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4 ANOS
EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO
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Adriana Degreas | Água de Coco por Liana Thomaz | Alexandre Herchcovitch | Anunciação | Carlos Miele | Cavalera | Cecilia Prado | Cia Marítima | Constança Basto | Cris Barros | Doc Dog | Franziska Hübener | Giuliana Romano | Gloria Coelho | Huis Clos | Iodice | Isabela Capeto | Jefferson Kulig | Jo de Mer | Juliana Jabour | Lenny | Lino Villaventura | Mara Mac | Marcelo Quadros | Maria Bonita | Maria Bonita Extra | Martha Medeiros | Maurício Medeiros | Miele | Osklen | Patachou | Poko Pano | Reinaldo Lourenço | Ronaldo Fraga | Rosa Chá Rua | Salinas | Sergio K | Serpui Marie | Thais Gusmão | UMA por Raquel Davidowicz | Walter Rodrigues | Carina Duek | Cecilia Echenique | Clube Bossa | Erika Ikezili | Há Uma Santa | Jefferson de Assis | Lilly Sarti | Pelu | Renata do Valle | Simone Nunes | Triya | Zidi
www.abest.com.br
EDITORIAL
4anos years A vida é feita de ciclos. Completar quatro anos de publicação marca uma nova fase não só da revista, mas da nossa empresa também. Foram anos de crescimento, conquistas, desafios e muitas alegrias, sempre compartilhados com vocês, nossos leitores. Aqui sempre dividi cada momento vivido pela Catarina. Agora, como comentei, é uma nova fase da empresa. Realizamos uma fusão com outra empresa de comunicação, o que resultou no Grupo903, coletivo criativo que conquista maior força no mercado e novas possibilidades de crescimento. Com isso, passamos a ser o primeiro grupo de comunicação no Sul do país a trabalhar com pesquisa de tendência, comportamento e consumo. Já a revista Catarina ganha fôlego, novas ideias e ainda mais pessoas incríveis na equipe. Quem está ao meu lado nesse novo momento é meu sócio, Gian Meneghini, que acredita, assim como eu, na inovação, autenticidade e comunicação global com DNA regional. Fortalecemos nossas parcerias pelo mundo com outros coletivos criativos, como é o caso do britânico (com base em Paris também) Nineteen 74 e o canadense Artist Group Limited. Ambos trazem um pouco da sua linguagem para as páginas da Catarina e não posso deixar de citar nosso outro parceiro, também de Londres, Bussiness Of Fashion, que continua a colaborar conosco através de seus ótimos textos. Dois de nossos editoriais de moda desta edição são assinados pela fotografa catalã Sara Coe. Clicados em Barcelona, têm diferentes linguagens entre eles, mas são igualmente interessantes fotografias de moda. Aqui no estado, o AcontecendoAqui passa a integrar os colaboradores da Catarina. O portal vai trazer mais sobre o mercado de comunicação. Acreditamos na importância dessa informação no mercado, por isso temos conosco a melhor fonte de informações sobre o mercado de comunicação catarinense.
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E como esta edição é especial, quero dedicar às duas pessoas que me inspiram e me ensinaram a amar a moda. Começo pela minha vó Donzilia (lado paterno), costureira talentosa, que representa todas as profissionais que constroem a base da moda. Lembro de chegar na casa dela e sempre encontrá-la na máquina de costura, em meio a tecidos e fios de crochê. Ainda pequena, eu já a ouvia falar de indústrias têxteis como Linhas Círculo e RenauxView, hoje nossa anunciante. E minha mãe, Linda Lima, uma das pessoas com maior know how em moda que conheço. É ela que me faz ter olhar crítico para cada peça, acabamento e modelagem. À frente da Prosperity, escritório de criação e desenvolvimento, sinto orgulho em vê-la colocar o produto catarinense nas melhores marcas nacionais. Cresci vendo essas duas mulheres envolvidas com a moda. Foi através delas que conheci a verdadeira essência desse mercado e trago essa bagagem todos os dias para a redação. Sem elas na minha vida, com certeza, a Catarina não existiria. Quero agradecer a todos que de alguma forma colaboraram com a Catarina nesses quatro anos. Agradeço em especial à nossa equipe, que constrói diariamente o coletivo criativo que acreditamos. Beijos Patrícia Lima Editora-chefe HTTP://patilima.wordpress.com
Life is made up of cycles. As we complete four years in publishing, we establish a new phase not only for the magazine, but also in our offices. These were years of growth, accomplishments, challenges, and much joy that we always share with you, our readers. I have always shared here every moment that Catarina went through. Now, as I have mentioned, we are entering a new stage with our company. We have fused with another communications company, which resulted in the Grupo903, a creative collective with bigger market strength and new possibilities of growth. With that, we have become the first communications group in the south of Brazil to work with research of trends, behavior, and consuming patterns. And Catarina magazine also gets a boost of new ideas and even more amazing people in our staff. Here with me at this new moment is my partner, Gian Meneguini, who believes, as do I, in innovation, authenticity and a global communication with regional DNA. We’ve strengthened our partnerships around the world with other creative collectives, like the British (with a Paris base) Nineteen74 and the Canadian Artists Group Limited. They both bring a bit of their material to the pages of Catarina, and I cannot leave out our other partner, also from London, Business of Fashion, which continues to collaborate with us through some great texts. Two of our fashion spreads in this issue are signed by the Spanish photographer Sara Coe. Shot in Barcelona, they have different languages among themselves, but are equally interesting fashion pictures. Here in the state, Acontecendo Aqui joins us as a collaborator. The site will keep us in tune with news about the communication market. We believe in the importance of this type of information to the market, which is why we now have the best source of information about communications in the state. Since this is a special edition, I would like to dedicate it to two people who inspired me and taught me how to love fashion. I will start with my Grandma Donzilia
(from my father’s side), a talented seamstress who respects every professional that builds the foundation for fashion. I remember arriving at her house and finding her by the sewing machine, with fabric and thread everywhere. When I was younger, I remember hearing her talk about textile industries like Linhas Círculo and Renaux View, which is one of our advertisers today. And also, my mother, Linda Lima, one of the people with the biggest fashion knowhow that I have ever met. She is the one that taught me how to have a critical eye for every piece and shape. With Prosperity, an office for creating and developing, I feel proud to see her put products of Santa Catarina in the best national brands. I grew up watching these women getting involved with fashion. It was through them that I learned about the true essence of this market and I take that baggage with me every day to the press room. Without them in my life, I am sure that Catarina would not exist. I would like to thank everyone who has collaborated with Catarina in some way over these past four years. I would like to give special thanks to our team, which builds a daily creative collective that we all believe in. Kisses Patricia Lima Editor in Chief http://patilima.wordpress.com
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SUMÁRIO EDIÇÃO 24
14 DESIGN Veasyble 16 SPFW Summer 2010 28 CENÁRIO Paulo Borges 32 AMÉRICA LATINA Slow Fashion 36 AMÉRICA LATINA Mercado brasileiro 40 AMÉRICA LATINA Colombia Fashion Week 50 EDITORIAL Natural 66 EDITORIAL L.A Excess 74 EDITORIAL Moviment 88 ARTIGO Os originais 90 ENTREVISTA Grupo Brandili 94 MÚSICA Julian Plenti 96 MÚSICA Florence 98 ENTREVISTA Ruth Hogben 102 REAL LIFE Lookbook.nu 110 CULTURA Mario Queiroz
Editora-chefe: Patrícia Lima patirl@revistacatarina.com.br Jornalistas: Camila Cover / Sidney Tancredo Diretora de Arte: Vivian Goldfeder Lobenwein Designer: Bernardo Presser Marocco Conselho de imagem: Fábio Cabral Produção: Bhianca Chiaradia Estagiário: Thiago Francisco Colaboradores: Angela Navas, Anna Lengstrand, Antía Pagant, Camila Beaumord, Colin Hill, Diego Scandolara, George Antonopoulos, Hellen Fernandes Macarini, Imran Amed, James Payden, Julye Poffo, Justin German, Katharina Nitzpon, Kerry Lockwood, Liliana Katio, Luigi Torre, Moo, Nigel Lew, Rafit Noy, Raoul Keil, Sara Coe, Stella W, Veronica Chu. Revisão: Priscila Emília Coelho Tradução: Camila Beaumord Publicidade: Maria Cristina Holthausen Périco comercial@revistacatarina.com.br Assinatura e edições anteriores: assinatura@revistacatarina.com.br Redação: contato@revistacatarina.com.br www.revistacatarina.com.br www.catarinapress.com Catarina é uma publicação bimestral distribuída internacionalmente através de mailling dirigido, venda avulsa e assinatura. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Este é um produto da Catarina Press/903GROUP. Rua Sérgio Gil, 477 – Balneário Florianópolis – SC – CEP 88075-340 (48) 3024.3432 / (48) 3024.3437
Photo: Moo (mooking.com) Styling: George Antonopoulos Beauty: Veronica Chu Modelo: Yasmin Warsame (Next Models)
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TECNOLOGIA TÊXTIL
Revoluções no mercado de decoração Tecido autocolante é inédito e substitui o papel de parede com estilo e design
Revolutions in the decorating market A brand new self-adhesive fabric will substitute wallpaper with style and design
O uso de papel de parede e produtos têxteis para revestimento de paredes sempre foi um diferencial da decoração de países do hemisfério norte. No Brasil, o papel de parede, apesar de seu rico potencial decorativo, é pouco usado. Alguns decoradores culpam a umidade de muitas regiões de nosso país tropical e a falta de mão de obra especializada pelo fato do papel de parede não ter “colado” no Brasil. Já o tecido para aplicações de revestimento, embora agregue conforto a qualquer ambiente, é preterido por requerer mão de obra especializada e um uso criterioso da cola para evitar manchas por vazamento. Mitos à parte, a RenauxView lançou um produto que resgata a vantagem decorativa do tecido e simplifica a aplicação, eliminando todo o processo de preparação e tratamento: o TAC – Tecido Auto Colante. Inteiramente novo no mercado, o TAC une o aconchego do toque do algodão à conveniência de uma camada autocolante – que permite ao usuário colar facilmente o tecido em um grande número de superfícies. A tecnologia patenteada da cola garante bem mais que aderência uma vez que bloqueia umidade e o crescimento de mofo e bolor. O TAC é uma mistura entre papel contact e papel de parede que resulta em requinte e beleza traduzidos pelo conforto e aconchego dos tecidos de algodão. Munido de poucas ferramentas, esse novo produto é capaz de cobrir portas, paredes, mesas, cadeiras e o que mais sua imaginação permitir. A RenauxView está fazendo o lançamento de oito padronagens distintas e a cada estação irá propor mais desenhos. Além disto, a partir de uma metragem mínima, é possível desenvolver uma padronagem exclusiva que pode trazer diferenciação e/ou uniformização para todos os tipos de ambientes – empresas, hotéis, teatros, casas. O produto já está sendo utilizado por vários decoradores em todo o Brasil, e em breve estará disponível em lojas especializadas e lojas de decoração. Hoje a empresa, que é especializada em tecidos nobres e selecionados, já possui duas linhas de tecidos para decoração. Uma própria e outra assinada por Sig Bergamin, cuja coleção pode ser simulada em dois ambientes virtuais a partir do simulador de tecidos através do site www.renauxviewcasa. com.br. Lá o usuário pode escolher o tecido para almofadas, sofá e parede (agora com o TAC).
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The use of wallpaper and textile products for coating has always been a decorating differential in countries of the northern hemisphere. In Brazil, wallpaper, despite its rich decorative potential, is barely used. Some decorators blame the humidity of most regions in our tropical country and the lack of skilled labor for the wallpaper’s unpopularity. Other types of coating fabric, which arguably add comfort to any environment, are not used because they require skilled workforce to apply and a meticulous use of glue to avoid leakage stains. Myths aside, RenauxView launched a product that has the same advantages of the decorative fabric and a simplified application, eliminating the entire process of preparation and treatment: TAC – Tecido Auto Colante (or a Self Adhesive Fabric). Entirely new in the market, TAC brings together the coziness of cotton to the convenience of a self-adhesive layer – which allows the user to easily apply the fabric to a large number of surfaces. The patented technology of the glue ensures much more adherence, since it blocks moisture and the growth of mold and mildew. TAC is a mix between contact paper and wallpaper, which results in refinement and beauty as a result of the comfort and coziness of cotton. With only a few other tools, this new product allows you to cover up doors, walls, tables, chairs and whatever else comes to mind. RenauxView will launch eight different patterns and will come up with other designs in every season. Also, through a small sample, it is possible to develop an exclusive pattern that can bring uniformity to all types of environments – companies, hotels, theaters, homes. The product is already being used by many decorators all over Brazil and will soon be available in design stores. Today the company, which specializes in noble and selected fabric, already has two lines of decorative fabric. One of them is signed by the actual company and the other is signed by Sig Bergamin, whose collection can be simulated in two virtual environments through the fabric simulator found in www.renauxviewcasa.com.br. The user can choose the patterns for pillows, sofas and walls (including the options with TAC). Ambiente decorado por Sig Bergamin, utilizando, além do TAC, tecidos criados para a coleção que assina da linha Casa da RenauxView Environment decorated by Sig Bergamin, using, in addition to TAC, fabrics created for the collection of signs that line RENAUXVIEW House
Para ir ALÉM DO MERCADO
903GROUP
PARCERIA
Going beyond the market
A Catarina traz nas próximas edições uma coluna exclusiva com um de seus parceiros de conteúdo. O portal AcontecendoAqui vai muito além da informação do mercado de comunicação e publicidade de Santa Catarina. No ar desde outubro de 2003, o site cresce em informação e interatividade, com mais de 1.040.000 Page Views registradas em novembro de 2009. Em 2006, foi eleito pelo Prêmio Colunistas o “Destaque do Ano” por ter se tornado, depois de três anos de atividades, o porta-voz da propaganda catarinense. Hoje o portal é ferramenta útil para as empresas avaliarem o trabalho das agências de publicidade da região Sul e mantém notícias gerais sobre o que acontece no mercado de comunicação do país. Com possibilidade de comentários nas matérias, banco de vídeos, além de banco de dados de agências e mídias, o AcontecendoAqui é também fonte de consultas permanente para o meio acadêmico catarinense. A partir da próxima edição você terá uma pitada desse conteúdo aqui conosco e acompanhará também através do site www.acontecendoaqui.com.br.
Catarina will bring in its next editions an exclusive column of one of its writing partners. The web portal Acontecendo Aqui goes beyond information of the communications market and advertisement in Santa Catarina. It has been online since 2003 and it grows with new information and interactivity, with over 1,040,000 page views registered in November 2009. In 2006, it was elected as “Highlight of the year” by the Columnists Award for becoming the spokesman for advertisement in Santa Catarina after running for three years. Today, the site is a useful tool for companies to evaluate the work of ad agencies in the Southern region and to receive general news about what is going on in the communications market in the country. With the option for comments in each article, a video library and a database with information about the agencies and the media, Acontecendo Aqui is also used for research in academic fields. From the next issue on, you will have a bit of that content here with us, and you can also follow through the site www.acontecendoaqui. com.br.
Presente nas melhores criações. www.dalilatextil.com.br
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GUIA DE COMPRAS
VERÃO
Com a chegada do verão, selecionamos algumas peças que traduzem tendências que serão febre na temporada: Franjas, tachas, metalizado, nude e babados.
GARANTIDO
Blusa Marcelo Quadros / Authentic Avenue
Blusa de tachas Juliana Jabour
Com a chegada do verão, selecionamos algumas peças que traduzem tendências que serão febre na temporada: Franjas, tachas, metalizado, nude e babados.
Vestido PW Label
Vestido Carina Duek
Vestido Nakisska
Authentic Avenue Loja Avenida Brasil Centro Balneário Camboriú (47) 3366-6030 Nakisska (47) 3144-2400 PW Label Beiramar Shopping (48) 3025-3731
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CASA DE CRIADORES POR LUIGI TORRE
Plataforma de lançamentos
Walério Araújo
Platform of New Releases
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A 26ª edição da Casa de Criadores, que aconteceu entre os dias 22 e 27 de novembro, já durante sua fase de divulgação, dava sinais de que seria quase como uma marco na trajetória do evento. E de fato foi mesmo. A semana de moda que nasceu como incubadora de novos talentos, fez valer sua missão que há tempos parecia meio esquecida e sem sucesso. A Casa de Criadores cresceu. Tanto no seu formato como em sua proposta. Para muito além da passarela restrita aos convidados, para além do batido formato de desfile. No domingo (22/11), transformou as ruas do centro de São Paulo numa grande passarela democrática com o Fashion Mob - uma mistura de flash mob com um grande desfile onde todo mundo que se interessa ou trabalha com moda teve carta branca para apresentar seu trabalho. Mesmo com forte ameaça de chuva, os 56 blocos inscritos e mais de 2 mil participantes marcharam numa quase fila indiana levando toda sua criatividade para os olhos curiosos que soltavam comentários dos mais variados, enquanto as nuvens se dissipavam deixando o sol brilhar forte nessa passarela de asfalto. Causando uma mistura de fascínio e estranheza tão peculiar da moda, em que ali passava, o Fashion Mob abriu, ou melhor, escancarou as portas para todo mundo que sentia necessidade de expressar sua criatividade através da moda, mas nunca encontrou um meio. De forma totalmente despretensiosa, sem aquele sentimento de se levar muito a sério, tão comum nesse meio, o passeata fashion deu o start na 26ª edição da Casa de Criadores, fazendo valer sua vocação de descobridor de novos talentos. Posto que foi dado ao estilista autodidata Luiz Leite, com uma sua coleção masculina toda em tecidos 100% orgânicos que falava sobre um adeus à São Paulo (daí as malas e guarda-chuvas), com ótima execução e conceito muito bem amarrado. Avaliado por um júri formado por estilistas (Dudu Bertholini, Fabia Bercsek, Thaís Losso e Mario Queiroz) e jornalistas (Lilian Pacce, Vivian Whiteman, Vitor Ângelo e Jorge Wakabara), levou o mais que merecido prêmio de se apresentar junto com o Projeto Lab na próxima Casa de Criadores. O Lab – braço do evento voltado às marcas extremamente jovens e com pouca experiência -, aliás, foi outra boa surpresa que reforçou a missão de André Hidalgo. Enxugando o line-up com marcas que há tempos não mostravam bons resultados, mostrou bons sinais de evolução com estilistas e marcas realmente promissores. Karin Feller, com sua imagem de mulher romântica, se destaca pela imensa preocupação com acabamento e o bom manuseio de tecidos. Sem parecer forçado demais acrescenta pregas, recortes, babados, laços e aplicações de pedras e brilhos, de
The 26th edition of House of Creators (Casa de Criadores), which took place on during the 22nd and the 27th of November, was showing signs already in its disclosure period that this year would me almost like a milestone for the event. And indeed it was. A fashion week was born as an incubator for new talent, and won back its’ mission that had long seemed forgotten and unsuccessful. The House of Creators grew. Both in form and in its proposal. It has gone far beyond the runway that was only restricted to the guests, far beyond the common fashion show structure. On Sunday (the 22nd), it transformed the streets of downtown Sao Paulo into a large, democratic runway with Fashion Mob - a mixture of flash mob with a huge fashion show where everyone who is interested in or working with fashion had carte blanche to present their work. Even with the strong possibility of rain, the 56 registered blocks and over 2 thousand participants marched in a single file and carried all their creativity to the prying eyes that would shout out the most varied types of comments as the clouds dissipated, letting the sun shine on that strong asphalt catwalk . Causing a mixture of fascination and awe that is so peculiar in fashion, the Fashion Mob opened, or better yet, burst the door for anyone who felt the need to express their creativity through fashion, but had never really found the means to. In a totally unpretentious manner, without that feeling of having to be taken seriously (that is so common in the industry), the fashion parade gave start to the 26th edition of House of Creators and stressed its role as a discoverer of new talent. If we are going to talk about new talent, we must mention self-taught designer Luiz Leite, who showed his collection of menswear made from 100% organic fabric that spoke of a goodbye to São Paulo (hence the bags and umbrellas), with great execution and a well-put concept. He was judged by a panel of stylists (Dudu Bertholini, Fabia Bercsek, Thaís Losso and Mario Queiroz) and journalists (Lilian Pacce, Vivian Whiteman, Vitor Ângelo and Jorge Wakabara), and took home a well-deserved prize, which was to present his collection on Project Lab on the next House of Creators. The Lab – a section of the event dedicated to extremely young brands with little experience on the market – was another pleasant surprise that reinforced Andre Hidalgo’s mission. Wiping the line-up of brands that have long showed poor results, the Lab showed good signs of the evolution of designers and promising new brands. Karin Feller, with her portrayal of the romantic woman, stood out by her immense care and workmanship of the fabric. Without making them too heavy, she added on crimps, ruffles, lace, and applied stones and sparkles, in a totally unpretentious and intelligent manner that only enriched the fashion information of the looks. She showed that in her beautifully constructed short skirts, in T-shirts with a profusion of ruffles on the shoulders and in her tailored sweatpants. Danilo Costa still focuses on his novelty universe, as
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he proposes a simple kind of fashion with smart solutions translated on tiny details that make his clothes out of the ordinary. His shirts came from a specially treated cotton, with a much better quality fit. His shorts had its buttons replaced by small, fake diamonds, while the more sophisticated pieces got a very casual treatment in light fabrics and an unpretentious appearance. Raquel Grandinetti picked a cliché theme – Marie Antoinette – but was able to work with it in an intelligent manner, as she injected folk elements in her voluptuously skirted dresses inspired by the ones worn by the French queen. Jadson Raniere hit the mark as he dosed the excessive decoration of his looks, which also had folk references, in a collection much better tied together than his last. Arnaldo Ventura followed the path of “less is more” as well, showing good moulage pieces and investing in the use of textures and fine dresses that’ll soon win the hearts of fashion-crazed girls who are into striking looks. There was also the Ponto Zero presentation, a project dedicated do awarding fashion students of the institutions that had registered in the program. Leandro Gabionette (Universidade Anhembi Morumbi), Ana Paula Becker (Centro Universitário Belas Artes), Bruno Gonzaga (Fundação Armando Álvares Penteado), Alice Sinzato and Helena Luiza Kussik (Santa Catarina Moda Contemporânea), Cynthia Hayashi (Santa Marcelina), Cristiane Carla Soares (Senac), and Ana Beatriz Almeida and Claudia Leimi Yasumura (USP) were the participants that showcased far less inventive and interesting collections than the ones seen on Project Lab and even the Fashion Mob. Bruno Gonzaga, from FAAP, really stood out with his collection filled with synthetic fabric and loose shapes that portrayed good fashion information with a high dosage of real life. However, it was Cynthia Hayashi, from Santa Marcelina, who took home the prize, with a collection that explored shapes and the overlapping of small pieces of fabric, but in clothes that were better fit for prom night, and not a fashion event like this one. That way, the House of Creators brought back the old maxim of being an incubator for new talent. Yet, as it highlights a powerful casting of new brands, showcasing their talent and offering great results, we start to question ourselves about some of the brands that are part of the official line-up of the House of Creators. After almost a full week of fashion shows, we are faced with the same problems as before. Those same complaints of poor workmanship, problematic shaping, confusing or poorly tied together collections and badly edited fashion shows were even more evident, due to some external shows that used to end up saving the marathons of presentation at the Frei Caneca Shopping Center. The critique here is not of the external locations, but of the ever so evident weakness in technique and esthetic of some of the brands that participated in the event. Those amateur errors are almost acceptable in cases of inexperienced stylists, who have just recently launched their solo careers (like the designers in Project Lab, Ponto Zero and even the Fashion Mob). However, to have that happen with stylists and brands that have been around
for so long, it is deplorable to allow such mistakes. So it comes as no surprise that the highlights of this 26th edition are the same as the ones in past events. Starting with the twins Caroline and Isadora Krieger and their collection full of playful elements, where the starting point came from the effect that the song “Everybody’s Gotta Learn Sometimes” has on the designers. The emotions are translated in lace and drapery, which decorate great 1920’s dresses – in loose shapes, with a high waist right above the hip – and the various embroidered pieces of kittens, bears, balloons and little houses that heightened the playful tone of the presentation in the Parque da Luz. But the woman portrayed by the twins is not purely romantic; alongside the sweetness is that strong attitude that is quite relatable to the stylists’ rock ‘n roll side. That’s where the – sometimes exaggerated - geometrical cuts of heavy fabric (like suede) come from. Next we have Walério Araújo, at the Museum of the Portuguese Language, who decided to take a little bit of the drama and commotion out off of his energetic shows to focus more on the execution of the garments. Inspired by the Wizard of Oz, the designer showed some of his most beautiful and well executed collections of the past years. As he recaptured classic values, Araújo transformed elements in Dorothy’s plot into ultra-sophisticated looks and an almost natural sensuality. In fact, it’s that sensuality, filled with traces of fetishes that are so characteristic in Walério’s work, what tied the whole collection together. By adjusting to the shapes of the body and working very intelligently with transparencies – of silk and crochet - and cleavages, he was able to insinuate a sophisticated, adult sexuality that is not at all obvious. Is there a better example of this than a Dorothy stripped out of her traditional Vichy dress and put into an elegant pied-de-poule, in a super tight dress with and edgy frame on the back? In menswear, João Pimenta is still focused on this regionalist theme, only this time, choosing the Missa do Vaqueiro Nordestino (or the Mass of the Northeast Cowboy) as his inspiration. Actually, the subject rose as a means to insert a rougher esthetic in his study of shapes and fits that are typically feminine, but can be adapted to menswear as well. With attitude that is almost restricted to the model’s manner, the fabric had to receive special treatment to present an aging, rustic aspect, like in the many linen pieces that sometimes got mixed up with a very ordinary suede. The feminine side, which was a real evolution from the previous collection, came through in the fitting and the tailoring of the pieces. So cotton t-shirts were elongated until they took the shape of long, almost camisole-like tunics, or they came with a tightness on the waistline that made for a flowy skirt. Coats with some military references, like with straightened shoulders that gave a real strength to the look, also gained long, flowy bars, as well as in the mini skirts that counterpointed with a tighter top part. To Rober Dogani, Futurism continues to shine through as the main reference in his work. This time, it was
Danilo Costa
Ao fim de quase uma semana completa de desfile, nos deparamos com os mesmos problemas de outrora. Aquelas mesmas reclamações de mal acabamento, modelagem problemática, coleções sem sentido ou mal amarradas e desfiles mal editados, se fizeram ainda mais presentes, devido a alguns bons desfiles externos, que antes acabavam salvando as maratonas de apresentações no Shopping Frei Caneca. A crítica aqui não é pelas locações externas, mas para agora mais evidente fraqueza tanto técnica como estética de algumas marcas que participam do evento. Alguns erros primários, como os já citados, até passam por aceitáveis quando analisados do ponto de vista de um estilista inexperiente, que recém se lançou em carreira solo com sua marca (caso dos participantes do Projeto Lab, Ponto Zero e até Fashion Mob). Porém, para marcas e estilistas que de jovens já não têm quase nada, acabamos sendo forçados a aceitar tais falhas. Não é à toa que os destaques dessa 26ª edição sejam aqueles mesmos das coleções passadas. Começando pelas Gêmeas com sua coleção repleta de elementos lúdicos, onde o ponto de partida foram as emoções que a música “Everybody’s Gotta Learn Sometimes” desperta nas estilistas Carolina e Isadora Krieger. Emoções que vêm traduzidas em babados e alguns drapeados que decoravam os ótimos vestidos estilo Anos 20 – formas soltas e alongadas, com cintura na altura do quadril – e nos vários bordados de gatinhos, ursos, balões e casinhas, potencializando o tom lúdico da apresentação que aconteceu no Parque da Luz. Mas a mulher das Gêmeas não é puramente romântica, ao lado de toda essa doçura, encontra-se aquela atitude forte tão bem relacionada ao estilo rocker das estilistas. Daí vem os recortes geométricos de tecidos pesados (como a camurça), que dão formas mais rígidas às mangas e ombros, às vezes um pouco exagerados. Depois, com Walério Araújo, no Museu da Língua Portuguesa, que decidiu tirar um pouco do drama e comoção que acompanham seus desfiles sempre cheios de energia, para se focar na execução de suas roupas. Inspirado no conto do Mágico de Oz, o estilista mostrou uma de suas mais belas e bem executadas coleções dos últimos tempos. Retomando valores quase que clássicos, transforma elementos da trama de Dorothy e seus amigos em looks ultra-sofisticados e de uma sensualidade quase que nata. Aliás, é essa sensualidade, repleta de pitadas fetichistas tão característicos de Walério, que amarra toda a coleção. Ajustando as formas ao corpo, trabalhando de forma muito inteligente com transparências – de sedas, a crochê - e decotes, insinua uma sexualidade sofisticada, adulta e nada óbvia ou escancarada. Quer exemplo melhor que uma Dorothi, que troca seu tradicional xadrez vichy, por elegante pied-de-poule, num vestido ultrajusto com amarração ousada nas costas? Na moda masculina, João Pimenta continua
João Pimenta
Arnaldo Ventura Gêmeas 20
forma totalmente inteligente e despretensiosa, enriquecendo a bagagem e informação de moda dos looks. Na prática, isso se vê nas saias excelentes com cintura no lugar e comprimentos curtos, nas camisetas com profusão de babados nos ombros e na calça de alfaiataria em moletom. Danilo Costa continua focado no seu universo lúdico, propondo uma moda bastante simples, mas com soluções espertas que se traduzem em pequenos detalhes responsáveis por tirar as peças do lugar comum. Camisetas vinham em algodão especialmente tratado, com toque e caimento diferenciado e de melhor qualidade. As bermudas tinham seus botões substituídos por pequenos brilhantes falsos, enquanto peças um pouco mais sofisticadas ganhavam tratamento bem casual em tecidos leves e de aparência despretensiosa. Raquel Grandinetti escolheu um tema quase clichê – Maria Antonieta – mas soube trabalhá-lo de forma inteligente à medida que injetou elementos folks nos vestidos de saias volumosas inspirados naqueles usados pela rainha francesa. Já Jadson Raniere, acertou ao dosar a mão na ornamentação de seus looks também de referências folk, numa coleção mais bem amarrada que a passada. E Arnaldo Ventura também seguiu o caminho do menos é mais, mostrando boas peças em moulage e investindo no trabalho de texturas e bons vestidos que não demorarão muito a conquistar o coração de garotas fashionistas adeptas de looks marcantes. Teve ainda as apresentações do Ponto Zero, projeto dedicado a premiar estudantes de moda das instituições inscritas no programa. Leandro Gabionette (Universidade Anhembi Morumbi), Ana Paula Becker (Centro Universitário Belas Artes), Bruno Gonzaga (Fundação Armando Álvares Penteado), Alice Sinzato e Helena Luiza Kussik (Santa Catarina Moda Contemporânea), Cynthia Hayashi (Santa Marcelina), Cristiane Carla Soares (Senac) e Ana Beatriz Almeida e Claudia Leimi Yasumura (USP) foram os participantes que mostraram suas coleções bem menos inventivas e muito mais desinteressantes do que aquelas vistas no Projeto Lab e até mesmo no Fashion Mob. Quem se destacou mesmo foi Bruno Gonzaga, da FAAP, com sua coleção repleta de tecidos sintéticos e formas soltas que mixavam boa informação de moda com alta dose de vida real. No entanto, quem levou o prêmio foi Cynthia Hayashi, da faculdade Santa Marcelina, numa coleção que explorava formas e sobreposições de pequenos tecidos, porém num trabalho que ficava muito preso ao que se espera de um desfile de formatura, e não de um evento de moda como esse. Dessa forma, a Casa de Criadores voltou a fazer valer aquela máxima de incubadora de novos talentos. Porém, ao ressaltar um casting poderoso de marcas para lá de jovens, provando talento e mostrando ótimos resultados, começamos a nos questionar sobre algumas marcas que integram o line-up oficial da Casa de Criadores.
