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Ano 13 Número 71 2018 R$ 12,00 5,00

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9 a 12 de setembro de 2019

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Ano 13 Nº 71 Novembro/Dezembro 2018

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EXPOSIBRAM | 2019 Belo Horizonte - MG, Brasil

NÃO HÁ FUTURO SEM FLORESTAS COP24 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS COP21 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA


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Descobridores encontraram rios. Redescobridores conservam esses rios com ajuda da tecnologia.

Paulo Pontes, pesquisador do Instituto Tecnológico Vale, Belém - PA

Com os estudos do Instituto Tecnológico Vale, redescobrimos formas de fazer uma mineração cada vez mais sustentável. Como a pesquisa realizada na bacia do Rio Itacaiúnas, no sudeste do Pará, que monitora a qualidade e a quantidade das águas na região. Ao investir em tecnologia, a Vale ajuda a proteger o meio ambiente para as gerações de hoje e de amanhã. Acesse vale.com/redescobridores

Redescobrir é a nossa natureza. 12

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COP 14 – Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade 2018

A Conferência de Biodiversidade da ONU foi realizada de 13 a 29 de novembro de 2018, em Sharm El-Sheikh, Egito, com o tema “Investindo em biodiversidade para pessoas e planeta”. Participaram cerca de 3.800 participantes representando partidos, outros governos, internacionais e não Organizações governamentais, povos indígenas e comunidades locais, academia e setor privado. A Conferência da Biodiversidade da ONU incluiu: a Cimeira Ministerial Africana...

Sustainable Brands SP 2018 O Sustainable Brands SP 2018, no Pavilhão das Culturas Brasileiras do Parque Ibirapuera, com modelo inspirado na Teoria U, contou com uma plenária de abertura onde importantes nomes associados à sustentabilidade falaram sobre suas marcas e a relação destas com a inovação sustentável. Paulina Chamorro, da Rádio Vozes, foi a mestre de cerimônias da plenária e o evento foi oficialmente aberto por Álvaro Almeida, diretor do Sustainable Brands Brasil, e Koann Vikoren Skrzyniars, fundadora e CEO do Sustainable Brands. Em seguida, foi...

6º Prêmio Câmara Espanhola de Sustentabilidade

A Câmara Espanhola de Comércio no Brasil anunciou recentemente 05/12, durante evento em São Paulo, os vencedores da 6ª edição do Prêmio de Sustentabilidade 2018. Na categoria Grandes Empresas, a Neoenergia venceu com o projeto Tecnologias Sustentáveis Fernando de Noronha. Já na categoria PME´s, a Heart Care levou a premiação por meio do Heart Care App. Nesta edição, os projetos vencedores do Prêmio de Sustentabilidade receberam um troféu...

DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES ASCOM CNMP, CDB, CIFOR, IISD, ITER, IWR, OMM, Julian Melchiorri, Pavan Suhkdev, Ronaldo G. Hühn FOTOGRAFIAS ABES, Anahí Espíndola, Andrea Botto, CDB, David Nascimento, Divulgação, Flickr / CIFOR, IISD, ITER, IWR, Hans ter Steege, James Morgam/WWF-US, José Domingos, Julian Melchiorri, Jürgen Freund / WWF, Karen Robsinson, Kiara Worth, LED Produções, NASA/ Goddard Space Flight Center/Ludovic Bruker, NASA/SDO, OMM, Pedro Sousa, Rocky Mountain Institute, Rudolph Hühn, Sérgio Almeida(ASCOM CNMP), Tara Pelletier, UNclimatechange/Flicker, Wildlife EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Rodolph Pyle NOSSA CAPA No Sumário: Não há futuro sem florestas Foto: Robert Kerton / CSIRO

Rio Water Week 2018 O Rio de Janeiro sediou recentemente pela primeira vez a Rio Water Week, organizada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Com foco em garantir o acesso à água e saneamento para todos até 2030, o evento reúne especialistas internacionais para discutir e intercambiar desafios relacionados à água, políticas públicas e soluções, tecnologias e inovação existentes. O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, abriu o evento saudando os presentes e a realização do sonho da ABES...

Design & Madeira Sustentável

É o mais recente projeto do Instituto BVRio, desenvolvido em parceria com o manejo florestal comunitário Coomflona, com apoio financeiro da Climate and Land Use Alliance (CLUA) e da Good Energies Foundation. Tudo começou no início de 2017 com o desejo de fomentar o uso e consumo damadeira legal e certificada FSC® de manejo comunitário, e de um encontro entre a BVRio e dois designers brasileiros de renome internacional – Leo Lattavo (Lattoog) e Zanini de Zanine (Studio Zanini). Desse encontro, desenvolveu-se o...

MAIS CONTEÚDO [19] 11º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável [21] Demoday Hackaton Sustentar. Era da inovação [26] Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente [30] X Fórum de Inovação e Tecnologia [36] V Seminário Internacional Água, Floresta, Vida e Direitos Humanos [39] Especialistas defendem convergência de tecnologias, avanços regulatórios e biodiversidade para preservar a Amazônia [40] Relatório Inclusivo sobre a Riqueza 2018 [43] Petrobras desenvolve tecnologia para desintegrar garrafas PET [46] Um oceano de oportunidades está ao nosso alcance - se conseguirmos virar a maré hoje [48] Igual fogo do Sol, para produzir energia limpa e ilimitada [51] Algoritmo prevê probabilidades de extinção para 15.000 espécies de plantas em todo o mundo [53] Colocando em ação o objetivo mais ambicioso da batalha climática [55] “Folha de Seda” – primeira folha artificial capaz de criar oxigênio [57] Metade de plantas e espécies animais em risco de mudanças climáticas nos lugares naturais mais importantes do mundo [59] Painéis geram água potável diretamente da luz do Sol [60] Níveis de gases do efeito estufa na atmosfera atingem novo recorde em 2017 [63] Desmatamento na Amazônia está para atingir limite irreversível [64] Fotografias inusitadas de animais selvagens

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A COP24, em Katowice iniciou um dia antes do programado originalmente, com a primeira sessão plenária da cúpula contando com a presença do vice-ministro do Meio Ambiente da Polônia, Michał Kurtyka, assumindo a presidência de Fiji, além de discussões dedicadas à agenda da conferência. Na abertura oficial da cúpula COP24...

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Conferência das Partes da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – COP24

PUBLICAÇÃO Período (Novembro/Dezembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

NATAL | RN – 16 A 19 DE JUNHO DE 2019 Tema Saneamento ambiental: como tratar igual os desiguais

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Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – COP24 Fotos: Kiara Worth, Rocky Mountain Institute, Rudolph Hühn, UNclimatechange/Flicker Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, na cerimônia de abertura da COP 24 da ONU: Nosso trabalho em Katowice é finalizar o programa de trabalho do Acordo de Paris

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COP24, em Katowice iniciou um dia antes do programado originalmente, com a primeira sessão plenária da cúpula contando com a presença do vice-ministro do Meio Ambiente da Polônia, Michał Kurtyka, assumindo a presidência de Fiji, além de discussões dedicadas à agenda da conferência. Na abertura oficial da cúpula COP24, segunda-feira, 3 de dezembro, com a participação do presidente polonês Andrzej Duda, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lançou um apelo dramático aos líderes mundiais para levar a sério a ameaça do aquecimento global e agir corajosamente para evitar um aumento catastrófico das temperaturas antes do final do século. Guterres, chamou a mudança climática de “a questão mais importante que enfrentamos”. “Mesmo testemunhando impactos climáticos devastadores que causam estragos em todo o mundo, ainda não estamos fazendo o suficiente, nem avançando o suficiente, para evitar uma interrupção climática irreversível e catastrófica”, disse Guterres a delegados de quase 200 países em Katowice. O célebre naturalista britânico Sir David Attenborough fez eco aos seus alertas, dizendo que o “colapso de nossas civilizações e a extinção de grande parte do mundo natural está nos horizontes” se nenhuma ação urgente for tomada contra o aquecimento global. O apresentador de TV de 92 anos culpou os humanos pelo “desastre de escala global, nossa maior ameaça em milhares de anos”.

Michał Kurtyka, Presidente da COP 24, e Patricia Espinosa, Secretária Executiva da UNFCCC

O chefe da ONU criticou os países, particularmente os maiores responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa, por não fazer o suficiente para apoiar o acordo climático de Paris, que estabeleceu um objetivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus Celsius idealmente 1,5 graus. C (2,7 graus F) - até o final do século. Citando um relatório científico recente sobre as terríveis consequências de deixar a temperatura média global subir além dos 1,5 graus, Guterres pediu aos países que reduzam suas emissões em 45% dos níveis de 2010 até 2030 e busquem emissões líquidas zero até 2050. 06

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As emissões líquidas zero significam que quaisquer gases de efeito estufa emitidos precisam ser absorvidos pela floresta ou por novas tecnologias que possam remover o carbono da atmosfera. Esses cortes, que os especialistas dizem ser a única maneira de alcançar a meta de 1,5 grau, exigiriam uma revisão radical da economia global e um afastamento do uso de combustíveis fósseis. “Em suma, precisamos de uma transformação completa de nossa economia energética global, bem como de como administramos os recursos da terra e da floresta”, disse Guterres. Ele disse que os governos deveriam abraçar as oportunidades em vez de se apegarem a combustíveis fósseis como o carvão, que são responsabilizados por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem.

Primeira sessão plenária da COP24, a da abertura

A observação do chefe da ONU foi dirigida ao anfitrião da conferência, a Polônia, que depende do carvão para 80% de sua energia. O presidente polonês, Andrzej Duda, disse em entrevista coletiva na segunda-feira que o país, rico em carvão, trabalharia para reduzir sua dependência do carvão, mas nunca abandonaria inteiramente seu “combustível fóssil estratégico”. Guterres também pediu que os negociadores não esqueçam que os desafios que enfrentam são pífios em comparação com as dificuldades que a mudança climática já está causando a milhões de pessoas em todo o mundo cujas casas e meios de subsistência estão ameaçadas pela elevação do nível do mar, seca e tempestades mais poderosas. Guterres pediu um “grande aumento nas ambições” durante as negociações na Polônia, acrescentando que “não podemos nos dar ao luxo de falhar em Katowice”. “Este é o desafio sobre o qual os líderes desta geração serão julgados”, disse ele.

“Vocês estão errados quando dizem que a América abandonou o Acordo de Paris” Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, lembrou aos delegados que deveriam olhar além de Washington, DC, e criticaram a ONU por tratar os líderes subnacionais como um “espetáculo secundário” na conferência climática global. revistaamazonia.com.br


Jovens em reunião com o Secretário Geral da ONU

Os governos estaduais e locais controlam 70% das emissões dos Estados Unidos, observou Schwarzenegger, o que significa que a maioria das ações climáticas ocorrerá nos níveis local e regional. Acrescentou que gostaria de poder voltar no tempo – como o cyborg que ele interpretou em “O Exterminador do Futuro” – para impedir o uso de combustíveis fósseis.

Os olhos de satélite no céu apontam o carbono

Participante da COP 24, diante de um satélite, rastreando as principais fontes de gases que alteram o clima, como metano e dióxido de carbono

Uma crescente frota de satélites está monitorando as emissões de gases causadores do efeito estufa causadas pelo homem, estimuladas pela necessidade de rastrear as principais fontes de gases que alteram o clima, como metano e dióxido de carbono. Enquanto cientistas e formuladores de políticas concordam que obter uma compreensão firme sobre as origens das emissões é fundamental para combater o aquecimento global, há uma grande sensibilidade política em torno da questão.

Abertura do Global High Action de alto nível

Especialistas dizem que a contabilização precisa de emissões específicas do país a partir do espaço ainda está muito distante. Segundo um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, as emissões do gás de efeito estufa mais abundante, dióxido de carbono, precisariam ser reduzidas a um nível que o planeta possa absorver - conhecido como zero líquido - até 2050 para manter o aquecimento global em 1,5. graus Celsius (2,7 Fahrenheit), conforme previsto no acordo de Paris. “É muito importante ter informações precisas sobre as emissões”, disse Oksana Tarasova, chefe da divisão de pesquisa de ambiente atmosférico da Organização Meteorológica Mundial.

Paul Watkinson, Presidente do SBSTA, na plenária de encerramento do SBSTA

“Não temos tempo a perder”. A meio mundo de distância, Mike Gunson e seus colegas do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, operam o satélite OCO-2 da NASA desde seu lançamento em 2014. Esse “olho no céu” foi projetado para observar o dióxido de carbono. “Quanto combustível fóssil estamos dispostos a queimar e quanto dióxido de carbono estamos dispostos a colocar na atmosfera é uma questão de primeira ordem para futuras projeções climáticas”, disse Gunson. “A segunda grande questão é quanto custa o ecossistema terrestre, quanto o oceano absorve. … Está longe de ser resolvido. ” O esforço para inventariar as emissões mundiais de gases com efeito de estufa assumiu uma urgência acrescida em meio a preocupações de que alguns gases possam ainda não ser aparentes. Greet Maenhout, cientista do Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Européia em Ispra, na Itália, disse que só recentemente descobriu que as minas de carvão vazam dióxido de carbono. “Isso foi visto do espaço voando sobre ele”, disse Maenhout. Observações mostraram um declínio nas emissões de dióxido de enxofre sobre a China na última década, comparado com um aumento em relação à Índia, indicando que Pequim está agindo para reduzir a poluição, disse Zehner.

Banco Mundial promete US$ 200 bilhões para combater mudanças climáticas O anuncio do plano de investimento de US$ 200 bilhões para combater as mudanças climáticas entre 2021 e 2025, coincidiu com o início da Cúpula do Clima da Polônia. “A mudança climática é uma ameaça existencial para os mais pobres e vulneráveis do mundo. Estes novos objetivos demonstram Na reunião do Grupo Banco Mundial o quanto seriamente estamos levando esta questão”, afirmou o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim. O pacote anunciado pelo BM, pretende ajudar cem cidades para que alcancem um planejamento urbano “sustentado e de baixa emissão de carbono” e um desenvolvimento orientado ao trânsito, entre outras iniciativas. O BM contribuirá com a metade dos fundos do plano, enquanto o resto será arrecadado pela Corporação Financeira Internacional, pela Agência Multilateral de Garantia de Investimentos e recursos de capital privado.

O apelo das crianças aos delegados da Cúpula do Clima

Procurando parcerias para Declaração de Eletromobilidade

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Queremos crescer e tornar nossos sonhos realidade em um mundo seguro no qual o homem respeita a natureza e faz uso de seus dons de maneira sábia” - este foi o apelo de Sandra Szylak, uma das vencedoras da competição eCOPaka, como parte de que estudantes de 78 escolas de Katowice deram presentes especiais aos delegados da Cúpula do Clima em 11 de dezembro. Frank Bainimarama, Presidente da COP 23, e Michał Kurtyka, Presidente da COP 24, com Timoci Naulusala, Fiji, e Hanna Wojdowska, Polônia, representando as futuras gerações

EUA, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait torpedearam a conferência de mudança climática COP24. As nações do mundo foram marteladas por quatro dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo. Ontem, na Polônia, os Estados Unidos, a Rússia, a Arábia Saudita e o Kuwait, que notificaram que não terem intenção de levantar um dedo para impedir a destruição do planeta. Em vez disso, todos eles apoiam uma abordagem “business as usual”, que verá cada última molécula de combustível fóssil extraída e queimada em busca de lucro. Ministros / Chefe de Delegações presentes na reunião Ministerial sobre “Florestas pelo Clima” da COP24

Em afirmação feita durante a COP 24, o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Alfredo Helio Syrkis, disse que o Brasil continua sendo um dos principais articuladores das ações climáticas. “Tudo começou na Rio 92, continuou no protocolo de Kyoto e na reunião de Copenhague e também teve um papel muito importante na articulação do Acordo de Paris, que foi a primeira vez que 196 governos combinaram de fazer um esforço para que juntos pudessem combater o processo de aquecimento global”, declarou Syrkis. Já o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, em discurso realizado, também ressaltou os avanços do Brasil nos compromissos assumidos para reduzir o aquecimento global, como o cumprimento das metas de emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Anunciou que o Brasil já preencheu as metas climáticas previstas para 2020, reduzindo em 38% as emissões de gases causadores do efeito estufa, apenas através de medidas de proteção florestal. Destacou que o Brasil conseguiu reduzir as emissões de carbono em 6 bilhões de toneladas entre 2006 e 2015, período que registrou queda significativa do desmatamento da Amazônia. Nos últimos três anos, as reduções chegaram a 3,9 bilhões de toneladas, observou. O ministro defendeu a permanência do Brasil no Acordo de Paris, em meio às sinalizações do próximo governo de retirar o país do acordo climático firmado, em 2015, por 196 países. O receio é que o governo brasileiro siga a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que abandonou o acordo em junho do ano passado. No evento especial SBSTA-IPCC: Desembalando o Novo Conhecimento Científico e Principais Conclusões no Relatório Especial do IPCC sobre Aquecimento Global de 1.5 ° C

Diálogo Talanoa

Os Estados Unidos montaram uma exposição pró-carvão na conferência COP24, para agradar aos grandes doadores que são donos de empresas de carvão. Durante uma sessão plenária, todas as nações da União Européia, um grupo de 47 países em desenvolvimento, bem como as nações da África, América Central e América do Sul, denunciaram os quatro países.

O Brasil nas articuladores

O atual ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, disse que o Brasil avançou na redução do aquecimento global

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Presidente da COP 23, e Presidência polaca, lançando a Chamada de Ação de Talanoa

Ao concluiu a fase política pela tradição fijiana de Talanoa para o processo de negociação o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou que “é hora de chegar a um consenso” e apelou a “compromissos, como a nossa última melhor oportunidade para impedir a mudança climática”. Ele advertiu ainda que, se não o fizesse, “não apenas seria imoral, seria suicida”. Na conclusão do Diálogo de Talanoa, o Presidente da COP 23, Frank Bainimarama, e o Presidente da COP 24, Michał Kurtyka, lançaram a Chamada de Ação de Talanoa. A “Linguagem Talanoa Call to Action” de duas páginas exige que as partes trabalhem em estreita colaboração com partes interessadas não-partidárias para aumentar a ambição global até 2020 e desenvolver estratégias de desenvolvimento de longo prazo e baixas emissões, agências governamentais e internacionais para aumentar a cooperação técnica e tecnológica e líderes do setor privado para serem agentes de mudança. revistaamazonia.com.br


Os recursos do Fundo Clima podem ser usados para apoiar a implantação de empreendimentos, a aquisição de máquinas e equipamentos e o desenvolvimento tecnológico que estejam relacionados à redução de emissões de gases do efeito estufa e à adaptação às mudanças do clima e aos seus efeitos. O programa é dividido em dez subprogramas: florestas nativas; energias renováveis; máquinas e equipamentos eficientes; mobilidade urbana; cidades sustentáveis e mudança do clima; resíduos sólidos; carvão vegetal; gestão e serviços de carbono; e projetos inovadores.

Encerramento \ Decisões da COP 24

A declaração é mais um apelo moral e carece de qualquer caráter legal. Seria relevante ver como a linguagem no contexto do resultado do Talanoa Dialogue é refletida no texto final do resultado da COP 24. O texto final, que contém a decisão das partes de atualizar e revisar sua meta climática até 2020 e posteriormente, seria crucial na implementação do objetivo final do Diálogo.

O BNDES a Amazônia e a COP24

“Florestas pelo Clima” da COP 24 em Katowice 2018

A equipe do Departamento de Meio Ambiente do Banco participou de dois eventos representando o Fundo Amazônia na COP24. Uma com o tema do pagamento por resultados de REDD+ (redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal). Em seguida, o BNDES participou de uma apresentação sobre financiamento a projetos de recuperação de florestas em larga escala no Brasil. A equipe participou ainda do evento promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em que foi apresentado um estudo de caso da OCDE sobre o BNDES e o Development Bank of Southern Africa (DBSA). O documento aponta que Bancos de Desenvolvimento são fundamentais para investimentos em infraestrutura sustentável nos países em desenvolvimento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá aporte de R$ 163 milhões para novos financiamentos no âmbito do programa Fundo Clima. Esses recursos se juntam aos R$ 228 milhões anunciados no final de setembro e foram possíveis após a edição da Medida Provisória 851/18, que permitiu que os rendimentos fossem incorporados ao patrimônio do Fundo. revistaamazonia.com.br

Logo após o Pacote do Clima de Katowice ser aprovado, (sob aplausos) Michał Kurtyka , Presidente da COP 24, dá um grande salto para a ação climática

Após duas semanas de negociações contundentes, autoridades de quase 200 países concordaram no sábado, sobre as regras universais e transparentes que irão governar os esforços para reduzir as emissões e conter o aquecimento global. O acordo acordado nas negociações climáticas da ONU na Polônia permite que os países ponham em prática os princípios do acordo climático de Paris em 2015. Mas, para a frustração dos ativistas ambientais e de alguns países que pediam metas climáticas mais ambiciosas, os negociadores atrasaram as decisões sobre duas questões-chave até o próximo ano, em um esforço para obter um acordo sobre elas. “Através deste pacote, você fez mil pequenos passos em frente”, disse Michal Kurtyka, Presidente da COP 24. Ele disse que, embora cada país provavelmente encontrasse algumas partes do acordo de que não gostasse, esforços foram feitos para equilibrar os interesses de todas as partes. “Todos nós vamos ter que dar para ganhar”, disse ele. “Todos nós teremos que ser corajosos para olhar para o futuro e dar mais um passo em prol da humanidade”. As conversações na Polônia ocorreram em um cenário de crescente preocupação entre os cientistas de que o aquecimento global na Terra está avançando mais rápido do que os governos estão reagindo a ele. No mês passado, um estudo descobriu que o aquecimento global vai agravar os desastres, como os incêndios mortais na Califórnia e os poderosos furacões que atingiram os Estados Unidos este ano. E um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática concluiu que, embora seja possível limitar o aquecimento global a 1,5 graus (2,7 F) até o final do século em comparação com os tempos pré-industriais, isso exigiria uma revisão dramática da economia global, incluindo uma mudança de combustíveis fósseis.

Durante a reunião de abertura do Diálogo Talanoa

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Manifestação no 70º aniversário da Declaração de Direitos Humanos da ONU, lembrando aos delegados dos defensores de direitos humanos que perderam suas vidas em defesa desses direitos

Alarmadas pelos esforços para incluir isso no texto final da reunião, as nações exportadoras de petróleo dos EUA, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait bloquearam o endosso do relatório do IPCC no meio das negociações. Isso levou ao alvoroço de países vulneráveis como pequenas nações insulares e grupos ambientalistas. O texto final nas conversações da ONU omite uma referência anterior a reduções específicas nas emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e meramente acolhe a “conclusão atempada” do relatório do IPCC, e não as suas conclusões.Um ponto importante era como criar um mercado funcional de créditos de carbono. Os economistas acreditam que um sistema de comércio internacional poderia ser uma maneira eficaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e levantar grandes quantias de dinheiro para medidas para conter o aquecimento global. Membros de grupos constituintes de ONGs (LR): Ching Wen Yang, ONGs de jovens (YOUNGOs); Taily de Faria Marcos Terena, Mulheres e Gênero; Mariano Sanz Lubeiro, ONGs sindicais (TUNGOs); Michael Lazarus, ONGs de pesquisa e independentes (RINGOs); Cor Lamers, Governo Local e Autoridades Municipais (LGMAs); Naw Ei Ei Min, Povos Indígenas; Bjørn Gimming, Agricultores; e Sandeep Chauhan, ONGs de Negócios e Indústria (BINGOs)

Mas o Brasil queria manter as grandes quantidades de créditos de carbono que acumulou sob um antigo sistema que os países desenvolvidos dizem que não é credível ou transparente. Diante das pretensões do Brasil, que se beneficia economicamente desses mecanismos (os países desenvolvidos dizem que não é credível ou transparente), por contar com amplas zonas florestais, decidiu-se que esse assunto será concluído dentro de um ano, na próxima cúpula. Entre os que pressionaram mais duramente estavam os Estados Unidos, apesar da decisão do presidente Donald Trump de retirar o acordo climático de Paris e sua promoção do carvão como fonte de energia. “No geral, o papel dos EUA aqui tem sido um tanto esquizofrênico –empurrando a ciência do carvão e da dissensão por um lado, mas também trabalhando duro na sala por regras de transparência fortes”, disse Elliot Diringer do Center for Climate and Energy Solutions. O resto da regulamentação, que inclui medidas de transparência comum, cortes nas emissões, adaptação aos impactos do aquecimento global e financiamento, pôde ser satisfatoriamente concluída. 10

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Compromissos Mais de 160 países já apresentaram seus objetivos de redução das emissões, e os demais deverão fazê-lo até 2020. A cada cinco anos, os mesmos serão atualizados. A COP24 fixou as regras sobre como verificar que estas metas sejam cumpridas a partir de 2024, seguindo as diretrizes do IPCC nesta matéria. A cada dois anos, os países apresentarão um relatório detalhando suas ações climáticas, que será avaliado por especialistas, mas sem a possibilidade de se aplicar sanções. A cada cinco anos, a partir de 2023, os países farão um balanço mundial de seus esforços coletivos para alcançar o objetivo de limitar a temperatura global. Em todos esses casos, haverá flexibilidade em relação aos países menos avançados e aos Estados insulares, em função de suas capacidades. As presidente e vice da APA Sarah Baashan, e Jo Tyndall, encerrando a APA

Financiamento O Acordo de Paris prevê que os países desenvolvidos ajudem financeiramente os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. A COP24 insistiu na necessidade de que este financiamento seja “previsível”, e convidou os países ricos a elaborarem um relatório sobre os esforços empenhados a cada dois anos, a partir de 2020. Os países mais pobres esperaram, em vão, gestos fortes envolvendo as promessas das nações ricas de uma ajuda de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020. Houve, no entanto, alguns anúncios, como US$ 1,5 bilhão da Alemanha e US$ 500 milhões da Noruega.

