Edição nº 93 julho 2014 - Agronegócios

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Importância da manutenção da variabilidade genética da cana

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Fatos marcantes da história da humanidade evidenciaram que a falta de variabilidade genética nos campos de produção podem causar consequências drásticas. Como a ocorrência de um fungo nos campos de produção de batata, que praticamente arrasou a população rural da Irlanda no século XIX e também do inseto que arrasou os parreirais da França em 1860. Com isto a APTA-SP mostra a importância de se manter um banco genético de cana de açúcar no país.

HORTALIÇAS LEITE

Boas práticas na ordenha de bovinos leiteiros

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A adoção de boas práticas durante a ordenha das vacas leiteiras é fundamental para que se obtenha um produto final com mais qualidade, mantendo suas características físicas e químicas.

Utilização da cobertura morta no cultivo de Cebola

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Pesquisadores da APTA-SP mostram que a cobertura morta é uma prática simples e com grande impacto no manejo de plantas daninhas na cultura da Cebola.

EQUINOS

Nutrição do cavalo atleta

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Artigo do Veterinário Thiago Centini apresenta orientações sobre a importância da instituição de um programa de nutrição que busque o equilíbrio entre o requerimento nutricional do animal, de acordo com o peso, idade, tipo e intensidade do esforço

Sintomas do Ácaro da Leprose em frutos do café

CAFÉ

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colheita do café avança em todas as regiões produtoras do país. Mais do que a dificuldade em acompanhar as oscilações das cotações do café das principais Bolsas de Negócios pelo Mundo, o cafeicultor brasileiro vem enfrentando grande dificuldades com o clima. As intempéries climáticas do final do ano passado e início deste ano comprometeram consideravelmente a renda do cafeicultor brasileiro. Avaliações de órgãos oficiais apontam perdas da ordem de 20 a 50% da produção. Pior que isto, quando ainda no pé do café, dificilmente o cafeicultor consegue distinguir entre os grãos chochos dos granados, o que obriga o produtor rural a fazer a colheita completa em sua lavoura. E é no beneficiamento que o cafeicultor consegue enxergar o grande problema. Pelos números apresentados em várias regiões do Sul e Sudoeste Mineiro, normalmente são necessários em média 400 a 500 litros do fruto para preparar uma saca de 60 quilos em grão. Com os problemas decorrentes da estiagem, são necessários mais de 600 litros do fruto. Nesta edição, além desta questão de intempérie climática, abordaremos matérias importantes para a cafeicultura, como o aniversário do IAC - Instituto Agronômico de Campinas, responsável por mais de 90% das cultivares de café existentes no parque cafeeiro brasileiro; os novos sintomas do ataque do Ácaro da Leprose no cafeeiro; e a desmistificação da atuação dos fundos no mercado de café. Como destaque principal, publicamos artigo que mostra a importância da manutenção da variabilidade genética em Cana de Açúcar. Já na atividade leiteira, abordamos artigo importante sobre as Boas Práticas na Ordenha e os novas máquinas da Casale na produção de ração. Para a criação de cavalos, publicamos artigo interessante do Médico Veterinário Thiago Centini, que aborda a importância de um programa de nutrição adequado para cavalos atletas. Boa leitura a todos!!!

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São sintomas ou sinais de anormalidades que acontecem em diferentes partes da planta e que chamam a atenção pela dificuldade de sua caracterização, em relação aquilo que já se conhece.

Desinfecção de granjas é uma prática importante

AVES

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Café: problemas climáticos comprometem safra e renda

DESTAQUE: Cana de Açúcar

EDITORIAL

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Dentro de um conceito de biossegurança, a desinfecção de granjas constitui um processo muito importante na atividade, cujo objetivo é reduzir o risco do comprometimento da produtividade.


MÁQUINAS

O trator ideal para quem não pode parar na lavoura aber dimensionar a demanda de uma propriedade rural é tarefa essencial no momento da escolha ou da renovação da frota de tratores. Com as intensas evoluções tecnológicas no setor, a crescente oferta de máquinas diferenciadas pode gerar alguma dificuldade na hora de adquirir um novo trator. Para acertar, é preciso tomar alguns cuidados e aproveitar ao máximo os recursos oferecidos pelos fabricantes para suprir todas as necessidades da lavoura. É pouco efetivo pensar somente em potência do motor. Dentro das especificações de cada trator, existem muitos outros aspectos que devem ser analisados. As especificações do motor devem se adequar ao uso na propriedade rural. Demandas específicas exigem definições diferenciadas. Fora o óbvio da tarefa a ser executada, o tipo do solo é mais

AUTORES 1 - Supervisor de Marketing da AGCO. 2 - Coordenador de Atendimento e Suporte Técnico da AGCO.

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FOTO: Yanmar-Agritech

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Everton Pezzi e Omar Zilch 1


MÁQUINAS FOTO: Jornal Gazeta Life

um aspecto que influencia na escolha da motorização. O terreno também pressupõe a escolha de um pneu adequado. O conforto operacional vem, com justiça, tendo sua importância cada vez mais reconhecida. Um operador trabalhando em condições ideais rende mais em menos tempo do que alguém operando em uma máquina desconfortável. Estes confortos podem se manifestar desde uma cabine com ar condicionado, um câmbio em posição lateral facilitando as trocas de marcha, uma plataforma de operação plana ou acionamento hidráulico do freio. Também pode ser uma transmissão automática que proporciona maior performance com menos gasto de combustível. Um assunto polêmico no campo é sobre o design dos tratores. Neste aspecto, é importante a análise das facilidades que o design proposto contempla. Um capô basculante é uma escolha sábia que auxilia na hora da manutenção. Um trator bonito, com curvas arredondadas e modernas também não faz mal algum, por que é importante lembrar que ele vai ser um grande companheiro por anos. Outro ponto muito importante é a escolha do trator compatível com o implemento. Muitas pessoas compram o trator e utilizam implementos acima das suas especificações, ou seja, equipamento super dimensionado. Neste caso pode ocorrer uma serie de problemas como por exemplo, desgaste desnecessário dos componentes da transmissão, vida útil menor do motor, desgaste prematuro dos pneus e rendimento operacional nem sempre satisfatório. Na escolha do trator deve-se levar em consideração o tipo de trabalho que ele vai executar. Muitas vezes observamos tratores trabalhando com todos os contrapesos que se é aceitável de fabrica, e executando uma operação que não tem necessidade de todo este lastro como nas operações de adubação, pulverização ou até mesmo plantio. Nestes casos

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o trator estará consumindo energia para carregar seu próprio peso, isso ocasiona um desgaste prematuro dos componentes e acima de tudo um elevado consumo de combustível. Na hora da escolha por um novo trator, a pesquisa em suas concessionárias de confiança é essencial. Colocando na balança os aspectos mais importantes para a propriedade, a opção por uma determinada máquina fica mais eficaz e o retorno garantido. A FERRAMENTA QUE NÃO PODE PARAR - No campo, cada segundo é precioso. O produtor sabe o valor que se perde quando uma máquina fica parada na lavoura por problema mecânico. O que muitas vezes ele não sabe é que algumas das intercorrências com os equipamentos são resultado de falta de atenção, manutenção inadequada e erros de operação. A solução passa pela leitura e consulta constante ao manual do operador. A falta de hábito da leitura deste recurso é uma grande responsável por baixo rendimento e desempenho insatisfatório com um alto custo operacional. Quando a manutenção, seja ela preventiva ou periódica, é feita com os devidos cuidados seguindo as recomendações do fabricante, a vida útil do equipamento se prolonga e as despesas de reparos e os custos de manutenção diminuem. É importante também que, quando há reparos a serem feitos, que sejam em oficinas autorizadas e reconhecidas pela FOTO: Yanmar-Agritech

FOTO: LS Tractor

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Fábrica. Só assim poderá ter-se a certeza de as peças de reposição sejam originais e que a mão-de-obra empregada seja qualificada. Alguns pontos que são fáceis de serem controlados e que poderão evitar sérios aborrecimentos incluem: Pontos de lubrificação, lubrificantes aditivos recomendados e filtros, cuidados com o motor, eixos dianteiro e traseiro, direção, embreagem, sistema elétrico, lastreamento do trator e a conservação em períodos inativos. É fato de que a importância da manutenção correta e sistemática precisa ser sempre estimulada. Para isso, cada vez mais a indústria de maquinário agrícola adota um padrão de fácil acesso aos componentes mecânicos que precisam ser verificados com frequência. Hoje, é muito mais fácil manter seu trator, implemento ou colheitadeira com a manutenção em dia. Cada vez menos se veem tratores que dificultam o acesso ao motor ou a bateria, por exemplo. Da mesma forma, o acesso a assistência técnica especializada ficou facilitado com as grandes marcas ampliando cada vez mais sua atuação e disponibilidade neste fronte. Com as facilidades de manutenção propostas pela evolução do maquinário agrícola é constatado também um aumento na complexidade da operação do equipamento. Este aspecto torna ainda mais importante a consulta no referencial teórico que é o manual do operador. As novas tecnologias são desenvolvidas para o aumento da produtividade na lavoura, mas com a operação errada pode-se perder este valoroso acréscimo. Com absoluta certeza, o Manual do Operador é cer-

FOTO: Yanmar-Agritech

MÁQUINAS

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tamente a ferramenta de apoio mais importante que acompanha o trator. O hábito de leitura deste Manual por parte do usuário, deve ser estimulado por técnicos e proprietários de máquinas. Infelizmente, é por falta de conhecimento de princípios básicos nele contido, que operadores cometem erros que acabam gerando prejuízos bastante significativos que poderiam ser evitados.


NOTÍCIAS

TIMAC Agro lança potássio mais inteligente 8

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TIMAC Agro, empresa multinacional pertencente ao grupo francês Roullier, está integrando na sua lista de produtos de fertilizantes sólidos o K-UP. É revolucionário porque tem na sua composição características especiais. A primeira é em relação à salinização. O K-UP é inteligente na redução em 89% da salinidade, contribuindo diretamente para a redução do choque salino, o que favorece o desenvolvimento das plantas. O segundo ponto está focado no combate aos efeitos da lixiviação. O K-UP aumenta a proteção do potássio em 68% quanto à lavagem, em comparação a outros fertilizantes e, por isso, sofre muito menos pela ação da lixiviação. Assim, o potássio do K-UP é liberado, de forma progressiva, conforme a necessidade da planta. O terceiro aspecto está relacionado ao atendimento da necessidade nutricional da planta. O processo de absorção de K-UP é inteligente, pois disponibiliza potássio na quantidade e no momento exato em que a planta precisar. INF: www.timacagro.com.br

Guabi lança rações para vaca de alta produção

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s grandes destaques da Guabi na Megaleite deste ano foram os lançamentos das rações Lactage 22 VM e Lactage 22 Laminada desenvolvidas para vacas de alta produção. Os produtos estarão disponíveis ainda no mês de julho para os pecuaristas. Lactage 22 VM é formulada com 22% de PB (proteína bruta), alta energia, minerais e vitaminas A, D e E. Com o objetivo de fortalecer os cascos e aumentar a produção de leite, o produto contém biotina. Para melhorar o desempenho produtivo das vacas em lactação, a ração foi desenvolvida com o aditivo melhorador de desempenho virginiamicina. Já a Lactage 22 Laminada é composta por 22% de PB, milho laminado, alta energia, minerais e vitaminas A, D e E, biotina e enriquecida com monensina sódica, aditivo ionóforo melhorador de desempenho. Os produtos são indicados para vacas leiteiras de alto potencial de produtividade ou vacas de média produção durante o terço inicial da curva de lactação. INF: www.guabi.com.br

Yara exibe soluções para a nutrição vegetal

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oda a linha de fertilizantes NPK da Yara possui em sua composição, matériasprimas de qualidade e alta uniformidade granulométrica, garantindo segurança, eficiência agronômica e facilidade no uso de nossos produtos. A Linha TOPMIX™ é uma mistura de grânulos NPK de alto padrão granulométrico com micronutrientes incorporados, assegurando uma melhor distribuição e melhoria na solubilidade dos micronutrientes. É um fertilizante com excelente qualidade física (uniformidade), desenvolvido para fornecer diversas combinações NPK + Ca + S + Micronutrientes (Zn, B, Cu e Mn) em apenas uma aplicação. Já a linha SOMAX™ é composta por fertilizantes granulados NPK num mesmo grão, submetidos a um recobrimento com óleo mineral e caolim, conferindo ao produto granulometria homogênea e segurança contra o empedramento, o que resulta em uniformidade e fluidez dos nutrientes aplicados em linha ou a lanço. INF: www.yarabrasil.com.br

contatos VICENTE PAULA ANTONINO Horticultor - Taiúva (SP). “Fiquei conhecendo a Revista Attalea Agronegócios na HORTITEC-2014 e gostaria de assinar”. DAISY SILVA (daisy@presscomunicacao.com.br) Agência - Belo Horizonte (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. LEANDRO DE OLIVEIRA (le_oliveira892@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - Batatais (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. FABRÍCIO PICCINATO BENEDINI (fabriciobenedini@hotmail.com) Engº Agrônomo - Batatais (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. RICARDO DOMICIANO FIGUEIREDO (ricardo.dfigueiredo@yahoo.com.br) Engenheiro Agrônomo - Três Pontas (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. JEOVANE ANTUNES CINTRA Cafeicultor e Pecuarista de Leite - Claraval (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. FELIPE GONÇALVES (felipe@abisolo.com.br) Depto. de Marketing - São Paulo (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MARIANI GIORGIANI (mariana@mrcomunica.com.br) Jornalista - Jundiaí (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”. ROSEANE CRISTINA BOB (roseane@qualinutribrasil.com.br) Diretora Empresa - Mogi das Cruzes (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MARIANA TOSONI (mariana@agrooceanica.com.br) Engª Agrª - Mogi Mirim (SP). “Estive na Hortitec e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

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LEITE

Boas práticas na ordenha de bovinos FOTO: FUNEP

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Carla Mariane Marassatto 1

tualmente o Brasil é o quarto produtor mundial de leite e o aumento da produção deve-se à ampliação do rebanho quando, na verdade, o que deveria ser trabalhado é o aumento do volume de leite produzido e sua qualidade. As boas práticas, durante a ordenha, são pontos importantes que merecem destaque para a obtenção de um produto final com mais qualidade, mantendo suas características físicas e químicas. A adoção de boas práticas é fundamental, pois o leite é um excelente meio para o desenvolvimento de microrganismos, portanto a má conduta higiênico-sanitária realizada na propriedade pode prejudicar a qualidade do produto. Os fatores que podem interferir Sala de ordenha depois de efetuada a limpeza. na qualidade do leite são: carga microbiana, denha ocasionando a mastite). A mastite é uma infecção sanidade animal e a composição do leite. As boas práticas na ordenha necessitam obrigatoria- mamária causada por bactérias e que traz grandes prejuízos mente de algumas ações que devem ser feitas harmoni- ao agricultor, com o descarte de leite e o tratamento com camente, durante todo o processo: 1) - A higienização do antibiótico. Também deve ser considerada a higienização ordenhador e sua relação com o animal. A vaca leiteira é do ordenhador: unhas limpas, cortadas e com luvas, touca um animal acostumado à rotina, por isso qualquer alteração para evitar a queda de cabelo no local, as mãos e os braços pode acarretar em problemas na produtividade, portanto, devem ser lavados antes do início do procedimento. Esses devem ser respeitadas as limitações do animal buscando me- cuidados são importantes tanto na ordenha mecânica como didas de bem estar; 2) - Em confinamento, deve ser feita a na manual. Para melhor entendimento sobre como ocorre à saída limpeza das baias e cochos, retirando as sobras de alimento; verificar o sistema de ventilação e a disponibilização de água do leite e a importância do tempo de realização da ordenha, ao animal; estes procedimentos devem ser realizados duran- é necessário compreender todo o procedimento do organiste e após a ordenha; 3) - Sanidade na ordenha (uso correto mo do animal que envolve a resposta do sistema nervode soluções pré e pós-deepping, limpando corretamente os equipamentos evitando, assim, as contaminações). Dessa forma, para alcançar um produto de qualidade, torna-se imprescindível a conscientização dos produtores em melhorar as condições higiênico-sanitárias do sistema de produção. A rotina da ordenha tem início com a transferência dos animais para a sala de ordenha. É importante definir os horários específicos para a ordenha, o trato e o descanso. Além disso, a mudança do ordenhador pode também ocasionar estresse no animal, comprometendo a produtividade. A condução do animal até o local da ordenha deve ser tranquila, devagar, sem gritos, e sem o uso de instrumentos de agressão, evitando o estresse animal, acarretando o acúmulo do leite residual (leite retido no úbere após a or-

AUTORA 1 - Graduanda em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, estagiária da Casa do Produtor Rural. Acompanhamento técnico: Fabiana Marchi de Abreu.

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LEITE FOTO: University of Wisconsin-Madison

so até a saída do leite. Dessa forma, o animal deve receber um estímulo ativando os nervos que são interpretados pelo cérebro (hipotálamo) para sinalizar à vaca que a ordenha está iniciando. Esse estímulo pode ser realizado por meio de um barulho realizado pela ordenhadeira, a visão do bezerro pela vaca (principalmente da raça Zebu) ou o toque físico do bezerro ou do ordenhador nos tetos. Após o estímulo, ocorrerá a liberação e ação do hormônio (oxitocina) na corrente sanguínea, liberando o leite produzido na glândula mamária para a remoção através da or- FIGURA 1 - Reflexo de ejeção do leite após o animal receber um estímulo. denha. Este procedimento ocorre entre 7 a 8 minutos, portanto é essencial colocar as teteiras até um Este teste deve ser realizado em todos os animais para esminuto após o preparo do úbere para a retirada total do leite. timular a saída do leite e diagnosticar a presença ou não de É aconselhável realizar o alinhamento dos animais que mastite. A presença de mastite é observada (Figura 3), com a serão ordenhados baseando-se no diagnóstico da mastite, re- presença de grumos na saída do leite. alizando o procedimento na seguinte sequência: devem ser Após o diagnóstico de mastite nos quartos do úbere, ordenhadas, primeiramente, as vacas primíparas (de primei- aplica-se a solução pré-dipping (utilizada para desinfetar os ra cria e sem mastite), vacas pluríparas (que nunca tiveram tetos) meia hora antes da ordenha. É aconselhável a utilizamastite), vacas que tiveram mastite, mas que foram curadas, ção de caneca sem retorno no uso da solução, impedindo vacas com mastite subclínica e vacas com mastite clínica. qualquer contaminação e, após agir por 30 segundos, realizaEsta ordem é aplicada para evitar a transmissão de mastite se a secagem com papel toalha evitando a mistura entre a para vacas sadias. solução e o leite, o descarte é feito em seguida em um saco Antes de iniciar a ordenha, é feito um toque na perna de lixo. Após o uso a solução deve ser descartada, pois o préou úbere, evitando a incidência de coices e isso facilitará o dipping contém cloro em sua composição, que é volátil, perreconhecimento do ordenhador pelo animal (Figura 2A). dendo com o tempo suas propriedades químicas e reduzindo Após esta etapa, se os tetos estiverem muito sujos deve ser a concentração ideal para o uso nos tetos. realizada a limpeza com água corrente evitando molhar a Após o preparo pra a ordenha, posicionam-se correregião do úbere ou somente realizar uma limpeza com as tamente as teteiras evitando a entrada de ar e a contamimãos retirando a sujeira (acúmulo de área da cama quando nação. A retirada da teteira deve ser feita somente após o esgotamento total do leite do úbere e o corte do vácuo da em confinamento). Para diagnosticar a presença ou não de mastite, re- ordenhadeira mecânica. Estes cuidados estão relacionados à tiram-se os três primeiros jatos de leite de cada teto, utili- preservação do órgão e ao aproveitamento total da gordura zando uma caneca de fundo telado para diagnosticar mastite do leite, que começa diluída e vai engrossando, progressivaclínica. Os primeiros três jatos contêm mais contaminantes, mente, até o final. O leite de animais com mastite deve ser descartaportanto é possível observar grumos, sangue ou coágulos.

