Edição 75 - Revista Agronegocios

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EDITORIAL

DESTAQUE: café

Cultivares de café do IAC mudaram a cafeicultura

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As variedades de café Mundo Novo e a Catuaí fazem parte da história do café no Brasil e são responsáveis por uma mudança significativa no cenário da produção cafeeira, em termos de produtividade e longevidade, e tem contribuído para a consolidação da cultura nas principais regiões produtoras. Neste ano, completam respectivamente 60 e 40 anos de introdução e são resultados de trabalhos do programa de melhoramento do IAC.

AMBIENTE

LEITE

Minhas vacas não emprenham!

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Especialista orienta criadores de bovinos leiteiros sobre a importância de se ter vacas prenhes. Independentemente da dieta e controles sanitários, o leite é item principal para manter financeiramente viável.

Entenda os principais pontos do Novo Código Florestal

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Um dos itens de maior importância para o produtor rural é que o mesmo deve estar atento quanto aos seus prazos e também quanto à obrigatoriedade de inscrição no CAR - Cadastro Ambiental Rural.

Cocapec recebe prêmio LIDE DE AGRONEGÓCIO

CAFÉ

Mogiana”!!! Nesta edição, destacamos a importância do melhoramento desenvolvido pelo IAC - Instituto Agronômico de Campinas na cafeicultura brasileira. Destaque para as variedades ‘Mundo Novo’ e ‘Catuaí’, presentes nas propriedades brasileiras há mais de 60 anos. Também na cafeicultura, destaque para a COCAPEC, que recebeu o prêmio LIDE de Agronegócio e também premiou os vencedores do 9º Concurso de Qualidade de Café. O município de Cássia (MG) foi o grande vitorioso nas duas categorias do concurso. Apresentamos também o sexto artigo de Renato Passos Brandão, consultor do Grupo Bio Soja, sobre o manejo do cafeeiro em altas produtividades. Na questão ambiental, iniciamos uma série de reportagens sobre o Novo Código Florestal. A proposta é orientar o produtor rural sobre os principais itens que serão exigidos a partir de 2013. Alertamos, também, informação de que a água poderá se tornar uma commodity em futuro próximo. Boa leitura, até breve!

AMBIENTE

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cafeicultura na região da Mogiana anda ‘agitada’ após o término das colheitas. E o motivo principal não tem ligação direta com o preço da saca de café. Mas poderá refletir futuramente, caso concretizem as reuniões e entendimentos entre representantes da AMSC - Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana; da COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas; do Sindicato Rural de Franca (SP); da Prefeitura de Franca, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento; da CREDICOCAPEC - Cooperativa de Crédito da COCAPEC; e da Fundação Experimental de Café da Alta Mogiana. Em breve relataremos aqui, na Revista Attalea Agronegócios, os frutos de vários meses de rico entendimento. Tudo em prol do cafeicultor desta região que, desde os primórdios da cafeicultura brasileira, representa o país em todos os cantos do mundo principalmente no quesito: QUALIDADE. Basta visitar uma cafeteria ou um comerciante de café na Ásia, na África, na Europa ou na América do Norte e perguntar: “Quero tomar um café da Alta

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Em evento realizado em Campinas (SP), João Alves de Toledo Filho, presidente da Cocapec, recebeu o prêmio na primeira edição do Prêmio Lide de Agronegócio.

Água pode ser commodity em futuro próximo

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Especialista alerta para o risco da água se tornar uma mercadoria negociada globalmente. Processo seria motivado pela escassez cada vez maior e poderia dificultar ainda mais o abastecimento.

Manejo do Cafeeiro (6ª) Altas Produtividades

CAFÉ

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A importância da pesquisa NA ATIVIDADE CAFEEIRA

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Artigo de Renato Passos Brandão, com ênfase no manejo do cafeeiro em sistemas de altas produtividades, Destaque para o manejo no Sitio Santa Rita, em Jeriquara (SP)


MÁQUINAS

Sami Máquinas realiza neste segundo semestre as famosas e ESPERADAS EXCURSÕES PARA YANMAR AGRITECH E JACTO

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NOTÍCIAS COOPARAÍSO PREMIA CAFEICULTORES

MATSUDA DESENVOLVE PRODUTOS PARA A ATIVIDADE LEITEIRA

COIMMA PARTICIPA NA ÁFRICA DA SEMANA BRASAFRICA

produtor Francisco Carlos Arantes, de São Sebastião do Paraíso (MG), foi o ganhador do trator Valtra BF65 4x4, zero hora, sorteado pela Cooparaiso no final de novembro. Antônio Miguel Arantes, de Itamogi (MG), levou para sua propriedade o lavador de café Colombo e Antônio Aparecido Sanches, também de São Sebastião do Paraíso (MG), ganhou o pulverizador. A entrega foi realizada em clima de festa, com a presença de cerca de 200 cooperados, quando também foi comemorado o cumprimento de meta deste ano com 1.100 milhões de sacas depositadas. Francisco, proprietário da Fazenda Barrinha, disse que fica muito feliz de ter ganhado o trator porque conhece a marca e sabe que é um produto de excelente qualidade. “Além de estar premiando o produtor pelo seu trabalho, esse tipo de evento aproxima cada vez mais a cooperativa do cooperado. Como produtor de café, eu trabalho somente com a Cooparaiso, depositando lá o meu café e comprando todos os insumos que preciso. Nós, produtores, precisamos muito da Cooparaiso, instituição que é capaz de dar fortalecimento à nossa classe”. A

uplementos minerais pronto para uso, núcleos minerais para adicionar ao volumoso e/ou concentrado, proteicos energéticos e produtos para bezerros lactentes, todos específicos para gado de leite, são os produtos que o Grupo Matsuda disponibiliza no mercado agropecuário, resultado de intenso trabalho de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. No total, são 25 produtos para rebanhos leiteiros criados em diferentes sistemas produtivos, ou seja, produtos específicos para animais criados a pasto, em sistema de confinamento ou semi-confinamento. Para o médico veterinário Eduardo Pontalti, do Departamento Técnico de Nutrição animal do Grupo Matsuda, a linha completa de suplementos minerais da empresa, destinada especificamente ao gado leiteiro, “é resultado de intenso trabalho de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Essa grande quantidade de produtos destinados exclusivamente ao gado leiteiro tem como objetivo disponibilizar produtos de qualidade e específicos para cada categoria animal dentro de uma propriedade produtora de leite”. A

pós 27 anos de lutas internas com uma das mais longas guerras civis da história, em 2002, Angola encontrava-se em estado de calamidade. Tudo estava completamente exterminado: O rebanho bovino, plantações e indústrias não mais contribuíam significativamente para a economia do país. Visando uma reestruturação interna, várias empresas brasileiras uniram-se para contribuir de alguma forma com o renascimento da economia angolana, e a Coimma é uma delas. O projeto Brasafrica, que tem como visão a transformação do campo, teve início no ano de 2010 e tem como principal objetivo estimular o desenvolvimento da pecuária, agricultura e agroindústria em Angola. Com mais de 60 anos no setor, a Coimma, uma empresa de tradição e peso no Brasil, esteve presente onde levou todo o seu conhecimento e experiência a fim de colaborar para o crescimento do setor em Angola. A

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JOHN DEERE LANÇA SIMULADOR PARA TREINAR OPERADORES

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John Deere está lançando no Brasil um simulador para o treinamento dos operadores da Colhedora de Cana 3520. O simulador, que reproduz a cabine da colhedora, é portátil, reduz o tempo para treinar os operadores e o consumo de combustível das máquinas utilizadas no treinamento convencional. O simulador não funciona apenas para preparar os novos operadores, afirma Carlos Newton Graminha, gerente de Contas Estratégicas da John Deere, mas é importante também para fazer a avaliação dos operadores já formados. O simulador foi desenvolvido através de uma parceria da John Deere e a South West, empresa líder na tecnologia de simuladores. A demanda por treinamento cresce anualmente, pois até 2014 não poderá mais haver queima de cana para colheita e a mecanização minimiza impactos ambientais. O uso do simulador permite acelerar o processo de aprendizagem e reciclar os conhecimentos dos operadores. Outra grande vantagem do simulador é que, por ser portátil, pode treinar diversas equipes inclusive durante a entressafra da cana. A


SAMI MÁQUINAS COMEMORA ANIVERSÁRIO

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ntre os dias 06 e 08 de novembro, a Sami Máquinas comemorou mais um aniversário. A comemoração contou com a presença de muitos clientes e de acordo com Sami El Jurdi, diretor comercial, grandes negócios foram fechados, com condições muito especiais. Na foto ao lado, funcionários da área comercial da Sami Máquinas, o diretor comercial Sami El Jurdi; fornecedores (Yanmar Agritech, Jacto, Kamaq, Dragão Sol, Herder, dentre outros) e parceiros, Banco DLL, Gaplan, dentre outros. A

FOTO: Divulgação Sami Máquinas

NOTÍCIAS

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BANANA BRS PLATINA BASF LANÇA É PROTEGIDA PELA ‘PORTEIRA’, REDE EMBRAPA SOCIAL AGRÍCOLA

