Edição nº 91 maio 2014

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EVENTOS

HORTITEC: vitrine brasileira da produção de hortifrutis

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Considerada a maior feira de horticultura da América Latina, a 21ª HORTITEC - Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas reunirá este ano 410 expositores. A estimativa é de que a feira gere cerca de R$ 100 milhões em negócios, fato que amplia o potencial de exportação do setor de flores, frutas, hortaliças, florestais, etc. No ano passado, mais de 25 países estiveram representados no evento. A organização é da RBB eventos.

Sami Máquinas inaugura unidade em Rib. Preto (SP)

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Menos de uma semana após o término da 21ª AGRISHOW, onde participou ativamente, a Sami Máquinas (Agrícolas e Construção Civil) inaugurou em Ribeirão Preto (SP) sua terceira unidade.

LEITE

Cria e Recria de fêmeas leiteiras

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Artigo de pesquisadores da Embrapa Gado de Leite que sintetiza de modo claro e objetivo o sistema adotado a partir de 1985 no Campo Experimental de Coronel Pacheco (MG).

CAFÉ

Manejo nutricional do cafeeiro safra 2014/15

ESPECIAL

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pós cinco dias de visitas aos estandes, acompanhando as negociações das empresas, conhecendo novas tecnologias, formalizando novos parceiros, a equipe da Revista Attalea Agronegócios finaliza os trabalhos de quase seis meses de preparação, divulgação e promoção da 21ª AGRISHOW, em Ribeirão Preto (SP). Foram 180 dias de trabalho árduo, mas recompensado pelos resultados dos nossos parceiros, bem como pelo brilhante trabalho de organização do evento, realizado pela BTS Informa. Queremos parabenizá-los pelas inovações na estrutura. A mesma expectativa mantemos para a nossa participação na 21ª HORTITEC, em Holambra (SP), feira que acontece neste final de maio e que retrata com maestria os setores brasileiros de produção de hortaliças, frutas, flores, cultivo protegido e culturas intensivas. Serão três dias da maior vitrine brasileira de hortifrutis, onde mais uma vez a Revista Attalea Agronegócios se faz presente, agora com estande próprio, no Setor Azul, Estande nº 16. Convidamos nossos parceiros comerciais a visitarem nosso estande. Participaremos, também, da 17ª EXPOCAFÉ, em Três Pontas (MG), maior feira do agronegócio café das Américas. Serão três dias com expectativa de mais de 24 mil visitantes, gerando negócios da ordem de R$ 220 milhões. Retratamos, ainda, nesta edição, vários assuntos relacionados à cafeicultura. O pesquisador Renato Passos Brandão escreve artigo importantíssimo sobre o manejo nutricional para o cafeeiro para a safra 2014/2015. A Casa das Sementes - uma das maiores revendas da região de Franca (SP) - realizou dois dias de campo. Retratamos, ainda, os resultados do 6º SIMCAFÉ, organizado pela COCAPEC, em Franca (SP). Na pecuária de leite, publicamos orientações dos pesquisadores da Embrapa Gado de Leite sobre a “Cria e Recria de Fêmeas Leiteiras”. Também na pecuária, mas aliando atividades econômicas importantes para o agricultor brasileiro, de todas as regiões, publicamos artigo interessante sobre o ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Boa leitura a todos!

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, que orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

Especial: Indicação Geográfica na cafeicultura

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A partir desta edição, publicaremos uma coluna que retrata a importância histórica, cultural e econômica da Indicação Geográfica do café na região da Alta Mogiana.

A Aquaponia como alternativa econômica

PEIXES

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HORTITEC e EXPOCAFÉ: expectativa nas feiras setoriais

DESTAQUE: Hortitec

EDITORIAL

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A Aquaponia é a produção combinada de peixes e vegetais hidropônicos em um sistema de recirculação de água e os efluentes dos peixes provêm a maior parte dos nutrientes para as hortaliças.


AGRISHOW

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21ª AGRISHOW - Feira de Tecnologia Agrícola em Ação terminou no último dia 2 de maio, em Ribeirão Preto (SP), manteve o faturamento de R$ 2,6 bilhões, registrado na edição do ano passado, segundo os dados divulgados pelo presidente do evento, Maurílio Biagi Filho. “Os números estão entre R$ 2,6 bilhões e R$ 2,7 bilhões”, afirmou em entrevista coletiva no encerramento da feira, que reuniu 161 mil visitantes. Os dados consolidados devem ser divulgados ainda este mês, mas são compatíveis com a realidade observada pelos fabricantes de máquinas agrícolas, que registraram queda na quantidade de equipamentos vendidos durante a feira, puxada pela crise no setor sucroalcooleiro. “O setor canavieiro puxou a quantidade de máquinas vendidas para baixo, mas o faturamento foi um pouco maior. Não fosse esse problema teríamos uma venda maior que a registrada”, disse Biagi Filho, que no lançamento da edição afirmou esperar um crescimento de 10% em relação a 2013. A estiagem entre 2013 e 2014 também foi responsável pelo baixo crescimento. “O motivo para isso é 80%

FOTO: Editora Attalea

Com retração no volume de negócios, Agrishow repete faturamento em 2014

Maurílio Biagi Filho, presidente da 21ª AGRISHOW.

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NOTÍCIAS

Gigante de defensivos genéricos ajusta foco 6

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israelense Makhteshim Agan - maior fabricante de defensivos genéricos do Mundo - está concretizando um dos passos mais importantes em seus quase 70 anos de história. A empresa, que em 2011 teve o controle adquirido pela gigante Chem China, acaba de ganhar um novo nome: ADAMA. Foi “dona” da Herbitécnica, da Defensa e depois da Milenia. A marca Milenia permanecerá nos rótulos dos produtos até o segundo semestre deste

ano, quando começará um processo gradativo de troca. Nesta nova fase, a empresa decidiu reduzir o foco em defensivos genéricos e apostar em uma oferta “híbrida”, aplicando inteligência própria na criação dos produtos. A Adama concentra atenções em soja, cana-de-açúcar, algodão, trigo e café. Trabalha ainda no segmento de tratamento de sementes e pretende entrar no de nutrição vegetal. INF: www.adama.com/brasil/pt

Destaques da Microquimica na 21ª HORTITEC

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Microquimica, empresa brasileira que atua na produção e comercialização de fertilizantes, inoculantes e agroquímicos, participará da 21ª HORTITEC. A empresa apresentará ao mercado os resultados da utilização do Vorax®, fertilizante com ação bioestimulante, em comercialização há um ano. Formulado com ácido L-glutâmico, extrato de algas, glicina-betaína e nitrogênio, o produto se destaca por conter uma formulação altamente concen-

trada em ingredientes que promovem ação bioestimulante. Ele se destaca por promover maior crescimento vegetativo, assimilação de nitrogênio, recuperação de estresses e por consequência maior produtividade. Segundo Roberto Berwanger Batista, diretor técnico da empresa, a expectativa é reforçar a retomada da Microquimica no segmento de HF e se aproximar dos principais agentes desse negócio. INF: www.microquimica.com

Altech Saúde do Úbere chega ao Brasil

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Alltech trouxe ao Brasil, no mês de março, o Programa “Saúde do Úbere”, através da realização de clínicas em Uberlândia (MG), Curitiba (PR) e Passo Fundo (RS). Sucesso entre os pecuaristas de leite dos Estados Unidos, Roger Scaletti, PhD em Saúde do Úbere pela Universidade do Kentucky, EUA, ministrou aulas práticas e propôs apoiar produtores de leite com informações práticas e teóricas sobre: a melhora na produção, saúde animal, mastite,

célula somática e, consequentemente, o aprimoramento na qualidade do produto. A Alltech tem como objetivo, além de levar cada vez mais conhecimento para o produtor, alertar sobre as técnicas corretas ao lidar com o úbere, para que sejam atendidas às exigências higiênicas e sanitárias. O úbere são glândulas mamárias da fêmea e qualquer descuido na manipulação pode comprometer a qualidade do leite cru. INF: pt.altech.com

Alta é líder do Sumário Gir Leiteiro 2014

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ediada em Uberaba (MG) e de origem canadense, a Alta é uma das maiores em melhoramento genético bovino e conquistou neste mês a liderança do sumário do Gir Leiteiro ABCGIL/ Embrapa 2014 com os três primeiros colocados do 22° grupo. O touro Tabu TE da Cal se classificou em primeiro lugar, com um PTA de 647,7 kg. O segundo lugar ficou para o Astro da Morada dos Ventos, de PTA 417,5 kg. Esta é a quinta vez consecutiva que a empresa conquista a liderança no even-

to. O resultado do Teste de Progênie ABCGIL/ Embrapa deste ano foi divulgado no início de maio, no Salão Nobre da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), como acontece tradicionalmente há quase 30 anos. Foram avaliados quase 300 touros, sendo que 186 possuem atualmente PTAs de leite positivo. Entre os dez primeiros campeões do sumário, seis são da Alta que também estão entre os 30 melhores para leite. INF: www.altagenetics.com.br

contatos DJALMA ROSA (dljrosa@hotmail.com) Viveirista de Mudas Nativas - São Simão (SP). “Sou proprietário de um viveiro de mudas nativas do Cerrado e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JUSSARA PORTELLA TEODORO (jussara.teodoro@tagma.com.br) Empresa de Fertilizantes e Agroquimicos - Paulínia (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ALEXANDRE HENRIQUE ORNELAS (alexandreornelas@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - Ituverava (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CLAUDIO GOULART DA ROCHA (claudio@satra.com.br) Implantação de Projetos e Maquinário Agrícola - São Paulo (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. LARISSA TAVARES (larissa-1109@hotmail.com) Estudante - Colégio Agrícola - Franca (SP). “Gostaria de fazer o cadastro e assinar Revista Attalea Agronegócios. JOÃO CANDIDO M. CARVALHO (fredmcarvalho@yahoo.com.br) Agropecuarista - Divisa Nova (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. HENRIQUE SCHREURS (hobras@hobras.com.br) Cafeicultor - São Paulo (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. PAULO SÉRGIO FEITOSA (psergiofeitosa@gmail.com) Vendedor de Peças Agrícolas - Pedregulho (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ALEXANDRE OLIVEIRA BARBARA (primaverafazenda@bol.com.br) Encarregado Administrativo Fazenda Primavera - Pedregulho (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

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do setor de cana, que passa por uma fase atípica, mas há ainda as condições de clima, que fizeram muita gente perder colheitas”. Apesar de anunciar no início da feira uma expectativa de crescimento 15% maior em comparação com o ano passado, Biagi Filho disse na coletiva de encerramento que já estava preocupado com o faturamento de 2014. “Estava temendo que talvez tivéssemos um ano mais difícil, mas foi uma surpresa grata ver o resultado”, comentou o presidente da feira. FABRICANTES - Os fabricantes de colheitadeiras e tratores expostos na Agrishow são unânimes em dizer que em 2014 houve retração no volume de negócios, puxada pela crise no setor sucroalcooleiro. “A crise já nos tinha dado perspectivas de que os negócios não seriam iguais aos outros anos”, afirmou Leonel Oliveira, gerente de vendas da Massei Fergunson, fabricante que registrou até o penúltimo dia de Agrishow uma queda de 11% no número de máquinas vendidas. No maquinário específico para o corte e colheita de cana, a New Holland teve uma redução de 40% na quantidade de equipamentos vendidos, segundo o gerente comercial Carlos Rodrigues. “Os investimentos para renovação de frota no setor canavieiro estão sendo prorrogados, apesar da necessidade no campo”, comentou. Mesmo com a queda na venda de máquinas, o movimento financeiro ainda foi alto e manteve o ritmo regis-

FOTOS: Editora Attalea

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Dr. Fábio de Salles Meirelles, presidente da FAESP/SENAR, em entrevista no novo estande da instituição na AGRISHOW.

Estande da Massey Ferguson Global na 21ª AGRISHOW.


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trado em 2013, segundo os fabricantes. O setor de grãos, o alto valor agregado dos novos equipamentos e também os investimentos dos pequenos agricultores incrementaram as finanças. “Os pequenos estão mecanizando cada vez mais, buscando ganhar produtividade, assim como os grandes, e aproveitam as oportunidades de crédito e os incentivos federais para isso”, afirmou Alexandre Vinicius Assis, gerente comercial da Valtra. TELECOMUNICAÇÃO FALHA - Durante a apresentação do balanço comercial, o presidente da Agrishow, Maurílio Biagi Filho, endossou as críticas feitas ao sistema de telecomunicações. Nos cinco dias de feira os visitantes e profissionais que passaram pelo local tiveram dificuldades para realizar ligações e conectar o sinal 3G dentro do parque tecnológico.“Eu sou o maior reclamão”, disse Biagi Filho, ao utilizar uma palavra de baixo calão para reclamar do sistema de telefonia. “O sinal é ótimo, mas não se fala, precisamos melhorar isso, juro que não sei como, mas tenho certeza que vamos fazer isso”. José Danghesi, diretor da BTS, organizadora da feira, afirmou durante a coletiva que vai protocolar um ofício na ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações para pedir melhorias para o próximo ano. “Todas as operadoras estão com antenas aqui e o problema é de concentração e volume, que empata e não funciona”, explicou. (FONTE: Adaptado do Portal G1).

FOTOS: Editora Attalea

AGRISHOW

Estande da LS Tractor na 21ª AGRISHOW.

Estande da Betta Hidroturbina na 21ª AGRISHOW.

Estande da Jumil na 21ª AGRISHOW. Estande da MIAC na 21ª AGRISHOW.

Estande do Netafim na 21ª AGRISHOW.

Estande da John Deere na 21ª AGRISHOW.


AGRISHOW

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Massey Ferguson encerra sua participação na 21ª AGRISHOW - Feira de Tecnologia Agrícola em Ação, em Ribeirão Preto (SP), após uma intensa semana de lançamentos, destaques e excelentes negócios. De 28 de abril a 2 de maio, o estande da marca líder de tratores há mais de 50 anos recebeu centenas de visitantes e clientes. Logo no primeiro dia do evento, a Massey Ferguson lançou a MF 9895, marcando sua entrada na Classe VIII. Trata-se da colheitadeira axial com a maior taxa de descarga de grãos do mercado (150l/s), proporcionando eficiência e produtividade, com alto desempenho para produtores de médio e grande porte. Outro lançamento foi o da plantadeira MF 500 Seed Pneumática, mais leve, econômica e versátil, garantindo que o agricultor disponha sempre da maior precisão para qualquer tipo de solo. A Agrishow 2014 também foi palco para apresentação do trator-conceito Dyna-4, que está sendo desenvolvido para produção no Brasil e representa um projeto único e diretamente, voltado ao aumento da produtividade no campo. A AGCO, detentora da marca Massey Ferguson, anunciou na feira seu novo recurso de suporte ao cliente, o Fuse Contact Center, estratégia de conectividade voltada a ajudar os usuários em ajustes e na operacionalidade dos equipamentos para a agricultura de precisão. Os negócios durante a feira atrairam clientes antigos e novas gerações das famílias produtoras, como o Engº Agrº Ailton Theodoro de Oliveira Júnior, 33 anos, que se diz fã da Massey Ferguson. A família é fiel à marca, há mais de 40 anos, hoje operando com três colheitadeiras e cinco tratores, dentre outros produtos, usados em 850 hectares de soja, milho e sorgo, em Ituverava (SP). O tamanho e estrutura da Feira de Tecnologia Agrícola em Ação trouxe ao interior de São Paulo, uma comitiva da AGCO Global, com 27 profissionais vindos dos Estados Unidos e da Itália. Dentre eles, Eric Hansotia, vice-presidente sênior mundial do produto colheitadoera e de ATS (Advanced Technology Solutions), que ficou impressionado

FOTOS: Divulgação - Massey Ferguson

Massey Fersugon encerra com sucesso participação na Agrishow 2014

com a organização da Agrishow e a agilidade da equipe da Massey Ferguson na recepção e atendimento. Para a grande maioria dos visitantes estrangeiros, esta foi a primeira vez em uma feira agro a céu aberto. De acordo com o diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert, os resultados foram positivos diante do cenário agrícola nacional e ficaram dentro das expectativas da empresa. “Confirmamos a tendência por máquinas maiores e de melhor desempenho, necessárias para atender às demandas atuais da produção agrícola no Brasil”, explica. Dentre os produtos mais comercializados estão os pulverizadores, os tratores e as colheitadeiras axiais, com destaque para o lançamento: a MF 9895.

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MÁQUINAS

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o último dia 8 de maio, menos de uma semana após o término da 21ª AGRISHOW, a Sami Máquinas (Agrícolas e para Construção Civil) inaugurou em Ribeirão Preto (SP) sua terceira unidade. No evento, a empresa recebeu fornecedores, clientes e funcionários com um coquetel comemorativo no próprio estabelecimento comercial. A unidade de Ribeirão Preto (SP) terá representação, tanto da linha agrícola (tratores Yanmar/Agritech, colhedoras de café Jacto e implementos), quanto para tratores e equipamentos para a Construção Civil (Yanmar Construction, Gehl e Atlas Copco). Há 12 anos atuando com sucesso no mercado agrícola, a matriz da Sami Máquinas está em Franca (SP) , com uma filial em São Sebastião do Paraíso (MG). “A empresa se especializou no mercado de mecanização agrícola notadamente voltado a cultura cafeeira, predominante em sua área de atuação, tornando-se, em pouco tempo, uma das três maiores concessionárias dos tratores Yanmar/Agritech dentre 90 existentes no Brasil e, por anos seguidos, a número 1 em vendas de Colhedoras de Café da marca Jacto, dentre mais de 20 existentes”, explicou Sami El Jurdi, diretor da empresa. A nova unidade está sediada defronte à Rodovia Anhanguera, na altura do km 311, sentido São Paulo, na Rua Virgílio de Carvalho Neves Neto, 1146. Tel. (16) 3441-7999.

FOTOS: Divulgação - Sami Máquinas

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Sami Máquinas inaugura unidade em Ribeirão Preto (SP)

Sami El Jurdi promove a inauguração da unidade em Ribeirão Preto (SP).

Sami El Jurdi e a equipe Jacto: Valdir Martins (Diretor Comercial), Armando Maran (Gerente Regional de Vendas) e Atayde Nunes (Administrador de Vendas-Colhedoras).


AGRISHOW

Agritech lança modelo 1175 S na AGRISHOW

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FOTO: Divulgação - Yanmar Agritech

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urante a 21ª edição da AGRISHOW, a Agritech, fabricante dos tratores e cultivadores motorizados Yanmar Agritech, apresenta o modelo 1175-S, desenvolvido pela fábrica de Indaiatuba (SP) e especialmente planejado para agricultores de diversas culturas que trabalham em áreas rurais médias e pequenas. Os grandes diferenciais do novo modelo são o câmbio sincronizado, o sistema de direção hidrostática e com grande precisão, o eixo dianteiro mais robusto, o sistema de refrigeração de água e óleo integrado. A Agritech é a única empresa brasileira com a linha de tratores, microtratores e implementos agrícolas voltadas especialmente para a agricultura familiar, e que busca levar tecnologia para o pequeno produtor, responsável por grande parte da produção nacional. No Brasil , 4,3 milhões de estabelecimentos rurais são voltados à agricultura familiar, é a ampla maioria da agricultura brasileira. Hoje, 84% dos estabelecimentos rurais brasileiros são de agricultura familiar e atualmente eles ocupam 24% do território nacional e respondem por 33% do valor bruto da agropecuária brasileira. Além do 1175-S, a Agritech lançou sua nova identidade visual inspirada no campo. Pedro Lima, gerente do Departamento de Marketing da Empresa explica que, para este novo momento da companhia, o que se buscou foi manter a essência simples e forte representada pelo homem no campo, unida à tecnologia que conduz a empresa. “O emblema é formado por linhas que representam as diferentes culturas agrícolas e se juntam formando apenas uma unidade em per-

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feito equilíbrio. Sua posição apontando para cima demonstra o crescimento, a ascensão do setor agrícola e o futuro da empresa e seus colaboradores”, explica Lima. O novo logotipo começa a circular nos produtos e na comunicação da empresa a partir da AGRISHOW.


