Edição nº 90 abril 2014

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EVENTOS

Tracan inaugura grande loja em Franca (SP)

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No último dia 28 de março, O Grupo Tracan inaugurou sua oitava loja na região da Alta Mogiana. Dotada dos mais modernos recursos para atender o produtor rural de Franca (SP) e região, a atenção especial fica por conta do pós-venda. Durante o evento que contou com um Dia de Bons Negócios, uma palestra sobre Mecanização da Cultura Cafeeira, conduzido pelo Prof. Fábio Moreira (UFLA), bem como com a premiação dos oito primeiros produtores rurais a adquirirem máquinas e equipamentos da Case.

Tudo pronto para a 21ª AGRISHOW

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Com mais de 400 mil metros quadrados de área de exposição e uma expectativa de público superior a 250 mil visitantes, está tudo pronto para a realização da 21ª AGRISHOW , em Ribeirão Preto (SP).

LEITE

Produzir leite não é fácil, a começar pela alimentação

TECNOLOGIA

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Artigo do pesquisador Paulo Mühlbach, que mostra com clareza que a atividade leiteira parece simples, mas na verdade é bem complexa, a começar pela alimentação da vaca.

BASF aprimora Digilab com a inclusão de 7 culturas

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Uma inédita versão para tablets do Digilab (serviço de diagnóstico para agricultura da BASF) chega ao mercado com a inclusão de sete culturas ao módulo Saúde Vegetal, totalizando agora 23.

Manejo de micronutrientes em cafeeiro (parte III)

CAFÉ

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omeçam neste final de mês o período das grandes feiras setoriais da agropecuária brasileira. De 28 de abril a 02 de maio, o Mundo do Agronegócio se encontra em Ribeirão Preto (SP), onde mais de 700 expositores mostrarão o que há de mais avançado em tecnologia para o campo. As empresas fornecedoras de máquinas e implementos agrícolas; do setor de irrigação; de nutrição animal; de fertilizantes; as de veículos de todos os tipos; do setor de laticínios; enfim, tudo que a maior e mais diversificada agricultura do mundo necessita. O destaque principal desta edição fica por conta da inauguração da oitava unidade do Grupo Tracan. Desta vez foi na cidade de Franca (SP), dotada dos mais modernos recursos para atender o produtor rural de toda a região, com atenção especial para o pós-vendas. Aproveitando o assunto, gostaríamos de parabenizar a política de expansão adotada pela Sami Máquinas, com a inauguração de mais uma filial do grupo. Desta feita em Ribeirão Preto (SP). Parabéns, Sami El Jurdi e todos os colaboradores. Destaque também para as eleições da COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas e da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana. Ambas as entidades passaram a contar com novas diretorias. Entre os artigos técnicos, publicamos para a atividade leiteira, artigo do pesquisador Paulo Mühlbach que mostra com clareza que a atividade leiteira parece simples, mas não é. Já na cafeicultura, o pesquisador Renato Brandão, do Grupo Bio Soja, publica mais um artigo sobre o Manejo de Micronutrientes. E o clima continua sendo o assunto em vários debates e discussões em diversas culturas. Já não bastasse todos os efeitos causados pela seca extrema do final de 2013 e início de 2014, principalmente para as culturas do café e da cana de açúcar, agora os climatologistas alertam para uma nova alteração climática. Cientistas alertam que há 70% de chance do El Niño se desenvolver, o que poderá provocar chuvas acima da média nos países da América do Sul e, principalmente, em épocas em que as principais culturas estão em fase de colheita ou requerem períodos secos. Boa leitura a todos!

ARTIGO

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Expectativa de bons negócios durante a 21ª AGRISHOW

DESTAQUE: Inauguração

EDITORIAL

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

Avença em dinheiro no Arrendamento Rural

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“Quando um produtor rural avença o seu contrato em produtos, dificulta a sua defesa em juízo, haja visto que abre argumentos jurídicos que tenta descaracterizar o contrato”.


MÁQUINAS

Sami Máquinas inaugura filial em Ribeirão Preto (SP)

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Sami Máquinas, em sua política de expansão, abrirá no próximo mês de maio mais uma loja, agora em Ribeirão Preto (SP) e estará localizada num ponto destacado e de fácil acesso, em frente a Rodovia Anhanguera. Esta nova loja, a exemplo das outras, operará tanto na linha Agrícola, com os tratores Yanmar/Agritech, colhedoras de café Jacto e implementos, como também na linha de Construção Civil, com as marcas Yanmar, Gehl e Atlas Copco. A nova filial, além da venda de equipamentos novos e usados, prestará assistência técnica e venda de peças de reposição para mais de 30 cidades circunvizinhas. Não há como negar a mportância agrícola da região de Ribeirão Preto (SP), não só na produção de acúcar e álcool, mas também na fruticultura, horticultura e cafeicultura. Neste sentido, a empresa vislumbra com esta nova loja levar a esta região inovaçöes tecnológicas de ponta para dar sua

contribuição ao agronegócio regional. Há pouco mais de um ano, a empresa expandiu suas operações para o segmento de máquinas e equipamentos para a construção civil, implantando neste setor toda a expertise de 26 anos de trabalho no setor agrícola. Assim, passou a oferecer ao mercado minicarregadeiras, retroescavadeiras, cavadeiras articuladas, geradores, compressores para obras, torres de iluminação, rompedores e compactadores, dentre outros. As marcas que a Sami Máquinas representa são líderes mundiais neste segmento. “Nossa filosofia de trabalho é a de encontrar soluções viáveis à mecanização agrícola e de construção civil, atendendo as necessidades de nossos clientes com presteza e dedicação, orientando-os na escolha e dimensionamento de seus equipamentos, oferecendo-lhes respaldo técnico, treinamento e assistência”, ressalta Sami El Jurdi, diretor comercial da Sami Máquinas.

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NOTÍCIAS

Danfoss expõe soluções para mercado móbil FOTO: Prefeitura de Franca

FMC aborda manejo integrado de nematóides

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FOTO: Divulgação

om o intuito de refletir, discutir e difundir conhecimentos, informações e resultados de pesquisas envolvendo os fitonematóides (parasitas que atacam café, frutas, hortaliças) nas principais regiões agrícolas brasileiras, foi promovido pela Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) o “3º Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Nematologia”. O gerente de marketing de cultura HF da FMC, Engº Agrº Flávio Irokawa, abordou “Manejo Integrado de Nematoides”, apresentando orientações de manejo de nematoides integrando o portfólio químico (Rugby® e Furadan®) com o Biológico (Nemix HL®). INF.: www.fmcagricola.com.br

MSD estuda vacina contra diarréia suína

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á pouco menos de um ano, em março de 2013, teve início, nos Estados Unidos, um surto de diarreia suína (PED, na sigla em inglês), que mudou a suinocultura americana. Atenta a essas mudanças que preocupam e podem impactar a suinocultura mundialmente, a MSD Saúde Animal fechou uma parceria com a Utrecht University, uma das mais tradicionais universidades européias, para a realização de estudos sobre o vírus que provoca a doença. A pesquisa, que vai durar 12 meses, visa descobrir uma vacina contra a PED. O diretor da Unidade de Suinocultura da MSD Saúde Animal no Brasil, Rui Nóbrega, afirma que essa pesquisa faz parte do compromisso global da companhia em prover soluções inovadoras para a saúde animal. INF.: www.msd-saude-animal.com.br FOTO: Divulgação

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líder mundial em desenvolvimento e fabricação de controles eletromecânicos e eletrônicos, soluções de sistemas para indústrias de refrigeração, aquecimento e acionamento de motores elétricos, a DANFOSS destaca soluções para o mercado móbil na Agrishow 2014. A empresa convida os visitantes a conferirem a linha de microcontroladores PLUS+1TM, as válvulas eletro-hidráulicas PVG e as bombas de pistões axiais de circuito aberto S45 (Load Sense). O estande da DANFOSS é o de número E21b1. A Danfoss também atua na área de energia solar e eólica, bem como infraestrutura de aquecimento e refrigeração que atinge cidades inteiras e comunidades urbanas. INF.: www. danfoss.com.br

contatos NIDOVAL GUIMARÃES (nidao_guimaraes33@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - Poços de Caldas (MG). “Sou produtor de café e cana de açúcar e criador de gado de corte e ovinos. Solicito alteração em meu endereço de cadastro para poder continuar a receber a Revista Attalea Agronegócios. Aproveito a oportunidade para parabenizar a equipe pelo excelente trabalho”. ANA LARIZA (analariza@aminoagro.agr.br) Empresa - Indaiatuba (SP). “Solicito a troca de endereço para para continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”. HENRIQUE DELANO MESCUA (delanomescua@hotmail.com) Cafeicultor - Patrocínio (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. RAMON LUIZ ELIAS (ramonluiz04@hotmail.com) Agropecuarista - Três Pontas (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MARIO LUCIO VILELA REIS JR. (juniorvr1@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - Três Pontas (MG). “Atuo na área de vendas de produtos agrícolas. Gostaria de fazer o cadastro e assinar Revista Attalea Agronegócios. PEDRO CELSO VITTO (pedro.vitto@hotmail.com) Agropecuarista - São José do Rio Pardo (SP). “Sou gerente de fazenda, onde se cultiva café, eucalipto e abacate, além da criação de suínos e aves. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOSÉ DIAS NETO (josedias@prevet.com.br) Mestre em Aquicultura - Jaboticabal (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. ATAIDE FERREIRA RIBEIRO (coram@netsite.com.br) Administrativo CORAM - Comércio e Representação Agrícola - Ituverava (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

QUER ASSINAR? Para assinar a Revista Attalea Agronegócios, acessar o nosso site: www.revistadeagronegocios.com.br e preencha corretamente as informações na aba Fale Conosco.


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TECNOLOGIA

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Parceria entre EMBRAPA Café e EMATER-MG fortalece transferência de tecnologias

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arceria firmada entre a EMBRAPA Café e a EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais por meio de convênio em 2013 para cooperação técnica para transferência, a pequenos e médios produtores, de tecnologias do Consórcio Pesquisa Café foi prorrogado para 2014. Em 2013, foram realizados cursos sobre tecnologias desenvolvidas no âmbito do Consórcio Pesquisa Café para cento e setenta extensionistas, que transmitiram esse conhecimento técnico e científico para 2.400 produtores e a suas associações/cooperativas em 126 municípios do estado de Minas Gerais. Em complemento, em 2014, serão realizados cursos de capacitação para mais 200 extensionistas (40 deles do Certifica Minas), que realizarão 750 assistências técnicas para 1.150 cafeicultores de 80 municípios que não participaram dos treinamentos no ano passado. “A execução do convênio em 2013 foi um sucesso. As metas foram 100% cumpridas e com economia de recursos. Para 2014, ampliamos a área de abrangência das ações

para mais 80 municípios. Com esse acréscimo, vamos atingir os mais representativos municípios produtores de café em Minas Gerais”, explica Cláudio Bortolini, coordenador técnico estadual da EMATER-MG. A iniciativa também une esforços da Universidade Federal de Lavras – UFLA e EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela EMBRAPA Café. O objetivo dessa cooperação é qualificar ainda mais o serviço de assistência técnica e extensão rural para o atendimento das demandas de produtores de café de Minas Gerais (familiar, pequeno, médio e grande) e de seus grupos associativos, de forma a promover o desenvolvimento da atividade cafeeira. Espera-se também que a parceria entre as instituições agregue qualidade ao produto, renda aos produtores de todos os portes e oferta de mão-de-obra. Além disso, apoio específico à cafeicultura familiar é consequência de uma política estratégica para garantir a inclusão social e permitir o desenvolvimento sustentável da cafeicultura mineira.


MÁQUINAS

Região de Ribeirão Preto (SP) financia R$ 2,8 bilhões em máquinas agrícolas

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ela primeira vez no Plano Safra, o financiamento de máquinas e equipamentos alcançou 50% dos recursos destinados à agricultura na região de Ribeirão Preto (SP), por meio do Banco do Brasil. A necessidade de aumentar a produtividade no campo, mais os juros baixos, de 3,5% ao ano, são apontados como os principais fatores para a alta procura pelos financiamentos de bens duráveis. No último ano, o setor sucroenergético também elevou o número de compras de colheitadeiras de cana por causa do acordo que prevê o fim das queimadas em áreas mecanizáveis no final deste ano. Até junho, quando termina o plano, a direção do banco na região prevê desembolsar R$ 5,6 bilhões ao setor –14,3% a mais na comparação com a última safra, encerrada em junho de 2013. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também oferece linhas de financiamentos de máquinas e equipamentos, mas a burocracia é um entrave aos agricultores. “O financiamento de máquinas e equipamentos pelo

Banco do Brasil é mais uma opção aos agricultores dentro do Plano Safra”, disse Fábio Euzébio, superintendente do banco na região. Em todo o país, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 70 bilhões em crédito para o Plano Safra. O valor alcançado em Ribeirão Preto corresponde a 8% desse total. “Isso demonstra a força econômica da região, onde a agricultura tem fundamental importância”, disse o superintendente do banco. “É um recorde dentro do Plano Safra”, afirmou. IMÓVEL - Há cinco anos o banco também faz financiamentos imobiliários. Em 2013, a regional desembolsou R$ 570 milhões, um aumento de 87% na comparação com o ano anterior. A expectativa é que o banco alcance R$ 1,8 bilhão em financiamentos de imóveis até o final deste ano, de acordo com Euzébio. A superintendência norte do Banco do Brasil em Ribeirão Preto abrange 195 municípios e conta com 1,7 milhão de clientes (pessoa física) e 155 mil (jurídica), com 372 agências bancárias. (FONTE: Folha de São Paulo)

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EVENTOS

Tracan inaugura loja em Franca (SP)

Em dia de festa, Tracan realiza palestra de Mecanização, Dia de Bons Negócios e um jantar.

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FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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Tracan, que já atendia a região de Franca (SP), se instalou na cidade no último dia 28 de março com a inauguração de uma grande loja, a oitava do Grupo, dotada dos mais modernos recursos para atender o produtor rural, com atenção especial para o pósvendas. A inauguração da empresa contou com a promoção de um Dia de Bons Negócios, uma palestra sobre a mecanização da cultura cafeeira e um jantar para os convidados. Durante a festa oito produtores receberam uma placa comemorativa. Eles nem esperam a loja abrir para comprar seus equipamentos, são eles: Divino Carvalho Garcia, Pedro Zaneti, Eurípedes Alves Pereira, Mateus de Paula Rodrigues, Valdir Moscandin, Flávio Macarine Pereira, Nilton Roberto Skcerma e Dirnei de Barros Pereira.