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CASA DE CRIADORES focado na sua temática quase regionalista, dessa vez olhando para a Missa do Vaqueiro Nordestino como forma de inspiração. Na verdade, o tema surgiu como meio para inserir uma estética um pouco mais bruta naquele estudo de formas e caimentos tipicamente femininos só que adaptados à moda masculina. Atitude que fica quase que restrita à atitude dos modelos, ou aos tecidos que recebiam tratamentos para apresentarem aspecto envelhecido, rústico ou desgastado, como nas várias peças de linho que muitas vezes se confundiam com uma camurça já muito batida. O lado feminino, que vem numa verdadeira evolução da coleção anterior, fica por conta do caimento e corte das peças. Assim, camisetas de algodão são alongadas até virarem túnicas que lembram camisolas. Ou então vêm acinturadas com a barra formando uma leve saia, como visto também em muitas das ótimas jaquetas de fechamento trazeiro. Casacos de leves referências militares, com ombros marcados retos que dão força ao look, também ganham barras longas e fluídas ou então aquelas minissaias que se contrapõem à parte de cima mais encorpada e ajustada. Para Rober Dognani, o futurismo continua como forte ponto de referência em seu trabalho. Dessa vez, foi olhando para os filmes de ficção-científica dos anos 60 (principalmente “Stars Wars“) que o estilista encontrou o caminho para trabalhar volumes tridimensionais e pontiagudos em seus modernos vestidos de festa. De coleções passadas vêm aquelas silhuetas próximas ao corpo, comprimentos curtos e formas mais estruturadas bem marcantes, conseguidas através de dobraduras ou maxi pregas, num misto de moulage com modelagem convencional. Só que agora, Rober refina e aprimora ainda mais alguns elementos de suas peças para torná-las ainda mais desejáveis e poderosas. Livrando-se dos excessos, ele aposta novamente nos curtos, trabalhando volumes ora de forma mais pontual, ora dominando toda a peça, mas sem nunca perder a harmonia. De novidade tem também os looks mais simples (e mais comerciais) que agora dividem espaço com as criações mais “conceituais”. Da coleção passada continua também bom trabalho de alfaiataria desconstruída que apareceu na coleção anterior, só que agora elevado a um patamar ainda mais sofisticado e com (des)construções mais elaboradas e ricas. Ainda mais quando hibridizadas com os ótimos looks de lurex semitransparente, com pregas e drapeados que se mostraram como versões mais simples e sofisticadas das estruturas com aspecto de armaduras (ou reptilianas?), que decoravam frentes e costas das partes de cima de vestidos e algumas blusas. A grande surpresa, contudo, ficou por tempo de Weider Silveiro. Ao olhar para o rei do pop, Michael Jackson, em busca de inspiração para seu inverno 2010, o estilista se lançou num terreno perigoso, repleto de clichê e obviedades. Mas o que se viu na passarela foi uma das mais enérgicas e emocionantes coleções de toda Casa de Criadores, e uma das, senão a melhor, da carreira do estilista. Weider fez questão de abordar quase todos os elementos mais essenciais da carreira do ídolo pop. Algumas de formas mais literais – mas que mesmo assim se mostraram de forma inteligente, como as dragonas das jaquetas militares sobrepostas e com canutilhos, ou então as várias desconstruções das peças que, por exemplo, aplicavam de forma excepcional as abotoaduras sobre vestido preto cheio de brilhos –, outras mais sutis, como as estampas de lua em referência ao moonwalk, ou as medalhas e estrelas que aparecem no primeiro vestido feito de fita adesiva marrom. Se lembra muito Balmain, não chega a ser uma questão de cópia, mas sim, questão de imagens muito próximas com o mesmo ponto de partida (inspiração). De repente Weider podia ter procurado um distanciamento um pouco maior, ganhando mais liberdade. Mas no meio de tanta energia e emoção que a ótima apresentação causou na platéia, tudo isso pareceu secundário. Enfim, agora, com novas plataformas dando ótimos resultados e mostrando-se extremamente promissoras, será que não é hora de rever o casting principal do evento?
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Rachel Grandinetti
903GROUP
CASA DE CRIADORES
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by watching sci-fi movies of the 60’s (“Star Wars” in particular) that the designer found his path to work with three-dimensional pointy volumes in his modern party dresses. From past collections came the silhouettes close to the body, short-length pieces in structured and well-marked shapes, which he achieved with folds and maxi crimps, in a mixture of moulage and conventional shaping. But now, Rober refines and further enhances some elements of their parts to make them even more desirable and powerful. Getting rid of excesses, he bet again in short, working volumes now in a more timely fashion, sometimes dominating the entire piece, but without losing harmony. It’s also new that the simpler, more commercial looks now share space with more “conceptual” creations. Also from the last collection, he took a great work in deconstructed tailoring, but now elevated to a much higher level with more sophistication and richer, more elaborate (de)constructions. This is shown especially in his great semi-see through Lurex looks, with crimps and drapes that are showcased as simpler versions of the armor-like (or perhaps reptilian?) aspects that decorated the front and back of the dresses and some shirts. The big surprise this time came from Weider Silveiro. When turning to the King of Pop, Michael Jackson, for inspiration for his winter 2010 collection, the designer treaded through dangerous territory, filled with obvious clichés. But what was showcased on the runway was one of the most energetic and exciting collections in the House of Creators, and one of (if not the) best one in the stylist’s career. Weider made sure to approach almost all of the most essential elements in the pop idol’s career. Some took more literal forms - but still proved to be so smart decision, like the epaulettes of the military jackets overlaid with embroidery, or the deconstruction the pieces that, for example, applied in exceptional way the studs on a black dress full of sparkles - while others were more subtle, like the moon prints in reference to the moonwalk, or the medals and stars that appeared on the first dress, made of brown duct tape. If it is reminiscent of Balmain, it is not a question of copying as it is of the usage of very similar images as a starting point (or inspiration). Perhaps Weider could have distanced his work a little more and gained more creative freedom. But in the midst of such energy and thrills that his great presentation caused, all of that seemed secondary. To sum up, now that there are new, successful platforms, which are proving to be extremely promising, isn’t it time to review the main casting of the event?
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Karin Feller
VIAGEM POR PATRICIA LIMA
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Fernanda Montenegro, uma das maiores atrizes brasileiras, sempre diz que ao pisar no palco a emoção é sempre a mesma, é como se fosse a primeira vez. Vou fazer das palavras de Fernanda as minhas, porque assistir a um desfile incrível faz com que me emocione como se fosse a primeira vez. Resolvi escrever sobre isso porque sempre me perguntam como é cobrir uma semana de moda internacional ou então como é trazer para a mídia as tendências que estão sendo lançadas em grandes feiras. Por isso, quero dedicar esse texto a todos os jovens profissionais de moda, que sonham em um dia poder prestigiar um desfile Chanel na semana de moda francesa. Hoje, aos trinta anos, me orgulho em dizer que sou uma das jornalistas de moda mais jovens a fazer a cobertura das semanas internacionais. Encontro poucos jornalistas brasileiros no circuito europeu e quem encontro são profissionais que estão no mercado da moda brasileira há muito tempo, como Constanza Pascolato, por exemplo. Será que ela também se emociona até hoje? Não consigo saber, porque ela é tão chique que se mantém sempre discreta e contida. Acho que nunca faria como eu, que chorei no desfile da Lanvin. Mas isso eu comento mais tarde, agora vamos ao principio. Então entro no avião e penso em tudo que irei encontrar na temporada, dá um frio na barriga, pareço criança indo para a Disney. Aliás, essa é uma das melhores definições para quem gosta de moda. As temporadas parecem grandes parques de diversões, porque são inesquecíveis, emocionantes, mas trazem um cansaço físico absurdo. Minha temporada, diferente de outros jornalistas, começa antes das semanas de moda. Normalmente quem cobre desfiles, não cobre as feiras e vice-versa. O start acontece durante a Première Vision, que apresenta tudo o que há de mais importante para o mercado têxtil mundial. Depois da crise mundial a feira recuperou o fôlego e público. Pelos corredores da Premiere Vision encontro estilistas brasileiros fazendo suas pesquisas para coleções, Reinaldo Lourenço se concentra nas rendas francesas, enquanto Danielle Jensen passeia pelos corredores de olho em tudo o que há de novidade. E quando o assunto é tendência de mercado de consumo, a última edição mostrou o crescimento da relação entre o luxo e o ecologicamente correto. Fico atenta ao fortalecimento do mercado que cresce na convergência de interesses, acelerada não só pela urgência das questões climáticas mundiais, como também pela demanda gerada por um novo perfil de consumidor, muito mais atento às responsabilidades sociais.
Fernanda Montenegro, one of the biggest Brazilian actresses, always says that when she steps on stage the thrill is always the same, it is like the first time. I’ll make the words of Fernanda my own, because watching a fashion show is amazing, they always excite me as if they were the first show I ever saw. I decided to write about this because I am often asked about what it is like covering an international fashion week or so how do I bring to the media trends that are being launched in major trade fairs. Therefore, I would like to dedicate this text to all young professionals of fashion, who dream of one day honoring a Chanel fashion show at French fashion week. Today, in my thirties, I am proud to say that I am one of the youngest fashion journalists to cover international fashion weeks. I see few Brazilian journalists in the European circuit and those I meet are professionals who have been in the market of Brazilian fashion for a long time, like Constanza Pascolato, for example. Does it all also move her today? I cannot know, because she is so chic that she always remains discreet and restrained. I could never be like that; I cried at the Lanvin show. But I will mention that later, let’s start from the beginning. So I get on the plane and think about everything that I am going to find this season, which gives me goose bumps, I feel like a kid going to Disneyland. Indeed, this is one of the best definitions for those who like fashion. The seasons seem like large amusement parks, because they are memorable, exciting, but absurdly exhausting. My season, unlike other journalists, begins before the fashion weeks. Usually people that cover fashion shows do not cover the trade fairs, and vice versa. However, I start with the Premiere Vision, which presents all that is most important for the global textiles market. After the world crisis, the fair caught its breath and the public once again. Across the halls of Premiere Vision I meet up with Brazilian designers that are researching for their collections, Reinaldo Lourenço is focusing on French laces, while Danielle Jensen walks the corridors observing everything that is new. And when it comes to consumption trends, the latest edition showed the growth of the relationship between what’s luxurious and environmentally friendly. I am aware of the strengthening of a market that grows in the union of interests, accelerated not only by the urgency of global climate issues, but also by the demand of a new consumer profile that much more aware of social responsibilities. According to research conducted by the French newspaper Le Journal du Dimanche using the French Insti-
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De acordo com pesquisa realizada pelo Jornal Frances Le Journal Du Dimanche, através do Instituto Francês de Opinião Pública, 76% da população daquele país está favorável a produtos eco-friendly , mesmo que o custo seja mais alto. Leio em outra matéria uma citação a uma reportagem veiculada em 2008 pelo WWD Journal, onde diz que a elite usa o luxo como símbolo do sucesso, mas que agora a definição desse sucesso é outra. A elite do consumo busca marcas que traduzam suas aspirações em termos de um mundo melhor, com foco na sustentabilidade. Em todas palestras que assisti (sim, nem só de desfile se constrói uma cobertura internacional), o que mais se fala é sobre o envolvimento do mercado de luxo voltado para a sustentabilidade e quando as marcas mais conceituadas mundialmente absorvem isso, automaticamente, à grande massa segue o comportamento. Ao longo dos dias busco mais informações sobre os números da Premiere, é nesse momento que fica evidente essa tendência no mercado têxtil. Das 682 empresas participantes, mais de 530 apresentaram produtos com algo politicamente correto, como materiais reciclados, processos de tingimento ou acabamento natural, economia de energia. Em termos de tecidos, o outono/inverno brasileiro de 2011 será rico em soluções sustentáveis, muitas opções 100% ecologicamente corretas e ainda mais luxuosas. A Premiere acontece durante quatro dias, nesse período, fiquei três dias em função da feira e ainda não consegui ver tudo que queria. São muitas informações ricas, que ajudam a construir o conhecimento necessário para avaliar coleções, possibilidades de vendas e o rumo que as marcas estão tomando para os próximos meses. Essa é a grande vantagem em começar o
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tute of Public Opinion, it is shown that 76% of the population of that country is in favor of eco-friendly products, even if the cost is higher. I read on another article about a report in the WWD Journal in 2008, which stated that the elite uses luxury as a symbol of success, but that now, the definition of success is something else entirely. The consumer in the elite seeks brands that translate their aspirations in terms of a better world, with a focus on sustainability. In every lecture I attended (yes, international coverage is not restricted to shows), what is being most talked about is the involvement of the luxury market with sustainability, and when the world-renowned brands absorb that, automatically the great mass follows the behavior. Throughout those days, I sought more information on the Premiere numbers, because it is in that moment that this trend becomes evident in the textile market. Of the 682 participating companies, more than 530 products were made with something politically correct, like recycled materials and natural dyeing processes, and saving energy. In terms of textiles, Brazilian’s autumn/winter in 2011 will be rich in sustainable solutions, with many 100% environmentally friendly options that are even more luxurious. The Premiere happens for four days, and during this period, I was there for three days and still did not see everything I wanted. There are many rich details that help build the knowledge necessary to evaluate collections, sales opportunities and the direction that brands are taking over the next few months. This is a great advantage of starting my international tour with the fair: I took a dip in the technical and practical side of fashion a week before going to London Fashion Week. Seeing all the trends in print shops and color charts for two seasons ahead help to understand the next season. Wait, you got confused? But that’s it, Premiere Vision presented the European
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roteiro internacional pela feira: fazer uma imersão nas questões técnicas e práticas da moda uma semana antes de ir para London Fashion Week. Ver todas as tendências de estamparias e cartela de cores de duas temporadas à frente, ajuda a entender a próxima temporada. Espera, você ficou confuso? Mas é isso mesmo, a Première Vision apresentou o outono/inverno europeu 2010/2011 (inverno brasileiro 2011), enquanto as semanas de moda apresentam o verão europeu 2010 (verão 2010/2011), uma temporada atrás. Isso acontece porque a feira traz a matéria-prima para o setor têxtil desenvolver os produtos de acordo com as tendências e só então passar para os designers desenvolverem as coleções. Nos diretórios, os produtos ficam evidentes. Vi, por exemplo, as tendências de estamparia. Print Animals continuará em alta, com uma nova roupagem, dessa vez com um toque digital e mais cores na composição. O xadrez que parece dominar o street style europeu vai ser ainda mais forte no inverno de 2011, mesmo que isso pareça impossível. Em Londres, nas ruas, só vemos xadrez ou floral, uma verdadeira febre. Em outro diretório, a cartela dos ácidos mostra que as cores ainda permanecerão durante um bom tempo nas coleções, principalmente em tecidos com membrana impermeabilizante protetora, ideal para linha esportiva. Além das tendências de têxteis e de comportamento, a feira serve para pesquisa estilo. Quem visita a Première é quem vivencia a moda, são empresários, gerentes de produtos, estilistas, um público que normalmente não está na primeira fila dos desfiles. Vários sapatos incríveis por lá e o look navy era traduzido quase de maneira literal. Depois de dias de Premie-
autumn/winter for 2010/2011 (Australian winter 2011), as the weeks of the fashion show summer 2010 (summer 2010/2011). This happens because the fair brings the raw material for the textile industry to develop products in line with the trends, and only then pass over for the designers to get started on their collections. In the directories, the products are evident. I saw, for example, trends in printing. Animal prints will continue to rise but with a new guise, this time with a digital touch and more color in the composition. Flannel seems to dominate the European street style, and it will be even stronger in the winter of 2011. Even if this seems impossible. In London, on the streets, we only saw flannel or floral, so it is a true fever. In another directory the neon card shows that those colors will remain in the collections for a long time, especially in fabric with a protective waterproof membrane, ideal for sport lines. In addition to trends in textiles and behavior, the fair works for researching style. Those who visit the Premiere are people living in fashion; they are entrepreneurs, product managers, designers; a public that is usually in the front row of fashion shows. Several amazing shoes were there and the navy look was translated almost literally. After the Premiere days, I dive head first into a season that is claimed to be post-crisis, but is still doubtful in practice. This was a season in which celebrities dominated the market and invaded brands that were previously regarded as classical. Seeing Lindsay Lohan in front of a Maison Ungaro gave me the goose bumps. Now, after some time, we know the outcome is not positive. During the three fashion weeks, articles and blogs popped in to talk about the influence of youth fashion, or better yet, its precociousness. (See the article signed by BoF). There are those who believe that influence is positive, because if consumers follow the
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re, mergulho de cabeça em uma temporada que dizem ser pós-crise, mas, que na prática, ainda podemos duvidar disso. Uma temporada onde celebrities dominam o mercado e invadem até as marcas que até então eram tidas como clássicas. Ver Lindsay Lohan à frente de uma Maison Ungaro deu um frio na barriga. Agora, passado algum tempo, já sabemos o resultado não foi nada positivo. Ao longo das três semanas de moda pipocam matérias e blogs discorrendo sobre a influência da juventude na moda, melhor seria dizer precocidade mesmo. (Veja a matéria assinada pelo BOF, na página 36) Há quem acredite que essa influência seja positiva, porque se os consumidores seguem o estilo das celebridades, demonstram estar mais abertos às novidades da indústria da moda também. Lá vou eu, mais uma vez, em busca de dados relevantes sobre o fato e encontro uma pesquisa realizada pela Cotton Lifestyle Monitor, que mostra o que mais influencia as consumidoras no momento de escolher o estilo que irão adquirir. Bingo. Era isso mesmo que eu precisava. Na faixa de 13 a 24 anos, 25% das consumidoras dizem buscar referências nas celebridades, e ainda 39% afirma usar revistas de moda como inspiração para seu estilo. E quem está nas revistas? Celebridades, lógico. Aliás, as revistas são elementos fortíssimos durante os desfiles. Onde tem um desfile acontecendo, os postes são invadidos por cartazes delas meia hora antes do tumulto começar e são tirados assim que acabam os desfiles. Tudo muito organizado e politicamente correto, mas como são as mesmas revistas sempre, é uma lavagem cerebral. As cidades são invadidas não só pelas revistas, mas por outras interferências urbanas como os stickers colados nas calçadas que fazem menção à semana de moda londrina. Nos quatro cantos da cidade é possível encontrá-
style of celebrities, they prove to be more open to new features of fashion industry as well. There I go again, searching for relevant information about the event, and finding a survey by Cotton Lifestyle Monitor, which shows what influences consumers the most when selecting the style to acquire. Bingo. That is exactly what I needed. In the age span of 13 to 24 years old, 25% of consumers say they check celebrity references, and yet 39% say they use fashion magazines as inspiration for their style. And who’s in the magazines? Celebrities, of course. Moreover, the magazines are very strong elements during the fashion shows. Wherever there is a show going on, the lamp poles are being invaded with posters of the publications half an hour before the riot starts, and are ripped away once the show ends. It is all very organized and politically correct, but they are always the same magazines, so it is brainwash. Cities are invaded not only by the magazines, but by other urban interferences, like stickers stuck on the sidewalks that make reference London Fashion Week. In the four corners of the city you can find them. In Milan, the phrase “Milano Loves Fashion” is projected on the Duomo, the main attraction of the city. And there are the huge Coca Cola bottles customized by major Italian designers. They are all beautiful, exposed and gave great joy to the tourists who took pictures next to the premises. These things do not appear in any magazine, but they are incredible and are worth being shared. All of this creates a magical atmosphere during those days. The collections are advertized practically in real time and in my opinion, very interesting brands go unnoticed by Brazilian coverage, as is the case of Jean Charles de Castelbajac, who always kicks butt in the fashion shows. This is the great advantage of being there, to see things that are not on websites and magazines. London and its copyright universe is a paradise for doing that. There are very young talent, who are all eager to publicize their collections and shows, and they are often more interesting than the big names. But there is no denying that it is interesting to find Matthew Williamson on the street, the “fan”
los. Em Milão, a frase “Milano Loves Fashion”, é projetada na Duomo, principal ponto da cidade. E ainda as diversas garrafas enormes de Coca Cola customizadas pelos maiores estilistas italianos. Todas lindas, expostas e motivo de felicidade para os turistas que tiravam fotos ao lado das instalações. Essas coisas não aparecem em revista nenhuma, mas são incríveis e valem ser compartilhadas. Tudo isso cria uma atmosfera meio mágica durante esses dias. As coleções são divulgadas praticamente em tempo real e, na minha opinião, marcas bastante interessantes passam desapercebidas pelas coberturas brasileiras, como é o caso de Jean Charles de Castelbajac, que sempre arrasa nos desfiles. Essa é a grande vantagem em estar lá, poder ver coisas que não estão em sites e revistas. Londres e seu universo autoral é o paraíso para fazer isso. São muitos jovens talentos, todos ansiosos em divulgar suas coleções e os desfiles são, muitas vezes, mais interessantes que os grandes nomes. Mas não há como negar que é interessante encontrar Matthew Williamson na rua, o lado “fã” aflora, mas é preciso se conter e passar por ele discretamente. O que é um pouco frustrante é ter que escolher entre um desfile e outro, porque a distância entre as locações tornam as semanas de moda verdadeiras gincanas. Só é possível cobrir TRÊS ou quatro coleções por dia, isso se você tiver uma resistência de maratonista. Caso você queira manter a pose de fashionista, pode reduzir a dois desfiles por dia, porque não tem como chegar impecável com tanta correria. Eu, teimosa como sou, tentei fazer umas loucuras nessa temporada para conseguir pegar dois desfiles na sequência, mas a única coisa que consegui foi ficar no trânsito. Em Londres, resolvi passar as manhãs na base do evento mesmo, assim assistia a
flag comes up, but you need to stop yourself and walk past him quietly. What is a little frustrating is having to choose what fashion shows to go to, because the distance between the locations of each show becomes a true marathon. You can only cover three or four collections a day, unless you have an athlete’s endurance. If you want to keep your “fashionista” pose, can reduce to two shows a day, because there is no way to look fabulous in that race. Stubborn little me tried to do some crazy things this season in order to make it to two shows in a row, but the only thing I ended up doing was getting stuck in traffic. In London, I decided to spend my mornings at the base of the same event, so I could watch the show and cover the side events as well, like Stella McCartney’s collection for Adidas and its video projections. In London there is no denying the strength of young Rock and Roll, led today by Kate Moss, who has not lost her post. She was in the first row of the TopShop show as a sponsor of the event, which has a line signed by her, and the press went crazy. London is effervescent, very different from Milan, where if you get off the route of the big brands, you will be very disappointed, as it happened to me. Forget Prada, Dolce & Gabanna, Armani, Cavalli ... Try to remember other names in Italian fashion shows that are not those; I’m sure that few people can remember the other participating brands. The basis of Milan closely resembles the organization of our Brazilian regional events, with decorative black tents stretched out in the lounge. What is interesting now in the Italian fashion is the encouragement of new talent. The concern with the huge growth of London fashion is so great that the subject came to be discussed in a special edition of Italian Vogue about new talent. But it’s no use, it’s too late, London won the title of being birthplace of the young (and great) talent. Nothing caught my attention among the young designers in Milan, including the project “Incubator Della Moda”, that is no different from other projects to encour-
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um desfile e ainda cobria os eventos paralelos que aconteciam por lá, como a coleção da Stella McCartney para Adidas e suas projeções de vídeo. Em Londres não há como negar a força da juventude Rock and Roll, encabeçada até hoje por Kate Moss, que ainda não perdeu o posto. Na primeira fila do desfile da TopShop, patrocinadora do evento, onde tem uma linha assinada por ela, fez a imprensa ir à loucura. Londres é efervescente, bastante diferente de Milão, que se você sair da rota das grandes marcas vai ter uma grande decepção, como eu tive. Esqueça Prada, Dolce & Gabanna, Armani, Cavalli... Tente lembrar-se de nomes que desfilam na moda italiana que não sejam esses, tenho certeza de que poucas pessoas lembrarão de outras marcas participantes. A base do evento em Milão, lembra muito a organização dos nossos eventos regionais brasileiros, tendas pretas e decoração feita em malha esticada no lounge. O que há de interessante atualmente na moda italiana é o incentivo aos novos talentos. A preocupação com o enorme crescimento da moda londrina é tão grande que chegou a ser discutido no especial de novos talentos lançados pela Vogue Itália. Mas não adianta, já é tarde demais, Londres conquistou o título de berço dos jovens (e grandes) talentos. Nada chama muita atenção entre os jovens criadores em Milão, inclusive o projeto “Incubatore Della Moda” não difere em nada dos outros projetos de incentivo a novos estilistas que existem pelo mundo. Mas a força está no sobrenome de quem faz parte do conselho do projeto, como Trussardi e Ferragamo. Chique, não? A preocupação é resgatar o prestígio da moda italiana, atualmente tida como decadente (esqueçam as grandes marcas, estamos falando de mercado
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age new designers around the world. The strength is the last name of the board of the project: Trussardi and Ferragamo. Chic, right? The concern is to recover the prestige of Italian fashion, which currently regarded as decadent. (Forget the big brands, we are talking about the overall market). Through the city there were scattered facilities that evoked thoughts on piracy; the value of “Made in Italy” needs to come back, and according to the president of Camera Nazionale della Moda Italiana, Mario Boselli, “The future of Italian fashion is in the hands of young people.” I totally agree. One name that stood out most was Cristiano, a doctor who left the hospitals to devote to fashion. In future editions we will bring more of his work, count on it. And then finally we got to the French fashion week, which is the real pinnacle for people who love fashion. Arguably it has the most power and prestige. The most striking image of the season comes from the Victor & Rolf show, with their clothes full of holes, a way to express themselves in relation to the crisis. The cost cuts are carried out on the runway literally. Journalists and designers had only one focus: to strengthen the idea that the crisis has passed in the fashion world, and at the exit of the Chanel show, while interviewing Hilary Alexander (a journalist muse), I heard the following gem: “Happiness is the new black”. And that was it, but she is the only person who can tie the mood of the season in a single sentence. Since I mentioned Chanel, I think it is worth it to share about my first fashion show of the brand. I was ready to be thrilled; after all, Chanel is Chanel, a dream of coverage for fashion journalists. But it was so unemotional and not glamorous that I left there feeling a bit disheartened. I’m not talking about the collection or of the incredible Lily Allen concert, but the crowds and the smell of sweat during the show that just took the charm from the moment that had romanticized so many times in my
Tismodiametue molenis et augue velenis ent in elessectet lam ea feugiate dolore mod doleniam, quisis del iuscilla con velit lobor aliquipit in velit wissi.Is dolor sustrud mod et, velent lam nulput prat, con ut ad dolor acil doluptatet utatinc iliquat, consed doluptatem nisim del eugiam volore dunt vercilit autpat num augiat esse facidunt utat alisl dunt diamet irilla facip eum ver si esed minim dolore magnisim del eu faccum duis acipit iure magna feum vulla faci blan vel erat. Put num nullaor autat. Ciduismodo odit nullandre vullaorperit am, sisi te dolobor sumsandre tat ulla feuguer sectetum ip eugiamet verosto dio consed te ming eugait alissis
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VIAGEM
em geral). Pela cidade, foram espalhadas instalações que provocavam reflexões sobre a pirataria, o valor do “Made in Italy” precisa voltar e segundo o presidente da Câmera Nazionale della Moda Italiana, Mário Boselli, “ O futuro da moda italiana está nas mãos dos jovens.” Eu assino embaixo. Um dos nomes que mais chamou atenção foi Cristiano, um médico que abandonou os hospitais para se dedicar à moda. Nas próximas edições traremos mais sobre o trabalho dele, podem esperar. E quando chegamos na semana de moda francesa, realmente é o ápice para os apaixonados por moda. Indiscutivelmente é a de maior força e prestígio. A imagem mais marcante da temporada vem do desfile de Victor & Rolf, com seus vestidos cheios de buracos, uma forma de se expressar em relação à crise. Os cortes de custos foram levados para a passarela literalmente. Jornalistas e estilistas tinham um único foco, fortalecer a ideia de que a crise já passou no mundo da moda e na saída do desfile da Chanel, enquanto entrevistava Hilary Alexander (jornalista musa), ouvi a seguinte pérola: “Happiness is the new black.” . E era isso mesmo, mas só ela para conseguir amarrar o Mood da estação com uma frase. Já que citei Chanel, vale a pena, compartilhar impressões sobre o meu primeiro desfile da marca. Fui preparada para me emocionar, afinal Chanel é Chanel, sonho de cobertura para jornalistas de moda. Mas foi tudo tão sem emoção e glamour, que saí meio desanimada com tudo. Não estou falando da coleção, nem do show da Lily Allen que foi incrível, mas o tumulto e o cheiro de suor durante o desfile tirou o encanto do momento que romantizei por tantas vezes na minha cabeça. No entanto, entrei normalmente no desfile da Lanvin (também meu primeiro desfile da marca), e assim que a primeira modelo chegou até o Pit de fotógrafos, as lágrimas rolavam no meu rosto. Em uma passarela imensa, elas apareciam ao fundo e pareciam desfilar em câmera lenta. Lindo. Momentos que não vou esquecer. Porque na moda, assim como na vida, os melhores momentos são aqueles que nos pegam de surpresa.
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head. However, I entered the Lanvin show (also my first show of the brand) without much expectation and when the first model arrived in the pit of photographers, tears rolled down my face. In a huge runway, they appeared at the bottom and seemed to walk in slow motion. It was beautiful; a moment that I will not forget. Because in fashion, as in life, the best times are those that catch us by surprise.
Tismodiametue molenis et augue velenis ent in elessectet lam ea feugiate dolore mod doleniam, quisis del iuscilla con velit lobor aliquipit in velit wissi.
