Ed. 107 Outubro 2015

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AGRISHOW 2015

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FOTO DE CAPA

Milharal em ponto de colheita. Foto: Denise Gomes Ludwig

MÁQUINAS PECUÁRIA

IAC e ESALQ indicam variedades de milho silagem para SP

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A silagem de milho é uma fonte de alimento muito utilizada para os rebanhos, principalmente no período seco do ano. Devido ao seu elevado custo de produção é necessário que a produtividade seja elevada visando reduzir o custo por unidade produzida e uma forma de redução no custo final é a escolha de cultivares mais produtivas e com elevado teor nutricional. A partir desta informação, pesquisadores do IAC e da ESALQ/USP realizaram experimentos em Tatuí, Mococa e Votuporanga com 16 cultivares diferentes.

Agritech lança o 1160 turbo, trator de 55cv mais completo

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A Agritech, fabricante dos tratores Yanmar Agritech, lançou o trator 1160 Turbo, com motor Yanmar turbo de 55cv, levante hidráulico com capacidade de até 2.200 kg e completo.

Boas práticas na destinação correta da cama de aviário

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Segundo artigo da Drª Juliana do Amaral Moreira Conforti Vaz, fiscal federal do Ministério da Agricultura, que retrata a importância da destinação correta da cama de aviário na pecuária de corte.

Capetinga e Pedregulho têm os melhores cafés da Alta Mogiana

CAFÉ

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Os melhores cafés da Alta Mogiana são de Capetinga (MG) e de Pedregulho (SP). São os grandes vencedores do 12º Concurso de Qualidade de Café - Seleção Senhor Café, realizado pela COCAPEC.

Semana Internacional do Café estimula o setor

CAFÉ

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e acordo com o IBGE, a safra brasileira de grãos 2015, que teve início no mês passado, será da ordem de 210 milhões de toneladas e terá na soja, milho e arroz os seus principais produtos onde, juntos, representam 91,9% do total. A grande procura internacional pela soja - principalmente pela China e União Européia - reduziu sobremaneira as áreas de plantio de milho, como no Paraná e Mato Grosso. Por outro lado, a produção de silagem para a pecuária leiteira e de corte tem merecido atenção de pesquisadores de vários estados brasileiros. Como no Estado de São Paulo, onde o IAC - Instituto Agronômico de Campinas e a ESALQ - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP - Universidade de São Paulo, realizaram três ensaios com 16 cultivares de milho de várias empresas comerciais. Em um Encontro com Produtores de Leite, realizado pelo EDR-Franca (SP), os resultados desta pesquisa foi apresentado para os mais de 120 participantes, norteando cultivos mais produtivos e com elevado teor nutricional para a produção de silagem. Nesta edição, destaque também para a inauguração da nova sede da LS Arabica, representante LS Tractor na região da Alta Mogiana. Apresentamos, também, os lançamentos da Plantadeira MF 700 CFS, da Massey Ferguson, e do Agritech 1160 Turbo, o trator de 55cv mais completo da categoria. Em artigo exclusivo, o empresário Sami El Jurdi retrata um panorama da agricultura praticada na região de Franca (SP) de 1988 até o presente momento. Na pecuária leiteira, destaque para o novo artigo dos pesquisadores Glayk Humberto Vilela Barbosa e Vânia Mirele Ferreira Carrijo, que abordam a contribuição da raça Gir Leiteiro na formação da raça Girolando e na produção sustentável de leite Na pecuária de corte, mais um artigo da Drª Juliana do Amaral Moreira Conforti, que aborda a importância da destinação correta da cama de aviário, evitando a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “Doença da Vaca Louca”. Na cafeicultura, destaque para os artigo: “Fertilizantes Organominerais na Cultura do Café”, da equipe técnica do Grupo Bio Soja; e tudo que aconteceu na Semana Internacional do Café, realizada em Belo Horizonte (MG). Além disto, destaque para Maurivan Rodrigues (cafeicultor de Pedregulho/SP) e José Cleubes Custódio da Silva (cafeicultor de Capetinga/MG) são os grandes vencedores do 12º Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café, realizado pela COCAPEC. Na horticultura, destaque para a Produção Integrada de Pimentão no Núcleo de Taquara, no Distrito Federal e o trabalho de pesquisa do INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa Agropecuária visando o melhoramento genético na Batata-Baroa. Abraços a todos. Boa leitura!!!

HORTALIÇAS

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Pesquisa em SP apresenta cultivares ideais para silagem

DESTAQUE: MILHO SILAGEM

EDITORIAL

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Evento reuniu cafeicultores, torrefadores, classificadores, exportadores, compradores, fornecedores, empresários, baristas, proprietários de cafeterias e apreciadores de todo o mundo.

Pesquisa com batata-baroa na região serrana do ES

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Com o objetivo de melhorar o desempenho agronômico da Mandioquinha-Salsa (batata-baroa) na região serrana do Espírito Santo, o INCAPER iniciou pesquisa com melhoramento genético.


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contatos

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JOÃO PAULO CARRIJO Produtor Rural - Franca (SP). “Solicito alteração no meu endereço para continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”. RICARDO ALVES VIEIRA (ricardoalvesvieira@yahoo.com.br) Engenheiro Agrônomo - Igarapava (SP). “Sou Assistente Agropecuário da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. RENAN VITOR NASCIMENTO SOUZA (renanvitor96@hotmail.com) Acadêmico em Engenharia Agrícola Cascavel (PR). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ÉVERNON ERALDO SANTINON (laticinio@hotmail.com) Proprietário de Laticínio - Avaré (SP). “Gostaria de receber mensalmente a Revista Attalea Agronegócios”. AMAURY CANDIDO RODRIGUES (rocary@hotmail.com) Pecuarista - Lavras (MG). “Trabalho com recria de gado de corte. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CLÁUDIO ANDRÉ DOS PASSOS (passos.c.a@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - Muzambinho (MG). “Atuo na área ambiental e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. CLEBER JUNIOR YABUSHITA (clebinho_japa@hotmail.com) Estudante de Agronegócios - Planalto (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

JEFERSON ELGUY (jeferson@cccorrentes.com.br) Empresário - Gravataí (RS). “Fabricamos correntes industriais e atendemos todo o Brasil nas principais empresas do agronegócio. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. EURIPEDES DA SILVA (euripedesilva23@yahoo.com) Técnico em Cafeicultura - Patrocínio Paulista (SP). “Gostaria de fazer o meu cadastro e passar a receber a Revista Attalea Agronegócios”. DEYVID WILKER DE PAULA (deyvidwp@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo e Cafeicultor Cristais (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOÃO MARCOS GUIGUER JARDIM (zecajardim@usp.br) Pesquisador - Pirassununga (SP). “Trabalho com maquinários agrícolas e desenvolvimento de solo fértil para a produção de cana de açúcar. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. GILNEI CRISTIANO HOFFSTAEDTER (gvhoffs@yahoo.com.br) Técnico em Agropecuária - Paracatu (MG). “Presto serviços nas áreas mais diversas do setor e em propriedades de diferentes portes. As principais culturas que atendo são: café, cana de açúcar, soja, milho, feijão, pastagens e produção de leite/carne. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. DAVID CINTRA (davidcintra@gmail.com) Tecnólogo em Agronegócios - Aparecida de Goiânia (GO). “Trabalho em granja, abatedouro de frangos e fábrica de ração. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

EURIPEDES NOCERA JUNIOR (juniornocera@yahoo.com.br) Representante Comercial - Franca (SP). “Atuo na área de ruminantes. Trabalho para a empresa Vaccinar Ind. e Com. Ltda, de Belo Horizonte (MG), especializada na produção de sal mineral, ração para suínos, frangos e pets. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. DIEGO HENRIQUE FERREIRA CELESTINO (administrativo2@ocoffee.com.br) Administrativo - Pedregulho (SP). “Trabalho no controle agrícola e pecuário da empresa O’Coffee e Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ALEXA MORAES SILVA (alexa.moraes@hotmail.com) Estudante - Matão (SP). “Faço o curso de Tecnologia em Agronegócio pela FATEC de Taquaritinga/SP e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. SILVANO MARQUES (silvanomarques@globomail.com) Estudante - Matão (SP). “Faço o curso de Tecnologia em Agronegócio pela FATEC de Taquaritinga/SP e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. LAIS CRISTINA CORNÉLIO (laisagronomia2015@outlook.com) Agricultora - Três Pontas (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MARCELO DE S. VIANA (marceloviana@bol.com.br) Produtor Rural - Rifaina (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”. ANTONIO GABRIEL NUNES (agabrieln@yahoo.com.br) Cafeicultor - Batatais (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea”.


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MÁQUINAS

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Massey Ferguson, sinônimo de pioneirismo e modernidade na fabricação de máquinas agrícolas, lançou na 38ª EXPOINTER, realizada no início de setembro, em Esteio (RS), a nova plantadeira MF 700 CFS. Com caixa central de sementes, maior capacidade de adubo, maior autonomia de plantio, monitoramento de plantio, taxa variável e ampla gama de opcionais, o equipamento chega para conquistar os produtores rurais que buscam eficiência operacional, tecnologia e produtividade. Disponível em versões de 11 até 30 linhas, a nova série pode ser configurada com opções de linhas de semente mecânicas ou pneumáticas, além do sistema taxa variável para fertilizantes e sementes. Com ampla gama de opcionais, a nova plantadeira da Massey Ferguson é a melhor opção para diferentes condições de solo, culturas e regiões, e ideal para quem busca rendimento da semeadura, plantando mais hectares por hora, já que seu sistema CFS (Central Fill System) equipa a máquina com um reservatório único para colocação de sementes com capacidadde 1450 litros, reduzindo o tempo de parada para alimentação do conjunto. “Apresentamos pela primeira vez a nova plantadeira MF 700 CFS numa região ávida por novidades. Com a chegada do novo equipamento e produção prevista para o início de 2016, a Massey Ferguson oferecerá soluções embarcadas com a mais alta tecnologia aos produtores da região, além de agregar ao portfólio já consagrado da Massey Ferguson, mais esta família que vem a completar a gama de produtos e soluções ao agricultor rural.. Temos certeza que irá conquistar o mercado”, Diego Funghetti Pezzini, gerente de produto, implementos e pulverização da AGCO América do Sul. Na EXPOINTER, a Massey Ferguson apresentou ainda o sistema pantográfico nas linhas de fertilização, de semente e no disco de corte, que possibilitam maior capacidade de corte e desempenho nas mais diversas condições de solo e culturas. Além disso, a taxa variável, solução encontrada na MF 700 CFS, também estará disponível como opção a agricultores que estão envoltos à agricultura de precisão. Este sistema permite o controle da dosagem de sementes e fertilizantes durante o plantio, explorando ao máximo a poten-

FOTO: Divulgação Massey Ferguson

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MF 700 CFS: plantadeira para quem busca produtividade e eficiência operacional

A plantadeira MF-700 CFS, lançamento da Massey Ferguson.

cialidade do solo e reduzindo os custos do operador. A SÉRIE MF 500 S - A Série S da Massey Ferguson é caracterizada por equipamentos destinados aos agricultores que não realizam adubação ou optam por fazê-la a lanço e realizam o plantio das sementes sem aplicação do fertilizante na linha. Entre os diversos benefícios apresentados, destaque para a grande capacidade dos reservatórios de sementes, três opções para disco de corte, opcional de montagem com rompedores de solo e linha de plantio pantográfica com dosadores pneumáticos. Juntos, tais itens garantem versatilidade no uso, adequação ao solo e também ao método de plantio utilizado pelo agricultor. Os rompedores de solo quebram a camada compactada do terreno, permitindo o melhor desenvolvimento das raízes das plantas que, consequentemente, alcançam zonas mais profundas e ficam mais tolerante a períodos secos. Os discos de corte e os rompedores são montados de forma desencontrada e garantem o melhor corte da palha, evitando paradas por conta do acumulo de resteva. Além disso, a MF 500 S foi desenvolvida com um chassi monobloco que proporciona mais resistência aos esforços gerados pelas mais diversas condições de solo. O reservatório de sementes é elevado e de grande volume, facilitando o abastecimento de sementes por big-bag e garantindo um excelente escoamento para as linhas.


MÁQUINAS

Agritech lança o 1160 turbo, o trator de 55cv mais completo da categoria

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FOTO: Divulgação Agritech

Agritech, fabricante dos tratores Yanmar Agritech, apresentou para concessionários de todo Brasil no começo de setembro, em Indaiatuba (SP), o mais recente lançamento da marca: o trator 1160 Turbo, com motor Yanmar turbo de 55 cv, levante hidráulico com capacidade de até 2.200 kg, além de ser o mais completo da categoria. O evento reuniu concessionários Agritech de diversos estados brasileiros e autoridades de Indaiatuba, onde a empresa esta sediada, como o prefeito Reinaldo Nogueira, que falou sobre a importância de ter a empresa na cidade. “É uma referência, pois sempre falamos da Agritech como uma das grandes empresas que estão em nossa cidade”. O presidente da Agritech, Hugo Zattera, destacou a força e o empenho da companhia, que mesmo em um momento de crise continua realizando lançamentos e atendendo sua rede de concessionários. “Não podemos aderir a crise, a Agritech sempre trabalhou e continua trabalhando no desenvolvimento de produtos e em novas versões, buscando atender da melhor maneira o mercado consumidor”, comentou. O presidente da companhia também destacou a importância do lançamento. “Este trator vem para preencher uma lacuna do mercado. É um trator que agrega uma série de avanços que outros modelos da mesma faixa de potência da concorrência não possuem”, finaliza Zattera. MODELO 1160 TURBO - O trator 1160 Turbo é um modelo multifuncional capaz de suprir as necessidades dos produtores que possuem diversidade de produção. “É um trator que oferece soluções que antes somente modelos de maior porte e potência poderiam oferecer”, afirma o Gerente do Departamento de Vendas da Agritech, Nelson Watanabe. “Antes era comum as propriedades terem como base de seu negócio uma única cultura. Hoje a realidade é outra, as propriedades estão diversificando suas produções, os agricultores plantam milho e produzem leite ou engordam frango e plantam soja, por exemplo. Diante deste cenário buscamos desenvolver uma máquina que atendesse esta nova necessidade”, completa Watanabe. O lançamento possui os câmbios principal e secundário sincronizados, tomada de força econômica, tomada de força proporcional, tomada de força independente, direção hidrostática, freio em banho de óleo com acionamento hidráulico, reversor 12x12 além de ser plataformado. “É um trator moderno, que está em um novo patamar de sofisticação e tecno-

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logia. Nenhum modelo hoje no mercado traz tantos itens de série como o 1160 Turbo”, conclui Watanabe.


MÁQUINAS

N

o último dia 10 de setembro, o Sr. James Yoo, presidente da LS Tractor do Brasil e o empresário Fernando das Neves Jurdi inauguraram o novo prédio da LS Arabica na cidade de Franca (SP), unidade que atenderá toda a região da Alta Mogiana. O evento contou com a presença de mais de 150 convidados, entre agricultores e representantes de empresas parceiras. A revenda pertence aos irmãos Fernando e Liliana Jurdi, filhos de Sami El Jurdi, diretor da Sami Máquinas, revenda autorizada Yanmar-Agritech em Franca e região. Segundo Fernando Jurdi, o sonho iniciou em outubro de 2012, com a visita à Coreia do Sul, para conhecer a LS Mtron. “A LS Mtron é uma potência na Coreia do Sul e faz parte do conglomerado empresarial que abriga também a gigante LG, mundialmente conhecida. Juntas, as empresas do grupo formam o terceiro maior faturamento do pais. Somente para a Ásia são fabricados 50 mil unidades de tratores por ano”, disse. Com o sucesso da viagem, rapidamente foi formalizada a parceria entre as empresas. “E foi com a proposta de trazer uma nova tecnologia aos nossos clientes, aliando ao padrão de excelência em pós-vendas, decidimos fundar a Arabica já em maio de 2013”, afirmou Fernando. A revenda conta atualmente com o seguinte quadro funcional: Laércio José Justo (Gerente Geral), Alexandre Hermógenes dos Santos (Gerente de Vendas), Robson (Vendedor SP 1), Enzo (Vendedor SP 2), Rodrigo (Vendedor MG 1), Lucas (Vendedor MG 2), Rick (Pós-Vendas peças e oficina), Ricardo (Assistência Técnica), Valdinei (Assistência Técnica), Selma (Limpeza e Conservação). Como forma de confiança no mercado, Fernando Jurdi antecipou que a Arabica pretende ampliar seus negócios em novos mercados e culturas e já planeja a instalação de uma filial em São Sebastião do Paraíso (MG) em 2016.

Sami El Jurdi, líder da familia Jurdi, discursa.

FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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Presidente da LS Tractor do Brasil inaugura novo prédio da LS Arabica em Franca (SP)

Sede da LS Arabica em Franca (SP)

Sami El Jurdi com a equipe do Grupo KO: Paulo, Ronaldo (presidente), Luiz Otávio, Sérgio e Edmur.

Alessandro Pontes (Mercon Brasil, de Varginha/MG), Antônio Lucio (Concessionário Terra Café, de Três Pontas/MG) e Marcos Brandão Teixeira (Mercon Brasil, de Varginha/MG).


FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

MÁQUINAS

André Rorato, diretor comercial da LS Tractor.

Sami El Jurdi com James Yoo, presidente da LS Tractor do Brasil.

Sami El Jurdi com José Carlos Rodrigues e Nerlei Almeida, do Banco DLL.

Atayde Nunes da Silva Junior e Armando Carlos Maran, do Grupo Jacto.

James Yoo, presidente da LS Tractor do Brasil.

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ARTIGO

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A MECANIZAÇÃO DA CAFEICULTURA NA REGIÃO DE FRANCA (SP) Sami El Jurdi - Diretor da Sami Máquinas, concessionária

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Yanmar Agritech em Franca (SP), Ribeirão Preto (SP) e São Sebastião do Paraíso (MG). [ www.samimaquinas.com.br ]

hegamos a Franca em 1988, de mudança, vindos de São Paulo (SP), eu e minha esposa Elaine, trazendo conosco nossos filhos Liliana (com 5 anos) e Fernando (com 6 meses). Muitas idéias e quase nenhum dinheiro no bolso. Aqui iniciamos um trabalho árduo e sério, implantando um novo conceito de atendimento com base nas necessidades dos clientes e não na venda pura e simples. Como engenheiro agrícola, ia nas propriedades, estudava as melhores alternativas, dava particularmente uma consultoria em mecanização visando a eficiência com redução de custos. A venda era uma consequência de tudo isso, transmitindo confiança e comprometimento com sua necessidade. Sempre havia uma condição especial, um preço melhor, um prazo que atendesse seu fluxo de caixa, uma entrega mais rápida, uma assistência técnica eficiente. Enfim, viemos fazer um trabalho diferente! E como era o setor cafeeiro em Franca em 1988, principal cultura da nossa região?

FOTO: Arquivo Pessoal - Sami El Jurdi

1988 – preço médio da saca de café US$ 70,00. • Havia 5 marcas de tratores com concessionária em Franca das marcas: CBT, Valmet, Ford, Agrale e Massey Ferguson. Chegamos com a sexta marca: a Yanmar. • Quando a crise do café “bateu mais forte”, só sobraram aqui duas lojas: a Massey Ferguson e a Yanmar. Todas as outras fecharam as portas e deixaram a cidade. • Nesta época, o cafeicultor tinha que comprar o que

tivesse no mercado e adaptar às suas necessidades. Os poucos modelos de tratores ditos cafeeiros ainda eram largos. As roçadeiras disponíveis eram as de uso geral. As adubadeiras boas eram as pendulares!! Tudo muito rudimentar... • Os cafés nesta época eram tudo “bica”. Não se falava ainda em café gourmet, em delimitação geográfica, em certificado de origem. Em agregar valor à commodity!!! • Nesta época havia o IBC - Instituto Brasileiro do Café, que servia de referência para o balizamento de preços e mercados. • Pouquíssimas lavouras tinham sua colheita mecanizada. Máquinas para colher eram tabu e só para produtores grandes de “milhão de pés para cima” e com algum arrojo e visão. • A colheita era em sua grande maioria manual, com a importação dos “mineiros” no norte do estado de Minas Gerais e também da Bahia. • Nesta época, só a Jacto (pioneira na colheita mecanizada de café no mundo) fabricava máquinas para colher mecanicamente o café. Somente após 17 anos de sua produção em escala comercial atingiu a marca de mil máquinas fabricadas. • Tratores 4x4 somente os grandes! Não existiam tratores de pequeno porte nesta versão e a Yanmar foi a pioneira no Brasil. 1995 – preço médio da saca de café US$ 170,00 • O nicho “café” foi descoberto pela indústria de tratores, máquinas e implementos agrícolas, que passaram a desenvolver equipamentos apropriados e a brigar por este mercado. • O cafeicultor estava cada vez mais exigente, sentindo a pujança de sua atividade e a necessidade de reduzir custos de sua produção. • A partir desta demanda e da atenção de muitas fábricas neste segmento agrícola, começaram a aparecer tratores mais leves, econômicos e estreitos, possibilitando o plantio de mais plantas por hectare, melhorando a produtividade; roçadeiras específicas para o manejo do mato, que deixou de ser visto como erva daninha; adubadeiras de precisão; máquinas de poda lateral; novas fábricas e modelos de colhedeiras de café; atomizadores mais eficientes com bicos específicos para cada aplicação; e as primeiras recolhedoras de café de varrição. • A indústria de defensivos também se empenhou


FOTOS: Arquivo Pessoal - Sami El Jurdi

ARTIGO

Tratores Yanmar em exposição na Expoagro, em Franca (SP)

na entrega de produtos mais eficientes no combate de pragas e doenças, como o bicho mineiro e a ferrugem. • A mão de obra começava a se tornar escassa e problemática, com a concorrência com outras culturas, principalmente a da cana-de-açúcar, que entrou firme em nossa região por conta da crise do café do início dos anos 90. • O IBC já não existia mais e os produtores tiveram que “se virar” para conquistar mercados. As cooperativas se fortaleceram. Os cafés especiais começaram aparecer. Áreas de denominação de origem foram registradas. Campanhas de marketing começavam a ser implementadas (nos moldes da Colômbia), para a conquista de novos mercados no exterior para o café do Brasil. • Embora pequeno, se comparado com culturas brancas como soja e milho e também com a cana-de-açúcar, o café se fortalecia como um mercado firme, intenso e promissor, ávido por nova tecnologias, preocupado com a utilização intensa de mão de obra e obstinado na procura incansável pela redução de custos e aumento da produtividade. Enfim, um mercado cativo e comprador! • Daí pra frente ninguém segurou a indústria de tecnologia! Atualmente – preço médio da saca de café US$ 125,00 • Tratores de 20 a 80 CV são oferecidos por diversas fábricas, nas versões estreitos e cafeeiros, específicos para o

Sami El Jurdi e Shunji Nishimura, fundador da Jacto.

mercado. • Hoje, o município de Franca (SP) conta com 8 concessionários de tratores (LS Tractor, Yanmar-Agritech, Massey Ferguson, New Holland, John Deere, Agrale, Valtra e CaseIH), todos com produtos voltados ao segmento e cada um com sua característica e apelo comercial. • As máquinas se modernizaram cada vez mais. A eletrônica foi embarcada nos produtos. As colhedeiras de café podem ser gerenciadas por satélite e medir a produtividade instantânea. As adubadeiras são de alta precisão e algumas de taxa de aplicação variável. Recolhedoras de café do chão modernas, leves e de alto desempenho. • A mão-de-obra se tornou proibitiva, com o acirramento das leis trabalhistas e as exigências advindas da NR31. Com isso, os poucos trabalhos que são exigidos em mãode-obra são realizados com os efetivos das fazendas. • Hoje, somente em nossa região, existem mais de 5 centenas de colhedeiras de café. Como diretor da Sami Máquinas e representante exclusivo da Yanmar Agritech nas regiões de Franca (SP) e de São Sebastião do Paraíso (MG), bem como representante de várias marcas de máquinas e implementos agrícolas (colhedeiras, pulverizadores, roçadeiras, etc.), gostaria de ressaltar que, nestes quase 30 anos de trabalho na Alta Mogiana, considero que a transformação que agricultura da região sofreu nos últimos anos foi positiva e que se deve, basicamente, pela força e capacidade do nosso agricultor. E o que teremos para os próximos 20 anos? Que história estaremos contando aqui, se estivermos vivos até lá? Com certeza uma história de mais progresso, com máquinas operadas via satélite, por computadores, com robôs de última geração, trabalhando 24 horas por dia.... Vamos esperar para ver? Agradeço imensamente as pessoas que me ajudaram a escrever a história que acabei de contar: amigos, fornecedores, clientes, funcionários, minha família Vocês fazem parte deste sucesso!!!

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GRÃOS

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Produção de milho silagem na safra 2014/2015 no Estado de São Paulo Solidete de Fátima Paziani1, Aildson Pereira Duarte2 e Luiz Gustavo Nussio3

A

Abastecimento do Estado de São Paulo, em parceria com USP/ESALQ e empresas de sementes de milho, realiza pesquisas avaliando cultivares de milho para silagem. Este trabalho é realizado com o objetivo de identificar as cultivares mais adaptadas à produção de forragem para ensilagem, em diversas localidades do Estado de São Paulo. Na safra 2014/15 foram avaliadas 16 cultivares de milho em Mococa, Tatuí e Votuporanga (Tabela 1). Os ensaios de milho foram semeados entre 11 e 24 de novembro de 2014 (Tabela 2). Na safra 2014/2015 a produtividade média de milho, em matéria seca (MS) por hectare foi de 16,7 t/ha em Mococa, 20,8 t/ha em Tatuí e 11,9 t/ha em Votuporanga, salientando o fato de que em Votuporanga a produtividade

silagem de milho é uma fonte de alimento muito utilizada para os rebanhos, principalmente no período seco do ano. Devido ao seu elevado custo de produção é necessário que a produtividade seja elevada visando reduzir o custo por unidade produzida (tonelada de massa seca ou verde) e uma forma de redução no custo final é a escolha de cultivares mais produtivas e com elevado valor nutricional. Esta escolha deve ser feita com base nas informações obtidas regionalmente, devido à existência de interações entre cultivares e o ambiente, à medida que variam as condições Tabela2 - Caracterização dos experimentos de milho para silagem na safra 2014/15 de clima e do solo. Semeadura População Final Colheita/Silagem PRODUTIVIDADE ENSILAGEM Ciclo Médio A Agência Paulista de Local (Mat.Seca) (Grãos) (dias*) (pl/ha) (data) (data) Tecnologia dos Agronegó----------------- kg/ha ---------------12/11/14 103 Tatuí 12/11/14 56.230 20.862 6.889 cios (APTA), por meio dos 24/11/14 101 Mococa 24/11/14 61.387 16.701 6.584 Polos Regionais e do Insti11/11/14 93 Votuporanga 11/11/14 60.506 11.947 5.137 tuto Agronômico (IAC), da * dias da semeadura à colheita. Secretaria de Agricultura e Tabela 1 - Cultivares de milho avaliadas na safra 2014/2015 Tabela 3 - Produção de matéria seca por local, valores médios Agroceres

AG 1051

HD

Densidade do Grão (grãos boiantes %) 64,8

Biomatrix

BM 3063 PRO2

HS

33,9

BM 3066 PRO2

HS

35,4

V

37,1

Empresa

Cultivar

Tipo)

CATI

AL Piratininga

Criagene

CR 808

HS

21,8

Dekalb

DKB 340 PRO

HS

28,4

Dow

2B688 PW

HT

39,9

2B610PW

HS

27,4

IAC 8046

HSs

22,5

IAC 8390

HSs

22,5

IAC J.Men

JM 3M51

HT

19,0

Morgan

MG 652 PW

HS

21,0

Nidera

NS 92 PRO

HS

19,3

NS 90 PRO2

HS

26,9

30S31 YH

HS

23,1

P 3862 YH

HS

38,8

Pioneer

(1) - HS = Híbrido Simples. HT = Híbrido Triplo. HD = Híbrido Duplo. HSs = Híbrido Simples de Sintético. V = Variedade.

AUTORES

1 - Polo Regional APTA Centro Norte, Pindorama (SP). Email: solidete@ apta.sp.gov.br 2 - Pesquisador IAC, Campinas (SP). 3 - USP/ESALQ, Piracicaba (SP).

de altura de plantas e ciclo até a colheita em cultivares de milho avaliadas no estado de São Paulo na safra 2014/15 Cultivar BM 3066 PRO2

Produção de Matéria Seca Altura Média Ciclo2 Mococa Tatuí Votuporanga de Planta (dias) ------------------- kg/ha -----------------(cm) 109 229 17.764 23.877

DKB 340 PRO

17.497

23.447

10.523

214

104

NS 1590 PRO2

17.778

22.831

12.557

204

104

BM 3063 PRO2

16.681

22.811

-

235

102

NS 92 PRO

18.447

20.041

14.464

211

103

MG 652 HX

16.889

21.153

12.505

196

101

30S31 YH

18.320

19.671

12.369

210

100

IAC 8390

15.453

21.106

10.918

213

103

JM 3M51

16.523

19.838

11.481

212

97

2B688 PW

16.687

19.573

12.939

211

96

IAC 8046

15.645

20.434

8.690

201

103

CR 808

16.703

19.304

11.896

207

96

AG 1051

16.266

19.597

13.852

218

104

2B610 PW

16.391

19.401

12.001

202

99

AL Piratininga

14.611

20.866

12.187

215

104

P 3862 YH

15.564

19.841

10.876

223

97

Média

16.701

20.862

11.947

213

99

7,0

7,7

11,8

-

-

2.991

4.092

3.563

-

-

cv (%) 1 dms (Tukey a 5%)

(1) - cv = coeficiente de variação; dms = diferença mínima significativa (2) - número de dias da semeadura à colheita para silagem


GRÃOS Tabela 5 - Valor Nutritivo do colmo de milho no Estado de São Paulo (Tatuí e Mococa), na safra 2014/15

Tabela 4 - Valor Nutritivo da planta de milho no Estado de São Paulo (Tatuí e Mococa), na safra 2014/15 Cultivar AG 1051

Proteína bruta (%) 8,1

Fibra em detergente neutro (%) 52,6

Digestibilidade in vitro da Mat.Seca (%) 62,1

Cultivar P 3862 YH

Proteína bruta (%) 4,9

Fibra em detergente neutro (%) 63,8

Digestibilidade in vitro da Mat.Seca (%) 51,0

MG 652HX

9,2

49,8

62,0

IAC 8046

4,8

63,1

48,5

NS 1590 PRO2

8,4

52,5

61,8

DKB 340 PRO

4,5

63,3

48,4

P 3862 YH

8,4

54,3

61,6

IAC 8390

4,9

60,6

48,0

30S31 YH

8,1

53,1

61,3

30S31 YH

4,2

64,7

46,5

NS 92PRO

7,5

55,4

61,3

BM 3066 PRO2

4,3

63,3

45,8

IAC 8046

8,2

50,5

61,2

MG 652 HX

4,7

63,0

45,7

IAC 8390

8,3

51,3

60,7

2B 610 PW

4,9

65,6

45,4

DKB 340 PRO

8,0

51,9

60,4

AG 1051

4,6

69,7

45,3

BM 3063 PRO2

8,1

55,7

60,4

AL Piratininga

5,1

63,0

45,2

2B 610 PW

8,5

52,1

59,6

NS 92 PRO

4,4

69,8

44,9

JM 3M51

8,3

56,4

59,3

JM 3M51

4,3

69,3

44,3

BM 3066 PRO2

7,9

53,4

59,1

NS 1590 PRO2

4,4

67,0

44,1

CR 808

7,5

55,1

59,1

CR 808

3,9

69,4

43,9

AL Piratininga

8,2

54,0

58,5

BM 3063 PRO2

4,3

70,8

43,6

2B 688 PW

8,1

54,8

57,9

2B 688 PW

4,5

69,3

42,9

Média

8,2

53,3

60,4

Média

4,5

66,0

45,8

12,3

5,4

7,4

cv (%) 1

21,6

9,3

12,0

1,8

5,1

7,8

dms (Tukey a 5%)

1,7

10,7

9,6

cv (%) 1 dms (Tukey a 5%)

OUT/2015

(1) - cv = coeficiente de variação; dms = diferença mínima significativa

(1) - cv = coeficiente de variação; dms = diferença mínima significativa

foi muito afetada pela seca e pelos ventos fortes que provocaram acamamento e quebramento (Tabela 3). Nas Tabelas 4 e 5 são apresentados dados de valor nutritivo de plantas inteiras e de colmo de milho, respectivamente. Ao comparar estas tabelas, verifica-se que o colmo apresenta menor teor de proteína bruta (4,5 x 8,2%) e maior teor de fibra em detergente neutro (66,0 x 53,3%), resultando em menor digestibilidade do colmo em relação à planta toda (45,8 x 60,4%). Além da digestibilidade do colmo, outro fator que afeta a digestibilidade da planta inteira é a presença de grãos, daí ser desejável que plantas destinadas à ensilagem sejam também boas produtoras de grãos. Na escolha das cultivares para silagem devem-se considerar os fatores produtividade (quantidade) e valor nutritivo (qualidade). Por este motivo, na Tabela 6 são apresentados dados de produtividade de matéria seca digestível por hectare, que é o resultado da multiplicação da produtividade de matéria seca pela digestibilidade

