Edição nº 85 novembro 2013

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MÁQUINAS

‘Bandeira’ bate 2 recordes mundiais no Gir Leiteiro

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A criadora Maria Tereza Lemos Costa Calil (Fazenda Paraíso) e toda a cidade de Franca (SP) está exultante com os resultados obtidos nos concursos leiteiros dos últimos meses. A vaca jovem BANDEIRA (filha de Jaguar TE do Gavião) bateu em duas oportunidades o recorde mundial na raça Gir Leiteiro. A primeira, em Goiânia (GO) com média de 56,567 kg de leite e, neste mês, em Avaré (SP), com média de 63,200 kg de leite. Parabéns à criadora e aos funcionários por elevar o nome de Franca ao patamar que merece.

2ª Semana de Negócios é sucesso em Franca (SP)

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Organizado pela Concessionária A.Alves/New Holland de Franca (SP), em parceria com o Sicoob Cocred, a 2ª Semana de Negócios foi um sucesso com a participação de muitos clientes e fornecedores.

CAFÉ

Café de Sto. Antônio Alegria (SP) vence Concurso Estadual

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Carlos Eduardo Sicca Pasquali conquistou o 1º lugar na categoria Microlote no 12º Concurso Estadual de Qualidade de Café de SP. Parabéns ao associado da AMSC.

Cocapec participa do Programa de Opções

CAFÉ

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Com o intuito de levar as informações de forma clara aos cooperados e difundir a Política de Opções de Venda realizou uma rodada de 5 reuniões com a presença de mais de 500 produtores

Magnésio, um nutriente esquecido na cafeicultura

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edição deste mês da Revista Attalea Agronegócios vem ‘recheada’ de destaques para a região da Alta Mogiana. Primeiro, na produção de leite na raça Gir Leiteiro. A vaca jovem BANDEIRA, filha de Jaguar TE bateu dois recordes mundiais consecutivos em concursos leiteiros realizados em Goiânia (GO) e em Avaré (SP). O feito foi muito comemorado pela criadora Maria Tereza Lemos Costa Calil, da Fazenda Paraíso, Franca (SP) e prova que o Gir Leiteiro tem alto potencial produtivo associado à rusticidade caracteristica da raça. Parabéns, Tóla, Glayk, Isaías e equipe. O outro grande feito vem de Santo Antônio da Alegria (SP), com a conquista do 1º lugar na categoria Microlote do cafeicultor Carlos Eduardo Sicca Pasquali no 12º Concurso Estadual de Qualidade de Café de São Paulo. Parabéns ao cafeicultor, associado da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, que recentemente obteve o registro de Indicação de Procedência para o Café da Alta Mogiana. Ainda na cafeicultura, publicamos matérias que retratam a dificuldade dos produtores frente ao baixo preço do café. Mas também apresentamos fatos que retratam caminhos e alternativas para que a sustentabilidade da propriedade cafeeira seja mantida, mesmo em momentos de crise. A Cocapec realizou cinco reuniões com a participação de mais de 500 cooperados, onde foram uniformizadas as informações sobre a Política de Opções de Vendas de Café para o Governo Federal. Em outra situação, destaque para três cafeicultores, de Batatais (SP), Altinópolis (SP) e Cajuru (SP) que encontraram alternativas rentáveis e que contribuiram para a manutenção da atividade cafeeira mesmo em preços baixos. Destaque também para a realização da 32ª Exposição Estadual do Cavalo Mangalarga Marchador que, pela primeira vez em 32 anos não foi realizada em Ribeirão Preto (SP). O evento foi organizado pelo Núcleo Marchador da Alta Mogiana e foi realizado no Parque de Exposições “Fernando Costa”. Boa leitura!

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

Expectativa grande para o Sakata Field Day 2013

CAFÉ

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Café e leite da Alta Mogiana são destaques mundiais

DESTAQUE: Horticultura

EDITORIAL

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Consagrado evento da horticultura sulamericana acontecerá de 25 a 29 de novembro, com novidades e tendências do segmento hortícola: tomate, alface, abóbora, cenoura e pimentão.


MÁQUINAS

Aniversário Sami Máquinas supera expectativas e apresenta novidades em maquinários FOTOS: Divulgação Sami Máquinas

Sami Máquinas agora é representante exclusivo da linha de construção civil da Yanmar

Marcelo (representante Yanmar para a linha de construção civil) ao lado de Sami El Jurdi, diretor comercial da Sami Máquinas Agrícolas

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m apenas três dias, a maior festa de ofertas em máquinas e implementos da região da Alta Mogiana e Sudoeste Mineiro aconteceu na Sami Máquinas Agrícolas, nas revendas em Franca (SP) e em São Sebastião do Paraíso (MG). De acordo com Sami El Jurdi, diretor comercial da empresa, “o evento teve muito bons resultados e contou com a presença de todos os fornecedores das marcas que vendemos, além de bancos para agilizar o financiamento”. Um dos equipamentos mais procurados no evento foi a nova versão do Trator Yanmar Agritech 1175 Super Estreito, de 75cv, com menor raio de giro e tomada de potência econômica, o que beneficia imensamente o produtor rural. A Sami Máquinas Agrícolas é concessionária Yanmar desde 1988 na região de Franca (SP) e se tornou referência na mecanização da cultura cafeeira da Alta Mogiana e Sudoeste Mineiro. A grande novidade agora é que a concessionária também é representante exclusivo da marca Yanmar na linha de construção civil. “A proposta da empresa é disponibilizar máquinas e equipamentos para todas as necessidades do nosso agricultor, mas também para diversas outras necessidades no ambiente urbano e empresarial”, afirmou Sami.

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EVENTOS

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EMPRESAS

Evento foi realizado em Franca (SP) e contou com a presença de clientes e fornecedores

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ntre os dias 24 e 25 de outubro último aconteceu a 2ª Semana de Negócios A.Alves / New Holland Franca, que contou com a participação de muitos clientes e fornecedores. De acordo com Danilo Pereira Lima, gerente comercial da concessionária, o evento atingiu as expectativas. “Os desafios sempre são grandes. Este ano principalmente com baixa do café. Porém, sabemos que este momento ainda é propício para investimentos, pois quando nossa cultura estiver em alta poderemos oferecer à ela os melhores tratores e implementos para uso imediato”, afirmou. “Aproveito para agradecer nossos clientes e fornecedores pela presença na 2ª Semana de Negócios da A Alves / New Holland de Franca. Em especial, o Banco Sicoob Cocred, que viabiliza o agronegócio com suas linhas de crédito”, finalizou Danilo.

FOTOS: A.Alves

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A.Alves New Holland destaca o sucesso da 2ª Semana de Negócios


IRRIGAÇÃO

Uso de gotejamento em seringueiras é pauta do 3º Encontro de Heveicultura

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tecnologia de irrigação e fertirrigação por gotejamento vêm ganhando força no cultivo de seringueira devido aos excelentes resultados em campo e viabilidade econômica, além do total conhecimento da quantidade de água e nutrientes que é aplicada e sua dinâmica no solo. Esse e outros assuntos serão discutidos durante o 3º Encontro Técnico de Heveicultura que acontece neste mês na UNIFEB - Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (SP). A Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por gotejamento, participará do evento através de uma área expositiva e de palestra ministrada pelo engenheiro agrônomo William Damas. “Em novos plantios implantados com irrigação têm sido observado um rápido desenvolvimento das plantas, bem como, uma significativa uniformidade no estande do seringal quando comparado a áreas não irrigadas. Outro importante benefício da irrigação localizada por gotejamento é a utilização da fertirrigação, contribuindo com a antecipação da sangria das plantas para 5 anos (em média seringais de sequeiro terão sangria apenas no 7º ano)”, afirma Damas.

De acordo com os pesquisadores do Pólo Alta Mogiana da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, produtores paulistas e goianos já estão conseguindo antecipar a sangria dos seus seringais, em até dois anos graças ao uso da tecnologia de irrigação por gotejamento na implantação da cultura da seringueira De acordo com a pesquisadora Elaine Cristine Piffer Gonçalves, “nas condições da Alta Mogiana, os seringais entram em sangria com cerca de sete anos, quando a árvore atinge 45 cm de perímetro de tronco para 1,20 m de altura e 6 mm de casca. Em plantios irrigados, antecipa-se para cinco anos.” O uso desta tecnologia, além de garantir água suficiente para o desenvolvimento pleno das plantas e a homogeneidade do plantio, permite o parcelamento das adubações (quinzenais e/ou mensais), explica Elaine. “Isto faz com que ocorra maior aproveitamento por parte das plantas, economia de mão de obra e antecipação do processo de extração do látex. Estes resultados preliminares permitem inferir que a irrigação garante homogeneidade e diminui a porcentagem de perdas (de 8 a 10% no plantio normal para 1% no irrigado) das mudas de seringueira.”

