Doutrina da Revelação - Revelação Geral e Especial de Deus

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REVELAÇÃO

UNIVERSAL

DEUS

Jorge A. Ferreira

DE


REVELAÇÃO

UNIVERSAL

DEUS

Jorge A. Ferreira

DE


SUMÁRIO

1.Introdução..........................................................................04 2. Revelação Geral de Deus...............................................05 2.1 Revelação na Natureza.................................................05 2.2 Revelação no Homem...................................................06 2.3 Revelação na História....................................................06 2.4 Objetivos da Revelação ................................................07 3. Conclusão ...........................................................................08 4. Argumentos para Existência de Deus...........................09 4.1 As 05 Vias da Existência de Deus.................................10 5. Revelação Especial de Deus.............................................13 5.1 A Palavra de Deus nos Profetas.....................................14 5.2 Jesus Cristo como a Palavra de Deus ...........................15 5.3 A Palavra de Deus Escrita.................................................16 5.4 Natureza Divino Humana das Escrituras.......................17 5.5 A Autoridade das Escrituras.............................................18 5.6 A Inerrância das Escrituras................................................19 6. Conclusão................................................................................20 REFERÊNCIAS.............................................................................23

Revelação Universal de Deus


Introdução

crede, ut intelligas "creia para que possa entender"

O Homem criado por Deus em perfeição, tinha todas as condições necessárias para se relacionar tanto com seu criador, quanto com a criação. Mas após a queda, o pecado alterou significativamente essa relação, produzindo um tipo de separação do homem para com Deus e com a realidade, deixando o ser humano em um estado de obscuridade. Que somente pode ser amenizada graças as marcas que Deus deixou no universo, que revelam a sua pessoa e sabedoria. As marcas deixadas providencialmente na criação são raios de luzes que se observadas com atenção podem levar a um conhecimento prévio de Deus, revelando sua presença e atributos, e preparar o homem à luz ainda maior, que chamamos de ''Revelação Especial''. A Revelação geral ou natural do Latim: (generalis revelatio Dei) é a revelação de Deus aos homens pela sua criação.

Michelangelo - Domínio Público

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A Revelação Geral ou Natural de Deus

A Revelação natural é um tipo de desvendamento que Deus concede a humanidade para que ela possa alcançar algum tipo de lucidez racional acerca dele e que de outra forma seria impossível devido ao obscurecimento da mente humana herdado pelo pecado, que leva o homem a percepções erradas e a fazer separações dualísticas que o separam da realidade, ora se apegando as percepções sensíveis, ora as suprassensíveis. É uma luz, na qual sem ela o homem não poderia viver e se descobrir como um ser diferenciado na criação e é acessível a todos os homens sem distinção. Os meios da manifestação da revelação geral são três: a natureza, a história e o ser humano. Revelação na Natureza É possível ver em toda a escritura, a verdade que Deus manifesta sua glória nas coisas criadas ''Os céus proclamam a glória de Deus" (SI 19.1). A Revelação na natureza pode ser alcançada por todos os homens, uma vez que fazem uso da razão natural, onde ao observar a criação são levados por um tipo de percepção natural, de que as coisas que existem, não podem existir por si mesmas. A Ordem, a beleza e magnitude de Deus é claramente percebida pela mente humana e inclusive a lei divina que os Gentios naturalmente percebiam e exercia a mesma função da lei dos Judeus segundo Paulo. ''Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência...'' (Romanos 2:14,15) Paulo em romanos no capítulo 01 , diz que as coisas invisíveis, o eterno poder e a divindade de Deus são vistas claramente pela criação e que a rejeição de tal verdade tornam os homens indesculpáveis diante do Criador. ''Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;'' (Romanos 1:20). A Natureza é uma fonte onde Deus se revela e manifesta a sua glória. Pelos efeitos (criação-homem) podemos chagar a causa (O Ser Supremo).

