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GRANDES CRIATÓRIOS: CRIAÇÃO DE GIR LEITEIRO É TRADIÇÃO DE FAMÍLIA NA MARCA W

Ano 1 I N° 9 l Jan/Fev 2011

Distribuição Gratuita ISSN 2179-6653

O cenário é promissor para o Brasil

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Referência em agronegócio, o engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues revela o panorama e as expectativas para o setor no ano de 2011

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Renovar e Inovar em 2011! Elevar a competitividade da economia regional (Vales do Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha, Aço e Zona da Mata de Minas Gerais, Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba), sobretudo, o seu agronegócio, é o maior desafio que nossos gestores públicos e privados devem enfrentar neste ano. Diante da concorrência internacional e da existência de sinais claros de que o país começa a viver um perigoso processo de desaceleração de sua economia. As estatísticas mais recentes sobre a balança comercial brasileira registram o aumento das exportações de commodities agrícolas. Por outro lado, temos uma queda expressiva das exportações de manufaturados de alta e média tecnologia. O mais importante, agora, é voltarmos os olhos para o chamado Custo Brasil, que é a somatória de um conjunto de fatores que ainda sufocam as empresas brasileiras. Temos ainda, hoje, uma das maiores cargas tributárias do mundo, taxas de juros altíssimas, onerosa e ultrapassada legislação trabalhista e não podemos nos esquecer da nossa legislação previdenciária, que consome recursos que deveriam ser canalizados para investimentos, e não para cobrirem os seus déficits crescentes. O Brasil tem alcançado taxas de desenvolvimento de forma alentadora nesses últimos anos. E o desenvolvimento da nossa região? Com o intuito de ajudar no desenvolvimento regional, a Revista Agrominas lança mais uma edição. Nessa, trazemos uma entrevista com o engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues. Nos grandes criatórios, a criação de Gir e Girolando é destaque, através da Marca W. No Dia de Campo desta edição, você poderá saborear o plantio de goiabas em Conselheiro Pena, que vem garantindo renda e emprego na região. Além disso, a Revista Agrominas começa o ano com uma nova seção, Saúde Animal, com a colaboração do médico veterinário Marcelo Cabral. Hoje, temos o orgulho de dizer que estamos presentes em 100% dos municípios do Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba, em, aproximadamente, 85% dos municípios dos Vales do Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Aço e em mais 241 municípios mineiros. O nosso maior desafio para 2011 é colocar nossa tiragem em 10.000 exemplares e atingir 100% dos municípios dos Vales do Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Aço. Acompanhando a tendência mundial, a Revista AgroMinas, agora, está nas Redes Sociais. Não deixe de nos seguir e acompanhar as novidades do setor que trazemos para você.

Denner Esteves Farias Editor-Chefe

Uma publicação da Minas Leilões e Eventos Ltda. Editor-Chefe Denner Esteves Farias Zootecnista – CRMV-MG 1010/Z Jornalista Responsável: Diagramação / Redação Andressa F. Tameirão - MG 14.994 JP Estagiária de Jornalismo Lidiane Dias Jornalista Colaboradora Alessandra Alves - MG 14.298 JP Projeto Gráfico: Andressa Tameirão A Revista AgroMinas não possui matéria paga em seu conteúdo.

Í

ndice

EDITORIAL

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Giro no Campo

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Entrevista

9 Grandes Criatórios 12

Dia de Campo

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Saúde Animal Sustentabilidade

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Perfil Profissional

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Entidade de Classe

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Caderno Técnico

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Meteorologia

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Mão na Massa

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Agrovisão

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Emater/IMA/Idaf/Adab

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Mercado

39 Cotações 40 Aconteceu 42 Agenda e Resultados 43 Culinária

Contato Publicitário (33) 3271.9738 comercial@revistaagrominas.com.br Colaboração Maria Gabriela O. Tonini- SCOT Consultoria Alexandre Sylvio - Eng. Agrônomo Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce Emater/IMA/Idaf/Adab Marcelo Conde Cabral - Médico Veterinário Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo Waldir Francese Filho - Eng. Agrônomo - Coocafé Distribuição Gratuita: Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba. Tiragem: 5.000 exemplares

Administração/Redação - Revista AgroMinas Rua Ribeiro Junqueira, 383 – Loja - Centro 35.010-230 / Governador Valadares/MG Tel.: (33)3271-9738 E-mail: jornalismo@revistaagrominas.com.br http://www.facebook.com/revistaagrominas

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Impressão: CGB Artes Gráficas As ideias contidas nos artigos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores. Jan/Fev 2011

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Giro no Campo

Analistas de mercado preveem rentabilidade maior em 2011 O produtor rural deve ter um ano de maior rentabilidade em 2011. Esta foi a avaliação de especialistas que se reuniram no dia 6 de dezembro, na sede da Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo. A entidade sediou o encontro do Conselho Superior de Agronegócio (Cosag), da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp). No encontro, foi analisada a situação de diversas cadeias produtivas. Na carne bovina, a oferta no Brasil aumenta, mas a demanda, tanto internamente quanto no Exterior, continua forte. Para o analista de mercado, Alexandre Mendonça de Barros, 2011 deve ter certa volatilidade nos preços, mas, ainda assim, com ganhos para o produtor.

Lei torna mais competitiva a agroindústria familiar de Minas Gerais O cenário das 26,5 mil agroindústrias existentes em Minas Gerais deve mudar com a nova lei estadual para habilitação sanitária de empreendimentos agroindustriais de pequeno porte. A previsão é do superintendente de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Lucas Scarascia. De acordo com a Lei 19.476, em vigor desde 11 de janeiro de 2011, todo estabelecimento agroindustrial de pequeno porte que trabalha com produtos de origem animal deverá se habilitar junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Seapa. Já as unidades que trabalham com o processamento de produtos de origem vegetal terão o controle da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A regulamentação da lei vai definir as condições gerais das pequenas indústrias no âmbito da agricultura familiar, diz Scarascia. Ela vai levar em consideração as diferentes escalas de produção, as características regionais dos produtos, os métodos tradicionais de fabricação e a realidade econômica da agricultura familiar. “Muitos produtores enfrentam dificuldades em habilitar as pequenas agroindústrias porque, até então, não existiam normas próprias para a agricultura familiar”, afirma. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as agroindústrias instaladas em Minas Gerais movimentam anualmente em torno de R$ 204,7 milhões. (Fonte: Agência Minas) 4

No setor de cana-de-açúcar, a expectativa é de oferta relativamente estável em 2011, pressionando os preços da própria matéria-prima, além do açúcar e do etanol. E na produção de laranja, a oferta da fruta no Brasil deve aumentar, mas não deve ocorrer um ajuste significativo a ponto de prejudicar a renda do citricultor. O analista de mercado, André Pessoa, espera resultados positivos também para o produtor de grãos. Segundo ele, os estoques internacionais devem se manter baixos em 2011 enquanto a demanda deve ficar aquecida. E o custo de produção da safra 2010/2011 diminuiu. Para ele, a renda do produtor deve ser menor em 2012. Os analistas de mercado esperam aumento nos custos de produção da safra 2011/2012. (Fonte: Canal Rural)

Novos prazos para renegociação de dívidas A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou no dia 11 de janeiro a Lei 12.380, que trata, entre outras medidas, de mudanças no processo de amortização de dívidas de produtores rurais. A decisão atende à reivindicação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de parlamentares representantes do setor agropecuário, alterando a Lei 11.775, de 2008, que, estabeleceu uma série de vantagens para o pagamento desses débitos. Uma das novidades é a ampliação, para 30 de junho deste ano, do prazo para liquidação ou renegociação de operações inscritas na Dívida Ativa da União (DAU) e aquelas referentes ao Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira Baiana. A sanção foi publicada no Diário Oficial da União. Em relação à DAU, com a extensão da data, ficam suspensas até 30 de junho as execuções fiscais das operações de crédito e o prazo de prescrição das dívidas. A medida também incluiu, nas condições previstas na DAU, passivos contratados junto ao extinto Banco Nacional de Crédito Cooperativo, além dos financiamentos do Programa Nacional para Aproveitamento de Várzeas Irrigáveis (Provárzeas) e do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados – Fase II (Prodecer II). Quem procurar os bancos para liquidar ou renegociar o saldo devedor poderá obter descontos sobre o valor do passivo. No caso das dívidas contraídas em áreas de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Prodecer II, haverá acréscimo de 10 pontos percentuais. Já as dívidas da atividade cacaueira também terão descontos para quem quiser repactuar ou quitar o passivo. (Fonte: CNA)

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Produção de alimentos precisa crescer 40% em 20 anos, diz estudo “Sabemos que nas próximas duas décadas a população chegará a cerca de 8,3 bilhões de pessoas”, disse John Beddington, um dos cientistas responsáveis pelo estudo. “Temos 20 anos para produzir cerca de 40% a mais de comida, 30% a mais de água potável e 50% a mais de energia”, completou. O levantamento Foresight Report on Food and Farming Futures, foi encomendado pelo governo do Reino Unido. (Fonte: BBC Brasil)

Ministério da Pesca passará um “pente fino” no cadastro de pescadores A ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvati, anunciou no dia 25 de janeiro as novas regras para o cadastramento de pescadores artesanais no Registro Geral da Pesca (RGP) e para a concessão de carteiras de pescador profissional. A mudança tem como objetivo atender às exigências estabelecidas pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) e, também, aumentar o controle dos registros do seguro defeso, recebido por cerca de 470 mil pescadores durante o período em que a pesca é proibida para

garantir a reprodução das espécies. O Ministério da Pesca e Aquicultura suspendeu a emissão de novas carteiras de pescador até 31 de dezembro de 2011. A renovação do documento, que era feita a cada três anos, terá de ser feita a cada dois anos, e tem como pré-requisito a apresentação da nota fiscal, recibo de vendas ou comprovante de contribuição previdenciária. Para ter direito ao seguro defeso, o pescador também deve declarar que vive exclusivamente da pesca.(Fonte: Agência Brasil)

Projeto facilita isenção do Imposto Rural Produtores rurais atingidos por calamidades e fatores climáticos, que prejudiquem suas produções e ou áreas de pastagem, podem ter facilitada a dispensa do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR), de acordo com projeto de lei de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), aprovado no dia 14 dezembro na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. A proposta visa a estender, até um ano antes da declaração do estado de calamidade pública, a possibilidade de considerar como efetivamente utilizada a área dos imóveis rurais que estejam comprovadamente situados em área de ocorrência de calamidade pública, a partir da data da verificação de frustração de safras ou destruição de pastagens. O projeto de Valadares (PLS 72/2010) objetiva contornar problemas surgidos com o fato de a Lei do ITR deixar dúvidas quanto ao momento, a partir do qual, o proprietário pode valer-se da isenção de pagamento do imposto. (Fonte: Notícias Agrícolas)

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Entrevista

“Logística: esse é um dos gargalos centrais do Brasil” Roberto Rodrigues revela o panorama do agronegócio no país

O engenheiro agrônomo e empresário Roberto Rodrigues, 68 anos, constitui uma das maiores autoridades do agronegócio no Brasil. Além de ser ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no governo Lula, Roberto Rodrigues coordena o Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp e professor de economia rural da Universidade Estadual Paulista (Unesp), além de possuir um extenso currículo, com uma forte atuação no setor ao longo da vida. Referência no agronegócio do país, Roberto Rodrigues aceitou o convite da Revista Agrominas e nos concedeu uma entrevista com o objetivo de nos dar um panorama sobre as perspectivas do agronegócio para o ano de 2011. Revista Agrominas - Em 2011, desponta no Brasil um novo cenário político. Qual o panorama do país no que diz respeito ao agronegócio? Roberto Rodrigues - Há pouco mais de um mês, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) calculou que a oferta mundial de alimentos terá de crescer 20% nos próximos dez anos para atender à demanda dos países emergentes. E a própria OCDE calculou quanto que cada grupo de países deverá contribuir: a União Europeia, 4%; a Austrália, 7%; Estados Unidos e Canadá: por volta de 15%; Rússia, Ucrânia, China, Índia: em torno de 25%; e o Brasil, 40%, o dobro da média mundial. E esse cenário é ex6

tremamente promissor para nós. O Brasil é o maior produtor de canade-açúcar do mundo e a demanda de combustível vai crescer ainda mais. Se o Brasil tivesse a mesma tecnologia de 35 anos atrás, quando o Pró-Álcool foi criado, precisaríamos de 7,6 milhões de hectares a mais de cana, o que corresponde ao dobro da atual área plantada. Nós temos a agricultura mais sustentável do mundo, poupando a área de cerrado e de floresta. Revista Agrominas - Em relação à polêmica do Código Florestal Brasileiro, o que o senhor pensa a respeito, tendo em vista a preocupação do país em manter uma agricultura sustentável? Roberto Rodrigues - É necessário que haja uma preocupação com a sustentabilidade ambiental na agricultura, mas permitindo avanços no setor. Nós temos, hoje, no Brasil, 72 milhões de hectares de terras agricultáveis e quase 200 milhões de hectares de pastagem. Então, uma boa solução seria programas de uso de pastagens degradadas em agricultura, sem precisar desmatar nada. Se nós conseguíssemos fazer isso, resolveríamos a questão da mesma maneira. O problema é que a maior parte da pastagem está em terras inadequadas para agricultura, de topografias erradas e com infertilidade no solo. É preciso que se faça um zoneamento agroecológico amplo. Eu penso que a aprovação do código é uma alternativa razoável, pelo fato de ninguém ter gostado dele, porque se não gostou, é sinal de que ele é equilibrado e justo.