AGRICULTORES COMPRAM MAIS EQUIPAMENTOS

Diário Oficial da União (DOU) publicou recentemente a proteção definitiva da cultivar de bananeira ‘BRS Platina’, desenvolvida pela EMBRAPA Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA) . Esta é a primeira cultivar de bananeira do tipo Prata protegida pela Embrapa. Segundo Edson Perito Amorim, pesquisador responsável pelo programa de melhoramento genético da bananeira da Embrapa, a proteção é um marco para a Embrapa e para a agricultura brasileira. “O registro da ‘BRS Platina’ tem como objetivo salvaguardar os direitos da Embrapa como obtentora da tecnologia, assim como proporcionar maior segurança para os agricultores, uma vez que a cultivar será disponibilizada ao público por meio de empresas especializadas em micropropagação de plantas, permitindo uma maior qualidade, em especial devido à isenção de doenças, entre as quais os vírus”, afirma. Lançada em outubro durante o XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura, em Bento Gonçalves (RS), a cultivar tem como principal diferencial a resistência ao mal-do-Panamá e à Sigatoka-amarela, duas das principais doenças da cultura. “A ‘BRS Platina’ vem atender à demanda por frutos do tipo Prata, especialmente onde há a presença do mal-do-Panamá, doença que limita a produção da cultivar ‘Prata Anã’”, afirma Amorim. Os frutos se assemelham aos da ‘Prata Anã’ em forma, tamanho e sabor. A

ntre julho e setembro, os empréstimos para aquisição de máquinas agrícolas, equipamentos de irrigação e estruturas de armazenagem alcançaram R$ 1,8 bilhão por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSIBK), uma alta de 17,9% em relação ao mesmo período de 2011. Os dados são do Departamento de Economia Agrícola do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A expectativa do governo federal é de que haja aumento ainda mais expressivo a partir deste mês, quando a taxa de juros dessa linha de crédito relativa ao agronegócio reduzirá de 5,5% para 2,5% até 31 de dezembro de 2012. A

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BASF lançou recentemente uma nova ferramenta que aumenta a interatividade entre agricultores, cooperativas, distribuidores, pesquisadores, professores, consultores, profissionais das áreas técnicas e de vendas da empresa e representantes de entidades governamentais. O Porteira será uma rede social do segmento agrícola com conteúdo personalizado para cada usuário. O acesso à rede será restrito a convidados. O portal vai disponibilizar alertas de doenças e pragas, boletins climáticos, artigos científicos, inovações tecnológicas, mapas com dados e indicações geográficas, cotações e rede de contaA tos do setor.

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LEITE

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Henrique Rocha 1

FOTO: Divulgação

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Minhas vacas não emprenham! QUEM É O CULPADO? primeira pergunta na pecuária leiteira sempre foi: como fazer para minha vaca produzir leite? A resposta é simples e clara: ela precisa emprenhar e, depois, parir, pois uma vaxa vazia e seca, no próximo ano não vai produzir leite. Mas, comumente, a resposta mais escutada pelos produtores é que precisam aumentar a dieta, melhorar o conforto, aplicar medicamentos, incluir programas de melhoramento animal, etc. Essas indicações, vão sim, ter resultados expressivos na produção leiteira, mas a reprodução é o assunto que mais preocupa os produtores e pouco é falado. A falha desta importante etapa do manejo das vacas leiteiras, o controle reprodutivo, leva a sérios problemas em todo sistema de produção. Muito já se falou e estudou sobre por que as vacas não emprenham. Temos várias linhas de estudos e pensamentos, mas as variáveis das causas deste enorme problema são inúmeras. Os pesquisadores e técnicos ainda não chegaram a uma fórmula para resolver todos os problemas reprodutivos. Na pecuária leiteira esta ainda é a maior causa de prejuízos e descarte de animais. Quando fazemos a pergunta: Por que minhas vacas não emprenham?, a primeira resposta em propriedades que usam a Inseminação Artificial (IA) é: A culpa é do sêmen!. Em fazendas que usam monta natural a culpa é do touro, e para quem usa IATF a culpa é do protocolo, do implante, do hormônio e por aí vai. E tem também a culpa do inseminador! Um culpado fácil, quando o resultado não é positivo. Sempre querem achar um culpado, mas nunca olham direto para o problema e para dentro do problema: as vacas. A brucelose, a neosporose (transmitida por contato com fezes de cães) a rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), a diarreia viral bovina (BVD), a leptospirose e a campilobacteriose genital bovina (transmitida pelo coito, por touros infectados) são exemplos de doenças reprodutivas que derrubam drasticamente os números e índices reprodutivos nos 1 - Médico Veterinário. Jurado da Girolando. Gerente de Produto Leite. Email: hrocha@crigenetica.com.br. Tel: (16) 3362-3888 | Cel: (16) 9787-8519. C.R.I. GENÉTICA BRASIL. Rua Dr. Procópio de Toledo Malta, 145, São Carlos (SP). Site: www.crigenetica.com.br. Publicado na Revista Girolando.

rebanhos bovinos tanto de leite quanto de corte. Os prejuízos causados por essas doenças podem ser calculados em tempo e dinheiro. Nas vacas de leite esta falha irá refletir no DEL (Dias Em Lactação), pois quando a vaca não emprenha aumenta a quantidade de tempo de serviço, esta janela entre um parto e outro aumenta e, consequentemente a produção total de leite diminui pelo longo período de lactação. Já nas vacas de corte o prejuízo se deve ao aumento do intervalo entre partos, ou seja, a fêmea deixa de produzir um bezerro por ano, e quanto mais essa fêmea demorar para emprenhar após o parto, maior é o intervalo entre partos e maiores são os prejuízos. Existem estudos que quantificam os prejuízos que uma propriedade de leite tem, de acordo com o intervalo entre partos no rebanho. Por exemplo, num intervalo entre partos de 425 dias os prejuízos podem chegar a US$ 1,37 por vaca por dia. Podemos notar que os sintomas das doenças reprodutivas são basicamente os mesmos: repetição de cio, morte embrionária, fetos mumificados, aborto e nascimento de terneiros fracos e inviáveis. Assim, pela simples observação dos sintomas é impossível determinar qual das doenças está afetando o rebanho e somente através de exame laboratorial podemos saber qual delas é responsável pelos prejuízos. Agora podemos passar para outro culpado: erro na detecção de cio. Este, sim, é de imensa preocupação entre os produtores e colaboradores da pecuária leiteira. O erro na observação visual do cio, pelo inseminador, e o mau manuseio do sêmen são a causa de 70% a 80% dos casos de insucesso


IRRIGAÇÃO

Irrigação: o melhor investimento para O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

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LEITE

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na fertilização das matrizes. A detecção correta do cio é importante para reduzir o intervalo entre partos, e também para determinar o momento correto da inseminação. A detecção incorreta do cio resulta em inseminação de vacas que não estão em cio ou na inseminação em momento inadequado para a concepção. Van Eerdenburg et al. (2002) relataram que quando a ovulação ocorre 48 horas após a inseminação apenas 15% das vacas concebem, e quando ocorre até 24 horas, 52% das vacas concebem. E, ainda, Reimers et al. (1985) reportaram que 5,1% das vacas não estão em cio quando são inseminadas, e que essa porcentagem pode variar de 0 a 60%, dependendo do rebanho analisado. Isso pode ser devido a inseminação realizada cedo demais, tarde demais ou detecção incorreta. Uma das possíveis causas das falhas de detecção de cio pode ser a introdução de ferramentas auxiliares de detecção que podem deixar as pessoas responsáveis por ela menos atentas. A manutenção do bom conhecimento dos sintomas de cio, e a observação o mais frequente possível e por um período adequado (30 a 60 minutos) são fundamentais para a boa eficiência de detecção de cio. Cios silenciosos ou ovulação silenciosa são problemas comumente associados com falha de detecção de cio em vacas de leite de alta produção (Shipka, 2000). A ausência do comportamento de cio antes da primeira ovulação pós-parto é atribuída à exposição a alta concentração plasmática de estradiol no final da gestação que deixa o hipotálamo num estado refratário ao estradiol (Allrich, 1994). Manifestações de cio são menores devido a doenças, problemas nas pernas e pés, casco ou a outros fatores estressantes. Fatores ambientais (estresse térmico) podem influenciar o número de montas durante o período de cio, e também decrescem a duração e a intensidade dele. Vacas alojadas em piso de concreto também mostram menor intensidade de cio do que vacas mantidas a pasto. Resumindo, são muitos os fatores que influenciam a rotina da observação de cio, o que a torna muitas vezes falha, levando à baixa taxa de detecção de

cio, menor taxa de animais inseminados, menor taxa de prenhez, maior intervalo entre partos e maior DEL. Mais um culpado: a temperatura ambiente, o estresse calórico nas vacas. O estresse calórico (EC) é um dos fatores que mais tem contribuído para reduzir a fertilidade nas vacas de altas produções leiteiras durante os meses de verão, causando severas perdas econômicas em quase 60% do rebanho leiteiro mundial (Wolfenson et al., 2000; De Rensis et al.) Durante os períodos sazonais de EC, a fertilidade declina, como resultado de menores taxas de concepção (Thatcher & Collier, 1986) e menores taxas de detecção de cio (Rodtian et al., 1996; Thatcher & Collier, 1986; Her et al., 1988). Na Flórida, as taxas de concepção de vacas em lactação caem de 48% em março, para 18% em julho, e não se recuperam até novembro (Badinga et al., 1985). Um grande culpado é a nutrição. Muito se comenta sobre o tanto que a nutrição reflete na reprodução, pela falta de uma nutrição bem feita ou mesmo pelo excesso nutricional. Dietas com alto teor energético e protéico para vacas de altas lactações levam a sérios problemas reprodutivos. Outra fase crítica são as doenças metabólicas do peri e pós-parto, todas acarretando em não prenhez. No BEN (balanço energético negativo) há perda excessiva de gordura corporal, aumento da taxa de AGNEs (ácido graxo não esterificado), o que resulta em esteatose hepática, afetando a função hepática, o que, por sua vez, afeta a fertilidade, pela toxicidade de AGNEs nos ovários. (Wiltbank et al., 2001) demonstraram que vacas leiteiras secas produziam número significantemente maior de embriões de qualidade extra, do que as vacas em lactação. A qualidade dos embriões de vacas leiteiras modernas é significativamente inferior do que as vacas secas e novilhas, com embriões mais escuros e contendo 50% mais lipídeos intracelulares se comparados as outras vacas, levando a uma menor taxa de concepção. (Leroy et al., 2005). Outro grande culpado é o próprio touro. Isto mesmo, o touro! Existem diferentes taxas de fertilidade de um touro para outro. Ou seja, existem touros que emprenham mais que os outros. Esta taxa, hoje em dia, é medida pelo Departamento de Agricultura Americano, o Usda. Eles trabalham avaliando a concepção e fertilidade de todos os touros registrados e montam o índice de SCR (Sire Conception Rate). Quanto maior o SCR do touro maior é a sua fertilidade e maior é a taxa de prenhez das vacas. Hoje já se estudam alguns genes responsáveis pela fertilidade do touro, existem haplótipos que definem se um touro carrega o gene da fertilidade ou da baixa fertilidade ou até mesmo genes que causam subfertilidade. Então, devemos nos preocupar muito com a fertilidade e índice de SCR dos touros. Sempre recomendo trabalhar com um técnico capacitado para reprodução, médico veterinário que esteja acompanhando de perto todo o manejo reprodutivo do rebanho e assistindo a propriedade frequentemente. Depois desta demonstração das principais causas e culpados de suas vacas não emprenharem, se nada for feito e se suas vacas continuarem sem emprenhar, pode ter certeza de que temos mais um culpado, e o maior de todos: você! A


