ANO I | Nº 3 SET 2007 R$ 9,90
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA
A revitalização de Lagu na BIOARQUITETURA: APROVEITAMENTO DA CHUVA|CIDADANIA: RECICLAGEM DO PAPEL SOCIAL DECOR: SUPERFÍCIES SÓLIDAS MINERAIS|PROFISSÃO: CATARINENSES CONFEREM MILÃO QUEM FAZ: A TRADIÇÃO DO HERWIG SHIMIZU|BEM FEITO: AS JÓIAS RARAS DE RUTH GRIECO
*Promoção TUDO em 12 vezes = (1+11), uma entrada e mais onze parcelas com juros de 0,99 ao mês, válida para toda a rede de lojas Cassol e todos os produtos inclusive ferro e cimento, com parcela mínima de R$ 20,00. Excepcionalmente todo o setor de revestimento cerâmico em 12 vezes = (1+11), uma entrada e mais onze parcelas sem juros, com parcela mínima de R$ 50,00. Validade da promoção até 30 de Setembro de 2007.
Letícia Wilson
ENTRENÓS |
O papel de cada um É A VEZ DA SUSTENTABILIDADE. O ‘ecologicamente correto’, a ‘responsabilidade sócio-ambiental’, a ‘ecoeficiência’ são expressões que, aos poucos, vêm sendo substituídas. E não se trata de uma questão de modismo. Trata-se da evolução dos conceitos, da compreensão de que o planejamento de ações deve primar pela garantia da sustentabilidade, como forma de obtenção de resultados a longo prazo e da tão almejada transformação – social, ambiental e econômica. Os modelos de negócios, ao contrário da essência de muitos governos ao planejarem políticas públicas, podem – e devem – ser desenvolvidos com visão de futuro. O empreendedor compreende que o investimento certo feito hoje trará o retorno esperado amanhã. Desta forma, colocam em prática projetos e ações que demandam um maior investimento, mas que futuramente trarão redução de custos e ganho, em escala, de imagem. Isto porque, erguer uma casa sustentável nos dias de hoje, com aproveitamento de recursos naturais, com utilização de materiais alternativos, por incrível que pareça, ainda requer mais recursos financeiros do que uma habitação tradicional. Por isso, a importância da visão de longo prazo. Um sistema de reaproveitamento da água da chuva, por exemplo, ‘paga-se’ em quatro anos, conforme matéria que trazemos nesta edição. Período semelhante é estimado para as placas de captação de energia solar. Contudo, não devemos tratar aqui apenas de aspectos financeiros. Precisamos mudar nosso olhar sobre o mundo, como defende o engenheiro civil Olavo Kucker Arantes, um dos fundadores do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis, na mesma reportagem. E isto passa pela edificação. O desperdício tem de ser combatido, o reaproveitamento incentivado, o consumo e o custo reduzidos, e a sustentabilidade supervalorizada. A ética e o compromisso sócio-ambiental são premissas para esta transformação. Precisamos assumir, de vez, a nossa parcela de responsabilidade na construção de um mundo melhor, que continue sendo habitável. E isso se faz tijolo por tijolo. Boa leitura!
Colar Penca, de Ruth Grieco, em ouro amarelo 18ct, ametistas, citrinos, peridotos e greengolds. Criado especialmente para a exposição “Brasil 500 Anos de Design”, da Pinacoteca de São Paulo (2000), mostra a influência da cultura africana, com seus amuletos e adornos Foto: Divulgação
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN ANO I | Nº 2 SETDE 2007 SANTA CATARINA
BIOARQUITETURA
Chove, chuva O aproveitamento da água da chuva é uma questão de consciência ambiental, sustentabilidade e de bom senso. E está prestes a virar lei em Santa Catarina
DIVULGAÇÃO
8
Reciclagem social
CIDADANIA
A ONG Instituto Terra, fundada pela artista plástica Zuleica Medeiros, é destaque por seus 20 anos de trabalho pela preservação ambiental e inclusão social
DIVULGAÇÃO
16
D E C O R
C I D A D E
Q U E M FA Z
DIVULGAÇÃO
42
Herwig Shimizu A experiência deste tradicional escritório de Blumenau, especializado em grandes e complexos projetos industriais e autor do Santuário de Madre Paulina, em Nova Trento
PHOTUSPRESS
32
Laguna preservada O projeto de revitalização do Centro Histórico de Laguna, a maior obra já realizada naquele município, é exemplo nacional de preservação do patrimônio. Longa vida à história
MARCO BOCÃO/PML
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Total Flex Há 40 anos no mercado, as superfícies sólidas minerais conquistam cada vez mais espaço por sua funcionalidade, resistência, maleabilidade e estética. Versatilidade ao extremo
DIVULGAÇÃO
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B EMFEITO
Jóia Rara Na esteira do sucesso da catarinense Ruth Grieco, referência nacional e internacional em jóias, Santa Catarina realiza este ano seu primeiro concurso de design do setor
6 EM DIA A agenda da Área 12 ARQUITETANDO por Cristina Piazza 14 ENSINO Designer André Marx em Videira 30 PROFISSÃO Catarinenses em Milão 36 UP NEWS As novidades da arquitetura e do design mundiais 46 EM EXECUÇÃO Arquitetura efêmera 50 NO MERCADO O que está nas prateleiras 54 FATOS & FEITOS Acontecimentos do setor 60 ATELIÊ Vera Sabino 62 ONDE ACHAR O que está na Área
EMDIA
CONCURSOS ARQUITETURA INTERNACIONAL Estão abertas as inscrições para o Prêmio de Arquitetura Internacional 2008, promovido pelo Chicago Athenaeum em parceria com o Metropolitan Arts Press e revista Abitare. Subdividido em categorias, o prêmio destaca as melhor iniciativas nos quesitos inovação, engenharia, uso de novos materiais e respeito ao meio ambiente. Até 01 de dezembro www.chi-athenaeum.org
FEIRAS/MOSTRAS FIAFLORA EXPOGARDEN Feira Internacional de Paisagismo, Jardinagem e Floricultura. Os três primeiros dias serão abertos apenas para o público de negócios. Simultaneamente acontecerá o 10º Congresso Brasileiro de Paisagismo. 3 a 7 de outubro Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo/SP www.expogarden.com.br
MÓVEL BRASIL Principal feira do mobiliário de SC 17 a 20 de outubro Promosul - São Bento do Sul/SC (47) 3635 1361
SIMPÓSIO DE ILUMINAÇÃO A Associação Brasileira de Iluminação (ABIL) promove este ano o 4º Simpósio Internacional de Iluminação, dirigido a profissionais e empresas do setor. 19 a 21 de outubro Museu da República - Brasília/DF www.abil.org.br/
CASA PRONTA Salão do Imóvel e Feira da Indústria Cerâmica, Moveleira, Equipamentos e de Insumos para Construção. 17 a 21 de outubro Centro de Eventos - Criciúma/SC - (48) 3437 0362 www.nossacasa-sc.com.br/casapronta
CASA & CIA 2007 Mostra de decoração do Vale do Itajaí promovida pelo Jornal de Santa Catarina. Até 28 de outubro, das 14h às 22h Rua Bahia, 194 - Blumenau/SC (47) 3326 5167
CASA & LAZER Tradicional em Porto Alegre, onde é realizada há 10 anos, a feira chega a Santa Catarina este ano. 20 a 28 de outubro Shopping Iguatemi - Florianópolis/SC (48) 3733.5838 www.standmarkket.com.br
IDEA CASA 2007 Primeira mostra de arquitetura de interiores realizada pela Associação de Escritórios de Arquitetura de Criciúma (IDEA). Até 15 de novembro, das 12h às 22h Criciúma Shopping - 2º piso - Criciúma/SC
6 | ÁREA | SETEMBRO 2007
MORAR MAIS POR MENOS É a segunda edição desta mostra de decoração com 45 ambientes, cujo lema é “O Chique que Cabe no Bolso”. A idéia é oferecer ao público alternativas menos onerosas para o projeto da casa ou do apartamento. 25 de outubro a 02 de dezembro Curitiba/PR (41) 3079 5909 www.morarmais.com.br
BIENAL DE ARQUITETURA Promovida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pela Fundação Bienal de São Paulo, a mostra terá como tema este ano “Arquitetura, o Público e o Privado” com a participação de 16 países. 10 de novembro a 16 de dezembro Parque Ibirapuera São Paulo/SP www.iabsp.org.br
CURSOS / EVENTOS POR UM VIVER SUSTENTÁVEL Encontro dirigido aos profissionais de arquitetura, e design, aos acadêmicos e estudantes, e às organizações da sociedade civil, é voltado ao debate de temas como construção sustentável, ecodesign, reciclagem e consumo consciente. A iniciativa é da Formus em parceria com a jornalista Simone Bobsin. 8 de outubro, às 18h30min Palácio Cruz e Sousa - Florianópolis/SC
PLANOS DIRETORES A Universidade Regional de Blumenau, por meio de seus Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais e Departamento de Arquitetura e Urbanismo – realiza o Seminário de Avaliação de Experiências em Planos Diretores Participativos e de Regularização Fundiária. 16 e 17 de outubro Blumenau/SC - (47) 3321 0467 www.furb.br/neur/seminario
BIENAL DO MERCOSUL A sexta edição do evento reúne 67 artistas de 23 países. Serão 350 obras distribuídas em seis mostras. Até 18 de novembro Porto Alegre/RS www.bienalmercosul.art.br
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Santa Comunicação & Editora Design Catarina Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC) Núcleo Catarinense de Decoração
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SIMPÓSIO DE ESCULTURAS
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O VII Simpósio Internacional de Esculturas do Brasil reunirá 19 artistas, entre eles Francisco Brennand, que será homenageado no evento. 1º a 30 de novembro Kartódromo Municipal - Brusque/SC
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DESIGN DE INTERIORES O Instituto Brasileiro de Design de Interiores está com inscrições abertas para diversos cursos. Entre eles Decoração de Interiores, Desenho em Perspectiva e Croquis a Mão Livre. IBDI Joinville/SC – (47) 3473 9022 IBDI Balneário Camboriú/SC - (47) 3264 9434 IBDI Blumenau/SC - (47) 3222 3923
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ÁREA | SETEMBRO 2007 | 7
BIOARQUITETURA
Deixa chover Por Letícia Wilson
Santa Catarina debate a obrigatoriedade da instalação de sistemas de captação e reuso das águas pluviais. Se a retenção da água da chuva já é uma medida importante para que se evite os alagamentos – resultantes da impermeabilização das vias urbanas –, o seu reaproveitamento, então, é questão de consciência ambiental, sustentabilidade e bom senso
8 | ÁREA | SETEMBRO 2007
DESDE MARÇO DESTE ANO, todas as obras públicas e privadas financiadas ou beneficiadas por incentivos do Governo do Estado estão obrigadas a implantar um sistema de captação e retenção de águas pluviais. O Decreto nº 099, de 10
de março de 2007, estabelece a exigência para todas as construções novas e reformas em prédios públicos. A exemplo de leis vigentes em outros estados, o governo catarinense pretende, basicamente, contribuir para a diminuição da velocidade de escoamento da chuva como forma de controlar as inundações, principalmente nas áreas urbanas. Apesar de citar, entre seus objetivos, a redução do consumo e o uso adequado da água potável tratada, o decreto não exige a instalação de cisternas para armazenamento e, tampouco, o reuso da água da chuva. Entretanto, a discussão está sendo ampliada e o reaproveitamento da água da chuva para fins não potáveis pode virar lei ainda este ano em Santa Catarina. Está em tramitação na Assembléia Legislativa um projeto de lei que estabelece, às empresas projetistas e da construção civil, a obrigatoriedade de prover coletores, caixa de armazenamento e distribuidores para água da chuva em
LAMMEYER/STOCKXPERT
empreendimentos comerciais e residenciais, com “utilização voltada para usos
em forma de desconto no IPTU, aos contribuintes que mantenham áreas per-
secundários, como lavação de prédios e veículos automotores, irrigação de jar-
meáveis que possibilitem absorção da água da chuva em suas edificações.
dins, descarga em vasos sanitários e demais atividades conexas, sendo vedado
O desconto pode chegar a 10%, caso a parte permeável atinja um quinto da
o uso para consumo e higiene pessoal”. O PL 0024.9/2007, de autoria do depu-
área total do terreno. Este projeto tramita atualmente na Comissão de Política
tado Reno Caramori, apresentado em fevereiro, aguarda parecer da Comissão
Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal do município.
de Constituição e Justiça. Antes, porém, será tema de uma Audiência Pública, proposta pelo deputado Joares Ponticelli, que deverá acontecer em outubro.
Especialista em sistemas de gestão ambiental para condomínios, o engenheiro civil Luiz Henrique Pellegrini, diretor da empresa Prática Ambiental,
As grandes questões a serem debatidas são as relacionadas aos aspectos
reitera a importância de se considerar as peculiaridades de cada região. “Mas
técnicos da proposta. O PL prevê a obrigatoriedade da instalação do sistema
sou totalmente a favor de uma lei que obrigue a reutilização das águas nas
para empreendimentos residenciais que contenham mais de 20 unidades habi-
residências, pois é inconcebível que ainda utilizemos água tratada para dar
tacionais e para os comerciais com mais de 50 m de área construída; porém,
descarga no bacio”, ressalta. Estas são medidas ainda pouco adotadas nos
técnicos do setor defendem que há outras variáveis a serem consideradas.
condomínios catarinenses, “porque dependem da finalidade que se dará para
“A iniciativa é boa. Percebemos muita vontade política, mas os legisladores
a água captada e das variáveis relacionadas com o custo-beneficio, tais como
estão mal informados tecnicamente”, avalia o engenheiro civil Olavo Kucker
o valor do m3 da água e o custo dos equipamentos”, conta Pellegrini. Também
Arantes, diretor de Meio Ambiente do Sinduscon da Grande Florianópolis e um
podemos dizer que ainda não temos como mensurar precisamente os ganhos
dos fundadores do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis (CBCS),
ambientais da utilização destes sistemas. Por isso, a economia na conta da
criado em abril deste ano. Segundo ele, cada sistema deverá ser dimensionado
água permanece como fator decisivo”, acrescenta.