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FOTO: FUNEP

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FIGURA 2 - Contato do ordenhador através do toque no úbere (A) e lavagem dos tetos sujos com água corrente (B).


HORTALIÇAS EVENTOS LEITE AGRISHOW LEITE

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LEITE FOTO: FUNEP

do devido à qualidade inferior e a presença de antibióticos (utilizados no tratamento da doença). Deve-se sempre ter uma teteira reserva para utilização em animais com mastite, evitando a contaminação dos animais sadios. A ordenha deve seguir uma rotina para que o animal não fique esperando Figura 3 - Retirada dos três primeiros jatos de leite do quarto direito posterior (A) e o aparecimento de grumos por muito tempo. Independetectando a presença de mastite na vaca (B). dente do tipo de ordenha realizada deve-se sempre prezar pela higiene. Na ordenha mecanizada deve-se observar o funcionamento do maquinário e sempre trocar as teteiras quando apresentarem ressecamento ou rachadura. Na finalização, devese aplicar nos tetos o pósdipping, solução que tem como função prevenir os tetos contra microrganismos Figura 04: Aplicação do pré-dipping nos tetos (A) e a secagem com papel toalha após 30 segundos (B). causadores de mastite. Esta solução é constituída de iodo em composto emoliente, como do leite deve ser realizado, no máximo, em até três horas a glicerina, evitando a irritação e a melhora na adesão do após a ordenha para diminuir a velocidade de multiplicação dos microrganismos presentes no leite. Quanto mais rápido iodo na superfície. Após a ordenha é importante manter os animais em for o resfriamento, melhor será a conservação do leite. Utipé, para o fechamento do esfíncter, orifício do teto que lizam-se refrigeradores por expansão, para um rápido respermanece aberto por um tempo. Após a ordenha é feita friamento, conservando o leite a uma temperatura de 4°C. O a limpeza do local. Os equipamentos, no caso de ordenha tanque de refrigeração deve ser localizado em ambiente com mecanizada, devem ser desinfetados seguindo as normas do as seguintes características: 1) - arejado; 2) - de fácil acesso para o veículo coletor; 3) - preferentemente isolado (sala); 4) fabricante. O leite ordenhado é encaminhado ao tanque de re- - possuir um ponto de água corrente para limpeza do tanque. A limpeza e a sanitização dos tanques são os fatores frigeração para armazenar o leite mantendo suas características nutricionais sem perda de qualidade. O resfriamento muito importantes para a preservação da qualidade do leite e devem seguir algumas regras: enxaguar o tanque após a coleta do leite com água morna, entre 40 e 45°C; fechar o registro de saída do tanque, limpar com solução de detergente alcalino e enxaguar com água de boa qualidade para retirada do detergente e, posteriormente, realizar a limpeza com detergente ácido e proceder com o enxague novamente. O manejo adequado dos animais traz um retorno lucrativo, com leite em maior quantidade e qualidade ao produtor. Boas práticas na ordenha devem ser seguidas de dietas adequadas, volumosos de qualidade e sanidade do meio. Figura 6: Taque de refrigeração de leite (A); abertura do tanque de resfriamento (B).

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FOTO: SENAR

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LEITE

Pesquisadora avalia que Queijo Canastra carece de boas práticas de produção

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FOTO: ESALQ/USP

arregado de cultura e tradição, o queijo canastra é produzido há mais de 200 anos em Minas Gerais. Parte desta tradição está na maneira como ele é fabricado, o que, apesar de garantir o sabor tão famoso, ainda mantém em aberto discussões sobre higiene, boas práticas de produção e a legislação federal para comercialização de queijos. Em vista disso, Mayra Fernanda da Silva Diniz, cientista de alimentos, desenvolveu em sua dissertação de mestrado, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), um trabalho sobre queijo Canastra, “Um estudo envolvendo aspectos culturais e parâmetros de inocuidade do alimento”. Enquanto bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e orientada por Gilma Lucazechi Sturion, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), Mayra estudou os produtores e sua cultura com o objetivo de verificar a possibilidade de uma produção que aliasse a tradição e a segurança do alimento. Segundo a pesquisadora, o modo como é feito o queijo inclui a utilização de leite cru, o que gera discussões polêmi-

cas sobre sua produção. “Isso ocorre porque, no Brasil, de acordo com a legislação federal, não se pode comercializar queijos que sejam produzidos com leite cru, a menos que sejam curados – maturados – por 60 dias. No caso do queijo Canastra, a maturação ocorre por, no máximo, 30 dias. Em contrapartida, o IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária recomenda, no mínimo, 21 dias de cura”, explica. Mayra


LEITE FOTO: ESALQ/USP

diz ainda que diversos atos normativos foram criados para que o produto pudesse ser comercializado e, atualmente, essas normas ainda estão sendo discutidas. Para compreender o universo da cultura mineira e a relação da produção do queijo Canastra como tradição, Mayra conta que manteve como foco os produtores que comercializam o produto – tendo em vista que algumas famílias produzem apenas para consumo doméstico. “Além da pesquisa de campo e vivência na cidade de São Roque de Minas, localizada na região da Serra da Canastra em Minas Gerais, de onde extraí dados para elaborar minha metodologia, me baseei também em diversos atos normativos relacionados à produção de queijos artesanais”. Segundo a pesquisadora, artigos que abordavam o tema também serviram de orientação na execução do projeto. Após coletar importantes informações com os produtores de queijo Canastra, Mayra explica que foram elaborados dois instrumentos metodológicos. “Um deles foi uma Lista de Verificação, baseada nos atos normativos vigentes referentes à produção de queijo Minas artesanal. Com ela eu pude avaliar as condições higiênico-sanitárias de toda a cadeia de produção do queijo, abordando questões que iam desde o controle sanitário do rebanho até a fabricação do produto”. Mayra diz ainda que, com o intuito de complementar os resultados obtidos por meio da Lista de Verificação, foram realizadas análises de coliformes totais e Escherichia coli nos queijos frescos, objetivando avaliar a qualidade microbiológica dos produtos recém-fabricados. Outro instrumento metodológico utilizado foram as entrevistas. “Elaborei questões semi-estruturadas para obter informações relacionadas ao modo de fazer e aos demais aspectos culturais que envolvem o queijo Canastra”, explica.

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RESULTADOS - Após as pesquisas, Mayra verificou que grande parte das propriedades avaliadas - 67% - ainda carece de informações a respeito das boas práticas de fabricação, princípios que levam à produção de alimentos seguros. “Poucos produtores - 17% - faziam o controle de doenças presentes nos bovinos e que podem ser transmitidas ao homem, como, por exemplo, tuberculose. Apenas essa mesma porcentagem avaliada também realizava testes para controle da mastite, enfermidade que acomete vacas em lactação e que é responsável pela transmissão de microrganismos patogênicos ao leite, como, por exemplo, Staphylococcus aureus”. Além disso, a ausência de cuidados básicos durante a ordenha e processamento também foi observada. “A maioria dos produtores não lavava as mãos corretamente entre uma atividade e outra. Dos produtores responsáveis por ordenhar os animais e fabricar o queijo, 78% poderiam veicular contaminações do ambiente externo para a queijaria apenas por não trocarem de vestimenta”, conta. Ainda segundo Mayra, com as análises microbiológicas, detectou-se a presença de

coliformes a 35 ºC e Escherichia coli em 94% e 82%, respectivamente, das amostras, indicando falhas higiênico-sanitárias durante o processo. De acordo com a pesquisadora, a maturação faz parte do saber-fazer tradicional e é responsável por reduzir consideravelmente a carga microbiana proveniente do leite cru. Por meio dos resultados foi possível observar que 100% dos produtores não obedecem ao período recomendado pelo IMA, de 21 dias. “Apesar de 27,8% dos estabelecimentos realizarem a maturação, todos comercializavam os queijos ainda crus – frescos - se fosse da preferência do consumidor”. Segundo Mayra, a não realização da maturação envolve questões econômicas. “Como o queijo é vendido por quilograma, o queijo fresco - recém-fabricado -, se mostra mais rentável, uma vez que possui maior teor de umidade que o queijo maturado”, comenta. Mayra afirma que, apesar dessas questões ainda parecerem contraditórias, é possível aliar os aspectos culturais às boas práticas de fabricação. “Não acredito que seja um processo fácil, mas se houver a integração entre o poder público, a ciência, os saberes e realidade locais, todos atuando juntos, o queijo Canastra pode ser produzido e comercializado de forma segura e, rentável aos produtores”. A pesquisadora diz que cada queijo fabricado pelos mineiros é único. “Por isso acredito que para que o queijo Canastra continue a ser produzido, de forma segura, são necessárias iniciativas que visem melhorar as técnicas, mas respeitando as particularidades desse alimento”, conclui. CULTURA E TRADIÇÃO - Em relação aos aspectos culturais, Mayra afirma que foi observado que essa atividade, passada de geração para geração, traz identidade aos produtores, o que os faz ter orgulho dos queijos que produzem. Em contrapartida, ainda segundo a pesquisadora, por meio das entrevistas foi possível verificar que a tradição ligada ao queijo Canastra, apesar de se manter viva, corre riscos de desaparecimento, pois a maior parte dos filhos dos produtores não se interessa pela continuação da atividade. “Há uma tendência em abandonar a tradição naqueles que fizeram parte da minha pesquisa, uma vez que o processo de fabricação não é mais passado para os filhos, ou estes não se interessam pela atividade”, encerra. (FONTE: ESALQ/USP)


PECUÁRIA

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om 50 anos de tradição, a Casale é uma das empresas mais modernas na fabricação de equipamentos de alta tecnologia para atender a demanda do setor de pecuária intensiva de carne e de leite. Durante a AGROLEITE, feira realizada no mês passado em Castro (PR), a Casale destacou dois equipamentos para auxiliar os criadores do gado leiteiro a agilizar o processo de distribuição de ração: “Rotormix Mini” e “Vertimix”. Com o mercado em alta, os produtores de leite buscam alternativas tecnológicas para atender a demanda e reduzir seus custos. De acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a produção de leite no Brasil deve aumentar 5% em 2014. Se este aumento for confirmado, a produção deve atingir cerca 36,75 bilhões de litros em um ano. No ano passado, a produção foi de 35 bilhões de litros. Como o grande gargalo de todo produtor ainda é o custo para manter o animal. Em torno de 70% de todo valor gasto é destinado à alimentação. Para evitar desperdício, a Casale disponibiliza o Vertimix que produz com eficiência uma mistura homogênea da ração e sem compactação. Por dispor de uma rosca vertical com duas entradas “Two-in”, sua distribuição se torna mais uniforme, resultando na ali-

Alta lança Catálogo Nacional de Leite na Megaleite

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cidade de Uberaba (MG) recebeu mais uma edição da Megaleite, que ocorreu entre os dias 13 e 20 de julho. A Alta – uma das empresas líderes em melhoramento genético do mundo – aproveitou a ocasião para lançar seu Catálogo Leite Nacional 2014, que apresenta touros jovens e os já consagrados reprodutores de sua bateria. Com esse catálogo, os produtores poderão verificar a melhor bateria de touros Gir Leiteiro, Girolando, Guzerá Leiteiro e Sindi. A raça Gir Leiteiro apresenta como destaques Tabu CAL, Astro da Morada dos Ventos e Espelho de Brasília, primeiro, segundo e terceiro melhor touro para leite do Sumário ABCGIL 2014. A raça Girolando apresenta 10 touros jovens, com aprovações pelo pré-teste da Girolando 2014. São eles: Castelo Goldwyn (Goldwyn na Castanhola), Corel FIV Fausto (Fausto na Rendeira), Dragão FIV Wildman (Wildman na Pitanga Sansão OG), AlfyCauaba Impacto (Impacto na Cacique Hailina), Jagunço VIII (Shottle na Colonia), Pierro FIV (Impacto na Jalita Morada Corinthiana), Queops (Planet na Raina Quilate), Templo FIV (Raro na Bailarina), Vesuvio (Avalon na Norma Jarro de Ouro Itauna). Além desses, touros estamos trazendo o primeiro filho do AltaExtreme, Futuro Extreme FIV GAM.

FOTO: Divulgação Casale

Casale destaca equipamentos para reduzir custos na distribuição de ração

mentação adequada para produção de carne e de leite. Para um melhor entendimento, a função do sistema “Two-in” é cortar e misturar qualquer tipo de volumoso de forma simples e eficiente, por mais “dura”e resistente que seja a forragem. Dispõe de uma balança eletrônica programável, a qual garante que a ração composta está de acordo com sua formulação e que será distribuída a quantidade certa em cada lote. O equipamento também dispõe de uma esteira de descarga em PVC ou metálica. Já o Rotormix Mini é equipado com moderno dispositivo desensilador hidráulico, impedindo o travamento do rotor durante uma descida, por exemplo, caso realizem uma operação não adequada que resulte em esforço excessivo. Possui balança eletrônica programável e sistema de carga por meio de esteira transportadora em PVC, abastecendo cochos de até 70 cm de altura. O equipamento pode ser tracionado por um trator de apenas 40 CV, e é composto de rodas aro 16, o que permite trafegar em qualquer tipo de terreno.

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Agristar, líder no mercado nacional de sementes para horticultura, participou da 21ª edição da HORTITEC, uma das mais importantes feiras de horticultura da América Latina, em Holambra (SP). A empresa apresentou ao mercado as novidades de alta tecnologia de suas linhas profissionais de sementes Topseed Premium e Superseed. Neste ano, as variedades “Agrião H100”, cebola “Lucinda”, repolho “Veloce”, rúcula “Roka” e tomate “Candieiro”, da Topseed Premium, foram os destaques da Agristar no evento. Os produtos da Linha Especialidades, como os mini pimentões coloridos, a mini berinjela “Milan”, o “Tomatoberry”, mini tomate em forma de coração, os tomates tipo grape nas cores “chocolate” (ricos em licopeno), amarelos e laranjas, e mini abobrinhas verdes e amarelas “Ball Squash” (redondas), também chamaram a atenção dos visitantes. Outro destaque em exposição no estande da Topseed Premium foi a mini estação de cultivo hidropônico para a linha de folhosas, com alfaces, rúculas, agrião e mini-alfaces. A linha profissional expôs ainda os resultados dos tomates “Vento”, “Caribe” e “Predador”, lançados em 2013. Já a Superseed apresentou os resultados de campo do tomate “Ágata” e relançou no mercado o substrato Sunshine. A cenoura “Érica”, a alface americana “Laguna”, a abobrinha “Irit” e variedades para maçaria também foram destaques da linha profissional na feira. OPEN FIELD DAY - Além de expor na HORTITEC, a Agristar promoveu, nos mesmos dias do evento, o tradicional Open Field Day (Dia de Campo), na Estação Experimental de Santo Antônio de Posse (SP), localizada a 8 km de Holambra (SP). Este ano, o Dia de Campo trouxe como novidade a ex-

Repolho “Veloce”

FOTOS: Agrocinco

Agristar lança novas variedades de sementes

posição de produtos voltados para o cultivo protegido, com destaque para a Hidroponia. “A cada ano temos recebido um público maior e em busca de novas técnicas, tanto na Hortitec como no Open Field Day. Os visitantes vêm para conhecer não apenas os produtos, mas também a alta tecnologia que está por trás de cada semente comercializada pelas linhas da Agristar. Outro ponto a ser destacado é o contato com os nossos técnicos no campo, essa relação tem sido cada vez mais estreita e o diferencial do time Agristar”, explica o Gerente de Marketing da Agristar, Marcos Vieira.