A longo prazo, o que não pode acontecer é a demanda ficar explodindo e não ter para onde ampliar, salvaguardando a preservação ambiental. Revista Agrominas - O que a exportação de commodities pode representar para a economia do país em 2011? Roberto Rodrigues - Em 2010, houve uma diminuição da oferta mundial de produtos agrícolas por conta da seca na Europa Central e na Austrália, então, os preços das commodities subiram, como é o caso do trigo. Mas os preços também subiram por causa da questão cambial, mais especificamente devido ao valor do dólar. Creio que as commodities vão garantir uma renda boa para o país em 2011. Nos últimos 20 anos, a produção de grãos cresceu 155%. O café e a laranja estão com preços bons e até mesmo o algodão tem condições boas de preço para exportação. Agora, é preciso ampliar a agregação de valor, vender menos matéria-prima e mais produtos. A agricultura puxa uma industrialização muito forte e agregar valor é fácil. Basta industrializar. No caso do café, por exemplo, os países importadores querem agregar valor lá e nós devíamos fazer isso aqui. Revista Agrominas - No dia 9 de Dezembro, a Conab previu que a safra 2010/2011 iria alcançar 149,087 milhões de toneladas, indicando uma baixa de 0,1% em comparação ao ciclo anterior (2009/2010), que ficou em torno de 149,204 milhões. Essa queda é significativa? Quais são as principais barrei-

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ras para as exportações brasileiras? Roberto Rodrigues - Penso que essa queda na produção de 0,1% não é significativa e acho até modesta a previsão, visto que se tem La Niña e, La Niña sempre implica em queda de chuva no sul do país, mas não vejo nenhuma preocupação para o Brasil. Até por aquela questão que você disse antes, os preços das commodities estão elevados, e eu acredito que teremos uma boa safra. Você me pergunta sobre os obstáculos para a exportação e o primeiro deles é a logística. Esse é um dos gargalos centrais do Brasil. Hoje, felizmente, nós temos o PAC e outros projetos do governo que pelo menos tecem um horizonte, um cenário positivo, e há um planejamento estratégico que antes não havia. Outro gargalo são os acordos comerciais. Estamos ganhando mercado pela pura eficiência competitiva do produtor rural brasileiro. O Brasil precisa fazer acordos sólidos, e estamos muito devagar nesta questão. O país precisa manter o seu mercado aberto, mas isso implica na abertura dos outros mercados também. Não adianta o nosso país ficar aberto se os outros permanecerem fechados. Não é “fair trade”. É um negócio que fica inadequado. É necessário que haja negociações comerciais mais fortes, mais positivas para ampliar o nosso mercado. O Brasil tem uma grande demanda para exportação, mas é preciso ter acordos comerciais e investir em tecnologias para trazer maior competitividade para nós. Uma questão muito importante, também, é que precisamos eliminar a aftosa do Brasil. Não há cabimento ainda ter casos de aftosa no país e também outras doenças, inclusive as que atacam a agricultura. Outro ponto é a renda. Países do mundo inteiro têm mecanismos que garantem renda aos produtores. É necessário que o Seguro Rural funcione adequadamente. Eu criei o Seguro Rural, mas até hoje ele não avança porque faltam regras. A política de renda implica em uma

reforma na lei do crédito rural que data de 1965, implica na retomada de preços, sendo necessário que haja políticas públicas e uma atuação não apenas por parte do governo, mas também por parte do setor privado. A agricultura tem política, mas não tem os instrumentos para implementá-la. Os instrumentos dessa política estão dispersos em vários órgãos do governo. É necessário que haja uma estratégia de Estado, com todos os órgãos trabalhando juntos. Estratégias ligadas ao parlamento. Diversas legislações precisam ser aprovadas para o país continuar avançando. Revista Agrominas - A Agricultura Familiar também requer uma atenção especial no próximo ano. O emprego de novas tecnologias aliado ao fomento de pesquisas são suficientes para alavancar o setor? Roberto Rodrigues - Não. É necessária uma organização por cooperativismo, que é um grande mecanismo, até mesmo para agregar valor. O governo Lula fez um trabalho muito bem feito no apoio à agricultura familiar, mas eu penso que a essência para a sobrevivência dessa agricultura está na organização. Revista Agrominas - Com a criação da Produção Integrada de Frutas (PIF), o Brasil passou a certificar a produção da fruticultura, o que permitiu rastrear toda a cadeia, desde as áreas de cultivo até a mesa do consumidor. O que pode ser feito no sentido de atrair os consumidores de outros países para as frutas brasileiras, aumentar as exportações e diminuir os custos? Roberto Rodrigues - O PIF é um instrumento formidável e oferece regras claras, certificando a produção. Uma das questões centrais das frutas também é a logística, porque fruta necessita de frio, armazenamento e transporte adequados, além de agilidade nos processos de exportação. Implica em políticas rigorosas Jan/Fev 2011

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e, sobretudo, frequência no mercado. Às vezes o mercado oferece e você não tem como atender. Os obstáculos vêm desaparecendo graças à organização do fruticultor. Mas eu acredito que deve haver investimentos em tecnologia, na permanência no mercado e estabilidade de oferta garantida. Revista Agrominas - Em relação ao mercado de café, hoje, o Brasil é considerado o maior produtor mundial e o segundo maior consumidor da bebida. Mas, atualmente, o cenário é de queda nos estoques de café em todo o mundo e a previsão é de que a nova safra brasileira seja suficiente apenas para atender às necessidades brasileiras de exportação e consumo. O que os produtores podem esperar diante dessas previsões? Há uma solução para esse cenário? Roberto Rodrigues - Eu acho que o preço melhorou pra todo mundo. A oferta e a demanda estão muito equilibradas. Já se teve uma renda melhor em 2010 e acredito que a renda deve ser boa, também, neste ano. É tempo de agregação de valor. O Brasil exporta 1/3 do café verde do mundo e menos de 3% do café torrado e moído, ao passo que a Alemanha e a Itália não têm um pé de café plantado. Não adianta a gente querer torrar e moer, porque se não tiver um acordo comercial com os países, você não exporta o seu produto. Se não houver acordo comercial não se vai a lugar algum. O café chega ao porto e morre no porto. A cafeicultura tem encontrado nichos de mercado muito bons para os cafés gourmets, mas tem que buscar grandes acordos com a redistribuição na Europa e no Japão. Revista Agrominas - Como se encontra o atual panorama do setor de carnes, principalmente em se tratando das carnes bovina, suína e a de frango? Roberto Rodrigues - Em relação à pecuária de corte, eu acho que ela tem 8

sofrido uma evolução impressionante, mas faltam estatísticas confiáveis. O IBGE destaca a existência no país de 172 milhões de cabeças de gado, mas há pessoas que falam em 200 milhões, uma diferença de mais de 30 milhões. Como se pode fazer uma política estratégica para a pecuária de corte se não se sabe nem quantas cabeças de gado se tem. Isso é um relaxo do Brasil e é inaceitável. Seria necessário que houvesse um levantamento rigoroso para tomar decisões adequadas. De qualquer forma, estamos tirando muito mais carne por hectare graças a uma tecnologia que vem evoluindo, não pra todo mundo, mas pelo menos, em termos de incidência, muito mais. A avicultura no país é um negócio fantástico. Nos últimos 20 anos, a produção de frango cresceu 360%. E, hoje, nós somos os maiores produtores de frango do mundo, mas há muito que crescer ainda, incluindo a suinocultura, onde somos, hoje, o 4º maior exportador mundial. Temos tudo para crescer bastante e avançar, porém, é necessário priorizar a sanidade e rastreabilidade. Revista Agrominas - O senhor acredita que os atuais mecanismos de desenvolvimento da bovinocultura leiteira têm sido suficientes para propiciar um aumento e melhoria da qualidade de leite? Roberto Rodrigues - Eu acho que o leite passa por três ou quatro questões diferentes. A primeira é a tecnologia, para aumentar a produtividade; a segunda é escala e a terceira é a agregação de valor. É necessário que se produza em escala e se industrialize. Parece que o Brasil está com o leite muito caro em relação ao leite do exterior e não remunera bem, e isso tem muito a ver também com a questão cambial. Então, é necessário tecnologia para aumentar a produtividade, escala para ter volume, cooperativa para se ter agregação de valor, e isso tudo deve ser cercado pela questão sanitária.

Revista Agrominas - Em reunião em Nagoya, no Japão, negociadores do Itamaraty aceitaram a criação de um “seguro” para cobrir eventuais responsabilidades e compensações financeiras por danos ambientais causados por países exportadores de transgênicos, como o Brasil. Os transgênicos sempre causam polêmica, principalmente no que diz respeito a aceitação deles no mercado internacional. O cultivo desses produtos tem aumentado em todo o mundo, mas o Brasil ainda conta com poucos investimentos na área. Você acredita que o governo deve dar uma atenção especial para a questão no próximo governo ou deve fomentar os orgânicos, que têm uma aceitação melhor? Roberto Rodrigues - Eu acho que tem mercado para tudo. Eu penso que se houver uma lei bem feita, bem conduzida e adequada, o Brasil terá oportunidade seja para os transgênicos, seja para os convencionais, ou os orgânicos. Num país da extensão do Brasil, nós temos espaço pra tudo, porém é preciso tratar disso, cientificamente, tecnicamente e, sobretudo, seriamente. Foto: Centro de Agronegócios da FGV

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Foto: Andressa Tameirão

Grandes Criatórios

Marca W

Criação de Gir Leiteiro é sinônimo de tradição e bons lucros para os proprietários da marca que não abre mão da raça e de uma produção de leite eficiente Quando se pensa em produção de leite com rentabilidade, os proprietários da Fazenda Esperança, a Marca W, são categóricos na defesa da raça Gir. Não é por menos que a criação de Gir Leiteiro acompanha a família desde 1970, quando o patriarca Wadson Rocha Coelho adquiriu a propriedade e registrou sua marca no rebanho. Com o falecimento de Wadson Coelho, aos 59 anos, genro e neto passaram a administrar os negócios e, hoje, dão continuidade ao trabalho: Gilmar Selani da Silva, 50 anos, e Wadson Coelho Neto, 26 anos, respectivamente. Quem vê o lépido Gilmar a estampar em seu semblante o contentamento com os rumos que a propriedade vem tomando ao longo dos anos, não imagina que há pouco mais de um ano foi acometido pela abrupta perda da esposa em um acidente. De propriedade da MCV Chevrolet, a Fazenda Esperança está localizada no município de Tarumirim, há 8 km da cidade e há, aproximadamente,

40 km de Governador Valadares. Com o falecimento do patriarca, Gilmar, que antes se dedicava quase que exclusivamente à empresa da família, voltou sua atenção para a propriedade, fato que só trouxe avanços. Há aproximadamente 12 anos, investimentos em melhoramento genético são concentrados na fazenda, o que vem garantindo a evolução do plantel. Inseminação Artificial, Transferência de Embriões e Fertilização In Vitro são biotecnologias aplicadas em todo o rebanho da fazenda. “Já fizemos FIV em parceria com o SENAT em Belo Horizonte, mas um parceiro nosso que merece destaque é Chicão (Francisco de Souza Lima), grande criador de Gir de Uberaba que se dedicava à raça há 60 anos e veio a falecer no ano passado. Compramos nossos animais diretamente dele e tomamos conhecimentos das biotecnologias também através de Chicão. Juntamente com ele, fizemos uma parceria com a Uniube e levamos nossas matrizes. Assim, conse-

guimos expor na Expoagro produtos de FIV”, afirma Gilmar. O melhoramento genético da Marca W vai além da evolução do plantel. Os avanços se refletem nos mais variados aspectos. “O emprego de biotecnologias em nossos animais tem revelado ganhos para a propriedade e refletido na qualidade do leite, na mão de obra e no custo, pois conseguimos diminuir a mão de obra, reduzimos o custo e a lactação das vacas também melhorou”, destaca Neto. Ainda segundo Neto, a raça Gir conquistou a família em decorrência da facilidade de adaptação do rebanho ao clima e a aptidão da raça para o leite. Com a estrutura disponível, inicialmente implantada pelo avô, deram continuidade ao trabalho. “Com relação à estrutura da fazenda, muita coisa mudou. Antes, o leite era tirado manualmente e, agora, já contamos com uma ordenha mecânica. Vários piquetes e baias foram construídos e a própria criação evoluiu”, garante. A propriedade conta com aproximaJan/Fev 2011

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damente 1000 hectares de terra, onde se dedica à criação de Gir e Girolando num plantel de 100 cabeças de gado, sendo que 500 são de vacas. A proposta de Gilmar é investir ainda mais no plantel e aposta no Girolando, cuja criação teve início há aproximadamente quatro anos. Basicamente, o foco da fazenda se concentra na venda de tourinhos e novilhas Girolando, além da produção de leite. A comercialização dos animais é feita em Governador Valadares, Ipanema e Caratinga. “O trabalho com a venda de tourinhos compensa a venda do leite, que se encontra com um preço baixo para os produtores. Os animais saem bem a partir do momento que eles começam a enxertar. Com dois anos e meio eles já começam a cobrir”, comenta Neto. A profunda relação que Neto mantém com o campo tem origem na infância. Desde os 5 anos de idade, Wadson Neto acompanhava o avô no trabalho da fazenda. Isso se refletiu em sua atual formação. Prestes a se formar em Agronomia, ele pretende dar continuidade ao trabalho do pai e do avô e desde já atua na propriedade. As plantações de milho e silagem, bem como o sistema de irrigação para as plantações, contam com o acompanhamento de Neto. Hoje, são 15 hectares de terra irrigada, utilizando irrigação por gravidade. Ele também faz o acompanhamento genético do gado e a aplicação de herbicidas na pastagem.

Foto: Arquivo Pessoal

Gilmar Selani ao lado do amigo e parceiro em grandes empreitadas, Francisco Lima, o Chicão. O encontro aconteceu na Expozebu, em Uberaba Foto: Andressa Tameirão

Fotos: Andressa Tameirão

Wadson Neto, filho de Gilmar, acompanha todo o trabalho desenvolvido na propriedade. Ainda neste ano, Neto se forma em Agronomia Foto: Arquivo Pessoal

Peculiaridades da propriedade A média de lactação das vacas da Marca W, a pasto e sem ração, fica em torno dos 12 litros, sendo que, diariamente, são tirados cerca de 1200 litros de leite. Para dar suporte à atividade, a propriedade conta com um tanque de resfriamento de leite com capacidade para 2500 litros. A primeira cria dos animais se dá aos três anos de idade e as vacas conseguem produzir leite até os 15 anos. Para a pro10

O Grande Campeão da Raça Gir da Expoagro 2009 de Gov. Valadares pertence a Marca W

dução de leite, os animais da fazenda entram em produção com dois anos e meio. Os proprietários da Marca W participam há cinco anos da Expoagro de Governador Valadares, levando animais

para julgamento da raça Gir. Em 2011, a Marca W irá participar pela primeira vez do concurso leiteiro e seus proprietários almejam levar animais da raça Girolando para julgamento no evento deste ano.

