Edição nº 108 novembro 2015

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AGRISHOW 2015

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FOTO DE CAPA

Morangos em ponto de colheita. Foto: Paulo Lanzeta

MÁQUINAS

Pesquisa busca desenvolver o morango brasileiro

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Liderada pela EMBRAPA e composta por diversas entidades e universidades, pesquisadores retomaram os trabalhos de melhoramento genético do morangueiro com o objetivo de desenvolver uma variedade 100% nacional. A proposta é contornar um dos principais entraves da cultura no País: a dependência de variedades estrangeiras que dominam o mercado brasileiro. Atualmente, moranguicultores brasileiro precisam adquirir mudas produzidas no Chile e Argentina, o que aumenta os custos de produção.

A revisão da sua máquina está em dia??

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A revisão dos tratores é um tema bastente importante de ser discutido, afinal, evita o desgaste prematuro dos componentes, aumenta a vida útil do equipamento, trazendo maior rentabilidade.

LEITE

Instalações e conforto térmico para bovinos leiteiros

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Produzir leite no Brasil é hoje, mais do que nunca, um grande desafio ao produtor. Dentre as inúmeras dificuldades, as altas temperaturas são extremamente desfavoráveis à atividade.

Controle de pragas iniciais na cultura do milho

GRÃOS

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Mais uma safra de verão se aproxima e com ela todas as expectativas de excelentes produtividades na cultura do milho. Entretanto, até a colheita, o produtor pode ter problemas sérios com pragas na cultura.

O crescimento da cafeicultura chinesa

CAFÉ

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pesquisa científica na área agrícola e pecuária no Brasil foi a grande responsável por excepcionais progressos no campo desde o Descobrimento do Brasil, refletindo diretamente nas prateleiras do supermercado, nos armários das residências e na oferta de alimentos em restaurantes e demais pontos de alimentação. Também com a mesma importância, o avanço tecnológico no campo graças à pesquisa reflete todos os anos na balança comercial internacional do País. É o agronegócio que garante anualmente superávits econômicos, seja com a soja, com o café, com os bovinos, com as aves, com os suínos, com o suco de laranja e fruticultura em geral. Mas nos últimos 30 anos, a pesquisa agropecuária no Brasil foi menosprezada. Universidades federais ou estaduais passam por dificuldades e instituições de pesquisa (algumas centenárias) simplesmente desapareceram ou foram sucateadas. É o caso do IAC - Instituto Agronômico de Campinas, entidade com 128 anos de existência. Todo o seu acervo Entomológico com mais de 8,5 mil amostras de insetos e pragas, coletadas ao longo de 80 anos, bem como todo o acervo do Herbário, com mais de 56 mil amostras e 11 mil espécies catalogadas, foram transferidos de Campinas (SP) para São Paulo (SP). Sem maiores explicações. Outro fato agravante observado não somente no IAC, mas também na EMBRAPA, na Secretaria de Agricultura de SP (CATI e EDA) e em praticamente todos os órgãos de pesquisa e extensão nos Estados da Federação, é que o quadro de pesquisadores existentes está totalmente defasado, com recursos minguados, o que implica diretamente no abandono e encerramento de linhas de pesquisas. Isto pode trazer consequências sérias para a agricultura e pecuária em todo o País, o que, em futuro breve, refletirá novamente no desabastecimento dos centros urbanos e interferindo nas exportações. Nesta edição, como prova da importância da pesquisa agrícola no Brasil, mostramos que a EMBRAPA Clima Temperado reiniciou pesquisas para a desenvolvimento de variedades de morango totalmente nacionais. Isto solucionaria a dependência dos agricultores em adquirir mudas no Chile e na Argentina e reduziria sobremaneira os custos de produção do fruto. Na cafeicultura, destaque para os resultados dos concursos de qualidade de café da AMSC, em Franca (SP); da BSCA, em Varginha (MG) e do Estado de São Paulo, em Santos (SP). O crescimento da cafeicultura na China; os danos do Glyphosate no desenvolvimento inicial do cafeeiro; e as principais pragas do cafeeiro no contexto do MIP - Manejo Integrado de Pragas também merecem destaque. Na pecuária leiteira, publicanos novo artigo dos pesquisadores Glayk Humberto Vilela Barbosa e Vânia Mirele Ferreira Carrijo que abordam o tema: “Instalações e Conforto Térmico”. Para finalizar, a cadeia produtiva do alho ganhou no mês passado uma nova cultivar, a “Amarante”. Boa leitura a todos!!!

HORTALIÇAS

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Na contramão da política brasileira, pesquisa persiste em auxiliar o campo

DESTAQUE: MORANGO

EDITORIAL

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Analistas de mercado vietnamitas estão preocupados com o crescimento da produção de café na China. A província chinesa de Yunnam triplicou a área de cultivo em poucos anos.

Gotejamento dobra produtividade de tomate

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Iron de Lima, um dos maiores produtores de tomate para indústria do país, adotou o sistema de irrigação de gotejamento subterrâneo e dobrou a produtividade no município de Itaberaí (GO).


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contatos

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LUIZ ALVES DA COSTA FILHO (luizfilho2007@hotmail.com) Estudante - Santa Vitória (MG). “Sou estudante universitário do curso de Tecnologia em Agronegócio e Funcionário do Banco do Brasil. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ROGÉRIO HENRIQUE ANDRADE (sperwow@hotmail.com) Estudante - Franca (SP). “Sou estudante do curso Técnico em Cafeicultura, da escola ETEC “Prof. Carmelino Corrêa Jr.”, sediada em Franca (SP). Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOSÉ RONALDO CAMPOS (ronaldocampos11@hotmail.com) Representante Comercial - Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOSÉ AUGUSTO DE SOUZA (zeaugusto550@gmail.com) Estudante - Franca (SP). “Sou estudante do curso Técnico em Agropecuária e de Cafeicultura, da escola ETEC “Prof. Carmelino Corrêa Jr.”. Gostaria de receber mensalmente a Revista Attalea Agronegócios”. GIOVAINE PATRICK DE OLIVEIRA (giovaine-patrick@hotmail.com) Cafeicultor e Estudante - Franca (SP). “Estou cursando Técnico em Agropecuária e Agronegócios. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. GABRIEL VINICIUS SILVA (gabriel-vinicius-9@hotmail.com) Estudante - Franca (SP). “Trabalho com café e com gado leiteiro e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

ERNILTON PEREIRA DE SOUZA (erniltonps@yahoo.com.br) Técnico em Agropecuária - Fortaleza (CE). “Sou gestor agrícola em propriedades rurais. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. JANAÍNA DE MORAIS PAULO (nina@nrlog.com) Empresário - São Paulo (SP). “Trabalho no setor de comércio e transporte de implementos agrícolas. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. RODRIGO DE PAULA NEVES (rodrigoq717@hotmail.com) Técnico em Agropecuária - Franca (SP). “Sou gerente de vendas de implementos agrícolas e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. FÁBIO ORIENTE (fabio@nrlog.com) Empresário - Itajaí (SC). “Nossa empresa trabalha no setor de comércio e transporte de implementos agrícolas. E gostaria muito de receber a Revista Attalea Agronegócios”. DAIANE RODRIGUES VIANA (rh@bancaactive.com.br) Técnica em Agropecuária - Franca (SP). “Sou gerente administrativa e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

ELISON RIBEIRO COSTA (erc_silk@hotmail.com) Técnico em Cafeicultura - Franca (SP). “Sou produtor rural e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. LEONILDO DE SOUSA (leonildo_sousa@uol.com.br) Representante Comercial - Ribeirão Preto (SP). “Sou representante comercial de máquinas para café, voltado à cooperativas, produtores e armazéns de café. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MARINA JORGE BERTANHA PAGANUCCI (marinajb2@yahoo.com.br) Produtora Rural - Cristais Paulista (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. ABIMAEL FERREIRA BARBOSA (mestreabimael@gmail.com) Professor - Aracaju (SE). “Sou professor de Empreendedorismo e Gestão do Agronegócio, do cusro de Medicina Veterinária da Faculdade Pio Décimo. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. LUIS PAULO DIOGO DE SOUZA (lpsouza251ps@gmail.com) Estudante - Franca (SP). “Sou estudante de Agronegócio na Unifran e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

STEVE MENEGHETI (smeneguetiagronegocio@gmail.com) Produtor Rural - Franca (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

MATHEUS CAMILO ALVES (matheusletocamilo@gmail.com) Estudante de Agronegócios - Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

FELIPE SANTOS DA SILVA (calav31@gmail.com) Produtor Rural - Franca (SP). “Sou pequeno produtor rural na Alta Mogiana e gostaria muito de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

GABRIEL GARCIA LEITE (freireleite@yahoo.com.br) Produtor Rural - Franca (SP). “Solicito alteração de endereço, para eu poder continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”.


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MÁQUINAS

A revisão da sua máquina está em dia? 8

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Entenda a importância da realização de revisões regulares nas máquinas agrícolas

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revisão dos tratores é um tema bastante importante de ser discutido, afinal, manter a máquina sempre com a revisão em dia evita o desgaste prematuro dos componentes, aumenta a vida útil do equipamento, trazendo maior rentabilidade, reduzindo despesas com manutenção e, principalmente, minimizando o risco da máquina quebrar durante períodos importantes do manejo da cultura em que ela é utilizada, evitando prejuízos. É fundamental que, ao adquirir uma máquina agrícola, se leia o manual do usuário para ficar ‘a par’ das principais informações a respeito do equipamento que será utilizado. Pode variar, mas em casos com tratores de 4 rodas, as revisões são geralmente realizadas com 50h, 350h, 650h e 1250h. Atualmente a exigência em relação à durabilidade das máquinas é maior e as fábricas têm trabalhado neste sentido. A Agritech, fabricante dos tratores Yanmar Agritech, desde o momento da entrega técnica do trator oferece aos seus clientes dicas de revisões diárias, muito importantes para a longevidade da máquina e que estão contidas no manual de instruções que acompanha o produto. Essas dicas, tais como: Inspeção do nível do líquido de arrefecimento do motor, nível de óleo lubrificante do motor, drenagem do decantador do óleo combustível, verificação do nível de óleo da transmissão e eixo dianteiro, verificação do indicador de restrição do filtro de ar, verificação da calibragem dos pneus, segurança na operação com o trator, uso de EPIs entre outras, quando negligenciadas pelo proprietário da máquina, geram um desgaste prematuro dos principais componentes do trator. Vale salientar que, se vencer o prazo estipulado para a revisão de fábrica das máquinas, as peças e produtos perdem a garantia caso seja preciso realizar algum ressarcimento durante as revisões gratuitas. Ainda são muito comuns os proprietários de tratores terem certa resistência na hora de mandar suas máquinas para a revisão, muitas vezes, inclusive, acreditando que não

há problema em trabalhar com sua máquina tendo seus lubrificantes e componentes vencidos. Isso não é verdade e a Agritech tem como política posicionar seus clientes para que realizem as revisões dentro dos períodos estipulados. Gostamos de frisar que isso diminui as despesas com revisões e aperfeiçoa a utilização da máquina. Um importante parceiro nesta luta pela manutenção das máquinas são as concessionárias e revendas. Elas possuem um cadastro de horas de serviços de cada trator vendido em sua região. Quando a hora trabalhada pelo trator está próxima da hora da revisão estipulada, o técnico da revenda entra em contato para agendar a revisão. Esta atuação reflete no cumprimento do prazo, pois, no ato do recebimento da máquina, o cliente fica ciente de que se o prazo para as revisões periódicas não for respeitado, poderá ter problemas e perda da garantia. Não deixe sua revisão passar do prazo! Agende já!


MÁQUINAS

Linha completa de enfardadoras Massey Ferguson para fenação e biomassa

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Massey Ferguson, sinônimo de pioneirismo e modernidade na fabricação de máquinas agrícolas – oferece aos produtores rurais brasileiros as mais diversas soluções em equipamentos agrícolas, que variam desde o início do plantio até a colheita. Com isso, a marca tem em seu portfólio uma linha completa de enfardadoras para fenação e biomassa, com destaque para os produtos MF 1837 e MF 1745. O modelo MF 1837, que produz fardos retangulares pequenos, foi projetado para seguir diretamente atrás do trator e oferecer benefícios que o produtor rural não vai encontrar com projetos convencionais. O equipamento foi configurado para produzir fardos homogêneos, melhor fluxo de alimentação, com mais qualidade e alta densidade, tendo menor carga sobre o embolo de compactação, reduzindo assim, a potência utilizada e, consequentemente, maior economia de combustível. Além disso, fardos homogêneos e de ótima densidade facilitam a acomodação para transporte. As enfardadoras MF 1837 possuem fácil operação e manutenção de baixo custo, características da Massey Ferguson. Na mesma linha, a MF 1745, enfardadora de fardos cilíndricos, é referência mundial por se tratar de um equipamento versátil. De alimentação direta, é utilizada para produção de feno e para o recolhimento da biomassa, possuí câmara variável e trabalha com fardos de diversos tamanhos, podendo variar de 762 a 1.575 mm de diâmetro. Além disso, tem compressão uniforme na formação dos fardos e conta com um sistema de molas e cilindros hidráulicos. Para finalizar, o equipamento disponibiliza sistema de amarração automático ou manual, com acionamento elétrico através de um painel de controle. As enfardadoras MF 1745 foram desenvolvidas para atender as principais necessidades dos pecuaristas e produtores rurais brasileiros. Com mais de 35 anos inovando, a marca oferece ao

Enfardadora de fardos retangulares e gigantes, modelo MF 2270.

FOTOS: Massey Ferguson

Marca tem seu portifólio modelos de fardos retangulares e de fardos cilíndricos

Enfardadora modelo MF 1745.

Enfardadora modelo MF 1837.

agricultor enfardadoras mais robustas, de fácil manutenção, operação e produtivas do mercado. Para quem busca equipamentos de fardos retangulares gigantes, o modelo MF 2270 é o ideal. Desenvolvido para realizar trabalhos pesados tanto para o trato animal como para a biomassa, o produto é utilizado para o recolhimento em diversas condições e para quaisquer tipos de capins e palhas. “Sabemos que atualmente é extremamente importante intensificar e profissionalizar a pecuária devido ao aumento no potencial genético dos animais e a dificuldade de contratação de mão de obra especializada. Para isso, oferecemos produtos de alta confiabilidade, qualidade insuperável e fácil operação, tudo alinhado com a já conhecida tradição Massey Ferguson”, afirma Samir de Azevedo Fagundes, Gerente de Produto AGCO. As enfardadoras da marca podem ser adquiridas na rede de concessionárias da Massey Ferguson em todo o Brasil.

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MÁQUINAS

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Jacto apresenta ao mercado novidades em suas linhas de bicos para pulverização. As novas Famílias de Bicos fazem parte de um portfólio amplo e versátil, disponibilizado para auxiliar ao agricultor com soluções eficazes e econômicas e que atendam aos mais diversos problemas fitossanitários. Estas soluções já podem ser encontradas em todos os pontos de vendas Jacto. “Esses lançamentos vem suprir uma demanda técnica de mercado, além de agregar evolução em nosso portfólio de produtos, sempre em sintonia com a necessidade de nossos clientes. É muito importante salientar também que toda a linha de bicos pode ser encontrada nos pontos de Vendas Jacto. O conhecimento da empresa nas recomendações ao cliente, indicando o produto correto para cada situação, fortalece nossa história como especialista em tecnologia de aplicação de insumos, proporcionando ao Cliente, sempre uma aplicação econômica e de alta performance”, explica Walter Mosquini, especialista em Tecnologia de Aplicação da Jacto. Confira as principais vantagens e características técnicas dos novos lançamentos Jacto que estarão presentes no campo nesta safra 2015/2016. JFC – CONE CHEIO - Um dos modelos de Bicos mais aguardado dos últimos anos, a nova família de Bico Jacto JFC, desenvolvido para aplicações em pulverizadores de barras com bicos espaçados a 0,35m e 0,50m, proporcionam excelente distribuição e uma ótima deposição de agroquímicos no terço inferior das plantas (Baixeiro). Esta opção de bico é indicada para aplicações em áreas de alta densidade foliar. JTT - Recomendado para aplicações de Fungicidas, Inseticidas e Herbicidas. Versatilidade é uma grande característica dos bicos de pulverização Jacto JTT, que produzem gotas adequadas às mais diversas necessidades. Produzido para trabalhar em ampla escala de pressão (De 15 a 90psi). JGC - Cuidadosamente projetadas, os bicos JGC possuem ângulo de aplicação de 120º e produzem gotas médias em uma ampla escala de pressão. Sua inclinação de 20º potencializa o controle de plantas daninhas, insetos e fungos,

Bico de Pulverização JTT

FOTOS: Divulgação Jacto

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Alta performance, economia e versatilidade são características das novas famílias de bicos Jacto

Bico de Pulverização JGT

devido ao aumento da deposição do agroquímico no terço inferior das plantas. Esta solução inteligente está ligada a um novo conceito de Bicos de pulverização, onde a Ponta, Capa, Filtro e Anel de Vedação, são integrados em um padrão de capa engate rápido (norma ISO). JGT – Os bicos de Pulverização JGT possuem formato de leque duplo e sistema de indução de ar de segunda geração, que são capazes de equilibrar velocidade de aplicação e penetração em cultivos de alta densidade foliar. Comparado com outros bicos de indução de ar, a família de Bicos JGT é capaz de produzir maior quantidade de gotas por litro pulverizado. Sua montagem é simples e fácil, devido ao sistema de Capa integrada com exclusiva trava giratória. Acompanham itens como Anel de Vedação, Capa e Filtro de bico na malha de acordo com a vazão solicitada. Os Bicos Jacto passam por processos de homologações baseadas em normas internacionais, inspeções de qualidade e monitoramentos constantes das características de aplicação de cada modelo, proporcionando maior precisão no funcionamento dos produtos a campo. Estes fatores importantes garantem às famílias de Bicos Jacto, produtos de altíssima qualidade. (FONTE: Odara Comunicação)

