Edição nº 88 fevereiro 2014

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A importância do CAR - Cadastro Ambiental Rural

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O ano de 2017 será o último prazo para que o produtor rural efetive a inscrição de sua propriedade rural no CAR - Cadastro Ambiental Rural, instrumento criador pelo novo Código Florestal. Ele será requisito para garantir o acesso dos produtores rurais à linhas de créditos e a novos licenciamentos ambientais. O cadastro é uma base de dados que será usado para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como para o planejamento ambiental e econômico.

EVENTOS

CANA

Variedade de Cana de Açúcar resistente à broca

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O CTC - Centro de Tecnologia Canavieira informou que até 2017 deve estar no mercado a primeira variedade de cana de açúcar transgênica, que será resistente à broca, praga que causa danos à lavoura.

Copa do Mundo altera data de algumas feiras tradicionais

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Com exceção da EXPOZEBU e da AGRISHOW, que manteveram a tradicional data de final de abril e início de maio, EXPOCAFÉ e HORTITEC adiantaram datas por conta da Copa do Mundo.

Cocapec discute criação de fundo do ICMS mineiro

CAFÉ

O

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A proposta é para tentar recuperar o imposto dos cafés vendidos pelos produtores mineiros à Cocapec, referente a meados de 2009 até o final de 2013. Cinco reuniões foram realizadas.

Gotejamento subterrâneo: tecnologia e praticidade

CAFÉ

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mercado do café no Brasil há séculos depende de muitos fatores. A começar das condições climáticas, de relevo, de fertilidade de solo. Mas também da necessidade frequente de novas pesquisas em variedades, manejo, espaçamentos, controle de pragas e doenças. Tudo isto reflete diretamente no bolso do agricultor. Antigamente eram problemas com geadas severas, com a chegada da ferrugem, da broca e da cigarra. Hoje, mesmo alertas a estes fatores, o cafeicultor precisa conhecer outros não tão comuns ao seu dia a dia. É o caso das oscilações de mercado, seja por excesso de oferta entre os compradores ou por ações de investidores nas principais bolsas de valores do mundo. Mas gostaríamos de propor que o cafeicultor esteja alerta e se faça sempre presente (ou se faça representar) em todas as “discussões políticas” do setor. Ultimamente, são elas que estão definindo principalmente se a “sua safra” vai ser rentável ou não. Falta uma política séria para o setor cafeeiro. Artíficios são criados frequentemente com o intuito de “ajudar” o cafeicultor brasileiro. Mas, em grande parte deles, quem sai realmente prejudicado é exatamente aquele que deveria ser protegido. Além da cafeicultura, nesta edição retratamos a segunda e última parte da matéria sobre a importância da administração na atividade leiteira. Recebi algumas críticas sobre a publicação deste artigo por retratar uma região bem diferente da que temos aqui na Alta Mogiana e Sudoeste Mineiro. Considerei importante a crítica, “pois todas são produtivas”. Por outro lado, gostaria de ressaltar que a proposta original sempre foi a de mostrar o lado positivo da atividade leiteira e que nada impede do produtor rural “aprender ou copiar” um manejo que está dando certo em Ceará Mirim (RN). Propusemos mostrar a importância do trabalho da contabilidade na atividade leiteira, fato este que muitos pecuaristas AINDA HOJE, SÉCULO 21 - não consideram importante. Na verdade, não sabem calcular custo de produção. Isto vai refletir diretamente no sucesso ou não da atividade, seja com ordenhadeiras de última geração, com a melhor ração peletizada ou o sêmen de qualidade. A matéria de capa traz informações extremamente importantes para todos os proprietários rurais do Brasil. O CAR - Cadastro Ambiental Rural é uma legislação aprovada no Novo Código Florestal Brasileiro. Boa leitura a todos!

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Pioneira e líder mundial em soluções de irrigação, a Netafim apresenta um grande avanço no manejo de irrigação, consolidação da fertirrigação e melhoria dos equipamentos de automação

Manejo de micronutrientes em cafeeiro (Parte 1)

CAFÉ

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O café e a “salada” de clima, mercado, tecnologia e política

DESTAQUE: Legislação

EDITORIAL

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.


Adubação sustentável

ADUBAÇÃO VERDE

Cada vez mais, produtores adotam a adubação verde para a obtenção de ganhos agronômicos e ambientais, que resultarão em maior lucratividade

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FOTOS: Banco de Imagens Join Agro

a fazenda Continental, em Barretos (SP), a grande estrela é o gado da raça Brahman, o zebu mais criado no mundo. Os melhoristas da Continental trabalham para desenvolver uma seleção de animais precoces e funcionais, e o resultado tem sido alcançado, tanto que os touros da Brahmania/Continental ganharam a prova de ganho de peso a pasto da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) em 2012 e novamente em 2013. Os produtores ao redor do mundo valorizam o Brahman porque essa raça apresenta rusticidade (tolerância ao calor e resistência ao frio, a insetos e vermes); vigor híbrido em cruzamentos / desempenho e ganho (campo Crotalária-juncea e confinamento); conformação frigorífica (rendimento); qualidade da carne (maciez / marmoreio); habilidade maternal e longevidade (anos de plantio, evitando o replantio. Além disso, por ser uma leguprodução); docilidade e temperamento; beleza e singulari- minosa, quebra o ciclo de pragas que atacam a cana, que é dade. Enfim, um conjunto de características que somado ao uma gramínea. melhoramento genético e tratos corretos, garantem a viabilidade econômica do negócio. MENOR CICLO E MANEJO DA CROTÁLARIA Porém, Rodrigo observou, que o ponto que mais pesou na EXCELÊNCIA TAMBÉM NA CANA - A pecuária decisão de rotacionar com crotalária foi seu ciclo menor em não é a única atividade da fazenda Continental, há também comparação a outras opções de adubação verde. Na Contiinvestimento na produção de cana. O segmento é outro, nental, a crotalária foi plantada em setembro e em torno de porém a gestão da Continental com foco na sustentabilidade 100 dias após o plantio já foi possível realizar o manejo da se estende para a área de cana. São 2600 hectares destinados biomassa. O preparo de solo para as sementes da crotalária é à cultura, com média de produtividade entre 96 e 100 tone- o mesmo realizado para receber os toletes de cana. O plantio ladas, com idade do canavial em torno de 4,2 anos, números da semente pode ser em linha, feito com a máquina, ou a expressivos. Mas seus gestores querem ultrapassar a barreira lanço, nesse caso é necessário que depois se incorpore a sedos 100 e manter a produtividade neste patamar, pois sabem mente de forma leve e superficial. que, quanto maior a quantidade de cana por hectare, mais o Para o manejo da Crotalária-juncea o indicado é entrar custo é diluído. com o rolo-faca que pica essa biomassa no tamanho de 20 Para isso, intensificaram a adoção de novas práticas de a 30 centímetros, formando uma cobertura morta, aí faz a cultivo, uma delas bem simples e já consagrada, mas que ain- sulcação e entra plantando a cana. No caso do plantio direto, da tem espaço para crescer na agricultura brasileira: a fer- o trator entra sulcando, na máquina é colocado um tronco tilização verde. Há, dois anos, conta Rodrigo Pinto, gerente que deita a leguminosa e se faz a sulcação direta. No caso do agrícola da Fazenda Continental, passaram a realizar rotação plantio de cana mecanizado, o peso das plantadoras tombam de cana com Crotalária-juncea nas áreas de renovação. Se- facilmente a crotalária e a cana é plantada. gundo Rodrigo, a escolha pela crotalária deveu-se aos beneEm 2014, a Continental fará a sua primeira safra nas fícios agronômicos que possibilita, como grande produção áreas de cana que foram rotacionadas com crotalária e aí terá de massa verde em pouco tempo (40 a 60 t/ha), que reverte os resultados de produtividade e poderá realizar um balanço sobre o desempenho dessa leguminosa no primeiro corte, em maior fixação de nitrogênio (300 a 400 kg/ha). Sua produção de biomassa fornece suprimento de ma- mas os benefícios da adubação verde se estendem ao longo téria orgânica, aumento da capacidade de armazenamento do tempo, aumentando a longevidade do canavial. Contride água e recuperação de solos degradados. Seu sistema ra- buindo para que o produtor atenda os critérios da agricultura dicular profundo ajuda na descompactação, estruturação e sustentável que são: respeitar o meio ambiente, ser justa do aeração do solo e reciclagem de nutrientes lixiviados e libe- ponto de vista social e ser economicamente viável. Conceito ração de fósforo fixado. Reduz o assoreamento de sulcos de cada vez mais valorizado pelo mercado.

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NOTÍCIAS

Novas linhas do Consórcio Nacional Jacto FOTO: Jacto

Kontentor customiza tronco de contenção

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Kontentor - empresa brasileira sediada em Cravinhos (SP) e que fabrica sistemas para contenção hidráulica de bovinos – inova o mercado de troncos mais uma vez. Depois de trazer para o Brasil a tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos pela “Silencer” e os conceitos de bem estar animal da Dra. Temple Grandin, a empresa lança com exclusividade a customização de seu tronco de contenção. Os produtores têm à disposição o modelo Pró, que já sai completo da linha de produção, com todos os 20 opcionais desenvolvidos pela Kontentor. Também já está disponível uma versão Compacta, com soluções na medida certa para fazendas, confinamentos ou empresas. O modelo personalizado é feito sob encomenda com os opcionais escolhidos por cada cliente, entregue em até 45 dias. São mais de 1.600 combinações de configuração possíveis que vão desde o piso até as laterais e comandos. INF.: www.kontentor.com.br - Tel. (16) 3951-7190. FOTO: Kontentor

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Consórcio Nacional Jacto apresenta sua mais nova opção para a aquisição de equipamentos Jacto: um plano exclusivamente voltado para a linha de pulverizadores e adubadoras automotrizes, além de colhedoras de café. O produtor pode adquirir toda a linha de pulverizadores de barras, turbo atomizadores, aplicadores de herbicidas e GPS da linha Otmis. A ação completa as comemorações da Jacto em 2014 dos 25 anos de lançamento do primeiro Uniport, pulverizador automotriz que inaugurou um novo parâmetro para o segmento, e os 35 anos de revolução na colheita de café, a partir do lançamento da K3, primeira colhedora mecânica de café desenvolvida no mundo. INF.: www.jacto.com.br

Nutrinorte realiza seminário piscicultura

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Nutrinorte Nutrição Animal e Pet-Shop, representante Presence na região de Franca (SP) realizou pelo segundo ano consecutivo o Seminário de Piscicultura. Em parceria com a Prefeitura de Franca, o evento aconteceu no último dia 19 de fevereiro, no Parque de Exposições “Fernando Costa”. O evento abordou os temas: “Desafio Sanitário e as Principais Doenças na Piscicultura”, com o palestrante José Dias Neto; “Desafios no Manejo de Alevinos de Tilápia”, com a equipe Sansuy; e “Manejo Nutricional em Piscicultura”, com o palestrante Rodrigo Figueiredo do Rego. INF.: www.nutrinortenutricao.com. br - Tel. (16) 3723-3788.

contatos AUGUSTO BARUFINI (degaloslokos@hotmail.com) Produtor de Café e Cana de Açúcar Cajuru (SP). “Gostei da Revista e quero assiná-la”. RONALDO PEREIRA SILVA JR. (rona.pereira@hotmail.com) Cafeicultor e Consultor de Vendas da Dedeagro - Altinópolis (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CLETO MAX GOMES RHEIN (cleto@aliancacapixaba.com.br) Cafeicultor - Serra (ES). “Acabei de me mudar e gostaria de alterar o meu cadastro para continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”. ROBERTO ANANIAS DA SILVA (robertopedregulho@hotmail.com) Estudante de Cafeicultura - Pedregulho (SP). “Sou estudante na ETEC Prof. Carmelino Corrêa Jr. e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CESAR A. PIRAJÁ FIGUEIREDO (recepcao@agrosementes.com) Revenda - Sacramento (MG). “Gostaria de fazer o cadastro e assinar Revista Attalea Agronegócios. JULIO APARECIDO S. FERREIRA (mogianaspcoffee@gmail.com) Consultor em Qualidade de Café - Pedregulho (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. THIAGO GALDINO M.P. PAULA (thiagogaldino2008@hotmail.com) Cafeicultora e Consultor da Bayer Cabo Verde (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. OTTO ALEX CAMPOS (otto-campos@hotmail.com) Engº Agrônomo - Caratinga (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. LUIS OTAVIO F. BARROS (lofbarros@gmail.com) Engº Agrônomo e Cafeicultor (SP). “Atuo em projetos rurais e toria agropecuária na região de Gostaria de receber a Revista Agronegócios”.

