GRANDES CRIATÓRIOS: CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE RECORDES DA FAZ. YGARAPÉS
Ano 1 l N° 6 l Setembro 2010
Genéricos
A um passo de chegar ao campo
Distribuição Gratuita
Projeto de Lei criado pelo Senador Heráclito Fortes propõe o registro de agrotóxicos genéricos
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EDITORIAL Caros leitores, A edição de setembro da Revista AgroMinas traz para os produtores rurais um conteúdo recheado de novidades. A proposta de criação do Projeto de Lei que viabiliza o registro de defensivos agrícolas genéricos é notícia em nossa seção Entrevista e conta detalhes de como o projeto afetará diretamente a vida do consumidor, caso seja aprovado. Em Sustentabilidade, mostraremos um trabalho desenvolvido na cidade de Tarumirim e que há de motivar diversas cidades a adotarem a prática. O Secretário de Meio Ambiente do município construiu uma casa a partir de garrafas PET, uma alternativa sustentável para o uso do material sem prejuízos ao meio ambiente. Em Grandes Criatórios, você vai conhecer a trajetória de recordes da Fazenda Ygarapés, que investe na criação da raça Guzerá. No Dia de Campo deste mês, a Revista AgroMinas mostra como é possível pequenas propriedades alcançarem bons lucros, a partir de uma boa gestão da propriedade. Nessa matéria, você ficará por dentro dos avanços obtidos com o programa Balde Cheio no Extremo Sul da Bahia.Ainda, no Extremo Sul Baiano, trazemos a história do Sindicato dos Produtores Rurais de Teixeira de Freitas. Os 19 anos de profissão do leiloeiro Adriano Apolinário não poderiam ficar de fora de nossas páginas. Em Perfil Profissional, entenda de onde surgiu o interesse e o entusiasmo desse leiloeiro para o ramo. Não deixe de conferir também as nossas dicas no Mão na Massa e as demais seções, como a AgroVisão, que trazem até você o atual cenário do agronegócio.
Í
ndice 4 Giro no Campo 6 Entrevista 8 Grandes Criatórios
12 Dia de Campo 15 Sustentabilidade 17 Perfil Profissional 18 Entidade de Classe 22 Caderno Técnico 26 Meteorologia 28 Mão na Massa 29 AgroVisão 31 Mercado 33 Cotações 34 Senar
Boa leitura!
36 Aconteceu Denner Esteves Farias Editor-Chefe
37 Agenda e Resultados 38 Culinária
Editor-Chefe Denner Esteves Farias Zootecnista – CRMV-MG 1010/Z Jornalista Responsável: Diagramação / Redação Andressa Tameirão - MG 14.994 JP Jornalista Colaboradora Alessandra Alves - MG 14.298 JP Estagiária de Jornalismo Nathália Schubert Edição de Texto Heloísa Scatena Ferraz Esteves Farias A Revista AgroMinas não possui matéria paga em seu conteúdo.
Colaboração Alexandre Sylvio – Eng. Agrônomo SENAR Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar- zootecnista SCOT Consultoria Waldir Francese Filho-Eng. Agrônomo- Coocafé Guilherme Costa Fausto Prof. Ruibran Reis - Minas Tempo Marcelo Conde Cabral- Médico Veterinário Denis Cabral M. Júnior - Ger. Com. Minas Leilões Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce – Governador Valadares Contato Publicitário Bruno Franca (33) 8859.3992 / (33) 3271.9738 comercial@revistaagrominas.com.br Distribuição Gratuita nos Vales: Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha, Aço e no Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba. Impressão: Gráfica Arco Íris
Tiragem: 5.000 exemplares Projeto Gráfico: Andressa Tameirão As ideias contidas nos artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores. Administração/Redação Revista AgroMinas Rua Ribeiro Junqueira, 383 – Loja - Centro 35.210-000 / Governador Valadares/MG Tel.: (33)3271-9738 E-mail: jornalismo@revistaagrominas.com.br
Uma publicação da Minas Leilões e Eventos Ltda. Setembro 2010
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Giro no Campo 4
Previsão menor para safra de cana é por conta da estiagem, afirma Datagro Por causa da forte estiagem que deixou algumas regiões do Centro-Sul sem chuva por até 130 dias, a consultoria Datagro revisou sua estimativa de moagem de cana-de-açúcar da safra 2010/11 para 585 milhões de toneladas, ante as 604 milhões previstas anteriormente. Se os números se confirmarem, a moagem ainda será 8,1% maior do que as 541 milhões de toneladas processadas no ciclo 2008/09. A seca prolongada prejudicou o desenvolvimento da cana que será colhida no fim da safra - entre outubro e dezembro - e, por isso, a produção de açúcar deve ser reduzida em 500 mil toneladas em relação à estimativa anterior, atingindo 32,9 milhões de toneladas no Centro-Sul. Assim, explicou Plínio Nastari, presidente da Datagro, o mix ficará mais alcooleiro, pois a cana processada tende a ter menor qualidade de açúcar (ATR) por tonelada na reta final da moagem. De 58,3%, o percentual médio da cana destinada à produção de etanol deve subir para 58,5%. A Datagro reduziu também sua previsão para exportação de álcool do país - de 3,75 bilhões de litros para 1,72 bilhão de litros. A retração deve-se principalmente à menor exportação - direta e indireta - de etanol para os Estados
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Unidos. “No entanto, a demanda da alcoolquímica continua firme”, disse. O excedente que não for exportado deve ser absorvido no mercado interno. Com a produção menor de açúcar e álcool e a demanda dos dois produtos em crescimento, a tendência é de valorização de preços e menor volatilidade no mercado este ano. Apesar dos fundamentos positivos, Nastari não acredita que haja ambiente para retomada de investimentos de grande porte no setor. “O momento ainda é de Foto: Agrosoft redução da alavancagem”. A estimativa da Datagro é de que há um ano o setor sucroalcooleiro tinha um endividamento na casa dos R$ 44 bilhões, valor que hoje deve estar entre R$ 37 bilhões e R$ 38 bilhões. Ainda que os investimentos em novas usinas comecem a ser retomados em 2011, estes serão feitos com mais disciplina, após a última crise. Segundo levantamento da Datagro, que em três meses deve abrir um escritório em Londres, o custo industrial para implantação de uma usina com capacidade para moer 2,5 milhoes de toneladas é de US$ 110 por tonelada, ante os US$ 40 necessários em 2000. A taxa de retorno do investimento está entre nove e dez anos, segundo a Datagro. (Fonte: Valor Econômico)
Governo firma parcerias para reduzir emissões de CO² na agricultura Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO²), por meio de práticas agrícolas sustentáveis é o foco de três protocolos de intenção que serão assinados, nesta terça-feira (17), entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e entidades que trabalham com os sistemas de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e florestas plantadas. A assinatura ocorrerá durante a cerimônia de abertura do Seminário de Difusão do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), às 14h30, no auditório da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. As atribuições previstas nos protocolos passam pela difusão dos benefícios de cada uma das ações, o desenvolvimento de estudos, que permitam a adoção das técnicas em diversas atividades da agricultura e o treinamento de pessoal para facilitar a operação de cada sistema na propriedade. Outra proposta é estimular o processo de certificação de plantio direto, fixação biológica e florestas plantadas e produtos agrícolas originados por esses métodos, ampliando o mercado e permitindo maior margem de negociação. As três práticas fazem parte do Programa ABC, lançado no último mês de junho, e juntamente com a recuperação de pastagens degradadas e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) garantem eficiência no campo, com balanço positivo entre sequestro e emissão de CO². O programa coloca à disposição de produtores rurais R$ 2 bilhões a juros de 5,5% ao ano para investimento nessas técnicas. Firmam os protocolos a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (Anpii) e a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). (Fonte: Portal do Agronegócio).
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Entrevista
Defensivos Agrícolas Genéricos: a proposta promete benefícios ao setor agrícola
Um Projeto de Lei, que tramita na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), prevê uma solução barata para o campo. De autoria do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o texto (PLS 190/10) altera a Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/89) no intuito de possibilitar o registro de agrotóxicos genéricos. Entre as vantagens do produto está o baixo custo, o estímulo à concorrência entre os fabricantes, bem como o fomento à produção agrícola. Para esclarecer sobre o assunto, o senador Heráclito Fortes concedeu uma entrevista à Revista AgroMinas. Revista AgroMinas - Quando o Projeto foi apresentado ao Plenário? Sen.Heráclito Fortes - O Projeto foi apresentado em 29 de junho deste ano. Revista AgroMinas - Como o registro dos agrotóxicos genéricos vai afetar o consumo desses produtos? E como afetará a vida do consumidor fi-
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nal, no caso, os consumidores dos produtos agrícolas? Sen.Heráclito Fortes - Tal como acontece com os medicamentos genéricos humanos, o produto que estiver com patente vencida poderá ser registrado por empresas interessadas, desde que comprovem a sua equivalência com o produto de referência. O produtor rural terá a garantia dessa equivalência com o produto de marca, de forma similar à dada pelo “G de Genérico” presente nas embalagens dos medicamentos genéricos. Caso o Projeto venha a ser aprovado no Congresso, haverá maior concorrência na produção de defensivos agrícolas, com consequênte redução de preços. Com isso, haverá uma redução do custo de produção da agricultura que acabará sendo repassado para o consumidor final na forma de alimentos mais baratos, por exemplo. Revista AgroMinas - Qual a diferen-
ça dos projetos em tramitação que contemplam os produtos de uso veterinário e o projeto voltado para defensivos agrícolas genéricos? Por que, até o momento, não havia o interesse na criação de um projeto que contemplasse os agrotóxicos genéricos? Sen.Heráclito Fortes - Os projetos que tratam dos medicamentos genéricos de uso veterinário não englobam os defensivos agrícolas. E não há como integrar os dois tipos de produtos em um único Projeto de Lei, pois os sistemas de registro de medicamentos veterinários e de defensivos agrícolas são totalmente diferentes. Assim que constatei que os defensivos agrícolas não estavam incluídos nos outros projetos, apresentei este Projeto específico para os defensivos agrícolas. Revista AgroMinas - Como os usuários dos defensivos agrícolas poderão avaliar a qualidade e eficácia dos produtos genéricos? Será necessário analisar a
idoneidade das empresas? Sen.Heráclito Fortes - Como já mencionei, as empresas interessadas terão que provar a equivalência de seu produto com o produto de marca. O Ministério da Agricultura será o responsável pelas análises dessas provas e somente emitirá o registro de defensivo agrícola genérico se o produto for equivalente ao de marca. Revista AgroMinas - Quais as vantagens do agrotóxico genérico? Sen.Heráclito Fortes - A vantagem é que o produto genérico é mais barato, porém equivalente ao produto de marca. Revista AgroMinas - O Projeto está em processo de tramitação na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Quais são os próximos passos para a aprovação desse Projeto? Há previsão? Sen.Heráclito Fortes - O Projeto será apreciado terminativamente pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária. Espero que seja votado já no próximo esforço concentrado, no início de setembro. Caso seja aprovado pela Comissão, seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados, embora haja a possibilidade de recurso para que seja votado pelo Plenário do Senado. Esse risco não pode ser negligenciado, pois o Projeto contraria o interesse das grandes multinacionais produtoras de agrotóxicos. Revista AgroMinas - De que forma o Projeto de Lei altera a Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/89)? A Lei 7.802/89 abria brecha para o registro de produtos genéricos? Sen.Heráclito Fortes - A nossa intenção é alterar a Lei dos Agrotóxicos justamente para prever legalmente a possibilidade de registro dos defensivos agrícolas genéricos. Revista AgroMinas - Em relação à economia brasileira, como ficará o mercado com a possibilidade de registro de produtos genéricos? Será favorável para as empresas do Brasil? Sen.Heráclito Fortes - Tenho convicção que o Projeto é muito bom para as empresas brasileiras, pois permite que
pequenas empresas que não possuem estrutura suficiente para desenvolver seus próprios produtos possam registrar como genérico os defensivos agrícolas com patente vencida. Revista AgroMinas - Assim como os genéricos dos seres humanos, os agrotóxicos terão a designação de genéricos na embalagem, assim como a informação do princípio ativo? Sen.Heráclito Fortes - O defensivo agrícola genérico terá essa informação na embalagem, inclusive com a indicação do nome do princípio ativo. Revista AgroMinas - Em relação às compras do poder público, o governo terá liberdade para escolher ou não um produto genérico? Sen.Heráclito Fortes - De acordo com a nossa proposição, as licitações deverão especificar o nome do princípio ativo e não o nome da marca. Quem apresentar o menor preço vencerá a licitação, independente de o produto de menor preço ser genérico ou de marca.