Bico de Pulverização JFC

Bico de Pulverização JGC


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PECUÁRIA

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etodologia desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril e do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA) busca padronizar e facilitar a avaliação da viabilidade econômica de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O conceito já está sendo aplicado em caráter experimental por meio de uma ferramenta testada em nove Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE) em Mato Grosso. A principal inovação desta metodologia é a organização dos custos baseada no sistema ABC (do inglês, Custo Baseado em Atividades). O pesquisador da Embrapa Júlio César dos Reis explica que a vantagem em relação aos demais métodos utilizados é que esse permite a identificação dos custos de produção associados a cada atividade realizada, como plantio, aplicação de fungicida, aplicação de inseticida, dessecação, colheita, poda de árvores, vacinação de animais, etc. Isso é diferente da metodologia de custeio por absorção, a mais utilizada na avaliação econômica de sistemas produtivos. No método anterior, são computados os custos globais de cada insumo. Assim, não é possível saber, por exemplo, quanto de mão de obra foi dispendida no plantio. “A ideia é quebrar os custos em todas as atividades executadas para poder compor o produto final. Claro que isso dá muito mais trabalho no registro dos dados, mas a grande vantagem é que o relatório vem mais informativo”, explica Reis. Na prática, isso possibilita saber o valor exato de cada procedimento realizado no campo, o que é fundamental em um sistema complexo como a ILPF. O pesquisador explica que, diferentemente de uma lavoura de soja, por exemplo, que tem todos os processos mapeados, a ILPF ainda não os tem. Além disso, dificilmente um sistema será igual ao outro, uma vez que cada um é adaptado às características do bioma, do mercado consumidor local, da logística, relevo etc. Dessa forma, ao se ter a análise de custos por atividade, é mais fácil padronizar a avaliação e permitir comparações.”Isso é fundamental tendo em conta

FOTOS: Gabriel Faria

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Nova metodologia da EMBRAPA possibilita avaliação econômica de ILPF

o atual estágio de entendimento sobre sistemas de ILPF, no qual, muitas práticas de condução e manejo ainda precisam ser estabelecidas e validadas”, afirma. Outra vantagem é que ao se ter o custo de cada operação, é possível avaliar a eficiência dos procedimentos. Assim, pode-se ver, por exemplo, se a configuração espacial da ILPF está aumentando o tempo de execução de uma atividade, gerando mais consumo de combustível, mais hora-máquina e mais hora de trabalho. Com isso, o produtor pode ajustar a configuração para tornar o sistema mais eficiente. DIFICULDADES - Além de ainda não ter todos os processos da integração lavoura-pecuária-floresta mapeados, outra dificuldade encontrada pelos pesquisadores, nos trabalhos de avaliação econômica dos sistemas é a definição da duração do ciclo produtivo. Ao contrário de uma cultura anual, que começa e termina num intervalo de até 12 meses, a ILPF depende da configuração e das espécies utilizadas. Um sistema agropastoril, por exemplo, pode durar dois anos, já um silvipastoril pode ter ciclo de cinco a 30 anos, dependendo da finalidade do componente florestal. Dessa forma, a avaliação econômica total é muito variável. “Você não pode só olhar o lucro no ano. Você vai olhar isso dentro de um ciclo. Porque aí entram outras coisas como pagamento de juros e outros gastos que o produtor teve. É algo mais dinâmico numa perspectiva de análise de investimento”, pondera o pesquisador Júlio Reis. Para driblar essas dificuldades, por meio de um projeto envolvendo pesquisadores de diferentes centros de pesquisas da Embrapa, todos os processos da ILPF serão mapeados em diferentes biomas. O objetivo é o de se chegar a um sistema modal para cada região do País. “Percebemos que esse trabalho vai ajudar nessa discussão de, a médio prazo, caminhar para a escolha de configurações mais adequadas para cada região do estado ou do Brasil. Ver qual é mais adequado para cada lugar”, explica o economista da Embrapa Agrossilvipastoril.


FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO - Para facilitar o uso dessa metodologia de avaliação e a coleta de informações junto aos produtores, foi desenvolvida uma planilha eletrônica. Ela busca padronizar e tornar mais simples a coleta de dados e os cálculos. A ferramenta é de grande importância tendo em vista a complexidade dos aspectos produtivos da ILPF e os inúmeros cálculos e detalhes envolvidos na avaliação. Essa planilha está sendo validada e ajustada tomando como base dados de fazendas que adotam a integração de sistemas em Mato Grosso e também informações do campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Para isso, dois profissionais do Imea dedicam-se em tempo integral a esse projeto, que já está completando dois anos de atividades. Um deles, Miqueias Michetti, faz a parte de campo, coletando junto ao produtor os dados necessários para alimentar a planilha. Já Mariana Takahashi faz o processamento dos dados, alimentando um banco de informações que dá subsídio não só para a avaliação econômica das fazendas, mas também para a pesquisa. “A ILPF é um sistema muito complexo para você mapear toda a parte econômica em dois anos. Tem muitas variáveis possíveis, muitas disposições que se pode fazer. Em cada região muda muita coisa”, pondera Takahashi. A expectativa é que até dezembro sejam finalizados os resultados de viabilidade econômica de todas as nove URTEs. Os resultados de algumas fazendas já serão apresentados em uma reunião na Embrapa Agrossilvipastoril nos dias 6 e 7 de agosto.

FOTOS: Gabriel Faria

PECUÁRIA

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“O produtor quer saber se o que ele está fazendo é economicamente viável. Em dezembro queremos trazer resultados de todas as fazendas, com os dados passados pelo produtor”, afirma Takahashi. Com esse projeto, a expectativa é que a médio prazo essa ferramenta de avaliação seja aperfeiçoada, tornando seu uso mais simples. Após isso, ela será disponibilizada para técnicos, extensionistas e produtores que trabalhem com sistemas ILPF. Este projeto é uma parceria da Embrapa Agrossilvipastoril e Imea e conta com patrocínio do Sistema Famato/ Senar-MT.

Suplementação mineral permite maior desempenho

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leite, como a principal forma de alimento para os bezerros fornece quase todos os nutrientes essenciais para a vida destes animais. A partir do segundo mês de vida de um bezerro, o leite materno já não é capaz de suprir 100% de suas exigências, para que se possa obter o máximo desempenho deste animal até a sua desmama. No entanto, dentro do sistema de produção de bovinos de corte, a taxa de desmama e a quantidade de quilos de bezerros desmamados por vaca ano influenciam diretamente a eficiência e a rentabilidade financeira da atividade, pois quanto mais pesado for o peso ao desmame, menor será tempo de abate e assim melhor será seu valor de venda. Até os dois meses de idade, água e leite passam diretamente para o Abomaso, que é conhecido como estomago verdadeiro, após esta idade há a necessidade que o bezerro passe a ingerir fibras, afim de promover o desenvolvimento do rúmen, local responsável pelas fermentações microbianas, tão importante na vida adulta dos animais. Uma das formas de se aumentar o peso à desmama é através do creep-feeding, também conhecido como cocho privativo, local este onde somente os bezerros tem acesso, sem a necessidade da separação ou apartação de suas mães, ou seja, estando o bezerro ainda mamando podemos fornecer uma alimento rico em proteína, energia minerais como Zinco, Cobre, Selênio, Manganês, Fósforo e outros, e aminoácidos. O creep-feeding é um sistema composto por um co-

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cho de suplemento mineral, que deve ser preferencialmente coberto, tendo ao seu redor um cercado de madeira ou mesmo arrame liso a três metros de distância, de forma a dar acesso somente aos bezerros e sempre deve estar próximo do cocho de suplemento mineral das vacas e da aguada. Com isso, é possível que se forneça um suplemento mineral proteico energético exclusivamente para estes animais. O que traz como benefícios bezerros menos dependentes das mães, maior peso ao desmama, possibilita uma desmama precoce e melhor taxa de retorno ao cio das vacas. Para atender às necessidades do produtor no manejo nutricional e na produção de bezerros, o Grupo Matsuda possui formulações específicas de suplementos minerais, proteicos e energéticos para bovinos de corte e de leite, atendendo as estações do ano. Dentro de um sistema de creep-feeding, o mais importante é que se forneça produtos específicos, tanto para o período chuvoso quanto para o período seco, pois estes tem a função não somente de mineralizar, mas de acelerar o desenvolvimento do trato digestório dos bezerros, tornando-os um ruminante ativo mais rápidamente. Para isso o Grupo Matsuda mantém à disposição do produtores rurais, formulações como Matsuda Top Bezerro Inicial, Matsuda Top Bezerro Precoce, Matsuda Top Bezerro e Matsuda Top Bezerro Desmama, que não suplementos minerais proteico energético prontos para uso, específicos para animais em sistemas de Creep-Feeding. (FONTE: Taxi Blue)


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Premix contrata novo Híbrido da Syngenta gerente de marketing eleva produção de vacas leiteiras

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Premix – uma das líderes nacionais em nutrição animal – acaba de confirmar a contratação de Fernando Avona. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP-São Carlos, com MBA Executivo em Marketing e Pós-Graduação em Comunicação com o Mercado pela Escola Superior de Propaganda & Marketing (ESPM), o executivo tem larga experiência no mercado de comunicação e marketing empresarial, particularmente no agronegócio, no mercado financeiro e varejo, além dos setores educacional e de entretenimento. Em sua carreira de mais de 15 anos, Fernando Avona soma passagens por empresas como CVR Lagoa (CRV Holding BV), Fast Shop, Itaú Unibanco, Senac e Playcenter. “Nestas empresas, sempre atuei com foco no planejamento e na entrega de resultados em ambientes de negócios desafiadores”, diz. Na Premix, a chegada de Avona reforça a estratégia da companhia de investimento no capital humano, aí inseridas, além das contratações, investimento em desenvolvimento e treinamento de pessoas. Sobre seus desafios, o executivo destaca que vai usar sua experiência para estruturar a comunicação e o marketing e ampliar a projeção da marca em todo o País. “Meu desafio é levar a marca Premix à um novo patamar, disseminando a nova proposta de valor da empresa no mercado brasileiro”, afirmou Avona.

egundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o País é responsável por 66% do volume total gerado pelos países que compõem o Mercosul. Com o objetivo de crescer 4% ao ano, o mercado nacional precisa entregar produtos de qualidade e com alta rentabilidade. Atenta a isso e alinhada aos compromissos ligados ao desafio de alimentar uma população crescente, a Syngenta disponibiliza ao mercado o seu portfólio de milho para silagem, com híbridos que viabilizam um aumento substancial na produção de leite. Com uma qualidade bromatológica superior, o grão produzido pelos híbridos da Syngenta contém mais proteína do que fibra, o que beneficia a alimentação de vacas leiteiras e permite que elas produzam mais leite. Estudos da Fundação ABC Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário mostram que o animal alimentado com o milho para silagem da Syngenta entrega um aumento médio de 3,5 litros de leite por dia, quando comparado a outros híbridos disponíveis no mercado. “A partir do momento em que começamos a usar o milho silagem da Syngenta a média de produção de leite das vacas aumentou de 3 a 4 litros por dia”, relata o produtor e pecuarista da região de Vila Lângaro (RS), Delacir José Secco. A alimentação dos animais é fundamental para que pecuaristas alcancem bons resultados de produtividade. Uma vaca leiteira com uma dieta de baixa qualidade de silagem, por exemplo, corre o risco de perder peso, desenvolver problemas reprodutivos, baixa imunidade, e ser mais suscetível a doenças. Como consequência, o animal fornecerá um volume de leite abaixo do esperado. O pecuarista, por sua vez, terá baixa rentabilidade e o impacto final será sentido no bolso do consumidor.

PROJETO SILLUS - Levar conhecimento e disseminar técnicas modernas de produção no campo faz parte do negócio da Syngenta, que está investindo no Projeto Sillus. Por meio dele, até o momento foram realizadas 90 palestras nas principais regiões de produção de milho silagem: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Triângulo Mineiro, além de 150 dias de campos, que têm o objetivo de levar tecnologia e capacitação sobre segurança no manejo da cultura a agricultores e pecuaristas.


LEITE

Inclusão de fibras na dieta das vacas leiteiras aumenta a produção

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rês fatores são determinantes para que o animal de produção tenha um bom desempenho: genética, manejo e nutrição. Se qualquer um destes critérios for analisado, individualmente, não tem a mesma eficiência e êxito, quando em conjunto. Por exemplo, uma boa genética combinada com um manejo adequado não permitirá que os animais atinjam o potencial máximo de produção, se a nutrição não for balanceada de acordo com as necessidades e capacidades fisiológicas. Na produção de leite, a alimentação do rebanho pode representar até 70% do custo total de produção. Alguns pecuaristas investem em aprimoramento no fornecimento de proteína, energia, minerais e vitaminas, mas se esquecem de que as fibras também exercem um papel importante para as vacas leiteiras. As fibras são parte do carboidrato com menor ou nenhuma digestibilidade pelo trato gastrointestinal dos animais. Estas proporcionam fontes de nutrientes, estimulam a mastigação, ruminação e a produção de saliva, que ajudam a estabilizar o teor de gordura no leite e no funcionamento do rúmen. Podem ser encontradas nos fenos, pastagens e silagens. Na dieta das vacas leiteiras, os carboidratos representam 70% ou mais da matéria seca das rações, porém quando as fibras são consumidas em excesso a densidade energética torna-se baixa e a produtividade tende a diminuir. Quando ocorre o contrário e os níveis de fibras necessários não são atendidos, além de diminuir a produtividade, pode de-

sencadear problemas sanitários, queda no teor de gordura do leite e em casos mais extremos, até mesmo a morte. A produção de vacas leiteiras a pasto pode ser economicamente mais viável para o pecuarista, desde que ele invista em um manejo correto para manter uma forragem com nutrientes adequados. Entre os meses de junho e setembro acontece o período de estiagem, época em que as chuvas reduzem e o ar fica mais seco na maioria das regiões leiteiras do país. Neste período, a quantidade e qualidade da forragem das pastagens se tornam limitadas e com poucos nutrientes. A conservação e o armazenamento de forragens são atividades prioritárias para a nutrição dos bovinos durante o período seco. Com este processo, se bem manejado, o pecuarista obtém uma forragem desidratada e de alta qualidade. No Brasil, muitas fazendas de alta produção investem no sistema de Free Stall (galpão coberto), muito popular nos EUA, Canadá e Europa. Nele é possível administrar com mais exatidão a quantidade de fibra disponível por animal, e conforme níveis de produção. Além do que, a dieta pode ser balanceada de acordo com o tipo e qualidade de fibras disponíveis, que podem ser desde silagem de sorgo ou milho, capim fresco, pré-secados, até o feno. Para produzir um feno nutritivo são necessárias pelo menos duas condições: Selecionar forragens de boa qualidade para serem cortadas; e realizar uma secagem rápida, com o mínimo de perda de nutrientes.

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Glayk Humberto Vilela Barbosa1 Vânia Mirele Ferreira Carrijo2

roduzir leite no Brasil é hoje mais do que nunca, um grande desafio ao produtor rural, visto a grande dificuldade de fazer um planejamento ao longo dos anos, em razão da falta de política agropecuária definida do governo e ao próprio cenário econômico-financeiro do país. Além dessas dificuldades, outra com que o produtor se depara é produzir leite nos trópicos, onde as condições climáticas não são muito favoráveis para as vacas de raça européia, que são as maiores produtoras, visando contornar esta dificuldade, os produtores utilizam instalações que têm como objetivo principal, minimizar ao máximo estas condições desfavoráveis. A partir de 1994, com a implantação do Plano Real, que diminuiu sensivelmente, em decorrência da queda da inflação, os ganhos financeiros associados às atividades empresariais, tornaram-se necessário o planejamento de investimentos, custos produtivos e capitais imobilizado. Nota-se uma constante diminuição no número de produtores de leite, por meio da oferta de liquidação de plantéis, inclusive de produtores tradicionais, entre outras razões, por não terem condições de acompanhar o aumento do preço dos insumos, sempre em níveis maiores do que a inflação ou do que o aumento do preço do leite ao produtor.

AUTORES

1 - Zootecnista, B.Sc. Mestrando em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Jurado Efetivo de Raças Zebuínas e Assessor de Pecuária Leiteira. Email: glaykhumbertovilela@yahoo.com.br 2 - Médica Veterinária, M.Sc. Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Docente do Centro Paula Souza. Atua na área de sanidade, escrituração zootécnica e biotecnologia da reprodução.

FOTO: Glayk H.V. Barbosa

Instalações e conforto técnico para bovinos leiteiros

Faz-se também necessário na bovinocultura leiteira, a aplicação de conhecimentos técnicos relacionados a manejo, instalações, ambiência, conforto animal, tipo de alimentação e gerenciamento de mão-de-obra disponível. As pesquisas demonstram que o desempenho animal (ganho de peso, eficiência alimentar e quantidade produzida de leite) é, em parte, relacionado ao seu sistema homeotermo. Os bovinos de leite têm necessidade de manterem a temperatura interna de seu corpo dentro de uma faixa ideal, para que possam sobreviver. Tal fato se dá por intermédio de alguns mecanismos orgânicos de controle, que lhes permitem manter um balanço térmico adequado entre o calor que seus corpos produzem e aquele que ganham ou perdem para o meio. Como as vacas leiteiras em confinamento não têm a possibilidade de escolher um ambiente melhor em termos de conforto térmico, como ocasionalmente têm na natureza, torna-se necessário que as instalações sejam: confortáveis, práticas e funcionais. Isso se consegue a partir de climatização das instalações, ou seja, o conjunto de medidas naturais e artificiais que proporcionam, ao animal alojado, as condições favoráveis para diminuir seu estresse e conseqüentemente aumentar sua capacidade produtiva. Em climas tropicais e subtropicais, os valores de temperatura e umidade relativa do ar têm-se mostrado restritivos ao desenvolvimento, à produção e à reprodução dos animais. Seus organismos priorizam a manutenção da temperatura, visto que ocorre diminuição de ingestão de matéria seca e, conseqüentemente, de energia metabolizável. Outro fator limitante à produção leiteira, nos trópicos, é a alta temperatura associada à umidade elevada, pois se geram condições ambientais desfavoráveis ao bem estar da vaca produtora de leite, conforme sendo que, além das variáveis climáticas, a fisiologia dos animais altera os limites de faixas térmicas, mas na maioria dos casos, para vacas de alta produção, a temperatura de 24 ºC e 70% de umidade relativa (UR) inibem a produção.


