17ª Edição Novembro-11

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N° 17 . Novembro 2011

ISSN 2179-6653

O aroma Que atrai Saiba como está o mercado do café, bebida tão consumida pelos brasileiros


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Boa leitura! Denner Esteves Farias

Editor-Chefe

índice

editorial

“Precisamos de uma nova política agrícola que seja capaz de agregar valor a toda à cadeia produtiva e que responda aos desafios que o mundo hoje nos impõe, como a produção sustentável de alimentos”. A frase em destaque foi dita pelo ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho. Durante o seminário “Os Desafios do Brasil como 5ª Potência Mundial e o Papel do Agronegócio”, que aconteceu em Brasília para comemorar os 60 anos da CNA, onde foram discutidas novas alternativas para a política agrícola do país. Mesmo o Brasil ter tido um crescimento de 830% na produção agrícola, o país precisa avançar no setor. Foi levantado no seminário que é preciso uma avaliação da política agrícola constituída na década de 60 e ver se os instrumentos utilizados no passado se adéquam as exigências do mercado nacional e mundial, visto que a agricultura se encontra em nova fase, devido à crescente demanda por alimentos. A criação de uma agenda estratégica para a manutenção dos preços, crescimento dos mesmos e renda para o produtor também foi outro ponto levantado. Enquanto as discussões se fazem presente e são definidos os instrumentos para o impulso de tecnologias e o avanço da agricultura do país, trazemos para você em entrevista, o panorama do mercado do café, as tendências e os impasses. Cooperativas da região expõem o contexto atual da bebida, uma das mais consumidas pelos brasileiros. Em Grandes Criatórios, a referência na criação de Guzerá. A Fazenda Fontenelle, com 83 anos de tradição, abre sua porteira e conta um pouco de sua história. Já em Dia de Campo, confira um pouco sobre a apicultura, um hobby adotado por um produtor com uma alternativa de complementação de renda e que deu certo. Em Perfil Profissional, a voz que rege as comercializações do agronegócio: o Leiloeiro Rural.

4 Giro no Campo 6 Entrevista 10 Entidade de Classe 12

Grandes Criatórios

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Dia de Campo

18 Saúde Animal 20 Caderno Técnico 23 Forragicultura 26 Agrovisão 28 Sustentabilidade 30 Perfil Profissional 31 Meteorologia 32 Mercado 34 Cotações 35 Mão na Massa 36 Emater | IMA | Idaf | Adab 40 Aconteceu 42 Culinária

Uma publicação da Minas Leilões e Eventos Ltda.

Editor-Chefe Denner Esteves Farias Zootecnista - CRMV-MG 1010/Z Jornalista Responsável / Redação Lidiane Dias - MG 15.898 (em formação) Jornalistas Colaboradoras Alessandra Alves - MG 14.298 JP Diagramação Finotrato Design Contato Publicitário Thiago Lauar Scofield Eng. Agrônomo - CREA/MG 111396 D (33) 3271.9738 comercial@revistaagrominas.com.br Revista On-Line:

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Colaboração - Alexandre Sylvio - Eng. Agrônomo - Emater/IMA/Idaf/Adab - SCOT Consultoria - Humberto Luiz Wernersbach Filho - Zootecnista - Manoel Eduardo Rozalino S. - Marcelo Conde Cabral - Médico Veterinário - Mariana Cerca - Prof. Ruibran dos Reis - Minas Tempo - Waldir Francese Filho - Eng. Agrônomo - Coocafé Distribuição Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Extremo Sul Baiano e Norte Capixaba. Tiragem: 5.000 exemplares

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O extrato do Contrato de Gestão celebrado entre a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Bio Atlântica (IBio), entidade selecionada para desempenhar funções de Agência de Água na Bacia Hidrográfica do rio Doce foi publicado no Diário Oficial da União na sexta-feira, 04 de novembro. Sendo assim, conforme estabelecido no âmbito do CBH-Doce, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União na Bacia Hidrográfica do Rio Doce passa a ter validade a partir desta publicação. Quem pagará pelo uso da água são os usuários sujeitos a outorga

(autorização que concede ao usuário o direito de uso da água de determinada fonte, com finalidade especifica, por prazo determinado), que usam uma quantidade significante de água com o objetivo de aferir lucro, sendo captação superior a 1 litro por segundo no trecho mineiro e 1,5 litro no trecho capixaba. Serão cobrados no primeiro ano R$ 0,018 por cada mil litros de água retirada do rio Doce e R$ 0,10 por cada quilo de carga orgânica lançada. Para o setor agropecuário a plenária deliberou que a cobrança deve ser corrigida por um fator multiplicador igual a 0,025 (40 vezes menos) em relação

Exportações baianas atingiram US$ 949,8 mi em outubro As exportações baianas atingiram em outubro de 2011 US$ 949,8 milhões – 23,4% acima de outubro de 2010 –, sendo que, este ano, até o referido mês, já superam todo o ano passado, alcançando o recorde histórico de US$ 9,1 bilhões. As informações são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan). A redução nos embarques de automóveis (reflexo das mudanças nas regras de IPI), soja (fim da safra), petroquímicos e produtos metalúrgicos (redução dos embarques para Europa e EUA) fez com que as vendas externas recuassem 7% em comparação a setembro. A Bahia, entretanto, termina os dez primeiros meses do ano com exportações recordes – 22,7% superior à de igual período de 2010, respondendo por 60% das vendas externas da região Nordeste. A soja e seus derivados já despontam como quarto mais importante da pauta do estado, com US$ 1,14 bilhão de vendas até outubro e crescimento de 33%. (Fonte: Agrolink)

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aos demais usuários. Isso porque os membros do comitê entenderam que o setor possui particularidades que justificam essa redução. A arrecadação prevista é de R$ 13,2 milhões para 2012. Os boletos serão enviados pela Agência Nacional de Águas (ANA) a partir de janeiro e incluirão os valores referentes a novembro e dezembro de 2011. Os valores serão repassados integralmente pela ANA ao Instituto Bioatlântica (IBio), agência de bacia responsável por administrar e aplicar os recursos arrecadados. (Fonte: CBH-Doce)

Área de algodão cresce no Brasil por demanda e preço Imagem Ilustrativa

Giro no Campo

Iniciada a cobrança pelo uso da água na Bacia Hidrográfica do Rio Doce

Com exportações em alta e bons preços, produtores de algodão estimam que a área plantada na temporada 2011/12 poderá ficar perto de 1,5 milhão de hectares no Brasil, cerca de 6 por cento maior ante o último ciclo. “Vai ter este acréscimo sim, porque Nova York (o mercado futuro do algodão) ainda está num patamar de 97 centavos a 1 dólar por libra-peso. Que é um patamar interessante... estamos otimistas”, disse Sérgio De Marco, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) trabalha com um intervalo entre 1,35 e 1,48 milhão de hectares, variando desde uma redução de 2,9 por cento a acréscimo de 6,1 por cento ante o ciclo 2010/11. Segundo a Abrapa, o crescimento deve ser puxado sobretudo em Mato Grosso e Bahia, Estados que juntos respondem por cerca de 80 por cento da produção nacional da pluma. (Fonte: Reuters em Agrolink)


Imagem Ilustrativa

Milho garante aumento de 2,9% para a safra mineira ao recorde de 11 milhões de toneladas. Já a safra brasileira deverá ter uma retração entre 3,5% e 1,5%, atingindo 160,5 milhões de toneladas no cenário mais otimista. Os números fazem parte do levantamento de intenção de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 09/11. De acordo com a nova avaliação, o milho é o principal responsável pelo aumento da safra mineira, com uma estimativa de até 6,8 milhões de toneladas, com crescimento máximo previsto de 4,7%. Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, é esperado um crescimento de até 6,7%na área plantada de milho no Estado, que deve alcançar A produção mineira de grãos em Mi- quase 1,3 milhão de hectares. O milho, ele nas Gerais na safra 2011/2012 vai cres- observa, responde por 61% da produção cer entre 0,9% e 2,9%, podendo chegar mineira de grãos. “A expansão da área de

cultivo pode ser atribuída ao crescimento dos preços do grão nos mercados interno e externo”, diz Albanez. “Se compararmos os preços de outubro de 2011 com os registrados em outubro de 2010 a constatação será de um aumento de 22%.” Além disso, o superintendente cita a expansão, no período, do consumo de carnes, ovos e leite, produtos que têm dependência do milho em grande escala, porque o grão é o principal componente utilizado na formulação das rações. “Deve-se considerar ainda a situação dos estoques mundiais de milho, uma das referências para a definição dos preços do produto nos mercados mundiais. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), a reserva mundial de milho atualmente é suficiente para atender a 52 dias. Há uma década o estoque era para 74 dias”. (Fonte: ASCOM SEAPA)

Em outubro, IBGE prevê safra 6,8% maior que em 2010 A décima estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas indica uma produção da ordem de 159,7 milhões de toneladas, superior em 6,8 % à safra recorde de 2010 (149,6 milhões de toneladas) e 0,2 % maior que a estimativa de setembro. A área a ser colhida em 2011, de 48,6 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 4,6% comparado a 2010, e acréscimo de 21.039 hectares (0,0%) frente à informação anterior. As três principais culturas, que, somadas, representam 90,6 % da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, o arroz, o milho e a soja, respondem por 82,4% da área a ser colhida registrando, em relação ao ano anterior, variações de 1,7%, 3,5% e 3,2%, respectivamente. No que se refere à produção, o arroz, o milho e a soja mostram, nessa ordem, acréscimos de 19%, 0,6% e 9,2%. O IBGE também realizou, em outubro, o primeiro prognós-

tico de área e produção para a safra de 2012. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2012 é estimada em 157,5 milhões de toneladas, 1,4% inferior à de 2011. Porém, a área ser colhida (49,5 milhões de hectares) cresce 1,7%. A publicação completa da pesquisa pode ser acessada na página www.ibge. gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa. Entre as grandes regiões, o volume da produção 2011 apresenta a seguinte distribuição: região Sul, 67,1 milhões de toneladas; Centro-Oeste, 56,0 milhões de toneladas; Sudeste, 17,4 milhões de toneladas; Nordeste, 14,9 milhões de toneladas; e Norte, 4,3 milhões de toneladas. Na comparação com 2010, houve incrementos em todas as regiões: Norte, 7,8%; Nordeste, 26,2%; Sudeste, 1,9%; Sul, 4,6%; e Centro-Oeste, 6,7%. (Fonte: IBGE)

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Oferta e demanda em desigualdade: uma das bebidas mais consumidas no Brasil, o café é a commodity desta edição

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cheirinho que agrada e está presente nas mesas dos brasileiros. Com seu aroma e gosto marcantes, seja na hora em que você acorda ou no final da tarde, sempre há um momento em que o café terá um espaço cativo na rotina das pessoas. A diversificação das formas de consumi-lo, como os cafés expressos e cappuccinos, só incrementou o consumo. Seja pelo hábito, estímulo, aroma ou sabor, o café é uma bebida em amplo crescimento. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) a população brasileira está consumindo mais xícaras da bebida por dia. De novembro/2009 a outubro/2010 a ABIC registrou um aumento de 4,03% no consumo interno, que foi de 19,13 milhões de sacas, em relação ao mesmo período anterior que havia sido de 18,39 milhões de sacas. A associação apresenta ainda que no ano passado os tipos de café mais consumidos foram: moído/coado/filtrado (96%), instantâneo/solúvel (17%), Cappuccino instantâneo (9%) e expresso (10%). Os cafés especiais – gourmet, descafeinado, orgânico, de região certificada e

Fotos: Arquivo Coocafé

entrevista

Entre o aroma e o sabor

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com certificado – tiveram um aumento de 73% no consumo. Números da associação mostram que esse consumo por cafés Superiores e Gourmet deve continuar crescendo em torno de 15% a 20%

“De novembro/2009 a outubro/2010 a ABIC registrou um aumento de 4,03% no consumo interno” ao ano, mesmo representando a menor fatia no mercado da bebida. O Diário do comércio assinala que os custos do processamento do café subiram mais de 50% e mais 12% nos preços encontrados nas gôndolas. Outra coisa é a retenção dos produtores nas vendas das colheitas, na esperança de que o preço melhore. Com o contexto dentro do avanço de tecnologias de produção, a região Noroeste do Espírito Santo e Sul da Bahia, de acordo com o gerente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (COOABRIEL), Edmilson

Calegari, informa que o panorama em que a região está é de boa qualidade nas mudas, com um padrão de alta produtividade. Com uma produção numa média de 75 mil sacas de café por semana, fornecida por 3.812 cooperados, avalia que têm um mercado garantido para venderem a produção para empresas de confiança. A cooperativa não trabalha com exportação de café. Ela está inserida em uma região que produz oito milhões de sacas e a COOABRIEL recebeu de seus sócios 900 mil sacas de café, em torno de 11% da produção regional. Calegari aponta que as expectativas do setor são boas em relação ao café Conilon, pois está havendo um aumento na procura da variedade para formação de blends (composição de grãos diferentes). Informa que, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a estimativa para a produção de 2011 é que gire em torno de 43 a 44 milhões de sacas no Brasil. Porém, a demanda pelo grão está superior à produção do mesmo, estimada em torno dos 128