15

Tabela 6 - Produção de matéria seca digestível de milho (kg/ha) na safra 2014/15 MOCOCA cultivar

kg/ha

TATUÍ cultivar

kg/ha

VOTUPORANGA kg/ha cultivar

NS 92 PRO

12.035

DKB 340 PRO

13.502

NS 92 PRO

8.696

30S31 YH

11.770

NS 1590 PRO2

13.443

AG 1051

8.092

NS 1590 PRO2

11.545

BM 3066 PRO2

13.294

30S31 YH

7.449

BM 3066 PRO2

11.091

BM 3063 PRO2

12.863

2B 688 PW

7.396

DKB 340 PRO

11.087

MG 652 HX

12.506

MG 652 HX

7.293

MG 652 HX

10.978

IAC 8390

12.113

NS 1590 PRO2

7.247

BM 3063 PRO2

10.747

IAC 8046

11.995

CR 808

7.056

CR 808

10.694

AL Piratininga

11.621

2B 610 PW

6.506

AG 1051

10.600

AG 1051

11.609

AL Piratininga

6.335

P 3862 YH

10.456

JM 3M51

11.504

JM 3M51

6.305

2B 610 PW

10.397

NS 92 PRO

11.502

IAC 8390

6.031

2B 688 PW

10.177

30S31 YH

11.493

P 3862 YH

5.951

JM 3M 51

10.075

P 3862 YH

11.131

DKB 340 PRO

5.580

IAC 8046

9.959

2B 610 PW

10.791

IAC 8046

4.841

IAC 8390

9.891

2B 688 PW

10.702

BM 3063 PRO2

AL Piratininga

8.975

CR 808

10.457

BM 3066 PRO2

Média

11.908

Média

10.655

Média

9,0

cv (%) 1 dms (Tukey a 5%)

2.454

cv (%) 1 dms (Tukey a 5%)

9,1 2.785

cv (%) 1 dms (Tukey a 5%)

6.770 14,0 2.400

(1) - cv = coeficiente de variação; dms = diferença mínima significativa

de MS da respectiva cultivar. Como nem sempre a cultivar mais produtiva é a de melhor digestibilidade ou a mais digestível é a mais produtiva, faz-se esta associação entre produtividade e qualidade para ranquear as cultivares que melhor associam estas duas características. Observa-se ainda que as cultivares tiveram variação na produtividade conforme a localidade, comprovando a interação com o ambiente. Como exemplo, em Mococa e Tatuí, com semelhantes condições de altitude, as cultivares NS 92 PRO e 30S31 YH estiveram dentre as mais produtivas

em Mococa e ficaram num ranqueamento inferior em Tatuí. Já as cultivares AL Piratininga, IAC 8390 e IAC 8046, que estavam numa posição intermediária em Tatuí, estiveram dentre as menos produtivas em Mococa. Para a escolha da cultivar de acordo com o desempenho em cada local ou região no estado de São Paulo, sugerese consultar também os resultados dos anos anteriores para verificar possíveis interações entre cultivares e ambiente, devido principalmente à variação das condições climáticas. Mais informações: www.zeamays.com.br


GRÃOS

C

om a participação de cerca de 120 participantes, entre produtores de leite, agrônomos, médicos veterinários e pesquisadores, foi realizada em setembro, no EDR- Escritório de Desenvolvimento Rural de Franca (SP), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, um Encontro de Produtores de Leite. O evento foi organizado pela APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral e pela ESALQ/USP - Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz. O evento contou com palestras de Luiz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ/USP; de João Luiz Pratti Daniel, médico veterinário do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP; e de Greiciele de Morais, zootecnista e doutoranda em Ciência Animal e Pastagens, pela ESALQ/USP. O tema principal abordado pela equipe de pesquisadores foi “Resultados dos Ensaios de Cultivares de Milho para Silagem no Estado de São Paulo” e de “Ensilagem de Grãos Umidos - Vantagens e Especificações Técnicas”. Com o evento, produtores de leite e profissionais da região poderão indicar e utilizar as cultivares mais adequadas para a produção de uma silagem de qualidade.

FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

16

OUT/2015

Pesquisadores da APTA realizam Encontro de Produtores de Leite na CATI EDR-Franca (SP)

Joel Leal Ribeiro (Assistente Técnico do EDR-Franca), Aildson Pereira Duarte (IAC), João Luiz Pratti Daniel (Esalq), Solidete de Fátima Paziani (APTA), Luiz Gustavo Nussio (diretor da Esalq/ USP) e Greiciele de Morais (Esalq/USP).

O diretor da Esalq/USP, Dr. Luiz Gustavo Nussio.

João Luiz Pratti Daniel, médico veterinário do Departamento de Zootecnia da Esalq/USP, de Piracicab a (SP)

Produtores de leite e profissionais do setor prestigiaram as palestras.


GRÃOS

Adubação a Lanço versus na Linha, na cultura da soja André Luiz Paludo¹

A

agricultura brasileira vem apresentando importantes avanços na última década. O setor agrícola foi o maior responsável pelo crescimento da economia, representando em 2014 mais de 22% do Produto Interno Bruto do país. O avanço tecnológico em diversas áreas do sistema produtivo tem sido importante para este resultado. Devido às características dos solos brasileiros, verificou-se grande responsividade na fertilização fosfatada para produtividade de grãos, de maneira que, sua utilização tornou-se essencial. A soja absorve cerca de 8,4 kg de fósforo (P) para cada tonelada de grãos produzida, sendo a cultura mais exigente em relação ao trigo e milho (MALAVOLTA, 1980). O surgimento do Sistema de Semeadura Direta (SSD) no início da década de 70 revolucionou o sistema produtivo. Atualmente, estima-se que 70% das áreas cultivadas com soja e milho no Brasil estejam sob este manejo conservacionista de solo (EMBRAPA, 2012). O SSD proporcionou grandes melhorias na qualidade física, química e biológica do solo, auxiliando na redução de perdas de nutrientes, perdas de solo por erosão, acúmulo de matéria orgânica e acúmulo na retenção e preservação da água no solo (CIOTTA et al., 2002; COSTA et al., 2003). Porém, devido ao não revolvimento e dinâmica dos nutrientes no sistema verificou-se um aumento das concentrações nutricionais na superfície do solo, principalmente de P (ELTZ et al., 1989; AMADO et al., 2006). Com o crescimento exponencial da safrinha em todas as regiões do Brasil, observou-se a necessidade de melhorar o sistema operacional, visando obter uma maior e melhor janela de semeadura – isto muito fundamentado em dados de pesquisas, como por exemplo, resultados obtidos pela DuPont Pioneer, que em 2013 constatou que a cada dia de atraso no plantio da safrinha, deixa-se de produzir mais de 18 kg de

AUTOR

1 - Coordenador de Agronomia da DuPont Pioneer. www.pioneersementes.com.br.

17

OUT/2015

milho/ha. Com o surgimento da agricultura de precisão e sua popularização entre os agricultores, intensificou-se a aplicação superficial, a qual contribuiria para aquele processo. O manejo da fertilização é outro fator impactante, capaz de interferir diretamente nas reações que ocorrem entre o fertilizante e o solo, e a consequente disponibilidade dos minerais para as plantas (CERETTA & FRIES, 1997). Desta forma, o modo de aplicação poderia alterar a velocidade e a capacidade do fertilizante em reagir no solo, como consequente solubilização e disponibilização de P na solução do solo, determinando o grau de eficiência da adubação fosfatada (BREVILIERI, 2012). Dentre as formas de distribuição de fertilizantes, as que se destacam são a adubação de semeadura e a adubação a lanço antecipada. A primeira consiste na aplicação de fertilizantes e sementes ao mesmo tempo na linha de semeadura. O sistema convencional tem sido muito utilizado desde a invenção da semeadora-adubadora que realiza este procedimento favorecendo o manejo das culturas (MALAVOLTA, 1981). A segunda forma consiste em antecipar a aplicação total ou parcial da quantidade de fertilizante requerida numa cultura, permitindo que o processo de semeadura ocorra de forma mais rápida (CHUEIRI, 2005). Os atrasos durante a operação de semeadura resultam em decréscimos na produtividade, sendo uma das razões da necessidade de aplicar grandes quantidades de adubo no momento da implantação da cultura. Essas grandes quantidades implicam em maior tempo e número de abastecimentos da semeadora influenciando na sua capacidade operacional. Portanto, uma das alternativas para contornar o problema é antecipar a adubação. Neste sistema, a adubação é aplicada antes da semeadura, proporcionando um menor tempo nas paradas para o abastecimento da semeadora, redução do número de conjuntos, dos custos operacionais e total, possibilitando desta forma, aumento na receita líquida se comparado ao sistema tradicional, independentemente do período de semeadura (MATOS; SALVI; MILAN, 2006). A adubação no sulco vem sendo substituída pela aplicação a lanço sem incorporação visando maior rendimento operacional nas janelas de semeadura, de modo que


GRÃOS

18

OUT/2015

se aproveite ao máximo os períodos de safra e safrinha. A adubação a lanço não tem maiores inconvenientes entre os nutrientes Nitrogênio e Potássio, mas se tratando de Fósforo é uma prática ainda controversa e as opiniões divergem, faltam estudos mais recentes sobre a aplicação a lanço em diferentes condições de solo, clima e sistemas de produção (RESENDE, 2013). O fósforo é um nutriente que apresenta efeito residual de longo prazo, dessa forma, o efeito de práticas de manejo envolvendo este nutriente não pode ser plenamente compreendido pelo desempenho das lavouras no curto prazo. Precisa-se evitar conclusões imediatistas, e pensar um pouco mais sobre formas eficientes de manejar este nutriente na agricultura moderna. Pesquisas recentes nos EUA demonstram que 55% do fósforo absorvido pela planta de milho é depois do estádio R1. É preciso ter água no sistema, condição nem sempre favorável nesta fase na safrinha. No entanto, ainda existem discussões sobre a variabilidade levada ao solo com adubação no sulco, devido a doses diferentes exigidas pelas culturas e espaçamentos diferentes entre as culturas plantadas no mesmo talhão. O gráfico abaixo demonstra a dependência da produção devido ao fósforo disponível no solo, demonstrando assim a importância da correção deste nutriente, sendo um dos critérios para iniciar a adubação a lanço. (Alvaro Resende, IPNI 2013) IMPACTOS DA APLICAÇÃO DE FÓSFORO A LANÇO NO SOLO - Concentração de P na superfície, aumenta a possibilidade de contato com calcário, tornando o P menos solúvel. A difusão é dificultada porque necessita de umidade e, na superfície, é onde o solo seca primeiro. Além disso, pode ocorrer o efeito dreno em camadas mais profudas do solo.

3ª Reunião de Produtores de Cana de Batatais (SP)

Na edição anterior, na matéria “Sindicato Rural de Batatais realiza com sucesso a 3ª Reunião de Produtores de Cana de Batatais” (pag. 11), publicamos de forma incorreta que Rodrigo Benedini era o presidente do Sindicato Rural de Batatais (SP). Na verdade, Rodrigo Benedini é o Gestor e Advogado do Sindicato Rural de Batatais.

NA ÁGUA - O Fósforo aplicado em superfície pode ser carregado pelo escorrimento superficial, chegando aos mananciais de água. O efeito da contaminação de mananciais de água é o processo de eutrofização. NA PLANTA - O Fósforo aplicado em superfície pode fazer com que ocorra concentração de raízes próximas à superficie, fazendo com que em anos de baixo índice pluviométrico e/ou na safrinha haja frustração na produtividade da cultura instalada em virtude do baixo volume de raízes


GRÃOS em camadas mais profundas do solo. No entanto, práticas como a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura, aumentam a eficiência das adubações a lanço, criando condições para que se potencialize o fluxo de ressuprimento de P em profundidade. O P é pouco móvel no solo, mas é móvel na planta. Sendo assim, através das raízes, o nutriente consegue ser redistribuido no solo via sistema radicular. Produtores do Oeste da Bahia – região referência em construção de perfil do solo – vem obtendo sucesso com a adubação de manutenção a lanço sem incorporação, utilizando rotação de culturas e consórcio de milho com brachiaria. A brachiaria pode chegar a 10 toneladas de raíz por hectare, e ter raízes que chegam a 3 metros de profundidade, fazendo com que o Potássio lixiviado, seja bombeado para a parte aérea, ciclando este importante elemento (que já havia sido perdido) em profundidades que as raízes de soja não conseguiam mais aproveitar. Por outro lado, faz com que o Fósforo – elemento móvel nas plantas, que estava em superfície – possa ser redistribuido através das raízes em profundidades no solo. A adubação de manutenção com N e K a lanço em superfície pode ser adotada com o objetivo de rendimento operacional, mas com P sua viabilidade diminui, devendo ser observados critérios como relevo, fertilidade do solo e manejo das lavouras. São necessários critérios corretos para se utilizar a adubação a lanço, sem que haja comprometimento da fertilidade do solo, do potencial produtivo das culturas e da qualidade ambiental. Existem diversos casos de sucesso em todas as regiões do Brasil demonstrando que se a prática for adotada com critérios ela pode ser eficiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adubação fosfatada no sistema plantio direto. Disponível em <http://brasil.ipni.net/ipniweb/region/brasil. nsf/e0f085ed5f091b1b852579000057902e/de2da84e737667 6083257b080045a415/$FILE/Palestra%20Juca.pdf>, acesso em 20 de agosto de 2015

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OUT/2015

Adubação antecipada e a lanço no milho safrinha. Disponível em <http://www.pioneersementes.com.br/mediacenter/artigos/171/adubacao-antecipada-e-a-lanco-no-milho-safrinha>, acesso em 20 de agosto de 2015 Adubação fosfatada e a lanço é prática de manejo sustentável?. Disponível em <http://brasil.ipni.net/article/BRS3228>, acesso em 20 de agosto de 2015 Fertilizantes fosfatados aplicados a lanço e em linha na cultura da soja sob semeadura direta <http://w3.ufsm. br/ppgcs/disserta%E7%F5es%20e%20teses/Fernando%20 Dubou%20Hansel_Disserta%E7%E3o%20de%20Mestrado. pdf>, acesso em 20 de agosto de 2015 Adubação fosfatada e potássica a lanço e no sulco de plantio na cultura do amendoim rasteiro em um argissolo de textura arenosa. Disponível em <http://www.fatecpompeia. edu.br/arquivos/arquivos/marcus>, acesso em 20 de agosto de 2015 CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em <www.conab.gov.br>, acesso em 20 de agosto de 2015 VILELA, L.; SOUZA, D.M.G. de; SILVA, J.E. da. Adubação potássica. In: SOUZA, D.M.G. de; LOBATO. E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. p. 169-183. SOUZA, D.M.G. de; LOBATO, E. Adubação fosfatada em solos da região do cerrado. In: Yamada, T.; Abdalla, S.R.S. Fósforo na Agricultura Brasileira. Piracicaba: Potafos, 2004. 726p. NOVAIS, R.F. & SMYTH, T.J. Fósforo em solos e planta em condições tropicais. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 1999. 399p. SOUZA, D.M.G. de; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Brasilia, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416p.