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Revelação no Homem O segundo meio da revelação geral é o próprio ser humano. A coroa da criação é o meio pelo qual se pode ter um certo conhecimento de Deus. De toda criação, o homem é o mais elevado, uma vez que pode transcender o seu meio ambiente e espaço, fazendo uso da imaginação e do raciocínio. A Arte é uma das coisas pela qual o homem se assemelha ao ser divino, reconhecendo beleza, ordem e simetria atribuindo significado as coisas, assim como o Artista eterno por excelência. Há no ser humano quando ordenado corretamente atributos que são próprios da divindade e que foram comunicados à alma de todos os indivíduos. Essas qualidades morais revelam a semelhança do Deus criador nos homens, já que como criação do Senhor (Gênesis 1:27), a raça humana mesmo caída e propensa ao mal a mantém em quantidade reduzida. ''Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal'', (Gênesis 3:22). O teólogo João Calvino acreditava que o homem tem em si um certo senso da divindade no qual é impossível se abdicar de Deus totalmente, é (sensus divinitatis) ou seja, o senso do divino. Algo que está na consciência do ser humano, e transmite ao indivíduo uma certa percepção de que há um Ser moral que rege o mundo. O Homem pensa, realiza abstrações e de todos os seres terrenos é o que mais impacta a criação, pois como agente, espelha o Ser divino, sub criando e revelando a glória de Deus em si mesmo.

Revelação na História As civilizações antigas tinham uma noção clara de transcendência, mostrando que nos primórdios da humanidade o homem sempre procurou ter uma relação com o divino e que há no ser humano uma percepção e desejo pelo sagrado. No entanto não há nenhuma civilização que não tenha se formado a partir da religião. Isso nos mostra que ainda que o homem caído não possa ter um relacionamento pleno com Deus, isso não impediu de saber que há um Deus. Este fato da história juntamente com diversos outros são evidências plausíveis de que Deus se revelou a humanidade e que os homens puderam perceber, mesmo não interpretando corretamente os fatos. (BAVINCK, 2016)

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Um exemplo interessante da revelação na história é o fato de haver em todas as culturas um senso de moral, que apesar de se diferenciar-se entre si, na essência se complementam. Nunca houve nenhuma civilização que não tenha a moral como a base de seu povo. Apesar de nos dias hodiernos podemos perceber uma certa desordem civilizacional, é fato que uma nova ''moralidade'' imposta por ideólogos estão no fundo desta confusão. Outros dois exemplos claros da revelação de Deus na História, é a nação de Israel nos tempos antigos e mais recentemente a Igreja de Cristo. Deus se revelou ao povo Israelita e apesar de todas as perseguições o povo se mantém até os dias atuais, aguardando o desenrolar de Deus para o fim dos dias. A Igreja da mesma forma, se mantém ancorada nos textos da Revelação Especial e no sangue dos Heróis e Mártires da fé. Deus se revela na História mostrando claramente e de forma inequívoca que é Senhor dos céus e do plano terreno, pois somente a providência divina pode explicar os diversos movimentos dessas instituições que se mantêm diante de todas as dificuldades sendo guiadas por Deus ao fim último do plano Eterno.

Objetivos da Revelação Natural Por hora é preciso entender que o objetivo da revelação natural não é de forma alguma levar o homem a salvação, mas levar o homem ao conhecimento da existência de Deus, da lei do Senhor e da realidade. Ao viver nesse mundo o ser humano pode perceber por meio da razão que há uma finalidade para o mundo e que se há finalidade é por que foi planejado por um ser superior que imprimiu em sua criação as marcas de sua essência e presença. ''Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;'' (Atos 17:27). Mostrando que o homem não pode ser salvo, ainda que tenha um conhecimento prévio da lei natural sem a misericórdia e a graça que está em Cristo Jesus. O objetivo maior dessa revelação é manifestar e mostrar a glória de Deus (Salmos 19: 2-4) e revelar aos homens a insuficiência de se salvarem por si mesmos e que são moralmente indesculpáveis diante dele. (Romanos 1:19; Romanos 2: 15-16.)

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As evidências bíblicas e extra bíblicas de uma revelação geral são claras e incontestáveis, quando se deixamos entender a natureza dessa revelação. O Entendimento correto desse tema é importantíssimo para nossa compreensão de outra revelação ainda mais especial que é um complemento da revelação de Deus aos homens. A existência de Deus revelada naturalmente é o preâmbulo da fé e é pela razão que o alcançamos. ''Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas te ensinará; e às aves dos céus, e elas te farão saber; Ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes do mar te contarão. Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do Senhor fez isto?'' (Jó 12:7-9).