Sociedade civil exige uma ação climática urgente para deter o aumento da temperatura global

Perdas e danos O Acordo de Paris reconhece “a necessidade de se evitar perdas e danos” ligados aos impactos atuais das mudanças climáticas, um ponto que preocupa os Estados Unidos, que temem que isto abra caminho para processos judiciais visando a obter indenizações. Finalmente, esta menção ficou isolada no acordo, mas sem que esteja sujeita a nenhum tipo de financiamento, como queriam os países vulneráveis. Embora a COP-24 tenha cumprido seu objetivo de regulamentar o Acordo de Paris, os discursos de encerramento mostraram frustração com a falta de ambição para fortalecer as metas nacionalmente determinadas para o acordo climático. revistaamazonia.com.br


“Canção da Terra”, de Michael Jackson, nos degraus do local, lembrando aos delegados que restam apenas 12 anos para limitar o aquecimento global a 1,5 ° C

Com consenso sobre a urgência das mudanças climáticas, havia a expectativa de que os países poderiam anunciar um adiantamento na revisão das suas metas, com objetivos mais ambiciosos já em 2020 - quando o Acordo de Paris começa a ser implementado. No entanto, o prazo continuou o mesmo acordado na França: 2023. As metas atuais levam o aquecimento global a um cenáComo o lixo pode ser transformado em carbono rio de 3°C até o final e usado para fabricar produtos residuais do século.

O novo relatório do IPCC, órgão científico da ONU, recomendava que o pico das emissões globais de gases-estufa acontecesse em 2020, como condição para limitar o aquecimento em 1,5°C e, assim, evitar a submersão dos países-ilhas. O mundo já aqueceu 1,1°C até hoje em relação aos níveis pré-industriais. Falando pouco antes do último martelo, a ministra do Meio Ambiente do Canadá, Catherine McKenna, sugeriu que não haveria alternativa para essas reuniões se os países desejassem enfrentar os problemas globais, especialmente em uma época em que a diplomacia multilateral está sob pressão do nacionalismo. “O mundo mudou, o cenário político mudou”, disse ela. “Ainda assim, você está vendo que podemos fazer progressos, podemos discutir os problemas, podemos chegar a soluções”.

No Sustaina Claus pedindo aos delegados para apoiar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), esperando que a COP 24 ofereça um milagre de Natal

COP25 O Chile será o país-sede da COP25, marcada para o período de 11 a 22 de novembro de 2019.

Comemorando o acordado nas negociações climáticas que permite que os países ponham em prática os princípios do acordo climático de Paris em 2015

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COP 14 – Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade 2018 Investindo na biodiversidade para pessoas e o planeta Fotos: CDB, Divulgação, IISD, Kiara Worth, Rudolph Hühn

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Conferência de Biodiversidade da ONU foi realizada de 13 a 29 de novembro de 2018, em Sharm El-Sheikh, Egito, com o tema “Investindo em biodiversidade para pessoas e planeta”. Participaram cerca de 3.800 participantes representando partidos, outros governos, internacionais e não Organizações governamentais, povos indígenas e comunidades locais, academia e setor privado. A Conferência da Biodiversidade da ONU incluiu: a Cimeira Ministerial Africana sobre Biodiversidade (13 de Novembro); o Segmento de Alto Nível da Conferência (14 a 15 de novembro); a décima quarta reunião da Conferência das Partes (COP 14) à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB, 17 a 29 de novembro); a nona reunião da COP, na qualidade de reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (CP COP / MOP 9, 17-29 de novembro); a terceira reunião da COP servindo como Reunião das Partes do Protocolo de Nagoya sobre o Acesso aos Recursos Genéticos e a Partilha Judaica e Equitativa dos Benefícios decorrentes da sua Utilização (NP COP / MOP 3, 17-29 de novembro de 2018); e reuniões paralelas, eventos paralelos e o Pavilhão de Convenções do Rio. Na abertura oficial da 14ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica, Yasmine Fouad, Ministra do Meio Ambiente do Egito, ressaltou a importância da participação de todos os setores na integração da biodiversidade.

Sessão de abertura do Segmento de Alto Nível com Siim Kiisler, Ministro do Meio Ambiente, Estônia, Presidente da Assembléia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA); Khaled Fouda Saddiq Mohammed, governador do sul do Sinai, Egito; Yasmine Fouad, Ministra do Meio Ambiente do Egito; Cristiana Paşca Palmer, Secretária Executiva da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB); Erik Solheim, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); e José Octavio Tripp Villanueva, embaixador do México no Egito, COP 13 Presidência

Khaled Fouda Saddiq Mohammed, governador do sul do Sinai, no Egito, deu as boas-vindas aos participantes e destacou que os antigos egípcios integravam a natureza às escrituras e aos templos.

Participantes do Fórum Global de Biodiversidade da Juventude e do WWF com Edson Gonçalves Duarte, Ministro do Meio Ambiente, Brasil

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O embaixador José Octavio Tripp Villanueva, do México, falando em nome da Presidência da XIII Conferência das Partes, disse que a ação deve ser acelerada para atingir as metas de 2020 e alcançar os ODS. Ele exortou todos os ministérios, particularmente aqueles nos setores de mineração e infraestrutura, a colaborarem na integração da biodiversidade nos diferentes setores econômicos. Erik Solheim, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), descreveu os recentes progressos no mundo, bem como a urgência sem precedentes de trabalhar para depois de 2020, um novo acordo sobre a natureza que inclui a consideração da biodiversidade nas decisões de negócios e conversas em torno das mesas da cozinha em todo o mundo. Ele enfatizou três pontos-chave para alcançar a tarefa em mãos: conservação, coexistência e comunicação. revistaamazonia.com.br


Sessão do Grupo de Trabalho II, presidido pela brasileira Clarissa Nina

Cristiana Paşca Palmer , Secretária Executiva da CDB, ressaltou que a comunidade internacional de biodiversidade não pode resolver a crise isoladamente, enfatizando a necessidade de reorientar os currículos sociais da produção e extração para a coexistência

Cristiana Paşca Palmer, Secretária Executiva da CDB, ressaltou a dura realidade de que não estamos conseguindo deter a erosão da biodiversidade e ressaltou que a preservação e a restauração da biodiversidade estão relacionadas com a biodiversidade. a preservação e restauração da raça humana. Ela ressaltou que a comunidade internacional de biodiversidade não pode resolver a crise isoladamente, enfatizando a necessidade de reorientar os currículos sociais da produção e extração para a coexistência, criação e compartilhamento. Siim Kiisler, Ministro do Ambiente da Estónia e Presidente da Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, sublinhou a necessidade de criar sinergias nos seguintes domínios: eficiência dos recursos; manutenção e restauração de ecossistemas; e adaptação e mitigação das alterações climáticas.

Clarissa Nina (Brasil), Presidente do Grupo de Trabalho II, que abordou a incorporação da biodiversidade nos setores de energia e mineração, infraestrutura, manufatura e processamento sob a Convenção; biodiversidade marinha e costeira, incluindo áreas marinhas ecologicamente ou biologicamente sensíveis (EBSAs); integração do Artigo 8 (j) (conhecimento tradicional) sob a Convenção e seus Protocolos; conservação e uso sustentável de polinizadores; espécies exóticas invasoras; e responsabilidade e reparação nos termos da Convenção

Ele enfatizou o momento e o compromisso com um planeta livre de poluição; e enfatizou a necessidade de compartilhar e implementar soluções inovadoras e promover padrões sustentáveis de produção e consumo.

O Protocolo Agroambiental Etanol Mais Verde de São Paulo, também foi apresentado como case de sucesso de parceria entre governo subnacional e setor produtivo no Business and Biodiversity Forum

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Enfatizando que a mudança de comportamento cria demanda e oportunidades para o setor de negócios, ele pediu melhorias nos dados ambientais e melhoria dos sistemas de rastreamento de dados. A Conferência adotou uma série de decisões sobre uma série de questões estratégicas, administrativas, financeiras e relacionadas ao ecossistema relevantes para a implementação da Convenção e seus Protocolos. Estas incluíram 37 decisões no âmbito da COP da CBD; 16 decisões no âmbito do Protocolo de Cartagena COP / MOP; e 16 decisões no âmbito do Protocolo de Nagoya COP / MOP. Entre os destaques, a Conferência criou um grupo de trabalho aberto intersessional (OEWG) sobre o quadro global de biodiversidade pós-2020; estabeleceu um processo intersessional, incluindo um Grupo de Especialistas Técnicos Ad Hoc (AHTEG) para continuar o trabalho em informações de sequência digital (DSI) sobre recursos genéticos sob a Convenção e o Protocolo de Nagoya; adotou as orientações voluntárias da Rutzolijirisaxik para a repatriação dos conhecimentos tradicionais; e ampliou o fórum on-line e o AHTEG sobre biologia sintética. REVISTA AMAZÔNIA

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No Fórum Global de Negócios e Biodiversidade, ca COP14, a pesquisadora Vera Fonse¬ca, coordenadora de pesquisas em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do ITV, em Be¬lém, participou do painel “Biodiversi¬dade na Mineração”, e falou sobre os trabalhos de pesquisa e de conservação da biodiversidade desenvolvidos por diversas áreas da mineradora Vale no Brasil, entre as quais os do ITV

No Fórum Global de Negócios e Biodiversidade da COP14, a pesquisadora Vera Fonseca, coordenadora de pesquisas em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do ITV, em Belém, participou do painel “Biodiversidade na Mineração”, e falou sobre os trabalhos de pesquisa e de conservação da biodiversidade desenvolvidos por diversas áreas da mineradora Vale no Brasil, entre as quais os do ITV

Recentemente, a professora e pesquisadora Vera Fonseca, conquistou o Prêmio de Mérito Científico na 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista do CNPq. A entrega da honraria foi feita pelo Presidente Michel Temer, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. O Mérito Científico 2018 reconheceu sua atuação de destaque na área Inovações para conservação da natureza e transformação social.

Breve análise da Conferência de Biodiversidade da ONU 2018 “Não estamos conseguindo impedir a perda de biodiversidade. Precisamos urgentemente abordar essa catástrofe silenciosa através de nada menos que uma mudança nas narrativas da sociedade ”. Essas observações de abertura da Secretária Executiva Cristiana Paşca Palmer prepararam o palco para a Conferência de Biodiversidade da ONU em Sharm El-Sheikh, Egito. A Convenção e seus Protocolos se encontram em uma encruzilhada. O atual Plano Estratégico para a Biodiversidade e as Metas de Aichi correspondentes estão chegando ao seu ponto final, e o progresso será avaliado em dois anos, na 15ª reunião da Conferência das Partes (COP 15) em Beijing. Muitos delegados expressaram profundas preocupações, notando progresso limitado em certas áreas e uma série de obstáculos, que indicam que a maioria das Metas de Aichi não serão cumpridas e os objetivos do Plano Estratégico serão apenas parcialmente alcançados. Neste contexto, o quadro pós-2020 terá de enfrentar um duplo desafio: avaliar o progresso, superar as deficiências e ter em conta as lições aprendidas e, ao mesmo tempo, aumentar o nível de ambição. 14

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Blocos de biodiversidade em torno do local apresentando vários animais selvagens e habitats

Essa breve análise avaliará os principais resultados das três reuniões paralelas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), do Protocolo de Cartagena sobre

Biossegurança e do Protocolo de Nagoya sobre Acesso e Repartição de Benefícios (ABS), levando em conta o esforço para posicionar a Convenção dentro do quadro pós-2020 e além. revistaamazonia.com.br


Movendo a agenda para frente As tecnologias emergentes têm tradicionalmente atraído à atenção nas reuniões da CDB, e a Conferência sobre Biodiversidade de 2018 não foi exceção, uma vez que os delegados debateram amplamente os itens da agenda sobre biologia sintética e informações de sequências digitais. As deliberações eram demoradas, às vezes acaloradas e deixavam os delegados com sentimentos mistos. Enquanto a maioria expressou satisfação com o resultado em informações de sequência digital, alguns observaram que a decisão sobre a biologia sintética não aborda adequadamente a urgência do assunto. A Convenção tem uma longa história na abordagem de uma ampla gama de tecnologias emergentes e seu impacto potencial sobre a biodiversidade, incluindo organismos vivos modificados, tecnologias de restrição de uso genético, biocombustíveis e geoengenharia. A Convenção está em boa posição para promover a governança internacional, por

Membros da sociedade civil chamando atenção das corporações para ‘pararem de chutar o planeta’

No side event que abordou o tema Parcerias inovadoras para administrar grandes áreas marinhas protegidas

Mesa Redonda: “Integrando a biodiversidade no setor de infraestrutura”

causa de seu amplo mandato e abordagem holística para a gestão de ecossistemas. Além disso, a CDB incorporou tradicionalmente a contribuição dos povos indígenas e comunidades locais, que são geralmente os primeiros a sofrer os impactos negativos de tais tecnologias, bem como de uma ampla gama de interessados, incluindo organizações da sociedade civil, que seguem a rápida ritmo da evolução tecnológica. As deliberações, no entanto, sempre foram controversas. Uma das principais características das discussões em Sharm El-Sheikh sobre a biologia sintética foi à edição do genoma e os genes.

Delegados do Brasil

A Cidade Limpa, empresa de proteção ambiental opera a 19 anos no Estado do Pará e está devidamente licenciada pelos órgãos competentes: SEMA, IBAMA, ANVISA, CAPITANIA DOS PORTOS, CREA-PA, Corpo de Bombeiros e Prefeitura Municipal de Belém. A empresa está apta a dar destinação final, de forma correta a resíduos industriais líquidos, pastosos e sólidos, além de resíduos hospitalares.

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Os delegados não compartilhavam o mesmo nível de apoio para a decisão final, embora houvesse um acordo generalizado para continuar o trabalho no Conselho Ad Hoc. Grupo de Especialistas Técnicos (AHTEG), bem como no fórum online aberto, para melhorar a compreensão mútua. Drives genéticos projetados promovem a herança de um determinado gene para aumentar sua prevalência em uma população. Praticamente assegurando que uma característica específica será transmitida para quase todas as gerações futuras, os drives genéticos podem gerar sérios problemas de biossegurança. A esse respeito, a sociedade civil tem pedido uma moratória sobre seu uso até que o conhecimento e a compreensão necessários para seu uso seguro sejam desenvolvidos. Um veterano da Convenção, no entanto, observou que, dado o delicado equilíbrio de interesses, “a proposta de moratória era radical demais para voar”. A decisão sobre a biologia sintética acabou pedindo às partes que adotassem uma abordagem preventiva em relação à engenharia genética, em conta as incertezas

20 anos

de Excelência

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atuais.

Avaliações de risco caso a caso e a medidas de gestão de risco cientificamente sólidas A edição de genoma, um grupo de tecnologias que permite que o material genético seja adicionado, removido ou alterado em locais específicos do genoma, também atraiu muita atenção. Após longos debates, o compromisso foi remover todas as referências à edição do genoma da parte operacional da decisão. A edição do genoma é explicitamente mencionada apenas uma vez, sob os termos de referência do AHTEG. Alguns delegados ficaram desapontados com este resultado, observando que isso “enfraquece consideravelmente a decisão” e que “devemos abordar essas poderosas tecnologias e seus possíveis efeitos adversos sobre a biodiversidade agora, em vez de esperar que o AHTEG a discuta ainda mais”. Outros observaram que o conjunto de técnicas coletivamente descritas como edição do genoma é tão amplo que elas devem ser abordadas caso a caso, enfatizando que qualquer esforço para regulá-las como um todo “simplesmente não faz sentido”. No final, os delegados concordaram em solicitar ao AHTEG que considerasse especificamente as aplicações concretas da edição do genoma se elas se relacionassem à biologia sintética, a fim de apoiar uma ampla e regular processo de digitalização horizonte. Ainda assim, como delegado, assegurou aos participantes preocupados após a adoção da decisão: “o escaneamenDavid Cooper, Secretário Executivo Adjunto da CDB; COP 14 Presidente Yasmine Fouad, Ministro do Meio Ambiente do Egito; e Cristiana Paşca Palmer, Secretária Executiva da CDB

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Biologia sintética parece uma questão crítica quando se trata de um equilíbrio entre biodiversidade e inovação

to horizontal abrange técnicas de edição de genoma, com ou sem menção explícita”. A informação de sequência digital (DSI) sobre recursos genéticos foi a terceira maior tecnologia emergente abordada na reunião. Sequências genéticas estão substituindo cada vez mais a necessidade de acessar amostras biológicas de recursos genéticos, criando grandes implicações para a arquitetura da Convenção sobre ABS. Se o acesso aberto ao DSI, necessário para fomentar a pesquisa científica, não for acompanhado por modalidades de compartilhamento de benefícios, o terceiro objetivo da Convenção ficará cada vez mais fora de alcance. Enquanto alguns insistem que a DSI está fora do escopo do Protocolo de Nagoya, outros enfatizam que deixar de abordar o tópico - e, portanto, não criar um mecanismo para compartilhar de forma justa e equitativa os benefícios decorrentes do uso da DSI - enfraqueceria o Protocolo revistaamazonia.com.br


de Nagoya tão fundamentalmente quanto para torná-lo redundante. DSI atraiu mais atenção do que qualquer outro item em negociação, Após longas deliberações de fim de noite, a decisão final sobre a DSI estabelece um processo baseado em ciência e política, incluindo um AHTEG estendido. Além disso, os estudos a serem comissionados abordarão uma série de questões cruciais, incluindo o conceito, o escopo e as medidas internas sobre DSI, rastreabilidade e bancos de dados públicos e privados. A maioria dos delegados ficou satisfeita com essa decisão, com um participante veterano observando que “percorremos um longo caminho no desenvolvimento do entendimento mútuo desde que a DSI foi acionada pela primeira vez por uma refe-

Ação da sociedade civil nos corredores da Conferência, defendendo a Mãe Natureza

Procurando por histórias de sucesso para ir além dos negócios, como sempre Análise ecoacústica de uma floresta tropical

A necessidade de uma mensagem nova e envolvente sobre a biodiversidade para captar a imaginação do público e impulsionar os esforços de conservação foi um tema comum nos corredores e nas discussões sobre o processo pós-2020. O segundo prevê uma estratégia de comunicação, que conterá atividades de divulgação e promoverá engajamento político de alto nível, incluindo um painel de alto nível para aumentar a conscientização. Como um veterano enfatizou, o desenvolvimento de tal estratégia e mensagem convincente não é tarefa fácil, e requer abordar tanto as complexidades do assunto, no nosso caso a biodiversidade, quanto as complexidades do público-alvo. “As pessoas são diferentes”, disse, “algumas são assombradas pela música do último pássaro vivo de Kauai O’o, em seu acasalamento com uma fêmea que nunca virá. Outros podem agir com base na compreensão da avaliação econômica de uma função específica de uma bactéria. Precisamos engajar todos eles.

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rência em colchetes em uma recomendação do SBSTTA para a COP13 em Cancun”.

Uma nova era para a biodiversidade? Enquanto as tecnologias emergentes receberam a maior parte da atenção, outras identificaram o processo de desenvolvimento do quadro global de biodiversidade pós2020 como central para os procedimentos da Conferência de Biodiversidade da ONU. Em meio a longas negociações que delinearam as prioridades nacionais e regionais e revelaram as interligações entre os diferentes itens da agenda, os delegados concordaram com um processo preparatório para desenvolver a estrutura. Eles observaram que, em um mundo em rápida mutação, a flexibilidade será fundamental, não apenas para se adaptar à natureza dinâmica do ambiente global, mas também para poder aproveitar as oportunidades emergentes. O estabelecimento de um grupo de trabalho intersecional aberto para apoiar a preparação da estrutura foi saudado como um dos principais resultados da reunião. Muitos delegados concentraram-se na organização detalhada do trabalho. Como parte desse processo, muitos participantes da Conferência sobre Biodiversidade concordaram com a necessidade urgente de tentar mudar a narrativa em torno da biodiversidade e desenvolver uma mensagem poderosa que possa promover os objetivos da Convenção. A este respeito, tanto as decisões distintas como a discussão sobre o quadro pós2020 abordaram a cooperação com outras convenções e organizações e a necessidade de integrar as preocupações em matéria de biodiversidade. A cooperação entre as convenções relacionadas à biodiversidade e as Convenções do Rio foi novamente saudada como essencial para a implemenREVISTA AMAZÔNIA

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tação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Último dia da Conferência O plenário elegeu os membros dos comitês de conformidade dos Protocolos de Cartagena e Nagoya e elegeu Basile van Havre (Canadá) e Francis Ogwal (Uganda) como co-presidentes do Grupo de Trabalho sobre o quadro pós-2020. Após consultas informais sobre informações de sequências digitais sob o Protocolo de Nagoya, salvaguardas em mecanismos de financiamento da biodiversidade e áreas marinhas ecológica ou biologicamente significativas (EBSAs), o plenário adotou os relatórios e decisões da reunião, incluindo o orçamento. Os delegados ouviram declarações regionais e acompanharam uma apresentação em vídeo sobre a Conferência de 2020, a ser realizada em Pequim, China. A Secretária Executiva da CDB, Cristiana Paşca Palmer, descreveu os êxitos da reunião, incluindo, entre outros: o compromisso de um processo preparatório inclusivo e flexível para o quadro pós-2020; pedindo uma década das Nações Unidas sobre a restauração do ecossistema; e se comprometer com o “final de dois anos em direção à linha de chegada de Aichi”. Ela enfatizou ainda mais a necessidade de: “dobrar a curva” da perda de biodiversidade; passar de um modelo de mudança incremental para mudança transformacional; e reconhecer que salvar a diversidade cultural anda de mãos dadas com a salvação da diversidade biológica. O presidente da Conferência da Biodiver-

Participantes da IUCN

Visão geral da sessão de abertura do Segmento de Alto Nível

sidade da ONU, Yasmine Fouad, Ministro do Meio Ambiente do Egito, enfatizou o espírito de respeito mútuo que prevaleceu durante a Conferência. Ela ressaltou que “um trabalho maravilhoso foi feito de bom grado e carinhoso”, convidando delegados e participantes a levar a mensagem “um passo acima para elevar a fasquia e materializar todas as decisões que foram acordadas.” Ela concluiu a Conferência às 21h02. Yasmine Fouad, Ministra do Meio Ambiente do Egito, acompanhada de filho, encerrou a COP 14, às 21h02

Último dia da sessão plenária da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade

Vencedores do Prêmio COP 14 CHM. A Secretária Executiva da CBD, Cristiana Paşca Palmer, entregou prêmios em reconhecimento às realizações das partes em suas câmaras de compensação nacionais

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Encerramento Se você quer ir rápido, vá sozinho; se você quiser ir longe, vamos juntos - provérbio africano, citado pela secretária executiva da CDB Cristiana Paşca Palmer. Quando os participantes deixaram o Centro de Conferências de Sharm El-Sheikh, a maioria concordou que foi uma reunião bem-sucedida. Muitos aplaudiram especialmente a inspiradora e animadora liderança da presidente da COP 14, Yasmine Fouad, Ministro do Meio Ambiente do Egito, que, ao longo de cada grupo regional na reunião, destacou a necessidade de “trabalhar juntos”. Trabalhar juntos, no entanto, pode ser um desafio no futuro próximo. O aumento das pressões ambientais, juntamente com a ascensão do populismo e do nacionalismo em muitas partes do mundo, pode fornecer uma maior tentação para cada país de “cuidar dos seus próprios”. As decisões em fóruns como o COP, bem como a coragem, paixão e a capacidade de resistência de todos aqueles que trabalham na conservação da biodiversidade decidirá se, como um participante colocou emocionalmente, “as espécies vivas do revistaamazonia.com.br


11º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável

Especialistas e empresários abordaram tecnologia, desafios globais e soluções locais Fotos: David Nascimento

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romovido pelo Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental, teve como tema Desafios globais, soluções locais e o futuro tecnológico sustentável e contou com patrocínio da ArcelorMittal, Gerdau, Belotur, Cenibra, Vallourec e FCA Fiat Chrysler, além do apoio do Sebrae Minas, FDC (Fundação Dom Cabral) e da WayCarbon e parceria de outras instituições. Considerado um dos eventos mais importantes da América Latina sobre sustentabilidade, o Sustentar 2018 reuniu, na sede do Sebrae Minas Gerais, dia 23 de novembro, cerca de 1,5 mil pessoas, que participaram de painéis simultâneos voltados para sensibilizar e ajudar cidadãos e empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as fundamentais na construção de uma sociedade sustentável.

