Edição nº 105 agosto 2015

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FOTO DE CAPA

Vista aérea do Centro de Exposições Zanini, em Sertãozinho (SP). Foto: Ribeirão Preto OnLine.

TECNOLOGIA PECUÁRIA

FENASUCRO 2015: expectativa de mais de 33 mil visitantes

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Com foco em negócios, a 23ª FENASUCRO & AGROCANA acontecerá de 25 a 28 de agosto, em Sertãozinho (SP). A expectativa é de que mais de 33 mil pessoas visitem a feira, que estará dividida em cinco grandes setores: Agrícola, Fornecedores Industriais (pequenos, médios e grandes fornecedores de equipamentos, suprimentos e serviços industriais), Processos Industriais (vitrine do que há de mais moderno em tecnologias, máquinas, equipamentos e serviços para a indústria), Transporte e Logística e Energia.

Drones: Futuro certo dentro da agricultura brasileira

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Artigo dos especialistas da Du Pont Pioneer aborda a importância da utilização dos drones na agricultura sob todos os aspectos, tanto para o monitoramento e acompanhamento de safra.

Babesiose e Anaplasmose: a Tristeza Parasitária Bovina

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A Tristeza Parasitária Bovina provoca altos índices de mortalidade e morbidade, aumentando os casos de aborto, menor fertilidade e altos custos com tratamentos emergenciais.

Cafeteria especializada AMSC marcou presença na FRANCAL

CAFÉ

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A AMSC e o cafeicultor Alexandre Engler ofereceram, na cafeteria montada na FRANCAL 2015, em São Paulo (SP), cafés exclusivos em métodos tradicionais, espressos, cápsulas e forma manual.

EXPOCAFÉ 2015: Sucesso de público e de negócios

CAFÉ

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om a realização da 4ª Conferência Datagro CEISE BR terá início no próximo dia 25 de agosto a 23ª FENASUCRO & AGROCANA, evento que reunirá os líderes do setor sucroalcooleiro e sucroenergético e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais 50 países. A feira acontecerá entre os dias 25 a 28 de agosto, nos pavilhões do Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP). Neste ano, a expectativa é receber mais de 33 mil pessoas, entre visitantes e compradores. A 4ª Conferência abordará temas como: “Açúcar, Etanol e Energia e Desenvolvimento Econômico”, “Mercado Mundial de Açúcar e Etanol - Perspectivas para 2015/2016”, “Financiamentos para o Setor Sucroenergético Internacional” e “Potencial de expansão da cogeração no Brasil”. Retratamos ainda, nesta edição, diversos artigos técnicos e matérias importantes sobre várias atividades agropecuárias. Na pecuária, leiteira, destaque para os artigos sobre o “Manejo Adequado na Criação de Bezerros Leiteiros”, dos pesquisadores Glayk Humberto Vilela Barbosa e Vânia Mirele Ferreira Carrijo. Já na pecuária de corte, artigo importante da pesquisadora Juliana do Amaral Moreira C. Vaz, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que discorre sobre a “Importância da Alimentação de Ruminantes e a Encefalopatia Espongiforme Bovina (Doença da Vaca Louca)”. No cultivo do café, destaques para o aniversário de 30 anos da COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas da Região de Franca (SP) e para a cafeteria especializada montada pela AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana durante a FRANCAL - Feira Nacional de Calçados, realizado no início de julho, em São Paulo (SP). Artigo do Dr. Adilio Flauzino de Lacerda Filho discorre sobre os resultados obtidos na forma de armazenamento de grãos de café cereja descascado em ambientes diferenciados. Já a Fundação Procafé apresenta artigo interessante para o cafeicultor, que mostra que a época de maturação dos frutos do café também é importante na escolha de uma variedade. Retratamos, ainda, os resultados da EXPOCAFÉ 2015, o dia de campo do Grupo Bolsa, em Ibiraci (MG); a Convenção Anual da Campagro, em Franca (SP) e a palestra da Produquímica e Casa do Café, também em Franca (SP). Na horticultura, duas matérias importantes para o produtor de tomate. Uma mostrando os sintomas e alternativas para o controle da Pinta-Preta ou Mancha de Alternaria e a outra mostrando a técnica de “enxertia no tomateiro” como forma de controle de pragas de solo. Na citricultura, importante artigo mostra que a técnica do Ultra-Adensamento pode garantir até 89% de aumento da produção nas safras iniciais do pomar, em relação ao espaçamento tradicional. Boa Leitura a todos! Visite o nosso site (www.revistadeagronegocios.com.br) e encontre informações atualizados do setor.

HORTALIÇAS

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Setor sucroenergético reúnese em Sertãozinho (SP)

DESTAQUE: 23ª FENASUCRO

EDITORIAL

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Realizada no município de Três Pontas (MG), a 18ª EXPOCAFÉ gerou um saldo de negócios da ordem de R$ 230 milhões, com 28 mil visitantes e um total de 150 expositores.

Acerte no alvo no manejo da Pinta-Preta

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Um dos principais indicadores pela queda na produtividade do tomate foram os índices de pragas e doenças, principalmente as fúngicas, como a Pinta-Preta ou Mancha-de-Alternaria.


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contatos

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FÁBIO GONÇALVES Representante Técnico - Alfenas (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

ADÃO DE SOUSA PEREIRA Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

MARCELO FRANCISCO FRATONI Horticultor - Sorocaba (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

CAROLINA JARDINE (www.jardinecomunicacao.com.br) Jardine Agência de Comunicação - Porto Alegre (RS). “Gostaria de fazer o meu cadastro e passar a receber a Revista Attalea Agronegócios”.

JOSÉ PINTO CAMPOS Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

DIEGO ALONSO (dj.ufla@gmail.com) Pós-Graduando em Engenharia Agrícola - Lavras (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

JOSÉ BORGES CAMPOS Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

PEDRO PAULINO MENDONÇA (pedro.paulino-mendonca@basf.com) Gerente de Desenvolvimento de Mercado BASF em HF e Café- Varginha (MG). “Solicito alteração de endereço para continuar recebendo a revista”.

ANDRÉA SQUILACE DE CARVALHO (asqcarvalho@yahoo.com.br) Engenheira Agrônoma - Espírito Santo do Pinhal (SP). “Solicito alteração de endereço para continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”.

RENAN PINHEIRO VALENTE (renan.valente@uniagro.com.br) Assistente Técnico de Vendas da ADAMA - Machado (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

PLÁCIDO BORGES CAMPOS Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

MARCELO MACHADO FERREIRA (marcelomachadoferreira@hotmail.com) Estudante - Franca (SP). “Sou estudante de Agronomia na Universidade Federal de Lavras (MG) e bolsista de iniciação científica da EPAMIG, onde meu tema de pesquisa é cafeicultura. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOSUÉ ANDRADE PEIXOTO (josue_peixoto@hotmail.com) Cafeicultor - Ibiraci (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. JOSÉ DIAS CAETANO Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

WALLACE LEMOS FERREIRA (wallace2392@gmail.com) Estudante - Franca (SP). “Sou aluno do curso de Agronegócio e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. DIEGO JOSÉ SPIRLANDELLI Pecuarista - Ipameri (GO). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. LOUIS DREYFUS (www.ldcom.com.br) Empresa - Varginha (MG). “Solicito alteração de endereço para continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”. MARINA NASSIF CABREIRA (marinassif.mv@hotmail.com) Estudante de Agronomia - Garça (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea”.

CHRISTOVAM FERNANDES BAZAN (cbazan@terra.com.br) Pecuarista - Três Lagoas (MS). Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. PAULO DUARTE CAMPOS Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CATIA SEGALLA (catia.segalla@yahoo.com.br) Estudante - Ciríaco (RS). “Sou aluna de Medicina Veterinária e meu pai Jasir é agricultor na Comunidade São Sebastião do Quaraim. Gostaria de receber a revista”. RODRIGO CASTALDI GERALDO Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. DÉBORAH SANTOS (www.redecomunicacao.com.br) Rede Comunicação - Agência de Comunicação - Belo Horizonte (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. GILBERTO NATAL DELFINO Pecuarista - Fazenda Boa Vista - Cássia (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. SATURNINO BARBOSA Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. JOÃO TEIXEIRA Pecuarista - Cássia (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.


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Jacto lança K 3500: um novo conceito de mecanização para a cafeicultura brasileira

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TECNOLOGIA

Drones: Futuro certo dentro da Agricultura FOTOS: DuPont Pioneer

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Tiago Hauagge¹ e Thiago Salvador1

riados para fins militares, os Drones ou Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), datam do século retrasado, quando em 1890, o capitão Russo Serguêi Uliánin desenvolveu pipas em forma de caixa especialmente para fotografia aérea. Os “Drones” do século 19 eram capazes de levantar uma câmera consigo ou servir de receptáculo para uma câmera enviada por corda em uma pequena caixa quando a pipa já estivesse no ar. A partir dos anos 80, os VANTs começaram a chamar mais atenção. Passaram a ser utilizados como armas de verdade quando foram utilizados pela força aérea israelense contra a força aérea síria, em 1982, ficando conhecidos do público a partir de 2012. Atualmente, as cordas e pipas foram trocadas por Drones com altíssima tecnologia, oferecendo um vasto aparato de informações possíveis para solucionar problemas que antes eram pouco percebidos. Os Drones tem sido utilizados em diversas áreas, ramos de trabalho e até mesmo para hobby pessoal. Na agricultura, os Drones podem ter diversas aplicações no dia a dia de uma propriedade agrícola. Como a agricultura tem se automatizado a cada minuto

que passa, apresentando tratores conduzidos por GPS, colhedoras que geram mapas de produtividade em tempo real, sensores para aplicação de N e muitos outros tipos de automação, os drones ingressam no mercado para agregar junto ao time da agricultura de precisão, tendo como finalidade minimizar custos e maximizar a produção em um mesmo talhão dentro da propriedade, entre outras funções. Seu uso tem se intensificado na captação de vídeos, imagens aéreas georeferenciadas e acompanhamento do desenvolvimento das culturas em áreas que podem ter tido problemas de plantio, de erosão, tombamento, manchas de solo, nematóides, etc. Além disso, também é possível verificar a qualidade na aplicação do N, acompanhar a colheita, mapear áreas, fazer fotogrametria e contagem de animais na pecuária, entre outras infinitas aplicações.

Avaliação de ensaios, em Campos Novos (SC)

Avaliação de ensaio, em Ituporanga (SC)

AUTORES

1 - Coordenadores de Agronomia da DuPont Pioneer. * Fonte. DuPont Pioneer.

Ensaio de pesquisa Safrinha - DuPont Pioneer.


TECNOLOGIA

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FOTOS: DuPont Pioneer

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Análise de acamamento nos materiais

Sabemos que realizar o monitoramento integral de toda área de uma lavoura não é fácil, devido a sua extensão. Neste caso, o Drone pode realizar este trabalho com muita eficácia e em um curto período de tempo, porém, é importante estar ciente que a utilização de um drone não dispensa o acompanhamento a campo de um profissional do ramo agrícola. Outro grande atributo proporcionado pela utilização de drones, é a rapidez e qualidade com que obtemos dados para análise. Uma visão aérea da lavoura ou de um ensaio, apresenta inúmeras informações diferenciadas que, somadas às informações de campo, exibem um relatório completo e seguro. Podemos desvendar problemas de produtividade nunca antes revelados, fazendo um sobrevoo na lavoura e registrando imagens dos diferentes pontos da área para posterior interpolação com mapas de produtividade, relevo, solo, entre outros. Nos próximos anos, com o objetivo de maximizar os resultados na área agrícola, a utilização desta tecnologia poderá visar a detecção da variabilidade espacial do estresse hídrico no campo, deficiências nutricionais, falta de uniformidade de aplicação de água em sistemas de irrigação, danos foliares causados por pragas e doenças, contagem de plantas, etc. Com o voo de um Drone, equipado com câmeras especiais multi ou hiperespectrais e recursos de infravermelho,

Estratégias de controle à erosão.

conseguimos fazer um diagnóstico da área ou das plantas. Juntos, Drones e profissionais da área agrícola, conseguirão relatar se a lavoura está sofrendo por falta/excesso de recursos hídricos, ataque de doenças/pragas e chegarão a uma rápida resposta para contornar a situação, reduzindo a perda do potencial produtivo. Os Drones possibilitam caracterizar de forma contínua o ambiente com o sensoriamento remoto, o que permite, através de indicadores na reflexão, encontrar áreas que mostrem o estresse das plantas quando são alvo de injúrias no campo. Assim que detectadas estas ilhas de suscetibilidade, podemos melhorar o controle e diminuir os custos. Para isso, é preciso intensificar os conhecimentos quanto ao espectro de reflectância e sua detecção nos plantios e, através destes perfis de reflexão, fazer o diagnóstico da lavoura com o uso de câmeras multi e hiperespectrais, trazendo uma forma de olhar e observar o campo como nunca antes. Esta é mais uma extraordinária tecnologia que ajudará no dia a dia da vida agrícola. Em todo o mundo, os Drones são uma fonte de atração e curiosidade do público, além de designar inúmeras funções em favor de agricultores, empresas, culturas e ambiente. A DuPont Pioneer vem utilizando esta ferramenta para maximizar a produtividade da lavoura através de avaliações mais precisas para a tomada de decisão em busca de melhores resultados para atingir as expectativas do cliente final.

Colheita Safrinha, em Cascavel (PR).


