Edição nº 92 junho 2014

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EDITORIAL

Fim do primeiro ciclo de 2014 DESTAQUE:

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Em parceria com Syngenta, Fertec, Biocross e Agronelli, a revenda Casa das Sementes realizou um Dia de Campo na propriedade do cafeicultor Toninho David, em Franca (SP). Cerca de 50 cafeicultores da região participaram do evento. Destaque para o sistema adotado pelo cafeicultor de manejo da braquiária na entrelinha do café, aliado a um bom tratamento fitossanitário, da utilização de fertilizantes minerais via solo e também de foliares.

EVENTOS

LEITE

IN-62 novos parâmetros a partir de 1º de julho

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Para as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a Contagem de Células Somáticas (CCS) deverá ser no máximo de 500 mil CS/ml. Pequenos e médios produtores de leite não conseguiram se adequar.

HORTITEC atinge R$ 100 milhões em negócios

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A maior e mais importante mostra da horticultura brasileira superou as expectativas mais otimistas ao reunir 410 empresas expositoras e receber mais de 27 mil visitantes em três dias de feira.

CAFÉ

Onde e como controlar a Phoma em cafezais

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Artigo do Procafé orienta cafeicultores sobre a importância da amostragem para indicar o nível de ataque e, assim, indicar qual o momento e o local correto de iniciar o controle químico.

Como melhorar o controle químico de plantas daninhas

CAFÉ

ncerrando o primeiro semestre de participação e visitação nas grandes feiras, a equipe da Revista Attalea Agronegócios tem muito que agradecer o apoio das empresas organizadoras da 21ª AGRISHOW (Ribeirão Preto/SP), da 21ª HORTITEC (Holambra/SP), da 45ª EXPOAGRO (Franca/SP) e da 17ª EXPOCAFÉ (Três Pontas/MG). A parceria foi frutífera para todos e temos plena certeza de que no próximo ano faremos uma cobertura maior, de um maior número de empresas participantes. Retratamos nesta edição os resultados da HORTITEC, EXPOCAFÉ e EXPOAGRO. Destaque para a consolidação da HORTITEC como uma das melhores feiras do setor de hortaliças, frutas e flores das Américas. Destaque também para o Recorde Mundial de produção de leite de uma novilha durante o Torneio Leiteiro da Raça Girolando. Apresentamos ainda artigo interessante com orientações sobre o cultivo de cenoura. Destacamos ainda a situação atual da atividade leiteira das regiões da Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste Mineiro e a dificuldade de pequenos e médios produtores de leite em cumprir o que preconiza a da Instrução Normativa-62 já para o próximo mês de julho. Entre os eventos, destaque para a inauguração da nova filial da Bolsa Agronegócios, na cidade de Ibiraci (MG), nas dependências da COCAPIL - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Ibiraci. Aproveitamos para parabenizar os empresários Allan de Menezes Lima e Sheila Lima pela garra e pelo espírito empreendedor em criar também mais um braço no Grupo Bolsa: a Bolsa Máquinas. Quem ganha são os agricultores da Alta Mogiana e Sudoeste Mineiro. Destacamos também a realização do Dia de Campo da Casa das Sementes. Evento este realizado na propriedade do cafeicultor Toninho David, envolvendo grandes empresas do setor: como a Syngenta, a Fertec, a Biocross e a Agronelli. Já o Bureau de Inteligência do Café apresenta a atual situação do cadeia produtiva do café no Brasil e no Mundo. Boa Leitura a todos!

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Artigo do pesquisador Renato Passos Brandão, do Grupo Bio Soja, que orienta o cafeicultor a otimizar os seus investimentos e aumentar a rentabilidade da atividade cafeeira.

Frangos: planejamento e local de produção

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Dia de Campo da Casa das Sementes reúne várias empresas

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Antes de iniciar uma criação de frangos, deve-se planejar o sistema de produção a ser adotado, o programa de utilização da granja, a localização e a construção da granja, além de outros itens.


EXPOCAFÉ

Momento político e econômico, além da seca e da colheita, refletem na 17ª EXPOCAFÉ

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EXPOCAFÉ, considerado o maior evento de agronegócio café no Brasil, terminou com um saldo positivo, de acordo com a assessoria de imprensa da feira. De acordo com estimativa de fechamento divulgada, o incremento foi de 10% de público e de negócios, em comparação à edição do ano passado. Foram 22 mil visitantes nos três dias de evento e R$ 215 milhões de negócios. A equipe da Revista Attalea Agronegócios participou mais uma vez do evento realizado em Três Pontas (MG) e entrevistou vários expositores, além de empresários e cafeicultores visitantes durante os três dias. A feira continua bonita, bem distribuída, demonstrando o potencial da cadeia produtiva da cafeicultura brasileira. Mas, com exceção da tarde do segundo dia de feira, onde a recebeu um grande público visitante, sentimos falta da visitação observada em anos anteriores. Talvez pelo momento econômico e político que o país passa e também o momento de impacto sofrido pelos cafeicultores em virtude das variações climáticas dos últimos meses. Sentimos falta também de tradicionais empresas do setor que sempre participaram da EXPOCAFÉ e este ano

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não estavam. Alguns alegaram que “o ano não está para feira”, já outros culparam os custos elevados do metro quadrado e montagem adotados pela organização. No geral, a EXPOCAFÉ 2014 contou com uma área total de 25 mil metros quadrados, 140 expositores e mais de 300 produtos. “Este ano passamos de apoiadores para


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realizadores da 17ª edição da EXPOCAFÉ. Ficamos honrados com este desafio. Recebemos muitos retornos positivos de expositores que manifestaram a satisfação de terem participado desta edição e já confirmaram a presença para o próximo ano”, comemora Francisco Miranda, presidente da COCATREL - Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas. Uma das novidades que chamaram a atenção dos produtores foi a máquina Safra Zero da empresa TDI, de Araguari (MG), com filial em Três Pontas (MG). A máquina faz três funções de uma só vez: decotamento, esqueletamento e colheita. Desenvolvida por um produtor rural da região, a novidade custa R$ 620 mil. De acordo com Alzair Pontes, representante da TDI, a cada cinco pessoas que visitaram o estande, quatro pediram para conhecer a Safra Zero. “Vamos fechar a feira com uma lista de oito pessoas que manifestaram interesse em fechar negócio conosco”, comemora o expositor que participa da EXPOCAFÉ desde a primeira edição. MECANIZAR É BARATEAR CUSTOS - Mesmo enfrentando alguns percalços, a EXPOCAFÉ cumpriu a sua proposta, atraindo produtores de várias partes do país. Do Sul de Minas, vários cafeicultores visitaram a feira em busca de novidades e mais tecnologia para ajudar no trabalho no campo. Os produtores afirmaram categoricamente que a mecanização tem sido a única saída para enfrentar a falta e os custos com a mão de obra. “As máquinas auxiliam diminuindo a mão de obra. Às vezes você vai colher o café e precisa de 30 a 40 pessoas. Aí você entra com uma colheitadeira como essas, que faz o trabalho de mais de 50 pessoas. O ‘grosso’ ela faz todo, às vezes você precisa de gente só para fazer o repasse”, diz o produtor Carlos Fonseca, de Três Corações (MG). Sêo Nilton Andrade, de Jacutinga (MG), foi até a feira em busca de um novo classificador de café. Conseguiu o que

queria e já fez o pedido para que o equipamento seja entregue em sua fazenda. “A tecnologia de ponta está aqui e ela auxilia principalmente na mão de obra, além da manutenção da qualidade do café. Hoje é impossível tocar uma cafeicultura moderna com a qualidade que o mercado quer, sem essa tecnologia”, diz Seu Nilton. Mesmo que não seja para a compra à vista, muitos produtores visitaram os estandes já estudando os investimentos que farão no furuto. Seu José Benjamin Paes Rabelo, que possui um sítio com 35 hectares de área plantada em Areado (MG), viajou até a Três Pontas para estudar a compra de uma colheitadeira até o ano que vem. “Nossa previsão é comprar uma máquina dessas até o ano que vem. E a gente tem amigos próximos que podemos ajudar a usufruir da máquina, espero que dê tudo certo”, disse o produtor José Benjamin Paes Rabelo. O produtor Guilherme Vilela Miranda é um típico homem do café. Vindo de uma família que há três gerações vive do cultivo do grão, ele está entre os maiores produtores de Três Pontas (MG). Miranda visitou a feira para conferir as novidades do setor. O produtor se orgulha de ter começado o processo de mecanização em sua fazenda há 20 anos e agora está com quase 100% dos trabalhos automatizados. “Ao longo dos anos fui mudando todo o perfil das lavouras. Hoje tenho 97% das lavouras mecanizadas, estou me aproximando dos 100%, foi uma forma que encontrei de baratear o custo do café”, diz o produtor. Discreto, Guilherme Miranda prefere não revelar números, mas hoje cultiva uma área equivalente a mil hectares, com cerca de três milhões de pés plantados. Ele vê na tecnologia, uma grande aliada para os desafios que os produtores precisam enfrentar no campo. “Nós viemos de uma época arcaica, até os anos 1970. Hoje você já tem


EXPOCAFÉ tecnologia para fazer toda a colheita, o processamento e a cada dia isso vai aumentar mais. Principalmente agora que o foco é aquele café que fica no chão, para você levantar esse café e aproveitar ao máximo a produção. O processo de mecanização aconteceu no mundo inteiro, começando na Europa e Estados Unidos e hoje nós estamos indo no mesmo sentido”, explica Miranda. Segundo ele, a solução é racionalizar a produção, investir muito em qualidade de grãos, por que você tem mercado para o café de qualidade, que o Brasil infelizmente nunca ligou. “O café melhorou um pouco, mas foi justamente por causa de um problema, que foi a seca. O que está acon-

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tecendo é que a cada dia tem ficado mais cara a produção e se você não tem a produtividade, que foi o que aconteceu com a falta de água, você vai ter um custo mais elevado. O grande produtor também sofre, quanto mais você produz, mais prejuízo vai ter. A solução é racionalizar a produção, investir muito em qualidade de grãos, por que você tem mercado para o café de qualidade, que o Brasil infelizmente nunca ligou”, diz Guilherme. (Fonte: Adaptado do Portal do Agronegócio, Café Editora e Portal G1)


NOTÍCIAS

Bioreguladores minimizam efeito do estresse

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uando a planta é afetada por algum estresse, acaba utilizando grande parte da energia, refletindo na redução do crescimento, desenvolvimento e produção. O uso do Stimulate® na cultura da soja, produto consolidado no mercado pela Stoller, foi utilizado no estudo e contribuiu de forma significativa para reduzir em mais de 20% as perdas de produção em ambientes com deficiência hídrica. Tal efeito se dá por uma influência positiva no processo fotossintético. O principal processo afetado é a fotossíntese. Durante o estudo notou-se que as plantas tratadas com Stimulate® apresentaram aumento de 34% no potencial fotossintético e 35% na atividade da enzima Rubisco, a qual participa desse importante processo para as plantas. , foi comprovado que a utilização do bioregulador proporcionou um efeito positivo nas taxas fotossintéticas em plantas submetidas a estresse. INF: www.stoller.com.br

Ran Maidan é nomeado CEO da Netafim

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Netafim, empresa pioneira e líder mundial em soluções de irrigação por gotejamento, comunica ao mercado a nomeação do CEO Ran Maidan. O executivo israelense cursou bacharelado em Contabilidade e Economia e MBA em Finanças, ambos pela Universidade de Bar-Ilan (Israel). Ele irá substituir Igal Aisenberg, que anunciou a aposentadoria após uma carreira de 25 anos na empresa. “É uma grande honra me tornar CEO da Netafim, estou ansioso para trabalhar em colaboração com os outros líderes e com os colaboradores dedicados da empresa para fortalecer nosso posicionamento como líder mundial em soluções avançadas de irrigação”, diz Maidan. Ran Maidan atuou como CFO da Makhteshim Agan – na qual conseguiu dobrar a receita nas regiões da Ásia, Pacífico e África. INF: www.netafim.com.br

Yara apresenta soluções para citricultura

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Estado de São Paulo é o principal produtor de citros do Brasil, sendo responsável por mais de 80% da colheita deste segmento agrícola no país. Visando beneficiar o produtor destas culturas, a Yara Fertilizantes apresentou na 40º Expocitros, que ocorreu no início de junho em Cordeirópolis (SP), soluções em nutrição para as culturas cítricas. O evento integrou a 36ª Semana da Citricultura e as comemorações do 45º Dia do Citricultor. “A fertilização de culturas como a laranja, limão e tangerina com pacote nutricional Yara traz benefícios diretos ao produtor e ao consumidor, como um fruto mais vigoroso e um suco das frutas mais saboroso”, conta Vladimir Silvano, gerente Comercial de Piracicaba da Yara Fertilizantes. A empresa apresentou dois produtos da linha YaraLiva, o Calcinit®, voltado à fertirrigação, e o Nitrabor®, com aplicação via solo. “Os fertilizantes da linha YaraLiva trazem nitrogênio nítrico, cálcio e boro altamente solúveis, utilizados no período de pré-florada, que ocorre de junho a setembro. Os nutrientes, quando supridos adequadamente, trazem um maior crescimento dos pomares, seja no florescimento ou na frutificação”, declara Gil Simões, especialista agronômico da Yara Fertilizantes. A Yara Fertilizantes também apresenta na Expocitros o produto YaraMila® 19.04.19, uma combinação de NPK no mesmo grânulo, que aumenta a qualidade e a produtividade da cultura cítrica. “A perda de nitrogênio por volatilização é um dos pontos críticos da queda de produtividade na citricultura. O YaraMila® traz o elemento nas formas nítrica e amoniacal, reduzindo as perdas por volatilização e permitindo maior eficiência de uso dos nutrientes e precisão na nutrição destas plantas”, destaca Simões. INF: www.yarabrasil.com.br

contatos ROGÉRIO P. RODRIGUES ALVES (rogerio.ampla@hotmail.com) Pecuarista de Corte- Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. RENATA CHIERATTI (renata.chieratti@boxnet.com.br) Agência - São Paulo (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. ITAMAR CÂNDIDO PIMENTA (helen_pimenta17@hotmail.com) Pecuarista de Leite - Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. SEBASTIÃO HOMERO VIEIRA (homero.vieira@emater.mg.gov.br) Engº Agrônomo - Alfenas (MG). “Gostaria de solicitar a alteração de endereço para eu poder continuar recebendo a Revista Attalea Agronegócios”. DOMICIO FAUSTINO SOUZA (imprensa@coopeavi.coop.br) Analista de Comunicação - Santa Maria de Jetibá (ES). “Estive na HORTITEC e visitei o Estande da Revista Attalea Agronegócios. Gostaria de continuar a recebê-la. ANTÔNIO NETO DE AVELAR (antonio.avelar@pmi.mg.gov.br) Secretário de Agricultura - Itabirito (MG). ““Estive na AGRISHOW e visitei o Estande da Revista Attalea Agronegócios. Gostaria de continuar a recebê-la. FELIPE DAVID OLIVEIRA LEMOS (felipe_dol@yahoo.com.br) Engº Agrônomo - Cássia (MG). “Sou consultor técnico e gerencial em cafeicultura pelo Sebrae e Cooparaíso. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MÁRIO NAKANO NETO (mario.nakano@sprayscan.com.br) Engº Agrônomo - Guará (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”. PLAUCIUS SEIXAS (plaucius.seixas@bayer.com) Gerente Clientes Cana - Ribeirão Preto (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

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LEITE

Em julho começa a valer os novos parâmetros de Controle de Qualidade do Leite da IN-62

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om a proposta de mudar a forma de se produzir o leite no Brasil, através da melhoria da qualidade e garantia de consumo de produtos lácteos mais seguros, nutritivos e saborosos, além de proporcionar condições para aumentar o rendimento dos produtores, foi instituído o PNQL - Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite. Em 2002, o MAPA - Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou a Instrução Normativa 51 (IN-51). Entre outras determinações, a normativa preconizava prazos subsequentes para a melhoria progressiva dos parâmetros de Contagem Padrão em Placas e de Contagem de Células Somáticas na bebida. Porém, com a detecção da dificuldade de grande parcela dos produtores brasileiros em adequar-se ao exigido na legislação, foi instituída em 2011 a Instrução Normativa 62 (IN-62), que prorrogou as datas limite da mudança nos parâmetros de qualidade. De janeiro de 2012 a 30 de junho de 2014, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (Quadro 1), a IN 62 preconizou máximo de 600.000 células somáticas (CS) e unidades formadoras de colônia por ml (UFC/ml), no produto. A partir de 1º de julho de 2014, para estas mesmas regiões, este parâmetro ficará mais apertado. Isso porque a exigência para contagem padrão em placas cairá para 300.000 UFC/ml e a contagem de células somáticas deverá ser, no máximo, de 500.000 CS/ ml. As regiões norte e nordeste têm um prazo um pouco maior para se adequar: até o final de junho de 2015. As recomendações técnicas para que os produtores de leite consigam obter leite abaixo desses limites são, principalmente: a higiene de ordenha, a rápida refrigeração do leite a 4° C e o controle de mastite. Quadro 1 - Novo cronograma instituído pela IN 62/2011 para a redução dos parâmetros de qualidade do leite, entre eles Contagem de Bactérias Totais CBT e Contagem de Células Somáticas CCS.

