anos
10
edição de aniversário
Ano X nº 40 | Dez 2012 | Jan / fev 2013
www.artestudiorevista.com.br
ARQUITETURA & ESTILO DE VIDA
A LETRA H Casa é projetada com a inicial do cliente PARA DEGUSTAR Reforma transforma casa em
cafeteria
TUDO EM SEU LUGAR
80m2 muito bem aproveitados CASA DE PRAIA Sofisticação à beira mar
AMPLOS BEIRAIS
residência tira partido dos elementos tradicionais
LISTA COM OS
10+
Profissionais e produtos da década
VIDA NOVA, CASA NOVA Projeto de apartamento para recém casados
DE CASA NOVA A beleza do projeto de um escritório
de arquitetura
E +: Nova seção falando sobre urbanismo, nosso Acervo e como João Pessoa Mudou nesses 10 anos
SUMÁRIO
Dez 2012 / Jan / Fevereiro 2013
DICAS & IDEIAS 32 AMBIENTAÇÃO
O sucesso que as varandas gourmet vêm fazendo
106 A HISTORIA DE...
Conheça mais sobre o brasileiríssimo cobogó
CONHEÇA 18 LIVRO
Vida urbana e meio ambiente em harmonia: Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes
24 Grandes arquitetos
ARTIGOS
Paulo Mendes da Rocha, um brasileiro vencedor do Pritzker
VISÃO PANORÂMICA 12
Amélia Panet analisa as intervenções em comunidades já existentes
URBANISMO 14
Rossana Honorato fala do direito ao espaço digno
VÃO LIVRE
16
102 ACERVO
A história da arquitetura paraibana nas páginas da ARTESTÚDIO
112 ARQUITETURA E ARTE
O mundo virtual de Tron – Uma Odisséia Eletrônica e Tron – o Legado
Incerteza e desproporção na “arquitetura adolescente”
116 VIAGEM DE ARQUITETO OPINIÃO PROFISSIONAL
17
ENTREVISTA
20
Felicitações aos 10 anos da Artestudio
ENTREVISTAS Isac Rozenblatt fala sobre o futuro da iluminação
CONVERSA FRANCA 126
Francisco Oliveira fala de sua eleição para o CAU
SOCIEDADE
50
94 ESPECIAL
Os dez mais em seis categorias, segundo a nossa redação
110 REPORTAGEM
As mudanças em João Pessoa nestes últimos dez anos
120 EXPRESSÃO NACIONAL
Destaque em dois filmes este ano, W.J. Solha afirma múltiplos talentos
125 ESTILO DE VIDA Alice Fernandes, elegância com estilo
Os encantos de Copenhague, Oslo e Estocolmo, na Escandinávia
ARQUITETURA E ESTILO DE VIDA ARTESTUDIO - ANO X - Dezembro 2012
EXPEDIENTE Diretora/ Editora Geral- Márcia Barreiros Editor Responsável - Renato félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda, Débora Cristina,
Neide Donato, Renato félix , Thamara Duarte e Wendell Lima
Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e diagramação - George Diniz / Welington Costa fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, MB, Cácio Murilo e Vilmar Costa Assist. produção - Túlio Madruga Impressão - Gráfica JB
QUEM SOMOS
PROJETOS NACIONAL
28
Homenagem a Oscar Niemeyer
SENTINDO A BRISA DO MAR 36
Leonardo maia traz sofistição a uma casa de Praia
DE PORTAS ABERTAS
42
Projeto de apartamento por Márcia Barreiros para recém casados
COMEÇA COM H 50
A inicial do cliente foi o ponto de partida para a casa projetada por Erick Figueira de Mello
TUDO NO LUGAR
58
Larissa e Suellem deixam um pequeno apartamento muito bem organizado
A VIDA É DOCE 66
Monique Barros e Tieta Maia reformaram uma casa para transformá-la em uma cafeteria
BENEFÍCIOS DA ESQUINA
70
Projeto de Vera Pires e Roberto Ghione aproveita o pé-direito alto e a ventilação
CAPA
76
Sandra Moura apresenta seu novo escritório, projetado por ela Nossa Capa: Edição especial 10 anos Proj. Sandra Moura Foto Cácio Murilo
ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.
ILUMINAÇÃO 88
Daniel Muniz se utiliza dos conceitos de sustentabilidade para projeto de iluminação
ONDE NOS ENCONTRAR Contato : +55 (83)
3021.8308 / 9921.9231
c o n t a t o a r t e s t u d i o @ y a h o o. c o m . b r c o n t a t o @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r d i r e t o r i a @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000 @revARTESTUDIO Artestudio Márcia Barreiros
www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos
TRANSFORME SUA CASA . M U D E S UA V I DA .
83 3246-7994
AV. E D S O N R A M A L H O , 1 0 6 1 • M A N Í R A • J O Ã O P E S S O A • P B
W W W. M A R E L .C O M . B R
EDITORIAL
MUITOS DEz ANOS À fRENTE A ARTESTUDIO que você tem agora em mãos, leitor, é uma edição que deixou todos na redação com muito orgulho. Não só pela edição em si, que fizemos com o afinco que sempre temos, a vontade de levar até você informação e entretenimento de primeira em torno do mundo da arquitetura, ambientação e design. Mas porque atingimos esse marco importante que são os dez anos de publicação da revista. Dez anos, bem entendido, descontado o período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2003, em que ela não foi publicada. A ARTESTUDIO surgiu em 2000, editada por Carla Visani, com a equipe formada por Rino Visani na fotografia, George Diniz na programação visual e Márcia Barreiros na direção. Em seu retorno, teve as jornalistas Luciana Oliveira e Socorro e Silva como editoras. E, depois, Renato Félix passou a ser o editor, cargo que ocupa até hoje. Somando só o período de publicação, os dez anos que preferimos comemorar nesta edição. Muita coisa aconteceu nessa década e a ARTESTUDIO agradece a cada um dos seus colaboradores nesta longa estrada. E um agradecimento especial vai para os colaboradores desta edição comemorativa, que você pode conhecer nesta página. E, claro, agradecemos também a você, leitor, razão pela qual a ARTESTUDIO existe e procurar sempre ser uma publicação útil e agradável neste segmento. Mais (muitos) dez anos nos esperam.
Márcia Barreiros
Editora geral e diretora executiva Colaboradores desta edição
PS: Mesmo com uma edição comemorativa, não podemos deixar de falar da morte do maior gênio da arquitetura brasileira: Oscar Niemeyer. Fazemos uma homenagem ao mestre nas páginas 28, 29 e 30.
ARTESTUDIO
George Diniz Diretor de arte
Alex Lacerda Jornalista
Renato Félix Editor responsável
Débora Cristina Jornalista
Neide Donato Jornalista
Wellington Costa Cácio Murilo Prod. e diagramador Fotógrafo
Thamara Duarte Jornalista
Wendell Lima Jornalista
Diego Carneiro Fotógrafo
Amélia Panet Colunista
Túlio Madruga Assist. produção
Rossana Honorato Colunista
VISÃO PANORÂMICA
UM TOQUE NO EXISTENTE
Teleférico do Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, contribuindo para a acessibilidade das comunidades
A
inda me surpreendo como em pleno século XXI, com cidades complexas e heterogêneas, realidades diversas e dinâmicas, ainda encontramos projetos com conceitos anacrônicos impregnados de um ideal de transformação do homem e da cidade apenas pela arquitetura. São “reordenamentos fisicoespaciais” do tipo arrasa quarteirão, daqueles que destróem o existente de parte de nossa cidade informal e, incrusta nesse “vazio urbano” um retalho da cidade formal, com sua “arquitetura salvadora”. O que mais me assusta é perceber que realmente os colegas acreditam que esta é a solução certa para as mazelas que assolam a parte informal da nossa cidade e, a maioria não percebe que tais soluções disseminadas por práticas e teorias, ditas renovadoras alimentam poderes hegemônicos contemporâneos difundidos em conceitos como, planejamento estratégico, new urbanism, marketing urbano, entre outros. Estou falando de intervenções no existente, em comunidades que já existem há décadas, e que possuem seus próprios arranjos espaciais, complexos, com pouca estrutura, mas próprios do seu modo de vida e feitos ao longo dos anos, com muito esforço e com a anuência cega dos poderes públicos. Pessoas privadas do direito à moradia digna, que por falta de planejamento e controle urbano, ocupam áreas impróprias para a habitação.
Não sou dona da verdade e não faço apologia à pobreza, tampouco tenho uma visão romântica sobre o assunto. Tento ser justa. O mundo, os valores e as pessoas mudam velozmente, e as diferenças gritam por seus direitos. Não quero negar a grande importância que a arquitetura tem na construção da cidade, afinal a ideia é construir cidades, com toda a sua complexidade, e não apenas casas ou prédios. Mas precisamos saber qual é o nosso papel em cada situação. E em muitas delas a solução lá está, diante dos nossos olhos, quase pronta, esperando apenas uma contribuição singela, de profissionais sensíveis e capacitados, que possam perceber o potencial da situação e melhorá-la. Precisamos aprender a projetar no existente, a construir no construído. Não precisamos sempre do nada, do vazio, para fazer o princípio de algo, pois esse princípio já existe e não pode ser ignorado. Não há como negar que boa parte da população ignora, despreza e sente um enorme preconceito por esses fragmentos urbanos, “desordenados”, que chamamos de comunidade, e que se misturam com a cidade dita formal, regularizada, “ordenada”. A maioria gostaria de ver seus moradores distantes de nossas belas casas, que tudo fosse abaixo, pois de forma equivocada, acreditam que tais fenômenos urbanos representam a gênese da violência, das drogas, das mazelas urbanas. Assim são as nossas cidades: uma trama complexa de texturas, de
Foto: Amélia Panet
Foto: Marília Dieb
Bairro São José, em João Pessoa, parte mais adensada e passível de consolidação.
contrastes, de escalas e valores diversos. Resultado das diferenças sociais, de conceitos distorcidos, da exclusão e da cegueira humana. Em intervenções arquitetônicas no existente, vários fatores devem ser analisados, e muitas vezes o projeto é um complexo arranjo de possibilidades. Essas devem passar pelas necessidades mais essenciais, como saneamento, acessibilidade, coleta de lixo, iluminação e seguirem pelas novas demandas, aquelas que possibilitem as transformações sociais, a geração de emprego, o acesso digno à saúde, à educação e ao lazer seguro. A assistência técnica do arquiteto e do engenheiro é essencial para melhorar as condições de habitabilidade dessas áreas. Mas não podemos continuar a perceber esses fragmentos urbanos por meio de uma perspectiva demiúrgica, como se aquele espaço fosse um território vazio a ser ocupado, uma tabula rasa, terreno para as nossas experiências estetizantes e descontextualizadas.
Lembro-me de um conceito de Manuel de SoláMorales, grande arquiteto espanhol, sensível às zonas mais carentes das cidades, que defendia e estimulava o urbanismo que lograva o máximo efeito, mediante a mínima intervenção. Aquele capaz de intervir de forma adequada em pontos de baixa energia, mas com potencial para gerar uma grande transformação. Essa transformação não ocorre apenas pela arquitetura, mas pela contribuição de diversos profissionais, pelo respeito com que a intervenção foi feita, com a participação da comunidade, com a compreensão do que é valoroso, e do que pode contribuir para o sentimento de pertencimento. A transformação ocorre de dentro para fora, da pessoa para a comunidade, da comunidade para a cidade. E no nosso caso, arquitetos, reparemos além das formas, além da “cidade de pensamento único”, e nos reinventemos, como pessoas e como profissionais, a cada oportunidade.
Amélia Panet
arquiteta e urbanista Mestre em arquitetura e urbanismo Doutoranda em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanista pela UFPB
URBANISMO
U
O DIREITO PÚBLICO A ESPAÇOS DIGNOS
m quadriênio de grande expectativa se avizinha para milhões de munícipes brasileiros, sobretudo os que habitam cidades. As próximas gestões municipais deverão perseguir o objetivo de administrar a avassaladora expansão urbana pela atração que a vida nas cidades exerce sobre as pessoas: oportunidades de realização profissional, de trocas pessoais, da liberdade de ser, de acesso à diversidade cultural que permeia a essência da condição urbana. Sob a competência do poder executivo, tenham as prefeituras a estrutura organizacional e o modelo de gestão que venham a ter, emerge imperativo o foco na adequada aplicação dos investimentos financeiros em espaços abertos, em equipamentos institucionais, em habitação popular e em redes viárias. Embora estejam a valer, há mais de uma década, as determinações da Lei Nº 10.257/2001 para a elaboração de planos diretores de desenvolvimento, para municípios com mais de 20 mil habitantes ou que detenham características singulares para o interesse
comum; o Estatuto da Cidade ainda busca impor-se moralmente à edilidade para a severa implantação de seus instrumentos de regulação da ocupação e do uso do solo, por meios que garantam à sociedade esclarecimento sobre seu direito de participação e de controle sobre as intervenções físicas, quando da real necessidade e da priorização quanto à alocação territorial e à boa qualidade para a ordem urbana. O apelo à dignidade dos espaços públicos, face ao volume de investimentos injetado no tempo das cidades, implica a prevalência da reabilitação de zonas bem abastecidas de infraestrutura - esquecidas ou subaproveitadas -, assim como atenção aos vazios urbanos, para a racionalidade do adensamento estratégico do uso do solo visando a economicidade da ocupação do território municipal. Sobre essa poupança urbana coletiva, notável expressão cunhada por meio de aplicações e replicações de urbanistas americanos, franceses e brasileiros, resta um facilitador para a comunicação popular sobre o que significam para as finanças
públicas as zonas abastecidas, nas camadas do tempo, de redes de infraestrutura e de superestrutura capazes de atenuar as demandas sociais por alocação de novas funções urbanas. Dinheiro vivo, muito caro, à vista dos olhos ou escondido sob o solo, que por vezes a falta de esclarecimento deixa de valorar. Redes de abastecimento e coleta que fazem as cidades funcionar atendendo a necessidades sociais de deslocamentos inter e intra-urbanos face ao habitar, ao trabalho, à geração de emprego e renda, ao lazer, inclusive à desejável recepção de visitantes ávidos pela experimentação de culturas distintas das suas são exemplares do que aqui se remete. Admitir que a sociedade merece qualidade mais do que quantidade - à parte a inquestionável defasagem quantitativa da demanda social desassistida - impõe a sustentação do ordenamento normativo para promover progressivamente a equidade da distribuição dos benefícios municipais, com a desconcentração territorial dos investimentos. O mais barato não convém à qualidade do espaço público na maioria das vezes. Quanto melhor o investimento em planejamento, projetos, garantia plena de conforto ambiental, concepções técnicoestruturais e especificação de materiais de alta resistência e durabilidade, maior a eficiência para os gastos públicos, pelo rebaixamento de demandas por manutenção; e, por decorrência, pelo abalo que os serviços de reparo causam ao cotidiano da vida nas cidades. Sobretudo aqueles serviços - vale o endosso -, recém-executados, não raras vezes sem planejamento, e que carreiam impactos negativos sobre a execução de cronogramas físico-financeiros - quando existem -, que terminam por interceptar a aptidão municipal para o ciclo da competitividade global na atração de novos investidores. Cumpre à boa prática das gestões administrativas anteceder o quesito de medição da qualidade ao meramente quantitativo. A recorrência a uma prática – demasiada e daninha – de serviços de manutenção dos investimentos físicos instalados precisa ser redimensionada. Dignificar o espaço público implica uma revisão essencial sobre a qualidade das intervenções financeiras, que garanta o pleno direito ao ir e vir de pessoas em qualquer faixa etária e condições de mobilidade, amparado por um conceito que igualmente carece de popularizarse: o direito ao desenho universal na implantação de sistemas viários, de transportes coletivos, de espaços abertos, de equipamentos institucionais (públicos e privados), de mobiliário urbano e de habitação popular
Fotos: MB
que permita acolher, com equidade de oportunidade, a diversidade física e motora das necessidades individuais de habitantes e visitantes da cidade. Validar e integrar o planejamento estratégico, integrado e transversal às políticas públicas, como modelo de gestão, aliado a periódicas revisões que busquem não simplesmente gastar menos o dinheiro público, mas gastar bem um patrimônio que é de todos, cuja aplicação seja consentânea à viabilidade de prazos para o ritual da participação social e que acolha o benefício que o concurso de variadas concepções projetuais em arquitetura e engenharia pode trazer para a vida urabana. Além do recurso a materiais de alta dureza e resistência - seja às nem sempre previstas intempéries, seja às decorrentes do infante estágio de civilidade condizente com o ainda tão baixo nível de investimento em educação social no país-, que garanta à sociedade equidade de direitos em acesso, sobretudo à informação global em tempo real, como instrumentos de controle sobre a gestão pública. “A cidade não pára”, canta a memória do movimento Mangue Beat para um séquito de fãs que incorporaram e replicam esse dado aparentemente banal mas tão útil à compreensão popular no frenesi da apreciação de músicas de massa e que culmina por fomentar o exercício crítico do pensamento coletivo. Os votos que elegeram os novos prefeitos e prefeitas do Brasil representam a grande expectativa popular por uma vida cada vez mais melhor de se viver. Por um modo de vida porvir, a ser construído com a participação que emerge de uma cidadania ativa.
