Revista Conecte

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R E V I S TA

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E DIÇ Ã O II

A BRIL DE 2 0 15

N. 0 2

DI S T RIB UIÇ Ã O GR AT UI TA

INF ORM A Ç Ã O & AT I T UDE

SER PLUS SIZE ESTÁ NA MODA?

RE V I S TA C ONE C T E

A BRIL / 2 0 15

MEDICINA: PAIXÃO E DOM EM PRIMEIRO LUGAR

TRANSGÊNICOS: ELES ESTÃO NA SUA MESA

A INVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO A “pátria educadora” está andando para trás

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EXPEDIENTE

STAFF

EDITORA CONECTE LTDA - ME

Sérgio A. de Oliveira Diretor executivo

CNPJ 21.447.821/0001-40

Redação (41) 3075-0019 contato@revistaconecte.com.br www.revistaconecte.com.br

Idealizador da Revista Conecte. Traz na bagagem a experiência de ter vivido 17 anos fora do Brasil, sendo os últimos 13 nas cidades de Londres e Madri.

Publicidade comercial@revistaconecte.com.br

Lucimara R. S. de Oliveira Diretora financeira e revisora

Diretor executivo Sérgio A. de Oliveira sergio@revistaconecte.com.br

A experiência de ter vivido 17 anos fora do Brasil, sendo os últimos 13 nas cidades de Londres e Madri, ao lado de seu esposo, compõe seu perfil profissional.

Editora-chefe Amália Dornellas editora@revistaconecte.com.br

Amália Dornellas Editora-chefe

Textos Simone Mota Evandro Augusto Kathulin Tanan Projeto Gráfico & Diagramação Victória Romano Revisão Mara Oliveira

Jornalista por paixão e formação. Já editou publicações segmentadas na área de segurança e tecnologia. Foi repórter dos cadernos especiais da Gazeta do Povo, escrevendo principalmente sobre gastronomia, educação e saúde. Também é formada em Letras, pela UFPR.

Simone Mota Repórter

Fotos especiais João Cavalheiro Junior

Jornalista formada pela PUCPR, já mergulhou no empreendedorismo e na área educacional, na produção de conteúdos profissionalizantes e para crianças.

Make up - Staff Samara Dornellas Colunistas convidados Adeildo Nascimento Ana Paula Mota Luciano Subirá Paschoal Piragine Paulo Nassif

Evandro Augusto Colaborador Estudante de Jornalismo na UFPR.

Impressão Hellograf Tiragem 5.000 exemplares Ano I | Edição II | Abril de 2015 Jornalista responsável Amália Dornellas SRTE-PR 8327

Estudante de Jornalismo na Universidade Positivo. Traz a experiência de trabalhar na Rede Massa de Televisão como estagiária de jornalismo.

As matérias assinadas não representam necessariamente a opinião da Revista Conecte. Os textos e fotos publicitários são de inteira responsabilidade dos anunciantes.

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Kathulin Tanan Colaboradora

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Victória Romano Designer gráfica Responsável por dar vida aos textos da revista. Formada em Tecnologia em Artes Gráficas, pela UTFPR, e em Design Gráfico pela UFPR.


ESPAÇO DO LEITOR

E DI T ORI A L

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essa edição, começo agradecendo de coração aos leitores que entraram em contato de alguma forma. Os recados vieram de todos os lugares! Foi muito especial receber o carinho de vocês, afinal, não teria outra razão para existirmos se não fossem vocês, caros leitores. E aqui estamos com a sua dose mensal de informação e atitude. A matéria de capa trata de uma grave preocupação que temos com o futuro do nosso país. A educação está em maus lençóis, o que esperar? Por outro lado, mesmo sem recurso financeiro é possível correr atrás de um sonho. Você vai conhecer a história do Juan, um garoto de 17 anos que tem uma trajetória linda de dedicação aos estudos. Falando em histórias bonitas, no Faith & Works você vai ver como um trabalho aparentemente simples pode impactar a vida de muita gente. Para as mulheres que ganham cabelos brancos toda vez que sobem na balança preparamos uma matéria especial. Ser plus size está na moda? Descubra. Ainda nessa edição você vai descobrir se vale a pena ser médico, ler um pouco sobre masculinidade, alimentos transgênicos, rivalidade, moda para homens e muito mais. Boa leitura!

Amália Dornellas Editora-chefe

Você é muito especial para nós e por isso também tem seu cantinho reservado aqui. Envie suas sugestões, comentários, elogios e críticas. Sua participação é fundamental para que a cada edição possamos preparar um conteúdo do jeitinho que você espera. > Em primeiro lugar a revista me atraiu por ser bonita. Dá preguiça de ler quando o material é feio, mal apresentado. E os conteúdos agregam informação para o leitor. Gostei bastante. MAIKON ANUNCIAÇÃO / estudante de administração

> Na era da informação, precisamos cada vez mais de canais que sejam agradáveis graficamente e que tenham conteúdo confiável. Parabéns a todos vocês da Conecte que de forma profissional conseguem agregar valor aos seus leitores. Sucesso e vida longa! ALEXANDRE BLEY / presidente da Unimed Curitiba

> Os temas são atuais e a revista muito interessante. O assunto da matéria da água, por exemplo, muita gente acompanha nos noticiários, mas não de forma tão profunda como foi explorado dentro da revista. SAYMON COSTA / consultor tributário

> Adorei a matéria sobre gravidezes inesperadas, lendo pude ter ainda mais certeza de que aborto nunca é uma opção. Um filho modifica a vida de qualquer pessoa, mas sempre será uma benção independente da forma que tenha sido gerado. E ótimo saber que existe apoio pras mães que estão passando por esse momento delicado. Parabéns Revista Conecte. ANDRIELI OLIVEIRA / professora

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26 > C A P A EDUCAÇÃO EM COLAPSO: A pátria educadora está andando para trás. O que esperar?

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Í N DICE

10 > “ESTUDO É A GARANTIA DE SUCESSO NA VIDA” Inspire-se com a história de um garoto de 17 anos

12 > O GRANDE MOMENTO DA IGREJA Como devemos nos comportar em meio à onda de protestos?

14 > SOPA SOLIDÁRIA Um pretexto para o reencontro com a dignidade

18 > IDIOSSINCRASIA DE COLONIZADOR OU COLONIZADO? 20

> SER PLUS SIZE ESTÁ NA MODA?

22 > TRANSGÊNICOS: ELES ESTÃO NA SUA MESA 32 > MENINOS ACAMPAM, HOMENS CONSTROEM LARES 8 ABR. 15

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48 > AVENTURA EM TERRAS ARGENTINAS 52 > SKINNY: UMA DICA PARA ELES

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34 > AMOR É UMA ESCOLHA, A FELICIDADE É CONSEQUÊNCIA 36 > CONECTE-SE Confira dicas de cinema, livros e música

38 > AZIA, QUEIMAÇÃO, REFLUXO: LEVANTE A MÃO QUEM NUNCA SENTIU 40 > RIVALIDADE, UM PRETEXTO PARA O ÓDIO? 42 > MEDICINA: PAIXÃO E DOM EM PRIMEIRO LUGAR 46 > A “INGUINORANÇA É QUE ASTRAVANCA O POGRESSO”

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P E RF IL

Do amor ao futebol e às boas notas a UM MUNDO DE POSSIBILIDADES

“E

Texto

Amália Dornellas Fotos

João Cavalheiro Jr.

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u sempre quis olhar meu boletim e ver boas notas”. Essa foi a resposta de Juan Magalhães, 17 anos, quando perguntei da onde vinha a motivação para estudar. Apesar de prezar pelo bom desempenho na escola, seu único objetivo era ser jogador de futebol. De família simples (a mãe trabalha em casa de família há anos e o pai é açougueiro), estudou sempre em escola pública. “Menino humilde, achava que ser jogador era a única forma de fazer da minha mãe uma rainha”, conta. Para ele, escola significava ser o melhor da turma, futuro era no futebol. Aos 11 anos entrou para o primeiro time e depois de muitos testes, aos 15 surgiu uma chance em São Paulo. Na mesma época a mãe viu no jornal um anúncio de teste esportivo no tal do

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Colégio Internacional de Curitiba (ISC). A princípio, até pensaram que era para um curso de inglês e ela viu que teria prova de futebol. “Não queria ir, estava esperando o resultado de São Paulo. Queria jogar bola, não estudar inglês. Mas como tinha futebol resolvi ir”. Juan não imaginava que esse dia mudaria totalmente o rumo da sua vida. Para chegar a tempo no ISC, era muito longe, a mãe gastou suados 64 reais de táxi. Jogou vôlei, basquete e, por último, futebol. Todos foram embora. Ele e a mãe, sempre presente, ficaram no ponto de ônibus esperando pelo trajeto de três horas e meia até em casa. Foi chamado para as etapas seguintes e na entrevista com a diretora de admissão percebeu algo especial. “Vi que eles estavam interessados em mim, nas


minhas notas e na minha história. Fiquei muito feliz e esqueci São Paulo”. Juan conquistou a comissão e conseguiu bolsa de 100%. O começo foi complicado por causa das aulas em inglês. Apesar do histórico de boas notas, a base é incomparável e não falava uma palavra no idioma. Tem gente que tem ataque de pânico, chora, desiste. “A pressão é forte. Fiquei um mês sem entender nenhuma aula. Mas graças a Deus nunca tive nada disso. Cada dia era uma felicidade nova, um dia no paraíso. Nunca precisei de aula de reforço ou faltar treino para entregar tarefas”, explica. Na escola pública sempre teve facilidade de absorver o conteúdo. Prestava atenção na aula e ia bem nas provas. Tinha o hábito de ir atrás de mais conteúdo. “Se não entendia algo, não tumultuava na sala, eram 40 alunos. Sempre chegava em casa, pesquisava o assunto e estudava por conta própria”. O bom hábito desenhou o caminho que está trilhando. No primeiro ano de ISC conquistou o prêmio de melhor aluno da série em que estava. Em 2014 foi aceito na National Honor Society, sociedade internacionalmente renomada, composta por alunos selecionados com base em melhores notas, serviço, liderança, caráter e cidadania. É preciso preencher uma longa requisição para entrar. Ser membro é um diferencial para ingressar em universidades pelo mundo.

BOLSAS NO ISC Gostaria que seu filho tivesse a mesma oportunidade? Sempre que surge vaga para bolsa esportiva o ISC divulga na imprensa. Fique ligado nos noticiários e de olho no boletim escolar. Lembre-se: boas notas é o item mais importante no processo seletivo.

