R E V I S TA
A NO I
E DIÇ Ã O III
M A IO DE 2 0 15
INF ORM A Ç Ã O & AT I T UDE
DI S T RIB UIÇ Ã O GR AT UI TA
PENA DE MORTE
N. 0 3
Por que tantos brasileiros apostam nela? ESSES VILÕES CHAMADOS HORMÔNIOS
HOMEM PREVENIDO
RE V I S TA C ONE C T E
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VALE POR DOIS
TIAGO STACHON UMA CARREIRA DE SUCESSO
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EDIÇÃO 3
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EXPEDIENTE
STAFF
EDITORA CONECTE LTDA - ME
Sérgio A. de Oliveira Diretor executivo
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Redação (41) 3075-0019 contato@revistaconecte.com.br www.revistaconecte.com.br
Idealizador da Revista Conecte. Traz na bagagem a experiência de ter vivido 17 anos fora do Brasil, sendo os últimos 13 nas cidades de Londres e Madri.
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Lucimara R. S. de Oliveira Diretora financeira e revisora
Diretor executivo Sérgio A. de Oliveira sergio@revistaconecte.com.br
A experiência de ter vivido 17 anos fora do Brasil, sendo os últimos 13 nas cidades de Londres e Madri, ao lado de seu esposo, compõe seu perfil profissional.
Editora-chefe Amália Dornellas editora@revistaconecte.com.br
Amália Dornellas Editora-chefe
Textos Amália Dornellas Evandro Augusto Raphael Moroz Simone Mota Projeto Gráfico & Diagramação Victória Romano
Jornalista por paixão e formação. Já editou publicações segmentadas na área de segurança e tecnologia. Foi repórter dos cadernos especiais da Gazeta do Povo, escrevendo principalmente sobre gastronomia, educação e saúde. É formada em Letras, pela UFPR, e em jornalismo, pela PUCPR.
Revisão Mara Oliveira
Simone Mota Repórter
Fotos especiais João Cavalheiro Jr.
Jornalista formada pela PUCPR, já mergulhou no empreendedorismo e na área educacional, na produção de conteúdos profissionalizantes e para crianças.
Make up - Staff Samara Dornellas Colunistas convidados Adeildo Nascimento Ana Paula Mota Anderson Pariz Luciano Subirá
Raphael Moroz Repórter
Impressão Hellograf
É jornalista por formação e escritor por vocação. Foi produtor e repórter do Jornal da Manhã, da Rádio Novo Tempo, e fez parte da produção do programa Band Pé no Rio. Seu primeiro livro, “Algemadas – A trajetória de mães que adoeceram com a dependência química dos filhos”, recebeu dois prêmios jornalísticos.
Tiragem 5.000 exemplares Ano I | Edição III | Maio de 2015
Evandro Augusto Colaborador
Paschoal Piragine Paulo Nassif
Estudante de Jornalismo na UFPR.
Jornalista responsável Amália Dornellas SRTE-PR 8327
As matérias assinadas não representam necessariamente a opinião da Revista Conecte. Os textos e fotos publicitários são de inteira responsabilidade dos anunciantes.
8 MAI. 15
EDIÇÃO 3
Victória Romano Designer gráfica Responsável por dar vida aos textos da revista. Formada em Tecnologia em Artes Gráficas, pela UTFPR, e em Design Gráfico pela UFPR.
E DI T ORI A L
E SPA Ç O DO L E I T OR
esta altura de três edições vocês me permitem chamá-los de segui dores da Revista Conecte? Okay, agora que mudamos de status, que nos conhecemos melhor, deixa eu te dar um toque, mesmo antes de você ler sobre o que preparamos para você nesta 3ª edição, afinal, amigos são para essas coisas. O tema principal é sério, pois envolve a vida humana. Vamos abordar sobre a pena de morte. Pontos a favor e contra. Depois relaxa e leia uma livro! Aproveite para adquirir conhecimento. Joseph Addison disse: “A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo”. Não vai terminar hoje? Vai deixar para amanhã? O Ministério do Adeildo adverte, procrastinação faz mal ao futuro! Pra você que é homem, a quanto tempo não vai ao médico? Não está doente? Já ouviu a frase prevenir é melhor que remediar? Ir ao médico não é coisa de mulher, e sim um caso de saúde. Aprenda a cuidar da sua! Para você que é mulher, conheça mais sobre o perturbador em série mais temido pelas mulheres de todos os tempos, os hormônios. Para ir terminando, fique de olho na nossa seção Referência, e depois, está liberado, prepare as malas e viaje a Holanda. Leva toda a família pois Carambeí é logo ali. Para terminar, nosso beijo carinhoso de filhos mimados na bochecha de cada mãe. Eu paro por aqui, mas se você for até o final vai encontrar muito mais. Até mês que vem!
Você é muito especial para nós e por isso também tem seu cantinho reservado aqui. Envie suas sugestões, comentários, elogios e críticas. Sua participação é fundamental para prepararmos um conteúdo do jeitinho que você espera.
A
Sérgio A. de Oliveira Diretor executivo
> Tive a satisfação de me deparar com o primeiro exemplar da Revista Conecte, e gostaria de dar os parabéns aos editores e a toda equipe da revista. Excelente conteúdo, destaco duas matérias, em especial, a do desembargador Gamaliel Scaff, pessoa de grande sabedoria, e da deputada Cristina Yared. KÁTIA OVERCENKO / fisioterapeuta
> Reflexão e ação! Foram as duas palavras que me vieram à mente quando li a reportagem “Meninos acampam, homens constroem lares”. Motivacional para sairmos dos limites de masculinidade definidos pela sociedade e encontrar um padrão divino. A última frase é “A igreja está procurando por métodos melhores; Deus está buscando homens melhores”. Ainda estou pensando nisso! ALISSON LAMIM / coordenador de suprimentos
> A aparência da revista é muito bonita, chama a atenção, e a matéria da capa traz um assunto atual, que por si já chama atenção do leitor. A linguagem é simples, o que é bom, pois qualquer pessoa pode ler e entender facilmente. Além de ter temas importantes e atuais, as matérias despertam a curiosidade e esclarece coisas simples, como se fosse entretenimento. BÁRBARA ARBUGERI / estudante de pedagogia
W W W.RE V I S TA C ONE C T E . C OM.B R | W W W.F A CE B OOK .C OM.BR / RE V I S TA C ONE C T E 9
30 > C A P A
PENA DE MORTE Por que tantos brasileiros apostam nela?
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Í N DICE
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12 > LITERATURA Uma chance para compreender o outro
16 > POR QUE FALAR DE POLÍTICA? 18 > UMA VIDA DEDICADA AO PRÓXIMO 22 > PENA DE MORTE OU DIREITO À VIDA? 24
> ESSES VILÕES CHAMADOS HORMÔNIOS
26 > POR QUE INICIAR UMA PÓS-GRADUAÇÃO AGORA? 28 > PROCRASTINAÇÃO É IGUAL MATO
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52 > UM PEDACINHO DA HOLANDA NO PARANÁ 56 > SUA MÃE MERECE SEU ESFORÇO
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36 > HOMEM PREVENIDO VALE POR DOIS 40 > SEDENTARISMO OU CARGA GENÉTICA O que pesa mais na saúde?
42 > SENDO PARCEIROS 44 > CONECTE-SE Confira dicas de cinema e leitura
46 > MOTA SPORT CLUBE 48 > PUBLICIDADE & PROPAGANDA Criatividade e dedicação aos estudos para uma carreira de sucesso
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P E RF IL
LITERATURA
Uma chance para compreender o outro Texto
Amália Dornellas Foto
João Cavalheiro Jr.
Precisamos trazer o livro para o centro das conversas, a leitura propicia o aprofundamento das relações e do conhecimento, cada vez mais superficializados pela cultura oral
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A
última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostrou que 41% dos brasileiros consideram a leitura fonte de conhecimento e atualização profissional, mas apenas 28% gostam de ler no tempo livre (jornais, revistas, livros, textos na internet). Destes, somente 58% leem com frequência. O levantamento, de 2012, mostrou que a média de livros lidos nos últimos três meses foi de 0,82. Menos de um. Considerando leituras parciais é de 1,85. Vale ressaltar que 50% identificaram-se como não leitores. O levantamento NOP World Culture Score mostrou que na Índia, primeira do ranking, se gasta em média quase 11 horas por semana com leitura. O Brasil está em 27º lugar, com pouco mais de cinco horas. Países como Filipinas, Venezuela, Argentina e México estão à nossa frente. A pesquisa também aponta o tempo para televisão. Estamos em oitavo lugar, com mais de 18 horas semanais. Os dados são de 2005, mas merecem reflexão. A doutora em Teoria e História Literária, Milena Martins, conta que a leitura do brasileiro é muito ligada a técnica (profissão), religião e mídia, como revista de celebridades. Ela se dedica também à pesquisa de temas como história da leitura no Brasil e formação de leitores. Confira a entrevista.
C: Como vai o hábito de leitura do brasileiro? M: Uma análise precisa se valer de estatística. A mais confiável é a Retratos da Leitura no Brasil. Mas toda estatística é simplificadora, se não for falsa. Se um brasileiro lê dez livros por semana e esse brasileiro sou eu, alguém está lendo muito pouco. A estatística pode ser falsa em uma casa com duas pessoas onde uma lê o tempo todo e a outra não lê. Na média as duas leem bastante. O que acontece é que algumas leem muito e outras nem tanto. Porém, o brasileiro lê não exatamente o que os organismos de cultura gostariam. As pessoas estão cada vez mais lendo para sua profissão. Livros de como ser o melhor gerente são vendidos e ajudam as pessoas. Agora, a fome de cultura e de literatura onde é que está? Quando se diz que o brasileiro não lê muito, quer-se dizer que não lê aquilo que gostaríamos que ele lesse. A literatura acaba tendo menor procura do que livros tomados como ferramenta pelos leitores. Esses são comprados, usados e lidos. Mas os que são para a compreensão do eu, do meu lugar no mundo, não têm procura.
5H12/SEMANA é o tempo que o brasileiro gasta com leitura
50% dos brasileiros
NÃO SÃO LEITORES 28% gostam de ler no tempo livre
18H15/SEMANA é o tempo gasto assistindo televisão
MENOS DE 1 LIVRO inteiro foi lido em três meses
Qual é a relação com a leitura E A televisão? O brasileiro assiste TV e quer saber mais sobre quem vê lá. As revistas condensam essa informação e disponibilizam um recorte. E as pessoas acham que já estão bem informadas. Um dos motivos para a pouca leitura literária é a centralidade das mídias orais na nossa vida. E isso não é um mal brasileiro. Estados Unidos, por exemplo, têm o cinema como principal eixo da cultura. Por um lado, esses elementos visuais da cultura, como cinema e televisão, são ruins para a leitura porque tomam o tempo e o silêncio. Queremos uma política de leitura? Desliguemos as televisões. A televisão é um mal? Não é. Mas, precisamos de silêncio. Há trinta anos, quando ia a um consultório, nas salas de espera as pessoas liam. Hoje veem TV. É uma mudança cultural significativa. Há um aspecto negativo na centralidade dessa cultura oral e visual. Precisamos de silêncio, concentração. Leitura é uma experiência de longa duração. O filme baseado no livro tem duas horas, um livro demanda dias e às vezes mais de um mês, mesmo se ler diariamente. Para leitura, preciso de silêncio, concentração e longa duração. Precisamos estimular a leitura como prática social. Mas em casa a rotina recomeça e é difícil arranjar tempo. Mas sempre que tiver pra ver tevê poderia usá-lo para ler. 13
P E RF IL Uma das consequências de usarmos mais a cultura oral do que a escrita é a superficialidade das relações e do conhecimento. Quanto mais quisermos nos aprofundar, mais chegaremos ao material que é escrito. Se meu interesse é química, posso ler livros relacionados a isso. Mas sou mais do que um químico, sou uma pessoa. Preciso alimentar várias facetas sociais, não só a de química. A leitura de textos literários em prosa e verso propicia uma maior compreensão do outro, porque me coloco no lugar do outro. A experiência da identificação com o personagem é muito constante nos processos de leitura. Se eu leio um poema de um sujeito angustiado, trago pra mim essa angústia e a vivencio. Um dos benefícios de ler literatura é entrar em contato com um mundo que é parecido e ao mesmo tempo profundamente diferente do seu. Isso produz reflexão e conhecimento.