FONTE: Rafael Linhares - Famato

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Os produtores precisam estar com essas medidas estabelecidas e em constante aperfeiçoamento, já que o rigor não para por aí. A partir de 2016, para regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e depois de 2017, para regiões norte e nordeste, os valores máximos de CS/ml e de UFC/ml deverão ser, respectivamente, de 400.000 e 100.000. A contagem padrão em placas é um indicativo da contaminação microbiana do leite. Já a contagem de células somáticas demonstra a inflamação da glândula mamária. A análise de ambos os parâmetros são importantes na oferta de um produto de qualidade e seguro para o consumidor final, além de determinante na destinação do leite dentro da indústria. SITUAÇÃO ATUAL - Nossa equipe de reportagem visitou várias propriedades rurais nos últimos quatro meses, como forma de acompanhar a produção de leite na região e também o cumprimento da legislação federal. O que podemos dizer, depois de tudo que vimos, é que acostumados a deixar “tudo para a última hora” -, poucos serão os produtores de leite da Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste Mineiro que conseguirão cumprir o que determina a IN-62. Muitos poderão questionar que com a publicação da IN-62, que alterou a IN-51, houve tempo suficiente para que os produtores de leite pudessem se adequar aos novos parâmetros de qualidade. Porém, poucos foram os investimentos da iniciativa privada (laticínios) e dos governos federal e estaduais principalmente em capacitação técnica em campo. O que se observa hoje, na grande maioria das propriedades produtoras de leite da região da Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste Mineiro, é um produto ainda com uma CBT e uma CCS muito superior ao preconizado em janeiro de 2012, o que compromete sobremaneira o trabalho dos próprios laticínios na utilização de produtos químicos para controlar contaminação dos consumidores por bactérias.


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Sem extensão rural, pequenos e médios produtores de leite não conseguirão cumprir a IN-62

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Vânia Mirele Ferrera Carrijo 1

e acordo com o Anualpec (2013), o Brasil possui o 2º maior rebanho bovino do mundo, contando com mais de 193 milhões de cabeças, sendo o 6º maior produtor mundial de leite e 3º maior produtor mundial de queijo. Deixou de ser importador de lácteos para se tornar autosuficiente, suprindo a demanda interna. A perspectiva é de que a produção mundial de leite possa crescer de 1% a 2% ao ano, enquanto a expectativa é que a nacional aumente em torno de 4%. Mais da metade do leite consumido no País (cerca de 56%) é produzida em propriedades cujo trabalho provém da Agricultura Familiar. Notadamente, todo leite produzido no Brasil deve ser submetido a rigorosos padrões de qualidade, tendo em vista o aumento no consumo interno do produto in natura e seus derivados. Para que os produtores de leite se adequem aos padrões de qualidade considerados mínimos, a Instrução Normativa (IN) nº 62 que entrou em vigor em 1° de Janeiro de 2012, veio substituir a IN nº 51, alterando normas de produção e qualidade, objetivando principalmente o aumento nos prazos para adequação aos novos limites máximos permitidos

AUTORA

1 - Médica Veterinária, Mestranda em Produção Animal Sustentável, pelo IZ - Instituto de Zootecnia de Nova Odessa (SP). vaniaveterinaria@hotmail.com

da CCS (Contagem de Células Somáticas) e CBT (Contagem Bacteriana Total). O laticínio define o preço pago ao produtor, pois de acordo com a IN os aspectos relacionados à remuneração baseada na qualidade do leite, devem ser estabelecidos mediante acordo setorial específico. A nova legislação, estabelece ainda, o controle sanitário das principais zoonoses - doenças transmitidas ao homem através do leite - que são: Tuberculose, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis e a Brucelose, causada pela bactéria Brucella abortus. Relata a obrigatoriedade da realização de análises para pesquisa de antibióticos no leite e de resíduos inibidores. Para que se faça cumprir essas exigências, é necessário um trabalho árduo de extensão rural aliado à assistência técnica especializada e ao cooperativismo, que é uma opção menos onerosa, visto que a maior parte do leite produzido no Brasil provém da Agricultura Familiar. O aperfeiçoamento tecnológico conduz à melhoria da qualidade do produto através da capacitação. Consequentemente a melhoria da qualidade, reduz os custos de produção fazendo com que a atividade se torne sustentável. A maioria dos produtores de leite (pequenos e médios), não apresentam resultados dentro dos padrões estabelecidos simplesmente por desconhecerem sobre o assunto e por não saberem como proceder para produzir leite com qualidade. A capacitação para os produtores deve envolver a higiene de ordenha, controle e prevenção de mastite clínica e subclínica, CCS e CBT além do controle sanitário do rebanho. Medidas práticas e eficientes devem ser repassadas para que ocorra a redução da CCS e da CBT. Fazer uso apropriado de antibióticos para vacas secas e realizar o descarte do leite com a separação de vacas portadoras de mastite clínica se faz necessário. Os grandes produtores se destacam pelo volume de produção conjugado à tecnificação, e possuindo um poder aquisitivo maior, contratam assistência técnica especializada. Dificilmente deixariam de cumprir a legislação. Sem o incentivo para a extensão rural principalmente dos Órgãos Públicos Federais, esta IN será novamente substituída e o pequeno e talvez o médio produtor não conseguirá cumprir as suas exigências. Ainda há muito o que se fazer: é plantar para colher, ou melhor, é “capacitar” para “produzir”, em quantidade e com qualidade!


HORTALIÇAS EVENTOS LEITE AGRISHOW LEITE

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Erros comuns na sala de ordenha que podem ser evitados para manter baixa a contagem total de células somáticas (CCS) Jeffrey Bewley 1

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anter a baixa a contatem de células somáticas no tanque de expansão é sempre uma boa estratégia no manejo leiteiro. Baixa contagem de células somáticas está associada ao melhoramento da qualidade do leite, aumento do tempo de prateleira e rendimento do leite para a produção de queijo, além disso, aumenta a produção de leiteira e reduz o custo com assistência veterinária e medicamentos. Mudanças recentes no mercado têm levado os compradores de leite a enfatizar a diminuição da contagem de células somáticas em tanques de expansão nas fazendas. Como resultado, alguns produtores de leite têm reorientado esforços para abaixar a CCS. Frequentemente, as razões para altos valores na contagem de células somáticas podem ser encontradas na sala de ordenha. A seguir, são citados os principais erros comuns na sala de ordenha que você pode evitar para manter a baixa contagem total de células somáticas:

1 - LEITE SUJO OU TETOS MOLHADOS A higiene precária resulta no aumento da incidência de mastite e alta contagem de células somáticas. A primeira etapa para produzir com tetos limpos e secos é sempre manter os animais o mais limpos possível antes de entrarem na sala de ordenha. Vacas limpas são menos expostas a bactérias ambientais causadoras de mastite, e são mais fáceis de limpar antes da ordenha. Se a necessidade de limpeza atingir uma alta percentagem de animais, talvez seja preciso reconsiderar como os pastos ou galpões de confinamento estão sendo manejados para promover a higiene dos animais. Sujeira, fezes ou detritos podem, frequentemente, ser removidos com a mão ou toalha sem o uso de água. Quando as vacas estão excessivamente sujas, o uso da água é feito para limpar os tetos. Entretanto, essa prática deve ser a exceção, não a regra. O uso de água no processo de ordenha deve ser mantido no mínimo possível. Se água for usada, certifique-se de que apenas o teto deve ser molhado, não o úbere inteiro. É quase impossível secar o úbere e essa água acaba escorrendo para dentro dos esfíncteres ou para as teteiras no processo de ordenha, carreando sujidades. Geralmente, o uso de água na sala de ordenha resulta no aumento da incidência de mastite e níveis de bactéria no leite. Todos os tetos devem ser minuciosamente secos com uma toalha absorvente ou papel toalha. Nunca use a mesma toalha em

AUTOR

1 - Do Serviço de Extensão Cooperativo da Universidade de Kentucky, EUA, College of Agriculture. Tradução e adaptação de André Azevedo, da Equipe da Universisade do Leite. www.universidadedoleite.com.br

duas vacas. Todos os detritos, fezes e/ou resíduos de pré-deeping nos tetos devem ser removidos durante a secagem, usando movimento de torção suave. Durante o processo de secagem, tenha especial atenção para certificar-se de que os tetos estão ficando secos e limpos. Se os tetos não forem adequadamente secos, a água contaminada por bactérias causadoras de mastite pode entrar no esfíncter aberto dos tetos durante a ordenha e expor o animal a essas bactérias. 2 - MÁ APLICAÇÃO DE PRÉ OU PÓS-DIPPING Pré e pós-dipping são duas estratégias de manejo contra a mastite “testados e aprovados”. Infelizmente, descuidos na sala de ordenha frequentemente resultam na má aplicação do pré e/ou pós-dipping. Pré-dipping com solução sanitizante elimina bactérias nos tetos e ajuda no controle dos patógenos ambientais causadores da mastite. O pré-dipping deve permanecer nos tetos ao menos 30 segundos antes da secagem. Assim que as teteiras são removidas, os tetos devem ser submersos no pós-dipping, que tem demonstrado ser um efetivo germicida. Um pósdipping efetivo mata bactérias nos tetos, previne que microrganismos colonizem o interior do canal dos tetos e reduz a taxa de novas infecções contagiosas por bactérias causadoras de mastite. Tanto no pré como no pós-dipping, ao menos ¾ dos tetos devem ser submersos na solução. Os canecos para aplicação devem ser mantidos limpos. Alguns produtores escolhem sprays a canecos


LEITE de aplicação. Embora seja possível cobrir os tetos adequadamente com spray, essa prática é muitas vezes inadequada. Uma boa maneira de testar a eficiência dos dippings é enrolar o papel toalha ao redor dos tetos depois da imersão. O objetivo é ver que todo o papel toalha que tocou o teto fica molhado, indicando que o teto foi completamente coberto. Com spray, o papel toalha não ficará completamente molhado, pois o lado oposto à aplicação do spray não foi atingido. 3 - TEMPO DE ESTIMULAÇÃO DO TETO DEMASIADAMENTE LONGO OU EXCESSIVAMENTE CURTO PELO ORDENHADOR - Ordenhadores, cedo ou tarde podem submeter os animais a tempo excessivo na ordenha, reduzindo a produção leiteira. O tempo de atuação da teteira é uma etapa crítica na boa produção leiteira. A Ocitocina, que causa a decida do leite, atinge o pico de sua produção nos 60 segundos após a estimulação. Portanto, as teteiras devem ser colocadas dentro de 1 a 1,5 minutos depois do estímulo. Coordenar a ordenhadeira com o tempo de decida do leite ajuda a garantir que os ordenadores enquadrem o tempo de quando a decida do leite é mais intensa. 4 - CONTÁGIO DE MASTITE POR MÃOS CONTAMINADAS - Agentes causadores da mastite, como a bactéria Staph. aureus podem viver nas mãos e serem transmitidas entre as vacas durante a ordenha. No mínimo, as mãos devem passar por uma limpeza com sabão e água antes da ordenha. Idealmente, luvas de látex podem ser utilizadas durante a ordenha, isso porque as bactérias aderem menos a luvas do que na pele. Luvas minimizam a propagação dos contágios da mastite entre as vacas durante o processo de ordenha e ajudam a proteger a pele dos ordenadores. Luvas também são mais fáceis de desinfetar que as mãos. Se as luvas são usadas ou não, as mãos devem ser lavadas periodicamente ao longo do processo de ordenha. 5 - FORÇA DO VÁCUO NA ORDENHA - Cuidados devem ser tomados para evitar força excessiva de vácuo durante a ordenha, que pode causar aumento da incidência de injúrias nos tetos. Tetos danificados são mais susceptíveis a

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mastite. Quando a retirada automática da teteira é utilizada, devem-se ajustar as opões do conjunto a fim de garantir que não fique tempo demais ordenhando. Adicionalmente, é importante que o ordenhador nunca tire a teteira antes que esta se desprenda automaticamente. O processo de desgaste das máquinas, ou conjunto de ordenha, deve ser evitado. Desde que as vacas sejam devidamente estimuladas e o conjunto de ordenha esteja regulado para o bom funcionamento, não haverá excesso de leite residual no úbere dos animais, e assim não haverá disponibilidade de substrato para cultivar microrganismos indesejáveis no intervalo entre ordenhas. As perdas potenciais de uma ordenhadeira mal regulada superam quaisquer aspectos benéficos. 6 - OUTRAS DICAS IMPORTANTES • Lavar os equipamentos e utensílios após cada ordenha com água aquecida, usando os detergentes de acordo com o manual do fabricante dos mesmos; • Trocar borrachas e mangueiras do equipamento de ordenha na frequência recomendada pelo fabricante ou quando ocorrerem rachaduras; • Lavar os tanques de refrigeração, usando água aquecida e detergentes adequados cada vez que o leite for recolhido pelo transportador.


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21ª HORTITEC atinge R$ 100 milhões em negócios e recebe mais de 27 mil visitantes

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ais de 27 mil pessoas de todas as regiões do Brasil e de diversas parte do mundo marcaram presença na 21ª edição da HORTITEC - Exposição Técnica de Horticultura Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, que aconteceu no pavilhão da Expoflora, em Holambra, de 28 a 30 de maio. A maior e mais importante mostra da horticultura brasileira superou as expectativas mais otimistas ao reunir também 410 empresas expositoras. A Revista Attalea Agronegócios esteve presente com estande próprio e recebeu inúmeros visitantes. O diferencial da HORTITEC esteve, mais uma vez, no

nível técnico do público que a visitou. Isto porque grande parte dos convites foi distribuída pelos próprios expositores aos seus clientes atuais e potenciais. Como somente visita o evento quem tem real interesse no setor, a HORTITEC tornou-se um evento indispensável para produtores rurais e profissionais de agribusiness interessados em conhecer as tendências do mercado de flores, frutas, hortaliças e florestais, trocar experiências, participar de capacitação técnica, fazer e programar negócios a curto, médio e longo prazos. O volume de negócios chegou aos R$ 100 milhões previstos. Com este seleto público e a grande presença de profissionais e empresas estrangeiras, de diversas partes do mundo, a edição 2014 consolidou a HORTITEC como um evento internacional, maior e mais importante da América Latina. Estufas, telas, ferramentas, embalagens, vasos, defensivos, fertilizantes, irrigação, sementes, mudas, bulbos, substratos, climatização, biotecnologia, assessoria técnica e em comércio exterior, literatura e produtos importados estão entre os itens expostos aos visitantes. Como em 2014, devido a Copa do Mundo da FIFA, a HORTITEC foi antecipada para maio, em 2015 a mostra hortifrutícola volta ao mês original e acontece de 17 a 19 de junho, também no Pavilhão da Expoflora.


