Nov/Dez 2014 Ano III • Nº 14 R$ 10,00
JANELA DA FAMA FEIÚRA POR DESLEIXO FATORES QUE AGRIDEM A BELEZA SEM VOCÊ PERCEBER
Uma entrevista de tirar o fôlego com LUANA FERNANDES, a cantora -revelação do Vale do Aço que entrou para o The Voice
A FRAUDE DA QUÍMICA
Como é que o consumidor tem sido lesado todos os dias na compra de carnes
EMBALA LIXO: A EMPRESA QUE SOCORRE O LIXO NOSSO DE CADA DIA
A POUSADA adquirida pelo sindicato está localizada na Praia do Morro, a cerca de 500 metros do mar
4
Bons
o a r a p s o t n ve
s o d a i c o s s sa
Sindicato dos Comerciários de Ipatinga comemora aquisição de Pousada em Guarapari
Nov/ D ez 2 0 1 4
DESCANSO À BEIRA-MAR Prestes a completar o seu 30º aniversário de fundação, o SECI – Sindicato dos Empregados no Comércio e Serviços de Ipatinga acaba de anunciar a concretização de um sonho antigo da classe que hoje representa a maior força de trabalho do município. É a aquisição de uma confortável Pousada em Guarapari, o principal pólo turístico do litoral capixaba, a 420 quilômetros do Vale do Aço. A Pousada adquirida pelo SECI está localizada na Praia do Morro, a cerca de 500 metros do mar. A infraestrutura da edificação inclui área de churrasqueira, piscina e sauna. São 16 suítes com acomodações muito convidativas, com geladeira, ventilador, TV a cabo e wi-fi. Com esse investimento feito pela entidade, o SECI propicia aos trabalhadores mais uma ótima oportunidade de lazer e descanso nos períodos de férias, feriadões ou recessos. A conquista soma-se a diversas outras ações importantes em favor da categoria neste ano de 2014, considerado histórico pela diretoria, como a Festa dos Comerciários com sorteio de uma moto 0km, a aquisição de um veículo, várias vitórias na Justiça do Trabalho, importantes novos convênios para a categoria, dentre outros.
A POUSADA pode ser reservada por trabalhadores com cartão de sócio atualizado
Como fazer as reservas
UMA BEM CUIDADA piscina e área de churrasqueira fazem parte das instalações
Os trabalhadores que têm o cartão de sócio do SECI atualizado podem usufruir da Pousada com seus dependentes ou acompanhantes. Quem ainda não se associou pode fazer o cadastro no Sindicato apresentando os seguintes documentos: RG, CPF, Carteira de Trabalho e o último contracheque. O cartão fica pronto na hora. Para reservar uma suíte, o trabalhador deve apresentar o cartão de sócio e os documentos de identificação dos seus dependentes/acompanhantes. Para efetivar a reserva o associado paga uma taxa de manutenção. As reservas são realizadas com antecedência máxima de 60 dias e mínima de 10 dias em relação à data de início da hospedagem. A ocupação das suítes ocorre por ordem de reserva.
SERVIÇO
AS 16 SUÍTES oferecem todo conforto, com geladeira, ventilador, TV a cabo e wi-fi
SECI: Av. 28 de Abril, nº 621, sala 302 Centro de Ipatinga • (31) 3822.1240 www.seci.com.br www.facebook.com/seci.comerciarios
Nov /D ez 2014
CARTA AO LEITOR
Navegar é preciso
D 6
DIRETOR E EDITOR-CHEFE Luiz Carlos Kadyll Registro - JP 00141/MG (31)8586-7815/3824-4620
epois de tantas “artes” políticas que desencadearam um dos mais manipulados processos eleitorais dos últimos tempos, em nossa Nação, nada como privilegiar a arte verdadeira, afinal de contas. Que saiam de cena os atores do teatro do absurdo e voltemos à vida real. Onde nem sempre há inspiração para decorar textos, mas muita transpiração - porque sem ela não se paga contas.
REPORTAGENS Luiz Carlos Kadyll kadyll.revistaatitude@gmail.com Alexandre Paulino alexandre.revistaatitude@gmail.com Janete Araújo janete.revistaatitude@gmail.com
Em que pese termos assistido se digladiando, em rede nacional, dois mineiros postulantes à presidência da República, nunca devemos nos esquecer da frase antológica de Guimarães Rosa: Minas, de fato, são muitas. E nem todas elas talvez nos representem ou nos traduzam exatamente.
FOTOGRAFIAS Matheus Nogueira Carla-Guarilha Luiz Carlos Kadyll
Fato é que o Brasil e seu povo são maiores que a rotina meramente discursiva ditada pelos maus profissionais da política encastelados nas viciadas estruturas de poder. É possível - e é preciso - persistir na teimosia febril de progredir, apesar deles. Salve Luana Fernandes, que ainda criança resolveu botar a boca no mundo e cantar a sua liberdade, a ponto de conquistar precocemente o direito de ser vista e ouvida num programa musical com selo global. Salve o chargista-cartunista João Marcos, que ainda adolescente enganava potenciais ladrões com um apito, apenas para ter direito a um trabalho noturno - o mesmo que o fez ascender profissionalmente e entrar pela porta da frente no restrito ambiente doméstico da Turma da Mônica. Salve o distribuidor de alimentos Israel de Paula Ferreira, que foi ao Chile e ao Vietnã em busca de pescados incontaminados para servir à nossa população. Que esta edição ajude a matar a sua fome de ATITUDES que se recomendem. E seja útil também para aqueles dias cinzentos em que o mar, o rio e o ribeirão não estão para peixe.
PROJETO GRÁFICO Alisson Assis DIAGRAMAÇÃO Fábio Heringer ASSISTENTE DE ARTE Ellen Villefer de Carvalho Almeida ellen.revistaatitude@gmail.com DIRETORA COMERCIAL Edileide Ferreira de Carvalho Almeida edileide.revistaatitude@gmail.com (31)8732-8287 COLABORARAM nesta edição Ed Carlos, assessorias de Comunicação da Cenibra, Aperam, Consul e Aciapi; Dr. Mário Márcio. ENDEREÇO POSTAL R. Bororós, 125 - Jardim Panorama Ipatinga - Minas Gerais Tiragem 3.000 exemplares
ENVIE SUGESTÕES A revista atitude conta com a sua participação para proporcionar sempre um alto nível de informação aos seus leitores. Envie suas sugestões de reportagens para o e-mail sugestao.revistaatitude@gmail.com. Elas serão avaliadas por nossa equipe com
Luiz Carlos Kadyll
toda atenção.
Editor-chefe
Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/revistaatitude
Nov/ D ez 2 0 1 4
7
Nov/D ez 2014
SUMÁRIO
12
OUSADIA CAIPIRA José Félix, o ex-metalúrgico da Usiminas que se candidatou ao Congresso dos Estados Unidos.
28
VÁRIAS CONTUSÕES DEPOIS Kerlon, o ex-‘Foquinha’ do Cruzeiro, se prepara para jogar na Flórida.
32
O SONHO REALIZADO Luana Fernandes, 19 anos, conta como superou 30 mil competidores para cantar – e encantar – no The Voice.
8
42
45 ANOS NA MESMA EMPRESA José Celso, o mais antigo funcionário da Aperam em atividade, sonhava desde criança com um emprego na siderúrgica.
48
PROFISSÃO: DESENHISTA João Marcos, o menino-prodígio que virou roteirista da Maurício de Sousa Produções.
56
PESCADOS DE QUALIDADE Israel de Paula, empresário fabricianense, busca peixes sem contaminação no Chile e no Vietnã.
ISRAEL DIANTE de um dique onde são criados pangas com ração balanceada, em Cân Tho, no sul do Vietnã
Nov/ D ez 2 0 1 4
9
Nov/D ez 2014
10
Nov/ D ez 2 0 1 4
11
Nov/D ez 2014
Quem tem boca vai à... Flórida Há três décadas, ex-operário da Usiminas começou a sobreviver nos EUA engraxando sapatos. Integrado ao modo de vida norte-americano, ele resolveu fazer história, candidatando-se ao Congresso como cidadão ianque
“Eu nunca tive nenhum cargo político. Entretanto, acredito que possuo espírito de liderança e o senso comum necessário para ajudar essa grande nação a trilhar novamente o caminho da liberdade e prosperidade. Chegou a hora de nossos líderes colocarem as divergências políticas de lado e fazerem o que é bom para o país. A prioridade deve ser reformar os sistemas de educação e saúde, reduzir impostos, combater os desperdícios de verbas públicas. Os nossos representantes eleitos devem começar a trabalhar juntos, objetivando os interesses da população e não somente os deles. Eu acredito que posso fazer isso e, com a sua ajuda, o farei”. Como vivenciamos um ano eleitoral no Brasil, instados uma vez mais ao dever cívico de escolher deputados estaduais e federais, senadores, governadores e até presidente da República, qualquer um de nós poderia facilmente confundir esses argumentos com um discurso de ocasião feito por este ou aquele de nossos muitos
Nov/ D ez 2 0 1 4
A FOTO OFICIAL do mineiro em sua campanha ao Congresso, tendo ao fundo o Capitólio, sede do legislativo em Washington D.C.
VIDA NO EXTERIOR candidatos. Se você imaginou que esse tal postulante a cargo público é brasileiro – daqueles que, afinal, “não desistem nunca” –, acertou na mosca. Mas o fato é que, nesse caso, a eleição não se dá aqui, e sim nos Estados Unidos, o que eleva em muito o nível de ousadia. A fala é de José Félix Peixoto, 54 anos completados em 28 de setembro, que não em 2014, mas há dois anos passados, decidiu entrar para a história como o primeiro brasileiro a candidatar-se ao Congresso norte-americano. Não foi desta vez que conseguiu o objetivo, mas nem por isso acha que é inútil tentar de novo. “Ontem você não fez, então não tem como voltar atrás. O que está diante de você hoje, faça. Amanhã, você não sabe como será. Não quero por limites, estabelecer números, quero apenas seguir em frente, lutar pelos meus objetivos”, teoriza esse mineiro, natural de Ipanema, no Vale do Rio Doce, e que há 32 anos também morou em Ipatinga, prestando serviços à Usiminas. Hoje José Félix mora em Key Largo, sul da Flórida, num bairro costeiro com tradicional vocação turística, levando uma vida bastante estabilizada e que segundo ele é focada principalmente na família e na necessidade diária de manter sólidas as suas muitas relações de amizade. Tem uma empresa que atua na construção civil. Está casado há 24 anos com a também brasileira Bianca. Eles são pais de três filhos, todos nascidos nos Estados Unidos: Luana, de 22 anos; Bryan, de 17, e Annavera, de nove anos. Conforme o empresário, a política está no seu sangue. Recentemente, descobriu em guardados da família o diário do avô materno, seu homônimo, que também se mostrava muito envolvido com a vida pública nos anos 30, graças a uma habilidade especial de se relacionar com as pessoas. “Eu tinha 22 anos quando era operário da Usiminas. Na época, a empresa apoiava a candidatura de Eliseu Resende, do PDS, para governador de Minas. Mas eu fazia campanha para Tancredo Neves, do PMDB. Foi a primeira vez que me vi numa posição de liderança política contrária à dos superiores”, relembra. O ex-industriário, um dos seis filhos de um antigo funcionário de laticínio em sua terra natal e uma humilde dona de casa, recorda que precisava bastante do emprego. Mas preferiu contrariar a direção a seus princípios. Pediu demissão e se mudou para Brasília para trabalhar no Banco do Brasil, onde havia sido menor aprendiz até os 18 anos. A decisão política se revelara acertada. Afinal, Tancredo venceu o pleito com 2,7 milhões de votos, na primeira eleição direta para o Executivo estadual desde 1965. Contudo, Minas Gerais só o teve no Palácio da Liberdade por 17 meses – ele deixou o cargo em 1984, e foi eleito presidente da República, posição que a morte o impediria de ocupar a partir de uma estranha doença que o acometeu na véspera da posse. José Félix, que só completou o segundo grau no Brasil, disse ter permanecido no BB do Distrito Federal apenas um ano e, com o país sob o governo de José Sarney, resolveu deixar a capital federal e tentar a vida nos Estados Unidos.