QUEM DISSE QUE ESTUDAR NÃO ABRE PORTAS? Um universo de possibilidades se abriu através da dedicação que sempre teve aos estudos. Conheceu a Argentina, Peru, Chile, Uruguai, Equador e Estados Unidos. Mas a simplicidade de Juan impressiona. Mesmo tendo uma vida sem luxo algum, seu objetivo não é se tornar milionário. O amor ao futebol permanece, mas com outro objetivo. “No colégio mudei meu pensamento. Pretendo conseguir bolsa através do futebol para ingressar na universidade nos Estados Unidos. Quero fazer administração, ter minha própria empresa e conseguir dinheiro suficiente para dar aos meus pais tudo o que eu não tive. Nunca tive muita coisa, mas isso não mudou nada na minha vida. Sou o que sou”, afirma com segurança. “Se eu tiver muito dinheiro um dia quero ajudar as pessoas, assim como muitas me ajudaram. Batalho pelo meu sonho e as pessoas que me ajudaram foram fundamentais. O ISC é como se fosse uma família”. Para o irmão mais novo, de 12 anos, e garotos da mesma

idade que sonham com a bola, deixa um recado. “Futebol é um futuro incerto, as chances são poucas. E no Brasil é ilusão na TV. Mas nunca ouvi falar de alguém que estudou muito e se deu mal. Estudo é a garantia de sucesso na vida. Os sonhos nunca podem estar acima dos estudos”, recomenda, lembrando da história de um colega que largou os livros pelo futebol. Não deu certo, e agora, aos 17 anos, está cursando a quinta série. A chance de conseguir bolsa no ISC aconteceu de repente, e ter um boletim impecável fez a diferença. “Eles consideraram o mérito que eu tive, não somente o quanto eu jogava bola. É uma soma de boas notas, história e determinação. Só depois disso vem meu desempenho no campo”. Ainda hoje, para contribuir no orçamento familiar, Juan trabalha, mesmo com a sobrecarga de estudos e treinos. “Um sábado por mês passo roupa para minha tia e pra sogra dela, assim tenho meu dinheiro para comprar roupas, cortar o cabelo e fazer o que precisar, já ajuda”.

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P ON T O DE V I S TA

O GRANDE MOMENTO DA IGREJA

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screve a visão e torna-a bem legível... para que possa ler quem passa correndo.” (Habacuque 2:2b) Estamos vivendo um tempo de grandes incertezas no Brasil. Depois de uma das eleições mais disputadas dos últimos anos, onde prevaleceu a força econômica, a mentira e a manipulação do poder instituído, o Brasil elegeu seus representantes para os próximos anos. Diante da avalanche de escândalos de corrupção, envolvendo políticos de todas as esferas de poder, como também de empresários poderosos, o Brasil mergulhou em uma grande crise

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econômica, trazendo desconfiança no mercado, produzindo desemprego, inflação, aumento do câmbio, entre outros. Por tudo isso, movimentos de várias esferas da sociedade têm surgido na busca de através dos protestos forçar algum tipo de mudança nas forças que governam o país. Até mesmo a igreja tem sido desafiada a se envolver, seja por manifestações de rua ou meios sociais, levando sua contribuição de transformação. O que fazer como igreja diante de tudo isso? Devemos nos envolver em manifestações e protestos? Qual o caminho a tomar? Podemos nos reportar ao profeta


Habacuque, onde a crise era ainda maior e o caos instalado era de proporções inimagináveis. No entanto, Deus fala ao profeta à respeito de uma visão de como o povo deveria agir. Em primeiro lugar, não devemos focar nos problemas, mas em Deus. Isto não significa viver na omissão ou indiferença diante da realidade política, social, econômica e espiritual da nação, mas revelar um novo comportamento e ação diante da crise. A igreja precisa voltar ao seu lugar, isto é, voltar-se para Deus, se aproximar e ouvi-lo nessas horas de crise e sofrimento. O que Deus tem a nos falar neste momento? Quando a igreja busca a Deus se coloca diante dEle, os problemas encontram resposta. O povo de Deus tem deixado de lado as armas espirituais para usar as armas econômicas, sociais e políticas. Não podemos vencer a mentira, o ódio usando os mesmos métodos. Encontramos no segundo livro de Crônicas (7:14), “Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” Em segundo lugar, a igreja precisa arrumar a sua própria casa, para depois arrumar o Brasil. Não haverá transformação trocando os políticos do poder. Isso já foi feito e o resultado não mudou ou melhorou. Precisamos mudar o Brasil pelo poder de Deus, isso implica arrependimento e quebrantamento, a começar pela casa de Deus. Quando a igreja revelar esse quebrantamento e desejo de mudar, Deus vai agir, ele vai se revelar ao seu povo. Em terceiro lugar, a igreja precisa buscar uma visão de Deus para o Brasil. Uma visão para ser anunciada a todos. Precisamos crer que Deus tem planos para a igreja e para o Brasil. A igreja precisa voltar a confiar nos planos de Deus, mas

para isso, deve voltar a buscar intimidade com Deus (Salmo 25:14). Quando buscamos intimidade, Ele começa a se comunicar conosco. Isto implica em ajustes de propósitos e conduta. Não será possível Deus confiar seus planos a homens corruptos e sem escrúpulos. Não ouvi uma vez se quer da liderança do nosso país que precisamos mudar ou se arrepender dos erros. Estão sempre culpando os outros ou transferindo os problemas para a crise internacional ou climática. Não creio em um país transformado sem confissão e arrependimento. O Brasil não quer fazer aliança com Deus porque Ele é Santo. Deus sabe o que é preciso fazer. Deus tem o controle de tudo (Daniel 2:20).

A IGREJA PRECISA ARRUMAR A SUA PRÓPRIA CASA, PARA DEPOIS ARRUMAR O BRASIL No tempo de Daniel houve muitas crises, chegando ao ponto de ele ser chamado para ser executado. Foi quando pediu um tempo para orar e buscar ao Senhor. A resposta foi: “Deus estabelece e destitui os reis; ele faz os tempos e as horas”. Deus revelou o segredo do coração do rei a Daniel e o povo foi salvo. Parece que a igreja perdeu a Bíblia, pois deixou o caminho do altar e da consagração para viver e buscar os caminhos das ruas e manifestações. Deus não age de improviso, nem se apavora, nem se precipita. Deus está esperando um posicionamento do seu povo, a igreja, para depois mudar e transformar o Brasil. Quando falamos de justiça somos objetos de zombarias e chacotas, mas foi Deus quem disse: “O justo viverá da fé” (Habacuque 2:4b). Essa pequena frase incendiou o coração de Lutero e ele trouxe a reforma. Meus amados, esse é o grande momento da igreja. Vamos continuar Por buscando a presença do Senhor, orando, Sebastião jejuando e nos arrependendo de nossos Brito Netto pecados, pois o Deus Todo Poderoso não Líder da Igreja muda. Ele é Deus, Ele vai agir. Amém! Batista Alameda 13


F A I T H & W ORK S

SOPA SOLIDÁRIA Muito mais que uma refeição, um pretexto para o reencontro com a dignidade Texto

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m Curitiba, todas as terças-feiras, um grupo de voluntários se reúne para preparar e distribuir uma nutritiva sopa no Centro Pop João Dorvalino Borba. São mais de 240 litros de sopa distribuídos a aproximadamente 150 pessoas em situação de rua. A iniciativa é uma das atividades de voluntariado da ABASC – Associação Batista de Ação Social, da Primeira Igreja Batista de Curitiba. Clarice Fogaça, líder do projeto, explica que o trabalho existe há quase doze anos e que, no começo era apenas a distribuição da sopa, mas à medida que compreenderam a condição de vulnerabilidade daquelas pessoas, percebeu-se a oportunidade de ajudar de forma mais efetiva aqueles indivíduos. Hoje, além da comida, essas pessoas recebem atenção e, depois do vínculo criado a partir da oferta do alimento, o projeto entra numa segunda fase de cadastro desses participantes. A partir de então, ABR. 15

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eles são convidados para participar das oficinas do programa Fala Coração. Toda essa dinâmica funciona às terças-feiras, enquanto uma equipe prepara a sopa, um segundo grupo fica com alguns dos moradores de rua desenvolvendo atividades, como roda de conversa, oficina de leitura, oficina de biscuit, de caixa decorada e até de redação. Segundo Clarice, é “através dessas conversas e dessas oficinas que descobrimos as necessidades, desejos ou aptidões de cada uma dessas pessoas”. Ela confirma que a dependência química é um dos principais motivos que leva à vulnerabilidade das ruas e o internamento em clínicas de recuperação parceiras é uma das formas de atender essas pessoas. Reencontrar familiares, ajudar na reintegração ou auxiliar na busca de um emprego são outras situações comuns. A voluntária destaca a importância de analisar cada caso cuidadosamente.

FOTOS: ANNE CARON

Simone Mota


AJUDADORES ABENÇOADOS E ABENÇOADOS AJUDADORES De acordo com Clarice, são inúmeros os casos de pessoas que se juntaram ao grupo de voluntários por orientação pastoral, ou mesmo médica, e, graças à nova percepção de mundo que desenvolveram, superaram situações de depressão, inclusive depressão profunda. Ela contou o caso de um amigo que descobriu um câncer e decidiu tirar o foco da doença e se dedicar a essa causa. Ele conseguiu superar a doença e está curado! Já entre as pessoas que foram alvo do projeto, são muitos os que voltaram e, de amparados, passaram a ajudadores dessa causa. Clarice conta que foi madrinha de casamento de um dos rapazes que retomou o controle da sua vida a partir da Sopa Solidária.

QUER PARTICIPAR?

Você pode contribuir de várias maneiras, sendo voluntário no preparo do alimento ou na distribuição, doando alimentos, ou até mesmo contribuindo financeiramente. Entre em contato com a central de voluntariado da ABASC. Fica na Rua Bento Viana, 1200, Batel. O telefone é o (41) 3091-4347 e o horário de atendimento de segunda a sexta, das 9h às 18h. Toda ajuda é bem-vinda! Para conhecer um pouco mais, acesse a Fan Page, no Facebook. É só procurar “Projeto Sopa Solidária”.

Podemos dizer que nos importamos com os órfãos, mas somente nossas palavras não serão suficientes para demonstrá-lo. Por isso, a Revista Conecte disponibilizou esse espaço chamado Faith & Works (Fé & Obras) para que em todos os meses sejam destacados trabalhos de ação social que carecem de ajuda, seja ela através de voluntariado, doações de objetos em bom e excelente estado, como também em dinheiro. Essas doações serão feitas diretamente às instituições, nada passará por nossas mãos. Nos resignaremos apenas a sermos um veiculo de divulgação dos trabalhos abnegados que são realizados em nossa cidade, estado e nação, e que por muitas vezes caem no esquecimento. “Se você tem fé, demonstre-a através das obras”.