Em sistemas produtivos para gado leiteiro, em regime semi ou totalmente estabulado, as instalações têm a função de abrigar os animais e criar um micro clima com fatores climáticos amenizados. Assim, umidade relativa alta, associada a temperaturas elevadas, dificulta a dissipação de calor, quer seja por transpiração, ou por respiração do animal. Em geral, nos casos em que a umidade relativa ultrapassa os 50%, pode já desencadear um início do desconforto animal em temperaturas mais elevadas. Já a temperatura, acima de 18,3 ºC independente da umidade ambiente causa desconforto à vaca leiteira, que se acentua para a temperatura superior a 24 ºC. O objetivo deste artigo e mostrar os diferentes sistemas produtivos de leite no Brasil, e por meio da comparação das instalações entre si e em relação ao conforto e o ambiente externo. Segue o detalhamento de instalação de quatro tipos de sistemas de produção, importantes para o conforto de animais produtores de leite no nosso imenso país chamado Brasil. 1. TIE-STALL Sistema caracterizado por confinamento total das vacas durante o período produtivo, utilizado principalmente em rebanhos menores, devido ao seu alto custo de implantação (HUTCHINSON, 1999). Os animais ficam constantemente presos (dia e noite), geralmente por correntes no pescoço, e recebem 100% de sua alimentação no cocho, na forma de ração total. Assim, tudo o que os animais necessitam para sua mantença e produção (volumoso e concentrado), é administrado conjuntamente. Em geral, os animais ficam soltos apenas por aproximadamente uma hora, a cada ordenha, quando aproveitam para fazer um pouco de exercício. Normalmente são altíssimas produtoras de leite (acima de 25 kg/dia), pois, como é um sistema que exige mão-deobra mais especializada e com investimento em infra-estrutura mais elevado, não se aplica a vacas de baixa produção. Quadro 1. Vantagens e desvantagens do sistema Tie-stall VANTAGENS

DESVANTAGENS

Vacas limpas

Dificuldade em prender e soltar os animais Possibilidade de maior atenção a todos Reduz a oportunidade das vacas se os animais exercitarem Fácil mecanização Muito trabalho se não for manejo mecanizado Situação de trabalho do funcionário Alto custo de construção das confortável instalações Prático manejo, principalmente para Poucas possibilidades de separação rebanhos menores de vacas por lotes, maior possibilidade de estresse.

2. FREE-STALL Surgiu nos Estados Unidos, na década de 50, e tornouse muito popular no país rapidamente. Isso se deu pela sua superioridade, em termos de economia de cama e menos injúria em cascos e tetos das vacas, em relação ao sistema preponderante na época: “louse housing”, ou seja, confinamen-

FOTO: Glayk H.V. Barbosa

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Quadro 2. Vantagens e desvantagens do Sistema Free-stall VANTAGENS Custo operacional econômico Fácil mecanização Animais se exercitam regularmente Alta flexibilidade para organizar diferentes manejos de alimentação, grupos, etc

DESVANTAGENS Custo de construção alto Menor atenção individual Maior competição Vacas mais sujas, por falha no manejo de limpeza

to em estábulos com área de repouso coletivo. A expressão free-stall, ou estabulação livre, deve-se ao fato de as vacas ficarem soltas dentro de uma área cercada, sendo parte dela livre para alimentação e exercícios e a outra parte, dividida em baias individuais e forrada com cama, é destinada ao descanso dos animais. Tornou-se popular no Brasil a partir dos anos 80, quando alguns criadores particulares implantaram esse sistema com sucesso, e a Embrapa de Brasília construiu um confinamento tipo free-stall para mostrar a sua viabilidade aos produtores de leite. Em sistema utilizado para vacas de médio a alto índice (20-35 kg/dia) de produção individual. Como o custo de produção é alto, esse sistema não compensa para vacas com produção de leite abaixo de 20 kg/dia.


LEITE VANTAGENS

DESVANTAGENS

Aumento da produção Aumento da longevidade das vacas

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Terreno úmido dificulta a drenagem Manejo da cama do galpão (compactação) Baixo custo de investimento Produção de chorume Menor odor e menos moscas Orientação errada do galpão NorteSul Melhoria de casco e pernas, diminuição Uso de implementos agrícolas para o da contagem de células somáticas revolvimento e aeração do composto Menor preocupação com animal e Contaminação fecal aumenta no amagregação de valor ao esterco biente, a uma incidência de mastite ambiental

3. COMPOST BADDED PARCK BARN O “compost barn” é um sistema de confinamento alternativo do conhecido sistema “loose housing”, que visa primeiramente melhorar o conforto e bem-estar dos animais e, conseqüentemente melhorar os índices de produtividade do rebanho. Esse sistema é composto basicamente por uma grande área de cama comum (área de descanso), normalmente formada por maravalha ou serragem, separada do corredor de alimentação ou cocho por um beiral de concreto. O diferencial deste sistema é a compostagem que ocorre ao longo do tempo com o material da cama e a matéria orgânica dos dejetos dos animais. O processo de compostagem consiste em produzir dióxido de carbono (CO2), água e calor a partir da fermentação aeróbia da matéria orgânica. No compost barn, as fezes e urina das vacas fornecem os nutrientes essenciais (carbono, nitrogênio, água e microrganismos) necessários para que ocorra o processo de compostagem. O oxigênio usado na compostagem é proveniente da aeração diária que deve ser realizada na cama. O sucesso do processo de compostagem depende da manutenção de níveis adequados de oxigênio, água, temperatura, quantidade de matéria orgânica e atividade dos microrganismos, que produzem calor suficiente para secar o material e reduzir a população de microrganismos patogênicos. Para que esse processo ocorra, a temperatura da cama deve variar de 54 a 65˚C a 30 cm da superfície da cama. O Compost Barn foi criado por produtores de leite norte americanos, em meados da década de 80, mas apenas em 2001 começou ganhar adeptos em maior escala, porém no Brasil o sistema ainda está surgindo e existem poucos materiais a respeito do assunto. O principal objetivo é proporcionar aos animais, um local confortável e seco durante todo o ano. 4. PASTEJO Sistema tradicional em que as vacas são criadas o ano todo no pasto, indo ao curral apenas para ordenha, recebiQuadro 4. Vantagens e desvantagens do Sistema de Pastejo VANTAGENS Custo operacional mais baixo Pouca necessidade de mecanização Animais se exercitam regularmente Alguma flexibilidade em organizar os animais em lotes

DESVANTAGENS Maior necessidade de área disponível Menor atenção individual Maior competição entre animais Muitas vezes os lotes não são homogêneos, por falta de espaço

FOTO: Glayk H.V. Barbosa

Quadro 3. Vantagens e desvantagens do Sistema Compost Barn

mento de alimentação concentrada e complementação da parte volumosa (geralmente capim picado, silagem ou cana) no cocho. Os animais são mantidos geralmente em pastos nativos, com baixa produtividade e manejo precário, embora também existam propriedades com pastagens cultivadas. Entre os inconvenientes para esse sistema, existe o fato de que, se o número de animais é pequeno, há sobra de forragem e formação de macega (capim seco e crescido dos pastos, que dificulta o trânsito) nas águas, quando a produção do pasto é boa, em razão da maior quantidade de chuvas, calor mais intenso e dias mais longos e claros nos trópicos. Em contrapartida, na seca, o crescimento do capim é pequeno e o gado não recebe alimentação adequada para as suas necessidades fisiológicas de mantença e produção, devendo ser suplementado no cocho com alimentos mais nutritivos. A alimentação é complementada no cocho com volumoso e concentrado, este último geralmente dividido em duas partes (manhã e tarde) e oferecido durante a ordenha, no curral de espera ou na própria sala de ordenha. A pecuária leiteira do Brasil é responsável por uma das maiores produções em volume de leite do mundo. Além disso, é um dos setores que mais precisou de profissionalização recentemente, pois, apesar do aumento do custo de mãode-obra, insumos e equipamentos, o preço recebido pelo produtor sofreu considerável redução. É necessário então o planejamento da atividade leiteira, para que o produtor saiba quanto de leite ele tem que produzir e em quais situações, para que possa esperar o retorno econômico que possibilite sua sobrevivência. Tal planejamento deve levar em conta todos os fatores que irão ou poderão influenciar, direta ou indiretamente, a atividade. Entre todos estes fatores, destacam-se: terreno (topografia, tipo de solo e recursos hídricos), clima (temperatura, umidade e preciptação pluviométrica), recursos necessários (custo de financiamento, fontes disponíveis e prazo de retorno do investimento global) e etapas de implantação das instalações, buscando sempre o melhor conforto para os animais expressar seu potencial genético para produção de leite.


GRÃOS

Controle de pragas iniciais na cultura do milho

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ais uma safra verão se aproxima e com ela todas as expectativas de excelentes produtividades. Entretanto, até o momento da colheita ainda há um longo caminho. As tomadas de decisão, a adoção de corretas ferramentas e práticas de manejo, assim com o momento ideal para a sua realização são alguns dos fatores que irão contribuir para definir a produtividade. O caminho para altas produtividades começa com a correta implementação da lavoura, mas existem outros fatores determinantes. Alguns deles iniciam bem antes do plantio, como por exemplo: a) - Adequado manejo de dessecação da área: que deve ser realizado 30 dias antes do plantio; b) - Manejo de plantas daninhas resistentes: estas plantas competem com a cultura por recursos e servem de hospedeiras de pragas; c) - Adubação antecipada: com potássio, por exemplo; d) - Monitoramento de pragas: o monitoramento de pragas antes, durante e logo após o plantio é uma ferramenta chave para a tomada de decisão em relação as ações de manejo, de forma que, aplicações desnecessárias de inseticidas não sejam realizadas.

FOTOS: José Carlos Madaloz

José Carlos Cazarotto Madaloz¹

Danos leves

Danos médios

Dentre os componentes de rendimento do milho, a população final de plantas por área é o item de maior importância. Sendo assim, no período

AUTOR

1 - Coordenador de Agronomia da DuPont Pioneer. Site: www.pioneersementes.com.br

Danos severos

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FOTO: José Carlos Madaloz

PERCEVEJOS - O dano clássico do percevejo aparece quando a planta de milho se desenvolve e emite as folhas novas, normalmente entre V4 e V6, onde ficam aparentes uma sequência de furos de forma transversal ao comprimento da folha. Isso ocorre porque no momento da picada do perce-vejo para sucção da seiva (V2 a V4), as folhas ainda estão enroladas dentro da planta e somente apresentam o sintoma quando crescem e se expandem. Caso tenha ocorrido um ataque mais severo, os danos podem ser intensificados como a dificuldade de emissão das folhas novas e perfilhamento da planta. A intensidade do ataque de percevejo pode comprometer a produtividade, uma vez que diminuem o estande de plantas, interferindo no seu desenvolvimento, originando plantas dominadas (de menor potencial produtivo) e também afe-

Danos severos de percevejos afetando a formação da espiga (Multiespigamento)

Danos severos de percevejos afetando a formação da espiga (Má formação)

FOTO: José Carlos Madaloz

inicial de estabelecimento da cultura nossa maior preocupação deve ser em preservar o estande de plantas ideal para a lavoura. Uma das maiores causas de perda de plantas durante o estabelecimento é o ataque de pragas iniciais, podendo ser pragas subterrâneas (coros e larvas) ou aéreas (lagartas e percevejos). Neste artigo discutiremos sobre pragas aéreas e, para isso, vamos classificá-las em dois grupos principais: o Complexo de Lagartas Iniciais e os Percevejos. Chamamos de Complexo de Lagartas, pois são várias as espécies que podem comprometer o estande de plantas de milho, com destaque para Lagarta do Cartucho (Spodoptera frugiperda), Lagarta do Trigo (Pseudaletia sequax), Lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus), Lagarta Rosca (Agrotis ípsilon) e Helicoverpa. Dentre os percevejos, o maior destaque vai para o Barriga Verde (Dichelops sp.), entretanto, algumas espécies secundárias também estão aparecendo com alta frequência.

FOTOS: José Carlos Madaloz

GRÃOS

Ataque da Lagarta-do-Trigo


tando a formação da espiga. Assim, o monitoramento – que pode ser feito através da contagem e avaliação direta no local ou armadilhas atrativas – e controle devem ser realizados de maneira preventiva. Devido a alta capacidade de dispersão e esconderijos da praga, devemos associar diferentes estratégias de controle como a utilização de Tratamento de Sementes (TS) com produtos específicos para sugadores (como por exemplo, os neonicotinoides) e, se necessário, aplicação complementar de produtos específicos para sugadores nos primeiros estágios de desenvolvimento da cultura (V2-V4). COMPLEXO LAGARTAS INICIAL - Segundo Bianco (1997), a disponibilidade de alimento proporcionado pelo monocultivo em grande escala, condições climáticas favoráveis à praga e o desequilíbrio biológico agravado pelo uso inadequado ou por produtos químicos não seletivos, tem contribuído para que os insetos atinjam o status de praga. O ataque inicial de lagartas no milho tem como principal dano a perda de plantas, principalmente pelo corte da mesma. Na última safra verão no sul do Brasil, houve uma forte pressão de Lagartas do Cartucho atacando as plantas de milho rentes ao solo, ocasionando sérias perdas em muitas lavouras. Este tipo de ataque também é um hábito das Lagartas Rosca e do Trigo. Na maioria dos casos do Sul, as lagartas já se encontravam em estágio de desenvolvimento muito avançado (> 3 cm), o que pode evidenciar que seriam lagartas remanescentes na área, ou seja, já estavam presentes antes do plantio. Este ano já temos relatos de Helicoverpa presente em nabo forrageiro, por isso, a necessidade de monitorar a lavoura antes do plantio e adotar práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) que assegurem o bom estabelecimento da cultura. É fundamental que nossas ações para controle de insetos-praga estejam alinhadas com o conceito e bases do MIP, através da associação de diferentes formas de manejo (cultural, biológico, químico e biotecnologias). O manejo de lagartas começa pelo monitoramento e acompanhamento da lavoura antes da dessecação da área. No momento em que constatamos a presença de lagartas, uma opção é a aplicação de inseticidas fisiológicos para controlar as de menor ínstar. Como a dessecação é realizada de forma antecipada, as lagartas maiores irão pupar no solo até

FOTO: Bernardo Tisot

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Helicoverpa em Nabo Forrageiro (agosto/2015, no Rio Grande do Sul)

o momento do plantio, completando seu ciclo. Caso este tipo de manejo na dessecação não se tenha sido realizado, outra opção seria o chamado “manejinho” pré-plantio, ou seja, se realizarmos o monitoramento poucos dias antes do plantio e constatarmos a presença de pragas, teríamos a opção de efetuar uma aplicação pré-plantio justamente para promover a “limpeza” de insetos-pragas na lavoura. Muitas vezes temos dificuldade de encontrar as pragas na lavoura, principalmente devido a sua alta dispersão e por ficarem escondidas sob as plantas no solo ou restos de cultura, o que também dificulta a eficiência da aplicação que não consegue chegar ao alvo. Assim, a associação de um Tratamento de Semente (TS) específico contribui muito no controle inicial de pragas e garante um melhor estabelecimento das plantas. Referências: BIANCO, R. Ocorrência e manejo de pragas em plantio direto. In: Peixoto, R.T.G.; Ahrens, D.C.; Samaha, M.J. (Eds.). Plantio direto: o caminho para uma agricultura sustentável. Ponta Grossa: IAPAR, 1997. p.238-244.