Viveiro de mudas de café

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Grão de café

milhões em todo o mundo, com uma produção apenas em 125 milhões. “Com isso vê-se a necessidade de incentivar o plantio e cultivo de novas lavouras para aumentarmos a produção”, avalia. Devido a isto, de acordo com o Credit Suisse, via Agência Estado, o café é atualmente a commodity mais supervalorizada, o que poderia limitar eleições de preço e a possibilidade de ampla oferta no país. Sobre a estiagem prolongada de setembro Calegari assegura que isso não afetou a floração, mas deverão ter uma perda na produção devido ao ataque de brocas nas plantações que ocorreu mais cedo este ano. Quanto à bienalidade do café, a região que a

“Os pilares são produção, qualidade e preço” Fernando Romeiro de Cerqueira

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cooperativa abrange, conforme passado pelo gerente da COOABRIEL, isso irá depender da situação climática, porém as lavouras têm uma boa produção em todos os anos, sem muita variação. “A região apresenta localidades acidentadas e localidades planas, sendo assim nas localidades acidentadas o custo de mão-de-obra torna-se maior, pois em sua maioria os tratos culturais necessitam ser feitos manualmente. Nas localidades planas uma parte da mão-de-obra é mecanizada, agilizando o processo. O nosso clima é favorável e as terras são propícias para o cultivo do café Conilon”. A questão de pouca oferta e muita demanda também é abordada pelo diretor presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), Fernando Romeiro de Cerqueira. Ele aponta que ajustado esse ponto, a expectativa a curto prazo é de manutenção de bons preços da commodity, mesmo com oscilações. Cerqueira explica que o desenvolvimento é economicamente viável, a nível de produtor, com os preços atuais. “Agora melhorou um pouco com os atuais investimentos e ideias. As expectativas são boas a nível de produção e preço, mesmo com oscilações. É preciso tirar a desilusão do produtor de

“O panorama é de boa qualidade nas mudas, com um padrão de alta produtividade” Edmilson Calegari

que o preço só sobe”, alerta. A Coocafé tem uma abrangência em 37 municípios, somando Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. No quadro de cooperados há 4.969 produtores. Em 2010 a captação foi de 522 mil sacas de café, já em 2011, até outubro, foram captadas 626.939 mil sacas do grão. O diretor presidente lembra ainda que os pilares são produção, qualidade e preço. Dessa maneira está havendo uma substituição de lavouras velhas por novas. Quanto à crise diz que há uma desconfiança de que ela esteja resolvida e que há uma forte pressão em cima do preço do café. Cerqueira aconselha que: “o produtor cuide bem da sua lavoura, fertilize, faça análises de solo, pulverize e não fique especulando, pois o café está bom de preço”. Já na região de Caratinga, na safra 2010/2011 houve uma perda grande em produção, qualidade e em preço. Esse panorama foi passado por Paulo Tavares, gerente de comercialização

Curiosidade . Os primeiros cultivos de café

planta de café é originária da Etiópia, centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como “vinho da Arábia” quando chegou à Europa no século XIV. Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no século

XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos. O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações e os árabes protegiam as mudas com a própria vida. A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as sementes podiam deixar o país. (Fonte: ABIC)

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“Na safra 2011/2012 já tivemos uma recuperação de preço em mais de 100% e está sendo excelente em relação ao ano passado” Paulo Tavares

da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Caratinga (Copercafé). “A última safra foi um ano de baixa devido às anomalias climáticas. No ano passado, tivemos uma estiagem muito grande. Porém, a florada para essa safra foi boa. Veio na época certa”, destaca. Tavares informa que na safra 2011/2012 já tiveram uma recuperação de preço em mais de 100% e está sendo excelente em relação ao ano passado. A produção da região é dividida em 80% de cafés de qualidade, destinados a exportação e os 20% restantes são as bebidas fermentadas, voltadas para o mercado interno.

Lavoura

A região de Caratinga respira café. A economia gira em torno da commodity. Tavares aponta que se os produtores deixarem à atividade, não haveria outra opção. A cooperativa apresenta 110 cooperados e uma produção média de 700 mil sacas de café. Autossuficiente, o gerente da Copercafé diz que o país não precisa importar o grão. Lembra ainda que de uns dez anos para cá houve um marketing negativo em cima da commodity,

relacionado as questões de saúde. Porém, depois houve o inverso: o café passou a ser bem explorado com uma apresentação positiva. Quanto à bienalidade, Tavares informa mesmo sendo uma regra no café, os produtores estão acompanhando as novas técnicas para que em um ano de baixa ele não tenha uma queda muito grande. “Ele vai fazendo renovações dos seus cafezais para que enquanto um cai, o outro se saia melhor”, explica.

Figura: Evolução no consumo de bebidas Base: 1460/1680 Fonte: Total de cada medição - Tendências de Consumo de Café -VIII-2010 / ABIC e MAPA

Cafeicultura Montanhas

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Fotos: Arquivo Sindicato

entidade de classe

Sindicato Rural de Barra de São Francisco

Sindicato dos Produtores Rurais de Itanhém

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o Noroeste capixaba, a 250 km da capital Vitória, mais especificamente em Barra de São Francisco, uma entidade é o destaque nesta edição. A cidade que tem uma característica marcada pelas criações de gado de corte e leite, teve seu sindicato fundado em 13 de junho de 1967, constando na Ata da Assembleia dos Produtores Rurais, com o objetivo de formar a diretoria que iria reger o Sindicato Rural de Barra de São Francisco. O primeiro presidente foi Jarbas Carvalho Della Fonte que ficou a frente da entidade até 1982. Com mandatos longos, a sucessão do primeiro presidente se deu apenas duas vezes. Carlos Herzog foi presidente do sindicato de 1982 até 19 de março deste ano. No dia seguinte, 20 de março, o até então vice-presidente Francisco Ribeiro Vital assumiu o cargo com o falecimento de Herzog. A diretoria é composta por 20 diretores e sete funcionários trabalham no sindicato. Com sede própria, fica localizado na Avenida Prefeito Antônio Valle, 98, no Centro da cidade. Com uma atuação ativa, as ações da entidade são voltadas para a contabilidade rural e apoio jurídico: Decla10

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ração de Imposto de Renda, Declaração de ITR, Contrato de Parceria Agrícola, Contrato de Arrendamento, Contrato de Comodato Rural, Contrato de Sociedade de Bovinos, Contratos de Aluguéis, contrato de Empastamentos, processo de aposentadoria rural, processo de pensão, processo de doença e Acidente de Trabalho. Convênios com Laboratórios de Análises Clínicas, com médicos, atendimento odontológico, farmácias, para atender seus associados em suas necessidades. Desta forma os sindicalizados podem se beneficiar com a parceria ao Sindicato Rural de Barra de São Francisco. Os associados chegam ao número de 4.062, porém em dia com a anuidade somente cerca de 200 sócios. O número diminuiu também porque, segundo informa o sindicato, foram cancelados por motivo de falecimento, mudança de endereço, venda de imóvel rural, outros. A entidade sobrevive através da contribuição sindical e anuidade paga pelos associados. O sindicato investe em cursos para os produtores, dentro das atividades que estes exer-


cem em suas propriedades, de forma a auxiliar no manejo e da melhorar a renda dos mesmos. Os cursos são em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e a Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES). Para se associar, o produtor rural precisa comparecer no sindicato e apresentar a documentação da terra, escritura, CCIR, ITR, Identidade e CPF. O Presidente

Com o falecimento de Carlos Herzog, Francisco Ribeiro Vital até então vice-presidente, assumiu a presidência do sindicato. Com duração até o final de 2012, em um mandato de três anos, Vital pretende se reeleger ao cargo, pelo pouco tempo que permanecerá na gestão. O agricultor, de 51 anos, reside com a esposa e os dois filhos no Córrego do Galho, Distrito de Paulista, no município de Barra de São Francisco. Natural da cidade é filiado à entidade há 21 anos e agricultor há 35 anos. Mesmo estando a um pouco mais de oito meses, informa que a forma de estimular os associados é através de cursos profissionalizantes, como cursos de vaqueiro, higiene, inseminação artificial, formação de pastagens, adubação, dentre outros, para melhorar o desempenho destes no campo.

O presidente Francisco Ribeiro Vital

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grandes criatórios

Napoleão Fontenelle: a marca de um nome Fotos: Lidiane Dias

A criação da raça Guzerá em Baixo Guandu (ES)

Na parede da varanda, as cabeças de gado demonstram o respeito à raça

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paixão pelo Guzerá pode ser vista já na entrada da sede. As cabeças de gado, fixadas na parede da varanda, demonstram o respeito, à admiração e a tradição na criação da raça. Essa história começa bem antes e é por meio dela que a força da marca Napoleão Fontenelle (NF) é transmitida para as novas gerações. A visão empreendedora começou no ano de 1928 quando Napoleão Fontenelle adquiriu uma gaiola com pouco mais de 30 animais. Entre os bovinos estavam às raças Gir, Guzerá e Nelore. A cidade era Santa Leopoldina (ES), em um contexto de uma região montanhosa e cansada pela cultura do café. A raça Guzerá foi a que mais se adaptou. Mais tarde, exatamente em 1945, Napoleão Fontenelle comprou uma propriedade em Baixo Guandu e levou para lá o plantel de Guzerá. Mesmo chamando Fazenda São Sebastião, ela é mais conhecida como Fontenelle, e desde então, se tornou tradição na raça. Na varanda da propriedade, onde se tem a marca da criação, outro ponto chama a atenção: o silêncio é quebrado pelo barulho do trem que passa na estrada de ferro que corta a fazenda. A história da propriedade é contada pelo Engenheiro Agrônomo, Haroldo Fontenelle, 60 anos, filho de Napoleão. Em 1956 a Associação dos Criadores de Guzerá (ACGB) foi fundada e Napoleão Fonte12

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nelle, na época Deputado, que se tornou o primeiro presidente da ACGB. Dois anos depois Napoleão Fontenelle foi até a Índia estudar a origem do Guzerá. Seu filho explica que pureza racial, produtividade de peso e leite estão intrínsecas ao plantel desde a origem a criação do Guzerá, até hoje. Os animais, de dupla aptidão (corte e leite), são criados para gerar matrizes melhoradas, com as características raciais do plantel NF. As biotecnologias são a forma de garantir que o rebanho da propriedade continue com as marcas de sua origem. Haroldo Fontenelle assumiu a administração por volta de 1952. Atualmente, o chamado condomínio, pois pertence aos familiares, vem sendo tocado por Carlos Fernando Fontenelle, amparado na experiência de seu tio Haroldo. A rotina e tecnologias

A propriedade tem 280 alqueires, divididos em 88 piquetes. O plantel hoje é composto por 1600 cabeças de gado, destas, 600 são matrizes para a produção de F1. Devido à rusticidade do Guzerá, dispensa-se qualquer alimentação suplementar. Os animais são criados em regime de pasto extensivo, com sal mineral, e a pastagem na propriedade é a Brachiaria. Na Fazenda NF as ordenhas manuais são feitas somente na parte da manhã. Após a ordenha, as vacas ficam soltas com as crias até a tarde, para depois serem separa-

Haroldo Fontenelle

das até a ordenha do dia seguinte. Inseminação artificial, Transferência de Embriões e Fertilização In Vitro (FIV) são algumas biotecnologias utilizadas para garantir essa caracterização da raça, melhorar a genética do rebanho e ampliar a mesma. Assim, forma-se um plantel característico NF, porém melhorado. O emprego das biotecnologias é feito somente na elite. A classificação do plantel é feita em: A, o que não interessa ser mostrado, pois é o gado para reprodução; B, são os animais disponíveis para compra; C, gado para fazer F1. Uma média de 400 a 500 animais são vendidos por ano. Mesmo não participando mais de premiações, orgulha-se e dá um destaque para o Touro Urutú que ganhou quatro vezes o campeonato nacional de Uberaba. Informa ainda que a base do seu plantel é JA e que na década de 60 importaram sete touros da Índia, POI, o que deu a característica de expressão racial de seu rebanho. “Poucos são os rebanhos que levam importância a expressão racial e a morfologia como o nosso”, avalia. Para Haroldo o que é preciso inicialmente é honestidade na informação para garantir que a produção seja boa e que cative os clientes. Ele exemplifica que dá a garantia para quem comprar um de seus animais “se na primeira parição, em regime de campo, a fêmea


O touro Aguerrido NF

não der 12 Kg de leite, eu aceito a rês de volta e devolvo o dinheiro corrigido pela poupança. Doze quilos são acima da média da região”. De três em três meses todo o gado é pesado. A seleção dos animais é feita a partir do controle leiteiro e da pesagem trimestral. “Geralmente as menos produtivas são as mais bonitas, mas para nós não serve. Vai para corte”, adianta. Para garantir que houvesse uma multiplicação de genética de qualidade, os animais que apresentassem algum defeito racial, morfológico ou funcio-