LEITE

OUT/2015

O

Glayk Humberto Vilela Barbosa1 Vânia Mirele Ferreira Carrijo2

FOTO: Vania M.F. Carrijo

20

A contribuição da raça Gir Leiteiro na formação da raça Girolando para produção de leite sustentável potencial de produção de leite no Brasil é inegável, tendo em vista que quase 80% do seu território estão na faixa tropical com possibilidade de produção de forrageira durante todo o ano. As forrageiras tropicais apresentam crescimento estacional marcante, com mais de 70% da produção de matéria seca realizado no período de primavera-verão. A pastagem é o principal recurso alimentar utilizado para produção de leite nos diferentes sistemas de produção no Brasil. O rebanho bovino brasileiro possui uma produção da ordem de 35 bilhões de litros de leite por ano, sendo 8,5 % das vacas submetidas à ordenha. Estas vacas podem ser vacas de duplo propósito ou especializadas. Cabe ressaltar que grande proporção de leite produzido é a pasto, onde 80% desses animais têm em sua contribuição genes de zebu. A raça Girolando em seus vários graus de sangue destaca-se como a mais importante para exploração leiteira no Brasil. De acordo com os levantamentos estatísticos, existem 20 milhões de matrizes leiteiras no Brasil, sendo que 91%

AUTORES

1 - Zootecnista, B.Sc. Mestrando em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Jurado Efetivo de Raças Zebuínas e Assessor de Pecuária Leiteira. Email: glaykhumbertovilela@yahoo.com.br 2 - Médica Veterinária, M.Sc. Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Docente do Centro Paula Souza. Atua na área de sanidade, escrituração zootécnica e biotecnologia da reprodução.

deste contingente são mestiças, perfazendo um número aproximado de 18 milhões. Destas, projetamos que a metade é originária do cruzamento de Gir com o Holandês, em vários graus de sangue, ou seja, existem no Brasil em torno de 9 milhões de matrizes, compostas de sangue Gir e Holandês em várias proporções. Esse número já nos mostra a importância desse cruzamento para a pecuária leiteira nacional, não só pela quantidade, mas sim pelo resultado zootécnico proporcionado por esses animais. A raça Gir, em razão de atributos como adaptabilidade às condições tropicais, rusticidade e grande capacidade leiteira, possui hoje, incontestavelmente, um papel primordial na pecuária leiteira, seja como raça pura, participante na formação de mestiços e/ou de novas raças, tanto em âmbito estatual como nacional. Produto de anos de seleção por parte de criadores e de entidades governamentais foi a primeira raça zebu no mundo com touros provados por Teste de Progênie, apresentando no teste realizado pela Embrapa Gado de Leite no ano de 2015, produção média de 3.042,34 +/- 1.641 kg de leite (VERNEQUE et al., 2015), o que a coloca acima da média nacional em torno de 1.326 kg de leite (EMBRAPA, 2010). A eficiência da raça Gir para produção de leite foi demonstrada por Fernandes et al. (2008) no sistema de produção de leite à pasto na Fazenda Experimental Getúlio Vargas (FGV), em Uberaba, MG. Na fazenda (FGV), o sistema de produção de leite ocupa área de 233 hectare com uma taxa de lotação de 3 UA (unidade animal de 450 kg) por hectare. O rebanho é constituído por 600 UA sendo 200 matrizes em lactação manejadas em condição de pastejo rotativo, durante o período das águas, as vacas só recebem suplementação concentrada se tiverem produção de leite entre 10-18 kg de leite. Durante o período da seca, as vacas


EVENTOS

21

OUT/2015


22

OUT/2015

em lactação são suplementadas com volumoso (silagem de milho à vontade), além da mistura mineral à vontade. Obtendo resultados produtivos com os seguintes índices zootécnicos, as primíparas com produção de leite de 2.818 kg em 260 dias de lactação, 37,5 meses de idade ao primeiro parto, 13,6 meses de intervalos entre partos, as multíparas com produção de leite 3.400 kg em 280 dias de lactação e intervalo entre partos de 13,5 meses. Este sistema de produção está superior a média do Estado brasileiro de produção de leite por vaca ano. Barbosa (2009) avaliando à produção das forrageiras Tanzânia, Tifton 85 e Braquiária MG-5, irrigadas em sistema de pastejo rotativo e a produção de leite da raça Gir, em uma área de 3,6 hectare, dividido em 18 piquetes de 0,18 hectare por piquete, sendo 6 piquetes para cada forrageira, verificaram produções médias de leite 12,32 kg com taxa de lotação de 8,3 UA por hectare, com o fornecimento de concentrado de baixo consumo, com uma média anual de 5 kg de leite produzido para 1 kg de concentrado consumido. Num estudo de 3.574 lactações de vacas referente ao cruzamento entre as raças Holandês e Gir, de diferentes graus de sangue e mantidas em regime de duas ordenhas diárias, foi verificada uma forte interação do grupo genético com o regime alimentar, quando maior a duração de lactação e produção de leite foram encontradas nas melhores condições de manejo alimentar, sobretudo para animais com maior proporção de genes holandeses (FACÓ et al., 2002). Contudo, nas condições de pior manejo, a heterose encontrada em animais meio-sangue é mais importante, já que quanto mais adversa a condição do ambiente, maior

Regulamentada a lei dos créditos do PIS/ COFINS para lácteos C

omo esperado, o governo federal publicou a regulamentação da lei 13.137/2015, que trata dos créditos presumidos do PIS/COFINS para as empresas lácteas e cooperativas. Conforme o decreto n. 8.533 do Diário Oficial da União, a lei prevê a concessão de crédito presumido de 50% para empresas e cooperativas que apresentarem propostas de melhoria da qualidade do leite com investimento de 5% do benefício. Ao comemorar a regulamentação, Alexandre Guerra, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), ressaltou que os projetos irão elevar a qualidade do leite, uma vez que estimula as empresas e cooperativas a desenvolverem ações neste sentido. Além disso, são importantes neste momento em que há abertura de novos mercados internacionais. “É uma lei muito inteligente porque promove o desenvolvimento da cadeia leiteira e garante o ressarcimento de recursos, que vão permitir um incremento no fomento da qualidade do produto por parte das empresas”, afirmou Guerra. (FONTE: Carolina Jardine)

FOTO: Vania M.F. Carrijo

LEITE

é a expressão da heterose, apesar de que os animais meiosangue mostram boa resposta em ambos os níveis de manejo (LEMOS et al., 1997). A produção total de leite na lactação para animais meio-sangue é de 3.692 kg num período de lactação de 296 dias, de modo que não foi verificado qualquer benefício em elevar a proporção de genes da raça Holandesa sob condições ambientais menos favoráveis. No regime alimentar intensivo, os animais dos grupos genéticos 3/4, 7/8 e o 1/2 tiveram desempenho semelhante nas características estudadas duração de lactação e produção de leite. A formação da raça bovina Girolando, a princípio teve por objetivo a criação de um grupamento étnico brasileiro capaz de produzir leite, em sistema produtivo economicamente viável, nas condições tropicais e subtropicais. Atualmente, o Gir Leiteiro contribui na formação direta do Girolando, não só produzindo 1/2 sangue, como muitos pensam. O grau sanguíneo 1/4 Hol + 3/4 Gir (produto do acasalamento de touro Gir Leiteiro em vacas 1/2 sangue), tem hoje, uma importância fundamental no futuro do Puro Sintético Girolando, tendo boa valorização mercadológica. No contexto sócio-econômico, o Gir Leiteiro, através do Girolando exerce um papel primordial no desenvolvimento da pecuária leiteira nacional, haja vista que mais de 80% da produção leiteira nacional são produzidos com “as milagrosas girolandas”. Com a pluralidade dos vários graus de sangue, permite que seja utilizado com eficiência em diferentes regiões do país, sendo atualmente responsável pela abertura de novas fronteiras do leite brasileiro. Adaptase com facilidade às condições de nossos diferentes sistemas de produção, podendo ser criado em sistema estritamente a pasto, através dos graus de sangue com maior parcela de Gir, passando pelo sistema semi-intensivo, de maior presença em nosso país, até os sistemas confinados e sofisticados, entrando aí, o Girolando com um pouco mais de Holandês, como o 3/4 e o 7/8, que atingem médias de produção comparadas às raças européias especializadas. Portando esse estudo mostra a capacidade de seleção da raça Gir Leiteiro contribuir com o rebanho nacional na produção de leite sustentável seja no puro ou no mestiço em vários sistemas de produção do rústico ao mais tecnifica-


LEITE do, com suas peculiaridades, longevidade; alta fertilidade; baixa mortalidade; extrema docilidade; boa habilidade materna; persistência de lactação; baixo requisito de mantença; elevada taxa de gordura no leite; excelente temperamento leiteiro; não apresenta dificuldade ao parto; adaptabilidade às condições tropicais; facilidade de adaptação à ordenha mecânica; versatilidade para cruzamento com raças européias; tolerância ao calor e resistência a ectoparasitos e mastite (LEDIC et al., 2008). Afinal o Gir Leiteiro tornou-se superior à atividade pecuária devido à sua adaptação e ao trabalho executado pelos criadores, consolidando ganhos de produtividades que implicam em ganhos econômicos diminuindo os custos de produção através dos dados de provas zootécnicas que permitem validar a sua capacidade produtiva. Concluindo, nenhum país do globo terrestre detém condições naturais tão promissoras como o Brasil para o desenvolvimento da pecuária leiteira. Em se tratando de recursos genéticos, podemos dizer que estamos com “a faca e o queijo na mão”, pois temos o melhor zebu leiteiro do planeta, o Gir Leiteiro, que tem proporcionado uma verdadeira revolução genética em nosso rebanho. Primeiro, endo-racialmente com o melhoramento do Gir Leiteiro, e segundo, exo-racialmente, com a produção do Girolando, que colocará o Brasil, num futuro bem próximo, como um dos maiores produtores de leite do mundo, relato do Zootecnista Celso Menezes. REFERÊNCIAS BARBOSA,G.H.V. Produção de leite, disponibilidade e composição química de gramíneas irrigadas (Dados Parciais).2009.48f.Monografia Conclusão (Graduado

em Zootecnia).Faculdades Associadas de Uberaba ou FAZU,Uberaba,2009. EMBRAPA GADO DE LEITE. Estatísticas do leite: leite em números-produção de leite. Juiz de Fora,2010. Disponível em:<http://www.cnpgl.embrapa.br/leite/index. php>. Acesso em: 01 de março de 2011. FACÓ,O.;LÔBO,R.N.B.;M. filho,R.;MOURA,A.A.A. Análise do desempenho produtivo de diversos grupos genéticos holandês-gir no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,MG,v.31,n.5,p.1944-p.1952,2002. FERNANDES,L.de O.et al. Gir leiteiro da fazenda experimental Getúlio Vargas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,v.29,n.243,p.62-p.71,2008. LEDIC,I.L.et al. Gir leiteiro brasileiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,v.29,n.243,p.7-p.25,2008. LEMOS,A. de M.et al. Efeito da estratégia de cruzamentos sobre características produtivas e reprodutivas em vacas do sistema mestiço do CNPGL-EMBRAPA, Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,MG,v.26,n.4,p.704p.708,1997. VERNEQUE,R.da S.et al. Programa Nacional de melhoramento do Gir Leiteiro:sumário brasileiro de touros. resultado do teste de progênie-maio2011. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2011.16p. (Embrapa Gado de Leite. Documentos, 145).

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PECUÁRIA

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Boas práticas para destinação correta da cama de aviário

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Juliana do Amaral Moreira Conforti Vaz1, Patrícia Schober Gonçalves Lima2 e Frederico Bizzachi Pinheiro Filho3

Brasil lidera o ranking mundial dos países exportadores de carne de frango. Em 2014, foi responsável por 34,4% dos embarques totais, seguido pelos Estados Unidos, com 31,5%, e União Européia, com 10,5%, conforme dados do USDA (http://cepea.esalq.usp.br/frango/custos/2015/01Jan_Abr. pdf, 2014). É o segundo maior produtor de aves. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2015), cerca de 40% da carne exportada no mundo tem origem no Brasil. Em 2018/2019 as exportações de carne de frango deverão representar 90% do comércio mundial, o que indica que o Brasil continuará a manter sua posição de primeiro exportador mundial de carne de frango. Sendo a avicultura expressiva e considerando a Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/2010, o manejo de resíduos gerados pela atividade passa a ser de grande importância. A cama de aviário é um conjunto de material utilizado para forrar o piso do aviário constituído de um substrato (maravalha, casca de arroz, serragem, casca de amendoim, feno de capim, dentre outros) misturado com os dejetos das aves confinadas, restos de ração, penas, água e descamações epiteliais das aves. Sobre a cama, a ave permanece praticamente 100% de sua vida. Após seu período útil, esse resíduo avícola poderá ser reaproveitado como fertilizante ou na produção de biogás. USO COMO FERTILIZANTE - Caso a cama de aviário não tenha sido objeto de processo de industrialização, a mesma não estará sujeita ao registro junto ao MAPA. Esse produto não deverá oferecer em sua rotulagem garantias mínimas e nem ser comercializado com denominação diferente do nome usual (cama de aviário), como prevê o Decreto Federal nº 4954, de 14.01.2004, alterado pelo Decreto Federal 8384/2014. A cama de aviário também pode ser comercializada junto aos estabelecimentos produtores para uso como matéria-prima para fabricação de fertilizantes, devendo constar na nota fiscal de venda ou documento que o acompanhe a expressão em destaque: “Matéria-prima cama de aviário destinada à fabricação de fertilizantes” (Decreto Federal nº 4954, de 11.01.2004, alterado pelo Decreto

AUTORES

1 - Fiscal Federal Agropecuária, Médica Veterinária. UTRA Campinas DDA/SFA-SP. Email: juliana.moreira@agricultura.gov.br 2 - Fiscal Federal Agropecuária, Engenheira Agrônoma. UTRA Campinas DDA/SFA-SP. Email: patricia.schober@agricultura.gov.br 3 - Fiscal Federal Agropecuário, Químico Industrial. UTRA Campinas DDA/SFA-SP. Email: frederico.filho@agricultura.gov.br

Tabela 1 – Especificações dos fertilizantes orgânicos simples. ORGÂNICOS U% SIMPLES max PROCESSADOS Estercos e camas 40%

*C org. N *CTC *CTC/C % % mínimo mínimo mínimo mínimo conforme conforme conforme 20% 1% declarado declarado declarado ** ** ** pH

* Considerando Valores expressos em base seca, umidade determinada a 65ºC ** Deverá ser declarado o teor de potássio Fonte: IN 25/09

Federal nº 8059, de 2013). Se houver interesse em oferecer garantias a respeito do produto a ser comercializado e o mesmo passar por processo de industrialização, a cama de aviário deverá ser registrada junto ao MAPA como fertilizante orgânico simples, apresentando especificações previstas na Instrução Normativa nº 25, de 23.07.2009. Por garantia, entende-se a indicação da quantidade percentual em peso de cada elemento químico, ou de qualquer outro componente do produto, incluindo a data de validade. Para camas de aviários, as especificações dos fertilizantes orgânicos simples processados estão demonstradas na tabela 1. Ressalta-se a proibição do uso da cama de aviário como alimento para ruminantes, inclusive de sua comercialização para esse fim (Instrução Normativa 08, de 25.03.2004 do MAPA). Essa medida é de relevância para se prevenir a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “Doença da Vaca Louca”. A Instrução Normativa nº 25/2009 prevê que a cama de aviário registrada como fertilizante orgânico simples deverá obrigatoriamente constar em sua embalagem a restrição de uso, conforme tabela 02. Lembramos ainda que ao comercializar a cama de aviário sem registro tais declarações de restrição de uso deverão constar em sua nota fiscal. Essa é a única garantia que o produtor terá como cumprimento da IN 08/2004 a qual proíbe a destinação desse resíduo como alimento para os ruminantes. A cama de aviário é um resíduo da produção avícola e, como tal, deve receber tratamento e destino adequado reduzindo ou evitando impacto negativo ao meio ambiente (EMBRAPA Suínos e Aves - Manejo ambiental na avicultura, 2011). Assim, recomendamos fortemente que a prática da compostagem seja aplicada sempre que esse resíduo seja destinado à fertilização do solo, evitando-se assim impactos negativos ao meio ambiente. A cama de aviário poderá ser utilizada na adubação Tabela 2 – Restrições de uso para fertilizantes orgânicos. FERTILIZANTE ORGÂNICO Composto de resíduos de origem animal e da criação de animais (cama de aves, esterco de aves ou de suínos).

Fonte: IN 25/09

RESTRIÇÃO DE USO Uso permitido em pastagens e capineiras, apenas com incorporação ao solo. No caso de pastagens, permitir o pastoreio somente após 40 dias depois da incorporação do fertilizante ao solo. Uso proibido na alimentação dos ruminantes. Armazenar em local protegido do acesso desses animais.


PECUÁRIA de plantações de milho, de cana de açúcar, em hortas, pomares, reflorestamentos. Quanto à adubação de pastagens e capineiras, alguns cuidados deverão ser adotados para evitar que os ruminantes possam ingerir esse produto. E, para isso, é preciso que haja a incorporação da cama de aviário no solo, cumprindo todas as especificações a seguir: • Os ruminantes deverão ser retirados das pastagens por um período mínimo de 40 dias e até que a cama de aviário se incorpore ao solo; • A cama de aviário deverá ser distribuída em camadas finas sobre a terra e na época das águas; • Espalhar a cama de aviário em até 2,5 kg/m² de forma que possa ser rapidamente incorporada. Se espalhar uma quantidade maior, ainda poderá haver cama de aviário no pasto quando o gado retornar, principalmente se ocorrer estiagem; • Não deve ser aplicada em terreno inclinado e nem em locais próximos de córregos, represas, nascentes ou residências.

