Castelo Branco Revista Digital Nº2

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CASTELO

BRANCO Revista Digital

MARÇO 2017 - trimestral | Numero 02

NO MUNICÍPIO PRIORIDADE À EDUCAÇÃO

BANDA FILARMÓNICA

HÁ MÚSICA EM TINALHAS

PROJECTO PILOTO

REGA INTELIGENTE

PARCERIA CMCB E IPCB

MOBILIDADE É SUSTENTÁVEL


IN DÍ CE

REVISTA

DIGITAL

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EDITORIAL

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LER A DOIS

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ACONTECEU

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REGA INTELIGENTE

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CULTURA VIBRA

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PRIORIDADE À EDUCAÇÃO

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VEÍCULO VERDE

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EDUCAÇÃO E CULTURAS

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SALVADO EM ENTREVISTA

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UMA CIDADE QUE SE REINVENTA

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ESTÁTUAS EM 3D

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CCCCB

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NA PRIMEIRA PESSOA

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INVESTIR NO CONCELHO

PORTADOS QUINHENTISTAS

PR


CasteloBranco Revista Digital pag.36

CCCCB

A CASA GRANDE DAS ARTES

pag.28

REGA INTELIGENTE

UM PROJECTO PILOTO NO PARQUE DAS VIOLETAS

pag.30

NO MUNICÍPIO

RIORIDADE À EDUCAÇÃO

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Director: Luís Correia Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco Coordenação Geral: Fernando Raposo Coordenação Redatorial: Teresa Antunes Design Miguel Ferreira Colaboração/Fotografia Daniela Cristovão

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EDITORIAL

APOSTAR NA EDUCAÇÃO A Educação é o que de melhor podemos oferecer a nós e aos nossos filhos e, cientes desse facto, temos considerado a Educação como uma prioridade nas políticas do nosso Executivo Municipal. Fazemo-lo porque temos consciência que é o mais determinante factor de mobilidade social. Um Português que nasça pobre só poderá ascender socialmente, só pode aspirar a uma vida melhor, se tiver oportunidade de acesso a uma educação de qualidade, que o prepare para o mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Educação, trabalho, mérito são instrumentos determinantes para vencer a pobreza, para combater o subdesenvolvimento, para ultrapassar a exclusão. É também por isso, de salutar importância o protocolo que Castelo Branco assinou com o Ministério da Educação que irá permitir melhorar as condições em duas das nossas mais emblemáticas escolas: a Nuno Álvares e a Amato Lusitano, num investimento de cerca de quatro milhões de euros, que será repartido entre a Autarquia, o Ministério e fundos comunitários. Com estas obras, Castelo Branco que tem já um excelente parque escolar, ficará com todas as suas escolas requalificadas. Desde que o actual Executivo tomou posse, temos, paulatinamente, intervido e reforçado o investimento na Educação, nomeadamente na criação das melhores condições de trabalho para toda a Comunidade Escolar. Ao nível do que são as competências directas da Autarquia, garantimos aos encarregados de educação todo o apoio possível e aos alunos todas as condições para aprender. O mesmo acontece com o pessoal não docente e com os professores, trabalhadores aos quais procuramos garantir as melhores condições, para que possam desempenhar as suas funções com zelo e dedicação. Orgulhamo-nos do papel pioneiro que já tivemos em vários programas de excelência na área da Educação, tal como nos orgulhamos do projecto que actualmente estamos a desenvolver ao nível da produção de conteúdos, em formato

digital, para apoio a docentes de Matemática e Português. Por outro lado, tal como tive já oportunidade de informar os senhores directores dos agrupamentos de escolas, estamos a concluir a organização dos serviços municipais de Educação para as Artes, que julgamos serão um contributo importante para a qualidade e diversidade da aprendizagem dos nossos alunos. Esperamos, igualmente, vir a contar com o contributo de todas as escolas do Concelho num projecto de dinamização cultural em rede que visa promover a educação e as novas aprendizagens como ferramentas de intervenção para sensibilizar e integrar comunidades em risco de exclusão. Temos consciência que se tratam de projectos ambiciosos, cujo êxito dependerá, em boa medida, da capacidade que tivermos para nos mobilizarmos conjuntamente. Mas, pessoal e instituicionalmente, acredito que o que estamos a fazer em Castelo Branco no presente irá certamente dar frutos no futuro para que, cada vez mais, a Educação seja, de facto, para todos.

LUIS CORREIA

Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco

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ACONTECEU CASTELO BRANCO

PRIMEIRO MINISTRO EM VISITA O Primeiro-ministro, António Costa, visitou a Fábrica da Criatividade, mostrando-se satisfeito com a requalificação da antiga fábrica de confecções Sicofato: “Trata-se de uma estrutura inovadora que resulta da requalificação da antiga Fábrica da Sicofato, no Bairro do Cansado, para um espaço que pretende acolher projectos culturais, inovadores, numa lógica de inovação e intervenção social, envolvendo associações”, a comunidade artistica e associativa.

CÂMARA TEM NOVO SITE A Câmara Municipal de Castelo Branco tem novo sítio da internet. Visualmente mais agradável, mais funcional e mais amigo do utilizador. Aqui pode encontrar toda a informação de que precisa, seja munícipe, visitante ou empreendedor. Para aceder à nova página, basta digitar www.cm-castelobranco.pt

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EU

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PRESIDENTE INAUGURA MUSEU O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, inaugurou o Museu da Seda, um projecto da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Castelo Branco, cuja obra foi assegurada integralmente pela Câmara Municipal de Castelo Branco. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fez referências elogiosas ao papel da APPACDM, sublinhando ainda que o Museu “constitui também um valioso património para Castelo Branco, contribuindo sobremaneira para incrementar o desenvolvimento social e cultural a que se assiste neste Czzvaoncelho”

CASTELO BRANCO 360º O novo site da Câmara Municipal de Castelo Branco passou a disponibilizar, um mapa interativo, em que os utilizadores poderão visualizar, em 3D, os locais e monumentos de interesse turístico, para além de poderem obter informação mais detalhada sobre cada um dos sítios. Nas palavras do presidente da Câmara, Luís correia, “o mapa ‘Castelo Branco 360º’ pretende promover a cidade e integra-se no caminho que queremos fazer ao nível [da promoção] do turismo”. Para aceder ao mapa, terá de digitar http://castelobranco360. cm-castelobranco.pt/

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ESPECIAL CULTURA

CULTURA VIBRA CASTELO BRANCO, UM TERRITÓRIO FÉRTIL CARLOS SEMEDO À distância, tudo parece respirar lentamente e observamos como se fosse uma tela, sem referências e afectos que nos iluminem ou obscureçam a experiência. Quando nos aproximamos, sentimos o odor da terra e olhamos para as rugosidades do campo e dos homens, o coração começa a bater mais depressa e queremos saber e sentir mais. A presença do artista no território pressupõe sempre essa aproximação e uma possibilidade de diálogo que o expõe e ajuda a perfurar as primeiras camadas, sempre superficiais, da percepção. Se, por vezes, a sua proposta é disruptiva relativamente ao quotidiano que encontra, mais não faz do que estimular o carácter interrogativo que a Arte pode e deve ter. Se, por outro lado, se aproxima da tradição e lhe dá voz e corpo contemporâneos, surgem igualmente questões importantes: a memória, o papel sempre transitório do que referenciamos como tradicional, os estereótipos e as dinâmicas de consolidação histórica ligadas a uma geografia específica. O projecto da Câmara Municipal de Castelo Branco, Castelo de Artes – Encontros de Castelo Branco, na sua edição experimental realizada em Outubro de 2016, procurou entrar neste campo fér-

