Revista Atitude 18º edição

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Marรงo /Maio 2016 Ano IV โ ข Nยบ 18 R$ 10,00



Março /Maio 2016 Ano IV • Nº 18 R$ 10,00

A ÚLTIMA VIAGEM A dor e a emoção de 2 bem-sucedidos jovens que perderam os pais num trágico acidente

MENINOS-PRODÍGIO Os pianistas mirins que encantam o mundo com seu sagrado talento

DISCURSO X REALIDADE Querubim - repórter, advogado e vereador no 5º mandato - faz um balanço de sua trajetória, desde os 14 anos, e avalia por que a política se revela tão frustrante para o eleitor

SÉRGIO MORO: O TERROR DOS LAVADORES DE DINHEIRO




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CARTA AO LEITOR

Além do horizonte O órgão reprodutor, como também os olhos, a boca, os pés, o nariz, os joelhos, os mamilos, o umbigo, tudo foi projetado pelo Criador à proa do corpo humano. Como a comunicar-nos subliminarmente que a ordem primeira é prosseguir, ir adiante. Em outras palavras: é preciso lavrar com o arado sem olhar para trás, até porque (podemos reparar) a engrenagem do pescoço não nos permite mais do que vislumbrar cenários laterais. Contudo, aquilo que está à frente nem sempre é tão estimulante. Pelo contrário. Pode parecer indigno, frustrante, grosseiro, assombroso, desencorajador. São os “gatos” emocionais, que violentam as leis da natureza e dos bons modos, roubam descaradamente a nossa energia, o nosso ânimo, a nossa esperança – e ainda deixam uma conta alta pra pagar no fim do mês.

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Você gostaria, evidentemente, de honrar apenas os compromissos que lhe são cabidos, e no mais ser parceiro de filantropias decentes, para se sentir melhor como pessoa. Mas a delinqüência oficial e clandestina também quer “socializar” o inconfessável que subtrai da sociedade, e isso talvez seja o fator mais deprimente. Derrotismo, o refúgio de um bom esconderijo, fuga, paralisia, recuo, mudança de rumo – é o que sugere o quadro. Entretanto, a simples compreensão da estrutura orgânica corporal nos instrui a progredir. Vivemos e existimos também com a vocação de positivamente avançar, ir além. E isto pressupõe o desafio de singrar oceanos, transpor muralhas, rasgar os céus. Assim é que navios, submarinos e aviões foram inventados. Como diriam Roberto e Erasmo, “além do horizonte existe um lugar,

DIRETOR E EDITOR-CHEFE Luiz Carlos Kadyll Registro Profissional - JP 00141/MG (31) 98586-7815/3824-4620 REPORTAGENS Luiz Carlos Kadyll kadyll.revistaatitude@gmail.com Alexandre Paulino alexandre.revistaatitude@gmail.com FOTOGRAFIAS Luiz Carlos Kadyll, Felipe Cardoso, William Waltney, Jorge Malta e Eduardo Galetto DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL Fábio Heringer ASSISTENTE DE ARTE Ellen Villefer de Carvalho Almeida ellen.revistaatitude@gmail.com DIRETORA COMERCIAL Edileide Ferreira de Carvalho Almeida edileide.revistaatitude@gmail.com (31) 98732-8287 COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ed Carlos, assessoria de Comunicação da Cenibra, Dr. Mário Márcio ENDEREÇO POSTAL R. Bororós, 125 - Jardim Panorama Ipatinga - Minas Gerais CEP: 35162-034 PARA ANUNCIAR: (31) 98732.8287 - 3824.4620 TIRAGEM 3.000 exemplares

bonito e tranquilo pra gente se amar”. Vamos lá!

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LUIZ CARLOS KADYLL Editor-chefe

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SUMÁRIO

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O doloroso luto vivido pelos jovens Vitor (gerente de rede de fast-food) e Otávio (atleta de vôlei do Sada Cruzeiro). Eles revelam os últimos momentos vividos com os pais, que em 17 de janeiro partiram para uma viagem sem volta na ‘Rodovia da Morte’.

Quem é Sérgio Moro? Investigar sua vida privada e desmoralizá-lo é o sonho de consumo de seus desafetos, num momento em que todos os holofotes estão voltados para seu gabinete.

SEM AVISO PRÉVIO

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PIANISTAS-PRODÍGIOS 8

O JUSTICEIRO Nº 1 DO BRASIL

Jordan e Jennifer (aqui com os pais, o engenheiro Alessandro e a esposa Gleisse): reconhecidos internacionalmente, os irmãos mineiros já são requisitados nos templos sagrados da música clássica.

REPORTAGEM DE CAPA

Jornalista, político e advogado, ‘Querubim’ – apelido que ganhou como primeiro repórter policial do principal jornal diário do Vale do Aço – já acumula cinco mandatos de vereador e reconhece: “Não é fácil para o eleitor acertar em suas escolhas”.

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CARINHA DE ANJO

Koryna, 5 anos de idade, a modelo mirim do Vale do Aço que faz testes nas grandes redes de televisão nacionais.

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TRIBUTO A ILZA E SUEDIS

Um adeus comovente 12

Filhos que perderam os pais em violenta colisão na BR-381 seguem batalhando por carreiras de sucesso que eram encorajadas por eles e garantem: “Felizmente, entre nós não ficaram pendências”.

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Por mais que alguns, mais que os outros, consigam abrigar-se atrás de uma couraça de perfeito equilíbrio e resignação, o fato é que lidar com perdas de pessoas próximas não é fácil para ninguém. Invariavelmente, há dor e sofrimento envolvidos – mesmo aqueles não abertamente confessados. Mas essas rupturas também costumam trazer a reboque boas reflexões, conclusões e aprendizados. O imponderável e o inexplicável, inclusive, ganham sentido quando se consegue enxergar a vida pela ótica certa. “Devemos aceitar a nossa própria sorte, qualquer que seja, e tentar tornar feliz a dos outros. De todo modo, é certo que não devemos adiar soluções para pendências familiares. Felizmente, estávamos muito bem resolvidos entre nós”. Esta é a leitura que fazem os jovens ipatinguenses Vitor e Otávio Barbosa, netos de um dos pioneiros desportistas da cidade e que perderam os pais num trágico acidente rodoviário, em janeiro des-


A TRISTE notícia do acidente foi dada por um motorista que seguia logo atrás: não era o telefonema que o filho esperava

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te ano, quando a família parecia viver o seu momento de maior integração e felicidade. Era 17 de janeiro de 2016, início da tarde de domingo, e Ilza Barbosa, 54, e o marido Suedis Calixto Ferreira, 50, viajavam pela BR-381 no Focus placas MSN1924, sentido Belo Horizonte-Ipatinga, em companhia do filho caçula, Otávio, 18, atleta infanto-juvenil do campeoníssimo time de vôlei do Sada Cruzeiro. O automóvel ficou desgovernado, entrou na contramão e bateu de frente com um caminhão, na altura do município de Bela Vista de Minas. Apenas o rapaz escapou, embora só fosse saber disso algum tempo depois, enquanto se mantinha internado no Hospital Margarida, em João Monlevade, com ferimentos de menor gravidade. Bastante articulado e com notável capacidade de se comunicar por meio da escrita, Vitor compartilhou pelo Facebook um pouco da falta que sua mãe lhe faz:

“Eu gostaria que a qualquer momento ela aparecesse e dissesse que tudo não passou de uma piada”. A mesma sensibilidade ele já havia publicamente externado pelas redes sociais, em 24 de agosto de 2013, ao recordar o primeiro aniversário da brusca morte de um primo muito próximo, Pedro Henrique. Foi uma espécie de prelúdio para a outra experiência dramática a que caprichosamente o destino o submeteria no limiar de 2016. Pedro, com apenas 18 anos de idade, acabara de ser aprovado num exame para carteira de motorista. Deu alguns passos após receber o resultado e tombou desmaiado, acometido de um infarto. Fizeram respiração boca a boca, massagem cardíaca, tentaram reanimá-lo por mais de um quarto de hora, mas ele morreu antes de chegar ao hospital. Outra coincidência é a data em que Pedro fazia aniversário: 18 de janeiro. Quatro anos depois, no mesmo dia, os pais de Vitor e Otávio seriam sepultados.

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ASCENSÃO PROFISSIONAL

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Contudo, apesar desses instantes de martírio em que a tristeza teima em aninhar-se na memória, a carreira profissional de Vitor acena com vôos mais altos, assim como a do irmão atleta. É ele quem relata: “Formei-me como técnico em Informática pela Escola Técnica Vale do Aço e, ao mesmo tempo, fui promovido a Gerente de Área na empresa de fast-food em que trabalhava, o que me trouxe muita felicidade. Para alegrar-me ainda mais, no dia 10 de dezembro de 2013 recebi um convite de um famoso restaurante de comida mineira em Minas Gerais para tornar-me Subgerente na unidade do Minas Shopping, em Belo Horizonte. A proposta era irrecusável, até porque já fazia parte dos meus planos deixar Ipatinga para buscar uma oportunidade melhor. Minha história em BH começou em 12 de janeiro de 2014. Trabalhei durante algum tempo no restaurante, e iniciei também meu curso de Administração de Empresas na faculdade. Já estudando, recebi um convite para trabalhar como Assistente Administrativo de uma indústria de óleos vegetais. Prestei serviços por algum tempo neste escritório, mas a crise ocasionou minha saída. Estando um mês desempregado, fui convidado a voltar à rede de fast-food. Acredito que com o tempo voltarei ao cargo que já ocupei antes”, projeta. Otávio, por sua vez, já jogava há dois anos e se destacava no voleibol da Associação Esportiva e Recreativa Usipa, em Ipatinga, quando teve a oportunidade de fazer um teste para ingressar no Sada Cruzeiro, em BH. Bastante empolgado com a idéia, seguiu para a capital. Entre centenas de atletas avaliados, só seis foram aprovados, e entre eles estava o ipatinguense, que se destacou ao lado de seu amigo Jason. Os

pais ficaram um tanto receosos, porque o rapaz tinha apenas 15 anos, mas enfim o liberaram para seguir em frente, confiaram em seu potencial e investiram no seu sonho. A partir de então ele moraria numa república. Sua mudança aconteceu em janeiro de 2013. A decisão se revelaria tão acertada que Otávio foi mantido no plantel em duas peneiras realizadas nos finais de ano subsequentes, ajudou o Sada Cruzeiro a sagrar-se campeão mais de uma vez e hoje já integra o quadro de juvenis, além de ter recebido convite para uma avaliação da seleção brasileira.

ILZA E SUEDIS desfrutavam de seu melhor momento nas vidas profissionais e ela inclusive havia viajado à Europa

OTÁVIO (embaixo, junto à bola) com a equipe tricampeã infanto-juvenil do Sada Cruzeiro

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TRIBUTO A ILZA E SUEDIS

Os últimos momentos juntos

ANTES DE partirem para aquela que seria sua última viagem, Ilza e Suedis passaram vários dias em companhia dos filhos, fazendo muitas coisas juntos

Os irmãos Vitor e Otávio contam que viviam juntamente com os pais um momento muito especial, até que a catástrofe do sempre perigoso trânsito pela chamada ‘Rodovia da Morte’ os surpreendeu numa tarde de domingo. “Apesar da recessão que o país vive, e da distância geográfica que nos separava, estávamos mais unidos do que nunca. Em momento algum nossos pais nos desamparam. Nunca nos faltou nada. Nem carinho e tampouco conforto”, assegura Vitor. “Eles sempre vinham passar um tempo aqui conosco, para verificar como tudo estava caminhando”, complementa Otávio. No dia 12 de janeiro, Ilza e o marido Suedis seguiram de Ipatinga a BH para visitarem Vitor e, ainda, levar Otávio para resolver algumas pendências. O jogador de vôlei já estava no Vale do Aço desde a segunda quinzena de dezembro, pois gozava férias da escola e dos treinos. “Neste tempo”, lembra Vitor, “conversamos bastante sobre todos os assuntos. Falamos sobre nossas metas para 2016, nossos objetivos de vida, as conquistas do ano passado. Assistimos filmes e séries juntos, passeamos, matamos a saudade da comida deliciosa de mamãe”. De malas feitas, eram 10h do dia 17 de janeiro quando Ilza, Suedis e Otávio se despediram de Vitor e entraram no carro para viajarem de volta a Ipatinga. Otávio permaneceria no Vale do Aço até o final de fevereiro, já que os treinos só se reiniciariam no início de março. E eles decidiram viajar no domingo porque a mãe tinha compromissos a cumprir com clientes na segunda-feira. Vitor se lembra de que se despediu de seu pai e do

irmão, a mãe lhe passou algumas recomendações, e ele disse a ela: “Me liga quando chegarem a Ipatinga. Beijos!” Ficou acenando, até que o carro desaparecesse no horizonte. Às 13h30, Vitor recebeu, sim, uma ligação. Mas não a que esperava. Era de uma pessoa que seguia no mesmo sentido, logo atrás do carro da família, e que testemunhou o acidente. “Ele me relatou tudo que tinha acontecido. Primeiro falou do estado de saúde de Otávio e depois, com muita delicadeza, me avisou sobre a morte de meus pais”, conta, emocionado. O filho mais velho do casal confessa que naquele momento se sentiu muito mal, perdeu completamente o equilíbrio. Abalado e sem reação, sentiu as pernas tremerem. Recuperando um pouco o controle, pediu ajuda a uma vizinha do prédio, que o acalmou e lhe deu algumas orientações. Uma tia foi acionada e foi ela quem instruiu acerca das primeiras ações. Vitor seguiu imediatamente para Ipatinga, na companhia de um casal amigo da família. Também muito aflita, estava no carro a namorada de Otávio, Theresa, 17 anos, atleta feminina do Sada Cruzeiro. Ainda emocionado, Otávio relata que faziam uma viagem tranquila, embora chovesse muito no momento do acidente. De repente, o automóvel ficou desgovernado e invadiu a pista contrária. Daí em diante, ele só se lembra de quando já estava no hospital. Ao acordar, não lhe comunicaram sobre a extensão das perdas, mas já pressentia que algo grave havia acontecido. Antes de chegar a Ipatinga para dar encaminhamento a questões como o velório dos pais, Vitor e M a rço / M a i o 2 0 1 6


seus acompanhantes se dirigiram ao hospital onde Otávio estava. Foi quando ele teve a confirmação da morte dos pais. Em silêncio, os dois irmãos se entreolhavam fixamente, mas não havia choro ou desespero. Depois, em conversa íntima, souberam o que se passara naquele momento. Era apenas um monumental esforço interior mútuo. Pretendiam, ambos, minimizar a dor do outro.