EVENTOS

Concurso de Qualidade premia os MELHORES CAFÉS DA ALTA MOGIANA

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Entenda os principais pontos do NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

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ublicada no último dia 18 de outubro - já incluídos os nove vetos da presidente Dilma Rousseff - a Lei Federal nº 12.727 foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 7.830/2012 e que finalmente - após muitas discussões entre diversos setores econômicos e ambientalistas - passa a regulamentar o Novo Código Florestal Brasileiro. Com certeza, novas reformas serão inseridas nos próximos anos, principalmente para regularizar alguns pontos conflitantes. Um dos itens de maior importância no Novo Código Florestal Brasileiro e que o produtor rural precisa estar atento quanto aos seus prazos e estar atento quanto à obrigatoriedade de inscrição no CAR - Cadastro Ambiental Rural. Ele incluirá todos os dados dos proprietários rurais do país, com especificações precisas sobre Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente, Nascentes, etc. De acordo com a legislação, o prazo para inscrição no CAR será de um ano a partir da data de implantação do sistema. O cadastro é requisito imprescindível para a partici-

pação no Programa de Regularização Ambiental. O produtor rural precisa imediatamente compreender em qual situação sua propriedade rural enquadra quanto à obrigatoriedade de recuperação das APPs - Áreas de Preservação Permanente. De acordo com a lei, deverão ser mantidas faixas de APP marginais dos cursos de água natural, desde a borda da calha do leito regular, com as seguintes larguras mínimas: a) - 30 metros de APP de cada lado => para cursos de água com menos de 10 metros de largura; b) - 50 metros de APP de cada lado => para cursos de água que tenham de 10 a 50 metros de largura; c) - 100 metros de APP de cada lado => para cursos de água que tenham de 50 a 200 metros de largura; d) - 200 metros de APP de cada lado => para cursos de água que tenham de 200 a 600 metros de largura; e) - 500 metros de APP de cada lado => para cursos de água que tenham largura superior a 600 metros;


MEIO AMBIENTE c) - Média propriedade => imóvel rural de área compreendida entre 4 (quatro) e 15 (quinze) módulos fiscais; d) - Grande propriedade => imóvel rural de área superior a 15 (quinze) módulos fiscais. O Módulo Fiscal consta no CCIR - Certificado de Cadastro do Imóvel Rural, sendo que cada município do país possui legislação e classificação própria para definir o tamanho do módulo em hectares. Apenas como exemplo, Ribeirão Preto (SP) instituiu que o módulo fiscal no município é de 10 hec-tares. Enquanto isto, as cidades paulistas de Franca, Patrocínio Paulista, Ribeirão Corrente, São José da Bela Vista, Sales Oliveira, Cajuru e Cássia dos Coqueiras instituiu que o módulo fiscal no município é de 16 hectares. Já Barretos, Batatais, Orlândia e Santo Antônio da Alegria o módulo fiscal é de 22 hectares. Em Minas Gerais, Guaxupé, Ibiraci, São Sebastião do Paraíso, Santo Tomás de Aquino, Capetinga e Claraval, o módulo fiscal é de 28 hectares. Em Patrocínio, Monte Carmelo, Serra do Salitre e Coromandel, o módulo fiscal é de 40 hectares. A Para as atividades já estabelecidas até a data de 22 de julho de 2008, o Novo Código Florestal autorizou a continuidade, desde que respeitada a regra do tamanho do bem imóvel, em Módulo Fiscal, na seguinte ordem: a) - área de até 1 módulo fiscal => obrigatória a recomposição de 5 metros de APP a contar da borda da calha do leito regular; b) - área entre 1 e 2 módulos fiscais => obrigatória a recomposição de 8 metros de APP a contar da borda da calha do leito regular; c) - área entre 2 e 4 módulos fiscais => obrigatória a recomposição de 15 metros de APP a contar da borda da calha do leito regular; d) - área superior a 4 módulos fiscais => obrigatória a recomposição de 20 a 100 metros de APP a contar da borda da calha do leito regular, de acordo com as determinados do PRA - Programa de Recuperação Ambiental, que serão editados por cada Estado da Federação, de acordo com as peculiaridades de cada um. De acordo com o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Módulo Fiscal serve de parâmetro para a classificação fundiária do imóvel rural quanto à sua dimensão, de conformidade com art. 4º da Lei nº 8.629/93, sendo: a) - Minifúndio => imóvel rural de área inferior a 1 (um) módulo fiscal; b) - Pequena propriedade => imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;

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Especialista norte-americano alerta: ÁGUA PODE SER UMA COMMODITY

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specialista norte-americano alerta, em artigo na revista Nature, para o risco de o recurso natural se tornar uma mercadoria negociada globalmente. Processo seria motivado pela escassez cada vez maior e poderia dificultar ainda mais o abastecimento de regiões pobres. O termo inglês commodity é utilizado para designar uma série de produtos que, independentemente de onde e quando são produzidos, mantêm mais ou menos a mesma qualidade, e seu preço pode ser negociado em escala global. É o caso do petróleo, do ferro, da soja, do trigo e do café, entre outros, comprados e vendidos em bolsas de mercadorias e futuros. Em breve, essa lista deve ganhar um novo e importante item: a água. Pelo menos é o que prevê um artigo publicado na edição de hoje da revista científica Nature. Segundo o texto, o movimento seria reflexo da escassez cada vez maior do bem natural, e as consequências, desastrosas. Para o autor, o pesquisador Frederick Kaufman, da City University of New York, nos Estados Unidos, a mercantilização pioraria ainda mais a falta do líquido em inúmeras regiões do globo. “Seria um desastre para os mais pobres do mundo, que já sofrem sem poços, sem água encanada, sem sistemas modernos de irrigação”, afirma. “A água financeirizada teria um efeito esmagador, tornando a pobreza cada vez mais difícil de eliminar e elevando o número total de miseráveis em todo o mundo”, completa. Segundo dados da ONU - Organização das Nações Unidas, atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas têm dificuldade de acesso à água potável, seja por inexistência de sistemas de encanamento, por problemas climáticos ou pela falta de tecnologia para extrair o recurso do solo. Além deles, pelo menos 2,3 bilhões de homens e mulheres não têm acesso a saneamento básico. Isso significa dizer que 3,7 bilhões de seres humanos, mais de metade da população mundial, enfrentam algum tipo de dificuldade severa em relação à água. E esses números não incluem, por exemplo, quem sofre com o racionamento, comuns em grande cidades do país nos períodos de estiagem. Um exemplo do que pode acontecer caso haja o aprofundamento da mercantilização da água é dado pelo mercado de commodities alimentares como a soja, o milho e o trigo. Os preços desses produtos atingiram no último ano suas máximas históricas. “Um sistema global de preços de alimentos beneficiou os agricultores. Já os padeiros e consumidores foram submetidos a derivativos financeiros criados por bancos de investimento”, aponta Kaufman. Ou seja, na matemática mercadológica, especuladores ganham e o consumidor final sai perdendo. Uma das causas é a dificuldade dos governos em re-

gulamentar este filão de mercado. Nos Estados Unidos, um pacote de medidas para evitar especulação com alimentos acabou na Justiça, onde está parado há anos, segundo o pesquisador, por pressão dos mercados que ganharam mais poder de manobra depois que a crise mundial minou empregos. “É extremamente difícil regular o negócio de commodities globais, que movimenta US$ 648 trilhões em todo o mundo”, alerta o norte-americano. SEM MEDIDA - A possibilidade de mudança do status da água de bem natural para produto negociado em bolsa é fruto, em grande parte, da exploração excessiva do bem, que vem se tornando tão escasso quanto ouro e petróleo. “Os aquíferos, relativamente, são poucos e estão sendo explorados. Eles, infelizmente, são fundamentais para a agricultura em uma série de países”, explica Tom Gleeson, da Universidade de Montreal, no Canadá. “Esses são recursos críticos que precisam de uma melhor gestão”, completa o especialista. Ele lembra ainda que os efeitos da exploração excessiva da água, apesar de graves, são pouco mensuráveis pelos cientistas. “O efeito para o abastecimento é imprevisível”, afirma. Gleeson, no entanto, diz não ser possível determinar exatamente quanto uma ação que dificulte o acesso à água seria catastrófica, tanto para o usuário doméstico quanto para a agricultura. A primeira vez que o direito à exploração passou a ser negociada como um produto mercadológico foi em 1996, na região da Califórnia Ocidental, nos EUA. A região de 2 mil quilômetros quadrados movimenta mais de US$ 1 bilhão em alimentos por ano, sendo o principal distrito de agricultura irrigada dos país. Por lá, há 16 anos, foi introduzido um sistema de comércio eletrônico em que os agricultores locais podem negociar entre si o direito de uso da água subterrânea e de superfície, que, assim como no Brasil, é regulamentado — e limitado — por lei. De lá pra cá, a iniciativa cresceu. Apenas entre 2010 e 2011, o mercado de água cresceu 20%, atingindo em todo o mundo o valor de US$ 11,8 bilhões. Apesar dos números vultosos, Frederick Kaufman ainda vê a possibilidade de evitar o problema. “A transformação da água em uma commodity não é inevitável. Nós podemos pará-la antes que comece”, afirma. Ele defende uma regulamentação do setor, especialmente nas Américas e na Europa, onde o processo está mais acelerado. O recurso, defende, deve continuar sendo um bem universal. “Há forças que empurram para a regulamentação, mas há forças opostas a favor dos negócios de derivados. Ainda não existem ‘limites de posição’ para os banqueiros quando se trata de comida (e água)”, conclui. A


