Revista de Agronegócios - Edição nº 97

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Franca (SP) realiza com sucesso a 1ª Festa do Cavalo

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Realizada pela Prefeitura de Franca (SP), em parceria com a Associação dos Produtores Rurais do Paiolzinho e Senar-SP, a 1ª Festa do Cavalo superou as expectativas da Comissão Organizadora. Mesmo com a presença das chuvas, o evento agradou espectadores e competidores de Team Penning, Três Tambores, Corridas Hípicas, Hipismo Clássico e Rodeio em Carneiros. Teve ainda cavalgada, shows regionais e muita participação do público-família, atenção principal que o prefeito Alexandre Ferreira buscava no evento.

PECUÁRIA

LEITE

Estudo avalia produção e qualidade do leite em vacas Holandesas

HORTALIÇAS

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Pesquisadores avaliaram a produção e a qualidade do leite de vacas Holandesas, em função da estação do ano e ordem de parto nos animais.

Softwares ajudam controlar peso do gado de corte

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Embrapa e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul desenvolveram programas e equipamentos capazes de organizar o rebanho, controlar o peso e informar datas de vacinação.

Repolhos híbridos garantem qualidade de produção

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A TopSeed Premium apresenta aos horticultores de todo o país a nova linha de sementes profissionais de alta tecnologia da Agristar do Brasil: variedades Atlanta e Veloce.

As reais perspectivas de produção de café 2015/16

CAFÉ

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prefeito de Franca (SP), Alexandre Ferreira planejou e fez tornar realidade um evento esportivo, comercial e festivo que toda a região da Alta Mogiana esperava: a 1ª Festa do Cavalo de Franca. Com mais de 10 mil cabeças de equinos e muares registrados oficialmente na Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e movimentação anual superior a R$ 5 milhões, com a comercialização de animais, escolas de hipismo, provas e eventos, leilões, produção e comercialização de insumos (como roupas, botas, selas, acessórios, ração, medicamentos, feno e pastagem), além dos empregos diretos de profissionais, como médicos veterinários, zootecnistas, tratadores, transportadores e diversas pessoas necessárias na equipe operacional, o Complexo Agronegócio Cavalo representa uma força econômica ainda “não estudada” na região de Franca (SP). Por outro lado, pode até faltar dados oficiais, mas as atividades esportivas equestres provam semanalmente que a região de Franca é especializada na criação de equinos e muares e palco das mais variadas provas, como Team Penning, Três Tambores, Hipismo Clássico, Corridas Hípicas, Polo, Cavalgadas, Ranch Sorting, Laço, etc. Foram quatro dias de trabalho para os muitos competidores que estiveram presentes no Parque de Exposições “Fernando Costa” e de diversão para a população de Franca e região que prestigiaram o evento. Nesta edição, apresentamos estudo minucioso do cafeicultor, consultor e corretor de café, Marco Antônio Jacob, que aborda o tema “Reais Perspectivas de Produção Brasileira de Café Arábica na safra 2015/2016”. O CNC e o Escritório Carvalhaes também apresenta informações sobre os reflexos da seca e a quebra de produção brasileira. Destaque ainda para o lançamento da Bioisca, único formicida natural do Mundo, desenvolvido pela COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas e que promete revolucionar o controle de formigas cortadeiras. Já a Yara inaugurou neste mês, em Sumaré (SP), a mais moderna unidade misturadora de fertilizantes do Brasil. Na tecnologia, USP e Embrapa apresentam robô que analisa as propriedades do solo, diminuindo gastos e potencializa a produção. Boa leitura a todos!!!

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O cafeicultor, consultor e corretor de café Marco Antônio Jacob apresenta artigo importantíssimo, sofre as reais perspectivas brasileira da produção de café arábica para 2015/2016

Fundação Procafé ensina fazer microterraços

CAFÉ

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O fantástico poder de atração do Complexo Agronegócio Cavalo

DESTAQUE: Festa do Cavalo

EDITORIAL

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Para os cafeicultores de montanha, os pesquisadores da Fundação Procafé, de Varginha (MG), apresentam orientações de como fazer microterraços em várias operações mecânicas.


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SOLOS

Tecnologia similar à da NASA, equipamento diminui gastos e potencializa a produção

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Embrapa Instrumentação e a USP de São Carlos apresentaram, no início do mês, um robô que pode otimizar o trabalho nas plantações e analisar com rapidez as propriedades do solo. A tecnologia, que é similar à usada pela NASA - Agência Espacial Norte-Americana em Marte, pode reduzir gastos e aumentar a produção. O equipamento e outras novidades estão no SIAGRO - Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária que terminou dia 20 de novembro. Ao todo, cinco novas tecnologias apresentadas no evento devem ajudar o trabalho dos agricultores. Para demonstrar cada uma delas, os pesquisadores foram até uma plantação de milho. O destaque ficou por conta do robô ou ‘rover’ (jipe-robô), criado na Escola de Engenharia da USP em parceria com a Embrapa. Ele é capaz de identificar todas as propriedades do solo com apenas um disparo de luz. “Basicamente você tem um laser de alta energia, que é focalizado sobre o solo e faz com que seja formado um plasma. Esse plasma pode fazer uma analise multi-elementar do solo”, explicou a pesquisadora da Embrapa Débora Milori. O robô pode identificar, por exemplo, qual parte da plantação precisa de adubo. Assim, o agricultor vai saber exatamente onde deve colocar mais ou menos dependendo da propriedade do solo, diminuindo os gastos e potencializando a produção. “Cada plantação variada provavelmente vai ter um tipo de rover diferente. Nessa ideia de trabalhar com o rover, um helicóptero ou algum robô aéreo é interessante porque, dependendo de quão compacta é aquela plantação, o rover vai até um ponto e o robô aéreo vai lá dentro ver o que realmente está acontecendo”, explicou o pesquisador da USP Marcelo Becker.

FOTOS: Embrapa

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USP e Embrapa desenvolvem robô que analisa as propriedades do solo

O engenheiro da Nasa Ivair Gontijo contou que ficou surpreso quando soube do trabalho realizado. “Ele faz análise rápida e consegue jogar esses pulsos de luz até sete metros de distância e captar a luz emitida pelo material. Em cinco minutos, o veículo consegue identificar elementos”, disse. APLICAÇÃO DE INSUMOS - Além desse equipamento, também foi apresentada uma nova forma de aprimorar a aplicação de insumos. Assim que o avião joga os agrotóxicos a quantidade que cai no solo é registrada em uma fita. Os agricultores podem colocá-la neste dispositivo que facilita a leitura da situação do solo. “Um scanner. Você insere o papel e ele já faz a leitura”, disse o diretor de pesquisa e desenvolvimento Edson Minatel. O pesquisador Paulo Cruvinel garante que desta forma o uso dos produtos é programado e diminuem os gastos, tornado o trabalho sustentável. “É exatamente buscar não só o apelo tecnologia e inovador, mas também associado aos princípios do conhecimento das questões das pragas agrícolas e como elas se relacionam de forma a diminuir doses, melhorar forma de aplicação, garantir mais segurança ao processo de produção, com sustentabilidade, mas sem perda de competitividade”, destacou. Com pouca mão de obra no mercado, a automação é uma forte tendência. “Esse é o momento para gente fazer uma avaliação que novas tecnologias e inovações estão sendo desenvolvidos e como eles vão ser incorporados pela agropecuária brasileira”, afirmou o presidente da Embrapa, Maurício Lopes.


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MÁQUINAS

Oimasa e Banco do Brasil realizam eventos na região

8 FOTOS: Divulgação OIMASA

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contatos VICTOR GABRIEL SOUZA ALBIERI (victoralbieri@gmail.com) Estudante - Ituverava (SP). “Acompanho as matérias da revista na faculdade e estou me formando este ano. Gostaria de receber a Revista Attalea em minha residência para continuar acompanhando as novidades”. RONALDO TOMAZELLA MONTEIRO (ronaldo.tomazella@netsite.com.br) Cafeicultor - Batatais (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JEAN JOSÉ GOMES (jeanjg10@hotmail.com) Horticultor - Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. GUILHERME PAZETO (guilhermep_@hotmail.com) Empresário - Franca (SP). “Quero receber a Revista Attalea Agronegócios”.

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Oimasa realizou, no último mês de outubro, uma série de eventos em parceria com o Banco do Brasil de algumas de suas regiões de atuação, buscando tirar dúvidas de clientes e realizar bons negócios. Vários clientes já possuem créditos pré-aprovados, o que facilita bastante o processo de financiamento via Banco do Brasil. Os eventos foram realizados na própria sede dos bancos ou em seus estacionamentos e, geralmente, em dois dias úteis, onde foram levados alguns maquinários e presença dos vendedores da Oimasa. São Joaquim da Barra (SP) recepcionou o evento nos dias 02 e 03. Nuporanga (SP), nos dias 13 e 14/10 (foto acima e ao lado). Jardinópolis (SP) organizou o evento nos dias 20 e 21 e finalizando em Ituverava (SP) nos dias 22 e 23 de outubro.

THOMAZ MORAIS PIMENTA (thomazpimenta@gmail.com) Empresário - Passos (MG). “Mudei-me de endereço e gostaria de voltar a receber a Revista Attalea Agronegócios”. RODOLFO FIGUEIREDO M. FAGUNDES (rodolfofigueiredo72@hotmail.com) Estudante - Boa Esperança (MG). “Pretendo iniciar o curso superior em Agronomia em 2015 e alguns colegas me apresentaram a Revista Attalea Agronegócios”. Fiquei bem interessado no conteúdo e gostaria de recebê-la em casa”. SILVIO JOSÉ PRAZERES (silvim_sta@hotmail.com) Engenheiro Agrônomo - São Tomáz de Aquino (MG). “Sou graduado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MAIKON FALEIROS (maikonfaleiros@yahoo.com.br) Pecuarista - Franca (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. ARISTIDES SILVA GÓES (aristidesgoes@uol.com.br) Engº Agrônomo - Nuporanga (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

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LEITE

Produção e qualidade do leite de vacas Holandesas em função da estação do ano e ordem de parto Rodrigo de Souza ; Geraldo Tadeu dos Santos1; Altair Antonio Valloto1

FOTO: Embrapa Gado de Leite

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Brasil pode se tornar um dos principais exportadores de produtos lácteos do mundo e, para tal, é necessário que tenhamos oferta de leite com a qualidade exigida pelo mercado consumidor em quantidade suficiente para atender à demanda. Pesquisas sobre as causas de variação na produção e na composição do leite no setor primário de produção são muito importantes para toda a cadeia láctea e servem como ferramenta para a qualidade e aumento da produtividade. Ocorrência de mastite e a ordem de lactação estão entre os fatores que causam variação na produção e composição do leite bovino (MAGALHÃES et al., 2006). Vacas de primeira lactação ainda estão em fase de crescimento corporal e desenvolvimento da glândula mamária e, portanto, teriam menor capacidade produtiva. Por outro lado, vacas mais velhas estariam sujeitas a maior contato com agentes causadores da mastite (SANTOS & FONSECA, 2006). Em condições tropicais, o mês ou estação de parição também são reconhecidos como importantes causas de variação na produção de leite (COLDEBELLA et al., 2003). As diferenças sazonais na produção de leite são causadas por mudanças periódicas de temperatura e umidade durante o ano, as quais têm efeito direto na produção de leite pela diminuição da ingestão de matéria seca (MS) e efeito indireto pela flutuação na quantidade e qualidade do alimento (BOHMANOVA et al., 2007). Quando o binômio umidade relativa e temperatura ambiente ultrapassa a zona de conforto térmico, vacas da raça Holandesa sofrem estresse calórico, o que provoca diminuição na ingestão de alimentos, com efeito negativo sobre o desempenho (WEST, 2003).

AUTORES

1 - Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, volume 11, nº 2, pág. 484-495, de abr/jun 2010.

Figura 1 - Histórico de temperatura, umidade relativa do ar e pluviosidade

referentes ao período de 1999 a 2007.

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Vacas que são submetidas ao estresse calórico no pico de lactação podem ter comprometimento na produção total de leite durante a lactação, pois, segundo Santos et al. (2001), o pico de produção de leite está diretamente relacionado com a produção total durante a lactação. Estima-se que, para cada quilograma a mais de leite no pico de lactação, a vaca irá produzir cerca de 150 a 300kg a mais de leite durante a lactação completa. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito da ordem de lactação e estação do ano ao parto sobre a produção de leite (kg/vaca/ dia), ECS e teores de gordura e proteína do leite de vacas da raça Holandesa. MATERIAL E MÉTODOS - Foram analisados os resultados de controle leiteiro realizados entre 1999 e 2007 em vacas da raça Holandesa, pertencentes ao rebanho da Fazenda Experimental de Iguatemi - Universidade Estadual de Maringá (FEI-UEM), localizada no distrito de Iguatemi, município de Marin-


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gá (PR), latitude de 23º 25’ S; 51º 57’ O, e 550 me-tros de altitude. Segundo classificação de Köppen, o clima da região é Cfa, subtropical úmido com verão quente. Na Figura 1 (página anterior) encontram-se os dados climáticos históricos do período de 1999 a 2007, obtidos no posto meteorológico do Laboratório de Sementes, localizado na FEI-UEM, a cerca de 200 metros do Setor de Bovinocultura de Leite. Os animais foram criados semiconfinados e alimentados com concentrado com 24% de PB e 73% de NDT e minerais em quantidade proporcional à produção de leite (1kg de concentrado para cada 3kg de leite produzidos). O volumoso representou 60% da dieta, composto por pastagens do gênero Cynodon com suplementação de silagem de milho durante o ano todo. As vacas apresentavam de uma a cinco lactações, com duração média de 300 dias, e foram ordenhadas duas vezes ao dia em ordenha mecanizada. A primeira ordenha foi realizada às 6h e a segunda, às 15h30. Foram coletadas amostras de leite para se quantificar a contagem de células somáticas (CCS) e os teores de gordura e proteína. A coleta das amostras foi realizada durante os controles oficiais da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, e foi tomada uma amostra composta (ordenhas da manhã e da tarde) por vaca, proporcional à produção de cada ordenha. As amostras coletadas permaneceram conservadas pela ação do conservante Bronopol® (2- bromo-2-nitropropano-1,3diol) e mantidas refrigeradas até chegarem ao laboratório para análise (BARBOSA et al., 2004). A análise da percentagem de gordura e proteína foi feita pela técnica de leitura de absorção infravermelha em equipamento automatizado Bentley 2000® (MACHADO et al, 2000), enquanto que, para análise da CCS, utilizou-se equipamento com citometria de fluxo Somacount 500® (VOLTOLINI et al., 2001). Com o objetivo de aproximar a CCS de uma distribuição normal, transformou- se a mesma em ECS por meio da equação de Ali & Shook (1980): ECS = log2 (CCS / 100.000) + 3 Formou-se um banco de dados com as informações referentes à produção de leite, CCS, ECS, teor de gordura e teor de proteína. Para a eliminação de informações inconsistentes no arquivo de dados, foram descartadas lactações com menos de 3 controles; valores de gordura e proteína menores que 2,0%; valores de gordura e proteína maiores que 6% e 5%, respectivamente. Avaliou-se o efeito da ordem de lactação e estação do ano ao parto, na produção de leite (kg/vaca/dia), ECS, gordura (%) e proteína (%). Avaliou-se também o efeito do ECS sobre a produção de leite e os teores de gordura e proteína. Os dados foram analisados segundo o procedimento GLM do programa SAS (1991). Para verificar se os animais foram sujeitos ao estresse Tabela 1 - Número de observações e média +/- desvio padrão

dos dados de produção de leite, escore de células somáticas, gordura e proteína do rebanho da Fazenda Experimental de Iguatemi-UEM, no período de 1999 a 2007.

