Edição nº 99 janeiro 2015

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MÁQUINAS

Calagem e Adubação de Hortaliças Folhosas

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Artigo técnico em que pesquisadores do IAC, CATI de Caraguatatuba (SP), APTA de São Roque (SP) e Ribeirão Preto (SP) orientam os horticultores sobre a importância da calagem, adubação orgânica, adubação de plantio e adubação de cobertura em canteiros para a produção das hortaliças folhosas mais comercializadas na regiões Sul e Sudeste do Brasil, como a alface, chicória, almeirão, agrião d´água, coentro, espinafre e rúcula. Há ainda diferenças entre o cultivo a sol aberto e cultivo protegido nos mais diferentes tipos de estufas.

Critérios para a mecanização da pequena propriedade agrícola

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Pesquisadores do IAC apresentam orientações básicas para que o produtor rural escolha o tipo de trator agrícola necessário para sua propriedade.

LEITE

A importância dos volumosos na produção de leite

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Devido à boa qualidade das pastagens e de outros volumosos, a utilização de alimentos concentrados torna-se totalmente desnecessária para a obtenção de ótimo desempenho animal.

Convênio COCAPEC e SENARMG capacita cafeicultores

CAFÉ

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Parceiros há 7 anos, cooperativa e SENAR-MG realizaram curso para 12 produtores do meio rural de Claraval (MG) sobre “Classificação e Degustação de Café”, sob a orientação de Marcello Duque.

Novo perfil varietal da Cana de Açúcar

CANA

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ano de 2015 começou quente. Tanto nas temperaturas elevadas na Alta Mogiana, Triângulo Mineiro quanto no Sul e Sudoeste Mineiro. Com problemas também na oferta de água para todas as atividades agrícolas destas regiões e na na oferta de energia elétrica em algumas destas regiões. Torcemos para que a nova equipe econômica e política agrícola do “novo” Governo Federal possa resolver as pendências e “facilitar” o caminho do produtor rural brasileiro. Todo o setor agrícola e pecuário brasileiro já deu mostras de que, se o Governo Federal não interferir, ele fará mais do que “sustentar a economia brasileira”. Uma das culturas mais afetadas pela falta de água e energia elétrica é a produção de hortaliças. As folhosas, mais ainda. Frágeis, a cultura do alface, rúcula, almeirão, chicória, coentro e espinafre merecem atenção dos excelentes pesquisadores dos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo. Artigo interessante sobre a importância da calagem e da adubação nos mais diferenciados tipos de produção. Na produção cafeeira, destaque para a AMSC que promete trazer o Cup of Excellence para a região da Alta Mogiana neste ano de 2015. Também para a descoberta de uma nova doença no cafeeiro conilon: o “Mal Rosado”. Com relação ao clima, especialistas garantem que a safra 2016 já começou comprometida, com possibilidade da safra da Alta Mogiana cair pela metade. Ainda com relação à seca na região cafeeira da Alta Mogiana e adjacências, importantíssimo artigo do pesquisador André Luis Teixeira Fernandes, da UNIUBE, de Uberlândia (MG), sobre a técnica do “Gotejamento Enterrado na Cafeicultura”. Com relação ao controle biológico, importante artigo de pesquisadores da APTA Centro Leste referente ao ataca de Vespas Parasitóides às larvas do Bicho Mineiro. Na cultura do Eucalipto, pesquisadores da UFV - Universidade Federal de Viçosa (MG) abordam a rentabilidade do Eucalipto em comparação com outras culturas. Boa leitura a todos!

POLÍTICA

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Mesmo com clima e economia desfavoráveis não há desânimo

DESTAQUE: Hortaliças

EDITORIAL

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A busca agora é para variedades de cana para a produção de açúcar, etanol, produção de bioletricidade e etanol celulósico. Para isto, só com cruzamentos com espécies selvagens de cana.

PRA - Programa de Regularização Ambiental

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O deputado federal Arnaldo Jardim, recém-empossado Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo escreve artigo que aborda a importância de regularizar para cuidar e produzir.


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MÁQUINAS

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Afonso Peche Filho1 e Moisés Storino2

mecanização de sistemas de produção inseridos no contexto da exploração de pequenas propriedades é reconhecidamente um caminho para superar os problemas e desafios e uma alternativa para melhorar as condições de vida do pequeno produtor e uma ferramenta para cumprir suas funções sociais, ambientais e econômicas. Atualmente a agricultura brasileira incorpora um padrão tecnológico baseado no uso de insumos (ecológicos, orgânicos ou químicos) e na mecanização. Essa realidade atinge em cheio a pequena propriedade, criando uma situação complexa quanto aos problemas e desafios a serem superados. Dentre estes, cabe salientar as questões da terra, a mão-de-obra, a ausência de capital, as políticas agrícolas e a capacidade empresarial, as limitações à participação política

FOTO: LS Mitron - Arabica Tratores

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Critérios para a mecanização da pequena propriedade

AUTORES

1 - Pesquisador Científico do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Engenharia e Automação. IAC - Instituto Agronômico de Campinas (SP). Email: peche@iac.sp.gov.br 2 - Pesquisador Científico do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Engenharia e Automação. IAC - Instituto Agronômico de Campinas (SP). Email: storino@iac.sp.gov.br

e à modernização desigual. Como o investimento na mecanização da pequena propriedade é alto, é necessário um bom planejamento operacional para otimizar a tecnologia e conseguir uma boa eficiência nas operações agrícolas. O primeiro passo é a escolha do trator e seus implementos. No procedimento de escolha do trator é importante levar em consideração pelo menos três critérios básicos: a topografia e o formato das áreas; a compatibilidade do trator com a demanda de serviços operacionais; e o conforto e a segurança operacional. A topografia da propriedade está relacionada com o modelo de tração. Em áreas declivosas a sugestão é optar por um trator com tração nas quatro rodas, ou seja, por um modelo 4x4 que permite mais estabilidade e aderência ao solo. Em áreas plana o trator com tração simples faz o mesmo serviço, com a vantagem de ser mais barato. O tipo de pneu também é influenciado pelo terreno e pelo tipo de serviço. Em áreas planas com solos úmidos, com baixa sustentação, é recomendado um pneu com conformação de garras profundas. Em áreas de solos arenosos ou soltos o pneu com conformação de garras rasas é o mais recomendado. A demanda de serviços operacionais aliada aos fatores topográficos e do solo vai influenciar na determinação da potência necessária para o trator. Neste caso, é sempre importante lembrar que o que vale nos cálculos para dimensionamento é a potência disponível na barra, pois o trator utiliza uma parte da potência do motor no seu deslocamento e pelo efeito da patinagem. Assim, a potência na barra deve ser suficiente para tracionar todos os implementos necessários para mecanizar a propriedade desde as operações mais pesadas, como as de mobilização de solo, até as operações suaves, como o transporte de cargas leves. Normalmente para se estimar a potência disponível na barra de tração deve-se considerá-la como 50 a 75% da potência do motor. Componentes relacionados com o conforto e a segurança operacional são fundamentais na escolha do trator. Os modelos mais recentes incorporam em sua concepção a segurança operacional, o que faz do trator uma tecnologia que atende as demandas atuais de prevenção de acidentes no trabalho O conforto de cabines e design dos tratores modernos trazem para a pequena propriedade uma adequação à legislação e às boas práticas operacionais. Operações de movimentação de solo normalmente realizadas com arados, grades pesadas, escarificadores e por rotavação, devem ser realizadas no período de outono quando as chuvas torrenciais são de menor ocorrência, prevenindo assim processos erosivos. A gradagem leve destinada a destorroar e nivelar e terreno deve ser realizada imediatamente após a aração ou da escarificação. As aplicações de corretivos e fertilizantes devem ocorrer de forma parcelada onde metade da dose recomendada é aplicada antes da mobilização profunda e a outra meta-


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MÁQUINAS FOTO: Yanmar Agritech

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contatos HELIO LUCCHINI NOBREGA (helioagerbon@hotmail.com) Cafeicultor - São Sebastião do Paraíso (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”.

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TIAGO ANTONELLO (agroantonello@gmail.com) Proprietário Rural - Bozano (RS). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. RODRIGO PEREIRA (rodrigo_eng.civil@hotmail.com) Cafeicultor - Boa Esperança (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.

de aplicada antes das operações de destorroamento e nivelamento. Sugere-se também, imediatamente após as operações de preparo, semear culturas apropriadas para promover a cobertura do solo no inverno. Modernamente, as operações de plantio devem ocorrer em solo protegido pela palha residual ou por um manto vegetal dissecado (plantio direto). Na operação de semeadura na palha o trator deve estar lastrado e a semeadora deve estar em perfeitas condições de manutenção e regulagem para depositar as sementes e o fertilizante sem afastar demasiadamente a palha, descobrindo a linha de plantio. No caso do coveamento ou sulcagem para culturas perenes, a sugestão de mecanização é que as operações ocorram com solo coberto na faixa de entrelinhas. Em operação de rotavação, característica na construção de canteiros para horticultura, o solo não deve estar úmido e o material de superfície deve ser incorporado imediatamente antes da implantação da cultura. As operações de fertilização podem ser realizadas de duas formas: a lanço ou em linha. Operações a lanço utilizam máquinas com mecanismos espalhadores e os fertilizantes devem ter uma boa uniformidade dimensional e baixa capacidade higroscópica. Na aplicação em linha, os fertilizantes devem ser compatíveis com o modelo de dosador e tubo de descarga. As operações de pulverização na pequena propriedade devem ser realizadas com muito cuidado, principalmente quando próximas de residências e áreas de mananciais. As condições de alta temperatura e vento não são indicadas para realização de qualquer tipo de aplicação. O pulverizador deve sempre estar com bicos e peças de vedação em perfeitas condições para manter os padrões de regulagem. A boa operação de pulverização deve levar em conta a proteção do operador e do ambiente. O operador e os auxiliares envolvidos deve sempre utilizar equipamentos de proteção individual (EPI’s). O transporte de materiais na pequena propriedade normalmente está relacionado com o uso de carretas e plataformas hidráulicas. O trator deve ser lastrado na sua maior capacidade e a quantidade de material transportado não deve ser maior do que o peso do trator, principalmente em áreas declivosas. O peso da carreta ou da plataforma promove instabilidade operacional causada pela inércia em operações em declive ou pelo empinamento em operações de subida. As máquinas estacionárias, como trituradores, trilhadoras e bombas de água são muito adequadas para pequena propriedade e normalmente se faz uso do trator para o seu acionamento. A mecanização das pequenas propriedades, de forma moderna e adequada viabiliza economicamente pequenos negócios rurais e possibilita uma gestão operacional competitiva.

MÁRCIA LAZARINI (marcia.lazarini@contexto.com.br) Gerente de Mídia - Contexto Propaganda Ltda. - São Paulo (SP). “Solicito alteração de endereço para entrega da Revista Attalea Agronegócios”. RONI PETERSON SILVA DE PAULA (roniagronegocio@hotmail.com) Técnico Agrícola - Itamogi (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”. MR COMUNICAÇÃO (contato@mrcomunica.com.br) Empresa de Comunicação - Jundiaí (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. RÔMULO PAULINO DA COSTA (Sindicato Rural de Poço Fundo, MG) Presidente - Poço Fundo (MG). “O sentido da vida se renova a cada Natal, quando comemoramos o nascimento de Jesus. Um desejo sincero de muitas alegrias, paz, amor e bênçãos neste Natal”. IRINEU DE ANDRADE MONTEIRO (Sindicato Rural de Patrocínio Pta, SP) Presidente - Patrocínio Paulista (SP). “Nos jardins da vida, a amizade, o amor e a paixão devem ser irrigados diariamente para que possamos colher os frutos que desejamos e necessitamos para que o nosso dia a dia seja mais prazeroso. Feliz Natal”.