levará para fazer a análise de equivalência dos primeiros pedidos de registro apresentados, o que poderá demorar não mais que alguns meses. Revista AgroMinas - Para a comercialização dos agrotóxicos genéricos é necessário algum tipo de registro de patente? Com funcionará esse processo? Sen.Heráclito Fortes - Não se trata de registro de patente. A patente é registrada pela empresa que pesquisou e desenvolveu o produto de marca. De acordo com a Lei de Patentes ela tem direito exclusivo sobre o produto por um período de vinte anos. Após esse período o produto cai em domínio público, podendo, assim, ser registrado como genérico por qualquer empresa, que deverá apresentar o pedido ao Ministério da Agricultura, acompanhado de prova de equivalência de seu produto com o produto de marca. Foto: ACS Heráclito Fortes
Revista AgroMinas - Com a aprovação do projeto, há uma previsão para que os agrotóxicos genéricos cheguem ao mercado? S e n . H e rá c l i t o Fortes - Assim que o projeto for aprovado, o Ministério da Agricultura terá que se preparar imediatamente para fazer o registro dos defensivos agrícolas genéricos. Assim, o tempo para que os produtos cheguem ao mercado será o tempo que o Ministério da Agricultura
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Grandes Criatórios
Fazenda Ygarapés
Foto: Bruno Franca
Referência mundial na criação de Guzerá, a propriedade revela a tônica para ter alcançado sucesso com a raça Desafio é uma palavra constante na trajetória de uma fazenda que já bateu todos os recordes da raça Guzerá. Quem pensa que tamanha conquista surgiu da noite para o dia vai se surpreender com uma história de muito trabalho e esforço. Mais do que superar limites, a Fazenda Ygarapés tornou-se referência mundial na criação da raça Guzerá, solidificada por investimentos em melhoramento genético e controle leiteiro. O proprietário da fazenda, José Transfiguração Figueiredo, de 84 anos, tem
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um encantamento especial pela raça. Tamanho fascínio tem raízes familiares: uma história simples, mas eloquente. Na juventude, seu pai era um grande fazendeiro. Certo dia, em meio a uma boiada, destacou-se uma vaca que ficou para trás por estar prenhe. O pai de José adquiriu aquela vaca, que provavelmente tinha o sangue Guzerá. Essa mesma vaca pariu um bezerro macho que recebeu o nome de Zuleguinho. Zulego é uma das variações de cor da raça Guzerá. Com o
tempo, todos os reprodutores da fazenda passaram a ser filhos do Zuleguinho e o animal tornou-se referência de qualidade para a fazenda. José Transfiguração, natural de Minas Novas, formou-se em Direito e se casou com a professora Terezinha Diniz Figueiredo, natural de Curvelo. Em uma das visitas a Curvelo, José Figueiredo foi à fazenda de um criador antigo da cidade e, ao avistar gados da raça Guzerá, logo associou em sua cabeça vários Zuleguinhos. Foi quando
José teve conhecimento da raça e adquiriu os primeiros animais, em 1958. A identificação de José Figueiredo com a raça Guzerá o acompanhava desde a adolescência, sem saber que o Zuleguinho, que gerava os melhores reprodutores e as melhores vacas de leite da fazenda, era um Guzerá. Essa história foi um relato do filho de José Figueiredo, Marcos Eduardo Diniz Figueiredo, mais conhecido como Mica. Para ele, hoje, o Guzerá está mostrando para todos o que o pai enxergou há anos, que é o fato dos animais da raça terem dupla aptidão, sendo bons para corte e para leite. Mica, aos 51 anos, administra a Fazenda Ygarapés. Casado há 18 anos e pai de dois filhos, ele admite que nunca havia se imaginado administrando a fazenda do pai, numa família de sete irmãos. Biólogo por formação, Mica investe cada vez mais na fazenda e tem embriões vendidos na Colômbia, México e Venezuela. Com um plantel de mais de 1000 cabeças de gado, a Fazenda Ygarapés está localizada a 18 km de Jampruca e a 79 km de Governador Valadares, e se destina à criação das raças Guzerá e Guzolando. A propriedade possui 1083 hectares de terra e é dividida em setores: a parte da ordenha mecânica, o setor de exposição, o setor de controle leiteiro e o de recria geral.
a raça era muito utilizada para cruzamentos, o rebanho não expandia e a dificuldade para a compra desse gado era maior. A partir desse momento, a fazenda continuou com a criação do Guzerá e do Guzolando. Mica chegou à fazenda em 1987, mas foi em 1991 que o leite começou a fazer história na Fazenda Ygarapés. O marco foi a vaca Madona JF. “Em um torneio de Governador Valadares, meu pai me pediu que colocasse a Madona JF na competição leiteira de vacas Guzerá. Eu retruquei, e cheguei a dizer que a vaca não daria leite ao ponto de ganhar uma disputa. Mas meu pai estava certo. Ele fez com que eu colocasse a vaca para participar desse torneio e de fato ela o ganhou. Esse foi o ponto de partida para que começássemos a trabalhar com a seleção do Guzerá voltado para leite, e já em 1992, passamos a fazer o controle leiteiro oficial ABCZ”, explica o administrador da Fazenda. O controle leiteiro foi imprescindível para se obter grandes avanços na fazenda. Mensalmente, um técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) vai à propriedade para pesar o leite, coletar a amostra de gordura para análise e envia o material para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-
brapa) e a ABCZ. Segundo Mica, esse trabalho permitiu identificar quais eram as melhores matrizes da Fazenda. O investimento em biotecnologias de reprodução tornou-se cada vez mais intenso e favorável para o crescimento da propriedade, e com os bons resultados obtidos, o administrador da fazenda vislumbra uma caminhada produtiva. “Aceleramos o processo de reprodução na Fazenda com a técnica de Transferência de Embriões (TE), onde começamos a reproduzir as melhores vacas que tínhamos. Depois, paramos de fazer a TE e passamos a realizar a Fertilização In Vitro (FIV). A vaca dá um cio de 21 em 21 dias e com a TE, ao invés de liberar um óvulo a cada 21 dias, aplica-se um hormônio para a vaca liberar quantos óvulos puder. O problema é que essa técnica inutiliza a vaca hormonalmente. A vaca para de reproduzir e não se consegue tirar nada mais dela. Nós perdemos vários animais assim. Na FIV, a aspiração do ovário pode ser feita de 15 em 15 dias. Para inviabilizar uma vaca com FIV demora anos, e com isso, consegue-se obter muitos produtos. Além disso, hoje há mais facilidade em se fazer a FIV. O responsável pela fertilização vai de carro à fazenda e, quando tira o oóFoto:Arquivo Pessoal
História e melhoramento genético De 1958 a 1973, criava-se na Fazenda Ygarapés basicamente o gado Guzerá e cruzamentos da raça. A produção média da fazenda ficava em torno de 600 a 700 kg de leite por dia, em vacas Guzeratadas e Guzerá. Em 1973, novas perspectivas surgiram na fazenda. Por influência de um veterinário contratado por José Figueiredo, a fazenda começou a produzir o Guzolando e, na época, por consequência da opção, passaram a produzir mais leite, chegando a atingir a marca de 1000 kg de leite por dia. Em 1993, um dos filhos de José formou-se em Medicina Veterinária e, com o seu retorno à propriedade, passou a prestar assistência ao local. Foi nessa época que a Fazenda Ygarapés parou com a produção do Guzolando e passou a produzir o Guzerá, raça que estava quase desaparecendo. A criação do Guzerá era deficiente. Como
Mica ao lado do pai, José Transfiguração Figueiredo, proprietário da Fazenda Ygarapés
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cito, que é a célula que antecede o óvulo, põe-se no meio de cultura, e assim é possível que ele viaje, pois o tempo de viagem até Belo Horizonte corresponde ao tempo que ele vai gastar para que esse oócito vire óvulo. Desse modo, ele fertiliza e implanta nas receptoras. Hoje, esse processo está muito mais simplificado”, detalha Mica. A partir da Fertilização In Vitro, a Fazenda Ygarapés participa de outros programas de melhoramento genético: o Teste de Progênie e o MOET. O Teste de Progênie permite conhecer o valor genético do reprodutor para a produção de leite a partir de uma avaliação dos touros. A sigla do MOET, em inglês, significa Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões. Consiste em uma técnica que permite formar famílias, em que se seleciona o reprodutor com base na prova das irmãs completa. “No MOET, ao tirar o embrião de uma vaca, ela tem que ter pelo menos quatro fêmeas e um macho. As quatro irmãs são avaliadas numa mesma fazenda. Se todas derem muito leite significa que o irmão também vai passar a aptidão para uma boa produção de leite para os descendentes. Assim, começamos a utilizar o tourinho confiando nas irmãs dele, só que mesmo com a certeza de que ele é filho de uma vaca de qualidade e com irmãs boas também, esse touro também vai para o Teste Progênie depois. Então, são dois programas que andam juntos, só que o MOET nos possibilita um resultado mais rápido. No Teste Progênie, fazemos o gado com 9 a 10 anos, quase perto da morte dele. Já com o MOET, começamos a utilizar o tourinho com 4 anos de idade”, argumenta Mica. O emprego das biotecnologias de reprodução proporcionou um grande avanço genético para a Fazenda Ygarapés que, aliado ao controle leiteiro, possibilitou identificar as famílias mais consistentes para a produção de leite, como a Regata JF que gerou três recordistas de produção de leite: Estrela JF, Calçada JF e Niagra JF. “Até 2003, a maior lactação que existia na raça Guzerá era 6.700kg de leite em 365 dias. Nós batemos essa produção com a Nuvem, que finalizou a lactação com 8.363 Kg. Quase dois mil kg a mais em lactação. Depois, a Bonança bateu o recorde da Nuvem, produzindo 9.071kg de leite. Em 2006, a Estrela JF bateu o recorde mundial em Torneio Leiteiro, na
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Foto: Marcelo Cordeiro
A vaca Bárbara TE JF é a mais nova recordista da raça guzerá, com pico de produção de 46 kg de leite
categoria vaca jovem, em Belo Horizonte, com uma produção de 32,275 Kg/dia. A Malta JF é recordista mundial de produção de lactação da raça Guzerá com uma produção de 10.252 kg em 365 dias. Até então, essa era a maior produção de Guzerá que tínhamos conhecimento. Ano passado, a Estrela JF quase bateu esse recorde. O único
recorde que não tínhamos até o momento foi alcançado com a Bárbara TE JF neste ano, na Expoagro, que se sagrou como recordista mundial de produção em Torneio Leiteiro, na categoria vaca adulta, com uma média de 43,656 kg/dia de leite, como pico de 46 kg/dia. Todos os recordes da raça Guzerá já foram batidos pela Fazenda Ygarapés e isso
Foto: Bruno Franca
só aumenta a nossa responsabilidade. E não vamos parar por aqui, porque outras pessoas estão trabalhando para superar essas marcas”, afirma o administrador da fazenda. A vaca Bárbara TE JF foi arrematada no dia seguinte à premiação em um leilão organizado pela Fazenda Ygarapés e Fazenda Taboquinha. As duas fazendas são parceiras e realizam uma média de três leilões ao ano. Com uma parceria de oito anos, os proprietários das fazendas buscam divulgar a qualidade da raça Guzerá e desmistificar o fato de que a raça não possui boa aptidão para o leite. Segundo Mica, um dos fatores que contribui para isso é o fato do ubre do Guzerá ser mais esticado e colado na barriga e não pendular. O administrador da Fazenda Ygarapés explica que o ubre da vaca Guzerá se posiciona acima da linha do jarrete. Essa é a grande vantagem da raça, pois se evita o atrito do mato com o ubre do animal e, com o tempo, como a tendência do ubre é cair, isso é favorável para a raça. “As pessoas não imaginam que o Guzerá produz muito leite porque o ubre é pequeno e por isso é preciso mudar esse conceito. Com o trabalho que estamos fazendo junto à Taboquinha, a ideia é encher a região de Guzolando. Ninguém mais vai querer comprar outra coisa. Os animais das raças Guzerá e Guzolando vivem muito. Tenho vacas com 18 anos no curral. Se eu falar que tenho vacas de 18 anos produzindo 18 kg de leite/ dia ninguém vai acreditar. Desde que bem alimentada, a vaca vai produzir sempre e as pessoas não tem noção desse trabalho. Hoje, na fazenda, eu trabalho basicamente com o comércio de tourinhos, de Guzerá puro e Guzolando e a produção de leite. Assim, consigo diversificar a minha atividade dentro da pecuária e me mantenho vivo no mercado”, garante Mica. Funcionários e Assistência Técnica Anos atrás, a Fazenda Ygarapés dedicouse ao cultivo de arroz. Esse foi um período em que a propriedade chegou a abrigar 249 pessoas, dentre eles, trabalhadores dessa cultura. O cultivo não foi levado adiante e dentro de um período de 15 anos as pessoas foram deixando a propriedade. Hoje, com o investimento na pecuária, a