Antes de retornar o gado ao pasto/piquete, certifique-se de que a cama de aviário se incorporou completamente ao solo. OUTROS CUIDADOS:1. Antes de utilizar a cama de aviário na adubação: • Remover todos os componentes estranhos, como pregos, pedaços de arames e as carcaças presentes na cama. • Realizar a compostagem. 2. Cuidados para transportar a cama de aviário: • Para o transporte interestadual da cama de aviário é necessário o Certificado de Inspeção Sanitária (CIS), modelo E. Em alguns estados, também há necessidade desse documento para o trânsito intraestadual; • Durante o transporte, a cama de aviário deve ser coberta com lona impermeável; • Não utilizar o mesmo veículo para transportar alimentos dos ruminantes e a cama de aviário. 3. Cuidados para armazenar a cama de aviário: • O local para depósito deve ser seco, cercado e protegido, onde os ruminantes não tenham acesso; • Não armazenar nos locais de alimentação ou junto aos alimentos dos animais (cochos, silos, currais, salas de ordenhas, galpões); • As embalagens utilizadas para transportar ou armazenar a cama de frango não devem ser reaproveitadas para armazenar alimentos para ruminantes; • Evitar estocar em grandes pilhas, pois isso proporciona altos níveis de umidade, o que pode diminuir a qualidade como fertilizante, devido à perda de nutrientes. Isto é frequentemente visto na cama com coloração escurecida ou acinzentada. USO COMO BIOGÁS - Em uma segunda aplicação, a cama de aviário poderá ser utilizada na produção de biogás como fonte de geração de energia renovável. Esse processo, ainda pouco explorado no Brasil, poderá ser uma alternativa para o uso de energia na área rural de forma sustentável. Substituindo a energia elétrica utilizada nos processos

de manutenção do próprio aviário e propiciando um ótimo manejo ambiental da propriedade, onde o resíduo gerado, após a devida manipulação, retornará à atividade que o gerou (Circular Técnica 41, Embrapa- 2004).

Usando a cama de aviário com todos esses cuidados, o produtor estará dentro da lei e, o que é muito importante, ajudando a proteger o Brasil da Doença da Vaca Louca! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto nº 4.954, de 14.01.2004. Aprova o Regulamento da Lei nº 6.894, de 16.12.1980, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes destinados à agricultura e dá outras providências. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br> BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa SDA nº 25, de 23.07.2009. Normas sobre as especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro, a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos, organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br> BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 08, de 25.03.2004. Dispõe, em todo o território nacional, sobre a proibição de utilização, comercialização e a utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem animal. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br> http://cepea.esalq.usp.br/frango/custos/2015/01Jan_Abr.pdf, 2014). Informativo CEPEA, ano 1 – edição 01 – 4º trimestre 2014. PALHARES, J.C.P; KUNZ, A. Manejo Ambiental na Avicultura, 2011, Concórdia: EMBRAPA Suínos e Aves. 222 p.(Embrapa Suínos e Aves. Documentos, 149). PALHARES, J.C.P. Uso da cama de frango na produção de biogás, 2004. Concórdia: EMBRAPA Suínos e Aves. Circular Técnica, 41.

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CANA DE AÇÚCAR

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CANA DE AÇÚCAR

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IRRIGAÇÃO

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Carlos Sanches1

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irrigação refere-se à técnica desenvolvida durante o império persa (e utilizada até hoje) que tem o objetivo de fornecer água para as plantas em quantidade suficiente e no momento certo para garantir a produtividade e a sobrevivência delas. Parece uma ação simples se aplicada somente a uma planta, mas quando ela se estende às dimensões de uma lavoura, esse parecer muda. Se trouxermos o verbo irrigar para nosso presente, o aqui e agora, é um tanto complicado conjugá-lo. Em tempos de crise hídrica qualquer coisa relacionada à água está sujeita a muitas críticas – até porque o consumo hídrico da agricultura brasileira chega a 72% de toda a água disponível para consumo. Em alguns momentos a sociedade critica os produtores rurais, deixando a agricultura como vilã da crise hídrica, quando na verdade buscam diariamente por novas tecnologias que além de beneficiá-los, não impactarão negativamente no meio ambiente. Até porque dependem diretamente dele. Nessa atmosfera de falta d’água e muitas críticas, para que a agricultura brasileira não se torne uma grande ‘ladra’ desse bem que tanto nos faz falta, um “novo” sistema de implantação foi adotado pelos agricultores a fim de economizar água – economia que chega a 33%. Esse “novo” sistema de irrigação é o de irrigação por gotejamento. Método que foi desenvolvido em Israel há 50 anos e que chegou ao Brasil há 20 anos, mas ainda é pouco usado no País se considerarmos a área de irrigação do Brasil, cerca de 30 milhões de hectares, sendo que menos de cinco milhões usam o gotejamento, segundo dados da ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos). A irrigação por gotejamento consiste em levar água pontualmente e na medida certa para a planta através de tubos com gotejadores.

AUTOR

1 - Engenheiro Agrônomo e Gerente Agronômico da Netafim.

FOTO: Paulo Palma Beraldo

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Não há desculpas para a não adoção do sistema de irrigação por gotejamento

Cultivo irrigado de pimentão na Fazenda São João, em Cafelândia (SP). Produtor optou por utilizar sistema de gotejamento pela economia de água e custos.

Essa tecnologia tem ajudado os produtores rurais a produzir mais com menos água, porque juntamente com este produto vital, esses tubos permitem o transporte de fertilizantes, garantindo a prática da fertirrigação. Ainda há quem tenha certa resistência à instalação dessa prática. Alguns dizem que não adotaram ainda porque desconfiam que o material contamina o solo, ou é muito caro, não supre a necessidade das plantas em dias quentes etc. O fato é que precisamos desmistificar isso. O material que constitui os tubos é 100% reciclável e certificado pelo ISSO 16438 do segmento, garantindo que não haja a contaminação da natureza, visto que o compromisso da empresa responsável pela fabricação deles é diretamente ligado à ela. O novo material adotado para a confecção, além de preservar o meio ambiente é leve e flexível, garantindo maior durabilidade e facilidade na aplicação. Por ser mais robusto permite que máquinas passem por cima dele sem efetuar qualquer tipo de dano. Em relação ao preço do serviço, precisamos pensar no custo benefício. Em culturas como o café, por exemplo, o investimento se paga em menos de um ano, por conta da produtividade. Em outras culturas, no máximo em três anos. Para a implantação deste sistema gota-a-gota, um estudo prévio é feito para levantar dados sobre o clima, o solo e a evapotranspiração da planta, para que essa irrigação atenda 100% das necessidades da cultura tanto nos dias quente, frios, secos ou chuvosos. Sem dúvidas a utilização do sistema de irrigação por gotejamento é sinônimo de sucesso para o futuro da agricultura brasileira, pois além de uma melhor utilização da água disponível e uma economia de mão de obra, o produtor terá resultados supreendentemente positivos. A agricultura está indo em direção à sustentabilidade, e para que este caminho seja cada vez mais curto, é necessário que a busca por novas tecnologias seja frequente. Estamos investindo no presente para garantir produtividade no futuro.


IRRIGAÇÃO

Gotejamento dobra produtividade na cana

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cultura canavieira é um negócio de extrema importância em território nacional, já que o Brasil é o maior produtor, com aproximadamente 9,6 mil hectares plantados, produzindo aproximadamente 560 milhões de toneladas. Essa quantidade é dividida para a produção do etanol e do açúcar, produzindo 23 milhões de litros e 36 milhões de toneladas, respectivamente. Pelo Brasil ser o maior produtor desta matéria, o mercado só tende a ampliar, e como exemplo disso temos o crescimento de quase 50% da produção em 10 anos. Isso só mostra o quanto este mercado é competitivo e competente. Para este crescimento considerável ser constante, novas tecnologias para a otimização de recursos são sempre bem-vindas para que haja a busca pela sustentabilidade e viabilidade da produção. Para o máximo de aproveitamento da lavoura, produtores precisam inovar desde o plantio à colheita. O produtor Luiz Fernando Feltre (cooperado da Coopercitrus) foi um dos primeiros produtores de cana no Estado de São Paulo a provar que uma boa irrigação repercutiu em uma boa safra. Isso porque ele implantou o sistema de irrigaçãolocalizada por gotejamento em sua cultura. A família Feltre trabalha com a cultura há mais de 120 anos, somente em 2006, esse sistema de irrigação porgotejamento foi implantado gerando resultados positivos desde então. A tecnologia de irrigação conhecida como “gota a gota”

da israelense Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por gotejamento, proporciona uma grande economia de água, fertilizantes, mão de obra e energia. Ele consiste em pequenos gotejadores instalados em tubos que conduzem a água até a raiz da cultura, fornecendo a quantidade ideal de água e nutriente para a cultura, garantindo altos índices de produtividade. Na região de Jaú (SP), dos 800 hectares cultivados por Luiz, 35 hectares são irrigados por gotejamento garantindo que o fornecimento de água e nutrientes seja o ideal durante todo o ciclo da cultura. O sistema garante que não haja o desperdício de água, bem que tanto lutamos para proteger. “A irrigaçãolocalizada por gotejamento além de diminuir a mão de obra e aumentar aprodutividade, ainda permite o aumento da longevidade do canavial, mesmo em colheita mecanizada, em relação ao canavial de sequeiro”, explica Daniel Pedroso, coordenador agronômico da Netafim. A cultura pode ser renovada a cada 10 ou 15 anos, quanto nas áreas de sequeiro, a cultura tem que ser renovada no máximo em cinco anos. Com o sistema de irrigação da Netafim na fazenda de Luiz, a produtividade é maior em relação à cultura no sequeiro. Antes, eram produzidas 80 toneladas porhectare em no máximo cinco cortes. Hoje, a Fazenda São João produz em média 100 toneladas por hectare e está atualmente no nono corte mecanizado na área de gotejo, os três dígitos que se fazem necessários.

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CAFÉ

Fertilizantes organominerais na cultura do café 30

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Cássio Ricardo Rodrigues Gomes1, Renato Passos Brandão2 e Rodrigo Chiarelli3

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este momento, há inúmeras incertezas no horizonte que podem agravar o cenário econômico, político e social do país. A crise econômica mundial de 2008 ainda não está totalmente superada. Nas últimas semanas, as incertezas em relação à economia da China geraram apreensões no mundo, inclusive no Brasil. Neste momento, a única certeza é que a China dificilmente terá nos próximos anos, taxas de crescimento econômico de dois dígitos. O Brasil vive uma crise única na sua história republicana: crise econômica, política e de valores. As cotações do dólar são reflexos deste contexto em que se encontra o país. Além dos fatores econômicos, as mudanças climáticas são uma realidade. As temperaturas estão subindo gradativamente e o regime pluviométrico está bem diferente das últimas décadas. Os fatores mencionados acima podem afetar a cafeicultura de diversas maneiras. Pode ocorrer redução nas cotações do café, redução nas linhas de financiamento e elevação no custo de produção. Entretanto, o cafeicultor tem que profissionalizar ainda mais a sua atividade econômica. É necessário aumentar ainda mais a produtividade das lavouras cafeeiras e se possível, melhorar a qualidade da bebida do café. A utilização de novas tecnologias pode ser uma das alternativas para a melhoria da performance das lavouras cafeeiras, desde que proporcionem aumento na rentabilidade. A adubação com os fertilizantes organominerais é uma alternativa viável agronômica e economicamente na cafeicultura, melhorando a produtividade e aumentando a rentabilidade da cultura. FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS - São os fertilizantes mais completos que existem no mercado nacional e mundial. Os fertilizantes organominerais são constituídos por uma fração mineral contendo os elementos químicos necessários às plantas (nutrientes) e uma fração orgânica. A fração orgânica é constituída pelas substâncias húmicas, que são o estágio final da humificação dos resíduos orgânicos. São compostas por três frações: ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas. As substâncias húmicas são as frações mais ativas da matéria orgânica proporcionando uma série de benefícios às plantas e aos solos, gerando um maior equilíbrio químico,

Tabela 1 - Dados técnicos do Fertium® Phós. Parâmetros Nitrogênio (N total) Fósforo (P2O5 solúvel em CNA

Dados técnicos 3% 15%

+ água) Carbono orgânico total (COT)

11%

Capacidade de troca catiônica

500 mmolc/kg

(CTC) Unidade máxima Odor

20% Inodor Escura

Cor Natureza física

Farelada

físico, físico-químico e biológico e aumentando o potencial produtivo das lavouras de café. O QUE É O FERTIUM® PHÓS? - É um fertilizante organomineral com altos teores de substâncias húmicas e enriquecido com nitrogênio e fósforo (Tabela 1). O nitrogênio e o fósforo são provenientes de fontes solúveis em CNA+água. Ensaios de campo com o Fertium® Phós em café arábica a. Implantação de uma lavoura de café arábica Foi instalado um ensaio de campo com o Fertium® Phós na cultura do café arábica sequeiro em Boa Esperança (MG), em lavoura do cultivar Mundo Novo IAC 379-19, plantada em janeiro de 2013, no espaçamento de 3,5 x 0,7 m com 4.081 plantas/ha. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho distrófico, classe textural argilosa com 45% de argila, 15% de silte e 40% de areia. O teor de P no solo era muito baixo (P= 1,5 mg/dm3 – Mehlich-1). Foram avaliadas duas fontes de fósforo (superfosfato simples e o Fertium® Phós) na dose de 60 g de P2O5 por me-tro linear de sulco e duas doses de composto orgânico (0 e 3 L por metro linear de sulco). O composto orgânico é uma mistura de esterco bovino e de aves na proporção de 1:1 (peso/peso), equivalente a aproximadamente 1,8 kg de composto por metro linear de sulco. Figura 1 - Efeito de duas fontes de fósforo e do composto orgânico na produtividade do café.

AUTORES

1 - ATV da Bio Soja. Email: cassioagrogomes@hotmail.com 2 - Gestor Agronômico da Bio Soja. Email: renatobrandao@biosoja.com.br 3 - RTV da Bio Soja.Email: rodrigochiareli@terra.com.br

Fonte: Deptº Agronômico da Bio Soja, 2015.


CAFÉ

Figura 2 - Efeito do Fertium® Phós no pegamento da florada.

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Fertium® Phós

Superfosfato Simples

Foi realizada uma calagem com 2 t/ha de calcário dolomítico. Os demais tratos culturais foram definidos de acordo com o Manual de Recomendações da Fundação Procafé. A primeira safra comercial foi colhida em junho de 2015. A produtividade do café foi influenciada pela fonte de fósforo e pelo composto orgânico (Figura 1). O Fertium® Phós proporcionou a maior produtividade do café. A aplicação do composto orgânico no sulco de plantio aumentou ainda mais a produtividade do café.

em lavoura do cultivar Catuaí Vermelho IAC 144, plantada em 15 de dezembro de 2011, no espaçamento de 3,5 x 0,7 m com 4.081 plantas/ha. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho Escuro distrófico, classe textural argilosa. O teor de P no solo era médio (P = 24 mg/dm3 – resina). Foram avaliadas duas fontes de fósforo (superfosfato simples e o Fertium® Phós) na dose de 400 kg/ha do produto comercial. Os fertilizantes fosfatados foram aplicados em 15 de outubro de 2014 na projeção da copa do cafeeiro. A colheita do café foi realizada em 19 de junho de 2015. O Fertium® Phós proporcionou maior pegamento dos grãos do café (Figura 2) e aumento de 6 sacas beneficia-

b. Lavoura do café arábica em produção Foi instalado um ensaio de campo com o Fertium® Phós na cultura do café sequeiro em produção em Jeriquara (SP),


CAFÉ Figura 3 - Efeito do Fertium® Phós na produtividade do café.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - Atualmente, a utilização dos fertilizantes organominerais na cultura do cafeeiro está relegada a um segundo plano. Um dos grandes obstáculos à utilização destes fertilizantes em escala comercial é a premissa que o custo dos fertilizantes organominerais é superior aos minerais. Conforme observado em vários ensaios de campo com o Fertium® Phós, a lucratividade da cultura do cafeeiro com

este tipo de fertilizante fosfatado é superior aos concorrentes minerais, dentre os quais, o superfosfato simples.

