Edição nº 87 janeiro 2014

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EDITORIAL

DESTAQUE: Café TECNOLOGIA PECUÁRIA

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Composta por 55 municípios localizados no noroeste do Estado de Minas Gerais, a Região do Cerrado Mineiro, até então reconhecida por obter a primeira Indicação de Procedência – IP para café no Brasil, conquistou, recentemente, a primeira Denominação de Origem - DO para café no país. Tanto o DO como o IP são indicações geográficas que se referem a produtos ou serviços de uma origem geográfica específica. Os registros reconhecem reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local.

Sistemas Silvipastoris na pecuária da Colômbia

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Artigo que retrata modelos de pecuárias sustentáveis na Colômbia (Sistemas Silvipastoris), onde pecuaristas sul-amazonenses promoveram uma visita no final do ano passado.

Safrinha com Crotalária diminui gastos com a produção

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Diminuição de pragas, de doenças e de nematóides fitoparasitos são os principais benefícios que a rotação da segunda safra (conhecida por Safrinha) com adubação verde.

O que falta ao café brasileiro

CAFÉ

C

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Artigo de Benjamim Duarte que retrata com enorme clareza a real situação da cafeicultura no Estado de Minas Gerais, abrangendo a economia, propriedades, ocupação, etc.

Manejo da adubação potássica na produção

CAFÉ

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om quase 300 anos de cultivo de café, com 40% do mercado produtor e praticamente o segundo mercado consumidor de café do planeta, o Brasil conseguiu nos ultimos meses “resgatar” muito mais que a história e a tradição na produção de cafés de qualidade. Com a confirmação do INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial do registro de Denominação de Origem para o Café do Cerrado Mineiro, duas das principais regiões produtoras do país passam a ser reconhecidas mundialmente através de Indicações Geográficas, garantindo a reputação, qualidade e características específicas de cada local. Parabéns aos cafeicultores do Cerrado Mineiro e da Alta Mogiana. Mas especificamente, parabéns à Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro e à AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana pelo trabalho. Ainda na cultura do café, publicamos nesta edição artigo do consultor Renato Brandão, do Grupo Bio Soja, sobre a importância da adubação potássica na produção do cafeeiro. Também publicamos artigo do Engº Agrônomo Benjamim Duarte sobre a real situação da cafeicultura no Estado de Minas Gerais. Na pecuária, publicamos duas importantes matérias. A primeira, dos pesquisadores da Universidade Potiguar, do Rio Grande do Norte, mas que servem de parâmetro para todos os estados brasileiros, mostra a importância do controle de custos de produção em uma propriedade leiteira. Publicamos a primeira parte do trabalho, sendo que a parte final será publicada na próxima edição. A segunda matéria mostra a importância dos Sistemas Silvipastoris adotados pelos pecuaristas da Colômbia. No cultivo de grãos, mais um excelente artigo dos pesquisadores da Embrapa sobre a mais importante praga da agricultura brasileira do momento: a lagarta Helicoverpa. Um excelente 2014 e uma boa leitura a todos!

Cerrado Mineiro recebe D.O. do INPI

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

Helicoverpa, desafio para a agricultura brasileira

GRÃOS

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A qualidade do café e o resgate da tradição

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Artigo da Embrapa apresenta as mais recentes novidades sobre o controle químico e preventivo de uma das mais importantes para várias culturas agrícolas do Brasil.


LEITE

Controle de custos de produção em uma(A) empresa agropecuária de gado leiteiro

E

Adson Alexandre Araújo 1 Humberto Luís Teixeira Correia 2 Claude Alexandre de Medeiros Marques 3

m resumo, o presente estudo realizou-se em uma empresa rural situada no município de Ceará Mirim (RN), durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2013, onde foram apurados os custos na produção do leite utilizando os princípios do Custeio por Absorção. A análise dos dados possibilitou saber o custo do leite fazendo uma comparação entre as receitas e custos dos meses estudados, bem como o resultado contábil e financeiro. Verificou-se que nos meses de chuva a empresa obteve lucro e no mês de seca, prejuízo. Na análise financeira, observou-se que os meses que deram lucro se tornaram mais lucrativos e o mês de outubro, que na análise contábil havia apresentado prejuízo, também se mostrou rentável. Essa variação entre lucro e prejuízo nos dois primeiros meses analisados ocorreu porque, graças à chuva, o capim estava abundante e seu valor se tornou mais acessível. No último mês, porém, a chuva cessou abrindo caminho para a seca fazendo com que os valores do capim aumentassem significativamente, sendo necessária a troca da alimentação dos animais, elevando os custos. Recomendou-se ao empreendedor, para um melhor aproveitamento dos meses de chuva, criar uma reserva de contingência para os meses de seca.

1. - INTRODUÇÃO Atualmente, com a velocidade da informação e as novas tecnologias, a contabilidade vem se tornando cada vez mais importante, já que com a obtenção da informação de como está seu negócio, pode-se tomar decisões com as quais se espera um caminho de lucro. Na contabilidade atual, há diversas segmentações nela inseridas, sendo uma delas a contabilidade rural, que é voltada para um ambiente não muito comum da contabilidade já que não é uma das mais atraentes contabilidades da era moderna.

AUTORES

1 - Bacharelando em Ciências Contábeis pela UnP - Universidade Potiguar. Email: adson_araujo@gmail.com 2 - Bacharelando em Ciências Contábeis pela UnP - Universidade Potiguar. Email: correia.contador@gmail.com 3 - Orientador. Especialista em Auditoria Empresarial-UFRN. Professor da Universidade Potiguar. Email: claude.marques@ unp.br. A - Parte 1 - Artigo apresentado à Universidade Potiguar- UnP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis.

Dentro da contabilidade rural, tem um segmento contábil denominado de agronegócio que possui características próprias e é mais destinada a parte da pecuária. A agropecuária é de suma importância na economia brasileira, já que o Brasil é o país que mais exporta carne bovina no mundo. Apenas ao se observar aos números, chegasse facilmente a essa certeza, onde 7% do PIB brasileiro são gerados através do agro negócio pecuário, os derivados do bovino abastecem mais de 40 segmentos industriais diferentes como, por exemplo: indústrias de alimento, têxteis, calçadistas e outras, além de gerar milhões de empregos. No rio grande do norte, foi graças a pecuária que o sertão foi povoado e com isso foram surgindo cidades como por exemplo, Pau dos Ferros. O setor pecuário do rio grande do norte hoje tenta se reestabelecer no mercado, onde no passado o estado era uma das fontes de referencia, hoje devido a forte seca enfrentada anualmente tem a pecuária menos expressiva do nordeste. O objetivo do estudo é demonstrar como se calcula o custo da produção de leite desta empresa agropecuária através de conhecimentos de custos e planilhas para organizar as informações, fazendo uma análise contábil e financeira com objetivo de saber quanto foi a receita, além de buscar uma forma de aprimorar o lucro desta empresa para os anos futuros, fornecendo informações necessárias para estar preparado para a seca. Além das análises contábil e financeira, foram feitas análises vertical e horizontal para ver a variação nos custos entre os meses de agosto, setembro e outubro do ano de 2013. Na hipótese de que os produtores rurais têm seus custos e despesas demasiadamente altos com o pensamento de aumentar os lucros, pensando que quanto mais gastar, maior será o retorno, usaremos as análises vertical e horizontal para demonstrarmos se essa teoria está correta.

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LEITE

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A necessidade da contabilidade sempre existiu no meio da civilização, uma das pioneiras foi à contabilidade rural, mesmo que em forma de escambo - troca de uma mercadoria por outra. No entanto, essa não permitia saber quanto se ganhava e nem quanto se perdia, uma vez que os valores daquela época eram diferentes dos de hoje. Com o tempo, ela foi se tornando uma maneira inviável de mercado, pois os produtores começaram a ver que algumas mercadorias teriam de valer mais que outras, o que provocou o surgimento do custo e valor. Com o passar dos anos a contabilidade rural passou por diversas transformações e estudos de como se deve registrar o patrimônio. A empresa rural tem grandes variações para uma empresa de serviço ou comércio normal, grande diferença está no início de seu exercício que se dá quando seus estoques estão prontos para a colheita (milhos, cana-deaçúcar, batata) ou para o abatimento (carne bovina, ovina, suína). Percebendo que as empresas de outros setores têm uma receita praticamente mensal, situação que não ocorre nas sociedades rurais que ficam a mercê, principalmente, dos fatores naturais, por isso o início diferenciado do exercício nas empresas rurais. A contabilidade do agronegócio pode ser dividida em vários segmentos, por exemplo: contabilidade agrícola (cultivo e colheita de plantação), contabilidade zootécnica (melhoramento genético, reprodução), contabilidade pecuária (cultivo e corte de gado), contabilidade agropecuária (cultivo e colheita de plantação e cultivo e corte de gado) e contabilidade da agroindústria (queijo, mel). Cada uma possui uma característica peculiar. Segundo Marion (2012, p. 2), “Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Uma das variações das empresas rurais que fazem parte do ativo, como por exemplo, o ativo biológico (um boi reprodutor, ou um gado leiteiro, por exemplo). Segundo Marion (2012), os ativos biológicos são tudo que nasce, cresce e morre no ambiente rural. Sendo levados em consideração os ativos biológicos de uma empresa para chegar ao valor do bem serão usados alguns métodos, o mais usado é o preço de mercado, por facilitar a venda (variando de acordo com o bem sendo ele estoque ou imobilizado). A depreciação de ativos biológicos ocorre de formas distintas, na contabilidade pecuária, pois o gado tem formas diferentes de depreciação, ocorrendo divergências no método que será utilizado, conforme Marion (2012) um dos problemas na depreciação do gado é quanto ao método a ser utilizado, considerando que sua potencialidade é reduzida e acelerada ao final de sua vida útil. 2.1 - CUSTOS INCIDENTES NA CONTABILIDADE Os custos na contabilidade ocorrem em diversas formas na produção, possuindo uma margem que é variável e outra que é mais fixa, por exemplo: Custos relevantes e não relevantes, diretos e indiretos, variáveis e fixos, semivariáveis e semifixos. Wernke (2008, p. 12) define custos da seguinte forma: “São os gastos efetuados no processo de fabricação de

bens ou de prestação de serviços”. Existem algumas maneiras de se analisar os custos, uma delas é a análise vertical, que se baseia nos valores relativos das contas das demonstrações financeiras (DRE, Balanço Patrimonial), para isso é calculado o percentual por cada conta utilizando o seu valor base. A análise vertical visa mostrar a importância relativa de cada conta dentro da demonstração e, através da comparação com padrões do ramo de atuação ou com padrões de anos anteriores da própria empresa, permite inferir se há itens fora das proporções necessárias. Essa análise mostra, inclusive, qual a participação de terceiros, qual a distribuição de curto e longo prazo, qual recurso está no ativo circulante e qual está no ativo permanente, etc. A comparação com empresas do mesmo ramo de atividade permite verificar os pontos fortes e fracos em relação à outra. Assaf Neto (2007, p.123), “dispondo-se dos valores absolutos em forma vertical, pode-se apurar facilmente a participação relativa de cada item contábil no ativo, no passivo ou na demonstração de resultados, além de sua evolução no tempo”. 3. - METODOLOGIA O estudo trata de uma pesquisa exploratória, pois será pesquisado um assunto pouco explorado, visando desenvolver e esclarecer abordagens futuras. Ao término dessa pesquisa, será possível construir algumas hipóteses. Segundo Gil (2008), “Por ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre é tratada como um estudo de caso”. O conteúdo desse texto foi pesquisado através de normas e pesquisas bibliográficas, e também pelo interesse pela aplicação da ciência contábil em um ambiente rural, através da aplicação dos métodos de contabilidade de custos. Foi realizada uma visita na propriedade a ser estudada, observando a rotina de produção e realizada algumas perguntas. Como a única produção da fazenda é a produção de leite, foi proposto ao proprietário um estudo de três meses para saber seus custos recentes, por ser praticamente inviável fazer a pesquisa em cima dos dados dos últimos dois anos, já que levaria demasiado tempo para alocar todos os custos referentes à sua produção. Os meses que serão analisados neste artigo: agosto, setembro e outubro. A demonstração de dados será através de um percentual, utilizando as análises horizontal e vertical o que facilitará na alocação dos custos no decorrer dos meses. Ao observar essas análises, será permitida uma forma de acompanhar o objeto estudado e estabelecer uma estrutura e a evolução das relações entre os elementos estudados, não considerando despesa como um custo, por isso não foram apropriadas. 4 - CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa estudada foi a Fazenda Betânia, empresa do ramo agropecuária produtora e vendedora de leite, situada na cidade de Ceará-Mirim (RN) e no bairro Várzea de Dentro, tendo a extensão 525 hectares, dos quais 150 são usados para criação do gado, seja para pastagem, para produção de milho ou capim que serve de alimento ou de cocheiras e estábulo para descanso, retirada do leite e alimentação do gado. Fazenda Betânia é uma empresa de empreendedor individual, tributada pelo Simples Nacional.