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CANA DE AÇÚCAR

A

primeira variedade de cana-de-açúcar transgênica que será resistente a broca - uma das pragas que causa mais dano a cultura -, deve estar no mercado até 2017. A informação foi feita por Osmar Figueiredo Filho, diretor comercial do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Figueiredo diz que os pesquisadores da entidade já dominam a tecnologia para produzir a chamada cana BT, mas que ainda existem algumas etapas do trabalho de pesquisa a serem desenvolvidas ainda até que o produto chegue ao mercado. Em relação ao desenvolvimento de variedades que sejam mais tolerantes a seca, mais produtivas e que tenham maior quantidade de açúcar, ele diz que o trabalho de pesquisa está sendo desenvolvido em parceria com outras empresas, como a Basf e a Bayer, e que a chegada dessa tecnologia até os produtores deve demorar um pouco mais, entre 2020 e 2021. “A colocação de um gene que traga algum tipo de melhoria a cana é mais complexa do que a colocação nos grãos. Às vezes, quando se acrescenta alguma característica se acaba suprimindo outra que também era importante. Por isso, o trabalho é tão complexo”, explica Figueiredo Filho. Ele lembrou que após um período de 40 anos em que a produtividade do setor sucroenergético brasileiro cresceu 173%, saltando do rendimento de 2,6 mil litros de etanol por hectare para 7,1 mil litros por hectare, entre 1970 e 2010, nos últimos quatro anos esse processo se estagnou.

FOTO: Divulgação CTC

CTC estuda variedade resistente à broca

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O diretor do CTC atribui essa estagnação em parte a mudança do modo produtivo do setor, que praticamente abandonou o corte manual e investiu na mecanização, mas continuou a utilizar ainda variedades de cana que haviam sido desenvolvidas 20 anos antes e que não estavam adaptadas a essa nova realidade. Para retomar o processo de ganho de produtividade, Figueiredo comenta que o CTC aposta em um trabalho mais regionalizado, com clones das novas variedades que forem sendo lançadas, já estando adaptados as condições de clima e solo de cada região produtora. (FONTE: Agrodebate)


LEITE

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Controle de custos de produção em uma(B) empresa agropecuária de gado leiteiro Adson Alexandre Araújo 1 Humberto Luís Teixeira Correia 2 Claude Alexandre de Medeiros Marques 3

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a edição anterior, publicamos a primeira parte deste artigo importantíssimo para pecuaristas de leite de todo o país. Nesta edição, finalizaremos com orientações sobre o Custo Total da Produção, a Análise Financeira e a Análise Final dos Resultados. Dando continuidade no item 4.5. - “Depreciação na Empresa”, apresentamos no Quadro 5 abaixo o cálculo da depreciação mensal das vacas. Para efeitos do cálculo de depreciação das vacas, foram consideradas apenas aquelas com idade a partir dos 24 meses, que é quando a vaca normalmente está apta à reprodução. Por esse motivo, não foi possível, neste Quadro 5, colocar o tempo de vida depreciável restante. Vale salientar que também não é feito o acompanhamento e controle individual de produção de leite de cada vaca, o que dificulta estimar o tempo efetivamente útil restante.

Quadro 6 - Apuração do Custo de Produção no Trimestre CUSTOS PRODUÇÃO DO LEITE Combustível e

MÊS AGO

AV

lubrificante

332,00

2,40%

283,50

2,04%

298,00

Consumo de luz

289,45

2,09%

458,87

3,31%

470,94

1,96% (14,61%) 3,09% 58,53%

196,54

1,42%

196,54

1,41%

196,54

1,29%

33,06% 4.583,33 30,16%

instalações

VIDA ÚTIL / ANOS

$ 2.500,00

5

% DEPR./ DEPR./ ANO MÊS 20%

AV

AH AH AH Ago/Set Set/Out Ago/Out 5,11% (10,25%) 2,63%

62,70%

0%

0%

0%

33,10% 4.583,33

0%

0%

0%

Depreciação máq. e equipamentos

200,00

1,44%

200,00

1,44%

200,00

1,31%

0%

0%

0%

180,00

1,30%

210,00

1,51%

180,00

1,18%

16,66%

85,71%

0%

59,16

0,43%

60,00

0,43%

33,33

0,21%

1,41% (44,45%) (43,67%)

13,10% 1.247,75

8,21%

(3,23%) (31,12%) (33,34%)

Manutenção, conserv.e limpeza Medicamentos, vacina, inseticidas Leite destinado à bezerros

1.871,62

13,52% 1.1811,25

3.851,75

27,80% 3.780,00

27,3% 5.704,00 37,54%

2.280,00

16,50% 2.280,00

16,4% 2.280,00 15,00%

0%

0%

0%

13.843,85 100,00% 13.863,49 100,00% 15.193,89 100,00%

0,14%

9,59%

9,75%

Sal, rações e outros alimentos

(1,87%)

50,89%

48,08%

Salário (13º+FGTS +INSS+férias) Total de custos Produção mensal em litros de leite Custo/Litro

13.950

15.000

9.300

7,52%

(38%)

(33,34)

0,99

0,92

1,63

(6,87%)

76,76%

64,62%

Receita/Litro

1,15

1,15

1,15

0%

0%

0%

Receita Total

16.042,50

17.250,00

10.695,00

7,52%

(38%)

(33,34)

2.198,65

3.386,51

(4.498,89)

LUCRO CONTÁBIL

(232,84%) (304,62%) 54,02%

AV- Análise Vertical: representatividade dos itens no todo // AH- Análise Horizontal: evolução entre os períodos estudados. Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

VALOR DEPR./ MÊS

1,67% $ 4.583,33

24 meses

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

AUTORES

4.583,33

vacas

110 vacas acima de

MÊS OUT

Depreciação das

à produção de leite

VALOR MÉDIO DE AQUISIÇÃO

AV

Depreciação das

Quadro 5 - Depreciação mensal de matrizes atribuídas

PLANTEL

MÊS SET

1 - Bacharelando em Ciências Contábeis pela UnP - Universidade Potiguar. Email: adson_araujo@gmail.com 2 - Bacharelando em Ciências Contábeis pela UnP - Universidade Potiguar. Email: correia.contador@gmail.com 3 - Orientador. Especialista em Auditoria Empresarial-UFRN. Professor da Universidade Potiguar. Email: claude.marques@ unp.br. B - Final - Artigo apresentado à Universidade Potiguar- UnP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis.

4.6 - CUSTO TOTAL DA PRODUÇÃO Após a coleta dos dados referente ao trimestre compreendidos em agosto, setembro e outubro, foi organizado um quadro para melhor ser analisado suas informações, descrições de custos médios e o valor médio recebido pelo litro de leite, nos meses acima citados (Quadro 06). Após análise do quadro acima, chega-se a seguinte conclusão: em meses de chuva os custos são menores devido ao baixo valor do capim Brachiaria e de sua abundância no mercado. Assim, a alimentação da vaca tem um custo bem baixo e os lucros são relevantes e significativos,uma vez que a probabilidade de ter um prejuízo nesse período é pequena, apenas se acontecer algo extraordinário. No mês de outubro, com a chegada da seca, pode-se perceber que os custos com as vacas, principalmente com sua alimentação sobe em 50,89% um aumento bastante significativo, devido à necessidade da compra de torta, complemento e o volumoso. Nota-se que no mês de outubro a empresa fez alguns cortes de gastos, como o afastamento das vacas e, automaticamente, também de alguns bezerros fazendo com que os custos com a alimenta-


EVENTOS

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LEITE

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ção dos bezerros tivesse um decréscimo de 31,12%. Na análise vertical de setembro/outubro, ao final de tudo, se vê que o mês de outubro foi o único mês avaliado porque conteve um prejuízo contábil, com uma queda na receita de 38% e um aumento nos custos de mais de 9%. Porém a empresa já faz bem o trabalho de corte de custos nos períodos de secas. Levando em consideração que o ano tem 3 ou 4 meses de seca e o restante com chuvas, o que pode ser dito à empresa para que a mesma não sofra nesse período é, após essas análises e sabendo quanto se tem em média de prejuízo por mês de seca, que ela faça uma reserva de contingência nos meses de chuva para suprir as necessidades dos meses de seca, dessa maneira quando a seca chegar a reserva irá impedir um gasto que não se esperava. Também se evidencia os itens: Depreciação das vacas, leite destinado a bezerros e sal, rações e outros alimentos. A depreciação com vacas mantêm uma média de 32,11% de custos nos meses estudados. O leite destinado aos bezerros teve uma redução em agosto em relação a setembro, que fica mais significativa quando é relacionado setembro/outubro, já que em setembro houve um acréscimo de 0,49% de seus custos, em relação a agosto. E de setembro para outubro a análise vertical mostra uma redução de 4,85% de participação efetiva nos custos. O item sal, rações e outros alimentos tem seu impacto mais relevante no mês de outubro, já que o produtor rural teve que adquirir a alimentação para prosseguimento de sua produção leiteira. Sendo o percentual de 10,28%, de setembro para outubro, de alta em seus custos. Os três itens analisados são responsáveis por mais de 60% dos custos da empresa, nos meses estudados. Quadro 7 - Despesas no período DESPESAS

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

0,00

220,00

0,00

Energia

312,50

284,90

303,43

Alimentação de bezerros

159,50

154,35

197,47

TOTAL

472,00

659,25

500,90

Manutenção de cercas

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

Quadro 8 - Apuração dos resultados excluindo as de-

preciações

CUSTOS DE PRODUÇÃO DE LEITE

AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

Total dos custos sem depreciações

7.052,68

7.012,00

8.966,27

Produção mensal em litros de leite

13.950

15.000

9.300

Custo/litro

0,50

0,47

0,96

Receita/litro

1,15

1,15

1,15

RECEITAS TOTAL Despesas totais Lucro Financeiro

16.042,50 17.250,00 10.695,00 472,00

659,25

500,90

8.578,19

9.518,38

1.217,83

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

4.7 - ANÁLISE FINANCEIRA No Quadro 07 estão as despesas da fazenda não relacionadas a produção do leite, destaca-se essas despesas para poder realizar uma melhor análise financeira no Quadro 08. Sabe-se que as depreciações são custos que não representam desembolsos de valores, portanto se fossem desconsiderados para uma análise financeira (Quadro 08) poder-se-ia observar o considerável aumento de lucro nos meses de agosto e setembro de 2013 e o mês de outubro que na análise contábil teve prejuízo passar a ter lucro na análise financeira. 4.8 - ANÁLISE DOS RESULTADOS Na pesquisa realizada na empresa nos meses de agosto a outubro de 2013, foram entregues e respondidos um questionário com 9 perguntas para 4 pessoas ligadas à empresa: o dono da mesma, o Sr. George; a sua esposa, a Sra. Márcia; um de seus filhos, o Sr. Humberto e o gerente, o Sr. João Paulo. A pesquisa foi realizada para obter informações técnicas e conhecimento do quanto a empresa controla e conhece sobre os custos de sua atividade. Verifica-se abaixo no Gráfico 1 que 3 deles responderam que a empresa não adota sistema de centro de custo, enquanto apenas 1 respondeu que sim, a empresa adota sistema de centro de custo. Percebe-se que no gráfico as respostas aparecem como letras, para saber qual alternativa cada letra representa anexou-se o questionário. Nota-se que o entrevistado que respondeu que sim, a empresa adota sistema de custos, possa Gráfico 1 - A empresa adota centro de custos para controle dos gastos da produção?