Rossana Honorato
Arquiteta e urbanista Mestre em Ciências Socias Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB
VÃO LIVRE
ARQUITETURA ADOLESCENTE
Fotos: Divulgação
“Houve um tempo em que era RIDÍCULO, inadequado, coisa de iniciante ou projetado por “engenheiro” a dita “arquitetura caixote”. De repente o feio se torna BONITO e o simplório se torna minimalista. Todos se acham aptos a desenvolver platibandas, linhas retas e pragmáticas, uso excessivo de VIDRO sem proteção, importação de estilo arquitetônico dos países de clima temperado, sob a alegação primária de construção em tempo curto e mão-de-obra mais simples: capa de revista finlandesa. Cores brandas em demasia, perda da IDENTIDADE cultural e artística de Brasil, alegria, intensidade com o pretexto de se adequar aos novos tempos, futuro, design, milão, marasmo, blá, blá, blá. Arquitetura pobre e TEMPORAL, modismo, BrasilArquiteturaFashionWeek, frescura, pós-Mario Botta...bota, tira, lástima.”
O
pequeno texto acima foi publicado em uma rede social e tornou-se a combustão para o discernimento desta opinião. Entende-se a adolescência como o espaço de tempo em que o indivíduo passa por constantes mudanças corporais e psicológicas e por analogia, uma arquitetura adolescente se consome de incertezas e desproporção no ato de pensar a arquitetura, sua escolha e definição.
Como definir o partido arquitetônico ao ser contratato para um projeto? Me fiz esta pergunta quando no início deste século projetei a primeira casa dita “contemporânea” e abandonei os telhados inclinados, beirais generosos em uma região de clima quente e seco. Que motivos me levaram a mudar o conceito? Inexperiência, apelo ilustrado das revistas do gênero, fuga para o novo? De certo tal estilo causava o impulso compulsivo para o que viria a ser a nova tendência. Percebe-se que o que antes era atribuído à arquitetura de pouco zelo ou coisa de “engenheiro” (...) passa a figurar como a nova mania arquitetônica. O caixote virou endêmico. Fica-se preso ao ícone atual e de súbito uma legião de escritórios de arquitetura passam a projetar em coro o resultado plastificado em que quase todos adotam. Não se imagina desgarrar-se do garanhão retilíneo e assim como acontece com o desenho industrial e os interiores de lojas de planejados, tudo fica igual: materiais, vãos, cores, texturas. Ao se ver uma residência nestes tempos, é quase improvável saber de que lugar será, que cidade, que país e de quem seria a autoria. Porém, ela agrada por que é
Projeto: Oscar Niemeyer
Projeto: Gregori Warchavchik
novidade ou apenas uma questão de mais um ciclo modal? Que diferenças substanciais haveriam entre esta arquitetura, a Bauhaus ou arquitetura moderna de Gregori Warchavchik e outros adeptos da arquitetura racionalista? A globalização da arquitetura é uma tolice, assim como seria se importássemos roupas de couro e lã para serem usadas em Patos, Sousa, Cajazeiras, etc. Em tempos de consumo exacerbado, onde todos querem ter as mesmas coisas, creio que o raciocínio para o traço, para o partido arquitetônico seria no mínimo irresponsável, pois não devemos fomentar uma arquitetura de “stand” e prazo de validade. Na prática, abdica-se de técnicas, soluções e materiais comprovadamente eficientes como telhas térmicas e inundamos as coberturas de telhas não certificadas e/ou barulhentas, calhas, mantas, tubos de queda, rufo, algeroz e vivemos em paz até vir as primeiras e poucas chuvas de verão para aparecerem as primeiras “pátinas” marmorizadas e infiltradas em argamassas pouco tratadas de paredes e lajes. Reduz-se drasticamente áreas sombreadas e vedações, na busca pela caixa mais legal e as substituímos por vidros desprotegidos, que em regiões de alta incidência solar implicam em desconforto térmico e aumento do uso de climatização artificial em tempos de busca por sustentabilidade, pois o mais importante é o resultado estético em conformidade com estereótipos. Publica-se em facebook, blogs e sites a profusão de linhas horizontais e verticais, sem que nos indaguemos da razão da escolha. Onde será que foram parar as diagonais, os arcos, parábolas, curvas? De repente isto é se tornou feio, impróprio, deslocado, antiquado? Porque tratar a arquitetura como estilismo fugaz? O que será de Niemayer e Otake? Contudo, não se trata de malhar o “Judas” da arquitetura presente, pois não podemos cometer o mesmo erro da exclusão da possibilidade formal de outros tempos, mas de se fazer a pergunta antes do ímpeto; qual será a responsabilidade desta arquitetura, e como diria Mario Sergio Cortella em tema de uma de suas palestras: como você (profissional) quer ser lembrado daqui a 200 anos?
Silton Henrique do Nascimento Arquiteto e urbanista
Esse espaço é para você, leitor. Os e-mails enviados para essa seção devem ser encaminhados com o nome e profissão do remetente para:
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OPINIÃO PROfISSIONAL
fELIz ANIVERSáRIO
Profissionais falam sobre os dez anos da ARTESTUDIO
Dez anos de sustentação no mercado editorial da Paraíba é coisa de gente que pensa grande! A ARTESTUDIO está de parabéns! A qualidade do conteúdo e a excelente edição gráfica justificam a credibilidade que a revista desfruta entre profissionais, anunciantes e empresas da Paraíba e demonstram o espírito empreendedor e visionário da arquiteta e diretora executiva Márcia Barreiros. Superar a defasagem da informação que circula sobre a produção da arquitetura e da construção civil fora da região Sudeste do país é desafio dos grandes! Eu fico feliz de ver a ousadia empreendedora crescer em nosso estado! E mais ainda em usufruir da troca de informação sobre o que andam a produzir os colegas paraibanos. Parabéns a você, colega, e a sua brava equipe! Eu desejo apenas... expansão, prosperidade sempre! Conte com a curiosidade desta leitora! Forte abraço. Rossana Honorato
Arquiteta urbanista Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB
“É com imensa satisfação que durante estes dez anos de existência da Revista Artestúdio, o Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento da Paraíba (IABPB), do qual tenho a honra de integrar sua diretoria já há vários anos, tendo presidido a entidade por dois mandatos (2008/2009 e 2010/2011) e agora na gestão do Presidente Valder de Souza Filho (2012/2013) integrar seu
Conselho Superior, que vimos acompanhando o crescimento criterioso e a elevação qualitativa de suas matérias e conteúdo, não só registrando e documentando os Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos da bela produção de nossos talentosos colegas na Paraíba, como levantando e discutindo questões teóricas de altíssima relevância para a melhoria das nossas cidades, como a sua territorialidade, planejamento e desenvolvimento urbano; habitação de interesse social e assistência técnica. Sem falar que, como feliz coincidência, também comemoramos neste mês o Dia do Arquiteto e Urbanista -15 de dezembro, data modificada em homenagem ao aniversário do saudoso Mestre Oscar Niemeyer e em função da posse do Presidente do CAU/BR Haroldo Pinheiro -- e um ano de instalação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU-PB). Particularmente, me sinto muito privilegiada e bastante grata pela confiança em mim depositada através de nossa categoria, em ser a sua primeira Presidente eleita e contando sempre com o valoroso apoio na divulgação de nossas principais ações e realizações pela Revista Artestúdio, parceira de todas as horas sempre. Recebam, portanto, nossos sinceros e fraternos PARABÉNS!” Cristina Evelise
O que a ARTESTUDIO publica favorece: “No âmbito coletivo, contribuir para a construção de espaços públicos mais humanizados que favoreçam as trocas sociais e qualifiquem as manifestações culturais. Na dimensão privada, primar pela satisfação dos clientes a partir do diálogo mútuo, e respeitar a harmonia do conjunto edificado com a paisagem em que se insere a arquitetura projetada. Parabéns!” Marco Suassuna
Arquiteto e urbanista Mestre em Desenvolvimento e Meio ambiente Professor docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Unipê
“Acho que a Revista Artestudio é um grande veículo de comunicação, percebemos a preocupação que tem em levar a boa informação e boas matérias para os leitores, e que apesar de ser uma revista voltada para arquitetura e decoração, desperta interesse na maioria do público de bom gosto. Parabéns!” Maíra Feitoza
Arquiteta urbanista Proprietária da Loja Bontempo
Arquiteta e urbanista Presidente do CAU/PB Conselheira Superior do IAB-PB Assessora de Arquitetura da PGJ/ MPPB
ARQUITETURA E ESTILO DE VIDA
livro
Metrópoles que se reinventam Em Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes, Carlos Leite mostra como é possível coexistirem a vida urbana e o meio ambiente Texto: ALEX LACERDA ! Fotos: Divulgação
V
erdadeiros formigueiros humanos, as cidades aglomeram, desde meados dos anos 2000, mais pessoas que o campo. Criar estratégias para manter estas cidades sustentáveis e como epicentros de qualidade de vida são dois dos maiores desafios para o urbanismo moderno e é na apresentação de soluções para esse dilema que se centra o livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes (Bookman, 2012), do arquiteto e urbanista Carlos Leite. Em seu livro o autor busca alternativas para o planejamento urbano, mostrando exemplos a serem seguidos para viabilizar um desenvolvimento sustentável nas cidades. Com um entusiasmo contagiante, Carlos mostra aos leitores que é possível fazer coexistir a evolução da vida urbana e o respeito ao meio ambiente. Esse mesmo entusiasmo torna-se perceptível já nas primeiras palavras do livro: “As cidades são o maior artefato já criado pelo homem. Sempre foram objetos de desejos, desafios, oportunidades e sonhos”. A partir deste ponto, Carlos apresenta, de forma coerente, dados e estudos de casos para sedimentar este conceito. Além de salientar que mais de 75% da população mundial habitará cidades até o ano de 2050, destacando que o planejamento urbanístico sustentável é uma necessidade de sobrevivência e não apenas um conceito abstrato, Carlos aposta nas megacidades como exemplos a serem seguidos. “Megacidades funcionam. Megacidades lideram. Megacidades se reinventam. Se elas adoecem, o planeta torna-se insustentável. No entanto, a experiência internacional – de Barcelona a Vancouver, de Nova York a Bogotá, para citar algumas das cidades mais verdes – mostra que as metrópoles se reinventam”, afirma o autor em uma passagem do livro. Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes apresenta ações que garantiriam, no futuro, que os recursos do planeta sejam capazes de acomodar toda a população, tomando como base países que estão no patamar econômico do Brasil, como a China e a Índia. Em seu livro, Leite aposta no debate
sobre como encaixar a evolução à sustentabilidade para criar ambientes urbanos mais saudáveis. Sobre o autor – Carlos Leite é arquiteto e urbanista, mestre e doutor pela FAU/USP, pósdoutor pela California Polytechnic University em Desenvolvimento Urbano Sustentável. É professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professor visitante nos cursos de MBA em Gestão Ambiental, na FIA (FEA/USP), Fundação Dom Cabral e Instituto Europeo di Design. Palestrante e professor visitante em diversas instituições internacionais (Barcelona, Califórnia, Holanda, Canadá). Atua também com projetos e consultoria em Stuchi & Leite Projetos.
Carlos Leite
Autor
Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes, de Carlos Leite Editora Bookman, 278 páginas Preço médio: R$ 89,00
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ENTREVISTA
ISAC ROZENBLATT
Na velocidade da luz O professor fala sobre o futuro da iluminação e como esse setor será essencial para o futuro sustentável do planeta
Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação
C
om quase 40 anos de experiência na área de iluminação, Isac Rozenblatt, doutor em Arquitetura e Urbanismo, atua como consultor pela Pro Light and Energy Consultants, fazendo projetos de iluminação e de conservação de energia. Diretor técnico da Abilux ele também ministra palestras e cursos e é professor no IPOG (Instituto de Pós-Graduação. Durante os primeiros anos da carreira Isac Rozenblatt trabalhou projetando, realizando e gerenciando projetos de iluminação. No currículo mais de nove mil projetos para as mais variadas aplicações como escritórios, bancos, escolas, supermercados, shoppings e lojas, vias públicas, áreas esportivas e estádios, indústrias, aeroportos, navios e muitas outras aplicações. Além da experiência dos projetos feitos no Brasil, Isac também levou seu talento para todos os continentes em especial para a América Latina. “Os projetos propiciaram muitas viagens, conhecer bonitos lugares e culturas interessantes. Dado que a luz está em todo lugar, as experiências profissionais mais interessantes foram – e são – ver como cada individuo enxerga, percebe e sente a luz nas suas varias dimensões em todos os espaços segundo sua formação, cultura, experiência refletidos na visão pela intensidade, cor, vivacidade e outros revelados nas pessoas, objetos e ambientes”. Na entrevista a ARTESTÚDIO, Rozenblat fala sobre as perspectivas do setor e o futuro da iluminação como um item essencial para o desenvolvimento sustentável do planeta.
ARTESTUDIO – Como o senhor vê o mercado da iluminação no Brasil? ISAC ROZENBLATT – A iluminação está entrando em uma nova era devido às novas tecnologias de fontes de luz, a necessidade ambiental e os desenvolvimentos que vem ocorrendo da influencia da luz na saúde e no estado de humor e o Brasil acompanha passo a passo esse desenvolvimento devido haver um grande interesse na área e especialistas competentes no mercado.
ISAC – Uma outra característica importante é a sua eficiência. Hoje temos em oferta no país fontes de luz LEDs com eficiências que vão de 80 a 140 lumens por Watt, chegando então a superar as lâmpadas fluorescentes e a vapor metálico. Neste caso ao aplicarmos os LEDs nas instalações estamos diminuindo consideravelmente o custo da energia que é o principal componente no custo da luz e também estamos beneficiando o ambiente pela menor geração de calor.
AE – Atualmente, que produtos têm essa preocupação ambiental? ISAC - Os LEDs – ou seja, os diodos emissores de luz – oferecem grandes vantagens em varias aplicações em relação às outras fontes de luz. Os LEDs são pequenos e podem ser agregados em vários formatos como, por exemplo: lâmpadas de bulbo similares às incandescentes, halogenas refletoras, fluorescentes tubulares, fitas, módulos e outros. Podemos encontrálos no mercado na cor branca de diversos tons desde o branco quente até o branco frio e com índices de reprodução de cor, na escala em uso, desde bons até próximos a excelência, ou seja, chegando a um IRC de 96 ou 97 na escala que vai até 100, oferecendo qualidade de luz.
AE – Quais as perspectivas dessa tecnologia? ISAC – No quesito da vida, os LEDs são imbatíveis e podem oferecer uma vida muito longa com baixa depreciação da luz, assim diminuindo os custos de manutenção. A aplicação dos LEDs diretamente em luminárias também permite designs criativos e versáteis, adaptados aos vários tipos de ambientes.
AE – Onde essas fontes de luz podem ser usadas? ISAC - As fontes de luz a LEDs gradativamente estão penetrando no mercado e estarão presentes em todas as aplicações, sejam residências, áreas comerciais, escolas, escritórios, bancos, restaurantes, hotelaria, hospitais e outros além das áreas externas onde já se destacam na iluminação de fachadas e monumentos, na iluminação esportiva e na iluminação pública. Enfim os LEDs estarão presentes em todo lugar. No momento é uma questão de iniciativa, aprender a aplicar e redução de preços dos produtos que utilizam LEDs. AE – Os custos já são aceitáveis? ISAC – O custo dos LEDs no momento são ainda consideráveis, porém vêm caindo de forma vertiginosa devido aos maiores columes de produção e a redução no custo dos componente e as técnicas de produção. AE – Quais as vantagens para a área comercial e para as pessoas?
