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Revista Alpendre Pocket é um periódico online de caráter acadêmico que tem por objetivo operar na interface entre várias áreas do conhecimento, em especial nas que dizem respeito à produção estética que transita entre a arquitetura, o cinema, a arte, a fotografia e a literatura. A publicação se estrutura a partir de temáticas e visa o enriquecimento cultural da comunidade acadêmica.

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EDITORIAL Criação como poética das superfícies In formar o aparecimento do primeiro número editorial da Revista Alpendre Pocket é rastrear as superfícies porosas de um exercício singular, que é o da criação enquanto potência inventiva da imagem do pensamento. Trata-se, sem dúvida, de um exercício propositivo dos sentidos que faz da exploração por meio dos ensaios, fotografias, poemas, croquis, pequenos cadernos de anotação e desenhos, novas formas de habitar e de capturar o mundo, das coisas às “não coisas”. Habitar, aliás, é um dos conceitos que serve de experimento para a seção “Ensaio sobre as coisas”, onde se recorre ao pensamento como um exercício do fora que recorta, seleciona, investiga e se projeta no mundo como hecceidade - puro plano de imanência. Folhas, rascunhos, abelhas e tantos outros signos não são aqui aparência e nem tão pouco uma aparição, mas, tão somente, sintomas que encontram seu sentido numa relação de forças. Forçar o pensamento: eis a gênese do novo como diferença pura e que faz do “Autorretrato” não mais uma idealização do si, mas uma abertura contínua para um outro que habita em mim. Puro devir.

Rostos redondos, carnes trêmulas, olhos crispados que vimos neste “quase” ensaio nos traz a possibilidade de ultrapassar os territórios estáticos da identidade. Ser é sempre um outro. Não se trata de uma prática do abandono de si, mas de individuação das coisas, de si, do mundo. O ponto de vista como princípio de individuação: eis uma definição que diferencia o perspectivismo de todo tipo de relativismo. A perspectiva é o efeito de um exercício superior do pensamento enquanto fonte primária da criação. É assim que o pensamento se torna heterogêneo e passa a se constituir como uma diferença, tanto daquele olho que vê, quanto daquela coisa que é vista. Prática revisitada enquanto “reencantamento” do mundo. Uma espécie de delírio dionisíaco, pois é preciso, mais do que nunca, delirar sobre o homem, sobre a vida, sobre o mar, a brisa, o fosso, a noite e o dia, sobre Deus. Do delírio nascem os pensamentos “versos” e “conversos”, formas de rearranjo que o leitor deve proceder sem muito esforço, intencionalidade ou qualquer espanto. É que nomear o indizível é uma tarefa, por vezes, indigesta. Trata-se de tecer um diálogo entre insignificâncias. Uma conversação de “errâncias” é o que propomos neste número-voo inaugural, caro leitor. Boa viagem! Laura Fernanda Cimino


ENSAIO SOBRE AS COISAS

Entre a coisa que sente e a sua captura existe um hiato, “espaço entre” que se manifesta naquilo que Heidegger definiu como o ser aí no mundo. Coisas não são meros rastros indiciais de uma cena incompleta, mas modos de existência que inventam universos possíveis.


FRENTE E VERSO

É possível contar a história de um filme em duas imagens ou, além disso, traduzir essa história em frente e verso? De quantos avessos precisamos para produzir o sentido?

A décima moeda - Gessica Brassolati


A dĂŠcima moeda - Gessica Brassolati

Endless - Nathalie Avila e Elton Ramos


Endless - Nathalie Avila e Elton Ramos

Imareal - Claudio Diego e Bruno Le達o


Imareal - Claudio Diego e Bruno Le達o

Lutos Cotidianos - Hugo Henrique e Wallace Alves


Por Isabella Valino

DROPS

O artista líbio e designer gráfico Mahmoud Jouini criou esta série usando software de modelagem 3D (3D Studio Max e Photoshop) para renderizar paisagens abstratas tridimensionais. Embora algumas peças se pareçam com bactérias sob um microscópio ou paisagens alienígenas, sua criação até então ‘des-

Lutos Cotidianos - Hugo Henrique e Wallace Alves

abitada’ parece outro mundo inóspito e sedutor que nos chama para um olhar mais atento e apreciador.


DROPS

Por Isabella Valino

AUTORRETRATO

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Helena Almeida na verdade é uma artista transdisciplinar, que procura compreender e ultrapassar os limites de cada campo artístico, utilizando algo denominador que há tornou quem é: a fotografia. Procurando sempre mostrar desde sua primeira exposição em 1967, os indícios de uma saída física da tela, deslizando a tinta para fora da moldura. Uma total desconstrução. Realmente ela consegue identificar a transição do artista dentro e fora, usando apenas sua imagem constante em todas as obras.

de si mesmo, ou ainda, de fazer o olhar habitar o mundo, para só depois olhar novamente para si. Inverso de Narciso, que ressurge dos mitos para afogar todas as imagens.