VIDA E MORTE

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Morte. Embora não seja este um assunto muito agradável de ser abordado, Vitor e Otávio revelam que os pais sempre tocaram nele com os filhos, e isto de certa maneira os preparou melhor para enfrentarem os desafios que agora têm diante de si. “Hoje estamos com muita saudade, porém sem nenhum arrependimento ou culpa, pois eles nos conheciam profundamente. Mamãe sempre dizia que em casa era o lugar de tirarmos nossas ‘máscaras’ e que tínhamos que ser transparentes”, revela Vitor. O rapaz acrescenta: “Eles apoiavam todas as nossas decisões e sempre nos orientavam em relação ao certo e errado. Não tínhamos nada escondido deles, tudo que foi preciso ser falado, foi falado”. Isto foi muito positivo, em sua opinião: “Hoje vejo o quanto ter um relacionamento aberto com os pais foi importante, pois não carregamos nenhum pesar ou trauma”.

O FILHO caçula começou a jogar no campeoníssimo time de vôlei da capital ainda na categoria infantil

RECADO AOS JOVENS

À pergunta se há alguma lição especial a ser extraída do infortúnio, Vitor responde: “Gostaria de direcionar uma palavra aos jovens. Meus queridos, não podemos nos transformar em meros telespectadores. Nós temos que olhar mais o que está perto de nós. Telespectador é o que se fixa muito no que vem de longe e não presta atenção no que está próximo, muitas vezes. Experimente se concentrar mais no pai e na mãe, e quem sabe você vai respeitá-los um pouco mais. Não deixe a internet mandar em você. Vale mais aquele que cuida de você todos os dias, que se envolve de fato com as suas coisas. Já disse ‘eu te amo’ pra eles hoje? Não perca tempo”.

FUTURO

Em relação ao futuro, os dois irmãos admitem que ainda não tiveram nem muito o que pensar. Precisam se reorganizar mentalmente. Mas adiantam que pretendem continuar com os planos em curso. Vitor, já no terceiro período de Administração, quer se formar e abrir seu próprio negócio no ramo de alimentação. E Otávio deseja prosseguir em sua carreira de atleta, com o objetivo de chegar um dia à Seleção. No segundo semestre, começa a perseguir também um diploma de fisioterapeuta. M a rço / M a io 2016


TRIBUTO A ILZA E SUEDIS

A MÃE JUNTO dos filhos: “Dedicada, amorosa e sempre muito presente”

VITOR com o pai: “Ele tinha um desejo ético emocionante”

A trajetória do casal até o fatídico 17 de janeiro Muito queridos em seus círculos de relacionamento familiares e profissionais, Ilza Barbosa e Suedis Calixto Ferreira protagonizaram biografias que, para os filhos Vitor e Otávio, “nos enchem de orgulho”. Com 54 anos completados apenas dois meses antes do acidente que a vitimou junto com o marido - que era quatro anos mais novo -, há três décadas ela fez parte da equipe de cadastro no setor de IPTU da Prefeitura de Ipatinga. Filha do desportista Raimundo Bento Barbosa, o popular ‘Zé do Povo’, que foi presidente da Liga de Desportos de Ipatinga, Ilza formou-se em Magistério e lecionou durante dois anos em uma escola municipal no bairro Forquilha. Posteriormente, formou-se como Técnica em Enfermagem no colégio Assedipa. Trabalhou durante 17 anos no Hospital Márcio Cunha, de onde saiu para se dedicar à sua paixão: buffet e ornamentação de festas. Vitor a descreve como uma “mãe dedicada, amorosa, sempre muito presente na vida dos filhos. Tinha uma expressão eternamente em caps look, QUENTE ou FRIO! Morno, não! Intensidade era seu sobrenome”, resume. Ainda segundo os rapazes enlutados, sua frase mais marcante era: “Independente do que

for fazer, faça bem feito”. Suedis, 50 anos, diplomou-se como Técnico em Nivelamento no tradicional Colégio John Wesley. Exerceu a função durante algum tempo, até ser promovido a Topógrafo, profissão a que se dedicou por toda vida em diferentes empresas. Segundo Vitor e Otávio, “era um pai atencioso, protetor e sempre buscou ensinar pelo exemplo”. Ainda, conforme os seus, “o passeio favorito era o almoço de domingo na casa dos pais, onde se reunia com toda a família”. A frase que mais marcou na vida dos filhos (“Não desanime; sempre há luz no fim do túnel”) agora ganhou sentido prático maior. “Não vamos esquecer nunca sua honestidade e a sua generosidade, que deveria servir de inspiração pra muita gente nesse mundo”, afirma Vitor. “Papai tinha um desejo ético emocionante. Há que se respeitar até sua coragem de demonstrar o medo, isso é coisa de gente grande”, avalia. “De mamãe vai ficar sempre em nossa lembrança sua alegria, sua vontade de viver, sua generosidade, seu altruísmo e seus ‘causos’ verídicos que sempre eram motivo de muita graça nas rodas de amigos”, completa Otávio.

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UMA DÚZIA DE TALENTOS

Artistas do distrito Grupo de Artesanato de Cachoeira Escura cria objetos decorativos e utensílios domésticos a partir de subprodutos descartados no processo fabril da Cenibra

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A partir de subprodutos gerados pela Cenibra em seu processo de fabricação de celulose no município de Belo Oriente, 12 pessoas do distrito de Cachoeira Escura se ocupam, há dois anos, de uma atividade artística que tem-se revelado bastante prazerosa e terapêutica, além de potencialmente rentável. Elas compõem o chamado GRACE – Grupo de Artesanato de Cachoeira Escura, apoiado pelo Instituto Cenibra, ativo braço social da empresa que estimula uma série de projetos em benefício da população em mais de 50 municípios de Minas Gerais. Isenta de qualquer substância tóxica (até porque, em determinada fase de transformação pelos arte-

O GRACE reúne, em sua maioria, donas de casa com habilidades especiais, convidadas pelo Instituto Cenibra a participarem do projeto

sãos, será tão manuseada como no feitio de uma massa de pão), a matéria-prima disponibilizada pela Cenibra são fibras retiradas nos decantadores primários da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Compõe-se basicamente de material derivado do processo de depuração da polpa celulósica após ser lavada e prensada através da ETE. Submetida a procedimentos-padrões que incluem o adicionamento de cola à base de PVA (Poliacetato de Vinila), ela se converte num composto que, trabalhado artisticamente, resulta em objetos práticos e decorativos como fruteiras, abajures, painéis, luminárias de teto e mesa, baixelas, porta-chaves, porta-panos-de-prato e molduras de espelho.


ENSAIOS TÉCNICOS

Antes que o material pudesse ser utilizado com mais eficiência para os fins artísticos, foram realizadas várias avaliações, especialmente quanto à homogeneidade e resistência da pasta. Testes foram feitos para verificação de resultados a partir da imersão em água e contato com o fogo, por exemplo. Originalmente acinzentada, experiências de sucesso sinalizaram que a fibra poderia ganhar outras colorações, e isso deu ainda mais glamour às peças produzidas, respeitado um tempo de secagem compatível com a natureza do objeto pretendido. Esse trabalho de aperfeiçoamento da matriz dos produtos, assim como aspectos de design e fundamentos de organização, contou com o assessoramento do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do curso de arquitetura do Unileste (Centro Universário do Leste de Minas), ambos acionados pelo Instituto Cenibra.

SELECIONANDO INTERESSADOS

O MATERIAL resultante do processo de depuração da polpa celulósica após ser lavada e prensada através da ETE, matériaprima básica dos trabalhos artesanais

Com o objetivo de identificar as pessoas com o perfil mais adequado para participar do GRACE, no segundo trimestre de 2014 o Instituto Cenibra afixou cartazes em pontos estratégicos do distrito de Cachoeira Escura, também conhecido como Perpétuo Socorro, oferecendo vagas limitadas para interessados em participarem de oficinas e cursos de artesanato. Entre outros pontos, os cartazes podiam ser vistos em escolas, supermercados, farmácias, postos de saúde e assistência social, lan house, subprefeitura e correios. Assim é que o Grupo, hoje, é constituído de 11 mulheres e um homem – e este, marido de uma das integrantes, por todas considerado um membro polivalente, com habilidades também nas áreas de carpintaria e elétrica. Antônio Soares, de 50 anos, é armador desempregado e companheiro de Vanderleia Dorneles Costa Silva. No início ele apenas acompanhava a mulher e não escondia o constrangimento de permanecer junto ao grupo exclusivamente feminino. Mas, enfim, alguém lhe disse: “O senhor vem todas as vezes, por que não participa?”. Ele aceitou e atualmente é uma espécie de braço forte da equipe. Sua criatividade é igualmente evidenciada pelas colegas, que também o consideram “muito respeitador”. Orgulhosa, a esposa acrescenta: “Em casa, ele chegou a desenvolver modelos próprios de moedor de cana e um torrador de café”. Em sua quase totalidade, as mulheres que integram o GRACE são donas de casa que já se ocupavam de alguma forma de artesanato para complementação da renda familiar. Elas também produzem artigos como fronhas, colchas, panos de prato, tapetes de banheiro, biscuit, ímãs de geladeira, utensílios feitos a partir de meias e latas de cerveja, bordados, crochês. A oportunidade de utilizar o subproduto da Cenibra em objetos artesanais abriu uma nova janela para exercício de suas habilidades, além de ampliar entre elas uma visão conceitual de organização e mercantilização dos produtos. Oficialmente, o GRACE nasceu em 27 de julho de 2014.

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Proveniente de João Monlevade, a secretária do Grupo, Aparecida Maria da Silva, 69, é mãe de cinco filhos casados, mais uma adolescente de 15 anos, e esposa de um industriário aposentado. Há 22 anos em Cachoeira Escura, onde chegou em companhia da família “quando tudo ainda era só barro”, diz que sempre gostou de artesanato mas, no seu caso, apenas por distração e para presentear amigos. É costureira há muitos anos e, com boa capacidade de comunicação, avalia que o fornecimento gratuito do subproduto pela Cenibra “foi muito bom para todos nós, assim como a abertura do espaço para funcionamento do atelier no Parque Multifuncional em construção no distrito”. Marilda Aparecida Costa de Oliveira, 53 anos, nascida em São Paulo e há dez anos em Cachoeira Escura, lembra que se mudou para o distrito em 2006, quando o marido começou a trabalhar como caminhoneiro da Cenibra. Para ela, trabalhar com artesanato é uma terapia. E sonha com novas chances de expor em um ambiente maior os materiais desenvolvidos a partir da fibra de celulose. Numa exposição cultural interna com duração de uma semana, muitos funcionários da fábrica de celulose se encantaram com os produtos. Os protótipos colocados à venda saíram quase todos, sobrando apenas três peças de todas que foram apresentadas. “Os objetos são bem rústicos, têm uma classe especial”, avalia Marilda. A segunda maior oportunidade para exposição dos produtos do GRACE surgiu durante o Fomenta Minas, uma realização do Sebrae-MG que ocupou por dois dias os salões do clube Ipaminas, em Ipatinga, em setembro de 2015. Apesar de agendada, a participação posterior numa Feira Internacional em Belo Horizonte acabou frustrada pela coincidência com o acidente ambiental que cobriu de lama o rio Doce e por duas semanas obrigou a paralisação das atividades da Cenibra.

OS PAINEIS ganharam mais vida com a descoberta de novas colorações

PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO

Os integrantes do Grupo supõem que um contato mais permanente com o consumidor será capaz de gerar resultados ainda melhores na comercialização do artesanato, e assim é que estudam convite para manter um mostruário na Casa do Artesão de Ipatinga, que desde 2012 funciona diariamente num imóvel do Novo Centro. Responsabilidade, pontualidade, disponibilidade, criatividade e vontade de trabalhar, estes são os princípios estabelecidos em consenso pelo Grupo como componentes básicos de uma equação que possa resultar no desenvolvimento da organização e o seu reconhecimento pelo grande público. Além de desenvolverem os trabalhos individualmente, em suas casas, os membros passam juntos pelo menos quatro horas, às terças e quintas-feiras, no atelier do Parque Multifuncional que vem sendo edificado em Cachoeira Escura numa parceria da Cenibra com a prefeitura, procurando conciliar a produção de peças com as atividades domésticas.