Nov /D ez 2014
13
Engraxate em NY
O emigrante chegou em Orlando, Flórida, exatamente 29 anos atrás, no dia de seu aniversário, com a bagatela de US$ 500. Já no aeroporto, conheceu um brasileiro de Teresópolis, e seguiu de trem com ele para Nova York. Novamente, sem a menor dificuldade, no dia seguinte foi indicado para outro brasileiro, dono de lojas de engraxate, e conseguiu seu primeiro trabalho no país, lustrando sapatos nas ruas de N.Y. “Só falava ‘thank you, I am sorry’”, diz ele. Contudo, logo no primeiro
JOSÉ FÉLIX pede votos à população em um de seus comícios
14
Nov/ D ez 2 0 1 4
dia já ganhou US$ 56, o que o motivou. Rapidamente, fez as contas. O valor, multiplicado por 30 dias, era mais de três vezes o dinheiro que havia economizado para pisar ali. O ipanemense continuou trabalhando em Nova York até que um passeio a Niágara Falls do lado do Canadá resultou em problema com a imigração americana. Ele havia entrado nos EUA com visto de turista, pediu uma extensão de mais seis meses, mas não estava com seu passaporte nesta pequena viagem. Apressado para pegar o carro, que havia deixado
do lado americano, resolveu não esperar o ônibus da excursão, que parou num “duty free” na estrada. Foi andando até a fronteira, poucos passos do ônibus, mas aí foi detido pela imigração americana. Logo foi solto com uma advertência. Os oficiais disseram que ele estaria recebendo uma carta em breve. Assustou-se, mas os tempos eram outros, diz. “Não existia a caça ao imigrante como hoje”. De qualquer forma, por garantia, ele chegou em casa, avisou os amigos com quem morava e pegou a estrada em direção à Flórida.
VIDA NO EXTERIOR
Um novo tempo na terra do sol COM A MULHER BIANCA, o genro Andres Herrera e os três filhos, todos nascidos nos Estados Unidos: Luana, 22; Bryan, 17, e Annavera, de nove anos
O EMPRESÁRIO com seu cachorro Simba, na casa da família em Key Largo
15
Chegando em Miami, o caminho de José Félix convergiu, enfim, para uma situação de relativa estabilidade. Logo conseguiu trabalho com fibra de vidro numa fábrica de barcos, casou-se com uma brasileira naturalizada americana, pegou seus documentos de imigração, se divorciou tempos depois e, numa ida ao Brasil, conheceu sua atual esposa, Bianca. Quando retornaram, começaram a trabalhar como caseiros de um médico americano, numa mansão em Coral Gables. Mas Bianca engravidou e a família americana, por receio de uma queda e algum problema durante a gravidez, preferiu demiti-los. No entanto, o médico tinha uma casa em Key Largo que precisava de pintura. O casal poderia morar lá enquanto pintava. Isso foi 25 anos atrás. Hoje, José Félix e Bianca moram à beira-mar, nesta cidade de pouco mais de 10 mil habitantes no Condado de Monroe, a uma hora e meia de Miami. O trabalho de pintura na casa do médico americano foi o início de sua carreira de sucesso. Ele trabalha até hoje com manutenção e reforma. “Sou um prestador de serviços. Um homem de 1000 ferramentas”, define-se. E com suas ferramentas e simpatia foi conquistando os residentes de Key Largo. José Félix Peixoto diz que o segredo do vasto círcu-
lo de relacionamento que cativou é “gostar da vida e do ser humano. Acho que na vida você tem que estar sempre rodeado de pessoas”, resume. “Você leva da sua vida a vida que você leva”, filosofa. “A gente tem sempre que correr atrás do que tem vontade de ser. E ainda acredito que posso ser voz do brasileiro em Washington”, profetiza. José Félix foi candidato à Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América. Concorreu a deputado federal pelo Distrito 26 da Flórida — mas sem filiação partidária e uma pequena verba de US$ 15 mil. Obteve 5% dos votos, num pleito em que tinha como adversários um democrata e um republicano. É importante observar que nos Estados Unidos não há horário eleitoral gratuito. Os partidos precisam pagar os caros espaços na televisão, além de arcar com outras despesas de campanha. Os recursos são obtidos, em sua maior parte, por meio de eventos e de doações, e Félix obteve cerca de R$ 40,5 mil. O instituto americano de financiamento de campanhas estima em US$ 1.434.760 (cerca de R$ 2,9 milhões) o “custo” para conseguir uma vaga na Casa Baixa. O Itamaraty estima em 1 milhão o número de brasileiros residentes nos Estados Unidos.
Nov/D ez 2014
Florida Keys, um caminho de 42 pontes 16
KEY LARGO, a primeira das fabulosas Florida Keys, abriga o maior recife artificial do mundo, sendo muito procurada para mergulho devido às águas cristalinas
Florida Keys é um arquipélago no extremo sul do Estado da Flórida, belíssimo destino para mergulho e único recife de corais do território norte-americano, composto por cerca de 1.700 ilhas. Elas são divididas em cinco partes: Key Largo (a maior delas), Islamorada, Marathon, Big Pine/Lower Keys e, finalmente, Key West. Partindo de Miami, por via rodoviária, são cerca de 116 km até Key Largo. Até Key West, 269 km. O trajeto de carro passa pela “Overseas Highway” (rodovia federal norte-americana nº 01), estrada que foi inaugurada em 1938, para substituir outra construída em 1912 e destruída por um furacão em 1935. Ela vai ligando as várias ilhas, oferecendo paisagens costeiras magníficas e uma série de 42 pontes que impressionam. À esquerda de quem vai avista-se o Oceano Atlântico; à direita, a baía da Flórida e o Golfo do México. É possível observar 44 variedades de Nov/ D ez 2 0 1 4
corais e mais de 600 espécies de peixes e três grandes naufrágios. Um antigo navio da Marinha dos EUA foi afundado intencionalmente em 2002, compondo ali o maior recife artificial do mundo. Outro ponto bem interessante é o “Statue of Christ of the Abyss”, uma estátua de Cristo em bronze que da superfície pode ser avistada mesmo a 25 metros. Ela está localizada entre as formações de corais de Key Largo. Outras atrações são visitar a fazenda de crocodilos, fazer um mergulho com golfinhos ou leões marinhos. Já de Key West, o extremo sul dos EUA, pode-se avistar Cuba, que está a apenas 157 quilômetros. Para dizer o mínimo, é um antigo refúgio de piratas cujo clima quente e calmo atraiu, ao longo do século 20, escritores como Ernerst Hemingway, Tennessee Williams e Elizabeth Bishop.
17
Nov/D ez 2014
EXTRA! EXTRA! Sabor na expansão Com sua vasta experiência em cozinha, marcada inclusive por trajetória internacional, o casal Renato Ferreira-Angélica tem sido suporte importante na alimentação de trabalhadores que atuam nas obras de expansão do Shopping do Vale do Aço. O restaurante Sabor & Aroma atende a algumas das empresas envolvidas nas frentes de serviços, fornecendo almoços e lanches matutinos e vespertinos. A qualidade do cardápio, acompanhado diariamente por nutricionistas, aliada aos competitivos preços praticados pelo estabelecimento, são as armas principais para a conquista da preferência. Sem contar a pontualidade do serviço de entregas, tudo fruto de um rico aprendizado em longa temporada nos Estados Unidos, dentro do mesmo ramo.
Nova grife no Shopping 18
Sempre muito ligado nas novidades do mercado, o empresário John Kennedy Belo introduz no Shopping do Vale uma grife que chega para se consagrar entre os maiores sucessos do complexo de compras. É a Polo Wear, preparada para vestir toda a família com produtos Premium, a preços competitivos. Impressiona a diversidade de cores e estampas, como pede o verão que se aproxima. A marca tempera com classe o estilo casual e esportivo com a sofisticação. Apresenta um show de tendências da atualidade para os públicos masculino e feminino, do infantil ao adulto. Graças ao cuidado com os detalhes, tudo feito com matéria-prima de qualidade, a Polo Wear é uma marca que já nasce consagrada, transmitindo a imagem das mais tradicionais etiquetas.
Muitos minutos de fama
Nov/ D ez 2 0 1 4
Membro de uma família gaúcha que morou por vários anos no bairro CidadeNobre, em Ipatinga, sendo que alguns de seus irmãos trabalharam na fábrica de celulose da CENIBRA, em Belo Oriente, quem reapareceu em condições inusitadas para os seus amigos e conhecidos no final de setembro foi Marli Lucas Rocha, 51 anos. Ela participou do reality show de culinária MasterChef, nova aposta da Band comandada pela apresentadora Ana Paula Padrão. Acabou eliminada da competição depois de produzir três receitas que não agradaram muito o paladar dos exigentes jurados: primeiro, um feijão e uma coxinha e, depois, o que chamou de “arroz doce mineiro com doce de leite e fio de ovos”. Na noite da eliminação, excesso de ingredientes e sobreposição de doces foi a principal crítica. Porém, mesmo desclassificada prematuramente do programa, a performance televisiva de Marli não se resumiu aos cinco minutos de fama. Ela ainda ganhou o direito de ser uma das entrevistadas de Rafinha Bastos no programa ‘Agora é Tarde’, como espécie de prêmio de consolação, já que deixou a disputa gastronômica visivelmente aborrecida. E, em outubro, ainda voltou ao MasterChef numa repescagem, quando pôde produzir uma moqueca.
19
Nov/D ez 2014
20
Nov/ D ez 2 0 1 4
21
Nov/D ez 2014
22
Nov/ D ez 2 0 1 4
23
Nov/D ez 2014
ACONTECE
Atenção à saúde O casal Uebson Candal e Emília (à esquerda na foto) festejou ao lado dos filhos e funcionários, no final de agosto, mais uma conquista importante na bem-sucedida trajetória da Drogaria Hebinho. Com sorteio de inúmeros prêmios valiosos como bicicletas, TVs e fornos microondas, foi inaugurada a megaloja da avenida Brasil, 495, no bairro Iguaçu, em Ipatinga. É a sexta unidade do grupo, somando-se às outras instaladas na cidade nos bairros Jardim Panorama, Bethânia, Cidade Nobre, Canaã e Centro. Como as demais, ela traz o diferencial já conhecido da população: rapidez nas tele-entregas, preços baixíssimos e uma completa e atenciosa equipe de atendimento. Estes também foram fatores determinantes para a conquista do Prêmio Notorius concedido pela Associação Comercial de Ipatinga (Aciapi) à drogaria em 2014. A Hebinho foi a marca mais lembrada no segmento Farmácia, além de seu diretor-proprietário receber o prêmio de Destaque Lojista.
