Edição nº 86 novembro 2013

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Abelha sem-ferrão é tema de Seminário

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A cidade de Franca (SP) vem se tornando a capital da Meliponicultura no Estado de São Paulo e no Brasil. De 7 a 9 de novembro último foi realizado o 4º Seminário de Meliponicultura de Franca, organizado pela Prefeitura Municipal com o apoio da Embrapa Meio Ambiente, Meliponário Abelha Brasil e SENAR-SP, através do Sindicato Rural de Franca. O evento reuniu mais de 150 criadores e pesquisadores de praticamente todos os estados da nação, com mesas redondas, mini-cursos e aulas práticas.

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Executivos de 11 países visitam a Labareda

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Referência de qualidade e práticas sustentáveis, a Labareda Agropecuária, produtora de cafés especiais de Cristais Paulista (SP) recebeu visita de membros da RAS, Imaflora, Rainforest e Tensie Whelan.

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Cocapec entre as 28 melhores do país

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Entre 670 cooperativas participantes do 1º Prêmio SESCOOP Excelência de Gestão, entregue em Brasília (DF), a COCAPEC, de Franca (SP), ficou entre as 28 melhores do país

Diferença de até 205% no custos de produção

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Estudo da CNA - Confederação Nacional da Agricultura e do CIM - Centro de Inteligência em Mercados da UFLA detectaram diferença de até 205% no custo de produção do café arábica no país.

A importância da pesquisa na cafeicultura nacional

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rente as dificuldades sofridas pelos cafeicultores nos ultimos 12 meses, o Governo Federal estuda agora a criação de linhas de crédito de incentivo à produção e exploração de outras atividades na propriedade. É um estímulo à diversificação. A idéia é fazer com que o agricultor não fique à mercê das oscilações de preços do mercado internacional em decorrência de produzir apenas uma atividade. Em Franca (SP), a Prefeitura iniciou à quatro anos um programa de incentivo à criação de abelhas nativas sem ferrão, as chamadas Meliponas. A base também é a de oferecer opções de diversificação na atividade agrícola no município, mas também a de preservação ambiental. O destaque desta edição é a participação de mais de 150 criadores e pesquisadores no 4º Seminário de Meliponicultura realizado pela Prefeitura, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, o Meliponário Abelha Brasil e o Senar-SP, através do Sindicato Rural de Franca. Na cafeicultura, destaque para as expectativas para a próxima safra que ainda vai ser colhida a partir do meio do ano que vem. A safra cafeeira de 2013 foi ajustada recentemente pela Conab para um patamar de 47,5 milhões de sacas. Assim, para o próximo ano seria esperada uma safra bem mais alta. Algumas fontes do comércio de café indicam números entre 55 e 60 milhões de sacas. Contudo, o próprio exame dos ciclos produtivos anteriores mostra que o ciclo bienal de café no Brasil foi atenuado. Não temos tido safras muito altas nem muito baixas. Com isto, a safra 2014 já não seria de muita alta. Na contramão dos preços baixos na cafeicultura mundial, destaque para os Cafés Especiais, com a realização do 1º Espaço Jaguara de Café e a visita de 11 executivos das empresas RAS (Rede de Agricultura Sustentável), da Rainforest Alliance e profissionais do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) visitaram neste mês a Fazenda Bom Jesus, propriedade do grupo Labareda, em Cristais Paulista (SP). Queremos agradecer a companhia de vocês, leitores, nestes 12 meses em que passamos juntos em 2013, seja na edição impressa, seja em nosso site. Desejamos uma boa leitura, um excelente Natal e um maravilhoso e próspero Ano Novo. Que 2014 seja o caminho para muitas conquistas a todos! Abraços!

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

As vantagens da ordenha com higiene

LEITE

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A diversificação agrícola e as expectativas para a safra 2014

DESTAQUE: Abelhas

EDITORIAL

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Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação do queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó.


DESTAQUE

Espaço Jaguara de Cafés Especiais atrai muitos cafeicultores

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dealizado pelos cafeicultores Ivan Barbosa (Sacramento/MG), Fernanda Maciel e Orlando Belotti (Pedregulho/SP) e Calixto Peliciari e Julio Ferreira (da empresa Mogiana Assessoria em Cafés Especiais), o 1º Espaço em Jaguara de Cafés Especiais foi um sucesso. O evento foi realizado no no final de outubro, no Parque Náutico de Jaguara e contou com o apoio do Sebrae, da Bayer CropScience, da Prefeitura de Pedregulho (SP), da Fazenda Terra Preta, da Borá Agropecuária, do Sítio Ressaca e da Mogiana Assessoria em Cafés Especiais. Mais de 150 cafeicultores, da Mogiana Paulista e do Sudoeste Mineiro fizeram-se presentes em afirmação da seriedade e da importância regional do Espaço, que teve como objetivo incrementar o cultivo e a comercialização de cafés finos na região. O evento contou com palestras de especialistas, destacando-se a proferida pelo consagrado professor Flávio Meira Borém, da UFLA - Universidade Federal de Lavras (MG) e do Engº Agrº Eder de Carvalho Sandi, convidado pelo SEBRAE, que permitiram o embasamento técnico e acadêmico que o tema mereceu. Além disto, o evento contou ainda com uma exposição de produtos da Bayer CropScience e também de um leilão de lotes de cafés finos, que foram vendidos por preços superiores a R$ 500,00 a saca a exportadores e a cafeterias nacionais, como a de Isabela Raposeiras, orientadora dos melhoresbaristas do país e proprietária de uma das mais requintadas cafeterias de São Paulo (SP). Segundo Ivan Barbosa, coordenador geral do evento, o mercado de cafés especiais tem expandido de forma significativa atualmente, “seja para atender a sofisticada rede de cafeterias nacionais, seja para suprir os importadores, que já assumiram compromissos públicos de, cada vez mais, incorporarem cafés finos em seus blends internacionais”, disse. O mercado internacional de cafés arábica já possui em

FOTOS: Espaço Jaguara - Fernanda Maciel

Evento foi realizado no Clube Náutico de Jaguara e contou também com leilão de cafés finos

torno de 15% de cafés especiais. “Os Cafeicultores de nossa região, que em razão de sua altitude e de seus cuidados na lavoura, produzem cafés classificados como cafés finos, gourmet. Entretanto, em face das circustâncias, os seus lotes são comercializados com café commodities,, não lhes agregando nenhum valor a mais”, afirmou Barbosa.

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MERCADO

Perspectivas para a safra cafeeira de 2014

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J.B.Matiello 1 e A.W.R. Garcia 1

este ano as floradas dos cafezais arábica chegaram mais cedo, em finais de setembro. As de conillon se iniciaram, como de costume, ainda mais cedo, em agosto. Elas são o prenuncio da nova safra, a ser colhida em 2014. Em época de crise como a atual, com preços do café, no geral, abaixo dos custos de produção. O volume da futura safra, que começa a ser definida agora, exerce papel importante sobre o mercado, pois já estamos com um pouco de excesso de oferta de café a nível mundial. A safra cafeeira de 2013, foi ajustada, recentemente pela Conab, para um patamar de 47,5 milhões de sacas. Com produção em ciclo de baixa safra, em boa parte das regiões. Assim, para o próximo ano seria esperada uma safra bem mais alta. Fontes do comércio de café indicando números de 55 a 60 milhões de sacas. O próprio exame dos ciclos produtivos anteriores, mostra que o ciclo bienal de café no Brasil foi atenuado. Não temos tido safras muito altas nem muito baixas. Com essa premissa, a safra 2014 já não apontaria para um pico de muita alta. A observação nas lavouras também leva para uma expectativa, ainda inicial, de que realmente não teremos uma supersafra. Ao contrário, em algumas regiões teremos menos volume de safra. Já se verificam reflexos dos problemas enfrentados pelos cafeicultores no último ano.

Pelos preços baixos, muitos produtores reduziram os tratos, especialmente quanto à ultima parcela de adubação, reduzida ou retirada. Houve muita chuva de inverno, que lavou os nutrientes, especialmente o N restante, em profundidade. A condição de umidade favoreceu o ataque de doenças, a ferrugem e também a cercosporiose, mais ativas sobre plantas estressadas nutricionalmente. O quadro atual da maioria das lavouras e na maioria das regiões cafeeiras é de cafezais que floresceram com as plantas bem desfolhadas. Cafeeiros desfolhados ou florescem menos ou não garantem o pegamento da florada. Cresceu a área de lavouras podadas, especialmente por esqueletamento, no sistema safra zero, pois com baixa produtividade não compensa tratar e colher. Isto aponta para outro fator de redução da capacidade produtiva do parque cafeeiro.

AUTOR

1 - Engenheiros Agrônomos do MAPA e da Fundação Procafé. Tel: (35) 3214-1411 (Fundação Procafé) e (21) 2233-8593 (Rio de Janeiro/RJ)

FONTE: Convênio MAPA - SPAE / CONAB

FONTE: Fundação Prócafé e MAPA


EVENTOS

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Empresa recebeu diretores e presidentes da RAS, Rainforest Alliance e Imaflora

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eferência em qualidade e práticas sustentáveis, a Labareda Agropecuáia, empresa produtora de cafés especiais com sede em Cristais Paulista, recebeu uma importante visita internacional no mês de novembro. Membros da RAS (Rede de Agricultura Sustentável) de dez países, a CEO da Rainforest Alliance, Tensie Whelan, e profissionais do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) visitaram a Fazenda Bom Jesus, propriedade do grupo Labareda, no dia 21. Os visitantes conheceram toda a estrutura da empresa, desde como é feita a colheita e as áreas de preservação ambiental, até o beneficiamento do café e as máquinas usadas em todos os processos. A Labareda foi escolhida, pelo Imaflora, para receber a visita dos executivos devido seu histórico com a certificação Rainforest. Em 2013, a empresa conquistou 99 pontos, de

100 possíveis na auditoria da certificação. Essa foi a primeira vez que os executivos da RAS se reuniram no Brasil. Segundo o presidente da entidade, o brasileiro André Freitas, a escolha levou em consideração a diferença entre os países.

AMSC participa de Encontro Estadual de Agricultores FOTO: Divulgação AMSC

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Executivos de onze países visitam Labareda Agropecuária

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empre atenta às novidades do mercado, a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) participou no dia 06 de dezembro, em Bauru (SP), do encontro estadual de agricultores. O evento, promovido pelo Sebrae em parceria com a Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo), reuniu cerca de 600 pessoas, entre produtores rurais, presidentes de sindicatos e de empresas e associação do setor. Além da apresentação do convênio entre Sebrae-SP, Faesp e Senar; o evento contou com um palestra sobre o Cadastro Ambiental Rural e o lançamento do programa Produza Fácil Agricultura, ferramenta de apoio ao planejamento da produção agrícola. Ministrada pelo professor Luís Carlos da Silva Moraes, especialista no novo Código Florestal aprovado pelo Senado, a palestra sobre o CAR (Cadastro Ambiental Rural) teve como objetivo orientar os produtores. O CAR é um registro eletrônico para todos os imóveis rurais, para integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente, Áreas de Uso Restrito, entre outras; e será obrigatório a partir de janeiro de 2014.


