG 14.298 JP Diagramação Finotrato Design Contato Publicitário Thiago Lauar Scofield (33) 3271.9738 comercial@revistaagrominas.com.br

Colaboração - Alexandre Sylvio - Eng. Agrônomo - AgriPoint e MilkPoint - Emater/IMA/Idaf/Adab - Emerson Alvarenga - Médico Veterinário - Hyberville Neto - SCOT Consultoria - Humberto Luiz Wernersbach Filho - Zootecnista - Marcelo Conde Cabral - Médico Veterinário - Pesquisadores da UFV - Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo - Viviane do Vale Silvestre - Waldir Francese Filho - Eng. Agrônomo - Coocafé Distribuição Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba.

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O número de médios e grandes produtores de leite cresceu 46% no Brasil nos últimos anos e eles tornaram-se os maiores responsáveis pelo abastecimento do produto no País. Esta conclusão é da Leite Brasil com base em recente estudo feito pela Embrapa Gado de Leite. Segundo o estudo, há 15 anos, 5,3% (96.916) das propriedades eram compostas por médios e grandes produtores, que foram responsáveis por 45,7% do leite brasileiro. Já em 2009, este mesmo grupo de produtores cresceu para 11,7% (141.861) das propriedades, respondendo por 81,1% da produção brasileira de leite. Para Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, o fortalecimento desses produtores possibilita a melhoria na

Foto: Diante da Notícia

GIRO NO CAMPO

Cresce o número, a importância e a qualidade dos médios e grandes produtores de leite no Brasil

qualidade do leite e da renda do produtor, o que é um sinal forte da adoção de novas tecnologias. “A adequação desses profissionais a programas de valorização da qualidade fomentados por muitos laticínios, além de programas de extensão rural, também foi fundamental para esse crescimento”, considera Rubez. (Fonte: Elaine Cruz – CDN Comunicação Corporativa)

Ministério regulamenta produção têxtil orgânica de algodão Foto: Portal do Agronegócio

Exportação de café do Brasil é recorde em 12 meses

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou na quinta-feira, 2 de junho, a legislação que estabelece o regulamento técnico para produtos têxteis orgânicos derivados do algodão. A Instrução Normativa nº 23, publicada no Diário Oficial da União, aplica-se principalmente a indústrias que fabricam tecidos e roupas orgânicas a partir da fibra, obtida em sistema orgânico de cultivo e certificada pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. A regra determina que o algodão utilizado na peça têxtil seja produzido de acordo com as normas técnicas para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal (IN nº 64, de 18 de dezembro de 2008). A norma também limita o uso de produtos químicos nos processos de tinturaria, estamparia e acabamento para reduzir os impactos ambientais da atividade. A legislação trata, ainda, sobre a etiquetagem e define a percentagem de matéria-prima orgânica necessária para um produto ser considerado orgânico e receber o selo oficial. Pontos como o transporte, beneficiamento e armazenamento também são descritos na publicação. (Fonte: MAPA) 4

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As exportações brasileiras de café bateram recorde em receita e volumes nos últimos 12 meses encerrados em maio. Entre abril de 2010 a maio deste ano, as vendas externas do produto somaram US$ 7,023 bilhões com o embarque de 34,3 milhões de sacas, apontam dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). O diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga destaca que a safra brasileira, que termina de ser colhida em junho, é recorde e de boa qualidade. Nas contas do mercado, o País deve ter colhido neste ano safra, 52 milhões de sacas, ante 48 milhões de sacas estimadas pelo governo. A demanda e a oferta estão ajustadas e os estoques, baixos. Por isso, os preços se mantêm firmes, na casa de US$ 300 a saca, nível considerado elevado para o setor. (Fonte: O Estado de S.Paulo)


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Código Florestal aprovado pela Câmara muda lei ambiental em vigor desde 1965

Foto Divulgação

O projeto de lei do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara, altera a lei ambiental que estava em vigor desde 1965. Algumas das mudanças aprovadas ainda podem ser alteradas durante a votação no Senado, para onde o texto foi, e também vetadas pela presidenta Dilma Rousseff. Entre as principais mudanças que podem ocorrer caso o projeto seja transformado em lei, estão definições sobre Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APP). Enquanto o código atual exige reserva legal mínima em todas as propriedades, variando de 80% na Amazônia a 35% no Cerrado e 20% nas outras regiões, o novo texto aprovado dispensa aquelas de até quatro módulos fiscais (medida que varia de 20 a 400 hectares) de recompor a área de reserva legal desmatada. A Emenda 164, no entanto, votada e aprovada em plenário na madrugada do dia 25 de maio, dá aos Estados e ao Distrito Federal, tirando a exclusividade da União, o poder de definir os critérios de utilidade pública, baixo impacto ou interesse social para a regularização, além de liberar plantações e pastos feitos em APP até julho de 2008. (Fonte: Agência Brasil)

Impostos sobem mais que a atividade econômica no 1º trimestre No primeiro trimestre de 2011, o ritmo de crescimento do volume de impostos sobre produtos superou o da economia na comparação com o mesmo período de 2010, conforme apontam dados sobre o Produto Interno Bruto divulgados no dia 3 de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Números divulgados pelo instituto apontaram que a economia brasileira registrou crescimento de 1,3% no primeiro trimestre (janeiro a março) de 2011 sobre

os três últimos meses de 2010. De acordo com os dados do IBGE, o valor adicionado a preços básicos, que representa o quanto as atividades econômicas “enriqueceram” a economia, cresceu 3,8% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2010; já o volume de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios registrou aumento de 6,5% na mesma comparação - juntos, os números resultaram numa expansão de 4,2% do PIB. (Fonte: G1)

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ENTREVISTA

Ser um celeiro do mundo na produção de alimentos é uma das perspectivas da Secretaria da Agricultura da Bahia Aos 45 anos, depois de ter sido vice-presidente e duas vezes presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia; diretor regional da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia; conselheiro da Escola Agrotécnica Federal de Santa Inês; presidente por três mandatos da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, Eduardo Seixas de Salles é o secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia. Em abril do ano passado ele assumiu a Secretaria para substituir o então secretário que se afastou para disputar as eleições. Em 2011, Salles continua à frente da Secretaria. Natural de Salvador, é formado em Agronomia e Mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa. Trabalhou 20 anos na gestão de empresas nacionais e multinacionais do setor agroindustrial. Atualmente é também diretor da Associação Comercial da Bahia e há três anos vem tendo experiência com empresas do setor público. Antes de assumir o cargo de secretário da Agricultura era chefe de gabinete na Secretaria. Em entrevista Salles fala dos projetos para essa gestão. REVISTA AGROMINAS - O senhor assumiu a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI) no ano passado para substituir o secretário da época. Nesses meses que ficou à frente da Secretaria, pode cumprir as metas antes estabelecidas, já com sua plena participação por ter pertencido à equipe da SEAGRI. Agora, em 2011, com mais tempo para trabalhar em prol do setor, qual é o foco, as metas e desafios dessa gestão? EDUARDO SALLES - Com relação aos focos e metas, nós vamos dar continuidade. Eu era chefe de gabinete e em sintonia com o ex-secretário Roberto Muniz trabalhávamos com as

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metas que estamos enfatizando hoje. Elas são diversas. Criamos as câmaras setoriais, estamos implantando um projeto de inclusão produtiva, temos um projeto para a ADAB, nossa agência de defesa agropecuária, de sanidade animal e vegetal. Nós temos um trabalho na Coordenação de Desenvolvimento Agrário de titulação de terra, ligado à reforma agrária, à cédula da terra, para a compra de pequenas áreas pelos produtores via Banco do Nordeste do Brasil. Temos a Bahia Pesca, com a meta de distribuição de alevinos para incentivar a aquicultura e a pesca. Os focos e as metas são os mesmos que havíamos traçado no início da nossa gestão. REVISTA AGROMINAS - Um dos pontos discutidos pela Secretaria é o fato da Bahia ser produtora de matéria-prima, mas não apresentar agroindústrias para a industrialização dessas commodities. A visita da comitiva, à China e à Coreia, foi uma forma de impulsionar esse processo, atraindo investidores. Assim, o Estado conseguiu maior visibilidade, pois algumas indústrias já estão sendo instaladas na Bahia. O que de concreto foi firmado para o desenvolvimento de agroindústrias no Estado e o que se pode esperar com esses investimentos? EDUARDO SALLES - A Bahia tem uma história triste com relação à sua agroindustrialização, que ficou esquecida por mais de 16 anos. A Bahia é grande produtora da maioria dos produtos agropecuários, primeiro colocado, segundo e até quinto colocado no ranking da maioria dos produtos produzidos no Brasil e, infelizmente, passamos muitos anos com a nossa agroindustrialização adormecida. Então, a partir do momento que a agroindustrialização começou a ser um programa de governo e a Secreta-

ria da Agricultura passou a ter como uma de suas metas agroindustrializar, para podermos agregar valor aos nossos produtos e gerar empregos e renda no interior do nosso Estado, nós temos caminhado bastante. Nesses anos, na chefia de gabinete e depois como secretário, já temos cerca de 15 empresas ligadas à agroindústrias que já assinaram protocolos de intenções e estão em vias de instalação no Estado. Então, esse trabalho vem sendo feito com muito afinco e zelo. Estamos tocando as áreas que tem possibilidade de agroindustrialização e estamos buscando empresas, buscando investimentos, assim como aconteceu com a laranja, como está acontecendo com o algodão, com a manga, uva, pólen, banana, com vinhos e espumantes. Tudo isso tem sido uma busca incessante e acho que temos ainda uma longa caminhada pela frente para conseguirmos concretizar a agroindustrialização em todo Estado, para não mais exportar apenas commodities, mas exportar matéria-prima para outros Estados e outros países. REVISTA AGROMINAS - A região Oeste aparece como um ponto de investimentos. A industrialização do algodão com a instalação de uma fábrica têxtil, um pólo avícola para a industrialização do milho, o esmagamento de soja, dentre outros. O que essa região representa para a Bahia, como fonte de investimentos e geração de emprego? EDUARDO SALLES - O Oeste é um celeiro importantíssimo. A região representa 35% de todo o valor bruto de produção da agropecuária baiana. É um valor significativo. Lá nós temos as maiores produtividades do mundo de grãos e de algodão. Nós temos a certeza de que é um pólo que veio para ficar e vai se desenvolver muito mais. Então, é uma questão de honra para


REVISTA AGROMINAS - Na Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (Avesui) o senhor apresentou que o Estado importa 50% da carne de frango, 75% da carne de suínos e 70% de ovos, mesmo sendo o maior produtor e exportador de grãos das regiões Norte e Nordeste. O que se pretende para melhorar essa situação? EDUARDO SALLES - Nós estamos buscando esse desenvolvimento. Conseguimos inaugurar, no município de Luis Eduardo Magalhães, na região Oeste, a Mauricea, um pólo avícola maior do norte-nordeste, que vai gerar 2,5 mil empregos quando estiver em pleno funcionamento e vai consumir uma parte significativa da nossa safra de milho e de soja. Nós estivemos na Avesui, fizemos reuniões com diversos produtores, levamos vários produtores de aves, para a Bahia Farm Show. São produtores que querem conhecer nossa realidade. Temos outra região muito importante, que é no nordeste da Bahia e produz hoje mais de 500 mil toneladas de milho, produção de pequenos agricultores com produtividade bem elevada. Temos a previsão de que até o mês de agosto outros produtores tanto de aves como de suínos, conheçam essas regiões. Não tenho dúvidas de que vamos avançar e mudar a realidade de sermos grandes produtores de grãos, matéria-prima para o consumo de aves e suínos. Vamos mudar isso em breve e estamos lutando arduamente para isso. REVISTA AGROMINAS - O êxodo rural é um dos problemas para o campo e para a superlotação nas cidades. Quais projetos serão executados para fixar o homem no campo? EDUARDO SALLES - A questão do êxodo rural é uma problemática no mundo inteiro. A Bahia é o Estado que tem a maior população rural do Brasil. Cerca de 30% da população rural

do País está no nosso Estado. Temos o maior número de agricultores familiares do País, 665 mil agricultores familiares, o que representa 15% deste segmento no Brasil. Esse desafio é maior para nós do que nos outros Estados. Temos ações muito importantes para fixar esse homem no campo, através de incentivos do governo estadual e utilizando incentivos do governo federal, para melhorar as condições. Posso citar o programa Mais Alimentos, programa do governo federal que dá três anos de carência e sete anos para pagar, com juros de 2% ao ano, para que o pequeno produtor possa comprar diversos tipos de equipamentos para introduzir tecnologia de produção nas pequenas propriedades. No País inteiro os juros desse programa são de 2%, mas a Bahia de forma pioneira fez o Juro Zero, pois é o Estado que paga os 2%. Esse é um exemplo claro do objetivo de fixar o homem no campo. Nós achamos que para fixar o homem no campo nós temos que dar condições de produção e de produtividade, para que o agricultor familiar deixe de ser aquela agricultura de coitadinho, como costuma dizer o governador Jaques Wagner. Não queremos agricultura de coitadinho, queremos que o pequeno produtor tenha agricultura semelhante à empresarial e para isso estamos empenhados em viabilizar condições de produção para o homem do campo, pequeno, médio e grande, para que a fixação do homem no campo aconteça cada vez mais. REVISTA AGROMINAS - No dia 29 de abril, a presidente Dilma Rousseff, assinou uma medida provisória designando que as substâncias de origem vegetal seriam os novos substitutos dos combustíveis fósseis, deixando de ser um produto agrícola, para serem efetivamente um combustível. O Programa Agroenergia Familiar tem o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social no Estado, incentivando a inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do Biodiesel. No que se refere aos biocombustíveis, quais as metas para essa gestão? EDUARDO SALLES - O ex-presidente Lula, quando idealizou o programa de biocombustíveis, pensou exatamente no semiárido. Vem ai a questão da mamona, uma cultura que é maravilhosa para a produção de biodiesel e dá sustentabilidade ao semiárido. A Bahia é a maior produtora de mamona do País. Sem dú-