Cafeicultores criam associação para melhorar produção

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afeicultores de uma comunidade rural deAlfenas (MG) se uniram para melhorar a produção. Eles criaram uma associação e compraram uma máquina de beneficiamento do grão e com isso conseguiram, além de reduzir os custos, garantir mais qualidade ao café. O equipamento foi adaptado em um caminhão e é transportado de fazenda em fazenda para o uso dos agricultores. A associação começou em 1996, com um trator doado. Hoje, ela possuiu 12 equipamentos, como roçadeira, bomba de pulverizar, carreta, entre outros. Os 40 associados pagam um valor menor pelo aluguel das máquinas e o dinheiro é usado para a manutenção e melhoria dos serviços. Atualmente, durante a época de colheita, um caminhão está sempre rodando as propriedades rurais, transportanMáquina comprada por associação foi adaptada em caminhão em Alfenas do uma máquina adaptada, que faz o beneficiamento do grão. da Silva. “Ajuda demais na época de limpeza do café”. Quem não tem o equipamento na fazenda paga pelo O caminhão adaptado custa cerca de R$ 40 mil. O serviço, mas, com tanta gente para atender, nem sempre é agricultor familiar, João Carlos Martins, acredita que a asfácil contratar o veículo. Já quem pertence à associação de sociação facilitou a vida de quem não tem condições de produtores rurais não tem dificuldades, como é o caso do investir no equipamento. “O pequeno produtor evita de agricultor José Terra. “É bom, e evita de pagar”, disse. ter que entrar em dívidas e tudo mais”, comentou. Além de beneficiar o café, a máquina ambulante torSegundo o técnico da Empresa de Assistência Técnou-se uma grande aliada dos pequenos produtores rurais nica e Extensão Rural (Emater), Sebastião Homera Vieida comunidade de Mandassaia, em Alfenas (MG). Como ra, a associação traz, além da economia, o acesso a novas o equipamento custa caro, os agricultores se uniram para tecnologias. “Com esses equipamentos, estão melhorando comprar o veículo, já que antes eles dependiam de fazendas demais a qualidade do café, além da economia”, destacou. vizinhas para fazer este trabalho. Agora, até a palha do café, E os produtores já estão se programando para investir usada na adubação das lavouras, fica para os produtores. “Se em um novo equipamento no próximo ano. É importante está com um lote de café que não está bom, pode chamar a destacar que o serviço de beneficiamento do café também máquina e limpar ele”, disse o produtor Geraldo Monteiro. é oferecido aos cafeicultores não associados, mas o valor é A informação é complementada pelo presidente da maior. “Queremos comprar um secador de café”, disse o Associação de Produtores Rurais de Mandassaia, Lézio Lino presidente Lézio. FOTO: Reprodução EPTV

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das/ha (Figura 3). As substâncias húmicas do Fertium® Phós reduziram a fixação do P aumentando a disponibilidade do nutriente ao café. Além disso, as substâncias húmicas promovem maior desenvolvimento do sistema radicular, aumentando a absorção de água e nutrientes, dentre os quais, o fósforo.


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Cristais Paulista (SP) realizou em setembro o 1º Simpósio do Café da Alta Mogiana

O vereador Márcio Antônio dos Santos, Dr. Fábio de Salles Meirelles (presidente da FAESP/SENAR-SP) e o vereador João dos Reis, o Pelezinho.

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FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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om o intuito de orientar e fortalecer o cultivo e manejo na cultura do café, a Prefeitura de Cristais Paulista (SP) realizou entre os dias 24 e 25 de setembro o 1º Simpósio do Café da Alta Mogiana. Foram parceiros no evento a FAESP/SENAR-Federação da Agricultura do Estado de São Paulo; Sebrae; CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; Sindicato Rural de Franca; a Cocapec - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas; e a AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana. De acordo com o prefeito Miguel Marques, o objetivo principal do simpósio foi o de promover uma ampla discussão entre os diversos setores da cadeia produtiva do café para garantir aumento da competitividade, melhoria da qualidade do produto e de sustentabilidade do setor, além de promover os cafés de alta qualidade produzidos nas terras mais altas do nordeste do estado de São Paulo. Patrícia Milan, superintendente da AMSC - Alta Mogiana Specialty Coffees, realizou palestra abordando o assunto: Indicação Geográfica da região da Alta Mogiana. Já a empresária Flávia Lancha Oliveira, diretora da Labareda Agropecuária, abordou o tema “diferencial na qualidade do café”. O evento contou com o apoio de empresas do setor agropecuário, como: Oimasa (Massey Ferguson), Cocapec, A.Alves (New Holland), Colorado (John Deere), Arabica (LS Tractor), Gota Certa, Casa das Sementes, Camari Carne Suína, Valtra Borgato, Agropec CP, Fecunda Fertilizantes, Dedeagro, Engetrat, Teca e Labareda Agropecuária. No sábado, a Câmara Municipal de Cristais Paulista homenageou o Dr. Fábio de Salles Meirelles, presidente da FAESP - Federação da Agricultura do Estado de São Paulo com o título de cidadão cristalense.

Miguel Marques, prefeito de Cristais Paulista (SP), discursa na abertura do evento, observado por Marcos Antônio Ferreira, prefeito de Patrocínio Paulista (SP) e por José de Alencar Coelho Vitor, da Cocapec.


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Região da Alta Mogiana mais uma vez esteve presente na Semana Internacional do Café em Belo Horizonte. O evento aconteceu entre os dias 24 a 26 de Setembro, envolvendo todos os elos da cadeia do café, sendo eles produtores, tradings, exportadores, torrefações dos mais diversos portes, cafeterias, além de profissionais como baristas e provadores de cafés. Através de parceria com o SEBRAE – NA, a Região da Alta Mogiana contou com um estande coletivo, junto a outras regiões produtoras de café no Brasil, além de espaço dedicado a rodadas de negócio com cupping de cafés especiais. Apoiada também por sindicatos rurais da região, a Alta Mogiana promoveu uma sala de cupping com as melhores amostras dos produtores associados à AMSC – Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana. A sala contou com a presença de mais de 30 compradores de cafés especiais, nacionais e internacionais, que se mostraram surpresos com a qualidade e o potencial da região. Além disso, foi realizado pela primeira vez no Brasil o Re:Verb, simpósio promovido pela SCAE (Specialty Coffee Association of Europe), contando com a presença das mais reconhecidas torrefações e cafeterias no mundo como Stephen Morrisey e Kyle David da Inteligentsia Coffee, Michael Salvatori da Heritage Coffee e também Isabela Raposeiras como mediadora do evento. Gabriel Borges, gestor da associação esteve presente, representando os produtores da nossa região. “O simpósio foi um marco que demonstra a evolução e importância da Semana Internacional do Café, aproximando cada vez mais torrefadores e cafeterias dos produtores.”

FOTOS: Divulgação AMSC

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Região da Alta Mogiana marca presença na Semana Internacional do Café em Belo Horizonte (MG)


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A SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ 2015 André Luis da Cunha - Cafeicultor, diretor-presidente da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana [ altamogiana@amsc.com.br ]

s feiras de segmentos são realizadas por diversos motivos, entre eles: para promover o relacionamento entre diferentes elos da cadeia; apresentar as novidades tecnológicas e inovações ao público; gerar oportunidades e efetivar negócios em um ambiente com diversos profissionais do mesmo segmento; e estar por dentro das últimas informações de mercado referente ao tema em questão. A Semana Internacional do Café, que aconteceu em Belo Horizonte vem ao encontro desses objetivos para o setor dos cafés especiais. Além de promover os cafés da mais alta qualidade no país para o mercado interno e externo, foi um encontro cujo principal objetivo era nada mais do que falar sobre e apreciar excelentes cafés brasileiros. E justamente por esse motivo que a Região da Alta Mogiana marcou sua presença no evento. Chamou atenção a quantidade de cafeicultores presentes na feira, buscando aprimorar seus conhecimentos sobre cafés especiais, antenados com um nicho de mercado exigente desde o processo produtivo até a expressão das características de aroma e sabor na xícara. São produtores participando de forma ativa em discussões envolvendo a pontuação de café pela metodologia da SCAA (Specialty Coffee Association of America) e que estão investindo para acessar cada vez mais informações que possam torná-los mais competitivos. Essa visão permite que o produtor agregue valor aos seus cafés, pois ele passa a ter maior referência, ainda na fazenda, sobre o ágio que seu café especial pode capturar no mercado.

Mas a ação mais importante no evento aconteceu na sexta-feira, dia 25, que foi a estruturação da sala de cupping da Região da Alta Mogiana. Foram selecionadas quinze amostras com cafés de altíssima qualidade da safra corrente para a apreciação dos participantes, oriundos de diversas partes do mundo, inclusive Rússia e Austrália. E dois fatos foram nítidos: a boa impressão causada pela excelência das bebidas; e a extensa fila formada para provar nossos cafés! Os cafés apresentados foram selecionados entre amostras de Associados da AMSC e filiados aos Sindicatos Rurais parceiros da ação; além dos mais bem pontuados cafés finalistas do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana. Que, aliás, este ano está surpreendendo pelo alto número de amostras com elevadas pontuações atingidas, confirmando o potencial da Região para a produção de cafés finíssimos. Vale lembrar que a pontuação é calculada pela média de sete notas concedidas por provadores regionais. Deixo aqui meus agradecimentos a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para representar e promover a imagem da Região da Alta Mogiana neste que é o principal evento do ano para os cafés especiais. Cumprimento todos os cafeicultores da Região que dedicaram tempo e esforço para visitarem a feira e trazerem consigo informações e conhecimento valiosos para melhorar cada vez mais a qualidade de nossos cafés. E ficam meus votos de incentivo para aqueles que não puderam ir neste ano, que possam ir em 2016, conhecer ou revistar o evento – porque vale a pena apreciar a Região da Alta Mogiana!


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Capetinga (MG) e Pedregulho (SP) têm os melhores cafés da Alta Mogiana

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s melhores cafés da Alta Mogiana são de Capetinga e Pedregulho. Dois produtores destas cidades são os grandes vencedores do 12º Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café, realizado pela COCAPEC, um dos principais do país. Uma inovação trazida desde o ano passado, quando a COCAPEC valorizou os cafeicultores dos dois Estados em que atuam (São Paulo e Minas Gerais), foi repetida nesta edição. Sendo assim, foram reconhecidos novamente os 5 melhores grãos paulistas e os 5 mineiros. Os premiados tiveram suas amostras enviadas diretamente para os respectivos concursos estaduais e terão a oportunidade de estar entre os melhores do Brasil. As amostras analisadas são referente à safra comercial 2015/2016, seguindo a tabela oficial brasileira de classificação de bebida dura para melhor, na categoria natural (via seca), tipo 4 para melhor, nas peneiras 16 e acima, com vazamento de no máximo 2% da peneira 16 e teor de umidade de no máximo, 11,5%. Apesar de nova adversidade climática (temperaturas altas e longo veranico) nos meses de janeiro e fevereiro, momento de granação do grão, de acordo com os técnicos do concurso, a qualidade e aspectos foram bastante elevados, garantindo uma excelente bebida e, claro, uma disputa bem acirrada. A exemplo do que aconteceu no ano passado,a CO-

MG deve produzir 50% do total da safra 15/16 M

inas Gerais deve produzir 50% do total da safra de café 2015/16 do país, projetada em 44,3 milhões de sacas de 60 kg. A expectativa é da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). Conforme o presidente da Faemg, Roberto Simões, a colheita da safra no estado está terminando e o longo período sem chuva e a temperatura muito acima da média histórica resultaram na ocorrência de grãos miúdos, com perda em quantidade e qualidade. “Ao fim do processo, os produtores ainda amargaram queda nos preços pela saca”, afirmou, em nota, ressaltando também que a crise aumentou os custos de produção da commodity nesta safra. Para ele, diante desse cenário, surgem alguns desafios que precisam ser driblados: administrar, de forma estratégica, o escoamento da produção, realizar uma gestão otimizada do caixa e ainda planejar e investir na próxima safra. “Em função dessa realidade, torna-se imprescindível definir prioridades e alternativas rentáveis, que não estejam suscetíveis às variações do mercado ou da economia. Temos dados que nos apontam que a melhor aposta é a produção de cafés especiais, que têm colocado em evidência as regiões produtoras de Minas Gerais”, declarou. (Fonte: G1)

CAPEC novamente se empenhará para comercializar os cafés especiais dos seus cooperados no mercado e garantir uma real valorização do trabalho de todos. Esta atitude em 2014 concedeu um incremento de até 25% sobre a saca em comparação com os preços que estavam sendo praticados pelo mercado nos cafés bica corrida naquele período. Em uma comercialização recente, a cooperativa negociou alguns lotes de cafés especiais de cooperados com a Illy Caffè por R$ 630,00 a R$ 680,00, no momento que o mercado pagava aproximadamente R$ 470,00. Isso mostra o quanto é importante se investir em qualidade, permitindo que a COCAPEC abra novas portas e desbrave este mercado promissor. Veja os cooperados que mais uma vez primaram pela qualidade de sua produção: 5 Melhores Cafés de São Paulo: 1º) - MAURIVAN RODRIGUES (Fazenda Lagoa - Pedregulho/SP); 2º) - LUIZ ALBERTO SPIRLANDELI (Sítio Recanto das Águas - Pedregulho/SP); 3º) - APARECIDO DONIZETI MIGUEL (Fazenda Baguassu - Pedregulho/SP); 4º) - LEONARDO JOSÉ BOLONHA (Sítio São João Batista - Franca/SP); 5º) - FELÍCIO JACINTO CHIARELO (Sítio Chave da Taquara – Cristais Paulista/SP) 5 Melhores Cafés de Minas Gerais 1º) - JOSÉ CLEUBES CUSTÓDIO DA SILVA (Fazenda Alegria da Serra - Capetinga/MG); 2º) - VALNEI DE CASTRO (Sítio São João - Ibiraci/MG); 3º) - SEBASTIÃO EURÍPEDES PIMENTA PEREIRA (Sítio Morrinhos - Capetinga/MG); 4º) - VANDER HERMOGENES DE ANDRADE (Fazenda Pontal - Ibiraci/MG); 5º) - NELSON CARRIJO (Sítio Carrijo – Ibiraci/MG). A Cocapec parabeniza a todos os participantes e enfatiza o seu apoio na busca de valorização para os café especiais da Alta Mogiana.


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Projeto de Lei do Café começa a ser debatido

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Brasil é o segundo maior consumidor mundial de café, são 81 litros/ano/pessoa. Para atender a demanda de paladares cada vez mais exigentes o tradicional “pretinho” vem adquirido algumas especificidades desde os anos 2000, quando produtores brasileiros passaram a investir no grão desenvolvendo o café cada vez melhor. Hoje já são mais de 160 tipos de cafés gourmet. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), pouco mais de 10% de todo o café produzido no País e menos de 8% do produto destinado ao mercado interno classifica-se como especial ou gourmet. Focado em aumentar a demanda de consumo, em incentivar a competitividade e agregar mais valor ao produto, o deputado federal Evair de Melo (PV-ES) elaborou o Projeto de Lei Nº 1.713/2015 que prevê a criação da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade. O café é o quinto item mais exportado no agronegócio brasileiro. “Dados do Ministério da Agricultura, mostram que as vendas para o exterior alcançaram o valor de U$ 1,7 bilhão, nos três primeiros meses deste ano, receita 36,18% maior do que os U$ 1,25 bilhão, totalizados no mesmo período do ano passado, ou seja, vem crescendo e precisamos estar atentos as demandas do mercado. O café precisa ser assunto recorrente nas pautas de discussão”. Uma audiência pública foi realizada no início de setem-

bro, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Entre os convidados estiveram: o diretor-Executivo da ABIC, Nathan Herszkowicz; o gerente-Geral da Embrapa Café, Gabriel Ferreira Bartholo; o gestor de Projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Cláudio Borges; o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas; o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Antônio José Domingues; o presidente da Brazil Specialty Cofee Association (BSCA), Silvio Leite; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), Pedro Guimarães Fernandez; e o presidente da Comissão Técnica de Café da CNA, Breno Pereira de Mesquita. Os preços brasileiros são competitivos no mercado mundial e a diversidade de regiões ocupadas pela cultura possibilita o suprimento de tipos variados do produto. Os “blends” produzidos têm como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, especiais e de outras características. Já os cafés de categorias superiores e especiais concorrem em mercados diferenciados, de consumidores mais exigentes e de maior remuneração. Para receber classificação como café de categoria superior, os grãos passam por processos de seleção de acordo com sua cor, tamanho e sabor.