EVENTOS

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4.1 - IMOBILIZADO DA BETÂNIA O ativo da empresa é bem diversificado composto por várias contas distintas no imobilizado. A empresa possui 110 cabeças de gado de vacas leiteiras e mais 32 bezerras fêmeas que futuramente serão gados leiteiros, contém uma máquina de refrigeração para o leite, fora todas as construções como casas para os moradores, casa principal, cocheiras, cercados de cerca elétrica, almoxarifado e máquinas como tratores e tanque de refrigeração. 4.2 - RETIRADA E VENDA DO LEITE A retirada do leite ocorre uma vez ao dia, começando das 04h30 e indo até às 08h da manhã. São necessários 3 funcionários para a atividade, toda assistida pelo proprietário George. Cada funcionário possui um balde com capacidade para 10L de leite que, quando cheio, é despejado em um tambor de 50L. Quando cada tambor de 50L está cheio, o leite é transportado e despejado no tanque de resfriamento com capacidade de 850L. Acabada a retirada do leite de cada vaca, a mesma é guiada até uma parte do estábulo onde ficam 46 cochos com alimento. A Foto 1 mostra como é feita a retirada do leite da vaca, dando-se destaque ao balde de 10L entre as pernas do funcionário e a garrafa amarela com água para higienização das tetas do animal. Na Foto 2, pode-se observar como é feita a alimentação das vacas após a retirada do leite no estábulo.

FOTO 2 - Alimentação das vacas no estábulo. Fonte: Dados da pesquisa, 2013

FOTO 3 - Tanque de resfriamento. Fonte: Dados da pesquisa, 2013

FOTOS: Humberto Correia

LEITE

FOTO 1 - Retira do leite das vacas no estábulo. Fonte: Dados da pesquisa, 2013

A empresa tem o tanque de resfriamento esvaziado a cada dois dias pela empresa que compra o leite nos meses de agosto e setembro. A venda do leite ocorre da seguinte forma: a empresa vem com um caminhão que tira todo o leite do tanque, pagando à Fazenda Betânia semanalmente. Na Foto 3 é visto o tanque de resfriamento. 4.3 - ESTUDO DE CUSTOS DA EMPRESA BETÂNIA A contabilidade agropecuária é realizada em empresas que são voltadas para a criação de gado de corte ou gado leiteiro. Segundo Nepomuceno (2004), o gado leiteiro é “composto de várias vacas e um ou mais animais reprodutores, cujo objetivo é o de ser destinada a produção do leite, através de métodos utilizados, entre eles, a de inseminação artificial”. O método de custo utilizado será o custeio por absorção que define como custos todos os gastos despendidos e necessários ao processo de produção. Os custos diretos são distribuídos diretamente aos produtos, enquanto os indiretos, como citado acima, são alocados aos produtos com base em critérios de rateio. Analisaram-se os custos que uma potencial vaca leiteira consome desde o início de produção de leite até o fim do seu ciclo de produção de leite, analisando todos os custos em cima disto, alguns desses custos são mão de obra sobre produção, energia na produção, água na produção (irrigação), medicamentos se necessários, gasto com alimentação seja ela do pasto ou de rações ou das plantações e etc. Realizou-se ainda uma análise vertical e horizontal dos seus custos de produção da empresa, referentes aos meses de agosto, setembro e outubro de 2013 para avaliar seu desempenho e observar o valor do custo da produção do leite, e se essa teve prejuízo ou lucro contábil no período determinado. Conforme preceitua Matarazzo (2008, p.245) “na análise vertical da demonstração de resultado calcula-se o percentual de cada conta em relação às vendas”. 4.4 - ALIMENTAÇÃO NA EMPRESA Durante os meses de Agosto e Setembro/13 devido a ser uma época de chuvas, adquiriu-se apenas o Capim


LEITE Brachiaria MG-4, entretanto, no mês de outubro, com o período de seca, foi necessário à compra de um complemento mineral, torta e um volumoso (capim, milho e sorgo). Percebese também que a quantidade de vacas leiteiras utilizadas em outubro foi reduzida justamente por causa da seca. No intuito de cortar os gastos, 32 vacas foram para os cercados e não foi retirado leite das mesmas nesse período. Na empresa os bezerros que nascem machos são vendidos e os que nascem fêmeas são mantidas. Os bezerros se alimentam do capim brachiaria que a empresa compra e de leite da vaca, essa alimentação ocorre após as vacas serem ordenhadas e alimentadas. Apesar de os gastos com os bezerros serem considerados despesa, pois os mesmos ainda não conseguem produzir leite, o leite que eles tomam é sim considerado um custo e o valor a ser calculado por litro desse leite é o valor de venda que a fazenda vende, como pode ser visto no Quadro 02.

Quadro 1 - Alimentação das vacas - Agosto a Outubro/2013 DESCRIÇÃO

MÊS AGO/2013

capim

Tanque Expansão Carroção 10t

0,07

1,75

3.851,75 3.780,00

OUT/2013

volumoso

40

20

kg

0,13

2,6

3.224,00

complemento

40

0,1

kg

2,0

0,2

248,00

torta

40

2

kg

0,9

1,8

2.232,00

VALOR TOTAL GASTO COM ALIMENTAÇÃO COM AS VACAS EM SETEMBRO/2013

VALOR TOTAL GASTO COM ALIMENTAÇÃO COM AS VACAS EM SETEMBRO/2013

3.780,00

5.704,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

Quadro 2 - Alimentação dos Bezerros VALOR VENDA LITROS LITROS PLANTEL DO LEITE POR BEZERROS CONSUMIDOS CONSUMIDOS LITRO POR MÊS POR DIA 1,15 2,5 77,5 21 1,15 2,5 70,5 21

MÊS Agosto Setembro Outubro

2,5

14

1,15

77,5

CUSTO TOTAL 1.871,62 1.811,25 1.247,75

VALOR TOTAL GASTO COM ALIMENTAÇÃO DOS BEZERROS NO TRIMESTRE

4.930,62

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

VIDA VIDA RES- DEPR./ ÚTIL TANTE ANO 1 20% 12.000,00 5 0 10% 9.000,00 10

Quadro 3 - Valor da depreciação dos imóveis VIDA VIDA DEPR./ ÚTIL RESTANTE ANO 20 35.000,00 25 4% VALOR

ITEM Estábulo

DEPR./ VALOR MÊS POR MÊS $ 116,67 0,33%

Cocheira

4.000,00

25

25

4%

0,33%

$ 13,20

Almoxarifado

3.500,00

25

0

4%

0,33%

$

irrigação

8.000,00

10

8

10%

0,83%

$ 66,67

Cerca elétrica

12.000,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Cerca elétrica/ 0,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013 DEPR./ VALOR MÊS POR MÊS $ 200,00 1,67% 0,83%

$

0,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Carroção 1t

3.000,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Carroção Pipa 2000L

3.500,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

35.000,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

800,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

4 bombas irrigação 7,5cv

5.200,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Bomba Irrigação 10cv

1.500,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Bomba Irrigação 13cv

1.650,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Máquina Forrageira

800,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Quebradeira Mandioca

240,00

10

0

10%

0,83%

$

0,00

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

kg

72

4.800,00

Plantadeira

25

capim

Carroção 4t

Trator

0,07

R$/ R$ TOTAL VACA/DIA 1,75 3.851,75

SET/2013

Quadro 4 - Valor da depreciação dos equipamentos VALOR

R$ UN.

VALOR TOTAL GASTO COM ALIMENTAÇÃO COM AS VACAS EM AGOSTO/2013

4.5 - DEPRECIAÇÃO NA EMPRESA A depreciação é a diminuição do valor do bem por seu uso, como é demonstrado nas tabelas, os equipamentos e instalações utilizadas para a produção referente ao leite, na qual a primeira demonstra a depreciação dos imóveis, que alguns possuem uma vida útil de vinte e cinco anos onde os valores são reduzidos mensalmente, até que chegue ao fim de sua vida útil. Após o fim de sua vida útil, ITEM

NUMERO QUANT/ UN. DE VACAS VACA/DIA kg 25 71

as contribuições deixam de existir, já que os valores foram totalmente depreciados. No Quadro 3 é possível determinar que o estábulo é responsável pela maior contribuição da depreciação dos imóveis; cocheira é responsável pela menor parcela num total de R$13,20 mensal. O total da depreciação dos imóveis é de R$ 197,54 mensal. Nos equipamentos (Quadro 4)só um item contribui com a depreciação do seu uso, já que é um tanque de expansão e foi adquirido recentemente pelo proprietário da fazenda. Continuaremos com este artigo na próxima edição, com mais informações sobre depreciação, custos efetivos e análise financeira.