AE – O Brasil vem seguindo as normas técnicas? ISAC – As normas técnicas que especificam o desempenho mínimo dos produtos vêm sendo publicadas internacionalmente e nós aqui no Brasil estamos seguindo de perto e no momento estão sendo publicadas as primeiras normas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Os programas de conservação de energia do Programa Nacional de Conservação de Energia a regulamentação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) também estão sendo trabalhadas e em breve serão publicadas. AE – Quais as perspectivas? ISAC – As perspectivas do LEDs - e em breve dos OLEDs - são as melhores possíveis, dado o aumento constante de eficiência, redução de preços, qualidade da luz, variedade de produtos e qualidade intrínseca dos mesmos. A recomendação é ter iniciativa em utilizá-los e cuidado na sua especificação para colher os melhores resultados. É um jogo em que todos ganham: projetista, cliente, lojista e produtor. AE – No Brasil, quais foram as principais mudanças dos últimos anos no segmento de iluminação? ISAC – Uma das mudanças, decorrentes da abertura de mercados e da globalização, é a inexistência de um gap entre o lançamento de um produto em alguma parte Fita de LED | Foto: Divulgação
do mundo e a sua disponibilidade no Brasil. O que antes levava anos para vir ao nosso mercado, hoje está disponível de imediato. A diferença continua a ser de poder aquisitivo e de penetração no mercado. AE – Em que patamar está a indústria nacional? ISAC – A indústria nacional inseriu-se no contexto internacional, e os produtos hoje acompanham as mais modernas tendências, havendo diferenças naturais em alguns produtos, porque as séries de produção locais são limitadas ao país ou à América Latina, e não ao mundo como o fazem a China e Coreia. A expressiva participação de multinacionais no país e de empresários brasileiros no exterior fez com que as exigências nacionais se nivelassem aos padrões internacionais, em produtos de iluminação e nos resultados de sua aplicação. AE – Quais são as perspectivas para o futuro da iluminação? ISAC – Na iluminação vivemos um período de rápida evolução. As mudanças são conseqüentes do desenvolvimento tecnológico e das necessidades de sustentabilidade do meio ambiente. Isso mudará a iluminação como a conhecemos hoje conceitualmente. Os LEDs orgânicos ocuparão, em vinte anos, segundo especialistas, 50% do espaço das fontes de luz. Iremos para a fotônica aplicada à iluminação. AE – Que mudanças isso trará? ISAC – Um novo contexto às possibilidades de aplicação da luz será dado com a miniaturização proporcionada pelos LEDs, com cores mais definidas e matizes mais fortes que as atuais, e as lâminas de OLEDs, possíveis de serem aplicadas às superfícies de paredes tetos,
móveis e objetos, formando luminárias ou esculturas luminosas. Os OLEDs transparentes aplicados aos vidros das janelas terão dupla função, trabalharão como fotocoletores durante o dia, alimentando pontos de consumo de energia e baterias, e à noite, como fontes emissoras de luz. AE – Como está o mercado para o profissional de lighting designer no Brasil? ISAC – A aplicação na luz está se desenvolvendo de forma extraordinária no país, com muitos jovens bem preparados para exercer a profissão de lighting designer. Estimo que no Brasil, hoje, deve haver mais de 500 profissionais que, em período integral ou parcial, dedicam o seu tempo à iluminação. Acredito que a especialidade desenvolver-se-á no futuro sob novo título, com uma formação eclética que compreenderá áreas da cenografia, arquitetura, engenharia, decoração, meio ambiente, saúde e economia, entre outras. AE – Qual sua avaliação sobre o futuro do lighting design? ISAC – O design da iluminação está sendo gradativamente modificado para atender, nos interiores, as necessidades e preferências individuais das pessoas. A tecnologia ajudará ajustando automaticamente a iluminação à preferência das pessoas em seu lugar de trabalho, por reconhecimento tátil, facial ou por um comando de voz. Os aspectos de luz para a saúde e bem-estar terão uma maior relevância no contexto do desenho da iluminação. Teremos uma preocupação maior com as implicações da luz na interação social. Os novos softwares têm facilitado o alcance de um melhor padrão de qualidade em design.
“Um novo contexto às possibilidades de aplicação da luz será dado com a miniaturização proporcionada pelos LEDs, com cores mais definidas e matizes mais fortes que as atuais, e as lâminas de OLEDs, possíveis de serem aplicadas às superfícies de paredes tetos, móveis e objetos, formando luminárias ou esculturas luminosas. ”
GRANDES ARQUITETOS
A técnica acima de tudo
Um dos dois únicos brasileiros ganhadores do Pritzker, Paulo Mendes da Rocha marca com sua arquitetura que redesenha a paisagem Texto: WENDELL LIMA | Fotos: Divulgação
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econhecido mundialmente como um dos mais destacados e influentes arquitetos do Brasil e figurando, ao lado de seu amigo Oscar Niemeyer, como um dos dois únicos brasileiros a receber o prêmio Pritzker, Paulo Mendes da Rocha se destaca pelo estilo ousado e inovador de sua arquitetura. Embora sintética e limpa, ela se exprime pelos detalhes construtivos rigorosamente estudados e pelo uso eficiente da técnica sobre a geografia de forma
a redesenhar a paisagem natural, propiciando o domínio e a integração do homem com e sobre a natureza. Nascido em 1928, em Vitória (ES), Rocha se formou em arquitetura em 1954. O reconhecimento de seu talento veio ainda cedo em sua carreira quando, após vencer um concurso nacional, ele projetou, ao lado de João de Gennaro, a sede do Clube Atlético Paulistano, o que rendeu o Grande Prêmio Bienal de São Paulo, em 1961.
Cais da Artes
Pinacoteca do estado de S達o Paulo
internacional – o que abriu as portas para diversos trabalhos no exterior. Ele foi um dos doze arquitetos convidados a propor projetos para um vasto complexo esportivo em Paris, quando a cidade foi candidata para sediar os Jogos Olímpicos de 2008. Já no Brasil, um dos mais importantes projetos recentes do arquiteto é a construção de um complexo cultural em uma área de 32 mil m² na sua cidade natal. O Cais das Artes, quando estiver concluído, em 2014, terá um museu com espaço expositivo de 3 mil m², teatro multiuso para 1.300 pessoas e uma praça, além de contar com uma localização que proporcionará aos seus visitantes uma vista privilegiada da paisagem de Vitória. Este projeto coincide com uma homenagem na cidade vizinha de Vila Velha, onde o museu Vale vem exibindo, desde outubro, a mostra Paulo Mendes da Rocha: A Natureza como Projeto. A obra do arquiteto é resultado de uma combinação singular de postura ética, senso estético, inspiração artística e extrema competência técnica. Dentre estes fatores, para o arquiteto, a técnica desempenha o papel mais importante. Em entrevista concedida à crítica de arquitetura Ruth Verde Zein no Bombsite.com, Paulo Mendes afirma que arquitetura não apenas tem a ver com técnica, mas é a própria técnica. “Não se trata de como usar este material ou aquela tecnologia, mas se trata de lidar com e organizar os recursos adequados. Arquitetura é isto: a disposição e aplicação de conhecimento técnico – em todas as ocasiões, de uma forma apropriada e distinta”, explica o arquiteto do alto de seus quase 60 anos de carreira extraordinária.
+ fotos no site: www.artestudiorevista.com.br
Em 1969, Paulo Mendes foi selecionado para construir, juntamente com Paulo Motta, Julio Katinski e Ruy Otahke, o pavilhão brasileiro da Feira Internacional de Osaka, no Japão. No mesmo ano, entretanto, assim como outros intelectuais de esquerda, ele entrou na mira da ditadura militar, e foi forçado pelo regime a deixar seu cargo de professor na USP. Com a abertura política dos anos 1980, Paulo Mendes reassumiu a magistratura na USP e vem, desde então, influenciando toda uma nova geração de arquitetos com seu discurso ético e firmes propostas arquitetônicas. Dentre suas realizações mais recentes, a reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo foi agraciada, em 2001, com o Prêmio Mies Van der Rohe para Arquitetura Latino-Americana. Cinco anos mais tarde, o arquiteto recebeu o Pritzker, consolidando ainda mais o seu reconhecimento
Arquiteto
Paulo Mendes da Rocha
NACIONAL
O gênio das
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curvas
Texto: renato félix | Fotos: Divulgação
ada cidade que tem o privilégio de ter uma obra de Oscar Niemeyer chorou a morte do arquiteto no dia 5 de dezembro. Aos 104 anos, ele conseguiu como poucos unir a arquitetura à arte propriamente dita. Com suas formas e curvas, acabava criando – mesmo que não percebesse (e será que não percebia?) – símbolos que identificavam os locais que passavam a hospedar suas obras. Ou será que um rápido desenho do Congresso Nacional não representa Brasília para qualquer brasileiro – e muitos habitantes de outros países? A mídia brasileira mostrou à exaustão entrevistas e suas obras na televisão e nas publicações impressas. Niemeyer apareceu muitas vezes de caneta na mão, traçando de novo as linhas simples norteavam seus projetos mais
INTERIOR DA CATEDRAL DE BRASÍLIA
PALÁCIO DO PLANALTO DE BRASÍLIA
PALÁCIO DA ALVORADA DE BRASÍLIA
SAMBÓDROMO (RJ)
AUDITÓRIO DO PARQUE IBIRAPUERA (SP)
famosos e explicando os motivos de suas ideias. A palavra “gênio” foi muito banalizada através dos anos, mas há outra maneira de definir Oscar Niemeyer? Um legítimo gênio brasileiro, apaixonado pelas curvas das montanhas, dos rios, das ondas do mar e das mulheres, que as transpôs magistralmente para a sua obra. A ARTESTUDIO celebrou o talento de Niemeyer nas edições 24, 34 e 37, com um perfil de muitas palavras. Agora, é a obra do arquiteto, nestas páginas que falam por ele. Foto: Felipe Gesteira, cedida pela PMJP IESTAÇÃO CIÊNCIA EM JOÃO PESSOA(PB)
MUSEU DE ARTE CONTEMPORANEA EM NITEROI IGREJA DA PAMPULHA (MG)
COMPROMISSO COM O MEIO AMBIENTE ISO 14001
Marelli Joรฃo Pessoa Av Epitรกcio Pessoa, 2580 SL. 01 Tambauzinho Fone (83) 3133.4000 marelli@maq-larem.com.br
AMBIENTAÇÃO
CONfORTO DA SALA, DELíCIAS DA COzINHA As varandas e terraços gourmet têm se tornado os queridinhos dos projetos de ambientação
TEXTO: DéBORA CRISTINA | FOTOS: DIVULGAÇãO
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uem gosta de receber bem e se divertir com parentes e amigos, seja em casas ou apartamentos, não pode abrir mão de ter um espaço multifuncional como é a varanda gourmet. Por isso mesmo, nos últimos tempos ela passou a ser um sonho de consumo para muita gente e uma das “queridinhas” nos projetos de ambientação mais atuais. Moderno, confortável e sofisticado, este espaço é capaz de promover o convívio entre as pessoas de forma prática, fazendo com que todos desfrutem de bons momentos de lazer e gastronomia.
cozinha para servir a todos. Atende a variados gostos e ocasiões, desde uma reunião mais informal, com churrasco e aperitivos simples, até as reuniões mais elaboradas com anfitriões gourmets preparando pratos sofisticados em frente aos convidados”, define o arquiteto Fábio Galisa. Ele lembra ainda que para o mercado imobiliário são itens que agregam valor ao imóvel e, consequentemente, possuem um grande apelo comercial. Os espaços têm a proposta de levar a cozinha para o exterior da casa. Em apartamentos, por exemplo, é justamente nessa área que as pessoas podem explorar a vista da sacada ao mesmo tempo em que preparam um almoço delicioso. A funcionalidade é um aspecto muito importante na varanda, por isso os móveis ficam dispostos de maneira prática e deixam tudo a mão. Para José Santos, que trabalha no ramo imobiliário há alguns anos, essa alta procura por imóveis com varanda gourmet aqui na Paraíba se deve à vinda de construtoras de outras praças para o nosso estado e também a vinda de gaúchos e sulistas para morar em nossa cidade, já que esse é um hábito mais antigo para essas regiões. Mas ele enfatiza que além dessa área dever estar voltada para o nascente norte, o imóvel deve ter espaço suficiente para oferecer esse tipo de ambiente, pois “não adianta oferecer espaço gourmet se a área oferecida é insignificante. Fica ruim apelidar os espaços com nomes estrangeiros e oferecer cubículos”.
Móveis especiais
Esses projetos que aliam o conforto de uma sala de estar com as delícias de uma cozinha começaram a aparecer por volta de 2008 em edifícios de alto padrão nas grandes cidades, mas atualmente estão mais populares. Eles decretam o fim das visitas e amigos imprensados na cozinha e o isolamento de quem está cozinhando. Alguns apartamentos já estão sendo entregues com essas varandas prontas com churrasqueira, bancadas, pias, e espaço suficiente para colocar outros utensílios de cozinha, como cooktop, geladeira, mesa, cadeiras, banco e outros. “Em petit-comité as varandas gourmet são ideais, aconchegantes, aproximando convidados e anfitriões, diminuindo as intermináveis idas e vindas à
Com o uso de móveis sob medida as varandas gourmet ganham um visual diferenciado e convidativo, onde é possível aproveitar cada espaço, delimitando bem o ambiente. Para o empresário Fábio Nóbrega, do segmento de Planejados, o maior erro com relação aos móveis é colocá-los numa posição que estejam expostos à água da chuva, o que acontece quando as varandas não têm proteção (em geral de vidro ou lonas). “A decoração para esse tipo de ambiente precisa ser mais informal do que a decoração de um espaço interno, afinal as pessoas vão para a varanda para conversar e ‘beliscar’ algo. Se pensa sempre na melhor forma que as pessoas possam interagir entre si. Se a varanda possuir uma bancada, colocam-se bancos altos para que as pessoas possam conversar enquanto o churrasco é preparado, por exemplo. Uma mesa pequena ou de centro também é necessária para apoiar copos e pratos. Cadeiras mais exteriores, feitas de vime, alumínio ou madeira são preferíveis a poltronas e sofás”, explicou. Outro ponto que faz com que as varandas gourmet tenham sucesso é a possibilidade de aproveitar melhor as varandas e deixá-las como uma extensão da sala principal, como um ambiente integrado, principalmente em apartamentos. Os empreendimentos de hoje já montam cozinhas gourmet em varandas e sacadas, que geralmente
possuem uma churrasqueira (a gás, carvão ou elétrica), uma coifa e uma pia. Casas e apartamentos com mais espaço na varanda também podem colocar um forno de pizza para completar o conjunto e aumentar as opções do que é preparado lá na varanda. O arquiteto Fábio Galisa afirma que com algumas intervenções, as varandas simples podem ser transformadas em belíssimas varandas gourmet, mas se já estiverem previstas na fase do projeto, tudo ficará mais fácil de ser viabilizado. “A locação e escolha dos equipamentos, móveis e materiais utilizados é determinante: pode tornar o espaço amplo e funcional ou apertado e de difícil uso e manutenção. Pode ser um espaço que atrai ou que repele. É bom lembrar que, apesar de abrigar vários usos, ela não tem a mesma conotação que os espaços usados individualmente, por isso planejar o funcionamento harmônico das funções de cozinhar, receber, relaxar é essencial para o sucesso do projeto”, esclareceu. E Fábio dá outras dicas importantes para quem está montando um espaço como esse: “Os móveis multifuncionais, com rodízios, para as varandas compactas são uma excelente alternativa: pufs que se transformam em mesinhas de apoio, bancadas de preparo que se transformam em mesa de refeições são bons exemplos. Para os espaços mais amplos cabem os confortáveis móveis de terraço, sofás, chaises, bancos, futons, redes, mesas de churrasco com grandes bancos, enfim, o importante é que sejam harmônicos, funcionais e confortáveis”. Como bem lembrou o empresário Fábio Nóbrega, a tendência é que a procura por projetos para varandas gourmet aumente cada vez mais. “Com o crescente aumento da violência nas grandes cidades, além do conturbado trânsito atualmente e até filas nos restaurantes, as pessoas estão preferindo receber seus amigos (e convidados) em suas casas, num encontro muito mais íntimo e aconchegante, e nestes casos, ter uma varanda gourmet é um fator preponderante para que esses momentos se tornem inesquecíveis”. Tudo isso sem esquecer que o ideal é ser feliz com mais esse ambiente do seu lar. O importante é que sua varanda tenha o seu perfil, que seja um local convidativo e que você goste de ficar, de compartilhar, de ter boas conversas, boas lembranças, porque no final, a comida é mais um detalhe, o legal é que seu espaço lhe faça mais feliz.