MÍDIA POR Imran Amed*
A REALIDADE DAS MÍDIAS SOCIAIS Social Media Reality Check
Desde que a dinâmica e erudita jovem blogueira de moda, Tavi, apareceu nos desfiles de Nova York em Setembro, a indústria da moda tem participado de uma verdadeira orgia midiática. Artigo após artigo declarou, e com razão, que a blogueira de treze anos e seus talentosos irmãos e irmãs blogueiros – BryanBoy, Susie Bubble, entre outros – eram as novas estrelas da moda. Durante a Semana de Moda de Nova York em setembro, a seção de tecnologia do New York Times exclamou: “Jovens bloggers têm as orelhas de grandes pesos da moda”. Depois, a Women’s Wear Daily declarou: “Todos estão fazendo: Marcas adotam mídias sociais”, seguido pelo “Tijolos versus cliques: A primeira fila no D&G”, que comentou sobre a presença de blogueiros na primeira fila do desfile da D&G em Milão e a considerou um “momento definitivo” das coleções de Primavera/Verão 2010. Mas não acabou por aí! O Independent in London exibiu os “New Kids On The Blog” (trocadilho com a famosa boy-band dos anos ’80 e ’90). Já o Metro News de Toronto disse que “Blogueiros de estilo trazem a moda para as massas”, o Irish Independent afirmou que os blogs de moda são “Escritos com estilo”, o Financial Times revelou que “Blogueiros de estilo pegaram o centro do palco” e até o International Herald Tribune deu palpite ao dizer que estamos migrando “de Couture para conversas”. E enquanto nada nos encanta mais do que ver blogueiros finalmente conquistando a atenção e respeito que eles tanto merecem, chegou a hora para uma pequena dose de realidade sobre as mídias sociais. De acordo com uma pesquisa rápida no Alexa, a recente atenção dada ao assunto tem impulsionado o número de visitas desses blogs de moda a recordes absolutos e, por um curto período, o tráfego da pequena Tavi chegou a ofuscar o do “superblogger” Scott Schuman. Enquanto isso, as marcas estavam perseguindo a “nova primeira fila” em busca de aprovação, uma conferencia luxuosa internacional foi organizada em Berlim para explorar como as mídias sociais estão revolucionando a indústria da moda e os novos blogueiros-estrelas tentavam entender de onde veio esse sucesso repentino e sua nova influência na indústria. Mas o que acontecerá agora? Está na hora de calcular como que cada um dos jogadores desse ecossistema da moda on-line pode se desenvolver em longo prazo. Para todos os envolvidos, isso exigirá não só uma mudança na mídia, mas também uma mudança de pensamento.
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Ever since the dynamic and erudite young fashion blogger Tavi appeared at the runway shows in New York this past September, the fashion industry has partaken in a veritable social media orgy. Article after article rightfully declared the 13 year-old blogger and her talented fashion blogger brothers and sisters - BryanBoy, Susie Bubble and others - the new fashion stars. During New York Fashion Week in September, The New York Times Technology section exclaimed: “Young bloggers Have Ear of Fashion Heavyweights.” Then, Women’s Wear Daily declared: “Everyone’s doing it: Brands take on Social Media,” and followed with “Bricks Versus Clicks: Front Row at D&G,” ranking the front row presence of bloggers at D&G in Milan as a “Defining Moment” of the Spring/ Summer 2010 collections. But it didn’t there. The Independent in London showcased the “New Kids on the Blog,” Metro News in Toronto said “Style bloggers bring fashion to the masses,” the Irish Independent said fashion blogs are “Writing with Style,” the Financial Times revealed that “Style bloggers take centre stage” and the International Herald Tribune chimed in, saying that we are moving “From Couture - to Conversation.” And while nothing delights us more than to see bloggers finally getting the attention and respect they deserve, the time has come for a bit of a social media reality check. According to some quick research on Alexa, the recent attention has propelled traffic of these fashion blogs to record highs, and for a short period, tiny Tavi’s traffic even eclipsed that of the superblogger Scott Schuman. All the while, brands were chasing the “new front row” for attention and approval, an international luxury conference was convened in Berlin to explore how social media is revolutionising the fashion industry, and the star bloggers were trying to make sense of their overnight fame and newfound industry influence. But what happens next? It’s time to take stock to assess how each of the constituent players in this rapidly developing online fashion eco-system can develop over the long-term. For everyone involved, this will require not only a change of media, but also a change of mindset.
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MÍDIA
MARCAS: Desenvolva um relacionamento em longo prazo e recíproco com os blogueiros. Não os use apenas para criar ações de relações públicas e conseguir atenção. No (agora considerado) infame desfile da D&G em Milão, onde os blogueiros foram colocados proeminentemente na primeira fila para que todos pudessem ver, os laptops também foram montados na frente de suas cadeiras. O objetivo, aparentemente, era de fazer parecer que eles estavam cobrindo o evento ao vivo e tweeting sobre o desfile, embora nenhum dos photobloggers selecionados (Scott Schuman, Tommy Ton, e Garance Doré) trabalhem assim. Em vez disso, esses blogueiros tiram centenas de fotos durante todo o dia para depois editá-las e, enfim, publicar as melhores (por isso o termo “photobloggers”). Na realidade, apenas o BryanBoy é um usuário regular do Twitter e o único que poderia ser considerado um “live blogger”, ou blogueiro em tempo real. Como uma ação de publicidade, a ilusão do “live blogging” pode ter feito maravilhas para a D&G, já que fotos dos bloggeiros apareceram nos principais jornais em todo o mundo. Confabular imagens de jovens publicando suas idéias em tempo real na primeira fila do evento faz uma grande matéria, mas provavelmente causou desconforto aos próprios bloggers. A D&G aparentemente queria ser vista como a primeira marca a realmente abraçar essa mídia, apesar de que outras já fazem isso há alguns anos, porém de maneira um pouco mais discreta. Não é suficiente ser visto abraçando as mídias sociais. Marcas e varejistas precisam construir reais relacionamentos em longo prazo com os blogueiros, e não relações curtas e exploradoras. Excelentes exemplos disso são a Lane Crawford, que desde o começo apóia e trabalha com Tommy Ton em suas campanhas publicitárias, e a Burberry e a DKNY, que contrataram o Sr. Schuman para que suas habilidades fotográficas pudessem aparecer no site (da Burberry) e nos anúncios (da DKNY). Finalmente, considere a questão levantada por Yuli Ziv, uma blogueira de moda de Nova York, que disse o seguinte para as grandes marcas: “Se você estiver atrás de vendas, providencie aos bloggers informações detalhadas sobre o produto, preço e disponibilidade; se a otimização de sites [SEO] é sua meta, use as palavras-chave corretas em suas pautas; se um buzz publicitário é o que lhe satisfaz, dê a eles histórias suculentas; e se você simplesmente quer amor, dê a eles razões para amá-lo.”. É simples assim. BLOGUEIROS: Opere com o máximo de integridade e não perca sua voz independente e seu ponto de vista No livro Watching the Watchdog: Bloggers As the Fifth Estate, o autor Stephen D. Cooper argumenta que blogueiros podem responsabilizar empresas e a grande mídia por suas ações. Mas para fazer isso, os bloggers precisam simultaneamente manter um relacionamento saudável e positivo com as marcas com as quais trabalham, enquanto protegem impetuosamente sua independência. Ainda que não acreditemos inteiramente na recente ordem da FTC (Federal Trade Commission, uma espécie de CONAR dos Estados Unidos), que responsabiliza blogueiros em um nível diferente do que a grande imprensa, o princípio é o mesmo. Não permita que seus elogios sejam comprados. Aceite presentes como todos os outros na indústria, mas seja transparente quando algo lhe for presenteado em troca de uma pauta. E, acima de tudo, diga o que você pensa! Afinal, é por isso que as pessoas o procuram. Assim que os blogueiros começarem a fazer parte da manipuladora maquinaria da mídia de moda, eles perderão sua singular proposta. Se os blogueiros querem ser levados a sério, eles precisam operar como profissionais. Não obstante, são os bloggers mais profissionais – aqueles que trabalham duro, operam com integridade e mantém bons relacionamentos – os que têm o maior êxito financeiro, pois atraem publicidade, patrocínios e até consultorias e oportunidades de emprego.
GRANDE MÍDIA: Interaja com os blogueiros como profissionais e considere chamá-los para serem seus novos colegas de trabalho. O acréscimo dos blogueiros de moda não significa necessariamente o fim dos editores. Há bastante espaço para todos fazerem parte dessa grande esfera chamada comunicação de moda. No entanto, em vez de apenas escrever sobre os bloggers, a grande mídia deve considerar uma interação com eles como colegas profissionais. Antes da conferência em Berlin, Suzy Menkes concordou em participar de uma entrevista com Mary Scherpe em seu blog, Quite Contrary. Enquanto muitos outros jornalistas estavam entrevistando os blogueiros, Suzy fez o oposto e permitiu que uma blogueira a entrevistasse! Suzy também se empenhou em conhecer outros bloggers em Berlin que estavam (realmente) postando e tweeting nas primeiras filas. Jefferson Hack, o diretor editorial do Dazed Group, fez ainda mais. Quando estava contratando para a Dazed Digital há alguns anos, ele não procurou editores e fotógrafos tradicionais para liderar seu novo time digital. Em vez disso, ele optou por talentos de moda na Internet e contratou o fotógrafo Alistair Allan como diretor de arte digital e a prodigiosa blogueira de moda Susie Bubble como editora. Bem antes da grande mídia começar a prestar atenção nos bloggers, Jefferson já estava aprendendo com eles. Os resultados são impressionantes. A independente Dazed Digital hoje recebe dois milhões de visitas por mês, o que a coloca juntamente à Vogue.co.uk do Conde Nast, de acordo com pesquisas do Alexa. Ainda assim, eu regularmente ouço as declarações das grandes propriedades de moda on-line que simplesmente “não têm verba” para contratar jovens nativos da era digital para ajudar a aprimorar o conteúdo da web. Isso sim é tolice, especialmente porque esses jovens talentos podem ser contratados pela fração do preço de um grande ensaio ou um editor renomado. Se a grande mídia pretende se manter com todos os desenvolvimentos, tecnologias e ferramentas da mídia on-line, eles precisam aprender com os experts. Bloggers estão no topo da lista de inovação de conteúdo na Internet e têm o know-how para usar as novas mídias com eficiência. No mundo “internáutico” de hoje, é o conteúdo inovador que atrai atenção e nutre relacionamentos com os leitores, que também são os mais importantes maquinistas do tráfego e de lealdade.
BRANDS: Develop long-term, reciprocal relationships with bloggers. Don’t just create PR stunts to get attention. At that now infamous D&G show in Milan, where bloggers were prominently placed in the front row for all to see, laptops were also set up in front of their seats. The objective, it appears, was to make it look like they were “live” blogging and tweeting during the show, even though none of the selected photobloggers (Scott Schuman, Tommy Ton, and Garance Doré) work in this way. Rather, the photobloggers take hundreds of photos over the course of a day and then edit their photos down before publishing only the best ones. In reality, only Bryanboy is a regular Twitter user and the only one who might be considered a “live” blogger. As a PR stunt, the illusion of live blogging may have done wonders for D&G as press photos of the bloggers appeared in major publications around the world. Conjuring up images of young people streaming their ideas live from the front row made for a great story, but it probably made the bloggers themselves feel uncomfortable. D&G apparently wanted to be seen as the first to truly embrace media, even though other brands have been doing so for several seasons now, albeit in a quieter manner. It’s not enough to be seen to embrace social media. Brands and retailers must also build real long-term symbiotic relationships with bloggers, not short-term exploitative ones. Excellent examples of this are Lane Crawford, who from the start have supported and worked with Tommy Ton on their ad campaigns, and Burberry and DKNY who hired Mr. Schuman for his photography skills to appear on their website and in their advertisements, respectively. Finally, consider the point made by Yuli Ziv, a New York-based fashion blogger who said to brands last week: “If you are looking for sales, make sure to provide [bloggers] the detailed product info, pricing and availability, if SEO optimization is your top goal - make sure you use the right keywords in your pitch, if publicity buzz is what makes you satisfied - give them juicy stories, and if you simply want love - give them the reasons to love you.” It’s as simple as that.
MAINSTREAM MEDIA: Engage with bloggers as professionals and consider making them your new colleagues. The rise of fashion bloggers does not necessarily mean the death of fashion editors. There is more than enough room for everyone to take part in the ever-growing sphere of fashion writing and communication. However, more than just writing about bloggers (over and over again), the mainstream media may want to consider engaging with them as fellow professionals. Prior to last week’s IHT conference in Berlin, Suzy Menkes agreed to have the tables turned on her, participating in an interview with Mary Scherpe on her blog, Quite Contrary. While many other journalists were interviewing bloggers, Suzy was letting a blogger interview her. Suzy also made an effort to meet with bloggers in Berlin who were (really) blogging and tweeting from the front rows. Jefferson Hack, Editorial Director of Dazed Group, has taken this one step further. When hiring for Dazed Digital a few years back, he did not look to traditional editors or photographers to lead his new digital team. Rather, he turned to the internet’s burgeoning fashion talents, hiring photographer Alistair Allan as Digital Director and prodigious fashion blogger Susie Bubble as Commissioning Editor. Long before much of the mainstream media was even paying attention to bloggers, Jefferson was already learning from them. The results have been impressive. Independently-owned Dazed Digital now receives about 2 million pageviews per month, placing it in the leagues of Conde Nast-owned Vogue.co.uk, according to Alexa. Still, I regularly hear reports of major online fashion properties who “can’t find the budgets” to hire young digital natives to help them amp up their online content. This is pennywise, pound foolish, especially as these young talents can be hired for a fraction of the cost of major photo shoot or big-time editor. If the mainstream media are to keep up with all of the new developments, technologies and tools of online media, they might as well turn to the experts. Bloggers are at the forefront of content innovation on the internet and have the know-how to use social media effectively. In today’s internet world, it is innovative content attracts viral attention and fosters relationships with readers, which are also the most important drivers of traffic and loyalty.
BLOGGERS: Operate with the highest-levels of integrity and don’t lose your independent voice and point-of-view. In his book “Watching the Watchdog: Bloggers As the Fifth Estate,” author Stephen D. Cooper argues that bloggers can hold companies and the mainstream media accountable for their actions. But in order to do so, bloggers must simultaneously maintain healthy, positive relationships with the brands with whom they work, while also fiercely protecting their independence. Even though we don’t necessarily agree with the recent FTC ruling holding bloggers to a different level of accountability than the mainstream press, the underlying principles are sensible. Don’t allow your praise to be bought. Accept gifts like everyone else in the industry, but be transparent when you have been given something to review or been flown in to cover an event. And, most of all, say what you think! After all, this is why your audience comes to you in the first place. The minute bloggers become part of the easily-manipulated fashion media machinery, they lose their unique selling proposition. If bloggers want to be taken seriously, they must operate like professionals. Indeed, it is the most professional of bloggers - those who work hard, operate with integrity, and maintain good relationships - who are having the most financial success, attracting advertising, sponsorship and even consulting and employment opportunities. *Imran Amed is editor of The Business of Fashion
*Imran Amed é editor da Business of Fashion.
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RED WINE photo Sara Coe
Blusa Blumarine Colete Jimmy Choo for H&M Saia Txell Miras Cinto Sendra
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Nesta pรกgina Top Pinko Saia Etxart & Panno Na pรกgina ao lado Blusa Armand Basi Saia H&M Botas Jimmy Choo for H&M
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Vestido H&M Cinto Moschino
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Nesta pรกgina Vestido Pinko Sapatos Fosco Na pรกgina ao lado Vestido Armand Basi
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Nesta página Leggings Pinko Bolero Armand Basi Na página ao lado Vestido H&M Cinto Moschino Botas Jimmy Choo for H&M Fotografia: Sara Coe (www.saracoe.com) Styling: Antía Pagant (www.stylish.es) Beleza: Katharina Nitzpon (www.katharinanitzpon.com) Modelos: Simona K (www.colorsmodels.com) Agradecimentos: Giorgio Armani cosmetics e Tigi
Bolero Armand Basi
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TAKE A WALK photo Sara Coe
Cardigan H&M Camisola de seda REPLAY
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Vestido de veludo H&M Cardigan PINKO Camisa de seda com jรณias ANTIK BATIK Lenรงo em seda com flores NICE THINGS Saia queimado DOLORES PROMESSAS Sapatilhas com laรงo VIVIENNE WESTWOOD
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Vestido listrado azul-NAF NAF Colete com bordados MIKKELSEN DAY BIRGER Bolsa em camurรงa rosa H & M Meias CALZEDONIA Sapatos COLCCI
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Cardigan H&M Camisola de seda de REPLAY Saia de seda SITA MURT
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Vestido de seda PAUL&JOE sister Lenço em seda com flores H&M Sapato rosa H&M
Cardigan PINKO T-shirt com aplicação de seda PHARD
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Fotografia: Sara Coe (www.saracoe.com) Styling: Angela Navas (www.angelanavas.com) Beleza: Rafit Noy (rafitnoymakeup.wordpress.com) Modelos: Angelina Naw (www.groupmodels.com) Agradecimentos: Chic&Basic Hotel (www.chicandbasic.com) e M.A.C. Cosmetics
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akakia / REVISTA CATARINA / CROSSMEDIA COFA / REVISTA dalila têxtil / BRANDING dutmy / BRANDING DUEX / BRANDING dva veículos / GUIA SANTA CATARINA FECOMÉRCIO / REVISTA liv / BRANDING lancaster / BRANDING local x distribuidora / BRANDING LUNENDER / REVISTA MALWEE / REVISTA santa catarina moda contemporânea / BRANDING SMART CENTER FLORIPA / BRANDING WILSON eyeWEAR / BRANDING
faça como os nossos clientes, vire a página.
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Liliana Katio, 20 anos, Austrália Eu nasci na Indonésia e tenho uma família bem grande, somos em 5 irmãs. O que eu mais gosto dos sites de relacionamento é ver como as pessoas são diferentes da gente. Isso me inspira e me dá vontade de ter diferentes estilos de vida. Não vivo sem maquiagem e sem internet. Amo Marilyn Manson e H.I.M. Acho que daqui um tempo, vou ver minhas fotos de hoje e pensar em como que eu podia ser desse jeito.
Fotos enviadas direto das redes de relacionamento virtuais para um editorial impresso. Mais uma vez, a Catarina abre espaço para pessoas de diferentes lugares do mundo, dos mais diversos estilos, para mostrar múltiplas maneiras de ver e pensar a moda.
REAL LIFE PICTURES, SENT STRAIGHT FROM VIRTUAL RELATIONSHIP NETWORKS, FOR A PRINTED EDITORIAL. ONCE MORE, CATARINA OPENS SPACE FOR PEOPLE FROM DIFFERENT PLACES OF THE WORLD, WITH THE MOST DIFFERENT STYLES, TO SHOW THE MULTIPLE WAYS TO SEE, AND THINK ABOUT FASHION.
Liliana Katio, 20 years old, Australia I was born in Indonesia and have a very large family, we are in 5 sisters. What I like most about social networking sites is to see how people are different from us. That inspires me and makes me want to have different lifestyles. I can’t live without makeup and without the Internet. I love Marilyn Manson and H.I.M. I think that in a while, I will see my pictures from today and wonder how I could have possibly been the way I am today.
James Payden, 16 anos, Gales Adoro buscar inspiração nos mais diversos lugares. Não costumo procurar nas coisas habituais, onde todos procuram. Me canso de tudo muito rápido, então, para mim, tudo precisa ser novo mesmo, sempre. Mesmo assim, acredito que não há nada mais inspirador do que andar pela rua e observar as coisas. Acho que o estilo das pessoas sempre muda, então quando eu olhar para trás vou levar um susto ao ver como eu mudei drasticamente. James Payden, 16 years old, Wales I love searching for inspiration in many different places. I usually do not seek it in the usual stuff, where everyone looks for. I get tired of everything so fast, so for me all everything needs to be new, always. Still, I believe that there is nothing more inspiring than walking down the street and observing things. I think people’s style always change, so when I look back I will be shocked to see how dramatically I have changed.
Colin Hill, 17 anos, EUA Eu gosto do me comunicar através das minhas roupas, porque é uma forma de me defender do código de vestimenta que eu tive durante toda a minha vida no colégio. Para mim, música, clima bom, senso de direção e internet são as melhores coisas do mundo. Eu mesmo tiro minhas fotos, com a minha própria máquina. É um pouco cansativo às vezes, mas eu gosto, acredito que daqui a 10 anos eu vou olhar para elas e me achar ridículo e com certeza vou achar que as fotos são terríveis, quer dizer, provavelmente eu acho.
Colin Hill, 17 years old, USA I like to communicate through my clothes, because it is a way of defending myself from the dress code that I had throughout my life in school. For me, music, good climate, a sense of direction and the Internet are the best things in the world. I take my own photos with my own camera. It’s a bit tiring at times, but I like it, I believe that 10 years from now I’ll look back at them and find it all ridiculous and think the photos are terrible, I mean, I’ll probably think that.
Stella W, 26 anos, Espanha Eu trabalho como modelo desde os meus 16 anos. Sou formada em direito e estou fazendo mestrado em negócios de moda. A maioria das minhas fotos são tiradas em dias comuns, com a minha roupa diária mesmo. Mas durante os finais de semana gosto de produzir algumas e ir para lugares diferentes. Não me inspiro com nenhum site em especial, gosto mesmo é de blogs de moda de rua. Todo dia eu como chocolate e me olho no espelho, parece superficial, mas quem não faz?
Stella W, 26 years old, Spain I work as a model since I was 16 years old. I have a degree in Law and I getting my masters in Business of Fashion. Most of my photos are taken in ordinary days, with my everyday clothes. But during weekends I like to produce some and go to different places. I am not inspired by any site in particular, what I really like are street fashion blogs. Every day I eat chocolate and I look at myself in the mirror, it seems superficial, but who does not do that?
Nigel Lew, 17 anos, Canadá Normalmente faço as fotos que posto antes de sair de casa ou quando volto, sem produção mesmo. Eu não vivo sem minha família, meus amigos, fotografia, viagens e moda. Minha inspiração vem de diversos lugares, acho que quase tudo me inspira. Blogs, fotografias, sites... tudo é uma forma de mostrar a vida e o jeito de viver das outras pessoas, isso me inspira bastante. Minhas bandas preferidas são The Kooks, Coldplay e Iron & Wine.
Nigel Lew, 17 years old, Canada Normally I take my photos before I leave home or when I get back, without producing much. I can not live without my family, my friends, photography, travel and fashion. My inspiration comes from many places, I think almost everything inspires me. Blogs, photos, sites… everything is a way of showing life and other people’s lifestyle inspires me a lot. My favorite bands are The Kooks, Coldplay and Iron & Wine.
Anna Lengstrand, 24 anos, Suécia Eu moro sozinha em uma pequena casa com papel de parede florido, um pouco distante da cidade. Uso o lookbook como forma de inspiração, acho muito legal me inspirar com pessoas do mundo todo que tenham bom gosto. Minhas fotos são feitas com a minha câmera, algumas vezes com um tripé ou então com ajuda de com amigo ou alguém da família. Eu não costumo planejá-las , normalmente levo a câmera para onde vou e se achar algo interessante faço um clique.
Anna Lengstrand, 24 years old, Sweden I live alone in a small house with flowery wallpaper, a bit far from the city. I use the se the Look Book as a means of inspiration, I think it’s cool get inspired by people around the world who have good taste. My photos are taken with my camera, sometimes with a tripod or with the help of a friend or family member. I do not usually plan them, I normally just the camera wherever I go and find something interesting, I just click.
Kerry Lockwood, 23 anos, Reino Unido As pessoas me conhecem por ser a menina que passa fome para comprar uma Vogue. Meu estilo é um pouco de fantasia misturada com realidade. Adoro peças Vintage e fico imaginando que tipo de vida elas tinham antes. Comecei o meu perfil no Lookbook para sozinha acompanhar as mudanças do meu estilo, depois virou um vício, adoro o jeito que as pessoas se comunicam por lá. Amo minha cama, comer e cozinhar. Meu armário é um dos melhores lugares da minha casa e eu sou apaixonada por ele. Adoro filmes e fotos clássicas. Acho que as fotos de hoje vão ser ótimas lembranças para mostrar para os meus sobrinhos e netos.
Kerry Lockwood, 23 years old, United Kingdom People know me as the girl who goes hungry in order to buy an issue of Vogue. My style has a bit of fantasy mixed with reality. I love vintage pieces and wonder what kind of life they had before. I started my profile on Look Book to monitor the changes in my style on my own, then it became an addiction, I love the way people communicate there. I love my bed, eating and cooking. My closet is one of the best places in my house and I’m in love with it. I love classic movies and photos. I think the photos of today will be great memories to show my nephews and grandchildren.
Fotos: Divulgação
CINEMA POR BHIANCA CHIARADIA
Tim Burton. Onírico. Surrealista. Fantasmagórico. Tim Burton. Dreamlike. Surrealist. Ghostly. Tim Burton é conhecido como o principal cineasta americano contemporâneo quando o assunto é o “fantástico”, pois reinventou a forma de filmar esse gênero em Hollywood. Entre seus filmes mais populares estão: “Os Fantasmas Se Divertem” (Beetlejuice/1988), “Batman” (1989), “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands/1990), “Batman, O Retorno” (Batman Returns/1992), “Ed Wood” (1994), “Planeta dos Macacos” (Planet of the Apes/ 2001), “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (Charlie and the Chocolate Factory/ 2005). Burton passou sua infância assistindo a filmes de terror de baixo orçamento e inspirando-se no poeta Edgar Allan Poe. Após o colegial ganhou uma bolsa na Disney e lá trabalhou alguns anos como aprendiz de animador. Foi nesse período que dirigiu seu primeiro filme: “Vincent Price”. “...e a minha alma, para fora dessa sombra que flutua sobre o chão não se levantará nunca mais.” Assim termina o curta-metragem em stop motion realizado com o próprio Vincent Price (ícone dos filmes de terror do século passado). O curta fala sobre Vincent Malloy, um garoto de sete anos que queria ser Price. A frase do poema “O Corvo”, de Edgar Allan Poe define a proposta de seus personagens. Burton, como o garoto Vincent, sugere o desejo inerente de ser aterrorizadoramente “grande” no seu próprio personagem. Esse desejo se vê espalhado nos protagonistas de Burton. Em “Ed Wood”, o filme conta a real trajetória falida de um cineasta de filmes trash nos anos 50, que encontra Bela Lugosi no fim de sua carreira e produz o último trabalho de Lugosi. Em cada personagem Burton respinga sua criatividade que trabalha com elementos sombrios. Não há sonho ou realidade ficcionada que seja fácil na concepção do cineasta. Há um conjunto de características que fazem de muitos criadores seres ímpares, onde a proposta se materializa pelas referências em cada obra. Ele leva suas cores e formas surreais em todos os filmes, onde facilmente observamos o amadurecimento de sua cinematografia. Essa complexidade é vista na direção de arte que envolve a performance fantasmagórica de seus filmes. Sejam eles coloridos ou não. Burton não se mostra inovador quando falamos da montagem e roteiro. Ele é mais um dos que seguem a escola da montagem vertical desenvolvida pelo cineasta russo Serguei Eisenstein. Tim Burton é um homem de formas. Formas desproporcionais ao real adulto, pois há um exercício de observação que já abandonamos. O olhar que sobressai em cada elemento. Homens gigantes, que não passam em qualquer porta, ou com unhas enormes ao
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When it comes to the “fantastic”, Tim Burton is the main American contemporary filmmaker, because he innovated the way of filming this genre in Hollywood. Among his most popular movies are “Beetlejuice” (1988), “Batman” (1989), “Edward Scissor Hands” (1990), “Batman Returns” (1992), “Ed Wood” (1994), “Planet of the Apes” (2001), “Charlie and the Chocolate Factory” (2005). Burton spent his childhood watching low budget horror movies and searching for inspiration in the poet Edgar Allen Poe. After high school, he got a scholarship at Disney Studios and worked there for a while as an animator apprentice. It was during that time that he directed his first film, “Vincent Price”. “And my soul from out that shadow that lies floating on the floor shall be lifted -nevermore!” That is how the stop-motion short film ends, with the real Vincent Price (a last century horror movie icon). The film is about Vincent Mallow, a seven-year-old boy who wanted to be Price. The line from the poem “The Raven” by Edgar Allen Poe defines the purpose of the character. Burton, like the boy Vincent, suggests the inherent desire to be frighteningly “big” in his own character. This desire is seen scattered in Burton’s leading roles. In “Ed Wood”, a film that narrates the true story of the unsuccessful trash-movie director in the 50’s, who meets Bela Lugosi at the end of his career and produces Lugosi’s last movie. In each character, Burton sprinkles his creativity and works with spooky elements. There is no dream or fictional reality that is simple in the filmmaker’s conception. There are a number of characteristics that make many creators odd beings, where the proposal is embodied by the references in each work. He takes his color and surreal shapes to every one of his movies, where we can easily observe the growth of his cinematography. That complexity is seen in the art direction that involves the ghostly performance of his movies. Be them in color or black and white. Burton isn’t as innovative when it comes to the settings and screenplays. He is one of those directors that follow the vertical settings developed by the Russian filmmaker Serguei Eisenstein. Tim Burton is a man of shapes. Shapes that are disproportional to a real adult, because there is an observation exercise that we have long abandoned. Our gaze stands out in each element. Huge men, that can’t go through any doors, or with giant fingernails that can actually hurt them. Wide-eyed ETs, women with skin as pale as dolls. Excess is everywhere, it is not disguised, it is there on purpose, to the point where Tim’s fantasies take over the movie and set off to do what American cinema does best: involve the spectator in a created reality that transcends any dream, but with real-life connections that entertain us within the storyline. After all, each spectator must see a part of himself inside the story. Of course, every filmmaker reveals a particular feeling to the world, it was like that
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ponto de machucar-se. ETs com olhos enormes, mulheres com pele alva como bonecas. Excessos, todos comedidos no todo, não disfarçados, comedidos. Ao ponto da fantasia de Tim tomar forma no conjunto do filme e propor o que o cinema americano faz melhor: envolver o espectador numa realidade criada além de qualquer sonho, mas com vínculos reais para nos entreter dentro do filme. Já que cada espectador precisa reconhecer-se em algo dentro da estória. Claro, todo cineasta revela um sentimento particular do mundo, com qualidade que sobressaia defeitos, foi assim com Glauber, Godard. O projeto de cinema Tim Burton é grandioso, um dos poucos americanos que segue com originalidade suas idéias. Em “Edward, Mãos de Tesoura”, o diretor mostra amadurecimento na forma de mostrar o mundo. Ele cria um personagem infeliz e atormentado, que vive num subúrbio americano. Estrelado por Johnny Deep, o filme levou o Oscar como melhor ator coadjuvante (Martin Landau) e melhor maquiagem. Esse foi o primeiro filme da “parceria” de Deep e Burton. Depois disso outros filmes com Deep no personagem principal vieram, são eles: “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Ed Wood”, “A Noiva Cadáver” (como narrador), “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”, e o musical “Sweeney Todd”. Agora, Tim Burton prepara-se para estrear outro filme com Deep no papel. Em março de 2010 estréia “Alice no País das Maravilhas”, com o ator como Chapeleiro Maluco. Além de Deep, outra figura presente é sua mulher, com quem tem dois filhos: Helena Bonham Carter. De 22 de Novembro de 2009 a 26 de Abril de 2009, uma exposição no Moma (Museu de Arte Moderna de NY) sobre Tim Burton propõe uma mostra multimídia do autor. Com exibição de filmes, desenhos, story board, fotografias e outras manifestações criativas e processuais de sua obra. Em outubro de 2009 a revista Harper’s Bazaar publicou um editorial inspirado na obra do cineasta. O trabalho foi fotografado por Tim Walker. Walker é da mesma escola estética: onírico e surrealista. As fotos podem ser vistas pela internet. Mesmo o editorial inspirado em Burton, não deslumbra algo maior que a própria inspiração do que já foi feito. Tim Burton é único por que enxerga em suas referências potencialidade para criar um ciclo. Onde a leitura que fez em seu trabalho será reeleito de várias formas. A maneira como constrói sua estética engrandece os olhos dos criadores modernos. O figurino de seus filmes alcança uma complexividade admirada por fashionistas e designers. Cada forma segue uma justificativa entre a composição do ser imaginado por ele. O cabelo arrepiado de Edward Mãos de Tesoura e Bettlejuice( Os Fantasmas se Divertem). O figurino pueril de Bettlejuice, com listras em preto e branco. A complexividade de Edward em suas roupas de amarras, que mostram a dificuldade do personagem em lidar com o próprio corpo. A roupa puída do barbeiro de Sweeny Todd, a cartola presa nos cabelos ruivos de seu Willy Wonka. A fragilidade de suas mulheres em personalidades fortes, mas aparentemente frágil, como Winona Rider em “Os Fantasmas se Divertem”, e o loiro sombrio de Christina Ricci em “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”. Isso são referências da excentricidade do autor, contestadas para o mundo como uma forma única, que dificilmente, por mais modernos e encorajados que sejam os que arriscam desmistificá-lo, consigam entender. Estamos falando de um cineasta que trouxe em sua obra um marco para a cinematografia mundial. O imprevisto disso tudo, e não vou compará-lo a cineastas que tomam a mesma posição na cinematografia mundial, é o comum criativo: retroceder o que foi alcançado.
with Glauber and Godard. Tim Burton’s project for cinema is grand, and he is one of the few Americans that follow through with original ideas. In “Edward Scissor Hands”, the director shows growth in the way he showcases the world. He recreates an unhappy and tormented character, which lives in an American suburb. Starred by Johnny Depp, the movie won an Academy Award for best supporting actor (Martin Landau) and best make-up. That was the first film of the Depp and Burton partnership. After that, other movies with Depp as the leading role came along, such as “Charlie and the Chocolate Factory”, “Ed Wood”, “The Corpse Bride”, “Sleepy Hollow” and the musical “Sweeney Todd”. Now, Tim Burton is preparing another movie with Depp in the cast. “Alice in Wonderland” opens in theaters in March 2010, with the actor in the role of the Mad Hatter. Besides Depp, another celebrity that usually takes part in his projects is his wife, actress Helena Bonham Carter, to whom he has two kids with. From November 22, 2009 to April 26, 2010, an exhibition at the MoMA (Museum of Modern Art) about Tim Burton brings together a multimedia presentation of the director’s work. There are movie sessions, pictures, storyboards, photographs and other creative manifestations of his art. In October 2009, Harpers Bazaar published an editorial inspired in he filmmaker’s projects. The piece was photographed by Tim Walker. Walker is from the same esthetic school: dreamlike and surrealist. The photos can be seen on the Internet. Although the editorial is inspired in Burton, it does not portrait something bigger than the actual inspiration of what has been done. Tim Burton is unique because he sees a potential in his references to create a cycle. Where the reading of his work can be read in many different ways. The way he builds his esthetics broadens the eyes of modern creators. The costumes in his movies reach a level of complexity that is admired by people in fashion and design. Each shape follows with a justification of what was imagined by him. Like Edward Scissor Hands’ and Beetlejuice’s spiky hair. Beetlejuice’s childish outfit, with black and white stripes. The complexity in Edward’s clothes and straps, that show the character’s difficulty in dealing with his own body. Sweeney Todd’s polished barber outfit and Willy Wonka’s top hat stuck above his red hair. There is a fragility in his strong, female characters, like Winona Ryder in Beetlejuice and Christina Ricci in Sleepy Hollow. These are all references of the author’s eccentricity, that is known to the public as something unique but is hardly understood, even by the most modern and faithful fans. We are talking about a filmmaker that brought in his work a milestone in world cinematography. The unexpectedness of it all, and I will not compare it to filmmakers who take the same position in the film world, is the creative common: to go back to what has been achieved. Written while listening to REM.