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Durante Fórum Nacional em Campinas (SP) COCAPEC RECEBE O PRÊMIO LIDE DE AGRONEGÓCIOS FOTO: Divulgação COCAPEC

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Os premiados no 1º Prêmio Lide de Agronegócio

Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas) foi premiada na primeira edição do Prêmio Lide de Agronegócios, que destacou os principais empresários do setor agropecuário nacional. O presidente João Alves de Toledo Filho recebeu a homenagem pela cooperativa na categoria café. Juntamente com a Cocapec, a Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) e a illycaffè também tiveram seus trabalhos reconhecidos. A entrega aconteceu durante o Fórum Nacional de Agronegócios, realizado nos dias 21 e 22 de setembro, em Campinas (SP), que reuniu os principais líderes e especialistas da área para debater os Novos Rumos do Agronegócio Sustentável no Brasil. O encontro é promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, presidido por João Doria Jr., e pelo LIDE Agronegócios, liderado por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin fez a abertura do fórum que teve ainda ciclo de palestras, com cinco painéis de discussão com grandes nomes da política e do empresariado brasileiro como expositores. Os participantes do evento debateram as principais questões do agronegócio com o objetivo de criar um projeto de economia verde. O presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, abriu o seminário com apresentação especial sobre “O Papel do Pequeno Produtor no Desenvolvimento do Agronegócio”.

Na sequência, Silvio Crestana, pesquisador da Embrapa, explanou sobre “Desenvolvimento Sustentável”; e o presidente da Febraban - Federação Brasileira de Banco, Murilo Portugal, falou sobre “Novos Rumos no Financiamento do Agro Brasileiro”. Já Pedro Parente, presidente da Bunge, discutiu sobre “Os Gargalos Logísticos do Agro Brasileiro”; e o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, encerrou a agenda de palestras com o tema “Uma Estratégia de Espaço para o Agronegócio”. A

O presidente da COCAPEC, João Alves de Toledo Filho, ao lado de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e Carlos Paulino, presidente da COOXUPÉ.


CAFÉ

Cafés vencedores do 10º Concurso de Qualidade da ALTA MOGIANA SÃO EXPORTADOS PARA CINGAPURA

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empre atenta às mudanças do mercado de cafés especiais, a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) decidiu inovar e exportar os lotes vencedores do 10º Concurso de Qualidade da Alta Mogiana para o mercado asiático. As amostras dos primeiros colocados nas categorias Natural, Cereja Descascado e Microlote chamaram a atenção de compradores de Cingapura e os lotes comercializados já estão sendo preparados para o embarque no final de novembro. O país asiático está se destacando no mercado de cafés especiais por valorizar a qualidade dos grãos. “Cingapura é um mercado emergente, em expansão, com bastante dinheiro e saída para cafés especiais. Estamos conquistando um novo comércio para a região da Alta Mogiana”, afirma Gabriel Afonso Mei Alves de Oliveira, presidente da AMSC. “O mercado asiático como um todo é muito exigente e deve ser considerado. Eles pagam o preço para ter os cafés que eles querem”, completa. Essa foi a primeira vez que a AMSC fez uma expor-

tação direta dos cafés vencedores do Concurso. Durante quatro anos a Associação realizou o Leilão AMSC, em que as amostras com maior avaliação dos jurados eram comercializadas para as empresas durante a cerimônia de premiação. Para Gabriel Afonso, a decisão de não promover essa ação foi difícil. “O leilão já era tradicional tanto para os compradores, como para os produtores. Peço desculpas àqueles que não gostaram da mudança, mas precisamos agir pensando no melhor para o produtor e para a região. A AMSC age sempre pensando em conquistar o melhor preço para o produtor. A venda dos lotes premiados tem o intuito de valorizar a região internacionalmente e tornar a Alta Mogiana cada vez mais conhecida no exterior”, explica. Segundo o presidente da Associação a venda dos cafés vencedores terá como foco o mercado internacional, não só o asiático. “Todas essas amostras são de excelente qualidade, cafés especiais, que estão sendo muito bem aceitos pelo mercado. Estamos trabalhando para conseguir que todos os lotes vencedores sejam comercializados”, finaliza. A

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m 2012, as cultivares Mundo Novo e Catuaí completam, respectivamente, 60 e 40 anos de introdução nas fazendas de café do Brasil. Juntas, estima-se que elas representem cerca de 85% das cultivares plantadas no País. A Mundo Novo e a Catuaí fazem parte da história do café no Brasil, responsáveis por uma mudança significativa no cenário da produção cafeeira, em termos de produtividade e longevidade, e tem contribuído para a consolidação da cultura nas principais regiões produtoras. As duas variedades são resultados de trabalhos do programa de melhoramento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituição integrante do Consórcio Pesquisa Café. O Consórcio, há 15 anos, investe no programa de melhoramento genético do IAC, apoiando o desenvolvimento de pesquisas que também geraram dezenas de outras cultivares de café. As pesquisas de melhoramento trabalham continuamente na obtenção de cultivares cada vez mais específicas para doenças, pragas, condições climáticas e demais aspectos importantes para o produtor, em estudos que levam em média duas décadas ou até mais. São investimentos em conhecimento e em recursos necessários para o crescimento da cafeicultura brasileira, uma das mais sustentáveis do mundo. Os casos bem-sucedidos das cultivares Mundo Novo e Catuaí, há mais de meio século no mercado cafeeiro brasileiro, merecem destaque.

FOTO: Fazenda Anta

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Consórcio de Pesquisa de Café destaca cultivares do IAC QUE MUDARAM A CAFEICULTURA BRASILEIRA Mundo Novo – A Mundo Novo foi introduzida em 1952 substituindo o Bourbon nas fazendas, até então a mais utilizada pelos produtores brasileiros, desde 1940, e que apresentava uma produtividade mediana. O diferencial da Mundo Novo foi justamente nesse aspecto, a nova cultivar apresentava uma alta produtividade e se adaptou bem em todas as regiões cafeeiras. O pesquisador do IAC, Luiz Carlos Fazuoli, conta que uma hipótese bem provável é que a Mundo Novo tenha sido resultado de um cruzamento entre Bourbon Vermelho e a Sumatra, cultivar introduzida no Brasil ainda em 1796. “A Mundo Novo apresentou uma produtividade de até 200% a mais que a Tipíca”, introduzida no Brasil em 1727, diz. O que explica a mudança de paradigma que a planta trouxe para a cafeicultura nacional. Manejos de poda e a mecanização foram fatores que também contribuíram para os bons resultados da cultivar. Esta cultivar foi muito importante para o estabelecimento da cafeicultura brasileira no cerrado. Catuaí – Passados 20 anos e mantido, não só a produtividade, mas também sendo atestada a longevidade da Mundo Novo, em 1972 chega ao campo a cultivar Catuaí. Resultado de cruzamento da Mundo Novo com a variedade Caturra – planta de porte baixo, mas muito exigente em água e nutrição. A Catuaí preserva o porte baixo, mas ganha em vigor vegetativo. Também rapidamente bem adaptada às regiões cafeeiras do País, Fazuoli destaca a importância da Catuaí no desbravamento da cafeicultura no Cerrado brasileiro na década de 1970. A redução que a cultivar trouxe no custo das colheitas, por ser de porte baixo, foi outro avanço importante na adoção da cultivar. Atualmente o Brasil tem um parque cafeeiro de 6,7 bilhões de covas, entre pés em formação e produção, segundo dados da Conab. Destas quase 5 bilhões são de plantas de Coffea arabica, da qual fazem parte a Mundo Novo e a Catuaí. Novas variedades – O Brasil tem atualmente 120 cultivares de café arábica registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas nem todas são adotadas no campo. O número crescente demonstra o bom investimento em pesquisas de melhoramento genético e a preocupação dos pesquisadores em buscar cultivares cada vez mais adaptáveis