CAFÉ

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Simone de Souza Prado1 e Joáz Dorneles Jr.2

o Brasil, o café tem uma importância muito grande na história do país. O café foi a nossa maior riqueza por muito tempo, proporcionando um rápido desenvolvimento do país e propiciando a vinda de imigrantes, o surgimento de várias cidades, a construção de redes ferroviárias para o transporte da produção, e finalmente, a consolidação da expansão da classe média e de seus movimentos culturais. O Brasil além de ser o maior produtor mundial de café, com colheita de 40 milhões de sacas/ano, é também o maior exportador mundial e o segundo maior consumidor, perdendo a primeira posição apenas para os Estados Unidos da América. No Brasil, as duas principais espécies de café cultivadas são o café arábica (Coffea arabica) e o café robusta (Coffea robusta), sendo o Brasil o maior exportador mundial de café arábica e o segundo maior exportador de café robusta. A planta de café é uma planta perene C3 que possui ramos laterais primários longos e flexíveis contendo também ramos secundários e terciários. Seus ramos podem ser divididos em ramos ortotrópicos, que crescem verticalmente e os ramos plagiotrópicos que crescem horizontalmente e são os ramos que originaram as flores e consequentemente os frutos de café. A fenologia de desenvolvimento de uma planta de café é de 2 anos, passando por 6 fases desenvolvimento. A primeira é a de vegetação da planta e formação das gemas vegetativas, com duração aproximada de 7 meses. A segunda fase é caracterizada pela indução do crescimento e dormência das gemas florais, com duração aproximada de 5 meses. A terceira consiste da formação das flores e dos frutos de café no tamanho de chumbinhos, e leva em torno de 4 meses para desenvolver. A quarta fase se caracteriza pela granação dos frutos e dura em torno de 3 meses. Na quinta fase ocorre a maturação dos frutos e leva em torno de 3 meses; e por último ocorre a sexta fase que compreende a senescência dos ramos que representa a “auto-poda” da planta e possui a duração média de 2 meses. Inúmeras são as pragas de importância econômica encontradas atacando o café no campo.Podem prejudicar o desenvolvimento e a produção das plantas e devem ser constantemente monitoradas no campo, para que sejam adotadas as medidas de controle a fim de que o nível de dano

FOTOS: Embrapa

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Principais pragas do cafeeiro no contexto do Manejo Integrado de Pragas

Broca-do-café (Hypothenemus hampei)

econômico das pragas seja respeitado. Algumas pragas de importância econômicas que atacam as plantas de café:Broca-do-café (Hypothenemus hampei) (Coleoptera: Scolitidae) - A broca-do-café é uma praga bastante prejudicial ao cafeeiro e ataca os frutos em qualquer estádio de maturação. As infestações da broca-do-café podem ser influenciadas por diversos fatores, tais como o clima, a colheita, o sombreamento, o espaçamento e a altitude. Níveis a partir de 30% de infestação são prejudiciais a produtividade e qualidade do café. Os machos da broca-do-café apresentam as mesmas características morfológicas das fêmeas, porem são menores com asas rudimentares e possuem o comportamento de não saírem dos frutos onde se originam. As fêmeas, após o acasalamento, perfuram a região da coroa, ovipositam em câmaras feitas nas sementes. Após 4 a 10 dias da postura, nascem as larvas passam a broquear as sementes degradando o interior dos frutos de café. O período larval é de 14 dias, o período de pupa é de 7 dias em média, sendo que o desenvolvimento completo dura de 27 a 30 dias. Os prejuízos causados pela broca-do-café afetam a classificação e beneficiamento do mesmo, comprometendo a bebida

AUTORES

1 - Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente. Email: meio-ambiente.imprensa@embrapa.br 2 - Engenheiro Agrônomo, estudante de Mestrado em proteção de plantas da UNESP de Botucatu (SP).

Broca-do-café (Hypothenemus hampei)


FOTOS: Embrapa

CAFÉ

Bicho-mineiro (Perileucoptera coffeella)

do ponto de vista comercial. A forma mais adequada para acompanhar a infestação da broca-do-café e para a tomada de decisão dos métodos de controle a serem utilizados é fazer a amostragem mensal dessa praga no cafezal principalmente no período de novembro até cerca de 70 dias antes da colheita. Outra sugestão é iniciar a amostragem quando os frutos estiverem na fase de chumbo e chumbões, período em que as sementes já estão formadas e, portanto, fase em que a broca perfura o fruto, podendo ovipositar no fruto. Bicho-mineiro (Perileucoptera coffeella) (Lepidoptera: Lyonetiidae) - A mariposa do bicho-mineiro é bem pequena, apresentando 6,5mm de envergadura, asas brancas na parte dorsal. Sua postura ocorre durante a noite, com média de 7 ovos, colocando um ovo por folha, e durante o dia permanece na parte inferior das folhas. Nas infestações, a lagarta penetra na folha e aloja-se entre as duas epidermes, começando a alimentar-se e a construir minas, daí o nome bicho-mineiro. A ocorrência do bicho-mineiro está condicionada a diversos fatores. Entre esses fatores destacam-se as condições climáticas, sendo que a precipitação pluvial e a umidade relativa do ar influenciam negativamente na população da praga, ao contrário da temperatura, que exerce

Bicho-mineiro (Perileucoptera coffeella)

influência positiva; também a presença ou ausência de inimigos naturais como parasitoides, predadores e patógenos e diferenças de espaçamentos favorecem às infestações dessa praga. A larva do bicho-mineiro eclode de 5 a 21 dias após a postura, e penetram nas folhas ficando entre as duas epidermes, causando a destruição do parênquima, consequentemente causam diminuição da área fotossintética e provocam queda das folhas. O período larval desta praga dura de 9 a 40 dias, formando um casulo em forma de X, no baixeiro do cafeeiro. Já o período de pupa dura de 5 a 26 dias e os adultos sobrevivem em média cerca de 15 dias. A amostragem de bicho-mineiro em cafeeiros de até 3 anos de idade deve ser realizada quinzenalmente no início quando os primeiros danos aparecem nas folhas e neste caso, o controle do bicho-mineiro deve ser iniciado quando for encontrado 30% ou mais de folhas minadas nos terços médio e superior das plantas de café. Ácaro vermelho (Oligonychus ilicis) (Acari: Tetranychidae) - Em condições de seca, com estiagem prolongada, o ácaro vermelho encontra condições ideais ao seu desenvolvimento. O ataque do ácaro vermelho ocorre em reboleiras e, em casos graves, pode se espalhar para toda a plantação de café. O ataque dos ácaros é mais sério nas áreas mais ensolaradas, com manchas de solo mais secas e próximas as estradas, já nas áreas mais sombreadas ou arborizadas o ataque é bem menor. As fêmeas dos ácaros medem cerca 0,5mm de comprimento com pernas e terço do corpo alaranjada. Os ovos são de coloração vermelho intenso, brilhante e esférico. O ciclo do ácaro-vermelho-do-cafeeiro é de 11 a 17 dias. Ele vive na parte superior das folhas do cafeeiro, que ficam recobertas por pequenas quantidades de teia. Frequentemente observa-se aumento da infestação de ácaro vermelho associado a aplicação de piretróides sintéticos para combater o bicho-mineiro, bem como ao uso de fungicidas cúpricos para combater a ferrugem-do-cafeeiro. Esses agrotóxicos desequilibram e promovem o aumento da população do ácaro vermelho.

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FOTO: Fundecitrus

FOTO: Embrapa

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Ácaro vermelho (Oligonychus ilicis)

FOTO: Fundecitrus

Cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae) - As cigarrinhas são insetos sugadores que se alimentam em vasos do xilema de uma vasta gama de plantas hospedeiras e pertencem às famílias Cicadellidae, Cercopidae e Cicadidae. As cigarrinhas possuem tamanho e coloração variado, sendo que as fêmeas colocam ovos recobertos por uma camada de cera branca. Inúmeras são as espécies que possuem condições de se alimentar nas plantas de café, porém pouco trabalho de levantamento populacional de cigarrinhas foi realizado até o momento. No entanto, recentemente foi apresentado uma lista de 141 espécimes de cigarrinhas coletadas em plantações de café. As cigarrinhas são insetos importantes porque além de sugarem a seiva das plantas, elas também podem transmitir a bactéria Xylella fastidiosa para plantas de café, citros, e ameixa sendo “Atrofia dos Ramos do Cafeeiro” (ARC), “Clorose Variegada dos Citros” (CVC), e “Escaldadura das Folhas da Ameixeira” (EFA) respectivamente, o nome das doenças. Inúmeras são as cigarrinhas vetoras de X. fastidiosa, no entanto, em citros destacam-se as espécies Dilobopterus costalimai, Oncometopia facialis, Acrogonia terminalis, Bu-

Cigarrinha (Cicadellidae)

Cigarrinha (Cicadellidae)

cephalogonia xanthophis, Plesiommata corniculata, Ferrariana trivittata, Macugonalia leucomelas, Parathona gratiosa, Sonesimia grossa, Acrogonia virescens e Homalodisca ignorata. Já para as plantas de café, somente foi comprovada a transmissão da bactéria X. fastidiosa pelas espécies D. costalimai, O. facialis, B. xanthophis e H. ignorata. A cigarrinha B. xanthophis tem importância especial porque é muito encontrada em pomares em formação e, provavelmente, é a maior responsável pela transmissão da CVC para mudas cítricas e também é constantemente encontrada em cafezais. Esta cigarrinha também encontra-se presente em plantas invasoras do pomar. Os ovos são translúcidos e depositados em pares. O adulto mede, no máximo, 0,5 cm de comprimento, é de coloração esverdeada e a terminação de suas asas é transparente. A amostragem das cigarrinhas pode ser realizada através da utilização da rede de varredura, succionador motorizado, amardilha de Malaise e armadilha adesiva amarela. Entretanto, a armadilha adesiva amarela, além de ser mais prática, por ficar no campo até 15 dias, também nos mostra dados de flutuação populacional das cigarrinhas na área. O MIP é essencialmente um sistema de apoio de tomada de decisões no controle de pragas, considerando os impactos ecológicos, econômicos e sociais. O sucesso do MIP depende da conscientização dos produtores agrícolas, dos consumidores, dos pesquisadores e até mesmo da indústria de agrotóxicos, sobre a necessidade de reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos e procurar alternativas compatíveis com as características ecológicas e econômicas locais. Portanto, a identificação das pragas e o seu monitoramento no campo em conjunto com dados sobre a fenologia e desenvolvimento da planta, e da presença de inimigos naturais presente em determinada área devem ser levados em consideração para a tomada de decisão sobre o sistema integrado de medidas de controle (físico, químico, mecânico, biológico, genético e cultural) a ser utilizado. O MIP não é apenas a adoção de várias técnicas para controlar pragas, mas a utilização de uma forma harmoniosa dos métodos de controle específicos para cada cultura e/ou inseto a fim de manter a densidade populacional de uma determinada praga abaixo do nível de dano econômico.


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Pesquisa comprova que cobertura de solo com filme plástico reduz custos em cafezais

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filme plástico para cobertura de solo (mulching) é uma solução bastante consolidada na agricultura, principalmente no plantio de hortifrúti, por trazer benefícios no controle de plantas daninhas, na otimização do uso de água e na melhoria da produtividade. Por essas vantagens, a tecnologia tem ganhado, ao poucos, espaço em culturas perenes. Para comprovar os impactos positivos desta tecnologia no café arábica, a Braskem, maior petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros, promoveu uma pesquisa de campo em parceria com Electro Plastic e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Campus Monte Carmelo. Nesse contexto, o mulching dupla-face (branco e preto) pode ser adotado como uma opção para tornar a lavoura mais eficiente, de acordo com estatísticas preliminares. Os testes com a cobertura de solo no cafezal tiveram início em janeiro de 2014 na Fazenda Juliana, em Monte Carmelo (MG), uma das principais regiões exportadoras de café. Após um ano e meio de plantio, a pesquisa concluiu que as lavouras com cobertura de solo tiveram resultados

superiores àquelas com amostras de controle, por impedir o desenvolvimento de plantas daninhas, o que reduz os custos com capina e aplicação de herbicidas pré-emergentes. “A face do mulching que fica em contato com o solo é preta, impedindo a passagem de luz e o crescimento de ervas daninhas”, destaca Ana Paiva, especialista da Braskem. No estudo também foi avaliado o uso do filme em diferentes regimes hídricos (manejos de irrigação). Como a solução reduz a evaporação de água, fazendo com que a área permaneça com a umidade mais constante, a necessidade de aplicação de água foi menor em relação à parcela de lavoura sem o plástico. A pesquisa concluiu, portanto, que o mulching favorece a redução de recursos. “A partir do segundo ano, a plantação com mulching teve um custo menor em R$ 2.850 por hectare”, afirma Gleice Aparecida de Assis, professora da UFU e tutora do Grupo PET Agronomia Monte Carmelo. Na avaliação de Cristiano Rolla, gerente de Contas da Braskem, a economia financeira tem significativo impacto na gestão do cafezal. “A redução nos custos de controle de ervas daninhas e água foi de 38% e 28%, respectivamente.”

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Viveiro Conquista realiza “Espaço Café”, em Jeriquara (SP) 26

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o último dia 29 de outubro, no Sitio Santa Rita, município de Jeriquara (SP), o cafeicultor Rodrigo de Freitas reuniu cerca de 200 convidados entre autoridades, profissionais do setor e cafeicultores de toda a Alta Mogiana. A proposta foi de confraternização, mas também de confirmação e divulgação do brilhante trabalho executado nos talhões de café da Agropecuária Conquista e no Viveiro Conquista, que utiliza os produtos Syngenta, Bio Soja, Valoriza, bem como os sistemas da CHB. Merece destaque no Viveiro Conquista a excelência do manejo e da sanidade das mudas de café. Isto graças à seriedade na condução dos trabalhos e no acompanhamento pontual de técnicos especializados. Esta qualidade superior das mudas de café induzem a outro benefício direto aos cafeicultores da região: a oferta antecipada de mudas, em relação a outros viveiros. Rodrigo de Freitas fez questão, ainda, de agradecer ao prefeito de Jeriquara, Sebastião Henrique Dal Piccolo e o vice-presidente da COCAPEC, Carlos Yoshiyuki Sato. Segundo ele, ambos foram os grandes responsáveis pela idéia de se criar o Viveiro Conquista. O empresário agradeceu também o trabalho e empenho de toda sua equipe, durante todos estes anos. Trabalho este reconhecido pelos cafeicultores de toda região, o que torna o Viveiro Conquista uma referência em produção de mudas de café de excelente qualidade.

FOTOS: Revista Attalea

Evento reuniu cafeicultores e contou com o apoio da Syngenta, CHB Sistemas, Bio Soja e Valoriza

O cafeicultor Rodrigo de Freitas discursa durante o evento

Régis Ricco (consultor em cafeicultura), Mário Martinez, Felipe Antonelle, Gley Camillo (equipe CHB Sistemas) e Rodrigo de Freitas.

Rodrigo de Freitas com os cafeicultores Eloy Peres Mansani Jr. e Jurandir.

A equipe Syngenta na região da Alta Mogiana: Leticia, Marcelo, Tadeu e Luiz Gustavo, com o cafeicultor Rodrigo de Freitas.


FOTOS: Revista Attalea

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Felipe Raucci, Paulo José, o prefeito Sebastião Dal Piccolo e João Toledo Filho

Bruno Belmiro, representante da Valoriza.

Jandir, Carlos Sato, Rodrigo de Freitas, o prefeito Sebastião Dal Piccolo, Alex Carrijo e Igor Sato.

Rodrigo de Freitas com a equipe Bio Soja: Éder, Cássio, Rodrigo Chiarelli, Luis Otávio e Fernando Jardine


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Cereja Descascado de Piatã (BA) conquista o Cup of Excelence 28

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Fase Internacional do Cup of Excellence Brazil Naturals 2015 será na Região da Alta Mogiana

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café produzido por Antonio Rigno de Oliveira na Chácara São Judas Tadeu, em Piatã, na Chapada Diamantina, no Planalto da Bahia, sagrou-se o campeão do Cup of Excellence – Pulped Naturals 2015, certame realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Alliance for Coffee Excellence (ACE) e com patrocínio do Sebrae. Com 91,22 pontos na escala de 0 (zero) a 100 do concurso, o lote superou as outras 44 amostras finalistas – de um total de 364 inscritas – e obteve a chancela de café presidencial por obter nota superior a 90 pontos. Também considerado um café presidencial pelo júri internacional, o segundo colocado no Cup of Excellence – Pulped Naturals 2015 foi o do produtor Cândido Vladimir Ladeira Rosa – campeão do concurso em 2009 e 2014 –, também de Piatã, com seu lote avaliado em 90,03 pontos. No total, o principal concurso de qualidade para café cereja descascado e/ou despolpado do Brasil teve 22 vencedores, que representam sete origens produtoras do País: Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas; Chapada Diamantina, no Planalto da Bahia; Indicação de Procedência do Norte Pioneiro do Paraná; Montanhas do Espírito Santo; Sul de Minas Gerais; Matas de Minas Gerais; e Média Mogiana, em São Paulo. O resultado completo pode ser acessado no site da BSCA (http://bsca.com.br/cup-of-excellence.php?id=27). Segundo Vanusia Nogueira, coordenadora nacional do concurso, após a análise de um júri extremamente profissional e maduro, o fato de sete regiões produtoras marcarem presença entre as vencedoras evidencia a proliferação do foco em qualidade que os produtores brasileiros adquiriram com a evolução do certame. “O Cup of Excellence nasceu em 1999, aqui no Brasil, e, de lá para cá, vem escrevendo uma linda história de contribuição à cadeia do café, em especial aos produtores, com estímulo a melhores tratos culturais e, principalmente, à altíssima agregação de valor ao seu produto”, comemora. O presidente da Associação, Silvio Leite, recorda, ainda, que o Brasil é o maior e mais sustentável produtor de café do mundo. “Nesse sentido, a atuação da BSCA junto com a Apex-Brasil, a ACE e o Sebrae no Cup of Excellence é fundamental para que os compradores e degustadores internacionais conheçam a sustentabilidade de nossa produção, com respeito ao meio ambiente e ao social, tomem ciência de nossa diversidade e da qualidade dos cafés que oferecemos, fatores que, unidos, fazem do Brasil a nação do café”, completa. Para o campeão do concurso, que é sogro do segundo colocado Cândido Rosa e da 12ª colocada Zora Yonara Macedo Pina Oliveira, produtora no sítio Tijuco, também em Piatã, o destaque que a família vem obtendo no Cup of Excellence se deve ao fato de a região possuir um excelente microclima e seus cafés serem plantados em uma altitude

superior a 1.200 metros. “Mas não é só isso. Temos também uma equipe pequena, de 15 colaboradores, que trabalha conosco nas três propriedades ao longo de todo o ano e que é responsável por grande parte desse sucesso. Desde a nossa primeira conquista no Cup fizemos questão de dividir o resultado: cada um dos colaboradores ganhou uma moto. Este ano, a depender do resultado do leilão, o prêmio será ainda melhor”, revela Antonio Rigno, responsável pelo processo produtivo da família. O cafeicultor finaliza lembrando que o serviço árduo na produção de café especial demanda empenho 24 horas por dia e que o bom desempenho é reflexo do amor pelo trabalho. “Nossa família tem essa disponibilidade porque amamos o café acima de tudo. E esse amor se traduz na qualidade de nosso produto”, finaliza Rigno. A partir de agora, os olhos dos principais compradores de café especial do mundo se voltarão ao Brasil, em especial no dia 1º de dezembro, data em que irão a leilão os 22 vencedores do Cup of Excellence – Pulped Naturals 2015. O pregão será realizado via internet e, historicamente, registra preços pagos aos produtores muito superiores aos praticados no mercado convencional. No ano passado, o leilão dos vencedores do concurso registrou dois recordes: o valor de *R$ 16.646,48 por saca de 60 kg (US$ 50,20 por librapeso) pago ao lote campeão e o preço médio de *R$ 3.863,44 (US$ 11,65/lb), que foram os maiores na história do certame no Brasil. Ao final, todos os produtos foram arrematados, gerando uma arrecadação total de *R$ 1.267.422,15 (US$ 505.553,31). O campeão Candido Vladimir Ladeia Rosa recebeu o maior lance no pregão, exatamente o valor recorde, que foi pago pelo pool entre as empresas Maruyama Coffee, Time’s Club, Kyokuto Fadie Corporation, Yamada Coffee, Bontain Coffee (Japão), Campos Coffee (Austrália), Orsir Coffee (Taiwan) e Coffee Tree Roasters (EUA). O lote de 16 sacas produzidas na Chácara Ouro Verde gerou uma arrecadação total de R$ 266.301,56 (US$ 106.223,20). Na comparação com o fechamento de 26 de novembro na Bolsa de Nova York – principal plataforma de comercialização de café no mundo –, que foi de *R$ 644,17 (US$ 256,95) por saca, houve uma substancial alta de aproximadamente 2.500%. [*Dólar comercial cotado a R$ 2,507, conforme fechamento de 26/11/2014] FASE INTERNACIONAL NA REGIÃO DA ALTA MOGIANA - Realizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC) e a Prefeitura de Franca, a fase internacional do Cup of Excellence Naturals 2015 será realizada no Parque de Exposições “Fernando Costa”, na cidade de Franca (SP). (Extraído e modificado de: BSCA – Paulo A. C. Kawasaki)