2
considerando o índice pluviométrico da região, a capacidade de armazena-
Outro problema, aponta, é a falta de continuidade das práticas am-
mento, os usos possíveis e a relação custo-benefício. Estes dados já foram
bientais adotadas nos condomínios, em função da troca de síndico. “Alguns
apresentados por ele na Assembléia em reuniões técnicas com deputados. “É
começam separando lixo, outros se preocupam com a água e outros com a
preciso uma lei que propicie, mas a determinação de como será feito deve
energia elétrica. O que falta mesmo é a conscientização sobre as questões
ser uma decisão estratégica na hora do projeto”, enfatiza Arantes, para quem
ambientais e a mudança de hábitos da população. Convém salientar que,
deveriam ser criadas leis de incentivo à instalação deste tipo de sistema. Na
futuramente, confirmando-se a perspectiva de aumento do preço da água
cidade de São Paulo, por exemplo, um Projeto de Lei propõe incentivo fiscal,
tratada, as análises serão totalmente diferentes”, considera Pellegrini. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 9
BIOARQUITETURA
Reuso será normatizado A publicação de uma norma específica para captação e reaproveitamento da água
em quantidade e qualidade, garantiram valor econômico à água, que deixou
da chuva deverá regular o cumprimento das novas obrigatoriedades e também
de ser um bem livre. Por isso, já está sendo implementada, pela União e por
servirá de parâmetro para arquitetos e engenheiros na hora do projeto. A ABNT já
diversos Estados, a cobrança pelo uso de água bruta – aquela retirada dos rios
está na fase final de formulação do documento, que deverá ser homologado ain-
por concessionárias/saneamento, indústrias, irrigação e demais setores. Este
da este ano. “Já sabemos, por exemplo, que a norma não contemplará o uso para
valor é fixado a partir de um pacto entre poder público, usuários e sociedade
lavanderias, como é permitido na Alemanha”, adianta Gilberto Severo, gerente
civil, no âmbito do Comitê de Bacia, com o apoio técnico da Agência Nacional
comercial do sistema Acqua Save, produzido pela Bella Calha, de Florianópolis.
de Águas.
Baseado na tecnologia alemã desenvolvida pela 3P Technik, tradicional do setor,
Em Santa Catarina, a cobrança ainda não é efetuada. Pelo menos por
o Aqcua Save tem versões industrial e residencial e é constituído por cinco peças
enquanto. Com base na Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 9.748/94),
básicas: cisterna, filtro, bóia-mangueira, sifão-ladrão e freio d’água.
o processo de outorga de direito de uso foi iniciado no ano passado, no Rio
Graças a esta parceria firmada pela empresa catarinense com a multi-
Cubatão Norte, na região de Joinville, onde foram concedidas autorizações
nacional alemã em 2000 e consolidada em 2004, a Capital de Santa Catarina
equivalentes a 90% da utilização da água deste rio. Neste momento, a Secre-
tem despontado em projetos de reaproveitamento da água da chuva, por
taria de Estado do Desenvolvimento Sustentável atua na bacia do Rio Itajaí,
vontade própria de moradores e de empreendedores. “Diversos prédios já
contabilizando 4.322 cadastros de usuários, com destaque para o setor de
contam com este sistema”, atesta Olavo Kucker Arantes, do CBCS. Os moti-
criação de animais e irrigação. O objetivo é ampliar o cadastramento para todo
vos que levam as pessoas a investir são variados. “Mas a maioria não está
o Estado para, depois, avaliar quem são esses usuários e quais precisarão
preocupada com a redução do valor da conta da água. Eles fazem por uma
de outorga, ou seja, de autorização para captação de água e lançamento de
preocupação ecológica mesmo”, afirma Severo. De acordo com ele, o inves-
efluentes nos rios. Futuramente, a exemplo do que já acontece em outros esta-
timento necessário para a instalação do sistema dependerá do tamanho da
dos, esta exploração dos recursos hídricos será taxada, cobrando-se inclusive
área de captação disponível, do volume de água que será possível armaze-
de quem mantém poços para captação de água do lençol freático.
nar e quais usos pretende-se fazer (veja box). “O retorno do investimento
Contudo, o dado mais importante a ser considerado é o que foi revelado
costuma ser de quatro anos”, garante. Porém, para Arantes, o objetivo não
este ano pela Organização das Nações Unidas (ONU): em duas décadas, 60%
deve ser somente a economia na conta da água no final do mês. “Temos tra-
da população mundial enfrentarão escassez de água, o que afetará os cultivos
balhado para mostrar que os recursos são finitos. Precisamos, sim, mudar
agrícolas e a segurança alimentar das populações mais pobres do planeta.
nossa maneira de olhar o mundo. E isso passa pela edificação”, alerta.
Hoje, 700 milhões de pessoas já sofrem com a falta deste recurso essencial à
Por peso na consciência ou por dor no bolso, o certo é que, pela sustenta-
DIVULGAÇÃO/BELLA CALHA
bilidade, os hábitos da população terão de mudar. As condições de escassez,
10 | ÁREA | SETEMBRO 2007
vida. “A comunidade global tem conhecimentos para lidar com a escassez de água. O que é necessário é agir”, frisa a ONU.
Como aproveitar a água da chuva
No Tribunal, a chuva refresca Com uma população de quase 600 pessoas espalhadas por 11 andares, a
Antes de instalar um sistema de captação para reaproveitamento da
Torre II (ou Anexo) do Tribunal de Justiça (TJ), inaugurada em julho passado em
água da chuva, é preciso considerar alguns quesitos para o dimen-
Florianópolis, utiliza a água da chuva em seu sistema de ar refrigerado. A água
sionamento. Confira:
é captada em seu topo, vai para o estacionamento onde ficam duas cisternas
1. Capacidade de captação (m /ano): verificar o índice pluviométri3
co da região e a área de captação (telhado ou cobertura). Em Florianópolis, por exemplo, onde o índice é de cerca de 1.650mm/ano, uma casa com telhado de 100 m2 de área teria uma capacidade de captação mensal de 12 m ou 12.000 litros (consulte tabela no 3
www.acquasave.com.br)
com capacidade para 50 mil litros cada. De lá, segue para a refrigeração das salas, repartições e gabinetes do prédio. De acordo com o arquiteto Aldo Luiz Eickhoff, funcionário do próprio TJ e autor do projeto da Torre II, as cisternas cheias são suficientes para garantir o funcionamento do sistema por até 30 dias. A água excedente é jogada diretamente na rede pluvial. Segundo ele, o projeto, em tese, poderia ter previsto o uso também para as descargas dos banheiros, mas na ocasião em que foi de-
2. Definir os usos: para dimensionar a cisterna, analisar o volume
senvolvido, há seis anos, ainda não era comum se antever este tipo de destino
necessário para os usos desejados.
para a água da chuva. Da mesma forma, admite, a água poderia ser usada na
Exemplos: Vaso sanitário – 1.200 litros/mês/pessoa
chamada “reserva de incêndio” caso o projetista hidráulico então o determi-
Jardim (irrigação) – 30 litros/m2/mês
nasse. A Torre II perdeu, assim, a chance de ficar ainda mais sustentável.
Lavação do carro – 200 litros/lavagem
3. Dimensionar a cisterna: somar os volumes da água utilizados (mensal) e dividir o valor por dois para obter o volume ideal da cisterna. Se a capacidade de captação mensal não for equivalente ao dobro do volume da cisterna, o sistema perde a eficiência. Exemplo: vaso sanitário (4.800 litros) + jardim (6.000 litros) + lavações de carro (600 litros) = 11.400 litros (11,4 m3) de consumo. Volume da cisterna: 11,4m /2= 5,7m 3
3
4. Conferência: índice pluviométrico de 1.650mm / área do telhado de 100m2 / captação mensal de 12 m3 (o dobro da cisterna) Fonte: Bella Calha
Mesmo assim, o chamado “anexo do TJ” é considerado um edifício inteligente. E por vários motivos. O problema foi que ele demorou a ficar pronto. Entre o projeto e a sua entrega oficial, foram quase seis anos, três deles com as obras paralisadas. É que a empresa contratada para executá-las entrou em concordata. Após a rescisão do contrato firmado com a Erevan Engenharia S.A., a construção recomeçou em janeiro de 2005, sob a responsabilidade da empresa Tecon - Tecnologia em Construção Ltda., vencedora da nova licitação. Os recursos para o Anexo – R$ 17 milhões – vieram do Fundo de Reaparelhamento da Justiça. O arquiteto Eickhoff conta que o mesmo sistema de captação de água da chuva para reuso em condicionadores de ar foi empregado na reforma do fórum de Chapecó, no oeste do Estado, realizada este ano. Neste caso, o imóvel foi adequado ao projeto que norteou a construção dos aparatos e equipamentos necessários para a novidade. Tanto o fórum de Chapecó quanto a Torre II do TJ na Capital são os mais novos exemplos de que a mentalidade na construção civil vai paulatinamente mudando e se enquadrando às novas demandas de uma sociedade cada vez mais empenhada em melhor aproveitar os recursos naturais e diminuir o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. DIVULGAÇÃO
Na página anterior, o processo de aproveitamento da água da chuva: realimentação com água potável (A); calha (B); água de chuva para a lavação de carros, para a descarga dos vasos sanitários, irrigação do jardim e da horta (C); bomba de recalque (D); saída para a rede pluvial (E); entrada de água da chuva no filtro (F); cisterna subterrânea (G). Na foto à direita, Torre II do Tribunal de Justiça, em Florianópolis, cujo sistema de refrigeração funciona com água da chuva ÁREA | SETEMBRO 2007 | 11
ARQUITETANDO
Uma questão de tempo Está chegando ao fim a tramitação do projeto de lei que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Falta pouco para, enfim, contarmos com um órgão de representação próprio. É ilusão pensar que um sistema que congrega 282 categorias profissionais, como o Confea/Crea, consiga regular e fiscalizar a prática profissional e, ainda, coibir o exercício ilegal
DOS 110 PAÍSES afiliados à União Internacional de Arquitetos (UIA), 98 mantêm
“constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa” do relator da Comissão
conselhos profissionais únicos de arquitetos. Nos demais, as instituições congre-
de Constituição, Justiça e Cidadania, Antônio Carlos Magalhães Neto, no dia
gam até duas classes profissionais. E somente aqui no Brasil existe um conselho,
11 de julho. Como tramitou em caráter de urgência, após a deliberação da
ou melhor, um dito ‘Sistema’ Confea/Crea, que agrega mais de 282 categorias. É,
Comissão, o projeto não precisará voltar ao plenário. Da Câmara, seguirá direto
no mínimo, ilusório imaginar que um conselho único consiga regular e fiscalizar
para sanção presidencial.
a prática profissional e, ao mesmo tempo, restringir a prática ilegal nas centenas de profissões que representa.
Com a aprovação do PL, serão criados o Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo e os Conselhos Regionais com seus órgãos de fiscalização. Também
Na época da regulamentação das profissões de arquiteto, engenheiro e agri-
será regulamentado o exercício profissional, fixando as respectivas atribuições
mensor, em 1933, pelo então Presidente Getúlio Vargas, reuni-las num único
de arquitetura e urbanismo, consideradas de interesse público e de caráter so-
conselho era mais adequado já que, na época, o país contava com pouco mais de
cial, visando à ordenação da ocupação do território, à organização dos assen-
100 profissionais, formados nas únicas três escolas politécnicas existentes, em
tamentos humanos e à preservação do meio ambiente e do patrimônio arqui-
uma nação predominantemente rural. De lá para cá, a realidade transformou-se
tetônico, paisagístico e urbanístico. As atividades igualmente serão definidas,
rapidamente. Hoje, são mais de 900 mil profissionais vinculados ao Sistema no
como supervisão, coordenação, gerenciamento e orientação técnica; estudo,
Brasil, dos quais 10% são arquitetos, graduados nas mais de 150 escolas dispo-
planejamento, projeto e especificação; estudo de viabilidade técnico-econômica;
níveis. Estas, são responsáveis por colocar no mercado seis mil novos arquitetos
assistência, assessoria e consultoria; direção de obra e serviço técnico; vistoria,
anualmente.
perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; desempenho de cargo e função técnica; ensino, pesquisa e extensão universitária; análise, experimen-
como o mecanismo que tornará real as aspirações dos arquitetos, aproximan-
tação, ensaio, padronização, mensuração e controle de qualidade; elaboração
do-os da sociedade e vice-versa, e de-
de orçamentos; execução e fiscalização de obra e serviço técnico; produção e
finirá os limites éticos que nortearão os
divulgação técnica especializada. Todas estas atividades são aplicadas às áreas
arquitetos em suas atividades. As bata-
de levantamentos topográficos e cadastrais; levantamentos qualitativos e quan-
lhas pela criação do CAU vêm aconte-
titativos, e diagnósticos; planejamento físico e territorial e elaboração de planos
cendo desde 1997, lideradas pelo Insti-
diretores; elaboração de projetos, em todas as suas etapas, incluindo estudo
tuto de Arquitetos do Brasil e por outras
preliminar, anteprojeto e projeto legal, projeto básico e executivo, detalhamento,
entidades do setor, como AsBEA, ABEA,
memorial e especificação técnica; estudos de impacto ambiental; obras, refor-
ABAP, FNA, acompanhados pela FENEA
mas, instalações, montagens, manutenção, restauração, conservação e serviços
e CNCEArq, e assistidas pela consulto-
correlatos ou afins.