Como estimular essa prática? Tornando-a assunto das nossas conversas. As pessoas conversam sobre filme, novela, mas pouco sobre livros. Se conseguíssemos criar o hábito de conversar sobre o que está lendo ou acabou de ler, daríamos conta de como a leitura do outro influencia na nossa. A mudança nas relações passa pela valorização do momento da leitura. Conversar sobre algo que nos apaixona é maravilhoso. O namorado, o filme, o livro. É um traço da sociabilidade brasileira. Precisamos trazer o livro para o centro dessas conversas também.
E o papel dos pais? Os pais precisam ser vistos pelos filhos como pessoas que leem. Devem conversar com os filhos sobre aquilo que estão lendo para que eles sintam que é importante. Se estou lendo, não digo para minha filha me deixar quieta, digo para vir ler junto.
Mãe, não estou entendendo nada, tudo bem, um dia você vai entender. Perceber que é difícil aquilo que o pai está fazendo também gera certo respeito. Daqui a meia hora vamos brincar. Como sociedade, precisamos criar o hábito do uso da biblioteca, porque nem todo mundo compra livro. Precisamos fomentar o acesso às bibliotecas públicas. Curitiba é privilegiada. Tem uma em cada bairro. São boas, limpas, joviais, agradáveis e têm obras atuais. Mas estão às moscas. As pessoas frequentam pouco. Devemos ocupar esses lugares. A biblioteca é nossa. Vou fazer uma caminhada no parque como o São Lourenço, onde tem uma, passo e pego um livro. O processo é simples e gratuito, mas não faz parte da nossa rotina. Pode passar a fazer. É uma questão cultural.
E a prática na escola? A escola é o coração da sociedade para a leitura. Em todas as disciplinas deveríamos ler. Ler não é perder tempo que eu teria para ensinar outra coisa. É uma maneira de ganhar tempo no longo processo de formação dos leitores. A transformação que somos capazes de promover não é para as próximas gerações, é para hoje. Se promovo um diálogo efetivo, educado e afetivo com meus alunos e ouço a opinião deles, mudo a maneira como eles lerão amanhã. Devemos mudar hoje as práticas não efetivas. Se a biblioteca não é boa, ajude a mudá-la já, não é para o futuro. É trabalho de formiguinha. Que a biblioteca seja parte essencial da escola, local de trabalho dos professores e dos alunos. Não é uma caixa-forte, nem lugar para guardar raridades. O livro da biblioteca é pra ser usado, lido, cheirado. É um lugar pra eu cuidar. Ela é nossa, não é do governo. Se é minha, quero cuidar bem. Na escola, a leitura não é só para fazer prova. Tem que haver conversa sobre o que se leu. Pra conversar sobre um livro preciso ouvir o que o outro falou e preciso devolver alguma coisa sobre o que ele
AS PESSOAS ESTÃO CADA VEZ MAIS LENDO PARA SUA PROFISSÃO. LIVROS DE COMO SER O MELHOR GERENTE SÃO VENDIDOS E AJUDAM AS PESSOAS. AGORA, A FOME DE CULTURA E DE LITERATURA ONDE É QUE ESTÁ? 14 MAI. 15
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disse. Esse compartilhamento de experiências de leitura é muito produtivo e enriquecedor. As pessoas leem diferente um livro, as palavras, as obras de arte, o mundo. No livro que recomendo para professores, “Como e por que ler os clássicos universais desde cedo”, Ana Maria Machado diz: “Para formar leitores, basta ler junto e conversar”. É bacana o professor levar os alunos para a biblioteca e cada um escolhe um livro. Mas precisa existir (sempre, não uma vez por ano) a experiência coletiva de todos lerem o mesmo e falarem sobre ele. Isso produz reflexão e conflito sobre o que se compreendeu a partir da visão do outro. É muito importante esse processo de compartilhar opiniões, conhecer coisas diferentes. É tudo que um adulto precisa para viver em sociedade.
E o governo? Essa mudança na prática de leitura exige ação e vontade individual, mas também ações coletivas das instâncias ocupadas por políticos e gestores que podem mudar essas práticas. O MEC é um dos maiores compradores de livro do mundo. Eles são distribuídos, mas o que se faz com eles? Não sei. Um dos motivos é que nem todas as escolas têm biblioteca. Temos uma lei de 2010 [lei 12.244] que obriga a criação de bibliotecas em todas as escolas do país, públicas e privadas, e dá um prazo até 2020. [Em 2013, 72,5% ainda não tinham biblioteca]. Não assumimos essa deficiência. Se você é professor e em sua escola não há livros, pergunte ao diretor. Precisamos saber para onde esses livros estão indo e lutar pelas bibliotecas nas escolas. E o governo precisa cumprir sua parte de forma efetiva.
QUEREMOS UMA POLÍTICA DE LEITURA? DESLIGUEMOS AS TELEVISÕES 15
P ON T O DE V I S TA
POR QUE FALAR DE POLÍTICA?
E
Por
Anderson Pariz É líder do Centro Familiar de Adoração, em Curitiba. Casado com Márcia Pariz, é pai de Filipe, Isabelle e Gabrielle. É formado em Teologia
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pela Faceten.
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sse é um tempo de mudanças e novas direções. Constantemente temos que nos posicionar, se não seremos arrastados por aquilo que outros decidirão por nós. Vivemos uma nova fase como nação, pois vemos os cidadãos saindo do anonimato e se posicionando contra a corrupção e descaso daqueles que foram escolhidos pela maioria para nos representar como legisladores e administradores públicos. Tudo o que fazemos é supervisionado e fiscalizado, nossos rendimentos, trabalho e até nossa vida particular. Por que seria diferente na atividade daqueles que administram e legislam em nome da coletividade? Quem fiscaliza os políticos? A resposta é: como eleitores e cidadãos, somos os responsáveis por fiscalizar as ações daqueles que nos representam. Assim como é verdade que um político foi eleito por um grupo simpatizante a ele ou por outra razão, mas depois de eleito não representa apenas aquele grupo, é também verdade que apesar de eu não ter votado nele, eu tenho compromisso na fiscalização do seu mandato. Individualmente todos temos responsabilidades sociais e políticas. Devemos trabalhar e nos empenhar para que as condições de vida no país melhorem.
EDIÇÃO 3
Tenho dedicado a minha vida para conduzir as pessoas a um relacionamento melhor com Deus, com sua família e uns com outros. Entendo que este é o meu papel como pastor. Tenho usado a Bíblia como manual para conduzir todos os aspectos da minha vida e aconselhar aqueles que me buscam para ajudá-los. E não vejo na Bíblia nenhuma orientação para que mudemos a sociedade ou façamos uma revolução, a verdade bíblica é que a sociedade é mudada se o homem for mudado. O que aconteceria se cada um amasse o seu próximo como a si mesmo? Certamente, não haveria essa desigualdade e opressão social. A ênfase bíblica é na mudança do homem, e não na mudança de sistemas políticos, por isso não creio que uma revolução política seja a solução, pois mudam-se os partidos e governantes, mas o grande problema está no caráter de cada indivíduo. Somos ávidos para criticar, condenar e julgar aqueles que roubam, enganam e enriquecem às custas da coletividade, mas não corrigimos nossos desajustes de caráter. Também é roubo sonegar impostos. Também é roubo anotar incorretamente o horário do cartão de estacionamento, nem que seja por poucos
minutos. Nosso problema é que queremos levar vantagem em tudo, como bons brasileiros damos um jeitinho em tudo. Mas o que fazer como igreja diante da injustiça e da corrupção que denigre a nação? Nos envolvemos e protagonizamos ações e demandas na política? Será que transformamos nossos púlpitos em um espaço para defender a justiça social? Não deveríamos pregar para condenar a grande impunidade e injustiça que há no país? Muitos líderes religiosos têm se posicionado, outros se omitido. Particularmente creio que os púlpitos não devem ser usados para trazer influência política ou partidária para quem nos ouve nos serviços públicos de culto. O ambiente é para influenciar as pessoas à uma vida devota a Deus e aos princípios da Sua Palavra. Mas isto não quer dizer que devemos nos omitir. Não há nenhuma recomendação bíblica para nos distanciarmos do processo político de governo e deixar o controle sociopolítico e econômico nas mãos dos malfeitores. Os cristãos individualmente devem ser o sal e a luz do mundo social, não podem simplesmente se afastar. A igreja, como instituição, não deve se envolver na política, mas os cristãos devem participar, pois é uma esfera de influência em que a luz de um caráter ilibado faz a diferença. A omissão é a permissão deliberada para que o caos se instale. Nada fazer é uma receita certa para a impiedade tomar o controle. A história mostra que a mistura entre política e religião é desastrosa. A Igreja não deve se posicionar politicamente, mas os cristãos individualmentte tem o dever e compromisso de fazê-lo. Nosso dever primário é orar a favor daqueles que estão investidos de autoridade governamental. Precisamos orar pelos problemas que afligem a sociedade, pois quando oramos em unidade, o poder de Deus é liberado e as circunstâncias mudam. Outro dever é votar de forma consciente. Votar é mais do que um direito, é um dever. Não vote por populismo ou preferência pessoal. Vote por princípios da Palavra de Deus. Como cristãos precisamos observar se um candidato defende ideias que se harmonizam com os princípios bíblicos. Antes de votar, sugiro que você pesquise os princípios que norteam o candidato e seu partido. Veja se o candidato defende os princípios elencados a seguir antes de decidir seu voto.
1. Defender a vida significa ser contra o aborto. Defender a família é defender o casamento monogâmico e heterossexual, como está na Bíblia, e combater a prostituição. Um cristão não deveria votar em alguém que não tenha propostas para a defesa da família. Precisamos eleger pessoas que sejam uma voz denunciando a pornografia e a licenciosidade pública. 2. Lutar contra a impunidade significa votar no candidato ficha-limpa que defenda a justiça e se posicione publicamente contra a fraude, a corrupção e a impunidade. 3. Todos têm o direito de cultuar o que quiser e isso deve ser preservado. Também é preciso defender a liberdade de expressão. Mas isso não é tolerar a pornografia e a licenciosidade na tevê, nas bancas, outdoors e outras mídias. 4. A Bíblia nos ensina o respeito pela propriedade privada. Defender a propriedade privada deve vir junto com a justiça no campo. Um bom candidato deve se engajar a favor da partilha das áreas ociosas do país. É preciso meios de dar ao trabalhador rural condições de sobrevivência digna. 5. O plano de Deus é que a riqueza seja distribuída para promover a dignidade, ou seja, dar oportunidades iguais a todos. Não significa tirar de uns para dar a outros, mas prover ações públicas que permitam ao pobre subir na pirâmide social. 6. A vontade de Deus é que o homem violento seja tirado do convívio social. A violação do estado de direito também é vista por Deus como um mau a ser erradicado. 7. Não dá pra ser a favor da exploração do trabalhador. Distribuição de riqueza significa salários justos. 8. A vontade de Deus é que não haja crianças que vivam poucos dias. (Isaías 65.20). Precisamos ser sérios e lutar para acabar com a mortalidade infantil. É preciso lutar pelo saneamento básico e pela saúde pública. 9. A destruição do meio ambiente é promovida pelo egoísmo humano e pela megalomania dos governantes (Oséias 4.3). Precisa lutar pela preservação. 10. Precisamos nos comprometer para que nunca mais haja qualquer forma de ditadura. Não podemos ser passivos e alienados, devemos nos instruir continuamente sobre todas as questões que afetam nossa vida em sociedade. Ignorância política não é virtude espiritual.
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F A I T H & W ORK S
UMA VIDA DEDICADA AO PRÓXIMO Oração, espiritualidade, trabalho e amor são o segredo do tratamento de dependentes químicos e de álcool na Comunidade Fonte de Misericórdia Texto Amália Dornellas
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servir o próximo. Era minha vocação. Nunca usei drogas, mas sentia a necessidade de ajudar, pois conhecia a realidade do dependente químico”, lembra. Em 1999 foram para uma chácara em Rio Branco do Sul e o projeto cresceu bastante.
MUDANÇAS Em 2001 um jovem chegou lá como um filho, abatido, dependente, acabado. Depois de passar pelo tratamento decidiu permanecer para se doar ao trabalho. Rosilene nem imaginava que ele se tornaria seu esposo e presidente da Comunidade, que hoje é a Fonte de Misericórdia.