PALESTRA DE MECANIZAÇÃO - Além de levar tecnologia de ponta para as mais diversas culturas da região, a Tracan iniciou suas atividades em Franca com um evento especial sobre café. Convidou para uma palestra um dos maiores especialistas em mecanização cafeeira do Brasil, o professor Fábio Moreira da Silva, do Departamento de Engenharia da UFLA - Universidade Federal de Lavras (MG) Segundo o professor, as novas tecnologias desenvolvidas pelas indústrias e o alto custo da colheita manual estão acelerando o processo de mecanização dos cafezais por todo o Brasil. Só na região de Franca são 60 mil hectares ocupados pela cultura. Em sua palestra o professor Fábio afirmou que as novas experiências mostram que cafezais preparados para receber a colheita mecanizada, somados à qualidade da colhedora Coffee 200Case IH, usada por ele nos experimentos, resultam em mais produtividade e menor custo para o produtor. O levantamento da UFLA indicou que a redução no custo produção com a colheita mecanizada fica entre 51% e 65%. Em propriedades que usam a colheita manual, o custo do sistema pode variar entre R$ 3.350 e R$ 3.400, por hectare, com a derriça semimecanizada o custo fica entre R$ 1.500 e R$ 1.580, e com a colheita mecanizada R$ 1.200, por hectare. Já a produtividade aumenta com a colheita mecanizada, o estudo demonstrou que a produção foi de 28,14 L/planta para a colheita mecanizada seletiva, 26,87 L/planta para a colheita mecanizada plena, contra 25,00 L/planta da colheita manual. Para o professor Fábio o que fez a diferença no estudo foi a qualidade da colhedora de café da Case IH que tem capacidade de colher seletivamente apenas os grãos maduros com o mínimo dano aos frutos.


EVENTOS

11 FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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Acima, a equipe completa da Tracan-Franca

O Prof. Fábio Moreira da Silva apresenta resultados dos seus ultimos trabalhos com colheitadeiras Case para os cafeicultores da região de Franca.

Everson Penteado, Dario Sodré e Jéssika Monassi, diretores da Tracan.


EVENTOS

Ú

nica feira da América Latina de tecnologia agrícola que oferece tudo o que o produtor rural necessita, a Agrishow 2014 reunirá empresas e prestadores de serviços de uma infinidade de segmentos. Nos 440 mil m2 de área de exposição, o visitante encontrará desde aviões, até sofisticadas soluções para agricultura de precisão, passando por ferramentas, montadoras de veículos, fabricante de pneus, entre outros produtos. A Agrishow não é apenas uma feira de máquinas e implementos. Ela vai muito além e hoje permite que o produtor encontre tudo que precisa. E não atrai somente os grandes produtores, mas também agricultores de pequenas e médias propriedades. Prova de que a Agrishow é a feira mais completa e diversificada na oferta de itens de interesse do agricultor brasileiro é que, além dos segmentos já mencionados, ela também apresenta produtos das áreas de armazenagem, corretivos, fertilizantes, defensivos, equipamentos de segurança (EPI), equipamentos de irrigação, sacarias e embalagens, autopeças e pneus, produtos e serviços para produção de biodiesel, sementes em geral, além de serviços de seguro e financeiros. Além de encontrar uma ampla variedade de produtos e serviços, o potencial comprador poderá negociar melhores

condições de preços e de pagamento, uma vez que já traz em mãos uma carta de crédito pré-aprovada pela sua instituição financeira. Outra grande vantagem é que a Agrishow é a única feira no Brasil em que é possível negociar diretamente com fabricantes. Com isso, há economia de tempo e menos burocracia para fechar grandes negócios. EXPOSITORES OTIMISTAS – De olho nessas boas perspectivas de negócios, expositores de vários segmentos estão otimistas e preparam lançamentos e novidades para a Agrishow 2014. É o caso da Ag Leader Technology Brasil, que, de olho na expansão da agricultura de precisão, levará para a feira sua linha completa de equipamentos destinada FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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21ª AGRISHOW: a maior e mais completa Feira de Tecnologia Agrícola do mundo

SERVIÇOS 21ª AGRISHOW - FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA AGRÍCOLA EM AÇÃO DATA: de 28 de abril a 02 de maio // HORÁRIO: das 8h às 18h LOCAL: Rodovia Antônio Duarte Nogueira, km 321, Ribeirão Preto (SP) SITE: www.agrishow.com.br

Estande da FAFRAM - Faculdade “Dr. Francisco Maeda”, de Ituverava (SP)


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FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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Estande Global da Yanmar Agritech, que reúne todas as revendas do Brasil, como a Sami Máquinas, com sede em Franca (SP) e filial em S.Sebastião do Paraíso (MG)

a esse nicho. Em seu estande, a empresa exibirá seu mais recente equipamento para medição da taxa variável de sólidos, assim como aqueles que projetam barras de luzes e que servem para orientar os operadores na hora do plantio, pulverização ou aplicação de defensivos. A Maggion Pneus e Máquinas é outra empresa que reservou para a Agrishow 2014 o lançamento de quatro novos tipos de pneus. Entre eles, destacam-se o Militar BL Implemento, que é próprio para uso em plantadeiras, carretéis de irrigação e grades. Também na área de gestão, a feira desperta a atenção de algumas empresas. É o caso da Gerente Agrícola, firma especializada no desenvolvimento de software para monitoramento de colheita. Ela levará toda sua equipe de técnicos para explicar e detalhar seus produtos dedicados a: consulta de produtividade, relatórios de custo por hectares ou por máquina, checagem de estoques, rastreabilidade de insumos e também de produto final, além de relatórios financeiros.

exibiu produtos, serviços e soluções de 790 marcas a um público visitante de aproximadamente 150 mil pessoas. Entre os frequentadores da feira, o fluxo de pessoas do exterior é bem diversificado: na edição de 2013, pessoas de 70 países passaram pela Agrishow. Em relação aos expositores há também representantes internacionais: na edição deste ano estão confirmadas algumas empresas da Argentina, Áustria, Espanha, Alemanha, China, EUA, Itália Taiwan, Turquia e Índia. Em 2013, a feira contou com a presença de 35 novas empresas estrangeiras. ATTALEA COM ESTANDE PRÓPRIO - Mais uma vez a equipe da Revista Attalea Agronegócios estará presente na AGRISHOW, com estande próprio, promovendo a divulgação dos nossos patrocinadores, formalizando o cadastramento de produtores rurais e profissionais do setor interessados em receber gratuitamente a revista.

VISITE NOSSO ESTANDE

ORGANIZADORES OTIMISTAS - A expectativa dos organizadores da feira é reunir um número maior de expositores e também de visitantes. Na edição de 2013, a Agrishow

Convidamos produtores rurais, empresários, profissionais do setor de agronegócios a conhecerem o estande da Revista Attalea Agronegócios na 21ª AGRISHOW. RUA F // ESTANDE 069 // PAVILHÃO COBERTO

Estande Global da Massey Ferguson, com destaque para a OIMASA, com sede em Orlândia (SP) e filiais em outras sete cidades de SP, MG e GO.

Estande Global da New Holland, com destaque para a A.ALVES, com sede em Orlândia (SP) e filiais em outras cinco cidades de SP e MG.


EVENTOS

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ntre os dias 28 de abril a 02 de maio, a Jacto marca presença em mais uma edição do Agrishow, que acontece em Ribeirão Preto (SP), oferecendo palestras técnicas, novo plano de consórcio e comemorando 25 anos de lançamento do primeiro pulverizador automotriz da família Uniport e 35 anos da primeira colhedora de café do mundo. A Jacto prepara para a edição 2014 da Agrishow um momento especial para comemorar os 25 anos do lançamento do primeiro Uniport, pulverizador automotriz que inaugurou um novo parâmetro para o segmento com suas inovações tecnológicas. As inovações foram tamanhas que continuam atuais. Mesmo depois de 25 anos, o primeiro modelo trabalha normalmente comprovando as principais características dos produtos Jacto de oferecer segurança, qualidade e produtividade, Entre as suas vantagens destacava-se a possibilidade de ter um único equipamento (e não mais conjunto trator e implemento); trabalhar em velocidades maiores e con-

FOTO: Divulgação Jacto

Jacto comemora 25 anos da família Uniport e apresenta adubadora para grãos e algodão

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forto na operação com cabines com maior proteção e comandos mais próximos. Ao longo dos anos, os equipamentos foram atualizados com novas tecnologias, chegando hoje ao Uniport 3030, o último lançamento da família Uniport. “Assim como seus antecessores, se tornou referência no mercado de pulverizadores automotrizes, que reúne em um único veículo um conjunto de soluções de aplicação, veiculares e tecnologia embarcada”, informa Valdir Martins, Diretor Comercial da Jacto Em seu estande em Ribeirão Preto vai apresentar também a adubadora Uniport 3000 NPK, que antes configurada para atender os canaviais, agora ganha um modelo específico para as culturas de algodão e grãos. “O novo modelo apresenta 15 linhas para aplicações de fertilizantes na entrelinha de plantios de 0,9 m de espaçamento, que permitem aplicar fertilizantes na entrelinha das culturas ou aplicação em área total com o uso de defletores que estão disponíveis no equipamento. Os pneus são mais estreitos (13,6 x 38”) do que os da versão para uso na lavoura canavieira e possuem abrelinhas, próprios para o trabalho nestas culturas”, explica as novidades Wanderson Tosta, Gerente de Planejamento de Produtos da Jacto. Adubação, aliás, será um dos temas de palestras técnicas gratuitas que serão oferecidas no estande da Jacto nos cinco dias de exposição. O objetivo com os encontros é levantar uma discussão para que haja diminuição de desperdício de produto, tempo e trabalho e que os produtores tenham opções para aumentarem o potencial produtivo das culturas. Outros temas que entram em discussão são o ‘Controle de Pragas e Doenças de Baixeiro’ e Agricultura de Precisão. O controle de pragas e doenças, como falsa medideira, Helicoverpa, mofo branco e ferrugem é um grande desafio. De acordo com Walter Wagner Mosquini, especialista em tecnologia de aplicação da Jacto, cada uma deve ser combatida de forma diferente: “uma das grandes dificuldades dos produtores hoje é alcançar a área do baixeiro com eficiência durante a pulverização”, explica. Nas palestras de agricultura de precisão, segundo Fábio Pernassi Torres e Alan Leite, Gerentes de Produtos dessa linha, serão abordados pontos relativos ao gerenciamento das operações agrícolas, com foco no uso e vantagens desse sistema. Além das palestras, na área de agricultura de precisão teremos a apresentação do ‘Otmis Maps’, que é um módulo que traz para o escritório as informações operacionais das

FOTOS: Divulgação Jacto

EVENTOS

máquinas no campo. Serão mostrados os sistemas Maps Pulverização, para os pulverizadores da linha Uniport, e o Maps Colheita para as colhedoras de café. “Através desses sistemas, que combinam eletrônica embarcada nas máquinas com software hospedado em servidores, é possível acompanhar o trabalho de pulverização e de colheita de qualquer lugar que possua acesso a internet”, informa Leite. Novidade este ano também no estande da Jacto é a apresentação de um novo plano de consórcio, específico para equipamentos da Família Uniport (pulverizadores e adubadora) e as colhedoras de café modelos KTR e K3. Os produtores interessados podem já adquirir suas cotas, que serão divididas em 102 parcelas, podendo ser amortizadas mensalmente, trimestralmente ou semestralmente. A ação foi criada pelo Consórcio Nacional Jacto, complementando as ações em comemoração aos 25 anos da família Uniport e 35 anos das colhedoras de café. Além da família Uniport, comemora-se também em 2014, 35 anos de lançamento da primeira colhedora de café do mundo, criada pela Jacto em 1979. O projeto começou a ser desenvolvido na década de 1970 e originou o Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Jacto. A criação do equipamento teve alto impacto na economia mundial da cultura do café, proporcionando a manutenção do Brasil entre os grandes produtores de café. Por fim, a Jacto apresenta no Agrishow a campanha mundial “Dedicação e Amor à Terra”, lançado no começo do ano e que estimula o envio de depoimentos e relatos da ligação das famílias com o trabalho no campo e também a sua relação com os produtos da empresa. “Será uma justa homenagem a todos os que dedicam sua vida à agricultura e teremos um rico material sobre a trajetória dessas pessoas e do próprio desenvolvimento do trabalho no campo, da evolução das tecnologias utilizadas ao longo do tempo e de como a Jacto pôde também contribuir para oferecer soluções à essas famílias, mantendo vivo nossos valores”, explica José Tonon Junior, Gerente de Comunicação da Jacto.


GRÃOS

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plantio de milho safrinha representa, atualmente, 56% da área cultivada com o cereal no Brasil. Nos últimos anos, a produção de milho brasileira tem se deslocado do verão para a Safrinha. O último relatório da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento, de setembro de 2013, indica um aumento de 18% na área de safrinha e uma diminuição de 8,6% na área de milho verão na safra 2013/14. Não é por acaso que os agricultores estão seguindo essa tendência. O cultivo de milho safrinha apresenta inúmeras vantagens do ponto de vista agronômico e econômico. A soja e o milho são cultivos que se complementam. O milho aproveita o residual de fertilizantes da soja e, com isso, reduz muito o desembolso necessário com adubação. Do ponto de vista agronômico, como são de famílias distintas, o sistema quebra o ciclo de vida de insetos e contribui para diminuição do inóculo de doenças. Se, há alguns anos, o potencial produtivo da Safrinha era muito abaixo do potencial das lavouras de verão, hoje essa diferença diminuiu bastante, graças à adoção de tecnologia e ao desenvolvimento de materiais cada vez mais adaptados a esses ambientes. Atualmente, é comum observarmos lavouras de milho safrinha com médias acima de 150 sc/ha em diversas regiões do país, produtividade inalcançável até poucos anos atrás nesses ambientes. Dentre os avanços tecnológicos que possibilitaram esse salto de produtividade, o

IMAGEM: Pioneer

Controle da “Mancha de Turcicum” na safrinha

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manejo eficiente de doenças é um dos fatores mais importantes, pela proteção do potencial produtivo das lavouras. A Mancha de Turcicum (Exserohilium turcicum) é uma das principais doenças que ocorrem na Safrinha, apresentando grande potencial de dano, dependendo da susceptibilidade do híbrido. Em anos de alta pressão da doença, e condição ambiental favorável ao patógeno, é possível observar perdas de mais de 50% do potencial produtivo. Portanto, o conhecimento de aspectos da biologia do fungo e de


