Revista atitude - Agosto 2017

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Jun / Ago 2017 Ano VI • n˚ 22 R$ 1 0

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CARTA AO LEITOR

Seja feliz por ser o que é

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Cansado de tudo? Vida que segue. Que bom que está cansado! Significa que vive. E isto já é um grande privilégio. Todos os dias, religiosamente, morrem em média 200 mil pessoas, por causas naturais, acidentes, suicídios, inanição, assassinatos, pestes, infartos, AVCs, guerras. A cada dois segundos, só um tic-tac do relógio, alguém se retira ou é retirado do mundo, muitas vezes sem concessões mínimas, ao menos uma sílaba de despedida. Não é que você esteja devagar, impotente. O globo é que está girando depressa demais. Ou descompassado. Quantitativo, não qualitativo. Alguns dias parecem ter seis horas. Outros sugerem que nunca vão terminar, insones, proibitivos para dormir e sonhar. Precisamos aprender que redes sociais não representam um todo de uma pessoa. Sequer uma faceta confiadamente imaculada. O que vemos ali é uma parte calculista, editada, com filtros. Apesar de me deparar em timelines alheias com coisas que eventualmente queira para a minha vida, sei que são efêmeras. Mais: nada me garante que reproduzam com exatidão a essência da alegria interior. Já passei dessa fase de achar que eu não tinha nada porque via pessoas no Instagram (Facebook, arghhh!, isso já é medieval, não dá status) que, aparentemente, tinham tudo, vida perfeita. E esse tudo não é só bens materiais, mas também felicidade na família, nas amizades, nos relacionamentos… Aí é que tá: quem disse que eu não tenho tudo isso? Quem disse que eles têm tudo isso? Uma foto milimetricamente posada? Só indícios, prova nenhuma! Quero aparecer de pijama, descabelado, calção torto, remelas, dentes por escovar – que o mau hálito ainda não exala eletronicamente. Não é pra ‘causar’. Normal, gente! Nem todos os dias eu como em restaurantes incríveis, estou de ótimo humor, sorrindo até engolir as orelhas, uso óculos, roupas e calçados de grife que rendem imagens espetaculosas para o meu perfil. Frustrei suas expectativas? Vai desculpando. Peça a Deus pra fabricar outro. Aliás, sem você pedir Ele já está cuidando disso. Todos os dias nascem cerca de 260 mil pessoas, 180 por minuto, três a cada segundo. E nenhuma delas é igual à outra. Tomara que isso lhe deixe feliz.

DIRETOR E EDITOR-CHEFE Luiz Carlos Kadyll Registro Profissional - JP 00141/MG (31) 98586-7815 / 3824-4620 REPORTAGENS Luiz Carlos Kadyll kadyll.revistaatitude@gmail.com FOTOGRAFIAS Luiz Carlos Kadyll Chener Matos Welisson Souza DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL Fábio Heringer ASSISTENTE DE ARTE Ellen Villefer de Carvalho Almeida ellen.revistaatitude@gmail.com DIRETORA COMERCIAL Edileide Ferreira de Carvalho Almeida edileide.revistaatitude@gmail.com (31) 98732-8287 COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Guilherme Jacques Dr. Mário Márcio da Paz Thaís Villefer de Carvalho Almeida Wagner Alexandre Arcioni Bruno Alves Heleno Valadares ENDEREÇO POSTAL R. Bororós, 125 - Jardim Panorama Ipatinga - Minas Gerais CEP: 35.162-034 PARA ANUNCIAR: (31) 98732.8287 - 3824.4620

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LUIZ CARLOS KADYLL Editor-chefe

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SUMÁRIO

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Muçulmanos priorizam captação de fiéis na América Latina, a região em que a religião de Maomé menos cresce no globo.

Acolhida como voluntária da Google, ipatinguense circula por metrópoles cosmopolitas dando palestras e organizando eventos.

O ISLÃ ENTRE NÓS

AMÉRICA, EUROPA E ÁSIA

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O VERDADEIRO SORVETE ARTESANAL ITALIANO Recomendado pelo Sebrae, Gran Gelato projeta expansão e se abre ao mercado de franquias.

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OS NEGÓCIOS, NA VISÃO DO EMPRESÁRIO DO ANO DE IPATINGA “Tudo flui melhor quando se consegue falar a mesma língua, andar pelo mesmo caminho, com o mesmo propósito”. WALLACE Barreto Simão, ícone da construção civil no Leste de Minas

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PUBLICIDADE PARA O QUE É PÚBLICO Empresário fabricianense defende transparência como fator essencial para credibilidade política.

ISRAEL Ferreira, diretor da Tudobom



AVE DE SORTE

Louro que vale ouro

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Ele faz enorme sucesso na televisão, mas poucas pessoas conhecem seu rosto. Tom Veiga é o homem que interpreta o papagaio ‘Louro José’, parceiro de Ana Maria Braga nas manhãs da Rede Globo. Há 17 anos no ar, o profissional, no entanto, precisa ter uma vida discreta. Ele não pode revelar sua identidade. Por isso Tom não tem permissão de dar entrevista a nenhum veículo de comunicação. Mas nas redes sociais seus posts pipocam a toda hora. Ele mantém com a mulher, Alessandra Veiga, 40 anos (e caprichosamente também loira), um instagram e uma página no Facebook. No ano passado, Tom Veiga renovou os votos de casamento com a mulher - com quem está junto desde dezembro de 2003 em Las Vegas, EUA. Eles se conheceram em Pelotas-RS, quando Tom já interpretava o papagaio na Globo. Três anos depois, a loira e o ator se casaram com uma festa digna de conto de fadas. Quanto ao salário do ‘Louro’, bem... não é piada de papagaio: está cotado como jogador de futebol. Seria a bagatela de R$ 150 mil/mês. O rosto do intérprete do Louro José sempre foi mantido longe das câmeras. O que pouca gente sabe é que na vida real, Tom Veiga não se importa de mostrar a todos sua paixão pela mulher, aliás, tatuada por seu corpo. Ela também gravou na pele o nome do marido. Em Tom, são cinco tatuagens para Alessandra: o rosto dela, tal qual estava quando casou, no braço esquerdo; ela de corpo inteiro no antebraço direito; o nome dela no antebraço esquerdo e também o apelido, Ale, logo acima, que ainda está escrito no dedo anelar da mão esquerda. Alessandra também carrega o rosto do ator nas costas, além do nome dele no braço e também no dedo anular. Contudo, as tatoos não substituíram as alianças. A cada ano elas ganham um novo brilhante no aniversário de casamento dos dois, em julho. Enquanto Tom Veiga dá expediente ao lado de Ana Maria há 20 anos, Alessandra cuida dos dois filhos do casal e tem um blog para dar dicas de vida saudável e assuntos ligados ao universo feminino.

TOM VEIGA com a mulher, Alessandra, e os filhos, Adrian, 18, e Alissa, 11, em férias nas Bahamas: a família fez um cruzeiro no início do ano

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Inventado quase por acaso, papagaio de Ana Maria Braga tem salário de jogador de futebol e é disputado como atração preciosa

Tom criou o fantoche Louro – a quem manipula e empresta a voz – quando era coordenador de estúdio e produtor executivo do programa ‘Note e Anote’, na Rede Record. Antes, foi office-boy, motorista de ambulância e trabalhou com eventos. Veiga conheceu Ana Maria Braga pelos idos de 1995. Ele organizava feirinhas de artesanato, onde a apresentadora ia para divulgar o Note e Anote. Convidado a integrar a equipe, aceitou. Em março de 1997, presa num engarrafamento em São Paulo, ela disse ao seu ex-segurança e então marido Carlos Madrulha que “precisava de um boneco para fazer uma passagem menos dolorosa”, já que o Note e Anote vinha logo depois de um programa infantil. Diversas formas para o boneco foram testadas, sem sucesso. Tom, sempre muito bem humorado, foi improvisado e emplacou. Tanto que Ana Maria registrou a marca. Em 2004, dois artistas entraram com ação judicial reivindicando a autoria do personagem. Por lei, o direito de imagem é de quem desenha, e não de quem inventa o personagem. Mas após muitas idas e vindas, o caso voltou à estaca zero.


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“SE DEUS QUISER”

A invasão muçulmana Eles acreditam que Alá decretou tudo o que vai acontecer. Mas, diferentemente do que muitos supõem, teriam descoberto o Brasil junto com Cabral.

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De confissão marcadamente cristã, seja ela católica ou evangélica, o Brasil inteiro ficou em polvorosa nos últimos meses, sobressaltado com a notícia de que o país estaria sendo ‘invadido’ por uma leva de 1,8 milhão de muçulmanos. Embora a população historicamente receba bem os migrantes, a violência extrema do Estado Islâmico, materializada por vídeos na internet, é que dá o tom da rejeição. Queimados e enterrados vivos, degolados e decapitados com sabres, os “infiéis” (ou os impuros da cultura ocidental) são o alvo obsessivo e preferencial dos radicais do Islã – pelo simples fato de que o seu livro sagrado assim apregoa. E, então, não é estranho que aqui esteja nascendo uma nova versão da caça às bruxas empreendida contra os nazistas, no calor Segunda Guerra, quando falar alemão era passível de linchamento. Sob a ditadura de Getúlio Vargas, no início da década de 40, inúmeros alemães religiosos sofreram por serem tachados de devotos de Hitler. O naufrágio de navios brasileiros por submarinos alemães despertou uma onda de intolerância que vitimou especialmente os evangélicos Luteranos, a ponto de templos serem invadidos, fieis presos e agredidos. Dos pára-raios nas torres das igrejas, dizia-se que eram emissores de ondas de rádio para recepção de mensagens por oficiais germânicos em Berlim. Se precisavam comprar na cidade, tinham que receber autorização nas delegacias, permanecendo reclusos em verdadeiras colônias penitenciárias. Ju n / Ago 2017

ALGUNS HISTORIADORES mencionam que os primeiros muçulmanos chegaram ao Brasil já na expedição de Pedro Álvares Cabral.


Águas passadas não movem moinho, diz a sabedoria popular. Mas é bom não levar esta expressão tão ao pé da letra. Como concluiu o sábio Salomão, “o que foi voltará a ser, o que aconteceu, ocorrerá de novo, o que foi feito se fará outra vez; não existe nada de novo debaixo do sol”. Engana-se redondamente quem pensa que só agora os muçulmanos começam a habitar entre nós. Desde a chegada dos portugueses, em 1500, eles aportam na Terra de Santa Cruz. Alguns historiadores mencionam que os primeiros dois, Chuhabidin Bin Májid e Mussa Bin Sáte, faziam parte da expedição de Pedro Álvares Cabral. Como a história do país é marcada por ondas migratórias, há registros da vinda de muçulmanos portugueses e espanhóis. Posteriormente, vieram muçulmanos negros trazidos como escravos. Na década de 1920, veio a primeira onda moderna de imigrantes libaneses e sírios. A primeira mesquita foi aberta em São Paulo, em 1952. Treze anos depois, a segunda foi inaugurada em Londrina (Paraná). Oficialmente, existem hoje 13 mesquitas e oito mussalas no país. As mussalas são como capelas, onde não existe um imã (líder espiritual) presente. De acordo com o Censo 2010 do IBGE existem 35 mil muçulmanos no país, mas algumas entidades islâmicas afirmam que são 1,5 milhão. Dados de pouca confiabilidade chegam a falar em 3 milhões. Não se sabe ao certo, pois nos últimos anos a política externa do governo petista tem facilitado a entrada de imigrantes de modo geral, incluindo aqueles que professam a fé muçulmana. Vindos de 18 países da Ásia e da África, a maioria tem ido para cidades pequenas ou médias. Há comunidades significativas em São Paulo, no ABC Paulista e na área de Santos. Também no Estado do Paraná, distribuídas na região litorânea, em Curitiba e em Foz do Iguaçu, na região da Tríplice Fronteira. Registra-se a entrada de imigrantes vindos de países como Bangladesh, Afeganistão, Paquistão, Angola, Moçambique, Palestina, Iraque, Jordânia, Índia, Síria, Gana, Líbano, Guiné, Senegal, Marrocos, Egito, Congo, Somália e do território da Caxemira.