FOTOS: Divulgação AMSC

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“A realidade de muitos membros da RAS é totalmente diferente da realidade brasileira, são pequenos produtores, os cafés são plantados na sombra, não tem a questão de outros cultivos, como a laranja, por exemplo. Então a gente pensou em mostrar para eles os desafios que existem no Brasil para o produtor rural, e quando a gente pensar no sistema, nas normas e requerimentos da certificação, levar sempre em conta a diferença de realidade”, disse. Para o secretário executivo do Imaflora, Mauricio de Almeida Voivodic, a visita foi positiva. “A Labareda propiciou um conjunto de inovações e novidades na área de sustentabilidade que justificou nossa vinda. Pudemos ver desde a produção de café, a implementação do módulo clima e o resultado das atividades de restauração, até um pouco de colheita mecânica, que é muito nova para os membros da RAS que não conheciam a tecnologia brasileira”, afirmou. Além do Brasil, participaram da visita profissionais dos seguintes países: Chile, Colômbia, Costa do Marfim, Costa Rica, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Holanda, Honduras e México.


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Cultivares de café arábica adaptadas a diferentes regiões produtoras Apresentação ocorreu durante o 8º Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

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urante o 8º Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, realizado de 25 a 28 de novembro em Salvador (BA), as cultivares de café arábica foram apresentadas pelos pesquisadores Antônio Alves Pereira, da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Luiz Carlos Fazuoli, do IAC - Instituto Agronômico, e Tumoru Sera, IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. Na ocasião, foi lembrado o importante trabalho do Dr. Alcides Carvalho, base de todo o melhoramento genético do cafeeiro no Brasil.

EPAMIG – Segundo Antônio Alves Pereira, experimentos de café há cinco anos implantados nos Vales dos Vinhedos no âmbito do Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro pela EPAMIG e parceiros (UFLA - Universidade Federal de Lavras, UFV - Universidade Federal de Viçosa e EMBRAPA-Café) têm resultado em cultivares adaptadas muito bem às condições da região. É o caso da cultivar Catiguá MG2, recomendada para a produção de cafés especiais, que como características resistência à ferrugem, porte baixo e, principalmente, elevada qualidade de bebida. O melhoramento genético do cafeeiro em Minas Gerais foi iniciado em 1970, após a chegada da ferrugem no Brasil. “Na seleção das cultivares, utilizamos um conjunto de características desejáveis, como produtividade, vigor vegetativo, resistência a doenças, pragas e nematoides, porte e arquitetura de plantas, época (ciclo) e uniformização de maturação, entre outras”, destaca o pesquisador. Mais cultivares - Paraíso MG 419-1 e Oeiras MG 6851 (resistência à ferrugem e porte baixo; recomendada para cultivo em sistema adensado, cafeicultura familiar, cafeicultura

de montanha), Catiguá MG1 (resistência à ferrugem, porte baixo e elevado vigor vegetativo), Catiguá MG3(resistência à ferrugem e porte baixo; recomendada para cultivo em áreas infestadas pelo nematoide das galhas da espécie); Topázio MG 1190(elevado vigor vegetativo e porte baixo; recomendada para cultivo em sistema mecanizado), MGS Travessia (boa resposta à poda e porte baixo). IAC – Para ter ideia da importância histórica e atual do Instituto, as cultivares Mundo Novo e Catuaí, desenvolvidas e selecionadas pelo IAC, são carros-chefe da cafeicultura brasileira e representam cerca de 90% dos cafeeiros arábicas cultivados. Fazuoli fez referência à elevada quantidade de cultivares altamente produtivas e com ótimas características agronômicas e tecnológicas já registradas e à disposição dos cafeicultores, mostrando que o Brasil é riquíssimo em número e qualidade de cultivares. Exemplo disso são as cultivares Laurina IAC 870 e Ibairi IAC 4761, que têm ótima qualidade da bebida. “As cultivares têm contribuído significativamente para a produção do café arábica no País, que é o maior produtor mundial e o segundo maior consumidor. O produtor brasileiro é privilegiado e tem então oportunidade de escolher a cultivar que melhor se adapte em sua região”. Atualmente há 123 cultivares de café arábica registradas no Registro Nacional de Cultivares – RNC. O IAC têm 65 delas, sendo 40 de porte alto e 25 de porte baixo. Segundo informações do pesquisador, em relação à ferrugem o IAC registrou 17 cultivares produtivas e com resistência à doença. “Para as áreas com nematoides, foi desenvolvido o porta-enxerto Apoatã IAC 2258, que tem proporcionado plantio de café arábica em áreas infestadas por esses parasitas. Para algumas pragas importantes, como é o caso da broca, que no momento é impossível produzir cultivares resistentes por não ter fontes de resistência à ela, uma opção é o uso de transgênicos, que no momento é proibido o seu plantio no Brasil. Raças novas de ferrugem têm surgido, bem como doenças que não eram importantes estão atualmente afetando os cafezais e, nesse caso, trabalho visando cultivares com resistência durável à ferrugem e identificação de fontes de resistências a novas doenças é imprescindível”. Também foi discutido as tendências atuais do melhoramento de café arábica tendo em vista as mudanças climáticas, exigência dos mercados, preservação do meio ambiente, desenvolvimento de clones com qualidade especial de bebida. Outro enfoque discutido foi o desenvolvimento de


cultivares de café naturalmente descafeínado, com 0,07% de cafeína, “que poderá atender um grande mercado no exterior e proporcionar às pessoas sensíveis à cafeína a possibilidade de saborear um cafezinho” e o desenvolvimento de cultivares mais apropriadas à colheita mecânica e manual em áreas declivosas “com a seleção de plantas mais baixas e com boa arquitetura para agricultura familiar e cafeicultura de montanha”. Fazuoli adiantou ainda que “clones de café arábica com maior produção, associada a características especiais de bebida e ou resistência múltipla a várias doenças, pragas e nematoides estão sendo desenvolvidas e deverão ser multiplicadas por cultura de tecidos ou estaquia”.

FOTO: EPAMIG

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IAPAR – Tumoru Sera começou sua fala lembrando que o melhoramento genéCultivar Catiguá MG2 em produção. tico do cafeeiro no Paraná desenvolve cultivares para cafeicultura modelo do estado, que é bem dife- frutos da IPR 98 amadurecem depois dos da cultivar IAPAR rente do modelo do Brasil. No Paraná, o café é cultivado de 59, outra cultivar gerada pelo Instituto, o que contribui para forma adensada. Entre as cultivares citadas, estão a IPR 98, escalonar a colheita no modelo de cafeicultura adensada e desenvolvida em 2004. Entre as principais características es- possibilitar ao cafeicultor colher as duas cultivares no ponto tão a produtividade, resistência à ferrugem e porte baixo. Os ideal de colheita, produzindo um café de boa qualidade.

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Cocapec está entre as 28 melhores do país em Gestão e Governança

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Foram avaliadas a gestão de 670 cooperativas de todo o Brasil FOTOS: Andréia Marlière

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O 1º Prêmio SESCOOP premiou 28 cooperativas, sendo apenas 6 do ramo agropecuário.

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COCAPEC - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca (SP) ficou entre as 28 premiadas, no 1º Prêmio Sescoop Excelência de Gestão sendo uma das duas vencedoras do Estado de São Paulo. Ao todo foram 670 cooperativas participantes de seis diferentes ramos, classificadas em três categorias: Faixas Ouro, Prata e Bronze, sendo esta última a que a COCAPEC ficou. Somente seis das homenageadas eram do setor agropecuário. O prêmio foi entregue em Brasília (DF), no final de novembro, e teve por objetivo oportunizar para que as cooperativas aprendam umas com as outras, colocando em prática o princípio da intercooperação. “De forma intercooperativa, elas são chamadas a aprimorar suas práticas de

O Diretor Ricardo Lima de Andrade representou a COCAPEC nesta importante conquista.

gestão e ampliar sua rede de relacionamentos”, destacou o presidente da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Lopes de Freitas. O processo de classificação foi constituído em 4 etapas, sendo que, apenas as que passaram para a 2ª fase receberam a visita dos avaliadores que observaram itens como relacionamento com cooperados, lideranças, clientes, colaboradores, fornecedores, sociedade, processos, controle, auditoria e resultados. Estas foram as que tiveram os maiores “Índice Sescoop Excelência de Gestão”. O excelente desempenho da Cocapec é reflexo da condução dos processos internos da cooperativa que são realizados de maneira eficaz, pois, busca sempre contemplar seus cooperados, os atendendo em suas necessidades e com isso cumprindo o objetivo do sistema cooperativo. O prêmio – Desenvolvido em parceria com a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o Prêmio Sescoop Excelência de Gestão foi baseado no Modelo de Excelência de Gestão (MEG®), metodologia disseminada pela FNQ para auxiliar empresas de todos os portes e setores na busca pela excelência da gestão. A FNQ, explica como foi a execução desse trabalho e o que representa em termos de ganho, tanto para o Sistema OCB quanto para a Fundação: “Além de concorrer ao Prêmio, todas as cooperativas inscritas receberam um relatório de diagnóstico, com pontos fortes e oportunidades de melhoria da gestão. A partir deste retorno, que traz um profundo diagnóstico da sua gestão, as cooperativas conseguem entender em quais pontos precisam melhorar e realizar um planejamento estratégico mais assertivo, baseado em uma avaliação sistêmica do seu negócio. A FNQ espera, com este projeto, colaborar para melhoria contínua dessas empresas e para o aumento da competitividade”.


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Cafeicultor deve ter crédito para diversificação

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Ministério da Agricultura estuda a criação de uma linha de crédito exclusiva para que cafeicultores diversifiquem a produção em suas propriedades. A linha, que deve ser lançada o próximo ano, faz parte do pacote de medidas de apoio à cafeicultura, anunciado no último dia 22 de novembro pelo ministro da Agricultura, Antônio Andrade, que incluiu a renegociação das dívidas do setor. O segmento enfrenta preços baixos que não cobrem, na maior parte dos casos, os custos de produção. Na ocasião, Andrade chegou a dizer que a pretensão era reduzir em cerca de 10% a área cultivada com café no país para diminuir a oferta. Mas em entrevista ao jornal Valor Econômico, o diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Janio Zeferino da Silva, disse que a proposta é que o produtor tenha 90% de sua renda com café e 10% com outras culturas, como grãos, hortifrúti, pecuária leiteira, eucalipto. Os recursos para a linha de crédito, em torno de R$ 1 bilhão por ano (valor ainda em análise), durante dez anos, virão do Plano Agrícola e Pecuário. A ideia, de acordo com Silva, é que o cafeicultor reduza um pouco sua área cultivada com café, mantendo a mesma produção do grão com o uso de variedades mais produtivas e tecnologias, e que utilize parte da área para plantar outras culturas, o que permitiria aumentar sua renda total na propriedade.