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às diferentes exigências de produtividade, clima, solo etc. A questão da longevidade, visto que o café é uma cultura perene, é também um dos fatores preponderantes na escolha de uma cultivar. Nas variedades mais recentes, o índice de produtividade e as características de resistência a pragas e doenças têm sido aspectos alcançados com sucesso, mas o pesquisador Luiz Carlos Fazuoli destaca a importância do produtor seguir algumas recomendações antes de optar pela introdução de uma nova cultivar em sua fazenda. Segundo ele, em uma mesma fazenda pode haver diferenças na produtividade da mesma cultivar. Recomendações – A primeira recomendação que Fazuoli aponta é conhecer bem a cultivar, para depois definir o local onde vai ser plantada. Investir em experimentos com a cultivar no local, se possível com apoio técnico, é essencial para o sucesso da adoção de uma nova cultivar. O pesquisador destaca também a importância de adotar manejos adequados a cultivar escolhida. Como vai ser o plantio, se utilizará poda, se adotará o adensamento, como será a colheita e as doenças e pragas suscetíveis da cultivar e que atingem a fazenda, são detalhes a serem observados antes da adoção de uma nova cultivar. IAC 125 RN – Guardados esses cuidados são bem maiores as chances de a mudança dar certo na propriedade. A cultivar IAC 125 RN, registrada este ano pelo IAC, é um exemplo disso. A variedade vem sendo experimentada com sucesso em fazendas em Patrocínio e Patos, em Minas Gerais. Com exigência de irrigação e boa nutrição, os produtores que adotaram os manejos adequados têm tido bom retorno com a cultivar, que é resistente às Raças I e II do nematóide exígua. A IAC 125 RN tem cinco genes de resistência à ferrugem (Raça II), gera frutos grandes vermelhos e é altamente produtiva. A cultivar IAC 125 RN é mais uma que teve apoio do Consórcio Pesquisa Café, do qual Fazuoli destaca a importância do apoio. “Em todos esses anos, a contribuição do Consórcio foi valiosíssima para novas cultivares, assim como para manutenção das pesquisas com as variedades já existentes”. As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé/MAPA), com gestão da Embrapa Café. Características do Mundo Novo - As diversas linhagens da cultivar Mundo Novo possuem elevada capacidade de adaptação, produzindo bem em quase todas as regiões cafeeiras do Brasil. É preferencialmente indicada para plantios largos (3,80-4,00m x 0,80-1,00m). Em razão de seu grande vigor vegetativo, o espaçamento para o sistema adensado com essa cultivar deverá ser maior que o normalmente utilizado com cultivares de porte baixo. Por ter ótima capacidade de rebrota, é especialmente indicada para os sistemas em que se utiliza a recepa ou o decote para reduzir a altura das plantas. Dentre as linhagens de Mundo Novo, IAC 3764, IAC 379-19, IAC 464-12 e IAC 515-20 são as que melhor se adaptam ao plantio adensado mecanizado, caso o cafeicultor faça opção a este sistema de cultivo. Características do Catuaí - As cultivares Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo têm ampla capacidade de adap-

tação, apresentando produtividade elevada na maioria das nossas regiões cafeeiras ou mesmo em outros países. De baixa estatura, permitem maior densidade de plantio, tornam mais fácil a colheita e mais eficientes os tratamentos fitossanitários. Essas cultivares já produzem abundantemente logo nos dois primeiros anos de colheita. Por isso, necessitam de cuidadoso programa de adubação. (Fonte: Embrapa Café) A

Novas cultivares desenvolvidas pela EPAMIG SERÃO LANÇADAS EM 2014

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esquisadores da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais em parceira com a UFLA - Universidade Federal de Lavras e UFV Universidade Federal de Viçosa estão desenvolvendo novas cultivares com características inovadoras para serem lançadas até 2014. Este programa é um dos que estão inseridos na primeira grande meta do INCT Café - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café “Aprimorar e Integrar o Melhoramento Clássico e Molecular do Cafeeiro”, onde o Instituto contribui com a realização de trabalhos de campo, tratos culturais e financiamento de parte das pesquisas. Entre as progênies a serem lançadas destaca-se a H-189-12-52-12-4 esse material encontra na 6ª geração, visando a seleção das melhores características para o café sob a coordenação do Engenheiro Agrônomo da EPAMIG Dr. César Elias Botelho. Esta nova cultivar apresenta características demandadas atualmente no mercado cafeeiro como grãos de peneira alta e com boa produtividade. Outros estudos apresentam progênises com grande potencial de também serem lançadas como cultivares para atender às necessidades dos produtores. A integração entre o melhoramento clássico e molecular consiste em realizar a seleção das melhores características (Melhoramento Clássico), aliado ao desenvolvimento de ferramentas que acelerem o processo de melhoramento dentro dos diferenciais genéticos (Melhoramento Molecular), produzindo resultados inovadores para o setor cafeeiro. O objetivo desta meta consiste em encontrar e desenvolver características especiais que produzam cafés mais produtivos, resistentes à pragas e doenças e apresentem uma bebida superior, através do estudo tanto de novas cultivares quanto do ambiente em que o café é cultivado, conseguindo atender às exigências do mercado. O grande foco desses estudos está na resistência à ferrugem, principal doença do café, onde se estuda as possibilidades de materiais resistentes para facilitar o manejo desta doença, que muitas vezes é dificultado em determinadas regiões produtoras. O desenvolvimento dessas novas cultivares visam principalmente ser ambientalmente sustentáveis, já que as novas cultivares podem reduzir o uso de defensivos agrícolas e promovem ainda o aumento da produtividade na mesma área de plantio. Portanto, a maior integração entre o melhoramento clássico e o molecular promete apresentar resultados importantes para a rentabilidade e sustentabilidade da cafeiA cultura nacional. (Fonte: INCT-Café)


EVENTOS

Diretor da Revista Attalea Agronegócios é premiado no 22º ENCONTRO DE ENGº AGRÔNOMOS

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CAFÉ

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COCAPEC - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas realizou no mês passado a entrega dos prêmios aos ganhadores do 9° Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café – Alta Mogiana. A premiação dos cinco melhores lotes de café na categoria cereja descascado e natural aconteceu no Auditório do Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria. O evento foi apreciado pela diretoria da cooperativa, cooperados e autoridades locais. A cerimônia também contou a presença do palestrante Carlos Henrique Jorge Brando, da P&A Marketing Internacional que abordou o tema “Perspectivas da Cafeicultura Brasileira e Mundial”. O concurso é realizado anualmente pela COCAPEC FOTO: Divulgação COCAPEC

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Cocapec premia ganhadores do 9º CONCURSO DE QUALIDADE DE CAFÉ

com o objetivo de incentivar seus cooperados a produzir café arábica de alta qualidade, reforçando o reconhecimento da Alta Mogiana como fornecedora de cafés especiais e valorizando o nosso “Senhor Café”. A comissão julgadora foi formada por técnicos em classificação de café, não pertencentes ao quadro de funcionários da Cocapec, indicados pela comissão organizadora, devidamente habilitados junto à Associação Comercial de Santos. Foram eles: Jorge José Menezes Assis da Monte Alegre Coffees, Clóvis Venâncio de Jesus da ABC Café e Antonio Fagundes de Souza Junior da Cooparaiso. Os ganhadores da categoria Café Natural foram: 1º) - Luiz Gustavo Guimarães Corrêa - Faz. Boa Vista, Cássia (MG); 2º) - Hélvio Aparecido Jorge - Sítio Dona Tuca, Pedregulho (SP); 3º) - Rodolfo Salim Almeida Feres - Faz. Rodolfo Almeida, Pedregulho (SP); 4º) - Mauricio Donizete Moscardini - Sítio Califórnia, Cristais Paulista (SP); e 5º) Borá Agropecuária Ltda - Faz. Rio das Velhas, Sacramento (MG). Já os ganhadores da categoria Cereja Descascado foram: 1º) - Eurípedes Alves Pereira - Faz. Santa Terezinha Cássia (MG); 2º) - CBI Agropecuária Ltda - Faz. Água Santa Franca (SP); 3º) - Ailton José Rodrigues - Faz. São Domingos Pedregulho (SP); 4º) - Niwaldo Antônio Rodrigues - Faz. da Lagoa, Pedregulho (SP); e 5º) - Maurivan Rodrigues - Faz. Santa Cruz, Pedregulho (SP). A Cooperativa - A COCAPEC foi fundada em 11 de julho de 1985, em Franca (SP), na região da Alta Mogiana onde está situada sua sede. Atualmente, com cerca de 2 mil cooperados, possui núcleos nas cidades mineiras de Capetinga, Claraval e Ibiraci e na paulista Pedregulho. A


CAFÉ

Por serviços à cafeicultores, COOPARAÍSO É ELEITA A COOPERATIVA DO ANO

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COOPARAÍSO ganhou o Prêmio Cooperativa do Ano 2012, com o projeto “Tecnologia a Serviço dos Cafeicultores”, conquistando a primeira colocação na categoria Inovação e Tecnologia. A entrega do reconhecimento nacional a 21 cooperativas aconteceu na noite de 20 de novembro, em Brasília (DF), numa realização do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da Revista Globo Rural. O evento contou com a presença de lideranças do cooperativismo nacional e autoridades dos setores público e privado. O Diretor Executivo, Rogério Couto Rosa Araújo e o gerente de desenvolvimento, Francisco Pereira Landi, receberam a premiação. “Essa importante premiação reconhece o esforço que a Cooparaiso faz para servir ao produtor. Esse é o nosso papel, buscar soluções, também no campo tecnológico, que possam diminuir custos e aumentar a renda do produtor de café”, pontuou Rogério Araújo, explicando que as máquinas Aranha e Gafanhoto – que motivaram a premiação, foram alvo de atenção nacional pela sua inovação, funcionalidade e redução de custos da mão de obra. Neste ano, além de mostrar o potencial do cooperativismo brasileiro, a premiação foi além. A oitava edição teve

como tema “Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”, em comemoração ao Ano Internacional das Cooperativas – 2012. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de reconhecer o setor que é responsável pela geração de trabalho e renda para 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. “O objetivo é destacar projetos de cooperativas que tenham proporcionado benefícios aos seus cooperados e à comunidade. A temática reflete não apenas o espírito cooperativista, mas também o compromisso do segmento com o desenvolvimento pessoal e a qualidade de vida dos seus associados”, disse o presidente do sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. “Nosso objetivo foi premiar iniciativas de sucesso desenvolvidas por cooperativas de todos os ramos e portes, que tenham como meta a boa gestão e o crescimento do setor”, ressalta o presidente do Sistema OCB. No total, foram inscritos 212 projetos de 138 cooperativas do Sistema OCB, de 20 estados brasileiros. Este ano, a premiação foi dividida por categorias, sendo sete no total. Qualquer cooperativa, não importa o ramo ou o porte, teve a oportunidade de inscrever um projeto por categoria. A

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IRRIGAÇÃO

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Agricultura Irrigada e o TÉCNICO EM IRRIGAÇÃO