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F A I T H & W ORK S

Uma conversa pode

MUDAR UMA HISTÓRIA Texto

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orador de rua há cinco anos, usuário frenético de drogas há 25, sem os dentes, há meses sem tomar banho, pesando 49 quilos. Foi assim que Marcelo Cristo conheceu Clarice, nas oficinas do Fala Coração. “A gente conversava bastante. Ela me ensinava inglês. Ouvia minha história, foi me pastoreando, falando de Jesus. Na rua temos muita carência de atenção, e esse contato fez diferença na minha vida, pois recebi afeto”. Filho de pais alcoólatras, tomou o primeiro porre na vida aos nove anos. O álcool e o cigarro o levaram às drogas mais pesadas. “Virei um problema social, roubava a vizinhança para consumir. Minha família já não me suportava mais. Fui morar sozinho e achava que tinha o controle da minha vida”. Nesse cenário turbulento, tentou construir uma família. Porém, além de ser usuário, acabou se envolvendo com o tráfico. Aprontou todas. Nessa loucura, perdeu a esposa e a filha. “Afundei nas drogas de vez. Pus fogo na minha casa e fui morar nas ruas”. E foi nos encontros da Sopa Solidária que sua vida começou a ser impactada por Deus. “Clarice plantou a semente

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da salvação na minha vida”, conta. Com orientações frequentes, decidiu mudar de vida. Conseguiu uma vaga na Comunidade Fonte de Misericórdia, fundada por membros da Igreja Católica, e lá começou a jornada para a mudança. “Nos primeiros meses tive um encontro de verdade com Deus. A partir disso, me fortaleci e saí de lá transformado”, relembra emocionado. Ainda na chácara conheceu a mulher que hoje é sua esposa. Depois do tratamento, tornou-se voluntário na Comunidade. Lá estudou teologia, fez vários cursos. Hoje é professor no curso de batismo da Paróquia Cristo Ressuscitado, no Campo Comprido, faz parte da liturgia das missas e coordena um encontro semanal de homens, que reúne jovens e adultos que desejam buscar mais de Deus. No seu casamento, celebrado em agosto de 2012, sua filha foi a dama de honra. Clarice estava lá. “Em nosso primeiro ano casados tirei carteira de motorista, quitamos o apartamento, comprei meu primeiro carro e agora minha filha mora conosco. É muita bênção de uma vez só”, conta cheio de alegria.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Amália Dornellas


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URBI E T ORBI

IDIOSSINCRASIA DE COLONIZADOR OU COLONIZADO?

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Por

Sérgio A. de Oliveira Urbi et Orbi é uma expressão proveniente do latin e significa “à cidade de Roma e ao universo”. Era usada pelos romanos precedendo declarações públicas. Usaremos essa expressão para comunicar à cidade de Curitiba e ao mundo informação relevante

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e atitude.

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epois de viver 17 anos fora do meu país, ao chegar ao Brasil me sinto estrangeiro. Por que? Preciso dizer que amo o Brasil, mas me sinto estrangeiro porque depois de conhecer outras culturas, outros países, vejo o brasileiro sendo tratado como quem não conhece seus direitos, e por não os conhecer, não lutam por eles. Os europeus lutam pelos seus direitos e de maneira nenhuma abdicam deles. Se for necessário, vão às ruas, protestam, fazem greves, estão dispostos a fazer o que for preciso até que sejam ouvidos. No entanto, em nossa cultura é diferente. Lembro-me de estar certa vez na fila de um banco por quase quarenta minutos e quando reclamei aos funcionários pelo excessivo tempo de espera, fui mal visto pelas pessoas que estavam na mesma fila que eu. Ou seja, não reivindicamos nossos direitos, e quando alguém o faz, o criticamos, por quê? Pela idiossincrasia de um povo colonizado. Quando portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, chegaram aos países que conquistaram, eles chegaram com uma mentalidade de colonizador. Isso

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quer dizer que eles desembarcaram prontos para oferecer “algo melhor”. Melhor educação, melhor religião, melhor idioma e assim por diante. O povo a ser colonizado, através de forte coerção, recebeu a cultura estrangeira integrando-a a sua própria cultura. Passamos a vestir-nos como eles, a comer como eles, a falar como eles, mas o que não mudou foi a forma de pensar. Eles seguiam pensando ser superiores, e nos fizeram pensar que éramos inferiores. Enquanto nossos colonizadores nos ofereciam “algo melhor”, extraiam de nossas terras os recursos naturais de valor elevado, porque éramos ricos, mas não sabíamos. É verdade que não tínhamos tecnologia para transformar nossa riqueza natural em moeda corrente, é verdade também que não tínhamos um exército para defender-nos, e por isso fomos conquistados, enfim não tínhamos conhecimento, ou deveria dizer não temos? Acredito que os protestos de 2013 deflagraram uma nova etapa na democracia brasileira. Não sou partidário da violência, e acredito que as grandes reinvindicações da história, como a luta


NÃO REIVINDICAMOS NOSSOS DIREITOS, E QUANDO ALGUÉM O FA Z, O CRITICAMOS, POR QUÊ? contra a segregação racial liderada pelo pastor Martin Luther King Jr. e a luta pela independência da Índia arquitetada por Mahatma Gandhi, nos deixam bons exemplos de como devem ser feitas as reclamações de um povo que deseja o progresso. Devem ser pacíficas. Não obstante, depois de 500 anos, ver que o povo despertou já é alguma coisa, é o indicativo de que a ignorância esta dando passo ao conhecimento. No dia 15 de março estive na manifestação contra a corrupção e a desonra pela qual o Brasil vem passando. Notícias como “Mensalão” e “Petrobrás” nos meios internacionais ridicularizam o Brasil, e em nenhum lugar do planeta nos veem como um país sério. Para mim, não se trata de luta partidária, não recebi sanduíche nem R$ 35 reais para sair às ruas, fui movido apenas por patriotismo. Lá pude ver famílias inteiras, mulheres, crianças, idosos, jovens e adolescentes unidos pacificamente gritando por dignidade e respeito, e pensei comigo mesmo: a mentalidade do povo brasileiro esta mudando... Abraham Lincoln disse, ao fim da guerra civil nos Estados Unidos da América: “Resolvemos solenemente que estes mortos não caíram em vão; que esta nação com a graça de Deus, terá nova aurora de liberdade; e que o governo do povo para o povo, não desaparecerá da terra”. Eu também espero que tudo o que está acontecendo no Brasil sirva de lição em primeiro lugar aos governantes, eleitos pelo povo e para o povo. Oxalá aprendam que o povo que os elegeu os pode depor a qualquer momento; que não é necessário esperar o cumprimento de um inteiro mandato, se aqueles que foram eleitos não se portam de maneira digna para honrar os votos que lhes foram confiados. Em segundo lugar, que o povo brasileiro faça uso do poder que a constituição os outorga quando diz que o governo e o poder pertencem ao povo. Colonizador ou colonizado? O que o homem pensa, isso ele é.

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V E R S ÁT IL

SER

plus size ESTÁ NA MODA? O limite entre a estética e a saúde Texto

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er magra como as mulheres que desfilam para as marcas de roupa é moda que ficou pra trás. As curvas é que são as pepitas de ouro do momento. Mas só vale a propaganda de quebra de paradigmas da estética se estiver unida aos exercícios físicos e a alimentação correta. A curitibana Isabelle Campestrini, 29 anos, se orgulha das curvas que tem. É modelo, advogada e dona da coroa de Miss Brasil Plus Size 2014 – concurso de beleza que avalia as mulheres de manequins maiores. Hoje no manequim 48, ela cresceu sob bons

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olhos. “A vida toda meus pais procuraram monitorar a saúde e a alimentação, e são cuidados que eu tenho até hoje. Inclusive enquanto adulta é muito mais fácil, pois existe a maturidade para entender a importância e a necessidade desses cuidados”, conta Isabelle. Mas, o risco está no sobrepeso, que é prejudicial à saúde. A endocrinologista Daniele Zaninelli explica que, “O peso está diretamente relacionado à origem de doenças, como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares e até alguns tipos de câncer”. O surgimento das complicações é uma questão de tempo.

FOTO: CAROL PASTRO

Kathulin Tanan


Isabelle é um exemplo de que gostar do próprio corpo é dar a ele mais do que visitas a uma clínica de estética. Ela é acompanhada por um endocrinologista e outros profissionais da saúde, e assim consegue manter a diabetes e o colesterol, por exemplo, fora dos níveis de risco. Pra ela, “estar acima do peso não necessariamente significa estar com problemas”. Não mesmo, mas nem sempre é possível saber quem ficará livre das complicações que o sobrepeso pode trazer, assim, prevenir é a melhor forma. Danielle Zaninelli diz que mesmo perdas modestas de peso, como 5 ou 10%, já são capazes de reduzir muito a chance de danos à saúde. Pense que engordamos quando ingerimos mais calorias do que gastamos, uma coisa depende da outra. “Devemos priorizar o estímulo ao consumo de alimentos saudáveis mais do que formular proibições. A maior dificuldade está no controle do consumo de doces e carboidratos (pães, massas)”, explicou a endocrinologista. É aí que mora o perigo. O descontrole nessa parte da alimentação pode trazer grandes prejuízos. Então, muito cuidado com as “tentações”. Isabelle é apaixonada por um chocolate, mas regula. Procura comer duas vezes na semana, e se tem muita vontade prefere os pequenos, para matar o desejo e esquecer. Os exercícios ajudam no controle desse apetite e na tendência de escolher alimentos mais saudáveis, além de combater o estresse e a ansiedade, importantes fatores relacionados a hábitos alimentares ruins.

DEVEMOS PRIORIZAR O ESTÍMULO AO CONSUMO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS MAIS DO QUE FORMUL AR PROIBIÇÕES DEPOIS DOS 30 Atenção se você já passou dos 30 anos de idade. Segundo a endocrinologista Danielle Zaninelli, “nessa fase, existe a tendência ao aumento de peso, mesmo mantendo os hábitos alimentares e exercícios. Isso se agrava após os 40, ainda mais com a chegada da menopausa, porque com o envelhecimento há um aumento da massa gorda e redução da massa muscular”. Mesmo assim, não abandone os cuidados. Coloque em ação aquela vontade de mudar que só ficou na cabeça. Siga a orientação da médica: escolha uma atividade prazerosa para ser praticada cinco vezes por semana durante 30 minutos. A intensidade deve ser moderada quando possível, ou leve, dependendo das preferências individuais. Atividade física regular muda o rumo da sua saúde e trará um futuro muito mais prazeroso e com qualidade de vida.