propriedade conta com 25 funcionários e recebe assistência técnica periódica. Com a seleção de animais, a fazenda foi eliminando os animais bravios e, hoje, a Fazenda Ygarapés conta com animais mansos. Esse trabalho, inclusive, é objeto de pesquisa da Embrapa, que está realizando um estudo do temperamento dos animais na fazenda. A seleção de temperamento também é importante para a seleção de leite, por isso o trabalho realizado pela Empresa trará grande contribuição. Alimentação e trato dos animais Em uma propriedade cuja produção média de leite gira em torno de 1200 litros/dia, o investimento em alimentação é indispensável para a obtenção de bons resultados. As vacas Guzerás entram em produção de 24 a 30 meses e esse gado é criado exclusivamente a pasto, sem nenhuma suplementação. A alimentação do rebanho tem como base a cana-de-açúcar e ureia, além de concentrado, de acordo com a produção. Todo esse gado é alimentado da mesma maneira, fato explicado pelo administrador da fazenda. “A alimentação do gado é a mesma porque eu preciso ter uma base comparativa. Quando digo que uma vaca é melhor do que a outra é porque a sua genética é melhor do que a da outra, já que a alimentação é a mesma. Assim, procuro dar as mesmas condições de alimentação para todas as vacas para poder observar o desenvolvimento delas. Geralmente, preparamos uma mistura de cana com ureia, ração e caroço de algodão. A silagem de milho é mais usada aqui na fazenda para preparar o gado de leilão e o de exposição, porque o custo da silagem é muito alto”, explica. Durante o período de seca, o gado de produção é alimentado no cocho, em um regime de semiconfinamento. Para tanto, a propriedade conta com 17 hectares de cana para alimentar o rebanho durante esse período. Para obter um maior controle sobre a alimentação dos animais e induzi-los a um maior consumo, a Fazenda Ygarapés faz uso de um método peculiar. “Mediante o controle leiteiro, separamos os lotes de vacas e estipulamos a quantidade de concentrado
que será dado para esse lote. Para isso, cada lote recebe um colar de uma determinada cor, e assim temos o controle sobre a quantidade que os animais estão consumindo e quanto de ração podemos aumentar para estimular o gado a comer mais”, detalha Mica. As vacas participantes de Torneios Leiteiros possuem uma dieta específica e são ordenhadas três vezes ao dia. A Fazenda Ygarapés faz o uso da ordenha mecânica há 15 anos e foi uma das primeiras propriedades da região a adotar a tecnologia. Tamanho investimento tem reflexo na produção. Mas, ao vender os animais em leilões, Mica procura deixar claro para os compradores as condições em que o gado foi criado para que eles consigam obter os mesmos resultados com a aquisição do animal. “Quando eu vendo minhas vacas, eu costumo dar uma receitinha. Informo o que o meu gado está comendo e explico que se ele continuar dando o mesmo tratamento ao gado, ele obterá o mesmo resultado”, destaca. Custos e Investimentos Para desenvolver um trabalho de excelência, os custos são elevados, principalmente quando se trata de investimentos em melhoramento genético. “O custo do embrião é muito alto. A Fazenda vende vacas em um valor elevado, mas a imobilização de capital é constante e maior. Neste ano, fiz 80 embriões, mas é um investimento que compensa”, comenta Mica. A proposta da propriedade agora é investir na seleção de animais para gerar reprodutores para a fazenda e utilizar os touros para serem doadores de sêmen. Isso, no intuito de perpetuar as gerações do animal na fazenda. “Os filhos das melhores vacas leiteiras são desmamados com quatro meses e são criados em um local separado. Separamos 28 filhos e passamos a dar ração a esses animais para ver o desempenho deles. Dos 28, tiramos os 12 tourinhos que mais ganharam peso. A partir daí, fizemos a seleção racial deles, seguido do critério de temperamento. O nosso desafio com isso é selecionar animais para a fazenda e para as centrais de inseminação”, salienta Mica.
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Dia de Campo
Foto: Andressa Tameirão
Bons resultados a baixo custo também passam pelas pequenas propriedades Produtividade aliada à tecnologia de ponta. Essa é uma realidade que não se atém apenas às grandes propriedades. Em 10 hectares de terra, a Fazenda Juerana mostra que é possível ter uma boa produção de leite a baixo custo. O sucesso dessa empreitada deve-se ao esforço e à dedicação do produtor, Lucas Leite Mendes, cuja propriedade constitui uma Unidade Demonstrativa do Projeto Balde Cheio, em Medeiros Neto, na Bahia. O projeto é desenvolvido pela EMBRAPA Gado de Leite de São Carlos (SP), e é coordenado pelo engenheiro agrônomo Walter Miguel Ribeiro. A iniciativa tem estimulado o aumento da média de produtividade no Extremo Sul da Bahia, aliada ao emprego de tecnologias. Em 2009, o programa Geraleite, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), passou a atuar em conjunto com o Projeto Balde Cheio, com a proposta de auxiliar os produtores na gestão de suas propriedades. Natural de Medeiros Neto, Lucas Leite, aos 34 anos, conseguiu implementar na fazenda um sistema eficiente voltado para a pecuária leiteira, que tem como pilares o emprego de ordenha mecânica, irrigação, pastejo rotacionado, inseminação artificial, adubação e o uso de mineral orgânico. Trajetória do empreendimento De propriedade de Íris Rodrigues Leite, mãe de Lucas Leite, a Fazenda Juerana possui aproximadamente 14 anos e conta com uma área de 66 hectares. Com uma produtividade deficiente, a propriedade contava com poucos investimentos na pecuária de leite, sem se preocupar com a criação de alguma raça específica. Nessa época, Lucas não se dedicava ao trabalho na propriedade. A ideia amadureceu ao voltar de uma temporada na Inglaterra. Com o retorno ao Brasil, Lucas Leite adquiriu algumas cabeças de gado. De início, das 50 vacas, entre paridas e solteiras, o máximo que conseguiu tirar foi 120 litros de leite, fazendo o uso de toda a propriedade. Com a adesão ao Projeto Balde Cheio, o produtor destinou
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10 hectares de terra ao projeto e o restante foi arrendado. Em meio a reuniões, o produtor rural foi se inteirando cada vez mais sobre o Balde Cheio. O interesse foi aumentando aos poucos e até mesmo uma viagem foi realizada pelos produtores rurais da região com o objetivo de conhecerem de perto a aplicabilidade do projeto. Eles partiram em três ônibus e conheceram uma fazenda, em Bom Sucesso (MG), que era modelo. A visita do coordenador do Balde Cheio, Walter Miguel Ribeiro, à Fazenda Juerana exigiu de Lucas Leite comprometimento. ”Quando o coordenador veio à fazenda, ele deixou bem claro que as nossas portas deveriam estar abertas, caso aderíssemos ao Balde Cheio, e que deveríamos cumprir com tudo o que fosse combinado. O projeto deu certo e recebemos visitas constantes, já que a fazenda tornou-se uma unidade demonstrativa”, explica Lucas. O sucesso do Balde Cheio dependeria da disciplina do produtor em seguir as orientações prescritas e manter um controle sobre o trabalho desenvolvido. Hoje, o projeto é uma realidade na vida do produtor rural Lucas Leite, e em dezembro deste ano, a Fazenda Juerana vai completar três anos de projeto Balde Cheio.
o projeto, eu já tinha adquirido a irrigação, por iniciativa própria, pois eu sabia avaliar o resultado de uma planta irrigada e outra que não recebia irrigação, por uma experiência de trabalho que tive na Inglaterra. Depois disso, dividimos a terra em piquetes e começamos a irrigá-la”, salienta Lucas. Com uma adubação anual e correção de solo, Lucas Leite investiu em pastagens. Hoje, a Fazenda Juerana conta com 1,7 hectares em capim Mombaça, onde o produtor já conseguiu tirar 300 litros de leite. Mais do que o dobro do que produzia antes do projeto. Há pouco tempo, Lucas investiu em um hectare de capim Tifton, que já possui um sistema de irrigação instalado. Na época da seca, a Fazenda Juerana conta com o auxílio de 0,5 hectares de cana. Alimentação Os animais da Fazenda Juerana são criados basicamente a pasto e a ração dos animais é fabricada no local. Já o milho e a soja são obtidos através do processo de compra. Segundo Lucas Leite, um piquete garante a produção de 10 litros de leite na fazenda. Vacas
que produzem acima de 10 litros recebem ração balanceada na proporção de 1kg de ração para cada três litros de leite. “Às vezes o produtor pensa que a despesa dele está alta, mas nem todo custo é prejuízo. O nosso gado, por exemplo, recebe um concentrado antes da ordenha e fazemos ainda o pastejo rotacionado. Tudo isso é um investimento”, salienta o produtor. Rotina e pastejo rotacionado A propriedade conta com 28 piquetes para o manejo do rebanho. Com um plantel de 24 vacas, Lucas Leite é o único funcionário da fazenda e realiza todo o trabalho. Casado, Lucas reside com a mulher na propriedade. Todo trabalho realizado com a pastagem e irrigação é feito por ele diariamente. A irrigação só não é efetuada quando chove. “A gente utiliza uma técnica que faz o uso de um vergalhão de 30 cm para medir a quantidade de água no solo. Se eu perceber que o vergalhão entrou bem, não precisa irrigar. Se chover acima de 15 mm, fica dois dias sem irrigar, e se chover acima de 20 mm, fica quatro sem irrigação”, esclarece o produtor. Foto: Andressa Tameirão
A receita Para obter bons resultados com o Balde Cheio, algumas recomendações foram repassadas ao produtor rural, principalmente no que diz respeito ao manejo sanitário e de pastagens. “Em um primeiro momento, fizemos exames de brucelose e tuberculose no gado, e investimos na sanidade dos animais. Depois, nos preocupamos para que o gado tivesse apenas um mínimo de esforço para chegar até o curral. A orientação que tínhamos no início era a de utilizar os recursos que já tínhamos na fazenda, para que tivéssemos o menor gasto possível. Então, começamos a trabalhar com a pastagem que já tínhamos que era o Decumbens, Kicuia e o Australiano. Antes mesmo de eu começar
O rebanho da Fazenda Juerana possui uma ração balanceada preparada na própria fazenda
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As terras da fazenda são divididas em 28 piquetes, com predominância de capim Mombaça
Foto: Andressa Tameirão
Duas ordenhas são realizadas por dia na fazenda e ao final da tarde, cada vaca é levada para um novo piquete. Assim, o animal fica praticamente 24 h dentro de um piquete e no dia seguinte é conduzido para outro. “Se a vaca está no piquete um hoje, amanhã, após a última ordenha, o animal será conduzido para o piquete dois. Nos piquetes, há água e sal mineral disponíveis para o gado, e geralmente a vaca fica à sombra durante o dia. Além disso, eu faço o controle do resíduo. Se eu coloco 15 vacas em um piquete e noto que sobrou comida, no dia seguinte eu coloco 16. Se eu perceber que faltou, eu coloco no dia seguinte 14 vacas. O resíduo do mombaça é de 35 cm. Não se pode deixar mais baixo do que isso senão há prejuízo na próxima rodada. No fim da tarde, o piquete que é desocupado recebe cerca de 20 gr/m² de ureia. Essa é a adubação limite”, afirma Lucas. Criação e manejo reprodutivo
Visão à frente O produtor rural Lucas Leite só pensa agora em colher os frutos de seus investimentos. Com o plantio de um hectare de Tifton, a expectativa de Lucas é de tirar de 500 a 600 litros de leite até o fim deste ano. Os bons resultados são reflexo de uma boa assistência técnica aliada ao emprego
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O sistema de irrigação da propriedade foi instalado antes mesmo da implantação do Balde Cheio
de tecnologia de ponta. “Hoje, a união do Balde Cheio com o Geraleite tem nos ajudado muito. Além da assistência técnica proveniente do Balde Cheio, eu conto com um veterinário a cada 60 dias na área reprodutiva e conto ainda com o apoio da empresa Fazendão na parte da irrigação e ordenha mecânica. A minha propriedade é modelo na implementação desse pro-
Foto: Andressa Tameirão
O rebanho da Fazenda Juerana é constituído de vacas 3/4 e 7/8 da raça Girolando, mas segundo Lucas Leite, o trabalho na fazenda está se voltando para a raça Jersey, com o objetivo de se fazer o Jersolando. “Aqui, o que nos interessa é vaca que dê muito leite e tenha persistência na lactação. Não nos apegamos a uma raça específica. Hoje, tenho 12 vacas em lactação com uma produção média de 17,5 kg de leite/dia. Em minha última planilha consta que o leite saiu a R$0,38 o litro. Além disso, eu realizo o controle reprodutivo dos meus animais e sei o tempo certo de se fazer a restituição do rebanho. As minhas vacas dão cio em média a cada 30 dias e trabalho com inseminação artificial”, argumenta Lucas.
jeto e a cada três meses o coordenador nos faz uma visita e avalia os pontos que ainda precisam melhorar na propriedade. Além disso, a nossa produtividade tem aumentado visivelmente e para tanto conto com um resfriador de 1 mil litros. O nosso objetivo agora é continuar esse trabalho e investir cada vez mais para a melhoria da propriedade”, destaca Lucas.