Foto: Heckel Júnior

nós, que somos o segundo maior produtor de algodão do país, nós que temos os fios de qualidade excepcional, semelhante aos fios egípcios, porque temos colheita na época da seca, o que nos permite buscar e ter como meta, questão de honra, atrair indústrias têxteis de porte para o Estado da Bahia que em breve vai alcançar a primeira colocação em produção de algodão do País. Não queremos agroindústrias apenas de fiação, queremos até a produção do produto final.

vida, o programa de biocombustível tem dado sustentabilidade muito grande para o homem do semiárido da Bahia, que tem 60% do seu território nessa região. Considero que o programa de biodiesel é prioritário para o Estado da Bahia e por isso nós elegemos a cadeia das oleaginosas como prioritária entre as cadeias que nós vamos fazer uma inclusão produtiva na Bahia. Nossa meta é poder dar uma condição especial para avançar cada dia mais na produção das oleaginosas e dos biocombustíveis na Bahia. REVISTA AGROMINAS - A demanda por alimentos cresce a cada ano. O senhor disse em uma entrevista que o seu sonho é ver a Bahia como celeiro do mundo na produção de alimentos. Como o Estado se prepara para esse cenário? EDUARDO SALLES - Realmente eu sempre digo isso. Eu saí daqui da Bahia com 17 anos para fazer Agronomia em Viçosa, Minas Gerais. Eu fui fazer porque meu sonho era que o Brasil fosse o celeiro do mundo e a Bahia iria contribuir fortemente para que isso acontecesse. Não tenho dúvida de que isso já está acontecendo. Esse é o momento e o Estado já está nesse momento. Essa procura dos países asiáticos pela Bahia, para investir e para ampliar o comércio bilateral de alimentos já é o resultado, é a demonstração de que a Bahia já é um Estado fundamental para o comércio, a produção e os investimentos dentro da agropecuária. Cada dia mais, quem acredita no setor agropecuário, que o mundo vai precisar de alimentos, virá para a Bahia investir, virá para buscar resultados, porque nós aqui temos competência, qualidade e JUNHO 2011

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Foto: Heckel Júnior

mentos e que agricultores familiares tivessem acesso a programas do Pronaf. Tratamos do assunto com muita atenção e a Assembleia Legislativa aprovou um projeto de lei enviado pelo governo do Estado, instituindo medidas de estímulo à renegociação da dívida. Esse instrumento legal permitiu que o governo pagasse 1% da dívida, percentual que o governo federal havia instituído como forma de permitir a renegociação. O objetivo desse estímulo foi o de tornar toda a Bahia apta a contratar novos recursos para a agricultura familiar. Além disso, nós criamos o programa Crédito Assistido, através do qual o agricultor familiar recebe assistência técnica desde a elaboração dos projetos até a aplicação dos novos recursos. Assim, estamos trabalhando no sentido de que os recursos contratados sejam bem aplicados e que não haja inadimplência.

EDUARDO SALLES - A ADAB, EBDA, Bahia Pesca e CDA são órgãos de fundamental importância na estrutura da Seagri. Trabalhamos de forma integrada e esses órgãos são como braços e pernas da Secretaria. No início do governo encontramos a EBDA sucateada, sem computadores, em condições precárias. Em quatro anos, adquirimos mais de 700 veículos, contratamos mais de 800 técnicos e estamos em permanente diálogo com os servidores, através do sindicato, discutindo questões trabalhistas. Estamos dando assistência técnica a mais de 400 mil agricultores, número que quando assumimos o governo era de apenas 80 mil. A CDA atua na questão da regularização de terras, a ADAB é hoje uma das mais eficientes agências de defesa agropecuária do País e a Bahia Pesca está ampliando de 15 para 50 milhões a produção de alevinos, que são distribuídos com agricultores familiares.

REVISTA AGROMINAS - Como são feitas as ações de preservação e recuperação dos recursos naturais? EDUARDO SALLES - Diferente de outros Estados do País, na Bahia agricultura e meio ambiente caminham de mãos dadas. A Secretaria da Agricultura e a Secretaria do Meio Ambiente trabalham em sintonia e juntas, por determinação do governador Jaques Wagner. Foi desenvolvido o Plano de Adequação Ambiental do Oeste, chamado de Plano Oeste Sustentável, com o objetivo de regularizar as propriedades rurais, que em sua maioria atendem às exigências ambientais, mas há anos esperam pelo licenciamento que os órgãos ambientais não liberavam por não terem tido a capacidade de acompanhar a velocidade com que a região Oeste se desenvolveu. Com isso a Bahia se tornou um dos primeiros Estados a desenvolver um plano de adequação ambiental, que se tornou modelo para todas as outras REVISTA AGROMINAS - Quan- regiões do Estado. do o senhor assumiu a Secretaria, 150 REVISTA AGROMINAS - Qual mil agricultores familiares estavam a importância órgãos como a inadimplentes com os Bancos na Ba- ADAB, a EBDA,dea Bahia Pesca, e a hia. Duzentos e quarenta e dois mu- CDA? Diante de alguns problemas nicípios estavam com crédito travado que tiveram com a EBDA referente no Estado. O que foi feito para sanar à estrutura, condições de trabalho e esse problema de inadimplência? Os salário, quais projetos estão sendo pequenos produtores voltaram a con- executados para a ampliação dos seguir acesso ao crédito rural? no Estado e para que proEDUARDO SALLES - É verdade. mesmos blemas dessa natureza não aconA inadimplência era muito grande e im- teçam novamente? pedia a contratação de novos financia-

REVISTA AGROMINAS - A Bahia apresenta uma produção de frutas bastante diversificada, de frutas temperadas até tropicais. O cacau, por exemplo, que foi uma fruta bastante representativa no Estado, está recebendo investimentos de R$ 5 milhões até 2012, com a chegada de fábricas. Quais as propostas para a fruticultura? EDUARDO SALLES - A Bahia é o segundo maior exportador de frutas e esse status nos dá uma responsabilidade muito grande. Nós temos como primeiro produtor de banana, mamão papaia, de manga, a responsabilidade de dar continuidade, ampliar esse espaço e mudar essa realidade. O Chile, que não se compara ao Brasil e até à Bahia, exporta muito mais frutas do que o Brasil e a Bahia. Então, isso tem que mudar e o nosso caminho é através do incentivo à fruticultura. Nós temos trabalhado muito nessas áreas, tanto na agroindustrialização, que consideramos a base de sustentabilidade para a produção de frutas, como também na questão do incentivo como temos feito com a graviola, pois a Bahia já é o maior produtor mundial de graviola. Também na questão do incentivo à cultura da banana e no incentivo a diversas frutas no Vale do São Francisco. Temos avançado e vamos avançar cada dia mais.

Eduardo Salles, secretário da Agricultura da Bahia

capacidade de produção e de produtividade importantíssimas para o sucesso da agropecuária brasileira. REVISTA AGROMINAS - Uma das metas enfatizadas é a consolidação de um plano estratégico para desenvolver a agropecuária para os próximos 20 anos. O que está sendo proposto com esse plano no que diz respeito à agricultura familiar, a reforma agrária e irrigação? EDUARDO SALLES - Nós fizemos o trabalho de base. Vimos que o Estado e o Brasil não tinham um planejamento estratégico de médio e de longo prazo para esse setor que é tão importante para a agropecuária do Estado e que representa 25% do PIB da Bahia, gera 30% dos empregos e 37% das exportações. Nós criamos as câmaras setoriais e a partir de agora essas câmaras, das quais fazem partem os pequenos, médios e grandes produtores, movimentos sociais e toda agricultura familiar, indicam para nós quais os caminhos, quais os objetivos para avançarmos nos próximos 20 anos. Então, esse planejamento estratégico está respaldado na base, é na ponta que foi feito, não foi o Estado que fez.

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Fotos: Arquivo do Sindicato

ENTIDADE DE CLASSE

Embaixo de um “céu pequeno” nasce o Sindicato dos Produtores Rurais de Tarumirim

Sindicato de Tarumirim

A partir das dificuldades que os produtores rurais enfrentavam no meio rural, sem nenhum amparo, sem nenhuma orientação e apoio, houve a necessidade de criação do Sindicato dos Produtores Rurais de Tarumirim, cidade situada no leste de Minas Gerais. Com o propósito para fins de estudo, coordenação, desenvolvimento, defesa proteção e representação legal da categoria econômica dos ramos da agropecuária, do extrativismo rural e de outras atividades, a entidade surgiu no dia 09 de dezembro de 1955 em Tarumirim que, segundo o atual presidente, significa “céu pequeno”. Na época, o sindicato chamou-se Associação Rural de Taru10

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mirim. O primeiro presidente do sindicato foi Sebastião Lopes de Faria, desde a data da criação até 1959. Em 1965 o estatuto mudou e com isso, a entidade passou a se chamar Sindicato dos Produtores Rurais de Tarumirim. Treze presidentes já passaram pelo sindicato, antes do atual presidente, Aniel Eler Dutra. A diretoria é composta por quatro membros: Aniel Eler Dutra (Presidente), Geraldo Coelho (Vice-presidente), Renato Abib de Miranda (Secretário) e José Pereira da Silveira (Tesoureiro). A suplência da diretoria é composta por Maria Julia Lopes, Maurílio de Paula Santos, Adão Chaves de Assis e Ary Amâncio Carreiro. No conselho fiscal estão Joaquim Cor-

reia Marques, José Barreto Lopes e Nilton Serafim de Araújo. Eder Lopes e José Carvalho Lopes são os suplentes do conselho. Com uma sede própria, desde a criação da entidade, o sindicato conta com a colaboração de três funcionários, sendo duas secretárias e um mobilizador do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Atualmente conta com 320 associados que têm serviços prestados pelo sindicato tais como orientações em processo de cadastro rural, de aposentadoria, cursos, parcerias para a saúde, dentre outros. Em 17 de março de 2010 um terreno foi comprado pelo sindicato para a promoção de eventos. Um destaque do Sindicato dos


Produtores Rurais de Tarumirim é a cozinha própria para os cursos do SENAR, voltados para boas práticas alimentares. Um investimento de R$ 30 mil reais. A partir da dificuldade de fazer os cursos durante o período escolar nas cozinhas das escolas, houve a ideia de se construir um local próprio para efetuar tais cursos. Hoje, com uma cozinha bem equipada, o sindicato proporciona o ano inteiro, cursos para as mulheres que querem aprender sobre as práticas alimentares. Para não mexerem com dinheiro dentro do sindicato, foi aprovado o débito em conta. De acordo com o presidente, 70% dos associados, aproximadamente, estão em dia com as mensalidades.

presidente foi eleito e está à frente do sindicato até hoje. O atual presidente, Aniel Eler Dutra, aos 66 anos, está em seu terceiro mandato, que se encerra em 2013. Natural de Caputira (MG), é casado há 37 anos com Efigênia Maria Moreira Dutra, com quem tem três filhos. Formado em matemática, pedagogia e em direito, lecionou durante 30 anos e é professor aposentado. Em 1997, quando se aposentou em Governador Valadares, resolveu se mudar com Efigênia para a casa que tinham na zona rural de Tarumirim, adquirida em 1969. Para saberem lidar com o manejo diário da propriedade, resolveram se filiar no sindicato e fazer alguns cursos oferecidos pela entidade: de vaqueiro, de administração da propriedade, O PRESIDENTE No dia 25 de outubro de 2004, o 14º plantio e outros. Nesse ritmo de cursos que Dutra e a esposa faziam, eles acabaram gostando da rotina. Ela hoje é uma mobilizadora do SENAR e ele, já no terceiro mandato, é presidente da entidade. Dutra conta que o sindicato estava fracassando e o pedido de socorro caiu na mão dele. “Só que nós pegamos o sindicato devendo, com muita dificuldade. Nós tivemos que

Ariel Dutra, presidente do sindicato.

dar a volta por cima, pagar todas as dívidas e conscientizar os produtores para associarem ao sindicato”, lembra o presidente. Para saírem do sufoco, leilões, diminuição nos gastos e os aluguéis de imóveis pertencentes ao sindicato, ajudaram com que a entidade saísse do vermelho. Durante os mandatos, Dutra conta que trabalhou em prol da ampliação dos cursos em busca da qualidade de saúde e de trabalho dos produtores rurais. Hoje, segundo o presidente, o pessoal está confiando na entidade, está tudo indo bem e sem dívidas. A meta é alcançar 500 associados. O presidente informa que esse será seu último mandato. “Pretendo arrumar alguém para conduzir o barco”.