CANA DE AÇÚCAR

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CANA DE AÇÚCAR

Soluções, tecnologias e compradores em potencial do setor sucroenergético se reúnem em Sertãozinho (SP)

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aumento de mais de 9% no valor da gasolina nos primeiros quatro meses de 2015 resultou na queda de 3,7 % na venda do combustível fóssil de acordo com cálculos do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE e da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Já a procura por etanol teve um aumento de 32% de janeiro a abril de 2015 quando comparado ao mesmo período do ano anterior. A Unica (União da Indústria de Canade-açúcar) estima que a safra 2015/2016 tem sido mais alcooleira que em 2014. Até a segunda quinzena de junho o volume produzido de etanol hidratado, no acumulado desde o início da atual safra, somou mais de 5.700 milhões de litros, uma alta de 18% sobre o valor no mesmo período da safra anterior. A entidade ainda apresentou que as vendas de etanol hidratado pelas usinas do Centro-sul bateram recorde no mês passado, registrando alta de 51,76% em relação ao mesmo mês em 2014: 1,53 bilhão de litros foi o volume negociado. O Gerente Geral da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, classifica como positiva a atual situação do etanol, destacando inclusive as manobras do governo para incentivar o consumo do produto. “O etanol tem sua fundamental importância para o setor sucroenergético, que tem a Fenasucro & Agrocana como a maior feira do mundo. Toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar estará reunida em Sertãozinho em busca de soluções e tecnologias para melhorar a eficiência e produtividade das usinas”, afirma Montabone. Entre os expositores, a A Mausa - empresa que atua no desenvolvimento, produção e manutenção de equipamentos para usinas - levará para a feira duas centrifugas separadoras de fermento com capacidades para 130 m³/h e 200 m³/h. O Gerente Comercial Egon Scheiber explica que os equipamentos trazem economia para as usinas, concentrando o fermento até 80% com perdas no vinho inferiores a 0,5%. A Fenasucro & Agrocana também integra às comemorações dos 40 anos do Proálcool - Programa Nacional do Álcool. Com a implantação do Proálcool, a produção brasileira de etanol saltou de 555 milhões de litros em 1975/76 para 28,6 bilhões de litros na safra passada. Há 10 anos as vendas de automóveis com motores flex lideram nas concessionárias. Aproximadamente 85% dos veículos já saem das fábricas com o sistema que recebe os dois combustíveis. FOTO: Phabrica de Ideias

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Consumo de etanol aumenta e tema terá destaque na 23ª Fenasucro & Agrocana

ABERTURA OFICIAL - A 4ª edição da Conferência

Datagro CEISE Br marcará a abertura oficial da 23ª Fenasucro & Agrocana no dia 25 de Agosto no Espaço Conferência, localizado dentro do evento em Sertãozinho/SP. Com o tema “Açúcar, etanol e energia e desenvolvimento econômico”, o evento reunirá grandes nomes como: Juan Pablo de Vera, Presidente da Reed Exhibitions Alcântara Machado, Plínio Mario Nastari, Presidente da Datagro Consultoria, José Paulo Stupiello, Presidente da STAB Brasil, Guilherme Nastari, Diretor da DATAGRO, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, Presidente da ORPLANA, entre outros convidados. O primeiro Painel irá discutir o “Mercado Mundial de Açúcar e Etanol - Perspectivas para 15/16” e será comandado por Plínio Nastari e Manoel Carlos de Azevedo Ortolan. Já o segundo painel ministrado por Guilherme Nastari apresenta a “Avaliação da Safra 15/16 no Brasil”. O terceiro tema que entrará em pauta tratará dos “Financiamentos para o setor sucroenergético internacional” e contará com Paulo Roberto de Oliveira Araujo, Chief Representative Officer do BNDES África, Artur Yabe Milanez, Gerente Setorial, Departamento de Biocombustíveis do BNDES e Antonio Chinellato Neto, Diretor do Banco Bradesco. Por fim, o “Potencial de expansão da cogeração no Brasil” também será apresentado. Neste momento, quem debaterá sobre o assunto será o Gerente do Departamento Comercial da Unidade de Negócios de Turbinas da TGM, Marcelo Severi, o Assistente Técnico no Departamento de Projetos da Caldema Leonardo Zanini Cherubim, a Sóciadiretora da PricewaterhouseCoopers, Ana Paula Malvestio e o Diretor executivo da APLA, Flávio Castelar.


EMPRESAS

WIP BRASIL: consultoria e assessoria em agronegócio e importação/exportação

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LEITE

Tristeza Parasitária Bovina: Babesiose e Anaplasmose

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presença de agentes infecciosos no rebanho bovino causa elevadas perdas nos índices de produtividade e por consequência relevantes prejuízos econômicos. A Tristeza Parasitária Bovina é desses males, que ocasionam altos índices de mortalidade e morbidade, impactando diretamente no aumento de casos de aborto, menor fertilidade e custo alto com tratamentos emergenciais, entre outros aspectos. A TPB, também conhecida popularmente como “Tristezinha”, “Amarelão”, “Piroplasmose” e “Mal da boca branca”, é na verdade, um complexo de doenças que inclui a babesiose, causada por protozoários do gênero Babesia (espécies Babesia bovis e Babesia bigemina) e a anaplasmose, causada por uma rickéttsia do gênero Anaplasma (espécie Anaplasma marginale). Ambas podem apresentar infecções simultâneas, com sintomas e reações semelhantes, como, por exemplo, a intensa hemólise no organismo, fazendo com que as hemoglobinas sejam liberadas no plasma do animal. Porém, não deixam de ser doenças distintas, que não dependem uma da outra, e exigem tratamento próprio. A infecção é causada pelo desenvolvimento e multiplicação de babesias e anaplasmas nas células, os sinais clínicos mais comuns são; febre, anemia, coloração amarelada de pele e mucosas, urina avermelhada, redução ou paralização da ruminação, anorexia e prostração. O principal transmissor dessas enfermidades aos bovinos é o carrapato Boophilus, porém, a transmissão também pode ocorrer através da picada de insetos como moscas e mosquitos. Em nosso país há três epidemiologias distintas em relação ao carrapato e à TPB. A primeira é denominada situação livre, o vetor não sobrevive por mais de uma geração, todos os animais são sensíveis, pois não desenvolvem imunidade contra os agentes etiológicos A segunda é classificada como situação de instabilidade

Carrapato fêmea na fase Teleógina (entre 18º e 35º dia)

AUTOR

1 - Gerente Técnico de Ruminantes da Merial Saúde Animal. Site: www. merial.com.br

FOTOS: Embrapa Gado de Leite

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Roulber Silva1

Ataque intenso de carrapatos em fêmea bovina leiteira.

enzoótica, onde o clima impede a presença do carrapato ao longo do ano. O vetor está presente apenas em algumas épocas do ano, e isto não permite que todos os animais tenham contato com o agente etiológico. Ou seja, é possível que um bezerro tenha nascido e só tenha contato com o agente quando adulto, desta maneira não terá desenvolvido imunidade ativa. Ocorrem surtos de TPB, principalmente nos animais que ainda não tinham entrado em contato com o agente, sendo a mortalidade é elevada. A terceira situação é classificada como de estabilidade enzoótica, o carrapato esta presente ao longo do ano, podendo ficar ausente por períodos curtos (máximo de 3 meses). Os bezerros entram em contato com o agente enquanto ainda são jovens e desenvolvem imunidade ativa. Desta forma, quando entrarem em contato novamente com o agente etiológico já estarão protegidos. Para evitar que a doença se alastre é necessário o tratamento do animal, através da utilização de fármacos eficientes, além de oferecer o tratamento de suporte aos animais que inclui, quando necessário, fluidoterapia, transfusão de sangue e utilização de anti-inflamatórios. No campo, na maioria das vezes, não se faz o diagnóstico laboratorial, portanto o tratamento instituído abrange a babesiose e a anaplasmose. Os medicamentos utilizados para o tratamento das babesioses são os derivados das diamidinas (diminazeno - na dose de 3,5 mg/Kg) e os derivados das carbanilidas (dipropionato de imidocarb – na dose de 1,2 mg/Kg). Para o tratamento da anaplasmose o dipropionato de imidocarb também é indicado (na dose de 3 mg/Kg), além das tetraciclinas (oxitetraciclina – na dose de 20 mg/Kg). Os derivados das carbanilidas também são capazes de agir sobre todas as espécies de Babesia spp. A Merial, líder mundial em saúde animal, disponibiliza no mercado importantes fármacos como, Vivatet LA, Vivaseg LA + Terraflan e Tetradur® LA-300 Injetável. que auxiliam no controle da enfermidade, ação fundamental para minimizar os prejuízos.


EVENTOS

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LEITE

Manejo adequado na criação de bezerros leiteiros 16

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Glayk Humberto Vilela Barbosa1 Vânia Mirele Ferreira Carrijo2

sistema de produção da pecuária leiteira esta crescente e cada vez mais tecnificada, para evitar problemas com a transmissão de doenças e a alta de mortalidade de bezerros, é essencial que produtores adotem práticas eficientes de manejo com os animais recém-nascidos. Dentre os fatores de produção mais importantes e críticos na criação de bezerros destacam-se os seguintes: cuidados com as vacas antes do parto, o fornecimento do colostro, a cura do umbigo, o fornecimento da dieta líquida e o desenvolvimento do rúmen. Os manejos sanitário, nutricional e ambiental adequados são fundamentais para produção eficiente de bezerros possibilitando minimizar a mortalidade e perdas de animais e maximizar a lucratividade, tanto na reposição de matrizes do rebanho como na comercialização de machos para reprodução e abate. O piquete maternidade deve ser em um local de fácil acesso e bem visível por todos os funcionários da fazenda. O pasto-maternidade adequado é aquele que oferece espaço, sombra, água e alimento à vontade para todas as vacas. Este local deve ser calmo, com boa ventilação e, acima de tudo limpo e longe de grande movimentação da fazenda (como

AUTORES

1 - Zootecnista, B.Sc. Mestrando em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Jurado Efetivo de Raças Zebuínas e Assessor de Pecuária Leiteira. Email: glaykhumbertovilela@yahoo.com.br 2 - Médica Veterinária, M.Sc. Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Docente do Centro Paula Souza. Atua na área de sanidade, escrituração zootécnica e biotecnologia da reprodução.

currais, casas e estradas), pois no momento do parto, vaca e bezerro passam por um processo de reconhecimento mútuo. Ordenhar a vaca somente depois que o bezerro mamou o colostro, o bezerro deve mamar no mínimo dois litros de colostro por mamada. Por exemplo, o bezerro da raça Gir e o Indubrasil têm comportamento diferente dos demais zebus e taurinos após o parto por ser um pouco mole para levantar para a primeira mamada. A oferta do colostro para os bezerros logo após o nascimento é um manejo de extrema importância no sistema de criação da pecuária leiteira porque está diretamente relacionada à saúde e ao desenvolvimento dos futuros progenitores (pais) do rebanho. Desta forma os bezerros são totalmente dependentes do consumo de colostro para adquirir imunidade, chamada de imunidade passiva, até que seu organismo comece a produzir seus próprios anticorpos, chamado imunidade ativa. O bezerro deve mamar seu primeiro colostro em até 3 horas após o nascimento, diretamente de sua mãe, e permanecer com ela no mínimo até 12 horas após o nascimento para ter a oportunidade de mamar a vontade e mais vezes. Este manejo adequado do fornecimento do colostro para o bezerro está diretamente relacionado à diminuição da incidência de doenças e mortes no bezerreiro. Logo ao nascer, identificar o bezerro (tatuagem, brinco ou coleira) e constar em seu registro (ficha própria) a data de nascimento, ascendências e outras características necessárias. O corte e desinfecção do umbigo são feitos logo após o nascimento, deixando-se em torno de 3cm de cordão umbilical realizar este processo durante três a quatro dia, mergulhando-o em recipiente pequeno, de boca larga, com solução de álcool iodado a 10%. Acompanhar constantemente o estado sanitário dos bezerros e sempre que surgir algum doente, por exemplo, diarréia, separá-lo dos demais. Para evitar diarréias nos bezerros, é importante que eles permaneçam em ambientes adequados, secos, com água e comida de boa qualidade.


LEITE Onde os bezerros bebem água, a possibilidade de contaminação aumenta nos locais que permanentemente estejam com umidade elevada, com poças de água ou mesmo com barro. As diarréias mais comuns aparecem na forma de curso branco, negro, diarréia de sangue etc., provocando nos bezerros desidratação, podendo até leva-lo à morte. De acordo com a Embrapa Gado de Leite para tratamento das diarréias os bezerros doentes devem ser isolados dos outros, pois ficam mais fracos e não conseguem competir pela água e comida, além de contaminarem ainda mais o ambiente, devem receber soro, de preferência caseiro, principalmente no início da doença. Em alguns casos, devem ser tratados com antibióticos, para melhor recuperação. A fórmula mais simples de soro caseiro é: para cada 5 litros de água, 45 gramas de sal de cozinha (NaCl) e 250 gramas de açúcar. O animal deverá tomar cinco litros por dia, separados em quatro partes. Seguir à risca a prevenção de doenças infecto-contagiosas e parasitárias, fazendo aplicações de respectivas vacinas e vermífugos adotando o uso de calendário sanitário. A avaliação do desempenho dos bezerros é importante realizar o ponderal (ganho de peso), pesar os bezerros regularmente, em especial do nascimento e à desmama de preferência use balança com boa precisão, na falta de uma balança também pode ser usada uma fita de pesagem. É necessário deixar água limpa à disposição dos bezerros, desde à primeira semana. Fazer os lotes por idade ou peso para facilitar o manejo: por exemplo 1º lote (1 dia de idade a 89 dias de idade), 2º lote (90 dias de idade a 119 dias de idade), e assim a cada 3 meses, isto é, claro dependendo

do sistema de criação. Os volumosos, fornecidos aos bezerros devem ser tenros, menos fibrosos, de preferência fenos de boa qualidade. A forragem verde pode ser substituída pelo pastejo. Nos primeiros dias o consumo será pequeno, mas não deve ser interrompido. Não se deve fornecer silagens a bezerros com menos de 3 meses, pois, mesmo sendo de boa qualidade pode conter a presença de mofo (contaminação por micotoxinas), provocando doenças ou mesmo a morte do bezerro. As características nutritivas de um bom concentrado para bezerros são de baixo nível de fibra (FB) de 6 a 7%, nutrientes digestíveis totais (NDT) de pelo menos 74%, nível de proteína bruta (PB) em torno de 16 a 18%, minerais e vitaminas suficientes para atender às necessidades diárias dos bezerros. A ração, para ser mais atrativa aos bezerros deve ter sabor adocicado (uso de melaço), e o milho que dela participa deve ser desintegrado em peneira média (quirera), não como fubá, possuir textura grosseira e ser palatável. Diariamente, antes de fornecer a ração, eliminar as sobras que ficaram nos cochos evitando contaminação. A alimentação e o manejo adotado na criação de bezerro com aptidão leiteira refletem diretamente não apenas na sua sobrevivência, mas, sobretudo, na produção de leite no futuro. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BITTAR,C.M.M.Cuidados com o manejo.Inforleite,So rocaba,n.8,p.44.46,jan/2011.

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A alimentação de ruminantes e a Encefapolatia Espongiforme Bovina (Doença da Vaca Louca)

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Juliana do Amaral Moreira Conforti Vaz1

uando nos referimos à alimentação animal, logo pensamos em valores nutricionais, produtividade e economia que são fatores muito importantes. Mas, uma alimentação adequada é também de fundamental importância por razões sanitárias. Uma alimentação correta poderá evitar doenças veiculadas por alimentos, garantindo-se não somente a saúde e produtividade do rebanho, como também a saúde dos consumidores. Uma relevante doença que pode ser transmitida por alimentos é a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mundialmente conhecida como “Doença da Vaca Louca”. É alvo de grande preocupação, pois oferece risco à saúde humana, com sérias consequências tanto para a saúde pública, quanto para a economia do país. Para prevenir a doença no Brasil, desde 1990, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem publicado legislações e aplicado restrições em toda a cadeia produtiva, desde o controle de importação até o produto final. São realizadas rígidas inspeções e monitoramentos nos matadouros, graxarias, fábricas de ração e propriedades rurais, visando preservar o patrimônio pecuário brasileiro e assegurar a saúde dos consumidores. As medidas sanitárias preventivas estão baseadas nas recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE, que considera a gestão de risco para a ocorrência da EEB. Os países são classificados pela OIE como de: riscos insignificante, controlado ou indeterminado. Atualmente, o Brasil está classificado como de risco insignificante, demonstrando efetividade das ações realizadas. Para a prevenção da EEB é primordial o envolvimento de todos os setores, público (federal, estadual e municipal) e privado (produtores rurais, profissionais agropecuários, instituições de pesquisa e ensino, dentre outros). O setor privado, incluindo o produtor rural, tem importante participação na prevenção da EEB, e uma delas é através do uso de alimentos isentos de subprodutos de origem animal proibidos pela IN 08/2004, na alimentação de ruminantes. Os profissionais agropecuários podem contribuir com a notificação de ocorrências de doenças e também orientando o produtor rural quanto à alimentação do rebanho somente com produtos de origem vegetal.