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DESTAQUE

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m projeto capaz de aumentar em 50% a produtividade da agricultura familiar, desenvolvido por um engenheiro agrônomo brasileiro, conseguiu financiamento de US$ 100 mil da Fundação Bill & Melinda Gates, mantida pelo fundador da Microsoft, Bill Gates. O inventor selecionado pela fundação é Mateus Marrafon, 29, engenheiro agrônomo que vive em Iracemápolis, a 157 quilômetros de São Paulo. Ele criou uma fita biodegradável feita com celulose - um material feito de fibras extraídas de plantas-, onde ficam as sementes e também nutrientes, que servem de adubo. O agricultor enterra essa fita, que se desintegra sozinha, e as sementes se transformam nas plantas, com a ajuda dos nutrientes. O projeto foi escolhido entre 2.700 ideias inscritas no mundo todo. De acordo com a avaliação da entidade, o financiamento pode ser ampliado para até US$ 1 milhão. A vantagem da fita é permitir que as sementes fiquem na distância mais indicada umas das outras. Com isso, o pequeno agricultor pode otimizar a plantação, aproveitando o espaço da maneira mais eficiente. “Além de barato, o mate-

FOTO: Uol Noticias

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Agrônomo brasileiro consegue US$ 100 mil da Fundação Bill Gates para fita-semente

rial contém micronutrientes, preserva a umidade e protege contra pragas. E ainda é possível inserir sementes de culturas diferentes no meio do plantio principal, diversificando e dobrando a produção”, informou o engenheiro agrônomo. Marrafon disse ainda que a técnica é de baixo custo, sendo que o plantio pode ser feito manualmente, o que beneficia agricultores de pequeno porte. “As sementes ficam no lugar certo, no espaço ideal. Já os nutrientes ajudam no desenvolvimento da planta e aumentam a taxa de sucesso do cultivo”, afirmou. Cada metro de fita custa R$ 0,30. O pesquisador conta que a fita foi projetada para ser usada com qualquer tipo de semente. “Uma coisa muito interessante é que, quando pensamos em agricultura familiar, os produtores não tem um técnico presente para instruir sobre como fazer o plantio ideal. A fita é adaptada para cada região e já vai com o tratamento de semente, micronutrientes e espaçamento”, informa. Ainda segundo Marrafon, além da cultura principal, outras plantas, secundárias, também podem ser inseridas de forma a aproveitar ainda mais o solo. “Podemos, por exemplo, colocar milho como cultura principal e de forma aleatória a fita pode conter sementes de pepino, abobora, melancia e melão, culturas que não interferem no desenvolvimento do milho e, assim, proporcionar uma maior variedade de alimento para o pequeno agricultor”, informa. Com os recursos do financiamento, Marrafon afirma que o foco de sua pesquisa será a construção de uma máquina para produzir as fitas em grande escala, além de testes de campo com o material no Brasil e África. “Pelo menos metade dos testes serão no continente africano”, disse. “Com a fita, qualquer pessoa pode ser um pequeno agricultor e, na África, onde a incidência de fome é maior, isso pode ajudar.” Ele informou ainda que a ideia nasceu em Iracemápolis, na propriedade de sua mãe, que é pequena produtora rural. “Percebi a dificuldade para encontrar o espaço correto e, na faculdade, comecei a trabalhar esse sistema”, disse. O projeto foi finalizado em 2008 e, desde então, ele procura parceiros para apoiar o projeto. “Estava quase desistindo quando fui selecionado”, disse. (Fonte: UOL)


CAFÉ

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dedicação e o empenho dos cafeicultores da Alta Mogiana com a qualidade na produção de cafés estão dando bons frutos. Em novembro, o produtor Carlos Eduardo Sicca Pasquali, de Santo Antonio da Alegria (SP), conquistou o primeiro lugar na categoria microlote no 12º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo - Prêmio Aldir Alves Teixeira. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 12 de novembro, no Museu do Café, em Santos (SP), e além dos homenageados, contou com a presença da secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, do presidente da AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana), Gabriel Afonso Mei Alves de Oliveira, e do prefeito de Santo Antônio da Alegria, Ricardo da Silva Sobrinho. A solenidade foi conduzida pelo presidente da Câmara Setorial de Café do Estado de São Paulo, Nathan Herszkowicz. O café produzido por Pasquali, no Sítio dos Pinheiros, foi inscrito no certame devido à boa colocação no 11º Concurso de Qualidade do Café, realizado pela AMSC, em

Gabriel Afonso, presidente da AMSC, presenteou a secretária Mônika Bergamaschi com uma amostra do café produzido na Alta Mogiana.

FOTOS: Governo do Estado de SP

Café de Santo Antônio da Alegria (SP) é premiado em Concurso Estadual de Qualidade

Carlos Eduardo Sicca Pasquali recebe o certificado de melhor café na categoria microlote

setembro, na cidade de Franca (SP), quando conquistou o segundo lugar na categoria microlote. Classificado como de aroma floral intenso, com acidez cítrica pronunciada, doçura marcante, encorpado, uniforme e notas de frutas secas e melado; o microlote recebeu nota 8,531 dos provadores. O produto foi eleito o segundo melhor no ranking do Concurso e comprado, através de leilão, pela indústria Café Baronesa, que adquiriu o microlote de duas sacas a R$ 1.250,00 (cada), conquistando o título de Empresa Campeã na Categoria Especial. O café produzido em Santo Antonio da Alegria irá integrar a 11ª edição dos Melhores Cafés de São Paulo, exclusiva e limitada, com selo especial de identificação, a ser lançada em 17 de dezembro de 2013, no Palácio dos Bandeirantes, do Governo do Estado. O Concurso Estadual de Qualidade é promovido pela Câmara Setorial de Café de São Paulo e pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Conta ainda com a parceria do Sindicafé-SP (Sindicato das Indústrias de Café de São Paulo), da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), da Associação Comercial de Santos.

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EVENTO

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egado a uma excelente música da terra, com o supershow do violeiro Noel Andrade, aconteceu no dia 19 de outubro, no Condomínio Morada do Arco Íris, em Franca (SP), o 23º Encontro Anual de Engenheiros Agrônomos. Foi um evento festivo, com a participação dos familiares e contando com o apoio de várias empresas do setor agropecuário. A Revista Attalea Agronegócios foi parceira do evento mais uma vez. Parabenizamos a Comissão Organizadora formada por Roberto Maegawa, João Dedemo, Maria do Carmo Francisconi, Alex Kobal e demais profissionais.

FOTOS: Comissão Organizadora 2013

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23º Encontro Anual do Engº Agrônomo foi sucesso em Franca (SP)


FOTOS: Comiss達o Organizadora 2013

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Cooperativa organiza cinco reuniões que contaram com a presença de mais de 500 interessados

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Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou em setembro e início de outubro, quatro leilões de contratos de opção de venda para café negociando, assim, uma oferta de 30 mil contratos. Desta forma, os produtores e as cooperativas que arremataram tem o direito de negociar 3 milhões de sacas, em março de 2014, ao preço de referência de R$ 343, caso o mercado ofereça cotações aquém desse patamar. O leilão de opções pode ser explicado como sendo um seguro de preço. E, o contrato de opção de venda, neste caso, é a compra do direito de entregar o produto (café) ao Comitê Educativo de Capetinga (MG) comprador (governo), por um preço estabelecido entre as partes. No entanto, se no momento de executar o contrato, com lideranças do governo, na busca de ferramentas que o preço do mercado for melhor que do comprador, não há a auxiliem o produtor neste momento de preços baixos. O obrigatoriedade de entrega ao comprador. Ficando ao ven- programa de opções de venda de café foi feito para tirar 3 dedor apenas o custo do prêmio por saca contratada. milhões de sacas do mercado, ordenar a oferta, objetivando Esta ação é fruto da mobilização da cadeia produtiva uma reação dos preços para que estes sejam remuneradores do café que desde o 1º trimestre deste ano vem se reunindo aos cafeicultores.