De acordo com o diretor do Ministério, a meta é que 1 milhão de hectares com café passem por esse processo de diversificação durante um período de dez anos, com 100 mil hectares por ano. “Não podemos fazer um plano muito ambicioso”, lembra ele. A área total com o café no país é de 2,312 milhões de hectares, sendo 2,010 milhões em produção, segundo o último levantamento desta safra 2013/14, divulgado em setembro pela Conab. Silva também disse que o governo federal ainda deverá esperar a reação do mercado para ver se será necessário lançar mais medidas de ajuda à cafeicultura. Segundo ele, já houve reação dos preços do café na semana passada. “Vamos intervir sempre que for preciso”, afirmou. O diretor do Departamento de Café disse ainda que este ano o setor teve o maior orçamento da história - R$ 5,8 bilhões. A dívida do setor cafeeiro é estimada em torno de R$ 6 bilhões. E cerca de R$ 800 milhões referentes a financiamentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) são passíveis de ser renegociados, de acordo com Silva. Os produtores de café conilon -que não foram incluídos na renegociação das dívidas-, podem tentar renegociar os débitos junto aos bancos usando a queda de renda como “fator extraordinário” para o pedido. O “dispositivo” consta do capítulo 269 do Manual de Crédito Rural (MCR), explicou o diretor.

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Trabalho foi desenvolvido pela CNA e UFLA e mostra a importância no tipo de manejo

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composição dos custos de produção do café arábica apresenta diferenças expressivas quando se considera o tipo de manejo empregado. A topografia das diferentes regiões produtoras é decisiva para a determinação da tecnologia utilizada, e em função desta característica, principalmente, algumas diferenças na composição do Custo Operacional Total (COT) podem ser justificadas. Em regiões cujo manejo é manual, a maior participação no COT é do grupo de custos Colheita e pós-colheita, e em regiões mecanizadas a maior participação é dos fertilizantes. Neste caso, as depreciações de máquinas, implementos e benfeitorias, merecem destaque. Entre janeiro e agosto de 2013, colheita e pós-colheita participou, em média, com $178,96/saca da composição do COT nas regiões de cultivo manual. E com R$71,80/saca nas áreas mecanizadas. Já as depreciações ficaram em R$45,22/ saca em regiões mecanizadas. E, no caso do manejo manual, em R$39,78/saca. Os custos com pessoal na condução da lavoura também merecem atenção. Em regiões com manejo manual chegam a ser 205% superiores aos de regiões mecanizadas. Já os custos com insumos, em geral, são superiores nas regiões mecanizadas. Os defensivos custaram, em média, R$32,49/saca, e corretivos R$6,39/saca. Estes valores são respectivamente 74% e 15% maiores do que em regiões de manejo manual.

FOTO: Brasil Arte Café

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Custos na produção de Arábica apresentam diferenças de até 205% de acordo com o manejo

culado ao Centro de Inteligência em Mercados (CIM), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), analisou os fundamentos de oferta e demanda do café a partir dos dados da International Coffee Organization (ICO). O objetivo é compreender a oscilação atual dos preços, bem como identificar ameaças e oportunidades para os cafeicultores nacionais. TENDÊNCIA DE QUEDA NAS COTAÇÕES Os dados da ICO mostram que a produção mundial da REFLETE OFERTA MUNDIAL DE CAFÉ safra 2012/2013 está estimada em 145,2 milhões de sacas de 60 kg. Isto representa uma elevação de 9,6% em relação à O Bureau de Inteligência Competitiva do Café, vin- safra anterior, equivalente a 12,8 milhões de sacas. Foi um aumento expressivo, mas sua real GRÁFICO 1 = Principais diferenças no COT com manejo Manual e Mecanizado dimensão depende do aumento no consumo. Em 2012 foram consumidas 142 milhões de sacas, um aumento de 2,4% em relação a 2011. Tomando apenas estes dados, sem necessidade de avaliar séries históricas, é possível compreender parte dos fundamentos da tendência de queda nas cotações internacionais. A oferta foi maior do que a demanda. Considerando os dados a partir de 2009, o cenário fica ainda mais desfavorável para os preços, já que houve crescimento no consumo mundial de 9,7 milhões


CAFÉ de sacas, enquanto a produção apresentou aumento de 22,3 milhões de sacas. Outro agravante é o maior uso de Coffea canephora (conilon) nos blends. Enquanto os preços atuais colocam muitos cafeicultores de café arábica em situação desfavorável, as cotações do conilon ainda oferecem lucro aos cafeicultores desta espécie, que possui custos de produção menores. Desta forma, novas lavouras de conilon ainda são um investimento atrativo, elevando ainda mais a oferta destes grãos nos próximos anos. Nessas condições, a recuperação dos preços pagos ao produtor pelo café Arábica podem demorar mais, ou, quando ocorrer, ser mais lenta. No entanto, o Bureau considera o nicho de cafés especiais uma boa alternativa. O surto de ferrugem na América Central deve prejudicar a oferta de grãos especiais, muito produzidos na região. Com isso, há espaço para o café cereja descascado brasileiro, mesmo com a recuperação da produção colombiana. RECEITA NÃO FOI SUFICIENTE PARA COBRIR COT DA CAFEICULTURA DE ARÁBICA EM AGOSTO DE 2013 O Custo Operacional Total (COT) do Coffea arabica (Arábica) apresentou um aumento de 3,00% entre janeiro e agosto de 2013. Em direção contrária, os preços pagos aos produtores acumularam uma redução de 11,84%, prejudi-

GRÁFICO 2 = Preços médios de venda ponderados - R$ saca 60kg

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cando as margens de lucro. Em janeiro deste ano, com o café negociado em média a R$317,48/saca, apenas três municípios (Capelinha/MG, Franca/SP e Luís Eduardo Magalhães/BA) conseguiram cobrir o COT de uma saca produzida. Em agosto, com o café negociado a R$279,83/saca, apenas o município baiano de Luís Eduardo Magalhães/BA teve o COT coberto. Se for considerada a Produção de Nivelamento (PN), que neste caso representa a produção mínima para cobrir o COT, em média a produtividade dos demais municípios analisados teria que ser respectivamente 28% e 44% maior em janeiro e agosto. A maior PN em agosto deste ano ocorreu em


CAFÉ Manhumirim/MG. Neste município seria necessária uma produtividade 75% superior para que o produtor conseguisse pagar o COT. Já a menor PN ocorreu em Luis Eduardo Magalhães/BA, onde 79% da produtividade foi suficiente para cobrir os custos. O Gráfico 3 representa a PN da cafeicultura em janeiro de 2013 e agosto de 2013. Valores maiores que 1 indicam que a produtividade atual não é suficiente para cobrir o COT. Valores menores que 1 que os custos são cobertos. Exemplo: 1) PN=1,38 – indica que a produtividade deveria ser 38% superior que a atual para que os custos fossem cobertos; 2) PN=0,79 – indica que 79% da produtividade atual cobre o COT e que 21% correspondem à margem de lucro. É importante lembrar que o preço do café tem grande influencia neste indicador, pois com custos constantes e preços maiores a PN diminui.

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GRÁFICO 3 = Produção de Nivelamento sobre o COT (Base 1)

GRÁFICO 4 = Amplitude média de variações de alta e de baixa nos custos com insumos agrícolas (Base 100)

INSUMOS AGRÍCOLAS FORAM DECISIVOS PARA AUMENTO NO COE

FOTO: Divulgação ABIC

Os Custos Operacionais Efetivos (COE) da cafeicultura brasileira aumentaram 4,04% entre janeiro e agosto de 2013. Este valor corresponde ao aumento médio ponderado entre os custos do café arábica e do café conilon. Vários fatores contribuíram para o aumento dos custos. Além do reajuste salarial, os preços dos insumos agrícolas foram decisivos. Os custos com defensivos se destacaram, aumento médio de 2,33%

para regiões produtoras de arábica e de 16,22% para regiões produtoras de conilon. As condições favoráveis de mercado para o conilon podem ter estimulado o aumento na demanda por estes insumos. Nas regiões produtoras de café arábica, o município com maior aumento nos custos com defensivos foi Capelinha/MG (10,78%), enquanto Franca/SP apresentou custos 11,81% menores. O grupo de custos Corretivos, entretanto, apresentou redução de 4,72% em média. Entre as regiões analisadas, Franca/SP também se destaca com custos 11,17% menores para estes insumos, porém, fatores como gastos com pessoal, mecanização e fertilizantes, tiveram custos mais elevados em agosto de 2013, contribuindo para um aumento de 1,48% em seu COE. No município de Brejetuba/ES os custos com Corretivos subiram 9,93%. Entre os produtores de café conilon, o município de Itabela/BA apresentou aumento de 26,74% nos custos com defensivos. O COE subiu 5,34% entre janeiro e agosto deste ano. Em Cacoal/RO e Jaguaré/ES, o COE subiu em 3,51% e 6,08%, respectivamente. (FONTE: ATIVOS DO CAFÉ Superintendência Técnica da CNA e Centro de Inteligência em Mercados (CIM) - da Universidade Federal de Lavras / UFLA).


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Importância da pesquisa agrícola na cafeicultura nacional Renato Passos Brandão 1

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m poucos dias estaremos finalizando mais um ano. Um ano extremamente complicado e desmotivante para o cafeicultor brasileiro. Se fosse possível, o ideal seria apagá-lo da história da cafeicultura nacional. Ao longo dos últimos 12 meses, tivemos uma grande redução nas cotações do café. Entretanto, em breve, estaremos iniciando mais um ano e as esperanças se renovam.

Quais são as perspectivas para a cafeicultura nacional em 2014? Neste momento, é primordial a melhoria no gerenciamento da propriedade rural. Teremos que aumentar a produtividade das lavouras de café, ou seja, produzir mais café com a mesma quantidade de insumos agrícolas (mesmo custo de produção), dentre os quais, os corretivos e fertilizantes de solos e os fertilizantes foliares. Com o intuito de melhorar a produtividade e a rentabilidade das lavouras do café, o cafeicultor em parceria com um profissional de confiança, terá que ficar atento as inovações tecnológicas na cafeicultura. tor?