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LEITE

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MÁQUINAS

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om base nas características de produção, cafeicultores têm apostado cada vez mais em equipamentos que possibilitem melhores desempenhos associados com redução de custos operacionais, com isso o trator John Deere 5075EF vem com suas características de encontro às necessidades dos produtores de café. Equipado com motor agrícola John Deere de 75 cv e com uma reserva de 21,9% de torque o trator proporciona um alto rendimento operacional associado à um de seus principais diferenciais, o baixo consumo de combustível. Caracterizado como um trator curto, suas dimensões são um ponto forte e impressionam na hora de fazer as manobras, são 1.967 mm de entre eixo, o modelo também tem as opções de vir com pneu traseiro 14.9x24 que dá 1.4 metros de largura e 12.4x24 que pode chegar à 1,3 metros de largura, atendendo assim os diferentes espaçamentos de lavoura. Outras características marcantes do trator é ser equipado de fábrica com duas opções de TDP, econômica e normal, além de ser 4x4 e ter o bloqueio do diferencial do eixo dianteiro auto-blocante, os freios tipo disco em banho de óleo auto ajustáveis, a mudança de marchas parcialmente sincronizada além de ter uma vazão da bomba hidráulica que chega à 43+26 L/min. Sem dúvida o 5075EF impressiona pelas suas características técnicas e pela credibilidade e tecFOTOS: Revista Attalea Agronegócios

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Melhores soluções no manejo das lavouras de café é o que a John Deere oferece com seu trator estreito 5075EF

nologia embarcada na marca John Deere. A Colorado Máquinas, Concessionário Autorizado John Deere traz planos e condições especiais de lançamento do trator 5075EF. De fabricação nacional e disponível com código FINAME /MODERFROTA o trator encaixa nos planos de investimento do cafeicultor exigente que busca cada vez mais eficiência produtiva com redução de custos. Maiores Informações: Av. Wilson Sábio de Mello, 2261, Polo Industrial São Bernardo, Franca (SP). Tel. (16) 3707-7100


CAFÉ

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LEITE

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Ricardo Dias Signoretti1

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cadeia produtiva do leite é um dos mais importantes segmentos do agronegócio brasileiro. Porém, a produtividade do rebanho leiteiro, em média, nas regiões produtoras do País é muito baixa (1400 kg de leite/vaca/ano e cerca de 700 a 1000 kg/ ha/ano), em virtude do baixo nível tecnológico aplicado nos sistemas de produção. A produção de leite a pasto no Brasil vem crescendo, em virtude do seu baixo custo (entre 2,0 a 5,2 vezes menores que outros alimentos), pois um sistema de produção de leite a pasto racionalmente conduzido torna a atividade leiteira competitiva, uma vez que eleva a disponibilidade de forragem e permite sua utilização de forma mais eficiente pelo rebanho leiteiro. Estima-se que entre 50 a 80% das pastagens são perdidas pelos mais diversos fatores, principalmente, pelas características vegetativas das plantas tropicais, que apresentam crescimento rápido e amadurecimento precoce, vindo acompanhada da redução do valor nutritivo, pois na maioria das vezes são manejadas de forma errônea. Para compensar essa limitação muitos pecuaristas utilizam, de forma exagerada ou equivocadamente, ração concentrada para suas vacas em produção. As condições ambientais brasileiras permitem a exploração de leite a pasto o ano inteiro, além de permitir a

AUTOR

1 - Engenheiro Agrônomo, Doutor, PqC do Polo Regional Alta Mogiana / APTA. Email: signoretti@apta.sp.gov.br

FOTO: Divulgação APTA

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A importância da melhoria da produtividade e qualidade dos volumosos na produção de leite

exploração de alto potencial de produção das plantas forrageiras tropicais. Quando manejadas corretamente e intensivamente, tem potencial de fornecimento de nutrientes para produções próximas de 12 kg de leite/vaca/dia sem o uso de rações concentradas, o que resulta em um baixo custo de produção e faz com que as pastagens tornem-se um recurso natural que possibilita alta competitividade no uso da terra. Considerando que o potencial médio das pastagens tropicais seja de apenas 8 kg de leite/dia, observa-se que o manejo intensivo da pastagem pode aumentar em 50% a produção de leite/vaca. Entretanto, são vários os fatores que condicionam a produção de leite em uma pastagem. Dentre eles podem se destacar a aptidão leiteira da vaca, a qualidade do pasto, a disponibilidade de pasto (oferta de forragem), o rendimento forrageiro da pastagem (capacidade de suporte), o sistema de pastejo e a suplementação estratégica a pasto. Diante deste cenário serão abordados alguns aspectos de como a melhoria na produtividade e aproveitamento dos volumosos podem afetar a economicidade da produção de leite. TAXA DE LOTAÇÃO (TL) - A taxa de lotação é uma medida que reflete as condições das pastagens, principalmente sua produtividade, e é expressa como a quantidade de animais de 450 kg cada (unidade animal - UA) paste-


EVENTOS

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LEITE Tabela 1 - Variação na TL sobre a produção de leite e renda bruta mensalmente TL (UA/ha)

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Nº Vacas % Vacas Produção Vacas Produção Renda em de Leite Bruta em em de Leite Produção Lactação (kg/vc/dia) Lactação (kg/vc/mês) (R$/mês)1

0,5

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80

10

16

4.800

1,0

40

80

10

32

9.600

4.457,28 8.914,56

1,5

60

80

10

48

14.400

13.371,84

2,0

80

80

10

64

19.200

17.829,12

1 - Considerando o preço por litro de leite pago ao produtor na região de São José do Rio Preto (SP) (R$0,9286), referente ao mês de fevereiro de 2014. Fonte: CEPEA - ESALQ/USP | Ano 20 nº 226 | Fevereiro 2014.

jando por unidade de área, por um determinado período de tempo. No entanto, não basta pensar apenas na taxa de lotação animal, sendo mais importante a produtividade animal (kg de leite) por unidade de área: Produtividade/ha (kg de leite/ ha/ano) = produção por animal/ano x número de animais/ha. Na maioria dos sistemas de produção de leite as taxas de lotação são inferiores a 1,0, o que sugerem pastagens de clima tropical pouco produtiva (forrageiras de baixo potencial produtivo, pastos não cultivados ou estabelecidos em solos pouco férteis) ou em algum estágio de degradação (erodidas, com cupinzeiros, com ervas daninhas, dentre outros). Na Tabela 1 podem ser observadas simulações de como o aumento na TL pode afetar a receita obtida com a venda de leite em propriedades de 40 hectares destinados apenas às vacas em produção e secas sem suplementação com concentrado e pastagem adequadamente manejada no período de primavera/verão no Brasil Central. Vale ressaltar que, nessa simulação, as quatro propriedades teriam a mesma % de vacas em lactação, com índice

próximo ao ideal (83%), e produtividade por vaca conseguida com animais mestiços em pastagens bem manejadas; o que não é observado na prática. No entanto, quando os produtores de leite utilizam tecnologias que permitem elevar a TL, é sinal que investiram em acompanhamento técnico especializado e competente, o que permitirá no futuro próximo muito mais melhorias na produtividade do rebanho e na % de vacas em lactação, tornando a propriedade ainda mais produtiva e sustentável economicamente. O produtor de leite deve atentar-se para outro aspecto importantíssimo, que é a produção de leite por hectare/dia fundamental para a sustentabilidade econômica da atividade leiteira e deve ser uma variável quantificada rigorosamente a cada mês. Produções inferiores a 10 litros/ha/dia são, na maioria das vezes, extremamente ineficientes já que essa variável depende da “média” do rebanho, do % de vacas em lactação e, sobretudo, da TL. Considerando as condições práticas de manejo da maioria das fazendas, a mudança de um método de lotação contínua (pastejo contínuo) para método de lotação intermitente (pastejo rotacionado) com períodos de utilização das pastagens (período de ocupação do piquete) cada vez menores e de descanso variável segundo as condições climáticas e o hábito crescimento da planta forrageira (estações do ano), poderá promover aumento na TL que pode variar de 15 – 30%. O aumento da disponibilidade de nutrientes através de práticas como calagem e fosfatagem e, principalmente, da adubação com nitrogênio e potássio é outra estratégia para aumentar a TL para 3 a 5 UA/ha. Tomando, por exem-

Casale apresenta Rotormix Profi

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esde 1964, a Casale tem inovado na linha profissional de misturadores para pecuária de leite ou corte. A Rotormix Profi foi desenvolvida para o pecuarista que busca um equipamento confiável e durável, que sabe diferenciar uma mistura de qualidade no cocho, busca o aumento contínuo da produtividade e da redução de custos. A Rotormix Profi proporciona uma uniforme TMR (Total Mixed Ration) ou dieta total, sem abrir espaço para a seleção de ingredientes pelo animal. Garante, através da força e da tecnologia comprovada da Casale, o acréscimo dos níveis de consumo, produção e qualidade do produto final. O sistema de mistura da Rotormix combina o movimento rotativo ao tombamento suave, para uma mistura com milho moído ou em flocos, e volumosos de fibra curta e alta umidade, sem causar danos às fibras. A agilidade na mistura e o tempo indicado por tamanho de equipamento foi estudado pelos engenheiros da Casale para proporcionar vida útil às peças do equipamento, e uma ração homogênea, solta e palatável. “A Casale oferece a linha Rotormix com vários modelos e capacidades de carga para atender qualquer exigência de projeto. Nosso objetivo é oferecer a melhor tecnologia com diferenciais exclusivos onde o criador possa ter o menor custo e mais rentabilidade em seu negó-

cio de confinamento”, comenta o diretor presidente da Casale, Celso Casale. Rotormix Profi é um dos equipamentos mais completos e modernos para alimentação de bovinos do Brasil. Recentemente, a Casale, que constantemente inova em tecnologia em máquinas para pecuária, lançou sua terceira geração de rotor de mistura, o Rotoflex-ECO, produto exclusivo e patenteado pela marca. Além da mistura mais eficiente, seu principal diferencial é a economia de diesel ou eletricidade em até 15% e consequentemente redução da emissão de carbono. Assim é possível que os pecuaristas ofereçam também um produto mais sustentável, atendendo às severas exigências do consumidor final. A Casale sempre esteve atenta às características de maior vida útil e menor necessidade de manutenção típicas de seus produtos. Todos os modelos da linha Rotormix Profi possuem o fundo interno da caçamba revestido em aço inoxidável especial de alta resistência à abrasão. É possível também revestir suas partes superiores ou até mesmo, construir totalmente com este material. Oferece também balança eletrônica programável de primeira linha e entre outros acessórios opcionais, o software de gestão da alimentação. Informações: www.casale.com.br e conheça as novidades e soluções para sua fazenda.