Tabela 2 - Número de observações (N) e média +/- desvio padrão

dos dados de produção de leite, gordura e proteína agrupados segundo o escore de células somáticas (ECS) (1999 a 2007).

calórico, calculou-se o ITU médio de cada mês, assim como a produção de leite média (kg/vaca/dia) mensal, e, após isso, estimou-se a correlação (Pearson) entre as duas variáveis. Para o cálculo do ITU, utilizou-se a seguinte fórmula proposta por Kelly & Bond (1971): ITU = TBs – 0,55 (1 – Ur). (TBs – 58), em que ITU = índice de temperatura e umidade, adimensional; TBs = temperatura do bulbo seco em graus Fahrenheit; UR = umidade relativa do ar expressa em valor decimal. RESULTADOS E DISCUSSÃO - A produção média de leite foi de 20,57 ± 5,88kg/vaca/dia, com ECS médio de 3,73 ± 1,97 (Tabela 1), que representa uma CCS de 167.000 células/mL, de modo a indicar que o rebanho está dentro dos padrões de qualidade previstos na Instrução Normativa nº 51 do Ministério da Agricultura, que estabelece um limite máximo de até 400.000 células/mL a partir do ano de 2011 (BRASIL, 2002). O aumento do escore de células somáticas provocou diminuição na produção de leite (Tabela 2), o que está de acordo com os resultados encontrados por Pereira et al. (2001), que observaram queda de 315kg de leite na lactação para cada nível de aumento no escore de células somáticas. Segundo Santos & Fonseca (2006), o aumento do ECS é um indicativo de mastite subclínica, e essa redução na produção ocorre em razão das alterações das células epiteliais secretoras e das alterações na permeabilidade vascular no alvéolo secretor durante a infecção. Magalhães et al. (2006) observaram diferentes respostas na produção de leite para o aumento da CCS conforme a ordem de parto, e as maiores perdas ocorreram no 4º e 5º partos. Para o primeiro parto, essas perdas foram menores, provavelmente, porque a exposição do animal a agentes infecciosos causadores de mastite foi menor. Os autores explicam que à medida que as lactações se repetem, o que também coincide com o aumento da idade, os animais se tornam mais susceptíveis e são expostos com maior frequência à infecção. O ECS teve efeito significativo sobre a gordura (Tabela 2), a qual aumentou com a elevação do ECS conforme citado na literatura (MACHADO et al., 2000; RIBAS et al., 2004; NORO et al., 2006). Segundo Pereira et al. (1999), a percentagem de gordura normalmente é diminuída com o aumento do ECS, no entanto, se a redução da produção de leite for mais acentuada que o decréscimo da produção de gordura ocorrerá concentração desse componente, o que está de acordo com o observado no presente estudo, exceto para o escore 9 , em que a depressão no teor de gordura foi maior. Houve efeito significativo do ECS sobre a percenta-


EVENTOS

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LEITE Tabela 3 - Número de observações (N) e média +/- desvio pa-

drão dos dados de produção de leite, escore de células somáticas (ECS), gordura e proteína agrupados segundo a ordem de lactação (1999 a 2007).

Tabela 4 - Número de observações (N) e média +/- desvio pa-

drão dos dados de produção de leite, escore de células somáticas (ECS), gordura e proteína agrupados segundo a a estação do ano que iniciou a lactação (1999 a 2007).

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FOTO: Embrapa Gado de Leite

gem de proteína no leite (Tabela 2), e foi observado aumento dos teores de proteína associados ao aumento do ECS, o que está de acordo com os resultados encontrados por Pereira et al. (1999) e Ribas et al. (2004). O aumento da concentração de proteína se deve ao aporte de proteínas plasmáticas para a glândula a fim de combater a infecção, portanto, não deve ser considerada favorável a qualidade do leite (PEREIRA et al., 1999). Santos & Fonseca (2006) citam que ocorre também a diminuição na caseína, pela sua degradação por proteases bacterianas e leucocitárias e pela diminuição de sua síntese, o que constitui efeito indesejável. O teor de gordura no leite foi de 3,63 ± 0,68 (Tabela 1), próximo ao encontrado por Ribas et al. (2004) nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, de 3,69 ± 0,62. O teor de proteína no leite foi de 3,23 ± 0,36 (Tabela 1) foi semelhante ao encontrado por Ribas et al. (2004), de 3,24 ± 0,24 e superior ao encontrado por Noro et al. (2006), de 3,12 ± 0,29. As diferenças nos teores de gordura e proteína entre os trabalhos se devem às condições distintas dos rebanhos avaliados, como manejo alimentar, sanidade da glândula mamária, nível de produção, grupo racial, entre outros. Houve efeito significativo da ordem de lactação sobre a produção de leite (Tabela 3). As vacas de 3ª lactação (72 ± 12 meses) e 4ª lactação (89 ± 15 meses) apresentaram as maiores produções de leite, seguidas pelas vacas de 2ª lac-

tação (56 ± 12 meses), enquanto as primíparas (36 ± 7meses) e as vacas de 5ª lactação (101 ± 17 meses) foram menos produtivas. Esses resultados coincidem com os encontrados na literatura (FREITAS et al., 2001; TEIXEIRA et al., 2003; MAGALHÃES et al., 2006; NORO et al., 2006; ANDRADE et al., 2007). A maior produção observada nas vacas de 3ª e 4ª lactações está relacionada ao desenvolvimento da glândula mamária (REECE, 2007) e também com o crescimento corporal (maior capacidade de ingestão de alimentos), o que resulta em maior produção de leite (MATTOS, 2004). A queda na produção das vacas de 5ª lactação está associada à degeneração no tecido secretor devido à mastite (SANTOS & FONSECA, 2006), o que pode ser observado pelo ECS que aumentou com o aumento da ordem de lactação (Tabela 3). Tais resultados também foram observados por Magalhães et al. (2006), em que os maiores ECS ocorreram nos partos 4 e 5 e a maior produção de leite, no 3º parto, quando a vaca atingiu o pico de produção. Noro et al. (2006) e Andrade et al. (2007) observaram que esse aumento no ECS está relacionado com o aumento da idade da vaca. Segundo esses autores, o aumento do ECS ocorre em função do aumento da exposição a agentes causadores de mastite à medida que os animais envelhecem, enquanto nas primíparas essa exposição tende a ser menor. Não foi observado efeito do número de lactações sobre os teores de gordura e proteína (Tabela 3), o que está de acordo com Teixeira et al. (2003), que, ao avaliarem a influência de fatores de meio ambiente na variação mensal da composição do leite em rebanhos no estado de Minas Gerais, também observaram que as percentagens de gordura e proteína permaneceram relativamente constantes com o aumento da idade ao parto. No entanto, Noro et al. (2006) verificaram que a percentagem de gordura do leite apresentou valores mais baixos nas vacas com menor idade ao parto e maior teor nos animais com idade ao parto acima de 84 meses (7 anos). O teor de proteína do leite foi maior nas vacas com partos de 33 a 45 meses de idade e menor nas vacas de primeiro parto (de 20 a 32 meses). Não houve diferença na qualidade do leite (ECS, gordura e proteína) nas lactações iniciadas nas diferentes estações do ano (Tabela 4). É possível que as alterações na qualidade tenham sido diluídas ao longo da lactação, e por isso não foi encontrada diferença. Lactações iniciadas na primavera apresentaram menor produção de leite que as iniciadas no verão e inverno (Tabela 4), o que pode estar associado ao estresse calórico ao qual os animais foram submetidos durante o pico de lactação. O pico de lactação ocorre normalmente por volta dos 60 dias de lactação, conforme observado no estudo de


LEITE Molento et al. (2004) ao analisar as curvas de lactação de vacas da raça Holandesa do estado do Paraná. Portanto, é possível prever que os animais que pariram na primavera apresentaram pico de lactação entre dezembro e março, meses em que o ITU esteve acima de 72 (Figura 2), valor a partir do qual vacas da raça Holandesa sofrem estresse calórico (DAMASCENO et al., 1998; RAVAGNOLO et al., 2000). Segundo Klosowski et al. (2002), esses meses são os mais críticos para a produção leiteira na região. Os autores encontraram declínio na produção de leite para o período compreendido entre dezembro e março. Damasceno et al. (1998), no estado de São Paulo, observaram que em 84% dos dias nos meses de janeiro e fevereiro o ITU ultrapassou o limite crítico superior em termos de conforto térmico, e, no período noturno, não houve dissipação total do excesso de calor nas horas mais quentes do dia. Outro fato que sugere que esse grupo de animais foi submetido a tal estresse é o maior número de observações de lactações com início no outono (Tabela 4), indicador de que esses animais apresentaram melhores índices reprodutivos nos meses de inverno, com concentração de partos no outono. Nos meses mais quentes, o estresse calórico estaria influenciando negativamente os índices produtivos e reprodutivos (WEST, 2003), conforme observado no trabalho de Pires et al. (2002), os quais verificaram que durante o verão, vacas de alta produção, quando submetidas à temperatura ambiente e umidade relativa do ar elevadas, reduziram a taxa de concepção em consequência das alterações fisiológicas comumente observadas durante o processo de estresse calórico. No pico de lactação, esses animais estariam mais suscetíveis às condições de temperatura do ar e umidade relativa elevadas, pois, de acordo com revisão de Kadzere et al. (2002), sobre o estresse calórico em vacas leiteiras, na medida em que aumenta a capacidade de produção leiteira, cresce a produção de calor em função do metabolismo de grandes quantidades de nutrientes. O autor ainda cita que a vaca em lactação apresenta maior dificuldade de adaptação ao calor ao início da lactação, o que reflete negativamente sobre o restante da lactação. No estado de São Paulo, Coldebella et al. (2003), em trabalho com vacas da raça Holandesa, observaram efeito significativo da época do parto (que indiretamente determina o estresse calórico) sobre a produção de leite, e as vacas de terceira lactação ou superior foram as que mais sofreram com as temperaturas elevadas. O manejo alimentar adotado no verão também pode ter influenciado negativamente a produção de leite dos animais que pariram na primavera. Nesse período, os animais foram mantidos em pastagem com suplementação volumosa de silagem de milho e concentrado. Sabe- se que vacas em estresse calórico têm menor taxa de passagem, o que reflete uma redução da ingestão de MS, na ruminação e na motilidade reticular (KADZERE et al., 2002). Os animais que iniciaram a lactação na primavera estão no pico de lactação no verão, portanto, necessitam ingerir maior quantidade de nutrientes, contudo, o consumo da pastagem proporciona o enchimento do rúmen e agrava os efeitos do estresse calórico. O efeito do manejo alimentar foi verificado no trabalho de Freitas et al. (2001), com dados de controle leiteiro da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais, quando verificaram que a produção de leite e gordura foram maiores para as lactações iniciadas no período

Figura 2 - Efeito do Índice de Temperatura e Umidade (ITU) sobre a produção de leite (kg/vaca/dia) nos meses do ano (período de 2000 a 2006). Correlação de Pearspon -0,33

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da seca (abril a setembro). Também em Minas Gerais, Glória et al. (2006) em trabalho com vacas mestiças Holandês-Gir, encontram as maiores produções para lactações iniciadas no final do período chuvoso (novembro a abril). Esses autores justificaram esse efeito pelo manejo alimentar adotado para o período da seca na região (suplementação com concentrado e silagem), que estaria beneficiando esses animais, com maior acúmulo de produção de leite na primeira metade da lactação do que vacas que parem no período das águas, além de os últimos meses da lactação desses animais coincidirem com o início da estação chuvosa, quando há disponibilidade de pastagens de melhor qualidade. A ordem de lactação e a estação do ano ao parto são importantes fontes de variação na produção de leite de vacas da raça Holandesa e não interfere nos teores de gordura e proteína do leite. A ordem de lactação também influencia o ECS. Devem ser adotadas estratégias para minimizar o estresse calórico em vacas de alta produção, principalmente no pico de lactação, pois essas vacas quando submetidas a tal estresse apresentam uma diminuição na produção total de leite durante a lactação. Os cuidados devem ser maiores para os animais a partir da quarta lactação, uma vez que tendem a apresentar uma maior contagem de células somáticas e, devido ao estresse calórico, podem ter seu sistema imunológico comprometido, o que favorece a ocorrência de mastite e contribui para perdas na produção e qualidade do leite.


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ARTIGO

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O PROJETO ‘BALDE CHEIO’ NA REGIÃO DE FRANCA (SP) Marcelo de Figueiredo - Médico Veterinário Autônomo, com

experiência em pecuária de leite (metodologia do Balde Cheio) há 10 anos, com atuação nos Estados do Maranhão e Sergipe, Coordenação de Projetos de Assistência Técnica na LBR e Supervisão da Produção de Leite Orgânico em Itirapina (SP), além de Consultorias em Agronegócios pelo Sebrae-SP. Cel. (16) 9.81180494 [ marcelo-uniata@uol.com.br ]

Balde Cheio completou 16 anos em 10 de setembro de 2014 e de lá para cá, cresceu muito e, hoje, praticamente, é desenvolvido em todo o Brasil em cerca de 4.000 propriedades leiteiras com as características mais diversas possíveis no que diz respeito ao tamanho da área, à topografia, à fertilidade dos solos, ao tipo/raça animal, às condições financeiras do proprietário, enfim, há de tudo o que se possa imaginar no quesito diferentes situações e dificuldades de vários graus. Especificamente, na região de Franca (SP), o projeto teve seu início em junho de 2004, numa parceria entre a EMBRAPA, a CATI, o SEBRAE e a COONAI. Daqueles produtores que, na época, se dispuseram a mudar, um deles teve um motivo especial para comemorar, o Sr. Honofre Bazon, do Sítio Recanto do Senhor, em Itirapuã (SP). Com pouco mais de 13 hectares de área total, ele, juntamente com os dois filhos, Jales e Josimar, além da saudosa D. Esmália, exploravam a maior parcela da propriedade (7 ha) com a cultura do café que propiciava a renda principal da família. O restante da área era destinado ao leite onde além de pastagens em processo de degradação existiam uma capineira (0,5 ha) e um canavial (0,5 ha). A produção média diária girava em torno de 40 litros ordenhados manualmente uma vez ao dia, de sete vacas de um total de 11 vacas no rebanho. Não havia controle das informações referentes ao rebanho (parições, coberturas e controle leiteiro) e tampouco escrituração financeira (despesas e receitas) relacionada à atividade leiteira. O sonho da família era alcançar uma produção de 300 litros diários. De acordo com as possibilidades financeiras da família as ações foram discutidas e combinadas. Foi assim o procedimento ao longo de quatro anos de qualificação dos extensionistas coordenado pelo pesquisador Artur Chinelato de Camargo da Embrapa Pecuária Sudeste de São Carlos (SP). Inicialmente o Sr. Honofre semeou capim-mombaça em área de 0,5 ha dividindo-a em 28 piquetes de 180 m2 além de plantar área de 0,3 ha com cana-de-açúcar de variedade mais produtiva, no caso a RB-86-7515. Plantou ainda

árvores para sombra para o rebanho no futuro e todos os animais receberam brincos de identificação após terem sido examinados para detecção de brucelose e tuberculose. No ano seguinte ao início do trabalho adquiriu mais cinco vacas e passou a fazer a ordenha duas vezes ao dia mecanicamente. Ampliou a área de pastagem de capim-mombaça em mais 0,6 ha, implantando um segundo módulo de pastejo sendo dividida em 28 piquetes de 215 m2. A inseminação artificial foi estabelecida a partir de 2007. Justamente no dia do 16º aniversário do Balde Cheio, o Sr. Honofre, emocionado, recebeu novamente a visita do coordenador do projeto em sua propriedade. A passagem foi breve, mas deu para notar que muitas mudanças ocorreram. A área destinada à produção de leite cresceu tomando parte do espaço onde antes era café e a produção atual está em 400 litros diários. A vida da família mudou para muito melhor. Mesmo não tendo uma assistência sistemática na propriedade, os conceitos de produção intensiva ficaram, “porém, ainda há espaço significativo para melhoras”, segundo o próprio Artur. Neste mesmo dia foi realizada uma palestra na sede do Sindicato Rural em Patrocínio Paulista (SP), sobre o Projeto Balde Cheio. O palestrante foi o coordenador do Balde Cheio que falou sobre a metodologia de trabalho, mostrou vários dados e resultados de propriedades que já participam a algum tempo do Balde Cheio e como o produtor pode participar do mesmo. O público alvo eram os produtores da Associação Rural dos Pequenos Produtores de Patrocínio Paulista (SP). O motivo da explanação era para divulgar que, novamente, a região de Franca tem a possibilidade de participar do Balde Cheio, pois um dos técnicos qualificados para aplicar a metodologia está de volta à região. Trata-se do médico veterinário autônomo, Marcelo de Figueiredo e Silva que já está atendendo produtores da Associação. Quem tiver interesse em conhecer mais detalhes do Projeto Balde Cheio e saber o que fazer para participar, entre em contato. (Contribuiu com o artigo, Artur Chinelato)


PRODUTOS NATURAIS

Os benefícios dos produtos Nim Brasil

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crescente demanda dos mercados nacionais e internacionais por alimentos orgânicos (saudáveis) tem modificado o comportamento dos produtores rurais, que estão passando a se dedicar a formas mais eficientes de produção sem resíduos químicos, reduzindo a agressão ao meio ambiente. Aliado a isso, o aumento de resistência de pragas aos diversos tipos de pesticidas tem estimulado a busca por novas opções no controle de pragas e doenças na agricultura e pecuária. Todas estas circunstâncias somadas contribuiram para a criação da Nim Brasil, empresa sediada em Patos de Minas (MG) e responsáveis por uma extensa linha de produtos naturais à base de Neem (princípio ativo Azadiractina) Para pecuária, equinos e pet shop, a empresa produz o “Natural N” (produto à base de Neem) e “Probinatu” (produto à base de alho), indicados para o controle de carrapatos, verminoses, bernes e mosquicida. É um produto orgânico, sendo que o tratamento é feito no cocho, sem manejo, sem estresse. Com o uso destes produtos, na pecuária de corte observará uma redução drástica nos custos; já na pecuária de leite, o que você deixa de perder para o carrapato (1 a 2 litros de leite/dia), com cerca de 350ml você paga o tratamento. Já o produto “Rumenim” é à base de probiótico, enriquecido com vitaminas e é indicado para o tratamento preventivo de mastites e para a redução da CCS - Contagem de Células Somáticas. É adicionado junto à alimentação dos animais. Para os animais em início do processo de infecção, o uso do “Rumenim” associado ao “Natural N”, obtém-se 80% de cura da mastite em