Garrafas PET se tornam alternativa sustentável e barata na construção de moradias arame. No processo de assentamento das garrafas, deve-se tomar cuidado para que as mesmas fiquem separadas por uma fina mistura de solo cimento. Isto é feito para evitar que as mesmas possam deslizar. No mais, o processo é idêntico ao de construção de uma casa de alvenaria feita com tijolos”, detalha o secretário. A ideia de construir uma casa de forma alternativa surgiu a partir de um seminário de lixo e cidadania realizado no município de Tarumirim, em fevereiro deste ano. O palestrante Dr. Marcos Magalhães apresentou o modelo de uma casa construída utilizando garrafas PET no México e outra, também, construída na cidade de Viçosa. “Adaptamos o projeto a partir desses modelos e aprendemos fazendo, uma vez que não foi passada nenhuma informação técnica e também, por ser um projeto novo, não tínhamos a quem recorrer para saber como se fazia”, enfatiza. Rômulo ainda res-
salta que detalhes fundamentais para o bom desempenho da obra foram sendo descobertos durante a construção. “Uma parede chegou a cair porque colocamos uma mistura úmida de terra e areia, e quando a água evaporou o volume dentro da garrafa diminuiu. Dessa forma, as garrafas deformaram-se e a parede cedeu. Além disso, percebemos que uma parede ficou torta por termos usado garrafas de 2l e 1,5l, e elas tem tamanho e volume diferentes”, conta. A casa construída em Tarumirim é um projeto piloto. Rômulo explica que este modelo não foi elaborado com o intuito de servir de moradia, mas sim como modelo. Hoje, no local, funciona o escritório da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ao todo, a casa foi construída entre os meses de abril e maio de 2010, mas a equipe envolvida começou a recolher garrafas no mês de março. A partir do re-
Foto: Arquivo Pessoal
Utilizadas principalmente pelas indústrias alimentícias, as garrafas PET movimentam, hoje, um mercado em constante expansão no Brasil. Dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) mostram que até 2008, o consumo anual dessas garrafas era de 460 mil toneladas, das quais apenas 47% eram reaproveitadas. Assim, cerca de 216 mil toneladas de embalagens usadas são descartadas na natureza, contaminando rios, indo para lixões ou mesmo espalhadas por terrenos vazios. Com o objetivo de chamar atenção para o consumo exagerado de garrafas PET e apontar alternativas para amenizar não apenas este problema típico da atualidade, mas também, propor uma alternativa de construção de baixo custo para habitação popular, Rômulo Perentoni Amorim, secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Tarumirim, desenvolveu um projeto de construção de casas com o uso dessas embalagens. A casa, que foi construída em uma área que pertence ao município, teve como material base garrafas PET, areia e terra. “Uma casa de alvenaria comum possui custos estimados em cerca de R$ 450,00 por m². A casa que construímos custou cerca de R$ 150,00 o m². Mas é possível baratear este custo para até R$ 100,00 o m². Basta utilizar também as garrafas para erguer as colunas. Em nosso caso, utilizamos eucalipto tratado por razões de prazo, porque queríamos terminar a obra antes das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente”, explica Rômulo. Quanto ao processo de construção da casa, Rômulo enfatiza que é relativamente simples. “A parte mais complicada é preencher as garrafas com areia e/ou pó de pedra. A base da casa é um radier feito com a mesma metodologia utilizada em outras construções, concreto, ferro e
Sustentabilidade
CASA de
A casa de garrafa PET, construída em Tarumirim, agora, é escritório da Sec. Mun. de Meio Ambiente
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colhimento das garrafas no município, obteve-se uma média de consumo mensal de 20 mil garrafas PET em Tarumirim. De acordo com o secretário, está previsto para novembro o funcionamento da Usina de Triagem e Compostagem de Resíduos do município, e isso facilitará a obtenção das garrafas em número significativo. A expectativa é que a partir disso um projeto seja elaborado para o uso das garrafas PET para a construção de casas populares no município de Tarumirim. “O próprio número relacionado ao consumo de garrafas PET pela indústria brasileira, além do baixo preço atual do PET no mercado de reciclagem, subsidia a execução desse tipo de construção”, defende Rômulo. Como vantagens o Secretário cita: • O baixo custo de construção por m²; • Bom isolamento térmico; • Durabilidade equivalente à casa de alvenaria comum; • Baixo Custo de Construção; -Politereftalato de etileno, ou PET, é um • Atendimento às dimensões da sustentabilidade (econômico, social e ambiental); polímero termoplástico, desenvolvido • Acabamento estético com muitas possibilidades (ex: pode-se pintar ou não; por dois químicos britânicos, Whinfield colocar as garrafas com os fundos para parte externa ou interna; pode-se selecioe Dickson, em 1941. nar as cores das garrafas e fazer parede com garrafas de mesmo padrão) •Reaproveitamento de material inorgânico de difícil decomposição. -Utilizado principalmente na forma de fibras para tecelagem e de embalagens para bebidas, o PET pode ser reprocessado diversas vezes. Quando aquecidos a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem e podem ser novamente moldados.
Saiba mais:
-As garrafas produzidas com este polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente.
Foto: Arquivo Pessoal
Casa de garrafa PET em processo de construção na cidade de Tarumirim
-No começo dos anos 80, os Estados Unidos e o Canadá iniciaram a coleta dessas garrafas, reciclando-as inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Com a melhoria da qualidade do PET reciclado, surgiram aplicações importantes, como tecidos, lâminas e garrafas para produtos não alimentícios. -O PET chegou ao Brasil em 1989 e seguiu uma trajetória semelhante ao resto do mundo, sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil. Apenas a partir de 1993 passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, notadamente para os refrigerantes. Atualmente, o PET está presente nos mais diversos produtos.
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Foto: Arquivo Pessoal
Rômulo Amorim, sec. mun. de Meio Ambiente, é idealizador do projeto da casa
-As garrafas produzidas com este polímero podem permanecer na natureza por até 800 anos. Fonte: Abipet
Perfil Profissional
Adriano Apolinário
A habilidade no arremate Com 19 anos de profissão, Adriano Apolinário foi o mais novo leiloeiro credenciado pela FAEMG, em 1991. Hoje, aos 39 anos, vê nas oportunidades de trabalho uma forma de aprimorar a carreira sólida que vem construindo desde então. Encantado com o jeito que o leiloeiro tenta convencer as pessoas, com apenas um microfone e um martelo nas mãos, que os animais em pista merecem mais um lance, Adriano decidiu então fazer disso sua profissão. Graças ao primo José Humberto Bahia, leiloeiro oficial e rural que na época atuava na região do Alto Paranaíba, os primeiros passos foram dados. “Devo minha profissão ao Bahia. Eu pedi a ele que me ajudasse a ser leiloeiro, quando soube que ele atuava como tal. E ele não só me deu o caminho das pedras para me credenciar, como também me deu a primeira oportunidade de empunhar um martelo na cidade de Cruzeiro da Fortaleza (MG)”, conta Apolinário. “Ele me acompanhou dizendo que depois acertava comigo e nunca me cobrou nada, nem o combustível que gastou para me acompanhar”, completa. Mas a ‘cara de menino’ na época, como ressalta Adriano, deixava muita gente desconfiada. “Não foram raras as vezes em que cheguei para trabalhar e desconfiaram do meu credenciamento por conta da minha cara de menino. Hoje, com os cabelos brancos, não acreditam é na minha idade, acham que sou mais velho!”, brinca o leiloeiro que já acumula uma média de 2 mil leilões em toda a carreira. “Venho acompanhando em números minha carreira desde 2002, 11 anos após meu início na área. A minha média hoje, somando-se esse período, sem contar o ano de 2010 que ainda está em construção, é de nove leilões mensais, o que perfaz uma média de 108 leilões anuais”, explica. Natural de Formiga (MG), logo na infância mudou-se para Iguatema (MG). Formouse em Técnico de Laboratório e Análises Clínicas. Foi trabalhando no Instituto Esta-
dual de Saúde Animal ( IESA), hoje Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que Apolinário teve o primeiro contato com o mundo dos leilões. “Eu ia aos eventos emitir o que hoje conhecemos por GTA, de lá passei a integrar a equipe de escritório de uma empresa leiloeira onde pude conhecer todo o processo evento”, lembra Adriano. O primeiro leilão aconteceu antes mesmo dele conseguir o credenciamento. Com a ajuda do primo Bahia, a estreia foi na cidade de Cruzeiro, em Fortaleza. “Ele me disse que aconteceria o primeiro leilão daquela cidade, e por isso era também o local ideal para que eu testasse minhas habilidades de leiloeiro. Disse ainda que me avaliaria e que se não visse em mim o dom para ser leiloeiro, ele tiraria isso da cabeça logo na primeira tentativa”, conta Apolinário. Depois de alguns poucos lotes, seu primo assumiu novamente o leilão e chegou a afirmar que Adriano ‘levava jeito para o negócio’. “Recentemente, Bahia veio me contar que achou minha primeira participação como leiloeiro muito ruim, mas que mesmo assim resolveu insistir um pouco mais”, declara o leiloeiro que hoje chega a percorrer 1000 Km para realizar um leilão. Casado há 11 anos com Geralda Lane Garcia Oliveira, Apolinário é só elogios quando fala da esposa. “É uma companheira não só nas viagens, mas também gerencia a minha agenda e a parte financeira. Tudo o que tenho a receber e a pagar é ela quem controla. Confesso que depois que ela assumiu essa responsabilidade minha vida financeira ficou bem mais tranquila”, diz.
trabalhar na área, o mercado de leilões sofreu uma crise graças a inconstância nos planos econômicos no Brasil. Tempos depois, com a situação econômica do país estabilizada, o leiloeiro passa a vivenciar um mercado que não para de crescer e a cada dia ganha mais visibilidade. “Hoje, a quase totalidade dos negócios envolvendo bovinos, equinos, entre outros animais, dá-se através dos leilões por ser uma forma totalmente democrática de venda, onde a lei da oferta e da procura determina os rumos do mercado. Esse cenário parece-me irreversível”, comemora. Quando perguntado sobre a modernização das técnicas leiloeiras, Apolinário diz que “as formas como os leilões são realizados ainda vão passar por muitas transformações”. A entrada das redes de televisão nesse mercado e até mesmo a internet possibilita transformações na dinâmica dos leilões. “É um mercado muito criativo e que não para de se reinventar. Não tenho dúvida de que o mercado sempre acolherá os profissionais de qualquer área de acordo com sua competência e disposição para se atualizar sempre. Haverá sempre os que reclamam que não tem mais espaço e os que se incumbem de criar o seu próprio espaço”, enfatiza. Foto: Arquivo Pessoal
Mercado Logo quando Adriano Apolinário começou a
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Entidade de Classe
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Foto: Andressa Tameirão
A história do Sindicato dos Produtores Rurais de Teixeira de Freitas, na Bahia, confundese com a trajetória da Cooperativa Mista Agropecuária do Sul da Bahia (Coopmista). A emancipação do município de Teixeira de Freitas é recente e data de 1985. Antes desse período, o local era um povoado com uma divisão peculiar. A administração era dividida entre os municípios de Alcobaça e Caravelas e nessa época a Cooperativa já atuava na região. Fundado em 1994, o Sindicato de Teixeira de Freitas teve como primeiro presidente Ubaldino Coelho (1994 a 2001) e possuía grande representatividade no cenário político local. Como o Sindicato e a Coopmista possuem praticamente a mesma diretoria e atendem aos mesmos produtores rurais, a parceria é constante, mas a atuação de ambos é independente. Atualmente, a estrutura do Sindicato resume-se a uma sala alugada de um imóvel pertencente à Cooperativa e conta com poucos funcionários: o presidente e a diretoria, além de uma
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mobilizadora. O Parque de Exposições Timóteo Alves de Brito também é de propriedade da Coopmista. Segundo o presidente do Sindicato, Amilton Curty, em decorrência do pouco volume de funcionários, o Sindicato de Teixeira de Freitas atua em parceria com entidades de extensão rural, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), dentre outros parceiros. “O Sindicato sobrevive basicamente da contribuição sindical que os produtores pagam ao CNA, em que o Sindicato tem o direito a 60% do recurso. Não há contribuição mensal por parte do associado, por isso dependemos de nossas parcerias para prestar serviços aos produtores rurais”, explica Amilton Curty.