HORTITEC ARYSTA DESTACA LINHA PASSAPORTE VERDE - Apresentar soluções que ofereçam mais produtividade e rentabilidade, em consonância ao meio ambiente, foi a proposta da Arysta LifeScience na HORTITEC. Com propostas sustentáveis ao produtor, a Arysta destacou sua Linha Passaporte Verde, composta por fungicidas, acaricidas, inseticidas e nematicidas, todos os produtos orgânicos e biológicos, além do conceito Pronutiva, composto por soluções que aliam nutrição e proteção vegetal. O fungicida Kaligreen®, primeiro produto da Linha Passaporte Verde a chegar ao mercado brasileiro e produzido com base no ingrediente ativo de bicarbonato de potássio, alia os melhores resultados, no controle de Oídio, com a preocupação ambiental. Também é importante ressaltar sua alta seletividade, zero resíduo, e mesma eficiência dos produtos convencionais. BASF LANÇOU LINHA DE FERTILIZANTES - Com o obje-

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tivo de expandir o portfólio de soluções para o agricultor, a Unidade de Proteção de Cultivos da BASF apresentou na HORTITEC 2014 sua linha de fertilizantes Librel. Sob os nomes Librel Magnésio®, Librel Zinco®, Librel Cobre®, Librel Manganês®, Librel Mix AL®, Librel Cálcio® e Librel FeLo®, a linha é voltada para o segmento hortfifruti e é dirigida às culturas de tomate, batata, uva, maçã, melão, cebola, alho e folhosas como alface, escarola, rúcula, agrião, entre outras. Todos os fertilizantes Librel são formulados a partir de microgrânulos dispersíveis em água para aplicação foliar ou fertirrigação. Além disso são 100% quelatizados com EDTA. Entre os benefícios estão o aumento da produção, qualidade do produto final, equilíbrio nutricional da planta, eficiência em ampla faixa de Ph, alta estabilidade em soluções nutritivas e maior resistência ao stress da planta. Outro destaque fica por conta do Sistema


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AgCelence HF. O sistema, desenvolvido totalmente no Brasil, proporciona ao agricultor qualidade e integridade aos produtos finais, além de alta produtividade, caraterísticas importantes para elevar a competitividade do agricultor nesse mercado. Para as culturas de tomate e batata, o sistema integra a aplicação sequencial dos fungicidas Cantus® e Cabrio Top®. Já na cultura de uva, os fungicidas Collis® e Cabrio Top® são empregados em diferentes etapas no manejo do cultivo. Esse modelo permite o maior teor de graus brix que torna a fruta mais doce e palatável. Para o controle de pragas, a BASF apresenta na feira os inseticidas Pirate® e o Regent Duo®. O primeiro é registrado para atender aos cultivos de tomate, cebola, batata, couve, alho, crisântemo, mamão e maracujá. O produto age sob diferentes ácaros e insetos por meio de ingestão e contato, permitindo assim alta eficácia com amplo espectro de ação. Já o segundo é voltado para a cultura de batata. Em sua composição há dois ingredientes ativos: o Fipronil e a Alfaipermetrina, que permitem efeito de choque e residual e controle efetivo para a larva alfinete, principal praga subterrânea que atinge o tubérculo. SAKATA APRESENTA NOVAS VARIEDADES DE HORTALIÇAS - A Sakata Seed Sudamerica, pioneira no

desenvolvimento de cultivares com genética nacional, adaptadas especialmente para o clima tropical do País, levou para a HORTITEC oito novas variedades de hortaliças: dois tomates (Valerin e Santy), três pimentões (Marli R, Beti R e Cida R), uma abobrinha (Alanis) e dois pepinos (Compadre e Campeiro). Os novos tomates da Sakata, “Valerin” e “Santy”, apresentam grandes diferenciais de mercado dos produtos já existentes, pois possuem resistência à Vira-Cabeça e Geminivírus no mesmo híbrido, com alto rendimento associado à excelente coloração, firmeza, classificação e uniformidade de frutos: “Valerin” com peso médio entre 230g-250g e “Santy” entre 240g-250g. Atendendo às necessidades do produtor rural brasileiro, que requer variedades adaptadas às diferentes características climáticas do país, o tomate “Valerin” possui bom desempenho de colheita em períodos chuvosos, já o tomate “Santy” é indicado para o cultivo em estação de seca. Já os novos pimentões da Sakata, “Marli R” (verde, para campo aberto), “Beti R” (vermelho estufa) e “Cida R” (amarelo estufa), chegaram ao mercado com alto nível de resistência às principais doenças que afetam diretamente o desenvolvimento da cultura, possibilitando a obtenção de produtos mais uniformes, ou seja, mais atraentes para o consumidor final. O “Marli R” inova o mercado de pimentões por dispor de resistência ao CMV (Cucumber Mosaic Virus), vírus que compromete muito a produtividade e que vêm causando danos econômicos em algumas das principais regiões produtoras do Brasil (Espírito Santo, Ceará e Sergipe), aliada ainda à resistência ao fungo Phytophthora capsici, causador da murcha ou requeima em plantas de pimentão, característica buscada não apenas por produtores de várias regiões do Brasil, mas também de países como Equador, Colômbia


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e Venezuela. Por apresentar alta rusticidade, o Pimentão “Marli R” apresenta ainda problemas menores de deficiência de cálcio, o conhecido Fundo-Preto. Na linha de pimentões coloridos para estufa, o “Beti R” e o “Cida R” surgem como novas opções para o segmento, agregando resistências a doenças, qualidade de frutos e produtividade. A nova abobrinha da Sakata, a “Alanis”, possui muitos diferenciais que com certeza conquistarão produtores e consumidores. Do ponto de vista técnico, ela pode ser plantada durante todo o ano e possui resistência a Oídio, uma das principais doenças fúngicas que ocorrem nas abobrinhas atualmente, fator que garante alta margem de segurança ao produtor. Outro ponto que merece ser destacado é o excelente vigor da planta, que contribui para a redução da

adubação nitrogenada no momento do plantio, diminuindo o custo final de produção. Para o consumidor final, vale destacar que o ponto forte desta cultivar é a conservação póscolheita, que mantém uma aparência de frescor (brilho) por muito mais tempo quando comparada às demais variedades vendidas no mercado. Os novos pepinos híbridos da Sakata, o “Compadre” e o “Campeiro”, trarão duas novas opções de plantio a este segmento bastante restrito com relação às variedades disponíveis no mercado, com vantagens muito relevantes ao produtor. Isto porque os dois pepinos são rústicos, não requerem nenhum manejo específico e se demonstraram bem adaptados aos mais diferentes sistemas e locais de produção. Além disso, possuem ótimas características de pós-colheita.

Sementes Piraí lança nova mascote na HORTITEC

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m ritmo de Copa do Mundo a Sementes Piraí levou para HORTITEC 2014 o conceito: “Brasil - Campeão da Produtividade com Sustentabilidade”. Há 40 anos cobrindo o Brasil de resultados com sustentabilidade, a Sementes Piraí é referência no segmento da adubação verde e cobertura vegetal. Uma das novidades da Sementes Piraí na feira foi a mais nova mascote da empresa: o “Crotalino”. Segundo Luís de Sousa, responsável pelo planejamento da Join Agro, agência de marketing da Sementes Piraí, o novo “representante” da marca traz no seu conceito criativo a Crotalária, um dos principais produtos da empresa. “O Crotalino é um agente e irá reforçar a missão da empresa na divulgação da adubação verde e divulgar diversas ações para o produtor rural com respeito ao futuro da produtividade e das atitudes sustentáveis para a conservação do solo”, explicou Luís.

Os números apontam a importância da agricultura para a economia nacional. A produção de hortaliças no Brasil em 2012 foi de 18 milhões de toneladas, isso, considerando culturas como: tomate, batata, cebola, alho, cenoura, melancia e melão, segundo levantamento da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. De acordo com o Engº Agrº José Aparecido Donizeti, diretor comercial da Sementes Piraí, há períodos específicos para o plantio de adubação verde, e por isso as plantas são divididas entre verão e inverno. “Há opção para os dois. É muito específico, e conforme a situação entra uma ou outra espécie de adubo verde, que seja mais recomendável. O objetivo final dessas plantas é a interrupção do ciclo de pragas, doenças e nematoides, trazendo economia em defensivos químicos, que são responsáveis pela maior fatia do custo de produção”, define Donizeti.


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Orientações básicas para o cultivo da Cenoura

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ecnicamente dividimos as cultivares em épocas de plantio e essas épocas possuem variações conforme a região onde são plantadas. a) - VERÃO: Semeadura de dezembro a março. Florescem quando plantadas no inverno (pendoam). b) - INVERNO: Semeadura de abril a junho (algumas plantadas até novembro). Não florescem se semeadas após junho, porém são muito fracas à doenças. c) - PRIMAVERA: Semeadura de meados de agosto até novembro. Fotoperíodo crescente (dias ficando mais longos) e temperaturas elevadas, fazem com que as cenouras de verão pendoem.

A cultura da cenoura pode ser dividida em duas fases. Na fase primária ocorre o crescimento de até 80% do comprimento da raiz, além da definição do comprimento e do número de folhas. Para as cultivares de verão, tem duração de até 50 dias; para as cultivares de primavera, até 60 dias e, para as cultivares de inverno, até 65 dias. Os principais fatores que afetam a fase primária são: falta de água na germinação; excesso de água (que provoca o encurtamento das raízes); o excesso de Nitrogênio (que provoca o encurtamento das raízes e um maior desenvolvimento das folhas); além dos Nematóides (que provocam raízes curtas, bifurcadas e mal formadas). Já na fase secundária ocorre a definição final do comprimento total das raízes, além do diâmetro final da raiz. Para as cultivares de verão, tem duração de 50 a 110 dias; para as cultivares de primavera, de 60 a 110 dias; e para as de inverno, de 65 a 130 dias. Os principais fatores que afetam esta fase são: desequilíbrio hídrico e nutricional (que provocam o rachamento das raízes); a deficiência de Cálcio (que provoca o rachamento das raizes no canteiro e quebra durante a lavagem); e a deficiência de Boro (que provoca a coloração esbranquiçada nas raizes). Vale lembrar, ainda, que a duração de cada fase pode variar de acordo com a cultivar, temperatura, doenças, adubações e disponibilidade de água. PRINCIPAIS PROBLEMAS NAS RAÍZES 1. Raízes curtas - Pode ser genético, algumas cultivares

ERRATA

Fertilizantes com ação bioestimulante

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a edição anterior (nº 91 - maio de 2014), publicamos na página 25 uma matéria com o título: “Microquímica apresenta resultados científicos da ação de fertilizantes bioestimulantes”. O texto está correto, mas o título foi escrito de forma errada, pois a palavra “ação” foi colocada em local indevido, provocando dúvidas quanto à classe do produto. O correto para esta matéria então é: “Microquímica apresenta resultados científicos de fertilizantes com ação bioestimulante”.

tem tendência de ter raízes curtas. No caso de excesso de água na primeira fase, a raiz não cresce para baixo porque já tem água suficiente. Os nematóides afetam o comprimento das raízes, tipo de solo e o preparo do mesmo. Solo bem preparado, solto e subsolado, aliado a um canteiro alto, facilitam o crescimento normal da raiz. 2. Raízes bifurcadas - Ocorre por vários motivos, a saber: a) - Excesso de água = muita água no canteiro faz com que o “pavio” da cenoura apodreça e após a raiz se regenerar forma-se duas ou mais pontas. b) - Excesso de Nitrogênio = matéria orgânica mal curtida, libera amônia que queima a ponta da raiz, ou mesmo


HORTALIÇAS o excesso de 04-14-08 (4 – 5 ton/ha.) pode queimar a ponta da raiz, que se regenera, formando duas ou mais pontas. c) - Nematóides = atacam a raiz muito nova (0 a 20 dias) que perde todo valor comercial. d) - Insetos = principalmente os de solo, atacam a ponta da raiz, que depois se regenera. e) - Tipo de solo e preparo – muito duro e pedregoso, danifica a ponta da raiz, que depois se regenera. 3. Raízes – outros a) - Genético = cultivares que tem coração (cerne) maior, tendem a rachar com maior facilidade, como por exemplo a cultivar Brasília; b) - Deficiência nutricional = falta de Cálcio e Boro. c) - Desequilíbrio hídrico na fase secundária = fase em que a cenoura engrossa, se faltar água por 3 dias ou mais, a planta quase para de crescer e se, após um período sem água, começar a chover ou se for feita uma irrigação pesada, a lavoura volta a crescer com velocidade. A cenoura cresce de dentro para fora, ou seja, cresce o cerne para depois crescer a parte externa. Se o cerne crescer muito rápido a raiz racha, portanto, não pode haver falta de água na fase secundária. d) - Excesso de Nitrogênio = muito nitrogênio quando a raiz está engrossando, faz com que o cerne cresça mais rápido que a parte externa que não agüentara a pressão e rachará. 4. Raízes quebradiças a) - Genético = quanto mais comprida, quebra com mais facilidade. b) - Nutricional = Falta de Cálcio, excesso de Nitrogênio. 5. Ombro verde ou roxo

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- Genético = quanto mais comprida a raiz, maior chance de ter ombro verde ou roxo. - Tipo do solo e seu preparo = solo duro, canteiro raso, a raiz encontra obstáculo para penetrar no solo e com isso a tendência é de que uma parte da raiz (ombro) seja impulsionado para cima (para fora da terra), ficando exposta aos raios solares, ficando roxa ou verde. 6. Berrugas - Muito adubo com alta deficiência de Cálcio. - Seca = transpiração excessiva e falta de absorção de Cálcio. - Nematóides. Principais dicas de cultivo:a) - Para manter um bom stand (nº. de plantas/metro quadrado), devemos fazer o desbaste quando as plantas estiverem com mais ou menos 4 a 5 cm de altura, deixando mais ou menos 7 cm entre uma planta e outra. b) - Desbaste tardio, em plantas com 9-10 cm de altura, causa o acamamento, ou seja, as plantas tombam e pode aumentar a proporção de raízes tortas ou bifurcadas, porque as raízes podem estar entrelaçadas (até 6 a 7 cm é tolerável). c) - Atentar para aeração do solo (excesso no uso de rotativas com poucos torrões); angulação ideal das folhas em torno de 30º. d) - Cuidado especial para doenças de solo: rizoctônia, fusarium e phitium. e) - Na adubação de plantio, verificar análise de solo (V% entre 70 e 80). f) - Para a adubação de cobertura, realizar no máximo até 65 a 70 dias (Inverno); no máximo até 45 a 50 dias (Verão); e no máximo até 50 dias (Primavera). Importante também levar em consideração que a adubação de cobertura é feita, normalmente, uma antes do desbaste e outra após. (FONTE: adaptado de Agrocinco).


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Custos da cafeicultura sobem 3,91% em 2014 devido aos reajustes salariais

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s custos de produção para o cafeicultor tiveram um aumento médio de 3,91% só nos dois primeiros meses deste ano, em consequência dos reajustes salariais (foto: arquivo Cocapec) praticados pelo setor. Essa elevação nos custos afetou de forma diferenciada as duas espécies de café produzidas no país. No caso do café arábica, o custo subiu 3,42% e, em relação ao tipo conilon, o aumento foi ainda maior, de 5,66%. É o que diz o levantamento do boletim “Ativos do Café”, o primeiro de 2014, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria

com a Universidade Federal de Lavras (UFLA). O estudo mostra que, ao mesmo tempo, houve uma recuperação nos preços pagos ao cafeicultor, “após um período de queda nas cotações em razão da forte estiagem que se abateu sobre as regiões produtoras nos últimos meses de 2013 e no primeiro trimestre de 2014”. O melhor desempenho dos preços de comercialização aconteceu com o café arábica, com reajuste de 81,29% no valor da saca de 60 Kg, vendida a R$ 396,02. Para o café tipo conilon, o aumento no preço da saca foi menos expressivo, 24,41%, totalizando R$ 241,73. Mecanização – O aumento médio no Custo Operacional do Café (COE), diretamente relacionado com os reajustes salariais, para o café arábica, chegou a 2,72%. Mas ocorreram oscilações nos custos enfrentados pelos cafeicultores devido à maior ou menor modernização do sistema produtivo. No caso de Manhumirim (MG), por exemplo, o COE subiu 4,11%. Já em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, o aumento nos custos foi bem menor, 1,09%, isso porque na região a lavoura de café está totalmente mecanizada. No que diz respeito ao café conilon, o peso do aumento dos salários no COE alcançou 3,47%. O maior percentual foi observado em Jaguaré, no Espírito Santo, elevação de 6,14% índice influenciado também pelo aumento nos custos do cafeicultor com insumos agrícolas e mecanização. Em comparação às demais regiões produtoras de café conilon, diz o estudo, os aumentos salariais apresentaram impacto menor na formação do COE (3,08%). (FONTE: CNA)


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Recorde Mundial de produção de leite durante a 45ª EXPOAGRO em Franca (SP)

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cada ano, a 45ª EXPOAGRO - Exposição Agropecuária de Franca (SP) vem se consolidando como uma das principais exposições de animais do país. E tudo graças ao trabalho conjunto da Comissão Organizadora formada pelas Associações de Produtores Rurais do Paiolzinho e Bom Jardim, em conjunto com a Prefeitura de Franca (SP) e da participação efetiva de criadores de Franca e região. Como foi o apoio incondicional da criadora Maria Tereza Lemos Costa Calil, a Tóla, proprietária da Fazenda Paraíso. Além dos acirrados julgamentos das raças Nelore, Holandês, Girolando e Gir Leiteiro, cavalo Árabe, Mangalarga e Mangalarga Marchador, o já tradicional Leilão “Berço do Gir” - neste ano em sua terceira edição - fez com que a EXPOAGRO de Franca mais uma vez estivesse na mídia especializada de todo o mundo. Mas nada superou a fantástica conquista do criador Paulo Ricardo Maximiano, da Fazenda Córrego Branco - Rio do Leite, de Capetinga (MG). “Candeia Wildman F. Congonhas” bateu o recorde mundial de produção, categoria Vaca Jovem Girolando 1/2 sangue, com produção média de

Acima, genética de última geração na pista de julgamento do Gado Holandês do Parque “Fernando Costa”. Abaixo, prova de marcha no julgamento do Cavalo Mangalarga Marchador.