Tabela 2 - Efeito da produtividade do canavial sobre a área a ser cultivada e a área a ser colhida diariamente para alimentar 40 vacas, por 180 dias da estação seca, com 25 kg/dia de cana de açúcar enriquecida com 1% de uréia (9 partes de uréia + 1 parte de sulfato de amônia) Características

Nível Tecnológico Baixo

Alto

60

120

Tamanho do canavial (ha)

3,0

1,5

Área a ser colhida (m²/dia)

167

83

Produtividade do canavial (t/ha)

plo, a propriedade com TL 0,5 UA/ha (Tabela 1), se o produtor investir em tecnologia para aumentar a TL, para 3 UA/ ha, considerando a mesma produtividade e % de vacas em lactação, seria possível aumentar em seis vezes o número de vacas (120 animais) e, também vacas em lactação (96) e a produção de leite por mês passaria de 4.800 para 28.800 litros/ mês e a renda bruta passaria de R$ 4.457,28 para R$ 26.743,68/mês. Além disso, vale frisar que a produtividade passaria de 1.140 para 8.640 litros de leite/ha/ano, refletindo positivamente na sustentabilidade técnica e econômica da atividade leiteira. PRODUTIVIDADE DOS VOLUMOSOS SUPLEMENTARES - A obtenção de elevada produtividade nas áreas utilizadas para os volumosos suplementares (cana-de-açúcar, milho ou sorgo para silagens, capineiras e legumineiras) para utilização no período de escassez de forragem é de suma importância para a atividade leiteira, pois permite maior eficácia no uso do solo, da mão-de-obra e das máquinas e/ ou implementos utilizados para o preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita. A maior produtividade dos volumosos suplementares deve estar sempre associada à melhoria do valor nutritivo e que, certamente, permitirá melhorar o desempenho dos animais criados e alimentados com esses volumosos ou obter os mesmos desempenhos utilizando-se menos concentrados, que obviamente são mais caros. Deste modo, os efeitos benéficos da melhoria da produtividade dos canaviais utilizados na alimentação de vacas leiteiras podem ser demonstrados na Tabela 2. É evidente que os canaviais menos produtivos necessitarão de mais área, mão de obra e/ou combustível para os tratos culturais e para o corte e colheita de uma tonelada de cana/dia. Atualmente, com o conhecimento sobre a cultura da cana-de-açúcar e com a enorme opção de cultivares, é relativamente simples e barata a implantação de canaviais que produzirão 100 – 150 t/ha/ano. No entanto, o produtor deve escolher cultivares de cana que, além de produzir muito no primeiro ano, também deve apresentar pouca perda na produtividade anual ao longo de pelo menos

FOTO: Divulgação APTA

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quatro anos de cultivo. Além de apresentar características que conferem resistência a pragas e doenças, facilidade de despalha e a presença de pouco joçal, também podem ser desejáveis, principalmente quando o corte é manual. Além disso, cultivares com pouca palha também facilitam o transporte e a moagem na fazenda. A resistência ao acamamento será mais importante quanto maior for o uso de mecanização da colheita. Ausência de florescimento é também desejável, principalmente quando existe a possibilidade de utilização de um ano para outro, a cana bisada. O florescimento pode afetar negativamente o acúmulo de sacarose na planta e é uma característica determinada pela interação entre genética do cultivar, ambiente e tratos culturais. Outra característica a se considerar é a época do ano na qual a maturidade da planta é atingida e a habilidade do cultivar de manter alto teor de sacarose ao longo do tempo. A colheita de cana com alto teor de sacarose ao longo do maior período de tempo possível ou a colheita estratégica para ensilagem não simultânea a outras atividades agrícolas requerem o conhecimento da época do pico de amadurecimento. Deste modo, levando-se em consideração as exigências nutricionais dos animais no que diz respeito a energia, proteína, minerais e vitaminas para as diferentes funções, e a disponibilidade e valor nutritivo das pastagens e de volumosos suplementares (energia, proteína, FDA, FDN, minerais e vitaminas, bem como o consumo e digestibilidade da matéria seca), pode-se estabelecer com grande precisão a necessidade ou não de suplementações alimentares para alcançar alta produtividade, assim como definir qual o nutriente que realmente está limitando a produção e merece ser fornecido, de modo a obter bom desempenho animal, mantendo o custo de produção em níveis compatíveis com a realidade econômica. Há que se lembrar que, muitas vezes, devido a boa qualidade das pastagens, a utilização de alimentos concentrados torna-se totalmente desnecessária para a obtenção de ótimo desempenho animal, dependendo do seu potencial genético, sendo que a sua utilização contribui apenas para encarecer o processo produtivo.


LEITE

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tempo do leite na garrafa de vidro, transportada por carroças e deixada nas portas das casas, ficou para trás, mas ainda inspira. O Laticínios Jussara - que completou 60 anos em junho do ano passado - lança no mercado uma linha de leite longa vida em garrafa pet asséptica, cujo visual lembra bastante o das garrafinhas de vidro do passado e que demandou investimentos da ordem de R$ 55 milhões. O aporte, que faz parte de um montante de R$ 140 milhões investidos nos últimos três anos, deverá permitir à Jussara elevar seu faturamento bruto para o patamar de R$ 1 bilhão no próximo ano, estima Laércio Barbosa, diretor da companhia. Neste ano, a receita do laticínio tende a alcançar R$ 750 milhões, 10% Unidade do Laticínios Jussara em Araxá (MG) a mais que em 2013. Barbosa não esconde um certo saudosismo quando fala “sustentável” que outros para a produção de leite UHT por sobre a nova linha. Afinal, era em garrafas de vidro que a em- usar menos produto para esterilização, o peróxido, e menos presa, fundada em 1954 por seu pai, o médico Amélio Rosa água. Há 90 equipamentos como os que estão instalando na Barbosa, comercializava o leite pasteurizado produzido na primeira sede da Jussara, em Franca (SP). A companhia, desde Jussara ao redor do mundo. Eles são produzidos nas fábricas 1998 instalada em Patrocínio Paulista, na região de Franca, da Sidel, uma companhia controlada pelo grupo Tetra Laval, construiu uma planta anexa, com capacidade de 10 milhões de na Itália e na França. Os R$ 140 milhões investidos pela Jussara nos últimos litros por mês para a produção da nova linha, que tem leites enriquecido com cálcio e vitamina D. Na unidade já existente, três anos contemplaram, além da nova linha de longa vida a Jussara produz 27 milhões de litros por mês de leites longa em garrafa pet, a ampliação e a modernização das linhas UHT vida em embalagem cartonada da múlti sueca Tetra Pak. com embalagem Tetra Pak, e também o aumento do número Em uma primeira fase, a Jussara está produzindo 3 mi- de unidades de captação de leite - espalhadas pelos Estados de lhões de litros de leite da nova linha por mês (ou 3 milhões São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás -, que de garrafas), e o plano é ampliar a produção gradativamente passaram de 15 para 25. Segundo Laércio Barbosa, também até que a capacidade total seja alcançada em meados de 2015, houve renovação e ampliação da frota da empresa. de acordo com Barbosa. O objetivo com esses investimentos, diz o empresário, E a intenção da Jussara é produzir mais do que leite é ganhar músculo para encarar as transformações em curso longa vida no novo equipamento. “A partir do primeiro tri- no mercado brasileiro de lácteos, que tem atraído grandes mestre do ano que vem, vamos diversificar”, diz Barbosa. players como a francesa Lactalis, que aqui chegou no ano Segundo ele, a empresa estuda três novas linhas de produ- passado com a compra da Balkis e que este ano adquiriu atitos: bebida à base de soja, bebida láctea ou bebida à base de vos da LBR e também a divisão de lácteos da BRF. “A Jusiogurte, em embalagens de 250 ml, mas ainda não decidiu o sara está se preparando para brigar com grupos grandes no que vai lançar. Essa diversificação é possível porque o equi- mercado”, afirma. pamento, que é ao mesmo tempo uma sopradora (produz as A aposta na diversificação, em produtos de maior valor garrafas a partir de uma preforma de pet) e uma envasadora, agregado e em itens para consumo fora de casa, faz parte da pode fazer embalagens de vários formatos. estratégia da Laticínios Jussara para avançar nesse mercado. Celine Gervais, diretora-geral no Brasil da francesa Atualmente, a marca Jussara é a primeira em leite longa vida Sidel, que produz e comercializa o equipamento, afirma que no mercado do interior de São Paulo. a linha da Jussara em Patrocínio Paulista é a primeira com Esse dado mostra quanto o mercado ainda é pulverizaa tecnologia chamada Predis na América Latina. Nessa tec- do e existe espaço para crescer, observa Barbosa. “Estamos nologia, a esterilização é feita a seco na preforma. Assim, o investindo para ampliar o portfólio”, diz. Além da unidade em Patrocínio Paulista, a Jussara tem, sopro para a formação da garrafa já acontece em ambiente asséptico. Em outras tecnologias que usam garrafas pet, a es- ainda, uma fábrica em Araxá (MG). Produz leite longa vida, terilização é com peróxido e água e na garrafa já formada, pasteurizado, leite condensado, creme de leite manteiga, explica Celine Gervais. Barbosa afirma que o processo é mais mussarela e requeijão. (FONTE: Valor Econômico). FOTO: Valor Econômico

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Jussara inova e lança leite longa vida em garrafa pet asséptica


GRÃOS

A digestibilidade da fibra na escolha do híbrido para silagem de milho

AUTOR

1 - Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia/Curso de Zootecnia da UEPG, Castro (PR). Fonte: DuPont Pioneer

FOTO: Revista Attalea Agronegócios

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João Ricardo Alves Pereira1

s forragens são um componente necessário nas dietas de animais ruminantes, pois são as principais fontes de fibras necessárias para otimizar a função ruminal. A maior digestibilidade da fibra faz com que o seu tempo de permanência (enchimento) no rúmem seja menor, permitindo maior ingestão de Matéria Seca pelos animais, demandando menos alimentos concentrados ou aumentando a produtividade. Tradicionalmente, a silagem de milho tem sido analisada quanto aos seus teores de proteína bruta; fibras (FDN - Fibra insolúvel em Detergente Neutro e FDA - Fibra insolúvel em Detergente Ácido); e de energia (NDT - Nutrientes Digestíveis Totais, energia metabolizável ou energia líquida). Nos últimos anos, algumas universidades americanas e laboratórios comerciais começaram a avaliar a Digestibilidade da Fibra em Detergente Neutro (DFDN), o que permiti-

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GRÃOS

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ria estimativas mais precisas de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), energia líquida (NE), e potencial de consumo de Matéria Seca, tornando o balanceamento da dieta mais preciso e a produção de leite pela vaca, por exemplo, mais previsível (Oba& Allen, 2011). A determinação da digestibilidade verdadeira in vitro (DIVFDN) é o procedimento laboratorial utilizado para se estimar a DFDN e consiste, basicamente, na incubação de uma amostra de forragem em recipientes anaeróbios em ambiente controlado (temperatura, gases, etc.), tendo fluido ruminal como inóculo. O custo da análise é relativamente elevado e requer aferição constante. Outro procedimento é o uso do NIRS (espectrometria de infravermelho próximo), que estima a composição química medindo refletância de ondas infravermelho. Apesar do maior rendimento e menor custo, o uso de NIRS requer calibrações com um número significativo de amostras, com dados obtidos a partir de análises químicas (DIVFDN) específicas para os alimentos avaliados, por isso os resultados de NIRS devem ser interpretados com cautela. No Brasil, têm sido crescentes as recomendações técnicas para que a escolha do híbrido para silagem de milho tenha como base a digestibilidade da fração FDN. Como consequência, temos visto lavouras com baixas produtividades em função do posicionamento agronômico errado e silagens de baixa qualidade, tornando ainda mais difícil a missão de se conscientizar os produtores que uma boa silagem começa com uma boa lavoura. A digestibilidade da fibra (DFDN) da silagem de milho é extremamente variável e pouco relacionada com os teores de FDN, FDA ou mesmo a Proteína Bruta (PB), que são geralmente empregadas na formulação das dietas. Na Tabela 1 são apresentados valores médios de aproximadamente duzentas e cinquenta amostras, de cerca de dez híbridos comerciais, provenientes de trabalhos de pesquisa e de lavouras por dois anos consecutivos na região Sul do Brasil. Os teores de amido foram usados somente como indicativo da produtividade de grãos desse mesmo grupo de híbridos em diferentes condições agronômicas. Os menores teores de amido são provenientes de amostras que, por alguma razão (ataque de pragas, restrição hídrica, etc.), tiveram suas produtividades reduzidas, enquanto os maiores teores representam esse mesmo grupo de híbridos em melhores Tabela 2 - Produtividade da lavoura e qualidade nutricional da silagem de milho para diferentes pontos de corte. Fração

Teor de Matéria Seca no ponto de corte 27%

31%

35%

39%

14.680

16.180

17.660

21.050

FDN %

53,7

49,1

46,6

41,2

FDN Digestível %FDN

44,8

43,3

38,3

39,1

NDT %

67,6

68,3

66,5

70,2

kg leite/tonelada de MS

1.358

1.394

1.362

1.484

* Leite kg/ha

19.930

22.552

24.045

31.238

* Carne kg/ha

1.900

2.159

2.171

3.042

Produtividade de MS kg/ha

FONTE: Valores médios de amostras colhidas em ensaios agronômicos nas safras de 2010 e 2011.