SERVIÇO GRACE – Grupo de Artesanato de Cachoeira Escura www.artesanatoparacachoeiraescura.blogspot.com.br Aparecida Maria da Silva - secretária (31)99465-3659

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UM MODELO de abajur confeccionado com o subproduto da celulose


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TALENTO A QUATRO MÃOS

Os meninosprodígios A CONVITE, Jennifer e Jordan se preparam agora para se apresentar em Viena


Filhos de ex-funcionário da Usiminas impressionam o mundo com seu virtuosismo ao piano e são convidados a se apresentar no berço da música clássica

Apenas dois anos de vida separam Jordan, 14, e Jennifer, 16, adolescentes belo-horizontinos que há quase uma década moram com os pais no bairro Bom Jardim, em Ipatinga. Por dedução, poder-se-ia entender que hoje já teriam incorporado perfeitamente ao seu dia-a-dia os hábitos e rotinas mais comuns do Vale do Aço, já que eram ainda bem crianças quando para aqui se mudaram. Mas sua cultura musical – herdada geneticamente, inclusive – os distingue de tal modo que eles se transformaram em verdadeiros cidadãos do mundo. Ambos são protagonistas de uma prodigiosa história que evolui dentro de um roteiro inédito, rompendo inteiramente com os padrões clássicos de muitas outras famílias aportadas na região desde a implantação das grandes indústrias. Há algumas coincidências curiosas que não podem ser ignoradas: além de irmãos, um e outro nasceram num dia 13. E tudo indica que tenham sido dias de sorte, não de azar. Jordan é Jordan Alexander e Jennifer tem quase o mesmo nome composto, é Jennifer Alessandra. Exímios pianistas, cada um detém 11 premiações a quatro mãos e três de música de câmara. O garoto soma 30 premiações individuais e a garota 28, conquistadas no Brasil e no exterior. Diferentemente do que poetiza um dos grandes sucessos do grupo Titãs (“O acaso vai me proteger/Enquanto eu andar distraído”), a vida da família de Jennifer e Jordan parece ter muito mais foco do que distração ou casualidade e está sintonizada com uma tradição ancestral. Tanto o pai quanto a mãe – a estudante de pedagogia Gleisse Cristina Gomes e o engenheiro mecânico Alessandro Rodrigues Pereira – são músicos profissionais, envolvidos há anos com o grupo religioso conhecido como Exército de Salvação. “O Alessandro estuda música desde 12 anos, é maestro e trompetista. Ele viajou por muitos países com o Exército de Salvação e aprendeu instrumentos com seus pais, que ainda hoje fazem parte da organização. Toco saxofone, sou sua companheira na arte e aprendi música com ele”, revela Gleisse, que também integra com o marido e os filhos a banda ‘Som do Coração’, que atua na Igreja Batista do bairro Bom Jardim. Nela, Jennifer toca cornet (trompete) e seu irmão um eufônio tenor (tuba). Demitido da Usiminas em 2014, após 12 anos, o pai de Jennifer e Jordan atualmente presta serviços a uma empresa em Barreiras-BA. Ladeada pelos filhos impecavelmente vestidos e numa sala onde não faltam elementos sugestivos de uma precoce e vitoriosa carreira – um piano Yamaha posicionado sob um grande banner com a foto dos jovens músicos e, ali perto, uma estante envidraçada com dezenas de medalhas e troféus conquistados –, quem recebe a reportagem de ATITUDE é Gleisse, que explica: “Desde bem pequenos, os meninos viviam conosco nesse meio e, então, foi natural que se interessassem. Eram loucos para mexer nos instrumentos de verdade. Gostavam muito. Antes de tocarem nos instrumentos profissionais, já faziam questão de brinquedos musicais. Logo que começaram a ser alfabetizados, os matriculamos numa escola para aprenderem piano e bateria”, recorda.

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VIENA À VISTA

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GLEISSE exibe com orgulho o mural que registra a participação dos filhos na Semana Internacional de Piano da Cushing Academy

NO EXTERIOR, os garotos começaram a experimentar um novo nível de valorização da música

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Jordan tinha seis anos quando começou a aprender bateria. Sua irmã, aos oito, aprendia piano. “Depois de alguns meses ela começou a me ensinar um pouco de piano e eu ensinava a ela bateria. Aí passei a me interessar mais pelo piano e até hoje me dedico mais a ele”, simplifica Jordan, que graças a uma impressionante performance nada menos que no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 2014, durante a Forte International Music Competition, conquistou a classificação prata. Em 2015, na Semana Internacional de Piano da Cushing Academy, em Ashburnham, Massachusetts, recebeu o prêmio destaque entre competidores de até 37 anos. Graças a isso, ganhou bolsa para voltar aos EUA este ano, além de ser convidado para fazer um concerto solo no mesmo evento, que está previsto para o final de julho e início de agosto. Assim como Jennifer, Jordan planeja para o futuro cursar uma faculdade de música. “Grandes concertos, em grandes teatros” – ela compartilha, com os olhos brilhando, para comunicar em seguida, sem esconder um pouco de ansiedade: “Este ano recebemos convites para participar no mês de julho de um evento em Viena, o berço da música clássica”. Será um concurso de música com master class (Uma aula de piano em grupo, normalmente com grandes pianistas. Cada um toca certa música por determinado tempo, assistido por professor convidado. O objetivo é recolher experiências com os mestres, importantes para quem almeja o aperfeiçoamento).

CONCURSOS NACIONAIS

Nos últimos quatro anos, regularmente, Jennifer e Jordan se deslocam todos os finais de semana para Belo Horizonte, onde recebem aulas particulares de piano com a professora Junia Canton. Eles contam que, na capital ou no Vale do Aço, diariamente praticam quatro horas com o instrumento, e o tempo se eleva para sete horas às vésperas das competições. Jennifer e Jordan tinham nove e sete anos, respectivamente, quando começaram a participar dos concursos nacionais. Em quase todos, seus adversários estão acima de suas faixas etárias. Contudo, a competição maior se dá entre os irmãos, e eles estão sempre se alternando nos primeiro e segundo lugares. Na primeira disputa que enfrentaram, em Uberlândia, Jordan havia abandonado a bateria apenas quatro meses antes para se dedicar ao piano. Ele ficou em segundo e ela em primeiro no concurso. O virtuosismo de ambos se demonstrou tão evidente que se seguiram concursos nacionais no Paraná, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, com sucessivas vitórias. Em alguns os garotos tocaram a quatro mãos e em outros a família fez música de câmara.


TALENTO A QUATRO MÃOS

NOVOS PLANOS

Jennifer e Jordan têm predileção pelos repertórios de música clássica erudita e gospel. Para este ano, além de Viena, projetam participar de concursos na Itália e na Espanha, bem como nos Estados Unidos. Em nível de Brasil, decidiram concorrer na seleção de artistas que definirá aqueles que subirão ao palco para se apresentar com dois pianos juntamente com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Outro desafio, segreda a mãe, é tocar no teatro do Centro Cultural Usiminas, “por questão de agenda e custos – que se assemelham ao de uma viagem internacional”. “Os garotos já tocaram até em Nova Iorque...” – ela arremata –, “mas ainda não conseguiram se apresentar para o grande público da cidade onde moram”. JORDAN competiu como pianista pela primeira vez aos sete anos, apenas quatro meses depois de deixar a bateria

DESDE CEDO, os brinquedos musicais eram os preferidos

25 ARGENTINA, BÉLGICA E ESPANHA

Por causa dos compromissos internacionais dos filhos, há quatro anos Alessandro e Gleisse, que por quase meia década apenas esporadicamente deixavam o Vale do Aço, para tocar no Exército de Salvação, começaram a viajar de novo. Em 2010 e 2012 os garotos participaram de um seminário no Instituto Territorial de Música, na Argentina. Jennifer estava com 14 anos quando foram para a Bélgica. Lá ela foi finalista no César Franck International Piano Competition, realizado em Bruxelas (2014). No ano passado, faturou o primeiro lugar no III Concurso Internacional de Música “Vila de Xàbia”, na Espanha. Jennifer lembra que ao se inscrever para o primeiro concurso, em Uberlândia, sua participação, como a de seu irmão, eram despretensiosas. “Na verdade não esperávamos nada, fomos só pra conhecer. Mas como ganhamos, aí entendemos: nós podemos ter um futuro nisso”- comenta. Ela ainda confessa que ter-se habilitado como finalista do concurso na Bélgica “foi um baque muito grande”. E explica: “O nível é totalmente diferente, a estrutura, o apoio. Tivemos outro parâmetro do que poderia ser a música clássica”. No entanto, sua experiência mais marcante ocorreu em julho do ano passado, ao conquistar o lugar mais alto no pódio em competição na Espanha. “Fomos mais para conhecer, mas consegui superar a minha meta”, resume.

A FAMÍLIA também toca unida numa banda religiosa, chamada ‘Som do Coração’

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O ENGENHEIRO Alessandro (E), com a esposa Gleisse e os filhos Jennifer e Jordan (C), servindo ao Exército de Salvação NA CASA da família, miniaturas da orquestra do Exército de Salvação chamam a atenção numa estante da sala

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“Primeiro a Sopa, depois o Sabão e por fim a Salvação” O Exército de Salvação, conhecido também por suas orquestras que percorrem todos os continentes procurando atrair pessoas à mensagem do evangelho, é uma denominação cristã protestante e uma das maiores instituições de caridade do mundo. Foi fundado em 1865 por William Booth (1829-1912), ministro metodista, juntamente com a esposa Catherine Mumford, em Londres, Inglaterra, no auge da Revolução Industrial. Atua em 126 países, através de igrejas, lojas beneficentes, abrigos, centros comunitários, hospitais, escolas, lares para idosos, creches, centros de recuperação, veículos e equipes de emergência. No Brasil, o Exército de Salvação chegou em 1922 e desde então atua junto às comunidades através de suas sedes locais (igrejas e unidades sociais), sedes regionais e a sede nacional em São Paulo. Está presente na Região Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Originalmente, o ministro Booth nomeou a organização “Missão Cristã do Leste de Londres”, mas em 1878 a reorganizou, dando-lhe um caráter militar e chamando-a “Exército de Salvação” (The Salvation Army). William pregava aos po-

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bres, ao passo que Catherine contatava os ricos, conseguindo assim apoio financeiro para o trabalho. Ela também atuava como ministra religiosa, o que era bastante incomum àquela época. O fundador William Booth assim descrevia o lema da organização: “Os três ‘S’ representam melhor a maneira como o Exército de Salvação atua: primeiro a Sopa, depois o Sabão e por fim a Salvação”. Os primeiros membros do Exército de Salvação eram alcoólatras, viciados e prostitutas convertidos ao protestantismo. À medida que ele crescia no fim do século XIX, também crescia a oposição ao movimento na Inglaterra. Os oponentes da instituição se reuniam no “Exército Esqueleto” (Skeleton Army), para perturbar os encontros do Exército de Salvação e suas atividades sociais. Muitos oponentes, que chegavam a agredir fisicamente os membros “salvacionistas”, eram donos de tabernas e bares que estavam perdendo suas clientelas. Os membros do Exército de Salvação usam uniforme e há uma hierarquia de característica militar, onde os pastores e bispos são “capitães”, “majores”, “coronéis” e “comissários”.


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A FICHA DO DOUTOR

Pós-graduado em lavagem de dinheiro 28

Filho de dois professores, juiz que há anos deixa os propineiros de cabelo em pé e tem a cabeça a prêmio pelos desafetos só tirava O e B no ensino médio

MORO diz que costuma falar nos autos, isto é, através das sentenças

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Por ameaçar o seu status quo (ou o ‘estado atual das coisas’, para falarmos um português mais claro), o surgimento de novas lideranças nunca foi visto com bons olhos pelos mandatários de plantão. Se tivessem o dom da vidência, providenciariam sua degola ainda bebês, como pretendeu o extremado Herodes – vitimando milhares de inocentes – no tempo do nascimento de Jesus. Caim, que detinha o privilégio da primogenitura no longínquo Éden, já se julgava tão intocável a ponto de confrontar a reprovação do próprio Deus – embora claramente não tivesse correspondido às expectativas. Diante da evidência de ser sucedido pelo zeloso irmão Abel, não hesitou em eliminá-lo. Assim é que, o novo sonho de consumo das mais proeminentes autoridades instaladas nos palácios do Distrito Federal do Brasil é receber a cabeça do juiz federal Sérgio Moro numa bandeja. Não é exagero supor que, tivesse Marisa Letícia, esposa de Lula, uma filha-dançarina como Salomé, diria a ela que seduzisse de modo irresistível o monarca, para enfim ter a prerrogativa de desejar o que quisesse e pudesse dar ao magistrado o mesmo fim de João Batista. Práticas inconfessáveis repetidamente flagradas e denunciadas, como ocorre em relação ao ex-presidente da República, têm o condão explosivo de arrastar a opinião pública às ruas, e a turba enfurecida se faz ingovernável. O juiz federal Sérgio Moro virou ícone nacional da Justiça por se revelar o notório contraponto daquela que tarda e, pior, falha, concluem os mais leigos analistas. A chamada Operação Lava Jato, cujo principal elemento propulsor tem sido uma sucessão de prisões como punição efetiva aos despudorados assaltos cometidos nos cofres da Petrobrás, completou dois anos no último dia 17 de março, e tudo indica que muita

lama ainda precisa ser removida por seu esguicho.