24
Pense em dois parceiros
Performance nacional
O diretor da Multiproteção – Corretora de Seguros, William Gomes de Almeida, 28, continua colecionando impressionantes números de desempenho na área. Desde os 20 anos na atividade, ele faz escola junto à sua equipe de novos talentos. Depois de faturar o troféu de campeão nacional em 2012, por suas vendas de seguro de vida, há cinco anos o jovem se mantém entre os 70 melhores do país no concorrido ‘Treinando e Motivando’ da Bradesco Vida e Previdência (BVP), cujas premiações aos vencedores acontecem tradicionalmente nos paraísos naturais da Costa do Sauipe e Ilha de Comandatuba-BA. A Multiproteção presta serviços exclusivos ao Bradesco na região, com a disponibilização de seguros de vida, previdência, veículos, residencial e empresarial. Atua também com todas as seguradoras num amplo mercado que engloba Belo Horizonte e os pólos de Ipatinga e Governador Valadares.
Nov/ D ez 2 0 1 4
Emoção por todos os poros. Esta talvez seja a expressão que melhor defina o estado de espírito do multiatleta Derek Rabelo, de Guarapari-ES, um dos entrevistados da edição nº 9 da revista ATITUDE. Ele continua encantando o mundo com seus exemplos de superação. A cegueira de nascença, que no entendimento convencional seria absolutamente limitadora, é cada vez mais relegada a fator secundário na vida de Derek, que além de surfar por ondas gigantescas na Europa e na América ainda pratica wakeboard e participa de competições internacionais de downhill no skate. Apaixonado pelo esporte em suas mais variadas vertentes, Derek também curte “ver” um joguinho no Maracanã e, num desses recentes, teve o privilégio de posar ao lado de um artista que é seu fã: o rapper Gabriel Pensador. O que os dois têm em comum? Não é só o fato de serem flamenguistas e pegarem ondas. Gabriel, filho da jornalista Belisa Ribeiro, sobreviveu após uma gravidez de alto risco, na qual existia a possibilidade de que nascesse cego, surdo ou até morto.
25
Nov/D ez 2014
Beleza põe mesmo mesa
OS ÓCULOS DE SOL não são apenas um elemento de moda: têm de estar incorporados aos hábitos diários
Cinco erros muito comuns agridem sua aparência
26
Estudos comprovam que ter boa aparência é um importante diferencial no mercado de trabalho, nos relacionamentos amorosos e nas relações sociais. Por conta disso, e de toda valorização da beleza nos meios de comunicação, as pessoas estão cada vez mais vaidosas. Até quem pouco faz pela aparência está habituado ao ritual diário de limpar, tonificar e hidratar. Mas, se você realmente quer ter uma pele mais bonita, deve começar evitando cinco erros muito comuns: 1. DESCUIDAR DA ALIMENTAÇÃO. A pressa ao fazer as refeições pode induzir a pessoa ao erro de não pensar no que está comendo e no quanto isso influencia não só sua beleza, mas sua saúde como um todo. Incluir grãos integrais, peixes, vegetais verdes e vermelhos, castanhas e frutas cítricas ao cardápio diário pode fazer um bem enorme à aparência. Afinal, enquanto as vitaminas do tipo B previnem as manchas e contribuem para a hidratação da pele, o ômega-3 reduz inflamações e vermelhidões, os betacarotenos são convertidos em vitamina A – que é um poderoso antioxidante –, a vitamina E contribui fortemente no combate aos radicais livres e a vitamina C coopera com a produção de colágeno, tornando a pele mais firme. 2. IGNORAR OS ÓCULOS DE SOL. Um descuido ainda muito comum Nov/ D ez 2 0 1 4
é sair de casa sem os óculos de sol. Esse acessório não é apenas um elemento de moda ou algo a ser usado na praia ou no clube. Tem de estar incorporado aos hábitos diários. Cada vez que alguém se expõe à claridade, automaticamente franze as pálpebras. Com a repetição diária, mesmo sem perceber, a pessoa está contribuindo para a formação dos pés de galinha e vincos entre as sobrancelhas. 3. USAR PROTETOR SOLAR NO LUGAR DO HIDRATANTE. Que o sol envelhece a pele, todos sabemos e hoje em dia há uma infinidade de protetores solares para cada tipo de pele, para diferentes idades e, inclusive, fazendo parte de formulações cosméticas – para serem usados como base antes da maquiagem. Mas, nem por isso o protetor solar deve substituir o hidratante. Apesar de terem praticamente a mesma consistência, eles não têm a mesma composição e nem todo bloqueador solar hidrata a pele. Em alguns casos, pode até mesmo deixá-la mais oleosa ou seca. A melhor dica é continuar usando um bom hidratante antes de aplicar o protetor solar da cor da pele. Ou, no mínimo, comparar a composição de um e de outro antes de efetuar a compra. 4. MENOSPREZAR A LUZ DA TARDE. Entre 10h e 15h, os efeitos nocivos do sol são mais fortes e os efeitos dos raios ultravioleta mais intensos. Mas
isso não quer dizer que você pode sair ‘desprotegido(a)’ antes ou depois desse horário. Vale ressaltar que muita queimadura de sol acontece fora do horário de pico e, inclusive, quando há nuvens no céu. O mormaço queima e também envelhece a pele. Sendo assim, quem não quer envelhecer antes da hora, deve usar protetor solar desde logo cedo, pela manhã, aplicando novamente à tarde quando necessário. Outro detalhe importante: ingerir pelo menos entre seis e oito copos de água por dia. A pele hidratada é macia, brilhante e transparece saúde, adiando os peelings em alguns anos. 5. DORMIR COM O ROSTO NO TRAVESSEIRO. Quando se tem 20 anos, quase tudo tem jeito. Ou seja, a jovem pode passar a noite em claro ou dormir com o rosto afundado no travesseiro e ainda assim sua aparência estará reluzente no dia seguinte. Mas essa é uma característica que se perde rapidamente com o tempo. Isso quer dizer que tem muita gente que continua dormindo em posições que prejudicam sua aparência, pressionando o rosto, formando marcas na face, enfatizando os vincos ao redor da boca e as rugas ao redor dos olhos. Dormir de barriga para baixo, além de fazer muito mal à coluna, também favorece uma projeção abdominal. Sendo assim, a dica é dormir sempre de barriga para cima, deixando o rosto livre a noite toda.
27
Nov/D ez 2014
O JOGADOR persiste e ainda acredita em dias melhores nos gramados
O ipatinguense Kerlon, 26, meia-atacante eternizado na história do futebol por inventar o famoso “drible da foca” e que despontou para o cenário nacional e internacional a partir de atuações nas Seleções Brasileiras Sub 17 e Sub 20 e a profissionalização no Cruzeiro, projeta mais dez anos nos gramados. Isto após enfrentar uma série de contusões geradas por violentas entradas, que prejudicaram muito o andamento de sua carreira. Durante seis meses em 2014, ele passou por tratamento com o fisioterapeuta Nilton Júnior, na Clínica Salute, boa parte dele executado com o mini massageador SM 9090 da Medic Center Ipatinga. Agora, sente-se pronto para voltar a jogar, com perspectiva de ser contratado pelo Orlando City, Flórida, EUA, que sonha também com Kaká para 2015. “Penso que será mais uma experiência enriquecedora para mim, porque o país continua vivencianNov/ D ez 2 0 1 4
do um bonito caso de amor com o futebol e hoje estou muito seguro de minha recuperação”, disse o atleta a ATITUDE. O Orlando foi adquirido recentemente por 100 milhões de dólares pelo empresário carioca Flávio Augusto da Silva, amigo pessoal de Kaká, que fez fortuna com um curso de inglês. O fisioterapeuta Nilton Júnior enfatizou a contribuição do mini massageador para a reabilitação de Kerlon: “Sem dúvida a freqüência das aplicações influencia muito e como o aparelho tem uma bateria muito potente, ele pode ser usado também onde não há tomada, no ônibus, no avião, com melhor aproveitamento do tempo. Há um ganho considerável, porque o paciente não precisa esperar para ter que ir à clínica de fisioterapia. Os resultados são maximizados e agilizados. No final de semana você não tem a clínica de fisioterapia disponível. Então você pode ficar em casa se tratando. E ele pode ser usado em tornozelo, joelho, coxa, em diversas regiões do corpo, sem problemas. A única contra-indicação é para quem faz uso de marca-passo”, ressalvou.
em torno de 1.500 euros”, informou, acrescentando que a utilização tem servido não só para os atletas: “O estimulador é muito bom, muito potente. Eu consigo efeitos analgésicos excelentes quanto à necessidade de relaxar a musculatura, por exemplo. Para aquelas pessoas que chegam em casa com muita dor de cabeça, tensão no final do dia, ele é totalmente indicado. E também pode ser usado no trabalho, no escritório, por exemplo. Você coloca dentro do bolso e vai trabalhando o relaxamento da musculatura”. Quem também falou sobre os efeitos positivos do aparelho, experimentando-o no próprio corpo, foi o cirurgião pediátrico Renato Rosa de Almeida, que o tem utilizado para aliviar tensões na região cervical. “O uso que faço é nas costas, no ombro, e tenho sentido bom alívio, melhorei bem”, avaliou. Em relação a Kerlon, o fisioterapeuta Nilton Júnior observou que “esta talvez tenha sido a sua lesão mais grave e cuja recuperação foi a mais perfeita”. O jogador contou que vinha numa boa jornada, atuando por um ano e meio no Fujie-
Com a cabeça nos States Recuperado de grave lesão no joelho, “Foquinha” ainda pensa em jogar mais dez anos
De acordo com o fisioterapeuta, outro fator que o influenciou para a aquisição do SM 9090 foi a questão do custo-benefício. “No mercado externo, um aparelho similar custa
da MYFC, no Japão. Contudo, “já no final do contrato tive uma lesão no joelho. Por dois meses, após vários exames, ressonâncias magnéticas, os médicos de lá diziam que estava
FUTEBOL tudo bem comigo. Mas quando eu fazia atividades continuava sentindo o incômodo. Assim decidi retornar ao Brasil. Bastou o médico do Atlético, Rodrigo Lasmar, tocar no joelho direito para perceber uma lesão de ligamento. Optei por fazer a cirurgia em BH e depois pelo tratamento de recuperação com uma equipe da UFMG e na Salute”, revelou.
ATENÇÃO ESPECIAL para o joelho direito: com o fisioterapeuta Nilton Júnior, numa das sessões com o mini massageador NAS SELEÇÕES de base, o desconcertante drible que já atormentava os adversários
A CARREIRA
Kerlon disse ter-se dedicado muito à sua reabilitação física e espera entrar em janeiro em perfeitas condições para voltar a jogar. “São oito a nove meses de ansiedade, mas creio que Deus está no controle”, afirma ele, que agora se apresenta como evangélico e tem sido chamado para testemunhar em igrejas. “Apesar de todos os percalços, posso me considerar um vitorioso, porque atuei por no máximo 16 partidas pelo Cruzeiro, de 2005 a 2008, e isso já bastou para que eu fosse conhecido no mundo todo”, resume. Kerlon entrou na equipe mirim do Cruzeiro em meados de 2001, fazendo sua estréia no time profissional em maio de 2005, no Mineirão, contra o Baraúnas-RN pela Copa do Brasil. Após temporada pelo Chievo, de Verona, foi contratado por outro clube italiano, a Internazionale de Milão. Em 2011, antes de seguir para o Japão, jogou também no Ajax, da Holanda, por empréstimo.