''O objeto das virtudes teológicas é o próprio Deus, que é a última finalidade de tudo e acima do conhecimento da nossa razão. Por outro lado, o objeto das virtudes morais e intelectuais é algo compreensível à razão humana.'' (Tomás de Aquino) Conclusão O Homem, a natureza e a história mostram que Deus não deixou os homens na escuridão plena. Mas revelando seu amor e cuidado, preparou os seres criados para uma revelação mais completa, se revelando claramente e de uma vez por todas. ''Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo.'' (Salmos 19:1-4)

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Argumentos para existência de Deus Na Idade média o teólogo Tomás de Aquino na tentativa de harmonizar os escritos recém descoberto de Aristóteles e dar fim aos alardes dos inimigos da fé, que alardeavam a derrota do cristianismo pelas ideias redescobertas do Estagira, que apelava à razão. Sistematizou o que ele chamou de ''teologia natural'', onde apresentou pela razão, as famosas 05 vias para a existência de Deus. Tomás, deixa claro que a teologia natural é inferior a teologia revelada, mas que é possível o homem conhecer a Deus pela razão e através dela ser guiado à uma revelação especial proveniente da graça.

Universum - C. Flammarion, Holzschnitt, Paris 1888, Kolorit : Heikenwaelder Hugo, Wien 1998

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As 05 Vias para existência de Deus As 05 vias, são os caminhos propostos por Tomás de Aquino para a conclusão da existência de Deus, partindo de um fato ontológico de evidência experimental, de algo concreto, verificável. A partir da experiência humana e da observação da realidade é possível se chegar ao conhecimento, ainda que imperfeito da existência de um ser criador. Para Tomás a filosofia era um meio para o homem alcançar a meta suprema que era conhecer a Deus. Os meios são: movimento, causa eficiente, possível e necessário, graus da perfeição e governo do mundo. Primeira Via: Movimento Sabemos que tudo no mundo está em movimento, partem da potência ao ato. isto é, o movimento é a atualização do que é potencial. Por exemplo: a semente é uma forma inacabada de árvore (Potência) que está gradualmente se potencializando até se tornar uma árvore de fato (Ato). Está sendo movida e se é movida deve necessariamente ser movida por outro. O que é movido é necessariamente estar em potência em relação àquilo que move. O que se move deve necessariamente ser movido por um outro. Esse outro deve estar em ato em relação àquele que é movido. Se tudo que se move deve ser movido por outro, é necessário que exista um Primeiro Motor que seja causa primeira de todo movimento. O Ato Puro (Actus Purus), que Tomás chama Deus. Segunda Via: Causa Eficiente Todo mundo já deve ter ouvido na escola ou no dia a dia a expressão da lei da ''causa e efeito''. A causa é aquilo pelo qual algo vem a ser. Ao olharmos a criação é possível entender que nada surge de si próprio, tudo necessita de vir de outro. Todo ser necessita de uma causa eficiente necessariamente anterior a si próprio. Por exemplo: uma cadeira pode existir ou não. Se existe é porque veio a existir por uma causa eficiente, sendo ela mesma intermediária. Os homens nem sempre existiram, por tanto são causas contingentes, e todo novo ser humano que nasce, não nasce de si mesmo, mas precisa de causa eficiente (os pais) para virem a ser. Se retrocedemos, é preciso chegarmos a uma causa primeira (Adão) e consequentemente em um ser Superior.

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Mas, ainda que reconhecêssemos a evolução não poderíamos ir ao infinito, é preciso haver uma causa primeira. Se tudo no mundo é intermediário ou contingente é absolutamente óbvio que haja uma causa eficiente, caso contrário o processo seria infinito e ilógico. Sendo assim, é mais lógico que há uma causa primeira, Tomás denomina Deus.