Matéria escrita ao som de REM.
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TALENTOS POR SIDNEY TANCREDO
QUEM APARECE NO CENÁRIO
CATARIN CATARINENSE construir ê c o v ra a p is a m a to n e im c Conhe al n io ss fi ro p a ri tó is h e d n ra g uma
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superpose
Um Duo de amor e música A duo of love and music
O Superpose, projeto do músico Isaac Varzim e da dançarina contemporânea Paula Felitto, é considerado uma das revelações da música eletrônica dos últimos anos. O jovem casal de 27 anos sabe que tem muito por vir e, enquanto desenvolvem a família e a música, colhem um sucesso que se multiplica pelas páginas do My Space, Facebook e blogs especializados. Como um som que contagia, Varzim e Felitto se relacionam com diferentes mundos, criando uma atmosfera pouco encontrada em outros grupos. Como surgiu o duo e qual a origem do nome? O duo surgiu a partir da nossa chegada em Florianópolis. Tínhamos acabado de mudar pra cá e queríamos criar algo nosso e novo, foi quando começamos a compor as primeiras músicas, no comecinho de 2008. O nome vem do inglês, sobreposição, que basicamente tinha a ver com a relação de várias influências e sonoridades que misturávamos nas nossas músicas além, é claro, de fazer uma brincadeira com a coisa da pose, da imagem, do hype e tudo mais.
Superpose is a project by musician Isaac Varzim and contemporary dancer Paula Felitto, and it is considered one of the revelations of electronic music in recent years. The young, 27-year-old couple knows that there is still much to come, and as they balance their family and music, they enjoy the success that comes from My Space, Facebook and specialized blogs. With a contagious sound, Varzim and Felitto relate with different worlds, creating an atmosphere seldom found in other groups. How did the duo start and how did you choose its name? The duo emerged from our arrival in Florianopolis. We had just moved here and we wanted to create something new, which was when we started writing the first songs, in the beginning of 2008. The name is in English, which basically had to do with the relations of various influences and sounds that we used in our music and, of course, we wanted to play with the idea of posing, with the image and hype and everything. What was the coolest place you played and why? It seems silly to say this, but our best shows were here in Florianopolis. We played in
Qual foi o lugar mais legal que vocês tocaram e por quê? Parece meio bobo dizer isso, mas Florianópolis (SC) sempre foi onde rolaram nossos shows mais legais. As edições da Devassa, uma festa que reúne um público muito diversificado e música de qualidade, promovidas em 2008 foram ocasiões memoráveis. Era uma energia tão louca que parecia até que eram festivais gigantescos. O povo em Floripa é muito animado, além de conhecerem todas nossas músicas de cor. Basicamente a formação se baseia em voz/programação/teclados, certo? Já pensaram em agregar outros componentes ou instrumentos? Já fizemos alguns shows com um guitarrista e sempre foi muito legal, o que sempre nos dificultava era o fato de que, a grande maioria de nossos shows acontece em casas noturnas, e nesses lugares quase nunca você tem espaço físico e aparato técnico pra suportar uma banda maior. Mas agora em 2010 a idéia é transformarmos definitivamente o Superpose em uma banda com bateria e guitarra. Vamos ver o que acontece. A música eletrônica em Santa Catarina ainda engatinha perto de grandes polos como Minas - São Paulo - Rio de Janeiro. Como você vê esse cenário? Tudo mudou muito e continua mudando a cada dia por causa da internet. Podemos dizer que o mercado em SC realmente ainda engatinha – no sentido de remuneração e locais para tocar - mas a produção não deve nada a polos maiores, seja no Brasil ou fora dele. Quer dizer, com a possibilidade de divulgar minha música em blogs ou sites especializados, a chance que eu tenho de mostrar meu trabalho é tão grande quanto a de alguém de São Paulo ou NY e, nesse sentido, as produções feitas aqui têm tido uma resposta muito bacana. Vocês conquistaram um nome de respeito entre os clubes por onde passaram e fazem muito sucesso na internet. Em sua opinião, como as redes sociais contribuem para alavancar a carreira musical? Nas redes sociais a gente consegue ter uma relação mais pessoal e direta com os fãs, com os promoters de festas, com outros produtores. É quase como se fosse um barzinho onde toda essa gente está sentada e você pode conversar com todos eles ao mesmo tempo. Então você pode imaginar o quanto isso é útil e vantajoso para todos nós. Eu sou do tempo em que as bandas gravavam fitas demos e mandavam pra fanzines xerocados. As coisas mudaram muito e estão cada dia melhores nesse sentido, a internet democratizou a produção e deixou o público decidir de verdade de quem eles gostam ou não. Hoje eu termino de gravar uma música, cinco minutos depois (literalmente) ela já está nas mãos de milhares de pessoas pelo twitter, facebook ou myspace. E isso é fascinante. Além do Superpose, em quais outros projetos vocês estão envolvidos? Eu – Isaac – promovo algumas festas em Floripa, como a Plastique, a Convida e a Pop Up, tenho um novo trabalho de produção com o Carlão do Discobot que se chama CAIRO (myspace/thatscairo) e um trabalho solo chamado Florian Bill (myspace/florianbill). A Paula é bailarina contemporânea e está sempre envolvida em coisas em torno disso além de seu grande projeto agora que é ser mãe do Benjamim – projeto no qual eu tenho o super cargo e super orgulho de ser pai. A maior parte das letras tomam temas como relacionamento e observação de situações do cotidiano. De onde vem essa inspiração e como é o processo de criação de uma música? As letras têm a ver com uma visão meio abstrata das coisas que nos acontecem no dia-a-dia, eu pessoalmente não costumo muito ouvir as letras das músicas dos outros, ouço mais a melodia mesmo. Às vezes alguém me diz: Nossa essa música tem uma letra incrível! Eu só digo: Oi? Agora, nas nossas
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the Devassa editions, which is a party that brings together a diverse public and quality music, in 2008. Those were memorable occasions. The energy was so crazy that it seemed like we were playing in huge festivals. The people of “Floripa” are very lively, and they know all our songs by heart. The formation is made of, basically, voice/programming/keyboards, right? Have you ever thought of using other components or instruments? We’ve done some shows with a guitarist and those were always nice. What makes things difficult is that most of our shows are in nightclubs, and it is unusual to find large physical space and quality technical equipment in those places. But we think of transforming Superpose in a band with drums and guitar in 2010. We’ll see what happens. Electronic music in Santa Catarina is still very new if compared to other states like Minas Gerais, São Paulo and Rio de Janeiro. How do you see this scenario? Everything has changed a lot and keeps changing every day because of the Internet. We can say that the market in SC is still in its “childhood phase” – when we consider wages and the places to play - but in terms of production, we are just like the major poles, both in Brazil and elsewhere. I mean, with the possibility of disclosing my music on blogs or specialized sites, the opportunity I have to show my work is just as big as it is for someone from Sao Paulo and New York and, accordingly, the pieces produced made here have had very nice response. You both earned a respectable name in nightclubs and are very successful online. In your opinion, how do social networks contribute to a career in music? In social networks we can have a more direct and personal interaction with fans, party promoters and other producers. It’s almost like a bar where all these people are sitting down and you can chat with them all at once. So you can imagine how useful and beneficial that is to us all. I am from an age when bands were recording demo tapes and sending out photocopied fanzines. Things have changed a lot and are only getting better in that sense, the Internet has democratized the production and allowed the public to decide who they really like or not. Today, after I finish recording a song, it is (literally) in the hands of thousands of people in a matter of minutes, due to Twitter, Facebook or Myspace. And that is fascinating. Besides Superpose, what other projects are you both envolved in? I - Isaac - promote some parties in Floripa, like Plastique, Convida and Pop Up. I have a new production job with Carlão of Discobot called CAIRO (myspace/thatscairo) and a solo project called Florian Bill (myspace / florianbill). Paula is contemporary dancer and is always involved with dancing, as well as her greatest new project which is being the mother of Benjamin - a project in which I have a super role in and am super proud to be the father. Most of the lyrics are about themes like relationships and everyday situations. Where does that come from and how is the creative process of writing a song? The lyrics have to do with an abstract vision of the things that happen in our daily lives. I, personally, am not used to hearing other people’s lyrics; I focus more on the melody. Sometimes someone will come up to me and say that a song has amazing lyrics. I just say, “Really?” Now, in our songs, the involvement with the lyrics is higher, yet they end up being small fragments of our experiences, that we try to leave open for our listeners to have a free interpretation. The creation process varies; it is difficult to define a pattern. Sometimes we think of the beat, sometimes we come up with the lyrics, sometimes we get an idea from the guitar. Chosen as one of the revelations of 2009, the duo’s success hit several clubs in São Paulo and specialized sites. What factors do you attribute that success to? It is hard to say, but I do not believe that success is like a lottery, we really worked hard in these past years, producing a lot, remixing, spreading our music around the world, and sooner or later it all comes back to use. But there are still lots to come, we are just beginning.
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superpose músicas o envolvimento com a letra é maior, mas mesmo assim elas acabam sendo pequenos fragmentos de experiências nossas, que tentamos deixar abertas para uma livre interpretação de cada um. O processo de criação é muito variável, é difícil definir um padrão. Às vezes vem de uma batida, às vezes vem de uma letra, às vezes vem de uma idéia no violão. Apontados como revelação em 2009, o sucesso do duo percorreu vários clubes em SP e sites especializados. Você atribui esse sucesso a qual fator? Difícil dizer, mas não acredito muito no sucesso como uma loteria, a gente trabalhou bastante de verdade nos últimos anos, produzindo muito, remixando pessoas, divulgando nossa música pelo mundo afora e uma hora ou outra isso volta. Mas ainda tem muita coisa por vir, estamos só começando. Recentemente vocês gravaram o clipe “Sometimes”, que faz parte do último trabalho, o EP “Aurora”. Como foi o trabalho de criação da música e por que ela foi escolhida para virar clip? A música foi originalmente feita como trilha para um evento de moda, o desfile final do Santa Catarina Moda Contemporânea, que aconteceu em março de 2009 em Balneário Camboriú (SC). Tivemos uma repercussão tão grande que acabou virando umas das nossas músicas mais conhecidas. Naturalmente achávamos legal, ao gravar nosso primeiro clipe, utilizar uma música que fosse representativa e que tivesse a cara da banda e Sometimes tinha tudo isso.
You recently recorded a music video for “Sometimes”, which is a song from your last project, the EP “Aurora”. What was it like creating the song and why was it chosen as a music video? The song was originally part of as a soundtrack of a fashion event - the last fashion show of Santa Catarina Moda Contemporânea (Santa Catarina Contemporary Fashion), held in March 2009 in Balneario Camboriu (SC). We had great feedback from that, so it just naturally became one of our most famous songs. We thought it would be nice to use a song that represented our band for our first music video, and “Sometimes” does exactly that. What are Superpose’s future projects? We have many projects, but we try to take it one small step at a time so we can build solid work, without biting off more than we can chew. But we are planning on reconstructing our shows and the formation of the band, as well as launching a complete album up ahead. Of course we have thousands of other plans, but we can get together and talk again as they come along.
Quais os futuros projetos do Superpose? Os projetos são muitos, mas a gente que dar um passinho de cada vez pra construir um trabalho sólido, sem dar passos maiores do que nossas pernas. Mas pela frente vem a reestruturação de nossos shows e da formação da banda e depois a idéia de um Cd completo. Claro que temos milhares de outros planos, mas desses vamos falando à medida que forem acontecendo.
cássia mallmann Da moda para a praia e vice-versa From fashion to the beach, and vice versa
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cássia mallmann
Formada em Design de Moda pela Universidade do Vale do Itajaí, aos 23 anos Cássia Mallmann já dirige sua marca própria. Muito cedo? Para ela que está no mercado desde 2006 e sonha em ir além, ainda é pouco. Seu empreendedorismo surge da mesma maneira que compõe as peças, espontaneamente. Suas respostas mostram essa mesma vibração, de força e responsabilidade. De onde partiu a idéia da marca? Iniciei meu envolvimento com moda praia ainda no tempo em que cursava a faculdade. Abri uma pequena loja de multimarcas com grifes ainda pouco renomadas no mercado, porém com estampas belíssimas, modelagens diferenciadas, além de preços super acessíveis. Com isso adquiri experiência na área e conhecimento do produto. Durante esse tempo conversei muito com clientes a respeito de preferências e carências relacionadas às peças disponíveis no mercado, traçando assim um claro caminho a ser seguido para o desenvolvimento de minha primeira coleção. A grife Cassia Mallmann foi fundada no dia 26 de Outubro de 2006 e desde então vem conquistando grande apreço e reconhecimento. Para mim a realização de um grande sonho. Você segue alguma tendência ou inspiração marcante? Para ser honesta sigo muito pouco as tendências. Acredito em uma linha de pensamento padrão para que o conceito da marca seja facilmente compreendido por quem a consome. Creio que, para um produto criar identidade ele não deve se transformar totalmente de acordo com tendências e a cada lançamento de coleção, mas sim evoluir sutilmente adquirindo um pouco do novo. A moda praia se destaca muito no mercado internacional devido aos cortes ousados e modelagem inusitada. Para você o Brasil é referencia nesse setor? Por quê? Acredito que o Brasil é uma permanente referência nesse setor, pela própria imagem que criam das mulheres brasileiras com pouca roupa e muita personalidade. Porém, vejo que as últimas coleções das grandes marcas do nosso mercado já vêm trazendo cortes e conceitos mais elegantes do que ousados. Para mim, a elegância é o artifício mais sexy de uma mulher. Qual o segredo de um bom biquíni? Boa modelagem, matéria-prima de qualidade e bom gosto no desenvolvimento.
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O seu público segue um perfil específico? Acredito que não. Não defino nenhum perfil específico para ser seguido e vejo que isso, de maneira geral, funciona. É gratificante ver minha coleção sendo usada por uma mãe e uma filha que tem estilos completamente diferentes.
FWith a degree in Fashion Design by the Universidade do Vale do Itajaí, Cássia Mallmann already has her own lable at the sheer age of 23. Too soon? For someone who has been in the market since 2006 and dreams of going further, there is still much to come. Her entrepreneurism comes to her in the same way as her pieces – spontaneously. Her answers show us that same vibration, with strength and responsibility.
Em um mercado onde há grande competição entre marcas e grandes magazines, o que faz a Cassia Mallmann se destacar? Defini uma visão muito clara do que almejo para a marca e estou trabalhando muito para que ela se realize. Além do foco que tenho no desenvolvimento, cuido muito do acabamento e da beleza das peças. A competitividade do mercado não me intimida, encaro como um desafio e vejo as grandes marcas já posicionadas como grandes motivadoras.
Where did the idea of the brand come from? I started getting involved with beachwear when I was still in college. I opened up a small shop with brands that were still unknown in the market, but with beautiful prints, different shapes and in very accessible prices. With that I acquired experience in the area and product knowledge. During that time I talked with clients a lot about their preferences and needs when it came to the available pieces in the market, and was able to trace a very clear path to follow for the development of my first collection. The label Cássia Mallman was launched on October 26, 2006, and since then has gotten great approval and recognition. To me, it is a dream come true.
Além de biquínis, a marca também investe em vestidos e outras peças femininas. Mas as maneiras como as pessoas consomem e usam as peças é diferente em cada região. Como você vê essa mudança e o que propõe para a mulher de norte a sul do país? A moda atual é tão versátil que não define mais barreiras ou limitações. Tenho consciência de que produzimos roupas para lugares quentes e com praia, onde vestidinhos curtos ou longos esvoaçantes fazem parte da paisagem, porém a marca está em 54 multimarcas espalhadas por todo Brasil, o que nos relata a versatilidade das peças. As mulheres têm seus próprios artifícios, e resolvem o problema do comprimento com um shortinho ou uma legging, e o dos braços de fora com um casaquinho fino. De maneira geral, o Brasil todo é muito tropical, e isso não provém do clima ou do mar, e sim do próprio espírito brasileiro. O Brasil é um país que está em destaque a cada dia e com a Copa e as Olimpíadas seremos vistos pelo mundo todo. Como o país pode aproveitar essa exposição para vender moda? De muitas maneiras, eu creio. O mais importante é aproveitar esse momento para demonstrar a evolução da moda praia brasileira e naturalmente despertar o interesse de novos compradores. Quais seus projetos pessoais para 2010? Pretendo constituir família e aproveitar bem essa fase. Meus projetos pessoais estão, em certo ponto de vista, diretamente ligados ao meu sucesso profissional, portanto devo cuidar bastante disso também no ano que vem vindo. Venho me dedicando integralmente ao crescimento da grife e, além disso, tenho uma loja de varejo em Itapema (SC) que consome muito do meu tempo, mas para tudo que nos dá alegria se cria a oportunidade.
hard on that. Besides the focus that I have on the development, I take very good care of the workmanship and beauty of the pieces. The competition of the market does not intimidate me, I face it as a challenge and I see the big brands as great motivators. Besides bikinis, the brand also invests in dresses and other feminine pieces. But the way that people consume and wear those pieces is different in every region. How do you see this change and what do you propose for the women in the north, as well as the south of Brazil? Current fashion is so versatile that it doesn’t define boundaries or limitations anymore. I am aware that we produce clothes for warm places and beaches, where cute, short dresses or long, flowing ones are all part of the scenery, but the brand is in 54 department stores all over Brazil, which shows us the versatility of the pieces. Women have their own methods, and they can solve the problem of length – in the case of the short dresses – with a pair of shorts or leggings underneath, and the bare arms can be covered up with a light coat. In general, all of Brazil is very tropical, and that doesn’t come from the weather or the ocean, but the Brazilian spirit.
Do you follow any trends or have a striking inspiration? To be honest, I do not really follow the trends. I believe there is a standard line of thought that the concept of the brand should be easily understood by its consumers. I believe that for a product to have identity, it must not come about according to trends and with the launching of each new collection, bur rather evolve subtlety as it incorporates a little bit of whatever is out there.
Brazil is a country that is always on the radar and with the World Cup and the Olympic Games we will be seen from all over the world. How can the country take advantage of that exposure to sell fashion? In many ways, I think. Most importantly is that we must use this moment to show the evolution of the Brazilian beachwear and naturally arise the interest of new buyers.
Beachwear stands out a lot in the international market due to its edgy cuts and unusual shaping. Is Brazil a reference in the segment, in your opinion? Why? I believe that Brazil is a permanent reference in the segment, thanks to the image that Brazilian women create, with few clothes on and a lot of personality. However, I see that the last collections by the bigger brands have been working with more elegant concepts rather than edgy ones. To me, elegance is the sexiest thing in a woman.
What are your personal projects for 2010? I plan on starting a family and really taking advantage of that phase. My personal projects are, in a way, directly connected to my professional success, so I should really take care of that also in 2010. I’ve been dedicated to the growth of the label full-time, and besides that, I have my own store in Itapema (Santa Catarina) that takes up a lot of my time. But there is opportunity in everything that brings us joy.
What is the secret of a good bikini? Good shaping, quality material and good taste in the development. Does your public have a specific profile? I don’t believe so. I don’t define a specific profile to be followed and I find that, in general, that works. It is gratifying to see my collection being worn by a mother and a daughter with completely different styles. In a market with so much competition between brands and large department stores, how does Cassia Mallmann stand out? I have defined a very clear vision of what I want out of the brand and I am working
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Muito se comentou no mercado de Santa Catarina sobre a Boby Blues, de Florianópolis (SC), no último ano. Bernardo Ramos Cruz e Maria Cecília Ramos Cruz abrem o jogo e falam sobre o reposicionamento da marca. Ele com 27 e ela com 25 anos trazem um novo olhar para um negócio que exige responsabilidade e iniciativas. Há quanto tempo a Boby Blues está no mercado? A marca Boby Blues está há 16 anos no mercado e foi criada pela nossa mãe, Ligia Ramos. Os produtos da Boby Blues antes eram revendidos em lojas próprias, franquias e multimarcas. Hoje o foco de distribuição é com revendedores multimarcas, assim podemos nos dedicarmos no nosso ponto forte que é o desenvolvimento de novos produtos. Esse ano nós (Maria Cecília e Bernardo) lançamos a marca Boby Blues Blend, nome que demos a duas lojas de Florianópolis que comercializam produtos da Boby Blues e novas marcas, como a Candy, de Florianópolis e Nuxx, de São Paulo. Pretendemos ampliar o mix das lojas e, num futuro próximo, lançar alguns produtos com a marca Boby Blues Blend também. O perfil empreendedor está na família há várias gerações? Como é trabalhar ao lado da irmã/irmão? Nossa mãe tem o espírito empreendedor muito forte. Antes da Boby Blues ela já teve junto com o nosso pai outras marcas e confecção de vestuário e com certeza isso nos influenciou. Nós dois trabalhamos muito bem em conjunto. Cada um faz uma frente e assim conseguimos atacar mais coisas do que faríamos se apenas um estivesse na administração sozinho. Tomamos as decisões sempre através de conversas, sejam elas em reuniões ou de forma informal dentro de casa. Por incrível que pareça não costumamos brigar, acho que até agora nunca houve alguma discussão séria. Vocês já passaram por algum percalço durante a história da Boby Blues? Como ele foi superado? Durante todo esse tempo, já passamos por muitos percalços e tenho certeza que vamos passar por muitos outros. Os problemas são inerentes à vida e sempre vão existir. O que se pode mudar é a forma como lidamos com eles. Tudo pode ser bom ou ruim, tentamos sempre ver o lado bom dos acontecimentos, aprender com eles e agir dando o nosso melhor dentro das possibilidades manifestadas naquele momento.
BOBY BLUES
Dois irmãos no mercado da moda Siblings in the fashion market
O mercado de moda está sempre se modificando e está sempre mudando. Como vocês vêem a evolução da marca ao longo dessa trajetória? O mercado de vestuário foi muito afetado nesses últimos dois anos e isso se reflete em todas as frentes. Foi por questões como essas que criamos a Boby Blues Blend. Concluímos que não podemos ficar apegados a velhas formas de operação. Se a mudança se mostrar necessária, que seja encarada de forma positiva. Essa nova marca surge como um novo conceito, atual, que atende os desejos e necessidades do nosso público. Quanto à evolução da marca Boby Blues, acreditamos que esteja na hora de tomarmos ações que a tragam novamente para a mídia. Isso está dentro dos planos e esperamos o momento certo. Apesar disso, sempre somos surpreendidos com a força e consistência da nossa marca no mercado. Mesmo tendo enfrentado diversos problemas, somos bem vistos tanto por consumidores finais como por clientes de multimarcas do Sul do país. O público da Boby é bem amplo e muito influenciado pela mídia. De que forma vocês direcionam as ações para dar visibilidade à marca? Quem conhece a Boby Blues sabe que sempre prezamos muito a questão da imagem da marca. Seja qual for a mídia que iremos utilizar em determinada campanha, tudo começa com um trabalho muito profissional para chegar às imagens que irão representar a nossa marca. Não acreditamos que seja possível “dar um jeitinho” para chegar a um resultado satisfatório. É necessário trabalhar com toda uma rede de profissionais qualificados, como fotógrafos, maquiadores etc. Sempre investimos nessas questões. Já no direcionamento, buscamos sempre fazer associações de nossas marcas com empresas ou projetos que estejam em alta no momento.
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A lot has been said in the Santa Catarina fashion market about Boby Blues, from Florianoolis in the past year. Bernardo Ramos Cruz and Maria Cecília Ramos Cruz talk to us about the brand’s new position. He, at 27, and she, at 25, have fresh ideas for a business that requires responsibility and initiative. How long has Boby Blues been on the market? The brand Boby Blues has been on the market for 16 years and was created by our mother, Ligia Ramos. The Boby Blues products were once sold in stores, franchises and department stores. Today the focus of our distribution is department stores, so we can have more time to work on the development of new products, which is one of our strengths. This year, we (Maria Cecilia and Bernardo) launched the brand Boby Blues Blend, that appears in two stores in Florianopolis that sell Boby Blues products and other new brands such as Candy, from Florianopolis, and Nuxx, from Sao Paulo. We intend to expand the mix in the shops in the near future and release some products of the Boby Blues Blend label as well. The entrepreneur sprit has been in the family for generations. What is it like to work side by side with your brother or sister? Our mother has a very strong entrepreneurial spirit. Before Boby Blues, she had some other clothing labels with our father, and of course it influenced us. We both work very well together. We have different ideas and so we can attack more things than we would if only one of us was administrating it alone. We always make decisions by talking, whether we are in meetings or informally at home. Amazingly we do not usually argue, I can’t think of any serious discussions now. Have you gone through any trials throughout the Boby Blues history? How were they overcome? Throughout this time, we’ve gone through many trials and I’m sure there are still many more to come. Problems are inherent in life and always will be. What can change is how we deal with them. Everything can be looked at as either good or bad, so we try to always see the good side of things, to learn from them and to do our best within the possibilities of each situation. The fashion market is always changing. How do you see the evolution of the brand in this context? The fashion market was greatly affected in the last two years and this is reflected in all fronts. It was because of that that we created Boby Blues Blend. We concluded that we cannot cling to old ways of operation. If there is a need for change, we should face it as a positive thing. This new brand emerges with a new concept, which is more current and meets the needs and desires of our public. When it comes to the evolution of the Boby Blues brand, we believe that it’s time we take actions that bring the label back in the media. That is in our plans and we are just waiting for the right moment. Besides that, we are always amazed by the strength and consistency of our brand. Even when we faced various problems, we were well regarded by both consumers and our department store clients of the south of the country. The Boby public is very wide and influenced by the media. How do you direct media actions in order to give visibility to the brand? People that knows Boby Blues well also know that always cherish our brand image. With whatever media that we use in a given campaign, it all starts with a very professional selection of the images that will represent our brand. We do not believe that is possible “to take shortcuts” to reach a satisfactory result. It is necessary to work with a network of qualified professionals such as photographers, makeup artists etc. We always invest in these issues and we make our brands associations with companies or projects that are hot at the moment.
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Bruna Starling Criatividade que se carrega Creativity that can be carried
Bruna Starling está formada em moda há três anos e desde então constrói sua marca. Aos 24 anos ela trabalha para construir uma imagem sólida no mercado, capaz de transmitir o conteúdo que insere em suas criações. Suas bolsas impressionam pelo acabamento e detalhes, além de chamar atenção pelo pioneirismo que representa. Em 2009 ela esteve presente no desfile de Fernanda Yamamoto no Fashion Rio. O que mais vem por aí? Como a sua marca começou? O projeto conceitual da marca começou no primeiro semestre de 2006, no último ano da faculdade de Design de Moda. Pensei em desenvolver algo que pudesse dar continuidade, por isso escolhi projetar uma marca própria de acessórios, já que tinha a estrutura universitária à disposição. Qual a inspiração das peças? Você segue alguma tendência criativa? O meu processo de criação consiste na pesquisa constante de informações no campo cultural. Desde o início busco referências nas artes e tenho me preocupado em pesquisar principalmente o trabalho de autores nacionais, considerando que as elites são resistentes à beleza e à qualidade dos trabalhos dos artistas brasileiros. Uma etapa muito importante para mim é a pesquisa dos materiais disponíveis no mercado. Procuro estar atualizada com novas técnicas e acabamentos visando sempre à qualidade e à diferenciação dos produtos. O profissional da criação tem que ter a capacidade de buscar e receber todos os tipos de informação, mas principalmente saber filtrá-las e disponibilizá-las para as pessoas que são sensíveis aos trabalhos exclusivos. A moda quando guiada pela falta de informação nos torna submissos. Saber traduzi-la é essencial para que sejamos livres. Porque criar bolsas? Você sempre gostou desse acessório ou descobriu essa preferência recentemente? Desde pequena tive muita influência da minha mãe que sempre esteve envolvida com criação. Tanto em casa como na malharia que tinha com seus irmãos, eu sempre tive a oportunidade de acompanhá-la e aprendi a interpretar o mundo de uma maneira particular. Mas o meu interesse em criar bolsas acabou se desenvolvendo durante a faculdade, pois até então não tinha me envolvido com essa área. A bolsa para mim é como um quadro: um espaço para a minha manifestação criativa.