GABRIEL PORTELA
Diante deste cenário, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) surge
12 | ÁREA | SETEMBRO 2007
ria jurídica do advogado constituciona-
A conquista do CAU é mérito de muitos profissionais e instituições. O novo
lista Dr. Miguel Reale Jr. Agora, parece
Conselho terá a função primordial de apoiar a atuação dos arquitetos com uma
que a luta chega ao fim, já que o Projeto
política que prime pela defesa de honorários justos e éticos, além de servir de
de Lei 4747/2005 recebeu parecer pela
suporte aos iniciantes na categoria.
Cristina Maria da Silveira Piazza
Arquiteta e urbanista | Presidente IAB/SC – Gestão 2007
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O verdadeiro Piso Laminado tem o selo
PISO ESTRUTURADO DE MADEIRA
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ENSINO
design consciente DUAS DÉCADAS DE PESQUISA e de muita produção sustentável. O paulista André Marx, formado em Física pela PUC/SP, preferiu dedicar-se ao design e à produção de móveis. A matéria-prima, entretanto, não poderia ser outra: madeira de demolição ou de reflorestamento. “Quero
Unoesc traz a Videira o designer paulista André Marx, um ícone em manejo florestal sustentável
com formas que remetem a insetos e ao corpo feminino. “Tento formar mais gente que pensa como eu”, resume o designer, que já está sendo cotado para assumir uma disciplina como professor convidado. De acordo com Mirela Ribeiro Meira, coordenadora do curso, a faculdade sem-
morrer consciente”, argumenta o designer, la-
pre pautou-se pela relevância social do designer
mentando que os clientes não considerem a sua
na contemporaneidade atendendo às questões
preocupação com a conservação das florestas ao
de sustentabilidade. “Não dá mais para pensar,
escolherem suas peças, produzidas artesanalmente. Mas há quem reconheça este
hoje, num processo de criação desvinculado das grandes questões que assolam
trabalho. Em novembro de 1999, André conquistou o selo verde de certificação
o planeta. Muitas disciplinas nossas enfocam as questões ambientais, os selos
florestal pelo FSC (Forest Stewardship Council), tornando-se o primeiro designer
verdes, os projetos ‘ecologicamente’ corretos, a atenção ao retorno dos produtos
da América Latina a receber tal honraria, garantia de que seus móveis são prove-
e a redução do impacto ambiental, e qual a responsabilidade não só do designer,
nientes de fontes com manejo florestal sustentável. E foi sobre isso que ele veio
mas do cidadão, nisso. E o André veio consolidar essa idéia, além de alertar para a
falar, em junho, a 120 estudantes da Unoesc, inaugurando o Laboratório de Modelos
questão estética, desmistificando a fronteira ‘arte/design’”, destaca Mirela.
do Curso de Design em Videira. André mostrou aos alunos como trata a madeira, como aproveita seus veios e o melhor ângulo, e como se dá o processo criativo na produção de suas peças,
Aparador de parede executado em pau-ferro, com 1m de comprimento
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Filho do pintor, arquiteto e urbanista Antonio Augusto Marx, André não dissocia forma da função e muito menos da arte. A riqueza dos detalhes de suas obras reflete o mesmo cuidado e atenção que dedica ao escolher a sua matéria-prima.
breu vermelho, com 60 cm de diâmetro e 65 cm de altura, e a Mesa Malhete, de jantar,
FOTOS DIVULGAÇÃO
Na página anterior, o banco Araribá, produzido com as madeiras araribá e rouxinho. Ao lado, Namoradeira, cuja matéria-prima é o Machaerium. Abaixo, a Mesa Eifel, em executada em cherry americano com travessa de angico-preto
Perfildecores:PerfilgenéricodeimpressoraCMYK Composição175lpia45graus
EXISTE UM LUGAR ONDE O ESTILO E O BOM GOSTO SE ENCONTRAM. REVESTIMENTOS, LOUÇAS E METAIS I BR 101 - Km 163 - Tijucas - (48) 3263 1227 ÁREA | SETEMBRO 2007 | 15
Fotos: Divulgação
Texto: Mônica Roemmler
CIDADANIA
Reciclagem d “As pessoas pegavam o papel e, ao saber que era reciclado, o largavam e limpavam a mão na roupa!” Zuleica Medeiros
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do papel social COMO PINTORA ELA VIA a moldura dos quadros como um espaço que restringia
meninos de rua. “Parecia que eu estava propondo um crime! O material foi
a criação. Ela queria mais, mas não só “estar bem na foto”, queria fazer algu-
ainda mais rejeitado e a idéia simplesmente refutada. Decidi partir”, conta.
ma diferença. E fez. O Instituto da Terra, fundado pela artista plástica Zuleica
Hoje, a Zuleica empresária, moradora de Santa Catarina, diz que a indig-
Medeiros, é o resultado de mais de 20 anos de um trabalho de reciclagem de
nação está superada, e o preconceito, aos poucos, é substituído por uma
papéis, que preserva as florestas reaproveitando material, e devolve a cidada-
consciência ambiental e social mais apurada: “Até o Al Gore, com o alarme
nia, na reciclagem do papel social. A diversificação do uso do papel reciclado,
do efeito estufa e sua ação global, está me ajudando!”, brinca, referindo-se
desde a simples página de carta, agenda, bloco, envelope, à confecção de
ao mais famoso ativista ambiental da atualidade, o ex-vice-presidente dos
um móvel, todo revestido com lâminas de folhas recicladas, faz parte de um
Estados Unidos.
projeto de vida, realizado em Florianópolis, em um trabalho pioneiro dentro dos muros do Presídio Masculino da Capital.
Zuleica é fundadora e presidente da ONG Instituto da Terra, criada há oito anos, em Florianópolis, depois que ela deixou Brasília e a rejeição ao seu pro-
Uma história que, sem dúvida, faz a diferença para as centenas de fa-
jeto para vir “trabalhar perto da natureza”. E apostou no marketing pessoal
mílias de presidiários beneficiadas pelo projeto. “E que a cada dia me ajuda
– sem dúvida um outro talento da artista plástica - para fincar em Santa Ca-
a explicar a que vim”, confessa Zuleica, mãe de quatro filhos e avó de cinco
tarina uma bandeira de preservação ambiental. “Cheguei cheia de planos, sem
netos. “As pessoas pegavam o papel e, ao saber que era reciclado, o larga-
qualquer apoio ou patrocínio. Arrisquei tudo porque acreditava que aqui, um
vam e limpavam a mão na roupa!” Isso foi há vinte anos, quando Zuleica
lugar com tanto de Mata Atlântica ainda preservada, certamente encontraria
Medeiros, então professora de educação artística na Universidade de Bra-
pessoas que entenderiam a reciclagem social como um trabalho sério e não
sília, apresentou à direção do curso um projeto de reciclagem de papel com
uma utopia”, conta. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 17
CIDADANIA
Por meio da produção de agendas, blocos, pastas e até móveis a partir de papel reciclado, o Instituto da Terra gera trabalho e renda para detentos de Florianópolis. “Somos, para eles, uma ponte entre dois mundos”, diz Zuleica. Na página seguinte, móvel da recepção da loja Formus, na Capital, revestido com lâminas de folhas recicladas 18 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Necessidade e oportunidade
Tecnologia social
Mudou-se, então, para a Capital catarinense; mais precisamente, para um sítio
Assim, por um ano, foi se desenvolvendo uma espécie de tecnologia social. A
no bairro de Ratones, no norte da Ilha de Santa Catarina. Lá, montou a oficina
iniciativa contagiou outros parceiros e, passados dez anos, à oficina de Zuleica
e seguiu trabalhando na fabricação de papel em parceria com a comunidade.
se uniram outras e os presos passaram a produzir, a aprender e a empreender.
Depois de ter casa arrombada, ouviu da polícia o conselho para mudar-se para
“Tudo que é produzido lá dentro tem mercado aqui fora. E é aqui fora que eles
uma área mais central da cidade, já que morava sozinha.
precisam aprender a viver depois de cumprir a pena. Precisam saber vender,
Acatando a sugestão, foi parar no bairro da Trindade, quase em frente
negociar e a cumprir contratos. Nossa responsabilidade com eles é enorme,
à Penitenciária de Florianópolis. Porém, precisa resolver um outro problema:
porque eles não nos vêem como empresários, como superiores, só porque po-
onde armazenar os 300m² de material da antiga unidade de produção? “Foi
demos entrar e sair. Somos, para eles, uma ponte entre esses dois mundos”,
quando olhei para o lado e vi aqueles muros, os prédios, e pensei: deve ter
afirma Zuleica. A iniciativa ganhou reconhecimento da sociedade e conquistou
bastante espaço ali e gente é o que não falta pra tocar a produção. Atravessei
importantes honrarias, como os prêmios Expressão Ecologia (1998), Empresa
a rua e pedi pra falar com o diretor”, relembra. Não só Zuleica foi bem recebida
Cidadã ADVB (2004) e o Troféu Amigo de Santa Catarina (2001), conferido pelo
pelo então diretor do Presídio, Fernando Volante, mas também a idéia dela de
Governo do Estado. O projeto também foi classificado pela ONU entre as 12
instalar ali uma oficina de reciclagem de papel com a profissionalização dos
Melhores Práticas Urbanas do Brasil, em 2001.
presos. Foi firmado, então, um contrato com a Secretaria de Estado de Segu-
O Instituto da Terra divulga seu papel reciclado como um aliado do designer,
rança, pelo qual, de acordo com a lei, cada três dias trabalhados equivalem
do publicitário, dos empresários na hora de diferenciar um projeto, reforçando a
à redução de um dia na pena do preso, cuja família recebe mensalmente o
imagem do material – um forte apelo de marketing. “Está na moda ser ecologica-
pagamento pela sua produção.
mente correto e a ajuda aos presos é um apelo social extra”, admite Zuleica. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 19
Impermeável, higiênico e termo-moldável, de criação que possibilita ao designer
FOTOS DIVULGAÇÃO
DECOR
o material surpreende, ainda, pela liberdade
Flexibilidade total Há quatro décadas no mercado, as superfícies sólidas minerais conquistam cada vez mais espaço por agregar soluções tecnológicas e estéticas e excelente relação custo-benefício
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UM QUARENTÃO PARA LÁ DE MODERNO. As superfícies sólidas minerais (SSM)
o fato de a SSM não desbotar, não lascar e de um eventual dano poder ser
completam este ano quatro décadas de mercado, mas ainda figuram entre
reparado no próprio local. “Pequenos riscos são facilmente removidos com
as ‘novidades’ do setor da decoração. O pioneirismo é da DuPont, que criou
limpadores abrasivos comuns como esponjas de cozinha”, garante.
o material para atender uma das necessidades internas da companhia: uma
Uma iniciativa brasileira já desponta no mercado – a primeira que se tem
superfície resistente aos produtos químicos utilizados nas pesquisas. Conse-
notícia. Há cerca de dois anos, a Perc Engenharia e Construções, de São Paulo,
guiram desenvolver uma matéria-prima extremamente higiênica, não porosa e
iniciou a produção de cubas e adesivos de SSM, compatíveis com as chapas
não inflamável. Vislumbrando aplicação em outras áreas, em 1967 o produto
desenvolvidas pela DuPont, pela LG e pela Pertech. Os adesivos são produzidos a
foi lançado nos Estados Unidos pela multinacional, com a marca registrada
partir do mesmo material, em estado líquido, o que torna as emendas imperceptí-
Corian. “O mercado norte-americano aderiu imediatamente ao produto, uma
veis. “Fornecemos material para estas indústrias e também para processadores,
vez que as pedras naturais são recursos escassos naquele país”, conta Marcio
lojas e para profissionais”, conta o engenheiro civil Paulo Carlos Galin, sócio-
Magnoli, Gerente da Divisão Surfaces da DuPont Brasil.
diretor da Perc. Outro nicho explorado pela empresa são os elementos de projetos
No Brasil, o material só chegou em 1989, lançado pela DuPont para o
personalizados, que necessitam de moldes. “Compramos a chapa da DuPont
segmento cozinhas, ambiente onde até hoje ele é mais aplicado, em substitui-
e acrescentamos os elementos produzidos aqui”, explica. Galin comemora o
ção a materiais como granito, mármore, madeira e aço inox. Impermeáveis e
crescimento do mercado, embora admita que ainda há muito potencial. “Temos
com emendas imperceptíveis, as superfícies sólidas são as opções mais higiê
comprado muito e nossa produção tem aumentado bastante”, afirma.
nicas para estes espaços. E também para outros que necessitem de grande
As novidades em Corian este ano são as cartelas de cores da chamada
assepsia, como laboratórios e hospitais. Por serem termo-moldáveis, podem
Concrete Collection que inclui, além dos brancos, tons de bege, chocolate, cinza e
assumir a forma desejada, numa flexibilidade jamais encontrada em material
concreto. “Esses tons, baseados numa estética neutra e urbana, harmonizam-se
similar. Conhecida no exterior como solid surface, a SSM é um composto obtido
perfeitamente com outros materiais como aço inox, madeiras e fibras naturais,
a partir de cargas, termo técnico que designa certos materiais inorgânicos par-
ajudando a criar ambientes aconchegantes e trazendo cor para a cozinha”, avalia
ticulados minerais, e resinas acrílicas especiais. O mercado já oferece outras
Magnoli, da DuPont. Entretanto, o enfoque da empresa para este ano é incentivar
opções além do Corian, como o HI-MACS, da LG, e o Surell, da Pertech, todas
outras aplicações para o material, além da pia da cozinha.