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CASTELO DE ARTES


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VOLTA EM 2018

til que cruza a inquietude do artista com realidades desconhecidas, em alguns casos de matriz urbana e em outros predominantemente rurais. Esta dimensão de abrangência geográfica que tocou todo o Concelho é, aliás, um dos elementos distintivos da abordagem do projecto. A par de residências que decorreram na cidade de Castelo Branco, contámos com a presença de artistas nas freguesias de S. Vicente da Beira, Louriçal do Campo, Almaceda, Caféde/Póvoa de Rio de Moinhos, Alcains, Sarzedas, S. André das Tojeiras, Malpica do Tejo, Monforte da Beira, Escalos de Baixo/Mata e Escalos de Cima/Lousa. Em todas as outras, o projecto chegou de alguma forma, como por exemplo através de trabalho fotográfico ou de recolha sonora. Outra abordagem matricial do Castelo de Artes foi a componente de formação, com Oficinas, Conferências e Master Classes, que cobriram diversos públicos, desde crianças até alunos da Universidade Sénior. A formação foi ainda mais longe no caso particular da residência do coreografo João Fiadeiro, que com a sua equipa trabalhou com um grupo de performers locais que participaram na versão expandida de “O Que Fazer Daqui Para Trás”. Grande parte do programa desta iniciativa foi elaborada a partir de sugestões de agentes culturais e criadores locais e, em alguns dos casos, houve mesmo um trabalho de envolvimento mútuo. Exemplos deste modelo, a Pé de Pano – Projectos Culturais, que esteve em residência através de Maria Belo Costa, com o compositor e violinista Carlos Zíngaro, a Terceira Pessoa que colaborou de perto com João Fiadeiro ou o guitarrista Miguel Carvalhinho que foi o

O projecto da Câmara Municipal, Castelo de Artes – Encontros de Castelo Branco, arrancou com uma edição experimental. O êxito é unanimemente reconhecido

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ESPECIAL CULTURA

parceiro de residência do brasileiro Fernando Deghi. Finalmente, o destaque para a amplitude de áreas artísticas que foram abrangidas nesta edição inaugural. A melhor forma de o expressarmos é através da evocação dos artistas envolvidos: Peter Michael Dietz, bailarino e performer; Play Bleu, fotógrafo; Maria Belo Costa, performer; Carlos Zíngaro, violinista e compositor; Miguel Elias, artista plástico; Rui Dias, compositor; Pedro Rebelo, artista sonoro e performer; João Fiadeiro, coreografo; Erik Kirksaether, artista plástico; Ensemble João Roiz, grupo de música de câmara erudita; Duarte Belo, fotógrafo; Carlos Matos, fotógrafo e ilustrador; Pedro Martins, fotógrafo; Gonçalo Pereira, editor; Eduardo Salavisa, ilustrador; Alexandra Belo, ilustradora; Vítor Mingacho, ilustrador; José Louro, ilustrador; Tiago Cruz, ilustrador; Pedro Cabral, ilustrador; Bandas Filarmónicas de Castelo Branco, Retaxo, S. Vicente da Beira, Louriçal do Campo e Tinalhas; Fernando Deghi, músico; Miguel Carvalhinho, músico; José Alexandre Barata, actor; Américo Rodrigues, actor; Tiago Moura, artista visual; Luís Marques, sonoplasta; Aires Melo, ilustrador; Bordalo II, criador de murais a partir de lixo; António Saiote, clarinetista e maestro; Desidério Lázaro, saxofonista de Jazz. Tratou-se de um diálogo muito frutífero que não deixou ninguém indiferente. Todos estes objectos artísticos cumpriram, de uma forma ou de outra, o objectivo de interrogar ou de colocar questões ao e no território.

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UMA EXPERIÊNCIA QUE NÃO DEI


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IXA NÍNGUEM INDIFERENTE

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PARCERIA ENTRE AUTARQUIA Veículo Sustentával na forja

Consciente da expansão e afirmação da Mobilidade Elétrica e da Bicicleta no Espaço Urbano, a Câmara Municipal de Castelo Branco, em parceria com a Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco, pretende desenvolver o protótipo de um veículo elétrico especificamente destinado à mobilidade em meio urbano.

José Salvado, Luis Neto, José Simão Segundo a Associação Portuguesa do Veículo Elétrico (APVE), a difusão da mobilidade elétrica conheceu um significativo desenvolvimento em todo o mundo e também em Portugal, uma vez que, na última década, foram vendidos milhões de veículos elétricos e híbridos, existindo atualmente projetos de demonstração de veículos elétricos com infraestrutura de carregamento por todas as grandes e médias cidades na Europa. Várias dezenas de modelos de veículos elétricos encontram-se atualmente no mercado, com origem nas maiores marcas e em empresas startup. Ainda segundo a APVE, este tema é hoje alvo de investigação e desenvolvimento por parte de universidades e outras instituições, em qualidade e quantidade ao nível de áreas como redes inteligentes, energia solar ou eficiência energética, existindo um número crescente de projetos a nível nacional, europeu e internacional. É precisamente neste contexto que se insere o projeto de Mobilidade Elétrica Urbana de Castelo Branco, tirando partido das boas vontades e das competências específicas dos dois parceiros institucionais: a Câmara Municipal de Castelo Branco e o Instituto Politécnico de Castelo Branco. À semelhança de outros municípios, a Câ-

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mara Municipal de Castelo Branco desde há muito que tem mostrado interesse e empenho na implementação da mobilidade urbana, tal como se infere da leitura do “Relatório de Diagnóstico” elaborado no quadro do Plano de Mobilidade Sustentável para Cidade de Castelo Branco (2008) e da “Prioridade Estratégica: Mobilidade Urbana Sustentável” proposta no Programa Estratégico de Reabilitação Urbana do Centro da Cidade de Castelo Branco (2016). Desde o ano de 2005, com a construção da primeira Ciclovia, que a cidade de Castelo Branco proporciona a utilização de Bicicletas de forma segura através da circulação em vias dedicadas. Atualmente são mais de quatro quilómetros, em três Ciclovias, que envolvem a zona Nascente da cidade, privilegiando as principais artérias rodoviárias da urbe, bem como o Parque Urbano. Por seu lado, o Instituto Politécnico de Castelo Branco, através da sua Escola Superior de Tecnologia, também tem vindo a desenvolver diversos estudos e projetos relacionados com esta temática. É disso exemplo o estudo realizado em 2008 sobre os padrões das deslocações casa-escola e das barreiras existentes à mobilidade sustentável na cidade de Castelo Branco. Este projeto identificou e apresentou soluções e reco-


A E IPCB

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mendações que conduzem à transferência de procura do modo de transporte individual motorizado para os modos suaves e transportes coletivos. Mais recentemente, uma equipa constituída por alunos e docentes de vários cursos de licenciatura, concebeu, construiu e testou – em ambiente de competição – dois protótipos de veículos elétricos alimentados exclusivamente a energia solar. Esta experiência académica serviu de “laboratório à escala real” para o teste e a aplicação de tecnologias de ponta, permitindo aferir a sua aplicabilidade e identificar os principais problemas a ultrapassar. Face aos bons resultados obtidos, os professores da EST e da ESART mentores deste projeto pretendem agora aplicar a experiência e os conhecimentos adquiridos e evoluir para uma solução prática, ou seja, associar o projeto à melhoria da mobilidade urbana na cidade. Estes veículos – com motorização elétrica e, preferencialmente, alimentados por energia solar – poderão vir a ser utilizados tanto no apoio à população idosa como por turistas que visitem a cidade. As características físicas e funcionais destes veículos ainda não estão decididas, mas é expectável que possa existir mais do que uma configuração consoante o tipo de utilizador alvo, para turismo ou lazer ou para utilização por residentes, os quais poderão estar equipados com cesto para transporte de de pequenas cargas. Outra das caraterísticas a ter em conta é o da própria sustentabilidade energética do meio de transporte, pelo que se prevê, para além do recurso à energia solar para o carregamento das baterias, a utilização da tecnologia do pedal assistido na versão para lazer. Isso significa que o motor elétrico é acionado apenas quando se está a pedalar, ou seja, quando a pedalada é interrompida o motor desliga. Nesta tecnologia não existe um acelerador, a própria pedalada determina quando o motor é acionado. É uma solução urbana bem interessante e que está em conformidade com as regras existentes de uma bicicleta elétrica. Para além de todos os aspetos tecnológicos e funcionais, o projeto prevê um design com uma marca muito forte e identificativa de Castelo Branco nos veículos propostos.