O que você leva dentro da sua bolsa? Na bolsa que eu uso no meu dia-a-dia levo minha carteira, celular, câmera fotográfica, uma nécessaire com alguma maquiagem, e um dos cadernos que uso para anotar tudo (agenda não funciona para mim). Você coleciona bolsas? Se sim, quantas possui? Há alguma que tenha destaque? Depois que comecei a fazer bolsas acabei me desfazendo de todas as outras. Tenho um acervo de cada coleção. São aproximadamente 40 bolsas. O modelo que dou destaque é a carteira que uso em todas as ocasiões e não consigo troca-lá por outra nova. Como você vê a moda catarinense? Considero o mercado da moda em Santa Catarina insipiente. Penso que a época em que o trabalho era proporcional ao esforço físico já passou. Estamos na época da produção intelectual e devemos considerar a criatividade o fator mais importante para o desenvolvimento da sociedade. Temos uma ótima perspectiva pela frente e não devemos somente acolher o que vem de fora e reproduzir, mas desenvolver novas ideias, produtos e tecnologias para sermos verdadeiros geradores de riquezas, afinal esta já é a realidade dos países desenvolvidos. Santa Catarina é um estado privilegiado, com população de nível socioeconômico e cultural acima da média do país e, consequentemente, apta a desenvolver sua capacidade criativa. É preciso que todos os setores da sociedade, principalmente os geradores de produtos, assumam a liderança de incentivar essa nova postura. Algumas pessoas consideram suas bolsas como verdadeiras preciosidades, onde depositam, além de documentos e dinheiro, toda a carga emocional. Como você vê esse público e o que faz para ele? Desde o inicio o meu principal objetivo foi desenvolver produtos diferenciados. Independentemente das tendências, sigo com pesquisa e definição dos temas que possam acrescentar informações culturais ao meu público. A concepção é a parte onde coloco mais carga emocional e tento traduzir as referências de um modo pessoal. Em cada peça é impresso o tema de cada coleção de uma forma artesanal e exclusiva e os materiais e formas são escolhidos minuciosamente para ajudar a expressar tridimensionalmente em todas as referências. São elas que ajudam a desenvolver a sensibilidade. Qual a sua opinião sobre a pirataria? Como você vê essa influência sobre o consumidor? A pirataria tem duas faces: a negativa, que ao roubar idéias de pessoas criativas subtraem também o direito de retribuição financeira sobre o seu trabalho, e também o lado positivo, pois ao divulgar trabalhos de bom nível a custos extremamente baixos contribui para elevar o nível cultural das pessoas. Gosto muito de uma frase de Coco Chanel: “O luxo não é o oposto da pobreza, e sim o contrario da vulgaridade.”
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Bruna Starling graduated in Fashion three years ago and since then has been building her own brand. At 24, she works to build a solid image in the market, capable of transmitting every concept she inserts in her creations. Her boots have impressive details and draw attention because there is nothing like them in the market. In 2009 she was in Fernanda Yamamoto’s fashion show in Rio. What else is coming her way? How did the brand start? The conceptual project of the brand began in the first semester of 2006, in my last year at college. I thought of developing something that I could continue on doing, which is why I chose to project my own accessory line, since I had the University’s structure at my disposition. What is the inspiration of the pieces? Do you follow any creative tendencies? My creative process starts with the constant research of cultural information. From the beginning I look for references in art and I’ve been concerned in researching the work of national authors in particular, considering the fact that the elite is very resistant to the beauty and quality of the work of Brazilian artists. A very important stage for me is the research of available materials in the market. I try to always update and keep informed in new techniques, envisioning quality and a differential in my products at all times. The creative professional has to be able to search and receive all kinds of information, but must especially know how to “filter” them and make them available to people who enjoy exclusive designs. Fashion, when guided by the lack of information, makes us submissive. It is essential to know how to translate it in order for us to be free. Why do you create handbags? Have you always been a fan of the accessory or have you just recently discovered that preference? Since I was little I’ve always been very influenced by my mother, who has always been involved in creating things. I always had the opportunity to accompany her at home as well as at the shop that she had with her siblings, so I learned how to interpret in world in through a particular view. But my interest in creating handbags actually developed during college, because until then I had not gotten involved with that area. A handbag to me is like a canvas: an empty space for my own creative manifestation.
How do you see fashion in Santa Catarina? I consider the fashion market in Santa Catarina incipient. I think that the time in which the work was proportional to physical labor has passed. We are in a time of intellectual production and we should consider creativity as the most important factor for the development of society. We have a great perspective ahead of us and we shouldn’t just pluck whatever comes from other markets and reproduce that, but develop our own new ideas, products and technologies so we can be real generators of wealth, which is the reality in developed countries after all. Santa Catarina is a privileged state, socioeconomically and culturally above the average of the rest of the country, which consequently makes its population more apt do develop their creative skills. It is necessary that every segment of society, especially the ones that deal with production, to step up and take the lead in encouraging this new posture. Some people consider your handbags as real treasures, where they store not only their documents and money but also an emotional attachment. How do you see this public and what do you do for it? From the beginning, my main goal was to develop unique products. In spite of tendencies, I usually go with themes and research that can add cultural information to my public. The conception is a part of which I put more of my own emotions and I try to translate references in a personal manner. In every piece, the theme of the collection is shown in a crafted and exclusive way, and the materials and shapes are chosen precisely to help express all my references three-dimensionally. They’re what help me develop that sensibility. What is your opinion on piracy? How do you see this influence the consumer? Piracy has two faces: a negative one, which as creative people’s ideas are stolen, their financial retribution of their work is subtracted. But there’s also the positive face, because it publicizes good work at a low price, and that contributes to elevate people’s cultural level. I like this quote from Coco Chanel: “Luxury is not the opposite of poverty, it is the opposite of vulgarity.”
What’s inside your handbag? In my day-to-day purse, I usually carry my wallet, cellphone, camera, a small case with some make-up and one of the notebooks I use to write everything down (I don’t work well with day planners). Do you collect bags? If so, how many do you have? Is there a special one? Once I started to make bags I ended up losing interest in all my other purses. I have an archive of every collection, which is of approximately 40 handbags. The model that I’d like to highlight is the wallet that I use in every occasion and can’t seem to change it for another.
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Daniel Mafra
No comando das decisões In the command of big decisions
O Grupo AMC Têxtil é uma das maiores potências têxteis do país, com um potfólio de marcas que conta com Forum, Triton, Coca-Cola Clothing e Colcci. No marketing, Daniel Mafra, de 22 anos, toma medidas para direcionar as ações das marcas e conduzir o processo de maneira vantajosa pra o Grupo. A formação em Relações Públicas e o amplo envolvimento com o teatro lhe dão ferramentas para conviver com tops ao nível de Gisele Bündchen. Como ele faz isso?
Trabalhar com moda e marketing é sempre estar disponível para resolver algum problema ou geralmente não ter horários fixos. Como você lida com essa responsabilidade? Tento sempre administrar um cronograma diário para dispor tempo para minha vida profissional e pessoal. Hoje como válvula de escape, faço aulas de jazz duas vezes por semana. Ano que vem já decidi, vou fazer aulas de canto!
Há quanto tempo trabalha na Colcci? Como foi sua inserção pelo mercado de moda? Você sempre teve algum envolvimento? Trabalho na Colcci há 5 anos, mas minha inserção com a moda foi muito por acaso! Faço teatro desde os 7 anos de idade. Comecei em Brusque, estudei em outros estados e com 16 anos fui aceito no Instituto San Martin, de Buenos Aires, Argentina - uma das mais importantes escolas de teatro da América Latina. Fiz algumas peças lá e depois de um ano voltei para o Brasil, comecei então a estudar Relações Públicas em Santa Catarina, com três anos de curso comecei a fazer um estagio na Colcci e estou lá ate hoje. No teatro sempre me envolvi na produção dos figurinos. Mas confesso que nunca havia pensado em trabalhar tão diretamente com a moda.
Como você vê o mercado de moda catarinense hoje? Há algo que pode ser melhorado? O quê? Considero um polo muito importante na moda brasileira. Temos em nosso estado muitas marcas com destaque nacional. Sempre sofremos alguns preconceitos e somos taxados de “sulistas” ou “caipiras”. Mas o respeito hoje é maior e tenho certeza que isso sempre tende a melhorar.
A Colcci é hoje uma das maiores marcas do país e esse caminho foi se construindo aos poucos, como todas as grandes. Em sua opinião, o que foi fundamental para esse processo? Sempre tive muita relação muito forte a marca. Como brusquense sempre tive muito orgulho da Colcci ser da minha cidade, a história e estratégias constantemente me encantavam. Acho que a fórmula foi a de fazer de roupa focada no consumidor. Quando a Colcci começou, uma grande parcela do mercado estava sem “escolha de marca”. Acredito que o forte investimento em produto e imagem para o público jovem tenha feito a marca se tornar a principal potência de moda do Brasil.
Se não estivesse na atual função, gostaria de trabalhar com o quê? Com certeza com teatro ou com direção artística. A marca prepara novidades para o próximo ano? Pode nos adiantar alguma? Vamos continuar a nossa parceria com a Gisele (Bündchen), porém vamos além disso, pois temos várias outras novidades que tenho que guardar em segredo. Para 2010 há projetos pessoais já traçados? Tento sempre viver a vida intensamente. Sigo o lema que tenho tatuado “Life is Freedom”. Claro vou continuar atuando, dançando, criando imagem, viajando e agora também cantando.
Você já participou da criação de peças? Como foi? Meu trabalho é muito focado no marketing, projetos de Relações Públicas e nas estratégias da marca. Mas marketing, o estilo e o comercial andam sempre juntos para traçar sempre as melhores estratégias. Como é atuar no marketing de uma das maiores marcas do setor? Chega a dar um frio na barriga diante de alguma decisão? Qual foi a mais difícil? Tenho muito orgulho de trabalhar na AMC e confesso que todos os dias tenho um friozinho na barriga. Diariamente tenho que tomar decisões difíceis, muitas me marcam mais, porém trabalhamos sempre em conjunto para definir os melhores caminhos e isso nos dá muita certeza dos objetivos finais.
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Daniel Mafra Visão estratégica, descontração e compromisso com a diversão. A Devassa é uma das label partys com mais expressividade dos últimos anos no sul do país. Nos bastidores, Tiago Franco, de 26 anos, produz e fortifica uma festa que tem como princípio uma liberdade de atitudes e pensamentos. Fortemente ligada à moda, a Devassa nasceu em Florianópolis (SC) e tem seu público cativo, representativo e que consome um item que não falta em nenhuma edição: energia.
AMC Textile Group is among the leading textile powerhouses in the country, with a portfolio of brands that includes Forum, Triton, Coca-Cola Clothing and Colcci. In marketing, Daniel Mafra, 22, takes action to direct the brands and to lead the whole process in a healthy manner to the Group. An academic training in Public Relations and extensive involvement with the theater gives him the tools to cope with renowned top models like Gisele Bündchen. How does he do it?
Working with fashion and marketing means always being available to solve problems and not having a fixed work schedule. How do you deal with that responsibility? I try to always administrate a daily timeline so that I can have time for my professional life as well as my personal life. Today I take jazz lessons two times a week, and that works as an outlet. And I have already decided to take singing lessons next year!
How long have you worked at Colcci? How was your insertion in the fashion market? Were you always involved with the industry? I’ve worked at Colcci for past 5 years, but my insertion in fashion happened quite by chance! I’ve been in theater since the age of 7. I started in Brusque, studied in other states and when I was 16 I was admitted to the Instituto San Martin, in Buenos Aires, Argentina - one of the leading drama schools in Latin America. I did some plays there and after a year returned to Brazil, where I started studying Public Relations in Santa Catarina. When I was three years into the course, I got an internship at Colcci and have remained there to this day. In the theater, I was involved with the costume production. But I confess that I had never thought of working so closely with fashion.
How do you see today’s fashion market in Santa Catarina? Is there room for improvement? How? I think Santa Catarina is very important to Brazilian fashion. There are many brands with national recognition that came from our state. It’s true that there is still some prejudice and we are labeled as “southerners” or “hillbillies”. But people are respecting us more today and I’m sure that will only improve.
Colcci is one of the biggest brands of the country and its path was treaded slowly, like most great companies. In your opinion, what was fundamental in the process? I have always had very strong relationship the brand. As a “brusquense” [someone who was born in the town of Brusque], I have always been very proud of the fact that Colcci got started in my city, and its history and strategies enchanted me. I think the formula was to make clothes with consumer focus. When Colcci began, a large portion of the market didn’t have a lot of brands to choose from. I believe that strong investment in product and image for a younger public have made the brand become the leading powerhouse of Brazilian fashion. Have you ever participated in the creative process of the pieces? How did it go? My job is very focused on marketing, PR projects and brand strategies. But marketing, style and the commercial appeal have always gone hand in hand to establish the best strategies. What is it like to work with marketing in one of the biggest brands in the segment? Do you get butterflies in your stomach when faced with a big decision? What was the most difficult one? I am very proud to work at AMC and I confess that I get butterflies in my stomach every day! I have to make hard decisions on a daily basis, and some of them are quite memorable. However we always work together to define what’s best and that gives us security in our final goals.
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If you could work with anything else, what would you like to do? Certainly something involving the theater or an artistic direction. Are there any news from the brand for next year? Can you disclose anything? We’ll keep on working with Gisele (Bundchen), but we plan on going beyond that, because we have plenty of other new features that I have to keep secret. Do you have any personal projects for 2010? I always try to live intensively. I follow the motto that I have tattooed: “Life is Freedom”. Of course I will continue acting, dancing, creating images, traveling. And pretty soon, singing also!
Quando você decidiu criar a Devassa e por quê? Há cerca de seis anos a Devassa nasceu espontaneamente – era só uma festinha pra reunir os amigos e dançar músicas que não rolavam na noite até então. A resposta do público foi tão boa que resolvemos dar continuidade ao projeto, que foi amadurecendo e se sofisticando ao passar de todo esse tempo. O nome da festa faz referência à liberdade extrema, depravação, libertinagem. Qual é a relação desses sentimentos com a festa? Inicialmente o nome do projeto era realmente “devasso”, o público era mais jovem e o clima de descoberta de uma nova estética de noite nos levava até mesmo a certo deslumbre libidinoso com tudo o que estava acontecendo. A festa sempre teve caráter de vanguarda e pesquisa de tendências musicais e visuais, então esse foi o motim para a lapidação do público e da programação que adotamos... O que se vê hoje de devassa é a ruptura de valores culturais na noite e um povo muito mais animado que o visto na maioria dos outros eventos. Quantas edições já foram realizadas? Qual a média de público e qual o recorde? Pra ser sincero, não tenho contabilizado o número de edições, mas acredito que já foram realizadas aproximadamente 50 “Devassas”. A média de público é de 600 pessoas e o recorde foi de 1300 pessoas. Além da Devassa, quais outros eventos que você já promoveu ou promove? Produzo as festas de sábado no Jivago Lounge, um pequeno e charmoso clube no centro da cidade. Nestes sábados acontecem a PopUp!, a 2009, a Shuffle e a “Convida” – evento que convida outras festas a acontecerem no Jivago. Além desta noite fixa no Jivago, sou responsável pela Je T’aime, Rocket e Rave Metal às sextas, sem lugar ou periodicidade regular. Em Santa Catarina, a Devassa é muito conhecida e tem seu público cativo. Quem são essas pessoas e, na sua opinião, por que elas gostam de ir? Em sua maioria, pessoas ligadas à criação – de
Tiago Franco Uma das melhores baladas do Sul One of the Best events in the South
Strategic vision, entertainment and a commitment to having fun. The Devassa is one of the more expressive label parties in recent years in the south of Brazil. Behind the scenes is Tiago Franco, 26, who produces and strengthens a party where the main goal is the freedom of thoughts and attitudes. Closely linked to fashion, Devassa was born in Florianópolis (Santa Catarina) and has a captive and representative audience that consumes something that is always in stock at every party: energy. When did you decide to create Devassa and why? About six years ago, Devassa was spontaneously born – it was just a small party that brought together friends, and we played songs that weren’t being played in nightclubs at the time. The public’s response was so positive that we decided to continue with the project, which matured and got more sophisticated along the years. The name of the party is reference to extreme freedom and libertine. What is the relation between those feelings and the party? Initially the name of the project was “Devasso” [free thinker], the public was younger and we all got into that mood of discovery and playing with a new nightclub esthetic, which really gave us a libidinous delusion of everything that was going on. The party has always had an avant-garde character and we always researched new music and visual trends, which was what formed our public and the programming that we adopt… what you se today is the rupture of cultural values of the nightlife and a much more exciting crowd than what is seen in most other events. How many editions of the party have been organized? What is the average number of people and what was the record? To be honest, I don’t really keep track of the number of events, but I believe that we have organized about 50 “Devassas”. Usually we get around 600 people and our record was 1300 people. Besides Devassa, what other events to you promote? I produce parties on Saturdays at the Jivago Lounge, a
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Tiago Franco
moda, design, jornalismo, artes plásticas – parte delas estudantes, outros profissionais já formados. Como a festa atingiu uma dimensão muito maior que esperávamos, muitos “amigos de amigos” frequentam a Devassa hoje, gente comum que quer sair à noite pra se divertir e escutar boa música. A festa sempre foi muito focada na música, e com isso agrega outros valores secundários como moda, design e arte. As primeiras edições tinham um caráter itinerante e inusitado, quase como as festas underground. Essa característica se mantém? Qual o lugar mais diferente em que já foi feita? Itinerante a festa continua, já o conceito do que é ou não “underground” eu sempre achei muito relativo – você não precisa ser fodido de grana e se enfiar em inferninhos pra consumir uma noite subversiva, ligada à independência estética e despida de preconceitos. Hoje a informação é a característica mais preciosa que se pode esperar de qualquer público, tanto que os habitués da festa se misturam e a seguem onde quer que ela vá. Entre esses lugares, talvez o mais diferente tenha sido em um iate em uma tarde no verão do ano passado. Quanto você lucra por evento? É possível estabelecer um padrão bacana de vida? O que poderia melhorar? Não posso negar que tenho uma vida bem razoável, mas como qualquer outro profissional autônomo, passo pelos altos e baixos. Estou em um momento muito importante da minha carreira, de reconhecimento e descoberta dos meus eventos por um público mais eclético, que subsidia contratação de artistas sem preocupação tão grande com o cachê cobrado por eles. Talvez esse seja o próximo passo para a melhoria do meu trabalho e minha vida – um pouco de desprendimento com preocupações financeiras ao programar meus eventos e minha vida. Você já passou por algum preconceito ou desafio nos últimos anos? Já interpretaram meus eventos das melhores e piores formas possíveis, mas acho que o preconceito deixa de ter sentido quando ele não é absorvido por quem é vítima dele. Para ser sincero, não dou a mínima pra ignorância alheia, que por vezes dificulta meu trabalho e tenta rotulá-lo segundo condições sexuais e estéticas. Minha única convicção é em um produto cada vez mais refinado e cheio de novidades, e o público tem entendido isso, deixando os julgamentos de lado. Como é tocar na noite em Florianópolis? Quais outros lugares você já tocou? Eu adoro a pista da cidade e a considero uma das mais abertas à nova música (que ironicamente, às vezes o que chamamos de novo é na verdade revival do passado). Já toquei nas principais capitais brasileiras, mas se tivesse um pouco mais de tempo, faria isso com mais frequência. Quais seus projetos pessoais para 2010 e o futuro da label party? Tenho por mim que o presente não existe, que esse tempo entre o passado e futuro nada mais é que uma passagem entre o que aconteceu e o que virá a acontecer – sendo assim, tudo é lembrança ou futuro. Cuidado e atenção pelo efêmero que chamamos de “agora”, é meu único projeto. Isso acaba remetendo a sensações nostálgicas e ao mesmo tempo carregadas de um futurismo tão importante quanto acreditar que ele só depende do que se faça hoje. Resumidamente, meu único plano é continuar batalhando e expandindo meu trabalho, sendo sempre fiel ao meu público e meus amigos.
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small, charming club downtown. On those days we have parties like Pop-up, 2009, Shuffle and “Convida” – an event that invites other types of parties do Jivago. Besides the fixed nights at the club, I’m also responsible for Je T’aime, Rocket and Rave Metal, which usually happen on Fridays but in no specific location.
André Luís Klein da Silva Tecendo o futuro Weaving the future
In Santa Catarina, Devassa is very well-known and has a specific public. Who are these people and, in your opinion, why do they enjoy the party? These people are mostly creators – be it in fashion, design, journalism, art – some of them are students, while other are professionals in their areas. Since the party has reached a much higher dimension than we could have ever hoped for, many “friends of friends” go to Devassa today, just regular people that are looking to go out and have fun and listen to good music. The party has always been very focused on music, and that complements many secondary values like fashion, design and art. The first editions had an edgy, underground character. Has that characteristic been maintained? What was the most unusual place the party was held? The party still has an edgy feel to it. But the concept of “underground”… I’ve always felt that it was very relative. You don’t have to be low on cash and go to a complete hellhole of a bar in order to enjoy a subversive nightlife, with an independent esthetic and no prejudice. Today, information is the most precious characteristic you can expect from any public, which is why the different frequenters always blend in and always follow the party to wherever it goes. The most unusual place it was held was probably in a yacht last summer. How much do you profit with each event? Is it possible to make a nice living out of it? What could improve? I can’t deny that I lead a very reasonable life, but like any other independent professional, I go through ups and downs. I’m at a very important point in my career, of acknowledgement of my events from a more eclectic public, that subsidizes the hiring of artists without worrying about costs. Maybe that will be the next step for the improvement of my work and life - getting a little break from financial concerns when I plan my events and daily life. Have you ever experienced any prejudice or challenge in recent years? People have interpreted my events in the best and worst possible ways, but I think prejudice is meaningless when ignored by its victim. To be honest, I don’t really care about other people’s ignorance, that at times has made my job harder and has tried to label it according to sexual or esthetic conditions. My only conviction is that my product is increasingly more refined and fresh, and the public has understood that, leaving all judgment behind. What’s it like to play in the Florianopolis nightlife? What other places have you played? I love this city and I consider it open to new music (which, ironically, sometimes what we call new is actually the revival of the past). I have played in the main capitals of Brazil, and if I had a little more time I would probably do that more often. What are your personal projects for 2010 and the future of the label party? I believe that the present does not exist, that this time between the past and the future is just a passage between what happened and what is to come – so that everything is either a memory or the future. My only project is to care about this ephemeral stage we call “now”. This actually brings back a lot of nostalgic emotions that at the same time carry some futurism in them, which is just as important as believing that everything depends on what is done today. To sum up, my only plan is to continue fighting for and expanding my work, while being faithful to my public and my friends.
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André Luís Klein da Silva
André Luís Klein da Silva é um jovem empresário de 26 anos que está à frente da Dalila Têxtil, uma indústria de malhas circulares de maior destaque no país. As malhas da empresa desfilam nas criações de grandes estilistas, como Alexandre Herchcovitch e outras marcas do mercado de moda. Comandar dois parques fabris, centenas de funcionários e um minucioso processo industrial requer um olhar apurado e visão estratégica. Paralela à transição de presidência, onde os pais saem de cena para os filhos assumirem, acontece uma mudança cultural e comportamental dentro da empresa. Como a maior parte das empresas familiares, é natural que os filhos assumam vários outros cargos enquanto se preparam para assumir a presidência. Como foi ingressar no mercado de trabalho tão cedo? De fato iniciei cedo minhas atividades na Dalila, tinha 16 anos quando assumi minha primeira função de maior responsabilidade. Uma das grandes vantagens de se iniciar cedo é o fato de que você pode conhecer a equipe de trabalho aos poucos e sem pressão por resultados. As pessoas se habituaram a me ver todos os dias com elas e fui gradativamente adquirindo o respeito de uma forma bem natural. É claro que os desafios vão mudando ao longo dos anos, e no início estavam mais ligados a criar confiança e credibilidade perante colaboradores, fornecedores, clientes e a própria família, além da necessidade de conciliar os estudos com o trabalho. Você destaca alguma experiência desde o início até hoje? Uma das minhas primeiras e mais marcantes experiências foi a responsabilidade de implantar o setor de custos, uma área que até então era totalmente amadora. Tive o acompanhamento de um coaching, fundamental nesta fase de educação profissional, e foi o setor que me deu uma visão global dos processos, pela necessidade de levantamento de números, produção, máquinas, gastos gerais e envolvimento com produto, foi o lugar ideal para iniciar minha formação. Minha primeira experiência como líder foi quando assumi a gerência de logística, aos 20 anos. Tinha mais de 50 pessoas sob meu comando e passei a conviver com uma nova realidade, pressão diária pelo planejamento do PPCP (sistema que se baseia em Planejamento, Programação e Controle de Produção), estoques e movimentação de materiais. Também exerci a função de gerente comercial, onde tive a oportunidade de viajar todo o Brasil, fiz uma boa quilometragem pelos interiores, do sul ao nordeste, acompanhando nossos representantes em visitas a clientes, abrindo novas frentes e entendendo as necessidades do mercado. Como é aprender e ainda assim ser responsável por conduzir a empresa? Durante essa minha trajetória de 10 anos na Dalila, meus maiores aprendizados sempre estiveram ligados aos momentos em que tive a oportunidade de estar em viagens de negócios com o Sr. José Antônio, meu pai, uma pessoa oriunda do setor comercial e que dispõe de uma ótima visão de mercado. Fizemos inúmeras viagens juntos, acompanhando representantes, indo a clientes pelo Brasil afora e, a cada viagem, longas conversas, e a possibilidade de captar as experiências acumuladas por ele ao longo dos anos. Tive a oportunidade de realizar ótimos cursos, conviver com pessoas excepcionais, mas com certeza as experiências mais relevantes que carrego são os momentos de aprendizado com ele. Várias empresas do setor estão passando pelo momento de transição dos cargos, o que cria uma geração de empresários à frente de seus negócios. Como é assumir essa responsabilidade e que benefícios você agrega à empresa, sendo jovem e com visões diferentes dos seus pais? Nunca é fácil esse processo de transição. Para o empresário que está deixan-
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do o cargo, fica muitas vezes o apego pelo negócio que, na maioria das vezes, foi criado por ele próprio e a insegurança sobre a capacidade da pessoa que está por vir. Para o jovem que está iniciando, a dificuldade em alinhar suas idéias com a realidade do negócio atual pode trazer consequências impactantes, que muitas vezes não é o melhor caminho. Cabe à dupla a busca pela harmonia entre as novas ideias e a experiência de situações que deram certo ou errado ao longo dos anos. Cansei de, após ponderar meu ponto de vista a respeito de determinado tema, ouvir do meu pai - “Já tentei isto em outra oportunidade e não tive sucesso.”. A boa comunicação é a chave desse entrosamento, e na Dalila a sucessão tem dado certo até agora pelo respeito que ambos temos em cada opinião. Tenho um grande respeito e admiração por esse empresário, e consegui conquistar esse mesmo sentimento da parte dele, é isto que faz a diferença. Claro que a profissionalização desse processo é muito importante, e é sempre bom considerar a ajuda de um profissional externo especializado no assunto para que a troca da gestão possa ser conduzida da forma mais tranquila possível. O fato de ser jovem é a injeção de gás que a equipe precisa para alcançar um nível de motivação adequado. Claro que as boas ideias, mudanças na forma de pensar e agir, são boas para a renovação do modelo de negócio, mas o fato de que sua equipe enxerga uma continuidade saudável para a empresa é um dos principais benefícios da sucessão. E esse é também um pilar importante do crescimento. Temos uma equipe de gestão muito capacitada e minha função é dar as diretrizes, traçar a estratégia, auxiliar na construção das metas, trazer uma visão global e procurar novas oportunidades de negócio, mas tenho pessoas em cada área que são especialistas em suas funções, então procuro aprender diariamente com elas.
A competitividade no setor têxtil é muito acirrada e a economia brasileira, apesar de estabilizada, acaba não fornecendo subsídios de crescimento para as empresas do setor. Como a Dalila se mantém em evolução diante desse cenário? É redundante dizer que as empresas brasileiras vêm sofrendo com a alta carga tributária e que nossa infraestrutura logística, portos, rodovias, ferrovias, aeroportos, têm sido um dos grandes entraves do crescimento econômico. No que diz respeito ao setor têxtil, sem dúvida, a maior ameaça é a entrada desenfreada de produtos importados, do fio ao produto acabado. A diferença de custo entre produzir um produto têxtil no Brasil ou importar é muito grande e cada vez mais essa preocupação se torna mais forte, pois nosso país está em evidência no cenário mundial. Recebo mensalmente uma grande solicitação de visita de indianos, paquistaneses, chineses, turcos, entre tantos outros, situação esta que há alguns anos atrás era bem menos comum. No entanto, o consumo interno está aquecido e, na medida do possível, tem suportado esta oferta, além do fato de que trabalhamos com moda, um mercado que muda muito rápido e muitas vezes o longo lead time entre a compra do importado e a distribuição no Brasil acaba inviabilizando as negociações. Outro fator positivo a ser comentado é a ação realizada pelo BNDES nos últimos anos, com uma boa liberação de verba para as indústrias, taxas de juros interessantes para investimentos em máquinas e equipamentos, o que tem viabilizado a possibilidade de renovação e melhoria do nosso parque fabril. Atendemos muitos pequenos e médios confeccionistas e vivenciamos na Dalila um 2009 de um cenário econômico estagnado no setor têxtil, proveniente da crise global. Porém, acreditamos em uma boa melhora para 2010, investimos no nosso parque fabril e estruturação geral da empresa, no intuito de nos prepararmos para a demanda nos próximos anos e buscarmos manter a Dalila entre as melhores malharias do país.