A matriz Urbanista NF

nal foram eliminados. Hoje, já com o plantel selecionado em níveis de fertilidade e harmonia dos animais, a procura agora é por índices zootécnicos, de acordo com Haroldo Fontenelle, no nível esperado e em todo o rebanho. Dessa forma, em abril deste ano, a Fazenda Fontenelle recebeu um Certificado de Qualidade Genética da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), pois participa do Programa de Avaliação Genética da Raça Guzerá (PAGRG) para Corte da ANCP em 2002, do Programa de Melhoramentos

O touro Enxoval NF

Genético das Raças Zebuínas da ABCZ / EMBRAPA e seguem um controle leiteiro oficial da ABCZ nas fêmeas em primeira lactação. Em parceria com a Universidade de Uberaba (Uniube) estão 32 vacas, para o desenvolvimento de pesquisas sobre os rebanhos de Zebus, a influência da consanguinidade, se o sistema de produção de leite a pasto é viável, dentre outros. Além de melhoramento genético. As fêmeas que estão no programa da universidade têm um destaque de lactação: uma produção média de 28 Kg de leite por dia. “Essas vacas, quase todas

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Guzolando

feitas para FIV, são multiplicadas para isso. Esse trabalho da Uniube tem cinco para seis anos e tem ajudado bastante em matérias de prova, em índices zootécnicos”, avalia. A estação de monta acontece no verão e no outono. A primeira estação vai de dezembro até fevereiro. A segunda estação, menor que a primeira, vai de maio a junho. A estação de monta vem sendo seguida por sugestão da ANCP e

a conclusão de implantação tem previsão para 2012. O animal entra em produção a partir dos dois anos e a maior parte dos nascimentos acontece de agosto a janeiro. Em média 16 funcionários trabalham na propriedade por ano. Sendo seis destes, vaqueiros. O manejo sanitário é uma preocupação constante na propriedade. O calendário de vacinação, segundo Haroldo Fontenelle, é seguido à risca. As vacinas de tuberculose, brucelose, mal de ano e raiva são exemplos. “Aqui tem muito foco de raiva. Nós vacinamos duas vezes ao ano contra raiva. Temos a assistência técnica de dois médicos veterinários que nos auxiliam no melhoramento genético e nas questões sanitárias”, informa. Entre 1992 até 1998 a Fazenda Fontenelle fez exportação de animais. Segundo Haroldo Fontenelle a propriedade foi a que mais exportou Guzerá no país, sendo

mais de 400 fêmeas e em torno de quatro machos. “Venezuela e Colômbia eram os dois grandes compradores. Fazia quarentena e depois ia de avião. Paramos devido à política interna do governo”, comenta. Os animais são vendidos de forma direta e o comprador precisa ir à propriedade conhecer o gado. Haroldo Fontenelle conta que já perdeu alguns negócios porque o comprador ligava e encomendava as reses que ele queria comprar. Aponta que a tradição do nome NF é que permite isso, porém, isso é uma questão de confiança, para que o comprador conheça a genética e o animal que vai adquirir. “Foi muita satisfação que me deu o Guzerá. Mais que o dinheiro. O dinheiro não faz jus ao esforço que a gente fez na vida. Isso eu não tenho dúvida de afirmar”, justifica.

Premiações • 1974 - I Exposição Nacional da Raça Guzerá (RJ) Duque e Dalila venceram como grandes campeões da raça. Parev Celawati da Cachoeira prêmio de Melhor Conjunto Progênie de Pai. Napoleão Fontenelle título de Melhor Criador da Raça. • 1986 - Honra ao mérito da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil Criado o Troféu Napoleão Fontenelle para a Fêmea Guzerá de Melhor Caracterização Racial. • Urutú NF - Tetracampeão Nacional em Uberaba. • 1992 - Traíra NF ganha o troféu de Grande Campeã do Torneio Leiteiro da Raça Guzerá e do Melhor Úbere da Raça Guzerá com produção de 31kg/dia. • 1994 - Jacui NF venceu a Prova de Ganho de Peso Oficial da ABCZ • 1999 - Hematita NF record de produção de embriões da raça Guzerá • 2005 - Ucha NF Campeã Vaca Jovem do Concurso Leiteiro de Governador Valadares • 2007 - Corôa NF Campeã Vaca Jovem do Concurso Leiteiro de Governador Valadares

Resultados de avaliação genética obtidos exclusivamente à campo (Top 25%), em 2008: Percentual de matrizes NF no número Característica Avaliada total de fêmeas avaliadas como top 25% Produtividade Acumulada (PAC) Fertilidade (PE 365) Fertilidade (PE 450) Habilidade Maternal (P120)

90 % 59,3 % 72,7 % 69,2 %

Fonte: 8° Sumário do Programa de Avaliação Genética da Raça Guzerá – ANCP/Novembro 2008 – retirado de http://www.guzeranf.com.br

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O doce mel da profissão

Fotos: Arquivo pessoal

dia de campo

A apicultura:

“A abelha no princípio você tem medo, mas depois que você passa a conviver com ela o seu medo acaba”, expressa o apicultor Elias José Moreira, 60 anos. Formado em Direito e natural de Governador Valadares, há mais de oito anos trabalha com a apicultura. Visto como uma forma de renda complementar, a atividade é considerada um hobby. Parece um hobby diferente, visto o estrago que um animal tão pequeno pode fazer. Mas a convivência e o gosto pelas abelhas vão reforçando o porquê de tal escolha. O início foi meio inesperado. Um convento da cidade de Itambacuri, onde tem uma propriedade, pediu que Moreira colocasse umas colmeias em sua fazenda. Um vaqueiro que era seu funcionário sugeriu ao até então apenas produtor e criador de gado de leite, que começasse a mexer com apicultura porque era algo rentável. Não deu outra: o negócio começou e está em pleno funcionamento. A admiração pela atividade surgiu quando seu vaqueiro foi embora e ele precisou tomar conta da criação sozinho. O medo deu lugar à certeza e ao Apiário Recanto. Houve um aumento na produção, que hoje está com 90

colmeias na propriedade em Itambacuri, mais 15 em outra propriedade na beira do rio Doce, em Governador Valadares. Mas, mesmo gostando da atividade, o apicultor lembra que nunca se deve mexer sozinho em um apiário. “Porque pode acontecer um imprevisto. Tem dia que ela está tão mansa que você pode tirar a sua roupa que ela não faz nada, daqui um mês você volta lá e ela está uma arara. Isso devido ao cruzamento da rainha. Elas cruzam com dez, doze zangões. Ai tem uns que são mansos e têm outros que são bravos”, alerta. Com abelhas mestiças, informa que as espécies africanizadas são as mais bravas. Na safra 2009/2010 chegou a colher 2400 Kg de mel e mais de 100 Kg de cera, isso só na propriedade em Itambacuri. Porém, na última safra, 2010/2011, devido à falta de chuva a produção foi menor. Não chegou a colher 500 Kg de mel. As vendas são feitas para indústrias, onde são repassados o mel e a cera, sendo que uma delas faz exportação. “Tem a vantagem do valor comercial. O mel, pelo menos nos últimos anos, deu uma melhorada no preço. De uns dois anos para cá deu uma melhorada boa”, afirma o apicultor. novembro 2011

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O manejo

Localizado a 300 metros, com barreira, da sede, em uma propriedade de 384 hectares, a cada 30 dias são feitas visitas para ver se tem formiga, se teve ataque da traça e fazer a limpeza no local. A higiene maior é com o manuseio dos produtos e dos materiais. Moreira diz que a centrífuga precisa estar bem lavada, a mesa desoperculadora inoxidável e bem limpa. Os equipamentos como a luva e a tartaruguinha (máscara) precisam ser usados. O balde para guardar o mel não pode ter sido usado em outra coisa, pois poderá contaminar o produto. “Mel é uma coisa que pega cheiro muito fácil. Manter o asseio manual, é uma forma de manter os clientes. Lutar pela higiene e manipulação do mel”, frisa. Portanto, o armazenamento, de acordo com o apicultor, é feito em baldes de plástico, amarrados também em um saco de plástico dentro do balde para não contaminar. Uma dica importante é na hora da decantação do mel. “Você não pode coar ele todo porque se fizer isso você tira os nutrientes: o pólen e outros mais. O mel não fica sujo, ele fica com nutrientes”, explica. Para desopercular usa nove quadros nas caixas para aumentar o favo e a produção da cera. A alimentação das abelhas fica por conta da natureza. Já a colheita é feita de dezembro a março. Moreira é vice-presidente da Associação de Apicultores do Vale do Rio Doce (Apivale), criada em 1991. Hoje a associação apresenta 68 associados que se unem todos os anos em uma Feira de Economia Solidária. Informa ainda que estão em processo de documentação para a abertura de uma casa do mel, onde os associados farão o processamento do produto. O apicultor aponta que no ano passado a Apivale vendeu um caminhão de mel, com mais de 10 toneladas, uma produção exclusivamente comercial e de todos os associados. O presidente da associação, Paulo Célio de Figueiredo, complementa ainda que há um intercâmbio entre os associados, onde um ajuda o outro no manejo de seus apiários. “A nossa maior preocupação é com o sanitarismo em geral. Desde a saúde da abelha até a questão do envase para o comércio”, salienta Figueiredo.

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Marcelo Cabral

Médico Veterinário Fonte: World Wide Web

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Febre Aftosa é uma virose contagiosa altamente transmissível, aguda e febril, seguida do aparecimento de aftas na mucosa bucal, úbere e espaço interdigital. Atinge animais de casco fendido (bi ungulados), afetando os bovinos, ovinos, caprinos e suínos. Constitui-se na doença de maior importância dentro do segmento agropecuário, sendo considerada uma das maiores preocupações dos governos e pecuaristas, pelos prejuízos econômicos que causa mundialmente, pela interferência na produção e produtividade do rebanho afetado, investimentos e gastos para a implementação de programas de saúde animal e o embargo e restrições de importação e exportação do comércio nacional e internacional. É uma doença cosmopolita, de caráter endêmico, que exige medidas preventivas e programas de profilaxia altamente dispendiosos, que nem sempre são eficazes, dado ao grande potencial que possui esta doença em propagar-se, sendo, portanto, uma doença de notificação obrigatória. Existe uma diminuição de 30 a 40 % na produção de leite e de 20 a 30 % na produção de carne, interferindo a curto prazo na economia do estabelecimento afetado, sem considerar a mortalidade de bezerros, que sofrem mais com a doença. A redução da produtividade da fazenda afetada pela doença pode logo ser sentida, a médio e longo prazos, por diversos fatores ligados ao desenvolvimento e crescimento do rebanho, como: • Redução da capacidade de reprodução e abortos; • Diminuição da produção da fazenda, devido ao número alto de animais descartados; • Aumento da sensibilidade para outras doenças como mamilites, mamites, miocardites, etc; • Desvalorização dos animais provenientes da fazenda contaminada e de seus produtos; • A fazenda fica interditada e impedida de comercializar seus animais, estando, portanto proibida de movimentar seus animais; • Aumento da mão de obra, perda de tempo e dinheiro no tratamento de lesões secundárias. novembro 2011

Imagem Ilustrativa

saúde animal

Você se lembra da Febre Aftosa? A Febre Aftosa é considerada uma doença de países subdesenvolvidos, entretanto, está sempre alcançando o noticiário nacional e internacional, principalmente naqueles países considerados do primeiro mundo, onde no primeiro semestre de 2001, apareceu como um grande flagelo em vários países do Bloco Europeu da Comunidade Europeia. A importância econômica da doença é tão grande, que fecha as fronteiras comerciais entre Países, como por exemplo, o que foi feito por mais de 100 países que, para evitarem a contaminação de seus rebanhos, suspenderam a compra de carne da Inglaterra desde o aparecimento da doença em seu território. Etiologia

A Febre Aftosa é transmitida por um dos menores vírus existentes na natureza, o aftovírus, pertencente à família dos Picornaviridae. São conhecidos 7 (sete) tipos diferentes deste agente infeccioso, como o O; C; A; SAT 1; SAT 2; SAT 3 e Ásia 1, cepas estas que não apresentam imunidade cruzada entre si. No Brasil os tipos encontrados são os A, O e C. O vírus pode causar a doença em bovinos, ovinos, caprinos e suínos, não sendo patogênica para os animais que não tenham o casco biungulado como os equinos. O homem não é atingido pela doença, pois o vírus não encontra receptores adequados para a infecção das células humanas. Mesmo nos poucos casos de contágio relatado na literatura médica a enfermidade se apresentou de forma benigna, onde o máximo observado foi mal-estar passageiro e em alguns casos pode ocorrer a presença de pústulas nas mãos de ordenhadores que manejaram animais enfermos. A doença é muito difundida pelo transporte de animais enfermos e produtos de regiões onde está ocorrendo à enfermidade. Pode ser veiculada através do ar e do vento e também transmitida por animais infectados e aparentemente sadios que têm os vírus alojados na vesícula biliar, nos gânglios linfáticos e nos ossos, em que por contato direto contaminam os animais sãos. Portanto, as formas de transmissão do vírus da Febre Aftosa podem ocorrer através de quase todos os tipos de mecanismos possíveis, tais como:


• De animal infectado e seus produtos como carne, leite e derivados; ambiente contaminado pelos animais como currais, pastagens, materiais utilizados para cama, excreções como fezes e urina, forragens, palhas, etc. • Veículos contaminados que levam o vírus através das rodas, pneus, tapetes, etc. • Pelo homem, que transporta mecanicamente a doença de fazenda para fazenda, de município para município, de estado para estado, de país para país, através de seus calçados, roupas, equipamentos técnicos e utensílios, etc. • Pelo vento (Airborne). Sintomas e diagnóstico

Os principais sintomas da Febre Aftosa são o comprometimento das funções orgânicas do animal, com mudanças no seu estado físico e de comportamento. Há o aparecimento de uma febre alta e a presença de feridas em forma de aftas ou vesículas na boca, gengiva e língua com dificuldades de apreensão de alimentos. As vesículas são bolhas contendo líquido claro e altamente rico em vírus, que ao romperem-se provocam o aparecimento de ulcerações e/ou erosões (aftas) na gengiva ou língua, com posterior perda do epitélio. A presença das vesículas no úbere e nas tetas compromete a produção de leite e a ordenha. Nos cascos, a presença das vesículas causa claudicação, dificultando o animal na sua locomoção para busca de alimentos. A anorexia e a claudicação desenvolvidas pela presença das vesículas interferem diretamente no crescimento e desenvolvimento do animal, com perda significativa de peso e redução na produção de carne e leite. A doença também pode provocar abortos. Em um rebanho contaminado pela Febre Aftosa, a morbidade é muito alta. Os animais mais afetados são os bezerros em fase de amamentação, pois ao se alimentarem em uma vaca contaminada pelo vírus da aftosa, podem morrer, por não terem desenvolvido ainda imunidade suficiente contra a doença. A mortalidade de maneira geral não é alta e considerada até rara, porém, os suínos e os animais jovens doentes podem morrer de forma rápida, se estão muito debilitados. O diagnóstico da doença é feito pela presença das vesículas aftosas nos órgãos de eleição, como gengivas, língua, cascos e úbere. Porém, o diagnóstico definitivo é o laboratorial, por meio de colheitas de secreções dos locais infectados e o envio para um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura. Profilaxia

O escritório da Organização Internacional de Epizootias (OIE) é o responsável pela regulamentação de combate e regras comerciais para as doenças dos animais, sendo que a Organização Mundial do Comércio (OMC) considera o estado sanitário de cada país para fins de exigências para o comércio de animais e seus produtos.

A classificação da OIE mundialmente com relação a Febre Aftosa obedece a seguinte escala:

Nível 1: São os países livres de Febre Aftosa sem vacinação Nível 2: São os países com zona livre de Febre Aftosa sem vacinação Nível 3: São os países com zonas livres de Febre Aftosa com vacinação Nível 4: São os países livres de Febre Aftosa com vacinação O Brasil atualmente ocupa o Nível 3, onde foram criados três blocos, com a finalidade de erradicar a Febre Aftosa, ou seja: Estados livres sem vacinação; Estados livres com vacinação; Estados considerados de alto risco, que ainda estão estruturando suas campanhas de vacinação. Há ainda áreas consideradas de zonas-tampão, por fazerem fronteira de áreas livres com zonas de risco; estas regiões têm condições de controle diferenciadas. É uma doença de grande importância econômica, pois afeta o comércio entre os países. Tratamento

Não existe tratamento contra a Febre Aftosa e sim medidas profiláticas específicas pelo uso de vacinas. A vacinação no Brasil contra a Febre Aftosa em bovinos e bubalinos, é obrigatória em alguns estados, obedecendo a um calendário oficial e anual do Serviço de Defesa Sanitária Estadual do Ministério da Agricultura, onde se determina os meses das campanhas para vacinação dos animais. Em datas específicas são realizadas outras campanhas, que variam de estado para estado, onde são vacinados os animais até os 12 meses de idade, todas as faixas etárias e até os 24 meses de idade. Aplicar a vacina contra Febre Aftosa, na dosagem de 5 ml, independente de peso e idade, pelas vias subcutânea e intramuscular, na tábua do pescoço. Recomenda-se evitar aplicar vacinas ou qualquer outro injetável em áreas de carne nobre como as musculaturas do traseiro e do cupim. Devem ser considerados alguns pontos para conservação e manutenção da vacina, como: • A vacina deve ser mantida em temperatura de 2 a 8ºC (geladeira), desde a sua produção até a sua utilização; • Na revenda, manter a vacina na temperatura de conservação em geladeira comercial ou balcão frigorífico, com termômetro de máxima e mínima; • Transporte da vacina da revenda para a fazenda deve ser feita em caixa de isopor, com cobertura de gelo e devidamente lacrada; • Na fazenda, manter a vacina em uma geladeira apropriada, na temperatura de conservação recomendada; • No campo, a vacina é mantida em caixa de isopor com gelo e à sombra; • Jamais manter a vacina em congelador ou aquecê-la, pois o congelamento ou o aquecimento faz com que perca a sua eficiência.

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caderno técnico

O básico da produção animal em pastagem Parte I Manoel Eduardo Rozalino Santos

Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Uberlândia

introdução

A importância das pastagens para a pecuária nacional é reconhecida e inquestionável. A predominância de sistemas produtivos baseados na utilização de pastagens deve-se, principalmente, ao baixo custo de produção nessas condições. Em pastagem, o animal realiza a colheita da forragem por meio do pastejo e, assim, é desnecessário gastos com mão-de-obra, combustível e maquinário com as operações (corte, picagem, transporte e fornecimento de forragem no cocho) envolvidas na alimentação dos animais. Outras vantagens da produção animal em pastagens são: geração de menor quantidade de resíduos orgânicos com potencial de poluição ambiental, melhores condições de bem-estar animal e possibilidade de obtenção de produto de qualidade. O potencial de produtividade em pastagens tropicais é elevado. A utilização predominante de gramíneas forrageiras bem adaptadas às altas temperatura e luminosidade é um dos fatores responsáveis pela alta produção de forragem nas pastagens. Essa produção de forragem pode alcançar 150 kg/ha.dia de matéria seca no verão (Correa et al., 2001). Com isso, se bem manejadas, é possível obter elevada taxa de lotação (número de animais/ha) nestas pastagens, fator importante para aumentar a produção animal por unidade de área. As vantagens da produção animal em pastagens tropicais são reais. Porém, produzir de modo eficiente em pastagens exige conhecimento das várias etapas do processo produtivo. Na pastagem, não basta produzir bem grande quantidade de forragem (alimento vegetal). Também é necessário fazer com que esse alimen-

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to seja eficientemente consumido pelo animal através do pastejo. Além disso, após o consumo do pasto, o animal também tem que converter esse alimento em produto comercializável (carne, leite, etc.). Em pastagens, ocorrem várias interações entre os diferentes componentes de sistema (a planta, o solo, o clima e o animal). E a qualidade dessas interações é que determinarão a produtividade do sistema. Não se pode esquecer que o homem é quem, através do manejo, tem controle sobre a maioria das interações entre os componentes do sistema de produção em pastagens. Assim, antes de adotar qualquer ação de manejo da pastagem, o pecuarista deve conhecer todos os componentes do sistema de produção. Componentes do sistema de produção animal em pastagem

O conhecimento dos componentes da produção animal em pastagem é a base para que o homem possa interferir no sistema e alcançar seus objetivos. Então, quais são esses componentes? Quais as suas principais características? Os componentes do sistema de produção animal em pastagem são os recursos físicos, os recursos vegetais e os recursos animais, que estão organizados em uma sequência hierárquica e interativa (Figura 1). Os recursos vegetais são a(s) espécie(s) ou conjunto de espécies de plantas forrageiras existentes no sistema produtivo. O recurso físico compreende as condições de solo e de clima, a infra-estrutura, a localização geográfica, a quantidade e a qualidade da mão-de-obra disponível, dentre outros fatores característicos da base produtiva do sistema.


recursos animais recursos vegetais recursos Físicos

Figura 1 – Representação da estrutura hierárquica entre os componentes do sistema de produção animal em pastagens (Adaptado de Sheath & Clark, 1990). As setas indicam o sentido das interferências entre os componentes do sistema de produção.

degradação das pastagens. Segundo Barcellos et al. (2001), aproximadamente 80% das pastagens cultivadas na região do Cerrado apresenta-se em estágio de degradação, isto é, possui baixa produção vegetal e animal. A degradação das pastagens é um dos principais problemas sociais, econômicos e ambientais da pecuária nacional. Contudo, é importante chamar a atenção ao fato de que ações de manejo podem e, muitas vezes, devem ser implementadas com o objetivo de corrigir possíveis limitações nos recursos físicos e, assim, tornar apropriada a utilização dos recursos vegetais específicos e de interesse. Para essa finalidade, a adubação de pastagens constitui uma das ações de manejo mais importantes. De acordo com o exemplo citado anteriormente, se um solo pobre em nutrientes for corrigido, com o uso de adubos e corretivos, é possível realizar, com sucesso, a semeadura de cultivares de Panicum maximum, gramíneas em geral muito produtivas e exigentes em fertilidade de solo. Isso exemplifica uma ação de manejo empregada pelo homem (a adubação) com o intuito de corrigir uma deficiência no recurso físico (a baixa fertilidade do solo) e, assim, permitir sua interação harmônica com o recurso vegetal (Panicum maximum). Idealmente, somente após o estabelecimento de uma interação estável e harmônica entre os recursos físicos e vegetais é que o terceiro componente do sistema de produção animal em pastagens deve ser considerado (Figura 2), qual seja: o recurso animal. Este engloba a(s) espécie(s), categoria(s) e mérito genético dos animais que são criados na fazenda.

Para a utilização adequada dos recursos vegetais, devem-se conhecer suas características, bem como a base produtiva do sistema, ou seja, o recurso físico. O tipo de recurso físico irá impor restrições às diversas possibilidades de escolha dos recursos vegetais. Por exemplo: não há sucesso quando se realiza o plantio de capim-elefante em áreas de solo com deficiência de drenagem; ou a semeadura de cultivares de Panicum, exigentes em fertilidade, em solos ácidos e pobres em nutrientes; ou a utilização de forrageiras com limitado potencial de resposta produtiva, como a Brachiaria humidicola, em sistemas de produção de alto nível tecnológico. A interação entre os recursos físicos e vegetais deve ser adequada, respeitando-se as suas exigências e suas particularidades. Isso é fundamental para que o sistema se mantenha produtivo ao longo dos anos. Infelizmente, essa condição básica para o bom funcionamento do sistema de produção animal baseado no uso da pastagem não tem sido respeitada. Figura 2 – Os recursos físicos determinam a produtiA escolha inadequada de plantas forrageiras a ser estabelecida na base física resulta em baixa produtividade e lu- vidade dos recursos vegetais e estes afetam as respostas cratividade do sistema e, o que é mais preocupante, causa dos recursos animais.

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Os recursos animais também devem interagir de maneira apropriada com os recursos vegetais para obtenção de bons níveis de produtividade no sistema. Infelizmente, ainda é comum o emprego de recursos animais inadequados aos recursos vegetais disponíveis. Situações como a manutenção de animais com produtividades distintas e, portanto, com exigências nutricionais diferentes num mesmo pasto são comuns. Neste caso, a divisão do rebanho em lotes mais homogêneos e sua alocação em pastos específicos, considerando o valor nutritivo da forragem e a demanda de nutrientes do animal, consiste em ação de manejo mais eficiente. Mas, para isso, torna-se necessário conhecer a qualidade da forragem possível de ser produzida pela planta forrageira. Outro exemplo de inadequação entre recursos vegetais e animais é a situação em que o pecuarista adota a inseminação artificial para melhorar a genética de seus animais (aumentar a produção por animal), mas cultiva plantas forrageiras de baixo potencial genético para valor nutritivo, tal como a Bachiaria humidicola. É importante lembrar que o valor nutritivo da planta forrageira é influenciado, principalmente, pela maneira como a planta é manejada, e não apenas por sua genética. Os diferentes recursos animais exigem diferentes recursos vegetais. Em condições de pastagem, onde existe grande quantidade de forragem de baixa qualidade, os animais de menor tamanho ficam em desvantagem para atingir suas exigências nutricionais devido à sua alta demanda energética (Demment & Van Soest, 1985). Por outro lado, os animais de grande porte têm a vantagem de poder utilizar a estratégia de aumentar o tempo de retenção do alimento no trato digestivo, explorando mais eficientemente o pasto de baixa qualidade. Os bovinos teriam, portanto, uma considerável vantagem em relação aos ovinos, e principalmente em relação aos caprinos, em condições de recursos vegetais de baixa qualidade.