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ANTÓNIO SALVADO

UM NOME PARA HOMENAGEAR Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata

No âmbito do domínio cultural, há que pôr em destaque uma figura albicastrense, que é a do poeta António Salvado. Porquê esse relevo? Porque é uma figura da cultura portuguesa, que a cultura albicastrense tem o privilégio de usufruir como pertença primeira. António Salvado não é um poeta albicastrense, mas é o Poeta. Porém, não é apenas na arte das palavras que o seu nome se torna importante. É também, além do homem-poeta, um homem da cultura e promotor da cultura. Para dar exemplo, basta lembrar a sua dinâmica nas recentes Comemorações dos 500 anos da morte do poeta João Roiz de Castelo Branco e como impulsiona, em parceria com António Lourenço Marques, as Jornadas de Medicina na Beira Interior, há quase trinta anos. É verdade que, através da sua poesia, traduzida em várias línguas, levou o nome de Portugal a várias partes do mundo. Em Salamanca, é membro da cátedra poética Frey Luis de León pela Universidade Pontifícia. Foi Huésped distinguido pelo Ayuntamiento de Salamanca e várias vezes homenageado em diversos Encontros de Poesia Ibero-Americana, num deles com edição de uma antologia bilingue da sua obra poética. Tem participação activa em vários congressos espanhóis. Um antigo reitor da Universidade de Salamanca veio ao Instituto Politécnico de Castelo Branco entregar-lhe um diploma de distinção das universidades ibero-americanas. Apenas alguns exemplos.

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António Salvado não é só um nome, que é de Portugal, não é só uma obra, que é de Portugal e divulga toda a nossa região. É a língua portuguesa, que fica honrada e divulgada. Lembremos aquela frase de Fernando Pessoa, que pelo uso vai ficando estafada, mas ainda tem força: a minha pátria é a língua portuguesa. Sabe-se, pelos jornais, mas vamos relembrar: António Salvado viu reconhecido o seu percurso também pela Universidade da Beira Interior que, na Cerimónia de Abertura do Ano Académico 2016/2017 atribuiu ao poeta o título Doctor Honoris Causa (NOTA FMF: Mexi aqui neste parágrafo porque quando a revista sair, já António Salvado estará à partida doutorado). É mais uma honra por mérito e distinção. A Câmara Municipal tem sido companheira contínua do percurso de António Salvado: pelo apoio, pela presença, aqui em Portugal e em Salamanca. Este Município sabe reconhecer valor e mérito e orgulha-se e acarinha os munícipes que merecem. Curiosa é esta sensibilidade do Município ao apoiar o que é do domínio das Letras (como é hábito dizer). As ciências humanas têm a ver com o pensamento e o conhecimento sobre a condição e actividades humanas, englobando também uma produção criativa e artística. Os estudos humanísticos tornam os homens mais compreensivos, mais tolerantes e mais fraternos, uma dimensão tão necessária no mundo de hoje.


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DO JARDIM DO PAÇO FABLAB RECRIA ESTÁTUAS EM 3D Carlos Campos O Fablab de Castelo Branco do Centro de Empresas Inovadoras (CEI), é um espaço de fabricação digital e prototipagem rápida e também um espaço de partilha de conhecimento e experiência. O termo Fablab é a abreviatura de Fabrication Laboratory (Fábrica Laboratório) o conceito surgiu no Massachussets Institute of Technology (MIT) e desde então o nome da disciplina tornou-se o lema de todos os fablabs “How to do (almost) anything” (Como fazer quase tudo). Em termos de equipamento o FabLab é constituído por um conjunto de ferramentas de prototipagem rápida, nomeadamente uma máquina de corte a laser e corte de vinil, fresadores de pequena e grande dimensão, bancada de electrónica e outra de execução em madeira e matérias de densidade média, impressora de resina e máquina de costura profissional, além de todo o software do equipamento e outro o âmbito do CAD e CAM que permite passar as ideias do papel em 2D para a peça final em 3D. Aparentemente, parece um simples conjunto de tecnologia, no entanto, existe algo que transforma estas máquinas/ferramentas numa alavanca poderosa. O conceito de FabLab parte do pressuposto de abertura à comunidade, e de que a mesma se envolve na actividade. Uma comunidade que historicamente teve de ser engenhosa e criativa para poder subsistir e crescer com os parcos recursos que a Natureza dispunha, conseguiu adaptar novos conhecimentos para seu uso, como se pode verificar no caso mais emblemático da nossa cidade, os bordados de Castelo Branco com profunda influência do Médio Oriente. Com estes pergaminhos facilmente se adivinha que, com o uso, as possibilidades de criar e inovar produtos, conceitos ou métodos que se podem transformar em valor acrescentado, no FabLab é uma questão de tempo, trabalho e experimentação. Numa envolvente que congrega o empreendedorismo, característica das startups existentes no FabLab, a experimentação típica e a adaptividade e contínua procura de soluções para situações concretas por parte da comunidade, leva a que se possa caracterizar este espaço como um facilitador de inovação, empreendedorismo, experimentação e criatividade, o que, em conjunto com um acesso aberto a estas tecnologias que se encontram em constante desenvolvimento, se poderá constituir numa ferramenta de desenvolvimento social e económico quer para o comum cidadão quer para empresas ou instituições. O envolvimento da Comunidade, quer seja através de associações, como a Associação de Informática de Castelo Branco, quer através dos docentes e estudantes das diversas escolas e do conjunto do Instituto Politécnico de Castelo Branco, empresas

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IMPRESSORAS DE RESINA PERMITEM PASSAR AS IDEIAS DO PAPEL EM 2D PARA A PEÇA FINAL EM 3D

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CasteloBranco Revista Digital Este espaço proactivo e aberto a toda a comunidade será fundamental para que as novas gerações possam idealizar e aprendam a gostar de criar, mas também para aproveitar todo um manancial de conhecimento transmitido através dos tempos de Saber Fazer.

e criativos tem sido uma realidade, como o revelam os cerca de 50 projectos realizados neste primeiro ano de existência, assim como as oito actividades de formação assentes na ideia de assegurar uma aprendizagem assente no “Aprender Fazendo”. Uma centena de pessoas dos mais diversos quadrantes de conhecimento participaram nessas formações o que sem dúvida potenciará futuros projectos e ideias. Com estes conceitos e ferramentas existentes é a imaginação que dita as regras da criação, cooperação e partilha de conhecimentos que permite contextualizar, desenhar, desenvolver, fabricar e testar soluções inovadoras. A equipa técnica existente - Carla Dias e Natalina Clara - possuem conhecimentos nas áreas da Informática, Design e Construção Civil, abarcando uma área de conhecimento transversal que permite prestar apoio aos utilizadores no uso das máquinas e concepção de protótipos. Este espaço proactivo e aberto a toda a comunidade será fundamental para que as novas gerações possam idealizar e aprendam a gostar de criar, mas também para aproveitar todo um manancial de conhecimento transmitido através dos tempos de Saber Fazer, as técnicas de produção artesanal, que pouco a pouca foram e estão a desaparecer, podem e devem neste espaço encontrar um local onde o conhecimento do Antigo com a vontade do Novo potencie novos produtos com antigas técnicas e se usem novas técnicas em produtos já tradicionais, renovando formas de produção que já deram provas de qualidade. Um exemplo é o projecto Património Virtual Arte Digital, que se encontra a ser desenvolvido no FabLab pela Associação de Informática de Castelo Branco, que pretende criar um arquivo em 3D das estátuas existentes no Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco. Além do pensamento óbvio de segurança, pois causas naturais e artificiais podem pôr em causa a existência deste património artístico único e irrepetível, as possibilidades de uso para musealização ou actividades turísticas estão ao lado da possibilidade da actividade dos canteiros da Região com apoio das ferramentas baseadas nos conceitos do Fablab para proteger o seu patrimônio físico e imaterial e quem sabe criar novo património para as gerações presentes e futuras.