André Luís Klein da Silva is a twenty-six-year-old businessman who is head of Dalila Têxtil, the biggest circular fabric industry in the country. The company’s mesh can be seen on the runway in the creations of great designers like Alexandre Herchcovitch and other brands of the fashion market. For the command of two industrial parks, hundreds of employees and a rigorous industrial project, a keen eye and strategic vision are more than necessary. In parallel to the transition to the presidency, in which parents leave the scene so their kids can take over the family business, there is a cultural and behavioral change in the company. Like most family companies, it is natural for the sons to take over many different roles as they prepare to take over as president. What was it like to work in the market so soon? Yes, I did get an early start in my activities at Dalila; I was 16 when I started working in my first real job, with more responsibilities. One of the great advantages of starting early is the fact that you can meet the work team slowly and without the pressure for results. People get used to seeing me every day with them and so I gradually won over their respect in a very natural way. Of course the challenges change over the years, and in the beginning my biggest concerns were gaining the trust and credibility of collaborators, suppliers, clients and even my own family, as well as managing both my job and school. Can you highlight an experience from your years on the job? One of my first and most memorable experiences was the responsibility of implementing a department for costs, which was totally unfamiliar territory for me at the time. I had coaching, which is fundamental in this phase of professional education, and that department gave me a global vision of all the processes, because I needed to command the survey numbers, production, machinery, general expenses and the involvement with the product, so it was de ideal place for me to get started. My first experience as a leader was when I took over as Logistics Manager, at the age of 20. There were over 50 people under my command and I started to live with a new reality, like the daily pressure of the PPCP plan (a system that is based on Planning, Programming, Control and Production), stock and material handling. I was also the Commercial Manager for a while, in which I had the opportunity to travel all over Brazil. I got some good mileage in the countryside, from the northeast to the south, as I accompanied our representatives in client visits and opened new fronts. I got to understand the needs of the market. What is it like to be on a learning process and be responsible for leading the company at the same time? In my ten year journey at Dalila, the things I learned most came from moments in which I had the opportunity to go on business trips with Mr. José Antonio, my father, who originated in the commercial department and has great market view. We went on innumerous trips together with representatives as we visited clients all over Brazil, and in each trip we had long talks and I had the possibility to catch up with his accumulated experiences over the years. I was fortunate to take part in many courses, to learn from exceptional people, but my most relevant experiences were definitely those moments that I spent together with my dad.
best solution. It is up to the team to find harmony between new ideas and the experience of situations that have worked and not worked over the years. This happened to me plenty of times – I would share my point of view about a specific theme with my father, and he would say “I’ve tried that before and I wasn’t successful”. Good communication is key in this rapport and at Dalila the succession has worked out so far since we both respect each other’s opinion. I have great respect and admiration for that entrepreneur and I was able to win over his respect as well, and that really makes a difference. Of course, the professionalism of this process is very important, and it’s always good to consider the help from an outside expert so the management exchange can be conducted as smoothly as possible. The fact that I’m young is the energy boost that our team needs to reach an appropriate level of motivation. Of course, good ideas, changes in the way of thinking and acting are good for the renewal of the business model, but the fact that his team sees a healthy continuance in the company is a major benefit of the succession. And this is also an important pillar of growth. We have a team of very capable management and my job is to provide guidelines, map strategies, assist in setting goals, bring a global vision and find new business opportunities, but I have people in each area who are experts in their function, so I try to learn every day with them.
The competitiveness in the textile sector is very fierce and the Brazilian economy, while stable, has not been providing subsidies for growing companies. How does Dalila maintain itself in this scenario? It is redundant to say that Brazilian companies have been suffering with the high tax burden and that our transport infrastructure, ports, highways, railways, airports, have been major obstacles to economic growth. In regarding the textile sector, arguably the biggest threat is the uncontrolled entry of imported products, from the threads to the finished product. The cost difference between producing a textile product in Brazil and importing one is very large and there are increasing concerns about this, because our country is in evidence worldwide. I get monthly requirements from Indian, Pakistani, Chinese, Turkish, and many other cultures, which is a situation that was much less common a few years ago. However, domestic consumption is heated and has been able to cope with this offer in the best possible way. Besides, there is the fact that we work with fashion, which is a very fast market, so often the long lead time between the purchase of imported products and their distribution in Brazil ends up obliterating negotiations. Another positive factor is the campaign carried out by BNDES in recent years, with a good release of funds for industries, attractive interest rates for investments in machinery and equipment, which has enabled the possibility of renewal and improvement of our industrial plant. We serve many small and medium sized clothing manufacturers, and in 2009 we experienced Dalila a stagnant economic environment in the textile sector because of the global crisis. But we believe in a great improvement for 2010! We invested in our plants and structure in order to prepare for the demand in the coming years, and we seek to maintain Dalila among the best fabric companies in the country.
Several companies in the industry are going through a transition stage of positions, which creates a generation of entrepreneurs ahead of their businesses. What is it like to take on that responsibility and what do you bring forth to the company, since you are so young and have different views from your parents? The transition process is never easy. The businessman that is stepping down is usually very attached to the business, because he probably built the whole department himself, so he is very insecure about whoever will take over his position. The young man that is just starting out usually has difficulty in aligning his personal ideas with the reality of the current business, and that can cause drastic consequences that aren’t always the
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der todas as nossas marcas: Rovitex - confecção unissex juvenil e adulta; Trick Nick – Confecção infantil unissex de 01 a 12 anos; e Endless, nossa nova marca, também unissex e adulta, só que com um apelo muito forte de moda. Sua primeira coleção chegou ao mercado nesta primavera-verão. Atualmente estou à frente da coordenação da Endless.
Dayana Nicolle Rambo Uma nova marca A new brand
Uma nova tendência está no investimento do mercado de moda selecionado. Dayana Nicolle Rambo, de 25 anos, está à frente do marketing da Endless, nova marca da já tradicional Rovitex, uma das gigantes têxteis do estado. Por dentro dos negócios da família, ela já passou por outros setores da empresa e hoje se dedica a encontrar uma linguagem e conduzir a marca ao sucesso. Como você descreve sua trajetória na Rovitex? Trabalho já há sete anos na Rovitex. Iniciei no setor de compras e depois vendas. Em seguida, ajudei a implantar o departamento de marketing da empresa, que até hoje funciona com uma equipe de cinco pessoas para aten-
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A new market tendency is in the investment in the selective fashion market. 25 year old Dayana Nicolle Rambo is head of marketing at Endless, a new brand from the Rovitex family (which is one of the biggest textile brands in the state). She has already gone through seven other departments in the company and today is dedicated to finding a language that will lead the brand to success. How do you describe your journey at Rovitex? I’ve worked at Rovitex for seven years. I started in the purchasing department, then went on to sales. After that I help implant the company’s marketing department, which works to this day with a team of five people to attend all our brands: Rovitex – which produces adult and juvenile unisex; Trick Nick – A unisex child brand
Santa Catarina tem um excelente potencial têxtil, porém ainda muito ligado à fabricação do que a criação. Qual a sua opinião sobre a moda catarinense? Qual o caminho que deveríamos seguir? Falar de moda no contexto que trabalhamos é desafiador. Precisamos mais do que seguir tendências, muito incertas no nosso caso. Por essa razão é preciso apostar muito em nossa originalidade e na capacidade produtiva. E apesar de estarmos muito ligados à fabricação, é impossível manter-se produzindo bem, sem criar e antecipar as novas demandas do mercado. Hoje, o grupo Rovitex cria coleções com um tempo inacreditável de antecedência. Chegamos a criar as coleções aproximadamente um ano antes de lançá-las para o consumidor. Temos a nossa frente produtiva em Santa Catarina com dois mil colaboradores e também estamos com parceiros fortes no mercado Chinês. Lá fabricamos as peças mais elaboradas, com tecidos e acessórios diferenciados. Você está na criação de peças também? Participo diariamente do processo de criação, na coordenação junto do departamento comercial sobre a viabilidade das peças. Quantidade de tecidos, cores, mix de produtos, estampas, variedade de modelos, entre outros detalhes primordiais no desenvolvimento de uma coleção. O mercado de moda está sempre mudando e se adaptando às novas realidades, sejam econômicas ou de perfil de consumo. Qual sua opinião sobre essas alterações e como você posiciona as marcas dentro desse contexto? Em primeiro lugar, acredito que temos muitos perfis de consumo dentro dessas mudanças. Graças às variadas possibilidades é que podemos encontrar nosso lugar. Procuramos diariamente criar roupas lindas, que posteriormente estarão inseridas na vida das pessoas. O nosso sonho é que as pessoas se encantem com as peças, que percebam o valor que queremos transmitir. Se isso virar uma venda, nosso trabalho está cumprido. A Endless surgiu como uma das marcas da empresa para um segmento mais selecionado. Como tem sido a receptividade e o retorno? Trabalhar para um público diferente exige quais habilidades? Falar que exige mais qualidade é clichê, pois hoje ter qualidade é obrigação, dentro de todos os públicos. Exige sim, captar emoções com maior apuração, transformá-las em desejos. Mostrar por meio de nossas peças que sabemos o quão inteligente é o nosso público e que queremos a atenção dele. Esta atenção é despertada por meio de peças lindas, sofisticadas e com caimento perfeito.
for ages 01-12; Endless, our new brand, which is also adult and unisex, but with a strong fashion appeal. It’s first collection came to market this spring/summer. Right now I’m head coordinator for Endless. Santa Catarina has excellent textile potential, but it is still very much connected with fabrication instead of creation. What is your opinion about fashion in the state? What path should we follow? To talk about fashion in our working context is challenging. We need to do more than just follow trends, which are very uncertain in our case. For that reason alone, we need to bet high on our originality and production capacity. And even though we are very much connected to fabrication, it’s impossible to keep producing well without creating and anticipating new market demands. Today the Rovitex group creates it’s collections in unbelievable advance. We actually created a collection about a year before we launched it to consumers. We have our productive front in Santa Catarina with two thousand collaborators and we also have strong partners in the Chinese market. We fabricate more elaborate pieces there, with different fabric and accessories. Are you in the creative team as well? I participate in the process daily, coordinating with the commercial department about the viability of the pieces. You know, the amount of fabric, colors, product mix, prints, variety of models and other primal details in the development of a collection. The fashion market is always changing and adapting to new realities, be them economical or of consumer profile. What is your opinion about these alterations and how do you position brands in this context? First of all, I believe we have many consumer profiles within those changes. It is due to the many possibilities that we can find our place. We look to create beautiful clothes daily that will later be inserted in people’s lives. Our dream is that people become marveled with the pieces, that they realize the values we want to transmit. If that translate to sales, our job is done. Endless came along as one of the company’s brands for a more selected segment. How has the receptivity and the results been? What kind of skills are required to work for a different public? To say that it requires more quality is cliché, because today a quality product is an obligation within every public. It does demand us to capture emotions with more determination, and transform that into wishes and desires. We want to show through our pieces that we know how intelligent our public is and we want their attention. That attention is awaken through our beautiful pieces, which are sophisticated and perfectly fit. If you didn’t work in this department, what would you like to do? Within the possibilities, I’d like to work with the public. I’d set up a different type of café, with a flower show, magazine stand, etc. And what is your philosophy for 2010? To be around those I love. “Don’t dream it, be it”.
Se você não trabalhasse nesse setor, gostaria de fazer o quê? Entre as possibilidades, trabalhar com o público. Montaria um café diferenciado, com venda de flores, revistas etc. E qual sua filosofia para 2010? Ficar perto de quem eu amo. “Don’t dream it, be it.”
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VISH!
Vista-se com uma ideia Wear an idea
Vocês se comunicam com o público com uma linguagem muito próxima a dos blogs e que transmite certa modernidade. Qual a relação com o público? Temos um relacionamento bem próximo do nosso público, principalmente pelas facilidades que a internet oferece. Marcamos presença em sites, blogs, twitter, flickr, facebook e o que mais aparecer. Isso nos permite ter contato com o nosso consumidor final, conhecer melhor seus gostos e preferências, seja esse consumidor do Piauí ou da Austrália. A entrada no mercado internacional é uma estratégia da marca ou está acontecendo naturalmente? Sempre tivemos vontade de entrar no mercado internacional, mas nunca imaginamos que isso aconteceria tão rápido e foi mais naturalmente do que como estratégia. Quero dizer, não chegamos a fazer nenhum contato ou ir atrás, os convites acabaram aparecendo. Foi tudo espontâneo, o pessoal viu nosso produto na internet, se interessou e entrou em contato! Foi assim com lojas, com a feira de streetwear Bread and Butter e com o projeto Peace, uma parceria do coletivo de DJs Buffet Libre com a Anistia Internacional.
A Vish! é uma marca de camisetas criada em 2007, em Florianópolis, pela estilista Andréia Schmidt, de 30 anos e pelo designer Luiz Wachelke, de 25. Ambos têm algo de comunicação em suas formações. Ela é também jornalista e ele pós-graduado em marketing. Essa combinação de informações com a moda fica evidente nas coleções da marca. Com pretensões mais amplas do que o mercado de t-shirts, a Vish! começa a encantar o mercado externo e se destacar pela qualidade dos produtos. Andréia nos conta um pouco dessa história. Como surgiu a ideia de criar a Vish!? Vocês já se conheciam antes? A ideia surgiu quando o Luiz ainda estava cursando a faculdade de design. Em uma das disciplinas do curso, ele teve contato com o processo de estamparia e começou a fazer camisetas junto com alguns amigos, meio como um hobby. Com o tempo, o hobby foi assumindo proporções cada vez maiores. Até que, em 2007, eu me juntei ao Luiz pra trazer mais elementos de moda às camisetas. Nós nos conhecemos em 2006 quando trabalhamos juntos em uma marca de Florianópolis (SC). Porque decidiram investir em um produto específico? A proposta da marca é ir além das camisetas? Vocês têm planos nesse sentido, de ampliar o mix de produtos? Na verdade não decidimos isso. A Vish! começou como uma marca de camisetas e desde o começo nosso foco foi aprimorar o produto. O mercado de designer t-shirts ainda é pouco explorado no Brasil e desenvolver um produto de qualidade, com estampas autorais e modelagens modernas nos pareceu um nicho promissor. Começamos fazendo apenas camisetas, depois passamos a fazer outros modelos de tops, com modelagens mais ousadas. Hoje, um dos grandes hits das nossas coleções são os vestidos. Paralelamente a esses produtos, que são sucesso comercial garantido, criamos algumas outras peças (calças, saias, shorts) e acessórios que nos ajudam a complementar e conceituar o espírito da coleção. São peças que usamos pra compor looks em catálogos, mas, que no final, sempre acabam vendidas, pois a procura é grande. Esse ano ainda fomos convidados a integrar o line-up do Crystal Fashion, evento de moda de Curitiba (PR). Isso nos permitiu desenvolver uma linha maior de produtos e refletir sobre o nosso crescimento como marca. Precisávamos ir além das camisetas, mas ao mesmo tempo, queríamos nos manter fiéis ao DNA da Vish!.
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Vish! is a brand of t-shirts created in 2007, in Florianopolis, by the stylist Andreia Schmidt, age 30, and the designer Luiz Wachelke, 25. They both have a bit of Communications in their resume; she is also a journalist and he is post-graduated in marketing. That combination with fashion is clear in the brand’s collections. With bigger goals than the t-shirt market, Vish! is beginning to face the external market and to stand out by the quality of its products. Andreia tells us a little bit about her story. How did you get the idea to create Vish!? Did you both know each other before? The idea came up when Luiz was still in college. He had direct contact with a print shop in one of his classes and started making t-shirts with his friends, as a hobby. With time, the hobby kept evolving into something bigger. Until one day, in 2007, I got together with Luiz to bring other fashion elements to the shirts. We met in 2006 when we worked together in a brand in Florianopolis (SC). Why did you decide to invest in a specific product? Is the proposal of the brand to go beyond t-shirts? Do you have any plans in that sense, to broaden the mix of products? We haven’t actually decided that. Vish! started as a t-shirt brand and since the beginning our aim was to improve the product. The designer t-shirt market is very new in Brazil and to develop a quality product, with authorial prints and modern shaping seemed to be a promising niche to us. We started out making only t-shirts, then we went on to make other types of tops, with edgier shaping. Today, one of our biggest hits is our collection of dresses. In parallel to these products, that are a guaranteed commercial success, we created some other pieces (pants, skirts, shorts) and accessories that help complement and give concept to the spirit of the collection. We used these pieces to compose the looks in the catalogs, but in the end they always got sold, because there is great demand. This year we were also invited to be part of the Crystal Fashion lineup, in Curitiba (Paraná). That allowed us to develop an even bigger line of products and to reflect about our growth as a brand. We need to go beyond t-shirts but, at the same time, we want to be faithful to the Vish! DNA. You communicate with the public in a language that is like what is seen in blogs, which transmit a certain sense of modernity. What is your relationship with the public? We have a very close relationship with our public, especially with the tools that the Internet has to offer. We appear in sites, blogs, on Twitter, Flicker, Facebook and what-
A forma de consumo lá fora é diferente da relação do brasileiro com as roupas? Vocês notam alguma mudança? Estamos começando a entrar nesse mercado, então ainda não deu pra perceber se a diferença é realmente um padrão ou só um caso isolado. O que a gente percebeu logo de cara é que o público de fora (lojistas ou o consumidor final) é mais entusiasta em relação a marcas e produtos novos. Uma proposta inovadora é logo vista por eles como algo fresh, uma alternativa à mesmice e eles não têm medo de arriscar e apostar nessa proposta! Aqui já percebemos uma resistência maior em se apostar em marcas que ainda não são consagradas. A criatividade está relaciona de que maneira com as peças? Temos um trabalho de pesquisa e criação bem extenso. Ás vezes, ficamos meses pesquisando e discutindo sobre um tema. Sempre que vamos começar uma coleção nova, paramos pra pensar sobre o que está acontecendo e o que isso vai refletir para os próximos seis meses. Tipo, qual a série do momento, que música é hit, essas coisas, tudo que é cultura pop nos interessa. Juntamos isso com as tendências de moda que aparecem nas semanas de moda (Sim! Para fazer camisetas também acompanhamos todos os desfiles!), e passamos a definir idéias que renderiam boas estampas. Acho que nosso grande desafio é inovar em uma peça que já é consagrada e que permite tão poucas mudanças. Além disso, temos que manter o equilíbrio entre a ousadia e o sucesso comercial. E são esses dois pontos que aguçam nossa criatividade! A coleção mais recente, “Private Party” foi fotografada com Lomo. Por que escolher essa técnica e como foi a experiência? Apesar de estarmos sempre ligados em atualidades, temos um pezinho no analógico. Gostamos de uma nostalgia, nossas coleções já tiveram temas como Polaroid, fita k-7 e outras relíquias. Queríamos algo diferente no catálogo, alguma coisa que transmitisse o espírito escapista e onírico da nossa Private Party. Sempre gostamos de lomografia, mas nunca tínhamos tido uma máquina desse tipo. Foi só quando eu estava em Madrid, há uns meses atrás, durante uma viagem de estudos, que me deparei com uma loja da Sociedade Lomográfica. A loja me encantou de imediato, o espírito cool e fresh da Lomo tinha tudo a ver com a Vish! Saí de lá com uma câmera na mão. Aí já viu, né? Pra usar a câmera pra fotografar o catálogo nem precisamos pensar duas vezes. Claro que bateu um friozinho na barriga. Vai que essas fotos não dão certo, já imaginou pegar um filme todo preto? Mas, depois da tensão, veio o alívio. Ficamos super felizes e empolgados com o resultado das fotos.
ever comes along. This allows us to keep in touch with our consumers, and to get to know their tastes and preferences better, be that in Piauí or Australia. Going into the international market is a brand strategy or is it just something that is happening naturally? We’ve always wanted to go into the international market, but we never imagined it would happen so fast, and it was something that occurred naturally, not really as a strategy. I mean, we didn’t get in touch with anyone, the invitations just kind of popped up. It was all very spontaneous, people saw our products online, got interested and called us! It was like that with other stores, with the streetwear fair Bread and Butter and with the Peace project, which is a partnership with the DJs Buffet Libre and Amnesty International. Is the way people consume in other countries different from the way Brazilians deal with clothes? What differences have you noticed? We are just starting out in this market, so we still haven’t decided if the differences we see are standard or just isolated cases. What we did notice is that the public in other countries (storeowners as well as consumers) is more enthusiastic with new brands and products. An innovative proposal is foreseen as something fresh, an alternative to same old things, and so they are not afraid to take a risk a bet on our proposal! Here, we have noticed that there is a bigger resistance in betting on brands that are not well-known. How is creativity portrayed in the pieces? We have a very extensive research and creative process. Sometimes we spend months researching and discussing a theme. Whenever we get started on a new collection, we stop to think about what is happening and how that will reflect in the next few months. Like, what is the hit sitcom at the time, what songs are playing on radios, that stuff, pop culture really interests us. We take that and incorporate it with the trends that we see in fashion weeks (yes! We watch all the fashion shows in order to make our tees!) and we start to draw out ideas that would make good prints. I think that our biggest challenge is to innovate in a piece – t-shirts - that is already standard and allows so little change. Besides that, we have to maintain a balance between edginess and the commercial success. That is what sharpens our creativity! Your most recent collection, “Private Party”, was photographed with a Lomo. Why did you chose this technique and how was that experience? Even though we are always in tune with new trends, we also have a soft spot for the old. We like to use a certain dose of nostalgia in our collections; we have picked themes like Polaroid, Cassette tapes and other relics. We wanted something different in our catalog, something that would capture the dreamlike feel of our “Private Party”. We’ve always enjoyed lomography, but we didn’t have the camera needed. Yet when I went do Madrid, a few months ago for an educational trip, I saw I store of the Lomographic Society. I was amazed by the shop instantly, and that cool and fresh spirit of Lomo had everything to do with Vish! I left the store with a camera in hands. And then, you know how it goes, right? We used the camera to shoot the catalog right away. Of course we were a little apprehensive at first. What if the pictures didn’t come out right, can you imagine getting a ruined roll of film back after the shoot? But in the end, everything worked out. We were very happy and excited with the results.
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ESTÚDIO NAGÔ Design em foto e ilustração Design in photographs and illustrations
Eles já estiveram nas nossas páginas antes e estão envolvidos com a arte em vários graus. Marcos Paulo Moreira tem 29 anos e é formado em Design Industrial com especialização em Fotografia. Marcelo Schreiner Fausto, com 25, também frequentou o mesmo curso, mas se especializou em Moda e Comunicação. Juntos criaram o Estúdio Nagô, em Balneário Camboriú (SC), um escritório criativo que colocou Santa Catarina no mapa das referências em design.
O segredo é a exclusividade, entender o conceito da marca, e buscar criar uma identidade única para se alcançar o resultado desejado. Acho que essa é a nossa principal especialidade, pois trabalhamos muito com marcas concorrentes e sempre conseguimos chegar a resultados distintos e que valorizam as características de seus produtos. Pois aqui no estúdio sempre tivemos como objetivo criar as coisas da forma mais artística possível para que isso gere um conceito comercial para o nosso cliente.
Como surgiu a idéia de criar o Estúdio Nagô? O Estúdio Nagô começou no último semestre da faculdade de Design Industrial, há cinco anos. Fomos convidados a participar do livro “Novos Talentos da Moda Catarinense” assinado pelo fotógrafo de moda Bob Wolfenson, onde eu (Marcelo) fui responsável pelo projeto gráfico e o Marcos por um dos ensaios fotográficos do livro. A partir daí percebemos que unindo nossas experiências no mercado poderíamos chegar a uma proposta de trabalho inovadora para o nosso estado e país ao misturar as técnicas da ilustração e fotografia, especialmente voltadas para o mercado da moda. Hoje já estamos há dois anos com o estúdio em funcionamento, e desenvolvemos trabalhos para os principais grupos de moda do país, além de alguns trabalhos internacionais.
Nanquim e papel ou mouse e tela? Qual a principal diferença de trabalhar com materiais tão distintos? E na fotografia... as analógicas são definitivamente passado? Hoje procuramos iniciar nossos projetos através das ferramentas artísticas, porém, essas precisam estar aliadas ao uso do computador, que se faz necessário para a finalização dos nossos projetos. Você precisa saber explorar o que cada um tem de melhor e verificar no seu projeto quais os momentos certos para utilizar essas ferramentas. Sobre as questões das máquinas analógicas, o princípio das fotografias que desenvolvemos foi em analógicas, porém, com a demanda de mercado e a questão dos prazos mais curtos, tornou-se necessária a utilização de máquinas digitais. A tecnologia evoluiu muito nesse sentido, e hoje temos máquinas que produzem imagens de alta qualidade, porém sempre que temos tempo para desenvolver um trabalho autoral, ainda gostamos muito de trabalhar com uma analógica.
Quais os trabalhos mais interessantes que vocês já realizaram? Por quê? Consideramos todos os trabalhos importantes aqui dentro do estúdio e procuramos não ter distinção entre clientes. O foco do nosso estúdio é trabalhar a criatividade de forma exclusiva, tornar cada projeto um desafio e buscar a evolução sempre, aprimorando técnicas e formas de interação com o cliente. Mas citamos alguns projetos que nos deixaram bem contentes nesse último semestre: para a revista Rolling Stone, Colcci, Coca-Cola Clothing, Sommer, Endless, Extreme Days, Melody, Ferrovie, entre outros. De onde surgem as inspirações para uma ilustração? E para uma foto? Acredito que as inspirações para ambas as áreas vêm da nossa constante busca pelo novo, gostamos muito de colecionar livros de artistas, de pesquisar sobre comportamento humano e acho que a maior forma de inspiração acaba acontecendo nos momentos em que temos tempo para conversar sobre os projetos e buscar soluções diferentes para eles. A manipulação de imagens é tema de debate em vários países da Europa. Qual a opinião de vocês sobre isso? Aqui pensamos que a questão da manipulação das imagens deve respeitar a questão estética de cada projeto e que ela deve servir como ferramenta de auxílio na finalização dos mesmos, sempre levando em consideração a ética, pois no segmento da moda devemos ter muito cuidado sempre para não descaracterizar o conceito que a imagem deseja transmitir. Vocês realizam vários trabalhos para marcas e indústrias do país. Como saber dar aquele toque diferencial para cada uma?
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Vocês se firmaram como um estúdio de criação. Em algum momento essa liberdade criativa já foi podada? Com o passar do tempo, estamos tendo cada vez mais liberdade para desenvolver aquilo que achamos correto para cada cliente. As pessoas começam a enxergar nossa área de atuação como profissão, com isso tivemos a oportunidade de conhecer pessoas das áreas de marketing, comercial, consultores e empresários. Com eles aprendemos bastante sobre a visão de como atingir resultados utilizando o nosso trabalho como ferramenta. A arte colaborativa é uma tendência mundial, que une e transforma objetos e paisagens em uma obra totalmente mista. Qual a relação de vocês com projetos colaborativos e de que forma eles trazem benefícios para os outros trabalhos? Infelizmente achamos que essa é uma tendência que ainda não aconteceu na nossa região de forma comercial, mas adoraríamos explorá-la no nosso mercado, pois é muito interessante a característica de transformação que ela proporciona. Atualmente exploramos em nossos trabalhos autorais da forma a intervir com novas ferramentas e da forma mais artística possível. Acreditamos ser isso que atrai tanto o público para essa forma de expressão. O que vocês planejam para o ano que vem? O Estúdio está com muitos projetos pra 2010, entre novos clientes, exposições internacionais e nacionais. Também estamos preparando muitas novidades, inclusive o nosso novo portfólio que será lançado em breve. Mas já podemos adiantar que para começo do ano estaremos com mais uma exposição na Europa de trabalhos exclusivos.
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j3p
Da esquerda para a direita: Ilustração desenvolvida para a Revista Rolling Stone Brasil; Imagem selecionada no ano de 2004 como uma das 100 melhores fotografias publicitårias do Brasil pela Fundação Conrado Wessel que rendeu uma exposição no Museu de Artes de São Paulo (MASP); Imagem da sÊrie publicada no livro Great New Fashion Design da editora Zeixs da Alemanha; From left to right: Ilustration developed for the Brazilian Rolling Stone Magazine; Selected image in the year 2004 as one of the 100 best advertisement photographs of Brazil by the Fundação Conrado Wessel; Image that brought together an exposition at the Museu de Artes de São Paulo (MASP); Image of the series published in the book Great New Fashion Designs, by Zeixs publishing house of Germany.
They have appeared in our pages before and are involved with art in many levels. Marcos Paulo Moreira is 29 years old and has a degree in Industrial Design and Photography. Marcelo Schreiner Fausto, 25, has a degree in Fashion and Communication, as well as Design. Together they created the Estúdio Nagô – Nagô Studio – , in Balneårio Camboriu (Santa Catarina), a creative office that put the state on the map as a reference in design.
The secret for that is being exclusive, learning the concept of the brand and looking to create a unique identity in order to reach the expected results. I think that is our main specialty, because in many cases we work with rival brands and we always gave them distinct results that value the characteristics of their products. Here in the studio, one of our goals is to create things in the most artistic way possible so that it will generate a commercial concept for our client.
How did the idea of creating EstĂşdio NagĂ´ come up? EstĂşdio NagĂ´ began in the last semester of college, five years ago. We were invited to be a part of the book “Novos Talentos da Moda Catarinenseâ€? (“The New Talents in Fashion in Santa Catarinaâ€?) by the photographer Bob Wolfenson, where I (Marcelo) was responsible for the graphic design and Marcos was in charge of one of the photo shoots in the book. From then on we realized that by joining our market experiences, we could come up with an innovative work proposal for our state, as we mixed techniques in illustrations and photography, especially focused on the fashion industry. We have been working in the studio for two years and developed pieces for the main fashion groups in the country, as well as some international jobs.
Ink and paper or mouse and screen? What is the main difference in working with such distinct materials? And in photography, do you believe that analog cameras are part of the past? Today we are trying to start our projects through the artistic tools, however, these need to be combined with the use of the computer, which is necessary for the completion of our projects. You need to know how to explore what each of them have to offer and decide what are the right moments to use these tools in every project. On matters of analog cameras, we started out developing pictures only analogically, but with the market demand and our deadlines, it became necessary to use digital cameras. Technology has advanced a good deal, and today we have cameras that produce high quality images, but whenever we have time to develop our own personal projects, we love to work with an analog.
What are the most interesting jobs you have done? Why? We consider all our jobs important here in the studio and we don’t distinguish our clients. The focus of our studio is to work with creativity in an exclusive way, to make each project a challenge and to always evolve, improving our techniques as well as our interaction with clients. But there are a few projects that made us very happy during this semester: Rolling Stone Magazine, Colcci, Coca-Cola Clothing, Sommer, Endless, Extreme Days, Melody, Ferrovie. Where do you get inspiration for an illustration? What about for a photograph? I believe that inspiration for both come from our constant search for the new, we like collecting artists’ books, researching about human behavior and I think the biggest for of inspiration just happens in moments when we have time to talk about our projects as search for different solutions for them. The manipulation of images is a heated subject in many countries in Europe. What is your opinion about it? We think that the manipulation of images must respect the esthetics of each project and it should serve as a support tool to edit the pieces. Ethics must always come into consideration, because in the fashion industry we have to be very careful to not disrespect the concept that the image is looking to transmit. You have many projects for brands and industries in the country. How do give that special, different touch to each of them?
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You are an established creative studio. Has your creative freedom ever been taken away from you in any moment? Over time, we are having more freedom to develop what we think is right for each client. People begin to see our area of operation as a profession, as we had the opportunity to meet people in the areas of marketing, business, consultants and entrepreneurs. With them we learn a lot about getting results using our work as a tool. Collaborative art is a world trend that combines and transforms objects and landscapes into a mixed piece. What do you think about collaborative projects and how do they benefit other jobs? Unfortunately we think this is a trend that has not yet caught on in our region on a commercial basis, but would love to explore it in our market because it is very interesting feature. Today we explore on our own compositions in order to intervene with new tools in the most artistic way possible. We believe this is what attracts the public to our means of expression. What do you have planned for next year? The studio has many projects for 2010, which includes new clients, international and nation exhibitions. We are also preparing several new features, including our new portfolio which will be released soon. And we can expect to start the year with more exposure of our own compositions in Europe.