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NU T RIÇ Ã O

TRANSGÊNICOS Eles estão na sua mesa Texto

Kathulin Tanan

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a hora de ir ao mercado, além da lista que ajuda a lembrar de tudo o que é preciso levar pra casa, é importante observar o que está impresso no lado de fora da embalagem dos alimentos. Além da data de validade e dos componentes escritos no rótulo, já notou um símbolo como este ao lado em meio às compras? Este selo indica que o alimento tem mais de 1%

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de ingredientes modificados geneticamente através do processo da transgenia – ingredientes conhecidos popularmente como transgênicos. Para explicar melhor, é um processo que une boas características de uma planta e de outra para a formação de uma terceira, que compõe os alimentos que vão para a nossa mesa. Esta ideia começou nos Estados


Unidos e hoje está em quase tudo o que comemos. “Se existe uma planta com boa produção, mas sujeita ao ataque de pragas, e outra resistente às pragas, mas com produção ruim, tenta-se combinar as duas em laboratório. Isso com qualquer ser vivo. É assim com milho, soja, algodão, arroz, alface, etc.”, explicou o agrônomo e professor de Genética da UFPR, Juarez Gabardo. Só no Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) calcula que existam em torno de 95% de soja transgênica e 98% de milho. Esses altos índices mostram que o produtor prefere recorrer às sementes modificadas, mesmo pagando mais caro por elas, pois o resultado será de uma colheita farta numericamente e um produto mais bonito e atraente aos olhos do consumidor. Porém, dessa transformação à nossa mesa, os alimentos passam por testes controlados pela CTNBio, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. A professora de Fisiologia Vegetal e Biotecnologia da UFPR, Marguerite Quoirin, esclarece que profissionais da saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, agricultura e outros autorizam a comercialização após estudos em vários níveis, que avaliam os eventuais riscos para a saúde do homem e do animal e para o meio ambiente. Mesmo assim, consumir o que é natural, puro e com a menor interferência humana tende a ser a melhor opção e a mais saudável. Por isso, há uma

CONSUMIR O QUE É NATURAL, PURO E COM A MENOR INTERFERÊNCIA HUMANA TENDE A SER A MELHOR OPÇÃO E A MAIS SAUDÁVEL escolha, os alimentos sem alteração em suas características genéticas, ou seja, aqueles que mantêm as características com as quais “nasceram”, desde que existem no mundo, os orgânicos. Nesse cultivo, Marguerite explica que não são usados agrotóxicos nem adubos produzidos pela indústria química, então há menos resíduos na alimentação. Por outro lado, eles podem estar contaminados por bactérias que surgiram com o uso de produtos também orgânicos para matar possíveis pragas na plantação. A indicação desses alimentos é pequena, mesmo que também exista um selo pra eles, pois trata-se de um tipo de agricultura mais simples, de semente do próprio agricultor e sem tanto controle. Segundo a cartilha do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, esses produtos vêm com indicações como “livre de transgênico” ou “alimento não transgênico”.

FOTO: JOÃO CAVALHEIRO JR.

No Brasil, para alimentação, apenas o cultivo de soja e milho está autorizado. Eles são utilizados para fabricação de diversos produtos.

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NU T RIÇ Ã O QUAL O IMPACTO NA SAÚDE? Até hoje, os testes e estudos feitos com os alimentos modificados geneticamente não apontam nenhum problema direto e repentino para o homem. Mas, a nutricionista funcional, Alessandra Sguario, afirma que em longo prazo, esses alimentos afetam as pessoas com alergia alimentar, câncer e intolerâncias a algumas substâncias. “A soja, por exemplo, desenvolve nas pessoas alergia, não por ser soja, mas por ser transgênica”, alertou. Sabe aquele óleo de soja tanto usado na cozinha para diferentes preparos? Ele é um dos produtos mais característicos entre os que possuem composição

transgênica. A maisena também, contém milho e é usada inclusive na papinha do bebê. Outro possível risco é a diminuição na absorção de nutrientes. Devido ao uso de agrotóxicos químicos, o alimento modificado pode impedir que seus nutrientes sejam absorvidos totalmente pelo organismo. Mas, repetindo, não há comprovação de que eles façam mal pra saúde, pelo menos não sozinhos. Fica a cargo do consumidor optar por um ou outro tipo de alimento. Pra isso, em 2005 foi regulamentada a lei que obrigada as indústrias a informarem se o alimento é ou não transgênico, através do “T” nas embalagens – o que por enquanto não é cumprido por todas.

NÃO QUER CORRER O RISCO? Se a preferência é garantir um alimento o mais natural possível à mesa, o Circuito das Feiras Orgânicas em Curitiba é uma boa pedida. O horário de funcionamento é das 7h às 12h, com algumas exceções. Confira!

CABRAL

PRAÇA DA UCRÂNIA

Às quintas-feiras - Av. Paraná esquina com Rua Bom Jesus, Praça São Paulo da Cruz (Igreja do Cabral)

Aos sábados - Av. Candido Hartmann esquina com ruas Pe. Anchieta e Capitão Souza Franco.

EMATER

Às quartas-feiras - Rua Saldanha de Gama (Praça do avião)

Feira Mista, orgânico e convencional Às quartas-feiras - Rua da Bandeira, em frente à Emater

JARDIM BOTÂNICO Aos sábados - Rua Dr. Jorge Mayer, Praça de Itália ao lado da Igreja

MERCADO MUNICIPAL Setor Mercado Orgânico - Rua da Paz, 608. Às segundas-feiras - das 7h às 14h De terça a sábado - das 7h às 18h Aos domingos - das 7h às 13h.

PASSEIO PÚBLICO Aos sábados - Rua Presidente Faria

PORTÃO Às terças-feiras - Praça Desembargador Armando Carneiro, entre as ruas Prof. Euro Brandão e Av. República Argentina ao lado do terminal de ônibus Portão.

PRAÇA DO EXPEDICIONÁRIO

PRAÇA DO JAPÃO Às quintas-feiras - Av. República Argentina com Av. 7 de setembro

PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA Às quartas-feiras - das 7h às 11h Rua Papa João XXIII, ao lado da Prefeitura

SANTA FELICIDADE Aos sábados - Via Veneto, em frente à Rua da Cidadania de Santa Felicidade - Santa Felicidade.

SANTA QUITÉRIA Aos sábados - Praça Francisco Ribeiro Azevedo de Macedo, entre as ruas Boayuva, Curupaitins, Prof. Brasilio Ovídio da Costa e Capiberibe

SEMINÁRIO Às terças-feiras - Rua João Argemiro de Loyola

FEIRA NOTURNA Às terças-feiras, das 17h às 21h - Av. Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, esquina com a Rua Gotlieb Rosenau, no Cristo Rei.

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A INVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO A “pátria educadora” está andando para trás Texto

Kathulin Tanan

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Brasil ocupa o 38° lugar entre 40 países avaliados pelo desempenho educacional em 2014, conforme a pesquisa “A Curva de Aprendizado 2014”, da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU). Uma posição acima, se comparada ao primeiro relatório divulgado em 2012. Porém, não é reflexo de melhora, mas de queda no índice do México. O ranking compara resultado de provas (matemática, ciência e leitura) e índices, como taxas de alfabetização e aprovação escolar.

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Em âmbito nacional, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2013 mostrou que o Brasil não alcançou as metas nos anos finais do ensino fundamental (6° e 9° ano) nem no ensino médio. Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014 também apontaram a urgente necessidade de mudança. Entre os 6,2 milhões de candidatos, as médias em matemática e redação caíram 7,3% e 9,7%, respectivamente, em relação a 2013. Na redação, mais de 529 mil tiraram nota zero. Somente 250 alcançaram nota máxima. São números que não se adequam ao lema anunciado pela presidente Dilma Rousseff para este mandato. No dia de sua posse, ela declarou “Brasil, Pátria Educadora”. Como fazer jus a esse lema nos moldes em que anda a educação? O cenário mostra uma nação com muito trabalho pela frente, e trabalho urgente! “Se compararmos a educação de hoje com a de 30 anos, melhorou. Se comparar com o que se exige hoje da educação, pioramos. É como se avançássemos ficando para trás, porque as exigências educacionais crescem mais rapidamente do que a educação melhora. Há 30 anos, não tinha escola para 30% das crianças. Agora, elas estão na escola, mas em escolas muito deficientes”, declarou o ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque, em entrevista ao portal Zero Hora. A coordenadora-geral do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, alerta para o atraso do Brasil em comparação aos países desenvolvidos. “Esses países já aumentaram seus desempenhos, não há como regredirmos, já extrapolamos no tempo. É preciso ter políticas públicas que moldem essa trajetória. Uma política muito importante é a formação de professores e o aumento da atratividade da carreira”. Quem passou pela graduação em pedagogia confirma a necessidade de mudança no curso. Evelin Baranhuk é coordenadora pedagógica atualmente, mas atuou como professora por 14 anos. Ela cursou o ensino médio junto com magistério e depois recorreu à universidade. Porém, não viu tanto aproveitamento na graduação, achou teórico demais, sem preparo para os desafios diários da sala de aula. Diferente do magistério, do qual carrega os melhores ensinamentos teóricos e práticos até hoje. “Está mais fácil entrar na universidade, por isso há muitos professores que não sabem escrever direito ou produzir um texto sequer”.

INVESTIMENTOS POR ALUNO NOS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR (US$)*

SUÍÇA ESTADOS UNIDOS SUÉCIA JAPÃO MÉDIA DA OCDE ESPANHA ITÁLIA ISRAEL CHILE RÚSSIA MÉXICO TURQUIA BRASIL INDONÉSIA

16.090 15.345 12.426 10.646 9.487 9.454 8.790 7.167 5.522 5.328 3.286 3.240 3.066 625

Fonte: Relatório publicado em 2014 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os valores são de 2012, em dólares ajustados pela paridade do poder de compra (PPC). O Brasil ocupa o penúltimo lugar entre 35 países pesquisados, distanciando-se e muito da média dos países mais desenvolvidos.

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C A PA

Alejandra concorda com a educadora e diz que os cursos não dão ferramentas para o professor ter melhor desempenho em sala de aula e enfrentar esse desafio. “Não se aprende gestão de sala de aula”. O sistema também é reflexo da qualidade de seus professores. Depois da graduação, são poucos os que buscam cursos de capacitação para aprimorar o conhecimento. Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2014, do total de professores no Brasil, apenas 10% fizeram cursos de formação custeados pelo governo federal. O Censo Escolar divulgou que no ano de 2013, 21,5% dos professores que davam aulas nos anos finais do ensino fundamental não tinham ensino superior. Justamente os anos que não alcançaram a média no Ideb 2013. Dos educadores que estavam em sala, 35,4% não estavam habilitados para lecionar, ou seja, não tinha licenciatura. Eram profissionais de outras áreas, como administração, direito ou outra formação superior, que assumiam aulas de ciências, matemática, educação física, sem desenvolvimento das capacidades específicas para tal. Em 24 anos como educadora, Evelin ministra cursos de capacitação na rede pública. “Eu vi muito professor que vestia a camisa, mas outros que não estavam nem aí. Alguns olhavam pra mim e diziam: posso ir embora agora? A gente estava falando de curso de capacitação, e eles preocupados com qualquer outra coisa”. A qualidade do ensino em sala também esbarra na infraestrutura. Um professor de ciências em algumas escolas não tem a garantia de um recurso básico para a matéria, um laboratório. Em casos mais sérios, é possível encontrar escolas sem água potável, esgoto sanitário, sem biblioteca, sem acervo, sem importância à leitura. Em escolas particulares, onde se paga pelo ensino, a situação também não anda lá essas coisas. Segundo o Ideb 2013, as redes particulares foram responsáveis, em boa escala, pela queda nos indicadores. Porém, como existem diversas redes de ensino privado, não há um padrão. Os pais correm o risco de custear um estudo sem qualidade, apenas por acreditar no sucesso da escola particular. 28 ABR. 15