Tabela 1 - Teores médios de fibra, digestibilidade da planta inteira e fibra disgestível de híbridos comerciais de milho. Fração

% Amido (indicador da quant. grãos) 7,1 a 12

12,1 a 24

24,1 a 36

FDN (% MS)

53,8

50,2

41,84

Digestibilidade planta inteira (% MS)

61,8

63,9

70,6

FDN Digestível (% FDN)

38,7

40,1

41,9

Amplitude de valores

(34,9 - 41,6) (33,7 - 46,9) (37,1 - 48,4)

FONTE: Valores médios de amostras colhidas em ensaios agronômicos nas safras de 2010 e 2011.

condições de produtividade. As amostras foram analisadas por meio de NIRS no laboratório da Pioneer Livestock Nutrition Center, Iowa, EUA. Os resultados indicam que existe grande variação nos teores de fibra digestível (DFDN) entre os híbridos avaliados. Essasvariações podem ser decorrentes, por exemplo, da estrutura da planta, que pode variar de acordo com a população estabelecida na área, das condições de fertilidade do solo e danos decorrentes de pragas e doenças, além das variações climáticas. Ou seja, os prováveis valores esperados para DFDN dificilmente serão os mesmos encontrados na silagem fornecida aos animais. Em outra pesquisa conduzida para se avaliar os efeitos do momento de corte, expresso pelo teor de Matéria Seca sobre a produtividade e a qualidade da silagem de milho (Tabela 2), verificou-se que a antecipação do corte favorece a maior digestibilidade da fibra (DFND), mas acarreta sensível redução na qualidade da silagem de milho, decorrente da menor produtividade de grãos, e, consequentemente, no seu potencial de transformação em leite e carne. Práticas de manejo na produção de silagem, no caso o ponto de corte, interferem de forma mais efetiva na digestibilidade da fibra do que as características próprias do híbrido. Vale ressaltar que a intensidade de picagem da forragem, onde ainda temos muito a aprender quanto ao uso correto de máquinas e implementos, também vai interferir na digestibilidade da fibra da silagem. A escolha de híbridos apropriados para a produção de silagem de milho deve buscar altos rendimentos de forragem e de grãos, que é a porção responsável por quase 65% da energia da silagem. Para isso, o correto posicionamento agronômico e as práticas de manejo para o controle de pragas e doenças são fundamentais porque elas influenciam tanto no rendimento da lavoura quanto na qualidade da silagem. Estabelecidas as condições ideais de produtividade, num segundo momento, devemos considerar as características de digestibilidade da fração fibrosa (DFDN) da forragem. A digestibilidade está positivamente relacionada com o desempenho dos animais, porém, sofre interferência de variáveis desde condições agronômicas até o manejo da ensilagem, como momento de corte e tamanho de picado. Certamente, os dados de DFDN devem ser utilizados para ajustar a formulação de dietas, uma vez que pode ser uma ferramenta importante na predição da ingestão de alimentos e produção de leite.


GRÃOS

Microquimica apresenta aplicativo de celular para interpretação de análise foliar de soja CheckFolha® Mobile identifica deficiências de nutrientes no início do ciclo da soja

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Sintomas de deficiência de manganês em folha de soja

FOTOS: Divulgação Microquímica

Microquimica, empresa brasileira que atua na produção e comercialização de fertilizantes, inoculantes e agroquímicos, apresentará nos dias 21 a 23 de janeiro o CheckFolha® Mobile para soja na 19ª edição da Showtec, em Maracaju (MS). O aplicativo será disponibilizado de forma gratuita pela empresa para dispositivos com sistema Android ou IOS. Com a ferramenta o produtor pode cadastrar os resultados numéricos de laboratório e obter gráficos claros e objetivos que indicam os nutrientes que requerem maior atenção e ações corretivas. O processo, que demandava tempo e dedicação de técnico especializado, será simplificado, realizando comparações com a base de dados da literatura e cruzamentos de Em talhão experimental, técnico da Microquimica avalia o software CheckFolha® Mobile análises de áreas com altas produtividades. Além de facilitar a interpretação o CheckFolha® Mo- utilizar a ferramenta mesmo estando off-line durante suas bile apresenta também um relevante diferencial, o modo atividades na lavoura. Apenas para realização do download para análises antecipadas, oriundas de lavouras jovens (com e cadastramento inicial, é necessária a conexão com a rede, 4 trifólios ou cerca de 20 dias após o plantio). Utilizando depois todas as funcionalidades poderão ser utilizadas offo módulo para análises antecipadas é possível detectar com line, facilitando a busca de informações e soluções. antecedência e corrigir rapidamente problemas nutricionais Para o gerente de marketing da Microquimica, Anmais significativos, que pelo método tradicional seriam de- derson Nora Ribeiro, a ferramenta também vai estimular os tectados na pré-florada ou apareceriam a olho nú, quando é empresários a fazerem a análise foliar com maior frequênpraticamente inviável de correção do dano. cia. “É importante este incentivo, pois vemos que isso não O software já era disponibilizado no site da empresa, vem sendo realizado. A prática permite constatar problemas no entanto a versão mobile representa um importante avan- nutricionais com um grau de precisão muito elevado e geço já que os produtores e técnicos terão a possibilidade de ralmente antes de haver dano irreversível à produção”. Ele ainda ressalta que a tecnologia móvel e os serviços que resultem em agilidade e organização para os produtores serão cada vez mais importantes para uma tomada de decisão acertada, que permita atingir os tetos produtivos das culturas. COMO UTILIZAR O APLICATIVO - Para utilizar o CheckFolha® Mobile é preciso baixar pelo Google Play ou Apple Store, realizar a instalação no dispositivo móvel e fazer um breve cadastro, para ter acesso a todas as funcionalidades e arquivamento de dados no aplicativo. Após registrar os resultados de uma análise foliar, além de visualizar gráficos e tabelas de fácil entendimento, serão apresentados produtos que podem auxiliar o agricultor na correção dos problemas detectados e informações de contato dos colaboradores da empresa. (FONTE: Microquimica - www.microquimica.com)

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CAFÉ

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á 7 anos a sólida parceria entre a cooperativa e o Senar/MG leva aos municípios mineiros de Capetinga, Claraval e Ibiraci oportunidades, através de cursos, na área de Formação Profissional Rural, com foco no mercado de trabalho, e de Promoção Social, visando o desenvolvimento de habilidades e complementação de renda para famílias rurais. Em dezembro, um dos cursos mais disputados, o de Classificação e Degustação de Café, Os 12 participantes se dizem melhor preparados para traçar novos desafios na produção de café. aconteceu no núcleo da COCAPEC em Claraval (MG). Ao todo foram 12 partici- princípios técnicos de classificação e degustação de café pantes ligados ao meio rural, que é o número máximo defini- como tipos de defeito, diferentes bebidas, noções de merdo pelo Senar/MG para garantir um bom desenvolvimento cado. do treinamento. O superintendente da COCAPEC Ricardo Lima de A capacitação ficou a cargo do instrutor Marcello Andrade ressaltou a oportunidade que todos tiveram em Duque, experiente e dedicado profissional que demonstrou poder não apenas se informar, mas também se formar, e com isso transmitir conhecimento para suas comunidades. Para a cooperativa este tipo de capacitação contribui para seus cooperados dimensionarem o que estão produzindo e entender melhor o funcionamento do departamento de café. A satisfação com o curso foi geral. Muitos expressaram uma mudança de pensamento em apenas 5 dias de treinamento, já vislumbrando as possibilidades que se abriram por conta do conteúdo abordado. Vale lembrar que os cursos são apenas para produtores, funcionários e familiares residentes em Minas Gerais. Saiba mais através do e-mail: senarminas@cocapec.com.br FOTOS: Divulgação COCAPEC

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Convênio COCAPEC e SENAR-MG promove capacitação de produtores

Diversas técnicas de classificação e degustação foram passadas nos 5 dias de curso.


CAFÉ

Produção de café na Alta Mogiana pode cair mais da metade em 2015/16

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FOTO: Divulgação COCAPEC

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produção de café arábica na região da COCAPEC - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas, localizada na Alta Mogiana paulista, vai cair mais da metade em 2015/16, afirma o presidente da entidade — e coordenador do CNC - Conselho Nacional do Café —, Maurício Miarelli. Em 2014, ele estima que foram colhidas 2,3 milhões de sacas na região – incluindo a produção de cafeicultores não cooperados. De acordo com ele, é natural que haja quebra em ano de baixa bienalidade, mas em 2015 o recuo será mais acentuado em função dos reflexos da seca no início de 2014 – que influenciou o desenvolvimento dos ramos para a safra posterior –, além da falta de chuvas neste mês e, provavelmente, no próximo. Miarelli comenta que uma colheita menor já era esperada em 2014, mas a seca deste ano aumenta os receios de produtores. Em novembro e dezembro, houve precipitação na região, mas a partir do Natal as chuvas tornaram-se irregulares sobre as lavouras. Somado a isso, há as altas temperaturas, que são de, em média, 33 a 34 graus Celsius. “Estamos submetidos a uma situação similar à do ano passado. Se o quadro de estiagem permanecer, vai ser pior do

Maurício Miarelli, presidente da COCAPEC e coordenador do CNC.

que em 2014”, lamenta, frisando que não está muito otimista. Em relação à comercialização da safra de 2014, o presidente da COCAPEC informa que pouco mais da metade já foi negociada. (FONTE: Agência Safras)


CAFÉ

José Braz Matiello1, Saulo R. de Almeida1, C.A. Krohling2, Helcio Costa2, L.M. Busato da Caufes3 e J. Stockl3

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Mal Rosado, causado pelo fungo Corticium salmonicolor, é uma doença agora relatada pela primeira vez ocorrendo em cafezais

no Brasil. A doença nunca havia sido citada em cafeeiros no país, talvez pelo ambiente de clima mais seco, dominante nas nossas regiões, ao contrário do que ocorre na Colômbia e em certas áreas na América Central, onde, sob condição de umidade elevada, o Mal Rosado causa prejuízos significativos em cafeeiros. O ataque de mal rosado vem sendo verificado nos dois últimos anos, sempre no período de maio-julho, em lavouras na região de Marechal Floriano (ES). Ali predominam micro-climas com umidade elevada, com chuvas finas constantes, no inverno. Além disso, por efeito da topografia montanhosa, onde se encontram as lavouras e, ainda, pela proximidade de matas e eucaliptais, ocorre em parte do dia sombra sobre os cafezais, o que parece favorecer a doença já que nessas áreas se encontra o maior ataque. As condições de umidade, Visão geral do cafeeiro aparecendo 2 chuvas e temperaturas Marechal Floriano (ES), julho de 2014. verificadas na região nos dois últimos anos são mostradas na Figura 1. O mal rosado ataca ramos, frutos e folhas do cafeeiro. A princípio aparece uma lesão na parte lenhosa, porém ainda verde, dos ramos (laterais ou do ponteiro da planta). Esta lesão provoca um estrangulamento do ramo e a parte acima começa a amarelecer e o ataque se espalha ao longo desse ramo, atinge as folhas, que ficam totalmente necrosadas, e avança sobre a roseta de frutos próxima, deixando sobre toda FOTOS: Fundação Procafé

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“Mal Rosado”, nova doença em cafeeiros na região de Marechal Floriano (ES)

AUTORES

1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação PROCAFÉ. Site: www.fundacaoprocafe.com.br 2 - Engenheiros Agrônomos do INCAPER. 3 - Cafeicultores.

ramos mortos.