AGRISHOW

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Valtra preparou quase duas dezenas de novidades para apresentar com exclusividade ao público da AGRISHOW - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, de 28 de abril a 02 de maio, em Ribeirão Preto (SP), que está comemorando 21 anos em 2014. O visitante que passar pelo estande da marca durante a feira poderá conferir, de uma só vez, 18 lançamentos envolvendo as linhas de tratores, colheitadeiras, pulverizadores, implementos e agricultura de precisão, tudo pensado para surpreender o produtor e mudar o seu referencial em termos de design e inovação tecnológica aplicada visando o melhor retorno no campo. “A AGRISHOW é uma feira de relacionamento e de grandes negócios, na qual lançamos produtos que foram desenvolvidos com tecnologia de última geração. Neste ano, especificamente, temos uma boa expectativa em relação ao setor de grãos, que está vivendo uma situação bastante interessante. Por isso a Valtra acredita que há um mercado crescente para tratores, colheitadeiras, pulverizadores, implementos e equipamentos forrageiros. Mas, para que tudo isso aconteça, é preciso também facilitar o acesso ao crédito; o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), por exemplo, é fundamental para a continuação do desenvolvimento agrícola do país. E sem mecanização nós não conseguiremos ter a produtividade que tivemos até o ano passado”, ressalta Paulo Beraldi, diretor comercial da Valtra. No segmento de tratores, no qual a Valtra é referência, são 12 novos modelos apresentados apenas da linha leve: Série A Geração II, Série A Fruteiro e Série A Geração II Cabinado. Os lançamentos da Série A Geração II, nas versões A650 (66cv), A750, (78cv), A850 (85cv) e A950 (96cv) apresentam sistema de injeção com bomba em linha, que proporcionam menor consumo de combustível e baixo custo de manutenção, novo sistema de fixação dos radiadores com trilhos, que facilita as limpezas periódicas. Outro destaque da linha é a coluna da direção regulável, com ajustes de altura e profundidade, ou seja, agora o volante é bem mais ergonômico, e garante o conforto do operador. A principal novidade que passa a acompanhar os modelos da Série A Ge-

FOTOS: Divulgação - Valtra

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Valtra eleva patamar de inovação tecnológica bate recorde de lançamentos

ração II é a versão com cabine que está sendo apresentada com exclusividade na Agrishow 2014. Já a Série A Fruteiro vem agora com quatros modelos: o A650F (66cv), A750F (78cv), A850F (86cv) e o A950F, de 95cv – sendo que este último é o mais potente trator do segmento. Ainda no segmento de tratores, mas na linha pesada, a grande atração da Valtra será o trator de esteira modelo Challenger MT775E, que chega ao mercado com potência de 405cv (potência máxima de 437cv) e tem como grande diferencial o Sistema Mobil Trac, tecnologia patenteada – que utiliza esteiras para aumentar a produtividade. Este sistema reduz o índice de patinagem em 10%, proporcionando excelente aderência e gerando um desempenho superior comparado ao de máquinas do mesmo porte com pneus. Outro destaque da linha pesada é o modelo BH180, agora na versão Geração III. Essa geração foi lançada no ano passado com os modelos BH135i de 137cv, BH200 de 200cv e BH210i de 210cv, e agora com o modelo líder do segmento de 180 a 200cv. O BH180 vem com todas as novidades da Geração III, cabine HiComfort, novo sistema Hidráulico HiFlow II de bomba de vazão variável com 170 litros por minuto, maior vazão do mercado, equipado com motor AGCOPower 620DS que trabalha com Diesel ou Biodiesel B100, ou seja, até 100% de Biodiesel. O novo capô basculante com design moderno é outro diferencial da nova linha BH, pois facilita a manutenção melhorando a rotina do produtor, oferecendo ainda melhor visibilidade no desenvolvimento de suas tarefas. Mais uma grande novidade da Valtra para a AGRISHOW deste ano é o lançamento da BC8800 – colheitadeira de alta performance, que apresenta a melhor relação litros de diesel por tonelada entre as máquinas classe VIII do mercado brasileiro. O equipamento conta um inovador mecanismo de limpeza de multiestágios que garante mais agilidade e a qualidade dos grãos. As colheitadeiras Valtra BC8800 são equipadas com o sistema de resfriamento VFlow, inédito no Brasil, que previne obstruções e mantém a máquina funcionando com máxima eficácia.


AGRISHOW

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rojetados para atender pequenos e médios produtores rurais brasileiros, os três modelos da nova linha de tratores T6 da New Holland serão os lançamentos na Agrishow 2014. A nova linha é composta pelos modelos T6.110, T6.120 e T6.130, respectivamente com 110, 120 e 130cv, todos com três opções de transmissão: 8x8 com reversor mecânico; e 8x8 e 16x8, ambos com reversor hidráulico e Hi-Lo. “Estes tratores completam a família New Holland da nova geração, com o design global da marca, na qual o DNA está presente desde o farol cat eyes (novo conjunto ótico para melhorar a iluminação) passando pela cabine, até a forma do para-lama e faróis traseiros. Os modelos ainda permitem o acesso facilitado a todos os pontos de manutenção”, explicou Nilson Righi, gerente de produtos da New Holland. Righi destaca, ainda, a opção de bomba hidráulica de até 100 litros/min e retorno livre, que permite operar as mais modernas plantadeiras do mercado. Os modelos têm como opção sistema hidráulicos de até três válvulas remotas. A linha ainda possui tomada de força de 540/1.000 rpm com

FOTO: Divulgação - New Holland

New Holland apresentou na Agrishow a nova linha de tratores T6

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engate macio, terceiro ponto e barra de tração super dimensionados para qualquer implemento do mercado. Para completar, a nova linha de tratores T6 disponibiliza opções de rodados singles e dual e agricultura de precisão.


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Tela do Sistema Easy Tech.

da Colhedora de Milho JM 370 G, única de uma linha com tecnologia axial. “O Sistema Easy Tech é um controlador desenvolvido pela Jumil para ser acoplado às plantadoras que trabalham especialmente em áreas com dificuldade de acesso ao GPS e regiões com dificuldade de mão-de-obra qualificada. Além disso, com a nova tecnologia foi possível substituir catracas, esticadores e correntes da transmissão de adubo e sementes por componentes elétrico-hidráulicos, com regulagens mais simples. Foi um sucesso entre os produtores!”, conta Patrícia Morais, diretora de marketing e estratégia da Jumil.

Imagem da Mola Pneumática do Sistema Easy Tech.

Casale lança equipamento exclusivo para alimentar gado a pasto ou semiconfinamento

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Casale lançou o Feeder SC – equipamento de alta tecnologia exclusivo no Brasil e no Mundo – desenvolvido para a suplementação alimentar (ração ou proteinado) de gado a pasto ou em sistema de semiconfinamento. Os objetivos principais desta novidade é facilitar o manejo do criador, levando a ração até ao cocho ou piquete, evitar desperdício de alimentos e, consequentemente, economia para o pecuarista. “O equipamento dispõe de diversos diferenciais como: sistema de pesagem com GPS incluso e um software desenvolvido para monitorar o abastecimento e o consumo em todos os locais de distribuição, mais conhecido como ‘pecuária de precisão’. Esta tecnologia tem a capacidade de armazenar todos os dados durante o período de trabalho, sendo uma excelente ferramenta para o gerenciamento da atividade com precisão”, explica Celso Casale, diretor presidente da empresa. O Feeder SC transporta e distribui até três toneladas por carga. Para realizar o transporte no pasto, utiliza-se um chassi robusto com eixo tipo ‘Tandem’ de quatro rodas, ideal para enfrentar qualquer tipo de terreno, por se adequar

FOTO: Divulgação

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Jumil encerrou sua participação em mais uma edição da AGRISHOW com vendas 5% superiores ao mesmo período do ano passado. De acordo com o gerente comercial Flávio Trezza, os lançamentos que a empresa levou para a exposição agradaram ao público, assim como as grandes plantadeiras, expertise da empresa. As novidades apresentadas foram o Sistema Easy Tech, um controlador de alta tecnologia e de fácil manipulação utilizado para melhorar a eficiência das plantadoras, além da Colhedora de Forragem JMCF 3000, desenvolvida para colheita de silagem em lavouras de milho ou gramíneas e

FOTOS: Divulgação

Jumil comemora vendas na Agrishow 2014

perfeitamente ao solo, sem solavancos ou trancos para proteção do conjunto e do sistema de pesagem. Apresenta ainda, como diferenciais, caçamba com acabamento galvanizado a fogo e fundo em inox, além da rosca de descarga ser basculante, o que facilita o transporte e a distribuição mesmo em período de chuva.


AGRISHOW

MIAC lança linha de arrancadores de amendoim

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MIAC Máquinas Agrícolas somou sua experiência nas lavouras de amendoim do Brasil e Argentina e desenvolveu nos Estados Unidos uma nova linha de arrancadores-invertedores. Novos dispositivos foram incorporados aos arrancadores tradicionais permitindo um trabalho mais eficiente em relação à uniformidade das leiras, eliminação de terra e facilidade de manutenção. Durante a 21ª AGRISHOW, em Ribeirão Preto (SP), a empresa lançou três versões de arrancadores: simples, duplo e triplo, com opções de hastes rígidas ou pantográficas. O sistema pantográfico é individual para cada haste permitindo um excelente acompanhamento das irregularidades do terreno. Também foram lançados dois modelos de mexedores de amendoim, equipamento que tem a função de revolver a leira

OPÇÃO SIMPLES

OPÇÃO DUPLO

de amendoim após um período de chuva. Com esse revolvimento ocorre um descolamento das plantas de amendoim em relação ao solo, proporcionando um recolhimento da leira sem perdas de vagens de amendoim. Na versão triplo a novidade é a versatilidade do equipamento. Com um dispositivo de encaixe por pinos para o acoplamento entre os corpos dos mexedores o operador consegue (em operação) transformar o equipamento em duplo ou simples, facilitando o acabamento com linhas mortas. Com esses lançamentos a MIAC passa a oferecer ma completa linha de máquinas para a colheita de amendoim: arrancadores, mexedores, recolhedoras e transbordo.

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João Eustáquio Cabral de Miranda1 Antônio Cândido C. Leite Ribeiro2 Oriel Fajardo de Campos3 e Luciano Patto Novaes3

ste artigo sintetiza de modo claro e objetivo os sistemas de cria e de recria de fêmeas leiteiras adotados a partir de 1985 no “Sistema Intensivo de Produção de Leite a Pasto”, projeto mantido pela Embrapa Gado de Leite desde 1977 no Campo Experimental de Coronel Pacheco (MG).

CRIAÇÃO DE BEZERRAS - Os cuidados com as bezerras devem começar bem antes do parto, iniciando-se com a vaca gestante, para que ela possa parir em boas condições corporais, ou seja, com escore entre 3,0 e 4,0, em escala de 1 a 5, sendo: 1= vaca muito magra e 5 = vaca muito gorda. SECAGEM DA VACA - É recomendável secar a vaca, no mínimo, 60 dias antes do parto previsto, porque: • De 60 até 70% do peso do bezerro ao nascer é ganho nos últimos 90 dias de gestação da vaca. A vaca seca poderá fornecer mais nutrientes ao bezerro para que este nasça forte e saudável; • A vaca seca (gestante) precisa parir em boas condi ções corporais. Normalmente, ela deve engordar entre 600 e 800 gramas/dia, dependendo do seu escore corporal. A vaca parindo em bom escore corporal é muito importante para se obter um intervalo entre partos próximo dos 12 meses; • A vaca precisa descansar pelo menos 60 dias e refazer o seu sistema mamário, preparando-o para a próxima lactação; • A vaca precisa produzir colostro de boa qualidade para o bezerro. CRITÉRIOS PARA SECAGEM DE VACAS - A vaca deve ser seca 60 dias antes do parto previsto, independentemente de sua produção de leite. Outro critério é quanto à produção de leite. Isto depende do preço do leite, do estado corporal da vaca etc. O produtor pode secar a vaca quando a produção for inferior

AUTOR 1 - Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Embrapa Gado de Leite, MG; 2 - Médico Veterinário, M.Sc., Embrapa Gado de Leite, MG; 3 - Engenheiro Agrônomo, Ph.D., Embrapa Gado de Leite, MG; Site:- www.cnpgl.embrapa.br

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Cria e recria de fêmeas leiteiras

a 3 litros/vaca/dia, ou até mesmo inferior a 7 litros/vaca/dia, dependendo do sistema de produção adotado e da relação custo/benefício. PROCEDIMENTOS PARA SECAR A VACA a) - Separar mãe e cria, no caso de vaca com bezerro ao pé; b) - Deixar a vaca presa por 24 horas em jejum (sem água e sem comida); c) - Após as 24 horas em jejum, esgotar a vaca completamente; d) - Em seguida, fornecer um pouco de volumoso e água. Por exemplo: deixar a vaca pastar até meio-dia e depois prender novamente até o dia seguinte; e) - No outro dia, esgotar novamente a vaca; f) - Sendo vaca de alta produção e/ou animal que apresentou mamite clínica ou subclínica durante a lactação recémencerrada, deve-se aplicar antibiótico, em todo os tetos (terapia da vaca seca). Procurar um médico-veterinário para diagnosticar e prescrever o tratamento adequado do animal; g) - Manter a vaca sob observação por três a quatro dias, em piquete ou pasto com pouca disponibilidade de volumoso; h) - Se aplicou antibiótico: • Após 3-4 dias caso tudo esteja normal, sem inflamação (vermelhidão) no úbere: a vaca pode ser solta para o pasto; • Se tem inflamação: esgotar novamente a vaca e realizar outro tratamento conforme recomendações do médico veterinário; i) - Após soltar a vaca para o pasto, algum resíduo de leite será automaticamente absorvido pelo organismo do animal. Pasto-maternidade - Cerca de 20 a 30 dias antes da data prevista para o parto, levar a vaca gestante para o pasto-maternidade, que deve ser pequeno, de boa qualidade, limpo e o mais perto possível do curral. Deve-se observar a vaca diariamente. No pasto-maternidade deve-se proceder à adaptação da vaca para a dieta pós-parto. Normalmente recomenda-se fornecer à vaca a metade do concentrado que ela irá receber após parir, já na fase de produção de leite. Isto tem por objetivo adaptar a flora ruminal com dieta mais rica em alimento concentrado, que contém muito amido e muita proteína. A vaca deverá receber diariamente o concentrado lá no pastomaternidade mesmo. Na época seca, se necessário, fornecer volumoso suplementar, podendo ser feno, silagem de milho ou de sorgo, cana mais 1% de uréia, etc. Para vacas de alta produção é recomendado cortar


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o sal mineral e o cálcio da dieta no pré-parto (ou usar dieta aniônica, segundo a recomendação de um médico veterinário ou nutricionista) para regular a mobilização das reservas corporais e evitar a doença da “febre do leite”. Se o bezerro não nascer em duas a três horas após iniciado o trabalho de parto, deve-se intervir ou chamar o médico-veterinário, para evitar sofrimento da vaca e do bezerro. Após o nascimento do bezerro, a vaca deverá lambêlo para retirar as membranas fetais e estimular a circulação sangüínea. Nos partos assistidos, deve-se enxugar e esfregar vigorosamente o bezerro com um pano bem limpo, retirar restos de placenta/membrana das narinas do bezerro e colocá-lo de pé. Cuidados com o recém-nascido Após o parto, se o bezerro se levantar e mamar o colostro sozinho, tudo bem. Caso contrário, é necessário dar uma ajuda para o bezerro pegar a teta da vaca e mamar. Se mesmo assim ele não mamar, deve-se ordenhar o colostro e fornecêlo à vontade para o bezerro na mamadeira ou no balde. Nas primeiras quatro a seis horas de vida o bezerro precisa mamar, pelo menos, dois litros de colostro. O ideal é o bezerro mamar quatro litros nas primeiras quatro horas de vida. No primeiro dia (24 horas) o bezerro precisa ingerir cinco a seis litros de colostro. Quanto mais, melhor. Colostro é rico em energia, proteína, minerais, vitaminas etc., e contém imunoglobulinas (anticorpos), que são as células de defesa do organismo contra doenças e germes do meio ambiente. É a primeira vacina natural do bezerro. É laxante e fará o intestino do bezerro funcionar. É altamente digestível e não tem perigo de dar diarréia caso o bezerro mame em excesso. Vacas de média ou baixa produção só devem ser esgotadas no segundo dia, após o bezerro mamar o colostro. No primeiro dia, deve-se pesar o bezerro e anotar o peso. Também é necessário identificá-lo com brinco na orelha ou tatuagem. Ainda no primeiro dia deve-se aparar os pêlos do rabo das bezerras, para evitar que a aderência de fezes neles cause infecção urinária no animal. Usar uma tesoura e podar os pêlos rente ao couro. Também, no primeiro dia é necessário cortar o umbigo do bezerro a dois ou três dedos de comprimento, para facilitar

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a desinfecção e a cura e evitar traumatismo (pisada da vaca ou de outro bezerro). Isto é feito com uma tesoura “cega”, previamente desinfectada. Se sair muito sangue pode amarrar o umbigo com um cordão limpo e desinfectado. Para curar o umbigo, usar solução de álcool iodado a 10% em vidro de boca larga e desinfectar o umbigo do bezerro diariamente pela manhã e à tarde, durante três a quatro dias. O objetivo é secar e curar rapidamente o umbigo do bezerro, fechando uma porta de entrada de germes e bactérias. No segundo dia, em sistema de alimentação artificial, deve-se separar o bezerro da vaca. Vacas mais azebuadas devem ficar com o bezerro só 12 horas; depois disso separálos para evitar que a vaca pegue “amor à cria” e, com isso, não desça o leite. O bezerro deve ser criado em abrigo ou casinha individual. Isto praticamente elimina (ou reduz) a mortalidade de bezerros, como acontece em bezerreiros coletivos. Pode-se também criar os bezerros em local sombreado, fixados ao solo com a corrente e a coleira, mas sem o abrigo individual, desde que o local seja mantido limpo e livre de umidade. As casinhas devem ser desinfectadas com creolina a 3% e colocadas de frente para o nascente do sol. Colocar uma coleira de couro (modelo usado em cachorro) no pescoço da bezerra e uma corrente de 1,5 metro, com destorcedor, presa ao solo por um gancho de ferro. Uma bezerra não deve ter contato com outra. Na pecuária leiteira é comum a criação apenas de fêmeas. Quando isto ocorre, os machos são descartados na primeira semana de vida. Na primeira semana, deve-se eliminar as tetas extranumerárias (excedentes), com tesoura, e desinfetar


com álcool iodado. É necessário ter muita prática para identificar e não eliminar as tetas funcionais (quatro tetas normais). Do segundo dia em diante, fornecer à bezerra quatro litros de leite por dia, sendo dois litros pela manhã e dois litros à tarde. Isto equivale a cerca de 10% do peso vivo da bezerra. Enquanto a vaca produzir colostro, este deve ser dado à bezerra. Depois de 15 dias, fornecer os quatro litros de leite em uma só refeição, pela manhã ou à tarde, sempre obedecendo ao horário estabelecido. Este procedimento visa reduzir mão-de-obra e forçar o consumo precoce de concentrado. No início da segunda semana e nas seguintes, fornecer diariamente concentrado e água limpa para a bezerra. O concentrado irá acelerar o desenvolvimento do rúmen das bezerras. Lavar o balde e colocar água limpa e potável, todo dia. Concentrado deve ser peletizado, de sabor adocicado, com 16% de Proteína Bruta (PB) e 70% de Energia (NDT), com 7 a 10% de melaço em pó e baixo teor de fibras (6 a 7%). Se feito na fazenda, o concentrado deve ser de textura grosseira. No início colocar pouco concentrado no cocho e renová-lo diariamente, para evitar que fermente e desenvolva mofo. Esta sobra pode ser dada para uma bezerra mais velha, evitando perdas de alimento. Cortar o leite aos 56 dias, de uma vez só. Deixar a bezerra na casinha individual até os 70 dias, para ela perder o hábito de mamar e aumentar o consumo de concentrado para o equivalente a 2 kg/ dia. Até os 56 dias, o consumo médio de concentrado é de aproximadamente 500 gramas/ bezerra/dia. Na última semana, trocar o concentrado peletizado por ração farelada, que é mais barato. Critérios para o desaleitamento precoce: a bezerra pode ser desaleitada de acordo com os seguintes critérios: a) - Consumo de concentrado ? quando a bezerra estiver consumindo de 600 a 800 gramas/dia, ela pode ser desaleitada. Isto acontece entre 40 e 60 dias. ? b) - Data fixada = Ex.: desaleitar aos 56 dias. c) - Peso = desaleitar quando a bezerra atingir um peso prefixado: ex.: 80 kg; 90 kg. d) - Dobrar o peso ao nascer. Trocar a casinha de local quando necessário. Desinfectar a casinha a cada 15 dias, com creolina 3%, em pulverização. Na época das chuvas talvez seja necess ário mudar a casinha de local mais freqüentemente, até mesmo de dois em dois dias, se ocorrer lama etc. Se a bezerra apresentar diarréia, mudar a casinha de local e desinfetar o lugar com cal virgem. OBSERVAÇÕES SOBRE CRIAÇÃO DE BEZERRAS - Até 70 dias, enquanto a bezerra estiver no abrigo individual, não é necessário se preocupar com sal mineral, nem com vacina, exceto a vacina de aftosa (é obrigatório vacinar por

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lei). Outras vacinas, aplicar apenas sob recomendação do veterinário. Após os 70 dias, o melhor volumoso para ser oferecido à bezerra é feno de boa qualidade, porque conserva-se mais facilmente e tem boa aceitabilidade. Se não tiver o feno, o melhor é fornecer capim verde picado. Não é recomendado fornecer silagem (alimento fermentado) ou cana mais uréia para bezerras antes de 90 a 100 dias de vida. Local da casinha = a casinha ou abrigo individual deverá ser instalada em terreno ensolarado, inclinado (para facilitar o escoamento de água), gramado e bem drenado, e protegido de ventos dominantes. Peso ao nascer = normalmente as bezerras mestiças nascem com 33 a 35 kg de peso vivo (PV). Elas necessitam dobrar o peso até os 70 dias. As bezerras da raça Holandesa nascem mais pesadas, com 38 a 40 kg. Pesar a bezerra no desaleitamento, aos 70 dias quando deixar a casinha. Descorna = na primeira semana de vida, deve-se descornar a bezerra, usando ferro quente ou ferro elétrico, ou pasta própria para descorna. Deve-se cortar os pêlos ao redor do “botão” do chifre, escarificá-lo levemente com um ralo e depois passar um pouco de pasta. Fazer isto à tarde e manter a bezerra isolada e sem encostar em outros animais. A pasta contém produtos químicos que provocam queimaduras e é preciso ter cuidado na aplicação (não passar muita pasta) para não machucar a bezerra e nem o aplicador. Sucedâneo para o leite = no mercado existem vários produtos alternativos para alimentação de bezerras ? os chamados sucedâneos. Deve-se considerar o custo/benefício. Seguir as instruções do fabricante. Não se pode dar o chamado leite de soja (na verdade ?suco de soja?) para bezerras de até 60 dias, porque elas não têm enzima para digerir os nutrientes da soja, ocorrendo diarréia e dor de barriga nas bezerras. Após 60 dias pode-se fornecer o leite de soja para as bezerras, mas nesta época as bezerras já devem estar desmamadas e não há necessidade. Soro para bezerra = em caso de desidratação ou diarréia forte, dar soro para a bezerra. Composição: 5 litros de


água, 45 gramas de sal comum e 250 gramas de açúcar cristal. Pode colocar ainda uma colher (de sopa) de bicarbonato de sódio como tamponante. Bezerra com 40 kg de peso vivo necessita receber de seis a sete litros de soro por dia, divididos em pelo menos quatro vezes.