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Os animais da Marca W são criados a pasto e, durante o período de seca, a alimentação é reforçada com ração e silagem de milho. O milho é cultivado na própria fazenda e atualmente, a propriedade possui pés de milho recém plantados, além de maquinário para a colheita e fabricação da ração. Para o sucesso desse trabalho, a propriedade é privilegiada quanto à quantidade de água disponível, que se encontra em abundância nas terras. Mas não se pode esquecer também do capital humano da fazenda, que constitui a base para a execução dos trabalhos. “Hoje, nós contamos com 12 funcionários, sendo que seis ficam responsáveis pela parte do leite e seis na pastagem, roçando, limpando e fazendo a manutenção. Existem funcionários que estão na fazenda há aproximadamente 25 anos e moram aqui. Contamos também com a assistência técnica de veterinário e já tivemos assistência de um agrônomo”. Nem mesmo as chuvas prejudicaram os trabalhos realizados na fazenda. “Agora, no início deste ano, as estradas da região ficaram um pouco ruins, mas não ao ponto de prejudicar o transporte do leite. Não temos do que reclamar. O que queremos agora é continuar investindo no Gir Leiteiro que tem nos dado resultados bastante positivos”, enfatiza Neto.

Foto: Arquivo Pessoal

Principais doadoras da Fazenda Esperança (Marca W) Foto: Andressa Tameirão

Plantação de milho. Neto faz o acompanhamento do plantio e utiliza o produto como ração

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Dia de Campo

O doce sabor dos lucros

Rica em vitamina C e licopeno, a goiaba vem gerando empregos e garantindo renda para produtores de Conselheiro Pena. O fruticultor Milton Ramos vem conquistando cada vez mais o mercado da região e assegura que a dedicação ao plantio da fruta é garantia de sucesso no ramo 12

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Do hortifruti à goiaba. Quem conheceu Milton Ramos de Oliveira aos seus 11 anos de idade já poderia inferir que o jovem trabalhador, natural de Caratinga, não abandonaria a sua profunda relação com a terra. O aprendizado veio com a labuta diária na produção e comercialização de hortifrutis, juntamente com a família. O Ceasa de Caratinga era ponto certo de passagem do garoto que ainda nem sequer almejava um dia ter a sua própria marca. O Ceasa de Vitória e Belo Horizonte também já foram destino de Milton, no período em que trabalhou como comprador de hortifruti para uma rede de supermercados. Essa fase perdurou em sua vida por cinco anos. Com experiência na produção de milho verde e quiabo, que eram comercializados por ele em Governador Valadares, Milton deu o pontapé inicial para o seu futuro negócio como empreendedor. “Em 2003, fui chamado para trabalhar na Fazenda Manoel Calhau como responsável por uma turma, no plantio de goiabas. Mas as pessoas que produziam goiabas naquele momento resolveram parar com o negócio, e foi a partir daí que eu resolvi arrendar as terras e continuar cuidando do plantio. Hoje, dispomos de uma área total em torno de 11 hectares, sendo que 15% da produção são repassados para o dono da propriedade”, afirma. A escassez de mão de obra para a produção de hortifrutis, aliada à falta de perspectivas para o negócio, transformou-se em metas de produção, quando Milton se voltou para a comercialização de goiabas. Com a possibilidade de mecanizar a produção e diante de uma atividade em que caberia uma mão de obra mais enxuta, a goiaba se tornou a oportunidade de ouro para quem fez da fruticultura sua vida. A marca Só Goiaba, de propriedade de Milton Ramos, trabalha com a produção de goiabas de mesa com polpa vermelha, a Cortibel. Segundo

A colheita da goiaba é realizada durante todo o ano e deve ser feita manualmente

o produtor, a propriedade produz três qualidades da fruta, sendo algumas voltadas para o consumo à mesa e outras com aptidão para a fabricação da goiabada cascão. Com uma vida útil de 20 a 30 anos, a goiaba pode representar uma boa rentabilidade para o produtor. Mas para isso é necessário cuidados especiais com os pés e o emprego de tecnologias adequadas. A propriedade conta com diversas máquinas, trator, bombas de irrigação e de pulverização para facilitar e agilizar a produção, mas vale ressaltar que a colheita é feita manualmente. Os primeiros pés foram plantados em 2000 e, hoje, a

propriedade possui 3200 pés de goiabas em terras irrigadas. Quem atua no mercado de goiabas e tem um foco centrado no mercado de mesa, pode garantir várias colheitas ao longo do ano. Para tanto, é necessário que as podas dos ramos sejam feitas em épocas diferentes. Segundo Milton, a renovação dos pés se faz mediante a poda, e os ramos só darão frutos dentro de sete a oito meses. ”Os pés de goiaba cultivados aqui podem chegar até 2 m de altura. Quando termina a colheita, é feita a poda. Depois de sete a oito meses, vem a colheita de novo. O interessante para nós é podar os ramos no frio, porque é o períJan/Fev 2011

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odo em que a produção cai. Assim, conseguimos ter em torno de uma colheita e meia ao ano, tirando aproximadamente 240 toneladas de goiaba. Um pé de goiaba produz em torno de 200 frutos e, em nossa propriedade, priorizamos menos frutas por pé para evitar que elas fiquem miúdas, o que pode prejudicar a comercialização”, esclarece o produtor. Apesar do consequente aumento da produção durante o verão, a colheita, nesse período, exige maior mão de obra e, em decorrência das chuvas, é comum o ataque de insetos aos frutos. Isso representa um prejuízo para o produtor quando a situação não é administrada adequadamente. “O gorgulho é uma das piores pragas da goiaba, que é aquela larva branca conhecida pelos apreciadores da fruta. Essa larva é comum na época das chuvas. Para evitar o surgimento dessas pragas, fazemos a pulverização dos pomares com inseticida e nos preocupamos também em fazer uso de inseticidas orgânicos. Atualmente, contamos com uma empresa de Ribeirão Preto que nos fornece esse produto à base de componentes orgânicos”, explica. Milton alerta que a aplicação dos defensivos agrícolas deve ser feita 40 dias antes da colheita, com carência máxima de 21 dias. Segundo ele, o estágio mais complicado em relação ao crescimento do fruto é o que a goiaba se encontra do tamanho de uma azeitona. É nesse período que as pragas atacam. O plantio da goiaba se faz basicamente da mesma maneira como a de qualquer outra fruticultura, mas existem cuidados especiais que devem ser tomados durante o plantio da cultivar. Regiões com muita chuva favorecem o desenvolvimento da fruta, mas é necessário que se faça o plantio em áreas de boa luminosidade. A análise de solo é indispensável assim como a adubação, que deve ser feita durante todo o ano, mas é no período chuvoso que a adubação deve ser priorizada, pois esse é o 14

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A propriedade de Milton trabalha com a produção de goiabas vermelhas voltadas para a mesa Foto: Andressa Tameirão

Durante todo o ano, são empregados na fazenda nove funcionários para fazer a colheita da fruta

momento em que a planta consegue absorver mais os nutrientes indispensáveis para o seu crescimento. Na propriedade de Milton Ramos, todo o ano é feita uma programação para a colheita. Segundo o produtor, colhe-se uma média de 200 pés a cada trinta dias. O produtor rural assegura que a região de Conselheiro Pena possui um clima favorável ao plantio de goiabas. A comercialização do produto é fei-

ta em sua maior parte no Vale do Aço, com uma pequena distribuição no Vale do Rio Doce. Hoje, o quilo da goiaba está sendo comercializado na região por R$1,00. Para que essa logística dê certo e o produto chegue ao mercado fresquinho e em boas condições de consumo, Milton conta com o trabalho de nove funcionários que atuam na colheita, poda e na adubação dos pés. Já a parte da distribuição fica por conta do produtor,

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sua esposa e sogro. Assim, o produtor de goiabas garante emprego para seus funcionários o ano todo. Ele assegura que a dedicação é o segredo para uma produção lucrativa. “Aqui na região, a gente consegue produzir mais porque há dedicação no que fazemos. Quanto mais se investe, mais se consegue produzir em quantidade e qualidade”. E com tamanho desempenho e sucesso na empreitada, o produtor não tem nenhuma pretensão em parar e afirma que o seu lugar é na fruticultura. “A experiência na produção de goiabas é gratificante. Já investimos bastante e este é o momento de colhermos os bons resultados. Contamos com uma área nova e possuímos pés de goiaba pequenos ainda. Eu espero que dentro de dois a três anos, sejamos bem gratificados. A fruticultura oferece um preço mais estável. Não é igual aos hortifrutis, onde há um sobe e desce de preços. Além disso, ela nos dá a possibilidade de programar a colheita. Eu me sinto realizado no que faço”, garante.

O emprego de tecnologias é fundamental para agilizar e facilitar o plantio e colheita das goiabas

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Saúde Animal

Tristeza Parasitária Bovina * Por Marcelo Cabral

A Tristeza Parasitária dos Bovinos (TPB), comumente conhecida como tristezinha, mal triste, piroplasmose, dentre outros nomes, é um complexo de doenças causadas pelos agentes etiológicos: Anaplasma marginale, Babesia bovis e Babesia bigemina. Transmitidas por carrapatos e moscas hematófagas (como a mosca-do-chifre), constitui-se fator limitante ao desenvolvimento da pecuária. As perdas econômicas são devido à mortalidade, redução na produção de leite e carne, custos de tratamentos e medidas de controle, além do atraso no desenvolvimento dos animais. Na anaplasmose, após o período de incubação que varia de 21 a 30 dias, os animais apresentam: - Temperatura corporal elevada, variando entre 39 a 41°C; Anorexia (falta de apetite), constipação e taquicardia; Anemia; Icterícia. Vacas em período de lactação apresentam repentina queda na produção e animais gestantes podem abortar, devido a anóxia fetal. Na babesiose, o período de incubação varia de 08 a 12 dias e os animais apresentam: - Temperatura corporal elevada, variando de 40 a 42°C; anorexia; anemia e icterícia; hemoglubinúria (urina avermelhada); fezes com estrias de sangue; sintomatologia nervosa nos casos de infecções por B. bovis, devido à formação de trombos no sistema nervoso central. Os animais podem apresentar agressividade ou apatia extrema, paresia e convulsões. Na fase aguda da TBP, o diagnóstico laboratorial é imprescindível para a identificação do agente envolvido. O exame recomendado é o esfregaço sanguíneo, com sangue capilar colhido na ponta da cauda, corado pelo método de Giemsa.

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No mínimo, 40 campos microscópicos devem ser examinados para determinação da parasitemia. O diagnóstico clínico é relativamente fácil, já que a doença tem sintomas bastante específicos, como: Anemia, anorexia (falta de apetite), apatia (animal de cabeça baixa, letárgico, sem energia), além da respiração ofegante numa fase mais avançada até a completa prostração. Como não se tem, muitas vezes, o tempo nem os recursos necessários para se fazer o diagnóstico laboratorial, o tratamento é baseado no diagnóstico clínico, portanto não se saberá se a infecção é causada por um ou outro agente, ou mista, por mais de um dos agentes. O tratamento, neste caso, deve ser feito para se combater ambos, tanto a Babesia quanto o Anaplasma. O sucesso dos tratamentos de bovinos com TPB depende da rápida identificação dos animais doentes e escolha adequada da droga a ser utilizada. Quando não se tem o diagnóstico diferencial dos agentes da TPB, deve-se utilizar uma droga que tenha ação contra Babesia e Anaplasma ou a associação de drogas específicas para cada agente. Produtos à base de Imidocarb injetável são drogas de ação rápida e satisfatória que apresentam atividade contra Babesia bigemina, B. bovis e Anaplasma

Infestação por carrapato (Rhipicephalus microplus / Boophilus microplus)

Infestação por mosca-de-chifre (Haematobia irrritans)

marginale; devendo ser utilizado 1ml / 40 kg PV via subcutânea em dose única. Pode-se usar ainda produtos com associações de Oxitetraciclinas + Diminazeno, que também atuam sobre todos os

Fig.2- Etiologia dos surtos de tristeza parasitária bovina diagnosticados no LRD de 1978-2005

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agentes causadores da doença. Para o tratamento das babesioses, a dose de Imidocarb injetável recomendada é 1ml / 100 kg PV via subcutânea. Também pode ser utilizado o Diminazeno, na dosagem de 1 ml / 20 kg PV, intramuscular, em dose única. Para tratamento de casos de anaplasmose, a dose de Imidocarb injetável recomendada é 1 ml/40 Kg, via subcutânea. Os antibióticos à base de Oxitetraciclina podem ser também utilizados para o tratamento de infecções por A. marginale, em dose única de 1 ml / 10 kg PV, intramuscular. Em associação ao tratamento específico, recomenda-se a utilização de tratamento suporte, visando o restabelecimento das funções vitais dos animais enfermos. Em casos extremos, a transfusão sanguínea é necessária. Cuidados de suporte como proporcionar repouso, sombra, alimentação e água fresca são importantes. A Quimioprofilaxia, ou prevenção, é excelente medida de controle da tristeza parasitária. Esta consiste na aplicação de doses terapêuticas de um produto de atividade conhecida e específica contra o agente que se quer controlar. Isso possibilita o desenvolvimento da imunidade ativa. Para a quimioprofilaxia da TPB, tem-se empregado o Imidocarb com resultados satisfatórios. Trabalhos têm demonstrado que a aplicação preventiva de Imidocarb protege bovinos desafiados a campo. Animais que permanecem por longo período de tempo confinados na ausência de carrapatos (bezerreiros, freestall, etc) devem receber uma aplicação de Imidocarb ao serem expostos em áreas infestadas por carrapatos. Para se conseguir um bom controle da TPB, deve-se seguir os seguintes passos: - Garantir uma boa transferência de imunidade passiva (colostral) aos bezerros recém-nascidos; - Garantir uma exposição controlada

dos bezerros à população de vetores, sob proteção, enquanto os mesmos estiverem sob proteção de imunidade passiva; - Oferecer boas condições para que os animais desenvolvam imunidade própria, particularmente, com uma nutrição adequada e o controle de doenças concomitantes (infecciosas e parasitárias);

Recomendação: Consulte sempre um Médico Veterinário. * Médico Veterinário. Texto adaptado de Emerson Alvarenga. Contém informações do Manual Técnico Tristeza Parasitária Bovina – Schering Plough Coopers 2003.