EMPRESAS

Sementes Piraí lança página especial para Culturas e Áreas Irrigadas

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FOTO: Banco de Imagens Join Agro

s áreas irrigadas em todo o mundo são de uso muito intensivo, embora tenham todas as tecnologias disponíveis, normalmente, são as mais infestadas por pragas, doenças e nematoides. No caso das áreas irrigadas para produção específica de grãos, fibras e hortaliças o hábito geral é o aproveitamento máximo, sem dar a oportunidade de recuperação ou reparo desse espaço custoso. São implementadas as melhores técnicas de melhoramento da condição física e química, mas a condição biológica fica a desejar na maioria dos casos. Há um crescimento do tratamento da condição biológica apenas quando se tratam de pragas, doenças e nematoides em detrimento dos microrganismos favoráveis ao solo, com conseqüente aumento do uso de defensivos, os quais poderiam ser amenizados com a rotação de culturas, principalmente com os adubos verdes. O aumento expressivo das pragas e doenças já não pode ser ignorado, pois a queda na produtividade e o aumento dos custos é evidente. É difícil a aceitação de que aquele espaço ou área de custo tão elevado fique três meses sem o cultivo comercial, mas quando experimentado o ganho de produtividade enxerga-se a vantagem da adubação verde. Notícias de diversos locais do mundo e no Brasil dão conta da diminuição expressiva de produtividade. Embora as análises de solo, química e física, estejam dentro dos melhores padrões, ainda assim não expressam que é o esgotamento biológico, esse atributo do solo tão esquecido e tão importante, o principal causador da queda do rendimento da produção. A prática da rotação com os adubos verdes deve ser preventiva e estar no planejamento da área irrigada, mas normalmente o agricultor recorre à adubação verde somente quando a produtividade e o custo de produção estão “sufocando” a atividade, tornando-a até inviável. Como resultados significativos, a prática da adubação verde aumenta a produtividade e melhora a qualidade do produto da atividade, além de reduzir os custos do consumo de adubo nitrogenado, do controle de pragas, ervas daninhas e do Nematoides. Conheça o canal e saiba mais detalhes e as variedades indicadas no site www.pirai.com.br/irrigacao (FONTE: Join Agro – Assessoria de Imprensa Sementes Piraí)

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s folhas cilíndricas com disposição ereta, o porte baixo e o lento desenvolvimento inicial tornam a cultura da cebola altamente suscetível à interferência imposta pelas plantas daninhas, que mesmo em baixas densidades reduzem significativamente a produtividade da cultura. As plantas daninhas competem pelos fatores de crescimento como água, luz e nutrientes, além da liberação de substâncias alelopáticas e a multiplicação de pragas e doenças. As perdas na produção geralmente variam de 30 a 100%, dependendo das espécies infestantes, período de convivência e tratos culturais. As plantas daninhas

FOTOS: Andréia Cristina Silva Hirata

Andréia Cristina Silva Hirata 1, Nobuyoshi Narita 2 e Amarilis Beraldo Rós 3

AUTORES

1 - Engª Agrª Drª, Pesquisadora Científica do Polo Regional Alta Sorocabana / APTA. Email: andreiacs@apta.sp.gov.br 2 - Engº Agrº Drº, Pesquisador Científico do Polo Regional Alta Sorocabana / APTA. Email: narita@apta.sp.gov.br 3 - Engº Agrº Drº, Pesquisador Científico do Polo Regional Alta Sorocabana / APTA. Email: amarilis@apta.sp.gov.br

Alho-Semente livre de vírus começa a ser produzido O

alho-semente livre de vírus, da cultivar BRS Hozan, já está sendo produzido pelas empresas licenciadas Eagle Flores, Frutas & Hortaliças, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro; pela Fazenda Santa Catarina, em Planaltina (DF); e pelo produtor Shiro Kondo, em Guatapará (SP). As empresas tornaramse parceiras da Embrapa Hortaliças no cultivo e venda de alho-semente da cultivar e terão a permissão de utilizar a marca “Tecnologia Embrapa” na embalagem do produto comercializado. O processo de licenciamento foi conduzido pela Embrapa Produtos e Mercado (SPM) em fevereiro último, através de licitação promovida em edital de oferta pública. Após a escolha dos licenciados, foram disponibilizados quatro lotes, cada um com cem quilos de alho-semente básica da BRS Hozan. De acordo com a analista Lenita Haber, da área de Transferência de Tecnologia da Unidade Hortaliças, o processo de produção da cultivar BRS Hozan envolve o plantio em telado no primeiro ano. No segundo ano, é implantado um campo de produção de alho-semente para comercialização a partir do material multiplicado em telado, ou seja, a perspectiva é que a partir de outubro de 2015 as empresas licenciadas já estejam comercializando alho-semente livre FOTO: Embrapa Hortaliças

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Cobertura morta no manejo de plantas daninhas em Cebola

de vírus da cultivar BRS Hozan. O processo de licenciamento permite, de acordo com a analista, que o mercado de produção de sementes de alho seja melhor organizado, e representa uma garantia para o produtor de que estará adquirindo um produto de qualidade, no caso do alho-semente livre de vírus. “Uma garantia que não lhe é dada, por exemplo, quando adquire de produtores comerciais”. Pertencente ao grupo comum, seminobre, a BRS Hozan apresenta alta qualidade de bulbos e uma média de 15 bulbilhos grandes por cabeça. Outra característica, conforme a Embrapa, refere-se à dispensa do processo de vernalização, quando o alho-semente fica armazenado em câmara fria por 45 a 60 dias, sob temperatura entre 3ºC e 5ºC antes do plantio, tornando-o uma boa opção para o pequeno produtor obter maior renda com o seu cultivo, já que não vai será necessário investir em câmaras frias. As qualidades da cultivar também chegam ao quesito produtividade - com adequado manejo de produção - além de 13 toneladas por hectare. Isso em áreas de pequenos produtores, a exemplo de experimentos de cultivo realizados por produtores de Cristópolis (BA), sob supervisão de pesquisadores da Embrapa Hortaliças.


HORTALIÇAS FOTOS: Andréia Cristina Silva Hirata

competem com a cultura principalmente por luz, além da água e nutrientes, e podem liberar compostos alelopáticos no solo. Pragas e doenças prejudiciais à cultura também utilizam algumas espécies daninhas como hospedeiras. A qualidade da cebola também é afetada negativamente pela competição com as plantas daninhas. Isso se torna evidente na classificação dos bulbos, com redução da porcentagem de bulbos nas classes de maior tamanho e aumento nas classes inferiores, com elevada porcentagem de refugo. Em relação ao período em que a cultura deve permanecer livre Figura 3 – Palha de braquiária (esquerda) e canteiro sem palha (direita) após a colheita da cebola. da interferência para evitar prejuízos, aspectos como cultivar utilizada, comunidade infestante e microorganismos que predam ou decompõe sementes local, método de plantio (transplante ou semeadura direta) de espécies daninhas. Também ocorre a liberação de come condições edafoclimáticas podem alterar o balanço com- postos alelopáticos que inibem o estabelecimento de muitas petitivo e conseqüentemente o período em que as plantas espécies de plantas infestantes. Outro aspecto importante relacionado à camada de palha é que estas formam uma bardaninhas devem ser controladas. reira para a emergência de plantas daninhas que apresentam COBERTURA MORTA - A cobertura morta é uma sementes pequenas, com pouca quantidade de reserva para prática simples e com grande impacto no manejo de plan- ultrapassar a palha. Além desses fatores, assim que a cobertura morta é tas daninhas na cultura da cebola. A Urochloa decumbens, popularmente conhecida como braquiária, por exemplo, que decomposta com o tempo de exposição no solo, ocorre a muitas vezes é indesejada e infesta lavouras comerciais, pode liberação de nutrientes e aumento nos teores de matéria ser utilizada a favor do produtor. Essa gramínea, quando orgânica do solo, o que permite maior infiltração de água. cortada rente ao solo, fornece palha que pode ser usada para A palha também protege o solo da evaporação da água com proteger outras áreas da propriedade. Na Figura 1 observa- manutenção da umidade. A proteção do solo contra a erosão se um canteiro de cebola onde foi depositada palha de bra- é especialmente importante uma vez que, em geral, as áreas quiária antes do transplante, em área experimental do Polo cultivadas com hortaliças são intensivamente preparadas Regional Alta Sorocabana – APTA, em Presidente Prudente. com arado, grade, enxada rotativa, entre outros. Na Figura A braquiária é uma excelente planta para utilização como 3 pode ser visualizado o efeito supressivo na emergência de cobertura morta pois apresenta decomposição lenta devido plantas daninhas pela camada de palha após a colheita da sua alta relação carbono:nitrogênio, o que permite sua per- cebola em comparação com a testemunha sem palha. manência no solo durante todo o ciclo da cebola. CONSIDERAÇÕES FINAIS - O agricultor deve optar Outras espécies também podem ser utilizadas como cobertura morta, entre estas, leguminosas como por e- por manejos sustentáveis e que viabilizem a redução do uso xemplo a Dolichos lab lab. Mesmo sendo uma legumi- de mão-de-obra que está cada vez mais escassa no meio runosa, ou seja, com decomposição rápida (baixa relação ral. Trabalhos de pesquisa têm demonstrado redução de mais carbono:nitrogênio), essa espécie pode formar uma camada de 60% na emergência de plantas daninhas com o uso de plantio direto e cobertura morta. A redução no tempo gasto de palha que proteje o canteiro cultivado com cebola. A cobertura morta exerce controle acentuado na com a capina pode ser utilizada em outras atividades da proemergência de plantas infestantes por vários fatores. A ca- priedade. É importante ressaltar ainda que além da cultura mada de palha reduz a oscilação de temperatura do solo, da cebola, outras olerícolas podem ser beneficiadas com a o que tem grande impacto em plantas que precisam de os- utilização da cobertura morta. Medidas de manejo mais suscilação de temperatura para a quebra de dormência. A pro- tentáveis como a cobertura morta devem ser implementadas teção do solo promovido pela palha também abriga insetos nos sistemas de cultivo de hortaliças.

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ARTIGO

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NUTRIÇÃO DO CAVALO ATLETA Thiago Natal Centini - Médico Veterinário pela UNIFRAN -

Universidade de Franca; Mestre em Medicina Veterinária pela USP, com tese em efeito da suplementação dietética com ácidos graxos ômegas 3 e 6 sobre a composição do colostro e leite de éguas e transferência imunitária para os potros e Coordenador de Equinos da Premix. [ thiago.centini@premix.com.br ] Thiago Centini 1

FOTO: Divulgação CBH

s equinos há muito tempo atrás, foram empregados em diversos trabalhos, nas mais diversas condições e muitas vezes em condições extremamente árduas. É fundamental respeitar os limites do cavalo e conhecer suas origens para evitar erros de manejo, treinamento e nutrição. Existe uma variedade de raças que estão envolvidas com diferentes modalidades esportivas, como o Quarto de Milha, Puro Sangue Inglês (PSI), Árabe, em várias modalidades como Corridas, Enduro, Salto, Concurso Completo de Equitação, Adestramento, Tambor, Baliza, Polo entre outras. Quando se institui um programa de nutrição deve-se buscar o equilíbrio entre o requerimento nutricional, que varia de acordo com o peso, idade, tipo e intensidade do esforço físico realizado e a disponibilidade de nutrientes presentes nos alimentos concentrados, volumoso e suplementos. As exigências nutricionais dos equinos são compostas por dois fatores: as exigências de mantença mais àquelas para as atividades físicas. Essas exigências são aditivas e ambas devem ser preenchidas com o objetivo do animal manter o peso, condição corporal e boa saúde, assim como em animais de produção, o desbalanço entre nutrientes pode levar a um baixo desempenho. Em seu ambiente natural os cavalos se movimentam e passam de 70% do tempo pastando de maneira que consomem porções reduzidas de alimentos várias vezes ao dia, já

que o estômago é proporcionalmente pequeno em relação ao seu tamanho, tendo um abito de pastejo de 12 a 14 horas por dia o que se difere dos animais mantidos em baias, que tem um abito alimentar de 2 a 4 horas por dia. Os cavalos em seus antepassados podiam selecionar a alimentação que melhor respondia as suas necessidades, porem hoje com os animais estabulados à alimentação é totalmente imposta. Por isso é importante que seja alimentado em pequenas frações dividas no período do dia em no mínimo dois ou três vezes ao dia. Com nutrição adequada o cavalo provou ter melhora ao trabalho e em seu desempenho atlético. O cavalo de esporte hoje proporciona resultados impressionantes e cada vez mais melhora o seu desempenho recebendo alimentação, métodos de treinamento e suplementação adequados em cada modalidade ou fase da jornada atlética. Para todas as intensidades de esforços, velocidades e duração dos exercícios os cavalos, cavaleiros e veterinários por eles responsáveis devem aplicar técnicas de fisiologia dos exercícios, para isso, é importante que a fisiologia muscular esta intrínseca a raça e ao tipo de esporte escolhido para o cavalo. Com isso a base de treinamento está relacionada à prova em que o cavalo está apto a realizar. Seja ela uma prova de “explosão”, onde há registros de animais que atingiram velocidades superiores a 90 km/h em corridas de 400 metros ou até mesmo provas de resistência como enduro onde, por exemplo, percorrem cerca de 120 quilômetros e podem ser completados em menos de 10 horas, com recordes de velocidade superiores a 22 km/h. A base fisiológica ou via metabólica para cada tipo de exercício é diferente, tendo assim a necessidade de um acompanhamento nutricional e de treinamento específico para cada modalidade. Uma suplementação nutricional balanceada é, portanto, altamente recomendada para cavalos atletas, contribuindo com cerca de 50% das necessidades nutricionais diárias de cada elemento. É importantíssimo que inicialmente seja suprida as mínimas necessidades para as exigências de manutenção do cavalo, onde nos cavalos atletas devemos oferecer-lhe como forma de complementos de uma alimentação adequada ao seu tipo de exercício, para que possamos atingir os níveis energéticos, proteicos e minerais suficientes para suprir as suas exigências atléticas. As necessidades energéticas são as mais importantes, pois é a base fundamental para um bom desempenho esportivo. O fornecimento adequado de energia é importantíssimo onde às fontes facilmente assimi-


láveis pelo cavalo são melhores, ou seja, as que não gastam muita energia para serem aproveitadas. A quantidade de energia a ser fornecida é variável, dependendo principalmente da quantidade e tipo de esforço a que o cavalo é submetido. Em animais de esforço intenso, as necessidades energéticas podem dobrar em relação à manutenção. A tradicional substituição de forra¬gens por concentrados aumenta o risco de certas doenças e distúrbios digestivos nos equinos. Estes riscos podem ser reduzidos com o uso de óleos (extrato etéreo) substituindo em parte carboidratos de rápida fermentação (exemplo: milho). Caso a quantidade de concentrado não seja suficiente para o cavalo desempenhar a função desejada, deve-se utilizar uma ração mais energética, mas jamais o concentrado deverá ultrapassar os 50% da dieta, estando sob risco de cólica. Rações com alta energia têm a grande vantagem de serem oferecidas em menor quantidade, assim favorecendo o fornecimento de volumoso de alta qualidade, o que evita uma sobrecarga gástrica e intestinal. Além de aumentar o desempenho atlético, diminui a produção de ácido lático e com isso a incidência de problemas musculares. A utilização de uma dieta muito rica em energia aumenta também as necessidades vitamínicas do cavalo que já estão elevadas pelo exercício físico exigido. O excesso de energia na dieta impede por exemplo a absorção de magnésio, responsável pelo relaxamento da musculatura podendo assim o cavalo pode sofre problema muscular, como a Rabdomiolise. As proteínas têm várias funções importantes, mas quando em excesso prejudicam a desempenho atlético. É importante demonstrar que as necessidades proteicas dos cavalos atletas são menores quando comparadas ás necessidades de cavalos em fase crescimento, reprodução e lactação. E que só utilizam a proteína como fonte energética, quando passam por processo de privação alimentar, onde se faz uso da vai de neoglicogénese muscular, para a obtenção mínima de energia para a manutenção fisiológica. Naturalmente um cavalo adulto precisa de uma dieta que contenha de 8 a 12% de proteína, o que é facilmente obtido pelos hábitos variados de pastejo, porém algumas gramíneas podem não atingir este índice, necessitando assim da adição de leguminosas, como a alfafa, por exemplo, que pode conter de 13 a 23% de proteína. As necessidades proteicas são importantes no que tange o desenvolvimento e a conformação do animal, porém perdem sua importância com a chegada do animal a idade adulta. A alimentação do cavalo atleta é baseada no fornecimento de energia e não de proteína. O teor proteico jamais deve ultrapassar 14% na dieta. A utilização de fenos de gramíneas, com teores de proteína de cerca de 9 a 11%, além de mais barata, é mais saudável para o animal. A utilização de proteína na dieta deve ser composta por duas fontes sendo elas volumoso a sua principal fonte e concentrado como uma fonte secundária na complementação da dieta. Porem os cavalos destinados as provas de “explosão” necessitam de fontes proteicas de alto valor biológico, assim como os aminoácidos de cadeira ramificada, que compõem cerca de 35% da constituição de aminoácidos nos músculos. Em prática de exercícios intensos, o organismo entra em um estado altamente catabólico (quando há queima de proteínas dos músculos para suprir a necessidade energética). Dentro do grupo dos aminoácidos componentes das proteínas, existem a Lisina e Metionina que também são considerados

FOTO: Divulgação ABQM

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essenciais ao cavalo, à razão por eles serem considerados essenciais é porque o corpo não é capaz de sintetizá-los e são necessários para o funcionamento normal do organismo. Igualmente ocorre dentro do grupo dos ácidos graxos que compõem a gordura, com os ômegas 3 e 6 que não são sintetizados pelo organismo, mas são essenciais para o seu funcionamento. A creatina é uma substância ergogênica fisiológica que também pode ser utilizada para aumenta a disponibilidade de energia no organismo. Como principais benefícios, podemos citar a melhora no desempenho em cavalos de esporte, aumento de massa muscular, neutralização de ácidos prejudiciais produzidos pelo organismo, dentre outros. O aumento no desempenho dos equinos ocorre porque a creatina pode fornecer energia rapidamente e como consequência retardando o acúmulo de ácido lático e íons de H+. Isto faz com que o animal obtenha recuperação muscular antecipada após a realização de esforço físico. Este mecanismo é também pode ser observado a administração diária do mineral cromo, na suplementação mineral do animal. A suplementação de minerais deve ser fornecida à vontade em cocho saleiro, pois a exigência mineral pode variar de forma individual e deve ser reposta assim que o cavalo tiver necessidade. Para cavalos atletas o importante é suplementar os eletrólitos perdidos no suor (cloro, sódio, potássio, cálcio e magnésio). O sal mineral complementa a deficiência da pastagem, que se difere nas deficiências de acordo com a região do Brasil e suas diferentes pastagens impostas. É de suma importância a suplementação dos animais em treinamentos e provas. Os minerais são importantes para a eficiência metabólica, assim como, para o aproveitamento energético e do alimento, para saúde dos tendões, cascos, articulações, musculatura, circulação e respiração. Um ponto muito importante e que parece simples é o fornecimento da água, mas a sua deficiência, ou baixa ingestão é prejudicial ao desempenho e saúde do cavalo que pode perder toda a sua gordura corporal e metade de sua proteína ainda se mantendo vivo, porém se perder 15% de sua reserva hídrica pode ser fatal. A melhor maneira de evitar problemas e melhorar o potencial do seu cavalo e instituir um programa nutricional conforme a necessidades específicas tais como: raça, idade, modalidade esportiva. Assim maximizando os seus resultados. Enfim, devemos considerar que um cavalo atleta é um animal frágil, cujo desempenho e bem-estar são dependentes das habilidades de seu treinador, mas também do aconselhamento do veterinário e da apropriada nutrição e suplementação.