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OBSERVAÇÃO SOBRE O USO DE FENO PARA BEZERRAS - Especialistas e pesquisadores em fisiologia e manejo animal não recomendam fornecer feno neste período às bezerras enquanto elas estiverem recebendo dieta líquida mais o concentrado peletizado, pois os resultados de pesquisas mostram que o uso do feno não é necessário. Porém, existem controvérsias. Entretanto, os produtores que fornecerem feno para às bezerras não estarão cometendo nenhum erro grave, apenas aumentando os custos e a mão-de-obra. CRIA E RECRIA DE BEZERRAS E NOVILHAS De 71 a 120 dias de idade

• Nesta fase, as bezerras devem ser mantidas em piquete

coletivo com seis a oito animais de mesmo tamanho e peso, para evitar competição por alimento. • O piquete pode ser de qualquer gramínea de porte baixo. A grama do tipo Cynodon (Coast-cross, Tifton 85, Grama Estrela) é boa porque suporta mais pisoteio. O piquete deve ser localizado o mais próximo possível do curral, com água, sombra e cocho apropriado para alimentação das bezerras. • Fornecer 2 kg/animal/dia de concentrado e pasto à vontade. Na época seca, fornecer 3 kg, se necessário. • Fazer observações freqüentes: carrapatos, diarréia, estado geral, desenvolvimento corporal etc. • Aplicar vermicida e vacinar conforme calendário sanitário ou indicação do médico veterinário. De 121 dias até 180 dias

• Mudar as bezerras de piquete, porém mantenha o tipo

de pasto. • Fazer lotes com até 12 bezerras homogêneas, conforme tamanho e peso, para evitar competição. Lotes menores de cinco a seis bezerras facilitam o manejo. • Fornecer 2 kg/cabeça/dia de concentrado e pasto à vontade: concentrado com 16 a 18% de PB e 70% de NDT, farelado. • Na época seca suplementar com volumoso, podendo ser silagem de milho ou sorgo, ou feno, à vontade. • Observar calendário de vacinação e de controle de vermes. • Vacina contra Brucelose = fêmeas de três a oito meses. • Vacina contra mal-de-ano (manqueira ou carbúnculo sintomático): aos quatro meses. • Vacina contra aftosa: conforme campanha oficial. • Controle estratégico de carrapatos: de novembro a abril. • Aos 180 dias, as bezerras mestiças devem estar pesando cerca de 120 kg. Com a alimentação concentrada fornecida e pastos de boa qualidade, as bezerras devem ganhar de 500 a 550 gramas/dia. De 181 dias até um ano

• Fazer lotes de 8 a 12 bezerras, de mesmo tamanho e

peso, para evitar competição por alimento. • Manter os lotes em piquetes de boa qualidade, utilizando forrageiras de porte baixo. Piquetes de 8.000 a 10.000 m2 suportam cerca de 12 cabeças/ano. • Fornecer 1 kg de concentrado/cabeça/dia e pasto à vontade.

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• Na época seca, suplementar com volumoso, que pode ser silagem de milho ou sorgo, feno, capim verde picado (cortado com 50 a 60 dias de idade) ou cana mais 1% de uréia, (uréia mais uma fonte de enxofre na proporção de 9:1), à vontade. • Adubar o piquete na época das águas, conforme resultados da análise do solo. • Manter cocho coberto com mistura mineral, à vontade. • Com a alimentação fornecida, as bezerras devem ganhar entre 450 e 500 gramas/animal/dia. • Manter controle estratégico de carrapatos e de vermes e vacinações, conforme especificação do calendário sanitário • Pesar as bezerras quando atingirem um ano. A meta é alcançar 220 kg, no mínimo. Isto depende da qualidade da pastagem, da sanidade e da suplementação com concentrado. Se a quantidade de concentrado for aumentada, aumenta-se o ganho de peso: Compensa? Quem deve responder é o produtor junto com a sua assistência técnica, considerando a necessidade de reposição de fêmeas e/ou venda de novilhas para o mercado regional. Antecipando a idade ao primeiro parto, o produtor tem a oportunidade para a venda de vacas em lactação ao invés de apenas vender vacas-descarte, aumentando sua renda. Com isto, também reduz-se o intervalo entre gerações, possibilitando maior ganho genético. De um ano até atingirem 330 kg de peso vivo

• Nesta fase as novilhas deverão ser criadas no sistema de

pastejo rotativo, em lotes de 30 até 40 animais. Lote menor, de 15 a 20 novilhas, facilita o manejo; • Os piquetes podem ser de Cynodon (Coast-cross, Tifton 85, Grama Estrela etc.), Panicum (Mombaça, Tanzânia, Massai), Setária, Andropógon, Braquiária, dependendo da região, do clima e do tipo de solo. • Nas águas, utilizar quatro piquetes com sete dias de ocupação e 21 dias de descanso. Na seca, adotar nove dias de ocupação e 27 dias de descanso. Também pode-se utilizar seis piquetes com cinco dias de ocupação e 25 dias de descanso nas águas, com sete dias de ocupação na seca e 35 dias de descanso. Outros esquemas de período de ocupação e de descansos poderão ser adotados, conforme as condições locais e a forrageira. • Nas águas, a alimentação básica deve ser o pasto, acrescido de sal mineral em cocho coberto, à vontade. • Na época seca, suplementar com volumoso, que pode ser cana mais 1% de uréia (uréia mais uma fonte de enxofre na proporção de 9:1), em cocho colocado no próprio pasto. Manter mistura mineral em cocho coberto, à vontade. • Ao atingirem o peso de 330 kg, as novilhas estarão


aptas para a reprodução (cruzamento ou inseminação artificial). A maturidade sexual é uma característica muito influenciada pelo ambiente, especialmente pelo manejo alimentar e pela sanidade. Se o manejo nutricional e o sanitário forem adequados, as novilhas deverão atingir 330 kg aos 19-20 meses. REPRODUÇÃO DAS NOVILHAS - Atingido o peso ideal para reprodução, 330 kg de peso vivo, as novilhas deverão ser separadas em lote à parte e mantidas em piquete próximo ao curral, caso o produtor adote o sistema de inseminação artificial. Se o produtor utilizar touro, não há necessidade de o lote permanecer em piquete próximo ao curral, porém é necessário manter as observações para registro e controle de parição. O manejo diário segue como na fase anterior (de um ano até 330 kg), pasto mais mistura mineral durante todo o ano. Na época seca deve-se suplementar com volumoso. Se adotar inseminação artificial, o produtor poderá utilizar um rufião junto ao lote para auxiliar na identificação daquelas novilhas em cio. Observar o lote de novilhas pela manhã e à tarde, pelo menos durante 30 minutos, separando as que manifestarem cio para inseminação. Cerca de 50 a 60 dias após inseminação, deve-se fazer o diagnóstico de prenhez, por médico-veterinário. As novilhas com prenhez positiva devem formar um novo lote junto às vacas secas. Este lote pode ser manejado em dois pastos de boa qualidade, 15 dias em cada pasto, dependendo do tamanho e da capacidade de suporte da pastagem. Manter mistura mineral em cocho coberto, à vontade. Na época seca, suplementar com volumoso, que pode ser cana mais 1% de uréia (uréia mais uma fonte de enxofre na proporção de 9:1).

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Manter observação semanal do lote de novilhas e vacas gestantes. Fazer avaliação do escore corporal. Animais com escore corporal baixo deverão receber concentrado, separadamente. Cerca de 20 dias antes do parto, levar as novilhas para o pasto-maternidade. Na época do primeiro parto, as novilhas deverão estar pesando entre 480 e 490 kg. Após o parto elas perdem peso, de 10 a 12% do seu peso vivo, voltando para 420 a 430 kg, quando pesadas logo após o parto. Na época do parto, vacas e novilhas deverão apresensentar bom escore corporal, variando de 3 até no máximo 4, em escala de 1= muito magra, até 5= muito gorda (bom é parir com escore corporal de 3,5 até 3,8, possível de se fazer quando se adquire mais prática). Como a novilha recémparida ainda está em crescimento, deve ser tratada em grupos separados das vacas, fornecendo alimentação diferenciada, sendo cerca de 20% acima das exigências nutricionais para mantença e lactação.


EVENTOS

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crescente participação de profissionais estrangeiros e de empresas internacionais, registrada ano a ano, transformou a HORTITEC – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas em uma vitrine da produção brasileira para o mundo, fato que amplia o potencial de exportação do setor de flores, frutas, hortaliças, florestais etc. Em 2013, mais de 25 países estiveram representados no evento e a expectativa é que a participação internacional seja ainda maior este ano. “Os visitantes estrangeiros vêm em busca de soluções criativas e inovadoras, mas, sobretudo para conhecer de perto a qualidade dos produtos brasileiros, que tem aumentado significativamente”, explica Renato Opitz, diretor geral da RBB Feiras e Eventos, empresa responsável pela organização da HORTITEC. A 21º edição do evento acontece de 28 a 30 de maio, no Pavilhão de Exposições da Expoflora, em Holambra (SP) Considerada a maior feira de horticultura da América Latina, a HORTITEC reunirá 410 expositores de diferentes setores do agronegócio, que apresentarão suas novidades para um público altamente diferenciado. A estimativa é de que a feira gere cerca de R$ 100 milhões em negócios. E para manter o nível técnico do público, os convites são distribuídos pelos próprios expositores aos seus clientes atuais e potenciais, provocando um grande encontro de negócios. Tradicionalmente, somente visita feira

FOTOS: Divulgação - RBB

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HORTITEC é a vitrine da produção brasileira de hortifrutis para o mundo

quem tem real interesse no setor e, por isso, o evento acabou por se tornar passagem obrigatória para produtores e profissionais de agribusiness interessados em conhecer as tendências do mercado, trocar experiências, fazer e programar negócios. No ano passado a HORTITEC recebeu cerca de 25 mil visitantes e a expectativa para esse ano é chegar a 26 mil. EVENTOS DE CAPACITAÇÃO TÉCNICA - Nos dias 28 e 29 de maio serão realizadas palestras com foco em orientação e inovação aos profissionais do agronegócio e empresários rurais do Setor Hortícola. Os temas centrais da edição 2014 são: Usos da Reserva Legal, PI Flores; Inovações no Manejo Integrado de Pragas; Fundamentos da Rastreabilidade; Ferramentas de Marketing no Agronegócio e Relacionamento Comercial.

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Convidamos produtores rurais, empresários, profissionais do setor de agronegócios a conhecerem o estande da Revista Attalea Agronegócios na 21ª HORTITEC. SETOR AZUL // ESTANDE 16

SERVIÇOS 21ª HORTITEC - EXPOSIÇÃO TÉCNICA EM HORTICULTURA, CULTIVO PROTEGIDO E CULTURAS INTENSIVAS DATA: de 28 a 30 de maio // HORÁRIO: das 9h às 19h LOCAL: Pavilhão da Expoflora, Rua Maurício de Nassau, Holambra (SP) SITE: www.hortitec.com.br // TEL: (19) 3802-4196 // INGRESSOS: R$ 30,00


PISCICULTURA

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rês cultivares de batata desenvolvidos pelo IAC - Instituto Agronômico, de Campinas (SP), foram expostos na AGRISHOW 2014. A novidade deste ano foi mostrar os materiais plantados em sistema orgânico, em vasos. Os estudos estão sendo realizados por pesquisadores do IAC e da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itararé, da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. As variedades estão em fase de certificação para cultivo orgânico em 50 hectares. A expectativa é que em 2015 a APTA comece a produzir batatas-semente orgânicas para disponibilizar aos produtores. As cultivares “IAC Aracy”, “IAC Itararé” e “IAC Aracy Ruiva” são 35% mais produtivas do que as batatas importadas “Ágata” e “Asterix”. Nas avaliações em diferentes regiões do Estado de São Paulo, a produtividade média dessas três cultivares do IAC foi de 30 toneladas por hectare,enquanto que as importadas produziram cerca de 20 t/ha. Os materiais do IAC têm moderada resistência a doenças foliares, o que pode reduzir em quase 20% o uso de agrotóxicos. “Além do mais, eles têm demonstrado menor exigência de fertilização, em relação às cultivares estrangeiras, que dominam o mercado nacional. Por terem essas características, identificamos o potencial para cultivo em sistema orgânico”, afirma Valdir Josué Ramos, pesquisador da APTA. Um dos entraves encontrados pelos produtores é o alto custo de produção de batata, em razão do uso intensivo de insumos químicos derivados de fontes não renováveis, cuja FOTOS: Divulgação APTA-SP

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Batata orgânica com alta produtividade foi desenvolvida pelo IAC

maioria é importada com custo elevado. “A partir de 2015, poderemos realizar a produção e comercialização de batatassemente orgânicas e convencionais do IAC e disponibilizálas, inclusive, para produtores rurais de médio e pequeno porte da Agricultura Familiar”, afirma Ramos. De acordo com o pesquisador da APTA, o custo de produção orgânica é cerca de 10% a 15% menor, em relação à produção convencional. O preço médio do quilo da batata convencional é de R$ 1,49, enquanto a orgânica pode ser vendida a R$ 5,71. A Agricultura Familiar é responsável por 70% da produção de alimentos no Brasil. Neste contexto, há a possibilidade de redução da dependência de importação de batatas-semente de cultivares estrangeiras. “Contudo, ainda são indispensáveis, as informações de pesquisa para consolidar os sistemas de produção mais sustentáveis e o orgânico”, afirma Ramos. ALTA QUALIDADE CULINÁRIA - Além das características que agradam os produtores rurais, as novas cultivares são ideais para fritura em palito, chips ou palha, para cozimento e preparo de batata-lanche e para a indústria de enlatados, pela elevada produção de tubérculos graúdos. “Alguns clones IAC em avaliação se mostraram promissores para o abastecimento do mercado in natura e de processamento na forma de palitos”, afirma Ramos. Ele explica que o Brasil importou em 2010, aproximadamente, 250 mil toneladas de batata congelada, o que equivale a 500 mil toneladas de batata in natura. “Isso demonstra o potencial de produção e de abastecimento nacional de batata, com uso de cultivares nacionais”, afirma o pesquisador da APTA.


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Microquimica apresenta resultados científicos da ação de fertilizantes bioestimulantes

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FOTO: Divulgação Microquimica

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Microquimica, empresa brasileira que atua na produção e comercialização de fertilizantes, inoculantes e agroquímicos, participará da 21ª edição da HORTITEC - Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas que acontecerá entre os dias 28 e 30 de maio em Holambra (SP). A empresa, que já participou em edições anteriores do evento, apresentará ao mercado os resultados da utilização do Vorax®, fertilizante com ação bioestimulante, em comercialização há um ano. Formulado com ácido L-glutâmico, extrato de algas, glicina-betaína e nitrogênio, o produto se destaca por conter uma formulação altamente concentrada em ingredientes que promovem ação bioestimulante. Ele se destaca por promover maior crescimento vegetativo, assimilação de nitrogênio, recuperação de estresses e por consequência maior produtividade. O produto foi lançado na HORTITEC 2013 e desde então a empresa já comercializou cerca de R$ 1,5 milhão, abrangendo clientes especialmente dos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo e culturas como uva, café, soja, cana e batata. A expectativa da empresa é ampliar os volumes em mais de 50% ainda este ano e conquistar novos clientes por meio da demonstração dos ganhos obtidos nas

lavouras que utilizaram o produto pela primeira vez na última safra. Segundo Roberto Berwanger Batista, diretor técnico da empresa, a expectativa é reforçar a retomada da Microquimica no segmento de HF e se aproximar dos principais agentes desse negócio. “Esperamos, por meio da apresentação de resultados de pesquisas, comprovar a eficiência do produto e realizar negócios com os interessados em conhecer essa inovação da empresa”, finaliza o executivo.


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‘BRS Imigrante’: híbrido tipo salada tolerante à Fusarium-3 e Begomovírus FOTO: Agrocinco

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segmento de frutos do tipo Salada constitui-se em um dos mais importantes do mercado brasileiro de tomate. Com o aumento da incidência e dos danos causados por begomovírus e Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 3 tem se tornado necessário, em algumas regiões do Brasil, o uso de cultivares tolerantes a esses dois patógenos. ‘BRS Imigrante’ é um híbrido F1 para consumo in natura que visa atender esta demanda. O nome do híbrido é uma homenagem aos povos imigrantes que consolidaram no Brasil o hábito de cultivar e consumir hortaliças e, em especial, o tomate. ‘BRS Imigrante’ é muito rústico, possui hábito de crescimento do tipo “meia-estaca” (semi-determinado) e excelente cobertura foliar. A colheita se inicia em torno dos 80 dias após o transplante. Os frutos são firmes (= longa-vida estrutural), de coloração externa vermelha escura e brilhante. Na maturação, a cor do fruto vai do verde direto ao vermelho, iniciando pela parte basal. Os frutos não mancham durante o período chu-

voso. Os frutos são saborosos com teor de sólidos solúveis em torno de 4.5°Brix. O híbrido apresentou melhores resultados em lavouras conduzidas com o sistema de três hastes. O híbrido apresentou entre 13 e 15 pencas com os frutos atingindo a massa média de 230 g (250 g no início da colheita e 180 g no final), atendendo plenamente as demandas de mercado. ‘BRS Imigrante’ apresentou ciclo médio e potencial produtivo de até 480 caixas de 25 kg por 1.000 plantas (12 kg/planta) em avaliações conduzidas em cultivo protegido na região de Brasília (DF) e em campo aberto em Pelotas (RS) e Venda Nova do Imigrante (ES). Deve-se evitar a aplicação excessiva de nitrogênio, pois a planta apresenta um rápido enchimento dos frutos. É importante garantir um bom suprimento de cálcio e boro. A relação nitrogênio: potássio deve ser mantida em 1:2 após o início do florescimento para evitar o aparecimento de frutos deformados (“barcas”) ou ocos. O ‘BRS Imigrante’ é tolerante às principais espécies de begomovírus (geminivírus) devido à presença combinada dos loci Ty-1 e Ty-3. O híbrido também é resistente a alguns patotipos do Tomato mosaic virus (ToMV). Mostra-se ainda resistente aos fungos Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 1; F. oxysporum f. sp. lycopersici raça 2, F. oxysporum f. sp. lycopersici raça 3, Verticillium dahliae raça 1, Stemphylium solani e Stemphylium lycopersici. A vantagem comparativa da presença de resistência tanto a begomovírus quanto a F. oxysporum f. sp. lycopersici raça 3 é muito grande no cultivo em áreas de ocorrência simultânea desses patógenos. O híbrido ‘BRS Imigrante’ foi obtido via contrato de cooperação técnica entre a EMBRAPA e a empresa Agrocinco Ltda. e garante exclusividade de comercialização das sementes desse híbrido pela empresa Agrocinco. (FONTE: EMBRAPA)


LAVOURA PECUÁRIA FLORESTA

FOTO: Embrapa

ILPF: receita de agricultura sustentável, com aumento de produtividade.