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Fernando Braz Tangerino Hernandez1

uando o produtor rural decide implantar um sistema de irrigação em seu cultivar, o primeiro passo é procurar um técnico, seja da Casa da Agricultura, seja de uma empresa conceituada do ramo, para análise das variáveis envolvidas no processo. Nem pensar em comprar, ele próprio, os componentes isoladamente e “emendar os canos”. O técnico analisa, então, o nível técnico do irrigante, a cultura a ser irrigada e o sistema de irrigação a ser implantado. Empresas de irrigação possuem um departamento técnico orientado exclusivamente à elaboração de projetos de irrigação, de manuais de operação do sistema e programas de manejo da irrigação. E, antes de colocar o sistema em funcionamento, a orientação do técnico é bastante útil. Evita “jogar” água aleatoriamente nas plantas. Elas têm sempre que receber a quantidade exata de água e com uniformidade em toda a extensão do cultivar. O técnico vai decidir: 1) se deve medir o estoque de água no solo disponível para as plantas (isto se faz através de tensiômetros); 2) ou adotar um programa de manejo que 1 - Engenheiro Agrônomo e Professor da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP - Campus de Ilha Solteira (SP). Site: www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php

estime a perda de água para a atmosfera (evapotranspiração) e faça a reposição sistemática. Ele dirá se se vai adotar um turno de rega fixo, isto é se o produtor irrigará sempre a intervalos de dias constantes, o que lhe permite saber antecipadamente quando vai irrigar, mas não permite saber antecipadamente quanto de água será necessário aplicar para manter a produtividade máxima. Ou adotar o turno de rega variável, que permite estipular qual o máximo de consumo de água sem perda da produtividade, fazendo a reposição assim que esse consumo seja atingido. Neste caso o irrigante sabe-se antecipadamente quanto de água irá aplicar, e o tempo de irrigação, mas não tem dia fixo para irrigar. Só aciona a irrigação quando a planta “pedir” água, porque já a consumiu e temos que repô-la ao solo. Um artifício que reduz o custeio sem prejudicar a planta é aplicar lâminas baixas de irrigação (vazão, no caso de irrigação localizada) no início do ciclo vegetativo e, somente após a cobertura total do solo pelas folhas, aumentar o volume de água, porque parte da água será retida pelas folhas e o alvo, é bom lembrar, é o solo. Conclusão: “irrigar não é simplesmente molhar a planta, nem apenas ligar canos à uma moto-bomba”. Para uma efetiva produtividade e consequente lucratividade, é preciso adotar a técnicas, tecnologia e planejamento. Para tal, o auxílio do técnico em irrigação é fundamental. A



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Manejo do Cafeeiro (parte 6) EM SISTEMAS PARA ALTAS PRODUTIVIDADES Renato Passos Brandão 1 Rodrigo de Freitas Silva 2 1. Introdução No dia 25 de abril deste ano foi realizado o II Dia de Campo da Bio Soja em parceria com a Campagro na cultura do cafeeiro arábica no Sítio Santa Rita, em Jeriquara (SP), propriedade do cafeicultor Rodrigo de Freitas. Maiores informações sobre o Dia de Campo, consulte a edição nº 69 da Revista Attalea Agronegócios, publicada em maio de 2012. O Dia de Campo foi realizado no talhão Catuaí Amarelo 62 e foi dividido em três etapas. O café foi plantado em dezembro de 2006 com espaçamento de 3,5 x 0,6 m totali- Figura 1. Apresentação do Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. zando 4.760 plantas/ha. O sistema de irrigação é por gotejamento com uma linha de gotejo por rua de café. A safra 2011/12 deste talhão colhidos aleatoriamente 5 plantas e os grãos foram colhidos corresponde a 4ª safra comercial. e posteriormente pesados. A estimativa da produtividade do Na primeira etapa, o Gestor Agronômico do Grupo café foi de 77 sc. beneficiadas/ha. Bio Soja, Engº Agrônomo Renato Passos Brandão realizou A colheita do café no talhão Catuaí Amarelo 62 foi reuma apresentação ressaltando a importância da nutrição alizada mecanicamente em 2 etapas e finalizada em 15 de balanceada em cafeeiro para altas produtividades (Figura 1). agosto deste ano. A produtividade deste talhão superou as Foi ressaltada a importância da análise de solo e da análise melhores expectativas atingindo 84 sc. beneficiadas/ha. foliar para o monitoramento da fertilidade do solo e da nutrição do cafeeiro, respectivamente. Posteriormente, o foco 2. Quais os segredos para o sucesso na atividade cafeeda apresentação foi o equilíbrio nutricional visando altas ira produtividades no cafeeiro. O sucesso de qualquer empreendimento agrícola, denO Fertium® Phós, fertilizante organomineral farelado tre os quais, a cafeicultura, resume-se a uma simples palavra com altos teores de substâncias húmicas e enriquecido com = Planejamento. fósforo proveniente de uma fonte solúvel em água, o fosfato monoamônico (MAP) teve um destaque especial pelos benefícios proporcionados ao cafeeiro em todas as suas fases: plantio, formação e produção. Na segunda etapa, o Romildo Garcia, responsável pelo Viveiro Bela Vista, enfatizou que uma lavoura produtiva tem início com a aquisição de mudas com qualidade comprovada (Figura 2). Além disso, abordou as etapas utilizadas no Viveiro Bela Vista para a produção das mudas do cafeeiro arábica. Na terceira etapa, o proprietário do Sítio Santa Rita, Rodrigo de Freitas realizou um giro tecnológico na sua propriedade com o intuito de mostrar os demais talhões cultivados com o cafeeiro arábica (lavouras em formação e produção). Foi realizada também uma estimativa da provável produtividade no talhão Catuaí Amarelo 62. Foram es1 - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. E-mail: renatobrandao@biosoja.com.br 2 - Cafeicultor e proprietário do Sítio Santa Rita, em Jeriquara (SP).

Figura 2. Mudas de cafeeiro arábica no Viveiro Bela Vista, Jeriquara (SP)


CAFÉ No planejamento de uma lavoura de café é necessário levar em consideração uma série de fatores de produção, dentre os quais, clima da região, aquisição das mudas com qualidade comprovada, adoção de práticas conservacionistas de solo e água, implantação e manejo da irrigação e da fertirrigação, nutrição balanceada e equilibrada, manejo das plantas daninhas, aplicação de compostos orgânicos e aminoácidos, controles fitossanitários com inseticidas e fungicidas. Os fatores de produção mencionados acima são como peças de um quebra-cabeça que devem ser ajustados pelos cafeicultores e consultores para um vigoroso desenvolvimento da cultura e para a obtenção de altas produtividades no cafeeiro. Provavelmente, num primeiro momento, os fatores de produção de uma Figura 3. Fatores de produção do cafeeiro dispersos. lavoura de café ou as peças do nosso quebraNeste momento, com os custos cada vez maiores na cabeça estão dispersas e desarranjadas (Figura 3). Portanto, num primeiro momento, é necessário conhecer muito bem cafeicultura e um mercado extremamente volátel, não exa propriedade e os talhões de café antes de tomar qualquer iste mais espaço para o improviso. As cotações do café são muito influenciadas pelo “humor” dos mercados financeiros, atitude. É neste momento, aparentemente confuso, que é im- projeções de produção e consumo e projeções dos fundos de portante um trabalho muito bem sincronizado entre o cafe- investimentos na aquisição de café. Na mesma época do ano icultor e o agrônomo ou consultor responsável pela assistên- passado, as cotações do café arábica estavam na faixa de R$ 500,00 a 540,00 a saca e atualmente, estão em patamares bem cia técnica na sua propriedade. Entretanto, é necessário compreender e ajustar os fa- menores oscilando entre R$ 280,00 e 340,00 dependendo da tores de produção ou as peças do nosso quebra-cabeça de qualidade do café. Atualmente, o custo de produção do cafeeiro arábica tal forma que possamos ter um completo entendimento das condições aonde está cultivado a lavoura do café (Figura 4). cultivado em sequeiro situa-se na faixa de R$ 6.000,00 a A partir deste momento, teremos condições de diagnosti- 8.000,00/ha variando em função do manejo da lavoura. Este car os problemas das lavouras de café e realizar os ajustes custo equivale a cerca de 20 a 25 sc. beneficiadas/ha dependendo da cotação e da qualidade do café. necessários com o intuito de melhorar o manejo da cultura.

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CAFÉ Na safra 2011/12, a produtividade média do cafeeiro em produção no Sítio Santa Rita foi de 93 sc. beneficiadas/ha. A expectativa de produtividade no talhão Catuaí Amarelo 62 na safra 2012/13 será menor em relação à safra anterior. Baseado no desenvolvimento vegetativo do cafeeiro e no pegamento após a indução floral realizada com a irrigação (início de setembro de 2012), a expectativa da produtividade situa-se entre 40 a 50 sc. beneficiadas/ha.

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Figura 4. Fatores de produção do cafeeiro ajustados.

O custo de produção do cafeeiro arábica irrigado é bem superior ao de sequeiro situando-se na faixa de R$ 10.000,00 a 12.000,00/ha. Este custo corresponde a cerca de 34 a 38 sc. beneficiadas/ha. Entretanto, a cafeicultura ainda é uma atividade rentável e sustentável desde que as lavouras sejam produtivas. Atualmente, o conhecimento técnico a disposição dos cafeicultores é suficiente para a obtenção de altas produtividades proporcionando lucratividade na cafeicultura. Entretanto, é importante que o cafeicultor tenha o acompanhamento de um profissional da área agronômica ou de um distribuidor de insumos agrícolas para melhorar o manejo da sua lavoura. A irrigação na cafeicultura é essencial em sistemas de alta produtividade pois elimina um dos principais fatores limitantes a produção cafeeira que é o deficit hídrico nas fases mais críticas: florada e desenvolvimento dos frutos (chumbinho e granação). A irrigação maximiza a eficiência agronômica dos demais fatores de produção, tais como, calcário, gesso, fertilizantes e defensivos agrícolas. 4. Histórico das produtividades do talhão Catuaí Amarelo 62 Na primeira safra, finalizada em julho de 2009, a produtividade do talhão Catuaí Amarelo 62 ficou bem acima das expectativas do cafeicultor atingindo 79 sc. beneficiadas/ha. Na segunda e na terceira safra, finalizadas em julho de 2010 e julho de 2011, respectivamente, a produtividade foi de 57 e 50 sc. beneficiadas/ha, respectivamente. Conforme comentado anteriormente, a produtividade da quarta safra finalizada em agosto de 2012 foi de 84 sc. beneficiadas/ha. A produtividade média do talhão Catuaí Amarelo 62 (4 safras consecutivas) é de 67,75 sc. beneficiadas/ha, bem acima da média nacional em cafeeiros irrigados. No Sítio Santa Rita, há um talhão de café (Catuaí Vermelho 99) plantado em dezembro de 2007 que nesta safra (3ª colheita) atingiu uma impressionante produtividade de 119 sc. beneficiadas/ha.