REFLORESTAMENTO

Associação de Recuperação Florestal do Vale do Rio Grande auxilia produtores rurais paulistas no reflorestamento

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FOTO: Divulgação

Associação Florestal do Vale do Rio Grande, com sede em Franca (SP), é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1992, busca oferecer proativamente suporte para recuperação e preservação dos recursos naturais através do reflorestamento das propriedades rurais que recebem as mudas doadas de eucalipto e as plantam como alternativa de renda, com o auxilio dos consumidores de madeira que através do pagamento da reposição obrigatória podem cumprir seu papel socioambiental. De acordo com a lei 10.780/01, toda pessoa física ou jurídica que explore, utiliza, transforma ou consome a matéria prima de origem florestal, está obrigada a plantar o equivalente ao seu consumo, ou terceirizar essa obrigação recorrendo a um associação credenciada na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de são Paulo.

Visando melhorar tanto a proteção ambiental quanto a renda do produtor rural, a Associação Florestal possui um programa completo para a implantação de reflorestamento nas propriedades rurais localizadas apenas no Estado de São Paulo, auxiliando no planejamento do plantio, doação de mudas e assistência técnica desde o plantio até a sua condução. Os interessados deverão seguir seguintes procedimentos. • A propriedade deve estar situada no Estado de São Paulo; • Realizar um cadastro junto a Associação Florestal; • Fazer um mapeamento de toda a área a ser reflorestada e o roteiro de acesso até a propriedade escolhida; • Receber projeto técnico da Associação Florestal; • Assinar um contrato de plantio e efetuar o pagamento da taxa única no valor de R$ 100,00 referente ao projeto técnico.

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café teve um momento de destaque na maior feira sobre alimentação do mundo, a Expo Milano, que aconteceu de maio a outubro na cidade de Milão na Itália. A promoção da segunda bebida mais consumida do mundo aconteceu no dia 1 de outubro, Dia Internacional do Café, estabelecido pela de Organização Internacional do Café (OIC). As principais cooperativas do setor no Brasil, entre elas a COCAPEC, a convite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Conselho Nacional do Café (CNC), colaboraram para promover o consumo mundial do grão durante o evento. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), realizou diversas ações como workshop de demonstração de preparo de café filtrado, degustação de aproximadamente 10 mil doses, entre outros. A promoção aconteceu no pavilhão do Brasil na Expo Milano, que é coordenado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), um dos mais visitados de toda a feira. A Apex-Brasil, estima que cerca de 5,3 milhões de pessoas passaram pelo espaço brasileiro. A Expo Milano teve um publico total de aproximadamente 20 milhões de visitantes, durante 5 meses, de acordo com a organização. A presença da COCAPEC na Expo Milano 2015, reforça a importância da Alta Mogiana no setor, além de ser uma excelente oportunidade de projetar os cafés especiais da região para o mundo.

Audiência pública discutirá controle da Broca do Café A

Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), da Câmara dos Deputados, realizará audiência pública para debater medidas eficientes de controle da broca do cafeeiro, no dia 10 de dezembro, com horário e local ainda a serem confirmados. A informação é da Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (ACARPA), com base em correspondência do deputado federal Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), o qual confirmou a aprovação da audiência. Em nota, o presidente da ACARPA, Marcelo Queiroz, disse que a broca do cafeeiro não aflige apenas o cerrado mineiro, mas também as demais regiões produtoras. Segundo ele, os cafeicultores poderão retratar as dificuldades e transtornos gerados pela broca do café, principalmente após a proibição de comercialização do agrotóxico Endosulfan, em 2013. Desde então, os produtores encontram-se em situação complicada para controlar a praga, por causa das reduzidas opções de inseticidas existentes no mercado. (Fonte: Agência Estado)

FOTOS: Ascom/CNC

COCAPEC marca presença na Expo Milano 2015

Marca da Cocapec e demais cooperativas aparece durante workshop de café filtrado, uma das ações promocionais.

De acordo com o CNC, a promoção dos cafés do Brasil teve ampla cobertura das mídias, uma grande oportunidade de reforçar o Brasil e a Alta Mogiana como um importante produtor de cafés especiais.


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Orçamento do Funcafé para 2016 deve ser recorde

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orçamento para as linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) na safra 2016 deve ser recorde. O montante deve alcançar R$ 4,632 bilhões, volume que implica elevação de 12%, ou R$ 496 milhões, em comparação com o orçamento de 2015. Decisão nesse sentido foi tomada no dia 22, durante reunião do Comitê Diretor de Planejamento Estratégico (CDPE) do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), em Brasília. Do total sugerido, R$ 1,752 bilhão foram destinados à linha de estocagem, que terá R$ 246 milhões (+16,3%) a mais do que em 2015, e R$ 1 bilhão para Financiamento para Aquisição de Café (FAC), que contará com orçamento R$ 250 milhões superior (+33,3%) ao deste ano. As demais linhas tiveram seus recursos mantidos, conforme informa em comunicado o presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro. De acordo com o dirigente, a ampliação na linha de estocagem, proposta e defendida pelo CNC e pela Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), será fundamental para que os cafeicultores possam ordenar suas vendas ao longo dos 12 meses da safra e não serem pressionados a vender, para honrar compromissos, tão logo colham, o que possibilitará uma melhor receita na atividade.

– Além disso, a elevação no FAC também será vital para os compradores estarem capitalizados e pagarem valores justos e condizentes com as realidades dos altos custos de produção no Brasil –, diz Brasileiro. Ele acrescentou que, para preservar os recursos do Funcafé, o CNC também apresentou uma série de sugestões que permitam a longevidade do fundo. Uma das ideias é cessar a liberação de recursos não reembolsáveis para diversas atividades que eram realizadas até então, o que será importante para a disponibilização de mais orçamento para garantir políticas voltadas à renda dos produtores e dos demais setores da cadeia. O CNC solicitou também o acompanhamento histórico das liberações e aplicações para que seja realizada uma filtragem e a destinação direcionada às instituições que melhor façam uso da verba, de maneira que o dinheiro chegue, em especial, aos pequenos e médios produtores com menos burocracia e exigências de contrapartida. O conselho sugeriu, ainda, a necessidade da prorrogação dos financiamentos de custeio do Funcafé, vincendos em 2015, que ficou para ser debatida em breve, depois que o diretor do Departamento de Crédito, Recursos e Riscos (DCRR) do Ministério da Agricultura, Vitor Ozaki, finalizar estudo sobre o assunto. (Fonte: Estadão)

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Renato Passos Brandão1 e Maickon Ribeiro Balator2

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Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e possui uma das melhores e mais avançadas tecnologias para a sua produção. Entretanto, o café brasileiro é reconhecido no mercado internacional como um produto de qualidade inferior, enquanto países como Colômbia, Costa Rica, Guatemala e Quênia são reconhecidos pela produção de café com melhor qualidade. O segmento de cafés especiais tem alcançado grande destaque no mercado mundial, com maior crescimento na demanda do que os cafés comuns. Representa um nicho de mercado que deve ser explorado pelos cafeicultores brasileiros. A qualidade da bebida do café está relacionada com a qualidade intrínseca dos grãos, expressando tudo que eles possuem em termos de compostos químicos, que, após a torra, irão proporcionar aroma, sabor, acidez, doçura e amargor à bebida (GIOMO; BORÉM, 2011).

AUTOR

1 - Gestor Agronômico da Bio Soja. E-mail: renatobrandao@biosoja.com.br 2 - Coordenador Técnico da Bio Soja. E-mail: maickonbalator@biosojacom.br

Entretanto, existe um diferencial no custo de produção dos cafés especiais em relação aos comuns da ordem de 11 a 20%. Há, também, um diferencial de preço, variável de 20 a 40%, podendo chegar a 100% em alguns lotes de café. Fatores que influenciam a qualidade da bebida do café A qualidade da bebida do café é influenciada por inúmeros fatores, dentre os quais, genéticos, ambientais, manejo nutricional, controle de pragas e doenças e os procedimentos na colheita e pós-colheita e suas interações. O foco deste artigo é a influência da nutrição na qualidade da bebida do café. Manejo nutricional vs. qualidade do café Normalmente, o principal objetivo da adubação no cafeeiro é o aumento na produtividade da cultura, principalmente em solos com baixa fertilidade. Entretanto, o manejo nutricional do cafeeiro é fundamental para a melhoria da qualidade da bebida do café e pouca atenção é dada pelos cafeicultores na interação entre a nutrição e a qualidade do café. O nutriente, dependendo da fonte, pode desempenhar diversas funções no metabolismo da planta, determinando ou influenciando processos vitais. Um bom exemplo é o potássio (K), um dos nutrientes mais exigidos pelo cafeeiro, superado apenas pelo nitrogênio (N). Uma saca de café arábica beneficiada exporta, em média, 2 kg de potássio (K2O). Ele é considerado o nutriente da qualidade em nutrição de plantas. Entretanto, dependendo da fonte, os resultados da adubação potássica na qualidade do café podem ser decepcionantes. Pesquisas com os fertilizantes potássicos Foi verificado, em diversas pesquisas, o efeito negativo do cloreto de potássio na qualidade do café. O sulfato de potássio e o nitrato de potássio são as melhores fontes de potássio, beneficiando os critérios de qualidade do café, tais como maior atividade da enzima polifenoloxidase (PFO), maior índice de coloração (IC) e menor acidez titulável total (ATT), parâmetros relacionados com a qualidade da bebida do café (CARVALHO et al., 1994). Os grãos do café que receberam elevadas quantidades de cloreto de potássio possuem maior teor de umidade. Consequentemente, ocorre maior infestação de microrganismos, favorecendo fermentações indesejáveis dos grãos, os quais acarretam acentuados prejuízos na sua qualidade (CHALFOUN, 1996). A atividade da enzima polifenoloxidade (PFO) está correlacionada com a qualidade da bebida do café arábica (AMORIM; SILVA, 1968). Esta enzima é ativada pelo íon cobre, sendo que o cloreto inibe a sua atividade devido à interação ou reação com o íon cobre, propiciando uma


redução na qualidade da bebida do café (FOX, 1991). Dicas para café com qualidade As lavouras de café mais produtivas e com melhor qualidade da bebida são as mais equilibradas nutricionalmente. O uso e o manejo dos nutrientes de forma equilibrada demonstram ser uma alternativa válida e eficiente na melhoria da qualidade dos grãos do café. A redução da qualidade dos grãos do café pela aplicação de doses de K acima de 200 kg/ha de K2O deve-se, em parte, ao desequilíbrio na relação Mg:K nos solos, induzindo baixo índice de coloração dos grãos (SILVA; NOGUEIRA; GUIMARÃES, 2003). O cafeicultor precisa realizar uma adubação equilibrada para evitar as deficiências e os desequilíbrios nutricionais que prejudicam a qualidade do café. Normalmente, as lavouras de café em solos com altos teores de potássio e baixos teores de magnésio são menos produtivas (Tabela 1) e produzem bebidas de pior qualidade. A aplicação de magnésio em solos com baixos teores do nutriente melhora tanto a produtividade como a qualidade da bebida do café. Tabela 1 - Efeito da adubação potássica na relação Mg:K do solo e na produtividade do cafeeiro. Teor dos nutrientes Relação Produtividade no solo (mmolc/dm³) do café Mg:K Tratamentos K Mg Ca no solo (sc beneficiadas/ha) 65,6a 1,7 Testemunha, sem K 3,5 6 20 50,8b 100 kg/ha de KCl/ano 4,9 1,2 6 20 100 kg/ha de KCl/ano

6,5

7

20

1,1

56,9b

100 kg/ha de KCl/ano

5,1

8

20

1,6

51,9b

Fonte: Matiello et al, 2004.

Monitoramento do estado nutricional do cafeeiro O cafeicultor brasileiro está subutilizando as ferramen-

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tas de monitoramento do estado nutricional do cafeeiro. As lavouras de café com maior equilíbrio nutricional tendem a produzir cafés de melhor qualidade. Além da análise de solo, o cafeicultor precisa utilizar a análise foliar para o monitoramento do estado nutricional do café e fazer os ajustes necessários para a minimização das deficiências e desequilíbrios nutricionais. Considerações finais A história do café no Brasil é marcada por sucessivas crises provenientes de superproduções e baixas cotações do café. Uma das formas para minimizar as perdas econômicas nos momentos das baixas cotações é a produção de café de melhor qualidade com maior cotação. Entretanto, a melhoria da qualidade da bebida do café depende de investimentos em infraestrutura, equipamentos, manejo das lavouras, capacidade técnica dos colaboradores e uso de cultivares com maior potencial para a produção de bebidas de melhor qualidade. A complexidade do conteúdo de uma xícara de café envolve muitos fatores, alguns incontroláveis ligados ao clima, outros controláveis, mas com ação mais abrangente, tais como manejo nutricional sustentável elevando a fertilidade do solo, manejo cultural, colheita, preparo, secagem, beneficiamento e armazenagem (AMORIM, 1979). O cafeicultor deve realizar o manejo nutricional do cafeeiro evitando as deficiências e os desequilíbrios nutricionais que possam prejudicar a qualidade da bebida do café. Além disso, utilizar preferencialmente fertilizantes com baixos teores de substâncias que possam prejudicar a qualidade do café, tais como, o sulfato e nitrato de potássio. Entretanto, qualquer tentativa no sentido de melhorar a qualidade do café, via manejo nutricional, deve ser realizada, primeiramente, em pequenos talhões. Posteriormente, pode ser expandido para os demais talhões da propriedade.

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REGIÃO DA ALTA MOGIANA: INSPIRADA PELO CAFÉ! André Luis da Cunha - Cafeicultor, diretor-presidente da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana [ altamogiana@amsc.com.br ]

o dia 17 de outubro foi realizada a premiação do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana. O evento já se tornou um marco na cafeicultura da Região e é aguardado por muitos produtores, principalmente os finalistas, ansiosos por saber quem serão os produtores com os cafés vencedores. Em 2015, chamou atenção a qualidade das bebidas que despontaram no Concurso. A média de pontuação (segundo a metodologia da SCAA – Specialty Coffee Association of America) dos cafés finalistas se elevou. Tivemos um total de 46 cafés finalistas que beberam, na pré seleção, 83 pontos ou mais. E o café vencedor da categoria natural, do Sr. Maury Faleiros, de Ibiraci (MG) atingiu média de 89,92 (em uma escala de 0 a 100), com juiz chegando a pontuar 93. Um resultado que nos trás orgulho e reconhece o esforço e potencial dos produtores da Região da Alta Mogiana. E tem mais: além de vendermos os cafés vencedores com mais de 300% de ágio, na Rodada de Negócios vendemos cafés com R$ 300 acima do mercado.... e faltou café! Os cafés que foram para a rodada foram vendidos e se tivesse mais, tinha vendido também! Isso mostra que o mercado reconhece a qualidade dos nossos cafés especiais. Por isso, a Região da Alta Mogiana precisa assumir um posicionamento de origem de cafés especiais, comunicando nacionalmente e internacionalmente o seu potencial. E foi nesse sentido que o evento de premiação dos melhores cafés da Região foi escolhido para o lançamento da nova logomarca que expressará esse posicionamento, representando uma idéia, um propósito maior que nos direciona, nos inspira e nos une dentro daquilo que temos em comum: somos da Região da Alta Mogiana. Queremos que a Região tenha um discurso alinhado e que, dentro dos seus valores e propósitos, possa traçar

um plano estratégico de desenvolvimento. Um plano em que cada um tenha seu papel e seja comprometido com o caminho traçado. Os benefícios disso serão estendidos aos produtores rurais, cooperativas, entidades de classe e a sociedade no geral. Ao colocarmos a Região à frente, ninguém sai perdendo. Todos ganham. Esperamos que a nova logomarca simbolize maiores esforços conjuntos ao longo de toda a cadeia do café. É preciso destacar aquilo que temos de força e que nos diferencia das demais regiões produtoras: as características da região, nosso orgulho na produção do café, nossas raízes que nos proporcionam um jeito autêntico de ser e a excelência com que produzimos e conferimos qualidade aos nossos grãos de café. Os cafés especiais caíram no gosto dos consumidores porque tem qualidade. E isso não volta mais atrás. A exigência pela qualidade é uma realidade e como produtores temos muito a melhorar e a inovar para aumentar a oferta de cafés especiais. Temos um selo de origem e qualidade a nossa disposição. Vamos solicitálo e apresentar ao mercado a rastreabilidade dos cafés, garantindo a procedência da Região da Alta Mogiana. E foi em função do tema união de esforços, cooperação, que elegemos como homenageado do 13º Concurso de Qualidade o Dr. Marcio Lopes de Freitas, Presidente do Sistema OCB, Organização das Cooperativas Brasileiras. Um cafeicultor da Região, de Patrocínio Paulista, cujo trabalho em prol da cafeicultura e do cooperativismo o torna hoje a imagem e exemplo da força que a cooperação pode atingir; e representa um objetivo a alcançar: uma cafeicultura unida em prol do desenvolvimento Regional. Enfim, foi uma noite de comemoração ao que temos de melhor: cafeicultores e café. Meus agradecimentos a todos os presentes e aos patrocinadores, em especial o Sicoob Credicoonai. A Região precisa desse apoio para investir em ações que, além de promover a Região, vão motivar e apresentar novos caminhos aos cafeicultores para buscarem cada vez mais melhorar a sua produção e a qualidade de seus cafés.