EQUINOS

Franca (SP) recebe em Marchador realiza setembro novamente a Nacional em Belo Nacional do Mangalarga Horizonte (MG)

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FOTO: Divulgação ABCCMM

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FOTO: Divulgação ABCCRM

Prefeitura de Franca e a Diretoria Executiva da ABCCRM - Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga formalizaram mais uma vez parceria para a realização da 36ª Exposição Nacional da Raça Mangalarga no Parque de Exposições “Fernando Costa”. O evento mais aguardado do Cavalo de Sela Brasileiro acontecerá de 17 a 27 de setembro de 2014 e será comemorado, ao mesmo tempo, os 80 anos da Associação Brasileira. Informamos ainda que o início do julgamento, anteriormente previsto para 20 de setembro, foi antecipado para 19 de setembro em decorrência das alterações de subdivisões do Regulamento Geral das Exposições Oficiais 2014. Assim como, em função da aguardada programação social em comemoração aos 80 anos da ABCCRMangalarga. Por sua vez, a data base para o cálculo da idade dos animais e seu estabelecimento em cada campeonato será o primeiro dia de julgamento do evento: 19 de setembro. Além de toda a importância deste evento técnico que estará sendo realizado pelo terceiro ano consecutivo -, quem ganha realmente é a cidade de Franca (SP), que abrigará os melhores criadores do país, com toda a sua equipe.

Ópera Agisa, Grande Campeã Nacional Adulta da Raça 2012

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ais de 150 mil visitantes são esperados para a 33ª Exposição Nacional do Mangalarga Marchador. Sob o tema “Cavalo Nacional”, o evento será realizado no Parque “Bolívar de Andrade” (Parque da Gameleira), em Belo Horizonte (MG), entre os dias 23 de julho e 2 de agosto. Organizada pela ABCCMM - Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, a exposição é um dos eventos de equinocultura mais importantes da América Latina. Durante 11 dias, a expectativa é que sejam movimentados R$ 9 milhões em negócios gerados nos leilões, shoppings de animais e vendas diretas entre os criadores. Cerca de 1.500 animais oriundos de todas as regiões do país vão participar de concursos de marcha, julgamentos, provas funcionais e sociais. Os leilões, realizados por tradicionais criadores da raça, também serão opções de comercialização do evento. No dia 31 de julho, acontecerá o Leilão Elite Nacional Premium, quando serão ofertados 42 lotes de animais e embriões de alta qualidade genética. No dia 1º de agosto é a vez do Leilão Elite Nacional Sem Fronteiras com a oferta também de 42 lotes. Ocorrerá ainda o Shopping de Animais, onde estarão à venda garanhões, matrizes, potros e animais de sela. Nesse espaço, os interessados poderão ver, analisar e comprar os animais de acordo com o seu interesse, ou seja, para reprodução ou lazer. Esta edição será ainda mais especial, pois a ABCCMM está comemorando 65 anos de atividade.


CANA DE AÇÚCAR

FENASUCRO 2014 amplia espaço de exposição e realiza congresso internacional

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FOTO: Divulgação FENASUCRO

m espaço maior dedicado a expositores e a realização de um congresso internacional inédito são as novidades anunciadas pela organização da FENASUCRO - Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética para sua 22ª edição, prevista para acontecer entre 26 e 29 de agosto em Sertãozinho (SP). As mudanças, no entanto, não devem representar aumento no número de visitantes e no volume de negócios fechados, segundo os organizadores. A Reed Exhibitions Alcântara Machado - que encampou a Multpilus Feiras & Eventos e agora passa a ser a responsável pela feira - anunciou que, em vez de 35 mil metros quadrados, as 550 empresas expositoras ocuparão uma área de aproximadamente 75 mil metros quadrados no Centro de Eventos Zanini. Além dos estandes dedicados à produção agrícola e industrial do setor sucroenergético e das rodadas de negócios, os participantes da Fenasucro poderão conferir, este ano, a realização inédita do Congresso da ATALAC - Associação de Técnicos Açucareiros da América Latina e Caribe, evento que deve reunir representantes de 30 países. De acordo com o diretor de eventos regionais Gabriel Godoy, o Brasil já havia sido escolhido como sede do evento este ano, mas ainda faltava a definição do local mais apropriado para o encontro. “O Congresso Atalac é um evento bienal. O último foi na Colômbia, e este ano conseguimos trazer este evento para o Brasil. Houve a ideia de aproveitar o sucesso da Fenasucro e agregar esse congresso. Fomos muito bem recebidos na junção dos dois eventos”, afirma. O objetivo, segundo Godoy, é qualificar ainda mais os visitantes da feira. “Receberemos técnicos internacionais para falar sobre experiências e aproveitar a Fenasucro. O expositor pode receber professores, donos de usinas que moram no Caribe, no México, por exemplo, e que antes não tinham oportunidade de vir à Fenasucro. Agora, com o con-

gresso ATALAC, eles têm um motivo a mais. Isso atrai. A expectativa é essa, qualificar ainda mais as pessoas”, diz. SEM PROJEÇÃO DE ALTA - Mesmo com o anúncio de expansão de sua área de expansão e da realização do congresso, as expectativas de faturamento da 22ª edição da feira não apontam para um crescimento. A organização estima que a movimentação em negócios chegue a R$ 2,2 bilhões este ano, mesmo valor atingido em 2012 e 2013. Também não muda a expectativa com relação ao número de visitantes, que deve ficar em torno de 35 mil pessoas.

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Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais

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Luciana Ap. Carlini-Garcia 1 Luciana Rossini Pinto 2 Marcos Guimarães de Andrade Landell 3

biodiversidade compreende a variabilidade existente na natureza, podendo ser observada em ecossistemas (como Mata Atlântica, Pantanal), entre e dentro de espécies, etc. Tem sido tema de muitas reuniões e estudos científicos e sua importância é muito difundida pela mídia. Ela é fundamental para todos nós, afeta diariamente nossas vidas, estando relacionada à manutenção de nossa sobrevivência. Muito nos beneficiamos dela, desde a obtenção de produtos que nos são vitais, como alimentos, fármacos, combustíveis, entre outros, até pelo prazer de apreciar a beleza ao nosso redor (FRANKHAM et al., 2008). Dentro desse contexto, o presente texto tem por objetivo abordar importância da preservação de variabilidade genética para os programas de melhoramento e em como isso afeta diretamente o produtor rural. Inicialmente, será explicado de que modo a seleção atua como mecanismo redutor de variabilidade genética na natureza e nos programas de melhoramento. Em seguida, serão apresentados exemplos de perdas de produção agrícola decorrentes da uniformidade dos materiais plantados. Por último, serão relacionadas algumas formas de preservação de variabilidade genética, a qual poderá ser disponibilizada ao melhorista para atender às novas demandas dos produtores, como será ilustrado com o exemplo da cana. Como mencionado, os mecanismos de seleção atuam como agentes redutores de variabilidade. Em princípio, consideremos uma espécie arbórea, que ocorra numa dada floresta por onde passa um rio. Entre os indivíduos de tal espécie, seria possível observar diferenças, por exemplo, na altura das árvores, nos formatos das copas, número de flores e frutos produzidos, as quais são causadas por fatores de natureza genética e ambiental. Se houver uma alteração nesse ambiente, como a redução do volume de água do rio e consequente diminuição da umidade do solo na área de ocorrência da espécie, esperase que indivíduos adaptados ao estresse hídrico sejam favorecidos em detrimento dos que não o são, podendo estes até ser eliminados da região, ocasionando perda de variabilidade genética. Esse tipo seleção, devida à pressões ambientais, é denominada seleção natural. No melhoramento genético, o processo é similar e co-

AUTORES 1 - Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Centro Sul-APTA. Email:- andreiacs@apta.sp.gov.br 2 - Eng. Agr., Dr., PqC do Centro de Cana/IAC-APTA. Email:- lurossini@ iac.sp.gov.br 3 - Eng. Agr., Dr., PqC do Centro de Cana/IAC-APTA. Email:- mlandell@ iac.sp.gov.br

nhecido como seleção artificial. A pressão de seleção é exercida pelos melhoristas que, a partir da variabilidade genética existente nas populações com as quais estão trabalhando, selecionam genótipos (genótipo é a constituição genética de um indivíduo) que possuam características de interesse do produtor rural, visando obtenção de cultivares altamente produtivas, resistentes às principais pragas e doenças, etc. Depreende-se, portanto que, durante o processo de melhoramento, uma parte dos genótipos disponíveis é descartada, resultando em redução na variabilidade genética. Há relatos na área agrícola que evidenciam drásticas consequências relacionadas à falta de variabilidade nos campos de produção, o que causa a chamada vulnerabilidade genética. Existem exemplos de perdas nas lavouras devidas à uniformidade dos campos, mediante o surgimento de situações adversas como pragas e patógenos. Nass et al. (1993) citam o exemplo ocorrido na Irlanda, no século XIX. Nessa época, a base alimentar dos irlandeses moradores da área rural era a batata. Contudo, devido à ocorrência de um fungo, a produção do tubérculo foi arrasada, levando muitos irlandeses à morte, ou à emigração de seu país. Os mesmo autores mencionam que, na França, em 1860, um inseto parasita de raízes de videira ocasionou grandes perdas na produção de vinho. Como não havia genótipos de uva resistentes ao parasita, a solução foi enxertar, nas uvas europeias, raízes de um tipo de uva selvagem, de origem americana e resistente ao inseto. Com este exemplo, é possível verificar que um material que não atenda às demandas do mercado, pode ser descartado em alguns casos e, em outra situação, pode servir como fonte de alelos2 importantes. Se o tipo selvagem de uva americana não tivesse sido preservado, a solução descrita acima não teria se apresentado para o ocorrido na França. Nos anos noventa, canaviais no estado de São Paulo foram afetados pela síndrome do amarelecimento foliar, ou amarelinho. Uma das variedades de cana mais plantadas na época mostrou-se suscetível à doença, sendo que as perdas na produção dos plantios comerciais com esse material chegaram a até 50%. A partir de então, tal variedade foi substituída por outras que apresentam resistência a esse fitopatógeno. Situações como esta ocorrem em todas as partes do mundo e, com base nos exemplos citados, fica aparente que é de extrema valia para os produtores rurais, e também para toda a população, investir na manutenção da variabilidade genética, o que pode ser feito, por exemplo, pelas formas de conservação in situ e ex situ. A conservação genética in situ ocorre quando amostras de populações de uma espécie são mantidas em seu ambiente natural, enquanto a ex situ se dá quando os genótipos são conservados fora de seu habitat natural. A conservação ex situ é realizada há cerca de 10.000 anos, quando a espécie humana começou a guardar sementes colhidas que lhe garantissem uma nova safra do produto agrícola alimentar (VALOIS et al., 1993). Atualmente, esse tipo de conservação é feito sob


CANA DE AÇÚCAR FOTOS: Centro de Cana IAC-APTA

condições especiais de armazenamento, que garantam maior tempo de sobrevivência e estabilidade genética aos materiais (VALOIS et al., 1993). Segundo esses autores, há três tipos de conservação ex situ: i) conservação de sementes em câmaras frias para espécies de reprodução sexuada como soja, milho, feijão, etc.; ii) in vitro, para o caso de sementes que perdem o poder de germinação muito rapidamente e também para plantas de reprodução assexuada; iii) no campo, mais indicada, para espécies perenes. Toda essa variabilidade genética preservada pode ser acessada pelos melhoristas, visando obtenção de cultivares que atendam às US5714105 SES205-A Badila de Java necessidades dos produtores rurais. (S. robustum) (S. espontaneum) (S. officinaum) Coleções de materiais genéticos são Diferenças na coloração e formato do colmo entre espécies do complexo da cana de açúcar. conservadas no mundo todo, sob diferentes formas de manutenção. Nota-se a variação entre os genótipos quanto à produUm exemplo é a coleção de cana-de-açúcar, mantida tividade, ao perfilhamento, diâmetro e cor do colmo, tipo de pelo Centro de Cana do IAC-APTA, que contém cerca de 1200 gema, arquitetura da planta, entre outros (Figuras 1a e 1b). genótipos diferentes (acessos), comerciais ou selvagens de cana Um exemplo do uso desta coleção será relatado. Atuale de espécies relacionadas, provenientes de diversas partes do mente, além do desenvolvimento de cultivares de cana com mundo. Em breve, esse número de acessos aumentará, uma maiores teores de açúcar, os programas de melhoramento vez que foi concedida ao Brasil uma cópia da Coleção Mundial de cana têm buscado obter cultivares com perfil bioenerde Cana-de-Açúcar, que será sediada pelo IAC. gético. Porém, os materiais comerciais dessa cultura não apresentam características fundamentais para compor esse novo perfil, como altos teores de fibra e biomassa, e elevado perfilhamento. Portanto, para obter cultivares de cana com potencial bioenergético, é preciso buscar os caracteres citados em acessos selvagens da espécie Saccharum spontaneum, presentes nessa coleção, o que ilustra a importância de os programas de melhoramento manterem em seu banco de germoplasma acessos com características diversificadas, que possam ser incorporadas nas novas cultivares, em função das novas demandas. REFERÊNCIAS FRANKHAM, R.; BALLOU, J.D.; BRISCOE, D.A. Fundamentos de Genética da Conservação. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética. 2008, 280p. NASS, L.L.; MIRANDA FILHO, J.B.; SANTOS, M.X. Uso de germoplasma exótico no melhoramento. In: NASS, L.L., VALOIS, A.C.C..; MELO, I.S; VALADARES-INGLIS, M. C. (Eds.). Recursos Genéticos e Melhoramento. Plantas. Rondonópolis: Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Mato Grosso - Fundação MT, 1993, p.101-122.

Coleção de acessos do complexo da cana, mantida na Estação Experimental do IAC, no Centro de Cana (Ribeirão Preto, SP).

SILVA, E.G.; BEDENDO, I.P.; CASAGRANDE, M.V. Ocorrência de fitoplasma associado à síndrome do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar em três regiões do Estado de São Paulo. Tropical Plant Pathology, v.33, n.6, p.453-456, 2008.

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FOTO: Syngenta

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Pesquisa indica que Mecanização e crise adubação biológica excluem pequenos reduz custos na cana produtores em SP

Gráfico de aumento de produtividade da cana com aplicação da adubação biológica e 75% da dose padrão do fertilizante.

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elo segundo ano consecutivo, o uso da adubação biológica na cana (primeiro e segundo corte) tem apresentado ganhos de produtividade e consequente redução de custo para o produtor rural, com a maior eficiência dos insumos agrícolas, foi o que apontou pesquisa da UNESP - Universidade Estadual Paulista. “O primeiro estudo nos surpreendeu com aplicação da Adubação Biológica na cana. Agora no segundo ano, os resultados foram melhores ainda. Em cana, o ciclo é de seis anos, mas a partir do segundo ano a gente pode sentir firmeza com resultados favoráveis de ATR e menores custos de produção”, comentou o Prof. Adjunto Marcos Omir Marques. O experimento científico com uso e não uso da Adubação Biológica no cultivo da cana, acompanhado pelo professor da Unesp, foi iniciado no dia 03 de junho de 2011. No plantio a distribuição das mudas no sulco de plantio adotou-se o sistema de colmos cruzados “pé e ponta”, procurando atingir média de 18 gemas viáveis por metro linear. De acordo com o professor, com a Adubação Biológica, é possível reduzir custos com redução de aplicação de fertilizantes. “Mesmo reduzindo o uso de fertilizantes, com a adubação biológica, a planta permanece produzindo, aumentando a margem de lucro e consequente competitividade para o produtor rural”, ressaltou Marques. A colheita da cana, segunda safra, foi realizada no dia 13 de novembro de 2013 (aos 12 meses de idade da soqueira). Utilizou-se a despalha pelo fogo. Em seguida foi realizado o corte manual e o carregamento mecanizado da cana. “A pressão de custos é inerente à atividade agrícola. O custo do dólar nos insumos reduz a margem do produtor e a ação da Adubação Biológica vem melhorar a eficiência da produção agrícola, no caso, a cana-de-açúcar”, comentou o Eng. Agr. Paulo D´Andréa, diretor P&D da Microgeo, empresa pioneira na produção da adubação biológica. (FONTE: Agroblog Brasil)

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crise no setor da cana-de-açúcar e a exigência do fim das queimadas na colheita podem forçar os pequenos produtores do Estado a mudar de atividade. A avaliação é da secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento, Mônika Bergamaschi. “Da maneira como está hoje, pouco rentável o setor, as pessoas estão esperando mais [para investir na mecanização]”, disse. O protocolo agroambiental prevê que a partir de 2017 produtores com áreas menores que 150 hectares não poderão mais queimar a palha da cana-de-açúcar, técnica usada para a colheita manual. O documento foi assinado por 141 usinas e 27 associações de produtores, que respondem por 94% da produção de cana do Estado. Para as propriedades acima de 150 hectares, a proibição começou neste ano. Representantes do setor sucroalcooleiro dizem passar pela maior crise da história. Nas últimas cinco safras, 44 usinas fecharam, 33 estão em recuperação judicial e ao menos dez não irão moer cana neste ano. Para a secretária, a melhora na situação econômica do setor poderia garantir a inclusão dos pequenos na mecanização. Mas, se o cenário for mantido, eles podem migrar. “Até porque muitas das empresas que compram desses fornecedores estão perdendo a capacidade de atuar no mercado”, afirmou. Segundo ela, a migração ainda não é percebida pois a demanda por cana segue forte. Uma máquina colhedora de cana pode custar de R$ 900 mil a R$ 1,5 milhão. Para ser rentável, é necessário produzir mais de 100 mil toneladas por safra, marca alcançada em propriedades maiores que 1.200 hectares, segundo Delson Palazzo, conselheiro da SOCICANA Associação dos Produtores de Cana de Guariba (SP). “A dificuldade para o produtor pequeno e médio adquirir uma colhedora é enorme. Quase impossível.” Para Palazzo, a saída dos menores deve ser apostar na formação de consórcios entre produtores para comprar e usar a máquina em conjunto. “Acredito que essa seria a sobrevivência do pequeno.” (FONTE: Folha de SP)


CAFÉ

Responsável por 90% das cultivares de café brasileiras, IAC completa 127 anos

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ue o Brasil teve seu processo de desenvolvimento e identidade nacional influenciados pela cultura do café do século XIX até meados do século XX, não é novidade. O que provavelmente poucos sabem é que esse papel histórico-cultural foi possível graças à colaboração de pesquisadores e demais servidores do IAC - Instituto Agronômico de Campinas (SP), instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela EMBRAPA Café. As pesquisas de café no Instituto são coordenadas pelo Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café “Alcides Carvalho”, com apoio do Centro de Recursos Genéticos Vegetais e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica, ambos do IAC. O Instituto Agronômico foi criado em 27 de junho de 1887 pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II, com o objetivo primeiro de assistir tecnicamente ao desenvolvimento da cafeicultura nacional, que estava em decadência naquela

época. Portanto, pode-se dizer que o IAC tem suas raízes no café, desde a origem. O programa de melhoramento genético do cafeeiro do IAC foi estabelecido em 1932, acumulando até agora 82 anos de ininterruptas pesquisas e atividades de desenvolvimento tecnológico para a cafeicultura brasileira. Atualmente o Centro de Café “Alcides Carvalho” é formado por uma equipe multidisciplinar de cientistas envolvidos em inúmeras atividades de pesquisa e desenvolvimento e de transferência de tecnologia. O Centro de Café coordena o Programa Café do IAC com apoio de outros Centros de Pesquisa do IAC e de outras unidades de pesquisa da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. Esse esforço de pesquisa já permitiu a produção de trabalhos clássicos da literatura agronômica brasileira sobre o produto, gerando soluções para os mais diversos segmentos da cadeia produtiva do café, não só no País, mas também em países da América Central e Latina. Pesquisas realizadas pelo IAC na área de café, com

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foco no desenvolvimento de cultivares, adequação de adubação, espaçamentos, densidade populacional, sistemas de podas e irrigação, dentre outros, foram fundamentais para o estabelecimento da base tecnológica para a modernização da cafeicultura brasileira. De forma direta ou indireta, essas pesquisas contribuíram significativamente para a cafeicultura brasileira ser o que é hoje, altamente produtiva e considerada uma das melhores do mundo. Para ter ideia da importância histórica e atual do Instituto, as cultivares Mundo Novo e Catuaí, desenvolvidas pelo IAC, são alicerces e carros-chefe da cafeicultura brasileira e representam cerca de 90% dos cafeeiros arábicas cultivados. As duas se adaptam a diversos sistemas de produção em praticamente todas as regiões produtoras. Além dessas, desde sua criação, o Instituto desenvolveu 65 cultivares de café arábica. “Apesar das dificuldades relacionadas a recursos financeiros, pessoal de apoio e pesquisadores, pelas quais passamos nos últimos anos, nossa pesquisa se mantém ativa e mostra resultados excelentes a cada ano. Temos o mais antigo programa de pesquisa cafeeira do Brasil, ao mesmo tempo moderno, pois estamos em contínuo processo de evolução e adequação às novas demandas”, diz o diretor do Centro de Café do IAC, Gerson Silva Giomo.