FILHO DE PROFESSORES

Mas, afinal, quem é essa pessoa a quem têm sido confiadas análises e decisões acerca de intrincados casos envolvendo as mais altas esferas de poder? Alguém cujas sentenças têm impacto tão grande que são capazes até mesmo de inverter os gráficos mais sombrios da economia do país? A curiosidade em torno da personalidade – e das intimidades – de Sérgio Fernando Moro é imensa. Tanto para o bem quanto para o mal. A ponto de um poderoso grupo de opositores ter contratado dois repórteres para ficarem durante 70 dias circulando entre Maringá, Ponta Grossa (sua terra natal) e Curitiba, a fim de encontrarem manchas de caráter dignas de registro. Não houve fatos tão relevantes. Tanto que, nas mega-manifestações contra a corrupção que mobilizaram o país de norte a sul, em 13 de março, o juiz federal mereceu incontáveis declarações de afeto, expressas em máscaras, cartazes, faixas e falas. O grande obstáculo para se saber mais a respeito de Moro é o risco quanto à sua segurança. Os próprios familiares estão orientados a reterem informações as mais banais, como medida de proteção. Sua mãe – hostilizada recentemente por militantes ao ser homenageada na Câmara Municipal de Maringá – prefere não comentar nem mesmo se ele nasceu de parto natural ou cesárea (como se isso pudesse significar algum tipo de pegadinha). Contudo, sabe-se que no ensino médio o líder da Lava Jato era CDF. Em dez anos de educação católica, há somente O e B no boletim. Formado na turma de 1995 da Faculdade de Direito da Universidade Estadual

DURANTE os protestos de 13 de março, várias saudações do público ao comandante da Lava Jato

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de Maringá (UEM) e aprovado em concurso para juiz no ano seguinte, Moro, 43 anos, casado com a advogada Rosângela Wolff, é filho de dois professores pioneiros em sua cidade, Dalton (Geografia) e Odete (Português). Dalton Áureo Moro, descendente de imigrantes italianos, morreu aos 71 anos, em 2005. Este foi descrito por amigos como tendo sido “um homem discreto, modesto, eficiente, legalista, focado na família e no trabalho. Não era direita nem esquerda, mas sério”. Dois anos após tornar-se magistrado, Sérgio Moro – que no país do futebol não era peladeiro, mas praticou ginástica olímpica e tornou-se um ciclista de pé cheio – cursou o programa para instrução de advogados da Harvard Law School em Cambridge-MA, além de participar de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro promovidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. É Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Além de juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, ministra aulas de processo penal na UFPR. Além da Operação Lava Jato, o juiz também conduziu o caso Banestado, que resultou na condenação de 97 pessoas, atuou na Operação Farol da Colina, onde decretou a prisão temporária de 103 suspeitos de evasão de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro – entre eles, Alberto Youssef, doleiro e empresário nascido em Londrina. No caso do Escândalo do Mensalão, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber convocou o juiz Sérgio Moro para auxiliá-la, devido sua especialização em crimes financeiros e no combate à lavagem de dinheiro. Em 2014, eleito o “Brasileiro do Ano” pela revista Isto É, Moro foi indicado pela Associação dos Juízes Federais do Brasil para concorrer à vaga deixada por Joaquim Barbosa no STF. Porém, em 2015, o lugar foi preenchido pelo

gaúcho Luiz Fachin, indicado pela presidente Dilma. Em nome de sua privacidade, Moro pediu a um juiz federal – e foi atendido – para retirar fotos antigas do Instagram, sendo as poucas que circulam na rede recolhidas de álbuns de eventuais colegas e que teriam escapado à sua vigilância. Disse a amigos que quer se manter acima de tudo o que considera “mundano”, não porque tenha algum esqueleto no armário, mas aparentemente para copiar o estilo do pai. A família de Dalton deixou a Europa por perseguição do fascismo, em alta na Itália dos anos 20 e 30.

SELFIE COM O PORTEIRO

Um porteiro que trabalha no edifício da mãe de Moro, dona Odete Starke, em Maringá, e que se diz fã do juiz, a quem via apenas pela câmera de vigilância do elevador, criou coragem e pediu à mulher para tirar uma selfie com o filho famoso. Numa das visitas dele, dona Odete ligou pelo interfone e convidou: “Se você quer uma foto com ele, venha imediatamente”. O operário disse que “na hora, fiquei arrepiado”. Subiu correndo, entregou seu smartphone para Odete, abraçou o juiz e sorriu para a foto. Mas a alegria durou pouco. “Só tive tempo de mostrar para minha mulher e minha cunhada”, assegurou, dias depois. Na semana seguinte a síndica do edifício o chamou e ordenou que deletasse a foto. Sem muitos detalhes, Dona Odete explicou: “Sérgio corre perigo”. Maringá, cuja maioria dos habitantes descende de alemães e italianos, já não é mais a mesma. Fundada em 1950, a cidade da época do menino Sérgio, planejada por arquitetos e financiada por ingleses, já foi não apenas a mais limpa, mas também a mais segura do Brasil (com menos violência do que Amsterdã), além de ser a mais arborizada do mundo.

DALTON, o pai de Moro, “não era direita nem esquerda, mas sério”, dizem os amigos

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ENCONTRO VAREJISTA

Novidades nas gôndolas Empresa mineira torna-se a sétima maior rede de supermercados do Brasil

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COM NOVOS produtos em evidência, mais de mil pessoas circularam pelos corredores do Sevar Leste nos dois dias

O Ipaminas Esporte Clube foi palco, nos dias 15 e 16 de março, da 16ª edição do Super Encontro Varejista (Sevar) do Leste de Minas. Uma vez mais, supermercadistas, atacadistas e distribuidores puderam interagir entre si e com o público consumidor. Promovido desde o final dos anos 1980 pela Associação Mineira de Supermercados (AMIS), o evento visa promover a qualificação profissional no interior, facilitar o relacionamento comercial e ao mesmo tempo gerar negócios entre os participantes. Com aperfeiçoamentos pontuais e uma programação marcadamente sintonizada com a conjuntura, o Sevar reúne entre 1,5 mil e 2 mil pessoas, em um ou dois dias. Além do acesso a palestras, fóruns, oficinas e debates sobre o momento e as tendências do segmento supermercadista e do varejo em geral, muitos expositores aproveitam a ocasião para degustações, M a rço / M a io 2016

lançamento e divulgação de novos produtos. Este ano, o Sevar está sendo realizado em sete regiões. Cumprida a etapa do Leste (Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce), nos dias 15 e 16 de março, em Ipatinga, o próximo é o do Centro-Oeste, dias 26 e 27 de abril, em Divinópolis. Nas regiões Norte e Noroeste, o Encontro passou a ter a modalidade “Express”, em única data. No dia 11 de maio, será em Montes Claros, onde já foi realizado por nove anos seguidos no formato tradicional. Paracatu, que sediou o evento pela primeira vez em 2014, terá a segunda edição no dia 19 de maio. No Sul de Minas, o Sevar será nos dias 22 e 23 de junho, em São Lourenço. As regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba são reunidas em evento único, em Uberlândia, dias 13 e 14 de julho. Juiz de Fora, na Zona da Mata, dias 24 e 25 de agosto, encerra a programação anual de 2016.


A VILMA ALIMENTOS tinha um dos maiores espaços de exposição no evento

O ESTANDE da Que Filé, onde a lingüiça com queijo pode ser degustada

ATRAÇÃO musical no estande do café Rozaminas

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JOSÉ GARCIA Neves, diretor dos Supermercados Garcia, com Edson Santos e Rosemare Coimbra, da Bio Vit Cosméticos

O RANKING NACIONAL

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) acaba de divulgar a lista das 20 maiores redes supermercadistas do País. A lista é parte do Ranking Abras 2016, que será divulgado na íntegra, contemplando mais de 300 empresas, no final de abril. Nesta lista de 20, a primeira empresa 100% mineira que aparece é a rede Supermercados BH, número 1 em Minas e agora a 7ª do Brasil. No ano anterior, ela ocupava a 8ª posição. A rede faturou R$ 3,9 bilhões em 2015 e cresceu também no número de lojas, de 135 para 149. A DMA Distribuidora, dona da bandeira EPA, é outra que subiu no ranking. Passou da 12ª para a 11ª posição. O faturamento elevou-se de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,6 bilhões. Em número de unidades, saiu de 97 para 109. Assim, a DMA é hoje a 2ª maior empresa supermercadista 100% mineira. A outra mineira e última a figurar entre as 20 maiores e também subindo no ranking é o Grupo Super Nosso, que detém as bandeiras de atacarejo Apoio Mineiro, as lojas supermercadistas Super Nosso, além das de proximidade, Momento Super Nosso e o serviço de delivery Super Nosso em Casa. Em 2014, o

UM TROPEIRO apetitoso foi oferecido no estande do Feijão Supang

grupo faturou R$ 1,7 bilhão, quando tinha 27 lojas. No ranking de 2016, registra 37 unidades e subiu da 17ª para a 16ª posição.

AS MAIORES

Já entre as cinco maiores redes nacionais do setor não houve mudança de posição. O Grupo Pão de Açúcar é a maior com R$ 76,9 bilhões em faturamento e 2.181 lojas, incluindo as redes Casas Bahia e Ponto Frio. O Carrefour, segunda maior, registrou faturamento de R$ 42,7 bilhões em 2015, em 288 lojas. A terceira maior rede é a Walmart, que em 485 lojas faturou R$ 29,3 bilhões. O grupo Cencosud, que em Minas Gerais opera a bandeira Bretas, faturou R$ 9,2 bilhões em 222 unidades. A quinta maior rede supermercadista brasileira é a gaúcha Záffari, que chegou aos R$ 4,5 bilhões em 31 lojas. Ainda de acordo com o ranking, as evoluções positivas e negativas das cinco maiores em termos percentuais foram as seguintes: Companhia Brasileira de Distribuição, 6,4%; Carrefour, 12,6%; Walmart, -1,1%, e Cencosud, -5,4%. A Companhia Zaffari registrou crescimento de 7%. M a rço / M a i o 2 0 1 6


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REPORTAGEM DE CAPA

“LAMENTAVELMENTE – reconhece Querubim –, nós temos que dizer o seguinte: que a classe política está fazendo muito eleitor perder até o seu discernimento”

Opositor histórico e alvo preferencial das agressões governistas em boletins, Querubim, vereador no quinto mandato em Coronel Fabriciano, assegura:

“Aqui, o pixuleco também impera” De onde vem, afinal, a palavra “pixuleco”, hoje tão difundida nas redes sociais e vastamente empregada pelas mídias radiofônicas, televisadas e impressas? Segundo o dicionário Houaiss, o sufixo “eco” funciona como diminutivo que adiciona quase sempre um valor depreciativo às palavras. Assim é que a botica (originalmente uma loja em que se comercializava gêneros mercantis diversos) virou boteco (pequena venda tosca onde servem bebidas, tira-gostos, fumo, cigarros, balas, alguns artigos de primeira necessidade etc.). É desse modo também que, para se desclassificar jornais, costuma-se chamá-los de jornalecos, ou para desmerecer um padre, tratam-no pejorativamente de padreco. A definição ajuda não só a entender a língua portuguesa, mas também a compreender melhor uma situação nacional que conforme Nivaldo Lagares Pinto, o “Querubim”, vereador no quinto mandato, há anos estaria sendo reproduzida de maneira ostensiva no município de Coronel Fabriciano. Duas décadas depois de ter ocupado o cargo e com M a rço / M a i o 2 0 1 6

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uma vitória surpreendente de 11 votos a seis, ele foi reconduzido à presidência da Câmara e se mantém como uma das mais persistentes trincheiras de resistência aos governos executivos da cidade. Segundo Querubim – que ganhou o angelical apelido trabalhando como repórter de jornal, a sua primeira profissão de carteira assinada, aos 14 anos de idade –, não raro seu nome é citado em boletins agressivos que forram as ruas da cidade a cada véspera de período eleitoral. “Algumas pessoas têm tentado com insistência nos desqualificar, assim como procuram nos intimidar com processos na justiça, mas sinto-me privilegiado por ter votações sempre crescentes e continuar sendo aquilo que a população mais espera de seus representantes no legislativo, um fiscalizador”.

COM 14 ANOS, na redação do Diário do Aço em Fabriciano, Querubim em companhia do mentor Marcondes Tedesco e outros colegas repórteres e redatores

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A NOVA MESA diretora da Câmara: o pedetista diz que sua candidatura foi colocada à última hora, como alternativa para criar um consenso dentro das forças oposicionistas

Querubim, 52 anos, disputou sua primeira eleição para vereador aos 24, dez anos depois de haver se tornado o primeiro repórter policial do jornal Diário do Aço, cuja sede inaugural funcionou no distrito de Melo Viana, em Coronel Fabriciano. Por coincidência ou capricho do destino, senão por alguma providência sobrenatural e divina, ele mora e mantém um escritório de advocacia na mesma rua onde há 38 anos o curso de datilografia lhe abriu as portas para o emprego, além de muitas janelas de crescimento pessoal. Até então, o sustento era buscado como engraxate, vendedor de picolé, ajudante de feira, de pedreiro. O apelido foi uma licença poética do então diretor do periódico, Marcondes Tedesco, que assim o enxergava no limiar da adolescência, um garoto franzino de cabelos dourados e encaracolados, inocente a ponto de não saber ainda sequer distinguir de ocorrências banais os crimes graves que a função lhe exigia cobrir. “Devo a ele o início de minha formação intelectual. Foi quem me fez despertar para muita coisa da vida e sempre me M a rço / M a io 2016

incentivou a buscar qualificação”, registra o vereador, que promovido a redator logo após seria também repórter da sucursal do jornal Diário do Rio Doce no Vale do Aço. Nivaldo Lagares lembra que embora disputasse sua primeira eleição a vereador, em 1988, competindo inclusive com ex-candidatos a prefeito, somou votos (217) que lhe asseguraram a primeira suplência. Na ocasião ele integrava os quadros do PSDB, partido pelo qual conquistaria outras três eleições sucessivas: 1992 – 365 votos, 1996 – 595 votos e 2000 – 626 votos. “Sofri muito pela derrota – revela – porque eu estava cheio de ideais, como sempre tive, sempre persigo. Apesar da pouca idade, já tinha despertado minha indignação com a política praticada em sua forma mais mesquinha. Passei a ver de perto quantas pessoas ruins e mal intencionadas havia dentro dela. Pessoas que buscavam status, mais no sentido de fazer prevalecer os seus interesses pessoais e sem nenhuma preocupação com o coletivo”.