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Fotos: Lidiane Dias

GRANDES CRIATÓRIOS

Fazenda Edwiges: na fabricação de matrizes

A história da Fazenda Edwiges, localizada no município de Naque, começou em 1986, quando José Maria de Souza, depois de se aposentar do comércio, resolveu comprar uma propriedade na zona rural. Filho de produtor rural, cresceu e trabalhou na roça. Natural de Raul Soares (MG), hoje mora em Ipatinga. Aos 87 anos, depois de 11 filhos (três morreram), 26 netos e 12 bisnetos, Souza comenta que se esqueceu de muita coisa, mas o gosto pela terra continua. Na época de aquisição da fazenda ele trabalhava com gado mestiço. Em 1992, quando comprou o primeiro animal da raça Gir, para fazer Girolando, entusiasmou-se pela raça ao saber que era destinada a produção de leite. Depois disso, comprou outros animais Gir Leiteiro e fir12

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mou na criação da raça. A escolha em mexer com Gir foi por coincidência, mas Souza aponta que o gado da raça é mais bonito e mais valorizado. José Maria de Souza foi o 38º a se filiar na Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). Atualmente o plantel é composto por 310 cabeças, destas 120 são vacas, 70 são novilhas e o restante é composto por tourinhos. A área, toda destinada à criação, tem um total de 307 hectares. Sete nascentes passam pela propriedade. A estrutura, dividida em 22 piquetes, teve melhorias nas cercas, no pasto e na sede. Uma área é destinada para o plantio de milho, para fazer silagem, e outra para plantação de cana-de-açúcar, destinada à alimentação do plantel, que é feita durante todo o ano com silagem e na


José Maria e seu filho Martinho

Fotos: Lidiane Dias

seca com a cana. Cinco funcionários fazem parte da equipe da Fazenda Santa Edwiges. Quatro destinados para o manejo com os animais e um tratorista. As ordenhas, duas por dia, são feitas manualmente, pois a critério de Souza, preferiu não fazer a ordenha mecânica. “É comum você tirar o leite da vaca e deixar o resto para o bezerro. O processo aqui na fazenda é diferente: nós costumamos primeiro deixar o bezerro mamar e depois nós tiramos a sobra”, informa o proprietário. Já em relação ao manejo sanitário, as vacinações são feitas dentro do calendário estipulado. Um veterinário foi contratado e vai duas vezes por mês para prestar assistência técnica. As estratégias utilizadas para uma boa produção, segundo o produtor, é ter boas vacas de leite e fazer um bom trato. A idade do primeiro parto gira em torno de 31 a 36 meses e a produção é de aproximadamente 300 litros de leite por dia. O destaque na lactação, com uma média de sete mil litros, fica por conta de Cubana e Jóia, filhas de Chuva que também se destacava na produção. O filho do produtor, Martinho Magno de Souza, de 57 anos, lembra ainda que uma das estratégias é pegar as melho-

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Hebreu, o touro reprodutor da Fazenda

res vacas e colocar com os melhores touros. Isso pode ser pensado através dos testes de progênie aplicados no plantel. Os animais já receberam premiações nas Exposições de Governador Valadares, Teófilo Otoni e Uberaba. José Maria conta que ia à fazenda e ficava por lá a semana toda. Porém, no dia 03 de setembro de 2009, ele sofreu um acidente com uma das vacas do rebanho, que acabara de parir. Ele foi tentar ajudar um dos vaqueiros que estava prendendo os bezerros, quando a vaca o jogou no chão. Ele bateu a cabeça e precisou passar por duas cirurgias devido aos dois coágulos que se formaram. Depois disso, o filho Martinho passou a cuidar da propriedade. MELHORAMENTO GENÉTICO

Desde a descoberta do Gir como gado leiteiro, lá em 1992, a curiosidade de Souza foi despertada. Entretanto, a produção de leite não é o foco da Fazenda Santa Edwiges. Martinho Magno informa que não tem um pico de produção de leite porque o trabalho é feito somente em cima das vacas que vão para os torneios. Ele reitera que o habitual é deixar os bezerros mamarem primeiro e só depois que eles pegam as sobras. “Nós objetivamos criar bezerros sadios, fortes e não tirar muito leite. Porque o nosso objetivo é fazer matriz, fazer os tourinhos, fazer as novilhas mais saudáveis. A produção de leite é uma

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questão secundária”, classifica. O melhoramento genético é aplicado em todo o rebanho. Todos são resultados de biotecnologias como Transferência de Embriões (TE), feita há 10 anos, e de Fertilização In Vitro (FIV), há cinco anos. A fazenda tem parceria com duas empresas de melhoramento genético, para avaliação e aplicação das biotecnologias no plantel. Para isso, botijões de semens são comprados e também os semens dos touros da fazenda são utilizados. Martinho informa que as despesas são altas, principalmente com a FIV. Mas é um bom investimento já que trabalham com a fabricação de boas matrizes. Eles vendem os animais nos leilões feitos por eles, que acontecem uma vez ao ano. O touro Hebreu da Santa Edwiges foi aprovado pelo teste de progênie no ano passado. Uma prole do touro ficou durante sete anos sendo estudada para fazer esse teste. Através da medição do PTA (Predicted Transmitting Ability – Habilidade Prevista de Transmissão), que é um valor estimado da genética transmitida por um touro a sua progênie, em 2010 ele alcançou um PTA de 216 e esse ano subiu para 417. Hebreu está em 16º lugar no ranking da Embrapa.


A HIDROPONIA É A APOSTA DA MARCA

Fotos: Lidiane Dias

DIA DE CAMPO

Sempre Verde

Antônio de Paula na plantação da alface hidropônica

Como uma forma de complementar a produção de alface, antes feita no solo, o cultivo da alface hidropônica para a família de Paula foi e é um aprendizado constante. Há 15 km de Governador Valadares, no Córrego Brejaúba, zona rural da cidade, está situada a propriedade de Antônio de Paula, 45 anos. O agricultor, em 2000, deu outro passo na horticultura da família: a hidroponia foi à solução encontrada para suprir as demandas de fornecer alface aos supermercados em Governador Valadares e Teófilo Otoni. Entre idas e vindas durantes esses anos, há um ano a produção da marca Sempre Verde entrou em outra etapa, pois passou por uma reformulação da estrutura e de manejo. Antônio de Paula, o único produtor de alface hidropônico da região, conta que começou a mexer com a hidroponia sem saber muito sobre a técnica. Já ficou dois anos sem mexer com esse sistema, desde a implantação. O custo total da montagem do equipamento na época, com as modificações feitas, foi em torno de R$ 100 mil reais. Os problemas encontrados no início foram sendo adaptados depois que o agricultor trouxe um especialista de São Paulo, no início do ano passado, para orientá-lo. Tiveram que mudar quase toda a estrutura: desde os canos, todo o sistema de irrigação, até baixar os níveis das bancadas. O curso foi feito em três etapas e durou cerca de três semanas. Depois disso, a produção passou a ser feita sem parar.

Uma das dificuldades da hidroponia é a dependência da energia elétrica. Portanto, o agricultor adquiriu um gerador, pois se a energia acabar por muito tempo, pode acabar com toda a produção pela falta de nutrientes levados até as alfaces. Trabalhando com seus próprios recursos, o agricultor conta que não tem assistência técnica. As apostilas, do curso rápido com o especialista de São Paulo, servem de base para as dúvidas. Casado com Maria José Moura de Paula, 42 anos, o agricultor tem três filhos: Dayane, Michael e Arthur de Paula, de 22, 20 e quatro anos respectivamente. Ainda criança o gosto pela horticultura começou. Seu pai, também agricultor, ensinou de Paula a mexer com hortaliças. Além da alface, no solo há plantações de couve, rúcula, coentro, salsa, cebolinha, dentre outras. “Se você não gostar de mexer com horticultura, é melhor não inventar porque é muito trabalhoso”, aconselha Antônio de Paula. O PROCESSO

A hidroponia é uma técnica de cultivo realizada na água. Os nutrientes são adicionados na água e essa solução nutritiva é levada por um sistema até a planta. Na propriedade de Antônio de Paula o sistema de água é feito por gravidade, onde uma bomba impulsiona a solução nutritiva até as alfaces, em um período de 30 minutos funcionando e 15 minutos descansando. Os nutrientes utilizados são o JUNHO 2011

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O galpão de 54 metros tem capacidade para 18.000 pés de alfaces na hidroponia

Boro, Cálcio e Potássio, incorporados na água por 20 minutos antes de serem conduzidos à hortaliça. Em 40 dias aproximadamente, a água precisa ser substituída. A Alface crespa do tipo Vera é a cultivada pelo agricultor. Em uma propriedade de 107 hectares, há um galpão de 54 metros de comprimento por 12 de largura para a parte de produção e outro galpão de 12 por 8 metros, para o berçário. No galpão, projetado para receber 18 mil pés de alface, é feita a colheita todos os dias, uma das vantagens da hidroponia. Cerca de 300 sacolas de alface são colhidas por dia. Para isso, o sistema é fechado. Portanto, no verão a colheita é feita à noite por causa do calor, se não corre o risco das alfaces morrerem. Já no inverno a colheita é feita no final da tarde, para ser distribuída aos supermercados no dia seguinte pela manhã. Atualmente ele conta com um funcionário o auxiliando na hidroponia. As sementes peletizadas, compradas em São Paulo, são colocadas em bandejas preenchidas com vermiculita, substrato utilizado pelo agricultor para o crescimento das plantas, que vão para um cômodo escuro com temperatura em torno dos 30 graus para facilitar a germinação da semente. Em torno de cinco dias as sementes já começaram a germinar e já podem ser levadas para a estufa. Dentro de 20 dias, aproximadamente, elas ficam na estufa antes de serem levadas para o berçário. No intervalo de oito a 20

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dias, elas começam a ser irrigadas com a solução nutritiva para começar o crescimento. Depois desse período elas são passadas para o berçário, onde ficam entre 12 e 15 dias, antes de seguirem para a área de crescimento final. Em torno de 20 a 25 dias elas já estão prontas para serem colhidas. O gasto com água gira em torno de 2000 litros no inverno e 4000 no verão. Antônio de Paula diz que os custos ainda são altos e a diferença de preço para produção e venda da alface hidropônica é superior a de solo, começando pela semente especial para o cultivo na hidroponia, passando pela embalagem e insumos que também são comprados fora pela dificuldade de encontrá-los na região. “O custo ainda é alto porque estamos em um lugar que praticamente não se encontra nada. Se a gente encontrasse aqui o adubo e a semente, a gente iria baixar mais o custo dela. Comprar tudo longe encarece”, aponta o agricultor. Uma das vantagens da técnica é o aumento da produtividade, porque não há perda de nutrientes. Além da melhor qualidade do produto, por ser menos suscetível a pragas por ser cultivado em local fechado. “A alface hidropônica é mais limpa, livre praticamente de insetos, de agrotóxicos. Ela é mais macia porque não vai ter o contato direto com o sol, ela é mais saborosa e mais sensível do que a alface de chão. Hoje a minha produção é maior”, informa.


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SAÚDE ANIMAL

Fatores de risco na saúde das bezerras em rebanhos leiteiros PARTE 1

A pecuária leiteira busca constantemente o aumento da produção com lucratividade. Entretanto, o crescimento da produtividade enfrenta a cada dia novos desafios. Diante deste, os sistemas de produção aumentam a utilização de tecnologias e ferramentas para melhorar a eficiência, reduzindo áreas de pastagem, aumentando a densidade animal e, consequentemente intensificando os desafios sanitários. As bezerras são consideradas, dentro do sistema de produção, o futuro da propriedade, de forma que a sua criação requer muita atenção e cuidados. Trata-se de um setor de alto custo com alimentação e mão-de-obra. Por outro lado, esta categoria apresenta doenças que causam mortalidade com taxas de morbidade elevadas (Arthur et al., 1996; McGuirk e Collins, 2004). O desenvolvimento e a saúde destes animais dependem de fatores que podem intensificar, em maior ou menor grau, a ocorrência de doenças. Estes são conhecidos como fatores de risco e estão relacionados com a dificuldade no parto, colostragem e cura do coto umbilical da bezerra. Vale salientar, ainda, os desafios representados pelo ambiente, instalações, alimentação e nutrição, bem como pelas condições higiênicas e climáticas. Todos estes fatores estão em constante inter-relação e são dinâmicos. Assim, avaliação do sistema de produção visando conhecer e identificar os fatores de risco é o grande desafio do presente. O processo doença e saúde é melhor compreendido quando analisado de forma histórica. Primeiramente, a doença era tida como um castigo divino, evoluindo em seguida para grupos causantes ou causantes humanos e, posteriormente para campos malditos. Entretanto, ao final do século XVIII, com os avanços da microbiologia, o processo passou a ser entendido como monocausa. Atualmente enfatiza-se sua origem multifatorial, existindo uma relação entre hospedeiro, agente e ambiente. Esta tríade epidemiológica é importante para análise da situação do animal no espaço e no tempo (Urquijo et al.,1974; Rojas,1978). Em adição a este conceito, pretende-se analisá-lo pelo equilíbrio entre os desafios e a resistência do animal (Davis e Drackley, 1998). Desta forma, com base nesses conceitos, pode-se retornar ao sistema de produção, identificando os fatores de risco e as doenças que impactam na criação das bezerras. As principais enfermidades que acometem esta categoria animal são conhecidas por complexo, pelo fato de mais de um agente estar envolvido no processo. O complexo de diarréias, de doenças respiratórias (CDRB), de tristeza parasitária (CTPB) e as onfalopatias são os mais frequentes nesta fase. Os agentes causadores destas doenças são ubíquos, sendo a ocorrência da enfermidade, em maior ou menor intensidade, dependente da proteção e do desafio a que o animal está exposto (Barrington et al., 2002; Callan e Garry, 2002; Bendali et al., 1999). Para o entendimento desta variação é importante conhecer os fatores de risco. O termo risco é usado para definir a probabilidade 18