IMAGENS: Pioneer

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métodos de controle é fundamental para se evitar perdas causadas por essa doença. CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA - A Mancha de Turcicum é causada pelo fungo Exserohilium turcicum, anteriormente denominado Helminthosporium turcicum. O patógeno sobrevive em restos culturais de milho na forma de conídios e micélios. Assim que as condições ambientais se tornam favoráveis (temperaturas amenas e alta umidade), os esporos são produzidos. Essas estruturas são disseminadas pelo vento e respingos de chuva dão início a um novo ciclo de infecção (Figura 1). Condições ideais de infecção ocorrem quando há molhamento foliar e temperaturas em torno de 25°C. Os maiores danos ocorrem quando a infecção ocorre cedo e a doença progride para as folhas acima da espiga ao redor do florescimento (período crítico da cultura), causando perda de área foliar (Figura 2 e Figura 3). O patógeno causador da doença apresenta várias raças distintas. Nas regiões produtoras de milho no Brasil foram identificadas as raças fisiológicas de Et0, 2, 3, N, 1N, 2N, 3N, 12N, 23 N e 123N, através do uso de linhagens diferenciadoras (Gianasiel at., 1996). Existem algumas fontes de resistência disponíveis para a Mancha de Turcicum em milho. Devido às mudanças das raças e à presença de várias raças distintas em algumas regiões, os programas de melhoramento da DuPont Pioneer ao redor do mundo precisam incorporar múltiplos genes de resistência no seu germoplasma. Através do uso de ferramentas de marcadores moleculares é possível incorporar esses genes nos materiais que estão sendo desenvolvidos, melhorando a resposta do híbrido à doença. Na presença do gene de resistência, dependendo do tipo de gene e da raça do patógeno, é comum observar-se a presença de um halo amarelado que restringe a expansão da lesão e minimiza a perda de área foliar (Figura 4). A DuPont Pioneer realiza, todos os anos, avaliações de seus híbridos em diversas localidades, para observar sua

reação à Mancha de Turcicum. O uso de diversos locais de teste, incluindo áreas de alta pressão da doença, é fundamental para avaliar os híbridos que estão sendo desenvolvidos. Nessa caracterização é usado um sistema com notas de 1 a 9, baseado na perda de área foliar. O escore “9” indica nenhuma perda de área foliar e o escore “1” indica perda de 95% da área foliar pela presença da doença (Figura 5). Através dessas avaliações, os programas de melhoramento comparam o escore de híbridos já conhecidos com os précomerciais. Esses dados auxiliam as decisões de avanço e de posicionamento de híbridos em cada região. MANEJO DA DOENÇA - O manejo eficaz da doença passa pela integração de diferentes ferramentas, dentre as quais devemos considerar: escolha de híbridos resistentes, redução do inóculo inicial, época de plantio e o uso de fungicidas foliares. RESISTÊNCIA DE HÍBRIDOS - A seleção de híbridos, baseada no escore de caracterização da doença, é uma importante etapa do manejo de Turcicum. O escore utilizado pela DuPont Pioneer reflete o desempenho esperado dos materiais frente às raças predominantes da doença em cada região. À medida que ocorrem modificações (inevitáveis) de raças do patógeno em determinada região, o sistema contínuo de testes dentro da pesquisa pode ajustar o escore para determinado híbrido, caso necessário. O uso de múltiplos genes de resistência pelos melhoristas, dentro de cada programa de melhoramento, tende a aumentar a estabilidade dos híbridos frente às mudanças de raça do patógeno. Os híbridos são selecionados em relação a várias características agronômicas importantes, dentre as quais podemos citar: potencial produtivo, ciclo apropriado para a região, resistência de colmo, raiz, qualidade de grão, resistência a doenças, etc. Os dados avaliados devem ser consistentes em diversos locais para serem levados em consideração. O conjunto das características avaliadas determina qual o material mais apropriado para cada sistema de cultivo e cada condição de lavoura. Em se tratando de manejo de doenças, o posicionamento de híbridos é o método mais eficaz e barato de controle. REDUÇÃO DO INÓCULO INICIAL - Devido ao patógeno causador da doença ser um fungo necrotrófico (sobrevive em tecido morto), os restos culturais são fonte de inóculo para as infecções iniciais. Neste caso, todo o manejo que resulte em diminuição da resteva tende a diminuir a quantidade de inóculo presente na área. Neste sentido, a rotação de culturas é fator importante para diminuir a pressão das doença. Devido ao sistema de plantio direto, a manutenção da palha na superfície do solo é fator de fundamental importância, pelas inúmeras vantagens em relação à conservação do solo, água e ciclagem de nutrientes, já amplamente reconhecidas pelos produtores. Entretanto, essa informação se faz importante especialmente nas condições em que se fazem cultivos sucessivos de milho, prática comum em áreas


GRÃOS de pivot do Brasil Central. Neste caso, o inóculo presente na área será maior e o produtor deve estar ciente de que será necessário evitar perdas pela ocorrência da doença com o uso de materiais mais resistentes e aplicação planejada de fungicidas foliares. ÉPOCA DE PLANTIO - A época de plantio pode ajudar os híbridos a escaparem da doença. Como comentado anteriormente, à medida que a doença progride, as lesões frutificam e novos esporos são lançados no ambiente. Assim, as lavouras estabelecidas no final da janela de plantio se desenvolverão em um ambiente com muito maior pressão de doenças que os primeiros plantios. Isso pode ser determinante para a sua severidade. Seguindo a mesma lógica, o ciclo dos materiais também pode auxiliar o escape da lavoura do período de maior pressão de doença. Plantando um material de ciclo precoce na abertura de plantio, é provável que ele atravesse o período crítico (ao redor do florescimento) antes que as demais lavouras da região, portanto, numa condição de baixa pressão de inóculo. USO DE FUNGICIDAS FOLIARES - A viabilidade do controle químico de doenças e o seu retorno econômico depende de diversos fatores, dentre os quais os mais importantes são: susceptibilidade do híbrido, histórico de doença da região, momento da aplicação, especificidade do produto em relação ao patógeno e a qualidade de aplicação. Em se tratando de manchas causadas por fungos necrotróficos, como o Turcicum, deve-se atentar que esse

grupo de patógenos causa a morte do tecido vegetal através da expansão das lesões nas folhas. Nesta região de tecido morto não ocorre translocação de fungicida. Portanto, o efeito curativo da sua aplicação (depois que ocorre a infecção) é limitado e raramente eficaz. Em vários ensaios conduzidos pela DuPont Pioneer e diversas Fundações de Pesquisa e Universidades, observa-se maior eficiência de controle quando a aplicação de fungicida é feita de maneira preventiva ou logo no início do surgimento dos primeiros sintomas. Na Safrinha, por se tratar de um sistema produtivo de alta pressão de doenças, é imprescindível o uso de fungicidas. Em áreas de alta adoção de tecnologia, os produtores usam a aplicação calendarizada de produtos como forma de proteger o potencial produtivo da lavoura, pois conhecem o histórico da região e sabem que terão perdas caso não apliquem. PRODUTOS REGISTRADOS - A maioria dos produtos registrados para uso no controle de doenças no milho pertence ao grupo dos triazóis ou estrubirulinas. As moléculas pertencentes ao grupo das estrubirulinas atuam na respiração mitocondrial dos fungos e são mais efetivas nas fases iniciais da doença (na germinação dos esporos e nos processos iniciais de infecção). Já, os fungicidas triazóis atuam na biossíntese do ergosterol, um componente da membrana celular dos fungos. Estes podem controlar os fungos em fases mais avançadas do ciclo como o crescimento micelial e préesporulação. Desta forma, as estrubirulinas em geral têm maior ação preventiva, enquanto os triazóis têm maior ação curativa. (FONTE: Pioneer)

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LEITE

Paulo R. F. Mühlbach 1

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pesar de nunca ter sido um produtor de leite sinto-me à vontade para tocar neste assunto, já que a Ciência da Produção Leiteira me ocupa desde os tempos de acadêmico de Agronomia, há mais de quarenta anos. Naquela época uma vaca de 30 litros era algo excepcional e não se dispunha de tabelas precisas de alimentação e de composição de alimentos e muitos dos insumos hoje disponíveis ainda nem existiam. Uma dieta balanceada para vaca em lactação era algo restrito à pesquisa e a algum produtor privilegiado que dispunha de alguma “fórmula” graças a bons contatos. Hoje em dia, vacas produzindo até mais de 40 litros/ dia no pico da lactação é coisa comum e apesar de todos os avanços na nutrição animal, da disponibilidade de tabelas de alimentação (NRC),de resultados de laboratórios de análises, de programas de computador para cálculo de rações, etc., a prática da alimentação segue sendo algo muito empírico, baseada no “olhometro”. Ora, manejar “a olho” a alimentação, o fator mais importante do custo de produção de leite (no mínimo, responsável por 50% desse custo), não é o melhor caminho para evitar o desperdício, baixar custos e garantir o necessário lucro e sustentabilidade da atividade leiteira. Quando certas empresas de insumos dietéticos, na melhor das intenções, oferecem graciosamente formulações de dietas, detalhando os teores dos vários nutrientes (% de proteína, % NDT, minerais, vitaminas, aditivos, etc.) e sugerem a quantidade aproximada de concentrados a oferecer para as diferentes fases da lactação e categorias de animais (incluindo obviamente os seus produtos), a receita, na maioria dos casos, ainda é incompleta. Quer dizer, não adianta dispor de uma “ração” formulada por computador, com ingredientes analisados em laboratório, se na prática não se souber quanto a vaca está comendo de alimento volumoso e a qualidade bromatológica deste (teor de energia, proteína, fibra, etc. na matéria seca). A informação sobre a quantidade de alimento que o animal está comendo é o primeiro passo para balancear uma dieta, e isso não é tão simples assim, especialmente com animais em pastejo. Com o fornecimento do volumoso no cocho a coisa fica mais fácil, pois o mesmo pode ser pesado com uma balança, porém também é preciso calcular o que efetivamente é consumido, pela diferença de peso entre o que é oferecido aos animais e as respectivas sobras. E para

AUTOR 1 - Engenheiro Agrônomo, Professor, Doutor, UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultoria em Produção Leiteira. Publicado em Engormix: www.engormix.com.br

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Produzir leite não é fácil, a começar pela alimentação da vaca

Quanto pasto uma vaca colhe numa bocada?

isto também é necessário conhecer o teor de matéria seca (MS) dos componentes da dieta oferecida e das sobras, pois há grande variação no teor de água dos diferentes alimentos. Em comparação, o arraçoamento de suínos e aves é bem mais simples pois os alimentos são basicamente milho em grão e farelo de soja, e as diferentes formulações são geralmente oferecidas à vontade. Não existe ainda uma receita definitiva de como medir o consumo de MS do animal no pasto e os métodos adotados nas pesquisas são muito complexos para a prática. Na Nova Zelândia já existe em uso uma técnica muito prática, porém sofisticada, onde o sujeito percorre a pastagem de quadriciclo e através de um dispositivo com GPS é estimada na hora a quantidade de pasto que está disponível, o que a cada troca de piquete permite ajustar a taxa de lotação (animais por hectare). É uma sofisticação em condições onde é oferecida pastagem de ótima qualidade, sem suplementação no cocho. Para o nosso produtor (dirijo-me, aqui, especialmente aos produtores de leite da Região Sul do Brasil) isto ainda está um muito distante, razão pela qual temos que estar com os pés no chão e encarar a nossa realidade, que é muito diferente. Uma possibilidade de se estimar o consumo a pasto seria um cálculo por diferença, partindo-se do potencial teórico de consumo da vaca (Tabela do NRC de 1989, ou a equação do NRC de 2001, em anexo). Por exemplo, usando o modo mais simples, pela tabela, o potencial de consumo de uma vaca de 500 kg, produzindo 25 kg de leite com 3,4% de gordura seria estimado da seguinte maneira. Primeiro, corrige-se a produção de leite para 4% de gordura (LCG 4%), aplicando-se a fórmula indicada, o que no caso dessa vaca dá: 0,4 x 25 kg/dia + 15 x 0,85 kg de gordura (de 3,4% x 25


HORTALIÇAS EVENTOS LEITE LEITE

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kg) = 10 + 12,75 = 22,75 kg de LCG (4%). Isto significa que 25 kg de leite com 3,4% de gordura se equivalem a 22,75 kg de leite com 4% de gordura. Em seguida, com este valor de 22,75 vai-se à Tabela, no cruzamento da coluna de 500 kg de peso vivo com o espaço entre as linhas 20 e 25 kg LCG, onde, por interpolação, vê-se que o potencial de consumo de MS dessa vaca se situa entre 3,2% e 3,5% do seu peso, aproximadamente uns 17 kg de MS. Assim, se a vaca em questão recebesse no cocho 7 kg de MS de concentrado, (duas refeições de 4 kg de concentrado in natura) e 5 kg de MS de silagem de milho (uns 15 kg de silagem in natura), no pasto ela ainda teria a capacidade de consumir mais 5 kg de MS (equivalente a uns 25 kg de pasto fresco), fechando o total de 17 kg de MS. Entretanto, se essa vaca não dispor desta oferta de alimento, ela não alcançará a produção de 25 kg, ou até poderá chegar perto, porém perderá peso de modo a comprometer a sua saúde. O leite produzido com oferta abundante de pastagem mista de aveia preta e azevém certamente resultaria num custo menor que o da dieta acima. Todavia, também é preciso considerar que o pastejo não é uma tarefa fácil para a vaca. QUANTO PASTO UMA VACA COLHE NUMA BOCADA - Em primeiro lugar, para uma vaca conseguir pastar, digamos, 11 kg MS, como no exemplo do Quadro 1, a oferta de pasto deve ser, no mínimo, tres vezes maior, ou seja de uns 33 kg de MS, mais ou menos uns 150 kg de pasto verde. Isto significa que a vaca procura selecionar as melhores partes do pasto e esta oportunidade lhe deve ser concedida, embora isto implique num certo desperdício de pasto, além daquele rejeitado por contaminação com dejetos e por pisoteio. O pastejo demanda tempo e um considerável esforço da vaca. No exemplo do quadro vê-se que a vaca precisaria de mais de nove horas para colher 11 kg de MS de pasto, realizando mais de 22.000 bocadas! Em cada bocada a vaca colhe em média, apenas, meio grama de MS de pasto, e isto é um valor muito próximo da realidade. A gente precisa mesmo de uma grande dose de imaginação para procurar entender o esforço diário de uma vaca no pasto, pois dificilmente uma vaca realiza mais de 8 horas

de pastejo. Há quem diga que as vacas são bichos “sindicalizados” e que o “Sindicato das Vacas” não permite mais de 8 horas de pastejo, pois num turno de 24 horas, além do pastejo, 8 horas devem ser dedicadas para a ruminação e 8 horas para o descanso da vaca. Além do esforço de pastejo, a vaca gasta energia cami-nhando do piquete à sala de ordenha e vice-versa, no mínimo duas vezes ao dia, e muitas vezes este percurso é num corredor com um piso pouco apropriado para uma vaca de mais de 500 kg, sustentando um ubre cheio, e geralmente sendo forçada a acelerar o passo. Além disso, tem as caminhadas durante os períodos de pastejo em piquetes nem sempre planos e as e idas e vindas a pontos de água e de sombra, as vezes também distantes. Em suma, esta energia perdida deixa de ser transformada em leite, o que é um custo que também precisa ser considerado (Quadro 2). Portanto, percebe-se que também para a vaca não existe “almoço de graça”, nada cai do céu e tudo tem o seu custo. Este pequeno exercício mostra mais uma vez como é fundamental o tal de gerenciamento, pois foram necessários dados básicos, sem os quais não se consegue estimar o que a vaca deve comer para garantir uma determinada produção de leite. Além do controle da produção de leite, precisase conhecer o teor de gordura do leite, o peso da vaca (e condição corporal) e os pesos das quantidades de alimento oferecidas no cocho e de suas eventuais sobras. Fundamental também é o conhecimento dos teores de MS dos diferentes alimentos, que é uma determinação que sempre é feita quando se encaminha uma amostra de alimento para análise num laboratório. O monitoramento do consumo, ajustando a dieta para as diferentes categorias de animais do plantel, deveria ser feito periodicamente, toda a vez que houvesse uma mu-