REPORTAGEM DE CAPA UM NOVO CICLO

Em 2004, já com três mandatos e disputando sua quinta eleição, Querubim experimentou sua segunda derrota, embora tivesse sido o candidato mais votado de sua sigla. Os 842 votos que obteve pelo PDT – a nova agremiação a que então se filiara – não foram suficientes por causa do quociente eleitoral, já que o partido como um todo alcançou votação inexpressiva. “Mas eu digo que na nossa vida tudo tem um propósito” – pondera. “Eu custei a entender que Deus estava me dando um chamado para dar novo rumo à minha vida. Com mais de 40 anos, já casado e pai de uma filha, fui cursar faculdade de Direito. Foi um período de me reinventar, um período de crescimento e também de amadurecimento”, avalia, para detalhar em seguida: “Passei a me relacionar com um grupo totalmente diferente, constituído de pessoas cuja maioria tinha idade para ser até filho. Pude ver na teoria muita coisa daquilo que já conhecia na prática. Percebi o quanto a experiência de vida pode facilitar a assimilação do conhecimento científico. Até estimulo as pessoas que estão na meia idade, se ainda não tiveram a oportunidade de estudar, que o façam. Fizemos depois o exame de Ordem, fomos aprovados, e estamos há três anos advogando com muito sucesso”, diz.

CAMPEÕES DE MANDATOS

Para Nivaldo Lagares Pinto, sua vida pode ser demarcada por três fases distintas: o jornalismo, a política e a advocacia. Contudo, o conhecimento mais aprofundado das leis, “bem como dos artifícios usados por muitos para violá-las”, estimulou-o a voltar à vida pública. Então dois outros mandatos foram acrescidos ao seu currículo, fazendo dele também um campeão de mandatos na cidade juntamente com os colegas Eugênio Pascelli e Toninho do Cocais: em 2008 elegeu-se com 853 votos e em 2012 com 1.129 votos. “Vamos disputar mais uma

COM A ESPOSA SILENE e a filha Isabela, que começa a estudar odontologia

eleição agora – adianta – e há um tabu a ser quebrado: conseguir uma reeleição e fazer também o prefeito que estamos apoiando”.

DE VOLTA À PRESIDÊNCIA

No final de 2015, vinte anos depois de ter ocupado o cargo pela primeira vez com apenas 32 anos, Querubim foi reconduzido à presidência da Câmara de Coronel Fabriciano com uma votação que impressionou as mais experientes raposas políticas da cidade, dado o histórico domínio petista no Executivo e que sempre influencia diretamente no processo de composição da mesa diretora do legislativo. Nos bastidores, sabe-se que as conversações viraram madrugadas e, mesmo durante a votação, o clima esquentou a ponto de evoluir para os empurrões e ameaça de suspensão da sessão. A candidatura de Querubim foi colocada à última hora, como alternativa para criar um consenso dentro das forças oposicionistas. “Na semana que antecedeu as eleições percebemos que dentro do grupo havia cinco pretensos candidatos e nenhum agregava mais que dois votos. Todos diziam que se eu fosse candidato renunciariam à sua postulação para me apoiar. Assim decidimos nos inscrever, e foi o que aconteceu, 11 votos a 6”. “Sou sempre pela legalidade. Esse é o principal pilar do nosso mandato. O objetivo é assegurar qualidade e transparência”, garante Querubim. “Fizemos a composição de nossa equipe de trabalho com nomes qualificados, como o Dr. Carlos Alberto Serra Negra, professor e pesquisador do Unileste, que é doutor em contabilidade, e o professor de Direito, mestrando e doutorando Maurisson Magno de Morais, para a procuradoria. Treinamos três profissionais concursados, funcionários efetivos, para substituir a forma de contratar serviços e fazer compras pela Câmara. Vamos adotar os pregões para aquisição de bens e contratação de serviços. Com essa modalidade de licitação vamos possibilitar ampla transparência”, explicou.

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“Eu vi um partido rico, plural em idéias se tornar o partido mais corrupto do mundo”

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Por conta de inúmeras denúncias produzidas por seu gabinete, através dos anos, Nivaldo Lagares Pinto revela que atualmente responde a dois processos e um inquérito, mesmo já tendo se livrado de muitos outros. “Têm tentado me calar através da justiça. Mas estou seguro quanto à legitimidade das ações que desenvolvi no sentido de fiscalizar, das denúncias que fiz publicamente através de boletins que sempre assumi a autoria”, afirma. Para o advogado, “há muitas coisas acontecem nas entranhas da política que escapam à observação do cidadão comum”. Mas ele conta que teve acesso a uma pesquisa recente que em sua opinião deve ser bastante festejada. “Algumas pessoas que eram avaliadas como as mais honestas da cidade, porque o público não tinha acesso a certas informações comprometedoras, hoje são vistas como reconhecidamente corruptas. Isto porque conseguimos mostrar as muitas atividades desonestas de que participaram e ainda participam”, insiste. De acordo com Querubim, o ‘pixuleco’ amplamente divulgado em nível nacional também seria praticado há anos na cidade. Para entender o que isto significa, é preciso lembrar que a palavra virou sinônimo de propina nos autos da Operação Lava-Jato. O radical da expressão não tem registro oficial, mas aparece na literatura brasileira como sinônimo de “dinheiro miúdo e roto”. O escritor e jornalista João Antônio (1937-1996), que se notabilizou por retratar o cotidiano da malandragem, escreveu sobre o “pixulé” em diversas histórias: “Comecei por baixo, como todo sofredor começa, servindo para um mais malandro ganhar”, diz um personagem em um de seus contos, que começa a vida como engraxate e termina assaltante. O conto segue com a lembrança de um episódio em que o cliente se levanta e escorrega numa nota como pagamento: “Humilde, meio encolhido, recolhi a groja magra, tudo ‘pixulé’, só caraminguás, notas de dois ou cinco cruzeiros, mas eu levantava os olhos e agradecia”. Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, era assim que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Netto, se referia à propina que recolhia das empresas que tinham contrato com a Petrobrás, na verdade verdadeiras fortunas. Ele afirmou que sempre que a sua empresa, a UTC, fechava um negócio com a estatal, Vaccari aparecia em seguida para buscar o ‘pixuleco’, 1% sobre o valor do contrato (não raro na casa dos bilhões). Vaccari teria recebido quase R$ 4 milhões em ‘pixulecos’ apenas de Pessoa, que fez acordo de delação premiada. M a rço / M a io 2016

E em nível municipal, o que seria então o ‘pixuleco’? Querubim cita, objetivamente: “Há uma família de ex-mandatários cujas impressões digitais estão em tudo que diz respeito a vantagens e favorecimentos ilícitos, propinas. Eles tomam conta dos semáforos da cidade, da iluminação, das placas de orientação, de sinalização, da limpeza pública. Em tudo está a mão, o tráfico de influência”. O vereador continua: “Tenho inúmeras representações no Ministério Público. Tendo em vista que as denúncias que fizemos ainda não resultaram em punição dos envolvidos, algumas pessoas chegam a supor que são denúncias vazias, mas elas são graves e verdadeiras. Eu digo às pessoas: antes de ser político, eu sou cidadão. Eu sou da cidade e não estou aqui de passagem. Aqui eu tenho deveres que procuro cumprir com eles. Pago meus impostos. Respeito as pessoas, logo eu tenho cidadania aqui. O cumprimento de meus deveres gera para mim direitos, que eu vejo usurpados. Não vejo a correta aplicação dos recursos. Quando promovem a corrupção, quando roubam do cidadão estão roubando de mim também, estão roubando dos meus familiares, estão roubando dos meus vizinhos, estão roubando daqueles todos que eu procuro representar na Câmara Municipal. A minha indignação é que me move dentro da política. Vou continuar combatendo”, promete, acrescentando que alguns dos seus denunciados “enriqueceram grandemente, se tornaram donos de vários empreendimentos na cidade e fora dela,


REPORTAGEM DE CAPA

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às custas dos minguados recursos da nossa cidade”. Casado com Silene Carvalhaes Silva Lagares e pai de Isabela, 18, que este ano começa a estudar odontologia na Federal, em Diamantina, Querubim reconhece que não é fácil para o eleitor acertar em suas escolhas, “e por isso não há como culpá-lo pelos descalabros da política no País, no Estado e na cidade”. Ele argumenta: “Eu vi um partido rico, plural em idéias se tornar o partido mais corrupto do mundo. Por diversas vezes fui convidado a me filiar a ele, e hoje vejo que fiz a opção certa. Muitas vezes se atribui ao eleitor a culpa pelas más escolhas, afinal o eleitor seria culpado dos governos que tem. Mas muitos eleitores votam em candidatos não imaginando que eles vão decepcioná-los e na prática não é o que acontece. Quando chegam ao poder o eleitor é frustrado. Mesmo a gente que tem uma vida diferenciada do eleitor comum, acompanhando a política bem mais de perto, eu leio, eu acompanho noticiários, eu gosto do debate político. E ainda participando diretamente dos debates, algumas vezes ainda pode ser enganada. Mas só a prática do voto pode mudar as más circunstâncias”.

O DESGASTE DOS POLÍTICOS

“Lamentavelmente – acrescenta o vereador –, nós temos que dizer o seguinte: que a classe política está fazendo muito eleitor perder até o seu discernimento. Porque num quadro de dificuldades econômicas, na falta do emprego, o político acena com facilidades nem sempre as mais legítimas. Então nós vemos o quê? Vemos o ordenamento jurídico sendo mudado, novas leis surgindo até mesmo para evitar que prevaleça nas disputas políticas a influência do poder econômico. E isto vai ser bom, porque eu acho que aquele que tem nome, que tem serviços prestados, que tem respaldo por uma militância no serviço comunitário, serviço social, enfim, aquele que tem sensibilidade eu acredito que vai começar a prevalecer sobre aquele que pula para dentro da política apenas com interesse de se locupletar ou ganhar status. Eu ouço pessoas de bem dizendo que ‘agora eu não tenho mais nada pra fazer e então eu vou pra lá’. E vai pra dentro da política e vira uma pessoa má porque passa ser contaminada por aquelas pessoas ruins que já estão dentro da política. São aqueles que querem se perpetuar no poder perpetuando a corrupção”. M a rço / M a i o 2 0 1 6


“NO PERÍODO anterior às eleições de 2012 vimos uma máquina dentro do ribeirão que ficava jogando água para cima e para baixo. Eu falava pras pessoas: ‘Ela está procurando pedras preciosas ali’”

Duas grandes “obras de ficção” 40

Entre uma série de ações que há anos questiona no governo de Coronel Fabriciano, Nivaldo Lagares Pinto cita especialmente o chamado Parque Linear e o Orçamento Municipal, para ele “verdadeiras peças de ficção”. Sobre o Parque, o advogado relembra que foi voz isolada quando se recusou a votar a favor de um projeto autorizativo para que a cidade contraísse um empréstimo de R$ 33 milhões e 750 mil. “Sete anos depois, praticamente nada saiu do papel”. Quanto ao Orçamento, diz que é sempre superestimado, “seja por má fé, a fuga da fiscalização do poder legislativo ou assessoramento falho das pessoas que cuidam do planejamento, já que estima-se uma receita na casa dos R$ 300 milhões e a execução chega a no máximo 60%, ou seja, os recursos que efetivamente entram no caixa do município são praticamente a metade do que se projetou”. O vereador recorda o trâmite inicial da proposta do Parque Linear, que acenava com a extraordinária transformação de uma extensão de mais de 9 km das margens do ribeirão Caladão, desde a sua nascente no distrito de Melo Viana até o seu desaguamento no rio Piracicaba: “Em 2009 estávamos começando aquele que seria o nosso quarto mandato de vereador, quando chegou à Câmara esta idéia chamada Parque Linear, que se propunha também a acabar com as enchentes que historicamente assolam esta região da cidade. Então nós vimos a necessidade de um projeto civil, um projeto arquitetônico, uma maquete, quem sabe, mas não tinha nada. A princípio falava-se da necessidade de promover o afastamento das populações ribeirinhas, num alargamento de 30 metros de uma ponta à outra, em pista de atletismo, ciclovia, praças... Apresentou-se para toda a sociedade uma imagem que significaria também desapropriações e reassentamentos de mais de 300 famílias e até alguns estabelecimentos comerciais. Mas o município não dispunha de área de reassentamento como não dispunha de dinheiro para fazer

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as indenizações. E foi um momento muito difícil em nossa vida, porque houve quase uma unanimidade de pensamento aqui. Tivemos bispo, pastores, lideranças policiais, empresariais, jurídicas, comunitárias, houve como que um fechamento em torno da idéia, mas não me convenci. Estava para ser o único que votaria contra, mas na hora de votar um colega falou: vou votar com você também. Numa Câmara que estava caminhando para a unanimidade, fomos contrários. E hoje estamos vendo o acerto que nós tivemos naquele momento. Porque aquilo que a gente presumia que fosse acontecer está aí. A verdade está aí. Hoje o Parque Linear é uma grande gambiarra com inversão de prioridades, uma obra que está sendo realizada com qualidade péssima, com indícios de superfaturamento. E o setor que deveria ser atendido de imediato não foi atendido, que é o setor Melo Viana. Continuamos a conviver com os problemas de enchente no bairro Giovannini, no bairro JK, no Melo Viana, no bairro Alipinho, no bairro Manoel Maia, porque não fizeram as obras que deveriam ser feitas. As pontes continuam funcionando, nos períodos chuvosos, como represas do ribeirão. Dizem que está na segunda fase o projeto. Mas na primeira etapa fizeram intervenções que não resolveram. Trocaram seis por meia dúzia. Cito até como exemplo a rua onde moro, onde tenho um escritório de advocacia. Toda vez que chove a água dá retorno na minha casa, e no meu escritório ela já entrou algumas vezes. No período anterior às eleições de 2012 vimos uma máquina dentro do ribeirão que ficava jogando água para cima e para baixo. Eu falava pras pessoas: ‘Ela está procurando pedras preciosas ali, não limpando, fazendo o serviço que deveria ser feito’. Quanto às margens de 30 metros, por enquanto, nada feito. Se duas pessoas obesas estiverem caminhando em sentido contrário lá, uma vai estar literalmente na merda, porque vai cair dentro do ribeirão”.