O QUE É A “DOENÇA DA VACA LOUCA”? - É uma doença crônica degenerativa que acomete o sistema nervoso central dos bovinos, causando mudança de comportamento, andar cambaleante, paralisia e, invariavelmente, cul-

AUTORES

1 - Fiscal Federal Agropecuária - UTRA Campínas DDA/SFA-SP. Médica Veterinária - CRMV-SP 7750. Email: juliana.moreira@agricultura.gov.br

Figura 01 – príon normal (esquerda) e príon infectante (direita).

minando em óbito. É causada por uma proteína infectante chamada de príon, altamente resistente aos mecanismos de inativação dos microrganismos (Figura 01). A mudança na conformação dessa proteína (normalmente sintetizada pelo organismo) a torna infectante, como é demonstrado na Figura 01. É uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida ao homem através da ingestão de produtos de bovinos contaminados pelo príon. Atualmente, não há vacinas, nem mesmo tratamento efetivo para essa doença, em nenhuma espécie. No homem, é conhecida como Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob. Afeta predominantemente pessoas jovens, abaixo dos 30 anos de idade e leva à degeneração neurológica progressiva e fatal. A Tabela 1 apresenta o número de casos humanos ocorridos de 1996 a março de 2011 (WHO, 2012). Apesar de ser no homem uma doença rara, com poucos casos diagnosticados mundialmente, tem sua importância por ser uma doença fatal, de difícil diagnóstico, não existindo testes totalmente disponíveis para serem utilizados antes do início dos sintomas clínicos (WHO, 2012), podendo o diagnóstico somente ser confirmado após o exame post mortem. COMO OCORRE A TRANSMISSÃO PARA OS RUMINANTES? - A principal forma de transmissão é através da ingestão de alimentos contendo algumas proteínas e gorduras de origem animal, procedentes de animais doentes. O bovino, que é um herbívoro, ao consumir erroneamente subprodutos de origem animal, tal como a farinha de carTabela 1 – Número de casos da Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, por país. De 1996 a março de 2011. 175 - Reino Unido

01 - Arábia Saudita

25 - França

01 - Taiwan

03 - Estados Unidos

03 - Holanda

02 - Itália

02 - Portugal

01 - Japão

02 - Canadá

05 - Espanha

04 - Irlanda

224 casos + 03 casos secundários no Reino Unido por transfusão sanguínea * Fonte: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs180/en/


FOTOS: Divulgação MAPA

PECUÁRIA DE CORTE

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Figura 02 – Fiscalização da alimentação dos ruminantes com coleta de amostra e cartilha entregue ao produtor durante fiscalização - MAPA

ne e ossos ou qualquer outro subproduto que contenha resíduos de ruminantes, poderá adquirir a doença, caso o príon infectante esteja presente no produto consumido. Essa forma de transmissão ocasiona a EEB clássica. Há outra forma da doença, conhecida como EEB atípica, recentemente descoberta, e com registro em vários países, inclusive no Brasil (02 casos, o primeiro em 2012 e o segundo em 2014), onde o animal desenvolve a doença sem ter consumido alimento contendo o príon. A causa desse tipo de EEB não está muito bem esclarecida, mas sabe-se que ocorre uma mutação da proteína priônica no organismo do animal, provocando a doença. Pode ocorrer esporadicamente em qualquer país, independentemente da adoção das medidas de prevenção, visto que qualquer bovino pode sofrer essa mutação. Manifesta-se principalmente em animais mais velhos, acima de 11 anos de idade. É de grande importância, visto que há estudos que indicam que um caso atípico poderá provocar um caso de EEB clássica. Isso reforça a necessidade de manutenção de rígidas medidas de mitigação de risco da doença, e uma delas é a proibição de alimentação dos ruminantes com subprodutos de origem animal. A FISCALIZAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO DOS RUMINANTES - A legislação vigente sobre a proibição de produção, comercialização e utilização de qualquer proteína e gordura de origem animal (incluindo a cama de aviário e os resíduos da criação de suínos), exceto produtos lácteos, na alimentação de ruminantes é a Instrução Normativa (IN) nº 08, de 25 de março de 2004. Para se garantir efetivo cumprimento à IN 08/2004, o MAPA, em conjunto com os Órgãos de Defesa Estaduais, fiscalizam propriedades rurais. As fiscalizações ocorrem em todo o território nacional. No estado de São Paulo, iniciaramse em 2006, sendo realizadas, desde então, sistematicamente em todas as regiões com a presença de fatores de risco para a EEB (Figuras 2 e 3). A Instrução Normativa nº 41, publicada em 08 de outubro de 2009 pelo Ministério da Agricultura, aprova todos os procedimentos a serem adotados na fiscalização de alimentos de ruminantes em estabelecimentos de criação e determina que todos os ruminantes que tiveram acesso ao produto proibido sejam abatidos em um prazo de até 30 (trinta) dias em estabelecimentos sob inspeção oficial ou que sejam sacrificados na propriedade, caso o produtor se recuse

a encaminhá-los para o abate. Durante o abate, todo o material especificado como de risco para a EEB (cérebro, olhos, medula espinhal, terço distal do intestino delgado e amídalas) é removido e destruído, garantindo-se a não ingestão destes materiais de risco pelos humanos e também pelos animais. Além disso, em muitas Unidades Federativas, a infração é noticiada à autoridade judicial para definição das penalidades ao infrator. No estado de São Paulo, o produtor é denunciado ao Ministério Público Estadual e responde processo criminal e cível, podendo pagar multa de até R$ 60.000,00, além do processo criminal, caso descumpra o Termo de Compromisso de Ajustamento (TAC). O MAPA também fiscaliza continuamente fábri-


FOTOS: Divulgação MAPA

PECUÁRIA DE CORTE GALPÃO DE FRANGO DE CORTE

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FÁBRICA DE RAÇÃO DE FRANGO

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GALPÃO DE GADO DE LEITE CURRAL DE GADO DE LEITE

Figura 03 - Alguns tipos de propriedades rurais fiscalizadas no estado de São Paulo. GALPÃO DE FRANGO DE CORTE

bricas de produção de farinhas de origem animal (graxarias) e de ração (de ruminantes e monogástricos), sendo os alimentos para ruminantes continuamente testados quanto à presença de proteína animal. É proibido conter qualquer proteína de origem animal em sua constituição, conforme estabelecido na IN 08/2004. Toda ração de monogástrico que contenha proteína animal deverá conter a frase “USO PROIBIDO NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES”. COMO O PRODUTOR RURAL PODE CONTRIBUIR PARA EVITAR A DOENÇA DA VACA LOUCA NO BRASIL - A participação do produtor rural é primordial na prevenção da Doença da Vaca Louca. Ele pode contribuir das seguintes formas:

CONFINAMENTO BOVINOS

1) - Adotar os “Dez mandamentos da boa alimentação”, descritos abaixo;

ção vigente, através do 0800 704 1995 ou através da Ouvidoria do MAPA, no www.agricultura.gov.br

2) - Comunicar imediatamente ocorrências com os ruminantes ao Órgão de Defesa Estadual mais próximo da sua propriedade. Ocorrências: óbitos, animais com sintomas nervosos, animais crônicos depauperados e/ou caídos);

OS DEZ MANDAMENTOS DA BOA ALIMENTAÇÃO

3) - Denunciar eventuais descumprimentos da legisla-

1) Alimentar os ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos e búfalos) SOMENTE com proteínas e gorduras de origem vegetal e as de origem animal permitidas como alimentos que são: leite, farinha de osso calcinada e gelatina de

Figura 04 – Remoção e destruição de materiais especificados como de risco (MER) para a EEB. Exemplos de remoção de alguns MERs. Fotos cedidas pela Dra. Leila Mussi, FFA- MAPA- UTRA Ribeirão Preto/SP

Remoção da medula espinhal

Remoção do intestino delgado (íleo)

Incineração dos MERs.


PECUÁRIA DE CORTE 2) É PROIBIDO FORNECER AOS RUMINANTES • CAMA DE AVIÁRIO; • FARINHAS DE ORIGEM ANIMAL (exemplos: farinha de carne e osso, farinha de osso autoclavada, farinha de osso não calcinada, farinhas de peixe, de vísceras, de penas, de sangue, dentre outras);

FOTO: Divulgação MAPA

couro e pele;

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• RESÍDUOS DA EXPLORAÇÃO DE SUÍNOS; • RAÇÕES DE MONOGÁSTRICOS (EQUINOS, PEIXES, AVES, SUÍNOS, CÃES, GATOS, COELHOS) 3) NÃO reaproveitar restos de rações destinadas a monogástricos na alimentação dos ruminantes. NÃO reaproveitar: • Restos das rações de frango de corte • Varreduras de fábricas de rações; • Impurezas de milho e soja oriundas de fábricas de rações de monogástricos (muito comum as de aves e suínos), pois estão contaminados com resíduos de farinhas de origem animal (contaminação cruzada) utilizadas na produção da ração para monogástricos (Figura 05). 4) NÃO permitir o acesso dos ruminantes à cama de aviário ou qualquer outro produto/subproduto de origem animal presente na propriedade; 5) CUIDADO com o uso do misturador de ingredientes ao preparar uma ração na propriedade! NÃO utilizar o mesmo misturador ao preparar rações destinadas a ruminantes e monogástricos (aves/suínos, por exemplo). O misturador de ingredientes deverá ser de uso exclusivo para os ruminantes ou para os monogástricos, nunca de uso comum. Isso porque podem ficar resíduos de farinhas de origem animal no equipamento, difíceis de serem retirados apenas com higienização e limpeza, levando à contaminação cruzada do alimento destinado aos ruminantes; 6) NÃO reaproveitar embalagens de rações de monogástricos (suínos, aves, peixes, equinos, cães, gatos, coelhos, dentre outros) e de subprodutos de origem animal para armazenar alimentos para ruminantes; 7) Armazenar rações de monogástricos separadas daquelas destinadas aos ruminantes; 8) Ao adquirir rações, concentrados, suplementos proteicos para ruminantes, conferir cuidadosamente se no rótulo não consta a frase “USO PROIBIDO NA ALIMENTAÇÃO DOS RUMINANTES”. Muito comum serem encontrados no mercado embalagens de rações para uma espécie específica, porém, com imagens sugestivas de uso comum a várias espécies (bovinos, equinos, aves, suínos). O consumidor pode, inclusive denunciar ao MAPA empresas que estão comercializando produtos dessa forma;

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Figura 05 – Fábrica de ração de frango de corte. À esquerda milho e à direita, farinha de vísceras, sendo colocados na peneira aleatoriamente.

9) NÃO adquirir rações sem registro no MAPA (clandestinas)! Além de poderem conter subproduto de origem animal proibido, podem conter patógenos e resíduos; 10) Adotar boas práticas no armazenamento e transporte da cama de aviário. O armazenamento deverá ser: • em local protegido, sem permitir o acesso dos ruminantes e • longe do local de armazenamento do alimento dos ruminantes, a fim de se evitar contaminação cruzada. O transporte da cama de aviário sempre deverá ser em equipamento de uso exclusivo para tal, não o utilizando para o transporte de produtos destinados à alimentação dos ruminantes (por exemplo, cana de açúcar ou capim picado não deverão ser transportados na mesma carreta utilizada para transportar a cama de aviário). A cama de aviário pode ser utilizada como fertilizante nas lavouras e pastagens, desde que os ruminantes não tenham acesso até sua total incorporação ao solo (IN 25, de 23.072009). Aplicando todos esses procedimentos, o produtor rural estará dentro da lei e, o que é muito importante, ajudando a proteger o Brasil da Doença da Vaca Louca!


GRÃOS

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complexo de enfezamento pode ocorrer em 100% das plantas de uma lavoura de milho no campo causando até a perda total da produção. A incidência dos enfezamentos tem aumentado muito, principalmente em função da permanência de plantas de milho no campo por quase todo o ano, aliada a condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença e sobrevivência e multiplicação do inseto vetor. Os sintomas típicos dos enfezamentos são o avermelhamento ou amarelecimento generalizado da planta e estrias esbranquiçadas, geralmente associadas a outros, que vão depender muito de algumas características genéticas e ambientais. Plantas infectadas podem apresentar proliferação de espigas, espigas deformadas, perfilhamento na base ou axilas foliares, encurtamento de internódios, principalmente acima da espiga, grãos pequenos e frouxos, morte precoce, quebra de colmos, má formação de palha nas espigas (palhas curtas, finas e rasgadas), e colonização de palhas, bainhas e colmos por fungos oportunistas. Estes sintomas podem variar dependendo do nível de resistência do genótipo, da idade das plantas ao serem infectadas e das condições ambientais, principalmente a temperatura. Os enfezamentos são causados por espiroplasmas e fitoplasmas (classe mollicutes), que infectam o floema das plantas de milho. O enfezamento pálido ou “Corn Stunt Spiroplasm” se caracteriza por estrias cloróticas claras da base para o ápice das folhas e o enfezameto vermelho ou “Maize Bushy Stunt” se caracteriza principalmente pelo avermelhamento das folhas, porém, os sintomas podem ser confundidos ou acontecerem ao mesmo tempo no campo devido a presença simultânea de ambos os enfezamentos. Os enfezamentos são transmitidos por um vetor (cigarrinha) denominado Daubulus maidis. A cigarrinha D. maidis

FOTOS: DuPont Pioneer

Enfezamentos Vermelho e Pálido em Milho

Plantas apresentando sintomas de Enfezamento Pálido e Vermelho.