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Giovani Belutti Voltolini1 , Dalyse Toledo Castanheira2 , Ademilson de Oliveira Alecrim3 e Adenilson Henrique Gonçalves4

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Surge um novo problema na cafeicultura: plantas daninhas resistentes ao glifosato

manejo das plantas daninhas no cafeeiro é uma das práticas mais importantes na condução das lavouras, pois as mesmas podem competir com o café pelos elementos essenciais ao seu desenvolvimento, como água, luz, nutrientes e também por espaço. Dentre os métodos de controle, o mais utilizado antigamente era o controle mecânico, por meio do uso Figura 1. Plantas daninhas resistentes na lavoura cafeeira. de roçadoras e/ou capina manual. No entanto, este método é muito oneroso e acarreta em grande Dentre essas espécies as que vêm causando danos mais demanda financeira por parte do produtor. A partir do sur- severos ao cafeeiro, são as buvas (Conyza canadensis e Conygimento do herbicida Glifosato, o controle químico passou za bonariensis) e o azevém (Lolium multiflorum). Sendo que, a ser o mais utilizado, sendo um método de controle mais por meio das modificações naturais que ocorreram nessas barato e que possui um amplo espectro de controle e uma plantas, o Glifosato não possui mais eficácia no controle. rápida degradação no meio ambiente. Na imagem é possível observar que o controle das Contudo, ao passar dos anos, o uso intensivo do con- plantas daninhas por meio da utilização do Glifosato nas entrole químico por meio da utilização do Glifosato vem cau- trelinhas do cafeeiro não foi eficaz para as espécies de buva e sando alterações nas populações de plantas daninhas ocor- azevém. Entretanto, as demais espécies invasoras foram conrentes nas lavouras, o que pode favorecer o surgimento de troladas pelo herbicida. Normalmente as plantas resistentes algumas plantas resistente ao herbicida. No entanto, a re- são encontradas em pontos isolados, e devido à ausência de sistência de plantas daninhas não se deve apenas ao uso in- controle das mesmas, vão se disseminando, aumentando astensivo do herbicida, mas também devido à ampla variabili- sim o número de indivíduos resistentes, até que as mesmas dade genética das plantas, as condições climáticas do local e dominem a área. o uso de sub-doses do herbicida. No intuito de evitar a ocorrência de plantas daninhas resistentes ao Glifosato, algumas recomendações são feitas, como por exemplo, o manejo associado das plantas daninhas, AUTORES 1 - Coordenador geral do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas que consiste na combinação dos métodos de controle químico Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), Graduando em Agronomia pela Unie mecânico, onde o principal objetivo é a redução da intensiversidade Federal de Lavras – UFLA. Email: giovanibelutti77@hotmail.com dade das aplicações de herbicidas, realizando aplicação somente 2 - Eng. Agrônoma, membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas em períodos estratégicos, como a época das águas e na arruação. Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), Doutoranda em Agronomia – Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. Também é possível evitar a incidência de plantas daninhas re3 - Eng. Agrônomo, membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas sistentes pela rotação de herbicidas, evitando assim, o uso exDaninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), Mestrando em Agronomia – Fitoclusivo de somente um determinado tipo de herbicida. tecnia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. É importante ressaltar que trocar a marca comercial do 4 - Professor de Plantas Daninhas da Universidade Federal de Lavras – UFLA. herbicida não caracteriza a rotação, pois os mesmos podem ter o mesmo ingrediente ativo, portanto o importante é a troca do mecanismo de ação do qual o herbicida faz parte. Outra forma de se evitar esse problema é a adoção do sistema de culturas intercalares, pois devido à maior abrangência de culturas na área a biodiversidade das plantas daninhas será maior, assim como os tipos de herbicidas a serem utilizados, diminuindo assim a possibilidade de


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Figura 2. Manejo alternativo (mecânico) no controle das plantas daninhas resistentes.

Figura 3. A ocorrência de plantas daninhas provoca danos no crescimento e desenvolvimento do cafeeiro.

surgimento de novos grupos de plantas daninhas resistentes. Os prejuízos ocasionados pela ocorrência de plantas daninhas resistentes ao Glifosato no cafeeiro são grandes, a começar pelo maior gasto do produtor na lavoura, devido ao uso do controle mecânico, que deverá ser empregado para o controle das plantas resistentes. Outra grande fonte de perda é a possível competição por nutrientes entre a cultura do café e essas plantas remanescentes à aplicação do herbicida. Na imagem é possível observar a eficácia do controle mecânico das espécies de plantas invasoras à cultura do café com resistência ao herbicida Glifosato, em área onde foi feita a aplicação deste herbicida. Dentre as formas de controle das plantas daninhas resistentes ao Glifosato, alguns ensaios estão sendo feitos, sendo que os herbicidas Clethodin, Haloxifope Metílico e Clorimuron ethil (produtos comerciais Select, Verdict e Classic, respectivamente e também outros similares) apresentam resultados promissores no controle das mesmas e também são seletivos ao cafeeiro, evitando assim, possíveis injúrias devido à fitotoxidez destes herbicidas.

Contudo, o que vem preocupando os cafeicultores é a falta de pesquisa que comprove a eficiência destes herbicidas no controle de espécies resistentes ao Glifosato, e consequentemente, os prejuízos causados pela ausência de controle irão influir de forma direta na produção do cafeeiro, e também na lucratividade do cafeicultor. Neste sentido, são necessárias novas pesquisas a cerca destes herbicidas, que provavelmente, de maneira análoga ao uso do Glifosato, serão os herbicidas utilizados no controle das plantas daninhas ocorrentes na cultura do café e resistentes ao Glifosato. Uma solução mais prática e eficiente que o produtor pode adotar para o controle de plantas daninhas resistentes ao Glifosato é a utilização do controle mecânico, mesmo sendo esse um método de controle oneroso, é um dos mais eficientes em casos de resistência. É importante ressaltar que o cafeicultor deve sempre optar pelo manejo integrado de plantas daninhas, buscando a integração dos métodos de controle e evitando assim o surgimento de plantas daninhas resistentes.


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secagem dos grãos de café é uma das fases cruciais para obter um produto de melhor qualidade. Para pequenos cafeicultores, que enfrentam altos custos nas diversas fases de produção, a aquisição da matéria-prima para a construção dos terreiros tem sido uma dor de cabeça a menos, com a ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Nos municípios de Carmo da Cachoeira e Nepomuceno, no Sul de Minas, os resultados do esforço conjunto já são visíveis: mais de 100 mil metros quadrados construídos. Os extensionistas da Emater-MG organizam a compra conjunta de lama asfáltica para a pavimentação das áreas onde é feita a secagem de café. O processo tem facilitado o acesso de mais produtores à tecnologia, que tem como vantagens permitir que os grãos cheguem em menos tempo e com mais uniformidade à umidade ideal. “A qualidade de vida do produtor melhorou demais com essas tecnologias de produção”, afirma o engenheiro agrônomo Marcel Reis Naves, extensionista da Emater-MG em Carmo da Cachoeira. No município, ele informa que já foram atendidos cerca de 600 produtores, nos últimos cinco anos. “Este ano tivemos 15 hectares de terreiros pavimentados com lama asfáltica. Já temos, no município, em torno de 60% a 70% das propriedades em uso da tecnologia. Os produtores já estão bem conscientizados”, avalia o extensionista. A dificuldade maior, dizem os técnicos, é que as distribuidoras de lama asfáltica, um produto derivado do petróleo, exigem uma carga mínima de 15 toneladas, para viabilizar a entrega do produto nos municípios. Patrícia Salgado, engenheira agrônoma da Emater-MG em Nepomuceno, explica como é o processo de compra conjunta: “No mês de janeiro, fazemos a divulgação nas rádios locais. Os produtores encomendam a lama asfáltica no escritório da Emater e, assim que montamos o grupo, repassamos o pedido para a distribuidora. No dia seguinte o produto é entregue aqui. Os produtores precisam levar os tambores de 200 litros vazios para que o caminhão descarregue.” Segundo a extensionista, o processo, além de facilitar o acesso, ainda reduz custo. “O preço fica 25% mais barato, gerando uma grande economia para os cafeicultores. Compramos diretamente da distribuidora, coisa que o produtor sozinho não consegue”, afirma Patrícia Salgado. Ela informa que mais de 400 produtores já foram beneficiados em Nepomuceno e alguns municípios vizinhos. TECNOLOGIA BOA E BARATA - A técnica da Emater-MG explica que a lama asfáltica é uma boa opção para a pavimentação dos terreiros, em comparação ao cimento: “O preço do terreiro pronto fica 70% mais barato que o de cimento. E a confecção do terreiro fica mais fácil, pois não necessita de mão de obra especializada”, enumera Patrícia. Ela ressalta ainda que não se deve confundir a matéria-prima: “A lama asfáltica não é o mesmo que asfalto. O asfalto tem

FOTO: Emater-MG - Alexandre Soares

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Cafeicultores investem na lama asfáltica Tecnologia é recomendada por ter baixo custo e melhorar a qualidade dos grãos A

alcatrão em sua composição e pode deixar resíduo tóxico no café. A lama asfáltica não tem esse risco e deveria ser mais usada pelos pequenos produtores, devido ao baixo custo”, recomenda. Patrícia destaca ainda que a parceria também envolve os grandes cafeicultores: “Sem os grandes produtores a Emater--MG não consegue formar as cargas para a compra conjunta. Vou te dar um exemplo: quatro produtores grandes, comprando três toneladas cada um, conseguem encomendar 12 toneladas. E o restante para formar a carga mínima é dividido por outros 15 pequenos produtores. Isto viabiliza a compra.” O extensionista de Carmo da Cachoeira, Marcel Naves, diz que a principal vantagem da lama asfáltica é a praticidade na construção do terreiro. “No caso, com quatro pessoas se realiza em média 1.400 metros quadrados por dia de trabalho, enquanto, com o cimento, quatro pessoas não fazem nem 300 metros quadrados por dia”, compara. Seja qual for o material escolhido para a pavimentação, os técnicos da Emater-MG orientam os produtores sobre os cuidados para obter um terreiro eficiente. “O cuidado inicial deve ser o de procurar uma boa localização, com boa incidência de sol e bem arejada, em terreno que não seja sujeito a alagamentos ou enxurradas”, alerta Marcel Naves. Na fase de construção, ele diz que o segredo do sucesso é iniciar com terraplanagem e compactação cuidadosas, para garantir depois um bom espalhamento do café e rápido escoamento da água das chuvas. “A compactação do solo é fundamental. Deve ser muito bem feita, com boa terraplanagem, pois é o que vai garantir um bom resultado final”, recomenda o extensionista. No site da Emater-MG, na sessão Livraria Virtual, a empresa disponibiliza uma cartilha com informações detalhadas para a construção de um terreiro de café pavimentado com lama asfáltica. (Fonte: Emater-MG)


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afeicultores, torrefadores, classificadores, exportadores, compradores, fornecedores, empresários, baristas, proprietários de cafeterias e apreciadores de todo o mundo estiveram reunidos, entre os dias 24 e 26 de setembro, na 3ª edição da Semana Internacional do Café (SIC). Durante o evento, foram iniciados cerca de R$25 milhões em negócios, realizados entre representantes de toda cadeia produtiva do café, tanto do Brasil como de outros países. Pelo local, passaram 13 mil pessoas, número superior ao ano passado. Elas estavam interessadas em divulgar seus produtos, em aprofundar seus conhecimentos, conhecer as inovações do setor, expandir e fortalecer seus negócios. O evento, considerado o maior encontro do setor no país e um dos principais do mundo, é uma oportunidade para o Brasil mostrar aos mercados nacionais e internacionais que não produz apenas quantidade, mas também grãos de alta qualidade. Para Roberto Simões, presidente da Faemg, uma das entidades organizadoras do evento, os cafés brasileiros e, em especial, os produzidos em Minas, já têm se consolidado como referência mundial. “A Semana Internacional do Café é especialmente importante como oportunidade para que o produtor apresente o resultado deste bem sucedido trabalho que vem desenvolvendo em sua propriedade e da qualidade alcançada, fazendo bons negócios. Para a Faemg, é uma satisfação participar dessa grande realização e traduzir em ação, ano a ano, esse impulso do setor produtivo nacional para os mais exigentes mercados internacionais”, ressalta. Mariana Proença, diretora de conteúdo da Café Editora, idealizadora do evento, afirma que este ano as expectativas foram superadas, tanto em relação ao número de visitantes quanto em qualidade. “Vieram pessoas de todo o Brasil em busca de cafés especiais. Pessoas que vieram em busca de novidades e inovação”, conta. Ela acrescenta que esta edição foi sustentável e muito produtiva.

FOTOS: SIC - Bruno Lavorato

Semana Internacional do Café estimula desenvolvimento da cadeia cafeeira

Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB - Organização das Cooperativas do Brasil, discursa na solenidade de abertura.

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FOTOS: SIC - Bruno Lavorato

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Priscilla Lins, gerente de Agronegócios do Sebrae, outra entidade que está à frente da realização da SIC, ressalta que esta edição consolidou a estratégia de ter Minas Gerais como centro das atenções na cadeia do café. “Os eventos técnicos focados nas áreas de ‘Mercado e Consumo’, ‘Conhecimento e Inovação’ e ‘Negócios e Empreendedorismo’ foram grandes sucesso de público e qualidade técnica. O produtor pôde ver que ele é a razão do negócio do café, que movimenta tanta gente e tem milhões de consumidores pelo mundo; ver que a cadeia do café que gera tanta renda, empregos e satisfaz tantos consumidores pelo mundo só existe pelo trabalho dele.” A SIC reuniu mais de 200 profissionais do mercado de café, cerca de 100 expositores e 150 marcas. Para quem expõe seus produtos, essa é uma oportunidade de fortalecer-se institucionalmente e apresentar seu negócio para representantes de todo o mundo. Para Adriano Rocha, coordenador de vendas da Treviso, concessionária de máquinas agrícolas, o evento é muito importante para ampliar o networking. “Conhecemos muitos produtores e empresários, depois faremos um novo contato com todos eles, na expectativa de fechamos uma parceria”, afirma. Durante esses três dias de intensas atividades, os visitantes também participaram de cursos, palestras, workshops, rodadas de negócios e sala de cupping. No total, foram 30 ações simultâneas e 60 palestrantes, sendo 10 deles internacionais. O público conferiu mais de 65 temas, distribuídos em 280 horas de conteúdo. E a quarta edição da Semana Internacional do Café já tem data marcada em Belo Horizonte (MG): 22 a 24 de setembro de 2016, no Expominas.


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Brasil paga só parte da dívida com a OIC A dívida era de R$ 2,3 milhões e agora o Brasil fica fora das discussões mundiais do café

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Brasil pagou dia 1º de outubro, com atraso, apenas uma parte da taxa anual de 382 mil libras, o equivalente a R$ 2,3 milhões pelo câmbio atual, devida à Organização Internacional do Café (OIC). O prazo final para pagar a dívida venceu no dia 30 de setembro. O país pagou apenas R$ 1,7 milhão à entidade. O atraso no pagamento foi motivado por cortes orçamentários feitos pelo Executivo, em meio ao ajuste fiscal das contas públicas. De acordo com o presidente da OIC, o brasileiro Robério Silva, a partir de agora, o país não participa mais de nenhum comitê de discussão nos fóruns da entidade pelo prazo de um ano. “O Brasil perdeu assento nos comitês de finanças e de administração, de promoção e desenvolvimento de mercado, bem como de projetos da OIC”, disse Robério. “O Brasil pagou apenas 70% da dívida, mas faltaram cerca de 100 mil libras [cerca de R$ 600 mil]. Os auditores da OIC já disseram que não vão aceitar e avisaram o Conselho. E temos informação de que o governo brasileiro também não vai pagar o restante”, reafirmou. Procurado, o Ministério da Agricultura, que inter-

mediou as negociações, explicou por meio de sua assessoria de imprensa que a parcela foi paga em valor inferior ao da quantia devida em função de variação cambial no período entre as negociações e o pagamento de fato. A Pasta não informou qual foi o câmbio utilizado pelo governo para chegar ao valor de R$ 1,7 milhão. No entanto, quando foi feita a ordem de pagamento, o real estava mais desvalorizado em relação à libra esterlina, atualmente em R$ 6,04, justificou o ministério. O Brasil pode perder, além do direito de voto, também a possibilidade de manter o brasileiro Robério Silva no cargo. Robério está à frente do posto desde 2011, após intensa campanha do governo brasileiro, que adotava à época uma política de protagonismo em organizações internacionais. Seu mandato expira em setembro de 2016. A União Européia já manifestou interesse em antecipar as eleições para presidência. A Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, não se manifestou sobre o assunto. Mas, de acordo com várias entidades do setor cafeeiro, já era uma “tragédia anunciada”. (Fonte: Valor Econômico)

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Café à beira de ser um bem escasso