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Nesse mesmo sentido, para uma mesma espécie animal, as categorias mais jovens são mais indicadas para pastos de melhor qualidade, quando comparadas às categorias de animais de idade mais avançada. Considerações finais

Existe interdependência entre os recursos físicos, vegetais e animais no sistema de produção animal em pastagem. Os recursos vegetais devem ser escolhidos em função da natureza e da possibilidade de alteração nos recursos físicos. Além disso, o recurso vegetal é um dos determinantes do desempenho do recurso animal em pastagens e, dessa forma, deve ser escolhido tendo como um dos critérios o tipo de animal que será criado. Esses conhecimentos são básicos, de fácil entendimento e indispensáveis para o sucesso com a produção animal em pastagens. Referências bibliográficas BARCELOS, A.O.; VILELA, L.; LUPINACCI, A.V. Produção animal a pasto: desafios e oportunidades. In: ENCONTRO NACIONAL DO BOI VERDE: A PECUÁRIA SUSTENTÁVEL, 3., 2001, Uberlândia, MG. Anais... Uberlândia: Sindicato Rural de Uberlândia, 2001. p. 29-64. CORRÊA, L.A.; POTT, E.B.; CORDEIRO, C.A. Integração de pastejo e uso de silagem de capim na produção de bovinos de corte. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 2., 2001, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, 2001. p.159-186. DEMMENT, M.W.; VAN SOEST, P.J. A nutritional explanation for body-size patterns of ruminant and nonruminant herbivores. The American Naturalist, v.125, p.641-672, 1985. SHEATH, G.W.; CLARK, D.A. Management of grazing systems: temperate pastures. In: HODGSON, J.; ILLIUS, W. (Eds.) The ecology and Management of grazing systems. London: CABI Publishing, 1996. cap. 11, p.301-324.


forragicultura

Fósforo em pastagens Humberto Luiz Wernersbach Filho

Imagem ilustrativa

Zootecnista MSc / Supervisor de Pesquisa Fertilizantes Heringer S/A

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fósforo em plantas forrageiras tem inúmeras funções. Principalmente no estabelecimento da pastagem, onde há intensa atividade meristemática devido ao desenvolvimento de novas raízes, perfilhamento, emissão de estolões, entre outros. Ao fato de o fósforo ser essencial para a divisão celular, devido ao seu papel na estrutura dos ácidos nucléicos (Whitehead, 2000). Os solos tropicais, de maneira geral, apresentam baixa fertilidade natural, como elevada acidez, altos níveis de alumínio tóxico, baixos níveis de nutrientes, etc. Contudo o fósforo entra como ponto principal na correção da fertilidade, pois o solo poderá ser dreno desse nutriente. Com o processo de intemperização, os solos passam de fonte para dreno. Em condições extremas de intemperismo, como acontece em alguns latossolos de cerrado, o solo é um forte dreno de fósforo (P). Para torná-lo fonte, são necessárias grandes quantidades de fertilizantes fosfatados (Novais & Smyth, 1999). Nesse cenário de baixa fertilidade, desenvolve-se no Brasil uma pecuária extensiva, com baixa produtividade por unidade de área, que resulta em menor receita financeira na empresa rural. A correção do nível de fósforo é fundamental em diversos momentos da utilização do pasto, desde a formação da pastagem, onde ele é mais exigido, passando pela recuperação da pastagem formada até sua intensificação. É sabido que inúmeras espécies (gramíneas e legu-

minosas) com potencial forrageiro possuem adaptação à baixa disponibilidade de fósforo no solo. Essa adaptação fundamenta-se na maior eficiência de aquisição, na menor demanda, na maior eficiência de reciclagem interna e de utilização do P (Cantarutti et al. 2004). Entretanto, aparentemente pode existir um paradoxo nesse cenário. Conforme abordado anteriormente a capacidade de adsorção de P dos solos brasileiros é alta. Nessas condições, para que esse nutriente possa difundir-se até as raízes para atender a demanda, mesmo de plantas adaptadas á baixa disponibilidade, são requeridos altos teores no solo (Novais & Smith, 1999). Esta afirmativa se comprova com os níveis críticos de fósforo no solo, ilustrados na figura 1, de 95 e 76 mg/dm3 de P para B. decumbens e P. maximum cv. Mombaça com 14 dias de idade, respectivamente (Santos et al., 2002). Por exemplo, o pasto mencionado de B. decumbens com nível crítico de 95 mg/dm3 no solo. Isso significa que, aos 14 dias, adubações de fósforo até esse nível, a planta poderia responder. Vale lembrar que as recomendações de formação são bem menores que esses patamares. Mas pode imaginar-se um outro extremo, que é um solo com 3 mg/dm3 e esperar que esse sistema supra a demanda de uma pastagem em formação. Com certeza formar um pasto nesse solo sem correção, será uma pastagem com a durabilidade comprometida.

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Figura 2 - Produção de matéria seca da parte aérea (g/ vaso) do capim-tanzânia fertilizado com nitrogênio e fósforo (Fonte: adaptado de Patês et al., 2008)

Figura 1 - Variação dos níveis críticos de fósforo extraídos por Mehlich-1, de acordo com a idade das plantas de B. decumbens (a) e de P. maximum (b). Os pontos correspondem aos valores de rebrotação de 28 (■) e 42 (♦) dias após 42 dias de crescimento inicial. Cantarutti et al. (2002) relata, em revisão, que em estudos de resposta à fertilização fosfatada, com frequência utilizaram-se faixas restritas de doses de fósforo, além de reduzidas doses de nitrogênio e potássio, o que contribuiu para restringir o potencial de resposta das forrageiras. As doses ajustadas para o estabelecimento, raramente ultrapassam 50 a 80 Kg/ha P2O5, entretanto existem constatações de forrageiras de alta produção de matéria seca respondendo até 200 Kg/ha P2O5. Por isso, em função do potencial de resposta demonstrado nos níveis críticos mencionados anteriormente, a adubação de formação de pastagens baseadas no suprimento de fósforo é fundamental para o sucesso e durabilidade da pastagem. Para adubação de cobertura e intensificação de pastagens, os níveis de fósforo no solo interferem diretamente na resposta à utilização de nitrogênio. Patês et al. (2008) demonstraram que quanto maior a dose de nitrogênio, maior a demanda de fósforo no sistema (figura 2). Em outras palavras, ao se comparar a pastagem com um carro, o nitrogênio é o combustível e o fósforo a bateria do motor.

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Portanto, realizar adubações com nitrogênio desconsiderando os níveis de fósforo no solo pode comprometer a produtividade e a economicidade da pastagem. A correção do solo para pastagens, bem como suas particularidades, deverão ser observadas em conjunto, para isso, recomenda-se ao pecuarista para que ele procure assistência técnica para orientá-lo. Referências Bibliográficas ALVAREZ V., V.H. &RIBEIRO, A.C. Calagem. In: RIBEIRO, A.C., GUIMARÃES, P.T.G. & ALVAREZV., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5º aproximação. Viçosa: CFSEMG/UFV, 1999 b. p. 43-66. CANTARUTTI, R. B.; FONSECA, D. M.; SANTOS, H. Q.; ANDRADE, C. M. S. de. Adubação de Pastagens – uma análise crítica. In: OBEID, J. A.; PEREIRA, O. G.; FONSECA, D. M. da; NASCIMENTO JR., D. do. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, Viçosa, 2002. Anais...Viçosa: UFV, 2002. p. 43-84 CANTARUTTI, R. B.; NOVAIS, R. F.; SANTOS, H. Q. Calagem e adubação fosfatada de pastagens - Mitos e verdades. In: PEREIRA, O. G.; OBEID, J. A.; FONSECA, D. M. da; NASCIMENTO JR., D. do. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, Viçosa, 2004 Anais...Viçosa: UFV, 2004. p. 01-23 CHIEN, S. H.; MENON, R. G. Factors affecting the agronomic effectiveness of phosphate rock for direct application. Fertilizer Research. Dordrecht, v. 41, p. 227-234, 1995. KORNDORFER, G. H.; LARA-CABEZAS, W. A.; HOROWITZ, N. Eficiência agronômica de fosfatos naturais reativos na cultura do milho. Sci. agric. (Piracicaba, Braz.), 1999, vol.56, nº.2, ISSN 0103-9016. NOVAIS, R.F.D.; SMITH, T.J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 1999. 399 p. VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUZA, D. M. G. et al. Calagem e adubação para pastagens na região do Cerrado. 2. ed., rev., Planaltina: Embrapa Cerrados, 1999. 15p. (Circular técnica / Embrapa Cerrados, 37) WERNER, J. C.; PAULINO, V. T.; CANTARELLA, H.; ANDRADE, N. O. & QUAGGIO, J. A. Forrageiras. In: RAIJ, B. van, CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. & FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. (2ª ed. rev. atual). Campinas, IAC, 1997. p. 261-273. (Boletim técnico, 100). WHITEHEAD, D.C. Nutrient elements in grasslands: soil-plant-animal relationships. Wallingford: CAB International, 2000. 369.


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agrovisão

Alimentando a Nação Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Site Saúde Alternativa

Engenheiro Agrônomo; DSc. Em Produção Vegetal; Professor Titular/Solos e Meio Ambiente - Universidade Vale do Rio Doce asylvio@univale.br

N

os meus artigos comento muito sobre a situação da agropecuária brasileira e o nosso papel de destaque no cenário mundial na exportação de alimentos. Mas, e o mercado interno com 190 milhões de pessoas, quem abastece? Apesar de não serem responsáveis pelo superávit da nossa balança comercial, o pequeno produtor rural é o principal responsável pelo abastecimento do mercado interno e os núme-

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ros comprovam: dos 4,9 milhões de propriedades rurais do país, 80% são formadas por pequenas propriedades; 86% das pessoas empregadas no meio rural trabalham nas pequenas propriedades. Os pequenos produtores são responsáveis pela produção de 70% do feijão, 84% da mandioca, 49% do milho sem contar as hortaliças e outros gêneros alimentícios. Esta massa de brasileiros produz sem recursos, sem tecnologias de ponta e com rendimentos que muitas vezes os colocam dentro da faixa de miséria estipulada pelo governo federal. A carência deste povo passa também pela assistência técnica de apoio a produção e organização na comercialização. Existem no Brasil poucos exemplos de comunidades de pequenos produtores que realmente mudaram de vida graças à organização dos seus membros, mas ainda é muito pouco. Muitos pequenos produtores no Brasil ainda desfazem de suas terras por não vislumbrar perspectiva de um futuro melhor trabalhando a sua terra, indo trabalhar como empregado nas grandes propriedades, pois o emprego lhe garantirá, pelo menos, um salário mínimo fixo todo o mês. Para o pequeno produtor que trabalha a terra com a mão-de-obra de sua família não existem domingos ou feriados; hora de entrada ou saída do trabalho ou um rendimento justo pela energia


que o mesmo desprende nas suas atividades do campo. Não podemos deixar o nosso pequeno produtor rural ao sabor dos ventos de um mercado oscilante e especulativo. Os municípios com o apoio dos governos estadual e federal devem ser responsáveis por apoiar planos de assistência técnica integrada e continuada para as comunidades rurais; participar como parceiros de iniciativas de ONGs sérias e responsáveis que atuem de forma planejada junto as comunidades; promover a aquisição de insumos básicos para a produção de forma centralizada re-

duzindo seus custos, criar alternativas de renda na própria propriedade ou região como a produção de biogás ou outros modelos de produção de energia renovável reduzindo os custos de consumo de energia da propriedade e até mesmo vendendo o excedente energético; inclusão das comunidades em modelos de comercialização de créditos de carbono; benefícios financeiros pela adoção de práticas de conservação do solo, água e florestas, implantar nas comunidades o processamento dos produtos agrícolas, práticas que agregam valor gerando aumento de renda e

diversas outras formas de apoio ao homem do campo. Neste nosso novo modelo de sustentabilidade e modo de vida, o consumo de produtos advindos da agroecologia e dos cultivos orgânicos está na moda, mas esquecem que existe toda uma cadeia produtiva complexa e trabalhosa por detrás daquele produto. Este sistema produtivo deve ser respeitado assim como a valorização dos alimentos orgânicos produzidos. Com o apoio ostensivo ao pequeno produtor rural no país, com certeza teremos um país mais justo para aqueles que alimentam a nação.