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FONTE: FENICAFÉ 2012 - Luiz Carlos Fazuoli

CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA - Também pode-se destacar entre as contribuições do IAC: cultivares resistentes à ferrugem, trabalhos com adubação do solo que viabilizaram o cultivo do café no Cerrado e em processamento pós-colheita - que incluem o desenvolvimento do processo cereja descascado e de tecnologia para café despolpado - e estudos pioneiros em secagem, colheita mecanizada, fisiologia do cafeeiro, preparo do solo, arborização, melhoramento genético, armazenamento de sementes e grãos, agroclimatologia - que trouxe grande contribuição ao zoneamento climático - zoneamento agrícola, orientações para a mitigação dos efeitos do aquecimento global, análises químicas do solo, folhas e sementes, fertilização química, enxertia, taxonomia e evolução das cultivares e espécies de Coffea spp, e melhoria da qualidade do produto com o enfoque da produção de cafés especiais. Segundo Giomo, no início dos anos 50, o IAC realizou os primeiros estudos sobre a adaptação de cafeeiros às diversas condições climáticas, incluindo a microclimatologia relacionada a conceitos e métodos de defesa de geadas. “Hoje,

Esquema de produção da variedade “Mundo Novo”, desenvolvido pelo IAC

ORGANIZAÇÃO: Editora Attalea

CAFÉ PRINCIPAIS CULTIVARES DE CAFÉ DESENVOLVIDAS PELO IAC E AS MAIS PLANTADAS NO BRASIL

Catuaí Vermelho

Catuaí Amarelo

Catuaí Vermelho

o IAC conta com um acervo de informações meteorológicas de mais de cem anos. A contribuição do Instituto nessa área contempla o zoneamento climático para a cafeicultura no estado de São Paulo, modelos agrometeorológicos para a previsão de safra, estudos do efeito do clima na fisiologia dos frutos, bem como estudos de ações mitigadoras do efeito do aquecimento global sobre a cafeicultura”, salienta. TECNOLOGIA CULTIVARES DE CAFÉ - O extenso programa de genética e melhoramento do cafeeiro do IAC, desde 1932, já desenvolveu, selecionou, lançou e recomendou para plantio inúmeras cultivares de café para as mais diversas regiões cafeeiras do estado de São Paulo, do Brasil e de outros países produtores de arábica. Entre elas, destacam-se as cultivares Catuaí Vermelho (IAC 99 e IAC 144), Catuaí Amarelo IAC 62, Mundo Novo (IAC 388-17, IAC 379-19 e IAC 376-4), Acaiá IAC 474-1, Icatu Vermelho IAC 4045, Icatu Amarelo IAC 2944, Icatu Precoce IAC 3282, Bourbon Vermelho IAC 662, Bourbon Amarelo (IAC J9, IAC J10 e IAC J20), Ibairi IAC 4761, Laurina IAC 870, Obatã IAC 1669-20, Ouro Verde IAC H50105, Caturra Vermelho IAC 477, Caturra Amarelo IAC 476, Tupi IAC 1669-33, IAC 125 RN, IAC Obatã 4739 e Apoatã IAC 2258 (porta enxerto). FERTILIDADE E ADUBAÇÃO - Os trabalhos pioneiros de correção e adubação de solos que permitiram a expansão do cultivo do café em solos de Cerrado foram


realizados pelo IAC em experimentos na região de Batatais (SP), em ambiente típico de Cerrado no Estado de São Paulo. Pesquisas realizadas nessa região entre 1958 e 1969 com a cultivar Mundo Novo IAC 379-19 indicaram a viabilidade técnica e econômica do cultivo do cafeeiro arábica em solos de baixa fertilidade natural, mediante a aplicação racional de calcário e fertilizante químicos. O experimento foi alvo de incontáveis excursões de interessados, de todas as regiões do País, que, nos anos seguintes, iniciaram o plantio de café nos “solos de Cerrado” da região Mogiana Paulista, e, posteriormente, ocuparam com sucesso outras áreas tidas como improdutivas das regiões de Minas Gerais e outros Estados vizinhos. O desenvolvimento da cultura do café em áreas de Cerrado, com topografia tipicamente plana, incentivou o desenvolvimento de uma cafeicultura 100% mecanizada e altamente tecnificada, com sensível redução do custo de produção. COLHEITA MECÂNICA – Na década de 70, o IAC foi responsável pelos primeiros estudos com colheita mecânica do café. Na época, o Instituto importou e adaptou para a colheita de café uma colhedeira mecânica de cerejas. Mais tarde, o projeto foi transferido para a iniciativa privada, que o melhorou e validou o equipamento, e acabou lançando a primeira colhedeira de café do mundo. Além da colheita mecanizada permitir uma colheita mais rápida, estima-se que pode reduzir cerca de 40% dos custos de produção. PIONEIRISMO TAMBÉM NA PODA DO CAFÉ – Para gerar alternativa de baixo custo para revigorar a planta,

FOTO: Jornal O Expresso - Bahia

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estudos feitos no IAC contribuíram para o estabelecimento da poda racional do cafeeiro, que recupera a lavoura e viabiliza nova colheita emdois anos. Para renovar o cafezal com novos cafeeiros, o custo gira em torno de R$ 9 mil a R$ 13 mil por hectare e, além disso, nova colheita é feita somente depois de quatro anos. No caso da poda, os custos são menores e variam de acordo com o tipo de poda, idade da planta e estado nutricional e vegetativo da lavoura. SISTEMA DE PLANTIO EM RENQUE OU ADENSADO - Sistema de plantio em renque ou adensado – Essa tecnologia é utilizada em pelo menos 95% das áreas mecanizáveis de café e viabilizou a mecanização total da lavoura, pois favorece a racionalização dos tratos culturais


e redução dos custos de produção. Consiste em colocar uma planta por cova, com distância de 0,50 m a 1 metro na linha de plantio, variando de 2 m a 4 m o espaço entre as linhas, totalizando, por hectare, de 2500 a 10 mil plantas. No sistema tradicional, são usados espaçamentos largos e utilizadas duas plantas por cova, resultando em 2 mil plantas por hectare. Os estudos de número de plantas e disposição de plantas na cova, bem como os tratos culturais, foram fundamentais para o estabelecimento do plantio em renque. A partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, as pesquisas com café conduzidas no IAC ganharam novo impulso. Confira algumas pesquisas e tecnologias geradas pelo IAC com o apoio do Consórcio:-

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FONTE: FENICAFÉ 2012 - Luiz Carlos Fazuoli

GENOMA CAFÉ - Na área de pesquisas biológicas, um fato marcante a partir da constituição do Consórcio foi a participação efetiva de pesquisadores do IAC e de Unidades da Embrapa no Projeto Genoma Café, que, numa primeira fase, desenvolveu o sequenciamento do genoma café, resultando na construção de um banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA. Isso permitiu a identificação de mais de 30 mil genes, responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Atualmente as pesquisas são dirigidas à análise das sequências agregando-lhes função por meio de trabalhos de identificação de marcadores moleculares e de promotores gênicos para dar continuidade ao melhoramento genético do cafeeiro. Há expectativas de ocorra reflexos na redução do custo de produção, na proteção ambiental e no incremento de produtividade das lavouras, com melhoria da qualidade da bebida e da competitividade do produto. O IAC desenvolveu, em parceria com a Embrapa Café e com a Unesp-Botucatu, dois sistemas para transformação de plantas, mediante uso de informações geradas pelo Projeto Genoma, que permitem a introdução de genes em tecidos foliares e em raízes de cafeeiros. O sistema consiste em dois promotores obtidos de plantas de café que permitem direcionar e controlar a expressão de genes a eles associados: o Promotor CalsoR, que atua nas folhas, e o Promotor Caperox, que age nas raízes em resposta a um estímulo externo. A técnica também pode ser usada para o melhoramento de várias espécies vegetais de interesse econômico, além do café. As tecnologias têm pedidos de patentes registrados no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

FOTO: Divulgação IAC

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A pesquisadora do IAC Maria Bernadete Silvarolla, responsável pela pesquisa desenvolvida para a obtenção do Café Sem Cafeína.

NOVAS CULTIVARES – O Consórcio apoiou e financiou o processo final de seleção de mais cinco cultivares de café desenvolvidas pelo IAC: cultivar Tupi IAC 1669-33, Obatã IAC 1669-20, IAC 125 RN, IAC Obatã 4739 (Obatã Amarelo) e IAC Ouro Verde. Todas têm boas características agronômicas, como alta produtividade, porte baixo e ótima qualidade. Essas cultivares têm produtividade média de 50 sacas de café beneficiado/ha em áreas irrigadas. Nas regiões não irrigadas suas produtividades variam de 30 a 45 sacas por hectare. A Tupi RN IAC 1669-13 é a mais precoce de todas, seguida da Ouro Verde IAC H 5010-5, que têm maturação média e, por último, a IAC Obatã 4739 e Obatã IAC 1669-20, que são de média a tardia. Com essa diferença de maturação, o produtor pode colher o café em períodos diferentes, o que permite distribuir melhor a colheita e diminuir a quantidade de mão de obra empregada. Três cultivares são resistentes à principal doença foliar do café: a ferrugem (Obatã IAC 1669-20, IAC Obatã 4739 e Tupi RN IAC 1669-13) e podem dispensar a aplicação de defensivos agrícolas destinados ao controle químico da doença. Essas cultivares são recomendadas para plantio em todas as regiões produtoras de café do Brasil. GENES RESPONSÁVEIS PELA QUALIDADE DO CAFÉ ARÁBICA – É outra pesquisa desenvolvida pelo IAC no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, e ainda com financiamento também da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que tem fornecido também subsídios para pesquisas de melhoramento genético do cafeeiro. O estudo verificou que boa parte dos genes expressos na espécie de café arábica parece ser proveniente de Coffea eugenioides, uma espécie pouco usada nos programas de melhoramento genético do café e sem qualquer uso comercial. As pesquisas inéditas identificaram genes potenciais responsáveis pela qualidade do café e comprovaram também que a melhor qualidade do Arábica se dá pela maior expressão de genes da produção de açúcares encontrados em seu material genético. CAFÉ NATURALMENTE SEM CAFEÍNA – O estudo com o cafeeiro descoberto pelo IAC permitirá que


CAFÉ amantes do bom cafezinho com sensibilidade à cafeína possam vivenciar a paixão pela bebida, sem que tenha havido nenhum processo químico de extração da cafeína. Os pesquisadores estão realizando testes em plantas cujo teor da substância é de apenas 0,07%, ou seja, 10 vezes menos que o café consumido habitualmente, da espécie Coffea arabica. Mudas clonadas obtidas por estaquia ou cultivo in vitro de matrizes selecionadas em função de sua superioridade agronômica, como produção de frutos e resistência aos principais agentes bióticos da cultura, encontram-se em ensaios de campo desde 2007. A nova cultivar de café naturalmente sem cafeína, denominada IAC 045125, ainda em pesquisa, foi obtida a partir de genótipos conservados no BAG - Banco Ativo de Germoplasma de Coffea arabica mantido pelo IAC e foi protegida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 2011. O acesso foi introduzido no Banco do IAC a partir de plantas originárias da Etiópia vindas de um centro de pesquisa da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação na Costa Rica. Os estudos têm o objetivo de gerar produto com valor agregado, sem os custos da descafeinização química e com a preservação do sabor e aroma natural do café. BANCO DE GERMOPLASMA DO IAC – O Instituto

mantém o maior e mais antigo Banco de Germoplasma de café do país, com 5.451 registros. Com essa diversidade, contribui para significativos resultados na pesquisa cafeeira há 80 anos. Os trabalhos de caracterização morfológica, agronômica, química e molecular feitos com os materiais genéticos mantidos nos Bancos de Germoplasma são contínuos, bem como a introdução de novos acessos por meio de intercâmbio de registros com bancos de instituições nacionais e internacionais. Todo esse esforço garante resultados efetivos, com precisão quanto à cultivar de café desejada. Além da contribuição científica, fundamental para o avanço das pesquisas de melhoramento genético do café, o Banco de Germoplasma do IAC preserva diversas espécies em Campinas (SP) e Mococa (SP). A coleção mantida pelo Centro de Café “Alcides Carvalho” do IAC é formada por cerca de trinta mil cafeeiros pertencentes às espécies Coffea arabica, C. canephora, C. congensis, C. eugenioides, C. liberica, C. racemosa, C. salvatrix, C. kapakata, C. stenophylla, C.millotii, C. sessiliflora, C. heterocalyx, C. humilis, C. anthonii, Psilanthus ebracteolatus e P. travancorensis. Reúne grande diversidade de mutantes, formas botânicas, variedades exóticas e introduções oriundas dos centros de origem e de diversificação de Coffea arabica e C. canephora, principais espécies cultivadas.

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Desmistificando a atuação dos fundos no mercado de café

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Carlos Henrique Jorge Brando 1

histórico recente do mercado de café tem sido marcado pela elevada volatilidade das cotações na bolsa de Nova Iorque. Propomos lançar luz sobre os principais agentes causadores da volatilidade: os famigerados fundos que investem nos contratos de café da bolsa. Há muitas críticas aos fundos sob o argumento de eles se posicionarem contra o produtor, de se descolarem dos fundamentos do mercado, fazendo as cotações despencarem ou de terem o poder de manipular o mercado. Antes de qualquer coisa é preciso desmistificar os fundos como entidades impessoais, desumanas ou malévolas. Os fundos não passam de um conjunto organizado de investidores que depositam suas economias neste produto (fundo) e delegam a um gestor a operação e as decisões de investimento ou desinvestimento. Ou seja, os fundos não possuem vontade própria ou uma atuação descontrolada. As posições de mercado que eles assumem ora comprando contratos de café ora vendendo-os são fruto de decisões deliberadas de um gestor profissional. Uma pessoa física – um ser humano. Dado que é um gestor que opera os fundos, ele deve tomar decisões racionais buscando a melhor rentabilidade para os investidores que depositaram dinheiro sob sua confiança. Portanto, um bom gestor sempre se posiciona no mercado pensando no melhor para seus clientes investidores. Neste processo de decisão de investimento, de fato, o gestor não pensa no cafeicultor. Mas vale perguntar: por acaso o cafeicultor tem alguma preocupação com a performance dos gestores de fundos quando ele decide parar de produzir, vender sua produção ou plantar mais café? E da mesma forma que a decisão individual de um cafeicultor no interior de São Paulo não define o destino da safra global do café, as posições assumidas por um gestor de fundo não conseguem mover o mercado sozinhas. No mercado existem vários fundos e tão pouco eles conseguem se coordenar para manipular o mercado. O que muitas vezes acontece é eles assumirem posições semelhantes ao reagirem a alguma notícia ou fato novo. É o chamado efeito manada.

AUTOR 1 - Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação e doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café.

Neste sentido, eles antecipam tendências do mercado ou intensificam as oscilações causadas por fundamentos ou previsões. Mais importante que isso, deve-se ter em mente que as alternativas de investimento de um gestor de fundo que investe em café são diversas e não se restringem ao mercado de café apenas. Os fundos que investem em café geralmente são fundos de commodities agrícolas. Ou seja, o gestor tem a liberdade de alocar os recursos do fundo em qualquer contrato de commodity agrícola, seja soja, milho, açúcar, algodão ou outra. Se houver a expectativa de uma posição no mercado de soja ser mais rentável do que uma posição em café, o gestor de um fundo reduzirá sua posição em café e aumentará em soja. Isto porque ele possui recursos limitados para alocar suas decisões de investimento. Caso seja essa a expectativa geral do mercado, não haverá compradores para essa venda de contratos de café e a cotação cairá. E algo semelhante pode ocorrer no mercado de soja fazendo a cotação subir. Existe algum mal nisso? Justifica-se um controle ou regulação na atuação dos fundos? Os agentes do mercado físico de café, tais como, cafeicultores e traders, tendem a focar suas atenções nas oscilações e fundamentos do mercado de café somente. Estão certos nisso, mas ao analisarem ou criticarem a atuação de agentes que atuam em diversos mercados, tais como os fundos, eles devem levar em consideração as correlações e conjuntura dos demais mercados agrícolas. Vale lembrar que os gestores de fundos de commodities também sofrem com a concorrência de outros mercados financeiros como os das commodities metálicas, ações, renda fixa etc. Caso os investidores do fundo agrícola queiram aumentar seus investimentos em renda fixa, eles deverão sacar os recursos de um fundo para colocar em outro. E isso acaba também afetando os mercados, pois os gestores terão que desfazer de algumas posições para devolver os recursos a seus investidores. E por fim, uma vez desmistificada este modo de atuação dos fundos, vale destacar a função benéfica deles de prover liquidez ao mercado. Ou seja, a presença deles no mercado garante uma quantidade relevante de negociações, o que permite que o mercado sempre apresente um comprador ou vendedor disposto a fazer negócio. E garante que a formação do preço do produto seja fruto de várias operações (opiniões) distintas, o que tende a refletir melhor os fundamentos do negócio.