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...AS EXIGÊNCIAS EDUCACIONAIS CRESCEM MAIS RAPIDAMENTE DO QUE A EDUCAÇÃO MELHORA. HÁ 30 ANOS, NÃO TINHA ESCOL A PARA 30% DAS CRIANÇAS. AGORA, EL AS ESTÃO NA ESCOL A, MAS EM ESCOL AS MUITO DEFICIENTES Cristovam Buarque

“A educação privada na média apresenta melhor desempenho, mas há uma grande diversidade dentro da rede. Se olhar localmente, muitas vezes a pública é muito melhor”, alertou a coordenadora do Todos Pela Educação. Independente de pagar ou não pela educação dos filhos, a forma como eles são ensinados é o que mais conta. Alejandra acredita que a grande deficiência no ensino, depois da má formação dos professores, é repassar o conhecimento apenas teoricamente. O aluno precisa ver sentido no que está aprendendo, por isso é preciso que o professor faça essa relação entre o cotidiano e as disciplinas. É uma prática que exige domínio do conteúdo e bom repertório didático. No colégio onde a Evelin trabalha, há casos típicos de falta de aprendizado. Como a instituição faz parte de uma rede privada, recebe alunos que já fizeram uma parte dos anos em escola pública. O déficit de conhecimento observado é assustador. Há alunos do terceiro ano do fundamental que ainda não sabem escrever. Como uma criança assim passou de ano? Um dos motivos é a aprovação do aluno não capacitado para o próximo ano. A coordenadora pedagógica conta que o ensino público evita ao máximo a reprovação para não “interromper” o ciclo e não segurar vaga. Alguns chegam ao quinto ano escrevendo com muita dificuldade.


PAIXÃO PELO ENSINO FAZ DIFERENÇA

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

ircundando essas deficiências, há professores com muito gosto pelo ensino. São esses que retiram força da própria motivação para o trabalho bem feito. Na época de professora, Evelin Baranhuk passava os horários de almoço comendo dentro do ônibus no caminho de uma escola para a outra. A maior motivação estava em ensinar uma criança a ler e escrever, ser parte do crescimento educacional dela. Pela própria experiência, acredita que é possível os professores serem melhores, se quiserem. “Se realmente for um profissional encantado, gostar de lecionar, por mais que ele não tenha recurso, ele cria. Procura recursos cantando, na sucata, em patrocínio. O pouco que ainda tem do sucesso da escola pública se dá por causa dos professores, não pelo investimento do governo. Um aluno só se encanta pelos estudos quando o professor faz com muita vontade”. Mas, a motivação desse profissional também depende do auxílio da família no desenvolvimento do aluno para ter sucesso. Ela precisa influenciar no aprimoramento do conhecimento fora de sala de aula e no melhor desempenho dentro dela. O movimento Todos Pela Educação criou uma agenda com cinco atitudes que as famílias podem ter. “Uma delas é realizar atividades esportivas e culturais com os filhos. Além de conversar sobre educação no dia a dia, valorizar a educação e o professor diante do filho. Quantas vezes a família fala mal do professor na frente do filho? O certo deveria ser ensinar a criança a importância do professor no desenvolvimento dela”, contou Alessandra.

“Um aluno só se encanta pelos estudos quando o professor faz com muita vontade”

Na escola pública não há uma cobrança direta aos pais para esse acompanhamento. Poucas reuniões de pais são feitas e há aqueles que não se interessam. Um ponto falho também no ensino privado. Por estar pagando, há pais que acreditam que o papel da educação integral dos filhos depende da escola. “Essa parceria [pais, alunos e escola] ajuda bastante. Não adianta só colocar na escola e dizer: ensinem! Sem apoio da família, não acontece”, alertou Evelin.

SALÁRIOS TAMBÉM CONTAM O bom desempenho do professor também depende de um salário compatível às horas de trabalho e desgaste da profissão. Não quer dizer que a qualidade do ensino dependa disso, mas o professor também tem família e contas a pagar. Se a profissão é bem remunerada, se torna um atrativo. O que é destaque para países como Alemanha e Estados Unidos, onde o salário na docência é duas vezes maior do que no Brasil e leva mais jovens a se interessarem pela área. Uma das metas do Plano Nacional de Educação estabelece um prazo de seis anos para ajustar o salário dos professores aos dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Este ano, o piso salarial nacional dos docentes subiu de R$ 1.697,39 para R$1.918,16. Mas o gasto anual com os educadores no país ainda é muito ruim em vista dos países desenvolvidos.

VEJA A MÉDIA DE SALÁRIOS DE ALGUMAS PROFISSÕES: R$1.918,16 R$ 2.216,07 R$ 2.540,74 R$ 2.620,43 R$ 3.635,83 R$ 4.514,61 R$ 6.772,82 R$ 7.029,95 Fonte: Catho

PROFESSOR ADMINISTRADOR ADVOGADO CÍVEL FARMACÊUTICO PILOTO DE AVIÃO CONTADOR ENGENHEIRO CIVIL MÉDICO CLÍNICO GERAL 29


C A PA

MERCADO DE TRABALHO EM CHEQUE

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déficit no aprendizado impacta na qualidade do serviço nas empresas. Das universidades, que já são continuidade do ensino falho na educação básica, fundamental e do ensino médio, saem profissionais com perfis cada vez mais fragilizados, com menor capacidade intelectual e operacional. “A falta de conhecimento técnico é muito prejudicial ao bom funcionamento, qualidade e produtividade das organizações. Se não tivermos bons profissionais desempenhando uma determinada atividade, todos perdem, a empresa, clientes, funcionários e sócios”, salientou o diretor da região sul da empresa de RH De

Bernt Entschev, Rômulo Machado. A empresa percebe uma diferença na qualidade do trabalho em diferentes regiões do país. Um resultado da desigualdade do investimento e apoio na educação entre os próprios estados brasileiros. Ele recomenda que os profissionais nunca parem o processo de aprendizado. A universidade não é a única fonte de conhecimento depois da escola, pois também apresenta deficiências. “Os profissionais têm que estar atualizados para se manterem produtivos e empregáveis até mesmo na própria empresa”, orientou.

EDUCAÇÃO NO PARANÁ EM COLAPSO

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Professores ocuparam a Assembleia Legislativa em protesto contra o pacotaço do governo estadual.

rescisão contratual dos professores temporários, a garantia do pagamento do terço de férias da educação básica e das instituições de ensino superior até o dia 31 de março. O governo também se comprometeu a nomear 463 professores e mil pedagogos, quitar os atrasados dos funcionários até o mês de agosto e dos professores até outubro deste ano.

FOTO: SINPROPAR

o dia 9 de fevereiro, os alunos que retornariam de férias tiveram de ficar em casa. As ruas de Curitiba foram pintadas de professores da rede pública que decidiram gritar por mudanças ao invés de entrar em sala de aula. Nesse dia, a Assembleia Legislativa do Paraná votaria um conjunto de medidas propostas pelo governo, como mudança no plano de previdência dos servidores públicos, redução do adicional por tempo de serviço, mudanças no plano de carreira, entre outras. Sem falar no corte de funcionários temporários, às vésperas do início do ano letivo, para poupar despesas. Foram várias turmas fechadas e salários atrasados (o terço de férias não havia sido pago desde dezembro e promoções estavam suspensas). Eles chegaram a ocupar o plenário da Assembleia Legislativa exigindo a retirada do que foi chamado de “pacotaço” e a manutenção dos direitos dos servidores. O movimento se encerrou no 29° dia, após assembleia que reuniu milhares de professores da rede estadual no Estádio da Vila Capanema, em Curitiba. A categoria conseguiu o pagamento da


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HOME M DE V E RD A DE

MENINOS ACAMPAM, HOMENS CONSTROEM LARES Texto Sérgio A. de Oliveira

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sses dias li uma frase que me levou a uma reflexão profunda: “A única maneira de ser viril, é antes, ser piedoso.” Vivemos em uma época onde os homens estão buscando cada vez mais sua masculinidade. Tal virilidade é, para alguns, demonstrada através do fisiculturismo. Para outros, a verdadeira masculinidade esta baseada na sexualidade, quanto mais sexo houver, mas homem será. Existe ainda aqueles que determinam a masculinidade sobrepujando-se a outros através da violência, agressão e gritaria. No entanto, ter um corpo definido e

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modelado, ou ser sexualmente ativo, ou ainda ser violento, estão longe de serem sinais de masculinidade. Mas antes de abordar o cerne dessa questão, gostaria de fazer uma pergunta retórica: teríamos nós homens nos tornado produto do meio em que vivemos? É possível que sim. É bem provável que a sociedade tenha definido um perfil para os homens que esteja longe de ser a ideia que Deus tinha em mente ao criar-nos. Isso merece reflexão! Li um artigo sobre dez tipos de homens que estão espalhados por nossa sociedade.


VIRILIDADE E M A S C U L I N I D­ A D E SERIAM MELHOR EXPOSTAS SE NOS DISPUSÉSSEMOS A GUERREAR AS BATALHAS DO SENHOR EM NOSSOS AMBIENTES DE TRABALHO, NEGÓCIOS, CARREIRAS U N I V E R ­S I T Á R I A S E FAMÍLIAS

O homem carinhoso, o homem prestativo, o homem romântico, o homem divertido, o homem inteligente, o homem trabalhador, o homem perfumado, o homem que fala a verdade, o homem fiel, o homem bonito, o homem metrossexual. O problema é que nenhum desses adjetivos nos relacionam a Cristo. Não estou dizendo que não tenhamos que possuir essas características, mas estou afirmando que essas características não podem ilustrar um “homem de verdade”. A frase citada no início desta reflexão aborda uma verdade que muitos certamente discordarão, a única maneira de ser viril, é, antes, ser piedoso. Esclareço que a palavra piedoso, quer dizer “temente a Deus”, aqui se encontra o eixo de nossa masculinidade. Veremos isso nas palavras do próprio Senhor quando disse a Moisés que dentre todo o povo procurasse homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade. A verdadeira virilidade esta atrelada ao temor que temos a Deus e as suas prescrições. No exemplo clássico de Davi, intrigante personagem bíblico, podemos observar uma dualidade que merece de fato nossa atenção. Sim, merece nossa atenção porque Davi foi um guerreiro sangrento. Sua vida foi marcada por conquistas de reinos e territórios, ele mesmo, no livro dos Salmos, pede perdão a Deus pelos seus crimes de sangue que não foram poucos. O próprio Deus disse que ele não construiria o templo para o Senhor porque era um homem com as mãos manchadas de sangue. Apesar disso, esse guerreiro sanguinário, durante as noites, tomava a sua harpa e entoava hinos de louvor a Deus. Ele era guerreiro, mas era também poeta. Observe que estamos diante de dois polos opostos. Quando pensamos em um “guerreiro” pensamos em alguém violento, cheio de cicatrizes, semblante aguerrido, hábil com a espada, disposto a destrinchar seus adversários.