Desenvolvimento de fungos em espigas e colmos de plantas de milho com enfezamento.

ao se alimentar da planta de milho infectada adquire o fitoplasma ou espiroplasma juntamente com a seiva. Após um período latente de 3 a 4 semanas (dependendo da temperatura ambiente) ela passa a transmití-lo de forma persistente às plantas sadias. A coincidência entre o final de ciclo de lavouras infectadas com início de ciclo de novas lavouras faz com que os insetos vetores migrem para as plantas jovens, disseminando a doença. A biologia da Daubulus maidis é muito afetada pela temperatura do ambiente, sendo que abaixo de 20ºC aproximadamente, os ovos permanecem viáveis, sem desenvolvimento embrionário e, portanto, sem eclosão de ninfas. As ninfas passam por 5 ínstares e, para completar essa fase, levam cerca de 20 dias a 26ºC, podendo levar mais tempo em temperaturas mais baixas, como também pode passar por menos ínstares, em temperaturas mais


elevadas. A longevidade dos adultos é de cerca de 45 dias. O período de incubação do espiroplasma em Daubulus maidis varia de 16 a 30 dias e os sintomas das plantas infectadas aparecem após 4 a 7 semanas (Waquil et al. 2003). A população do inseto cresce muito durante o verão, atingindo seu ápice em meados do mês de março, dependendo da presença contínua do hospedeiro no campo e da região. O controle do vetor pode ser realizado por alguns inseticidas em tratamento de sementes ou pulverização, entretanto, se existirem focos de infestação próximos, novas populações estarão migrando para o campo diariamente, sendo necessário um monitoramento frequente e a realização de repetidas pulverizações. Devido ao difícil controle químico, tanto dos insetos vetores como dos mollicutes, a opção é o uso de um manejo integrado da doença. Neste manejo incluem-se operações em que se deve considerar a multiplicação e o desenvolvimento tanto do inseto vetor como do fitoplasma ou espiroplasma. As principais medidas são: o uso de cultivares resistentes, adequação da época de plantio, evitar plantios con-

FOTOS: DuPont Pioneer

GRÃOS

Espigas e plantas com sintomas de Enfezamento.

Cigarrinhas (Daubulus maidis) no cartucho de plantas de milho.

secutivos e eliminar plantas voluntárias no campo que possam servir de hospedeiras. É muito importante a combinação de diferentes híbridos para minimizar possíveis prejuízos causados pela doença e evitar a adaptação do patógeno a um híbrido específico.

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CAFÉ

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Cocapec, principal cooperativa agrícola da Alta Mogiana completa 30 anos.Tudo começou com a instalação de um núcleo da Cocap (Cooperativa Central Agropecuária Paraná) em Franca (SP), em 1983. A cooperativa paranaense, através de José Carlos Jordão da Silva, vislumbrou o potencial produtivo da Alta Mogiana e abriu no município mais uma unidade. Pouco tempo depois já possuía por aqui um armazém com capacidade para 150 mil sacas e uma moderna usina de rebenefício para seleção dos melhores cafés. Porém, a Cocap começou a enfrentar problemas financeiros e assim encerrou suas atividades na cidade. Mas como ficariam os cafeicultores da região que já viam no associativismo um caminho mais seguro e duradouro? Foi com este questionamento, e com a experiência adquirida na Cocap que surgiu a ideia de montar uma cooperativa própria. Sob a liderança de Jordão o grupo que encabeçava o projeto mobilizou os cafeicultores para a realização da assembleia de criação da nova cooperativa. E no dia marcado, 11 de julho de 1985, muitos produtores estavam presentes, e trinta deles assinaram a ata de constituição da Cocapec: nascia assim a Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas. Em pouco tempo a Cocapec recebeu mais associados e viu a necessidade de ampliar sua área de atuação, e chegar cada vez mais próxima dos produtores. E dois anos depois da sua fundação já inaugurava um núcleo em Claraval (MG). A unidade de Pedregulho (SP) veio em 1989. 10 anos depois, em 1999, Minas Gerais recebe uma segunda unidade, desta vez em Capetinga (MG). Em 2003, a filial de Serra Negra (SP) é inaugurada, mas suas atividades foram encerradas no final de 2010. Também em 2003 foi a vez de Ibiraci (MG), se tornando a unidade com maior número de cooperados. Cristais Paulista (SP) é a unidade mais jovem, inaugurado

em 2014, onde funciona o maior armazém da Cocapec com capacidade para mais de 400 mil sacas, todo granelizado. Em 1989 a Cocapec iniciou outro desafio, o da industrialização de café. De posse de matérias primas de alta qualidade, criou ao longo dos anos 3 marcas de sucesso o café Cocapec, em seguida o Tulha Velha e por último o Senhor Café. Atualmente, a torrefação passa por uma ampliação, o que elevará ainda mais o nível destes produtos oferecidos ao consumidor final. Ao longo dos anos os serviços prestados também acompanharam as tendências econômicas e principalmente as necessidades dos cooperados. Sendo assim o associado da Cocapec possui a sua disposição diversas ferramentas para auxiliar na sua propriedade. Hoje são mais de 50 mil m² de armazéns, que recebem a produção em sacaria de juta, granel e big bag. Além disso, todos os armazéns são certificados e segurados, garantindo assim a integridade e personalização dos lotes dos cafeicultores. O laboratório de análises de

FOTOS: Divulgação Cocapec

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Cocapec 30 anos. Evoluindo com a cafeicultura

Vista aérea da Cocapec matriz em 1992.

Hoje a Cocapec é uma das principais cooperativas agrícolas do país.


CAFÉ FOTO: Divulgação Cocapec

solo e folha é um dos melhores do país, atestado por entidades respeitadas como a Esalq/USP e IAC (Instituto Agronômico de Campinas). O Sistema de Georeferenciamento por Satélite (GIS) empregado desde 2000, e que foi atualizado recentemente, permitindo mensurar a área em café, realizar previsões de safra e prestar serviços de mapeamento aos cooperados. A assistência técnica é formada por capacitados agrônomos de campo que estão sempre ao lado dos produtores para auxiliá-los a tomarem as melhores decisões em suas lavouras. As lojas possuem mais de 10 mil itens, possibilitando aos cooperados encontrar tudo que precisam para a sua lavoura em todas as etapas da produção, todos adquiridos diretamente dos fabricantes. A Cocapec é uma cooperativa comprometida com seu cooperado, focada na clareza de A conquista mais recente do cooperativismo regional foi o novo armazém de Cristais Pausuas ações, avaliando sempre quais as demandas lista (SP). e necessidades dos associados, seja na propriedade rural, es- solidez, e isto é atestado pela presença constante em um dos colha de tecnologias, repasse de conhecimento ou políticas mais importantes rankings do país, a “Melhores e Maiores” que promovam o desenvolvimento de seu quadro social, da Revista Exame, figurando sempre entre as melhores do reconhecida em 2013 pelo Prêmio de Excelência de Gestão segmento café e do agronegócio nacional. Cooperativista da OCB. Nestes 30 anos a Cocapec projetou o nome da Alta MoOs resultados do empenho e comprometimento da giana para o Brasil e o exterior conquistando consumidores cooperativa com seus cooperados permitiram a sua atual do mundo todo.

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FRUTICULTURA

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CAFÉ

Espaçamento de cafezais evolui muito 28

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J.B. Matiello1

tualmente é quase inconcebível plantar menos de 5.000 plantas de café por ha. Mas, para se chegar a esse ponto custou muito. Foram 40-50 anos de evolução. Antes da década de 1970 as maiores áreas de cafezais, concentradas nos estados do Paraná e São Paulo, utilizavam espaçamento do tipo quadrado, na base de 3- 4 x 34 m, com plantio de 3-4 mudas por cova. Nessa época, a manutenção de muita área de terreno livre tinha a ver com o uso de cultivos intercalares. Nesses espaçamentos se usavam menos de 800 covas por ha. Com o plano de renovação de cafezais, a partir de 1970, com a ocorrência da ferrugem, os espaçamentos que passaram a ser indicados, à época, procuravam ser no formato mais retangular, mantendo a rua aberta, para facilitar a operação do maquinário de controle da doença e fechando um pouco na linha, ficando, os espaçamentos mais comuns, na base de 4 x 1,5-2,5m, ainda, na maioria, com 2 mudas por cova. O mais comum eram 1.600 pl/ha. A partir da década de 1980 muitos ensaios de espaçamentos foram conduzidos e resultaram na redução do espaçamento entre plantas para 1m e uma só muda por cova, tendo sido observado, na época, que duas mudas (plantas) espaçadas de 1 m produziam mais cerca de 30% do que as duas juntas nas covas a cada 2 m. Isto resultou num stand básico de cerca de 2.500 pl/ha. A evolução nas décadas de 1990 a 2000 mostrou que ainda se poderia reduzir mais a distância entre plantas na linha, para 0,5 a 0,7 m, com aumentos significativos de produtividade, especialmente nas safras iniciais. Também, nessa época, foram demonstrados muito produtivos espaçamentos adensados, com 1,7-2,0 x 0,5m, muito importante para zonas montanhosas. Assim, chegou-se, até recentemente, a dois sistemas básicos de espaçamentos mais usados na nossa atual cafeicultura, sendo o primeiro em renque aberto, com 3,5 - 4,0 m x 0,5m e o renque fechado ou plantio adensado, com 1,75-2,0 m x 0,5 m. O primeiro para zonas de mecanização plena e o segunda para áreas sem mecanização, sendo que o adensamento, sendo sub-múltiplo do renque aberto, pode ser transformado naquele, pela eliminação de uma linha a cada duas. Estes dois sistemas compreendem estandes de 5.000 a 10.000 pl/ha. Como toda a tecnologia cafeeira, nos últimos anos, a questão do espaçamento ainda vem evoluindo, com ajustes nestes dois sistemas básicos, partindo-se para um sistema intermediário, que resulta em um maior estande de plantas por

AUTOR

1 - Eng. Agrônomo da Fundação Procafé. www.fundacaoprocafe.com.br

ha e, mesmo assim, permita um bom manejo e facilidade nos tratos e na colheita. Deste modo, surgiu uma terceira via, que é o plantio semi-adensado, com espaçamentos na faixa de 2,5- 3,2 x 0,5m, combinado com o uso mais frequente de podas, principalmente do tipo esqueletamento. Este sistema compreende stand variável de 6.300 a 8.000 pl/ha. Sabe-se que no café, como na maioria de outras culturas, a produtividade, dentro de certos limites, guarda relação com o numero de plantas por ha. Alem disso, plantas mais próximas produzem menos e se estressam menos com a carga, podendo se recuperar melhor para a safra seguinte, resultando em maiores produtividades por área. Na Tabela 1 pode-se ver que, em três períodos distintos de evolução nos espaçamentos, os trabalhos experimentais mostram, com clareza, a importância do stand de plantas por área sobre a produtividade Pode-se ver que a evolução no espaçamento dos cafezais mudou até a forma de se falar da lavoura. No passado, até a década de 1990, os técnicos e os produtores se referiam à sua lavoura, sua área e produtividade, em covas de café e produção por mil plantas. De lá para cá, todos os quantitativos, índices e recomendações fazem menção somente por área de café. Tabela 1 - Efeito do espaçamento (número de plantas/área) sobre a

produtividade dos cafeeiros em 3 ensaios, em 3 épocas de evolução. LOCAIS E ESPAÇAMENTOS 1 - ENSAIO PINDORAMA-SP (média 21safras/1938-1959) Espaçamento 4 x 4m Espaçamento 3,5 x 2,5m Espaçamento 3,5 x 1,7m 2 – ENSAIO VARGINHA-MG (média de 7 safras/1978-1985) Espaçamento 5 x 2,0m Espaçamento 3,8 x 2,0m Espaçamento 3,8 x 1m Espaçamento 1,5 x 1m 3 - ENSAIO MARTINS SOARES -MG (média de 11 safras/1996-2006) Espaçamento 4 x 0,5m Espaçamento 2 x 0,5m Espaçamento 1 x 0,5m

Nº PLS/Ha (covas)

PRODUTIVIDADE (sacas/ha)

625 1.142 1.680

8,7 13,4 17,5

1.000 1.315 2.630 6.666

13,5 19,6 23,7 40,1

5.000 10.000 20.000

42,7 56,0 78,0


AVES

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CAFÉS ESPECIAIS

Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo, visitou e experimentou o café

A

Região da Alta Mogiana ofereceu a degustação de cafés especiais na Feira Francal 2015, de 06 a 09 de julho, no Anhembi, em São Paulo (SP). A convite dos organizadores da feira foram preparados cafés exclusivos com Indicação de Procedência da Região da Alta Mogiana, da Fazenda Santa Tereza, do cafeicultor Alexandre Engler, em métodos tradicionais, espressos, cápsulas e de forma manual como hario e frenchpress. Dentre os apreciadores, marcaram presença na cafeteria Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo; Roberto de Lucena, Secretário de Turismo do Estado de São Paulo; e Alexandre Ferreira, Prefeito de Franca. Neste momento único, eles puderam conhecer mais sobre a Região da Alta Mogiana e a origem exata do seu café, através do Selo de Origem e Qualidade. O café especial da Região da Alta Mogiana, com aromas e sabores exclusivos, também foi degustado por consumidores de diversos estados brasileiros e de outros países,

FOTOS: Divulgação AMSC

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Cafeteria especializada da Região da Alta Mogiana marcou presença na Francal 2015

André Cunha, presidente da AMSC, recepcionou o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão e várias outras autoridades na Cafeteria da Região da Alta Mogiana.

Patrícia Milan (Superintendente da AMSC), Roberto de Lucena (Secretário de Turismo do Estado de São Paulo), Alexandre Engler (cafeicultor) e José Domingos Cardoso Guasti (Diretor-Secretário da AMSC).

como Colômbia, China, Líbano, Panamá, entre outros. “Levar o café especial com Indicação de Procedência da Região da Alta Mogiana à Francal 2015 foi uma excelente oportunidade para a região mostrar sua força, importância econômica e capacidade de inovação a lideranças do Governo do Estado de São Paulo. A experiência do contato com a origem pelo processo da rastreabilidade permitiu compartilhar nossa cultura, jeito de ser e de produzir café com o consumidor nacional e internacional”, relata André Luis da Cunha, Presidente da AMSC, entidade responsável pela gestão da Indicação de Procedência da Região da Alta Mogiana. Franca é a primeira cidade do Estado de São Paulo a ter Indicações Geográficas reconhecidas, sendo atualmente detentora de duas Indicações de Procedência: a do café e a do calçado. Aproveitar as sinergias entre as cadeias traz força à comunicação da valorização da origem, da diferenciação dos produtos pela qualidade e da tradição dos processos produtivos.