Detalhe da frutificação do fungo sobre o ramo, com cor rosada. Marechal Floriano (ES), julho de 2014.

a área afetada, no ramo e nos frutos, pontuações do fungo, de cor rosa ou salmão, daí vindo seu nome de mal rosado. Na parte inferior do ramo fica até uma crosta rosa. Em função do ataque, fica visível nos cafeeiros uma boa quantidade de ramos laterais e até do ponteiros mortos e secos, ficando com folhas agarradas. O ataque foi verificado, indistintamente, em diversas variedades de cafeeiros, em “Catuaí”, “Arara”, “Catucaí” e “Acauã”. O fungo C. salmonicolor é citado atacando centenas de espécies vegetais, entre os quais o próprio eucalipto. Nosso objetivo é o de alertar os técnicos para passarem a observar o problema de ocorrência do mal rosado, o qual poderá estar acontecendo em outras áreas, igualmente úmidas, em regiões próximas, na cafeicultura de montanha e em outras regiões cafeeiras no país.


CAFÉ

Ao comemorar 10 anos, AMSC traz para a Alta Mogiana o Cup of Excellence AMSC traz em 2015 a fase internacional do principal concurso de café de âmbito mundial

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FOTO: Divulgação AMSC

Cup of Excellence, administrado pela ACE - Alliance for Coffee Excellence - também representa a mais elevada premiação concedida a um café de pontuação superior. Ao promover a realização da sua etapa internacional, na categoria café natural (Brazil Naturals), na Alta Mogiana, a região receberá a equipe de organizadores, membros do júri, representantes de torrefações e compradores, originários das mais diversas partes do mundo. O evento está previsto para acontecer na primeira semana de dezembro. Trata-se de uma oportunidade única de divulgar a Alta Mogiana e seus cafeicultores. O Concurso é aberto a todos os produtores brasileiros de café arábica e os melhores lotes irão a leilão internacional. Os preços dos cafés vencedores do Cup of Excellence André Cunha (AMSC), Debbie Hill (ACE) e Maria Claudia (BSCA) – tidos como um dos melhores cafés do país durante o ano - quebram recordes seguidas vezes e compro- de Cafés Especiais, concretizada em dezembro de 2014. A vam a demanda global por cafés raros, com identificação de BSCA realiza o Cup of Excellence desde o ano 2000, com o origem e produtor. “Como fazenda associada desde o início objetivo de mostrar ao mercado internacional que o Brasil e fundação da AMSC, a O´Coffee fica super feliz com a vin- produz cafés da mais alta qualidade com potencial para atinda do Cup of Excellence para a Alta Mogiana. Este será um gir elevado valor agregado. marco para esta que já foi uma das mais importantes regiões Esta parceria também vem coroar o alinhamento das produtoras do país! Servirá de estímulo para que os nossos duas entidades quanto à importância dos cafés especiais produtores invistam cada vez mais em qualidade, promo- brasileiros e da sua promoção no mercado interno e externo. vendo-os internacionalmente” diz Edgard Bressani, asso“A AMSC trabalha há 10 anos a divulgação dos caciado e superintendente da O´Coffee. fés especiais da Alta Mogiana, seus benefícios e ganhos. A aproximação com parceiros renomados que compartilham FILIAÇÃO DA AMSC À BSCA - Trazer este impor- esses ideais vem contribuir para destacar a região no cenário tante evento do café para a Alta Mogiana se tornou possível global”, afirma André Luis da Cunha, diretor presidente da graças à filiação da AMSC à BSCA – Associação Brasileira AMSC.

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CAFÉ

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Cup of Excellence: 44 produtores disputam título de melhor café natural do mundo

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BSCA - Associação Brasileira de Cafés Especiais divulgou a lista dos cafeicultores finalistas do Cup of Excellence Naturals 2014, certame que realiza em parceria com a APEX-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ACE - Alliance for Coffee Excellence e o SEBRAE. O júri nacional do principal concurso de qualidade para cafés naturais (colhidos e secos com casca) do mundo selecionou amostras de 44 produtores, as quais se classificaram para a fase internacional, realizada de 19 a 23 de janeiro, no Centro Universitário Uniaraxá, em Araxá (MG) e que a Revista Attalea Agronegócios publicará os resultados em nossa edição de fevereiro de 2015. Esses 44 cafés foram analisados pelo júri internacional, composto por profissionais de importadoras, torrefadoras e coffee-shops das Américas do Norte e do Sul, da Europa, da Ásia e da Oceania. As amostras que tiverem nota igual ou superior a 85 pontos (escala de 0 a 100 do Cup of Excellence) serão consideradas vencedoras do concurso e ganharão o direito de serem ofertadas em disputado leilão via internet. O Brasil é o único país onde ocorre a competição destinada exclusivamente aos cafés naturais (late harvest). “Esse certame tem sido um diferencial de mercado, pois vem possibilitando a descoberta de qualidades excepcionais, com novos atributos de sabores, que estão encantando os profissionais da cafeicultura em todo o mundo”, destaca a diretora executiva da BSCA, Vanusia Nogueira. Na edição anterior, o leilão dos lotes campeões arrecadou mais de R$ 700 mil, com o lance máximo equivalendo a aproximadamente R$ 5.000 por saca de 60 kg.

O PROGRAMA CUP OF EXCELLENCE - O concurso Cup of Excellence foi iniciado por um grupo de profundos conhecedores de café juntamente com o suporte de entidades do governo e organizações não governamentais (ONGs), com o objetivo de recompensar os produtores por seus esforços e trabalho. A BSCA - Associação Brasileira de Cafés Especiais realiza este concurso desde o ano 2000, e atualmente conta com apoio do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da APEX-Brasil - Agência de Promoção de Exportações do Brasil e da ACE - Alliance for Coffee Excellence. Este concurso está aberto a todo produtor brasileiro de café arábica, sendo uma das ações do Plano Internacional de Marketing para a Promoção dos Cafés Especiais Brasileiros proposto pela associação. QUAL O OBJETIVO DESTE CONCURSO? - Continuar servindo de incentivo aos muitos países que vêm aderindo ao “Cup of Excellence” e mostrar ao mercado internacional que o Brasil produz cafés especiais de altíssima qualidade,

comparáveis aos melhores do mundo, e que tais cafés podem ser vendidos a preços recordes como ocorreu no ano passado com o lote vencedor sendo comercializado por mais de 1300 dólares/saca. QUAL A SUA META? - Aumentar o número de participantes e a abrangência geográfica do concurso de qualidade, elevar o número de lotes leiloados pela Internet e o número de participantes (potenciais compradores) no leilão eletrônico. O QUE É UM CAFÉ VENCEDOR DO PRÊMIO “CUP OF EXCELLENCE”? - Um café vencedor do prêmio Cup of Excellence é o escolhido por um grupo de provadores internacionais como um dos melhores cafés daquele país durante aquele ano. O QUE TORNA ESTES CAFÉS TÃO ESPECIAIS? - Cafés com esta qualidade exemplar são muito raros. Estes cafés são cuidadosamente colhidos quando perfeitamente maduros e, por isso, são muito encorpados, têm aromas agradáveis e uma doçura viva que só os cafés especiais de extrema qualidade possuem. Cada café vencedor leva a assinatura do ambiente em que foi cultivado e do trabalho artesanal adequado para acentuar estas características inigualáveis. COMO ESTE CAFÉ É SELECIONADO? - Produtores de café do país inteiro submetem as amostras a uma criteriosa competição com três fases que acontece uma vez por ano. Depois de recebidos pela BSCA e transformadas em número por uma empresa de auditoria, as amostras de cafés participantes primeiro passam por uma pré-seleção para assegurar a satisfação dos padrões mínimos de qualidade. Os cafés são então provados sem identificação por um júri nacional para selecionar os melhores e, finalmente, depois de uma de-


CAFÉ gustação de três dias, um júri internacional premia os melhores lotes com o prêmio “Cup of Excellence”. QUEM É O JÚRI DO CUP OF EXCELLENCE? - Para participar é preciso ser convidado. O júri nacional é composto por experientes provadores de diversas empresas e regiões. Já o júri internacional do “Cup of Excellence” é composto por profissionais da indústria de café e provadores de vários países e locais. Cada fase internacional da competição normalmente inclui de 24 a 32 jurados que representam uma ampla gama de experiências profissionais. Membros do júri vêm dos Estados Unidos, Europa, Japão, Canadá, Austrália, Brasil, Guatemala, Nicarágua, etc. O denominador comum é um enorme conhecimento sobre degustação de cafés e um grande amor e apreciação por cafés finos. QUANTOS CAFÉS SÃO PREMIADOS? - O número de cafés que recebem este importante prêmio depende inteiramente da qualidade dos concorrentes. As exigências são tão rígidas que poucos cafés de um país são condecorados. COMO SÃO VENDIDOS E QUEM COMPRA ESTES CAFÉS PREMIADOS? - Estes célebres cafés são vendidos ao importador de café ou torrador através de um leilão internacional pela Internet. O lance mais alto compra a totalidade do lote de café que foi submetido à competição. Compram estes cafés conhecedores do mundo todo, com paladares exigentes, que apreciam a complexidade do sabor e do aroma

encontrados no café, compram e valorizam estes vencedores. O torrador que compra estes cafés procura fornecer a mais alta qualidade aos seus clientes. QUAL A IMPORTÂNCIA DESTE PRÊMIO PARA O PRODUTOR DE CAFÉ? - Os produtores premiados ficam extremamente contentes em serem reconhecidos pela sua dedicação à qualidade. O fazendeiro não só recebe um prêmio de prestígio em uma cerimônia nacional, mas também os preços recorde no leilão são pagos aos produtores que merecem e precisam disto. Além disso, o fazendeiro passa a ser reconhecido pelo comércio internacional. Uma fazenda premiada (e freqüentemente a região inteira) poderá receber visitas futuras e consultas. Um café que ganha continuamente o “Cup of Excellence” terá seu status comparado a um bom vinho, ou seja, a um Grand Cru. COMO EU POSSO TER CERTEZA DE QUE É UM CAFÉ VENCEDOR DO CUP OF EXCELLENCE? - Procure pelo logo do “Cup of Excellence” na embalagem ou na loja. Todos os cafés premiados são vendidos com este logo. Procure pelo país específico e ano da competição, tendo em mente que um café premiado pode levar meses para chegar à loja. Se um café não tiver esta informação, pode não ser um vencedor. Nem todo o café de uma determinada fazenda é um “Cup of Excellence”. Os fazendeiros submeterão freqüentemente apenas uma quantia pequena de café à competição.

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Wanderley Cintra Ferreira - Cafeicultor, ex-Presidente do Sindicato Rural de Franca (SP), ex-Presidente da COCAPEC e exPresidente da CREDICOCAPEC.