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Emerson Alvarenga

Mestrando em Ciência Animal – UFMG Consultor em Pecuária de Leite Intervet Schering-Plough

de ocorrência. São denominados fatores de risco a que estão associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença. Em contrapartida, há fatores que protegem o animal de adoecer, chamados de fatores de proteção. O interessante é que um mesmo fator pode ser de risco para várias doenças ou vários fatores podem ser de risco para uma única doença. Há uma enorme interação entre fatores de risco e de proteção, aos quais as bezerras estão submetidas e que podem, resultar ou não, na redução da probabilidade de adoecerem. Estes fatores são inerentes ao animal, ao agente e ao ambiente e devem ser considerados de forma conjunta, quando se pretende avaliar uma situação epidemiológica e amparar as tomadas de decisões (Thrusfield, 2005). Vários autores destacam que esta inter-relação entre os fatores de risco está presente constantemente nas doenças das bezerras jovens (Barrington et al., 2002; Davis e Drackley, 1998; McDonough, 1994). Segue alguns comentários dos fatores de risco relevantes na saúde das bezerras, até a primeira semana de vida, em rebanhos leiteiros. Estes fatores ocorrem de acordo com a teoria da “Tríade Epidemiológica”, isto é, conforme a relação com o animal, o agente e o ambiente. Alguns fatores de risco associados ao animal são o parto, a colostragem e a cura do umbigo. O parto é definido como o processo fisiológico através do qual o feto e os seus anexos são expelidos do organismo de uma fêmea gestante (Simões, 1984), podendo ser classificado como eutócico ou distócico. O Parto eutócico é o parto normal, quando há ausência de anormalidades de origem materna ou fetal. Por outro lado, no parto distócico há problemas de origem materna ou fetal, que dificultam ou impedem o nascimento do concepto. Esta dificuldade pode ser distinguida em dois grupos: de origem fetal ou de origem materna. De modo geral, as distocias fetais são representadas pelo feto grande em relação à área pélvica da fêmea e as posições fetais anormais. Já as distocias de origem materna compreendem as torções e rupturas uterinas, as fraturas e as pélvis estreitas (Noakes, 2001). Uma das causas mais frequentes da distocia fetal é a presença de bezerros grandes devido ao acasalamento incorreto, que pode estar relacionado às características genéticas do touro, à alimentação da vaca no final da gestação (Davis e Drackley, 1998), bem como a cruzamentos entre raças que favoreçam a heterose. Assim, a avaliação criteriosa na seleção dos touros que serão utilizados para cobrir novilhas ou vacas é de fundamental importância para a facilidade do parto e saúde da bezerra (Davis e Drackley, 1998). A gravidade da distocia é um fator de risco para a ocorrência de enfermidades, comprometendo a saúde da bezerra nos primeiros dias de vida. Suas consequências vão desde o aumento dos custos com medicamento até a morte. A distocia é a maior causa de mortalidade de


bezerros no parto ou imediatamente após (Noakes, 2001). A mortalidade de bezerras nas primeiras horas de vida é maior quanto maior o grau de distocia do parto. Bezerras oriundas de partos distócicos possuem maior dificuldade de ficar em pé e de se alimentarem. São ainda, mais fracas e estressadas, possuem maior dificuldade de iniciar os movimentos respiratórios e de controlar o balanço acidobásico (Davis e Drackley, 1998). O colostro, secreção da glândula mamária após o parto, é constituído por secreção láctea e componentes do soro sanguíneo, principalmente imunoglobulinas (Igs) e outras proteínas séricas que se acumulam na glândula durante o período seco (Foley e Ortterby, 1978). As concentrações de muitos desses componentes são maiores nas primeiras secreções, imediatamente após o parto, seguidas por um declínio progressivo nas ordenhas subsequentes (Foley e Otterby, 1978). As principais Igs presentes no colostro são IgG, IgA e IgM, e representam cerca de 85% a 90%, 5% e 7%, respectivamente, do total de Igs do colostro (Larson et al, 1980). As bezerras nascem agamaglobulêmicas, pois a placenta da vaca impede a passagem das Igs para o feto (Arthur et al., 1996). A absorção das imunoglobulinas maternas, no intestino delgado da bezerra, durante as primeiras 24 horas é denominada transferência de imunidade passiva. Esta transferência ajuda na proteção da bezerra contra organismos causadores de doenças até o completo desenvolvimento da imunidade ativa. Para conseguir uma boa transferência de imunidade passiva de IgG, a bezerra deve consumir o colostro em quantidade e de qualidade, além de ser capaz de absorver estas moléculas. O principal fator que afeta a absorção é o tempo; assim, quanto mais precoce o fornecimento, melhor a capacidade absortiva. As bezerras recém-nascidas estão em constante exposição a patógenos, sendo importante possuir e produzir defesas. Contudo, existe uma janela imunológica, momento em que a imunidade passiva está diminuindo, estando a ativa ainda em formação (Chase et al., 2008). Falhas na transferência de imunidade passiva (FTP) podem comprometer significativamente a sobrevivência neonatal, a morbidade e a mortalidade. Podem reduzir ainda, a eficiência alimentar e aumentar a idade ao parto, bem como afetar a produção de leite na primeira lactação (Busch e Staley, 1980; Faber et al., 2005; McGuirk e Collins, 2004; Ribeiro et

al., 1983; Weaver et al., 2000). Por outro lado, uma boa transferência de imunidade passiva é fator de proteção (Robison et al.; 1988). Alguns fatores podem também interferir na qualidade e na quantidade do colostro, tais como, a idade da vaca, a raça e a duração do período seco. Além de uma variação individual na qualidade do colostro, ocorre uma variação entre as raças. O holandês produz um colostro inferior ao do Guernsey, que também é inferior ao do Pardo Suíço, apresenta um colostro similar ao do Ayrshire, sendo este inferior ao da raça Jersey (Muller e Ellimger, 1981). Com relação à idade, os animais mais velhos tendem a produzir um colostro melhor devido ao maior tempo de exposição à patógenos (Tyler et al., 1999). No que diz respeito à duração do período seco, Hough et al. (1990) não encontraram diferença no volume do colostro produzido entre 28 e 56 dias do seu transcorrer. Entretanto, no período menor que 28 dias há comprometimento na concentração de IgG, sendo um menor volume produzido. Segundo Grusenmeyer et al. (2006) quanto maior o volume produzido menor será a qualidade do colostro. O colostro, além de possuir papel imunológico, possui também um papel nutricional, sendo fonte de nutrientes e energia. Além disso, é importante fonte de geração de calor e manutenção da temperatura corporal, principalmente pelo fato do animal recém-nascido apresentar poucas reservas corporais (Davis e Drackley, 1998). Outro ponto que requer muita atenção quanto à qualidade do colostro é a ausência de contaminação bacteriana. As bactérias podem-se ligar às Igs no lúmen intestinal ou bloquear a absorção destas pelas células intestinais (Godden, 2008). Portanto, o fornecimento do colostro em quantidade adequada, de alta qualidade e no tempo correto continua sendo um procedimento de extrema importância para se evitar FTP e proporcionar saúde para a bezerra (Davis e Drackley, 1998). Na próxima edição continuaremos o assunto, abordando os fatores de risco propriamente ditos.

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CADERNO TÉCNICO

Acidentes com Tratores Agrícolas:

NATUREZA, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS Daniel Mariano Leite, Haroldo Carlos Fernandes e Nildimar Gonçalves Madeira

Foto: Ottoboni

Universidade Federal de Viçosa - MG

INTRODUÇÃO

A modernização das máquinas agrícolas veio agilizar o plantio e a colheita, diminuir a perda de grãos, o que poderia comprometer em até 5% a produção e além de facilitar o trabalho dos operadores que passam a se sentir mais seguros e menos expostos a riscos no trabalho (SCHLOSSER, 2010). Mas, em contrapartida, a partir do momento em que a agricultura evoluiu rapidamente com a introdução do trator agrícola como ferramenta de trabalho, tem sido percebido aumento considerável no índice de acidentes de trabalho no meio rural, com consequências mais graves para operadores, ajudantes e terceiros. As características dos acidentes de trabalho envolvendo tratores agrícolas podem ser utilizadas como base para a definição de estratégias gerais a serem empregadas na prevenção e minimização das consequências de outros acidentes (DEBIASI et al., 2002). Em relação aos efeitos mais graves, Monteiro et al., (2010) verificou 20

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diversas implicações dos acidentes para os operadores ou para os ajudantes. Entre as várias consequências verificadas podem-se citar fraturas diversas por todo o corpo, luxações, lesões, amputações de membros, rupturas de órgãos, entre outras. Já, com relação à frequência e gravidade com que ocorreram acidentes de trabalho com tratores agrícolas em propriedades rurais, Debiasi (2002) verificou que tais eventos são bastante frequentes, com média de dois ou mais acidentes por propriedade na região central do Rio Grande do Sul. Em pesquisas realizadas por Sanderson et al. (2006) nos EUA, foi verificada a ocorrência de 120 a 130 mortes por ano em acidentes de trabalho com tratores agrícolas associados à capotagem. Como pode ser visto, a variedade de acidentes no meio rural envolvendo tratores agrícolas é bastante ampla, com consequências cada vez mais graves. Sendo assim, objetivou-se com o presente trabalho a caracterização dos acidentes com tratores agrícolas

em regiões do Estado de Minas Gerais, permitindo definir as principais causas e suas consequências. MATERIAL E MÉTODOS

A coleta de dados visando à caracterização dos acidentes de trabalho envolvendo tratores agrícolas abrangeu uma amostra de 389 operadores de tratores agrícolas da região nordeste, central e leste de Minas Gerais. Para a coleta de dados, foram visitados 73 municípios, sendo 17 situados no vale do Jequitinhonha, 5 no vale do Mucuri, 11 na região metropolitana de Belo Horizonte, 5 no vale do Aço e 35 no vale do Rio Doce. Ao todo foram visitadas 285 propriedades, sendo entrevistados 389 operadores de tratores agrícolas, portanto, valores superiores ao previsto inicialmente o que tornou a verificação mais representativa e confiável. Os operadores de tratores agrícolas entrevistados informaram ter presenciado ou serem vítimas de 363 ocorrências de acidentes diversos que


Foto: Ottoboni

atingiram 412 pessoas, entre estas, os próprios operadores. Os dados necessários à caracterização dos acidentes de trabalho envolvendo máquinas agrícolas foram obtidos através da aplicação de questionário com questões fechadas (respostas não comentadas), aos operadores que já tenham sofrido acidentes com máquinas agrícolas.

tidos, foi verificado que nas 285 propriedades analisadas foram relatados 363 acidentes, com uma média de 1,77 acidentes por propriedade, independente do período de ocorrências destes acidentes. Ao se limitar o período de ocorrência para os últimos 10 anos, verificou-se que o número de propriedades onde ocorreram acidentes diminui para 205 e o número de ocorrências para 228, o que reduz a média para 1,11 acidentes por proRESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, analisou-se o número de acidentes e de priedade (Tabela 1). acidentados nas propriedades rurais. Segundo os dados obDe acordo com os dados obtidos nesta pesquisa percebeu-se que o trator agrícola esteve envolvido em 153 aciTABELA 1 – MÉDIA DE ACIDENTES POR PROPRIEDADES AMOSTRADAS ONDE dentes (67,11%), seguido pela picadora de cana/capim com OCORRERAM ACIDENTES DE TRABALHO ENVOLVENDO TRATORES AGRÍCOLAS 32 ocorrências (14,03%) e roçadora com 18 ocorrências (7,90%). Conforme a Tabela 2. NÚMERO DE ACIDENTES POR CONDIÇÃO Nº ACIDENTES PROPRIEDADES PROPRIEDADE De acordo com a Figura 1, o contato com partes móveis, Sem restrição geralmente o eixo cardã, foi a causa de 68 acidentes (29,82%) 1,77 285 363 de período no trabalho com tratores agrícolas, vindo a seguir o capotaÚltimos 10 anos 1,11 205 228 mento (lateral e para trás) com 42 ocorrências (18,42%), quedas do trator em movimento ou do implemento com 28 ocorTABELA 2 – PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO DE CADA rências (12,28%), colisões com 19 acidentes (8,33%), queda EQUIPAMENTO NOS ACIDENTES DE TRABALHO de objetos com 17 casos (7,46%), atropelamento com 3 casos ACIDENTES POR MÁQUINAS ENVOLVIDAS NÚMERO DE ACIDENTES (1,32%) e outros com 51 ocorrências (22,37%). PROPRIEDADE Foi verificado que o capotamento encontra-se entre a naTratores agrícolas 153 67,11 tureza dos acidentes que apresenta a maioria dos casos de Picadora de cana/capim 32 14,03 gravidade mais elevada, como paralisias e mesmo o óbito. Em mais de 80% dos casos de falecimento do acidentado, o Roçadora 18 7,90 acidente verificado foi o capotamento. Colhedora de grãos 12 5,26 Foi verificado que os capotamentos laterais estão relacionados diretamente à utilização do trator em condições Trilhadora de cereais 8 3,50 extremas (terrenos muito inclinados), alta velocidade do Outros implementos* 5 2,20 trator em rodovias, excesso de carga no implemento traTotal cionado (carreta), uso de bebida alcoólica e perda de con228 100 trole em aclives e declives. * Implementos agrícolas – arado, grade, carreta, enxada rotativa, etc. Já os capotamentos para trás foram causados pelo engate incorreto de implementos agrícolas, tentativa de arrastar objeto fixo ou muito pesado e mudança de marcha em aclives. Ao se analisar as causas específicas, os dados demonstram que a falta de atenção (26,31%) e o cansaço (24,52%) são consideradas pelos operadores as principais causas dos acidentes com tratores agrícolas, vindo a seguir a operação do trator em condições extremas (12,94%) e a imprudência (9,47%) entre as causas principais para a ocorrência de acidentes com tratores agrícolas (Figura 2). Percebe-se que apenas 8,65% dos acidentes são devido a falhas mecânicas, implicando em dizer que 91,35% dos acidentes se devem a erros do operador. Estes dados são superiores aos obtidos por Debiasi et al. (2002) onde 77,78% dos acidentes são provocados por erro do operador. Figura 1 - Caracterização da natureza dos acidentes ocorridos envolvendo tratores agrícolas com 3 casos (1,32%) e outros com 51 ocorrências (22,37%). JUNHO 2011

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Figura 2 - Caracterização dos acidentes com tratores agrícolas em função das causas específicas.