NÃO SIM Fonte: Dados da Pesquisa, 2013


LEITE Gráfico 2 - O valor de aquisição do gado leiteiro é rateado (di-

vidido para a venda do leite e derivados como forma de recuperar o valor e compra investidos?

Gráfico 4 - O valor do gasto com veterinário do animal ANTES da sua produção de leite é considerado como? Não considera este gasto como parte da produção por serem do cotidiano da empresa Composição do preço de venda do leite Custo de produção

NÃO SIM Fonte: Dados da Pesquisa, 2013 Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

ter respondido considerando que a conta de energia da empresa é tirada com mais de um medidor, focando a produção de leite. Porém esse é o único momento onde se rateia o que é gasto com a produção de leite na empresa com os demais gastos, portanto a empresa não trabalha com um sistema de centro de custos. No Gráfico 2 percebe-se que as respostas ficaram exatamente divididas, onde 50% acham que não e 50% acham que sim, que o valor de aquisição do gado leiteiro é rateado para a venda do leite como forma de recuperar o valor e compra investido, porém após os estudos percebeu-se que esse controle não ocorre. No Gráfico 3 acontece bastante divergência entre os entrevistados, onde a maioria das respostas foi a alternativa B, que afirma que o valor do gasto com a ração do animal antes Gráfico 3 - O valor do gasto com ração do animal ANTES da sua produção de leite é considerado como?

da sua produção do leite é considerado como um custo de produção, porém na realidade um gasto com um animal que ainda não começou a produzir o leite é na verdade uma despesa da empresa, somente é considerado um custo o leite que o bezerro se alimenta da vaca. No Gráfico 4, os entrevistados responderam em sua maioria que o valor gasto com veterinário antes da sua produção de leite foi considerado como composição do preço de venda do leite, mas sabe-se que os gastos com os animais antes que os mesmos tenham capacidade de produzir leite é despesa da empresa, somente sendo considerado um custo o leite usado na alimentação dos mesmos. No Gráfico 5, os entrevistados foram perguntados a respeito do salário dos empregados que cuidam dos animais, de que forma esse salário era considerado na empresa, e a sua maioria considerou de forma certa que o salário seria parte do custo da produção do leite, se o salário for pago antes da produção. Gráfico 5 - O valor do gasto com salário dos empregados gerais que cuidam da criação do animal são tratadas como? Não considera este gasto como parte da produção por serem do cotidiano da empresa

Não considera este gasto como parte da produção por serem do cotidiano da empresa

Parte das despesas do leite se o salário for pago antes da produção

Custo de produção

Parte do custo de produção do leite se o salário for pago antes da produção

Agregação de aumento de valor do gado

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

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LEITE Gráfico 6 - O valor do gasto com ração do animal DURANTE

a sua produção de leite é considerado como?

Gráfico 8 - O controle de gastos são feitos através de?

Não considera este gasto como parte da produção por serem do cotidiano da empresa

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Confronto de somatório dos gastos e dos ganhos, através de anotações simples em caderno ou livro de controle de caixa.

Despesas de vendas

FEV/2014

Composição do preço de venda do leite

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

No Gráfico 6, a seguir, 50% dos entrevistados escolheram a alternativa “A” “composição do preço de venda do leite”, que de acordo com os métodos de custeio da contabilidade rural é o método certo a ser feito. No Gráfico 7, a seguir, 50% dos entrevistados escolheram a alternativa “A” “composição do preço de venda do leite”, que de acordo com os métodos de custeio da contabilidade rural é o método certo a ser feito.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

No gráfico 8, todos os entrevistados concordaram que o controle de gastos é realizado através de “confronto de somatório dos gastos e dos ganhos, através de anotações simples em caderno ou livro de controle de caixa”. No gráfico correspondente a questão 9, em que foi perguntado a respeito das informações do centro de custos, a alternativa que mais foi escolhida foi a letra “C” “A administração da empresa não recebe relatórios de ganhos e gastos do centro de custo”. Nota-se que a empresa não tem sistema de centro de custos implantado. Gráfico 9 - As informações geradas pelo centro de custos?

Gráfico 7 - O valor do gasto com veterinário do animal DU-

A administração da empresa não recebe relatórios de ganhos e gastos do centro de custos

RANTE a sua produção de leite é considerado como?

Não considera este gasto como parte da produção por serem do cotidiano da empresa

Não são explicativas o suficiente para auxiliar a administração da empresa

Despesas de vendas Composição do preço de venda do leite

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

Fonte: Dados da Pesquisa, 2013

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Controlar ou ter o conhecimento de seus custos é de vital importância para o gerenciamento das atividades da empresa, tornando imprescindível o gerenciamento de todo o processo de produção. No caso da empresa Betânia, esses custos tendem a ser fatal em épocas de seca, já que a sua alimentação pode não estar em boas condições de consumo com isso ter de comprar para manter a alimentação dos seus animais de produção, e assim, ter uma redução significativa de seu lucro no mês, chegando ao ponto de ter prejuízo no mês que é chegado à seca e necessariamente adquirindo mais de um tipo de produto para a sua alimentação. O estudo da referida empresa, possibilitou uma análise sobre suas receitas e seus custos no trimestre analisado, onde foi demonstrado um resultado contábil e financeiro. Em agosto e setembro de 2013 tanto na análise contábil e financeira foi demonstrado lucro sendo que na financeira devido à exclusão das depreciações, o lucro apresentado foi maior, já em outubro de 2013 ocorreu prejuízo contábil, e quando o mesmo foi comparado na análise financeira, percebe-se um lucro ao invés do prejuízo, devido justamente à exclusão das depreciações nesta análise. O estudo confirmou que o empreendedor rural, apesar de ter tido lucro em dois dos três meses estudados, não possui um controle eficiente de gastos, e despesas, e se confirmou também que no período de seca a tendência de a empresa ter prejuízo se confirmou, mesmo com o proprietário tendo tomado algumas precauções, contudo com a análise dos custos, adquiriu-se a informação de quanto foi o lucro nos


dois primeiros meses estudados e de quanto foi o prejuízo, assim usando essas informações tem-se a total capacidade de informar ao proprietário que o certo a se fazer é abrir uma reserva de contingências - uma reserva para eventos futuros - das quais todas as empresas rurais deveriam utilizar devido ao fato de poder ter constantes acontecimentos inesperados e com o auxílio desta reserva poder passar sem maiores necessidades pelos meses que ocorrerem seca, que variam entre três e cinco meses na região de Ceará Mirim, e continuar com a utilização das planilhas de custos geradas, para o mesmo ter o conhecimento do quanto poderá colocar em sua reserva de contingência em cada mês, através da visualização do valor do seu lucro. Os objetivos do nosso estudo foram devidamente alcançados, pois como foi proposto, conseguimos chegar ao custo do produto, conseguimos destacar para a empresa quais meses obtiveram lucro e prejuízo tanto na análise contábil quanto na análise financeira, foi feito também um questionário onde pudemos perceber o quanto o proprietário e os seus funcionários conhecem sobre custos em geral e custos da empresa especificamente, e podemos declarar com toda a certeza que se o proprietário e seus funcionários continuarem com a mesma ideia sobre custos e não aderirem ao que foi proposto após as análises, irão cometer os mesmos erros, sem saber o que realmente integra e o que não se integra ao custo do produto. Por fim, vale salientar que para pesquisas futuras, poderia ser feito um estudo onde se buscasse implementar informações, buscar conhecer quanto cada vaca especificamente produz por dia e mês e não um montante geral como foi apresentado. Seria interessante também tentar fazer uma

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pesquisa onde fosse possível obtiver dados de mais de uma empresa de uma mesma região, para que se pudesse concluir se, de fato, esse é um problema da maioria das empresas da região ou se apenas de uma específica, podendo facilitar o trabalho se fosse iniciado com o questionário, pois assim já teria uma idéia sobre os conhecimentos que as empresas têm de custos e o que encontrar em cada uma. 6. - REFERÊNCIAS

Assaf Neto, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômicofinanceiro/Alexandre Assaf Neto. – 8 Ed.- 2 reimp. – São Paulo: Atlas 2007. BRASIL, Novo Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Comitê de Pronunciamentos Contábeis, CPC 29- Ativo Biológico e produto Agrícola. Gil, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa - 5. ed. - São Paulo:Atlas, 2008 Marion, José Carlos. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade pecuária/ José Carlos Marion. -13. Ed. – São Paulo: Atlas, 2012. Marion, José Carlos. Contabilidade da pecuária: manejo do gado, teoria contábil na pecuária, custo e coleta de dados, contabilidade (plano de contas e manualização), imposto de renda na agropecuária, pessoa física e jurídica/ José Carlos Marion. – 6. Ed.São Paulo: Atlas, 2001. Matarazzo, Dante Carmine, 1947-. Análise Financeira de balanços: abordagem básica e gerencial/ Dante Carmine Matarazzo. - 6. Ed. -7. Reimp. –São Paulo: Atlas, 2008. Nepomuceno, Fernando. Contabilidade rural e seus custos de produção/Fernando Nepomuceno- São Paulo: IOB-Thomson, 2004. Wernke, Rodney. Gestão de custos: uma abordagem prática/ Rodney Wernke.- 2. Ed.- 2. Reimpr. – São Paulo: atlas, 2008.

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EVENTOS

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o embalo da Copa do Mundo, a Agrishow 2014 - 21ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, uma das maiores e mais completas feiras de tecnologia agrícola do mundo, está lançando a campanha publicitária “Os Maiores Craques do Campo”, homenagem à dedicação e empenho do produtor rural em fazer do agronegócio brasileiro o mais competitivo do mundo. Programada para o período de 28 de abril a 2 de maio de 2014, em Ribeirão Preto (SP), a feira é uma idealização das principais entidades do agronegócio, como Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e Sociedade Rural Brasileira (SRB). Organizada pela BTS Informa, integrante do Grupo Informa, maior promotor de feiras, conferências e treinamento do mundo com capital aberto, a exposição se tornou mais que uma feira de negócios, funcionando atualmente como palco para o lançamento dos mais significativos avanços tecnológicos do agronegócio brasileiro. A Agrishow 2014 deverá reunir as principais marcas com atuação, direta e indiretamente, nas várias atividades do agronegócio. Na edição de 2013, a feira exibiu produtos, serviços e soluções de 790 marcas a um público visitante de aproximadamente 150 mil pessoas que passaram pelos 440 mil m2 de área de exposição. No total, os negócios iniciados na feira do ano passado atingiram a marca de R$ 2,6 bilhões, um crescimento de 15% em relação à edição anterior. Como tradicionalmente ocorre, a feira reserva ainda uma área de 100 hectares, na qual o visitante terá a oportunidade de conhecer, na prática, as mais recentes experiências tecnológicas com sementes, in-

FOTO: Divulgação - AGRISHOW

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AGRISHOW 2014 mostrará avanços tecnológicos do agronegócio

sumos e defensivos agrícolas que são desenvolvidas no local e envolve diversas culturas. No evento, o visitante também terá a chance de conferir o funcionamento de diferentes tipos de máquinas e implementos agrícolas. Outro atrativo da feira é que, em função de sua importância econômica, ela atrai a atenção também das principais lideranças do setor, as quais anunciam medidas e ações públicas de interesse do produtor agrícola. Os segmentos e setores contemplados na Agrishow 2014 são: agricultura de precisão, agricultura familiar, armazenagem (silos e armazéns), corretivos, fertilizantes, defensivos, equipamentos de segurança (EPI), equipamentos de irrigação, ferramentas, implementos e máquinas agrícolas, máquinas para construção, peças, autopeças, pneus, pecuária, produção de biodiesel, sacarias e embalagens, seguros, sementes, software e hardware, telas, arames, cercas, válvulas, bombas, motores e veículos (pick ups, caminhões e utilitários, além de aviões agrícolas). MAIORES INFORMAÇÕES: www. agrishow.com.br