FOTO: Toninho David

uantos milhões de pessoas no planeta consomem regularmente café? Não sei, ninguém sabe e qualquer número seria apenas especulação. Porque beber café? Porque é um grão simples, porém, submetido a vários processos de extração de seus aromas e sabores, exerce fascínio sobre as pessoas. Por isso milhões de pessoas consomem diariamente. A história do Brasil sempre mostrou a importância deste produto no seu desenvolvimento, reconhecidamente como o melhor do mundo. Vimos assistindo as declarações de previsões para a próxima safra, divulgadas por diversas fontes:- governo, cooperativas, empresas particulares e vários outros “palpiteiros de plantão”, atendendo interesses que, com certeza, não são os dos produtores. A CONAB acaba de divulgar 44,11 a 46,61 milhões de sacas, podendo haver variação de 2,7% para mais ou para menos (deve ser pesquisa do IBOPE). Outros afirmam que haverá quebra de 30% devido ao tempo. O clima quente e seco deste mês de janeiro - infelizmente repetindo o que aconteceu em 2014 - é assustador, pois estamos vendo lavouras sofrendo as consequências deste calor, “torrando” lavouras plantadas em dezembro/14 e janeiro/15 e comprometendo seriamente a safra futura, no enchimento dos grãos. É inacreditável estarmos assistindo produtores de nossa região irrigando café em pleno mês de janeiro e bastante preocupados por não verem as águas voltarem e as nascentes secas. Importante considerar que toda a região atingida, São

FOTO: Wanderley Cintra

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ALTA MOGIANA - 40º GRAUS

FOTO: Sérgio Parreiras Pereira

ARTIGO

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Paulo e Minas Gerais, são responsáveis, juntas, por 80% da produção nacional de café. Portanto, qualquer previsão feita neste momento é pura especulação. Seja feita por quem quer que seja, onde precisamos identificar quem estará sendo beneficiado pelas informações, pois, temos certeza de que não são os produtores. Estamos conhecendo uma outra OIC (“Otoridades Intendidas de Café”), que além de não produzir nada ainda prejudica a classe produtora sofrida; que vem de geração em geração vendendo “commodity”, sem conseguir agregar qualquer valor na sua saca de café. Esta mesma saca de café que, depois de torrado e moído, transforma-se em 3.500 xícaras de café, que a R$ 3,50 viram R$ 12.250,00.


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aneiro começou com clima similar ao de 2014: ausência de chuvas, baixa umidade do ar e muito sol. Para os cafeicultores o período é de preocupação. Mesmo em lavouras irrigadas, as plantas estão sentindo os efeitos da falta de chuva. As altas temperaturas estão ocasionando escaldaduras nos cafezais, causando lesões nas folhas e favorecendo a entrada de fungos e bactérias. Um segundo detalhe é que esta época é o período de frutificação da lavoura, formação do grão e determinação do volume produtivo para a próxima safra. Já os produtores na região de Patrocínio/MG que arriscaram a formação de novas áreas de café, foram surpreendidos por um veranico que só tem previsão de terminar na última semana de janeiro.

FOTOS: ACARPA

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Período atípico para produtores de café no Cerrado Mineiro

Alta temperatura favorece a escaldadura das plantas de café.

A solução para os produtores é a molhação, técnica que consiste em aplicar a água de forma localizada, bem junto às plantas, para molhar o torrão. O ideal na molhação é a aplicação de 3 a 5 litros de água por muda, o que exige dos produtos métodos eficientes para não perder a lavoura. (FONTE: Lena Oliveira - ACARPA)

Folhas queimadas e machucadas favorecem o aparecimento de doenças nos cafezais.

Produtores molham muda por muda para não perderem o investimento.

Tanques de pulverização são adaptados para serem utilizados na molhação das plantas. Muitos produtores estão recorrendo a irrigação via solo ou a aspersores para conseguirem fornecer água suficiente as plantas.


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Especialistas acreditam que safra atual será mais baixa. Produção 2016 começa comprometida. Clima em 2015 começa parecido com o ano passado: temperaturas altas e pouca chuva

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produção de café (Arabica e Conilon) em 2014 registrou queda de 7,7 por cento na comparação com a temporada anterior devido a seca e a colheita foi de 45,3 milhões de sacas, segundo a CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Estima-se que 71,2 por cento desse número seja de arábica (32,3 milhões de sacas) e a de robusta (ou conilon) foi estimada em 13,03 milhões de sacas. A CONAB em seu primeiro levantamento para a safra 2015 projetou que o Brasil deve ter colheita de 44,11 milhões a 46,61 milhões sacas com melhora na produção de café arábica e queda na de café robusta. Segundo analistas, o número está dentro das expectativas. De acordo com o gerente do departamento técnico da COCATREL, Roberto Felicori, a produção de 2015 pode cair cerca de 20 por cento em relação a 2014 no Sul de Minas devido a seca recente. A estimativa foi feita em reunião de um grupo de especialistas técnicos com representantes de 15 cooperativas da região. “Nós vemos que as condições climáticas estão totalmente desfavoráveis para uma boa produtividade. Estamos preocupados com a situação que está se repetindo neste ano e estamos vendo que a quebra será monstruosa como em 2014”, explica Felicori. Ainda de acordo com o gerente, algumas cidades da região Sul de Minas, importante produtora de café, registram cerca de 200 mm de déficit hídrico, isso em um momento importante para o cafeeiro que é a granação dos frutos. “O filme se repete com a falta de chuvas agora em uma fase crucial de enchimento de grãos para fazer a semente, sem chuvas e com temperatura elevada o café começa perder rendimento”, afirma o técnico da Fundação PROCAFÉ, Alysson Fagundes. Com mais um início de ano marcado por altas temperaturas e chuvas abaixo da média, produtores que esqueletaram suas lavouras no ano passado visando boa produção em 2016 e esperando que este ano o clima ajudasse os cafés, estão desanimados e ainda à espera de melhores condições climáticas. Diante de um cenário desfavorável para a produção de café no Brasil, maior exportador mundial do grão e se-

gundo maior consumidor, o consultor, Janio Zeferino da Silva, acredita que caso a produção no país neste ano seja menor que em 2014, o mercado terá um déficit de 5 a 8 milhões de sacas. “Pelos dados oficias da CONAB, nós temos nos estoques de passagem de março cerca de 16,8 milhões de sacas considerando que acabamos de colher 45,3 milhões com exportação de 36,7 milhões e um consumo interno de 21 milhões e estoque de passagem em torno de 3 milhões de sacas. Portanto, pode faltar café depois que a safra de 2015 for colhida se repetirmos a mesma exportação e consumo”, pondera o analista. De acordo com o agrometorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos, o padrão climático de chuvas irregulares no Brasil deve se estender e ainda trazer muita preocupação aos produtores rurais. (FONTE: Notícias Agrícolas)

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Rogéria Inês Rosa Lara1 e Nelson Wanderley Perioto2 FOTOS: Rogéria Inês Rosa Lara

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Vespas parasitóides que atacam o Bicho-Mineiro do cafeeiro

cafeeiro é originário das florestas tropicais da Etiópia, Sudão e Quênia, onde vegeta naturalmente sob temperaturas médias anuais entre 19 e 27ºC e pluviosidade que pode alcançar 3.800 mm/ano. O Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por cerca de 30% do mercado internacional e, no Estado de São Paulo, o café é cultivado em cerca de 200 mil ha, que produziram cerca de quatro milhões de sacas de café beneficiado. Muitos são os insetos que vivem nos cafezais, alguns dos quais são pragas importantes como o bicho-mineiro Leucoptera coffeella (GuérinMèneville) (Lepidoptera: Lyonetiidae), a broca-do- Figura 1. Área experimental, Fazenda Palmares, em Cravinhos (SP). café Hypothenemus hampei (Ferrari) (Coleoptera: Curculionidae) e algumas espécies de cigarras (Hemiptera: grande parte dessa tarefa. Duas espécies de vespas paraCicadidae). Nem todos os insetos que vivem nos cafezais sitoides da família Braconidae (Hymenoptera) se destacam atuam como pragas, muito pelo contrário, existem muitas como controladores naturais das populações de bicho miespécies de insetos que atuam como controladores naturais neiro: Orgilus niger (Penteado-Dias) e Stiropius reticulatus das populações de pragas e, dentre esses, um grupo com (Penteado-Dias) e são encontradas nas principais regiões muitas espécies de pequenas vespas, conhecidas por hime- produtoras de café. Este estudo, realizado por pesquisadores nópteros parasitóides. do Polo Centro Leste, APTA, em Ribeirão Preto (SP), teve Os parasitóides são importantes na manutenção do por objetivo identificar braconídeos que emergiram de foequilíbrio ecológico e, dada sua diversidade, participam em lhas de café com minas de bicho mineiro de uma cultura de café comercial. As amostragens foram realizadas na Fazenda Palmares (21º18’ S/ 47º47’ O) (Figura 1), em Cravinhos (SP), entre abril e novembro de 2009 através de coletas quinzenais de folhas minadas de café, da variedade “Obatã”. Em cada coleta foram retiradas cerca de 120 folhas minadas e/ou com pupas de bicho-mineiro (Figura 2). As folhas minadas foram levadas para o Laboratório de Sistemática e Bioecologia de Parasitóides e Predadores do Polo Regional Centro Leste onde as folhas com minas ativas e/ou pupas de bicho-mineiro foram individualizadas em sacos plásticos e mantidas em condições controladas (25 ± 2°C, 12 horas de fotofase e 70 ± 10% de UR). As folhas foram avaliadas a cada dois dias até a emergência de adultos do bicho mineiro ou das vespas parasitoides. Em todo o período de amostragem foi constatada a presença de folhas infestadas pelas lagartas de bicho-mineiro. Foram coletadas 1.860 folhas minadas e 299 folhas com Figura 2. Larvas de bicho-mineiro Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville) pupas, de onde emergiram 332 exemplares de braconídeos, (Lepidoptera: Lyonetiidae). dentre os quais 296 de Orgilus niger (89,2% do total obtido) e AUTORES 36 de Stiropius reticulatus (10,8%) (Figuras 3 e 4). As maiores 1 - Bióloga, Drª, PqC do Polo Regional do Centro Leste/APTA. Email: rirfrequências de Orgilus niger foram registradas entre maio e lara@apta.sp.gov.br julho de 2009 (179 exemplares, o que representou 60,4% do 2 - Engº Agrônomo, Drº, PqC do Polo Regional do Centro Leste/APTA. total obtido) e as de Stiropius reticulatus, em maio de Email: nperioto@apta.sp.gov.br


2009 (17 exemplares, o que representou 47,2% do total coletado).

FOTOS: Rogéria Inês Rosa Lara

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CONSIDERAÇÕES FINAIS - No cafezal estudado os períodos mais secos e frios do ano favoreceram o aumento da população do bichomineiro e das vespas parasitoides. Neste período, a utilização de inseticidas para o controle das populações de bicho-mineiro deve Figura 3. Orgilus niger Penteado-Dias levar em consideração Braconidae). a seletividade dos produtos aos inimigos naturais dado que estes organismos realizam o controle natural da praga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIC. Associação Brasileira da Indústria de Café. Exportações. Disponível: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/ cgilua.exe/sys/start.htm?sid=49#80>. Acesso em: 20 dez. 2012b. IEA. Instituto de Economia Agrícola. Estatísticas de produção da agropecuária paulista. Disponível em: <http://ci-

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(Hymenoptera:

Figura 4. Stiropius reticulatus Penteado-Dias (Hymenoptera: Braconidae).

agri.iea.sp.gov.br/nia1/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma=1>. Acesso em: 24 ago. 2012. KRUG, C. A. World coffee survey. Roma: FAO, 292p. 1959. Le PELLEY, R. H. Pests of coffee. London: Longmans, 1968. 590 p. REIS, P. R.; SOUZA, J. C.; VENZON, M. Manejo ecológico das principais pragas do cafeeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 23, n. 214/215, p. 83-99, 2002.


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18ª FENICAFÉ acontece em março em Araguari (MG) A 20ª FENICAFÉ - Feira de Irrigação em Café do Brasil acontece no período de 3 a 5 de março de 2015, no Pica-Pau Country Club, em Araguari, no Triângulo Mineiro. O evento tem por objetivos a discussão e a divulgação de técnicas e pesquisas relacionadas à cafeicultura irrigada, e será realizado em conjunto com o 20º Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura no Cerrado e o 17ª Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada. Promovida pela ACA - Associação dos Cafeicultores de Araguari e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado com apoio da Embrapa Café e Prefeitura Municipal, estes eventos são tradicionais e têm grande participação de técnicos, produtores, autoridades, fabricantes e revendedores de equipamentos e demais interessados no tema. Informações: www.fenicafe.com.br // www.facebook.com/fenicafe

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PROGRAMAÇÃO Dia 03/03/15 – TERÇA-FEIRA • 15:00h às 16:00h - “Doenças do cafeeiro: novidades e desafios” – Dr. Flávia Patrício (Instituto Biológico); • 16:30h às 17:30h - “Formação de muda de café: Aspectos Práticos” – Enivaldo Marinho Pereira (GTEC).