Figura 3 - Percentual de ocorrência de sintomas no corpo do operador.

CARACTERIZAÇÃO DAS LESÕES PROVENIENTES DE ACIDENTES COM TRATOR AGRÍCOLA

Neste item foram caracterizados os vários tipos de lesões leves e graves provocadas por acidentes de trabalho envolvendo tratores agrícolas. Verificou-se a maior incidência de lesões do que acidentes, uma vez que, em um mesmo acidente ocorreu mais de uma lesão. Pode-se perceber na Figura 3 que a maioria das lesões leves ocorreu nas costas (39,60%) e coluna cervical (23,10%). A média da intensidade da dor sofrida pelos operadores ficou entre 4,8 e 7,3, sendo as dores no pescoço as de maior intensidade (7,3), vindo a seguir os joelhos (5,8) e costas (5,6) (Figura 4). Os tipos mais comuns de lesões verificadas foram fratura, luxação e amputação nos membros inferiores e superiores, traumatismo craniano e outras lesões diversas como pancadas, arranhões, cortes, ferimentos internos, queimaduras, esmagamento, problemas respiratórios, etc. (Figura 5). Verificou-se que as fraturas, tanto em membros inferiores, quanto em membros superiores correspondem a 24,80% dos casos de acidentes graves seguido pelas luxações dos membros inferiores e superiores (28%). CONCLUSÕES

Figura 4 - Intensidade das dores que atingem o operador de acordo com o local.

Figura 5 - Distribuição das lesões de acordo com o local do corpo do operador atingido

• A frequência dos acidentes com tratores agrícolas, nas regiões estudadas é alta. • O acidente de maior ocorrência foi o contato com as partes ativas do trator seguido do capotamento. • A maior parte dos acidentes, independentemente se ocorrido ou não, foram por atitudes inseguras. • Falta de treinamento e desconhecimento dos operadores são as principais causas de acidentes com tratores agrícolas. 22

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FORRAGICULTURA

Diferimento de Pastagens Humberto Luiz Wernersbach Filho

Zootecnista MSc / Supervisor de Pesquisa Fertilizantes Heringer S/A

A sazonalidade na produção das plantas forrageiras é um dos fatores mais limitantes para o aumento da taxa de lotação das pastagens e, consequentemente, para o crescimento da produção pecuária no Brasil (figura 01). O termo diferimento de pastagens consiste em vedar parte das pastagens da fazenda para que se tenha reserva de capim para a época seca do ano. O diferimento da pastagem é uma estratégia de manejo de fácil realização, baixo custo e que garante estoque de forragem durante o período de sua escassez. Contudo, para seu sucesso, a técnica depende das características de fertilidade do solo, clima local e das espécies forrageiras existentes na fazenda. O conteúdo deste artigo tem como objetivo discutir algumas variáveis no processo de diferimento de pastagens e fazer algumas recomendações práticas para o sucesso da tecnologia.

Figura 01 – Disponibilidade de matéria seca verde para Panicuns sp. (PAN) e Brachiarias sp. (BRAC) ao longo do ano. (Fonte: Euclides, 2001)

FERTILIDADE DO SOLO E DIMENSIONAMENTO DA ÁREA

A fertilidade do solo terá influência direta na taxa de lotação da fazenda. Portanto, o tamanho da área a ser diferida dependerá do nível de intensificação da propriedade. A tabela 01 ilustra uma simulação de taxa de lotação com a utilização do diferimento. Em média, recomenda-se de 20 a 30 % de área da fazenda para vedação num sistema de baixo a médio nível de intensificação.

TABELA 01 - SIMULAÇÃO DA TAXA DE LOTAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DO DIFERIMENTO DE PASTAGENS EM SOLOS DE BAIXA (MENOS DE 20 % DE ARGILA), MÉDIA (ENTRE 20 E 40% DE ARGILA) E ALTA (MAIS DE 40 % DE ARGILA) FERTILIDADE NO BRASIL CENTRAL. (ADAPTADO DE SANTOS E BERNARDI, 2005)

REGIÃO

BRASIL CENTRAL

FERTILIDADE Baixa Média Alta

LOTAÇÃO 0,80 1,20 1,68

DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS (% DO TOTAL)

EXTENSIVA

INTENSIVA

DIFERIDA

86 56 25

0 10 20

14 34 55

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CLIMA O clima interfere na época de vedação do pasto e na utilização da forragem diferida. O crescimento das gramíneas tropicais é paralisado em temperaturas abaixo de 12 a 17°C e disponibilidades de água abaixo de 40%, o que representa uma situação de estresse hídrico. Pode-se concluir que os períodos de restrição de forragem, além da época de vedação irão variar de acordo com essas características climáticas (Santos e Bernardi, 2005). Recomenda-se que o pecuarista busque os dados de sua região. ESPÉCIES FORRAGEIRAS PARA DIFERIMENTO Um dos principais critérios para escolha do capim a ser diferido é o ritmo de redução do valor nutritivo. Durante o período de florescimento, de modo geral, a qualidade dos capins decresce rapidamente. Dessa forma, deve-se dar preferência às plantas que não apresentem pico de florescimento durante o outono. Outro ponto importante é a questão da manutenção da relação folha: haste elevada. Forragens com excesso de talos e poucas folhas indicam diretamente uma forragem de baixo valor nutricional, principalmente, com reduzido aproveitamento da fibra do capim. Como critérios práticos, espécies de brachiarias entram como uma das melhores opções, principalmente Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha cv. Marandu. Evitar utilizar espécies de crescimento cespitoso, como Panicuns sp. e Andropogon sp. (Euclides, 2001; Santos e Bernardi, 2005) ÉPOCA DE VEDAÇÃO E MANEJO DA ÁREA PARA DIFERIMENTO Uma das principais dúvidas com relação ao diferimento é a época em que o pasto deve ser vedado. Caso a área seja vedada muito cedo, o valor nutritivo da forragem no momento da vedação será muito baixo e os riscos de perda durante o pastejo serão elevados. Já um período de vedação curto, poderá comprometer a quantidade de matéria seca acumulada. Euclides (2001) recomenda a vedação escalonada das pastagens. Vedam-se 40 % da área de pastagens, destinadas ao diferimento, no início de fevereiro, para consumo de maio ao fim de julho. Posteriormente, vedam-se os 60 % restantes no início de março para utilização de agosto a meados de outubro. Contudo, essas datas podem variar em função do regime de chuvas da região, por isso, pode-se ajustar a primeira etapa de vedação para segundo terço do período chuvoso e a segunda etapa para o terço final das chuvas. Não vedar a pastagem ao final das águas propriamente dito, pois as chuvas podem variar e cessar antes do momento de vedação.

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Para melhorar a qualidade da pastagem diferida, reduzindo a presença de colmos velhos e aumentando a quantidade de folhas, Paulino et al. (2001) recomenda a técnica do manejo para qualidade do pasto. Essa técnica consiste em fazer a remoção do meristema apical da planta no momento da vedação, para estimular a emissão de perfilhos basais, disponibilizando ao animal material rico em folhas e colmos novos, de melhor valor nutricional. Essa técnica não deverá ser feita várias vezes ao ano, pois a emissão de novos perfilhos aumenta a exigência nutricional da planta, o que, quando não observada, pode levar a degradação do pasto. Para se aumentar a disponibilidade de forragem, recomenda-se fazer uma adubação de manutenção no momento da vedação. A adubação aumentará a quantidade de perfilhos e, consequentemente, a quantidade de folhas. Para maior eficácia e melhor custo da adubação, a utilização de ureia protegida contra perdas, entra como grande estratégia. É importante que o pecuarista busque orientação técnica para amostragem de solo e a recomendação de adubação (Euclides, 2001; Santos e Bernardi, 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS O diferimento constitui uma poupança de forragem, representando um banco de energia latente, que deverá ser disponibilizado por medidas de suplementação adequadas. Recomenda-se utilizar espécies de brachiarias para vedação, as quais, mantém elevadas quantidades de folhas. Evitar espécies de crescimento cespitoso, como panicuns sp e andropogon sp. A época de vedação deverá ser escalonada, sempre em função do regime de chuvas no ano agrícola. O manejo para qualidade deverá ser feito, para que a pastagem vedada seja de melhor valor nutricional. A adubação de manutenção entra como estratégia para aumentar a produção de forragem e recuperar a pastagem.

Referências Bibliográficas EUCLIDES, V. P. B. Produção intensiva de carne bovina em pasto. In: II SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE – SIMCORTE, Viçosa, 2001. Anais. Viçosa: UFV, 2001. p. 55-82. PAULINO, M. F., DETMANN, E., ZERVOUDAKIS, J. T. Suplementos múltiplos para recria e engorda de bovinos em pastejo. In: II SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE – SIMCORTE, Viçosa, 2001. Anais. Viçosa: UFV, 2001. p. 187-232. SANTOS, P. M., BERNARDI, A. C. de C. Diferimento do uso de pastagens. In: 22º SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, Piracicaba, 2005. Anais. Piracicaba: FEALQ, 2005. p. 95-118.


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AGROVISÃO

A Força do Produtor Rural Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Foto Divulgação

Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio Ambiente - Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br

Será que somos páreos para uma formiga cortadeira, também conhecida como saúva? Apesar de agressiva, se nos depararmos com uma no campo, basta uma pisada para eliminá-la, afinal somos milhares de vezes maiores que a insignificante formiga. E se você for atacado por dez formigas? Sem problemas. E se for atacado por milhares e milhares de formigas prontas para dar a vida para eliminar o invasor? Neste caso ou você corre ou terá que conviver durante dias com dores por todo o corpo decorrente das várias ferroadas que vai levar. No mundo animal, quando estas formigas se deslocam pela floresta aos milhares e até mesmo milhões, nenhum outro animal se atreve a ficar no caminho. Este é um dos principais exemplos da natureza onde o tamanho não é do26

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cumento, mas a associação e organização dos indivíduos. Vamos imaginar agora vários produtores de tomate vendendo seus produtos no Ceasa de forma individual e todos vendendo pelo mesmo preço. O comprador estrategicamente especula com o valor da caixa de tomate, barganhando individualmente alegando que o vendedor de tomate ao lado está vendendo a caixa a R$ 10,00, por exemplo, forçando o produtor a vender por um preço reduzido e que, se não reduzir, comprará de outro produtor. Esta pressão psicológica, em função da necessidade da venda do tomate e o risco de voltar com o produto para casa, induz os produtores a vender seu produto por um preço muito menor que o valor real. Neste ciclo de especulação e falta de or-

ganização, ao final do dia os produtores voltam para casa amargando lucros reduzidos e, em alguns casos até prejuízo. Agora imagine todos os produtores de tomate vendendo seus tomates juntos e de forma organizada. Será que o comprador conseguiria especular com o grupo unido? Claro que não, pois, o comprador não teria outro lugar para comprar os tomates sendo obrigado a pagar o preço pedido pelos produtores. A organização aumenta o poder de negociação dos produtores reduzindo o poder de especulação do comprador, fato que não acontece se os produtores negociam de forma isolada. Esta organização chamada de associativismo está presente na vida de todos como nas associações de bairro, de profissionais, de produtores, de tudo que se possa imaginar. Quanto mais


forte uma associação, maior será o seu poder de negociação e reivindicação sendo muito respeitado. Existe uma outra forma de organização muito interessante. Imaginem um produtor de leite vendendo seu produto para uma empresa. Ele recebe pelo leite vendido e ponto final. Mas o produtor sabe que se ele produzir e vender queijo, requeijão e iogurte ele agregará valor ao produto ganhando mais. Mas ele produz pouco leite e não tem condições de montar uma fábrica para produção de produtos lácteos e atender as obrigações legais. Apesar desta limitação, o produtor verifica que existem outras centenas de pequenos produtores de leite na mesma situação que a dele e com a mesma forma de pensar. Estes produtores se unem e, com um pequeno investimento de cada participante, fundam um laticínio que

começa a produzir queijo, requeijão, manteiga, etc. Com o lucro do laticínio sendo dividido igualmente entre eles, ou seja, os produtores vendem seu leite para eles mesmos ganhando mais com os lucros de sua empresa na venda dos produtos lácteos. Esta organização coletiva onde todos são donos de uma empresa repartindo os seus lucros é chamada Cooperativismo. Existem hoje no Brasil milhares de cooperativas de produtores rurais, médicos, crédito, etc. Este sistema de organização no país é muito incentivado pelos governos Federal e Estadual, tendo uma série de benefícios para sua implantação, inclusive fiscais. Existe um velho ditado que adquiriu muita importância, principalmente para os pequenos produtores, nos mercados competitivos dos dias de hoje: “andorinha sozinha não faz verão”.