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ILUSTRADORES POR ANA CLARA MONTEZ
Danny Roberts, Califórnia, EUA www.dannyroberts.com Coloque em um liquidificador moda, beleza e misture com sonhos e livros de história, é assim que Danny Roberts define sua arte. “Não importa o quanto eu pratique e o quanto eu tente desenhar as coisas da maneira certa, elas sempre saem ‘do meu jeito’. Meu trabalho é uma extensão de mim.” Danny desenha desde criança e tem um arquivo com imagens antigas, editorias, pinturas dos seus artistas favoritos e fotografia. “Eu normalmente tento misturar imagens antigas com novas e, acima de tudo, tento desenhar o mundo em que eu quero viver. Eu me inspiro por quase tudo, por uma razão ou outra. Eu diria que a beleza natural e as mulheres me inspiram mais do que qualquer coisa. O romance é a verdadeira força motora do meu trabalho, então, quando eu vejo ou sinto qualquer coisa como isso, minha mente se enche de inspiração. Por último, a era de 1910-1950, com sua inocência “Leave It to Beaver” e o olhar severo das pessoas devido aos tempos difíceis, tem alguma coisa nisso que me inspira”.
Danny Roberts, Califórnia, EUA www.dannyroberts.com If you put fashion and beauty in a blender and mix them with dreams and history books, that’s how Danny Roberts defines his art. “No matter how much I practice and how much I try to draw things the right way, they always come out ‘ my way ‘. My work is an extension of me”. Danny has been drawing since childhood and has a file of old pictures, editorials, pictures of their favorite artists and photography. “I usually try to mix old and new images and, above all, I try to draw the world I want to live in. I get inspired by almost anything, for one reason or another. I would say that natural beauty and women inspire me more than anything. Romance is the true driving force of my work, so when I see or feel anything like that, my mind is filled with inspiration. Finally, the era of 1910-1950, with its ‘Leave It to Beaver’ innocence and people’s frown due to hard times, has something in it that inspires me”.
Girls In Glasses: Ilustração feita com lápis, caneta e tinta. Modelos usadas como referência: Vlada Roslyakova, Sasha Pivovarova, Jessica Stam, Heather Marks.
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Girls In Glasses: Illustration made with pencil, pen and ink. Models used as reference: Vlada Roslyakova, Sasha Pivovarova, Jessica Stam, Heather Marks.
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Masaki Ryo, Japão masakiryo.com
Masaki Ryo, Japão masakiryo.com
Desde pequeno, Masaki Ryo tinha um forte desejo de ter uma vida com muita arte. “Quando esse sentimento atingiu seu ápice, eu larguei meu emprego como designer gráfico para me tornar ilustrador”. Ele faz seus desenhos usando uma técnica que consiste em digitalizar a arte inicialmente feita com espátula de pintura. Para isso, ele encontra inspiração todos os dias, andando pela cidade, vendo vitrines, um filme, na internet ou em um breve momento, pela manhã, depois de ter levantado. “Às vezes, quando estou falando com alguém, a ideia surge do nada. Eu acho que conversar com pessoas de diferentes áreas é intrigante e de grande ajuda para ter novas ideias”.
Since he was little, Masaki Ryo had a strong desire to lead a life with plenty of art. “When this feeling reached its peak, I quit my job as a graphic designer to become an illustrator”. He makes his designs using a technique of scanning art made originally with paint spatula. For this, he finds inspiration every day, walking around town, seeing storefronts, a movie, the Internet or in a brief moment after getting up in the morning. “Sometimes when I’m talking to someone, the idea comes from nothing. I think talking with people from different areas is intriguing and a great help in order to have new ideas”.
Ilustração de acessórios, Bolsa Prada Illustrations of accessories, Prada bags
Daydreams at the Hearing: Ilustração sobre uma audiência no Congresso dos Estados Unidos, na qual os CEOs do petróleo tiveram que explicar o impacto econômico e ambiental do seu trabalho. Daydreams at the Hearing: Illustration of an hearing in the United States Congress, in which the CEOs of oil companies had to explain the economic and environmental impact of their work.
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Matt Dorfman, Nova York, EUA www.metalmother.com
Matt Dorfman, Nova York, EUA www.metalmother.com
Designer gráfico e ilustrador, Matt Dorfman começou cedo a desenhar, por volta dos dois ou três anos. “Nunca me interessei muito por esportes e era (e ainda sou) extremamente descoordenado. Então, naturalmente, fotografia, design e ilustração se tornaram atividades que me mantinham ocupado enquanto meus amigos estavam jogando”. Quando está trabalhando em um projeto, Matt tende a ignorar a noção de ‘estilo’ completamente e simplesmente faz uma imagem que melhor representa as ideias, no contexto que lhe foi dado. “Minha última meta como um designer e ilustrador é não ter estilo e ainda sim ser capaz de fazer coisas que pareçam sempre diferentes umas das outras. Ainda não estou lá, mas estou tentando”.
Graphic designer and illustrator, Matt Dorfman began drawing early, when he was about two or three years old. “I was never very interested in sports and was (and still am) extremely uncoordinated. Then, of course, photography, design and illustration were the activities that kept me busy while my friends were playing”. When he is working on a project, Matt tends to ignore the notion of ‘style’ completely and simply an draws an image that best represents the ideas in the context. “My ultimate goal as a designer and illustrator is to not have a style but still be able to do things that always seem different from each other. I’m not there yet, but I’m trying”.
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Nani Puspasari, Melbourne, Austrália www.designani.net
Nani Puspasari, Melbourne, Austrália www.designani.net
Nascida na Indonesia, Nani Puspasari se mudou, em 2008, para Melbourne para fazer mestrado em Design. “Quando eu era pequena, gostava de desenhar por todos os lugares. Eu precisava de uma média legal, para não ser pega pela polícia por vandalismo”. Obcecada por moda e poesia, Nani trabalha com ilustrações, design gráfico, pinturas, street art, ilustrações, trabalhos manuais e fotografia. Ela não gosta de definir seu estilo, pois ama testar todos os tipos e misturar todos os estilos. “Mas se as pessoas vêem meu trabalho, a maioria diz que ele é pop art, vintage e colorido”. Sobre suas inspirações, Nani diz: tudo, em qualquer lugar e o tempo todo. “Eu amo ver coisas bonitas e ver o que as pessoas estão fazendo. Eu vou tirar fotos e desenhar. Até os meus sonhos, todos eles inspiram meu trabalho”.
Born in Indonesia, Nani Puspasari moved to Melbourne in 2008 to pursue a Masters in Design. “When I was little, I liked to draw everywhere. I needed a cool media, so that I wouldn’t get caught by the police for vandalism.” Obsessed with fashion and poetry, Nani works with illustrations, graphic design, paintings, street art, crafts and photography. She does not like to define her style, because she loves to test everything and mix all styles. “But if people see my work, most say it’s pop art, vintage and colorful.” On her inspirations, Nani says: everything, everywhere and at all times. “I love seeing beautiful things and seeing what people are doing. I’ll take pictures and draw. Even my dreams, they all inspire my work”. Ilustração pessoal Personal ilustration
Sandra Suy, Barcelona, Espanha sandrasuy.com Como sempre gostou de desenhar, Sandra Suy decidiu fazer disso o seu trabalho. Suas ilustrações são influenciadas pelas clássicas ilustrações de moda. “Eu gosto de pensar que elas são elegantes e reflexo de uma beleza atemporal. Eu tento fazer coisas que eu gosto e que as pessoas gostem”. Sandra admira o trabalho de Chuck Close e John Currin, Ramón Casas, Klimt, Schiele, Gruau e Erté. Suas inspirações dependem do momento. “Pode ser uma ideia ou uma pessoa que se destaque por ser diferente do resto. Tento impregnar minhas ilustrações com a atitude do instante”.
Sandra Suy, Barcelona, Espanha sandrasuy.com Since she has always liked to draw, Sandra Suy decided to make this her job. Her illustrations are influenced by classic fashion illustrations. “I like to think they are stylish and reflect a timeless beauty. I try to do things I like and that people like”. Sandra admires the work of Chuck Close and John Currin, Ramón Casas, Klimt, Schiele, Gruau and Erte. Her inspirations depend on the moment. “It can be idea or a person who stands out for being different from the rest. I try to infuse my illustrations with the moment’s attitude”.
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ARTIGO POR DIEGO scandolara
FETICHE Fetish
O fetiche está na moda. Literalmente. Ele ocupa um lugar característico nessa indústria e volta e meia retorna ao cenário sob alguma nova inspiração; tanto que grandes nomes como Versace, Gaultier, Galiano, dentre outros, utilizaram o tema em suas criações. Mas por que esse interesse no assunto? E por que o tema incomoda (ou excita) tanta gente? Dificilmente poderemos criar respostas que satisfaçam a todos, uma vez que as pessoas (e suas questões) são diferentes, no entanto, podemos construir algumas versões sobre o assunto. A palavra fetiche deriva do francês, e significa feitiço. A própria natureza do termo já remete a algo misterioso e proibido, e tudo que é proibido atrai a atenção. Como o assunto tem grande ligação com o corpo, também tem relação direta com a moda, uma vez que é ela que cobre ou destaca aquilo que deve ser escondido, ou evidenciado. Porém, no imaginário popular, ainda existe uma grande associação do tema com a sexualidade, despertando a curiosidade de muita gente. Como isso também interessa para a moda, cabem algumas considerações sobre a percepção erotizada associada ao assunto. Certa dose de fetichismo é normal, todos temos nossas “partes” preferidas no outro, que não necessariamente podem estar ligadas ao sexo: mãos, pescoço, enfim, aquilo que atrai a atenção e o olhar. Ainda, existe uma forte relação objetal com o tema, onde sapatos, máscaras, algemas, etc. servem como complementos nas mais diversas situações. O fetiche pode ganhar várias expressões de,
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por assim dizer, investimentos: partes do corpo como pés, boca, cabelos; objetos como sapatos, máscaras e outros; lugares como elevadores e locais públicos; situações como o medo de estar sendo observado; e outras tantas formas que podem ser utilizadas como exemplos. Eis que a mídia e o imaginário popular mastigaram tanto estes objetos e imagens, que o tabu que antes causava o espanto de muitos hoje está na moda, nos filmes, nas campanhas publicitárias e em fotografias famosas. Até os sexshops vivem cheios de gente que perdeu a vergonha e foi matar a curiosidade. Fetiche também pode ser algo patológico e, portanto, objeto de estudo da psiquiatria, psicologia e outras áreas. O fetichismo aparece nos desvios, nos vícios e em qualquer outra expressão que possa, em algum determinado momento, tornar-se um problema para alguém. Por exemplo, algém pode receber uma forma tão intensa de deslocamento do interesse sexual, que por si só pode ter poder de excitação suficiente para que aconteça uma compensação muitas vezes imaginária e solitária. Somado a isso, existe uma imagem do fetichismo criada pela mídia, onde roupas de couro, algemas e pés sendo beijados fazem parte do cenário. Isso faz com que muitos, ao tentarem recriar situações como essas em suas vidas, acabem decepcionando-se com o assunto. Mudando o foco da questão, hoje o fetiche tornou-se pop: está na música, com Madonna, Lady Gaga e outras; na tv, com o voyerismo dos reality shows e em personagens surreais como tiazinhas e mulheres-melão(!); e até novelas abordam o tema,
com atrizes que dançam em mastros e lindas vilãs sedutoras com suas traições e compulsões. Ultimamente o assunto está no cinema, onde os vampiros tornaram-se uma tendência mundial, com filmes que atraem multidões, livros em primeiro lugar das listas, capas de revistas. Praticamente um fetiche adolescente. Entretanto, ainda existe uma certa resistência por parte de muitos em tratar do assunto, muito porque acreditam que irão fugir dos padrões considerados “normais”, seja na vida pessoal ou profissional. Porém, esquecem que o normal é diferente para todo mundo. Mesmo hoje existindo uma maior liberdade e assuntos como esse serem tratados de forma mais aberta e clara, o tema causa um pouco de desconforto porque ainda vivemos em um tempo em que a igreja católica declara que sexo é somente para fins de reprodução. Por isso não me espanta ter tanta gente recalcada por aí, interessada em criticar os outros nas mais diversas formas, como tiazonas de apartamentos que insistem em falar da vida alheia em busca de suas compensações. Porém, sendo criticado ou cultuado, o negócio é que o fetiche está em alta, seja na vida privada, na moda, ou em tantos outros espaços de expressão. Se for bem dosado, pode funcionar como pimenta para muitos, sejam casais atrás de algo novo ou criativos na busca de inspiração para seus trabalhos. O tema é interessante e ainda tem muitas ideias para serem exploradas, mesmo que isso incomode alguns puritanos. Preferir o comum por medo de arriscar, isso sim, é pura sacanagem.
Fetish is in. Literally. It has a characteristic spot in the fashion industry and it pops in every once in a while as inspiration; which is why great names like Versace, Gaultier, Galliano and others used the theme in their creations. But why is there such interest in the subject? And why does that bother (or turn on) so many people? It is hard to come up with answers that satisfy everybody, since everyone (and their personal issues) differ; however we can attempt to build some views on the matter. “Fetish” comes from the French, meaning “enchantment”. The very nature of the term already refers to something mysterious, forbidden; and all that is forbidden, attracts attention. Since the subject is closely related to the body, it also has a direct relationship with fashion, being that clothes will often cover up or highlight what should be kept hidden or exposed. However, in popular imagination, the theme is still associated with sexuality, which arouses the curiosity of a lot of people. Since this also interests in fashion, it is only fair that we make some considerations about the eroticized perception of the subject. A certain dose of fetishism is normal; we all have our choice of favorite body parts in others, which are not necessarily connected to sex: hands, neck, whatever gets our attention and attracts our stare. Still, there is a strong relation between objects and the theme, in which shoes, masks, handcuffs, etc. become a complement in various situations. Fetishes can have many different means of expression, so to speak: body parts like feet, mouths, hair; objects like shoes, masks and others; locations such as elevators and public places; situations like the fear of being watched; and so many other forms can be used as examples. The media and popular imagina-
tion chewed these objects and images up so much that what was formally considered taboo and caused such fright is now in fashion, in movies, in advertising campaigns and in famous photographs. Even sex shops are now full of people that got past their initial embarrassment and decided to go check them out. Fetishes can also be something pathological, and so they are studied in psychiatry, psychology and other areas. Fetishism appears in disorders, addictions and whatever other expression that may, in any given moment, become a problem for someone. For example: something can trigger such a distorted form of sexual interest in an individual that the mere memory of it has enough power for a release that is, in many cases, imaginary and lonesome. Also, there is the image of fetishism created by the media, in which leather outfits, handcuffs and feet being kissed are all part of the scenario. Many people, in their attempt to recreate these situations, often become disappointed with the matter. Today, fetishism has become pop: it is in music, with Madonna, Lady Gaga and others; it is on TV, with reality show voyeurism and surreal characters like Tiazinha and the Fruit-Women [Brazilian dancers]; even soap operas approach the theme, with pole-dancing actresses and beautiful, seductive villains, with their betrayals and compulsions. Lately, the subject has been brought up in the cinema, where vampires have become a world trend in movies that gross millions, books that top the bestsellers’ lists, magazine covers. It is practically a teen fetish. Yet there is still some resistance from many in dealing with the matter, mainly because people believe that they will be pulled away from patterns considered to be “nor-
mal” in their personal and professional lives. They forget, however, that being normal is different for everybody. Even though there is greater freedom today and matters like this can be discussed openly and clearly, the theme causes some discomfort because we still live in a time in which the Catholic Church declares that sex should only be used for breeding purposes. That is why I’m not surprised that there are so many repressed people out there interested in criticizing others in several different ways, like old ladies in apartment complexes that insist on gossiping in order to compensate for their own shortcomings. Nevertheless, whether you criticize or agree with me, the fact is that fetishes are “in”, be that in our private lives, fashion or any of the other means of expression. If it is properly measured, it can work as a flame for many, like couples after something new to experiment or artists looking for inspiration for their work. The theme is interesting and there are still many ideas to explore, even if it bothers some purists. To stick to the ordinary out of fear of trying something new is what I consider to be dirty, indeed.
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ARTIGO POR Hellen Fernandes Macarini
Fetiche e Moda Fetish and Fashion Você já deve ter ouvido falar no termo “fetiche na moda”. Na busca por entender porque tem se falado tanto ultimamente nesse termo, trazemos elementos para que você compreenda mais o que compõe uma moda fetichista e no que ela tem contribuído para que as pessoas revejam seus conceitos em relação ao tema. Quando se busca informação sobre fetiches o que se encontra na maioria são descrições médicas e vários termos técnicos que designam o objeto preferido dessa ou daquela prática fetichista. Mas percebe-se que o assunto ainda é tratado com muita desconfiança, o que acaba sendo contraditório em um país em que a nádega feminina é objeto de adoração coletiva masculina. A moda acabou tendo um papel fundamental para trazer à luz essas práticas sexuais e mexer com tabus sociais. O fetichismo e suas práticas se mesclaram à moda com o movimento de “liberação sexual” no início dos anos 60 e 70 e acabou também influenciando a concepção do que era visto como desvio sexual ou prática exclusiva de pessoas “doentes”. Mais como acessórios e atitudes de grupos que praticavam o fetiche tiveram espaço na moda? Com a entrada da humanidade na era moderna, segundo a historiadora de moda, Valerie Steele, “o ‘recato’ foi cada vez mais descartado como um produto histórico infeliz da ‘tradição religiosa judaico-cristã’ e da ascensão da burguesia capitalista. Dizia-se que o ‘tabu do corpo’ estava se esmigalhando sob a reafirmação da sexualidade humana e da negação da culpa sexual.”. Como rebeliões e prazeres eram cada vez mais privilegiados e as restrições impostas pela civilização correspondentemente criticadas, a sexualidade “perversa” era abertamente reconhecida como sedutora. Com essa abertura para novas expressões da sociedade moderna, muitos comportamentos foram expostos. Porém, como explica Michel Foucault, muito do que a sociedade considerava fora dos padrões tido como normais foi medicalizado, ou seja, uma prática sexual não aprovada socialmente era vista como imoral, então era designada como doença e automaticamente quem a praticava era doente e precisava de tratamento. Também, muitos que não concordavam com as regras impostas e as transgrediam eram diagnosticados de loucos
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e, portanto, deveriam ser retirados da convivência social e internados em manicômios. As práticas fetichistas acabaram por sofrer com esse fenômeno e foi mais fácil enquadrar as pessoas como “pervertidas”, como possuidoras de “desvios sexuais”, como praticantes do “sexo bizarro”, e mandá-las se tratarem a aceitarem a diversidade de práticas que decorrem do desejo. Por isso, com medo de toda essa aversão, as pessoas preferiram se esconder, viver em guetos e ali compartilhar com seus afins suas preferências. Porém nos anos 60 o mundo estava sob o impacto da revolução sexual e a moda absorveu e refletiu essa postura contestadora. Numa época em que todos estavam de brilhos e plataformas apareceram objetos ofensivos e ameaçadores que começaram a ser usados como objetos de moda, tais como coleiras de cachorro, correntes, tachas, tecidos emborrachados, coturnos, espartilhos, botas de canos imensos, sapatos bizarros e posturas provocativas insinuando práticas como o sadismo, masoquismo e outros fetiches. Um dos precursores foi o fotógrafo Helmut Newton, que para muitos foi o criador do “fetichismo chique”, seus ensaios incluíam voyeur, exibicionistas, prostitutas, fetichistas, sadomasoquistas, travestis e dominadoras. Claro que tinham por objetivo aterrorizar os observadores mais conservadores, porém, nos últimos 40 anos, o que parecia ser um tema passageiro na moda está cada vez mais incorporado à mesma. Para Steele, a pioneira foi Vivienne Westwood, uma das estilistas de moda mais intimamente associadas aos punks que é uma subcultura jovem associada a bandas como os Sex Pistols, que foram particularmente úteis para a incorporação do fetichismo na moda. Em 1974 ela transformou sua loja na notória butique sadomasoquista, com laçadas escravizantes e sexo fetichista, que vendia roupas de borracha, couro para amarrações e sapatos bizarros. A loja era decorada com chicotes, correntes, máscaras, “grampos para peitos” e até mesmo uma cama hospitalar coberta com um lençol de borracha. Os clientes eram - mais ou menos - metade fetichistas (que mandavam fazer sob medida dispendiosos trajes de borracha), e metade pessoas jovens que falavam “sobre quebrar tabus” e fazer “uma declaração do quanto
você é bad”. “As roupas de amarrar eram ostensivamente apertadas”, diz Westwood, “mas quando você as vestia elas lhes davam uma sensação de liberdade”. E muitos assimilaram, muitos usaram e nem sabiam que mesmo sendo um “careta”, agora estava se vestindo como um “pervertido”, e outros aproveitaram para questionar a validade do rótulo de doentes. O psicólogo e sexólogo norueguês Odd Reiersol luta pela abolição do diagnóstico de fetichismo, fetichismo de transversão, sadismo e masoquismo do ICD-10 (“Desordens Mentais e Comportamentais” que é elaborado pela Organização Mundial da Saúde). Para o ICD-10 o fetichismo é considerado uma doença, uma parafilia e está elencado ao lado, por exemplo, da pedofilia. Segundo ele, os fetiches só devem ser tratados como problema no momento que a pessoa prejudica a si e aos outros, pois dizer que todos que têm como prática sexual essas preferências são doentes é uma questão que fere a liberdade do ser humano e acaba sendo uma questão de direitos humanos. Para Reiersol “A opinião tradicional de cem anos atrás definia que essas pessoas eram imorais, doentes ou degeneradas. Os pontos de vista não distinguiam entre violência e jogos consensuais. Só aqueles que abusam de outros, sexualmente ou não, são indivíduos comprometidos psiquicamente, sendo que o resto são jogos consensuais eróticos entre adultos.” Segundo esse ponto de vista, é porque vivemos em uma sociedade onde se pode lutar pelos direitos humanos, pois senão muitos dos brasileiros que adoram as nádegas femininas em outros tempos seriam rotulados de “doentes” e “pervertidos”. E ainda, aquela inocente roupa de couro, aquela pulseira de tachas ou aquela legging de borracha que você usa hoje com tanta liberdade, já foi item usado em lugares secretos, pois estava vinculada a pessoas que socialmente expressavam sua sexualidade de maneira “não convencional”. Por isso a moda fetichista tende a continuar em alta, pois você pode ser uma pessoa que reflete e quer um mundo mais igualitário e usa determinadas roupas que expressam essa atitude; você também pode fazer o caminho inverso, comprar roupas que exprimam essa atitude mesmo não tendo pensado muito na mensagem que ela vai passar, porque a moda está aí. Ela não é mais única, uniforme e linear, ela é uma vitrine que tem peças para todos os gostos, inclusive para aqueles que lutam para que a humanidade viva em harmonia, cônscios de que isso só será possível através do respeito ao diferente. Nesse sentido a moda e, especificamente a moda fetichista, pode ser libertadora, quando não se submete às ideologias dominantes, quando subverte, transgride, contesta e questiona, quando expõe, coloca em foco e procura tornar mais visível o que constitui as peculiaridades do ser humano.
You may have heard the term “fetish fashion”. In a search to understand why there has been so much talk about that term lately, we present evidence for you to understand what makes a fetish fashion and how that has helped people to review their concepts on the issue. In seeking information about fetishes, what is found are mostly medical descriptions and technical terms that describe the preferred object of this or that fetishist practice. But we can observe that the subject is still treated with great suspicion, which turns out to be contradictory in a country where the female buttock is a cultural prized possession and adored by men worldwide. Fashion ended up having a key role in bringing the light of these sexual practices and playing around with social taboos. Fetishism and its practices mixed together with fashion in the “sexual liberation” movement of the early 60’s and 70’s, and also ended up influencing people’s conception of what was considered to be sexual deviancy, something that was practiced only by “sick” people. But how did the accessories and attitudes of the groups that were into fetishism make their way into fashion? As we entered into the Modern era, according to the fashion historian Valerie Steele, prudency began to be dismissed as an unfortunate historical product of the traditional Judeo-Christian religion and the rise of the capitalist bourgeoisie. It was said that the “taboo of the body” was “crumbling under the reaffirmation of human sexuality and the denial of sexual guilt.” As rebellions and pleasures were increasingly privileged and the restrictions imposed by civilization correspondingly criticized, “perverse” sexuality was openly acknowledged as being seductive. With this openness to new expressions of modern society, many behaviors were exposed. However, as Michel Foucault explains, much of what society thought to be outside normal standards was treated with medication, which meant that a non-approved sexual practice was seen as immoral an designated as a disease, so those who practiced it were automatically considered to be sick and in need of treatment. Also, many people who disagreed with the imposed rules and transgressed were diagnosed as insane and therefore had to be removed from social life and admitted to an asylum. Fetishes eventually suffered from this phenomenon and was easier to frame people as “perverts”, as having “sexual deviancy”, as practitioners of “kinky sex”, and to send them to get treatment, as opposed to accepting the diversity of practices that blossomed with each individual’s particular desire. Out of fear of all this hatred, people preferred to hide, to live in ghettos and share with their associated preferences there. But in 60 years, the world was under the impact of the sexual revolution and fashion absorbed and reflected this defiant posture. At a time when everyone was shining and in platforms, offensive and threatening objects appeared and began to be used as fashion items, such as dog collars, chains, studs, rubberized fabrics, boots, corsets, huge pipes, bizarre shoes and provocative postures
insinuating practices such as sadism, masochism and other fetishes. One of its precursors was the photographer Helmut Newton, who for many was the creator of “chic fetishism”. His essays included voyeurism, exhibitionists, prostitutes, fetishists, sadomasochistic, transvestites and dominatrices. Of course, all of that was aimed to terrorize the more conservative observers, however, in the last 40 years, what seemed to be a passing fashion theme just keeps reappearing. For Steele, the pioneer was Vivienne Westwood, a fashion designer that is closely tied to punk, a subculture associated with bands like the Sex Pistols, which were particularly useful for the incorporation of fetishism in fashion. In 1974, she transformed her shop into the notorious S & M boutique, with enslaving loops and fetishist sex, which sold rubber clothes, leather bindings and bizarre shoes. The store was decorated with whips, chains, masks, “staples for breasts” and even a hospital bed covered with rubber sheets. Customers were usually fetishists (who asked for custom-made, expensive rubber costumes) and young people who were looking to “break taboos” and making “a statement about being bad”. “The binding clothes were ostensibly tight,” says Westwood, “but when you wore them, they gave you a sense of freedom.” And many people assimilated, many “straight-edge” people were now dressing like a “perverts”, and others started questioning the validity of the label of those patients. Psychologist and sexologist Odd Reiersol, from Norway, struggles for the abolition of the diagnosis of fetishism, sadism and masochism of the ICD-10 (“Mental and Behavioral Disorders”, which is prepared by the World Health Organization). To the ICD-10, fetishism is considered a disease, a paraphilia, and listed alongside disorders like pedophilia, for example. He said the fetishes should only be treated as a problem when a person harms himself and others, because saying that everyone who has those sexual preferences is sick is an issue that scars human freedom an ultimately becomes an issue of human rights. To Reiersol, “The traditional view of a hundred years ago specified that these people as immoral, diseased or degenerated. That point of view does not distinguish violence and consensual games. Only those who abuse others, in a sexual way or not, are mentally impaired individuals and everything else are erotic games between consensual adults. “ There is this point of view because we live in a society where you can fight for human rights, because otherwise many of the Brazilians who worship the female buttocks in other times would have been labeled as “sick” and “perverts.” And yet, that innocent leather outfit, that cute bracelet with tacks or those rubber leggings that you wear so freely today, were once items used only in secret places, since it was linked to people socially expressed their sexuality in an “unconventional” manner. That is why the fetish fashion tends to remain hot, because you can be a person who reflects and wants a more egalitarian world and who wears certain clothes to express that attitude; you can also do the opposite and buy clothes that represent this attitude even if you have
Desfile inverno 2010 Hussein Chalayan Hussein Chalayan 2010 Winter
not really given much thought to the message that it is trying to pass across, but just because the trend is there. This tendency is no longer unique, uniform and linear. It is a storefront that has pieces for everyone, including those who fight for humanity to live in harmony, who are aware that this can be achieved through respect for the unusual. In this sense, fashion and specifically fetish fashion can be liberating, when you do not submit the dominant ideologies, when you subvert, transgress, challenge and question, when you expose yourself, when you focus and seek to make the peculiarities of human beings even more visible.