com produção no exterior. A diferença entre eles, segundo Magnoli, está na
A flexibilidade é, sem dúvida, o grande atrativo para os profissionais do
composição química. “No Corian, só usamos o que há de melhor: acrílico de
setor. A Pertech garante que o seu Surell permite infinitas possibilidades de
alta qualidade + mineral natural”, defende.
design, desde o convencional até os mais ousados que exigem aplicações
A Pertech iniciou a comercialização do Surell no Brasil em 2003 e vem
curvas ou de ângulos difíceis, impossíveis de se fazer na pedra ou inox. É
obtendo excelentes resultados. “É impermeável, higiênico e extremamente fácil
possível misturar placas de diferentes cores e compor, por exemplo, uma
de limpar. Por isso, é o único material que atende totalmente às resoluções da
bancada com duas ou mais cores. “Estamos focando ações de marketing,
ANVISA nos setores alimentício, farmacêutico e hospitalar”, informa Carlos
com a participação em eventos e seminários, e formando novos processado-
Lima, Gerente de Produtos da Pertech do Brasil, referindo-se à Agência Na-
res para trabalhar com este material”, adianta Carlos Lima. A trajetória das
cional de Vigilância Sanitária. Outros diferenciais exaltados pelo executivo são
SSM promete ser longa. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 21
DECOR
Compare A cozinha ainda é o ambiente onde as superfícies sólidas são mais utilizadas, principalmente para bancadas de pias. Porém, as indústrias já exploram novos usos e estimulam a criatividade dos profissionais
Superfície Sólida Mineral (SSM)
» Porosidade nula; » Emendas imperceptíveis; » Atóxico; » Flexibilidade de design; » Alto desempenho; » Ampla cartela de cores; » Temperatura quente ao toque.
Granitos e Mármores
» São porosos e mancham; » Cores não uniformes; » Emendas aparentes; » Não há cubas no mesmo material; » Acúmulo de sujeira entre o tampo e a cuba de inox; » Temperatura fria; » Quebram ou lascam facilmente.
Aço Inox
» Risca e amassa facilmente; » Única opção de cor; » Temperatura fria.
Madeira e Laminado
» Queimam com cigarro ou fósforo; » Não são higiênicos; » Não são resistentes à umidade; » Riscam facilmente; » Emendas aparentes.
Fonte: DuPont, Pertech
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As cubas da Perc Engenharia, de São Paulo – as únicas produzidas no Brasil com SSM
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CIDADE
Laguna
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preservada A história está sendo eternizada num dos núcleos mais antigos de Santa Catarina. O projeto de revitalização do Centro Histórico de Laguna transforma a maior obra já realizada no município em um exemplo nacional de preservação do patrimônio
Texto: Ana Cláudia Menezes Fotos: Marco Bocão/Divulgação/PML
CIDADE TOMBADO PELO INSTITUTO Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-
para os mais urgentes, como caminhão de lixo ou carro dos bombeiros”,
nal (Iphan) em 1985, o Centro Histórico de Laguna está sendo revitalizado por
conta o arquiteto Diego Steffen Morais, autor do projeto de revitalização do
um projeto amplo e espetacular, envolvendo o Iphan e a Prefeitura Municipal.
Centro Histórico de Laguna. Segundo ele, a obra da orla da Lagoa de Santo
As obras, orçadas em R$ 11 milhões, vão além da recuperação dos prédios his-
Antônio, iniciada em março, é dividida em etapas, começando pelo novo tra-
tóricos: transformam também passeios, reordenam espaços e oferecem melho-
çado das vias dos veículos, passando pela pavimentação destas vias, das
res condições de acessibilidade a moradores e turistas. A 118 quilômetros da
calçadas e do calçadão próximos às áreas do Mercado Público, finalizando
Capital, o município litorâneo catarinense foi eleito uma das três cidades-pólo
com a instalação de decks sobre a lagoa. Em todas elas estão previstos,
para o biênio 2007/ 2008 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
ainda, projetos de paisagismo. Para garantir ampla acessibilidade e, ainda, o
e Social (BNDES), ao lado de Salvador (BA) e de Marechal Deodoro (AL). Es-
atendimento aos critérios de preservação do patrimônio, Morais explica que
colhidos por sua importância cultural e histórica, estes municípios terão prio-
foi necessário ‘fugir’ um pouco da NBR 9050, normativa da ABNT que regula
ridade na aplicação dos recursos da instituição financeira em investimento de
a acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos,
recuperação de seus monumentos.
“por conta do tipo de piso e da cor dos pisos podotáteis”. “Mas, em termos
A intervenção está sendo feita no 1,2 km2 poligonal da área de tombamento, que inclui as edificações e o traçado urbano original. “É uma linha
da inclinação das rampas e da lógica envolvida na acessibilidade, está tudo certo”, garante.
imaginária que divide os topos dos morros e que entra 200 metros na Lagoa
Diversas audiências públicas foram realizadas como forma de envolver
de Santo Antônio”, explica a arquiteta Ana Paula Cittadin, chefe do escritório
a população no processo. “Esta mudança que está acontecendo aqui é muito
técnico do Iphan em Laguna. O projeto contempla a padronização de pisos e
significativa. Até o motorista vai ter que se adaptar. Vamos oferecer condições
do mobiliário das praças – como bancos, lixeiras e floreiras –, a construção
para o turista se movimentar. É uma política de urbanismo dar mais ênfase
de um novo terminal de ônibus na orla da Lagoa de Santo Antônio, a revitali-
ao pedestre”, enfatiza Fabiano Silveira, Secretário de Obras e Saneamento de
zação das fachadas dos prédios e a implantação de bicicletários. “Tentamos
Laguna. Segundo ele, paralelamente ao projeto, a Prefeitura está executando
impedir que grandes veículos entrem no Centro Histórico, permitido apenas
obras de infra-estrutura, com a ampliação da drenagem da orla.
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Nas páginas 26 e 27, Praça de Anita, um dos principais pontos turísticos do município, cenário da proclamação da República Juliana, em 1839. O local abriga também o Museu de Anita Garibaldi, em um prédio histórico construído em 1747. Na página anterior, as docas do Centro Histórico, onde Giuseppe Garibaldi desembarcou, que também foram incluídas no projeto de revitalização. Hoje, servem de ancoradouro a iates e pequenas embarcações. Acima, restaurada na década de 1970, a casa de Anita Garibaldi, transformada em relicário histórico. Abaixo, a luxuosa casa Pinto D’Ulysséa (1866), réplica de uma quinta portuguesa, totalmente revestida com azulejos importados de Portugal. E o encontro amigável dos surfistas com um golfinho, cena cotidiana em Laguna
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CIDADE Museu a céu aberto Fundada em 1676, Laguna é o terceiro núcleo mais antigo de Santa Catarina,
recursos. “Não adianta ter arquiteto especializado se não tem mão-de-obra”,
atrás de São Francisco do Sul e de Nossa Senhora do Desterro (atual Floria-
resume Ana Paula. O Iphan, por meio do Programa Monumenta e em parceria
nópolis). Ganhou notoriedade nacional na Guerra dos Farrapos (1835/1845),
com a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), promoveu um curso,
quando Bento Gonçalves instituiu a República Catarinense ou Juliana. A sua
com duração de três meses, para capacitação de mestres de obras, serventes,
diversidade arquitetônica é singular. “O que impressiona em Laguna é a varie-
pintores e pedreiros para trabalhar em restauro. “Foram aulas práticas e teó-
dade de estilos. É como um museu a céu aberto”, encanta-se a arquiteta Ana
ricas, com a artista plástica Gizely Cesconetto, para mostrar a importância de
Paula Cittadin, do Iphan. Ela conta que os estilos vão desde o luso-brasileiro
Laguna – desde a época dos sambaquis até os dias de hoje. Isto é educação
– como a casa de Anita, o Clube União Operária, o Mercado Público e o Cine
patrimonial”, lembra a arquiteta. Com apenas 15 vagas, o curso recebeu 55
Mussi –, até o art-déco, iniciado aproximadamente em 1940, e o eclético,
inscrições e contabilizou apenas uma desistência. De acordo com ela, uma
como os prédios da Celesc e da Clínica Rosa. “Em outras cidades, como Belo
segunda turma deve ser iniciada, em parceria com a Associação Comercial e
Horizonte (MG), Olinda (PE) e Ouro Preto (MG), vemos apenas o estilo luso-
Industrial de Laguna (ACIL). A cidade deve passar por muitas outras transfor-
brasileiro”, justifica.
mações até o próximo ano; afinal, o BNDES a elegeu como cidade-pólo para
Cerca de 600 imóveis integram o tombado Centro Histórico de Laguna. E, para garantir a qualidade da restauração, foram necessários mais do que 28 | ÁREA | SETEMBRO 2007
investimentos. “Os anos de 2007 e 2008 são de Laguna”, comemora o arquiteto Diego Steffen Morais.
Na página anterior, o Farol de Santa Marta, considerado o maior das Américas, sendo o terceiro no mundo em alcance. Construído a 28 metros acima do nível do mar, está localizado a 17 km do centro da cidade. Ao lado, em seqüência, a Fonte da Carioca, também chamada de Fonte dos Namorados, construída por escravos em 1863; o Marco de Tordesilhas, onde, em 7 de junho de 1494, foi assinado o tratado entre Portugal e Espanha; e a Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos, que substituiu a capela de pau-a-pique construída pelo fundador Domingos de Brito Peixoto em 1696, que está enterrado sob o altar-mor. E o detalhe da arquitetura do Centro Histórico de Laguna, com cerca de 600 imóveis
Novo curso de Arquitetura e Urbanismo Os conselhos superiores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) analisam o projeto de criação de um curso de Arquitetura e Urbanismo em Laguna. A próreitora de Ensino da Udesc, Sandra Makowiecky, esteve no município em junho para participar da reunião técnica de apresentação do projeto Cidade Pólo do Patrimônio a convite do Iphan, que deseja ceder à universidade prédio do Centro Histórico para instalação do curso. “Laguna poderá se tornar uma das grandes mecas do turismo nacional, o que resultará na valorização da cultura e na geração de emprego. Não resta dúvida de que a inserção da Udesc num processo dessa natureza se reveste de importância incomensurável”, analisa Sandra. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 29
PROFISSÃO
Indiscutível Milão Catarinenses conferem as novidades do maior evento mundial de Design e apresentam aqui as suas impressões sobre tendências, conceitos e soluções Mais do que um programa imperdível na agenda de arquitetos, decoradores e
Para os profissionais, percorrer os pavilhões da feira é sempre uma novida-
designers, o Salão Internacional do Móvel de Milão é uma oportunidade única
de, mesmo que o evento já seja uma programação recorrente. “Fui a Milão para
para quem quiser conhecer, em primeira mão, as criações dos maiores desig-
quatro feiras e a cada ano me surpreendo com a forma de apresentação dos
ners do mundo e as tendências para o próximo período. Este ano, na 46ª edição
expositores, com sua estrutura e grandiosidade. Quem já foi sabe o que estou fa-
do evento, cerca de 280 mil pessoas percorreram os 342 mil m da feira para
lando. E para quem não foi, digo que vale a pena conhecer!”, garante a arquiteta
conhecer as novidades dos 2,1 mil expositores, incluindo os do Salão Satélite,
Taty Iriê, de Florianópolis. Para ela, esta é uma oportunidade única para se travar
que apresentou as inovações de 570 jovens profissionais oriundos de 38 paí-
contato com o trabalho dos principais designers e arquitetos da atualidade. “Além
ses, e os da feira bienal de iluminação (Euroluce).
disso, a cidade, como um todo, se insere no contexto, o que a torna ainda mais
2
Quem vai a Milão leva ansiedade e expectativa. De volta, na bagagem,
atraente. Todas as lojas, feiras paralelas e profissionais da área estão trocando
traz inspiração e certeza de que os designers brasileiros não deixam a de-
experiências, vivenciando a essência do design. É uma maneira do profissional
sejar. “Predominantes no Salão, as empresas européias, principalmente as
se reciclar, de captar novas idéias e conceitos, de absorver aquilo que o atrai e
italianas, ainda são destaques mundiais de criatividade e de soluções inte-
traduzir tudo isso em seus projetos”, complementa.
ligentes. Vemos os europeus com respeito, mas não nos sentimos menores.
A designer de interiores Lourena Genovez, de Florianópolis, já visitou a Feira
Estamos em busca de um conceito e de uma personalidade nossa, autêntica.
Internacional do Móvel de Milão 19 vezes. A primeira foi em 1981, quando, con-
É essa filosofia de trabalho que valida uma criação”, avalia o designer de
fessa, ainda não tinha noção da importância do evento. “Milão é mesmo a capital
produto Diogo Rinaldi, Gestor de Desenvolvimento de Produtos da Formus, de
mundial do Design. Durante o Salão, acontecem vários eventos em toda a zona da
Tubarão, que visitou a feira ao lado dos colegas Edson Daloski, designer de
Via Tortona, onde estão as lojas das melhores marcas do setor, além daqueles que
produto, e Sandrigo Vieira, designer gráfico. Esta não foi a primeira vez que a
acontecem nas lojas das principais grifes de Interiores ao longo da Via Mazoni, em
empresa catarinense enviou parte da equipe do seu Centro de Design a Milão.