A criadora Maria Tereza Lemos recebe premiação de Melhor Criadora das mãos de Paulo Roberto e Jacinto Junior, da Comissão Organizadora.

81.210 kg/leite/dia, durante o Torneio Leiteiro realizado na 45ª EXPOAGRO de Franca (SP). “Candeia” é filha de “LadysManor Wildman-ET” x “Aeda FIV 16” (Eda FIV F. Mutum x C.A. Sansão), ainda é uma novilha, que completará 3 anos no dia 03/06 e já apresenta essa extraordinária produção. O recorde anterior era de “BB Milk Nugget Jaguar”, com produção de 76,840 kg/leite/dia.

Acima, última ordenha da novilha “Candeia Wildman F. Congonhas”, que confirmou o recorde mundial. Abaixo, o criador Paulo Roberto Maximiano, durante o 3º Leilão Berço do Gir, no Parque “Fernando Costa”.


Café ‘moca’ pode roubar a cena na Safra 14/15 do Brasil

VOLATILIDADE - A tendência é que os mercados globais de café deverão continuar tendo as fortes oscilações iniciadas no fi-

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FOTO: Sérgio P. Pereiras - Peabirus

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queles que não são aficcionados por café podem ser perdoados por não conhecerem os grãos do tipo moca, relativamente raros, mas os mercados estão perto de serem abastecidos com um bom volume dessas sementes pequenas depois de uma seca que danificou a área mais importante em produção no Brasil. Os produtores e traders esperam ver muitos desses grãos defeituosos que foram afetados pela severa seca nos meses de janeiro e fevereiro no sul de Minas, Mogiana e Zona da Mata, que respondem por 35 por cento da safra do maior produtor mundial de café. Aqueles que forem premiados com os grãos pequenos, também conhecidos como caracol em espanhol devido a seu formato, serão abastecidos com uma abundância de mocas, que frequentemente recebem um prêmio devido a sua escassez, disseram traders no porto de Santos, principal para a exportação da commodity no Brasil. A seca deve ser a responsável pela ampla ocorrência deste tipo de grão na colheita deste ano. Em vez de dois grãos, que competem entre si durante o crescimento em cada cereja, formando sementes alongadas, as árvores são capazes de formar apenas um grão, que cresce sozinho na fruta e tem um apelo no mercado pelo seu visual. “Temos recebido ofertas para entrega de café peneira pequena como o moca para julho e agosto, mas os produtores estão retendo a venda do cafés peneira grande 17-19 até que eles saibam o que a colheita vai lhes trazer”, disse Daniel Wolthers, corretor da Wolthers Associates. Cafés de peneira pequena e média, variando entre 9 a 16 não devem ter oferta reduzida na nova safra, disseram os traders. Grãos parcialmente formados ou quebrados também serão amplamente ofertados neste mercado. “Será um bom ano para grãos menores. Compradores de grãos tamanho médio, para serem usados em cápsulas vendidas por Nespresso, illy e Lavazza, não enfrentarão dificuldades”, disse Nilton da Silva Pinto, um veterano de 50 anos nos mercados de café em Santos e agente local para a trading de commodities Webcor.

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nal de janeiro até pelo menos agosto, quando pode ficar mais claro o tamanho da safra do Brasil devido à seca, disseram comerciantes em Santos. Depois que o mercado foi surpreendido pelo clima intensamente quente e seco nos principais meses da temporada chuvosa em áreas de café --janeiro a março--, os preços futuros do café subiram mais de 80 por cento, superando 2 dólares por libra. “As previsões e estratégias de comércio para a safra estão um completo caos”, disse o operador de uma grande trading de café da Europa, acrescentando que ele não ficaria surpreso se uma grande safra fosse produzida este ano depois de o mercado ter se preparado para o contrário disso. “Neste cenário, pode-se facilmente errar a estimativa para o Brasil em 3 a 4 milhões de sacas. Isso é equivalente a produção anual total de café da Guatemala”, disse.


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Campagro realiza Convenção Anual em Franca (SP)

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Campagro realizou nos últimos dias 23 e 24 de maio sua Convenção Anual, no hotel Dan Inn Franca (SP). Com a presença de todos os colaboradores e prestadores de serviço, o tema deste ano foi “ Caminhando para o Futuro”. O ponto alto do evento foi a palestra do Eng. Agrônomo Marcelo Prado, da M Prado Consultoria, e a premiação da Gestão de Desempenho dos colaboradores.

Marcelo Prado, consultor e palestrante no evento, ao lado dos irmãos diretores da Campagro: Carlos Eduardo de Freitas (Tóta) e José Gilberto Freitas

Com sede no município de Orlândia (SP), a Campagro foi fundada em 1990 e desde então se solidificou no mercado da Alta Mogiana, Triângulo Mineiro e Sudoeste mineiro. Com sede em Orlândia (SP), a empresa possui filiais em Batatais (SP), Franca (SP) e Guaíra (SP), Passos (MG), Uberaba (MG), Sacramento (MG), Piumhi (MG), Bambuí (MG) e Ibiraci (MG).


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Vietnã planeja plantar 95 milhões de pés de café, apertando a oferta mundial

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Vietnã, maior produtor mundial de robusta, planeja replantar 95 milhões de árvores de café geriátricas no primeiro programa de substituição sistemática de plantas do país. O processo cortaria futuras exportações e apertaria ainda mais um mercado que a seca do Brasil já impulsionou recentemente. A falta de chuvas no Brasil, que produz aproximadamente um terço de todo o café mundial – e mais da metade dos grãos arábica, usados para fazer bebidas gourmet e de maior qualidade – diminuiu o tamanho da safra deste e, provavelmente, do próximo ano. Agora, o Vietnã também projeta uma grande queda na próxima colheita e nas colheitas posteriores, porque as plantações de mais idade e o clima seco podem diminuir o ren-

Exportação de café aos árabes cresce 20%

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Brasil exportou mais de 655 mil sacas de 60 quilos de café aos países árabes de janeiro a maio deste ano, um aumento de 20% sobre o mesmo período de 2013, divulgou o CECAFÉ - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Com isso, a participação do mercado árabe nas vendas externas do produto brasileiro passou de 4% nos quatro primeiros quatro meses do ano passado para 5% no mesmo período de 2014. As receitas obtidas com as vendas, porém, recuaram de US$ 92 milhões no intervalo de janeiro a maio de 2013 para US$ 84,9 milhões no primeiro quadrimestre deste ano, uma queda de 7,7%. As exportações totais de café do Brasil também avançaram em volume, mas caíram em receitas. Foram embarcadas 14,51 milhões de sacas, um crescimento de 13,9% em relação aos quatro primeiros meses de 2013. O faturamento ficou em US$ 2,3 bilhões, um recuo de 2,1% na mesma comparação. A Europa foi a principal região de destino da commodity no período, seguida da América do Norte, Ásia, América do Sul, África e Oceania. Os maiores mercados foram os Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão. Em maio isoladamente, o País vendeu 2.923.115 sacas ao exterior, um aumento de 13,4% sobre o mesmo mês de 2013. A receita obtida ficou em US$ 539,5 milhões, um avanço de 19,5% na mesma comparação. (FONTE: ANBA - Agência de Notícias Brasil-Árabe).

dimento das lavouras. Adicionando ainda mais incertezas à oferta, o fenômeno climático El Niño tem potencial para erodir ainda mais os suprimentos no Vietnã e na Indonésia – assim como no Brasil. A produção de robusta do Vietnã no ciclo 2014/15, que começa em outubro, deve ficar entre 15% e 20% abaixo da safra atual, estimada em 1,3 milhão de toneladas. As exportações na safra atual, por sua vez, devem ficar abaixo do ano-safra 2012/13. O secretário geral da Associação de Cacau e Café do Vietnã (Vicofa, na sigla em inglês), Nguyen Viet Vinh, disse que o país deve passar por um processo em longo prazo de substituição de plantas velhas, o que, combinado com o clima seco atual, vai prejudicar a safra cafeeira. O país asiático exporta aproximadamente 90% dos grãos que produz, e os estoques menores podem formar “buracos” de longo prazo na oferta mundial. O Vietnã já exportou 1,1 milhão de toneladas de café da temporada atual, restando uma quantidade pequena para embarcar – estimada em torno de 200.000 toneladas. (FONTE: Safras & Mercado)

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EVENTOS

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Bolsa Agronegócios inaugura nova unidade em Ibiraci (MG)

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o último dia 17 de maio ocorreu a inauguração oficial da nova filial da Bolsa Agronegócios na cidade de Ibiraci (MG). A unidade funcionará nas dependências da COCAPIL - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Ibiraci. “Depois de muito planejamento e trabalho, não dava mais para não ter uma filial em Minas Gerais. Um estado tão importante para o Brasil merece uma atenção especial e, por isso, a Bolsa Agronegócios se orgulha da sua nova filial”, afirmou o Engº Agrº Allan de Menezes Lima, diretor da empresa. Para obter uma boa performance na região, a empresa está destacando a sua capacidade de oferecer produtos inovadores, com iniciativas pioneiras em diversos setores. “Queremos agilidade e rapidez nas entregas para os clientes, com um atendimento personalizado e diferenciado”, destaca Allan.

Willian Damas, Engº Agrônomo da Netafim.

Ivanilson, Leandro e Bruno

Carlos Brando, consultor da P&A Marketing Internacional

Régis Ricco, consultor da RR Consultoria em Irrigação.


EVENTOS Com esta iniciativa, a Bolsa Agronegócios dá prosseguimento a um ambicioso plano de expansão geográfica que prevê a abertura de diferentes estruturas regionais. “Em breve será a vez de São Sebastião do Paraíso (MG) receber uma de nossas filiais”, indica. Para comemorar essa importante conquista, neste mesmo dia foi realizado, em parceria com a COCAPIL, o 1º Encontro de Produtores Rurais, com a participação de grandes nomes da área da agricultura, do qual teve destaque Carlos Brando falando da cafeicultura como fator de crescimento e distribuição de renda; do consultor Régis Ricco, abordando o manejo de poda no cafeeiro; e do Engº Agrº Willian Damas, da Netafim, que comentou sobre a irrigação por gotejamento, Allan de Menezes Lima (diretor do Grupo Bolsa), Emerson (Netafim), Geraldo Augusto (sócio da Bolsa celebramos em um clima agradável e Irriga), Willian Damas (Netafim) e Thiago Silva (sócio da Bolsa Irriga). descontraído, propício para encontrar amigos e fazer networking. de profissionais altamente qualificada, sempre pronta para “Agracedemos a todos que prestigiaram a nossa atender nossos parceiros”, finalizou Allan. comemoração e os convidamos a tomar um café conosco e As fotos do evento você confere no site: http://www. saber o que mais podemos fazer por você, com uma equipe tudofranca.com.br/galeria.php?idGaleria=1276

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Café Conilon é tema de Dia de Campo em Laranja da Terra (ES)

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om o objetivo de informar sobre as perdas de produção que ocorrem nas lavouras de café Conilon por ataque de pragas e patógenos, será realizado o 3º Dia de Campo de Café Conilon de Laranja da Terra. O evento, organizado pelo INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, órgão vinculado à SEAG - Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Laranja da Terra (ES), foi realizado na propriedade do Sr. Adelson Rossmann, na região de Volta Grande, no início do mês de junho. Na ocasião, os agricultores receber am informações de como reconhecer e identificar pragas como a broca e a ferrugem. Também foi ensinado o manejo integrado e métodos de controle de pragas. O dia de campo contou ainda com a apresentação das novas variedades de Café Conilon (“Diamante”, “Jequitibá” e “Centenária”), lançadas pelo INCAPER em 2013. Também foi abordado um tema de suma importância para o município de Laranja da Terra, que é a conservação do solo e da água utilizando o manejo de plantas para cobertura do solo nas lavouras de café. No evento, a Drª Maria da Penha Angeletti (pesquisadora do Incaper da área de Fitotecnia) abordou o tema “Manejo de Plantas para a Formação da Cobertura do Solo”. Já o Drº José Salazar Zanúncio Junior (pesquisador do Incaper da área de Entomologia) abordou o tema “Manejo In-

tegrado da Broca do Café”. As duas últimas estações do Dia de Campo teve a participação de Hélcio Costa (pesquisador do INCAPER da área de Fitopatologia), que abordou o tema “Ferrugem - Identificação, Práticas de Controle e MIP”. E o Drº Paulo Sérgio Volpi (pesquisador do INCAPER da área de Cafeicultura) finalizou o evento abordando o tema “Novas Variedades Clonais de Café Conilon”.

EPAMIG e UFLA testam defensor biológico P

esquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Universidade Federal de Lavras (Ufla) estão finalizando trabalhos a respeito do fungo Claridosporium claridospoides, ao qual estão atribuídas bebidas de boa qualidade. O fungo pode atuar contra diversas espécies de microrganismos que atacam lavouras de café e prejudicam a formação e a qualidade dos grãos. Em breve, o defensor biológico pode ganhar o mercado. A espécie foi encontrada em 1989, durante investigações realizadas, conjuntamente, por pesquisadores das duas instituições que buscavam compreender a influência de microrganismos sobre a qualidade do café. “Percebemos que o Claridosporium apresentava ação antibiótica em favor dos frutos, uma vez que ele hiperparasita os demais microrganismos que atacam o carpo e o danificam, comprometendo a formação e a qualidade dos grãos”, explica. Segundo ela, foi o início de um trabalho revolucionário para a indústria cafeeira. Os pesquisadores desenvolveram métodos para isolar o fungo, que, cultivado em laboratório, seria adaptado para

aplicação em plantações de café, em forma de biodefensivo. Devidamente patenteado, o produto está em processo de registro comercial, mas já encontra terreno para aplicações, em regime de teste, nas lavouras de todo o Estado. “O produto consiste de uma suspensão concentrada do fungo, purificado e multiplicado, inoculada em água agregada a substância que confere aderência ao produto”, explica Chalfoun. O produto não recebe aditivos químicos em sua composição. De acordo com a pesquisadora, além de melhor paladar, o café cultivado com o bioprotetor, em lugar de fitossanitários, adquire características mais saudáveis. “O fungo não produz toxinas, nem deixa vestígios de substâncias nocivas. Ademais, o Claridosporium só atua durante o período de frutificação. Na secagem dos grãos, o fungo é completamente eliminado”. Outra vantagem é a proteção do grão nessa fase, período em que não se recomenda a aplicação de defensivos, devido ao risco de absorção. O grupo se dedica, ainda, a estudos que visam a adequação ambiental para melhor acomodar o fungo e possibilitar sua reprodução natural.


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COCAPEC realiza a Coleta Itinerante de Embalagens Vazias

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FOTO: COCAPEC

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á 8 anos a COCAPEC, em parceria com a FAFRAM - Faculdade Dr. Francisco Maeda, Central de Recebimento de Embalagens de Ituverava (SP) e a ARPAF - Associação das Revendas de Produtos Agrícolas de Franca e Região, realiza a Coleta Itinerante de Embalagens Vazias de Defensivo Agrícolas. Este ano, produtores das regiões onde a cooperativa possui núcleos, entregaram o material no início de maio e o montante superou 35 mil embalagens. Vale lembrar que os agricultores de Franca fazem a devolução diretamente na ARPAF durante o ano todo. A ação beneficia principalmente os pequenos produtores que estão afastados do posto oficial localizado em Franca e permite que todos cumpram a legislação. Segundo o analista técnico da COCAPEC, Rômulo Alves Tomaz, responsável pelo trabalho, a cada ano os agricultores estão mais consciente e trazem o material já separado, contado e limpo. Isso é reflexo do esforço da cooperativa em orientar sempre seus cooperados sobre os procedimentos para a devolução. Parte das embalagens que chegam aos postos podem ser recicladas e transformadas em novas embalagens, tam-

A cada ano que passa os agricultores estão mais conscientes e entregando as embalagens dentro do padrão.

pas e até em conduites. As demais, por segurança, são incineradas. É importante ressaltar que a coleta, mais do que o cumprimento de uma obrigatoriedade é a preocupação com o meio ambiente e com a saúde e qualidade de vida de todos que atuam no campo.