REPORTAGEM DE CAPA ORÇAMENTO

Sobre o Orçamento Municipal, Querubim explana: “Até o advento do Estatuto das Cidades, havia por parte das administrações municipais uma liberalidade no sentido de discutir com a população o chamado Orçamento Participativo. Era o seguinte: se o administrador achasse interessante ele ia discutir o orçamento. No momento em que esse expediente passou a ser obrigatório, que está lá estabelecido que deve haver a discussão, que ela é necessária, passamos a ter uma simulação, vamos assim dizer, de discussão de Orçamento Participativo. Aonde ocupantes de cargos comissionados no município assinam uma lista de presença e encaminham aquilo como se fosse a chamada participação popular. E o mais grave disso: mais de 30 por cento daqueles que assinam a lista são residentes nos vizinhos municípios, de Timóteo e de Ipatinga. São ocupantes de cargos, da ‘cooperativa’ do partido governista, pessoas que estão aqui prestando serviços, amanhã estão em Ipatinga, em Santana do Paraíso... trata-se de simulação de participação para dizer que estão cumprindo a legislação, o que efetivamente não é feito”. Quanto à estimativa de receita na casa dos R$ 300 milhões, feita pelo Executivo para o último orçamento, Querubim expõe: “Apresentamos emenda neste orçamento limitando em 2% a possibilidade de suplementação. Mas, o que acontece? Se considerarmos que só 60% se executa, os outros 40% são um número imaginário. Então, ainda assim a prefeitura fica com uma grande margem para suplementação, na verdade algo como 42%. Ou se faz isto na maldade ou a prefeitura está mal assessorada. Não há lógica. Uma pessoa que está iniciando um curso de economia ou até

SETE ANOS depois de lançadas as obras do chamado Parque Linear, as enchentes continuam trazendo sérios problemas em Melo Viana

mesmo de contabilidade não compreende, pergunta qual é o segredo disto aqui. A princípio pretendiam que estivesse em aberto o limite de suplementação. De quanto precisassem, seria suplementado. Quando a bancada de oposição apresentou 2%, pediram 10%. Rejeitamos 10% e aprovamos 2%. Foi o máximo que conseguimos fazer para procurar fiscalizar a aplicação do uso do dinheiro público”. Anda sobre o valor de R$ 300 milhões, diz o vereador: “Há muito tempo a administração local vem apresentando aqui uma peça de ficção, orçamento que supera o de Timóteo, onde existe uma grande indústria do porte da Aperam. Há anos não temos experimentado o crescimento da área industrial em nossa cidade. Temos pequenas e médias indústrias instaladas no distrito Industrial, numa área que não representa 10% do que é a área da Usiminas, da área da Aperam. Que milagre é esse, como? A nossa economia é baseada na prestação de serviços, no comércio, e estas pequenas empresas no DI do bairro Belvedere. O que acontece: fazem um orçamento como do ano passado, com previsão de mais de R$ 300 milhões, e quando vai ver a execução orçamentária chegou a pouco mais da metade. Este ano estimou-se R$ 299 milhões. E nós vamos ter a mesma situação. Eu fico tentando entender. Seria também uma forma de não ter tanta necessidade de votar crédito suplementar. É uma fuga que se faz. Quem está fora pensa que a cidade está em franco desenvolvimento, com uma receita fabulosa. E é uma receita ilusória. Neste momento de crise, com o orçamento negativo da União, o governo de Minas fazendo cortes, aqui estamos acreditando que vão ser despejados rios de dinheiro dentro da cidade”.

“Se duas pessoas obesas estiverem caminhando em sentido contrário lá, uma vai estar literalmente na merda, porque vai cair dentro do ribeirão”. M a rço / M a i o 2 0 1 6

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Avô de Querubim ajudou a edificar colégio e igreja Querubim é neto de João Lagares, egresso de Felicina, zona rural de Açucena e que aportou em Coronel Fabriciano com toda a família em 1948, vindo a ser um dos primeiros empreendedores do lugar antes conhecido como Calado. Ele montou uma grande olaria na região que hoje abrange um posto de gasolina e loja dos supermercados Bretas, junto às avenidas Geraldo Inácio e Magalhães Pinto. Foi dele também o primeiro caminhão particular do povoado, para atender às necessidades de seu negócio. Antes, apenas a Belgo-Mineira circulava com seus veículos de carga motorizados. A própria mãe de Querubim, dona Maria, e seus tios trabalhavam na produção de tijolos que edificaram construções históricas como o Colégio Angélica, a matriz e o salão paroquial da igreja católica, no Centro. A indústria cerâmica foi uma espécie de propulsor do primeiro estágio de desenvolvimento da cidade, porque

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REPORTAGEM DE CAPA nesta época as casas eram precárias, todas de pau-a-pique, cobertas com capim sapé. Outros estabelecimentos do gênero acabaram se instalando também na mesma região, dando origem ao bairro que depois foi chamado de Olaria. O pai de Querubim era Nelson Canuto Pinto, um metalúrgico nascido em Ponte Nova, que viveu um período em João Monlevade e depois veio para Timóteo, para trabalhar na antiga Companhia Aços Especiais Itabira (Acesita). Ele morreu muito novo, com 56 anos. Querubim é o primeiro de uma família de cinco irmãos, quatro homens e uma mulher. Eles moravam no bairro São Cristóvão, distrito de Timóteo, que na época ainda pertencia a Coronel Fabriciano. “Era um período desafiador e minha mãe conta que naquela parte da cidade havia dificuldade para tudo, faltava luz e a água era de cisterna”, relembra o vereador. Passado um tempo, o pai deixou a Acesita e foi trabalhar na Usiminas. A mãe, dona de casa, que também já havia tido uma passagem pelo Hospital Acesita, como auxiliar de serviços gerais, procurou então se dedicar à criação de filhos, retornando para o Melo Viana, onde já havia morado. Querubim registra com orgulho que todos os seus irmãos receberam formação universitária, “estudando à noite, trabalhando durante o dia”.

O PIONEIRO João Lagares: em sua olaria a família produziu os tijolos que edificaram o Colégio Angélica e a matriz de Coronel Fabriciano

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Nivaldo (E) com os irmãos Nelma e Nildo (em pé), João e Neymar Canuto (sentados), ladeando a mãe, Maria Lagares

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SUCESSÃO MUNICIPAL

Agora é a vez dele? Dr. Marcos Vinícius nunca ocupou cargo eletivo. Mas hoje é apontado como précandidato a prefeito de Coronel Fabriciano. Conheça sua trajetória, curiosidades exclusivas e projetos.

Ainda jovem, Marcos Vinícius viu o avô paterno sofrer até a morte com câncer no intestino. O processo doloroso marcou sua história. E fez o garoto, que ainda morava com os pais no Rio Grande do Sul, escolher a Medicina como missão de vida. Esse sonho o levou a estudar fora do país. Quando voltou ao Brasil, escolheu Minas Gerais para exercer a profissão. Acabou se casando e edificando sua casa no distrito de Melo Viana, em Coronel Fabriciano, para viver com a família. Militante do PT no começo dos anos 90, Dr. Marcos nunca chegou a ocupar cargo político, mas hoje é apontado como pré-candidato a prefeito. Especialista em Geriatria, Dr. Marcos recorda que sempre se envolveu em atividades comunitárias. Foi escoteiro, participou do Lions Club e diversas ações filantrópicas. “Sempre tive ótimo relacionamento com o público da terceira idade. A amizade com meus avós me marcou muito. Escolher a Medicina foi uma decisão natural para um rapaz que foi educado por uma família modesta, de classe média, sempre voltado para ajudar o próximo”, lembra Vinícius. A mãe era dona de casa e o pai pequeno comerciante de autopeças. Quando recorda da trajetória humilde, Marcos hoje rejeita o rótulo de elite por ser médico. “Pelo contrário. Sei da importância da profissão para a sociedade. Sou parte de uma classe média que se desdobra em mais de um emprego, abre mão de feriados e finais de semana. Mas através de minha profissão posso ajudar muita gente”, destaca.

FABRICIANO

Estimulado pelos colegas de faculdade a fazer internato médico no Hospital Siderúrgica de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius se identificou muito com a cidade. Seu bom desempenho resultou no convite para continuar atuando na Instituição, feito pelo diretor clínico da época, Dr. Mauro Marzen e pelo diretor técnico, Dr. Ênio. Como médico socorrista, conheceu a realidade da Saúde Pública no município. Liderou o movimento pela qualificação do Hospital, quando ficou conhecendo o então líder do Governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado estadual Domingos Sávio (PSDB). Foi o início de uma sólida parceria que se tornou amizade. “Percebi na área de Saúde que dependemos de decisões políticas para resolver os problemas da coletividade. Na crise do Hospital Siderúrgica, todos vimos que uma disputa política resultou no fechamento do único hospital que socorria a mais de 100 mil pessoas. Isso é muito grave. Desde o Mensalão, quando me decepcionei com o PT, estava afastado da política. Mas acordei. Pois se as pessoas bem-intencionadas estiverem de fora, para quem vai restar a política?”, argumentou Dr. Marcos. Além do Hospital Siderúrgica, Marcos Vinícius atuou como médico contratado nas Unidades de Saúde dos bairros Mangueiras e Santa Terezinha e, por concurso público, passou a integrar a equipe da Saúde de Timóteo, nas unidades Primavera, Olaria e UPA João Otávio, onde sempre acolheu e amparou pacientes de Coronel Fabriciano. Pelo compromisso com os trabalhadores, é médico do Metasita. Possui consultório na cidade e é médico no Hospital Unimed.


Mini-entrevista ATITUDE - Sua vinda para Coronel Fabriciano acabou em casamento? MARCOS VINÍCIUS - Foi isso mesmo. Primeiro me apaixonei pela cidade, pois inicialmente vim para ficar apenas um ano. Morando aqui, conheci a minha esposa, Stella Nunes. Essa relação se fortaleceu até darmos início a uma família. Depois ela se formou em Medicina e escolheu a Pediatria para se especializar. Hoje temos nossa filha Maria Eduarda, de 11 meses, e vivemos muito felizes em nossa casa no distrito de Melo Viana. A - Iniciou desde cedo na política? MV - Meu pai foi fundador do PSDB. Desde cedo me inspirei nas ideias de Leonel Brizola e decidi militar na esquerda. Ingressei no PT quando o partido defendia valores como ética e justiça social. Conheci muitas pessoas boas, com as melhores intenções. Mas percebi que uma elite corrupta dentro do partido liderava as decisões e manipulava os demais. Sequestraram nossos sonhos. A - É contra o Programa Mais Médicos?

MV - Tem que separar o joio do trigo. Não tem ninguém em sã consciência que seja contrário a uma melhor assistência à comunidade. Se me engajei na política, foi justamente com esse objetivo. Não podemos esquecer que a saúde pública é uma lástima. Colocam um médico em um consultório sem a infraestrutura mais básica, sem exames complementares e medicamentos. Defendo um programa sério de saúde pública no país, onde o pobre não seja apenas usado para propaganda política. Entretanto, como médico e como líder sindical, considero inadmissível a exploração que se faz com os médicos cubanos. Os profissionais recebem apenas migalhas, enquanto o dinheiro dos impostos pagos pelo povo brasileiro é utilizado para financiar uma ditadura autoritária em Cuba. Defendo o modelo do Revalida, no qual ao retornar ao Brasil os médicos formados no exterior são submetidos a exames para testar sua capacidade técnica. Vivi isso e sei como funciona. Não me arrependo de nada, fui submetido ao exame em várias faculdades e convalidando definitivamente na Universidade Federal do Mato Grosso.

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Parceria com deputado Domingos Sávio resultou em muitas melhorias na cidade Por intermédio do Dr. Marcos Vinícius, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) viabilizou recursos para diversas melhorias em Coronel Fabriciano. No mês de março, os dois foram recebidos pelo Comandante Geral da PMMG, Coronel Marco Antônio Badaró Bianchin (foto) para tratar da liberação de recursos para estruturar e construir a sede própria do 58° Batalhão. Domingos Sávio assegurou R$ 400 mil no orçamento federal de 2016 e se comprometeu a liberar outros R$ 1 milhão no próximo ano. No Hospital Siderúrgica, o deputado viabilizou R$ 300 mil para a UTI mais R$ 1,3 milhão para equipamentos, viabilizados através do Pró-Hosp. Domingos Sávio intermediou a transformação do HS em hospital público, que hoje é gerido pela São Camilo. Apoiou em 2012 a assinatura de convênio com a Secretaria de Estado de Saúde e a Sociedade Beneficente São Camilo no valor total de R$ 500 mil. O deputado indicou no orçamento Federal outros R$

200 mil para o hospital em 2014 e no final de 2015 mais R$ 200 mil para aquisição de equipamentos e material permanente. Em 2012, a seu pedido, o Governo de Minas liberou instrumentos musicais para a Corporação Musical Nossa Senhora Auxiliadora. As escolas da cidade também receberam recursos: R$ 10 mil para equipamentos e materiais permanentes na E. E. Zacarias Roque; em 2011 foram R$ 26.918,00 para obras na E.E. Deolindo Coelho; R$ 204.097,00 para obras na E. E. Benjamim Guimarães; R$ 125.309,00 para a E. E. Dr. Geraldo Perlingeiro de Abreu; R$ 168.305,00 para E. E. Intendente Câmara; além de apoio na destinação de mobiliário e equipamentos para as Escolas Estaduais Cel. Silvino Pereira; Dr. Joaquim Gomes da S. Neto; Dr. Querubino; Padre José Maria De Man; Pe. Deolindo Coelho; Prof. Francisco Letro e Raulino Cotta Pacheco. A lista completa está disponível em www.domingossavio.com.br.

