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Vivian Maier
ENCONTRADA ENTRE DESPOJOS TEXTO Chico Ludermir A obra de Vivian Maier se resumia a 100 mil negativos encaixotados num armário de aluguel. A babá feminista não revelava seu talento, mas, com jaqueta e sapatos de homem, gastava seus dias de folga andando pelas ruas de Chicago. Estava sempre tirando fotos, que não mostrava a ninguém, com uma câmera Rolleiflex. Em outro tempo e em outra parte da cidade, o jovem historiador John Maloof trabalhava no livro sobre o Parque Portage e comprou num leilão, em 2007, alguns artigos que poderiam lhe servir. O acervo vinha de um armário confiscado pelo atraso do aluguel e continha boa parte da obra que Maier secretamente escondeu durante toda sua vida. Ao se deparar com fotos de altíssima qualidade técnica e rara sensibilidade, Maloof buscou mais negativos de outro comprador do mesmo leilão e foi atrás da artista anônima. Logo descobriu o nome da fotógrafa, mas foi incapaz de saber mais sobre ela até pouco depois de sua morte, quando encontrou um obituário no jornal Chicago Tribune. A partir daí, as fotos ganharam o mundo, tanto pela sua origem excêntrica quanto por sua estética. E, se não mudaram a vida de sua autora, alavancaram a carreira do seu descobridor. A exposição com curadoria de John Maloof já passou pela Dinamarca, Noruega, Alemanha e Inglaterra e virou o livro Vivian Maier: street photographer (Vivian Maier: fotógrafa de rua), lançado mundialmente em novembro pela editora Random House e já disponível no Brasil. Paralelamente, Maloof encabeça um documentário de longa-metragem intitulado Finding Vivian Maier (Procurando Vivian Maier), que está em produção e deve ser lançado em 2012.
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4 Página anterior 1 olhar
Comâ ngulos inusitados, Maier registrava o cotidiano de Chicago
Nestas páginas 2 e 5 PerSonaGenS
Aba bá-fotógrafa tinha nas crianças um dos seus principais temas
3 ciDaDe Além dos retratos, elementos urbanos também a interessavam 4 SilhUeta Nos seus vários negativos, destaca-se sua habilidade para o flagrante
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Há, ainda, pouca informação sobre a vida da artista. O que se sabe é que ela nasceu em Nova York, em 1926, e foi criada na França. Em 1951, aos 25 anos, Maier voltou para Nova York, onde trabalhou por algum tempo em uma fábrica e, depois, tornou-se babá, ofício que a sustentou durante 40 anos. Entre 1959 e 1960, ela viajou para Los Angeles, Manila, Bangkok, Pequim, Egito, Itália, e pelo sudoeste americano, tirando fotos em cada local. A viagem foi, provavelmente, financiada pela venda de uma fazenda da família na Alsácia.
Além de uma história peculiar, Vivian possuía um talento nato. Longe do convívio com outros fotógrafos da época, desenvolveu sua arte de forma solitária e autodidata. Como fotógrafa de rua, Maier impressiona pela amplitude do trabalho, ao mostrar todas as facetas da vida da cidade numa América do pósguerra. Traz à tona a vida invisível dos indigentes, bem como alguns dos locais mais queridos de Chicago. As crianças, as empregadas domésticas negras e os moradores de rua foram catalogados de forma meticulosa.
Maier parece ter encontrado a missão de sua vida na fotografia, documentando o próprio senso de beleza nas imagens de pessoas, lugares e coisas ao seu redor. Rondava incessantemente os subúrbios com sua câmera, porém, não o fazia para os outros, fazia para si. É dessa maneira, extremamente despretensiosa, que Maier nos proporciona uma experiência contemplativa. Sua determinação resultou numa coleção de retratos de uma época, carregados, ao mesmo tempo, de sensibilidade e precisão.
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6 PlanoS A fotógrafa se apropriava bem dos recursos do preto e branco, brincando com luz, sombra e silhuetas 7 enQUaDraMento Autodidata, Vivian Maier desenvolveu técnica composicional sofisticada 8 aUtorretrato Uma das muitas versões que ela fez de si mesma
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