MESQUITA muçulmana Omar Ibn Al-Khatab em Foz do Iguaçu, inaugurada em 1983

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MOBÍLIA queimada na rua: confundidos como nazistas, muitos alemães pacíficos foram perseguidos na época da Segunda Guerra, no Brasil

PREGAÇÃO A questão que mais inquieta os tupiniquins é que, aparentemente, nos dias atuais os islamitas estão ainda mais decididos a atrair novos adeptos. Andando em grupos e ancorados na liberdade de culto constitucional, portam-se como os Mórmons, as Testemunhas de Jeová ou mesmo os próprios cristãos tradicionais, orientados pelo mestre Jesus a irem “de dois em dois” para proclamarem a sua fé. Chamando a atenção com suas barbas protuberantes, turbantes e túnicas quase idênticos às vestes das tribos de beduínos que viviam no século VI, paquistaneses iniciaram pregações por cidades de Roraima e do Amazonas no final de abril, depois seguiram para o Maranhão, onde visitaram e fizeram ações de convencimento até mesmo na região metropolitana de São Luís. Após deixarem a capital maranhense o grupo seguiu para o Piauí. Foi o suficiente para que a Polícia Federal passasse a monitorá-los. A neurose coletiva é facilmente compreendida. Afinal, ainda está bem vivo na memória de todos o fantasma de Osama Bin Laden (1957-2011), o fundador da organização terrorista Al Qaeda, filho único da décima mulher de um imigrante iemenita pobre que se tornou o homem mais rico e poderoso da Arábia Saudita. Perigosos ou não, a questão é que o fenômeno da invasão muçulmana no mundo se revela um processo irreversível com o qual todos obrigatoriamente terão que conviver. Além dos vultosos recursos financeiros de que dispõem algumas das famílias reais mais tradicionais para bancarem a islamização do globo, sua taxa de fecundidade é elevadíssima (porque não praticam a anticoncepção e crêem que Deus deseja ardentemente a multiplicação da humanidade), enquanto os que não divinizam Maomé reduzem suas proles a, no máximo, dois filhos.

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IGREJAS Luteranas tiveram seus pára-raios falsamente identificados como transmissores de rádio

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Islã prioriza a América Latina Criado no século 7 pelo profeta Maomé, em Meca, na Arábia Saudita, o Islã é atualmente a segunda maior religião do mundo e também a que mais cresce, atrás apenas do Cristianismo. Segundo o instituto de pesquisa Pew, hoje são cerca de 1,6 bilhão de seguidores e em 2050 serão 2,8 bilhões, o que representará 29,7% da população mundial, um pouco menos que o cristianismo, que terá 2,9 bilhões, totalizando 31,4% da população mundial. Por essa projeção, sabe-se que até o final do século o Islamismo ultrapassará o cristianismo para se tornar a religião com o maior número absoluto de fiéis do planeta. Nesse mesmo período, o número de muçulmanos deve crescer 73% em todo o mundo, enquanto o crescimento populacional deve ser de 35%, menos da metade. Na América Latina, o aumento do número de seguidores do Corão não acompanha o ritmo registrado em outras partes do mundo. O mesmo instituto Pew, dos Estados Unidos, aponta a AL como a única região onde a taxa de crescimento da população estimada para 2050 supera com folga o aumento de muçulmanos. O levantamento prevê que, entre 2010 e 2050, a região tenha uma população 27% maior e um incremento de 13% no número de seguidores do Islã. Os números usados são de 19 países. Estima-se em

940 mil a população de muçulmanos na região para 2050, inferior à quantidade de seguidores do Islã registrada em 2010 em países como Espanha ou Itália. Contudo, baseia-se num fluxo migratório histórico, não tão intenso quanto se verifica nos Estados Unidos e no Canadá, onde a projeção é de que a população muçulmana se eleve em 179% até 2050, índice maior que o prospectado para a África subsaariana (170%), o Oriente Médio e Norte da África (74%), a Europa (63%), e a Ásia-Pacífico (48%). Os EUA e o Canadá atraem imigrantes não apenas por oferecer melhores oportunidades econômicas, mas também porque têm programas para acolher refugiados e, no caso dos Estados Unidos, loteria de vistos. Em 2018 serão distribuídos, por seleção aleatória, 55 mil vistos de imigrantes a pessoas que nasceram em países com baixas taxas de imigração para os EUA. Não por acaso, 76 líderes muçulmanos de 40 países se reuniram recentemente na Turquia, elegendo a América Latina como “alvo” do expansionismo islâmico para os próximos anos. O presidente turco chegou a afirmar durante o evento que “a América não foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, mas sim por navegadores muçulmanos, três séculos antes”. E se ofereceu para patrocinar a construção de mesquitas.

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O MUÇULMANO deve fazer a peregrinação a Meca, na Arábia Saudita, pelo menos uma vez

As diferenças mais básicas em relação ao cristianismo 16

Os muçulmanos são orientados pelos ensinamentos do Corão e tentam seguir Cinco Pilares. No sétimo século, o político e militar árabe Maomé teria recebido uma visita do anjo Gabriel, que se estenderia por 23 anos, até sua morte. A crença é que o anjo transmitiu a Maomé as palavras de Alá (a designação em árabe para “Deus”). Essas revelações ditadas formam o que hoje conhecemos como Corão ou Alcorão, o livro sagrado do Islamismo. Islã significa “submissão”, derivando de uma raiz que curiosamente significa “paz”. A palavra muçulmano significa “aquele que se submete a Alá”. Os muçulmanos acreditam que Alá decretou tudo o que vai acontecer. Atestam a soberania de Deus com sua frase frequente, inshallah, ou seja, “se Deus quiser”. OS CINCO PILARES DO ISLÃ Estes cinco princípios compõem o seu quadro de obediência: 1. O testemunho de fé (shahada): “la ilaha illa allah. Muhammad Rasul Allah”. Isto significa: “Não há outra divindade senão Alá. Maomé é o mensageiro de Alá”. Uma pessoa pode se converter ao Islamismo apenas por afirmar este credo. A shahada mostra que um muçulmano acredita apenas em Alá como divindade, mas revelado por Maomé. 2. As orações (salat): cinco orações precisam ser feitas todos os dias. 3. Pagar dádivas rituais (zakat): esta esmola é uma certa percentagem administrada uma vez por ano. 4. Jejum (sawm): os muçulmanos jejuam durante o Ramadã, no nono mês do calendário islâmico. Eles não devem comer ou beber desde o amanhecer até o entardecer. 5. Peregrinação (hajj): se fisicamente e financeiramente possível, um muçulmano deve fazer a peregrinação a Meca,

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na Arábia Saudita, pelo menos uma vez. O hajj é realizado no décimo segundo mês do calendário islâmico. A entrada de um muçulmano no paraíso depende da obediência a esses Cinco Pilares. Ainda assim, Deus pode rejeitá-los. Nem mesmo Maomé sabia ao certo se Alá iria admiti-lo ao paraíso (Surata 46:9; Hadith 5,266). ISLAMISMO X CRISTIANISMO Em relação ao Cristianismo, o Islamismo tem algumas semelhanças, mas também diferenças significativas. Assim como o Cristianismo, o Islamismo é monoteísta. No entanto, os muçulmanos rejeitam o conceito da Trindade – ou seja, que Deus se revelou como um em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. O Islamismo entende que Jesus era apenas um profeta – não o filho de Deus. Os muçulmanos acreditam que Jesus, embora nascido de uma virgem, foi criado como Adão. Muitos muçulmanos não acreditam que Jesus morreu na cruz. Eles não entendem por que Alá permitiria que o Seu profeta Isa (a palavra islâmica para “Jesus”) sofresse uma morte torturante. Contudo, a Bíblia mostra como a morte do Filho perfeito de Deus foi fundamental para pagar pelos pecados dos cristãos (Isaías 53:5-6, João 3:16, 14:6, 1 Pedro 2:24). O Islamismo acredita que o Corão seja a autoridade final e a última revelação de Alá. A Bíblia, no entanto, foi finalizada no primeiro século com o livro de Apocalipse. Finalmente, o Islamismo ensina que se pode ganhar o paraíso através de boas obras e obediência aos Cinco Pilares. A Bíblia, pelo contrário, revela que o homem não pode se comparar com um Deus santo (Romanos 3:23; 6:23). Apenas por causa da misericórdia e amor de Deus os pecadores podem ser salvos através da fé em Cristo (Atos 20:21; Efésios 2:8-9).


“SE DEUS QUISER”

As 72 virgens para cada homem Fala-se muito de que o Islamismo asseguraria 72 virgens aos que morrem em nome de Alá, mas a verdade é que este número específico não consta do Alcorão, fazendo parte de histórias tradicionalmente atribuídas à vida de Maomé. O fato é que, enquanto Jesus descreve nos evangelhos que “na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento, e são como os anjos do céu”, o Islã fala de um paraíso bastante sensual: “E se deitarão sobre leitos incrustados com pedras preciosas, frente a frente, onde lhes servirão jovens de frescores imortais com taças e jarras cheias de vinho que não lhes provocará dores de cabeça nem intoxicação, e frutas de sua predileção, e carne das aves que desejarem. E deles serão as huris [virgens] de olhos escuros, castas como pérolas bem guardadas, em recompensa por tudo quanto houverem feito. (…) Sabei que criamos as huris para eles, e as fizemos virgens, companheiras amorosas para os justos”. (Alcorão, surata 56, versículos 12-40). 72 ESPOSAS São inúmeras as passagens como esta, que mencionam a existência no paraíso de moçoilas virgens – que não menstruam, urinam ou defecam –, jóias, criados jovens e cheirosos, vinho (embora o Islã proíba consumir bebidas alcoólicas em vida, cf. surata 2.119; 5.90), rios de leite, rios de mel, rios de água, frutas abundantes. Comparado ao paraíso cristão, com seus anjos assexuados entoando cânticos, o céu islâmico soa como um autêntico Club Med. Diferentemente da Bíblia, única fonte autenticada pela Igreja das palavras de Deus, na religião islâmica o Alcorão é complementado pelas chamadas Sunas (caminho trilhado), uma coletânea de histórias sobre tudo o que supostamente disse ou fez o profeta Maomé durante sua vida, que circularam no boca a boca por mais de um século até serem redigidas em sua forma atual. É aí que entra o suposto número de virgens com que os eleitos são agraciados:

“Cada vez que se dorme com uma huri descobre-se que ela continua virgem. Além disso, o pênis dos eleitos nunca amolece. A ereção é eterna. A sensação que se sente cada vez que se faz amor é mais do que deliciosa e se você a experimentasse neste mundo você desmaiaria. Cada escolhido se casa com 70 huris, além das mulheres com que se casou na terra, e todas têm sexos apetitosos”. Para as virgens, o paraíso islâmico é mais ou menos como uma versão pornô do mito de Prometheus (aquele do titã que tinha seu fígado devorado todos os dias por uma águia), só que é o hímen das jovens donzelas, e não o fígado do titã, é que se regenera perpetuamente. Se os homens têm uma ereção permanente e o resto da eternidade nas mãos, entende-se que algumas dezenas de virgens não bastariam. Por isso o paraíso islâmico conta ainda com um local que, cá embaixo seria chamado de “bordel”, mas que as Sunas chamam de “mercado”. Segundo os hadith, Maomé teria dito: “Existe no paraíso um mercado onde não há compra ou venda, mas homens e mulheres. Quando um homem deseja uma mulher ele vai até lá e tem relações sexuais com ela”. (Al Hadith, Vol. 4, p. 172, Nº 34). Por aqui, antes de alcançar o céu, a religião não permite que os fiéis mostrem em público as “partes íntimas” – para os homens, a região entre o umbigo e o joelho; e, para as mulheres, o corpo inteiro, exceto o rosto e as mãos. Por esse motivo, as vestes não podem ter nenhuma transparência nem serem justas a ponto de delinear o corpo. Essas partes só podem ser vistas pelo cônjuge e alguns familiares. Dentro de casa, portanto, veste-se qualquer roupa. Existem também normas para diferenciar a aparência feminina da masculina. Os homens não devem usar objetos de ouro ou seda.