Terceira Via: Possível e Necessário Entre os entes, todos nascem e perecem, podem existir ou não. Tudo que há na criação existe não a partir de si mesmo, podem existir ou não existir, sendo entes contingentes, portanto não necessários. Se os entes são contingentes e poderiam não existir, temos de considerar que em algum tempo nada havia. Se houve um tempo em que nada havia, é necessário que houvesse uma causa pela qual todo ente contingente passasse a vir. O Ser necessário pelo qual tudo veio. É Absolutamente necessário e possível que há um Ser que existe anteriormente e criou todos os demais entes. Esse Ser Necessário é o que chamamos Deus. Quarta Via: Grau de Perfeição Os sentidos captam certa relações de graus no universo. Todo ser humano percebe e capta hierarquias nas coisas, isto é, aquilo que é mais belo, mais verdadeiro e etc... Esses graus são qualidades que há nas coisas e nos entes, e se há essas qualidades é por que deve haver alguém que tem em si essa qualidades em alto grau. Tomás de Aquino diz que se o homem encontra essas qualidades em graus, algo bom, algo verdadeiro, algo perfeito, algo belo e portanto deve haver um ente que seja a causa de todas essas qualidades em seu maior grau. Esse ente é conhecido como Deus.

Quinta Via: Governo das Coisas Sabemos que todo agente age em vista de um fim. Todo ente age visando um fim último, ou um objetivo final.

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Para Tomás de Aquino, todas as coisas tendem para um fim, sendo elas inteligentes ou não, tendendo sempre ao ótimo. Mas isso não acontece por acaso, sendo que as coisas não visam o bem por si mesmas, mas são movidas por um ser inteligente que governa todas as coisas, e criou tudo para um fim. Esse ser inteligente que deu inteligibilidade aos entes e governa tudo é Deus. Por tanto, Deus, é Primeiro motor, causa eficiente, Ser necessário, Ser perfeito e Suprema Inteligência que Governa tudo.

Outro Argumento: 0 Argumento Moral Já vimos mais acima que os homens podem perceber uma lei moral, no universo. Em seu livro (Cristianismo Puro e Simples) o autor britânico C.S Lewis (1 8 9 8 -1 9 6 3 ) explica de forma didática sobre o tema. Nos mostrando através das culturas que há uma lei que guia o homem e o universo, e essa lei é dada por Deus como uma revelação de sua organização e ordem no cosmos. Essa lei é perceptível por todo ser racional no mundo e é chamada de LEI MORAL, onde demonstra ordem e justiça a todo ser vivente. A Lei do Sinai é proveniente desta lei, que Cristo a resume em duas - ''Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.'' (Mateus 22.36-40). ''Está claro que os envolvidos na discussão conhecem uma lei ou regra de conduta leal, de comportamento digno ou moral, ou como quer que o queiramos chamar, com a qual efetivamente concordam. E eles conhecem essa lei. Se não conhecessem, talvez lutassem como animais ferozes, mas não poderiam "discutir" no sentido humano desta palavra. A intenção da discussão é mostrar que o outro está errado''. (C. S. Lewis)

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A Revelação Especial de Deus

A Revelação Especial é a maneira que Deus usa para transmitir a salvação e sua plenitude aos homens. É a revelação mais completa e detalhada que revela a natureza, vontade e propósito do criador para salvar a humanidade. A despeito da revelação natural, que foi dada como um preâmbulo da fé, a revelação especial é dada para levar ao homem ao conhecimento da obra da redenção na pessoa de Jesus Cristo e para mostrar aos salvos aquilo que os reserva na eternidade. Sendo o homem finito, portanto diferenciado do Deus criador que é infinito, não há possibilidade de conhecimento pleno se não houver o interesse e a iniciativa de Deus em se revelar. A revelação Especial teve início a partir dos antigos Hebreus e se moveu de forma progressiva durante a história, até chegar em seu ponto focal. Deus tomando a iniciativa, buscou uma nação para se tornar o depositório dessa revelação. Iniciando pelos Patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, passando pelos Profetas do Antigo Testamento, cumprindo as promessas em Cristo e completando através dos Apóstolos. ''Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;'' (Romanos 3:21) ''Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;'' (Efésios 2:20).

Os meios da manifestação da revelação especial são três: Os Profetas, Jesus Cristo e as Escrituras.