Solenidade de Abertura com Roberto Fagundes, Presidente do Conselho do Instituto Sustentar

Workshop Internacional - Como Planejar, Desenvolver e Comercializar Produtos de Ecoturismo Promovendo o Desenvolvimento de Comunidades

Grande Diálogo - Visão e Sustentabilidade

Fórum Estratégias, Tecnologias e Gestão para a Responsabilidade Socioambiental

Fórum Oportunidades, Mercados Sustentáveis e Futuro - Aron Belinky, Coordenador do Programa de Produção e Consumo Sustentaveis do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV

Fórum Inovação Sustentável - Afonso Cozzi, professor e pesquisador de inovação da Fundação Dom Cabral

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Espaço Sustentar de Inovação

Projeto Bichos do Pantanal, patrocinado pela Petrobras através do programa Petrobras Socioambiental I

Público do Sustentar 2018

A programação do Sustentar 2018 contou com: Solenidade de Abertura; Grande Diálogo: Visão e Sustentabilidade; Demoday Hackathon; Fórum Inovação Sustentável; Fórum Estratégias, Tecnologias, Gestão para Responsabilidade Socioambiental; Fórum Oportunidades, Mercados Sustentáveis e Futuro; e Workshop Internacional - Como Planejar, Desenvolver e Comercializar Produtos de Ecoturismo Promovendo o Desenvolvimento de Comunidades. Ainda fez parte do evento, o Espaço Sustentar de Inovação, onde foram apresentados produtos, tecnologias e serviços voltados para responsabilidade socioambiental. “No período da manhã, tivemos um diálogo focado nas demandas dos líderes, em que governos, empresas e sociedade fizeram uma previsão para o desenvolvimento sustentável do Brasil nos próximos 10 anos. Já à tarde, foram abordados temas como economia circular, precificação de carbono, o papel da academia no processo de inovação das empresas, o que as grandes empresas podem aprender com as startups, a indústria 4.0, entre outros”, pontuou a diretora-executiva do Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental, Jussara Utsch. Entre os mais de 30 palestrantes e mentores presentes, estavam Afonso Cozzi, professor e pesquisador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral; Gabriela Yamaguchi, diretora de comunicação e engajamento do WWF-Brasil; Douglas Trent, criador do Projeto Bichos do Pantanal, patrocinado pela Petrobras através do programa Petrobras Socioambiental, e um dos

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maiores especialistas da vida silvestre brasileira; Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade e gerente do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral; Fábio Feldman, ex-deputado federal e Ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; a professora de Estudos Globais da Nottingham Trent University, Kathryn Lum; e outros. Outro diferencial desta edição foi o documento produzido para ser entregue ao presidente eleito, com as expectativas dos eleitores e empresas para o setor. “Em um momento de transição, em que um novo presidente da República está prestes a assumir seu mandato, a realização desta edição do Sustentar foi, acima de tudo, extremamente oportuna, até porque não se sabe ainda, com clareza razoável, quais são suas concepções e propostas quanto a questões como desenvolvimento sustentável, meio ambiente e inovação. A sustentabilidade exige planejamento de curto, médio e longo prazo, por isso as políticas precisam ser de estado e não apenas desse ou daquele governo”, analisou o presidente do Conselho do Instituto Sustentar, Roberto Fagundes.

Calculadora de Carbono Inhotim

Espaço Sustentar de Inovação Parte da programação do Sustentar 2018, o Espaço Sustentar de Inovação contou com a presença de startups de inovação e tecnologia. Com o objetivo de promover debates e networking, o ambiente reuniu os participantes: Instituto Espinhaço – Projeto Semeando Florestas Colhendo Águas, Portal Verde, LiaMarinha, Calculadora de Carbono de Inhotim, Market Play, Cooperárvore, Casa Zero, Aterra Ambiental e outros.

Bioenergia Social Outro destaque da programação do 11º Sustentar foi a apresentação do programa Gerdau Bioenergia Social, feito em parceria com a startup Bchem Biocombustíveis, que produz biodiesel a partir do óleo de cozinha usado. Os participantes do evento puderam acompanhar ao vivo a transformação do material. Projeto Bioenergia Social

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Demoday Hackaton Sustentar. Era da inovação

Vencedores do Hackathon Sustentar apresentam projetos para desafios da indústria do aço e mineração e reciclagem urbana Fotos: David Nascimento

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om propostas que solucionam problemas ambientais e de infraestrutura local, os três vencedores do Hackathon Sustentar foram apresentados, durante o Sustentar 2018. A maratona de desenvolvimento, realizada pelo Instituto Sustentar em parceria com as empresas patronas ArcelorMittal, Gerdau e Vallourec, propôs que as equipes participantes criassem projetos voltados para solução dos desafios globais do desenvolvimento sustentável na indústria do aço e mineração e reciclagem urbana. Os três grupos finalistas, que receberam prêmios no valor total de R$ 6 mil. Considerado o melhor projeto pela empresa patrona ArcelorMittal, o Renovação faz a recuperação e separação de metais, principalmente ferro e zinco, das lamas de aciaria para atuar na economia circular da cadeia produtiva do aço. Hoje em dia, 40% destes resíduos siderúrgicos vão para aterros industriais. A ação, feita a partir de um desagregador ultrassônico, possibilita oportunidades de negócio como: corretivos do solo, sucatas, matéria prima para cimenteiras e comercialização do zinco recuperado. A proposta tem baixo consumo de energia, simplicidade de operação e teste em escala industrial. Uma pesquisa recente mostrou que o Brasil perdeu nos últimos cinco anos algo em torno de R$ 15 bilhões por conta dos 45 milhões de toneladas de recicláveis que foram para lixões nesse período.

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Vencedores do Hackathon Sustentar 2018

Pensando nisso, a FANT – Escola de Reciclagem, equipe eleita pela Gerdau, desenvolveu uma plataforma digital que propõe o ensino de reciclagem de forma lúdica e gamificada, incentivando crianças a cumprirem objetivos. Além disso, o site também apresenta uma aba com propostas de reciclagem para empresas, com materiais didáticos e workshops. Por fim, também vencedor, o projeto Inovação, escolhido pela Vallourec, propõe a produção de revestimento secundário e terciário (sub-base e reforço do subleito) de pavimentos por meio de rejeitos da mineração. Solucionando também o problema na qualidade das estradas, já que atualmente, 79,3% das rodovias de Minas Gerais apresentam dificuldades com a geometria da via. “Os projetos foram desenvolvidos baseados em design

thinking, metodologia criativa e prática para resolução de problemas e concepção de projetos. É uma mentalidade experimental, centrada no usuário e orientada à inovação. Além disso, todas as propostas foram voltados para as necessidades reais do nosso Estado e planeta”, pontuou Jussara Utsch, diretora-executiva do Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental. Para chegar às propostas apresentadas, os vencedores do Hackathon Sustentar começaram participando de uma imersão de 36 horas, nos dias 10 e 11 de novembro, quando receberam mentoria e orientação por profissionais especializados em inovação e desenvolvimento de negócios durante 36 horas. Ao final da maratona, foram selecionadas seis equipes finalistas - Nanno, Renovação, Inovação, Valloriza, Eletrobio e FANT - Escola de Reciclagem -, que apresentaram seus projetos no Demoday Hackathon, durante a abertura do 11º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável. O primeiro Hackathon Sustentar recebeu 180 inscrições, mas só foram escolhidas as pessoas que apresentaram ideias em fase inicial que se aplicavam aos temas propostos e se encaixavam na atratividade do modelo de negócio. A iniciativa visa reunir pessoas diferentes uma das outras e que não se conhecem, para incentivar a confiança e explorar a criatividade entre elas. Esta é uma das propostas do Hackathon Sustentar: promover a convivência, o respeito e a diversidade. Além disso, o Hackathon Sustentar é precursor do SustentarLab – futura aceleradora de startups, focada em projetos, produtos e tecnologia sustentável.

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Sustainable Brands SP 2018 Inovação nos negócios orientada pela sustentabilidade em um dos principais eventos do Brasil Fotos: Karen Robinson

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Sustainable Brands SP 2018, no Pavilhão das Culturas Brasileiras do Parque Ibirapuera, com modelo inspirado na Teoria U, contou com uma plenária de abertura onde importantes nomes associados à sustentabilidade falaram sobre suas marcas e a relação destas com a inovação sustentável. Paulina Chamorro, da Rádio Vozes, foi a mestre de cerimônias da plenária e o evento foi oficialmente aberto por Álvaro Almeida, diretor do Sustainable Brands Brasil, e Koann Vikoren Skrzyniars, fundadora e CEO do Sustainable Brands. Em seguida, foi a vez dos porta-vozes de algumas marcas parceiras falarem com o público. Assim, os presentes puderam conhecer como a Volans, Boomera, SC Johnson, Heineken e National Geographic trabalham a questão da sustentabilidade em suas marcas. O primeiro dia do SBSP18 seguiu com eventos simultâneos, divididos em palestras e workshops.

Redesigning The Good Life Nessa plenária, KoAnn Skryniarz, fundadora e CEO da Sustainable Life Media e da plataforma Sustainable Brands, destacou alguns resultados da pesquisa sobre aspectos que definem uma vida boa: 89% pensam que se as pessoas entendessem melhor umas as outras, todos nós viveríamos uma vida melhor;

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Abertura muito legal com Andre Lopes (Ben&Jerry), Koan (Natura) e Rubens Benini (TNC) trazendo boas conversas sobre o futuro da sustentabilidade

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72% pensam que se mais pessoas conquistassem a vida boa, teríamos menos conflitos globais. “As pessoas buscam uma vida com mais propósito e significado”, observa KoAnn.

Outros resultados da pesquisa:

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36% das pessoas consideram importante para uma vida boa a simplicidade balanceada e ter uma vida mais saudável e mais simples.

KoAnn Skryniarz, fundadora e CEO da Sustainable Life Media e da plataforma Sustainable Brands

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28% consideram importante conecções com significado com pessoas, comunidades e com o meio ambiente. 26% consideram importante dinheiro e status ou ter dinheiro e a capacidade de gastá-lo. 10% consideram importante conquistas pessoais relacionadas à carreira e ao nível educacional.

Workshop mostra como empresas podem seguir um Caminho B Participantes analisaram exemplos de organizações que incluem a sustentabilidade em seus planos de negócios do evento. Nesse workshop “Sistema B – Toda empresa pode seguir um Caminho B!”, liderado por representantes da Natura, foi mostrado na prática, através de benchmarks mundiais, como algumas organizações incluíram em seus planos de negócios o desenvolvimento tanto social quanto ambiental. Os participantes tiveram contato com formas de medir o impacto das empresas por meio dos programas oferecidos pelo Sistema B, avaliando caminhos para fazer parte desse movimento e se aprofundando na Avaliação de Impacto B.

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Bom uso do plástico foi tema de activation hub no SBSP18 Palco “Good Plastic” mostrou exemplos de marcas que estão mudando os hábitos em relação à aplicação do plástico – um dos itens mais debatidos na atualidade quando o assunto é vida sustentável. Durante a activation hub “Good Plastic”, Alejandro Gowland, da National Geographic, Marcela Zambardino, da Positiva, e João Malavolta, do Instituto Ecosurf, falaram dos impactos do uso do plástico e como essas marcas têm lidado com a questão. Com mediação de Paulina Chamorro, os integrantes do palco compartilharam iniciativas que atuam em prol de uma mudança de cultura em relação ao uso do plástico. João Malavolta explicou o trabalho feito pelo Instituto Ecosurf, que atua mobilizando surfistas para proteger praias e oceanos da poluição. Já Marcela Zambardino compartilhou com o público como a Positiva, empresa de produtos de limpeza ecológica, tem feito parcerias que visam a sustentabilidade no uso do plástico. A organização não utiliza nenhum derivado de petróleo e está cada vez mais focada em aplicar medidas sustentáveis que possam crescer junto com a empresa. Por fim, o representante da National Geographic, responsável pelo lançamento da campanha “Planeta ou plástico”, frisou que, antes de tudo, é necessária a mudança cultural. “A campanha é prioridade para nós e, como meio de comunicação, damos a ela espaço em todas as nossas plataformas, inclusive nas redes sociais, para que a mensagem chegue a mais pessoas”, finalizou Alejandro Gowland.

Reciclagem das embalagens

Lorraine Smith, Diretora Associada da consultoria Volans, liderada pelo reconhecido John Elkington, compartilhou os destaques da New Carbon Economy

David McCauley, Diretor Sênior de Assuntos Externos para a América Latina na SC Johnson, na plenária sobre o redesenho da vida boa (Redesigning The Good Life)

O segundo e último dia do SBSP18 começou propondo discussões sobre a Good Life em diferentes setores. Um exemplo foi o ‘Activation Hub Good Packaging’, no qual os participantes puderam entender melhor como algumas empresas têm apostado na

Claudia Leite, gerente de cafés e sustentabilidade da Nespresso

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reciclagem como uma das portas de entrada para a Economia Circular. Presente no painel, a Nespresso compartilhou como tem executado uma das etapas da Economia Circular – a reciclagem – das cápsulas de café. Claudia Leite, gerente de cafés e sustentabilidade da Nespresso, explicou que “para ampliar o alcance da iniciativa, mais um dos conceitos da Economia Circular tem sido aplicado e é fundamental: o estabelecimento de parcerias”. “A Nespresso começou a parceria com cooperativas este ano. Nossa orientação aos consumidores, agora, tem sido ‘quem não destina as cápsulas aos nossos pontos de coleta diretamente, destine a uma cooperativa de confiança’. Assim, ao aumentarmos o volume de reciclagem dos parceiros estratégicos, contribuímos para os negócios da nossa cadeia e facilitamos também o diálogo com eles”. Para Beatriz Luz, uma das maiores especialistas do Brasil em Economia Circular, atitudes como a da Nespresso são importantes para apoiar a sustentabilidade em diferentes áreas. “Para que iniciativas como essa avancem é fundamental pensar em novas formas de produção, consumo e relacionamento”.

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Lab Moda Sustentável

O Millennials Lab da Engajamundo e Flowmakers,(geração que vai fazer a revolução pelo consumo fez a leitura do Manifesto 2030), criado durante o Sustainable Brands São Paulo

Após interação, painelistas mostraram o que tem sido feito para integrar o segmento e promover a colaboração em prol da sustentabilidade na cadeia produtiva Através do debate sobre Good Fashion, o workshop contou com a presença de integrantes do Lab Moda Sustentável e convidou o público a debater sobre quais seriam, dentro de suas perspectivas, os desafios que eles associam ao universo da moda e da indústria têxtil. As respostas foram diversas, indo desde a necessidade de mais transparência na cadeia produtiva até a importância de uma educação que permita que os profissionais da área tenham um olhar apurado sobre a sustentabilidade. Marina Colerato, fundadora da plataforma Modefica, falou da importância de uma mudança na cultura, entre outros aspectos. “É importante pensar de forma sistêmica para articular a rede como um todo e entender que o custo ainda tem um peso importante quando se fala em sustentabilidade na moda”, avaliou. Já Sueli Pereira, do Santista, enfatizou a importância de colaboração no setor para mudar essa visão. “As marcas geralmente aderem a medidas sustentáveis quando há ganhos financeiros e não por uma mudança de mentalidade, que seria o ideal”, disse. Por fim, Camila Zelezoglo, da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), mostrou a amplitude do setor. Ela citou que o segmento emprega mais de 1,6 mi de trabalhadores diretos e inclui mais de 100 mil postos de venda em todo o Brasil.

MRV compartilha como inclui os ODS em sua estratégia Reconhecida nacionalmente por sua atuação sustentável, a maior construtora da América Latina revela como fez para inserir os ODS no seu processo decisório. Compartilhando com o público como estão trabalhando para alinhar os ODS ao crescimento, organizações como a MRV falaram sobre os desafios enfrentados e as mudanças necessárias para manter a marca e as operações cada vez mais sustentáveis. “Fizemos uma pesquisa nos nossos 33 departamentos, com a participação de todos os colaboradores da MRV, para podermos detectar quais ODSs poderiam se alinhar a cada área, da melhor maneira possível”, revelou Thais Morais, especialista em sustentabilidade da MRV. A partir do resultado desse levantamento, foi possível saber quais atitudes sustentáveis, já existentes poderiam ser potencializadas.

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“Entendemos que este foi o melhor dos seis Sustainable Brands já realizados no Brasil”, disse Álvaro Almeida, organizador do Sustainable Brands São Paulo 2018

Philip McKenzie, antropólogo cultural e estrategista americano, curador global da Influencer Conference, falando sobre Futures Thinking e Sustentabilidade

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“E, por meio desse processo positivo, engajamos a empresa em um movimento sem volta, que nos fez tirar cada ODS da sua ‘caixinha’ e coloca-lo em prática. Se é bom para nós, na MRV e para as famílias que moram em nossos apartamentos, é melhor ainda para o planeta, na luta contra as mudanças climáticas”, conclui Thais.

Encerramento/Balanço Foram dois dias de inspiração e criação no Sustainable Brands São Paulo 2018, para quem tem o propósito de construir as soluções voltadas para um futuro melhor, envolvendo: 800 participantes 100 palestrantes e painelistas 14 workshops 12 painéis temáticos de cocriação “Redesigning é o meio de uma trilogia que começou com o Redefining The Good Life (2017) e ano que vem fecha a trilogia com o Delivering The Good Life. Entendemos que este foi o melhor dos seis Sustainable Brands já realizados no Brasil”, Álvaro Almeida, organizador do Sustainable Brands São Paulo. Agradecemos a participação de todas e todos que contribuíram para as trocas sobre o redesenho da vida boa, em mais uma experiência SB de criação colaborativa. Nos vemos em 2019!

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O Sustainable Brands São Paulo 2018 fechou com as premiações e reconhecimentos

FECHAMENTO

Principal evento do País a abordar sobre empreendedorismo e negócios guiado pela sustentabilidade reuniu em São Paulo, no Pavilhão das Culturas Brasileiras do Parque do Ibirapuera, profissionais de empresas, empreendedores, inovadores sociais e o público em geral que se identificava com o tema. Realizado há 11 anos em 12 cidades mundiais – como Estados Unidos, Argentina, Espanha, França, Turquia, Tailândia, Japão, Malásia, Coréia e Portugal. Pela sexta vez agora, o Sustainable Brands aconteceu no Brasil, contando com espaços de cocriaçãos para propor a construção coletiva de conhecimento e gerar soluções que atendam aos novos padrões de vida da sociedade. Com o tema Redesigning the Good Life, dando continuidade a uma uma jornada de aprendizagem que começou em 2017 com Redefining the Good Life e se completa em 2019 com Delivering the Good Life.

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Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente – 2018

Solenidade premia projetos e personalidades dedicados aos desenvolvimentos da região amazônica. A única premiação brasileira voltada a reconhecer iniciativas e personalidades destinadas ao desenvolvimento da Amazônia Fotos: Pedro Sousa e LED Produções

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José Conrado Santos, presidente do Sistema FIEPA destaca a importância da premiação que ocorre há 15 anos

endo como objetivo fomentar mudanças inovadoras para o desenvolvimento sustentável da Região Amazônica, os dois Prêmios estimulam, reconhecem e valorizam as empresas e iniciativas de suporte ao desenvolvimento regional, que utilizam projetos inovadores no setor econômico e educacional. Incentivam a promoção e reflexão das perspectivas econômicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da região, assim como, o fomento e interação permanente entre diversos setores. Esta é a única premiação brasileira voltada a reconhecer iniciativas e personalidades destinadas ao desenvolvimento da Amazônia. A outorga dos vencedores da edição 2018 foi realizada em Belém, no auditório Albano Franco, da FIEPA no dia 23 de novembro. As premiações recebem o apoio do Banco da Amazônia, grupo Bemol/Fogás, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do seu Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), das Federações de Indústrias da Região Amazônica, Fundações de Amparo à Pesquisa da Amazônia Legal, dentre outras instituições.

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Este ano, 176 projetos de diversos estados brasileiros foram inscritos em seis categorias. As premiações recebem o apoio do Banco da Amazônia, grupo Bemol/Fogás, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do seu Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), das Federações de Indústrias da Região Amazônica, Fundações de Amparo à Pesquisa da Amazônia Legal, dentre outras instituições. A cerimônia de outorga das premiações de 2018 aconteceu na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará.

Luiz Sampaio, diretor do Banco da Amazônia, falou sobre o incentivo do banco aos projetos e aos empreendedores da região

Todos os agraciados e homenageados reunidos durante a cerimônia

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Adnan Demachki, advogado e ex-secretário de Estado, foi agraciado como ‘Personalidade Dedicada ao Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica

Vencedores Na categoria Empresa da Amazônia, a contemplada foi a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açú (CAMTA), representada pelo seu Presidente, Alberto Oppata. A entidade é voltada para a comercialização de Pimenta-Do-Reino, Amêndoas de Cacau, Óleos vegetais e Polpas de frutas tropicais, cultivadas nas propriedades formadas por mosaico Agro florestais de 172 cooperados da Região. “É a segunda vez que participo nessa categoria como pessoa física, e ganhar o prêmio é uma sensação de grande alegria e satisfação gerando uma contribuição fundamental para estimular nossos produtores no desenvolvimento dos cultivos Agro florestais“, disse Alberto Oppata. O primeiro colocado na categoria Iniciativas de Desenvolvimento Local foi Mauricio Favacho, com o projeto “Modelagem 3D, Prototipagem e Fundição em Cera Perdida na produção de joias com a biodiversidade do Estado do Pará”, que tem como objetivo mostrar a importância do uso das tecnologias industriais na produção de joias. “O projeto poderá contribuir de maneira sistemática com novas políticas públicas (programa e ações) em gemas, joias e metais preciosos de governos municipais e estaduais amazônicos para que estes passem a incentivar também a produção industrial de joia através do uso destas tecnologias e consequentemente o melhor aproveitamento de suas matérias-primas locais, um ato que fará com que estas regiões deixem de atuar apenas como fornecedores de matérias-primas de interesse da indústria joalheira mundial e passem também a fabricar seu produto final de maior potencial competitivo, isto é a joia industrial”, disse Mauricio. Com o projeto “Unidade Solar Fotovoltaica para Beneficiamento de Mandioca e Produção de Farinha”, André Queiroz, do Amapá, recebeu o terceiro colocado da mesma categoria. “O projeto por meio da integração de um sistema fotovoltaico de bombeamento de água e um equipamento agrícola destinado ao beneficiamento da mandioca, e tem por objetivo

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entregar água, alimento e oportunidade de renda as comunidades onde ainda não é possível obter acesso à energia elétrica por meios convencionais”, relatou André. “Receber a premiação causa um sentimento de felicidade e gratidão, pois com o valor arrecadado será possível dar continuidade ao projeto da família assistida no município de Itaubal, interior do Amapá”, ponderou. Na categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica, o contemplado no terceiro lugar foi Marcos de Sousa, com o projeto “Seixo de Plástico”, que trás inovação e consiste na transformação do plástico em seixo para substituir a matéria prima, essencial dos concretos e seus derivados. “Conseguimos esse êxito através de técnicas inovadoras a baixo custo no processamento dos plásticos. Desta forma tem-se insumos de qualidade para a cadeia produtiva da indústria da construção civil, customizados a partir dos plásticos que deixaram de ser problemas para meio ambiente e se tornarão em insumos de qualidades, tais como: agregados para concretos e concreto asfáltico, tijolos, blocos com e sem função estrutural, broquetes para calçamentos”, disse Marcos. Os premiados receberão R$ 35 mil, R$ 15 mil e R$ 10 mil para o 1º, 2º e 3º lugar, respectivamente.