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evar a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) ao sistema de ensino brasileiro. Foi com esse objetivo que a John Deere, em parceria com a EMBRAPA e a Rede de Fomento em iLPF, reuniu cerca de 700 pessoas no 8º Dia de Campo da Fazenda Santa Brígida, realizado em Ipameri (GO). Durante o evento, professores e alunos de mais de 20 instituições de ensino de todo o Brasil puderam verificar a eficiência do sistema e entender um pouco mais sobre essa tecnologia, que transformou as terras degradadas da propriedade em um modelo de produtividade. Para Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil e da Rede de Fomento em iLPF, incluir a integração no currículo oficial dos cursos relacionados à agronomia, zootecnia e ciências ambientais é a melhor forma de engajar e preparar os futuros profissionais da área. “Precisamos de gente jovem e mentes abertas para divulgar o iLPF entre os produtores. Para isso, temos que despertar o interesse e a curiosidade das instituições de ensino. Dessa forma, teremos mais força para chegar às lavouras de todo o País”, diz. Atualmente, disciplinas de iLPF fazem parte da grade curricular de oito universidades brasileiras. Para aumentar essa atuação, representantes das instituições de ensino presentes no evento decidiram formar um grupo que irá trabalhar na divulgação da disciplina e na definição do conteúdo voltado ao iLPF. “É muito importante incluir o iLPF na grade curricular para que possamos abordar com profundidade a complexidade que envolve o planejamento, os ciclos do negócio, a gestão e o acompanhamento dos resultados”, diz o diretor da Faculdade de Tecnologia da Fatec-Indaiatuba, Luiz Antonio Daniel.

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LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA ses ao ano. “Precisamos otimizar os processos de produção, aumentando a eficiência sem aumentar a área de plantio”, diz. “Os produtores brasileiros são responsáveis e estão abertos a formas sustentáveis de produção e o iLPF mostra o potencial que existe dentro das propriedades. Nossa missão é fazer essa tecnologia chegar até eles.”

28 FOTO: Embrapa

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A ILPF - A integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, buscando efeitos sinergéticos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica. Segundo a Embrapa, a iLP e a iLPF são as tecnologias que mais trazem benefícios agronômicos às lavouras, entre eles a recuperação e a manutenção de ambientes produtivos, com destaque na matéria orgânica do solo. Além disso, o sistema permite a diversificação da produção e a redução de custos e riscos, beneficiando também o meio ambiente ao conter os efeitos degradadores – como a erosão – reduzir o uso de defensivos e aumentar a captação de carbono da atmosfera por meio da manutenção de cobertura verde durante a maior parte do ano. De acordo com o presidente da EMBRAPA, Maurício Lopes, estamos vivenciando uma revolução na agricultura tropical. “O Brasil construiu algo extraordinário nos últimos anos. Estamos iniciando um ciclo marcado pela sustentabilidade, utilizando os recursos naturais de forma planejada e obtendo produções recordes. Somos referência para a agricultura mundial.” CENÁRIO BRASILEIRO - Dados da EMBRAPA apontam que, de um total de mais de 800 milhões de hectares, o Brasil dispõe de pouco mais de 300 milhões de hectares para a produção agropecuária, sendo dois terços dessa extensão utilizados na produção pecuária e um terço para a produção vegetal. Na área destinada à produção pecuária, cerca de 82% está em processo de degradação, ou seja, com uma taxa de lotação menor que 1,0 unidade animal por hectare. Nesse sentido, o iLPF é um dos principais caminhos para recuperar essas áreas, além de contribuir decisivamente para a redução de gases de efeito estufa. Para o engenheiro agrônomo João Kluthcouski, doutor em Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, as áreas degradadas de hoje representam uma oportunidade para o Brasil triplicar tanto a produção animal, como a vegetal. “Pode ser iLP ou iLPF, não existe uma regra para aplicar esse sistema. Cada um cria a sua fórmula conforme o tamanho e as necessidades de sua propriedade.” Paulo Herrmann reforça que o Brasil tem um diferencial muito importante que é a capacidade de produzir 12 me-

A FAZENDA SANTA BRÍGIDA - Modelo de produtividade, a propriedade de 922 hectares, localizada em Ipameri (GO), começou a utilizar o sistema iLPF em 2006, quando apresentava apenas pastagens degradadas. Foi então que a dentista Marize Porto Costa, proprietária da fazenda, buscou ajuda e, com o apoio da Embrapa, em parceria com a John Deere e a Universidade Estadual de Goiás, iniciou um processo de recuperação dessas pastagens por meio de um sistema de consórcio de milho, braquiária e leguminosa. Com o tempo, observou-se um incremento gradual na produção. Da safra de 2006/2007 para a safra de 2011/2012 a produção de soja aumentou cerca de 20%, passando de aproximadamente 40 sacas/ha para acima de 50 sacas/ha. Para o milho, esse aumento foi ainda mais expressivo: de 80 sacas/ ha no primeiro ano para cerca de 180 sacas/ha no sexto ano. Segundo a EMBRAPA, essas evoluções podem ser atribuídas às melhorias dos atributos químicos do terreno, bem como o aumento da matéria orgânica no solo (MOS), decorrente da rotação lavoura-pasto. No caso da Fazenda Santa Brígida, o teor de MOS passou de 1,8 % para 2,8%, o que equivale à fixação de mais de 11 toneladas de carbono orgânico por hectare nos primeiros 20 centímetros do perfil do solo. A evolução da produtividade pecuária também foi bastante expressiva. A taxa de lotação média anual, que era de 0,5 UA/ha em 2006, passou para 2,5 UA/ha com animais na fase de engorda, durante 60 dias, no período de inverno, e chegou a 4,6 UA/ha, com animais em fase de recria, durante 120 dias, também no período de inverno. Outro incremento importante foi na produtividade de carne, que passou de duas para 16 arrobas/ha. Em propriedades rurais com pastagens degradadas, os animais podem chegar a perder mais de 200g/dia no inverno. Na Fazenda Santa Brígida, o ganho em peso a pasto nesse período é da ordem de 1,2 kg por animal ao dia. Além disso, na pecuária tradicional, o custo de produção da arroba é estimado em R$ 73,00, enquanto que no sistema iLPF é de R$ 37,50. Vale lembrar que as pastagens utilizam apenas o residual dos fertilizantes aplicados nas lavouras e que a idade de abate que, antes de 2006, era acima de quatro anos passou a ter uma média de três anos, com planejamento para chegar aos 24 meses nos próximos anos. Essa redução no ciclo implica na diminuição de pelo menos um quarto da emissão de gás metano por quilo de carne produzida. Na Fazenda Santa Brígida também se produz milho para silagem, sempre consorciado com braquiária, cuja produtividade nos últimos anos tem sido sempre acima de 50 t/ha, ficando na área uma pastagem verde, de alta qualidade para alimentação animal durante toda a estação seca do ano, e aumentando a fixação de carbono. Além disso, hoje são contabilizadas na fazenda 51 mil árvores de eucalipto, que além de conforto térmico aos animais e reciclagem de nutrientes, representam uma renda extra para a propriedade e uma enorme contribuição para a mitigação de gases de efeito estufa. (FONTE: John Deere)


CAFÉ

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m dia de campo realizado na Fazenda Santa Terezinha, em Jeriquara (SP), no último dia 8 de maio, a equipe de consultores da Casa das Sementes abordou a importância da nutrição equilibrada na cultura do cafeeiro. De acordo com Edmilson Bezerra, consultor da Casa das Sementes, o objetivo principal foi o de alcançar o máximo potencial produtivo. “Consideramos, como ponto inicial, a realização de uma boa análise de solo e de folhas para, assim, conhecermos realmente os níveis nutricionais da cultura. Com estes resultados, montamos programas nutricionais visando equilibrar as relações entre micro e macronutrientes”, explicou Edmilson. Quanto aos micronutrientes, vem sendo feito um programa com nano partículas da empresa Fertec em duas aplicações: uma entre outubro/novembro junto com Verdadero e a outra entre fevereiro/março, com Actara WG. “Adotamos o tratamento fitossanitário com produtos da Syngenta, especificamente com o programa “Café Forte Extra”, onde obtivemos os melhores resultados de controle de pragas e doenças, alcançando assim vigor e produtividade. Lembramos que, no experimento, envolvemos um manejo adequa-

FOTO: Editora Attalea

Casa das Sementes mostra máximo potencial produtivo em Dia de Campo em Jeriquara (SP)

Edmilson Bezerra (consultor da Casa das Sementes), Paulo Figueiredo (diretor da Casa das Sementes) e o cafeicultor Roberto Emmerich.

do de mato, utilizando a Brachiaria decumbes com cortes a cada 45 dias, no ponto ideal do emborrachamento (antes do pendoamento) para uma boa relação C/N, alcançando assim o melhor aproveitamento desta matéria orgânica e também grandes benefícios no controle de temperatura no talhão, mantendo este adequado para a cultura.

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equipe de campo da Casa das Sementes e os consultores da Biocross realizaram um Dia de Campo em Cafeicultura, no último dia 7 de maio, no bairro rural da Porteira da Pedra, município de Claraval (MG). O evento foi realizado na propriedade do cafeicultor Euripedes Cintra e abordou a importância da utilização de produtos a base de carboidratos, aminoácidos, enzimas, vitaminas e hormônios para a planta do café. “O experimento foi conduzido em lavoura de café Catuaí-99 de um ano e quatro meses e Catuaí-62 de sete anos, onde foi aplicado os produtos Ascomaxx, Biometal e Aminoflex da seguinte forma: pós-colheita, pré-florescimento, pósflorada e enchimento de grãos”, informou Engº Agrº Jorge Takahashi, consultor da Casa das Sementes. De acordo com José Samuel De Grande, Gerente Biocross, os resultados foram muito bons. “Conseguimos melhor uniformidade na florada e, consequentemente, na maturação. Além disto, resultou em um equilíbrio nutricional das plantas, o que proporcionou uma menor infestação de doenças aliada à uma maior produtividade com qualidade de grãos e melhor peneira”, explicou De Grande Os produtos da linha Biocross, em especial o Ascomaxx - utilizado no experimento - possui em sua formulação 86% de extrato refinado da alga Ascophyllum nodosum. Trata-se, atualmente, da alga mais estudada pelos fisiologistas vegetais devido a alta concentração de inúmeras substâncias orgânicas, fabricadas por todas as classes de vegetais, cuja função principal é a de maximizar o metabolismo das plantas, resultando em grandes diferenciais nas diversas etapas fenológicas das culturas. Possui em sua formulação mais 60 elementos entre eles, carboidratos, aminoácidos, enzimas, vitaminas, hormônios, minerais, etc. Calcula-se que 65% do peso seco da alga Ascophyllum nodosum é formado por carboidratos:polissacarídeos, oligossacarídeos e monossacarídeos, ou seja frações prontamente assimiláveis pela planta, dentre eles ácido algínico, manitol, laminarin e fucoidan. Carboidratos, em conjunto o ATP, são fontes de energia necessárias para todos processos metabólicos, em qualquer fase fenológica (indução, pegamento, etc), bem como ativação de elicitores para auto-defesa, produção de aminoácidos, respiração. A planta necessita de grande taxas de energia, esta oriunda do processo fotossintético. Em geral, não existe um equilíbrio metabólico totalmente confortável, dado por inúmeros fatores externos. Sendo assim, a planta drena energia em inúmeros processos, o que muitas vezes pode gerar falta de energia para alguns determinantes de produtividade. Assim, temos como exemplo a queda fisiológica de chumbinhos e alternância de safra. Hoje é muito conhecido a importância do equilíbrio nutricional. Mas, para excelência em produtividade, buscamos Equilíbrio Nutricional com Equilíbrio Metabólico. “Não basta aplicar grande quantidades de nutrientes bem como hormônios isolados se a planta encontra-se exausta de energia. Ascomaxx além de fornecer 55% de carboidratos, induz a planta a maximizar maiores taxas de fotoassimilados e por fim maiores reservas de energia”, afirmou Daniel Barroso, consultor técnico de vendas Biocross.

FOTO: Editora Attalea

Dia de Campo na Porteira da Pedra (MG)

Euripedes Cintra, Mateus H. Cintra, Engº Agrº Jorge R. Takahashi, Elói B. de Paula e o Engº Agrº José Samuel De Grande

Em relação aos aminoácidos, o produto possui 4,5% de aminoácidos livres, de cadeias curtas, entre eles:- a prolina, que atua diretamente na regulação osmótica, permitindo a planta maiores resistência contra seca, fitotoxidade, etc; a glicina, responsável pela formação de pigmentos como clorofila, antocianinas e carotenóides; o ácido glutâmico, que atua na síntese de nitrogênio e é precursor da formação endógena de diversos outros aminoácidos. Cerca de 21 aminoácidos estão presentes em sua formulação de forma totalmente natural e prontamente assimilável pela planta, o que também resulta em maior equilíbrio metabólico. Além disto, possui todas as vitaminas hidro-solúveis o que maximiza diversos processos bioquímicos e fisiológicos. Um dos grande problemas da cafeicultura é a bianualidade. O motivo de isto ocorrer é bastante simples. Em um ano de alta produção, a planta exporta grande parte de carboidratos para os frutos. Ocorre então um “dreno”, já que os frutos são colhidos e não há a reposição dos carboidratos. Nesta fase, o tecido foliar encontra-se opaco, levemente craculento. A taxa de respiração e conversão de carboidratos são muito baixas, menos de 5%. É neste exato momento que a planta redireciona todo o carboidrato que restou nas folhas para ser armazenado no sistema radicular (o nutriente responsável pelo transporte é o K). Na próxima florada, a planta realiza a diferenciação. Emite flores, mas não consegue fixar, devido às baixas taxas de carboidratos armazenadas e, consequentemente, a baixa taxa de produção do mesmo. Com isto a planta elimina o excesso dos frutos ocorrendo o aborto. Especificamente, a partir deste e também de outros experimentos que a Biocross já realizou em outras propriedades que exploram a lavoura cafeeira, podemos recomendar o Ascomaxx nas seguintes fases: “de Pós-Colheita, para repor boa parte dos carboidratos e potencializar a fotossíntese através da indução da hidratação da cutícula; na Indução Floral, com a oferta de citocinina, auxina, poliaminas, betaínas e alginatos, que contribui com a uniformização da florada e, por consequência, maturação mais uniforme; no Fortalecimento de Pétalas e Chumbinho: ação dada pelos alginatos, poliaminas, citocininas e alguns aminoácidos e vitaminas, através da maximização da divisão celular; no Enchimento de Frutos: com a maior oferta de carboidratos, giberelina e auxina para os frutos”, finalizou De Grande.


IRRIGAÇÃO

Cafeicultura irrigada na região nordeste paulista: oportunidades e desafios

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FOTO: APTA - SP

Jane Maria de Carvalho Silveira 1, Emílio Sakai 2, Regina Célia de Matos 3 Pires , Eduardo Augusto Agnellos Barbosa 4 e Elisa Aparecida Correia 5

técnica de irrigação contribui beneficamente para a agricultura, sendo uma forte aliada ao desenvolvimento do agronegócio no Brasil. Nos últimos dez anos, a irrigação vem se destacando na cultura de café nas mais diversas regiões produtoras. Tanto nas regiões tradicionais, como o sul de Minas Gerais e o Nordeste de São Paulo (região Mogiana), como nas novas fronteiras cafeeiras, como o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a irrigação tem permitido a obtenção de excelentes resultados técnicos e econômicos. Cerca de 10% da cafeicultura nacional já é irrigada, representando 21% da produção nacional, o quê demonstra a superioridade das lavouras irrigadas em relação às de sequeiro, em especial pelos seguintes motivos: menor idade das lavouras, maior densidade de plantas, além de permitir uma maior segurança em anos de déficit hídrico mais pronunciado. O uso da técnica de irrigação, no entanto, não deve ser encarado apenas como uma maneira de aplicar água para reduzir o déficit hídrico. Ela se inclui num conceito mais amplo, onde se torna essencial no aumento da produtividade e na rentabilidade, especialmente nos sistemas de produção de café mais tecnificados, complementando efeitos e eliminando riscos sobre os investimentos realizados em todo processo produtivo. A tecnologia para a irrigação em cafezais evoluiu muito, com melhores definições sobre os sistemas, épocas e quantidade de água aplicada, na forma mais adequada, visando sempre, maior eficiência e economia. A irrigação não é uma prática recomendada extensivamente para regiões zoneadas como climaticamente aptas à cafeicultura, no entanto, essas regiões sofrem com o efeito das estiagens prolongadas nos períodos críticos de demanda de água pelo cafeeiro, promovendo queda de produção e de

AUTORES 1 - Engª Agrícola, Dr., PqC do Polo Regional Nordeste Paulista/APTA. Email: jane@apta.sp.gov.br 2 - Engº Agrº, Dr., PqC do Instituto Agronômico de Campinas – IAC/APTA. Email: emilio@apta.sp.gov.br 3 - Engª Agrª, Dr., PqC do Instituto Agronômico de Campinas – IAC/APTA. Email: rcmpires@apta.sp.gov.br 4 - Engº Agrº, Doutorando da Feagri, Unicamp. Email: eduardo.agnellos@ gmail.com 5 - Bolsista do CBP&D/Café, Graduanda em Tecnologia dos Agronegócios da Fatec. Email: elisa_esa@yahoo.com.br

qualidade, indicando muitas vezes a necessidade e a viabilidade da adoção da prática da irrigação. Para dar suporte ao crescimento e desenvolvimento da cafeicultura irrigada, que já atinge mais de 233.000 hectares no Brasil, vêm sendo realizados no Polo Regional Nordeste Paulista/APTA, no município de Mococa (SP), estudos que buscam respostas efetivas aos diversos problemas enfrentados pelos cafeicultores irrigantes. Um dos grandes gargalos existentes na cafeicultura irrigada é referente ao fornecimento de nutrientes via água de irrigação, técnica denominada fertirrigação. Se a irrigação já é novidade para grande parte dos produtores de café, a aplicação conjunta de fertilizantes na água de irrigação carece de muitos estudos, principalmente no que diz respeito à definição de doses, épocas de aplicação, distribuição dos elementos no solo, lixiviação de nutrientes e viabilidade econômica da prática. A fertirrigação visa atender as necessidades de nutrição do cafeeiro, podendo ser adaptável a diferentes sistemas de irrigação. Contudo, o sistema de irrigação por gotejamento oferece maior flexibilidade à fertirrigação, devido à economia de mão de obra, possibilidade de aplicação de fertilizantes em qualquer fase de desenvolvimento, facilidade na aplicação, parcelamento e controle de nutrientes, alta uniformidade e eficiência de aplicação de água. Neste sentido, o Polo Regional Nordeste Paulista/ APTA, desenvolve desde 2006 estudos em cafeicultura irrigada. O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais da viabilidade da irrigação do cafeeiro e perspectivas de avanços da fertirrigação, na busca de melhores doses de nitrogênio, parcelamento de nutrientes e impactos da fertirrigação na região do bulbo úmido e no perfil do solo. O Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Nordeste Paulista com sede no muni-


IRRIGAÇÃO to de emissor de 0,50 metros, pressão de trabalho em torno de 50 kPa, vazão média do emissor de 2,3 L/hora. A injeção da solução de fertilizantes no sistema de irrigação é feita por um injetor específico, do tipo Venturi, observando uma taxa de aplicação em torno de 3%. A aplicação dos fertilizantes constitui-se em três fases: a primeira refere-se à aplicação da água até pressurização uniforme em toda a área; a segunda, à aplicação de fertilizantes via água de irrigação, e a terceira, à aplicação de água novamente para lavar o sistema e colocar os nutrientes na zona radicular das plantas. O delineamento experimental utilizado é o de blocos casualizados com 6 tratamentos e 4 repetições, totalizando 24 parcelas. Cada parcela é constituída de 56 plantas, sendo as mesmas distribuídas em 4 linhas de plantio com 14 plantas por linha. A área útil da parcela conta com 20 plantas centrais, sendo consideradas bordaduras 2 linhas laterais externas e 2 plantas de cada extremidade das linhas centrais. Neste experimento, foi realizada a primeira avaliação de crescimento e desenvolvimento visando apresentar o desenvolvimento das plantas em cada tratamento, para tal foram medidas as variáveis: altura da planta e diâmetro do caule. A fertirrigação com diferentes níveis de nitrogênio foi iniciada em setembro de 2012 com parcelamento semanal, totalizando 38 semanas, ou seja, as fertirrigações serão realizadas de setembro/2012 a junho/2013, com período de repouso de final de junho a meados de setembro. Os 6 tratamentos são: T0 – testemunha, sem irrigação e adubação convencional de 100% da dose recomendada de N aplicada em três vezes na época chuvosa, T1 – irrigada e com aplicação de 25% da dose de N, T2- irrigada e com aplicação de 50% da dose de N, T3 – irrigada e com 75% da dose de N, T4 – irrigada e com 75% da dose de N recomendada, T5- irrigada e com 125% da dose de N. O balanço anual para a dose de 100% de N será feito com base na análise de química anual de solos, devendo ficar em torno de 450 kg/ha de N. A lâmina de irrigação será calculada com base nos dados registrados na Estação Meteorológica Automática localizada a aproximadamente 500 m da área experimental. A necessidade de irrigação será calculada pelo método de Penman-Monteith.