Figura 1

Figura 2

Figura 1 e Figura 2: Mucosas anêmicas

Animal desidratado e prostrado

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Sustentabilidade

Pneus: na mira da reciclagem Necessário aos transportes, os pneus se tornaram uma preocupação quando o assunto é o descarte desses materiais. A boa notícia é que o reaproveitamento de pneus é possível

Os pneus proporcionam desempenho, economia e conforto à rodagem de veículos. Mas com a sua crescente produção e desgaste ao longo do tempo, o descarte do material se tornou um problema. Hoje, a reforma de pneus se tornou uma solução economicamente viável e ecológica, visto que esse recurso pode prolongar a vida do pneu, com um custo que chega a ser 75% mais barato em relação a um pneu novo, e o que é melhor, sem agredir ao meio ambiente. De acordo com a Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), a reforma de um pneu utiliza em média 1/3 da quantidade de petróleo usada na fabricação de um novo. Ou seja, cada reforma representa uma economia de 57 litros de petróleo em pneus de carga e ônibus. No caso dos pneus de passeio, a economia chega a 17 litros. Mais do que economia, os pneus reformados possuem o mesmo desempenho de um pneu novo de acordo com testes de laboratórios e representam uma menor quantidade de pneus no mundo, evitando o despejo inadequado, que poderia resultar na queima do material com a liberação de monóxido de carbono na atmosfera ou depósito de água para o mosquito da dengue. O T.W.I. é um indicador de desgaste dos pneus, que indica o limite para a retirada do pneu de uso. Assim, o resíduo mínimo da banda de rodagem exigido 18

por lei (Resolução nº 558/80 do Contran) e indicado pelo T.W.I. é de 1,6 mm. E isso garante a continuidade da vida dos pneus. “Abaixo desse resíduo mínimo, o usuário desse pneu está sob risco porque a aderência do pneu com o asfalto diminui. Outro ponto é que, quando você tira o pneu com esse 1,6 mm, você está dando condições para que ele seja reformado. Na realidade, nós não queremos obrigar ninguém a reformar pneu. A questão é a seguinte: vamos supor que uma pessoa vai trocar os seus quatro pneus numa loja. Se ela os tirar na hora certa, essa pessoa vai permitir que outras com menos condições do que ela use o pneu reformado e com a garantia do Immetro. Já temos o selo do Immetro há dois anos e destaco que o processo evo-

luiu com o tempo. No início, a empresa produzia cerca de 10 pneus por dia, pois a técnica ainda era um tanto artesanal. Hoje, a gente consegue produzir até 150 pneus”, explica o engenheiro agrônomo e diretor administrativo da Reformadora Belo Vale, Iranelson Nunes Coelho. Com uma indiscutível atração por reciclagem, Iranelson, aos seus 47 anos dedica 22 deles à empresa, onde procura aplicar ações ambientalmente sustentáveis. O engenheiro agrônomo garante que a atitude vale a pena, além de ser economicamente viável. “O maior erro dos empresários é pensar que investir no meio ambiente é caro. Realmente se tem, no início, um gasto, mas ele se paga facilmente. Além de reciclar, você economiza ao recapar os seus pneus. Muitas Foto: Andressa Tameirão

Iranelson Nunes Coelho, engenheiro agrônomo e diretor administrativo da Reformadora Belo Vale

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prefeituras não sabem que podem reformar pneus e garantir essa economia. Só para se ter uma ideia, numa licitação para a Prefeitura de Coluna, o valor total dos pneus reformados ficou em torno de R$ 80.770,00, enquanto os pneus novos poderiam chegar ao valor de R$192.905,00, de acordo com orçamentos feitos. Hoje, falta muita informação, e a durabilidade do pneu reformado é praticamente a mesma de um novo. Pneus reformados são mais baratos e reúnem as mesmas características de segurança e desempenho de pneus novos”, afirma. De uma ameaça, os pneus considerados inservíveis podem se tornar grandes aliados do meio ambiente. Quando os pneus, por algum motivo, não são passíveis de reforma, existem diversas formas de se aproveitar o material. Muros de arrimo, barragens, contenção de encostas, represas e até mesmo pontes e hortas são alguns dos exemplos em que o pneu pode ter aplicabilidade. Na própria empresa do engenheiro agrônomo pode-se encontrar um muro de arrimo feito com, aproximadamente, dois mil pneus. “Para dar fim ecologicamente correto ao pneu, a Belo Vale apostou na construção de muros de arrimos à base de pneu e terra, nas margens da empresa. Em Belo Horizonte é possível encontrar um muro desses com quase 5 m. Contamos também com uma horta própria, onde o plantio é realizado com o suporte de capas de pneus. Além disso, o pó raspado na reforma de pneus é armazenado e vendido para empresas que têm licenciamento ambiental. Do pó que sobra da raspagem de pneus fabricase vários artefatos de borracha, como tapetes”, destaca. São inúmeras as soluções para quem deseja fazer uma destinação correta de pneus. Há quem invista na construção de cochos ou até mesmo na construção de pontes, como fez o tio do engenheiro agrônomo Iranelson. Hoje, também já existem fábricas que trituram a borracha dos pneus

Foto: Andressa Tameirão

Cadeiras construídas a partir de pneus inservíveis. Pneus inteiros podem servir de mesa Foto: Arquivo Belo Vale

A bandagem do pneu também pode ser útil na construção de hortas, atuando como suporte Foto: Arquivo Belo Vale

Muro de arrimo com 5m construído no Anel Rodiviário de Belo Horizonte por uma empresa

para reaproveitamento e, inclusive, o pó de pneu já vem sendo utilizado nos chamados asfaltos ecológicos em diversas estradas do país. Os especialistas na área garantem que o asfalto-borracha é mais resistente e

de boa durabilidade, além de garantir uma melhor aderência entre o pneu e o asfalto. Diante desse quadro e com tantos recursos disponíveis para reaproveitamento, não faz sentido abandonar os pneus de forma leviana. Jan/Fev 2011

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Perfil Profissional

Humberto Filho: pesquisa e experiência profissional andam lado a lado na carreira do zootecnista

“Acredito que o mercado ainda desconheça o potencial do Zootecnista. É uma profissão de vanguarda que foca a produção animal e suas interrelações como nenhuma outra das ciências agrárias e biológicas”, afirma o zootecnista Humberto Filho, que defende categoricamente a profissão que fez dele um profissional realizado e, acima de tudo, capacitado. Natural de Vitória (ES), a caminhada profissional de Humberto teve início aos 18 anos, quando saiu de sua cidade natal e partiu para Viçosa (MG). Nessa cidade é que ele deu os seus primeiros passos em sua carreira profissional. Humberto Filho ingressou na Universidade Federal de Viçosa, em 1996, e neste período, procurou usufruir ao máximo das oportunidades que a vida acadêmica oferecia. E não parou por ai. Após a formação no curso de Zootecnia, Humberto fez Mestrado em Nutrição de Ruminantes pela UFV e se especializou em Produção Animal pela ESALQ/USP. “Na pós-graduação, tive a oportunidade de conhecer e exercer a pesquisa. Mas gostaria de ressaltar que o agronegócio brasileiro deve muito aos pesquisadores das universidades e insti-

tuições de pesquisa. Sem eles, não conseguiríamos chegar onde chegamos”, argumenta o profissional. Com o término da graduação e mestrado, Humberto Filho retornou para Vitória, onde conseguiu o seu primeiro emprego nas Fertilizantes Heringer S.A. Hoje, o profissional é casado e permanece na empresa desde 2002, quando ingressou, atuando na área de intensificação de pastagens. “Apesar de trabalhar na mesma empresa desde a saída da academia, tenho as mais diversas experiências profissionais. Inicialmente, a visão do profissional que trabalha na empresa privada. Trabalhar na iniciativa privada requer muito mais do que conhecimento técnico. Além da necessidade real dos cumprimentos de metas, o profissional moderno tem que ser multidisciplinar, ou seja, ter criatividade, estar atento às novidades, capacidade de liderança e saber se relacionar com as pessoas. Acho que é o que o mercado chama de inteligência emocional”, enfatiza. Com um trabalho focado na difusão de tecnologias e pesquisa, e aplicação de fertilizantes na pecuária, Humberto Filho acredita que para ser zootecnista é necessário mais do que uma formação

Foto: Arquivo Pessoal

acadêmica. “Primeiramente, é necessário gostar do que faz. Acho que é uma premissa de toda profissão. Posteriormente, buscar uma boa universidade para realização do curso, mas, sobretudo a escola não faz o profissional, quem faz é ele mesmo, com dedicação plena na busca do conhecimento. E uma coisa que aprendi nesses oito anos de trabalho é que não existe teoria e prática, mas sim conhecimento e experiência”, garante Humberto.

Gostaria de ressaltar que o agronegócio brasileiro deve muito aos pesquisadores das universidades e instituições de pesquisa. Sem eles, não conseguiríamos chegar onde chegamos. 20

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Entidade de Classe

FAEMG: O fortalecimento da agropecuária mineira passa por aqui Foto: Arquivo FAEMG

Reunião da diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais. A reunião aconteceu em Julho de 2010

Se hoje o produtor rural de Minas Gerais possui representatividade e conta com apoio e fomento em sua atividade, muito se deve aos vários anos de trabalho da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) em defesa da classe. A SuperAgro Minas, realizada em parceria com a SEAPA (Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), com o IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) e com o Sebrae Minas, deu força à classe, reunindo diversos outros eventos em um só lugar. O Dia do Produtor Rural também não passa em branco e para marcar esse dia, produtores e empresas são ho22

menageados na Solenidade de Entrega da Medalha do Mérito Rural. Além desses, diversos outros eventos relacionados aos projetos de capacitação, bem como treinamentos e reciclagens para presidentes de Sindicatos e Executivos Sindicais, e palestras sobre vários temas, garantem um respaldo constante aos produtores e a certeza de que não estão sozinhos na constante busca pelo fomento da atividade que desenvolvem. De um dissabor, a solução! A partir de um problema financeiro por parte dos produtores rurais, foi sus-

citada a criação de um órgão que atuaria em defesa desses produtores e, partindo de um modelo associativista, o órgão foi ganhando forma ao longo dos anos até assumir um modelo sindicalista. Essa história tem início na década de 40, quando o governo federal lançou uma campanha nacional para promover o melhoramento genético do gado brasileiro. Para isso, os produtores rurais foram incentivados a comprar gado Zebu através de uma linha de financiamento, mas o que era para ser um chamariz para os produtores se tornou uma verdadeira dor de cabeça. Sem orientação técnica e um bom

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esquema de controle, os produtores adquiriram gado de menor qualidade, tiveram problemas com as vendas dos bezerros produzidos e não conseguiram cumprir seus compromissos financeiros. Diante da situação, os produtores viram a necessidade de se unirem. A questão foi tratada no I Congresso de Classes Produtoras, realizado em 1951, em Araxá. No evento, Josaphat Macedo sugeriu às lideranças rurais a criação da Federação das Associações Rurais do Estado de Minas Gerais (FAREM). Assim, no dia 7 de julho de 1951, a FAREM foi fundada com a presença de 23 associações rurais e a primeira grande participação da entidade como porta-voz da agropecuária mineira foi durante a III Conferência Rural Brasileira. Em relação à situação dos pecuaristas, o governo federal reconheceu o problema e decretou a moratória, conhecida como “moratória do boi”, e a FAREM, por sua vez, integrou-se às articulações políticas para o encaminhamento de uma solução para a crise. A FAEMG só veio a surgir em 28 de dezembro de 1965, quando a Assembleia Geral Extraordinária da FAREM se reuniu, em Belo Horizonte, transformou o estatuto da Federação das Associações Rurais de Minas Gerais e o adaptou à nova legislação sindical. Assim, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais surge como uma instituição privada, com o propósito de representar os Sindicatos e produtores rurais de Minas Gerais. Além da representação dos produtores diante dos órgãos públicos, como já fazia o sistema associativista, o sindicalismo permitiu a representação da classe nas convenções coletivas de trabalho; a representação classista na Justiça do Trabalho; a consolidação do sistema sindical patronal (Sindicatos – Federações – Confederação); e a legitimação da re-

Programas desenvolvidos pela FAEMG Projeto Balde Cheio: Programa de Desenvolvimento Integrado da Pecuária Leiteira da Embrapa Pecuária Sudeste, coordenado no Estado pela FAEMG. Programa Café+Forte: uma iniciativa conjunta da FAEMG, SENAR/MG, INAES e SICOOB CREDIMINAS, que busca disseminar os conceitos e, principalmente, a prática da gestão de custos entre os cafeicultores mineiros. Programa de Formação de Novas Lideranças Rurais: uma iniciativa da FAEMG e SENAR MINAS com o objetivo de fortalecer a representatividade da classe rural. Programa FAEMG ITINERANTE: a FAEMG vai até os municípios prestar seus serviços. Programa Campo Futuro: uma iniciativa da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) apoiada no Estado pela FAEMG. O programa pretende treinar lideranças rurais para o gerenciamento de propriedades e participação no Mercado Futuro de commodities agrícolas. Primeiro, painéis informativos auxiliam no cálculo dos custos de produção e no acompanhamento da gestão e da rentabilidade de cada atividade. Em seguida, é formado um banco de dados com os custos de produção de cada região. As informações reunidas servem, então, de suporte para a participação dos produtores na bolsa de valores. São publicados materiais informativos setoriais e relatórios. Iniciado em 2007, o programa se desenvolve em duas frentes: o Curso Gestão de Custos e Riscos e o sistema de informações Ativos do Campo. É resultado de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), CNA e Bolsa de Mercados e Futuro (BM&F). (Fonte: CNA) Programa de Inclusão Digital Rural: uma iniciativa da CNA apoiada pela FAEMG. Oferece aos trabalhadores, produtores e suas famílias, o conhecimento necessário para o uso adequado e eficiente das tecnologias da informação, democratizando o acesso ao mundo digital por meio do site www.canaldoprodutor.com.br.