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Bureau de Inteligência do Café apresenta a situação da cafeicultura mundial em junho Tendências atualizadas sobre produção e consumo de café em todo o mundo. Luiz Gonzaga de Castro Junior 1

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1. PRODUÇÃO s incertezas da safra 2014-15 fazem com que o mercado global do café fique cada vez mais especulativo. Os efeitos negativos das mudanças climáticas na produção cafeeira são a grande preocupação de todos os envolvidos na cadeia, assim este tema é cada vez mais frequente nas discussões entre produtores, exportadores, industriais e consumidores. A busca pela adaptação a estas condições adversas é o objetivo de todos e essencial para a sobrevivência na atividade, por isso várias pesquisas e projetos de iniciativas públicas e privadas buscam encontrar as melhores maneiras de trabalhar estes imprevistos. Na América Central, as políticas de mitigação dos impactos negativos provocados pelo surto de ferrugem têm mudado o foco de suas ações. O receio de alterar a qualidade da bebida reconhecida mundialmente tem feito com que muitos produtores busquem soluções alternativas à substituição das lavouras por variedades resistentes, como nutrição adequada das plantas, assistência técnica de qualidade, utilização correta e aplicação eficiente de defensivos, controle preventivo, dentre outros. A diferenciação dos produtos aliada à união entre produtores na busca por maior poder nas transações, é um importante meio de aumento da competitividade. Neste contexto, o aumento da demanda por cafés especiais, assim como os orgânicos, tem garantido uma melhor remuneração aos agricultores, que estão se unindo em cooperativas e sindicatos especializados neste segmento. É cada vez maior a interferência governamental nas questões da cadeia do café, assim a iniciativa pública se tornou uma importante aliada dos produtores. Quando realizadas de maneira consciente, focada nas reais necessidades de cada país, esta parceria tem garantido o sucesso da atividade, o que beneficia toda a sociedade e economia local, principalmente das regiões mais dependentes da atividade cafeeira.

CLIMA Meteorologistas e vários estudiosos de várias partes do mundo afirmam que a ocorrência do fenômeno El Niño irá prejudicar a produção cafeeira em diversos países. Segundo eles todos os principais produtores serão afetados de alguma forma, mesmo que em intensidades diferentes. Estas infor-

AUTOR

1 - Professor Doutor, Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados. Depto. de Administração e Economia. Universidade Federal de Lavras (MG). Tel. (35) 3829-01443. Email: cim@dae.ufla.br

mações vêm influenciando no mercado global do produto, gerando uma série de especulações nas previsões de safra e nos preços futuros. AMÉRICA CENTRAL Preocupado com a redução na oferta de cafés especiais da América Central ao mercado norte-americano e com a elevação nos preços do produto que isso pode causar, o governo dos Estados Unidos, através da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou um projeto de 5 milhões de dólares, em parceria com o Centro Mundial de Pesquisa de Café no Texas, para ajudar a mitigar os impactos da ferrugem e recuperar a produção de café na região. As medidas focarão na pesquisa de variedades resistentes à doença que se adaptem bem às condições da região e mantenham a qualidade do produto. Segundo Mark Feierstein, diretor adjunto da USAID, além da questão econômica há também grande preocupação com problemas sociais como desemprego, desnutrição e aumento da produção de ilícitos, e além deste projeto, outras medidas de apoio vêm sendo tomadas pela agência, totalizando um investimento de aproximadamente 14 milhões de dólares. COSTA RICA Um plano desenvolvido por quatro agências governamentais, em conjunto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), investirá aproximadamente 2 milhões de dólares na implementação de uma série de medidas durante três anos. O objetivo é melhorar a competitividade da cafeicultura do país através do aumento da produção e da utilização eficiente de recursos, a fim de otimizar o processo produtivo e mitigar os impactos ambientais. O projeto trabalhará com cerca de 800 pequenos produtores e 3 centros


CAFÉ de processamento locais, que receberão tecnologia e assistência técnica para produzirem mais e com maior consciência ambiental. Dentre as principais medidas a serem tomadas para atingir o objetivo estão: melhor uso de insumos, sombreamento de lavouras com árvores de grande porte e melhoria dos fornos em eficiência energética para secagem do café. Com tudo isso, espera-se que a Costa Rica torne-se um país NAMA - Nationally Appropriate Mitigation Actions podendo ser elegível a receber apoio financeiro do programa internacional de mitigação das mudanças climáticas, patrocinado pelos governos da Alemanha e da Inglaterra. HONDURAS A Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras anunciou que investirá aproximadamente 18 milhões de dólares para o desenvolvimento e ampliação do segmento de cafés especiais do país. O projeto visa ampliar o reconhecimento da qualidade do produto no mercado internacional e os investimentos serão voltados para assistência técnica em produção com qualidade, aquisição de equipamentos pós-colheita, processamento de dejetos, produção e processamento de fertilizantes foliares orgânicos, construção de estruturas para funcionários, dentre outros. EL SALVADOR A crise provocada pela ferrugem na cafeicultura afetou drasticamente o país tanto no âmbito econômico quanto no social. A produção da última safra foi a menor dos últimos

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100 anos o que gerou grande queda na receita por exportações e aumento no índice de desemprego. A demora na tomada de medidas mitigadoras prejudicou bastante o controle e agora o governo realizou a compra de insumos para matar os fungos. Segundo o Ministério da Agricultura, foram


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Viveiro de cafés na Colômbia

destinados mais de 2 milhões de dólares para aquisição de defensivos através do mecanismo de leilões eletrônicos da Bolsa de Produtos (BOLPROS). MÉXICO Na região de Chiapas a cafeicultura orgânica vem se expandindo como uma excelente alternativa para produtores familiares, inclusive por famílias indígenas. Através deste nicho de mercado eles podem cuidar de suas lavouras de maneira diferenciada e vender seu produto por preços mais elevados, o que lhes garante maior competitividade, principalmente frente às oscilações do mercado de commodities com tempos de crise e preços baixos. Este ganho de competitividade tem sido favorecida pela união dos pequenos produtores de café orgânico em cooperativas e sindicatos, o que aumenta o acesso a informações, assistência técnica, novas tecnologias e vantagens de venda. Apesar de todas estas vantagens, estes agricultores orgânicos estão enfrentando sérios problemas com o surto de ferrugem que atinge a região e vem provocando grandes prejuízos às suas lavouras onde o controle do fungo torna-se ainda mais difícil pela proibição do uso de agrotóxicos neste sistema de produção. COLÔMBIA Após consolidar a parceria com a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia para fornecer desenvolvimento e capacitação tecnológica aos cafeicultores do país como ferramenta de apoio ao gerenciamento das propriedades, a empresa de tecnologia SAP vem trabalhando para desenvolver softwares que os atendam no apoio à tomada de decisões para enfrentar os problemas das mudanças climáticas. Esta é uma iniciativa muito interessante pelo fato de aliar tendências importantes da cafeicultura moderna, que são gestão correta e informatização da propriedade e posicionamento frente à interferência do clima na produção. PERU Empresas inglesas estão vendendo café do Peru produzido de maneira sustentável com o apelo de que 2% da renda é revertido para a revitalização de florestas em diversos

países. Para isto, lançaram a marca “Puro Coffee” que já levantou cerca de 1 milhão de euros para financiar a proteção de mais de 15 mil hectares de florestas em seis países incluindo Guatemala, Honduras, Peru e Brasil. A empresa juntou forças com a World Land Trust (WLT), uma instituição de conservação da terra baseada no Reino Unido, para montar um programa que paga aos agricultores um preço justo pelo o café cultivado respeitando o meio-ambiente. ÁFRICA Um polêmico estudo realizado pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres coloca em cheque a eficácia do modelo Fair Trade em promover melhorias no processo produtivo do café e nas condições de vida dos incluídos neste programa em Uganda e Etiópia. Foram realizadas pesquisas de campo e entrevistas em diversas propriedades e, segundo os pesquisadores, as estatísticas apontaram que nestes países, trabalhadores de fazendas certificadas no “comércio justo” passam por maiores problemas sociais e econômicos, como menor remuneração e condições precárias de trabalho, que aqueles não certificados, contradizendo as propostas do modelo. Esta denúncia contesta a distribuição igualitária dos prêmios que os consumidores pagam na expectativa de estarem contribuindo para a melhoria das condições de vida dos envolvidos na produção do café que entra em suas casas. A Fundação Fair Trade se defendeu das acusações dizendo que o estudo generalizou uma situação problemática que ocorre em casos isolados e que as áreas prioritárias para instalação do programa foram aquelas que naturalmente apresentavam maiores problemas. VIETNÃ Segundo estudos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Vietnã baterá recorde de produção na safra 2014-15 que ultrapassará os 29 milhões de sacas. Segundo eles esta elevação reflete o aumento de aproximadamente 27 mil hectares na área de café do país, além das condições climáticas que têm sido favoráveis às lavouras. De acordo com a USDA, a maior produção vietnamita resultará em maiores exportações, o que já vem refletindo na queda do preço do café robusta para julho no mercado futuro. 2. INDÚSTRIA Empresas multinacionais possuem uma série de vantagens em relação às empresas locais. O conhecimento relacionado à tecnologia de produtos e processos, assim como habilidades organizacionais e mercadológicas, fazem com que as transnacionais ganhem vantagem competitiva no mercado. O processo de diversificação é bastante adotado por essas grandes empresas, a fim de se defenderem da concorrência e garantirem uma maior fatia de mercado. A expansão da indústria para novos mercados diferentes de sua área de atuação é uma alternativa para viabilizar o crescimento e ultrapassar limites. Outra estratégia utilizada por grandes corporações é a realização de parcerias, feito através de joint ventures, que possui uma série de vantagens para as companhias envolvidas, como o acesso ao conhecimento dos parceiros, além de custos e riscos divididos. Através desse empreendimento conjunto, as empresas possuem maior fatia de mercado,


CAFÉ unindo forças e elevando as barreiras a entrada ou crescimento da concorrência. A luta das grandes torrefadoras por posições privilegiadas no mercado do café tem gerado brigas judiciais, com movimentação de ações por parte de companhias menores. Segundo essas empresas, as multinacionais aproveitam de suas posições dominantes para realizarem manobras jurídicas, ao tentarem bloquear cápsulas genéricas de serem usadas em suas máquinas, através de inovações tecnológicas sem prévio aviso. O segmento de single cups já é tendência global e isso não é novidade. Porém como todo segmento, necessita de atenção aos novos modelos de negócio que surgem no mercado. Apesar da grande expansão das doses únicas, elas apresentam algumas desvantagens tanto para o consumidor, como para o incentivo de práticas sustentáveis. Além de ser um segmento com preço elevado, ele também deixa resíduos no meio ambiente, devido à dificuldade de reciclagem das cápsulas. A inovação está presente a todo momento no mundo dos negócios, e a concepção de outras maneiras de beber café, pode revolucionar o mercado mais uma vez. 3. BREVES Produção A cafeicultura moderna exige cada vez mais que os produtores tenham a capacidade de gerenciar seu negócio como uma verdadeira empresa, para isto eles devem ter o conhecimento de seus pontos fracos a serem melhorados e fortes a serem

explorados. Neste trabalho é essencial que o empresário rural tenha acesso à informação com credibilidade para identificação de ameaças e oportunidades, conhecimento de manejo e utilização de tecnologia. Conseguindo atingir esta excelência, fica mais fácil para o produtor sobressairse mesmo em situações de adversidade como, por exemplo, na adaptação frente às mudanças climáticas onde a tecnologia pode ajudar em muito na antecipação para tomada de medidas preventivas e para a realização do manejo mais adequado. A constante especulação do mercado cafeeiro faz com que seja essencial a realização de uma atividade com objetivo bem definido para que os produtores e governantes tomem decisões de maneira eficiente na obtenção de sucesso. Para aqueles que têm potencial e possuem foco na agregação de valor, devem atentar-se às tendências do mercado e produzir um café cada vez mais diferenciado. Já os focados na redução de custos, devem buscar sempre novas tecnologias, aumento de produtividade, etc. Indústria A economia exige das indústrias o processo de diversificação, devido à concorrência no mercado, a variedade de fornecedores e a facilidade do acesso de técnicas de produção. A diversificação reduz os riscos da empresa e auxilia no processo de tomada de decisões. Muitas vezes a indústria diversifica seu portfólio, operando em múltiplos setores, e possibilitando a aproximação tanto dos

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clientes, quanto dos fornecedores. O lançamento de novos produtos, dando aos clientes mais opções de escolha, é uma estratégia eficiente para potencializar as vendas da empresa. Porém, quando há inovações tecnológicas em máquinas que já perderam patentes no mercado, isso gera uma série de complicações na justiça para as grandes torrefadoras, que são acusadas de tentarem criar um monopólio, a fim de dominar o mercado global. As fusões são frequentemente realizadas em um mercado competitivo, como do café. Elas permitem melhorar a longo prazo o valor das ações da empresa, bem como seu desempenho. A redução de custos e a facilidade de penetração em um mercado, que antes era dominado por outras empresas, faz com que esse tipo de estratégia seja cada vez mais incorporada. O que as indústrias almejam atualmente é expandir além de suas fronteiras e para isso necessitam adotar alguns métodos que garantam crescimento sólido e dominação de

Café tem nos EUA e China os novos mercados O

consumo de café - assim como o lucro proveniente de sua indústria – continua crescendo anualmente nos Estados Unidos, enquanto os consumidores não parecem se preocupar em limitar seus hábitos de consumo. Uma matéria publicada recentemente pelo site norte-americano MSN Money mostra que este crescente frenesi por café de qualidade começa a atrair investidores. Os Estados Unidos já consomem em torno de 400 milhões de xícaras de café por dia, o que representa uma em cada 4 xícaras consumidas no mundo. Alguns consumidores podem reclamar os US$ 5 que pagam por cada café no Starbucks, mas eles continuam comprando em volumes maiores do que nunca. O café Premium, ou de qualidade, é o segmento que mais cresce na indústria, e os americanos estão cada vez mais “gastando” com marcas gourmet. Uma média de 34% dos americanos adultos consomem café gourmet diariamente. No ano passado, essa média era de 31%. Já o consumo de café não-gourmet caiu de 39% para 35% este ano. Diversas empresas estão competindo pela atenção dos “amantes de café” e os investidores enxergam no setor diversas opções de investimentos em bolsa. A Starbucks se prepara para abrir 1.500 novas cafeterias em 2014 pelo mundo, sendo metade delas na China e outros países da Ásia. A China é o próximo grande mercado da Starbucks. As 1.500 novas lojas deverão ser instaladas em 70 cidades. Em 2015, a China deve se tornar o segundo maior mercado da Starbucks. Outro segmento que cresce bastante é o café em cápsulas, conhecido como single-serve ou “porção individual”. A Nespresso, da Nestlé, que domina 70% do mercado na Europa, também deve se tornar um concorrente da Keurig Green Mountain, que hoje é a principal marca do setor nos Estados Unidos e no Canadá e que, entre 2011 e 2012, a empresa teve um crescimento de 80% nas vendas.