As novas tecnologias devem ser adotadas pelo cafeicul-

A adoção das novas tecnologias depende da relação custo:benefício. Para cada 1 real investido numa nova tecnologia, tem que gerar um retorno superior ao investimento. Recentemente, foi realizado em Poços de Caldas (MG), o 39º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras no qual foram apresentadas as pesquisas mais recentes na cafeicultura nacional. As apresentações técnicas do Congresso foram divididas em 7 seções: pragas; doenças; sementes; mudas, plantio, espaçamento e condução; tratos culturas; melhoramento genético; ecologia, fisiologia e biotecnologia e estudos sócio-econômicos, geoprocessamento, agricultura de precisão, certificação e comercialização. Infelizmente, é impossível relatar todos os trabalhos apresentados no Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras. Neste artigo da Revista Attalea Agronegócios será apresentado os experimentos com o níquel, cobalto e molibdênio em cafeeiro em produção, micronutrientes praticamente desconhecidos na cafeicultura. Atualmente, o molibdênio é utilizado por um grupo restrito de cafeicultores. Além disso, será apresentado um experimento comparando o efeito do calcário líquido, cal virgem dolomítico e

AUTOR 1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UFLA e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja.

calcário comum na correção do pH do solo e no fornecimento de Ca e Mg no solo. Efeito do calcário líquido, cal virgem dolomítico e calcário comum na correção do solo (Carmo et al., 2013). Segundo a Instrução Normativa do MAPA nº 34 de 4 de julho de 2006, corretivos são produtos que corrigem a acidez do solo e fornecem cálcio e magnésio ou ambos. O corretivo de solo neutraliza o H+ e o Al3+, eleva o pH, desenvolve cargas negativas nos colóides orgânicos e minerais dependentes do pH, promove aumento na CTC e na saturação de bases do solo. O corretivo de solo mais comum é o calcário proveniente da moagem de rochas constituídas por CaCO3 e MgCO3No entanto, outras fontes podem ser utilizadas desde que estejam em conformidade com a legislação brasileira. Recentemente, surgiu no mercado brasileiro, um corretivo de solo denominado pelo fabricante de calcário líquido. É um carbonato de cálcio e magnésio nanoparticulado e emulsificado. Segundo o fabricante, tem como principal vantagem, o uso de menores doses e a possibilidade de aplicação em pulverizadores de herbicidas. O objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade de correção do solo do calcário líquido, cal virgem dolomítica em relação ao calcário comum. O experimento foi conduzido no IFSULMIUNAS, Campus de Muzambinho (MG) e o solo é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, textura muito argilosa, proveniente do município de Cabo Verde (MG). Os atributos químicos e físicos do solo antes da aplicação dos corretivos de solos podem ser visualizados na Tabela 1. Tabela 1 - Análise do solo anterior à incubação com os corretivos de acidez do solo. 1 t T V m areia silte argila pH MO P K 3 Ca Mg Al H+Al (%) mg/dm cmolc/dm3 (%) 5,58 1,07 1,8 97 0,4 0,14 0,03 2,89 1,1 3,9 26,5 2,8 36 3 61

Extrator = Fósforo em Mehlich-1.

A dose de calcário foi calculada seguindo o método de saturação de bases levando-se em consideração a análise de solo. Obteve-se 1,7 t/ha de calcário considerando-se uma saturação de bases desejada de 70% e incorporação a 20 cm de profundidade. Assim, foram propostas duas doses de calcário abaixo do recomendado, duas acima e uma testemunha (sem calcário). Portanto, foram utilizadas as seguintes doses de calcário: 0; 0,6; 1,2; 1,7; 2,3 e 2,9 t/ha equivalente a PRNT de 100%. Para o cálculo do calcário líquido foi utilizado 5 L por tonelada de calcário comum, conforme indicação do fabricante. Foram utilizados três corretivos da acidez do solo


CAFÉ

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Figura 1. Alteração do pH do solo proporcionado por diferentes corretivos na dose recomendada equivalente a 1,7 t/ha (gráfico à esquerda) e alteração no pH do solo provocada pelas diferentes doses de corretivos após 90 dias de incubação (gráfico à direita).

conforme descrição abaixo: • Calcário dolomítico com PRNT de 85,08%; 36,4% de CaO e 30% MgO; • Cal virgem dolomítica com PRNT de 175%; 60% de CaO e 30% de MgO; • Calcário líquido com 16,5% de Ca e 11% de Mg e densidade de 1,8 kg/L. O experimento foi instalado em cada de vegetação em ambiente protegido. O solo foi homogeneizado e acondicionado em vasos com capacidade de 500 mL e a umidade foi mantida na capacidade de campo durante 90 dias. Neste

período foram realizadas 12 análises de pH e uma análise química completa aos 90 dias. Baseado nas informações obtidas no período do experimento foi possível obter as seguintes conclusões: A cal virgem dolomítica proporciona valores de pH mais elevados ao longo do tempo e possui uma maior intensidade na elevação dos teores de Mg e saturação de bases e não difere na elevação no teor de Ca em relação ao calcário comum (Figura 1). As doses de calcário líquido não alteraram o pH, Ca, Mg e saturação de bases. Portanto, o calcário líquido não possui características de um corretivo de solo nas condi-


CAFÉ ções experimentais utilizadas.

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Comentários gerais A aplicação do calcário para a correção da acidez do solo e o fornecimento de cálcio e magnésio às culturas é uma prática milenar. Antes da implantação da lavoura de café, o calcário deve ser aplicado a lanço em área total e incorporado na camada superficial. Em cafeeiro em formação e produção, o calcário deve ser aplicado na projeção da copa do cafeeiro. Além disso, na cafeicultura é usual a utilização do calcário na cova ou no sulco de plantio. Pesquisas realizadas em culturas anuais, dentre as quais, o feijoeiro e soja tem constatado que a aplicação do cálcio nanoparticulado em suspensão (NHT® Cálcio Max) no sulco de plantio na dose de 1 a 2 L/ha tem proporcionado aumento na produtividade das culturas. Em tomate, os melhores resultados com o NHT® Cálcio Max tem sido obtidos com a aplicação de 4 L/ha no drench. Entretanto, a aplicação do cálcio no sulco de plantio não substitui de forma nenhuma, a utilização do calcário como corretivo da acidez do solo. Efeito do molibdênio em pulverizações foliares na produção do cafeeiro (Santinato et al. 2013b). O molibdênio é um dos micronutrientes requeridos em menor quantidade pelo cafeeiro. Segundo Malavolta (2006) são necessários 3 mg de Mo para cada saca de café produzida. O molibdênio acumulado na parte aérea do cafeeiro em produção situa-se entre 40 e 50 g/ha. O molibdênio atua no metabolismo do nitrogênio sendo constituinte da enzima redutase do nitrato, responsável pela conversão inicial do nitrato (N-NO3-) em compostos orgânicos nitrogenados. O objetivo deste experimento foi a avaliação da aplicação de diferentes doses de molibdato de sódio em pulverizações foliares na produtividade da cultura do cafeeiro arábica. O experimento foi instalado no campo experimental da ACA (Associação dos Cafeicultores de Araguari, MG) em um solo Latossolo Amarelo distrófico com o cafeeiro arábica cultivar Catuaí Amarelo IAC 51, plantado em 10 de novembro de 2009, no espaçamento de 3,7 x 0,7 m totalizando 3.861 plantas/ha. Os tratamentos consistiram em uma testemunha e cinco doses de molibdato de sódio (0,01; 0,05; 0,10; 0,50 e 1%) realizadas em três aplicações (outubro, dezembro e fevereiro) nas fases da pré-florada, chumbinho e início da granação dos frutos, respectivamente. Em cada aplicação, utilizou-se uma vazão de 500 L/ha. Foram avaliadas as produções do cafeeiro em 4 safras sucessivas (2010 a 2013) e o teor do Mo nas folhas da cultura. Não houve diferença estatística entre as doses do molibdato de sódio. Entretanto, ocorreu uma tendência de aumento na produtividade do cafeeiro com o molibdato de sódio na concentração de 0,05% (Tabela 2). Nas maiores concentrações do molibdato de sódio ocorreram amarelecimento das folhas do cafeeiro que desaparecem 30 a 60 dias após as aplicações. Baseado nas informações obtidas no período do experimento foi possível obter as seguintes conclusões:

Tabela 2 - Efeito do molibdênio em pulverizações foliares em

concentrações crescentes na produção do cafeeiro em produção. TRATAMENTOS

Aumento na Análise foliar Produtividade 1 Produtividade do Mo sc benefic./ha

%

mg/kg

Testemunha

35,1 a

-

0,2

Molibdato de sódio a 0,01%

40,6 a

+14

0,3

Molibdato de sódio a 0,05%

46,3 a

+32

0,3

Molibdato de sódio a 0,10%

39,7 a

+13

0,4

Molibdato de sódio a 0,50%

36,5 a

+3

0,3

Molibdato de sódio a 1%

37,1 a

+5

0,3

Média de 4 safras consecutivas (2010 a 2013).

O molibdênio não influenciou significativamente nas produtividade do cafeeiro. Houve uma tendência de aumento na produtividade da cultura. As maiores concentrações de molibdato de sódio causaram amarelecimento das folhas do cafeeiro que desaparecem 30 a 60 dias após as aplicações. Comentários finais A Bio Soja possui o Fertilis® Mol, fertilizante foliar líquido fornecedor de molidbênio ao cafeeiro (229,5 g/L). O Fertilis® Mol possui pH na faixa ligeiramente ácida permitindo a sua mistura com os demais fertilizantes foliares fornecedores de micronutrientes, dentre os quais, o cobre, manganês e o zinco. Em cafeeiro em produção, realizar a aplicação do Fertilis® Mol na dose de 1,5 L/ha parcelada em três aplicações: pré-florada, chumbinho e início da granação dos frutos do cafeeiro. Efeito do cobalto em pulverizações foliares com concentrações crescentes na produção do cafeeiro (Fonte: Santinato et al. 2013a). O cobalto é um elemento químico considerado benéfico aos microrganismos fixadores de N2, mediante a participação na composição da vitamina B12 e da enzima cobamida. A cobamida funciona como ativadora de enzimas importantes que catalizam as reações bioquímicas em culturas que se associam as bactérias fixadoras de N2, como a soja. Singh & Singh (1993), citado por Malavolta (2006), a aplicação de sulfato de cobalto via foliar em mangueiras reduz a má formação de flores e aumenta a produção e o tamanho dos frutos. O objetivo deste experimento foi a avaliação da aplicação de diferentes doses de sulfato de cobalto em pulverizações foliares na produtividade da cultura do cafeeiro arábica. O experimento foi instalado no campo experimental da ACA (Associação dos Cafeicultores de Araguari, MG) em um solo Latossolo Amarelo distrófico com o cafeeiro arábica cultivar Catuaí Vermelho IAC 144, plantado em 10 de novembro de 2009, no espaçamento de 3,7 x 0,7 m totalizando 3.861 plantas/ha. Os tratamentos consistiram em uma testemunha e cinco doses de sulfato de cobalto (0,01; 0,05; 0,1; 0,5 e 1%) realizadas em três aplicações (outubro, dezembro e fevereiro). Em cada aplicação, utilizou-se uma vazão de 500 L/ha. Foram avaliadas as produções do cafeeiro em 4 safras sucessivas (2010 a 2013) e o teor do Co nas folhas da cul-


CAFÉ Tabela 3 - Efeito do sulfato de cobalto em pulverizações em

concentrações crescentes na produção do cafeeiro. TRATAMENTOS

Aumento na Análise foliar Produtividade 1 Produtividade do Co sc benefic./ha

%

mg/kg

Testemunha

30,0 a

-

0,2

Sulfato de cobalto a 0,01%

32,7 a

+25

0,3

Sulfato de cobalto a 0,05%

40,8 a

+36

0,3

Sulfato de cobalto a 0,10%

35,9 a

+19

0,4

Sulfato de cobalto a 0,50%

35,7 a

+19

0,3

Sulfato de cobalto a 1%

36,6 a

+22

0,3

Média de 4 safras consecutivas (2010 a 2013).

tura.