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FOTOS: Revista Attalea

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Vencedores do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana

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o último dia 17 de outubro anunciados os produtores vencedores do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana Edição “Dr. Márcio Lopes de Freitas”, em cerimônia para mais de 350 pessoas, que aconteceu no Espaço Cedro, em Franca (SP). Na ocasião, foram premiados os cinco primeiros colocados da categoria natural e os três primeiros colocados na categoria Microlote, conforme relação abaixo. A homenagem ao Dr. Márcio Lopes de Freitas, Presidente do Sistema OCB - Organização das Cooperativas do Brasil e cafeicultor em Patrocínio Paulista (SP), enalteceu seus serviços


FOTOS: Revista Attalea

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O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, recebe a homenagem das mãos de André Luis da Cunha (presidente da AMSC), Carlos Arantes Corrêa (representando o prefeito de Franca, Alexandre Ferreira) e Ely Vieira Brentini (diretor do Sicoob Credicoonai)

O cafeicultor e Engº Agrº Maury Faleiros (campeão na Categoria Natural), André Luis da Cunha (presidente da AMSC), o cafeicultor Guilherme Nassif e Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB e o grande homenageado da noite).

prestados em prol da cafeicultura e do cooperativismo. Os cafés foram selecionados dentre 115 amostras inscritas provenientes de diversos municípios da Região da Alta Mogiana. Durante a etapa de pré-seleção, que ocorreu entre os dias 18 e 19 de setembro, foram selecionados 46 finalistas cujos cafés pontuaram acima de 83 pontos, conforme metodologia de avaliação sensorial da SCAA (Specialty Coffee Association of America). A etapa final de seleção foi re-

alizada entre os dias 13 e 14 de outubro, identificando os melhores cafés da safra 2015/16. Os lotes vencedores foram adquiridos pelas Bourbon Specialty Coffees, Silvia Magalhães Cafés Especiais, Alicerce Cafés Especiais e Café LaSanté, com ágios que expressam o quão especial estavam os cafés. Essa premiação vem a reconhecer o esforço e dedicação dos produtores e mostrar que agregar valor ao grão está intrinsecamente a sua qualidade.


FOTOS: Revista Attalea

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CAFÉS FINALISTAS DO 13º CONCURSO DE QUALIDADE SÃO VENDIDOS EM RODADA DE NEGÓCIOS - A elevada pontuação dos cafés do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana aliada à procura pelos cafés especiais da Região motivaram a realização de uma rodada de negócios para disponibilizar os lotes de cafés finalistas, do 4º ao 15º colocados, a potenciais compradores. Após a etapa final de seleção, na qual os finalistas foram classificados pelas pontuações, compradores se reuniram na sede da AMSC para a degustação e participação no leilão silencioso, com lance mínimo de R$ 700 a saca. Marcaram presença Alicerce Cafés Especiais, Carmo Coffees, Moka Clube e Santo Valle Specialty Coffees. Ao total, foram negociadas 64 sacas de café especial com pontuação mínima de 83 pela metodologia da SCAA, com preços que atingiram até R$ 900 reais a saca de 60kg. 2º LUGAR DA CATEGORIA MICROLOTE É CAMPEÃO DO 14º CONCURSO ESTADUAL DE QUALIDADE DO CAFÉ DE SÃO PAULO - Rafael Giolo, de Pedregulho, 2º colocado na categoria microlote do 13º Concurso de Qualidade de Café da Região da Alta Mogiana também é o campeão da categoria microlote do 14º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo. A etapa regional é obrigatória para a classificação na etapa estadual, coordenado pelo Sr. Eduardo Carvalhaes Junior. O evento de premiação está marcado para o dia 13 de novembro. Com essa premiação, o microlote de café do Sr. Rafael Giolo segue para concorrer entre os melhores do Brasil no 12º Concurso Nacional ABIC de Qualidade de Café, cujos vencedores conheceremos em 19 de janeiro de 2016.

Márcio Lopes premia Rafael Giolo, 2º colocado na categoria Microlote.


CAFÉ

Claraval (MG) sediou em outubro a última etapa do Circuito Mineiro de Cafeicultura

Juliano Diogo Pereira, prefeito de Claraval (MG)

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da BSCA.

Luiz Fernando Ribeiro de Lima, cafeicultor em Areado (MG)

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FOTOS: Divulgação Prefeitura Claraval

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elo segundo ano consecutivo, a cidade de Claraval (MG) foi sede da etapa regional do Circuito Mineiro de Cafeicultura. O evento foi realizado no dia 21 de outubro, no Salão Dom Carmelo Recchia, tradicional local de eventos da cidade e contou com a participação de 350 pessoas, entre autoridades, cafeicultores, e profissionais do setor. A etapa do circuito foi organizada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG), Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Prefeitura de Claraval. Com uma programação voltada aos produtores de café da cidade e também da região, o encontro contou com palestras sobre equipamentos, técnicas de cultivo e manutenção da lavoura. Cid Bertanha, diretor da Eclética Bertanha apresentou implementos para melhorar a manutenção da lavoura e também a colheita. O engenheiro agrônomo e cafeicultor Luiz Fernando Ribeiro de Lima apresentou suas técnicas e os benefícios que uma lavoura sustentável, com a condução da braquiária na entrelinha do cafezal, incluindo técnicas de bioativação. Já a diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, orientou os participantes sobre a importância dos café especiais na melhoria da rentabilidade do cafeicultor. Juliano Diogo Pereira, prefeito de Claraval (MG), participou da solenidade de abertura e acompanhou o ciclo de

palestras. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Claraval, Edju Ricarte foi um dos organizadores do evento, juntamente com o extensionista da EMATER, Enis Barbosa, destacou a importância do circuito para os produtores de Claraval. A COCAPEC também marcou presença no evento com a participação do diretor-presidente, Maurício Miarelli e do diretor-secretário, Alberto Rocchetti Neto.

Cid Bertanha apresenta as inovações dos implementos Eclética Bertanha.


CAFÉ

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Danos ao desenvolvimento inicial do cafeeiro submetido à deriva do herbicida Glyphosate Giovani Belutti Voltolini1, Dalyse Toledo Castanheira2, Thales Lenzi Costa Nascimento3 e Rubens José Guimarães4

IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DO GLYPHOSATE NO CAFÉ

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cafeicultura atual dispõe de grandes investimentos no que diz respeito a mecanização de suas atividades, visto que, devido a dispendiosidade do serviço manual, associada ao custo e a falta de mão de obra, se faz necessário o uso de tecnologias que otimizem a realização dos manejos na lavoura. Entre estes manejos, podemos citar, principalmente, o manejo de plantas daninhas, que é de grande importância no café, pois as mesmas podem competir com o cafeeiro por elementos essenciais ao seu desenvolvimento, como água, luz, espaço e nutrientes. O controle das plantas daninhas pode ser realizado de diversas formas, sendo mais comuns os tipos de controle manual, mecânico e também por meio da utilização de herbicidas. Este último surgiu para revolucionar e viabilizar o controle do mato no cafeeiro, pois sua eficiência no controle do mesmo é elevada, assim como sua praticidade. Neste sentido, a utilização do herbicida Glyphosate no cafeeiro, principalmente em lavouras novas, passou a

AUTORES

1 – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA, Membro do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas daninhas e Alelopatia – GHPD. Email: giovanibelutti77@hotmail.com 2 – Membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), Doutoranda em Agronomia – Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. Email: dalysecastanheira@hotmail.com 3 – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA, Membro do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas daninhas e Alelopatia – GHPD. Email: thaleslenzic@gmail.com 4 – Professor Titular do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Lavras – UFLA, Professor colaborador do Grupo de estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD. Email: rubensjg@ dag.ufla.br

Figura 1. Acerte o alvo. Fonte: Adaptado de Guilherme Popolin, 2013

ser muito recorrente, visto que, seu espectro de controle é elevado, sendo muito eficiente no controle das plantas daninhas, com baixo custo de aplicação. OCORRÊNCIA DA “DERIVA” - O Glyphosate é um herbicida de ação sistêmica, não seletivo e utilizado em pós-emergência de plantas daninhas. Sobretudo, se fazem necessárias corretas tecnologias de aplicação visando que as gotas aspergidas na aplicação atinjam somente a superfície foliar das plantas alvo, ou seja, as plantas daninhas. Dentre estas tecnologias, podemos citar o uso correto dos equipamentos de pulverização, associados a condições climáticas adequadas. Também é grande importância a correta calibragem do pulverizador, assim como o tipo de aplicação, que está diretamente relacionado com o bico e as pontas de indução utilizadas. Quanto às condições climáticas, recomenda-se a realização da aplicação de herbicidas com temperaturas amenas, não excedendo 30ºC, podendo haver volatilização do herbicida pelo calor demasiado. A ocorrência do vento também deve ser observada, não podendo exceder 10 km.h-1. Por fim, a técnica do operador é determinante para que a aplicação seja realizada da melhor forma possível, possuindo assim, maior eficiência no controle das plantas daninhas. Entretanto, nem sempre é possível realizar a aplicação deste herbicida nestas condições citadas, visto que, a necessidade de realização deste manejo, pode fazer com que o cafeicultor realize a aplicação fora das condições adequadas. Também pode ocorrer por falta de orientação aos operadores, fazendo com que a aplicação não seja eficiente. A não utilização das corretas tecnologias de aplicação, além de reduzir a eficiência no controle das plantas daninhas, pode também ocasionar um fenômeno que ocasiona


CAFÉ grandes prejuízos as plantas de café recém implantadas, que é denominado “deriva”. A deriva consiste no arraste (deslocamento) das gotas aspergidas na pulverização, fazendo com que, parte do produto utilizado atinja plantas não alvo, ou seja, plantas que não deveriam receber o produto, que neste caso, são as plantas de café. SINTOMAS - Os sintomas evidenciados pela ocorrência da deriva do herbicida Glyphosate nas plantas de café são muito característicos, exibindo ramos plagiotrópicos com super brotamento na região apical do ramo, sendo que as folhas apresentam forFigura 2. Sintomas da deriva de Glyphosate no cafeeiro. mato diferente do normal, estando mais finas. Fonte: Giovani Belutti Voltolini, 2015 Em alguns casos, a folha também pode apresentar clorose e aspecto coriáceo. Em casos de severa intoxicação, a planta apresenta folhas necróticas que podem evoluir para a morte da planta. Os sintomas de fitotoxidez deste herbicida podem se assemelhar aos sintomas característicos da deficiência de zinco no cafeeiro, sendo necessária a utilização de técnicas para diferenciar e identificar qual problema está ocorrendo. A anamnese, prática realizada visando o levantamento de informações, pode ser realizada visando solucionar este problema, onde o levantamento de informações a cerca dos manejos realizados na área, poderão levar a possível solução do questionamento. Figura 3. Danos causados no desenvolvimento do cafeeiro. Como exemplo, pode-se questionar a Fonte: Giovani Belutti Voltolini, 2015. cerca dos sintomas, se são generalizados, se ocorrem em todas as folhas da planta, se foram realizadas levação dos custos de produção. aplicações com defensivos agrícolas, ou seja, uma caracteriAlém de uma possível fitotoxidez das plantas de café, zação do problema e a contextualização dos manejos realiza- ou também de regiões vizinhas, o prejuízo ao cafeicultor dos na área de cultivo. acontece pela redução da eficiência no controle das plantas daninhas. Isto por que, após a pulverização, as plantas PREJUÍZOS - Os prejuízos causados aos cafeicultores daninhas não receberam a dose recomendada do herbicida, pela ocorrência da deriva do herbicida Glyphosate são devido a erros de aplicação, requerendo uma nova pulverigrandes, visto que, uma parte do produto não atinge a planta zação para o controle. alvo, reduzindo a eficiência da aplicação, assim como a eA ocorrência de sub-doses pode ter relação direta

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CAFÉ plo, o chapéu de Napoleão (figura 5) que é colocado nos equipamentos costais ou maquinários é muito viável, pois o funcionamento deste se dá como uma barreira física. A calibragem correta da pressão dos pulverizadores, adequando o diâmetro e peso das gotas também são de grande importância, assim como o uso de adjuvantes na calda de pulverização para aumentar a eficiência do produto. O operador deve estar atento as condições ambientais, assim como no funcionamento do equipamento de pulverização, aferindo a vazão, a velocidade, o desgaste dos bicos, a altura da barra de aplicação, ou seja, diversos fatores que podem minimizar a ocorrência da deriva no cafeeiro.

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Figura 4. Bicos com indução de ar (anti-deriva). Fonte: Magnojet.

com o surgimento de plantas daninhas resistentes ao herbicida. Sobretudo, o surgimento de plantas que não são controladas por este herbicida pode ser um grande problema para o manejo das plantas daninhas nesta área. Também é observado em campo o “travamento” no crescimento das folhas e dos brotos, havendo uma perda, no período de fitotoxidez, de 2 a 3 pares, e consequentemente, influenciando no desenvolvimento inicial do cafeeiro. COMO EVITAR? - A eficiência na aplicação do Glyphosate depende do uso de equipamentos e técnicas apropriadas que evitem a deriva. Dentre as principais formas para reduzir a ocorrência de deriva podemos citar algumas práticas como: utilização de pontas com indução de ar (figura 4), que são os chamados bicos anti-deriva, onde os mesmos oferecem menor risco quando comparado a um convencional. A utilização de proteções dos bicos, como por exem-

Figura 5. Chapéu de Napoleão com bico. Fonte: pulveriçaoecia.com.br

RECUPERAÇÃO DE PLANTAS INTOXICADAS - Mesmo com todos os cuidados com a tecnologia de aplicação, normalmente são constatados casos de intoxicação de plantas de café pelo herbicida glyphosate. A recuperação da plantas, em desenvolvimento inicial, ocorre somente com o tempo, demorando cerca de 30-45 dias. No entanto vem sendo realizados estudos com relação a produtos que possam acelerar a recuperação das plantas. Uma dessas alternativas que estão sendo utilizadas é a pulverização foliar após intoxicação pelo herbicida utilizando sacarose, em razão dos benefícios que vem apresentando para as plantas. A aplicação de sacarose (açúcar comum), em lavouras novas de cafeeiros, mostra resultados eficientes no processo de reversão da intoxicação por esse herbicida. Outra prática que vem se intensificando, no que diz respeito à recuperação do cafeeiro, é a aplicação de produtos à base de aminoácidos via foliar, reduzindo significativamente os sintomas de fitotoxidez do Glyphosate. Se tratando da recuperação e desenvolvimento da planta, é importante ressaltar que os aminoácidos estão associados a importantes processos metabólicos da planta. CURIOSIDADE - A molécula de Glyphosate possui melhor eficiência em condições ácidas, com pH em torno de 4,0. Entretanto, não é comum a ocorrência deste pH ácido nas águas utilizadas para pulverização, onde as mesmas possuem pH básico, na faixa de 6,5-7,0. Contudo, práticas empíricas dos cafeicultores, como adicionar limão na calda de pulverização ou também colocar vinagre (ácido acético) têm apresentado melhora na pulverização, isto por que, o pH da calda diminui e consequentemente a molécula de Glyphosate terá melhor eficiência. Além destas práticas empíricas, comercialmente são utilizados condicionadores de calda visando a adequação da melhor faixa de pH para realização de manejos de pulverização de defensivos agrícolas.


CAFÉ

Produtor de Serra Negra vence 14º Concurso Estadual de Qualidade de Café de São Paulo

Na categoria Microlote, venceu o cafeicultor Rafael Giolo, de Pedregulho (SP).