Olinto Café, em Franca (SP), no Espaço Havan.

mercado. Conhecer o segmento que está atuando, e a cultura do país em questão é imprescindível para a expansão da empresa. A inserção de novos segmentos no ramo cafeeiro também deve ser considerado um fator relevante no mercado. Assim como as doses únicas chegaram para revolucionar o setor e a maneira como as pessoas bebem café, outras formas, como o caso do Grower’s Cup, também tem previsão de crescimento nos lares globais. Apesar do segmento ser bem diferente um do outro, este pode ganhar vantagens nas prateleiras dos supermercados, devido a seu preço relativamente baixo em vista das cápsulas e a independência da compra de máquinas altamente sofisticadas, uma vez que prepara o café dentro de um saco, bastando adicionar água quente. Cafeterias Mesmo com o predominante aumento de investimentos em tecnologia, é possível também notar uma tendência aos investimentos em novos produtos. Com o aumento gradativo do potencial de compra do cliente, estes se tornaram mais exigentes e curiosos. Com maior poder de compra, pessoas começaram a experimentar o que antes não tinham condição, mudando seu gosto para algo mais caro ou então o consumindo mais vezes na semana. A alimentação não residencial, em todo o mundo, apresenta crescentes aumentos e não mostra sinal de desaceleração. O aumento da participação feminina no mercado de trabalho e o menor tempo disponível para preparo das refeições impulsiona o consumo não residencial. Outra justificativa é que os trabalhadores procuram meios de aproveitar melhor seu dia, preferindo ir a lugares que já encontrem a comida pronta, não sendo necessário passar por todo processo de preparar sua refeição. Investir em elementos que satisfaçam o gosto do cliente, e ao mesmo tempo supram sua necessidade por novas experiências e novos produtos, é algo muito importante, tanto para venda quanto para impor-se diante a concorrência.


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Onde e como controlar a Phoma em cafezais

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J.B. Matiello 1 e S.R. Almeida 1

o sistema de produção integrada, no qual se objetiva o menor uso de defensivos, o uso do controle químico, de uma doença ou praga, deve ser precedido de uma amostragem na lavoura, que indique o nível de ataque. No caso do controle da Phoma em cafezais temos visto que o uso de amostragem não tem sido possível, pela imprevisibilidade do ataque, devido à sua forte correlação com as condições climáticas, com a queda de temperatura e aumento da umidade. Deste modo, na prática, tem sido usado o controle preventivo, pelo calendário, priorizando aplicações de fungicidas na época de proteção da florada. Neste sistema de calendário é preciso, então, conhecer as condições climáticas em cada micro-região, associando com o histórico de problemas na área, para isso devendo-se verificar os sintomas/sinais de ataques anteriores da doença, causada pelos fungos Phoma/Ascochyta, com vistas a orientar a necessidade de controle químico.

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS FAVORÁVEIS – Devese, antes de tudo, observar as características climáticas das regiões ou micro regiões cafeeiras. Nelas são muito importantes a temperatura e a umidade. Quanto mais fria, e, principalmente, úmida for a região maior deverá ser o problema com a doença. Ainda, nesses aspectos climáticos, verificar a incidência de ventos frios, bem como a deposição de névoa úmida no terreno. Deste modo, topos de morros ou chapadas, naturalmente mais batidas por ventos, assim como fundos mais úmidos, pela névoa depositada, são mais afetados pela doença. HISTÓRICO DE ATAQUE – Deve-se, ainda, conhecer o histórico das áreas, verificando se as lavouras tiveram ataques severos da doença em períodos anteriores. A observação de sintomas/sinais ajuda na formação desse histórico. Temos visto que em áreas muito sujeitas à doença os sintomas/sinais dela podem ser encontrados durante todo o ano. Nos períodos de calor encontramos menos sintomas e no período frio e úmido, após chuvas finas e entrada de frentes frias, encontramos mais. Então qual seria a época indicada para essa observação. A resposta é que, para efeito prático, seria no inverno, pois, em seguida, poderia ser tomada a decisão de controle, hoje mais focada na pré e pós-florada. Os sintomas a serem observados, em qualquer época, são a presença de ponteiros de ramos laterais mortos, com morte descendente, até o quarto/ quinto nó. Ainda, a presença de grande bifuração em ramos laterais (palmetamento), motivada pela morte de ponteiros, ficando, a planta, embatumada. A presença de sintomas em folhas, na planta ou caídas no chão, ajuda, ainda mais, na identificação, devendo-se verificar se eles estão associados a outros fatores, como sintomas de ventos frios, de chuva de pedra, de ataque de lagartas, de excesso de uso de

AUTORES

1 - Engº Agrônomos da Fundação Procafé, Varginha (MG).

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nitrogênio, de podas de esqueletamento etc. Nas lesões observar aquelas típicas na borda das folhas mais novas, de cor negra e sem anéis (=Phoma) ou a presença de lesões marron claro e com anéis concêntricos, estas em folhas mais velhas e mais no centro das folhas (=Ascochyta). Nelas observar a ausência de halos amarelados, onde a presença deles caracterizaria Pseudomonas e Cercosporiose. Os sintomas em botões, flores e frutos chumbinhos dependem, obviamente, da época de observação. Nas épocas de pré e pós-florada e na frutificação inicial pode-se verificar o apodrecimento e mumificação de inflorescências e de chumbinhos. Em época de frutos maiores, pode-se observar a presença de poucos frutos por roseta e, mesmo, rosetas completamente banguelas de frutos. COMO CONTROLAR – o controle químico deve ser feito através de 2-3 pulverizações por ano, usando fungicidas específicos, com prioridade em lavouras com carga alta e aplicando no período de pré e pós-florada, sendo que as de pré tem se mostrado mais efetivas. MEDIDAS DE CONTROLE CULTURAL – Escolher, para plantio, as áreas menos batidas por ventos e faces mais quentes, evitando fundos úmidos. Usar variedades mais tolerantes. Podar as lavouras, abrindo e reduzindo a altura das plantas, para facilitar a entrada de sol e arejamento. Usar adubação mais balanceada N/K. Usar quebra ventos ou arborização em áreas muito problemáticas.


aão Bio, de o.

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INFAME INDUÇÃO Celso Luis Rodrigues Vegro - Engenheiro Agrônomo, M.S. Desenvolvimento Agrícola. Pesquisador Científico do IEA - Instituto de Economia Agrícola - SP. [ celvegro@iea.sp.gov.br ]

partir da última década do século passado e com reconhecida melhoria na gestão técnica-agronômica, social mais ímpeto ao início desse novo milênio, cres- e ambiental das explorações. O choque de racionalidade a centes preocupações com aspectos vinculados à que se submeteram os gestores, dessas unidades produtivas, sustentabilidade (sócio-econômica e ambiental) trouxe ganhos competitivos que não se cogitam mais ser intrínsecos à dinâmica dos negócios têm sido introduzidas abandonados, mas ao contrário, novas e melhores práticas às estratégias empresariais. Em realidade, esse despertar para de sustentabilidade e competitividade estão permanenteo tema decorre fundamentalmente dos feedbacks originados mente sendo buscadas e selecionadas dentro da adequação nas pesquisas junto aos clientes finais, associados à pressão aos processos produtivos praticados. Os compradores desses cafés certificados, em geral, da sociedade civil cada vez mais esclarecida e exigente, no sentido de que sejam buscadas maneiras mais equilibradas/ mais próximos de seus fornecedores (encurtando, portanto, a tradicional cadeia de intermediação comercial), puderam justas de produzir e vender1. Ademais, problemas sanitários com alimentos trou- oferecer ágios pelo produto sem onerar sua planilha de xeram grande apreensão às autoridades públicas, pois havia custos, gerando maior interesse daqueles cafeicultores não riscos latentes de irrupção de processos epidêmicos. Os casos aderentes à sistemática. Ademais, as empresas promoveram, da vaca louca; contaminação por dioxina e, mais recente- ainda, oferta de assistência técnica e de financiamento para que mente, dos estafilococos em produtos orgânicos, causaram as propriedades se adequassem as exigências do respectivo propânico junto aos consumidores2, distribuidores e proces- tocolo. Associados os fenômenos, o movimento por certificasadores, acarretando a incomensuráveis perdas econômicas ção espraiou-se sob a forma de boom pelos principais cinturões aos agentes envolvidos. cafeeiros. Gestores de cooperativas brasileiras, após análise dos Desse modo a rastreabilidade e a certificação dos protocolos de cada empresa (tanto de certificação quanto de veriprocessos produtivos, passaram a se constituir em exigên- ficação), selecionaram aquela que permitiria elevar à condição de cias imprescindíveis aos componentes das distintas cadeias cafeicultores certificados todo seu quadro social, catapultando a agroalimentares. Líderes empresariais pronunciaram-se quantidade de produto selado. publicamente3, estabelecendo prazos para que em todo seu processamento e/ Figura 1 – Oferta e Demanda Mundial por Cafés Sustentáveis, 2013 ou sua produção fossem empregados exclusivamente matérias-primas com certificação atestada. A cadeia do café não se configurou em exceção ao fenômeno. Diante desse discurso os gestores das explorações cafeeiras foram fortemente estimulados a prepararem-se para a certificação. Empresas imbuídas desse escopo estruturaram-se, passando a oferecer serviços de certificação/verificação dos sistemas produtivos e de acreditação dos produtos finais ofertados. A demanda pelo serviço foi de tal magnitude que não causaria espanto reconhecer nesse ramo de negócios um dos mais promissores na atualidade. A adesão de cafeicultores a qualquer dos distintos protocolos das certificadoras promoveu, indiretamente, Fonte: 20o Seminário Internacional de Café em Santos, 2014.


ARTIGO Enfim, o resultado global da expansão da oferta de cafés certificados no mundo foi explosivo. Em 2013, levantamento efetuado por importante trader brasileiro do segmento, contabilizou mais de 40 milhões de sacas de café verificado apenas para o 4C. Surpreendentemente, a oferta excedeu a demanda inclusive para a certificação fair trade!, o que foi regra para os demais certificados, ou seja, maior oferta que sua respectiva demanda (Figura 1). Os cafeicultores e suas cooperativas (caso brasileiro) ao aderirem aos protocolos das certificadoras almejam, após a conclusão dos processos de ajustes e obtenção do selo, realizar o valor adicional que esse produto passa a representar por possuir diferenciação real frente ao congênere commodity. Todavia, sem capacidade em absorver, com ágio, toda a oferta existente para produto certificado/verificado, as torrefadoras transnacionais compradoras desses cafés, acabam recebendo-os como produto commodity (sempre há e haverá mercado líquido para café certificado ou não), obtendo vantagens nessa transação (confiabilidade, rastreabilidade, qualidade, sanidade, etc..) e, eventualmente, ganhos econômicos derivados de benefícios na linha de processamento derivados da padronização dos grãos e perfil da bebida. O poder de mercado dessas empresas transnacionais é amplamente reconhecido. Movimentos altistas nos preços de suas matérias-primas são imediatamente repassados aos preços de atacado e/ou varejo consumidor. Esse mesmo poder poderia ser empregado na criação da demanda capaz de absorver com mais celeridade a oferta certificada/verificada. Investimentos em P&D, marketing e iniciativas promocionais possuem a capacidade de transformar a demanda apenas potencial em efetiva4. Se a certificação fosse de fato um compromisso de cadeia e não uma exigência imposta aos cafeicultores, as torrefadoras compradoras deveriam receber esse café e mantê-lo em estoque até que a demanda fosse criada em esforço de antecipar o calendário de substituição da commodity anteriormente anunciado. Ao fazer isso não haveria prejuízo econômico, pois, estocar café verde é estratégia de hedge de preços que se torna mais interessante ainda, em momento do ciclo econômico da cultura marcado por volatilidade próxima dos 50%. Essa postura demonstraria o efetivo compromisso com a sustentabilidade e concederia a oportunidade dos cafeicultores certificados realizarem o valor de seu investimento e esforço. Mantida a demanda aquém da oferta existente, depreende-se que a estratégia comercial prevalecente é do mero esverdeamento da linha de produtos, sem compromissos viscerais com a introdução de graus mais elevados sustentabilidade na linha de produtos. Certificar a produção pode ser a partir dessa análise entendida como um “mal necessário”. Dificuldades a transpor, custos a incorporar, contratos a assinar exclusivamente pela expectativa de baixa probabilidade em valor realizar. Sem dúvida que haverá aqueles que conseguirão colocar 100% de seu café certificado junto à traders e torrefadoras que possuem linhas de produto sustentável, mas a cafeicultura brasileira e do resto do mundo já certificado/verificado terá

que se contentar com os benefícios microeconômicos derivados da gestão mais aprimorada. Todavia, que não se tire a razão daqueles que se mantiverem distantes dos protocolos apregoados, pois o equilíbrio dessa balança, definitivamente, não pende para seu lado. 1 - Relatório assinado pelo CEO da UNILEVER, desenhando tendências para 2020, apontou para um esgotamento da estratégia, até então prevalecente, de crescimento pautado pelo incremento das vendas. 2 - Postura totalmente justificável na medida em que foram contabilizadas dezenas de mortes em decorrência do consumo desses alimentos contaminados. 3 - Lista resumida dos compromissos públicos para até 2015 das principais transnacionais do agronegócio café com inteções de introduzir material-prima certificada em seus produtos. Kraft - 100% do volume Europa 4C/RA; The Nescafé Plan RA – 1,5 milhões de sacas; The Nescafé Plan 4C – 3,0 milhões de sacas; Nespresso AAA - 80% até 2013. – 800 mil sacas; Sara Lee - 20% do volume mundial UTZ; Starbucks - 100% C.A.F.E. Practices; e Tchibo - 100% certificado RA/UTZ. 4 - O fenômeno de vendas das cápsulas é ilustrativo desse princípio.

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Casa das Sementes organiza Dia de Campo em Franca (SP)

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Casa das Sementes realizou no final do mês de maio, na Fazenda Santa Izabel - localizada na rodovia que liga Franca (SP) a Ribeirão Corrente (SP), na Alta Mogiana paulista, mais um Dia de Campo em Cafeicultura. Várias empresas representadas foram parceiras do trabalho, realizado na propriedade do cafeicultor Antônio Carlos David, o “Toninho David”, como é conhecido. Organizado pelo consultor da Casa das Sementes, Edmilson Bezerra, o Dia de Campo contou com o tratamento fitossanitário foi feito com produtos da Syngenta, a nutrição via solo foi feito com produtos da Fertec, a nutrição foliar foi feita com produtos da Biocross, além do gesso agrícola da Agronelli. Cafeicultor de origem, nascido na terra e exímio observador da cultura na Alta Mogiana, Triângulo Mineiro e Sudoeste de Minas Gerais, Toninho David foi incorporando em sua lavoura, a cada ano, técnicas inovadoras que pudessem favorecer uma maior e melhor produção, além de garantir a manutenção da umidade e da fertilidade das plantas e do solo. Com isto, o cafeicultor adotou um manejo diferenciado na condução de suas lavouras. “O segredo do sucesso foi

Acima, Edmilson Bezerra, consultor da Casa das Sementes. Abaixo, os cafeicultores participantes do Dia de Campo.

Acima, o cafeicultor Antônio Carlos David. Abaixo, a entrelinha do cafezal com braquiária pendoada, momento antes do corte para a colheita.

a adoção conjunta de um bom tratamento fitossanitário, do manejo com braquiária, da utilização de fertilizantes de solo e também de foliares. Isto me garantiu quebra de bianualidade, com produtividade elevada”, explica Toninho. A principal dela foi a condução da braquiária na entrelinha do cafezal. Teve início há mais de 10 anos, tanto em áreas novas como em talhões com mais de 15 anos, como se observou neste Dia de Campo, numa área plantada com Mundo Novo com 25 anos de idade e seis podas realizadas. A idéia era reduzir o custo de produção do meu cafezal. Pesquisou técnicas e insumos de cultivo orgânico; analisou a importância da proteção do solo, da reciclagem de nutrientes; bem como as máquinas adequadas para o manejo regular da massa vegetal. O cafeicultor adotou o plantio, nas entrelinhas de café, de braquiária Decumbens. “Planto a braquiária como qualquer outra cultura, com preparo de solo e adubação química. Cuido dela para ela me dar retorno. Não recomendo o plantio do braquiarão, pois é muito agressivo e o manejo se torna mais complicado”, diz.