Camila Baroni

Fernanda Garcia

Ana Carolina Scarpin

Danilo Rodrigues

Flayner Ferruci Fernanda Garcia


Denison Papasidero

Isabela Simioli

Thaís Vantol

Giovana Zocal Walter Gonçalves Junior

Thaís Vantol

Giovana Zocal


Herliwton Garcia

Lucas Corte

Jessica Vitoria Igor Chiquetto

Lucas Corte

Leticia


Manuela Madi

Yasmin de Angelis Jessica Archillia

Manuela Madi

Ludmila Loquette

Yasmin de Angelis


CASA VAZIA

Lucas Casteleti

Yuri Rezende

Instalações redesenham os lugares do cotidiano, nos fazem experimentar novas formas de habitar. São Casas Vazias, espalhadas em espaços de limites imprecisos e invisíveis, que fazem o corpo entender a potência da presença.


Camila, Isadora, Natalia, Milena e Wilson

Natayuane, Gabriela, Agatha, Ana HeloĂ­sa, Carolina e Melmoarah


Denison, Rafael, Nelson, Marcelo e Pedro

Vitor, Sandra, Geovana, Gustavo e Paulo


Brenda, Igor Silva e Celso

Luiz, Larissa, Leticia e Jessica


Gabriel, Paulo Roberto, Matheus e William

Isa, Denner, Ana Carolina, Amanda e Igor Roberto


Elisa, Camila, Giovana e Maysa

Leonardo, Rafael, Alexandre e Alan


DROPS

Por Isabella Valino

Dentro deste abrigo de concreto habita uma das Ttéias, obra emblemática da artista brasileira Lygia Pape, que utiliza fios dourados que cortam o espaço unindo o piso e o teto, formando múltiplas dimensões com raios de luz. De acordo com a própria Lygia, “são uma rede onde as aranhas tecem planos de vida ou morte”. Lá dentro, em meio ao piso, as luzes e as sombras fazem o espectador voltar-se para suas inquietações, para seu mundo subjetivo.

Por Lucas Bandos

DROPS

Considerado um dos maiores desastres urbanísticos da cidade de São Paulo, o Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva, popularmente conhecido como Minhocão, foi construído com o intuito de desafogar o trânsito de vias movimentadas do Centro, mas o viaduto acabou por prejudicar e degradar a região. Edifícios de arquitetos como João Artacho Jurado e Aaron Kogan foram desvalorizados, marginalizados e caíram no esquecimento após a construção do elevado. Os belos prédios transformaram-se em blocos cinzentos, pichados e abandonados. Nos dias de hoje, apesar da aparente preocupação em revitalizar a área, o triste cenário de grandes joias da arquitetura esquecidas, negligenciadas e ocultas por um megalomaníaco corredor de concreto permanece.


SOBRE O VIRTUAL

O espelho é um lugar sem lugar, um espaço utópico, pois vejo-me onde não estou (“Do outro lado do Espelho”, como Alice), embora por retorno e regresso a si, a imagem me dê onde os olhos me trazem a mim.

Gabriele Reginaldo - 4º período de Jornalismo


Lucas Bandos Lourenço - 4º período de Jornalismo

Higor Pedro Aranha - 4º período de Publicidade e Propaganda


Maria Eduarda Bifaroni - 4º período de Publicidade e Propaganda

Eduardo Ribeiro - 4º período de Publicidade e Propaganda


Felipe Stefanin - 4º período de Multimídia

Isabele Molina - 4º período de Multimídia


DROPS

Por Lucas Bandos

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como “Pedregulho” é um dos grandes marcos da arquitetura moderna brasileira e, após um longo período de decadência, está prestes a voltar ao seu estado de grandeza original. Depois de quase 5 anos de obras de restauração. Projetado, em 1947, por Affonso Eduardo Reidy, o complexo, idealizado para acomodar funcionários públicos de menor renda, foi construído no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Com uma estrutura curvilínea e serpenteante, pensada para adaptar-se à topografia do terreno, o Pedregulho tem um conceito funcional, baseado na integração entre moradia, lazer e serviços. Após anos de abandono e descaso, o complexo passou pelas primeiras intervenções de restauro, em 2010. As obras finais de recuperação das fachadas e das janelas do edifício foram concluídas em abril deste ano. O próximo passo é a restauração do paisagismo original, projetado por Roberto Burle Marx.

Por Lucas Bandos

DROPS

No dia 23 de junho de 2015, João Batista Vilanova Artigas, um dos mais importantes nomes da arquitetura brasileira, completaria 100 anos. Artigas foi fundador e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Ele mesmo projetou o prédio da FAU-USP, considerado por muitos arquitetos e estudiosos como sua obraprima. Os traços de Artigas são característicos do modernismo e mais especificamente relacionados ao estilo da escola brutalista de São Paulo ou “escola paulista”, caracterizada pelo largo uso do concreto armado. Sua obra possui uma estreita relação com a ideia de associação do espaço público com o ambiente privado. Entre seus projetos mais conhecidos estão o Estádio do Morumbi, o Edifício Louveira e a Estação Rodoviária de Jaú.