Abaixo os Vencedores Prêmio Samuel Benchimol

3º Lugar: Marcos Antonio Costa de Sousa - Belém – PA. Projeto: Seixo de Plástico

Categoria Personalidades Dedicadas ao Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica Contemplado: Adnan Demachki– PA

Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente Categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL): 1º Lugar: Mauricio Darcy Favacho da Silva - Belém – PA. Projeto: Modelagem 3D, Prototipagem e Fundição em Cera Perdida na produção de joias com a biodiversidade do Estado do Pará 2º Lugar: Francisco Samonek - Castanhal – PA. Projeto: Chinelo de Encauchados: Um Produto Orgânico, Socioeconomicamente correto, dos Seringueiros Extrativos da Amazônia 3º Lugar: André Oliveira Queiroz - Macapá – AP. Projeto: Unidade Solar Fotovoltaica para Beneficiamento de Mandioca e Produção de Farinha

Categoria Empresa na Amazônia

Categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica

Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) – PA

1º Lugar: Alessandra Santos Lopes - Belém – PA. Hortaliças da Amazônia: da Valorização da Agricultura Familiar à Inovação Tecnológica para Conquista de Novos Mercados

Categoria Micro empreendimento na Amazônia (Prêmio Florescer) Urbano

2º Lugar: Francisca das Chagas do Amaral - Manaus – AM. Projeto: Frutos amazônicos como estratégia de inovação, sustentabilidade e melhoria na qualidade de vida.

Contemplada: Creuzimar Santos Silva– PA;

Categoria Micro empreendimento na Amazônia (Prêmio Florescer) Rural Contemplada: Maria de Fátima da Conceição Andrade– PA.

A solenidade de outorga foi realizada no auditório Albano Franco, na FIEPA

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Neoenergia e Heart Care são os vencedores entre os 22 projetos de grandes empresas e PME´s

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Câmara Espanhola de Comércio no Brasil anunciou recentemente 05/12, durante evento em São Paulo, os vencedores da 6ª edição do Prêmio de Sustentabilidade 2018. Na categoria Grandes Empresas, a Neoenergia venceu com o projeto Tecnologias Sustentáveis Fernando de Noronha. Já na categoria PME´s, a Heart Care levou a premiação por meio do Heart Care App. Nesta edição, os projetos vencedores do Prêmio de Sustentabilidade receberam um troféu e terão suas iniciativas divulgadas nos canais de comunicação da instituição por meio da publicação Memória de Sustentabilidade. Assim como na edição anterior da premiação, foi dada continuidade na promoção de um prêmio mais inclusivo para as PMEs, permitindo a participação de empresas associadas e não associadas. Os participantes que se destacaram nesta categoria, além dos benefícios citados, ganharam um serviço de diagnóstico e mentoria de 12h oferecidos pelo Instituto Ethos, com direito a participação na Conferência Ethos 2019 e um pacote de consultoria básica oferecida pela Llorente y Cuenca. As empresas espanholas reconhecidas nesta categoria ainda ganharão uma reportagem sobre seus projetos e suas experiências no Brasil nos meios de comunicação do ICEX, “Instituto Español de Comercio Exterior” do “Ministerio de Industria, Comercio y 28

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Solange Ribeiro, diretora presidente adjunta da Neoenergia, agradecendo a premiação

Turismo” do Governo Espanhol como forma de aumentar a visibilidade dos seus negócios na Espanha. A empresa vencedora ainda contará com a isenção da cota de associação anual à Câmara em 2019 e terá direito a uma palestra in company oferecida pela Rede Brasil do Pacto Global. “Para nós, da Câmara Espanhola, esta edição do Prêmio tem como objetivo impulsionar a sustentabilidade no Brasil, exibindo práticas que possam colaborar para um cenário de negócios que seja eficiente e, ao mesmo tempo, promova boas práticas no âmbito social, econômico ou ambiental.”, afirma Alejandro Gomez, diretor executivo da Câmara Espanhola.

Dos 22 projetos inscritos, 69% se inscreveram na categoria Grandes Empresas e 31% na categoria PME’s. O júri, composto pelo Instituto Ethos e Pacto Global, avaliou os projetos de cada categoria pela representatividade e pontuação nos quesitos relevância, implementação e argumentação do projeto. Além dos vencedores, os projetos que se destacaram na categoria PMEs foram “Fórum Atores da Saúde 2.0”, da AME – Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose e o projeto “PARR - Programa de Apoio para a Recolocação dos Refugiados”, da Emdoc. Já na categoria Grandes Empresas os projetos de destaque foram “CELEO Redes Brasil e sua Estratégia para Sustentabilidade”, da CELEO Redes Brasil e “A Valoração do Vento e do Sol”, do Santander Brasil. Contemplando cerca de 14 mil famílias em mais de 730 municípios em todo o Brasil, os projetos participantes desta edição atingiram a marca de R$ 117 milhões investidos, ao todo. Desenvolvidos em diferentes áreas como educação, proteção ambiental, promoção de energias renováveis, erradicação da pobreza, empoderamento, saúde, inovação, reutilização de resíduos, redução da pegada de carbono, entre outros.

Projetos vencedores Categoria Grandes Empresas

Solange Ribeiro, diretora presidente adjunta da Neoenergia e Ángel Vázquez Díaz de Tuesta, cônsul geral da Espanha no Brasil

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Neoenergia, com o projeto Tecnologias Sustentáveis Fernando de Noronha Descrição: O Projeto Tecnologias Sustentáveis Fernando de Noronha consiste em um conjunto de iniciativas voltadas à sustentabilidade energética da ilha de Fernando de Noronha: Infraestrutura Smart Grid que beneficiará 90% dos consumidores, instalação de usinas solares que evitarão a queima de 9% de combustível fóssil e a criação de um sistema de armazenamento de energia que permitirá a redução na utilização de 1 dos 3 geradores operacionais, dessa forma mitigando os custos ambientais associados às emissões. O Projeto possibilitará a otimização dos recursos energéticos com o aumento do aproveitamento do potencial solar, proporcionando estabilização e equilíbrio entre as diversas fontes de geração, melhoria na qualidade do serviço, monitoramento e agilidade no combate às perdas, aumento da segurança e gerenciamento da taxa de conversão, melhorando o consumo específico com consequente redução do impacto ambiental.

Categoria PME’s Heart Care, com o projeto Heart Care App Descrição: O Aplicativo registra dados sobre a saúde e atividades dos usuários, que são tratados através da computação cognitiva, sendo capaz de compreender e orientar as pessoas individualmente, propondo uma melhoria da qualidade de vida pela sua saúde, de forma prática e personalizada. Através da captura de dados estrategicamente pensados para entregar uma real utilidade aos usuários e integrando estas informações com sistema de inteligência artificial, a Heart Care é capaz de entender e tratar big data, transformando as informações em inteligência relevante para as pessoas e mercados.

Marjoel Moreira, CTO & Co-Founder na Heart Care e Ana Lucia de Melo Custodio, diretora adjunta do Instituto Ethos

Sendo baseada exclusivamente em sistemas de softwares e integração com diversos gadgets existentes no mercado, a Heart Care tem a capacidade de crescimento escalável e de forma exponencial sem comprometer a precisão de suas ferramentas e utilidade das informações que entrega para os seus usuários. Dentre as funcionalidades do aplicativo temos monitoramento cardíaco, agenda de medicação, exames, instruções de emergência, primeiros socorros, hospitais e farmácias próximas, conexão com contatos de emergência e conteúdo preventivo. Desta forma as pessoas e os médicos conseguem ter acesso rápido e fácil ao histórico de saúde, e assim tornam-se cada vez mais capazes de tomar decisões melhores e de forma mais segura.

Marjoel Moreira, CTO & Co-Founder na Heart Care e Ana Lucia de Melo Custodio, diretora adjunta do Instituto Ethos

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Também direcionado para empresas serve como uma ferramenta de monitoramento de saúde e comunicação entre o departamento de Recursos Humanos de cada cliente, com sua rede de colaboradores.

Sobre a Câmara Espanhola

A Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil é uma associação empresarial que atua há mais de 60 anos na promoção das relações econômicas entre Espanha e Brasil e conta com associados dos mais diversos setores, portes e nacionalidades. Além do intercâmbio comercial entre os dois países, sua missão é promover um ambiente de negócios ativo, valorizando o networking e gerando o compartilhamento de informações estratégicas por meio de eventos e comitês setoriais de trabalho, apoio a missões empresariais, busca de importadores e parceiros comerciais, além de apoio ao posicionamento da marca das empresas associadas no mercado brasileiro.

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X Fórum de Inovação e Tecnologia. A arte de inovar Décima edição do Fórum de Inovação destaca Inteligência Artificial e Saúde Digital Fotos: José Domingos

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novar não é apenas uma obrigação corporativa dos tempos modernos. É, na verdade, uma condição de sobrevivência para as companhias que pretendem estabelecer perenidade nos negócios.” Com essas palavras, Thierry Fournier, presidente da CCI França Brasil, abriu o X Fórum de Inovação e Tecnologia, realizado recentemente, na sede da Investe São Paulo, na capital paulista. A décima edição do evento, promovido anualmente pela CCI França Brasil, tem como objetivo divulgar e ampliar as experiências da parceira franco-brasileira nos mais diversos segmentos ligados à inovação. A iniciativa trouxe este ano como temas principais a Inteligência Artificial e a Saúde Digital. “Tratam-se de dois temas cruciais para as empresas francesas e brasileiras que compõem o quadro de associadas da CCIFB-SP. Não há como negar o impacto da Inteligência Artificial no mundo corporativo, que tem mudado drasticamente o modelo de negócios das empresas”, ressaltou Fournier. “E, na mesma medida, a informatização e o big data têm transformado a área da saúde, com avanços significativos na medicina e na qualidade de vida”, comentou Fournier. Para Sérgio Costa, diretor da Investe São Paulo, a inovação é fundamental para o desenvolvimento econômico do Estado e do País.

“Somos parceiros da Câmara Francesa e atuamos no sentido de agregar valor e apoiar as empresas inovadoras que trazem e desenvolvem tecnologias em nosso território”, disse Costa.

Segundo Costa, o estado paulista recebe inúmeros investimentos em inovação das empresas francesas, sobretudo para novas tecnologias e novos processos produtivos. “De um ano para cá, registramos um aumento significativo de empresas francesas no portfolio da Investe São Paulo. Em nossa carteira de projetos, temos 9 investimentos de capital francês, que somam aportes de R$ 920 milhões e cerca de 1,2 mil novos empregos gerados no Estado”, informou.

Thierry Fournier, presidente da CCI França Brasil, abriu o X Fórum de Inovação e Tecnologia

“Na verdade, atuamos como uma extensão da equipe da CCI França Brasil, na busca contínua de descomplicar e viabilizar os investimentos no Estado de São Paulo”, acrescentou.

O Fórum se desenvolveu em 2 painéis: Painel de Inteligência Artificial (IA) e o Painel sobre a Saúde digital no Brasil O painel de Inteligência Artificial (IA), da décima edição do Fórum de Inovação e Tecnologia da CCI França Brasil, reuniu representantes das empresas Capgemini, do Bradesco, da Leroy Merlin, do MondoBrain e da Deloitte, num grande debate sobre as aplicações da IA no mundo dos negócios, apresentando as cinco inovações em Inteligência Artificial que têm transformado o setor produtivo no País:

Máquinas que aprendem

Segundo Sérgio Costa, diretor da Investe São Paulo, (ao microfone), a inovação é fundamental para o desenvolvimento econômico do País

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A Capgemini desenvolveu uma plataforma global que permite aos clientes explorar o panorama da inovação, contextualizar oportunidades dentro de seus negócios, experimentar novos conceitos e ideias e mitigar os riscos dos esforços de inovação. revistaamazonia.com.br


De acordo com uma pesquisa realizada em âmbito mundial pela Capgemini, 46% das empresas ouvidas afirmaram que investem em Inteligência Artificial, sobretudo no desenvolvimento de chatbots e mecanismos de conversação. “Na prática, a IA deve servir para agregar benefício do negócio e promover melhores experiências do usuário e do cliente. Embora existam vários conceitos sobre Inteligência Artificial, o que determina a sua razão é a capacidade de aprendizado da máquina”, comentou Ernesto Tirado, diretor de aplicações da Capgemini.

Chatbot na comunicação interna A Leroy Merlin desenvolveu nos últimos anos o conceito de “Loja 4.0”, que representa o conjunto de soluções aplicadas ao varejo físico. A proposta está associada à mudança na forma como os clientes interagem com o varejo físico e digital, gerando a necessidade de que cada vez mais esses mundos se integrem e conversem. Uma das grandes inovações da Leroy Merlin nos últimos anos no Brasil foi o desenvolvimento do robô LIA, um chatbot que atende clientes e tira dúvidas sobre endereços das lojas, horários de funcionamento e política de troca de produtos, entre outros temas. “Nossa perspectiva agora é utilizar a LIA na comunicação interna com colaboradores e fornecedores, para atender chamados de TI e RH,” disse Matheus Magnusson, scrum master de inovação da Leroy Merlin.

Previsão de cenários Uma das startups de maior repercussão no mundo da Inteligência Artificial é a MondoBrain. A empresa desenvolveu um programa que capacita equipes para aproveitar ao máximo cada decisão operacional sobre KPIs. O sistema também monitora dinamicamente as práticas recomendadas em uma caixa branca e de maneira compatível. Os algoritmos de Inteligência Artificial da plataforma MondoBrain são atualmente capazes de gerar conhecimento a ponto de orientar a tomada de decisão nas empresas. O segundo painel do Fórum de Inovação e Tecnologia deste ano discutiu o estágio atual de maturidade do segmento de saúde digital no Brasil sob diferentes prismas do segmento e como grandes empresas do setor trabalham com inovação para ter mais precisão nos processos e levar facilidades para o consumidor. O debate reuniu representantes das empresas Air Liquide, Sanofi, Hospital Albert Einstein e Stago. Frédéric Donier, CEO da Crescendo, fez a moderação do painel e falou sobre o conceito das Medtechs e Healthtechs. revistaamazonia.com.br

Painel Inteligência Artificial e Machine Learning (Esq p/ dir): Moderador: Charles Doceur; Leroy Merlin: Matheus Magnusson Bolo, scrum master de inovação; Capgemini: Ernesto Tirado, diretor de aplicações; MondoBrain: Augustin Huret, CEO ; Deloitte: Jefferson Denti, partner digital transformation ; Bradesco: Marcelo Câmara, líder de inteligência artificial e pesquisa

Essas ferramentas fazem leituras precisas de diversos cenários de mercado e podem, por exemplo, prever o que vai acontecer, além de explicar as causas de tais acontecimentos. “Também são capazes de propor as soluções mais eficientes e rentáveis para os cenários previstos. Entre os setores mais avançados no uso de IA no mundo, estão o mercado financeiro, o comércio eletrônico, a automação e a meteorologia. A Inteligência Artificial não é capaz de fazer tudo, mas, sem dúvida, tem impactado positivamente em praticamente todos os segmentos econômicos mundiais”, explicou Augustin Huret – CEO do MondoBrain.

Rumo à singularidade Na terceira apresentação do evento Jefferson Denti, Digital Practice da Deloitte, destacou três fases a serem percorridas pela Inteligência Artificial nas corporações: automação (ligada a um processo manual), cognição (maior aprendizado das máquinas) e engajamento (para criar experiência única aos clientes).

Segundo o executivo, a alta capacidade de processamento de dados e a evolução do big data têm sido fundamentais para o aprimoramento de mecanismos de Inteligência Artificial nas empresas. “Tal aceleração caminha para a singularidade, ou seja, a IA deixará de ser um apoio para a tomada de decisão e passará a ação efetiva na solução de problemas”, apontou Denti.

Assistente pessoal No caso do Bradesco, um dos maiores bancos de varejo no Brasil, a Inteligência Artificial é entendida como um modelo computacional capaz de emular a atividade intelectual. Foi dentro deste intuito que a equipe de TI do Bradesco desenvolveu a BIA, a assistente pessoal dos clientes do banco, que ajuda na resolução de dúvidas, orienta sobre os procedimentos bancários e informa as principais mudanças no setor. “Até o momento, a nossa chatbot já computou 55 milhões de interações, com 94% das perguntas respondidas”, revelou Marcelo Câmara, líder de IA e Pesquisa do Bradesco.

Durante o Painel Saúde Digital

O subsegmento é focado, principalmente, no projeto e fabricação de equipamentos, dispositivos e ferramentas tecnológicas médicas que desempenham funções como diagnósticos e administração de medicamentos. Já as Healthtechs são definidas como qualquer produto e/ou serviço orientado para a saúde, baseado em dados e software. Estão neste grupo as plataformas para facilitar a troca remota de dados clínicos entre paciente e médico e os sistemas que permitem o

armazenamento digital de informações de saúde e intercâmbio de prontuários médicos digitalizados. Donier, da Crescendo, trouxe dados de que o Brasil tem o objetivo de incorporar a digitalização ao SUS até 2020, como estratégia para agilizar e melhorar os processos de saúde no serviço público. Entre as ações principais estão o DigiSUS, que prevê R$ 1,5 bilhão ao ano de investimento inicial e R$ 22 bilhões ao ano de economia após a implantação. REVISTA AMAZÔNIA

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Painel Saúde Digital (Esq p/ dir): Claudio Terra, diretor de inovação Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Brigitte Dacosta, diretora geral Stago; Marcelo Nadruz, head of digital Latin America da Sanofi; Alexander Bassaneze, CEO Air Liquide Brasil; Frédéric Donier, Moderador

Principais destaques do painel sobre Saúde Digital: Diagnósticos remotos A Stago, líder mundial na área de hemostasia, tem 73 anos de atuação e está desde 2016 no Brasil. A diretora geral da empresa no país, Brigitte Dacosta, falou que a transformação digital nos processos da empresa tinha como objetivo melhorar o dia-a-dia do laboratório clínico. Para isso, a necessidade de uma plataforma que relacionasse produtividade com custo-efetividade. “Foi então que nasceu o ConnectOne, um serviço personalizado de melhor suporte ao cliente remoto”, contou. Além disso, a companhia criou os softwares de controle de qualidade internos e externos My Daily QC e My Qualiris QC, que permitem que os usuários comparem seus resultados entre laboratórios do mesmo grupo, do país ou do mundo e o My Expert QC, que possibilita que os laboratórios de patologia clínica verifiquem a precisão e confiabilidade de seus resultados, comparando-os com os concorrentes pares em tempo real. “A experiência de compartilhar e expandir conhecimento também é nosso papel”, revelou a diretora. Com o propósito de contribuir com a educação, tendo em vista a expertise em hemostasia, a Stago criou o serviço Lean Evaluation, dedicado para um setor especializado, em que oferece treinamentos, master classes, aplicações digitais e publicações científicas. “Na nossa visão global de atendimento, o paciente está no centro das decisões, do diagnóstico às melhores práticas terapêuticas”, reforçou Brigitte.

Nessa teia estão pacientes, profissionais da saúde, a instituição provedora e as fontes pagadoras. De acordo com Bassaneze, a companhia começou um mapeamento dos processos em 2015 e no ano seguinte, digitalizou entregas e eliminou o papel. Em 2017, os fisioterapeutas que usam a plataforma passaram a fazer um check-list das visitas domiciliares. E neste ano, foi lançado o Click Software, que permite o planejamento das rotas de visitas. “Nossos próximos passos serão criar um portal web para clientes e pacientes e um serviço SMS com “uberização” do deslocamento do profissional até o local de atendimento”, sinalizou. O executivo da Air Liquide também citou o case do programa Chronic Care Connect, uma solução médica de monitoramento remoto desenvolvida para auxiliar pacientes que sofrem de doenças crônicas. “As novas tecnologias trazem valores para todos envolvidos: maior empoderamento e segurança para o paciente, uma melhor produtividade, acompanhamento e possibilidade de renda extra para o profissional e um controle financeiro mais eficiente”, ressaltou. O CEO deixou como mensagem ao fim da apresentação que o sucesso da estratégia digital depende, principalmente, da adesão dos participantes ao longo da transformação.

Reposicionamento digital

Em 2017, a companhia faturou 35 bilhões de euros em vendas. São mais de cem mil funcionários, nos cem países onde a empresa está instalada. A Sanofi chegou no Brasil em 1919 e é atualmente a maior multinacional no mercado farmacêutico nacional. “Ao ouvir as críticas e necessidades dos nossos clientes, que são pacientes, médicos e farmácias, observamos que existiam muitas demandas operacionais e pouco estratégicas”, relatou Nadruz. O head disse, ainda, que a empresa gostaria que o cliente tivesse uma experiência muito melhor e ao analisar o mercado, viu que os concorrentes já estavam avançando na digitalização. A solução encontrada foi entender que o cliente deveria estar no centro de tudo e para isso era preciso mudar uma relação costumeiramente física em digital e consequentemente, muito mais rápida. “Passamos a oferecer documentos online disponíveis para download, boletos eletrônicos e estudamos avançar no atendimento digital por meio de um e-commerce”, concluiu.

Parceria com startups A última apresentação do evento foi do diretor de inovação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Claudio Terra. O executivo falou que o setor de saúde está no pequeno início da digitalização e que as startups cumprem um papel muito importante nesse processo. “O Einstein está investindo nessas iniciativas e atualmente é sócio de 15 startups. As parcerias são frutos de spin offs realizados há quatros anos, em que já foram ouvidas 1.500 startups”, destacou. Daí surgiu o case de sucesso “Escala”, uma plataforma completa para gestão de horários médicos e troca de plantões. Terra disse que aproximadamente 1.000 médicos trabalham em regime de escala no hospital.

Formulários na nuvem Na Air Liquide, a jornada do paciente não se encaixa mais em um modelo limitado, como se fosse uma linha reta e sim, conectada, com todos os envolvidos interligados na cadeia de valor. “Para isso, todas as informações sobre a saúde do paciente precisam ser colocadas na nuvem para que todos os envolvidos tenham acesso”, explicou Alexandre Bassaneze, CEO da empresa no Brasil. 32

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Os painelistas sobre as aplicações da IA no mundo dos negócios

Transformar inovação científica em soluções de saúde para atender diferentes necessidades médicas é um dos principais desafios da gigante Sanofi. Marcelo Nadruz, head of digital Latin America, dividiu números expressivos da multinacional francesa.

“O software ajudou a resolver um grande problema interno de organização, reduziu custos, evitou buracos na equipe e ainda virou um modelo de negócio que já é comercializado com outros hospitais e até empresas de segmentos diferentes”, relatou. revistaamazonia.com.br


Rio Water Week 2018 Fotos: ABES

O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, abriu o evento saudando os presentes e a realização do sonho da ABES de promover no País um evento internacional reunindo experts de várias partes do planeta

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Rio de Janeiro sediou recentemente pela primeira vez a Rio Water Week, organizada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Com foco em garantir o acesso à água e saneamento para todos até 2030, o evento reúne especialistas internacionais para discutir e intercambiar desafios relacionados à água, políticas públicas e soluções, tecnologias e inovação existentes. O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, abriu o evento saudando os presentes e a realização do sonho da ABES de promover no País um evento internacional reunindo experts de várias partes do planeta. “Estamos aqui reunidos para conhecer experiências de outras partes do mundo e apresentar as nossas. Este é o tempo de ouvir, dialogar”, frisou Roberval. E ressaltou que a eficiência deve permear a atuação de profissionais e empresas. “Precisamos cada vez mais buscar a eficiência e trabalhar forte nesta questão. Nós da ABES acreditamos na união do setor público e do privado para tirar o país dessa condição de terceiro mundo no saneamento e levar saúde e qualidade de vida para a população”. Carlos Alberto Rosito, vice-presidente da ABES, idealizador e embaixador da Rio Water Week, celebrou o sonho realizado.

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“Aquele sonho que era só brasileiro e muito limitado, dos 3% da população mundial que nós queremos ver abastecidos com água e com sistema adequado de coleta/tratamento de esgoto, se expandiu para o planeta.

Esse é o sonho de todos os meus colegas. O sonho que temos há décadas no Brasil é o mesmo de vocês”. Rosito ressaltou a destacada participação da ABES na construção do Forúm Mundial da Água no Brasil em 2018, juntamente com outros associados como Alceu Guérios Bittencourt, que participou da Comissão Temática do Fórum Mundial da Água, Marisa Guimarães e tantos outros. “Participamos intensamente e pensamos que o sonho de alcançar o ODS 6 seria melhor acalentado se houvesse a divisão de ideias para os nossos desafios com os demais colegas do mundo no setor de saneamento.”

Plenária de abertura O Painel de Abertura da RWW contou com apresentações Jorge Briard, presidente da CEDAE, e Oscar Cordeiro Neto, diretor da área de Regulação da Agência Nacional de Águas – ANA. A moderação foi de Alceu Guérios Bittencourt, diretor nacional da ABES. “A Rio Water Week é uma iniciativa espetacular e fundamental para discutirmos as realidades que temos em nosso país no que se refere, principalmente, à água e esgoto e recursos hídricos”, enfatizou Briard. “Acho importante ter como plano de fundo o ODS6 – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU número 6, que fala sobre oito metas para serem atingidas em água e esgoto”.