“A menor recompensa para aqueles que se encontram no paraíso é um átrio com 80.000 servos e 72 esposas, sobre o qual repousa um domo decorado com pérolas, aquamarinas e rubis, tão largo quanto a distância entre Al-Jabiyyah (hoje na cidade de Damasco) e Sana’a (hoje o Iémen)”. (Hadith 2687 - Livro de Sunan, volume IV). EREÇÃO ETERNA A rotina das virgens no céu, como escreveu Al-Suyuti, um renomado comentador do Alcorão e estudioso dos hadith, no século XV, seria dura, vez que estariam subordinadas a uma espécie de super Viagra:

EM PÚBLICO, as mulheres devem cobrir o corpo inteiro, exceto o rosto e as mãos

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O JORNAL nova-iorquino anuncia que Bin Laden está morto: “A última vingança. EUA pegaram o bastardo”

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A violência ditada contra os “incrédulos” Embora a maioria do povo muçulmano seja pacífica, o Alcorão (supostamente ditado por Deus) apregoa violências várias: 2 (sura ou surata):191 (capítulo) - Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo aos incrédulos. 3:32 - Obedeça a Deus e ao Mensageiro. Mas, se se recusarem - então, de fato, Deus não gosta dos descrentes. 3:151 - Infundiremos terror nos corações dos incrédulos, por terem atribuído a Deus, sem que Ele lhes tivesse conferido autoridade alguma para isso. 4:24 - Também vos está vedado desposar as mulheres casadas, salvo as (prisioneiras e escravas) que tendes à mão. Tal é a lei que Deus vos impõe. 5:33 - O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo. Ju n / Ago 2017

5:38 - Quanto ao ladrão e à ladra, decepai-lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido; é um exemplo, que emana de Deus, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo. 5:73 - São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade!, portanto, não existe divindade alguma além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles. 9:5 - Mas quanto os meses sagrados tiverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo. 9:14 - Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio das vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis, 9:113 - É inadmissível que o Profeta e os fiéis implorem perdão para os idólatras, ainda que estes sejam seus parentes carnais, ao descobrirem que são companheiros do fogo. 24:2 - Quanto à adúltera e ao adúltero, vergastai-os com cem vergastadas, cada um; que a vossa compaixão não vos demova de cumprir a lei de Deus, se realmente credes em Deus e no Dia do Juízo Final. Que uma parte dos fiéis testemunhe o castigo. 24:4 - E àqueles que difamarem as mulheres castas, sem apresentarem quatro testemunhas, infligi-lhes oitenta vergastadas e nunca mais aceiteis os seus testemunhos, porque são depravados. 48:28 - Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si.


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Liberdade e democracia são valores que definem Minas Gerais. Na nossa Assembleia Legislativa, esses ideais estão sempre presentes no debate, no diálogo e na luta diária pelos interesses de Minas e dos mineiros. Participe! É com você que a Assembleia se torna, cada vez mais, o poder e a voz do cidadão.

almg.gov.br

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A GOOGLE FOI fundada originalmente com o objetivo de organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil, missão que é viabilizada através de mais de um milhão de servidores em data centers ao redor do mundo

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O prêmio da ousadia Ipatinguense que se comunica em inglês e japonês viaja pelo mundo dando palestras e organizando eventos para a Google Você consideraria uma honra trabalhar para nada menos que a empresa mais valiosa do mundo, mesmo que fosse como voluntário, a título de enriquecimento do currículo? Se você respondeu sim e até chegou a supor que estaria agora diante desta oportunidade, não se anime tanto. Centenas de milhares de pessoas em todo o globo sonham com esta chance e têm se habilitado. Contudo, poucos são considerados aptos. Assim é que a ipatinguense Amanda Cavallaro, de 26 anos, pode se considerar uma privilegiada. Filha do ítalo-brasileiro Salvatore Caruso, especialista em automação e sistemas elétricos, e da ex-atleta da Associação Esportiva e Recreativa Usipa, Ediana Teixeira, que até recentemente participava de competições internacionais na categoria Master, Amanda já viajou por vários países do mundo como divulgadora de programas da Google, a multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos, controlada pela Alphabet. Ju n / Ago 2017

Prestes a completar 20 anos e com sede na Califórnia, a Google, que entre muitas outras empresas é dona também da plataforma YouTube, adquirida por 1,65 bilhão de dólares em 2006, foi fundada originalmente com o objetivo de organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil, missão que é viabilizada através de mais de um milhão de servidores em data centers ao redor do mundo. Ela processa mais de um bilhão de solicitações de pesquisa e vinte petabytes de dados gerados por usuários todos os dias. A Alphabet, controladora da Google, superou a Apple e se tornou a companhia mais valiosa do mundo ainda em 2016, quando seu principal negócio, os anúncios on-line, aumentaram a receita em cerca de 17%, para US$ 19,08 bilhões. O primeiro lugar era da Apple desde 2011.


AMANDA palestrando sobre modelos de mulheres que inspiram outras a contribuírem para uma vida melhor. Em primeiro plano, no quadro, à esquerda, Grace Murray Hopper (1906-1992), analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos nas décadas de 1940 e 1950 e almirante. Foi ela quem criou a linguagem de programação Flow-Matic, hoje extinta e que serviu como base para a COBOL (Common Business Oriented Language), linguagem orientada para negócios comuns. É dito também ser de autoria de Hopper o termo “bug” usado para designar uma falha num código-fonte.

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FUNCIONÁRIA DE STARTUP Amanda se sente uma afortunada e está muito feliz por fazer parte do exército de ativistas da big corporação norte-americana na área das comunicações. Ela conta que chegou ao exterior, proveniente de Belo Horizonte – onde seus pais moram atualmente – há apenas um ano. Ousou apresentar-se e conquistou a oportunidade de trabalhar como Junior Ruby Developer (Desenvolvedor Júnior Rubi), cativando rapidamente a confiança de seus interlocutores. Sua ambição mais imediata, conta, é ser promovida a Mid Level Developer (Desenvolvedor de Nível Médio), dentro da mesma companhia. Além dos trabalhos voluntários para a Google, a garota trabalha para a www.resolver.co.uk, uma startup do Reino Unido que se assemelha ao nosso Procon, baseada em Londres. Amanda Cavallaro é profissional da área de TI. A Tecnologia da Informação ou TI é o conjunto de atividades e soluções envolvendo hardware, software, banco de dados e redes que atuam para facilitar o acesso, análise e gerenciamento de informações. Simplificando, a TI foi criada para auxiliar o ser humano a lidar com informações. Britanicamente preparada, antes de deixar o Brasil a ipa-

tinguense trabalhou como professora de inglês na rede Number One em Minas Gerais, e em seguida foi estagiária na Fiat Chrysler Automobiles, em Betim, utilizando Oracle Database na área de Information and Communication Technology (ICT) – Tecnologia da Informação e Comunicação. As inovações em nuvem de bancos de dados mais recentes da Oracle ajudam cada vez mais as organizações de negócios a aproveitarem recursos empresariais líderes do setor e simplificar o acesso para TI e desenvolvedores. Novos instrumentos de gerenciamento de dados permitem que empresas de todos os tamanhos migrem cargas de trabalho para a nuvem com confiança e facilidade, assegurando maior velocidade e vantagens econômicas. Na Fiat, Amanda foi nomeada para fazer parte do Grupo de Clima de seu setor, onde juntamente com outros profissionais tinha o objetivo de integrar, envolver e fortalecer o sentido de união entre os colaboradores do ICT. “Nós promovíamos ações solidárias e dessa forma ampliamos o engajamento dos profissionais do ICT em reuniões mensais, visando à interação entre os colaboradores”, recorda. J u n / A g o 2017


AMANDA se tornou a única organizadora mulher do grupo www.meetup.com/gdgcloud

Um Hackaathon como porta de entrada 22

Amanda Cavallaro revela como é que acabou chegando na Google: “Aprendi bastante com meu time da Fiat. Todavia, era chegada a hora de eu dar o meu próximo passo na carreira. Fui a Londres fazer um estágio como desenvolvedora ‘front end’ de um mês, e acabei não retornando à pátria amada. Pois as possibilidades e oportunidades eram enormes na terra da Rainha”. Ela detalha: “Londres é um pródigo centro tecnológico, onde diariamente pode-se escolher entre mais de seis meetups (encontros) de qualidade para participar. Então, eu vi listado no website www.meetup.com que haveria um Hackathon do grupo Google Cloud Developers London, e então me inscrevi para participar. Chegou o grande dia e lá estava eu no começo da manhã esperando ansiosamente”. Um Hackathon (também conhecido como Hack Day, Hackfest ou Codefest) é um evento de design em que programadores de computador e outros envolvidos no desenvolvimento de programas, incluindo designers gráficos e de interface, gerentes, etc, colaboram intensamente em projetos de software. Ocasionalmente, há um componente de hardware também. Normalmente duram entre um dia e uma semana. Alguns Hackathons são destinados simplesmente para fins educacionais ou sociais, embora em muitos casos o objetivo seja criar software utilizável. “Neste primeiro momento – prossegue Amanda –, eu percebi que os organizadores precisavam de ajuda, pois apareceu um número de participantes bem maior do que o esperado. Ao organizar eventos, sempre contamos com uma taxa de desistência, mas a adesão era surpreendente. Havia muitos crachás para serem recortados, mesas a serem movidas, enfim, bastante trabalho para fazer. Em momento algum eu pensei que estaria perdendo o meu tempo e creio que isso tenha contado em meu favor. Aproveitei a ocasião para ajudá-los, sentindo-me parte da comunidade desde o primeiro contato”. Ju n / Ago 2017

CONVITE Amanda recorda que passou todo o evento, que durava um dia, auxiliando os organizadores a acomodarem os participantes da melhor forma possível. Ao final da jornada, após as apresentações de todos os grupos, foi premiada com um voucher no valor de 200 dólares e convidada para ser uma das organizadoras oficiais, após algumas trocas de e-mail. “Desde então – ela acrescenta –, me tornei a única organizadora mulher do grupo www.meetup.com/gdgcloud e eventualmente, com a minha luta pela inclusão de todos os grupos de pessoas, também me credenciei como uma das líderes do grupo Google Women TechMakers em Londres”.