Não houve diferença estatística entre as doses do sulfato de cobalto. Entretanto, ocorreu uma tendência de aumento na produtividade do cafeeiro com o sulfato de cobalto na concentração de 0,05% (Tabela 3). Baseado nas informações obtidas no período do experimento foi possível obter as seguintes conclusões: O cobalto apresentou tendência em aumentar a produtividade do cafeeiro nas concentrações de 0,01 a 0,05%. As concentrações do sulfato de cobalto de 0,5 e 1% causaram amarelecimento das folhas do cafeeiro que desaparecem 30 a 60 dias após as aplicações. Efeito do sulfato de níquel em pulverizações com concentrações crescentes na produção do cafeeiro (Fonte: Santinato et al. 2013c). Recentemente, o níquel passou de elemento químico tóxico para a categoria de micronutriente. O níquel está relacionado a enzima urease, participando de importantes processos bioquímicos nas plantas. O objetivo deste experimento foi a avaliação da aplicação de diferentes doses de sulfato de níquel em pulverizações foliares na produtividade da cultura do cafeeiro. O experimento foi instalado no campo experimental da ACA (Associação dos Cafeicultores de Araguari, MG) em um solo Latossolo Amarelo distrófico com o cafeeiro arábica cultivar Catuaí Vermelho IAC-51, plantado em 10 de novembro de 2009, no espaçamento de 3,7 x 0,7 m totalizando 3.861 plantas/ha. Os tratamentos consistiram em uma testemunha e cinco doses de sulfato de níquel (0,25; 0,50; 1,00; 2,00 e 4,00%) realizadas em três aplicações (outubro, dezembro e fevereiro). Em cada aplicação, utilizou-se uma vazão de 500 L/ha. Foram avaliadas as produções do cafeeiro em 4 safras Tabela 4 - Efeito do sulfato de níquel (sulfato de níquel)

em pulverizações foliares em diferentes concentrações na produção do cafeeiro. TRATAMENTOS

Aumento na Análise foliar Produtividade 1 Produtividade do Ni sc benefic./ha

%

mg/kg

Testemunha

43,2

-

<LQ

Sulfato de níquel a 0,25%

55,3

+25

<LQ

Sulfato de níquel a 0,50%

44,3

+2

<LQ

Sulfato de níquel a 1%

47,2

+9

13

Sulfato de níquel a 2%

50,9

+17

23

Sulfato de níquel a 4%

48,9

+13

19

Média de 4 safras consecutivas (2010 a 2013).

sucessivas (2010 a 2013) e o teor do Ni nas folhas da cultura. Não houve diferença estatística entre as doses do sulfato de níquel. Entretanto, ocorreu uma tendência de aumento na produtividade do cafeeiro com o sulfato de níquel na concentração de 0,25% (Tabela 4). Baseado nas informações obtidas no período do experimento foi possível obter a seguinte conclusão: O sulfato de níquel apresentou tendência em aumentar a produtividade do cafeeiro nas concentrações de 0,25%. O níquel nas folhas do cafeeiro só foi detectado a partir da concentração do sulfato de níquel a 1%. Considerações finais Será que é importante o cafeicultor acompanhar as pesquisas na cafeicultura? A pesquisa agrícola brasileira foi responsável pela incorporação ao processo agrícola da maior fronteira agrícola mundial, os solos sob vegetação do cerrado. Na cafeicultura, o melhoramento genético é responsável pelo lançamento de cultivares cada vez mais produtivas e adaptadas as mais diversas condições de cultivo do cafeeiro. Além disso, a partir da década de 70, foram lançadas cultivares com resistência a ferrugem. Em nutrição de plantas, a pesquisa agrícola tem como objetivo o aumento da eficiência agronômica dos fertilizantes de solo. Além disso, há pesquisas sendo realizadas com substâncias húmicas e com os micronutrientes, cobalto, molibdênio e níquel. Maiores informações, consultar os Anais do 39° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras. Fundação Procafé – E-mail: contato@fundacaoprocafe.com.br. Literatura consultada CARMO, L.D. do; FIGUEIREDO, F.C.; BOTREL, P.P. Efeito do calcário líquido, cal virgem dolomítico e calcário comum na correção do solo. Anais do 39° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, Poços de Caldas, MG. 2013. p. 175-177. SANTINATO, R.; SILVA, R.O; MOSCA, E.; FERNANDES, A.L.T.; SANTINATO, F. Efeito do cobalto (sulfato de cobalto) em pulverizações com concentrações crescentes na produção do cafeeiro. Anais do 39° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, Poços de Caldas, MG. 2013a. p. 89-90. SANTINATO, R.; SILVA, R.O; MOSCA, E.; FERNANDES, A.L.T.; SANTINATO, F. Efeito do molibdênio (molibdato de sódio) em pulverizações com concentrações crescentes na produção do cafeeiro. Anais do 39° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, Poços de Caldas, MG. 2013b. p. 90-91. SANTINATO, R.; SILVA, R.O; MOSCA, E.; FERNANDES, A.L.T.; SANTINATO, F. Efeito do níquel (sulfato de níquel) em pulverizações com concentrações crescentes na produção do cafeeiro. Anais do 39° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, Poços de Caldas, MG. 2013c. p. 94-95.

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CAFÉ

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a busca por cafés capazes de satisfazer paladares cada vez mais exigentes, a Fazenda Daterra, braço agrícola do grupo DPaschoal, acelerou os trabalhos em sua unidade de processos e pesquisas para diversificar sua oferta de grãos de qualidade, os lavados e despolpados entre eles. Em linha com essa estratégia de valorização de seu portfólio, a fazenda também será a primeira a realizar, nesta terça-feira, um leilão online de produtos com características exclusivas de aroma e sabor. A companhia não revela os aportes realizados nessas ações mais recentes, mas informa que, com eles, seus investimentos nos últimos 20 anos somam R$ 120 milhões. O valor inclui a implantação e a estruturação de suas lavouras, além de tecnologia e medidas para garantir a “sustentabilidade” da produção, conforme informações de Isabela Paschoal Becker, diretora do Ateliê do Café Daterra. Os investimentos da Fazenda DaTerra – que faturou R$ 40 milhões no ano passado e representou 15% do patrimônio do grupo DPaschoal – têm em vista a demanda por cafés “exclusivos”, sobretudo diante da proliferação global de cafeterias, observada mesmo em países com pouca tradição no consumo da bebida. “O consumidor quer café todo dia, mas quer também um produto diferenciado”, afirma Isabela. O grupo DPaschoal decidiu investir em cafés especiais no fim da década de 1970, e a opção se mostrou rentável. Naquela época, conta Isabela, já se sabia que investir apenas na commodity não oferecia o retorno desejado. Atualmente, por exemplo, a commodity passa por um período de fortes quedas de preços que não atingem os produtos especiais com a mesma força. Antes de se concentrar no café, a DPaschoal fez suas primeiras incursões agropecuárias com a produção de frutas, pinus e gado. O grupo adquiriu sua primeira fazenda de café em 1987, em Franca (SP), na Alta Mogiana. Hoje, a produção está concentrada no Cerrado Mineiro, em uma área total de 6,8 mil hectares (2,8 mil hectares em produção), dividida em 219 “mini fazendas”. O restante inclui áreas de preservação ambiental, cerrado, florestas e cachoeiras. A produção da empresa nesta safra 2013/14 foi de 108 mil sacas, todas certificadas (Rainforest e ISO 14001), ante 90 mil em 2012. Para o ciclo 2014/15, o volume tende a recuar para entre 75 mil e 80 mil, em virtude das características técnicas e agronômicas de sua área de plantio. Os grãos especiais representam aproximadamente 80% da produção, que é quase toda exportada. Apenas os grãos verdes são embarcados, para mercados cobiçados como Japão e EUA, além de Coreia do Sul, Taiwan, Inglaterra, Espanha, Chile e Grécia, entre

FOTOS: VALOR

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Daterra, braço da DPaschoal, diversifica sua oferta de café

Isabela Paschoal Becker, diretora do Ateliê do Café Daterra

outros. Os produtos são comercializados normalmente com prêmios que variam entre 10 centavos de dólar por librapeso e US$ 4 por libra-peso para um “reserva top”. Alguns produtos são vendidos com preço fixo. Em busca de deferenciações, a empresa investiu em pesquisa e tecnologia e, há dez anos, desenvolveu um menu de blends e marcas de café. Esses blends são identificados como nos rótulos de vinhos: “Reserva” e “Linha Penta”, por exemplo, estão entre eles. A Daterra também desenvolveu máquinas recolhedoras do grão e utiliza leitura ótica após a torra – a empresa tem uma minitorrefadora, com a qual atua no mercado interno. Afinal, como diz Isabela, “um grão mais torrado pode estragar o sabor da bebida”. A Daterra não tem planos de exportar café torrado e moído por conta da perda de qualidade da bebida em um curto espaço de tempo. Tampouco deverá aumentar o volume de café produzido. Os cafés que não são exportados são comercializados no Brasil pelo Ateliê do Café Daterra, que fatura de R$ 80 mil a R$ 100 mil por mês. Houve produtos vendidos por aqui a R$ 90 o pacote de meio quilo, mas outros são mais em conta e o mesmo volume varia de R$ 18 a R$ 34. (Fonte: Valor Econômico)


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Emater-MG - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais -, em parceria com a Prefeitura Municipal de Claraval (MG), através da Secretaria de Meio Ambiente e a Associação das Agricultoras e Agricultores Familiares dos Agudos, realizou no início de dezembro, no Sítio Três Barras, na Comunidade Rural dos Agudos, um Dia de Campo do Café. Segundo o extensionista local da Emater-MG e um dos responsáveis pela realização, Enes Pereira, o objetivo do evento foi despertar nos agricultores técnicas alternativas de melhoria na estrutura do solo e no monitoramento e controle da praga Hypothenemus hampei, conhecida popularmente como Broca-do-Café; segunda praga em importância na cafeicultura brasileira. “É a primeira vez que este evento é realizado aqui. Esperamos poder alcançar os objetivos e metas propostos”. A coordenadora técnica Regional da Emater-MG, Alice Soares que também foi responsável pelo evento destacou a grande importância do mesmo. “Estamos levando aos agricultores a oportunidade de conhecer alternativas de produção que proporcionarão a eles o incremento da produção e produtividade, além da diminuição no uso de agrotóxicos”.