Comitê Educativo de Claraval (MG)

FOTOS: COCAPEC

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Cocapec participa do Programa de Opções Públicas para Café

Comitê Educativo de Franca (SP)


FOTOS: COCAPEC

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Comitê Educativo de Ibiraci (MG)

Comitê Educativo de Pedregulho (SP)

A COCAPEC, através dos leilões realizados pela Conab, comprou para os cooperados, o direito de vender café para o governo. E, para levar as informações de forma clara, com objetivo de difundir a Política Pública (Opções) aos seus cooperados, realizou uma rodada de cinco reuniões nos Comitês Educativos no mês de outubro, que contou com a presença de mais de 500 interessados. Para o Conselho Nacional do Café (CNC), que re-

presenta as cooperativas, associações e produtores, esse programa do governo, solicitado pelas lideranças do setor produtivo, teve pleno êxito, uma vez que a participação organizada entre as cooperativas contribuiu para não gerar ágio excessivo no acumulado dos quatro leilões. Segundo a instituição cabe, agora, acompanhar o desempenho do mercado para ver se será necessário o exercício dos contratos.


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Peru: um potencial concorrente do Café Brasileiro. Quinto artigo da equipe do Bureau de Inteligência Competitiva do Café

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om capital em Lima, o Peru possui cerca de 30,4 milhões de habitantes. Seu território de 1.285.220 km² se localiza na América do Sul fazendo fronteira com a Colômbia, Equador, Brasil, Bolívia e Chile, além de possuir acesso ao Oceano Pacífico. O país possui o 40° maior PIB mundial,com um total de $ 325,4 bilhões, sendo 7,8% provenientes da agri-cultura, 33,9% da indústria e 58,4% dos serviços. Sua economia é baseada na exploração de minérios como a prata (terceiro maior produtor mundial), o zinco, o estanho e o cobre. Quanto à agricultura, são cultivados no país canade-açúcar, algodão, café, trigo, milho e batata. O café se destaca dentre as commodities, uma vez que o Peru é o terceiro maior produtor de café do continente, depois do Brasil e da Colômbia. Além do volume, o país é reconhecido também pela qualidade do café que cultiva, sendo considerado o maior exportador mundial de café orgânico. PONTOS FORTES = a) - Características propícias à obtenção de café de qualidade (densidade média de 2.000 plantas por hectare, 75% da cafeicultura encontra-se em locais sombreados e em altitudes entre 1000 e 1800 metros acima do nível do mar, colheita manual e secagem ao sol); b) - Cafeicultura de pequena escala – possibilidade de obter ajuda dos grandes certificadores internacionais; c) - Aumento no consumo – nos últimos 5 anos a média per capta dobrou para 600g, sendo que nos grandes centros pode chegar a 1 kg; d) - Grande produtor de cafés especiais. PONTOS FRACOS = a) - Limitações de crédito – falta de regularização do direito de posse das terras; b) - Pequeno tamanho das fazendas (média de 3ha); c) - Infestação de ferrugem (Hemileia vastatrix) em 130.000 hectares (40% da área total plantada); d) - Escassez de trabalhadores (a cafeicultura remunera

AUTOR

O Bureau de Inteligência Competitiva do Café é um programa desenvolvido no Centro de Inteligência de Mercados (CIM) da UFLA-Universidade Federal de Lavras (MG). Informações: www.incafebr.com. Telefone (35) 3829-1443.

em média cerca de 13 a 15 dólares por dia enquanto o narcotráfico paga até 38 dólares por dia); e) - Esgotamento natural das árvores; f) - Baixo nível de uso de tecnologia, fertilizantes e defensivos; g) - Falta de instituições e políticas nacionais voltadas exclusivamente para o café. AÇÕES = 1) - Implementação de estratégias de promoção do café peruano através do PromPeru (Agência de promoção de exportações do Peru) – Tunki Coffee – considerado o melhor café especial do mundo pela SCAA (Speciality

Coffee); 2) - Estreitamento da relação com a SCAA – Peru sediará em 2014 a reunião anual da Associação (10.000 visitantes são esperados no evento); 3) - Estímulo à produção e implementação de indústrias do setor em áreas pobres e remotas; 4) - Investimentos por meio da DEVIDA (Comisión Nacional para el Desarrollo y Vidas sin Drogas) para promover a cafeicultura como cultura alternativa à produção de coca; 5) - USAID (Agência para o Desenvolvimento Internacional) por meio do PRA (Programa de Redução e Combate à Pobreza) está estimulando a atividade cafeeira através do aumento dos rendimentos dos produtores que desenvolverem a cultura em áreas que atualmente se planta coca. O órgão também auxilia pequenos produtores a obterem a certificação orgânica. CONSIDERAÇÕES = • A produção de café no Peru em 2013 apresentou queda de aproximadamente 15% em relação ao ano safra recorde de 2011/2012, quando foram colhidas cerca de 5,15 milhões de sacas. Para 2014, é esperado redução de 6% em relação a produção de 2013, atingindo 4,4 milhões de sacas. • A produtividade média de 12,5 sacas por hectare, resultado do baixo uso de fertilizantes e defensivos, se contrasta com as produtividades dos grandes produtores que atingiram 38,3 sacas por hectare em 2013, • O consumo interno dobrou nos últimos 5 anos, atingindo 600 gramas per capta. Crescimento motivado,


CAFÉ sobretudo, pelos jovens nos grandes centros urbanos que estão passando a adotar o hábito de tomar café nas cafeterias. • Em decorrência da queda da produção, em 2012 as exportações de café peruano foram de 4.405.716 sacas, 10% inferior em relação a 2011. Além do menor volume, os preços pagos pelas sacas também sofreram queda. Em 2012 o preço médio das sacas exportadas foi de U$230,64, enquanto que em 2011 esse valor chegou a U$321,96. • Crescimento da importação do café peruano pela Colômbia. Em 2012 o volume de sacas importadas pelo país chegou a 500.000 unidades. • Alta concentração de empresas quanto ao volume e o valor total exportado. Apenas 20 companhias exportadoras são responsáveis por aproximadamente 90% da quantidade exportada, sendo que as 10 primeiras respondem por 75% do valor total exportado. • Reconhecimento como maior exportador mundial de café orgânico do mundo, resultado dos 90.000 hectares certificados do país. • Indústria incipiente, sendo a maioria do café exportado na forma de grãos e o consumo interno de torrado e moído e solúvel feito a partir de torrefadoras localizadas em países vizinhos, como a Colômbia. CENÁRIO = Vista como uma solução para ajudar o país a conseguir um maior desenvolvimento econômico e social, a cafeicultura do Peru se encontra dividida de duas diferentes formas

ao longo do território nacional. Na região próxima a capital, prevalecem os grandes latifúndios, com altas taxas de produtividade decorrentes do elevado nível de tecnificação e melhores infraestruturas. No restante do país, a produção em pequena escala, voltada a diferenciação se sobressai. O baixo uso de fertilizantes e defensivos, antes motivados pela situação financeira dos produtores e agora pela exigência da produção, faz com que o Peru seja o maior exportador de café orgânico do mundo e o terceiro maior produtor mundial de cafés especiais, depois da Colômbia e Guatemala. Em 2011, as exportações de cafés especiais representaram 25% do total dos envios de grão do país (US$ 1,56 milhão). Desses, 80% correspondem a café orgânico e 20% ao comércio justo, entre outros. A elevação da produção desse café pode ser prejudicial para os produtores brasileiros que queiram contornar a falta de competitividade de seus custos de produção através dos prêmios por diferenciação, uma vez que quanto maior a oferta, menores serão os preços pagos pelo mercado internacional. Ademais, merece destaque a ausência de instituições e políticas nacionais voltadas diretamente para o café. A atividade é sustentada e impulsionada, sobretudo, por órgãos internacionais de combate ao narcotráfico e erradicação da pobreza. Essas entidades acabam financiando boa parte da expansão da cafeicultura nacional a juros baixos ou mesmo a fundo perdido, ajudando a alavancar a competitividade do café peruano.