DICAS: *Descanso: na hora de planejar a ambientação, não se esqueça de que a varanda gourmet é, acima de tudo, um lugar para descansar e descontrair.Fabricados com fibra sintética ou madeira os moveis se ajustam às necessidades e proporcionam bons momentos para relaxar. *Natureza: Ela também pode ser levada para dentro da varanda gourmet com elementos paisagistas. Vasos de flores, jardins verticais e folhagens deixam o espaço bem aconchegante. *Convite ao relaxamento: Além da mesa com cadeiras para saborear uma refeição, experimente colocar no ambiente as poltronas e chaises para favorecer o relaxamento de moradores e visitantes. *Clima bom: Se ela for fechada com vidro, pode ser usada mesmo em dias de vento e chuva. Quando faz calor, o ar-condicionado da sala dá conta de refrescar. *Truque de amplitude: A aplicação de espelhos no frontão da pia dá mais profundidade e claridade ao ambiente. *Equipamentos importantes: Cuba, ponto elétrico, churrasqueira, exaustor, balcão refrigerado, adega, choperia, tudo isso fará com que as idas à cozinha diminuam. *Iluminação: É bom colocar diversificada para o conforto das atividades: local de leitura, de preparo de refeições, para relaxar, enfim, criar os cenários propícios às ocasiões. *Cuidado com os materiais: utilize os impermeáveis e menos porosos para as áreas molhadas e os mais aconchegantes como madeiras, tecidos, tijolinhos e pedras para os locais de relaxamento.
interiores
Despojada e sofisticada Os dois aspectos foram combinados no projeto de uma vivenda de praia
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omo elaborar uma vivenda de praia que deve ser despojada, livre de excessos, mas que tenha uma leitura com a pitada certa de sofisticação? Foi esse o questionamento feito pelo arquiteto Leonardo Maia, ao pensar nesse projeto para uma casa localizada na praia de Camboinha I, em Cabedelo (PB). A resposta para
Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: vilmar costa
a pergunta surgiu a partir de um minucioso diálogo com a proprietária. Assim, foram buscar referências, bem como a interpretação do contexto do imóvel, que está inserido dentro de um condomínio todo voltado para uma temática de vilas praianas. O resultado foi um projeto audacioso na medida correta, além de funcional e com uma leveza cheia de equilíbrio.
O imóvel conta com três amplas suítes: duas no pavimento inferior (filha e hóspedes) e uma no superior (master). Além disso, tem uma cozinha integrada no pavimento inferior e outra montada no superior, ambas dialogando com suas respectivas áreas sociais e equipadas com eletrodomésticos de ponta. Ou seja, esse imóvel tem metragens generosas para servir de cenário inesquecível e recepcionar bem os convidados, da maneira mais confortável possível. A escada ganha destaque no projeto porque foi elaborada em estrutura metálica com detalhes em madeira ipê. A parede ao fundo recebeu placas cimentícias com tratamento que lembra fulget, com relevos em movimento que remetem a ondas. As demais paredes da escada recebem uma textura especial que tem um toque e visual semelhantes à areia da praia. Todos os materiais foram inseridos de acordo com o contexto de verão.
Também houve um cuidado especial com a escolha dos móveis. “Como tínhamos uma leitura de móveis de design bastante uniformes, com materiais, texturas e cores harmonizados de forma sistemática, quisemos inserir peças com pegadas mais orientais: temos objetos vietnamitas e balineses”, disse o arquiteto. Um bom exemplo disso é o bar localizado no pavimento superior, que ganhou uma cômoda azul turquesa garimpada em uma das lojas da capital, conferindo um charme a mais na ambientação.
Divisão perfeita A suíte master tem um generoso closet que recebe amplas portas de correr com espelhos bronze. “Escolhemos um laminado que remete ao linhão, que nos passa uma leitura sofisticada, mas ao mesmo tempo rústica”, explica Leonardo. Já a suíte da filha entra em um universo mais lúdico, onde a cor eleita para pontuar alguns detalhes é a cor favorita da criança, o lilás. O seu banheiro conta com hidromassagem adornada por um tablado em pedra sintética branca. Detalhe importante: todas as suítes receberam um piso amadeirado que dão uma sensação de conforto para os cômodos. E tudo isso só foi possível, graças à simbiose de ideias entre o arquiteto e o cliente. “O fator cumplicidade na relação cliente/profissional é decisivo ao ponto de determinar o sucesso de um projeto bem elaborado. Assim, um diálogo
bem formatado e a busca de um objetivo em comum, que é a concretização de uma ambientação confortável e atemporal, são aspectos tão importantes, que quando nos encontrávamos nos processos de decisão de itens para o apartamento, as ideias eram alinhadas ao ponto de parecer até transmissão de pensamentos”, finalizou Leonardo.
Arquiteto: Leonardo Maia Projeto: Ambientação de residência unifamiliar Mámores: Oficina do Granito • Móveis: Saccaro e Sierra • Revestimentos: Oca Revestimentos • Objetos: Bazaart Iluminação: Stiluz • Cortinas e persianas: Ambidecor - Madeiras: Fecimal • Eletros: Aprimore - Marcenaria: Só Serviços Móveis Projetados + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
interiores
Nas paredes foi usada uma cor off white, os papéis de parede são neutros e foram escolhidos mais pela trama e textura do que pela cor, que é quase igual a pintura escolhida. As cortinas são leves e fluidas e dão um ar de conforto aos ambientes
PORTA ABERTA Para uma nova vida Projeto apostou na praticidade para apartamento de recém casados
Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: DIEGO CARNEIRO
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m apartamento onde a funcionalidade e a beleza se unem para formar um ambiente perfeito para uma família que está começando uma vida nova. Assim foi executado o projeto da arquiteta Márcia Barreiros para um casal de outro estado que estava planejando vir morar em João Pessoa. O apartamento, localizado em Tambaú, foi feito com uma ambientação simples, sem excessos e muito prático. As cores preferidas do casal eram o bege e o preto, com poucos toques de cinza e branco. “O primeiro desafio foi fazer um layout, para que os espaços tivessem uma boa circulação, o segundo era dar personalidade aos ambientes e não parecer showroom de loja. E, por fim, o último desafio: eles queriam ter filho logo, e eu tinha que dar rapidez ao projeto, fato que ocorreu no processo de conclusão da obra. A família aumentou, está chegando mais um integrante e o local recebeu uma ambientação que reflete o gosto pessoal e o estilo de viver dos moradores”, explicou Márcia. E justamente por causa desse estilo de viver que foi pedida uma sala de estar um pouco fora dos padrões mais tradicionais, já que o casal gosta muito de receber os amigos em casa, mas também aproveitam
para assistir a filmes e shows no espaço. A opção então foi criar uma sala de estar mesclada com um home theater, com um painel diferenciado, com movimento. No primeiro ambiente, um sofá em L, convida a um bate papo, com uma poltrona giratória que serve aos dois ambientes. Os tons sóbrios do sofá acinzentado contrasta como o outro sofá bege, com assentos retráteis e painel em madeirado escuro e laminado preto. Para dar uma cor ao ambiente foram colocados dois bancos amarelos, de cor mais forte, um detalhe na decoração sempre muito elogiado pelos visitantes, pois é o toque de ousadia e ponto focal do espaço. Como o casal havia recebido muitas peças de cristal e louça de presente de casamento, foi necessário criar um local especial para guardá-las e expô-las, já que são peças diferenciadas. “Como o tom preto já era um componente muito forte no espaço, preferi usar um móvel mais neutro para a cristaleira, com portas em vidro refletente, espelho e vidro. Ela complementa e dá apoio à sala de jantar”, diz a arquiteta. A cozinha, por ter uma copa generosa, se tornou um espaço diferenciado e muito agradável, com mesa em silestone branco, pé em aço inox e cadeiras Charles Eames em acrílico transparente. Os painéis laterais são em porcelanato que reproduz a madeira. A cozinha segue o mesmo padrão na cor
branca e painéis de madeira. Os móveis deste espaço e de todo o restante do apartamento são planejados, uma exigência dos clientes, que queriam rapidez e garantia, principalmente nos prazos de entrega. E esse foi justamente o maior desafio da arquiteta nesse projeto: dar personalidade aos espaços com móveis padronizados. Para ela, a missão foi cumprida já que cada detalhe tem uma razão de estar ali e cria a diferenciação nos ambientes. Seja com o painel do estar/home, os bancos amarelos, os papeis de parede, os quadros do tipo esculturas (já que o casal não gosta de telas), a iluminação diferenciada, além da varanda, um espaço criado para acompanhar o ritmo e o estilo de vida dos moradores. A sala de jantar ganhou um toque especial. “Apesar de jovens e casados há pouco tempo, esse já era o segundo apartamento do casal e eles queriam que eu tentasse aproveitar alguns objetos da morada anterior. A peça escolhida foi o pé da mesa. Como ele era em inox, nós alongamos os apoios para poder comportar um vidro bem maior do que a mesa antiga e colocamos um vidro quadrado pintado de preto,
que ampliou e deu sofisticação ao jantar. As cadeiras em capitoné dão um toque clássico ao mobiliário contemporâneo. Um aparador em laca preta e pés em vidro também criam um diferencial na divisão do espaço com o estar”, explicou Márcia. Um diferencial deste apartamento em relação aos outros do mesmo edifício é a varanda gourmet. “Essa varanda era um espaço simples, estava longe de ser um espaço gourmet, mas o cliente me pediu ‘o cantinho da boemia’ e tive a missão de transformar aquele espaço sem graça, num lugar especial. Por sorte, a varanda era ao lado do banheiro da suíte, então puxamos a instalação de água e esgoto e criamos uma bancada com lavatório, adega e armário todo em alumínio e vidro”, disse. A aceitação por parte dos clientes foi excelente, ao verem o espaço pronto. “Acho que foi muito bom poder ousar nas escolhas de algumas cores, em peças chave. Eles tinham medo de usar elementos de contraste, mas apesar do receio do novo, aceitaram acrescer o amarelo, tanto que as peças de xadrez do centro da sala já foram escolhidas junto com a cliente. Depois dos bancos, foi ela quem pediu para acrescer
um toque de cor no outro ambiente”, afirmou a arquiteta, ressaltando que “como um livro aberto, onde as páginas ainda vão ser escritas, esse apartamento é um início, onde gostos foram sendo revelados e espaços ainda serão construídos ao longo da vida dessa família que se inicia”. + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
O lavabo, por ser um espaço pequeno, ganhou detalhes de textura da cerâmica branca, mas também se destaca por ter recebido uma escultura dourada com iluminação em LED amarelo, o que realça a cor e dá destaque, sem aquecer o ambiente
Arquiteta: Márcia Barreiros Projeto: Ambientação de apartamento Móveis planejados: Dellano, Bontempo • Mobiliário: Art Ness , Conceito e Top Design Decoração: A Sempre Viva e Bazaart • Cortinas e papel de parede: Oficina da Arte Pintura imobiliária: Aquarela Tintas • Móveis do terraço: Espaço A/Tidelli • Cristaleira: Finger Granitos, mármores e Silestone: Oficina do Granito • Iluminação: Light Design Aço inox e puxadores: Servinox • Revestimentos de piso e parede: Portobello Shop Portas: Fecimal • Tapetes: Adroaldo Tapetes do Mundo • Vidros e espelhos: República Vidros
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arquitetura
CASA COM H Projeto de uma casa no interior de São Paulo partiu da inicial do cliente para buscar conforto e funcionalidade TEXTO: DéBORA CRISTINA | FOTOS: DIVULGAÇãO
U
ma casa, localizada no interior de São Paulo, que apresenta soluções práticas e funcionais, sendo uma construção térrea com ambientes planos, voltados tanto para o convívio em família, quanto para receberem muitos amigos. O projeto do arquiteto Erick Figueira de Mello, realizado pela Incorporadora JHSF e pela Construtora Gaia, retrata perfeitamente a harmonia entre o vidro e a madeira, que integram todos os ambientes desta casa a sua área externa de 1.100 m².
Rodeado por verde e totalmente integrado entre interiores e jardins, o projeto em uma fazenda no interior paulista mantém uma construção no formato da letra H, que é a inicial do sobrenome do proprietário. E limita em cada um de seus “braços” os ambientes de uso social e íntimo, oferecendo a interligação dos espaços de lazer e estar, e resguardando a privacidade dos moradores, quando desejado. A ligação do H é feita por um hall envidraçado até mesmo no teto – de onde pendem cortes de linho para quebrar a luminosidade intensa. O vidro da cobertura é conjugado a um pergolado de alumínio e ao redor, lindos jardins e um lago, formando realmente um ambiente de sonhos e muito confortável.
O uso abundante de vidro, combinado a elementos naturais como pedra e madeira deram um aspecto rústico-chique a todos os ambientes que, receberam peças sofisticadas de decoração. Um contraste perfeito que ganhou toques especiais com esquadrias e uso da matéria-prima Lyptus, madeira sustentável e certificada.
As transparências aplicadas nas janelas e portas pelo arquiteto se alinham à madeira usada em abundância por toda a casa. Com tons amenos, o material está no revestimento de paredes, em uma parcela do piso – interno e externo –, nas esquadrias, no forro e em parte dos móveis. “Sempre uso madeira, pedra e vidro, elementos naturais são as características
dos meus projetos. Madeira dá calor, é um material nobre e nacional. Para compor o desenho desta casa, a variedade escolhida foi a garapeira”, diz Erick. Pensando em funcionalidade e conforto, a varanda da piscina é ligada ao home theater. Essa grande área externa possui um espaço gourmet e, em uma de suas extremidades, abriga ainda uma sauna. Além do home theater, outras salas se voltam ao ambiente de descanso que percorre toda a fachada principal, ao lado da piscina.
De aspecto rústico-chique, a decoração da casa foi escolhida pelos próprios moradores. O destaque fica para o estar, onde o duo de poltronas do modelo Diz, de Sérgio Rodrigues, é combinado à tela “Avenida São João”, assinada por Eduardo Kobra, e à luminária de piso Arco, de Achile Castiglione.
Arquiteto: Erick figueira Projeto: Arquitetura de residência unifamiliar + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
interiores
Um lugar para tudo Planejar os espaรงos e fazer caber todos os objetos foram desafios no projeto deste apartamento
Texto: Dร BORA CRISTINA | Fotos: DIEGO CARNEIRO
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riar espaços confortáveis e bonitos para um apartamento novo, localizado no bairro de Tambaú, em João Pessoa (PB), de forma a atender todas as necessidades de um casal com duas filhas adolescentes. Foi pensando nisso que as arquitetas Suellen Montenegro e Larissa Vinagre fizeram este projeto arrojado. O apartamento tem 80m² e é dividido da seguinte forma: são três quartos, sendo duas suítes, um WC social, uma sala de estar e de jantar integradas, uma cozinha que também se integra com a sala, área de serviço e uma varanda. A sala, apesar de pequena, ficou bem aconchegante, com o uso de uma iluminação indireta em cima da mesa de jantar e de arandelas ao longo de todo esse espaço.
Foi usado um painel de espelho na sala para dar amplitude. “Como a sala é estreita e não comporta uma mesa de centro, projetamos uma mesa de apoio encaixada no móvel da TV. Ela pode ser utilizada em dias de festa e encaixada novamente no painel para o melhor aproveitamento do espaço”, explicou Suellen. As cores sóbrias foram escolhidas para as áreas de uso comum, como a cozinha e as salas, com o intuito de dar unidade ao ambiente, que devido à disposição, torna-se um só. Os quartos das meninas ganharam destaque, com cores mais alegres e detalhes escolhidos por cada uma delas. Para a filha mais velha, optou-se por alguns detalhes lilás e para a filha mais nova, o uso da cor amarela foi fundamental para o desenvolvimento do seu quarto. No quarto do casal, os tons pastéis foram a opção para tornar o ambiente mais amplo e claro.
Para as arquitetas, o maior desafio foi encontrar uma solução para a disposição dos objetos que já pertenciam ao casal. “O programa de necessidades era extenso e os proprietários possuíam muitos objetos, desde roupas, sapatos e livros. Tivemos que encontrar lugar para guardar tudo. Mas o resultado final agradou demais!”, disse Larissa. Para ela, o maior prazer foi ver a satisfação dos clientes. “Nada foi modificado, desde a primeira apresentação do projeto. Foi muito gratificante, pois os clientes desde o princípio confiaram plenamente no escritório e nos deixaram à vontade para criar”, afirmou orgulhosa. E num caso como esse, onde o objetivo é aproveitar cada espaço da forma mais funcional possível, o planejamento para os móveis é ainda mais importante. “Desde o princípio, a nossa opção era o uso dos planejados e especificamente da Criare. Pudemos ir na loja conhecer todos os revestimentos e lacas que
eles dispunham e utilizamos os melhores padrões que existem lá. O resultado foi um projeto muito bem acabado”, disse Suellen. Segundo as arquitetas, o resultado não poderia ter sido melhor. “Apesar de pequeno, pudemos dar identidade a cada um dos ambientes e tivemos a oportunidade de conversar com cada morador e fazer para eles, o cômodo da forma que eles sempre sonharam”, concluiu Larissa. Já Suellen citou Le Corbusier para expressar a felicidade com o projeto. “O lar deve ser o tesouro da vida”, finalizando com a explicação para tudo ter dado tão certo: “Criamos o projeto para o cliente, sempre. A casa é dele, as soluções são nossas!”.