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NA PRIMEIRA PESSOA

TINALHAS DÁ MÚSICA DES

SILÊNCIO, QUE VAI TOCAR A BANDAR Mário Apolinário A Banda Filarmónica de Tinalhas foi fundada em 1828 pelo primeiro Visconde de Tinalhas que foi o seu primeiro regente. Ao longo de quase dois séculos outros lhe sucederam, tais como, Albano Morgado, Jose Cinfuentes (de origem espanhola), João Luís, Manuel Brás, Manuel Martinho, Joaquim Amoroso, Sargento Filipe, José André Eusébio, António Apolinário Ramos, José Ramos Martinho, Jorge Correia, Nuno Silva, Pedro Ladeira, Gonçalo Pinto, Pedro Ladeira e actualmente Nuno Pinheiro. Nos anos 20 e 30 do século passado alcançou grande fama chegando inclusivamente a actuar em Espanha. O início e os primeiros anos foram conturbados e os ensaios foramse realizando em muitos locais. Os primeiros foram num quintal do Visconde e após a conclusão do solar do adro, em 1839, passaram para o rés-do-chão desse edifício. Seguiram-se-lhe palheiros, lojas de várias residências e as águas furtadas do edificío-sede da Junta de Freguesia. Foram tantos os locais que José André Eusébio afirmava: “Em quase todas as ruas de Tinalhas já houve uma casa de ensaios da Banda”. Em 1960 houve a primeira tentativa de implementar a Sociedade decidindo-se que cada sócio pagaria 1$00 de quotas por mês, mas depressa acabou por falta de adesão e por dificuldades dificuldades financeiras dos frequentadores.

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SDE 1828 A partir de 1974 as interacções e parceria com entidades e organismos publicos trouxe novo folgo. Organismos e entidades como a Secretaria de Estado da Cultura do Centro, Governo Civil de Castelo Branco, Câmara Municipal de Castelo Branco, ADRACES, Inatel e Junta de Freguesia de Tinalhas passaram a ser parceiros no desenvolvimento e sustentabilidade. Até então só havia um apoio anual da Junta Geral, de 2.000$00. A manutenção só foi possivel graças ao bairrismo dos proprios executantes pois ao longo dos anos, e ainda hoje, mais de 80% das receitas dos serviços prestados são aplicados na despesa corrente. Em 1996, não dispondo ainda de sede própria, continuava a ensaiar em em locais que gentilmente lhe foram cedidos ao longo dos anos por particulares e ultimamente nas águas furtadas do edificio da Junta de Freguesia de Tinalhas. Atento a estas condições o presidente da Junta de Freguesia, à altura Inácio Hipólito Marques, efectuou diligências junto da Câmara Municipal de Castelo Branco para a cedência, a título provisório, de uma escola desactivada. Embora com alguns sinais de degradação, passou a partir daí, e desde a sua fundação, a Banda Filarmónica de Tinalhas a dispor da sua primeira sede própria. Em 1996, passados quase dois séculos da sua fundção, sempre em actividade, inicia-se o grande virar de página da Banda Filarmónica de Tinalhas. Graças ao esforço e dedicação do execuante e presidente da direcção, Mário António Esteves Apolinário tornou-se realidade um sonho de quase dois séculos. Oficializouse finalmente a Banda Filarmónica de Tinalhas com a publicação dos estatatutos no D.R nº 300, II Suplemento, III Série, página 96 de 1996/12/28 que, a partir daí, passou a designarse como Sociedade Filarmónica de Tinalhas. Em Dezembro de l997 realizaram-se, fundamentadas nos estatutos, as eleições dos corpos sociais para o triénio 1998/2000. Pela primeira vez na história da Sociedade Filarmónica de Tinalhas a direcção eleita integrava sócios executantes e nãoexecutantes. Foi decidido em Assembleia Geral, por unanimidade e aclamação, atribuir o nº1 a Mario António Esteves Apolinário como reconhecimento dos bons serviços prestados à

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NA PRIMEIRA PESSOA

instituição. Interessa saber que actualmente os sócios estão divididos em três categorias: sócios, sócios executantes e beneméritos. Não tirando a devida importância a qualquer uma das categorias é com enorme justiça que se referenciam os sócios benemeritos sendo eles: Prf. Adérito Santos, Dr. Francisco Eusébio, D. Ana Luísa Pinto Bastos Viegas Nascimento e ainda a Câmara Municipal de Castelo Branco e a Junta de Freguesia de Tinalhas. Graças às parcerias com as entidades atrás referidas e outros organismos e associações, a Sociedade Filarmónica de Tinalhas modernizou-se e vive em permanente actualização. Nos últimos 16 anos adquiriu instrumentais novos, fardamentos e ainda procedeu a remodelação da Sede e zona envolvente. Os músicos que integravam as fileiras da banda receberam formação do mestro José André Eusébio durante quase 60 anos. Com o evoluir dos tempos, com a introdução de novos intrumentos na banda e com o sentido de projetar e assegurar o futuro foi criada uma nova valência “A Escola de Música da Sociedade Filarmónica de Tinalhas”. É uma escola aberta, gratuíta, com funcionamento aos fins-de-semana e em horário pós-laboral, sendo a formação assegurada por professores com formação superior. José André Eusébio e José Brás Matoso, padre natural de Tinalhas, escreveram e compuseram diversas obras para Banda. Jorge Correia escreveu e compôs o Hino da Sociedade Filarmónica de Tinalhas e Pedro Ladeira cômpos o Hino de Tinalhas sendo a letra de Mário Apolinário. Em 2016 assumiu a regência da Sociedade Filarmónica de Tinalhas o maestro Nuno Pinheiro, jovem oriundo da nossa Região e formado na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco. Os instrumentos que geralmente compõem a Banda são: requinta, clarinete, saxofone tenor, contralto, soprano e barítono, flauta, saxtrompa, trompa de harmonia, clavicorne, feliscorne, trompete, trombones de piston e de vara, bombardino, contrabaixo, tuba, bombo, pratos, caixa e bateria. Os valores porque se regem prendem-se também com a evolução do Movimento Associativo Popular (cultura, recreio e desporto), aliás como todas as outras “famílias” do associativismo em Portugal têm sempre como “pano de fundo” a sociedade em geral e, apesar das mudanças verificadas ao longo dos tempos, mantêm com grandes valores: Solidariedade; Autonomia, Independência, Democracia, Cidadania, Trabalho Voluntário e Benévolo e com muito bem diz o insigne e saudoso associativista Dr. José Malheiro: “São espaços onde se exercem e reclamam direitos: de reunião, de associação, de direito à cultura, ao desporto, ao lazer, ao protesto, à indignação. A uma vida autenticamente humana, a uma vida verdadeiramente feliz.”

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A Sociedade Filarmonica de Tinalhas é a banda mais antiga da Beira Baixa e uma das mais antigas do País. Dos 38 executantes e 23 alunos, incluindo o regente, mais de 70% têm entre 11 e 35 anos, e os restantantes 30% têm entre 35 aos 59. Além de outras actividades esporádicas a Banda participa em festas, actos religiosos, concertos, encontros de Bandas e recepção às entidades oficiais


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CASTELO BRANCO

CÂMARA QUER MUNICÍPIO DE RE Investir no Concelho Jorge Pio A ambição primordial da estratégia de Castelo Branco é a de garantir um desenvolvimento integrado, assente na promoção de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, na valorização da especialização produtiva atual, bem como nas atividades que podem constituir uma aposta consciente de desenvolvimento complementar, como é o caso do turismo, e por fixação de um quadro de colaboração inter-cruzada entre empresas e o sistema científico, tecnológico e infraestrutural de suporte. Com uma forte visão estratégica, o Município de Castelo Branco tem desenvolvido, ou está a desenvolver, um conjunto de intervenções com vista à afirmação de Castelo Branco como um Concelho de referência. Neste contexto, destacam-se as principais intervenções: No âmbito da requalificação urbana, está a ser dinamizado um conjunto de investimentos que pretendem melhorar a qualidade de vida dos residentes, sendo disso exemplo, a requalificação da Avenida Afonso de Paiva, a reabilitação de Edifícios no Barrocal, junto à linha férrea, a intervenção na Metalúrgica de Castelo Branco, a requalificação da Alameda do Cansado ou a requalificação Urbanística em Alcains. Conscientes que a questão da mobilidade intra e inter Concelhos é fundamental para o desenvolvimento de Castelo Branco, estão a ser intervencionados dois dos principais eixos de comunicação existentes, nomeadamente a reabilitação da ex-EN 112 no troço compreendido entre o Salgueiro do Campo e o limite do Concelho e a requalificação da