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Diversificação é estratégia encontrada pelos produtores para driblar crise do setor

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o mercado tradicional de café, uma saca de 60 quilos obtida na fazenda Sapecado, em Cravinhos (SP), vale no máximo R$ 400. Quando os preços estavam bons. Porém, essa mesma saca, transformada em bebida, rende R$ 19,8 mil - quase 50 vezes mais - na cafeteria que os produtores abriram em um shopping da região. O dono da fazenda, Francisco Castilho, abriu a cafeteria em parceria com a esposa, a advogada Mariana Boechat. Essa tem sido uma saída adotada por alguns cafeicultores:mirar no consumidor final para aumentar a rentabilidade das colheitas e reduzir a dependência em relação ao mercado de grãos, no qual os valores pagos pela saca nem sempre cobrem o custo de produção. Abertura de cafeterias, criação de franquias e produção e venda de grãos especiais vêm se tornando uma tendência, segundo Nathan Herszkowicz, diretor executivo da ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café). Enquanto o segmento de bebidas especiais, preparadas com café gourmet, cresce 15% ao ano, o de commodities (grãos vendidos crus) se mantém no patamar anual de 1,5%, de acordo com Nathan. “É uma tendência crescente e, por isso, o Brasil vem sendo consi-

FOTO: Estadão

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Produtor abre cafeteria e faz saca de café valer quase 50 vezes mais

O cafeicultor Francisco Castilho (Fazenda Sapecado), Carolina (à direita) e Mariana Boechat (Cafeteria DOC Café).

derado o maior provedor de grãos de alta qualidade. O mercado gira em torno de R$ 2 bilhões por ano”, afirma. FRANQUIA DE CAFETERIA - O esforço em busca do consumidor final tem compensado financeiramente, segundo Castilho. A fazenda Sapecado colhe em média 3.500 sacas por ano, em 65 hectares cultivados. Cada saca do grão torrado, que “encolhe” para 48 quilos devido à perda da umidade, rende 5.500 xícaras na loja de café, a R$ 3,60 cada. “Eu nunca fechei o mês no vermelho”, afirma Mariana Boechat, que fez cursos sobre a bebida nos Estados Unidos e administra a cafeteria DOC Café juntamente com a irmã Carolina. A família lançou, recentemente, sua primeira franquia, que funciona em um shopping na zona sul de Ribeirão Preto (SP), e negocia a criação de outras duas em cidades do interior paulista. MARCA PRÓPRIA - Produtora do grão há mais de um século, uma família de Batatais (SP) criou há um ano uma marca própria de café, o Café Ananias. O plantio é feito em fazendas em Altinópolis (SP) e Itamogi (MG). A área com plantio de café ocupa 120 hectares. São colhidas, em média, 4.500 sacas de 60 kg por ano nas duas propriedades, segundo o produtor Rudolf Kamensek Júnior, que divide a responsabilidade do negócio com os irmãos Fernando, Andréa e Adriana. Depois da colheita, entre maio e agosto, a parte


mais nobre da produção, que corresponde a 20% dos grãos, é separada, embalada e vendida sob quatro denominações: Premium, Espresso, Gourmet e Gourmet Premium. “Esse café diferenciado é vendido para empórios, cafeterias e supermercados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, conta Kamensek Júnior. Os preços variam de R$ 20,00 o quilo (Premium) a R$ 35,00 (Gourmet Premium). Considerando um preço médio de R$ 27,50 o quilo, cada saca, pesando 48 kg depois de torrada, chega a valer R$ 1.320,00. DIVERSIFICAÇÃO É A ESTRATÉGIA - Agregar qualidade ao produto é uma tendência para driblar a crise da cafeicultura, afirma Kamensek Júnior. “O produtor que sair na frente vai ganhar mercado”, diz. Há um ano, toda a produção das fazendas de Altinópolis e Itamogi era comercializada, como café “verde”, em cooperativas e torrefações. Depois de receber prêmios pela qualidade do grão, há dois anos, a família Kamensek resolveu investir em qualidade para aumentar a rentabilidade do negócio. Em 2012, teve início a torra do grão, numa empresa aberta em Batatais. O próximo passo, segundo Kamensek Júnior, vai ser a criação de uma franquia de lojas de café. PARCERIA FORNECE MÁQUINAS E GRÃOS ESPECIAIS - Já o Café Vicentini, que produz seus grãos em 300 hectares distribuídos entre cinco fazendas centenárias em Altinópolis (SP), vem mirando forte o consumidor final nos últimos quatro anos, mas numa estratégia de parceria com cafeterias, em vez de abertura de lojas ou criação de franquia. Segundo Guilherme Salomão Vicentini, presidente do Sindicato Rural de Altinópolis e sócio da empresa, são forne-

FOTO: Estadão

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Os irmãos Andréa e Rudolf Kamensek Jr. vêm de uma família que produz café há mais de um século; um ano atrás, lançaram uma marca própria, a Ananias.

cidas máquinas e grãos especiais para cafeterias e padarias de Ribeirão Preto (SP) que queiram colocar o produto na xícara do consumidor. Ribeirão Preto é o foco da empresa na distribuição dos grãos finos, que representam entre 20% e 30% da colheita anual de 10 mil sacas de 60 quilos. A empresa usa somente grãos de suas fazendas para compor os lotes de cafés de qualidade. “Nós misturamos café de diferentes safras, degustando cada lote até atingir o padrão de qualidade almejado. Agora, por exemplo, estamos acrescentando os grãos da safra deste ano aos que foram colhidos no ano passado”, disse Vicentini. Para ele, o caminho do produtor é agregar qualidade à produção para obter melhor remuneração.


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Magnésio - Um nutriente esquecido nos programas nutricionais no cafeeiro Renato Passos Brandão 1

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magnésio é o quarto nutriente mais absorvido pelo cafeeiro superado apenas pelo nitrogênio, potássio e cálcio. Entretanto, é um nutriente relegado a um segundo plano nos programas nu-

tricionais. De maneira geral, acredita-se que a aplicação do calcário dolomítico seja suficiente para o fornecimento de doses adequadas de magnésio. Em muitas situações, é necessária uma adubação complementar com este nutriente para a manutenção de teores adequados no solo e no cafeeiro. Neste artigo será abordada a importância do magnésio na nutrição do cafeeiro e o manejo nutricional com este nutriente. 1. Teor de magnésio nos solos O teor de magnésio nos solos cultivados com cafeeiro no Sul de Minas está abaixo da faixa adequada (Tabela 1). Anualmente, o laboratório de solos do Procafé em Varginha (MG) realiza cerca de 15.000 análises de solo. A maioria das análises é proveniente de lavouras cafeeiras ou em solos que serão cultivados com café. Num primeiro momento, a maior preocupação dos cafeicultores é com o fósforo. Entretanto, o principal nutriente limitante à cultura do cafeeiro é o magnésio. Cerca de 84% dos solos analisados pela Fundação Procafé em 2012 estavam com a saturação de magnésio abaixo da faixa adequada ao cafeeiro. Os solos com baixo teor de P representam apenas 32% do total analisado e aqueles com baixa saturação de potássio eram apenas 24%. 2. Absorção de magnésio O magnésio é absorvido pelas plantas na forma do íon Tabela 1 - Resultados de análise química de solo em amostras

recebidas no laboratório da Fundação PROCAFÉ, em 2012. MÉDIA DE OCORRÊNCIA DE RESULTADOS NA AMOSTRAGEM DO SOLO (%) Baixo Adequado Alto pH em água (<5,5; 5,5 a 6,3 e >6,3) 40 52 8 PARÂMETROS DO SOLO

Fósforo em mg/dm³ (<10; 10 a 20 e >20)

32

29

39

Saturação de cálcio em % (<40; 40 a 50 e >50)

64

27

9

Saturação de Magnésio em % (<15; 15 a 20 e >20)

84

11

5

Saturação de Potássio em % (<3; 3 a 5 e >5)

24

59

17

Saturação de Bases em % (<50; 50 a 60 e >60)

57

33

10

Extrator = Fósforo em Mehlich-1. Fonte: Matiello et al., 2013

AUTOR 1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UFLA e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja.