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consumo mundial de café está aumentando, especialmente nos mercados emergentes, o que significa que a produção global tem de aumentar entre 40 a 50 milhões de sacas na próxima década. Só para termos uma ideia, isso é mais do que toda a produção do Brasil. A advertência é de Andrea Illy, CEO da IllyCafe – uma empresa italiana de torrefacção de café sediada na cidade italiana de Trieste, que é também onde se encontra o segundo maior porto europeu do café. E a variedade arábica é a mais ameaçada, devido à subida das temperaturas a nível mundial, acrescentou em declarações à Bloomberg. O café, recorde-se, apresenta-se sob duas grandes variedades - robusta e arábica –, sendo que a primeira é negociada em Londres e a segunda é a referência do mercado nova-iorquino. O café tipo arábica, com um grão tido como “premium” e que é usado por marcas como a Starbucks, é o que mais tem sido castigado pelo aumento das temperaturas. Já o robusta – que é mais resiliente e robusto, como o nome indica – tem resistido melhor. O Brasil é o maior produtor de arábica e o Vietnã é o maior produtor de robusta. A conter o necessário aumento de produção desta matéria-prima estão sobretudo dois fatores: a ameaça das alterações climáticas (a subida das temperaturas não ajuda à cultura de café) e os baixos preços a que negoceia atualmente – o que desencoraja os agricultores, a fazer lembrar o que se

passa com o petróleo, cujas cotações em queda travam novos investimentos em explorações mais dispendiosas, como é o caso do pré-sal e das areias betuminosas. E são precisamente estes problemas que estão esta semana em cima da mesa, para análise aprofundada por parte de produtores, responsáveis governamentais e representantes do setor, no Fórum Mundial do Café que decorre em Milão, destaca a Bloomberg. As alterações climáticas ameaçam 25% da produção do Brasil, e produtores como a Nicarágua, El Salvador e México enfrentam também perdas potenciais, segundo um estudo do International Center for Tropical Agriculture, citado pela agência noticiosa. De acordo com o mesmo relatório, as zonas de produção deverão transferir-se para a América Central, para a região Ásia-Pacífico e para algumas áreas da África Oriental, onde as culturas podem desenvolver-se a altitudes mais elevadas. De acordo com a comerciante suíça Volcafe, o mundo deverá ter um déficit de produção de café na ordem dos 3,5 milhões de sacas durante a campanha agrícola de 2015-16, que começa hoje, 2 de Outubro. Já Michael R. Neumann, chairman dos curadores da Hans R. Neumann Stiftung, fundação associada à comerciante alemã Neumann Kaffe Gruppe, sublinha que o consumo mundial de café aumentará em um terço, para 200 milhões de sacas, até 2030. A produção, que este ano rondou os 144 milhões de sacas, terá então de aumentar bastante para atender a esta procura crescente. Na campanha passada, o Brasil tinha já registado uma redução da produção, em 6,4 milhões de sacas, face à época anterior – devido a um forte período de seca em 2014. Essa escassez levou a que os preços do arábica disparassem cerca de 50% no ano passado. No entanto, desde o início deste ano, as cotações já corrigiram 27%, uma vez que o real brasileiro tem estado a depreciar-se face ao dólar (aumentando a atractividade das exportações do país). (Fonte: Bloomberg)


CAFÉ

Casa das Sementes realiza palestras de tecnologia no cafeeiro na Porteira da Pedra

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FOTO: Casa das Sementes

oi realizada no último dia 15 de setembro, na comunidade da Porteira da Pedra, em Claraval (MG), uma sequência de palestras voltada para a cultura e o mercado do café. O evento contou com a presença de mais de 80 produtores da região, que se demonstraram interessados em novas tecnologias no campo. O Engº Agrº Jorge Ricardo Takahashi (consultor técnico da Casa das Sementes – Franca/SP) ressaltou a importância da cafeicultura na região e suas características de manejo. “A cultura do café é muito exigente e é de suma importância que o produtor tenha um consultor-parceiro, que possa acompanhar passo a passo a lavoura a fim de minimizar imprevistos de pragas e doenças e, assim, obter um resultado excelente”, disse Takahashi. Na sequência, o Engº Agrº Tadeu Sousa (RTV Syngenta) falou do tratamento fitossanitário e a importância das pulverizações de pós-florada. Apresentou, ainda, os novos lançamentos da Syngenta: Durivo® e Priori top®. “A Syngenta está cada vez mais focada no mercado cafeeiro e está lançando produtos com novas tecnologias voltado exclusivamente para a cultura do café e, sem dúvida, oferece ao produtor um tratamento completo afim de otimizar a produção com um investimento baixo”, disse Tadeu. Já o palestrante Engº Agrº Neylor (Biocross) falou sobre as adubações foliares com micronutrientes e a maneira como eles são absorvidos pelas plantas, bem como os benefícios do uso do Ascomaxx®, um hormônio natural à base de algas. O palestrante Engº Agrº Fernando Paiva (Fertec) ressaltou a importância do magnésio, boro e zinco na aplicação via solo e seus benefícios, além de apresentar o Sporger®, que é um ótimo retentor de água, além de melhorar significativamente o enraizamento. O Engº Agrº Marcelo Moreira (Embrafós) falou da importância da adubação fosfatada na cultura do café, com seus benefícios e perdas, e a forma mais eficiente de fósforo para a cultura. Falou também dos adubos formulados da Embrafós, com sua baixa dosagem e alta eficiência. Finalizando a bateria de palestras, o consultor José Alfredo do Nascimento (Stockler) abordou os temas sobre o mercado e a comercialização do café, temas estes muito bem expostos e deixando os produtores mais atualizados sobre a real realidade do mercado cafeeiro no país e no mundo. O diretor da Casa das Sementes, Paulo Figueiredo enfatiza a necessidade e a importância de eventos rurais. “Cabe a nós, empresa e parceira do produtor rural, realizar eventos como este a fim de apresentar novas tecnologias de manejo e produtos que,

com certeza, somam em produtividade. Pois, na real situação econômica do país, temos como objetivo oferecer produtos eficientes com um custo justo, a fim de minimizar gastos excessivos e até mesmo desnecessários”

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FOTO: Incaper

Tangerina de mesa: Agricultores conhecem variedades adaptadas produção de banana às condições no ES em Alfredo Chaves (ES)

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ma pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) irá selecionar variedades de tangerina de mesa, de acordo com as condições de solo e clima do Espírito Santo. Os experimentos serão conduzidos em dois ambientes distintos, Fazenda Experimental de Bananal do Norte, situada no distrito de Pacotuba, município de Cachoeiro do Itapemirim (ES), onde o clima é quente e úmido, com estação seca em outono-inverno. O outro é a Fazenda Experimental Mendes da Fonseca, situada no distrito de Aracê, município de Domingos Martins (ES), localizada em uma região que apresenta clima tropical chuvoso, com inverno seco e verão chuvoso. O projeto, que recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), é coordenado pelo agente de pesquisa e inovação em desenvolvimento rural, Sebastião Antônio Gomes (foto), que é engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia/Citricultura. “O objetivo do projeto é avaliar o comportamento de materiais genéticos superiores de tangerinas destinadas ao consumo de frutas frescas e sua interação com dois porta-enxertos, que permitam o escalonamento da produção, comercialização durante o ano e que sejam resistentes à doença fúngica e à mancha marrom de alternária”, explicou. Ele disse que serão selecionados materiais genéticos de tangerina com qualidade superior e que satisfaçam as exigências de mercado. “Serão avaliadas 12 variedades de tangerina em dois porta-enxertos em dois ambientes distintos. A partir do 3º ano, serão avaliadas as características físico-química dos frutos e vigor das plantas. Até o 6º ano da implantação serão avaliadas essas características, para posterior recomendação. Trabalharemos com materiais genéticos de tangerina de maturação precoce e tardia, de variedades sem sementes, variedades tolerantes à mancha marrom de alternária, que permitam diversificar os materiais genéticos dos pomares e atingir diferentes mercados consumidores”, reiterou Sebastião.

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gricultores do município de Alto Rio Novo (ES), da Associação de Produtores Familiares do Córrego Jacutinga, participaram de uma excursão técnica para conhecer experiências em produção de banana em Alfredo Chaves (ES) e Iconha (ES). A ação foi realizada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Em Alfredo Chaves (ES), eles visitaram um grupo de agricultores da comunidade 4º Território e, em Iconha (ES), dois produtores em São José. Os principais objetivos da excursão foram conhecer experiências coletivas em manipulação pós-colheita, uso e gestão de câmara para climatização de banana e a comercialização direta. Também verificaram a produção de banana nanica, especialmente na questão do manejo da lavoura e tratos culturais. “Essa demanda surgiu a partir do seminário Oportunidades Rurais para Alto Rio Novo, realizado em março deste ano. Os 18 membros da Associação de Produtores Familiares do Córrego Jacutinga têm, como principais atividades, a cafeicultura de arábica e conilon, silvicultura de eucalipto e pecuária leiteira. No entanto, a produção de banana vem sendo ampliada ano após ano”, relatou o extensionista do Incaper, Victor dos Santos Rossi. Atualmente, em torno de 16 toneladas/mês de banana, sendo 70% de nanica e 30% prata, são comercializadas para atravessadores da região, fábrica de mariola em Minas Gerais e Mercado Municipal de Alto Rio Novo. “A associação pretende implantar uma câmara climatizadora na comunidade com o objetivo de agregar valor à produção, destinar toda a produção para o comércio, acessar novos mercados, melhorar a comercialização e a qualidade do produto”, falou Victor. (FONTE: Incaper)


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Produção Integrada de Pimentão foi apresentada a produtores do Núcleo de Taquara, no DF.

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FOTOS: Jadir Pinheiro

o início de setembro, na abertura da XVII Semana do Pimentão, o Núcleo Rural de Taquara, no Distrito Federal, realizou o Dia de Campo sobre Cultivo de Pimentão em telado. O evento organizado anualmente pela Emater - DF e pela Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (Cootaquara), reuniu produtores, técnicos, extensionistas rurais e pesquisadores em torno de nove estações – numa delas, foi apresentado o Projeto de Produção Integrada de Pimentão pelo pesquisador Jorge Anderson Guimarães, da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF). A Produção Integrada (PI) prevê alguns procedimentos baseados em um conjunto de normas e protocolos de Boas Práticas Agrícolas (BPA) que devem ser seguidos pelos produtores a fim de obter pimentões de alta qualidade e livre de resíduos. “No evento, foi dada ênfase à integração de diferentes tipos de controle para combater pragas e doenças, levando-se em consideração aspectos como preservação ambiental, saúde e segurança dos trabalhadores rurais”, relata Guimarães. Coordenador do projeto, ele explicou a importância do dia de campo para fazer chegar a um maior número de produtores de pimentão o conhecimento sobre as bases da produção integrada e os passos a serem seguidos para a sua adoção. Em primeiro lugar, segundo ele, figura a liderança do pimentão nas amostras insatisfatórias do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Essa liderança tem como raiz as poucas opções de agroquímicos específicos para controle de pragas e doenças do pimentão, obrigando o produtor a utilizar produtos comercializados

para outras culturas, o que interfere no processo de análise do PARA. “No entanto, o uso de produtos de forma indevida também levou à detecção de resíduos químicos acima dos limites estabelecidos, em virtude de uma carência de informação a respeito do uso correto destes insumos”, explica Guimarães. Ele acrescenta que em virtude desse cenário foi firmado um Termo de Cooperação entre o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Embrapa Hortaliças para elaboração das Normas Técnicas Específicas para produção integrada de pimentão. “As normas estão sendo construídas por uma equipe técnica multidisciplinar, formada por pesquisadores da Embrapa Hortaliças, com apoio de técnicos da Emater-DF, cooperativas e produtores”, relata o pesquisador, que prevê para o próximo ano a finalização desse processo. PROCESSO DE ADESÃO À PRODUÇÃO INTEGRADA - A adesão às normas de Produção Integrada de Pimentão não é obrigatória e o produtor pode optar ou não pela adoção. No entanto, aqueles que aderirem ao sistema deverão adequar seus cultivos ao processo e se submeterem à fiscalização de empresas certificadoras credenciadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Após um período de experiência de um ano de cultivo sob as normas da PIP e tendo cumprido todas as exigências da certificadora, os produtores receberão o selo de Produção Integrada, com o qual poderão comercializar seus produtos com a garantia de que possuem qualidade superior e total isenção de resíduos de qualquer natureza.

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média de produtividade da cenoura no Brasil gira em torno de 30 toneladas por hectare, porém, em regiões mais tecnificadas e que usam sementes híbridas, este valor muitas vezespode alcançar 80 toneladas por hectare. As sementes híbridas associadas à tecnologia de mecanização, como as semeadoras a vácuo de alta precisão, possibilitaram ao produtor uma redução de custos e uma melhor uniformidade na distribuição das sementes e, consequentemente, melhor uniformidade no tamanho das raízes e classificação. “Em algumas regiões do país, os grandes produtores de cenoura estão realizando a colheita mecanizada. É comum encontrar colhedoras operando em algumas regiões do cerrado, sendo que estas colhem de 1 a 3 linhas duplas ou triplas agilizando o processo de colheita e reduzindo os custos do produtor”, explica o Especialista em Bulbos e Raízes da Agristar do Brasil, Samuel Sant’Anna. “Foram os híbridos os grandes responsáveis pelo aumento significativo na produtividade, qualidade e adaptação em diversas regiões do país e épocas de cultivo”, conclui Sant’Anna. CENOURA HÍBRIDA ‘ERICA’ - Diante desta realidade, a Agristar vem investindo em seu programa de melhoramento de cenouras tropicais e desenvolvendo novos materiais, mais adequados e adaptados as diferentes regiões do Brasil, buscando introduzir no mercado materiais que atendam às exigências tanto dos produtores quanto dos consumidores. Um dos grandes destaques da empresa é a cenoura híbrida Erica F1, da linha Superseed, pelas características de produtividade, uniformidade, resistência às principais doenças foliares comuns no verão, tolerância ao pendoamento precoce, raízes com formato cilíndrico e com fechamento de pontas arredondado, pele lisa, coloração externa alaranjada intensa e com alta concentração de beta-caroteno. “Apresenta ciclo entre 95 e 105 dias sendo, portanto, um material precoce, importante característica para o produ-

FOTOS: Superseed

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Produção de cenouras dobra com variedades híbridas e áreas tecnificadas

tor que opte por planejar a colheita. Outras características são a excelente uniformidade e padronização das raízes, que garantem elevado potencial produtivo e alto rendimento na classificação 3A, resultando em maior rentabilidade para o produtor ”, finaliza Sant’Anna. MERCADO DE CENOURAS NO BRASIL - Segundo o Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq, a cenoura é a 5º hortaliça mais cultivada no Brasil e 80% da produção é destinada ao mercado interno. Com uma produção de cenouras estimada em 760 mil toneladas por ano, o país possui uma área de cultivo superior a 20 mil hectares, distribuídos entre as regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Carandaí (MG), Cristalina (GO), Marilândia do Sul (PR), Caxias do Sul e Vacaria (RS), Irecê (BA) e São José do Rio Pardo (SP).


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Incaper pretende melhorar produtividade da batata-baroa na região serrana do ES

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FOTO: Cristiane Silveira

om o objetivo de melhorar o desempenho agronômico da mandioquinha-salsa (batata-baroa) na Região Serrana do Estado, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está iniciando um projeto de pesquisa na área de melhoramento genético. Essa iniciativa também pretende avaliar métodos de produção de mudas a fim de elevar a produtividade da cultura. O projeto é coordenado pela pesquisadora Sarah Ola Moreira, doutora em melhoramento genético de plantas, e possui financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes). O nome oficial do projeto é “Métodos de produção de mudas e desempenho agronômico de genótipos de Mandioquinha-Salsa na Região Serrana do Estado do Espírito Santo”. De acordo com a pesquisadora, o objetivo do trabalho é comparar o efeito de diferentes métodos de pré-brotação das mudas na produtividade de seis genótipos de batata-baroa, bem como o desempenho agronômico e a qualidade das raízes desses materiais na Região Serrana do Espírito Santo. “A busca por genótipos mais adaptados às regiões de cultivo, bem como a identificação do melhor manejo a ser empregado nesses materiais genéticos, em conjunto, resultarão em maior produtividade com menores custos. Com esse projeto, espera-se associar tais necessidades ao estudar o comportamento de seis materiais genéticos de mandioquinha-salsa na Região Serrana do Espírito Santo e identificar a melhor forma de obtenção das mudas para os genótipos testados”, afirmou a pesquisadora. Ela disse que, com isso, será preenchida uma lacuna no conhecimento técnico-científico gerado até o momento

sobre o tema e auxiliará o produtor a ter maiores rendimentos em sua lavoura, utilizando uma técnica simples, mas de impacto econômico positivo. IMPACTOS ECONÔMICOS DO PROJETO - De acordo com a pesquisadora, estima-se que a não utilização da pré-brotação das mudas de mandioquinha-salsa provoca até 30% de falha da população inicial dos plantios comerciais. “Mesmo que seja feito o replantio nessas falhas, a desuniformidade da lavoura e a mão de obra utilizada nesta tarefa causam prejuízos aos produtores rurais. A técnica da prébrotação é simples e de baixo custo e a redução das falhas é significativa. Com a pré-brotação, o produtor ainda pode fazer a seleção das mudas a serem plantadas, aumentando a qualidade das plantas e das raízes”, destacou Sarah. Ela explicou que os genótipos a serem plantados devem ser adaptados ao ambiente de cultivo, uma vez que pouco adiantará ter mudas de boa qualidade se as condições climáticas não forem adequadas para o bom desenvolvimento do material genético utilizado. Por outro lado, a falta de cultivares de mandioquinhasalsa disponíveis no mercado, e devido ao fato de a espécie ser plantada comercialmente via propagação vegetativa, há uma grande uniformidade genética dos plantios, o que é um risco de, com a introdução de uma nova praga ou doença, grande parte dos plantios sofrerem danos consideráveis. “Os resultados desse projeto poderão beneficiar os produtores familiares por responder quais os genótipos são mais produtivos e dão raízes de melhor qualidade na Região Serrana e qual método de produção de mudas reduzirá o percentual de falhas no plantio, aumentando a produtividade”, explicou Sarah.

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