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PECUÁRIA

Murilo Bettarello1

A

“Gira” técnica para conhecer um pouco mais da pecuária Colombiana ocorreu entre os dias 8 e 14 de dezembro de 2013, e teve como principal objetivo levar pecuaristas de Apuí (AM) para conhecer os trabalhos com Sistemas Silvipastoris (SSPi) desenvolvidos pelo CIPAV (www.cipav.org.co), que é uma organização de fomento e investigação de boas praticas pecuárias e agrícolas. Os pecuaristas sul amazonenses fazem parte de um projeto que assessoramos há 2 anos, realizado pela organização IDESAM (www.idesam.org.br) que visa promover o desenvolvimento e conservação da Amazônia, e a busca por técnicas de produção mais eficientes e sustentáveis, que se adequassem a realidade do sul do amazonas, nos levou a conhecer os Sistemas Silvipastoris Intensivos (SSPi) Colombianos. Os SSPi são praticados na Colômbia há mais de 20 anos e me impressionaram com sua capacidade produtiva, aliada a resiliência de suas pastagens e a baixa utilização de insumos. Nos seis dias de viagem tivemos o privilégio de conhecer 6 fazendas, que aplicam as mais variadas técnicas de produção que podemos adotar e adaptar para melhorar nossa pecuária. Fazenda El Hatico - Valle Del Cauca - A fazenda El Hatico está há 8 gerações na Família Molina. A fazenda possui uma área de 140 hectares de SSPi e 110 hectares de Cana de açúcar orgânica em uma altitude média de 1000 metros com um pluviosidade anual de 785 mm. Nos 140 hectares de SSPi a fazenda possui 1180 animas sendo 650 vacas leiteiras da raça Lucerna. A fazenda possui todos seus piquetes de SSPi divididos em piquetes de 4000 m² que são pastejados durante 1 dia a cada 45 dias e permitem manter uma lotação ao redor de 4,0 U.A/ha sem a utilização de adubos químicos. O SSPi principal utilizado na fazenda possui o con-

FOTOS: Murilo Bettarello

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Pecuária mais sustentável nos Sistemas Silvipastoris colombianos

EL HATICO - Ordenha espinha-de-peixe, com produção de cerca de 2.000L/ dia, ao longo de um ano todo, sem necessidade de suplementação de volumoso.

sórcio entre Leucena, Grama Estrela e Tanzânia. Também são utilizadas fileiras de árvores madeireiras como mogno (aprox. 20 arvores/ha) para servir de reserva de valor e poupança ao longo dos anos. Fazenda Las Canãs - É uma fazenda que está em processo de recuperação, pois suas áreas mais acidentadas se encontravam em avançado processo de degradação e seus solos são muito ácidos. A fazenda está utilizando uma leguminosa do cerrado brasileiro, chamada Cratylia argentea para recuperar a fertilidade de seus solos. O principal consócio da fazenda é de B.ruziziensis ou B.decumbens com Cratylia. Fazenda Petequi - É Um pequena fazenda familiar que possui 15 hectares de pastagens, divididos em 28 piquetes de SSPi para rotacionar 44 vacas de leite, com uma produção diária de apóx. 400 lts/dia. A vacas são suplementadas apenas durante a ordenha e o sistema não necessita de fornecer suplementação de volumoso durante a época de pouca pluviosidade, visto que em um SSPi a o microclima é mais equilibrado. Também é utilizado cercas vivas com a espécie Gliricidia sepium que possui como vantagem o baixo custo de manutenção da cerca, a palatabilidade aos animais e a

EL HATICO - Vaca leiteira da raça Lucerna pastejando SSPi consorciado com Leucena.

AUTOR

1 - Engenheiro Agrônomo e consultor da empresa Via Verde Consultoria Agropecuária. Email: mbettarello@viaverde.agr.br

LAS CAÑAS - Pastos consorciados entre B. humidicola e Cratilia.


FOTOS: Murilo Bettarello

PECUÁRIA

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PETEQUI - Divisão de piquetes com cerca viva da espécie Gliricidia.

PINZACUA - Linhas de Ingazeiros em pastagens com grama Estrela.

reprodução por estaquia. Fazenda Los Chagualos - É uma fazenda familiar que trabalha com uma espécie forrageira arbustiva que chama Thiotonia diversifolia (Botão de Ouro ou Margaridão). Esta espécie apesar de não ser leguminosa se adapta muito bem em solos ácidos e de baixa fertilidade. O proprietário utiliza banco forrageiro de Margaridão devido ao seu alto teor de proteína, para completar a suplementação de vacas de leite com Cana de Açúcar. Neste caso o margaridão é picado diariamente e fornecido com cana, o excedente é ensildado para épocas de menores disponibilidade de forragem. Fazenda Lucerna - Trabalha na produção leiteira desde 1936, quando começou os trabalhos de melhoramento genético e criação da raça Lucerna (40% holandês, 30% Hartón Del Valle e 30% Shorthon) . Antes de se converter para produção baseada em sistemas silvipastoris intensivos, a fazenda praticava uma pecuária intensiva com a utilização de 600 kg de uréia por hectare e outros adubos necessários para correção do solo possuindo lotação média de 4,0 vacas leiteiras/ha. Há 20 anos a fazenda iniciou um trabalho de implantação de árvores e leguminosas em suas pastagens e hoje não utiliza adubação química, conseguindo manter a mesma média de 4,0 vacas por hectare. Para isso a fazenda divide pequenos módulos de 6 á 7 hectares em 30 piquetes de 2.000 m² que suporta 25 a 30 vacas de leite. No momento da visita a fazenda Lucerna contava com aproximadamente 7 lotes (210 Vacas em lactação) com uma produção de 2.100L/dia. Fazenda Pinzacua - A fazenda recria bovinos de corte ½ sangue Angus e Brahman para produção de carne de qualidade. A fazenda faz reflorestamento em linhas de ar-

vores madeireiras como Cedro e Mogno para venda futura. De acordo com o proprietário a pecuária de corte “custeia” a fazenda e o lucro maior é obtido com a venda de madeira nobre. A principal leguminosa utilizada no sistema é o Ingá, que é plantado em linhas com cerca de 40 arvores por hectare, que com o manejo da sombra através de podas periódicas possibilita o proprietário trabalhar com uma lotação de 4,0 U.A/ha. As técnicas e os sistemas de produção relatados nas fazendas visitadas, são adaptações dos próprios produtores de trabalhos acadêmicos e observações entre intercambio com outros produtores. Algumas destas praticas podem ser adaptadas e muito benéficas para pecuária brasileira em diferentes escalas, principalmente na agricultura familiar. As pastagens com sistemas silvipastoris, apesar de serem mais custosas na implantação, possuem um custo de manutenção e um risco menor do que uma pastagem com alta utilização de insumo, em um mundo que demanda mais alimentos e maiores produtividade, pode ser uma interessante alternativa para recuperar pastagens degradadas e aumentar a produção pecuária.

LOS CHAGUALOS - Thiotonia sendo utilizada como banco forrageiro.


ADUBAÇÃO VERDE

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Segunda Safra (safrinha) com Crotalária diminui gastos com a produção

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iminuição de pragas, doenças e nematoides fitoparasitos, esses são alguns dos benefícios que a rotação da segunda safra com adubação verde traz à sua plantação. Esse é o tema da nova campanha da Sementes Piraí para as culturas de Grãos e de Inverno com um alerta geral “Não cultive as pragas, cultive o futuro do solo”. O não uso da rotação de culturas leva, inevitavelmente, ao aumento de pragas, doenças e nematoides fitoparasitos e, com isso, ocorre à redução da produtividade e consequentemente um aumento do custo de produção, pela necessidade do uso frequente de defensivos agrícolas. A disseminação de nematoides nas culturas produtoras de grãos tem acontecido de forma acelerada e generalizada. Os estudos comprovam a necessidade da rotação de culturas com plantas não hospedeiras desses nematoides, onde se recomenda a Crotalaria ochroleuca e a Crotalaria spectabiliscomo as melhores opções, inclusive a “rotação entre as duas Crotalárias”, obtendo-se um melhor resultado na eficiência dos adubos verdes. Além da Crotalaria spectabilis, estudos recentes apresentam a Crotalaria ochroleuca como uma alternativa com o mesmo nível de controle, principalmente para o nematóide das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus.

Para obtenção dos melhores resultados, realizar o plantio logo após a colheita da soja ou do milho de verão e semear os adubos verdes no limpo, após a prática da limpeza/ dessecação das ervas daninhas e da soja “tiguera”, que podem ser hospedeiras de nematoides e de outras pragas e doenças. No início do florescimento, deve-se realizar o manejo com a dessecação das Crotalárias para uma maior eficiência e maximização das vantagens técnicas da adubação verde e cobertura vegetal. Confira todas as informações sobre a Campanha da Piraí Sementes na página: www.pirai.com.br/segundasafra Saiba mais sobre a Adubação Verde - A Adubação Verde é uma prática milenar que utiliza plantas como adubo. Os Adubos Verdes crescem antes ou junto com as plantações. Depois da colheita, podem ser misturados, incorporados, ou, apenas deixados sobre a TERRA. Enquanto vão se decompondo, servem de alimentos para os organismos do solo. São eles que liberam os nutrientes dos adubos verdes para que as outras plantas possam se beneficiar. A adubação verde devolve e reativa a vida do solo gerando SUSTENTABILIDADE que RECUPERA e mantém estável a sua capacidade PRODUTIVA. (Fonte: Departamento de Comunicação Piraí Sementes/Join Agro)


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Brasil exporta mais café para os árabes

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s exportações de café do Brasil para os países árabes cresceram 36% em volume em 2013, de acordo com o relatório divulgado no início do ano pelo CECAFÉ - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Segundo o levantamento, entre janeiro e dezembro de 2013 o Brasil embarcou 1,49 milhão de sacas de 60 quilos de café verde para a região. O faturamento com estes embarques chegou a US$ 222,9 milhões, superior à receita de US$ 210,8 milhões obtida em 2012. O mesmo estudo mostra que as vendas para a União Europeia cresceram 9% e os embarques para o Mercosul caíram 16% no período. Diretor da Império Café, exportadora do grão em Colatina (ES), Henry Stefenoni afirma que as exportações aos países árabes cresceram porque há maior demanda destas nações pelo produto. “Acredito que o relacionamento entre os países da região e o Brasil está mais próximo, o que incentiva a compra de café”, afirmou. Segundo Henry, as vendas da Império Café para a região também cresceram 30% em 2013 e a expectativa é manter um bom volume de embarques neste ano. “O país árabe que se destacou nos nossos negócios foi a Jordânia. No geral, os importadores compraram para consumir o produto no seu mercado de origem e não para revender”, afirmou Henry. Mais Volume, Menos Receita - De acordo com os dados divulgados pela Cecafé, as exportações brasileiras do

grão cresceram em volume em 2013: a alta foi de 10,2% em comparação com 2012, e o volume total embarcado chegou a 31,2 milhões de sacas. A receita obtida com as remessas, no entanto, caiu. Em 2013, as vendas somaram US$ 5,15 bilhões. No ano anterior, foram US$ 6,364 bilhões de receita. No comunicado divulgado pelo Cecafé, o diretor geral da instituição, Guilherme Braga, afirma que as exportações estão se recuperando “em termos de volume” porque o País voltou a exportar acima do patamar de 30 milhões de sacas. Braga também observou que cresceram as vendas dos cafés “diferenciados”, de maior qualidade. Em 2013, a exportação deste tipo de café cresceu 5% na comparação com 2012 e chegou a 5,061 milhões de sacas. No geral, 85% do café exportado pelo Brasil em 2013 foi do tipo arábica, 10,7% foi solúvel, 4,2% foi do tipo robusta e 0,1%, torrado e moído. A expectativa do Cecafé é que as exportações fiquem entre 32 milhões e 33 milhões de sacas em 2014. Entre os principais mercados compradores, a liderança é dos Estados Unidos, que importaram 6,14 milhões de sacas no ano passado, um aumento de 14,96% sobre 2012. Foram seguidos por Alemanha, Japão, Itália, Bélgica, Rússia, Espanha, Eslovênia, França e Inglaterra. Entre as regiões, os principais compradores foram os países da Europa, seguidos por América do Norte, Ásia, América do Sul, África, América Central e Oceania. (FONTE: Agência de Notícias Brasil - Árabe)

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Região conquista a primeira Denominação de Origem para o café no país

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Cerrado Mineiro se destaca na produção de cafés diferenciados

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omposta por 55 municípios localizados no noroeste do Estado de Minas Gerais, a Região do Cerrado Mineiro, até então reconhecida por obter a primeira Indicação de Procedência – IP para café no Brasil, conquistou, recentemente, a primeira DO para café no país. Tanto o DO como o IP são indicações geográficas que se referem a produtos ou serviços de uma origem geográfica específica. Os registros reconhecem reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local. De acordo com o INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, uma indicação geográfica comunica ao mundo que determinada região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência. O novo registro, de Denominação de Origem, concedido pelo INPI, vai além das características do território. Ele valoriza e diferencia ainda mais o produto. Para se conquistar uma DO é preciso comprovar que o café produzido naquela região é único, possui características que somente podem ser obtidas naquele local. Isso envolve não somente fatores naturais como clima, solo, relevo e altitude, mas também fatores humanos. A soma desses fatores forma o “saber fazer”, que distingue o produto daquela região.