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Convidamos produtores rurais, empresários, profissionais do setor de agronegócios a conhecerem o nosso estande na 21ª AGRISHOW. ESTANDE 069 / PAVILHÃO COBERTO OESTE


EVENTOS

Francal Feiras comemora sucesso da BIOBRASIL FAIR

EXPOCAFÉ 2014 será organizada pela COCATREL

rodutos orgânicos e naturais têm agenda de crescimento movida por novos canais e comportamento do consumidor. O mercado de produtos saudáveis apresenta ano após ano um grande aumento no número de negócios. Só no Brasil, o setor de naturais tem a expansão estimada em 40% entre 2012 e 2014, com a movimentação de mais de R$ 20 bilhões ao ano, de acordo com a consultoria Euromonitor. Já entre os orgânicos, setor que também apresenta números expressivos de crescimento, a expectativa para este ano é de R$ 2 bilhões em negócios, conforme estimativas do Projeto Organics Brasil. A Francal Feiras, comandada por Abdala Jamil Abdala, é quem organiza a feira a Bio Brazil Fair | BIOFACH America Latina | Naturaltech, maior evento de orgânicos do Brasil, que será realizada de 04 a 07 de junho, na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP) Na feira, a população tem a chance de conhecer e experimentar as principais novidades e opções que esses mercados apresentam. Atraem públicos interessados não apenas na alimentação, mas também como estilo de vida, o que é comprovado com produtos que vão desde frutas e legumes até carnes, processados e cosméticos. INFORMAÇÕES: www.biobrazilfair.com.br e www.naturaltech.com.br.

onsiderada a maior feira do agronegócio café no Brasil e uma das principais difusoras de tecnologias no segmento, a EXPOCAFÉ será organizada este ano pela COCATREL - Cooperativa de Cafeicultores da Zona de Três Pontas (MG) e acontecerá entre os dias 03 a 06 de junho - antecipada devido à realização da Copa do Mundo de Futebol. O evento teve início em 1998 quando um grupo de professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) organizou a 1ª Exposição de Máquinas para a Cafeicultura. A feira cresceu com foco na mecanização e se transformou em um grande evento nacional de transferência e difusão de tecnologias. Desde 2005, o evento é realizado na Fazenda Experimental da EPAMIG, localizada a 8 km do centro da cidade de Três Pontas (MG). A feira oferece a produtores, técnicos, estudantes, extensionistas, pesquisadores, lideranças e profissionais ligados ao agronegócio café a oportunidade de conhecerem o que há de mais atual na cafeicultura. Anualmente, mais de 140 empresas expõem seus produtos voltados à cultura do café, desde o plantio até a colheita e conta com programação que inclui além da exposição em estandes de equipamentos e insumos, o Simpósio de Mecanização, as dinâmicas de campo, cursos e pa-lestras técnicas. INFORMAÇÕES: www.expocafe.com.br

Nos 80 anos da EXPOZEBU, ABCZ fortalece DINÂMICA

HORTITEC 2014 é antecipada para o mês de maio

partir deste ano, os pecuaristas de todo o Brasil passarão a contar com um local exclusivo para disseminação de informação e apresentação de novas tecnologias aplicáveis à pecuária. A ExpoZebu Dinâmica promete ser uma das principais atrações da 80ª ExpoZebu. Lançado pela ABCZ em maio do ano passado, a ExpoZebu Dinâmica contou com a participação de aproximadamente 50 marcas do setor, como Casale, Matsuda, Massey Ferguson, Jumil, entre outras. No local, foram realizadas demonstrações das mais modernas máquinas e implementos agrícolas disponíveis no mercado para facilitar o trabalho do produtor rural, como ensiladeiras, tratores, vagão forrageiro, etc, além de mostra de forrageiras. Para 2014, dezenas de empresas e marcas de equipamentos voltados ao desenvolvimento da pecuária já confirmaram participação, como Jumil, Nogueira, Menta, LS Tractor, Coopercitrus e Dow Agrosciences. A ABCZ está reservando uma área de 6 hectares na Estância “Orestes Prata Tibery” para montagem de estandes de empresas e uma área superior a 50 hectares para demonstração em tempo real do funcionamento de máquinas e equipamentos. INFORMAÇÕES: www.abcz.org.br

maior evento da horticultura brasileira acontecerá entre os dias 28 e 30 de maio. A 21ª edição da HORTITEC - Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas será realizada no Pavilhão da Expoflora, em Holambra (SP). No ano passado, em uma área de exposição superior a 40 mil m², mais de 24 mil pessoas visitaram os mais de 370 expositores do Brasil e exterior, conferindo o que há de mais inovador em tecnologia agrícola, ferramentas, estufas, embalagens, vasos, telas, defensivos, fertilizantes, irrigação, sementes, mudas, bulbos, substratos, climatização, biotecnologia, assessoria técnica e em comércio exterior, literatura e produtos importados. O grande diferencial da HORTITEC está no nível técnico do público visitante. Como somente visita o evento quem tem real interesse no setor, a HORTITEC acabou por se tornar passagem obrigatória para produtores e profissionais de agribusiness interessados em conhecer as tendências do mercado, trocar experiências, fazer e programar negócios a curto, médio e longo prazos. A expectativa é que este ano 25 mil pessoas visitem o evento e que sejam gerados R$ 70 milhões em negócios. INFORMAÇÕES: www.hortitec.com.br

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Pesquisadores promovem visitas técnicas em cafezais da Alta Mogiana

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Cafezal na Fazenda Amapá, em Franca (SP)

om o intuito de promover a difusão de novas tecnologias e proporcionar troca de informação entre cafeicultores do Sul de Minas Gerais e da Alta Mogiana, aconteceu entre os dias 13 e 14 de fevereiro último, um Dia de Campo em Cafeicultura na região de Franca (SP). A organização foi do Engº Agrº Hélio Casale, consultor na área de fertilidade de solos e nutrição de plantas e especialista em cafeicultura, além de cafeicultor no mu-

Participantes do dia de campo visitam a Fazenda Amapá.

nicípio de Inconfidentes (MG). Contou com a participação dos pesquisadores José Braz Matiello e Saulo Roque (MAPA - Procafé), de José Laércio Favarin (ESALQ/USP) e de Valter Casarin (INPI). Participaram ainda os principais cafeicultores e pesquisadores da Alta Mogiana, bem como produtores rurais de Catanduva (SP), Patrocínio (MG) e de Piumhi (MG). Alguns consultores das empresas Café Brasil, Wiser, Belocal e Intercuf também participaram, já que possuem produtos diferenciados e que vêm sendo empregado com êxito nas lavouras visitadas. “A proposta principal foi mostrar os diferentes tipos de manejos de solo e diferentes conduções de lavouras na região. Todas com excelente produtividade econômica, apesar dos dias difíceis que estamos vivendo, tanto no mercado como no clima”, explicou Hélio Casale. É a segunda vez que o evento a campo é realizado e é um complemento extremamente importante para as reuniões e encontros teóricos que acontecem regularmente entre o grupo de pesquisadores. “A realização deste evento a campo é de extrema importância para nós profissionais e também para os cafeicultores. A troca de


FOTOS: Editora Attalea

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Acima, em foto de 2009, entrelinha de talhão de café no Sitio Santa Izabel, com o plantio de Brachiaria decumbens. Ao lado, em foto de 2010, aspecto do volume de gramínea produzida, próxima do período de corte e manejo da massa formada.

informação é muito rica”, explicou o Engº Agrº Dercy Pavão, consultor da Fazenda Amapá, sediada em Franca (SP). De acordo com o cafeicultor Antônio Carlos David, do Sítio Santa Izabel, no bairro rural do Bom Jardim, em Franca (SP), “este tipo de evento ajuda demais o setor, pois como cada cafeicultor adota o manejo que se adapta melhor à sua condição financeira, ao seu solo e clima, a troca de experiência pode ajudar o cafeicultor a ganhar mais”, disse Toninho. Também foram realizadas visitas técnicas nas propriedades da Fazenda Labareda,Tamboril e Fazenda Santa Terezinha, todas na região de Franca (SP) Durante estas visitas, os participantes puderam con-

ferir e analisar os diferentes tipos de manejo adotados pelos empresários agrícolas. Explicações esmiuçadas, quantidade e época de fertilizantes e agrotóxicos aplicados e também medidas técnicas de manutenção da umidade do solo (como no caso do Sítio Santa Izabel que faz o uso do manejo da braquiária na entrelinha do cafezal) e da redução dos efeitos indesejáveis do vento (como no caso do relevo irregular da Fazenda Amapá onde se faz o plantio de renques de feijãoguandú). MANEJOS DIFERENCIADOS, MAS ECONOMICAMENTE RENTÁVEIS - Os depoimentos dos cafeiculto-


CAFÉ FOTOS: Adriana Dias

res Antônio Carlos David e Alberto Carraro Fernandes retratam a importância de se adotar manejos que se adaptem às condições de cada local e empresa agrícola. Para Toninho David, como o Sítio Santa Izabel não dispõe de água suficiente para a adoção da irrigação, a técnica adotada foi o de plantio e manejo da Brachiária, mantendo assim o máximo possível de umidade no solo, atendendo às necessidades do sistema radicular do cafeeiro, durante o ano. “Considero a braquiaria extremamente importante para o meu cafezal. Mantém umidade suficiente para garantir a manutenção dos talhões mesmo em veranicos longos. Além disto, com o manejo, ela chega À direita, o Engº Agrº Hélio Casale, consultor e especialista em cafeicultura, conversa com Alberto Cara devolver ao solo cerca de 150kg/ha raro, cafeicultor e proprietário da Fazenda Amapá. de nitrogênio, cerca de 200kg/ha de tem um grande senso de observação, avaliando diferentes fósforo e 20 kg/ha de potássio”, explica David. Mas o cafeicultor mantém à risca a cartilha de aduba- tipos de manejos e de produtos agrícolas que, adotados em ções e pulverizações básicas para a cultura, segundo a ori- sua propriedade, conseguiram ampliar consideravelmente a entação dos consultores. “Mas a análise de solo e de folhas é produtividade de seu cafezal. Já na Fazenda Amapá, o cafeicultor Alberto Carimprescindível para que eu possa tomar a decisão de se fazer a correção e qual a época ideal para isto. Mas o que tenho raro Fernandes acompanha também pessoalmente todas observado é que, com o manejo do capim, os cafeeiros não as etapas de cultivo. Mas tem o acompanhamento técnico precisam de uma quantidade tão grande de fertilizantes e de do Engº Agrº Dercy Pavão e do administrador da fazenda, produtos químicos para o controle de pragas e doenças”, diz. Cleriston Pimentel da Silva, o “Baiano”. A propriedade tem No Sítio Santa Izabel, o cafeicultor é quem põe a mão 400 hectares com café, 24 casas de colonos e um total de 97 diretamente na massa. “Tenho a companhia de meu pai e funcionários. “A empresa tem uma estrutura funcional que de apenas um funcionário para tocar os 52 hectares da pro- atende a tudo e a todos. E o principal, de forma rentável. Sou priedade, cultivados com Catuaí-99 e Mundo Novo”. Sou eu eu que lido com os custos e temos plena certeza que, para o quem trabalha na lavoura, sou eu quem organizo meus cus- nosso tipo de manejo, compensa muito mais manter os funtos”, afirma David. Mas o que sentimos é que Toninho David cionários na propriedade”, afirmou Carraro. Mesmo adotando um sistema diferente, porém, Carraro afirma que a realização de dias de campo é extremamente importante. “Cada cafeicultor tem um jeito de conduzir o seu cafezal. Cada um tem que se adaptar com o que tem. Mas a gente tem que procurar aprender com a experiência do outro e estes encontros são riquíssimos”, disse. No caso da Fazenda Amapá, o manejo teve que adotar sistemas de controle do vento, com a adoção de fileiras de feijão guandu, adotados no plantio de talhões novos ou em fase de recepa. “Após três ou quatro safras, que são colhidas à mão mesmo, promovemos a eliminação do guandu para iniciamos os procedimentos de colheita mecanizada”, explicou o Engº Agrº Dercy Pavão, consultor da propriedade. O cafeicultor Antônio Carlos David, proprietário do Sítio Santa Izabel.