FOTOS: APTA - SP

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cípio de Mococa (SP), latitude de 21º28’S, longitude de 47º00’ W e altitude 663 m, compõe uma das unidades de pesquisa do Estado de São Paulo vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA. Com foco na sustentabilidade ambiental, estão sendo desenvolvidos nesta unidade dois projetos de pesquisa em cafeicultura irrigada. O primeiro, sob a coordenação do pesquisador Dr. Emílio Sakai do Instituto Agronômico de Campinas – IAC/APTA, estuda diferentes arranjos populacionais do cafeeiro com e sem irrigação. Neste experimento foram utilizadas plantas de Coffea arabica L. cultivar Catuaí Amarelo, plantadas em março de 2006. O delineamento experimental é o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 6 x 2, em 4 blocos, sendo 6 arranjos populacionais, E1 (1,60 x 0,50 m), E2 (1,60 x 0,75 m), E3 (1,60 x 1,00 m), E4 (3,20 x 0,50 m), E5 (3,20 x 0,75 m) e E6 (3,20 x 1,00 m), correspondendo respectivamente a 12.500, 8.333, 6.250, 6.250, 4.167 e 3.125 plantas/ha, subdivididas em irrigadas (I) e não irrigadas (NI). O solo da área experimental foi classificado como Argissolo Vermelho eutrófico de textura média (EMBRAPA, 1999). Neste estudo, foram avaliadas anualmente (safras 2007/08 a 2010/11) as produtividades nos diferentes tratamentos, a solução do solo, o estado nutricional das plantas e do solo. Nos anos de 2011 e 2012 foram realizados estudos do sistema radicular das plantas nos diferentes espaçamentos, com e sem irrigação, utilizando trado de raízes e trincheiras com auxílio de uma malha de 1,0 x 1,0 m, quadriculada de 1 em 1 centímetro. Sob as mesmas condições de solo e clima, teve início no ano de 2012, outro experimento com a cultivar Obatã, com objetivo de avaliar a fertirrigação do cafeeiro utilizando diferentes doses de nitrogênio parceladas ao longo do ciclo de desenvolvimento. Este projeto intitulado: “Avaliação de diferentes doses de nitrogênio em fase de formação do Coffea arabica cultivar Obatã sob fertirrigação”, foi iniciado com sua implantação em março de 2012, no espaçamento de 2,50 m entre linhas e 0,70 m entre plantas, perfazendo uma densidade de plantio de 5.714 plantas por hectare (Figura 1). O sistema de irrigação utilizado também é por gotejamento com tubogotejadores tipo labirinto, com espaçamen-

Figura 1. Vista geral da área experimental com cultivar Obatã sob irrigação por gotejamento. Mococa (SP).


CAFÉ

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Produtividade do Café Beneficiado (sc/ha) ARRANJOS POPULACIONAIS 2007/2008 2010/2011 2008/2009 2009/2010 E1 - 1,60x0,50

10,1a

49,7a

76,6a

15,4ab

E2 - 1,60x0,75

9,8a

52,9a

69,4ab

17,4ab

E3 - 1,60x1,00

10,5a

48,2a

59,3ab

25,1a

E4 - 3,20x0,50

8,4ab

26,9b

57,2b

11,8ab

E5 - 3,20x0,75

6,2b

30,6b

54,3bc

11,5ab

E6 - 3,20x1,00

3,7b

22,7b

37,5c

10,1b

Com Irrigação

14,2a

62,4a

68,8a

28,1a

Sem Irrigação

2,2b

14,1b

49,3b

2,2b

As médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

rigação, já nos menos adensados o ganho foi de uma safra a cada quatro safras. Não houve influência da irrigação no aprofundamento do sistema radicular, e verificou-se que nos cultivos com espaçamento de 1,6 m na entrelinha, 90% das raízes se concentraram na camada de 0 a 0,5 m e nos cultivos com espaçamento de 3,2 m na entrelinha, 90% da raízes se concentraram na camada de solo de 0 a 0,6 m. De maneira geral, o sistema radicular das subparcelas irrigadas apresentaram maior concentração de raízes quando comparado ao cultivo em sequeiro (Figuras 2 e 3). Verificou-se que a irrigação localizada não restringe o desenvolvimento em profundidade do sistema radicular, ou seja, os tratamentos irrigados apresentaram profundidade semelhante ao não irrigado dentro de cada arranjo populacional (Figura 3). O que ocorreu foi maior concentração e volume de raízes e radicelas na região do bulbo úmido. A irrigação promoveu um aumento significativo na produtividade do cafeeiro. Uma consideração que deve ser ressaltada nestes estudos é a segurança para a produção quando se utiliza a irrigação, haja vista que, o cafeeiro não irrigado sofreu drasticamente a seca ocorrida no ano 2010 refletindo uma produtividade muito baixa no ciclo 2010/2011, ou seja, 2,2 sacas/ha. FOTOS: APTA - SP

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Tabela 1: Produtividade do café beneficiado cv Catuaí amarelo, em diferentes arranjos populacionais, com e sem irrigação. Mococa (SP)

No experimento com o cv. Catuaí amarelo observou-se que em todos os ciclos de cultivo houve efeito significativo do arranjo populacional e da irrigação na produção de café beneficiado (Tabela 1). As médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Analisando o efeito do arranjo populacional sobre a produção de café beneficiado, verificou-se que no ciclo 2009/2010 o tratamento E1 (1,60 x 0,50 m) apresentou maior produção de café (76,6 sc/ha), diferindo dos demais espaçamentos. Em geral, houve maior produção de café nos tratamentos mais adensados como pode ser observado na Tabela 1. Segundo Pereira et al. (2007), a maior produção de café nos tratamentos mais adensados, nos primeiros ciclos de cultivo ou quando não há influência da sobreposição das copas, devido a podas, ocorre devido a elevada população de plantas, sendo uma alternativa de cultivo quando se deseja boas produtividades nos primeiros ciclos. Os resultados apresentados mostram nitidamente a constatação dos autores citados, indicando as maiores produtividades nos tratamentos mais adensados. Da terceira safra em diante, constata-se maior homogeneidade de produção nos tratamentos, embora estatisticamente constata-se diferença na produção, ainda com a maior produção nos espaçamentos mais adensados. De maneira geral, no cafeeiro irrigado houve maior produção de café beneficiado, com produções de 14,2; 62,4; 68,8 e 28,1 sc/ha nos ciclos 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, respectivamente, quando comparado ao cultivo sem irrigação, que resultou em produções de 2,2; 14,1; 49,3 e 2,2 sc/ha, respectivamente. Comparando a produção total de café beneficiado nos 4 anos de cultivo, verificou-se que o cafeeiro irrigado produziu em média 43,4 sc/ha enquanto o não irrigado produziu uma média de 17,0 sc/ha, ou seja, considerando a produtividade média de todos os arranjos populacionais, o cafeeiro não irrigado correspondeu a 39% do irrigado. Na prática constatou-se que nos espaçamentos mais adensados houve um ganho de duas safras com a utilização da fertir-

Figura 2. Sistema radicular do cafeeiro cv Catuaí amarelo após seis anos de estabelecimento da cultura (A) espaçamento 3,20 x 0,75 m não irrigado e (B) espaçamento 3,20 x 0,75 m irrigado. Mococa (SP).


FOTOS: APTA - SP

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Figura 3. Sistema radicular do cafeeiro cv Catuaí amarelo após seis anos de estabelecimento da cultura (A) espaçamento 1,60 x 1,00 m não irrigado e (B) espaçamento 1,60 x 1,00 m irrigado. Mococa (SP)

Os resultados obtidos mostram a potencialidade da fertirrigação para a cafeicultura paulista. O principal desafio no momento será obter as doses ideais de nutrientes para a cafeicultura irrigada bem como as melhores formas de aplicação. Espera-se nos próximos três anos melhores definições de doses e estratégias de fertirrigação do cafeeiro para a região Nordeste Paulista.

Referências

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília, DF. 1999. 412 p. PEREIRA, S. P.; GUIMARÃES, R. A. BARTHOLO, G. F.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVES, J. D. Crescimento vegetativo e produção do cafeeiro (Coffea arabica L.) recepados em duas épocas, conduzidos em espaçamentos crescentes. Ciência e Agrotecnologia, v.31, p. 643-649, 2007.


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6º SIMCAFÉ supera as expectativas da COCAPEC MAI/2014

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s números mostram que a 6º edição do SIMCAFÉ - Simpósio do Agronegócio Café da Alta Mogiana foi a maior de todas. O evento foi realizado pela COCAPEC - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas com o apoio do SESCOOP/SP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo e bateu o recorde de público, cerca de 1300 pessoas, expositores e negociações, e se consolida como um dos principais da cafeicultura nacional. Os dias 16 e 17 de abril foram intensos para os produtores rurais de Franca (SP) e região. Na programação cinco palestras, dos mais variados temas, muniram os participantes com informações para auxiliá-los na condução do seu negócio, seja na parte técnica ou na gestão. O destaque do 1º dia foi a abordagem sobre “Sucessão Familiar”, feita por Gustavo Lemos, sócio proprietário da Safras&Cifras, para um auditório lotado e uma plateia atenta. Já na quinta-feira (dia 17) a expectativa era para a palestra sobre “Mercado de Café” com o renomado consultor da Safras&Mercado Gil Barabach. Em todas as oportunidades, os ouvintes fizeram questionamentos sanando diversas dúvidas com os profissionais. Uma das novidades deste ano foram os workshops. O público aderiu a proposta e participou dos quatro oferecidos. O que chamou bastante a atenção foi o de “Produção de Águas – Manejo Ambiental Agrícola de Águas”, realizado pelo Engº Agrº Saulo Faleiros, consultor Uniagro. Os mais de 50 expositores mostraram aos visitantes as diversas novidades para a cafeicultura, criação animal, tecnologia para gestão, adequações ambientais entre outras. No espaço de máquinas e implementos o volume de negociações foi grande devido a condição especial para o evento oferecida pela cooperativa. De acordo com as empresas o Simpósio é uma ótima oportunidade para se aproximar dos clientes e tirar dúvidas em relação os produtos e fidelizá-los. A abertura foi realizada pelo presidente da COCAPEC Maurício Miarelli, recém eleito. Ele destacou a importância do SIMCAFÉ para os produtores da Alta Mogiana, na

Estiveram presentes na abertura personalidades da cafeicultura, autoridades políticas e órgãos de incentivo a cafeicultura e cooperativismo.

FOTOS: Divulgação COCAPEC

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Setor de Comunicação Cocapec

O presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC) prestigiou o evento acompanhado da diretoria da Cocapec.

A edição teve recorde de expositores que ofereceram os mais variados produtos e serviços.

difusão de conhecimento das principais vertentes da cafeicultura e sinalizou dois dias intensos de atividades pensadas para atender os anseios dos cooperados. Estiveram presentes também os demais diretores da cooperativa, Carlos Yoshiyuki Sato, diretor vice-presidente, Alberto Rocchetti Netto, diretor secretário, o 1º presidente da Cocapec, José Carlos Jordão Silva, o presidente executivo do CNC - Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, o superintendente da Ocesp/ Sescoop/SP, Aramis Moutinho Junior, o presidente da

Ao todo foram 5 palestras e 4 workshops com temas que foram ao encontro das necessidades dos cafeicultores da região.


FOTOS: Editora Attalea

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A já tradicional cafeteria Senhor Café ofereceu diversos modos de preparo dos grãos produzidos pelos cooperados da Cocapec.

O espaço de máquinas e implementos superou a expectativa de negócios com excelentes condições exclusivas para o Simcafé.

Fundação do Café da Alta Mogiana, Edson de Castro do Couto Rosa, o presidente do Sindicato Rural de Franca, Galileu de Oliveira Macedo, o diretor técnico da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI /Franca, Pedro César Avelar e o pesquisador da Fundação Procafé, André Luiz Alvarenga Garcia. Outra novidade foi o espaço institucional da COCAPEC. O local atraiu os presentes com jogos que apresentaram os variados serviços da cooperativa. O setor de classificação e degustação de café levou diversos tipos de grãos e realizou uma dinâmica com garrafas com bebidas diferentes em que era preciso encontrar em outras o mesmo sabor. As mulheres também tiveram seu momento no 6º SIM-

CAFÉ. Além do workshop sobre Empreendedorismo Feminino, com o profissional Juscelino Neves, da Kriar Gestão de Pessoas, foi oferecido oficinas de pintura em tecido e de tear. A Cafeteria Senhor Café novamente foi ponto de encontro dos visitantes. Em um ambiente amplo e agradável era possível degustar diversas formas de preparo com café gelados, que levavam sorvete, e também o cappuccino como doce de leite. O encerramento ficou a cargo do vice-presidente Carlos Yoshiyuki Sato, e destacou que o evento atingiu o seu objetivo que é difundir conhecimento sobre a cafeicultura para os participantes sempre trazendo profissionais renomados do setor para manter os produtores informados sobre as principais tendências da área.


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roca de experiências e modernização no campo. Esse é o objetivo da 17ª edição da EXPOCAFÉ, que será realizada de 4 a 6 de junho, das 8h às 18h, na Fazenda Experimental da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, na cidade de Três Pontas, sul de Minas Gerais. A expectativa é que mais de 24 mil pessoas visitem a feira nos três dias de realização, gerando negócios da ordem de R$ 220 milhões. A entrada é gratuita. A 17ª EXPOCAFÉ terá a promoção da Café Editora – empresa especializada em eventos e conteúdo na área de café. A realização será feita pela COCATREL - Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas, pela EPAMIG e pelo Governo de Minas, com o apoio da UFLA - Universidade Federal de Lavras e da Prefeitura Municipal de Três Pontas (MG). Considerado o maior evento do agronegócio café no Brasil, de acordo com Francisco Miranda Filho, diretor presidente da COCATREL - Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas, a EXPOCAFÉ contempla o ciclo completo do café, do plantio à colheita. “O evento é direcionado aos representantes de diferentes elos da cadeia, vindo de diferentes partes do Brasil, além de países da América Latina, América do Norte e Europa”, afirma. A Expocafé promove o encontro de produtores, técnicos, empresários e demais interessados na democratização do conhecimento e na apresentação das mais recentes tecnologias para a produção de café. A feira conta com maquinário em geral como colheitadeiras, secadores, tratores, guinchos hidráulicos, roçadeiras, adubadeiras, plantadeiras, podadeiras, motoserras, sopradores, pulverizadores, lavadores, derriçadeiras entre outros produtos e serviços. Para Jorge Luis Piedade Nogueira, diretor-técnicoindustrial da COCATREL, essa edição da EXPOCAFÉ terá como grande novidade a transferência de gestão da feira da EPA-MIG para a COCATREL - uma das maiores cooperati-

FOTOS: Divulgação EPAMIG

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EXPOCAFÉ 2014, maior evento do agronegócio café do Brasil, espera 24 mil visitantes

vas de café do país. Segundo Marcelo Lana, presidente da EPAMIG, a entidade estará focada na sua atividade fim que é o desenvolvimento e difusão de tecnologia agropecuária. “A Expocafé é um evento estratégico para a empresa no qual podemos mostrar à sociedade a excelência do nosso trabalho”, comenta. No dia 03, será realizado o 5º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira, evento que promove o intercâmbio de informações sobre tecnologias e produção mecanizada. Pesquisadores da EPAMIG e da UFLA farão palestras sobre mecanização, características de cultivares, plantas daninhas, dentre outras.

SERVIÇOS 17ª EXPOCAFÉ DATA: de 04 a 06 de junho // HORÁRIO: das 8h às 18h LOCAL: Fazenda Experimental da Epamig, Rod. MG-167, Três Pontas (MG) SITE: www.expocafe.com.br // TEL: (35) 3821-6244 // ENTRADA: gratuita


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Cafeicultores pedem liberação de produto no combate à broca do café

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Manejo nutricional do cafeeiro na safra 2014/2015 40

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Renato Passos Brandão 1 e Jhony Cintra 2

safra de café 2013/14 foi extremamente conturbada. Ocorreu uma redução brusca nas cotações do café tornando a atividade cafeeira inviável na maioria das propriedades rurais. Entretanto, a forte estiagem que atingiu as regiões cafeeiras do Brasil no início deste ano proporcionou uma brusca elevação nas cotações do café. Neste início de colheita há ainda muitas dúvidas quanto aos danos causados pela forte estiagem na produtividade e na qualidade do café. Qual é a perspectiva das cotações do café? Provavelmente, os preços serão influenciados pela tendência da colheita do café e os danos fisiológicos no cafeeiro. Entretanto, o cafeicultor não pode e nem deve ficar a mercê das frustações nas cotações do café. Os cafeicultores que possuem altas produtividades conseguem ter rentabilidade positiva mesmo com baixas cotações do café. Nas épocas de alta, estes cafeicultores estão preparados para usufruírem destes momentos propícios da cafeicultura. Neste momento, além da colheita do café, o cafeicultor deve iniciar o planejamento para a safra 2014/15. Do ponto de vista nutricional, o que deve ser realizado a partir deste momento para minimizar os danos causados pela seca que ocorreu no início de 2014?

Figura 1. Fluxograma do manejo nutricional em cafeeiro em produção com o monitoramento através da análise de solos e foliares.

1. Manejo nutricional no cafeeiro O manejo racional dos corretivos de solo e fertilizantes passa necessariamente pela utilização de duas ferramentas: amostragem dos solos e das folhas do cafeeiro (Figura 1).

cando o calcário na projeção da copa que normalmente é a faixa mais ácida do solo. Utilizar preferencialmente calcário dolomítico para o fornecimento de magnésio, nutriente deficiente na maioria dos solos cultivados com o cafeeiro.

1.1. Amostragem dos solos Realizar a amostragem dos solos para a avaliação da fertilidade do solo. A amostragem dos solos deve ser realizada nas camadas superficiais (0 a 10 e de 10 a 20 cm) e nas camadas subsuperficiais (30 a 50 e de 50 a 70 cm). A amostragem dos solos nas camadas superficiais tem por objetivo verificar a necessidade de calcário e dos fertilizantes. A amostragem dos solos nas camadas subsuperficiais tem por objetivo a avaliação da existência de impedimentos químicos (baixo teor de cálcio e/ou alto teor de alumínio trocável).