5. Construção da fertilidade dos solos A partir deste momento, vamos abordar um assunto que talvez seja um dos principais gargalos no manejo do cafeeiro visando altas produtividades: Como manejar adequadamente os solos do ponto de vista nutricional? A produtividade do cafeeiro é reflexo da fertilidade do solo. Só é possível obter altas produtividades no cafeeiro ao longo de safras sucessivas em solos com pH na faixa ligeiramente ácida e com teores adequados e equilibrados dos nutrientes. As camadas subsuperficiais (abaixo de 20 cm) também devem conter teores adequados de nutrientes com destaque para o cálcio e boro e baixos teores de alumínio. Entretanto, a maioria dos solos brasileiros cultivados com cafeeiro possui baixa fertilidade natural ou foram empobrecidos ao longo dos cultivos com manejo inadequado. Um exemplo é o solo original do talhão aonde foi realizado o dia de campo (Tabela 1 - amostragem realizada em 1º de julho de 2009). Inicialmente, este solo era ácido, possuía baixos teores de nutrientes e alto teor de alumínio. Portanto, o cafeicultor terá que construir ou reconstruir a fertilidade dos solos através do manejo adequado do calcário, gesso agrícola e dos fertilizantes minerais e orgânicos. A irrigação por si só não é suficiente para aumentos significativos na produtividade do cafeeiro arábica. Conforme comentado no item 2, a produtividade do cafeeiro é consequência da interação de vários fatores de produção e a irrigação é apenas um deles (Figuras 3 e 4). A construção da fertilidade do solo é um processo gradual e demanda alguns anos e o cafeicultor terá que reinvestir parte da lucratividade. O cafeicultor terá que aplicar doses maiores de nutrientes para compensar o que será absorvido e exportado pelo cafeeiro, bem como as perdas dos nutrientes por lixiviação, erosão, desnitrificação e volatilização. Na Tabela 1 há a análise do solo do talhão Catuaí Amarelo 62 amostrado em 1º de julho de 2009 e em 20 de setembro de 2012. Neste período ocorreu uma melhora significativa na fertilidade do solo na camada superficial (0 a 20 cm). É importante também mencionar que ocorreu melhora na fertilidade do solo na camada subsuperficial (20 a 40 cm). O pH do solo na camada de 0 a 20 cm aumentou


CAFÉ Tabela 2: Análise química do solo na camada de 0 a 20 cm antes e depois da apli-

cação da CVD.

PARÂMETROS pH em CaCl2

AMOSTRAGEM FAIXA AMOSTRAGEM (01/07/2009) ADEQUADA (20/07/2012) 0 a 20cm 20 a 40cm 0 a 20cm 20 a 40cm (0-20cm) 4,3 4,6 4,2 4,9 a 5,4 5,2

Matéria Orgânica, g/cm3

22

12

26

11

>25

Fósforo, mmolc/dm3

36

8

58

11

22 a 30

Potássio, mmolc/dm3

0,7

0,5

2,2

1,2

2,5 a 5

Cálcio, mmolc/dm3

6

1

36

7

25 a 45

Magnésio, mmolc/dm3

2

1

30

5

8 a 20

Soma de bases, mmolc/dm3

8,7

2,5

68,2

13,2

35 a 70

H + Al, mmolc/dm3

45

52

34

38

30 a 40

Alumínio, mmolc/dm3

4

5

0

1

0

53,7

54,5

102,2

51,2

70 a 100 50 a 70

CTC, mmolc/dm3 Saturação de bases, %

16

5

67

26

31,5

66,7

0

7

0

58

n.d.

67

138

10 a 15

Boro, mg/dm3

0,55

0,52

0,78

0,63

1,0 a 1,2

Cobre, mg/dm3

1,4

1,1

3,5

13,2

3,5 a 5,0

Ferro, mg/dm3

51

35

37

25

-

Manganês, mg/dm3

4,2

2,5

6,0

2,0

4,5 a 6,0

Zinco, mg/dm3

3,3

3,5

11,1

7,6

3,5 a 5,0

Saturação de cálcio, %

11,2

1,8

35,2

13,7

35 a 40

Saturação de magnésio, %

3,7

1,8

29,4

9,8

12 a 20

Saturação de potássio, %

1,3

0,9

2,2

2,3

4a5

Ca / Mg

3,0

1,0

1,2

1,4

2a4

Mg / K

2,9

2,0

13,6

4,2

3a6

Ca / K

8,6

2,0

16,4

5,8

8 a 16

Saturação de alumínio, % Enxofre, mg/dm3

Extratores: P e K: resina; B: água quente; Cu, Fe, Mn e Zn: DTPA. Fonte: Adaptado de Romero & Romero (2000) e Quaggio (2011).

de 4,3 para 5,2 tornando o solo muito mais adequado ao desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro. A saturação de bases que é um indicativo dos teores de bases no solo aumentou de 16 para 67%. De forma similar ao que ocorreu na safra passada, nesta safra, não será realizada calagem neste talhão. Ocorreu aumento significativo na saturação de cálcio, magnésio e potássio e o teor de alumínio trocável no solo foi zerado. Normalmente, em solos com pH em CaCl2 acima de 4,9; não há alumínio trocável que prejudique o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro. Ocorreu também aumento no pH do solo e na saturação de bases na camada de 20 a 40 cm. A saturação de cálcio, magnésio e potássio ficaram bem acima dos valores de 2009. O teor de alumínio trocável e a saturação de alumínio ficaram próximos de zero na camada de 20 a 40 cm. Provavelmente, o gesso agrícola aplicado ao longo das últimas safras aumentou o teor de cálcio e reduziu o teor de alumínio trocável. É importante mencionar as altas saturações de alumínio no solo na amostragem realizada em 2009 notadamente na camada subsuperficial (20 a 40 cm). Em altas saturações de alumínio ocorre redução no crescimento do sistema radicular do cafeeiro com diminuição na absorção de água e nutrientes e comprometendo o crescimento vegetativo da cultura. O teor de P no solo teve um aumento significativo evidenciando que as adubações fosfatadas foram realizadas com doses superiores as necessidades do cafeeiro (Tabela 1). Neste momento, o teor de P no solo está alto e nesta safra,

não será realizada adubação fosfatada neste talhão. Apesar das adubações potássicas em doses relativamente altas (555 kg/ha de K2O), a saturação de potássio no solo está ligeiramente abaixo da faixa adequada ao cafeeiro. Nesta safra será aplicada uma dose de potássio superior as necessidades do cafeeiro para aumentar gradativamente o teor deste nutriente no solo. Entretanto, com a utilização sucessiva do calcário dolomítico e do Gran Mix Visão (fertilizante granulado fornecedor de magnésio, enxofre, boro, manganês e zinco) ocorreu um aumento muito grande no teor de magnésio no solo. A saturação de magnésio no solo ficou acima da faixa adequada ao cafeeiro (Tabela 1). A partir deste momento, neste talhão será suspenso temporariamente a utilização de fertilizantes fornecedores de magnésio até a saturação deste nutriente ficar na faixa de 15 a 20%. Além disso, o crescimento do sistema radicular das culturas, dentre os quais, o cafeeiro só ocorre nas camadas do solo com cálcio e com baixos teores de alumínio trocável. Portanto, é necessário que ocorra uma boa distribuição do cálcio no perfil dos solos. O teor de enxofre na camada

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CAFÉ

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superficial e subsuperficial do solo está acima da faixa adequada ao cafeeiro em produção. As doses de gesso agrícola aplicadas em safras anteriores foi suficiente para a elevação do teor de enxofre nas duas camadas do solo (0 a 20 e de 20 a 40 cm). Nesta safra, no talhão Catuaí Amarelo 62 não será aplicado o gesso agrícola. De forma similar ao que ocorreu com os macronutrientes, é possível verificar também aumento nos teores de micronutrientes no solo notadamente o zinco e o cobre. Provavelmente, o aumento no teor do zinco no solo foi proporcionado pelas adubações foliares e principalmente pela aplicação do Gran Mix Visão no solo. O aumento no teor de cobre foi proporcionado pelas pulverizações com fungicidas cúpricos. O teor de boro nos solos da região de Franca (SP) e demais regiões paulistas e mineiras cultivadas com cafeeiro são baixos. A lixiviação do boro nestes solos na estação das chuvas é acentuada. Entretanto, com a utilização do Gran Mix Visão ocorreu aumento no teor de boro no solo e o mesmo está na faixa adequada ao cafeeiro pois a fonte deste nutriente possui liberação gradativa deste nutriente ao longo do ciclo da cultura. A Bio Soja recomenda adubações anuais com o boro levando em consideração o teor do nutriente no solo e nas folhas do cafeeiro. No período analisado (2009 a 2012) ocorreu também aumento na capacidade de troca catiônica do solo (CTC). Provavelmente, este aumento na CTC do solo foi causado pelo aumento no teor de matéria orgânica do solo. O aumento na CTC do solo é um dos fatores responsáveis pela redução nas perdas dos nutrientes por lixiviação. Há um ligeiro desequilíbrio entre as bases do solo, Ca, Mg e K. De maneira geral, o teor de K no solo está abaixo da faixa adequada causando um desequilíbrio com o cálcio e magnésio. A partir desta safra, não será aplicado o cálcio e o magnésio no solo. Com adubações corretivas com potássio, há uma tendência no aumento do teor deste nutriente no solo melhorando a relação entre as bases do solo. 6. Monitoramento da nutrição do cafeeiro Além da análise de solo, realizada anualmente após a colheita do café, são realizadas três análises foliares. As análises foliares têm por objetivo verificar o estado nutricional do cafeeiro e os ajustes necessários nas aduba-