FOTOS: DIVULGAÇÃO E ARQUIVO PESSOAL
V
ocê está disposto a abrir mão da sua carreira, tempo livre e até mesmo da sua privacidade em favor do próximo? Há quase 20 anos, Rosilene Amora deu ouvido ao chamado que batia forte em seu coração e abriu mão de tudo para resgatar vidas do mundo das drogas. “Tive uma experiência muito forte com Jesus e um desejo de realizar um trabalho social”, conta Rosilene, que na época tinha 21 anos. Junto com mais um casal, em 1998 alugou uma casa no Vista Alegre. Começaram a acolher dependentes de drogas e moradores de rua. Nascia o Amor Incondicional. Nessa época ela conciliava a vocação com o trabalho de técnica contábil. “Chegou a hora que precisei abandonar tudo para
“Depois de três anos surgiu um sentimento entre nós e nos casamos. Porém, em 2004, por uma mudança de visão no projeto, que caminhava para uma vida celibatária, nos desligamos”. Nisso o Amor Incondicional foi transferido para Guaratuba e os donos do terreno em Rio Branco do Sul convidaram o casal para iniciar um novo projeto. “Lá fora estávamos bem, mas com esse vazio, pois nosso chamado era a vida comunitária. Estávamos pesquisando um local para algo novo e Deus nos mandou para o mesmo lugar. Começamos devagar e hoje vamos para o 11º ano”, relembra. Com um início tímido, hoje a Fonte acolhe cerca de 100 pessoas em cinco chácaras e é presidida pelo José Carlos Amora, marido da Rosilene. “Ele é o cabeça e me dá chão para ir além. Ele tem muita coragem”, conta orgulhosa.
COMO FUNCIONA A Fonte de Misericórdia é uma comunidade católica de acolhimento para dependentes químicos. A metodologia é a laborterapia (tratamento através de trabalho) e a oração (fortalecimento da espiritualidade e da fé). O padre Cleberson Evangelista faz a ponte com a Igreja, dando suporte para o curso bíblico, realizado nos últimos dois meses de tratamento. “Assim, os filhos [como são chamados os acolhidos] têm um contato mais profundo com a Palavra, se fortalecem e se aproximam da sociedade, fazendo trabalhos voluntários em escolas, creches, etc.”, explica Rosilene. A laborterapia contempla a manutenção da horta, jardim, cozinha, padaria, lavanderia, construção, manutenção das chácaras, etc. A coordenação da casa divide as equipes de serviço e todas as atividades são executadas pelos filhos. Além das tarefas e da dedicação à oração, tem a psicologia do amor. “Ficar junto, comer junto, ficar por perto. O afastamento da família faz com que eles se aprofundem ainda mais na droga. Por isso que os chamamos de filhos, para mostrar que são importantes pra gente e queremos ajudar de verdade. Somos uma família”, explica Rosilene. São seis meses de tratamento, quatro na chácara e dois na Casa de Formação, com o curso bíblico. No final tem uma missa solene. “Valorizamos a passagem para que eles saiam com o sentimento de
vitória”. Depois eles podem ficar e aprender a servir, passando a ser chamados de aspirantes. Depois de dois anos, se desejarem, fazem um voto para se tornarem servos.
COMO CHEGAR À FONTE? Toda quinta há o grupo de apoio, às 19h, no Santuário São Judas Tadeu (Igreja do Cristo Rei), na Rua Padre Germano Mayer, 410. É importante a participação das famílias que têm alguém em tratamento. Se reunir para compartilhar experiências fortalece e ajuda a lidar com a situação. Lá é possível encontrar os meninos que já saíram. “É sempre uma alegria vê-los testemunhando”, conta Rosilene. Quem deseja ser acolhido também deve procurar o grupo para dar início ao tratamento. Funciona como uma triagem. “Vemos se a pessoa está apta e se quer se tratar de verdade. A comunidade tem a porta aberta. No momento que quiser ir embora pode sair livremente. Por isso, precisa ir por vontade própria”, explica Christoffer Turcato, coordenador da Casa de Formação. Passando pela triagem e aceitando as condições de tratamento é encaminhada à chácara.
O casal, hoje com 12 anos de casados, e os três filhos. Zeca, como é carinhosamente chamado, foi diagnosticado com HIV. “Ele fez o teste uma vez só. Mas graças a Deus hoje ele está limpo. Foi erro do exame? Não sei. Só sei que foi a graça de Deus”. 19
F A I T H & W ORK S
UMA NOVA CHANCE
20 MAI. 15
EDIÇÃO 3
Livre das drogas após conhecer a Deus na Comunidade, Christoffer foi escolhido para ser padrinho de batismo de seu sobrinho, Arthur, que nasceu em agosto do ano passado, marcando a reconciliação com a família.
VOCÊ ACREDITA NA TRANSFORMAÇÃO DAS PESSOAS ATRAVÉS DA FORÇA DO AMOR?
Ajude a Fonte de Misericórdia! Em espécie: Banco Itaú agência 2775, CC 14.314-8. Contribuição mensal: torne-se um associado e contribua mensalmente através de boleto bancário. Doações: a comunidade está precisando muito de colchões de solteiro novos. Roupas, materiais de higiene, limpeza e alimentos são sempre bem-vindos. Para ajudar entre em contato pelo telefone (41) 3699-7195 ou 9603-5537. Conheça mais do trabalho da Fonte de Misericórdia no www.facebook.com/fonte.demisericordia.1 ou no www.fontedemisericordia.org. A Comunidade fica na Rua João Berquo, 09, no bairro Tranqueira, em Almirante Tamandaré.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Christoffer Turcato é um filho da Comunidade. Hoje coordena a Casa de Formação. Concluiu o tratamento e decidiu doar seu tempo para o projeto. Chegou à Fonte da mesma forma que a maioria. Apesar de ter tido boa estrutura familiar e chance de estudar, acabou escolhendo o lado errado da vida. “Deixei-me levar por amigos e influências e aos 14 comecei a usar cigarro, maconha e álcool. Ao começar a faculdade conheci a cocaína. Usava no final de semana e vivia uma vida normal. Mas o uso foi ficando mais frequente, gastava mais dinheiro, e conheci o crack”, conta. O crack destrói demais. “Tira todos os nossos valores. Perdi tudo, namorada, carro e família. Só minha mãe estava ao meu lado tentando me ajudar”. Como não aceitava tratamento, perdeu o emprego e a faculdade. Quando chegou à Comunidade estava totalmente descrente de Deus. “Não conhecia o Deus que é amor, misericordioso, que acolhe. Conheci aqui. Ele não quer saber dos meus erros, quer me ajudar a voltar à vida. No começo é muito difícil. Mas entrei com a intenção de mudar de vida de verdade”, relembra. Christoffer também viu a diferença na vida de alguns amigos que estavam no fundo do poço com as drogas e conseguiram sair. “Eles encontraram Deus e comecei a acreditar que ele poderia fazer um milagre na minha vida também. E hoje estou aqui, faz um ano e meio”. Quanto ao futuro, ele ainda não sabe. Pretende retomar os estudos e se casar, mas o que espera é diferente do que pensava antes de entrar na Comunidade. “O que espero de uma esposa hoje é uma mulher que me acompanhe e que me ajude a crescer. Sei que Deus vai providenciar para minha vida no tempo dele”. Por enquanto continuará lá, servindo, até quando for o tempo certo de sair. “Dentro da chácara, quando realmente nos entregamos pra Deus, conseguimos reconquistar muita coisa, inclusive nossa família. Hoje tenho todos de volta ao meu lado”, comemora.
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URBI E T ORBI
N
Por
Sérgio A. de Oliveira Urbi et Orbi é uma expressão proveniente do latin e significa “à cidade de Roma e ao universo”. Era usada pelos romanos precedendo declarações públicas. Usaremos essa expressão para comunicar à cidade de Curitiba e ao mundo informação relevante e atitude.
os últimos tempos esse assunto tomou corpo no Brasil com a execução de um brasileiro e a iminente execução de outro. O Itamarati emitiu cerca de seis cartas ao presidente da Indonésia, pedindo clemência aos cidadãos brasileiros, mas a última sequer foi respondida. Esses cidadãos foram autuados em flagrante transportando drogas e, por conseguinte, sentenciados a morte por fuzilamento. Já li diversos artigos sobre esse assunto que se avultou. Observo que, na maioria dos casos, nossos compatriotas são mencionados como “vítimas” de uma política tirana, insensível e antiquada. Os parentes das vítimas fazem apelos desesperados e incluem pedidos a Deus em suas orações a favor dos réus. Mas a igreja sempre admitiu a possibilidade da pena de morte tendo em conta três coisas: o ato, a intenção e a circunstância. Se partirmos desse princípio com o qual concordava Tomás de Aquino, por exemplo, deveríamos nos perguntar sobre o ato de nossos compatriotas, as intenções implícitas e explícitas desse
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ato, e em que circunstâncias se deram. Seguindo um pouco mais sobre Tomás de Aquino, ele trata desse problema na Suma Teológica no Tratado da Justiça. Evidentemente, ele trata, aí, se é lícito à autoridade pública matar os pecadores, porque ao indivíduo, enquanto tal, é claro que não é lícito, pois o quinto mandamento da lei de Deus diz: “Não matarás”. Dando solução ao problema posto em questão São Tomás diz: “Conforme já foi exposto [no artigo 1 da Q. 64] é lícito matar os animais brutos, enquanto eles são ordenados por natureza ao uso dos homens, como o imperfeito se ordena ao perfeito.” “Pois toda a parte se ordena ao todo, como o imperfeito ao perfeito, e, por isso, cada parte existe naturalmente para o todo.” “Assim, nós vemos que se fosse necessário para a saúde de todo o corpo humano a amputação de algum membro, por exemplo, se a parte está apodrecida e pode infeccionar as demais partes, tal amputação seria louvável e salutar.” “Pois bem, cada pessoa singular se
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PENA DE MORTE OU DIREITO À VIDA?
compara a toda a comunidade como a aparte para o todo. Portanto, se um homem é perigoso para a sociedade e a corrompe por algum pecado, louvável e salutarmente se lhe tira a vida para a conservação do bem comum, pois como afirma São Paulo, ‘um pouco de fermento corrompe toda a massa’.” Isso desmistifica o fato de que se Deus é amor, Ele é um “bonachão” como alguns religiosos creem. Porque se Deus é amor para com os infratores, seria ele injusto para os vitimados? De maneira nenhuma. Por amor aos infratores e vitimados ele aplica a sua justiça que traz equilíbrio à balança. Dessa maneira a igreja do universo não pode ser contra a pena de morte, sendo que Deus mesmo a constitui quando diz olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé. Antes que digamos que a lei foi abolida no novo testamento é preciso lembrar que Jesus não aboliu a lei, mas a cumpriu “ipsis litteris”. A igreja “aceita” a pena de morte, no entanto, não a prega como último recurso para a sociedade. Posso identificar que muitas pessoas não são contra a pena de morte em si, mas são temerárias quanto aos processos judiciais que julgarão a quem a pena de morte se aplicará e a quem não. Existe o medo latente em boa parte da população de que inocentes sejam sentenciados a morte por falta de critério do sistema judiciário. De maneira que o problema não está na pena de morte em si, mas nos processos e meios pelos quais ela será emitida. Solução? Extirpar a corrupção do judiciário para que a lei possa ser aplicada de maneira justa analisando a jurisprudência de cada caso. Ciente de que esse assunto “dá pano pra manga”, me pergunto se as vítimas são de fato os nossos compatriotas ou as pessoas que seriam usuárias da droga que eles transportavam? Seria essa a primeira vez que eles transportavam drogas? Quantos adolescentes, crianças, jovens e adultos foram vítimas desse tráfico? Sei que muitos tem pena da família dos brasileiros, e eu confesso que também tenho, mas o
que dizer das famílias dos toxicômanos que eram o alvo final dessa arriscada jornada? Isso sem contar que a prostituição infantil está extremamente ligada ao tráfico de drogas e que na Indonésia mais de 100 mil menores são vítimas dos traficantes e pedófilos. Em uma carta emitida à presidente Dilma Rousseff, em 16 de janeiro de 2015, como resposta ao pedido de clemência, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, explica que 40 a 50 pessoas morrem todos os dias na Indonésia devido ao uso de drogas. 4,5 milhões de pessoas estão em estado de reabilitação do uso abusivo das drogas e 1,2 milhão continua presa ao vício, e por essa razão, o pedido de clemência não seria concedido. Por outro lado, me pergunto se o Itamarati não tem assuntos de maior valor aqui debaixo de nossos narizes. Se os escândalos de corrupção da Petrobrás – que minimizam a nossa honra no cenário internacional, que nos ridicularizam e nos acusam de não sermos uma nação séria, nós que somos honestos, que declaramos e tributamos, que pagamos impostos altíssimos – não deveriam ser tomados com mais seriedade e veemência. Pergunto-me se a Indonésia e outros cerca de 50 países que praticam a pena de morte não deveriam ser imitados por nós, aplicando penas mais severas para proteger o cidadão e a sociedade, coibindo, assim, a proliferação da impunidade tão presente em nossa sociedade. Recentemente, na Avenida Sete de Setembro em Curitiba, um jovem foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), e pasmem, o assaltante já tinha uma tornozeleira eletrônica de monitoramento, o que prova que ele estava em regime condicional ou semiaberto, mas infelizmente a tornozeleira não o impediu de puxar o gatilho contra Tiago Rodrigues, 28 anos. Se nossas leis fossem mais rígidas é bem possível que fatos assim não acontecessem. A pena de morte para os infratores é também o direito à vida para os que cumprem a lei.