Carlos Alberto Rosito, vice-presidente da ABES, idealizador e embaixador da Rio Water Week, celebrou o sonho realizado. “Aquele sonho que era só brasileiro e muito limitado, dos 3% da população mundial que nós queremos ver abastecidos com água e com sistema adequado de coleta/tratamento de esgoto, se expandiu para o planeta. Esse é o sonho de todos os meus colegas. O sonho que temos há décadas no Brasil é o mesmo de vocês”

O Painel de Abertura da RWW contou com apresentações Jorge Briard, presidente da CEDAE, e Oscar Cordeiro Neto, diretor da área de Regulação da Agência Nacional de Águas – ANA. A moderação foi de Alceu Guérios Bittencourt, diretor nacional da ABES

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Segundo o presidente da CEDAE, é fundamental que essa oportunidade, como foi a sua participação na plenária inicial, para jogar para o público, que é especializado em saneamento – as diversas instituições representativas do país – a discussão para buscar modelos no saneamento desde os alternativos até modelos de financiamento, de desenvolvimento tecnológico em que, entendendo as pluralidades que existem nas regiões do país em termos de desenvolvimento na área de saneamento, se possa buscar caminhos para suprir as várias realidades e conseguir avançar de forma uniforme com o objetivo de chegar a 2030 com a universalização. “Sabemos que terão regiões que conseguirão chegar pelo menos próximos desse objetivo de 2030 e que outras não terão condições de chegar. O importante é que tenhamos um desenho, um planejamento definido para se não chegue em 2030, chegue em 2035, 2039,2040, mas que possamos chegar em metas, indicadores e origens de financiamentos de uma forma clara e objetiva, permitindo que a nação possa enxergar quando vai ter em determinado momento esse serviço tão básico e primário para o desenvolvimento de um país, que é o saneamento básico”, concluiu.

Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento – PNQS

Enrique Cabrera, Vice-Presidente da International Water Association-IWA , destacou a importância da boa governança da água na Rio Water Week 2018

Rosana Dias, coordenadora do Comitê Nacional de Qualidade da ABES (CNQA)

Simultaneamente à Rio Water Week – Semana da Água, aconteceram o Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento – PNQS Ciclo 2018, que promoveu as apresentações de cases do Seminário de Benchmarking do Prêmio de Eficiência Operacional no Saneamento (PEOS). A temática foi Gestão de Perdas e Gestão Comercial. Ao todo, 27 trabalhos foram apresentados por representantes de diversas empresas, entre elas, Sabesp, Sanepar, Deso, Saneago e Saneatins, em três salas com plateias cheias. Os finalistas tiveram 15 minutos para exibir seus projetos à comissão avaliadora.

Com auditórios lotados (o público total da RWW foi de mais de 2.300 participantes), como na Sessão “Contratação por Resultado – Exemplos Práticos e Desafios para o Futuro” Roberval Tavares de Souza, presidente da ABES, e Karla Bertocco, presidente da Sabesp, na cerimônia de Premiação no Espaço Startup ABES 2.0

AMEGSA No período da tarde, ocorreu a abertura do PNQS com o Seminário de Benchmarking AMEGSA – As Melhores em Gestão no Saneamento Ambiental. A coordenadora do Comitê Nacional de Qualidade da ABES (CNQA), Rosana Dias, abordou a evolução do prêmio nos últimos anos e a alta participação das empresas no ciclo 2018: “Nós tivemos neste ano 55 empresas candidatas ao PNQS na categoria AMEGSA. Então isso é muito bom, empresas públicas, privadas, de grande porte, pequeno porte e unidades de apoio, que foi uma novidade que trouxemos no ano passado. E isso tudo devido às pessoas acreditarem no Modelo de Excelência na Gestão no Saneamento Ambiental, que é um serviço essencial às pessoas e muito sensível ao ser humano, meio ambiente e para tudo que é vivo”, exalta. Rosana Dias ainda complementou sobre a importância do encontro para além do reconhecimento de boas práticas, mas como uma oportunidade de integração entre as instituições do setor. “Esse seminário é para compartilhar as melhores práticas de cada um, mas também para gente fazer networking, conhecer o parceiro que, às vezes, se conversa por e-mail, telefone, pede uma informação, uma dica (…) então esse evento é para isso, também para fazermos essa união de todos nós que acreditamos no saneamento”, afirma.

Espaço Startup ABES 2.0 premiou projetos inovadores para o saneamento Reconhecer novas ideias com potencial transformador para o saneamento: este foi um dos objetivos do Espaço Startup ABES 2.0. O desafio, que reuniu projetos inovadores voltados para o Saneamento Ambiental e o Meio Ambiente, atraiu grande interesse do público e fomentou a discussão na busca de um novo olhar para o setor com soluções criativas.

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Integrantes do programa Jovens Profissionais do Saneamento JPS da ABES marcaram presença na RWR

O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, abriu o evento saudando os presentes e a realização do sonho da ABES de promover no País um evento internacional reunindo experts de várias partes do planeta

Enrique Cabrera, Vice-Presidente da International Water Association-IWA , destacou a importância da boa governança da água na Rio Water Week 2018

Mais de 2 mil participantes que passaram pela RWW tiveram a oportunidade de conhecer nos diversos estandes da feira as novidades e tecnologias para o setor de saneamento

Nesse espaço ocorreram palestras com especialistas da área e apresentações de projetos em formato Pitch, com cinco minutos cada exibição. No último dia, foram premiadas três ideias. Foram elas: “Mosaic Sensors Corporation”, de Gaspard Dueriex, vencedor do primeiro lugar. A segunda colocação foi para o projeto “Plataforma Chatbot para Saneamento”, de Moisés Simões e Jonathan Moura. Em terceiro lugar ficou o projeto “Medidor de Caixa de Água para avaliar consumo/desperdício de vazamentos”, de Marcelo Balisteri e Paulo Dantas. Os vencedores receberam prêmios nos valores de R$ 5 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil, respectivamente. A cerimônia de anúncio dos finalistas contou com a “Mesa Redonda de Inovações Abertas em Saneamento”, com participações de Roberval Tavares de Souza, presidente nacional da ABES, e Karla Bertocco Trindade, presidente da Sabesp. Roberval destacou a parceria firmada com a Sabesp, que desenvolveu iniciativa semelhante, chamada Pitch Sabesp, e reforçou a necessidade de mais espaços como esses para ampliar as propostas eficazes para os serviços de saneamento.

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Karla Bertocco durante sua apresentação, disse que ainda enxerga o saneamento atrasado em relação às novas tecnologias, comparado a outros segmentos. Por isso, vê a necessidade de buscar soluções criativas e baratas, diante da escassez de dinheiro, para melhorar o setor, um dos pontos principais abordados no Pitch Sabesp. “Eu não vejo como a gente possa cobrir o déficit de atendimento de água e coleta de esgoto sem contar com uma inovação radical”, opina Karla, que acrescenta: “A gente não tem dinheiro suficiente e ninguém está a fim de esperar mais 10, 20 anos até chegar em patamares civilizados”, completa. Mais do que uma competição, o Espaço Startup ABES 2.0 contribuiu para que projetos inovadores fossem apresentados, promovendo um grande encontro entre os participantes, profissionais e equipes de startup.

Com auditórios lotados e público empolgado, PNQS Ciclo 2018 teve apresentações de cases e painéis com representantes das empresas reconhecidas na categoria As Melhores em Gestão no Saneamento Ambiental

Sessão “ Regulação e sua contribuição ao ODS 6”, no último dia da Rio Water Week

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V Seminário Internacional: Água, Floresta, Vida e Direitos Humanos

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urante a abertura do “V Seminário internacional água, vida e direitos humanos”, realizado na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, a presidente do Conselho Nacional do Ministério Público e procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a atuação da defesa do meio ambiente não é uma questão ideológica nem opção meramente política. “A Constituição Federal estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O seminário é promovido pelo CNMP, pela PGR e pela Escola Superior do Ministério Público (ESMPU). O objetivo é discutir os avanços e desafios da proteção ambiental no Brasil e no mundo à luz dos direitos humanos. Além de outras autoridades, estavam presentes na abertura procuradores-gerais de 16 países. Raquel Dodge destacou que o diálogo internacional a favor da defesa do meio ambiente é indispensável. “Um dano ambiental que ocorre num lugar do mundo certamente é sentido em lugares mais distantes. E, muitas vezes, as populações que migram, por falta de água ou em razão de grandes desastres ambientais, talvez não tenham consciência de que a causa dessa migração foi um dano ambiental que ocorreu do outro lado do mundo. É preciso, portanto, compreender que as questões ambientais e os biomas estão interconectados”, complementou a presidente do CNMP. Dodge infomou que estatuto do Instituto Global do Ministério Público para o Ambiente foi aprovado, por unanimidade, domingo, 25 de novembro, por procuradores-gerais de 16 países. O instituto tem como missão apoiar o papel do Ministério Público, nas esferas civil e criminal, no desenvolvimento, na implantação, na aplicação e execução da legislação ambiental e na promoção da norma jurídica sobre o ambiente e da distribuição equitativa dos ônus e benefícios ambientais. Serve também ao interesse público, sendo uma associação sem fins lucrativos e de caráter beneficente. “O instituto, cuja sede será em Genebra, na Suíça, funcionará como um fórum que une todos os MPs do mundo em defesa ambiental”, complementou Dodge.

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Fotos: Sérgio Almeida ( Ascom/CNMP)

Mesa de abertura do V Seminário Internacional: Água, Floresta, Vida e Direitos Humanos

Raquel Dodge, procuradora-geral, Dias Toffoli, presidente do STF e Herman Benjamin, ministro do Superior Tribunal de Justiça no seminário sobre preservação do meio ambiente na sede da PGR

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, que também compôs a mesa de abertura do seminário, destacou que o Poder Judiciário e as Funções Essenciais à Justiça têm o dever de cumprir a Constituição Federal, que determina a proteção do meio ambiente como dever de todos. Toffoli parabenizou Raquel Dodge por realçar as competências do CNMP e do MP para além da questão das investigações e das ações penais.

“A Constituição Federal de 1988 deu ao Ministério Público brasileiro competências extraordinárias no sentido da defesa dos direitos difusos da sociedade, da proteção do País. E vejo, também, que Vossa Excelência faz um belíssimo trabalho nas relações internacionais, na troca de experiência com outras nações, e envolvendo a sociedade civil”, concluiu Toffoli. Por sua vez, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin falou sobre iniciativas

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que pretende empreender na Escola Nacional da Magistratura nos próximos dois anos. Além da questão ambiental, serão tratados temas relacionados à ética judicial e à proteção às minorias. “Como nós devemos nos comportar como magistrados? Um grupo de juízes que não cuida bem da ética judicial não conseguirá cuidar bem da ética planetária. O segundo tema é o da proteção das minorias. Não é um olhar apenas externo, temos de olhar internamente para nossas instituições. No Brasil, as mulheres são a maioria, mas quantas existem no topo das carreiras jurídicas?”, afirmou Herman. Também compuseram a mesa de abertura do seminário a procuradorageral da República de Moçambique, Beatriz Buchili; a encarregada de negócios da delegação da União Europeia do Brasil, Dominica Brumma; e a representante do Human Rights Watch, Maria Laura Canineu. Prestigiaram a solenidade, também, os procuradores-gerais de Guiné-Bissau, Bacari Biai; de São Tomé e Príncipe, Kelve Nobre, e do Timor Leste, José Ximenes; os procuradores-gerais adjuntos de Angola, Filomena Gonçalves, e de Cabo Verde, Franklin Furtado; o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury; os conselheiros do CNMP Luciano Nunes Mais e Leonardo Accioly; os procuradores-gerais de Justiça do Amapá, Marcio Augusto Alves, e do Maranhão, Luiz Gonzaga Martins; e representantes das ProcuradoriasGerais de Justiça do Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais, além de outras autoridades.

Além de outras autoridades, estavam presentes na abertura procuradores-gerais de 16 países

Na condição de presidente do painel, Raquel Dodge destacou a importância de se debater o impacto que os danos ambientais causam à vida, assim como a relevância de uma boa regulação jurídica e intervenção judicial e extrajudicial na área ambiental. Herman Benjamin, por sua vez, defendeu que a importância do debate não se limitava apenas à perspectiva judicial, mas também “ao conhecimento da dogmática jurídica”. Na fala, Cármen Lúcia enalteceu o tema do debate:

Painel “A Jurisprudência Socioambiental do STF nos 30 anos da Constituição Cidadã”

Na mesa de debates a procuradora-geral da República e presidente do CNMP, Raquel Dodge; os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes; e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin

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“Gostaríamos que, nesses 30 anos de Constituição, nós tivéssemos um Brasil no qual a questão do meio ambiente fosse um alento, e não de desalento. Porém, ao menos hoje, estamos conversando com a legitimidade que a sociedade tem de tratar desse assunto de uma forma séria”. A ministra disse que a Constituição de 1988 acertou ao, pela primeira vez, ter dedicado um espaço exclusivamente ao meio ambiente: “Essa Constituição inova ao tratar da questão ambiental como matéria sem a qual não há dignidade humana”, afirmou. “Não tenho direito de degradar o que meu não é. O constitucionalismo deve se voltar para o que é humano, de modo que temos de realizar a integração de todos os direitos na interpretação constitucional”. Por fim, Cármen Lúcia lembrou que nas ações julgadas no STF tem prevalecido “que é preciso garantir a vedação do retrocesso ambiental para assegurar a dignidade humana”. Já Alexandre Moraes se disse otimista em relação ao meio ambiente e que “ao constitucionalizar a proteção ambiental, se permitiu uma dupla proteção: a ambiental e a distribuição de competências”. Segundo o ministro, a Constituição fez bem em destacar em alguns casos a competência da União. Moraes explicou que a questão ambiental é complexa quando se olha caso a caso e é preciso conscientizar a população: “Precisamos ter uma postura ponderada ou correremos o risco de perder a batalha de comunicação em defesa do meio ambiente”. Assim, o ministro do STF ressaltou a importância de se definir prioridades, para não “banalizar as proteções ambientais”.

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“Ao longo destes 30 anos, o Ministério Público teve um papel fundamental na defesa desses direitos, talvez determinante. Os índios estão aumentando, estão crescendo, a boa notícia é essa”, disse.

Painel Água para o Futuro

Rubens Valente, André Trigueiro, Luciano Nunes Maia, do CNMP, Cristina Serra e Daniela Chiaretti

Jornalistas abordam a visão da imprensa na evolução da proteção ambiental nos 30 anos da Constituição Os jornalistas André Trigueiro, Daniela Chiaretti, Cristina Serra e Rubens Valente participaram do painel “A evolução da proteção ambiental nos 30 anos da Constituição Cidadã – A visão da imprensa”, presidido pelo conselheiro do CNMP Luciano Nunes Maia. O conselheiro disse que a liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia. “Gosto sempre de lembrar a lição do ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Brito, para quem a liberdade de imprensa e democracia são irmãs siamesas, uma depende da outra, uma se alimenta da outra reciprocamente. Não se pode falar em democracia se não houver uma imprensa totalmente livre. E não há que se falar em liberdade parcial, não pode haver censura prévia, de sorte que só existe o vigor democrático se tivermos uma imprensa totalmente livre”. O jornalista da Rede Globo André Trigueiro afirmou que a agenda ambiental é estratégica e urgente no mundo atual. “Não é possível imaginar uma política econômica eficiente, que dê resultados no longo prazo, que não consiga promover o uso inteligente, racional e sustentável dos recursos naturais fundamentais à vida e à economia como são água, matéria-prima e energia, com a correta destinação dos resíduos. Não é possível imaginar futuro para a civilização se desde já não houver uma urgente revisão de processos, protocolos e rotinas nos meios de produção e de consumo. O mundo experimenta hoje uma crise ambiental sem precedentes na história da humanidade”. Trigueiro chamou a atenção para alguns números referentes ao Brasil, como o fato de o País possuir 50 milhões de hectares de pastos degradados, o que equivale a duas vezes o estado de São Paulo, e a questão de a Amazônia ter chegado a 20% de devastamento. Outro ponto abordado por Trigueiro é o desconhecimento ou negligenciamento dos agentes públicos em relação às leis.

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“Há muita impunidade na área ambiental. Somos, pelo segundo ano seguido, o País recordista nos números de assassinatos de ativistas ambientais. Boa parte dos processos é bem estruturada, bem embasada, mas o assassino confesso ou o mandante do crime não é preso ou não cumpre a pena como deveria. Somos um País onde condicionantes de contrapartidas de grandes empreendimentos não são cumpridas. Como explicar isso?”. Para a repórter de ambiente do jornal Valor Econômico, Daniela Chiaretti, o mundo está indo em uma direção, embora possa haver percalços: de direitos humanos e de energias renováveis. “O Nordeste brasileiro, por exemplo, é todo solar. Não possui placas solares, mas poderia utilizá-las, para a região ter outro destino”. Cristina Serra, do canal My News, focou a apresentação na defesa do meio ambiente realizada na Região Norte. “O verde da floresta está manchado com o sangue dos defensores da floresta, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Cristina Serra lembrou de vários casos emblemáticos, e afirmou: “ O licenciamento ambiental no Brasil é um licenciamento de faz de conta. As condicionantes não são cumpridas e, ainda assim, os empreendimentos conseguem autorização para funcionar. Temos uma tarefa muito grande pela frente.” O painel foi concluído pelo jornalista Rubens Valente, da “Folha de S.Paulo”:

Antes de iniciar esse painel, houve a assinatura do acordo de adesão, ao termo de cooperação técnica que disponibiliza o aplicativo “Água para o Futuro” com 16 unidades dos Ministérios Públicos Estaduais e com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O acordo foi firmado pela procuradora-geral da República e presidente do CNMP, Raquel Dodge, e pelos representantes dos MP’s. Em seguida, foi realizado o painel “Água para o Futuro – Nascentes e Fauna”, presidido pelo conselheiro do CNMP Fábio Stica Bastos. Participaram do painel o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Gerson Barbosa (MP/MT) ; a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Christine Strussmann; e a procuradora da República no Rio Grande do Sul, Anelise Becker (MP/RS). Segundo o promotor de Justiça e coordenador do projeto “Água para o Futuro”, Gerson Barbosa, a iniciativa envolve nascentes da área urbana de Cuiabá e busca a proteção das nascentes da área urbana. “Criamos uma base de dados confiável e fizemos o uso de tecnologia de ponta que permite identificação de nascentes”. A professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Christine Strussmann falou sobre o impacto da recuperação e da proteção das nascentes para a preservação da fauna local de Cuiabá. Já a procuradora da República do Rio Grande do Sul Anelise Becker (MP/RS) abordou a gestão pesqueira no Brasil : “Precisamos pensar sobre o que é a pesca e sobre como é a nossa intervenção nesse ecossistema complexo dos peixes”, defendeu. Segundo Becker, a pesca convive com o mito de que os recursos oceânicos não se esgotam e é impactada pelo falta de gestão do uso dos recursos pesqueiros. Ela ilustrou a fala citando a atuação do Ministério Público para evitar a extinção das espécies.

Christine Strussmann, Gerson Barbosa (MP/MT), Fábio Stica Bastos, do CNMP e Anelise Becker (MP/RS)

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Especialistas defendem convergência de tecnologias, avanços regulatórios e biodiversidade para preservar a Amazônia Por que nós, tropicais, não exploramos nossa biodiversidade? Nosso desafio está aí”. A provocação foi lançada pelo climatologista Carlos Nobre, doutor em meteorologia, pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ele também chamou atenção para a “Terceira via Amazônica”

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osso grande desafio está na imaginação. Por que nós, tropicais, não exploramos nossa biodiversidade? Nosso desafio está aí”. A provocação foi lançada pelo climatologista Carlos Nobre, doutor em meteorologia, pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ele falou sobre a convergência de tecnologias e biodiversidade, no painel “A Proteção das Florestas na Perspectiva Científica e Jurídica”, no V Seminário Internacional:

Água, Floresta, Vida e Direitos Humanos, realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela Escola Superior do Ministério Público (ESMPU), na sede da PGR em Brasília. Ao falar do contraste entre infraestrutura “verde” – modelo de expansão de áreas protegidas na Amazônia – e infraestrutura “cinza” – modelo econômico de exploração intensiva dos recursos naturais –, Carlos Nobre chamou atenção para a “Terceira via Amazônica”.

O cientista defendeu o modelo que permite a instrumentalização da biodiversidade brasileira pela 4ª revolução tecnológica, para o fomento de um modelo econômico favorável à preservação da Amazônia e ao bem-estar dos povos da floresta. O pesquisador reconheceu que extrair economia da maior floresta tropical do mundo ainda é um desafio complexo, mas destacou que iniciativas pioneiras já apresentam modelos sustentáveis na região, como a extração do açaí. Segundo Carlos Nobre, atualmente, mais de 40 produtos são derivados da fruta, criando uma escala de produção que possibilita o replantio de áreas desmatadas e gera empregos que estão em acordo com as leis trabalhistas brasileiras. A convergência de agendas climáticas para a criação de ações sustentáveis também foi apontada como estratégia bem-sucedida por Carole Saint-Laurent, diretora da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Em meio a dados crescentes de desmatamento de florestas nativas, ela falou sobre a urgência da união de políticas públicas ao aperfeiçoamento normativo na proteção do meio ambiente. Para Carole Saint-Laurent, a adoção de uma agenda única para o enfrentamento de questões de meio ambiente e direitos humanos deve ser priorizada por diferentes setores da sociedade civil. “O enfrentamento das agendas e políticas públicas climáticas de forma isolada tende a trazer resultados menos efetivos, enfraquecendo as ações”, explicou a diretora da UICN.

Amazônia Protege Durante o evento, a Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4CCR/MPF) apresentou o projeto Amazônia Protege, que utiliza tecnologia de georreferenciamento e bases de dados para cruzamento de informações que levem às áreas desmatadas. O secretário executivo da 4CCR, procurador da República Daniel Azeredo, explicou que a plataforma ataca um dos maiores obstáculos no combate ao desmatamento: a identificação do verdadeiro autor do desmatamento. “Ir à campo não ajuda na identificação. Muitas vezes, multas de R$ 50 milhões são geradas para pessoas que sequer têm CPF”, esclareceu Azeredo.

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Relatório Inclusivo sobre a Riqueza 2018

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Relatório de Riqueza Inclusiva (IWR) é um esforço bienal liderado pelo Ambiente da ONU para avaliar as capacidades e o desempenho das nações ao redor do mundo para medir a sustentabilidade da economia e o bem-estar de seus povos. Os sistemas estatísticos existentes nos países estão usando o Sistema de Meio Ambiente e Contas Econômicas, que são voltados para medir o fluxo de renda. O fluxo dependeria criticamente da saúde e resiliência dos ativos de capital, como capital manufaturado, capital humano e capital natural.

A riqueza inclusiva de um país é o valor social (não o preço em dólar) de todos os seus bens de capital, incluindo capital natural, capital humano e capital produzido. A IWR 2018 baseia-se nas versões anteriores do relatório (IWR2012 e IWR 2014) e avança os métodos de medição da base de capital-economia de todos os tipos. Ela cobre o período de 1990 a 2014, que é de 25 anos, o que nos fornece um panorama das mudanças nos ativos de capital ao longo de quase uma geração. As metodologias para calcular os componentes do capital humano são enriquecidas e atualizadas.

Surgiu com preços-sombra alternativos do capital humano (educação e saúde), baseados em uma metodologia não-paramétrica chamada análise de fronteira.

Os resultados da IWR 2018 abrangendo 140 países indicam que:

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A riqueza inclusiva (IW) em 135 países foi maior em 2014 em comparação com o nível de 1990 e a taxa de crescimento global do IW foi de 44% ao longo do período indicado, o que implica uma taxa média de crescimento de 1,8% ao ano. No entanto, durante o mesmo período, o crescimento do PIB global por ano foi de 3,4%, o que é quase o dobro da taxa de crescimento anual do crescimento do IW.

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Em termos de riqueza per capita inclusiva e riqueza per capita ajustada, 89 e 96 dos 140 países tiveram aumentos durante o período de estudo em comparação com seus níveis em 1990.

