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EMPREENDEDORISMO

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INOVAÇÃO

INOVAÇÃO

Allan Costa

} É pai do Lucca e da Mariana. É motociclista, palestrante internacional, empreendedor serial, investidor-anjo, escritor e mentor de startups. É cofundador da plataforma AAA Inovação, ao lado de Arthur Igreja e Ricardo Amorim. É autor do livro "60 Dias em Harvard" e colunista de vários veículos de âmbito nacional. Possui experiência profissional em mais de 50 países. Ocupou a Superintendência e a Diretoria Técnica do SEBRAE/PR, a Diretoria Geral da Secretaria de Planejamento do Estado do Paraná, a Presidência da Coopercard e, atualmente, contribui com a transformação do Paraná no Estado mais inovador do Brasil na presidência da Celepar - Companhia de Tecnologia do Estado.

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A MULTIDÃO ESTARÁ CORRETA NAS TENDÊNCIAS DE ALTA E DE BAIXA, MAS ESTARÁ SEMPRE ERRADA NOS PONTOS DE INFLEXÃO

COMO TER PENSAMENTOS ORIGINAIS E SER UM CONTRARIAN THINKER

Sempre tentei colocar em prática aquilo que alguns chamam de “Contrarian Thinking”. Em uma tradução quase literal, isso significa algo como “Pensamento Contrário”. A ideia é simples: pensar – e agir – diferente da maioria. Como quase tudo na vida, fácil de falar e difícil de fazer.

Esse pensamento tem tudo a ver com inovação e negócios. As empresas mais inovadoras do mundo são grandes “Contrarian Thinkers”, pois rejeitam a maneira tradicional de como as coisas são feitas para, então, criar soluções e produtos não-óbvios que entregam muito valor.

Essa lógica, contudo, não se aplica apenas às empresas, mas também às pessoas. Um Contrarian Thinker é alguém que rejeita as visões tradicionais de mundo, como por exemplo o famoso “isso sempre foi assim”, para pensar de forma não-óbvia e construir coisas novas.

Ser um “Contrarian Thinker” também envolve buscar olhar para onde ninguém mais está olhando. É o que grandes profissionais fazem ao buscar habilidades que ainda não são tão valorizadas pelo mercado, mas que poderão crescer nos próximos anos. Da mesma forma, é o que acontece quando empreendedores apostam em mercados não-tradicionais e que, à primeira vista, não fazem muito sentido aos olhos da maioria, mas que em alguns anos acabam por se provar uma aposta certeira.

Ser esse tipo de pessoa significa, em última instância, pensar por você mesmo e ser capaz de entregar esta visão, independente do que as pessoas ao seu redor dizem ou mesmo que quase todo mundo diga que o que você diz não tem sentido.

Obviamente, como diriam os mais antigos, existe um limiar entre genialidade e loucura. O mais difícil não é pensar de forma independente. É pensar de forma independente e contrária aos demais e estar certo. Ser um Contrarian Thinker não quer dizer jogar fora tudo aquilo que já foi construído e se achar o dono da razão sobre qualquer tema. Pensar por você mesmo pode significar concordar com a opinião dos outros 99% das vezes, mas defender o seu ponto de vista – e entregar resultados – com vigor naquele 1% que fizer mais sentido para você.

Ser um pensador independente não significa descartar tudo o que já foi construído e querer construir tudo do zero. Para desconstruir algo, precisamos, antes de tudo, entender os fundamentos daquilo. Não posso querer propor um modelo de gestão super revolucionário se não conheço os prós e os contras dos modelos de gestão atuais. O mesmo vale para modelos de negócios, produtos e assim por diante. Para quebrar as regras – no bom sentido, claro – você deve primeiro as conhecer.

Aquilo que diferencia grandes empreendedores e empresas dos demais pode ser resumido da seguinte forma: ambição + conhecimento de quais regras quebrar. A ambição é obviamente necessária para nos mantermos em movimento. O segundo ponto, contudo, talvez seja o mais importante. O Contrarian Thinker não é um sonhador que coloca pra fora tudo aquilo que acha que existe de errado na sua empresa, setor ou indústria e senta, esperando que os outros façam as mudanças. Ele conhece as regras daquilo que quer mudar e busca saber quais são as regras que ele deve quebrar para atingir sua visão. Pense nos empreendedores que você mais admira: é bem provável que boa parte deles siga esse padrão de ambição e conhecimento profundo das regras às quais querem quebrar.

Por fim, para se tornar um pensador independente, uma outra característica é fundamental: humildade. Quem não é humilde não se abre para novas possibilidades e, como consequência, deixa de questionar. Se paramos de questionar o mundo ao nosso redor, aceitamos o estado atual das coisas, o que nos leva a seguir a manada e deixar de pensar de modo independente. Por fim, um insight do livro The Art of Contrary Thinking, de Humphrey Neil: "A multidão estará correta nas tendências de alta e de baixa, mas estará sempre errada nos pontos de inflexão". O autor se referia à realidade do mercado financeiro, mas essa é uma ideia que podemos estender para outras realidades. É bem provável que a multidão esteja certa na maioria dos casos. Por isso é importante escolher quais batalhas você vai lutar e onde vai colocar sua energia para se tornar um pensador independente.

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