FOTO: Divulgação EMATER

Emater realiza Dia de Campo em Claraval (MG)

O dia de campo foi direcionado aos agricultores familiares produtores de café, participando também produtores rurais do município de Carmo do Rio Claro (MG). De acordo com os organizadores, a programação foi composta principalmente por demonstrações de técnicas de captura de microrganismos benéficos no processo de decomposição de matéria orgânica que auxiliará na fertilidade do solo e de construção de “armadilhas” para capturar o adulto da brocado-café.

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produção de café da Colômbia pode sustentar crescimentos anuais significativos ano a ano por mais alguns anos, depois de um salto de 40 por cento em 2013, já que há milhões de pés que ainda não atingiram a idade produtiva, informou o agrônomo-chefe da Federação Nacional dos Produtores de Café. O país, segundo maior produtor do tipo arábica atrás do Brasil, replantou desde 2008 mais de metade de sua área total de café com árvores resistentes ao fungo roya, da ferrugem, que se espalhou pelo país e, aliado ao mau tempo, reduziu a produção em quatro temporadas. Dos 585 mil hectares renovados, mais de metade --340.273 hectares-- foram plantados depois de 2011 com árvores que o agrônomo Carlos Uribe diz que ainda não estão produzindo, o que significa que a forte recuperação a caminho ainda está longe de se concluída. “Depois de dois anos você tem alguma colheita, mas a partir do Folclórica imagem do café colombiano, conhecida no mundo todo. terceiro ano você tem uma safra muito boa”, de A colheita em 2013 foi a maior desde 2008 e se novos pés, disse Uribe, que supervisiona uma rede de cerca de 1.300 agrônomos pagos pela federação dos produtores para im- espera que fique em torno de 11 milhões de sacas, um aumento em relação às 7,7 milhões de sacas do ano pasplementar programas de extensão rural. O presidente Juan Manuel Santos disse no mês passado sado, de acordo com os dados da federação, já que mais que a colheita de café da Colômbia provavelmente vai alcançar pés resistentes ao fungo começam a produzir a primeira 14 milhões de sacas “no curto prazo”, à medida que a produção safra plena. Cerca de 60 por cento dos pés de café da Colômbia aumenta - uma recuperação que, para desgosto dos fazendeiros, coincide com um período de preços baixos para o arábica. “Nos agora são resistentes ao fungo que no último ano vem próximos anos é possível alcançar isso. Talvez em três anos, mas devastando as produções da América Central. Os goveré difícil dizer”, afirmou Uribe, quando indagado sobre os co- nos desses países estão liberando recursos emergenciais para substituir as árvores por outras resistentes ao fungo. mentários do presidente. Os preços do arábica subiram 9 por cento na última semana embora estejam em 1,16 dólar por libra, muito abaixo do valor em torno de 1,50 dólar no começo do ano, já que a produção excedente está forçando a baixa do preço. A associação dos produtores de café da Colômbia está encorajando os cafeicultores a elevar a produtividade de suas fazendas como um meio de lidar com preços mais baixos, procurando produzir mais café com menos insumos. Um hectare de terra de cafezais colombianos agora rende 15 sacas de 60 quilos de café, disse Uribe, bem menos do que as cerca de 25 no maior produtor mundial do produto, o Brasil. O café da Colômbia é plantado em terrenos montanhosos e em elevada altitude, uma característica que favorece a qualidade. (Fonte: Reuters) FOTOS: Reuters

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Novos pés de café elevarão produção da Colômbia por muitos anos


CAFÉ

Prorrogação para cafeicultores deve custar cerca de R$ 500 milhões aos cofres públicos Após 31 anos em Ribeirão Preto (SP), evento passa a ser realizada em Franca (SP)

O

Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou na sexta-feira a suspensão do pagamento de dívidas de cafeicultores de 1° de julho deste ano a 28 de fevereiro de 2014, prorrogando automaticamente o passivo de custeio e comercialização com início de pagamento previsto para julho de 2015 e parcelamento por mais 5 anos. Em relação às dívidas de investimento, as parcelas que vencem este ano serão transferidas para o fim do contrato, O ministro da Agricultura, Antonio Andrade, disse que o Banco Central não informou o montante das dívidas que serão prorrogadas, mas salientou que as operações devem representar um custo de R$$ 500 milhões para cofres públicos. O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, comentou que “não havia tempo para detalhar o endividamento”. “Entretanto, temos uma noção do montante envolvido”, justificou. Ele informou que todas as negociações serão feitas de acordo com a linha de crédito pela qual o financiamento foi contratado. O ministro da Agricultura ressaltou que o governo continua aberto às negociações com os cafeicultores e que, se as medidas não surtirem o efeito espera- “ do, poderão ser adotadas novas ações. Ele defendeu junto à área econômica que os recursos remanescentes da atual safra possam ser aplicados a partir de março de 2014 no financiamento da próxima safra 2014/15. Diante da persistente queda dos preços do grão, o governo brasileiro já apoiou o setor anteriormente por meio de leilões de contratos de opção de venda em setembro. As opções permitem aos cafeicultores o direito de vender ao governo um total de 3 milhões de sacas de café no vencimento dos contratos, em março do próximo ano, caso os preços de mercado se mantenham abaixo do valor de referência de R$ 343 a saca. Arábica - As medidas estão restritas aos produtores de café da variedade arábica e suas cooperativas. O voto do CMN não inclui as dívidas dos produtores de café da variedade conilon, que é cultivada principalmente s no Espírito Santo, A renegociação implica na amortização de pelo menos 20% do saldo atualizado da parcela com vencimento no período de abrangência da medida. O CMN decidiu que as parcelas das operações de investimentos podem ser incorporadas ao saldo devedor e redistribuídas nas parcelas restantes, ou ser prorrogadas por até um ano após a data prevista para o vencimento do contrato.

O mutuário terá até o dia 31 de janeiro do próximo ano para manifestar o interesse na renegociação das dívidas. A operação deve ser formalizada até 15 de julho de 2014. Segundo o voto, a renegociação não abrange as parcelas vencidas e vincendas das operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que foram renegociadas com base na resolução 4.028 de 18 de novembro de 2011. Também estão excluídas as operações celebradas com recursos do Fundo de Defesa da Economia Gafeeira (Funcafé) cujos créditos foram recebidos pela União com pagamento em café, com base no preço mínimo de garantia. O voto estabelece que o beneficiário final que renegociar os débitos nas condições aprovadas ficará impedido de contratar novas operações de crédito de investimento destinadas à cafeicultura com recursos controlados do crédito rural até que liquide integralmente as primeiras parcelas das dívidas renegociadas. (Fonte: O Estado SP)

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Preços intensificam a descapitalização na cafeicultura brasileira em 2013

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ntre janeiro/13 e novembro/13 o Coffea arabica (Arábica) apresentou uma desvalorização de 31,18%, ficando em R$218,48/saca em média. No Coffea canephora (Conilon) a queda nos preços chegou a 21,62%, e o preço de venda ficou em R$196,65/ saca. Os preços de venda médios ficaram em R$276,68/saca (Arábica) e R$231,21/saca (Conilon) entre janeiro/13 e novembro/13. Estes valores representam as médias mensais do café em cada município considerando as classificações física (classificação por tipo) e sensorial (classificação quanto à bebida). Nas regiões produtoras de Arábica, o preço em cada município corresponde à média ponderada de diferentes tipos e bebidas, e nas produtoras de Conilon corresponde à média dos diferentes tipos de café. Durante os paineis de levantamento de dados, foram estimados os percentuais dos diferentes tipos e bebidas produzidos. A análise econômica demonstra que em 2013 a cafeicultura apresentou lucro apenas em Luís Eduardo Magalhães/BA. Em Itabela/BA e Jaguaré/ES a produção de Conilon apresentou pequenos prejuízos, R$0,94/saca e R$3,37/ saca respectivamente. A receita auferida foi superior ao Custo Operacional Total (COT), porém inferior ao Custo Total (CT). Em alguns municípios, os preços não foram suficientes para cobrir os COT, gerando um processo de descapitalização ou incapacidade de renovação da capacidade produtiva. Em outros, a receita foi menor que o Custo Operacional Efetivo (COE), demonstrando a necessidade de aportes de recursos.