Nov/D ez 2014
29
DIA A DIA Ligação festejada Como sempre acontece nestas ocasiões, o ganhador principal da campanha ‘Você Escolhe o Prêmio’, concluída no final do mês de agosto pela Consul, pensou que se tratasse de um trote ao ser comunicado da sorte grande. O presidente da cooperativa, Matusalém Dias Sampaio, foi quem deu a boa notícia ao felizardo, por telefone, diante do Hipermercado no Shopping do Vale. Quem também acompanhou a ligação foi a diretora da Divaço, concessionária Volkswagen, Vânia Dias, ladeada ainda pela esteticista Nancy Guerra e pela assessora da Consul, Débora Monteiro. O sortudo Sérgio Luiz Silva Norberto, residente no município de Ipaba, optou pela premiação de Vales Compras, ao invés de uma viagem ou uma moto, as outras opções da promoção. Dessa forma, ele terá à sua disposição R$ 1 mil por mês, durante um ano, para utilizar em qualquer uma das lojas da cooperativa.
Cidadão de BH 30
Membro daquela que é reconhecida como uma das mais distintas e intelectualizadas famílias mineiras, o diretor-presidente da CENIBRA, Paulo Eduardo Rocha Brant, no cargo desde abril de 2010, recebeu honraria que muito o emocionou, na noite de sexta/7 de novembro. Por indicação do vereador Pablo César, o Pablito, ele se tornou oficialmente Cidadão Honorário de Belo Horizonte. Familiares, prefeitos, secretários de Estado e muitos outros convidados ilustres prestigiaram a cerimônia, além de representantes de diversificados escalões da empresa, atuante em 54 municípios com projetos socioambientais. Natural de Diamantina, Brant chegou a BH com quatro anos de idade e, con-
BRANT, recebendo das mãos de Pablito (D) o diploma de Cidadão Honorário
Nov/ D ez 2 0 1 4
forme disse, a cidade “representa um pouco a minha aldeia, repositório de emoções e vivências, o cenário e o enredo da minha vida”. Alguns de seus desejos mais ardentes, compartilhou, são que a capital mineira “mantenha viva a chama futurista que a tem caracterizado ao longo da história, sempre flertando com o moderno, e consiga resgatar um pouco mais do espírito de gentileza e cordialidade entre as pessoas, marca dos dias em que a vida era mais calma e sossegada, com ótimas relações de respeito mútuo”. Para reforçar, citou dois ditados japoneses de que confessou gostar muito: “Antes da qualidade vem a qualidade; antes do maior vem o melhor”.
TRÊS DOS QUATRO filhos de Brant estavam presentes para abraçar o pai: João Paulo, Luiza e Marcelo Henrique
31
Nov/D ez 2014
LUANA COMEÇOU a disputar um lugar ao sol numa peneira que foi iniciada com 30 mil inscritos
Enamorada da mĂşsica
A PAIXÃO DE LUANA
Ipatinguense que entrou para o ‘The Voice’ com 19 anos revela que desde criança ama cantar e sua inscrição em programa global foi adiada por causa da menoridade luiz carlos kadyll
Luana Fernandes, ipatinguense, 19 anos completados em setembro, é sem dúvida um talento acima da média, e isso fica evidente ao soltar a sua voz. O dom especial, combinado com firme postura cenográfica em cima do palco, produz invariavelmente uma performance arrebatadora. O bom gosto do figurino é outro detalhe que soma pontos, assim como a escolha do repertório. Então, não é por acaso que entrou para o seleto grupo de cantores que disputa um lugar ao sol no ‘The Voice’, programa musical de grande audiência na Rede Globo e por meio do qual ganhou notoriedade nacional. É ela mesma que relata como foi chegar até lá: “Basicamente eu passei por várias seleções, entre BH e Rio de Janeiro, antes de realmente cantar. Não foi nada fácil. Simplesmente eram 30 mil inscritos. Daí, nas pré-seleções o número foi diminuindo. Para mil, duzentos, cento e cinquenta, oitenta, sessenta e, por fim, apenas 50 escolhidos”. Mas, afinal, de onde vem essa veia artística? E como é que alcança notas tão limpas, dignas de uma profissional? Aqueles que imaginam que tudo possa ter nascido sem muito ensaio ou genética, obra apenas da sequência natural de inspirados dias debaixo do chuveiro, vão se desapontar. Luana canta desde muito pequena e começou na igreja Católica do bairro Jardim Panorama, onde mora. Aliás, seguiu ali por longos anos a trajetória do pai, metalúrgico da Usiminas e louvorista na mesma comunidade religiosa, a Menino Jesus. Sua mãe, ela conta, também grande incentivadora de seu trabalho, é auxiliar na área administrativa da escola estadual Laura Xavier Santana, do Bom Jardim. Luana entrou para o Coral do bairro (Viva Voz) ao completar 7 anos. Nele permaneceu por praticamente 11 anos. Durante esse tempo, fez aula de música, cantou na igreja e teve várias bandas. Cantava também em casamentos. Se parássemos por aí talvez já pudéssemos dizer que se trata de um cartão de visitas de respeito. Entretanto, há muito mais na bagagem da garota. “Frequentei a escola de música TOM – Tenente Osvaldo Machado. Estudei solfejo, partitura, a estrutura da música, flauta. Cheguei a fazer aulas de Piano, Bateria e um pouco de Violão. Porém, foi no canto que mais me realizei. Os ensaios de Técnica Vocal, duas vezes por semana, me ajudavam bastante para atuar na Igreja aos domingos. Contudo, não cheguei a me diplomar na TOM, pois, no ano da minha formatura a escola infelizmente foi fechada, por falta de apoio da prefeitura. Eu amava fazer aulas de música!” – lamenta.
A JOVEM CONFESSA que o que mais lhe dói é perceber o descrédito de alguns que gostaria de ter como apoiadores
34
Órfã da TOM, um importante celeiro de músicos do Vale do Aço, Luana saiu em busca de novo Norte. Animada, com apenas 14 anos já formava bandas e bandas de garagem, pensando em um dia “tocar de verdade”. Ela revela: “Mamãe achava que era só coisa de adolescente. Juntava uns amigos, conhecidos às vezes, e fazíamos o som. Pensava que fosse fácil. Que era só arrumar a banda e pronto! Mas não era bem assim. Além de ter que arrumar bons músicos e de compromisso, teria que ter apoio, ajuda, nome, e começar bem de baixo”, entendeu. Depois de várias bandas, Luana conta que conseguiu fazer um show. “Só um, o que não foi nada bom, por falta de experiência, falta de instrumento e de som”. A cantora continua: “Tive uma banda que tocava só em festas de aniversários dos integrantes. E eu cantava três músicas. Após várias tentativas de novas formações, todas malsucedidas, decidi parar. Vi que por minha conta a coisa não virava. Então foi que recebi um recado no Face de um cara chamado Thayron Lima. Ele ouviu falar de mim, daquele único show que fiz com minha banda. E aí me fez uma proposta bacana, de voz e violão nos bares. Seria um ‘Good Times’, tocar clássicos. Arrumamos um outro cara pro violão, Vinicius, e fomos dando a cara a tapa. Sofremos muito no início. Cantamos de graça várias vezes. Passa-
Nov/ D ez 2 0 1 4
A CANTORA COM a irmã Beatriz, 12, e os seus pais, o metalúrgico Claudemir e a funcionária escolar Lúcia, ambos de 44 anos
A PAIXÃO DE LUANA mos por maus bocados. Apesar de ensaiarmos bastante e ter um repertório grande, depois de um tempo vimos que não estava dando dinheiro algum, mal pra cobrir os gastos com os shows. Vinicius resolveu sair, veio o desânimo. E nesta mesma época decidi ir fazer faculdade fora”.
A frustração na faculdade
Luana Fernandes conta que passou no curso de Turismo da Federal de Minas, fez as malas e seguiu pra BH. A partir daí, supôs que a música passaria a ser apenas um hobby, porque provavelmente não tivesse mais chance de crescer na carreira, dadas as dificuldades inclusive financeiras. “Nesta época, já fazia parte do coral juvenil Intendente Câmara, do qual também tive que me afastar”, pontua. Ocorre que a garota não se realizou no curso. “Estava louca querendo voltar a cantar. E lá não deu muito certo. Passei quase um ano muito triste, pois percebi que estava longe do que eu mais amava fazer”, revela.
Um acontecimento “surreal”
Insatisfeita na faculdade, a jovem Luana então decidiu voltar para o Vale do Aço, onde fez um curso de aeromoça e reencontrou Thayron, com quem entrou de cabeça num projeto de Blues e Jazz em alguns
bares, inclusive com músicas autorais. A conclusão a que chegou então era que a música não lhe traria sustento, seria mesmo um hobby (e não profissional como queria), mas ao menos estaria fazendo o que ama. Foi quando surgiu o ‘The Voice’. Luana conta que queria ter feito a inscrição desde quando o programa foi lançado, “apesar de que nunca achei possível chegar lá!” Contudo, não pode se inscrever antes, pois era menor. Em 2013, sua prima mandou a inscrição, mas ela só poderia ser feita por quem fizesse 18 até abril. “E eu fazia em setembro... Aí pensei: ano que vem faço!”. Foi o que aconteceu. Assim que abriram as inscrições no começo de 2014, ela se candidatou. “Nunca pensei que daria certo. Mas confesso que cheguei a sonhar todos os dias comigo cantando Feeling Good” (a música que foi a sua porta de entrada para as últimas etapas do ‘The Voice’ e que fez Claudia Leitte e Daniel apertarem o botão, valendo ainda elogios de Lulu Santos e Carlinhos Brown). Luana contou ainda a ATITUDE: “Nas minhas orações pedia a Deus que fosse feita a vontade Dele. E na primeira vez que o telefone tocou confirmando que havia sido selecionada, não acreditei. Até que caiu a ficha. Se me pedissem uma palavra pra resumir, seria: Surreal. Mas eu consegui!”. Em seus périplos pelos bares, até
chegar ao ‘The Voice’, Luana disse que já aconteceu de tudo. “Houve vezes que os cabos estragaram na hora. Já teve bêbado me cantando”. E mesmo no programa global, na primeira audição das pré-seleções, enfrentou um incrível imprevisto. Logo na hora de entrar pra cantar arrebentou a corda que segurava o corpete. Teve que amarrar, fazer uma gambiarra. “O legal foi que isso me descontraiu”, recorda com simplicidade. Para ela, “o mais difícil é lidar com pessoas que não acreditam em você, gente que pensa que você não é nada só porque não é famosa, que te joga pra baixo e sugere que não chegará a lugar nenhum. Sei que já tenho podido mostrar minha voz e assim abrir um caminho diferente na minha vida. Um caminho onde eu posso fazer o que eu mais amo!” Além da faculdade de Turismo incompleta e do curso de comissária de bordo, Luana já fez web design e design gráfico. Atualmente está montando uma banda para shows. Com o seu nome. “Meu maior sonho é levar a minha música pro mundo, conseguir tocar os corações das pessoas com a minha voz”, projeta, para concluir em seguida: “Eu amo o Blues, o Jazz, Black Soul, Folk, Indie, Pop, Pop Rock e Rock. Sou apaixonada pelo trabalho da Etta James, do Eric Clapton, B.B. King, Ray Charles, Janis Joplin e Joss Stone”.