Brera e em San Babila – os pontos mais sofisticados da cidade”, indica.
“A diversidade de linguagens e estilos apresentada em um só lugar, assim como o frescor criativo dos novos designers do Salão Satélite, fundamentam a importância do Salão Internacional do Móvel como principal evento do setor moveleiro”, afirma, convicto, Rinaldi.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
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Multiplicidade de tendências A 46ª edição da Feira Internacional do Móvel de Milão surpreendeu os visitantes pela multiplicidade. “Este ano, estiveram em evidência os materiais reciclados, resinas cortadas a laser com motivos rendados, o acrílico sozinho ou casado com o cristal, o aço trabalhado em decapê, além das formas orgânicas. Estes foram materiais que fizeram a cabeça dos designers de móveis mais badalados da atualidade”, conta a arquiteta Taty Iriê, que identificou um certo “ar retrô anos 1960” em formas e cores características. Já Lourena verificou a volta do barroco italiano, numa nova leitura. “Muitas peças douradas acabadas em verniz de alto brilho, suas formas pintadas sobre móveis em laca de alto brilho ou recortadas em diversos materiais”, exemplifica. As diversas aplicações dos desenhos das rendas e crochês, igualmente atraíram a atenção da designer, agora não mais apenas como adesivos em vidros e espelhos de móveis, mas moldados em polipropileno na forma de peças do mobiliário. Algumas tendências verificadas em Milão estão traduzidas na coleção Ópera, lançada pela designer em setembro. Entre as cores, Taty identificou a predominância dos tons pastéis, do preto, do branco, do bege, do cinza e do amarelo. “Linhas retas, fibra sintética e formas orgânicas e amebóides constituem um resumo do que se viu, coisas que podem, em um primeiro momento, indicar tendências inclusive para o Brasil”, considera. Na iluminação, formas bem definidas, lustres de grandes proporções, cores fortes e mistura de materiais, como aço, vidro e tecidos. Rafael Molon, do departamento de Relações Internacionais da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad), também esteve na feira este ano e conferiu outra tendência – esta também estratégica. “Os principais fabricantes de móveis de madeira italianos estão misturando diferentes matérias-primas num mesmo produto, como granitos, couro, tecido, lâminas de madeira e vidro. Isso também serve para dificultar o trabalho dos fabricantes chineses que copiam os italianos”, avalia. Já para Diogo Rinaldi, o destaque desta edição ficou por conta da consolidação da união entre Design de Produto e Design Gráfico como solução para a personalização da mobília, por meio de grafismos executados em todos os tipos de materiais e superfícies. Segundo ele, foi a confirmação de uma tendência que a Formus já vinha abraçando em Santa Catarina. “Também foi uma felicidade ver a volta da linguagem escandinava de design e seus produtos com cantos arredondados, que já vínhamos comercializamos há um certo tempo”, comemora.
Na página anterior, a união do design gráfico e o de produto, permitindo a personalização de estilos num mesmo móvel; formas com cantos arredondados, design tipicamente escandinavo; e pufes desenvolvidos em crochê. Acima, a supremacia da combinação preto e branco
Italianos querem Santa Catarina na Expobagno Executivos da Feira Milão Internacional (FMI), maior organizador de feiras
potenciais clientes de um elevado número de países. E para os profissionais,
na Itália, estiveram no Estado, em maio, para apresentar a Expobagno aos
em especial para os arquitetos e decoradores, representa oportunidade única
empresários catarinenses. Cumprindo roteiro em Florianópolis e em Criciú-
para se conhecer novas tecnologias, tendências e para a troca de experiências
ma, o CEO da FMI, Arturo Colantuoni Sanvenero, e o seu gerente comercial
com colegas do mundo todo”, afirmou Sanvenero, em Florianópolis, no evento
Gianfranco Sechi, destacaram a importância da feira, a primeira da Europa
de lançamento da Expobagno realizado na FIESC. O Brasil terá espaço espe-
dedicada somente a produtos para banheiro, que será realizada de 11 a 15 de
cial na feira para as empresas interessadas que não puderem bancar estande
março de 2008. A primeira edição, no ano passado, recebeu 33 mil visitantes
exclusivo. A Conceito Brazil, representante oficial da FMI no País, organizou a
e contou com 200 expositores, em uma área total de 20 mil m2. “A expobagno
Casa Brasil, espaço para 20 expositores projetado pelo arquiteto Ivan Rezende,
será uma grande oportunidade para as indústrias exporem seus produtos para
que contará com lounge, café e sala de reuniões. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 31
O SANTUÁRIO SANTA PAULINA, em Nova Trento, está entre os projetos mais expressivos do escritório Herwig Shimizu Arquitetos, comandado por Rolf Augusto Herwig e Chirochi Shimizu. Considerada a capital catarinense do turismo religioso, o pequeno município de 10 mil habitantes é o principal destino de peregrinação do Sul do País. A canonização de Santa Paulina, em 2002, e a inauguração do santuário, no ano passado, colocaram a cidade no mapa dos católicos de todo o mundo. “O caráter arquitetônico do Santuário Santa Paulina retrata a essência de sua trajetória: mulher simples, de valores sólidos e puros, e de imensa espiritualidade e bondade”, definem os autores do projeto.
A arquitetura sacra tornou-se mais um segmento de destaque no escri-
tório blumenauense, referência em grandes e complexos projetos industriais. “Atuamos do início ao fim de nossas obras”, resume Rolf Augusto Herwig. Os serviços podem ser divididos em três áreas: projeto e coordenação geral; administração para contratação de obras; e fiscalização. Porém, segundo ele, o cliente tem liberdade de contratar apenas uma etapa ou a solução completa. Para atender à crescente demanda, o escritório conta com 17 funcionários
e uma lista de parceiros, que atendem as exigências de qualidade determinadas pela dupla. Conforme o tamanho da obra e as exigências de prazo, outros profissionais são contratados. Neste momento, a equipe está debruçada sobre projetos de duas grandes gráficas, uma em São Paulo e outra no Rio Grande do Sul. Também trabalham na ampliação da planta da Altenburg, em Blumenau, uma das maiores indústrias têxteis do Brasil ao lado da Teka, Karsten e BuetRICARDO SILVA/PHOTUSPRESS
QUEMFAZ
De Blumenau para o Brasil
Instalado há três décadas numa cidade de forte colonização alemã, o escritório Herwig Shimizu Arquitetos tinha todos os elementos para desenvolver uma arquitetura típica. E muitos projetos até seguiram esta tendência. Porém, logo perceberam que, em um mercado competitivo e cada vez mais exigente, não se pode percorrer apenas um caminho
tner, cujos projetos também são assinados por Herwig e Shimizu. O escritório tornou-se referência em projetos industriais, tendo atendido, ainda, Albany, Cremer, Renaux, Perdigão, TetraPak, Sulfabril e Lacta. “Hoje, os projetos industriais são, geralmente, de ampliação ou reforma”, conta Herwig. O escritório fez história em sua cidade natal, mas o maior volume de trabalho está concentrado nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Santa Catarina é
Textos: Liliani Bento 32 | ÁREA | SETEMBRO 2007
seu quarto mercado.
DIVULGAÇÃO
Os arquitetos Chirochi Shimizu e Rolf Augusto Herwig (página anterior) comandam o tradicional escritório blumenauense, referência em projetos industriais e, agora, também em arquitetura sacra. Acima, o Santuário Santa Paulina, em Nova Trento
Simplicidade norteou o projeto do Santuário Fazendo uma releitura da arquitetura sacra tradicional, os arquitetos do Herwig
fluxo de pedestres e veículos, foram criados acessos por escadas e rampas.
Shimizu apostaram, para construção do Santuário, na simplicidade da compo-
Elementos típicos de edificações religiosas estão presentes neste projeto,
sição da volumetria e geometria, e na solidez garantida pela escolha dos mate-
como a iluminação natural zenital elevada ao centro (direcionada ao céu) e a
riais. Cinco profissionais envolveram-se no projeto, que totalizou 9,6 mil m2 de
forma ascendente da cobertura. O formato cônico da nave principal permite a
área construída. “Acompanhamos todos os processos para termos certeza da
visualização do altar por todos os fiéis no interior do Santuário. E para eliminar
qualidade do material e do cumprimento do prazo”, afirma Herwig.
qualquer interferência visual, a solução foi erguer a estrutura principal em
O programa de necessidades desenvolveu-se integralmente sob uma
concreto protendido (vigas paralelas, apoiadas em pilares, vencendo um vão
cobertura modulada a cada 7,5 metros, com caimento em duas águas, ele-
de 56 metros), suportando as vigas metálicas da cobertura. Nos fechamentos
mento arquitetônico de grande magnitude. Sob a cobertura, estão abrigados
externos e internos, foram utilizados blocos de concreto (lisos, com pintura, e
três setores distintos: a nave principal, com capacidade para até 3,5 mil pes-
canelados, sem revestimento) e vidro na fachada frontal. Nas áreas externas,
soas, as capelas e as áreas de apoio e de circulação. Para atender ao grande
adotou-se pavimentação de blocos intertravados. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 33
Ficha técnica Área construída
9.617 m2
Área total coberta
6.925 m2
Área do terreno
15.700 m2
Área do estacionamento
14.000 m2
Largura da cobertura
100 metros
Comprimento da cobertura
90 metros
Capacidade da nave principal
3.000 pessoas
Pé direito da nave principal
28 metros
Altura da torre
42 metros
Arquitetura
Herwig Shimizu Arquitetos
Conclusão da obra
2006
34 | ÁREA | SETEMBRO 2007
QUEMFAZ
FOTOS: DIVULGAÇÃO
No Santuário de Santa Paulina, a imponente cobertura (100x90m) destaca a edificação de 9,6 mil m2 de área construída. O formato cônico da nave, amplo e livre, permite a visualização do altar por todos os fiéis no seu interior
Continuidade dos negócios Alguns casos reforçam a idéia da hereditariedade do talento. Este é o caso dos sócios Rolf Augusto Herwig e Chirochi Shimizu, ambos com 62 anos, que agora apresentam a área de tralbalho aos filhos: Paulo Henrique Herwig foi o responsável pela execução da obra do santuário. Já o filho de Chirochi, Chirochi Shimizu Júnior, está cursando a faculdade de Arquitetura, mas também já trabalha na empresa do pai. Esta é a terceira geração dos Herwig à frente de projetos arquitetônicos. Na década de 1970, quando Rolf Herwig ainda era estudante em Curitiba, seu pai, Henrique, projetista, já atestava o talento da família para o mundo da arquitetura. Projetos de referência em Blumenau levam a assinatura do patriarca, já falecido, como o do Castelinho da Moellmann, um dos pontos turísticos mais fotografados do Brasil. Entre outras obras desenvolvidas por Henrique no município estão os prédios da Prefeitura, do Banespa e o da loja Flamingo. Depois de formado, Rolf voltou para Blumenau para trabalhar com o pai. Em 1973, fundou o escritório com outros dois sócios. Dois anos depois, chamou Chirochi, que havia conhecido em São Paulo, para integrar a sociedade. Há cerca de 15 anos, apenas os dois comandam a empresa.
Investimentos Anualmente, a empresa promove uma completa atualização tecnológica com o que há de melhor no mercado. No entanto, Herwig explica que o maior investimento é feito no capital intelectual, a grande riqueza do escritório. “Este é o nosso maior patrimônio”, garante. A sede, com 358 m2, permanece a mesma desde a inauguração, há mais de 30 anos, localizada, na rua Itajaí, 1101, no Centro de Blumenau. Segundo ele, os planos de crescimento estão sempre interligados com a economia brasileira, já que 90% do faturamento do escritório provêm do setor industrial. “Nos últimos anos, houve uma freada nos investimentos no parque industrial. Mas agora está havendo uma sensível retomada do crescimento”, comemora.
Plantas industriais são maioria no escritório, que já projetou fábricas da Tupy, da Dell Computadores e da Tetra Pak (a partir do alto). Ao lado, a sede da FIESC ÁREA | SETEMBRO 2007 | 35
UPNEWS Por Paulo Guidalli
A vanguarda da Arquitetura e do Design no Brasil e no exterior
A Meca do Design faz a festa A peregrinação que os devotos do Design repetem todos os anos
A “FESTA MOBILE” INVADIU MILÃO na noite de 17 com a abertura no Palazzo Reale da Camera con Vista - Arte e Interni in Italia 1900 - 2000. Neste circo democrático, grandes e pequenos nomes do mobiliário e do Design brilharam não só em Rho-Pero, mas também em pontos espalhados pela metrópole, inclusive em locais periféricos como a Bovisa. Espaços notáveis, outros nem tanto, alguns institucionais, outros alternativos. Uma infinidade de lojas e negócios, como Paulo Guidalli comanda um escritório de marketing em Curitiba, desenvolvendo estratégias para empresas de Arquitetura e Design. É colaborador de diversas publicações, entre elas a Revista Área.
o temporary store que a Cappellini montou no interior da Upim na piazza San Babila, além de edifícios multifuncionais, cantinas, apartamentos, jardins e galerias, todos prontos a oferecer um pouco deste espírito giocoso, a maioria aberta ao público. Quem passava na Piazza Duomo observava extasiado as vitrines de autor da Rinascente, assinadas por oito grandes nomes da arquitetura: Ron Arad, Michele de Lucchi, os Fuksas, Odile Decq, os Mendini, Dominique Perrault, Kenzo Kuma e Gaetano Pesce. Seguindo as cores-tendência, a Zanotta apresentou os Bean Bags naqueles tecidos lustrosos, uma sedutora mesa aramada e uma nova cadeira desenhada pelo digi-boy francês Oro-Ito. Fora da feira este ano, a Vitra mostrou sua coleção de peças ícones de décadas passadas com algumas fresh pieces dos irmãos Bourollec
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Moon System | Zaha Hadid Uma forma contínua onde se fundem estética e ergonomia. Os sofás Moon System são a feliz expressão do encontro entre a experimentação e a arquiteta Zaha Hadid. Idealizado como um objeto vindo do espaço, o Moon permite o encaixe perfeito do pufe
FOTOS: DIVULGAÇÃO
e de Philippe Starck. Luxo e criatividade podem se misturar? A Serralunga com-
a Sawaya & Moroni levou uma nova coleção assinada pelos maiores nomes
binou formas tradicionais com interessantes camadas de transparência, crian-
da arquitetura, incluíndo uma série limitada de móveis-esculturas em prata
do luminárias desafiadoras. Baseados em Londres, a SCP e a Case levaram
de Hani Rashid e Zaha Hadid. O prédio da Trienalle exibiu o trabalho de Kengo
este ano diversos produtos ingleses, desde cadeiras até escultóricas estantes.