Figura 1. Sintomas de deficiência do magnésio nas folhas do cafeeiro. Fonte: Procafé (2012).

bivalente (Mg2+). A absorção do magnésio pelo cafeeiro é influenciada pelos demais cátions do solo, Ca2+ e K+. A absorção do magnésio é prejudicada pelo excesso de cálcio no solo mas muito mais pelo potássio. 3. Funções do magnésio O magnésio é componente da clorofila, pigmento responsável pela coloração verde das plantas e pela fotossíntese. O magnésio é um “carreador” do fósforo do solo aumentando a sua absorção pelo cafeeiro e melhorando a eficiência agronômica dos fertilizantes fosfatados. 4. Sintomas de deficiência do magnésio O magnésio é um nutriente móvel no floema do cafeeiro e os sintomas da deficiência ocorrem nas folhas velhas. Inicialmente, ocorre redução no teor de clorofila com o amarelecimento dos espaços entre as nervuras das folhas (clorose internernal). Entretanto, as nervuras das folhas permanecem verdes (Figura 1). Ocorre menor desenvolvimento do cafeeiro ocasionado pela diminuição na produção de fotoassimilados (menor taxa fotossintética). Com o agravamento da deficiência do magnésio ocorre a queda prematura das folhas do cafeeiro depauperando às plantas e acentuando a bienalidade da cultura. 5. Causas da deficiência do magnésio no cafeeiro As principais causas da deficiência do magnésio no


cafeeiro estão abaixo: • Solos ácidos com baixo teor de magnésio; • Adubações com altas doses de potássio ocasionando um desequilíbrio na relação Mg/K do solo (relação menor que 3), Tabela 2; Tabela 2 - Efeito da adubação potássica na relação Mg/K do

solo e na produtividade do cafeeiro arábica. K no solo

Mg no solo

---------- mmolc/dm³ -----------

Relação Mg:K no solo

Produtividade ----- sc/ha -----

1,0

6,0

6,0

65,6a

3,2

6,0

1,9

50,8b

5,4

7,0

1,3

51,9b

Fonte: Matiello, 2012

• Uso continuado de fertilizantes acidificantes do solo que ocasionam uma maior lixiviação do magnésio. Os fertilizantes nitrogenados, exceto o nitrato de cálcio possuem grande capacidade de acidificação dos solos. • Calagens com uso continuado de calcários calcíticos ou calcários dolomíticos com baixos teores de magnésio. É importante mencionar que na legislação anterior, tinhamos três tipos de calcários, calcíticos (MgO<5%), magnesianos (5 a 12% de MgO) e dolomíticos (MgO>12%). A partir da nova legislação, há apenas dois tipos de calcários, o calcário calcítico (MgO<5%) e o dolomítico (MgO>5%). 6. Manejo da nutrição com magnésio O manejo da nutrição com magnésio no cafeeiro tem início com a realização da análise de solo para a avaliação dos teores dos nutrientes no solo, dentre os quais, o magnésio e as relações deste nutriente com os demais cátions do

CAFÉ

solo (Ca2+ e K+). Eventualmente, se o cafeicultor tiver a análise química das folhas do cafeeiro da safra anterior, o manejo nutricional torna-se mais preciso permitindo que o profissional da área agronômica possa realizar os ajustes necessários nos programas de adubação de solo e foliar. 6.1. Calagem Realizar a calagem elevando a saturação de bases para a faixa mais adequada ao cafeeiro (60 a 70%). Se houver necessidade, utilizar o calcário dolomítico com teor adequado de óxido de magnésio. 6.2. Adubação de solo A forma mais eficiente para o fornecimento de magnésio ao cafeeiro é nas adubações de solo. A Granorte, empresa coligada ao Grupo Bio Soja possui fertilizantes de solo fornecedores de magnésio ao cafeeiro e demais culturas (Tabela 3). A Granorte possui duas unidades industriais sendo uma em Ituverava, interior de São Paulo e a segunda em Catalão (GO). Tabela 3 - Fertilizantes granulados fornecedores de magnésio

ao cafeeiro.

PRODUTOS

GARANTIAS (%) Ca

Mg

S

B

Mn

Zn

Gran Boro Mag

-

30

3,2

2

-

-

Gran Magnésio 30

-

30

3,2

-

-

-

Gran Mogiana

-

25

3,2

3

-

4

Gran Mix Visão

2

30

3,47

2

2

2

Extrator = Fósforo em Mehlich-1. Fonte: Matiello et al., 2013

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CAFÉ

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A fonte de magnésio da linha Gran é o óxido de magnésio que no processo de granulação é atacado com o ácido sulfúrico aumentando a solubilidade do nutriente proporcionando aumento significativo na produtividade do cafeeiro (Tabela 4). Tabela 4 - Efeito da adubação com magnésio na produtividade do cafeeiro irrigado.

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Tratamento

Dose de Mg ------ kg/ha------

Testemunha

Produtividade Diferença na do cafeeiro Produtividade ------ sc. beneficiadas/ha------

-

46,3

-

Óxido de magnésio

118

69,3

23,0

Sulfato de magnésio hepta

141

64,2

17,9

Fonte: Adaptado de Matiello & Krolling, 2010.

6.2.1. Dose do magnésio A dose do magnésio a ser aplicada em cafeeiros em produção em solos com baixa saturação de magnésio é 10 kg do nutriente para uma expectativa de produtividade de 10 sc. beneficiadas de café. Por exemplo, para uma expectativa de produtividade de 40 sc. beneficiadas de café, aplicar 40 kg/ha de Mg. É importante mencionar que a aplicação do Gran com magnésio proporciona aumento nos teores deste nutriente no solo. Há propriedades na região de Franca/SP, dentre as quais, o cafeicultor Rodrigo de Freitas com saturação de magnésio ligeiramente acima da faixa adequada após o uso do Gran Max Visão ao longo das últimas safras de cafeeiro. 6.2.2. Época de aplicação Realizar a aplicação do Gran no início da estação das chuvas ou das irrigações. Realizar a reaplicação do Gran somente após a análise foliar do cafeeiro e se o teor de magnésio ficar abaixo da faixa adequada. 6.3. Adubações foliares A adubação foliar com o magnésio deve ser realizada com a adubação do magnésio no solo. Realizar a aplicação de 4 a 6 L/ha do NHT® Magnésio parcelando a dose em 3 aplicações. Se houver necessidade, iniciar as aplicações foliares antes do florescimento do cafeeiro e as demais com intervalo de 30 a 45 dias. 7. Considerações finais O atual momento da cafeicultura nacional e mundial não é dos melhores. Após um período relativamente curto com preços do café favoráveis aos cafeicultores, estamos numa fase com cotações do café abaixo do custo de produção e aumento crescente no custo de produção. Portanto, o cafeicultor terá que melhorar ainda mais o gerenciamento da sua propriedade com a redução nos custos de produção e aumento na produtividade. Aparentemente, o comentário acima é contraditória mas é viável. Por que não gerenciar melhor a nutrição do cafeeiro? Será que os fertilizantes utilizados no cafeeiro em produção, por exemplo, 20-05-20 e o 21-00-21 são as me-

lhores opções técnicas e econômicas? Será que posso reduzir o potássio nas adubações do cafeeiro em produção em solos com teores adequados deste nutriente? Qual a melhor fonte de fósforo para o cafeeiro: fertilizante mineral ou um fertilizante oganomineral (Fertium® Phós)? Será que o manejo da adubação com magnésio pode proporcionar aumento na produtividade do cafeeiro reduzindo o custo por saca de café? Conforme comentado no início deste artigo, o magnésio é um nutriente esquecido nos programas nutricionais. Entretanto, o magnésio é fundamental na nutrição do cafeeiro permitindo altas produtividades nesta cultura principalmente em sistemas de produção com a utilização de altas doses de potássio. O manejo da nutrição com magnésio tem início com a análise de solo e se houver necessidade, realizar a correção da acidez do solo com a utilização de calcário dolomítico com teores adequados de óxido de magnésio. Em solos com saturação de bases na faixa adequada ao cafeeiro e com a saturação de magnésio abaixo da adequada, realizar a aplicação dos fertilizantes granulados da Granorte fornecedores de magnésio (Tabela 3). A dose do produto vai depender do teor de magnésio no solo e da expectativa de produtividade do cafeeiro. Realizar também o acompanhamento nutricional do cafeeiro com análises foliares periódicas. Se for possível, realizar de 2 a 3 análises foliares anuais. “No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”. Albert Einstein Físico alemão (1879-1955) Na próxima edição da Revista Attalea será apresentada os resultados das pesquisas mais recentes na cafeicultura brasileira e que foram apresentadas no 39º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras realizado na última semana de outubro deste ano. 8. Literatura consultada

CARVALHO, J.G. de; GUIMARÃES, R.J.; BASTOS, A.R.R.; BALIZA, D.P.; GONTIJO, R.A.N. Sintomas de desordens nutricionais em cafeeiro. In: GUIMARÃES, R.J.; MENDES, A.N.G.; BALIZA, D.P. (Ed.) Semiologia do cafeeiro: sintomas de desordens nutricionais, fitossanitárias e fisiológicas. Lavras, Editora UFLA. 2010. p. 30-66. GUIMARÃES, P. T. G.; REIS, T.H.P. Nutrição e adubação do cafeeiro. In: REIS, P.R.; CUNHA, R.L. da (Ed.). Café Arábica: do plantio à colheita. Lavras. 2010. p. 347-445. MALAVOLTA, E. Nutrição, adubação e calagem para o cafeeiro. In: RENA, A.B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M. & YAMADA, T. (Ed.). Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. 1986. p. 165-274. MATIELLO, J.B.; GARCIA, A.L.; PAIVA, A. C. R.S. Análise de solo é importante para economia na lavoura de café. Revista Attalea Agronegócios. Franca, v. 82. p. 25-26, setembro de 2013.