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ex-EN18 entre Alcains e a Lardosa (limite do Concelho). A questão económica é central na estratégia de desenvolvimento definida. A Autarquia tem apostado também na criação de condições à implantação de empresas e disponibilização de espaços de negócio, sendo disso exemplo diversas intervenções na Área de Localização Empresarial ou a requalificação do Mercado Coberto de Alcains e envolvente. Numa lógica de valorização da nossa geografia concretizam-se diversos investimentos, destacando-se a construção do Centro de Apoio às Atividades da Natureza no Parque Natural do Tejo Internacional - Malpica do Tejo e o projecto de requalificação da Colónia de Média Altitude – Louriçal do Campo. Com uma dinâmica fortíssima, a Cultura tem sido assumida como um fator crítico de desenvolvimento apostando-se no Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, na Fábrica da Criatividade e na Fábrica da Corga – Museu dos Têxteis. ESPAÇOS VERDES E AMBIENTE O ambiente e a diversificação dos espaços verdes são basilares nas cidades que se pretendem sustentáveis e de fruição para quem aí reside. Respondendo ao previsto no Plano de Desenvolvimento Urbano definido para a cidade, estão a ser dinamizados um conjunto de investimentos que respondem a questões ambientais e sociais, como a Quinta do Moinho Velho – Centro de Oportunidades Sociais, a Quinta do Chinco – Hortas Comunitárias e a ampliação da rede de Ciclovias.


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EFERÊNCIA Fábrica da Corga - Museu dos Têxteis

Avenida Afonso de Paiva

Visita do Primeiro Ministro à Fabrica da Criatividade Alameda do Cansado

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LER A DOIS A BIBLIOTECA AO SERVIÇO DA COMUNIDADE Claudia Cravo A Biblioteca Municipal de Castelo Branco, bem como todas as bibliotecas públicas, tem como objetivo levar a informação e a cultura a um maior número de pessoas possível, principalmente a crianças e jovens. Neste sentido, deve a biblioteca disponibilizar um conjunto de serviços que ultrapassem o âmbito do espaço físico, viabilizando a simples função de permitir o acesso livre ao seu acervo bibliográfico. Atualmente, as bibliotecas públicas têm desenvolvido projetos para a comunidade, geral e escolar, sobretudo junto das populações mais novas, que parecem estar a adquirir hábitos de leitura. Todavia, muito ainda há por fazer, uma vez que os projetos destas bibliotecas são bastante recentes no nosso País. Na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, por exemplo, os finais de tarde são elegídos por muitas crianças acompanhadas por adultos, que frequentam este espaço, usufruindo de momentos lúdicos, de aproximação aos livros, desenvolvendo, assim, o gosto pela leitura. É neste contexto que a Biblioteca Municipal de Castelo Branco criou o projeto “Ler a Dois” (comunidade de leitores), em 2009. O “Ler a Dois” consiste num projeto de promoção da leitura, pretendendo-se a criação de comunidades de leitores nas famílias, como lugares de primeira socialização das crianças. A comunidade de leitores funciona no mínimo com cinco pares (sendo cada par constituído por uma criança e um adulto) e no máximo com 15 pares, com idades compreendidas entre os três e os dez anos. As atividades são dinamizadas pelas técnicas da biblioteca. Até à presente data já passaram por esta comunidade de leitores cerca de 600 crianças acompanhadas pelos seus pais ou avós. Com este projeto pretende-se: promover e estimular o gosto pela leitura; envolver pais e crianças em atividades de leitura conjunta; estimular a requisição de livros, levando à criação de momentos de leitura em casa; tornar os pais verdadeiros mediadores de leitura; formar novos leitores; aproximar a biblioteca, bem como todos os seus serviços, dos pais e das crianças.

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Não temos dúvidas de que este projeto tem trazido à Biblioteca famílias que desejam que os filhos possam ser leitores e que não tinham até agora hábitos de leitura. Cada vez mais assistimos a uma consciencialização por parte da população sobre o valor da leitura para a formação de jovens capazes de responderem às solicitações da sociedade actual. Com este tipo de projetos, queremos que a Biblioteca Municipal de Castelo Branco se enquadre no leque das bibliotecas modernas que sabem qual é o caminho a seguir, formando leitores atentos, críticos, conscientes do processo de construção de histórias, e da sua natureza ficcional e literária que contribuirão, certamente, para o desenvolvimento da narrativa e da identidade individual e social dos sujeitos que a procuram.

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REGA INTELIGENTE PROJETO PILOTO NO PARQUE URBANO DAS VIOLETAS

Paulo Marques O Município de Castelo Branco concretizou, nos últimos anos, no âmbito da sua política de regeneração urbana, um aumento significativo das áreas verdes em parques públicos na Cidade. Estas intervenções serão continuadas e qualificadas no futuro próximo. Todavia, esta orientação de política urbana representa desafios significativos de sustentabilidade da gestão dos espaços verdes, seja no que diz respeito à água para a rega, ou aos recursos humanos necessários às atividades de manutenção. Para dar resposta a este desafio o Município contratou a startup tecnológica Allbesmart LDA, instalada no CEI, para implementar e testar uma solução piloto de rega inteligente para o Parque Urbano das Violetas. Na situação inicial, os 40 pontos de rega do parque exigiam a intervenção manual de um funcionário camarário para alteração da programação da rega. O projeto piloto começou por instalar WiFi gratuita no parque através de duas antenas alimentadas com energia solar, depois ligou os 40 pontos de rega a um sistema centralizado de controlo, que por sua vez está ligado à Internet. O sistema permite que um operador faça toda a gestão da rega por controlo remoto, através de uma plataforma de software acessível através dum computador ou tablet. O sistema possibilita a alteração remota de programas de rega, por exemplo, em função da estação do ano, e possui também um pluviómetro que suspende a programação da rega em caso de chuva. É possível ligar o sistema a um centro meteorológico e os períodos de rega serem automaticamente calculados em função do clima diário e da real necessidade das plantas. O sistema gera alertas no caso de avarias que facilitam

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a identificação de problemas no circuito da rega. O sistema piloto está em pleno funcionamento desde o Verão passado. O próximo passo é alargar esta tecnologia às principais zonas verdes da Cidade, construindo uma verdadeira plataforma integrada para gestão remota da rega nos espaços verdes de Castelo Branco. Sempre que possível vai ser feito um reaproveitamento do sistema existente, rentabilizando o investimento feito até agora. Castelo Branco, devido ao clima seco e à extensão das suas áreas verdes, pretende ser um caso de sucesso e de boas práticas da gestão da rega, numa lógica de cidade inteligente.