7 dias de uso e sem o descarte do leite. O valor deste tratamento por animal é cerca de 20 vezes mais barato do que o tratamento feito com os antibióticos convencionais. A utilização associada do “Provemilk”, do “Proveplus” e do “Rumenim”, ricos em vitamina A, E e D3, minerais e probióticos, obtém-se um aumento da produtividade do leite em média de 2 a 5 litros por animal. Melhora e muito os teores de gordura e proteína, o que auxilia quem faz queijo, com aumento de 15 a 30% na produção com a mesma quantidade de leite. Para a cultura do café e culturas brancas a Nim Brasil indica o “Fertneem” para o controle de pragas e doenças do solo: cupins, nematóides, insetos subterrâneos. É utilizado junto à adubação de plantio. Já o “Óleo de Neem” é indicado para controlar broca, bicho-mineiro, cochonilhas, cigarras, mosca-das-frutas, lagartas-do-cafezal, bicho-cesto, lagarta-urticante, carneirinhos, cigarrinhas-dos-citros, ácaro-vermelho, ácaro-branco, ácaro-daleprose, mosca-das-raízes. É um produto orgânico e indicado para todas as culturas, com carência zero. A aplicação é via foliar. O “FullGreen” é uma linha de fertilizantes desenvolvido com a mais alta tecnologia. Promove um melhor desenvolvimento do sistema radicular, vegetativo, floral e produtivo, com maior aproveitamento do seu potencial genético. Contribui para o melhor ligamento e enchimento dos grãos, igualdade na maturação e diminuição nos abortamentos. O retorno do investimento é, no mínimo, de 3 para 1; isto é, para 1 saca de café de investimento o retorno em aumento da produção é no mínimo 3 sacas A empresa ainda possui um viveiro de mudas bem diversificado. Maiores informações: www.nimbrasil.com.br

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PECUÁRIA DE CORTE

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s produtores rurais que querem controlar o peso do gado, organizar o rebanho, informar-se a respeito das datas de nascimento dos bezerros e até receber avisos quanto às vacinas que precisam aplicar nesses animais, podem comemorar. Softwares e hardwares desenvolvidos através de pesquisas feitas entre a FACOM (Faculdade de Computação) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, por meio de sua unidade em Campo Grande (MS), a Embrapa Gado de Corte, já estão disponíveis ou em fase de testes, possibilitando ao produtor entrar na era da pecuária de precisão. Conforme Camilo Carromeu, supervisor do Núcleo de Tecnologia da Informação da Embrapa Gado de Corte, “pecuária de precisão é um conjunto de técnicas aplicadas à cadeia de produção onde a tecnologia da informação e a comunicação são usadas para ajudar a garantir produtividade, boas práticas de manejo, segurança alimentar e qualidade”. Pesquisas nessa área vêm sendo desenvolvidas entre as duas instituições desde 2001, fator que resultou na criação do Curso de Mestrado em Computação Aplicada para Agricultura e Pecuária de Precisão. O professor Nalvo Franco de Almeida Júnior, pósdoutor em Bioinformática e diretor da Facom/UFMS, conta que o curso de mestrado foi criado em 2013, justamente para atender a demanda da Embrapa Gado de Corte. Ele frisa que atualmente 12 projetos do mestrado são vinculados a pesquisas da Embrapa, sendo alguns financiados pela FUNDETECT (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e há previsão de que sejam geradas 32 patentes através dos projetos em andamento. Por meio de algumas das pesquisas desenvolvidas ao longo deste período foi construída a Balança de Passagem. Como explica Pedro Paulo Pires, pós-doutor em Geomática e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Corte, a balança é posicionada no campo em um local estratégico, de tal forma que os animais passem por ela ao irem beber água. Neste momento eles são identificados, pesados e têm as temperaturas registradas. As informações são então transmitidas, sem fio, a um software instalado em um computador remoto, que armazena os dados e os encaminha ao produtor para visualização. Quintino Izidio dos Santos Neto, analista de Tecnologia da Informação da Embrapa e um dos autores responsáveis pelo produto, detalha que a Balança de Passagem possui dois componentes principais: uma balança na parte de baixo e uma leitora de RFID (Radio-Frequency Identification) no meio, que permite identificar automaticamente o animal por meio de sinais de rádio. Isso é possível, pois todos os animais possuem chips, denominados bolus, que ficam decantados em seus estômagos.

FOTO: João Carlos Jr.

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Softwares podem ajudar pecuaristas a organizar rebanho e controlar peso do gado

Supervisor de TI da Embrapa Gado de Corte usa leitora conectada a tablet para identificar animais

Os bolus são invólucros maciços feitos de cerâmica ou resina de mamona com peso médio de 70 gramas. Como são passivos (não têm bateria), podem ficar no organismo dos animais durante toda sua vida e não ter rejeição, sendo retirados apenas no frigorífico. “Através dos bolus, podemos acompanhar por meio de gráficos o ganho de peso desses animais e quando eles estão prontos para serem vendidos. O equipamento que afere o peso é alimentado por energia solar e por esse motivo não é necessária interação humana no local da balança”, acrescenta Camilo Carromeu. Para que o peso do gado seja registrado corretamente, já que os animais passam rapidamente pela balança, o software conta com um sistema de inteligência que demorou certo tempo para ser criado. A balança de passagem começou a ser projetada em 2002 e contou com a participação de dez alunos que trabalharam na pesquisa. O produto integra uma plataforma maior de manejo pecuário instalado em um complexo de campos experimentais e laboratórios de pesquisa da Embrapa, denominado “Mangueiro Digital”. Neste complexo são executados os projetos e feitos experimentos em pecuária de precisão e, por esse motivo, há no local um laboratório conveniado à Facom denominado PLEASE Lab (do inglês, Laboratory for Precision Livestock, Environment And Software Engineering). Como a tecnologia já está em processo de patenteamento, foi feita uma parceria com a empresa Coimma, fabricante de balanças e troncos, para poder comercializar o produto. A partir do depósito da patente, o software já está protegido e pronto para ser comercializado, mas o processo para a patente final pode demorar cerca de um ano. E-APART E TAURUS – Pensando em um software de manejo pecuário, alunos da Facom/UFMS estão desenvolvendo com a Embrapa e a empresa Olimpo o aplicativo


Taurus, que pode ser usado em tablets. Carromeu reforça que a tecnologia vem sendo aplicada no e-Apart (apartador eletrônico), que está localizado no Mangueiro Digital e automatiza o manejo dos animais no apartador (mangueiro). Por meio do aplicativo, o produtor pode gerenciar todas as informações de seu rebanho, segundo explica o supervisor de Tecnologia da Informação da Embrapa. “O produtor não corre o risco de perder os dados dos animais de sua propriedade, já que são armazenados em um servidor central sempre que haja conexão com a internet disponível. Uma vez armazenados nos tablets, fica possível fazer a gestão desses animais, como lançar medicamentos e pesagens, saber quem são seus pais, enfim, todo o histórico da vida do animal”. Caso um produtor venda o animal e o comprador também faça parte da plataforma Taurus e quiser saber seu histórico, pode obter informações desde as vacinas tomadas até as pesagens. Mesmo depois, quando a carne do animal vai para a gôndola do supermercado, por meio do código QR (Quick Response) visto no celular, a pessoa poderá saber por onde aquele animal passou, com quantos quilos estava quando foi abatido etc. O Taurus se integra com o e-Apart, pois quando, por exemplo, o produtor configura o software de manejo para separar os bois acima de um determinado peso, todos aqueles que estão acima daquele peso automaticamente são separados para o mesmo lote num determinado piquete. “Se houver essa configuração, os bois que estão abaixo deste peso vão para outro piquete. Dessa forma, aqueles animais que estão separados para a venda já podem ser encaminhados aos caminhões para o transporte”, descreve Carromeu. “Podemos também segregar animais que apresentaram temperaturas elevadas durante a semana, animais com a mesma idade, animais de cores semelhantes, bezerros que têm que acompanhar a mãe, bezerros que têm que ser apartados da mãe, etc. São diversas as formas de seleção de animais, pois toda segregação é controlada por software”, complementa Quintino. No apartador eletrônico o manejo dos animais também utiliza a leitura RFID para identificá-los, como se cada animal tivesse um CPF. Funciona mais ou menos da seguinte forma: a onda de rádio bate na antena do chip bolus, fazendo com que um capacitor acumule uma voltagem específica e dispare o efeito contrário, mandando o sinal de volta. Esse sinal é o número daquele animal, único em todo o rebanho. “Estamos trabalhando com novos bolus que conseguem emitir a temperatura do animal. Isso poderá permitir, no futuro, fazer seu diagnóstico, revelando, por exemplo, se está com febre aftosa ou se está no cio, enfim, há muitas possibilidades”, diz Camilo. O objetivo principal do Taurus é garantir ao produtor a gestão “precisa” dos animais como, por exemplo, a configuração exata de como ele quer o manejo dos animais, definindo as regras na interface do software. “Nossa ideia é que todo esse processo seja gerenciado basicamente por uma pessoa, que terá que ficar de olho para ver se tudo está caminhando bem e alterar as regras no software caso queira modificar o comportamento do apartador eletrônico”, detalha o supervisor da Tecnologia de Informação da Embrapa. A plataforma móvel foi escolhida para aumentar a portabilidade da solução. O aplicativo está sendo testado em tablets robustos (à prova de água e poeira). Além disso, por ser de alta usabilidade, apresenta uma interface iconográfica que dispensa ao usuário o conhecimento prévio em computadores convencionais, diminuindo as barreiras para sua adoção no meio rural.

FOTO: João Carlos Jr.

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Pesquisadores observam apartador eletrônico que integra plataforma Taurus para o manejo do gado.

MAIS SOFTWARES - Existem, atualmente, dois softwares da Embrapa disponíveis gratuitamente na loja de aplicativos do Android (Google Play), somando mais de 10.000 downloads. O primeiro é o S.A.C. Gado de Corte, que apresenta ao usuário a base de conhecimento do serviço de atendimento ao cidadão da Embrapa Gado de Corte. Este aplicativo sincroniza a base do S.A.C. no smartphone ou tablet do usuário, permitindo que ela seja acessada sem a necessidade de internet (podendo ser utilizado até mesmo no campo). O usuário pode realizar busca por termos específicos e encontrar facilmente a informação que precisa. Como o software sincroniza as informações do dispositivo com os servidores da Embrapa, o usuário tem a garantia que o conteúdo permaneça sempre atualizado. O outro software já disponibilizado, também pela Embrapa Gado de Corte, é o $uplementa Certo. Este aplicativo permite calcular o benefício/custo da suplementação na seca comparando produtos de diferentes marcas ou tipos distintos de suplementação (sal proteinado e semiconfinamento). Foi desenvolvido no PLEASE Lab e contou com o envolvimento de pesquisadores da área de nutrição animal da Embrapa e professores e alunos de graduação da Facom/UFMS.


HORTALIÇAS

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resente em todos os estados brasileiros, o repolho é uma hortaliça muito cultivada nos Cinturões Verdes das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, ocupando uma área de aproximadamente 19.000 ha. Apreciada na culinária de diversas regiões do país, a cultura é uma atividade atrativa por ser menos exigente em adubação, podendo ser utilizada como rotação de cultura, tornando-a, desse modo, mais rentável. Outra vantagem da rotação com repolho é devido à presença de glucosinolate, substância que, segundo estudos, tem efeito sobre nematóides (Meloidogyne spp.). Para atender as necessidades dos produtores, a Topseed Premium, linha de sementes profissionais de alta tecnologia da Agristar do Brasil, possui duas variedades híbridas de repolho. “O Atlanta oferece o melhor custo-benefício do mercado, com cabeça grande e compacta. O Veloce apresenta menor incidência de ataque de traças (Plutella xylostella) devido à sua arquitetura de planta, que permite melhor controle dos insetos, reduzindo as perdas para o agricultor. Ambos possuem maior resistência a Podridão Negra das Crucíferas (Xcc), principal doença que atinge a cultura, garantindo uma produção mais estável e com maior qualidade ao consumidor”, explica o Especialista em Folhosas e Brássicas da Agristar, Silvio Nakagawa. Segundo o especialista, o repolho Veloce vem sendo bem aceito no Nordeste devido a sua precocidade, formato e resistência. Já o Atlanta tem atendido bem a região Sudeste, mesmo sem poder mostrar sua principal vantagem de tolerância a Xcc, devido a falta de água nas principais áreas produtoras.

Repolho Atlanta F1.

FOTOS: Divulgação AGRISTAR DO BRASIL

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Repolhos híbridos garantem qualidade de produção em todo o Brasil

Repolho Veloce F1.

As variedades foram adaptadas para serem cultivadas durante todo o ano, porém preferem clima ameno para melhor se desenvolver. “O repolho pode ser cultivado próximo aos centros consumidores ou mesmo ser transportado para estados do Norte do Brasil. Para suportar esta viagem a planta precisa ter boa sanidade e enfolhamento para proteger a cabeça”, conclui Nakagawa. No Brasil, a produção de repolho está concentrada principalmente na região serranas do Espírito Santo e Rio de Janeiro e nos Cinturões Verdes de São Paulo e do Sul do Brasil.

Repolho Atlanta F1 em campo.


COCAPEC lança a Bioisca

TECNOLOGIA

O único formicida natural do Mundo promete revolucionar o controle de formigas cortadeiras

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epois de anos de trabalho finalmente chegou a Bioisca, um formicida natural para o controle de formigas cortadeiras produzido exclusivamente pela COCAPEC. Como o próprio nome já descreve, o inseto corta as folhas provocando intensos danos às culturas agrícolas em geral. Produzida a partir de compostos de extratos naturais, ela controla totalmente o formigueiro, matando inclusive a rainha, sem nenhum impacto ecológico. Até chegar neste ponto a jornada não foi fácil. Inúmeros foram os registros nos diversos órgãos federais até que a Bioisca fosse colocada à disposição dos cooperados e ao mercado, dedicando mais de 10 anos de trabalho. Para comprovar sua eficácia, o produto foi submetido a vários testes em institutos como a Embrapa de Goiânia (GO), renomadas reflorestadoras e clientes da agricultura orgânica. Em todos os casos os resultados foram positivos e satisfizeram as exigências para conquistar os registros.

Principais benefícios e vantagens: • 100% composto por extrato vegetal/natural (princípio ativo) + polpa cítrica; • Certificado para agricultura orgânica; • Atratividade garantida sem rejeição das cortadeiras; • Carregamento total; • Sem devolução;

• Controle efetivo por saturação; • Não é tóxica ao aplicador; • Não contamina o meio ambiente; • Pode ser reaplicado sem intervalo de tempo; • Utiliza em qualquer período do ano; • Embalagem sachê impermeável, ideal para períodos chuvosos; • Depois de aplicados os sachês que sobram podem ser redistribuídos evitando desperdícios; • Controle efetivo do formigueiro. Já na primeira aplicação é possível perceber a redução dos danos econômicos. Em poucos dias os carreiros são abandonados. A manutenção (dosagem e frequência) das aplicações deve diminuir na mesma proporção que o carregamento até o ponto que chamamos de saturação, quando a atividade para por completo. Neste ponto a colônia está comprometida e a Bioisca cumpriu sua função. A Bioisca já está disponível nas lojas COCAPEC, mas por conta das características técnicas do produto a sua venda é assistida. Os agrônomos de campo e colaboradores foram capacitados para dar todo o suporte aos clientes. Novamente a COCAPEC inova apresentando ao mercado mais uma solução, no caso, controle natural das formigas cortadeiras, que tanto prejudicam as culturas agrícolas. Com certeza a Bioisca será um sucesso.

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ADUBAÇÃO VERDE

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Sementes Piraí lança a maior loja online de adubação verde do Brasil

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aumento de áreas degradadas ou com baixa produtividade faz com que muitos agricultores empreguem a técnica da adubação verde ou cobertura vegetal. E, para facilitar a vida dos adeptos e também iniciantes à prática de adubação verde, a Piraí Sementes inaugura a loja virtual Eco Seeds. A Eco Seeds é a primeira loja virtual exclusivamente destinada para a comercialização de sementes para adubação verde do Brasil. Uma marca registrada da Sementes Piraí, empresa que há mais de 40 anos produz, fornece e fomenta a prática da adubação verde no país. O endereço eletrônico da loja é www.ecoseeds.com.br Segundo Luís de Sousa, diretor da Join Agro agência responsável pelo marketing da Piraí, a ideia da criação da loja virtual veio para facilitar o acesso às sementes. O principal motivo foi o aumento da demanda de pequenos produtores, agricultura familiar e principalmente para os segmentos de mercados ascendentes como o orgânico, hortaliças e recuperação de pastagens. “Na loja os clientes encontrarão facilidades como a conveniência de comprar em casa, as diversas possibilidades de pagamento e a garantia da Sementes Piraí que além da excelência e qualidade preza pela seleção criteriosa dos produtos”, afirma Sousa.