Em média, o prejuízo da cafeicultura de Arábica foi de R$147,83/saca. Em Manhumirim/MG, o prejuízo foi de R$271,23/saca, enquanto em Luís Eduardo Magalhães/BA houve lucro de R$21,46/saca. Já na cafeicultura de Conilon, em média o prejuízo foi de R$10,06/saca. O prejuízo em Cacoal/RO foi de R$60,97/saca. O CT compreende a soma entre o COT (COE + Depreciações + Pró-labore) e os custos de oportunidade do Capital Circulante Próprio e dos Bens de Capital (taxa de juros de 6% ao ano) e da Terra (valor de arrendamento). Ele indica a situação econômica do empreendimento considerando todos os custos implícitos, que neste caso se referem aos valores que estes fatores poderiam gerar em investimentos alternativos à cafeicultura. O aumento médio do Custo Operacional Efetivo (COE) do Coffea arabica (Arábica) entre janeiro/13 e novembro/13 foi de 3,44%. Em novembro/13, o COE médio das regiões manuais foi de R$388,58/ saca, R$342,91/saca nas regiões semimecanizadas e R$261,36/saca nas mecanizadas. Entre janeiro/13 e fevereiro/13 os custos com mão de obra influenciaram diretamente o aumento no COE, que em março/13 sofreu retração em função dos preços dos insumos agrícolas, em especial os fertilizantes. De abril/13 a setembro/13 houve certa estabilidade nos custos, independentemente do nível de mecanização das lavouras. Entre setembro/13 e novembro/13 os insumos agrícolas novamente se destacaram no comportamento do COE, tanto na menor variação


CAFÉ de outubro/13 em comparação a janeiro/13, quanto no aumento em novembro/13, quando seus preços foram superiores aos de outubro/13. Em regiões mecanizadas, os custos com mecanização também influenciaram o aumento do COE nestes últimos meses, quando ficaram 9,17% maiores que os de janeiro/13. A maior variação nos custos de regiões mecanizadas ocorreu em maio/13, e em regiões manuais em setembro/13. Em ambos os casos, apenas os custos com corretivos agrícolas e energia elétrica foram menores em comparação a janeiro/13. Nas regiões semimecanizadas, a maior variação foi em novembro/13, quando os custos com defensivos foram 12,24% maiores do que os do primeiro mês do ano. O CONILON NA BA E ES - A taxa de remuneração do capital investido em bens de capital na cafeicultura de Coffea canephora (Conilon) na Bahia e no Espírito Santo foi positiva em 2013. Entre janeiro e novembro a remuneração média do capital em Itabela/BA foi de 22,39% ao ano (a.a.) e em Jaguaré/ES de 8,74% a.a.. Em Cacoal/RO, onde o processo produtivo é manual, a receita com o café não remunerou o investimento do produtor. A produtividade nas regiões analisadas foi decisiva para a composição deste resultado. A produtividade em Cacoal/RO é em média 74% menor que nas demais regiões,

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que além de serem semimecanizadas, possuem lavouras irrigadas. Nos municípios da Bahia e Espírito Santo os preços médios de venda ficaram em R$231,64/saca até o mês de novembro. Já no município de Rondônia a saca foi comercializada por R$213,91. Quanto aos custos, como em Cacoal/RO a área produtiva é pequena (5 hectares) em comparação à Itabela/BA (50 hectares) e Jaguaré/ES (20 hectares), os custos fixos se diluíram menos, elevando os Custos Operacionais Totais


CAFÉ

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(COT). Entre janeiro e novembro, os COT nestas regiões foram R$223,20/ saca (Cacoal/RO), R$184,41/saca (Itabela/BA) e 196,46/saca (Jaguaré/ES). A taxa de remuneração sobre os bens de capital, indicador econômico considerado nesta análise, corresponde ao percentual que a Margem Líquida (ML = Preço – COT) representa sobre o valor médio do investimento em máquinas, implementos, benfeitorias, equipamentos para irrigação e o valor da terra. PRODUÇÃO DE ROBUSTA CRESCE TRÊS VEZES MAIS QUE O ARÁBICA - O Bureau de Inteligência Competitiva do Café (www.icafebr. com) analisou dados sobre o crescimento da produção mundial de Coffea canephora (Robusta/Conilon).

Países árabes compram mais café do Brasil

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s países árabes aumentaram em 32% as suas importações de café do Brasil. Os embarques do produto para a região alcançaram 1,3 milhão de sacas de 60 quilos entre janeiro e novembro deste ano contra 995,5 mil sacas no mesmo período do ano passado. Também houve acréscimo na receita com vendas para os árabes, de 3%, de US$ 195 milhões para US$ 201,2 milhões em igual comparação. Apesar disso, os países árabes participam muito pouco nas exportações totais do segmento. Eles representam com 5% de tudo o que é embarcado. Nos onze primeiros meses do ano passado, no entanto, esse percentual era ainda menor: 4%. Houve aumento de 1 ponto percentual no período. Os dados são do CECAFÉ - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. No total, o Brasil vendeu 28,2 milhões de sacas de café no exterior de janeiro a novembro. O crescimento foi de 11,4% sobre os mesmos meses de 2012. Na receita houve uma queda de 17,9% em igual base comparativa. Ela fechou em US$ 4,73 bilhões. Em novembro, individualmente, houve queda no volume embarcado, de 10,3%, com 2,5 milhões de sacas. Também a receita recuou 39,2% para US$ 361,6 milhões. A queda da receita maior do que o recuo do volume vendido indica que o café brasileiro foi exportado por preços menores. A safra recorde brasileira colaborou para a diminuição dos preços. De janeiro a novembro deste ano, o café arábica respondeu por 84,9% das exportações brasileiras, o solúvel por 10,7%, o robusta por 4,3% e o torrado e moído por 0,1%. A Europa foi o maior mercado importador, com 54% do total. A América do Norte ficou com 22%, a Ásia com 17% e a América do Sul com 3%. A maioria dos embarques pelo Porto de Santos. (Fonte: ZooNews)

O objetivo foi identificar quais países estão em melhores condições para a produção do grão e quais as implicações para a produção brasileira desta espécie. No início da década de 1990 a produção mundial de Coffea arabica (Arábica) superava a de Robusta em 44 milhões de sacas, mas após 2010, a diferença caiu para 26 milhões. De acordo com o Bureau, o aumento na produção de Robusta reflete a estratégia da indústria, que aumentou significativamente o percentual deste grão nos blends. A taxa de crescimento anual da produção de Arábica entre 1990 e 2012 foi de 1,14%, enquanto a de Robusta foi de 3,83%. O Bureau calculou a taxa de crescimento anual da produção de Coffea canephora em vários países, utilizando os dados da International Coffee Organization (ICO) a partir de 2005. As maiores taxas de crescimento foram: Togo (21,70% a.a), Malásia (6,70% a.a), Vietnã (5,95% a.a), Brasil (5,92% a.a), Laos (5,44% a.a), Uganda (4,25% a.a) e Índia (3,01% a.a). Esses dados comprovam a importância da Ásia na oferta mundial de Robusta. A consolidação desta espécie no continente asiático será fundamental para atender a demanda dos novos consumidores chineses e indianos. Nesses dois países o café solúvel, feito a partir de grãos de Robusta, é o mais consumido, o que cria ótimas oportunidades para seu cultivo. O Bureau avalia que a proximidade geográfica entre as lavouras de café Robusta da Ásia e os novos centros consumidores pode criar dificuldades para a internacionalização do Conilon brasileiro. Para as indústrias chinesas e indianas será muito mais fácil importar café Robusta do Vietnã ou do Laos do que o Conilon do Brasil, considerando a distância que separa os continentes. No entanto, os analistas do Bureau destacam que a tecnologia empregada no cultivo e pós-colheita do Conilon brasileiro tem evoluído com rapidez, o que pode tornar o produto competitivo em outros mercados internacionais, como Europa e América do Norte. (FONTE: ATIVOS DO CAFÉ - Superintendência Técnica da CNA e Centro de Inteligência em Mercados (CIM) - da Universidade Federal de Lavras /UFLA).


ADUBAÇÃO VERDE

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menos de um ano da Copa do Mundo, os brasileiros já estão se preparando para o grande evento. Um agricultor da região de Paranapanema (SP) reproduziu em sua lavou a bandeira do Brasil. O produtor Jacobus Derks formou o desenho utilizando cevada, canola, triticale e tremoço branco, qualidade doada pela Piraí Sementes. A bandeira está em sua fazenda, em Campos de Holambra, Distrito de Paranapanema, região onde estão instalados os empreendimentos Riviera de Santa Cristina XIII e Terras de Sta. Cristina V. Com 530 mil metros quadrados – 860 m de comprimento por 640 de largura, o equivalente a 50 campos de futebol, essa pode ser a maior bandeira nacional do mundo. O engenheiro agrônomo responsável, Érik Krabbnborg, estudou para que cada semente crescesse no mês de junho, destacando as cores da bandeira nacional durante a Copa das Confederações. O sonho de homenagear o país foi de Jacobus Derks, holandês naturalizado brasileiro, um grande admirador do nosso futebol e da nação que o acolheu. A família planeja fazer uma bandeira ainda maior durante a Copa do Mundo em 2014 e, com esse feito, entrar para o Livro dos Recordes.

FOTO: Jacobus Derks

Maior bandeira plantada do mundo também tem Semente de Adubação Verde da Piraí

Do alto, é possível até a leitura do lema Ordem e Progresso. De acordo com Derks, é uma homenagem ao Brasil pelos grandes eventos de que o país é sede, como a recémencerrada Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ele homenageia também o agricultor brasileiro que a cada ano amplia o volume de produtos agrícolas no país. (Fonte: Join Agro e Estadão.com).

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LEITE

As vantagens da ordenha com higiene Karina Neoob de Carvalho Castro1

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leite de vaca é considerado um dos alimentos mais completos. Em sua composição encontramos proteínas, gordura, lactose, cálcio e fósforo, entre outros, que compõem os sólidos totais (ST=13%, água=87%). Na ocorrência de mastite bovina (inflamação da glândula mamária), observamos alteração nesta composição, com redução dos sólidos totais, tornando o leite mais fluido e comprometendo a qualidade da matériaprima. Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação de queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó. Um outro fato que compromete o beneficiamento na indústria é a presença de antibióticos no leite. Isso ocorre quando o produtor trata a vaca e entrega o leite sem respeitar o período de carência, o que possibilita a inibição da flora bacteriana utilizada no fabrico de produtos como o iogurte, leites fermentados, manFOTO: Divulgação ITAMBÉ

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Para a indústria, a diminuição dos sólidos totais gera redução no rendimento da fabricação de queijo, podendo prejudicar também a produção da manteiga e do leite em pó

AUTOR

1 - Pesquisadora da EMBRAPA Agropecuária Oeste (Dourados, MS). Email: karina@cpao.embrapa.br.

teiga e queijos. Algumas usinas de leite podem detectar a presença de contaminantes, pagar menos ou até recusar esse leite. O leite que contém resíduos de antibióticos é considerado adulterado, sendo impróprio para o consumo por representar risco para a saúde pública. O consumidor, ao ingerir leite com estes resíduos pode desenvolver reações alérgicas ou mesmo resistência bacteriana. A pasteurização do leite não destrói os resíduos de antibióticos, sendo importante que o produtor descarte o leite durante o período de carência. Em 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) implantou no Brasil o programa de análise de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal (PAMvet), visando o controle destes resíduos nos alimentos. O leite é um dos principais alimentos pesquisados, devido à sua grande importância na alimentação da população brasileira. A ação da Anvisa vem ampliando-se a cada dia, sendo imperativa a observação dos prazos de carência no uso de antibióticos ou melhor, a prevenção das mastites para minimização da utilização destes medicamentos. A mastite bovina determina importantes perdas econômicas, principalmente devido à redução da produção leiteira, bem como pelos custos com assistência veterinária e medicamentos, maior necessidade de mão-de-obra durante o manejo e substituição dos animais cronicamente infectados.