COM A luta pela inclusão de todos os grupos de pessoas, a garota se credenciou como uma das líderes do grupo Google Women TechMakers em Londres


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Palestras na América, Europa e Ásia Fluente em inglês e japonês, através do Google Women TechMakers (um programa que oferece visibilidade, comunidade e recursos para as mulheres em tecnologia) Amanda viajou para a Alemanha, Estados Unidos, República Checa e Japão para palestrar sobre a diversidade na tecnologia. “Também participei de workshops e treinamentos para me conectar com outros líderes e melhor organizar eventos, incentivar e encorajar outras pessoas a falar em público, darem o melhor de si, acreditar em si mesmas, e se tornarem melhores profissionais da área de TI”, detalha. – No meu grupo não há outros brasileiros, porém as pessoas, independente de onde vêm, qual seu histórico, são bem-vindas a se tornarem líderes de diversos grupos relacionados à Google (GDGs – Google Developers Group) – explica Amanda. O objetivo de um GDG (Google Developer Groups) é unir desenvolvedores com o intuito de compartilhar conhecimento destas tecnologias e atualizar-se com o que há de mais recente, assim como se tornar experts (GDEs). Um Desenvolvedor Especialista do Google (GDE) é uma pessoa reconhecida pela Google Inc. como tendo uma experiência exemplar em um ou mais dos produtos do Google Developer. Os GDEs têm um mandato de um ano que pode ser estendido através da re-entrevista. Embora não sejam remunerados, profissionais do nível de Amanda têm direito a descontos em algumas conferências. Em certos eventos a Google também fornece passagens aéreas e acomodações, benefícios de que Amanda desfrutou para participar de conferências na Alemanha, Praga e San Francisco-CA. O Google tem um histórico, tanto no Brasil quanto no mundo, de apoio a causas sociais. Todos os anos investe aproximadamente US$ 100 milhões em doações, US$ 1 bilhão em apps e anúncios gratuitos ou com desconto, e 50 mil horas de trabalho voluntário de Googlers em todo o mundo. Já em 2012, lançou o Desafio de Impacto Social Google Brasil para apoiar organizações empreendedoras sem fins lucrativos com ideias tecnológicas para mudar o mundo. A crença é que a tecnologia pode ajudar a resolver alguns dos desafios mais urgentes do mundo. Dessa forma, são apoiados inovadores que estejam usando a tecnologia de novas formas para gerar impacto social. Em 10 de agosto de 2015, a empresa reorganizou suas diversas áreas em uma holding, a Alphabet Inc., que tem a Google como principal subsidiária. Como parte da reestruturação, Sundar Pichai foi promovido ao cargo de CEO da Google.

NO JAPÃO, mais uma oportunidade importante para compartilhar conhecimentos

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O OBJETIVO de um GDG (Google Developer Groups) é unir desenvolvedores com o intuito de compartilhar conhecimento destas tecnologias e atualizar-se com o que há de mais recente

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A origem do nome Google 24

Mesmo com o risco de sermos chamados por alguns de heréticos, podemos afirmar que o mundo de hoje é dividido entre a.G. e d.G. (antes e depois do Google). Afinal, usamos esse “pai dos burros” para praticamente tudo e, especialmente em relação à consulta de palavras, as versões impressas foram solenemente sepultadas. Caldas Aulete e Aurélio tornaram-se, pode-se dizer, uma espécie de “bisavós” dos burros. Mas, afinal, qual a origem, de onde veio o nome do Google? Bem, o termo não possui tradução em nenhuma língua existente. A resposta está numa criança de oito anos e num segredo matemático. Em 1938, Edward Kasner, um matemático da Universidade de Columbia (EUA), pediu ao seu sobrinho de oito anos, Milton Sirotta, que dissesse a primeira palavra que lhe viesse à mente quando ele pensasse em um número muito grande, mas não infinito. Esse número seria 10 elevado à centésima potência. Qual foi o nome que o garotinho disse? “Googol”!

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10.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.00 0.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.0 00.000.000.000.000.000.000.000.000 E então, entre 1995 e 1996, Sergey Brin e Larry Page, de 23 e 24 anos de idade, estudantes de Ciências de Computação na Universidade de Stanford, criaram o BackRub, um precursor do Google baseado em servidores de baixo custo. Apenas dois anos depois, alojado no quarto que Larry ocupava no dormitório da Universidade, o sistema já exigia 1 terabyte de espaço em disco e chegava a bloquear o sistema informático da instituição. Motivados por este sucesso, os dois jovens decidiram criar a empresa Google Inc, cuja primeira sede foi uma garagem. Quando o primeiro investidor da empresa entregou um cheque de 100 mil dólares aos fundadores e perguntou a quem direcionar, Brin e Page se lembraram do “Googol”. Mas o empresário, acidentalmente, escreveu “Google“, obrigando, assim, que a empresa tivesse este nome, cujo slogan – ao menos – permanece inalterado: “Don’t be evil” em inglês ou “Não seja mau”.


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ACEITAÇÃO METEÓRICA

il vero gelato artigianali italiano Recomendados pelo Sebrae Minas, idealizadores da Gran Gelato projetam abertura de dez novas franquias para os próximos cinco anos

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SERGINHO e a esposa Flávia, distinguidos como destaques no Estado pelo programa Minas Franquia, do Sebrae, graças à aceitação da Gran Gelato

Galgando um novo nível de excelência e expansão nos negócios, o empresário Sérgio Antônio Bacelar Vieira, 37 anos, fundador e proprietário da gelateria Gran Gelato e também criador da vitoriosa grife de sorvetes Portuetto, hoje difundida por todo o Estado, iniciou no mês de julho a captação de franqueados para sua nova marca, sucesso absoluto no Vale do Aço. Frutos de muita pesquisa e graças também a uma sensibilidade que é própria de alguém com um dom especial para lidar com o segmento, os segredos de fabricação que resultam em uma rica gama de sabores avalizada por clientes de todas as idades certamente serão disputados por investidores do Brasil inteiro. Recentemente, Serginho, como é mais conhecido, teve a oportunidade de anunciar o seu plano de expansão em um evento realizado pelo Sebrae Minas (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa) em parceria com a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Sua empresa foi credenciada por meio do programa Minas Franquia como um dos empreendimentos de destaque no Estado. GOSTO E PAIXÃO Na ocasião, o empreendedor ressaltou que, para ele, “por mais complexo que possa parecer, produzir os gelatos é algo Ju n / Ago 2017

que me soa natural e prazeroso, por estar entranhado em nossa tradição familiar”. – É algo que fazemos com gosto e, mais do que isso, com absoluta paixão – revela Sérgio Bacelar que, como se diz no interior, é também daqueles que acreditam que o olho do dono é que engorda o gado. Ao lado da esposa e companheira de longas jornadas, Flavia Medeiros, ele é visto muitas vezes trabalhando duro como um funcionário em busca de afirmação, em contato permanente com o público. “Deus me deu o privilégio de ser casado com uma mulher extraordinária, guerreira, sensível e dedicada. Desde que nos conhecemos, já sonhamos muitos sonhos juntos, e os melhores deles temos tido o privilégio de materializar”, reflete o dono da Gran Gelato. Avesso a holofotes, Sérgio conta que vem de uma família de classe média, bem tradicional, sentindo-se muito recompensado pela resposta prodigiosa que tem alcançado tão rapidamente com os produtos GRAN GELATO. “Embora seja uma marca nova, posso dizer que já é conceituada e consolidada, alicerçando-se num trabalho permanente de respeito e valorização do cliente, pautado por um padrão de qualidade inegociável e, creio também, protegido pela boa mão de Deus”.


A ACONCHEGANTE estrutura arquitetônica da primeira loja da Gran Gelato: ambiente acolhedor, convidativo e socializante

Serginho conta que está no ramo de sorvetes há quase duas décadas, e o interesse vem de uma história familiar: “A primeira receita de sucesso aprendi com uma tia, que morava em um pequeno vilarejo de Minas chamado ‘Aldeia’. Estimulado pela agradável receptividade, iniciei então meus negócios num nível mais profissional, com uma sorveteria em Ipatinga que batizamos como Portuetto, mais tarde transformada em fábrica”. – Sem falsa modéstia – continua Sérgio Bacelar –, penso que talvez uma de minhas maiores virtudes seja o interesse em aprender, acreditar que sempre é possível melhorar. Assim é que, desde que abracei este segmento como um negócio, venho buscando aperfeiçoamento, novas tecnologias, soluções inovadoras para o mercado. Foi nesse processo de estudos, pesquisas e experimentação que em 2013 começamos a gestar a marca GRAN GELATO – recorda. De acordo com o empreendedor, foram meses e meses de aprofundamento, treinamentos, viagens, até que estivesse inteiramente certo de que poderia de fato produzir, sem distorções ou maquiagens, o legítimo gelato italiano. “No ano de 2015 – prossegue –, demos início à construção de nossa primeira loja, no bairro Cidade Nobre, em Ipatinga, que foi inaugurada em dezembro do mesmo ano, dentro de uma concepção moderna, inovadora e aconchegante. A população se identificou rapidamente com o ambiente,

aprovou e comprou a nossa fórmula. Mais do que isso: sinto que adotou o espaço como um ponto de encontro obrigatório, não só pelos incomparáveis fatores de atração inerentes aos produtos, mas também pelo ar naturalmente socializante que procuramos dar à arquitetura do estabelecimento. Para nossa surpresa, já somos conhecidos até mesmo como um ponto turístico obrigatório para visitantes de todas as partes do país”. OS ATRATIVOS DO PRODUTO – Podemos dizer que somos, sem dúvida, uma das mais bem aparelhadas e mais agradáveis gelaterias do interior do país, verdadeira referência e propagadora dos melhores valores do Vale do Aço – avalia Sérgio. Ele fala de seu produto com entusiasmo: “Diferente do tradicional e popular sorvete, o gelato italiano é produzido artesanalmente. Depende de ingredientes naturais e maquinário bem específico. As receitas são únicas, cada uma delas guarda uma particularidade, uma identidade muito singular. Por ser artesanalmente fabricado, o gelato possui menos ar em sua composição. Também dispensa corantes, conservantes ou aromatizantes. Os gelatos são mais saudáveis, sempre feitos com frutas da estação e ingredientes frescos. Não utilizam gordura hidrogenada, possuem menos açúcar e 50% menos gordura que o sorvete tradicional” – sintetiza.

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Vocação para ser grande

O ATENDIMENTO cortês dos funcionários é outro fator de valorização da gelateria

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Em um mercado altamente competitivo, a GRAN GELATO tem investido ostensivamente em capacitação profissional, preparando-se para atender seus franqueados, informa o empresário Sérgio Bacelar. “Acreditamos que com a reconhecida qualidade do nosso produto, a transparência assegurada aos franqueados e um preço final plenamente acessível, iremos elevar a empresa a um patamar mais alto, democratizando o acesso ao gelato, antes restrito a um público muito específico” – projeta. O empreendedor ainda ressalta: “É interessante observar que, ao contrário do nosso primo em terceiro grau (as paletas mexicanas), o gelato italiano não é um modismo. Pelo contrário, é um produto tradicional, que veio definitivamente para ficar. Tanto que, na Europa, já atravessa séculos. O sol nasceu para todos. Nosso convite é para desfrutarmos juntos. Estamos sonhando com dias muito melhores, tão iluminados quanto refrescantes. Acreditamos que nos próximos cinco anos alcançaremos, no mínimo, dez novas franquias”, diz Serginho. “O grande objetivo da GRAN GELATO – conclui o empreendedor – é ser grande como o próprio nome. Tornar-se a maior rede de gelaterias do Brasil”.