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Foto: Mariana Cerca

sustentabilidade

Gestão de Resíduos da Arborização Urbana em Pequenos Municípios

Pequenos objetos de madeira de arborização urbana 28

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A

Mariana Cerca

Graduanda em Gestão Ambiental pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo

Adriana Maria Nolasco

Professora Doutora do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo

Ana Maria de Meira

Doutora em Recursos Florestais pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo

gestão dos resíduos da arborização urbana está relacionada a um dos principais desafios dos centros urbanos: a correta destinação dos seus resíduos sólidos, em atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com o panorama atual, o gerenciamento inadequado tem resultado em altos custos econômicos, sociais e ambientais para os municípios, com comprometimento de grandes áreas para disposição; desperdício de materiais que apresentam potencial para aproveitamento em diversos produtos, como pequenos objetos de madeira, composto orgânico ou como fonte de energia. Dessa forma, o projeto em questão propõe elaborar um modelo de gestão de resíduos da arborização urbana para pequenos municípios, que dispõem de particularidades técnicas, administrativas e econômicas que muitas vezes inviabilizam uma correta destinação desses resíduos. O estudo é um projeto de iniciação científica financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e faz parte de um programa de pesquisa que vem sendo desenvolvido no Laboratório de Movelaria e Resíduos Florestais, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, sob coordenação da Profa. Dra. Adriana Nolasco, e que trata da caracterização, desenvolvimento de alternativas de aproveitamento e de modelos de gestão para os resíduos da arborização urbana. São denominados resíduos da arborização urbana os galhos, ramos, folhas, raízes e troncos oriundos da poda e remoção das árvores no espaço urbano, realizadas pelos


cidadãos, prefeituras, concessionárias de energia elétrica, telefonia e TV à cabo, entre outros. Nos municípios de pequeno porte os recursos humanos e financeiros são limitados, há falta de técnicos capacitados na área ambiental e muitas vezes é o próprio cidadão que se encarrega da poda pela inexistência de uma política pública ou gerenciamento de resíduos adequado à realidade e limitações desses municípios. Dessa forma, os participantes do projeto são os municípios com menos de 35.000 habitantes do Estado de São Paulo, que representam 74% do total de municípios no estado. Um bom plano de gerenciamento de resíduos da arborização urbana deve ser composto por programas e ações para reduzir a geração, obter o máximo aproveitamento dos materiais e prever formas de tratamento e disposições para situações emergenciais que gerem um volume excessivo de resíduos, como tempestades ou pragas que exijam erradicação dos indivíduos arbóreos de determinadas espécies. O programa de redução da geração dos resíduos da arborização deve contemplar ações já no planejamento do modelo de arborização do município, ou seja, na seleção de espécies, que devem ser adequadas às condições climáticas, de solo e de ocupação do espaço urbano naquele local, evitando conflitos de uso com fiação elétrica, telefônica, sistemas de esgotos, segurança das residências, entre outros. A capacitação dos operadores que realizam os serviços de poda é fundamental para que se estabeleça uma adequada intensidade de poda, a fim de que não se pode mais do que o necessário. O planejamento da poda com critérios técnicos claros e eficientes para definição da necessidade ou não, da intensidade de poda e remoção, sob gestão da prefeitura municipal é outra ação necessária. Além, de trabalhos de conscientização da população sobre a importância das árvores para a qualidade de vida nas cidades, melhorando a relação entre o cidadão e a arborização urbana, reduzindo a rejeição das árvores que geralmente ocorre em função da escolha inadequada da espécie, do local impróprio para o plantio, e que resultam em entupimento de calhas, quebra de calçadas, comprometimento da segurança da residência, entre outros. Inúmeras são as alternativas para valorização e a escolha das alternativas mais adequadas deve levar em consideração

o volume gerado mensalmente, a sazonalidade na geração, as características dos resíduos e a infraestrutura local e regional que permita sua transformação. Alternativas de fácil implementação nos pequenos municípios é o uso como lenha, em programas de assistência à população de baixa renda (fogão à lenha) ou na negociação com olarias, padarias e outros empreendimentos que necessitem desse material, trocando por produtos como tijolos, blocos, telhas, pães, etc., que a prefeitura poderá empregar nas obras públicas, creches e programas de assistência social. A produção de composto orgânico ou cavacos, utilizados como cobertura de solo nas produções agrícolas ou no viveiro municipal. Ou ainda, transformado em pequenos objetos de madeira, cama de frango ou gado, entre outros. O tratamento e a disposição final devem fazer parte do plano de gerenciamento prevendo soluções para situações emergenciais que gerem uma quantidade de resíduos acima do normal. Neste caso, pode-se incluir um sistema de triagem, separando o material lenhoso que pode ser disposto em um local adequado para uso posterior. O resíduo fino (galhos finos, folhas, etc.), neste caso, pode ser levado para um aterro. A queima nunca deve ser feita, até mesmo por restrições legais. Assim, para um gerenciamento adequado, é necessário que haja integração das soluções e que sejam estruturadas na forma de um plano de gerenciamento de resíduos, institucionalizado através de projeto de lei, para que este não seja abandonado quando houver mudança na gestão pública. Referências Bibliográficas JUNKES, M.B. Procedimentos para Aproveitamento de Resíduos Sólidos Urbanos em Municípios de Pequeno Porte. Tese Mestrado. Florianópolis, 2002. Disponível em <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd48/9349.pdf>.Acesso em: 08 jul. 2010. MEIRA, A.M. Gestão de Resíduos da Arborização Urbana. Tese Doutorado. Piracicaba, 2010. Disponível em <http://www. teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-19042010-103157/> Acesso em: 30 jun. 2010. NOLASCO, A.M. & MEIRA, A.M. Formação de gestores públicos: Gestão de resíduos da arborização urbana. Apostilado. Piracicaba, Departamento de Ciências Florestais. ESALQ/USP, 2010. 99p.

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N

ão foi um sonho que fez com que Luciano Almeida Viana, 46 anos, se tornasse Leiloeiro Rural há 11 anos. Natural de Carlos Chagas, a capital do boi como ele gosta de descrevê-la, enredou por essa profissão por sugestão de amigos. Porém, a atuação como leiloeiro deixou de ser apenas uma profissão para ser uma paixão. A arte de comercializar em leilões rurais requer um aprimoramento constante e muito respeito com os produtos oferecidos. “Intermediar uma venda é um negócio artístico, o qual se você não tiver seriedade, dignidade, compromisso, você não consegue levar adiante”, acredita Viana. Casado e com dois filhos é formado em Administração de Empresas. Exerce a profissão administrando os negócios próprios: é produtor rural e pequeno empresário. Viana conta que seu pai era comerciante e por isso foi criado atrás do balcão. Desde criança aprendeu o trabalho de comercializar. Trabalhou em um banco, professor e em uma destilaria de álcool. Em 1970 assumiu uma loja de presentes e confecções. Com o tempo a partir do trabalho com sonorização em uma rádio comunitária começaram a surgir às sugestões para entrar no mundo dos leilões. Começou como pisteiro e, um ano depois, teve a primeira oportunidade como leiloeiro em uma pequena cidade do Espírito Santo. “Naquela época o sonho era fazer dois leilões por mês. Hoje a gente faz 110 leilões por ano. A trajetória se desenvolveu bem e a bondade dos amigos não deixa ver os defeitos”, informa. Filiado ao Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais, frisa ainda que o leilão é um negócio apaixonante. Não pelos valores financeiros, mas pelos valores morais do meio. “Você vê coisas ruins, mas

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muita coisa boa. Dentro disso, essa parte me apaixonou. De pessoas tratando de negócios, com valores altos, simplesmente baseados em palavras no primeiro momento. No segundo momento assina-se um contrato, mas no primeiro, o levantar de um dedo que define a sua compra”. Viana dá a dica: se preparar todo dia. Segundo ele, para exercer a atividade é preciso se sustentar em três pilares: ética, compromisso e pontualidade. Para ser um bom leiloeiro rural é necessário que se acabe com o mito de que esse profissional tem que ter uma boa voz, mas é fundamental que sua voz seja bem ouvida e bem entendida. O princípio essencial é ter conhecimento sobre pecuária e seguir os três pilares. Atuando em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, o leiloeiro informa que já fez um leilão no estado do Pará e tem um acesso grande no Norte do Brasil. Quanto ao mercado acredita que há mercado para outros leiloeiros. Alerta que é fundamental gostar para mexer na atividade e que a profissão tem altos e baixos. Viana finaliza falando que o leilão é uma vitrine em que o produtor tem a oportunidade de expor sua mercadoria, para que outras pessoas vejam e disputem-na. “Nós leiloeiros só existimos porque o produtor nos dá oportunidade. Então eu só tenho a agradecer. O que eu peço é que os produtores tenham uma visão um pouco diferente. Que evoluam enxergando num leilão uma oportunidade. A vitrine que ali está. Uma oportunidade de colocar aquele produto. Porque nós profissionais possamos valorizar o produto, mas que o produtor também nos veja como um profissional que trabalha muito para chegar até ali. Um negócio apaixonante, gosto do que faço e por isso tem dado certo até hoje”.

Foto: Arquivo Pessoal

A voz e o bater de um martelo na definição de uma compra

Imagem ilustrativa

perfil profissional

A arte de comercializar


meteorologia

Precipitações em torno da média no mês de novembro Prof. Ruibran dos Reis

Imagem ilustrativa

Coordenador do Minas tempo e prof. da PUC Minas

O

período seco em Minas Gerais variou entre 110 a 190 dias sem chuva. Nas regiões norte, noroeste e nordeste o período seco foi mais intenso. A quantidade de água no solo ficou em torno de 10% na região leste, valor crítico. Devido à ausência de chuva o número de focos de incêndio deste ano foi superior ao observado nos últimos anos. Segundo o centro America de Meteorologia a temperatura da água do mar na costa do Peru e do Equador começou a baixar no mês de setembro e a projeção dos modelos climáticos é de declínio ainda maior nos meses de dezembro e janeiro, caracterizando uma situação de La Niña. Portanto, o período chuvoso começa dentro das condições normais, mas com a atuação do La Niña os temporais poderão ficar frequentes entre os meses de janeiro e março. A precipitação média no mês de novembro na região leste do estado varia entre 180 e 200 mm. A presença de frentes frias na segunda quinzena poderá organizar chuvas intermitentes durante vários dias. A precipitação acumulada no mês deverá ficar em tono da média no Vale do Rio Doce e abaixo da média, 20% abaixo, nos Vales do Mucuri e na região norte do Espírito Santo.

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mercado

Participação de fêmeas nos abates nos segundo trimestre por Hyberville Neto

Zootecnista | Scot Consultoria

S

egundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação de fêmeas nos abates no segundo trimestre se manteve acima do observado no último ano. Considerando a participação de vacas em relação à soma de bois e vacas, elas compuseram 41,4% dos abates no segundo trimestre. No mesmo período de 2010 as vacas tinham participado com 34,9% dos abates. O aumento foi de 6,4 pontos percentuais. Veja na figura 1 a evolução dos abates no segundo trimestre, desde 1997.

Na figura 2 estão as participações de fêmeas nos abates no primeiro semestre, desde 1997. Figura 2. Participação de fêmeas nos abates no primeiro semestre de cada ano.

Figura 1. Participação de fêmeas nos abates nos segundos trimestres de cada ano. * considerou-se a relação vacas / (bois+vacas). Fonte: IBGE / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

No primeiro semestre a participação de fêmeas nos abates também foi superior à dos últimos anos. A participação foi a maior dos últimos três anos. As vacas compuseram 41,7% dos abates, 5,4 pontos percentuais acima do mesmo período de 2010. De 1997 a 2010, a correlação entre as participações de fêmeas nos abates nos primeiros semestres e nos totais anuais foi de 0,97. Valores mais próximos a 1 indicam forte * considerou-se a relação vacas / (bois+vacas). correlação entre as séries, ou seja, se a participação aumentou Fonte: IBGE / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br nos primeiros seis meses, a tendência é que encerre o ano com Foi a maior participação de fêmeas nos abates no perí- situação semelhante. odo, desde 2007.

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Início da safra e o preço do leite ao produtor caiu Rafael Ribeiro de Lima Filho

Zootecnista - Scot Consultoria

O

mercado do leite perdeu força no pagamento de outubro, que remunera a produção de setembro. Segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço médio do leite ao produtor ficou em R$ 0,841 por litro. Houve queda de 0,5% em relação ao pagamento anterior. Veja a figura 1.

A oferta de leite melhorou (ligeiramente) no Centro-Oeste, Sudeste e Norte do país. No Nordeste a produção segue travada em função do volume menor de chuvas até então. No Sul, a retirada dos animais das pastagens para ao plantio da safra de verão refletiu em menor produção. Os recuos de preços verificados no atacado e varejo coFigura 1. Preço do leite ao produtor, média nacional laboram com a pressão de baixa devido ao início da safra. O ponderada, em R$/litro. varejo diminuiu as compras e as indústrias estão estocadas com alguns produtos. Quedas também no mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as empresas. Considerando a média de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, o preço do leite spot caiu 6,2% em outubro, na comparação com setembro. Para o próximo pagamento, a ser realizado em meados de novembro, a expectativa é de queda de preços em mais de 55% das indústrias pesquisadas, o que corresponde a 72% do volume de leite amostrado. No Nordeste, as quedas são esperadas para o pagamento de dezembro (produção de novembro). * estimativa | Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

Análise Conjuntural CEPEA/ESALQ

A

s cotações internacionais do café arábica recuaram expressivamente em alguns dias de outubro. No mercado brasileiro, o preço também caiu e não teve forças para se recuperar nos dias em que houve avanço externo. Assim, as negociações continuaram lentas no físico brasileiro. Neste cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 490,45/saca de 60 kg em outubro, 4,1% inferior ao de setembro. No mercado internacional, as cotações de arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures) caíram durante maior parte de outubro, acompanhando o cenário mundial instável. O contrato com vencimento em dezembro fechou o dia 31 a 226,95 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,7% em relação ao dia 3. Conforme dados do Cepea, a comercialização da safra 2011/12 esteve, em termos percentuais, um pouco mais adiantada até o final de outubro em comparação com o mesmo período do ano passado em boa parte das regiões produtoras consultadas pelo Cepea. Esse bom ritmo deve-se a um conjunto de fatores. Um deles é que a safra corrente é menor que a anterior;

outro é que os preços estão relativamente atrativos ao produtor desde o início da safra e, ainda, a demanda que se mantém firme, uma vez que os estoques internacionais estão baixos. Os preços do café robusta se mantiveram firmes no mercado brasileiro em outubro. Mesmo com o volume recorde na safra 2011/12 do Espírito Santo e com os recuos nas cotações da variedade na Bolsa de Londres (Euronext Liffe), as bases no físico brasileiro não registraram quedas. A firmeza no Brasil num momento em que as cotações internacionais recuam mostram que, ao contrário da variedade arábica, os preços internos do robusta nem sempre são diretamente influenciados pelo cenário externo. Esse “descolamento” foi mais evidente em setembro, sendo observado também em outubro.