Arquitetas: Suellen Montenegro e Larissa Vinagre Projeto: Ambientação de apartamento Móveis Planejados: Criare + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
interiores
Uma doce reforma Trabalho transformou uma casa em uma cafeteria especializada nas guloseimas Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: roberto lavor
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ma reforma transforma qualquer espaço em outro, de acordo com as necessidades do dono, com a imaginação de quem cria o projeto. Foi justamente isso que aconteceu numa casa, em Manaíra, bairro nobre de João Pessoa, que foi modificada para se tornar uma cafeteria especializada em doces (cupcakes, brigadeiros gourmet, etc), com foco também em presentes, embalagens e acessórios diretamente ligados aos seus produtos. Destaque para a combinação de cores, formas e materiais que se uniram de maneira harmônica e criativa. Com projeto das arquitetas Monique Barros e Tieta Maia, a intervenção arquitetônica se focou principalmente na fachada e na área do salão de atendimento, que são os espaços destinados ao público. “Nosso trabalho
acompanhou desde a criação da logomarca na agência de design gráfico até a escolha das cores para embalagens, site e redes sociais. Nossa ideia era criar um espaço aconchegante e convidativo sofisticado, mas com um toque natural onde as pessoas possam sentar para conversar, lanchar e encontrar os amigos”, explicou. O espaço de 75m2 tem muita versatilidade, pois pode ser utilizado para diversos fins, como por exemplo se transformar num salão para realização de um pequeno evento com 50 a 60 pessoas ou ainda utilizar a área externa como extensão da interna para realização de um evento maior. O piso utilizado foi em porcelanato 80x80 cm. A fachada foi um ponto de grande atenção para as arquitetas por ser totalmente voltada para o oeste (poente). O problema foi amenizado com a criação de um jardim vertical, feito em pré-moldados e utilizando
plantas adequadas. No painel de vidro foi colocada película fumê e cortina com blecaute. “Utilizamos esse painel de vidro porque julgamos necessária a visão interna do espaço por quem passa pela avenida”, explicou Monique. Para dar cor ao espaço, a escolha foi o composê de tecidos: um listrado para as paredes e um floral para os estofados e também para os jogos americanos colocados sobre as mesas. Todas as outras cores do ambiente derivam da paleta desses tecidos. A iluminação foi pensada principalmente sob o aspecto da eficiência energética, por isso as arquitetas optaram pelo uso de LEDs, tanto nas lâmpadas dos spots como nas fitas que realçam o desenho do forro e iluminam a maior parte do salão. A área externa também utiliza exclusivamente os LEDs. Nos banheiros públicos os sensores foram utilizados também como forma de evitar o desperdício.
Mesmas estruturas, novas ideias Comprovando que cada vez é maior a preocupação com o desenvolvimento de forma sustentável, o projeto das arquitetas Monique Barros e Tieta Maia reutilizou algumas estruturas e também materiais. A estante em alvenaria que já existia na casa foi reaproveitada como área de exposição de produtos. O acesso principal é feito por uma rampa revestida com ladrilhos hidráulicos (retirados de uma outra casa reformada) e porcelanato com corrimão em inox e guarda-corpo em madeira de demolição utilizada como tapume durante toda a obra. Já os móveis utilizados têm a função de dar movimento à composição. Cadeiras de diversos formatos, cores e tamanhos em mesas ora redondas,
ora quadradas ou retangulares. A marcenaria seguiu um padrão mais uniforme com uma cor que mesmo escura se tornou neutra no contexto. As mesas em madeira de demolição e pés de ferro diferem das outras que são mesas de restaurante com pés em madeira vergada. “Apenas as cadeiras estofadas marrons são novas. Todas as outras foram garimpadas da casa de praia, da casa de parentes ou compradas de segunda mão num restaurante que estava descartando as peças. Elas foram revitalizadas, pintadas e estofadas para ficarem como novas e atenderem aos padrões estéticos e de conforto exigidos pelos clientes”, afirmou Tieta. “A primeira coisa que pensamos foi em fazer a versão bem brasileira, e porque não dizer nordestina, das lojas de doces de NY. E pela ótima repercussão que tem tido, acho que conseguimos fazer isso de forma interessante. O excelente resultado foi uma consequência do prazer e da liberdade de criar que são pontos fundamentais para um projeto bem sucedido”, concluíram as arquitetas Monique e Tieta.
Arquitetas: Monique Barros e Tieta Maia Projeto: Ambientação de cafeteria + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
ARQUITETURA
sintonia com o CLIMA Grandes beirais, muxarabis e venezianas mantêm a temperatura agradável Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: DIEGO CARNEIRO
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m sonho realizado. Assim pode ser considerada essa casa com 357,75 m2, localizada num terreno de esquina de um condomínio fechado, em João Pessoa, na Paraíba, criada pelos arquitetos Vera Pires e Roberto Ghione. Essa casa premiada pelo IAB-Pb nesse ano de 2012 tem um pé direito alto e estrutura aberta às ventilações dominantes, o imóvel ainda conta com cobertas que proporcionam sombras generosas, comprovando o objetivo maior do projeto: o conforto de seus moradores. O projeto tem uma setorização bem definida, distribuindo os dois pavimentos em: garagem, terraço, estar com mezanino, jantar, sala de TV, quarto, banheiro, cozinha, terraço gourmet, área de serviço, dependências e lavabo no térreo. O primeiro pavimento ficou com a área mais íntima, as suítes o escritório e as varandas com uma bela vista da área de lazer, com piscina que se estende na esquina do terreno. Com elementos vazados em madeira e vidros, a ventilação constante é realmente um diferencial, pois permite a integração espacial entre as áreas interiores e exteriores. Os espaços de alturas múltiplas dão à casa uma amplitude que valoriza o ambiente, dando também mais dinâmica aos espaços interiores.
Os arquitetos também tiveram a preocupação de aplicar elementos que fazem referência tanto à cultura local, quanto à nacional. Na local, é possível perceber a beleza e simplicidade das venezianas, alpendres, releituras de muxarabis, grandes telhados e beirais, técnica construtiva e materiais. Já na cultura universal, o destaque fica por conta da espacialidade múltipla e dinâmica, a integração entre interior e exterior, a racionalidade funcional e construtiva, além da composição geométrica e da integração diferenciada entre ambientes mediante diferentes planos e níveis. Outro destaque desse projeto é o contraste entre a massa volumétrica e plano de telhado que traz leveza ao conjunto e proteção com respeito ao clima local. No interior da residência, muitos detalhes em madeira deixam o ar um pouco mais rústico e aconchegante. Tudo isso dá a esta casa a sofisticação e o conforto necessários para quem gosta de viver bem, mas sem abrir mão da beleza.
Arquitetos: Vera Pires e Roberto Ghione Projeto: Arquitetura de residência unifamiliar Esquadrias, escada, corrimão, piso da passarela: Fecimal Arte & Madeira + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
CAPA
Um pouco do
Mundo
O projeto de um escritório de arquitetura foi beneficiado pela experiência profissional e as andanças da arquiteta por vários países Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: CACIO MURILO
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ara marcar os 25 anos de profissão, a arquiteta Sandra Moura decidiu: queria realizar um sonho, o de criar um escritório para ela mesma e, por isso, ele teria que ser muito especial, com a cara dessa trajetória de muito trabalho e pioneirismo na arquitetura paraibana. A edificação fica no coração de Manaíra, numa das principais avenidas, a Monteiro da Franca, entre edifícios residenciais e comerciais. O maior desafio foi aproveitar da melhor forma os espaços de um terreno de esquina, que mede 12m por 30m, e por isso mesmo tem algumas limitações técnicas. O artifício utilizado foi investir no pé direito alto, que ficou com 4 metros, dando uma maravilhosa sensação de conforto ao ambiente, que tem três pavimentos. “Há exatamente quatro anos, senti o desejo de conhecer a Turquia. Comprei o livro Istambul, de Orhan Pamuk, Prêmio Nobel de Literatura, onde ele retratou uma cidade melancólica da sua infância, mas não foi só o interesse literário que me levou até lá. Istambul historicamente é fascinante, ela foi capital do mundo três vezes, com uma riqueza cultural incomum. E foi visitando este local que encontrei a origem dos azulejos portugueses, os arabescos, os muxarabis (elemento árabe que se destinava a proteger as mulheres dos olhares masculinos) e foi introduzido aqui no Brasil justamente pelos portugueses com um novo conceito de brises, protegendo as fachadas da insolação. E um dos destaques do projeto é, sem dúvida, a colocação de muxarabis, este elemento básico das formas geométricas, na fachada leste do edifício. Ao pesquisar a obra do arquiteto inglês Eric Broug, Sandra percebeu que essa inspiração era universal. “É impressionante como essa forma pode ser encontrada em vários elementos arquitetônicos. Desde as grades das casas mais populares, como encontrei, por exemplo, no município de Solânea, até na entrada do Grand Bazar, em Istambul”, explicou. Para dar esse efeito no escritório, em Manaíra, quatro trabalhadores fizeram, em João Pessoa, as 148 peças em círculos que se entrelaçam, formando um efeito único. Para fugir da obviedade do branco, mas não deixar o escritório com cores demais, todo o mobiliário ficou num mesmo tom, o nude. O piso é de cor clara, o que dá mais leveza ao ambiente. No térreo foram criados dois espaços comerciais com pé direito duplo, já que a avenida também tem características comerciais. Já no Hall de entrada, é possível ver uma bonita escada de 14 metros escultural metálica e com degraus em madeira. No primeiro andar, fica uma área destinada à administração e a sala de produção dos arquitetos, com copa e banheiros masculino e feminino. Lá, é possível perceber o uso da criatividade de forma bem original: ao invés de móveis para guardar documentos, coloridas caixas de frutas e verduras, usadas em feiras livres. Cadeiras do arquiteto Charles Eams, um grande nome do design mundial, dividem espaço em harmonia com cadeiras de couro que fazem
parte do escritório de Sandra desde o início da carreira dela. Nas paredes, um pouco mais de cor, em tons amarelo. Ao chegar ao segundo andar, as cadeiras Egg de Arne Jacobsen, em tom laranja, chamam a atenção. Nesse local ficam recepção, copa, banheiro e também os dois espaços de maior destaque: a sala de reunião e a sala da arquiteta. Na sala de reunião, uma grande mesa divide espaço com uma estante, com iluminação com fitas de LED, que dão um efeito de “descolar o móvel da parede”. As cadeiras são Herman Miller, do modelo Sayl, inspirado na famosa ponte do Brooklin, em Nova Iorque com desenho Escandinavo. Já o espaço da arquiteta também ganhou uma mesa especial, com iluminação interna e desenho da própria, o que proporciona uma visão diferente e futurista. Por trás, outra parte da estante, decorada com livros e peças que dão um colorido bem moderno. E tem mais: o azul do céu está emoldurando todo o segundo andar, soltando o volume do edifício com a laje da cobertura. Ao chegar ao terceiro andar, uma visão surpreendente: é lá onde fica o solarium, com área gourmet e espaço externo com peitoril de vidro e três bancos emoldurando os pés de jabuticaba, que a própria arquiteta fez questão de plantar. As caixas de som ficam escondidas dentro de pedras, que ficam no chão, próximo a raiz das plantas. “Neste pavimento, a escala ficou bem humana, destacando-se das demais edificações do entorno. Você se sente bem, vendo toda a beleza de João Pessoa, de forma bem mais agradável. Ver o entardecer da cidade aqui é incrível”.
Sustentabilidade Como todo o ambiente tem vidros, as luzes só são acesas às 17h, quando a luz cai. As cortinas funcionam como painéis solares, evitando a entrada do calor do sol no ambiente.Também é possível recolher as portas de vidro até 100%, dando a possibilidade de evitar o uso do ar condicionado, utilizando um sistema europeu de vidros. Além disso, é utilizado um moderno sistema de automação, onde tudo pode ser controlado pelo sistema Creston. Através de um computador, o proprietário pode desde travar portas até controlar o sistema de ar condicionado e de luzes. E o que é melhor, de qualquer lugar do mundo. Essa é uma tendência, que a arquiteta espera que, num futuro próximo, esteja mais popularizada, porque realmente facilita o cotidiano das pessoas. “Minha idéia foi criar um escritório que tenha a cara do futuro. Não adianta a gente criar em cima de um conceito considerado moderno se daqui a pouco tempo ele já estiver ultrapassado. Temos que ir além!”, falou a arquiteta.
Inspirações A cada lugar por onde Sandra Moura passa, ela busca inspiração para novos trabalhos. Isso é facilmente percebível em dezenas de objetos colocados carinhosamente em várias partes do escritório dela. São maquetes, esculturas, quadros... Cada um com uma história, com uma particularidade, como por exemplo quando ela, junto com o marido, o empresário Roberto Cavalcanti, conheceu o artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. “Ele nos recebeu em sua casa e fez um quadro para nós, ali, na mesma hora. Foi incrível”, conta animada, como os verdadeiros admiradores da arte fazem. E esse gosto pelas artes também tem toques de bom humor, o que fica evidente quando ela conta a história de uma porquinha branca de porcelana, que ela encontrou numa loja em Recife de designer e que já foi colocada ao lado de uma cadeira de descanso, com um charmoso colar de pérolas da Chanel. “A beleza da vida está justamente nisso, ter também um pouco de irreverência no que nos faz feliz”. E essas inspirações todas aparecem em trabalhos marcantes feitos por Sandra, na capital paraibana, como os prédios da AutoClub Honda, da Telemar/OI, o MAG Shopping, cada com seus desafios e particularidades. Agora, ela trabalha na construção do restaurante Mangai, a sede João Pessoa. “Pra mim pouco importa se estou fazendo o projeto de um edifício ou de um lavabo. Vou dar o meu melhor, com a maior criatividade possível”, afirma. E diz mais: “Na minha opinião, o bom gosto independe do valor. Gosto de mostrar que é possível ter originalidade e beleza sem precisar gastar muito para decorar um espaço”.
Objetos de cdecoração do escritório
Entre as características que Sandra não abre mão, no dia a dia, está a humildade. “É preciso saber aprender, no dia a dia, com todo mundo, seja com um mestre de obras, um estudante de arquitetura ou até uma criança”. Para a arquiteta, os 10 anos de estudo de piano clássico fizeram com que ela criasse disciplina e tivesse sensibilidade para o trabalho que exerce hoje. “O jornalista Carlos Aranha uma vez me disse que Ghoet falou que a
arquitetura é música petrificada e eu concordo plenamente com isso. Quando você olha para um projeto arquitetônico e ele lhe comove, é porque ele tem algo a dizer a você. E tenho certeza que este edifício que acabo de fazer tem algo a dizer à cidade”, disse Sandra, emocionada, mas com um sorriso no rosto e a sensação de dever cumprido.