HORTICULTURA

Vem aí o Sakata Field Day 2013 FOTO: Divulgação

Consagrado evento da horticultura nacional apresentará as novidades e tendências do segmento hortícola a um público estimado de mais de 2.000 pessoas

O

Sakata Field Day, um dos maiores e mais importantes eventos ligados à cadeia produtiva de hortaliças da América do Sul, acontecerá este ano no período de 25 a 29 de novembro na Estação Experimental da Sakata Seed Sudamerica, em Bragança Paulista (SP). A Sakata, empresa responsável pelo evento, é uma multinacional japonesa que produz e comercializa sementes de hortaliças e flores há exatos 100 anos, completos agora em 2013. Com o objetivo de apresentar ao mercado novas cultivares e tecnologias, em especial para as culturas de tomate, alface, abóbora, cenoura e pimentão, bem como aspectos técnicos de produção atualizados, além de tendências do segmento, o Sakata Field Day deverá receber, durante os cinco dias de evento, mais de dois mil visitantes do Brasil e de outros países sul-americanos, dentre distribuidores, produtores rurais, profissionais e estudantes da área e demais interessados. O primeiro dia do evento será voltado especificamente para os distribuidores. Já a partir do segundo dia em diante, o evento receberá um público convidado composto, principalmente, por produtores rurais. A programação prevê uma visita a campo bastante dinâmica, em 14 estações diferentes, na qual o público poderá verificar in loco as plantações com as principais cultivares da área hortícola e obter detalhes sobre suas características, técnicas de manejo e perfil comercial. O evento contará ainda com 13 estandes de expositores: Arysta LifeScience, BASF, DuPont, Electro Plastic, Estufas Tropical, Yoorin Fertilizantes, Bayer, Alltech Crop Science, Carolina Soil do Brasil, Green House Estufas Agrícolas, NPA, Petroisa e Yanmar Agritech. As empresas apresentarão produtos, novidades e lançamentos nas áreas de defensivos agrícolas, fertilizantes, substratos, cultivo protegido e sistemas de irrigação. No local também estarão à mostra diversos maquinários agrícolas para o segmento. Como orientação aos visitantes, a Organização avisa que o horário de funcionamento será das 14h30 às 17h30

apenas no dia 25 de novembro. De 26 a 29 de novembro, o evento acontecerá das 8 às 16 horas. A EMPRESA - A Sakata Seed Sudamerica é uma empresa de sementes de hortaliças e flores, afiliada ao Grupo Sakata – Sakata Seed Corporation (multinacional japonesa), com sede em Bragança Paulista (SP) e atuação em todo o território da América do Sul. Seu negócio envolve as áreas de pesquisa, produção, processamento, vendas e logística de distribuição de sementes. Com a filosofia de manter um processo de inovação contínuo, a Sakata reúne, até a atualidade, um portfólio de mais de 250 cultivares de hortaliças e 500 cultivares de flores, comercializadas em toda a América do Sul por meio de mais de 100 canais de distribuição. Com modernos laboratórios dotados de equipamentos de alta tecnologia, a Sakata Seed Sudamerica busca sempre aprimorar a excelência de suas sementes, cuidando para que todo o pacote tecnológico e o valor agregado a este insumo chegue ao produtor e, posteriormente, ao consumidor, com a qualidade desejada.

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EQUINOS

Após 31 anos em Ribeirão Preto (SP), evento passa a ser realizada em Franca (SP)

O

rganizado pelo Núcleo Marchador da Alta Mogiana, a 32ª Exposição Estadual do Cavalo Mangalarga Marchador foi realizado no Parque de Exposições “Fernando Costa”, em Franca (SP) de 12 a 16 de novembro. O evento contou com o apoio da Prefeitura de Franca, Três Barras e Rizzati Skol. Foi a primeira vez que o evento foi realizado fora de Ribeirão Preto (SP), que sediou as 31 edições anteriores. “Franca tem tudo para ser a nova sede da Estadual da raça no Estado de São Paulo. O Parque de Exposição é maravilhoso, com estrutura que atende as necessidades dos expositores, é bem cuidado pelos funcionários, limpeza e banheiros excelentes, acessível e próximo ao comércio em geral. Além disto, com o apoio que o Núcleo recebeu do prefeito Alexandre Ferreira neste ano, temos plena certeza que continuaremos a realizar a Estadual em Franca”, afirmou Luis Ricardo de Oliveira, o Luisão, presidente do Núcleo Marchador da Alta Mogiana. José Renato Costa Caiado (Árbitro de Andamento) e Roberto Alves Ribas (Árbitro de Morfologia e de Funcional) também foram unânimes em parabenizar a estrutura do Parque Fernando Costa. “Faço questão que minhas palavras sejam encaminhadas ao prefeito de Franca. Parabenizo o seu modelo de gestão que mantém um recinto de exposição tão maravilhoso como este. Sou árbitro da Associação Brasileira e conheço praticamente todos os recintos do país. Enquanto a grande maioria estão sendo ‘sucateados’ pelas Administrações, este aqui está uma maravilha. Parabéns!”, disse Caiado. Luiz Carlos Bueno Ferreira (Jaguariúna/SP) conquistou os títulos de Melhor Expositor e Melhor Criador da Es-

FOTOS: Célio - Nucleo Marchador

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32ª Estadual do Mangalarga Marchador é sucesso e reúne 42 expositores

tadual, que contou com a presença de criadores de Itu (SP), Restinga (SP), Boa Esperança (MG), Angélica (MS), Medina (MG), Tatuí (SP), São Roque (SP), Altinópolis (SP), Ituiutaba (MG), Batatais (SP), Santo Antônio da Alegria (SP), Uberlândia (MG), Potirendaba (SP), Unaí (MG), Lagoa da Prata (MG), Porto Feliz (SP), Sacramento (MG), Rio de Janeiro (RJ), Ibiraci (MG), Água Comprida (MG) e Amparo (SP). A cidade de Franca começa assim a fixar o seu nome também na raça Mangalarga Marchador e quer se tornar um palco para várias outras raças equinas. Quem ganha com isto são os criadores e os empresários locais, como hotéis, restaurantes e o comércio de calçados em geral. Parabéns!


CAFÉ

Cafeicultores enfrentam pior crise em 41 anos e perdem espaço para asiáticos

O

s cafeicultores brasileiros enfrentam uma crise apontada por eles como a mais grave desde 1972, quando houve geadas e ferrugens. O cenário ruim, que já está no segundo ano consecutivo, deve-se a dois fatores: redução da compra do grão pelos mercados norte-americano e europeu, principais consumidores do café brasileiro, e a perda de espaço para a produção asiática. A principal consequência, segundo agricultores do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Minas, maiores regiões em cultivo do grão em Minas Gerais, é o baixo preço de venda da saca de 60 kg. O valor entre R$ 230 e R$ 253, hoje, muitas vezes, não cobre o custo médio de produção, cuja variação é de R$ 240 a R$ 280, conforme a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O problema visto no país que mais planta café no mundo – agravado por estoques altos do produto e que teve maiores proporções em Minas Gerais, por ser líder em cultivo no país, com 51,4% da produção nacional – também é registrado em outros estados que são grandes produtores, como São Paulo e Paraná. De acordo com Sérgio Segantini Bronzi, diretor administrativo da ACA - Associação dos Cafeicultores de Ara-

guari (MG), o café arábica do cerrado mineiro ficou em segundo plano no circuito mundial após 2011, ano em que a saca chegou a ser vendida por R$ 570, porque de lá para cá houve um avanço no mercado internacional de outro tipo do grão, o robusta. Também chamado de conilon e quase 30% mais barato, ele teve a plantação ampliada em países como a Indonésia e o Vietnã (ambos na Ásia), segundo e terceiro maiores produtores mundiais de café, respectivamente, depois do Brasil. “Essa alteração, que levou à redução de nossas vendas e à queda no preço do produto, aliada à falta de políticas governamentais de apoio, levou o agricultor mineiro a essa crise”, disse Bronzi. “E, para piorar, já começamos a ver restrição de crédito ao setor.” Reunidos no final do mês passado com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, o setor produtor de café – representado pelos presidentes das principais cooperativas de café do país e por uma frente de prefeitos municipais, com o aval do Governo de Minas Gerais – apresentaram formalmente um planejamento estratégico para o café com um conjunto de propostas para a recuperação da renda e sustentabilidade do produtor e para o fortalecimento do sistema cooperativista de café.