As tecnologias empregadas na produção do café da Região do Cerrado Mineiro foram determinantes para viabilizar a cafeicultura no local e até hoje continuam influenciando diretamente o “saber fazer” e as características do produto. Para cumprir o desafio de produzir cafés de qualidade no Cerrado, as instituições do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, juntaram esforços em projetos multidisciplinares e desenvolveram tecnologias inovadoras para essa região, caracterizada por estiagens prolongadas e solos de baixa fertilidade. Dentre as principais tecnologias utilizadas nesse sistema produtivo destacam-se a correção do solo, adubação, irrigação e cultivares. “Podemos dizer que as instituições do Consórcio tiveram papel decisivo para que a cafeicultura do Cerrado viesse a ter hoje o sucesso que tem, pois viabilizaram a produção em nossos solos”, disse o Diretor de Marketing da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal. Tarabal acrescenta que a Região do Cerrado Mineiro é reconhecida por ter 100% das propriedades mecanizadas, empregar a agricultura de precisão, fazer uso da fertirrigação, quimigação e irrigação subterrânea, entre outras técnicas. A região possui o custo de produção mais competi-


tivo da cafeicultura brasileira. Além disso, a cafeicultura familiar local é também altamente competitiva, realiza mecanização técnica e comercializa.

FOTO: Embrapa Café

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Estresse hídrico – A irrigação de café com estresse hídrico controlado veio para contradizer a ideia de que a irrigação durante o ano todo faz parte do manejo eficiente de cafeeiros no Cerrado. Essa tecnologia de manejo de água na cafeicultura irrigada, desenvolvida pela Embrapa Cerrados, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, foi validada não só em experimentos como também em fazendas produtivas de várias regiões brasileiras. “Partimos da teoria de que as necessidades fisiológicas das plantas devem ser respeitadas. Caso contrário, tem-se grande variação anual da produtividade, como bienalidade acentuada e desuniformidade na maturação dos frutos, devido à ocorrência de múltiplas floradas”, explica o pesquisador e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Fernando Guerra. Segundo o gerente de pesquisa, a prática do estresse hídrico controlado não custa nada mais ao produtor e ainda traz redução dos custos de água e energia (em média de 33%), economia no processo de colheita e uma visão sustentável do agronegócio, tanto do ponto de vista ambiental como da competitividade. “O uso do estresse hídrico controlado na estação seca do ano proporciona uniformização

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da florada do cafeeiro e, consequentemente de maturação, é um processo tecnológico que também permite a obtenção de 85% ou mais de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais, de maior valor de mercado. Além disso, garante redução de 20% para 10% de grãos mal formados e reduz em 40% a operação de máquinas. É a viabilização e a otimização da cafeicultura irrigada no Cerrado brasileiro”, conclui. Adubação fosfatada em café - De acordo com An-


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tonio Guerra, hoje sabe-se que há resposta à adubação de fósforo em cafeeiros. “Em geral, essa tecnologia é usada em conjunto com a irrigação, mostrando sinergia. Há também, como resposta, expressivo aumento de produtividade, mais energia, vigor e sanidade das plantas”, completa Guerra. O estudo mostrou que o cafeeiro responde positivamente à aplicação de fósforo no solo em sua fase de produção e comprovou que a adição do fósforo traz benefícios para a planta tanto em solos de média a alta fertilidade como também em solos de baixa fertilidade, como os do Cerrado, onde a planta responde com grande intensidade. As pesquisas sobre a influência do fósforo no cafeeiro puderam ser intensificadas a partir do desenvolvimento da tecnologia do estresse hídrico controlado. “Existia uma demanda crescente por informações sobre a influência da adubação fosfatada no desenvolvimento, vigor das plantas e pegamento da florada. Além disso, pode-se constatar que o nível de fósforo observado nas análises do solo de alguma forma não representava o que realmente estava disponível para os cafeeiros. Os resultados demonstram que o ajuste nutricional é necessário também nas lavouras de sequeiro”, concluiu o pesquisador. A bienalidade do cafeeiro é uma questão intrínseca da planta de café e a adubação fosfatada indicou que ela é influenciada também pelo manejo, sendo possível, com práticas agrícolas adequadas, reduzir sua intensidade e manter uma produção mais equilibrada, com maior uniformidade na maturação, grãos vigorosos, sadios e menor custo de produção. Cultivo de braquiária nas entrelinhas dos cafeeiros Outra tecnologia que representa mudança de paradigma é o cultivo de braquiária nas entrelinhas dos cafeeiros, um casamento perfeito também realizado pelas pesquisas da Embrapa Cerrados no âmbito do Consórcio Pesquisa Café. Para Antonio Guerra, braquiária e café combinam sim. “A braquiária faz a ciclagem de nutrientes, notadamente de fósforo, ajudando em sua disponibilidade para as plantas e no controle de erva daninha - e diminuindo o requerimento de roçagem e a aplicação de herbicida. Além disso, visivelmente não prejudica a planta e potencializa a multiplicação de micorriza natural, facilitando a absorção de nutrientes, água e produzindo biomassa, o que melhora a qualidade do solo e fixa carbono da atmosfera. É uma tecnologia sustentável”, explica Guerra. Uma peculiaridade do manejo do mato com a braquiária é que seu sistema radicular é extremamente desenvolvido ajudando na estruturação do solo e dificultando que ocorra erosão. “Cada vez que a braquiária é roçada, ocorre a morte de raízes da gramínea que irão se decompor com o tempo e ajudarão a aumentar o teor de matéria orgânica no solo e sua estruturação. Por esses fatores, a braquiária tem se adaptado muito bem a esse sistema”, disse Guerra. “Essa gramínea possui alta relação carbono/nitrogênio e decomposição lenta. Assim, os microorganismos retiram nitrogênio do solo para fazerem sua decomposição. Como os solos corrigidos de cafezais são, em geral, férteis e com teores médios a altos de matéria orgânica, não é necessário incrementar nenhuma adubação para o café, porque o estoque de nutrientes no solo suporta a decomposição da braquiária sem desequilibrar o sistema”. Segundo o pesquisador, o incremento na adubação em caso do manejo com braqui-

FOTO: Embrapa Café

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ária pode ser necessário em solos pobres e inadequadamente corrigidos. Guerra acrescenta que os microorganismos retiram nitrogênio do solo para decompor a braquiária, mas de forma lenta e contínua e, conforme ela vai sendo decomposta, esse nitrogênio volta para o café disponibilizado pela matéria orgânica. Cultivares utilizadas na região - As cultivares mais utilizadas no Cerrado Mineiro, ocupando cerca de 70% das áreas cultivadas, são Mundo Novo e Catuaí Vermelho. Além dessas, os produtores locais utilizam Topázio MG 1190, Rubi MG1192, Catiguá MG2, Bourbon e Acaiá Cerrado MG 1474, lançada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Universidade Federal de Lavras – Ufla e Universidade Federal de Viçosa – UFV, instituições integrantes do Consórcio Pesquisa Café. De acordo com o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Ferreira Bartholo, os produtores locais utilizam também, em menor escala, cultivares melhoradas resistentes à ferrugem, que trazem a vantagem de reduzir custos com a aplicação de defensivos, reduzindo o impacto ambiental. Característica da produção na Região do Cerrado Mineiro - De acordo com a diretoria da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, a cafeicultura do Cerrado Mineiro é, hoje, a mais tecnificada no mundo. A região abriga 4,5 mil produtores que trabalham na produção do “Café de Atitude” e produz 5 milhões de sacas de 60 kg de café por ano. Grande parte do café produzido pelos 55 municípios da região, localizados no Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas, é exportada. Hoje, Estados Unidos, Japão, Bélgica, Alemanha, Canadá e Reino Unido são os principais mercados consumidores do café produzido no Cerrado Mineiro. Café de atitude - O mercado mundial de café está em crescimento e transformação, influenciado diretamente por novos consumidores, mais exigentes e conscientes. Hoje, para conquistar o reconhecimento desse público, é preciso ter uma nova atitude, pensar na preservação do meio ambiente, e buscar novas formas de produzir e fazer negócio. O desafio dos cafeicultores da região do Cerrado Mineiro é tornar a área uma referência de “atitude” para o novo mundo do café, em termos de produtos, técnicas de cultivo e consciência voltada para a sustentabilidade. (Fonte: Embrapa Gerência de Transferência de Tecnologia).


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recolhedora Robust-Eco foi criada há 5 anos com intuito de suprir uma necessidade dos cooperados da Cocapec em uma etapa importante do cultivo do café, a varrição. Os grãos que caem no chão possuem valor comercial e, dependendo das variações climáticas, a quantidade pode representar uma grande porcentagem da colheita. O desenvolvimento da máquina, mesmo não sendo o foco principal da cooperativa, permitiu aos associados terem acesso ao equipamento com valores competitivos, viabilizando assim a mecanização da cafeicultura na região. Com base na nova Norma Regulamentadora Nº 12 (NR-12) que aborda a segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, e nas orientações do Ministério do Trabalho e Emprego, a COCAPEC desenvolveu melhorias para a evolução de sua máquina Robust-Eco. Entre as melhorias estão: a inclusão de uma tela protetora na esteira e no cardan, que evita acidentes pelo contato direto; a proteção das carenagens, correias e correntes, com possibilidade de remoção apenas nos pontos de lubrificação e a proteção do elevador de grãos. Além disso, foi colocada uma caçamba basculante que substitui a plataforma superior onde antes havia um trabalhador. A Cocapec disponibiliza manual de instruções e uso

FOTO: Divulgação COCAPEC

Melhorias trazem evolução à máquina da Cocapec

COCAPEC desenvolveu melhorias para a evolução de sua máquina RobustEco criada há 5 anos.

do equipamento que, entre outros pontos, destaca maneiras de garantir o bom desempenho da máquina. A Cooperativa também alerta para a importância de treinamento dos operadores e técnicos de manutenção. Para mais informações ligue (16) 3711-6200.

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O futuro dos cafés especiais

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mercado de cafés finos e ou grãos selecionados, conhecidos como cafés gourmet, veio para ficar. A perspectiva de crescimento deste segmento para a próxima década é de cada vez mais termos novos adeptos à essa especiaria. Fato que cresce em função do convencimento da qualidade do sabor e das características da bebida. Atualmente, a demanda cresce de 5 a 6 vezes mais em relação aos cafés tradicionais. Concomitantemente aumenta a procura de investidores internos e externos. Falar de café gourmet, cafés finos e/ou grãos selecionados, escapa um pouco da linguagem dos cafés tradicionais, uma vez que: • Os cafés tradicionais competem no mercado globalizado, visando maior rendimento x menor custo. • O mercado de café GOURMET é específico, direcionado aos apreciadores e degustadores no mercado interno e externo que buscam produto de qualidade em detrimento do menor preço.