SE DEUS É AMOR PARA COM OS INFRATORES, SERIA ELE INJUSTO PARA OS VITIMADOS? DE MANEIRA NENHUMA. POR AMOR AOS INFRATORES E VITIMADOS ELE APLICA A SUA JUSTIÇA QUE TRA Z EQUILÍBRIO À BAL ANÇA
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V E R S ÁT IL
Esses vilões chamados
HORMÔNIOS
Mulheres descontroladas se desculpam e culpam o estrogênio e a progesterona. Mas eles são tão do mal assim? Texto Simone Mota
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parte dos casos em que ocorrem excessos, a ciranda hormonal é potencializada por outros problemas emocionais vividos pela paciente, como crises financeira e de relacionamentos, por exemplo. Nesse aspecto, Sônia concorda que a questão também é cultural e alerta que jogar a culpa nos hormônios, muitas vezes, é um reflexo da Teoria do Engano. “A sociedade trocou a cultura de valores pela cultura da enganação e do engano”, afirma. É a típica situação da pessoa mimada que quer tudo do seu jeito e a seu tempo e joga a culpa de sua intransigência na variação hormonal. “A culpa não é do hormônio”, aponta, mas do fato de a pessoa ser mal-educada. Não se interessar pela cura ou recusar-se a enxergar os problemas são outros fatores que fazem a mulher transferir a culpa de suas reações para os hormônios.
CADA CASO É UM CASO Sônia ressalta que existem casos e casos. No atendimento clínico, um de seus hábitos é descartar, logo no início do tratamento, todas as possibilida-
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Q
ual mulher já não sentiu aquela tristeza sem causa, uma vontade de chorar fora de hora e reagiu de maneira extrema a situações que não mereciam tanta atenção? Frequentemente, mulheres criam as tais tempestades em copo de água. Quase sempre a culpa recai sobre os hormônios. Sua variação, excesso ou falta podem gerar explosões emocionais que ninguém nunca está realmente preparado para enfrentar. Mas será que esses vilões da temperança feminina são mesmo tão malévolos? A psicóloga Sônia Scaff e a ginecologista Wilma Brunetti são categóricas em dizer que depende. Wilma concorda que eles realmente têm características específicas para influenciar o humor feminino. “O estrogênio induz a um comportamento mais explosivo e irritado, enquanto a progesterona deixa a mulher mais depressiva, mais quieta, mais pra dentro”, explica. Mas ela avisa: essa capacidade dos hormônios de sambar com as emoções femininas é só uma parte da questão. A ginecologista ressalta que na maior
des hormonais, físicas e químicas. “A investigação precisa ser completa, porque não adianta nada o esforço da terapia se as taxas hormonais estiverem tão desequilibradas ao ponto de alterar gravemente o estado psicológico da mulher.” A psicóloga relata um caso em que a paciente teve um surto grave na sua frente e, após investigação, confirmou-se uma alteração importante na tireóide. Depois do início do tratamento com remédios, ela ficou bem e a terapia com a psicóloga se tornou dispensável. Para os casos mais simples, em que a irritação ou sensibilidade não afeta gravemente as relações, a ginecologista Wilma indica a prática de exercícios físicos regulares que ajudam no equilíbrio da pessoa, pois desencadeia a produção de endorfina, um elemento químico que ajuda no equilíbrio emocional. A boa alimentação é indicada para evitar que a sobrecarga do organismo complique ainda mais o quadro momentâneo da paciente. A dica de Sônia são os medicamentos fitoterápicos. “Eles incentivam a produção de hormônios, ajudam a estabilizar o humor e o corpo a produzir o bem-estar necessário na época da TPM.” Para os casos graves, Wilma sugere o acompanhamento com terapeuta, já que “a TPM passa, mas o reflexo das atitudes tomadas durante essa fase, não”.
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OÁSIS NO DESERTO? Os homens, principais vítimas da fúria feminina em tempos de TPM, não devem se revoltar tanto assim com os tais hormônios, porque eles também são responsáveis pela sua alegria. Acontece que no pico da ovulação a mulher fica mais disposta para o sexo e, sim, a culpa também é dos hormônios. São eles que vão causar uma espécie de embriaguez e deixar a parceira empolgada para a brincadeira. Mas atenção, essa alteração é esperada na mulher que não está em tratamento com anticoncepcionais, já que, em tratamento, a mulher não tem ovulação. A variação dos hormônios acontece todos os meses por ocasião da ovulação e na TPM. Também ocorre fortemente durante a gravidez e na menopausa. A sociedade e as famílias, bem como os parceiros, estão mais dispostos a suportar as alterações da mulher na gravidez, mas durante a menopausa, as reações costumam ser muito negativas, de acordo com a ginecologista.
Vale lembrar também que a maior parte dos anticoncepcionais, como pílulas, injeções e alguns DIUs, são cópias dos hormônios femininos e sua utilização também apresenta riscos de alteração de humor. Nesses casos, o indicado é procurar o ginecologista e trocar o medicamento, observando sua composição.
RUIM COM ELES, PIOR SEM ELES Nayara Ricci sofre com problemas hormonais desde muito cedo. Ela descobriu aos 21 anos uma falência ovariana, ou seja, seus ovários pararam e desencadearam uma menopausa precoce. Desde muito nova ela convive com todos os desagradáveis sintomas da menopausa e não produz nenhum dos dois hormônios femininos. Para voltar a uma vida normal, ela precisa tomar doses deles diariamente. Nayara desabafa sobre o desconforto dessa situação. “É terrível, mas tomando o hormônio eu consigo ter uma vida normal.” Porém, a decisão de iniciar um tratamento para engravidar forçou a interrupção do uso do remédio e hoje ela convive com a ansiedade da expectativa pela gestação e todos os efeitos da descompensação hormonal, como irritabilidade, fadiga extrema e falta de paciência. É o marido Fábio quem lhe dá forças, suporta a variação emocional e pega no pé da moça para realizar exercícios, já que a produção de endorfina é uma das poucas armas para lutar contra os efeitos da falta dos hormônios. Buscar ajuda com um psicólogo também faz parte da orientação médica, pois, no momento, o combo remédio, chocolate e exercícios físicos não pode ser plenamente utilizado.
Fábio, marido de Nayara, suporta a variação emocional e incentiva os exercícios físicos para aliviar os efeitos.
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E DUC A Ç Ã O & T E CNOL OGI A
POR QUE INICIAR UMA
PÓS-GRADUAÇÃO AGORA? Texto
Simone Mota
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eu começo do ano foi tão tumultuado, que o projeto de iniciar uma especialização acabou adiado? Iniciar o curso no meio do ano é uma ótima opção para quem não pode perder mais tempo e busca cursos com pequenas turmas, que garantem maior interação, tempo de qualidade e aproximação com os professores e profissionais.
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Mas a decisão por uma especialização, popularmente conhecida como pós-graduação, requer alguns cuidados. O consultor e professor na PUC-PR, Daniel Francisco Rossi, explica que são basicamente duas situações que motivam essa decisão: a necessidade e a oportunidade. A necessidade pode ser de atualização, por exigência da empresa, por recolocação no mercado de trabalho e até para impulsionar a carreira e o currículo. Daniel avisa que existem profissões que ampliam 100% do seu conteúdo em períodos de apenas dois anos. Já a oportunidade abre mais o leque e pode ser uma possibilidade de novos conhecimentos ou de conhecimento em outras áreas. E conhecimento, lembra o consultor, é o único bem que não se perde e capaz de aprimorar a nossa personalidade. Ele cita executivos que cursam alguma especialização para se prepararem melhor para a prática de hobbies de fim de semana. Essas oportunidades também podem gerar guinadas profissionais futuras. Decidir pela oportunidade de crescimento na empresa ou por uma área de preferência é uma situação delicada. “É sempre melhor fazer o que se gosta, porque o profissional frustrado sempre será menos competente do que aquele apaixonado pelo que faz”, afirma Rossi. Mas também é inteligente observar as oportunidades e os caminhos que a empresa ou o mercado estão tomando para aproveitá-los. “Uma dica preciosa é aprender a gostar do que se faz, conhecendo mais profundamente o assunto”, completa.
É SEMPRE MELHOR FA ZER O QUE SE GOSTA, PORQUE O PROFISSIONAL FRUSTRADO SEMPRE SERÁ MENOS COMPE TENTE QUE AQUELE APAIXONADO PELO QUE FA Z
Valorizar conhecimentos variados também é importante, tanto profissionalmente quanto pelo crescimento intelectual do indivíduo. No momento de escolher a instituição de ensino, algumas regras devem ser observadas. Existem as universidades federais e estaduais e aquelas de atuação nacional que são as chamadas instituições de grife. O nome dessas instituições gera peso para o currículo do profissional. Mas para o estudante que busca uma formação mais prática, que lhe traga conhecimento específico sobre o comportamento do mercado em que atua, é muito importante analisar os currículos dos cursos e a atuação profissional atual ou recente dos professores que irão ministrá-lo. Nesse aspecto, as instituições menores podem apresentar oportunidades muito interessantes de atualização. Já para o profissional que precisa se aprimorar, mas esbarra na questão tempo e local, os cursos a distância são ótima alternativa. O consultor alerta, no entanto, que o profissional precisa ser muito dedicado e disciplinado para ter êxito nos estudos.
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A PUC oferece cursos de especialização nas áreas de Arquitetura e Design, Comunicação e Artes, Medicina, Saúde e Biociências, Educação e Humanas, Negócios e também a Politécnica. Telefones: (41) 3271-1521 / 3271-1480 Site: http://especializacao.pucpr.br/ WhatsApp: (41) 9763-0999 E-mail: pos@pucpr.br
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C OMP OR TA ME N T O & DE SE N V OLV IME N T O HUM A NO Primeiro se mudam as mentes, depois os processos.
PROCRASTINAÇÃO É IGUAL MATO
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Adeildo Nascimento Consultor, professor e palestrante em temas de desenvolvimento humano e organizacional com ampla vivência no mundo corporativo. Para ele, nenhuma das atividades que realiza é mais prazerosa do que ser esposo da Josélia e pai do João. Economista pela UFPR e pós-graduado em Liderança e Gestão de Pessoas pela UP/PR. Instrutor de programas de desenvolvimento de líderes como Volvo, ALL, Grupo Boticário, Renault, ITAIPU, Petrobrás, Grupo Positivo, entre outras.
e eu fosse listar quais são os comportamentos mais presentes nas pessoas que fracassam, com certeza teria um que seria característico a todas elas. A procrastinação. O popular “amanhã eu faço”. Certa vez alguns aprendizes de jardineiro discutiam qual a melhor hora ou estação para cortar o mato dos jardins. Alguns diziam ser o verão, outros a primavera e assim caminhava a discussão. Resolveram então perguntar para um velho homem, dono do jardim mais bonito da região. - Senhor, diga-nos, qual a melhor hora para se cortar o mato do jardim? - Quando você o vê. Já fiz esta observação em algumas empresa que trabalhei. Costumava olhar o comportamento dos jardineiros para manter os jardins sempre tão bonitos e arrumados. Descobri que, ao contrário dos procrastinadores, eles não se importam em trabalhar fora de cronogramas. Perdi a conta de quantas vezes vi excelentes jardineiros – já vestidos para irem embora – se curvarem para arrancar com a própria
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mão o matinho que insiste em crescer em meio ao seu jardim. Embora todas as atividades fossem planejadas conforme as estações, nada os impedia de fazer pequenos ajustes de rota para que o resultado fosse sempre impecável. Os procrastinadores, ao contrário disto, são fiéis as suas regras e planos, que na maioria das vezes serve apenas para poupá-los da dedicação e do trabalho. Na visão do procrastinador não existe dia mais importante que o amanhã. Nele moram todas as decisões, todos os sucessos, todas as conquistas e também todo o trabalho de quem deixa para ele o que deveria ser feito hoje. Procrastinar tem se tornado um mal social e pode, sem dúvida, arruinar vidas e carreiras. Não tenho dúvidas do poder do planejamento, da preparação e da análise de cenários futuros. Contudo, só existe um dia para o trabalho e ele se chama hoje. Não espere a segunda-feira para iniciar os trabalhos no jardim da sua vida. Afinal de contas, qual a melhor hora para se admirar um jardim? Quando você passa por ele.