“Andorinha sozinha não faz verão”

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SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade e Turismo Rural Viviane do Vale Silvestre

Diretora da Vale Silvestre Eco Park Presidente da Convention Visition & Bureau de Governador Valadares e Região

Grupo escolar pratica um turismo aventura na semana do meio ambiente

O Turismo vem se desenvolvendo no Brasil como uma grande alavanca para o crescimento sócio-econômico do País. Muitos são os tipos de turismo existentes. Dentre eles o mais evidente no momento é o turismo de eventos esportivos que dará ao Brasil uma grande repercussão mundial, sendo a vitrine do mundo nos próximos jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Mas não é só este tipo de turismo que pode se beneficiar desta atividade econômica que movimenta mais de 50 setores diretos da economia. O turismo Rural é novo e emergente no cenário rural, englobando um conjunto de atividades tão diversas que se torna difícil abrangê-lo em definições que não sejam polêmicas. O cenário das discussões ambientais propicia muito ao turismo no meio rural que vem obtendo um crescimento significativo no nosso país, o qual agrega valor a atividade no meio rural, diversificando a gama de produtos existentes nas propriedades. Com toda a polêmica da sustentabilidade ambiental no cenário Brasileiro e mundial, esta valorização ganha uma grande repercussão e a comunidade valoriza cada vez mais empresas / propriedades que respeitem e cuidam do meio ambiente. É preciso, portanto, definir o que 28

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entendemos como Sustentabilidade para que possamos seguir uma linha de raciocínio. Entendemos como Desenvolvimento Sustentável, o desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Ao utilizar de forma sustentável a propriedade rural e, promovendo a visitação na mesma, é que o produtor passa a ter mais um agregado: o produto turístico. Mostrar ao turista toda a propriedade produtiva passa a ser mais uma forma de obter recursos e ampliar o leque de produtos oferecidos sem mexer na estrutura já existente. Ao contrário, agregando valor a esta estrutura. Tirar leite da vaca, visitar os espaços da fazenda tais como: curral, horta (se for orgânica melhor ainda), galinheiro, pomar, diversas plantações, colher e comer frutas ao natural, pesqueiro, cana-de-açúcar, alambique, minhocário com produção de húmus, produção de milho, café ou qualquer outra área produtiva, tudo isto, se bem trabalhado, pode se tornar um grande atrativo para as pessoas do meio urbano que estão em busca de novas experiências ao estarem visitando e vivenciando estas atividades. Assim, pode-se dizer que, o turismo rural é uma alternativa para o desenvolvimento local,

Fotos: Claudia Pimenta

no que se refere ao aproveitamento das especificidades de cada território e ao pleno aproveitamento das suas potencialidades e oportunidades. Esse setor turístico constitui-se num instrumento de estímulo à gestão e ao uso sustentável do espaço local, que devem beneficiar, principalmente, a população local direta ou indiretamente envolvida com as atividades turísticas. Da produção do húmus podemos aproveitar para adubar a horta, pomar e demais plantações. Da produção das frutas do pomar podemos produzir doces caseiros, geléias para uso e venda na propriedade. Do leite pode-se produzir doces e quitandas da culinária mineira. Com a utilização do biodigestor anaeróbico, como recurso de tratamento de dejetos orgânicos, pode-se obter o biogás para utilizar na cozinha e fertilizante orgânico para utilização nas plantações. O turismo no meio rural é movimentado não apenas por famílias a procura de tranquilidade e vivências rurais, como grupos de escolas com foco no turismo eco-pedagógico, terceira idade, pessoas depressivas, jovens que procuram atividades diferenciadas desde a convivência com a natureza com trilhas interpretativas em meio a matas nativas e também cavalgadas. O espaço rural também está


sendo muito requisitado para realizações de eventos empresariais, casamentos e vários outro. Além destas atividades, valoriza-se as construções antigas de fazendas que podem ser abertas a visitação, a hospedagem, montagem de hotéis-fazenda e ou restaurantes típicos, aproveitando a arquitetura rural. O turismo rural deve ser desenvolvido de forma sustentável. A parceria com propriedades rurais vizinhas devem ser promovidas e valorizadas a fim de favorecer ao visitante uma maior diversidade. Assim apresentamos o Agroturismo. Imaginemos uma região onde temos várias propriedades rurais com diferentes características. Sendo assim, se o cliente visita numa propriedade à produção de morangos, na outra visita produção de café, outra com os observadores de aves nos mais diferentes e exuberantes pontos dos fragmentos da Mata Atlântica que abriga uma grandeza da natureza, principalmente, a riqueza de avifauna, que podem ser observadas em todos os períodos do ano, bem como cen-

tenas de cachoeiras e uma rica diversidade. Um destino impressionante que oferece inesquecíveis sensações como a de sentir a brisa, sentir-se completamente integrado a natureza andando por trilhas com os grupos dos Birdwatching, destinados à troca de experiências e informações entre observadores de aves, atividade que vem crescendo a cada dia. A soma de bons exemplos de Desenvolvimento Rural Sustentável citado acima, tem por base a produção de cada propriedade, pois o seu produto possibilita a visita e ao mesmo tempo, com a sua comercialização, agrega valor aos que já produzem no seu dia-a-dia. Ainda temos um outro tipo de turismo que é praticado em meio à natureza, proporcionando muitas sensações ao participante: o Turismo Aventura. Sustentável por gerar renda as propriedades que permitem acesso para pessoas devidamente credenciadas, que preservam a natureza, pois dependem dela bem cuidada para a prática deste turismo.

Quitandas produzidas pelas famílias que fazem parte do turismo rural

menta

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PERFIL PROFISSIONAL

Armando Norte e o pioneirismo no melhoramento genético O profissional dessa edição é a inseminação artificial foi uma foram feitos na Fazenda Lagoa natural de Carlos Chagas, forma- dificuldade marcante, começan- Grande, em Medeiros Neto, que do em Medicina Veterinária pela do pela maior delas que era a atualmente recebe cerca de 20 Escola de Veterinária da Univer- conscientização das pessoas na alunos por ano para fazerem essidade Federal de Minas Gerais e época. “Uma novidade sempre tágio, visitas técnicas e profissioEspecialista em reprodução ani- tem algumas barreiras. Pioneiros, nais com pesquisas para as teses mal pelo Colégio Brasileiro de em Carlos Chagas, temos a par- de mestrado e doutorado. Hoje, Reprodução Animal (CBRA). Por ticipação de quatro pecuaristas pesquisas para a elaboração de se identificar com a área de repro- que resolveram também abraçar a um composto genético para a pedução animal e genética, Armando causa. Naquela época outra difi- cuária de leite também estão senLeal do Norte, 60 anos, formou-se culdade era aquisição de nitrogê- do desenvolvidas por Norte. em medicina veterinária aos 22 nio e sêmen. Tudo isso era mais Nos 38 anos de trabalho, Noranos. Em julho de 1973, sua tra- difícil”, lembra. te ressalta que competência, garra jetória profissional coe determinação são esmeçou e de lá para cá senciais para um bom “O CAMPO DE TRABALHO É teve mais de 50 trabaprofissional. “O camMUITO AMPLO E PARA O BOM lhos publicados. po de trabalho é muito Administração ru- PROFISSIONAL SEMPRE EXISTEM amplo e para o bom ral, clínica cirúrgica em profissional sempre BOAS OPORTUNIDADES” grandes animais, reproexistem boas oportudução em bovinos e nidades. Para mim, consultoria na área de melhoramenCasado e com quatro filhos, além de ser muito gratificante, to genético são as áreas que atua. Norte transferiu seus negócios porque é um trabalho dentro da Além de ser credenciado em facul- para Medeiros Neto (BA) em minha área, os resultados foram dades de veterinária para orientar 1992, onde desenvolve um pro- bem favoráveis. Com esses nosestagiários. Seu primeiro emprego jeto para elaboração de um com- sos trabalhos de cruzamento infoi nas propriedades da família em posto genético para a pecuária de dustrial, de melhoramento genéCarlos Chagas, com a adminis- corte desde 1993. O composto tico, nós criamos esse composto e tração da Fazenda Sagres. Teve a bovino brasileiro foi idealizado foi bastante gratificante. Ele tem oportunidade também de trabalhar juntamente com mais dois pro- uma penetração em nível de Braem outras fazendas no município. fissionais da área. Os trabalhos sil e é reconhecido pelo MinistéEm 1974, o pioneirismo com para desenvolver esse composto rio da Agricultura”, orgulha-se.

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por Prof. Ruibran dos Reis

Coordenador do Minas tempo e prof. da PUC Minas

Foto Divulgação

METEOROLOGIA

Previsão Climática para o Inverno

O inverno começa no dia 21 de junho às 14h16min e termina no dia 23 de setembro as 6h04min. Astronomicamente o inverno ocorre no Hemisfério Sul quando o Sol incide perpendicularmente ao Trópico de Câncer, que a linha imaginária que passa a 23º 27’ no Hemisfério Norte. Neste dia é quando o Hemisfério Sul recebe a menor quantidade de radiação solar, a noite é mais longa e ocorre o dia mais curto do ano. Assim, nesta época é muito comum a presença de massas de ar polar atuando no Brasil com forte intensidade. Para este ano, o fenômeno La Niña não estará atuando durante o inverno, as frentes frias deverão passar com regularidade pelo Estado de Minas Gerais, normalmente uma por semana, o que deverá deixar a umidade relativa do ar alta e, consequentemente, os dias mais nublados. Não há previsão de quedas acentuadas da temperatura do ar. A passagem de frentes frias nesta época do ano nas regiões leste e nordeste de Minas Gerais, norte do Espírito Santo e sul da Bahia, deixa as temperaturas máximas dentro do padrão e também é comum a ocorrência de chuvas de fraca intensidade. Portanto, o período seco deste ano, que coincide com o inverno, não deverá ser rigoroso. A previsão é de dias seguidos sem chuvas, mas devido à passagem dos sistemas frontais a previsão é de chuvas de fraca intensidade em alguns dias do mês de junho. Devido ao aquecimento global a variabilidade do clima está cada vez maior. Num ano chove muito e no outro ocorre uma forte seca. Entretanto, nesta estação seca os modelos de previsões estão otimistas, isto é, a seca será de fraca intensidade.

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O Comércio Exterior e o Agronegócio por Hyberville Paulo D´Athayde Neto

MERCADO

Médico Veterinário | Scot Consultoria

Não é novidade que o agronegócio é vital para o Brasil, apesar de muitas vezes manifestações contrárias à produção de alimentos passarem impressão errada a um ou outro desavisado. Consideremos os benefícios para a balança comercial brasileira. Nos primeiros quatro meses deste ano a balança

comercial do agronegócio registrou superávit de US$ 19,96 bilhões. No mesmo período, a balança comercial total do Brasil ficou positiva em US$ 5,03 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compilados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Figura 1

Figura 1. Balança comercial do agronegócio e total brasileira nos primeiros quatro meses de cada ano, em milhões de US$.

Fonte: MDIC / Conab

Se retirássemos o agronegócio da conta, teríamos um déficit de US$ 14,27 bilhões. No mesmo período do ano passado a importância do campo no comércio exterior não foi diferente. O superávit do agronegócio foi de US$ 16,29 bilhões, enquanto a balança comercial de todos os setores fi-

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cou positiva em US$ 2,16 bilhões. A evolução do superávit da balança geral foi menor que o do agronegócio. Foram 3,67 bilhões de incremento no saldo comercial do campo, frente a US$ 2,86 bilhões na evolução geral, comparando os dois períodos em questão.