ções de solo e foliares. A primeira análise foliar no cafeeiro em produção é realizada cerca de 30 dias após a primeira adubação foliar (adubação no pré-florescimento do cafeeiro). Normalmente, é realizada no início de outubro. A segunda análise foliar é realizada cerca de 25 a 30 dias após a terceira adubação foliar e é realizada normalmente na segunda quinzena de dezembro. A terceira análise foliar é realizada na segunda quinzena de fevereiro para ajustes nas duas ultimas adubações foliares e nas adubacoes de solo. É importante mencionar que o intervalo entre as adubações de solo e foliares e a análise foliar no cafeeiro é de 25 a 30 dias. 7. Manejo nutricional do talhão Catuaí Amarelo 62 na safra 2012/13 A safra 2012/13 será de baixa produtividade e a primeira estimativa é uma produtividade de 50 a 60 sc. beneficiadas/ha. Apesar da grande carga na safra passada, o cafeeiro está com uma brotação bem vigorosa e se recuperou muito bem da seca e da colheita. Baseado na análise de solo realizada em 20 de julho de 2012 e na expectativa de produtividade, as recomendações de calagem, gessagem e adubações de solo e foliares estão especificadas abaixo. É importante mencionar que as doses dos nutrientes serão ajustadas ao longo da safra, levando-se em consideração as análises foliares e se ocorrer variação acentuada na expectativa de produtividade no cafeeiro. 7.1. Calagem A saturação de bases do solo está na faixa adequada ao cafeeiro (Tabela 1). Portanto, não há necessidade da calagem. 7.2. Gessagem O teor de enxofre no solo está acima da faixa adequado ao cafeeiro (Tabela 1). Portanto, não há necessidade da aplicação do gesso agrícola. Além disso, o teor de alumínio e a saturação de alumínio na camada subsuperficial (20 a 40 cm) está muito baixo. 7.3. Adubação de solo 7.3.1. Adubação nitrogenada A dose programada de nitrogênio será de 450 kg/ha parcelada de forma similar a safra 2011/12. Entretanto, será realizado acompanhamento do teor do nitrogênio nas folhas do cafeeiro e na expectativa de produtividade do cafeeiro. Se houver necessidade, serão realizados ajustes na dose do nitrogênio. Na safra passada foi aplicado 535 kg/ha de nitrogênio parcelado em 9 aplicações. A primeira adubação nitrogenada foi realizada em 14 de setembro de 2011, logo após a indução floral via irrigação e a última foi em 28 de março de 2012. A primeira, sétima e a nona adubação nitrogenada foram realizadas via fertirrigação com a uréia e as demais com o 2100-21 (nitrato de amônio) na projeção da copa do cafeeiro. 7.3.2. Adubação fosfatada O teor de P no solo está alto. Além disso, na safra 2011/12, o teor de fósforo nas folhas do cafeeiro estava


CAFÉ na faixa adequada. Portanto, nesta safra não será utilizado o fósforo nas adubações de solo e foliar. Entretanto, será realizado acompanhamento do teor do fósforo nas folhas do cafeeiro. Na safra passada, a adubação fosfatada foi de 121 kg/ ha de P2O5 e foi dividida em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada a aplicação de 36 kg/ha de P2O5 na forma de MAP purificado na fertirrigação, logo após a indução floral. Em 7 de outubro de 2011 foi aplicado o restante do fósforo utilizando o Fertium® Phós na dose de 567 kg/ha (85 kg/ha de P2O5). 7.3.3. Adubação potássica A dose programada de potássio será de 300 kg/ha de K2O parcelada de forma similar a safra 2011/12. Entretanto, será realizado acompanhamento do teor do potássio nas folhas do cafeeiro e na expectativa de produtividade do cafeeiro para prováveis ajustes nas doses do nutriente. Na safra passada foi aplicado 555 kg/ha de potássio parcelado em 7 aplicações sendo 5 adubações de coberturas realizadas com o 21-00-21 (nitrato de amônio) e 2 com o cloreto de potássio. As adubações potássicas foram realizadas na projeção da copa do cafeeiro. 7.3.4. Adubação com magnésio O teor de magnésio e a saturação de magnésio no solo estão muito altos. Além disso, na safra 2011/12, o teor de magnésio nas folhas do cafeeiro estava na faixa adequada. Portanto, nesta safra não será utilizado o Gran Mix Visão como fonte de magnésio ao cafeeiro em produção. Na safra passada foi aplicado 200 kg/ha do Gran Mix Visão após o florescimento do cafeeiro fornecendo 60 kg/ha de magnésio. 7.3.5. Adubação com enxofre Conforme comentado no item 7.2, o teor de enxofre no solo nas duas camadas do solo (0 a 20 e de 20 a 40 cm) estão acima da faixa adequada ao cafeeiro (Tabela 1). Portanto, nesta safra, não será utilizado gesso agrícola ou outra fonte de enxofre no cafeeiro. Na safra passada foi aplicado 1.600 kg/ha do gesso agrícola fornecendo 224 kg/ha de enxofre na forma de sulfato. 7.3.6. Adubações com micronutrientes Na safra 2011/12 foram aplicados o manganês, boro e zinco nas doses de 5,4; 4,0 e 5,7 kg/ha, respectivamente. O manganês e a maior parte do boro e do zinco foram fornecidos com a aplicação de 200 kg/ha do Gran Mix Visão (4 kg/ha de cada micronutriente). O restante do boro e do zinco foram fornecidos na primeira fertirrigação aplicando-se o ácido bórico e o sulfato de zinco heptahidratado, respectivamente. Nesta safra, não será aplicada micronutrientes via solo. O teor de boro no solo está na faixa adequada. Posteriormente, após as primeiras análises foliares será reavaliada a necessidade da aplicação de boro no solo (Gran Boro 10). 7.4. Adubações foliares De forma similar ao realizado na safra 2011/12, será realizada uma complementação dos nutrientes via foliar. Está previsto a realização de 5 a 6 adubações foliares iniciando as pulverizações antes da florada do cafeeiro e com termino previsto para o final de março ou início de abril de 2013.

O monitoramento nutricional e os ajustes nas adubações foliares serão baseados nas três análises foliares. Os fertilizantes foliares da Bio Soja a serem aplicados nas pulverizações foliares na safra 2012/13 estão mencionados abaixo (programação inicial): Bioamino® Extra: 4,5 L/ha parcelado em 5 adubações foliares sendo a maior parte do produto aplicado nas primeiras aplicações após o florescimento do cafeeiro; Fertilis® CaB2: 3 L/ha aplicado antes do florescimento do cafeeiro; Fertilis® Fosfito 00-30-20: 4,5 L/ha parcelado em 3 adubações foliares a partir da frutificação do cafeeiro com intervalos de 30 dias; Fertilis® Mol: 500 mL/parcelado em 2 adubações foliares sendo a primeira realizada após o florescimento do cafeeiro e a segunda, 60 dias após; Fertilis® 38: 15 kg/ha parcelado em 5 aplicações foliares com intervalo de 30 a 45 dias; Fertilis® Zinco Max: será utilizado nas adubações foliares com o Fertilis® 38 para suplementações do zinco; NHT® Magnésio: 1,5 L/ha parcelado em 2 adubações foliares realizadas no desenvolvimento e maturação dos frutos do cafeeiro; NHT® Mega K: 2 L/ha parcelado em 2 adubações foliares realizadas no desenvolvimento e na maturação dos frutos do cafeeiro; NHT® P-Boro-P: 5 L/ha parcelado em 4 pulverizações foliares a serem realizadas entre novembro de 2012 e início de abril de 2013. 8. Considerações gerais A cafeicultura, como qualquer atividade agrícola, possui os seus altos e baixos. As cotações do café flutuam muitas vezes ao sabor do “humor” e das “expectativas” dos agentes econômicos. Em muitas situações, como a atual, as cotações não seguem rigorosamente as regras da oferta e procura. Neste momento com grandes incertezas econômicas, tais como, a crise nos Estados Unidos e Europa e a desacele-ração no crescimento econômico na China, as cotações do café atingiram um pico entre julho e setembro de 2011 e atualmente, estão em patamares bem menores. Entretanto, o cafeicultor tem que criar mecanismos para minimizar os impactos negativos das baixas cotações do café. O principal mecanismo é um planejamento a médio a longo prazo muito bem elaborado e a adoção de tecnologias que possam maximizar os investimentos realizados na cafeicultura. Uma lavoura produtiva e rentável tem início com a aquisição de mudas de qualidade comprovada e um manejo nutricional muito bem elaborado. A adubação no plantio do cafeeiro talvez seja o momento mais importante para o fornecimento de fósforo ao cafeeiro. Nunca esquecer de realizar de forma adequada os controles fitossanitários procurando sempre manter as pragas e doenças em níveis que não causem danos econômicos ao cafeeiro. Se o cafeicultor tiver água disponível na sua propriedade, não pode e nem deve abrir mão da irrigação. Atualmente, com as oscilações climáticas acima das médias históricas é muito importante garantir o fornecimento de água nas fases críticas do cafeeiro notadamente na florada e no desenvolvimento dos grãos (chumbinho e granação). A

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