AUTOR

1 - Administrador do Kassai Café - Grãos Especiais. Email: jorge@kassaicafe. com.br. Site: www.kassaicafe.com.br - São José dos Pinhais (PR)

FOTO: Divulgação ABIC

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Jorge Kassai 1

As características desses grãos são resultantes dos cuidados que vão desde a escolha da semente até o processo pós-colheita. O Brasil, além de ser o maior produtor e exportador mundial de café, está se tornando o maior consumidor, ocupando neste último caso, a posição que foi até então dos Estados Unidos. O Brasil detém aproximadamente 40% do plantio mundial de café. Somos o celeiro do mundo, com vocação para o agronegócio. Mesmo assim, o mercado interno brasileiro não consegue oferecer um produto de qualidade, salvo raras exceções. Mesmo com a crise atual do café no Brasil, não temos tido os problemas graves que enfrentam alguns países da América Central e Colômbia, com os estragos causados pelo surto de ferrugem nos cafezais. O Brasil detêm diversidade de topografia, situação climática favorável, altitude, enfim, todos os quesitos desejáveis para cultivo cafeeiro, com diferentes características regionais, que se constituem privilégios de poucos países produtores de café. É público e notório o desânimo do cafeicultor brasileiro, em especial do pequeno produtor, que vive da renda do cafezal. Na situação atual, os rendimentos atuais não cobrem sequer o custo de produção. Se o café está em crise, porque os investidores estão de olho na cafeicultura brasileira? Não é difícil deduzir. Lembremos da frase: a crise é uma oportunidade de negócios! É bem isso que está acontecendo. Sabem por que? Porque o café é a segunda bebida mais consumida no Mundo! E por incrível que pareça, o número de plantio não vem crescendo na mesma proporção. A crise do café não afetará o comércio de cafés finos e/ou Grãos Selecionados (GOURMET). Pelo contrário, a tendência é de crescimento constante, na medida que crescem o número de degustadores/apreciadores. Com relação ao preço do café, não tenho dúvidas que a médio prazo, voltará a ter o seu valor reco-


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nhecido. Quando se tratar de café gourmet, estes terão sempre, o valor agregado. No Brasil, dentre os tomadores de café, 90% tomam ainda o café moído e, dentre os 10% restante que tomam o espresso, são poucos os que conhecem o café gourmet – cafés finos/grãos selecionados. Esse segmento dos cafés de qualidade vem sendo a menina dos olhos dos investidores. Os principais mercados consumidores além do Brasil são: Europa, EUA e Japão que, juntos consomem aproximadamente 70% da produção Mundial. Mas no Brasil, Japão, Europa e EUA, o que mais se consome é o café coado. Nesta estatística não estamos considerando a China, que mal começou a consumir o café. Devemos dirigir a nossa atenção também para melhoria do café torrado e moído. As pesquisas atuais indicam que, os apreciadores não se importam de pagar um pouco mais para obter café de qualidade superior. No mercado atual de cafeterias, usa-se cada vez menos os cafés tradicionais. A Maioria já vem servindo cafés mais finos e/ou Gourmet, uma vez que o (CMV-Custo Mercadoria Vendida) oscila de 4% a 9% sobre o valor final.

É arriscado implantar lavouras de cafés tradicionais, visando sua comercialização como comodities, pois isto gera o risco eminente como a que estamos vivendo. Muitos cafeicultores estão migrando para cultivo de cerais e/ou diversificando suas culturas pela questão do risco do custo de produção do café. Alguns cafeicultores vem agregando valor ao seu produto, classificando/selecionando os grãos e torrando para comercialização. O que julgamos mais coerente é a operação verticalizada, onde se tem o controle completo do processo produtivo: ter o germinador, o viveiro, o plantio, a colheita, a classificação/seleção, a torra e o centro de distribuição. Produzir cafés tradicionais para venda no mercado exige uma preparação para o enfrentamento de uma concorrência acirrada e desleal. É necessário que se estimule as vendas através de metas, com preços compatíveis, marketing ousado e política de desconto. Produzir cafés finos é diferente pois se oferece para serem degustados, não induzindo a venda. O produto fala por si mesmo, e sendo do gosto do apreciador, ele vai adquirí-lo em função do sabor e não do valor.


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Brasil cultiva o café desde 1727, quando a história registra que o grão veio da Guiana Francesa, numa operação nebulosa, e ganhou as terras deste país liminarmente produtivas, com mão de obra escrava abundante e climas adequados à expansão dessa cultura, com larga tradição econômica, social e política. Até hoje, entre avanços e retrocessos, ainda persiste um elenco de problemas que afetam a economia cafeeira e os ganhos mais substantivos com esse grão se fazem depois da porteira da fazenda. São restritos e ainda emergentes os “nichos” que produzem e vendem cafés de qualidade a preços compensatórios em relação ao universo de cafeicultores, principalmente em Minas Gerais, que soma mais de 100 mil propriedades. Podese afirmar que na sua cadeia produtiva quem menos ganha está dentro da porteira da fazenda numa série histórica. A Alemanha domina o comércio mundial de café e não planta nem um pé. São consideráveis as inovações tecnológicas adotadas FOTO: Divulgação Governo MG

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O que falta ao café brasileiro

pelos cafeicultores mineiros e elas são disseminadas, em nível de campo, pela Emater-MG, Epamig, universidades e institutos federais, Embrapa Café, cooperativas, entre outras fontes confiáveis. E a adoção de boas práticas na cafeicultura está claramente vinculada aos mercados estimulantes ou restritivos, sendo também uma cultura muito exigente para que se tenha um café de qualidade e numa perspectiva de sustentabilidade socioeconômica e ambiental. O Censo Agropecuário de 2006, ainda vigente, revelou, à época, que 113.903 estabelecimentos rurais praticavam a cultura cafeeira para consumo/vendas no mercado. Por que Minas ainda não tem uma política de agroindustrialização do café, sabendo-se que 70% do grão arábica exportado pelo Brasil tem origem no estado? Entre 2006 e 2012, as exportações mineiras do complexo café foram de US$ 24,34 bilhões, apenas superadas pelo minério de ferro. Em 2011, uma pesquisa realizada numa parceria entre a Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSuldeminaS) revelou muitos dados interessantes e cuja amostragem atingiu os cooperados nos municípios de Botelhos, Cabo Verde, Campestre, Juruaia, Muzambinho e Nova Resende, cidades cuja fonte de renda da maioria da população gira em torno da lavoura cafeeira num estratificado de até três hectares e chegando acima de 150 hectares ao focar o tamanho das propriedades. A média de ocupação de terra com café foi de 45,06% do total de 400 questionários aplicados, uma amostra representativa, e 74,13% dos produtores têm na cafeicultura a principal fonte de renda. O tamanho médio das propriedades atingia 25 hectares e onde se pratica a cafeicultura de montanha no Sul de Minas. Vale lembrar que 96,35% dos entrevistados têm televisão; celular (89,84%); internet (27,60%); e computador (36,28%). Essa rede de informação é estratégica à tomada de decisão. A motocicleta é um bem acessado por 59% e aumenta a mobilidade do produtor, no que couber.


Apenas 1% dos cafeicultores têm certificação, embora adotem inovações tecnológicas na cultura. Nova Resende teve o maior número de pequenas propriedades com até oito hectares, que em números absolutos se referem aos 125 cooperados da Cooxupé, entrevistados. Os 95,58% dos cooperados pesquisados nunca foram acionados por ações trabalhistas, o que reflete o cumprimento de leis vigentes e a base da mão de obra ser familiar. Um dado relevante. Atingia os 74,80 % os produtores com a posse da terra entre 10 e mais de 20 anos e quase 50% tinham a reserva legal, sendo que 92% acompanham os preços do café. Com relação à escolaridade, no conjunto, 74% terminaram os ensinos fundamental e o médio, sabendo-se que o acesso à educação tem relação consistente com a capacidade de inovar. Estima-se em até 89% as lavouras que, sob orientação técnica, podem produzir café com mais qualidade, e 91,14% alegaram que produzem café classificado como bebida dura. Em 2011, a média informada pelos produtores era de 39,45 sacas por hectare. E mais. 90,1% dos entrevistados descartam corretamente as embalagens de agrotóxicos, o que é muito importante à qualidade do meio ambiente. Para 77% dos produtores, o bicho-mineiro é a principal praga e 85% afirmaram que a ferrugem exige muita atenção e controle.Com relação ao mercado, 98% dos cafeicultores dessa amostragem fazem os seus negócios por meio da cooperativa. A pesquisa ainda aborda os seguintes temas relevantes: caracterização das propriedades, sistemas de produção, as-

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pectos socioeconômicos, leis trabalhistas, trabalho, saúde e meio ambiente. Para administrar é preciso conhecer; para conhecer é fundamental pesquisar; e para adotar as inovações é indispensável um amplo diálogo com quem planta e cria, sempre numa perspectiva de mercado e também na ótica sustentabilidade socioeconômica e ambiental. Faz sentido uma ampla discussão sobre uma agência para cuidar da economia cafeeira do campo à mesa do consumidor nos mercados interno e externo. (Fonte: Jornal O Estado de MG - Benjamin Duarte)


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Manejo da adubação potássica em cafeeiro em produção

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Renato Passos Brandão 1 Camila Alves de Oliveira 2

potássio é um nutriente exigido e exportado em grande quantidade pelo cafeeiro superado apenas pelo nitrogênio (MALAVOLTA, 1993). Cada saca de café arábica exporta em média 2,4 kg de K2O (PREZOTTI E FULLIN, 2000). Para uma produtividade de 40 sc. beneficiadas por ha é exportado em média 96 kg de K2O. O potássio é mais requerido na fase reprodutiva do cafeeiro, principalmente na formação dos grãos, apresentando função importante na síntese e transporte de carboidratos para os frutos (CARVALHO et al., 2010). Atualmente, a maioria dos solos cultivados com cafeeiro e manejados adequadamente possuem teores adequados de K. Entretanto, o K deve ser reposto para atender as necessidades do cafeeiro e para manter o teor deste nutriente no solo em níveis adequados.

As principais funções do K no cafeeiro estão abaixo: • Ativador enzimático (cerca de 60 enzimas); • Melhora a eficiência do cafeeiro no uso da água; • Atua na síntese de carboidratos nas folhas e seu transporte para os frutos e outros órgãos; • Melhora a qualidade da bebida do café. 3. Sintomas de deficiência de potássio O K possui alta mobilidade no floema do cafeeiro. Portanto, os sintomas de deficiência do K ocorrem inicialmente nas folhas velhas do cafeeiro. • Inicialmente, ocorre clorose e depois necrose nas margens e ápice das folhas mais velhas do cafeeiro. Posteriormente, as folhas amarelecem e depois adquirem coloração amarronzada (Figura 2); • Morte descendente ou “dieback” dos ramos; • Frutos pequenos e chochos com redução na qualidade da bebida.