Kuma e sua exploração da síntese entre a tradicional moradia japonesa e a
A Nemo tem no seu portfólio de designers nomes como Forster + Partners e
sociedade contemporânea. Definitivamente o nome de Jaime Hayón estava na
Ross Lovegrove. Este ano eles produziram luminárias dignas de prêmios. As
ponta da língua de todos os aficionados por Design. O estande da BD Barcelona
quatro garotas suecas do From, que impactaram o Design InDaba (conferên-
exibiu a segunda série das cadeiras in the Stage e uma nova leva de criações.
cia em Cape Town), aterrisaram no estande da Klaessons com uma série de
A Plank vem construíndo uma sólida reputação nos últimos anos graças ao
peças encaixáveis. A Fritz Hansen estava no novo espaço do Superstudio Più
designer alemão Konstantin Grcic. Este ano eles trouxeram um novo conceito
da via Tortona. Lá, a marca dinamarquesa apresentou uma colaboração com
em mesas dobráveis. No fantástico espaço da Moroso havia novas criações de
a italiana do mosaico Bisazza. Mesas e cadeiras ganharam um apelo extra.
Patricia Urquiola, Ron Arad e Ross Lovegrove. Em outro concorrido espaço no
Uma imagem gigante foi montada em mosaico mostrando os famosos desig-
Salone, a Artemide apresentou algumas novas coleções e soluções em ilumi-
ners que já trabalharam para a casa. No pequeno showroom da Driade, foram
nação, entre elas algumas peças de Ross Lovegrove e Ora-Ito. E a B&B Italia
apresentadas cadeiras super confortáveis desenhadas por Ron Arad e peças
expôs, também fora de feira, criações de grandes nomes do Design, entre eles
minimalistas do onipresente Philippe Starck. Na via Mazoni, coração de Milão,
Antonio Citterio e Patricia Urquiola, que este ano aumentou a sua família Fat. ÁREA | SETEMBRO 2007 | 37
UPNEWS
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Luis | Antonio Citterio O sofá Luis, do arquiteto Antonio Citterio para a B&B Itália, é componível e articulado em numerosas tipologias. Esta é uma nova resposta do designer italiano que conjuga conforto e refinamento formal. Volume equilibrado, medidas proporcionais e aspectos extremamente elegantes se adaptam perfeitamente em grande espaços
Fat Sofá | Patrícia Urquiola A família Fat cresceu. No inicio era o Fat-Fat, uma coleção de banquetas e mesas multifuncionais. A arquiteta espanhola Patrícia Urquiola expandiu a linha para poltronas e sofás. Podem ser revestidas em diversos tecidos ou pele, em versão bicolor ou pele-tecido
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Puerta América
Um ano depois, o hotel dos 19 stararchitects continua a brilhar
DOZE ANDARES ASSINADOS pelos maiores arquitetos do mundo. Dezenove
rantes, spa e piscina. Situado no quarteirão de negócios, na avenida Amé-
personalidades internacionais, reunidas pela primeira vez e dispondo todos
rica, em Madri, o Hotel Puerta América é um hotel-conceito absolutamente
do mesmo budget, foram contratados para dar livre curso à criatividade e a
único, com 342 apartamentos. Todos os andares têm a mesma estrutura: um
utilização de materiais, cores e formas. Um pavimento para cada arquiteto
hall central e um corredor que se abre para os quartos. Um triunfo da arte,
e outras intervenções criadas para os espaços comuns, como bares, restau-
da criatividade e da inovação.
O arquiteto francês Jean Nouvel trabalhou no ático, nas suítes do 12º andar, na coordenação do projeto e na fachada. As grandes velas em PVC mudam de cor conforme a posição do sol
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UPNEWS
No primeiro andar do hotel, materiais inovadores desenhados pela arquiteta Zaha Hadid. Os quartos oferecem também as novas Lg Hi-Macs para criar ambientes que lembrem flocos de neve. Sinais de identificação são projetados sobre a porta para transmitir as solicitações dos hóspedes: do not disturb, breakfast please ou tidy up the room
As formas arredondadas se insinuam já na entrada dos apartamentos. O arquiteto israelita Ron Arad propõe um conceito de habitação em que as curvas predominam. Em alguns apartamentos, o branco é o destaque, mas as cores intensas, como o roxo, também aparecem. Arad cria um circuito em que se vai descobrindo aos poucos cada um dos espaços
A intenção da escocesa Kathryn Findlay era criar um local de meditação. A arquiteta delimita os espaços apenas com cortinas brancas, para obter um clima mais feminino. O curioso é que o espaço também é interativo, integrando arquitetura com a mais avançada tecnologia, que influenciou decisivamente o desenho do projeto
O australiano Marc Newson é um dos jovens designers mais influenciadores da sua geração. Já na recepção se vê todo o bar através das gigantescas portas de cristal. Para ver e ser visto – este é o conceito do Marmobar, um local para relaxar, acolhedor e moderno. O que chama a atenção é o pé direito cercado por 400 perfis de alumínio com quase sete metros de altura, separados por apenas 5cm. A disposição especial oferece um desenho vertical que traz uma
FOTOS: DIVULGAÇÃO
sensação de maior amplitude, profundidade e ritmo ao bar
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O pendente Polifemo carrega o nome mitológico em homenagem ao gigante de um único e enorme olho que desafiou Ulisses. A forma circular remete a este sinal de poder. Com luz direta e indireta em material metacrilato,
FOTOS: DIVULGAÇÃO
está disponível nas cores preta, cítrica, laranja e branca
A luminária Evolution é fornecida com duas bases ou dobradiças em alumínio que permitem instalação diretamente na parede ou no teto, suspensa verticalmente
Ilumina-me Arquitetos e designers de interiores enfrentam com freqüência problemas que requerem soluções sofisticadas e inéditas. Esta complexidade tem trazido um grande nível de especialização no segmento luminotécnico. Função, design, tecnologia e estilo estão inevitavelmente fundidos. A Esedra se especializou nos produtos decorativos, utilizando o característico estilo italiano de formas limpas e
A italiana Esedra, braço do grupo Targetti, chega ao Brasil para animar arquitetos, designers de interiores e consumidores
bem definidas. A marca concebe peças com estilo personalizado e original, em sintonia com o gosto de um número cada vez mais crescente de clientes no mundo todo.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
BEMFEITO
A criação de jóias envolve talento, técnica e conhecimento de mercado. A catarinense Ruth Grieco despontou pela criatividade e o profissionalismo das filhas, designers, somou para a consolidação da marca
Coleção Insetos: broches em ouro branco 18ct com topázios azuis, turmalinas verdes e diamantes, com pedras lapidadas pela própria equipe 42 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Mais que inspiração O SETOR JOALHEIRO NACIONAL deve ampliar sua presença no exterior nos
Ruth Grieco, sua mãe – referência nacional e internacional no setor. Experiente
próximos dois anos. As exportações neste primeiro semestre totalizaram 644
no ramo, Carolina falou sobre o “Panorama da Joalheria no Brasil” no evento
milhões de dólares, 18% a mais do que o registrado no mesmo período do ano
de lançamento do I Concurso Catarinense do Criador de Jóias, realizado no dia
passado. Um acordo para promoção comercial do setor de jóias e gemas re-
9 de julho (leia box) na Capital.
cém-firmado entre o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM)
Há três décadas, as peças produzidas pela empresa despontam pela qua-
e a Apex-Brasil deve potencializar ainda mais os negócios. “Os compradores
lidade e originalidade. “A marca é pioneira em adaptações. Fazemos tudo o que
internacionais puderam verificar na Feninjer o grande diferencial das jóias
for viável”, garante Carolina, há 18 anos no ramo, ao lado da mãe e da irmã,
brasileiras: o design. Em todos os contatos que tive com jornalistas e com-
Paola, também graduada em Design Industrial pela Universidade Mackenzie
pradores a opinião foi de que as coleções são criativas, inovadoras e têm
(SP). A versatilidade das composições tornou-se o grande diferencial das jóias
design único”, comenta a gestora do projeto na APEX-Brasil, Glauce Falco,
Ruth Grieco. “O cliente pode comprar as peças avulsas e montar, por exemplo,
referindo-se à 45ª Feninjer – Feira Nacional da Indústria de Jóias, Relógios e
o seu brinco personalizado”, explica Carolina.
Afins, realizada em agosto.
Esta componibilidade das peças demonstra que a criação de jóias requer
É neste mercado que atua a designer Carolina Grieco Carioni, uma das
muito mais do que inspiração. “É preciso avaliar formato, ergonomia e merca-
responsáveis pelo sucesso das jóias que levam a assinatura da catarinense
do, verificando a viabilidade”, ensina ela, que se especializou em gemologia ÁREA | SETEMBRO 2007 | 43
FOTOS: DIVULGAÇÃO
BEMFEITO com um dos maiores especialistas do País, o professor Ruy Ribeiro Franco
lança duas coleções por ano exclusivamente para a Denoir, uma das maiores
(USP), doutor em ciências, com diversos livros publicados sobre o tema. O
indústrias do País, e vende suas peças para o mundo inteiro. Com escritório
sucesso da marca, com peças vendidas no mundo inteiro, está na combinação
na avenida Oscar Freire, em São Paulo, onde só atende com hora marcada, a
entre técnica, arte, inspiração na natureza e brasilidade. Sementes, pedras
marca se propaga com ajuda da internet. “O site populariza e facilita o acesso,
genuinamente brasileiras, diamantes, pérolas e ouro formam a matéria-prima
mas a nossa principal propaganda continua sendo o no boca-a-boca”, garante
da empresa. E na terra natal, Florianópolis, Ruth Grieco, hoje radicada em
Carolina. Apesar da evolução do mercado de jóias, o setor de embalagens ain-
São Paulo, também encontra inspiração. “É aqui que minha mãe recarrega as
da não se especializou neste segmento. “Importamos a maioria. As maiores,
baterias”, revela Carolina, paulista, mas residente na capital catarinense há
precisamos mandar fazer, assim como as fitas e os cartões. Necessitamos que
11 anos. Peixes, ostras e conchas renderam criações únicas e espetaculares.
tudo tenha a mesma ‘cara’ das nossas jóias”, conta.
Motivos africanos, animais e cores intensas também marcam as jóias Ruth Grieco. “Os estrangeiros pedem o design brasileiro”, comemora. E o resultado vem impressionando não só pelos prêmios conquistados, como IF Design Awards 2006, quatro edições do Tahitian Pearl Trophy, 1º Fórum AngloGold de Design 2002, Tanzanite Foundation 2006, entre outros. A empresa
Colar ‘Labaredas da Paixão’, executado em citros brasileiros, pérolas do Taiti e diamantes, uma das peças premiadas de Ruth Grieco, na foto ao lado entre as filhas Carolina e Paola, ambas designers 44 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Mercado em ascensão O Brasil é pólo de exportação para 40 países. Os principais compradores das jóias nacionais são os Estados Unidos, representando 36% das vendas, seguidos da Alemanha, com 9%, e Israel, com 4%. A expectativa para este ano é que as exportações de toda a cadeia produtiva do setor joalheiro cresçam 25% e as de jóias em ouro, 20%. De acordo com dados do IBGM, o Brasil está entre os 30 maiores fabricantes de jóias em ouro, ocupando a 23ª posição – com produção de 18 toneladas em 2006. O líder absoluto é a Índia, com 544 toneladas, seguida pela China, com 245, e pela Itália, com 218 mil quilos. Entre os consumidores de jóias em ouro, o Brasil figura na 17ª posição, com consumo de 30 toneladas em 2006. No topo da lista, está novamente a Índia, com 521 toneladas, seguida pelos Estados Unidos, com 309.