HORTICULTURA

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LEITE FOTOS: Divulgação EUROLATTE

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A porta de entrada para os microorganismos causadores da mastite geralmente é o canal da teta, portanto, devemos fortalecer as barreiras que dificultam a penetração destes microorganismos. Para sucesso desta medida, é imprescindível a participação e o empenho do ordenhador, que muitas vezes precisa receber treinamento para cumprir seu papel de forma eficiente. A seguir listamos características interessantes que o ordenhador deve possuir: a) - Conhece o seu valor e busca aprimorar-se, pois trabalha na produção de alimento nobre. b) - Cultiva bons hábitos de higiene pessoal, mantendo unhas sempre aparadas, usando roupas limpas, gorros ou bonés e lavando sempre as mãos antes de tocar nas tetas, pois muitos microorganismos podem ser transmitidos do homem para as vacas. c) - Não fuma, ao menos durante a ordenha. d) - Mantém o material da ordenha sempre limpo. Peneiras, baldes e latões devem ser lavados após cada ordenha com água e detergente, sendo bem enxaguados e emborcados em local seco e limpo. e) - Limpa o local de ordenha ao fim da mesma, diariamente, minimizando a possibilidade de contaminação dos animais. f) - Ausenta-se da função de ordenha quando enfermo, pois algumas bactérias da mastite podem ser originadas de infecções respiratórias do homem. g) - O ordenhador deve conduzir a ordenha de forma tranquila e organizada, mantendo registro individual e atualizado das vacas, para acompanhamento da produção e saúde das mesmas.

A maior atenção ao momento da ordenha sempre indicará que um dos principais fatores relacionados à ocorrência de mastite bovina é a falta de higiene. Medidas simples adotadas como rotina, como a retirada dos primeiros jatos de leite na caneca de fundo escuro, a lavagem, desinfecção e secagem dos tetos com papel toalha antes da ordenha, bem como, a desinfecção dos tetos pós-ordenha com iodo glicerinado, podem gerar ótimos resultados na prevenção da mastite. Cuidados tomados ao fim da ordenha são igualmente importantes, pois a limpeza dos utensílios e da sala de ordenha, reduzem a contaminação dos animais. Assim também, o fornecimento de alimento às vacas, imediatamente após a ordenha, evita que estes animais deitem-se, quando os canais das tetas ainda encontram-se abertos e mais sujeitos à entrada de microorganismos. Quanto maior a adoção destas medidas, maior será o controle da mastite e, consequentemente, melhores os resultados de produção do seu rebanho.


CANA DE AÇÚCAR

IAC revoluciona mais uma vez e desenvolve mudas pré-brotada (MPB)

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FOTOS: A Cultivar

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squeça o velho jeito de plantar a cana de açúcar, como foi aprendido pelos portugueses ainda nas Índias: jogar os toletes no sulco e esperar a brotação. Agora a cana já vai para o sulco pré-brotada através do Sistema de “Muda PréBrotada” ou MPB, criado pelo Centro Cana do IAC - Instituto Agronômico de Campinas (SP), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O método é resultado da pesquisa que se iniciou depois do boom da cana no Brasil em 2003 e significa maior eficiência e ganhos econômicos em viveiros e lavouras. O Sistema MPB contribui para tornar mais ágil o processo de produção de mudas de cana de açúcar e elevar o seu padrão de fitossanidade, o que as torna mais vigorosas e reduz as falhas no plantio. Trata-se, portanto, de um método seguro para levar ao campo um material selecionado. Segundo os pesquisadores do Centro Cana sediado em Ribeirão Preto (SP), será uma revolução sanitária nos canaviais ao mesmo tempo que se introduzem rapidamente as novas variedades, mais produtivas. Para o pesquisador Marcos Landell, os benefícios são diretos e indiretos. “Com o sistema mecanizado de plantio de cana, cada hectare plantado pode consumir até 20 toneladas de muda de cana. Em cada metro de sulco se deposita de 40 a 50 toletes, mais popularmente conhecidos como “gomos”, onde ficam as gemas de brotação. Com o MPB, em cada metro se utiliza apenas duas mudas, ou seja, deixa-se de enterrar milhares de toneladas de cana que podem ser destinados à indústria”. Segundo as contas de Landell, se São Paulo renova cerca de 1 milhão de hectares de canaviais por ano, o aumento da eficiência possibilitada pela adoção do Sistema MPB permitiria que 15 milhões de toneladas de cana deixassem de ser enterradas e fossem destinadas para a produção de etanol e açúcar, traduzindo ganhos financeiros e aumento na arrecadação de impostos.

Mesmo para os leigos, ao olhar os tubetes com as mudas, é possível perceber o vigor delas. O trabalho envolve a seleção da matéria prima, começando pelo corte manual dos colmos onde só as gemas saudáveis serão aproveitadas, depois tratadas e colocadas em caixas com substratos para brotar em ambiente controlado. Em 60 dias, as mudas já podem ir para o campo e se desenvolverem em um canavial denso, alto e praticamente sem falhas. Uma pesquisa como esta é apenas o início de um ciclo. Fabricantes de máquinas já se preparam para produzir uma plantadora que atenda a demanda para o plantio comercial. E os viveiros serão mais uma fonte de emprego e renda. O jovem MPB já resulta na volta dos viveiros no Estado de São Paulo, sendo que cooperativas e fornecedores de cana já enxergaram o seu potencial e reservaram áreas para o início dos trabalhos. O viveiro de MPB, por exigir uma área menor para a mesma quantidade de mudas produzidas, será também uma alternativa para o pequeno produtor que não conseguirá cumprir a legislação ambiental paulista e colher mecanicamente a cana, seja por questões econômicas ou técnicas. A logística no setor também muda ao representar economia de combustível, de mão de obra, menor emissão de gases, aumento de produtividade e eficiência. Isso porque no sistema MPB será necessário, para o plantio de quatro hectares, apenas um caminhão pequeno para substituir os quatro caminhões grandes e carregadeiras utilizados no sistema atual. A ciência cumpre mais uma vez o seu papel de impulsionar o agronegócio. Para o pesquisador Marcos Landell esta é uma das missões do Estado. (Fonte: ABAG-Ribeirão Preto)


ABELHAS

Franca (SP) realizou em novembro o 4º Seminário de Meliponicultura

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Colônia de Uruçu-Amarelo do Meliponário Abelha Brasil, destacando a rainha com abdômen maior.

FOTO: Editora Attalea

cidade de Franca (SP) vem se tornando a capital da Meliponicultura (criação de abelhas nativas, sem ferrão) do Estado de São Paulo e do Brasil. Graças ao empenho da Prefeitura de Franca, em parceria com o Meliponário Abelha Brasil, da Embrapa Meio Ambiente e do SENAR-SP, através do Sindicato Rural de Franca (SP), foi realizado de 7 a 9 de novembro deste ano o 4° Seminário de Meliponicultura de Franca, evento este que reuniu mais de 150 participantes, entre criadores e pesquisadores, de praticamente todos os estados brasileiros. “Temos como princípio estimular o desenvolvimento do município, mas garantindo a preservação do meio ambiente aliada à geração de renda na propriedade rural. E a Meliponicultura é uma das atividades que a Prefeitura tem por obrigação estimular”, garantiu Alexandre Ferreira, prefeito de Franca.

FOTO: Abelha Brasil

Evento organizado pela Prefeitura Municipal atrai mais de 150 criadores e pesquisadores

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O criador Marco Pignatari, diretor do Meliponário Abelha Brasil, sediado em Franca (SP).

Contando com o apoio do SENAR-SP; de Marco Pignatari, diretor do Meliponário Abelha Brasil, de Franca (SP) e com mais de mil colméias de cerca de 20 espécies nativas brasileiras; e também do pesquisador Ricardo Camargo, da Embrapa Meio Ambiente, de Jaguariúna (SP), o evento vem se tornando um dos principais seminários da área no país. Tanto assim que criadores e pesquisadores renomados dos quatro cantos do país estiveram em Franca durante os três dias do evento. Como foi o caso do criador Wilson Melo, criador de abelhas Tubi do município de Barra do Corda (MA), famoso por várias reportagens veiculados no Programa Globo Rural, da Rede Globo e também por pesquisas medicinais de própolis e pólen realizadas por pesquisadores da USP - Universidade de São Paulo. Sob a organização do biólogo e técnico em agropecuária, Célio Augusto Pereira Rodrigues, o 4° Seminário de Meliponicultura de Franca contou com várias mesas-redondas, onde se discutiu temas como: “Desafios, Gargalos e Oportunidades da Meliponicultura no Brasil”, “A Meliponiculutra na Região Norte”, “A Meliponicultura no Paraná e em Santa Catarina”, “Mercado e Produtos da Meliponicultura”, “Povoamento do Meliponário”, “O Mercado Gourmet para os Produtos do Meliponário”, dentre outros. Além destes temas, foram discutidos também a importância da legislação (Ibama e Rispoa), a importância


ABELHAS

Humberto Bernardes, Cristiano Menezes, Marco Pignatari, Wilson Melo, Aloisio e o organizador Célio Augusto Pereira Rodrigues.

FOTO: Prefeitura de Franca

de cooperativas e associações, a formação da Câmara do Mel do Estado de São Paulo, a realização do Seminário Paulista de Apicultura e Meliponicultura e a Fundação da AMESAMPA - Associação dos Meliponicultores do Estado de São Paulo, além de vários mini-cursos práticos. O evento foi um sucesso. E destacamos dois resultados imediatos com a realização deste seminário. Primeiro, foi criada a AMESAMPA e a realização do Seminário Paulista de Apicultura e Meliponicultura ficou confirmado para 2015 em em Franca (SP). No evento, os Organizadores distribuiram uma cartilha organizada e impressa com o apoio do SENAR-SP, através do Sindicato Rural de Franca (SP)

FOTO: Abelha Brasil

FOTO: Prefeitura de Franca

atrofiado), algumas destas abelhas podem machucar pela força mandibular. Não existe nada mais ecológico do que criar abelhas silvestres. Praticamente todas as culturas agrícolas do mundo são dependentes de sua polinização. Algumas espécies de abelhas nativas são subterrâneas e tem sua existência comprometida pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos. O desmatamento crescente, o aumento da poluição e extrativismo de colméias por meleiros, tem acabado significativamente com populações destas abelhas.

ABELHAS NATIVAS DO BRASIL - São aquelas que produzem mel com alto teor de açúcar e, portanto, com mais sabor. A meliponicultura é vantajosa ao produtor, já que a venda do produto pode render até cinco vezes mais do que a do mel comum. Apesar de não ferroarem (por ter o ferrão

Participantes dos Mini-Cursos, realizados no meliponário existente no Parque de Exposições “Fernando Costa”, em Franca (SP), e mantido pelo Município.

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