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CAFÉ

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“Estamos ponto os “pingos nos is” e propondo um pacto do café, governo, produtores e instituições todos reunidos na busca de soluções definitivas para o setor, para dar renda e dignidade ao produtor e reverter a grave situação que atinge a economia e o social de centenas de municípios”, disse o presidente de honra do CNC e presidente da Cooparaiso, deputado Carlos Melles, destacando que as medidas apresentadas são basicamente as mesmas já formalizadas ao governo em 2009, sem que houvesse uma atenção do Governo Federal, o que culminou com o que os produtores estão classificando como sendo a maior crise já enfrentada pela cafeicultura brasileira, desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. “Infelizmente não temos a cultura de nos manifestarmos de forma clara, transparente, mostrando de forma organizada e consistente nosso imenso endividamento e o extenso prejuízo que o Brasil está tendo face a omissão do governo federal diante de um assunto nacional de tamanha relevância. Já perdemos mais de R$ 8 bilhões, uma sangria que o país sofreu, resultante da queda no valor do produto somente no último ano e, enquanto os governos perdem receita, o produtor de café, apesar de sua eficiência, vende seu produto abaixo do custo de produção e está perdendo patrimônio e sofrendo como nunca, precisamos de um basta, de um pacto do café pra valer”, pontua Carlos Melles. PREÇOS SÃO OS MAIS BAIXOS EM 11 ANOS - O

preço médio atual da saca de 60 kg de café, de R$ 253, apontado por produtores de Minas Gerais e pelo CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/ USP, é o menor dos últimos 11 anos. Conforme o levantamento da instituição, em agosto de 2002, o valor ficou em R$ 215 e, desde então, permaneceu acima de R$ 275. Em 2011, quando a cotação chegou a R$ 570 (veja mais nessa página), os cafeicultores brasileiros viveram o melhor momento em mais de uma década. Para Lázaro Rangel dos Santos, cafeicultor em Araguari, no Triângulo Mineiro, o pico foi resultado de especulação econômica. “Não tinha motivo justificado para subir tanto naquele momento. Assim como agora não houve um fator preponderante para o preço despencar. O que aconteceu em 2013 foi que grandes vendas de café foram feitas na Bolsa de Valores, derrubando o valor do grão.” Segundo o produtor Helvécio Sebastião Batista, que cultiva café em Serra do Salitre, no Alto Paranaíba, o que agrava as dificuldades dos agricultores, que já enfrentam o baixo preço da saca, é o alto valor dos insumos e, principalmente, dos adubos. “Somente para exemplificar essa situação, em 2004, quando também tivemos uma crise no setor cafeeiro, mas não tão grave quanto a de hoje, a saca era vendida por R$ 280 a R$ 300 e o adubo custava R$ 200. Hoje, enquanto houve queda de 10% a 20% na saca, o adubo teve quase 600% de aumento”, afirmou.


LEITE

‘Bandeira’ bate recorde mundial e retoma a tradição do Gir Leiteiro de Franca (SP) FOTO: ABCGIL/CRV-Lagoa

A criadora Maria Tereza Lemos Costa Calil firma-se entre as maiores do país na raça

A

vaca jovem BANDEIRA (filha de Jaguar TE do Gavião em Azaléia), pertencente ao condomínio formado pelos criadores Maria Tereza Lemos Costa Calil (Fazenda Paraíso, Franca/SP), Mila Carvalho Campos e Eduardo da Costa e também destaque da bateria Gir Leiteiro da CRV-Lagoa, quebrou o recorde mundial de produção de leite em torneio leiteiro em duas ocasiões em menos de dois meses neste ano. Na primeira ocasião, na Exposição Regional de Gir Leiteiro de Goiânia (GO), com produção média de 56,567 kg de leite. BANDEIRA também surpreendeu nesta exposição com a produção de 25,580 kg de leite em uma única pesagem durante o concurso. O recorde anterior era de outra filha de Jaguar: JIBA FIV DE BRASILIA, com 55,947 kg de leite, durante o Concurso Leiteiro da 6ª Exposição Especializada do Gir Leiteiro, em Uberlândia (MG). Jiba pertence a José Coelho Vitor, da Fazenda São José do Can Can (Grupo Cabo Verde). Porém, nem bem o grande feito tinha alcançado os quatro cantos do mundo, BANDEIRA – CTAC20 bateu o seu próprio recorde durante o Concurso Leiteiro da 6ª Exposição Internacional do Gir Leiteiro – INTERLÁCTEA 2013, em Avaré (SP), com produção total de 189,600 kg e média de 63,200 kg de leite. “BANDEIRA novamente nos brindou com uma sensacional performance. Bateu o próprio recorde, superando a

ela mesma e confirmou a liderança, mesmo com a alta qualidade das concorrentes. Tudo parecia conspirar contra: desde o tempo de apenas 3 dias de antecedência para entrar no parque de exposições, até as precárias condições das instalações do concurso leiteiro de uma exposição internacional: pavilhão baixo, escuro, sem ventilação, um calor escaldante. Só que todos nós criadores, peões, retireiros, assessores, ABCGIL, conseguimos fazer um torneio onde foram batidos 3 recordes (um em cada categoria), 3 vacas com mais de 60kg/ dia e outras tantas valentes lutadoras que abrilhantaram o evento. Afinal o gir leiteiro é uma gado rústico, e tem que aguentar um calor de mais de 45 graus, tem que produzir apesar do estresse de viagem e da temperatura. E conseguimos!!!!!!! Viva o Gir Leiteiro”, afirmou Maria Tereza. ORIGEM - A criadora Maria Tereza adquiriu BANDEIRA em abril de 2012 do criador Clóvis Tadeu de Andrade, de Mococa (SP). Posteriormente, suas cotas foram divididas entre mais dois expositores: Mila Carvalho L. Campos e Eduardo da Costa, formando o condomínio de três expositores. BANDEIRA está parida de fêmea (parto em 1º de Setembro/2013) e está na sua segunda lactação. A primeira lactação fechou com mais de 12.000 kg de leite! Sua primeira participação em Concursos Leiteiros da raça Gir foi em Passos (2012) quando então sagrou-se campeã Fêmea Jovem (até 36 meses de idade) com a média 38,540 Kg leite/dia.

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José Coelho Vitor (Grupo Cabo Verde) e Maria Tereza Lemos Costa Calil (Fazenda Paraíso) festejam os recordes em Avaré (SP) com o tradicional banho de leite.

FOTO: Vânia Mirelle Ferreira Carrijo

FOTO: CRV-Lagoa

LEITE

A vaca ‘Bandeira’, durante o Concurso Leiteiro da 1ª Exposição Regional do Gir Leiteiro de Goiânia (GO).