Panorama Brasil Indústrias: Lapidação / Obras de pedra – 850 empresas Joalheria ouro e prata – 730 empresas Folheados de Metais Preciosos – 590 empresas Varejo: 16.000 empresas Faturamento estimado em 2006: 2,6 milhões de dólares Produção primária: 48 toneladas Consumo industrial: 26 toneladas Exportação: 27 toneladas Fonte: IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos)
Acima, peça da coleção Blue Ocean, inspirada na Ilha de Santa Catarina, executada em ouro branco 18ct com diamantes brancos e negros. Ao lado, pulseira da mesma coleção, em ouro amarelo 18ct, pérolas do Taiti e diamantes; e anel em ouro amarelo 18ct, peridotos e diamantes, da coleção Cores do Brasil
Concurso catarinense O 1º Concurso Catarinense do Criador de Jóias é uma iniciativa da Associação
O júri, composto por profissionais do segmento e também do setor
Comercial e Industrial de Florianópolis – Regional da Lagoa da Conceição,
acadêmico, apontará entre 10 e 15 finalistas, os quais terão até o dia 9
da Editora Escola 2000 Jóias e da Escola Arte Ofício Florianópolis. O obje-
de novembro para encaminhar suas peças. Haverá premiação para os três
tivo das instituições é divulgar e reconhecer o trabalho destes profissionais
primeiros colocados, entregue durante o evento que será realizado no dia
e fortalecer a imagem da capital catarinense como um centro de design de
23 de novembro. Entre os prêmios estão conjuntos de pedras preciosas e
jóias. Os candidatos podem concorrer com até três peças inéditas, em foto
de ferramentas. Todos os trabalhos finalistas serão expostos numa mostra,
ou desenho, que tenham a praia como tema – uma forma de homenagear a
ainda sem data definida. Mais informações: (48) 3232-0185 e regionalla-
Ilha de Santa Catarina.
goa@acif.org.br ÁREA | SETEMBRO 2007 | 45
EMEXECUÇÃO
Arquitetura
Passageiro, transitório, mas nada superficial. Projetar estandes, showroom, vitrines e ambientes de mostras de decoração requer um programa de necessidades específico e um rígido controle sobre materiais, fornecedores e prazos. Para a criatividade, porém, não há limites
CRIAR CENÁRIOS, convidar ao sonho, à fantasia. É crescente a valorização
de arte, a preocupação é apresentar a obra da melhor maneira possível, tomando
da arquitetura efêmera entre quem deseja provocar sensações. A atividade,
cuidado com temperatura, iluminação e umidade para não danificar a peça. Já
antes restrita às mostras de decoração, tornou-se indispensável em eventos
em uma festa, onde as pessoas se reúnem principalmente para beber, imagi-
como forma de traduzir conceitos, permitir a interatividade e simular reali-
na-se que muitas estarão alcoolizadas, situação que define algumas medidas
dades. Não se trata apenas de um elemento de diferenciação estética, mas
de precaução”, exemplifica Roberta, citando a instalação de chopeiras a uma
também – e principalmente – de uma estratégia comercial.
distância segura do público, a criação de uma área livre no centro do pavilhão
“Coisa em si inexiste. Só existe o que se sente”. Esta frase, do poeta e
para se evitar tropeços no meio da multidão, a fixação da decoração de teto a
músico Arnaldo Antunes, norteia o trabalho da arquiteta e designer Emanuella
uma altura que o público não a alcance e a garantia de que toda a cenografia ao
Wojcikiewicz, experiente em arquitetura efêmera e premiada, por duas vezes,
próxima ao público esteja muito bem fixada. Estes foram os cuidados tomados
por ambientações realizadas na Fenaostra, na Capital. Uma arquitetura tem-
por Roberta no ano passado, quando ela participou do projeto executivo e da
porária, acredita, cria um efeito simbiótico entre o usuário e quem a projeta. E
montagem da Oktoberfest, em Blumenau.
o mercado já assimilou isso, na sua avaliação. “A busca pelo entretenimento é
Apesar do caráter provisório, alguns cenários têm de ter longa vida útil.
peculiar ao ser humano, que deseja novas experiências sensoriais. As grandes
“Muitas exposições são itinerantes e, nestes casos, é importante preocupar-se
empresas estão percebendo a importância disto, de possibilitar aos consumi-
com a adaptação do projeto a outros espaços e com o transporte, projetando
dores, quaisquer que sejam, locais respeitáveis que possam ser bem utilizados
peças moduladas e evitando elementos muito grandes ou muito delicados, que
para troca de informações e interatividade”, complementa.
possam ser danificados”, ensina Roberta. O arquiteto Alcides Theiss, do escri-
O principal diferencial deste tipo de projeto está na liberdade criativa dos
tório Theiss Girardi Arquitetura e Interiores, já passou por isso quando projetou
profissionais. “Enquanto a construção civil exige estabilidade e durabilidade de
um estande para a Personal Glass, ao lado da sócia, a arquiteta Rosane Girardi.
seus materiais, pois uma casa é construída para durar décadas, a montagem
“Num espaço de 15 m2, criamos área de apoio e de atendimento exclusivo, com
de um espaço efêmero nos permite experimentar materiais menos ‘definitivos’.
assoalho e escada de vidro, cobertura de vidro e parede de espelho”, conta. E
Deve-se levar em conta que dentro de alguns dias, ou meses, ele será desmon-
toda esta estrutura foi planejada para ‘excursionar’ pelo País em diversas fei-
tado e seus materiais, provavelmente, reutilizados em outros projetos efêmeros”,
ras. Em eventos, os estandes precisam traduzir o conceito da empresa, a sua
considera a arquiteta Roberta Bertini Viegas, que cursou o Master Arquitectura,
identidade visual. O objetivo é atrair olhares, despertar curiosidade, estimular
Arte y Espacio Efímero da Fundació Politècnica de Catalunya, em Barcelona. Ou-
a visita e impulsionar os negócios. E o programa de necessidades é extenso,
tro diferencialestá, sem dúvida, no programa de necessidades. “Numa exposição
envolvendo, inclusive, elementos de marketing para atender a um objetivo, na
46 | ÁREA | SETEMBRO 2007
FOTOS: DIVULGAÇÃO
efêmera
Muitos projetos têm de ser feitos para durar como este estande com piso e cobertura de vidro, projetado pelo escritório Theiss Girardi, para excursionar pelo País, em feiras do setor
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pessoa para o espaço e, se ela se interessar em entrar, onde vai ficar? Uma visita num estande, por exemplo, não costuma durar mais de 5 minutos. Porém,
FOTOS: DIVULGAÇÃO
EMEXECUÇÃO
maioria das vezes, comercial. “É preciso contemplar algumas coisas: atrair a
aqueles que ficam mais tempo, precisam ser paparicados e temos de reservar um espaço especial para este atendimento exclusivo”, afirma Alcides. Nas mostras de decoração, o importante é apresentar as possibilidades de aproveitamento de espaços, de misturas de materiais e as tendências. É a representação da criatividade, do talento e da técnica daquele profissional. É a chance de apresentar para o público o que o arquiteto, decorador ou designer é capaz de fazer. Com larga experiência em arquitetura efêmera, Alcides e Rosane apostam nas mostras como uma política do escritório. “É uma oportunidade única para que 15, 20 mil pessoas conheçam o nosso trabalho, num período de mídia intensiva. Ainda oferece a possibilidade das pessoas verem, sentirem as texturas, perceberem as nuances e refletirem sobre possíveis adaptações para a sua casa”, avalia Alcides, que soma seis edições da mostra Casa Nova e quatro da Casa Cor. E este investimento é incentivado pelo arquiteto Abreu Jr., coordenador das mostras Casa Nova e Casa & Cia, ambas realizadas pelo Grupo RBS. Ele participa de mostras desde 1995, quando foi expositor do primeiro evento do gênero em Florianópolis, a Casa Arte. “Acho que é uma maneira elegante do profissional expressar seu trabalho, trocar idéias com os colegas e instigar o mercado a responder com soluções que, às vezes, não tinham sido pensadas ainda”, avalia. Entretanto, ele espera mais ousadia nos projetos. “Os espaços das mostras devem ser encarados pelos profissionais muito mais como lançamento de conceitos e eles têm de se sentir mais à vontade, livres para não ter que responder apenas ao mercado”, enfatiza. Para ele, os arquitetos, decoradores e designers
Ambientações com ‘cara’ de realidade, como o dormitório, no alto.
de interiores mais ousados atraem mais curiosos para os seus ambientes. “Um
Acima, projeto da arquiteta Roberta Bertini para a exposição SP3D
exemplo é uma exposição que acabo de visitar em Paris, na loja Louis Vuitton,
- A cidade em três dimensões, realizada no MASP. Abaixo, evento de
onde o acesso se dá por um elevador completamente escuro. São três minutos
inauguração de um cinema no Floripa Shopping, em Florianópolis,
de subida e de reflexões: para onde vamos? Onde queremos chegar?”, exempli-
com cenografia assinada pela arquiteta Emanuella Wojcikiewicz
fica Abreu Jr., um entusiasta da arquitetura efêmera.
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NOMERCADO Puro design Uma coleção inspirada, de puro design. Os novos estofados e poltronas da catarinense Officeform trazem a assinatura do escritório paulista de design Nada se Leva, em composições “originalmente brasileiras”. As peças associam conforto e beleza. Destaque para a elegante poltrona Lolla, inspirada na silhueta feminina, e para o versátil sofá Ce, cujos braços podem ser transformados em pufes ou mesas de apoio. A Officeform é vendida com exclusividade pela Studio Ambientes.
Acabamento original A Móveis Vogue aproveitou a mostra Casa Nova, em Florianópolis, para lançar um acabamento exclusivo: o Placcato. São painéis laminados em madeira, produzidos a partir de árvores de reflorestamento, que oferecem uma experiência sensorial única. O processo de desgaste da fabricação ressalta os veios naturais do material, desenhos são formados ao longo dos ciclos de
FOTOS: DIVULGAÇÃO
crescimento de uma árvore durante o ano.
50 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Alto desempenho As esquadrias de PVC, largamente utilizadas na Europa e nos Estados Unidos, vêm ganhando espaço no mercado brasileiro. Sua eficiência térmica e acústica supera a de outros materiais utilizados na fabricação de portas e janelas, como aço, alumínio e madeira. Para potencializar suas características, o recomen-
Fibra de bananeira A coleção outono/inverno da Saccaro traz uma inédita combinação de materiais na linha Abraccio. Madeira e fibra de bananeira foram conjugadas em poltronas, sofás de dois e três lugares e em mesas, de centro e lateral. Os móveis, criados pelo Studio Saccaro, apresentam um exclusivo trançado artesanal da fibra.
dável é instalar vidros duplos, com câmara interna de ar. A Ultrapvc, com fábrica em Florianópolis, oferece as mais variadas opções, inclusive para grandes vãos, como na foto.
Segurança total Proteção de forma simples. A Kupka Representações oferece em Santa Catarina a fechadura Mul-T-Lock Multi Ponto, com travamento em dez pontos simultâneos acionados por apenas uma chave interativa. O produto tem pinos de travamento em aço e cilindro de alta segurança.
ÁREA | SETEMBRO 2007 | 51
NOMERCADO
TEXFAIR 2007
Design
em Blumenau, 245 expositores que apresentaram as novidades das indústrias de confecções, cama,
surpreenderam pelo design na coleção 2007. A
A oitava edição da Feira Internacional da Indústria Têxtil (Texfair) reuniu, de 29 de maio a 1º de junho mesa, banho e tecidos para decoração. A revista ÁREA esteve lá e apresenta, aqui, alguns destaques.
As almofadas da Casa Bela, de Holambra (SP), linha Bordados traz peças em tafetá, com aplicações em sutache, nos mais diferentes desenhos e combinações de cores.
A Karsten inovou com sua nova coleção, oferecendo peças com temas e tendências para todos os estilos. A linha Finesse Maison traz delicados bordados em renda aplicados no próprio tecido e acabamento especial, como no jogo de cama Renascence, no mais puro cetim de algodão 250 fios.
Cristais A catarinense Döhler firmou parceria com a Crystallized – Swarovski Elements e acaba de lançar um glamouroso kit de
Charme A grife paranaense Giuliana
produtos de banho. São toalhas de banho e rosto e conjunto de
Home levou à feira a sua
roupões adornados com os famosos cristais austríacos.
coleção Viena, elaborada em percal egípcio branco 400 fios, 100% algodão. As peças têm aplicação de renda prata e de paetê levemente furta-cor.
52 | ÁREA | SETEMBRO 2007
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Sofisticação
Fibra de bambu A Teka inseriu as fibras de bambu em sua nova coleção de jogos de cama, atendendo às tendências mundiais de sustentabilidade. As fibras naturais, biodegradáveis, são utilizadas em 40% da composição dos produtos, complementada por fibra de algodão. O resultado é conforto e saúde, já que o bambu tem propriedades antibacterianas.
Alto padrão Há um ano no mercado, a portuguesa Diletto Casa esteve representada na feira, apresentando suas coleções de artigos de cama e banho de alto padrão. As peças são produzidas em percal 100% algodão e recebem tratamento de aloe Vera, jojoba e vitamina E para proporcionar um
sono
tranqüilo. A linha Hypnotic, traz o clássico branco e os modernos tons turquesa.
Sono saudável A Altenburg amplia a coleção Vida & Saúde e lança uma linha completa de produtos sobre o tema. Além dos travesseiros, passa a produzir agora edredons, colchas e protetor de colchão com a aplicação de íons de prata, de ação antibacteriana.