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O projeto piloto estรก em funcionamento desde Agosto

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NO MUNICÍPIO PRIORIDADE À EDUCAÇÃO

Luís Correia Presidente da Camara Municipal de Castelo Branco

A educação, temo-lo demonstrado desde o início, é uma prioridade para a Câmara Municipal de Castelo Branco, porque temos consciência que é o mais determinante factor de mobilidade social. Um Português que nasça pobre só poderá ascender socialmente, só pode aspirar a uma vida melhor, se tiver oportunidade de acesso a uma educação de qualidade, que o prepare para o mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Educação, trabalho, mérito, são instrumentos determinantes para vencer a pobreza, para combater o subdesenvolvimento, para ultrapassar a exclusão. Desde que tomámos posse temos reforçado o investimento na Educação, nomeadamente na criação das melhores condições de trabalho para toda a Comunidade Escolar. Ao nível do que são as competências directas da Autarquia, garantimos aos encarregados de educação todo o apoio possível, e aos alunos todas as condições para aprender. O mesmo acontece com o pessoal não docente e com os professores, trabalhadores aos quais procuramos garantir as melhores condições, para que possam desempenhar as suas funções com zelo e dedicação. A Câmara Municipal de Castelo Branco tem investido fortemente na renovação e requalificação do Parque Escolar, pelo que a generalidade da comunidade escolar desenvolve o seu trabalho diário em estabelecimentos de ensino cujas instalações estarão, seguramente, bastante acima da média do País. Num Concelho onde a Autarquia tem investido tanto e de forma regular na qualidade do Ensino e na promoção da Educação para todos, é com particular satisfação que celebramos com o Ministério da Educação o Acordo de Colaboração para Investimentos em Escolas – Portugal 2020, que possibilitará a requalificação da Escola Secundária Nuno Álvares e da Escola Secundária Amato Lusitano. Esta intervenção garantirá, finalmente, à comunidade destes dois estabelecimentos de ensino as mesmas condições de que beneficiam as restantes escolas da cidade e do Concelho. Tanto num caso, como no outro, tratam-se de projectos da maior relevância, tanto pela longa e rica história destas escolas, como pelos estilos arquitectónicos que as definem e que são marcos na evolução da arquitectura no nosso País. Por todas estas razões, a Câmara Municipal, quero aqui frisá-lo, aceita assumir o investimento relativo à contrapartida nacional destas obras. Fazemo-lo com o sentido de responsabilidade e com o espírito de colaboração que, perdoarão a imodéstia, caracteriza a acção do Executivo a que presido, que tem sempre como prioridade o interesse dos albicastrenses.

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Como é do conhecimento público, esta não é a primeira vez – e seguramente não será a última – que a Câmara Municipal de Castelo Branco assume o investimento relativo à comparticipação nacional de projectos que, de outra forma, não teriam sido concretizados. A Câmara Municipal está sempre disponível para colaborar com a Administração Central ou com outras entidades, sempre o quando a nossa intervenção sirva os interesses dos albicastrenses e o nosso Município seja reforçado. É nesta linha de actuação que se inscrevem, igualmente, os investimentos que a Autarquia vai realizar no sector da Saúde. A Câmara Municipal, como já saberão, vai assumir o investimento que permitirá a ampliação e requalificação do Serviço de Urgência do Hospital Amato Lusitano, mas também a recuperação do Centro de Saúde de S. Tiago e das extensões da Póvoa de Rio de Moinhos e do Salgueiro do Campo. A Educação é uma prioridade para a Câmara Municipal. E embora as obras sejam sempre necessárias, porque a manutenção do parque escolar é fundamental, a Autarquia há muito que ultrapassou o ciclo de infraestruturas no que respeita a este sector. Orgulhamo-nos do papel pioneiro que já tivemos em vários programas de excelência na área da Educação, tal como nos orgulhamos do projecto que actualmete estamos a desenvolver ao nível da produção de conteúdos, em formato digital, para apoio a docentes de Matemática e Português. Por outro lado, tal como tive já oportunidade de informar os senhores directores dos agrupamentos de escolas, estamos a concluir a organização dos serviços municipais de Educação para as Artes, que julgamos serão um contributo importante para a qualidade e diversidade da aprendizagem dos nossos alunos. Esperamos, igualmente, vir a contar com o contributo de todas as escolas do Concelho num projecto de dinamização cultural em rede que visa promover a educação e as novas aprendizagens como ferramentas de intervenção para sensibilizar e integrar comunidades em risco de exclusão. Temos consciência que se tratam de projectos ambiciosos, cujo êxito dependerá, em boa medida, da capacidade que tivermos para nos mobilizarmos conjuntamente. Mas tenho também consciência que a comunidade albicastrense – e a comunidade escolar em particular – poderá contar sempre Cívico/Devesa com a disponibilidade da Câmara Municipal de Centro Castelo Branco para, em conjunto, darmos à EDUCAÇÃO o papel central e de excelência que necessita e merece.

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EDUCAÇÃO E CULTURAS OLHAR DE FORA E CAMINHAR POR DENTRO José Filomeno Raimundo

São grandes e pequenos mosaicos que surgem aqui e ali, no imenso espaço que preenche o nosso olhar. É vasta a Região, numa mistura conjugada de cenários, desenhados ao correr do tempo, por mãos que buscavam arte, a arte de os compor, na estreita relação entre o que somos e o que queremos ser… Prender nas palavras um traço do tempo, o tempo de hoje, rápido, ora cheio, ora vazio, um tempo sem tempo que nos retrata, não é mais que segurar na mão um rolo de cordel que prende mosaicos e gestos aos quais estamos presos. É o tempo e o lugar da interioridade da qual não sabemos se gostamos, mas que aqui nos sabe bem; pela identidade que não queremos, sequer, evitar e pela riqueza que sabemos ter aqui, para SER e ESTAR, tal como somos e estamos. Conjugam-se em Castelo Branco cenários ancestrais e de modernidade que criam espaço, desenham abertura e, nessa complexa dinâmica, geram uma enorme e contagiante energia. A cidade e toda a região acolhem, abraçam, prendem, e as estruturas surgem como suporte imprescindível à vontade de ficar e de fazer futuro. Visão antiga de um passado não muito distante, de abertura e conjugação de arte e de vontades, traçou o ritmo a que a cultura foi surgindo na cidade e na região. Com o provincianismo, que só a identidade nos permite, instituições antigas e recentes integram-se na mesma dinâmica, pela valorização da terra e das gentes. A arte de saber gerar colaboração atualizou velhos espaços, integrando-os no quotidiano da vida na cidade. Muito para além da rentabilização de recursos, tornou comum, em memórias de tempos diferentes e distantes, um vasto património coletivo. E são mosaicos! Cuidadosamente conservados e cuidados pela utilidade que deles fazemos, numa colagem plástica e engenhosa, onde a dimensão humana se so-

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brepõe, naquele que tem sido o percurso traçado pela Câmara Municipal de Castelo Branco ao longo de vários anos. Da intencionalidade férrea dos pequenos e grandes gestos, vão surgindo espaços de educação da arte/das culturas adaptados à realidade dos nossos dias, numa visão cosmopolita e ambiciosa. Caminhos sinuosos e difíceis de percorrer trazem consigo a Viola Beiroa, ressuscitam Eugénia Lima, deixam-nos no Conservatório, sentam-nos no Cine-Teatro Avenida, levam-nos ao Centro de Cultura Contemporânea, a Museus e novos espaços, onde bordados antigos se traçam em novas telas. Renovação e recriação são palavras que aqui têm lugar. Mérito de muitos, esforço e plasticidade de todos. Da génese do Conservatório de Castelo Branco, enquanto escola disseminadora de músicos de enorme vigor, à criação de uma escola de artes, foi o passo de um sonho. Combinando conjunturas políticas mais ou menos adversas com vontades determinadas, a Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESART) impôs-se no panorama cultural da cidade, num universo de influência/ascendência alargada, como uma instituição de Ensino Superior procurada e reconhecida muito para além da sua suposta área de influência geográfica. E nesse contínuo vaivém de que são feitas as verdadeiras relações, a ESART devolve e projeta, pelo reconhecimento conseguido, o nome da cidade e da Região. Criou-se assim mais espaço para todos e para cada um, na conciliação de percursos, respeito, reconhecimento e encadeamento, dando lugar a novos interesses e dinâmicas, ao ritmo a que a vida acontece. A regularidade dos concertos do João Roiz Ensemble, que nos trazem músicos de reconhecimento internacional, a emergência da música eletrónica na cidade, a diversidade de grupos de rock, as cinco bandas


