revista Área - Arquitetando

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ARQUITETANDO

Foto Vicente Schmitt/Divulgação

A regional catarinense da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SC) acumula conquistas importantes apesar dos poucos anos de existência. Em apenas quatro anos a entidade consolidou-se como a mais representativa do setor no Estado, envolvida nas questões de mercado, mas, também, diretamente relacionada aos temas do dia-a-dia de todos os catarinenses. Diante de seu potencial e alicerçada pelas quase quatro décadas de atuação da AsBEA Nacional, promete muito mais. Com a palavra, o presidente da AsBEA-SC, arquiteto Giovani Bonetti, do escritório Marchetti + Bonetti Arquitetura.

Muito mais que arquitetos Revista ÁREA – A AsBEA-SC acaba de presentear os catarinenses com a revitalização da sala Lindolf Bell, no Centro Integrado de Cultura. Como foi essa parceria? Giovani – Este já era um projeto antigo tanto da AsBEA-SC quanto da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), na pessoa da então presidente Anita Pires. Por ocasião da primeira edição da Exposição Destaque das Bienais, em 2008, encontramos a Sala Lindolf Bell em estado muito ruim. Como a FCC nos cedeu o espaço para a exibição, dando oportunidade de levar Arquitetura como forma de Cultura, oferecemos, para a segunda edição, a revitalização do espaço pela AsBEA-SC e seus parceiros. ÁREA – A participação na Casa Cor SC 2010, com uma exposição de alto nível, consolida a imagem da AsBEA-SC como uma entidade representativa no Estado. Qual a sua avaliação sobre essa participação? Giovani – Nossa entidade visa, em todas as circunstâncias, a valorização profissional. Poder estar expondo o que temos de melhor na arquitetura latinoamericana para o grande público é uma excelente forma de contribuirmos para isso. ÁREA – Quais outras ações a entidade vem realizando para a valorização e a divulgação da arquitetura produzida em Santa Catarina? Giovani – Estamos com alguns importantes projetos. Poderíamos destacar o SISAU - Seminário Internacional de Arquitetura e Urbanismo Sustentável, que estamos realizando com as regionais da AsBEA do Paraná e a do Rio Grande do Sul, num road show nas três capitais. Outro projeto em andamento é o Prêmio Catarinense de Arquitetura, com diversas categorias, aberto a associados da AsBEA-SC e, também, aos associados do IAB-SC, como forma de divulgar e valorizar a produção de arquitetura do Estado de Santa Catarina. E ainda estamos trabalhando num outro projeto piloto, intitulado Ideias para Florianópolis. ÁREA – E para a qualificação dos escritórios de arquitetura locais? Giovani – Mensalmente realizamos happy hours, onde convidamos associados e outros palestrantes para apresentar alguns assuntos relacionados aos temas pertinentes a nossa atuação. Estes assuntos podem ser temas resultantes de viagens onde encontramos algumas ideias que podem repercutir em nossa cidade, lançamentos de livros de arquitetos importantes no cenário atual da arquitetura brasileira, assuntos relacionados a sustentabilidade, entre outros. Também promovemos workshops, como o que ocorreu no semestre passado organizado pelo Grupo de Sustentabilidade da AsBEA-SC, coordenado pelo arquiteto Ronaldo Martins. O ciclo de palestras que proporcionamos com alguns dos expositores da mostra Destaque das Bienais é mais um exemplo. ÁREA – Importante, também, a participação da entidade em questões fundamentais para Florianópolis, como no debate do Plano Diretor e no Fórum de Revitalização do Centro Histórico. Como foi essa atuação? Giovani – Temos alguns representantes da AsBEA-SC em comissões. O Fórum de Revitalização do Centro Histórico de Florianópolis é acompanhado pela arquiteta Lilian Men-

donça. No Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a arquiteta Maria Lúcia Mendes Gobbi nos representa. O arquiteto Henrique Pimont participa do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social. Nas reuniões do Plano Diretor, quem acompanhou foi nosso vice-presidente para Assuntos Institucionais, arquiteto André Schmitt. Entre outras tantas demandas que nos são solicitadas. ÁREA – O projeto do Plano Diretor sofreu muitas críticas e está, agora, sendo reformulado. Na sua opinião, quais as prioridades a serem consideradas na proposta? Giovani – A consulta popular é muito importante para que se possa conhecer as vocações de cada área da cidade, bem como traçar diretrizes para que sirvam de base à formatação da lei. Mas é importante que, num determinado momento, todo este material seja analisado de forma técnica; e, dentro de uma visão estratégica, se transforme num grande plano, contemplando toda a cidade, costurando com as diretrizes determinadas pelas comunidades e dando uma unidade a todo o elenco de demandas que uma grande cidade possui. A cidade é viva; ela exige mudanças que permitam seu crescimento continuo, e inevitável. Mesmo que não se queira, o crescimento de sua população natural acontece e temos de dar resposta para isso. ÁREA – O aquecimento da construção civil, principalmente na Grande Florianópolis, está se refletindo nos escritórios de arquitetura? Giovani – O mercado está aquecido em todo o Brasil. E, como não poderia deixar de ser, aqui também. Principalmente o mercado de habitação de interesse social, com a criação do programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida. Há algumas críticas a este programa, pois não se preocupa com a questão de infra-estrutura urbana, com o desenho urbano, o que pode ter sérios reflexos futuramente. No segmento de moradia para a classe média e alto luxo, segue aquecido, mas dentro de uma normalidade. Os empreendimentos empresariais têm chamado a atenção, pois têm representado bastante crescimento. ÁREA – Quais competências e diferenciais devem ter os escritórios de arquitetura atuais, considerando as novas exigências de mercado? Giovani – O mercado, cada vez mais, exige profissionalismo. Gestão de qualidade e qualificação de equipe são fundamentais para que se possa sobreviver às demandas do mercado. ÁREA – E qual o perfil esperado dos arquitetos do século XXI? Giovani – Acredito que a questão da sustentabilidade deixe de ser um argumento de venda de projeto e seja incorporado como prática normal nos projetos de arquitetura, numa contínua forma de evolução. Isto será inevitável, pois é a única forma de podermos continuar atendendo ao crescimento populacional. Tudo que se constrói de uma forma ou de outra impacta no meio ambiente, seja ele construído ou natural. O que se quer é buscar formas de que este impacto seja cada vez menor.

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