No entanto, se pensamos em um poeta, pensamos em uma pessoa, dócil, gentil, de semblante sereno e olhar contemplativo. E a pergunta que não quer calar é como Davi possuía essas duas características paradoxais? A resposta é a seguinte: ele era um homem temente a Deus, mais do que isso, ele era um homem segundo o coração de Deus. Me pergunto se nós homens cristãos, não deveríamos trilhar um caminho semelhante ao de Davi. Creio que a nossa virilidade e masculinidade seriam melhor expostas se nos dispuséssemos a guerrear as batalhas do Senhor em nossos ambientes de trabalho, em nossos negócios, em nossas carreiras universitárias, em nossas famílias, enfim, que cada vitória obtida em nosso viver diário fosse conquista de “territórios” para nosso Senhor. O homem de verdade é sem dúvida um guerreiro. Mas esse guerreiro é também um poeta. Ele chora aos pés do Senhor, seu coração é contrito e ainda que ele se achega as batalhas com rosto de leão, diante do Senhor ele se mostra com rosto terno de um cordeiro indefeso que necessita de um pastor. Edward M. Bounds, escritor e clérigo metodista que viveu entre 1835 e 1913, disse: “A igreja está procurando por métodos melhores; Deus está buscando homens melhores”. Pensemos nisto! 33


E N T RE NÓ S

AMOR É UMA ESCOLHA A FELICIDADE É CONSEQUÊNCIA

O

Por

Amália Dornellas Jornalista por formação. Ministra curso de noivos para casais que desejam ingressar no casamento sabendo lidar com os problemas antes mesmo de aparecerem. A cada edição a coluna Entre nós irá abordar temas que fazem bem para

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o amor.

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rganizar o casamento é a primeira grande tarefa que os noivos precisam enfrentar como casal. A dificuldade de entrar em consenso começa na lista dos convidados e nas prioridades do orçamento. O que é importante para um não faz sentido para o outro. Abre-se a temporada de longas discussões. Nesse cenário podemos entender a primeira grande lição para o casamento: amor não é um sentimento. É uma escolha. O amor que nutre um casamento saudável é aquele que enxerga primeiro as necessidades do outro. É aquele que coloca a felicidade do cônjuge a frente da sua. Ele não tolera o egoísmo e abre mão de suas vontades para ver o outro feliz. Se os noivos não conseguem abrir mão de pequenas coisas pelo outro nos preparativos do grande dia, terão grandes dificuldades para evitar discussões maiores morando debaixo do mesmo teto. O amor é uma escolha. Ele abre mão da intolerância e escolhe a paciência. Ele não é invejoso, nem orgulhoso e não procura seus próprios interesses. Não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor verdadeiro prefere a verdade, sempre. O amor sabe esperar, sabe suportar. Agir dessa forma é uma atitude racional. Escolher fazer meu cônjuge

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feliz ao invés de impor minha vontade é uma decisão que preciso tomar todas as manhãs. Esse amor não é movido por sentimentos incontroláveis. É movido pela ação diária de priorizar a felicidade de quem está ao seu lado e agir para que essa felicidade se concretize. A paixão que arrebata a alma é impetuosa, não pensa, age por impulso. Deixá-la tomar conta de sua relação, sem dar abertura para esse amor, faz com que você priorize a imposição de suas vontades, traz o foco para o individualismo e não sustentará seu relacionamento. Quando o foco da relação é o outro, o casamento se torna uma via dupla. Se a felicidade do meu cônjuge é a minha prioridade e a minha felicidade também é a prioridade dele, a harmonia necessária para o dia a dia de uma vida a dois debaixo do mesmo teto se instala. Escolher amar o outro dessa forma todos os dias é abrir caminho para viver a plenitude de um casamento saudável. Se pensar bem, fazer seu cônjuge feliz pode ser uma tarefa simples pautada em pequenos gestos todos os dias. Ao acordar novamente amanhã, diga para você mesmo: hoje escolho amar meu cônjuge. Hoje escolho colocar a felicidade dele a frente da minha razão. Depois me conte o resultado.


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C ONE C T E -SE

SHOW

Jesus Culture one-nights Local: Igreja Bola de Neve Curitiba Data: 27 de abril de 2015 Início: 20h Ingressos: www.boladenevecuritiba.com.br O Brasil finalmente entrou na turnê da banda Jesus Culture e o show em Curitiba é aguardado pelos fãs com ansiedade. O ministério surgiu em 1999, quando um grupo de jovens da Igreja Bethel, em Redding, na Califórnia, iniciou uma conferência com o nome Jesus Culture com o objetivo de servir outras igrejas e levar jovens a viver a experiência do amor radical de Deus. Sob a coordenação do Pr. Banning Liebscher, a conferência ganhou visibilidade nos Estados Unidos e se transformou em febre mundial. Foi aí que surgiu a banda que leva o mesmo nome do movimento e que já lançou oito álbuns.

Da Eternidade

MÚSICA

O novo álbum de Fernanda Brum apresenta 13 canções, sendo nove inéditas, três versões e uma regravação. Uma faixa de ministração completa o álbum captado totalmente ao vivo na igreja onde a cantora e seu marido, o produtor Emerson Pinheiro, atuam como pastores auxiliares. Destaque para a canção “Alguém vai me ouvir”, na qual Fernanda clama “pelos meninos de Sarajevo, pelas meninas da Central, pelos homens do sertão, pelas mulheres da cracolândia, pelas mães da Cinelândia”, ratificando seu engajamento missionário. 36 ABR. 15

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Fernanda Brum R$ 17,99 | MK Música | 2015


LIVROS Produtividade máxima Tamara Schwambach Kano Myles Editora Sextante | R$ 29,90 | 2014 Para a autora, a organização do tempo e a capacidade de geri-lo em benefício próprio não é apenas um talento, mas uma habilidade que pode ser desenvolvida. O livro ajuda o leitor a desenvolver essa prática, sugerindo métodos e técnicas para organização do espaço de trabalho, gerenciamento de e-mails, planejamento diário e até um guia sobre como estabelecer metas e conferir se o caminho para elas está, realmente, funcionando. Leitura obrigatória!

Perdão total Um livro para quem não se perdoa e para quem não consegue perdoar Maurício Zagari Editora Mundo Cristão | R$ 19,90 | 2014 Trata-se de uma obra de inspiração com dois objetivos: levar paz a pessoas que se arrependeram de seus erros, mas não conseguem se sentir no direito de desfrutar do perdão, e levar à reflexão aquelas que veem com reprovação os pecadores, usando Cristo como exemplo de graça e misericórdia. Uma leitura para arejar a alma!

CINEMA Sniper Americano 2015 | Ação e Biografia | 2h13min Com seis indicações ao Oscar, incluindo o de Melhor Filme, e uma estatueta, a de melhor edição de som, Sniper Americano, conta a história real de um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Ao longo de dez anos recebeu inúmeras condecorações por sua atuação na guerra do Iraque, sendo responsável pela morte de mais de 150 pessoas. O filme, adaptação do livro The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History, é protagonizado por Bradley Cooper e dirigido por Clint Eastwood. 37


S A ÚDE & BE M-E S TA R

AZIA, QUEIMAÇÃO, REFLUXO Levante a mão quem nunca sentiu O QUE É? A doença do refluxo gastroesofágico ou DRGE é um dos problemas mais comuns relacionados ao aparelho digestivo. Ele ocorre quando o anel de músculo – que fica na parte inferior do esôfago e que age como uma válvula entre o esôfago e o estômago – não se fecha adequadamente, permitindo com que o conteúdo do estômago extravase de volta para o esôfago. Ao tocar a parede do esôfago, o ácido refluído do estômago causa uma sensação de queimação no tórax ou garganta denominada pirose, a popularmente conhecida azia. Embora o refluxo seja mais comum em idosos e em gestantes, estima-se que cerca de 45% da população ocidental sofra ao menos uma crise de refluxo ao mês e entre 5 a 10% relatam sintomas diários.

> QUAIS OS SINTOMAS? Os principais sintomas são: azia e regurgitação de ácido (ele volta para o esôfago). Mas algumas pessoas têm DRGE sem azia. Elas apresentam dor no tórax, rouquidão pela manhã, dificuldades para engolir, tosse seca e/ou mau hálito.

> QUAIS SÃO AS CAUSAS? Há vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da DRGE, entre eles estão: hérnia do hiato, ingestão de bebidas alcoólicas, sobrepeso, gravidez e fumo. Alguns alimentos também podem estar associados com eventos de refluxo, como os ricos em gordura, que possuem cafeína, chocolates, refrigerantes, entre outros.

> QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS PARA DRGE? Por

Paulo Nassif Cirurgião do aparelho digestivo e coordenador de equipe multidisciplinar de tratamento cirúrgico da obesidade.

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Se você sofre com a azia ou qualquer um dos outros sintomas frequentemente, é importante procurar um gastroenterologista, que após a realização de exames indicará o tratamento mais adequado de acordo com a gravidade da doença. O tratamento compreende em alterações do estilo de vida, medicamentos e, dependendo do caso, cirurgia.


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BE M B OL A DO

D Por

Simone Mota Jornalista apaixonada por todos os esportes. Acompanhe mensalmente nesta coluna um pouco sobre esse universo.

efinitivamente, a graça dos campeonatos está na rivalidade. Ganhar é sempre bom. Mas ganhar do time arquirrival é um feito! Todo esporte se justifica pelas competições que são acompanhadas de perto pelas torcidas, mas pelas bandas de cá nada recebe tanta atenção quanto o nosso velho, mas já não tão bom, futebol. As torcidas realizam verdadeiros shows a parte. O estender da bandeira e as baterias inflamadas causam uma comoção especial. Estar no estádio é uma experiência inexplicável! O problema, muitas vezes, são os shows de horror. E o que deveria ser entretenimento, vira caso de polícia.

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Mais assustador ainda é pensar que os casos são muitos e tão frequentes que a notícia de um torcedor morto pela torcida adversária ficou banal. Quase não choca. Recentemente, numa das ideias mais geniais de marketing que já presenciei no futebol brasileiro, o time do Inter, Sport Club Internacional, lá do Rio Grande do Sul, promoveu o encontro de torcidas com a venda casada de mil ingressos. Dentro deste lote, cada torcedor colorado pagou por um ingresso e ganhou o direito de levar ao estádio um amigo gremista. A única exigência é que cada torcedor comparecesse ao estádio com a camisa de seu clube.

FOTOS: ALEXANDRE LOPS

RIVALIDADE, UM PRETEXTO PARA O ÓDIO?