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produtor Paulo Rogério P. Marchi, do Sítio Santa Rosa, em Serra Negra (SP), foi o primeiro colocado do 14º Concurso Estadual de Qualidade de Café de São Paulo. O resultado foi divulgado no dia 29 de outubro. Os trabalhos de avaliação sensorial dos 64 lotes inscritos nesta edição, todos finalistas dos certames regionais promovidos por associações, cooperativas e sindicatos rurais, foram realizados na Associação Comercial de Santos (ACS). A comissão julgadora emitiu a lista com os 10 vencedores, sendo quatro da categoria Cafés Naturais, quatro da categoria Cafés Cerejas e dois da categoria Microlote. A seleção ocorreu na Sala de Classificação e Prova de Cafés da ACS. O campeão do concurso, produtor Paulo Rogério P. Marchi, conquistou a nota 8,99, numa escala de 0 a 10. Já na categoria Cafés Cerejas, a empresa Santa Jucy Agroindustrial LTDA, de Cássia dos Coqueiros (SP), foi a primeira colocada, com a nota 8,85. Na Microlote, o primeiro lugar ficou com o produtor Rafael Gido, da Fazenda Olho D’Água, da cidade de Pedregulho (SP). Segundo o coordenador da competição, Eduardo Carvalhaes, os classificadores da comissão julgadora ficaram impressionados com a qualidade dos cafés participantes. “Esses lotes representaram muito bem o Estado de São Paulo. E a ideia do concurso é exatamente estimular o cafeicultor a produzir utilizando as melhores técnicas e mostrar para o consumidor que o nosso Estado tem cafés excelentes”. De acordo com Carvalhaes, as condições climáticas ruins, com chuvas irregulares e temperaturas acima da média, prejudicaram os concursos regionais, o que levou à diCONFIRA A LISTA DOS 10 CAFÉS PREMIADOS 1º) - Paulo Rogério P Marchi - [Sítio Santa Rosa] Serra Negra (SP) - categoria Cafés Naturais, nota 8,99 2º) - Manassês Sampaio Dias - [Sítio Três Barras] Divinolândia (SP) – categoria Cafés Naturais, nota 8,85 3º) - Santa Jucy Agroindustrial - [Fazenda Jucy] Cássia dos Coqueiros (SP) – categoria Cafés Cerejas, nota 8,85 4º) - Mario Marchionno - [Fazenda Santa Cruz] Torrinha (SP) – categoria Cafés Cerejas, nota 8,84 5º) - Marcilio Marchi - [Sítio Santa Rosa] Serra Negra (SP) – categoria Cafés Naturais, nota 8,82 6º) - Antônio Ragazzo - [Sítio São Carlos] Espírito Santo do Pinhal (SP) – categoria cafés Cerejas, nota 8,8 7º) - Rafael Gido - [Fazenda Olho D’Água] Pedregulho (SP) – categoria Microlote, nota 8,76 8º) - Tuffi Bichara - [Sítio Cafezal em Flor] Serra Negra (SP) – categoria Cafés Cerejas, nota 8,7 9º) - Ana Paula Penna - [Sitio Santa Edwirges] Divinolândia (SP) – categoria Cafés Naturais, nota 8,66 10º) - Moacir Donizette Rosseto - [Sítio São Jose Bocaina] Caconde (SP) – categoria Microlote, nota 8,62

minuição do número de inscritos este ano. “Não choveu em janeiro e os grãos cresceram menos, por isso, tivemos dois concursos que desistiram de participar, porque chegaram à conclusão que os grãos estavam muito ruins e não queriam que esses cafés, de fraca qualidade, participassem do concurso estadual. Ainda assim, conseguimos amostras excelentes”. No dia 18 de novembro, no Museu do Café, em Santos (SP), será feita a premiação dos produtores e das empresas campeãs - as que deram maiores lances no leilão. O último evento do calendário deste ano será em 17 de dezembro, com o lançamento da 13.ª Edição Especial dos Melhores Cafés de São Paulo, na capital, da qual participam marcas elaboradas com os grãos que foram adquiridos no leilão pelas indústrias. Em embalagens sofisticadas de 250 gramas e identificadas com selo numerado, esses cafés poderão ser adquiridos pelos consumidores em lojas gourmets ou nos sites das indústrias participantes que trabalham com e-commerce. O concurso é uma promoção da Câmara Setorial de Café de São Paulo e da Secretaria da Agricultura do Estado, e conta com a parceria do Sindicato das Indústrias de Café de São Paulo, da Associação Brasileira da Indústria de Café, da Associação Comercial de Santos e do Museu do Café.

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CAFÉ

O crescimento da cafeicultura chinesa 44

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A análise faz parte do Relatório Internacional de Tendências do Café de Agosto 2015

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nalistas de mercado vietnamitas estão preocupados com o crescimento da produção de café na China. Eles temem que o vizinho importe menos café do Vietnã devido à expansão da cafeicultura na província chinesa de Yunnan, onde a área cultivada atingiu 125 mil hectares. Poucos anos atrás, a área era de apenas 40 mil ha e a expectativa das autoridades chinesas é que chegue a 167 mil ha em 2020. Outro fator que preocupa os analistas vietnamitas é que a China já está priorizando a agregação de valor ao produto. Companhias chinesas estão colaborando com empresas multinacionais na construção de fábricas de café solúvel e torrado e moído. Com isso, o Vietnã perderia investimentos em novas fábricas. O maior fabricante de solúvel da China já produz 13 mil toneladas por ano. Por outro lado, a produção chinesa é de café arábica, enquanto o Vietnã produz principalmente robusta. Hu Lu, membro da Associação do Café de Yunnan, disse que a produção de café na província dobrou em 5 anos, chegando a 2 milhões de sacas. De acordo com dados da FAO, em 2013 a China produziu 1,95 milhões de sacas, volume superior ao de tradicionais produtores como Costa Rica e Tanzânia e muito próximo de Nicarágua e Costa do Marfim. A taxa de crescimento anual da produção entre 2009 e 2013 foi de 17,7%. As autoridades de Yunnan esperam que a produção alcance 4,1 milhões de sacas em 2020. O crescimento da cafeicultura chinesa está atraindo grandes empresas ocidentais, como Starbucks e Volcafé, que já investem nas fazendas de Yunnan em parceria com empresas locais. Em dezembro de 2014 a Nestlé inaugurou o Nescafé Coffee Center, na cidade Pu’er. As informações sobre a China merecem destaque. Existe grande expectativa quanto ao aumento do consumo de café no país, algo que já está acontecendo, mas cujos números totais ainda são modestos. No entanto, a produção de café arábica na província de Yuannan apresentou um crescimento muito grande nos últimos anos. Um detalhe importante: a maior parte do café chinês (70%) está sendo exportada. Os principais destinos, segundo dados da OIC, são Alemanha e Japão. Para abastecer o consumo interno são importados grãos de outros países. Segundo analistas vietnamitas, os chineses estão empenhados em construir uma marca reconhecida mundialmente. A partir dos dados mais recentes de área plantada (125 mil ha) e produção (2 milhões de sacas), pode-se estimar a produtividade das lavouras chinesas em 16 sacas/ha, o que ainda é bastante abaixo da produtividade brasileira. Mas se

as projeções para 2020 se concretizarem (167 mil ha com produção total de 4,1 milhões de sacas), isso significaria uma produtividade de 24,5 sacas/ha, o que é muito próximo da atual produtividade média das lavouras brasileiras. Os números da cafeicultura chinesa chamam a atenção, mas diante do crescimento do consumo mundial de café eles não representam uma mudança nos fundamentos do mercado, ao menos no curto prazo. Contudo, mantida a taxa de crescimento dos últimos anos, em uma década a China poderia se tornar o 5º ou 6º maior produtor de café do mundo. CRESCIMENTO DO CONSUMO DE CAFÉ NA CHINA - No patamar anual de apenas 4 xícaras de café per capita, o consumo médio da bebida na China ainda é muito pequeno em relação aos Estados Unidos e Europa, entretanto, levando-se em conta o tamanho de seu mercado, o país apresenta um grande potencial. Cafeterias internacionais como Starbucks e Costa Coffee agora podem ser encontradas em quase todas as grandes cidades chinesas. Ambas as marcas enxergam a China como um grande mercado em crescimento. A maior rede de cafeterias do mundo, que inaugurou sua primeira filial no país em 1999, vem afirmando que planeja dobrar suas lojas na China e contar com mais de 3 mil lojas até 2019, enquanto a maior rede britânica planeja expandir de 344 para 900 até 2020. A cultura do café vem se desenvolvendo na China, diz Esther Lau, analista da firma de pesquisa de mercado Mintel. A grande e rápida urbanização do país, juntamente com o grande número de chineses fazendo viagens internacionais são fatores que desenvolvem esse hábito, segundo ela. Em grandes cidades como Shangai e Beijing, onde o consumo do café vem-se popularizando há mais anos, uma onda de cafeterias independentes vem crescendo. Para


CAFÉ os chineses, o café é um hábito ainda relativamente novo e por isso, marcas internacionais vem buscando adaptar suas bebidas ao paladar da população, que incluem blends de grãos de café e bebidas à base de chá. Enquanto o café é visto como uma bebida necessária no dia-a-dia para muitos dos funcionários de escritórios no Reino Unido, é considerado um produto de luxo para os chineses, e fora de seus alcances para muitos dos trabalhadores de classe média. Um latte de tamanho médio em uma loja Starbucks em Xintiandi, custa 3,17 euros, enquanto a mesma bebida em Londres tem o valor de 2,70 euros. Devido a isso, a companhia americana vem sendo bombardeada por críticas da imprensa nacional, especialmente quando o custo de fazer negócios na China é considerado menor. Segundo Lau, um preço alto é considerado um sinal de qualidade na China, quanto mais caro, melhor. Esse conceito faz com que Starbucks e Costa Coffe estabeleçam seus preços elevados como parte da estratégia de serem reconhecidos com marcas premium. Quanto a sustentabilidade, também é um conceito relativamente novo no país, mas está ganhando força, especialmente em relação a proteção ambiental, à medida que o país considera contribuir para a melhoria do meio ambiente após anos de desenfreado crescimento econô- mico. A Starbucks, por exemplo, apenas compra grãos de café produzi-

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dos em Yunnan que respeitam os padrões da companhia, o C.A.F.E. (Coffee and Farmer Equity), implementado na área em 2011. O programa C.A.F.E. é projetado para alinhar interesses sociais e ambientais, o que inclui medidas de conservação da água, que, devido a sua escassez, é particularmente relevante na região. Esta análise faz parte do Relatório Internacional de Tendências do Café v.4 n.4 & 5, disponível em: http:// www.icafebr.com.br/publicacao2/Relatorio%20v.4%20 n.4%20%20final.pdf


FRUTICULTURA

Pesquisa pretende desenvolver morango brasileiro 46

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esquisadores retomaram trabalhos de melhoramento genético do morangueiro com o objetivo de desenvolver uma variedade cem por cento nacional. Com isso, pretende-se contornar um dos principais entraves da cultura no País: a dependência de variedades estrangeiras que dominam o mercado brasileiro. Atualmente, os materiais utilizados são resultado do trabalho de melhoramento norte-americano, mais especificamente do estado da Califórnia. Para produção, os moranguicultores brasileiros adquirem mudas produzidas em países como Chile e Argentina – principalmente propriedades do Sul do Brasil –, o que aumenta os custos de produção e, consequentemente, o valor do produto final. Desenvolver uma variedade brasileira de morango

também pode gerar plantas resistentes a pragas e doenças, reduzindo a aplicação de defensivos químicos, por exemplo. Esse é o horizonte do projeto “Melhoramento genético do morangueiro visando adaptação, resistência a pragas e qualidade de fruta”, um dos principais programas de melhoramento em andamento no Brasil. O trabalho exigiu a formação de uma ampla rede de pesquisa liderada pela Embrapa e composta pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Lajes (RS); Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), em Caxias do Sul (RS); Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (PR) e Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, em Inconfidentes (MG). A intenção é que cada um desses locais receba uma Unidade de Avaliação dos materiais

EMBRAPA estuda alternativas para otimizar a produção de morango fora do solo

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ultivar morango sem solo está se tornando uma realidade no Sul do Estado gaúcho e ganha cada vez mais destaque. Para identificar as melhores condições de produção neste sistema, uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas/ RS) avalia o desempenho das plantas em diferentes leitos de cultivo. Os experimentos, que devem durar dois anos, são parte da tese de doutorado da bolsista Savana Irribarem, integrante da equipe que trabalha com pequenas frutas, liderada pelo pesquisador Luis Eduardo Antunes. Na estrutura montada há poucos meses, estão sendo testados quatro diferentes leitos de cultivo. Entre eles, os slabs – sacos plásticos que revestem o substrato e servem de base para as plantas. Chamado de sistema aberto, o cultivo em slabs é o mais comum em propriedades da região, já que tem um custo inicial mais baixo. Na contramão, a solução nutritiva usada na irrigação é escoada pela parte de baixo da estrutura e exige que o produtor adquira fertilizantes com frequência. De acordo com Gerson Vignolo, aluno de pós-doutorado que pertence ao mesmo grupo de trabalho, este problema não é visto em sistemas fechados, em que a solução nutritiva é recirculante. Mas, para implantar um sistema que apresente maior economia a longo prazo, são necessários mais detalhes na hora de montar a estrutura, o que faz os gastos iniciais subirem. “Se fala muito que o custo é maior no sistema fechado, mas não se sabe exatamente o que é gasto de água, nutrientes e fertilizantes, por exemplo, no sistema aberto. Então estamos testando diferentes sistemas e controlando tudo o que é gasto em cada um deles, incluindo o material usado para a montagem, justamente para ter ideia dos custos e avaliar o que vale mais a pena”, explica Gerson. Entre os sistemas fechados que passam por testes estão aqueles que utilizam telhas de fibrocimento, isopor e

canos de PVC. Este último é o único que não necessita de substrato e usa apenas água, por isso, também exige irrigação frequente para evitar que as plantas morram. Além dos diferentes leitos de cultivo, o experimento também observa o comportamento de cinco diferentes cultivares na produção fora do solo. “Queremos poder mostrar para o produtor qual a cultivar mais adequada para o cultivo fora do solo e para a produção fora de época, quando a fruta vale mais no mercado”, afirma a doutoranda. LONGE DO SOLO, PRÓXIMO DA LUZ - O morango é uma fruta muito apreciada pelos consumidores e, por isso, tem compradores o ano inteiro. Para buscar alternativas de produção que possam atender a esta demanda, na Embrapa, são realizadas várias outras pesquisas envolvendo o cultivo fora do solo. Uma delas avalia um importante fator que influencia a produtividade: o fotoperíodo – tempo diário em que a planta fica exposta ao sol. No sistema, luzes artificiais de diferentes cores são usadas para estender o tempo diário de fotossíntese. Os testes são feitos com luzes vermelhas, azuis e brancas. De acordo com Gerson, as pesquisas americanas comprovaram que diferentes cores de lâmpadas podem provocar reações distintas nas plantas. A luz vermelha, por exemplo, induz a floração, já a azul influencia o crescimento vegetativo. As plantas que passam pelos testes em Pelotas, também demonstram algumas distinções quanto ao tipo de cor, mas apresentam maior diferença em produção quando comparadas às que não receberam o tratamento. Em um ano, as que ficaram sob a iluminação artificial produziram cerca de duzentos gramas a mais do que as que contaram apenas com a luz natural.


FRUTICULTURA desenvolvidos, tendo em vista a forte influência do ambiente na cultura do morangueiro. Como o próprio nome do projeto indica, os objetivos são estudar a resistência das variedades às principais doenças da cultura; caracterizar aspectos físicos, químicos e nutricionais, bem como os compostos funcionais das frutas – o que propicia maior qualidade para o consumidor; além de desenvolver variedades que se adaptem às diferentes condições regionais. Além disso, conforme dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o morango é uma das culturas com maior incidência de resíduos. Novas variedades mais resistentes, em conjunto a sistemas de produção já em implantação, como o cultivo fora do solo, e a produção de mudas são o segredo para uma produção mais limpa. A pesquisa busca materiais que sejam competitivos e sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental. Com a criação de variedades brasileiras, aliada a um adequado sistema de produção de mudas, haverá diminuição da dependência de plantas estrangeiras para o cultivo, o que dará maior independência de escolha para o produtor, além de garantir que as divisas geradas pelo setor – como os royalties das variedades e o lucro da produção de mudas – fiquem no País. HISTÓRICO - A pesquisa com melhoramento genético de morango no País teve seu auge entre as décadas de 1960 e 1980, por meio de um trabalho desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e pela Embrapa Clima Temperado (RS). Mas, nos últimos 25 anos, as variedades desenvolvidas no exterior dominaram o mercado nacional. Para reverter esse quadro, a Embrapa retomou seu programa de melhoramento, encerrado na década de 1990. Um novo ciclo de trabalho teve início oficialmente em julho com o objetivo de dar mais autonomia à cultura no País. Essa é a segunda fase de um projeto iniciado em 2009, que pretende, entre outras metas, lançar ao menos uma variedade nacional nos próximos anos. O MORANGO IDEAL PARA O CONSUMIDOR Além das características agronômicas, o trabalho de melhoramento busca desenvolver cultivares levando em consideração o sabor e a relação do açúcar com a acidez. Segundo