O crescimento do nível global de cada uma das três capitais ao longo do período do estudo indica que o capital produzido estava crescendo a uma taxa média de 3,8% ao ano e o capital humano induzido por saúde e educação estava crescendo a 2,1%. Ao contrário, o capital natural estava diminuindo a uma taxa de 0,7% ao ano. A estrutura do capital à escala global a partir de 2014 é composta por capital produzido (21%), capital humano (59% dos quais 26% de educação induzem capital humano e 33% é capital humano induzido pela saúde) e capital natural (20% ). Uma visão geral da base para a estimativa de riqueza e explora como vários tipos de políticas de conservação e desenvolvimento reconhecendo a troca podem ser melhor compreendidos com a ajuda da riqueza inclusiva. As descobertas também sugerem que, nos últimos vinte anos, os efeitos negativos da riqueza de um declínio no capital natural foram compensados pelo crescimento do capital humano e físico. O Relatório da Riqueza Inclusiva de 2018 demonstra que avaliar e avaliar o capital natural e a mudança na riqueza abrangente / inclusiva per capita ao longo do tempo tem o potencial de acompanhar o progresso da maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 40

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O que os dados mostram As mudanças na riqueza inclusiva de 140 países são calculadas pelas taxas de crescimento médio anual nos últimos 25 anos, e 1990 é definido como um ano base. Os resultados mostram que o crescimento da riqueza inclusiva é positivo para um número considerável de países. Os melhores desempenhos incluem a República da Coreia, Singapura e Malta, entre outros. No entanto, em um número significativo de países, a população está crescendo mais rapidamente do que a riqueza inclusiva; Assim, nesses lugares, vemos um crescimento negativo per capita da riqueza. Além disso, parte do crescimento negativo per capita da riqueza ocorreu em países que experimentaram ganhos absolutos em riqueza. Para os países em desenvolvimento, embora a acumulação líquida de riqueza pareça acompanhar o crescimento da renda nos últimos anos, a alta taxa de desvalorização do capital natural é preocupante, especialmente em economias de baixa renda, onde o problema parece estar piorando. Alguns economistas advertem contra o uso do PIB como um índice de realização econômica. Eles dizem que é uma medida da opulência de um país e não seu bem-estar. Mas o ponto não é que a opulência engana; é que precisamos medir a opulência ou a riqueza corretamente. É aí que entra a riqueza inclusiva. É a medida, através das eras, do bem-estar humano. Ele totaliza o valor do estoque de capital manufaturado, capital humano e capital natural de uma economia. O capital fabricado ou produzido significa coisas como estradas, edifícios, máquinas, equipamentos e outras infraestruturas físicas. Capital humano significa coisas como conhecimento, educação, habilidades, saúde e aptidão. Capital natural significa florestas, combustíveis fósseis, pescarias, terras agrícolas, rios e estuários, oceanos, a atmosfera e os ecossistemas, como recursos do subsolo, mais geralmente. Esses três tipos de capital levam ao propósito final de uma economia - bem-estar social. Eles são chamados de base produtiva da economia. Para calcular o valor social de um ativo, você precisa totalizar os bens e serviços que uma sociedade obtém dele. Isso nos permite determinar como o bem-estar de uma sociedade é afetado por um ativo. Uma floresta de mangue, que é um exemplo de um ativo, é um habitat para os peixes que depois comemos. Também é uma fonte de madeira. E protege as pessoas contra tempestades e tsunamis. Da mesma forma, as instituições e políticas de uma economia são fatores que determinam o valor social de seus ativos porque influenciam o que as pessoas podem aproveitar deles. Ativos são ações, não fluxos. Eles nos fornecem bens e serviços, que são fluxos. Uma árvore é um estoque; sua fruta é um fluxo anual de mercadorias, enquanto suas folhas – inalando dióxido de carbono – proporcionam um fluxo contínuo de serviços. Colocar um preço nesses ativos nos permite medir a riqueza real de um país, seu verdadeiro bem-estar. Em última análise, devemos simplesmente abandonar a palavra “inclusiva” do IWI e simplesmente chamar aquilo de que realmente falamos: Riqueza.

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Os resultados mostram que 135 dos 140 países mostram crescimento da riqueza inclusiva. No entanto, esse número cai significativamente quando ajustes para coisas como os danos de carbono e os ganhos de capital de petróleo são considerados. Com esses ajustes, apenas 96 dos 140 países (69%) registaram taxas de crescimento positivas do IWI. Quinze países são avaliados como insustentáveis por IW por ajustado: Bulgária, Congo, Gabão, Gâmbia, Grécia, Croácia, Sérvia, Síria, Ucrânia e Vietnã. Dos 124 países com crescimento positivo em riqueza, 95 países também experimentaram uma tendência positiva a riqueza inclusiva per capita. Os 29 países tiveram riqueza erodida em uma base per capita.

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Mudança climática Não surpreendentemente, o dano ao carbono como parte da riqueza inclusiva produz um efeito mais forte sobre os pequenos porque sua riqueza inclusiva tende a não ser suficientemente grande o suficiente para absorver tais choques. A maior ordem de dano de carbono em relação à riqueza inclusiva é vista em Luxemburgo (-0,6%), seguido por Malta (-0,4%), Maldivas (-0,4%), Bahrein (-0,4%) e Barbados (-0,3%). Nações insulares são obviamente os mais vulneráveis às mudanças climáticas e porque estão à beira da inexistência.

Algumas dessas mentiras além do escopo dos 140 países estudados para o Índice de Riqueza Inclusiva – IWI. Em termos absolutos, o dano ao carbono é relativamente grande em países de alta renda, como Alemanha, França, o Reino Unido e os Estados Unidos, entre outros. Em termos per capita, o dano de carbono excede 500 dólares na Áustria, Bélgica, Suíça, Alemanha, Dinamarca, Finlândia, França, Reino Unido, Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia. Também é interessante notar que alguns melhoram a situação devido à mudança climática: Austrália, Canadá, Israel, Nova Zelândia, Rússia e Cingapura realmente ganharam com o resultado das emissões globais de carbono.

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Petrobras desenvolve tecnologia para desintegrar garrafas PET Atualmente, o projeto encontra-se em fase de otimização em laboratório

P

esquisadores da Petrobras estão desenvolvendo um processo para acelerar a degradação do polímero que compõe as garrafas PET em até sete dias. A tecnologia do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) utiliza enzimas que possibilitam recuperar os componentes das garrafas, sob pressão e temperatura brandas. Iniciados há quatro anos, os estudos obtidos já permitem “vislumbrar a viabilidade técnica de uma utilização desse processo em larga escala”. Uma das maiores vilãs para o meio ambiente, principalmente para o ecossistema marinho, a produção mundial de garrafas PET é estimada em 50 milhões de toneladas por ano e o percentual de reciclagem é de 18%.

Volume de descarte No Brasil, segundo dados do último censo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), responsável pelo levantamento de estatísticas sobre plástico, o descarte de embalagens é de 550 mil toneladas por ano e a taxa de reciclagem da ordem de 51%. “O que leva à conclusão de que a fração que hoje não é reciclada no país chega a um montante de resíduos de PET de 270 mil toneladas”. A gerente de biotecnologia da Petrobras, Juliana Vaz Belivaqua, diz a tecnologia em desenvolvimento pode ajudar a reduzir a quantidades de resíduos decorrentes do descarte inadequado das garrafas. “Através da biodespolimerização, ou seja, a desconstrução química de uma molécula com muitas unidades funcionais ligadas, até obtermos novamente essas unidades poderemos transformar completamente a cadeia do PET pós consumo, pois o que seria resíduo volta a ser matéria-prima”, disse.

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Juliana Vaz Belivaqua, gerente de biotecnologia da Petrobras, diz que a tecnologia em desenvolvimento pode ajudar a reduzir a quantidades de resíduos decorrentes do descarte inadequado das garrafas

A avaliação da gerente da Petrobras é que “dessa forma se evita o problema do acúmulo desse material em lixões ou no meio ambiente e se reduz a demanda por novas matérias-primas que são oriundas da petroquímica, reduzindo nossa pegada de carbono”. Diante da preocupação com os danos, países como Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Japão também estão desenvolvendo tecnologia semelhante.

Metodologia No processo em estudo, as embalagens são coletadas após o uso por consumidores e levadas a um reator para reprocessamento do material. “O método consiste na adição da enzima às embalagens moídas, em condições de reação adequadas para a atuação da enzima. O processo ocorre até o polímero se tornar novamente em suas unidades mínimas, que servem para a formação de novo PET em processo de reutilização na indústria petroquímica”, ressalta Juliana Belivaqua. Em dezembro de

2017, a Petrobras assinou um termo de cooperação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Através dessa parceria, será possível acelerar o desenvolvimento e elevar o grau de inovação e de maturidade da tecnologia. Atualmente, o projeto encontra-se em fase de otimização em laboratório e dentro de 3 anos deve ser testado em escala piloto. “Só então teremos condição de avaliar o potencial econômico da tecnologia e planejar seu escalonamento para uma escala comercial”, avaliou. A gerente acrescentou que a reciclagem de plásticos atualmente utilizados é baseada em processos físicos e, por este método, os materiais não recuperam as propriedades do polímero original, gerando um produto de baixo valor. Já com a reciclagem biotecnológica com a tecnologia em desenvolvimento será permitido que o PET reciclado tenha exatamente as mesmas características do original. Para a gerente de biotecnologia da Petrobras, no momento em que a tecnologia já tiver maturidade adequada, a companhia irá buscar parceiros para a implementação.

Garrafas PET poluem praias e rios e causam outros danos ao meio ambiente

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Design & Madeira Sustentável

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o mais recente projeto do Instituto BVRio, desenvolvido em parceria com o manejo florestal comunitário Coomflona, com apoio financeiro da Climate and Land Use Alliance (CLUA) e da Good Energies Foundation. Tudo começou no início de 2017 com o desejo de fomentar o uso e consumo damadeira legal e certificada FSC® de manejo comunitário, e de um encontro entre a BVRio e dois designers brasileiros de renome internacional – Leo Lattavo (Lattoog) e Zanini de Zanine (Studio Zanini). Desse encontro, desenvolveu-se o projeto que tem como objetivo de produzir móveis e objetos de decoração design com madeira de extração legal, certificada e comunitária, informando e divulgando assim a origem da matéria prima para o consumidor final. Dessa forma se combate a extração ilegal de madeira e a mão de obra escrava na Amazônia ao mesmo tempo em que se agrega valor à madeira de manejos florestais comunitários. É o manejo florestal elaborado e realizado por uma comunidade, que acerta os interesses comuns e divide as tarefas e os ganhos entre todos. O manejo florestal comunitário no Brasil tem o potencial de explorar até 46 milhões de hectares no Bioma Amazônia. No entanto, a contribuição do MFC ao setor madeireiro encontra-se muito aquém de seu potencial e este enfrenta barreiras atualmente difíceis de superar, desde a obtenção das autorizações necessárias para exploração e comercialização da madeira, até na eventual transformação da matéria-prima em produto final com maior valor agregado. Nasceu assim o projeto Design & Madeira Sustentável – um projeto que une design a responsabilidade socioambiental, levando designers brasileiros de renome internacional diretamente ao coração da Amazônia, para colaborar com moveleiros de manejo florestal comunitário.

Na palestra sobre o trabalho a ser executado e a apresentação dos conceitos de design

Lá na floresta, os designers treinam os comunitários, a fim de capacitá-los ao desenvolvimento de peças de alto valor agregado, com madeira sustentável, certificada FSC®. Segundo o designer Fernando Mendes – que detém formação de arquiteto e desenhista industrial, mas se autodefine como designer-marceneiro, o projeto Design & Madeira Sustentável “agrega valor para todo o mundo. Agrega valor para o designer que vai usar o material correto; agrega valor para a mão de obra que vai-se especializar em fazer um trabalho mais sofisticado, e agrega valor para esse material que é extraído da floresta e que precisa se transformar num produto de qualidade com valor agregado maior para que a gente tenha uma distribuição desse valor para a cadeia toda”. A Coomflona é referencia na atividade de MFC em toda a Amazônia, com dedicação e compromisso em manter a floresta de pé e permitindo entregar para o mercado produtos com certificação FSC®, que garantem os direitos socioeconômicos das comunidades que vivem na floresta.

O famoso Banco Rocha de Fernando Mendes

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Carlos Motta escolhendo as madeiras

Confecção dos bancos da marca Attom desenvolvida por Carlos Motta especificamente para o projeto 2

O Projeto Design & Madeira Sustentável tem por objetivo conectar o manejo florestal comunitário com a indústria do design de alto valor agregado, visando com isso: Dar plena inserção do manejo florestal comunitário na indústria moveleira de alto valor agregado. Promover na sociedade a percepção do valor da madeira de origem sustentável. Com esse propósito o Instituto BVRio selecionou alguns dos principais atores do design nacional envolvidos com produção em madeira sustentável, os quais se mostraram extremamente interessados em participar de um projeto de capacitação da movelaria de MFC e integração da mesma em seus processos produtivos. Todos esses profissionais são expoentes da movelaria e design nacional, reconhecidos e premiados nacional e internacionalmente. revistaamazonia.com.br


Treinamento e Capacitação Por meio de um ciclo de sessões de capacitação com designers de alto padrão objetiva-se capacitar o manejo florestal comunitário para atender não somente a mercados sofisticados e de alto valor agregado, mas também a linhas de produção da indústria moveleira. O projeto envolve não só a capacitação, mas também a efetiva produção de peças assinadas pelos designers e exposição em feiras selecionadas. O primeiro treinamento de capacitação de movelaria e design foi ministrado pelo designer Carlos Motta, na movelaria da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós – Coomflona, no Pará. O designer desenvolveu a produção de uma linha de 12 bowls e 3 modelos de bancos, para a marca ATTOM, que ele criou com seu filho Diego Motta. ATTOM é um núcleo de design, onde se desenvolvem peças utilitárias do quotidiano, buscando o justo, o correto, o sustentável. A parceria com BVRio e COOMFLONA, através do projeto Design & Madeira Sustentável, teve como fruto a criação de uma linha de peças certificadas FSC®. As peças já podem ser compradas na loja da ATTOM, em São Paulo. O designer Fernando Mendes também participou do projeto Design & Madeira Sustentável e fez um treinamento de dois dias aos comunitários da Coomflona, parceira no projeto. Durante os dois dias na Amazônia, Fernando deu uma palestra sobre o trabalho que iria ser executado e apresentou conceitos de design. Ele treinou os moveleiros à execução do banco rocha, com ensinamentos de uso e marcação com ferramentas manuais, técnicas de recorte de madeira e encaixe sem parafusos, e uso de travamento da madeira com aplicação de cunha em ângulo. O treinamento foi um grande sucesso, e o destaque principal foi o grande envolvimento e interesse demonstrado pelos participantes em aprender, produzir as peças e tirar as duvidas técnicas.

Passo a passo

Treinamento de capacitação dos moveleiros da COOMFLONA com Fernando Mendes

Fernando Mendes, arquiteto e desenhista industrial, mas se autodefine como designer-marceneiro

Confecção dos bancos da marca Attom desenvolvida por Carlos Motta

Na primeira manhã, o designer passeia pelo pátio com os comunitários para escolher as madeiras. Em seguida, estas são transportadas para a serraria, onde são cortadas. Pela tarde, a madeira é transportada à movelaria onde se faz a preparação dos componentes necessários à confecção dos objetos. Fernando Mendes trouxe os desenhos do seu famoso Banco Rocha. Na segunda manhã do treinamento o designer deu uma

Treinamento ministrado pelo designer Carlos Motta, na movelaria da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós – Coomflona, no Pará

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palestra sobre o trabalho a ser executado e a apresentação dos conceitos de design. Pela tarde, a parte prática, com execução de partes do banco rocha, ensinamentos de uso e marcação com ferramentas manuais, técnicas de recorte de madeira e encaixe sem parafusos, e uso de travamento da madeira com aplicação de cunha em ângulo.

O futuro do projeto Design & Madeira Sustentável Todos os designers envolvidos no projeto que ministraram seus workshops visaram qualificar os comunitários para atender suas produções e posteriormente realizarem suas ações comerciais. O objetivo dos designers é de comprar essa matéria prima nobre sem atravessadores, de origem legal, sustentável e socialmente correta. Designers com o mesmo ethos interessados em participar desse pioneiro projeto podem nos contactar através do email de Renato Castro, coordenador do projeto. REVISTA AMAZÔNIA

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Um oceano de oportunidades está ao nosso alcance - se conseguirmos virar a maré hoje por *Pavan Suhkdev

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credito há muito tempo que não há como calcular o futuro sem uma compreensão clara do presente. O novo “Planet Report 2018 ” da WWF, um levantamento da natureza global, apresenta uma imagem clara e preocupante de como a atividade humana está mudando a face de nosso planeta, sua vida selvagem, florestas, rios e oceanos. Como as populações globais de vida selvagem mostram um declínio de 60%, em média, em pouco mais de 40 anos, o relatório também fornece evidências científicas de que alguns dos habitats mais produtivos do oceano, como recifes de coral e manguezais, já estão parcialmente perdidos.

Fotos: James Morgam/WWF-US, Jürgen Freund / WWF

Estas são estatísticas surpreendentes que devem nos estimular a entrar em ação. Liderar a carga deve ser formuladores de políticas globais que entendam a importância fundamental desses habitats e o que o declínio deles representa para os ecossistemas oceânicos, incluindo populações de peixes e para as pessoas que dependem deles. Isso equivale a uma ameaça existencial. Uma tempestade perfeita está se formando. À medida que as comunidades costeiras se expandem rapidamente em todo o mundo, os recursos derivados do oceano já estão esgotados: o LPR também mostra como a pressão sobre muitos estoques de peixes continua aumentando a cada ano e quão rapidamente o alcance insidioso da poluição plástica está se espalhando. Com as mudanças climáticas decisivas na marcha, como confirma o recente relatório do IPCC, não pode haver maior urgência.

O fato de o “Planet Report 2018” estar sendo lançado enquanto a conferência Our Ocean está em andamento é oportuno, dado seu foco nos compromissos de ação dos governos e do setor público e privado, proporcionando um impulso adicional para acelerar a conservação dos oceanos. À medida que os delegados participam das discussões, os resultados do LPR são um lembrete do que está em jogo e a chance de eles se comprometerem com ações ousadas para introduzir mudanças muito necessárias. O oceano nunca atraiu tanta atenção, e com isso vem a promessa de soluções. Uma das abordagens mais interessantes e promissoras para a conservação dos oceanos é descrita pela expressão “economia azul sustentável”, ou apenas “SBE”, um novo acrônimo para o léxico da conservação. Na prática, isso se traduziria em uma economia marinha regulada e regenerativa

Pavan Suhkdev, Presidente da WWF

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A dieta diária de três bilhões de pessoas é baseada em alimentos de origem marinha. Quando colocado em termos de PIB, o oceano é a sétima maior economia do mundo. E, no entanto, esse sistema de suporte vital repleto de oportunidades econômicas sem precedentes está sob séria ameaça

que proporciona benefícios sociais e econômicos para as gerações atuais e futuras; restaura, protege e mantém a diversidade, a produtividade e a resiliência dos ecossistemas marinhos e baseiam-se em tecnologias limpas, energias renováveis e fluxos de materiais circulares. Enquanto algumas ideias da “nova economia” brilham por um momento e depois diminuem rapidamente, depois de passar boa parte dos últimos quinze anos na interseção entre economia e conservação, meu palpite é que a SBE terá poder de permanência - precisamente porque é a único caminho para o oceano se quisermos garantir a estabilidade econômica e social, mantendo-nos dentro dos limites planetários. Deixe-me enfatizar a urgência de nossos compromissos e tarefas coletivas - o tempo não está do nosso lado quando se trata de enfrentar as crescentes ameaças. Espero que possamos olhar para 2018 como o ano em que demos alguns dos mais longos passos para mudar a maré para a conservação dos oceanos através da abordagem da SBE. Temos diante de nós a possibilidade de oferecer oportunidades reais, práticas e du-

radouras aos parceiros da comunidade que estão na linha de frente; redesenhar cadeias de valor para levar em conta o impacto patológico da poluição e assegurar um futuro com consumidores e partes interessadas cada vez mais conscientes e ativos, que não enxergam o oceano apenas como a mais recente fronteira a ser explorada para lucros de curto prazo. Um oceano saudável é essencial para o bem-estar da humanidade. Investir no capital natural azul do nosso oceano é um investimento no nosso futuro coletivo, bem como no futuro das comunidades costeiras em todo o mundo que dependem diretamente desses ecossistemas para sua subsistência e segurança alimentar. Quer sejam as comunidades na ilha Koon da Indonésia que há muito tempo usaram a sabedoria tradicional na gestão dos seus recursos pesqueiros e estão agora a ser apoiadas por empresas locais de turismo e pesca que beneficiam de reservas de peixe mais saudáveis, a criar um sistema reforçador de economia azul sustentável ou governos cada vez mais Vendo a importância dos recifes de corais, manguezais e ervas marinhas para cumprir seus compromissos sob o acordo climático de

Paris, o oceano pode ser o beneficiário de um novo pensamento econômico. Ele pode mostrar como podemos gerar lucros sem degradar os ecossistemas, ou melhor, como as receitas podem ser obtidas pela restauração dos ecossistemas oceânicos, e essas são a essência de um “SBE”. O tipo de mudança necessária para o oceano deve basear-se em novos pensamentos, em novas normas e regulamentos, e acima de tudo: ação! Eu estou animado com o trabalho de um grupo diversificado de instituições que já arregaçaram as mangas já comprometidas em fazer essa abordagem funcionarem e espero que seja apenas o começo. Este nosso oceano verá grandes investimentos em conservação dos oceanos sendo anunciados por generosos filantropos e fundações, interesses corporativos e governos com visão real. Os delegados também testemunharão uma nova onda de apoio aos princípios que impulsionarão o financiamento da SBE. Em conjunto, esses dois segmentos podem ajudar a tornar real a mudança para deter o declínio acentuado dos ecossistemas oceânicos, de modo que o futuro Living Planet Reports- LPR possa contar uma história diferente. Hoje temos a chance de escrever uma nova história para os oceanos do mundo, uma de progresso e recuperação em que o mundo viu um oceano de oportunidades para um futuro sustentável e o aproveitou. Você está a bordo? [*] Presidente da WWF International Um oceano saudável é essencial para o bem-estar da humanidade

Mudar a maré para a conservação dos oceanos através da abordagem da SBE Economia Azul Sustentável

Investir no capital natural azul do nosso oceano é um investimento no nosso futuro coletivo, bem como no futuro das comunidades costeiras em todo o mundo que dependem diretamente desses ecossistemas para sua subsistência e segurança alimentar

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Igual fogo do Sol, para produzir energia limpa e ilimitada Projeto ITER aproxima-nos do poder de fusão viável e de grande escala

Fotos: Andrea Botto, ITER, Nasa/SDO

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Projeto ITER, é o maior programa mundial de investigação sobre reações de fusão, e está em via de viabilizar o poder de fusão. Existem diferentes estados da matéria no Universo. Também sabemos que eles podem mudar de um estado para outro de acordo com a quantidade de energia disponível. Sob calor, um sólido passará para o estado líquido. Com mais calor, então converte para a fase gasosa. Se mais energia for aplicada, os átomos do gás se ionizam. Ou seja, eles perdem alguns elétrons e se tornam íons, o que faz com que o plasma, o quarto estado da matéria. Você pode se surpreender ao saber que o plasma está em toda parte. Mais de 99% da matéria que compõe o universo conhecido é o plasma. Não deve ser surpresa, então, que o plasma seja um ingrediente-chave para a fusão nuclear.

Como funciona a fusão nuclear Aqui na Terra, o plasma pode naturalmente se formar e é mais comum do que poderíamos pensar. O fogo é plasma, assim como o clareamento e as auroras polares. Até o gás nos tubos de néon é uma forma de plasma. O Sol é um reator a plasma de 860.000 milhas de largura que, em um processo chamado fusão nuclear, produz hidrogênio em hélio há bilhões de anos. O reator de fusão nuclear dentro do Sol queima milhões de toneladas de hidrogênio a cada segundo. Enquanto a maioria é convertida em hélio, o restante se torna energia pura. No núcleo do Sol, a pressão e a temperatura tornam-se incrivelmente altas (10 a 15 milhões de graus Celsius), que os núcleos dos átomos separam dos elétrons. Átomos carregados positivamente (íons) e elétrons carregados negativamente formam plasma onde núcleos e elétrons circulam livremente. Núcleos leves podem se unir para dar nascimento a núcleos pesados. Quando isso acontece, eles liberam enormes quantidades de energia. Graças à fusão nuclear, em uma única hora, o Sol pode fornecer energia suficiente para o mundo funcionar durante um ano inteiro.

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Quando terminado o prédio do reator vai pesar 320.000 toneladas, três vezes mais que a torre Eiffe

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O centro de pesquisa de fusão nuclear ITER, de 18 bilhões de euros, em Provence, França, recentemente (26 de julho deste 2018). O feixe de guindaste vermelho e branco gira lentamente sobre o bioshield. Lá embaixo, as equipes continuam derramando concreto para a parede da coroa; do lado de fora, no nível 3, eles estão colocando um tipo especial de concreto “absorvente de nêutrons”

O tokamak em construção. Na base da máquina, uma parede de concreto circular apoiará a base do criostato e, com ele, todo o peso da máquina. A primeira das quatro parcelas para formar a coroa foi derramada em 22-23 de maio de 2018

Só para esclarecer, isso é apenas a luz do sol que atinge a Terra e não a energia total do Sol, que é obviamente muito maior. Aproveitamos a energia solar bruta há muito tempo e estamos sempre procurando maneiras melhores de coletá-la e armazená-la. No entanto, se pudermos replicar e reduzir o tamanho do mecanismo de energia da Sun a uma escala industrial, isso seria um verdadeiro fator de mudança para a humanidade.