A estrutura do Parque de Exposições Timóteo Alves de Brito está em processo de reforma para a realização da 29ª edição da Exposição Agropecuária de Teixeira de Freitas. O evento acontece de 15 a 19 de setembro.
Foto: Andressa Tameirão
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O Presidente e sua gestão O presidente do Sindicato afirma que Teixeira de Freitas é um pólo da pecuária reconhecido em todo o país. Atualmente, há uma média de 1600 produtores ligados ao Sindicato e o atendimento se faz mediante o surgimento da demanda. De origem capixaba, Amilton reside em Teixeira de Freitas desde 1973. Casado e pai de dois filhos, o presidente do Sindicato é produtor rural desde 1975 e está em seu segundo mandato (2006 a 2012). “No momento, estamos realizando um trabalho importante com dois programas voltados para o leite, o Balde Cheio e o Geraleite. A proposta é melhorar as matrizes dos produtores rurais, bem como as pastagens, de modo a
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ampliar a bacia leiteira da região. O Geraleite é um programa que conta com a assistência de técnicos, que realizam visitas nas fazendas que se enquadram no programa, fazendo o acompanhamento e prestando orientações. Um outro programa que vale destacar é o MODERPEC, um programa de modernização da pecuária de corte da Bahia. Estamos também incluídos numa reestruturação sindical que está acontecendo em todo o Brasil. Esse trabalho é realizado pela CNA, com a proposta de modernização e fortalecimento da estrutura dos sindicatos para melhor atender aos produtores rurais. Um outro trabalho que estamos fazendo, e que é uma iniciativa da CNA, é o de levar informação ao produtor no que diz respeito a legislação, informações sobre este novo modelo de legislação ambiental e questões trabalhistas. Isso evita que eles fiquem pre-
judicados ou recebam multa por não estarem informados a respeito de algo”, destaca Amilton. Uma parceria que tem fortalecido a atuação do Sindicato de Teixeira de Freitas é a do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A atuação conjunta dos órgãos tem possibilitado a capacitação de produtores rurais e de funcionários do Sindicato, com uma média de cinco cursos ao mês. “Os sindicatos do Extremo Sul da Bahia, de um modo geral, estão investindo em capacitação. Esse trabalho junto ao Senar está sendo feito com o objetivo de aumentarmos a mão de obra, pois estamos correndo o risco de sofrer um ‘apagão’, já que a mão-de-obra do campo está envelhecendo”, ressalta o presidente do Sindicato. Em sua gestão, uma das principais metas para Amilton Curty é estreitar os
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Natural de Nova Era (MG), José Antônio de Castro foi vice-presidente de Antônio Artur Teixeira e cumpriu um mandato como presidente. Segundo ele, o seu trabalho contribuiu para que o Sindicato se tornasse mais atuante. “Durante o meu mandato, o Sindicato passou a ser reconhecido perante a sociedade e aos produtores, principalmente porque na época foram realizados muitos cursos de preparação”, afirma José Antônio. Exposição Agropecuária
Amilton Curty é o atual presidente do Sindicato de Teixeira de Freitas e está em seu segundo mandato
laços entre o Sindicato de Teixeira de Freitas e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, além de incentivar o produtor rural a ter maior participação junto ao Sindicato. “Assumi o cargo de presidente a pedido do presidente da FAEB, e hoje, eu faço parte da diretoria da Federação em Salvador, como suplente, representando o Extremo Sul. Um dos principais problemas que encontramos no Sindicato envolve a questão financeira, e sofremos também com o distanciamento do produtor em relação ao Sindicato. Diante disso, queremos promover o aprofundamento do Programa Sindicato Forte, que fortalece a representatividade dos produtores no Sindicato, e do Mãos que Trabalham, que ajuda o produtor no cumprimento da legislação brasileira. Pretendemos continuar fazendo cursos e agregar pessoas pra dentro do Sindicato”. Diante do atual panorama do Sindicato de Teixeira de Freitas, cuja participação dos produtores rurais acontece de forma incipiente, Amilton Curty enfatiza a importância da atuação do Sindicato no meio rural. “O produtor está perdendo uma grande oportunidade ao não se aproximar do Sindicato, pri-
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meiro porque a entidade é a única representante legal do produtor rural. Em segundo lugar, porque, o Sindicato faz a ponte entre o produtor, FAEB e CNA e está aqui para dar esse suporte. Infelizmente, os produtores não têm usado essa máquina, mas estamos trabalhando para que eles permaneçam do nosso lado em defesa da classe”, argumenta o presidente. Antigos presidentes Na trajetória do Sindicato de Teixeira de Freitas, Antônio Artur Teixeira , de 53 anos, foi um pernambucano que fez história como presidente. Com 51 anos vivendo na Bahia, ele se orgulha em ter impulsionado o plantio de eucalipto na região. “Na época, os fazendeiros tinham muito receio em trabalhar com o eucalipto. Diante disso, contatei a Aracruz para nos oferecer uma palestra e à medida que as reuniões foram acontecendo, a proposta foi deslanchando. Cerca de 100 produtores participaram dessas reuniões e como a ideia foi bem divulgada, a expectativa era grande. Então, eu fico feliz em ter contribuído com esse processo”, destaca Antônio Artur.
A Exposição Agropecuária de Teixeira de Freitas já é tradição na cidade e sua primeira edição antecede a emancipação do município. Em sua 29ª edição, a Exposição trará diversas atrações do dia 15 a 19 de setembro. Neste ano, os três leilões previstos para o evento serão realizados pela Minas Leilões e Eventos: 5º Leilão Show do Marchador, no dia 17; Leilão do Produtor, com 1250 bezerros, no dia 18; e Leilão Extremo do Leite, no dia 19. Segundo o presidente do Sindicato, a Exposição contará com uma feira de animais, durante todos os dias do evento, além de Julgamentos das raças Mangalarga Marchador e Nelore, e as provas de tambor, laço e baliza. Cerca de 60 estandes de máquinas, tratores e caminhões estarão presentes no evento. Além disso, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Sicoob estão disponibilizando linhas crédito nesta edição. Segundo Amilton Curty, uma novidade para este ano será a realização de todos os sorteios da Loteria da Caixa no Parque de Exposições, do dia 13 ao dia 18, no Caminhão da Sorte, sem contar os shows artísticos. “Há quatro anos estou tentando trazer esse caminhão para a Exposição. Esse é um trabalho da Caixa, através das Lotéricas da região. A programação de shows artísticos deste ano também está muito boa. Teremos Edu & Maraial, na sexta-feira, Leo Magalhães no sábado e Victor e Leo, no domingo”, afirma. A Exposição Agropecuária de Teixeira de Freitas é uma realização do Sindicato dos Produtores Rurais de Teixeira de Freitas e da CoopMista.
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Caderno Técnico
Microelementos no combate a Hemoncose Guilherme Costa Fausto Médico Veterinário - Mestrando em Endocrinologia e Metabologia de Ruminantes. Dept. de Med. Vet. / UFSM Introdução
Os ovinos foram a segunda espécie animal a ser domesticada pelo homem. Adaptados a vida nômade, estes se espalharam pelas zonas áridas e montanhosas do planeta. Com a fixação do homem a terra foi imposto aos rebanhos a necessidade de permanência em um mesmo local por muitas gerações, criando também um ambiente propício para o desenvolvimento de populações específicas de parasitas gastrintestinais. Estas espécies de parasitas tinham sua pressão de seleção baseada na existência do hospedeiro, capacidade de ovipostura, sobrevivência das larvas no ambiente e capacidade infectante das mesmas. Em 1935, a fenotiazina foi lançada como inseticida agrícola e vários anos depois, como antihelmíntico. O impacto inicial desse produto na indústria ovina foi imenso, permitindo o aumento e a concentração das populações ovinas em todo o mundo, criando por sua vez, mais um fator de seleção parasitária, a resistência aos antihelmínticos. No Rio Grande do Sul, o rebanho ovino teve seu pico de expansão durante as décadas de 50 e 60, baseado na produção de lã. Nestes, 40 a 60% do rebanho era composto de machos adultos mais resistentes ao parasitismo, de produção com baixa ênfase em fertilidade, necessitando, portanto, de menor número de dosificação com antihelmínticos. A partir da década de 70, com a introdução das raças de carne e a maior ênfase na sobrevivência e desenvolvimento do cordeiro, que passou a ser o produto comercial, apareceu a necessidade do uso frequente de antihel-
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mínticos no rebanho. Nos anos que se seguiram, uma variedade de princípios e classes de antihelmínticos chegaram ao mercado. A maioria mostrava um impacto inicial excelente no controle da verminose, mas, no decorrer de alguns anos, sua eficiência principalmente em relação ao Haemonchus contortus despencou. O uso indiscriminado, o tratamento às cegas de todo o rebanho e a alta rotatividade de produtos preconizada pela indústria e pela comunidade técnica foi o grande responsável pela seleção de cepas resistentes de Haemonchus contortus em todo o mundo. O aparecimento de novas classes de antihelmínticos também diminuiu a última categoria que chegou ao mercado mundial, que foram as avermectinas, lançadas no início da década de 80. A seleção de populações de Haemonchus sp. resistentes aos antihelmínticos tornou a verminose o principal desafio na produção de ovinos de corte. Frente a esse problema, várias estratégias estão sendo utilizadas: rotação de pastagens, o uso de plantas que diminuem a sobrevivência das larvas, tratamento seletivo, fungos nematófagos, vacinas, sistemas de criação em piso ripado, seleção de raças resistentes etc. Muitas são indiretamente estimuladas por um mercado que valoriza cada vez mais a carne produzida de maneira “mais natural” com um mínimo de produtos químicos. No entanto, o controle do desenvolvimento da resistência parasitária e o direcionamento da produção para uma criação orgânica necessita que os animais
tenham condições plenas de expressar seu potencial em termos de desenvolvimento da imunidade e convivência com a espoliação parasitária sem perda da performance produtiva. Os microminerais e as vitaminas têm sua importância e requerimentos nutricionais mínimos bem definidos para produção animal. Nesse contexto da produção orgânica, a suplementação com cobre, selênio, zinco, vitamina E, A, C e outros microelementos podem proporcionar um incremento positivo na resposta natural dos ovinos contra a hemoncose possibilitando plenas condições para os mesmos expressarem sua condição produtiva. Desenvolvimento Desde o início da década de 90, temse verificado um aumento significativo do rebanho ovino nacional, com características muito peculiares a cada região, mas também fortemente atrelado às exigências do mercado consumidor. Uma das maiores barreiras enfrentadas na criação de ovinos é a verminose (COSTA et al., 1986). Os parasitas são responsáveis por grandes perdas econômicas na ovinocultura, devido à queda da produção e qualidade da lã, redução no ganho de peso e mortalidade de animais infectados (ECHEVARRIA, 1988). Ovinos com cinco a seis meses de idade são mais predispostos à infecção, pois apresentam baixa resposta imunitária (CHRISTIE, 1970). O principal parasita de ovinos é o Haemonchus contortus, devido a grande patogenicidade proveniente da sua hematofagia. Segundo