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POR QUE TANTOS BRASILEIROS APOSTAM NA APLICAÇÃO DA
PENA DE MORTE? Quando se aplica? Quais os riscos? Quais os benefícios? A condenação à morte de dois brasileiros por tráfico de drogas em outro país ressuscitou o debate sobre a sua aplicação no Brasil FOTOS: THINKSTOCK
Texto
Simone Mota
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oko Widodo, presidente da Indonésia, foi empossado em outubro de 2014 e iniciou seu mandato retomando a execução de presos que estavam no corredor da morte por tráfico internacional de drogas, uma das principais bandeiras de sua campanha. O discurso do chefe de estado é de que o país enfrenta um grave problema com as drogas: são em média 18 mil vítimas fatais por ano. Para ele, a execução dos condenados é justificada pela proteção de milhares de pessoas que poderiam se tornar vítimas das drogas. Widodo afirmou que não haveria clemência para condenados de outros países. Nem a ligação da presidente Dilma Roussef ou o pedido formal da Anistia Internacional foram suficientes para demover o presidente da decisão. O brasileiro Marco Archer, 53 anos, condenado por tentar entrar naquele país com mais de 13 quilos de cocaína, foi executado em janeiro. Já Rodrigo Gularte, 42 anos, condenado por tentar entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína em pranchas de surfe, foi notificado de sua execução no dia 25 de abril. Até o fechamento desta edição ainda não havia data confirmada para o fuzilamento, que poderia ocorrer a partir de 28 de abril. Diante deste quadro, fica a pergunta: o Brasil pode intervir nesse processo? A presidente pode fazer alguma coisa pelos brasileiros condenados lá?
O BRASIL, A INDONÉSIA E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Indonésia assinou diversos protocolos e constituições internacionais cujos textos exigem a abolição da pena de morte nos países participantes. Inclusive, o país implantou em 2008 uma moratória unilateral à pena capital. A medida durou até 2013 e as
execuções reiniciaram com a eleição de Widodo. Especialista em Direito Internacional, Joslai Rutkoski explica que, apesar das assinaturas, a Indonésia não ratificou esses documentos em seu país – não implementou na legislação interna que, portanto, não prevê qualquer penalização por essas práticas –, inclusive a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Protocolo dos Direitos Civis e Políticos, que afirmam que a vida é prioritária e pedem que não existam tratamentos desumanos e cruéis. No Brasil, os referidos textos internacionais foram assinados e ratificados com a Emenda Constitucional 45. No seu entendimento pessoal, Joslai defende que essas leis internacionais têm força inferior à Constituição Federal, mas estão acima das leis ordinárias. Esse entendimento não é uma unanimidade entre os juristas, já que muitos entendem as leis internacionais como leis ordinárias. Independentemente disso, as leis internacionais ratificadas possuem força de lei e pressupõem punição em caso de quebra. Esses protocolos, geralmente, preveem a possibilidade de punição por órgãos internacionais, mas não se trata de uma punição penal e, sim, espécies de represálias e pressões de outros países participantes do mesmo protocolo. Nesses casos são comuns os embargos econômicos, interrompendo compra ou venda de produtos fundamentais, como alimentos e petróleo. No embate Brasil e Indonésia, em retaliação a intransigência do presidente, Dilma não aceitou as credenciais do diplomata indonésio e ele teve que voltar. Em resposta, Joko ameaçou cancelar uma compra de aeronaves com a Embraer. Joslai esclarece que esses são os mecanismos
O PAÍS É EX TREMAMENTE PUNITIVO, MAS TEM UM PROCESSO DE CRIAÇÃO DE CASOS PARA JULGAMENTO MUITO FRÁGIL. O RICO TEM FÁCEIS CONDIÇÕES DE, PAGANDO UM BOM ADVOGADO, SE LIVRAR DA PRISÃO, ENQUANTO O POBRE, MESMO QUE INOCENTE, POR FALTA DE RECURSOS FINANCEIROS, CORRE O RISCO DE FICAR PRESO POR MUITO TEMPO 31
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máximos possíveis de interferência, já que um país não pode intervir na soberania do outro, e explica que o campo dos Direitos Humanos ainda é um ambiente muito novo a ser explorado dentro do Direito Internacional, lembrando que a Carta das Nações Unidas foi assinada apenas em 1948. Ainda, por força de lei internacional, um país não é obrigado a informar o país de origem de um estrangeiro preso julgado ou em julgamento em seu território. Essa relação diplomática só acontece quando existe algum acordo bilateral entre os países envolvidos ou através da embaixada do país de origem do preso, que recebe a informação da prisão e então faz a comunicação ao ministro das relações internacionais ou outra autoridade competente.
OS BRASILEIROS E A PENA CAPITAL
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Diante da situação dos condenados brasileiros em outro país, a população se dividiu. Alguns aplaudiram a tentativa de Dilma de ligar para Widodo em defesa de Marco, enquanto outros acusaram a presidente de defender criminoso, aplaudindo a Indonésia e classificando-a como um país sério, que cumpre com rigor suas leis. Ao longo dos últimos dez anos, as pesquisas Datafolha mostram uma divisão entre os brasileiros sobre o tema. Quase metade apoia a aplicação da pena por aqui. Mas qual é a motivação do cidadão ao se posicionar sobre o tema? O coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR (CESPDH), Pedro Bodê, explica que a opinião do brasileiro sobre pena de morte é formada a partir de visões parciais e irracionais sobre o crime e seus desdobramentos. Acontece que, para ele, a mídia brasileira funciona de maneira partidária, ou seja, apresenta apenas um lado do fato. Em especial o jornalismo policial, que prega o endurecimento das penas, sem apresentar um panorama claro do sistema penal brasileiro. Há uma pequena variação percentual entre as pesquisas apresentadas e essa variação reflete a proximidade de crimes que causaram comoção. Quando um desses eventos está mais recente ou próximo geograficamente, a tendência é que o MAI. 15
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posicionamento mais inflexível e pró pena de morte se apresente em maior número, já que parte das pessoas entrevistadas está pressionada por aquele acontecimento. O alerta do professor Bodê, no entanto, é que essa pena de morte defendida por uma alta parcela da população é completamente abstrata e não se dá a devida atenção para a pena de morte extrajudicial que já existe no Brasil, considerando os altos índices de homicídio e todas as execuções paralelas ao sistema penal que castigam e punem, principalmente, pessoas pobres, jovens, moradores da periferia e não brancos, sem dar a estes o direito de defesa que é previsto na constituição. E esse não é um discurso de “coitadismo” e sim um fato confirmado por inúmeros estudos. Outro aspecto que Pedro Bodê destaca sobre a pena de morte é que, comprovadamente, nos países onde sua aplicação é realizada, não houve diminuição da incidência dos crimes que preveem a sua aplicação. Esse, aliás, é o principal argumento da ONU e de outros organismos internacionais que vêm, sistematicamente, combatendo a prática e incentivando o seu abandono em todo o mundo. “O debate sobre a questão precisa se pautar em aspectos como o que se pretende, o que se procurou fazer e também na falibilidade do processo”, explica. Um dos maiores problemas sobre essa discussão é que, em muitos casos, a opinião se baseia em um dos lados, desconhece o verdadeiro propósito e é totalmente motivada pela emoção. Pedro também afirma que a religião é outro fator com poder de influenciar nessa decisão, tanto de apoio quanto contrário a aplicação da pena. Questionado sobre a impunidade no Brasil, Pedro Bodê diz que há uma confusão entre impunidade e sensação de impunidade. “O país é extremamente punitivo, mas tem um processo de criação de casos para julgamento muito frágil. O rico tem fáceis condições de, pagando um bom advogado, se livrar da prisão, enquanto o pobre, mesmo que inocente, por falta de recursos financeiros, corre o risco de ficar preso por muito tempo”, afirma. Mesmo injustamente, é mais comum ficar preso do que se livrar de uma condenação.
A FAVOR OU CONTRA? Apesar de a maioria da população não saber, a Constituição brasileira prevê a aplicação da pena de morte em casos de guerra declarada. É importante entender que não se trata de guerra civil, ou interna, mas contra outra nação.
Fora isso, a Constituição garante a manutenção da vida ao indivíduo, mas muitos brasileiros defendem a criação de uma nova lei que conceda ao Estado o poder de determinar a morte de um réu. Antes de definir sua posição, leia as principais motivações de dois advogados criminalistas.
CONTRA A PENA DE MORTE O BRASIL TEM UM CONJUNTO DE PENAS BASTANTE DURAS, O PROBLEMA ESTÁ NA SUA CORRETA APLICAÇÃO
“A constituição é a lei maior e veda a pena de morte, que fere a dignidade da pessoa humana”, afirma o advogado criminalista e professor de direito penal, Jeffrey Chiquini. Ele explica que o Estado não pode ter o direito de tirar a vida e esclarece que a pena possui a função de punir, mas também de limitar o direito de punir do Estado. Se a pena de morte for aplicável, ela garante ao Estado o direito de ser autoritário e cruel. O endurecimento de pena não é, na opinião do advogado, a solução para o problema da escalada da criminalidade no país. “O Brasil possui um conjunto de penas bastante duras, o problema está na sua correta aplicação”, afirma. Jeffrey lembra também que os juízes que atuam nessa área buscam a celeridade dos processos, ou seja, se preocupam muito em agilizar a finalização, o que, muitas vezes não garante a busca pela verdade real dos fatos. E a maior parte das condenações é baseada em indícios e não em provas, dificultando ao juiz o acesso a verdade real dos fatos. Uma condenação à morte nessas condições traria insegurança para todos. Para ele, o princípio do não retrocesso é outro limitador que impede a previsão e aplicação da pena capital no Brasil. Mesmo com uma alteração da Constituição, em respeito ao princípio do não retrocesso social, sendo o direito à vida reconhecido como um direito fundamen-
tal, o Estado assume o dever de preservá-lo, abstendo-se de frustrá-lo ou suprimi-lo em âmbito interno ou internacional. Este princípio, do não retrocesso, é previsto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, da qual o Brasil é signatário. A convenção foi ratificada no ordenamento jurídico brasileiro. Para ilustrar outro direito que seria ferido pela pena de morte, imagine um caso hipotético, em que um casal de namorados formado por um rapaz de 19 anos e uma menina de apenas 13 mantém relações sexuais. No Brasil, a prática sexual com menor de 14 anos, mesmo que consensual, é considerada estupro de vulnerável e crime. No exemplo, o rapaz seria condenado a pena de morte. Se depois de três ou quatro anos, o legislador entender que esse limite de idade para vulnerável pode ser reduzido para 12 anos, aquele réu já executado não terá direito à revisão criminal em seu favor, um direito previsto em lei. A retroatividade da lei mais benéfica é uma garantia constitucional assegurada a todos, mas não poderia ser aplicada ao condenado à pena de morte. “Sou contra a pena capital pelas inseguranças jurídicas que ela nos traz e por vivermos um legislativo vulnerável ao clamor público”, resume. Ou seja, as leis são aprovadas por pressão da população e não por comprovação da sua necessidade ou eficácia.