Aviação entra no mercado de café C

onhecida no mercado brasileiro por sua manteiga, a empresa de lácteos Aviação prepara sua estreia no segmento de café. Embora a família que controla a companhia seja produtora do grão em São Sebastião do Paraíso (MG), tradicional região de cultivo da Mogiana Mineira, é a primeira vez que a Aviação investe em uma estratégia para comercializar café torrado e moído com a sua marca no mercado. O produto, 100% arábica e de qualidade “superior” – meio termo entre os cafés tradicionais e os “gourmet” -, será industrializado a partir de matéria-prima cultivada na fazenda dos controladores da empresa e de outros parceiros. “Inicialmente, a comercialização do produto – apenas um tipo, em embalagem de meio quilo – no atacado e no varejo ficará mais concentrada no Estado de São Paulo, que já é o maior mercado para os produtos lácteos da Aviação, disse Geraldo Alvarenga Resende Filho, presidente da Aviação. O presidente da Aviação afirma que a torrefação do produto será terceirizada e estima que serão industrializadas entre 100 e 150 toneladas de café por mês. (FONTE: Valor Econômico)

Dados revelam que menos de 1% do setor agrícola investe em marketing digital. “É algo novo, que ainda por questões de infraestrutura da Internet brasileira não está na velocidade que deveria estar. O conteúdo que temos hoje na web sobre agronegócio na sua maioria é relativo a informações, produtos, aulas e cursos, porém e-commerce como é o caso da Eco Seeds, ainda é algo novo”, conta Sousa. A Eco Seeds é mais uma atitude de inovação da Sementes Piraí. Empresa pioneira no segmento da adubação verde no Brasil. Importância da adubação verde para o solo e produção - Nessa semana a Reuters reproduziu no Brasil a seguinte informação da agência de notícias oficial Xinhua: mais de 40% das terras agricultáveis da China está em processo de degradação, o que reduz a capacidade de produção de alimentos no país mais populoso do mundo. Já foi comprovado cientificamente que a prática de adubação verde recupera os solos degradados e protege contra os agentes da erosão e radiação solar, por exemplo. Além de uma série de outros benefícios como: o aumento da capacidade de armazenamento de água no solo, controle de nematoides e redução da infestação de ervas daninhas, incidência de pragas e patógenos nas culturas. Mercados e culturas - A Adubação verde é indicada para um leque de culturas como: algodão, café, cana-deaçúcar, citros, recuperação de pastagens e culturas irrigadas. Um ramo que vem crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo, o dos orgânicos, também tem a adubação verde como parceiro primordial e sustentável. Estimativas indicam que o mercado de produtos orgânicos deve crescer em torno de 35% só em 2014 – contra os 22% de 2013 – e chegar a R$ 2 bilhões. Mais informações sobre o universo da adubação verde acesse: www.ecoseeds.com.br . Informações pelo telefone da Eco Seeds: (19) 2106.0266. (FONTE: Redação Join Agro Jornalista Camila Maria Gusmão da Silva Pinto)


CAFÉ

Utam investe em fábrica e lança novos produtos

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Café Utam está investindo R$ 6 milhões em equipamentos e infraestrutura em sua unidade em Piumhi (MG) e no lançamento de uma nova linha de produtos. Do montante investido, 90% são recursos próprios e 10% são financiados pelo BNDES. Trata-se de um dos aportes recentes mais significativos realizados pela empresa, que completa 45 anos de atuação. A Utam prevê investir, ainda, R$ 1,5 milhão em 2015 nesses novos cafés que estão sendo lançados agora. Em 2013, a Utam também fez um aporte inicial de R$ 1 milhão para o lançamento de cápsulas de café, em parceria com a empresa portuguesa Kaffa. Segundo Ana Carolina Soares de Carvalho, diretora da Café Utam, a companhia foi a primeira com capital totalmente nacional a trazer para o varejo do país as cápsulas. “Continuamos investindo em tendências, mas o café torrado e moído ainda é a força do mercado”. A nova linha de café torrado e moído, chamada de “Utam Momentos” estará no mercado nesta semana, com diferencial de tecnologia que permite trocar o oxigênio existente no interior da embalagem do produto por nitrogênio, evitando o processo de oxidação do café. O produto será apresentado em três versões: tradicional, extraforte e fortíssimo, com grãos predominantemente arábicas. O novo produto deve colaborar em grande parte para

a estimativa de crescimento de cerca de 10% da receita da Café Utam em 2015 em relação a 2014, diz a diretora da empresa. Este ano, o faturamento deverá ficar estável frente a 2013 - quando a receita operacional foi de R$ 47 milhões, um crescimento de 11% sobre o ano anterior. As vendas de café este ano não representaram incremento nem recuo significativos, afirma Ana Carolina, diante da grande volatilidade e valorização dos preços da matériaprima, impulsionada pela seca e calor. De acordo com ela, a empresa fez apenas um pequeno reajuste nos preços do produto em março. “Tivemos bons resultados diante do cenário econômico. Foi positivo no final das contas”, afirma. A nova linha de cafés da Utam deverá contribuir, também, para aumentar a penetração da empresa em seus principais mercados no país - os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Com sede em Ribeirão Preto (SP), a empresa mantém, além de Piumhi, uma fábrica no município paulista e um polo de distribuição em Belo Horizonte (MG). A Utam é a décima maior torrefação no ranking da ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café. A empresa começou com a fusão de 26 torrefações que formavam a “União dos Torrefadores da Alta Mogiana”. Em 1985, a totalidade de suas ações foi adquirida pela família Soares, que mantém até hoje o controle da Utam. (FONTE: Valor Econômico)

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EMPRESAS

Yara inaugura em Sumaré (SP) unidade misturadora mais moderna do país

22 FOTO: Divulgação Yara

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Yara inaugurou, no último dia 11 de novembro, em Sumaré (SP), a Unidade Misturadora de fertilizantes mais moderna do País. Com investimentos de R$ 115 milhões e capacidade de mistura de 750 mil toneladas, o empreendimento atenderá, principalmente, o estado de São Paulo, mas parte da produção será destinada a Mato Grosso do Sul e Paraná. A nova unidade, que também se destaca pela excelência operacional, viabilizada pela automatização dos processos e regras de qualidade de produtos e segurança, garante velocidade no atendimento ao cliente, segurança e melhor qualidade do produto final. Segundo Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil, a inauguração da unidade consolida a estratégia de elevar o padrão de qualidade e de eficiência operacional do mercado de fertilizantes no País, assim como reforça o compromisso da empresa com o desenvolvimento da agricultura brasileira. “A Unidade Misturadora de Sumaré está próxima a importantes rodovias que ligam a região aos principais polos agrícolas e ao Porto de Santos, além de estar integrada ao modal ferroviário, o que facilita a entrega com mais rapidez ao produtor. A proximidade do Porto de Santos também beneficia o agricultor pois facilita o escoamento de produtos finais e a chegada de matérias-primas para mistura na unidade”, diz Hanzen. Localizada no terreno e ao lado do Terminal Intermodal de Cargas da Rumo, a unidade possibilita a integração entre os modais rodoviário e ferroviário, propiciando uma importante solução logística para a empresa e seus clientes. “A Yara, em parceria com a Rumo, utilizará a logística inversa na nova unidade. Os caminhões que chegam à Rumo para descarregar açúcar, que serão transportados por trem para o Porto de Santos, serão os mesmos que transportarão os fertilizantes produzidos pela Yara às regiões produtoras”,

acrescenta Hanzen. Com área total de 80 mil metros quadrados e área fabril de 34 mil metros quadrados, a planta contará com 90 funcionários e será especializada em produtos nitrogenados e nas linhas especiais de fertilizantes da Yara, compostos por YaraMila, YaraBela, YaraLiva e YaraVita, fontes mais eficientes de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) e micronutrientes, otimizados para melhores resultados e menor impacto ambiental. Outra vantagem de Sumaré é o clima seco, que auxilia na armazenagem e proporciona ao agricultor um produto com mais qualidade. A nova unidade misturadora possui inúmeros diferenciais que a tornam a mais moderna do País e se destaca pela inovação e tecnologia aplicada em equipamentos e processos - como descarga, armazenamento, mistura, ensacamento e carregamento. A tecnologia “Forma, Enche e Sela”, do inglês Form, Fill and Seal (FFS), está presente nas máquinas na planta, garantindo maior nível de automatização no carregamento, ensaque, montagem de paletes e transporte da carga para o caminhão. A armazenagem e o controle de umidade nas unidades de ensaque garantem segurança no manuseio dos produtos. A unidade também conta com laboratório de análises químicas, armazém para produtos paletizados próximo à área de ensaque, linhas de carregamento independentes para o transporte de big bags e produtos paletizados, além de doca para descarga de contêineres, o que torna a mistura de matérias-primas mais segura e ágil. “A inauguração da unidade em Sumaré faz parte da estratégia da Yara para melhorar o desempenho de nossos clientes e na consolidação da posição de liderança no mercado de fertilizantes nacional”, finaliza Hanzen.


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FOTO: Divulgação Yara

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PRESENÇA EM SÃO PAULO - O presidente da Yara destaca que São Paulo é um importante mercado consumidor de fertilizantes e possui peculiaridades que justificam a presença da unidade misturadora no estado. “Além ser um dos principais mercados de fertilizantes do País, com mais de 4 milhões de toneladas comercializados em 2013, segundo a ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos), São Paulo apresenta uma das menores sazonalidades de entrega de produtos ao agricultor, o que torna a operação mais previsível. O estado também possui uma das melhores logísticas para o recebimento de matéria-prima e de distribuição de produtos acabados do Brasil, por contar com uma malha rodoferroviária extensa”, explica Hanzen. O estado de São Paulo sedia, além de Sumaré, outras três unidades da Yara: em Cubatão, onde a empresa realiza mistura de fertilizantes, e Jaú e Limeira, onde são produzidos fertilizantes líquidos. Na capital do estado a empresa mantém um escritório administrativo. BRASIL É CHAVE PARA A ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO DA YARA - Com a missão de contribuir para o desenvolvimento da agricultura nacional, trazendo soluções para aumentar a produtividade dos agricultores e preservar o meio ambiente, a Yara intensificou em 2012, com a aquisição dos ativos de fertilizantes da Bunge por US$ 750 milhões, uma série de investimentos no Brasil. Após a conclusão do negócio com a Bunge em 2013, a empresa reinaugurou em abril de 2014, com aportes de R$ 55 milhões, a Unidade Misturadora de Porto Alegre (RS), reformada com o mesmo padrão de inovação e tecnologia industrial aplicados em Sumaré. Em agosto de 2014, com a aquisição de 60% da Galvani por US$ 318 milhões, a Yara deu outro significativo passo para consolidar sua posição no País. Com o negócio, a Yara amplia suas operações de produção de fertilizantes fosfatados para atender a crescente demanda da agricultura brasileira e ajudar na redução da dependência de

fertilizantes importantes no Brasil. Outra chave para a estratégia da empresa no País é o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Com um modelo baseado em oferecer soluções que gerem mais rentabilidade para o agricultor com menor impacto ao meio ambiente, a empresa mantém parcerias com os mais importantes institutos brasileiros de pesquisa agrícola. Um consórcio entre a companhia e o Instituto Agronômico (IAC) desenvolve, há mais de 10 anos, pesquisas com a linha YaraLiva para incrementar a produtividade em citros e aumentar a qualidade dos frutos, bem como um projeto para avaliar a qualidade dos frutos e o aumento da tolerância das plantas às principais doenças da citricultura. Também com o IAC, um projeto busca ampliar a produção de café associado à melhora na qualidade da bebida. Na Esalq-USP, a Yara realiza um trabalho para avaliar a utilização de micronutrientes, por meio da linha YaraVita, aplicados no tratamento dos toletes, na hora do plantio do canavial, para melhorar o enraizamento e o perfilhamento e, consequentemente, ajudar o produtor a alcançar mais produtividade e uma maior longevidade do canavial. Com isso, aumenta-se a vida útil da lavoura de cana e prolonga-se o tempo para a reforma do canavial, o que proporciona uma melhor relação custo/benefício e diminui os custos com a reforma, que hoje é o principal passivo das áreas de produção. Em novembro de 2012, a Yara firmou com a Embrapa um “Acordo Marco de Cooperação”, que consiste na geração de conhecimento e tecnologias em fertilizantes relacionados ao uso eficiente de nutrientes e seu impacto ambiental em sistemas de produção em solos tropicais. A primeira etapa da parceria é o estudo de fertilizantes com diferentes formas de nitrogênio, sua eficiência agronômica e a pegada de carbono em diferentes culturas e regiões brasileiras, com a colaboração de pesquisadores da Yara do Centro de Pesquisas de Hanninghof, na Alemanha. Mais informações: www.yarabrasil.com.br


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Safra de grãos poderá dar espaço para o cultivo de café e cana no Rio Grande do Sul

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m menos de dez anos, quem viajar ao interior do Estado poderá ter a impressão de já ter visto a paisagem em férias no Nordeste. No lugar dos intermináveis campos de soja, começarão a surgir barreiras de canaviais. À beira da estrada, colunas de cultivares com folhas compridas, apontando para baixo, denunciarão: ali vai dar mandioca. Galpões outrora usados como abatedouros passarão a dar espaço para fazendas de café ou algodão. Impensável? Não. Ao menos é o que indica artigo escrito por dois cientistas brasileiros e publicado na revista Environment and Development Economics, da Universidade de Cambridge, Inglaterra. O artigo aponta que o aquecimento global já afeta a agricultura no país, e, em breve, culturas que dependem de clima ameno para se desenvolver decrescerão no Rio Grande do Sul. A conclusão é de que no Sul, no Sudeste e no CentroOeste a produção de milho, soja e arroz se reduzirá em área e produtividade até 2020, em razão de alta temperatura e acúmulo de gases na atmosfera. “Os dados também consideram as estiagens, que tendem a se tornar frequentes”, diz um dos autores da pesquisa, Gustavo de Moraes, professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS). Nesse cenário, o estado perderia até 25% da área agricultável na segunda metade do século. Os produtores, então, procurariam alternativas melhor adaptáveis ao ambiente mais quente e menos chuvoso, como cana de açúcar, café e mandioca. O Rio Grande tem hoje apenas 30,7 mil hectares de área plantada com cana-de-açúcar, principalmente no Litoral Norte, mas já com crescimento no oeste gaúcho. O estudo é controverso entre produtores. Na avaliação do presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Estado (FARSUL), Jorge Rodrigues, o ganho de tecnologia deve garantir a manutenção da produtividade nas lavouras mesmo com um eventual aumento de temperatura. “A tecnologia tem avançado rapidamente e contornado mudanças ambientais, tanto para frio quanto para calor. Hoje, já se planta trigo, uma cultura para clima ameno, no calorão do Centro-Oeste”, reforça Rodrigues. O aquecimento global ainda não tira o sono dos agricultores gaúchos. Juarez Durigon de Lemos, 54 anos, avalia que há muito barulho e poucos fatos sobre um aumento gradual da temperatura. Nos 950 hectares da propriedade da família, em Cruz Alta (RS), Lemos planta soja, milho e trigo. Para reduzir gastos, passou a trabalhar com agricultura de precisão, o que também é uma forma de preservar a natureza, pois utiliza menos defensivos e fertilizantes, argumenta. “A preocupação é melhorar a produção e garantir a rentabilidade, não acho que o Rio Grande do Sul deixará de produzir grãos. MAIOR DIFICULDADE - Os preços dos alimentos não devem ser diretamente afetados pela redução do cultivo no Rio Grande do Sul, mas podem ser influenciados pela mudança na escala mundial de plantio. “Se a produção de alimentos cair em todos os países até 2070, haverá importante impacto no preço. Esse movimento só poderá ser

revertido se houver uma nova “revolução verde”, ou seja, o surgimento de novas tecnologias que aumentem a produtividade”, analisa Moraes, da PUCRS. Para o consumidor gaúcho, o principal impacto seria a dificuldade de encontrar alimentos fora da estação habitual. Ao reduzir as colheitas, os principais produtores tendem a priorizar o abastecimento do mercado interno antes de vender para outros Estados ou países. Tome-se o exemplo do tomate. Mesmo que o Rio Grande do Sul não produza o fruto de maio a novembro, os gaúchos não dão falta do item nas feiras e nos supermercados gaúchos. O tomate vem em quantidade suficiente de São Paulo, ainda que a preço mais alto. “Atualmente, o consumidor não sente a sazonalidade na oferta. Mais adiante, o quadro pode mudar”, afirma Moraes. A boa notícia é que a variedade de produção do Rio Grande do Sul ainda é relativamente ampla em relação a outros Estados, o que favorece a substituição de alimentos. Evidentemente, a fúria do aquecimento global não se restringirá aos pampas. O relatório do IPCC divulgado neste ano alerta para o fato de que as mudanças na agricultura mundial ocorreriam em 20 ou 30 anos, quando a temperatura global poderá subir até 2ºC. Outro estudo, da

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ESTIAGENS - O alerta trazido pela pesquisa encontra respaldo entre órgãos de pesquisas agrícolas. Pesquisadora em agrometeorologia da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO), Bernardete Radin vê risco de aumento na frequência de fenômenos climáticos extremos, como La Niña, que torna mais longos os períodos sem chuva. “As culturas de primaveraverão do Rio Grande do Sul, como milho e soja, são extremamente afetadas pela escassez de chuva. Em um cenário de aquecimento, a frequência de precipitações diminuirá, ampliando o risco de comprometimento de safras”, afirma Bernardete. Ela reconhece a possibilidade de alteração da geografia agrícola do Estado a longo prazo, com menor plantio de grãos e aumento do cultivo de cana-de-açúcar, mandioca e frutas tropicais, como mamão, manga e abacaxi. Na prática, os prognósticos mais pessimistas de aquecimento global não têm se confirmado no Rio Grande do Sul. Pesquisa recente da Fepagro mostrou que de 1976 a 2009 a temperatura média permaneceu estável em 92% das regiões agriculturáveis. Nas localizações em que subiu, atribui-se à urbanização. (FONTE: ZH Campo e Lavoura)

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DA CAFEICULTURA NA ALTA MOGIANA FOTO: Wipedia

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Universidade de Leeds, na Inglaterra, prevê reversão na curva ascendente de produção de alimentos na segunda metade do século. A pesquisa, publicada no início do ano na revista científica Nature Climate Change, indica que as estiagens tendem a crescer 25% no mundo neste período. Mas as previsões não são totalmente irreversíveis. Ainda que considere o aquecimento global grave, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace no Brasil, Sérgio Leitão, afirma que é precoce um alarme com relação à produção e distribuição de alimentos. “É fundamental reconhecer o impacto das mudanças climáticas, mas também devem ser colocadas em prática ações para reverter os fatores que causam o aquecimento global, tanto por governo, quanto por empresas e indivíduos”. O estudo prevê, por exemplo, um incremento abrupto do fluxo migratório, com mais gente deixando regiões tropi-cais para buscar alimento em cidades de clima temperado, onde o impacto será menor.