Fernandes et al. (2004), o Haemonchus contortus é predominante em diversas regiões do Brasil, onde é considerado o principal parasita de ovinos. Molento, et al. (2004) descrevem ainda o grande número de mortes de ovinos em decorrência da anemia causada pela ingestão de sangue pelo parasita no abomaso no hospedeiro. A perda de sangue para o parasita implica na perda de outros elementos figurados sanguíneos, macro e microelementos, vitaminas, hormônios etc. Assim, principalmente os jovens com intensa parasitose, podem apresentar leucopenia (ADAMS, 1993) por linfopenia e perdas protéicas que caracterizam uma hipoproteinemia com hipogamaglobulinemia (SAHAI, 1966). Os mamíferos respondem à infecção por nematódeos gastrintestinais com uma reação de hipersensibilidade imediata clássica, caracterizada pela secreção de imunoglobulinas E, hiperplasia de mastócitos na mucosa e marcada eosinofilia periférica e tissular. Os anticorpos IgE tem a capacidade de ligar-se a superfície dos helmintos, depois os eosinófilos são ativados para secretar grânulos enzimáticos que destroem o parasita (ABBAS et al., 2003). O conteúdo dos grânulos inclui o superóxido, o peróxido de hidrogênio e outros radicais livres gerados pela peroxidase e pelas enzimas líticas eosinofílicas, tais como a lisofosfolipase e a fosfolipase D (BALIC et al 2000; TIZARD, 1998). Esta reação é induzida pela liberação de citocinas (IL-4, IL-5 e IL-13) produzidas pelos linfócitos T da sublinhagem CD4+ ou CD8+ do tipo II durante a resposta imune especifica (MACHADO et al, 2004). Em ovinos a capacidade de resistir e combater nematódeos está relacionada a intensidade da expressão de citocinas (IL4, IL5 e IL13) durante a infecção e a mobilização de células Th2 induzindo assim uma maior presença
de mastócitos e eosinófilos na mucosa abomasal (LACROUX et al., 2006). Em relação à resposta inata, os fagócitos (macrófagos e neutrófilos) atacam os parasitas e secretam substâncias microbicidas para matar organismos que são muito grandes para serem fagocitados (ABBAS et al, 2003). A atividade dos neutrófilos envolve dois eventos celulares: a explosão respiratória, iniciada pela ativação da enzima nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP), e a degranulação (JAIN, 1986). A enzima NADP oxidase, depois de ativada, localiza-se na membrana plasmática, incorporando-se dentro do vacúolo fagocítico, catalisando a redução do oxigênio molecular (O2) em superóxido aniônico, o qual é fundamental para atividade microbicida neutrofílica (MAUG, 1973). Esta atividade pode ser mensurada pela redução do corante nitroblue tetrazolium (NBT) (COSTA, 2004). O hospedeiro também produz radicais livres que interagem com outras moléculas através de reações de oxirredução buscando estabilizar sua configuração eletrônica, terminando por criar uma cadeia que termi-
na com a alteração na conformação, estrutura ou funções de proteínas, fosfolipídios de membrana, ácidos nucléicos e outros componentes celulares (RIEGEL, 2002). A classificação dos radicais livres se dá pelo grupo funcional presente em sua molécula, porém os processos aeróbicos que envolvem o oxigênio são os mais comuns e seus produtos são denominados de espécies reativas do oxigênio (ROS) (CHIHUAILAF et al., 2002). Uma vez formados, os radicais livres buscam estabilizar-se, cedendo ou captando um elétron de espécies vizinhas (SCHANAIDER, 2000). Estes, por sua vez, viram radicais livres e se estabilizam, tomando ou cedendo elétrons de outras substâncias. As espécies reativas do oxigênio (ROS) incluem um grande número de moléculas quimicamente reativas oriundas do oxigênio, entre elas: o radical superóxido (O2), radical hidroxil (OH-) e o peróxido de hidrogênio (H2O2). O radical superóxido ocorre em quase todas as células aeróbicas e é produzido durante a ativação máxima de neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos (HERSHKO, 1989). Em sistemas aeróbicos, é essencial o
Mucosa abomasal parasita por Haemonchus contortus
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equilíbrio entre agente óxido-redutores (como as ROS) e o sistema de defesa antioxidante. Para proteger-se, a célula possui um sistema de defesa que pode atuar em duas linhas. Uma delas atua como detoxificadora do agente antes que ele cause lesão. Esta linha é constituída por glutationa reduzida (GSH), superóxido-dismutase (SOD), catalase, glutationa-peroxidase (GSH-Px) e vitamina E. A outra linha de defesa tem a função de reparar a lesão ocorrida, sendo constituída pelo ácido ascórbico, pela glutationa-redutase (GSHRd) e pela GSH-Px, entre outros. Com exceção da vitamina E (∂- tocoferol), que é um antioxidante estrutural da membrana, a maior parte dos agentes antioxidantes está no meio intracelular (HEBBEL, 1986). A GSH-Px é assinalada como o principal sistema antioxidante do organismo, inativando derivados ROS do metabolismo aeróbico, sendo responsável pela proteção da membrana das células que funcionam em presença de oxigênio. A deficiência de Se induz a uma baixa atividade da GSH-Px, deixando as células exposta a ação nociva das ROS, o que produz alterações na estrutura de lipídios, proteínas, polissacarídeos, DNA e outras macromoléculas celulares (MILLER et al, 1993). A superóxido dismutase (SOD) é outra enzima que participa no processo de detoxificação de radicais livres transformando dois ânions radicais superóxido em um peróxido de hidrogênio menos reativo que o anterior (AMES et al., 1993). A importância da SOD pode ser demonstrada pelo fato de ser a enzima mais abundante do organismo. (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1989). Está presente no citoplasma das células, sendo dependente do cobre ou zinco como cofatores, e na mitocôndria onde utiliza como cofator o manganês (RIEGEL, 2002). O desequilíbrio entre a produção de ROS e a remoção dos mesmos pelos sistemas de defesa antioxidante é denominado de estresse oxidativo. O estresse oxidativo é uma condição celular ou fisiológica com elevada concentração de ROS que causa danos moleculares às estruturas celulares, com consequente alteração funcional e prejuízo das funções vitais (DRÖGE, 2002). Em uma série de estudos, demonstrou-se que nas células dos hospedeiros infectados com
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diferentes espécies de parasitas, as quantidades de ROS que causam lipoperoxidação foram elevadas, causando danos nos tecidos e céluas (DEGER, 2008). O selênio e a vitamina E, dois elementos quimicamente diferentes, com propriedades antioxidantes individuais, têm o mesmo objetivo no sistema biológico (UNDERWOOD & SUTLLE, 1999). A função metabólica do selênio esta intimamente ligada à vitamina E. Ambos protegem as membranas celulares da degeneração oxidativa. A vitamina E e a glutationa peroxidase atuam em locais diferentes. A primeira é parte integrante das membranas lipídicas e a segunda atua no citosol. (MCDOWELL, 1996). Smith et al. (1986) demonstraram que a dieta suplementada com vitamina E e Selênio foi importante para manter os mecanismos de defesa do organismo, incluindo a produção de anticorpos, proliferação celular, produção de citocinas, metabolismo das prostaglandinas e função dos neutrófilos. O cobre e o zinco são elementos-traço essenciais para a manutenção de vários processos biológicos, tais como metabolismo energético, homeostase de ferro e mecanismos de proteção antioxidante através da atividade da cobre-zinco superóxido dismutase (Cu-Zn SOD). A síntese desta metaloenzima é induzida pela presença dos elementos Cu e Zn no organismo (MCDOWELL, 1992). Por estar envolvida, a CuZnSOD, no mecanismo de oxidação, sua deficiência leva a transtornos no metabolismo oxidativo, podendo manifestar-se de múltiplas formas (GONZÁLES & SILVA, 2003) principalmente as envolvidas nas reações de defesa mediadas por granulócitos no organismo (BABIOR et al.,1073). Dessa forma a ingestão adequada de cobre/zinco é importante para assegurar o bom desempenho dessas funções principalmente da ação antioxidante deste elemento. Conclusão Nosso grupo de pesquisa do Laboratório de Endocrinologia e Metabologia Animal (LEMA) do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – RS, coordenado pela Professora Doutora Marta Lizandra do Rêgo Leal, vem buscando formas de melhorar o desempenho imunológico e oxidativo de ruminantes
frente à ameaça constante das verminoses a pecuária. Os primeiros resultados utilizando selênio mostraram a eficácia deste mineral no metabolismo oxidativo de neutrófilos para o combate da hemoncose. Outros minerais estão sendo testados, como o cobre e o zinco, e acreditamos que em breve uma nova forma de controle e tratamento de verminoses gastrointestinais em ruminantes se fará presente para os produtores. Uma maneira, limpa, sem resíduos nos produtos, saudável, economicamente viável e ecologicamente correto. Referências Bibliográficas ABAAS, A. K.; LICHTMAN, H.; POBER, J. S. Imunologia Celular e Molecular. 4.ed. Rio de Janeiro : Revinter, 2003. ADAMS, D.B. Systemic responses to challenges infection with Haemonchus contortus in immune merino sheep. Veterinary Research Commuinictions, v. 17, p.23 – 35, 1993. AMES, B.N.; SHIGENA, M.K.; HEGEN, T.M. Oxidants, antioxidants and the degenerative diseases of aging. Proceedings of the National Academy of Sciences n.90, p. 7915-7922, 1993. BABIOR, B.M.; KIPNES, R.S.; CURNUTTE, J.T. Biological defense mechanisms. The production by leukocytes of superoxide, a potencial bacterial agent. Journal Clinical Investigation, v.52, p.741-744, 1973. BALIC, A., BOWLES, V.M., MEEUSEN, E.N.T., The immunobiology of gastrointestinal nematode infections in ruminants. Advances in parasitology. n.45, 181–241. 2000. CHIHUAULAF, R.H., CONTRERAS, P.A.; WITTWER, F.G. Pathogenesis of oxidative stress: Consequences and evaluation in animal health. Veterinaria México. v.33, n.3, p.265-283. 2002. CHRISTIE, M.G. The fate of very large doses on Haemonchus contortus and their effect on conditions in the ovine abomasum. Journal Comparative Patho-
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Primavera de
Meteorologiaa
temporais
A primavera começa no dia 23 de setembro, as 0h9min, e termina no dia 21 de dezembro. Em uma avaliação do clima na região leste do estado, neste ano, é possível verificar que o verão foi quente, com temperaturas acima de 38°C em alguns dias. Houve pouca chuva e o acumulado do período chuvoso ficou abaixo da média histórica. Os meses de outono foram marcados por temperaturas baixas, alta umidade relativa do ar e ocorrência de chuvas isoladas em alguns dias. O inverno voltou a ser seco, as frentes frias chegaram com fraca intensidade e houve somente uma massa de ar polar, que atuou na região entre os dias 17 e 20 de agosto, provocando declínio acentuado da temperatura do ar. A temperatura mais baixa na região foi observada no dia 19, quando foi observada temperaturas abaixo de 9°C. Desde 1974, não se observava temperaturas tão baixas na região. O fenômeno La Niña esta atuando, isto é, as temperaturas da água do oceano Pacífico na Costa do Peru e do Equador estão abaixo da média histórica. Cientificamente, já está comprovada a relação entre o La Niña e o clima de Minas Gerais. O inverno é mais frio e as estações da primavera e verão são
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* Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo
mais quentes e as chuvas ocorrem com mais frequência na forma de temporais. O final do inverno vai ser de calor. As temperaturas voltam a subir em todos os municípios e as primeiras chuvas deverão ocorrer com forte intensidade e ventanias. Não se deve esperar chuvas significativas para a agricultura nos meses de setembro e outubro, porém, para os meses de novembro e dezembro, as frentes frias deverão ficar estacionárias na região leste do estado, causando chuvas durante vários dias seguidos. Nas últimas duas estações de chuvas, que começam em outubro e terminam em abril, não houve ocorrência de chuvas significativas na região leste do estado. Nos meses de janeiro e fevereiro ocorreu um forte veranico, isto é uma sequência de mais de 30 dias sem chuvas. Mas nesta próxima estação chuvosa, há possibilidade de ocorrência de enchentes e inundações na região, principalmente na segunda quinzena de dezembro e na primeira de janeiro. Saber utilizar a água de forma racional e evitar desastres é conhecimento. A meteorologia se encontra num estágio avançado de desenvolvimento, com índices de acerto de mais de 90% com cinco dias de antecedência. Se quiser saber a previsão do tempo com cinco dias de antecedência, entre no site www.minastempo.com.br.