André Luis da Cunha - Cafeicultor, diretor-presidente da

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AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana [ altamogiana@amsc.com.br ]

alar e exigir qualidade faz parte da rotina diária atual, seja quanto a produtos, serviços, ensino, vida, entre outros. O acesso à informação, a vontade de se conhecer o novo e ter em mãos apenas do bom, do melhor, do responsável e do ético, torna a população exigente e cada vez mais conectada com o bem a ser consumido. E isso vale também para as pequenas coisas do cotidiano, a começar pela xícara de café. No Brasil, não raro se escuta que os “cafés bons” são exportados e os “cafés ruins” são consumidos no mercado interno. Isso pode até ter sido verdade em um dado momento, mas é com muita satisfação que assistimos hoje esse paradigma cair por terra. Em primeiro lugar, a disseminação da terceira onda do café ganha força no país com o surgimento de novas cafeterias voltadas para este segmento. São estabelecimentos em que o foco é servir cafés de excelentes qualidades, com opções de diferentes métodos de preparo, apresentando a bebida do café como um produto exclusivo e não uma commodity. Almeja-se que o café seja apreciado como uma excelência culinária, com a valorização dos sabores e aromas relacionados com o grão e a região de sua origem. E o consumidor é orientado a degustar a bebida da forma correta. A começar pela eliminação do acréscimo do “famoso” açúcar. Uma das primeiras lições aprendidas pelo jovem apreciador de café é que o produto diferenciado dispensa este acompanhante, pois o grão e seu preparo são voltados para ressaltar

ARTIGO

SENSIBILIZAR PARA UM CONSUMO COM QUALIDADE

a qualidade natural da sua bebida. E o consumidor é muito bom e sábio aprendiz. Ele facilmente percebe que o método de preparo é fundamental para se conseguir uma boa bebida. A excentricidade de um grão se perde com um processo de preparo mal feito. E diferentes formas de extração das características de um mesmo café resultam em bebidas com nuances distintas. Métodos com o uso da pressão produzem bebidas mais intensas enquanto os coados são mais suaves. Atualmente já se encontra no mercado diferentes equipamentos para o preparo de café, desde o coador até a prensa francesa, aeropress, chemex, mokinha, entre outros; e o tutorial de uso pode ser consultado na internet. Muitas vezes falta apenas um pequeno “empurrãozinho” para que se passe de bebedor à apreciador de café. Ter um contato inicial com conceitos básicos e uma xícara diferenciada são os primeiros passos para um novo mundo sensorial. E é esse objetivo que torna a comunicação da Região da Alta Mogiana, uma ação de extrema importância. Proporcionar ao consumidor uma verdadeira experiência de conexão com a origem compartilha com ele a nossa cultura, nosso jeito de ser e de produzir o café. Somos privilegiados por um terroir único que se manifesta em sabores e aromas somente encontrados nos cafés com Indicação de Procedência da Região da Alta Mogiana e precisamos apresentá-lo ao público em geral.

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CAFÉ

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Armazenamento de grãos de café Cereja Descascado em ambiente refrigerado e aerado e, em invólucro de juta, em armazém convencional.

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Adílio Flauzino de Lacerda Filho1, Roberta Jimenez de Almeida Rigueira2 e Marcus Bochi da Silva Volk3

Quadro 1: Teor médio de água e variação da bebida durante o período de conservação. TRATAMENTOS

TEOR MÉDIO DIAS DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA 0 30 60 120 90 150 (%b.u.) 12,5 mole mole dura dura dura dura

180

om o objetivo de atender às orientações Armazém dura do CNSEA - Conselho Nacional de Seguconvencional 12,4 25ºC mole mole apenas apenas apenas apenas dura rança Alimentar e Nutricional, no que se mole mole mole mole refere à qualidade dos alimentos, reduzir o 11,9 15ºC mole mole apenas apenas apenas apenas mole mole mole mole mole índice de perdas quantitativas e qualitativas, e melhor atender o mercado globalizado, é urgente o desenvolvimento de novas técnicas que possibilitem, de forma foi realizado nos Laboratórios de Qualidade de Grãos do Deeconômica, melhorar as características dos sitemas, com o partamento de Engenharia Agrícola de UFV - Universidade objetivo de obter a armazenagem segura dos grãos. Federal de Viçosa. O café cereja descascado foi embalado em O teor de água e a temperatura do produto são im- saco de papel kraft, com capacidade de 1,0kg e envolto em portantes fatores para manutenção da qualidade dos grãos saco plástico, devidamente lacrado e identificado. de café armazenados durante longo tempo. A aplicação de Foram utilizadas duas câmaras climáticas, uma mantécnicas que objetivam o controle de insetos-praga, fungos tida a 25ºC (Tratamento 1) e outra refrigerada a 15ºC (Tratae bactérias, que se reproduzem e se desenvolvem no meio, mento 2). Como testemunha (Tratamento 3) foi adotado o é de fundamental importância para a preservação da quali- armazenamento em armazém convencional, utilizando-se 2 dade desses produtos. A redução da temperatura da massa de sacos de ráfia com capacidade de 30kg de café cereja descasgrãos para valores iguais ou menores que 15ºC é uma técnica cado, dispostos, aleatoriamente, em pilhas contendo aproxieficiente para reduzir a atividade de água dos grãos, a in- madamente 300 volumes, submetidos às variações diárias da temperatura ambiente, juntamente com os outros invólufestação por insetos-praga e a infecção por fungos. Estudos e práticas têm demonstrado que o esfriamento cros. Amostras foram retiradas nos intervalos de tempo de do produto pode inibir ou até paralisar o desenvolvimento de insetos-praga e o processo de deterioração dos grãos por 0, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias para avaliar possíveis almicroorganismo. Portanto, o esfriamento pode ser consi- terações da qualidade dos grãos em função das diferentes derado uma eficiente técnica para a estratégia do controle condições de armazenamento. Foram avaliados: tipo e befísico de pragas, além de reduzir ou eliminar a necessidade bida, contaminação por microorganismos, teor de água, potássio lixiviado (Klixiviado) e condutividade elétrica. do uso de pesticidas. Com este trabalho objetivou-se avaliar o prode condutividade elétrica (S cm-1 g-1) e pocesso de redução da temperatura dos grãos de café Quadro 2: Valores médios -1 tássio lixiviado (ppm g ) de grãos de café cereja descascado ao longo cereja descascado utilizando ar natural e ar esfriado do período de conservação. artificialmente, como método para preservar as caTEOR MÉDIO DIAS DE ARMAZENAMENTO racterísticas qualitativas iniciais do produto durante TRATAMENTOS DE ÁGUA períodos de tempos prolongados. 0 120 30 60 180 90 150 (%b.u.) MATERIAIS E MÉTODOS - O experimento

AUTORES

1 - Professor DSc., Associado I do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Email: alacerda@ ufv.com.br 2 - Pós-Doutoranda FAPEMIG. 3 - Doutorando CNPq. * Apoio = Cool Seed Tecnologia de Pós-Colheita * Agradecimentos = FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)

Armazém convencional

25ºC

15ºC

Cond. Elét. (uS cm-1g-1) K lixiviado (ppm g-1) Cond. Elét. (uS cm-1g-1) K lixiviado (ppm g-1) Cond. Elét. (uS cm-1g-1) K lixiviado (ppm g-1)

85,57 50,67 77,07

61,60 108,27 140,67 178,00

53,33 56,17 36,43

37,50

55,77

85,57 50,87 57,96

69,73

98,53 198,67* 181,33

43,40

51,07

53,33 49,80* 28,63* 43,33* 58,90* 47,73* 80,00* 85,57 45,47 44,23* 68,07 80,80* 103,67* 164,33* 53,33 52,37* 24,40* 38,40 41,50* 31,30* 47,80*

Valores em asteriscos (*) diferem da testemunha pelo teste de Dunnet, a 5% de probabilidade.


CAFÉ A prova de xícara (bebida) e de classificação (tipo) foi feita de acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade para a Classificação do Café Beneficiado Cru, instituído por meio da Instrução Normativa nº 8, de 11 de junho de 2003. As amostras constituídas de 300g de café foram submetidas a análises no Laboratório de Análise de Sanidade de Sementes do Departamento de Fitopatologia da UFV, para a detecção e identificação de fungos.

Figura 1: Variações observadas no desenvolvimento de fungos durante o período de armazenagem de café cereja descascado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO - No Quadro 1 apresentam-se os valores dos teores médio de água e a variação da bebida durante o período de armazenagem do café cereja descascado. Observa-se no Quadro 1 que a bebida do café manteve-se entre mole e dura, destacando-se o tratamento em ambiente refrigerado (15ºC) com melhor condição de conservação da qualidade quando comparado aos demais tratamentos. A infecção por Aspergillus ochraceus foi verificada aos 30, 90 e 180 dias no café cereja descascado (Figura 1) com percentuais de ocorrência abaixo do nível tolerado. Por isso, insuficientes para causa prejuízo à qualidade dos grãos durante o período experimental. Observa-se, no entanto, que há uma tendência de aumento da infecção por Aspergillus glaucus com o aumento do tempo de conservação. A ocorrência dos microorganismos detectados e identificados nos grãos de café cereja descascado, em níveis abaixo do limite máximo tolerável, não comprometeu a qualidade do produto, no que se refere à produção de micotoxinas que possam inviabilizar seu consumo (20ppb para aflatoxina e 6ppb para ocratoxina). Observou-se, ainda, que aos 180 dias não foi encontrada colônias de Aspergillus ochraceus nos sistemas de armazenagem a 15ºC e no armazém convencional. Entretanto, a incidência de Aspergillus glaucus foi maior no sistema de armazenagem convencional. A condutividade elétrica, assim como a lixiviação de íons de potássio (Quadro 2), na condição a 15ºC e a 25ºC, foram significativamente diferentes da testemunha

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(armazém convencional). Tal comportamento é consequência do baixo nível de deterioração das paredes celulares dos grãos durante o período de armazenamento para a condição de esfriamento (15ºC), enquanto que a 25ºC, aos 150 dias, a condutividade aumentou. Este aumento é indicativo de maior intensidade de degradação das paredes celulares. CONCLUSÕES Com base nas condições em que foi conduzido o experimento, pode-se concluir que:a) - É possível manter as características iniciais do café cereja descascado, quando armazenado em ambiente com temperatura aproximada de 15ºC, durante 180 dias convencionais, quando comparado com a armazenagem a 25ºC e a armazenagem convencional; b) - O processo de esfriamento permite manter a qualidade da bebida e reduz as possibilidades de incidência e o desenvolvimento de microorganismos. c) - É possível manter o teor de água dos grãos entre 11 a 12% (b.u.), durante 180 dias de armazenagem, quando a temperatura é reduzida para valores próximos a 15ºC; d) - O esfriamento pode contribuir para manter ou reduzir a perda de íons, à condutividade elétrica e à lixiviação de potássio, parâmetros indicativos da intensidade de degradação das paredes celulares.


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CoffeeTrader, o novo aplicativo para corretores de café 34

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esenvolvido exclusivamente para corretores de café, o aplicativo CoffeeTrader veio para revolucionar o mercado. “A ideia é facilitar não só a vida do corretor, que é o mais beneficiado pelo aplicativo, mas também da empresa que compra e vende o café através do mesmo”, explica Matheus Oliveira, um dos desenvolvedores e sócio da empresa. Segundo ele, tudo começou com um projeto desenvolvido para a Corretora WLC e, depois de um bom tempo, resolveu colocar esse sistema no mercado. “O CoffeTrader resolveu uma grande dificuldade que tínhamos na empresa, que era o de ter um banco de dados sempre atualizado de nossos parceiros, mas em um formato para corretor de café. Com ele, hoje, gero relatórios de compra e venda em menos de 1 minuto. Além de tudo, ele me possibilita sair da corretora, visitar clientes, fazer negócios e enviar para compradores e vendedores relatórios on line, tudo do meu celular”, explica Tom, da Corretora WLC. Segundo o empresário, com o aplicativo ele passou a ter o controle total do cadastro de clientes, qualidade dos cafés, logística, envio de amostras, ciclo sustentável da amostra, pontuação dos cafés e muitas outras facilidades. O aplicativo é muito fácil e intuitivo para usar. O primeiro módulo que já estará disponível para o mercado no próximo mês conta com as funcionalidades: • Cadastro de clientes por tipo: Exportadores, produtores, armazém, corretores , cooperativas • Cadastro de lote por cliente e classificação completa, incluindo pontuação da bebida

retor

• Cadastro de envio de amostras para o controle do cor• Ciclo sustentável do café: origem e todo histórico • Cadastro de negócios realizados • Contas a pagar e a receber • Controle de embarques e pagamentos • Relatórios de fechamento de negócios

Para entrar em contato e saber mais sobre o aplicativo é só enviar um email para: comercial@coffeetrader.com.br ou acessar o site www.coffeetrader.com.br

Matheus Oliveira, um dos desenvolvedores do aplicativo CoffeeTrader.


EMPRESAS

Campagro realiza com sucesso convenção anual

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FOTOS: Divulgação CAMPAGRO

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onsiderada referência em soluções para o agronegócio em várias cidades da Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste Mineiro, a Campagro realizou no final do mês de junho a sua tradicional Convenção Anual. Capitaneada por Carlos Eduardo de Freitas (o Tóta) e José Gilberto de Freitas, irmãos e diretores da Campagro, a convenção foi realizada no Hotel Dan Inn, em Franca (SP) e contou com a presença de todos os colaboradores e prestadores de serviços da empresa. A empresa, sediada em Orlândia (SP),

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Acima, toda a equipe de colaboradores e prestadores de serviços da Campagro que participaram da Convenção Anual.

possui ainda filiais em Batatais (SP), Franca (SP), Guaíra (SP), Morro Agudo (SP), Passos (MG), Uberaba (MG), Sacramento (MG), Piumhi (MG), Bambuí (MG) e Ibiraci (MG). Com consultores experientes e técnicos especializados, a Campagro é uma referência para os agricultores nas culturas do café, cana de açúcar, milho e soja.

Os diretores: Carlos Eduardo de Freitas e José Gilberto de Freitas.

José de Alencar e sua equipe

José de Alencar e sua equipe


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Época de maturação dos frutos também é importante na escolha de uma variedade

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J.B. Matiello1, S.R. Almeida1, Iran B. Ferreira1 e Marcio L. Carvalho2

escolha de uma variedade ou cultivar de café, a ser plantada em uma propriedade, deve considerar três grupos de fatores – as características vegetativas e produtivas da variedade em si, a sua adaptação à região e a sua adequação ao tipo de produtor. Dentro das características de uma variedade, a época de maturação dos frutos é uma variável importante, para fa-

AUTORES

FOTOS: Fundação Procafé

1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação Procafé. Site: www.fundacaoprocafe.com.br - Varginha (MG) 2 - Fazendas Reunidas L e S, em Botelhos (MG).

cilitar o manejo da colheita e viabilizar a produção de cafés de melhor qualidade. Existem cultivares com maturação dos frutos precoce, média e tardia. As características de maturação na variedade apresentam interação com o ambiente e com o tipo do produtor. Em regiões mais quentes, de altitudes mais baixas, o material de maturação precoce não é tão prioritário como numa região mais fria, de altitude elevada, nesta, pelas baixas temperaturas, a maturação dos frutos do cafeeiro já fica, naturalmente, atrasada e, nessa condição, se não se utilizar uma variedade mais precoce, a colheita costuma coincidir com as florações para a safra seguinte. Cultivares com maturação precoce, assim, não seríam os mais indicados nas áreas quentes, pois o ciclo produ-

EM MAIO - As 4 cultivares estavam com diferentes níveis de maturação dos frutos. Nessa época, apenas o Catucai 785-15 (acima esq.) estava bom para ser colhido, apresentando menos de 20% de verdes. O Catucai Amarelo (em cima dir.) de maturação média, apresentava 48% dos frutos verdes. O Catuaí-44 apresentava 71% e o Acauã 90%. Isto em São Domingos das Dores, Zona da Mata de MG, na safra de 2013.