Cotação Novembro 2011

Arábica | Bebida Dura Tipo 6 | R$ 503,89 Conilon | Tipo 6 | R$ 275,18 novembro 2011

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cotações

Boi Gordo

mercado futuro (BM&FBovespa) 22/11

(R$/@) Indicadores Eslaq / BM&F Bovespa boi Gordo

vencimento

fechamento

Diferença do dia anterior

Nov/11

108,75

0,71

data

à vista

A prazo

Dez/11

105,89

0,58

22/11

109,18

110,81

Jan/12

100,45

0,52

21/11

109,60

110,45

18/11

109,02

109,95

Fonte: BeefPoint

Fonte: BeefPoint

preços do leite

(R$/L)

cotações do leite cru preços pagos ao produtor

PR

GO

BA

SC

0,8680

0,8510

0,8458

0,7174

0,8456

0,8243

0,8996

0,8710

0,8802

0,7291

0,8483

0,7924

0,9247

0,8630

0,8880

0,7337

0,8223

0,7929

0,9244

0,8554

0,8955

0,7492

0,8599

R$/litro

MG

RS

Mai/11

0,8379

0,8113

Jun/10

0,8646 0,8712

Jul/11

SP

Ago/11

0,8827

Set/11

0,9065

0,8201

0,9395

0,8770

0,9240

0,7615

0,8747

Out/11

0,8962

0,8225

0,9397

0,8692

0,9326

0,7482

0,8812

Fonte: Cepea - Esalq/USP

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novembro Agosto 2011 2011


mão na massa Imagem ilustrativa

Como fazer um minhocário doméstico Fonte: Site Mais com Menos por Elaine Costa

P

ara quem não sabe, um minhocário (ou composteira) é uma fazenda de minhocas que ajuda a reciclar os restos de comida e transformar o substrato em húmus, um composto muito rico que pode ser usado como biofertilizante em hortas e jardins. Além de caixas plásticas, um minhocário pode também ser montado em tambores, cestas de frutas, canteiros e outros. O tamanho varia conforme a necessidade da residência e do local disponível para o minhocário. Você vai precisar de: • Três caixas em cor escura, tipo container, que possam ser empilhadas sem o apoio das tampas; • Torneirinha de bebedouro; • Pedaço de tela de arame grossa; • Pedaço de manta permeável; • Minhocas • Substrato (inicialmente um saco de 20Kg); • Jornal sem cor; • Restos de comida. Modo de fazer Corte o fundo de duas das caixas mantendo uma borda de 3 a 5 centímetros. Numa das caixas, fixe a tela de arame grossa, que deve estar na medida do fundo da caixa. Para facilitar, coloque a tela de arame dentro da caixa. Na outra caixa, fixe a manta permeável. Neste caso, é mais fácil fixar a manta por fora da caixa com fita vinílica ou similar. Na caixa restante, corte lateralmente um orifício na mesma medida da torneirinha, fixando-a (sugere-se usar silicone para evitar vazamentos). A estrutura proposta usa somente uma tampa, que deve possuir algumas perfurações para permitir a oxigenação. Coloque o substrato umedecido na caixa do meio e, em cima dele, as minhocas. Após três dias, acrescente o substrato na caixa superior e os restos de alimentos. Cubra com o jornal sem cor. O período médio para produção do humus é 45 dias. Então, coloque uma peneira grossa, no topo do substrato, com restos de comida. Os restos vão atrair as minhocas, que passarão pela peneira, facilitando a retirada do húmus. Observações As minhocas não gostam de sol e calor excessivos. Por isso, mantenha o minhocário em lugar à sombra e arejado. Também é importante manter a terra úmida.

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Engº Agrº Enes Pereira Barbosa

Extensionista Agropecuário EMATER-MG Escritório Local de Alvarenga.

Imagem ilustrativa

emater

Plantio de cana para alimentação do gado durante o período seco

Escolha da Variedade:

Adubação de cobertura:

Procure variedades de cana com alto teor de açúcar, 90 dias após o plantio usar 10g/m linear de ureia ou 25 adaptadas ao clima e solo de sua região. As melhores mu- g/m linear de sulfato de amônio. das são oriundas de canaviais de primeiro corte e desprovidas de pragas e doenças. Época de plantio: No início do período chuvoso (outubro/novembro) Escolha do local: para utilização da cana na próxima seca em torno de 7 a O local para o canavial deve ser próximo às instala- 8 meses, a produtividade é menor mas já pode ser usada. ções (picadeira e cocheiras), ter fácil acesso para buscar Plantio em janeiro/fevereiro para fazer o primeiro corte da a cana e levar esterco. Dar preferências para áreas pouco cana com um ano e meio, obtém-se maior produtividade. inclinadas ou planas. Sulcamento:

Os sulcos devem ser em nível para evitar erosão do terreno e aproveitar melhor a água das chuvas, ter profundidade de 40 cm, de maneira a proporcionar a boa incorporação do adubo ou esterco no sulco e espaçamento de 1,20 a 1,40 m entre linhas, o espaçamento menor para solos arenosos e maior para solos argilosos. Adubação de plantio:

Deve ser feita de acordo com a recomendação agronômica a partir da análise de solo. Caso não seja possível pode-se seguir a seguinte adubação básica: • Para adubação química usar 50g/m de sulco da fórmula 05-25-20 • Para adubação orgânica usar 5,0 kg/m de sulco de esterco de curral curtido

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Como Plantar:

Após a abertura dos sulcos e adubação é hora de distribuir as canas, tomando o cuidado de sempre colocar pé com ponta usando duas ou três canas de maneira que fique em torno de 16 gemas por metro linear. Esse procedimento garante melhor formação do canavial, consequentemente maior rendimento. Após a distribuição das canas nos sulcos elas devem ser cortadas, ficando com aproximadamente 40 cm de comprimento em torno de 3 gemas por tolete, depois dessa operação deve se fazer a aplicação de cupinicida para evitar o ataque de cupins, que é altamente prejudicial para a cultura da cana. Procure um engenheiro agrônomo para o uso correto do cupinicida, que só poderá ser adquirido com o receituário agronômico. Cobrir as mudas com uma camada de 10 cm de terra. Essa é a recomendação usada em Alvarenga e tem dado bons resultados, quando é seguida corretamente.


Sigatoka Negra Marcelo de Aquino Brito Lima

Imagem ilustrativa

ima

uma ameaça à bananicultura do Estado de Minas Gerais

A

Sigatoka Negra – Mycosphaerella fijiensis morelet, surgiu em 1963, nas Ilhas Fiji, distrito de Sigatoka, como agente causal da doença conhecida como Raia Negra, é considerada a mais grave doença da cultura da banana, atualmente está presente nas principais regiões produtoras de banana do mundo, abrangendo Ásia, África, América e Oceania. Em 1972, foi constatada em Honduras, disseminando-se, posteriormente, por toda a América Central e do Sul. Foi constatada no Brasil em fevereiro de 1998, no estado do Amazonas e, depois, no Acre, Rondônia e em Mato Grosso. Em 2004, Minas Gerais teve o primeiro registro da doença nas regiões Sul e Zona da Mata. A praga não esta infectando os bananais do território mineiro desde 2006, quando foi registrada a última ocorrência. Sintomas – As manchas produzidas pelos dois tipos de Sigatoka (Amarela e Negra), são bastante semelhantes, mas, à primeira vista, predomina a cor escura na Sigatoka Negra, enquanto na Sigatoka Amarela (Mycosphaerella musicola leach) predomina o amarelo, como os próprios nomes sugerem. A infecção ocorre nas folhas mais novas da planta, seguindo os mesmos requisitos apontados para a Sigatoka Amarela. Na Sigatoka Negra, entretanto, os primeiros sintomas aparecem na face inferior da folha como estrias de cor marrom, evoluem para estrias negras, formando um halo amarelo. O vento, juntamente com a umidade, principalmente na forma de chuva, são os principais responsáveis pela liberação dos esporos e disseminação da doença. No caso específico da Sigatoka Negra no Brasil, outras vias importantes para sua disseminação têm sido as folhas doen-

Engenheiro Agrônomo Fiscal Estadual Agropecuário IMA – Coordenadoria Regional de Governador Valadares

tes utilizadas em barcos e ou caminhões bananeiros, para proteção dos frutos durante o transporte, as bananeiras infectadas levadas pelo rio durante o período de cheia nos rios amazônicos, mudas contaminadas e frutos. Em condições favoráveis ao desenvolvimento da praga, são necessárias até 45 pulverizações de fungicidas por ano, para o seu controle. Para se proteger a bananicultura mineira é importante a adoção das seguintes medidas de prevenção: Não adquirir frutos, mudas ou qualquer parte de planta de bananeiras procedentes dos estados onde a praga se encontra estabelecida. A entrada desses materiais em Minas Gerais é terminantemente proibida; Toda carga procedente das lavouras do Estado de Minas Gerais ou de outros estados da federação, onde não ocorre a praga, deve estar acompanhada da Permissão de Trânsito Vegetal – PTV; Não utilizar folhas de bananeiras como material para proteção e acondicionamento de qualquer produto vegetal; Utilizar caixas e materiais descartáveis para o acondicionamento e proteção dos frutos destinados aos Estados com ocorrência da praga, ou que tenham estes, como rota; Proceder a desinfestação ou higienização de caixas plásticas. O Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA realiza constantemente levantamento fitossanitário nos bananais mineiros, afim, de detectar e ou realizar o controle da Sigatoka Negra no Estado. Em caso de dúvidas sobre a praga, o produtor rural ou o transportador de bananas deve procurar o escritório do IMA de sua região.

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idaf

Sistema de Integração Agropecuária Online começa a funcionar no Idaf Jória Motta Scolforo / Texto: Francine Castro Assessoria de Comunicação/Idaf

á está em funcionamento, no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), o novo Sistema de Integração Agropecuária Online (Siapec). Por meio do software, será possível integrar os trabalhos de defesa animal e vegetal realizados pelo Instituto em todo o Espírito Santo. De acordo com a médica veterinária do Idaf, Luciana Zetun, esse foi o primeiro passo para intensificar o controle da movimentação do rebanho e a eficácia na vigilância epidemiológica. “É importante registrar que o Siapec trará benefícios ao Sistema de Atenção Veterinária, pois as informações serão geradas com maior agilidade e eficiência e serão consolidadas em um sistema único, garantindo maior confiabilidade dos dados disponibilizados. Em dez dias, já foram emitidas, por exemplo, mais de 2.800 Guias de Trânsito Animal (GTA), documento obrigatório para o transporte de animais. A ausência desta documentação implica penalidades ao proprietário e ao transportador, pois a GTA permite verificar a origem e o destino dos animais, assim como as vacinações realizadas no rebanho, evitando a disseminação de doenças que comprometam a pecuária capixaba.

dual de Sanidade Avícola, o médico veterinário do Idaf, Gustavo Wassita, a agilização dos processos e o melhor gerenciamento da criação avícola fortalecerão as ações direcionadas à defesa sanitária das aves para aprimorar e fortalecer a avicultura capixaba. “O Espírito Santo ocupa o terceiro lugar na produção de ovos comerciais no Brasil, sendo que Santa Maria de Jetibá é o segundo município do País nesse setor, o que mostra a importância da avicultura capixaba”, complementa. Para a implantação desse sistema, o Idaf teve como parceiras a Companhia de Alimentos Uniaves e a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), que intermediaram a contratação do programa. Além disso, a Uniaves contratou a manutenção do sistema pelo período de um ano. Imagem Divulgação

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Siapec

Com o Siapec, os funcionários poderão controlar os registros de trânsito animal e vegetal, gerenciar o quantitativo e a movimentação de todo o rebanho capixaba e controlar os estoques de vacinas. O Sistema permitirá também a efetivação de cadastro dos produtores e das propriedades rurais do Espírito Santo. Cerca de 130 profissionais do Idaf foram capacitados Sanidade avícola Outro segmento beneficiado com o novo sistema é a para utilizar o sistema durante os meses de agosto e setemavicultura. De acordo com o gerente do Programa Esta- bro deste ano.