UMA CELEBRAÇÃO A RIVALIDADE QUE DÁ SENTIDO AOS CAMPEONATOS. UMA CELEBRAÇÃO ÀS PROVOCAÇÕES DO DIA SEGUINTE. UMA CELEBRAÇÃO À PAZ! E uma bela provocação aos animais que pensam que torcer contra é se tornar terrorista. Sim, porque não consigo ver diferença entre homens violentos que tiram a vida de alguém usando como pretexto o “time do coração” e terroristas que justificam sua crueldade em nome de algum deus. Durante o comentado jogo, a imagem misturada das camisas com vermelho e branco e o tricolor do preto, azul e branco causava um orgulho na gente que ainda tenta ser, verdadeiramente, humano. Mas os loucos estavam lá fora, espalhando sua loucura e deixando marcas sangrentas. A polícia teve trabalho. E a cobertura do evento precisou ceder espaço para a verdade cruel de que a maldade ainda está presente em torno, e às vezes até dentro, dos nossos estádios. Até quando? Acordem, malucos! Futebol é alegria, é algazarra, é pretexto para ótimas piadinhas e montagens criativas

pela internet afora. Futebol é motivo para provocar o chefe no dia seguinte sem gerar uma justa causa. Futebol é pretexto para provocações entre irmãos, casais, pais e filhos que divergem em sua torcida, mas também é motivo pra se abraçar e gritar esgoelado quando aquele gol sofrido sai aos 48 do segundo tempo e lasca com o time adversário, somando três pontos preciosos ou eliminando aquele timeco rival. Futebol é saúde para os que praticam. Alegria e até tristeza para os que torcem. Impaciência para os que não gostam tanto e precisam ceder a televisão. Celebração ou consolação entre os que se reúnem para assistir ao jogo. Futebol não é, mesmo que tentem transformar, motivo de guerra. Vocês não são torcedores, são bandidos e assassinos disfarçados sob o manto sagrado do time do nosso coração. Tenho fé que um dia vocês serão eliminados do show que é o nosso esporte preferido.

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RE F E RÊ NCI A

Medicina Paixão e dom em primeiro lugar

Texto

Amália Dornellas Fotos

João Cavalheiro Jr.

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édico há 41 anos, Dr. William Feres conta com paixão o que é exercer a medicina. Do exemplo do tio, que foi o primeiro médico na família, formaram-se 28 profissionais. Dos quatro filhos, três escolheram a medicina como profissão, por paixão também. Hora do almoço e do jantar sempre foi à mesa, com os filhos. Acostumado a ouvir sobre medicina na infância, contava os casos para as crianças, que ficavam deslumbradas com a área. Na entrevista para a Revista Conecte, Dr. William revela se ainda vale a pena fazer medicina e afirma que altruísmo, amor aos estudos e honestidade são características essenciais para exercê-la.


POR QUE ESCOLHEU MEDICINA? Na época dos meus cinco anos passava todas as férias no interior, na fazenda do meu avô. Meu tio era médico e saía da cidade onde trabalhava e ia para a fazenda descansar. Meu tio chegava e ia dormir, lá por 6h30 acordava, tomava banho, e eu ficava esperando por ele para ouvir suas histórias, e ficava deslumbrado. E assim eu decidi que queria ser médico. Ele foi minha inspiração maior. Desenvolvi um amor muito grande pela profissão pelo exemplo de um grande homem.

QUAIS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS PARA SER MÉDICO? Ter altruísmo. Se não tiver, e hoje os médicos não têm, se distanciaram do paciente, não olham no rosto, não examinam, não tocam na mão do paciente, não fazem diagnóstico, pedem um monte de exames, imagens laboratoriais, olham o papel e novamente não olham o paciente. O médico tem que olhar para o paciente e dizer: mesmo que me custe alguma coisa, quero ajudar essa pessoa. Gostar de estudar e de ler. A medicina em si não se aprende na faculdade, lá só se abrem janelas. Você vai aprender através de muito estudo, congressos, seminários, estudando em casa, sempre, o resto da vida, se quiser ser um médico bom. Não ter ambição financeira. Para quem sonha com uma vida deslumbre, medicina não é a melhor profissão hoje em dia. Ser honesto. Se cair num procedimento qualquer, onde tem propinas e malandragens, o médico se corrompe muito fácil e perde o foco. O foco é o paciente, sempre. Não é quanto eu vou ganhar. Não dá pra

abrir mão dessas características. Não perder a escala de prioridades: Deus, família, trabalho. É preciso tomar cuidado para não atropelar essa escala. Às vezes perde o filho, o cônjuge e sobe na profissão. Chega lá em cima e está sozinho, não tem ninguém pra comemorar. Quando meus filhos tinham entre dois e cinco anos, nunca mais entrei em hospital. Dei alta pros pacientes e não peguei mais ninguém. No final daquele ano, comprei um trailer e por 15 anos viajei com eles em férias, finais de semana prolongados ou não. Sempre procurando trabalhar bem durante a semana, sexta-feira à tardinha fechava o consultório e me tornava exclusivamente pai e marido. Essa escala de prioridades precisa estar bem clara.

VALE A PENA FAZER MEDICINA HOJE? Paixão é o único motivo hoje. Esquece que é para ganhar status, ficar rico. Se não fizer por paixão ou por alguma herança de família, como aconteceu comigo, não é mais uma carreira para ficar rico. É para correr muito, trabalhar demais e ter um retorno pequeno. O grande problema são os convênios que pagam muito pouco e cobram demais. E, principalmente para recém-formados, não tem convênios abertos, é tudo fechado. Você se obriga a fazer plantão de sábado, domingo, feriado, final de ano, emergências médicas na rua, se submetendo a um salário pequeno. Entram com uma motivação, mas no meio da carreira a perdem. Plantão tem todo dia em qualquer lugar. Não vai morrer de fome, mas vai ter que correr muito atrás pra ganhar o pão nosso de cada dia se imaginar que precisa ser um pão muito grande.

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RE F E RÊ NCI A

Além de médico por paixão e vocação, William Feres faz parte da liderança do ministério Algo Mais (casais), da Primeira Igreja Batista de Curitiba, é líder do ministério de noivos e do programa Celebrando a Recuperação. “Nosso casamento é uma paixão. A gente nunca brigou mais do que dez minutos sem pedir perdão. O casamento tem que ser trabalhado todos os dias. Errou? Para tudo, corrige e continua”, conta, com aquele sorriso apaixonado ao falar da esposa, Rute.

SEM PERDER O FOCO, É POSSÍVEL TER UMA VIDA ESTÁVEL COM A MEDICINA?

frustrado profissional. Aquele que está sofrendo muita pressão deve dizer ao pai: o respeito muito, mas não quero ver duas pessoas infelizes, eu e o senhor por me ver frustrado em fazer aquilo que não tem nada a ver comigo. O pai sábio percebe já nos primeiros anos o que a criança está sinalizando que vai fazer. Não precisa de muito segredo, é só olhar e enxergar as aptidões e tomar cuidado para não influenciar em áreas erradas. Um médico que tem pouca sociabilidade, por exemplo, não pode ser clínico. Vai matar o paciente. Não faça nada que você realmente não sente que é o seu dom. Para medicina tem que ter dom, do contrário se tornará uma pessoa frustrada.

Hoje não. Ainda mais hoje, onde você é cobrado pelo carro que tem, pela roupa que veste, a cobrança é muito grande. O médico acaba achando que isso é muito importante e começa a gastar mais do que ganha e começa a faltar. Para se posicionar numa classe social mais elevada precisa trabalhar muito, não sobra muito tempo para quase nada. E sempre falta. Nunca será suficiente. Pra realmente fazer o que faço hoje, atender de segunda a sexta, só no consultório, precisa ter um volume muito grande de pacientes e saber administrar os gastos. Às vezes, ganhar dez mil por mês para um médico é bom, mas sem perceber, vai É POSSÍVEL DESENVOLVER UMA VIDA entrando num nível de vida maior do que ele ganha. MINISTERIAL ATIVA SEGUINDO NA Se ganha dez mil já está gastando 15. E médico é CARREIRA MÉDICA? um péssimo administrador em geral. Ou é péssimo médico e ótimo administrador. Difícil as duas coisas Em 2013 completamos 200 retiros de casais, eu e ao mesmo tempo. a Rute. Começamos em 1983. Há três anos fizemos 12 em um ano. E o próprio consultório é uma forma de servir a Deus. Basta ficar atento às possibiliPARA O JOVEM QUE ESTÁ SOB dades. Ser médico já é um privilégio de ajudar as PRESSÃO PARA ESCOLHER MEDICINA, pessoas. Ser médico cristão é não depender só de QUAL É A SUA DICA? caneta e receituário. Você tem algo muito maior pra Há vários exemplos de pessoas que terminam a dar. E essa é a diferença, a cura não só física, mas faculdade de medicina, colocam o diploma numa emocional e espiritual. O médico cristão que não moldura, entregam para o pai, e vão fazer o que entende isso ainda não enxergou o propósito de querem. Toda pressão paterna gera um mau e Deus para sua carreira.

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C OMP OR TA ME N T O & DE SE N V OLV IME N T O HUM A NO Primeiro se mudam as mentes, depois os processos.

A “INGUINORANÇA É QUE ASTRAVANCA O POGRESSO”

H Por

Adeildo Nascimento Consultor, professor e palestrante em temas de desenvolvimento humano e organizacional com ampla vivência no mundo corporativo. Para ele, nenhuma das atividades que realiza é mais prazerosa do que ser esposo da Josélia e pai do João. Economista pela UFPR e pós-graduado em Liderança e Gestão de Pessoas pela UP/PR. Instrutor de programas de desenvolvimento de líderes como Volvo, ALL, Grupo Boticário, Renault, ITAIPU, Petrobrás, Grupo Positivo, entre outras.

ouve uma época onde algumas estantes de salas de estar brasileiras abrigavam um conjunto de livros vermelhos enfileirados e numerados, uma magnífica peça de decoração e do saber. A enciclopédia Barsa garantia aos seus possuidores acesso “ao compêndio único de todo o saber da humanidade”. O grande problema da época é que este saber era reservado a poucos, apenas aos mais endinheirados capazes de comprar a tal enciclopédia – vendida de porta em porta por vendedores competentes em apontar a diferença do saber na vida das pessoas. Contudo, uma coisa passava despercebida tanto de vendedores quanto de compradores da referida enciclopédia: o simples acesso ao conhecimento não é, por si só, garantia de progresso e desenvolvimento humano. O investimento feito a “duras penas” pelos pais nem sempre significava um futuro brilhante aos filhos. Isto porque a ignorância é uma escolha! Se no passado, onde o dinheiro garantia um acesso privilegiado ao conhecimento, a atitude era o diferencial, quanto mais hoje com todos os recursos

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Paulo Gracindo interpretou Odorico Paraguaçu na novela O Bem Amado, em 1973.

e acessos ao conhecimento disponibilizados de maneira gratuita – incluindo áudio books para os que têm preguiça de ler. Como dizia o célebre Odorico Paraguaçu, repetido várias vezes no bordão de Mário Tupinambá, em seu personagem Bertoldo Brecha: “A inguinorança é que astravanca o pogresso”. Não progredir e não se desenvolver é uma escolha, hoje mais do que nunca. Não há desculpa suficiente capaz de nos julgar inocentes pelas nossas próprias mazelas. Enquanto continuarmos escolhendo o conforto da ignorância seremos condenados ao subdesenvolvimento pessoal e social. Se antes era necessário muito dinheiro para ter conhecimento e informação e com isso reduzir a ignorância, hoje só é necessário desejo, vontade e atitude. Não existem saídas fáceis e mágicas, o verdadeiro progresso e prosperidade de uma pessoa ou sociedade está diretamente ligado a eliminação da ignorância, em todos os seus sentidos possíveis. A Barsa ainda existe, mas em terras de Google e Wikipédia sua luta é inglória, assim como a nossa enquanto insistirmos no uso excessivo do “eu não sabia”.