Barracão na Alta Mogiana, com o ensacamento para exportação, no auge do ciclo do café.

Café arábica produzido na China ganha espaço em blends na Europa

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radicionalmente conhecida por seus ótimos chás, a China começa a se destacar também como um país produtor de café arábica de boa qualidade. Identificado por seu aroma frutado e por ser suavemente encorpado, o café da Província de Yunnan, no sudoeste do país, já se tornou base para alguns blends vendidos na Europa, segundo torrefadoras e tradings internacionais da commodity. “O sabor e o aroma suaves são similares aos dos grãos de Honduras ou da Guatemala”, afirma Wouter DeSmet, chefe da equipe de serviços agrícolas de café da Nestlé. Um número cada vez maior de agricultores de Yunnan vem se dedicando ao café, que traz retornos maiores quando comparado a outros cultivos. Em 2012, a renda por hectare dos produtores com o café foi duas vezes maior do que a obtida com o chá, de acordo com DeSmet. A Nestlé começou a operar em Yunnan no fim dos anos 1980, oferecendo treinamento e garantindo a compra da oferta dos cafeicultores. Desde 2005, seu número de fornecedores na Província cresceu de 147 para 2 mil. Na região, marcadas por férteis montanhas, 80 mil agricultores já cultivam café e chá ou só o café arábica - diferentemente da maior parte da produção da Ásia, onde prevalece a espécie robusta, de menor qualidade. O arábica, usado essencialmente em cappuccinos e expressos, foi levado a Yunnan por um missionário francês no fim dos anos 1880. Mas o plantio decolou apenas um século depois, graças a investimentos do governo e a um programa de desenvolvimento da ONU. Nos últimos dez anos, as exportações chinesas têm crescido de forma constante. O volume subiu de 137 mil sacas, em 1998, para 1,1 milhão em 2002, patamar similar ao da Costa Rica e equivalente a quase 1% do total mundial. Para garantir o fornecimento de café, multinacionais e tradings começaram a estabelecer bases de operação em Yunnan, que faz fronteira com Vietnã - maior país produtor da espécie robusta do mundo -, Laos e Mianmar. A Volcafe, unidade suíça de comercialização de café da ED&F Man, é a mais recente empresa a criar um empreendimento conjunto de processamento e compras com um grupo local, a Simao Arabicasm Coffee Company. A americana Starbucks está na região há mais tempo; em 2012, implantou uma joint venture com o Ai Ni Group, uma companhia de agronegócios de Yunnan. A onda de expansão da produção chega enquanto o consumo de café na China aumenta em torno de 15% ao ano, em comparação ao crescimento de 2% no mundo como um todo. (FONTE: Valor Econômico)


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Café da Alta Mogiana presente no livro das Indicações Geográficas do Brasil FOTO: Divulgação AMSC

Vale ressaltar que o Brasil hoje tem registradas 41 Indicações Geográficas, sendo 4 para regiões produtoras de café. A Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana se destaca ainda como a primeira IG agrícola do Estado de São Paulo.

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INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), a OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual) e o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) promoveram nos dias 29 e 30 de Outubro o Seminário Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas, no qual a AMSC esteve presente, representada por Gabriel Borges, gestor da entidade, juntamente com Patricia Milan, superintendente. O evento buscou debater temas como o papel das Indicações Geográficas e Marcas Coletivas no desenvolvimento regional, sua importância para a diferenciação de produtos e as vantagens competitivas na comercialização global dos mesmos. Durante o evento ocorreu, também, o lançamento da nova edição do Livro “Indicações Geográficas: Qualidade e Origem nos Mercados Alimentares”, idealizado e organizado pelo SEBRAE. Nesta edição está presente a Indicação de Procedência do Café da Alta Mogiana, também inclusas na edição especial para Indicações Geográficas de Café.

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J.B. Matiello1 e S.R. de Almeida1

cafeeiro possui dois tipos de ramos: os ortotrópicos, que crescem na vertical, dando origem às hastes ou troncos, e os plagiotrópicos, ou ramos produtivos, que crescem lateralmente. Os ramos produtivos são sempre bem vindos, os ramos ortotrópicos ou ladrões nem sempre. Nos cafeeiros arábica, nos espaçamentos atualmente adotados, com menores distâncias entre plantas na linha, a indicação é a de conduzir uma só haste por planta, que resulta em tronco mais grosso, que, por sua vez, dá origem a ramos produtivos mais longos. Sob condições normais, o cafeeiro arábica mantém sua característica de uni-caule, apesar de existirem gemas dormentes ao longo do tronco, que, em casos de stress ou quebra de dominância apical, emitem brotos, chamados de ladrões, que irão dar origem a novas hastes. Uma das situações que tem sido observada, como responsável pelo aumento da emissão de brotos no tronco dos cafeeiros, é o efeito da seca, conforme tem ocorrido neste último ano. Com o stress e desfolha das plantas, pela estiagem, e com maior insolação, a radiação, atingindo com maior facilidade o tronco dos cafeeiros, provoca maior estimulo à que-

O colega Saulo Almeida, fazendo a desbrota em cafeeiro afetado pela seca, em Eloy Mendes, Sul de Minas

AUTORES

1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação Procafé. Publicado na Folha Técnica 256. Fundação Procafé. Alameda do Café, 1000, Varginha (MG). Tel. (35) 3214-1411. Site www.fundacaoprocafe.com.br

FOTOS: Fundação Procafé

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Efeito da seca em cafezais aumenta brotações das plantas

Cafeeiros da Cultiva Acaiá, com intensa brotação no tronco, por efeito da estiagem .Eloy Mendes-MG, set/2014.

bra de dormência das gemas ortotrópicas, presentes abaixo da inserção dos ramos laterais. Deste modo, aumenta bastante a ocorrência de brotos ladrões e, em consequência, há maior necessidade de desbrota. Fazer ou não a desbrota é uma questão que envolve aspectos técnicos e operacionais. Quanto à técnica, a recomendação é de fazer, religiosamente, a eliminação da brotação, especialmente nas lavouras mais novas, pois isso vai evitar problemas futuros, como maior fechamento das plantas, e, em certos casos, a ausência de desbrota pode prejudicara até a produtividade. A desbrota deve ser feita com os brotos ainda novos, com 10-20 cm. Na parte operacional, especialmente em grandes áreas de lavouras, a desbrota dos cafeeiros envolve o uso de muita mão-de-obra, a qual, além de onerosa, nem sempre está disponível. Porem, quando a desbrota não for adotada, pela dificuldade operacional, o cafeicultor deve ficar ciente que vai, no futuro próximo, ser preciso antecipar podas corretivas na lavoura.


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Gosto dos coreanos por bom café se intensifica

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ara uma nação de consumidores históricos de chá, os coreanos estão agora adorando seu café e eles preferem cada vez mais produtos de boa qualidade. O Serviço Alfandegário da Coreia disse que 120.000 toneladas de café foram importadas pela Coreia em 2013, 7% a mais que no ano anterior, tornando esse país no sétimo maior importador do mundo. Porém, os dados também mostram que as importações de café processado – que incluem café instantâneo – caíram no ano passado, mas as importações de grãos torrados e não torrados usados para fazer café fresco em casa e pelas cafeterias como Starbucks aumentaram. No ano passado, as importações de café aumentaram em 7% com relação ao ano anterior e de grãos torrados cresceram em quase 14%, mas as importações de café processado caíram em 22%, disse o serviço. No começo desse ano, o Jornal Quartz reportou que os coreanos bebiam 0,329 xícaras de café por dia, tornando o país o maior consumidor de café per capita da Ásia, depois de Filipinas e Cingapura (os países do norte da Europa são os maiores consumidores de café do mundo, bebendo mais de uma xícara em média).

Não surpreende que agora os coreanos adorem seu café. Seul tem 284 Starbucks – o maior número do mundo e sete a mais que a cidade de Nova York, que tem 277 lojas. A companhia dos Estados Unidos celebrou seu 15o aniversário na Coreia na semana passada e nesse tempo, ajudou a transformar os hábitos dos jovens do país. A Coreia do Sul tem, no total, 650 Starbucks servindo 300.000 clientes por dia, disse o presidente da empresa no país. A Coreia do Sul também está inovando nas formas que está beneficiando um país cuja capital é a cidade mais conectada do mundo. A Starbucks na Coreia em março foi a primeira do mundo a introduzir um sistema de pedido por smathphone, Siren Order, onde os clientes podem pedir e pagar o café em seus telefones antes de chegar na loja. O café está mudando a cultura também. Os membros das equipes coreanas usam seus apelidos em inglês em seus crachás ao invés de seu posto de trabalho. “A estratégia é que o gosto por café é o mesmo globalmente, mas os consumidores podem beber esse café em uma área onde há um sentido da cultura coreana”, disse Lee Seockkoo da Starbucks. Até agora, essa estratégia continua dando resultados. (FONTE: Café Point - Quartz (http://qz.com))

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e 28 a 31 de outubro de 2014, no Hotel Vale do Sol e o dia de campo na Fazenda Boa Esperança, em Serra Negra (SP), foi realizado pela Fundação Procafé - Fundação de Apoio a Tecnologia Cafeeira, o 40º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras. O tema deste ano de 2014 é alusivo aos 40 anos de realização do evento: “40 anos de tecnologias, pro café ter melhorias”. O principal objetivo do 40° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras foi o de incentivar ampla discussão da comunidade científica com representantes dos setores da cadeia produtiva do café para promover transferência de tecnologias, troca de conhecimentos e treinamentos, que visem o aumento da competitividade, melhoria da qualidade do produto e a sustentabilidade do setor. Com a participação de mais 600 profissionais, o CBPC é constituído de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes universitários, extensionistas, lideranças de associações e cooperativas, cafeicultores e demais segmentos interessados no desenvolvimento do agronegócio café, entre outros. O participantes puderam conferir, nos quatro dias de evento, cinco sessões de apresentações de trabalhos de pesquisa, nas quais foram apresentados 111 trabalhos de forma oral e 3 seminários de fim de tarde, nos quais atuaram, na coordenação e palestras, 10 técnicos renomados. No dia 31 de outubro, aconteceu o dia de campo, na Fazenda Boa Esperança, de propriedade do Sr Milton Dallari. A ABERTURA - Estiveram presentes, na mesa diretora, o Prefeito Municipal de Serra Negra - Luigi Marchi; o representante do Superintendente Federal da Agricultura em SP - Sr Augusto Luiz Billi, no ato também representando o Sr Secretário Executivo do MAPA - Dr José Gerardo Fonteles; o Sr Rubens J. Guimarães - representando o Reitor da Ufla; o Sr Gerson Giomo - representando o Diretor do IAC; o Sr Gabriel Bartholo, - Chefe Geral da Embrapa-Café; o Sr Mauricio Miareli - Diretor do CNC; o Sr Américo Sato Presidente da ABIC; o Sr Guilherme Braga - Diretor Geral do Cecafé; o Sr João Lopes de Araujo - Presidente da Assocafé; o Sr Florindo Dalberto - Presidente do Iapar e o Sr Jose Edgard Pinto Paiva - Presidente da Fundação Procafé. Na programação da abertura constou a apresentação do Hino Nacional, a homenagem ao Colaborador da Pesquisa em 2014, sendo escolhida a COCAPEC. Ainda, aconteceu a concessão de medalha do Mérito Cafeeiro a 5 líderes da cafeicultura (José Gerardo Fontelles, Cleide Edvirges Santos Laia, João Lopes de Araujo, Américo Sato, e Armando Matielli) e a 9 Técnicos de difusão de tecnologia (Vanusia Maria Carneiro Nogueira, Antonio Carlos Berenguer, José Luiz Monteiro, Emilton Arena da Silva, Hélio Casale, Mauricio Sanford Fontenelle e José Geraldo Rodrigues de Oliveira e, também, o Sr José Hamilton Ribeiro, representando o Programa Globo Rural); 6 Técnicos da Pesquisa (Aldir Alves Teixeira, Adelson José Paulino, Tumoru Sera, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho, Professor Juarez Souza e Silva, e Professor Fábio Moreira da Silva). A Fundação Procafé realizou o lançamento de 3 novas variedades de café – a “Siriema AS 1”, a “Asabranca” e a “Beija-Flor”. Como encer-

FOTOS: Divulgação 40º CBPC

40º CBPC foi um sucesso em Serra Negra (SP)

ramento da primeira da manhã, foi realizado o debate sobre a cafeicultura, no qual atuaram o Sr João Bráz Matiello, que mostrou “Os efeitos da seca e as expectativas da nova safra cafeeira” e o Sr Guilherme Braga, que mostrou as condições do mercado cafeeiro. Nas Sessões de apresentação de trabalhos foram apresentados 111 trabalhos de pesquisa, cada um tendo um tempo de 10 minutos. Os seminários versaram sobre Problemas e soluções para a cafeicultura de montanha, Adubação equilibrada e Irrigação suplementar do cafeeiro, atuando os técnicos Marcio Carvalho, J.B. Matiello, Juarez Silva, Roberto Santinato, Allysson Vilela Fagundes, Rodrigo Naves Paiva e André Luís Teixeira Fernandes, como palestrantes, e na coordenação estiveram Cesar Krohling, Durval Rocha Fernandes e José do Espírito Santo.


No dia de campo, na Fazenda Boa Esperança, foram apresentados aspectos da qualidade do café, da dobra de lavouras, do microterraceamento e de podas. Participaram do dia de campo cerca de 100 congressistas, sendo, no final, oferecido um almoço na fazenda, com feijoada.

FOTO: Divulgação 40º CBPC

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PUBLICAÇÃO – Foi editado um livro de Anais, distribuído aos participantes do Congresso, contendo 322 trabalhos apresentados pelos congressistas, contendo o livro 394 páginas, o qual servirá para consulta e para a literatura junto às bibliotecas. Também, os trabalhos foram publicados na forma de CD, publicação apoiada pela Embrapa-Café, que, além dos trabalhos do 40º CBPC, também contou com os trabalhos do 39º CBPC, os quais não haviam, ainda, sido editados em CD. PRESENÇAS – Estiveram presentes mais de 800 participantes, na grande maioria técnicos que lidam na pesquisa e na assistência técnica a produtores, além de cafeicultores

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líderes, professores e estudantes de agronomia. Cerca de 500 se inscreveram nas fichas próprias recebendo todo o material, sacola, anais e material de programação e os demais participaram como ouvintes, sem qualquer restrição. Na lista de presença preparada para o MAPA, parte dos Congressistas acabaram não assinando, a qual recebe e apresenta 511 assinaturas.