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A Palavra de Deus nos Profetas Nos tempos do Antigo Testamento, Deus levantou Profetas que falaram a palavra do Senhor ao povo de Israel e serviram como a própria ”boca de Deus”. Os Profetas serviram como arautos do Criador uma vez que as escrituras estavam em formação e o filho de Deus ainda não havia se revelado de forma plena e pessoal. Profetas como Jeremias, Isaías e Samuel são alguns dos muitos que puderam experienciar de forma profunda esse ministério e servir de norte ao povo Israelita e se eternizarem nas páginas singelas das escrituras. Deus diz a Jeremias na ocasião de seu chamamento ''Eu ponho as minhas palavras na tua boca'' (Jr 1:9) deixando claro que as palavras ditas pelo profeta na ocasião da profecia, eram do próprio Deus. Isaías teve seus lábios purificados, para assim poder falar em nome de seu Senhor ''E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado.'' (Isaías 6:7). Os Profetas não deveriam se preocupar com a ''recepção'' da mensagem, a ordem era somente falar ''Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes.” (Ezequiel 2:7). Uma das maneiras de se saber se o profeta era verdadeiro, era o cumprimento da mensagem, e Deus vela por sua palavra para a cumprir, ”E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra.'' (1 Samuel 3:19). A Palavra de Deus dita pelos profetas era consideradas como autoritativa e verdadeira, pois era expressão da vontade do próprio Deus. O povo devia crer e obedecê-la integralmente. ''Eu levantarei entre seus irmãos um profeta como tu, vou colocar as minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as palavras que o profeta fala em meu nome, eu me vai exigir isso. Mas o profeta que se atreva a falar em meu nome e dizer algo que eu não mandei dizer morrerá. O mesmo acontecerá com o profeta que fala em nome de outros deuses'' (Deuteronômio 18:18-20).

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Jesus Cristo como: A Palavra de Deus A Bíblia apresenta em algumas ocasiões Jesus Cristo como sendo a palavra de Deus encarnada que veio aos homens para comunicar e realizar de forma pessoal a vontade do Pai celestial. O Apóstolo João é aquele que se refere à Cristo desta forma pelo menos em três situações. A primeira referência se encontra no seu evangelho logo no primeiro capítulo, como sendo uma abertura triunfal de seu relato sobre as obras e ensinos do filho de Deus ''No princípio era o Verbo, eo Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus'' (Jo 1:1). Neste versículo vemos a identificação do filho com a criação , estando ele no ''princípio'' com Deus e sua identificação com a trindade ''e o Verbo era Deus''. e acrescenta no versículo 14: ''E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, a glória do Unigênito do Pai ''. Na ocasião da revelação à João na ilha de Patmos, o Apóstolo identifica o mestre glorificado pelo nome : ''E Estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus'' (Ap 19:13). O Mesmo Apóstolo o chama em sua epístola de Palavra da vida, no qual relembra. ''O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida'' (1 Jo 1:1). Fica claro nestes textos que nosso Senhor tem o papel de comunicar o caráter e a vontade do Pai, não só em suas palavras mais também em sua pessoa. (Cristo é o Logos de Deus) ''Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho''. (Hebreus 1:1).

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A Bíblia como: A Palavra de Deus As palavras proferidas pelos profetas, histórias e o testemunho e ensinos do próprio Cristo foram escritos e registrados, culminando no que chamamos pela tradição de Bíblia, e os antigos chamaram de Escrituras Sagradas. ''Escreve num livro todas as palavras que eu lhe disse'' (Jr 30:2). Esse compêndio de escritos é a forma escrita da Palavra de Deus, e é o registro fiel daquilo que Deus desejou revelar aos seus servos ao longo da história humana. A Própria escritura dá testemunho de si mesma como inspirada palavra de Deus ''E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.''( 2 Pe 1.19-21). Paulo afirma a autoridade das escrituras como inspirada e apta para instrução do crente. ''Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça'' (2Tm 3.16). O Apóstolo Pedro coloca os escritos de Paulo no mesmo patamar dos escritos do Antigo Testamento quando alerta a igreja sobre os inconstantes na fé ''Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.'' (2 Pe 3.16). O Próprio Jesus ao se defrontar com os fariseus que não criam nele, apesar de terem consciência de sua Messianidade, disse: ''Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E não quereis vir a mim para terdes vida'' (Jo 5.39,40). Portanto, as escrituras são a palavra de Deus escrita e apta a nos orientar e instruir em matéria de fé e conduta, para que cheguemos cada vez mais próximo da vontade do Senhor. ''Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração'' (Hb 4.12).