Mercado firme, com olhares atentos à safra sulista e importações Marcelo Pereira de Carvalho - Diretor Executivo da AgriPoint Rodolfo Castro - Analista de Mercado de Lácteos da MilkPoint

O mercado nacional de leite encontra-se altista, caminhando firme para entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e para safra do Sul. A expectativa dos agentes de mercado é de que esse cenário favorável se sustente em curto prazo e de que em meados de junho em diante, o mercado responderá de acordo com a safra sulista e as importações. As regiões Sudeste e Centro-Oeste começaram a apresentar decréscimos mais expressivos na produção. Com o “fim” dos pastos nas regiões e os insumos encarecendo, essa tendência deve acentuar-se ainda mais. Na comparação com o ano anterior os agentes de mercado consultados pelo MilkPoint apontaram uma safra para o sudeste bem próxima ou levemente acima da de 2010, mas bem abaixo no centro-oeste. No momento, a procura por leite por parte das empresas é alta, com o leite spot sendo

comercializado entre 89-92 centavos de real/ litro. Os preços, principalmente de leite longa vida, seguiram comportamento do leite spot, crescendo no início de maio e estabilizando à medida que o mês chegou ao fim, permanecendo também em interessante patamar. Em suma, a demanda por lácteos tem estado firme, maior em maio do que em abril. Porém, há dúvidas a respeito dos possíveis efeitos do crescimento do endividamento da população, restrição de crédito, aliada a outras medidas de restrição de consumo (por conta da inflação), que podem fazer efeito. A situação econômica mundial (incluindo a brasileira) parece ter piorado nos últimos meses, por conta da inflação.

junto, têm preocupado a grande maioria dos agentes de mercado consultados pelo MilkPoint. Alguns desses preveem um ano similar ao anterior, com queda de preços ao produtor a partir de junho/julho. A explicação reside no fato de que um incremento significativo da oferta não encontraria paralelo na demanda, ocasionando uma pressão baixista de preços por parte do atacado/varejo. Como ponto positivo o mercado “não quer outro 2010”, e a estratégia e planejamento de produtores e indústria deve passar pela memória de um passado recente. Assim sendo, teríamos um ano de menor oscilação/maior estabilidade nos preços. Finalmente, vale lembrar que os custos estão pelo menos 10% mais altos do que em 2010, o MERCADO ESTÁVEL: ATÉ QUANDO? que coloca em risco a oferta futura caso haja Os efeitos da safra recorde sulista e das queda significativa nos preços. importações, ainda mais atuando em con-

Zona da Mata e Leste de Minas inicia forte a colheita Waldir Francese Filho

Eng. Agr. Gerente Comercial Coocafé

Após anos difíceis na cafeicultura, nossa região inicia a colheita da safra 2011/12 com bastante otimismo. Neste ano os produtores investiram mais nas lavouras brasileiras e até mesmo em estrutura para o processamento do café, devido a grande reação que houve no mercado de café. A visão de melhores dias para a cafeicultura motiva novamente nossa região. Este otimismo, no setor cafeeiro, será muito importante para nossa região consolidar no mercado como também região produtora de cafés de qualidade. O clima tem ajudado a produção de cafés mais finos, contrário dos anos anteriores, os produtores estão tendo rendimentos espetaculares para o descascamento do café. Nossa região está altamente focada nas novas demandas do mercado e tem capacidade de responder a demanda mundial e ao mercado interno. A

melhoria da qualidade será uma forte arma para melhorar a receita das propriedades, permitir liquidação de dívidas que estão sendo arrastadas por vários anos e mesmo aumentar o interesse de jovens agricultores em permanecer na roça. O aumento de receita somente será realizado se os processos de colheita forem bem gerenciados, pois ainda sofremos com diversos gargalos que necessitam ser resolvidos como a falta de mão-de-obra e legalização trabalhista.

Cotação Junho/11

Arábica | Duro tipo 6 | R$ 450,00 Cereja | Descascado Fino | R$ 500,00 Conilon | Tipo 8 | R$ 218,00 JUNHO 2011

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COTAÇÕES

BOI GORDO

MERCADO FUTURO (BM&FBOVESPA) 08/06

(R$/@) INDICADORES ESLAQ / BM&F BOVESPA BOI GORDO

VENCIMENTO

FECHAMENTO

DIFERENÇA DO DIA ANTERIOR

Junho 2011

98,42

0,43

DATA

À VISTA

A PRAZO

Julho 2011

99,21

0,55

01/06/11

98,11

99,83

Agosto 2011

100,07

0,37

02/06/11

97,90

99,48

03/06/11

98,00

100,00

Fonte: BeefPoint

Fonte: BeefPoint

PREÇOS DO LEITE

(R$/L)

COTAÇÕES DO LEITE CRU PREÇOS PAGOS AO PRODUTOR

R$/LITRO

MG

RS

SP

PR

GO

BA

SC

Nov/10

0,7256

0,6323

0,7581

0,7373

0,7284

0,6698

0,7075

Dez/10

0,7235

0,6513

0,7586

0,7469

0,7366

0,6538

0,7373

Jan/11

0,7211

0,6815

0,7676

0,7553

0,7397

0,6373

0,7514

Fev/11

0,7285

0,6954

0,7761

0,7513

0,7518

0,6312

0,7543

Mar/11

0,7604

0,7142

0,7963

0,7495

0,7749

0,6516

0,7599

Abr/11

0,8002

0,7583

0,8253

0,7727

0,8099

0,6973

0,8105

Fonte: Cepea - Esalq/USP (Milk Point)

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JUNHO| 2011 MAR ABR 2011


MÃO NA MASSA

Bolsinha Caixa de Leite

Imagem Ilustrativa

Fonte: Site Artesanato na rede

PASSO-A-PASSO 1) Abra a parte superior da caixa e corte a borda superior no local onde já existe a própria dobradura. 2) Forre a caixa com o papel branco para eliminar os caracteres impressos. Coloque a cola na bandejinha de isopor para passar o pincel, a mão esquerda dentro da caixa e passe a cola com o rolinho. Ponha o papel e passe a mão para aderir bem. Vá contornando toda a caixa. 3) No fundo da caixinha, use o pincel para colar. Deixe secar por 10 minutos. 4) Amasse e desamasse três vezes o papel, para obter um bonito efeito. 5) A medida do papel é de 32 cm x 21 cm. 6) Comece a revestir pela metade da lateral menor, deixando 1 cm para o acabamento. 7) Passe a cola e coloque a folha já posicionada. 8) Caixa posta sobre o papel. 9) Após colar todas as laterais, passe o rolinho para o acabamento no fundo. Passe a cola e faça a finalização como se estivesse embrulhando um presente.

MATERIAIS Caixa de longa vida Papel Kraft natural 02 sépalas (flor do coco verde) Hastes de coqueiro Papel sulfite ou qualquer papel liso Corda (sisal) Palha da costa tingida Cola quente Cola branca Rolinho de espuma Pincel Bandeja de isopor Tesoura 01 objeto pontudo

10) Finalize a parte superior com a sobra de 1 cm de papel e passe a cola com o pincel. 11) Pegue a palha da costa, acerte cerca de 08 fios, faça um laço simples, acerte bem o laço. Com a cola quente, fixe o laço na posição sugerida. 12) Corte os excessos da palha. 13) Cole as hastes do coqueiro, no centro do laço. 14) A seguir, corte as hastes da cépala do coqueiro. 15) Cole as hastes. 16) Procure a melhor posição para colar as flores com a cola quente. 17) Corte 02 cordinhas de 33 cm cada. Calcule o local que vão ser feitos os furos: 1,5 cm de altura e 02 cm na largura. Faça esta marquinha a lápis, de cada lado da caixinha. 18) Com algum objeto pontiagudo faça os 04 furinhos. 19) Passe as cordinhas e dê um nó para fixá-las. Faça isso nas 04 pontinhas. 20) Caso as alças fiquem estranhas, para posicioná-las bem retinhas, passe cola quente nas laterais. 21) Caixa finalizada.

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EMATER

Programa de Revitalização da Feira Livre

Tânia Carvalho Coleta

Extensionista Bem Estar Social II Escritório local de Mantena - MG

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vigia para fazer a guarda das barracas, estrutura para uso de banheiro pelos feirantes que são identificados com crachás. Após uma concessão da diretoria da Emater, o município solicitou a entrega de mais um kit de feira. A feira de Mantena possui hoje 40 barracas de feira e duas balanças, os feirantes estão distribuídos cada um em local demarcado. A resposta foi imediata. Hoje uma rádio local tem convênio com a prefeitura e todo sábado esta rádio transmite ao vivo um programa voltado para o agricultor familiar, tem a parada sertaneja e o brinde do feirante do dia. “Fico orgulhosa não pelas ideias mas pelo resultado de um trabalho sério e nisto conto com a participação total dos feirantes que conquistaram seu espaço de volta. A feira hoje é realizada em parte na quarta-feira e com todos os feirantes nos sábados a partir das sete horas da manhã”, aponta Tânia. “Nossa feira hoje mudou a nossa vida. Ela nos ajuda muito. Antes a gente ficava até o meio-dia para vender uma coisinha de nada, hoje quem trouxer mais vende tudo, vende mais”, diz Norato Fernandes, 68 anos, que há mais de vinte anos é feirante. “A feira de Mantena hoje é orgulho pra nós e para cidade toda. Ninguém sai daqui para procurar outra feira, aqui o povo acha tudo: maracujá, goiaba, pastel frito, caldo de cana, manga, mandioca, queijo, requeijão, farinha de Milho, polpa de fruta, jiló. Aqui acha de tudo porque nós produzimos mesmo”, informa Marlene Barbosa dos Santos, 52 anos, feirante há doze anos. Foto: Arquivo Emater-MG

Pelo Programa de Reestruturação da Feira Livre do Produtor Rural a EMATER-MG realiza ações capazes de transformar a vida do produtor que desenvolve comercialização em feira livre. Atualmente no município de Mantena, a equipe da Emater acompanha a satisfação e alegria dos feirantes que semanalmente recebem a volumosa participação dos consumidores urbanos. Há dois anos a equipe atuou na organização e na constituição da associação dos Feirantes de Mantena. Na época, os membros fundadores estavam desacreditados de que a feira poderia melhorar. Os agricultores foram assistidos e depois desta mobilização a associação passou a ter uma diretoria ativa, um grupo de associados que passa de 50 membros e com reuniões regulares. O município recebeu um kit do Programa de Restruturação da Feira Livre do Produtor, através do Programa Minas Sem Fome, sendo a Emater – MG a Gestora do Programa. Os kits foram repassados aos municípios que tiveram projetos contemplados. Depois de reunir os associados deu-se início a uma discussão sobre a necessidade de mudança do local onde a feira funcionava aos sábados. Neste contexto, apontamos para a parceria com a Prefeitura Municipal de Mantena que através da Secretaria Municipal da Agricultura disponibilizou a mudança do local. Hoje a estrututra da feira de Mantena ganhou maior visibilidade sendo realizada na Praça da Igreja Matriz no centro da cidade. Com a parceria da Secretaria da Agricultura, a associação hoje possui local reservado com a presença de um


Marcelo de Aquino Brito Lima

Fiscal Estadual Agropecuário - IMA Coordenadoria Regional de Gov. Valadares

Foto Divulgação

IMA

Governo do Estado lança em Governador Valadares o projeto Vacinação Sem Resíduos

O Governo do Estado através da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – (Seapa) e do Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA, lançaram em maio um projeto piloto de recolhimento de embalagens vazias de vacinas contra febre aftosa, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. O objetivo é minimizar os impactos ambientais das atividades agropecuárias na região. O “Vacinação sem Resíduos” é um projeto que inicialmente envolve a região do Vale do Rio Doce, aproveitando a primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Febre Aftosa, iniciada em maio. O trabalho está sendo implementado pelo Governo do Estado em parceria com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias – (Inpev). Os produtores rurais estão sendo orientados a recolher as embalagens vazias de vacinas que, num primeiro momento, serão encaminhadas aos escritórios do IMA para, posteriormente, serem destinadas à Central de Recolhimento do Inpev, sediada no município de Manhuaçu. O coordenador regional do IMA em Governador Valadares, Carlos Fernando de Souza comemora o lança-

mento do projeto. “As atividades propostas incentivam uma postura de cidadania e o compromisso com o meio ambiente. Contamos com a participação efetiva dos produtores rurais”, enfatiza. De acordo com dados da Coordenadoria Regional do IMA de Governador Valadares, a região possui 21 mil propriedades pecuárias, com aproximadamente 1,3 milhão de animais. A estimativa é que anualmente a vacinação gera o descarte de 1,5 toneladas de frascos vazios, considerados resíduos prejudiciais ao meio ambiente por conter produtos químicos e poluentes. O diretor geral do IMA, Altino Rodrigues Neto revela que o projeto terá prosseguimento até o final do ano na região de Governador Valadares. “A partir de 2012 nossa intenção é expandir o projeto para todo o Estado, envolvendo um maior número de propriedades. A iniciativa representa um modelo de gestão ambiental responsável, colaborando para minimizar o descarte inadequado de resíduos sólidos, além de proporcionar melhorias da qualidade de vida no meio rural”, afirma o diretor geral do IMA.