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As reais perspectivas brasileiras de produção de cafés arábicas para a safra 2015/2016

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Marco Antonio Jacob1

Figura 1 - Apresentação esquemática dos diferentes estádios fenológicos da cultura do café arábica (Fonte: CAMARGO & CAMARGO, 2001).

em menos as totalidades das floradas nos cafeeiros se abriram e nos perguntamos sobre perspectivas de produção de cafés arábicos para o ano safra de 2015/16. Pode parecer prematuro escrever este artigo, mas como devemos nos prevenir para os desdobramentos futuros , é importante fazermos uma analise realista das perspectivas, assim sendo, neste artigo vou me ater apenas aos fatos até o presente momento , e basear-me em informações e dados públicos de fontes fidedignas. Todos sabem que São Pedro, o regente de nossas condições climáticas, em 2014 resolveu pregar uma peça nos cafeicultores brasileiros. Já no fim da primeira quinzena de Dezembro de 2013, em algumas regiões cafeeiras do Brasil, como Sul de Minas, Mogiana e Cerrado, as chuvas começaram a escassear, fato que não ocorreu na Zona da Mata, pois nesta especifica região houve excesso de chuvas. Durante Janeiro e Fevereiro e inicio de Março de 2014, tivemos uma aguda anomalia climática em pleno Verão, e que nunca fora experimentada e conhecida pelos cafeicultores brasileiros, abrangendo a quase totalidade das regiões cafeeiras arábicas brasileiras: Norte do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, e, divisa do Espírito Santo com Minas Gerias. Esta aguda anomalia climática foi uma forte e prolongada estiagem e como não se formou nuvens, consequentemente houve uma intensa radiação solar, causando altíssimas temperaturas (próximas de 40°C ) e baixa umidade relativa no ar. Então a época, os pesquisadores Rena e Donizeti escreveram excelentes artigos explicando todos os nocivos efeitos sobre os frutos pendentes e também sobre os reflexos na futura safra , esta que estamos ansiosamente aguardando

AUTOR

1 - Produtor, consultor e corretor . Trabalha no mercado de café desde 1980: gerente geral de torrefação (1980/83), corretor de café verde (1985/1992), gerente de exportação de café verde (1993/2007). Pós-Graduado em Economia do Sistema Alimentar pelo CeFAS (Centro di Formazione e Assitenza allo Svillupo), Viterbo - Itália (1983/1984).

Figura 2 - Índice Pluviométrico em Guaxupé (MG)

florir e será a principal florada tardia, pois já estamos em Novembro. Esclarecendo um pouco sobre a Fenologia dos Cafeeiros: A fenologia das plantas é influenciada pelo seu genótipo (fatores internos) e pelo ambiente (fatores externos) e entre todos os fatores ambientais que mais afetam o cafeeiro estão a temperatura, o fotoperíodo e a precipitação pluvial (PEREIRA et al., (2008). De acordo com ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (1982) as condições climáticas influem na fenologia das plantas e na produção e qualidade dos frutos. O cafeeiro arábica leva dois anos para completar seu ciclo e o sucesso de sua produção está associada ao sincronismo entre suas fases fenológicas e o clima local. Com isto, é possível identificar as fases que exigem água facilmente disponível no solo e aquelas nas quais é conveniente ocorrer pequeno estresse hídrico, para condicionar uma florada abundante. Para identificar esses períodos foram esquematizadas seis fases fenológicas distintas, sendo duas delas no primeiro ano fenológico e quatro no segundo. A primeira fase, “vegetação e formação das gemas vegetativas”, ocorre normalmente de setembro a março,são meses de dias longos, com fotoperíodo acima de 13 a 14 horas de luz efetiva (CAMARGO, 1985b). A segunda fase, “indução e maturação das gemas florais” é caracterizada por dias curtos, indo normalmente de abril a agosto. Essas gemas florais, após completo desenvolvimento, entram em dormência e ficam prontas para a antese quando seu potencial hídrico aumentar, devido à ocorrência de chuvas ou irrigação. A terceira fase (“florada, chumbinho e expansão dos frutos”) é a primeira do segundo ano fenológico, compreende normalmente quatro meses, de setembro a dezembro. Inicia-se com a florada cerca de 8 a 15 dias após um aumen-


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to do potencial hídrico nas gemas florais maduras Figura 3 - Índice Pluviométrico de Janeiro a Outubrro de 2014 nas 14 (choque hídrico). Uma florada principal acontece estações meteorológicas da COOXUPÉ. quando se verifica um período de restrição hídrica, seguido de chuvas, irrigação ou mesmo um acentuado aumento da umidade relativa do ar (CAMARGO & FRANCO, 1985; RENA & MAESTRI, 1985). Observações feitas por CAMARGO & CAMARGO (2001) em cafeeiros adultos em diferentes condições tropicais do Brasil aptas para o café arábica, mostraram que as gemas florais completam a maturação e entram em dormência, ficando prontas para a antese plena quando o somatório de graus-dia (GD) a partir de abril atinge cerca de 1600 graus-dia e após uma chuva de pelo menos 10mm. A Figura 1 descreve a relação da agrometeorologia da cultura e sua fenologia para as condições tropicais do Brasil. Entretanto, neste ano de 2014 nos meses de Setembro e Outubro, já com um déficit hídrico nos solos, oriundos do Verão atípico ocorrido, novamente tivemos anomalias climáticas , com a volta de es- climático iniciado em meados de Dezembro de 2013 contiagens ,altas temperaturas, extrema radiação solar e baixa forme já relatado. Veja o quadro comparativo de chuvas acuumidade relativa do ar, levando o atual déficit hídrico a va- muladas em Guaxupé (MG) nos anos de 1985, 2013 (norlores extremamente altos em quase da totalidade do parque mal) e 2014 (Figura 2) cafeeiro brasileiro. As chuvas acumuladas entre Janeiro e Outubro de 2014 A cafeicultura brasileira já havia experimentado esta em Guaxupé (MG) foram de apenas 667,1 mm, portanto infeanomalia no seu passado, basta recordarmos do ano de 1985, rior aos 791 mm ocorridos no mesmo período do ano de 1985, mas atualmente a gravidade esta maior dado ao histórico e para chegar no fim do ano igual ao total do ano de 2013, será necessário chover 904 mm em Novembro e Dezembro. Na Figura 3 apresento um quadro com as precipitações acumuladas de todas as 14 estações meteorológicas da COOXUPÉ, sendo 10 estações no Sul de Minas e 4 no Cerrado. Notem que a média das precipitações em 2014 é de apenas 50% ocorrida em 2013. O CLIMA E A CAFEICULTURA - A cultura do café está exposta às intempéries do clima durante o ano todo e as perdas devido à ocorrência de eventos climáticos extremos são grandes. Os problemas enfrentados pela cafeicultura estão relacionados às geadas, ventos , granizo, veranicos, deficiências hídricas prolongadas, má distribuição do regime pluvial ao longo do ano, entre outros. Ressalta-se que os elementos climáticos que influenciam no processo de produção do café são, principalmente, a temperatura do ar (exigências térmicas) e a precipitação pluvial (exigências hídricas), e em menor escala, os ventos, a umidade relativa do ar e a insolação.

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A temperatura do ar constitui-se no eleFigura 4 - Notícia da Associated Press sobre as projeções do USDA sobre mento climático mais importante para a definição as perdas na produção de café do Brasil na seca de 1985 da aptidão climática do cafeeiro em cultivos comerciais (CAMARGO, 1986). As temperaturas médias anuais superiores a 23°C associadas à seca na época do florescimento provocam abortamento floral e formação de “estrelinhas”, o que implica na quebra de produção, principalmente nos anos em que a estação seca mostra-se mais longa ou atrasada (CAMARGO, 1985a; THOMAZIELLO et al., 2000). Em regiões com temperatura média anual acima de 25°C e de clima seco, os cafeeiros são propensos a sofrerem o abortamento das flores, o que prejudica a frutificação (MOREIRA, 2008). De acordo com Melotto (1987), a principal fonte de carboidratos para os botões florais é a fotossíntese e não as reservas contidas nas folhas e ramos, o que, segundo Rena et al. (1996) sugere elevado grau de dependência do estado nutricional da planta e da relação funcional entre Figura 5 - Demonstração do ciclo de desenvolvimento do fruto do café folha e fruto. A dependência do cafeeiro desta relação funcional deve-se a característica da espécie de não regular a carga de frutos, que em grande quantidade em relação a área foliar provoca distúrbios fisiológicos como seca de ponteiros (die back). O numero de flores viáveis depende de vários fatores, entre os quais a temperatura (Mes,1957), a disponibilidade de água (Portères,1946;Huxley & Ismael, 1986) e estado nutricional. As exigências minerais das flores e depois dos frutos devem ser satisfeitas pelo solo, pelo adubo e pela mobilização de reservas dos órgãos de residência, como ramos, folhas e raízes. Quando a deficiência hídrica coincide com o período de granação dos frutos sua produtividade é reduzida pela limitação de água (FAVARIN et al., sas Cafeeiras, o pesquisador da Fundação Procafé, Engº Agrº 2001). Alysson Fagundes deu uma entrevista em que declarou O mais importante é não ocorrer deficiências hídricas que para a próxima safra de cafés arábicas as perdas serão em fases críticas da fenologia (PEREIRA et al., 2008). Res- superiores a 30% do potencial produtivo (http://www.nosalta-se que as fases nas quais o cafeeiro está mais vulnerável ticiasagricolas.com.br/videos/entrevistas/147808-congresao estresse hídrico são a florada e a granação dos frutos. so-de-cafe-no-interior-de-sp-discute-situacao-da-proximaSegundo CAMARGO (1986) na avaliação das condições safra-e-divulga-novas-pesquisas-para.html) ideais de precipitação para o cafeeiro é fundamental considerar a precipitação média anual, a distribuição da preciCreio que o pesquisador foi extremamente cauteloso pitação durante o ano (número de meses secos), o balanço em sua declaração, pois tudo leva a crer que poderemos ter hídrico, a época e intensidade das deficiências e excedentes uma das menores safras de cafés arábicos brasileiros, conforme hídricos do solo. exposto, o índice pluviométrico acumulado em 2014 em CAMARGO (1977) estabeleceu os seguintes limites Guaxupé (MG), já é inferior ao ano de 1985 , gostaria de ter para o cultivo do café arábico com base no déficit hídrico os dados das outras localidade em 1985, porém não os tenho. anual: apto (inferior a 150mm); marginal (entre 150 e 200 Para sabermos qual foi os efeitos da seca do ano de 1985, mm) e inapto (superior a 200mm). apresento na Figura 4 uma notícia de 19 de Junho de 1986, Em 31 de outubro, após a 40° Congresso de Pesqui- onde o Departamento de Agricultura Americano – USDA , apontou que as perdas de produção de Figura 6 - Ramo plagiotrópico que em 2014 teve seu crescimento médio reduzido café no Brasil no ano de 1986 seriam de em mais de 20%, com menos internódios e consequentemente terá menor produção. 50% ( metade - half ), reflexo da seca no ano de 1985. Dados a todo o exposto, apresento abaixo outros agravantes para a cafeicultura: I) - A safra de 2015/16 de cafés arábicos já seria de um ciclo menor. II) - Dado aos baixos preços dos


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Figura 7 - Estimativa da NKG com Colheitas Anuais de Café no Mundo das cafés arábicas nos anos de 2012 e 2013 , safras 2012 a 2015 houve desinvestimentos no parque cafeeiro brasileiro. III) - Até a presente data, nestes 10 meses de 2014, os tratamentos nutricionais e fitossanitários foram aquém do ideal, pois as condições climatológicas não permitiram, mesmo sendo feito os tratos culturais ideais, os cafeeiros não absorveram plenamente estes tratos. IV) - Menores crescimentos vegetativos dos cafeeiros com menores quantidades de internódios. V) - Devido a proibição do Endolsulfan, muitas lavouras com pouca produção para o ano 2015 , não receberam tratamentos contra a broca, pois os produtos que serão lançados no mercado terão preços proibitivos. VI) - A quantidade de reformas nas lavouras através de podas (esqueletamentos , decotes , recepas e arranquio de cafeeiros ) será muito maior que o usual. VII) - A colheita vai se atrasar dada a principal floração ser em Novembro, e se não se atrasar, o crescimento e granação dos frutos serão pois será necessário um programa emergencial governamental para ajudar os milhares de cafeicultores que empregam prejudicados. VIII) - Grandes períodos de elevados déficits hídri- milhões de trabalhadores a equalizarem seus prejuízos, e que cos no solo, e, em muitas regiões ultrapassando os limites por duas safras consecutivas terão o infortúnio de perda de produção devido a anomalias climáticas, ressaltando que o toleráveis, isto é, acima de 200 mm. IX) - Morte de radicelas, por desidratação e por ação setor produtivo brasileiro de cafés arábicas já teve perdas expressivas durante os anos de 2012 e 2013 dado aos preços mecânica em função de rachadura dos solos. X) - Períodos longos de altas temperaturas com blo- abaixo dos custos de produção praticados nestes anos. queio de fotossíntese e assimilados. XI) - Escaldadura de botões florais e flores. XII) - Escaldadura de folhas, causando uma desfolha excessiva, aumentando o abortamento de frutos no futuro. Apresento na Figura 5 e Figura 6 informações que elucidam para aqueles que não têm a vivência com cafeeiros CONCLUSÃO - Para fazer uma projeção de qual seria o potencial de produção de cafés arábicas nos anos de ciclo menor fui buscar informações externas, abaixo os dados da respeitada NKG Statistical Unit, publicados recentemente. Conforme a Figura 7, NKG Statistical Unit indica que no último ano de safra arábicas de ciclo menor brasileira, 2013/14, colheu-se 38 milhões de sacas, otimizando a projeção para a safra 2015/2016 desde que não ocorressem as anomalias climáticas, teríamos no maximo um potencial produtivo de 38 milhões de sacas , vejam que não estou considerando os desinvestimentos no parque cafeeiro brasileiro citado anteriormente. Se as consequências na produção de café no ano de 1986 se repetirem no ano de 2015, então poderemos ter uma perda de metade do potencial, restando uma produção de apenas 19 milhões de sacas de arábicas. Sei que é surreal esta perspectiva de quebra de produção de 50% , mas numa visão cartesiana é plausível. Dados a todo o exposto, é imperativo que as lideranças da cafeicultura brasileira (CNC, CNA, Federações Estaduais e Cooperativas ) se pronunciem e se organizem com urgência,

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a reunião ordinária do CNC - Conselho Nacional do Café, realizada no início de novembro, o analista do Escritório Carvalhaes, Nelson Carvalhaes, abordou diversos cenários relacionados à cafeicultura e apontou caminhos a serem percorridos frente aos desafios que emergem. Falando a respeito do clima, ele mencionou que o setor presenciou, neste ano, a pior seca de sua história – foram 10 meses (janeiro a outubro) de uma estiagem jamais vista. Carvalhaes alerta, porém, que esse é um fenômeno observado em várias regiões do planeta e exemplifica mencionando que, há dois anos, a Coca-Cola fechou temporariamente uma fábrica na Índia por problemas com água; o governo dos EUA, por ordem do presidente Barack Obama, após os fenômenos ocorridos, como a seca na Califórnia, intensificou seus investimentos em análises sobre o clima; e, na última semana, foi realizado um seminário sobre climatologia, em Olinda (PE), onde se destacaram os comentários sobre a imprevisibilidade climática, com uma técnica da Universidade de São Paulo (USP) afirmando que não é possível ter certeza se ocorrerá nova seca ou não no próximo ano. Dessa forma, entende que a cafeicultura terá que conviver ano a ano com essa situação, a qual chama de “nova geada”. O analista recorda que, no passado, quando a cafeicultura era concentrada em regiões ao Sul do Brasil, o risco era o frio extremo. Depois, com a migração do café para outras regiões, este problema foi amenizado. Hoje, porém, o maior fator de risco é a seca. Para ele, o impacto desta estiagem no mercado de café foi inédito, mesmo quando comparado à geada de 75, à seca de 84, à extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC), ao fim da Guerra Fria e ao término das cláusulas econômicas da Organização Internacional do Café (OIC), fato que fez os preços, este ano, que tinham expectativa de baixa, rapidamente alterarem o rumo e recuperarem níveis de US$ 2 por libra peso no mercado internacional. Encerrando o tema, Carvalhaes acredita que o setor brasileiro de café precisa de uma estrutura de climatologia “forte”. Para isso, argumenta que é necessário trabalhar seriamente com as agências existentes objetivando obter melhor precisão sobre o futuro do clima. “É necessário uma estrutura organizada para que se obtenham resultados mais produtivos”, salienta. ESTATÍSTICA — O analista também chamou a atenção para os movimentos especulativos no mercado cafeeiro, que têm causado grande volatilidade nos preços, dificultando o trabalho dos produtores, que compõem o elo mais frágil nas relações comerciais por ser mais pulverizado. Segundo ele, são mais de 50 países produtores no mundo, sendo que o Brasil é o mais rico, organizado e eficiente, respondendo por 36% a 40% da oferta mundial. Assim, acredita que, se