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DITO E FEITO

Homens e Mulheres de “A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos”. 46

GEORGE BERNARD SHAW (1856-1950), dramaturgo, romancista, contista, ensaísta e jornalista irlandês. Cofundador da London School of Economics, foi também o autor de comédias satíricas. Tornou-se um orador dedicado à promoção de suas causas, que incluem direitos iguais para homens e mulheres. Ele é a única pessoa a ter sido premiada com um Nobel de Literatura (1925) e um Oscar (1938). Quis recusar o Nobel, pois não tinha desejo de honrarias públicas, mas aceitou-o a mando de sua esposa.

“A verdade alivia mais do que machuca. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água”. MIGUEL DE CERVANTES (1547-1616), romancista, dramaturgo e poeta espanhol. Filho de um cirurgião, a sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerada o primeiro romance moderno, é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos. O seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura.

“Acho que a maioria de nós foi criada com noções preconcebidas de quais escolhas devemos fazer. Nós desperdiçamos tempo demais tomando decisões baseadas no que os outros consideram felicidade - o que fará de você uma boa cidadã, esposa ou filha. Ninguém diz ‘Seja feliz, mesmo que isso signifique ser um sapateiro ou morar com as cabras’”. SANDRA BULLOCK, 51 anos, atriz e produtora norte-americana, nascida na Virgínia. É atualmente a atriz mais bem paga de Hollywood. Sua mãe, alemã, era cantora de ópera.

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“A pressão é um privilégio... é o que você faz com ela que importa”. BILLIE JEAN KING, 72 anos, ex-tenista americana, campeã de 12 grand slams, considerada uma das maiores atletas de todos os tempos. Antes de se tornar tenista ela era boa jogadora de baseball e atuava de óculos. Hoje tem sido uma advogada sem papas na língua contra sexismo nos esportes e na sociedade. A partida de tênis que a deixou mais famosa foi a Batalha dos Sexos, em 1973, na qual ela venceu Bobby Riggs, um ex-campeão em Wimbledon que foi um dos melhores tenistas nas décadas de 1930 e 1940.


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SEJA VOCÊ QUEM FOR, NÓS TRABALHAMOS MUITO POR VOCÊ.

A Assembleia Legislativa se empenhou muito para superar os desafios de 2015. No palco da democracia, o bom embate de ideias foi fundamental para enfrentar a crise econômica, aprimorar o gerenciamento dos gastos no Parlamento e melhorar a vida dos mineiros. MEIO AMBIENTE

- Instalação da Comissão Extraordinária das Águas - Realização do seminário legislativo Águas de Minas III: Os Desafios da Crise Hídrica e a Construção da Sustentabilidade - Instalação da Comissão Extraordinária das Barragens - Instalação da Cipe Rio Doce na 18ª Legislatura - Realização da campanha Assembleia Solidária, destinada à coleta de doações para as vítimas da tragédia de Mariana - Aprovação do projeto de lei que reestrutura o Sistema Estadual do Meio Ambiente – Sisema - Aprovação da lei que fomenta o desenvolvimento da produção e da comercialização de energia solar

SAÚDE E EDUCAÇÃO - Aprovação da lei que garante o pagamento do piso salarial nacional aos professores e aos demais profissionais da educação - Criação do Programa Estadual de Transporte Escolar para os alunos da rede estadual de ensino residentes na zona rural - Aprovação do projeto de lei que permite a cirurgia de reconstrução de mama pelo SUS - Realização de ciclo de debates sobre a prevenção ao uso de drogas - Criação de comitês para orientar os magistrados na análise de ações que buscam garantir medicamentos ou tratamentos médicos negados pelo poder público ou por planos de saúde

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

- Aprovação da revisão do indexador que corrige a dívida do Estado com a União - Realização de ciclo de debates sobre a retomada do desenvolvimento econômico de Minas Gerais

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

- Instalação da Comissão Extraordinária das Mulheres - Realização do ciclo de debates Perspectivas e Desafios das Políticas de Direitos Humanos - Realização da campanha Mais Mulheres na Política - Oferta de cursos de formação política para mulheres na Escola do Legislativo - Instalação da Comissão Extraordinária do Idoso - Realização da 12ª edição do Parlamento Jovem de Minas - Realização de debate público sobre a redução da maioridade penal - Realização de debate público sobre genocídio da juventude negra no Brasil - Reforma da Praça da Assembleia - Comemoração dos 20 anos da TV Assembleia, a primeira TV legislativa do País


FILMES/LIVROS

A Ponte dos Espiões

TOM HANKS: um advogado americano atuando em defesa de espião soviético

48 Sempre um mago na direção, Steven Spielberg acertou de novo neste blockbuster sobre a Guerra Fria. Como ator principal, Tom Hanks aparece seguro como sempre. O filme revela as tensões ocorridas entre as então nações superpoderosas (EUA e URSS) após o fim da segunda guerra. É bom não esquecer que toda a trama é baseada em fatos verídicos. O filme comunica a um público amplo, com simplicidade, noções complexas acerca de soberania nacional e crise de patriotismo. No caso, a trama apresenta uma dupla ironia: quando um espião supostamente soviético é capturado nos Estados Unidos e outro americano é preso na URSS, um advogado sem ligações com o governo é encarregado de efetuar a troca entre eles. Ambos os países fazem questão de repatriar seus conterrâneos, mas desprezam estes homens que foram capturados (ou seja, fracassaram em permanecer invisíveis) e provavelmente entregaram informações confidenciais ao inimigo. É louvável o cuidado do roteiro em equilibrar os dois lados da guerra. O protagonista é americano, claro, mas sua principal característica é trabalhar contra a moral vigente no país: o advogado James Donovan recusa-se a dar uma defesa fraca a seu cliente espião, e faz o possível para inocentá-lo, como qualquer advogado deveria fazer. As altas instâncias do direito americano são vistas como parciais e corruptas (a condenação do espião, para eles, é mera formalidade), enquanto o povo é retratado como um grupo de ignorantes sedentos por sangue. Por trás da aparência sombria e dos momentos de humor, o roteiro está impregnado de melancolia diante da falência do sistema moral e judicial. M a rço / M a io 2016

“Villette”, a obra-prima de Charlotte Brontë Notadamente autobiográfico, “Villette” (que, afinal, é o sobrenome de uma grande família que se instalou no Brasil a partir de imigrantes suíços e franceses) foi o último romance publicado em vida por Charlotte Brontë (1816-1855) — escritora e poeta bretã, a mais velha das três irmãs Brontë que chegaram à idade adulta e cujos livros são dos mais conhecidos da literatura inglesa. Nele, ela atingiu o auge de seu poder artístico. É o trabalho mais completo e profundamente sentido da autora, superando até mesmo “Jane Eyre” (no qual usou o pseudônimo Currer Bell) em aclamação da crítica. O livro é narrado por Lucy Snowe, que foge da Inglaterra e de um passado trágico para se tornar preceptora e, mais tarde, professora de inglês em um pensionato francês dirigido por Madame Beck, na cidade fictícia de Villette. Lá, ela inesperadamente confronta seus sentimentos de rejeição, saudade, abandono e luta pelo amor de um homem. Apesar da adversidade e da decepção, Lucy sobrevive para contar a visão irrestrita da jornada de uma vida turbulenta, uma viagem de uma mulher sozinha, os sentimentos conflituosos por dois homens tão diferentes como o fogo e o gelo, Monsieur Paul Emanuel e doutor John Graham Bretton, e um futuro incerto. As irmãs escritoras eram filhas de um pastor anglicano de origem irlandesa. Virginia Woolf aplaudiu Villete “como a melhor obra de Charlotte Brontë”. George Eliot o consagrou: “Villette é um livro ainda mais maravilhoso do que ‘Jane Eyre’. Há algo de sobrenatural em seu poder”, cravou. Número de páginas: 432 Preço sugerido: R$ 44,90

CHARLOTTE BRONTË (1816-1855) registra em ‘Villette’ sua autobiografia


AMOR EM DOSE QUÁDRUPLA

Diferente, só o casamento Padres gêmeos celebram união de gêmeos com gêmeas; até os pajens e daminhas eram gêmeos.

Alguns convidados de um casamento na Índia poderiam achar que era uma visão dupla, mas não: os gêmeos Dinker e Dilraj Varikkassery se casaram com as gêmeas Reena e Reema em uma cerimônia minuciosamente planejada em Kerala. E os padres, que viajaram 600 km especialmente para esta cerimônia dupla, também eram gêmeos. Até mesmo os pajens e as daminhas de honra eram gêmeos: as irmãs Ansa e Asna e os irmãos Henry e Hendri. E tudo foi idêntico: os vestidos de noiva, os penteados, os trajes dos noivos.

Dinker e Dilraj decidiram que se casariam com gêmeas idênticas (assim como eles) ainda na adolescência. Cresceram juntos e mantiveram o estilo de se vestir até a fase adulta - eles eram adultos que andavam com roupas iguais. Até que a vida profissional os separou. Mas, há cinco anos, a dupla decidiu que era hora de formar uma família. E começaram a busca por suas futuras mulheres – gêmeas – em anúncios de jornais e sites de relacionamento. “Mas sempre tinha um problema: as gêmeas não eram parecidas o suficiente”, disse Dinker, citado pelo jornal Daily Mail. A busca acabou quando eles encontraram Reena e Reema em um site de namoro voltado para casamentos. “Quando as conhecemos, sabíamos que elas seriam perfeitas. Para a nossa sorte, as duas também tiveram a mesma sensação quando nos conheceram”, afirmou Dilraj. Segundo Reena, as duas procuravam seus futuros maridos há três anos. Mas organizar o casamento perfeito de gêmeos foi mais difícil do que combinar roupas. Quando encontraram os padres Rezi e Rozy, a agenda dos religiosos foi um problema. Contudo, depois de muitos meses de espera, finalmente os dois conseguiram uma data em comum, e a cerimônia dupla foi realizada.


EXTRA! EXTRA! Lei das probabilidades Ficar rico rapidamente (e não através de propinas) não parece tão fácil, quando os frios números da matemática entram em cena. A probabilidade de vencer em cada concurso da Megasena varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para a aposta mais barata, com apenas seis dezenas, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é a mínima das mínimas, exigindo sorte absurda: uma entre 50 milhões, 63 mil e 860 apostas (50.063.860). Quanto aos jogadores mais abonados, não devem se animar tanto: para uma aposta com 15 dezenas (limite máximo), com o preço de quase R$ 18 mil, a probabilidade de acertar o prêmio aumenta bastante. Mas ainda assim é de uma em 10.003 apostas.

Muito mais Crock’t 50

Queridinha do mercado de biscoitos no Vale do Aço, sobretudo pelas características marcantes dos produtos que lembram as boas e memoráveis fornadas dos tempos da vovó, a marca Crock’t tende a ampliar suas fronteiras. E não apenas pela aceitação natural de suas receitas de assados irresistivelmente caseiros. A empresa já mantém em operação um novo equipamento que agiliza a níveis extraordinários o sistema de dosagem, empacotamento e selagem. O maquinário é capaz de proporcionar ao fabricante nada menos que três toneladas de produtos em apenas seis horas de operação. Sem glúten e sem lactose, os biscoitos Crock’t são oferecidos nas versões Polvilho, Escaldado, Bolinha de Queijo e Papa Ovo.

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Novas catedrais No rastro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (ou Mórmons, como é mais conhecida), que finaliza as obras de sua catedral nas esquinas das ruas Diamantina e Uberlândia, também a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) trabalha para inaugurar em breve um megatemplo no centro de Ipatinga. A denominação religiosa ocupa agora o imóvel da rua Ouro Preto, diante do Colégio Adventista, onde funcionava há décadas o extinto Supermercado Pimpão e que depois abrigou loja da rede Dadalto. A primeira igreja Universal foi erguida onde funcionava uma antiga funerária, no bairro da Abolição, no Rio de Janeiro, e o culto inaugural foi realizado em 9 de julho de 1977. Segundo estimativas do IBGE, a IURD tem atualmente mais de seis mil templos e 1,8 milhão de fiéis no Brasil. São cerca de 8 milhões de seguidores e 15 mil pastores em 105 países (segundo estimativas próprias). Os Mórmons, com sede Salt Lake City, nos Estados Unidos, têm mais de 15,3 milhões de adeptos em todo o mundo, fazendo-se presentes em cerca de 206 países e territórios dependentes. No Brasil, de acordo com registros da instituição, são 1,2 milhão de adeptos, atrás apenas dos números dos EUA e México.


Top model A linda top Sara Satler, 19, que está sendo acompanhada pela Black White Estilo há mais de cinco anos, foi selecionada por uma das mais conceituadas agências de modelos em São Paulo. Em breve, ela estará de partida do Vale do Aço, e os ricos atributos a credenciam para novos capítulos de sucesso na carreira.

Yellow river Chamado de “berço da civilização chinesa” (porque corta a região mais próspera da remota história do país oriental), o Rio Amarelo ou Huang He é o terceiro mais longo da Ásia, com uma extensão norte-sul de cerca de 1.100 km. “Rio Amarelo” é também título da premiadíssima canção gravada pela banda britânica Christie no início de 1970. Como a música foi lançada durante a Guerra do Vietnã, o líder do grupo, Jeff Christie, autor da letra, teria querido se referir a um soldado de volta para casa após deixar o campo de batalha. Mas o nosso Rio Amarelo, que um dia foi conhecido apenas como “Doce”, ainda é castigado por detritos da Barragem do Fundão, que estourou há cinco meses no município de Mariana, liberando 50 milhões de metros cúbicos de lama. Os três diques construídos pela Samarco para tentar reter e filtrar os rejeitos não funcionam como desejado, ampliando os efeitos do que é considerado o maior desastre socioambiental da história do país.