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IDAF

IDAF orienta produtores das Agroindústrias Rurais de Pequeno Porte Jória Motta Scolforo

Foto Divulgação

Assessoria de Comunicação/Idaf

Para promover a regularização das Agroindústrias Rurais de Pequeno Porte (ARPP), o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura das áreas rurais, tem realizado reuniões para prestar orientações aos produtores quanto aos procedimentos necessários para o registro das atividades. A engenheira de alimentos do Idaf, Eliany D’avila, explica que o registro é uma exigência para a comercialização. Além disso, o mesmo garante ao consumidor a qualidade e segurança dos produtos, uma vez que existe uma série de normas a serem seguidas pelas agroindústrias a fim de assegurar os padrões higiênico-sanitários na fabricação dos alimentos. “Por meio do registro, agrega-se valor à produção e oferece-se melhores

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oportunidades e condições de mercado do produto em todo o Estado”, afirmou. O trabalho desenvolvido pelo Idaf acontece nas comunidades rurais dos municípios do Espírito Santo. A ação já foi realizada em Cachoeiro de Itapemirim, Castelo e Santa Teresa. ARPP

Para se enquadrar como uma Agroindústria Rural de Pequeno Porte (ARPP) o estabelecimento deve estar localizado em propriedade rural e utilizar no mínimo 50% de mão-de-obra familiar. Exige-se ainda que 50% da matéria-prima seja oriunda da própria propriedade, exceto os produtos cuja matéria-prima principal seja o trigo ou chocolate. A solicitação de registro, junto com a documentação, deve ser entregue na unidade local do Idaf, no município onde se localiza a ARPP.


Ascom Adab

Foto Divulgação

ADAB

Agricultores familiares discutem sobre o cultivo da graviola na Bahia

Mais de 600 pessoas participaram do 1º Seminário da Graviola no município de Wenceslau Guimarães na última semana de maio. Agricultores familiares e pequenos empresários lotaram o auditório da Escola Municipal Menandro Minahin para receber informações sobre a importância da cultura da graviola no Estado, a estruturação da cadeia produtiva e aspectos relacionados à defesa agropecuária no cultivo. “Nosso objetivo é oferecer informação para criar ferramentas adequadas à realidade da região”, destacou o diretor de defesa vegetal da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Armando Sá, na abertura do evento. “Temos que fixar o homem no campo com dignidade sem medir esforços para levar tecnologia e desenvolvimento para a cultura da graviola na Bahia”. O Estado é o maior produtor mundial de graviola, produzindo, em média, 15 toneladas por hectare. Estima-se que na próxima safra sejam produzidas 20 mil toneladas da fruta, gerando ainda mais emprego e renda para os 32 municípios produtores, com destaque para as cidades de Wenceslau Guimarães, Tancredo Neves e Gandu. “O

crescimento da produção precisa estar associado à questão da sustentabilidade. Por isso é fundamental estabelecer estratégias de ação em conjunto e difundir informação para que os agricultores familiares tenham um produto de qualidade para ofertar ao mercado”, destacou o engenheiro agrônomo da Adab, Geraldo Nascimento. “A defesa agropecuária, assim como outros elos da cadeia produtiva, não pode andar sozinha. Para o sucesso das atividades é preciso o apoio dos parceiros e produtores”, salientou a coordenadora do Projeto das Anonáceas, Keyla Soares, que falou sobre a principal praga da graviola, a Broca-do-Fruto, responsável pela perda de até 100% da produção. As boas práticas na agroindustrialização da graviola, aspectos relacionados às condições de mercado e diversificação da produção também estiveram em pauta durante o encontro realizado pelo Comitê Gestor do Agronegócio da Região de Gandu, Prefeitura Municipal de Wenceslau Guimarães, SEBRAE, Fabe/Senar e Secretaria da Agricultura através da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).

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ACONTECEU

Lançamento da Expoagro GV 2011 Sábado (21/05) a União Ruralista Rio Doce – URRD fez o lançamento oficial da Exposição Agropecuária de Governador Valadares – Expoagro GV, no Parque de Exposições José Tavares Pereira. Na solenidade de abertura do evento participaram os associados e diretores da União Ruralista, a prefeita Elisa Costa, líderes de entidades de classe, autoridades civis e militares, vereadores, secretários municipais, expositores, patrocinadores e apoiadores da Expoagro GV 2011. Este ano a Expoagro GV chega em sua 42ª edição. O evento é referência no segmento de feiras de agronegócio do país e acontece de 8 a 17 de julho, no Parque de Exposições José Tavares Pereira, em Governador Valadares/MG. Promovida pela URRD, a Expoagro GV é uma vitrine para que

empresários rurais possam durante 10 dias, trocar informações sobre o setor e promover o desenvolvimento do agrobusiness. Além disso, a exposição possibilita maior aproximação e interação entre a classe. O principal desafio da exposição é gerar bons negócios entre os produtores rurais que passam pelo evento. Em 2010 o total de pessoas que visitaram exposição chegou a 180 mil. Para este ano, na 42ª Expoagro, a diretoria da URRD espera receber mais de 200 mil visitantes e uma soma de mais de 1.000 animais em exposição, sendo que a reestruturação do Parque de Exposições permite receber até 1.500 animais, entre equídeos, caprinos e bovinos. Os negócios devem superar os números de 2010. (Fonte: Elaine Siqueira / Ascom URRD)

Nos dias 19 e 21 de maio aconteceu em Teófilo Otoni o XXXII Encontro dos Médicos Veterinários e Zootecnistas dos Vales do Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce. O objetivo do evento era reciclar os técnicos regionais para prestarem ao meio rural um trabalho com maior qualidade e inovações. O evento, realizado pela Sociedade Regional de Medicina Veterinária do Vale do Mucuri (SRMVM), Escola Veterinária da UFMG e pelo Projeto de Educação Continuada do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MG), teve 153 inscrições. Os assuntos apresentados foram: Desenvolvimento Rural Sustentável, Dietas de alto concentrado para terminação de bovinos de corte, Manejo de ordenha em vacas F1, Uso racional da cana de açúcar na pecuária de leite, a Trajetória da avaliação genética do bovino no Brasil, Boas práticas nos manejos de bovinos e uma Comparativa de resultados da produção leiteira em diferentes F1 Holandês/Zebu. Apresentações técnicas também fizeram parte da programação. A Sociedade foi criada há 34 anos na cidade e o encontro, na sua 32ª edição, é uma forma de incentivo aos veterinários e zootecnistas. “Nós trouxemos profissionais de grande valor no mercado, de âmbito nacional, e que vão fazer a reciclagem do técnico para ele poder prestar um melhor serviço à região. Levar a ele uma melhoria na sua produção e em contrapartida, um ganho financeiro maior”, aponta Leonardo Godinho Santos, presidente da SRMVM. 40

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Adab realiza 1ª reunião de registro de graxarias em matadouros frigoríficos A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), através da Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Agropecuária (DIPA) realizou dia 17 de maio, a 1ª reunião sobre o processo de registro de graxarias em matadouros frigoríficos registrados no Serviço de Inspeção Estadual (SIE). A primeira etapa desse processo de normatização teve como objetivo capacitar 12 fiscais estaduais agropecuários em sua qualificação durante o processo de registro e inspeção sanitária, higiênico e tecnológico. A reunião contou com as palestras de Mário Dantas e Davi Magalhães, fiscais federais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “Para as indústrias esse acontecimento trará ganhos significativos, pois agregará valores e irá gerar receitas com a comercialização dos produtos extraídos do processo de abate”, destacou o Diretor de Inspeção, Adriano Bouzas. (Fonte: Deisiane Santos - Ascom/Adab)

Diretoria do CBH-Doce se reuniu com Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo No dia 10 de junho a diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, CBH-Doce, se reuniu com o Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo, Paulo Ruy Valim Carnelli. O objetivo da reunião foi debater os temas em discussão na bacia Hidrográfica do Rio Doce e fazer um breve relato sobre a Gestão Integrada das Águas na bacia do Doce. Também foi debatido o processo de implementação da Cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Doce, aprovada em plenária no último dia 31 de março e prevista para iniciar em setembro deste ano. (Fonte: Ascom CBH-Doce)


É criado em Governador Valadares o Núcleo dos criadores de Gir Leiteiro dos Vales Foto: Arquivo do Núcleo

No dia 21 de cleo dos Criadores maio, em Governade Gir Leiteiro dos dor Valadares, foi Vales, Reginaldo criado o Núcleo dos Antônio Vilela. A Criadores de Gir entidade ainda não Leiteiro dos Vales. tem sede própria, Uma assembleia foi mas será feita na realizada com a parUnião Ruralista ticipação de criadoRio Doce. Segundo Assembleia de criação do Núcleo dos Criadores de Gir Leiteiro res da raça, onde os o presidente, assim estatutos do núcleo que houver recurA área de abrangência do núcleo foram criados e a diretoria foi eleita, é a região dos Vales do Rio Doce, sos, que serão arrecadados através composta por 15 integrantes. Quarenta Mucuri, Jequitinhonha, Sul da Bahia das anuidades e eventos promovidos criadores se associaram. O objetivo da e Espírito Santo. “Essa criação já pelo núcleo, a sede própria será consentidade é aprimorar a criação de Gir vinha sendo falada há muito tempo. truída. Mais informações podem ser Leiteiro, facilitando que seus mem- Nós resolvemos convocar os criado- obtidas com Reginaldo Vilela, pelo bros tenham melhor acesso em termos res de Gir Leiteiro da região de Vala- telefone (33) 9989-7427. de genética, tecnologia, dentre outros, dares e Teófilo Otoni em um núcleo para melhorar a produção. único”, informa o presidente do Nú-

Conafer é criada Com objetivo de dar mais força aos agricultores familiares para cobrar políticas públicas específicas e eficazes dos governos federal, estaduais e municipais, foi criada a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A oficialização da sua criação foi anunciada em maio em Brasília. Segundo Carlos Lopes, um dos articuladores da nova organização junto com outras lideranças sindicais, o setor nunca teve bandeira própria e as duas grandes confederações da área, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), não possibilitavam a independência. A Conafer já nasce com 340 sindicatos e oito federações estaduais, representando 1,8 milhão de filiados. Segundo Lopes, até o fim do ano haverá federações em todos os Estados e no Distrito Federal. O número de agricultores familiares, público-alvo buscado pela nova confederação é aproximadamente 18 milhões de pessoas, podendo dobrar se considerados todos os trabalhadores do setor. (Fonte: Canal do Produtor)

Grupo Chongqing lança pedra fundamental de processadora de soja e anuncia indústria têxtil em Barreiras Menos de dois meses depois de ter assinado com o governo baiano, em Pequin, Protocolo de Intenções para construir um complexo industrial na Bahia, no município de Barreiras, o presidente da empresa Chongqing Dragonfly Oil, Hu Junlie e o governador da província de Chongqing, Huang Qi Fan, acompanhados pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, representando o governador Jaques Wagner, e pela prefeita Jusmari Oliveira, lançaram na tarde do dia 5 de junho, a pedra fundamental da indústria Universo Verde, braço da empresa chinesa no Brasil. O investimento nesta indústria é de R$ 300 milhões, mas o pensamento do grupo é investir até R$ 4 bilhões de reais na Bahia. O anúncio da fábrica têxtil foi feito em Barreiras durante jantar na noite de sábado (4). A nova usina vai esmagar 1,5 milhão de tonelada de soja por ano, quase metade da produção anual do Estado que na safra 2010/2011 alcançou a marca de 3,6 milhões de toneladas. (Fonte: Josalto Alves / Ascom Seagri)

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Receita enviada por Ivonira Luci Caldas Souza / Site Uol

Ingredientes

300 g de canjica branca 1 lata de creme de leite 1 vidro de leite de coco (pequeno) 1 litro de leite integral 3 xícaras (chá) de açúcar cristal 150 g de amendoim torrado, sem pele e moído 1 pauzinho de canela Raspas de noz moscada Pitada de sal 1 saco de tecido de algodão limpo, tipo fronha de criança 1 pedaço de barbante de cozinha para amarrar a boca do saco Modo de Preparo

Imagem Ilustrativa

CULINÁRIA

Canjica Junina

- Colocar a canjica de molho por 2 horas - Em seguida escorrer a água e coloca-la dentro desse saquinho e amarrar bem - Em uma panela de pressão colocar o saco com a canjica e cobri-lo com a água até 4 dedos acima da medida que ele estiver - Quando a panela começar a ferver, conte 30 minutos desligue-a e deixe que ela perca todo o vapor, sozinha - Destampe-a e complete a água dela novamente com água fervente para não quebrar o cozimento da canjica - Deixe por mais 30 minutos fervendo e desligue a panela - Enquanto esfria a panela de pressão, misture os ingredientes em outra panela e deixe aquecendo no fogo baixo - Ao destampar a panela de pressão tenha cuidado com o calor produzido pelo saquinho com a canjica - Retire a canjica do saco e coloque na panela onde se encontram os outros ingredientes - Cheque o açúcar se necessário - Dá um pouco de trabalho, mas não entope a válvula da panela Envie a sua receita para a Revista Agrominas de pressão e nem suja o seu fogão jornalismo@revistaagrominas.com.br

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CLASSIFICADOS

as

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13 DE JULHO | 20H Parque de Exposições de Governador Valadares Contatos Antônio Leite Patricia Bossi Leite José Eduardo Denner Minas Leilões Agência de Turismo Oficial Leste Turismo

33

3279.7573

Reservas de Mesas Minas Leilões

33

3271.9738

Hospedagem Hotel Spettus Hotel Ibituruna

Leiloeira

Transmição

8823.8323 33 8823.2590 33 8861.7329 33 8844.9738 33 3271.9738 33

3225.2308 33 3202.9999 33

Financiamento

Patrocínio

Intervet

Schering-Plough Animal Health

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