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E MB A R QUE

Abra del Acay - o ponto mais alto de uma rodovia em todo hemisfério sul, tem esse nome devido ao pico nevado Acay, situado logo ao lado.

AVENTURA EM TERRAS ARGENTINAS Texto e fotos

Evandro Augusto

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alar em turismo na Argentina provavelmente faça você pensar nas grandes cidades de Buenos Aires e Córdoba, ou quem sabe em Bariloche. Esses são os roteiros mais conhecidos de nossos hermanos, mas para quem gosta de aventura, provavelmente o noroeste argentino seja bem mais atraente. Salta e Jujuy são províncias argentinas que fazem divisa com Chile e Bolívia. Na região oeste dessas províncias se encontra a Cordilheira dos Andes e a continuação do Deserto do Atacama (Chile). Na entrada da Cordilheira e da região desértica, Salta é a capital da província de mesmo nome. Com cerca de meio milhão de habitantes, aeroporto internacional, diversas empresas de turismo e locadoras de carro, a cidade geralmente é o ponto de

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partida dos turistas. A fim de conhecer a cultura inca e entender bem o contexto histórico da região, os diversos museus da capital são um ótimo meio de começar a viagem. Feito isso, é hora de começar a aventura.

TREM DAS NUVENS Conhecido como um dos trens mais altos do mundo, o Tren a las Nubes parte de Salta as 7h, passa pela pequena cidade de San Antonio de los Cobres, e tem o ponto final na estação La Polvorilla. No percurso o trem faz algumas paradas em pequenos povoados, onde é possível comprar artigos típicos da cultura local. O trilho ainda inclui diversas pontes, túneis e viadutos, sendo o mais notório deles o Viaducto la Polvorilla, com 220 metros de altura do solo e a


4200 metros do nível do mar. O horário do desembarque em Salta é 23h48.

CAFAYATE Novamente em Salta, é hora de seguir viagem para Cafayate. O caminho, pela rota 68, passa pela Quebrada de las Conchas, um vale com cenários impressionantes. Diversos pontos merecem um tempo especial para apreciação, especialmente o anfiteatro (natural) e o mirante Tres Cruces. Todos eles são sinalizados com pequenas placas de madeira ao lado da estrada. Cafayate, apesar de pequena, possui uma ótima estrutura para turistas. A cidade é conhecida mundialmente por suas vinícolas, que em boa parte permitem visitação e degustação. Acima: a mistura das cores pálidas das montanhas e o verde que resiste no solo desértico na Quebrada de Las Flechas. Abaixo, à esquerda: A 220 metros do solo, o Viaducto La Polvorilla é o ponto mais alto da viagem com o Trem de Las Nubes. Ao lado, uma das incríveis formações rochosas esculpidas pelo vento na Quebrada de Las Conchas. É chamado de anfiteatro pela acústica perfeita de seu interior.

QUEBRADA DE LAS FLECHAS De Cafayate a Cachi são apenas 160 quilômetros, mas separe pelo menos quatro horas para o trajeto. A lendária Ruta 40 liga as duas cidades por um caminho não pavimentado. O ripio (cascalho) vai deixar a viagem um pouco mais lenta que de costume, mas não se preocupe, as condições da estrada são boas. O que tomará bastante tempo são as paisagens da Quebrada de las Flechas, um dos pontos altos da viagem. De Cachi é possível voltar para Salta pela rota 33 ou, para os mais aventureiros, seguir pela rota 40 para San Antonio de los Cobres (mais quatro horas). No inverno, a dificuldade desse trajeto aumenta e não é aconselhável. No verão, apesar de arriscado, é possível fazê-lo até com carro pequeno. Para fins de segurança, é importante comunicar a “Comisaria” de La Poma (última cidade antes do trecho de perigo) antes de atravessá-lo, e comunicar também a chegada em San Antonio de los Cobres.

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E MB A R QUE

Cidade aconchegante, Humahuaca não pode ficar de fora do roteiro.

ABRA DEL ACAY

JUJUY

A maior Rota Nacional da Argentina, a RN40, possui alguns trechos ruins no trajeto até S. A. de los Cobres, e alguns pontos de bastante dificuldade. É necessário atravessar riachos, formados pela neve que derrete nos picos, e passar pelo leito de rios secos, trechos com bastante pedra. O oxigênio, necessário para a combustão, é mais escasso devido a altitude, o que também diminui a potência do carro. As dificuldades passam a aparecer depois de La Poma, onde efetivamente se sobe a Cordilheira dos Andes. Em um trecho de 45 quilômetros, sobe-se quase 2 mil metros, chegando ao monumento Abra del Acay, o ponto mais alto de uma rodovia em todo o hemisfério sul. Apesar de dados novos apontarem alguns metros a mais, a altura oficialmente aceita para o ponto é de 4895 metros acima do nível do mar.

Entrando na província de Jujuy, temos outro ponto de destaque da região. São as Salinas Grandes. É uma espécie de lago de sal, proveniente de ações vulcânicas, com um total de 212 quilômetros quadrados. Saindo das Salinas, em direção a Humahuaca, depois da bela serra Cuesta de Lipan, passa-se pela cidade de Tilcara. Não deixe de conhecer o monumento histórico Pucará de Tilcara, uma fortaleza construída pelos indígenas há mais de mil anos. Humahuaca é outra cidade que não pode ficar de fora do roteiro. O monumento aos heróis da independência, a feirinha sobre o trilho do trem e a Serrania de Hornocal são imperdíveis. Também é de Humahuaca que saem os ônibus para a cidade de Iruya.

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IRUYA O caminho para Iruya pode ser feito de carro ou de ônibus. São cerca de 80 quilômetros de estrada desde Humahuaca, sendo 54 de rodovia não pavimentada. Fazer o trajeto no antigo ônibus, junto aos nativos, mochileiros e montanhistas é uma aventura e tanto, bastante gratificante. Já de carro a recompensa vem pela possibilidade de ajudar. Ao passar por algumas casas isoladas no meio do caminho, as crianças param no meio da rua para pedir doces, alimento e roupa. Iruya fica literalmente no meio das montanhas e possui diversos roteiros de trekking. São trajetos de baixa a alta dificuldade, de um a vários dias. Ainda que você não tenha a intenção de fazer nenhum deles, vale a pena conhecer essa encantadora e minúscula cidade. De tão pequena, apenas uma rua é transitável de carro, e não tem mais do que 500 metros. Para chegar a distritos mais distantes, segue-se pela rodovia, mas só é possível realizar esse caminho com veículos 4x4 ou moto.

O cenário no meio da montanha é uma paisagem imperdível em Iruya.

Os picos nevados durante trechos da estrada são de tirar o fôlego. As paisagens renovam a alma.

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C OMO E U V OU HO JE ?

E

y n n Ski

UMA DICA

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PARA ELES!

, em um momento de insanidade, resolvi falar um pouco sobre algo que não costumo falar muito: moda masculina. Não são poucos os amigos que me pedem uma opinião, alguma dica, ou mesmo para que eu crie algum modelo específico para eles. Então, deixando o egoísmo de lado e parando de olhar só para as trends “mara” do universo feminino, resolvi me aventurar e compartilhar algumas dicas dirigidas ao masculino. Primeiramente: olá, meninos! Para começar, escolhi um modelo que já se tornou muito comum no guarda-roupa da grande maioria: a calça skinny. Mesmo sendo comum, sempre cabe um norte para quem já usa ou quer usar, pois não é difícil errar na compra de um modelo de calça. A dica principal é: a calça skinny é uma modelagem slim, ajustada ao corpo, por isso, quando for às compras, escolha uma calça com o seu tamanho, nem maior, muuuuuito menos, menor. Maior te deixa maior. Ohhhhhh! Palmas (brilhante, Ana, brilhante!)! Mas menor... Galera, menor nem se você for o cantor de sertanejo universitário mais badalado do mundo!


Primeiro que a modelagem da skinny acompanha o corpo. Caso você tenha engordado, a sua calça reta não se tornou do dia para noite slim, ela só está apertada mesmo. Então, seja crítico com você mesmo diante do espelho, ok?! Calça apertada não te deixa mais bonito, nem é sensual, como alguns forçam a amizade dizendo. Ao contrário! Os seus movimentos ficam comprometidos pela roupa apertada, mal conseguirá se sentar e não há nada de sensual em um andar que lembra o do Pato Donald com crise renal (e isso

FOTOS: DIVULGAÇÃO

GALERA, CALÇA EM NÚMERO MENOR NEM SE VOCÊ FOR O CANTOR DE SERTANEJO UNIVERSITÁRIO MAIS BADALADO DO MUNDO!

vale para nós, também, meninas). Há alguns dias fui comprar uma calça e ficou muito apertada. Perguntei para a vendedora se tinha um número maior, ela olhou para mim e disse: “mas está perfeita...”. Detalhe, eu já não respirava mais e me senti como aquele ator na cena do provador no filme As Branquelas. Volto a frisar, senso crítico é o seu maior aliado. Faça a prova, nunca compre nada sem provar antes. Nas jeans, procure modelos que tenham elastano, isso faz com que a peça se ajuste melhor ao seu corpo. Também veja se ela se ajusta bem a sua panturrilha. Ainda, é importante que o cavalo não seja muito curto na calça masculina. Todas essas dicas permitem que você fique bem nesse modelo de calça e te deixarão mais confortável. Outra dica, caso você seja muito magro: um modelo que dê aquele efeito franzido na panturrilha da uma sensação de volume, já que o modelo totalmente sequinho vai destacar bem mais o seu corpo. Está muito fora de forma?! Guarde a dica lá de cima. E em peças de alfaiataria slim, compre no seu tamanho e invista em tons mais escuros e sem brilho. Você pode usar cortes modernos sim, mas de forma que te beneficie. Procure usar tecidos nobres, porém foscos ou de risca de giz. Complemente o look com peças que tenham um corte mais slim também, porque se escolher usar peças maiores em cima, o risco é de ampliar ainda mais o próprio corpo e deixar o look com o efeito pião.

Aproveitem as dicas e boa sorte garotos!

Por

Ana Paula Mota É designer de moda, formada pela Universidade Paranaense. Atua na área desde 2005 desenvolvendo coleções voltadas para o público feminino para marcas do sul do Brasil. De bem com a vida, adora jogar conversa fora. Em todas as edições você acompanhará nesta coluna as tendências de moda e feminilidade.

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