presentação dos produtores junto aos poderes públicos. O primeiro presidente da FAEMG foi o próprio Josaphat Macedo, que liderou a formação da antiga FAREM, permanecendo no cargo de 1951 a 1969. Na prática A FAEMG é o órgão responsável pela representação coletiva da classe dos produtores rurais e Sindicatos frente aos órgãos governamentais, câmaras setoriais, comitês e conselhos afins, com o objetivo de defender os interesses coletivos da classe. Encontra-se também, à disposição de

seus associados, serviços nas áreas jurídica, econômica, sindical, contábil, meio ambiente, dentre outros, que amparam o produtor em sua atividade. O trabalho da entidade é subsidiado por Comissões Técnicas, formadas por produtores representativos de cada setor. As Comissões acompanham os fatos políticos, econômicos e tecnológicos relacionados com os segmentos produtivos. Cabe a FAEMG também a formação profissional da mão-de-obra rural e a promoção social do cidadão que mora no campo, através do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Minas), entidade vinculada a FAEMG. Jan/Fev 2011

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Ao longo de sua história, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais ganhou destaque mediante diversas ações tomadas em sua atuação. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da FAEMG, no final da década de 1950, a entidade liderou e obteve vitória na mobilização de toda classe rural mineira, que se viu ameaçada pela desproporcional elevação do imposto territorial rural. Em 1970, a FAEMG consolidou sua posição no país promovendo em Poços de Caldas, o 3° Congresso Nacional do Café. O evento teve a presença de dois mil produtores rurais. A entidade ganhou um maior fôlego com a criação do Senar Minas, em 1993. A proposta da entidade com a criação do Senar era disponibilizar treinamento e aperfeiçoamento aos produtores, trabalhadores rurais e familiares. Em 1970, a FAEMG apostou na renovação dos cafezais com o plantio racional da lavoura, que contou com o apoio de financiamentos do governo. Nos anos seguintes, o Estado de Minas Gerais se tornou o principal Estado produtor de Café. Também na década de 70, a Federação proporcionou fomento à produção de leite, através de um incentivo à criação da Associação da Campanha Educativa do Leite (Acel), unindo produtores e industriais com o objetivo de aumentar o consumo de leite. A carne também teve o seu lugar nesse cenário. Em setembro de 2000, a FAEMG sediou o XIII Congresso Mundial da Carne como parte da estratégia de divulgação da carne brasileira no mercado internacional. Realizado pela primeira vez na América Latina, o evento reuniu quase mil participantes. Em 2010, quase duas mil pessoas de 28 países puderam prestigiar o maior evento lácteo da América Latina, em Belo Horizonte: o 11° Congresso PanAmericano do Leite. O evento foi uma 24

realização da FAEMG e da Federação Pan-Americana do Leite (Fepale). Parcerias, convênios e associados A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais mantém convênios com diversas instituições parceiras com o objetivo de viabilizar treinamentos, capacitações e informações aos Sindicatos Rurais e produtores, bem como o financiamento de estudos e projetos. Mas a FAEMG reconhece que os Sindicatos Rurais são os seus verdadeiros parceiros, estabelecendo a ponte entre a Federação e os produtores rurais, sem contar a parceria com a CNA, que constitui a entidade máxima de representação do setor. O sistema FAEMG funciona da seguinte forma: os produtores rurais se filiam aos Sindicatos e estes são filiados à Federação. Ao todo, são mais de 700 municípios do Estado cobertos pelo Sistema Sindical Rural, sendo que 385 sindicatos são associados à entidade, sem contar outros 300 municípios que constituem extensões de base destes sindicatos. Hoje, segundo

a FAEMG, o Estado possui cerca de 400 mil produtores rurais, e a grande maioria destes é filiada aos Sindicatos Rurais. O fato é que o Sistema Sindicato Rural de Minas Gerais representa todos os produtores rurais, sejam eles filiados aos Sindicatos Rurais ou não. Estrutura e manutenção Já passaram pela diretoria da FAEMG sete presidentes: Josaphat Macedo (1951-1969); José Álvares Filho (19691981); Edilson Lamartine (1981-1984); Antônio Ernesto (1984-1990); Odelmo Leão Carneiro (1987-1988), que assumiu para que Antônio Ernesto assumisse a CNA; Gilman Viana Rodrigues (19902005) e o atual presidente, Roberto Simões, que assumiu em 2006. Hoje, a diretoria é composta por 45 pessoas, sendo um presidente, 15 vice-presidentes, dois diretores-secretários, dois diretores-tesoureiros, 19 suplentes da diretoria, três conselheiros fiscais e três suplentes do conselho fiscal. Além disso, compõe a estrutura da entidade 51 funcionários. Desde 1968, a FAEMG conta com sede própria, ocupando três andares, onde Foto: Arquivo FAEMG

Em destaque na foto, o fundador e primeiro presidente da FAREM, Josaphat Macedo

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também está instalado o Senar Minas, que ocupa dois andares. Para manter tamanha estrutura e quadro de profissionais, a entidade recebe recursos da Contribuição Sindical Rural, um tributo, com base constitucional, na CLT e no Decreto-lei 1.166. Atual gestão Filiado à entidade desde 1978, Roberto Simões está em seu segundo mandato na FAEMG, assumindo ao longo da carreira outras funções na entidade, como a de diretor-secretário e também de chefe do departamento econômico. Natural de Paraopeba (MG), o atual presidente é produtor rural desde 1966, fato que contribui no sentido do presidente entender os anseios da classe. “Trabalho com a produção de gado

de corte e silvicultura no município de Curvelo e em minha gestão, coloquei como prioridade, a interiorização da FAEMG, com aproximação efetiva dos Sindicatos filiados, por parte da presidência, da diretoria, e das diversas Assessorias, através de cursos e palestras. Destaco ainda o programa ‘FAEMG Itinerante’, que leva a determinado Sindicato, de uma só vez, toda a estrutura de atendimento da Federação. Além disso, o diálogo com as autoridades governamentais, para conseguir o atendimento às reivindicações da classe, é uma atividade constante, envolvendo inclusive o poder legislativo, objetivando adequar as leis junto aos interesses do setor rural”, afirma Roberto Simões. Como presidente, Simões procura estimular sempre os associados, apesar das dificuldades que encontra, como em

qualquer outra atividade. “Nossa função principal é representar os produtores, defendendo as políticas mais adequadas ao setor. O estímulo decorre do maior ao menor êxito de nosso trabalho. Dificuldades são parte de uma rotina. O produtor está submetido a uma certa insegurança jurídica, principalmente na área ambiental. A superação das dificuldades passa pelas atividades descritas na resposta da pergunta anterior e, principalmente, no esforço que fazemos para unir a classe em torno dos Sindicatos e da Federação. A diversificação da agropecuária minimiza as crises setoriais e esse é um ponto forte de Minas Gerais. Procuramos incentivar através de demonstrações práticas de que esse é o caminho certo, num Estado tão diferenciado regionalmente, em clima, solo e topografia”, destaca o presidente.

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Caderno Técnico

Extratos Herbais em Dietas de Frangos de Corte¹ Tiago Goulart Petrolli², Luiz Fernando Teixeira Albino³, Horacio Santiago Rostagno³ ¹Parte da tese de mestrado do primeiro autor, financiada pelo CNPq ²Mestre em Nutrição e Produção de Monogástricos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFV/Viçosa. E-mail: tiago@zootecnista.com.br ³Departamento de Zootecnia - UFV/Viçosa Introdução

Alguns agentes antimicrobianos atualmente são incorporados rotineiramente em rações de frangos de corte, em doses subterapêuticas, melhorando o desempenho das aves. Essa prática vem sendo usada há 50 anos e deriva de observações feitas desde 1946, dando conta de que aves criadas intensivamente tinham maior eficiência alimentar quando recebiam antimicrobianos promotores de crescimento nas rações (Barreto et al., 2008). O uso de antibióticos com caráter profilático na avicultura passou a ser visto como um fator de risco para a saúde humana, pois proporciona o risco de que seus resíduos sejam encontrados nos tecidos ou nos produtos derivados de animais tratados com os mesmos, e pela indução de resistência cruzada para bactérias patogênicas para humanos, podendo gerar problemas ligados à saúde pública. Com isso, surgiram restrições e novas regulamentações quanto ao uso de antibióticos e quimioterápicos na alimentação animal. Recentes trabalhos vêm testando a inclusão de extratos herbais como substitutos aos antibióticos como promotores de crescimento. Estes extratos possuem seu mecanismo de ação baseado na alteração da microbiota intestinal, no aumento na digestibilidade e absorção de nutrientes devido ao estímulo à produção enzimática, na melhora da resposta imune, na manutenção morfo-histológi26

ca do trato gastro-intestinal e na atividade antioxidante (Brugalli, 2003). Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito da utilização de extratos herbais na alimentação de frangos de corte sobre os parâmetros de desempenho (ganho de peso, consumo e conversão alimentar) e da histologia do epitélio intestinal. Material e Métodos A presente pesquisa foi conduzida nas instalações do setor de avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (MG). Foram utilizados 960 pintos de corte machos, da linhagem ROSS, no período de 1 a 42 dias de idade. Os pintos foram distribuídos no primeiro dia de idade, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis tratamentos, oito repetições e 20 aves por box, sendo cada box considerado como uma unidade experimental. Os tratamentos consistiram em uma dieta controle positivo + avilamicina; uma dieta controle positivo; uma dieta controle negativo; uma dieta controle negativo + 100ppm de um complexo contendo três diferentes fitoterápicos (pimenta, canela e orégano); uma dieta controle negativo + 75ppm extrato de alho; e uma dieta controle negativo + 150ppm de extrato de alho. A dieta controle positivo se baseou na redução de 75kcal de energia da dieta e de 2% de aminoácidos. Os animais foram alojados em um

galpão de alvenaria divididos em boxes de 1,0m x 1,5m, com cama de maravalha reutilizada, para aumentar o desafio sanitário. O galpão possui piso de concreto e cobertura com telhas de amianto, e os boxes eram providos de comedouros tubulares e de bebedouros tipo nipple. Foram utilizados termômetros de máxima e mínima no interior dos galpões para registro diário da temperatura. As rações experimentais foram formuladas para atender às exigências de aves de acordo com Rostagno et al. (2005) para todos os nutrientes. Ração e água foram fornecidos à vontade durante todo o período experimental. Os animais foram pesados no início e ao final do experimento aos 42 dias de idade, juntamente com as rações e as sobras, para determinação do consumo de ração, do ganho de peso, da conversão alimentar e do índice de eficiência produtiva aos 42 dias de idade. Aos 21 dias de idade, um animal de cada unidade experimental foi abatido, totalizando 48 animais. Os animais foram abatidos por deslocamento cervical, sendo efetuado sangramento e imediatamente eviscerados, coletando-se então um segmento de aproximadamente 1,0 cm do intestino, correspondente ao jejuno. Posteriormente, esta porção do intestino foi aberta pela borda mesentérica e estendida pela serosa e, a seguir, fixada em solução de bouin por 24 horas. Após este período, a amostra tecidual foi transferida para solução de álcool

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absoluto, álcool 90% e processada pelo método padrão de parafina. Após isso, seções de 4 a 6 µm foram cortadas e coradas segundo técnica de hematoxilina. As lâminas histológicas foram preparadas no laboratório de Histologia do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, e as medidas de altura de vilosidade e profundidade de cripta foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, por meio do analisador de imagem “Imagepro Plus 1.3.2” (1994) (aumento 40X) e microscópio óptico. Para cada lâmina foram selecionadas e medidas 33 vilosidades e 33 criptas. Três valores extremos foram descartados para análise estatística, de modo que a média de cada lâmina será constituída

de 30 medidas. Os resultados experimentais foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Student-Newmann-Keuls, ao nível de 5% de significância, utilizando-se o programa ANOVAG, versão 9.0, contido no Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, 2004). Resultados e Discussão Os resultados experimentais do período de 1 a 42 dias estão apresentados na Tabela 1. Todas as aves foram submetidas a desafio sanitário, conforme proposto por Brugalli (2003), onde o autor afirma que é fundamental a existência de desafio sanitário de campo suficiente

para que os promotores de crescimento possam produzir efeitos significativos sobre o desempenho dos animais. Não foram verificadas diferenças no consumo de ração dos frangos (P>0,05) entre os tratamentos. O ganho de peso e o peso corporal das aves foram menores no tratamento controle negativo (P<0,05), devido à deficiência nutricional das dietas, porém não diferiu dos tratamentos controle negativo + 100ppm de Complexo Fitoterápico e do controle negativo + 75ppm de extrato de alho, indicando que tais extratos, nestas doses utilizadas, não possuem efeitos na melhoria da digestibilidade dos nutrientes, e consequentemente sobre o ganho de peso das aves. Isto se deve ao fato de que as aves a partir dos 21 dias de idade tem sua capacidade de produção enzimática

Tabela 1 – Desempenho de frangos de corte de 1 aos 42 dias de idade

Peso corporal (g)

Ganho de peso (g)

Consumo de ração (g)

CP + 10ppm avilamicina

2527,8a

2482,1a

4138,7a

1,667a

355,6a

CP

2500,5a

2456,7a

4113,7a

1,674a

362,3a

CN

2395,6b

2351,0b

4026,8a

1,712b

332,6b

CN + 100ppm CF

2442,1ab

2397,3ab

4057,9a

1,693ab

351,8a

CN + 75ppm EA

2442,9ab

2399,1ab

3995,7a

1,665a

357,9a

CN + 150ppm EA

2521,9a

2469,6a

4163,1a

1,686ab

357,4a

CV (%)