COM O PARCEIRO THAYRON, a retomada de planos que pareciam sepultados
Nov/D ez 2014
35
OS HOBBIES DE LUANA
“Eu AMO, amo, ler! E sou apaixonada por Séries e Filmes também. No tempo livre escuto muitas músicas, ensaio, leio. Também gosto de Vôlei apesar de não jogar mais”.
A FAMÍLIA DE LUANA
“O mais legal é que todos na família são apaixonados por música. Meu pai canta na igreja, meu tio toca trombone e trabalha na banda de música da polícia, minha prima toca sax, e tenho tio que canta também. Sempre me apoiaram. Meus pais sempre foram em meus shows, sempre me acompanharam, e quando criança eles me colocavam em aulas de música. Minha irmã também está entrando no Coral. Acho que me puxou (risos)”
A MÚSICA DO THE VOICE
“Feeling Good”, que Luana Fernandes apresentou em sua primeira aparição nacional no The Voice, é uma canção escrita pelos compositores ingleses Anthony Newley e Leslie Bricusse para o musical “O Rugido do Greasepaint - The Smell of the Crowd “. A canção foi executada pela primeira vez no palco em 1964, por Cy Grant, em turnê pelo Reino Unido, e depois por Gilbert Preço em 1965, na Broadway. Nina Simone gravou a canção para seu álbum de 1965 “I Put a Spell on You”. A canção já ganhou muitas outras gravações, como a da banda de rock inglesa Muse e a do canadense Michael Bublé.
APRESENTAÇÃO LEVE e insinuante: Luana interage com Cláudia Leite no The Voice
36
Feeling Good
Sentindo-me Bem
Birds flying high You know how I feel Sun in the sky You know how I feel Breeze driftin´ on by You know how I feel It´s a new dawn It´s a new day It´s a new life For me And I´m feeling good
Pássaros voando alto Você sabe como me sinto O sol no céu Você sabe como me sinto A brisa soprando Você sabe como me sinto É um novo amanhecer É um novo dia É uma nova vida Pra mim E eu estou me sentindo bem
Nov/ D ez 2 0 1 4
37
Nov/D ez 2014
38
Nov/ D ez 2 0 1 4
39
Nov/D ez 2014
40
Nov/ D ez 2 0 1 4
41
Nov/D ez 2014
Um sonho de garoto Quarenta e cinco anos depois, o mais antigo metalúrgico em atividade na Aperam se prepara para deixar o posto. E não esconde que sentirá saudades do dia a dia que projetou desde criança. 42
APOSENTADO desde 1998, José Celso entende que, afinal, chegou a hora de se despedir
Nov/ D ez 2 0 1 4
VIDA PROFISSIONAL
Se não é apenas uma feliz coincidência, talvez a numerologia explique, mas o fato é que este ano de 2014 soa especialmente emblemático para o metalúrgico José Celso de Oliveira Dias. Nascido em 1957, no próximo dia 22 de dezembro ele estará completando 57 anos de idade. E é também quando se despede, com a emoção já aflorada de véspera, de uma longa jornada de quase 45 anos de trabalho prestados à ex-Companhia Aços Especiais Itabira (Acesita), hoje Aperam South America. Sua retirada do ambiente industrial se reveste ainda de maior significado quando a empresa a que se dedicou por quase meio século também celebra um momento histórico, 70 anos de operação. José Celso é nada menos que o mais antigo operário em atividade na empresa, onde entrou ainda garoto, com apenas 12 anos de idade, cumprindo paralelamente quatro anos no Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Seu pai também já o havia precedido na área industrial e, conforme diz, cruzar aquelas portarias e um dia adentrar no parque fabril uniformizado, com o emprego assegurado, era um de seus mais fixos sonhos de criança, “algo romântico mesmo”. Ele achava “bonito” aquele batalhão de gente deixando a indústria a cada fim de tarde, alguns com a roupa suja, mecânicos, todo mundo de bicicleta, “que certamente havia sido comprada com o dinheiro do trabalho” – calculava. “Minha mãe até hoje brinca comigo, que eu dizia repetidamente: ‘Um dia eu vou entrar na companhia, um dia vou entrar na companhia...’. Isto entre seis e oito anos de idade. Acabou que o sonho se tornou realidade mais rápido do que pensei. Talvez por isso minha trajetória na empresa tenha se dado de forma tão tranqüila. Era algo que eu realmente idealizava”, reflete. A carteira de José Celso foi assinada em 1971, mas ele começou a trabalhar em 1970. “O normal era entrar com 14 anos, mas no meu caso tive uma iniciação precoce, talvez porque já tivesse começado a aprender cedo na escola da vida. Sempre gostei de trabalhar e com oito anos já me virava como engraxate, vendedor de picolés. Tinha 12 anos quando fui aprovado em primeiro lugar no teste do Senai”, recorda. Depois disso, durante um ano ficou aprendendo serviço de escritório, num momento em que a datilografia era o forte. Foi então aproveitado como mensageiro, office-boy, até que o contrato empregatício fosse oficializado. José Celso diz que foi se desenvolvendo naturalmente, “porque a empresa sempre deu chances de crescimento para a pessoa que se interessa e que quer”. Então, foi promovido a auxiliar de escritório, auxiliar de estatística na área de Segurança do Trabalho e depois a instrutor no Centro de Formação Profissional, onde ficou por quatro anos até se tornar supervisor, função que executa nos últimos 30 anos, 18 deles na seção de Acabamento de Aços Elétricos.
Nov/D ez 2014
43
JOSÉ CELSO com a esposa Almerinda, os filhos Marco José, Glayton e Thaís, e o primeiro neto, Heitor. O caçula é a terceira geração da família na siderúrgica
44
Da roça para a cidade
José Celso é o quarto filho de uma família de seis irmãos constituída de três mulheres e três homens, nascidos nessa ordem. “Eu tinha seis anos de idade, na hora de entrar para a escola, quando chegamos ao Vale do Aço, vindos de São Sebastião do Batatal, zona rural de Caratinga. Antes de nos estabelecer em Timóteo, moramos em Coronel Fabriciano. Foi muito complicado no início, porque na roça ao menos não se tem falta de comida, o que você planta você colhe. Meu pai não tinha qualquer escolaridade, mas resolveu deixar tudo para trás, atraído pelas notícias de implantação das indústrias na região. A idéia era dar um futuro melhor para todos, aproveitando as oportunidades que se informava estarem sendo criadas. Até então ele trabalhava na terra dos outros em culturas de subsistência. Era meeiro, como se dizia. De tudo que produzia, metade ia pro dono da fazenda e o resto era só para suprir as necessidades básicas da família. Produzia arroz, feijão, batata, café, amendoim, cana. Criava algumas vaquinhas e porquinhos, nada que lhe assegurasse maior independência. Contudo, a responsabilidade lhe deu sustento também na cidade, e minhas irmãs também trabalharam duro para ajudar. Primeiro meu pai começou a fazer bicos aqui e ali, até que entrou para a antiga Acesita”. Toda a luta do pai de José Celso, ‘seu’ José Dias – “hoje com 91 anos e muita saúde, atuante na Sociedade São Vicente de Paulo, sem depender de ninguém”, segundo seu filho – afinal valeu muito a pena. Ele trabalhou na companhia até se aposentar, há 20 anos passados, e sem dúvida foi o abre-alas para as gerações futuras. ‘Seu’ José Dias mora com a esposa, dona Ana, de 84 anos, no bairro João XXIII. “E ela sem dúvida também merece um troféu de batalhadora exemplar”, frisa o supervisor da Aperam. Nov/ D ez 2 0 1 4
ORIENTANDO a equipe de trabalho e em atividade na área de Acabamentos de Aços Elétricos, setor que supervisiona há 18 anos
VIDA PROFISSIONAL
Dos aços e abraços à psicologia
CONFORME O METALÚRGICO, o vínculo que se cria com as pessoas na usina é muito forte e o trabalho em equipe fez dele um ser humano melhor
Em busca de ascensão profissional, José Celso diplomou-se como técnico em Metalurgia ainda em 1979 e, agora, no final do ano passado, concluiu um curso de Psicologia, que considerou ótimo, já se preparando para a efetiva aposentadoria. Desde 1998 tem o direito conquistado junto ao INSS, mas por interesse mútuo – seu e da companhia – permaneceu em atividade, “sem parar um dia sequer”, como faz questão de ressaltar. Indagado quanto à lição mais importante que possa ter extraído no transcurso de sua longa jornada na empresa e, ainda, que julga necessário transmitir aos novatos, José Celso pondera: “Quando entrei, aqui era praticamente outra empresa, muito diferente da que temos hoje. Ela era constituída de Fundição, Forjaria, Trem de Chapas Manual (laminador) e Laminação de Barras. Todas estas áreas já foram desativadas e a empresa mudou radicalmente o seu perfil. Criou-se o que na época chamava-se de Gerência de Produtos Planos, a empresa ocupou-se então da produção de bobinas inoxidáveis e de aços elétricos, mais a laminação a quente. Ou seja, saímos de algo praticamente artesanal, manual, serviço braçal mesmo, e evoluímos para produtos que tinham melhores perspectivas de mercado, dentro de um processo muito mais mecanizado. Na década de 70 o serviço era muito bruto, os índices de acidentes elevados. Havia muito contato direto com chapas, material quente. Se a empresa não tivesse feito essa reviravolta, dificilmente estaria no mercado hoje. Assim, para mim, como aprendizado fica isso. Tem horas que é meio doído, sabe! Eu estava na Laminação de Barras, em 1996, quando decidiram pelo fechamento. Eram quase 2.000 pessoas. A nova tecnologia pedia passagem. A linha era muito antiga, não oferecia mais qualquer competitividade. Creio que a mudança foi necessária, afinal. Ou a empresa evoluía ou fechava as portas. Então, a lição é esta: tem hora que é meio doído enfrentar certas situações, mas é preciso encarar as mudanças quando elas vêm. É procurar se
adaptar ao novo, não adianta ficar lastimando, chorando, reclamando do que já passou. Determinadas decisões são difíceis, mas precisamos estar preparados para as novas realidades, buscando nos adaptar”.