A conta do espaço Dez anos depois de estar a bordo da nave russa Soyuz TMA-8 e entrar para a história como o primeiro astronauta brasileiro a vencer a atmosfera terrestre rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), o coronel da reserva Marcos Pontes diz experimentar uma série de danos em seu organismo: envelhecimento precoce, osteoporose, atrofia dos músculos, sangramento dos ouvidos, alergias e alterações de peso. Contudo, ele continua a ser um personagem controvertido. Os críticos mais ásperos acusam o governo de gastar soma milionária para uma missão improdutiva sob a bandeira soviética. Foram apenas dez dias e, depois disso, o engenheiro se aposentou, recebendo integralmente seus soldos, passando a ministrar palestras. Recentemente, a astronauta italiana capitão Samantha Cristoforetti permaneceu seis meses na ISS e, retornando ao seu país, prossegue com a carreira militar.

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URGÊNCIAS MÉDICAS

Emergência 192 SAMU Regional recebe recursos de R$ 3,795 milhões do Governo do Estado e prevê a contratação de 250 funcionários

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CONFORME ressaltou a deputada Rosângela, o serviço garante mais agilidade no atendimento às chamadas

N ov 2015/ Ja n 2016


O governo estadual liberou recursos de R$ 3.795.478,36 para implantação do SAMU Regional no Vale do Aço e, também visando agilizar a estruturação do sistema de atendimento, já fez doação de uma ambulância para servir às emergências, que deverão ser cobertas ainda por outros veículos federais. Conforme adiantou a deputada Rosângela Reis (PROS), seu mandato se empenhava há anos pela concretização da medida, que vem sendo pleiteada oficialmente desde 2013 e representa importantes benefícios para a população. “Para que se tenha uma ideia da amplitude da decisão, além de propiciar um socorro mais eficiente às vítimas, o SAMU regional exigirá a contratação de cerca de 250 profissionais na área de saúde, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas-socorristas, dentre outros”, explicou a parlamentar. A deputada detalhou que os recursos estaduais destinam-se à aquisição de mobiliário, equipamentos, insumos e também custeio do serviço, a ser rateado entre a União, Estado e Municípios. Ela faz questão de destacar também o empenho do secretário de Saúde de Minas Gerais, Fausto Pereira dos Santos, ex-presidente da Agência Nacional de Saúde e que chegou a ser indicado ao Ministério da Saúde, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). O SAMU regional funciona em pólos de municípios conurbados e vizinhos, representando mais agilidade nas respostas aos chamados, já que o sistema restrito aos municípios deixa de contemplar muitas ocorrências que, embora próximas, estão fora de seus limites. Outras regiões como Montes Claros (Norte), Uberlândia (Triângulo) e Contagem (Grande BH) já recebem este sistema há vários anos. “No Vale do Aço estávamos com esta incômoda deficiência” – acrescenta Rosângela.

35 MUNICÍPIOS

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Regional atenderá 35 municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço e também da Microrregião de Caratinga. As metas e diretrizes foram estabelecidas no mês de dezembro, em assembleia, pelos prefeitos e secretários de saúde das cidades beneficiadas, o Superintendente Regional de Saúde (SRS-MG), Wagner Barbalho e o diretor da Agência Metropolitana do Vale do Aço, Carlos Magno Xavier.

BASES

Inicialmente, o SAMU Regional vai atender uma população de 830 mil habitantes (estimativa do IBGE em 2015), sendo 23 municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço e outros 12 da Microrregião de Caratinga. Outras cidades do Colar Metropolitano poderão aderir ao consórcio até dois anos após a sua implantação. O projeto prevê implantação de até 13 bases, incluindo a sede em Ipatinga, que continuará com as atuais bases, três equipadas com Unidade de Suporte Básico (USB) e uma com UTI móvel. As ligações para o 192 vão cair em uma Central Reguladora, instalada na cidade. Os operadores vão atender as ligações e avaliar a base mais próxima e o melhor hospital para o atendimento de acordo com a gravidade da emergência. Entre os vários tipos de casos que são atendidos estão afogamentos, queimaduras graves, problemas cardiorrespiratórios e também vítimas de acidentes de trânsito.

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AS CIDADES ATENDIDAS Bom Jesus do Galho, Caratinga, Entre Folhas, Imbé de Minas, Inhapim, Piedade de Caratinga, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas, São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, Ubaporanga, Vargem Alegre, Vermelho Novo, Antonio Dias, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dionísio, Jaguaraçu, Marliéria, Pingo d´Água, Timóteo, Açucena, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Dom Cavati, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Joanésia, Mesquita, Naque, Periquito, Santa do Paraíso e São João do Oriente.

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DE FRENTE PARA AS CÂMERAS

Carinha de Anjo

Modelo mirim do Vale do Aço é chamada para testes televisivos

COM CINCO anos de idade, a garota impressiona pela desenvoltura nas performances

Na trilha de outros nomes de sucesso como Hevelyn Keren e Andressa Torres, modelos que ‘brotaram’ da mesma raiz e hoje povoam revistas, passarelas e catálogos de grifes no país e no exterior, quem agora começa a despontar para o estrelato, imprimindo suas pegadas na calçada da fama nacional, é Koryna Leles. O detalhe é que a garota tem apenas cinco anos e, o que mais chama a atenção, carrega uma vocação nata para as artes dramáticas. O talento, já identificado e aferido, vem sendo lapidado com bons resultados pela agência de modelo e manequim Black White Estilo, que há mais de vinte anos garimpa revelações adultas e infanto-juvenis no Vale do Aço.


São fortes os atributos da menina, entre eles a capacidade de assimilar mais rapidamente as orientações profissionais, aplicando-as em performances diferenciadas, descrevem as diretoras da Black White Estilo, as irmãs Fernanda e Rúbia Caetano. Elas festejam o fato de Koryna ter sido chamada e já estar cadastrada na maior rede de emissoras de televisão do Brasil, além de ter sido uma das selecionadas para fazer o teste da próxima novela do SBT, “Carinha de Anjo”. Animada com as perspectivas, as gestoras da Black White não economizam elogios: “Koryna Leles é uma criança disciplinada, atenta, carismática e muito talentosa. Temos certeza de que ela vai alcançar os objetivos desejados”.

ESFORÇO E DEDICAÇÃO

Nascida em Ipatinga, a garota é filha de Renato Coura e Fernanda Leles, que atuam no ramo de venda de carros na vizinha Coronel Fabriciano, onde residem. “Posso parecer suspeita para opinar, mas o fato é que ela já nasceu uma estrela, sempre chamando atenção por onde passava. As pessoas nos diziam que deveríamos levá-la para fazer comerciais, para desfilar etc. Mas nós, como leigos, não sabíamos a quem procurar. Certo dia, nos sugeriram recorrer à Black White Estilo, e foi aí que tudo começou. Sabemos que o trabalho exige muito esforço e dedicação, mas já estamos entendendo que tudo está valendo a pena”, diz a mãe. “Como pais – emenda Renato –, apoiaremos no que for necessário. Para nós, os objetivos dela são os nossos também”. As diretoras da Black White Estilo se dizem otimistas também quanto a convites a outros modelos que participaram da Oficina de Atores promovida pela agência e hoje fazem parte de seu cast. O mercado busca muitas vezes características físicas (cor dos cabelos, olhos, altura, peso etc), mas não raro há também demandas que envolvem características pessoais. Isto varia conforme a natureza ou o grau de complexidade do trabalho. Naturalmente que selecionar recepcionistas para um congresso, por exemplo, é completamente diferente de selecionar atores para um filme ou comercial, assim como modelos de passarela podem se distinguir bastante dos fotográficos, por uma série de razões. Fernanda e Rúbia Caetano salientam: “É muito importante ressaltar que o apoio dos pais e familiares é primordial. Por isso, temos que parabenizar aqueles que estão sempre ao lado dos filhos e que não medem esforços para maximizar suas vocações. De nossa parte, estamos sempre direcionando, apoiando e indicando o melhor caminho”.

KORYNA NO SBT: muita organização e rigor, segundo os pais

55 RENATO E FERNANDA, com a filha ainda bebê: “Ela já nasceu uma estrela”, gaba a mãe

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AGÊNCIA trabalha na lapidação de novos talentos

PREPARAÇÃO E RESULTADOS

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Além de preparar crianças e jovens para recepções, congressos, desfiles, fotografias e produções televisivas, a agência de modelo e manequim Black White Estilo também os ajuda didaticamente a se integrarem à sociedade. “O nosso objetivo maior é mostrar, inclusive ao mercado da moda em nossa região, que temos profissionais capazes e aptos a realizarem trabalhos no nível dos melhores do país”, enfatiza Fernanda, lembrando que muitos dos modelos locais têm dado prosseguimento às suas carreiras em agências de São Paulo, Rio e até mesmo internacionais.

SOBRE O TESTE

Sobre a experiência de Koryna Leles no SBT, os pais relatam: “É tudo muito organizado e rigoroso. Para ter SERVIÇO BLACK WHITE ESTILO AGÊNCIA DE MODELO E MANEQUIM (31) 3823-3260 (31) 3091-3145 www.agenciablackwhite.com

ANDRESSA Torres e Hevelyn Keren: talento reconhecido até mesmo fora do país

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acesso à emissora tivemos que apresentar o cadastro de pré-agendamento, onde estavam descritos dia e horário para o teste. A emissora disponibiliza veículos próprios para toda a locomoção dentro dela. Antes do teste, na sala de espera, havia uma produtora de elenco e uma psicóloga, que faziam esclarecimentos aos pais sobre os detalhes da seleção”. Os pais de Koryna contam ainda que após esta etapa dirigiram-se para o camarim as duplas que fizeram o teste e, por último, somente as crianças entravam no estúdio de gravação, onde tudo aconteceu. Eles classificaram tudo como “uma organização e profissionalismo ímpar”, entendendo que “no mínimo, está sendo um grande aprendizado”. Mas não escondem as esperanças: “Cremos que foi um enorme passo para o sucesso”.


CONSULTÓRIO

Zika e Microcefalia DR. MÁRIO MÁRCIO DA PAZ mariom.paz@providabrasil.com.br

Afinal de contas, devo engravidar?

As doenças tropicais sempre foram um grande problema para o Brasil. Suas características climáticas e geográficas associadas ao baixo padrão de renda, informação e acesso a condições básicas de saúde e saneamento de grande parte de sua população o expõem a periódicas epidemias. O país já padeceu sob a Febre Amarela, Dengue e agora sofre com o vírus Zika. Em meados do ano passado o Ministério da Saúde detectou um aumento dos casos de Microcefalia em algumas regiões do país, notadamente em áreas carentes do Nordeste. A Microcefalia é uma alteração na qual o crânio e o cérebro da criança são menores que a média e está associada a distúrbios neurológicos e retardo mental. Como no mesmo período também houve o surgimento de casos de infecção pelo vírus Zika, a associação entre uma condição e outra foi imediata. Estudos realizados na Polinésia Francesa, de onde se suspeita ser a origem do vírus que está no Brasil, reportam que 1% das portadoras grávidas do vírus geram crianças com Microcefalia. Os dados que relacionam os casos de Microcefalia e a infecção pelo vírus Zika, no Brasil, ainda são controversos. Apesar do vírus Zika estar associado a transtornos neurológicos, não se pode, ainda, afirmar com certeza que o aumento dos casos de Microcefalia tenha sido provocado exclusivamente por ele. Para se ter uma ideia da complexidade do assunto, quase 80% dos casos de Microcefalia em portadores de Zika ocorreram em pessoas com uma renda mensal de R$ 100,00 a R$ 400,00, ou seja, pode ser que haja uma vulnerabilidade imunológica específica, como a carência de vitaminas e minerais provocada pela subnutrição, que aumente a prevalência nesta população. Alguns dados são importantes para que as mulheres possam ponderar sobre a decisão de engravidar agora ou postergar a gestação. Como mencionado, a estimativa para a criança desenvolver Microcefalia pelo vírus Zika é de 1%, muito menor que o risco de desenvolver o mesmo problema devido ao Citomegalovírus (18%) ou a Rubéola (38%), sendo que esta última ainda é responsável por abortamentos e mortes fetais. Apesar de existirem doenças comuns que expõem a grávida e seu bebê a um risco muito maior que o Zika vírus, situações de epidemia como a que o país está passando requerem cuidados e atenção especiais devido ao grande número de pessoas contaminadas. Desta

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A estimativa para a criança desenvolver Microcefalia pelo vírus Zika é de 1%, muito menor que o risco de desenvolver o mesmo problema devido ao Citomegalovírus (18%) ou a Rubéola (38%). forma, a decisão para engravidar deve ser baseada no bom senso. Uma mulher jovem, com menos de 25 anos e sem problemas de fertilidade deve postergar seu desejo de engravidar até que a situação se normalize, o que é esperado em um prazo que varia de seis meses a dois anos. Mulheres com idade mais avançada, que não podem adiar a gravidez, devem tomar cuidados básicos como o uso de repelentes que contenham Icaridina ou DEET. Já as mulheres que têm problemas de fertilidade e que precisam se submeter a tratamentos especializados têm a opção de fertilizar seus óvulos e congelar os embriões para transferência quando julgarem mais oportuno. O momento é sério, mas tão grave quanto a epidemia é o alarmismo e o pânico frutos da desinformação.

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HUMOR






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