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Cooperativas conquistam desenvolvimento sustentável para todos

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ste foi o tema de 2014 para o Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado no último dia 5 de julho. E a comunidade cooperativista nacional tem muito o que celebrar. Segundo a OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, existem mais de 11 milhões de cooperados associados em 6.603 cooperativas espalhadas por todo o país. A geração de emprego se aproxima de 322 mil colaboradores diretos e, considerando também os familiares e comunidades, seguramente o sistema tem impacto em mais de 20% da população. Cooperativismo, em todos os seus ramos (Agropecuário, Saúde, Crédito, Consumo, Infraestrutura, Transporte, trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional) é uma forma de atuação e interação humana baseada no Interesse pela comunidade, incorporado em um de seus princípios fundamentais de ação e no trabalho e lealdade que requer, antes de tudo, a participação efetiva de

seus associados. Foi comprovado que o IDH dos municípios onde existem cooperativas é maior que aqueles onde elas não atuam. Ou seja, quando o cooperativismo está presente, toda a sociedade compartilha de seus ganhos. Segundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o cooperativismo só deu e dá certo no Brasil, porque além de ser uma ferramenta importante para o desenvolvimento econômico, tem uma grande preocupação com as pessoas. O presidente da COCAPEC, Maurício Miarelli, destaca que a cooperação é a essência da vida em sociedade e que os desafios encontrados devem sempre ser superados através do cooperativismo. É por isso que as cooperativas podem – e vão – mudar o mundo. (FONTE: Brasil Cooperativo, adaptado pela equipe de comunicação da Cocapec)

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ARTIGO

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CURVA FUTURA DAS COTAÇÕES DO CAFÉ: ARÁBICA ESTÁVEL E ROBUSTA EM ALTA Celso Luis Rodrigues Vegro - Engenheiro Agrônomo, M.S. Desenvolvimento Agrícola. Pesquisador Científico do IEA - Instituto de Economia Agrícola - SP. [ celvegro@iea.sp.gov.br ]

s contratos futuros de juros e câmbio (mais negociados na BM&F-Bovespa) mantiveram em junho a tendência já registrada no mês anterior (Figuras 1 e 2). Com a recente revisão para baixo da estimativa de crescimento da economia em 2014, por parte do Banco Central do Brasil, a procura por contratos de juros e dólar deve permanecer aquecida por parte dos participantes destes mercados. Menor crescimento econômico não será exclusividade brasileira em 20142. Tanto países centrais quanto emergentes estão vivenciando momento de desaceleração econômica. Esse fenômeno produz, por um lado, cenário de menor demanda por matérias-primas e, por outro, busca por pro-

teção patrimonial sob prevalência de incertezas, induzindo os investidores a preferirem liquidez imediata (como são os casos dos contratos de juros e dólar e em menor medida os de commodities)3. Ainda que os negócios com dólar no mercado a vista não tenham alavancado suas cotações, no mercado futuro a paridade entre as moedas se manteve pressionada. Aparentemente, os gastos dos estrangeiros que vieram ao Brasil para acompanhar o torneio futebolístico tem auxiliado a manutenção de taxa de conversão próxima dos R$2,20, enquanto o mercado acredita em patamares acima dos R$2,35 para o início do próximo ano. Em junho de 2014, as cotações futuras praticadas pelo mercado de café nova-iorquino pouco se alteraram frente ao mês anterior. As médias semanais para o contrato C, em segunda posição, estabilizaram-se no patamar de US$¢180,00/lbp para as três primeiras semanas do mês. Bom ritmo dos embarques brasileiros, associado à recuperação da oferta colombiana e ao incremento da vietnamita, tem satisfeito as necessidades imediatas para o suprimento mundial. Recente relatório do Departamento de Agricultura Estadunidense (USDA) previu, para a safra 2014/15, ligeiro déficit (960 mil sacas) no balanço global de oferta e demanda de café. Aparentemente, essa foi a única informação com capacidade de oferecer suporte para as cotações em junho. A média de preços recebidos pelos cafeicultores em junho de 2014 na região de Franca/ SP (principal polo da cafeicultura paulista) foi de R$402,36/sc., segundo dados do IEA/CATI 4, representando queda de 5,6% frente ao registrado no mês anterior. Na posição futura de dezembro de 2014, para a média da terceira semana do mês, a cotação atingia os US$¢176,59/lbp. Procedendo-se com as necessárias conversões, essa cotação representaria R$551,24/sc, ou seja, diferença de R$118,88/sc frente à cotação praticada na praça de Franca, mantendo a estratégia de contratação de hedge como estratégia recomendável para uma favorável comercialização (Figura 3). Na Bolsa de Londres, em junho de 2014, as cotações do Robusta mantiveram tendência


CAFÉ altista. A amplitude do diferencial entre as cotações (Arábica x Robusta) estimulou os torrefadores a ampliar a fatia de robusta no blend, buscando suprimento nas origens do grão que ofereceu suporte para suas cotações. (Figura 4). Permanece grande grau de incerteza nos fundamentos relativos ao mercado de café, induzindo os fundos e os grandes investidores a manterem suas posições de compra. A oscilação baixista nas cotações do arábica não foi suficiente para que os possuidores desses contratos deles se desfizessem, mas ao contrário, houve até um ligeiro incremento na posição comprada (de 37.138 para 37.473) e diminuição na posição vendida (de 10.839 para 9.842). A dinâmica do mercado indica que se esperam ganhos com a inclusão de contratos de café na carteira de investimento sendo essa uma sinalização favorável aos cafeicultores que já estão comercializando seus lotes recém-colhidos (Tabela 1). Acompanhamento climatológico indica que haverá 70% a 80% de chances de ocorrência do fenômeno “El Niño” moderado no segundo semestre do ano 5. Em anos anteriores, fenômeno de proporções similares trouxe incremento da produção cafeeira no Brasil, derrubando as cotações do produto. O contexto atual guarda diferenças que podem neutralizar esse esperado efeito. A anomalia climática do primeiro semestre do ano acarretará em perdas para a safra 2015/16 (com menor desenvolvimento dos ramos produtivos e mais reduzida diferenciação floral). Tais repercussões negativas, constatadas nas lavouras brasileiras, não serão revertidas com uma primavera mais chuvosa sobre os cinturões produtores.

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Bibliografia 2 - MOREIRA, A. OCDE prevê desaceleração e mais desigualdade. Jornal Valor Econômico, São Paulo, 3 jul. 2014. Disponível em: <http://www.valor.com.br/internacional/3602762/ocde-preve-desaceleracao-e-mais-desigualdade>. 3 - BITTENCOURT, A. Brasil, um ponto fora da curva. Jornal Valor Econômico, São Paulo, 2 jul. 2014. Disponível em: <http://www. valor.com.br/valor-investe/casa-dascaldeiras/3602194/brasil-um-pontofora-da-curva>. 4 - INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>. 5 - HAQUE, K. Insight special: el niño and coffee. Coffee division of ED&F Man, London, jun. 2014. 4 p.


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José Braz Matiello 1 e S.R de Almeida 2

N

FOTO: Ronald Mansur

ão basta uma nova variedade de café ser produtiva, vigorosa e resistente. Ela tem que vencer os desafios na sua adoção. Por isso, o uso de novas variedades, lançadas nos últimos anos, tem sido lento e elas acabam sendo pouco plantadas, mesmo diante de suas características vantajosas. O problema já começa na indicação das variedades, pelas diferentes Instituições envolvidas no desenvolvimento dos materiais genéticos. O sistema tecnológico em vigor é muito regionalizado, sem uma efetiva coordenação técnica centralizada, difícil pela própria natureza do modelo, composto por diferentes entidades. Nessa condição, cada Estado apresenta suas próprias indicações, quando se sabe que regiões cafeeiras ambientalmente semelhantes permeiam O pesquisador José Braz Matiello diferentes Estados. são bastante produtivas e vigorosas. Tanto assim, que elas Um segundo obstáculo é a falta de conhecimento, dos têm servido de base para cruzamentos, visando incorporarTécnicos de AT e dos cafeicultores, sobre as características lhes outras características genéticas, como a resistência a das novas variedades e suas qualidades em relação às culti- pragas e doenças. No entanto, as novas variedades, avaliadas vares atualmente mais plantadas – Catuai e Mundo Novo. usando os padrões comparativos (Catuaí e MN), tem apreNesse aspecto, sabe-se que essas cultivares , em maior uso, sentado desempenho superior a eles. O terceiro tipo de problema de adoção de uma nova AUTOR tecnologia é a tradição, o costume, o anterior, difícil de ser 1 - Pesquisadores da Fundação Procafé e MAPA - Ministério da Agricultura, ultrapassado. Tem sempre o advogado do diabo, apontando Pecuária e Abastecimento. riscos, dizendo que aquilo já foi mal no passado e desaFOTO: Editora Attalea

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Dificuldades na adoção de novas variedades de café no Brasil

Variedade Mundo Novo, em Três Pontas (MG)


FONTE: FENICAFÉ 2012 - Luiz Carlos Fazuoli

CAFÉ TEMPO GASTO PARA O DESENVOLVIMENTO 42 DE ALGUMAS VARIEDADES DE CAFÉ

42 ANOS

33 ANOS

33 ANOS

51 ANOS

conselhando a mudança. Existem, por outro lado, muitos bons exemplos de sucesso na adoção de novas variedades. Aqui no Brasil, entre as décadas de 1970-80, adotou-se, maciçamente, o Catuai e o MN, em substituição às variedades antigas Bourbon, Sumatra e Caturra. Na Colombia, primeiro foi a substituição do Typica pelo Caturra e, mais recentemente, a substituição deste, pelas variedades Colombia e Castilla, com resistência à ferrugem. Critica-se a disponibilização de materiais genéticos resistentes à ferrugem, que muito interessam a outros países. No entanto, aqui dentro do nosso país eles não vêm tendo o devido valor. Tem sido feitas muitas ações para aumentar a adoção das novas variedades de café. Sabe-se que, a qualquer tropeço, vem logo a cobrança. Isto acontece, sempre, a quem algo faz, pois todos estamos sujeitos a erros, embora a experiência de campo, acumulada no espaço, com testes em muitas regiões, e tempo, decorridos muitos anos dos ensaios, mostram segurança nas nossas indicações. Precisamos inovar mais. Afinal, a transformação da cafeicultura brasileira, a qual se tornou mais produtiva a partir da década de 1970, com a renovação de cafezais, é fruto da evolução ocorrida, em termos de novos espaçamentos, adubações racionais, mecanização, controle de pragas e doenças, melhoria de qualidade etc. Devemos continuar as mudanças, pois, agora, a indicação de novas tecnologias pode ser feita ainda com mais segurança do que na renovação passada (FONTE: Funcafé)

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Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana oferece o serviço para os associados

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eonardo Bolonha, produtor rural da região de Franca (SP) é o exemplo de como mudar algumas práticas pode transformar a produção de cafés tradicionais em finos. Há três anos o cafeicultor se associou à AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) e passou a investir na qualidade dos grãos. Nos últimos meses o produtor tem se atentado a classificação dos cafés produzidos em sua fazenda, prática que já começa a dar resultado.

O serviço, disponibilizado para os associados da AMSC, é uma inovação em toda a região. Confira nesta entrevista exclusiva: Antes de se associar à AMSC você já tinha uma atenção para café especial? Não, essa atenção voltada para o café especial surgiu depois de uma reunião que participamos com um grupo de produtores para apresentar a AMSC. Depois disso nos

O estágio atual e os desafios da Indicação de Procedência do Café A

pós apresentar o histórico e o que é uma Indicação Geográfica, sua importância e os benefícios para os produtores e a região, a série especial da Revista Attalea Agronegócios sobre a Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana irá abordar, nesta edição, a implantação do selo, o estágio atual e os próximos desafios. Desde que o registro de Indicação de Procedência foi concedido para o café da Alta Mogiana, em setembro de 2013, a AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, organismo responsável pela gestão do selo, começou a tratar dos mecanismos para a sua utilização e desenvolvimento. A partir de então diversas atividades foram desenvolvidas, entre elas a criação de um Conselho Regulador do uso da marca e ações de conscientização dos produtores da região. Ao mesmo tempo, a associação firmou uma parceria com o SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Devido ao trabalho em conjunto das duas entidades, foram promovidas várias atividades para os cafeicultores da região, com o objetivo de divulgar a Indicação de Procedência do Café e a importância da produção de cafés especiais. Com o apoio do SEBRAE foi realizada a OPP - Oficina de Planejamento Participativo – em que os produtores debateram sobre o selo; uma visita técnica ao Cerrado Mineiro – onde os cafeicultores da Alta Mogiana trocaram experiências com os mineiros; e a promoção de Dias de Campo – evento realizado em propriedades rurais da região com a FOTO: Divulgação

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Produtor rural passa a investir na classificação do café

participação de especialistas em cafés finos, com o objetivo de fomentar a importância da qualidade na produção dos grãos. Os eventos ‘Dia de Campo’ também contaram com o apoio da CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Além de dar seguimento às ações que estão sendo rea-lizadas, a AMSC – gestora do selo de Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana – já vislumbra novos desafios para a região. Entre eles, posicionar a marca dos cafés especiais da Alta Mogiana nos mercados nacionais e internacionais, resgatando os valores históricos e culturais da região. Não perca na próxima edição da Revista Attalea Agronegócios mais um artigo sobre a Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana.


associamos e passamos a dar mais valor a esse mercado de cafés especiais para agregar valor ao produto e descobrir na propriedade se ela tem potencial de produzir ou se já vinha produzindo cafés especiais para poder aproveitar desse mercado.

FOTO: AMSC

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Como que a AMSC te ajudou neste desenvolvimento? A AMSC entrou mostrando que esse mercado pode ser acessado pela gente, que aquele café que produzimos tem a chance de ser um ótimo café, mas a gente estava desperdiçando, misturando em um café de pior qualidade e vendendo tudo como café commodity, deixando de ganhar dinheiro nele.

A Associação passou a disponibilizar um classificador de cafés. Como esse serviço vai ajudar o produtor? É um serviço muito importante, porque comercializávamos café pelo aspecto, pela umidade, pelo tamanho de peneira e nunca pela bebida que ele tinha. Nem sempre um café graúdo de aspecto bom é um café de qualidade e nem sempre um café feio é de ruim qualidade. A qualidade não está atrelada ao aspecto, ao visual, mas sim a algo interno, dentro do grão. Esse trabalho de classificação oferecido pela AMSC nos ajudará muito. Todo lote de café que sai do terreiro pego uma amostra para ser provada.

O classificador nos orienta como trabalhar cada tipo de café no mercado. Quando especial, a orientação é que seja armazenado separadamente para que o lote seja trabalhado no mercado de cafés especiais. Começamos a pensar em melhorar ainda mais a qualidade e poder trabalhar esses cafés de forma diferenciada, como micro-lotes para cafeterias e concursos de qualidade. Vocês já começaram a participar de concursos? Participávamos naquele esquema, pegávamos um café mais bonito, que era maior; não pela qualidade, provado antes, porque não tínhamos acesso a esse serviço. Agora vamos poder provar cada lote separado e saber qual é melhor para por no concurso e ter uma chance maior. Esse serviço (de classificação) é importante no concurso e também na venda fora de mercado físico. Deve ser um trabalho contínuo? Sim. Não pode parar de jeito nenhum. Tem que ser contínuo e persistente. Ter a participação ativa de todos os associados. É um trabalho que não pode parar, tem que ser feito sempre. FOTOS: Divulgação FAZENDINHA

Quais práticas vocês passaram a adotar que fizeram a diferença? A AMSC mostrou que temos que fazer o serviço certinho aqui para colher o resultado lá na frente e não tentar achar o resultado. Mostrou que técnica de secagem é importante, o jeito de por no terreiro, a hora da colheita, o talhão, o sentido do talhão, o lado que o sol pega na planta. Tivemos essas explicações nas reuniões, dias de campo e missões que fizemos. Participamos também do Espaço Café Brasil e vimos que o mercado de café especial realmente já tem um nome, tem muita gente envolvida. Acho que o maior benefício foi ver que o café especial tem mercado e hoje temos oportunidade de acessá-lo.

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aão Bio, de o.

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m um dia de campo inédito, a parceria entre Casa do Café e Viveiro Monte Alegre mostrou sua força em campo e como o cafeicultor pode potencializar sua produção, do plantio ao manejo da planta produtiva. A Fazenda Coqueiro apresentada a, aproximadamente, 90 produtores da região, conta hoje com 15 hectares de café com exclusividade do tratamento da Casa do Café, com a dobradinha Produquímica / Dupont, complementado com a linha da Omnia Khumate – que contém ácido húmico e fúlvico – para a melhoria da fertilidade do solo, com maior aproveitamento dos nutrientes; e 100% das plantas oriundas do plantio de mudas em tubetes do Viveiro Monte Alegre da variedade catuaí. A estratégia para a implantação de café na propriedade, até então voltada para a produção de leite, nasceu de uma conversa de final de tarde entre o proprietário Sr. Werther Antônio de Abreu e o representante da Casa do Café, Sr. Jamil Pereira da Silva, e focou o uso de soluções tecnológicas de alta performance e simplicidade de manejo. Os caminhos traçados foram apresentados em três estações junto com resultados concretos já obtidos, comprovados visualmente pelo melhor desenvolvimento da planta e por melhores resultados das análises de solo e folha, dentro dos níveis exigidos. Na primeira estação, com uma lavoura plantada em dezembro de 2013, os produtores foram recepcionados pelo Diretor da Casa do Café, André Siqueira Rodrigues Alves, e pelo Diretor do Viveiro Monte Alegre, André Luis da Cunha, que falou sobre as mudas utilizadas. O processo da formação das mudas em tubetes envolve inúmeras pesquisas

FOTOS: Divulgação Casa do Café

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Casa do Café e Viveiro Monte Alegre: soluções tecnológicas de alta performance para a produção de café

em busca da formulação mais adequada do substrato e trás uma série de vantagens quando transplantadas ao campo, como maior sanidade da planta, facilidade no manuseio, melhor homogeneidade e enraizamento das mudas, otimização do transporte - já que as mudas pesam menos e podem ser transportadas em fileiras de bandejas, além da agilidade no plantio e bom pegamento. Na sequência, Igor Antônio Porto Soares, da Produquímica, fez a apresentação da tecnologia Producote, um adubo de liberação gradativa e controlada de nutrientes, que minimiza as perdas de nitrogênio por lixiviação e volatilização, o que favorece o desenvolvimento da muda e promove um melhor aproveitamento do investimento do produtor. Ao se observar o desenvolvimento radicular, notase um maior volume de radicelas - preservadas pelo tratamento que não saliniza o solo, aumentando a superfície de absorção e melhorando a nutrição e vigor da planta. Na segunda estação, foram apresentados os tratamentos Dupont na linha de Kocide, Manzate, Altacor – bactericida, fungicida e inseticida para bicho mineiro. E, na terceira estação, com plantio realizado em dezembro de 2011, foi falado sobre o tratamento foliar da Produquímica, que complementa a nutrição de lavouras já em produção; e o tratamento com Polyblen, que também conta com a exclusiva tecnologia do Producote para áreas já implantadas. A apresentação prática de resultados promissores vem a agregar às orientações técnicas quanto à credibilidade e confiança nos insumos utilizados; e mostra novas alternativas na nutrição das plantas, acessíveis aos cafeicultores da região. O uso de mudas em tubetes combinado com uma adubação inteligente promove maior vigor de planta, aumento da produtividade e redução do uso da mão de obra, traduzidos em rentabilidade ao produtor.