LEITE

Comissão cobra implantação da lei de genéricos veterinários

N dança na alimentação de cada animal, ou de lotes de animais (vaca seca, pré-parto, início da lactação, pico da lactação, meio e fim da lactação, novilhas, bezerras, etc.) Então, se o produtor puder apresentar estas informações para um técnico competente fica mais fácil para este calcular uma dieta mais balanceada, que é mais eficiente, evita o desperdício e otimiza os ganhos. Portanto, a alimentação racional do gado leiteiro exige estes cuidados e uma certa dedicação e paciência no levantamento das informações que se fazem necessárias, mas também não é nenhum “bicho de sete cabeças”. Para a tranquilidade do produtor, posso adiantar que é possível até uma estimativa “caseira” do teor de MS dos alimentos, como através da “técnica do forno de microondas” (Souza, et al., 2002). BIBLIOGRAFIA SOUZA, G.B.de; NOGUEIRA, A.R.A; RASSINI, J.B. Determinação de matéria seca e umidade em solos e plantas com forno de microondas doméstico. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2002. (Embrapa Pecuária Sudeste, Circular Técnica, 33)

a última reunião da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, realizada no mês passado, os senadores cobraram a regulamentação da Lei 12.689/2012, que trata da fabricação e registro de medicamentos genéricos de uso veterinário. A lei foi sancionada em julho de 2012, após sete anos de tramitação no Congresso, mas na prática ainda não produz efeitos. O presidente da Comissão, deputado Benedito de Lira, explicou que, para uso humano, há diversos laboratórios fabricando produtos genéricos e convencionais, mas para uso veterinário, o mercado é controlado por um pequeno número de grandes empresas. “É lógico que não há interesse dessa indústria farmacêutica [na produção de genéricos], mas não estamos aqui para trabalhar por essa indústria e sim para trabalhar em benefício da pecuária brasileira”, disse. Ao reforçar os argumentos de Benedito de Lira, o deputado Waldemir Moka contou que, durante a tramitação do projeto, era frequente o lobby dos grandes laboratórios pela rejeição do texto. O presidente da Comissão teme que a pressão que não conseguiu barrar o projeto agora esteja impedindo a regulamentação da lei. “Esta lei se encontra nas gavetas do Ministério da Agricultura, sem absolutamente nenhuma manifestação do ministério”, afirmou Benedito. O parlamentar relatou apelos feitos a ministros e secretários da pasta desde a sanção da lei, sem sucesso. Como nova tentativa para buscar sua regulamentação, os senadores aprovaram requerimento para realização de audiência pública sobre o tema, com autoridades do ministério e da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Na opinião do senador Ruben Figueiró, se a situação permanecer inalterada após a audiência pública, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária poderá acionar a Justiça para que o governo federal seja obrigado a regulamentar a lei.

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Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas– acontece mais cedo este ano: de 28 a 30 de maio, no Pavilhão da Expoflora, em Holambra (SP), devido à abertura do Mundial de Futebol da FIFA em junho. Considerada a maior mostra de horticultura da América Latina, a 21ª edição traz um mix ainda maior de expositores, que apresentarão as últimas novidades do setor, com ênfase em tecnologia agrícola, produtividade e meio ambiente. Este ano, 410 expositores do Brasil e do exterior participarão do evento. Empresas das áreas de tecnologia agrícola, máquinas, ferramentas, irrigação, estufas, defensivos, fertilizantes, sementes, mudas, embalagens, vasos, bulbos, substratos, climatização e biotecnologia estão entre as que já confirmaram presença e prometem movimentar o mercado com muitas novidades. Os organizadores preveem que esta edição vai alavancar negócios da ordem de R$ 100 milhões. Um dos grandes destaques da Hortitec – e que certamente a posiciona como exposição estratégica para o setor – é nível técnico dos visitantes, composto essencialmente por profissionais do agronegócio e clientes atuais e potenciais das empresas expositoras. Como somente visita a feira quem tem real interesse em horticultura, cultivo protegido e culturas intensivas, a Hortitec acabou por se tornar passagem obrigatória para produtores e profissionais interessados em conhecer as tendências do mercado, trocar experiências, fazer e programar negócios. A expectativa é que este ano mais de 26 mil pessoas visitem a exposição. CONGRESSOS E PALESTRAS - Nos dias 28 e 29 de maio, durante a HORTITEC, serão realizadas palestras

VISITE NOSSO ESTANDE

Convidamos produtores rurais, empresários, profissionais do setor de agronegócios a conhecerem o estande da Revista Attalea Agronegócios na 21ª HORTITEC. SETOR AZUL // ESTANDE 16

FOTOS: Revista Attalea Agronegócios

21ª HORTITEC será realizada em maio

com foco em orientação e inovação aos profissionais do agronegócio e empresários rurais do Setor Hortícola. Os temas centrais da edição 2014 são: Usos da Reserva Legal, PI – Produção Integrada de Flores; Inovações no Manejo Integrado de Pragas; Fundamentos da Rastreabilidade; Ferramentas de Marketing no Agronegócio e Relacionamento Comercial. ATTALEA COM ESTANDE PRÓPRIO - Mais uma vez a equipe da Revista Attalea Agronegócios estará presente na AGRISHOW, com estande próprio, promovendo a divulgação dos nossos patrocinadores, formalizando o cadastramento de produtores rurais e profissionais do setor interessados em receber gratuitamente a revista.

SERVIÇOS

21ª HORTITEC - EXPOSIÇÃO TÉCNICA EM HORTICULTURA, CULTIVO PROTEGIDO E CULTURAS INTENSIVAS DATA: de 28 a 30 de maio // HORÁRIO: das 9h às 19h LOCAL: Pavilhão da Expoflora, Rua Maurício de Nassau, Holambra (SP) SITE: www.hortitec.com.br // TEL: (19) 3802-4196


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O PIOR DO PIOR Celso Luis Rodrigues Vegro - Engenheiro Agrônomo, M.S. Desenvolvimento Agrícola. Pesquisador Científico do IEA - Instituto de Economia Agrícola - SP. [ celvegro@iea.sp.gov.br ]

primeiro trimestre de 2014 inverteu por completo o cenário para o mercado de café vigente até final de 2013. A anomalia climática que incidiu sobre os principais cinturões de arábica brasileiros, sacramentou expressivas perdas nas expectativas de volume de colheita (atual e futura), acarretando ainda, provável deterioração na qualidade esperada para a bebida. Em contrapartida, o distúrbio provocou debate técnico de grande aprendizado aos que dele participaram. O sistema formador de preços para a commodity rapidamente internalizou as condições vigentes no Centro-Sul brasileiro, iniciando-se rali em torno das cotações futuras do produto em âmbito das Bolsas de Mercadorias. Como se pautam por expectativas, há entre os participantes do mercado aqueles situados no campo dos otimistas e outros no extremo oposto, o dos pessimistas, fazendo assim oscilarem as cotações com amplificação da volatilidade. Tais posicionamentos dos agentes são perfeitamente compreensíveis tendo em conta que os danos são muito variáveis entre regiões (altitude), idade da lavoura, condição do solo (raso/profundo; arenoso/argiloso), reserva hídrica, adensamento, podas, etc.. Cada uma dessas variáveis ou a combinação aleatória entre elas resulta em diferentes graus de dano produtivo a ser verificado, na prática, apenas no transcurso da pós-colheita. Se antes da anomalia climática recomendava-se enfaticamente a necessidade de planejamento comercial por parte dos cafeicultores, em ambiente de mercado mais volátil, torna-se atualmente uma exigência inescapável, porém mais complexa diante das incertas variáveis a serem ponderadas no cálculo estratégico da busca de rentabilidade. Em âmbito da gestão das lavouras se aproxima o momento de início das práticas de manejo destinada a colheita dos frutos. Em suas rotineiras rondas pelos talhões, alguns cafeicultores têm sido surpreendidos pela intensidade das perdas ocasionadas pela anomalia climática, enquanto outros, especialmente os irrigantes, não contabilizam perdas além dos 5%. Efetuar levantamentos dessa natureza na pré-colheita é de fundamental importância pois a etapa de recolhimento dos frutos é remunerada por volume (litros) e a comercialização do cafeicultor por peso (quilo). Frutos chochos, mal formados, que não serão descascados no benefício representam volume (alqueire pago ao trabalhador rural) e peso próximo de zero (preço recebido da cooperativa/ máquina de benefício). Configura-se assim o cenário do pior do pior. O cafeicultor precisa elaborar orçamentos de quanto poderá desembolsar na colheita frente à expectativa de

quanto poderá obter monetariamente pelo resultado desse esforço. Haverá casos que deixar na árvore esse café e recolhê-los apenas no repasse/varrição estratégia válida e eficaz do ponto de vista do resultado econômico final. Aqueles que se anteciparam com a contratação de CPR’s ou ainda se posicionaram no mercado futuro, poderão ter dificuldades em cumprir com os contratos, pois a perda de qualidade restringirá a disponibilidade de lotes de produto dentro das especificações. O preparo de cereja descadado também pode incrementar demasiadamente os custos finais, uma vez que parte significativa dos frutos maduros pode ser retirada no lavador, diminuindo o rendimento do equipamento a ponto de inviabilizar sua operação. Mas o pior do pior não para por ai. Caso se confirmem as expectativas de formação de El Niño com aquecimento das águas do Pacífico Sul, há fortes possibilidades de precipitações durante a estação seca do ano nos principais cinturões produtores o que pode comprometer ainda mais a qualidade da bebida, mesmo contanto com uma eventual antecipação da maturação e, conseqüentemente, da operação de colheita. O exíguo crescimento vegetativo dos ramos novos, constatado nesse primeiro trimestre de 2014, provocará necessariamente menor produção de frutos na safra 2015/16 (ano de baixa no ciclo bienal). Adicionalmente, prováveis efeitos da anomalia sobre a diferenciação de gemas podem também contribuir para menos flores e frutos na próxima safra. Que estratégia de manejo adotar nesse momento, com menos produção seria momento propício para efetuar poda, ou os preços nesses patamares recomenda que se mantenha a planta com sua incipiente vegetação na expectativa de que o magro volume obtido seja recompensado por preços extraordinários? Retornando a análise para o contexto do mercado mundial, não se antevê redução na taxa de crescimento do consumo (excetuando-se o Brasil em que a ABIC registrou queda no consumo interno). Por outro lado, a anomalia climática no Centro-Sul ocorre em período de estoques muito baixos (cerca de 14 milhões de sacas) entre importadores. O cenário provável para o mercado se encaminha para incremento da volatilidade com disputa por lotes de produto capazes de cumprir com as qualidades especificadas por contratos. As companhias traders poderão incorrer em substanciais perdas financeiras em razão dos ágios que desembolsarão visando honrar compromissos. Por sua vez a indústria de torrefação sem fôlego para reajustar preços na gôndola dos supermercados (o mercado encolheu), terá margens ainda mais estreitas ao limite da inviabilidade econômica. Enfim, pior do pior não é uma exclusividade da lavoura.


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COCAPEC - O DESPERTAR DE UM GIGANTE Wanderley Cintra Ferreira - Cafeicultor, ex-Presidente do Sindicato Rural de Franca (SP), ex-Presidente da COCAPEC e exPresidente e fundador da CREDICOCAPEC.

“Cooperativismo é mais que dar as mãos. É fazer isso com a alma, por meio da pureza das intenções. Para quem precisa, não apenas para quem merece.”

FOTO: Divulgação COCAPEC

A Assembléia Geral Ordinária do último dia 27 de março deverá marcar uma nova era na vida da nossa Cooperativa. Contando hoje com 2.070 Cooperados, a presença de mais de mil pessoas, foi surpreendente e todos demonstrando preocupação com o futuro da Entidade. A participação de duas chapas foi de fundamental importância para que isso acontecesse, pois, todos os candidatos, durante a campanha, puderam ouvir um grande número de cooperados, suas sugestões, críticas, angústias, elogios e o que esperar de nosso futuro, tendo em vista todas as incertezas da política cafeeira. Tenho certeza de que muitas destas opiniões, deverão ser estudadas e implantadas, pois os 40% de cooperados que votaram na Chapa 2 (não gosto de falar oposição, pois o direito de se candidatarem é de todos os cooperados) estavam de alguma maneira descontentes. E os outros mil cooperados? É bom ouvi-los. Porque não compareceram? Por que se omitiram? Qual a importância da Cooperativa em suas vidas?

Na edição n. 82, agosto de 2013 desta excelente Revista Attalea Agronegócios escrevi o artigo “Os riscos do sistema Cooperativista”, onde destaco:- “É importante que todos estejam sempre presentes, participativos, acompanhando de perto todo projeto e planejamento dos atos cooperativos e novos investimentos.” Portanto, agora, devemos assimilar todo o processo resultante desta eleição e procurar colocar em prática os anseios dos Cooperados, e que o desgaste deste processo eleitoral sirva de lição para que o dia a dia seja direcionado a atender e procurar melhorar a vida daqueles que são legítimos donos da Empresa, pois, o seu crescimento é fruto de seu suor. Os Conselhos de Administração e Fiscal, devem acompanhar de perto e com muita responsabilidade todos os atos futuros, porque vocês foram eleitos para isso e os cooperados delegaram a vocês esse compromisso. Que as palavras do novo Presidente Maurício Miarelli, afirmando que “o compromisso da Diretoria durante os próximos quatro anos é fazer A MELHOR ADMINISTRAÇÃO QUE ESSA COOPERATIVA JÁ TEVE”, seja alcançado. É o que todos nós desejamos e vamos torcer para que isso aconteça.