FOTOS: Allan Menezes Lima - Bolsa Agronegócios

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Carvalhaes aponta cenários da cafeicultura e indica caminhos para acabar com especulações

Reflexo da forte seca que assolou os cafezais na Alta Mogiana. Acima, foto de talhão totalmente ressecado do cafeicultor Jeneville Micalle, em Ribeirão Corrente (SP). Abaixo, foto na mesma propriedade, mas em talhão irrigado por gotejamento subterrâneo.

o Brasil não cuidar das informações que possui para passar ao mercado, os problemas de volatilidade nos preços serão contínuos. Carvalhaes observa que, nesses últimos meses, temse visto uma multiplicidade de estimativas de safra sendo feitas nos momentos mais impróprios, com forte reflexo no mercado. Por exemplo, na semana passada, saiu uma previsão de um determinado banco que opera no mercado de agronegócio, com o qual teve a oportunidade de questionar a metodologia adotada para chegar a tal número. A resposta, de acordo com ele, foi que “as informações são repassadas pelos 200 clientes ligados a café e também por alguns agrônomos que trabalham para a instituição financeira. Além disso, o banco estima o estoque mundial a partir do consumo mundial, chegando a um número que equivale a 47%-50% da produção global, ou seja, entre 70 milhões e 75 milhões de sacas”. Ao tomar ciência, de pronto discordou. Ele anota que, atualmente, existe uma maneira errada de avaliar o mercado. O Brasil precisa trabalhar muito seriamente na


parte de estatísticas, mas, para tanto, é necessário direcionar os recursos disponíveis para investimento na estrutura existente no País (Conab, Embrapa, etc.), com o objetivo de disponibilizar uma metodologia muito clara. “Caso contrário, não teremos argumentos para nos defender da multiplicidade de informações gerada pelos agentes de mercado”, pontua. O CNC recorda que o Brasil já possui instrumentos necessários (profissionais, órgãos competentes, conhecimento, etc.) para aflorar essa clareza dos números, portanto entende que é chegado o momento de realizar um estudo sério para harmonizar as ferramentas disponíveis e trabalhar de forma inteligente para informar ao mundo qual é o nosso parque cafeeiro, qual a nossa produção e quanto temos de estoque. Carvalhaes completa destacando como fundamental a realização de um trabalho conjunto com os demais segmentos da cadeia café (exportação e indústrias) que vise à divulgação conjunta de documentos estatísticos ao mercado, para que todos passem a ter respeito pela posição brasileira. Como representante da produção no setor privado, junto com a Comissão Nacional do Café da CNA, o CNC concorda com o analista quando menciona que o Brasil precisa divulgar e usufruir do fato de ser uma potência do café. Somos o maior produtor, o maior exportador, o segundo maior consumidor mundial e possuímos tudo da cadeia – pesquisa genética, desenvolvimento de máquinas e equipamentos, tecnologias, a possibilidade do georreferenciamento do parque, etc. –, mas não usufruímos da maneira correta

FOTO: CAPEBE

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junto ao mundo. Se o País não possuir uma estatística eficiente e confiável, capaz de rebater estimativas de fundos, bancos, empresas e demais instituições, não terá respeito. Assim, entendemos que a construção de números confiáveis é um trabalho fundamental para o setor, independente se os números serão favoráveis ou não aos preços. Somente assim acabaremos com as estimativas sem método. PERSPECTIVAS DE MERCADO — O analista do Escritório Carvalhaes, ao fazer suas considerações sobre o mercado cafeeiro, apontou que, atualmente, o consumo


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mundial é da ordem de 150 milhões de sacas, com taxa de crescimento de 2% ao ano. De acordo com ele, existe esse mercado pujante e a oportunidade é muito grande para o Brasil, de forma que não podemos deixá-la escapar. Nesse sentido, Carvalhaes entende como crucial a organização do setor privado para promover a produção sustentável de café no Brasil, “único país com leis sociais e ambientais corretas”. Ele alerta que a cafeicultura nacional não precisa que as certificadoras lhe digam o que fazer, haja vista que o nosso café já é legalmente certificado. O que se faz necessário é divulgarmos isso ao mercado consumidor e não ficar sujeito à certificação X ou Y. “O Brasil precisa ter identidade e capacidade própria para isso”. A esse respeito, o CNC recorda que deu o passo inicial, na 113ª Sessão do Conselho Internacional da OIC, realizada de 22 a 26 de setembro, em Londres (ING), oportunidade em que apresentou, a todas as delegações cafeeiras presentes no encontro, o vídeo institucional “Cafés do Brasil: um negócio sustentável do pequeno ao grande produtor”, aflorando as características da cafeicultura nacional e destacando os comprometimentos econômico, ambiental e social de nossa atividade em busca da sustentabilidade do setor. Outro ponto tratado no vídeo apresentado pelo CNC ao mundo e também mencionado por Carvalhaes é a promoção da base da cadeia produtiva no Brasil. Mostramos que possuímos uma estrutura pujante, envolvendo cooperativas, exportadores e indústria, que consegue dar liquidez ao mercado. Entre exportações e consumo interno, correspondemos a uma Guatemala por mês ou a uma Colômbia a cada dois meses. Carvalhaes destaca essa estrutura secular, que se aperfeiçoa com o passar do tempo, e orienta que a divulguemos,

frisando todo o trabalho desenvolvido para comércio, exportação, pesquisa cafeeira, etc., pois essa base que o Brasil tem fortalece preços, dá credibilidade e cria parcerias de mercado. PESQUISA — Citando a capacidade brasileira ao sair de um histórico de produtividade média de 7 sacas por hectare para as atuais cerca de 25 scs/ha, em um intervalo de 20 anos; fazer as exportações cresceram de 17 milhões de sacas, no final dos anos 80, para mais de 30 milhões, atualmente; e o consumo interno sair de 7 milhões para 20 milhões de sacas, ainda com potencial para crescer, Carvalhaes salienta que a continuidade da pesquisa é de suma importância para a cafeicultura nacional. Para ele, o setor possui a obrigação de garantir a realização de investimento maciço em ciência e tecnologia, pois, caso contrário, o Brasil não será capaz de competir com o exterior, onde a inexistência de legislação exclui os custos sociais e ambientais. Por fim, embasado na estratégia do “ganha-ganha”, o analista entende como crucial juntar as forças de todos os segmentos da cadeia produtiva e utilizar os recursos disponíveis de uma maneira inteligente, não somente para financiamentos ao produtor e à indústria, mas para se desenvolver e caminharem juntos. Carvalhaes reitera que a diplomacia e a política devem ser aplicadas junto aos elos do agronegócio café para que se consiga a emissão de documentos conjuntos durante o ano sobre produção, consumo e exportação e para fazer com que toda a pesquisa envolvida seja agregada, de maneira que a cafeicultura brasileira seja um único corpo. (FONTE: CNC)

Pequenos produtores temem falta de renda em 2015

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s cafeicultores das principais cidades produtoras sofrem com quebra na safra a cada ano. Em 2015, estima-se que a queda de produção seja em torno de 50% e com isso reflexos na renda do próximo ano serão inevitáveis. Executivos do setor já se movimentam para que medidas do governo sejam tomadas. Os cafeicultores das principais cidades produtoras sofrem com os preços baixos na safra atual. Alguns preferem segurar a produção para aproveitar picos de alta e guardar o café para o próximo ano. Segundo o presidente da Sincal, Armando Matielli, o prejuízo para a safra de 2015/16 deve ser de 50% e os pequenos produtores já temem falta de renda para o próximo ano. A principal florada chegou neste final de semana no cinturão produtivo, mas mesmo assim a realidade não mudou. A seca perdura desde o início do ano no cinturão produtivo e algumas flores apresentam deformações devido ao déficit hídrico e as altas temperaturas. “A floração está desigual e pequena, muitas lavouras não floriram e lavouras novas optaram pela vegetação e não pela florada”, afirma Matiell. A florada do café chegou tar-

de, segundo fisiologistas o mês de novembro seria o período inicial de formação do chumbinho. “É uma das piores floradas que já vi”, ressalta. Na região da Sincal, que fica em Espírito Santo do Pinhal (SP), a chuva está irregular, mas já começa a dar indícios de que deve ser mais consistente nos próximos dias e isso pode ser prejudicial, diz Matielli. Em chuvas de granizo ou com muito vento as flores podem cair dos cafezais reforçando ainda mais o medo dos cafeicultores de que o desenvolvimento da florada seja ruim. “O ‘pegamento’ dessa florada será ridículo, as flores estão caindo. A safra para o ano de 2015 será muito pequena”, diz. Os cafeicultores sabem que a safra do próximo ano será ruim e já se movimentam para que medidas do governo sejam tomadas. Segundo Matielli, há o risco de falta de renda para os produtores. Altualmente, cerca de 85% da produção de café em Minas Gerais é realizada por agricultores familiares. “O produtor não vai aguentar três safras seguidas com quebra”, diz. (FONTE: Notícias Agrícolas)


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UFLA desenvolve produto para economia de água e sustentabilidade da cafeicultura

Polímero hidroretentor mantém a umidade do solo, potencializa o crescimento e otimiza sistemas de irrigação

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tecnologia, denominada “polímero hidroretentor”, vem sendo pesquisada na Universidade Federal de Lavras - UFLA, é de fácil aplicabilidade e vem sendo confirmada sua eficácia em plantios de café tanto em lavouras de sequeiro como irrigadas. Trata-se de um gel, que adicionado às covas de plantio, na medida certa, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem e também como condicionador de solo. Já validados para a cultura do eucalipto, os resultados das pesquisas com o uso de polímeros na cafeicultura são muito promissores. Essa é a avaliação do professor Rubens José Guimarães, responsável pela pesquisa na UFLA, instituição integrante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. “Em consequência da má distribuição de chuvas que tem ocorrido na maioria das regiões cafeeiras, a tecnologia tem se mostrado opção eficiente, pois mantém a umidade do solo, evitando altos índices de replantio que elevam, consideravelmente, o custo de implantação de novas lavouras”, considera. A linha de pesquisa é alicerçada na economia de água e na sustentabilidade, desafios que têm norteado os estudos na Universidade, especialmente em épocas de seca, como ocorreu este ano, sendo objetivo da pesquisa justamente amparar o cafeicultor com tecnologias que contribuam para o uso racional da água na agricultura. Desde que foram iniciados os estudos, em 2009, já foram publicadas quatro dissertações de mestrado e uma tese de doutorado confirmando a eficácia da tecnologia.

FOTO: Divulgação UFLA

POTENCIAL PARA LAVOURAS DE SEQUEIRO -

Pesquisas anteriores já haviam concluído que a utilização do polímero hidratado na implantação de lavouras cafeeiras interfere positivamente no crescimento das plantas em campo, sendo a melhor dose de aplicação o volume de 1,5 litros por cova da solução composta por 1,5 quilos do polímero diluídos em 400 litros de água. Com essa dose, o cafeicultor gastaria em torno de 28 quilos de polímero para o plantio de um hectare com cerca de cinco mil plantas. Tecnologia também se mostrou economicamente viável, já que o produto no mercado gira em torno de R$15,00 o quilo. Além de o polímero reduzir a necessidade de replantio, garante maior crescimento das plantas. Esse investimento deve ser avaliado levando-se em consideração que a implantação de novas lavouras está vinculada às condições climáticas, sendo fator determinante para o sucesso do plantio. VANTAGENS PARA LAVOURAS IRRIGADAS - A tecnologia que já era atraente para as lavouras de sequei-

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FOTOS: Divulgação UFLA

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em lavouras da Bahia, para avaliação da tecnologia em solos arenosos. “O polímero permite a reposição de água no solo ou turnos de rega, de forma mais espaçada, sem que as plantas apresentem sintomas de estresse hídrico”, considerou. Quanto à facilidade que as plantas têm de extrair do polímero a água necessária para sua sobrevivência, Antônio Jackson conta que em suas avaliações foram visualizadas raízes aderidas aos grânulos do polímero hidratado, promovendo maior superfície de contato entre as raízes, água e nutrientes. Ele comenta ainda que foram observados resíduos do produto mesmo depois de um ano do plantio. PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO - Embora promissora, nem todos os estudos com o uso do polímero na implantação da lavoura de café tiveram resultados significativos. A pesquisa segue em rede, envolvendo abordagens em diferentes áreas do conhecimento, para oferecer ao cafeicultor a melhor metodologia de aplicação e as doses ideais para diferentes tipos de solo e condições das lavouras. Um dos desafios futuros é identificar um protocolo de uso que seja capaz de ampliar o período de plantio, facilitando a tomada de decisão do cafeicultor. Também estão sendo quantificados os efeitos do seu uso na redução de perdas no campo, condicionamento do solo e estrutura da planta. (FONTE: Embrapa Café)

queiro agora começa a chamar a atenção dos cafeicultores de lavouras irrigadas. A tese defendida pelo pesquisador Antônio Jackson de Jesus Souza, atualmente em pós-doutoramento com bolsa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT – Café), confirmou a eficácia do polímero em solos de diferentes texturas, promovendo maior crescimento de cafeeiros e potencializando o uso da irrigação em cafeeiros irrigados. Os resultados dessa pesquisa confirmaram que o uso de polímeros otimiza a disponibilidade de água à planta, reduzindo as perdas de água em percolação e lixiviação de nutrientes e ainda na melhoria da aeração e drenagem do solo. No caso de lavouras irrigadas, o polímero pode reduzir o consumo de água, sugerindo uma nova metodologia de aplicação, ainda em estudo. Novas pesquisas deverão ser iniciadas

Consumo de café nos Emirados Árabes Unidos aumenta 4% ao ano

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consumo de café nos Emirados Árabes Unidos está crescendo a uma taxa de 4%, de acordo com o Festival Internacional de Café e Chá (ICTF). Mais de 4.000 cafeterias e casas de chá atualmente operam na região, com o investimento internacional crescendo nesse mercado. O ICTF reportou que a indústria poderia alcançar o valor de US$ 98 milhões em dois anos. “O café e o chá vêm cada vez mais se tornando um aspecto integral da cultura dos Emirados Árabes Unidos e se tornaram as bebidas mais consumidas e amplamente apreciadas no país”, disse Ryan Godinho da National Liaison for World Coffee Events dos Emirados Árabes Unidos. Ocorrendo pela sexta vez em novembro, o ICTF fornecerá aos Emirados Árabes Unidos a oportunidade de mostrar sua indústria de café em expansão. “Os desen-

volvimentos nos Emirados Árabes Unidos abriram o mercado para novas variedades de produtos, direcionadas pela qualidade. Isso inclui os últimos equipamentos de preparo do café e métodos únicos de preparo. Nos últimos cinco anos, o evento contribuiu de forma bem sucedida para o desenvolvimento da indústria regional e serviu como uma plataforma ideal para promoção de excelência em bebidas especiais”. A Associação de Cafés Especiais da América (SCAA) apoiou o evento comercial, que foi realizado em Dubai de 12 a 14 de novembro de 2014, na Meydan IMAX Gallery. De acordo com os organizadores, o objetivo do ICTF foi o de avançar na cultura do café no Mundo Árabe, criar conscientização sobre melhores práticas da indústria e mostrar tecnologias de ponta que estão governando a indústria hoje. A edição de 2013 do ICTF contou com 6.500 visitantes de mais de 20 países em todo o mundo.