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FAVORÁVEL A PENA DE MORTE
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advogado criminalista Luis Fernando Kemp defende a aplicação de pena de morte em alguns casos. Ele entende que a medida é extrema e por isso mesmo prega a sua aplicação apenas em casos de crime hediondo, tráfico de drogas e violência sexual contra menor ou indefeso. E mesmo assim, ele ressalta que essa pena só deve ser aplicada em casos reincidentes, por ser essa uma prova de que o réu não tem esperanças de regeneração. Além da reincidência, o advogado considera vital que apenas o réu que possui consciência do que fez e das consequências da sua atitude possa ser condenado à morte. “No caso de uma pessoa com limitações mentais, que não tenha ciência das consequências dos seus atos, e que, através de exames, seja comprovadamente impossível ou improvável a sua recuperação e ressocialização, o ideal é a internação perpétua em hospital psiquiátrico”, afirma. Luis considera injusto que essa pessoa pague com a vida por um crime do qual não tem consciência plena. O advogado explica que uma das funções da pena é reduzir a incidência do crime ou da sua prática. A pena de morte serve como desestímulo e um dos principais argumentos de quem defende essa prática é o princípio da proporcionalidade, um conceito amplamente debatido entre os estudiosos e reconhecido como medida de justiça, sugerindo uma pena tão intensa como a gravidade do fato, com base na milenar Lei Talião: olho por olho, dente por dente. Num país violento como o Brasil, a pena de morte já acontece na prática, explica ele, especialmente em situações em que uma pessoa mata alguém que não oferece resistência. O crescimento da criminalidade se deve a falta de efetivas punições. A vida está banalizada porque as pessoas sabem que a pena é baixa ou quase não há pena. Ele lembra que a pena máxima por homicídio por veículo automotor é de dois anos e dificilmente o réu chega à prisão. Para Kemp, a prática da legislação brasileira é branda na punição dos crimes e em muitos casos a vítima, se reagir, pode se transformar no réu. Ele
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ilustra com a situação em que um assaltante aborda a vítima com uma faca e esta reage com uma arma de fogo, ferindo o assaltante na perna ou mesmo matando-o. Nesse caso, a vítima pode se tornar o réu sob as acusações de lesão corporal ou tentativa de homicídio. Isso porque a legítima defesa pressupõe o uso de elementos moderados para cessar a agressão. Previsto pela Constituição, o tempo máximo de permanência na prisão é de trinta anos e os inúmeros recursos possíveis em um processo permitem situações como o caso do jornalista Pimenta Neves, que assassinou a ex-namorada Sandra Gomyde no ano 2000. Mesmo sendo assassino confesso, Pimenta Neves só foi efetivamente condenado, depois de vários recursos, em 2011. Casos como esse dão a sensação de impunidade ao brasileiro, que espera a existência de leis mais duras e a certeza de que vai haver punição. Kemp reconhece que o debate da estrutura penal e constitucional precisa ser muito mais amplo e afirma que o brasileiro está tão cansado de tanta impunidade que já há uma aprovação inconsciente da população para a pena de morte. Prova disso é a comemoração do povo quando um bandido é morto pela polícia. Substituir por prisão perpétua também não é o caminho. “O nosso sistema prisional não permite a ressocialização das pessoas e as prisões são depósitos de gente, ou seja, o país não tem estrutura para suportar esse tipo prisão”, explica. Nesse cenário, o preso condenado à prisão perpétua não tem o que perder e a tendência é que ele passe o dia tentando fugir ou causando rebeliões, buscando se livrar da pena. Uma eventual fuga demanda esforços desnecessários e novos riscos: o preso pode fazer novas vítimas e a polícia reinveste esforço para recuperá-lo. Por esses motivos, ele entende que, no Brasil, a pena de morte é mais razoável que a prisão perpétua. “A pena de morte não é a melhor solução no Brasil, mas é a que vejo com maior capacidade de interromper a escalada da violência”, afirma.
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A influência da esposa foi primordial para que Anderson começasse a fazer exames de rotina.
HOMEM PREVENIDO VALE POR DOIS Exames preventivos são essenciais quando o assunto é saúde Texto e fotos
Raphael Moroz
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lgo não estava bem com a saúde de Anderson. Imediatamente após ingerir carne de porco, passava mal. Se comesse pizza, 15 minutos depois estaria no banheiro, com diarreia. Se tomasse um copo de leite, também. Os sintomas começaram após uma viagem a Jataizinho, município da região metropolitana de Londrina (PR). Anderson e a esposa, Heloísa, costumavam ir à cidade para visitar a família dele. “Eu voltei de lá me sentindo mal. Pela manhã, sentia vontade de vomitar; também tinha diarreia e desconforto abdominal”, conta o auxiliar administrativo. Ele protelou, mas, por insistência da esposa – que, na época, era sua namorada –, acabou buscando auxílio médico. Após alguns exames, descobriram a causa do mal-estar: a taxa de triglicerídeos (óleos ou gorduras de origem vegetal ou animal no organismo) estava em 1.270 mg/dl, sendo que o nível considerado normal é de até 150 mg/dl. “Eu saí da consulta apavorada, achando que iria ficar viúva antes de casar”, conta Heloísa. A investigação médica apontou que as causas da alta taxa de triglicerídeos de Anderson são hereditárias. “Segundo minha médica, a taxa só vai baixar se eu tomar remédio”, explica. Essa situação aconteceu há cerca de três anos e meio. Até então, Anderson, hoje
com 39 anos, não tinha o costume de fazer exames de rotina. “Eu só ia ao médico quando via que era o último recurso. Achava algo muito invasivo”, confessa. Antes de vir para Curitiba, residia com a família num sítio em Jataizinho. Enquanto morava lá, a única vez que pisou num hospital foi para tratar da abertura de dois ossos do braço, aos 13 anos. “Quando ouço a palavra hospital, assimilo isso a uma doença, e não à prevenção. E isso é um fato que trago do interior, porque, quando alguém da família ia para o hospital, era porque o estado de saúde era muito grave”, analisa. Depois do mal-estar ocasionado pelo aumento drástico do nível de triglicerídeos, Anderson passou a cuidar melhor da saúde. Apesar de ainda sentir um desconforto quando ouve as palavras “médico” e “hospital”, procura seguir os passos da esposa, que faz exames preventivos e check-ups regularmente.
MAL GENERALIZADO Anderson não é o único a sentir um frio na espinha diante de questões médicas. Vários homens alegam sentir a mesma coisa quando suas mães, namoradas ou esposas exclamam frases como “você deveria procurar um médico!” ou “não está na hora de fazer
MANTENDO A SAÚDE EM DIA Confira as recomendações do urologista Thadeu Brenny Filho para os homens que desejam cuidar melhor da saúde.
PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS REGULARMENTE (fazer musculação ou caminhar no parque até três vezes por semana). Ou escolha uma atividade que goste de fazer e a pratique regularmente. Em casos de rotinas excessivamente estressantes, buscar trabalhar menos (se possível) e encontre formas de
ALIVIAR O ESTRESSE. FAZER EXAMES DE ROTINA pelo menos uma vez por ano. Caso tenha mais de 45 anos ou possua histórico de câncer na família, procurar um urologista para a realização de EXAMES
PREVENTIVOS.
O HOMEM QUE FA Z PREVENÇÃO SE SENTE MAIS SEGURO AO LIDAR COM SEU ENVELHECIMENTO E COM SUA VIDA DE MANEIRA GERAL, ELE VANDO SUA AUTOESTIMA 37
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PARA O HOMEM, SAÚDE SIGNIFICA FORÇA E VITALIDADE, E SUBMETER-SE AO MÉDICO MEXE COM ESSAS QUESTÕES um check-up?”. O tema é tão polêmico que já foi até alvo de pesquisas científicas. Em 2012, os autores Thiago Pinheiro, Márcia Couto e Geórgia Nogueira publicaram um artigo em que discutem a relação entre a construção da masculinidade e o processo saúde-doença. De acordo com eles, entre as razões de os homens procurarem menos os serviços de saúde estão o fato de que, historicamente, o corpo feminino foi visto como mais frágil e instável que o do sexo oposto, requerendo, portanto, maiores cuidados médicos. A isso, sobrepõe-se a premissa social de que o homem deve negar suas fraquezas e vulnerabilidades e ter total controle físico e emocional. De acordo com o psicólogo Raphael Di Lascio, que possui experiência em prevenção e tratamento psicológico, o comportamento de não querer mostrar fraqueza é o que mais contribui para que o homem não tenha o hábito de ir ao médico. “Para o homem, saúde significa força e vitalidade, e submeter-se ao médico mexe com essas questões”, explica. No Brasil, pesquisas sobre a saúde e o adoecimento do homem só ganharam destaque a partir da década de 90, quando se verificou que a taxa de mortalidade masculina era maior que a feminina em todos os grupos etários. Esse dado aponta para a importância de se diagnosticar problemas de saúde a tempo de evitar possíveis complicações. Nesse aspecto, uma palavra faz todo o sentido: prevenção. Segundo o médico urologista, Thadeu Brenny Filho, muitas doenças que atingem o homem podem ser prevenidas. “Com a prevenção, as patologias são diagnosticadas antes do tempo, o que faz com que a recuperação seja muito mais rápida”, afirma. Entre as doenças que merecem atenção está o câncer de próstata, que pode ser prevenido por meio de um exame simples e rápido, mas que, devido à sua natureza, acaba provocando medo nos homens 38 MAI. 15
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de forma geral. “O interessante é que, depois do procedimento, os pacientes costumam agradecer pelo resultado positivo do exame, como se nós tivéssemos tirado um peso muito grande deles”, conta o urologista. Por outro lado, se as complicações envolvendo a próstata não são diagnosticadas a tempo, há várias consequências negativas. “No caso da evolução benigna da doença prostática, o homem encontrará dificuldades para urinar. O jato de urina que, antes, chegava até o outro lado do muro, agora, cai no dedão do pé. No caso do câncer, perde-se o tempo adequado para o tratamento, sendo que este, muitas vezes, acaba sendo apenas paliativo”, alerta Brenny Filho. Psicologicamente falando, prevenir também é o melhor remédio. “O homem que faz prevenção se sente mais seguro ao lidar com seu envelhecimento e com sua vida de maneira geral, elevando sua autoestima”, afirma o psicólogo Raphael Di Lascio.
Para o urologista Thadeu Brenny Filho, a realização de exames preventivos, especialmente os da próstata, é fundamental para a manutenção da saúde do homem.
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S A ÚDE & BE M-E S TA R
SEDENTARISMO OU CARGA GENÉTICA O que pesa mais na saúde?
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Por
Paulo Nassif Cirurgião do aparelho digestivo e coordenador de equipe multidisciplinar de tratamento cirúrgico da obesidade.
revista científica Medicine & Science in Sports & Exercise divulgou recentemente um estudo coordenado pela Universidade finlandesa de Jyväskylä que comparou gêmeos idênticos para saber se a propensão genética teria um peso maior do que o modo de vida sobre a saúde. Para a realização da pesquisa, foram avaliados 10 pares de gêmeos, homens, entre 30 e 36 anos, em que um dos irmãos realizava exercícios e o outro não. Avaliando indivíduos com a mesma carga genética, que cresceram em ambientes semelhantes e com hábitos alimentares parecidos, o principal objetivo era procurar isolar o efeito dos diferentes padrões de atividade física sobre a saúde de cada um deles. Adotando esta metodologia, os pesquisadores objetivavam anular ao máximo os efeitos da genética nos resultados finais. Como já era de se esperar, os resultados demonstraram que os indivíduos que se exercitavam frequentemente
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UMA SIMPLES CAMINHADA DE 20 MINUTOS TODOS OS DIAS JÁ DIMINUI O RISCO DE MORTE PREMATURA ENTRE 16 E 30%. tinham uma saúde melhor se comparada a dos seus irmãos sedentários, apresentando melhores índices de equilíbrio do açúcar no sangue, maior volume da massa cinzenta cerebral (responsável pelo controle da coordenação motora) e menor acúmulo de gordura corporal. A conclusão é simples: apenas uma pequena quantidade de atividade física por dia pode trazer efeitos substanciais para a saúde, e nem é preciso ser um atleta para desfrutar dos benefícios dos exercícios. Uma simples caminhada de 20 minutos todos os dias já diminui o risco de morte prematura entre 16 e 30%.
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E N T RE NÓ S
SENDO PARCEIROS
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Por
Amália Dornellas Jornalista por formação. Ministra curso de noivos para casais que desejam ingressar no casamento sabendo lidar com os problemas antes mesmo de aparecerem. A cada edição a coluna Entre nós irá abordar temas que fazem bem
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para o amor.
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um sábado desses, pensando no tema que escreveria na coluna desse mês, comecei a ouvir o barulho da água saindo da pia na cozinha. Era meu marido. Estava dando um jeito na louça, fazendo um lanchinho pra gente. Enquanto isso, eu estava com cólica e uma baita enxaqueca, deitada na cama com o notebook no colo tentando trabalhar. Não precisei pedir ou indicar o que ele precisava fazer. Ele sabia. Ele sabe que ser meu parceiro alimenta nosso relacionamento todos os dias. E olha que ele tinha acabado de retornar da universidade, de uma manhã inteira de estudos. Aquela história da bola de cristal que nós, mulheres, gostaríamos que eles tivessem pode parecer bobagem. Mas, muitas vezes, esse dom divino de adivinhar nossos pensamentos faz a diferença para ler esses pequenos momentos, ter essas pequenas atitudes que mudam tudo! Mudam a forma como nós enxergamos o cara que acorda todos os dias ao nosso lado e nos faz suspirar. Como não se apaixonar por um homem que lava a louça sem que você precise pedir? Parceria é isso. É saber que eles estarão dispostos ao nosso lado, ajudando nas coisas simples do dia a dia. É saber que eles entendem que cólica e TPM não são frescuras de mulher, são reais, e deixam a gente pra baixo por dias!