1.4. Manejo da gessagem Em solos com baixo teor de cálcio e alta saturação de alumínio nas camadas subsuperficiais (abaixo de 20 cm), utilizar o gesso agrícola. Desta forma, ocorre maior aprofundamento do sistema radicular minimizando os danos causados pelos veranicos e seca em lavouras não irrigadas. Ocorre também absorção dos nutrientes lixiviados para as camadas subsuperficiais, dentre os quais, o N-nitrato, enxofre, potássio e boro.

1.2. Análises foliares As análises foliares têm por objetivo o monitoramento do estado nutricional do cafeeiro e a realização dos ajustes nos programas de adubação de solo e foliares. Realizar de 2 a 3 amostragens das folhas do cafeeiro iniciando em novembro e as demais devem ser realizadas com intervalo de 45 a 60 dias. 1.3. Manejo da calagem Realizar a calagem antes da florada do cafeeiro apli-

AUTORES

1 - Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. 2 - Graduando em Agronomia da FAFRAM e estagiário do Grupo Bio Soja.

1.5. Manejo da adubação nitrogenada O cafeeiro é umas das culturas mais exigentes em nitrogênio e as recomendações deste nutriente variam de 150 a 450 kg/ha, de acordo com as condições da lavoura e a expectativa de produtividade (Favarin et al., 2010). O cafeicultor precisa manter o teor foliar de nitrogênio na faixa adequada (29 a 32 g/kg). Caso contrário, com a redistribuição do nitrogênio das folhas para os grãos ocorre desfolha e seca dos ramos (Malavolta; Vitti; Oliveira, 1997). A adubação nitrogenada no cafeeiro em produção deve ser realizada no solo com doses adequadas de N levando em consideração o teor do nutriente nas folhas do cafeeiro e a expectativa de produtividade. A primeira adubação nitrogenada deve ser realizada antes do florescimento do cafeeiro e a última em fevereiro ou início de março. Cerca de 60 a 70% da dose do nitro-


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gênio deve ser aplicada até dezembro e o restante até fevereiro ou início de março (Favarin et al., 2010). Em cafeeiros em produção em sistema de sequeiro, a adubação nitrogenada deve ser parcelada entre 3 e 5 vezes. Em sistemas irrigados, o número de parcelamento pode ser bem maior. A aplicação da ureia na superfície do solo com resíduos vegetais tende a aumentar as perdas do nitrogênio por volatilização. As perdas do nitrogênio do sulfato de amônio e nitrato de amônio são bem menores situando-se na faixa de 3 a 5% (Cantarella, 2007). Para reduzir as perdas de nitrogênio por volatilização, a ureia deve ser incorporada no solo e caso não seja possível, utilizar outro fertilizante nitrogenado, por exemplo, nitrato de amônio, sulfato de amônio ou nitrato de cálcio. A profundidade da incorporação da uréia depende da textura, CTC e umidade do solo mas geralmente 5 a 10 cm de profundidade é suficiente para reduzir significativamente as perdas de N por volatilização (Favarin et al., 2010). A incorporação da ureia pode ser realizada mecanicamente e também por meio da água da chuva ou da irrigação. Em solos descobertos, uma lâmina de 10 a 20 mm de chuva ou irrigação é suficiente para a incorporação da ureia. Em solos com palhada na superfície, a lâmina de água deve ser maior (Cantarella, 2007). 1.6. Manejo da adubação fosfatada A adubação fosfatada deve ser realizada depois da calagem e antes da florada do cafeeiro. Segundo Malavolta (1980), a maior parte do fósforo absorvido pelo cafeeiro ocorre nesta fase da cultura. Normalmente, o teor de P nas folhas do cafeeiro fica no limite inferior ou abaixo da faixa adequada mesmo em solos com teor adequado deste nutriente. O cafeicultor tem que adotar práticas agrícolas para melhorar a disponibilidade do P do solo ao cafeeiro. O P é absorvido por difusão, processo extremamente lento no solo e é afetado pela umidade, densidade e temperatura do solo. Além disso, quanto maior o volume do solo explorado pelas raízes do cafeeiro, maior é a absorção deste nutriente pelo cafeeiro. O Fertium® Phós é um fertilizante fosfatado organomineral com altos teores de substâncias húmicas que potencializam a disponibilidade do P ao cafeeiro. Reduz a fixação do P nos solos e estimula a formação de raízes aumentando o volume do solo explorado pelo cafeeiro. Realizar também a aplicação do NHT® Humic na projeção da copa do cafeeiro. Este produto possui altos teores de substâncias húmicas (ácidos fúlvicos e húmicos) na forma líquida que é prontamente disponível ao cafeeiro. A aplicação do NHT® Humic nesta faixa de solo proporciona maior desenvolvimento do sistema radicular com o aumento na absorção do P pelo cafeeiro. 1.7. Manejo da adubação potássica A adubação potássica no cafeeiro em produção deve ser realizada no solo com doses adequadas de K levando em consideração o teor deste nutriente no solo e a expectativa de produtividade. Além disso, realizar adubações complementares com potássio via foliar na fase de granação do cafeeiro. De forma similar ao nitrogênio, o cafeicultor precisa

manter o teor foliar do potássio na faixa adequada (19 a 24 g/kg). Caso contrário, com a redistribuição do potássio das folhas para os grãos ocorre desfolha e seca dos ramos (Malavolta; Vitti; Oliveira, 1997). Iniciar as adubações potássicas no solo antes do florescimento do cafeeiro sendo que o último parcelamento deve ser realizado até o final de fevereiro. Cerca de 70% do potássio deve ser aplicado no solo até o final de dezembro (Favarin, 2010). Em cafeeiros em produção em sistema de sequeiro, a adubação potássica deve ser parcelada entre 3 e 5 vezes. Em sistemas irrigados, o número de parcelamento pode ser bem maior. Além disso, realizar adubações foliares complementares com potássio na fase de granação do cafeeiro aplicando o NHT® Mega K na dose de 1 L/ha. 1.8. Manejo da adubação com magnésio A calagem com calcário dolomítico não está sendo suficiente para o fornecimento das quantidades necessárias de magnésio ao cafeeiro em sistemas de cultivo com alto potencial produtivo e naqueles com altas doses de K e/ou solos com altos teores de K. Cerca de 84% dos solos analisados em 2012 no laboratório do Procafé de Varginha/MG tinham baixa saturação de magnésio (Matiello et al., 2013). A adubação com magnésio deve ser realizada antes da florada do cafeeiro aplicando-se o Gran Magnésio 30 na dose de 150 a 300 kg/ha. Aplicar a maior dose do Gran Magnésio 30 em solos com baixo teor de Mg e com alto teor de K e relações Mg/K no solo menor que 3,0. Se houver necessidade, reaplicar o magnésio após a análise foliar em lavouras com teor de Mg menor que 3,1 g/kg. Realizar de 3 a 4 adubações foliares complementares com Mg aplicando o NHT® Magnésio na dose de 1 L/ha. 1.9. Manejo da adubação com micronutrientes A forma mais eficiente para o fornecimento de Cu, Mn, Fe e Zn ao cafeeiro são as pulverizações foliares. Realizar de 3 a 5 pulverizações foliares iniciando antes do florescimento e a última em março ou abril, dependendo do manejo e região. O intervalo máximo entre as pulverizações foliares com os micronutrientes é de 60 dias. Em solos de textura arenosa e média, o Zn pode ser aplicado nos solos. A forma mais eficiente para o fornecimento do B ao cafeeiro é no solo (Gran Boro 10). Desta forma, é possível manter um fornecimento constante deste nutriente ao longo do ciclo da cultura suprindo as necessidades do cafeeiro. O B deve ser aplicado antes do florescimento do cafeeiro e se houver necessidade, reaplicá-lo entre dezembro e janeiro, após a análise foliar. Nas lavouras com a aplicação do B no solo, realizar de 2 a 4 adubações foliares anuais. A primeira adubação foliar deve ser realizada antes do florescimento e a segunda adubação foliar, cerca de 30 dias após a primeira adubação (pós florescimento). As demais aplicações foliares com B devem ser realizadas até o final de março ou abril em lavouras com baixo teor foliar de B constatado através das análises foliares. Recentemente, a Bio Soja lançou no mercado nacional, um fertilizante foliar fluido com uma formulação diferenciada (NHT® P-Boro-P). O B é complexado com polióis, garantindo maior translocação do nutriente no floema proporcionando um melhor aproveitamento deste nutriente


pelo cafeeiro. A dose do NHT® P-Boro-P por aplicação é de 500 mL a 1 L/ha dependendo do teor de B nas folhas e do manejo do B nas adubações de solo. O Gran Boro Mag é um fertilizante granulado de solo fornecedor de B e Mg ao cafeeiro. Numa única operação, é possível o fornecimento do B e Mg, nutrientes deficientes na maioria dos solos cultivados com cafeeiro. A dose do Gran Boro Mag varia de 150 a 200 kg/ha. 2. Considerações finais O manejo racional dos corretivos agrícolas e dos fertilizantes é fundamental para que o cafeicultor possa obter altas produtividades e minimizar os prejuízos das baixas cotações do café. Entretanto, é uma mudança de comportamento e deve ser implementada com informações básicas, tais como análise de solo e foliares. As análises foliares servem para o monitoramento do estado nutricional das plantas e se houver necessidade, realizar os ajustes das adubações de solo e foliares. Neste momento, além da colheita e dos tratos culturais pós colheita, o cafeicultor precisa planejar o manejo para a safra 2014/15. Do ponto de vista nutricional, o cafeicultor precisa responder cinco perguntas: o que aplicar, quanto aplicar, quando aplicar, como aplicar e compensa aplicar? O manejo nutricional do café é a prática cultural que mais proporciona aumento na produtividade do cafeeiro e na maioria das vezes, não aumenta o custo de produção.

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Desta forma, é possível aplicar doses adequadas dos nutrientes nas fases de maior exigência do cafeeiro melhorando a eficiência agronômica dos fertilizantes de solo e foliares. 3. Literatura consultada CANTARELLA, H. Nitrogênio. In: NOVAIS, R.F.; V., V.H.A.; BARROS, N. F. de; FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, R.B. & NEVES, J.C.L. (Eds.) Fertilidade do Solo, 1ª edição, Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. 2007. p.375-470. FAVARIN, J.C.; TEZOTTO, T.; NETO, A.P. & PEDROSA, A.W. Cafeeiro. In: PROCHNOW. L. I.; CASARIN, V. & STIPP, S.R. (Eds.) Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes. Piracicaba, IPNI. 2010. p.411-467. MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo. Editora Ceres, 1980. 251p. MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba. POTAFOS, 1997.319p. MATIELLO, J.B.; GARCIA, A.L.; PAIVA, A. C. R.S. Análise de solo é importante para economia na lavoura de café. Revista Attalea Agronegócios. Franca, v. 82. p. 25-26, setembro de 2013.

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solo é um recurso natural renovável, em estado estacionário já que sua formação é muito lenta e acontece ao longo de milhares de anos, fundamental para os ecossistemas, em especial, o agrícola. Em uma visão holística pode ser considerado um patrimônio coletivo, pois seu uso equivocado leva à degradação química, física e biológica, erosão e, em casos mais extremos, desertificação, atingindo centenas de pessoas. A amostragem de solo é a primeira etapa de um programa de avaliação da fertilidade do mesmo. A operação é crucial, uma pequena quantidade de terra representará as características de uma grande área. Assim, apesar de a avaliação laboratorial ser mais elaborada, instrumental e operacionalmente, ela não corrige uma coleta deficiente capaz de comprometer os processos seguintes. “O maior erro dos resultados está na amostragem e se isso acontecer, o laboratório não tem muito a fazer, nem os técnicos que vão recomendar a adubação e correção do solo, porque vão trabalhar em cima de resultados advindos de uma amostragem de solo incorreta ou mal planejada”, destaca Alexandre Romeiro de Araújo, pesquisador da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Produtor e colaboradores estão aptos a realizar a amostragem. O procedimento inicia-se com a identificação de glebas homogêneas para a coleta. Cor do solo, topografia, histórico de uso, textura e vegetação são fatores que o operador consegue identificar, facilmente, para separar a terra em talhões semelhantes. “Para a pecuária extensiva, reconhecidamente com propriedades de maiores proporções, recomenda-se que a área a ser amostrada não ultrapasse 30 hectares. Para usos mais intensivos, estejam eles sob pecuária, lavoura ou sistemas integrados de produção, recomenda-se que a gleba a ser amostrada seja em torno de 10 hectares,

FOTOS: EMBRAPA

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Para conhecer melhor sua propriedade, comece pela amostragem de solo.

desde que atendam a identificação de homogeneidade. No entanto, o bom senso e os estudos caso a caso não devem ser deixados de lado”, aconselha Alexandre Araújo. Na realização da amostragem, o responsável pelo procedimento representará toda a área fazendo várias amostras simples, entre 20 e 30, para tirar uma composta. “Vale lembrar que a amostra composta, que pesará em torno de 500 gramas, representa uma área de 20 a 30 hectares”, reforça. O pesquisador enfatiza ainda que formigueiros, cupinzeiros, locais de descanso de gado, depósitos de adubos e calcários, regiões próximas a terraços, estradas e trilhas são pontos a desconsiderar em uma coleta. Equipamentos como trado holandês, de caneco, sondas e até mesmo uma pá de corte ou um enxadão são opções à disposição, desde que estejam limpos, secos e sem resíduos. O técnico retira as amostras, evitando ao máximo a contaminação, em diferentes profundidades, por caminhamento aleatório em ziguezague, ressaltando que quanto maior a gleba, maior o número de pontos amostrais, os quais precisam estar livres de resíduos culturais não decompostos e outros materiais, e as deposita em um balde de plástico, também higienizado. “Há no mercado amostradores hidráulicos e automatizados que podem ser acoplados em triciclos e veículos automotores utilizados na agricultura de precisão. Quando a área e o volume de amostras forem grandes a utilização desses equipamentos talvez seja viável, porém a grande maioria é realizada com trado”, observa. Para a implantação de um pasto, as profundidades recomendadas para amostragem, segundo Alexandre Araújo, são de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm. No entanto, para uma melhor avaliação da fertilidade, amostras adicionais de 40 a 60 e 0 a 10 cm são indicadas em algumas ocasiões. O especialista explica que “especificamente para área de pecuária, depois de implantada a forrageira, com um bom manejo de pas-


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tagens, muito dificilmente o pecuarista terá oportunidade de revolver o solo novamente e a aplicação dos corretivos e fertilizantes será realizada em superfície. Nesses casos, a amostragem de 0 – 10 cm pode contribuir para a avaliação da qualidade química do solo, isso por que alguns nutrientes de plantas são pouco móveis no solo e tendem a se concentrar na superfície quando a aplicação de fertilizantes é realizada a lanço”. As amostras são identificadas com dados referentes à profundidade, época da coleta, nome da gleba, histórico da área, uso atual e últimas aplicações de insumos e encaminhadas em embalagem, na maioria das vezes fornecida pelo laboratório, para uma instituição credenciada para análise, frisando que “toda informação adicional é importante na avaliação da fertilidade e colabora para uma correta interpretação dos resultados”. GRANDES DETALHES - Uma época exata para se realizar a amostragem de solo não existe, entretanto, para áreas de pastagens, a partir do final de março ou início de abril tem-se uma situação em que a terra ainda está com certo teor de umidade, o que facilita a retirada e homogeneização. Em lavoura ou sistemas integrados de produção, aconselhase a operação após a colheita da segunda safra. “Apesar de mais tardia, a amostragem após a safrinha indicará a condição química do solo antes do plantio da próxima safra de verão. Realizando as amostragens nessas épocas, o produtor terá os resultados de laboratório em mãos em julho/início de agosto, além de tempo hábil para a aquisição de corretivos e fertilizantes, baseados em análises laboratoriais”, esclarece o pesquisador da Embrapa. Em relação à frequência, conforme Araújo, assim como a época, não há uma programação específica e dependerá do manejo da propriedade e da intensidade em que são feitas as adubações. Vale a lógica: sistemas de produção mais intensivos, frequência maior; menos intensivos, frequência menor. Todavia, nem sempre o problema da qualidade do solo é a fertilidade, lembra Alexandre Araújo. Deficiências relacionadas às propriedades físicas, como aumentos excessivos na densidade do solo, selamento superficial, maiores valores de resistência à penetração e dificuldades de infiltração de água, podem ocorrer. Nesse cenário, a aplicação de corretivos e fertilizantes talvez não cause o impacto almejado,

FOTO: EMBRAPA

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sendo necessária a utilização de práticas de manejo para minimizar os efeitos negativos da degradação física. Desta forma, a adoção de rotação de culturas e o uso de implementos, como subsoladores e escarificadores, são alternativas a considerar. Esses equipamentos elevam a rugosidade da terra, diminuindo a compactação por meio do rompimento de camadas encrostadas em superfície e subsuperfície, aumentando a porosidade, sobretudo a macroporosidade, facilitando a infiltração de água. “As análises físicas são complementares, porém não menos importantes. Dependendo do pasto e de sua degradação somente ajustar a adubação não seja o suficiente para conseguir ganhos de produtividade consideráveis. A lotação animal excessiva sobre uma determinada área, ao longo dos anos, causa degradação física e problemas de conversação do solo. O mau manejo não resulta só em degradação do pasto, mas também do solo”, adverte Araújo. PESQUISAS - Desde 2012, o pesquisador da Empresa coordena o projeto “Práticas de cultivo e rotação de culturas para avaliar a qualidade do solo em diferentes sistemas de manejo no Sudoeste dos Cerrados”, financiado pela Embrapa e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), com experimentos na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande – MS, em três sistemas de cultivo, lavoura contínua, cultivo conservacionista e plantio direto. Alexandre Araújo e equipe avaliam as diferentes práticas de preparo da terra, associadas à rotação de culturas, em diversos sistemas, levantando informações relativas às características químicas e físicas, indicadores de qualidade, medidas de resistência à penetração, do conteúdo de água no solo, dentre outras. (FONTE: Embrapa Gado de Corte)


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AMSC participa de evento em São Paulo que marca o início da colheita do café

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FOTO: Divulgação AMSC

início da colheita do café foi celebrado no dia 08 de maio, em São Paulo, em um evento que, simbolicamente, marcou o início da atividade nas lavouras do Estado. Promovido pela Secretaria Estadual de Agricultura, o evento Sabor da Colheita reuniu associações, cafeterias, produtores e torrefadores no Instituto Biológico, área próxima a Avenida Paulista com mais 1,6 mil pés de café. A AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, participou da cerimônia e divulgou a conquista da Indicação Geográfica de Procedência do café produzido na Alta Mogiana. Profissionais da associação orientaram os cafeicultores presentes sobre a importância de se investir na qualidade dos grãos e também a respeito da conquista do selo de Indicação de Procedência, que irá valorizar ainda mais os cafés especiais dos produtores da Alta Mogiana. Gestora do selo de Indicação de Procedência, a AMSC destacou para os produtores as vantagens em oferecer um produto diferenciado, já que o mercado externo busca cada dia mais cafés finos. “A qualidade agrega valor a produção, o que gera retorno financeiro para os cafeicultores”, explica Gabriel Borges, gestor da associação. De acordo com a CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento a produção nacional de café (arábica e robusta) em 2014 deve ficar em 44,6 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado. Em 2013, o estado de São Paulo colheu 4 milhões de sacas e a Alta Mogiana foi a região com maior produção.

INSTITUTO BIOLÓGICO - O Instituto Biológico foi criado na década de 1920 com o objetivo de estudar a praga conhecida como broca-do-café, que atingiu os cafezais do Estado de São Paulo e gerou uma forte queda na produção. Ocupando uma área de 10 mil metros quadrados com café arábica das variedades Mundo Novo e Catuaí, o cafezal do Instituto Biológico era utilizado prioritariamente para pesquisas até a década de 1950. Atualmente, sua maior finalidade é didática e cultural, destinando-se à população que quer conhecer sua história e outras particularidades como os princípios de uma boa plantação, análise do solo e adubação.