Arquiteta: Sandra Moura Projeto: Arquitetura e ambientação de escritório Bancadas/Piso: Oficina do granito • Luminárias: Stiluz Louça Sanitária: Onda • Madeira: Carvalho Móveis • Estrutura: Tutuca Vidros: Cebrace/Litium • Mobiliário: Casa Pronta Recife • Mesa: SCA Inox: Servinox • Piso: Portobello • Piso Externo: OCA • Paisagismo: Júlio Anjos + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
ILUMINAÇÃO
Luz nas áreas comuns Projeto de iluminação em um edifício tem vários conceitos de sustentabilidade aplicados
Texto: DÉBORA CRISTINA | Fotos: Diego Carneiro
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m espaço que prima pela elegância e também pelo conforto deve ter uma iluminação planejada de forma a atender a todas as necessidades de quem vai utilizar este local. Foi justamente isso que aconteceu com o mais novo projeto criado pelos light designers Daniel Muniz e Ingrid Hofmann para as áreas comuns de um edifício residencial localizado no bairro Jardim Luna, na capital paraibana. O projeto engloba as áreas de spa, academia, salão de festas, hall de entrada, pista de cooper,
piscina e jardineiras, além dos espaços zen e gourmet. “Este projeto foi pensado paralelamente com a ambientação e o paisagismo do prédio. É de fundamental importância para um bom projeto de iluminação: que ele seja desenvolvido junto com o gabinete de projeto de arquitetura, ambientação, com o construtor e o paisagismo. Este trabalho de varias mãos é que de fato dá a qualidade final do contexto do projeto”, explicou Daniel Muniz. O grande diferencial desse projeto é que ele tem vários conceitos aplicados de sustentabilidade. “Pelo próprio nome, Holandas Garden Place, já é
possível perceber este conceito geral. O projeto aborda vários conceitos de sustentabilidade e eficiência energética. Entre eles o consumo de energia elétrica pelo sistema de iluminação, pois grande parte das luminárias usa a tecnologia LED ou fluorescentes de alto rendimento. O que de fato é um grande diferencial para o condomínio que terá uma excelente economia de energia e um baixo custo de manutenção, além da beleza estética, com um resultado realmente muito interessante”, disse ele. Na área do spa, a opção foi uma iluminação mais agradável e mais intimista, já que o espaço requer
esta sensação. Foram utilizadas lâmpadas halógenas com luminárias de luz indireta para dar sofisticação ao ambiente. Já na academia foram projetadas luminárias e lâmpadas para termos 500 Lux por MT/2, pois este é um espaço de intensa atividade física e que requer que o usuário esteja em estado de alerta. Esta sensação e causada quando há uma grande quantidade de luz por metro/2 e lâmpadas na tonalidade de cor acima de 4000K. Nas rampas e escadas foram utilizados LEDs de baixa tensão porque além de terem um efeito visual muito interessante para a situação, eles são alimentados em 12V, o que minimiza o risco de choque elétrico, já
que estas peças estão sendo utilizadas em áreas molhadas. No paredão que circula o perímetro da academia e SPA foram utilizadas arandelas em LED de 4W projetando luz para áreas de circulação em torno da piscina e jardineiras. Estas luminárias são protegidas contra chuva e penetração de pó (IP 67) o que garante a alta vida útil dos equipamentos. No salão de festas e no espaço gourmet o projeto preservou muito a beleza estética e o resultado final da iluminação do ambiente. Lâmpadas com focos fechados, próximas das paredes e em cima do balcão gourmet, fazem círculos e marcações de luz que enchem os olhos do frequentadores deixando o ambiente muito agradável para confraternizações, aniversários e bailes.
Já na quadra foram utilizados projetores de facho simétrico com lâmpadas vapor metálico de 250 W e 4000 K e fixados na própria estrutura de alambrado da quadra. Estes equipamentos geram, em média, 350 Lux mt/2 no centro da quadra, fazendo com que seja possível utilizar este espaço perfeitamente à noite. Nas rampas, bancos do espaço zen e no guardacorpo foram utilizados mais de 100 metros de fita de LED criando uma iluminação perimetral destes detalhes da arquitetura e valorizando ainda mais as curvas e desníveis do prédio. Assim, é possível mostrar aos usuários os caminhos a serem percorridos dentro do layout do edifício. E a área externa também mereceu uma atenção especial no projeto de iluminação. Na calçada externa do prédio todas as palmeiras, por volta de 15, foram iluminadas com embutidos de piso e lâmpadas CDMR PAR 30 para manter o entorno do residencial iluminado e valorizar ainda mais o projeto de paisagismo que, de fato, também está belo, sendo juntamente com a iluminação, os equipamentos e a decoração os principais diferencias das áreas comuns deste empreendimento.
Iluminação: Emporium da Luz e Light Design Luminárias externas: Interlight Sistemas de Iluminação Luminárias internas: Revoluz e Light Design Iluminação fitas de leds: Stella Tec
“O grande desafio deste projeto foi manter a beleza e a qualidade de iluminação, já reconhecida nos empreendimentos da construtora Holanda, otimizado com a eficiência energética e a alta durabilidade dos equipamentos”, concluiu Daniel.
+ fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
Lighting designer: Daniel Muniz Projeto: Iluminação
especial
10 anos, 10 +
Para celebrar nossos dez anos, a ARTESTUDIO elaborou listas com os destaques da arquitetura
10 ARQUITETOS BRASILEIROS DOS ÚLTIMOS 10 ANOS. Nestes dez anos, a ARTESTUDIO testemunhou o surgimento ou a afirmação de muitos talentos brasileiros da arquitetura. - Arthur Casas, - Paulo Mendes da Rocha, - Ruy Ohtake, - João Filgueiras Lima(Lelé), - Isay Weinfeld, - Marcio Kogan, - Álvaro Puntoni, - Angelo Bucci , - Mario Biselli, - Aflalo & Gasperini
10 ARQUITETOS INTERNACIONAIS DOS ÚLTIMOS 10 ANOS. Estes são alguns dos nomes que têm se destacado na arquitetura mundial. - Santiago Calatrava - Zaha Hadid - Norman Foster - Rem Koolhaas - Jean Nouvel - Renzo Piano - Alvaro Siza - Mario Bota - Frank Gahry - Cezar Pelli - Tadao Ando
10 NOMES DE CLÁSSICOS DO DESIGN Estes profissionais conseguiram redefinir nossa maneira de ver alguns objetos. - Michael Thonet - Mies Van der Rohe - Sérgio Rodrigues, - Charles e Ray Eames - Verner Panton, - Eero Saarinen, - Philip Stark, - Le Corbusier - Marcel Breuer - Arne Jacobsen
Fotos: Divulgação
10 TESOUROS DA ARQUITETURA DO BRASIL Transpirando história, esses lugares são de visita obrigatória e mostram que a arte da arquitetura vem de longe. - Obras de aleijadinho (Minas Gerais) - Parati (RJ) - Pelourinho (Bahia) - Brasília (Distrito Federal) - Teatro Municipal (São Paulo) - Mercado Ver o Peso (Pará) - Teatro Amazonas (Manaus) - Igreja de S. Francisco e Convento de Sto Antônio (João Pessoa) - O centro histórico de Olinda (Pernambuco) - Centro histórico de São Luís (Maranhão)
10 OBRAS DA ARQUITETURA MUNDIAL As mais imporantes obras em que o homem transformou a paisagem do mundo. - Casa Farnsworth de Mies Van der Rohe - Masp de Lina Bo Bardi - Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright - Ópera de Sydney de Jørn Utzon - Museu Guggenheim - Nova York de Frank Lloyd Wright - Museu de Arte de Milwaukee - Santiago Calatrava - Congresso Nacional de Oscar Niemeyer - Ville Savoye de Le Corbusier - Museu Guggenheim Bilbao de Frank Gehry OS 10 ÚLTIMOS GANHADORES DO PREMIO PRITZKER O mais prestigiado prêmio da arquitetura no mundo consagrou estes nomes na última década. 2003 – Jorn Utzon, Dinamarca 2004- Zaha Hadid, Reino Unido 2005- Thom Mayne, EUA 2006- Paulo Mendes da Rocha, Brasil 2007- Richard Rogers, Reino Unido 2008– Jean Nouvel, França 2009- Peter Zumthor, Suíça 2010- Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, Japão 2011- Eduardo Souto de Moura, Portugal 2012- Wang Shu, China
Outros
10 mais
profissionais de vários segmentos da arquitetura, ambientação e design que fizeram sucesso nessa década. - Karin Rashid - Débora Aguiar - João Armetano - Zanini de Zanine - Marcelo Rosenbaum - Tadao Ando - Sérgio Matos - Sig bergamin - André Putman - Irmãos Campana
Fotos: Divulgação
INFORME PUBLICITÁRIO
IPOG João Pessoa celebra novo espaço!
O
mercado competitivo e o aumento no número de turmas exigiram do IPOG João Pessoa um investimento na estrutura oferecida aos pósgraduandos. Hoje, o portfólio do Instituto do Pós-Graduação, no País, contempla mais de 40 cursos. Na Paraíba, são nove especializações nas áreas de engenharia, arquitetura, negócios e meio ambiente. E foi justamente pensando em atender melhor aos alunos que a direção da Unidade decidiu mudar de ambiente. “Quando tivemos a ideia de mudar para um local maior, queríamos atingir dois objetivos: criar uma identidade para o IPOG e para nossos alunos – assim, melhoraríamos o posicionamento na cidade – e o outro é promover uma interação entre as turmas de outras áreas”, revelou um dos gestores do IPOG na Paraíba, Dalmo Oliveira. Sempre com o foco na busca por excelência no atendimento oferecido aos pós-graduandos, o gestor Dalmo afirma que as mudanças ainda não acabaram e que, no processo, há uma preocupação em consolidar a identidade visual do IPOG. “Hoje, podemos falar que o IPOG está construindo uma ‘cara’ e isso demonstra uma referência para nossos parceiros, alunos e fornecedores”, observou Dalmo.
O projeto de arquitetura Sustentabilidade e estilo original do imóvel. São as principais marcas do novo espaço do IPOG – Instituto de Pós-Graduação – em João Pessoa. Inaugurado no dia 17 de agosto, quando também aconteceu o primeiro módulo da turma Master em Arquitetura, o novo ambiente chamou a atenção pelo cuidado com a restauração da casa. O arquiteto responsável pelo projeto, Leopoldo Teixeira, confirma que houve uma preocupação em manter e respeitar as características originais da edificação que possui estilo eclético da década de 40. “Algumas intervenções feitas anteriormente que descaracterizavam o imóvel foram removidas. Além disso, foram criadas duas
novas salas de aulas utilizando acabamentos - pintura, telhas cerâmicas - que não descaracterizassem o imóvel”, exemplificou Leopoldo. No quesito sustentabilidade, o arquiteto pensou no sistema elétrico com lâmpadas mais econômicas (led, fluorescentes de alto desempenho), assim como num sistema de climatização no qual houvesse a proteção contra incidência solar nas salas de aula, também com a finalidade de reduzir o consumo de energia elétrica. Para a economia de água, todas as torneiras são de pressão e as bacias sanitárias de baixo consumo. Outra característica do prédio é o grande espaço reservado para a área verde, que permite a permeabilidade do solo e, consequentemente, o escoamento da água da chuva. Outro detalhe importante foi a preocupação do projeto com a acessibilidade em todos os ambientes. Rampas de acesso tiveram que ser refeitas e um dos banheiros foi totalmente adaptado para o uso de pessoas com necessidades especiais. “Em suma, a nova sede do IPOG João Pessoa, respeita o patrimônio histórico, a sustentabilidade e acessibilidade e, consequentemente, seus usuários”, resumiu o arquiteto. Os gestores da Unidade acreditam que o investimento feito com a mudança representa um avanço para o IPOG João Pessoa, que está passa por transformações gradativas, sempre pensando em melhorar o atendimento aos alunos. Entretanto, o maior desafio é construir uma sede própria. “Nossa missão é fazer com que o IPOG seja referência em educação no Estado da Paraíba e em todo Brasil. Estamos sempre em busca da melhoria contínua e levamos a sério o feedback dos nossos alunos”, finalizou Dalmo.
Casa da Pólvora
ACERVO
O início, o meio, o fim No túnel do tempo, as páginas da ARTESTÚDIO revelam a história da arquitetura e da Paraíba
Texto: thamara duarte | Fotos: Divulgação
N
o início, era o nada... Era a afirmação ao presente e ao futuro, mostrando as novas tendências da arquitetura, os projetos que mudavam os cenários das cidades, as tecnologias que iriam revolucionar a vida e o cotidiano dos habitantes dos grandes centros urbanos da Paraíba, do Brasil e do mundo... Em 2001, quando a ARTESTÚDIO começou a circular, não havia uma seção específica dedicada ao que tinha sido construído pelos antepassados e que serviam de lição e de aprendizado para as atuais gerações e para aqueles que ainda viriam. Contudo, essa preocupação já existia: o primeiro número já trazia uma matéria sobre a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, no Varadouro, e sua restauração. Três anos depois, o espaço “Acervo” se tornou fixo, com uma proposta inovadora que agregava imagens e textos e discutia os caminhos e usufrutos do patrimônio arquitetônico. Revelava os fatos, edificações e os bens culturais que edificaram a história da quatrocentenária capital paraibana. Embarcando no túnel do tempo, o leitor pode voltar à revista 13, que circulou no trimestre março/abril/maio de 2006. É lá que está a manchete: “Areia se torna Patrimônio Histórico Nacional”. A matéria enfocava o reconhecimento, por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) à beleza singular do casario e dos engenhos do brejo paraibano. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), desde 1979, Areia foi o cenário da rapadura, do pintor Pedro Américo, do romancista José Américo de Almeida e dos ambientalistas Lauro Pires Xavier e Antônio Augusto de Almeida. A cidade voltou ao foco da revista em 2007, na edição 19, numa reportagem que revelou a beleza da zona rural de Areia.
Igreja matriz de São Frei Pedro Gonçalves
Ainda no interior, os olhos dos repórteres e fotógrafos se voltaram para umas das maiores riquezas arqueológicas do Brasil e do mundo: as Itacoatiaras do Ingá. Ainda hoje indecifráveis, as pedras guardam milenares histórias dos primeiros momentos do homem e cenas do cotidiano. As pinturas rupestres eternizaram a caça, a pesca e a sobrevivência na Terra. Mas foi a cidade de João Pessoa – edificada em 1585 e terceira mais antiga do Brasil – que mereceu mais detalhes, nas edições que se sucederam nestes 10 anos da ARTESTÚDIO. Algumas notícias não chegaram a se concretizar, como que a falava sobre a possibilidade do mestre do modernismo, Oscar Niemeyer, projetar a biblioteca da UEPB. Já a obra do Museu da Cidade de João Pessoa – Parahyba, que começaria em 2007 e congregaria duas unidades – a do Império (na antiga Alfândega, na Cidade Baixa) e o da República (na casa onde morou João Pessoa, na Praça da Independência) está voltando à tona das discussões. Pode, inclusive, se materializar e se tornar uma realidade, nos próximos anos deste século XXI. Outras edificações, no entanto, têm enfrentado o tempo e resistido, apesar de, atualmente, serem uma pálida sombra do que foram no passado... A Igreja de Almagre, em Cabedelo, uma edificação dos anos de 1600, foi tombada pelo Iphan em 1938, mas nunca foi restaurada e encontra-se em ruínas. Quanto à Casa da Pólvora – resquício da época colonial e onde paraibanos e turistas curtiam o mais belo por do sol da cidade – está praticamente fechada. Hoje, não abriga, nem mesmo, o acervo fotográfico de Walfredo Rodriguez. As centenas de imagens permitiam uma viagem aos primeiros anos do século XX, particularmente às décadas de 1920/1960. São flagrantes da cidade dos bondes, das marinetes, das igrejas, praças e casarios. O passado, porém, também foi valorizado. O Paço Municipal de João Pessoa (primeira sede da Agência Central dos Correios e Telégrafos), o Comando Geral da Polícia Militar e a Casa do Artista Popular são
Hotel Globo Vista da cidade baixa
Teatro Santa Rosa
Paço Municipal
exemplos revelados pela revista. Com estilo eclético, onde predomina o art-noveau, os imóveis foram recuperados e requalificados, para o usufruto dos novos tempos. A publicação também já “passeou” pelas primeiras ruas de João Pessoa. Entre elas, desponta a Duque de Caxias (antiga Rua Direita). Uma das mais representativas das muitas que mudaram a nomenclatura, ela guarda, ainda, os becos, escadas, parte das calçadas e até antigos imóveis. Já na edição de nº 28, que circulou nos primeiros meses de 2010, foram registradas, para a posteridade, as praças da capital paraibana, como a Vidal de Negreiros, a João Pessoa, a Pedro Américo e a Venâncio Neiva. Sem esquecer, claro, a Praça da Independência, construída em forma de avião, no ano de 1922 (nos cem anos da Independência do Brasil), e cujo terreno foi doado pelo então prefeito Walfredo Guedes Pereira. Na revista de nº 29, que circulou entre março e maio de 2010, foi a vez de embarcar nos trilhos que levam à Estação Ferroviária de João Pessoa. Os trens partem, todos os dias, da capital em direção à Santa Rita, Várzea Nova e Bayeux, transportando velhos, adultos e crianças e tendo como cenário inicial o Rio Sanhauá, nascedouro da capital paraibana e onde os portugueses desembarcaram em 1585. No mosaico da arquitetura paraibana, são os imóveis que registram os variados estilos e formas. A leitura da “Acervo” permitiu conhecer, ao longo da década, detalhes sobre as edificações erguidas em diversos tempos históricos. A Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, no Varadouro, recebeu esse nome
para homenagear o santo católico que protegia os marinheiros que cruzavam o além-mar e chegavam às terras tabajaras. Já o Engenho Paul tem mais de 150 anos e é o resquício do único engenho erguido dentro da área urbana da capital. No anexo, funciona a Escola Piollin, celeiro das artes e da resistência cultural de João Pessoa, desde o final dos anos de 1970. Ao contar a história do centenário Teatro Santa Roza, a revista explicou a polêmica que envolve o seu nome. inaugurado em 1889, é uma homenagem a Francisco Luiz da Gama Roza, último presidente da Província da Parahyba do Norte, destituído quando da deflagração da Proclamação da República no Brasil. Quanto ao Hotel Tambaú, ele desponta na orla marítima de João Pessoa desde a década de 1960, tendo se perpetuado como o único exemplar a ser construído, literalmente, dentro de uma faixa de praia. Uns anos antes, na década de 1950, havia surgido, na Avenida Epitácio Pessoa, outro imóvel modernista. Retratada pela ARTESTÚDIO: a Casa Cassiano Ribeiro Coutinho tem projeto do mestre Acácio Gil Borsói, com jardins de Burle Marx. Nas centenas de páginas da coluna “Acervo” estão registrados expressivos capítulos da ARTESTÚDIO. São 10 anos de história e muitas reportagens, que permitem embarcar no túnel do tempo... Ao leitor coube conhecer – ou reviver – desde o passado mais longínquo, ainda dos primeiros momentos da então Capitania da Parahyba, até os atuais dias da capital João Pessoa...