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explica o pesquisador da Embrapa Clima Temperado responsável pelo projeto, Sandro Bonow, a intenção é investir em características que atendam às necessidades de mercado, não só por parte dos produtores, como também dos consumidores, como sabor doce, tamanho médio e cor avermelhada. As variedades desenvolvidas na década de 1970 pela Embrapa, embora bem-sucedidas, tinham foco bastante voltado à indústria – um dos pontos fortes da produção em Pelotas – e, por isso, apresentavam acidez maior, o que não atrai tanto o consumidor quando o foco é o consumo da fruta fresca. As variedades norte-americanas, por outro lado, são mais doces do que as antigas variedades – aspecto muito apreciado pelos brasileiros – e foram desenvolvidas com foco no mercado, levando em conta características como tamanho, cor e firmeza. As variedades asiáticas apresentam sabor doce ainda mais intenso e é por isso que os materiais estão sendo importados, principalmente, da Coreia do Sul – para atender ao que o consumidor brasileiro quer. “O foco sempre foi muito o produtor. Queremos pensar agora também no consumidor”, completa Bonow. MAIS DE DEZ MIL PLANTAS TESTADAS - O trabalho de melhoramento é lento. Para se obter uma nova variedade de morango são necessários, no mínimo, sete anos entre o cruzamento e o lançamento. Na primeira fase do projeto, iniciada em 2009 e encerrada em 2013, os primeiros passos para a retomada do melhoramento foram dados com a estruturação do programa. Segundo Bonow, o primeiro passo foi a importação de germoplasma de outros países, principalmente dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Todas essas amostras estão centralizadas num repositório nacional, situado na Unidade de Pelotas, chamado Banco Ativo de Germoplasmas (BAG) de morangos. Os materiais coletados possuem determinadas características desejadas e, por isso, estão sendo cruzados para obtenção da variedade nacional. Os pesquisadores chegam a testar mais de dez mil plantas para escolher uma que seja promissora. “A gente quer combinar características desejáveis num mesmo material. Só que é necessário ter a combinação certa. Esse é o grande desafio”, explica o pesquisador. Atualmente, material asiático, sul-coreano, americano e de países europeus já estão em estudo pela pesquisa em busca de uma nova variedade nacional. (Fonte: Embrapa)


HORTICULTURA

Economia de água atrai interesses dos agricultores e é alternativa em tempo de crise hídrica

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a Fazenda Alegre, localizada em Itaberaí (GO), a 92 km da capital Goiânia (GO), está um dos maiores produtores de tomate para a indústria: Iron de Lima. Este produtor está revolucionando sua produção que, desde 2012, teve um expressivo aumento de produtividade e qualidade no tomate. De 80 toneladas por hectare passou para 140 ton/ha. O motivo: adoção de tecnologia. Trata-se da irrigação localizada por gotejamento subterrâneo da Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por gotejamento. Conhecida como “gota a gota”, o sistema consiste na aplicação de água e nutrientes diretamente nas raízes das plantas. “A adoção dessa tecnologia era aumentar a produtividade do plantio e irrigar as áreas que ainda não possuíam métodos de irrigação. Depois disso, obtive melhores resultados e também consegui usar a água de forma racional e diminuir gastos com os defensivos”, explica o produtor Iron de Lima. O tomateiro é uma planta muito sensível à incidência de doenças. As irrigações convencionais, por exemplo: aspersão, causam excesso de umidade no solo e nas folhas, favorecendo a incidência destas doenças e obrigando o produtor a realizar muitas aplicações de defensivos para o controle. “Neste sentido, a irrigação localizada por gotejamento subterrâneo combinada com a fertirrigação disponibiliza água e nutrientes diretamente no sistema radicular das plantas, na quantidade ideal e na fase que mais necessitam, não molhando as folhas e frutos, e não causando encharcamento do solo, diminuindo a proliferação de doenças e a necessidade de muitas aplicações de agroquímicos”, explica William Damas, coordenador agronômico da Netafim. Aumentar a produtividade, ter frutos de mais quali-

FOTOS: Netafim

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Irrigação por gotejamento dobra produtividade de tomate e reduz custos na lavoura em Goiás

dade e economizar água são ganhos muito atrativos. Mas todo produtor quer ver isso em números. “Considerando somente o incremento médio de produtividade de 40 ton/ há com a utilização da irrigação por gotejamento subterrâneo em comparação com o pivô central (sistema atual mais usado), e o preço da tonelada em todo de R$ 200, seria 40 x 200: R$ 8.000,00 por hectare”, detalha o coordenador agronômico. O produtor também consegue economizar cerca de 20% no faturamento por conta da redução de custos da produção. “Menos mão de obra, redução dos produtos durante as aplicações sejam de nutrientes ou defensivos, menor uso da água e de energia. Com isso aumenta a possibilidade do tomate chegar mais barato na mesa do consumidor”, afirma Damas. Mesmo em tantas boas notícias, a produção de tomate requer cuidados especiais na lavoura. “Monitoramento da irrigação, pois tanto a falta quanto o excesso de água são prejudiciais ao desenvolvimento do tomate; constante monitoramento e controle de pragas e doenças; realização de adubações adequadas, pois a falta de nutrientes debilita e atrasa o desenvolvimento das plantas”, finaliza.


HORTALIÇAS

Cadeia produtiva do alho ganha nova cultivar

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FOTO: Paula Rodrigues

estes de validação já comprovaram as suas qualidades e as sementes para compor os lotes que serão ofertados em leilões já foram multiplicadas. Só falta marcar a data do edital para seleção pública que vai licenciar empresas interessadas em produzir alho-semente, previsto para o início do próximo ano. A cultivar de alho “Amarante”, pertence ao grupo comum/seminobre e foi selecionada por produtores na região de Ouro Preto (MG). Na Embrapa Hortaliças (Brasília/DF), passou pelo processo de limpeza Produção de alho semente em telado de vírus e seleção clonal e está pronta para ser disponibilizada por produtores de alho de com o “Cateto Roxo”, com o qual partilha semelhanças e todo País. O alho “Amarante”, foi selecionado provavel- diferenças. “Os dois são parecidos no formato, na cor, mas mente a partir de Cateto Roxo, uma variedade ainda mui- o Amarante nunca vai passar de 12 bulbilhos por bulbo, to utilizada por pequenos produtores, porém de qualidade enquanto o “Cateto Roxo” chega a apresentar até 35”, asinferior. A exemplo da cultivar “BRS Hozan”, lançada em sinala o pesquisador, para quem o menor número de dentes 2013, a cultivar Amarante também é livre de vírus e dis- representa uma vantagem para o consumidor, já que resulta pensa a necessidade de vernalização (acondicionamento dos em produção de bulbilhos de maior tamanho facilitando na bulbos em câmara fria por 50 dias antes do plantio) para ser hora de descascar. “Ele produz dentes grandes o suficiente plantado em regiões de clima mais quente, reduzindo os cus- para agradar a dona de casa e também o produtor”. A validação do novo material decorreu de testes contos de produção O pesquisador Francisco Resende, que coordena o Pro- duzidos em diferentes regiões do Brasil, produtoras de alho grama de Melhoramento de Alho da Embrapa Hortaliças, comum, que apresentaram diferentes níveis de produtividestaca que a cultivar apresenta outras características, como dade e com ciclo variando de 130 a 150 dias. O maior íno menor número de bulbilhos por cabeça, bulbos com for- dice de produção foi obtido no município de Bueno Brandão mato mais uniforme se comparado com outros materiais (MG), com 20 toneladas por hectare (bulbos não curados), enquanto a média em outras localidades ficou em torno de 11 a 12 t/ha. Além das caraterísticas apresentadas, o alho Amarante também apresenta outro diferencial quanto à questão do sabor e pungência, principalmente com relação as variedades de alho e também ao importado do China e da Argentina. “A presença do ácido pirúvico determina o maior ou menor grau de pungência do alho e nesse quesito o Amarante chega a 14 µmol/L, menor do que o Cateto Roxo, com 20 µmol/L , mas superior ao aroma do Hozan, Chonan e Quitéria bem menos pungente com médias de 7 a 8 µmol/L”, registra o pesquisador, que prevê a adoção da cultivar inicialmente pelos pequenos produtores e, numa fase posterior, pelos grandes produtores como uma opção para redução de custos por não necessitar de vernalização . “É mais uma opção de cultivo que estamos oferecendo e que deve despertar o interesse de grande parte da cadeia produtiva”. (FONTE: Embrapa Hortaliças)

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s primeiros frutos de maracujá silvestre BRS Pérola do Cerrado, primeira cultivar de maracujá silvestre lançada pela Embrapa, começam a chegar às mesas dos consumidores do Distrito Federal. Aos sábados, os produtores do Núcleo Rural do Pipiripau, em Planaltina (DF), comercializam a nova variedade em uma banca na Ceasa-DF. Em menos de um mês, foram vendidos entre 40 e 50 quilos do fruto, ao preço de R$ 10 o quilo. Apesar de pertencer à família dos maracujás, a cultivar BRS Pérola do Cerrado tem tamanho, cor, forma e sabor que pouco lembram o maracujá comercial. O fruto maduro tem coloração verde-claro a amarelo-claro, com listras longitudinais verde-escuras. O peso varia entre 50g e 120g. Por ser muito diferente da que é normalmente encontrada no mercado, a cultivar não compete com as variedades comerciais, podendo ser considerada, de fato, um novo fruto que chega ao consumidor. “Estamos entrando no mercado paulatinamente. Os produtores estão organizados na Associação, que vai crescendo junto com a BRS Pérola do Cerrado. À medida que tivermos maior produção, poderemos atender um mercado maior”, afirma Carlos Daher, presidente da Associação dos Fruticultores Familiares e Produtores de Maracujá do Distrito Federal e Entorno (Aprofama), que reúne cerca de 40 produtores. Em todo o País, são aproximadamente 150 produtores do BRS Pérola do Cerrado, dos quais 70% estão concentrados no Distrito Federal e Entorno. O restante está principalmente em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás. Cada propriedade tem em média cem plantas e a produtividade estimada é de 20 a 35 toneladas por hectare ao ano. Embora ainda não tenha uma estimativa da produção, o presidente da Aprofama espera ampliar as ações de mercado com a próxima safra no DF, prevista para agosto. A ideia é introduzir o BRS Pérola do Cerrado na merenda escolar de escolas da rede pública de ensino do DF. Para conhecer a aceitabilidade do fruto e produtos alimentares derivados do novo maracujá, a Emater-DF realizou, em junho deste ano, um teste com estudantes do Centro de Ensino Fundamental Pipiripau II. O resultado foi amplamente satisfatório: 90% dos alunos aprovaram o docinho (tipo beijinho), 80% o fruto in natura e 55% o iogurte. O BRS Pérola do Cerrado tem grande potencial para cultivo em sistema orgânico por ser mais resistente a doenças e pragas que o maracujá comercial. Leda Gama, de Sobradinho (DF), foi uma das produtoras que participaram da etapa de validação da variedade e já comercializa os frutos. Uma vez por semana, ela participa de uma feira de orgânicos em Brasília (DF). “Minha expectativa é maravilhosa, e digo que a aceitação é total. Todos que provam, amam”, afirma. Durante cinco anos, Geraldo Magela, extensionista da Emater-DF, acompanhou o trabalho de validação a campo junto aos produtores do DF. Ele acredita que o BRS Pérola do Cerrado vai representar um avanço na cultura do maracujá no Brasil. “É um material rústico e que não precisa de

FOTO: Allan Kardec Ramos

Maracujá “Pérola do Cerrado” chega ao mercado

polinização manual. Além de tudo, é muito saboroso. Será um sucesso”, aposta. APARÊNCIA x QUALIDADE - A cultivar de maracujá silvestre BRS Pérola do Cerrado veio para mudar a percepção do consumidor quanto à aparência do fruto, que tem tamanho pequeno e nenhuma semelhança com o maracujá comercial. E com um detalhe inusitado: quanto mais murcho e feio, mais saboroso. “Vamos precisar mostrar ao consumidor que se trata de outro fruto. Ele não poderá compará-lo com a aparência do maracujá comercial. Além do tamanho e da cor, o BRS Pérola do Cerrado tem um sabor diferenciado. É adocicado, de aroma agradável e de baixa acidez”, ressalta Ana Maria Costa, pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) e coordenadora da Rede Passitec - Desenvolvimento tecnológico para uso funcional das passifloras silvestres, que reúne mais de cem pesquisadores de 27 instituições e gera informações sobre o uso e o aproveitamento de passifloras silvestres para o fortalecimento da cadeia produtiva. Lançado em 2013, o novo maracujá é um produto resultante de quase 20 anos de pesquisas em melhoramento genético convencional, que compreende cruzamentos de acessos da espécie Passiflora setacea coletados em diferentes regiões do Cerrado brasileiro. Trata-se da primeira cultivar de maracujazeiro silvestre desenvolvida pela Embrapa já disponível para os fruticultores e consumidores. As qualidades nutricionais do BRS Pérola do Cerrado compensam a falta de atrativo visual. Os frutos têm rendimento de polpa superior a 40%. De cor amarelada, a polpa apresenta sabor característico delicado, podendo ser consumida fresca ou em pratos doces ou salgados. O novo maracujá é, por isso, uma opção para o mercado de frutas especiais e de alto valor agregado, principalmente quando produzido em sistemas orgânicos e agroecológicos.


A polpa é rica em minerais importantes para a saúde, como magnésio, ferro, fósforo e zinco. Cem gramas de polpa do fruto, o que equivale a dois copos, contêm de 34% a 39% das necessidades diárias de ferro, 21% a 27% de magnésio, 22% a 32% de fósforo e 23% a 37% de zinco. Em termos comparativos, ela é mais rica que a polpa do maracujá comercial (Passiflora edulis) em enxofre, cálcio, boro e manganês. Além disso, tem maiores teores de fósforo e potássio que a polpa da acerola e igual teor de ferro. As características químicas da polpa, que contém compostos antioxidantes (compostos fenólicos e aminas bioativas), permitem que o novo maracujá seja usado como alimento funcional. Esses compostos atuam na prevenção de doenças degenerativas e no fortalecimento da resposta imunológica, contribuindo para a manutenção da saúde. Na BRS Pérola do Cerrado, os compostos fenólicos têm concentração de 50 mg a 77 mg por 100g de polpa, o dobro de compostos fenólicos do maracujá comercial, do cupuaçu e do abacaxi. Em relação às aminas bioativas, o novo maracujá apresenta teores na faixa de 14 mg por 100g de polpa, o que corresponde ao dobro do valor presente no maracujá comercial e a 40 vezes mais que o encontrado numa maçã. Por fim, uma curiosidade: o maracujá Passiflora setacea é conhecido popularmente como “maracujá do sono”, pois a polpa dos frutos, segundo o uso popular, ajudaria a prevenir problemas de insônia. Estudos conduzidos pela Universidade de Brasília com a BRS Pérola do Cerrado têm apontado que o consumo da cultivar pode contribuir para a prevenção de problemas relacionados ao estresse. APROVEITAMENTO INTEGRAL DO FRUTO - O trabalho de desenvolvimento tecnológico pela Embrapa e seus parceiros tem viabilizado o uso integral do fruto (polpa, casca e sementes), das folhas, flores e ramas para produção de ingredientes e de matéria-prima para as indústrias de alimentos, condimentos, cosmética, de artesanato e farmacêutica. A partir da casca da BRS Pérola do Cerrado (e também do maracujá comercial), que tem alto teor de fibras, a Embrapa desenvolveu um ingrediente rico em fibras que pode ser usado na composição de bolos, pães, sorvetes, musses, doces e pratos salgados. Já a semente pode ser aproveitada, entre outros usos, para a produção de óleo, cuja composição tanto permite o consumo alimentar como o uso cosmético. Trata-se de um óleo muito rico em ômega 6, importante na formação das membranas celulares, principalmente das mitocôndrias, auxiliando também no equilíbrio do colesterol no organismo. VANTAGENS PARA QUEM PLANTA - Por se tratar de um maracujá silvestre, a cultivar BRS Pérola do Cerrado apresenta alta resistência a pragas e doenças, característica importante para reduzir a aplicação de defensivos agrícolas, o que traz benefícios econômicos, ambientais e ao consumidor. A rusticidade da cultivar tem viabilizado a produção, inclusive, em sistemas orgânicos e agroecológicos. A produtividade anual – 20 a 35 toneladas por hectare, dependendo do sistema de condução das plantas – é

FOTO: Fábio Faleiro

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muito superior à da média nacional, cerca de 15 toneladas por hectare ao ano. As condições de cultivo e produção são semelhantes às do maracujazeiro azedo. A produção dos frutos começa a partir dos oito meses de vida da planta, que produz por pelo menos quatro anos, mas pode chegar a 15 com manejo adequado. “O BRS Pérola do Cerrado produz o ano inteiro sob irrigação, com pico de produção na época das chuvas (dezembro a março) e uma segunda safra entre junho e setembro (período seco). Entre uma safra e outra, a produção diminui, mas não para”, garante a pesquisadora Ana Maria Costa. “Esse maracujá não compete com o azedo (comercial). É um fruto que veio para agregar valor e diversificar os sistemas de produção dos fruticultores”, completa o pesquisador Fábio Faleiro, também da Embrapa Cerrados e responsável pelo programa de melhoramento genético do maracujazeiro silvestre da Embrapa. Isso porque a cultivar frutifica nas condições de outono-inverno do Brasil Central, possibilitando a produção na entressafra do maracujá azedo. A produtora Francisca Inês, do Assentamento Oziel Alves III, em Planaltina (DF), está apostando no BRS Pérola do Cerrado. Há seis meses, ela plantou cem mudas em sistema agroecológico e está esperando por bons resultados. “Por ser rústico, é o ideal para a minha área, que é muito seca. Acredito que produzirá muito bem e que esse maracujá será o pontapé inicial para o meu sucesso”, disse. Para a comercialização da sua produção, Francisca está aguardando apenas a certificação do maracujá como produto orgânico. O diferencial de mercado da cultivar se dá em função da quádrupla aptidão: consumo in natura, processamento industrial, ornamental e funcional. Todas essas características têm despertado o interesse de muitos fruticultores e consumidores, com uma perspectiva de fortalecimento e crescimento da cadeia produtiva. O processamento industrial está relacionado ao uso da polpa para fabricação de sucos, sorvetes, doces e outros alimentos. A aptidão ornamental se deve às belas flores brancas e à ramificação densa, ideal para paisagismos de grandes áreas, como cercas, pérgulas e muros. Já a aptidão funcional refere-se à qualidade da polpa em termos da presença de nutrientes e compostos que atuam na prevenção de doenças. (Fonte: Embrapa - CPAC)


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