ÁREA | SETEMBRO ÁREA 2007 | ABRIL 53 2006 | 53
FOTOS: DIVULGAÇÃO
A catarinense Officeform uniu-se ao estúdio paulista de design Nada Se Leva para lançar uma inspirada coleção de estofados. São sete sofás e três poltronas desenvolvidos pelos designers André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro e executados pela indústria de móveis, com fábrica em Santo Amaro da Imperatriz. O lançamento foi feito em alto estilo na Mostra bem (estar) no Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo no dia 12 de junho. A nova linha pode ser conferida, com exclusividade, na loja Studio Conceito, no shopping Casa & Design, em Florianópolis, inaugurada no dia 13 de setembro. O designer Guilherme Ribeiro entre os empresários Alfredo Vanelli, Hélio Vanelli, Fernando Fernandes e seu sócio André Bastos (D)
Prêmio Profissional 2007 FOTOS FABRÍCIA PINHO/DIVULGAÇÃO
FATOS&FEITOS
Parceria pelo design
Novidades em Joinville O Núcleo de Decoração de Joinville (NDJ) prepara novidades para a próxima edição do Programa de Incentivo – 2007/2008, como ampliação das faixas de premiação para integrar o profissional iniciante e/ou recém-formado. A entidade também firmará parceria com uma instituição de ensino para oferecer cursos de pós-graduação em Design de Interiores a empresários e funcionários das 30 lojas associadas. “Estamos, ainda, programando uma campanha para o consumidor final, para divulgar os valores
O Núcleo Catarinense de Decoração promoveu, no
empresariais das lojas que pertencem ao
dia 4 de julho, a 8ª edição do Prêmio Profissional
NDJ”, acrescenta Rogério Luiz de Siqueira,
2007, homenageando os 27 arquitetos, decorado-
diretor de marketing da entidade.
res e designers que mais se destacaram no período. Na classificação geral, a arquiteta Patrícia Volpato e o escritório Robson Nascimento Arquitetos, representado no evento pela arquiteta Cristina Bez, conquistaram o primeiro lugar nas categorias Individual e Escritório, respectivamente. Os arquitetos Giovani e Taís Bonetti levaram o Troféu Fidelidade, por terem prestigiado o maior
Nazari. No total, foram distribuídos 27 troféus, 11,2
No alto, Marcelo Martinez, presidente do
número de lojas associadas. A dupla também con-
mil dólares em bônus-viagem, 2 passagens para
Núcleo, entre as arquitetas Cristina Bez e
quistou a segunda colocação geral na categoria
o Nordeste e milhares de pontos para a próxima
Patrícia Volpato (D). Acima, os arquitetos
Escritório. Na regional de Balneário Camboriú, as
edição do programa, que já teve inicio no dia 1º
Giovani Bonetti e Taís Marchetti Bonetti com
vencedoras foram as arquitetas Suâmi Pedrollo e
de junho. Cerca de 750 profissionais participaram
a vice-presidente da entidade, Rosa Rigon.
Simara Mello, da Companhia Design, que também
desta oitava edição do programa de relacionamen-
chegaram ao terceiro lugar na classificação geral.
to, totalizando em torno de R$ 25 milhões em com-
A regional de Blumenau, recentemente inaugura-
pras nas 45 lojas associadas – um crescimento de
da, homenageou o seu destaque: a arquiteta Dinah
45% em relação à edição anterior.
54 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Inspiração é a palavra que define a campanha da marca Evviva Bertolini, que inaugurou show
À esquerda, no alto, Henrique Bertolini,
room em Florianópolis em junho, no Shopping
diretor comercial da Evviva Bertolini;
Village Décor. A empresária Saviany Monteiro
Rodrigo Lucas e Saviany Monteiro Lucas,
Lucas está à frente da loja de mobiliário sob
proprietários do novo showroom; e Daniel
medida que nasceu há 37 anos em Bento Gon-
Bertoloto, supervisor regional da Evviva
çalves, pólo moveleiro do Rio Grande do Sul. A
Bertolini. Abaixo, time de arquitetos
marca traz móveis personalizados e projetos
presentes na inauguração: Ivonei Assunção,
exclusivos com acessórios importados, como
Rosemary de Souza, Jackson Medeiros e
ferragens austríacas e gavetas italianas.
amiga, e Silvya Caprário
Nelson Alexandrino, Celso e Lúcia Mendonça, Alfredo Vanelli e Kátia de
Quando você encontra em um só lugar.
FOTOS LUIZ GEREMIA/DIVULGAÇÃO
Menezes Niehbur
Solucão
FOTOS LUIZ GEREMIA/DIVULGAÇÃO
Novo showroom
Clube do Profissional Casa & Design O prêmio fidelidade 2008 do Shopping Casa & De-
a decoradora Kátia Menezes, premiada com uma
sign foi lançado no dia 28 de agosto, com um gran-
viagem a Buenos Aires.
de evento no próprio empreendimento, na Capital.
Localizado na rodovia SC 401, o Casa & Design
Em seu terceiro ano, a promoção irá premiar, com
aposta no conceito de fidelização dos profissionais
viagens à África do Sul, os dois profissionais que
às suas 16 lojas especializadas no setor de deco-
mais pontuarem. Na oportunidade, o Casa & Design
ração. “O cartão fidelidade é um atrativo, e reflete
realizou a premiação dos 20 vencedores do Clube
o nosso pensamento de valorizar o cliente”, explica
do Profissional 2007. O arquiteto Nelson Alexan-
o proprietário, Celso Mendonça Furtado, comemo-
drino conquistou o primeiro lugar, garantindo uma
rando o crescimento de 20% nas vendas desde a
viagem a Londres. A segunda colocação ficou com
implantação do prêmio.
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FATOS&FEITOS
Poltrona giratória Rodhes, com estrutura em alumínio e revestimento
FOTOS: DIVULGAÇÃO
em junco trançado a mão
Dê vida aos seus projetos.
Aposta em Floripa A capital catarinense é a mais nova aposta da Amazônia Fibras Naturais, especializada em móveis de junco, rottin, imbé, tucum e tupari, matérias-primas certificadas pelo Ibama. A empresa, fundada há 27 anos, acaba de inaugurar loja em Florianópolis, no shopping Casa & Design. Para o empresário Jean Alphonse, que saiu de São Paulo para investir no mercado catarinense acreditando no crescimento do consumo de alto padrão aliado à preservação ambiental, “Santa Catarina traduz a beleza e o respeito pelas riquezas naturais do Brasil, valores que são a essência da marca”. Na loja há também peças tramadas com fibras sintéticas.
personal render
Arquitetos consagrados A vizinha Itajaí foi sede da Mostra Casa Nova & Cia, realizada no Cassini Hall de 6 de julho a 5 de agosto. No total, 27 ambientes apresentaram os melhores
Maquetes eletrônicas internas e externas.
trabalhos de arquitetos, decoradores e designers da região, em uma iniciativa
Visualizações arquitetônicas em 3D.
da parceria do Jornal de Santa Catarina e do Diário Catarinense. Paralelamente
Orçamentos descompromissados.
à exposição, palestras com os designers Guto Indio da Costa, Sérgio Fahrer e Marcus Ferreira agitaram o evento.
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Espaço Parador de Design, projetado pelas arquitetas Letícia Crestani e Sabrina Schmitz
Produzido pela Tecnologia Automotiva Catarinense, o Stark tem design da Questto
Made in Santa Catarina O jipe Stark 4WD Flex, produzido em Joinville e apresentado ao mercado em ou-
O desenvolvimento do Stark 4WD Flex exigiu 28 mil horas de pesquisa. A
tubro de 2006, será lançado comercialmente a partir deste segundo semestre. O
Questto Design, que disponibilizou 14 dos 20 profissionais envolvidos no pro-
veículo é o primeiro off-road do País com motor bicombustível, que foi fornecido
jeto, foi responsável pelo estilo, pela integração de componentes mecânicos e
pela Volkswagen. Produzido pela TAC (Tecnologia Automotiva Catarinense), o
pelo gerenciamento de fornecedores e serviços do projeto. Para a simulação
Stark tem design inovador, assinado pela paulista Questto, tecnologia de ponta
dos componentes do veículo, a TAC dispôs do software de Desenvolvimento
e alta performance. A TAC, sociedade anônima de capital fechado criada em
Virtual de Produtos (VPD), criado pela MSC Software e Engenharia, principal
2004, planeja produzir uma média de 12 veículos por mês, chegando a 100 em
fornecedora deste tipo de ferramenta para as melhores e maiores montadoras
três anos. A lista de interessados em adquirir o off-road já registra 340 nomes.
do planeta.
Bom gosto e iluminação. Segredos de um belo ambiente. As mais novas tendências do design de luminárias estão a sua disposição no Ponto da Luz. A variedade de modelos e de formas atende a todos os estilos e preferências. Toda linha de materiais elétricos, das melhores marcas, garantem longa vida a suas instalações. Venha conhecer o Ponto da Luz e ilumine-se.
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FATOS&FEITOS
Programa de relacionamento A Formaplas Cozinhas escolheu Santa Catarina para homenagear os vencedores do Sistema de Informação e Gestão de Negócios (SIG), o programa de relacionamento da marca. No dia 23 de junho, os 15 contemplados foram anunciados num evento realizado no Bistrô D´Acampora, em Florianópolis. O grupo ainda visitou a fábrica, em Palhoça, e a mostra Casa Nova. O primeiro colocado nacional foi o arquiteto paulista João Armentano, contemplado com uma viagem a Paris. Giovani Bonetti, de Florianópolis, e Ana Sandrini, de Balneário Camboriú, os únicos catarinenses na lista, foram premiados com um palmtop.
Inaugurado Casa Hall Shopping Abriu as portas ao público no dia 3 de agosto o Casa Hall Shopping, em Vale do Itajaí. O empreendimento, com 6 mil m2 de área útil, conta com as lojas Breithaupt Materiais de Construção, Peg & Faça Bricolagem, Algardi Casa, Kaizz Tapetes e La Luce Iluminação.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Balneário Camboriú, com a proposta de ser um referencial do setor no
A arte será sempre a base da arquitetura e dos melhores objetos de decoração
AT E L I E R
DE
ARTE
Pintura a óleo e acrílica, desenho de observação e artístico, mosaicos e reciclagem de materiais e de objetos. Projetos sob encomenda. Cursos para adultos e crianças em todos os períodos. Exposição permanente.
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Clube ganha Plano Diretor O Tabajara Tênis Clube, sediado em Blumenau, está ganhando um Plano Diretor desenvolvido por uma equipe formada por três escritórios de arquitetura, o qual indicará diretrizes para o crescimento ordenado e sustentável da instide se criar um Plano Diretor definitivo para ordenar definitivamente o crescimento do clube, além de proporcionar segurança aos associados”, afirma o presidente, Otávio Margarida. Entre os projetos estão os do novo estande de tiro e das quadras de squash, desenvolvidos pelos arquitetos Osvaldo R. Segundo de Oliveira, Daniela Pareja Garcia e Christian Krambeck, do escritório Terra Arquitetura e Planejamento. As obras devem ser realizadas este ano. Para o estande de tiro, o concreto foi escolhido como material predominante por proporcionar a segurança e a acústica apropriada.
JOEL PACHECO/DIVULGAÇÃO
tuição secular, fundada em 1859. “Contratamos o projeto face à necessidade
Hercílio Luz O arquiteto e fotógrafo florianopolitano Joel Pacheco desenvolveu uma ligação de amor com a ponte Hercílio Luz, cartão postal da capital catarinense. Amor que ficou evidente na exposição fotográfica que promoveu, em maio, na Biblioteca Pública, com 40 imagens de diversos ângulos da ponte. “A finalidade foi realçar este importante marco tecnológico da engenharia em Santa Catarina e homenagear os profissionais e operários, que estão se dedicando em recuperar e preservar este importante patrimônio histórico catarinense”, argumenta. Com 821 metros de extensão, 28 vãos, duas torres principais e 12 secundárias, a ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926, foi projetada pelo engenheiro norteamericano David Barnard Steinman e construída pela firma norte-americana Buington & Sundstrom. Interditada em 1991, está sendo recuperada e deve ser liberada para o tráfego de veículos até 2010, de acordo com o Deinfra. Até agora, 38% do cronograma das obras está concluído.
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Projetos de grandes nomes da Arquitetura catarinense estarão reunidos em uma só publicação, o Anuário de Arquitetura 2007, que será lançado pela Revista ÁREA em dezembro. Com alta qualidade editorial e gráfica, o Anuário será comercializado em bancas e livrarias especializadas, apresentando aos leitores a importância da intervenção do Arquiteto para a garantia do resultado esperado. Dezenas de profissionais já reservaram seus espaços e muitas marcas já garantiram presença. Não perca esta oportunidade!
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
ATELIÊ “A PINTURA FAZ PARTE DA MINHA VIDA, não consigo fazer outra coisa que não
Janeiro e em Curitiba, mas voltou à capital catarinense em 1972 e fincou raízes.
seja isso”. Vera Sabino está entre os expoentes das artes plásticas de Santa
Três anos depois, participava da fundação da Associação Catarinense de Artis-
Catarina. Produtiva e sistemática, pinta quase todos os dias, sempre inspirada
tas Plásticos (ACAP). Com obras no acervo do Museu de Arte de Santa Catarina,
na cultura açoriana. Expressa em suas telas, de forma inigualável, a religiosi-
Vera levou a cultura catarinense também para além mar em suas exposições
dade, os personagens e as lendas de Florianópolis, sua terra natal. Nascida em
em Portugal (2004) e na França (2004 e 2006). “Para mim, Vera Sabino é uma
1949, Vera começou a pintar aos oito anos incentivada por um tio, amante da
das mais importantes pintoras de Santa Catarina, a legítima representante da
pintura, que lhe presenteou as tintas. Aos quatorze, em Brasília, conquistou o
nossa cultura”, afirma a marchande de tableaux Helena Fretta, cuja galeria
primeiro dos muitos prêmios que viria a receber. Vera morou também no Rio de
recebeu uma das mais recentes exposições da artista na capital catarinense.
60 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Rendeiras de Santo Antônio de Lisboa (1,00 X 0,70m). Na página anterior, Rendeira (0,40X0,50m). A técnica utilizada é a “pintura acrílica sobre eucatex”
Imagem de arquitetura digital da NGM Consultoria
ÁREA | SETEMBRO 2007 | 61
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