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Atualização de Contrato de Compra de Café Especial exigirá garantias

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nfluenciados pelo gosto cada vez mais exigente dos consumidores, os Contratos de Compra de Cafés Especiais estão prestes sofrer uma atualização. A adaptação para incluir disposições que garantam padrões de qualidade é uma prioridade para os executivos dessa indústria. Eles já enfrentam escassez de alguns dos tipos de grão mais cobiçados e estão tentando acompanhar o gosto dos consumidores. A escassez se reflete na alta nos preços futuros. Por exemplo, os preços do café arábica subiram 78% neste ano, com a pior seca em décadas no Brasil, maior produtor e exportador mundial. A produção de café na América Central, região que cultiva algumas das variedades mais caras do grão, teve queda estimada de 25% nas duas últimas temporadas, por causa de um surto da doença conhecida como ferrugem do café. Para ilustrar o aumento da exigência dos consumidores, uma pesquisa recente feita pela Associação Nacional de Café dos Estados Unidos mostrou que 34% dos americanos que tomam café consumiram algum tipo gourmet da bebida no dia anterior. Um ano antes, essa fatia era de 31%. Ao mesmo tempo, o consumo de café não-gourmet caiu 4 pontos porcentuais, alcançando 35%, desde a pesquisa do ano passado. A corrida pelos melhores grãos aumenta as apostas em uma disputa de qualidade entre os produtores, importadoras, torrefadoras e outros compradores. Mesmo com algumas alterações, os atuais contratos no mercado norte-americano de café foram elaborados há mais de uma década, antes que muitas torrefadoras começassem a viajar frequentemente para áreas produtoras de café para escolher pessoalmente os melhores grãos. Dessa forma, não fica claro nos contratos quem é o responsável quando o café chega com má qualidade: o comprador que encontrou o produtor e selecionou lotes específicos, a importadora que transportou o café ou o produtor. Membros da indústria de café estão fazendo pressão para que seja utilizada uma nova linguagem nos contratos. O pedido é por um aumento dos padrões de qualidade e especificação sobre quem é responsável quando o lote entregue não condiz com as expectativas. Ric Rhinehart, diretor-executivo da Associação de Cafés Especiais da América, afirma ter pedido um processo de arbitragem refinado a membros da associação industrial que supervisiona as regras da maior parte do comércio americano, para acomodar gradações de qualidade. A Green Coffee Association, grupo comercial cujos membros incluem empresas alimentícias como J.M. Smucker, Nestlé e grandes tradings de commodities como a Louis Dreyfus Commodities, está discutindo como alinhar melhor os seus contratos com as necessidades da indústria especializada, segundo membros do grupo. Um dos problemas que os operadores e torrefadoras estão avaliando é como lidar com os métodos exigentes da indústria especializada.

TORREFAÇÃO FRANCESA - Por enquanto, tudo é feito informalmente, disse Michael Johnson, presidente da JBC Coffee Roasters. Ele afirma que a empresa perdeu US$ 15 mil em lucros em uma disputa sobre 100 sacas de café de uma propriedade de El Salvador, em 2012, cujo café carecia de um gosto doce e sabores multidimensionais. Ele teve que usar a torrefação francesa no café - uma torrefação escura que não é ideal para esse tipo mais caro - para não perder o lote, uma atitude que ele considera uma blasfêmia. Luis Araujo, membro da quinta geração de produtores de El Salvador e que produziu o café, culpou a umidade e refrigeração do contêiner transportador pelo problema no gosto. Ambos afirmaram ser favoráveis a um contrato que seja mais específico quanto ao responsável por problemas na qualidade do café. Por décadas, o comércio de café era simples. Grandes torrefadoras que produziam as latas e embalagens de café e que dominavam as prateleiras pediam os grãos a uma importadora, que costumava ser uma multinacional. O preço pago dependia principalmente de notas gerais de qualidade, do local onde o café havia sido produzido, tipo de processamento e número de defeitos - grãos descoloridos ou quebrados, por exemplo - em cada saca. Mas a situação mudou. Mesmo que grandes carregamentos ainda sejam comuns, muito café é comprado por pequenas empresas independentes, em pequenos lotes, não mais em sacas como milho, trigo ou açúcar. Torrefadoras especializadas demandam café de uma fazenda específica, e eventualmente até de determinada área de uma fazenda. Quando surgem disputas, elas costumam ser resolvidas a portas fechadas, sendo que a maior parte dos problemas é com os preços e atrasos na entrega. Isso porque a indústria do café depende fortemente de relacionamentos, e manter o nome é fundamental para manter os clientes. Os problemas, porém, podem se tornar mais complicados, principalmente quando torrefadoras ou outros compradores negociam diretamente com os produtores. Essas disputas podem colocar os torrefadoras contra os produtores, e vice versa, deixando as importadoras no meio. Importadoras realmente não estão bem protegidas, se estiverem protegidas de alguma forma, afirma Andi Trindle Mersch, da Atlantic Specialty Coffee, da Califórnia. Mersch, cuja empresa é uma unidade da Switzerlands Ecom Agroindustrial Corp., um dos maiores negociadores de café do mundo, defende um contrato multilateral para abordar questões de comércio direto, quando uma torrefadora compra café de um produtor e a qualidade não corresponde ao padrão determinado no acordo. Johnson, da JBC Coffee Roasters, diz que contratos mais específicos, que determinem penalidades quando a qualidade fica abaixo de certo nível, dariam a ele maior chance de defesa quando ele recebe grãos menores. (FONTE: Dow Jones Newswires/Peabirus)


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ma inédita versão para tablets do Digilab, serviço de diagnóstico para agricultura da BASF, chega ao mercado no fim deste mês. Trata-se do Digilab Mobile Tablet. O objetivo dessa nova versão é oferecer maior mobilidade e interatividade ao usuário, por meio do que há de mais moderno no mercado. Com o acréscimo de sete culturas ao módulo de Saúde Vegetal, totalizando agora 23, além de dois novos módulos – Non Crop e Nematóides. O Digilab Mobile Tablet possui uma lente capaz de aumentar em até 100 vezes as imagens, instalada em um suporte acoplado no aparelho que tem design patenteado pela BASF. As duas versões disponíveis do serviço – 2.0 PC, que é destinada a uso em notebooks e computadores, e a Tablet serão comercializadas pela empresa por meio de sua equipe de vendas e no formato e-commerce, numa iniciativa também inédita no segmento. O Digilab foi criado em 2009, inicialmente, para auxiliar o produtor rural a identificar os sintomas das principais doenças em diferentes tipos de cultura. Na versão para tablet, a ferramenta de gestão auxilia tanto o produtor rural como a equipe de assistência técnica a escolher de maneira assertiva o momento e procedimento corretos de prevenção ou controle das pragas, doenças, nematoides e plantas daninhas; como também profissionais especializados no combate de pragas urbanas. Em ambos os casos, o objetivo é combater o problema com maior margem de segurança, mitigando eventuais erros de diagnóstico. Como consequência dessa menor subjetividade de diagnóstico, se minimizam perdas na produção de várias culturas, o que acarreta em maior rentabilidade. De acordo com Dieter Schultz, gerente de Serviços da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF para o Brasil, os patamares de produtividade de várias culturas no País já são

FOTOS: Divulgação BASF

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Inclusão de módulos por categoria e nova lente estão entre as novidades do Digilab

altos e demonstram a extrema competência de produtores, equipe de assistência técnica e pesquisadores, independente do segmento da cadeia. Entretanto, ainda é possível conseguir melhores resultados com alguns ajustes nos processos produtivos. Para isso, o uso de ferramentas tecnológicas como o Digilab é fundamental, já que pode, por exemplo, auxiliar no momento correto de controle de alguma praga ou doença, impactando significativamente a rentabilidade de uma lavoura. Ao adquirir o serviço, o usuário deve na primeira compra optar pela lupa ou lente, algo que depende da versão escolhida (PC/Notebook ou tablet), aliado a um cultivo a sua escolha. Já os demais conteúdos podem ser adquiridos posteriormente. Entretanto, há a possibilidade de aquisição no formato combo, com duas ou mais culturas. Dessa forma, o serviço torna-se customizável e os níveis de investimento podem mudar de acordo com a necessidade do usuário. Para o módulo Nematoide, a biblioteca de imagens traz três espécies de parasitas que vivem no solo e causam danos na planta. Em Non Crop (ambientes não agrícolas) são sete espécies de pragas urbanas, como ratos, baratas e percevejos. O software da BASF está disponível em tablets das marcas e modelos Samsung Galaxy S1 (10 polegadas), Motorola Xoom (10 polegadas), e iPad I e iPad II. Já para desktop e notebook, o sistema operacional dever ser, no mínimo, Windows 7. Caso o usuário não encontre uma imagem semelhante ao fazer a comparação na biblioteca virtual, poderá enviar a imagem capturada a um representante técnico da BASF, que enviará as informações de identificação. “O processo é rápido e dá condições para que o produtor consiga identificar rapidamente as discrepâncias em sua lavoura“, finaliza Schultz.


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Circuito Mineiro de Cafeicultura de 2014 teve início no começo de abril, no município de Claraval, Sul de Minas. A abertura aconteceu no salão do Mosteiro da cidade. Esta é a primeira de um total de 12 etapas, que ocorrerão cada uma em um município diferente do Sul de Minas Gerais. O Circuito funciona como uma ponte para integrar as instituições públicas, privadas e os cafeicultores do estado. “Um dos objetivos do Circuito é estreitar as relações de toda a cadeia produtiva do café, com a tentativa de melhorar a rentabilidade para todos. Isso desde o produtor até o consumidor, para que este tenha um melhor produto”, explica o gerente da regional da EMATER de Lavras (MG) - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, Marcos Fabri. O público, que varia entre produtores rurais, estudantes, técnicos e lideranças da região, acompanhou palestras, oficinas e dias de campo. Foram abordados temas abordados como: novas técnicas de adubação nitrogenada, análise foliar, adubação adequada e a comercialização de cafés de qualidade através do cooperativismo. As principais empresas da cadeia produtiva do café da região participaram do evento, como a Oimasa de Franca (SP), sendo representada por Guilherme Moraes; a LS Tractor e Cocapec

FOTOS: Murilo Andrade

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Claraval (MG) recebe primeira etapa do Circuito Mineiro de Cafeicultura 2014

Equipe da Oimasa Franca entrega brindes aos participantes

ETAPA CLARAVAL - Aproximadamente 500 pessoas participaram do evento, de acordo com o extensionista do escritório da EMATER em Claraval (MG), Enes Pereira. Para a realização do evento a SEAPA - Secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Emater-MG, são parceiras da UFLA - Universidade Federal de

Equipe da Oimasa Franca entrega brindes aos participantes

Lavras e da Prefeitura de Claraval (MG) O gerente regional da EMATER em Passos (MG), Edson Gazeta, explicou que “o objetivo do evento é o fortalecimento da cafeicultura regional”. A ideia é aproveitar o encontro entre produtores para discutir questões importantes do setor. “Esperamos um maior envolvimento do setor produtivo na busca de soluções que tornem a atividade mais competitiva”, ressalta. Neste mês de abril, além de Claraval, o Circuito Mineiro de Cafeicultura 2014 foi realizado em Passos, Nova Resende, Paraguaçu e Três Pontas. Até o final deste ano, será realizado ainda em Pedralva, Lavras, Guaxupé, Carmo da Cachoeira, Ouro Fino e Campo Belo.


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Cafeicultores pedem liberação de produto no combate à broca do café

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momento foi histórico para Cocapec. Há 12 anos não havia duas chapas na disputa para os cargos de Diretoria Executiva. A escolha da chapa 1, vencedora, foi feita durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO), no último dia 27 de março, que teve recorde de participação com aproximadamente 1.000 cooperados votantes. Dessa forma, a nova diretoria executiva para o período de 2014 a 2018, que tomou posse imediatamente, fica da seguinte maneira: Mauricio Miarelli, presidente, Carlos Yoshiyuki Sato, vice-presidente e Alberto Rocchetti Netto, diretor secretário. Mauricio Miarelli, novo presidente, destacou que “O compromisso desta nova diretoria durante os próximos quatro anos é fazer a melhor administração que esta cooperativa já teve”. O período pré-eleitoral foi bastante movimentado, outro fato novo para a cooperativa. Diversas reuniões fizeram parte dos cronogramas das duas chapas, o que permitiu ao cooperado avaliar os candidatos e fazer sua escolha. Além da eleição para a nova diretoria executiva, a AGO definiu os novos membros dos conselhos fiscal e administrativo. Veja os eleitos, em ordem alfabética:

FOTOS: Divulgação COCAPEC

COCAPEC elege nova diretoria

A diretoria eleita: Mauricio Miarelli (diretor presidente), Carlos Yoshiyuki Sato (diretor vice-presidente) e Alberto Rocchetti (diretor secretário).

CONSELHO ADMINISTRATIVO Cyro Antônio Ramos Donizeti Moscardini Giane Bisco Ismar Coelho de Oliveira João Alves de Toledo Filho Nilton Messias de Almeida CONSELHO FISCAL Airan Carrijo Cintra João José Cintra Zita Cintra Toledo Sempre focada na clareza de suas ações, avaliando sempre quais as demandas e necessidades dos associados, seja na propriedade rural, escolha de tecnologias, repasse de conhecimento ou políticas que promovam o desenvolvimento de seu quadro social. O comprometimento e seriedade dos gestores geraram excelentes resultados. Paralelo ao crescimento no número de cooperados, nos últimos 12 anos o quadro social mais do que dobrou, a COCAPEC agregou serviços, modernizou suas instalações, foi pioneira na implantação de novas tecnologias, deu ferramentas para que o associado gerisse sua propriedade obtendo melhores rendimentos, enfim foram muitas as mudanças, sempre pensando no cooperado. Este excelente desempenho é reflexo da adoção de processo internos de gestão que permitem à cooperativa atender de forma eficaz as necessidades de seus cooperados. A COCAPEC é exemplo de uma cooperativa verdadeiramente cumpridora de seu real papel, ser parceira de seu cooperado, dando a ele ferramentas para se adaptar e se manter em um negócio que historicamente apresenta muitos desafios. Assim, os resultados de uma gestão responsável e do empenho e comprometimento com os cooperados permitiram a sua atual solidez.

Mais de 1.000 cooperados marcaram presença na AGO.

AGO também definiu os membros dos Conselhos Fiscal e Administrativo.