PAIXÃO, A EQUIPE E OS CAMPEONATOS - A criadora Maria Tereza Lemos Costa Calil resgatou com a Fazenda Paraíso e os títulos nos concursos leiteiros em todo o país a história da Fazenda Santa Gema e de seus pais: Júlio Baptista da Costa Filho, o Dr. Julinho, e de Dona Honorina, pioneiros da raça Gir na região de Franca, lá pelos idos dos anos 30 do século passado. Fazem parte desta história o touro ‘Gaiolão’ e o touro ‘Triumpho’. Maria Tereza é uma apaixonada pela raça e vem colecionando inúmeras premiações pelo país. Na ultima premiação da APCGIL Associação Paulista dos Criadores de Gir Leiteiro, Maria Tereza foi premiada como Melhor Expositora e Melhor Criadora Paulista da raça Gir ranking 2012/2013. Neste ano, a criadora Maria Tereza contratou o zootecnista Glayk Humberto Vilela Barbosa, formado pela FAZU (Uberaba/

MG), mestrando em “Produção Animal Sustentável”. Glayk também é Jurado Efetivo da ABCZ e, em pistas de julgamento, vem escolhendo os melhores animais da raça Gir Leiteiro pelo qual é apaixonado desde criança. Glayk implantou uma assessoria nutricional específica para BANDEIRA, através de dietas especiais com acompanhamento dia-a-dia, preparando o animal para concursos leiteiros. “A dieta consiste em alimentos de qualidade especial como silagem de milho feita na própria fazenda, feno de tifton, ração especial tamponada desenvolvida para concursos leiteiros e o preparo do animal teve início durante o pré-parto”, explicou Glayk. A responsabilidade de ordenha e fornecimento de dieta fica a cargo do tratador Isaías, mais conhecido em concursos leiteiros como “Cascão”, natural de de Mococa (SP) e que está na Fazenda Paraíso há aproximadamente dois anos. “Para se preparar um animal para um concurso leiteiro, o tratador tem que gostar do que faz. A tarefa exige quase 24 horas do dia de dedicação. São 3 ordenhas manuais diárias, com bezerro ao pé (às 6, 14 e 22 horas), vários tratos no cocho ao longo do dia, que se estende até altas horas da madrugada. Durante os concursos, o ‘Cascão’ literalmente não dorme, pois qualquer alteração no comportamento do animal, pode ser indício de que algo no organismo não está bem, aí é hora de “trabalhar” para o animal voltar ao normal. O Isaías ama o que faz. E tem que ser assim. Se não tiver amor e dedicação, não vence. Para acompanhar os concursos leiteiros, Isaías deixa a esposa Gislene na fazenda com seus 4 filhos (duas gêmeas, outra menina e o ‘rapinha de tacho’ que já nasceu embaixo de uma vaca Gir), o que muitas vezes exige longas ausências do lar, até quase 20 dias!”, explica entusiasmada a médica veterinária Vânia Mirele Ferreira Carrijo, em breve, esposa do Glayk.


HORTICULTURA

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TECNOLOGIA

Embrapa propõe o uso da tecnologia para aumentar a eficiência e manter a competitividade

F

Ricardo Yassushi Inamasu 1 inalizamos nesta edição a publicação deste artigo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que retrata a importância da Agricultura de Precisão (AP) na agricultura brasileira.

FOTOS: Divulgação Embrapa

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Agricultura de Precisão: uma ferramenta ao alcance de todos (final) PADRONIZAÇÃO DA ELETRÔNICA EMBARCADA EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS Nas últimas décadas verificou-se um avanço vertiginoso da informática e da automação em diversas áreas, incluindo a área agrícola. Essas tecnologias contribuem para um a melhoria das condições de trabalho e promovem a qualidade, a produtividade e a competitividade, além de auxiliarem na preservação ambiental. Entretanto, se por um lado o aumento do número de programas computacionais (softwares) e de dispositivos eletrônicos de diferentes fornecedores proporciona opções para o usuário, por outro lado cria para eles alguns problemas: esses dispositivos podem ser interligados? São compatíveis? Pode-se integrar partes de um com as partes de outro? A frequente incompatibilidade que existe na prática leva à busca por padronizações que organizem o mercado com benefícios tanto para os usuários como para as indústrias fornecedores. No caso da agricultura, desde a década de 70, principalmente, houve um aumento muito grande do uso de tecnologia eletrônica para supervisonar e para controlar automaticamente as funções mais importantes das máquinas e implementos. Na última década, essa utilização foi intensificada com o desenvolvimento da AP. Na realidade, a AP só se tornou viável na prática para as grandes culturas porque havia uma tecnologia eletrônica “embarcada” nos tratores, colhedoras e implementos, já bem desenvolvida.

AUTOR

1 - Pesquisador da EMBRAPA Instrumentação Graduado, Mestrado e Doutorado em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP, em 1984. Pósdoutorado na Universidade de Nebraska, Estados Unidos, na área de Agricultura de Precisão, 2003.. Email: ricardo@cnpdia.embrapa.br. Site: www.cnpdia.embrapa.br

O resultado é que, com isso, o produtor passou a ter que conviver com uma “parafernália” eletrônica na cabine do trator e com dezenas ou mais de metros de cabos elétricos interligando os sistemas e os sensores, no trator e nos implementos. Isso porque cada sistema só funciona com seus componentes, e não pode aproveitar o que já havia sido instalado anteriormente. Uma tendência verificada para suprir essa necessidade tem sido a adoção de padrões baseados no protocolo de comunicação digital desenvolvido na década de 80, no Canadá, o Controller Area Network (CAN); tendência esta difundida a partir de então em toda a Europa. No Brasil, o emprego de redes de comunicação baseadas no protocolo CAN já não é mais privilégio de equipamentos importados. Os trabalhos de pesquisa têm sido realizados há mais de uma década no sentido de contribuir com os esforços internacionais para desenvolvimento e implementação da ISO 11783 e para contribuir com a assimilação dessa tecnologia por instituições e empresas nacionais criando possibilidades de competição com os produtos importados. Estimativas da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e da OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostram que a população brasileira


TECNOLOGIA FOTOS: Divulgação Embrapa

poderá crescer 40% nos próximos 10 anos e a população mundial poderá alcançar 8,3 bilhões de habitantes em 2030. Se considerarmos a área disponível para produção de alimentos e o número de habitantes percebemos que cada vez mais a área agricultável por habitante vai diminuir. Esse panorama nos mostra que o aumento da produtividade será fundamental para atender a demanda mundial por alimentos. Por outro lado, os mercados compradores são cada vez mais exigentes com relação à segurança alimentar, rastreabilidade, respeito ao meio ambiente, mercado justo e sistemas de produção sustentáveis e energia renovável, além das barreiras sanitárias e fitossanitárias. Considerando que poucos países no mundo têm condições de dar esta resposta à crescente demanda para produção de alimentos, o Brasil tem um grande desafio para se tornar, num prazo de 10 a 20 anos, um dos principais produtores de alimentos do mundo. Os produtores, por outro lado, dada a globalização e margens mais apertadas, serão mais exigidos em termos de competivividade e sustentabilidade. Cada vez mais, nossos produtores percebem que a tomada das decisões, tanto de gestores como de operadores, por sistemas inteligentes, mais que uma tendência, é uma questão de sobrevivência e uma necessidade. O agronegócio brasileiro é responsável por 26,4% do PIB nacional; 36% das exportações brasileiras e 39% dos empregos gerados. Neste contexto, o desenvolvimento da AP, o uso de máquinas e equipamentos com tecnologia eletrônica embarcada, adaptados para a agricultura moderna é uma realidade e a demanda é cada vez maior. Dessa forma, o mercado aponta para a inovação e incorporação tecnológica como uma ferramenta fundamental para

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a competitividade e resposta à produção crescente de alimentos e energia renovável. A AP caminha para o uso de sensores ópticos para adubação a taxa variável em tempo real, semeadura a taxa variada, de acordo com os mapas de fertilidade e declividade do terreno, piloto automático e tráfego controlado, plantio na mesma linha aproveitando a adubação residual e permitindo a semeadura noturna, escarificação à taxa variável. Essas ferramentas contribuem para tornar as práticas agropecuárias cada vez mais sustentáveis, com decisões mais precisas e acertadas para melhor gerenciamento agropecuário. Outros espectros de aplicação dessa ferramenta são na área de zootecnia, principalmente na gestão e manejo para bem estar animal, na gestão hídrica (irrigação de precisão), na silvicultura, como apoio às ações de defesa agropecuária e rastreabilidade e monitoramento dos impactos ambientais. Esses conceitos já são usados há algum tempo na agricultura, mas na produção animal ainda são poucos difundidos e tem um mercado enorme se considerarmos a particição brasileira nos mercados mundiais de carne de frango e suínos. Poderia trazer grandes incrementos na eficiência das granjas ao monitorar as respostas dos animais - aves e suínos -, ao manejo visando diminuir o stress e melhorar o seu desempenho produtivo e/ou reprodutivo.


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