ESPECIAL - INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

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egistro conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, a Indicação Geográfica é uma forma de valorizar uma região que já possui forte reputação em determinada atividade. A Alta Mogiana conhecida internacionalmente pelas características singulares de seus cafés -, tornou-se a primeira região do Estado de São Paulo a obter o registro do INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial na categoria agrícola. A concessão foi publicada na edição nº 2228 da Revista da Propriedade Industrial (RPI), em 17 de setembro de 2013. A Indicação Geográfica pode ser conferida de duas formas, como Indicação de Procedência (localidade que se tornou conhePromoção do “Melhor Café do Mundo” em foto história de ônibus de passageiros de Franca (SP) cida como centro de produção de determinado produto) ou Denominação de Origem (localidade que desig- ciamento do selo. ne determinado produto ou serviço cujas qualidades ou caO registro da região da Alta Mogiana abrange 15 muracterísticas se devam exclusivamente ao meio geográfico). nicípios: Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cristais No caso da Alta Mogiana, o registro é de procedência, Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio uma vez que os cafés produzidos nessa região ganharam des- Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, São José taque. Essa história está relacionada à presença dos trilhos da Bela Vista, Santo Antônio da Alegria. da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação, Também fazem parte da Alta Mogiana oito municípios fundamental para o desenvolvimento da cafeicultura na do Estado de Minas Gerais: Capetinga, Cássia, Claraval, Ibiregião. A fama do café da Alta Mogiana rendeu considerável raci, Itamogi, São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquigeração de divisas para o estado, inclusive durante a crise de no e Sacramento. 1929, situação intensificada até o final da década de 1950, Além de valorizar a região, a Indicação de Procedênrespondendo por parcela expressiva da renda total gerada no cia gera inúmeros benefícios para os produtores locais. Não setor agropecuário. perca na próxima edição da Attalea, o artigo especial sobre a Com o objetivo de valorizar essa tradição e transfor- importância e os benefícios deste selo. mar a região da Alta Mogiana em um polo de referência e excelência em café, produtores locais, representados pela AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, protocolaram junto ao INPI em 26 de setembro de 2007 a solicitação do reconhecimento da Indicação de Procedência do café da Alta Mogiana. Após a concessão do registro, a Associação se tornou responsável pelo gerenFOTO: Divulgação AMSC

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A Alta Mogiana e a Indicação Geográfica do Café

REGISTROS DE INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS DE CAFÉ INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA 1. - CERRADO MINEIRO = Publicação: 14/04/2005 2. - SERRA DA MANTIQUEIRA (MG) = Publicação: 31/05/2011 3. - NORTE PIONEIRO DO PARANÁ = Publicação: 25/09/2012 4. - ALTA MOGIANA = Publicação: 17/09/2013 DENOMINAÇÃO DE ORIGEM 1. - CERRADO MINEIRO = Publicação: 31/12/2013

A Indicação de Procedência é um selo que identifica e protege o café da Alta Mogiana, por suas características únicas, preservando sua cultura, sua história e sua gente


CAFÉ

INCAPER pesquisa tecnologia inovadora de poda para o café Arábica no Espírito Santo

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ma nova tecnologia de poda do café arábica está sendo desenvolvida há seis anos pelo INCAPER Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, órgão vinculado à SEAG - Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca. Os resultados de experimentos em uma propriedade do município capixaba de Baixo Guandu demonstraram aumento na produtividade em cerca de 35% e aumento do rendimento de colheita em até 50%. A partir de agora, serão implantadas por técnicos do Incaper unidades de observações em cerca de 30 municípios produtores de arábica do Espírito Santo, visando à validação dessa nova tecnologia, cujos resultados experimentais a uma altitude de 640 metros demonstraram-se muito satisfatórios. No entanto, como a altitude dos municípios capixabas produtores de café arábica varia entre 500 e 1200 metros, é necessário validar essa tecnologia considerando as especificidades locais. “O Incaper tem a satisfação de apresentar os resultados parciais de mais uma ação de pesquisa do Instituto na área de cafeicultura, que irá beneficiar diversos agricultores familiares capixabas. Por meio da integração com os extensionistas do Instituto, essa tecnologia será validada em campo, nos municípios produtores de café arábica. Entendemos que o Incaper está cumprindo sua missão de promover soluções tecnológicas e sociais por meio de ações integradas de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, visando ao desenvolvimento do Espírito Santo”, afirmou o diretor-presidente do Incaper, Maxwel Assis de Souza.

FOTO: INCAPER

INOVAÇÃO NA PODA DO CAFÉ ARÁBICA - pesquisa sobre a Poda Programada do Café Arábica foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores do Incaper, sob a coordenação de Abraão Carlos Verdin Filho, lotado na Fazenda Experimental do Incaper de

Marilândia (ES). A base da tecnologia, em linhas gerais, foi adaptar a técnica da Poda Programada de Ciclo do café Conilon, que tem sido muito eficiente e aplicada pelos produtores, para o café Arábica. De acordo com o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, o trabalho iniciou-se entre os anos de 2007 e 2008, em Baixo Guandu, quando o produtor Ademar Luiz Fransskoviak demonstrou bastante interesse pela forma da poda programada do café conilon e começou a indagar sobre a possibilidade de aplicar essa mesma forma no café arábica. “Em 2008, iniciamos o experimento com seis tratamentos de poda nas lavouras de arábica da propriedade do senhor Ademar. Como a poda no café conilon pode proporcionar aumento de cerca de 35% na produção de café, buscamos saber, por meio dessa pesquisa, de que maneira o café arábica se comportaria diante desse manejo, adaptado a suas peculiaridades. Dessa forma, levantou-se a seguinte hipótese: será que essa técnica aplicada no conilon também teria bons resultados no arábica? Foi

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justamente o que pesquisamos e, posteriormente comprovamos, após o acompanhamento da lavoura e realizazação das avaliações experimentais na propriedade de Baixo Guandu”, informou Verdin.

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RESULTADOS ALCANÇADOS “Entre os principais resultados obtidos com a Poda Programada do Café Arábica estão o aumento de produtividade em até 35% e a redução da mão de obra em até 50% na colheita”, informou o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho. Ele disse que em um hectare de café arábica no qual se utiliza a poda tradicional o rendimento da colheita costuma ser de 5 a 7 sacos por dia. Tecnologia de poda irá aumentar a produtividade e rendimento de colheita do café arábica Já com a utilização da Poda Programada, Programada será uma grande revolução”, falou Ademar. um trabalhador colhe de 12 a 14 sacos diários. Além disso, essa tecnologia contribui para a maior uniUNIDADES DE OBSERVAÇÃO - Os extensionistas e formidade na maturação dos frutos, facilita o manejo da poda e o entendimento do procedimento e diminui a bienalidade, técnicos do Incaper, que atuam em 30 municípios das regiões característica do café arábica de produzir mais em um ano e Sul, Serrana e Noroeste do Espírito Santo, irão levar essa menos em outro ano, levando assim a uma maior estabilidade nova tecnologia de poda do café arábica para seus locais de atuação. A proposta do Instituto é validar essa tecnologia, na de produção todos os anos. Outro aspecto importante apresentado por essa tec- prática, por meio de Unidades de Observação implantadas nologia é a sustentabilidade ambiental, econômica e social. em propriedades rurais de diversos municípios capixabas. Para o extensionista do Incaper do município de Cas“Com a aplicação da técnica a 6lavoura fica mais limpa e arejada, levando, assim, a menores incidências de pragas e telo, Marcos Vinco, essa tecnologia está sendo desenvolvida doenças, como exemplo, a ferrugem. Dessa forma, o custo em um momento importante para os produtores de café de produção é menor. Além disso, existe uma melhoria da arábica. “Por meio da Poda Programada do Café Arábica, qualidade do café, o que gera mais renda para o produtor percebemos que o produtor terá mais ganhos, mais produção e qualidade, o que contribui para animar os cafeicultores”, rural”, disse Verdin. falou Marcos. Ele disse que já está articulando duas Unidades SATISFAÇÃO DO PRODUTOR RURAL - A primeira de Observação em Castelo, sendo uma na comunidade de unidade de implantação da tecnologia da Poda Programa- Caxixe e outra no Córrego da Prata. De acordo com o extenda do Café Arábica foi realizada na propriedade do senhor sionista, 40% da produção de café de Castelo é de arábica. No município de Mantenópolis (ES), cuja produção Ademar Luiz Fransskoviak, em Alto Mutum, município de Baixo Guandu, a uma altitude de 640 metros. Ele possui 15 de arábica gira em torno de 90% da produção total de café, hectares plantados de café arábica e há seis anos adotou a também está sendo organizada uma Unidade de Observação na comunidade do Córrego São José. “Essa tecnologia tende tecnologia da poda em sua lavoura. “Nós começamos a utilizar a tecnologia recomendada a ser bem aceita pelos produtores, pois ela é viável, facilita a da poda do conilon no café arábica. No início, fizemos isso colheita e os tratos culturais, além de melhorar a produtiviem parte da lavoura e depois ampliamos para toda a área dade”, afirmou o extensionista do Incaper em Mantenópolis, plantada de arábica. Muitos técnicos e profissionais do café Claudinei Sales. “É necessário que os extensionistas do Incaper valivisitavam nossa lavoura para conhecer a técnica, mas preferiram inicialmente manter as tecnologias tradicionais da poda dem essa tecnologia em seus municípios, conforme suas do arábica. O Incaper foi a única instituição que acreditou especificidades topográficas, altitudes, condições climáticas na nossa maneira de inovar a poda e iniciou uma experiência e condições das lavouras em produção e a serem implantacientífica em nossa propriedade”, relatou o se-nhor Ademar. das. Somente depois dos resultados dessa análise prática e De acordo com Ademar, ele tinha muita dificuldade na de outros trabalhos de pesquisa, a Poda Programa do Café colheita do café arábica. Com a nova tecnologia, esse proces- Arábica será, de fato, recomendada aos produtores rurais das so foi facilitado. “Houve maior uniformidade na maturação diferentes regiões do Espírito Santo”, afirmou o pesquisador dos frutos e aumento da produção, com talhões chegando do Incaper e Coordenador do Programa Estadual de Cafeia 100 sacas por hectare. Antes da utilização da Poda Pro- cultura, Romário Gava Ferrão. Ele também disse que o café, como muitas outras plangramada, a produção era menor”, disse Ademar. O desenvolvimento da nova tecnologia de poda para tas perenes, necessita de ser podada com planejamento anual. o café arábica é visto com bastante otimismo pelo produtor “Essa tecnologia inovadora, uma vez validada, irá contribuir rural, que disse que, com o tempo, seus vizinhos também muito para o Programa Renovar Café Arábica, implantado têm utilizado gradualmente essa técnica. “Para o café de pelo Incaper desde 2008, e para a sustentabilidade da cafeimontanhas, que tem que ser colhido manualmente, a Poda cultura de Montanhas do Espírito Santo”, finalizou.


EVENTO

Sindicato Rural de Batatais (SP) e CATI realizam 2º Encontro de Cafeicultores

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FOTOS: Editora Attalea

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conteceu no final de abril último, na Casa do Criador do Parque de Exposições, em Batatais (SP), o 2º Encontro de Cafeicultores de Batatais e Região. O evento foi promovido pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e CATI, e contou com o apoio do Sindicato Rural de Batatais. Especialistas do setor da cafeicultura discorreram para uma platéia, que tinha 89 produtores rurais do município e de diversas cidades da região. Sobre os custos das lavouras (operacional, efetivo e total), ministrou palestra a Engª. Agrª. Érica Monteiro de Barros (Faesp/Senar-SP). Já o cafeicultor Gabriel Mei Alves de Oliveira (AMSC - Associação

Dr. Rodrigo Benedini (gestor e advogado do Sindicato Rural); Téc. Agr. Cláudio Henrique Frata, Engª Agrª Amanda Hernandes Stefani e Engª Agrª Sofia de Castro Gouvêa (equipe da Casa Agricultura de Batatais); Engª. Agrª. Érica Monteiro de Barros (Faesp/Senar-SP); Gabriel Mei Alves de Oliveira (diretor da AMSC) e Beto Tofeti (Sindicato Rural)

dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) proferiu palestra sobre a importância de se produzir um café de qualidade e valorizar este produto através da IG (Indicação Geográfica). O evento contou ainda com o apoio da Nortox S.A., Colorado John Deere, Sicoob-Cocred, Bertanha e da Oimasa Massey Ferguson.

Os palestrantes Gabriel Mei Alves de Oliveira (AMSC), Engª. Agrª. Érica Monteiro de Barros (Faesp/Senar-SP) e Antônio Carlos Garcia (Nortox).


CANA DE AÇÚCAR

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Denizart Bolonhezi1 FOTO: APTA - SP

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Plantio Direto e Calagem na reforma da Cana Crua

área em cultivo de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil, estimada em 7 milhões de hectares, cresceu 54,6% entre 2006 e 2010. Esta expansão, contudo, não tem sido suficiente para suprir a demanda interna de etanol, estimada em 15 bilhões de litros, desequilíbrio que resultou na importação de 1,2 bilhão de litros de etanol em 2011. Para equilibrar o mercado interno de 56 bilhões de litros de etanol em 2015, serão necessárias mais 113 usinas e investimento ao redor de R$ 27 bilhões (Torquato & Ramos, 2011). Em virtude de adversidades climáticas, falta de planejamento e investimento no campo, a produção e a produtividade de cana-de-açúcar foram reduzidas na última safra em 14,8% e 15%, respectivamente. A reforma dos canaviais antigos é uma das estratégias para aumentar a produtividade de colmos. Neste sentido, recentemente foram anunciados estímulos governamentais para reforma, por meio do aumento de linhas de crédito com juros baixos. Associadas a este contexto, as exigências ambientais e as dificuldades trabalhistas contribuíram para antecipar o término das queimadas. Protocolo estabelecido entre as usinas do setor sucroenergético e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo determina que a partir de 2014 todos os canaviais em áreas com possibilidade de mecanização (declividade menor que 12%) serão colhidos sem queima prévia. Na última safra paulista, a área com cana colhida sem queima, sistema conhecido como cana crua, já representou aproximadamente 2,5 milhões de hectares (60% do total). As vantagens agronômicas deste sistema são perdidas no momento da renovação, realizada a cada cinco cortes, quando se utiliza manejo convencional de preparo do solo, o qual é justificado principalmente para atenuar problemas de compactação decorrentes da intensa mecanização, da necessidade de incorporar corretivos e reduzir infestação de pragas. Em condição de cana crua, o custo com preparo do solo aumenta em 30%, e os problemas de erosão e emissão

AUTOR

1 - Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador Científico VI - APTA/IAC Programa de Pesquisa SP Direto.

de gases do efeito estufa decorrentes do revolvimento aumentam em dez e seis vezes, respectivamente. Convém salientar que os terraços em áreas de colheita mecanizada não são compatíveis com os recomendados para as culturas de sucessão. Nestas condições, é desejável a adoção dos princípios da agricultura conservacionista, que tem como alicerces o mínimo revolvimento do solo, a manutenção de resíduos na superfície e o uso de rotação de culturas (Derpsch et al., 2011). O sistema plantio direto apresenta estes princípios e compreende cerca de 25 milhões de hectares com produção de grãos no Brasil, porém é muito pouco utilizado na cultura da cana-de-açúcar. Contudo, no início da década de 1980, a cana-de-açúcar foi uma das primeiras culturas a testar o herbicida glifosato, com finalidade de reduzir operações de preparo do solo, sistema conhecido como cultivo mínimo. Naquela época, pesquisas apontavam que o plantio direto poderia ser empregado em pelo menos 40% dos canaviais paulistas, todavia o custo do herbicida inviabilizava sua adoção. Desde então, equivocadamente, predomina o conceito de preparo profundo e intensivo para a obtenção de bons resultados agronômicos para esta cultura. Considerando a carência de informações sobre os benefícios e desafios do plantio direto no sistema de produção da cana crua, em 1998 foi implantada pesquisa de longa duração na Estação Experimental do Instituto Agronômico/Apta, atual Centro de Cana-de-Açúcar da Secretaria de Agricultura, localizada em Ribeirão Preto/SP, sob condição de solo classificado como Latossolo Vermelho eutroférrico muito argiloso. Com apoio da Fundação Agrisus, a pesquisa


EVENTO

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sa encontra-se com 13 anos ininterruptos de adoção do plantio direto. Neste projeto são avaliados dois sistemas de manejo do solo (plantio direto e convencional) e quatro doses de calcário (0, 2, 4 e 6 toneladas/hectare de calcário dolomítico), tendo a soja como cultura de sucessão. Desde o início da pesquisa, o canavial já foi reformado três vezes com reaplicação do calcário, tendo sempre a soja como cultura de sucessão. A cultivar de cana-de-açúcar no presente ciclo (IAC-95-5000) foi plantada em março de 2010 e encontrase no segundo corte. Todas as operações são mecanizadas, inclusive a colheita, fato que confere validação prática dos resultados apresentados a seguir. Com relação à fertilidade do solo, pode-se concluir, até o momento, que a aplicação superficial de calcário no plantio direto, após 12 anos, proporcionou alterações nos principais atributos químicos do solo, somente na camada de 0 a 10 centímetros. Houve aumento linear em função das doses de calcário em todas as profundidades (0 até 60 cm) no sistema plantio direto, para os atributos químicos da fertilidade; V%, pH, CTC, Ca2+, Mg2+ e fósforo nas camadas 0-5 e 5-10 cm, embora abaixo de 20 cm a magnitude dos aumentos tenha sido menor que no sistema convencional. Porém, o calcário residual (não reagido no período) no plantio direto aumentou 14 vezes em relação ao ano de 1999, na camada de 0-5 cm. Mesmo com tráfego de colhedoras, não foram verificadas alterações significativas nas características físicas do solo. A maior umidade no solo (de 5% a 18% maior) no plantio direto pode ter atenuado o aumento na compactação. O crescimento do sistema radicular é um bom indicador das boas condições físicas do solo no sistema plantio direto, pois no final da primavera a biomassa seca de raízes foi 1,7 tonelada/hectare maior no manejo conservacionista. Como cerca de 60% das raízes de cana estão concentradas nos primeiros 30 cm, a maior biomassa é preservada no plantio direto ao longo dos cortes, razão pela qual foi constatado aumento de 5,3 t/ha no estoque de carbono neste manejo conservacionista. Convém salientar que, na colheita da cana-de-açúcar, o palhiço é distribuído uniformemente entre os tratamentos de preparo. Depreende-se disto que ocorre efetivo sequestro de carbono quando se associa colheita de cana crua com plantio direto.

FOTOS: APTA - SP

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Com relação às características agronômicas, no plantio direto as falhas no estande inicial foram 9% menores, o perfilhamento a partir dos 135 DAP e a biomassa da parte aérea foram maiores. A produtividade de colmo apresentou resposta quadrática nos dois sistemas de manejo para a média dois primeiros cortes da variedade IAC-955000. Quanto às características tecnológicas, foram verificadas diferenças estatísticas entre os sistemas somente na cana planta, com ATR máximo de 166 no sistema plantio direto na dose 2 t/ ha de calcário. DESAFIOS — Estes resultados contribuem sobremaneira para tomada de decisão quando se planeja a reforma dos canaviais. Embora existam vários aspectos favoráveis para adoção do plantio direto na reforma de cana crua, também existem desafios, tais como a compactação das camadas superficiais, o pisoteio de soqueira pelas colhedoras mecânicas, a presença de altas infestações de pragas de solo (Migdolus sp. e Sphenoforus sp.) de difícil controle e mesmo a correção de alumínio em subsuperfície. Todavia, as validações comerciais têm sinalizado que estes problemas podem ser contornados e não se justifica prática de preparo convencional generalizada, que implica em mais prejuízos que benefícios. Portanto, na perspectiva conservacionista, os reais desafios são a retirada do palhiço do campo, com finalidade de aumentar matéria-prima para cogeração de energia e para produzir etanol de segunda geração e o crescimento dos plantios de cana de inverno (utiliza-se destruidor mecânico de soqueira e não permite cultivo de leguminosa na reforma). Por fim, vale salientar que já existe lastro técnicocientífico para adoção do plantio direto na reforma de canaviais colhidos sem queima, tanto para as culturas de sucessão (soja, amendoim, adubos verdes) quanto para cana-de-açúcar, permitindo assim fechar o ciclo da sustentabilidade, conferindo redução de 40% nos custos de implantação do canavial, maior produtividade e ganhos ambientais. Considerando a região Centro-Sul, existe potencial de aplicação destes princípios em cerca de 1 milhão de hectares de canaviais. Plantio direto de cana somente será solução se houver rotação!