Dever cumprido
Por entender que entrou para uma empresa que o atraiu desde cedo, sendo isto de seu particular interesse, sem nenhuma imposição, José Celso considera que sua estadia na indústria foi bem tranqüila, apesar dos revezes ocasionais. “Estou chegando até aqui sem cansaço, de forma que eu diria despreocupada, sem nenhuma doença crônica, a não ser a barriga que cresceu, os cabelos que foram embora, porque isso ia acontecer de qualquer maneira, né?” (risos). Para quem está iniciando agora no ambiente industrial, o metalúrgico procura transmitir um pouco do que para ele representa maturidade: “Trabalhar é uma necessidade do ser humano. Algum tipo de serviço você vai ter que fazer, em algum momento da vida. Se vai ser empregado, empresário, autônomo, não importa. A primeira coisa é você se identificar com algo. Fazer algo em que você se sinta bem, porque o trabalho não precisa ser necessariamente uma fonte de adoecimento, de preocupação, transtorno, um fardo. Quando no trabalho você faz algo com que se identifica bem, gosta daquilo, você tem prazer em ver resultados. Assim, qualquer atividade que você escolha tem tudo para dar certo. Em segundo lugar, entendo que quando você trabalha como empregado, aquilo ali tem que virar sua empresa, ou seja, eu não sou o dono, mas tenho que agir como se fosse, porque o resultado dali, para o bem ou para o mal, diz respeito também ao meu desempenho, e eu tenho que procurar que seja o melhor possível. E a partir do momento em que eu trabalho num lugar onde convivo bem com as pessoas, em que faço um trabalho que tenho prazer de ver o resultado, com certeza o fluir de vida vai ser muito mais tranqüilo”.
Nov/D ez 2014
45
Uma nova rotina
46
O metalúrgico já prevê que, sem dúvida alguma, como a única coisa que faz desde os 12 anos é “levantar cedo, vestir o uniforme e ir para a usina”, tendo trabalhado também por dez anos em regime de turno, poderá inicialmente ficar “um pouco no ar” ao deixar o posto. Por isso, não quer se precipitar. Pensa em permanecer de molho pelo menos uns seis meses após se despedir, até se adequar a uma nova rotina. Depois, vai por em prática os seus últimos anos do aprendizado acadêmico, ao qual se dedicou também por influência de sua filha, igualmente psicóloga. “Creio que aprendi um pouquinho mais da alma humana e não me arrependi”, contabiliza. O relacionamento da família de José Celso com a Aperam, iniciado há várias décadas, não se rompe inteiramente com seu desligamento dos quadros da empresa. Em agosto, o filho caçula do operário, Marco José, de 21 anos, que cursa o quarto período de Administração de Empresas no Centro Universitário do Leste de Minas (UnilesteMG), também foi admitido na siderúrgica. Os outros dois irmãos de José Celso, como ele, também foram aproveitados nos quadros da usina. Gilson já soma 35 anos de relação empregatícia, atuando como técnico de programação no setor de Aços Elétricos. Com 48 anos de idade, Adilson, o caçula dos homens na família de ‘seu’ José Dias, trabalhou por muitos anos na área de Tecnologia da Informação da Aperam, até se transferir para a IBM no momento em que a multinacional assumiu essas ações dentro da indústria. Na mesma especialidade, foi professor do Unileste até o ano passado e agora atua no CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica. Casado há 34 anos com a dona de casa Almerinda, sempre um importante suporte em sua vida profissional, José Celso ainda é pai do geólogo Glayton, 33, que mora e trabalha em Belo Horizonte, e da psicóloga Thaís, 29 anos, funcionária da Vadiesel, concessionária Mercedes. “Devo à minha esposa – registra o
metalúrgico – não só um companheirismo incondicional, permanentes manifestações de amor e afeto, mas também o cuidado todo especial para que eu e meus filhos sempre cheguemos em casa com todo conforto, tranqüilidade e sossego. Esta estabilidade com certeza me ajudou muito ao longo de toda a carreira. A família é a base realmente, é ela que te dá toda estrutura para seguir em frente. Nas tensões, as mudanças conjunturais que você vai atravessando, o seu respaldo está mesmo no ninho. É ali onde você se esconde que é acolhido, é entendido. O trabalho vai lhe dar condições de proporcionar muitas coisas para sua família, mas em compensação é a família que vai que lhe dar condições de trabalhar. É uma troca. Uma coisa não subsiste sem a outra”, raciocina. José Celso diz ser uma pessoa caseira e, nos momentos de folga, o máximo de “extravagância” a que se dá é participar de um churrasco, ir a uma pizzaria ou restaurante. “No mais, meu domingo é dedicado a ver o meu Cruzeiro. E, uma vez por ano, me dou ao direito de relaxar um pouco mais com uma pescaria no Pantanal e um período na praia com a família”, conclui. Para o funcionário mais antigo da Aperam ainda em atividade, da empresa a melhor lembrança que ele leva é “a boa convivência”. Falando com exclusividade a ATITUDE na sala de reuniões do setor de Comunicação, antes de encerrar a entrevista, ele garantiu: “A excelência do convívio entre os funcionários na área interna é algo até difícil de expressar com palavras. Aqui dentro você forma quase uma família. Você discute problemas, debate, coloca o problema na mesa, mas tudo com um respeito muito grande. Há um acordo tácito: vamos atacar o problema, não as pessoas. Então, o companheirismo, a amizade que surge dali é maravilhosa. Não é só chegar, cumprir o horário, marcar cartão e ir embora. Você cria um vínculo muito forte com as pessoas”, diz, emocionado, já antevendo a saudade que lhe apertará o peito.
JOSÉ CELSO com um pintado fisgado nas águas do Pantanal: uma vez por ano ele realiza sua religiosa pescaria no Matogrosso
Nov/ D ez 2 0 1 4
47
Nov/D ez 2014
48
Nunca um João Ninguém Determinado desde menino a criar e desenhar histórias em quadrinhos, ipatinguense é contratado há cinco anos como roteirista da Maurício de Sousa Produções e acaba de lançar seu décimo livro infantil
Nov/ D ez 2 0 1 4
TALENTO PARA AS ARTES
49
AS HISTÓRIAS da Turma da Mônica foram decisivas para que seguisse a carreira “atípica”, conta João Marcos
“Filho de peixe, peixinho é”. A verdade é que, na prática, esse velho adágio popular nem sempre se confirma. Há filhos que, definitivamente, nada fazem que lembre as aptidões dos pais. Mas, no caso do ipatinguense João Marcos Parreira Mendonça, 39 anos, o talento herdado é patente. Mestre em Artes Visuais pela UFMG, professor no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vale do Rio Doce, em Governador Valadares, e desde 2009 contratado como roteirista da Maurício de Sousa Produções, ele não perde de vista as influências domésticas que determinaram sua iniciação na vitoriosa carreira: “Eu me interessei pelo desenho a partir dos meus pais. Durante a minha infância, minha mãe pintava roupas para crianças e eu me lembro de ficar horas vendo-a produzir cada desenho maravilhoso em camisas. Isso me estimulava a desenhar em livros, cadernos... onde tinha papel. Essa é a memória mais antiga que eu tenho em relação ao desenho. Já o meu pai era
um leitor que lia de tudo: livros, jornais, revistas e histórias em quadrinhos. Através dele conheci a Turma da Mônica, que despertou em mim o interesse em fazer quadrinhos”, revela. Casado com a fonoaudióloga Simone Andrade (graduada pela Católica de Petrópolis-RJ) e pai de Ana e Pedro, João Marcos é autor de vários livros em quadrinhos para crianças, além de ainda produzir charges para o jornal Diário do Aço, em Ipatinga, onde começou a se tornar conhecido com apenas 14 anos de idade. “Uma notável cara de bom menino, um traço vigoroso e muito particular (onde os olhos dos personagens pareciam gritar, tamanha a sua expressão) foram as principais credenciais para que João Marcos fosse empregado no jornal. Apenas, como é natural em um adolescente, a veia humorística ainda respirava ares infanto-juvenis, embora já desse sinais claros de que logo iria amadurecer”, lembra o seu editor à época. Nov/D ez 2014
JOÃO MARCOS numa reunião com Maurício de Sousa e outros roteiristas, em São Paulo
50
A coragem e a determinação revelada logo no primeiro contato de João Marcos com o jornal lhe asseguraram acesso imediato aos materiais profissionais para desenho, que até então ele não conhecia. Admitido sem suspense, o inconveniente maior que teria que enfrentar ele resolveu também em família. Como o último ônibus parava de rodar antes do término de sua jornada, ele precisava se deslocar a pé ou de bicicleta, tarde da noite, até o bairro onde morava, distante alguns quilômetros. Então seu pai lhe muniu de um apito, e era assim que ele percorria velozmente o trajeto, fingindo-se de vigia noturno. O apito era o sinal usado pelos vigias para tranquilizar os moradores, mostrando que estavam por perto para proteger as casas. E, inicialmente apreensiva, a mãe de João ficou tão treinada que até já sabia, pelo horário, que era o filho que estava chegando. João Marcos reconhece que sem o apoio de seus pais dificilmente escolheria essa profissão que, “de certa forma, ainda é um pouco atípica”. Ele recorda: “Meu pai, por exemplo, sempre comprava papel, caneta e
Nov/ D ez 2 0 1 4
vários tipos de materiais que eu pudesse usar em minhas revistas em quadrinhos, que já fazia na infância. Lembro-me muito bem do dia em que ganhei minha primeira resma de papel Chamex com um estojo de canetinhas... desenhei todas as 500 folhas (rs!)” Em relação à escola, João Marcos diz que conseguia organizar bem o tempo até a antiga 4ª série. “Fazia as tarefas e ainda sobrava muito tempo para desenhar. Depois, foi ficando mais apertado e eu tive muita dificuldade em Matemática, onde fui reprovado duas vezes. Nessas aulas, principalmente, tanto meu livro quanto o caderno eram repletos de desenhos. Nas outras disciplinas tinha menos desenhos...”, ele brinca.
Maurício de Sousa
Quanto a atualmente integrar a equipe de Maurício de Sousa, João Marcos avalia como “uma experiência maravilhosa. É, sem dúvida, a realização de um sonho”, define. “O Maurício, desde a infância, foi a minha maior referência profissional na área, influenciando-me na esco-
lha pela linguagem dos quadrinhos como forma de expressão”. Trabalhar com ele, confessa o desenhista, “era algo que parecia muito distante e, ainda hoje, isso é um tanto surreal pra mim. É impressionante o conhecimento que ele tem sobre a narrativa dos quadrinhos e o quanto é generoso em dividir esse conhecimento”, elogia. Os roteiristas, grupo a que João Marcos está integrado, são as pessoas responsáveis por escrever as histórias, cerca de 300 páginas por ano. Ele explica: “Somos os únicos profissionais que trabalham fora do estúdio em São Paulo. Nós fazemos as histórias, com um desenho mais simples das cenas, e enviamos por e-mail ao Maurício, que as lê e avalia. Depois de aprovada, a história vai ser produzida pelo pessoal do estúdio em SP. Nos encontramos duas vezes por ano com o Maurício, para reunião e festa de confraternização de fim de ano. O ambiente é ótimo. Eles têm um respeito e um carinho muito grande não só pelo trabalho, mas também comigo e com minha família”.