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de música com as respetivas escolas de formação são, sem dúvida, sinónimo de forte aposta nas novas dinâmicas sociais. Também o fado, pela mão de Custódio Castelo, encontra aqui espaço de desenvolvimento e criação, destacando-se o Centro Artístico Albicastrense como polo de aperfeiçoamento. Ouvem-se concertos em salas cheias e expõe-se para públicos curiosos e atentos. Identifica-se Cargaleiro como nome de proximidade e sabem-se de cor os seus traços. E volta-se aos conceitos amplos, aqueles para os quais as palavras não chegam: educação e culturas. E retorna-se ao percurso, que só pode ter sido de educação, de forte aposta no conhecimento e na formação de gentes, gentes que somos nós. É de culturas que se trata. E de rumo, que assim marca a cultura. São palavras enormes que não cabem em folhas de papel. Assentam na pele e na alma, como marcas de identidade. E tudo isto é apenas vida. A vida que por aqui se vai traçando, num entendimento amplo de conceitos de educação e culturas. Foi essencial o percurso. E como quem segura um traço do tempo, retrata-se uma enorme abertura, trabalho e perseverança, de olhos do passado e do presente que olham o futuro. Neste olhar, onde os limites do que é externo ou do que lhe pertence se confundem, Castelo Branco e os seus autarcas têm sabido, em cada momento, valorizar iniciativas pessoais e coletivas, transformando um território que não deixa perder a sua identidade. E na impossibilidade de escapar à globalidade dos nossos dias, olhamos, refletimos e agimos, na busca incessante de criar, fazer, transformar. Como resposta a uma necessidade íntima ou por uma reflexão mais altruísta, Castelo Branco chama-nos sempre, enquanto operários ou agentes de uma Fábrica da Criatividade, que há muito existe em cada um dos que por cá vivem e dos que por cá passam.

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Castelo Branco UMA CIDADE QUE SE REINVENTA

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Extraído da revista “Museus de Castelo Branco”, que fez parte integrante da edição do Jornal do Fundão e do Diário de Noticias Visitar Castelo Branco é fazer uma viagem ao passado com os olhos postos no futuro. É conhecer um pouco da história de Portugal. É viver experiências e sensações novas numa cidade que aposta há muito na cultura e promove a sua História. A reabilitação urbana dotou a cidade de modernas infraestruturas na área cultural, recuperou o património e criou modernos espaços que projetam Castelo Branco e o Concelho para o centro do destino turístico na Região. Promover a cultura, nas suas variadas formas, tem sido uma aposta ganha pela autarquia. Modernos museus e salas de espetáculo dotaram a cidade de espaços que permitem a existência de uma agenda cultural diversificada e que atrai público dos concelhos limítrofes. Hoje, Castelo Branco não é mais uma cidade de passagem. É uma cidade onde vale a pena estar e viver. E, para quem está de passagem, vale a pena descobrir e visitar porque os locais de interesse são muitos e diversificados.

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A começar pela Zona Histórica e os seus Portados Quinhentistas. O roteiro leva o visitante por ruas estreitas perto do Castelo cuja muralha foi recuperada e devolvida à cidade e que agora pode ser contemplada no que ainda resistiu ao tempo. Nesta zona histórica (parte mais elevada da cidade) merecem também atenção o casario e alguns palacetes, a Torre do Relógio entre muitos outros. Nas imediações pode-se ainda ver e visitar o Paço Episcopal e o seu jardim, o Jardim do Paço; a Igreja de S. Miguel também Sé Catedral; Cruzeiro de São João; Palácio dos Viscondes de Portalegre; Solar dos Viscondes de Oleiros (Câmara Municipal) entre muitos outros monumentos e edifícios que merecem ser apreciados. Mas o interesse por Castelo Branco vai para além da história e dos monumentos. A autarquia há muito que decidiu apostar na cultura criando e recuperando espaços culturais, como é o caso do


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TURISMO ----------------------------------Cine-Teatro Avenida que se tornou por excelência a casa dos espetáculos com uma agenda cultural que privilegia todas as áreas e cativa vários públicos. Mas há mais. A cidade tem um dos mais importantes museus do Interior: Museu Francisco Tavares Proença Júnior, que alberga a coleção arqueológica do patrono do museu e ainda uma importante mostra das Colchas de Castelo Branco, ex-libris da cidade e do Concelho. O Programa Polis veio transformar a urbe com projetos que dotaram a cidade de modernos equipamentos culturais e turísticos. A cidade abriu-se à sociedade mantendo a sua identidade. Na Devesa (centro de Castelo Branco) nasceu uma enorme praça com vários serviços de apoio (cafés e restaurantes). O antigo quartel foi requalificado; construiu-se uma nova e moderna Biblioteca e mais recentemente aquele que é hoje a imagem de marca da cidade: O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco. Um moderno e fun-

cional edifício que deixa marca na paisagem da praça não deixando ninguém indiferente. Tem sido o espaço de excelência para exposições, mas também espetáculos. Mais acima (na Zona Histórica) fica o Museu Cargaleiro que guarda o acervo do mestre pertença da Fundação Manuel Cargaleiro. E, em Alcains, o Museu do Canteiro. Para breve a antiga Dommus Municipalis, edifício do século XVI (que albergou no passado a Câmara Municipal, a Cadeia e a Biblioteca) vai acolher o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco. Também em construção está o Museu dos Texteis em Cebolais. Trata-se da reabilitação da antiga Fábrica da Corga. Projetos que vão enriquecer o já rico património cultural e museológico da cidade e do Concelho. Castelo Branco é uma cidade moderna que se reinventa todos os dias para proporcionar aos moradores e visitantes novas sensações e experiências.

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CCCCB A CASA GRANDE DAS ARTES

Extraído e adaptado da revista “Museus de Castelo Branco”, que fez parte integrante da edição do Jornal do Fundão e do Diário de Noticias

O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB) está instalado num edifício da autoria do arquiteto catalão Josep Lluis Mateo, em colaboração com o arquitecto português Carlos Reis de Figueiredo, e localiza-se no Campo Mártires da Pátria (Devesa), o centro da cidade, local de encontro e lazer, nas imediações de outros equipamentos culturais, como o Cine-Teatro Avenida e a Biblioteca Municipal. Com uma forte presença arquitetónica, é um edifício vazado, revestido a metal e madeira, com 4 pisos. No piso -1 localiza-se a entrada; receção; área expositiva e serviços de apoio. No piso 0 fica a pista de patinagem de gelo sintético. O Piso 1 é ocupado por uma área expositiva e auditório. No piso 2 existe uma área expositiva, auditório e ainda uma cafetaria. O auditório conta com 275 lugares e está dotado com um sistema acústico de qualidade superior, sem recurso a sistemas de amplificação, da autoria do especialista catalão Higini Arau. O CCCCB é hoje um edifício marcante na paisagem da cidade e referência cultural no distrito mas também em todo o país. A arquitetura confere-lhe uma dinâmica que não deixa ninguém indiferente tornando-se num ícone arquitetónico. Propriedade da Câmara Municipal, pretende promover e divulgar a cultura contemporânea, estimular a criação artística, trabalhar a criação e formação de novos públicos. O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco abriu portas em finais de 2013 com uma exposição de Arte Latino Americana da Coleção Berardo. Durante um ano cerca de uma centenas de peças entre quadros, esculturas, instalações e vídeos levaram milhares de pessoas ao CCCCB. Foi apresentada pela primeira vez em Portugal a pintura monumental “Watchman, What of the Night?”, do artista surrealista chileno Roberto Matta. Nesta exposição, dividida por países, foram contemplados nomes históricos do mundo da arte do século XX como os mexicanos Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e Rufi no Tamayo, apresentando-se deste último “La Tierra Prometida” (1963). Na arte com acento político, destacou-se Fernando Botero que, crescendo num difícil período da história da Colômbia, fez intervenções irónicas com comentário social, de que é exemplo a pintura intitulada “Cena de Família“, 1969, e a escultura monumental “Male Torso”, 1992, colocada no exterior do CCCCB e que foi uma das atrações desta mostra.