TERRAS

Cadastro Ambiental Rural é regulamentado Proprietários rurais tem prazo de um ano para se cadastrar no SICAR

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decreto que faltava para os proprietários rurais fazerem o CAR - Cadastro Ambiental Rural, esperado para dezembro do ano passado, foi publicado em uma edição extra do Diário Oficial da União, no início deste mês de maio. O prazo de um ano para todos os proprietários realizarem o seu cadastro passa a contar a partir de terça, dia 6 de maio. O Código Florestal, aprovado em 2012, determina que aqueles que tiverem APP - Áreas de Preservação Permanente e/ou Reserva Legal abaixo dos mínimos obrigatórios devem aderir aos PRA - Programas de Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito Federal. Era esta a peça que faltava para o CAR entrar em vigor. O Decreto nº 8.235, publicado neste mês estabelece as regras para os Estados e o Distrito Federal iniciarem seus programas de regularização ambiental. O texto do decreto diz que os proprietários devem inscrever seus imóveis rurais por meio do SICAR - Sistema de Cadastro Ambiental Rural, o programa de computador criado pelo governo federal, que emitirá o recibo de inscrição. Com todos os dados do imóvel, o próprio SICAR vai apontar se há ou não necessidade de recuperação de APP e reserva legal. É com base nisso que cada proprietário vai elaborar os seus planos de recuperação. O decreto diz, ainda, que tanto a inscrição no CAR quanto a elaboração do plano de recuperação independem de contratação de um técnico responsável – o que pode reduzir os custos para a regularização ambiental das propriedades. O prazo para a recuperação da reserva legal, nos casos necessários, é de até 20 anos. CADASTRO POR IMÓVEL - Um dos motivos apontados para a demora na publicação deste decreto foi a definição se o cadastro seria feito por imóvel ou pela matrícula do imóvel. O Ministério do Meio Ambiente defendia que o entendimento de imóvel rural está consolidado no Estatuto da Terra, de 1964, que estabelece que um imóvel rural é uma “área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial”. O setor produtivo defendia que o cadastro fosse feito por matrícula, por não concordar que uma chácara ao lado de uma fazenda deve estar no mesmo CAR por possuir o mesmo dono. O Decreto 8.234/2014 diz que s órgãos competentes nos Estados deverão firmar um único termo de compromisso por imóvel rural. SEGURANÇA PARA QUEM TEM PASSIVO - Outro ponto importante do decreto aparece no Artigo 9º, que diz que enquanto estiver sendo cumprido o termo de compro-

misso pelos proprietários ou possuidores de imóveis rurais, ficará suspensa a aplicação de sanções administrativas. Atualmente, por conta dos passivos de reserva legal e APP, muitas propriedades estão embargadas pelo Ibama ou por órgãos ambientais. Enquanto o termo de compromisso para recuperação estiver sendo cumprido, os embargos ficam suspensos. A suspensão dos embargos, no entanto, não impede a aplicação de penalidades a infrações cometidas a partir de 22 de julho de 2008, como multas por desmatamento não autorizado a partir deste período. FALTANDO UM PEDAÇO - A publicação do decreto que regulamenta os PRA, no entanto, não resolve todas as pendências legais que o novo Código Florestal criou. Falta pelo menos uma regulamentação importante: a da Cotas de Reserva Ambiental. O Código incluiu as cotas entre as alternativas para a recuperação dos passivos de reserva legal dos proprietários. De acordo com a nova lei, os proprietários que tiverem menos reserva legal do que o obrigatório podem recuperar o seu passivo através da REGENERAÇÃO (que pode ser feita isolando uma determinada área para que a vegetação nativa retorne naturalmente); da RECOMPOSIÇÃO (recuperando a vegetação com o plantio de mudas ou sementes de espécies nativas) e da COMPENSAÇÃO – esta última pode ser feita tanto em Unidades de Conservação, como parques e reservas, quanto através das cotas de reserva ambiental. O Código Florestal oferece a possibilidade de que aquele proprietário que tem mais reserva legal do que o obrigatório solicite ao órgão ambiental do seu Estado o registro dessa área excedente como cotas de reserva ambiental, que pode ser adquirida por aqueles que precisam recuperar a sua reserva legal mas não podem abrir mão de nenhuma de suas áreas abertas. Mas, para esse mercado funcionar, o governo ainda precisa deixar claras as regras. PROGRAMA MAIS AMBIENTE BRASIL - O Decreto 8.235/2014 também criou o Programa Mais Ambiente Brasil, para apoiar a regularização ambiental das propriedades. Sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o programa será composto de ações de apoio à regularização ambiental das propriedades através de educação ambiental; assistência técnica e extensão rural; produção e distribuição de sementes e mudas; e capacitação de gestores públicos envolvidos no processo de regularização ambiental dos imóveis rurais nos Estados e no Distrito Federal. As despesas com a execução das atividades do programa e suas ações correrão à conta das dotações orçamentárias consignadas anualmente no orçamento do Ministério do Meio Ambiente. (FONTE: Canal Rural)

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SERINGUEIRA

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ada a característica de a seringueira ser uma planta perene, com longa vida útil, cuidados especiais devem ser tomados na fase de implantação, como a escolha da área adequada na propriedade, relação dos clones, densidade de plantio e estande final. Caso contrário, o rendimento poderá ser comprometido, bem como a viabilidade econômica.

FOTOS: Divulgação IAC

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Pesquisadores do IAC orientam produtores no plantio de seringueiras

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA - A área para implantação de seringais deve apresentar topografia plana ou ligeiramente ondulada, com até 5% de inclinação. Em declives maiores as linhas de plantio devem ser dispostas em nível. O solo deverá apresentar de preferência textura média, ter boa drenagem, ser de fácil acesso, ter boa disponibilidade de água, evitando-se locais de baixada a fim de prever danos causados por geadas. Neste particular, deve-se evitar o plantio em regiões que apresentem altitudes acima de 1.000m, onde ocorre maior resfriamento noturno. O plantio da seringueira nos espigões e meia encostas ou mesmo plantio feito próximo a grandes superfícies livres de água (lagos ou rios largos) são essenciais para proteger a cultura dos efeitos da geada. Devem ser considerados também aos aspectos relacionados aos riscos de incêndio, evitando o plantio de seringais próximos a pastagens, canaviais, capoeiras, etc. Deve ser dada atenção especial a áreas cuja vegetação seja de Brachiaria sp., pelo seu efeito competitivo, de conseqüências drásticas na redução da taxa de crescimento da seringueira. ALINHAMENTO - O alinhamento tem por objetivo a distribuição ordenada, no terreno, das plantas de uma cultura qualquer. Deve permitir igual insolação à todas as plantas e melhor aproveitamento do terreno destinado à cultura. Feito com o auxílio de balizas, consiste na demarcação de

uma linha mestra disposta vertical ou horizontalmente a determinada referência, como, por exemplo, uma estrada ou mesmo uma via de acesso secundária. Paralelas a essa linha mestra, e no espaçamento adotado para a cultura, traçam-se as demais linhas necessárias à complementação do número de plantas que se tem por objetivo estabelecer. Sobre todas as linhas assim demarcadas e com o auxílio de pequenas estacas, marcam-se os pontos em que serão abertas as covas destinadas às mudas. Pode ser disposto de várias formas (triangular, quadrangular, retangular, em quincôncio, em linhas múltiplas, em renque) na qual as plantas devem ser dispostas na área a determinada densidade. Normalmente, em seringais preferem-se os espaçamentos retangulares distribuídos em 7m x 3m, 8m x 2,5m ou 8m x 3m, dentre outros. Em plantios em renque ou em linhas múltiplas, são formados conjuntos de linhas de plantio próximas entre si (espaçamento 4 x 3m.) intercaladas por espaços maiores (12m por exemplo) onde as árvores são dispostas de modo divergente das linhas. São exemplos de tipos de disposição de plantio usados quando se deseja intercalar a seringueira com outras culturas perenes. O plantio em linhas múltiplas associa a vantagem de plantio adensado (alta produção por área) com a vantagem de plantio mais espaçado, resultando em bom crescimento e boa regeneração da casca. Esse sistema apresenta também a vantagem de diminuir a susceptibilidade aos danos causados pelo vento. Os espaçamentos de 7, 8 e 10 metros entre linhas ou outros, são sempre dispostos no sentido dos ventos dominantes, devendo a área total de plantio ser dividida em blocos de até 25 hectares, sendo cada bloco um sub-múltiplo inteiro da área total de plantio. ABERTURA DAS COVAS - Para a abertura das covas, deve ser feito primeiramente o sulcamento das linhas de plantio e em seguida a demarcação das mesmas. Toda a terra retirada das partes mais profundas da cova deverá ser posta de lado e não utilizada para reenchimento. A porção de


terra retirada da cova, incorporar a seguinte adubação: • 20 litros de esterco de curral bem curtido, quando disponível; • 30 g de P205, 30 g de K20 e, em solos deficientes, com teores de Zn inferiores a 0,6 mg/dm3, 5g de Zn. • A mistura desses adubos com a terra que vai ser usada no reenchimento da cova deveria ser o mais uniforme possível e feito, igualmente com alguma antecedência do plantio. As covas podem ser abertas manualmente nas áreas mais declivosas, ou mecanicamente, com o uso de perfuratriz (broca) em terrenos mais planos, nas dimensões de 40cm de largura por 50cm de profundidade. Caso a abertura das covas seja feita com brocas acopladas ao trator, evitar o espelhamento da parede da cova adaptando-se garras nas bordas da broca. PLANTIO - O plantio deve ser feito de preferência no início do período chuvoso, devendo-se considerar o tipo de muda. O período e o índice pluvial exercem papel importante no desenvolvimento da seringueira, mais pela distribuição do que pela quantidade de chuvas. Longos períodos de estiagem comprometem o desenvolvimento das plantas, principalmente das mais jovens, já que o seu sistema radicular, ainda não completamente formado, é incapaz de retirar água das camadas mais profundas do solo. 1. Muda de raiz nua O principal cuidado é evitar a formação de bolsões de ar na ponta da raiz pivotante ou ao longo desta, o que causaria a sua morte. Desse modo, a ponta da raiz deve estar bem apoiada no fundo da cova ou em um pequeno furo aberto com espeque no centro da cova. O enxerto deve ser voltado para o leste e, ao se reencher a cova, a terra deve ser socada em seu terço inferior, completando-se o reenchimento sem socar. 2. Muda de torrão em saco plástico Dois meses antes de efetuar o plantio os porta-enxertos são recepados. Após seleção das melhores mudas são transplantadas para o campo com até dois lançamentos foliares, de modo que o último lançamento encontre-se maduro. Para evitar o destorroamento e abalo da muda devese, primeiramente, retirar com um canivete o fundo do saco para depois colocá-la dentro da cova. Uma vez colocada e firmada a muda na cova, abre-se o saco lateralmente com o canivete e termina-se a sua retirada com cuidado. A seguir,

FOTOS: Divulgação IAC

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procede-se ao reenchimento da cova comprimindo-se com as mãos ou pés a terra ao redor da muda desde o fundo da cova até a superfície, para evitar a formação de bolsas de ar que podem comprometer o pegamento. Dependendo das condições do tempo, deve ser feita uma rega logo após o plantio. CULTURAS ASSOCIADAS AO CULTIVO DA SERINGUEIRA - A seringueira se comporta muito bem com culturas intercaladas. Apresenta um período juvenil que vai até seis ou sete anos. Atingindo a maturidade requer uma área útil de 21 a 25 m2/planta, em arranjos diversos, para que possa ve-getar e produzir economicamente. Sob tais condições pode ser feita a intercalação de culturas, com bons resultados, guardando-se sempre distância mínima de 1,5 a 2,0 m das linhas de seringueira. Dependendo da cultura consorciada, o espaçamento tradicional de 7,0 m entre linha e 3,0 m entre planta pode ser mudado para linhas duplas divergentes de 4,0 m x 3,0 m x 10 m. 1. Cultivos associados perenes A consorciação com culturas perenes tem sido feita com cacau, guaraná, pimenta-do-reino e café, com bons resultados na Amazônia, Litoral Paulista, Planalto Paulista e em Sarawak, na Malásia. Em Java, vários sistemas de consórcio entre cafeeiro e seringueira foram utilizados, mostrando-se mais rentável o “sistema avenida”, no qual a seringueira é disposta em fileiras e o cafeeiro ocupa as amplas faixas. Segundo Pereira (1992) nesse sistema a seringueira produz 30 a 50% a mais do que nas modalidades de plantio convencionais. A consorciação com cacau, praticado há muito tempo na Indonésia não é aconselhável no Brasil. A associação seringueira - cacau favorece o ataque de Phytophtora palmivora, o que torna conveniente estudar o controle desta doença nos dois cultivos. 2. Cultivos associados anuais Este sistema pode ser utilizado nos primeiros anos, deixando um metro livre de cada lado do sulco de plantio da seringueira. Como exemplo, pode-se citar a soja, milho, algodão, arroz de sequeiro, tomate, pimentão e mamão.


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ARTIGO

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ARRENDAMENTO RURAL: A QUEM OU O QUE A LEGISLAÇÃO VISA PROTEGER? Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ felipe@mtcadv.com.br - www.mtcadv.com.br ]

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s contratos de arrendamento rural são instrumentos importantíssimos para a produção agropecuária brasileira. Tais contratos, em resumo, viabilizam o acesso e a exploração da terra, ao mesmo tempo em que privilegiam a eficiência da atividade produtiva, na medida em que dispensam a fixação de ativos (como o imóvel, por exemplo). Tais contratos, portanto, são, não raro, o primeiro e principal passo para o desenvolvimento da atividade agropecuária. O arrendamento rural é regulado, majoritariamente, pela Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra – L4504) e pelo Decreto nº 59.566/66 (D59566). Em menor parte, há regras sobre arrendamento rural estabelecidas na Lei nº 4.947/66 (L4947). A parte essencial, todavia, consta dos dois primeiros diplomas mencionados acima. Apesar disso, é certo que todos eles foram concebidos sob circunstâncias econômicas e históricas distintas das dos dias atuais e, naturalmente, relativamente distantes da realidade do agronegócio brasileiro. Este fato, entretanto, não tornam inaproveitáveis as regras e os preceitos estipulados em cada um daqueles diplomas legais. Prova disso é que boa parte do conjunto de princípios jurídicos que baseia a L4504 e o D59566 ainda é largamente utilizado, nos dias de hoje, para a criação, interpretação e aplicação de regras contratuais, em geral. A função social do contrato e a função social da propriedade, por exemplo, são princípios marcantes na regulação do arrendamento rural e seguem influenciando toda a legislação contratual até os dias de hoje. Ambos, inclusive, estão relacionados ao princípio maior da solidariedade social – incluído como objetivo da República Federativa do Brasil, conforme art. 3º, I da Constituição Federal (CF). O erro, talvez, seja acreditar que princípios como estes estejam divorciados de aspectos econômicos – e, portanto, destinados apenas à distribuição, e não à eficiência. Influenciado pelas circunstancias de então, o legislador da década de 1960 produziu diplomas legais que presumiam a vulnerabilidade do arrendatário e o poder econômico do proprietário

da terra, de modo que, disto, resultou uma regulação, de certo modo, mais protetiva àquele que investe diretamente sobre a terra do que àquele que dela é proprietário. Não à toa, deferiu-se ao arrendatário o direito de preferência à aquisição do imóvel arrendado (art. 92, §3º e 4º, L4504), a impossibilidade de extinção do contrato antes do término da colheita (art. 95, II, L4504), prazos mínimos de vigência (art. 13, alínea “a”, D59566), o direito de preferência à renovação do arrendamento (art. 95, IV, L4504), regras específicas sobre o valor do arrendamento (arts. 16 e 17, D59566), entre outras disposições. Essas regras, todavia, não podem ser tomadas apenas sob o aspecto da distribuição. Se a intenção do legislador da década de 1960 era, de algum modo, promover a justiça distributiva entre proprietários e arrendatários nos contratos de arrendamento, as regras dela resultantes, hoje, fazem sentido quando analisadas sob outro aspecto: o da eficiência econômica. Considerando que princípios como a função social do contrato e a função social da propriedade não servem apenas para promover a distribuição, mas sim a eficiência, a conclusão inevitável é a de que princípios como estes devem, em conjunto, propiciar o aproveitamento máximo da terra, com a obtenção da maior produtividade e resultados possíveis ao menor custo ambiental, social e transacional – atribuindo direitos à parte que mais o valorizar. Os contratos de arrendamento rural servem à sociedade justamente porque são essenciais para o abastecimento. A regulação desses contratos, portanto, deve servir, prioritariamente, a essa finalidade. Desse modo, as normas protetivas ao arrendatário devem prevalecer ainda que, nesta qualidade, figure grandes corporações ou empresas com alto poder econômico, e não aquele agricultor vulnerável imaginado pelo legislador da década de 1960. A legislação atual, embora concebida sob circunstancias distintas, é ainda compatível com a eficiência exigida por contratos desta natureza.


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Aquaponia: produção integrada de peixes e vegetais com uso mínimo de água

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FOTO: Editora Attalea

consumo per capita de água em nível mundial e na América do Sul é estimado em 644 e 478 m³/ ha/ano, respectivamente. As atividades agrícolas consomem aproximadamente 69% da água disponível, fato que resulta em conflito com uso industrial e doméstico, sobretudo em regiões próximas a grandes centros urbanos. Neste contexto, são desejáveis sistemas de produção de alimentos que proporcionem otimização e economia de água, tais como a Aquaponia. Aquaponia é a produção combinada de peixes e vegetais hidropônicos em um sistema de recirculação de água. Os efluentes da aquicultura provêm a maior parte dos nutrientes necessários para as plantas desde que se mantenha uma relação ótima entre a quantidade diária de alimento oferecido para os peixes e a área de crescimento das plantas. Existem diversas configurações para a produção aquapônica. Em comum, todas dispõem de um compartimento para os peixes, outro onde ocorre a filtragem biológica e um terceiro onde são produzidos os vegetais hidropônicos. Em alguns sistemas é possível compartilhar a filtragem biológica com a produção de plantas no mesmo compartimento. A alimentação dos peixes tem como resíduo, entre outros, a amônia, que é tóxica para os peixes mesmo em baixas concentrações. As bactérias nitrificantes presentes no filtro biológico transformam a amônia em nitratos, de baixa toxicidade para os peixes e prontamente assimiláveis pelas plantas. De modo similar, outros nutrientes presentes na ração e que porventura não tenham sido utilizados pelos peixes, serão aproveitados pelas plantas. A aquaponia é praticada em muitas regiões do globo, em particular naquelas onde há escassez de água doce, como em certas regiões da Austrália e Caribe, ou em outras onde o clima exige o uso de técnicas de cultivo protegido (estufas) na maior parte do ano, como em latitudes elevadas da Europa e da América do Norte. No Brasil, em que pesem as condições naturais favoráveis, já são sentidos os efeitos da mudança do clima, com

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forte impacto na produção agrícola. Outro vetor importante é o fortalecimento da legislação ambiental, que, embora necessária, trás consigo entraves importantes para o aumento da produção. Para ambas as questões, a aquaponia pode trazer respostas importantes para a sociedade. A empresa Recolast (www.recolast.com.br) está na vanguarda do processo de aquaponia no Brasil. Lançou o “Sistema Aquaponia Recolast”, que é composto por dois tanques (interno e externo), onde no tanque interno (30m3) ficam estocados os peixes e o tanque externo (10m3) o filtro rizosférico e as hortaliças. VANTAGENS DA AQUAPONIA a) - Produção de peixes e hortaliças sem geração de efluentes poluentes a serem descartados; b) - Economia de água. Estima-se que a aquaponia utilize um décimo da água necessária para a produção de peixes e vegetais quando comparada aos cultivos tradicionais; c) - Associa os benefícios do cultivo hidropônico de plantas (precocidade, padronização de produto, ergonomia no trabalho, maior qualidade sanitária, redução no uso de defensivos, menor custo de produção, utilização de áreas impróprias para cultivo em solo); d) - Produção intensiva por unidade de área; e) - Tecnologia biosegura: baixíssima probabilidade de escape de peixes ou de patógenos para ambientes aquáticos naturais; f) - Melhoria do fluxo de caixa ao integrar a produção de vegetais à aquicultura.

SERVIÇOS

Estande da Recolast durante a 21ª AGRISHOW, em Ribeirão Preto (SP)

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POLO REGIONAL CENTRO LESTE - RIBEIRÃO PRETO (SP) Tel. (16) 3637-1849 - Av. Bandeirantes, 2419, Ribeirão Preto (SP) SITE: www.aptaregional.sp.gov.br


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