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Como essa compreensão faz a diferença. Mas, vejam bem meninos, parceria não se resume apenas aos dias em que estamos de cama ou precisando de cuidados. Nos dias normais, a parceria deve aparecer para resolver as coisas de casa juntos, para dar aquela geral esperada há semanas, para dar um jeito na decoração que está no papel há meses. Dividir esses momentos transforma aqueles afazeres que pedem cara feia em momentos de descontração e resulta em mais tempo para desfrutar da companhia um do outro. Sobra mais tempo para planejar sonhos, para namorar, para ficar à toa no sofá assistindo um filme juntinho. Meninas, a parceria não é só para eles viu? Descubra as necessidades do maridão e aquilo em que ele gostaria que você estivesse mais presente. Ao invés de só criticar o futebol semanal com os amigos, acompanhe e curta o momento em que ele pode oferecer aquele belo gol (nem sempre belo) pra você. Aceite o convite para acompanhá-lo pela décima vez no filme preferido dele, mesmo que tenha só carros turbinados. Isso também faz a diferença para eles. Agora fico por aqui. O prato do chef já está exalando um cheirinho delicioso na cozinha. Pausa para o lanche feito pelo maridão.
FOTO: THINKSTOCK
Uma inspiração em meio a cólicas e enxaqueca
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C ONE C T E -SE
CINEMA Boyhood – Da infância à juventude 2014 | Drama | 2h45min
Ver um álbum de fotografias antigo é sempre uma experiência interessante, não é mesmo? A partir do momento que folheamos páginas antigas de nossas vidas, revivemos momentos e lembramos de pessoas que, em maior ou menor grau, nos marcaram. A foto de uma simples festa de aniversário ou de uma viagem em família é capaz de encher nossos olhos de lágrimas e arrebatar nosso coração. “Boyhood – Da infância à juventude” é o álbum de fotos de Mason (Ellar Coltrane) e sua família. Dirigido por Richard Linklater – responsável por produções como “Antes do amanhecer” e “Escola de Rock” –, o filme retrata o garoto desde a pré-escola até o ingresso na universidade. Durante esse intervalo de tempo, somos praticamente transportados para a vida de Mason, experimentando, com ele, os momentos de alegria e tristeza que fazem parte de cada fase do ciclo existencial. Quando sua mãe decide mudar de cidade 44 MAI. 15
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após um doloroso divórcio, parece que sentimos na pele as dificuldades do garoto em se adaptar à nova rotina. Quando ele vive a primeira decepção amorosa, nos entristecemos com ele. Em Boyhood tudo é muito realista e encantador. É como se estivéssemos folheando o álbum de fotos de nossa própria vida. Essa dose de realismo se deve, em grande parte, ao fato de o filme ter sido rodado durante 12 anos. Isso significa que Coltrane começou o filme com 6 anos e terminou com 18, assim como seu personagem. O mesmo aconteceu com os demais atores, que finalizaram o filme 12 anos mais velhos. Indicado a seis prêmios no Oscar, o filme recebeu apenas um: o de melhor atriz coadjuvante para Patricia Arquette, que interpreta a mãe de Mason.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Por Raphael Moroz
LIVROS
Stephen King, a biografia Coração Assombrado
DarkSide Books | R$ 51,90 | 2013 Engana-se quem pensa que a fama de Stephen King foi imediata. Antes de se tornar mundialmente conhecido com “Carrie, a estranha”, seu primeiro romance, King atuou por longos anos como professor de ensino médio e publicou inúmeros contos para revistas masculinas em troca de poucos dólares. Além disso, o escritor não escreveu só tramas de terror e suspense. Histórias altruístas e tocantes, como as dos filmes “Um
sonho de liberdade” e “À espera de um milagre”, também são dele. Essas e outras curiosidades são detalhadas na biografia “Stephen King - Coração Assombrado”. Minucioso, o livro humaniza King ao abordar sua relação com a esposa e os filhos e ao retratar os longos anos de lutas e dificuldades financeiras até que o reconhecimento viesse. Uma pedida interessante para quem deseja conhecer o outro lado do “mestre do terror”.
Meus tempos de ansiedade: medo, esperança, terror e a busca da paz de espírito Scott Stossel Companhia das Letras | R$ 59,90 | 2014 Apontada como o mal do século, a ansiedade tem afetado a população de maneira generalizada. No livro “Meus tempos de ansiedade”, o jornalista norte-americano Scott Stossel realiza um tratado sobre essa complexa doença, analisando-a sob o ponto de vista da medicina, da psicologia e da filosofia. O interessante é que ele intercala essas visões com relatos autobiográficos de momentos em que foi tomado por níveis altíssimos de ansiedade, como no dia de seu casamento. 45
BE M B OL A DO
MOTA SPORT CLUBE
A solução para a crise no futebol
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dono da bola no campinho jamais foi bem visto. O jogo precisava agradá-lo. Se ele não batesse o pênalti, adeus pelada! O infeliz botava a redonda debaixo do braço e voltava pra casa, deixando “no vácuo” um bando de meninos talentosos. Tudo na idade adulta evolui, e a evolução do futebol está deixando “no vácuo” é a torcida. Pelo menos, eu acho! Tudo bem que o termo evolução pode não ser tão apropriado como tento apresentá-lo. A verdade é que a combinação entre as crises financeira e de gestão nos grandes clubes brasileiros de futebol e o investimento de empresários e ex-jogadores em pequenos times para descoberta e venda de novos talentos está aprimorando o concorrido mercado dos gramados, mas tirando completamente a graça dos campeonatos. Especialmente os regionais. A baixa qualidade na bola jogada abre oportunidades de títulos para os clubes pequenos. E eu acharia isso incrível, se o time pequeno não fosse tão pequeno ao ponto de levar o nome de uma marca ou um sobrenome. Se ainda fosse o time dos Silva, vá lá! Mas quantos Malucellis existem no país? Até tentam chamar o time familiar de “Jotinha”, pra ficar mais simpático. Mas não tem como torcer pelo time da família dos outros. Eu sou Mota. E Silva. Sou Mota Silva. Torço pra um desses times. Vibrar pelos outros seria negar as origens. Eu, hein! Ah, também não tomo Red Bull. Até deveria, já MAI. 15
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que as atribuições são muitas e o sono também. Um energético é bem útil. Mas optei pelo guaraná em pó. Do frasquinho igual ao do fermento pra bolo. Daí, né, torcer pelo R.B. Brasil, que descobri agora, é Red Bull, seria propaganda enganosa. Tanta cidade pequena precisando de assunto, e os caras criam times familiares e de marca? É uma judiação! Imagine o glorioso time do Abatiá Futebol Clube bancado pelos ricos empresários que levam o sobrenome Malucelli. Seria um estouro! E pelo menos os sete mil e poucos moradores da cidade teriam assunto todo fim de semana. Será que tem mais de sete mil Malucellis no Brasil? E no mundo? Ah, gente, por favor! Se é marca, se associe como patrocinadora, se é nome, vá pelo da cidade. Ou invistam nos nossos sucateados grandes clubes. Meu marido ainda acredita que o Paraná Clube vai voltar pra série A do Brasileirão. Alguém aí pode ajudar? É, gente, coloquem a mão na consciência. Porque daqui a pouco teremos muitos times e nenhuma torcida. E futebol sem torcida é igual “piu-piu sem frajola” ou “Buchecha sem Claudinho”. Não tem a mesma graça.
Por
Simone Mota Jornalista apaixonada por todos os esportes. Acompanhe mensalmente nesta coluna um pouco sobre esse universo.
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RE F E RÊ NCI A
Criatividade e dedicação aos estudos para uma carreira de sucesso
Texto
Amália Dornellas Fotos
João Cavalheiro Jr.
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ublicitário, marido e pai dedicado de dois filhos, líder de jovens na Igreja Comunhão Abba. Aos 35 anos Tiago Stachon chegou a um ponto privilegiado da carreira, sem atropelar a vida pessoal e ministerial. Em janeiro desse ano assumiu a vice-presidência de planejamento do grupo paranaense OM Comunicação Integrada. Há 42 anos no mercado, é formado pelas empresas OpusMúltipla, Brainbox e HouseCricket. As três estão no rol das poucas brasileiras do segmento que possuem ISO 9001 e estão listadas pelo Instituto Great Place to Work entre as melhores agências para se trabalhar no ramo. O grupo é reconhecido nacionalmente por ser pioneiro na comunicação integrada e atende clientes como Boticário, Volvo, Renault e Tigre. Em seus 15 anos de carreira Stachon já conquistou diversos prêmios, alavancou os negócios por onde passou, abriu sua
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própria agência, deu aula, fez cursos, especialização, mestrado, apresentou programa de TV sobre comunicação, fundou o Grupo de Planejamento e Atendimento do Paraná (GPA-PR), dirigiu o Clube de Criação de São Paulo, fez negócio com xeiques árabes em Dubai (inclusive morou por lá) e participou de grandes campanhas nacionais de consciência no trânsito e apoio aos cadeirantes. Uma pergunta que não poderia sair do roteiro é como chegar lá em tão pouco tempo, afinal o sucesso na carreira e a idade se destacam. A resposta: estar preparado para as oportunidades. Para Tiago, estar pronto inclui estudar, estudar muito. Engano é pensar que publicidade é só festa. Ir para a área sem consciência de que os livros fazem parte da carreira é sinônimo de frustração. Sem estudo não tem como se tornar um profissional de destaque.
A trajetória de Tiago comprova que conselho bom é aquele que você também segue. Formado em Publicidade e Propaganda, além de muitos cursos, tem MBA em Comunicação e mestrado em Marketing Internacional pela Universidade Internacional de La Plata, tradicional federal da Argentina. Lá se formaram Adolfo Esquivel, que foi Nobel da Paz em 1980, e Eva Perón. Contou, com exclusividade para a Conecte, que já está pensando no doutorado. Estreitando os laços com o meio acadêmico, dá aula em cursos de pós-graduação nas cadeiras de marketing internacional e planejamento estratégico.
SEMPRE AVANTE Em 2010, a empresa da qual era sócio na época teve um crescimento de 300%. Saiu de lá para abrir sua própria agência, a Candy Shop, que conquistou o Grand Prix do Prêmio Televisão Curitiba em novembro de 2014 com o comercial criado para a escola de música Academia do Rock, estrelado pelo caricato roqueiro Serguei. Na sua clientela já passaram Volkswagen, Fiat, Itaú, Internet Terra, Extra Hipermercados, entre outros. As premiações acumuladas também são generosas: Profissional do Ano em Marketing Promocional em 2012, agência do ano pelo Meio&Mensagem e pelo prêmio GRPCom de Publicidade, ambos em 2014, Prêmio Áster ESIC Brasil – Trajetória Profissional em 2013, Profissional de Marketing Promocional do Ano em 2011 (Prêmio Colunistas-PR), Agência do Ano Prêmio Colunistas em 2011, Yahoo Big Idea Chair 2011 Brasil e Grande Prêmio em case de design e criatividade Idea Brasil 2012. Foi o primeiro paranaense a ser convidado para o Júri do Prêmio Nacional Effie Awards, em 2012. Dos prêmios conquistados, o mais emocionante foi o Áster. “Quando soube que fui indicado, não o conhecia. Foi muito especial porque leva em conta a trajetória profissional e o impacto que ela traz para a sociedade”, contou. A criação do Grupo de Planejamento e Atendimento do Paraná, por exemplo, e as campanhas de repercussão nacional são pontos que contribuem para a relevância social. Voltando no tempo, Stachon já foi até vendedor de queijos. Assumiu o posto na distribuidora do sogro. O carro já exalava o aroma típico. Nessa fase já estava coordenando uma equipe de vendas e a empresa passou por um upgrade no faturamento. Essa temporada foi fundamental na percepção que desenvolveu do consumidor e contribuiu muito para sua atuação no mercado publicitário. De família simples, mãe viúva e dois irmãos mais velhos, cresceu trabalhando para ajudar no sustento da família.