2,56

2,70

2,47

1,51

4,53

Tratamentos

Conversão alimentar

IEP

Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) pelo teste SNK. CN = controle negativo; CP= controle positivo; CF= complexo fitoterápico; EA= extrato de alho; CV= coeficiente de variação

elevada, suficientes para um ótimo aproveitamento dos nutrientes da dieta, sendo que qualquer aumento na produção enzimática estimulada pelos extratos herbais nesta fase seria imperceptível. Os extratos herbais utilizados não influenciaram a conversão alimentar (P>0,05). Verificou-se que apenas o tra-

tamento controle negativo foi inferior ao tratamento controle positivo e controle positivo + avilamicina, refletindo a piora no desempenho na utilização de dietas que não atendam as exigências nutricionais dos animais, principalmente no tocante à energia da dieta. Todos os parâmetros de desempenho avaliados

estão semelhantes aos obtidos por Toledo et al. (2007) e Barreto et al. (2008), onde nenhum dos referidos trabalhos detectou valores significativos no período de 1 a 42 dias de criação (os referidos trabalhos não testaram dieta controle negativo), e Dieumou et al. (2009), onde os tratamentos avaliados foram superiores Jan/Fev 2011

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à dieta controle negativo, não conferindo diferenças entre si. Foram verificadas também influência dos tratamentos (P<0,05) sobre o índice de eficiência produtiva (IEP), onde o tratamento controle negativo foi inferior aos demais, onde pode-se concluir que os extratos herbais promoveram melhorias às dietas, sendo semelhantes aos tratamentos controle positivo e com antibiótico. Os resultados da análise de histologia intestinal estão apresentados na Tabela 2. A altura das vilosidades intestinais foi maior em aves que receberam dieta contendo o composto com diferentes extratos herbais em relação àquelas alimentadas com dietas sem a presença de fitoterápicos ou antibióticos e ao tratamento controle positivo + 150ppm de alho, porém não diferindo dos demais. Dieumou et al. (2009), ao avaliar a inclusão de diferentes extratos nas dietas de frangos de corte, não encontrou diferenças na altura de vilosidades intestinais e na profundidade de criptas de aves abatidas aos 21 dias de idade. A presença dos compostos capsaicina (pimenta vermelha) e cinamaldeído (canela) parece ter proporcionado tal aumento na altura das vilosidades, onde a capsaicína tem se mostrado eficiente em estimular a produção de amilase em suínos (Brugalli, 2003), que comenta que ocorre aumento na secreção de enzimas pancreáticas e intestinais, promovendo consequentemente redução na viscosidade intestinal e melhorando o processo digestivo. Conclusões O uso de extratos herbais em dietas de frangos de corte proporcionou desempenho semelhante ao uso de antibióticos. Os extratos herbais podem ser incorporados nas dietas em substituição ao antibiótico, sem o comprometimento do desempenho. 28

Literatura citada 1. BARRETO, M.S.R.; MENTEN, J.F.M.; RACANICCI, A.M.C.; et al. Plant extracts used as growth promoters in broilers. Brazilian Journal of Poultry Science, v.10, n.2, p.109 – 115, 2008. 2. BRUGALI, I. Alimentação alternativa: a utilização de fitoterápicos ou nutracêuticos como moduladores da imunidade e desempenho animal. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS, 2003, Campinas. Anais... Campinas: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, p.167182, 2003. 3. DIEUMOU, F, E.; TEGUIA, A; KUIATE, J.R. et al. Effects of ginger (Zingiber officinale) and garlic (Allium sativum) essential oils on growth performance and gut microbial population of

broiler chickens. Livestock Research for Rural Development v. 21, August 2009. Retrieved November 21, 2009, from http://www.lrrd.org/lrrd21/8/dieu21131. htm 4. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas Brasileiras para aves e suínos – Composição de alimentos e Exigências Nutricionais, 2ª ed. Viçosa: UFV. Imprensa Universitária, 2005. 186p. 5. TOLEDO, G.S.P.; COSTA, P.T.C.; SILVA, L.P. et al. Performance of broilers fed diets added of antibiotic and phytoterapic isolated or associated. Ciência Rural, v.37, n.6, p.1760-1764, 2007. 6. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Sistema de análises estatísticas e genéticas - SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG, 2000. 142p.

Tabela 2 – Valores histológicos intestinais do jejuno de frangos abatidos aos 21 dias de idade (µm)

Relação Vilo/Cripta

Tratamentos

Altura de Vilosidade

CP + 10ppm avilamicina

789,2ab

138,7a

5,8a

CP

725,9b

150,0a

5,1a

CN

704,6b

154,5a

4,8a

CN + 100ppm CF

842,0a

145,5a

5,8a

CN + 75ppm EA

767,7ab

148,6a

5,2a

CN + 150ppm EA

734,1b

135,7a

5,5a

CV (%)

10,08

14,9

17,6

Profundidade de Cripta

Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) pelo teste SNK. CN = controle negativo; CP= controle positivo; CF= complexo fitoterápico; EA= extrato de alho; CV= coeficiente de variação

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Meteorologia

Que o veranico seja mais ameno * Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo Foto: Divulgação

Veranicos, sequência de dias sem chuvas, é o maior temor dos produtores e pecuaristas no mês de janeiro. Normalmente, o veranico varia entre 5 a 10 dias sem chuvas. Quando isto ocorre, não chega a trazer perdas, porém, quando o veranico atinge 15 ou até mesmo 30 dias, o prejuízo é certo. No ano passado, o veranico chegou a 45 dias em alguns municípios do Vale do Rio Doce, Mucuri e também do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. As chuvas deram uma trégua entre o início de janeiro até meados do mês de fevereiro. Conforme nós já comentamos em artigos anteriores, o fenômeno La Niña está atuando nesta estação chuvosa, com previsão de formação de temporais e, normalmente, as chuvas são bem distribuídas. Assim, apesar de não haver previsão de chuvas acima da média histórica, o período chuvoso deverá ser bom para a agricultura. O veranico vai acontecer, mas a previsão é de poucos dias sem chuvas. Sempre que se discute sobre aquecimento global, a primeira imagem que se fazia era do degelo e da elevação do nível do mar. Hoje, nós sabemos

que aquecimento global significa alteração nos padrões das chuvas, temperaturas e ventos. Parece que as condições normais do tempo é que têm a menor probabilidade de ocorrerem. Precisamos aprender e a conviver com os extremos: temporais, vendavais, secas severas, furacões, tornados, etc. No passado, a comunidade científica achava que a probabilidade de se formar um furacão no Atlântico Sul era baixa. Depois do dia 23 de março de 2004, quando se formou o furacão Catarina no litoral da região Sul do Brasil, sabemos que outros poderão se formar. Tornados (fenômeno mais severo da meteorologia, onde os ventos podem chegar à velocidade de 500 km/h e se constituem na base das nuvens cumulonimbos, na forma de um funil) era coisa somente vista em filmes, mas a comunidade científica voltou a ficar atônita, com a imagem de um tornado em Uberlândia, que se formou na tarde do dia 5 de dezembro. Então, vamos pedir para que 2011 comece com chuvas e que elas aconteçam ao longo do mês, que tenha um veranico, mas que seja mais ameno. Jan/Fev 2011

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Mão na Massa

Diversas maneiras de reaproveitar a borra de A borra de café, que é normalmente jogada no lixo, pode ser reutilizada de diversas maneiras. Para eliminar o mau cheiro do encanamento da cozinha, basta usar a borra de café uma vez por semana. Despeje meia xícara de borra de café no ralo e imediatamente jogue água fervente. O ideal é que sejam despejadas pelo menos cinco xícaras de água fervente depois da borra. A água empurrará os grãos e o encanamento deve permanecer sem cheiro por uma semana. A borra de café é um excelente corante e pode ser utilizada para tingir objetos, desde tecidos à mobília. Para fazer o corante, basta colocar a borra dentro de um filtro e mergulhá-la em duas xícaras de água quente, de cinco a dez minutos e então ele estará pronto para o uso. Para objetos maiores, é necessário usar mais borra e mais água. Os resíduos do café são extremamente abrasivos e ácidos, o que lhe dá uma vantagem quando se trata de limpeza difícil como panelas e cinzeiros com manchas. Se os objetos forem resistentes à mancha, basta misturar a borra com um pouco de água e esfregar com uma escova firme, assim a limpeza fica muito mais facilitada. Ela também é uma excelente fertilizante para o solo do jardim, além de ser um pesticida natural. Mas é particularmente boa para o crescimento de cenoura e rabanete. Antes de plantar é só misturar a semente com a borra de café. Colocar a borra seca dentro de uma meia-calça velha, fechar e amarrar a meia é um jeito fácil de fazer sachês desodorizantes para armários ou qualquer área que precise ser refrescada. Os resultados vão durar por algumas semanas, talvez por um mês. Você pode aplicar o mesmo método ao seu congelador. Em termos cosméticos, a borra de café intensifica a cor do cabelo marrom ou preto e também dá um brilho extra. Esfregando o pó no couro cabeludo, a saúde da pele é melhorada, ajudando a evitar caspa. A técnica também dá um brilho especial aos pelos dos cachorros. Pode servir também como inibidor de poeira. Antes de limpar uma lareira, vale colocar sobre as cinzas e a fuligem uma quantidade de borra molhada. Ela absorverá a poeira rapidamente, facilitando a limpeza e evitando que a poeira se espalhe pela casa. E pra finalizar, o café que sobrou pode servir como amaciante de carne. O bife ficará mais macio e o café lhe dará um sabor diferente. (Fonte: Ciclo Vivo)

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Nesta edição, entenda um pouco mais sobre as fontes energéticas do planeta e porque a energia limpa vem sendo tão difundida em meio ao aspecto poluidor que permeia as fontes não renováveis de energia * Por Alexandre Sylvio

A origem da vida no planeta está na energia. Todo o ambiente que nos cerca é movido à energia. A vida no nosso planeta, por exemplo, só existe devido à energia do sol. As suas radiações eletromagnéticas atravessam milhões de quilômetros do espaço até atingir a superfície da terra. A camada de ozônio filtra os raios nocivos, os ultravioletas, deixando passar a radiação que gera calor e a radiação mais importante de todas: a que estimula as plantas na realização da fotossíntese, única forma de produção de matéria orgânica, onde o dióxido de carbono reage com a água (processo que ocorre dentro de minúsculas estruturas vegetais chamadas cloroplastos). Todos os demais seres vivos superiores do planeta realizam o processo inverso: consomem a matéria orgânica e liberam energia e dióxido de carbono. Diariamente, o homem desenvolve suas atividades, desta forma, precisa consumir matéria orgânica para gerar energia. Se o sol um dia apagar, o planeta acaba devido à falta de produção de matéria orgânica pelas plantas, mesmo com o petróleo, gás, energia nuclear, nada será capaz de sustentar por muito tempo a vida do planeta. Atualmente, estamos vivenciando uma discussão sobre as fontes energéticas do planeta. As não renováveis, como o petróleo e o carvão mineral, estão no centro da discussão devido ao seu aspecto poluidor, principalmente na liberação de dióxido de carbono na atmosfera, intensificando o famigerado efeito estufa. O princípio do raciocínio energético mo-

derno está associado à energia do sol e ao aproveitamento de todas as suas variáveis, quando atinge a superfície do planeta. Uma delas é o aproveitamento direto dos raios solares. Os painéis solares são capazes de captar a energia dos raios solares e transformá-los imediatamente em calor, que pode ser utilizado em vários processos domésticos, como no aquecimento da água do banho. Alguns painéis solares são capazes de transformar a radiação solar em energia elétrica promovendo economia significativa na conta de energia. O Brasil tem um grande potencial para exploração desta energia, afinal, a radiação solar por aqui é muito intensa e a conta da luz é muito cara. No Brasil, aproveitamos muito bem um tipo importante de energia renovável que é influenciada diretamente pela atividade do sol: a energia hidráulica. Grande parte da energia que move o nosso país vem de hidroelétricas, gran-

des usinas capazes de transformar a energia da água em energia elétrica. A água líquida se transforma em vapor nos rios e mares porque a energia da radiação solar foi transferida para a água. A água evaporada dos mares se dirige para o continente e cai durante as chuvas formando os riachos e rios. O rio volta para o mar e durante a sua caminhada “rio abaixo” vai liberando energia. A correnteza dos rios e as cachoeiras são exemplos claros da liberação desta energia. O homem simplesmente aproveita esta energia da água que movimenta enormes turbinas, para a produção da eletricidade. Seria muito interessante adotar este tipo de sistema renovável de energia se não houvesse alguns problemas, principalmente ambientais. Os lagos formados pelas hidroelétricas tendem a alagar grandes áreas, promovendo destruição de habitats específicos de animais e vegetais próximos aos rios. As barragens Foto: http://www.skyscrapercity.com