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CLIMA E QUEBRA DE SAFRA- A situação climática da região da Alta Mogiana também foi assunto entre os pesquisadores e cafeicultores. De acordo com o Engº Agrº José Braz Matiello, aparentemente nas lavouras em que ele visitou nesta semana, as condições estão melhores do que as que ele observou no Sul e Sudoeste Mineiro. “A falta de chuva foi muito prejudicial neste início de ano para

FOTOS: Adriana Dias

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Acima e ao lado, o Engº Agrº José Braz Matiello, pesquisador do MAPA Procafé, orienta os cafeicultores participantes do dia de campo, na visita à Fazenda Amapá.

a cafeicultura brasileira. Considero que algo em torno de 5 milhões de sacas foram comprometidas. Aqui na Alta Mogiana, pelo que observei, as lavouras estão um pouco melhores que em Minas. A perda deve ficar em torno de 15 a 20%”, afirmou Matiello.


CAFÉ

Por outro lado, seca severa contribuiu para melhorar os baixos preços do café

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seca em grande parte das regiões produtoras de café do Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor de café do mundo, assusta os operadores e impulsiona as cotações. Tivemos mais uma semana de alta nas bolsas de futuro e no mercado físico. Os contratos de café com vencimento em março próximo na ICE Futures US acumularam alta de 1050 pontos no período, levando o mercado físico brasileiro a trabalhar bastante, com muito interesse nos lotes de café arábica de boa qualidade e um bom volume de negócios realizados. Os arábicas finos chegaram a ser comercializados acima de 350 reais por saca. Também houve muito interesse por café brasileiro por parte das indústrias e traders internacionais. As informações são que exportadores brasileiros fecharam muitos novos contratos para embarque nos próximos meses. O motivo principal deve-se a massa de ar quente FOTO: Peabirus - Fabiano Teixeira Odebrecht

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Chuvas aliviam situação crítica dos cafezais, mas seca e calor comprometeram duas safras

Coca-Cola entra no mercado de cápsulas de cafés

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Coca Cola Co. anunciou que está comprando, por cerca de US$ 1,25 bilhão, uma participação de 10% na Green Mountain Coffee Roasters Inc., empresa que criou as máquinas e cápsulas de café Keurig. O acordo representa uma grande mudança estratégica para a Coca-Cola, que irá vender seus refrigerantes através de um sistema caseiro de cápsulas que está sendo desenvolvido pela Green Mountain, além de passar a ter uma participação no mercado de cafés e chás - bebidas que têm registrado crescimento a um ritmo mais acelerado do que os refrigerantes nos últimos anos. Para a Green Mountain, o acordo permite levar a empresa para além do seu principal negócio, de venda de máquinas de café e cápsulas K-Cup, que vem enfrentando uma concorrência crescente (FONTE: Valor).

e seco que cobriu as principais áreas produtoras de café do Brasil desde o início de janeiro, segurando as frentes frias e provocando um veranico que há décadas não se via. Agrônomos e cafeicultores informam que os danos aos cafezais já são significativos e devem se agravar até a chegada da plenitude das chuvas. A seca prejudica a safra 2014, que será colhida a partir de maio próximo e, em maior proporção, a do próximo ano. SITUAÇÃO EM PARAÍSO (MG) - As lavouras de café da região de São Sebastião do Paraíso (MG) sofreu com o clima seco, que castigou toda a região em um momento importante para o cafezal: a fase de granação dos frutos. Com isso, muitos cafeicultores já esperam por prejuízos na safra deste ano e na próxima também. De acordo com dados meteorológicos, choveu em torno 58 milímetros no mês de janeiro. Isso representa menos da metade esperada, que era de 300 milímetros, de acordo com a média histórica. Há 40 anos não se registrava um verão tão seco no Sul de Minas como vem ocorrendo. Historicamente, os piores anos foram 1973, quando choveu 96 milímetros e 2001, que apresentou 143 milímetros de chuvas. Sem água, as lavouras de café começam a sofre de déficit hídrico, ou seja, ausência de água suficiente no solo para alimentar as plantas. Os primeiros sintomas começam a


CAFÉ FOTO: Peabirus - Fabiano Teixeira Odebrecht

aparecer nas folhas, que logo pela manhã já estão murchas. O fenômeno é conhecido como escaldadura do cafeeiro. Além disso, a cercosporiose ou mancha de olho pardo também já começa a aparecer nos cafezais. É uma doença fúngica causada por altas temperaturas e falta de nutriente nas plantas. Segundo o engenheiro agrônomo Emerson Tinoco da Silveira, da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (COOPARAÍSO), a falta de água e o excesso de calor comprometem seriamente a lavoura em um momento importante, que é o enchimento dos grãos, fazendo com que o café fique murcho. “A falta de água impede que a planta absorva os nutrientes e compromete a formação do grão, gerando um índice muito grande de grãos mal formados nos cafezais. Isso pode formar peneiras menores”, explica. “As chuvas vem retornando aos poucos. Diante disso, nós teremos que aguardar para conseguir contabilizar futuramente quais foram os reais prejuízos. O que sabemos é que a safra de 2015 também poderá ficar prejudicada”, acrescenta. PREJUÍZOS NA ALTA MOGIANA - Os cafezais da

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região de Franca (SP) também sofreu com a forte estiagem e as altas temperaturas desde o início do ano. Os estragos já são visíveis e os produtores estão apreensivos em relação às perdas, mesmo com a chegada das primeiras chuvas do ano. A previsão é que a safra deste ano tenha uma redução de até 20% em relação à estimativa inicial de 1,2 milhão de sacas. Devido à falta de água, os grãos ficaram murchos e os ramos não cresceram, enquanto que o sol intenso queimou as folhas, provocando quedas.


CAFÉ FOTO: Peabirus - Fabiano Teixeira Odebrecht

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Em plantações em solos muito arenosos, como as observadas na região de Itirapuã (SP), a situação é ainda pior, pois não há acúmulo de água. Além disto, todas as atividades na lavoura estão atrasadas ou não darão tempo de ser feitas, como adubação e pulverizações De acordo com o Engº Agrº Mário Cunha Rezende Neto, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a perda de qualidade e em volume deverá se estender por duas safras. “Normalmente em janeiro chove de 300 a 500 milímetros, neste ano aqui na fazenda choveu apenas 80 milímetros. É a pior seca. Para essa safra, a perda deve ficar entre 15% a 20%. Para 2015 ainda não temos como prever, mas é certo que haverá queda”, disse. O prejuízo de cada produtor será calculado após a colheita, pois, com grãos menores, haverá a necessidade de mais frutos para encher uma saca de 60 quilos. EM TRÊS PONTAS (MG) - A safra 2014 de café da região produtora de atuação da COCATREL (Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas/MG) sinaliza uma quebra de pelo menos 10% em relação à expectativa, o que também reflete o quadro de toda a região do sul-mineiro. A avaliação é do gerente do Departamento Técnico da Cocatrel, Roberto Felicori.

Café mineiro em sachês exportados para Dubai

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Café Fazenda Caeté, sediada em Campo Belo (MG), fechou sua primeira venda para um país árabe e o embarque será feito em março. A encomenda é de 300 caixas de café para infusão. Chamado de “Café Individual”, o produto vem em sachês de cinco gramas cada e o preparo é feito mergulhando o saquinho na água quente, como um chá. A compra foi feita pelo distribuidor Asaat, de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “Negociamos a venda na última Gulfood”, diz Fernando Costa, diretor comercial da empresa. “O produto substitui muito bem o café solúvel, tem praticidade. Acredito que vai se adequar ao consumo dos árabes”, acrescenta Costa. Para o executivo, o produto deverá ser bem recebido no mercado de “food service”, pois Dubai possui uma grande rede hoteleira. Por enquanto, o Asaat será o único distribuidor nos Emirados a vender o café da empresa mineira, mas a Fazenda Caeté pretende discutir mais detalhes de sua parceria com a companhia árabe na próxima edição da Gulfood, feira da indústria alimentícia que ocorre ainda este mês, em Dubai. Além dos Emirados, a empresa está de olho nos mercados do Kuwait e da Arábia Saudita. Com três anos de existência, a empresa exporta para os Estados Unidos, Espanha, Inglaterra e Chile.

Segundo o gerente, em janeiro choveu apenas entre 28 e 98 milímetros, sendo apenas 30mm em Três Pontas. “E essas chuvas além de serem só pancadas ainda foram irregulares”, disse. O momento agora é crucial para a safra 2014 e se não houver uma regularidade nas chuvas que se iniciaram, as perdas vão se agravar no sul de Minas Gerais. “A fase é de expansão do fruto, em que se precisa de muita água, que vai determinar a peneira do café”, caracteriza. Com o clima seco e quente, Felicori diz que os grãos vão ficar mais miúdos e assim a quebra de safra é inevitável. Normalmente, são necessários 400 a 500 litros para uma saca, e esse ano serão necessários de 550 a 600 litros, indica. Antes, esperava-se uma safra na região da Cocatrel próxima a de 2013. Em Três Pontas, imaginava-se uma produção em torno de 500.000 sacas, mas agora esse número já deve ficar mais para 450.000 sacas. (FONTE: adaptado de Rede Peabirus, Valor, Portal GCN, Cooparaíso e Cocatrel)

57% do arábica exportado por Camarões vai para Alemanha

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Alemanha foi o principal importador do café arábica de Camarões na temporada 2012/13, absorvendo 57,2% da produção comercializada pela nação da África Ocidental. “Mais da metade do volume de café arábica exportado de Camarões no ciclo 2012/13 foi comprada pela Alemanha”, salientou o Conselho Interprofissional de Cacau e Café (CCIB) do país. A temporada de arábica em Camarões se estende de outubro a setembro. Camarões exportou 2.524 toneladas de arábica em 2012/13, ante 2.393 toneladas no ciclo anterior. O café vendido ao exterior foi destinado a 12 países da Europa, Ásia, Estados Unidos e África, conforme o conselho. O país produziu 2.734 toneladas de arábica durante a temporada passada, ante 2.612 toneladas em 2011/12.


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Conselho regulador da Indicação de Procedência do Café reúne-se em Franca (SP) Promovido pela AMSC, encontro busca planejar as atividades para 2014

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FOTO: Gabriel Borges (AMSC)

s membros do Conselho Regulador de Uso da Indicação de Procedência (IP) do café da Alta Mogiana se reuniram no mês de janeiro, para planejar a atividades para 2014. O encontro foi promovido e organizado pela a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana), entidade responsável pela IP do café da Alta Mogiana. A reunião foi realizada no auditório da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) da SABESP e contou com a presença de Hélio Kondo (AMSC); Ely Martim V. Brentini (Sindicato Rural de Pedregulho); José Eugênio de Queiroz (Prefeitura de São José da Bela Vista/ SP); Pedro Geraldo Saadi Tosi (UNESP – Franca); André Luis da Cunha (associado AMSC e membro do conselho regulador); José Domingos C. Guasti (AMSC); Júlio Ferreira (Mogiana Assessoria em Cafés Especiais); Luciano Faleiros Cintra (cafeicultor); Danilo Pucci (exportador/importador); Milton Pucci (Diretor de Relações Públicas da AMSC); Paulo Sérgio Elias (Cooparaíso); Guilherme Vicentini (Sindicato Rural de Altinópolis/SP); Fábio Wichr Genovez (ACIF); Carlos Arantes Corrêa (Prefeitura de Franca/SP); José Carlos Brigagão do Couto (Sindifranca); José Augusto Freixes (Sindicato Rural de Franca/SP); Igor Rodrigues Queiroz (Engº Agrônomo); Eder Carvalho Sandy (associado AMSC); Gabriel Afonso Mei Alves de Oliveira (Diretor Presidente da AMSC); Evernon Reigada e Simone Goldman Batistic Ribeiro (SEBRAE – SP). Durante o encontro, o presidente da AMSC, Gabriel Afonso Mei Alves de Oliveira, comentou que o conselho é extenso, mas representa toda a cadeia, “desde os produtores de café, até as cooperativas, sindicatos e universidades”.