CAFÉ FOTOS: Fundação Procafé

tivo, da floração à maturação, é encurtado, a granação dos frutos fica concentrada em curto período e as plantas ficam muito estressadas pela carga. Nessas áreas a prioridade é para cultivares de maturação tardia. Quanto à interação com o tipo de produtor, quanto maior a área cultivada com café na propriedade, mais alongado vai ficar o período de colheita, o que pode prejudicar a qualidade do café produzido, pois sabe-se que os frutos colhidos maduros constituem a ma- EM JUNHO – 40 dias depois da foto anterior, o Catucai 785-15 já tinha passado do ponto ideal de colheita, pois já tinha téria prima ideal para 43% de frutos secos, o Catucai amarelo já podia estar sendo colhido, o Catuai estava quase e o Acauã ainda podia esperar. o preparo de cafés de boa bebida. Nessa situação, o cultivo de variedades de café combinando diferentes épocas de maturação facilita o escalonamento da colheita, com menor necessidade de investimentos em maquinário, mão de obra e equipamentos e instalações de colheita e de preparo pós-colheita. Inicia-se a colheita pelos materiais precoces, os quais devem compreender, normalmente, cerca de 20% da área, continua-se pelos materiais de maturação média, o ideal seria estes compreenderem cerca de 40-50% da área e os tardios, com 30-40%. É lógico que alem do aspecto de maturação, outras características muito importantes da variedade devem ser consideradas, sendo as principais – sua boa capacidade produtiva, o bom vigor das plantas, o porte baixo, para facilitar o manejo, sua resistência a doenças, pragas e stress hídrico e sua qualidade de frutos. Para finalizar, citam-se alguns materiais que reúnem boas características produtivas com diferentes tipos de maturação, assim:• DE MATURAÇÃO PRECOCE = Catucai 78515 Vermelho e Amarelo, IBC 12 ou IAC 125, Bourbon Amarelo, Siriema AS1, Beija flor e Icatu 3282. • De MATURAÇÃO MÉDIA = Mundo Novo, Acaiá e Catucai Amarelo. • DE MATURAÇÃO TARDIA = Catuais diversos (144, 62, 32 etc.), incluindo híbridos com MN (Rubí, Topázio, Ouro Verde, Travessia), IBC-Palma 1, IBC-Palma 2, Saíra, Rouxinol, Sabiá, Guará e Azulão. • SUPER-TARDIOS = Acauã, AsaBranca e Arara.

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Micro-terraceamento em cafezais vem sendo ampliado

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FOTOS: Fundação PROCAFÉ

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J.B. Matiello1, J. Renato Dias2 e Lucas Franco2

micro-terraceamento em lavouras de café, em áreas montanhosas, é uma técnica nova, que vem sendo desenvolvida mais recentemente. Por isso, seu uso pelos cafeicultores ainda é pequeno, no entanto, o uso dessa prática vem ganhando força, nestes 2 últimos anos, em função da divulgação realizada e dos bons resultados alcançados. A técnica consta da abertura de terraços, com cerca de 1,5 m de largura, nas ruas ou no espaço entre-linhas, do cafezal, para ali formar caminhos mais planos, onde possam transitar tratores estreitos que, com seus implementos, venham facilitar os tra- Os dois tratores trabalhando na abertura de micro-terraços, com lamina traseira, operando em área antes do plantio do café, no espaçamento de 3 m entrelinhas. tos da lavoura, no controle do mato, na adubação, nas pulverizações, nas podas e até na colheita. terraços, todas as áreas cafeeiras onde a topografia não perUm trabalho extensivo de micro-terraceamento em mita a mecanização normal. cafezais pode ser observado na Fazenda Sertãozinho, em Com esse trabalho de terraceamento, o cenário muBotelhos (MG). Ali, 2 tratores, munidos de lâminas trasei- dou completamente. As operações de trato das lavouras, que ras, trabalham continuamente na abertura de terraços. Uma eram efetuadas manualmente, passaram a ser feitas de forma área de cerca de 70 ha de lavouras já foi terraceada, tanto em mecanizada, com maior rapidez e menor custo. cafezais já implantados, como em áreas antes do plantio do É fato que o micro-terraceamento adiciona investicafé. A orientação da Fazenda é a de preparar, com micro- mentos iniciais, na sua implantação. A experiência na Fazenda tem mostrado que o rendimento e os custos dessa prática variam conforme a declividade do terreno. Em áreas menos declivosas se gasta cerca de 10 horas por hectare e naquelas muito íngremes, onde o corte precisa ser mais profundo, pode-se gastar até 40 horas de trator com lamina por hectare. Assim, o custo para a Fazenda pode ficar entre R$ 500,00 e R$ 2.000,00 por hectares, um investimento

Área micro-terraceada em cafezal com 8 meses de idade, espaçamento de 3,0 x 0,5m.

AUTORES

1 - Engenheiro Agrônomo da Fundação Procafé. Site: www.fundacaoprocafe.com.br - Varginha (MG) 2 - Engenheiros Agrônomos da Fazendas Sertãozinho, em Botelhos (MG).

Detalhe da área micro-terraceada, com a linha de cafeeiros recém plantada entre 2 terraços.


FOTOS: Fundação PROCAFÉ

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Após uma pequena chuva, pode-se ver a boa retenção de água pelos micro-terraços.

mento que, rapidamente, será compensado pelo menor gasto nos tratos mecanizados da lavoura. Outras observações efetuadas mostram que é possível construir o terraço mesmo em lavouras com 2,5 m de rua, no entanto, uma distância de 3 m é melhor. Já se verificou maior retenção de águas de chuvas pelo terraço, restando verificar, a prazo mais longo, o efeito do corte de raízes, que ocorre junto à parte baixa da linha de cafeeiros. Parece que este corte vai ser compensado por um maior desenvolvimento radicular na parte superior da linha de plantas.

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Área terraceada em cafezal com 2,5 x 0,5m, do segundo para o terceiro ano, já consolidada a retomada do mato no terraço.

Com as dificuldades e o custo crescente da mão-deobra, a mecanização tem sido a melhor alternativa para a redução de custos de produção do café. Como a cafeicultura de montanha ocupa uma área de cerca de 700 mil ha no Brasil, o uso do micro-terraceamento se torna muito importante, para viabilizar a competitividade dessa extensa área de lavouras cafeeiras, que representa uma produção anual de cerca de 15 milhões de sacas e envolve a sobrevivência econômico-social de muitas regiões.


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o último dia 14 de julho, no Dan Inn Hotel, em Franca (SP), a Casa do Café e Produquímica realizaram uma Reunião Técnica com produtores rurais e profissionais da cadeia produtiva do café com a finalidade de debater alguns aspectos do manejo nutricional do cafeeiro. Os palestrantes foram Eder de Carvalho Sandy, engenheiro agrônomo e consultor de café na Alta Mogiana, e Renato Paiva, gerente técnico da Produquimica. Em ambas as palestras, foi enfocada a linha de liberação controlada (Polyblen® e Producote®), a linha de foliares quelatizados (Kellus®) e todo o portifólio para nutrição de micronutrientes. “O Polyblen® é um fertilizante de liberação controlada para lavouras já implantadas, com crescente adoção pelos produtores da região da Alta Mogiana. Já o Producote® é o fertilizante que visa suprir em Nitrogênio ou Nitrogênio e Fósforo para lavouras recém-implantadas, em uma única aplicação. Na linha Kellus® temos micronutrientes de altíssima eficiência e sem reações no tanque”, informou André Siqueira Rodrigues Alves, diretor da Casa do Café Os cafeicultores interessados em encontrar soluções de nutrição para o seu cafezal pode procurar a equipe da Casa do Café e Produquímica com Ricardo Ferreira Queiroz, Jamil Pereira da Silva, Rafael Jorge Franchini, Jansen Geraldo de Paula e Mauricio Mendonça Junior.

FOTOS: Divulgação Casa do Café

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Produquímica e Casa do Café realizam reunião técnica em Franca (SP)


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aior evento do agronegócio café no Brasil, a Expocafé completou sua maioridade em 2015 com motivos de sobra para comemorar. O evento, que movimentou a cidade sul-mineira de Três Pontas, chegou ao seu final, com saldo de negócios gerados e prospectados de R$ 230 milhões, número 15% maior que os R$ 200 milhões registrados no ano passado. O número de expositores, 150 em 12 mil m² de área comercializada, foi recorde. E 28 mil visitantes passaram pelo Campo Experimental da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais nos três dias de feira, 6 mil a mais que na última edição, em 2014. “Só temos o que celebrar ao final deste evento. Mesmo em um ano de dificuldades macroeconômicas, expositores e produtores de café estiveram mais uma vez conosco e os números comprovam o sucesso desta 18ª edição da Expocafé”, disse o diretorpresidente da COCATREL - Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas, Francisco Miranda de Figueiredo Filho. A programação da Expocafé 2015 reuniu na feira, exposição de máquinas, implementos e acessórios; dinâmicas de campo; e uma série de cursos e palestras gratuitos. Tudo com o objetivo de oferecer aos produtores de café de todo o país e também do exterior o que há de melhor em tecnologias e técnicas para melhoria da produtividade das lavouras. Em sua primeira participação como expositora, a empresa Nutrion Gesso Agrícola se surpreendeu com o resultado. O gesso agrícola, produto com 10 anos de mercado e que é útil para as lavouras especialmente em tempos de estiagem, fez sucesso entre os produtores de café. No estande da marca, um consultor especializado em manejo de solo prestava todas as informações e tirava as dúvidas dos interessados. “Foi uma experiência que superou nossas expectativas pela possibilidade que nos deu de estarmos frente a frente com o nicho do café, que é nosso principal mercado de Minas Gerais. Com certeza estaremos de volta em 2016” disse Narayma Saquy, gerente de Marketing da Nutrion. Segundo

A nova linha de tratores cortadores de grama foram o destaque no estande da Husqvarna durante a Expocafé 2015.

FOTOS: Editora Attalea

EXPOCAFÉ 2015 termina com crescimento de público e de negócios gerados

Estande da MIAC na 18ª Expocafé

ela, durante a feira a empresa concluiu que há mercado para um nicho que vinha pesquisando, o de venda do gesso agrícola em bags para os pequenos produtores de café. “Nas conversas aqui com os produtores tivemos certeza que podemos lançar”, afirmou. Outro expositor que vai embora satisfeito é a Stihl. Segundo a analista de Marketing Camila Thormann, as demonstrações das máquinas feitas no estande chamaram atenção dos visitantes. “O saldo do con-

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FOTOS: Editora Attalea

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A colheitadeira P1000, lançamento da Pinhalense.

TDI apresentou todos os modelos de colheitadeiras para café.

tato com o produtor é positivo. As pessoas se mostraram interessadas nas informações e lançamentos que trouxemos para a feira”, disse. A Expocafé é realizada pela Cocatrel, EPAMIG e UFLA Universidade Federal de Lavras, com apoio da Prefeitura Municipal de Três Pontas. A promoção é da Café Editora, empresa com mais de 10 anos de atuação e especializada no mercado de cafés. O objetivo dos organizadores é contribuir para a promoção da melhoria de renda e da qualidade de vida do produtor rural, a geração de empregos e a fixação do homem no campo. Responsável pela coordenação técnica da Expocafé, a EPAMIG apresentou a cultivar Aranãs, que é resistente à ferrugem, com potencial para produção de bebida de quali-

dade. Esta que é a 15ª cultivar registrada pelo Programa de Melhoramento Genético de Café da EPAMIG, juntamente com outras instituições que integram o Consórcio Pesquisa Café, tem se destacado pela alta produtividade e adaptabilidade em diferentes regiões como Vale do Jequitinhonha e Sul de Minas. Nas dinâmicas de campo, os visitantes da Expocafé conheceram em 17 estações o funcionamento de máquinas e equipamentos para a cultura. Uma das novidades foi uma podadeira lateral e de topo da GTM do Brasil, que pode ser adaptada em tratores pequenos. A máquina, que tem duas serras de 650 mm, consegue rendimento médio de sete hectares por dia, em 10 horas e pode substituir cerca de 100 homens por dia.

Estande da SWZ durante a Expocafé.

Estande da AGROBRÁS durante a Expocafé.

A feira ampliou o número de empresas no Pavilhão Tecnológico

Estande da BALDAN durante a Expocafé.


Grupo Bolsa realiza dia de campo em Ibiraci (MG)

Evento reuniu cafeicultores e contou com a participação da Syngenta, Netafim e Tratores BCS

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FOTOS: Grupo Bolsa

s cafeicultores Anderson e Emerson Monteiro de Andrade, proprietários da Fazenda São João, município de Ibiraci (MG), recepcionaram no início de julho deste ano, cerca de 60 cafeicultores e profissionais do setor agrícola no Dia de Campo de Difusão de Tecnologia do Grupo Bolsa. O Grupo Bolsa é formado pelas empresas: Bolsa Agronegócios, Bolsa Máquinas e Bolsa Irriga, e contou ainda com a participação efetiva da Netafim, Syngenta e Tratores BCS na organização do Alan Lima, diretor do Grupo Bolsa e toda a equipe organizadora do Dia de Campo de Difusão de Tecnologia evento. O dia de campo abordou três temas principais. No pri- Lagarta do Cartucho e Lagarta-Militar. meiro, Tadeu Andrade, Flávio Henrique Nascimento e LetíJá a Netafim, representado por William Damas e Ecia Silva promoveram a divulgação inseticida Durivo®, lança- merson Carneiro, apresentou informações importantes somento da Syngenta. Com Tiametoxam e Clorantraniliprole bre o Manejo da Irrigação por Gotejamento no cafeeiro. na composição, o Durivo® é indicado para as culturas do Os participantes puderam ainda conferir as novidades café, citros, milho, repolho e tomate, especificamente para dos tratores BCS, com a demonstração dos equipamentos na o controle de Bicho-Mineiro, Cigarrinha, Lagarta da Soja, lavoura do café realizada pelo consultor Carlos Bidóia.

Com a demonstração dos Tratores BCS, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as novidades dos equipamentos.

Tadeu Andradre (Syngenta) apresenta as novidades sobre o inseticida Durivo®, lançamento da empresa para cafeicultura.