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Problemas climáticos comprometem safra e a renda do cafeicultor brasileiro

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s problemas climáticos devem afetar fortemente a colheita de café este ano, comprometendo a renda do cafeicultor. A conta da estiagem ocorrida nas principais regiões produtoras do país aponta para perdas de 20% a 50% da produção. Diante deste cenário, a estimativa de safra do grão para 2014 deve ficar abaixo das projeções oficias, entre 40,1 milhões e 43,3 milhões de sacas, segundo estudo da Fundação Procafé, entidade de pesquisa voltada para a cafeicultura. Com base no levantamento da fundação, o presidente da Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, ressalta que, apesar da forte valorização da saca de café no início do ano, a reação dos preços será insuficiente para recuperar os prejuízos. “Os produtores terão sérios problemas com a colheita, o que poderá comprometer sua renda”, alerta. De acordo com nota técnica da CNA, não há como

Margem líquida só em lavoura mecanizada A

margem líquida (preço de venda menos custos operacionais totais) do produtor de café arábica foi negativa no segundo trimestre de 2014, nos municípios em que todas as atividades do processo produtivo são manuais. A avaliação faz parte do boletim “Ativos do Café”, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Conforme os especialistas, com a queda dos preços de venda do café em junho, agravou-se o comportamento negativo das margens. Manhumirim (MG) registrou a menor margem líquida no mês passado, que foi negativa em R$ 126,23 em cada saca de 60 kg, seguida de Santa Rita do Sapucaí (MG), menos R$ 118,68 a saca, e Guaxupé (MG), menos R$ 88,70 a saca. O estudo mostra, ainda, que em Abatiá (PR), cujo processo produtivo é semimecanizado, a margem líquida negativa foi menor: menos R$ 76,01 a saca. Nas regiões com agricultura mecanizada, a margem líquida foi positiva, alcançando melhor resultado em Luís Eduardo Magalhães (BA), mais R$ 209,60 a saca, seguida de Capelinha (MG), mais R$ 59,52 a saca. Os adubos representaram 22,48% da composição do custo operacional total no período. Os agrotóxicos também influenciaram na elevação dos custos operacionais totais. Na média, esses insumos participaram com 10,09% na composição total dos custos, com aumento de 3,04%. (FONTE: Estadão)

distinguir os grãos chochos (mal formados) dos granados, quando estão na árvore, o que obriga o produtor a fazer a colheita completa de sua lavoura. A partir daí, o produtor só consegue mensurar as perdas decorrentes dos grãos que não granaram na hora do beneficiamento. Neste momento, porém, o cafeicultor que já arcou com os gastos totais da colheita não terá a totalidade do volume colhido para comercializar. Normalmente, são necessários de 400 a 500 litros do fruto para preparar uma saca de 60 quilos de café em grão. Com os problemas decorrentes da estiagem, no entanto, acredita-se que este ano serão necessários em torno de 550 a 600 litros, em função da alta incidência de grãos chochos e mal granados. A severidade da seca ocorrida neste ano é inédita e o volume de chuva foi de apenas 20% da média histórica nas principais regiões produtoras, prejudicando a granação, que é a fase de formação do grão do café. O tempo frio nos meses de junho e julho pode agravar ainda mais a situação. Desta forma, a safra de 2015 poderá ficar entre 38,7 milhões e 43,6 milhões de sacas, volume próximo do previsto para este ano, mesmo sendo ano de bienalidade alta.

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roblemas novos, ocorrendo em lavouras de café, têm sido frequentes no campo. São sintomas ou sinais de anormalidades, que acontecem em diferentes partes das plantas e que chamam a atenção pela dificuldade de sua caracterização, em relação aquilo que já se conhece, da prática ou de citação na literatura. Assim aconteceu, recentemente, em visita efetuada em cafezais na região Sul de Minas Gerais, onde foi verificado um tipo novo de lesão afetando frutos de cafeeiros, uma condição semelhante à que havíamos visto no ano anterior, mostrando, portanto, ser um problema continuado nas lavouras. Observamos em frutos, na fase final de maturação, a presença de lesões pequenas e em grande numero em cada fruto. As lesões eram de cor marrom e, ao se juntarem, chegavam a tomar grande parte da superfície do fruto, acelerando a secagem da sua casca. Duas hipóteses de agentes causais foram levantadas a principio. Poderiam ser lesões de cercosporiose ou de leprose. Quanto ao ataque de cercosporiose esta causa foi descartada, pois, normalmente, ocorre um pequeno numero de lesões por fruto e estas tem formato elíptico e de tamanho grande. Quanto à leprose sabe-se que os sintomas normais, em frutos maduros, se constituem em grandes manchas descoloridas, de cor clara e, também, em pequeno numero por fruto. Em trabalhos anteriores verificou-se que a leprose, uma virose transmitida pelo ácaro Brevipalpus phoenicis, estava ocorrendo, em muitas lavouras, apenas em frutos, sem sintomas na folhagem, devido, provavelmente, ao hábito preferencial dos ácaros, de se alimentarem em frutos. No caso atual, também o ataque era restrito aos frutos. FOTOS: Divulgação PROCAFÉ

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Novos sintomas do Ácaro da Leprose em frutos de café

Os novos sintomas, agora observados, guardam semelhança com o ataque de leprose, pelo aspecto deprimido das lesões, sendo que, a presença de elevado número de lesões por fruto, pode ser atribuída à alta população de ácaros presentes. Deve estar havendo a picada dos ácaros, sem sua prévia contaminação por vírus, o que impediria a evolução normal de lesões típicas, com a descoloração da casca. Alem disso, a rápida necrose, que resulta na coloração escura das lesões, pode estar associada à entrada de fungos oportunistas, como o Coletotrichum. As fotos mostram que é um novo tipo de lesão pelo ácaro da leprose em frutos de cafeeiros. Lesões pequenas, em grande numero e de cor escura e ao coalecerem tomam quase todo o fruto, acelerando a seca da sua casca. Sintomas normais da leprose em frutos de café em estagio final de maturação. As manchas são de cor clara, descolorindo a casca, e tem menor numero por fruto. (FONTE: Fundação PROCAFÉ)


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Estudo prevê migração do café das montanhas para áreas planas

O

s cafezais de montanha de Minas Gerais, que respondem por importante parcela da produção brasileira, tendem a desaparecer do mapa de cultivo do país em uma ou duas décadas, por custos elevados associados à impossibilidade da colheita mecanizada nas áreas de aclive, onde inclusive as fazendas estão perdendo valor de mercado. A avaliação é da consultoria Informa Economics FNP, que já vê uma migração do café plantado nas montanhas para áreas com topografia mais favorável, que permitem a redução de custos com a mão de obra por meio da mecanização da colheita. “Essas regiões, em 10 a 20 anos, terão a produção reduzida a quase a zero, e outras regiões vão crescer e compensar esse processo”, disse à Reuters o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Entre as áreas com possibilidade de receber o café que deixará de ser cultivado nas montanhas está o oeste da Bahia, disse o especialista, ressaltando que a mecanização também exige a escala de grandes propriedades para viabilizar o cultivo. O café das áreas com relevo mais acidentado poderá ser substituído pela pecuária leiteira, por exemplo, citou o analista, observando que a avicultura e a suinocultura tam-

bém seriam possibilidades. “Esse processo de substituição (da atividade) já está ocorrendo e vai ampliar nos próximos anos, à medida que esse processo vai se agravar”, disse Ferraz, citando uma tendência global de escassez de mão de obra no campo, com a população mais jovem buscando viver nos centros urbanos. As despesas com mão de obra na cafeicultura, especialmente para a colheita, representam mais de 60 por cento dos custos totais da atividade, impactando diretamente nas margens dos produtores que cultivam café nas montanhas. Como reflexo das margens de lucro mais baixas, em especial nas áreas de montanha, as terras de café em Minas Gerais têm registrado uma valorização bem abaixo da média nacional, segundo estudo da Informa Economics FNP. Enquanto o preço médio de terras agrícolas em geral em Minas registrou alta de 19% no período de 36 meses até março deste ano, o valor das áreas de café do Estado tiveram valorização no mesmo período de 13%. A situação em regiões montanhosas é ainda mais aguda. Um exemplo é a região de Alfenas, Guaxupé e Varginha, onde os preços das terras de café caíram 10% em 12 meses. (FONTE: Reuters)

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ma máquina desenvolvida por pesquisadores da UFV - Universidade Federal de Viçosa (MG) pode revolucionar a cafeicultura mundial – atividade que movimenta bilhões de dólares por ano e representa, historicamente, um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil. O país, que lidera a produção e o comércio do grão em todo o planeta, poderá agora assumir a vanguarda tecnológica na colheita do café, por meio de um equipamento - guiado por controle remoto - que permite a realização desse procedimento em áreas com inclinação de até 50%. A expectativa é de que a invenção traga significativos avanços na área de cultivo, já que as colhedoras convencionais não podem ser utilizadas em plantações cuja declividade seja superior a 10%. Tal limitação inviabiliza a colheita mecanizada em regiões de montanha, a exemplo de Minas Gerais, onde o procedimento é predominantemente manual. Além de ser menos eficiente e, por conseguinte, mais caro, colher o café à mão vem deixando de ser uma opção devido à indisponibilidade de mão de obra – que tem migrado para outros segmentos da economia, como a construção civil. O protótipo da nova colhedora, já em escala industrial, é o resultado de um ano e dois meses de trabalho de uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Mecanização Agrícola, vinculado ao Departamento de Engenharia Agrícola da UFV. A concepção tomou forma a partir das pesquisas orientadas pelo professor Mauri Martins Teixeira e elaboradas pelo então estudante de doutorado em Engenharia Agrícola, Marcos Vinícius Morais de Oliveira, atualmente professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Outro participante da iniciativa é o engenheiro agrícola Gustavo Vieira Veloso, hoje cursando doutorado na UFV. Com 12 motores elétricos, o equipamento tem particularidades que possibilitam sua ação inovadora. Uma delas é um sistema de acionamento independente nas quatro rodas, que favorece sua locomoção na lavoura e permite que a máquina gire em torno de seu próprio eixo. Para efeito de ilustração, é como se um carro fosse estacionar e, em vez de fazer as manobras mais conhecidas, parasse ao lado da vaga, girasse as rodas 90 graus em direção ao local onde pretende ficar e estacionasse. Como explica FOTO: UFV

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Colhedora desenvolvida em Viçosa (MG) pode revolucionar a cafeicultura mundial

o professor Mauri, “o espaço demandado para fazer curvas, por exemplo, passa a ser bem menor, dispensando a área de manobra e favorecendo a ampliação do terreno para cultivo”. Outra vantagem da colhedora de café é ter um chassi que permite a articulação da sua estrutura superior, já que os equipamentos convencionais têm um sistema hidráulico de compensação da inclinação. Mas um dos maiores destaques está no alto da máquina, onde fica o mecanismo de articulação, que, conforme o nome, permite sua articulação, propiciando a colheita em terrenos com declividade em torno de 50%, mantendo os derriçadores sempre a uma mesma altura do solo. Com isso, a colheita é feita em toda a planta, independentemente da inclinação. “Vamos fazer alguns testes, mas acreditamos que seja possível a utilização da máquina em áreas com até 80% de inclinação”, afirma o professor Mauri. Outro diferencial que chama a atenção na invenção é seu acionamento a distância, controlado remotamente, tornando sua operação mais segura. “Uma possibilidade bem viável é a instalação de câmeras, fazendo com que a máquina seja operada de uma sala de controle”, observa o professor Mauri, que destaca, também, o papel da UFV no contexto das tecnologias voltadas ao campo. “Com um volume de recursos modesto, mas com empenho e criatividade da equipe, foi possível dar origem a esse equipamento. Mais uma vez, a Universidade demonstra sua capacidade de trazer benefícios à sociedade brasileira por meio da pesquisa”. (FONTE: Rede Peabirus).


MEIO AMBIENTE

Ipê Soluções Ambientais atua no licenciamento ambiental em todo o país

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mpresários rurais e urbanos podem contar agora com uma empresa que oferece total apoio em consultoria ambiental, com conhecimento e qualidade de serviços. Sediada em Franca (SP), a Ipê Soluções Ambientais é uma empresa altamente capacitada no licenciamento ambiental em geral. “Com mais de seis anos de experiência, a empresa conta com profissionais altamente qualificados e as principais ferramentas na prestação de serviços relacionados a projetos de consultoria ambiental”, afirma Charles Antony, diretor comercial da empresa. Atuando em todo o Brasil, com especialidade nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, a empresa atua no licenciamento ambiental integrado junto aos órgãos ambientais competentes, como o IBAMA, a CETESB, o CBRN, o DAEE, o DNPM, IEF, IGAM e o GRAPHOHAB. Fazem parte do portifólio de serviços da Ipê Soluções Ambientais atividades como: EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), RCA/PCA (Relatório e Plano de Controle Ambiental), RADA (Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental), DAIA, (Documento de Autorização para Intervenção Ambiental), PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas), PTRF (Projeto Técnico de Reconsti-

tuição da Flora), Inventários Florísticos e Faunísticos, Resgate de Flora e Fauna, Sistema de Gestão Ambiental, Gestão de Recursos Hídricos, Controle de Águas e Efluentes, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Monitoramento e Medição Ambiental e Gerenciamento de Processos de Licenciamento Minerário. “A Ipê Soluções Ambientais está habilitada ainda a preparar toda a documentação necessária para solicitações de Outorga de Recursos Hídricos, Regularizações e Renovações, além de Represas e Poços Artesianos”, explica Charles. Segundo ele, o empresário rural precisa ficar atento a qualquer interferência em curso ou recurso d’água. “Qualquer ação que venha atuar na quantidade ou na qualidade do uso das águas superficiais ou subterrâneas necessita de autorização do Poder Público e, daí, a presença de uma empresa tecnicamente capacitada na obtenção das respectivas licenças é imprescindível. O empresário urbano ou rural tem total direito de acesso à água, mas precisa seguir os trâmites definidos por lei”, orienta. A Ipê Soluções Ambientais trabalha ainda com Cadastro Ambiental Rural, Averbação de Reserva Legal, Levantamentos Topográficos, Postos de Combustível, Medição e Retificação de Sítios, Fazendas e Lotes Urbanos.

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Manejo das braquiárias na cultura do cafeeiro

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Renato Passos Brandão 1 Fabrício Piccinato Benedini 2 Leandro de Oliveira 2

s gramíneas do gênero braquiária são largamente utilizadas nas pastagens dos países de clima tropical. No Brasil, as braquiárias são os capins mais utilizados para a formação das pastagens. Possuem ampla adaptabilidade às mais variadas condições de solo e clima (SOARES FILHO, 1994). Desde que sejam bem manejadas, as braquiárias produzem grande quantidade de matéria seca e são muito eficientes na cobertura do solo (GHISI, 1991). Efeitos prejudiciais das braquiárias no cafeeiro As braquiárias são consideradas como plantas daninhas no cafeeiro e concorrem pela água, nutrientes e luz solar (MATIELLO et al., 2010). No período chuvoso, as braquiárias causam perdas na produtividade do cafeeiro pela competição pelos nutrientes (Tabela 1). No período seco, podem reduzem a disponibilidade de água ao cafeeiro pois são mais eficientes na sua absorção (ALCANTARA; SILVA, 2010). Tabela 1: Extração dos nutrientes do solo pelas plantas daninhas. NUTRIENTE

QUANTIDADE DE NUTRIENTES EXTRAÍDOS PELAS PLANTAS DANINHAS (kg/ha)

Nitrogênio (N)

96

Fósforo (P2O5)

7

Potássio (K2O)

60

Cálcio (CaO)

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Magnésio (MgO)

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Fonte: Miguel et al. (1980), citado por Matiello et al., 2010.

O cafeeiro tolera muito pouco a presença das plantas daninhas na linha de cultivo. Além da competição por água e nutrientes, ocorre também competição pela luz prejudicando a fotossíntese e a produção dos fotoassimilados principalmente em cafeeiros jovens. Além disso, podem dificultar também as práticas culturais, dentre as quais, a colheita e as pulverizações foliares (ALCANTARA; SILVA, 2010). O prejuízo das plantas daninhas na produtividade do cafeeiro é variável dependendo da intensidade e época da competição. Oliveira et al. (1980) verificaram que a redução média na produtividade cafeeiro, onde as plantas daninhas não foram devidamente controladas durante todo o ano foi de 43%. A época mais importante para o controle das plantas daninhas foi entre outubro e fevereiro, período que coincidiu com o maior crescimento vegetativo e granação dos grãos do cafeeiro (Tabela 2). O controle das plantas daninhas na cultura do cafeeiro pode representar de 20 a 30% do custo de produção (SILVA et al., 2007).

AUTORES 1 - Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. 2 - Graduando em Agronomia na FAFRAM e estagiário do Departamento Agronômico do Grupo Bio Soja.

Tabela 2: Perda de produtividade do cafeeiro em produção em função da época de controle das plantas daninhas TRATAMENTOS

% DE PERDA NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO

Café sempre no limpo

0

Capina - outubro a fevereiro

7

Capina - dezembro a abril

12

Capina - dezembro a setembro

13

Capina - dezembro a fevereiro

18

Capina - maio a setembro

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Café sempre no mato

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Fonte: Oliveira et al. (1980), citado por Matiello et al., 2010.