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Agência aponta que cerca de 85% da safra 2013 da COCAPEC já foi negociada

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FOTOS: Divulgação COCAPEC

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a região da COCAPEC - Cooperativa de Cafei-cultores e Agropecuaristas, localizada em Franca (SP), cerca de 85% da safra de café 2013 já foi comercializada. Em relação às vendas antecipadas da safra 2014, devido ao rally dos preços nos mercados internacionais, cerca 45% da produção já foi comercializada, segundo o gerente do departamento de café, Anselmo Magno de Paula. Ele afirma que, no início deste ano, muitos cafeicultores ainda tinham café para negociar, o que foi positivo devido ao aumento na remuneração, ocasionado pela estiagem que atingiu o cinturão produtor do Brasil em janeiro e fevereiro. Entretanto, os que ainda possuem café estão mais “conservadores”, pois agora vão aguardar o andamento das cotações para decidirem o melhor momento de vendê-lo. Sobre o clima na região, Magno pontua que todos ain-da estão apreensivos, embora tenha melhorado. “A questão é analisar o que vem pela frente”, comenta. Ele cita os números divulgados no início do mês pelo CNC - Conselho Nacional do Café, em pesquisa encomendada junto à Fundação Procafé. A região da Mogiana foi a que mais registrou perdas em São

Paulo - mas, mesmo assim, a quebra de 10% ainda é menos significativa do que em outras regiões produtoras do país, como em Minas Gerais, onde o corte chega a 30% no sul e no oeste do Estado. (FONTE: Cândida Schaedler, Agência Safra)


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EPAMIG estuda alternativas para controle quimico e biológico da Broca do Café

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studos realizados por pesquisadores da EPAMIG apontam o monitoramento do cafeeiro como alternativa para auxiliar o controle químico e biológico da broca-do-café. Essa praga preocupa os cafeicultores pela possibilidade de perdas qualitativas e quantitativas, já que a broca ataca as sementes dos frutos. O monitoramento é uma ferramenta que ajuda o cafeicultor a identificar as áreas infestadas pela broca para o uso racional de inseticida. As pesquisas mostram que o controle químico não é necessário em toda a lavoura porque o ataque da praga é desuniforme. “Em geral, somente 35% do total da lavoura requer controle químico. As lavouras novas, nas primeiras safras, não apresentam infestação da broca por isso não requerem controle químico”, explica Júlio. O cafezal deve ser dividido em talhões, agrupamentos de plantas numerados e separados por espaços necessários para a passagem de máquinas e equipamentos. Em cada talhão devem ser escolhidos, aleatoriamente, 30 cafeeiros para o levantamento de dados. De acordo com pesquisador da EPAMIG Júlio César de Souza, esses dados irão compor uma planilha específica para o monitoramento, que deve ser iniciado três meses após a

primeira maior florada do cafeeiro. “Esse acompanhamento é imprescindível antes da aplicação dos inseticidas para evitar o uso indiscriminado desses produtos. O cafeicultor deve fazer o controle químico no talhão onde a infestação atingir mais de 3% de frutos broqueados”, alerta. Estudos mostram que inicialmente a larva do inseto apenas perfura os frutos verdes, aquosos, sem colocar os ovos. “Após 55 dias, os frutos já com menores teores de umidade, o inseto termina a construção da galeria até uma das sementes nos frutos broqueados, onde depositam o ovo. Assim, o controle químico visa matar os adultos fêmeas na entrada da galeria, nos frutos broqueados verdes, para evitar que depositem ovos posteriormente nesses frutos, iniciando o primeiro ciclo do inseto na nova safra de café”, define. Segundo Júlio a broca ataca frutos em qualquer estágio de maturação, só não ataca café beneficiado. Desde 2005, o agrônomo e cafeicultor Juliano Araújo realiza o monitoramento com planilha em seu cafezal, no município de Campos Gerais (MG). “A minha propriedade é certificada, portanto, o uso racional de inseticida já é uma realidade. Percebemos que a adoção do monitoramento


CAFÉ serviu para reduzirmos o gasto com esses produtos, além de alertar para técnicas de manejo e poda que nos permite conviver com a broca”, conta. O cafeicultor ressalta que monitorar é indispensável, mas aliado ao controle químico, que possibilita ao cafeicultor menor risco de perda do controle. Em Santa Rita do Sapucaí (MG), cafeicultores que adotaram a técnica da poda em esqueletamento do cafeeiro na safra zero - ano em que não se colhe nenhum café - não precisaram fazer o controle químico da broca. “Há nove anos os cafeicultores dessa região adotaram essa técnica e a infestação da broca é praticamente zero”, afirma Júlio. O pesquisador explica que são lavouras localizadas em terreno acidentado, que não permite a pulverização mecanizada, portanto, o monitoramento é também indispensável. A planilha específica para monitoramento de cada talhão do cafeeiro está anexada à circular técnica 185 “Brocado-café e controle químico”, disponível para download no site da EPAMIG, www.epamig.br, em menu publicações. CONTROLE QUIMICO - Neste mês, o MAPA Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento decretou emergência fitossanitária nos cafezais de Minas Gerais, visando impedir a infestação da lavoura pela broca, segunda praga em incidência nos cafezais arábica. A broca atinge o fruto, perfurando a semente e consumindo seu conteúdo, ocasionando perdas de peso e tipo nos grãos. De acordo com o pesquisador Júlio César, trabalho realizado em conjunto entre EPAMIG, Embrapa e Univer-

sidade Federal de Lavras buscou validar novas alternativas para o controle da broca-do-café. Uma das medidas será a utilização de inseticidas com os princípios ativos Ciantraniliprole ou Ciazipir. “Esse composto se mostrou altamente eficiente no controle da broca e também de pragas em outras culturas”, explica. A broca foi controlada no Brasil a partir da década de 1970 pelo uso do inseticida Endosulfan, que em 2013 teve sua comercialização suspensa devido à alta toxicidade e ao potencial de danos ao meio ambiente. Segundo Júlio César, o novo produto possui tarja azul, que significa menor nível de toxicidade. “Com a suspensão da aplicação do Endosulfan, a cafeicultura voltou a correr risco. Portanto, essa medida do Mapa permite o uso emergencial do inseticida Ciantraniliprole, pelo prazo de um ano, até que a situação seja regularizada,” conclui. BIOPRODUTOS - Outra linha de pesquisa para controle da broca é o desenvolvimento de um bioinseticida por pesquisadores da EPAMIG e da Universidade Federal de Lavras, em andamento, na qual visa à seleção de microorganismos com potencial para produção de quitinase, uma enzima apta a degradar a quitina, que é o principal componente do exoesqueleto do inseto. A pesquisadora da EPAMIG, Sara Chalfoun, explica que os estudos estão na final. “Estamos analisando a eficácia do produto em campo. A meta é chegarmos em 70% de controle em quatro dias”, afirma. De acordo com a pesquisadora o próximo passo será o registro do produto que tem risco de toxicidade quase nulo. (FONTE: EPAMIG).

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J.B. Matiello1, R.N. Paiva 1, A.L. Garcia 1 e A.V. Fagundes1

FOTOS: PROCAFÉ

Tipos de “chochamento” em frutos de cafeeiros chochamento em frutos de cafeeiros é definido como uma anormalidade verificada na formação da semente ou grão destes frutos. A comprovação deste problema é feita através da colocação dos frutos em vasilhame com água, sendo que ao boiarem passam a ser considerados como chochos. No entanto, devido às diferentes causas de chochamento, pode-se verificar, na prática, diferentes características nos frutos que boiam na água. As principais causas de chochamento são - O efeito de falta de água no período de granação dos frutos (80-110 dias pós-florada), a ocorrência de algumas deficiências nutricionais, especialmente as de cálcio e boro, a destruição de uma loja, quando o grão ainda estava em água, por perfuração por broca e, ainda, um fator genético, mais evidente em híbridos de gerações iniciais. A carência de chuvas em jan-fev de 2014, justamente no período de enchimento dos grãos, e a necessidade de avaliar as perdas decorrentes desse stress hídrico, mostraram a conveniência em examinar melhor os frutos danificados, através de seu corte transversal com canivete e da observação visual em seguida. Assim, foi possível caracterizar 4 tipos de anormalidades nos frutos que boiaram, sendo:a) - Presença de uma ou as duas sementes negras no interior das lojas – caracterizando o chochamento total das sementes, também chamado de coração negro. Neste caso, pode ter o aspecto úmido ou seco, dependendo da causa e

AUTORES 1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação Procafé. Informações: www.fundacaoprocafe.com.br. Publicado em FOLHA TÉCNICA.

da época observada. As perdas nessa condição são totais nos grãos afetados. b) - Presença de grãos na forma de uma fina membrana, de cor clara - ficando a loja praticamente vazia, sem, no entanto, ficar preta. Nesta condição, também ocorre perda total de peso do grão, na loja ou lojas afetadas. c) - Presença de grãos mal formados, apenas com por parte externa do tegumento da semente - com massa já endurecida e de forma corrugada, com preenchimento em diferentes graus, podendo gerar o que se chama de mal granados, os quais, dependendo do seu tamanho e peso, podem resultar em peneiras baixas ou, até, em grãos na escolha, pois podem, também, se partir no seu beneficiamento. Nestes casos, forma-se uma camada de ar entre a casca do fruto e a semente. As perdas podem ser significativas no rendimento coco/beneficiado. d) - Presença de uma pequena camada central de ar, oca, nos grãos - estes com maior acúmulo de massa na semente, dando origem a grãos um pouco menos pesados do que os normais. O nível de chochamento, causado por falta de água,varia de lavoura para lavoura, sendo as mais jovens e com maior carga as mais afetadas. Se diferencia dentro da planta, sendo a face voltada para o sol da tarde e os frutos do ponteiro os mais danificados. Se diferencia, ainda, dentro do próprio ramo, os frutos mais internos apresentando menor chochamento em relação aos das pontas de ramos. Além desse aspecto de chochamento e má formação dos grãos, o stress hídrico reduz o crescimento dos frutos e, consequentemente, leva à maior presença de grãos de peneiras baixas, o que, logicamente, também acarreta perdas de produção, pois maior numero de frutos/grãos são necessários para render um peso determinado de café beneficiado.


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El Niño pode dificultar colheita de café e de cana de açúcar no Brasil

A

s probabilidades do fenômeno climático El Niño se desenvolver durante o inverno no Hemisfério Sul são de mais de 70%, afirmou o Departamento de Meteorologia da Austrália. O fenômeno provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico traz chuvas acima da média para a América do Sul e deixa o clima mais seco na Ásia e na Austrália. O Brasil é um dos grandes produtores e exportadores mundial de café e açúcar, commodities que estão em plena safra durante o inverno. “Mas ainda é muito cedo para determinar a intensidade do El Nino, caso ele realmente se desenvolva”, ponderou o serviço de meteorologia australiano. Geralmente, o fenômeno traz chuvas de forte intensidade para o Sul e Sudeste do Brasil e também para a Argentina, enquanto que deixa as temperaturas mais elevadas no norte dos Estados Unidos e traz estiagem para o sul da Ásia, Indonésia e Austrália. As temperaturas da superfície e da subsuperfície do oceano aumentaram consideravelmente nas últimas semanas, consistentes com um estado de rápida transição. A maior parte dos modelos prevê que as temperaturas da superfície do oceano atingirá os níveis do El Nino durante o

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inverno, informou o departamento. O El Niño pode se desenvolver logo após a estiagem que assolou parte do Brasil no verão passado. Os preços do café arábica dispararam mais de 81 por cento no acumulado de 2014. Já o índice S&P GSCI - que reúne cotações de oito commodities agrícolas - disparou 16% no mesmo período.


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Manejo dos micronutrientes em cafeeiro (parte III)

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Renato Passos Brandão 1 Jhony Cintra 2

as duas edições anteriores da Revista Attalea foram abordadas a importância dos micronutrientes na cultura do cafeeiro. Nesta edição, o foco será o zinco (Zn), o micronutriente mais deficiente nas lavouras de café no Brasil. O Zn é um dos nutrientes mais limitantes à produção do café no Brasil (Guimarães et al., 1983; Malavolta, 1983). Os solos possuem baixos teores de Zn e a sua disponibilidade ao cafeeiro é reduzida por diversos fatores, tais como, teor de argila, calagens, adubações fosfatadas e aumento no teor de matéria orgânica. O Zn pode ser fornecido ao cafeeiro nas adubações de solo e nas pulverizações foliares. A forma mais eficiente para o fornecimento do Zn ao cafeeiro depende da fase da cultura e teor de argila dos solos. Este artigo abordará a dinâmica do Zn no solo, funções e sintomas de deficiência e o manejo da adubação com Zn no cafeeiro. 1. Zinco no solo O teor total de Zn nos solos é influenciado pelo material de origem e pelo processo de formação dos solos. Os solos derivados de rochas ígneas básicas (Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro) possuem os teores mais elevados de Zn, enquanto os solos derivados de sedimentos arenosos apresentam os menores teores (Camargo, 1988). 2. Funções do zinco O Zn atua diretamente no crescimento das plantas. Este micronutriente é essencial para a síntese do triptofano, que é precursor do ácido indolacético (AIA), que irá formar as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular das plantas (Malavolta, 2006). 3. Sintomas de deficiência do zinco O Zn é um micronutriente com baixa mobilidade no floema das plantas. Portanto, os sintomas de deficiência do Zn ocorrem inicialmente nas folhas mais novas do cafeeiro (Malavolta, 2006). As folhas novas do cafeeiro tornam-se estreitas, lanceoladas e coriáceas (Figura 1). Ocorre encurtamento dos internódios do cafeeiro. Com o agravamento da deficiência do Zn, pode ocorrer morte das gemas terminais e superbrotamento no cafeeiro. 4. Dinâmica do zinco no solo O Zn2+ é a forma do Zn absorvida pelas plantas e o mecanismo predominante de absorção é a difusão (Malavolta,

AUTORES

1 - Engº agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela UFLA e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. 2 - Estagiário do Departamento Agronômico do Grupo Bio Soja.

Figura 1. Deficiência do zinco em cafeeiro. Fonte: Procafé (2011).

2006). Diversos fatores do solo afetam a difusão do Zn reduzindo a sua disponibilidade ao cafeeiro. A difusão é o principal mecanismo de absorção do Zn pelas plantas. Trata-se do movimento do nutriente a curta distância na água do solo (solução do solo), a favor do gradiente de concentração, ou seja, o nutriente sai de uma região de maior concentração (solução do solo) para outra de menor concentração (superfície da raiz), Malavolta, 2006. A capacidade de absorção do Zn pelas plantas é fundamental para a formação deste gradiente de concentração e tornar possível a difusão do nutriente. A difusão do Zn ao cafeeiro é afetada pelo teor de argila e óxidos de ferro e alumínio. Quanto maiores os seus teores, maior a retenção do Zn nos solos e menor a sua disponibilidade ao cafeeiro (Souza e Ferreira, 1991). A difusão do Zn é influenciada pelo teor de umidade do solo. Quanto maior o teor de umidade do solo, maior é a difusão do Zn. Portanto, as lavouras de café irrigado tem maior disponibilidade de Zn do que as lavouras em sistemas convencionais de cultivo. De forma similar ao baixo teor de umidade no solo, a compactação reduz a difusão do Zn no solo e pode induzir a deficiência deste micronutriente no cafeeiro mesmo em solos com teor adequado de Zn. Quanto maior a compactação do solo, maior é a sua densidade e menor é a taxa de difusão do Zn. Portanto, o cafeicultor deve adotar práticas culturais que reduzem a compactação do solo, tais como: • Aumentar o teor de matéria orgânica no solo; • Evitar o trânsito de máquinas agrícolas em solos úmidos; • Realizar a avaliação da presença de camadas compactadas e se houve necessidade, realizar a descompactação ou a escarificação dos solos. Entretanto, a mecanização das práticas culturais, dentre as quais, a colheita do cafeeiro, tende a aumentar o tráfico de máquinas e aumentar a compactação dos solos.