TALENTO PARA AS ARTES
SEMPRE MUITO atencioso com elas, João Marcos recebe o carinho das crianças por todos os lugares onde passa
Obras publicadas
MAURÍCIO FAZENDO uma dedicatória para Ana, seis anos, a primogênita de João Marcos
Além de já ter seus personagens estampados em uma grife de roupas infantis, João Marcos soma dez obras publicadas, sendo a maioria de quadrinhos. O abre-elas de sua carreira foram as historietas dos irmãos Mendelévio e Telúria, que ainda protagonizam alguns de seus livros. Os personagens foram inspirados na sua própria relação com a irmã. Ele agora produz uma nova versão da dupla, lançando o livro “Amarra Meu Cadarço”, dedicado a crianças menores, os chamados pré-leitores, de até seis anos de idade. “Sempre sonhei em fazer um livro em quadrinhos para os leitores bem pequenininhos. Nas feiras de livros, bienais e escolas, sempre me pediam algo voltado para esse público, mas que fosse em quadrinhos. Além disso, tenho dois filhos nessa idade (a menina de seis anos e o caçula de apenas seis meses) e queria muito fazer algo que fosse próprio pra eles”, detalha, informando ainda que “Ana está começando a entender
51 melhor o que eu faço e ama ler e desenhar. Vejo nela muito do que meu pai fazia comigo no incentivo à leitura e ao desenho”. Sobre alguns dos percalços mais difíceis superados, João recorda que na Escola de Belas Artes um professor preconceituoso garantiu que ele ‘estava no lugar errado se queria desenhar quadrinhos’. Felizmente, para alegria de seus inúmeros fãs hoje espalhados por todo o país e também no exterior, ele não acreditou nessa mentira... cabeluda, como se diz nos gibis. “Deus é o centro de tudo em minha vida e se não fosse Ele, nada do que tem acontecido em minha vida pessoal e profissional seria possível. Ele é quem tem sustentado nossa família, aberto as portas, abençoando com vida, saúde e oportunidades tão preciosas, realizando tantos sonhos que pareciam tão distantes há num tempo atrás”, faz questão de reconhecer João Marcos, cuja esposa é sempre a sua primeira leitora e melhor crítica em todas as histórias e projetos.
Nov/D ez 2014
52
Nov/ D ez 2 0 1 4
53
Nov/D ez 2014
ARQUITETURA E URBANISMO
Eles vieram para somar Jovens arquitetos apostam em intervenções práticas e efetivas, com foco também na assistência social
54
FERNANDO E NILTON, diante da edificação que abriga a Associação Comunitária Peniel: atendimento a normas de proteção contra incêndios
A parceria dos arquitetos ipatinguenses Fernando César Lemos Morais Filho e Nilton Assis dos Anjos completa nesse dezembro seu primeiro ano. E já trilha caminhos diferenciados no mercado. Eles ainda se graduavam no Centro Universitário do Leste de Minas (UnilesteMG) quando decidiram se firmar como uma dupla de trabalho. Enquanto eram ministrados na disciplina de Práticas Profissionais, cadeira ocupada pelo professor Roberto Caldeira, combinaram que a simulação a certa altura requerida para administração de um negócio não seria apenas hipotética, mas efetivamente real. Assim é que iniciaram a carreira com o pé direito, e em menos de 12 meses de atuação já experimentam notável evolução. “Levamos a nossa formação muito a sério e foi com uma visão de trabalho dedicado, o comprometimento de ambos, que pudemos consolidar o nosso projeto”, diz Fernando. “Desde o início, também nos preocupamos em atuar como apoiadores de entidades sem fins lucrativos, e paralelamente às outras demandas temos podido dar boa contribuição no atendimento a necessidades sociais da região”, complementa Nilton. Embora carregado de significado, o nome Sigma, explicam os arquitetos, foi definido casualmente, enquanto lidavam com uma planilha de Excel. “Estávamos à procura de algo que pudesse traduzir bem o nosso espírito de união e que simbolizasse a nossa vontade de ser de fato profissionais representantes ativos da arquitetura para todos. Então, vimos que havíamos encontrado. Sigma é uma palavra grega que indica soma, o que bate com o nosso perfil e, ainda, com as multiatividades típicas dos urbanistas”, detalham.
Nov/ D ez 2 0 1 4
O leque de serviços prestados é amplo. Além de arquitetura, a Sigma atende a demandas de urbanismo, paisagismo, interiores e consultoria técnica. O primeiro projeto executado foi o de uma residência em Coronel Fabriciano e, a partir deste cartão de visitas, outros trabalhos interessantes foram sendo encomendados. Os arquitetos têm atuado também no desenvolvimento de projetos para farmácias, planejando e supervisionando adequações sanitárias de curto prazo que são exigidas pelos órgãos federais, estaduais e municipais. Apenas nos últimos meses, já atenderam a oito estabelecimentos do gênero. A assistência é facilitada por vínculos importantes criados pela Sigma com órgãos competentes do setor. Entre as iniciativas voltadas para o social, a dupla projetou e gerencia a obra de construção de uma congregação da Igreja Presbiteriana do Brasil no bairro Parque Caravelas, que antes funcionava precariamente na loja de um prédio. Iniciou recentemente a execução de um projeto de combate a incêndios na Associação Comunitária Peniel, no bairro Veneza, em Ipatinga, exigência que está sendo feita a todas as entidades do gênero para renovação de parcerias com o poder público. E, nos últimos dias, vem trabalhando no planejamento de um conjunto de edificações populares em Paraíso, acreditando que a proposta será viabilizada nos próximos meses. SERVIÇO Rua Prata, 160 – Iguaçu – Ipatinga-MG 8834.1314 (Fernando Filho) 8833.6371 (Nilton Assis) Facebook.com/sigmarquitetura contato@sigmarquitetura.com
55
Nov/D ez 2014
FIBRAS DETONADAS e desmanchando-se: reflexo da adição de TPF
56
A I C N Ú EN
D
SALMÃO INUNDADO de água camuflada pelo tripolifosfato
Água que falta nos rios, sobra em embalagens Química em carnes ilude compradores com preços e pesos falsos, além de destruir qualidade dos produtos
Nov/ D ez 2 0 1 4
DEFESA DO CONSUMIDOR IMPORTADO DO CHILE, o salmão sem adição de TPF tem as fibras preservadas, e resulta nos pratos saborosos que tantos apreciam
Segundo a legislação brasileira, portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997, do Ministério da Saúde, estabilizante é a substância que torna possível a manutenção de uma dispersão uniforme de duas ou mais substâncias imiscíveis (que não se misturam) em um alimento. E eles devem ser declarados, formando parte da lista de ingredientes de cada produto. Nessa declaração deve constar, entre outras informações, a função principal ou fundamental do aditivo no alimento e seu nome completo, ou seu número de registro local. Esses, são usualmente aplicados em inúmeros produtos, como conservas, doces, laticínios, sorvetes, achocolatados, massas, entre outros. No entanto, um desses agentes químicos, conhecido como tripolifosfato de sódio (TPF) ou tripolifosfato pentassódico ou ainda trifosfato de sódio, vem sendo usado de forma criminosa em muitas carnes, especialmente os peixes, e funciona como uma bomba no organismo humano, além de servir como artifício para enganar o consumidor quanto ao preço real por quilo. Como apurou a revista ATITUDE
em compras de produtos de fabricantes diversos, nos primeiros dias de novembro, peixes e camarões com preços supostamente atraentes resultaram em clara adição de tripolifosfato, apresentando conteúdo de até 30% de água ao permanecerem por limitado tempo na geladeira, em processo gradual de descongelamento. Nesse caso, a ação do TPF é no sentido de falsificar o preço, já que o consumidor imagina estar pagando mais barato por um peso líquido absolutamente fictício. Ali o tripolifosfato tem o condão de fundir a água com a carne, tornando o elemento líquido imperceptível no momento da compra. Um composto de fórmula química sem cheiro, o tripolifosfato se apresenta comercialmente na forma de pó branco de densidade aparente 0,7 a 1 g/cm3. Conhecido como um estabilizante e coadjuvante do sal, além de tudo rico em sódio – um problema para hipertensos. Por isso, é evitado na Alemanha e na Suíça. E, no Brasil, em decorrência de uma fiscalização ineficaz ou omissa, é utilizado agora em muitos peixes embalados em entrepostos, com concentrações
acima das minimamente toleradas e, ainda, camuflados. Autoridades sanitárias independentes são críticas inclusive com relação a pareceres do organismo federal quanto ao uso inofensivo de estabilizantes que mantêm a homogeneidade do produto, impedindo a separação dos ingredientes. “Infelizmente – disse um especialista que preferiu não ser identificado –, órgãos que regulamentam alimentos e aditivos em vários países permitem até alumínio, nos alimentos e nos remédios, mesmo em se tratando de um metal super questionado sobre seus efeitos cumulativos no organismo”. Ele acrescenta: “Em geral, as corporações pagam as pesquisas, montam um processo, mostram os resultados e levam até a ANVISA. Aí inicia-se um processo de análise dos estudos apresentados pela corporação interessada e o produto é aprovado. De saúde preventiva, para evitar doenças, não se vê falar na televisão ou na mídia em geral, mas em gastar mais tratando doenças, sim. Hoje as pessoas ficarem doentes é normal, quando ter saúde seria o nosso estado natural”, analisa.
Nov/D ez 2014
57
O que os olhos não vêem...
O câncer é uma doença que se manifesta através de mais de 100 formas, ocasionado por sucessivas mitoses que se configuram tumores benignos e malignos, apresentando três estágios: de iniciação, de promoção e de progressão, antes de se formar o tumor. Essa moléstia apresenta um grande crescimento desde 1998 no Brasil. O número de doentes vem aumentando devido aos vários fatores que desencadeiam as neoplasias,
entre os quais os maus hábitos alimentares. Uma dieta, desequilibrada, com alto consumo de aditivos artificiais, embutidos nos alimentos, e gorduras, ocasiona a gênese carcinogênica. No entanto, uma dieta que enfatize maior ingestão de fibras, antioxidantes, e ainda, rica em ácidos graxos e ômega 3, propicia o controle fisiológico do organismo, além de aumentar a proliferação imunológica do mesmo. Peixe contém ômega 3, e o consumidor, desavisado muitas vezes,
não presta atenção no pacote que está levando para casa. Além de embutir água nas carnes, o tripolifosfato, segundo especialistas, quebra as suas fibras, fazendo com que se tornem como uma manteiga, desmanchando-se. Um estudo recente mostra que cerca de 35% dos óbitos provocados por câncer, nos Estados Unidos, estão ligados à dieta, e estima-se que 40% da incidência do câncer nos homens e 60% nas mulheres está associado aos hábitos alimentares.
ISRAEL DIANTE de um dos vários diques de criação de pangas no Vietnã, acompanhando o processo industrial e ao lado do seu ‘international buyer’ Thomaz Roque, com o peixe ainda inteiro. Eles foram também ao Chile para importar salmão confiável.
58
Carne “fresca”, um equívoco colossal Equivocadamente, o consumidor fala mal do peixe congelado, como de outras carnes no mesmo estado. Mas o congelamento é a melhor forma de conservar alimentos. Essa imagem, de que fresco é melhor, não procede, a menos que o produto saia diretamente do local de extração para
Nov/ D ez 2 0 1 4
a panela. O produto descongelado, principalmente vindo de longe, está muito mais sujeito a contaminação. Carnes resfriadas, em apenas 18h podem se tornar um verdadeiro cadáver exposto em balcões, cheias de bactérias. A melhor forma de conservar alimentos perecíveis é o gelo. Ele
os mantém naturais por vários anos, dependendo do produto. A carne, geralmente são dois anos. Salmão fresco, por exemplo, é perigoso, já que salmão recém-pescado não existe longe do local de extração. O Japão é o maior importador do salmão chileno. Tudo, naturalmente, congelado.