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Pesquisadores ensinam fazer microterraços em cafezais de montanha cafeicultura de montanha no Brasil abrange uma área de cerca de 700 mil ha de cafezais, com produção anual de 13-15 milhões de sacas. Pela topografia inclinada das áreas, ela apresenta limitações à mecanização convencional, o que eleva os custos de produção do café nessa região, pela necessidade de uso de mão de obra, escassa e cara, nos tratos e na colheita das lavouras. O micro-terraceamento, nas ruas dos cafezais, tem surgido como uma boa alternativa para facilitar os tratos nas montanhas, formando um caminho mais plano nas ruas, como se fosse uma estrada estreita entre 2 linhas de cafeeiros, por ali podendo transitar tratores estreitos com equipamentos para os tratos. A prática de micro-terracear, apesar de ser introduzida só recentemente, tem despertado grande interesse nos cafeicultores, pela facilidade que oferece. Por isso, sua adoção vem crescendo e, paralelamente, vem sendo aperfeiçoada, no sentido de torná-la mais econômica. Atualmente já se tem disponíveis 5 sistemas ou modos de construir os micro-terraços em cafezais. 1- O método inicial utiliza tratores traçados, operando de marcha-ré, com lâmina traseira. Apresenta a desvanta-

AUTORES

1 - Engº Agrônomo da Fundação Procafé - www.fundacaoprocafe.com.br 2 - Engº Agrônomo da Fazenda Reunidas 3 - Engº Agrônomo do SENAR-FAERJ 4 - Engº Agrônomo Consultor

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FOTOS: Fundação Procafé

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J.B. Matiello1, M.L. Carvalho2, Hugo Siqueira3 e C.A. Krohling4

Abertura de microterraços com trator trabalhando a marcha=ré, com lâmina traseira.

gem de custo elevado e de risco operacional, estimando-se um rendimento de 30-40 h de serviço por ha, ou o equivalente a cerca de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00 por ha. 2 - Experiências também com máquina tipo BobCat de esteira, com concha escavadeira e lamina dianteira , para acerto do terraço. Neste caso pode ser abertos cerca de 1,5 m por minuto, ou o equivalente a cerca de 35-40 hs por ha, ao custo de cerca de 3500-5000,00 por ha. 3 - Trabalho com pequenos tratores de esteira, com lâmina dianteira, especialmente tratores estreitos importados, estes fazendo um ha em 15-20 hs, ou cerca de

Máquinas do tipo “Bob-Cat” de esteira abrindo com conchas e lâminas pequenas


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FOTOS: Fundação Procafé

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Trator de esteira abrindo com lâmina dianteira (foto esquerda) e área terraceada em lavoura de café esqueletada (foto direita)

R$ 2.000 -R$ 2.700,00 por ha. 4 - Viabilidade de uso de tração animal na abertura dos microterraços, sistema mais econômico e acessível a pequenos produtores, trabalhando com arado no revolvimento da terra e pequena lâmina, adaptada, para retirar a terra e plainar o terraço. O rendimento observado é de 4 dias de trabalho por ha, com custo aproximado de R$ 600,00 por ha. 5 - Abertura manual de micro-terraços, com trabalhadores munidos de enxadão e enxadas. Em experiência realizada em 8 ha, foram gastos 25 hd ou cerca de R$ 1.300,00 por ha. Na evolução do micro-terraceamento destacamos - o

emprego de tratores de esteira, mais estreitos, na abertura, o que dá bom rendimento ao trabalho, existindo, já, empresas prestadoras deste serviço, a viabilidade do terraceamento com tração animal, em pequenas propriedades, ainda, o uso de trator andando nos terraços, operando colhedeiras de galhos esqueletados e o desenvolvimento de equipamentos colhedores para tratores pequenos. Pode-se usar, também, o terraceamento em linhas duplas ou a cada 3-4 ruas. Para um bom trabalho, possibilitando a abertura de terraços com 1,30-150 m de largura, indica-se usar espaçamentos nas ruas das lavouras na base de 2,5-3,0 m, com o serviço sendo facilitado após podas.

Cafeicultor abrindo microterraços com tração animal (foto esquerda) e terraço aberto manualmente com enxadão (foto direita).


EQUINOS

1ª Festa do Cavalo de Franca (SP) conquista participantes e espectadores

Um diferencial da Festa do Cavalo de Franca: a participação da “família”. Na foto, o prefeito Alexandre Ferreira auxilia Plinio Paçoca, o organizador do Rodeio em Carneiros, a entregar brindes e prêmios às crianças.

Crianças se divertindo no Rodeio em Carneiros.

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FOTOS: Leandro Nascimento

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lanejada pelo prefeito Alexandre Ferreira desde o início de seu mandato, em 2013, a 1ª Festa do Cavalo de Franca foi realizada de 06 a 09 de novembro, nas dependências do Parque de Exposições “Fernando Costa”, em Franca (SP). O evento conquistou participantes e espectadores, pela organização, pela estrutura de primeira linha e também pela diversão e agilidade das provas disputadas. A realização do evento foi da Prefeitura de Franca, em parceria com a Associação dos Produtores Rurais do Paiolzinho, SENAR-SP e a Câmara Municipal de Franca. Segundo os organizadores, o evento fez tanto sucesso que já faz parte do calendário oficial do Município para os próximos anos, com proposta de ampliação de provas equestres e de atividades de interesse da população em geral. O único “senão” observado no evento foi a presença da chuva nos dois primeiros dias, o que acabou tirando parte do brilho esperado para as provas e afugentando um pouco o público espectador. Contudo, no sábado e no domingo, foram contabilizadas a presença de mais de 8 mil pes-

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“Pedro da Santa”, personagem conhecidíssimo no mundo dos rodeios apresenta a Santa Padroeira aos competidores de Team Penning.

Arquibancada montada pela Comissão Organizadora para abrigar o público para as provas de Team Penning e Rodeio em Carneiros.

Imagem da prova final do Team Penning, no domingo, com a participação de 23 competidores e um público espectador que superou todas as expectativas


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soas diariamente. O prefeito Alexandre Ferreira esteve presente em todos os dias do evento, participante ativamente das atividades com crianças no Rodeio em Carneiros, bem como espectador entusiasmado nas provas de Team Penning e Grande Prêmio de Corridas Hípicas. Com a proposta de promover o “Complexo do Agronegócio Cavalo” - setor fortemente baseado em Franca e toda vários outros municípios circunvizinhos - foram realizadas ainda provas de Três Tambores e uma Prova Promocional de Salto e a participação comercial de empresas do setor, com destaque para a Nutrinorte, Vimar Boots, Salomão A Casa do Chapéu, Acanã, Selaria TRAA Horse, Stylo Agropecuária, Multividas, Labareda State Coffee, Motoasa, PL Comércio e Armazém Geral de Café, Rhomers, Subway, Harus Alimentos, Auto-Peças Tunicar, Casa de Carnes De Andréa, Itaipava e Supermercados Tiãozinho. TEAM PENNING - As provas de Team Penning aconteceram de quinta a domingo na pista nº 1 (principal), sendo organizadas pelo Rancho FT, dos empresários Fábio Pimenta e Paulo Toledo, seguindo o regulamento da ABQM - Associação Brasileira de Quarto de Milha. Ao todo foram 613 inscrições com a participação de 20 competidores dos municípios de Franca (SP), Santa Bárbara D´Oeste (SP), Cristais Paulista (SP), São José da Bela Vista (SP), Ribeirão Preto (SP), Patrocínio Paulista (SP), Nuporanga (SP), Brodówski (SP), Monte Azul Paulista (SP), Barretos (SP), Batatais (SP), Limeira (SP), Pontal (SP), Sertãozinho (SP), Itirapuã (SP), Comendador Gomes (MG), Frutal (MG), Patos de Minas (MG), Iturama (MG) e Uberaba (MG). A premiação total foi superior a R$ 47 mil reais, além das fivelas e troféus dos campeões, equiparando-se à premiação das principais provas da modalidade disputadas

FOTOS: Leandro Nascimento

EQUINOS

Bibi Garcia, José Luis e Paola Gomes, o trio campeão na Categoria Aberta

Preto Veronez, Paulo Toledo e João Paulo, trio 5º lugar na Categoria Aberta

Fefo (mesário), José Mário (juiz oficial ABQM), Mateus Chocolate (locutor) e Adriano (responsável pelo manejo do gado).

As crianças competidoras: Caio Martins e Leandro Martins Jr, de Ribeirão Preto (SP), e o adulto Guilherme Lopes, de Patrocínio Paulista (SP)

Competidores do Rancho F. Rocha, de Itirapuã (SP), comprovando o trabalho diferenciado do Team Penning: a presença constante da “família”.


atualmente. “Conhecemos porque participamos das principais provas de Team Penning no país e afirmamos categoricamente que a prova de Team Penning na 1ª Festa do Cavalo de Franca ficou entre as 10 maiores provas do país, com a maior premiação paga na categoria em Franca (SP)”, afirmou Paulo Alves de Toledo, organizador. O trio vencedor na Categoria Aberta foi Bibi Garcia/ Paola Gomes/José Luis Alves, com tempo de 16”867 e premiação de R$ 10.200,00. Já na Categoria Amador o trio vencedor foi Tarcisio Lopes/Guilherme Lopes/Mateus Melo, com tempo de 18”712 e premiação de R$ 4.550,00. TRÊS TAMBORES - As provas de Três Tambores aconteceram no sábado, dia 08 de novembro, na pista nº 2, e foram organizadas pela MN Provas Cronometradas, dos empresários Miguel Camargo e Nei Batista, empresa sediada em Colina (SP) e muito respeitada no setor, principalmente por organizar provas em todo o Brasil, principalmente em Avaré (SP). As provas seguiram o regulamento da ABQM - Associação Brasileira de Quarto de Milha e a premiação total foi superior a R$ 10 mil reais, além das fivelas e troféus dos campeões. O evento contou ainda com o apoio da IL Produções, de Ivam Lopes de Paula. Wagner Simionato, competidor de Bauru (SP), venceu nas categorias “Exibição” (com Raindy Failas), com o tempo de 17”757; na “Aberta Júnior” (com Evelym Crusher), com o tempo de 17”685; e no “Tira-Teima” marcou o 2º e o 3º tempo (respectivamente com Eliot Ness Cody Win e Evelym Crusher). João Ferraz Leão, competidor de Sorocaba (SP), venceu na categoria “Tira-Teima” (com HolyDockie Moon MR38), com o tempo de 17”215. Ailson Ferraz Leão, competidor de Sorocaba (SP), venceu na categoria “Cavalo Iniciante” (com Dolce Gabana HR), com o tempo de 18”619. Pedro Gasparotto, competidor de Taquaritinga (SP), venceu na categoria “Jovem A” (com Rambo Dude Dashi), com o tempo de 19”104. Na categoria “Amador”, Fábio Vieira da Silva, de São Pedro (SP), venceu com Cody Red com o tempo de 18”045. Na categoria “Feminino”, Mariana Carril Elui, de Altinópolis (SP), venceu com Okie Leo Moon, com o tempo de 18”572. Na categoria “Jovem B”, Wagner Toledo Simionato venceu com Dun It Hobby Win, com o tempo de 18”067. Na categoria “Jovem C”, Ricardo Carlos Primeiro da Silva venceu com Little, com o tempo de 19”313. Na categoria “Aberta Light”, Jhonathan Bernardo Costa venceu com Evita Zorrero, com o tempo de 18”275. Na categoria “Aberta Sênior”, Décio Gaspar Talon venceu com St Creek Fly com o tempo de 17”887.

Competidores de Três Tambores no padock, aguardando a vez de entrar.

FOTOS: Leandro Nascimento

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Vagner Simionato, competidor de Bauru, vencedor da Categoria Iniciante, com o tempo de 17”757.

Carlos Arantes (chão), Secretário Municipal de Desenvolvimento, premia os vencedores da Categoria Iniciante: Ailson Ferraz Leão, João Ferraz Leão e Vagner Simionato.

Ailson Ferraz Leão, competidor de Sorocaba (SP), vencedor da Categoria Iniciante, com o tempo de 18”619.


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CORRIDAS HÍPICAS - Uma das grandes atrações da 1ª Festa do Cavalo de Franca foi o Grande Prêmio de Corridas Hípicas, evento organizado pela Liga de Corridas Hípicas, que reúne a diretoria dos 7 clubes participantes do campeonato regional, a saber: Clube Hípico Areia, Clube Hípico de Claraval, Clube Hípico de Cristais Paulista, Clube Hípico de Franca, Clube Hípico Nove de Julho, Clube Hípico Ribeirão Corrente e Clube Hípico Seis de Abril. O Grande Prêmio reuniu uma disputa festiva, entre Paulistas x Mineiros, com todas as modalidades já reunidas na modalidade (chapéu, lenço, bandeira e agilidade). Venceu os Paulistas, com mais de 30 pontos de diferença. PROVA PROMOCIONAL DE HIPISMO - Organizado pela Equestrian Center, a prova promocional de Hipismo foi realizada na pista da Equestrian Center devido às chuvas. Na Categoria Escola, Giovana Rodrigues Cintra (com “Nego”) venceu na categoria 0,40m. Letícia Crystal Frutuoso Costa (com “Nórton JE”) venceu na categoria 0,60m. Caroline Fernanda Moraes Pereira (com “SL Matreiro”) venceu na categoria 0,80m. André Luiz Almeida Campos (com “Poente HV”) venceu na categoria 0,90m. Leonardo Alves Mendes (com “SL Sépio”) venceu na categoria 1,00m. Na Categoria Aberta, Marcelo Carvalho Andrade (com “Fênix”) venceu na categoria 1,00m. Leonardo Augusto Alves (com “Cacique Selaria Alves”) venceu na categoria 1,10m e também na 1,20m. CURSOS - Dando continuidade ao seu perfil de ampliar a realização de cursos em diversos setores da economia da cidade, o prefeito Alexandre Ferreira planejou também a realização de cursos de qualificação do setor durante o evento. Assim, serão realizados três cursos específicos. O primeiro, foi organizado pela ABH - Associação Brasileira de Hipismo e pela Equestrian Center, será realizado Vailton Jaci Cordeiro, o “Baíca”, para os interessados em ser “Desenhador de Percurso de Salto”. O segundo, para os competidores das provas de Três Tambores, onde o treinador Paulo Camilo, através do apoio da ABQM - Associação Brasileira de Quarto de Milha, realizou um curso específico para os competidores da modalidade, com orientações de profissionais capacitados para garantir o sucesso na atividade. Já para os muladeiros, Thiago Leal realizou um curso para os interessados em participar de julgamentos em competições oficiais com muares, inclusive com uma Prova de Marcha de Muares no domingo.

FOTOS: Leandro Nascimento

EQUINOS

Competidor do time dos “Mineiros” realiza a prova de agilidade nas balizas

Grupo de participantes do Curso de Muares, organizado por Thiago Leal.

Competidora disputa passada na Prova Promocional de Hipismo.

“Paulista” (azul) disputa com “Mineiro” (vermelho)

Participantes da Cavalgada, iniciada no City Petrópolis.


ARTIGO

A ATIVIDADE RURAL E O REGIME JURÍDICO DO EMPRESÁRIO RURAL Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ felipe@mtcadv.com.br - www.mtcadv.com.br ]

N

o Brasil, embora assim se tenha convencionado, nem todo aquele que exerce uma atividade econômica pode ser considerado, legalmente, como empresário. Para que uma sociedade ou a firma individual possa ser assim considerada, é preciso, regra geral, analisar o modo ou a forma como a atividade econômica que constitui o seu objeto é, de fato, desenvolvida. É que, por aqui, ressalvados os casos das sociedades de capital (sociedades anônimas e sociedades de comandita por ações), toma-se a ideia de empresário pelo conceito de atividade empresária. É por meio do objeto, neste caso, que se define o sujeito. O art. 966 do Código Civil estabelece que é empresário “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. A atividade do pretenso empresário, assim, em primeiro lugar, deve estar destinada para produzir ou fazer circular bens ou serviços – o que abrange todas as atividades econômicas conhecidas, inclusive aquelas que se resumam a intermediação de negócios. Um aspecto importante, aqui, é a economicidade: é preciso que a atividade gere riqueza – atividade filantrópica não é empresária. Em segundo lugar, é preciso que essa atividade seja exercida profissionalmente, isto é, de forma habitual, corriqueira. Assim, não é empresária a atividade que constitui um hobby (eventual, portanto) do sujeito. Mas o aspecto mais importante é o terceiro: é preciso que a atividade seja organizada, isto é, seja consequência da ordenação e interação de diferentes fatores de produção. Logicamente, não haveria como se concluir o contrário: a atividade rural, isto é, aquela consistente no cultivo, produção e comercialização de produtos agropecuários, desde que exercida de forma profissional e organizada, seria atividade empresarial – e aquele que exerce a atividade, por sua vez, seria considerado, legalmente, como empresário.

Ocorre que, no Brasil, a atividade rural não é, por si, considerada como empresária – e, portanto, quem a exerce, seja pessoa física ou jurídica, não é considerado como empresário. Essa é uma marca herdada do velho Código Comercial (1919) e que, por alguma razão não muito clara, foi reproduzida no Código Civil atual. Ou seja, ainda que uma sociedade limitada (um exemplo das sociedades vocacionadas ao exercício de atividade empresária) tenha sido constituída para o exercício de atividade rural, ela não será, por si só, considerada atividade empresária, ainda que preencha os requisitos do art. 966 do Código Civil. A lei, nos casos envolvendo atividade rural, trabalha com um regime de equiparação. Isto é, aquele que exerce atividade rural não é, a princípio, empresário, mas pode, se quiser, equiparar-se ao empresário comum. Para tanto, basta, segundo o art. 971 e 984 do Código Civil, que a pessoa física ou a sociedade, conforme o caso, inscreva-se no Registro Público de Empresas Mercantis do local de sua sede. Se não o fizer, seguirá como sociedade simples – o que, neste caso, não é o tipo societário sociedade simples, mas sim o regime de exploração de atividade econômica. Há vantagens em optar-se pelo regime empresarial. A sociedade, por exemplo, poderá constituir-se na forma de sociedade anônima, algo impossível para as sociedades simples. Uma sociedade anônima, embora mais complexa, oferece facilidades para captação de investimentos. A depender do vulto da operação, portanto, constituir-se na forma de sociedade anônima pode ser uma necessidade. Outra vantagem é poder valer-se da recuperação de empresas (antiga concordata) como instrumento para superação de fases momentâneas de crise econômico-financeira. Apelar ao instituto da recuperação é algo privativo de quem exerce empresa (seja empresário individual ou pessoa jurídica) e pode ser interessante para setores do agronegócio afetados pelo atual momento de instabilidade econômica.

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