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Como combater Mão na Massa
f
rmigas
Quando a população de formigas aumenta e começa tornar-se um incômodo é necessário precaver-se e tomar algumas medidas para conter a proliferação. Para aqueles que dispensam o uso de produtos químicos, a Revista AgroMinas traz algumas receitas caseiras simples e que são eficazes no combate às formigas: Cultive gergelim bravo próximo ao formigueiro ou espalhe sementes da planta no caminho das formigas. Mudas de hortelã-pimenta, calêndula e batata-doce também funcionam; Caso as formigas estejam atacando árvores e arbustos, a dica é amassar algumas pimentas vermelhas até se obter um suco grosso. Molhe um saquinho de gaze ou tecido nesse suco e amarre em volta da planta ou, se preferir, pincele o caule. Uma outra alternativa é enrolar uma faixa com graxa ao redor do tronco; Em hortas, o cultivo de plantas repelentes como a cebolinha verde, menta, lavanda, alho, losna, manjerona e coentro em todo o contorno, costuma ser eficaz; Para combater as formigas dentro de casa, prepare uma solução com metade de água e metade de água sanitária, e com uma seringa, aplique nos furos por onde saem as formigas. Por fim, tampe os furos com parafina ou sabão; Se as formigas estiverem invadindo os armários, é hora de espalhar cravos-da-índia, folhas de louro, cascas de limão ou tangerina dentro deles para espantar as formigas; Dentro do açucareiro, coloque um sachê feito de gaze e cravo-da-índia, e o troque a cada duas semanas. Se preferir, pode-se colocar também pedaços de limão dentro do açucareiro; Para espantar as formigas da cozinha, há quem mantém um ramo de salsa em um copo com água; Em se tratando de equipamentos e eletroeletrônicos, não há uma receita certa para o problema. Principalmente em épocas frias, o aquecimento das máquinas atrai as formigas. Nesse caso, deve-se evitar manter alimentos próximos do local, realizar periodicamente uma limpeza com desinfetante e desligar os equipamentos quando não estiverem em funcionamento.
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* Por Alexandre Sylvio A discussão sobre a pecuária de leite e de corte, seu manejo e tecnologia são de grande importância para o Brasil, considerando que somos uns dos líderes mundiais do setor. Seus aspectos técnicos, desde o processo de escolha da área para implantação das pastagens, passando pelo manejo, seleção dos animais, integração com o meio ambiente e o mais importante de todos: a produtividade e rentabilidade da atividade. O Brasil é um país de contrastes, onde identificamos elevada produção agropecuária, mas de baixa produtividade, com exceção de algumas ilhas de excelência . O trabalho conjunto dos órgãos estatais ligados ao setor agrário com o produtor rural e seus sindicatos fortaleceram toda uma região, gerando riquezas e trazendo em seu rastro indústrias de processamento de produtos agropecuários. Todo esse processo tende a gerar mais empregos e a estimular o comércio da região, ou seja, em muitas regiões o setor primário é a base do desenvolvimento dos demais setores da economia (secundário e terciário). O leite e a carne são setores consolidados onde estamos entre os maiores produtores mundiais. Em relação ao leite, somos a sexta potência atrás da União Europeia, Estados Unidos, Índia, China e Rússia. Em relação à carne, somos o maior exportador mundial, mas o segundo em produção. Em primeiro lugar está os Estados Unidos. No Brasil, quase 200 milhões de hectares estão ocupados com pastagens e dentre todos os estados, o líder é Minas Gerais com 24,5 milhões de hectares, seguido do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em termos de rebanho, temos o segundo maior rebanho mundial, perdendo apenas para a Índia. Mas se analisarmos comercialmente, temos o maior rebanho do mundo com aproximadamente 206 milhões de cabeças. Todos os dados são favoráveis ao Brasil, mas estamos longe de atingir o ápice produtivo. Não precisamos arrancar as matas e florestas para aumentar a área de pastagem no Brasil,
pois temos potencial para dobrar a nossa produção de carne e leite apenas com a adequação de manejo dos animais e uso de tecnologias alternativas. O primeiro passo para o empreendedor rural que deseja investir profissionalmente no agronegócio da pecuária é a identificação das condições climáticas da região. Existem milhares de estações climatológicas espalhadas pelo Brasil, muitas delas oficiais, pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Dados sobre temperaturas máximas e mínimas, índices pluviométricos, umidade relativa do ar, insolação, dentre outros, são fundamentais para o desenvolvimento das gramíneas. O capim colonião, por exemplo, possui baixa resistência ao frio, enquanto a Brachiaria decumbens apresenta alta resistência à seca; a Brachiaria ruzziziensis
AgroVisão
O sucesso da pecuária brasileira é altamente resistente a chuvas intensas, ou seja, o capim a ser adotado na instalação da pastagem deve estar adequado às condições ambientais locais. Esses dados são importantes porque o produtor espera o máximo de produtividade das pastagens e, para isso, os fatores radiação luminosa, temperatura e água, além de outros fatores, devem estar em equilíbrio. A integração desses fatores estimula o processo fotossintético das plantas e consequentemente a produção de massa verde e seca contendo uma preciosa substância: as proteínas, além das vitaminas, lipídios e carboidratos. O destaque maior ocorre com as proteínas porque os animais não são capazes de sintetizar este composto; apenas as plantas, durante o processo da
Figura 1. Principais países produtores de leite e sua evolução nos últimos anos
Imagem ilustrativa do impacto da gota de chuva na superfície do solo e erosão das partículas.
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fotossíntese e alguns microrganismos. Esses compostos orgânicos são fundamentais no processo de produção do leite e da carne. O estresse causado pela alteração de qualquer um dos fatores ambientais reduz a produtividade das plantas e a sua quantidade de proteínas. Caracterizada as condições climáticas locais, partimos para a caracterização do solo. O solo não é identificado apenas pelo seu nível de fertilidade, que é facilmente caracterizada pela análise química, mas também pela sua classificação, características físicas, horizontes, profundidade e topografia. Esses fatores são fundamentais para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas e melhoria do processo de absorção de água e nutrientes, que reflete no aumento da produtividade da planta, resistência a seca e produção de proteínas. As características dos solos são um dos fatores que devem ser observados na propriedade, visando o desenvolvimento das pastagens. O solo tem o papel de reter os fertilizantes e disponibilizá-los para as plantas, evitando as suas perdas por lavagem; reter a água da chuva favorecendo a absorção das raízes e drenando o excesso para o lençol freático para formação das nascentes; formar poros para facilitar a respiração e desenvolvimento das raízes das gramíneas dentre diversas outras funções. A identificação dos solos onde serão implantadas as pastagens pode ser realizada, parcialmente, apenas pela sua localização na propriedade. Solos de encostas, dependendo da declividade do terreno, são mais rasos, de estrutura mais fraca, quimicamente pobres e mais susceptíveis a erosão. Solos de baixada são mais profundos, apresentam maior fertilidade, estruturação, matéria orgânica, mas podem estar sujeitos a alagamentos no período das águas, devido principalmente a proximidade do lençol freático na superfície ou pelo escorrimento superficial das águas vindo das encostas. Apesar de resistentes ao encharcamento, a maioria das gramíneas reduz o seu desenvolvimento em solos que permanecem alagados por muito tempo devido à falta de oxigenação. O pastejo dos animais nesta época tende a compactar o solo prejudicando ainda mais o desenvolvimento das plantas. Existem
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solos de baixadas próximos aos rios que são alagados periodicamente pelas cheias durante o período das chuvas, mas por apenas alguns dias, os chamados solos aluviais. Estes solos são naturalmente férteis porque os nutrientes são depositados pelas águas dos rios que são trazidos de outras áreas que sofreram erosão. A maioria dos solos mineiros é de média fertilidade, de boa estrutura e drenagem, excelentes para desenvolvimento do capim, mas, em alguns casos, com um subsolo adensado de baixa drenagem favorecendo a erosão das camadas superficiais. Essas características mostram que o capim que será plantado deverá ser manejado visando não apenas a alimentação animal, mas também o controle da erosão dos solos. A perda da camada superficial do solo de melhor estrutura e fertilidade e exposição da camada inferior adensada e pobre reduzem significativamente a produção do capim, consequentemente a capacidade suporte da área. A caracterização química, física e a classificação dos solos da propriedade são fatores importantes no processo de implantação das pastagens, principalmente na determinação de seu manejo e das espécies de capim que serão implantadas. Após a caracterização do clima e do solo da propriedade para implantação da pastagem, chegamos ao momento do preparo visando à correção, fertilização do solo e a
semeadura. O preparo do solo é uma etapa importante no processo de desenvolvimento das pastagens. O uso do arado e da grade pode ser problemático caso sejam manejados continuamente. É o que ocorre no cultivo tradicional de culturas que são substituídas constantemente como o milho e o feijão. No caso da implantação das pastagens, o efeito do preparo do solo é altamente positivo porque a prática é realizada apenas uma única vez com repetição desta atividade apenas quando a pastagem for substituída após alguns anos. O uso da grade reduz o tamanho dos “torrões” do solo que melhora a capacidade de retenção de água, o contato da semente com o solo e consequentemente melhora a germinação. Durante as chuvas, parte da água fica retida nas partículas e agregados do solo. Quando a semente está próxima, uma porcentagem desta água é transferida para a semente que inicia seu processo de germinação. Caso o contato das sementes com o solo seja pequeno, a água não é transferida, comprometendo a germinação das sementes, surgindo falhas no campo. * Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio ambiente; Coordenador do Curso de Agronomia da Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br Foto: ACS Incaper
Exemplo de pastagem com manejo correto e alimentação permanente para o gado
Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar-Zootecnista Scot Consultoria A oferta curta impede quedas acentuadas dos preços da reposição na maior parte do país. O fato que provocou a recente frouxidão nos preços de animais desmamados foi a chegada da seca (forçando a venda), aliada à baixa demanda por esta categoria, típica desta época do ano. No Mato Grosso do Sul, considerando o período entre o final de junho e o final de julho, houve queda de 4,3% no preço do bezerro desmamado. Porém, parece que a pressão de baixa perdeu um pouco da força, já que a oferta não apareceu de forma duradoura. Da primeira para a segunda semana de agosto, o preço da categoria subiu 1,5%, estando cotado nesta última data em R$680,00/cabeça, considerando o bezerro de 5,5@. (Observe a Figura 1).
Outra questão é que, da mesma forma que a qualidade dos bois magros disponíveis no mercado já foi melhor, a dos bezerros também, visto que os melhores lotes de desmama já foram comercializados. Nada definido para o segundo semestre. Além da oferta ainda estar restrita,
Mercado
Cenário indefinido para a reposição de gado
existe a expectativa de que a demanda por bezerros se aqueça novamente até o fim do ano, o que deve conferir firmeza ao mercado. Por fim, o mercado em alta para o boi gordo abre espaço para valorizações da reposição.
Figura 1 Evolução de preço do bezerro desmamado no MS, em R$/cabeça.