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Natureza Divino-Humana das Escrituras A Bíblia é um livro inspirado por Deus, mas de dupla autoria. A Autoria do próprio Espírito Santo e a autoria humana. Deus soprou as escrituras (gr. grapha) aos autores, mantendo suas consciências e suas percepções do mundo. A palavra “inspiração” vem de dois vocábulos gregos: theo, “Deus”; e pneustos, “sopro”. Ou seja: Aquilo que é transmitido pelo sopro de Deus. (Claudionor de Andrade 2008) A Bíblia é uma revelação progressiva, onde Deus usou aproximadamente 40 homens santos de lugares distintos e culturas diferentes que foram inspirados para escreverem os textos sagrados em um período aproximado de 1.600 anos (16 séculos). Usando os autores humanos em seus estilos literários e potencializando as capacidades humanas para conclusão dessa empreitada. ''E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.'' (2 Pedro 1:19-21).

''A Bíblia, toda a Bíblia e nada mais do que a Bíblia, é a religião da igreja de Cristo.'' (Charles Haddon Spurgeon)

A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Seu autor é Deus mesmo. Seu real intérprete é 0 Espírito Santo. Seu assunto central é 0 Senhor Jesus Cristo. (Antônio Gilberto)Teólogo Brasileiro.

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A Autoridade das Escrituras Desde muito cedo na história da Igreja, a bíblia assumiu uma posição de Autoridade e destaque. Apesar de um compêndio completo, contendo todos os livros como temos hoje, só ter se concretizado no final do primeiro século e o cânon bíblico somente no século três. As escrituras sempre estiveram como ponto de referência entre os cristãos devido sua inspiração divina e sua inerrância. Ela sempre foi considerada como divinamente inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus. Todos os grandes Pais da Igreja e teólogos do passado atestaram a inspiração plenária dos textos bíblicos, entre eles estão: Os Pais Apostólicos - Clemente de Roma (95 d.C), Policarpo (110 d.C), Papias (130 d.C), Inácio de Antioquia (100 d.C), Pastor de Hermas (115 d.C). Os Pais Nicenos - Justino Mártir (155 d.C), Irineu (130 d.C), Clemente de Alexandria (150 d.C), Tertuliano (160 d.C), Hipólito (170 d.C), Orígenes (185 d.C), Cipriano (200 d.C), Eusébio de Cesaréia (265-340 d.C), Atanásio (295 d.C), Cirilo de Jerusalém (315-386 d.C). Os Teólogos Medievais - Ambrósio de Milão (397 d.C), Jerônimo (340-420 d.C), Agostinho de Hipona (354-430 d.C), Gregório I (540-604 d.C), Anselmo de Cantuária (1033 d.C), Tomás de Aquino (1225 d.C). Os Teólogos Pós Reforma Martinho Lutero (1517 d.C), Jhon Calvino (1564 d.C), Úlrico Zuínglio (1531 d.C), Jhon Knox (1572 d.C) e etc... A Autoridade das escrituras é uma doutrina clara nas escrituras e confirmadas pelo Espírito Santo através da Igreja. Ela é autoritativa para a vida de todo cristão e foi elevada por Deus ''Pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome'' (SI 138.2); ''Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida'' (Provérbios 6:23). Segundo o Teólogo Norman Geisler em sua Teologia Sistemática, a autoridade das escrituras se manifesta de três formas: Primeiro, ela é autoridade final de fé e prática (2 Tm 3.16,17), Segundo, está acima de qualquer preceito ou tradição humana (Mt 15.3-6) e por fim, não pode ser anulada (Jo 10.34,35) Norman Geisler (2010).