Um nicho atraente para novos empreendedores Nos últimos dez anos, o mercado de sorvete brasileiro teve um crescimento de nada menos que 80%, apresentando um faturamento anual na casa dos 25 bilhões de reais. São 8 mil empresas do gênero, das quais 90% micro e pequenas. O Brasil é hoje o 6º maior produtor de sorvete do mundo e, o que é melhor, ainda há grande espaço a ser ocupado por empreendedores no segmento. O mercado de sorvetes, ano após ano, vem crescendo vigorosamente no país, que é apontado como um dos maiores pólos consumidores em todo o globo. Hoje, o nosso consumo per capita já se equipara a mercados europeus, como França e Itália. Cada vez mais, os consumidores têm assimilado que o sorvete não é apenas uma guloseima, mas, sim, um alimento que deve ser incluído no cardápio do dia a dia, como já acontece no Velho Continente e nos Estados Unidos. O sorvete refresca – o que é sempre uma ótima sugestão no nosso país tropical –, hidrata e alimenta. SABORES IRRESISTÍVEIS: saudáveis e apetitosos, os gelatos expostos na vitrine começam a ser comidos com os olhos

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ENTREVISTA

WALLACE BARRETO SIMÃO

Fé e trabalho, receita de sucesso Ícone da construção civil em todo o Leste de Minas Gerais, o Empresário do Ano em Ipatinga se reconhece como um realizador vocacionado e admite que, algumas vezes, precisa ser desacelerado Luiz Carlos Kadyll

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O diretor da WR Construtora e Giganet, Wallace Barreto Simão, 48 anos, eleito pela Associação Comercial e Câmara de Dirigentes Lojistas de Ipatinga (Aciapi-CDL) o Empresário do Ano de 2017, faz questão de dividir as honras com Rosana Miranda Simão, carinhosamente chamada de “Rô”, sua esposa, sócia e ainda figura estratégica nos novos projetos de desenvolvimento do grupo. A relação profissional do casal é tão profunda que funciona como extensão da vida afetiva, fundamentada, sobretudo, em princípios de respeito e comprometimento.

“Outro dia minha esposa brincou que se tivesse que dar a mim o nome de um dia da semana, seria segunda-feira. E ela está mesmo certa. Tem muita gente que diz: ‘Meu nome é domingo’, ‘meu nome é sábado’. Mas no meu caso, de fato, eu amo a segunda. Eu saio de viagem, amo viajar, mas quando chega a hora de voltar, sei que vou ter que ir embora, são duas alegrias, a de ir e a de retornar, porque estou voltando para trabalhar e produzir junto com uma equipe comprometida com os resultados e que sabe da importância de sermos produtivos e buscarmos a excelência”,

Ao longo dos anos, posso dizer que tive algumas referências, mas hoje creio que tenha minha própria identidade, um estilo pessoal de fazer as coisas e, claro, em constante aperfeiçoamento.

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diz o empreendedor. A máxima funcional da WR e Giganet, exigida também dos parceiros habituais de suas realizações, é a valorização de todo e qualquer colaborador, independente da posição ou função que ocupe. “Eu não gosto e não admito que ninguém humilhe um ao outro no nosso ambiente de trabalho”, assegurou Wallace, entre muitas outras revelações sobre sua trajetória de vida e metodologias de gestão. Rigorosamente pontual – como, aliás, é sua marca em todos os compromissos –, ele recebeu a equipe de ATITUDE para uma longa entrevista, em seu escritório no edifício Horto Office, um moderno complexo comercial construído pela WR. CONFIRA. Quando foi, exatamente, que você descobriu que poderia ser um empreendedor? Olha, isso vem desde que eu era bem garoto. Sempre tive muita vontade de trabalhar, de empreender, de fazer as coisas acontecerem. Com 17 anos, juntamente com meu pai, já produzíamos café. Daí a pouco, passei a comprar e vender. Aos 21 anos eu me casei e, nesta mesma ocasião, abri uma empresa com 13 funcionários, uma cerâmica onde fabricava tijolo lajota. Apesar de ter sido uma boa experiência, tomei novos rumos. Após 14 anos trabalhando na área comercial da Pedreira Um/Valemix, o que foi para mim uma grande escola e amadurecimento, me deparei com um cenário desafiador na construção civil, e novamente meu espírito empreendedor falou mais alto. Surge aí a WR Construtora. Como todos sabem, o Brasil é um país de economia bastante ins-

Guardadas as devidas proporções, às vezes me identifico um pouco com o José do Egito, alguém que Deus submeteu a um treinamento intensivo, preparando-o para algo maior. tável, o que leva muitas pessoas a buscarem outros horizontes para realização de seus sonhos. Alguma vez você chegou a pensar em tentar ganhar a vida no exterior? Sim, pensei. Mais jovem, eu era bem mais impulsivo. Infelizmente, talvez por imaturidade, meu primeiro negócio não decolou, embora tenha me ensinado muitas coisas, inesquecíveis lições. Naquele momento eu almejei ir para os Estados Unidos. Estava já no segundo ano de casamento, sem perspectivas, e parecia uma boa idéia, já que a economia norte-americana estava bombando. Pra completar, eu havia ajudado um amigão do peito a ir pra lá, e aí ele me ligou com uma fórmula pronta: “Wallace, eu vou te mandar o passaporte, você troca as figurinhas, tá? Ainda vou te dar uma semana de ‘help’ aqui”. Só depois fui saber que ia ter que falsificar um documento. Além de tudo, signifi-

cava deixar pra trás minha esposa. Confesso que fiquei tentado, mas logo percebi que Deus não estava aprovando aquilo. Aí saímos daqui, peguei um Fusca e fomos ao Rio de Janeiro pra tentarmos o visto. Como não deu certo, a leitura que fiz foi uma só: bem, acabou os Estados Unidos pra mim. Continuamos batalhando juntos, eu e a companheira que escolhi para uma vida inteira. Há algum líder, alguma pessoa ou personagem em quem você se inspire para a sua metodologia de trabalho e de vida? Ao longo dos anos, posso dizer que tive algumas referências, mas hoje creio que tenha minha própria identidade, um estilo pessoal de fazer as coisas e, claro, em constante aperfeiçoamento. Guardadas as devidas proporções, às vezes me identifico um pouco com o José do Egito, alguém que Deus submeteu a um treinamento intensivo, preparando-o para algo maior, para ser bênção para a sua família e as pessoas ao redor. Não é autossuficiência, entende? É mais ou menos assim: compreender que o que Deus tem para mim, é para mim. O que Deus tem para o outro, é para o outro. Você parece ter uma mente muito fértil e inquieta, está sempre projetando algo novo. Há algum negócio diferente em vista? Antes de mais nada, eu tenho procurado me conhecer e conhecer a Deus, cada dia mais. Um problema que vejo acontecer frequentemente com o ser humano – e que em certos momentos também me acomete – é cruzar a fina linha divisória da ambição para a ganância. Tenho procurado definir a minha linha de ambição, que eu considero sauJ u n / A g o 2017

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dável. Mas se saio dela e entro na ganância, não é um bom negócio. Hoje eu procuro aquietar a minha mente e buscar a direção de Deus em cada passo. Geralmente, projeto-me para os próximos seis meses. Para agora, posso dizer que, inovando um pouco em nossa linha de investimentos, vamos inaugurar em breve um restaurante bistrô, algo sofisticado e aconchegante no Vale do Aço.

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Existe alguém, em especial, que você possa dizer que contribuiu para alavancar a sua trajetória como empresário? Na WR, sim. Deus usou o que eu chamo de libertador financeiro, que foi o Fernando Nunes Marques, da Mística Acessórios. Só para que se tenha noção do quanto ele contribuiu para ampliar minha visão, num primeiro momento eu queria edificar um prédio de seis apartamentos e ele me estimulou a fazer 24 apartamentos. Aí fizemos o segundo, o terceiro e assim sucessivamente. Depois, fiz outros tantos edifícios sem ele. No início ele me comprou apartamentos na planta, acreditou em mim, no meu potencial, e isso realmente foi determinante para que alcançássemos a credibilidade que temos hoje. Algumas pessoas chegaram a pensar que ele fosse meu sócio. Outra pessoa fundamental, sempre atenta e envolvida em tudo o que diz respeito aos meus negócios, é a minha esposa Rô. Nos consideramos mesmo, como diz a Bíblia, ‘uma só carne’, cultivamos uma relação de absoluta cumplicidade. Ela é muito pé no chão, uma espécie de meu contraponto. As fachadas, as decorações, as cores, sempre têm o toque e o seu bom gosto. Ju n / Ago 2017

Hoje, está muito clara a tendência do eleitorado em valorizar a competência de empreendedores para administrar. O povo parece meio cansado dos profissionais da política. Passa pela sua cabeça buscar algum espaço na vida pública? Não, quanto a isso, não há a menor possibilidade. Meu avô e meu pai já se candidataram, se elegeram, têm sangue político. Mas eu, digamos, pulei essa fase. E espero que o meu filho também pule (risos). Você já viajou muito ao exterior. Na sua opinião, o que é que o Brasil tem de melhor e de pior, em relação a outros países que teve a oportunidade de conhecer? Seguramente, o que o Brasil tem de melhor é o seu povo. Mais alegre, mais receptivo, mais diverso, mais criativo e, incrível, mais feliz, apesar de tantos problemas como a má gestão, a falta de saneamento, o déficit de moradias, a saúde precária, etc. O que mais deixa a desejar é a nossa debilitada estrutura educacional, que desencadeia uma série de conseqüências negativas, como a própria representatividade governamental. Muitos outros países, inclusive no nosso continente, estão

Antes de mais nada, eu tenho procurado me conhecer e conhecer a Deus cada dia mais

gerindo suas políticas públicas com muito mais eficiência e resultados. Esse é um grande diferencial. Agora mesmo, tivemos o privilégio de premiar nossos gestores com uma viagem ao Chile. Eu já havia estado lá algumas vezes, mas quem aportou no país pela primeira vez ficou, como se diz, ‘de queixo caído’. Com a enorme quantidade de obras públicas e privadas em andamento, estradas e ruas sem ondulações e buracos, bem sinalizadas, seguras. No dia de virmos embora, por volta da meia-noite, uma de nossas gerentes quis ir ao shopping. E qual era o problema? Nenhum. Segurança total, no miolo da capital, Santiago. Aqui, atualmente, mesmo no interior, uma cena dessas chega a ser inimaginável. O que é que mais lhe aborrece e o que mais lhe proporciona alegria no dia a dia das suas atividades? O que me aborrece é falta de comunicação. A falha nas comunicações traz problema em todo e qualquer grupo de pessoas, inclusive marido e mulher. Esta é uma mensagem que eu sempre gosto de passar em nossos treinamentos. Quando a gente consegue falar a mesma língua, a gente tem o mesmo caminho, o mesmo pensamento, as coisas fluem. Mas não é fácil alcançar essa unidade. O que me alegra é a correção de rota das pessoas. Este é o meu lema, algo que persigo inclusive para mim mesmo. Se percebo que alguém que conversou comigo, mesmo que seja por alguns instantes, teve a sua rota minimamente corrigida, posso dizer que ganhei aquele dia. Fico realizado. Que ingrediente básico não pode faltar para o bom andamento dos negócios? Você tem aquilo que se



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possa chamar de receita de bolo? Não tenho essa receita. Mas, como já disse, entendo que a bússola para o sucesso numa empresa ou num empreendimento deve sinalizar nesta direção: que todo o grupo de pessoas que está envolvido, inclusive fornecedores, fale a mesma língua, tenha o mesmo caminho e o mesmo pensamento. Quando você tem isso, o que você tentar fazer você consegue. Isso, inclusive, é uma promessa bíblica.