No futuro, reatores termonucleares (uma famosa iteração é conhecida como tokamaks) poderiam alimentar o mundo, mas cientistas e engenheiros estão preparando o terreno para eles agora. Sinais de progresso nesta área são anunciados aqui e ali, muitas vezes com agitação, mas talvez devêssemos tomar alguns com um grão de sal. Não é que eles não sejam sérios, é só que às vezes a imprensa (e ocasionalmente os pesquisadores) podem se antecipar em suas descobertas. Dito isso, há projetos avançados que se beneficiam do apoio de prestigiosas instituições de pesquisa e grandes empresas. O SPARC do MIT e o projeto da Lockheed são dois exemplos desse tipo. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer antes de chegarmos às usinas nucleares de fusão. O Projeto ITER, atualmente em construção em França, é o maior projeto de energia de fusão que se beneficia de enormes recursos. A sigla ITER costumava ser interpretada como o Reator Termonuclear Experimental Internacional, o que ainda é o caso, mas agora também é referido pelo seu significado latino: “o caminho”. A Organização ITER é financiada por 35 países, incluindo os EUA, que apenas reafirmaram seu compromisso com o projeto ao dobrar sua contribuição em espécie para o ano. O projeto de execução do tokamak, está sendo construído em Provence-França, porém, centenas de componentes, grandes e pequenos, foram fabricados e entregues com segurança no canteiro de obras. Assinado em 2006, o contrato do projeto INTER continua em andamento com a organização anunciando recentemente que 50% do trabalho no projeto foi concluído.

Edifício das instalações de enrolamento de bobinas

Projeto ITER: O caminho para a energia infinita e limpa Há uma teoria de seis décadas que apoia a fusão nuclear e sua promessa de energia quase ilimitada. Medidas práticas estão sendo tomadas para investigar a viabilidade industrial da tecnologia.

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À medida que a instalação nos 180 hectares é preparada, os equipamentos, componentes e técnicas necessários para a execução do tokamak do ITER estão e continuam chegando. O complexo entrou em sua primeira fase de montagem, e espera-se que o reator ITER entregue seu primeiro plasma até dezembro de 2025. Se o projeto ITER for bem sucedido e se surgirem outras iniciativas, poderemos ter uma fonte infinita de energia limpa, a mesma que alimenta as estrelas e tornou possível a vida na Terra.

“A ideia de estar lutando para tirar o fogo ao Sol e trazê-lo para a Terra” A descrição do seu trabalho é feita por Alex Martín, chefe de engenheiros da câmara de vácuo do ITER. Parece um mito. Relacionar a sua missão com o roubo do fogo por Prometeu, arrebatando-o aos deuses para o dar aos homens. E bem caro pagou a sua ousadia: foi acorrentado a uma rocha onde todos os dias uma águia devorava o seu fígado que voltava a crescer durante a noite para a sua tortura ser eterna. O ITER é algo de mítico (no sentido em que merece uma admiração especial, não por ser uma história fictícia) e tem o dedo de Alex Martín. O objetivo de quem trabalha no ITER é demonstrar a viabilidade científica e tecnológica da fusão nuclear. Ou, como explica Bernard Bigot, o seu CEO: “Queremos demonstrar que o fenômeno que acontece nas estrelas e no sol, ou seja, a fusão de núcleos de hidrogénio, é possível de se realizar na Terra”.

O maior tokamak do mundo, dispositivo de fusão magnética, foi projetado para provar a viabilidade da fusão como fonte de energia em larga escala e livre de carbono, baseado no mesmo princípio que alimenta nosso Sol e estrelas

Tokamak Os membros ITER são: China, a União Europeia, a Índia, o Japão, a Coreia, a Rússia e os Estados Unidos, que injetaram recursos para conquistar uma das maiores fronteiras da ciência - reproduzindo na Terra a energia ilimitada que alimenta o Sol e as estrelas. Se, apesar da complexidade logística, científica e até mesmo a política de prazos for cumprida conforme o previsto, em dezembro 2025, o Tokamak poderá entrar em funcionamento para efetuar as

primeiras experiências batizadas como “o primeiro plasma”. E apenas três décadas depois, em 2055, a eletricidade produzida por meio da fusão poderá chegar aos nossos lares. Seria um avanço gigantesco. Um dos maiores a nível tecnológico da nossa espécie. Alex Martín volta a recorrer a uma frase sem rodeios para o exprimir: “Embora possa parecer bombástico, estamos preparando o futuro da humanidade a longo prazo”. *Veja o progresso feito no canteiro de obras do ITER, até fins de abril deste ano: https://youtu.be/-jJ4yuF497U

Datas importantes 1985

Início do projeto ITER

2035-2040

Talvez a energia líquida seja produzida pelo ITER

2050

As primeiras demonstrações pré-comerciais começem a operar

2085

Camada de bobina de campo toroidal, da ASG (chamada de panqueca dupla) é transferida de uma estação para outra

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Talvez alguns tokomaks comerciais gigantes e caros comecem a funcionar, mas não seriam mais baratos que os atuais reatores de fissão nuclear

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Algoritmo prevê probabilidades de extinção para 15.000 espécies de plantas em todo o mundo Pesquisadores criaram e treinaram um algoritmo de aprendizado de máquina para atribuir probabilidades de risco a 150.000 espécies de plantas em todo o mundo. A nova abordagem analítica identificou 15.000 espécies em risco

Fotos: Anahí Espíndola e Tara Pelletier, Flickr / CIFOR, Hans ter Steege

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atalogar as espécies de planta existentes e avaliar o risco de extinção de cada uma pode ser um processo demorado e custoso. Para combater esse problema, pesquisadores liderados pelas biólogas Anahí Espíndola, da Universidade de Maryland (EUA), e Tara Pelletier, da Universidade de Radford (EUA) construíram uma tecnologia capaz de ajudá-los. A equipe de cientistas criou um algoritmo baseado em machine learning que leva em conta dados de 150 mil espécies de plantas de todo o mundo. De acordo com seus resultados, mais de 10% desses vegetais tem altas chances de estar em risco de extinção. O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Os pesquisadores chegaram ainda à conclusão de que espécies ameaçadas tendem a se concentrar em áreas conhecidas por sua biodiversidade nativa, como as florestas tropicais da América Central e a porção sudoeste da Austrália. Ao contrário das expectativas dos cientistas, o trabalho apontou que muitas regiões com altos índices de diversidade correspondiam aos locais com maiores níveis de risco para as plantas.

O mapa mostra os níveis previstos de risco para mais de 150.000 espécies de plantas. Usando grandes quantidades de dados de acesso aberto, os pesquisadores foram capazes de identificar plantas de alto risco em todo o mundo. Cores mais quentes denotam áreas com maior número de espécies potencialmente em risco, enquanto cores mais frias denotam áreas com baixo risco geral previsto

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Além disso, a pesquisa revelou que vegetais endêmicos – isto é, que são específicos de um local – tendem a possuir maiores chances de extinção, já que estão confinados a áreas menores. O estudo foi construído com base em dados de acesso público e os detalhes dos resultados encontrados também estão disponíveis para todos os interessados. Segundo os pesquisadores, a esperança é de que as pessoas utilizem o modelo criado e identifiquem nele possíveis erros ou melhorias, e, assim, ajudem a aprimorá-lo. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) é uma ferramenta poderosa para pesquisadores e formuladores de políticas que trabalham para conter a maré de perda de espécies em todo o mundo. Mas adicionar uma única espécie à lista não é tarefa fácil, exigindo incontáveis horas de pesquisas caras, rigorosas e altamente especializadas. Como resultado dessas limitações, um grande número de espécies conhecidas ainda não foram formalmente avaliadas pela IUCN e classificadas em uma das cinco categorias, de menos preocupante para criticamente ameaçada. Esse déficit é bastante aparente nas plantas: apenas cerca de 5% de todas as espécies de plantas atualmente conhecidas aparecem na Lista Vermelha da IUCN em qualquer capacidade. O novo método co-desenvolvido por Anahí Espíndola, professor assistente de entomologia da Universidade de Maryland, usa o poder da aprendizagem de máquina e dados de acesso aberto para prever espécies que poderiam ser elegíveis para o status de risco na Lista Vermelha da IUCN. A equipe de pesquisa criou e treinou um algoritmo de aprendizado de máquina para avaliar mais de 150.000 espécies de plantas de todos os cantos do mundo, tornando seu projeto entre as maiores avaliações de risco de conservação até o momento. De acordo com os resultados, mais de 10% dessas espécies têm alta probabilidade de se qualificar para uma classificação em risco da IUCN. O algoritmo é um modelo preditivo que pode ser aplicado a qualquer agrupamento de espécies em qualquer escala, do globo inteiro a um único parque da cidade. “Nosso método não pretende substituir avaliações formais usando protocolos da IUCN. É uma ferramenta que pode ajudar a priorizar o processo, calculando a probabilidade de que uma dada espécie esteja em risco ”, disse Espíndola. “Por fim, esperamos que ajude governos e gerentes de recursos a decidir onde destinar seus recursos limitados para a conservação. Isso pode ser especialmente útil em regiões pouco estudadas ”. Espíndola e seus colaboradores construíram seu modelo preditivo usando dados de acesso aberto do Global Biodiversity Information Facility (GBIF) e do TRY Plant Trait Database. Tara Pelletier, professora assistente de biologia na Universidade de Radford, trabalhou em conjunto com Espíndola para realizar a análise de aprendizado de máquina. Espíndola e Pelletier então treinaram o modelo usando dados GBIF e TRY do grupo relativamente pequeno de espécies de plantas já na Lista Vermelha da IUCN.

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Algoritmo prevê probabilidades de extinção para 15.000 espécies de plantas em todo o mundo.indd 52

Isso permitiu que os pesquisadores avaliassem e ajustassem a precisão do modelo, verificando suas previsões em relação ao status de risco conhecido da IUCN. A Lista Vermelha classifica as espécies não extintas em uma das cinco categorias de classificação: menos preocupação, quase ameaçada, vulnerável, ameaçada e criticamente ameaçada. Os pesquisadores então aplicaram o modelo aos muitos milhares de espécies de plantas que não são listadas pela IUCN. De acordo com os resultados, mais de 15.000 das espécies - cerca de 10% do total avaliado pela equipe - têm uma alta probabilidade de se classificar como quase ameaçadas, no mínimo. Espíndola e seus colegas mapearam os dados e observaram várias tendências geográficas importantes nas previsões do modelo. As espécies em risco tendem a se agrupar em áreas já conhecidas por sua alta biodiversidade nativa, como as florestas tropicais da América Central e o sudoeste da Austrália. O modelo também sinalizou regiões como a Califórnia e o sudeste dos Estados Unidos, que abrigam um grande número de espécies endêmicas, o que significa que essas espécies não ocorrem naturalmente em nenhum outro lugar da Terra. “Quando comecei a pensar neste projeto, suspeitei que muitas regiões com alta diversidade seriam bem estudadas e protegidas. Mas descobrimos que o contrário é verdade ”, disse Espíndola. “Muitas das áreas de alta diversidade correspondem a regiões com maior probabilidade de risco. Quando vimos os mapas, ficamos surpresos com a claridade. Espécies endêmicas também tendem a estar mais em risco, porque geralmente estão confinadas a áreas menores”. O modelo também sinalizou algumas áreas surpreendentes não tipicamente conhecidas por sua biodiversidade, como a costa sul da Península Arábica, como tendo um alto número de espécies em risco. Algumas das regiões mais ameaçadas não receberam atenção suficiente dos pesquisadores, segundo Espíndola. Ela espera que seu método possa ajudar a preencher algumas lacunas de conhecimento, identificando regiões e espécies que necessitam de mais estudos. “Digamos que você quisesse avaliar todas as espécies de abelhas silvestres em um continente. Então você faz a avaliação e descobre que apenas uma espécie está em risco. Agora você usou todos esses recursos para identificar uma área com baixo risco, o que ainda é útil, mas não é ideal quando os recursos são limitados. Queremos ajudar a impedir que isso aconteça”, disse Espíndola. “Nossa análise foi global, mas o modelo pode ser adaptado para uso em qualquer escala geográfica. Tudo o que fizemos é 100% de acesso aberto, destacando o poder dos dados disponíveis publicamente. Esperamos que as pessoas usem nosso modelo - e esperamos que eles apontem erros e nos ajudem a corrigi-los, para torná-lo melhor”. Área desmatada, corte tradicional e queima para a agricultura na Amazônia

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Colocando em ação o objetivo mais ambicioso da batalha climática

Zero energia fóssil, zero carros a gasolina, zero resíduos: a eliminação total das emissões de gases de efeito estufa é o objetivo, distante mas oficial, adotado por um grande número de cidades e territórios reunidos recentemente, no Climate Summit Ação Global – cúpula sobre o clima em San Francisco Fotos: CSAG, TCG

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uropa, Ásia, América, África e Oceania estiveram representadas na Cúpula Mundial de Ação Climática, em San Francisco e reúne, de uma forma sem precedentes, prefeitos e governadores em vez de chefes de Estado e de Governo. Nesta cúpula de tom voluntarista, a voz do ator americano Harrison Ford destacou-se pelo alarmismo. “Deixemos, pelo amor de Deus, de denegrir a ciência, deixemos de dar poder àqueles que não acreditam na ciência ou que pretendem não acreditar por interesse”, disse em um forte discurso a milhares de pessoas no centro de San Francisco. “É a maior crise moral de nosso tempo”. A China enviou a maior delegação do encontro, segundo Jerry Brown, governador da Califórnia. Xie Zhenhua, negociador para o clima desse país, disse a jornalistas nesta quinta-feira que o país atingirá seu pico de emissões antes de 2030, e a partir de então estas começarão a diminuir.

Jerry Brown, governador da Califórnia no Global Action Climate Summit, abaixo o ex-prefeito da cidade de Nova York, Michael Bloomberg, co-fundador da coalizão We Are Still In

Entre as cidades pioneiras, Copenhague é a mais ambiciosa, a primeira a buscar atingir emissões zero em apenas sete anos, um verdadeiro desafio levando em conta que a

A bordo de uma balsa com Alcatraz ao fundo, o governador Brown assina as contas do clima. Jerry Brown assinou o SB100, que estabelece a meta de eliminar todos os combustíveis fósseis do setor elétrico do estado até 2045

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prefeitura não tem os meios legais para restringir o acesso de automóveis poluentes às suas ruas, disse à AFP o prefeito Frank Jensen. Los Angeles prometeu eliminar o carvão até 2025 e pretende atingir o “carbono zero” em algumas décadas, assim como muitas outras cidades americanas e europeias. “O novo limiar é chegar a um equilíbrio de carbono neutral”, afirmou Eric Garcetti, prefeito de Los Angeles. “Seria um erro estabelecer objetivos só para dois ou três anos”, disse seu homólogo de Milão, Giuseppe Sala. “É necessário se comprometer com ‘zero’, mesmo se isso estiver longe”. O motivo do encontro é salvar o Acordo de Paris de 2015, embora o único a anunciar até agora sua retirada tenham sido os Estados Unidos. Os demais países signatários adotaram compromissos insuficientes para limitar o aumento de temperatura do planeta a um nível que não represente um perigo. As catástrofes deixaram de ser o argumento central para mobilizar as pessoas, apesar de que o furacão Florence ameaça a costa leste dos Estados Unidos e o tufão Mangkhut, as Filipinas.

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A sombra de Trump Tóquio, Seul e Roterdã se uniram assim a Paris, Londres, Barcelona, Cidade do México e outras urbes no compromisso de ter 100% de ônibus elétricos em 2025, e reduzir a “zero” as emissões em uma “zona significativa” de seus territórios até 2030. Para Helen Clarkson, diretora da ONG The Climate Group, estes compromissos “abrem uma nova fronteira para a indústria automotora mundial”. Outras cidades, regiões, províncias ou estados americanos estão dispostos a produzir eletricidade livre de combustíveis fósseis e neutra em carbono, como a Califórnia até 2045. Isto não significa necessariamente energia 100% renovável; pode se tratar de energia nuclear e gás natural, com a condição de que capturem as emissões de carbono.

Uma centena de grandes cidades do clube C40, presidido pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, se comprometeram a ser completamente neutras em carbono até 2050: isto inclui não só a eletricidade, mas também o transporte e o resto da economia. Um total de 27 grandes cidades da Europa e América do Norte, entre elas

Mapa-múndi com uma seleção de eventos climáticos de maior destaque em 2017

Grupo de prefeitos com o co-presidente do evento e ex-prefeito de Nova York

Londres, Paris e Nova York, começaram o declínio na curva há ao menos cinco anos, segundo um anúncio feito nesta quinta na cúpula. Tóquio não faz parte deste grupo devido ao desastre de Fukushima em 2011, que obrigou o país a substituir as usinas de energia nuclear por combustíveis fósseis. As megalópoles do planeta, nos países em desenvolvimento, tampouco estão nesse grupo, visto que seu crescimento ainda se apoia principalmente nos hidrocarbonetos. O “pico” só é esperado para, ao menos, a próxima década. Os prefeitos destas regiões quase não estão presentes nesta cúpula. As multinacionais, por outro lado, participam deste movimento. Muitas assinaram contratos para usar só eletricidade “limpa”, ou anunciaram publicamente que conseguirão isto em poucos anos ou décadas, em alguns casos em toda a sua rede de fornecedores. “Embora os holofotes estejam sobre Washington, a ação se desenvolve, na realidade, fora da capital federal”, disse o bilionário Michael Bloomberg, um dos organizadores da cúpula. Assim como ele, muitos dirigentes em San Francisco afirmam que as decisões ambientais do presidente republicano, Donald Trump, não vão deter o avanço em questões climáticas. Mas ao mesmo tempo, Trump continua sendo constantemente acusado de cometer crimes contra o planeta. “Pelo caminho que vai, acredito que será lembrado como um mentiroso, um criminoso, um estúpido, escolham vocês”, disse Jerry Brown.

Principais conclusões do relatório anual da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). O governador Edmund G. Brown Jr, da Califórnia, no encerramento da Cúpula Global de Ação Climática, disse que se unirá à Planet Labs (Planet), para desenvolver e lançar um satélite que rastreie poluentes causadores de mudanças climáticas com precisão sem precedentes e ajudam o mundo a reduzir drasticamente essas emissões destrutivas

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“Folha de Seda” – primeira folha artificial capaz de criar oxigênio Fotos: Divulgação, Julian Melchiorri É o primeiro protótipo que introduz o impacto potencial que os dispositivos fotossintéticos podem ter em nossa vida cotidiana”, diz Melchiorri

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m um período em que as emissões globais de carbono e a urbanização estão crescendo exponencialmente, surge a necessidade de criar soluções sustentáveis para o ambiente urbano interno e externo. Seguindo a abordagem biomimética de Melchiorri para trazer a eficiência das tecnologias da natureza para o homem, ele realizou experimentos laboratoriais para fazer materiais fotossintetizantes e explorar suas possíveis aplicações. “Folha de Seda”, nome que Julian Melchiorri deu a sua criação, tornou-se a primeira folha sintética a ser capaz de criar oxigênio. Esta invenção pode realizar os mesmos processos que as plantas reais, isto é, através da fotossíntese, converter água, dióxido de carbono e luz em oxigênio.

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Esta folha artificial foi feita à base de seda, já que este material permite estabilizar moléculas orgânicas. Foi adicionado cloroplastos, que é o composto das folhas que finalmente permite a fotossíntese. O projeto teve a colaboração da Universidade de Tufts, que ajudou na tarefa de extrair o cloroplasto das folhas reais e colocá-las na artificial. A Folha de Seda é o primeiro resultado deste caminho de exploração. É o primeiro protótipo que introduz o impacto potencial que a fotossíntese dos materiais pode ter em nossa vida cotidiana. É feito de um material biológico composto principalmente por proteína de seda e cloroplastos. A Folha de Seda absorve CO2 e produz oxigênio e compostos orgânicos graças à capacidade fotossintética dos cloroplastos estabilizados dentro da proteína da seda. Qualquer luz visível e água é necessária para permitir a reação. Tendo a necessidade de fornecer água aos cloroplastos para permitir a fotossíntese, foi introduzida outra tecnologia incorporada para fornecer água aos cloroplastos, inspirada em como as folhas naturais funcionam. A água também pode remover resíduos químicos e açúcares por meio da osmose, introduzindo a ideia de coletá-la para geração de energia.

Suprimento artificial de oxigênio sem fim

O dispositivo é feito de material biológico e graças à sua capacidade fotossintética, o Silk Leaf absorve CO2 e produz oxigênio. Apenas a luz visível e a água são necessárias para permitir a interação. Silk Leaf, é um suprimento artificial de oxigênio sem fim

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O nível de geração de oxigênio pode ser otimizado dependendo de muitos fatores, desde a composição do material até a quantidade e eficiência dos cloroplastos na seda. Publicações científicas recentes mostram intervenções nano-biônicas em cloroplastos aumentando sua eficiência fotossintética em 49%. Esta e outras pesquisas sobre modificação genética podem permitir uma melhoria dramática de sua eficiência. A fotossíntese é uma reação química que envolve um organismo que retira água e CO2 e, com a ajuda da luz, transforma esses compostos em açúcares e oxigênio.

Devido a:

1) os muitos benefícios da absorção de oxigênio e CO2; 2) o baixo consumo de energia; 3) sua modularidade, as lâminas artificiais poderiam ser usadas em muitas aplicações onde o nível de CO2 é alto ou o oxigênio é necessário: dentro de sistemas de ventilação, forma livre superfície para interiores, juntamente com a iluminação, exploração do espaço ... Julian concebe materiais biológicos reativos para fazer parte de nosso ambiente interno e urbano para melhorar e estimular nossas vidas sendo social e ambientalmente sustentável. Introduzindo impacto potencial que a fotossíntese dos materiais pode ter em nossa vida cotidiana

Se observarmos todos os habitats naturais e complexos, desde as florestas tropicais até os recifes de corais, podemos ver como esses lugares estão em constante evolução, mudando e se adaptando às mudanças ambientais, reagindo dinamicamente a eles. Paradoxalmente, nossas cidades tendem a permanecer estáticas e resistentes a mudanças.

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Julian Melchiorri, engenheiro e inovador de design de Londres, acredita que a necessidade de criar soluções sustentáveis é primordial em um mundo onde as emissões globais de carbono e a urbanização estão crescendo exponencialmente. Para este objetivo, Melchiorri criou o Silk Leaf, uma planta feita pelo homem que usa água e luz para criar uma quantidade ilimitada de oxigênio. “Eu extraí o cloroplasto das células das plantas e as coloquei dentro da proteína da seda. Com isso, consegui ter o primeiro material fotossintético que vive e respira como uma folha real “, disse Melchiorri.

Dois dos usos que terão essas folhas são gerar oxigênio em expedições espaciais e integrar-se nos sistemas de ventilação de edifícios, permitindo a criação de um volume maior de oxigênio que o consumido.