A História de...
Brasileiro até no nome O cobogó surgiu em Recife para combinar ventilação e entrada de luz e hoje é um elemento que encanta os interessados em arquitetura Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação
A
arquitetura e engenharia brasileiras têm muitos motivos para se orgulhar, com talentos internacionalmente conhecidos, como o incontestável Oscar Niemeyer, mas o Cobogó é tido como um dos elementos mais genuinamente brasileiros utilizados na construção e decoração de prédios. O elemento vazado, inicialmente de cimento, foi concebido em 1929 por três engenheiros em Recife, sócios de uma fábrica de tijolos, que utilizaram as suas iniciais para formar o nome: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis. O Cobogó foi pensado para permitir a passagem de luz para um ambiente e, ao mesmo tempo, conferir privacidade e ventilação do local. O elemento vazado foi largamente utilizado nas casas construídas no Brasil nos anos de 1940 e 1950, mas também passou a ser largamente aplicado na divisão de ambientes de maneira suave, proporcionando um versátil jogo de luz e sombra. Foto: MB
Foto: Diego Carneiro
Lúcio Costa e Niemeyer, além de um grande volume de arquitetos brasileiros em meados do século XX, passaram a utilizar o recurso repaginado em obras contemporâneas. Os cobogós eram produzidos em materiais variados como a cerâmica, o vidro e a porcelana, assumindo diversificados tamanhos e formas, passando a ser implementado como um aliado na economia de energia, filtrando a radiação solar e permitindo a circulação permanente do vento.
O cobogó é um elemento similar ao utilizado pelos árabes, o muxarabi, um recurso feito para fechar parcialmente os ambientes, impedindo a visão interna de um ambiente e possibilitando a quem está dentro uma visão externa completa. No entanto, longe de apenas proteger os olhares destinados às mulheres, o cobogó foi adaptado à arquitetura ocidental para preservar a ventilação dentro dos ambientes. Amplamente utilizado tanto na arquitetura quanto na decoração, o cobogó atravessou a barreira das fachadas e entrou nos ambientes internos das construções. O cimento deixou de ser o único material utilizado para fabricação e passou a ser usado a cerâmica, o vidro, a madeira, o gesso e até o mármore. Atualmente o mercado demanda novas possibilidades para o uso do cobogó, que possibilitem aos profissionais a concepção de ambientes personalizados e resultados diferenciados dos convencionais. Os mais recentes elementos fazem uso de desenhos orgânicos e geométricos, ou mesmo em ondas do mar, atribuindo ao material um conceito e movimento. Lá no começo, o cobogó era um bloco quadrado em concreto armado, com 50 centímetros de lado e furos de 10cm por 10cm. Depois de um período de glória na arquitetura modernista dos anos 1950 e 1960, nas últimas décadas ele andou meio escondido nas áreas de serviço. Mas agora, fabricado nessa variedade de materiais, ele se tornou até peça de colecionador. Cobogó virou até nome de editora, a comandada pela cineasta Isabel Diegues (filha de Cacá Diegues), dedicada a livros de arte e cultura.
REPORTAGEM
Cresce e aparece Nos últimos anos, João Pessoa ganhou em verticalização e perdeu em mobilidade
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ssim como na vida de uma pessoa 10 anos trazem muitas modificações, as cidades também podem passar por metamorfoses gigantescas. Dependendo da localização e de fatores sociais e econômicos, as cidades se reinventam independente da ação dos gestores, cujos planos nem sempre conseguem acompanhar o ritmo frenético de crescimento de suas cidades. O processo de urbanização cada vez mais acelerado vai dando novas feições à paisagem das cidades a cada dia, a cada mês, a cada ano. Em João Pessoa, cidade que nasceu a partir do Rio Sanhauá
Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação
e cresceu em direção ao mar, não é diferente. Os últimos 10 anos foram de profundas transformações. A cidade viu o processo de verticalização ser apressado para conter a população, que segundo o censo do IBGE (Instituto de Geografia e Estatística) feito em 2010, ultrapassa os 723.515 habitantes, que se movem diariamente numa área 211,474 km². Novos bairros, novas ruas, novas praças, novos prédios e novos problemas passaram a figurar no retrato urbano da cidade que não para de se transformar, como se estivesse em constante ebulição.
Para Fabiano Melo, arquiteto e mestre em Engenharia Urbana, as transformações urbanas são fruto de toda uma conjuntura social e política que se reflete na formação das cidades. “Os últimos 10 anos foram marcados por grandes modificações nas dinâmicas socioeconômicas que trouxeram transformações para as cidades brasileiras, incluindo João Pessoa. As cidades onde vivemos hoje são resultado de um processo de industrialização tardio associado a um enorme fluxo de pessoas do campo para a cidade e agravado por um acelerado crescimento demográfico do início e meados do século XX. Como agravante, tivemos um passado recente de enormes dificuldades políticas – a ditadura militar, nos anos 1960 e 1970 – e econômicas – a hiperinflação, nos anos 1980”. É nesse cenário que os arquitetos, urbanistas, planejadores, gestores ou mesmo cidadãos comuns estavam há 10 anos: às portas do século XXI e esperançosos por tempo melhores e cidades melhores, e prontos para experimentar um termo bonito e relativamente novo à época: o desenvolvimento sustentável. “O fato é que, em matéria de urbanismo, vimos alguns paradoxos. Ao mesmo tempo em que pudemos celebrar a criação do Ministério das Cidades e de instrumentos como o estatuto da cidade, vimos o mesmo governo criando o programa Minha Casa, Minha Vida e incentivando a compra do transporte individual reduzindo impostos na produção de automóveis”, comenta Fabiano Melo. Segundo ele, do ponto de vista de um morador da capital, as mudanças mais significativas podem ser resumidas em alguns importantes tópicos: o fim do Lixão do Roger em 2003 e a inauguração do aterro sanitário; a implantação da integração dos transportes públicos municipais e intermunicipais da região metropolitana; a outorga onerosa nas regiões mais valorizadas da orla; a liberação da verticalização no bairro do Altiplano e obras viárias que possibilitaram a ocupação da zona sul. “Essas duas últimas ações possibilitaram a diminuição e aumento da ocupação de áreas mais e menos adensadas, respectivamente. Ainda nesse período houve o tombamento do conjunto do centro histórico pelo Iphan, a reforma do Parque Arruda Câmara, a urbanização da praia do Jacaré, na Grande João Pessoa, e a reforma de vários outros espaços públicos na cidade”, ressalta. “No âmbito documental, fizemos e revisamos nosso plano diretor, aplicamos alguns instrumentos do estatuto da cidade e até tentamos implantar o orçamento participativo. Por menos que tenhamos conseguido, é um passo importante para a democratização do direito à cidade e um início da reforma urbana tão necessária no país”.
Habitação e mobilidade Os avanços na produção de habitação e redução do déficit habitacional, cujo número ultrapassa 25 mil moradias, aconteceram, mas ainda de forma muito modesta. “O programa Minha Casa, Minha Vida se mostrou um ‘tiro pela culatra’ em todo o país, e devo dizer que os conjuntos da prefeitura são anacrônicos e pouco diferentes da produção do Banco Nacional da Habitação de 50 anos atrás. Não acho que nossos gestores gostariam de morar no conjunto Gervásio Maia e ir trabalhar de ônibus no bairro do Bessa”, comenta Melo. A verticalização dos bairros, especialmente os localizados na orla e na Zona Sul, vem modificando a paisagem urbana que começa a ganhar ares e problemas das metrópoles. A falta de controle relativo ao patrimônio urbano público de João Pessoa, perdendo-se na qualidade do patrimônio natural, rios mal cuidados, invadidos e assoreados; a Lagoa sem o devido cuidado; calçadas invadidas por veículos, comércios e serviços e afugentando cada vez mais aquele a quem deve servir – o pedestre. Tudo isso hoje é uma realidade cotidiana e já era apontado pela arquiteta e urbanista Rossana Honorato em artigo escrito em 2003. O aumento da frota, que chega a 230.820 veículos em circulação na cidade, provocou a queda na mobilidade e contribuiu para o aumento dos engarrafamentos cada dia mais comuns nos corredores que ligam o Centro aos bairros. A ineficiência do transporte público e falta de opções e vias de escape pioram o problema. “Embora tenhamos criado alguns quilômetros de ciclovias e implantado a integração dos transportes municipais e mesmo dos transportes metropolitanos, acho que todo morador da cidade concorda que deveríamos ter avançado na perspectiva da melhoria concreta dos transportes públicos, fosse com BRT, metrô ou qualquer outro transporte de massa eficiente”, ressalta. Algumas soluções de trânsito e acessibilidade implantadas – como as alças da Beira Rio, o Acesso Oeste, corredores exclusivos para ônibus no Centro da cidade, rampas de acesso, restauração de calçadas – são algumas tentativas para melhorar a mobilidade urbana, quesito que pode ser apontado como um dos mais graves problemas que a Capital passou a enfrentar nos últimos 10 anos.
ARQUITETURA E ARTE
Mundo
virtual
Há 30 anos, Tron – Uma Odisseia Eletrônica foi pioneiro no uso do computador no cinema; Tron – O Legado mostrou o avanço desde então Texto: renato félix | Fotos: Divulgação
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cinema mudou muito em 30 anos. No começo dos anos 1980 o cinema ainda trazia um pouco dos ares desbravadores que mantinha desde seu surgimento – principalmente no que se refere aos efeitos visuais. A evolução, claro, era constante, mas ostécnicos precisavam ser cada vez mais criativos para encontrar os meios de realizar no set de filmagem o que roteirista e diretor imaginavam. Hoje, no entanto, é possível fazer tudo. Essa mudança tem um mediador importante: o computador. E foi exatamente em 1982 que estreou um filme emblemático dessa transição: Tron – Uma Odisseia Eletrônica. O diretor Steven Lisberger não fez mais nada de importante – e nem mesmo o primeiro Tron chegou a ser considerado um grande filme para além de seu pioneirismo técnico. Porque foi um pioneirismo daqueles: boa parte do filme se passava “dentro do computador”, ou seja, em um ambiente virtual. Mas, muito mais do que as velhas técnicas de efeitos visuais, os efeitos por computador são superados por novos com uma rapidez assombrosa. Tron não demorou a envelhecer – e por isso não faltou quem se perguntasse qual o sentido de uma continuação. Mas quando foi lançado, em 2010, Tron – O Legado até surpreendeu e agradou. Na tela, a volta do ambiente virtual, inspirado no antigo, mas reinventado.
Um ambiente virtual implica em uma espécie de arquitetura para esse ambiente – uma relação nem tão distante quanto parece para um leigo. “Na realidade, nosso primeiro ambiente na arquitetura é virtual”, explica a arquiteta Márcia Barreiros. “Em 1982, ainda era raro alguma coisa apresentada em computador, mas os desenhos e perspectivas sempre fizeram parte da representação gráfica para se apresentar um projeto de arquitetura, tanto o cliente como o arquiteto, sempre precisaram de um mundo virtual para conceber e entender como um projeto ficaria depois de construído”. E aí os dois filmes mostram suas diferenças – separadas no tempo, mas ainda mantendo relações entre si. “Cada um reflete bem a época em que foram filmados, mas um aspecto muito interessante que eu percebi, foi o ar retrô do mobiliário do filme do ano de 2010”, diz a arquiteta. No primeiro Tron, ela destaca a sala dos gigantes computadores. “Para dar a sensação de poder da época”, conta. “E em termos de ambientação seria o Flynn’s, o uso neon foi muito forte nessa época”. No
luminária de piso Arco de Achille Castiglione -1962 e Poltrona de Charles e Ray Eames - 1956
segundo filme, ela aponta a “casa” virtual de Flynn. “Muita luz branca, quase azul. Uso de espelhos d’água, vidro, acrílico, tudo lembra modernidade, mas com muitos detalhes retrô. Seja nas portas dos quartos, na lareira, no lustre de cristal da mesa de jantar , na luminária de piso Arco, na poltrona de Charles & Ray Eames”, enumera. “Todos clássicos revisitados com um ar de modernidade. Apenas observando a ambientação nós sabemos que aquele é o ambiente mais ‘antigo’, mesmo num ambiente contemporâneo”. Tron – O Legado é dirigido por Joseph Kosinski (estreante na direção), e se beneficia dos quase 30 anos que se passaram. “A tela dos computadores é totalmente touchscreen, miniaturização com grande capacidade de armazenamento de dados”, aponta Márcia. “No ambiente do jogo, o desenho tem formas mais arredondadas e limpas. Os veículos de transporte são os que tem esse aspecto mais visível”. Ela compara com a versão de 1982. “A tela dos computadores é do ambiente DOS, uso básico do teclado para os comandos, mas tem um aspecto interessante: no escritório da grande empresa, já tinha o comando digital (touchscreen). No ambiente do jogo, o desenho ainda era muito ‘duro’”.
Tron 1982
Tron – Uma Odisseia Eletrônica (1982) Direção: Steven Lisberger. Com Jeff Bridges, Cindy Morgan. Walt Disney. Em DVD e blu-ray.
No fim, os dois Trons acabam sendo um testemunho do que o cinema e o mundo mudaram nestes 30 anos – não só em relação à tecnologia usada neles, mas como essa tecnologia influi nos ambientes. “A arquitetura e a ambientação sempre serão elementos identificam o seu tempo. Um ambiente como o Flynn’s, por exemplo, você identifica como sendo da década de 1980. Se você tem uma cadeira no estilo Luis XV e ela é em acrílico, claro que você sabe que aquele ambiente não é do século XVIII. Sempre vão ajudar a você a compreender o clima e os sentimentos para se entender mais facilmente a estória do filme”, conclui a arquiteta.
Tron 2010
Convidada especial: Márcia Barreiros
Tron – O Legado (2010) Direção: Joseph Kosinski. Com Bruce Boxleitner, Jeff Bridges, Olívia Wilde. Walt Disney. Em DVD e blu-ray.
Viagem de Arquiteto
A beleza do frio Os encantos de Copenhague, Oslo e Estocolmo, três capitais da Escandinávia
Texto e Fotos: Beatriz Campelo
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alar sobre a Escandinávia num só artigo é uma tarefa não muito fácil pelo risco de esquecer detalhes importantes. Não é um roteiro muito comum, mas sem dúvida vale a pena ser visitada. Começamos nossa viagem por Copenhague, uma ilhota maravilhosa, reconhecida como uma das cidades com melhor qualidade de vida do mundo e capital cultural da Escandinávia. A atmosfera de sonho entre seus prédios de arquitetura rococó, neoclássica e moderna é uma mistura bem posta de passado viking e modernidade. A maior atração da cidade é o Tivoli, um parque localizado ao lado da estação central de trem cercado de altos muros, repleto de restaurantes, casas de espetáculo, lojinhas de souvenirs e brinquedos de parque de diversões, como a roda gigante mais antiga do mundo.