RE ENCANTAMENTO Nome dado aos encontros alegres, que potencializam a abertura para outros mundos possíveis. O reencantamento funciona como uma espécie de atrator, por vezes estranho, pois sua função é “desterritorializar” hábitos e dar passagem ao intempestivo.


REENCANTE-SE

E desafio você a fazer o mesmo. Caminhe sem olhar para o chão, repare nas nuvens, busque coisas inúteis, veja rostos no desenho do azulejo, ria, chore, não se importe tanto, apenas tenha coragem de reencantar-se.

Trabalho de Isabella Valino e Yasmin de Angelis



DROPS

Por Lucas Bandos

No dia 8 de junho de 2015, Frank Lloyd Wright completaria 148 anos. Considerado como um dos maiores arquitetos do século XX, Wright foi uma figura pontual para a chamada “arquitetura orgânica”: defendia que seu ofício não estava reduzido a uma atividade meramente criativa e habilidosa. Para ele, a arquitetura deveria transmitir felicidade. Além disso, Wright acreditava numa unidade entre forma e função e na individualidade e exclusividade de cada projeto: tudo deveria ser pensado levando em consideração a localização e a finalidade única, individual, da obra. Entre os grandes projetos de sua carreira estão o Museu Guggenheim de Nova York e a icônica e moderna Casa da Cascata (Fallingwater House/Kaufmann House).

Por Lucas Bandos

DROPS

O cartaz é, historicamente, uma importante plataforma de comunicação. Desde os clássicos cartazes de “procura-se” dos filmes de faroeste até os anúncios comericais, passando pelos lúdicos - e, muitas vezes, transgressores – lambe-lambes. Partindo do conceito do cartaz como uma ferramenta gráfica democrática e versátil, a organização independente e sem fins lucrativos, 4Tomorrow, com sede em Paris, criou o projeto “Poster for Tomorrow”. A ideia é incentivar pessoas ao redor do mundo, sendo elas designers profissionais ou não, a criarem cartazes que transmitam mensagens e estimulem o debate sobre os Direitos Humanos. Anualmente, a 4Tomorrow divulga um novo tema e abre inscrições gratuitas a quem quiser criar um cartaz. O objetivo dessa iniciativa é dar voz às pessoas através da expressão visual, de forma coletiva e livre.


NINA Por Maria Júlia Barbieri Eichemberg

Essa é Nina...


Nina ĂŠ assim...

NINA


NINA

Por Isabella Valino

DROPS

Tchau, Nina!

Joanie Lemercier é um artista visual francês que participa de um projeto chamado AntiVJ, no qual reúne artistas cujo trabalho é focado no uso da luz projetada, mapeamento, monitoramento e ilusões holográficas. Eles apresentam performances ao vivo com instalações para desafiar os sentidos visuais, passam longe das restrições de telas retangulares e jogam nossa cabeça para o mundo real - transformando objetos, esculturas e edifícios em telas hipnotizantes.


DROPS

Por Yasmin de Angelis

O NASCER DAS COISAS

O nascer das coisas habita entre as partículas, como a potência que precipita seus quanta, opera travessias e atualiza os afetos em superfícies multicoloridas, etéreas e espirituais. O que nos resta, nesse tempo de agora, são os pixels-afeto e uma natureza tecno-sensível que flutua entre zeros e uns. O Big Bang (Grande Buda) manda lembranças! Kristen Schiele expressa sua arte através de pinturas, instalações cênicas e colagens, executados em pequenas e grandes escalas. Seus trabalhos são inspirados por cenários, alegorias, cinema, folclore, kitsch e contação de histórias. Linhas e estrelas irradiam dos centros de suas pinturas e gravuras. Schiele utiliza fotos desbotadas e manipuladas, organiza suas telas em espaços apertados, configurações assimétricas, quase como fluxogramas ou diagramas.

Trabalho de André Teruya Eichemberg






SERES EM DELÍRIO SOBRE TECIDO

C ri a turas estranhas e dóceis habitam retalhos de linho. Entre os defeitos da trama entrelaçada emergem os sopros de uma existência de sutilezas. Difícil decidir entre a tristeza melancólica dos desenhos tortuosos e a inquietante confissão de suas estórias em palavras. Talvez por isso, seja mais prudente instalar-se entre as duas para, de repente, fisgar a parte que nos cabe nesse micromundo em delírio. Maria Júlia Barbieri Trabalho de Isabella Valino e Yasmin de Angelis






DE DENTRO

Um objeto denso no vácuo concentra toda sua existência na capacidade, na sua densidade, no mais puro e primitivo entendimento do seu próprio corpo, mesmo que imerso no nada. O nada que ignora qualquer unidade de medida, qualquer dimensionamento de forças e qualquer capacidade física. O corpo, no nada, é nada. O objeto, denso no vácuo, é nenhum. É a síntese, a gênese, a minimização de toda característica intrínseca do seu ser. O grito para dentro. A explosão de dentro para dentro. É a redenção tamanha de desprendimento, de desentendimento e de reencantamento. Da primeira camada para a segunda, para a terceira. Numa progressão infinita, porém sem ordem, logaritmos e códigos de ética do universo criado à sua própria volta.

Trabalho de Lucas Corte





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