Geração de energia pelas hidrelétricas

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AgroVisão

Energia limpa

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construídas tendem a prejudicar e, até mesmo, interromper o movimento dos peixes pelos rios, principalmente nos períodos de piracema, época em que os peixes sobem os rios para a desova. O setor dos rios abaixo das barragens tende a apresentar o seu volume de água reduzido, principalmente no período seco do ano, porque o espelho de água formado pelos lagos das barragens, que recebe diretamente a radiação solar, aumenta muito a evapotranspiração da água, ou seja, parte da água que deveria evaporar apenas quando chegasse ao mar, evapora antes, reduzindo o volume de água dos rios, prejudicando os peixes e as populações a jusante da barragem que dependem da água do rio. Nem sempre energia renovável é sinônimo de harmonia com o meio ambiente. Continuando a exposição sobre energia renovável tendo como origem as radiações solares, não podemos deixar de fora a energia dos ventos, tecnicamente chamada de energia eólica. Um dos momentos mais agradáveis quando se está na praia é a brisa contínua que vem do mar, mais fortes ou mais fracas, mas constantes. Os ventos ocorrem devido à rotação da terra e às diferenças de temperatura e pressão na atmosfera. Os raios solares esquentam a terra e o mar, mas como no mar evapora mais água, a temperatura fica mais baixa e a pressão alta. No continente, como evapora uma quantidade menor de água, o ar fica mais quente e a pressão menor. Esta diferença de umidade, temperatura e pressão entre o mar e o continente faz o ar se deslocar do mar para o continente durante o dia. Os ventos possuem alta energia. Podemos observar isto no nosso dia-a-dia durante a chegada de tempestades nos períodos de verão, onde os ventos arrancam telhados, árvores além de outros estragos. O Brasil possui aproximadamente 9.200 km de litoral com grande potencial de utilização de energia eólica, pois em grande parte, os ventos 32

são fortes. A captação desta energia é realizada desde o século X, onde os povos antigos utilizavam os moinhos de vento para bombear água de poços, drenar áreas alagadas e moer cereais em grandes moinhos de pedra. Atualmente, os equipamentos para captação da energia do vento são chamados de aerogeradores, que transformam a energia do vento em energia elétrica. Vários estados brasileiros já possuem aerogeradores instalados gerando energia, mas muito aquém das reais potencialidades brasileiras. As desvantagens deste sistema de produção energética são o alto custo inicial de implantação e a irregularidade dos ventos durante os períodos do ano. Outro sistema de energia que está sendo pesquisado vem do mar, mais precisamente das ondas. Os ventos que sopram no mar transferem parte de sua energia para a água, que geram as ondas. No alto mar, com grandes profundidades, parte da energia é transferida pela água formando ondas modestas, mas quando a onda está chegando próxima à praia, ela cresce e arrebenta nas rochas ou na areia. Isto ocorre porque próximo à praia a profundidade do mar diminui e a energia concentra, formando asssim grandes ondas. Quem frequenta as praias já observou que a onda forma-se lentamente no horizonte e vai crescendo à medida que chega próxima à praia. Outra forma de retirar energia do mar é aproveitando as marés, a chamada energia mareomotriz. As marés nada mais são do que a subida e descida do nível do mar. Isto ocorre devido à ação simultânea das forças gravitacionais da lua, da terra e do sol. São construídos reservatórios próximos ao litoral que se enchem durante a maré alta. Quando a maré baixa, a água do mar que ficou retida no reservatório permanece em um nível mais alto. Ao liberá-la, ela tende a cair no mar como uma cachoeira no rio gerando energia elétrica através de turbinas, semelhante ao que acontece nas hidrelétricas. No

mundo, já existem algumas usinas que retiram energia das marés como na França e no Canadá. A obtenção de energia desta fonte é limitada, pois depende dos ciclos das marés e as suas amplitudes quinzenais e mensais. Chegamos a bioenergia. A mais comentada, discutida, criticada e elogiada. Carvão vegetal, bagaço de cana, resíduos orgânicos, biogás, biodiesel, álcool e outras que surgirão ao longo dos anos. A grande discussão está ligada à substituição de culturas agrícolas voltadas para alimentação pelas culturas geradoras de energia. Será que podemos tomar esta teoria como verdade ou existirá espaço para todas as culturas sem comprometimento do abastecimento de alimentos? E o meio ambiente? Teremos que destruir mais florestas para produção de cana, mamona e outras culturas energéticas ou as áreas atualmente utilizadas na produção agropecuária são suficientes? Discutiremos no próximo artigo. * Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio ambiente; Coordenador do Curso de Agronomia da Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br Foto: Divulgação

Parque de energia eólica

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A olericultura vem ganhando expressão na região do Rio Doce. Em particular, no Município de São Félix de Minas, o cultivo de hortaliças está abrindo um leque para garantir melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares. A produção em escala está sendo fomentada pela demanda de verdura no município e região. É notória a participação do Governo Estadual na implantação desse projeto, através de programas que estimulam a evolução da agricultura familiar e de seus dependentes. Alguns cuidados devem ser levados em consideração. O cultivo deve ser explorado dentro de um planejamento adequado visando à produção de alimento durante todo ano, portanto são necessários água, canteiros bem feitos, estufas e manejo diário para controlar doenças e ervas daninhas e garantir alimento de boa qualidade. As hortaliças representam um componente essencial da alimentação humana, principalmente porque são as principais fontes de algumas vitaminas e sais minerais indispensáveis. Como o organismo humano não tem a capacidade de armazenar vitaminas e sais minerais, necessários à sua nutrição, aconselha-se a ingestão diária de tais nutrientes, especialmente provenientes de hortaliças, pelos benefícios adicionais da ingestão de fibras. Em São Félix de Minas, a área do PRONAF abriga uma horta comunitária, distribuída em 15.000 m² (quinze mil metros quadrados) de área verde. No local, 15 famílias manejam a terra,

recebem aulas sobre educação alimentar, ambiental e de empreendedorismo. Esse projeto surgiu a partir de um grupo de pessoas que queria trabalhar em associativismo e também incentivar a vocação agrícola da região, gerando trabalho e renda. Esse é o objetivo do programa de Horta Comunitária desenvolvido pela Associação dos Olericultores - ASCOL. O projeto permite a produção de alimentos de forma coletiva, onde são cultivados: beterraba, abóbora, cenoura, chuchu, tomate, pimentão, salsa, cebolinha, couve, alface, repolho, lavouras de milho, arroz e feijão, além de viveiro de muda, e plantio de Maracujá. O tomate, alface, pimentão e repolho estão sendo plantados em estufa, que abrange uma área, com três estufas de 510 m² cada, mais três estufas de 216 m² cada e uma para viveiro de muda de 96 m². Os produtos serão vendidos para a merenda escolar em Feira Livre do município e na CEASA. O programa está sendo executado na área cedida pela Prefeitura em comodato por 20 anos, aprovado pela Câmara Municipal. Este projeto também ajudará a resgatar a tradição agrícola, que se perdeu na região com o passar dos anos.

Emater

Horta Comunitária: Alimentos de Qualidade Produzidos em espaço Rural/Urbano

A estratégia de capacitação aplicada no local gera potencial para a criação de novos postos de trabalho e absorção da mão-de-obra da comunidade. Os associados também vêm na experiência uma oportunidade de retorno financeiro. Com parcerias começa a nascer um projeto importante para a segurança alimentar de famílias do entorno. Das 15 famílias participantes da horta comunitária, algumas são beneficiárias do programa Bolsa Família. A ideia é ampliar o projeto para integrar até 20 famílias. Além de fomentar a agricultura e a produção de alimentos em uma área pouco convencional para este tipo de atividade, o programa estimula a auto-estima dos integrantes da Associação dos Olericultores - ASCOL, tendo a EMATERMG como Assistente Técnico. *José Rogério da Silva Extensionista Agropecuário I. Lotado no Escritório Local de São Félix de Minas. Foto: Divulgação

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IMA

Recolhimento de agrotóxicos obsoletos no Estado de Minas Gerais

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) intensificou o recolhimento de agrotóxicos obsoletos em Minas Gerais. De janeiro a setembro de 2010, 41 toneladas desses produtos, que poderiam causar danos ao meio ambiente e à saúde da população, foram recolhidos. Isso significou um aumento de 273% em relação ao ano de 2009, cujo volume foi de 15 toneladas. São denominados agrotóxicos obsoletos os produtos que ficam abandonados na zona rural e urbana sem qualquer identificação e armazenados de forma inadequada. Essa ação é realizada pelo IMA em parceria com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) desde 1994 e, do ano em que teve seu início até o fim de 2008, já foram contabilizadas 122 toneladas de material coletado. Durante as ações, o IMA fica com a responsabilidade de ir até as propriedades rurais, acondicionar, identificar e lacrar os produtos em bombonas enquanto o Inpev coleta esse material e encaminha para a incineração, em São Paulo. Em 2009, já foram recolhidos produtos nas regiões de Ibirité, Oliveira, Campo Belo, Jaíba, Unaí, Juiz de Fora e Viçosa. O maior recolhimento aconteceu em Ibirité, totalizando 27 toneladas, seguido de Jaíba com sete e Unaí com quatro toneladas. Do total de produtos obsoletos recolhidos, 27 toneladas eram BHC, produto cuja utilização foi proibida por lei no ano de 1985, por ser muito tóxico e perigoso 34

à saúde humana e ao meio ambiente. Destinação de embalagens vazias Além do recolhimento de obsoletos, o IMA fiscaliza se as revendas estão disponibilizando o local para a devolução das embalagens vazias, se os produtores estão devolvendo as mesmas lavadas por três vezes e perfuradas, dentro do prazo estipulado pela Lei, que é um ano. Fica a cargo do Inpev, órgão criado pelas indústrias que fabricam agrotóxicos, fazer o recolhimento nas Centrais de Recebimento e realizar a incineração. Minas Gerais possui 11 Centrais que ficam em Manhua-

çu, Pouso Alegre, São Sebastião do Paraíso, Montes Claros, Três Pontas, Barbacena, São Joaquim de Bicas, Uberaba, Unaí, Patrocínio e Monte Carmelo. Além disso, há 48 postos de recebimentos. De acordo com dados do Inpev, de janeiro a junho de 2010, Minas destinou mais de 1.150 toneladas de embalagens vazias de agrotóxico, um crescimento de 11,2% em relação a 2008, que foi de 1.040 toneladas. Em 2009, Minas foi o quarto Estado que mais devolveu embalagens com 2.113 toneladas. *Marcelo de Aquino Brito Lima Auditor Fiscal Estadual – IMA Foto: Divulgação

Minas Gerais foi o quarto Estado que mais devolveu embalagens em 2009 e, em 2010, o IMA intensificou o recolhimento de agrotóxicos obsoletos no estado

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Os pecuaristas do Espírito Santo já podem realizar análises do leite no próprio Estado, pois foi inaugurado no mês de dezembro, pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), o Laboratório da Qualidade do Leite, localizado no município de Cariacica. O objetivo é garantir a qualidade do produto ofertado ao consumidor e a segurança alimentar. Atualmente, existem apenas oito laboratórios que fazem este tipo de trabalho no Brasil. De acordo com o diretor-presidente do Instituto, Aladim Fernando Cerqueira, o empreendimento irá promover uma melhoria significativa do leite capixaba, pois o pecuarista poderá ser remunerado de acordo com a qualidade do produto. Além disso, se forem identificados problemas em um determinado lote será possível a rastreabilidade das propriedades e a realização de um trabalho de educação sanitária e assistência técnica nestes locais. Aladim destaca ainda que o Laboratório possui estrutura para atender a toda demanda dos produtores, cooperativas e laticínios do Espírito Santo e também de Estados limítrofes. “Esta ação proporcionará um ganho significativo no rendimento, pois um leite de melhor qualidade permite uma maior durabilidade dos derivados. A pre-

visão é que se tenha um aumento de 15% na produtividade da indústria leiteira capixaba” afirma. Procedimentos As amostras podem ter sua origem diretamente de animais que estejam nas propriedades. Isso poderá ser feito a partir de um tanque de resfriamento que atenda a vários produtores de uma região específica ou mesmo diretamente da indústria de laticínios. A colheita é feita em um recipiente, com conservante próprio, recebendo uma identificação individual para seu posterior encaminhamento ao laboratório. O leite

passa pelo monitoramento em equipamentos automatizados de última geração, sendo os resíduos descartados por uma empresa devidamente contratada e habilitada para a correta destinação. Durante a análise, verificam-se itens como a gordura, a proteína e a lactose. É importante destacar que é obrigatória a análise mensal do leite em cada tanque do produto nas cooperativas, para garantir a qualidade com relação à sanidade, higiene e à composição química. *Assessoria de Comunicação/Idaf Jória Motta Scolforo Tel: (27) 3636-3651 /9946.7504 Foto: Idaf

O Idaf conta, agora, com um Laboratório de Qualidade do Leite para a realização de análises do produto

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Idaf

Idaf inaugura Laboratório da Qualidade do Leite

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Adab

Tecnologia: Guia de Trânsito Animal (GTA) via satélite

A Bahia iniciou o processo de modernização da defesa agropecuária e em 2011 dará mais um passo para a consolidação das atividades. A Seagri, através da Agência Estadual de Defesa Sanitária (Adab), vai implantar neste ano a GTA via satélite. O novo sistema funcionará a partir de um terminal móvel, equipado com um dispositivo GPS, que faz a leitura e gravação de dados do animal através de um brinco eletrônico. Com esse dispositivo, será possível realizar a identificação, a pesagem, a vacinação, acompanhar o trânsito do animal e todo o seu histórico de vida, além de emitir a GTA on-line, oferecendo mais comodidade ao criador e agilidade ao serviço de defesa sanitária em todo o território baiano. “Esse sistema permite maior segurança e rapidez na identificação do rebanho, no controle da sanidade e na rastreabilidade do animal e, utilizado junto com o Sistema de Integração Agropecuária (Siapec), vai tornar a defesa agropecuária no Estado ainda mais eficaz”, explicou o diretor geral da Adab, Cássio Peixoto. Os brincos eletrônicos são reutilizáveis e possuem grande capacidade de armazenamento de informações, facilitando a gestão de dados pelo produtor e a emissão da GTA, iniciada de forma piloto em 40 pontos do Estado, incluindo associações, sindicatos e entidades de classe. 36

O novo sistema de tecnologia da informação busca fortalecer ainda mais a Guia de Trânsito Animal eletrônica, ferramenta gerencial de cadastro implantada em 2009, e que permite maior segurança para o produtor, além de creditar à pecuária baiana em seu aspecto de sanidade animal, comercialização e exportação de bovinos. Para poder emitir a GTA eletrônica, o pecuarista deve renovar seu cadastro na Adab e ter um responsável

técnico pela propriedade cadastrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária e no Ministério da Agricultura. Outro requisito exigido é estar com a vacinação do rebanho contra febre aftosa e brucelose em dia, e não possuir nenhuma pendência sanitária em nome da propriedade. * Ascom/Adab Diogo Vasconcelos 3116-8461/8418 Foto: Adab

A partir de um terminal móvel, será possível fazer a leitura e gravação de dados do animal

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Maria Gabriela O Tonini Médica veterinária e consultora da Scot Consultoria

Os preços do boi gordo em quase todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria têm variado de maneira semelhante nos últimos sete anos. Veja, na Figura 1, a correlação entre o preço do boi gordo em São Paulo e nas demais praças, nos últimos sete anos. Quanto mais próximo de um (1), maior a correlação. Existe forte correlação entre a cotação do boi gordo em São Paulo e nas demais praças, exceto por Alagoas, Rio Grande do Sul e Bahia, onde os preços não variam de forma tão semelhante a São Paulo, principalmente por conta do clima um pouco diferente. Enquanto em São Paulo o preço do boi gordo subiu 43%, entre o começo de junho e meados de novembro, dada a falta de boi gordo em função da seca e, consequentemente, a entressafra, em Alagoas o preço aumentou 16,7%. As chuvas começaram a diminuir mais tardiamente nos Estados do Nordeste em comparação com São Paulo, promovendo dife-

rentes comportamentos nas cotações. Grosso, Pará, Tocantins e assim No Rio Grande do Sul, por exemplo, por diante, é uma boa medida, os animais são engordados em pastagens ainda mais para quem utiliza o de inverno climáticas do segundo semes- mercado futuro para proteção tre do ano, mantendo a oferta, de certa dos preços, com referência de São forma, constante. Enquanto que em São Paulo para os negócios em todo o BraPaulo, neste mesmo período, os pastos sil. Já para praças como Alagoas, Rio secam e perdem a capacidade de suporte Grande do Sul ou Bahia é necessário dos animais, diminuindo expressivamen- maior atenção para o comportamento te a oferta de gado terminado. Entre ju- que destoa de São Paulo em alguns nho e novembro, o preço do boi gordo momentos. no Rio Grande Figura 1 Fonte: Scot Consultoria do Sul subiu 13,5%. D e s t e modo, apostar em comport a m e n t o semelhante a São Paulo para os preços em Minas Gerais, Mato Grosso Correlação entre o preço do boi gordo em São Paulo e nas demais praças do Sul, Mato pesquisadas pela Scot Consultoria nos últimos anos.