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Alelopatia e a utilização na agricultura 44

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Lívia Maria de L. Santos1 e Giovani Belutti Voltolini2

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esde a antiguidade, é observado que a presença de certas espécies, na mesma área, pode prejudicar o surgimento e/ou desenvolvimento de outras espécies, sendo relatado por muitos agricultores que ao longo do tempo, suas lavouras diminuíam a produção, situação denominada pelos mesmos de “cansaço da terra”. Atualmente, sabe-se que um dos eventos que pode causar a diminuição da produção é a alelopatia. O termo foi criado pelo alemão Molisch em 1937, a partir da junção de duas palavras gregas, allelon - de um para outro, e pathós - sofrer, o fenômeno pode ser definido como qualquer processo de interação entre plantas, que influenciam no crescimento e desenvolvimento de outros sistemas biológicos (algas, bactérias e fungos), com efeitos positivos ou negativos, por meio da produção de moléculas químicas, denominadas aleloquímicos. Os aleloquímicos são produzidos pelas plantas e podem pertencer a vários grupos químicos, como: compostos fenólicos, alcalóides, terpenos, esteróides e ácido cinâmico, e podem estar presentes em diversas partes da planta, como folha, raiz, flor e caule. Os aleloquímicos podem alterar diversas funções na planta que recebe os compostos, dentre as quais, afetar a fotossíntese (teor de clorofila), as relações hídricas, abertura de estômatos, estrutura e permeabilidade de membranas, divisão e alongamento celular. Esses compostos químicos podem ser liberados da planta produtora por meio da lixiviação (lavagem da folha pela água da chuva), da volatilização (a substância passa do estado líquido para gás), exsudação radicular (saída do aleloquímico na forma líquida pela raiz) e pela decomposição (degradação dos tecidos da planta, por meios físicos - aumento de calor; ou por degradação biológica - microrganismos) dos restos da cultura deixada no campo. Devido aos inúmeros modos de atuação, estudos que visam identificar o fenômeno alelopático e os aleloquímicos no ambiente tem ganhado destaque nas últimas décadas, pois muitas substâncias e extratos vegetais são utilizados para testes em laboratório e como herbicidas eficazes no controle de plantas invasoras de áreas cultivadas. Alguns exemplos são descritos na literatura, como a utilização de extratos de cebola e extrato aquoso de arruda (Ruta graveolens) sobre mudas de café (Coffea arabica L.), com seis meses de plantio, demonstraram redução no número de galhas de nematóides. Foi demonstrado também, que o uso de extrato aquoso de casca de café induziu a resistência em mudas de cafeeiro contra o fungo Cercospora coffeicola, causador da cercosporiose. Em outro estudo, o extrato aquoso de folhas de café, em plantios de café orgânico, foi eficiente para diminuir em 37% a ocorrência de mancha de

AUTORES

1 - Bióloga, Doutoranda em Plantas Medicinais Aromáticas e Condimentares. Departamento Agronomia UFLA. Email: livia-linne@hotmail.com 2 - Graduando em Agronomia pela UFLA. giovanibelutti77@hotmail.com

Figura 1. Consórcio de Braquiária nas entrelinhas do cafeeiro.

phoma, doença causada por fungos. A utilização de extratos vegetais, como meio de controle de plantas invasoras de áreas cultivadas, é uma aplicação prática da alelopátia na agricultura, onde, por exemplo, a utilização do extrato de leucina (Leucaena leucocephala) sobre picão-preto (Bidens pilosa L.) e caruru (Amaranthus viridis L.) provocou a redução do crescimento e deformação na lamina foliar das plantas daninhas. Em estudo sobre o efeito alelopático da cobertura vegetal, os restos de sorgo deixados no campo na quantidade de 5,5 t ha-¹, reduziu o número de plântulas emergidas de picão preto, caruru, trapoeraba e gramíneas em geral. Entretanto, vale salientar que a atividade alelopática da cobertura vegetal está diretamente relacionada à quantidade do resíduo vegetal, do tipo de aleloquímico liberado no ambiente e as espécies de plantas invasoras do local. Ensaios de campo mostraram que a palhada de milho deixada após o plantio, produz efeitos negativos sobre o crescimento inicial do cafeeiro, devido à liberação de alguns compostos pela palhada do milho no solo, que atuam como aleloquímicos. Outro caso relevante de alelopatia em sistemas agrícolas, é entre o café e a ocorrência da Brachiaria sp. nas entrelinhas do roçado, podendo levar a uma diminuição da produção cafeeira, ao longo do tempo. O Callisto® é um exemplo de utilização dos aleloquímicos pela indústria de herbicidas, com produto ativo mesotriona, é amplamente utilizado no controle de plantas daninhas. Diante do exposto, os estudos em alelopatia geram contribuições relevantes para a compreensão da dinâmica entre espécies vegetais em sistemas agrícolas, oferecendo suporte para a implementação de estratégias de produção e manejo de culturas. Ademais, o uso de extratos e plantas alelopáticas pode diminuir os custos de produção, mediante a redução do uso de defensivos químicos, amenizar os impactos causados no ecossistema, além de fornecer uma nova estratégia para controle de plantas invasoras resistentes aos herbicidas comerciais.


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Cresce a participação de cafés de qualidade no mercado mundial

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FOTO: Hoje em Dia

procura por cafés especiais vem ocupando um espaço cada vez maior entre os consumidores, por essa bebida oferecer mais aroma e sabor. Esse mercado vem crescendo, ano a ano, em todo o mundo, com abertura de novas cafeterias, principalmente, na Europa e Estados Unidos, apresentando tendência a aumentar ainda mais na próxima década. Acompanhando a demanda de um consumidor mais exigente, os produtores investem para garantir mais valor agregado ao produto, uma vez que os cafés tradicionais, comercializados como commodity, continuam em queda. A produção de cafés especiais no Brasil cresce entre 10% a 15% a cada ano. Em 2015, das cerca de 50 milhões de sacas – o estado de Minas Gerais responde por 50% desse volume -, 8% serão de cafés especiais, ou seja, 4 milhões de sacas. De acordo com a BSCA - Brazil Specialty Coffee Association que não possui estimativas da produção regional de cafés especiais -, da produção atual, cerca de 3 milhões de sacas serão exportadas para os Estados Unidos, Japão e Europa. O restante, 1 milhão de sacas,será para consumo no país. O valor de venda atual para alguns cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia entre 30% e 40% a mais em relação ao café cultivado de modo convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Para diferenciação dos cafés especiais, deve-se ter como base atributos físicos e sensoriais, como a qualidade da bebida, que precisa ser superior ao padrão. A diretora executiva da associação, Vanúsia Nogueira, acredita que “os médios produtores, juntamente com os pequenos, estão liderando este movimento de reforço do nicho no País”. Pelas estimativas, os pequenos produtores – de 50 a 1 mil sacas/ano – estão localizados nas regiões sul e da mata mineira; Piatã, na Bahia; e nas montanhas do Espírito Santo. Os médios produtores - de 3 mil a 50 mil sacas/ano – onde estão os maiores produtores de cafés especiais – estão na região de Mogiana, no interior de São Paulo; e no Cerrado de Minas Gerais. Já os grandes - 80 mil a 100 mil sacas/ ano – estão localizados em Minas Gerais e investem até 60% da produção para garantir cafés de maior qualidade. NA EUROPA - O segmento de cafés especiais representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida. Prova do crescimento desse mercado foram os negócios recentes realizados lá fora. Sob a bandeira de um novo posicionamento de branding a BSCA e a Apex-Brasil con-

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duziram as ações da delegação brasileira na SCAE World of Coffee 2015, na Suécia’


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FOTO: Grupo Montesanto

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VOCÊ SABE O QUE SÃO CAFÉS ESPECIAIS? - Cafés Especiais são aqueles obtidos com grãos de qualidade superior, sem a presença de defeitos capitais, como o preto, o verde, o ardido e o preto-verde, com uma bebida limpa, sem qualquer fermentação indesejável, com bom aroma e sabor, deixando um retro gosto agradável na boca por um longo período. Para reconhecermos a qualidade de um café devemos bebê-lo puro, sem qualquer aditivo como açúcar, adoçante, creme, leite e outros ingredientes. “Para produzir um café especial, o cafeicultor precisa estar atento a muitos cuidados, desde a colheita, o preparo, o armazenamento, o beneficiamento e o transporte”, como explicou ao “Força do Campo” o engenheiro agrônomo e consultor científico da Illycaffè no Brasil, Aldir Alves Teixeira. Segundo ele, por outro lado, as empresas de torrefação precisam preservar a qualidade, torrando e embalando adequadamente o produto até que ele chegue à xícara do consumidor. Aldir explica que no preparo de um café Espresso – com extração mais rápida, alta pressão e temperatura – as características de sabor e aroma da bebida são ressaltadas. Essa técnica oferece, ao mesmo tempo, menos cafeína. “Assim, se os grãos forem de boa qualidade, o espresso é excelente. Caso contrário, ele fica horrível.” Apesar dos cuidados exigidos do cafeicultor, esse segmento do mercado é extremamente recompensado, porque

recebe remuneração em patamares superiores aos praticados para os cafés comuns. “O desconhecimento, ou mesmo a falta de cuidado, faz com que o cafeicultor ‘tropece’ em algumas das etapas fundamentais de preparo: na colheita, muitas vezes iniciada antes do prazo ideal; na secagem, um dos pontos mais críticos do processo de preparo, na umidade final e no armazenamento mal feito. Esses aspectos podem significar a diferença entre um café especial e um café commodity, com muitos defeitos, manchados, desmerecidos, sabores indesejáveis e preços inferiores”, ressaltou. Ricardo Tavares tem confiança no mercado e inicia duas novas operações Em busca de um café de me-lhor qualidade e com maior ren-tabilidade, a holding Montesanto – 10 empresas e faturamento previsto de R$ 1,6 bilhão em 2015, crescimento de 40% em relação ao ano passado – decidiu consorciar a produção de cafés com o mogno africano. Para isso, o empresário e empreendedor Ricardo Tavares, que sempre investiu em café, atuando na produção, exportação, importação, transporte e armazenagem, criou a marca Mahogany Coffee, que identifica esse plantio diferenciado. “Produzimos um café arábica especial, sombreado pelo mogno africano, o que atenua as variações de temperatura sofridas pelo café em seu processo de maturação. Isso resulta em um café mais adocicado e homogêneo em sua qualidade, e com ótimo sabor”, afirmou o presidente da holding, Ricardo Tavares. O grupo conta com o plantio de 3.200 ha de café, distribuídos entre as cidades mineiras de Pirapora, Angelândia, Ninheira (MG) e Luis Eduardo Magalhaes (BA). “Temos uma colheita prevista de 40 sacas de média anual por ha, totalizando 128 mil sacas/ano. Desse volume, 3.500 sacas são de cafés sombreado com mogno, sendo que, desse total, 80% são destinados à exportação para Estados Unidos, Europa e Ásia”, revelou. Para Ricardo Tavares, os cafés especiais têm ganhado força, uma vez que o consumidor tem procurado mais por cafés diferenciados, sendo esses “o mercado que mais cresce no mundo”. A Atlântica Coffee é a maior empresa do grupo, com sede em Belo Horizonte, e com exportação e comercialização previstas de 1,5 milhões de sacas em 2015. Além das empresas da holding focadas em cafés especiais – Cafebrás (Patrocínio - MG) e Ally Brazilian Coffee Merchants (Miami - EUA), sendo que essa começará a operar a partir de outubro também na Suíça - o empresário deu início, em junho, a uma nova operação voltada para esse segmento: a InterBrasil Coffee. A empresa, com sede em Manhuaçu (MG), é focada nos cafés produzidos na Zona da Mata mineira e com exportação voltada para os mercados dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. (FONTE: Hoje em Dia)


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FOTO: Media Center FMC

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aspecto aveludado e com anéis concêntricos. As condições de ambiente favoráveis à ocorrência da doença são temperaturas na faixa de 24 a 29ºC e alta umidade relativa. Pauli destaca algumas das boas práticas de controle integrado e equilibrado que podem contribuir com a produtividade e controlar pinta preta: 1) - Utilizar mudas sadias e de boa procedência; 2) - Adubação correta e equilibrada; 3) - Rotação de culturas; 4) - Adoção de espaçamentos adequados; 5) - Eliminar os restos de cultivos, logo após a colheita; 6) - Evitar plantios sucessivos; 7) - Evitar áreas de baixadas, que são úmidas ou sujeitas à formação de neblina;e 8) - Aplicar biofungicidas preventivamente. Pauli explica que essas boas práticas simples no campo, além de melhorarem a eficiência do controle químico, colaboram de maneira significativa para a redução do número de pulverizações e custo de produção, além de minimizar os resíduos no fruto e meio-ambiente. Uma novidade e alternativa que a FMC disponibiliza ao produtor e que contribuirá com a produtividade no tomateiro é o primeiro biofungicida de ação preventiva da companhia: Regalia Maxx®, que trará ainda mais conveniência ao produtor no campo, pois aumenta a resistência natural da planta, é resistente a lavagem pela chuva e seu uso é livre de resíduos. FOTO: Media Center FMC

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ada vez mais aumenta o grau de exigência do consumidor que hoje quer saber a origem dos alimentos para uma vida mais saudável e equilibrada. Até mesmo na escolha do tomate, que é uma das hortaliças mais consumidas no mundo, o índice de resíduos de defensivos agrícolas tem sido muito questionado, o selo de rastreabilidade acaba sendo imprescindível. Só no Brasil o cultivo é tão importante que segundo o CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, na safra de verão 2013/2014 a área produtiva fechou em 39.000ha. Porém, o assunto em pauta desde o ano passado é o alta do preço do tomate praticado no mercado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só em abril deste ano houve um aumento de 17,9% no bolso do consumidor. Mas quais são os motivos e os verdadeiros vilões dessa inflação? O coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Biológicos da FMC, Giuliano Pauli, explica que além da seca e do forte calor, um dos influenciadores da queda de produtividade nos tomateiros foram os índices de incidência de pragas e doenças, principalmente as fúngicas, como a Pinta-Preta ou Mancha-de-Alternaria (Alternaria solani). A pinta preta é uma das mais importantes doenças do tomateiro no Brasil. Segundo especialistas, é favorecida por temperatura e umidade altas, sendo mais severa durante o verão chuvoso. Pode aparecer também no inverno ou quando ocorrerem períodos quentes acompanhados de umidade relativa do ar elevada, muitas vezes por excesso de irrigação. A doença pode ocorrer em folhas, caules e frutos e causar danos durante qualquer estágio de desenvolvimento da planta. Inicialmente, as manchas tem coloração marromescura a preta e aparecem nas folhas mais velhas. As manchas aumentam rapidamente e, com o crescimento, são formados anéis concêntricos na parte central. A alta severidade da doença causa a desfolha da planta, expondo mais diretamente os frutos à ação dos raios solares, isto é, a queimadura dos frutos. No caule, as lesões são escuras e ligeiramente deprimidas. Com o crescimento, formam-se lesões alongadas e circulares, com anéis concêntricos evidentes. Nos frutos, se observam lesões deprimidas, normalmente localizadas na região do cálice, de grande extensão, de coloração escura,