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Adab

Imagem Ilustrativa

Monitoramento da manga tem reconhecimento internacional Ascom Adab

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Programa de Monitoramento das Moscasdas-Frutas, desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), foi classificado como referência internacional, proporcionando a manutenção das exportações de manga da Bahia para os Estados Unidos. A informação é do Departamento de Agricultura dos EUA (Aphis), que encaminhou relatório para a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) apontando o programa como “gerenciado em alto grau de excelência.” Entre os critérios considerados pelo parecer do Aphis foram analisadas a densidade e a localização de armadilhas nas diferentes áreas monitoradas, amostragem de frutas do tratamento na casa de embalagens, medidas de mitigação nos pomares, ajustes nos mecanismos de busca do banco de dados da Moscamed e atividades de supervisão. Segundo o secretário Eduardo Salles, “não se trata apenas de status qualitativo para a defesa agropecuária na Bahia ou da produção de manga no estado. Esse reconhecimento internacional significa ampliação de mercados, aumento de divisas e geração de mais emprego e renda para o produtor rural.” Processo sólido – Ainda conforme o relatório, a Adab tem desenvolvido um processo sólido de monitoramento das moscas-das-frutas, capaz de oferecer as garantias necessárias à exportação de manga para os EUA. “Fiquei impressionado pela cooperação entre as agências governamentais e creio que o programa do Brasil possa ser utilizado como modelo”, disse o representante do Aphis, Buddy Carpenter, no relatório em que avalia o programa.

“O reconhecimento do Aphis consolida a agricultura na Bahia, respaldando as atividades da defesa sanitária vegetal da Adab como suporte para a ampliação de mercados”, enfatizou o diretor geral da agência, Paulo Emílio Torres. Somente no Território de Identidade do Sertão do São Francisco, o programa de monitoramento abrange a área de 3.842 hectares com plantação de manga nos municípios de Casa Nova, Curaçá, Sento Sé, Juazeiro e Sobradinho. Quatro níveis de controle da praga. O diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Armando Sá, explicou que o trabalho é intenso e foram estabelecidos quatro níveis de controle da praga – o cultural, o biológico, o legislativo e o químico. O controle cultural é realizado com a coleta de frutos caídos no solo e os maduros do pomar. Já o controle biológico é feito com a liberação de machos estéreis de ceratitis capitata na natureza. No controle químico são utilizadas as iscas tóxicas. Todas as atividades têm embasamento legal na Portaria Estadual 194, de 19.12.2001, e a Instrução Normativa no 20, de 13.07.2011. Também há um sistema de fiscalização e rastreabilidade, por meio das barreiras sanitárias fixas, móveis, e um sistema integrado de informação, como informa a coordenadora do Programa de Monitoramento das Mosca-das-Frutas, Rita de Cássia Costa. A Adab atua também no monitoramento da manga nos municípios de Anagé, Livramento de Nossa Senhora, Dom Basílio, Iaçu e Itaberaba. Entre os parceiros que contribuíram para o alcance desse objetivo estão Ministério da Agricultura e Biofábrica Moscamed Brasil.

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aconteceu

ABAG terá novo presidente a partir de janeiro Em Assembleia realizada na manhã de 19 de outubro, a diretoria da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, elegeu Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), como novo presidente da entidade, substituindo Carlo Lovatelli. Luiz Carlos Corrêa Carvalho é atualmente vice-presidente da ABAG e só assumirá o novo cargo a partir de janeiro de 2012, com mandato de três anos. Ele é engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz – ESALQ/USP (1973), com cursos de pós graduação em Agronomia e em Ad-

ministração pela Faculdade de Economia e Administração da USP e Vanderbilt University (USA). A Formação da nova diretoria da ABAG - gestão 2012/2014: Francisco Matturro (Vice-Presidente) e os diretores Alexandre Enrico Silva Figliolino, Cesar Borges de Sousa, Christian Lohbauer, Eduardo Daher, Glauber Silveira da Silva, Luiz Lourenço, Marcello Brito, Mário Fioretti, Urbano Campos Ribeiral e Weber Porto. (Fonte: Gislaine Balbinot / ASCOM ABAG)

Foto: Luiz Conceição

Inovação marca encontro entre pesquisadores e extensionistas Encontro de Extensionistas e Pesquisadores da Ceplac

O coordenador-geral de Gestão Estratégica da Ceplac, Elieser Barros Correia, recomendou aos participantes do Encontro Técnico de Pesquisadores e Extensionistas que sejam firmes quanto aos compromissos da instituição com a qualidade dos serviços que presta aos produtores nas regiões de cacau do País, interajam para que os resultados corrijam rumos e promovam a inovação. O evento foi iniciado no dia 7 de novembro, no auditório Hélio Reis de Oliveira, do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), no Km 22 da Rodovia BR-415 – Jorge Amado, eixo Ilhéus – Itabuna.

ABCZ recebe certificação para as Normas ISO 9001 e 14001

O Encontro Técnico de Pesquisadores e Extensionistas foi aberto pelo chefe do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Adonias de Castro Virgens Filho, que fez um relato sobre projetos de pesquisa e ações desenvolvidos. Além disso, também falou do compromisso de cada um dos pesquisadores e extensionistas quanto ao melhor aproveitamento dos temas a serem debatidos para responder aos anseios dos produtores de cacau, tendo citado o reconhecimento feito à Ceplac no domingo pela Associação Comunitária dos Moradores e Produtores Rurais de Florestal, distrito de Jequié, a 390 quilômetros de Salvador, na região sudoeste do estado, inclusive com uma homenagem ao extensionista Sérgio Murilo Correia Menezes. (Fonte: Luiz Conceição / Jornalista ACS/Ceplac/Sueba)

A associação foi recomendada pela empresa ABS Quality Evaluations Inc., credenciada pelo Inmetro, para receber a certificação para as Normas ISO 9001 e ISO 14001, referentes à gestão da qualidade de serviços e sustentabilidade ambiental. O certificado será emitido em breve pelo Inmetro. A ABCZ é a primeira associação de pecuária do Brasil a receber esta certificação. “Este é um fato histórico para a pecuária nacional. Marca o início de uma nova era na prestação de serviços e também na responsabilidade com o meio ambiente. Como a ABCZ é referência para os criadores de zebu no Brasil e no mundo, esperamos que a certificação da associação sirva de exemplo para melhorarmos ainda mais a qualidade e tecnologia da pecuária com a produção sustentável de alimentos, sobretudo, carne e leite”, ressaltou o presidente da ABCZ, Eduardo Biagi. A relevância do ISO é reconhecida mundialmente e, por isso, é comemorada pela ABCZ, entidade representativa de classe com 19 mil associados e responsável por inspecionar, controlar e registrar cerca de 700 mil animais por ano, além de possuir um banco de dados com informações de mais de 12 milhões de animais. (Fonte: Assessoria de Imprensa ABCZ, adaptada pela Equipe BeefPoint) 40

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1ª Exposição Agropecuária do Vale do Aço já tem data marcada Com o objetivo de discutir a realização da primeira Exposição Agropecuária do Vale do Aço (Expoaço) aconteceu no dia 23/11/2011, na sede do Clube do Cavalo do Vale do Aço, uma reunião para formar a comissão que será responsável pelo evento e as possíveis datas. Na oportunidade estiveram presentes os membros das diretorias do Clube do Cavalo e do Núcleo dos Criadores de Gir dos Vales, a Minas Leilões e Eventos, os representantes da Fazenda Santa Edwiges e do Haras Bicuíba, o Sindicato Rural de Ipatinga, a Emater-MG e Rodrigo Venturin (Assessor Especial do Programa Minas da SEAPA). Na reunião ficou definida a data de 16 a 20 de maio de 2012 para a realização do evento. “O evento será um marco para o Vale do Aço. Uma nova etapa em termos de pecuária”, aponta Martinho Magno de Souza (Tim), da Fazenda Santa Edwiges.


“Vivemos um período de dificuldades com o mamão e este é o momento de estarmos unidos para buscarmos as soluções”, afirmou no dia 31 de outubro, em Porto Seguro, o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, ao abrir, representando o governador Jaques Wagner, o “Papaya Brasil 2011: V Simpósio do Papaya Brasileiro”. Entre os problemas enfrentados pelos produtores estão o elevado custo de produção e a queda do preço de venda, a questão cambial e os elevados custos para exportação. O secretário assegurou que “assim como apoiamos os produtores de frutas do Vale do São Francisco, buscando com eles a solução para a crise financeira que se abateu sobre o setor desde o final de 2008, o governador Jaques Wagner e a Secretaria da Agricultura estão atentos e vamos caminhar juntos para resolvermos as questões que afetam a cultura do mamão”.

Foto Samantha Mapa - Ascom EPAMIG

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em parceria com a Cooparaiso e a Emater-MG, realizou nos dias 26 e 27 de outubro, dia de campo sobre cafeicultura, em São Sebastião do Paraíso. O objetivo do evento foi incentivar o intercâmbio de informações entre diferentes elos da cadeia produtiva do café. Serão quatro estações de campo. Os pesquisadores da EPAMIG Júlio César de Souza e Rogério Paraíso é uma das cultivares Antônio Silva, falaram de café produzidas na região sobre “Manejo Integrado de Pragas”, esclarecendo sobre os novos paradigmas para sustentabilidade da cafeicultura. Na segunda estação, o pesquisador Vicente Luiz de Carvalho esclareceu sobre “Manejo Integrado de doenças”. As cultivares de café adaptadas à região foram apresentadas na terceira estação pelo pesquisador Gladyston Rodrigues de Carvalho. O tema “Certificação da Cafeicultura”, exigência de mercado quanto aos processos seguros e sustentáveis na cafeicultura, foi apresentado pelo técnico da Emater-MG, também responsável pelo Certifica Minas, Sebastião Homero Vieira, pelo engenheiro agrônomo da Emater-MG João Bosco Minto e pela engenheira agrônoma da Cooparaiso Lívia Colombaroli. (Fonte: Ascom Epamig)

Secretário da Agricultura participa da inauguração de duas novas usinas de álcool Foto: Infinity | Manu Dias | secom

Epamig realiza dia de campo cafeicultura em São Sebastião do Paraíso

A Bahia é o maior produtor de mamão do Brasil, com produção concentrada no Extremo Sul do Estado. Porto Seguro é o município que mais produz mamão no Brasil, com 122.400 toneladas/ano, área plantada de 1.800 ha e produtividade de 68.000 quilos por hectare. Áreas de produção de mamão do Extremo Sul da Bahia foram recentemente, certificadas pelos sistemas de Produção Integrada de Frutas (protocolo brasileiro) e EurepGap (protocolo europeu), dois dos principais sistemas de certificação. O trabalho foi coordenado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas - BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (Fonte: Ascom Seagri)

Foto: Heckel Junior | ASCOM SEAGRI

Seagri e produtores buscam soluções para a crise que afeta a cultura do mamão

A Bahia deu mais um importante passo o dia 17/10, no processo de agroindustrialização do Estado com a inauguração das usinas da União Industrial Açucareira Limitada (Unial), e da Infinity Bio-Energy (Ibirálcool), nos municípios de Lajedão e Ibirapuã, no Extremo Sul. O secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles destacou que “além de gerar mais de três mil empregos diretos no plantio, nas fábricas e em outros setores da cadeia produtiva da cana, os dois novos empreendimentos são estratégicos para o aumento da produção de álcool e açúcar”. A Bahia produz hoje 300 milhões de litros/ano de álcool, e consome 1,2 bilhão de litros. Há déficit também na produção de açúcar: o estado consome 16 milhões/ano de sacas de 60 quilos, e produz apenas 4,1 milhões/ano de sacas de 60 quilos. As usinas da Unial e da Infinity Bio-Energy representam um investimento inicial de R$ 300 milhões e transformam o Sul da Bahia em um pólo sucroalcooleiro. Segundo o governador Jaques Wagner, a região está se consolidando com a coragem dos empreendedores que acreditam e apostam na atividade, com a qualidade da mão de obra local e com o apoio do governo do Estado. O presidente da Infinity, Douglas Oliveira, revelou que o extremo sul da Bahia foi escolhido por causa das características da região, que proporcionam a quantidade necessária de açúcar concentrado na cana, a mão-de-obra qualificada e disponível, e a logística. “Temos cana de açúcar e localização estratégica para atender aos mercados consumidores próximos a esta região”. Douglas Oliveira disse que “queremos que o Estado continue sendo facilitador, para que nós possamos investir mais R$ 400 milhões, elevar a capacidade de moagem de 1,2 milhões para 3,5 milhões de toneladas, triplicar a capacidade de geração de empregos”. (Fonte: Ascom Seagri / Agecom) novembro 2011

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Eisbein com batatas culinária

(Joelho de porco defumado)

Imagem ilustrativa

Fonte: Site Temperando a Vida

Ingredientes

1 joelho de porco defumado 2 tomates 6 cravos da Índia 1 colher de sopa de manteiga 2 cebolas roxas inteiras 6 batatas médias cozidas 2 colheres de sopa de manteiga Salsa picada Modo de Preparo

Cozinhe o joelho de porco com duas cebolas espetadas com os cravos, os tomates e coberto com água até amaciar. Retire da panela. Besunte o joelho cozido, mas firme com uma colher de manteiga e leve ao forno quente 180º por 20 minutos. Cozinhe as batatas descascadas em água e sal até ficarem macias. Aqueça duas colheres de manteiga em uma panela e coloque as batatas cozidas dentro. Tampe a panela e balance-a para que as batatas fiquem bem amanteigadas. Polvilhe com a salsa picada e sirva com joelho assado.

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Classificados

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