Revistas literárias e culturais ontem e hoje Renata Moreira
Além de ótimos artefatos de divertimento e informação, as revistas são também fontes e objetos de pesquisa para o campo das Letras e Humanidades. Isso acontece porque a existência de uma revista, comumente ancorada entre a efemeridade do jornal e a perenidade do livro, é cheia de marcas que indiciam o período em que circulou. Na América Latina, a tradição de publicar e pesquisar revistas é vasta, havendo um campo significativo de estudiosos produzindo conhecimento a partir desse tipo de publicações. Especificamente no caso do Brasil, desde o século xix, as ideias de nossos principais pensadores ganham palco nas revistas. Aqui, pela configuração específica da imprensa e formação das comunidades leitoras, o periódico acabou por se tornar veículo relevante na expansão da habilidade de ler, na divulgação de ideias e formação de uma esfera de debates capaz de agir na cena pública. No âmbito da literatura, ou mais amplamente da vida cultural, tal importância se amplifica na medida em que, a partir de tais publicações, é possível traçar teias de sociabilidade, espaço de fermentações artísticas, redes editoriais, entre outras questões de relevância para o campo. De humor, de crítica, de informação – as publicações da história editorial dos magazines abrangem um amplo espectro de formatos e objetivos. No século xx, especialmente, o fôlego desse tipo de periódico é ampliado, e as revistas se tornam instrumento preferencial de divulgação das ideias de diversos grupos do nosso modernismo. Verde, Klaxon, Revista de Antropofagia, Festa, A Revista, Terra Roxa… Tais nomes coloriram de todos os tons as disputas do Modernismo, figurando como espaço para construção coletiva das principais diretrizes do movimento, bem como para o desenvolvimento de ideias e experimentação literária. Experimentação. De certo modo, foi por meio das revistas que os grupos mais ousados do Modernismo lançaram suas produções iniciais, tateando o gosto do público e testando até onde podiam ir. É certo que o público dessas revistas em especial não era tão amplo. Ainda assim,
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