Benefícios das braquiárias no cafeeiro Entretanto, se bem manejadas, as braquiárias podem também proporcionar benefícios ao cafeeiro. Melhoram as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (MATIELLO et al., 2010). As braquiárias por produzirem uma grande quantidade de massa seca, inibem as demais plantas daninhas e reduzem a aplicação dos herbicidas proporcionando redução no custo de produção e menor impacto ambiental (FERREIRA, 2012). A cobertura morta (mulch) é resultante da lenta decomposição dos restos culturais da braquiária (alta relação C/N), protegendo o solo contra o processo erosivo e reduzindo o encrostamento superficial formado pelo impacto das gotas da água de chuva. Além disso, ocorre redução na temperatura do solo e maior retenção de água no solo aumentando a disponibilidade de água ao cafeeiro. Os restos culturais das braquiárias também melhoram a drenagem dos solos devido a melhoria da estrutura do solo e auxiliam na reciclagem dos nutrientes (MATIELLO et al., 2010). O sistema radicular das braquiárias é profundo e bem ramificado auxiliando na reciclagem dos nutrientes que foram anteriormente lixiviados às camadas mais profundas do solo (Tabela 1). Reduz o tombamento e quebra das mudas, pela formação de quebra ventos em lavouras novas com até um ano e meio de idade e nas recepadas (BICALHO et al., 2014). Portanto, as plantas daninhas devem ser manejadas com o intuito de reduzir os efeitos prejudiciais e maximizar os benefícios ao cafeeiro. Manejo das braquiárias no cafeeiro As plantas daninhas devem ser manejadas com o intuito de reduzir os efeitos prejudiciais e maximizar os benefícios ao cafeeiro. O maior patrimônio do cafeicultor é o solo e deve ser manejado para manter ou aumentar a sua fertilidade e o seu potencial produtivo. Conforme comentado anteriormente, as braquiárias quando bem manejadas podem ser uma ferramenta no processo de construção da fertilidade dos solos. O manejo das braquiárias tem início com a escolha da variedade mais adequada. As braquiárias mais utilizadas são a Brachiaria decumbens e a Brachiaria ruziziensis com


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CAFÉ grande capacidade de produção de massa seca. Evitar a utilização da Brachiaria brizantha devido a formação de touceiras que podem prejudicam seriamente a cultura do cafeeiro (BICALHO et al., 2014). A largura mínima da faixa de controle das braquiárias deve ser de 1 m de cada lado da linha do cafeeiro (Figura 1), a fim de manter o cafeeiro livre da competição das braquiárias (SOUSA, 2006). Realizar roçadas sempre que for necessário, de modo que não haja o florescimento e nem crescimento exagerado da braquiária entre as linhas do cafeeiro (DADALTO; LANI; PREZOTTI, 1995).

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Considerações finais As braquiárias são classificadas como plantas daninhas no cafeeiro e competem por nutrientes, água e luz solar. Entretanto, se bem manejada, o cultivo da braquiária entre as linhas do cafeeiro pode proporcionar uma série de benefícios a médio e longo prazo. Apesar da carência de maiores informações científicas, o manejo das braquiárias no cafeeiro pode proporcionar uma série de benefícios, dentre os quais, melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, reciclagem dos nutrientes, redução do processo erosivo, inibição do desenvolvimento das plantas daninhas e redução no consumo de

FOTO: PEGN - Globo

Caneca portátil prepara o café em qualquer lugar

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pós uma bem-sucedida campanha no site de financiamento coletivo Kickstarter, a máquina de café portátil “Hey Joe Coffee” chega ao mercado ainda neste ano. No formato de um tubo do tamanho de uma garrafinha de água, o equipamento é capaz de passar uma café fresquinho em qualquer lugar com o simples apertar de um botão. E, como funciona como uma caneca, a Hey Joe já armazena o café, que pode ser bebido nela mesmo. Para fazer a bebida, o usuário precisa colocar o pó do café em um recipiente e a água em outro. A temperatura pode ser controlada pelo mesmo botão que aciona a máquina. A meta de Jordan Warren, fundador da Hey Joe Coffee, era levantar US$ 20 mil na campanha pela internet. Mas o valor arrecadado foi muito superior: US$ 109 mil. Quem contribuiu com a campanha conseguiu comprar a Hey Joe Coffee Mug por US$ 39. Segundo a empresa, no varejo a máquina portátil deve ser vendida a US$ 69. (Fonte: PEGN- Globo)

Figura 1. Faixa mínima da braquiária no cafeeiro em produção. Fonte: Adaptado de Bicalho et al. (2014).

herbicidas, maior retenção de água nos solos e redução no tombamento e quebra das mudas. Entretanto, o cafeicultor deve adotar outras práticas complementares para a produção sustentável do cafeeiro, tais como, o manejo dos corretivos agrícolas, condicionadores de solo e fertilizantes de solo e foliares e o monitoramento do estado nutricional do cafeeiro através das análises foliares. Literatura consultada ALCANTARA, E.N. de; SILVA, R.A. Manejo do mato em cafezais. In: REIS, P.R.; CUNHA, R.L. Café arábica: plantio à colheita. v. 1, p.521-572. 2010. BICALHO, L.O.R.; BRAQUIÃO, D.R.; SANTOS, F.P.; VEIGA, D.; INÁCIO, H.; ANDRADE, F.; VILELA, L.P.; Manejo da braquiária em cafezais <http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ ler.php?cdnoticia=>Acesso em: 10 de julho de 2014. DADALTO, G.G.; LANI, J.A.; PREZOTTI, L.C. Conservação do solo. In: COSTA, E.B. da (Coord.). Manual técnico para a cultura do café no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: SEAG-ES, p.107-110, 1995. FERREIRA, C; Consórcio de Café com braquiária valida nova técnica que diminui custos <http://www.revistacafeicultura.com.br/ index.php?tipo=ler&mat=45377=>Acesso em: 14 de julho de 2014. GHISI, O.M.A.A. Brachiaria na pecuária brasileira: importância e perspectivas. In: ENCONTRO PARA DISCUSSÃO SOBRE CAPINS DO GÊNERO BRACHIARIA, 2., 1991, Nova Odessa. Anais... Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1991. 356p. MATIELLO, J.B.; SANTINATO, R.; GARCIA, A.W.R.; ALMEIDA, S.R.; FERNANDES, D.R. Cultura de café no Brasil: manual de recomendações. 2010. 542p. SILVA, A.A.; FERREIRA, F.A.; FERREIRA, L.R.; SANTOS, J.B. Biologia de plantas daninhas. In: SILVA, A.A. da; SILVA, J.F. da (Eds.). Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa: UFV, 2007. p.17-61 SOUZA, L.S.I.; LOSASSO, P.H.L.; OSHIIWA, M.; GARCIA, R.R.; GOES FILHO, L.A. Efeitos das faixas de controle do capimbraquiária (Brachiaria decunbens L.) no desenvolvimento inicial e na produtividade do cafeeiro (Coffea arabica L.). vol. 24, n. 4. out./ dez. 2006. SOARES FILHO, C.V. Recomendações de espécies e variedades de Brachiaria para diferentes condições. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM 11., 1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994. p.25-48.


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Desinfecção de granjas constitui um processo muito importante na avicultura

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FOTO: Luiz Eduardo Ristow

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Luiz Eduardo Ristow 1

entro do conceito de biossegurança desinfecção de granjas constitui um processo muito importante na atividade. A desinfecção marca o início de uma sequência de atividades técnicas e administrativas cujo objetivo é reduzir o risco do comprometimento da produtividade o que pode ocasionar grandes perdas econômicas ou causar impactos sobre a saúde pública como a Salmonelose. Um ambiente potencialmente contaminado, não oferece aos animais resistência o suficiente, doenças são estabelecidas quando tem grande presença de agentes patogênicos. Os animais adoecem em maior frequência, causando perdas diretas (mortes) ou indiretas (perda de peso, gastos com medicamentos, condenações e transmissão de doenças). Os agentes patogênicos podem ficar presentes no meio ambiente e nas instalações por longos períodos gerando o que é chamado de pressão de desafio. Umidade, ausência de incidência de luz solar e temperaturas amenas são condições favoráveis à preservação dos agentes viáveis e ativos, aguardando oportunidade de contaminarem um organismo animal, se multiplicarem e disseminarrem a outros animais do lote. Fatores ambientais como umidade, pH, temperatura e luz influência na sobrevivência dos agentes - Vale ressaltar que existe pouca informação sobre a sobrevivência dos agentes nas condições de produção avícola brasileira. Há necessidade de estudos atuais sobre o tempo de sobrevivência e capacidade de infecção nas diversas condições da avicultura brasileira visando um melhor controle. Se a higienização não for feita de forma correta, o lote seguinte de aves irá se deparar com os agentes que restaram no ambiente, oriundos do lote anterior. O somatório da baixa higiene das instalações ao estado de baixa de resistência dos animais é a fórmula perfeita para o aparecimento de doenças nos animais recém-transferidos. As aves em ambientes com baixa pressão de desafio (no caso, limpos e desinfetados) e com boa resistência (nutrição adequada e imunizados com vacinas adequadas e específicas ao desafio no momento correto dentro da realidade epidemiológica da granja/empresa/região) têm melhor desempenho e menor ocorrência de doenças, gerando melhores resultados. Apesar de fazer parte da rotina das granjas, a medida

AUTOR 1 - Médico Veterinário e Mestre em Medicina Veterinária Preventiva. * Colaborou neste artigo o acadêmico Guilherme Silva.

preventiva é mal conduzida muitas vezes, seja pelo uso de produtos inadequados, produtos de baixa qualidade ou uso incorreto, o que ocasiona sérias perdas devido a ocorrência de doenças e gastos com medicamentos. Todo processo que resulta numa eficaz desinfecção e melhora da biossegurança, envolve pessoas. Então os recursos humanos envolvido de uma ponta a outra devem ser orientados e supervisionados para o sucesso. Os profissionais envolvidos na lavação e desinfecção devem ser treinados nas etapas ou passo a passo, sempre explicando os motivos e a importância de cada etapa. Parte deste treinamento pode envolver ensaios microbiológicos para avaliação da eficácia da limpeza e desinfecção, que auxiliam a monitorar a qualidade do serviço e necessidade de treinamento. A limpeza e desinfecção de instalações, veículos, equipamentos, silos, entre outros, requer o investimento nos insumos e tempo de mão de obra, mas consiste em investimento rentável, tendo em vista que geralmente a prevenção de uma doença é mais fácil e barato que lidar com um surto e suas perdas. Uma importante ferramenta de biossegurança como a desinfecção não pode simplesmente ser feita sem nenhum controle ou avaliação de sua eficácia. A utilização de testes microbiológicos é preferível ao uso de testes químicos. Os testes de eficiência demonstram a real ação do produto em destruir microorganismos, além de serem mais práticos e podem escolher o tipo e microrganismo alvo. Os desinfetantes são um excelente investimento, mas não são drogas miraculosas que resolvem qualquer problema. São ferramentas e cada qual tem uso específico e limitações. Os desinfetantes são produtos valiosos para a prevenção de doenças, cabe a cada um utilizá-lo de forma correta e avaliar o trabalho e os resultados. (FONTE: Portal Suínos e Aves)


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GARANTIAS NO CRÉDITO RURAL (Parte 1) - PENHOR AGRÍCOLA E PECUÁRIO Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ felipe@mtcadv.com.br - www.mtcadv.com.br ]

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m maio deste ano, o governo federal lançou o Plano Safra 2014/2015, com um total estimado de 156 bilhões de reais em créditos para agricultura e pecuária. O plano, a despeito de suas especificidades, não foge, em regra, das restrições e demais exigências aplicáveis ao sistema financeiro nacional. Fala-se, aqui, das limitações à alavancagem e à disponibilidade de crédito – aspectos que levam, inevitavelmente, às garantias aplicáveis, em geral, aos contratos de financiamento e, especificamente, aos contratos de crédito rural. Garantias podem sim ser dispensadas pelo financiador rural. A Lei nº 4.829/65 – e que institucionaliza o crédito rural – é clara ao estabelecer que a constituição de garantias é livre (art. 26), algo que é repetido na Seção 3 do Capítulo 2 do Manual de Crédito Rural (MCR). É raro, todavia, que isso aconteça, sobretudo, vale repetir, por conta das amarras impostas pelo sistema financeiro nacional. Os instrumentos de garantia aplicáveis ao crédito rural estão previstos pelo art. 25 da Lei nº 4.829/65. Nos incisos I e II estão previstos, respectivamente, o penhor agrícola e o penhor pecuário. Ambos são espécies daquilo que é conhecido como penhor rural. O penhor é direito real de garantia (art. 1225, VIII do Código Civil), são admitidas sem a necessidade de garantia complementar (art. 27 da Lei nº 4.829/65) e conferem ao credor preferência para excussão da coisa em detrimento de quem quer que seja. Diferentemente do penhor comum, no entanto, o penhor agrícola e o penhor pecuário não se constituem com a transferência do bem empenhado ao credor – o que não o impede de fiscalizar o estado das coisas empenhadas (art. 1441 do Código Civil). O motivo, obviamente, é que os bens que podem ser objeto da garantia ou são utilizados pelo produtor, necessariamente, para a execução de sua atividade, ou sequer existem, de forma útil, ao tempo da

constituição da garantia. É que podem ser objeto de penhor agrícola as máquinas e demais instrumentos utilizados na agricultura, as colheitas pendentes ou em formação, o resultado delas, desde que acondicionados ou armazenados, a lenha cortada e o carvão vegetal, bem como os animais aplicados ordinariamente em estabelecimento agrícola (art. 1442 do Código Civil). O penhor pecuário, por sua vez, pode ser constituído sobre animais dedicados a atividade pastoril, agrícola ou de laticínios (art. 1444 do Código Civil). Há, no entanto, um detalhe para o qual o produtor deve sempre estar atento ao aceitar a constituição de qualquer das espécies de penhor rural: o financiador poderá, a seu critério, vincular as culturas a serem cultivadas ou os bens a serem adquiridos ao próprio contrato ou a título de crédito (no caso, a cédula pignoratícia rural, regida pela Lei nº 492/1937) – constituindo, assim, garantia especial sobre eles (art. 29 da Lei nº 4.829/65). Em tais casos, nem os bens, nem as culturas poderão ser livremente comercializadas pelo produtor, ao menos que se obtenha a aceitação expressa da instituição financeira. Isso pode constituir um entrave importante, notadamente, nos casos de penhor agrícola. Financiamentos cujo prazo de liquidação, por exemplo, supere o período de uma safra, podem causar embaraço para a comercialização do produto, sobretudo porque a garantia se estende para além do vencimento do penhor (art. 3º da Resolução nº 4.342 do Conselho Monetário Nacional) e porque, em razão do princípio da indivisibilidade das garantias reais, o pagamento parcial do débito junto ao financiador não libera, em regra, e ainda que parcialmente, a garantia que pende sobre o bem empenhado (art. 1.421 do Código Civil). Na próxima coluna, voltaremos com considerações sobre o penhor mercantil e o penhor industrial.


ARTIGO

ANO POLÍTICO E AS INCERTEZAS PARA A AGRICULTURA José Annes Marinho - Engº Agrônomo formado pela Univer-

sidade de Passo Fundo (RS), Especialista em Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (MG), MBA em Marketing pela FGV, do Rio de Janeiro (RJ) e produtor rural no Tocantins (TO).

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uitos de nós, quando falamos em ano político ou política temos a tendência a deixar de lado. São tantos escândalos que é realmente difícil acreditar que podemos ter uma mudança de comportamento. Apesar disso, acredito que tudo na vida muda! Pode demorar, mas muda! Os exemplos estão para serem vistos. A revolução que o campo fez nos últimos 40 anos é extraordinário. Transformou solos ácidos em solos produtivos, produção de culturas, floresta e pecuária na mesma área, 60% da área brasileira preservada entre tantas outras conquistas. E para coroar todos estes investimentos, em 2013 houve mais recordes: safra estimada em 190 milhões de toneladas. Os valores pagos ao produtor ainda mantém boas margens. Soja sendo paga no Rio Grande do Sul a preços próximos de R$ 65,00, melhorias nos sistemas ferroviário e rodoviário, ainda precário, mas com boas perspectivas no médio e longo prazo. Com todas estas noticias positivas, parece que estamos em um oásis, onde tudo está caminhando para o sucesso. No entanto, isso não verdade! Em ano eleitoral os agricultores em sua pequena parcela da população brasileira, pouco mais de 15%, não conseguem ter controle sobre a variável política. Neste caso, quem determina o que é certo ou errado são as cidades que andam longe e pouco preocupadas com os problemas que o campo vem sofrendo. O fator político é determinante para que as necessidades dos produtores sejam atendidas. Fato e aparentemente irreversível. Por isso, a classe agrícola brasileira precisa estar atenta às demandas que o setor necessita. Os candidatos à presidência da republica estão na vitrine, qual seria o melhor? Quem poderá dizer certamente serão os eleitores. O que não podemos é ficar olhando e ouvindo propostas evasivas, que não irão contribuir para manter a agricultura brasileira como líder mundial na produção

de alimentos. Não podemos aceitar que meio ambiente ou a agricultura tenham prioridades distintas. Devemos exigir o equilíbrio. Não podemos aceitar que terras agricultáveis se tornem reservas indígenas, mas podemos acreditar em uma política séria que tenha equilíbrio para ambas as partes, que determine quem de fato são os verdadeiros proprietários. Lembrem-se: no passado este país pertenceu aos índios, como foi em outros países. No entanto, os exemplos de fora podem servir de exemplos para o Brasil para que essa incerteza transforme-se em certeza de que os proprietários são de fatos proprietários. Não podemos aceitar que o agronegócio confronte a agricultura familiar, ambos são produtores, ambos querem retorno financeiro, são estes dois segmentos que sustentam nossas mesas e nossa economia. Não podemos deixar que a variável política coloque estes segmentos em confronto, como vem acontecendo já há alguns anos. Por isso jovens, mães, pais, produtores, lideranças e povo brasileiro: sabemos que a política do nosso país não tem deixado bons legados. Mas é fundamental que saibamos usá-la em nosso favor, seja na agricultura e no campo, seja nas cidades. Em anos como este, as incertezas prevalecem. Nos questionamos de como será o próximo presidente. Será o mesmo ou teremos outro? Será que poderá nos ajudar? Ou continuaremos a levar este país nas costas, pagando cada vez mais impostos e com retorno muito baixo do que investimos? Essas são perguntas que podem ser respondidas e valorizadas pela política e políticos que querem lugares no congresso e na presidência. Se não nos mexermos, não teremos sucesso em nossas reivindicações. Para ser um bom político, basta querer e respeitar quem lhe deu a oportunidade de estar lá. Que possamos transformar as incertezas políticas em certezas concretas que poderão ajudar o campo a manter o Brasil e aprimorar cada vez mais a agricultura sustentável. O melhor está por vir!

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