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CASTELO BRANCO É A MELHOR CIDA

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ADE PARA VIVER DO DISTRITO

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Nos artistas contemporâneos estiveram representados Ernesto Neto, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Vik Muniz e Walter Goldfarb, representado magistralmente nesta exposição com um número variado de obras. São disso exemplo, “Theaters of the body, after Carracci, Michelangelo and Sade”, 1999, ou “Jardim dos Lírios Lisérgicos”. Desde a inauguração, o CCCCB já recebeu três grandes mostras de arte. Depois da Coleção Berardo, o Centro acolheu a exposição “Planet Ferrovia – Sector IX Via Lusitânea” de Viktor Ferrando; “Everywhere is the same Sky” - uma perspectiva de paisagem na coleção Norlinda e José Lima, e posteriormente, uma interessante mostra de Pintura Modernista da Coleção Millennium BCP, em que puderam ser vistas e apreciadas obras de José de Almada Negreiros, Amadeu de Souza Cardoso, António Carneiro, Eduardo Vina, Carlos Botelho, o ano Mário Eloy, Francis Smith, Júlio, Carlos Carneiro, António Soares, José Dominguez Alvarez, Dordio Gomes, Mily Possoz, incluindo na sua maioria obras em óleo sobre tela, mas também desenhos de Bernardo Marques e Jorge Barradas. Logo depois retomámos a colaboração com a Oliva Factory, para apresentação da exposição “There is no why, there no I”_ Corpo e Fisicalidade na Coleção Norlinda e José Lima, que apresentou uma seleção de obras sob o tema do corpo e a sua relação com a fisicalidade, num total de 52 artistas em exposição. Esta mostra reflete não apenas sobre o aspeto físico e as características do corpo, mas também sobre tudo aquilo que é feito e realizado com o corpo em relação ao mundo que nos rodeia. Compreende-se o corpo não só enquanto forma corporal mas também enquanto forma sensível, que age, reage e atua. Actualmente está patente uma exposição que dá corpo à estratégia de itinerância da Coleção Serralves, para tornar a arte contemporânea mais acessível às populações de todo o País. A mostra apresenta o trabalho de vários artistas que exploram as potencialidades da luz, como Ignasi Aballí, Fernando Calhau, Lourdes Castro, Rui Chafes, Noronha da Costa, Ana Hatherly, Marine Hugonnier, Ana Jotta, Jorge Martins, Charlotte Moth, Bruce Nauman, Maria Nordman, Paulo Nozolino, Julião Sarmento, Silvestre Pestana e Grazia Toderi. Os artistas representados em “Estudos de Luz” conseguem, independentemente da variedade de meios, materiais e processos, colocar as suas pesquisas ao serviço da representação visual da luz. A exposição pode ser visitada em regime livre, ou em visitas guiadas gratuitas, para alunos dos vários níveis de ensino ou para o público em geral. O CCCCB tem desenvolvido paralelamente um conjunto de inúmeras iniciativas no âmbito dos serviços educativos. Para além das exposições realizadas, de média duração, têm sido realizadas outras exposições de arte contemporânea, de artistas conceituados, no edifício do ex-CTT, o qual funciona como galeria de exposições temporárias de curta duração do Centro de Cultura Contemporânea O CCCCB está dotado de um excelente auditório com caraterística acústicas ímpares, o qual tem acolhido um conjunto de espetáculos musicais que privilegiam a música de câmara, clássica e étnica e cuja cuidada programação tem esgotado a sala. A próximo grande exposição no CCCCB já tem data marcada. É a 11 de Março. Fique atento, mas marque na sua agenda.

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PORTADOS TIPOLOGIA DA CASA QUINHENTISTA

A tipologia dominante da Casa Quinhentista na Beira Interior é conhecida tradicionalmente por casa de judeu, casa de comerciante, constituída por dois pisos, uma porta larga e outra estreita, recusa de simetria compositiva quer nas fachadas quer na organização do seu espaço interior, planta ela da Sra. da Piedade 34 5 Rua dos Ferreiros irregular, predomínio acentuado de portados biselados e de vãos tendencialmente desalinhados.

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Ao longo da fronteira, estima-se que cerca da topologia da casa e indícios decorrentes de 80% das marcas religiosas existentes nas da sua forma organicista, inclusive de moI ombreiras ou lintéis de portas e janelas, a biliário comum na Beira Interior, se infere a exemplo dos cruciformes relacionados com sua forte ligação com a cultura judaica. Este os cristãos novos ou da Menorah e Mesusah ponto, juntamente com o primeiro, dá a Porjudaicas, encontram-se neste tipo de casas. tugal no período Quinhentista, um conjunto Em Castelo Branco, tal tipologia aproxima-se riquíssimo de património de influência juna quase totalidade das casas do inventário daica, a nível sobretudo da habitação. Rua da Misericórdia 12 8 realizado pelo Gabinete da Zona Estima-se de igual modo que da populados Peleteiros 37 9 Rua Histórica, Ega 67 sobretudo nas casas datáveis do séc. XVI, as ção judaica que se fixou na zona de fronquais não podem deixar de ser associadas á teira portuguesa, principalmente nas Beiras vinda e fixação de judeus expulsos de Espae Trás-os-Montes, tenha resultado um aunha pelos Reis Católicos em 1492. mento demográfico médio da ordem dos Face à extinção das judiarias em Portugal 60%, não só nos principais aglomerados pelo Édito de D. Manuel I em 1496, os judeus como nos núcleos mais recônditos. forçados à condição de cristãos novos, disCuriosamente, esta mesma tipologia, vemoRua de Santa Maria 66 a 74 13 por persaram-se toda a vila de Castelo Bran-la também com alguma frequência do lado co, inclusive fora de muralhas a Norte e NNE. espanhol junto à fronteira. Por outro lado, foi Castelo Branco é hoje uma das cidades pornas ombreiras e vergas ou lintéis de portas e tuguesas com maios presença de Arquitetujanelas destas casas que forçados à condira Doméstica Quinhentista, sendo inegável ção de cristãos novos, os judeus colocaram de Santa Maria 66 a 74 que esta arquitetura designada13doRuaPeríodo marcas religiosas sobretudo cruciformes; Rua de Santa Maria 66 a 74 Manuelino foi fortemente influenciada pela só assim se explica a fortíssima coincidênCultura Judaica. cia de cruciformes com estes Portados. O Estudo do Judaísmo na Arquitetura, nos Outra característica a assinalar é que estas dias de hoje, não pode deixar de ser feito casas estão frequentemente ligadas entre si através de duas abordagens que agem entre pelo seu interior, criando verdadeiros labisi: rintos orgânicos que permitiam, quer a fuga O discurso religioso da arquitectura, com à inquisição, quer a prática do culto judaico todos os rituais establecidos pela Torah reem segredo. A própria tradição oral, constalativamente à casa judica, visando a sacratada por toda a Beira Interior, confirma esta lidade do tempo de quem lá vive e habita. A interpretação. orientação da casa em que uma das pareDo mobiliário da casa judaica ou de cristãos des voltada para Jerusalém pode conter um novos, é bem conhecida a tradicional mesa Rua D'Ega 81 e 83 15 sinal lembrando que o Templo a Oriente foi de refeições com gavetas a toda a volta de Rua de Santa Maria 120 e 122 destruído. O sulco de16 Mesusah ou a marca de modo a que rapidamente se pudesse esMenorah na ombreira da porta, são casos que conder a comida Casher, proibida pela Ina Inquisição forçou a que fossem apagados, quisição. É de assinalar a existência de artendo daí resultado que já só existam escasmários em cantaria - o Hekal - voltados para so exemplos e alguns muito danificados. Oriente, afetos ao culto, e guarda dos Livros O discurso arquitectónico em si mesmo, o Sagrados, que continuaram a ser usados em qual através de determinadas características segredo. u

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2

Capela do Espírito Santo

Do mobiliário da casa judaica ou de cristãos novos, é bem conhecida a tradicional mesa de refeições com gavetas a toda a volta de modo a que rapidamente se pudesse esconder a comida Casher, proibida pela Inquisição.

3

Praça Camões 124

4

Capela da Sra. da Piedade

41

5

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CASTELO

BRANCO


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