1. Potássio no solo O K na solução do solo está na forma iônica (K+) e é nesta forma química que é absorvido pelo cafeeiro (FAVARIN, 2010). O K da fase sólida do solo (argila e matéria orgânica) está em equilíbrio com os teores deste nutriente na solução do solo (Figura 1). O cafeeiro absorve o K da solução do solo que por sua vez, é reposto pelo K trocável. O K não trocável e o K em minerais são liberados de forma mais lenta (REICHENBACH, 1972). Nos solos tropicais, altamente intemperizados, a contribuição destas duas frações para a reposição do K na solução do solo é muito pequena. Figura 2. Sintomas de deficiência de K em cafeeiro. Fonte: MALAVOLTA (1983).

Figura 1. Representação esquemática da dinâmica do potássio no solo. Fonte: Adaptada de MIELNICZUK (1982).

2. Funções do potássio Ao contrário dos demais nutrientes, o K não forma compostos estruturais nas plantas, permanecendo livre para regular outros processos essenciais ao cafeeiro (GUIMARÃES E REIS, 2010).

AUTOR

1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UFLA e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja; 2 - Estagiária do Departamento Agronômico do Grupo Bio Soja.

4. Influência do potássio na qualidade dos grãos e da bebida do café O K é considerado o nutriente da qualidade dos produtos agrícolas, dentre os quais, o cafeeiro (MALAVOLTA, 1986). O K age na atividade enzimática, síntese e transporte de carboidratos. A deficiência desse nutriente influi na qualidade dos grãos, pois aumenta a porcentagem de grãos chochos e diminui o tamanho dos grãos, comprometendo assim qualidade da bebida (MANCUSO, 2012). Silva et al. (1999) avaliando a produção e a qualidade dos grãos de café beneficiado no Sul de Minas Gerais, adubado com diferentes fontes e doses de potássio, observaram que nos cafés adubados com a fonte de sulfato ocorreu uma maior atividade enzimática da polifenoloxidase, maior índice de coloração e maior açúcares totais em cafés. Concluíram que o sulfato de potássio proporcionou uma melhor qualidade do café. Os cafeeiros adubados com sulfa-


to de potássio e nitrato de potássio apresentam bebida superior. Já os cafeeiros adubados com o cloreto de potássio apresentaram bebida de menor qualidade, resultados esses, encontrados através da avaliação enzimática da polifenoloxidades (MALTA et al., 2001). A melhor qualidade do café com o sulfato e nitrato de potássio está relacionada com uma maior atividade da enzima polifenoloxidase, que é catalisada pelo micronutriente cobre (ROBINSON E ESKIN,1991). O íon cloro (Cl-) do cloreto de potássio reduz a atividade dessa enzima através da ocorrência da precipitação do íon Cl- com o Cu2+. Como efeito indireto, plantas que recebem doses elevadas de cloreto, produzem frutos com um maior teor de água e o aumento dessa umidade nos frutos favorece a proliferação de microrganismos, o que leva a fermentações indesejadas, reduzindo a qualidade da bebida (FOX, 1991). 5. Manejo da adubação potássica A adubação potássica no cafeeiro em produção deve ser realizada no solo com doses adequadas de K levando em consideração o teor deste nutriente no solo e a expectativa de produtividade. Além disso, realizar adubações complementares com potássio via foliar na fase de granação do cafeeiro. 5.1. Adubações de solo 5.1.1. Dose de potássio Para a definição da dose potássio a ser aplicada no cafeeiro em produção, levar em consideração o teor de K no solo e a expectativa de produtividade do cafeeiro (sacas beneficiadas/ha), Tabela 1.

CAFÉ

Tabela 1 - Doses de K2O recomendada em função da produtividade esperada e da disponibilidade do K no solo. K trocável, mmolc/dm3

Produtividade esperada, sc. café beneficiadas/ha

<0,8

0,8 a 1,5

1,6 a 3,0

>3,0

K2O, kg/ha

<20

180

120

70

30

20 a 29

210

140

90

40

30 a 39

240

160

110

50

40 a 59

300

200

140

80

60 a 80

360

250

170

100

>80

450

300

200

120

Fonte: RAIJ et al. (1997)

5.1.2. Fertilizantes potássicos Os fertilizantes potássicos utilizados na cafeicultura são o cloreto, sulfato e o nitrato de potássio. Entretanto, o fertilizante potássico mais utilizado é o cloreto de potássio (mais de 95% do consumo na cafeicultura). Este fertilizante contém 60% de K2O e a principal vantagem deste fertilizante potássico é o menor custo em relação aos demais fertilizantes. 5.1.3. Época de aplicação e parcelamento Iniciar as adubações potássicas no solo antes do florescimento do cafeeiro sendo que o último parcelamento deve ser realizado até o final de fevereiro. Cerca de 70% do potássio deve ser aplicado no solo até o final de dezembro (FAVARIN, 2010). Em cafeeiros em produção em sistema de sequeiro, a adubação potássica deve ser parcelada entre 3 e 5 vezes. Em sistemas irrigados, o número de parcelamento pode ser bem maior.

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5.1.4. Interações do K com outros nutrientes As principais interações do K no solo ocorrem com os cátions, Ca2+ e Mg2+. Ocorre uma inibição competitiva entre estes três cátions, ou seja, um cátion inibe a absorção do outro. Os solos com alto teor de K e com elevada relação K/ Mg pode induzir a deficiência de Mg. O excesso de K afeta muito mais a absorção do Mg do que o Ca induzindo a deficiência deste nutriente no cafeeiro. Atualmente, parte significativa da deficiência do Mg no cafeeiro é induzida pelo excesso de K nos solos. A saturação do K e dos demais cátions no solo mais adequada ao cafeeiro está abaixo (MATIELLO et al., 2013). • Saturação de K = 3 a 5%; • Saturação de Mg = 15 a 20%; • Saturação de Ca = 40 a 50%. 5.2. Adubações foliares As adubações foliares com potássio são realizadas em complementação às adubações de solo. A época mais adequada à aplicação do potássio nas adubações foliares é na granação do cafeeiro. Atualmente, o fertilizante potássico mais utilizado nas pulverizações foliares é o nitrato de potássio que possui entre 44 e 46% de K2O. Além do potássio, possui também 13 a 14% de N (N-nítrico). Há outros fertilizantes potássicos que podem ser utilizados nas adubações foliares, dentre os quais, o sulfato de potássio e o cloreto de potássio. Recentemente, a Bio Soja lançou um fertilizante foliar fluido fornecedor de potássio ao cafeeiro, o NHT® Mega K. O NHT® Mega K é um fertilizante foliar líquido com alto teor de K (480 g/L). O NHT® Mega K é produzido com carbonato de potássio e destaca-se pela sua eficiência agronômica no fornecimento deste nutriente às plantas. O K do NHT® Mega K é absorvido em baixa umidade relativa do ar (cerca de 50%), enquanto que as demais fontes de K exigem uma maior umidade relativa do ar. O NHT® Mega K é totalmente solúvel em água não formando nenhum precipitado no fundo dos equipamentos de pulverização. Não entope os filtros e bicos dos pulverizadores. Entretanto, é um fertilizante foliar que não pode ser

misturado com os fertilizantes fornecedores de cobre, manganês e zinco solúveis em água, por exemplo, sulfatos, nitratos e cloretos. A dose do NHT® Mega K em cafeeiro em produção por aplicação é de 1,0 a 1,5 L/ha podendo ser realizado uma ou duas aplicações com intervalo de 30 dias na granação do cafeeiro. 6. Monitoramento da nutrição do cafeeiro Conforme comentado no item 5.1.1., há dois parâmetros a serem utilizados na recomendação da adubação potássica no cafeeiro: teor de K no solo e a expectativa de produtividade (sc. beneficiadas/ha). Posteriormente, o cafeicultor deve realizar a análise foliar para avaliar o estado nutricional do cafeeiro e se houver necessidade, realizar os ajustes na adubação potássica. A partir dos teores do potássio na análise foliar do cafeeiro é possível que sejam realizadas os ajustes nas adubações potássicas no solo (Tabela 2). Tabela 2 - Ajustes das doses recomendadas de acordo com a análise das folhas do cafeeiro depois do 2º parcelamento da adubação de solo (novembro e dezembro). Teores foliares (g/kg) <24 24 a 31 >31

Ajustes na adubação potássica Aumentar em 50% da dose programada de K2O; Manter a dose programada de K2O; Reduzir em 50% da dose programada de K2O.

Fonte: Adaptado de MALAVOLTA e MOREIRA (1997)

7. Considerações finais O K é um nutriente exigido e exportado em grande quantidade pelo cafeeiro superado apenas pelo nitrogênio. O potássio é mais requerido na fase reprodutiva do cafeeiro, principalmente na formação dos grãos, apresentando função importante na síntese e transporte de carboidratos para os frutos. A adubação potássica no cafeeiro deve ser realizada no solo com doses adequadas de K levando em consideração o teor deste nutriente no solo e a expectativa de produtividade. Além disso, realizar adubações complementares com o NHT® Mega K via foliar na fase de granação do cafeeiro. Atualmente, a maior parte dos solos cultivados com cafeeiro possui uma boa reserva de K proveniente das adubações potássicas anteriores. Neste momento, com baixas cotações de café, o cafeicultor deve fazer uso de uma maneira racional desta importante reserva de K no solo utilizando ferramentas, tais como, análise de solo e análise foliar. “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”. William George Ward Teólogo inglês (1812 a 1882) 8. Literatura consultada CARVALHO, J.G. de; GUIMARÃES, R.J.; BASTOS, A.R.R.; BALIZA, D.P.; GONTIJO, R.A.N. Sintomas de desordens nutricionais em cafeeiro. In: GUIMARÃES, R.J.; MENDES,


CAFÉ A.N.G.; BALIZA, D.P. (Eds.) Semiologia do cafeeiro: sintomas de desordens nutricionais, fitossanitárias e fisiológicas. Lavras, Editora UFLA. 2010. p. 30-66. FAVARIN, J.C.; TEZOTTO, T.; NETO, A.P. & PEDROSA, A.W. Cafeeiro. In: PROCHNOW. L. I.; CASARIN, V. & STIPP, S.R. (Eds.) Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes. Piracicaba, IPNI. 2010. p.411-467. FOX, P.F. Food enzymology. London: Elsevier Applied Science,1991. 378p. GUIMARÃES, P. T. G.; REIS, T.H.P. Nutrição e adubação do cafeeiro. In: REIS, P.R.; CUNHA, R.L. da (Ed.). Café Arábica: do plantio à colheita. Lavras. vol. 1. 2010. p. 347-445. MALAVOLTA, E. Nutrição mineral e adubação do cafeeiro: colheitas econômicas máximas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1993. 210 p., MALAVOLTA, E. Nutrição, adubação e calagem para o cafeeiro. In: RENA, A.B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M. & YAMADA, T. (Ed.). Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. 1986. p. 165-274. MALAVOLTA, E.; MOREIRA, A. Nutrição e adubação do cafeeiro adensado. Informações Agronômicas. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 8p. (POTAFOS. Encarte técnico, 80). MALTA, M. R.; SILVA, E. B.; NOGUEIRA, F. D.; GUIMARÃES, P. T. G.; SILVA, F. A. M.; CHAGAS, S. J. R. Composição físicoquímica e qualidade do café (Coffea arabica L.) fertilizado com diferentes fontes e doses de potássio. In: II Simpósio de pesquisa dos cafés do Brasil, 2001, Vitória/ES. Anais..., 2001. MANCUSO, M.A.C.; Fontes e doses de potássio na cultura do café (Coffea arabica l.). 2012. 61F. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade Estadual Paulista. Botucatu. MATIELLO, J.B.; GARCIA, A.L.; PAIVA, A. C. R.S. Análise de solo é importante para economia na lavoura de café. Revista Attalea Agronegócios. Franca, v. 82. p. 25-26, setembro de 2013. MIELNICZUK, J. O potássio no solo. 4. Ed. Piracicaba: Instituto da Potassa & Fosfato, Instituto Internacional da Potassa, 1982. 80 p. Boletim Técnico, 2). PREZOTTI, L.C.; NOVAIS, R.F. de; ALVAREZ V.; V.H.; CANTARUTTI, R.B.; BARROS, N.F. de Adubação de formação