Nos solos ocorrem também reações químicas nos solos que reduzem a disponibilidade do Zn ao cafeeiro. O pH do solo afeta a disponibilidade do Zn às plantas (Figura 2). Quanto maior o pH do solo, menor a disponibilidade deste micronutriente ao cafeeiro com redução do seu teor nas folhas do cafeeiro (Abreu et al., 2007). O teor disponibilidade de Zn diminui cerca de 100 vezes para cada aumento de uma unidade de pH do solo (Furtini Netto et al., 2001).

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A adubação fosfatada reduz a disponibilidade do Zn ao cafeeiro. Pode ocorrer precipitação do Zn no solo pela formação de compostos com baixa solubilidade em água (fosfato de zinco) ou a precipitação nas raízes das plantas (Bataglia, 1988). Os solos com alto teor de matéria orgânica possuem menor disponibilidade de Zn às plantas. Ocorre a formação de complexos organominerais muito estáveis entre o Zn e as substâncias húmicas notadamente os ácidos húmicos (Stevenson, 1982). 5. Manejo da adubação com zinco no cafeeiro 5.1. Plantio do cafeeiro No plantio do cafeeiro, realizar a aplicação do Zn conforme o teor do nutriente no solo (Tabela 1). Tabela 1: Dose de Zn e NHT® Zinco no sulco de plantio do cafeeiro. Classe do nutriente

Teor de Zn nos solos (DTPA) ---- mg/dm³ ----

Dose de Zn no Dose do NHT® Zinco sulco de plantio no sulco de plantio ---- g/m linear ---- ---- mL/m linear ----

Baixo

<0,6

2

2

Médio

0,6 a 1,2

1

1

>1,2

0

0

Alto

Fonte: RAIJ et al. 1997.

Figura 2. Efeito do pH em água do solo na disponibilidade dos micronutrientes às plantas. Fonte: Adaptado de Dechen e Nachtigall (2006).

Recentemente, a Bio Soja lançou no mercado nacional um fertilizante líquido fornecedor de Zn com uma formulação diferenciada. A fonte de Zn do NHT® Zinco é o óxido de zinco nanoparticulado proporcionando maior mobilidade deste micronutriente no solo e aumentando a sua disponibilidade ao cafeeiro. O NHT® Zinco possui alta concentração de Zn. Cada litro do produto possui 1 kg de Zn.

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CAFÉ 5.2. Adubação em cafeeiro em formação e produção Em cafeeiros em formação e produção, o Zn pode ser fornecido ao cafeeiro nas adubações de solo e em pulverizações foliares.

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a. Qual a forma mais eficiente para o fornecimento do Zn ao cafeeiro? Para responder a esta pergunta, é necessário conhecer a textura do solo. Em solos de textura arenosa e média, o Zn pode ser fornecido nas adubações de solo. Realizar a adubação de Zn no solo, na projeção da copa, no início da estação das chuvas (Tabela 2). Tabela 2: Dose de Zn e NHT® Zinco nas adubações de solo. Método de extração de Zn do solo

com o Zn e portanto, terão baixos teores do nutriente. Assim, o cafeicultor realiza outras aplicações foliares com doses elevadas de Zn, que gera um efeito acumulativo de Zn, que pode ser extremamente prejudicial à fisiologia e a produção do cafeeiro, pois existirão sempre folhas com teores acima da faixa adequada (folhas adultas) e, as mais jovens, serão deficientes (Rena e Fávaro, 1998). Realizar pelo menos quatro aplicações foliares na estação de maior desenvolvimento do cafeeiro. Realizar a primeira aplicação do Zn no início da estação das chuvas ou das irrigações (setembro a novembro), a segunda e terceira no pleno desenvolvimento vegetativo (dezembro a janeiro) e a última no final da estação das chuvas (março ou início de abril). Em lavouras irrigadas e com altas produtividades, o número de pulverizações foliares com Zn pode chegar a seis.

Interpretação do teor de Zn no solo, mg/dm³ Baixo

Médio

Adequado

Alto

DTPA

<0,6

0,7 a 1,1

1,2 a 1,5

>1,5

Mehlich-1

<2,0

2,1 a 4,0

4,1 a 6,0

>6,0

Dose de Zn, kg/ha

6

4

2

0

Dose do NHT® Zinco, L/ha

6

4

2

0

Fonte: RIBEIRO, et al. 1999.

Em solos argilosos, a forma mais eficiente para o fornecimento de Zn ao cafeeiro em formação e produção é a aplicação foliar. A Bio Soja está realizando pesquisas com uma fonte diferenciada de Zn no cafeeiro, NHT® Zinco. A fonte do Zn é o óxido de zinco nanoparticulado. Até o presente momento, os resultados da aplicação do NHT® Zinco em solos argilosos são promissores. b. Qual a melhor fonte de Zn aplicado via foliar? Em solos argilosos, o Zn pode ser fornecido nas pulverizações foliares através de várias fontes: cloretos, nitratos e sulfatos. c. Qual a melhor fonte de Zn a ser aplicado nas pulverizações foliares? Diversos pesquisadores tem verificado que a fonte mais eficiente para o fornecimento de Zn ao cafeeiro é o cloreto de zinco (Garcia e Salgado, 1981; Santinato e Camargo, 1989; Abrahão et al., 1990; Fávaro, 1992). Entretanto, é necessário a redução na dose de Zn nas pulverizações foliares com o cloreto. Caso contrário, o teor de Zn nas folhas do cafeeiro pode atingir níveis tóxicos (Fávaro, 1992). d. Qual o intervalo entre as pulverizações foliares no cafeeiro? Guimarães et al. (1983) verificaram em um Latossolo Roxo distrófico de São Sebastião de Paraíso (MG), que o parcelamento da dose de Zn via foliar é mais importante do que a quantidade aplicada, devido a sua baixa mobilidade no floema da planta. A diferença entre o melhor tratamento e a testemunha foi de 10,7 sc. de beneficiadas/ha. Devido a grande eficiência da adubação foliar com o Zn ligado ao cloreto e a baixa mobilidade no floema do cafeeiro, realizar as aplicações em pequenas doses, cobrindo muito bem toda a planta e o intervalo entre as aplicações nunca pode ser superior a 60 dias, nos períodos de maior crescimento do cafeeiro. Muitos cafeicultores, aplicam altas doses de Zn, visando a correção de deficiências agudas de Zn e coletam as folhas do terceiro par, para a análise, após 60 dias. Entretanto, essas folhas não receberam a pulverização

e. Compensa adicionar na calda de pulverização adjuvantes siliconados? Matiello et al. (1999) verificaram que os adjuvantes siliconados aumentaram a eficiência das adubações foliares com Zn, B e Cu no cafeeiro (Tabela 3). Tabela 3: Absorção foliar de micronutrientes no cafeeiro com adjuvantes. Pulverizações foliares 1. Testemunha

Teor de micronutrientes (mg/kg), tempo após a aplicação 15 minutos 30 minutos Cu B Zn Cu B Zn 9b 72b 4d 45,7b 98,8c 35,9c

2. Sulfato de Zn 0,6% Acido bórico 0,3% Hidróxido de Cu 0,5% 3. (1) + Extravon 0,05%

104a

13a

50c

47,5b 185,8a 47,9bc

110a

12a

89b

48,1b 157,3a 65,1b

118a

16a

133a

61,4a 221,5a 95,6a

4. (1) + adjuvante siliconado

Fonte: Adaptado de MATIELLO et al. 1999.

f. Produtos Bio Soja para o fornecimento de zinco via foliar no cafeeiro Atualmente, a Bio Soja possui fertilizantes foliares fluidos para o fornecimento de Zn via foliar ao cafeeiro. O Zn do Fertilis® Café Max, Fertilis® Nitrozinco Max e Fertilis® Zinco Max está ligado ao íon cloreto tornando a absorção foliar muito mais eficiente. O NHT® Zinco é um óxido de zinco nanoparticulado com alta eficiência agronômica no fornecimento de Zn ao cafeeiro (Tabela 4). Tabela 4: Fertilizantes fluidos fornecedores de Zn ao cafeeiro. Fertilizantes fornecedores de Zn

Zn 7

d (g/L) 1.320

-

15

1.400

-

21

1.500

50

2.00

Garantias (p/p) % B Ni Mo 0,3 0,2 0,1

Fertilis® Café Max

N 10

Mg 3

Fertilis® Nitrozinco Max

10

-

-

-

Fertilis® Zinco Max

1

-

-

-

NHT® Zinco

1

Fonte: Depto. Agronômico do Grupo Bio Soja 2014.

Realizar de 4 a 6 aplicações foliares na estação de maior desenvolvimento do cafeeiro iniciando as pulverizações foliares com as primeiras chuvas ou fertirrigações até o final da estação das chuvas (março ou início de abril). O intervalo entre as pulverizações foliares varia de 30 a 45 dias. De maneira geral, a dose por aplicação do Fertilis® Zinco varia de 500 a 750 mL/ha e a dose do Fertilis® Café Max é de 1,5 a 2,5 L/ha. A dose do Fertilis® Nitrozinco Max por aplicação varia de 750 mL a 1 L/ha.


CAFÉ Maiores informações, consulte um Representante Comercial ou Deptº Agronômico do Grupo Bio Soja. 6. Considerações finais O Zn é um dos nutrientes mais deficientes em cafeeiro. Portanto, os cafeicultores e os profissionais envolvidos com a cafeicultura devem realizar um manejo adequado com este nutriente para maximizar o potencial produtivo do cafeeiro. Em solos com baixo teor de Zn, realizar a aplicação do NHT® Zinco no sulco de plantio do cafeeiro. O Zn pode ser fornecido ao cafeeiro em formação e produção nas adubações de solo e nas pulverizações foliares. A melhor forma para o fornecimento deste nutriente depende do teor de argila dos solos. Em solos de textura arenosa a média, a forma mais eficiente para o fornecimento do Zn é a aplicação do NHT® Zinco na projeção da copa do cafeeiro no início da estação das chuvas. Em solos argilosos, realizar o fornecimento do Zn nas pulverizações foliares (3 a 5 aplicações). Eventualmente, o Zn também pode ser aplicado no solo para aumentar gradativamente o teor disponível ao cafeeiro. Nas pulverizações foliares, realizar a aplicação do Fertilis® Zinco Max ou o Fertilis® Café Max. Neste momento, a Bio Soja está realizando pesquisas com uma fonte diferenciada de Zn no cafeeiro, NHT® Zinco. A fonte do Zn é o óxido de zinco nanoparticulado. Até o presente momento, os resultados são promissores. 7. Literatura consultada ABRAHÃO, E.J.; CAMARGO, M.M.; CARVALHO, J.G.; GUIMARÃES, P.T.G. Efeitos da aplicação foliar de sulfato de zinco nas folhas e na produção do cafeeiro (Coffea arábica L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS. 16, 1990, Espírito Santo do pinhal. Resumos ... Rio de Janeiro:MIC/IBC, 1990. p. 116-117. ABREU, C.A.; LOPES, A.S.; SANTOS, G.C.G. Micronutrientes. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F.; FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, R.B.; NEVES, J.C.L. (Eds.). Fertilidade do solo. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, p.645-736. 2007. BATAGLIA, O.C. Micronutrientes: disponibilidade e interações. In: BORKERT, C.M.; LANTMANN, A.F. Eds. Enxofre e micronutrientes na agricultura brasileira. Londrina. Anais. p.121132. 1988. CAMARGO, O.A. Micronutrientes no solo. In: BORKERT, C.M.; LANTMANN, A.F. Eds. Enxofre e micronutrientes na agricultura brasileira. Londrina. Anais. p.103-120. 1988.

DECHEN, A.R; NACHTIGALL, G.R. Micronutrientes. In: FERNANDEZ, M.S. (Ed.) Nutrição mineral de plantas. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. 2006. p.328-354. FÁVARO, J.S.A. Crescimento e produção de coffea arabica L. em resposta à nutrição foliar de zinco na presença de cloreto de potássio. Viçosa, 1992. 91p. Viçosa:UFV, 1992. Tese de Mestrado. GARCIA, A.W.R.; SALGADO, A.R. Absorção de zinco pelo cafeeiro através de sais e misturas quelatizadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESAQUISAS CAFEEIRAS, 9, 1981, São Lourenço. Resumos ... Rio de Janeiro:MIC/IBC, 1981. p.39-47. GUIMARAES, P.T.G.; CARVALHO, J.C.; MELLES, C.C,.A.; MALAVOLTA, E. In: Estudos sobre a nutrição mineral do cafeeiro, XXXVIII. Efeitos da aplicação foliar de doses de sulfato de zinco na produção e na composição mineral das folhas de cafeeiro (Coffea arabica L.). Piracicaba; Anais da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, ESALQ, v.40, p.497-507, 1983. MALAVOLTA, E.; CARVALHO, J.G.; GUMARAEEES, P.T.G. Effect of micronutrients on cofee grown in Latin America. Journal of Coffee Research, v.13. p.64-77, 1983. MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo. Editora Agronômica Ceres, 2006. 638p. MATIELLO, J.B.; BARROS, U.V.; BARBOSA, C.M. Melhoria na absorção de micronutrientes via foliar em cafeeiros pela aplicação de adjuvantes à calda. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 23, 1997. Manhuaçu. MAA-PROCAFÉ, 1997. p.48-50. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.G. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas & Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico nº 100). RENA, A.B.; FÁVARO, J.R. A. Nutrição do cafeeiro via folha. In: BORKERT, C.M.; LANTMANN, A.F. Eds. Café - produtividade, qualidade e sustentabilidade. Londrina. Anais. p.149-208. 1988. RIBEIRO, A.C.; GUIMARAES, P.T.G.; ALVAREZ, V.H. (Eds.) Recomendações para o uso de adubação e calagem para o Estado de Minas Gerais. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. 1999. 359p. 5ª aproximação. SANTINATO, R.; CAMARGO, R.P. Eficiência e doses do produto comercial ager-zinco no suprimento de zinco ao cafeeiro., comparativamente ao sulfato de zinco isolado e associado ao cloreto de potássio. In: CONGRESSO BRASILEIR DE PERSQUISAS CAFEEIRAS, 15, 1989. Maringa. Resumos ... Rio de Janeiro:MIC/ IBC, 1989. p. 195-198. SOUZA, E.C.A. de; FERREIRA, M. E. Zinco. In: FERREIRA, M.E.; CRUZ, M.C.P. da (Eds.). Micronutrientes na agricultura. Piracicaba. POTAFOS. p. 219-242. 1987. STEVENSON, F.J. Humics chemistry. Genesis, composition, reactions. New York, John Wiley, 1982. 443p.