C: POR QUE ESCOLHEU PUBLICIDADE? T: Descobri que meu negócio era comunicação. Era o que sinalizava desde minha adolescência. Na época do colégio, tinha uma banda e cuidava de toda a parte de divulgação, camisetas, logomarca e etc. Gostava disso. Cheguei a pensar em direito e medicina. Gostava das cenas de filme onde os caras ficavam discursando, defendendo as pessoas. Medicina era uma opção porque traz a possibilidade de curar as pessoas e isso é fascinante. Antes de decidir, assisti a uma aula de Direito, estava de chinelo e bermuda na sala, os demais todos de terno e gravata. Pensei na hora: isso não é pra mim. Fui numa aula de anatomia com a minha irmã (que hoje é médica) e também descobri que não era aquilo que eu esperava. Então assisti a uma palestra de um publicitário, mostrando todo o lado encantador da profissão e disse: é isso que quero pra mim.
NUM MERCADO EXTREMAMENTE COMPETITIVO, COMO CHEGAR AO TOPO DA CARREIRA? O passo número um é estar preparado para as oportunidades que chegam. Mas na minha história não posso deixar de lado a questão divina. Deus. Se não fosse por Ele ter abençoado não chegaria aqui. Acredito que Deus nos traz as oportunidades, mas cabe a nós estar preparado para aceitá-las. Precisamos fazer nossa parte, senão a chance vem e se você não está pronto ela passa. Sempre estudei muito, e ainda estudo, fiz muitos cursos, logo depois da faculdade já fui para o MBA, fiz mestrado e já estou pensando no doutorado. Sem estudar não tem como pensar em uma carreira de sucesso. 49
RE F E RÊ NCI A O MERCADO DA PUBLICIDADE TEM UM LADO OBSCURO COM RELAÇÃO A VALORES MORAIS E ÉTICOS, EXPLORAÇÃO E ASSÉDIO. É VERDADE? O QUE UM PROFISSIONAL RECÉM-FORMADO PODE ESPERAR? Sim, de fato esse lado existe. É uma prática muito recorrente no passado e que ainda é encontrada em muitas agências pelo Brasil. Existe um lado sedutor da publicidade, da fama das reuniões regadas a champanhe, das festas espetaculares, do glamour e do luxo. E por conta disso, às vezes, as pessoas acabam se submetendo a condições ruins de trabalho. E existe sim o cenário das agências que exploram, contratam de forma precária, sem carteira assinada. O profissional precisa saber se comportar nesse meio e filtrar esse lado sedutor, procurar empresas sérias para trabalhar e não aceitar essas condições que denigrem o mercado.
QUAIS CARACTERÍSTICAS SÃO FUNDAMENTAIS PARA SER PUBLICITÁRIO? Em primeiro lugar ser criativo. A criatividade inclui ter senso estético e conhecimento de história da arte, por exemplo. Isso é fundamental para ser um profissional com diferencial. Em qualquer área é preciso ter criatividade, mas na publicidade ela precisa aparecer de forma mais evidente. Publicitário também precisa ter resiliência, reinventar-se é fundamental para a profissão. Importante pontuar que a vaidade não pode fazer parte desse universo. Ela é um problema para o publicitário.
VALE A PENA FAZER PUBLICIDADE? Posso dizer que sim, por dois motivos. O primeiro é que publicidade (e a comunicação como um todo) é a única área das ciências sociais em que você consegue ver o resultado de uma mobilização 50 MAI. 15
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social efetiva, ela te permite mudar a percepção da sociedade sobre algo. Você pode transformar a vida das pessoas de forma impactante. É fantástico ver como uma ação pode causar um efeito incrível na sociedade, ver uma campanha na rua, mobilizando o público, é fantástico. A segunda é porque sempre vale a pena fazer o que você ama. Essa deve ser sempre a primeira razão. Fui feliz vendendo queijo e alavancando a distribuidora, porém, a comunicação é o que me realiza.
COMO CONCILIAR O SUCESSO NA CARREIRA, QUE PODE EXIGIR POSTURAS QUE TALVEZ FUJAM DOS PRINCÍPIOS CRISTÃOS, COM UMA VIDA ESPIRITUAL EQUILIBRADA? Se você não tem muita segurança com relação à vida espiritual, a primeira dica é procurar uma empresa ética, idônea. As propostas indecentes sempre aparecem, a chance de pisar fora do caminho sempre bate a porta. Então é melhor saber onde está pisando para evitar essas oportunidades que podem trazer consequências sérias.
E O TEMPO PARA A VIDA PESSOAL, JÁ QUE O UNIVERSO DA PUBLICIDADE É CONHECIDO PELO EXCESSO DE TRABALHO? Tempo é disciplina. Para conseguir conciliar tudo, é preciso ser disciplinado, priorizando as coisas importantes e não gastando tempo com Facebook, por exemplo. Temos que ter inteligência com o tempo e eliminar os pontos que nos fazem desperdiçá-lo. Priorizo que preciso tomar café da manhã com meus filhos e colocá-los na cama para dormir. Para isso preciso de uma agenda, colocar tudo em ordem e seguir à risca. Sendo disciplinado, organizado e com um pouco de logística é possível ter tempo para a vida pessoal e conciliar as diversas atividades profissionais e ministeriais.
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E MB A R QUE
Um pedacinho da
HOLANDA no Paraná
Uma viagem para encher a bagagem de cultura, história e comidas típicas Texto e fotos
Evandro Augusto
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irigindo pela BR 277 no sentido oeste, passando Campo Largo, a paisagem começa a mudar. As montanhas vão sumindo aos poucos, a vegetação nativa também parece se tornar mais rasteira. Campos e plantações dominam o horizonte até que ao longe se vê os paredões de Vila Velha, dando a certeza de ter chegado aos Campos Gerais. Seguindo em frente, atravessa-se a cidade de Ponta Grossa e poucos quilômetros adiante já se está em terras holandesas, ou melhor, na colônia holandesa de Carambeí. O município era um antigo distrito de Castro, hoje emancipado. Ali se situa o maior museu histórico a céu aberto do país.
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E MB A R QUE Os telhados do estilo Zaanse Schans são bastante inclinados para permitir que a neve escorra. Abaixo: mais nova parte do Parque Histórico de Carambeí, que será inaugurada no final de Maio, abriga novas lindas construções.
PARQUE HISTÓRICO DE CARAMBEÍ A maquete em tamanho real das primeiras edificações da Vila de Carambehy, erguidas pelos imigrantes holandeses, é um dos pontos mais encantadores da viagem e pertence ao Parque Histórico. É possível entrar na estação de trem, na igreja, chácara holandesa, escola, matadouro, marcenaria e ferraria, dentre outras construções da vila. A decoração de cada ambiente foi pensada em seus pequenos detalhes. As casas possuem desde mobiliário, como camas, sofás e mesas da época, até peças de roupa, tapeçaria e objetos pessoais típicos, doados pela comunidade regional. Na igreja e na escola é possível ver os antigos bancos e mesas de madeira, combinando com os órgãos musicais, sempre presentes. Também é possível conhecer o Museu de Implementos Agrícolas, com diversos maquinários antigos utilizados para a agricultura, e a Casa da Memória, que conta com exposições do acervo histórico e de artistas locais. A estrutura ainda dispõe de um excelente restaurante que serve almoço típico holandês-indonésio aos sábados domingos e feriados, das 12h às 14h e, como não poderia faltar em um ambiente holandês, uma enorme variedade de tortas. O parque fica aberto das 11h às 18h. O ingresso tem o valor de R$ 12, sendo que crianças de 7 a 12 anos, doadores de sangue, professores e estudantes pagam meia entrada. Para idosos e deficientes físicos são disponibilizadas cadeiras de roda e carrinhos elétricos. 54 MAI. 15
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CASTROLANDA Saindo de Carambeí e seguindo por mais 20 km na PR 151, chega-se a cidade de Castro. Pegando a saída para a Rodovia PR 340, são mais 8 km até a Colônia Castrolanda. Quem passa desapercebido pela rodovia nem imagina que ali, ao lado da enorme cooperativa de mesmo nome, está um dos maiores moinhos do mundo. O moinho, que compõe o Memorial da Imigração Holandesa “De Immigrant”, foi construído em 2001 para celebrar os 50 anos de imigração no local. Com 37 metros de altura, suas pás têm uma envergadura de 26 metros e podem chegar a incríveis 100 km/h (foto
Acima, à direita: Draaiorgel, o realejo holandês, um instrumento musical típico incrível. Acima e ao lado: As igrejas Evangélicas Reformadas estavam sempre presentes nas colônias que se baseavam no tripé religião, educação e cooperativismo.
principal). A fantástica estrutura de madeira é toda encaixada e não possui sequer um prego. O projeto é uma réplica de um moinho existente na Holanda. Rafael Rabbers, filho de holandeses e integrante da Associação de Moradores de Castrolanda, foi intérprete do responsável pelo projeto, Jan Heijdra, durante a construção, o que o fez entender o funcionamento do moinho e lhe garantiu o título de primeiro moleiro (operador de moinhos) do Brasil, com diploma holandês. Rafael também é o responsável por guiar o passeio dentro do moinho. Os visitantes são levados
a uma viagem no tempo, encontrando quadros, imagens, mapas, roupas, klomps (tamanco de madeira holandês) e diversos outros objetos históricos. Um dos mais encantadores é o draaiorgel típico, conhecido por aqui como realejo. A visita ao interior do moinho custa R$ 6. O local também possui uma biblioteca comunitária, salão de eventos, loja de artesanato e um kroeg (pub típico neerlandês). Logo ao lado ainda é possível visitar o Museu Casa do Imigrante Holandês, uma construção em estilo típico que exibe móveis doados pelos moradores. 55
C OMO E U V OU HO JE ?
Sua mãe MERECE SEU ESFORÇO
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hegamos ao mês onde, segundo centenas de associações comerciais do país, temos uma senhora despesa, literalmente. Os índices dessas instituições afirmam: maio só perde em vendas para dezembro, e por quê?! Porque comemoramos o famoso dia da Senhora Fofys, a perfeição da natureza, linda criatura que Deus colocou na Terra! “Ana, então você quer dar uma de Jornal Hoje e passar dicas de presentes para eu dar para minha mãe?!”. Sim! Pensando ainda na Páscoa, aquela festa bendita que acabou dias atrás frustrando nossas dietas e dando aquela baqueada nos créditos disponíveis no cartão, resolvi fazer um artigo sobre presentes legais, diferentes e a custos módicos. Poucos dias antes da Páscoa resolvi que faria
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meus próprios ovos porque, além de mais barato, curto me aventurar num DIY (Do it yourself, faça você mesmo). Foi então que me dei conta que há um grande movimento neste sentido devido ao quadro econômico do país, tanto que não encontrei formas de ovos para comprar em algumas casas de embalagens dias antes da Páscoa. Também lembrei que na crise de 2008 ocorreu um movimento parecido na Europa. As mulheres redescobriram o prazer de costurar, elas podiam criar os próprios looks, com exclusividade, da forma como idealizaram suas roupas, e a preços bem mais amigáveis. É aqui que eu queria chegar. E se você aproveitar a infinidade de tutoriais disponíveis na rede e criar o seu próprio presente, dando
seu toque pessoal para sua mãe? Aproveite os anos de experiência que possui, que nenhuma empresa teve acesso, e mãos à obra!
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Bem-vindo maio, seu lindo!
“Ana, mas não sei nem como ligar a máquina de costura na tomada!”. Têm tutoriais até pra ensinar a passar fio (confesso que na tal da overlock ainda estou pedindo ajuda divina). Vamos começar com NADA? Tipo, zeroooooooooo ferramenta de trabalho?! Ok, vamos precisar de você mesmo e uns 3 rolos de lã para tricô. Com os próprios braços você consegue tricotar essa gola poderosa que eleva o padrão de qualquer look! E que tal uma clutch?! Ou talvez um colar de pérolas?!
Concorda que são presentes lindos e possíveis?! Dá um Google que você encontrará formas acessíveis de fazê-los. Mas, e se for de consenso geral que você é desprovido de habilidade motora minimamente necessária para executar esses projetos?! Bom, neste caso observe sua mãe e invista na felicidade dela. Uma cor que está em alta no momento é a marsala, um tom de vinho amarronzado. Batons, esmaltes, acessórios, roupas e até tingimentos capilares nesta cor estão apavorando e deixam qualquer mulher elegantíssima. Morena, loira, negra, todas ficam bem de bordô. Invista em algo que embeleza sua mãe, ela merece!
Em tempo, uma rede social que tem dicas para todas as áreas da sua vida é o Pinterest! Explore o conteúdo do site e divirta-se! Até a próxima.
Por Ana Paula Mota É designer de moda, formada pela Universidade Paranaense. Atua na área desde 2005 desenvolvendo coleções voltadas para o público feminino para marcas do sul do Brasil. De bem com a vida, adora jogar conversa fora. Em todas as edições você acompanhará nesta coluna as tendências de moda e feminilidade.
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