Parceiro da AMSC durante a implantação da IP, o SEBRAE Franca também participou da reunião. Na oportunidade, a profissional da entidade, Simone Ribeiro, comentou sobre as regras para o uso da marca. Simone explicou que cada região que possui IP criou suas próprias regulamentações baseadas em suas realidades e que o Conselho da Alta Mogiana tem toda a liberdade para criar suas regras também. Visando qualificação e a criação de regras adequadas, membros do Conselho Regulador irão participar, em breve, de uma Oficina de Planejamento Participativo do Sebrae para elaborar um plano de gestão, traçar objetivos, metas e prazos para ações relacionadas à Indicação de Procedência. Atualmente a região da Alta Mogiana é constituída por 15 municípios, mas historicamente, mais oito cidades que estão no Estado de Minas Gerais também deverão fazer parte da Indicação de Procedência Alta Mogiana, totalizando 23 municípios. São eles: Claraval, Capetinga, Cássia, Ibiraci, Itamogi, Sacramento, São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino.

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afeicultores há 35 anos, Ricardo Iabrudi e Marjorie Furtado decidiram verticalizar a produção de grãos especiais – cerca de 30% da lavoura pode render frutos de excelente qualidade – como forma de melhorar a performance do lucro obtido com a colheita. Na prática, o casal passou a torrar, moer e embalar os cafés especiais em pacotes de um quilo. Para isso criaram marca própria e abriram uma cafeteria batizada às margens da BR-381, em Três Corações (MG), região Sul de Minas Gerais, para vender o produto diretamente ao consumidor. “Nosso movimento cresce, a cada ano, em torno de 20%”, comemora a mulher. A abertura de cafeterias junto à lavoura funciona como uma espécie de loja-modelo, onde o fazendeiro-empresário vende sua marca com maior valor agregado (fruto torrado e moído) e, de quebra, oferece drinques à base de café e outros produtos e serviços ligados ao setor. Os espaços, por exemplo, funcionam como salas de aula para cursos de baristas, degustadores e, em alguns casos, até para a venda de roteiros turísticos às lavouras. Os mesmos lugares são oferecidos para reuniões entre executivos. Para entender como a verticalização da cafeicultura garante um bom ganho ao produtor, é preciso destacar que uma

FOTO: Rede Peabirus

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Beneficiamento do grão de café junto à lavoura agrega valor ao produto

Em Patrocínio (MG), Thiago Mota colhe o café do cerrado na Fazenda Jatobá, onde também negocia sementes para a produção.

saca de 60 quilos do in natura rende, depois de beneficiada, cerca de 40 quilos de café torrado e moído. Apesar da redução na quantidade, há aumento de receita, uma vez que a mercadoria ganha em valor agregado. A comparação é a seguinte: o mercado paga na saca do in natura especial de R$ 500 a R$ 600, portanto, o quilo custa de R$ 8,30 a R$ 10. Já o preço do café beneficiado é bem mais alto, uma vez que vai direto ao consumidor. Ricardo e Marjorie, por exemplo, vendem cada quilo a R$ 30. Portanto, depois de torrar e moer uma saca que custaria de R$ 500 a R$ 600, eles embolsam R$ 1,2 mil com os 40 pacotes de um quilo negociados a R$ 30 cada um. “A venda diferenciada, com valor agregado, é uma maneira de deixar de negociar o produto como commodity, o que nos possibilita um valor melhor”, comemora Ricardo. Ele e a companheira planejaram bem a abertura da cafeteria. O primeiro passo foi garantir qualidade aos grãos. Tanto que o casal venceu, na categoria café cereja descascado, a 20ª edição do Minasul de Café. Em Patrocínio (MG), região do Cerrado Mineiro, Thiago Veloso da Motta, dono da Fazenda Jatobá, é um dos produtores que fornecem cafés para paladares finos. Para ele, “o café especial é o vinho da vez”. “A maior parte de nossa produção (70%) é exportada, mas percebemos que o poder aquisitivo do brasileiro melhorou e que também ocorreu a ‘glamourização’ do café de boa qualidade no mercado interno”, disse o rapaz. O produto é servido em restaurantes finos de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Thiago dispensa um trato especial à lavoura: os resíduos orgânicos da produção são coletados e, depois da compostagem, viram adubo. De quebra, ele reduziu pela metade o custo com a compra de fertilizantes. A Jatobá também lucra com a venda de sementes. A empresa investiu em câmaras frias e uma remessa já foi encaminhada para a África. (FONTE: Rede Peabirus)


COCAPEC discute criação de fundo para ICMS mineiro

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FOTO: Cocapec

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Cocapec propõe aos seus cooperados a criação de um Fundo de Crédito Presumido de ICMS, referente a comercialização de café cru das suas unidades no Estado de Minas Gerais. A proposta é para tentar recuperar o imposto dos café vendidos pelos produtores mineiros à Cocapec referente a meados de 2009 até final de 2013. Neste período, o Governo mineiro baixou diversos decretos regulamentando a sistemática do crédito do ICMS de produtos agrícolas, entre eles café, alterando inclusive o percentual (3,6% de março de 2009 até agosto de 2012 e 1% até o momento). Em maio de 2013 houve o veto a possibilidade de transferência para terceiros, o que impossibilitou a sua utilização para aquisição de bens para o uso na produção, por exemplo, caminhões. Diante disso, os contribuintes do estado e órgãos representativos de classe (Conselho Nacional do Café - CNC e cooperativas) solicitaram uma consulta com a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais alegando que o crédito é transferido e não presumido. Em resposta a secretaria concluiu que realmente o ICMS não entra na modalidade de presumido e, portanto, é possível reavê-lo. Mas para que tudo seja feito de maneira clara, transparente e dentro da lei, a Cocapec pretende formar um fundo rotativo e transitório, regido por um regulamento e gerido

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Cooperados em comitê educativo sobre a criação do fundo. Cinco reuniões foram realizadas.

pelo Conselho de Administração e Diretoria Executiva. Após a homologação pela Secretária da Fazenda de Minas Gerais, a cooperativa pretende adquirir bens, que devem permanecer pelo menos um ano no seu ativo imobilizado e, após este período, transformá-los em recursos e repassá-los aos seus cooperados. Vale lembrar que a adesão é voluntária, e os associados não terão nenhum dispêndio financeiro para aderir ao fundo. Para a aprovação desta proposta será realizada uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no próximo dia 19 de março, quando os cooperados decidirão sobre a criação do referido fundo e suas regras.


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Gotejamento subterrâneo leva alta tecnologia e praticidade para o cafeicultor

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Tecnologia foi desenvolvida pela Netafim e apresenta vantagens no manejo e na saúde da lavoura

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FOTO: Divulgação Netafim

Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. A previsão para este ano é de 200 milhões de toneladas, crescimento de mais de 50% nos últimos oito anos. Deste total, 10% utilizam técnicas variadas de irrigação, seja por aspersão, seja localizada, e são responsáveis por produção de 25% da produção nacional de café. E a tendência é de que este número aumente exponencialmente, para atender à expectativa do aumento da população que pode chegar a mais de 9 bilhões de pessoas em 2050. Das técnicas disponíveis para o cafeicultor, o gotejamento ganha destaque como a mais utilizada, por conta das características de eficiência, efetividade de água, energia e fertirrigação. Os primeiros projetos implantados aconteceram na década de 90, nas regiões do Triângulo Mineiro (Araguari/MG e Monte Carmelo/MG), e Alta Mogiana (Franca/SP), essencialmente com os tubos gotejadores instalados na superfície do solo. Desde então, grandes avanços ocorreram nas questões de técnicas de manejo de irrigação, consolidação da fertirrigação e melhoria dos equipamentos de automação e monitoramento agronômico, com destaque para a técnica de gotejamento subterrâneo, desenvolvido pela Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por

gotejamento, e testado durante o período de 2005 a 2013 no Triângulo Mineiro. Entre as vantagens deste novo sistema em relação ao convencional (instalado na superfície do solo), está a flexibilidade do uso do maquinário agrícola. “Como o sistema está enterrado no solo, o cafeicultor pode utilizar seu maquinário sem o receio de danificar os tubogotejadores”, explica Carlos Sanches, Gerente Agronômico da Netafim Brasil. Outras vantagens são que o sistema dificulta a germinação de plantas daninhas, uma vez que a superfície do solo se mantém seco, apresenta maior disponibilidade de nutrientes, aumentando a eficiência na absorção dos mesmos, pelo fato do ponto de emissão estar mais próximo da raiz, e reduz perdas por evaporação de água no solo. A viabilidade do sistema depende da utilização de técnicas adequadas de manejo de irrigação, visando a racionalização do uso da água e o aumento da produtividade. “É necessário o conhecimento do movimento de água quando aplicado em profundidade, manejo agronômico da cultura e manutenção específica para o sistema de irrigação, a fim de garantir o bom funcionamento e consequentemente os resultados esperados”, explica Sanches. Durante o período de testes, o gotejamento subterrâneo apresentou tendências a melhorar a uniformidade na distribuição de água do bulbo úmido. Buscando o pioneirismo no desenvolvimento dessa tecnologia, a Netafim Brasil instalou áreas experimentais e, por meio de constante monitoramento e avaliações, foram coletadas informações para recomendar esta opção tecnológica com a utilização dos tubos gotejadores subterrâneos. “Esta tecnologia evita inconvenientes como roubo, cortes causados pelas capinas, preparo da lavoura para colheita, colheita, ataque de roedores e a melhoria no manejo e práticas culturais referentes ao cafeeiro, além de atender a tecnologia de alta produtividade e bom desempenho do sistema de irrigação e simplificar a vida do cafei-


CAFÉ FOTO: Divulgação Netafim

cultor nas questões referentes ao manejo”, finaliza o executivo. De acordo com o professor André Fernandes, Professor e Pesquisador da Uniube, onde também ocupa o cargo de Pró Reitor de Pesquisa e Pós Graduação, o sucesso do sistema estimula os cafeicultores e projetistas a adotarem a técnica. “As vantagens são diversas, como economia de água, alta uniformidade, possibilidade de aplicação de vários produtos via água de irrigação, menor concorrência com plantas invasoras e outros”. Ele também alerta que as recomendações para a manutenção do sistema devem ser seguidas à risca. “Deve-se utilizar os gotejadores adequados, respeitando as distâncias e profundidades indicadas pelo fabricante, realizar as manutenções preventivas e corretivas e a aplicação periódica de herbicidas para evitar a intrusão de raízes nos gotejadores”, explica. A Netafim possuiu grandes extensões com gotejamento subterrâneo no Brasil e outros países, em culturas como: cana-de-açúcar, uva, algodão, tomate, jojoba, banana, milho

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doce, abacate, oliveiras. Esta expertise garante total conhecimento em equipamentos, instalação e manejo agronômico para esta condição, além de uma equipe de profissionais qualificados e capacitados para ajudar o agricultor a conquistar altos níveis de produtividade.