CAFÉ Segundo o cafeicultor, a técnica não exige muito mais do que a cafeicultura já exige. “Preciso apenas promover uma roçada nas linhas de braquiária, quatro vezes ao ano, sempre a uma altura de 5 a 10 cm do solo. Com isto, teremos matéria orgânica suficiente para o trabalho dos microorganismos existentes no Bokashi”, diz. Toninho David afirma que descobriu através de análises de solo e de folhas, - realizado pela Ribersolo - que alguns nutrientes (principalmente Nitrogênio e Potássio) não se perdem se o corte for feito antes dela pendoar. “Assim, durante o ano, fazemos três operações de corte antes da colheita. Com isto, procuramos devolver os nutrientes ao solo (maximizando os custos da aplicação de nutrientes que fizemos no início), impedimos a competição da braquiária com o cafeeiro, além de conferir no solo uma camada que mantém a umidade e os microorganismos benéficos à cultura do café”, explica. Além disto, com este procedimento, o cafeicultor mantém viva a braquiária. “Ganhamos também por não gastar na compra de mais sementes e na operação de plantio das mesmas”. Apenas no último corte - já preparando para a colheita - é que se deixa a braquiária pendoar e madurar as sementes. “Quando elas cairem no solo, realizo a operação de corte fazendo com que a braquiária seja triturada e espalhada em toda a entrelinha do cafezal. Realizo a colheita mecânica normalmente e realizo a varrição com a abanadeira Mogiana que trabalha muito bem para esta técnica que adotei em minha lavoura. Somente no ano passado consegui varrer 1.100 sacos em 50 hectares, com este manejo. Então, eu recomendo o manejo da braquiária”, afirmou Toninho.

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Luis Gustavo, representante técnico do Grupo Syngenta ao lado do cafeicultor Toninho David.

um complexo de doenças no chumbinho, com aplicação de setembro a novembro. “Já para a produção, adotamos o tratamento Café Forte Extra®, em que entra todo o portifólio da Syngenta. Verdadero® de outubro a novembro; o Amistar® de setembro a novembro; o PrioriXtra® em dezembro e em fevereiro; e o Actara® em fevereiro”, explicou Luis Gustavo. Além disto, como a colheita do Toninho David é totalmente mecanizada, o consultor indicou o uso de Supera® (cobre) para o controle preventivo de doenças que aproveitam as cicatrizes deixadas nos ramos do cafeeiro.

Talhão com Mundo Novo com mais de 25 anos, onde Toninho David adota o manejo da braquiária há mais de 10 anos.

Para se ter idéia do sucesso do sistema, além da produção anual, o cafeicultor ressalta duas importantes situações. A primeira, que há sete anos não há incidência de broca do cafeeiro (Hypothenemus hampeii) em nenhuma lavoura dele. “Quero dizer que a braquiária tem um papel importantíssimo na lavoura de café, na proteção do solo e manutenção da umidade. Mas é o Bokashi que contribui para a braquiária decompor, promovendo a disponibilização rapidamente de nutrientes para o cafeeiro. Ele acelera a decomposição, faz uma camada sobre o solo, não deixando a palhada e o solo secar. Além de favorecer a ação de microorganismos sobre a broca do cafeeiro. Sem o uso do Bokashi, não tem como manejar a braquiária no cafezal”, explica Toninho. A segunda informação importante sobre a técnica de condução da braquiária é sobre a qualidade do café de varrição. “O meu café de varrição eu estou conseguindo vender como sendo de pano. Ele cai naquela proteção que fica após o corte da braquiária. O grão não danifica, não perde a qualidade. Nem cheiro de terra ele tem, pois não tem contato com terra”, diz. TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO - O tratamento fitossanitário adotado foi o da Syngenta, onde o cafeicultor utilizou em praticamente 90% do controle de doenças. “As lavouras do Toninho David produzem muito e as plantas acabam ficando muito suscetíveis às doenças. Por isso, planejamos a adoção de um sistema de tratamento diferenciado”, afirmou Luis Gustavo de Andrade. Na florada, foi utilizado o Amistar® para o controle de


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Marco Aurélio, (RTV-Fertec) e Felipe Ramos (gerente Fertec) durante mini palestra do Dia de Campo.

FERTILIZANTES MINERAIS VIA SOLO - Os fertilizantes de solo utilizados para este Dia de Campo foram os da Fertec e foram apresentados pelo Felipe Ramos (Gerente) e Marco Aurélio (Representante Técnico de Vendas). Foi utilizado NYon Solo® Café (rico em Boro, Café, Calcio, Manganês e Zinco) e o Sponger® que possui componentes que garantem alta eficiência de enraizamento e polímeros de retenção de água, aumentando a resistência ao estresse hídrico. FOLIARES UTILIZADOS - Os fertilizantes foliares utilizados para este Dia de Campo foram os da Biocross e foram apresentados pelo Daniel (Consultor Técnico), Samuel (Gerente Comercial) e Neilor (Gerente de Pesquisas). Foi utilizados o Ascomaxx®, produto a base de uma alga marinha (Ascophyllum nodosum), que fornece até 55% de carboidratos e que contribui diretamente para o enraizamento, pegamento de frutos, uniformidade e produtividade do cafeeiro. Edmilson Bezerra ressaltou, ainda, que em toda a sua lavoura de café, Toninho David utilizou gesso agrícola.

Abaixo, José Samuel De Grande, gerente Briocross, durante as mini-palestras do Dia de Campo.

Toninho David explica a condução do talhão de Mundo Novo para o empresário e cafeicultor André Cunha.


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Como melhorar o controle químico das plantas daninhas na cultura do cafeeiro

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Renato Passos Brandão 1 Maickon Fernando Ribeiro Balator 2

s plantas daninhas constituem um grande problema para a cultura do cafeeiro podendo causar sérios prejuízos econômicos. Conforme a espécie da planta daninha, a densidade e a época de maior incidência, as perdas na produtividade do cafeeiro são significativas. Portanto, o controle das plantas daninhas é uma prática cultural de grande importância na cafeicultura. EFEITO DAS PLANTAS DANINHAS NO CAFEEIRO - As plantas daninhas concorrem com o cafeeiro pela água, nutrientes e luz solar (MATIELLO et al., 2010). No período chuvoso, as plantas daninhas causam perdas na produção do cafeeiro pela competição pelos nutrientes. No período seco, as plantas daninhas reduzem a disponibilidade de água ao cafeeiro pois são mais eficientes na sua absorção (ALCANTARA; SILVA, 2010). O cafeeiro tolera muito pouco a presença das plantas daninhas na linha de cultivo. Além da competição por água e nutrientes, ocorre competição por luz prejudicando a fotossíntese. Além disso, as plantas daninhas dificultam as práticas culturais como a colheita e as pulverizações foliares (ALCANTARA; SILVA, 2010). Entretanto, as plantas daninhas também proporcionam benefícios ao cafeeiro. Protegem o solo contra o processo erosivo (cobertura do solo), melhoram a drenagem dos solos devido a melhoria da estrutura do solo e auxiliam na reciclagem dos nutrientes (MATIELLO et al., 2010). Portanto, as plantas daninhas devem ser manejadas com o intuito de reduzir os danos e a maximizar os benefícios ao cafeeiro. COMO PODE SER REALIZADO O CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS? - O controle das plantas daninhas tem por objetivo a redução do seu número a fim de impedir que a competição com o cafeeiro pelos fatores de produção prejudique a produtividade e a lucratividade da cafeicultura. Além disso, visa também a redução no número de propágulos para que nas próximas safras ocorra diminuição da população das plantas daninhas. O controle das plantas daninhas no cafeeiro pode ser mecânico, físico, cultural, biológico e químico. Com o desenvolvimento dos herbicidas e a disseminação dos sistemas de cultivo conservacionista, atualmente, o método químico é o mais utilizado em cafeeiro (ALCÂNTARA; SILVA, 2010). Quando possível, é aconselhável a utilização de dois ou mais métodos de controle das plantas daninhas.

AUTORES 1 - Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. 2 - Coordenador Técnico Brasil

Figura 1. Controle químico das plantas daninhas em cafeeiro em produção. Fonte: Alcantara; Silva (2010).

COMO É REALIZADO O CONTROLE QUÍMICO DAS PLANTAS DANINHAS? - Nos sistemas conservacionistas, o controle das plantas daninhas é realizado com herbicidas aplicados antes do transplante das mudas do cafeeiro e nas fases de formação e produção do cafeeiro (Figura 1). PLANTAS DANINHAS E GLIFOSATO - Atualmente, o glifosato [N-(fosfonometil) glicina] é o herbicida mais utilizado no controle das plantas daninhas no cafeeiro É um herbicida de amplo espectro, aplicado em pós-emergência, não-seletivo, de ação sistêmica e é utilizado no controle das plantas daninhas anuais e perenes e na eliminação das culturas de cobertura. A dose do glifosato varia em função das espécies infestantes e do estádio fenológico das plantas daninhas (TIMOSSI; DURIGAN; LEITE, 2006). E um herbicida muito móvel nas plantas, sendo rapidamente transportado pelas folhas. A sua translocação segue a rota dos fotoassimilados no sentido fonte-dreno, com acumulo nas raízes, nos pontos de crescimento e regiões meristemáticas (MONQUEIRO et al., 2004). Os sintomas resultantes da aplicação do glifosato são lentos iniciando pelo amarelecimento progressivo das folhas, murchamento com posterior necrose e a morte das plantas, que pode demorar de 4 a 20 dias, conforme a espécie infestante e estágio fenológico (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). QUAIS OS FATORES QUE AFETAM A EFICIÊNCIA DO GLIFOSATO NO CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS NO CAFEEIRO? - A eficiência do glifosato no controle das plantas daninhas é afetada por diversos fatores, dentre os quais, presença de sais na água utilizada no preparo da calda de pulverização, pH da calda, chuvas em curto intervalo de tempo após a aplicação do herbicida, misturas em tanques de pulverização com outros produtos químicos, atividade dos adjuvantes e as espécies e estádios fenológicos das plantas daninhas.


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CAFÉ A partir deste momento, vamos abordar dois fatores que interferem na eficiência do glifosato na dessecação das plantas daninhas e se bem manejados podem melhorar a performance deste herbicida: pH da calda de pulverização e nitrogênio amídico na calda de pulverização.

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a. pH da calda de pulverização O pH da calda de pulverização interfere na atividade herbicida do glifosato, facilitando a sua penetração cuticular e aumentando a solubilidade das moléculas (GREEN; CAHILL, 2003). O glifosato é um herbicida ácido fraco e a redução no pH da calda de pulverização resulta em maior eficiência no controle das plantas daninhas. As moléculas menos ionizadas atravessam a cutícula e a membrana plasmática com maior facilidade (YOUNG et al., 2003). Dentro deste contexto, a Bio Soja desenvolveu o Poliflex®. É um fertilizante foliar fluido fornecedor de nitrogênio e fósforo às plantas e com grande capacidade de redução no pH da calda de pulverização. O pH do Poliflex® situa-se na faixa de 1 e 2. A acidificação da calda de pulverização proporcionada pelo Poliflex® permite que mais moléculas do glifosato permaneçam sob a forma menos dissociada, atravessando a membrana plasmática com muito mais facilidade. A dose do Poliflex® é de 50 mL/100 L de água e deve ser o primeiro produto a ser adicionado na calda de pulve-rização. b. Nitrogênio amídico na calda de pulverização O nitrogênio amídico proveniente da ureia atravessa com extrema facilidade a cutícula das folhas das plantas. Desta forma, a ureia pode romper algumas ligações éster, éter e dieter da cutina contribuindo para a maior absorção dos elementos presentes na calda de pulverização, dentre os quais, o glifosato. O Fertilis® Nitroflex é um fertilizante fluido da Bio Soja com alto teor de nitrogênio. Cada litro do Fertilis® Nitroflex possui 390 g de N e tem um efeito determinante no controle das plantas daninhas com o glifosato (Figura 2). A dose do Fertilis® Nitroflex é de 500 mL/100 L de água e deve ser o último produto a ser adicionado na calda de pulverização. CONSIDERAÇÕES FINAIS - Atualmente, os sistemas de cultivos conservacionistas são uma realidade e uma necessidade num mundo globalizado com preocupações cada vez maiores com os impactos ambientais das atividades agrícolas. O controle químico das plantas daninhas no cafeeiro

Figura 2. Efeito do Fertilis® Nitroflex no controle das plantas daninhas com glifosato.

é uma das etapas no processo produtivo que mal realizado trará consequências ao produtor rural e ao meio ambiente. Portanto, o produtor rural precisa conhecer os fatores que possam aumentar a eficiência agronômica do glifosato e saber utilizá-los da melhor forma possível. Dentre deste contexto, a Bio Soja desenvolveu dois produtos se bem manejados (Fertilis® Nitroflex e Poliflex®) são ferramentas que melhoram a performance do glifosato no controle das plantas daninhas na cultura do cafeeiro. Os dois produtos da Bio Soja são complementares. O Poliflex® melhora a calda de pulverização e o Fertilis® Nitroflex atua nas plantas daninhas. LITERATURA CONSULTADA ALCANTARA, E.N. de; SILVA, R.A. Manejo do mato em cafezais. In: REIS, P.R.; CUNHA, R.L. Café arábica: plantio à colheita. v. 1, p. 521-572. 2010. GREEN, J.M.; CAHILL, W.R. Enhancing the biological activity of nicosulfurun with ph adjusted. Weed Technology, Lawrence, v. 17, n. 2, p. 338-345. 2003. MATIELLO, J.B.; SANTINATO, R.; GARCIA, A.W.R.; ALMEIDA, S.R.; FERNADES, D.R. Cultura de café no Brasil: manual de recomendações. 2010. 542p. MONQUEIRO, P.A.; CHRISTOFFOLETI, P.J.; OSUNA, M.D.; DE PRADO, R.A. Absorção, translocação e metabolismo do glyphosate por plantas tolerantes e susceptíveis a este herbicida. Planta Daninha, Viçosa – MG, v. 22, n. 3, p. 445-451. 2004. RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. Guia de herbicidas. 5 ed. Londrina. 2005. 592p. TIMOSSI, P.C.; DURIGAN, J.C.; LEITE, G.J. Eficácia de glyphosate em plantas de cobertura. Plantas daninhas, Viçosa – MG. v. 24, n. 3, p. 475-480, 2006. YOUNG, B.G.; KNEPP, A.W.; WAX, L.M.; HART, S.E. Glyphosate translocation in common lambsquarters (Chenopodum album) and velvetleaf (Abutilon theophrasti) in response to ammonium sulfure. Weed Science, Lawrence. v. 51, n. 2. p.151-156. 2003.


ESPECIAL - INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

A Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana e os benefícios

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a última edição da Revista Attalea Agronegócios, você conferiu o primeiro artigo da série “Alta Mogiana e a Indicação Geográfica do café”. Nesta edição, o tema da nossa série é a importância da IG e os benefícios que ela gera para a região. A Indicação Geográfica, modalidade Indicação de Procedência, do café da Alta Mogiana é um registro concedido à região produtora, que possui história e qualidades comprovadas. Este selo, além de valorizar a região e movimentar a economia, gera benefícios econômicos, sociais e ambientais. Na nossa região, o selo está sob gestão da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana. O selo protege e proporciona maior credibilidade do produto junto ao mercado e, ao mesmo tempo, potencializa o seu valor comercial. Isso porque, ao delimitar a área de produção e restringir o uso do produto aos produtores da região, a IG ajuda a manter os padrões de qualidade e impede que outras pessoas utilizem o nome da região em produtos ou serviços indevidamente. Para todos os produtores de café localizados na Alta Mogiana, ao atingirem as normas mínimas previstas pelo regulamento de uso, o selo concedido pela AMSC agregará valor e permitirá um melhor posicionamento competitivo do produto, já que o mesmo passará a ser diferenciado e mais valorizado tanto no mercado interno quanto no externo. Com a IG temos uma maior valorização da nossa região, o que irá influenciar em diversos ramos da economia, desde a abertura de mercado, até mesmo no crescimento do

A Indicação de Procedência é um selo que identifica e protege o café da Alta Mogiana, por suas características únicas, preservando sua cultura, sua história e sua gente

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turismo regional. O selo também oferece benefícios baseados no desenvolvimento rural, como a manutenção da população nas zonas rurais, práticas produtivas adequadas ao meio ambiente, geração de emprego e satisfação do produtor. Para fazer uso do selo o produtor deve cumprir alguns requisitos, o principal é que a propriedade deve estar inserida em um dos 15 municípios produtores de café da Indicação Geográfica da Alta Mogiana: Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Santo Antonio da Alegria e São José da Bela Vista, Para mais informações sobre a Indicação Geográfica do café e os benefícios para a região, entre em contato com a AMSC. Na próxima edição da Attalea Agronegócios, nossa série irá destacar os próximos desafios e o estágio atual da IG.