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De que é que você tem medo e qual seria a sua principal virtude? Eu tenho medo de não ter tempo para meditar com Deus, porque pra mim Deus é a base de tudo. Quanto à minha principal virtude, talvez seja ser um doador. Alguém pode perguntar: por que você pega um grupo de pessoas e leva lá pro Chile? Isso é marketing? Que marketing dispendioso! Não se trata disso. Faço com prazer. Pra mim, isto é semeadura. Creio na promessa de que nós colhemos aquilo que semeamos. Fale-nos um pouco sobre a estrutura atual de suas empresas e das perspectivas. Por falta de alvarás de obras por parte do poder público, a WR atravessou um ano difícil, em 2016. Contudo, experimentamos crescimento, pagamos todas as nossas contas, mantivemos em dia os pagamentos de todos os funcionários. Logo que tivemos a liberação para lançar o edifício Alta Vista, o sucesso de vendas foi fantástico. Graças a Deus, em apenas 60 dias vendemos 90% do empreendimento. Outros lançamentos, em sequência, a gente está vendendo completamente antes de iniciar as obras. Após uma década, estamos comJu n / Ago 2017

Em nosso círculo de convivência, procuramos criar um ambiente que traga satisfação. Que ninguém tenha o seu trabalho como fardo, mas tenha prazer em voltar no dia seguinte, sintase produtivo e realizado

pletando mais de 1.000 unidades construídas, entre salas e apartamentos, com praticamente 100% de satisfação. É uma dádiva, sou muito agradecido a Deus por isso. Em relação à Giganet, me associei desde 2015 para contribuir com administração, expansão e vendas, passando a dividir o empreendimento com o Carlos Augusto Paiva, que é a parte técnica, com duas décadas de know-how nessa área. Com essa sociedade nós tivemos a grata surpresa de crescer 300% no ano passado. Nesse ano, vamos fechar crescendo mais 250% se Deus quiser, e em agosto já completamos mais de 10.000 assinantes.

Qual é o foco, o que você espera para o futuro da WR e Giganet? O objetivo de nossas empresas não é só progredir, no sentido financeiro da palavra, mas efetivamente fazer diferença na vida das pessoas. Penso em continuar plantando sementes para colhermos uma empresa cidadã, uma empresa comprometida com a comunidade, promover e dar bons exemplos de cidadania. Quando você investe na comunidade, você também está trabalhando na correção de rota das pessoas. Assim é que viabilizamos, por exemplo, links de Internet para as polícias Civil e Militar, os Bombeiros e etc. A lógica é simples: se melhoramos a qualidade de trabalho das forças de segurança, consequentemente, estamos investindo na população. Por outro lado, construir um prédio é como manobrar um elefante em meio a um milharal. Nós procuramos minimizar ao máximo o impacto, mantendo a rua sempre limpa, lavada, além de cuidar muito do nosso pessoal em toda a área de vivência interna, com mesas forradas, banheiros limpos, higienizados, comida de qualidade, café da manhã. Agora já estamos plantando árvores, até cuidando do asfalto e de bueiros, tudo como cortesias para as obras de qualidade que projetamos e executamos. Hoje estamos com mais de 400 funcionários em empregos estáveis. Eu costumo dizer nas reuniões nas obras que se eles não estivessem trabalhando conosco, pela competência que têm, estariam em qualquer outro lugar, mas em nosso círculo de convivência procuramos criar um ambiente que traga satisfação e bem-estar. Que ninguém tenha o seu trabalho como fardo, mas tenha prazer em voltar no dia seguinte, sinta-se produtivo e realizado.


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STAND-UP COMEDY

Sobra apelação, falta talento Gênero de humor massificado nos dias atuais maltrata os ouvidos do público medianamente exigente com um bando de artistas sofríveis e raros lampejos de genialidade

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JOSÉ VASCONCELOS e Bruno Motta: o pioneiro e a nova geração da comédia Stand-Up juntos

Salvos alguns raros lampejos de genialidade (tipo Tirulipa, Saulo Laranjeira, mais uma meia dúzia de outros humoristas natos que representam com louvor a cultura nordestina), a comédia brasileira entrou num lugar-comum sem fim, cópia malfeita de surrados tipos e formatos da sem-graceza norte-americana. Verdadeiro modismo, o stand-up comedy (termo que designa um espetáculo executado por apenas um artista, e de pé, como já sugere a expressão inglesa “stand-up”) é replicado aqui e acolá por gente de baixíssimo talento. Sem acessórios, cenários, caracterização, personagem ou o recurso teatral da quarta parede – o que as diferencia de um monólogo tradicional –, as apresentações ainda incorrem no equívoco monumental de confundir comicidade com a repetição ostensiva de palavrões. E então é irresistível o comentário: seria cômico, se não fosse trágico.

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A linha entre a comédia e a tragédia é muito tênue. Em doses exageradas, expressões chulas transformam em estorvo o que deveria divertir; o que deveria ser remédio, vira veneno. O que os novos arautos do pseudo-humor talvez ignorem é que o stand-up comedy genuíno carrega as digitais verde-amarelas, sendo um de seus precursores o acreano José Thomaz da Cunha Vasconcelos, que morreu aos 85 anos, em São Paulo, em decorrência de uma parada cardíaca, afetado também nos últimos anos pelo mal de Alzheimer. Satírico impagável – especialmente nesse estilo que dominava como ninguém –, José Vasconcelos (1926-2011), também ator, diretor, produtor, dublador, radialista e compositor provavelmente tenha sido uma das melhores inspirações de outro showman sem precedentes chamado Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho (1931-2012), igualmente capaz de produzir


gargalhadas à exaustão, sem um milímetro de apelação. Não por acaso, depois ainda faria o gago Rui Barbosa Sa-Silva na Escolinha do Professor Raimundo. José Vasconcelos produziu e atuou no primeiro programa humorístico da televisão brasileira, ‘A Toca do Zé’, exibido pela TV Tupi de São Paulo em 1952. Apresentou por muitos anos, em teatros de todo o Brasil, o show “Eu Sou o Espetáculo”. Incompreendido em sua proposta, seu grande erro foi construir a “Vasconcelândia”, um parque temático numa área de um milhão de metros quadrados, no município de Guarulhos. Teve a ideia em 1964, ao retornar de uma viagem a Los Angeles. Investiu todos os recursos que acumulou ao longo da vida artística, sem obter nenhum apoio oficial. No entanto, o projeto fracassou e quase o levou à falência.

CAPA GENIAL DO jornal O Dia, em março de 2012: caprichosamente, Chico Anysio enlutou os amantes do bom humor um ano depois que José Vasconcelos se foi

O MINEIRO Bruno Motta ficou 38 horas e 12 minutos falando para um público de 5 mil pessoas

RECORDE MUNDIAL Atividade em que frequentemente é necessário que se assuma de forma solitária os papéis de escritor, editor, artista, promotor, produtor e técnico simultaneamente, o stand-up comedy não conta tanto pela duração quanto pela qualidade, mas o recorde mundial de tempo é do mineiro da capital Bruno Motta de Lima, 37 anos, que entrou para o Guinness Book. Ele ficou 38 horas e 12 minutos falando para um público de 5 mil pessoas que se revezavam num teatro em Belo Horizonte. Um dos mais premiados humoristas da sua geração e fenômeno na internet com mais de 30 milhões de acessos, Bruno foi redator de humor da Globo, comentarista de humor na bancada do Jornal da Record News e Notícias da Manhã (SBT). Na internet, criou e apresentou projetos como o Falha Deles (IG) e Fórmula 404 (UOL), além de ser um dos principais MC do “Improvável”. Estrela “1 Milhão de Anos em 1 Hora”, versão brasileira da montagem da Broadway de “Long Story Short”, de Jerry Seinfeld. Tem passagens memoráveis por programas como Altas Horas, Fantástico, Ana Hickman, Show do Tom, Agora é Tarde, Arrumação, Sabadaço, Pânico, Melhor da Tarde, Zorra Total, The Noite e várias participações no Programa do Jô. Beber da fonte certa pode fazer grande diferença. No começo da carreira, Bruno chegou a dividir uma temporada de shows com o grande José Vasconcelos. Teve ainda uma breve passagem pela Escolinha do Professor Raimundo, com Chico Anysio. O jovem artista venceu em 2005 o Prêmio Minas de Dramaturgia, o Festival Nacional de Novos Humoristas, em 2003, depois de receber um modesto 5º lugar no 3º Prêmio Multishow de Bom Humor, em 1998, vencido por Marcelo Médici (o “Zoinho” da Praça é Nossa), também autor e produtor da comédia “Cada Um com Seus Pobrema”, grande sucesso de público e crítica que permaneceu mais de seis anos em cartaz. J u n / A g o 2017

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JERRY SEINFELD comprou uma casa por US$ 20 milhões, fazendo questão que fossem mantidos os sofás e o carro na garagem

Fazer rir de pé também pode dar muito dinheiro Astros americanos como Woody Allen, Tom Hanks e Jim Carrey começaram as carreiras no stand-up, que é a porta de entrada da maioria dos comediantes dos Estados Unidos para a televisão e o cinema. Atualmente riquíssimo, Jerry Seinfeld, 63 anos, é o maior ícone desse gênero de humor e ídolo da maioria dos brasileiros que agora tentam seguir seu caminho. Para que se tenha ideia de seu prestígio nos EUA, a venda de 64 mil ingressos por telefone para um show em Pittsburgh, recentemente, esgotou a carga em uma hora. Este é o cara que, no final da série ‘Seinfeld’, fez US$ 1 milhão por episódio e comprou a casa do cantor e pianista Billy Joel por US$ 20 milhões sem enviar um inspetor ou avaliador (ele pediu os sofás e o carro na garagem). Mora em um elegante apartamento em Manhattan e supostamente mantém um hangar do aeroporto de Santa Monica, na Ju n / Ago 2017

Califórnia, para abrigar seus muitos carros. “Bem, lembre-se, Tio Sam recebe 50%. Um agente recebe 10%. Um gerente recebe 15%. Alguns contadores recebem 5%”, argumenta, para minimizar sua fortuna. Seinfeld diz que as pessoas se enganam por acreditar que, se fossem ricas, encontrariam outras coisas para se agradar mais do que aquelas que as agradam agora. “Eu tentei todas as coisas que o dinheiro pode comprar, mas descobri que elas são inferiores às coisas mais simples, incluindo fazer stand-up, que é um nível muito baixo, de prestígio, na Indústria. Acontece que esta é uma experiência de alta qualidade para mim, e é por isso que eu faço”. Para o comediante, andar na rua com um amigo ou parar para comer uma fatia de pizza são prazeres que contam muito. “Essas coisas simples e sutis são realmente de alta qualidade”, avalia.