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Renato Passos Brandão 1

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esta edição da Revista Attalea Agronegócios e na próxima será abordada a importância do manejo dos micronutrientes na cultura do cafeeiro. A cafeicultura brasileira passa por uma fase em que a produtividade, a eficiência agronômica dos insumos agrícolas e a sustentabilidade econômica são de máxima importância para a manutenção do cafeicultor na atividade econômica. Dezessete elementos químicos são considerados essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas e são denominados de nutrientes. Os nutrientes são agrupados em dois grupos: nutrientes orgânicos e minerais. Os nutrientes orgânicos (carbono, oxigênio e hidrogênio) são absorvidos do ar atmosférico (CO2) e da água (H2O) e representam cerca de 95% da matéria seca das plantas. Os nutrientes minerais são classificados em macronutrientes (N, P, K, Ca Mg e S) e micronutrientes. Atualmente, são conhecidos oito nutrientes que são classificados como micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). São nutrientes absorvidos em pequenas quantidades da ordem de miligramas por quilograma de matéria seca da planta. Representam apenas 0,5% da matéria seca das plantas. Nas últimas décadas ocorreu aumento na utilização de micronutrientes na cafeicultura brasileira. Os principais motivos que ocasionaram o aumento no consumo de micronutrientes na cafeicultura estão mencionados abaixo: a) - Ocupação dos solos de baixa fertilidade natural, por exemplo, solos sob vegetação de cerrado; b) - Aumento na produtividade da cultura do cafeeiro com maior remoção e exportação de micronutrientes; c) - Incorporação inadequada de calcário ou a utilização de doses elevadas, ocasionando menor disponibilidade e o aparecimento das deficiências dos micronutrientes; d) - Utilização de fertilizantes NPK com alta concentração reduzindo a aplicação “acidental” de micronutrientes.

1. - Fatores que afetam a disponibilidade dos micronutrientes ao cafeeiro 1.1. - pH do solo O pH do solo tem grande influência na disponibilidade dos micronutrientes às plantas (Figura 1). O aumento

AUTOR 1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UFLA e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja.

no pH do solo reduz a disponibilidade dos micronutrientes catiônicos, Cu2+, Fe2+, Mn2+, Ni2+ e Zn2+ (Dechen e Nachtigall, 2006b). A disponibilidade do Mn na solução do solo diminui aproximadamente 100 vezes, para um aumento de uma unidade no pH do solo (Lindsay, 1972). Ao contrário dos micronutrientes catiônicos, a disponibilidade do Mo (MoO42-) aumenta com aumento do pH do solo. Ocorre menor adsorção do Mo nos óxidos de Fe (Abreu et al., 2007). FOTO: Adaptado de Dechen e Nachtigall (2006b).

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Manejo dos micronutrinentes em cafeeiro (parte 1)

Figura 1. - Efeito do pH em água do solo na disponibilidade dos micronutrientes às plantas.

A disponibilidade do B às plantas é maior entre pH 5,0 e 7,0, diminuindo abaixo e acima desta faixa de pH. Em solos com baixo pH ocorre menor decomposição dos resíduos orgânicos pelos microrganismos do solo e em faixa de pH mais alta ocorre reações de adsorção do B nos óxidos do solo (Abreu et al., 2007). 1.2. - Material de origem e textura Os solos de textura argilosa possuem maior disponibilidade de micronutrientes ao cafeeiro. que são provenientes do material de origem (rocha). Além disso, ocorre também menor lixiviação dos micronutrientes (Dechen e Nachtigal, 2006). 1.3. - Matéria orgânica A matéria orgânica influência a disponibilidade de micronutrientes às plantas. Os solos com altos teores matéria orgânica notadamente com ácidos húmicos podem formar complexos com alta estabilidade química reduzindo a sua disponibilidade às plantas (Lopes e Carvalho, 1988). 1.4. - Reações de oxiredução As reações de oxiredução são comuns nos solos e


afetam a disponibilidade dos micronutrientes ao cafeeiro, principalmente as de Fe e Mn. Os solos bem drenados e arejados (ambiente oxidante = baixo teor de umidade) tem maior potencial de oxidação reduzindo a disponibilidade do Fe e Mn. O íon Fe2+, forma química disponível às plantas é convertido ao Fe3+, forma química não disponível às plantas. De forma similar ao Fe, o Mn2+, forma química disponível às plantas é convertida em Mn3+ e Mn4+, formas não disponíveis às plantas. Em solos encharcados ou inundados (ambiente redutor) com baixo teor de O2, predomina os íons Mn2+ e Fe2+, formas químicas disponíveis às plantas. Entretanto, a redução do Mn ocorre em maior velocidade do que a redução do Fe causando diminuição na absorção do Fe e pode ocasionar deficiência deste micronutriente no cafeeiro (inibição competitiva). 2. - Micronutrientes Conforme comentado anteriormente, atualmente são conhecidos oito elementos químicos conhecidos como micronutrientes. 2.1. - Boro (B) a) - Boro no solo O teor total de B nos solos é variável ficando entre 1 e 270 mg/kg (Barber, 1995). Os maiores teores de B são encontrados nas regiões semi-áridas e áridas e os menores nos solos arenosos das regiões úmidas (Jackson, 1976). O B é um elemento químico solúvel em água e os mi-

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nerais contendo B possuem baixa dureza. São encontrados em depósitos evaporíticos em regiões desérticas aonde eram anteriormente lagoas ou praias (Zanardo e Marques Júnior, 2009). Na América do Sul, os minerais de B são encontrados nas regiões desérticas no Norte da Argentina, deserto do Atacama no Chile e no Altiplano Boliviano. O teor de B total e B solúvel possui boa correlação com o teor de matéria orgânica do solo. Quanto maior o teor de matéria orgânica, maior o teor de B total e de B disponível às plantas (Brasil Sobrinho, 1965). b) - Funções do boro O B difere dos demais micronutrientes pois é o único que não foi identificado em nenhum composto vital. Além disso, não se identificou nenhuma reação crucial para o metabolismo das plantas com a participação do B (Malavolta, 1980). O B está envolvido com a translocação dos açúcares atuando no seu transporte das folhas para os demais órgãos da planta (Anderson e Bowen, 1992). Atua na divisão, maturação e na diferenciação celular. Atua na síntese de celulose e lignina conferindo maior tolerância do cafeeiro às pragas e doenças. O B está diretamente envolvido com o metabolismo do cálcio atuando na formação da parede celular. c) - Sintomas de deficiência de boro As folhas novas tornam-se cloróticas (amarelecimento) na base, pequenas e deformadas (Guimarães e Reis, 2010).

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Com o agravamento da deficiência do B, as áreas das folhas cloróticas evoluem para necrose. Pode ocorrer morte da gema terminal e superbrotamento com a formação de leque de brotações na ponta dos ramos (Figura 2). Pode ocorrer abortamento das flores, morte do meristema apical e do sistema radicular do cafeeiro.

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FOTO: Procafé (2011)

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FOTO: Procafé (2011)

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Figura 3. Deficiência do cobre em cafeeiro.

irregulares, geralmente nas margens e em plantas novas, as folhas podem curvar-se para baixo (Guimarães e Reis, 2010). Com o agravamento da deficiência do Cu ocorre redução no vigor do cafeeiro e desfolhamento. 2.3. - Ferro (Fe) a) - Ferro no solo O Fe é um dos elementos químicos mais abundantes na crosta terrestre superado apenas pelo oxigênio, silício e alumínio. O teor médio de Fe nos solos é de 3,5% (Lindsay, 1979). O teor de Fe disponível nos solos é controlado pelas reações redox. Os ambientes redutores (alto teor de umidade) possuem os maiores teores do íon Fe2+ na solução do solo, forma disponível às plantas. Em ambientes oxidantes (baixo teor de umidade), o íon Fe2+ é oxidado ao íon Fe3+ reduzindo a sua disponibilidade às plantas (Camargo, 1988).

Figura 2. Deficiência do boro em cafeeiro.

2.2. - Cobre (Cu) a) - Cobre no solo O teor total de Cu nos solos é influenciado pelo material de origem e pelo processo de formação dos solos. Os solos derivados de rochas ígneas básicas (Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro) possuem os maiores teores totais de Cu, enquanto que os solos derivados de arenitos e demais sedimentos arenosos possuem os menores teores de Cu (Camargo, 1988). Os solos com alto teor de matéria possuem menor disponibilidade de Cu podendo induzir deficiência nas culturas. Ocorre formação de complexos muito estáveis do Cu com as substâncias húmicas notadamente os ácidos húmicos (Stevenson, 1982). Os solos arenosos com baixos teores de matéria orgânica tem menor disponibilidade de Cu. Pode ocorrer perdas significativas deste micronutriente por lixiviação. Os altos teores dos demais micronutrientes catiônicos (Fe, Mn e Zn) no solo reduzem a disponibilidade de Cu às plantas (inibição competitiva).

c) - Sintomas de deficiência de cobre O Cu é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência do Cu ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. As folhas novas do cafeeiro com deficiência de Cu tornam-se deformadas, com nervuras salientes na forma de costelas (Figura 3). Ocorre clorose e necrose em manchas

c) - Sintomas de deficiência do ferro O Fe é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência do Fe ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. As folhas novas apresentam variados graus de clorose internerval (Figura 4). FOTO: Procafé (2011)

b) - Funções do cobre O Cu atua no processo da fotossíntese, constituinte da clorofila (Guimarães e Reis, 2010). Aumenta a resistência do cafeeiro às doenças e atua na síntese proteica (Taiz e Zeiger, 2004).

b) - Funções do ferro O Fe é constituinte da clorofila, organela responsável pela atividade fotossintética nas plantas.

Figura 4. Deficiência do ferro em cafeeiro.


CAFÉ Com o agravamento da deficiência do Fe, pode ocorrer esbranquiçamento das folhas novas. 3.2.4. - Manganês (Mn) a) - Manganês no solo O teor total de Mn nos solos é influenciado pelo material de origem e pelo processo de formação dos solos. Os solos derivados de rochas ígneas básicas (Latossolo Roxo e Latossolo VermelhoEscuro) possuem os maiores teores totais de Mn, enquanto que os solos derivados de arenitos e demais sedimentos arenosos possuem os menores teores de Mn (Bataglia, 1988). b) - Funções do manganês O Mn é um ativador de várias enzimas no cafeeiro, tais como: desidrogenases, descarboxilases, quinases, oxidases e peroxidases (Taiz e Zeiger, 2004). Desempenha papel fundamental na respiração participando de diversas reações no ciclo de Krebs. Na fotossíntese está envolvido com a estrutura, funcionamento e multiplicação dos cloroplastos, como também no transporte de elétrons (Taiz e Zeiger, 2004).

FOTO: Procafé (2011)

c) - Sintomas de deficiência do manganês O Mn é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. As folhas novas com deficiência de Mn apresentam clorose internerval (Figura 5). Em estágios avançados, as folhas do cafeeiro perdem totalmente a cor verde, tornando-se uniformemente clorótica.

Figura 5. Deficiência do manganês em cafeeiro.

3.2.5. Molibdênio (Mo) a) - Molibdênio no solo Os teores de Mo disponíveis nos solos brasileiros são muito baixos situando-se na faixa de 0,01 a 0,16 mg/kg (Vidor e Peres, 1988). A disponibilidade do Mo é afetada por diversos fatores, dentre os quais, material de ori-

gem, textura e pH do solo. b) - Funções do molibdênio O metabolismo do nitrogênio pode ser seriamente afetado em plantas com deficiência de Mo, devido a sua participação como componente das enzimas, nitrogenase e redutase do nitrato (Vidor e Peres, 1988). O Mo é componente da enzima nitrogenase presente nos microrganismos procariontes capazes de fixar o N2 atmosférico. A deficiência de Mo ocasionará uma diminuição na produção da enzima nitrogenase que se refletirá na redução da quantidade de nitrogênio fixado biologicamente (Bergersen, 1974). O Mo é essencial às plantas que utilizam o nitrato (N-NO3-) como uma das fontes de nitrogênio melhorando a eficiência da adubação nitrogenada e a produção de sacarose pela cana. Este micronutriente é componente da enzima redutase do nitrato, responsável pela conversão do nitrato (N-NO3-) a nitrito (N-NO2) que posteriormente é convertido em aminoácidos (Vidor e Peres, 1988). c) - Sintomas de deficiência de molibdênio O Mo é um micronutriente móvel no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência no cafeeiro ocorrem inicialmente nas folhas mais velhas. A deficiência do Mo é caracterizada por pequenas estrias cloróticas longitudinais começando no terço apical da folha. As folhas mais velhas secam prematuramente do meio para as pontas.