Fonte: Scot Consultoria
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Preço do leite cai cerca de 15% em plena entressafra O setor leiteiro está em crise devido à queda dos preços ao produtor em plena entressafra. Isso tem deixado muita gente com “dor de cabeça”. Somente nestes dois últimos meses, o site Mercado Mineiro detectou uma queda no preço do leite, que varia de 3,98% a 15,53%, dependendo da marca. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a média nacional, que considera os estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA, foi de R$ 0,7242 no mês de Julho (referente à produção de Junho). Já na região do Vale do Rio Doce o preço médio bruto foi R$ 0,72, no mesmo período. Já o preço pago pela Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce aos seus cooperados no mês Julho foi de R$ 0,74. O barateamento do leite veio neste ano com pelo menos quatro meses de antecedência. A fase correta seria entre Dezembro e Janeiro. Os preços não são muito animadores e os especialistas tentam explicar o fato. Alguns dizem que um dos problemas são as importações predatórias de lácteos. Outros afirmam que a queda na exportação do leite em pó, leites estocados e acumulados é que resultou na baixa dos preços, alta no preço dos lácteos no varejo e oferta maior que a procura. Segundo o site O Tempo, a principal
causa disso foi um acordo feito entre Brasil e Uruguai, que derrubou barreiras para o intercâmbio de carne de frango e leite no início deste ano. Com isso, houve um aumento na quantidade de leite no país e com a grande oferta do produto foi preciso diminuir os preços. Além disso, o preço do leite deles é 40% mais barato que o nosso. Durante o primeiro semestre de 2010, o mercado internacional de produtos lácteos foi surpreendentemente forte. Agora, neste segundo semestre, o mercado internacional tem se encontrado instável. Com isso, o mercado global tem apresentado sinais de enfraquecimento. Para tentar buscar soluções para essa crise, representantes das Federações da Agricultura e Pecuária de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina reuniram-se no dia 11 de Agosto na FAEMG, em Belo Horizonte, justamente para discutir e bus-
car alternativas para essa situação. Mas, não podemos nos esquecer que o mercado agropecuário oscila muito, por isso, hoje o preço do leite pode estar ruim, mas, amanhã pode não estar. Por isso, vamos torcer para que haja um aquecimento no mercado de lácteos internacional para que possamos estabilizar o mercado interno e devolver ao produtor rural o estímulo da produção. *Por Assessoria de Imprensa da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce comunicação@coaperiodoce.com.br
Cafeicultura exige maior profissionalismo dos produtores para o planejamento da próxima safra A colheita da Zona da Mata e Leste de Minas está chegando ao fim, ficando somente as regiões mais altas para finalizar a colheita. Os cafeicultores terão agora a oportunidade de fazer o planejamento para o próximo ciclo de produção. O profissionalismo na tomada de decisões será fundamental para atravessar o ano. A quebra de safra acompanhada da diminuição da
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qualidade foi a realidade para nossa região. Apesar da melhoria da cotação dos cafés de qualidade, a maioria dos produtores terão dificuldades para realizar os tratos nas lavouras. O acompanhamento técnico com profissionais da área é a melhor opção para a realização do planejamento. Uma avaliação criteriosa do parque cafeeiro deve ser realizado para definir os investimentos a serem feitos nas lavouras. Nutrição equilibrada com base na análise de solo e foliar, renovação de talhões improdutivos com auxílio de podas, uso de variedades mais adaptadas a região e controle racional
das pragas e doenças são ferramentas importantes que devem ser discutidas com o Engenheiro Agrônomo para serem planejadas e realizadas no momento correto. Lembrando que a produção de um café de qualidade superior é iniciado neste momento. Cotação Agosto/10. Arábica – Duro tipo 6 – R$ 285,00; Cereja Descascado Fino – R$ 345,00; Conilon Tipo 7 – R$ 163,00.
*Eng. Agr. Gerente Comercial Coocafé Waldir Francese Filho
Mercado Futuro (BM&F) - 24/08 Venc.
Ajuste (R$/@)
Var. (R$)
C.A.
Ago/10
90,70
0,12-
2.811
Set/10
90,93
0,63-
5.244
Out/10
91,72
0,07-
27.269
Esalq/BM&F Boi Gordo Data
Vista
Prazo
20/08
89,59
90,59
23/08
89,90
90,30
24/08
90,67
91,82
Cotações
Boi Gordo (R$/@)
Fonte: BeefPoint, IEA, CentroBoi, Faeg, Deral/Seab/PR, Minas Bolsa, Banco Central e BM&F
Preços do Leite (R$/L) Cotações do leite cru - preços pagos ao produtor MG
RS
SP
PR
GO
BA
SC
Mar/10
0,7002
0,6503
0,6656
0,6767
0,6832
0,6105
0,6871
Abr/10
0,7840
0,7274
0,7524
0,7494
0,7676
0,6616
0,7455
Mai/10
0,8138
0,7371
0,8020
0,8067
0,8219
0,6958
0,7936
Jun/10
0,8122
0,6896
0,7899
0,7731
0,7659
0,6926
0,7798
Jul/10
0,7550
0,6378
0,7524
0,7198
0,7141
0,6829
0,7291
R$/litro
Fonte: Cepea - Esalq/USP (Milk Point) 33 Setembro 2010
Cursos de Setembro Assoc.C.R.Morad. Córregos Água Preta e Barreirão: Artesanato de Fibras Naturais; Trab. na Equideocultura
Associação Apícola de Belo Oriente: Alimentação Materno-Infantil; Trab. na Equideocultura; Trab. na Operação e na Manutenção de Tratores Agrícolas
Associação Balde Cheio de Inhapim e Região Trab. na Bovinocultura de Leite; Saúde Bucal; Trab. na Inseminação Artificial de Bovinos; Doenças Infecto-parasitárias do Ser Humano
Sind. P.R. De Açucena Saúde Reprodutiva; Saúde na Infância e na Adolescência
Sind. P.R. de Águas Formosas
Trab. na Equideocultura; Artesanato de Materiais Recicláveis (Fibra de Cana-de-açúcar, Bananeira, Café e outras); Cerqueiro
Sind. P.R. de Aimorés Trab. na Operação e na Manutenção de Tratores Agrícolas
Sind. P.R. de Ataléia Trab. na Bovinocultura de Leite; Trab. na Doma Racional de Equídeos; Doenças Infecto-parasitárias do Ser Humano
Sind. P.R. de Caratinga: Trab. na Operação e na Manutenção de Motosserra; Trab. na Operação e na Manutenção de Roçadora
Sind. P.R. de Carlos Chagas: Trab. na Equideocultura; Trab. na Inseminação Artificial de Bovinos
Sind. P.R. de Conselheiro Pena: Doenças Infecto-parasitárias do Ser Humano; Trab. na Operação e na Manutenção de Motosserra; Artesanato de Tecidos; Trab. na Equideocultura
Sind. P.R. de Governador Valadares Trab. na Prod. de Cons. Vegetais, Compotas, Frutos Crist. e Desid.; Saúde Reprodutiva; Saúde e Alimentação; Trab. na Operação e na Manutenção de Tratores Agrícolas
Sind. P.R. de Ipatinga Trab. na Bovinocultura de Leite; Trab. na Inseminação Artificial de Bovinos
Sind. P.R. de Itambacuri Saneamento Básico no Meio Rural; Trab. na Bovinocultura de Leite; Trab. na Doma Racional de Equídeos
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Sind. P.R. de Machacalis
Sind. P.R. de Malacacheta Trab. na Equideocultura; Trab. na Operação e na Manutenção de Motosserra; Artesanato de Fibras Naturais
Senar
Trab. na Bovinocultura de Leite; Trab. na Inseminação Artificial de Bovinos
Sind. P.R. de Mantena Trab. na Equideocultura; Trab. na Prod. de Cons. Vegetais, Compotas, Frutos Crist. e Desid.
Sind. P.R. de Nanuque Trab. na Doma Racional de Equídeos; Trab. na Operação e na Manutenção de Tratores Agrícolas
Sind. P.R. de Pavão Trab. na Bovinocultura de Leite
Sind. P. R. de Resplendor Trab. na Operação e na Manutenção de Motosserra
Sind. P.R. de Sobrália Trab. na Bovinocultura de Leite
Sind. P.R. de Tarumirim Saúde Bucal; Trab. na Piscicultura; Trab. na Operação e na Manutenção de Roçadora; Doenças Infectoparasitárias do Ser Humano; Trab. na Bovinocultura de Leite
Program e-se eventos d para os e Para mais ste mês! informaç ões entre em contato com o Se nar pelo telefone (33) 327 1.6536
Sind. P.R. de Teofilo Otoni Trab. na Produção de Derivados do Leite; Trab. na Operação e na Manutenção de Ordenhadeira Mecânica; Trab. na Doma Racional de Equídeos; Artesanato de Fibras Naturais
Sind. dos Trab. Rurais de Ubaporanga Trab. na Operação e na Manutenção de Roçadora
Sind. dos Trabalhadores Rurais de Vargem Alegre Trab. no Cult. de Plantas Medicinais
Sind. Trab. Rurais de São Domingos das Dores Trab. na Operação e na Manutenção de Roçadora; Trab. na Prod. de Cons. Vegetais, Compotas, Frutos Crist. e Desid.
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Sicoob Central Crediminas dá posse a novo presidente Aconteceu
Foto: Ascom Sicoob Crediminas
Da esquerda para a direita, o empresário Jaques Gontijo Álvares com Heli de Oliveira Penido, ex-presidente do Sicoob Central Crediminas e Alberto Ferreira, presidente eleito
Em cerimônia realizada no dia 29 de julho, os novos membros dos Conselhos de Administração, Fiscal e Diretoria Executiva do Sicoob Central Crediminas e do Conselho de Administração do Fundo Garantidor de Depósitos tomaram posse, no Impeerador Recepções e Eventos, em Belo Horizonte. A eleição unânime dos conselheiros foi realizada
em abril deste ano, em uma assembleia realizada no auditório do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG/SESCOOPMG), na capital mineira. O presidente eleito, Alberto Ferreira, atuou em Governador Valadares e, juntamente com a nova diretoria, assumiu o compromisso de dar continuidade ao
trabalho de fortalecimento do sistema cooperativista empreendido por Heli de Oliveira Penido, que presidiu a instituição durante 17 anos. O principal desafio da nova gestão, segundo Alberto Ferreira, é sustentar a competitividade das cooperativas de crédito diante do mercado financeiro nacional. Dentre as autoridades e representantes do setor que estiveram presentes no evento estavam o Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues; o diretor de Liquidações e Controle de Operações de Crédito Rural do Banco Central do Brasil, Antônio Gustavo Matos do Vale; o diretor-presidente da Confederação Nacional de Cooperativas do Sicoob (Sicoob Confederação), José Salvino de Menezes; o presidente do Sindicato de Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop), Ronaldo Sucato; o diretor-presidente do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), Marco Aurélio Borges de Almada Abreu; o ex-presidente do Sicoob Central Crediminas, Heli de Oliveira Penido e o presidente eleito, Alberto Ferreira. (Com informações da Ascom Sicoob Crediminas)
Ipanema revela seu potencial leiteiro com 1ª Festa do Queijo Foto: Decom Ipanema
O queijo de 800 kg foi distribuído para a população de Ipanema
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A 1ª Festa do Queijo e Simpósio do Leite de Ipanema trouxe novas perspectivas para os produtores agropecuários da região com a realização de diversas palestras, além de ter parado a cidade com um desfile cultural pelas principais ruas da cidade de um queijo gigante de 800 kg. O evento aconteceu nos dias 30 e 31 de julho e foi uma promoção da Prefeitura de Ipanema, através da Secretaria Municipal Agropecuária, em parceria com a Cooperativa Agropecuária de Ipanema (Capil). Atualmente, 1.200 produtores, em média, se organizam pelo cooperativismo. Do total de produtores, 80% se enquadram no perfil da agricultura familiar e ganham força através do cooperativismo. Para a produção do queijo de 800 quilos, foram gastos aproximadamente 7 mil litros de leite, juntamente com outros ingredientes. O queijo passou por todos os procedimentos tecnológicos e de higiene adequados, maturou durante uma semana, até ficar em seu ponto de corte. (Com informações do Depto. de Comunicação Social da Prefeitura de Ipanema)
Agenda e resultados
Fique por dentro dos próximos leilões e os resultados do mês de Agosto
Resultados Evento: Leilão Elite do Corte Promoção: Sindicato Rural de Almenara Número de animais: 885 Valores movimentados: R$ 619.805,00 Maior comprador: Leonardo Coelho Brito Maior vendedor: Renato Figueiredo Filho
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Torta Holandesa Culinária
A receita desta edição foi enviada por Rosalva Campos Luciano
Rendimento: 12 porções Ingredientes:
Cobertura:
30 biscoitos tipo maisena triturados ½ xícara (chá) de manteiga derretida 15 bolachas com cobertura de chocolate
200 g de chocolate meio amargo picado 290g de creme de leite Modo de Preparo:
Recheio: 150g cream cheese 250g de creme de leite fresco 2 colheres (sopa) de açúcar 60g de gelatina em pó incolor e sem sabor ½ xícara (chá) de água 200 g de chocolate branco derretido (opcional), se não o usar aumente uma colher de sopa de açúcar. 2 claras em neve 1 colher (chá) de essência de baunilha
Envie a sua receita para a Revista AgroMinas jornalismo@revistaagrominas.com.br
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Misture bem o biscoito triturado com a manteiga. Coloque as bolachas nas bordas com a parte do chocolate para fora. Forre o fundo de uma forma de aro removível com essa mistura e deixe no refrigerador por cerca de 30 minutos. Enquanto isso, bata na batedeira o cream cheese, o creme de leite fresco e o açúcar, até que obtenha um creme bem areado. Acrescente a gelatina dissolvida na água, o chocolate branco derretido e misture até que fique homogêneo. Acrescente as claras em neve, a essência e misture delicadamente. Reserve. Despeje o creme reservado. Deixe no refrigerador até que fique um pouco firme. Em seguida, derreta o chocolate meio amargo em banho-maria, acrescente e misture o creme de leite. Despeje sobre o primeiro creme e deixe na geladeira por mais 30 minutos. Sirva gelado.
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