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MERCADO POR CAMILA COVER
Na página ao lado, primeira loja da marca, inaugurada com o nome Hennes, aberta em 1947
Interior da loja de Harajuko, Japão
A história por trás de um fenômeno mundial
Years of history of a worldwide phenomenon Ser acelerado é uma das características mais fortes da atualidade. Nos acostumamos a viver e nos adaptarmos de forma rápida a todas as inovações do mercado. Assim, cercados o tempo todo por essas novidades, acabamos por consumir também de forma acelerada. Com isso, as redes “fast-fashion” tornaram-se um dos maiores fenômenos da moda nos últimos anos, com o conceito de produzir as tendências de forma rápida. Esse sistema conquistou multidões de consumidores, exatamente por ser um jeito novo de atualizar o look. É claro que, completamente diferente, mas de um jeito similar, esse
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Going fast is one of the strongest features of our current time. We got used to living and adapting quickly to all innovations in the market. Thus, as we are surrounded by so much new stuff, we end up consuming way too fast. With that, the ‘fast fashion’ chain stores became a large fashion phenomenon in the past years, with the concept of producing trends in a very quick way. This system has conquered millions of consumers in the last few years, because it is a new way to update a look. This concept is different but has its similarities with the ready-to-wear wave in 60’s, where the couture houses started to produce standardized pieces in different sizes and prices to
conceito pode ser comparado ao surgimento do Prét-à-porter nos anos 60, onde as casas de alta costura passaram a produzir peças padronizadas em tamanhos e valores para uma população com sede de moda e tendência. Tanto naquela época quanto nos últimos anos, a moda sofreu uma mudança. O uso de equipamentos industriais, a rápida confecção e mão de obra mais atualizada e fácil de ser encontrada, tornaram a moda mais barata, cortaram os custos e trouxeram o que antes era inacessível para as mãos de uma população que gosta de consumir. O problema é que com tanta rapidez, a população acaba por consumir informação que também é passada de forma fast. É claro que a culpa disso é da mídia, que por inúmeras vezes esquece de ir a fundo, pesquisar informações, históricos de marcas e o como e porque elas surgiram. H&M, Topshop, Target, C&A e Renner são exemplos de empresas que atuam no segmento fast e que por anos passaram por modificações e hoje usam estratégias de marketing e fórmulas que dão certo. Pouca gente sabe que por de trás da H&M, existe a Hennes & Mauritz uma empresa com 62 anos de mercado, com muita bagagem e história para contar. Hoje é reconhecida por ser uma das marcas que mais cresce no mercado de moda global, mantendo seus valores de quando começou na Suécia em 1947. Ela foi fundada por Erling Persson e a primeira loja era conhecida apenas por Hennes, que em português significa “dela”, já que na época era uma loja voltada para o público feminino. Foi só em 68 que ela passou a vender roupas para homens e a partir daí começou a crescer, abrindo em 2000 suas primeiras lojas na Espanha e nos Estados Unidos e se tornando a marca que conhecemos hoje e que possui mais de 1.700 lojas em 33 países diferentes. O conceito é o mesmo de todos os outros grandes magazines, vender roupas com as últimas tendências e com o melhor preço do mercado. Mas o ponto forte dessa casa é a logística que existe por trás. A H&M possui um regulamento de estratégias e missões. Entre elas está manter um crescimento de 10 a 15% ao ano e impulsionar o mercado com os mesmos valores que tinha, quando abriu suas primeiras portas. A casa de desenvolvimento da H&M está sempre preparada para interpretar as tendências de moda e criar o que é acessível para todos. Mercadorias novas chegam nas araras das lojas diariamente, sem perder a qualidade dos produtos. Os diretores afirmam que todo o sucesso está englobado em uma receita simples: anos de experiência e profundo conhecimento em design, moda e mercado têxtil. Isso permite ter uma combinação de novidade com qualidade, chegando ao consumidor final com um preço imbatível e o conquistando de vez.
a population thirsty for fashion and trends. Just like back then, fashion suffered a big change. The use of industrial equipments, the quick manufacturing and cheap, easy to find labor has cut off costs and brought the inaccessible to a population that enjoys consuming. The problem is that with such speed, people also end up absorbing information in a very fast way. Of course the media is partly to blame, because in many cases there is no depth to the stories, or research about the history of brands and how they emerged. H&M, Topshop, Target, C&A and Renner are examples of companies that are part of the fast segment, and that have gone through changes for years so that today they can use marketing strategies and formulas that really work. This all started with the worldly renowned H&M. Few people know that before H & M, there was Hennes & Mauritz, a company with 62 years of market, lots of baggage and stories to tell. It is now recognized as one of the fastest growing brands in the global fashion market, maintaining their values from the time it started out in Sweden, in 1947. The brand was founded by Erling Persson and the first store was known only by Hennes, which means “Hers”, because at the time was the store was dedicated only to a female audience. It was not until 1968 that it started selling clothes for men and began to grow from there, by opening in 2000 its first stores in Spain and the United States, and becoming the brand we know today, with more than 1,700 stores in 33 different countries . The concept is the same as in any other big department store: to sell clothes with the latest trends in the best price in the market. But the strong point in this particular franchise is the logistics behind it all. H&M has strict regulations of strategies and missions. Among them is to maintain a growth of 10 to 15% a year and to face the market with the same values it had when it opened up it’s first set of doors. H&M’s development house is always prepared to interpret the fashion trends and create what is affordable for everyone. New goods arrive in the stores on a daily basis, without losing the quality of products. The directors say that its success is summed up in a simple recipe: years of experience and deep knowledge in design, fashion and the textile market. This allows for a combination of novelty with quality, reaching the final consumer with an unbeatable price and winning him over instantly. Innovation is part of this equation, like the case of associating the brand with wellknown fashion designers. This is something that started four years ago, with Karl Lagerfeld’s first collection for H&M, and today that recipe copied by all the department stores. The secret is to create objects of desire, develop them with successful designers to reach a class that had not previously had access to such garments. This trend caused a big scare in the media in the beginning, but it generated such marketing for the network that the collaboration with big names in fashion designing was kept. That is what happened with Roberto Cavalli, Stella McCartney, Viktor & Rolf, Rei Kawakubo, Jimmy Choo and now finally Sonia Rykiel. She has developed special lin-
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MERCADO A inovação faz parte dessa conquista, como o caso de associar-se a grandes estilistas. Algo que começou há quatro anos com a primeira coleção de Karl Lagerfeld para a H&M e que hoje é receita copiada por todos os magazines. O segredo é criar objetos de desejo, desenvolvido por estilistas de sucesso ao alcance de uma classe que até então não teria acesso. O surgimento dessa tendência provocou um grande susto na mídia toda, mas gerou um marketing tão grande para a rede que ela manteve a colaboração de grandes nomes da moda desenhando e desenvolvendo produtos para ela. Foi assim com Roberto Cavalli, Stella McCartney, Viktor & Rolf, Rei Kawakubo, Jimmy Choo e agora por último Sonia Rykiel. Que desenvolveu lingeries especiais para a H&M, com a mesma sofisticação e modernidade que ela faz para a sua própria loja. Peças com tecidos de luxo e acessórios completam a coleção. Essa é a primeira vez que a H&M desenvolve em parceria uma coleção de underwear, mas uma vez inova o mercado e causa impacto diante das concorrentes. As peças estão à venda em 1,500 lojas da marca e também nas oito principais lojas da designer. A festa de lançamento, que aconteceu em Paris, foi outro fenômeno à parte, criado pela H&M. A arquitetura famosa da cidade foi transformada em uma cidade fantasia onde os mais de 2 mil convidados homenagearam a estilista e a fast-fashion. Celebridades que influenciam diversas pessoas como, Kate Bosworth, Eva Herzigova e Nadja Auermann estavam presentes. Jean Paul Gaultier também, junto com Ellen von Unwerth e Emanuelle Béart. Uma torre Eiffel feita para o evento foi o palco do desfile, que mostrou previamente a coleção. Segundo a diretora artística da marcas Sonia Rykiel, a festa foi toda feita pensando no brilhantismo da estilista e da cidade maravilhosa que é Paris. Para eles a intenção era dar aos convidados uma festa única na história e que será lembrada para sempre. Para Gaultier a associação da estilista com a H&M é uma revolução no mercado da moda, sendo que ele mesmo já desenvolveu uma coleção para a Topshop. São eventos e colaborações assim que fazem da H&M o fenômeno que ela é. Copiada e desejada no mundo inteiro, mesmo diante das críticas existentes por causa do consumo acelerado, é impossível negar que a logística da empresa é invejável por empresas do mundo todo. Há também outras fórmulas que fazem dela algo grandioso assim, um exemplo é a preocupação com o meio ambiente. Diante de todas as críticas ao consumo acelerado provocado pelas redes de fast-fashion, a H&M possui um relatório no seu site, com registros de todos os produtos que já foram banidos do mercado por qualquer motivo que seja. Para eles essa é uma forma inteligente da empresa de se manter fiel e se mostrar honesta para o seu consumidor, no decorrer dos anos.
gerie for H & M, with the same sophistication and modernity than that can been found in her own store. Pieces with luxury fabric and accessories complement every collection. This is the first time that H&M develops a partnership with an underwear brand, but it innovates in the market and causes impact among its rivals once again. The pieces are on sale in 1,500 H&M stores and also in 8 of the designer’s own shops. The launch party, held in Paris, was a spectacle of its own. The architecture of the famous city was transformed into a fantasy town where more than two thousand guests honored the designer and fast-fashion. Celebrities like Kate Bosworth, Eva Herzigova and Nadja Auermann were all present. Jean Paul Gaultier, along with Ellen von Unwerth and Emmanuelle Béart, were also there. An Eiffel Tower made special for the event was the fashion show’s set, which showcased the collection. According to artistic director of the Sonia Rykiel brand, the party was all planned in a way to
incorporate the designer’s brilliance and the wonderful city that is Paris. For them, the intent was to give guests the most unique and memorable party in history. For Gaultier, the association between the underwear designer and H & M is a revolution in the fashion market, even thought he had developed a collection for rival Topshop. Events and collaborations like those are what make H&M the phenomenon that it is. The franchise is copied and desired around the world, even in the face of criticism about fast fashion and the accelerated consumption, it is impossible to deny that the company’s logistics is envied by other companies around the world. There are other formulas that make it so great, like its concern for the environment. Even with all the criticism that the accelerated consumption caused by fast-fashion chains, H&M has a report on its website of records of all products that have been banned from the market for whatever reason. For them, this is a smart way that the company found to remain faithful and honest for its consumers over the years.
De cima para baixo: Sonia Rykiel e Jean Paul Gaultier na festa de lançamento da marca em Paris; a coleção de lingerie de Sonia para a H&M; com uma apresentação surpresa, modelos dançaram sobre pontos turísticos de Paris montados para a festa.
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MINAS TREND PREVIEW POR Julye Poffo
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O verão nem começou, mas o mercado de moda brasileiro já está se preparando para o inverno 2010. Entre os dias 04 a 07 de novembro aconteceu a 5º edição do Minas Trend Preview, o primeiro evento que antecipa as tendências de moda do calendário nacional. Completo, ele apresentou nessa edição o que está por vir do vestuário, calçados, acessórios e moda praia através do salão de negócios, que é o seu principal objetivo, desfiles, lançamento de livro focado na sustentabilidade e cadernos de tendências. Ronaldo Fraga, que tomou frente da concepção geral do evento, resumiu na passarela, para o primeiro dia de evento, a riqueza dos detalhes da moda mineira e brasileira. A passarela cheia de pássaros, a trilha sonora bem brasileira e celebridades na platéia foi o cenário para 19 marcas de forte expressão na moda apresentaram de forma resumida o melhor do inverno 2010. O styling do desfile ficou com Daniel Ueda. Durante todo evento, desfiles onde várias grifes juntas apresentam looks de tendências complementavam outros desfiles individuais de 18 marcas que estavam lançando sua coleção de inverno 2010. Como a proposta do evento não é só a moda nas passarelas, o livro Ecobags – Moda e Sustentabilidade da jornalista de moda Lilian Pacce foi prestigiado durante o Minas Trend Preview assim como o lançamento do “Caderno Perfil do SENAI” da Instituição com uma pesquisa de tendência para a estação. Uma das novidades do evento é o Projeto Box: Celeiro Mineiro de Talentos. Jovens que começam a despontar no mercado de moda mineira competiam por uma vaga na próxima edição da Casa de Criadores/Lab que aconteceu nos dias 22 a 27 de novembro em São Paulo. Talentos e inovações muito bem representados e diversificados, o primeiro lugar ficou com a estilista Rachel Grandinetti da Fundação Mineira de Educação e Cultura com a coleção Elle veut être admirée que teve inspiração do ícone fashion revolucionário Maria Antonieta, mas com um toque urbano.
g e n ia
2010
sant a e phi
WINTER
Belo Horizonte prevê shapes, formas e cores do inverno 2010
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CONCURSO CREATIVE COMPETITION 2010
Seja o futuro! Be the Future
Passarelas Latinas
Categories of the competition include
Fotógrafo/ Estilista/ Cabeleireiro/ Maquiador
Photographer/ Stylist/ Hair stylist/ Make up artist/
O tema
The theme is FUTURE
O FUTURO. Queremos que você crie algo que nos alucine!
We want you to create something to blow our minds.
Regras
Rules Submissions should include:
As inscrições devem incluir: 1. Fotógrafos talentosos devem enviar 4-6 imagens, um storyboard, um spec brief – isto é, um documento com os detalhes da proposta -, e as versões sem e com retoque de todas as imagens. 2. Inovadores estilistas, cabeleireiros e maquiadores devem enviar 4 imagens com exemplos de seus trabalhos, um spec brief e as versões sem e com retoque de todas as imagens. 3. Queremos close-ups dos cabelos e das maquiagens.
Inscrições O próximo passo é fazer o LOG IN no NINETEEN74.com, ou se você ainda não for um membro se registrar (SIGN IN) gratuitamente no www. nineteen74.com. Em poucos minutos você poderá elaborar seu próprio portfólio criativo online e depois é só se inscrever no PROJECT CREATIVE COMPETETION 2010.
Prazo
1. Gifted Photographers need to submit 4-6 images, a storyboard, spec brief, before and after re-touch images. 2. Innovative stylists, hair and make-up artists need to submit 4 example images of their work, Spec brief and before and after re-touch images. 3. Hair & make up demands close ups.
Submission The next step is to LOG IN at Nineteen74, or if you are not a member yet, simply SIGN UP for free at www.nineteen74.com It will only take few minutes to set up your creative online portfolio. Then join the PROJECT CREATIVE COMPETETION 2010.
Deadline 15th January 2010
The winning Entry
15 de janeiro de 2010
Will get a contract with Spectacular Studios propelling them to the forefront of the creative industry and an exclusive four page spread in Schön! Magazine.
O vencedor
The Jury
Ganhará um contrato com o Spectacular Studios, o que o impulsionará ao topo da indústria criativa. Também ganhará um editorial exclusivo de quatro páginas na Schön! Magazine.
O Júri
The jury is formed by highly rated creative industry professionals. Rauol Keil (Founder/ Director Nineteen74.com / Publisher and Creative Director of Schön! Magazine)
O júri é formado por grandes profissionais da indústria criativa. Nicole Östman Rauol Keil
(PR & Artist Management for Spectacular Studios)
(Fundador/ Diretor do NINETEEN74.com/ Editor e Diretor Criativo da Schön! Magazine)
O NINETEEN74.com e a Schön! Magazine, juntamente com o Spectacular Studios, estão em busca de uma visão do FUTURO na indústria criativa. Usando o tema FUTURO, queremos que você crie algo que nos alucine. Você acha que tem o que procuramos? A competição é destinada a fotógrafos, cabeleireiros, maquiadores e estilistas, que deverão enviar exemplos de seu trabalho baseado no tema “futuro”. Queremos diversidade e radicalismo, algo para batermos o olho e optarmos por direcionar o talento de seu criador para a estratosfera da indústria criativa. Os candidatos bem sucedidos irão ganhar um contrato com o Spectacular Studios e um editorial exclusivo de quatro páginas na Schön! Magazine. Isso dará ao vencedor a oportunidade de mostrar seu trabalho em uma escala global, alcançando mais de 40.000 criativos influentes internacionalmente. Então nos mostre o seu FUTURO e seja criativo!
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Nineteen74.com and Schön! Magazine have teamed up with Spectacular Studios in search of a vision of the FUTURE in the creative industry. Using the theme of FUTURE, we want you to create something to blow our minds. Think you’ve got what it takes? The competition is aimed at photographers, hair stylists, make-up artists and stylists to submit examples of their work based on the theme of the future. We are looking for something diverse and radical, to catch our eye so that we can then drive their talent into the creative industry’s stratosphere. The successful candidates will win a contract with Spectacular Studios and an exclusive four page spread in Schön! Magazine. This will give the successful candidate the opportunity to showcase their work on a global scale reaching over 40,000 influential creative people internationally. So show us your FUTURE, get creative.
Eric North-Blyth Nicole Östman
(Owner of Spectacular Studios & Creative Director)
(RP & Gerente de Artistas do Spectacular Studios)
Maria Oldenstedt Eric North-Blyth
(Owner of Spectacular Studios & Make-up Artist & Hair Stylist - Sweden’s Hair Artist of the Year win-
(Dono do Spectacular Studios e Diretor Criativo)
ner 2008 and nominee for WWHT-09 in Venice)
Maria Oldenstedt
Steven Canavan
(Dona do Spectacular Studios & Maquiadora & Cabeleireira – Vencedora do Sweden’s Hair
(Paris based Make-up Artist has worked with clients like French Vogue, Dazed and Confused, Muse and
Artist of the Year em 2008 e candidata do WWHT-09 em Veneza)
Yves Saint Laurent)
Steven Canavan (Maquiador baseado em Paris, com um portfólio que inclui clientes como French Vogue, Dazed and Confused, Muse e Yves Saint Laurent)
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MÚSICA POR CAMILA BEAUMORD
Entre as flores e o arco-íris In between flowers and rainbows “Quero comprar-lhe flores... é uma pena que você é um menino. Pois quando não é uma menina, ninguém lhe compra flores”. Com esta afirmação, e o desejo de presentear seu amor com um artigo predominantemente feminino, a francesa Emilie Simon chamou minha atenção em 2006. Sua voz doce e seus simples versos, cantados em inglês, narram o resto da história com o desenrolar da canção. A garota para em uma floricultura e se pergunta se o presente será bem-vindo. Com o buquê em mãos, ela descobre que seu amado conheceu outra menina. Para se consolar, compara o amor com suas flores, ao alegar que nenhum dos dois dura para sempre. O que parece durar, no entanto, é o talento incontestável da jovem cantora francesa. Três anos depois, com outros dois discos, um álbum ao vivo e uma trilha sonora no currículo, Emilie Simon presenteia seus ouvintes com o admirável “The Big Machine”, lançado em outubro de 2009. Assim como em seus trabalhos anteriores, a artista não poupa criatividade na escolha dos arranjos e na experimentação de diferentes instrumentos. O que muda dessa vez é que Emilie resolveu soltar a voz mais do que de costume, maravilhando seus fãs com seu alcance vocal. Filha de um engenheiro sonoro, é fácil compreender o que impulsionou Simon a entrar no mundo da música. Sua educação musical começou aos sete anos, quando a pequena Emilie ingressou no Conservatoire para estudar canto. No final de sua adolescência, matriculou-se na Universidade de Montpellier para estudar Musicologia e concluiu seus estudos formais ao obter seu mestrado em Sorbonne. Com o diploma pendurado na parede, Emilie estava determinada em unir sua educação musical tradicional com ritmos mais contemporâneos. A cantora brincou um pouquinho com o jazz e o rock até ingressar no IRCAM, uma escola de música moderna em Paris. Lá, Simon aprendeu sobre novas tecnologias musicais e experimentações em estúdio, o que a impulsionaram a testar suas composições com a músi-
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“I want to buy you flowers… it’s such a shame you’re a boy. But when you are not a girl, nobody buys you flowers”. With that, Emilie Simon caught my attention in 2006. Her sweet voice and simple verses, sung in English, narrate the rest of the story as the song continues. The girl stops at a flower shop and asks herself if the boy in question will like the present. With the bouquet in hands, she finds out that her lover has met someone else. As a form of consolation, she compares love with her flowers, saying that neither of them last forever. What seems to last, however, is the young French singer’s indisputable talent. Three years later, with two other records, a live album and a soundtrack on her resume, Emilie Simon has decided to enlighten her fans with the admirable “The Big Machine”, launched in October 2009. Just like in her previous work, the artist fills the album with creative arrangements and experiments with a variety of instruments. What is different this time is that Emilie decided to use her vocal power more than usual, amazing fans with her impressive vocal range. As the daughter of a sound engineer, it’s easy to see how Simon got involved in the music world. Her musical education began at the age of seven, when little Emilie entered the Conservatoire to study singing. In her late teens, she enrolled in the University of Montpellier to study Musicology, and got her master’s degree at Sorbonne. With a diploma hanging on the wall, Emilie was determined to combine her traditional musical education with contemporary rhythms. She played around a bit with jazz and rock until she enrolled at IRCAM, a modern music school in Paris. Simon there learned about new musical technologies and studio experimentations, which propelled her to test her compositions on electronic music. Finally, Emilie had found her route. Her whole passage through music schools delayed Emilie’s career a bit, if we compare her to American pop divas, who a lot of times launch their debut CD before they reach their 20s. Yet it is her education that makes Emilie Simon an artist that is experienced, polished and sure of herself. Her stay in Paris got her not only an excel-
ca eletrônica. Finalmente, Emilie encontrou seu caminho. Toda essa trajetória por escolas musicais atrasou um pouco a carreira de Simon se comparada com as divas do pop americano, que muitas vezes lançam seus CDs de estréia antes dos vinte anos. Contudo, é sua educação que faz de Emilie Simon uma artista experiente, polida e segura de si. Sua estadia em Paris lhe rendeu não só uma excelente formação pelo IRCAM – o único instituto do mundo dedicado a pesquisas e produção de ritmos contemporâneos – como também uma parceria (e amizade) com o músico Cyrille Brissot. Até hoje, Brissot colabora com a cantora no desenvolvimento de instrumentos específicos para as necessidades de Emilie. A francesa gosta de usar uma variedade de aparelhos eletrônicos no palco para poder controlar tudo que acontece em suas performances – desde os ritmos às modulações e harmonias vocais. Mas antes dos shows, vieram as canções e os discos. “Flowers” – aquela musiquinha do começo do texto - foi um marco para a cantora francesa, pois foi o single que levou a carreira de Emilie para passear nos Estados Unidos. Embora lançado na França em 2003, como parte do disco “Emilie Simon” (que foi um hit europeu instantâneo, por sinal, conquistando tanto o público quanto a crítica), os norte-americanos só foram descobrir o talento da jovem cantora três anos depois. Com um vídeo clipe composto por uma animação sombria, no melhor estilo Tim Burton, “Flowers” trouxe reconhecimento internacional para Emilie Simon, o que lhe deu carta branca para compor seus próximos álbuns em inglês além de seu idioma natal. Enquanto os americanos se encantavam com “Flowers” e “Désert” (outro single do primeiro disco), a cantora estava ocupada com outros projetos, como a trilha sonora do aclamado documentário “A Marcha dos Pinguins” e seu segundo álbum francês, “Vègètal”. Em ambos os trabalhos, Emilie experimentou com sons da natureza para embasar suas canções. Para a trilha sonora, por exemplo, a artista quebrou vários pedaços de gelo e utilizou essa sonoridade como ritmo de fundo. Em “Vègètal”, como o próprio nome sugere, Simon usou sons de plantas e compôs todas as letras com menções à flora. Esse último foi lançado em 2006, na mesma época em que seu disco anterior estava sendo descoberto pelo resto do mundo. Em vez de descansar, Emilie aproveitou o embalo e lançou a coletânea “The Flower Book” no mesmo ano. Com repercussão principalmente nos Estados Unidos, o álbum nada mais é que uma compilação de seus trabalhos anteriores, além de conter alguns materiais de seu tour internacional, inclusive apresentações em Nova York e Los Angeles. 2007 trouxe seu primeiro álbum ao vivo, “Á l’Olympia”. Depois de uma pausa de dois anos, o incrível “The Big Machine” foi lançado. A diferença mais notável deste disco para os demais são os poderosos vocais de Emilie. Antes, a voz de Simon parecia ser mais um dos muitos instrumentos com os quais a artista gostava de experimentar. Já em “The Big Machine”, seus vocais são a atração principal e Emilie impressiona todos com seu alcance. Faixas como a animada “Closer” e a divertida “The way I see you” – em que a cantora reclama de seus desentendimentos amorosos – mostram muito bem o poder de sua voz. E não se pode deixar de mencionar “Rainbow”, música que abre o disco. Já selecionada como single, a faixa muda de direção a cada etapa da canção e abre espaço para os mais variados instrumentos de fundo, o que mostra a experiência musical de sua compositora. Emilie Simon é, sem dúvida, uma artista excepcional. Embora conhecida por suas experimentações eletrônicas, a francesa nunca deixa de lado seu amor por outros gêneros, em especial o rock (ela já gravou versões de “I wanna be your dog”, de Iggy Pop, e “Femme Fatale”, dos Velvet Underground). Suas influências, sua educação musical e, principalmente, seu talento, fazem de Emilie uma compostiora singular. Ela é a prova viva de que a arte francesa pode ser encontrada em muitos outros lugares além do Louvre.
lent foundation at IRCAM - the only center in the world dedicated to contemporary musical research and production – but also a partnership (and friendship) with musician Cyrille Brissot. To this day, Brissot collaborates with the singer in the development of specific instruments for Emilie’s needs. The French artist likes to use many different devices so she’s able to control everything on stage – from beats to vocal harmonies and modulation simultaneously. But before the shows came along, there where songs and records. “Flowers” – that sweet lullaby from the beginning of the text – was a milestone for the French performer, because it was the single that took Emilie’s career for a ride in the United States. Although it was launched in France in 2003, as part of the record “Emilie Simon” (that became an instant European hit, by the way, pleasing both the public as critics), Americans only discovered the young singer’s talent three years later. With a music video made up of somber animation, like something Tim Burton would cook up, “Flowers” brought international recognition to Emilie Simon and was her free pass to write her next albums in English as well as her native language. While Americans enjoyed “Flowers” and “Dèsert” (her other single from the first record), the singer was busy with other projects, like the soundtrack for the acclaimed documentary “The March of the Penguins” and her second French album, “Vègètal”. In both times, Emilie experimented with nature sounds to enrich her songs. For the soundtrack, for example, the artist broke pieces of ice and used that sound as the background beat. In “Vègètal”, as the name suggests, Simon used sounds of plants and wrote all her lyrics with notes on the fauna. This last record was launched in 2006, around the same time as her previous album was being discovered by the rest of the world. Instead of taking a break, Emilie took advantage of her global recognition and launched “The Flower Book” that same year. With repercussion mostly in the US, the record is a compilation of her previous work, and includes material from her international tour like live recordings in New York and Los Angeles. In 2007 her first live album, “Á l’Olympia”, came along. After a two year pause, the incredible “The Big Machine” was launched. The biggest difference from this record to the others is Emilie’s powerful vocals. In the past, Simon’s voice seemed more like one of the many instruments that she liked to experiment with. But in “The Big Machine”, her vocals are the main attraction and Emilie is quite impressive with her range. Tracks like the lively “Closer” and the fun “The way I see you” – in which the singer complains about her romantic misunderstandings – showcase her voice very well. And we must not leave out “Rainbow”, the first song of the record. Already selected as a single, the track constantly changes direction and makes room for a variety of background instruments, which shows the composer’s musical experience. Emilie Simon is, without a doubt, an exceptional artist. While known for her electronic experimentations, the French singer never leaves out her love for other genres, especially rock ‘n roll (she has recorded versions of Iggy Pop’s “I wanna be your dog” and “Femme Fatale”, by the Velvet Underground). Her influences, her musical education and, above all, her talent, make Emilie a unique composer. She’s the living proof that French art exists well beyond the Louvre.
APOSTE Paixão pela moda global
A força criativa vive em todos os continentes
A Catarina circula pelo mundo e trazemos um novo parceiro, dessa vez do Canadá. O Artist Group Limited reúne talentos globais e são tão apaixonados quanto nós pela moda. São eles que assinam o editorial “Yasmin”, presente nessa edição. Também entrevistamos Julie Miller, diretora da agência e diretora criativa, que complementou suas respostas com George Antonopoulos, diretor de moda da CHEEKMagazine.com e com Jaime Wallace, agente sênior. Criada nos anos 90, o Artist Group Limited já passou por várias mudanças desde seu início. Por que ele foi criado? O Artist Group Limited foi criado em 1992 como uma agência, com foco apenas em artistas que incluíam: estilistas e diretores de moda, estilistas de cabelo e maquiagem, designers de set e acessórios e agora também ilustradores. Nossa missão era, e é até hoje, de conscientizar os outros sobre nosso talento no Canadá e internacionalmente, além de auxiliar nossos artistas a diversificarem suas carreiras e o mercado em que eles operam. Qual foi a intenção de juntar tantos talentos? Para criar! E para providenciar à nossa diversificada base de clientes serviços excepcionais na hora de construir times criativos e executar suas campanhas e projetos, incluindo editoriais em revistas, anúncios, comerciais, vídeos, projetos de marcas na Internet, desfiles de moda, eventos e lançamentos de produtos, consultoria de moda e de cosméticos, imagens para performers e assessoria de imprensa. Qual é o critério para as pessoas participarem do Artist Group Limited? Como eles são selecionados? Estamos sempre nos reunindo com novos artistas e revendo portfólios. Procuramos por fortes habilidades e técnicas – mas também buscamos inovação, estilo e gosto, assim como profissionalismo e paixão. O site da Artist Group Limited opera como um verdadeiro portfólio virtual. As pessoas assistem e gostam dessas coisas? Estamos muito contentes que você achou e gostou do site! Na verdade, com o aumento de promoções e o reconhecimento editorial do Top Industry Artists, nós temos várias histórias de “pessoas reais” que estão cientes de nosso trabalho e acessando ao site, e que não fazem parte “da Indústria”. A CHEEK está no mercado há quanto tempo? Ela é impressa ou apenas virtual? E o retorno da publicação é eficiente? CHEEKMagazine.com lança sua décima quarta edição bimensal em dezembro de 2009. Nossos leitores são globais, assim como os nossos colaboradores. Há downloads da revista para visualizações offline e elas podem ser impressas sob demanda por meio do site. A Catarina tem um grande público de estudantes de moda e design. O que você pode dizer para quem está começando agora? O público da CHEEK não se concentra apenas na indústria e a revista tem se espalhado por meio da propaganda boca a boca e de virais. Muitos de nossos leitores são formadores de opinião e fãs do luxo moderno, de moda, design, arte, música, viagens e cultura popular. Nós adoraríamos contribuir com a Catarina e compartilhar as suas iniciativas de reunir artistas, criativos e a indústria global. Saudações do Canadá!
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A passion for global fashion A creative force that lives in every continent
Catarina circles worldwide and we are proud to bring in our new partner, this time from Canada. Artist Group Limited brings together global talent and they are just as in love with fashion as we are. The “Yasmin” editorial in this issue is theirs. We also interviewed Julie Miller, Agency and Creative Director, who complimented her answers with George Antonopoulous’, fashion director of CHEEKMagazine.com, and with Jamie Wallace’s, the seniour agency. Created in the ‘90s, the Artist Group Limited has undergone many changes since its inception. Why was it created? The Artist Group Limited was created in 1992 as an Agency with a sole focus on Artists, including : Fashion Stylists & Directors, Hair & Makeup Artists, Prop & Set Stylists and now Illustrators. Our mission was, and is, to raise the awareness of our Talent in Canada, and Internationally – as well as assist our Artists in diversifying their careers, and markets they work in. What is the intention of bringing together so many talents? To create ! And to provide our diverse Industry Client base with an exceptional service in building creative teams to execute their campaigns and projects Including Magazine Editorial, Advertising, Commercials, Videos, Branded Entertainment Web Projects, Fashion Shows, Events and Product Launches, Fashion and Cosmetic Consultation, imaging for Performers and Celebrity Press. What are the criteria for people to participate in Artist Group Limited? How are they selected? We are constantly meeting with new Artists, and reviewing portfolios. We look for strong skill sets and technique – but are also looking for innovation, style and taste as well as professionalism and passion. The site of the Artist Group Limited operates as a true virtual portfolio. People watch and enjoy this stuff? We were pleased you found and enjoyed the site ! Actually, with the increased promotion and Editorial recognition of Top Industry Artists – we all have stories about ‘real people’ who are more aware than we knew, and who do surf our Agency site, and are not in ‘the Industry’. CHEEK has been on the market for how long? Do you print it or it is only virtual? Is the return through the publication effective? CHEEKMagazine.com launches our 14th Bi-monthly Issue in December 2009. Our readers are global, as are our Contributors. The Magazine can be downloaded for offline viewing, and can be printed on demand through the site. Catarina Magazine has a big audience of students of fashion and design. What can you say about who’s just starting out now? CHEEK’S audience is very ‘inter-industry’ and hás spread through word of mouth, and virally. Many of our readers are influencers and tastemakers – and all are fans of luxury with an edge, Fashion, Design, Art, Music, Travel, and popular culture. We would love to contribute and share in your initiatives to bring together Artists, Creators and the Global Industry. Regards from Canada!