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3.2.6. Níquel (Ni) a) - Níquel no solo O teor de Ni no solo é muito baixo, aproximadamente 0,16 g/kg. Os maiores teores são encontrados em solos derivados de rochas ígneas (Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro). b) - Funções do níquel O Ni foi o último elemento químico reconhecido como essencial às plantas. Em 1987, Brown e colaboradores publicaram uma pesquisa comprovando a sua essencialidade às plantas (Dechen e Nachtigall, 2006a). O Ni é absorvido pelo cafeeiro na forma de cátion divalente (Ni2+). O Ni faz parte da enzima metaloenzima urease, que participa da hidrólise (quebra) enzimática da uréia transformando-a em NH4+ e CO2. Portanto, o Ni é importante às plantas que recebem uréia no solo ou em pulverizações foliares (Dechen e Nachtigall, 2006b). A deficiência do Ni afeta o crescimento, metabolismo e envelhecimento das plantas. O Ni atua na resistência das plantas às doenças. c) - Sintomas de deficiência do níquel O Ni é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência do Ni ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. As folhas novas apresentam variados graus de clorose internerval da ponta para a base das folhas. 3.2.7. - ZINCO (Zn) a) - Zinco no solo O teor total de Zn nos solos é influenciado pelo material de origem e pelo processo de formação dos solos. Os solos derivados de rochas ígneas básicas (Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro) possuem os teores mais elevados de Zn, enquanto os solos derivados de sedimentos arenosos apresentam os menores teores (Camargo, 1988). b) - Funções do zinco O Zn atua diretamente no crescimento das plantas. Este micronutriente é essencial para a síntese do triptofano, que é precursor do ácido indolacético (AIA), que irá formar as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular das plantas (Malavolta, 1980). c) - Sintomas de deficiência do zinco O Zn é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência do Zn ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro. As folhas novas do cafeeiro tornam-se estreitas, lanceoladas e coriáceas (Figura 6). Ocorre encurtamento dos internódios do cafeeiro. Com o agravamento da deficiência do Zn, pode ocorrer morte das gemas terminais e superbrotamento no cafeeiro.

FOTO: Procafé (2011)

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Figura 7. Deficiência do zinco em cafeeiro.

10. LITERATURA CONSULTADA

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FLORESTAIS

Eucaliptos em propriedades rurais é tema de encontro em Minas Gerais

FOTO: Editora Attalea

Workshop “Plantio e Manejo de Eucaliptos” acontece de 10 a 11 de abril em Viçosa (MG)

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objetivo do evento é transferir tecnologias para pequenos e médios produtores rurais, visando a geração e a distribuição de renda, bem como manter um intercâmbio entre pesquisadores e produtores florestais. Atualmente, mais de 30% de toda a madeira produzida é oriunda de pequenas propriedades rurais. Além do aspecto ambiental, o eucalipto tornou-se, também, uma alternativa como fonte de renda para manter a propriedade. O mercado consumidor de madeira apresenta inúmeras oportunidades, com opções de usos dos mais varia-

SP cria Centro Especializado em Seringueiras

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governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin, assinou no início de fevereiro um decreto que transforma o Polo Regional de Votuporanga, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais, vinculado ao Instituto Agronômico (IAC). O Centro será o primeiro especializado em cultura de seringueira no Brasil e servirá de apoio aos produtores, visando a incrementar o desenvolvimento do setor. São Paulo, o maior produtor de borracha natural do País, responde por 54% da produção brasileira. Com 95 mil hectares plantados com seringueira, o estado ainda possui mais 14 milhões de hectares aptos para a cultura. O Centro Avançado será referência para o setor ao concentrar o trabalho de melhoramento genético, desenvolvimento de novas técnicas de cultivo, adubação, otimização de produção, estudo de pragas e doenças, utilização da seringueira em sistemas integrados de produção.

dos. Focado na produção florestal, o evento terá palestras de renomados pesquisadores e uma visita a campo de plantios de eucalipto. Coordenado pelos professores José de Castro Silva e Ana Márcia Ladeira, do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, o evento vai debater temas como: Legislação ambiental para o produtor rural; Cadastro Ambiental Rural – CAR; Implantação e condução de florestas de eucalipto; Sistemas agrossilviculturais em propriedades rurais; Manejo de plantas daninhas em plantios florestais; Produção sustentáveis de carvão vegetal; Controle de formigas e cupins em plantios de eucaliptos e Uso múltiplo da madeira de eucalipto. Além das palestras técnicas, haverá uma visita a plantios de eucaliptos - São colaboradores do evento as empresas Unibrás Agro química, Syngenta, Dinagro Agropecuária, Vetquímica, Clonar Resistência a Doenças Florestais, DAP Florestal, Agrocity, Grupo Painel Florestal, Revista da Madeira, Associação Mineira de Silvicultura e Revista Campo&Negócios Florestas. (INF. www.sifeventos.com.br/ eucalipto)

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Cadastro Ambiental Rural será exigência para créditos e novos licenciamentos ambientais

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CNA alerta para a necessidade do CAR para regularização ambiental e posses rurais

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FOTO: Ministério do Meio Ambiente

FOTO: IBAMA

uase dois anos depois da aprovação e sanção do novo Código Florestal, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta para a necessidade de implantação do Cadastro Ambiental Rural (CRA) para regularização ambiental de propriedades e posses rurais. A partir de 2017, a inscrição no CAR, instrumento do Código Florestal, será requisito para garantir o acesso dos produtores rurais a linhas de crédito e a novos licenciamentos ambientais. Com base no CAR, será possível definir as regras do Programa de Regularização Ambiental (PRA), com medidas para corrigir passivos ambientais. O cadastro é uma base de dados que será usado para controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como para planejamento ambiental e econômico das propriedades. Ele nasceu junto com o novo Código Florestal, deveria ter sido posto em prática em maio do ano passado, mas o Sicar, o sistema que compila todas as informações no computador, demorou a sair. A Lei nº 12.651, de 2012, do novo Código Florestal, estabelece que, cinco anos após sua sanção, o acesso ao crédito e a novos licenciamentos estará restrita aos produtores que tenham aderido ao CAR. O acesso ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) é feito através do site: www.car.gov.br ou

através dos endereços eletrônicos das secretarias estaduais do Meio Ambiente. Os produtores podem baixar o programa e inserir os dados de suas propriedades como forma de agilizar a emissão do CAR. Mas o Ministério do Meio Ambiente ainda não finalizou o sistema. Conforme informa o próprio site do SICAR, “é necessário ato da Ministra do Meio Ambiente implantando o CAR nacional para que todos os requisitos formais previstos na Lei 12.651/2012 para inscrição no CAR sejam cumpridos, conforme previsto no art. 21 do Decreto 7.830/2012. Enquanto não houver esta implantação, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente não procederão à análise dos cadastros.”. Medidas para corrigir os passivos estarão previstas no PRA, tema que será discutido pelo Governo Federal com os Estados numa etapa posterior, após a conclusão do processo de implantação do SICAR. O CAR, diferentemente de outros cadastros já existentes, será composto também de informações espaciais. Isso significa que, além de conter os dados básicos da propriedade, como endereço, e área total, também contém um croqui, feito com a ajuda de uma foto aérea disponibilizada no próprio sistema.


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Confira as principais dúvidas sobre o CAR QUEM DEVE SE INSCREVER? - Todas as propriedades rurais. Isso independe da situação das terras: com ou sem matrícula, registros de imóveis, ou transcrições. O intuito é a regularização ambiental, e não a regularização fundiária. E cabe ao proprietário rural. O arrendatário, o comodatário e o parceiro não devem se inscrever. As obrigações previstas no Código Florestal são de natureza real. PROPRIEDADE PEQUENAS TAMBÉM (CHÁCARAS DE LAZER)? - Sim e será um procedimento simplificado para identificar o proprietário, comprovar a posse, identificar o perímetro do imóvel, as APPs e remanescentes que formam a RL. Propriedades com até quatro módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, terras indígenas demarcadas e áreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que fazem uso coletivo do solo. QUAIS AS VANTAGENS? - O CAR facilitará a vida do proprietário rural que pretende obter licenças ambientais, pois a comprovação da regularidade da propriedade acontecerá por meio da inscrição e aprovação do CAR e o cumprimento no disposto no Plano de Regularização Ambiental, que será em breve instituído. Não haverá mais a necessidade de procedimentos anteriormente obrigatórios, como a averbação em matrícula de Reservas Legais. O QUE ACONTECE COM QUEM NÃO SE INSCREVER? - O proprietário poderá sofrer sanções como advertências ou multas, além de não poder mais obter nenhuma autorização ambiental ou crédito rural. Somente com o CAR será possível aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), que permitirá obter o uso consolidado de Áreas de Preservação Permanente que já estavam sendo utilizadas em 22 de julho de 2008, conforme os critérios da Lei. QUAL O PRAZO? - Um ano a partir de sua implantação nacional. Por enquanto, esse prazo ainda não começou a contar, mas você já pode fazer a sua pré-inscrição. Os dados migrarão para o banco de dados nacional quando este estiver disponível. O QUE FAZER SE UM PROPRIETÁRIO TIVER MAIS DE UMA PROPRIEDADE? - O acesso ao CAR (login e senha) é único para cada pessoa, e cada propriedade deve ter seu próprio cadastro. Quando uma pessoa acessa o CAR, ela terá disponíveis os dados de todas as suas propriedades nas quais estiver cadastrado. Áreas contíguas (áreas vizinhas e que fazem limite uma com a outra) de um mesmo proprietário devem ter apenas um cadastro. E AQUELE IMÓVEL RURAL LOCALIZADO EM MAIS DE UM ESTADO? - A inscrição deve ser feita no cadastro do Estado que contemple a maior área do imóvel.

E OS IMÓVEIS RURAIS PERTENCENTES A ESTRANGEIROS? - Também devem ser inscritos. A lei n° 12.651/2012 não faz distinção quanto à nacionalidade do titular do imóvel rural. OUTRA PESSOA PODE FAZER O CADASTRO PARA MIM? - O sistema permite que um representante legalmente constituído faça a inscrição de outra pessoa, mas é necessária a inserção de uma procuração no local indicado. É NECESSÁRIO CONTRATAR UM TÉCNICO PARA FAZER O CAR? - O CAR é declaratório, de responsabilidade do proprietário, e não é necessária a contratação de um técnico. EM NOME DE QUEM DEVE SER FEITA A INSCRIÇÃO DO IMÓVEL RURAL PERTENCENTE A ESPÓLIO? - O imóvel rural que na data da sua inscrição pertencer a espólio deve ser inscrito em nome do de cujus (falecido cujos bens estão em inventário), e o inventariante deve ser inscrito como representante legal. No lugar da procuração deve ser anexada cópia da nomeação do inventariante. QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS? • Nome, CPF e e-mail de todos os proprietários; • Número do CIR, para imóveis rurais; • Número do IPTU, para imóveis urbanos; • Endereço da propriedade; • Área da propriedade, indicada na(s) matrícula(s) ou no documento de posse; • Documento de comprovação de propriedade ou posse; • Número do CIR - Cadastro de Imóvel Rural, obtido no Certificado de Imóvel Rural – CCIR. (FONTE: adaptado do Portal G1)

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