FOTO: Ailton Reis (CNPH)

Acerte o alvo no manejo da pinta preta do tomate


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A enxertia e o controle de pragas do solo no cultivo do tomateiro

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FOTO: José Lindorico de Mendonça

enxertia é um método de propagação vegetal que consiste na junção de tecidos de duas plantas diferentes, objetivando explorar as características desejáveis de cada uma. O segmento inferior (portaenxerto) contribui com as raízes e com a haste inferior do caule, responsável pelo suporte da nova planta, pela absorção de água e nutrientes e pela adaptação da planta às condições do solo ou outro substrato. A parte superior (enxerto), que é o segmento comercial, forma o caule, folhas, flores e frutos. Associam-se, em uma só planta, as características favoráveis das duas plantas. Normalmente se combinam enxerto com boas características comerciais enxertado em portaenxerto vigoroso e/ou resistente a pragas do solo. A cultura do tomateiro no Brasil está sujeita ao ataque de pragas de solo, tais como a murcha bacteriana, causada pela bactéria Ralstonia solanacearum; nematoides de galhas; e murchas de Fusarium oxysporum e Verticilum dahliae. A murcha bacteriana ocorre em ambientes quentes e úmidos, como nas regiões da Amazônia Legal e do Meio Norte brasileiro. No restante do País, ela ocorre em cultivo protegido, estrutura que condiciona a criação de um ambiente quente e úmido. As condições ambientais para a ocorrência desta doença também favorecem o surgimento de nematoides-de-galhas e Fusarium, razão pela qual é comum encontrar os três patógenos causando perdas em cultivos comerciais. Em regiões onde as temperaturas são mais baixas, como no Sul do Brasil, pode ocorrer a murcha ocasionada pelo fungo Verticilum dahliae. O controle químico destas pragas pode ocasionar danos ao meio ambiente pela liberação de gases danosos à camada de ozônio, agravando o efeito estufa. A alternativa para o controle é a utilização da enxertia em porta-enxertos com múltipla resistência a estes patógenos, já que é uma técnica eficaz e sem efeitos negativos para o meio ambiente. Na Província de Almería, região da Espanha que concentra a maior área de cultivo protegido do mundo, a técnica da enxertia é de uso generalizado, com cerca de 45 milhões de tomateiros enxertados anualmente. No Marrocos, são 20 milhões de plantas; e no Japão e na Coréia do Sul mais de 50% do tomate consumido é produzido em plantas enxertadas. No Brasil, os primeiros registros do uso da enxertia no cultivo de hortaliças são da década de 1950, na região Norte. Imigrantes japoneses de Tomé-Açu (PA) enxertavam toma-

teiro em “jurubeba juna” (Solanum toxicarium, sin. Solanum stramonifolium Jacq), nativa da região, para controle da murcha-bacteriana. Devido ao alto custo da enxertia em jurubeba, à presença de espinhos na planta e à inexistência de presilhas de enxertia, usavam-se linhas para fixar o enxerto. Com isso, os produtores abandonaram a cultura do tomateiro e migraram para outros cultivos, em especial para a cultura da pimenta-do-reino. Nas regiões tradicionalmente produtoras de tomate no País, principalmente no Sudeste, a enxertia foi historicamente pouco utilizada, principalmente porque as cultivares desenvolvidas nas últimas décadas tem resistência às principais doenças de solo como a murcha-de-fusário e a murcha-de-verticílio. A murchabacteriana, para a qual não existia cultivares resistentes, era controlada pela rotação de culturas ou plantio em áreas virgens. Com a expansão do cultivo protegido nas regiões Sul e Sudeste, a murcha-bacteriana passou a ser um dos principais problemas do tomateiro, devido à dificuldade de rotação de culturas por questões econômicas, o que ocasionou o cultivo sucessivo do tomateiro e o aumento gradativo da população bacteriana no solo. Na Região Amazônica praticamente todo o tomate consumido é originário de regiões distantes tais como Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, elevando os preços do produto em virtude dos altos custos e das perdas no transporte. O problema principal que limita a produção de tomate na Amazônia é a murcha-bacteriana. O tomate produzido nesta região é resultado de uma agricultura itinerante, na qual os produtores derrubam a mata e cultivam tomateiro somente no primeiro ano porque, do segundo ano em diante, a doença reduz a produção a quase zero e faz com que os agricultores partam para uma nova derrubada. Somente com a adoção da enxertia e com a instalação de viveiros comerciais de mudas este ciclo pode ser rompido. O mercado brasileiro de sementes de hortaliças dispõe de porta-enxertos de tomateiro com múltipla resistência a pragas de solo. A adoção de mudas de tomateiro enxertadas no País está crescendo bastante e em alguns municípios produtores de tomate, tais como Santa Cruz do Rio Pardo (SP), praticamente todos os cultivos em ambiente protegido são conduzidos com mudas enxertadas e, para isto, a disponibilidade de viveiros comerciais contribuiu bastante. (FONTE: José Lindorico de Mendonça / Embrapa Hortaliças).

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EMPRESAS

BIO SOJA LANÇA NOVIDADES ADAMA CONTRATA CASP UNIFICA PRODUÇÃO NO 7º SIMPÓSIO TECNOLOGIA JOHANNES CASTELLANO EM AMPARO (SP) 50

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O Grupo Bio Soja participou com um estande no 7º Simpósio de Tecnologia de Produção de Cana-de-Açúcar, realizado de 15 a 17 de julho, no campus Taquaral da UNIMEP, em Piracicaba (SP) e apresentou dois lançamentos de produtos voltados para adubação de cana-de-açúcar: o Bioenergy Cana® e o NHT Bend Zinco®. No estande da Bio Soja aconteceu ainda demonstrações dos resultados de pesquisas com produtos consagrados em fertilização foliar, como o Bioenergy Cana® e a linha Active®; e adubação de solo, como os produtos da linha NHT®. O simpósio teve por objetivo promover a difusão de tecnologias voltadas para o setor sucroenergético e informações relacionadas à produção e ao manejo do solo de forma eficiente. INF.: www. biosoja.com.br

A Adama (leia-se Adamá), empresa global do setor de agroquímicos, anuncia a chegada de Johannes Castellano para compor o time de executivos da companhia na posição de Diretor de Gestão de Pessoas. Johannes, que participou da fundação da Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A. em 2008 à frente da área de Gestão de Pessoas, teve papel fundamental no crescimento da companhia.Na contramão do atual cenário econômico que atinge o Brasil, reflexo do aumento do desemprego e da desaceleração dos salários, a Adama segue a estratégia de ampliar seu capital humano. Até 2018, a empresa pretende ampliar seu quadro de funcionários em 30% e um dos principais desafios de Johannes será reter e atrair os profissionais mais qualificados do mercado. INF.: www.adama.com/brasil

A CASP, indústrias de máquinas e equipamentos para avicultura, suinocultura e armazenagem de grãos, está ampliando sua capacidade produtiva em 30%. A empresa está unificando suas linhas de produção em Amparo-SP, cidade em que está instalada a sede da companhia. A mudança faz parte do planejamento estratégico adotado pela CASP em 2014. Com a mudança, a empresa, além de aumentar sua capacidade fabril, passa a concentrar suas plantas em uma mesma região. “Esta unificação é fundamental para o aprimoramento de nossos processos produtivos e de nossa capacidade fabril”, explica a Diretora Executiva da CASP, Anelise Marques. A diretora afirma, ainda, que a logística da companhia também será mais eficiente com esta nova conjuntura. INF.: www.casp.com.br

A soja produzida no Brasil responde por quase 50% da área utilizada para o plantio de grãos*. Nos últimos anos, a maior preocupação do sojicultor tornou-se o complexo de lagartas diante das diferentes espécies – como a Helicoverpa epseudoplusia – e de seu impacto na produtividade das lavouras. Empenhada em oferecer a melhor solução, a Dow AgroSciences investiu em tecnologia de ponta para o desenvolvimento de Exalt™ (Espinetoram), que apresenta um mecanismo de ação exclusivo, amplo espectro, agindo rapidamente sobre o complexo de lagartas, o que resulta em economia direta para o produtor. O Exalt™ apresenta maior efeito de choque do que as diamidas, eliminando as lagartas mais rapidamente, aumentando a produtividade do agricultor e proporcionando uma relação custo e benefício mais competitiva. INF.: www. dowagro.com

ERRATA = na edição anterior da Revista Attalea Agronegócios, publicamos uma foto errada do produto Manzate®. O protetor é produzido pela UPL, empresa global de produção, pesquisa e venda de agroquímicos. A empresa esteve presente na HORTITEC 2015, realizada em junho na cidade de Holambra (SP) e apresentou seu portifólio estratégico para controle de pragas, doenças e ervas daninhas presentes nos principais cultivos de hortaliças. O grande destaque foi o Manzate®, um produto líder de mercado de protetores e indispensável para o manejo de fungos. Apresentou, ainda, inseticidas inovadores, como Azamax®, Imida Gold®, Game®, Perito®, BAC Control®, Bruttus®, Superus® e Upmyl®. Na linha de herbicidas, foram divulgados os produtos Tenace® e Glyphotal TR®. INF.: www.uplbrasil.com.br

O combate a dois dos principais problemas das lavouras da região serrana do Rio de Janeiro, a Mosca Branca e a Mosca Minadora foi o foco da FriHorti 2015, que aconteceu em 26 de julho, na cidade de Nova Friburgo (RJ). A IHARA, tradicional fabricante de defensivos agrícolas, com mais de 50 anos de atuação no mercado, participou da feira contribuindo com as tecnologias do seu portfólio para o manejo das pragas na cultura do tomate. “Entre os produtos apresentados estão o Milbeknock® e o Cartap®, que controlam todas as fases (ovo, larvas e adultos) da Mosca Minadora e ainda têm um efeito multipragas”, explica Alessandro Amorim, gerente Comercial Distrital da empresa. “Além desta dupla, foram apresentados o Mospilan® e o Tiger®, mostrando a importância de usar produtos que controlem a fase jovem e adulta da Mosca Branca”, diz. INF.: www.ihara.com.br

DOW AGROSCIENCES LANÇA PROTETOR MANZATE®: IHARA DESTACA PRODUTOS EXALTTM PARA SOJA SOLUÇÃO PARA O CULTIVO NA FRIHORTI 2015


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lima, solo e relevo favoráveis aliados a boas práticas de manejo fazem de São Gotardo (MG) referência no cultivo de hortifruti no Brasil. A história de sucesso teve início em 1973, com o PADAP Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba, que possibilitou a dezenas de famílias tornarem o Cerrado mineiro agricultável. Com destaque na produção de alimentos como cenoura, abacate, alho, cebola, batata, café e cereais, São Gotardo atende a altas exigências de exportação, distribuindo produtos para diversas regiões nacionais e estrangeiras. A produtora Silvia Suzuki Nishikawa, do Grupo TRI ‘S’, é uma das integrantes do programa. Segundo Silvia, o feito se deve, principalmente, à adoção pioneira de tecnologias para conservação, prevenção e manejo nutricional do solo. “Esse é o bem que ele vai deixar para as próximas gerações. Plantar com sustentabilidade, sobretudo utilizando produtos de ponta, faz toda a diferença”, conta. Ao todo, o Padap soma uma área de 60 mil hectares. Em termos de produtor individual, o Grupo TRI ‘S’ possui uma das maiores extensões, com cerca de 4,5 mil hectares. Silvia explica que a produção depende, além de fatores exógenos, do manejo nutricional adequado para cada fase do ciclo das culturas. “Trabalhamos de forma preventiva para a conservação do solo e, por isso, decidimos usar os produtos da Alltech Crop Science. Assim, melhoramos a estrutura microbiológica do solo e conseguimos plantas mais robustas e viçosas, apresentando um diferencial e agregando valor ao produto final”. De acordo com o engenheiro agrônomo Fábio Ferreira, gerente de hortifruti da Alltech Crop Science, a maioria dos

FOTO: Alltech CropScience

Com boas práticas de manejo, hortifruticultores de São Gotardo (MG) se destacam no Cerrado MG

Silvia Suzuki Nishikawa em sua propriedade em São Gotardo (MG)

produtores de São Gotardo (MG) já aderiu à ideia de produzir alimentos de qualidade com o mínimo possível de agrotóxicos. “A cada 100 produtores locais, 95 estão conscientes da necessidade de utilizar produtos naturais e sustentáveis”, observa. O trabalho de assistência técnica da empresa na região começou há oito anos. Na época, problemas com solos biologicamente degradados por uso intensivo ao longo dos anos eram frequentes. “Realizamos um acompanhamento no campo e conseguimos entender as necessidades para melhorar essas questões. Hoje, fazemos visitas semanais às fazendas para escutar o trabalhador rural”.

Dia de Campo Sakata com foco em culturas de inverno

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ntre os dias 4 e 7 de agosto será realizado o Sakata Win Day, um dia de campo inédito, focado em folhosas, maçarias e brássicas, destinadas ao cultivo no período do inverno. O evento acontecerá das 14h às 17h30, na Estação Experimental da empresa de sementes Sakata, localizada em Bragança Paulista (SP). O público estimado é de mais de 1.200 produtores de todo o Brasil, além de distribuidores, profissionais e estudantes da área. “O Win Day é mais uma inovação da Sakata. Com formato diferenciado, o evento visa oferecer uma nova experiência ao visitante, que poderá aprofundar suas discussões com toda a equipe técnica a campo. O objetivo é apresentar ao mercado novas cultivares e tecnologias, além de tendências do segmento e técnicas de manejo atualizadas, com foco específico para hortaliças produzidas no inverno”, salienta Paulo Koch, Diretor de Marketing da Sakata. O evento terá um novo formato, no qual todas as atividades serão realizadas a campo sem formação de grupos,

incluindo a visita aos estandes dos expositores, proporcionando ao visitante liberdade total para percorrer as áreas demonstrativas, de acordo com seu interesse, e assim obter um atendimento mais personalizado.

EXPOSIÇÃO A CAMPO - No campo estarão expostas mais de 60 variedades de 17 espécies hortícolas: alface, brócolis, cenoura, chicória, couve-flor, couve-chinesa, couvemanteiga, repolho, rúcula, abobrinha, agrião, espinafre, salsa, coentro, cebolinha, beterraba e rabanete. O evento contará ainda com a participação de 13 empresas expositoras: Alltech Crop Science, Carolina Soil do Brasil, Dow AgroSciences, DuPont, ElectroPlastic, Forza Fertilizantes, FMC, Guarany, Ihara, Sumitomo Chemical, TMF Fertilizantes, Tropical Estufas e Yara Brasil. As empresas apresentarão produtos, novidades e lançamentos nas áreas de defensivos, equipamentos agrícolas, fertilizantes, substratos, cultivo protegido e sistemas de irrigação.

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