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Mercado

Correlação de preço do boi gordo entre as praças

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O mercado do leite termina o ano equilibrado Estabilidade, essa é a palavra que damos ao definir o mercado do leite no mês de Dezembro de 2010. O preço do leite tem se encontrado estável. Estamos no período da safra, o que significa maior volume de leite e captação. Podemos dizer que o ano de 2010 foi atípico. Logo nos primeiros meses, tivemos uma elevação no preço do leite e depois nos meados de julho/agosto, no período da entressafra, houve uma queda e nos meses de setembro em diante foi estabilizando-se. Isso ocorreu devido a diversos fatores, o principal destes, a oferta. Segundo fontes do Cepea, o preço médio bruto pago pelo leite ao produtor em novembro (referente à produção de outubro) teve leve alta de 2,4% (ou 1,7 centavo por litro) em relação ao mês anterior, a R$ 0,7142/litro. O valor referese à média ponderada dos estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA. Para o pagamento de dezembro - referente à produção entregue em novembro –, 53,5% dos agentes entrevistados

pelo Cepea acreditam em estabilidade de preços. Para 40,8% das indústrias/cooperativas, deve haver nova valorização e apenas 5,6% dos agentes acreditam em queda de preços. A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce acredita numa possível queda para Janeiro. Esperamos que o ano de 2011 inicie mais equilibrado, com uma grande

oferta e uma procura maior ainda, com menos inflações, menos estoques e com um nível contrabalanceado de importações e exportações. *Por Assessoria de Imprensa da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce comunicação@coaperiodoce.com.br

O final de 2010 deixa o cafeicultor otimista para a próxima safra Os cafeicultores da Zona da Mata e Leste de Minas, após um ano difícil, passam a ter otimismo para a próxima safra. Vários fatores estão contribuindo para que a safra 2011 seja favorável como a boa florada, chuva abundante e preços em alta da commoditie. As floradas deste ano foram mais concentradas, ao contrário do ano anterior, favorecendo a próxima colheita. O desenvolvimento do fruto pós florada está acontecendo de forma satisfatória devido às chuvas regulares que vêm ocorrendo em nossa região. Os comentários dos meteorologistas para as chuvas do início do ano são dentro da média histórica ou um pouco acima. Notícias importantes para o cafeicultor, sabendo da importância para o enchimento dos grãos de janeiro em diante. A próxima colheita brasileira

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será menor que a da última safra, deixando o mercado nacional e internacional forte e em alta. Produtores que conseguiram comercializar a sua produção em dezembro tiveram preços históricos, principalmente no cereja descascado. O ministro da Fazenda Guido Mântega, em entrevista coletiva, disse que a equipe econômica está atenta quanto ao problema cambial, uma vez que o dólar em baixa prejudica as exportações. Sendo estes fatores externos à propriedade favoráveis podemos ser otimistas para a próxima safra. Cotação janeiro/11. Arábica – Duro tipo 6 – R$ 400,00 e Cereja Descascado Fino – R$ 460,00. Conilon tipo 7 – R$ 188,00.

*Eng. Agr. Gerente Comercial Coocafé Waldir Francese Filho

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Cotações

Boi Gordo

(R$/@)

Mercado Futuro (BM&F) - 24/01

Esalq/BM&F Boi Gordo

Ajuste (R$/@)

Var. (R$)

C.A.

Jan/11

103,62

0,22

Fev/11

101,25

Mar/11

98,08

Venc.

Data

Vista

Prazo

0

20/01

103,65

104,96

0,40

0

21/01

103,70

104,94

0,45

0

22/01

102,70

104,62

Fonte: BeefPoint

Preços do Leite (R$/L) Cotações do leite cru - preços pagos ao produtor MG

RS

SP

PR

GO

BA

SC

Ago/10

0,7051

0,6169

0,7391

0,6985

0,6790

0,6719

0,6919

Set/10

0,7181

0,6097

0,7500

0,6828

0,6900

0,6723

0,6595

Out/10

0,7164

0,6060

0,7506

0,7065

0,7033

0,6745

0,6868

Nov/10

0,7256

0,6323

0,7581

0,7373

0,7284

0,6698

0,7075

Dez/10

0,7235

0,6513

0,7586

0,7469

0,7366

0,6538

0,7373

R$/litro

Fonte: Cepea - Esalq/USP (Milk Point) 39 Jan/Fev 2011

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Brasil investe em produção sustentável de alimentos Aconteceu

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lançou no dia 6 de dezembro, mundialmente, o Projeto Biomas na Conferência das Partes sobre o Clima (COP-16), da Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de iniciativa inédita no Brasil, um país de 851 milhões de hectares, que alcançou liderança mundial na produção de alimentos conservando 56% da sua cobertura vegetal original. Ao longo de nove anos serão promovidos pesquisa e compartilhamento de informações nos seis biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa), tendo como maior objetivo conciliar a produção rural e a preservação ambiental. Dessa maneira, o país, as classes rural e científica assumem posição de protagonismo diante do maior desafio da atualidade: fazer frente à demanda crescente por ali-

mentos com o compromisso da sustentabilidade e da preservação. Em 2050, a população global será de 9 bilhões, o que demandará um aumento de 70% na produção de comida. Na década atual, o agribusiness brasileiro assumiu a liderança da produção de commodities agropecuárias. Em 2009, o agronegócio representou 23,4% do PIB, 42,5% das exportações nacionais e gerou aproximadamente 37% dos empregos do País. Nos próximos anos, o Brasil deverá superar o desafio de aumentar sua produção de alimentos com baixo custo e alta qualidade, preservando seu enorme patrimônio ambiental. O Projeto Biomas, que contará com orçamento de R$ 40 milhões, terá a utilização da árvore na atividade rural como eixo dos projetos de pesquisa. As florestas devem servir como alternativa para diversificação dos sistemas produtivos na propriedade rural e na composição das APPs e seus entornos, representados pela Reserva Legal (RL) e Área de Uso Alternativo (AUA). (Fonte: Portal do Agronegócio)

Entidades assinam acordo para aumentar investimentos no setor agrícola Representantes do setor agrícola brasileiro e entidades ligadas ao ramo assinaram no dia 9 de dezembro um acordo de cooperação técnica que deve beneficiar um maior número de agricultores no Brasil a partir da qualificação de mão de obra, de mais acesso à assistência técnica e do aperfeiçoamento tecnológico. A assinatura do acordo faz parte de uma das ações da Semana da Agricultura Familiar. Esse compromisso está baseado na Lei 12.188, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, que 40

institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária. Além da assinatura do acordo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou um balanço das ações realizadas pela pasta nos últimos sete anos. Segundo estimativas de 2004 a 2010, a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) capacitou nesse período 45 mil agentes técnicos com investimentos que chegaram a registar mais de R$ 78 milhões. (Fonte: Agência Brasil)

Acordo vai levar informações sobre sustentabilidade ambiental a pequenas e médias empresas O Ministério do Meio Ambiente e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) assinaram no dia 3 de dezembro um acordo de cooperação técnica para desenvolvimento de projetos e programas na área da sustentabilidade ambiental. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, o convênio vai permitir que pequenos e médios produtores possam ter conhecimento sobre as regras ambientais mais recentes e como aplicá-las nos seus processos produtivos. (Fonte: Agência Brasil)

Sancionada lei que isenta PIS/Cofins de aves e suínos O governo aprovou a isenção de PIS/Cofins em suínos e aves para pequenos e médios frigoríficos que atuam no mercado interno. Frigoríficos que exportam já são isentos de PIS/Cofins, por isso não serão atingidos pela medida. No mercado interno, o incentivo é considerado pelo setor uma forma de combater a concorrência de empresas que realizam abate de forma ilegal. Estimativas do setor indicam que cerca de 30% do abate nacional é irregular. O número representa cerca de 15 milhões de cabeças que saem de frigoríficos sem fiscalização. (Fonte: INCS)

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Congresso aprova Acordo Internacional do Café O Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo nº 806, publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 21 de dezembro, o texto do Acordo Internacional do Café, assinado pelo Brasil em maio de 2008. Com a medida, o governo brasileiro reafirma apoio à Organização Internacional do Café (OIC). O acordo prevê medidas como a alteração da estrutura institucional da OIC, com a extinção da Junta Executiva e a

criação de três novos comitês: de Finanças e Administração, de Promoção e Desenvolvimento de Mercado e de Projetos. Esses órgãos vão auxiliar o Conselho Internacional do Café, autoridade máxima da OIC, no exercício de suas atribuições. Está previsto o incentivo aos integrantes do acordo para o desenvolvimento de procedimentos que garantam a qualidade do grão, em todas as etapas da cadeia produtiva, e a adoção de estratégias que ampliem a capacidade de produção das co-

Elmiro Nascimento assume a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Foto: Divulgação/Seapa MG

Elmiro Nascimento (à esquerda) ao lado do exsecretário Gilman Viana

O novo secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Alves do Nascimento, disse que em sua gestão será realizado um esforço em apoio aos pequenos, médios e grandes produtores rurais mineiros. Com este objetivo, explicou, “a Secretaria de Agricultura vai manter parceria com os demais órgãos do Governo Estadual em ações que resultem também na melhoria da produção e da produtividade, como o estímulo à agroindústria para a geração de mais empregos e a geração de renda no campo”. Elmiro Nascimento deu estas declarações durante a solenidade de transmissão

de cargo, realizada no dia 3 de dezembro, na Secretaria. Disse que dará continuidade ao trabalho desenvolvido por Gilman Viana Rodrigues, que segundo ele dinamizou a agricultura estadual. “O desafio é grande, assim como o orgulho de participar da equipe formada pelo governador Antonio Anastasia”, observou. Empresário e produtor Mineiro, natural de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, Elmiro Alves do Nascimento é graduado em Administração de Empresas, com especialização em Administração Rural, e atua na criação de gado leiteiro e na cultura de café. Elmiro Nascimento foi deputado estadual nos períodos de 1987 a 1995 e de 2003 a 2011. Ele também ocupou os cargos de diretor financeiro da Companhia Agrícola de Minas Gerais (Camig) (1979/81); presidente da Loteria Mineira (1981/82); prefeito de Patos de Minas (1997/2000) e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paranaíba (1997). (Fonte: Agência Minas)

munidades e dos pequenos produtores. A criação de novos instrumentos de crédito e serviços financeiros diferenciados aos produtores, inclusive no que diz respeito ao acesso ao crédito e aos métodos de gestão de risco, estão entre as ações que devem ser implementadas pelo acordo. Como principal produtor mundial do grão, o Brasil é hoje o maior contribuinte da OIC. Esse acordo é o sétimo firmado pela entidade, desde sua criação, em 1963. (Fonte: Portal do Agronegócio)

Cooperativa de Valadares concede incentivo a cooperados A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce entregou no dia 20 de dezembro um “Bônus de incentivo à produção e fidelidade” a todos os cooperados ativos referente a 30% da média do leite fornecido, individualmente, no período de Janeiro a Novembro de 2010. O volume do bônus distribuído entre os cooperados chega a R$ 1. 200.000,00 (Um milhão e duzentos mil reais). A decisão do Conselho Administrativo e da Diretoria Executiva de fazer a distribuição por meio de bônus aos cooperados veio em função dos números referentes aos onze meses descritos a cima. A Cooperativa registrou um faturamento de R$ 114.615.889,00 (Cento e quatorze milhões, seiscentos e quinze mil, oitocentos e oitenta e nove reais), com sobra bruta de R$ 9.477.289,00 (Nove milhões, quatrocentos e setenta e sete mil, duzentos e oitenta e nove reais). Nesse mesmo período, a Cooperativa captou 102 milhões 186 mil 201 litros de leite, fornecidos por 826 cooperados. (Fonte: Cooperativa Vale do Rio Doce) Jan/Fev 2011

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Agenda e resultados

Fique por dentro dos próximos leilões

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Pão de Queijo Pérola Mineira A receita desta edição foi enviada pela leitora Mariza Alves Pereira Coutinho, de Governador Valadares

Culinária

Foto: Divulgação

Rendimento: 2,7Kg (para comercializar) Ingredientes -1 copo de leite (200ml) -6 ovos -200g de manteiga -50g de nata (ou creme de leite fresco) -1kg de polvilho doce -1kg de queijo curado ralado -1 colher (sopa) de sal Envie a sua receita para a Revista Agrominas jornalismo@revistaagrominas.com.br

Numa tigela, misture leite, os ovos, manteiga, nata (ou creme de leite fresco), polvilho doce, queijo Minas curado ralado e sal, até obter uma massa bem homogênea. Com as mãos, enrole os pãezinhos usando a medida de circunferência do dedo indicador e polegar. Coloque numa assadeira e leve para o forno préaquecido a 180° C por 25 a 30 minutos.

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