e manutenção de cafezais (Sistema para Recomendação de Fertilizantes e Corretivos de Solo para a Cultura do Café Arábica). In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). Café: produtividade, qualidade e sustentabilidade. Viçosa, MG, UFV, Departamento de Fitopatologia, 2000. p.125-147. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.G. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas & Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico nº 100). REICHENBACH, H.G. Von. Factors of mica transformation. In: COLOQUIUM OF THE INTERNATIONAL POTASH INSTUTUTE, 9., 1972, Landshut. Proceedings… Bern: International Potash Institute, 1972. p.33-42. ROBINSON, D.S.; ESKIN, N.A.M. Oxidative enzymes in foods. New York: Elsevier Applied Science, 1991. 314p. SILVA, E.B.; NOGUEIRA, F.D.; GUIMARÃES, P.T.G.; CHAGAS, S.J. de R.; COSTA, L. Fontes e doses de potássio na produção e qualidade do grão de café beneficiado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, p.335-345, 1999.

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Virar a mesa da política cafeeira

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Celso Vegro 1

O

ciclo econômico, característico do processo coetâneo de acumulação capitalista, revela no mercado das commodities sua expressão mais patente. Em meados de 2011, as cotações do café arábica estiveram no máximo histórico dos últimos 30 anos, abaixo apenas do colapso do suprimento global causado pela grande geada de 1975 no Centro Sul do Brasil. Desde então, as cotações do produto na Bolsa de Nova York assumiram trajetória de baixa, alcançando em setembro de 2013 posições abaixo dos US$¢100/lbp. No último trimestre de 2013 observou-se ligeira recuperação nas cotações que, se ainda são insuficientes para fazer frente aos custos de produção, confirmam a tese do ciclo econômico. Reconhecida a existência do ciclo e diante da moderna economia política, compete ao Estado, por meio de ações públicas de intervenção nesse mercado, oferecer meios para que o agronegócio mantenha-se viável, quer pela dinâmica econômica e/ou pela sócio-ambiental. Nesse particular não se pode afirmar que o governo abandonou a cafeicultura brasileira, pois como bem relacionou KAWASAKI (2013)1, foram injetados em políticas para o produto R$5,8bilhões em: a) - R$ 3,16 bilhões em financiamentos; b) - R$ 1,05 bilhão em opções públicas a preços de exercício de R$ 343,00/sc; c) - R$ 1,0 bilhão em financiamento em estocagem aos exportadores e torrefadoras/solubilizadoras; e d) - R$ 614 milhões em capital de giro as torrefadoras/ solubilizadoras e cooperativas. Também, ocorreram: a) majoração do preço mínimo de garantia para o produto que foi reajustado para R$317,00/ sc, algo bastante justo na medida que os recursos públicos devem apenas suportar os custos operacionais efetivos e não os totais (nesse último juntam-se aos efetivos os custos com depreciação, juros ao capital, seguros e impostos) e b) prorrogação por até cinco anos das dívidas vincendas exigindo-se quitação de 20% do saldo devedor. Em que pesem as dificuldades operacionais/burocráticas em liberar os recursos aos distintos segmentos que compõem essa cadeia, não se pode questionar que houve ações públicas objetivando atuar contraciclicamente em defesa da economia cafeeira. Dentre as políticas implementadas, as opções públicas foram as que mais suscitaram debates2. A CONAB, enquanto lançador exclusivo das opções obteve prêmios muito abaixo daqueles que seriam exigidos pelo mercado, ocasionando a produção de subvenção não explícita. Com a recente ascensão das cotações, caso tal evolução positiva persista no mercado, poderá surpreendentemente não ocorrer o exercício dos contratos adquiridos3. Organizado pela OCB e CNC, com participação do diretor executivo da OIC, ocorreu entre 18 e 19/12/2013 encontro de lideranças do agronegócio café para traçar di-

AUTOR

1 - Engº Agrº, M.S. Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI. Instituto de Economia Agrícola. Email: celvegro@iea.sp.gov.br

retrizes de política de longo prazo para o segmento4. Três grupos de trabalho (oficinas) delinearam estratégias para os seguintes temas: a) garantia de renda e escoamento da oferta; b) estratégias para ampliação do market share do Brasil; c) cafeicultura e cooperativismo. Diante de tantas iniciativas oficiais e paraoficiais e a mesmice em torno das quais transitam (defesa do subsegmento arábica), competiria questionar, audaciosamente, se já não passou o momento de buscar inovações nesse escopo de ações, visando criar dinâmica nova nesse mercado já saturado por medidas esgotadas em sua capacidade de sustentar a atividade. O Governo Federal, através do MAPA, pretende continuar o emprego do mercado de opções públicas para ordenar a oferta do produto. Comentou-se que há a intenção de lançar contratos para a aquisição de até 5,0 milhões de sacas em 2014. Talvez, os gestores das políticas públicas necessitem deslocar seu olhar para repensar as iniciativas com intuito de buscar o novo e desse modo virar a mesa. O que impede dos futuros contratos de opções fossem destinados à aquisição de conilon? Nada, excetuando-se a pressão lobista conduzida pelo subsegmento de cafeicultores e suas cooperativas centradas no arábica. Podem-se listar algumas as razões que recomendariam essa iniciativa: a) - por se tratar de produto mais barato comparativamente ao arábica padrão nos contratos de opções, a iniciativa tanto pode incrementar o volume adquirido quanto manter a mesma quantidade estabelecida com expressiva redução do ônus financeiro suportado pelo tesouro; b) - ao adquirir conilon o governo estaria atuando fortemente sobre a formação de preços no mercado interno, interferindo relativamente pouco nas exportações. Portanto, a política interna não abriria guarda-chuva para os países concorrentes; c) - a comercialização do conilon ainda não avançou para o estágio financeiro de efetivação das trocas mercantis (em que operam os contratos). Prevalece, atualmente, a dependência do capital comercial que pela sua natureza precisa comprar barato para vender caro, estabelecendo assim rol de critérios arbitrários direcionados ao incremento de defeitos inexistentes no produto; d) - retirar conilon do mercado provaria efeito cascata, valorizando todos os demais tipos de arábica a começar pelos mais baixos; e) - a derrocada das cotações não foram inteiramente transmitidas ao varejo, ou seja, os consumidores continuam pagando pelo café torrado e moído valores similares aos praticados quando da escalada dos preços e reajustes forçados pela indústria. Em abril a torrefação precisava de 97 pacotes de 500g de T&M para adquirir uma saca de verde, desde então tem havido queda nessa paridade encerrando Nov.13 com apenas 35pct para aquisição do mesmo produto. A indústria tem portanto gordura para queimar (Figura 1); f) - o lançamento de opções para conilon seria acompanhado de calendário de vendas concedendo preferência para aquisições dos estoques por parte dos solubilizadores, pois em se adotando essa estratégia esses agentes da cadeia poderiam ser ligeiramente prejudicados; e


CAFÉ g) - estabelecimento de protocolo de regulamentos para viabilizar as operações em draw-back, objetivando atração de novas plantas e fazer deslanchar a agregação de valor nas exportações. Trocar o arábica pelo conilon no lançamento das opções somente oferece vantagens ao gestor público. Ao não interferir no fluxo de comercialização permitirá os exportadores e as cooperativas recuperarem market share, reforçando a balança comercial do país pelo efeito de incremento da quantidade e dos preços. Ademais, a avidez que existe pelo produto no mercado interno haveria grande disputa pelos lotes oferecidos a venda, provavelmente, elevando seus preços e permitindo recuperação vantajosa dos recursos do tesouro imobilizados.

FIGURA 1 – Paridade de Preços Entre T&M e Verde, São Paulo, jan.2011-nov.2013

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Fonte: Elaborada a partir de dados básicos de www.iea.sp.gov.br

1 - Detalhes em: http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=49824 2 - Artigos na íntegra disponíveis em: http://www.iea. sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=12769 3 - O exercício requer o preparo do café a ser entregue, custo com o qual arca o cafeicultor, estimado entre R$40,00/ sc e R$50,00/sc, o que reduziria o preço recebido para o intervalo entre R$293,00/sc e R$303,00/sc, cotações muito aderentes as praticadas pelo mercado para bebida dura em

dezembro de 2013. A esses preços líquidos, arrefece o interesse dos cafeicultores em praticar o exercício dos contratos. Tais valores não consideram o ônus financeiro com frete até o armazém credenciado mais próximo, portanto se trata de cálculo bastante otimista. 4 - Detalhes em: http://www.cafepoint.com.br/ parceiros/cnc-noticias/cnc-balanco-semanal-16-a20122013-86924n.aspx


GRÃOS

A

agricultura brasileira tem passado por vários desafios desde o seu início, às vezes problemas econômicos e às vezes problemas de pragas ou doenças, chamados de problemas bióticos. Dentre os problemas bióticos, consideramos vários, como o cancro da haste na soja a partir de 1989, nematóide do cisto da soja em 1992, cercospora no milho e ferrugem da soja em 2001, e a partir do início do ano de 2013 a Helicoverpa armigera. De todos os problemas enfrentados pelos agricultores, a Helicoverpa sem dúvida foi o mais divulgado pelos meios de comunicação, não que isso tenha resolvido o problema, mas sem dúvida alertou os agricultores para um problema iminente que ameaça todas as áreas e diversas culturas no Brasil. A identificação oficial desta lagarta ocorreu através do comunicado em 22 de Março de 2013 pela Pesquisa Agropecuária Tropical em Goiânia (GO). No mesmo instante, a Embrapa Londrina realizou o mapeamento da mesma. A identificação foi o processo final de uma série de problemas ocorridos na safra 2012/2013 iniciando em novembro de 2012 na região norte do estado do Mato Grosso e culminando no oeste baiano no início de 2013, agravado fortemente por veranicos simultâneos que não somente favoreceram a praga, mas também comprometeram o controle da mesma. Os danos estimados nas culturas das regiões mais afetadas foram: na soja de 30 a 40%; no algodão de 25 a 30% e no milho de 3 a 5%. No Oeste Baiano, estimou-se um prejuízo de 1,7 bilhões de reais na safra 2012/2013. Até então, existia uma grande dúvida sobre a identificação da praga, pois existiam dúvidas se tratava-se da lagarta da maçã do algodoeiro (Heliothis virescens) ou da Helicoverpa zeae, ambas existentes no Brasil, mas de certo modo, fáceis de se controlar. O que se notava na época, era a grande dificuldade de identificação. Veja no Quadro 1 a grande Quadro 1 - Diferenças entre as lagartas Heliothis virescens e Helicoverpa spp.