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SUCESSÃO ESTADUAL

A vez da meritocracia Empresário fabricianense defende gestão transparente, humanista e de resultados como saída possível para devolver credibilidade à política

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O EMPRESÁRIO Israel de Paula, ao lado do pré-candidato do PSB: “Este é o momento que eu vivo hoje. Um sonho de ter no Brasil uma gestão meritocrática, uma gestão focada em resultados, trazendo benefícios para todos”

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Entusiasta da gestão política técnica e objetiva, capaz de transformar efetivamente as realidades sociais, sem os vícios comuns dos conchavos e apadrinhamentos, o empresário Israel de Paula Ferreira, um dos principais articuladores da vitoriosa campanha do atual prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinícius, está agora envolvido em empreitada ainda mais ousada: ele trabalha num amplo raio de ação regional a pré-candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), ao governo de Minas. Depois de ajudar a desbancar uma hegemonia petista que já durava 12 anos, na cidade do Vale do Aço, o empreendedor acredita que esta nova bandeira “traz uma esperança muito grande para a sociedade”.


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ESTUDANTE universitário, Marcio entrou para a política unindo-se aos jovens que lutavam por justiça social e democracia, o que lhe valeu quatro anos de prisão

MARCIO SE mudou para BH aos 17 anos, matriculando-se na Escola Técnica Federal, atual CEFET. Em 1965, conseguiu seu primeiro emprego, na Companhia Telefônica de Minas Gerais

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– Eu acompanho essa candidatura do Marcio Lacerda com alegria, porque acredito em empreendedorismo, eu acredito em gestão, acredito num olhar sensível para a sociedade. O Marcio Lacerda tem exatamente esta visão, com uma proposta de gestão claramente focada na meritocracia. E faz parte da sua história de vida, também, uma atenção especial no atendimento às necessidades mais básicas das pessoas. Estou certo de que com esses focos poderemos produzir grandes investimentos em favor do bem-estar coletivo, rompendo com uma estrutura decadente que tanto mal tem feito a todos nós” – avalia Israel. – Nós estamos vivendo momentos muito difíceis – continua o empresário –, um quadro de descrédito governamental quase generalizado, que leva as pessoas de bem a ficarem esmorecidas, descrentes do futuro. Mas quando a gente conhece um candidato do nível do Marcio Lacerda, com quem tenho tido o privilégio de conviver mais intimamente, perceber o alto padrão de preparação, a retidão, a capacidade metodológica e o espírito humanista, o sonho da competência aliada ao caráter renasce. Este é o momento que eu vivo hoje. Um sonho de ter no Brasil uma gestão meritocrática, uma gestão focada em resultados, trazendo benefícios para todos – expõe. PARÁBOLA DA GALINHA Fundador e proprietário de uma das empresas mais conceituadas em Minas Gerais no seu segmento, com quase duas décadas de história, a Tudobom Distribuidora - que ocupa também uma posição de vanguarda no Estado no que diz respeito à importação de alimentos -, Israel Ferreira argumenta: “Eu empreendo desde os meus 23 anos de idade. Ju n / Ago 2017

Um dos maiores anseios hoje da classe empresarial é ter um Estado que trate todos com isonomia, trate todos com respeito, sem violentar critérios de igualdade”. Na opinião do empresário, o papel social do setor privado é muito relevante, embora nem sempre reconhecido e algumas vezes desvirtuado: “A primeira contribuição de uma empresa é o desenvolvimento das pessoas. Funciona mais ou menos como a parábola da galinha. Você quer comer um ovo, mas não pode matar a galinha. Então, quando a gente pensa em emprego, a gente pensa em empreendedor. Não existe emprego sem empreendedor. Quando você pensa em arrecadação do Estado, você não pode pensar num Estado forte sem gerar riquezas. E como é que se gera riqueza? Empreendendo, fazendo coisas da forma correta, com gestão e inovação. Sem essa ordem natural, não se conquistam os resultados, a equação não fecha. Pra você ter um Estado arrecadador, um Estado forte, você precisa de empresários fortes e, ao mesmo tempo, ter trabalhadores comprometidos, preparados, com conhecimento e capacidade de ação”, raciocina. “A palavra lucro não é um pecado” – prossegue Israel –, “embora muitos a demonizem”. A questão, segundo ele, é como os dividendos são canalizados. “Lucro quer dizer não apenas que o seu Estado está crescendo, que a sua empresa vai bem, mas também que o seu trabalhador está sendo respeitado. É nisso que entendo que a palavra lucro deve se traduzir para todos nós. Empresas fortes devem gerar um cidadão com maior capacidade de consumir bens e serviços; empresas fortes devem se traduzir em melhores condições de infraestrutura, saúde e educação para a coletividade”, pondera.


COISA PÚBLICA Na visão do empreendedor, um dos pressupostos básicos para o reconhecimento de uma representação política autêntica é a transparência. “Se as coisas públicas não são verdadeiramente públicas, como o próprio nome já diz, se elas não podem ser publicadas, vistas por todos, então as coisas não vão bem. Nós sabemos bem onde é que isso vai dar. Assim é que, muitas vezes, vemos diante de nós políticos com patrimônios e recursos familiares que excedem gigantescamente a soma de seus vencimentos no cargo público, sem qualquer histórico de autonomia financeira conquistada em sua jornada de vida privada”, avalia, para acrescentar em seguida: “Aí entra o papel do eleitor, que é o de conhecer bem quem são os postulantes a todas as esferas de governo e não apenas se deixarem levar pela sedução dos discursos, já que estes nem sempre são coerentes com a trajetória de vida”. VISÃO ADMINISTRATIVA Com boa parte da infância e adolescência passada em Inhapim (o pai era topógrafo, trabalhava na construção da Rio-Bahia e acabou se casando com uma professora primária da cidade), onde inclusive o fórum da comarca leva o nome de seu avô materno, Marcio Lacerda, eleito por três vezes o melhor prefeito do país, após gestões de grande impacto em Belo Horizonte, foi por 25 anos um bem-sucedido empresário. E faz questão de dizer que vendeu os negócios quando eles ainda se mostravam muito lucrativos, estando em operação até esses dias. O fundador tomou também, na ocasião, uma atitude pouco comum no mundo empresarial: dividiu parte dos lucros com os seus funcionários. Em 1998, uma de suas empresas foi considerada, pela revista Exame, a melhor do Brasil

no setor de serviços. Apaixonado por Ciências quando criança, ele fez um curso técnico de eletrotécnica, começou a atuar na área e ali teve a atenção despertada para as finanças, indo então estudar Administração de Empresas na faculdade. Foi no tempo de estudante universitário que Marcio entrou para a política, unindo-se aos jovens que lutavam por justiça social e democracia, o que lhe valeu a prisão em 1969, pelo regime militar. Encarcerado por quatro anos, torturado e com passagens também pela solitária – “o que, pelo contrário, não me destruiu, mas tornou-me uma pessoa muito mais forte, além de gerar grande aprendizado”, diz –, por um ano e meio ele teve como vizinho de cela frontal o atual governador, Fernando Pimentel, também ex-prefeito de BH. Ao lado da esposa, começou a empreender dois anos depois de ganhar a liberdade. A carreira do pessebista inclui ainda, entre outros, os cargos de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional e secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais. Com raízes no PCB, na década de 60, Lacerda declara estar convencido hoje de que “o socialismo radical estatizante que defendia foi demonstrado na prática do mundo que não funciona”. Nos dias atuais, é um crítico contumaz do PT. Há anos no PSB, Marcio Lacerda diz que a sigla tem como principal ideário o acesso às oportunidades da forma mais igualitária possível. “Somos contra a estatização da economia, acreditamos no empreendedorismo, é isso que defendemos. Gestões públicas modernas e eficientes, voltadas para o interesse da maioria, mas que tenham foco muito forte na redução das desigualdades”, resume.

COM VOCAÇÃO empreendedora, por três vezes Lacerda foi eleito o melhor prefeito do Brasil

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FESTAS E EVENTOS

A importância do fator surpresa ERLANDES e a filha Camila, que se encaminha para a graduação em Nutrição

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Com 13 anos de atividades, Buffet ipatinguense alcança notoriedade com a estratégia de transformar cliente em consumidor ativo Hoje uma das empresas do Vale do Aço que mais se sobressaem no segmento, a Vanda Buffet & Locações chega ao seu 13º ano com a convicção de que escolheu o caminho certo para buscar afirmação no mercado, “e a ideia é evoluir nesta mesma rota, fazendo apenas alguns pequenos ajustes de curso”, diz a diretora Wanderlúcia Rodrigues do Carmo. De acordo com ela, o foco principal foi algo mais ou menos combinado em família, desde que começaram a, juntos, se dedicarem à atividade, marcada por um ambiente de alta competitividade especialmente nos últimos cinco anos. O marido de Wanderlúcia, Erlandes Pinto Viana - representante comercial do Buffet e que também empresta o nome para contatos e divulgação da marca nas redes sociais -, diz que “o segredo não é exatamente um segredo, mas apenas uma estratégia simples que tem tudo para funcionar em qualquer ramo de prestação de serviços: muito empenho, uma certa dose de imaginação, e o cumprimento, na integralidade, dos compromissos assumidos”. Erlandes acrescenta que, depois de mais de uma década, a Wanda Buffet & Locações pode se vangloriar de dispor de uma clientela tão satisfeita que se tornou o verdadeiro agente propagador do negócio. “Uma das maiores dificuldades das empresas” – pondera –, “seja ela de que tamanho for, é como transformar seu cliente em um consumidor ativo”. Ele explica: “Milhares de empresas investem altas somas em marketing, só pra ter os seus clientes dizendo o quanto eles as admiram. Mas na verdade a concretização desse efeito passa necessariamenJu n / Ago 2017

te pela prática, pelo tipo de experiência que as pessoas têm vivenciado em suas relações com o prestador de serviços”. O INUSITADO A FAVOR Em preparação para se tornar a sucessora na direção do Buffet, a jovem Camila do Carmo Viana, filha do casal e estudante de Nutrição, opina: “É por isso que nós temos que ter um diferencial, surpreendendo nosso cliente com coisas que normalmente ele não espera ver. Por ser uma empresa que trabalha diferente, somos muito bem recomendados. Hoje os melhores profissionais querem trabalhar conosco, nossos clientes vendem nossa empresa para outras pessoas”. Erlandes exemplifica: “Um Banco investe muito dinheiro para ganhar recomendações de seus clientes, declarações acerca do quanto eles o admiram. Uma montadora de automóveis investe pesado no design só para ter o comprador dizendo a outros o quanto ele aprecia seu carro. Transformar o cliente em um vendedor ativo é isso. Se você entra em um supermercado, você automaticamente já sabe o que irá encontrar: uma fila de caixa, as gôndolas cheias de mercadorias prontas para ir para o seu carrinho! Mas se você encontra ali dentro, digamos, um monomotor em exposição, automaticamente você sai dizendo o que viu lá. Do mesmo modo, se você pega um voo para algum lugar e na chegada do aeroporto é recebido por uma orquestra sinfônica, é muito provável que diga a muitas pessoas como foi importante viajar naquela empresa aérea. Esse, então, é o nosso raciocínio. Surpreender, sempre”, conclui.