Outro ponto que destaco de enorme beleza plástica é o canal Nyhavn com seu casario colorido transformado em bares e restaurantes. Chama atenção o número de bicicletas usadas como meio de transporte diário pelos cidadãos, com faixas e até semáforos. Por esta razão a União Ciclística Internacional considerou-a como a primeira Bike City. Em seguida fomos a Oslo. Capital e maior cidade da Noruega, é a meca das atividades internacionais de música, arte, cultura e ciência. Oslo é a cidade menos divulgada nos roteiros da Escandinávia e a que mais me encantou, por sua beleza arquitetônica, traçado urbano, organização e pelo elevado padrão de vida da maioria da população. Um local de visitação imperdível – falo sério, imperdível – é o Parque Vigeland, principal área verde de Oslo. São mais de 200 esculturas espalhadas pela área, incluindo a enorme peça central, parecida com a Torre de Babel, conhecida como monolito, com sua coleção de corpos nus retorcidos entalhados em um único bloco de granito. A temática é o ciclo da vida e a relação íntima entre o homem e a mulher, belo, emocionante. A caminhada no centro é muito agradável: árvores, restaurantes, cafés e lojas de luxo. Você, ao final, se verá frente a frente com o Palácio Real, o gigantesco lar cor de creme da família real norueguesa. Por fim temos o Porto de Oslo, região nobre, com vários restaurantes chiques e cafés à beira do mar, com cinemas, teatros, galerias, lojas, um ótimo local para caminhar e olhar pessoas. Oslo é um canteiro de obras a céu aberto, muitas surpresas. Um encanto! Por fim chegamos a Estocolmo. Pequena, plana, organizada e lotada de gente que fala inglês melhor que muito britânico, a capital sueca é incrivelmente amigável para turistas.
Nos chamou atenção as estações de metrô (único sistema da Suécia com 100 estações), que são verdadeiras galerias de arte e o bairro medieval. O Palácio Real é parada obrigatória. Um antigo forte transformado em residência real com mais de 500 cômodos. Uma boa idéia é começar a conhecer Estocolmo pela Gamla Stan, a cidade velha, toda calçada de seixos com vielas e becos onde você encontrará palácios e construções grandiosas em meio a casas antigas, lojinhas e restaurantes. Almoçamos em um retaurante na charmosa Storttorget, a praça mais antiga de Estocolmo, onde estão a Bolsa de Valores e o museu do Prêmio Nobel. Se você curte igrejas, as mais interessantes são Sstorkyrkan e a Tyska Kyran. O verão é a melhor época para se visitar a Escandinávia – considerando que lá se vive quase oito meses do ano trancado dentro de casa, sob frio, neve e escuridão. Arquiteta: Beatriz Campêlo
+ fotos no site: www.artestudiorevista.com.br
Expressão Nacional
Polivalência
máxima
W.J. Solha sempre jogou em diversas áreas da cultura, mas este é o ano de seu sucesso como ator Texto: Renato félix | Fotos: divulgação
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scritor, pintor, dramaturgo, autor de libretos para música erudita, produtor de cinema, ator. Não é pequena a lista de serviços prestados de Waldermar José Solha, ou apenas W.J. Solha, à cultura paraibana. Ele é paulista, de Sorocaba, mas mora na Paraíba desde 1962. Foi bancário na cidade de Pombal, no sertão do estado, e foi lá que se envolveu na cena teatral local. Daí, surgiu – com o amigo José Bezerra Filho – a ideia de produzir um filme paraibano: um longametragem de ficção, que rendesse bem e desse início a uma indústria de cinema na Paraíba. Ele e Bezerra levantaram o dinheiro necessário, contrataram o diretor Linduarte Noronha e técnicos e produziram O Salário da Morte, lançado em 1971. O filme, onde Solha também apareceu em um dos papéis principais, não foi bem. Mas revelou uma atriz que hoje é sucesso nacional: Eliane Giardini, também de Sorocaba e sobrinha de Solha. E, de lá para cá, o próprio Solha alcançou destaque em muitas outras áreas (mesmo que nunca na produção de cinema, que ele não tentou mais). Já em 1975, seu romance Israel Rêmora foi premiado e editado pela Record. Na mesma época veio A Canga, que muito anos depois virou um curtametragem Mas se tem uma área onde Solha tem se destacado recentemente é a atuação. Após as experiências dos anos 1970 – O Salário da Morte, Fogo Morto (1975) e Soledade (1975) – , sua carreira na área renasceu após a impressionante caracterização do curta A Canga (2001). No ano seguinte, já estava em Lua Cambará (2002), do cearense Rosemberg Cariry.
Nos palcos, foi Pilatos por três anos na montagem do Auto de Deus, a Paixão de Cristo pessoense no começo dos anos 2000. Demorou seis anos para reaparecer em um longa, é verdade – foi em Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito (2008), filme que inaugurou a onda espírita no cinema brasileiro –, mas foi convidado quase simultaneamente para dois projetos onde tem se destacado e até ganhado prêmios: os filmes pernambucanos O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, e Era uma Vez Eu, Verônica, de Marcelo Gomes, pelo qual ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília, um dos mais tradicionais do país. É incrível, mas parece ser apenas o começo!
ARQUITETURA & ESTILO DE VIDA
Hรก 10 anos, valorizando talentos
Estilo de vida
Alice Fernandes
N
ascida em Niterรณi (RJ), filha e casada com paraibanos a vida de Alice parece que jรก estava escrita para acontecer aqui, mas precisamente hรก 23 anos em Joรฃo Pessoa.
”SEMPRE QUE SE SENTIR fRACA DIANTE DE UM OBSTáCULO, ENfRENTE-O PARA MOSTRAR A VOCê MESMA QUE é CAPAz”. CONSELHO DE SEU PAI PARA SUPERAR A TIMIDEz
Formada em Direito. Depois de ter os quatro filhos criados e encaminhados resolveu se dedicar a algo que a realizasse e completasse a sua vida, pois não queria ser a “sogra”. Foi aí que surgiu a oportunidade de produzir flores tropicais. Com a plantação, ingressou nesse mundo maravilhoso da decoração. Fez muitos contatos pelo Brasil afora e no exterior. Foram várias as missões internacionais que lhe abriram um leque de oportunidades inimaginável. Aliou a suas habilidades manuais com conhecimentos didáticos e profissionais. Visitou outras culturas e nesse caminho procurou trazer a síntese de tudo para o seu trabalho. “O meu trabalho de decoração é o que me traz satisfação pessoal e a realização profissional que eu procurava” afirma orgulhosa. Quem conhece Alice a define como uma pessoa versátil que aprecia o belo, que procura expressar, através de seu trabalho, uma mensagem de elegância com estilo, abordando temas os mais variados, do rústico ao contemporâneo com o pensamento voltado à coerência, à arte.
1 fAMíLIA:
O bem maior que possuímos.
2 TRABALHO: É a honra.
3 VIAGENS:
Ensinamento cristão que devemos estar sempre atentos em exercitar.
4 IGUALDADE:
Nascemos todos iguais. O que nos difere durante a vida são as nossas escolhas. Ao optarmos, diante de nosso livre arbítrio, vamos nos revelando pois o homem se torna produto do meio e de suas decisões.
5 RESPEITO: Respeitar para ser respeitado.
7 RECICLAGEM:
Atitude importante para se renovar e aceitar novos conceitos.
9 DISCRIÇãO:
Faz parte da ética e da boa educação.
Fotos: Divulgação e acervo pessoal
6 APRENDIzADO:
Sou eterna aprendiz. Curiosa e ávida por novos conhecimentos.
8 SUPERAÇãO:
Não desisto fácil. Procuro sempre contornar as dificuldades e superar as vicissitudes.
10 AMOR:
Em tudo o que faço vai uma dose enorme de amor pois não sei me envolver com qualquer projeto se não for por amor.
conversa franca
“Nossos arquitetos estão entre os mais talentosos” Francisco Oliveira conta como estão as ações do Conselhor de Arquitetura e Urbanismo para o fortalecimento da profissão Texto: neide donato | Fotos: divulgação
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inalmente separados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), os arquitetos ganharam autonomia com a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Na Paraíba, que concentra cerca de 1% de todos os arquitetos do país, essa ruptura tem um sabor especial, afinal o estado ganhou o segundo mais importante posto no novo conselho. Doutor em Arquitetura e Urbanismo, professor da Universidade Federal da Paraíba desde 1984, o arquiteto Antônio Francisco de Oliveira foi o escolhido para ocupar a vice-presidência do conselho no Brasil. Ele conta, na entrevista a seguir, como estão as primeiras ações do CAU, explica como a entidade será um marco do fortalecimento das profissões de arquiteto e urbanista no país e fala até da separação tumultuada do Crea, que aconteceu em alguns estados. Ele elogia, também, o nível dos arquitetos brasileiros: “Há décadas vários arquitetos brasileiros ocupam papel de destaque no cenário mundial. Nossos projetos e nossas construções são dignos das melhores referências”. ARTESTUDIO - O sua eleição para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo significa para a Paraíba? FRACISCO OLIVEIRA - Fui eleito conselheiro federal, para representar o Estado da Paraíba junto ao CAU/ BR, em 26 de outubro de 2011, e tomei posse no cargo em 17 de novembro do mesmo ano. Em 19 de dezembro fui eleito coordenador da Comissão
de Exercício Profissional, o que me levou à condição de membro do Conselho Diretor. Por fim, no último dia 5 de outubro, fui eleito 1º Vice-Presidente, que é o segundo cargo da hierarquia do conselho. Recebo isto como uma grande honra para mim, como paraibano, e creio que também o é para a Paraíba, pois somos um pequeno estado, com
aproximadamente um por cento dos arquitetos do país, apenas. Mas, ao mesmo tempo, tomo isto como um grande desafio e uma grande responsabilidade. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para honrar o meu cargo e corresponder às expectativas que me foram depositadas. Dedicarei todo o meu mandato à organização de nossa profissão em todo o país, sem descuidar de uma atenção especial à consolidação do conselho na Paraíba. AE - Quais são as metas e projetos para o Conselho? FO - Este ano de 2012 foi o da instalação dos conselhos, tanto do CAU/BR como dos conselhos estaduais, os CAU/UF. Tivemos que partir praticamente do zero, sem qualquer estrutura que nos permitisse trabalhar com um mínimo de apoio e de dignidade, pois, na maioria dos estados não houve a esperada transição pacífica dos Conselhos Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para os CAU/UF, como deveria ter acontecido. Negando-se a cumprir o que foi determinado pela Lei 12.378/10, que criou o CAU, muitos dos Crea sequer repassaram os recursos financeiros que estavam em seu poder, mas que, de acordo com a lei, são do CAU e devem ser utilizados para a instalação dos novos conselhos. Ainda hoje parte significativa desses recursos não foram repassados ao CAU. Mas, já tomamos todas as medidas necessárias para fazer cumprir a lei, inclusive no âmbito judicial. AE – Mesmo com essas dificuldades, o que já se pode apontar como conquistas dos CAUs? FO - Mesmo assim muito já foi feito. A maior parte das normas mais urgentes já foi aprovada e está em vigor, totalizando 35 resoluções, além de significativo número de deliberações plenárias e de orientações técnicas e jurídicas do CAU/BR. Além disso, o Sistema de Informação e Comunicação do CAU (SICCAU), que é conceitual e tecnicamente muito avançado, já está consolidado e representa um modelo a ser seguido por outros conselhos. Com este sistema, todos os serviços prestados pelo CAU, tanto aos arquitetos como à população podem ser feitos via web, com muito mais agilidade, economia, segurança e conforto. E, o que é mais importante e tranquilizador: todos os conselhos estaduais já estão instalados e em funcionamento. AE - Como o Conselho poderá auxiliar na valorização do profissional? FO - Os anos de 2013 e 2014 serão os da consolidação do CAU e do aumento da presença do conselho em defesa da profissão e dos profissionais. Um importante diferencial será a nova fiscalização do exercício da arquitetura. Será um trabalho essencialmente voltado para a defesa da sociedade, da qualidade de vida, do meio ambiente, da profissão e dos profissionais. Seu instrumento mais importante será a orientação para a prática correta da profissão, valendo-se da ação punitiva como último recurso. O agente de fiscalização do CAU deverá ser um propagador
das boas práticas, um orientador e um aliado dos profissionais, tendo como principal objetivo coibir a ação ilegal de pessoas desprovidas de qualificação para exercer a profissão. Manteremos abertos, ao máximo, possível canais de interlocução com os arquitetos, diretamente e através das entidades profissionais, para discutirmos e identificarmos os novos rumos da profissão. Queremos trabalhar para o desenvolvimento e a valorização da arquitetura e do trabalho dos arquitetos. AE – Como você avalia a atuação profissional dos arquitetos atualmente? FO - Nossos profissionais estão entre os mais bem preparados e talentosos do mundo, isto não é nenhuma novidade. Há décadas vários arquitetos brasileiros ocupam papel de destaque no cenário mundial. Nossos projetos e nossas construções são dignos das melhores referências e, assim sendo, é natural que seus criadores desejem ser reconhecidos e remunerados em conformidade com isto. Cuidaremos de temas que há tempos são reclamados pelos arquitetos, mas que, enquanto estávamos submetidos à regulamentação do Crea, não nos foi possível alcançar, como a aprovação de uma tabela de honorários profissionais e um código de ética da arquitetura. Buscaremos também estreitar nossos laços com os cursos de arquitetura e urbanismo, e estimularemos a contínua melhoria do ensino acadêmico e a formação continuada de nossos profissionais, pois a regulamentação se fundamenta no binômio ensino-prática profissional. AE - Em que patamar está o processo da emissão das novas identidades profissionais? FO - O processo de emissão das novas carteiras profissionais já foi iniciado. Como primeiro passo, todos os arquitetos devem conferir seus dados cadastrais através do SICCAU e, se necessário, atualizá-los. Em seguida, devem acompanhar o calendário de coleta de seus dados biométricos, que é uma ação a ser realizada presencialmente, nos locais definidos por cada conselho estadual. A primeira via da carteira é gratuita. Trata-se de um cartão termoplástico confeccionado em material de excelente qualidade e de belo desenho, sendo dotado de chip para armazenamento de dados, além de servir como documento de identidade válido em todo o território nacional.
CARTA DO LEITOR A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:
contatoartestudio@yahoo.com.br | contato@artestudiorevista.com.br
Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.
Linda capa da revista 39. Parabéns a arquiteta Gilvane Bitencourt ! Valentina Maia João Pessoa
Nunca imaginei que uma revista de arquitetura pudesse dar dicas de compras, o que eu quero dizer é que eu vi a matéria da Outlet jeans, identifiquei de cara na Edson Ramalho, terminei encontrando a loja que eu precisava, com muuuito jeans. Muito bom.
Ana Luíza Parabéns à revista ARTESTUDIO, sinto que cada edição é melhor do que a outra. Peço que divulguem mais projetos comerciais. Obrigada!
Karla Lira
João Pessoa
Sugestão anotada, Karla! Obrigado! Gosto demais da revista ARTESTUDIO, mas acho que o site de vocês não acompanha a mesma qualidade. Gostaria que tivesse mais informação e uma cara mais atual.
Sérgio Lima Recife
Obrigado Sérgio, já tínhamos percebido isso e mudamos. Dá uma olhada no endereço www.artestudiorevista.com.br e dê a sua nota. Afinal o nosso foco sempre é você, nosso leitor. Sempre fui fã de cinema, mas estou amando as dicas de filmes que vocês dão. Nunca teria assistido Dogville se não tivesse lido a matéria. Continuem com essa seção, ela é muito boa!
Rafaella Costa João Pessoa
Obrigada Rafaella, na verdade ela é uma matéria , mas devido ao sucesso, ela se tornará uma seção em 2013. Abraço!
João Pessoa
Que bom, ficamos feliz por você.
Muito poética a matéria de Acervo, falando sobre o início da nossa cidade, do rio Sanhauá, mas ao mesmo tempo que tristeza em ver o nosso centro histórico, a cidade baixa tão degradada, tão desvalorizada. Vocês têm feito o seu papel, falta a sociedade e os políticos fazerem o dele. Parabéns!
Paulo Henrique Freitas João Pessoa
Paulo temos um profundo carinho pelo nosso acervo artístico, arquitetônico e cultural, vamos continuando a mostrar as nossas belezas para que elas sejam melhor cuidadas. Abraço!
A ARTESTUDIO agradece a todos os e-mails recebidos. Não podemos publicar todos eles, mas saibam que nenhum ficará sem resposta. Um grande abraço a todos vocês leitores e colaboradores da ARTESTUDIO. Obrigado! A editoria
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Leonardo Maia
Vera Pires e Roberto Ghione
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