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AMSC, SEBRAE e CATI realizam dois Dia de Campo na Alta Mogiana

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om o objetivo de incentivar a qualidade na produção de cafés, a AMSC (Associação de Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) promoveu, em maio, o evento ‘Dia de Campo’. As atividades foram desenvolvidas nos dias 21 e 22 em propriedades rurais da região de Franca. O evento, promovido em parceria com o SEBRAE e a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), reuniu mais de cem cafeicultores nas duas edições. No dia 21, o Dia de Campo foi realizado no Sítio Ressaca, de propriedade do Sr. Orlando Beloti, em Pedregulho (SP), na região do Alto Lajeado. No dia 22, o evento aconteceu no sítio Nossa Senhora da Abadia, de propriedade do Sr. Leonardo Bolonha, no município de Franca (SP). A programação do evento, voltado para melhoria na qualidade do café, contou com apresentação expositiva e prática. Antônio Emílio, especialista em cafés especiais, apresentou os processos para produção de cafés finos. Com mais de 40 anos de experiência na área, Emílio trabalhou por

A empresa Ventbras foi parceira dos eventos apresentando uma novidade: a Selecionadora Eletrônica de Grãos, que separa o café colhido em verde, cereja e bóia/passa em três diferentes bicas e não utiliza água. A proposta da Selecta M-400 e Selecta M-1200 é o de proporcionar secagem mais uniforme, valorizando o café produzido.


CAFÉ muitos anos na Fazenda Ipanema, em Alfenas (MG). O curso teve foco em técnicas de colheita e pós-colheita do café. Emílio orientou os produtores sobre dicas para que o fruto não fermente e que este mantenha sua integridade e qualidade. Segundo especialistas, durante todo o ciclo produtivo do café, desde o plantio até a venda do grão verde, a fase que mais influencia na qualidade dos grãos é justamente a pós-colheita. Além das apresentações, durante os dois dias de evento a AMSC orientou os participantes sobre produção de cafés especiais e a Indicação de Procedência do café da Alta Mogiana. A Associação enfatizou que todo cafeicultor pode produzir cafés finos, com alta qualidade, basta se especializar e adotar as técnicas necessárias no processo produtivo.

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Ao centro, André Cunha, presidente da AMSC, ao lado de toda a diretoria da entidade, apresenta a proposta de promover difusão e importância da qualidade do café na Alta Mogiana.

Acima, Antônio Emílio responde pergunta do cafeicultor Toninho David. Ao lado e abaixo, o especialista ensina os participantes as melhores técnicas para obter uma secagem plena e que mantenha a qualidade dos grãos.


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Viabilidade econômica de um projeto avícola: planejamento e local de produção

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ntes de iniciar uma criação de frangos, deve-se planejar o “sistema” de produção a ser adotado, o “programa” de utilização da granja (intervalo entre lotes em dias), a localização e construção da granja, taxas de lotação ou densidade e conforme a escolha definir os equipamentos a serem utilizados e finalmente a viabilidade econômica do projeto. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE - Existem dois sistemas. O primeiro deles é o periódico - em que as aves são alojadas periodicamente, ou seja, entrada dos lotes semanais, quinzenais ou mensais. O investimento nesse sistema é menor e como o preço de venda dos frangos tem oscilado frequentemente o risco de perdas econômicas é menor. Porém a experiência tem mostrado que o risco de aparecimento de doenças é diretamente proporcional ao número de lotes de idades diferentes que se tenha na granja. O segundo, mais utilizado é o sistema “All in - All out”, tudo dentro e tudo fora. Neste sistema, adquirem-se os pintos de acordo com a capacidade total da granja (galpões) que são criados e vendidos todos no final do ciclo de produção. As vantagens desse sistema são: maior facilidade de manejo e maior facilidade e efetividade no controle de doenças. Permite uma melhor e mais eficiente desinfeção, bem como permite a realização de um vazio biológico (intervalo entre lotes) dentro dos padrões (7 a 15 dias). PROGRAMA DE UTILIZAÇÃO DA GRANJA - O número de lotes de frangos criados anualmente está diretamente relacionado a idade de abate e com o intervalo entre lotes, que permite o planejamento financeiro para viabilização econômica do empreendimento (Quadro 1) LOCALIZAÇÃO DA GRANJA - A escolha do local de

Quadro 1 - Relação número e intervalo de lotes por idade de abate

instalação da granja é um fator de grande importância, visto que irá influenciar diretamente sobre o lucro das empresas. Os fatores técnicos e econômicos que determinarão a escolha do local são: condições climáticas e topográficas, tipo de solo, água, energia elétrica, vias de acesso, proximidade de fornecedores de pintos e insumos, abatedouros, mercado consumidor e capital disponível. CONSTRUÇÃO DA GRANJA - Os galpões devem ser construídos em solos de estrutura arenosa, para permitir uma rápida drenagem. Em locais de terrenos arenosos a topografia pode ser plana. Mas, em terrenos argilosos, de difícil drenagem, a topografia deve ser ligeiramente inclinada, para permitir um rápido escoamento das águas das chuvas. Os terrenos montanhosos devem ser evitados, pois haverá um custo adicional na construção, devido ao custo da terraplanagem. O clima ideal deve se aproximar, tanto quanto possível, do seco e temperado, com pequenas variações de temperatura e não sujeito a ventos frios e fortes. As


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baixadas devem ser evitadas pois no inverno, o frio poderá ser muito intenso. Aliado à umidade, fornece um, clima inteiramente desfavorável às aves. A orientação da construção deve ser no sentido lesteoeste, a fim de evitar que nos meses de verão os raios solares incidam diretamente sobre as aves. No inverno, quando o sol tem sua trajetória alterada, haverá uma pequena incidência de insolação dentro do galão, porém, nestes período não é prejudicial. A distância entre galpões deve ser levada em consideração , uma vez que esta tem como objetivo manter as aves de diferentes idades isoladas (quando criadas no sistema periódico), que diminui a possibilidade de disseminação de doenças. Tecnicamente, as distâncias entre os galpões de aves de idades diferentes deve ser a maior possível. No entanto, consideram-se como mínimas:• De outros grupos de aves ------------------------- 1000 m • Idades diferentes dentro de uma mesma granja --- 200 m • Mesma idade ----------------------------------------- 20 m Não basta simplesmente, que a granja seja isolada de outras. É necessário que se controle ao máximo o trânsito dos principais vetores de doenças, tais como: Homem, veículos, implementos, animais domésticos e silvestres entre os galpões ou granjas. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS PARA OS GALPÕES DE FRANGOS DE CORTE -

Os galpões com oito e dez metros de largura são adequados para aviários abertos e localizados em climas temperados e o ambiente interno é altamente influenciado pelas condições externas. A distribuição dos equipamentos é mais difícil no primeiro e mais fácil no segundo. No galpão de doze metros a influência das condições externas são menores no ambiente interno e é bastante eficiente quando o ambiente interno é controlado e a distribuição dos equipamentos

é facilitada. Os galpões de catorze, dezesseis e mais de dezesseis metros de largura requerem especial atenção quanto a sua estrutura e são adequados para ambientes internos controlados (temperatura, umidade relativa do ar e fluxo de ar), e um ponto importante nesses tipos de galpões é a altura do pé direito (mais baixo) pois a massa do ar interno é menor e há melhor controle ambiental. Outro ponto a ser considerado, é a cobertura do galpão, que nas instalações avícolas brasileiras, as mais utilizadas são as de fibra cimento,telhas de barro e alumínio. Cada tipo de cobertura possui sua vantagem e desvantagem em termos de resposta térmica, operacionalidade construtiva, manejo e custo. A adoção de uma delas deve ser aquela que possibilite um efetivo conforto térmico para as aves. Lotação ou densidade: A taxa de lotação representa o número de aves criados por metro quadrado. Podemos adotar como regra geral para galpões de oito a dez metros de largura a lotação de 12 aves/m2. Para galpões acima de 12 metros de largura, 14 aves/m2 e para aqueles com largura acima de doze metros de largura com ambiente controlado, até 18 aves/m2. Em todas as situações, é muito importante a disponibilidade de equipamentos, em função da densidade ou taxa de lotação. Cabe aqui ressaltar que a lotação excessiva aumenta a competição nos comedouros e bebedouros. A cama emplasta com mais facilidade, aumenta a geração de calor, a concentração de gás carbônico e de amônia. Tudo isso acabará determinando redução no consumo de ração e da taxa de crescimento, piorando a conversão alimentar, aumentando a mortalidade, a condenação de carcaças no abatedouro. Além de possibilitar o aparecimento de canibalismo durante a criação, propicia um aumento da porcentagem de frangos com empenamento deficiente. Equipamentos: Para completarmos a estruturação dos detalhes de construção para verificação da viabilidade econômica do projeto, devemos considerar os seguintes equipamentos que serão comentados posteriormente quando fizermos considerações sobre manejo: cortinas, círculos de proteção, bebedouros, comedouros, fontes de aquecimento, iluminação, aspersores, ventiladores. (FONTE: Portal MegaAgro)


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TRABALHO ESCRAVO, FUNÇÃO SOCIAL E RISCO CONTRATUAL Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ felipe@mtcadv.com.br - www.mtcadv.com.br ]

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utilização de trabalho escravo (ou de trabalho em condições análogas à escravidão) é, infelizmente, ainda presente em alguns setores do agronegócio brasileiro. Em razão de aspectos que o diferenciam da forma tradicional e mais conhecida de exploração de trabalho escravo – aquela consistente na utilização gratuita, e sem consentimento, de mão de obra alheia -, o atual regime de escravidão (também conhecido como “trabalho escravo contemporâneo”) é, por vezes, difícil de ser caracterizado, fato que contribui para a sua disseminação, principalmente no campo. Isso se deve, muitas vezes, ao fato de o trabalho escravo contemporâneo adotar alguns aspectos presentes nas relações ordinárias de trabalho – aspectos estes que acabam por dissimular e mascarar o estado de exploração de trabalho escravo. É comum, por exemplo, o trabalho escravo remunerado (inexistente nos regimes tradicionais de escravidão), mas acompanhado de violações contundentes à liberdade do trabalhador, como a retenção de documentos ou mesmo a imposição arbitrária de dívidas ao trabalhador. A exploração de trabalho escravo, obviamente, acarreta consequências civis, penais e trabalhistas ao beneficiário direto deste tipo de mão-de-obra. É importante observar, no entanto, o deslocamento, ao menos no campo civil, embora ainda de maneira tímida, da responsabilidade civil para beneficiários indiretos ou incentivadores de atividades que, de alguma maneira, violam direitos humanos ou sociais. O precedente, no Brasil, não se deu, é verdade, em situação envolvendo trabalho escravo, mas sim em caso envolvendo a exploração de atividade econômica danosa ao meio ambiente. Neste caso, reconheceu-se a responsabilidade civil de instituição financeira que, por meio de concessão de financiamento (contrato de mútuo), incentivava e estimulava tal atividade.

O fundamento para isso estaria no art. 421 do Código Civil, segundo o qual os contratos, em geral, devem obediência à sua função social. Segundo uma das maneiras de se aplicar esse dispositivo, nenhuma relação contratual poderia, de algum modo, promover, sustentar ou estimular práticas consideradas indesejadas pela sociedade (ou que fossem incompatíveis com a ordem ou justiça social), pois não seria essa a sua função dentro do meio social. Nunca é demais lembrar que os contratos constituem a roda motora da economia e a ordem econômica, por sua vez, segundo o art. 170 da Constituição Federal, intenciona assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social – algo que, definitivamente, não combina com a exploração de trabalho escravo. Uma guinada da responsabilidade civil nesse sentido cria, portanto, um risco contratual à cadeia do agronegócio. Uma empresa que explora atividade rural estabelece várias relações contratuais ao longo do processo de desenvolvimento desta atividade: ela financia sua produção (mútuo), vende o produto da safra (compra e venda), protege-se contra riscos (seguro), arrenda a área de cultivo (arrendamento rural), adquire insumos (compra e venda), aluga equipamentos (locação), entre outras atividades. Cada uma delas constitui um contrato que, grosso modo, dá suporte a atividade rural desenvolvida pela empresa. Se esta atividade vale-se, além de tudo isso, de mão-de-obra escrava, então há um risco de contaminação de cada um daqueles contratos, criando um risco para todos os agentes econômicos adjacentes àquela atividade. Daí, então, a necessidade de que tais agentes fiscalizem a atividade rural explorada pelo seu parceiro contratual. Isso é fundamental para que aqueles se protejam do risco contratual decorrente da exploração de trabalho escravo, algo que, repitase, ainda se encontra presente no agronegócio brasileiro.


Fernando Braz Tangerino Hernandez - Engº Agrº e Prof. Titu-

lar da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira (SP). [ www.agr.feis.unesp.br/irrigacao.php - http://podcast.unesp.br/ podirrigar ]

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saremos os totais de chuva e evapotranspiração no ano de 2.013 no noroeste paulista, como exemplo, novamente utilizando os registros como base para o convencimento e planejamento, pois estamos no verão e assim, existe sempre uma expectativa de chuvas, ainda que os veranicos estão sempre presentes e dependendo da sua extensão, pode comprometer a produtividade potencial dos cultivos. Enquanto que os nosso principal concorrente pelo mercado de grãos tem no frio e na neve a preocupação maior sobre a influência na escolha das cultura e momento de semear, por aqui, que contamos com pouco mais de 20% da área irrigada dos Estados Unidos, está na chuva nossa maior preocupação. Assim, ainda que o noroeste paulista tenha registrado média de 1.153 milímetros em 2013, o que nos preocupa é a dispersão, tanto entre os meses, como entre diferentes municípios. A diferença na chuva entre o maior registro que foi em Ilha Solteira e o menor em Itapura foi de 29%. Ainda em relação o número de dias sem chuva em 2013 variou entre 66 dias em Itapura, - isso mesmo, onde menos choveu - mas com maior frequência, e Pereira Barreto, que chegou a amargar 94 dias sem chuvas. Na média, foram 78 dias sem chuva no noroeste paulista. Por outro lado, a variação entre a maior e a menor taxa de evapotranspiração foi de apenas 13%, variando entre 1362 e 1566 mm e de forma mais uniforme ao longo do ano. Na prática temos uma exigência maior por água para a atmosfera, do que ela nos entrega na forma de chuvas e assim, os recursos financeiros que podemos tirar das terras de forma a mover a economia regional ficam limitados. Mudar esta situação somente pode ser feito com o uso de sistemas de irrigação, que moverão a água de córregos, rios, reservatórios para as áreas de cultivo e assim, garantirão produtividade em 2,5 safras por ano. Muitos, infelizmente, ainda não perceberam as vantagens desse uso para água, que apenas é transferida de um local para outro, uma vez que o processo de evapotranspiração vai continuar existindo, mas

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IRRIGAR OU CONTINUAR A SOFRER PELA IRREGULARIDADE DAS CHUVAS

agora trará divisas à todo uma região. Evapotranspiração é o nome do processo em que se transfere água para a atmosfera através da evaporação do solo e transpiração das plantas e que, para uma máxima produção, deve ser reposta pelas chuvas ou pelos sistemas de irrigação. Como uma conta corrente no banco, a evapotranspiração deve ser reposta para que não tenhamos prejuízo. Desse modo, o irrigante não “gasta” água como muitos pensam, ele usa a água - muitas vezes de qualidade ruim, que passará para a atmosfera e cairá na forma de chuva em outra região. Por isso sempre digo que o irrigante não é bandido - como alguns chegam a pensar -, na verdade o irrigante é o mocinho, com o intuito de lembrar aos irrigantes que a sociedade precisa saber a importância da sua atividade. Para tanto, a comunicação com diferentes linguagens deve ser priorizada como forma de democratização do conhecimento, da informação e do crescimento da área irrigada para colhermos mais desenvolvimento sócio-econômico. O conhecimento e as informações são fundamentais para que se possa ter a exata compreensão por todos os seguimentos da sociedade da importância da agricultura irrigada, seus efeitos multiplicadores, ao mesmo tempo em que possibilita o uso de novas técnicas e tecnologias. Muitos desafios e muitas oportunidades é como ele caracteriza o momento pelo qual passa a irrigação no País. Mas não há mais espaço para amadorismo na agricultura irrigada. Não basta ter bons sistemas de irrigação. Conhecimento técnico e manejo são importantes, mas tudo começa com um bom projeto de irrigação, que atenda as necessidades de evapotranspiração das culturas, tenha ótima uniformidade de aplicada de água, composto de bons materiais e por fim tenha tido uma boa montagem. Feliz cidade que conta com investimentos em irrigação e assim, bons exemplos florescem e são cada dia mais destacados pela imprensa. Irrigamos apenas cinco milhões de hectares, muito pouco para o potencial de 30 milhões e assim, ainda temos grandes desafios pela frente!

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