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DESTAQUE LOJISTA

MARIA LÚCIA Neves Louzada, experimentada no comércio desde a adolescência

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Empresária de Visão Proprietária de rede de óticas é distinguida com uma das mais altas condecorações do comércio regional Há mais de três décadas atuando de forma sempre notável no meio empresarial, a proprietária da rede Óticas Visão, Maria Lúcia Neves Louzada, foi eleita no mês de agosto o Destaque Lojista de Ipatinga no ano de 2017. Ela foi distinguida pelas diretorias da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) entre nomes criteriosamente indicados e cujos currículos foram recomendados em função da relevância do trabalho desenvolvido junto à comunidade regional. Nascida em Caratinga, berço de um seleto grupo de pessoas vocacionadas para o empreendedorismo, Maria Lúcia Neves Louzada abriu em Ipatinga a primeira unidade das Óticas Visão, isto há 31 anos. Desde adolescente, a empresária trabalhou no comércio. Por longos anos, até se tornar empreendedora, atuou em uma importante rede de óticas da região. “Após sair da ótica – conta Maria Lúcia –, decidi abrir o meu próprio negócio. E não foi fácil! No começo as coisas exigem persistência. Felizmente, superamos as circunsJu n / Ago 2017

tâncias mais difíceis e hoje estamos com sete lojas em todo o Vale do Aço e em Governador Valadares”. CAPACIDADE DE SUPERAÇÃO Com profissionais diferenciados, a rede Óticas Visão hoje é integrada por dezenas de funcionários. “Temos uma equipe de quase 40 colaboradores. Isso é uma responsabilidade muito grande para nós empresários, ainda mais em um momento econômico complicado como o que estamos experimentando. Mas sou uma pessoa otimista e acredito que tudo irá melhorar. O Brasil já passou por situações ainda piores e conseguiu superá-las”, destaca Maria Lúcia. A lojista disse ter ficado surpresa e agradecida pelo reconhecimento. “Esta homenagem vem em um bom momento, para incentivo de toda a equipe das Óticas Visão. O título reconhece não só o meu trabalho, mas de toda mulher empreendedora. Sabemos que boa parcela do empresariado hoje é mulher. É gratificante perceber esta valorização”, pontua Maria Lúcia.


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DITO E FEITO

Homens e Mulheres de “As pessoas costumam dizer que a motivação não dura sempre. Bem, nem o efeito do banho, por isso recomenda-se diariamente”. 56

ZIG ZIGLAR (1926-2012), vendedor, escritor e palestrante motivacional norte-americano. Décimo de uma família de 12 filhos do Alabama, o pai foi gerente de uma fazenda no Mississipi e morreu com ele tinha seis anos, de AVC. A irmã mais nova morreu dois dias depois. Estudou na Universidade da Carolina do Sul, em Columbia, tornou-se vice-presidente e diretor de treinamento de uma empresa no Texas. Uma queda de um lance de escadas deixou-o com problemas de memória de curto prazo, em 2007, mas em 2010 já realizava seminários motivacionais.

“Vivo sob os holofotes. Se eu quebrar “Prefiro conhecer os defeitos alguma coisa num supermercado sem querer, vou ler sobre isso na imprensa. das pessoas para amá-las. Com Quase desisti de atuar. Mas não dava qualidade, todos convivem”. para ficar fugindo das coisas”. SHARON STONE, 59 anos, atriz, modelo e produtora americana. Além de bela, possui QI de 154, o que a classifica oficialmente como “superdotada”. Alcançou reconhecimento internacional por seu papel no thriller erótico ‘Instinto Selvagem’. Teve desempenho acadêmico excepcional, cursando a segunda série do ensino fundamental aos cinco anos de idade e tornandose universitária aos 15. Durante o período escolar, apresentava um comportamento antissocial e possuía distúrbios de imagem corporal. Foi candidata ao Miss Pensilvânia aos 19 anos. Ju n / Ago 2017

MARIA ANTONIETTA PORTOCARRERO THEDIM, a Tônia Carrero, 95 anos, atriz com marcantes atuações no teatro, cinema e TV. É filha de um general, neta de um marechal e graduada em Educação Física.


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NOVO FENÔMENO

O craque da vez Destaque da Seleção e do Liverpool, Philipe e Coutinho – quem diria! – foi descoberto pela avó de um amigo e, em determinado momento, parecia ter sido derrotado na carreira no exterior Novo queridinho da torcida brasileira e quase uma unanimidade entre os comentaristas de futebol, após formidáveis atuações pela Seleção em sucessivas partidas da etapa classificatória para a próxima Copa do Mundo, o jovem Philipe e Coutinho Correia, 25 anos, hoje craque do inglês Liverpool e com contrato até 2022, sempre teve a bola como companheira inseparável. Prova disso é que sua “carreira” começou com apenas seis anos. Os pais, ‘Seu’ Zé Carlos e dona Esmeraldina, que saíram da Bahia para criar os filhos no Rio de Janeiro, sempre deixaram Philipinho – o caçula de três homens - muito ligado à pelota. O mais curioso é que o então menino foi descoberto, quem diria, não por um olheiro especializado, mas pela avó de um amigo. Depois de uma “pelada” disputada na quadra do condomínio onde morava, no Rocha, região do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, dona Didi percebeu que o garoto tinha

futuro e resolveu alertar os pais sobre o talento do menino. A iniciação aconteceu na escolinha de futsal do Clube dos Sargentos do Rio de Janeiro. Menos de um ano depois, um professor convidou o menino para fazer testes no time da Mangueira. Em março de 1999, Philipe foi federado para disputar a Liga de Futsal do Estado. E, mesmo sendo o mais novo do time, ajudou a equipe de Fraldinhas a conquistar o título e ainda terminou como artilheiro. No mesmo ano o craque foi convidado para trocar de clube e jogar no Vasco. Com técnica e habilidade acima da média, o garoto logo começou a interessar a vários dirigentes, migrando das quadras para os gramados. Em um torneio organizado pelo Jornal dos Sports, em 2003, foi artilheiro e melhor jogador da competição. A sequência de títulos, depois disso, veio com naturalidade, até a conquista da 1ª Copa do Brasil sub-17, em 2008.


CAMISA 10 Interessante também é que Philipe atuava como homem de frente, um atacante nato, e acabou, graças à visão de jogo, recuado para ser um Camisa 10, tornando-se ainda titular das Seleções sub 14, sub-15 e sub-17. A chegada aos profissionais aconteceu antes do que esperava e quem o integrou ao elenco principal foi Renato Gaúcho, em 2009, sendo decisivo para ajudar o clube curzmaltino a retornar à Série A. A carreira internacional viria quase imediatamente, em 2010, passando pela Internazionale de Milão (vendido por 4 milhões de euros), Espanyol (por empréstimo), novamente Internazionale e, em janeiro de 2013, Liverpool.

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EGRESSO DO futsal, Philipe, hoje estrela máxima do Liverpool, já chamava atenção aos seis anos de idade

REVÉS E REDENÇÃO Surpreendentemente, apesar da boa e curta passagem na Espanha, Coutinho não foi bem em seu retorno à Itália,e teve partidas apagadas pelo clube de Milão, o que determinou a sua saída para o Liverpool, onde voltou a se consagrar. O time inglês pagou 13 milhões de euros (R$ 37 milhões) por Coutinho, que se tornou em 2017 o brasileiro com maior número de gols na história da Premier League. Hábil com os dois pés, chegou a ser comparado a Messi e Ronaldinho pela agilidade, dribles, passes, arremates a gol e as exímias cobranças de falta. Pai da pequena Maria, o craque é casado desde 2012 com Aine, 24 anos – que conheceu e começou a namorar ainda no campinho do Rocha – e possui tatuagens em várias partes de seu corpo representando a família, dois irmãos e esposa. Atleta mais bem pago do Liverpool, recebe anualmente cerca de cinco milhões de euros (R$ 17 milhões). Parece muito? O Barcelona pretendeu comprá-lo por quase R$ 600 milhões, mas teve a oferta recusada. J u n / A g o 2017


CONSULTÓRIO

MÁRIO MÁRCIO DA PAZ mariom.paz@providabrasil.com.br

A saúde e a extorsão digital

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Uma avalanche de informações sem respaldo ético e científico inunda as redes sociais, expondo a sociedade a riscos de toda ordem A sociedade ocidental é dinâmica e seus valores éticos e morais estão em constante mudança e evolução. Porém, a integração proporcionada pela Internet com suas redes sociais acelerou de forma vertiginosa as transformações que antes levavam décadas em questionamentos até serem assimiladas. Hoje, valores são derrubados em questão de meses ou até semanas, tanto para o bem quanto para o mal. Ídolos são criados do dia para a noite e reputações são destruídas ao simples toque em um teclado de computador. A facilidade na troca de informações proporcionou uma revolução científica notável, mas trouxe em sua esteira a possibilidade de divulgação de conceitos e ideias mal formuladas e sem uma devida fundamentação teórica. Ideias que rapidamente se transformam em verdades científicas e normas de conduta social. Na área de saúde, e na medicina em particular, proliferam “blogs” e “sites” com os mais diversos conteúdos prometendo a dieta perfeita, a forma ideal para se evitar o envelhecimento, a calvície, a infertilidade, a obesidade, a menopausa e muito mais. Multiplicaram-se os adjetivos para novos tratamentos e especialidades como medicina integrativa, terapia bioidêntica, dieta ortomolecular, dieta paleolítica e assim por diante. Personalidades com domínio das técnicas de autoajuda e marketing se aproveitaram da ocasião e inundaram a rede com vídeos supostamente esclarecedores e com verdades absolutas e revolucionárias que são rejeitadas, segundo eles, “pelo universo da medicina tradicional que teima em aceitar apenas condutas baseadas em evidências reconhecidas pela comunidade científica internacional”. Ju n / Ago 2017

Os médicos e demais profissionais, que procuram pautar suas condutas pelas normas éticas e legais preconizadas por órgãos como os conselhos de classe e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sentem-se impotentes diante da avalanche de informações sem respaldo ético e científico despejadas diariamente nas redes sociais. A maior parte dos médicos, nutricionistas e demais profissionais de saúde não foi treinada para este tipo de situação e confronto, diferente daqueles que se dispõem a divulgar as falsas ideias com o único propósito de arregimentar seguidores que lhes garantam um constante retorno financeiro a seus investimentos. A vítima de tudo isso é a própria comunidade, impotente que é em identificar onde está a verdade ou, pelo menos, a conduta que lhe é mais adequada para a resolução de um problema de saúde. As pessoas caem facilmente nesta nova modalidade de extorsão digital, pagando verdadeiras fortunas em exames desnecessários e consumindo medicamentos inócuos e dietas esdrúxulas na ilusão de que estão fazendo um bem para si. São movidas pela confiança e pela fé em seus cuidadores, que se travestem de doutores com profundos conhecimentos de uma ciência disponível apenas para os iniciados. A maioria esmagadora dos profissionais ligados à saúde é séria e ética em suas condutas. É preciso dar um basta nesta minoria irresponsável que se apodera dos meios digitais para divulgar suas concepções. Uma postura enfática por parte dos órgãos representativos dos profissionais de saúde junto aos meios de comunicação seria um passo importante na defesa dos direitos daqueles que trabalham com seriedade e daqueles que precisam de ajuda em suas aflições do cotidiano.


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HUMOR


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