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Metade de plantas e espécies animais em risco de mudanças climáticas nos lugares naturais mais importantes do mundo

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té a metade das espécies de animais e plantas nas áreas mais naturais do mundo, como a Amazônia e as Galápagos, poderiam detectar a extinção do rosto até a virada do século devido às mudanças climáticas se as emissões de carbono continuarem a aumentar sem controle. Mesmo que o objetivo de 2 ° C do Acordo de Clima de Paris seja atingido, esses lugares poderiam perder 25% de suas espécies de acordo com um novo estudo de referência da Universidade de East Anglia, da Universidade James Cook e do WWF. Publicado no jornal Climaic Change e há alguns dias antes da Earth Hour, o maior movimento de base do mundo para o meio ambiente, os pesquisadores examinaram o impacto da mudança climática em quase 80 mil espécies de plantas e animais em 35 das áreas mais diversas e naturalmente ricas em vida selvagem do mundo. Ele explora uma série de futuros de mudanças climáticas diferentes - de um caso de não-emissões-cortes em que a temperatura média global aumenta em 4,5 ° C [1], a 2 ° C, o limite superior de temperatura no Acordo de Paris]. Cada área foi escolhida por sua singularidade e a variedade de plantas e animais encontrados. O relatório conclui que as Florestas do Miombo, lar de cachorros selvagens africanos, sudoeste da Austrália e as Guianas da Amazônia, são projetadas para ser algumas das áreas mais afetadas. Se houvesse um aumento médio global da temperatura de 4,5 ° C, os climas nessas áreas deverão se tornar inadequados para muitas plantas e animais que atualmente vivem lá significando:

Fotos: CIFOR / CC BY-NC 2.0, David Lawson / WWF-UK, EPA/Cecilia Puebla,Wikipedia, WWF

Florestas da Amazônia, poderiam perder 69 por cento de suas espécies de plantas

*Até 90 por cento dos anfíbios, 86 por cento das aves e 80 por cento dos mamíferos poderiam tornar-se extintos localmente nas florestas de Miombo, África do Sul

Florestas de Miombo, o maior bioma da África Austral e Central que abrange oito países (Angola e Moçambique incluídos). Até 90 por cento dos anfíbios, 86 por cento das aves e 80 por cento dos mamíferos poderiam tornar-se extintos

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*A Amazônia poderia perder 69 por cento de suas espécies de plantas *No sudoeste da Austrália, 89% dos anfíbios poderiam se tornar extintos localmente *60% de todas as espécies estão em risco de extinção localizada em Madagascar O Fynbos na Região do Cabo Ocidental da África do Sul, que está sofrendo uma seca que levou a uma falta de água na Cidade do Cabo, poderia enfrentar extinções localizadas de um terço de suas espécies, muitas das quais são exclusivas da região. Além disso, o aumento das temperaturas médias e a precipitação mais errática podem se tornar o “novo normal” de acordo com o relatório - com chuvas muito menores no Mediterrâneo, Madagascar e Cerrado-Pantanal na Argentina. Os efeitos potenciais incluem [3];

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Advertência de Extinção, relatório do WWF incluem metade das plantas e animais amazônicos

Pressão sobre o abastecimento de água dos elefantes africanos - que precisa beber 150-300 litros de água por dia. 96 por cento das áreas de criação de tigres Sundarbans poderiam ser submersas pelo aumento do nível do mar. Comparativamente menos tartarugas marinhas masculinas devido à atribuição de sexo induzida pela temperatura de ovos. Se as espécies podem se mover livremente para novos locais, o risco de extinção local diminui de cerca de 25% para 20% com aumento de temperatura médio global de 2 ° C. Se eles não podem sobreviver. A maioria das plantas, anfíbios e répteis, como orquídeas, sapos e lagartos não podem se mover com rapidez suficiente para acompanhar essas mudanças climáticas. O pesquisador principal, Prof. Rachel Warren, do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da UEA, disse: “Nossa pesquisa quantifica os benefícios do aquecimento global limitante para 2 ° C para espécies em 35 das áreas mais ricas em vida selvagem do mundo. Estudamos 80 mil espécies de plantas, mamíferos, aves, répteis e anfíbios e descobrimos que 50% das espécies poderiam ser perdido nessas áreas sem política climática. No entanto, o aquecimento global se limita a 2 ° C níveis pré-industriais acima, isso pode ser reduzido para 25%. Limitar o aquecimento a 1,5 ° C não foi explorado, mas seria esperado para proteger ainda mais animais selvagens “. Em geral, a pesquisa mostra que a melhor maneira de proteger contra espécies é manter a temperatura global o mais baixa possível.

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Os compromissos do Acordo de Paris, reduzem o nível esperado de aquecimento global de 4,5 ° C para cerca de 3 ° C, o que reduz os impactos, mas verificamos melhorias ainda maiores a 2 ° C; e é provável que

a temperatura suba para 1,5 ° C protegeria mais animais selvagens. É por isso que, no dia 24 de março, milhões de pessoas em todo o mundo se reuniram para a Hora do Planeta para mostrar o compromisso de reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa, para demonstrar seu compromisso de proteger a biodiversidade e ser parte das conversas e soluções necessárias para construir um futuro saudável e sustentável - e para todos. A mobilização global desencadeada pela Hora do Planeta também enviou uma mensagem clara às empresas e ao governo de que existe uma mudança global dessa trajetória. Tanya Steele, CEO da WWF-UK comentou: “Dentro da vida de nossos filhos, lugares como as Amazônia e Galápagos podem tornar-se irreconhecíveis, com a metade das espécies que vivem lá, destruídas pelas mudanças climáticas causadas pelo homem. Em todo o mundo, belos animais icônicos como os tigres de Amur ou os rinocerontes de Java estão em risco de desaparecer, bem como dezenas de plantas e criaturas menores que são o fundamento de toda a vida na Terra. É por isso que esta Hora do Planeta pedimos a todos que façam uma promessa para o planeta e que façam as mudanças diárias para proteger nosso planeta”. Leopardo de neve (Panthera uncia)

Rinoceronte-de-java

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Painéis geram água potável diretamente da luz do Sol

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ma startup, chamada Zero Mass Water, baseada no estado do Arizona, Estados Unidos, anunciou sua mais nova engenhoca: painéis solares que filtram partículas de água presentes no ar e a torna potável, usando apenas a energia solar. Batizada de Source Hydropanels, a tecnologia promete ser fácil, escalável e consistente. Estima-se que cada placa consegue produzir aproximadamente cinco litros de água potável por dia, suficiente para satisfazer as necessidades de duas pessoas. É claro que a produção vai depender também umidade da região de instalação, mas a solução promete inovar a fonte de água potável. Os painéis utilizam de nanomateriais e muita física para tornar isso realidade. Regiões que sofrem com a falta de água potável serão os maiores beneficiários disso. “Nós queremos garantir acesso a fonte de água potável segura para o mundo inteiro e mudar fundamentalmente o relacionamento que humanos têm com a água”, explica Cody Friesen, CEO da startup. Como professor de engenharia da Universidade Estadual do Arizona, Cody já instalou a tecnologia em oito diferentes países, incluindo Equador, Jordânia, México e Filipinas. Nos EUA, diversas instalações já possuem seus equipamentos e recentemente recebeu o aporte de U$ 24 milhões de dólares para produzir ainda em maior escala.

Fotos: Vjeran Pavic Quer fazer sem água no meio do deserto? Sem problemas com a Source Hydropanels, sua água pode ser feita em qualquer lugar!

Além de ser fonte para o recurso mais necessário para a vida na terra, a tecnologia evita a utilização de garrafas plásticas! São aproximadamente 70 mil unidades produzidas por pessoa a cada dez anos. Com isso, nos tornamos mais responsáveis quando o assunto é recurso natural e consumo.

Ao centro, Cody Friesen, CEO da startup com painéis solares que tiram a água potável do ar, explicando o processo

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O processo É um sistema multi-passo. A faixa do meio de um painel que você chamaria de um painel solar padrão. Em ambos os lados é um material proprietário poroso que gera calor. Outro material dentro do painel absorve a umidade do ar. Então o painel usa a luz solar para retirar a água desses materiais e produzir um processo que não é diferente da formação de água na grama; basicamente, quando o ar quente atinge uma superfície mais fria do que ela. Nesse ponto, a água condensada termina em um reservatório de 30 litros sob o painel. “A água é então fluida através de um bloco mineral que adiciona cálcio e magnésio, e traz o PH para que seja ligeiramente alcalino”, disse Friesen, acrescentando que o produto final tem o que ele chama de “sensação bucal perfeita.

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Níveis de gases do efeito estufa na atmosfera atingem novo recorde em 2017

Níveis de gases do efeito estufa na atmosfera atingiram mais um novo recorde, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Não há sinais de reversão nesta tendência, que está levando a mudanças climáticas de longo prazo, aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos e condições climáticas mais extremas Fotos: NASA’s Goddard Space Flight Center/Ludovic Brucker, OMM

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Boletim Anual sobre Gases de Efeito Estufa da WMO-GAW (Organização Meteorológica Mundial – WMO-ONU), Nº 14, mostrou que as concentrações globais médias de dióxido de carbono (CO 2 ) atingiram 405,5 partes por milhão (ppm) em 2017, acima dos 403,3 ppm em 2016 e 400,1 ppm em 2015. Concentrações de metano e óxido nitroso também aumentaram, enquanto houve um ressurgimento de um potente gás de efeito estufa e uma substância destruidora de ozônio chamada CFC-11, que é regulamentada por um acordo internacional para proteger a camada de ozônio. Desde 1990, houve um aumento de 41% no forçamento total de radiação - o efeito de aquecimento no clima - por gases de efeito estufa de longa duração.

Oksana Tarasova, esquerda, Chefe, Divisão de Pesquisa do Ambiente Atmosférico, Elena Manaenkova, centro e Pavel Kabat, cientista-chefe da OMM

Evolução das concentrações na atmosfera de CO2, metano e óxido nitroso desde 1984

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O CO 2 é responsável por cerca de 82% do aumento do forçamento radiativo na última década, de acordo com dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, citado no Boletim da OMM. “A ciência é clara. Sem cortes rápidos no CO 2 e outros gases do efeito estufa, as mudanças climáticas terão impactos cada vez mais destrutivos e irreversíveis sobre a vida na Terra. A janela de oportunidade para a ação está quase fechada ”, disse o Secretário Geral da OMM, Petteri Taalas. “A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO 2 foi de 3 a 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura estava entre 2 e 3 ° C mais quente e o nível do mar era de 10 a 20 metros mais alto do que agora”, disse Taalas. O Boletim de Gases de Efeito Estufa da WMO informa sobre as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa.

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As emissões representam o que entra na atmosfera. As concentrações representam o que resta na atmosfera após o complexo sistema de interações entre a atmosfera, a biosfera, a litosfera, a criosfera e os oceanos. Cerca de um quarto do total de emissões é absorvido pelos oceanos e outro quarto pela biosfera. Um Relatório de Lacunas de Emissões da UN Environment (UNEP), rastreia os compromissos de políticas assumidos pelos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Os relatórios da OMM e do PNUMA são apresentados em cima das evidências científicas fornecidas pelo Relatório Especial sobre Aquecimento Global do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 1.5 ° C. Dito isto, as emissões líquidas de CO 2 devem chegar a zero (a quantidade de CO 2 que entra na atmosfera deve ser igual à quantidade removida por sumidouros, naturais e tecnológicos) por volta de 2050 para manter os aumentos de temperatura abaixo de 1,5 ° C. Mostrou como manter a temperatura abaixo de 2 ° C reduziria os riscos para o bem-estar humano, os ecossistemas e o desenvolvimento sustentável. “O CO 2 permanece na atmosfera por centenas de anos e nos oceanos por mais tempo. Atualmente, não há varinha mágica para remover todo o excesso de CO 2 da atmosfera ”, disse a vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova. “Cada fração de um grau de aquecimento global é importante, assim como toda parte por milhão de gases de efeito estufa”, disse ela.

Elena Manaenkova, vice-secretária geral da OMM, no lançamento do Boletim da WMO sobre Gases de Efeito Estufa, falou com detalhes sobre a concentração média anual de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa, na sede europeia das Nações Unidas em Genebra, Suíça, 22 de novembro de 2018

Juntos, os relatórios fornecem uma base científica para a tomada de decisões nas negociações sobre mudanças climáticas da ONU, que serão realizadas de 2 a 14 de dezembro em Katowice, na Polônia. O objetivo principal da reunião é adotar as diretrizes de implementação do Acordo de Mudança Climática de Paris, que visa manter o aumento da temperatura média global o mais próximo possível de 1,5 ° C. “O novo Relatório Especial sobre Aquecimento Global do IPCC, de 1,5 ° C, mostra que reduções rápidas e profundas das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa serão necessárias em todos os setores da sociedade e da economia. O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM, mostrando uma tendência crescente contínua nas concentrações de gases do efeito estufa, destaca quão urgentes são essas reduções de emissões ”, disse o Presidente do IPCC, Hoesung Lee.

Segmento de núcleo de gelo extraído no sudeste da Groenlândia pela equipe de Lora Koenig, glaciologista da Goddar/NASA, com a coleta de água presa na parte inferior esquerda do núcleo

Sem cortes rápidos nas emissões, as mudanças climáticas “terão impactos cada vez mais destrutivos e irreversíveis sobre a vida na Terra”, alertam especialistas. Desde 1990, houve um aumento de 41% no total de forçantes radiativas - o efeito de aquecimento no clima - por gases de efeito estufa de longa duração, segundo dados da WMO

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Sistema Global Integrado de Informações sobre Gases de Efeito Estufa O Greenhouse Gas Bulletin baseia-se em observações do WMO Global Atmosphere Watch Program, que rastreia os níveis variáveis de gases de efeito estufa como resultado da industrialização, uso de energia de fontes de combustíveis fósseis, práticas agrícolas intensificadas, aumento do uso da terra e desmatamento. As médias globais apresentadas no Boletim são representativas da atmosfera global. A urgência de ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa requer mais ferramentas a nível nacional e subnacional para apoiar as partes interessadas na tomada de ações eficazes e eficientes. Reconhecendo essa necessidade, a OMM iniciou o desenvolvimento de ferramentas baseadas em observações que podem orientar as ações de redução de emissões e confirmar seus resultados, por exemplo, no setor de petróleo e gás. Um novo Sistema Global Integrado de Informações sobre Gases de Efeito Estufa (IG3IS) fornece a estrutura para o desenvolvimento e padronização de ferramentas baseadas em observações. O IG3IS é implementado pelos países numa base voluntária e alimentará o mecanismo nacional de comunicação de emissões ao Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas e à Conferência das Partes anual. Principais conclusões do Boletim de Gases do Efeito Estufa

Dióxido de carbono O dióxido de carbono é o principal gás de efeito estufa de longa duração na atmosfera. As concentrações atingiram 405,5 ppm em 2017, 146% da era pré-industrial (antes de 1750). O aumento do CO 2 de 2016 para 2017 foi aproximadamente o mesmo que a taxa média de crescimento na última década.

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Foi menor do que o salto recorde observado de 2015 a 2016 sob a influência de um forte evento El Niño, que provocou secas nas regiões tropicais e reduziu a capacidade de “sumidouros” como florestas e vegetação para absorver CO 2 . Não houve El Niño em 2017.

Metano O metano (CH 4 ) é o segundo mais importante gás de efeito estufa de longa duração e contribui com cerca de 17% do forçamento radiativo. Aproximadamente 40% do metano é emitido para a atmosfera por fontes naturais (por exemplo, terras húmidas e cupins) e cerca de 60% provém de actividades humanas como criação de gado, agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros e queima de biomassa. O metano atmosférico alcançou uma nova alta de cerca de 1.859 partes por bilhão (ppb) em 2017 e agora é de 257% do nível pré-industrial. Sua taxa de aumento foi aproximadamente igual à observada na última década.

Óxido nitroso O óxido nitroso (N 2 O) é emitido na atmosfera de fontes naturais (cerca de 60%) e antropogênicas (aproximadamente 40%), incluindo oceanos, solo, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais. Sua concentração atmosférica em 2017 foi de 329,9 partes por bilhão. Isso é 122% dos níveis pré-industriais. Também desempenha um papel importante na destruição da camada de ozônio estratosférica que nos protege dos nocivos raios ultravioleta do sol. É responsável por cerca de 6% do forçamento radiativo por gases de efeito estufa de vida longa.

Rede global WMO-GAW de CO2 (dióxido de carbono) na última década é semelhante para CH4(gásmetano)

CFC-11 O Boletim tem uma seção especial dedicada ao CFC-11 (triclorofluorometano). Este é um potente gás de efeito estufa e uma substância destruidora do ozônio estratosférico regulamentada pelo Protocolo de Montreal. Desde 2012, sua taxa de declínio diminuiu para cerca de dois terços de sua taxa de declínio durante a década anterior. A causa mais provável desta desaceleração é o aumento das emissões associadas à produção de CFC-11 na Ásia oriental. Esta descoberta ilustra a importância de medições a longo prazo da composição atmosférica, como as realizadas pelo Global Atmosphere Watch Program, fornecendo informações baseadas em observação para apoiar os inventários nacionais de emissões e apoiando acordos para abordar a mudança climática antropogênica, bem como para a recuperação da camada de ozono estratosférico. 62

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Desmatamento na Amazônia está para atingir limite irreversível A Amazônia está se aproximando perigosamente da beira do abismo climático por *Elton Alisson

Fotos: Inpe, Rodrigo Baléia / Greenpeace Para zerar o desmatamento na Amazônia, o Brasil cumprir o compromisso assumido no Acordo Climático de Paris, em 2015, de reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas no país, das quais 50 mil km2 são da Amazônia

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desmatamento da Amazônia está prestes a atingir um determinado limite a partir do qual regiões da floresta tropical podem passar por mudanças irreversíveis, em que suas paisagens podem se tornar semelhantes às de cerrado, mas degradadas, com vegetação rala e esparsa e baixa biodiversidade. O alerta foi feito em um editorial publicado recentemente, na revista Science Advances. O artigo é assinado por Thomas Lovejoy, professor da George Mason University, nos Estados Unidos, e Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas – um dos INCTs apoiados pela FAPESP no Estado de São Paulo em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – e pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “O sistema amazônico está prestes a atingir um ponto de inflexão”, disse Lovejoy à Agência FAPESP. De acordo com os autores, desde a década de 1970, quando estudos realizados pelo professor Eneas Salati demonstraram que a Amazônia gera aproximadamente metade de suas próprias chuvas, levantou-se a questão de qual seria o nível de desmatamento a partir do qual o ciclo hidrológico amazônico se degradaria ao ponto de não poder apoiar mais a existência dos ecossistemas da floresta tropical.

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Os primeiros modelos elaborados para responder a essa questão mostraram que esse ponto de inflexão seria atingido se o desmatamento da floresta amazônica atingisse 40%. Nesse cenário, as regiões Central, Sul e Leste da Amazônia passariam a registrar menos chuvas e ter estação seca mais longa. Além disso, a vegetação das regiões Sul e Leste poderiam se tornar semelhantes à de savanas. Nas últimas décadas, outros fatores além do desmatamento começaram a impactar o ciclo hidrológico amazônico, como as mudanças climáticas e o uso indiscriminado do fogo por agropecuaristas durante períodos secos – com o objetivo de eliminar árvores derrubadas e limpar áreas para transformá-las em lavouras ou pastagens. A combinação desses três fatores indica que o novo ponto de inflexão a partir do qual ecossistemas na Amazônia oriental, Sul e Central podem deixar de ser floresta seria atingido se o desmatamento alcançar entre 20% e 25% da floresta original, ressaltam os pesquisadores. O cálculo é derivado de um estudo realizado por Nobre e outros pesquisadores do Inpe, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da Universidade de Brasília (UnB), publicado em 2016 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. “Apesar de não sabermos o ponto de inflexão exato, estimamos que a

Amazônia está muito próxima de atingir esse limite irreversível. A Amazônia já tem 20% de área desmatada, equivalente a 1 milhão de quilômetros quadrados, ainda que 15% dessa área [150 mil km2] esteja em recuperação”, ressaltou Nobre.

Margem de segurança Segundo os pesquisadores, as megassecas registradas na Amazônia em 2005, 2010 e entre 2015 e 2016, podem ser os primeiros indícios de que esse ponto de inflexão está próximo de ser atingido. Esses eventos, juntamente com as inundações severas na região em 2009, 2012 e 2014, sugerem que todo o sistema amazônico está oscilando. “A ação humana potencializa essas perturbações que temos observados no ciclo hidrológico da Amazônia”, disse Nobre. “Se não tivesse atividade humana na Amazônia, uma megasseca causaria a perda de um determinado número de árvores, que voltariam a crescer em um ano que chove muito e, dessa forma, a floresta atingiria o equilíbrio. Mas quando se tem uma megasseca combinada com o uso generalizado do fogo, a capacidade de regeneração da floresta diminui”, explicou o pesquisador. A fim de evitar que a Amazônia atinja um limite irreversível, os pesquisadores sugerem a necessidade de não apenar controlar o desmatamento da região, mas também construir uma margem de segurança ao reduzir a área desmatada para menos de 20%. Para isso, na avaliação de Nobre, será preciso zerar o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir o compromisso assumido no Acordo Climático de Paris, em 2015, de reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas no país, das quais 50 mil km2 são da Amazônia. “Se for zerado o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir seu compromisso de reflorestamento, em 2030 as áreas totalmente desmatadas na Amazônia estariam em torno de 16% a 17%”, calculou Nobre.“Dessa forma, estaríamos no limite, mas ainda seguro, para que o desmatamento, por si só, não faça com que o bioma atinja um ponto irreversível”, disse O editorial Amazon tipping point, assinado por Thomas Lovejoy e Carlos Nobre, pode ser lido na revista Science Advances em: http://advances. sciencemag.org/content/4/2/eaat2340. O artigo de Carlos Nobre, Gilvan Sampaio, Laura Borma, Juan Carlos Castilla-Rubio, José Silva e Manoel Cardoso, pode ser lido na revista PNAS em: http://www. pnas.org/content/113/39/10759 [*] Agência FAPESP

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Fotografias inusitadas de animais selvagens Para aumentar a conscientização sobre o mundo natural

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fotografia de animais silvestres é frequentemente um assunto sério, mas o Comedy Wildlife Photography Awards prova que você pode encontrar humor em praticamente qualquer ambiente. Agora em seu quarto ano, a competição revela algumas das criaturas mais “estereotipadas” do mundo fazendo coisas que vão fazer você rir. “Em apenas três anos, a competição passou do humor hilário ao totalmente ridículo – tudo isso fornecido a nós por esses animais fantásticos”, disse o co-fundador do prêmio Tom Sullam.

Toma essa! Foto: Sergey Savvi

Ah! Que sono... Foto: Danielle D’Ermo

Sullam começou o concurso com Paul Joynson-Hicks em 2015. Ambos são fotógrafos e entusiastas da vida selvagem e esta competição trabalha ao lado e ajuda a destacar a Born Free Foundation, cujo objetivo é ajudar a proteger a vida selvagem do nosso planeta. No início de 2018, eles compartilharam algumas das imagens mais engraçadas apresentadas até agora. Desde então, reduziram a seleção de mais de 2.000 inscrições para apenas 41 finalistas. A competição, aberta a amadores e profissionais, apresenta uma grande variedade de criaturas. Dos ursos aos macacos, às rãs-arborícolas, os disparos espontâneos captam o humor de várias maneiras. Alguns animais são vistos com sorrisos bobos ou fazendo caras surpresas que transformam retratos comuns em cenas bizarras.

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Alongamento de pescoço Foto: Denise Dupras

Que bafo, meu! Foto: Jackie Downey

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Treinando pro baile Foto: Luca Venturi

Outras imagens são o epítome do “lugar certo, na hora certa”, onde o fotógrafo conseguiu criar híbridos de animais na câmera, posicionando-se no ponto de vista perfeito. E, claro, há retratos de criaturas que se metem em situações hilariantes de comprometimento... Existem cinco categorias no Comedy Wildlife Photography Awards, e incluem: Na Terra, Sob o Mar, No Ar, a Categoria de Portfólio e o Vencedor Geral. Você também pode ajudar a decidir as fotos mais engraçadas com o prêmio Affinity Photo People’s Choice. Como sempre, o que achamos hilário é uma questão de escolha pessoal e de como projetamos atitudes humanas nesses animais, mas é difícil não sorrir Enquanto as risadas são planejadas, os fundadores Tom Sullam e Paul Joynson-Hicks têm um propósito maior - apoiar os esforços de conservação da vida selvagem. Os vencedores serão anunciados em 15 de novembro de 2018.

Vai ter festa no AP... Foto: Sergey Savvi

Hyena voadora Foto: Kevin Rooney Que vergonha... Foto: Daniel Friend

Cadê tu? Foto: Antonio Medina

Vou conseguir...Foto: Amy Kennedy

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Pare! Foto: Mary McGowan

Esquilo equilibrista Foto: Geert Weggen

Caras e boca Imagem: Mary Hone.

Coisas de viados Bartek Olszewski / Barcroft

Somos todos Conservação

Agora não, eu tô com dor de cabeça Foto: Maureen Toft / Barcroft

Tudo enquadrado Foto: Roie Galitz

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“Nossa forte crença aqui no Comedy Wildlife Photography Awards é que a menor coisa pode ajudar a conservação”, explica Sullam. “Em 20 anos, alguns pesquisadores estimam que os elefantes podem ter ido embora da África Oriental. Os Leões seriam os próximos a seguir. É uma leitura muito triste, então, em última análise, achamos que o menor floco de neve poderia ajudar a transformar-se na maior bola de neve. Nós só precisamos criar muitos flocos de neve! Nós queremos que você pegue nossa bandeira de conservação da vida selvagem, bata o tambor, bata no prato e faça algum barulho, nós precisamos espalhar que - a vida selvagem, como a conhecemos, está em perigo, em todo o mundo e nós precisamos fazer algo para ajudar a salvá-la. Você pode começar indo e dando uma olhada no que a Fundação Born Free está fazendo em www.bornfree.org.uk. Este ano, há também a oportunidade de você se envolver e selecionar sua foto favorita entre os 41. Software fotográfico A Affinity Photo patrocinou o Affinity People’s Choice Award, então vote em seu favorito aqui: https://www.comedywildlifephoto.com/vote-affinity-photo-peoples-choice-award.php e tenha a chance de ganhar um iPad. . Os vencedores serão anunciados em uma cerimônia em 15 de novembro de 2018.

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