FOTOS: Divulgação FENICAFÉ

Dia 04/03/15 – QUARTA-FEIRA • 08:30h às 09:00h - “Abertura do XV Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada” – Prof. Dr. André Luís Teixeira Fernandes (Pró-Reitor de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão da Universidade de Uberaba/MG); Dr. Helvécio Mattana Saturnino (Presidente da ABID - Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem); Claudio Morales Garcia (Presidente da ACA - Associação dos Cafeicultores de

Araguari/MG); Gabriel Bartholo (Gerente Geral da Embrapa Café) e Antônio Fernando Guerra (Coordenador técnico da Embrapa Café). • 9:00h às 10:00hs - “Fertirrigação do Cafeeiro: Resultados Conclusivos para lavouras de alta tecnologia” – Adolfo Moura (Engenheiro Agrônomo, especialista em Nutrição e Fertirrigação em Fruticultura, consultor do SEBRAE). • 10:00h às 11:00h - “Gotejamento Enterrado: Tecnologia a ser utilizada na irrigação localizada do cafeeiro – Prós e Contras” – André Luís Teixeira Fernandes (Pró-Reitor de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão da Universidade de Uberaba/MG). • 11:00h às 12:00h - “Cenários climáticos no Brasil e no mundo e suas implicações para o cultivo e mercado de café” – Prof. Dr. Luís Carlos Molion (Universidade Federal de Alagoas). • “Workshop: Como o cafeicultor brasileiro pode se tornar um produtor de água?” Palestra 1 – 14:00h às 15:00h - “Reservação e alocação negociadas da água para a agricultura irrigada – o caso americano.” – Dr. Steve Deverel (Hydrofocus/Californonia Department of Water Resources) Palestra 2 – 15:00h às 16:00h - “Barramentos em Veredas” – Giacomini (UFU/ Coord. Regional Comitê Bacias Hidrográficas). Palestra 3 – 16:30h às 17:30h - “O Programa Produtor de Água no Brasil” - Dr. Devanir Garcia dos Santos (ANA Agência Nacional de Águas) Dia 05/03/15 – QUINTA-FEIRA “Workshop – Uso de fertilizantes na cafeicultura” Palestra 1 - 08:30h às 09:30h -“Qual a diferença entre Fertilidade do Solo e Nutrição de Planta?” - Prof. Dr. José Laércio Favarim (Esalq/USP) Palestra 2 - 09:30h às 10:30h - “Uso Racional de Fertilizantes na Cafeicultura” - Valter Casarin Palestra 3 - 11:00h às 12:00h - “Uso eficiente de fertilizantes: Considerações práticas para a otimização da adubação do cafeeiro” - Engº Agrônomo Dr. Hélio Casale Palestra 4 - 14:00h às 15:00h - “Cafeicultura de precisão, resultados práticos” - Roberto Santinato (Eng. agrônomo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – ProCafé) Palestra 5 - 15:00h às 15:30h - “Painel Federação Cafeicultores do Cerrado Mineiro” - Juliano Tarabal Palestra 6 - 15:30h às 16:30h - “Manejo integrado para melhoria da qualidade dos nossos cafés” - Engº Agrônomo Alysson Vilela Fagundes


Gotejamento Enterrado em café André Luís Teixeira Fernandes1

Brasil já irriga 260.000 ha de todo o seu parque cafeeiro, o que representa pouco mais de 10% da cafeicultura nacional. O que chama a atenção é que esta fatia irrigada responde por 25% da produção nacional, mostrando a grande competitividade da cafeicultura irrigada nacional. Os cafezais irrigados estão mais concentrados nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e, em menor proporção, em Goiás, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo. A irrigação tem sido utilizada mesmo nas regiões consideradas tradicionais para o cafeeiro, como o sul de Minas Gerais, Zona da Mata de Minas Gerais, Mogiana Paulista,

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FOTOS: Divulgação Bolsa Irriga

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Figura 2 - Irrigação por gotejamento

Figura 1 - Irrigação por gotejamento

AUTOR

1 - Professor Dr. em Engenharia de Água e Solo. UNIUBE - Universidade de Uberaba (MG). Coordenador do Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café. Email: riandre.fernandes@uniube.br

Espírito Santo, etc. Em geral, a irrigação do cafeeiro é feita por dois métodos: aspersão e irrigação localizada. Os sistemas de aspersão utilizados na irrigação desta cultura são os seguintes: aspersão convencional móvel (com aspersores pequenos, médios e canhões) ou fixa (que inclui o sistema de aspersão em malha), autopropelido e pivô central. Em função de aspectos relacionados ao consumo de energia, exigência de mão-de-obra e outros aspectos operacionais, os sistemas mais viáveis de irrigação por aspersão têm sido o convencional (principalmente do tipo malha) e o pivô central. Já com relação à irrigação localizada, os sistemas mais utilizados são o gotejamento, por suas características técnicas que permitem uma irrigação com grande precisão, economia de água e energia e as fitas de polietileno (sistema também conhecido como “tripa”), principalmente pelo menor custo de implantação. IRRIGAÇÃO LOCALIZADA - Compreende os métodos de irrigação em que a água é aplicada diretamente so-


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FOTOS: André Fernandes

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Figura 5 – Faixa molhada de gotejadores Figura 3 – Formação do bulbo molhado pelos gotejadores (Netafim) enterrados, em propriedade da Alta Mogiana.

bre a região radicular, em pequena intensidade e alta freqüência, para manter a umidade próxima da ideal, que é a chamada capacidade de campo. O principal sistema é o gotejamento, onde a água é aplicada de forma dirigida e localizada na zona de maior aproveitamento das raízes das plantas. São caracterizados pela localização, que implica num umedecimento parcial da área total sob irrigação, reduzindo, portanto, o volume total de solo explorado pelas raízes. O restante da área não se umedece, fazendo com que a planta modifique seu crescimento radicular, o qual se concentra nos volumes de solo umedecidos. Outro aspecto importante a ser salientado é a alta freqüência de aplicação de água, procedimento praticamente imposto pelo baixo volume de solo explorado pelas raízes, a fim de compensar o consumo normal de água pelas plantas. No que se refere especificamente ao gotejamento, quando a água é aplicada de forma pontual, toda a propagação de umidade ocorre através do ponto de emissão, que difunde a água mediante um fluxo tridimensional, formando

Figura 4 – Alguns tipos de avarias em mangueiras e gotejadores.

os chamados bulbos de umedecimento (Figura 5), cujas formas e dimensões dependem das propriedades físicas do solo e das características da aplicação: textura, vazão e tempo de irrigação. Nas chamadas linhas de aplicação contínua, produzidas pela instalação muito próxima de gotejadores, tendência nos projetos de café, ao invés de realizar-se em um ponto, a aplicação tem a forma de uma linha contínua. Nesse caso, o regime de fluxo se realiza em duas dimensões. VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO GOTEJAMENTO - Muitos produtores de café nos últimos anos têm procurado empresas de irrigação de gotejamento para a irrigação de suas lavouras, devido às suas vantagens com relação aos demais sistemas, por exemplo: • Economia na aplicação de água: é um dos sistemas que utilizam menos água. Levando-se em conta a escassez de água que muitas regiões cafeeiras enfrentam, é uma opção tecnicamente viável. • Alta uniformidade na aplicação de água: comparado com outros sistemas, se o projeto é adequado, o gotejamento pode atingir coeficientes de uniformidade acima de 90%. • Possibilidade de aplicação de vários produtos via água de irrigação: graças à sua alta uniformidade, o sistema permite a aplicação de fertilizantes (macro e micronutrientes), hormônios vegetais, corretivos de solo, inseticidas, adubos orgânicos, dentre outros produtos. • Menos concorrência com plantas invasoras: como os gotejadores irrigam apenas parte da área (25 a 30%), formando uma faixa molhada, as entrelinhas não são irrigadas, inibindo o crescimento do mato nas épocas de estiagem. • Permite aplicar os nutrientes em cada fase fenológica do cafeeiro: pela facilidade da fertirrigação, permite-se a aplicação de fertilizantes em quantidades e frequências que maximizam a produção do cafeeiro e evitam perdas dos nutrientes.


FOTOS: André Fernandes

CAFÉ Mesmo com os insucessos, as constantes avarias nas mangueiras instaladas superficialmente fizeram que empresas de irrigação e cafeicultores voltassem a pensar em enterrar os tubogotejadores. Nestes 15 anos, os gotejadores evoluíram bastante, permitindo a sua instalação sob o solo. Assim, para que não ocorram os mesmos problemas verificados no passado, devem-se seguir algumas recomendações: • Utilização de gotejadores adequados, dotados de mecanismos antisifão/antidrenantes/autolimpantes. • Enterrio na profundidade e distância correta das linhas de café. Deve-se enterrar, no máximo, a 15 cm de profundidade, e até 30 cm da linha de café. • Respeito às manutenções preventivas e corretivas: deFigura 6 – Exemplo de mangueiras enterradas de forma errada (muito profundas e muito distantes das linhas de café) pendendo da qualidade da água, Apesar das vantagens, o sistema apresenta alguns in- deve-se sempre aferir a vazão das linhas laterais, pressões convenientes, como a obstrução dos emissores (devido aos nos cavaletes e finais de linha e aplicação de produtos para reduzidos diâmetros dos gotejadores e à falta de manutenção evitar obstruções (cloro, ácidos, etc.) dos sistemas), alto custo inicial e falta de mão de obra espe• Aplicação periódica de herbicidas via água de ircializada. rigação, para evitar a intrusão de raízes nos gotejadores. Recomenda-se a aplicação do produto Trifuralina (Treflan, GOTEJAMENTO ERRADO - Um dos principais pro- a 43%), 2 vezes ao ano (uma vez antes do estresse hídrico e blemas do sistema é a avaria das mangueiras, tradicional- uma vez após o término das chuvas), na dose de 2 cm3 para mente instaladas sobre a superfície do solo, por enxadas, cada 8 gotejadores. roçadoras, insetos, radiação solar e roedores (Figura 4). Por • Avaliações periódicas: pelo menos uma vez por ano, este motivo, alguns cafeicultores, há alguns anos atrás, opta- recomenda-se aferir vazões e pressões, se possível seguindoram por entrerrar os tubogotejadores, para evitar estes pro- se a metodologia internacional (em cada setor, escolhem-se blemas, além de aumentar a vida útil das mangueiras, que 4 linhas, uma próxima da válvula, duas intermediárias e uma não sofrem a ação direta da radiação solar. no final da linha de derivação; em cada linha, escolhem-se 4 Alguns projetos, porém, tiveram muitos problemas, gotejadores para medir a vazão: um no início da linha, dois não pelo enterro das mangueiras, mas por erros operacionais intermediários e um no final da linha). Em cada uma destas e/ou de projetos, como: instalação das mangueiras muito 4 linhas, mede-se a pressão no início e no final da mesma. profundas e distantes das linhas de café; utilização de gote- Embora mais difícil e trabalhosa que nos gotejadores em sujadores convencionais; falta de manutenção; sistemas com perfície, as avaliações nos sistemas enterrados são primordiáguas de baixa qualidade física, química e biológica, com ais, para que a vida útil do sistema seja garantida. projetos sem filtros e pré-filtros adequados. Em Monte Carmelo, Triângulo Mineiro, talvez

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FOTOS: André Fernandes

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Figura 7 – Sistema de gotejamento enterrado da empresa Netafim, em Monte Carmelo, MG, desde 2005.

exista um dos mais antigos projetos de gotejo enterrado para café. O sistema foi instalado com emissores adequados, enterrados na profundidade e distâncias adequadas, sendo feitas as manutenções periódicas, principalmente nos quatro primeiros anos de funcionamento (Figuras 7 e 8). O projeto foi instalado em 2005 e a primeira avaliação, em 2009, chegou a um coeficiente de uniformidade de aplicação de água de 94%, o que classifica o projeto como excelente.