DEFESA DO CONSUMIDOR
Uma guerra de 15 anos contra a contaminação Atualmente os alimentos são provenientes de regiões mais longínquas, o que induz à realização, por alguns, de tratamentos que permitam a sua conservação por um tempo maior. No entanto, ainda há empresas sérias no mercado, que se recusam a expor os consumidores a riscos maiores de doenças provocadas por aditivos químicos. O diretor-proprietário da Tudobom Comercial, de Coronel Fabriciano, Israel Ferreira, mesmo em viagem ao exterior, foi contatado pela revista ATITUDE. Segundo ele, sua empresa tem um histórico de pelo menos 15 anos de busca da conscientização da população, para não adquirir produtos quimicamente alterados ou expostos a contaminações. “Advertimos quanto ao perigo das linguiças manuseadas livremente, resfriadas e fora das embalagens, nos balcões dos estabelecimentos, quando deveriam estar sempre lacradas e congeladas. Fizemos mais de 1.000 denúncias contra a adição de água e tripolifosfato nos frangos e, felizmente, o Ministério Público interveio, fazendo com que hoje pelo menos 90% desse mercado seja descontaminado. Agora, entre outros pescados confiáveis, estamos importando salmão congelado e embalado na origem, da empresa Íntegra, no Chile. Ainda, panga criado em cativeiro no Vietnã; merluza da Polosur, na Argentina, e piramutaba da Ecomar, do Pará, estes últimos de pesca extrativa. Tudo garantidamente sem água e TFP embutidos, preservando o peso e as células, as propriedades originais das carnes”, assegurou.
“Uma grande mentira”
No Vietnã, Israel disse ter comprovado “a grande
mentira que se disseminou em nosso país, de que o pangasius ou panga, no Brasil, viria de rios sujos e contaminados. “Vim ver com meus próprios olhos, juntamente com meu ‘international buyer’, Thomaz Roque, porque, como sou importador e defendo a carne saudável, não poderia estar desinformado. O panga é um peixe originário do sul do Vietnã, uma região parecida com a de Manaus. Ele não tem escamas, tem pele, igual à merluza argentina e o piramutaba brasileiro. O processo de cultivo se faz em diques instalados em grandes fazendas, sob forte vigilância sanitária. Ali o peixe é tratado com ração balanceada, como a tilápia no Brasil. É levado vivo até as fábricas próximas, em barcos-piscina. Canais, nos rios, ligam os diques às fábricas. Trata-se de um peixe que não tem espinha e é muito saboroso. Os rios dessa região são enormes, como os rios da Amazônia. Mas o cultivo não se dá neles, isso é uma grande mentira, certamente criada por concorrentes de má fé. Uma das razões principais para as suas ótimas condições de preço é a produção em larga escala. Há mais de 200 fábricas no país, que abastecem a Ásia, África, Europa e América. Os dois principais compradores são EUA e a Europa”. Ainda segundo ele, “muitos pangas, vendidos no Brasil, não são bons porque comerciantes, sem saber, compram o produto com gordura e tripolifosfato. Aí a carne fica ruim. E você está sendo enganado. Pois ela não é mais barata, está é cheia de água e tripolifosfato. Ou seja, falsificada. E você é enganado. Para saber, sempre descongele o produto antes de consumir, na embalagem e dentro da geladeira. Se tiver mais de 5% de água, está errado”, orienta Israel.
Nov/D ez 2014
59
60
Nov/ D ez 2 0 1 4
61
Nov/D ez 2014
CONSULTÓRIO JURÍDICO
“Mais do que as ideias, são os interesses que separam as pessoas”.
A confusão por herança
ALEXIS TOCQUEVILLE
Inventário e partilha: um drama que divide muitas famílias 62
A frase supra nos remete a uma questão que, infelizmente, todos nós teremos que enfrentar e resolver um dia: a realização do inventário e possível partilha de bens. O inventário pode ser judicial ou extrajudicial, sua finalidade e importância consistem em relacionar, descrever minuciosamente e avaliar os bens do autor da sucessão, ou seja, da pessoa falecida. Sendo a herança uma universalidade, é necessário identificar, com exatidão, de que se compõe o monte hereditário, para que se possam partilhar, devidamente, os bens entre os herdeiros, satisfazer os credores do autor da herança (se houver) e ainda terá a incidência do tributo causa mortis (ITCD), que é de interesse do Estado. Regra geral, o inventário deve ser requerido no foro do último domicílio do falecido. A lei prevê um prazo para abertura, que antes era de 30 dias mas, atualmente, é de 60 dias, a contar da abertura da sucessão, conforme reza o art. 983 do CPC. Esta norma ainda prevê o prazo de 12 meses para encerramento do processo de inventário e partilha, mas isso nem sempre ocorre na prática, muitas vezes pela morosidade do nosso Judiciário, que segue abarrotado de ações, dentre outros motivos!!! Vale lembrar que há previsão legal de incidência de multa se o inventário for aberto fora do prazo legal, que varia conforme cada lei estadual. Uma das causas para a morosidade em um processo de inventário pode estar relacionada ao inventariante. Então, já me questionaram se é possível substituir o inventariante. Sim, é possível. A remoção daquele pode se dar por decisão judicial ex officio ou a requerimento de um herdeiro. Ao inventariante cabe praticar todos os atos que
Nov/ D ez 2 0 1 4
forem indispensáveis à boa administração e representação da herança, não podendo, no entanto, doar, hipotecar, empenhar, dividir bens do espólio, contratar honorários advocatícios sem o consentimento dos interessados ou sem autorização judicial. No entanto, não cumprindo o inventariante suas obrigações legais, poderá ser responsabilizado pelos prejuízos que causar ou ser removido. O art. 995 do Código de Processo Civil lista as causas de remoção do inventariante, mas aquelas não se esgotam no artigo retrocitado, conforme orientação do Supremo Tribunal Federal. Vejamos apenas algumas: - se não prestar o inventariante, no prazo legal, as primeiras e últimas declarações; - não der andamento regular ao inventário; - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem danos os bens do espólio; - se não prestar contas ou se estas não forem boas; - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio; Enfim, infelizmente, nem sempre a realização de um inventário e a partilha de bens ocorrem de forma consensual, amigável, justamente num momento da vida dos herdeiros em que deveria prevalecer a união, a solidariedade, em detrimento da ganância, mola propulsora de muitos litígios! SERVIÇO DRA. PAULA VEIGA RODRIGUES DO AMARAL é advogada e consultora jurídica em Coronel Fabriciano, OAB/MG 74.795. Contatos: veiga.amaraladvocacia@gmail.com (31) 3842-9851/8452-1919
58.725 VOTOS.
Sabe o que isso significa? Para mim significa muito mais responsabilidade, muito mais dedicação. Significa que, uma vez mais, a população demonstrou que acredita no nosso trabalho e entende que honramos o seu apoio. Com um mandato marcado pelo compromisso com o social, dedicado à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, onde as oportunidades sejam democráticas, ao alcance de todos que lutam por uma sobrevivência digna e que, desse modo, fazem do nosso Estado um exemplo para a Nação.
63
Muito obrigada a todos.
Rosângela Reis
Escolhida pelo povo para o terceiro mandato consecutivo. A única mulher reeleita à Assembleia Legislativa de Minas Gerais em 2014. 93,3% dos votos conquistados nas cidades do Vale do Rio Doce. Nov/D ez 2014
64
Há 30 anos, ser criativo já era um bom começo para vencer na vida. Há 15 anos, ser criativo já era meio caminho andado para vencer na vida. Nov/ D ez 2 0 1 4
Educação Infantil / Ensino fundamental Ensino Médio / Iniciação Científica
E hoje, se você não for criativo, só Deus sabe o que será de você.
A melhor escolha para o futuro do seu filho. 65
RENOVAÇÃO MATRÍCULAS 2015: 27 de novembro a 04 de dezembro 2014
www.eecriativa.com.br facebook.com/eecriativa
Rua Visconde de Mauá, 108 n Cidade Nobre, Nov/DIpatinga-MG ez 2014 n (31) 3828-7357
CONSULTÓRIO
DR. MÁRIO MÁRCIO DA PAZ mariomarcio.paz@providareproducao.com.br
Mitos e tabus precisam ser quebrados, em nome de uma vida mais plena e feliz
O sexo na terceira idade 66
Alguns mitos parecem difíceis de serem quebrados. O mito de que o desejo e a prática sexual se torna irrelevante com o avançar da idade é um daqueles que teimam em persistir. Uma nova geração de sexagenários está provocando uma mudança, mas mesmo assim de forma muito lenta. Estes homens e mulheres que tiveram a sua juventude no final dos anos cinquenta e durante os anos sessenta já começam a mudar alguns paradigmas, mas ainda sentem o peso do preconceito e dos valores que herdaram das gerações passadas e deixam de usufruir de uma série de vantagens que a ciência moderna pode proporcionar. Os idosos de outras gerações sofriam de uma série de problemas físicos que hoje podem ser muito bem controlados. Consequências de problemas circulatórios, hipertensão arterial e diabetes levavam a uma série de desconfortos que prejudicavam ou inibiam o desejo sexual. Além disso as limitações femininas da menopausa e a disfunção erétil, reforçadas pela resistência em procurar ajuda médica, contribuíam para piorar o quadro. A evolução científica proporcionou um grande progresso na prevenção e tratamento de doenças degenerativas com um aumento considerável na qualidade de vida e na longevidade. Muitos homens e mulheres já usufruem destes benefícios, porém uma parcela considerável ainda é vítima do preconceito e insiste em não procurar ajuda especializada, e acaba por perder a chance de ter uma vida sexual plena e feliz. É evidente que a sexualidade e a prática sexual muda muito com o avançar da idade. Porém, estas mudanças não necessariamente são negativas. Pelo contrário,
Nov/ D ez 2 0 1 4
pode haver uma grande melhora na percepção e na qualidade do sexo, desde que ele não esteja ligado a um padrão de beleza que se perdeu com a juventude. A vontade de amar, de dar e receber prazer, somente desaparece quando os preconceitos não são confrontados. Entender a dinâmica do parceiro é fundamental. Muitos casais que se curtem durante a velhice aprenderam a lidar com as limitações físicas e até mesmo as utilizam como forma de prazer. O maior tempo para se ter uma ereção ou para a excitação vaginal pode ser compensado pela gratificação de um toque ou uma carícia mais prolongada. O orgasmo boa parte das vezes deixa de ser o objetivo e passa a ser um detalhe, por vezes irrelevante, na relação. Além do tabu da sexualidade da terceira idade é preciso perder o medo dos tratamentos como a reposição hormonal tanto da mulher como do homem, assim como do uso dos medicamentos para ereção. Todas estas alternativas terapêuticas podem ser utilizadas com segurança desde que acompanhadas por médicos qualificados. O que deve ser evitado é a automedicação, principalmente por parte dos homens que se sentem inibidos em conversar com seus médicos abertamente. A sexualidade humana é uma dádiva da natureza sem prazo de validade. A prática sexual aproxima as pessoas, melhora a autoestima e reforça a saúde. Envelhecer não significa abrir mão de seu prazer. Aceitar as limitações, conhecer e aprender sobre as mudanças do corpo e utilizar com sabedoria os avanços da medicina é a chave para uma vida sexual e amorosa feliz na terceira idade.
67
Nov/D ez 2014
68
Nov/ D ez 2 0 1 4