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CAFÉ

O

café atingiu hoje o maior preço em 25 meses diante da perspectiva de um grande déficit global devido à quebra de safra causada pela seca no Brasil. A agência de notícias Bloomberg informou hoje que, no ano safra que inicia no dia 1º de outubro, a produção mundial vai ter um déficit de 7,1 milhões de sacas, de acordo com informações da consultoria Marex Spectron, baseada em Londres. Esta seria a primeira queda na produção em cinco anos. O café arábica já subiu 88% este ano, o maior ganho entre 24 matérias-primas acompanhadas pelo índice da Standard & Poor’s. O rally deve provocar o aumento dos custos do café premium em cafeterias como a Starbucks e a J.M. Smucker Co. “As preocupações com a oferta de café estão aumentando”, afirmou Jack Scoville, vice-presidente do grupo Price Futures, em Chicago. “E este problema provavelmente irá durar mais de uma safra”. Estudos e relatórios divulgados nas últimas semanas por órgãos do setor café têm confirmado as perspectivas de grandes perdas para esta e as próximas safras. Depois da pesquisa feita pelo Procafé, a pedido do CNC (Conselho Nacional do Café), que prevê um volume de 40,1 mi a 43,3 milhões de sacas para a safra 2014, os Grupos Técnicos em Cafeicultura (GTEC’s Café) se reuniram em Poços de Caldas (MG) para o encontro anual, promovido pela Syngenta, em que discutiram a situação da cafeicultura brasileira. FOTO: Divulgação GTEC - Peabirus

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Analistas e agrônomos preveem danos para as próximas três safras de café no Brasil

ÁRVORES MORRENDO - “A produção de café no Brasil deverá ser prejudicada pelos próximos três anos”, afirmou Judy Ganes-Chase, presidente da J. Ganes Consulting, no Panamá. “As árvores não conseguirão recuperar a umidade necessária depois de sofrerem com falta de chuvas e nutrição. As árvores também ficarão mais susceptíveis a doenças e outros problemas que não estão aparentes agora irão se manifestar no futuro”. A queda nos preços do café em 2013 fez com que muitos produtores parassem de investir em fertilizantes, além disso, as colheitas na América Central foram prejudicadas pela doença da ferrugem. “Não teremos grandes problemas com a oferta de café em 2014, mas enfrentaremos uma situação difícil em 2015-16”, informou a Marex, citando o possível El Niño, poderá trazer um excesso de chuvas ao Brasil e aumentar a incidência de ferrugem em cafezais da América Central. Os estoques do café robusta (conillon) monitorados pela Bolsa de Londres (NYSE Liffe) estão em seus menores patamares desde 2002.

GRAVES DANOS - Durante o tradicional encontro de integração entre os Grupos Técnicos em Cafeicultura (GTEC’s Café) promovido pela Syngenta, entre os dias 2 e 4 de abril, 220 agrônomos apresentaram suas análises para cada região produtora e apresentaram suas previsões para perda de safra. Um dos participantes, o engenheiro agrônomo Sálvio Gonçalves, que atua na região do Sul de Minas, afirma que “estamos presenciando um fato histórico na cafeicultura brasileira” por conta do clima extremo dos últimos três meses. Ele pede cautela no momento da colheita. “Nós orientamos os cafeicultores a não realizarem prematura durante o mês de abril, apenas pela aparência e cor do fruto. O cafeicultor deve realizar levantamento por amostragem”. Ao final das apresentações, o percentual de redução de safra com relação à última estimativa da CONAB foi de 17,6%, muito próximo dos 18% apresentado posteriormente em estudo encomendado pelo Conselho Nacional do Café – CNC e realizado pela Fundação Procafé. Embora o método proposto na reunião não tenha o rigor científico, a percepção dos especialistas sobre os impactos do clima sobre a produção de café nas suas regiões de atuação mostrou-se uma eficiente ferramenta de colaboração e de geração de conhecimento. Os especialistas foram divididos em sete grupos, correspondentes às suas regiões de produção: Sul de Minas, Cerrado, Matas de Minas, Centro-Oeste Paulista, Mogiana, Conillon e Cooperativas. Cada um dos sete grupos (GTEC´s) realizou reunião isolada dos demais e, posteriormente, foi apresentado o diagnóstico colaborativo regional da cafeicultura. (FONTE: Rede Peabirus)


CAFÉ

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CAFÉ

FOTO: Wikipedia

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esquisas realizadas no município de Araponga, Zona da Mata Mineira, apontam o plantio consorciado de café com plantas que possuem nectários extraflorais (estruturas produtoras de néctar que não estão diretamente relacionadas à polinização), como o ingá, como alternativa para aumentar o controle natural de pragas. O estudo orientado pela pesquisadora da EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Madelaine Venzon, indica que plantas de café próximas às árvores de ingá (Inga spp.) são mais protegidas contra o ataque de pragas. “A importância desta pesquisa está em demonstrar que os nectários extraflorais de uma planta podem proteger também as plantas vizinhas”, afirma Madelaine. O ingá ou ingazeira, é uma árvore do gênero Inga, da subfamília Mimosoideae, da família Fabaceae, com frutos em uma longa vagem que contêm sementes envolvidas por uma polpa branca e adocicada, muitas vezes comestível. É muito comum nas margens de rios e lagos e costuma apresentar floração mais de uma vez por ano. A pesquisa, realizada por meio de uma parceria entre a EPAMIG Zona da Mata e UFV - Universidade Federal de Viçosa, foi desenvolvida pela estudante de doutorado em entomologia da UFV, Maíra Queiroz Rezende e propõe o controle biológico conservativo como forma de combater pragas e reduzir o uso de agrotóxicos na agricultura. A técnica consiste na manipulação do ambiente por meio do plantio de espécies que possam beneficiar predadores e parasitoides (inimigos naturais das pragas) fornecendo a eles alimentos e locais de refúgio. “Os nectários extraflorais funcionam como um mecanismo indireto de defesa da planta. Os inimigos naturais são atraídos pelo néctar e acabam protegendo a planta contra potenciais herbívoros e contra as principais pragas do café, como o bicho-mineiro e a broca-do-café”, disse a pesquisadora. Os experimentos foram realizados junto a cafeicultores

que já utilizam o cultivo agroecológico em sistemas agroflorestais, no qual o café é consorciado com outras espécies vegetais. Esses sistemas começaram a ser implantados em 1993, por meio de parceria com o CTA - Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata. (FONTE: EPAMIG).

André Cunha assume diretoria da AMSC

FOTOS: Divulgação AMSC

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Néctar produzido pelo Ingá é alternativa para o controle biológico de pragas do cafeeiro

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AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana realizou eleições no início de abril e elegeu sua nova diretoria. Gabriel Mei Alves de Oliveira, então presidente, passou o cargo a André Luis da Cunha, cafeicultor, diretor da Monte Alegre Soluções Agrícolas e diretor da Cooperfran. A diretoria ficou formada ainda por: Marcio Luis Palma Rezende (Vice Presidente), Gabriel Afonso Mei Alves de Oliveira (Tesoureiro), Claudemir Gavioli (2º Tesoureiro), José Domingos Cardoso Guasti (Secretário) e Eder de Carvalho Sandy (2º Secretário).


CAFÉ

AMSC e Sebrae-SP promovem missão para o Cerrado Mineiro

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FOTOS: Divulgação SEBRAE-SP

C

onhecer o processo de gestão da IG (Indicação Geográfica) do Café do Cerrado Mineiro e visitar a ACARPA - Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio/MG, a EXPOCACCER - Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Esse foi o objetivo da missão empresarial ao Cerrado Mineiro organizada pelo Escritório Regional do SebraeSP de Franca (SP) e pela AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais Alta Mogiana, entre os dias 25 e 26 de março. Participaram da missão 14 pessoas, sendo alguns cafeicultores e diretores da AMSC; cafeicultores de Franca (SP) e Itirapuã (SP); representantes do Sindicato Rural de Batatais (SP), do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (SP), da CATI de Pedregulho (SP), da Prefeitura de Franca (SP), da FAFRAM de Ituverava (SP) e os consultores de agronegócios do ER-Franca, Evernon Reigada e Simone Goldman Batistic Ribeiro.

Conforme explicou Evernon Reigada, além das visitas técnicas, todos os participantes também conheceram a fazenda do produtor Marcelo Montanari, que cultiva cafés especiais. “Visitar a Expocaccer foi importante porque hoje a cooperativa é o canal de exportação da região do cerrado mineiro, levando para diversas partes do mundo a qualidade do café da região”, comentou Montanari.


ARTIGO

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AVENÇA EM DINHEIRO - ANÁLISE DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO RURAL André Antunes - Advogado militante na área de Direito Agrário e Direito do Consumidor

O

presente artigo busca delinear um dos aspectos do Contrato de Arrendamento Rural – a sua obrigatoriedade da avença em dinheiro. Apesar de positivada a obrigatoriedade, o que se vê hoje são inúmeros contratos de arrendamento rural serem avençados não em dinheiro e sim pelo pagamento em quantidade de produtos. Neste sentido, procurou-se mostrar o quão prejudicial se torna a inobservância desta regra por aqueles produtores rurais que preferem estipular seus contratos rurais na obrigação do arrendatário pelo pagamento do arrendamento em quantidade de produtos e não em dinheiro como manda a lei, bem como o reflexo desta inobservância sobre os processos judiciais, prejudicando significativamente o âmbito de suas defesas em juízo. Como se sabe, existem duas modalidades de contratos agrários – os de parceria e os de arrendamento. Hoje vamos falar sobre o contrato de arrendamento rural e a importância de sua avença ser efetivada em dinheiro. O artigo 3º do Decreto nº 59.566/1966 define o contrato agrário de arrendamento rural como sendo: “O contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição

ou aluguel, observados os limites percentuais da lei”. E define a forma do pagamento desta contraprestação, através do artigo 18 do mesmo Códex: “O preço do arrendamento só pode ser ajustado em quantia fixa de dinheiro, mas o seu pagamento pode ser ajustado que se faça em dinheiro ou em quantidade de frutos cujo preço corrente no mercado local, nunca inferior ao preço mínimo oficial, equivalha ao do aluguel, à época da liquidação”. Ou seja, uma vez avençado o contrato de arrendamento agrário em dinheiro, nada obsta que o pagamento seja feito em quantidades de produtos. A obrigatoriedade diz respeito ao contrato e não ao pagamento. Como exemplo podemos citar um contrato de arrendamento de uma terra de 184 hectares, ajustado na quantia certa de R$ 29.000,00 por ano, equivalente à 6,5 bolsas de soja de 60kg cada, por hectare, perfazendo o total de 1.196 bolsas de soja, por ano, sendo que o valor de arrendamento sofrerá um ajuste anual de acordo com a variação do preço da soja no mercado. Percebe-se que, no caso mencionado, o valor avençado do contrato é fixado em dinheiro, ou seja, R$ 29.000,00 por ano, porém tanto a correção do preço quanto os pagamentos podem se dar em bolsas de soja variando de acordo com seu preço de mercado. Comumente se observa que os contratos de arrendamento rural são avençados, pela maioria dos produtores ru-


ARTIGO rais, em quantidade de produtos. Esta prática, por mais costumeira que seja em alguns Estados brasileiros, podem trazer problemas para o próprio produtor rural. Um deles se dá quanto o arrendante quer retomar a gleba, objeto do contrato de arrendamento rural ou quando há o inadimplemento contratual por parte do arrendatário, ambos ensejando, portanto, a ação de despejo. Para que haja o despejo rural, obrigatoriamente tem que ocorrer pelo menos uma das nove possibilidades a seguir elencadas (artigo 32 do Decreto 59.566/66): I - Término do prazo contratual ou de sua renovação; II - Se o arrendatário subarrendar, ceder ou emprestar o imóvel rural, no todo ou em parte, sem o prévio e expresso consentimento do arrendador; III - Se o arrendatário não pagar o aluguel ou renda no prazo convencionado; IV - Dano causado à gleba arrendada ou às colheitas, provado o dolo ou culpa do arrendatário; V - se o arrendatário mudar a destinação do imóvel rural; VI - Abandono total ou parcial do cultivo; VII - Inobservância das normas obrigatórias fixadas no art. 13 deste Regulamento; VIII - Nos casos de pedido de retomada, permitidos e previstos em lei e neste regulamento, comprovada em Juízo a sinceridade do pedido; IX - se o arrendatário infringir obrigado legal, ou cometer infração grave de obrigação contratual. Nos casos de retomada ou término do prazo contratual, o arrendante tem obrigatoriamente que NOTIFICAR o arrendatário no prazo de 06 (seis) meses antes do vencimento do contrato para que este exerça o seu direito de preferência. Trata-se aqui da notificação premonitória, essencial para que validamente possa o arrendador exercer a ação de despejo (artigo 22 e §§ do Decreto 59.566/66). Sem regular notificação premonitória, não há a viabilidade de se efetuar a ação de despejo rural, como bem acentuou o Colendo Superior Tribunal de Justiça no julgado abaixo elencado: Arrendamento rural. Notificação premonitória com indicação do preço em produto: validade. Art. 18 do Decreto n° 59.566⁄66. Precedentes da Corte. 1. Precedentes das Turmas que compõem a Seção de Direito Privado indicam que não tem validade a cláusula que fixa o preço do arrendamento rural em produto ou seu equivalente, a teor do art. 18 do Decreto n° 59.566⁄66. 2. A notificação premonitória que indica valor da proposta recebida de terceiro em desacordo com o art. 18 do Decreto n° 59.566⁄66 não tem validade, gerando dificuldade ao arrendatário para oferecer

contraproposta, tornando inviável a ação de despejo. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, REsp. nº 334.394 – RS, Rel. Min. Menezes Direito, julgado em 16/05/2002, publicado em 05/08/2002.) Resumindo, podemos afirmar que o produtor rural que deseje arrendar a sua propriedade, tem que observar e se atentar para que no contrato de arrendamento avence os pagamentos a serem efetivados pelo arrendatário em quantia certa em dinheiro, mesmo que os pagamentos se deem em produtos. Desta forma terá resguardado para si uma eventual ação de despejo caso queira retomar a área ou caso haja atraso ou inadimplemento nos pagamentos pelo arrendatário. Apesar de alguns julgados apenas tornar nula a cláusula que fixa o preço do contrato de arrendamento em produtos, não tornando nulo o contrato em si, muito se economiza tempo processual quando observamos os ditames da lei, tornando-se efetivamente substancial a defesa em juízo do produtor rural que avença seus contratos de arrendamento em dinheiro e não em produtos.

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