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A Inerrância das Escrituras

Quando falamos de Inerrância bíblica é preciso termos em mente que isso não significa que não há erros de copistas, traduções e consequentemente falhas interpretativas. As escrituras passaram ao longo dos séculos por diversos trabalhos de cópias realizadas por monges e copistas, que a despeito das dificuldades para a realização de tais trabalhos, que eram realizados manualmente, mantiveram o máximo possível de exatidão. Eventuais erros de cópias de palavras não afetaram a transmissão da mensagem central do texto. Se existem erros de traduções de uma língua para outra, se deve as falhas humanas e não ao que consta nos textos originais, do mesmo modo quanto as interpretações equivocadas realizadas por interpretes que sem fazerem uso correto dos textos, negligenciam a boa exegese e as regras hermenêuticas. A Escritura é em seus autógrafos ou ''Originais'' Inerrante e Infalível palavra de Deus. A Inerrância das escrituras se apoia principalmente na declaração de que Deus não pode errar. Se Deus inspirou os textos bíblicos como já afirmamos anteriormente, é fato incontestável que ela é a verdade, ''Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.'' (João 17:17) já que Deus sendo Imutável não pode mentir. ''Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;'' (Hebreus 6:18).

''A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.'' (Salmos 119:160).

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Conclusão

Vimos então, que Deus por sua providência se revelou à humanidade de forma maravilhosa, falando aos homens e agindo sobre a Terra. Enviando seu filho que é a imagem de sua glória ''O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;'' (Colossenses 1:15), nos deixando sua palavra para nos guiar com a promessa de sua fidelidade ''Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente'' (Isaías 40.8). Deus se revelou a todos os homens sem distinção, seja pela natureza, razão ou por sua especial providência, somente aqueles que desejam rejeitá-lo não enxergam tão grande amor e zelo. Mesmo após a queda, o Criador buscou formas de resgatar o ser caído, dando lampejos de luz e conduzindo o homem a sua presença. Em Cristo o homem não só pode conhecer a Deus, como também é reconciliado, restaurado e reservado para viver para sempre nele. ''Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.'' (Romanos 8:39).

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Frases Célebres

''A única Escritura que é corretamente chamada de divina é aquela inspirada pelo Espírito de Deus e proferida por aqueles que falam pelo Espírito de Deus; ela torna divina a humanidade, reformando-a à imagem de Deus mediante a instrução do conhecimento e a exortação ao amor. Tudo o que é ensinado nela é verdade; tudo quanto é ordenado é bondade, tudo o que é prometido é felicidade.'' Hugo de São Vítor (c. 1096-1141) ''Não podemos dizer com verdade que o Evangelho ou qualquer Escritura canônica afirmem nenhuma falsidade, nem que os seus autores disseram alguma mentira; porque então desapareceria a certeza da fé, que se apoia na autoridade da Sagrada Escritura”. Tomás de Aquino (1225-1274) ''Ó Senhor, eu creio que é verdadeira a vossa Escritura, pois não fostes Vós, a autêntica e própria Verdade, que a ditastes? (...) Porque sois o meu Deus o dizeis, com voz forte ao ouvido interior do vosso servo, rompendo a minha surdez e exclamando: ‘Homem, o que a minha Escritura diz, Eu o digo.'' Agostinho de Hipona (354-430) ''Deus não é adorado apropriadamente senão mediante a certeza de fé, a qual não pode ser produzida e qualquer outra maneira senão pela Palavra de Deus. Daí, segue-se que todos quantos abandonam a Palavra caem em idolatria.'' Jhon Calvino (1509-1564) ''A palavra de Deus é tão viva, forte e poderosa que todas as coisas têm, necessariamente, de obedecer a ela, e isso tão frequentemente e no momento em que o próprio Deus fala''. Ulrico Zuínglio (1484-1531)

Revelação Universal de Deus


Bibliografia Consultada:

ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992. GEISLER, Norman. Teologia Sistemática: introdução à teologia. Rio de Janeiro: Cpad, 2010. BAVINCK, Herman. A Filosofia da Revelação. Brasília: Monergismo, 2016. AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. 2. ed. São Paulo - Sp: Edições Loyola, 2003. HIPONA, Agostinho de. Patrística: a doutrina cristã. São Paulo: Paulus, 1998. STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003. LEWIS, C.s.. Cristianismo Puro e Simples. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2017. 286 p. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 2. ed. Miami, Florida: Vida Nova, 2009.

Revelação Universal de Deus


REVELAÇÃO

UNIVERSAL

DEUS

Jorge A. Ferreira

DE



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