FOTO: DuPont Pioneer

André Aguirre Ramos 1

Figura 1 - Diferenças dos adultos da lagarta da maçã e da Helicoverpa spp.

similaridade entre as duas. Através da Figura 1, pode-se diferenciar as mariposas destas duas espécies de lagartas. Outro fator de distinção das duas, pode ser feito com o uso de uma lupa de 10 vezes de aumento, verificando-se a diferença no terço final das lagartas, Figura 2. A Helicoverpa zeae é muito conhecida, na cultura do milho é chamada de lagarta da espiga do milho e em várias culturas como a do tomate é conhecida como broca grande do tomateiro. As duas Helicoverpas são muito parecidas e o único meio de identificação é através de análise de DNA ou de análise criteriosa a nível microscópico do aparelho genital do adulto masculino. A Figura 3 apresenta as principais características da lagarta Helicoverpa armigera a partir do quarto instar (fase da lagarta), com mais de 1 cm de comprimento. A lagarta pode ser diferenciada por pêlos brancos na parte frontal, pintas (protuberâncias) no formato de cela na parte superior FOTO: Paulo Degrande

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Helicoverpa armigera, o novo desafio da agricultura brasileira

FONTE: Embrapa 2013.

AUTOR

1 - M.S.c Engenheiro Agrônomo - Grupo DuPont Pioneer. www.pioneersementes.com.br. Publicado em Pioneer Sementes.

Figura 2 - Como distinguir as lagartas com uma lupa.


FOTO: DuPont Pioneer

FOTO: DuPont Pioneer

GRÃOS

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Figura 3 - Características que distinguem a Helicoverpa das demais lagartas.

Figura 5b - Danos de Helicoverpa armigera no milho.

tivamente). Nesta fase, os danos são pequenos quando se compara o dano da H. armigera ao da Anticarsia gemmatalis na soja ou da H. armigera ao da lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda), sendo que alguns agricultores não tomam nenhuma iniciativa de controle nesta fase. Isto causará grandes problemas quando as culturas atingirem a fase reprodutiva e com alta pressão da praga, (Figura 6a e 6b, respectivamente), com controle extremamente dificultado pelo tamanho da cultura e local onde a praga se encontra. Os fatos que ocorreram na safra passada fizeram com que os agricultores se preparassem para enfrentar a praga FOTO: DuPont Pioneer

FOTO: DuPont Pioneer

Principais problemas na soja e no milho - A diferença básica desta lagarta para as demais lagartas conhecidas na cultura do milho e da soja no Brasil se deve à preferência pelo ataque às estruturas reprodutivas das plantas, como flores, vagens e espigas. Também existem relatos de ataque na fase vegetativa da soja e do milho (Figura 5a e 5b, respec-

Figura 5a - Danos de Helicoverpa armigera na soja.

FOTO: DuPont Pioneer

após as patas e tegumento levemente coriáceo. Esta lagarta possui diversas tonalidades de cor, variando do amarelo opaco, verde, verde escuro a negra. Outra característica desta lagarta é que, quando perturbada, ela recolhe a parte da cabeça entre as “patas” dianteiras, conforme a Figura 3. Quando a praga foi identificada como Helicoverpa armigera, todas as atenções se voltaram para a Austrália, onde a agricultura é muito similar a nossa e esta praga há alguns anos foi responsável por um dos maiores desastres na produção agrícola daquele país. Esta lagarta é conhecida como lagarta do velho mundo, devido a sua existência na região sul da Europa, China, índia e mais recentemente na Austrália. O Brasil é o primeiro país das Américas a registrar a ocorrência deste inseto. Até então, a Helicoverpa armigera era considerada como praga quarentenária, ou seja, não existia no Brasil, porém era classificada como de alto risco para a agricultura no país. Não temos dados de como esta praga apareceu e como se distribuiu com tanta intensidade. Na Figura 4, veja o ciclo das Helicoverpas na situação da Austrália. No Brasil, ainda não existe uma definição oficial do ciclo de vida desta lagarta.

Figura 4 - Ciclo completo das Helicoverpas.

Figura 6a - Danos de Helicoverpa armigera na soja.


FOTO: André Aguirre Ramos

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FOTO: DuPont Pioneer

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Figura 6b - Danos de Helicoverpa armigera na espiga do milho.

na safra 2013/2014, porém, devido as condições bastante secas no início da safra, o ataque da praga veio mais cedo, fazendo com que os agricultores utilizassem os produtos adquiridos de maneira muito antecipada. O fato dos agricultores no Brasil central não terem tempo hábil para dessecar e aguardar a morte das plantas daninhas para posterior plantio, ou seja, dessecação antecipada, fez com que as lagartas da Helicoverpa atacassem as fases iniciais da lavoura (Figura 7), despendendo grande uso de inseticidas nas fases iniciais e mais uma vez consumindo os defensivos precocemente. Outro fato é a grande adaptabilidade da Helicoverpa armigera para sobreviver na planta daninha buva (Conyza sp), favorecendo a permanência desta praga na entressafra. Esta praga pode atacar uma gama enorme de culturas como o trigo, algodão, feijão, laranja, café e diversas plantas daninhas, além da soja e do milho. No sorgo, ela tem uma ótima adaptabilidade, porém os agricultores australianos usam esta cultura para fazer controle biológico desta praga, pois a mesma se torna bastante exposta na cultura do sorgo, facilitando o controle com custos mais baixos.

as lagartas costumam se alojar dificultando a sua localização (Figura 5a). É normal a produção de uma teia pela lagarta. Com a soja em um tamanho maior, já recomendamos a utilização do pano de batida (Figura 9). O nível de controle para a Helicoverpa armigera, desenvolvido pela Embrapa (Quadro 2), mostra as quantidades toleráveis da lagarta em relação a cultura e ao estágio de desenvolvimento da mesma. Controle - Em se tratando de controle, um fato extremamente importante foi verificado nas lavouras que foram assistidas por uma assistência técnica de qualidade. Estas propriedades sofreram menos com a praga e tiveram um uso mais racional de defensivos agrícolas. Isto é uma estratégia extremamente importante, indiferente se a assistência venha de uma agência pública, privada, de associações, etc. Existem registros emergenciais de inseticidas para o controle dessa praga a todo o momento. Hoje, no Quadro 3, estão os produtos registrados, porém aconselhamos a verificar com frequência a liberação de novos produtos no site: http://www.cnpso.embrapa.br/helicoverpa/produtos.htm Quadro 2 - Níveis de ação para o controle da Helicoverpa armigera nas diferentes culturas, com inseticidas químicos.

FOTO: DuPont Pioneer

Monitoramento - O meio mais eficaz no controle desta praga passa pelo monitoramento das lavouras e das plantas daninhas antes do plantio. A utilização de armadilhas com feromônio se mostra bastante eficaz, além da armadilha luminosa (sendo esta um pouco menos específica e mais trabalhosa que a de feromônio). Essas armadilhas podem ser utilizadas para monitorar a população dos adultos machos (Figura 8). Após a instalação da cultura, precisamos monitorar com amostragem, principalmente dos novos trifólios onde

Figura 8 - Armadilha com feromônio e a captura de adultos machos.

Figura 7 - Danos de Helicoverpa armigera nas fases iniciais da soja devido ao seu desenvolvimento na buva (Conyza sp.)

FONTE: Embrapa 2013.


GRÃOS Quadro 3 - Produtos liberados emergencialmente para o controle de Helicoverpa spp. INGREDIENTE ATIVO

GRUPO

Vírus VIPN HzSNPV

Biológico

Bacillus thuringiensis

Biológico

Clorantraniliprole

Diamida

Clorfenapyr Indoxacarbe

ALGODÃO

SOJA

MODO

SÍTIO

20g

20g

Ingestão

Células do Mesêntero

500-750g

500g

Ingestão

Lise de Mesêntero

150ml

50ml

Contato-Ingestão

Bloqueia Canais Rianodina

Pirazol

1.500ml

-

Contato-Ingestão

Bloqueia Cadeia Respiratória

Oxadiazina

400ml

-

Contato-Ingestão

Bloqueia Entrada de Sódio (Na)

FONTE: DOU de 18/03/2013 (nº 52, Seção 1, pág. 31)

A utilização de carbamatos é bastante comum e possui uma boa seletividade aos inimigos naturais das lagartas de diferentes espécies, porém em condições de clima extremamente seco e quente, e com a presença de lagartas maiores que 1,2 cm o controle alcançado não é tão efetivo. Temos observado bons níveis de controle de sojicultores usando a seguinte sequência de estratégia de manejo para controle de Helicoverpa: 1. - Dessecação antecipada; 2. - Monitoramento e tratamento com Inseticidas especí fico para mastigadores caso necessário; 3. - Monitoramento na emergência das culturas 4. - Aplicação de inseticidas carbamatos* quando atigir 7,5 lagartas/m na fase vegetativa 5. - Aplicação de inseticidas carbamatos / Fisiológicos* quando atingir 7,5 lagartas/m na fase vegetativa 6. - Aplicação de inseticidas Diamidas / Fisiológicos* quando atingir 7,5 lagartas/m na fase vegetativa 7. - Aplicação de inseticidas Diamidas** ou Oxadiazinas** ou Pirazol*** / Fisiológicos* quando atingir de 1 a 2 lagartas/m na fase reprodutiva Dentro do controle, é muito importante a tecnologia de aplicação de defensivos. Listamos abaixo algumas dos requerimentos para que se faça uma ótima aplicação: 1. - Umidade Relativa: maior ou igual a 60%; 2. - Velocidade do Vento: menor que 13 km/h; 3. - Hora do dia: normalmente para se atingir a umidade relativa e a velocidade do vento citada anteriormente, os melhores horários são a noite, devendo ser evitado nos dias quentes aplicar das 10 às 16hs; 4. - Vazão: muito relativa de acordo com a ponta de aplicação; 5. - Procure trabalhar com produção de gotas pequenas, pois estas gotas têm maior capacidade de atingir a parte inferior da planta. Como comentários finais, lembramos que os agricultores necessitam de Assistência Técnica para a correta identificação da praga e para a indicação do método de controle adequado para a situação. Deve-se monitorar as lavouras antecessoras ou mesmos lavouras de inverno, utilizar o Manejo Integrado de Pragas como premissa básica de controle, principalmente evitando produtos pouco seletivos a inimigos naturais como os organofosforados e piretróides. A utilização de lavouras Bt é fundamental para esse manejo, e é importante lembrar-se da importância de se realizar o plantio das áreas de refúgio para auxiliar na manutenção da tecnologia, considerando-se os percentuais indicados para cada tecnologia utilizada. Utilização de bioinseticidas como baculovírus ou fun-

gos entomopatogênicos específicos para esses tipos de lagartas é uma prática com excelente efetividade, como percebido no caso do uso desses produtos nas lavouras de sorgo na Austrália. Depois das lavouras instaladas, monitorar com pano de batida ou armadilhas. É importante lembrar que nos últimos 20 anos, a agricultura passou por vários desafios e a Helicoverpa armigera será mais um deles, depende de nós a forma como iremos superá-lo. É importante nos conscientizarmos que é possível o controle desta praga com uso racional de tecnologia, preservação dos inimigos naturais e divulgação de informações importantes para os agricultores. *Defensivos com posicionamento favorável da Embrapa para registro emergencial; ** Registro emergencial pelo MAPA para soja e algodão ***Registro emergencial pelo MAPA para algodão.

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