Figura 8 – Profundidade do enterrio dos gotejadores em Monte Carmelo, MG.

FOTO: Marcelo Dianin

FOTO: Marcelo Dianin

Nos 4 anos seguintes, por motivos diversos, não foi feita qualquer manutenção no sistema, nem mesmo a aplicação de trifuralina. Mesmo tendo sido feitas as fertirrigações sistemáticas na lavoura, a avaliação de 2012 chegou a um coeficiente de uniformidade de 91%, ainda classificando o sistema como excelente. Trata-se de um exemplo que estimula cafeicultores e projetistas a adotarem o enter-rio das mangueiras. Pode-se dizer que a tecnologia é viável, desde que se respeitem as recomendações que constam neste artigo. Em 2012/2013, muitos cafeicultores tecnificados adotaram a técnica, com sucesso (Figuras 9 e 10).

Figura 9 – Formação do bulbo molhado pelos gotejadores (Netafim) enterrados, em propriedade da Alta Mogiana.

Figura 10 – Enterrio das mangueiras, em propriedade da Alta Mogiana.


EUCALIPTO

Rentabilidade do eucalipto comparado com outras culturas Clarissa Gusmão1, Welton Junior1 e Vanessa M. Basso1

G

rande parte dos pequenos e médios produtores rurais, por questões de tradição familiar ou cultura adquirida ao longo dos anos, tendem a manter a mesma cultura agrícola ou pecuária na propriedade. O reflorestamento, como é uma atividade nova para a maioria dos produtores, acaba por ser implantada somente em parte da propriedade. Acredita–se que à medida que a atividade for se consolidando, mais produtores irão aderir aos plantios florestais. A produção florestal brasileira há tempos vem se mostrando promissora devido à melhoria de vários aspectos, tais aumento da produtividade e a diminuição do tempo de colheita. Não existem muitos dados sobre a viabilidade econômica da produção de madeira comparado a outras atividades rurais, porém, em alguns deles, é evidenciado que ela se apresenta maior lucro. Um destes estudos é Pratti (2010), que traz a comparação do lucro gerado pela produção de madeira, especificamente do eucalipto, comparado a algumas das principais atividades agrícolas, no estado do Paraná (Tabela 1). Segundo dados da safra 2008/2009, em comparação com a cultura do milho, o eucalipto tem um rendimento 11,3% maior. Com relação à soja, o lucro líquido do eucalipto foi 21,3% maior. O feijão, terceira cultura analisada a diferença foi ainda maior, sendo de praticamente 185%. Finalmente, o trigo foi a cultura menos rentável tendo uma diferença de mais de 850% em relação à cultura do eucalipto. Cabe ressaltar que o prazo para colheita no Estado do Paraná é de 6 anos, porém em algumas regiões com clima mais propício, região sul da Bahia, por exemplo, os cortes rasos estão ocorrendo com 5 anos, sendo que a lucratividade pode representar um valor mais elevado. Um trabalho realizado pela Embrapa, realizado por Rodigheri (1997) também, comparou a rentabilidade do eucalipto, comparado com outras culturas (Tabela 2). No estudo as culturas de eucalipto e pinus apresentaram as melhores relações RB/C (relação benefício/custo). Em relação ao VPL e TIR, também apresentaram maiores viabilidades, com exceção, quando compara à Erva-mate solteira. Além disso, há de se considerar que na maioria das pequenas e médias propriedades os reflorestamentos ocupam áreas de encostas e marginais, enquanto as culturas agrícolas ocupam áreas melhores (mais planas e férteis). Diante do que foi apresentado, percebe-se que a atividade pode ser viável para os pequenos e médios produtores rurais, apresentando-se como mais uma alternativa de renda. Entretanto, alguns fatores como a existência do mercado para a madeira e a distância do reflorestamento ao centro Tabela 2 - Comparação da rentabilidade entre culturas. Variáveis

RB/C

TIR (%)

RB/C

Erva Mate solteira (2.222 pl/ha)

3,44

43,84

25.058,00

Eucalipto solteiro (1.666 pl/ha)

4,09

32,93

5.052,67

Pinus solteiro (1.666 pl/ha)

4,51

17,09

6.337,54

Feijão e Milho solteiro em sucessão

1,71

6,68

1.800,79

Soja e trigo solteiro em sucessão

1,23

1,23

2.072,20

Fonte: Rodigheri (1997)

Tabela 1 - Comparação da produtividade e lucro do eucalipto com outras culturas agrícolas Cultura Feijão

Produção (kg/ha) 1.600

Lucro Bruto (R$/ha) 2.040,00

Lucro Líquido (R$/ha) 372,21

Milho

7.020

2.716,00

954,00

Soja

3.024

2.450,00

876,00

Trigo

2.601

1.279,00

110,00

Eucalipto

35.000

2.835,00

1.062,16

Fonte: Pratti (2010)

consumidor, devem ser levados em consideração, pois podem comprometer a atividade. O reflorestamento pode ser considerado uma poupança verde para as pequenas e médias propriedades, pois, enquanto nas atividades agrícolas e pecuárias o produto é perecível e/ou apresenta um alto custo de estocagem, o da floresta é praticamente nulo, bastando mantê-la em pé. A floresta, ao chegar no ponto de corte e decidir não cortá-la, ela continuará a crescere a valorizar, como uma poupança, pois a madeira tem a característica de que quanto maios o seu diâmetro maior é o seu valor. Portanto, o investidor florestal tem a opção de adiar ou antecipar o corte em função do preço de mercado da madeira e da sua necessidade financeira. (FONTE: UFV)

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J.B. Matiello e S.R. Almeida1

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FOTOS: Fundação Procafé

45 anos com a ferrugem do cafeeiro este 17 de janeiro estamos completando 45 anos desde a constatação da ferrugem do cafeeiro no Brasil, identificada, pela primeira vez, em 1970, em Aurelino Leal, município do Sul baiano. Naquela época pouco sabíamos sobre a doença e tentamos, a princípio, erCafeeiros da variedade “Asa Branca”, resistente à ferru- Cafeeiros da variedade “Acaiá”, sem controle, desfolradicá-la, depois procuragem, em Coromandel (MG). hado pela ferrugem, em Varginha (MG). mos confiná-la mais ao norte, através de uma faixa de segurança, mas logo, devido à apesar da geada arrasadora de 1975 e em 1983 com safras facilidade de disseminação da ferrugem, ela escapou para as de 35 milhões e recorde, na época, de 42,7 milhões de sacas regiões cafeeiras mais ao Sul, sendo que em junho de 1970 já em 1987, quando em 1970, antes da ferrugem, produzia-se, se encontrava o primeiro foco no Sul de Minas, em janeiro apenas, 20 milhões. A base foi montada, para que agora pude 1971 em São Paulo e em outubro de 1971 no Paraná. déssemos atingir, com novas melhorias, safras na faixa de Assim, rapidamente foi preciso partir para uma estraté- 45-50 milhões de sacas/ano. gia de convivência com a ferrugem em nossos cafezais, com Parece que tudo foi fácil, porem houve muito esforço e base em um programa de controle, que passou a dar ênfase mudanças fundamentais tiveram que ser feitas. Hoje o custo a 3 setores – a pesquisa, a assistência técnica e o crédito. A de controle da ferrugem é de apenas cerca de 5% do cuspesquisa desenvolveu os métodos de controle, a assistência teio anual da lavoura e o próprio controle pode resultar em levou as tecnologias até aos produtores e o crédito deu su- ganhos adicionais de produtividade, por efeito tônico dos porte para a execução das práticas de controle. produtos. O objetivo principal foi o de preparar os cafezais para Vemos que a cafeicultura brasileira sobreviveu e meo controle, através de novos plantios, em áreas zoneadas, lhorou com a ferrugem. Mas, não foi assim em países cafecom espaçamentos mais abertos na rua, visando facilidade eiros vizinhos, aqui no continente americano. A Colômbia no trânsito de maquinário pulverizador e adaptar, por po- teve que trocar quase toda sua cafeicultura, substituindo a das e tratos adequados, as lavouras existentes. A melhoria da variedade caturra por variedade resistente e sua safra caiu de produtividade foi um ponto básico na política de convivên- 12-13 milhões de sacas ano para 8 milhões e só agora começa cia com a ferrugem, sendo essencial para gerar receita ne- a se recuperar. cessária para cobrir gastos adicionais com o controle químiPaíses da América Central, como Guatemala, Honduco, na época atingindo cerca de 20% do custo de produção ras, El Salvador e Nicarágua, e, em escala menor, também a do café. Costa Rica, estão tendo perdas importantes de safra com a Surgiu, assim, com a ferrugem, uma nova cafeicul- ferrugem. Peru e Equador estão tendo problemas graves. A tura brasileira, ao contrário do que nos contava, na época, Republica Dominicana passou de exportadora para importaa história, que dizia que a ferrugem poderia acabar com o dora de café com a ferrugem. café, como havia acontecido no Ceilão. Também a literatura Disso tudo tiramos uma lição. Para enfrentarmos um apontava a necessidade de usar um elevado numero de pul- problema grave precisamos investir com seriedade. Uma verizações ao ano e com altas doses de cobre (7,5 kg por ha, estrutura de trabalho ativa e integrada é importante. Coa cada 21 dias). nhecimentos, tecnologias e formas para fazê-los chegar aos A estrutura montada pelo IBC, na época, com 15 cen- produtores são a chave. Lavouras com bons níveis de produtros regionais de pesquisa, com uma equipe de Assistência de tividade são a base. Tudo isso com o apoio em preços de café mais de 600 técnicos e com o crédito do Plano de Renova- remuneradores. ção e Revigoramento de Cafezais, resultou na renovação, Evoluímos muito no controle químico da ferrugem. de 1970 a 1979, de 1,4 milhão de hectares de novos cafezais. Precisamos evoluir mais na utilização do controle genético. Chegou-se, em 1980, com uma safra de 25 milhões de sacas, Existe bom material disponível. É preciso maior difusão, para uma melhor aceitação das novas variedades pelos AUTORES produtores. Afinal, os 45 anos de convivência com a ferru1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação Procafé. Site: www.fundacaoprogem, com sucesso, nos trouxeram boas experiências, úteis cafe.com.br para nossa luta contínua na tecnologia cafeeira.


CAFÉ

Genoma completo do café Canephora é sequenciado pela primeira vez no Mundo

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FOTO: Cláudio Bezerra

m consórcio internacional composto por 11 países – Brasil, França, Itália, Canadá, Alemanha, China, Espanha, Indonésia, Austrália, Índia e Estados Unidos – sequenciou, pela primeira vez no mundo, o genoma completo do café (Coffea canephora). Os resultados dessa pesquisa inédita estão publicados na versão online da revista científica norte-americana Science, da AAAS - Associação Americana para o Avanço da Ciência, considerada, ao lado da Nature, uma das mais prestigiadas de sua categoria. Para o pesquisador Alan Andrade, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e um dos coordenadores desse consórcio internacional, o sequenciamento permite a leitura do genoma de cada planta, o que possibilita prever o desenvolvimento de alguO pesquisador Alan Andrade, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e um dos coordemas características de interesse agronômico nadores desse consórcio internacional. e acelerar o melhoramento genético do café. Em outras palavras, a elucidação do genoma pode aju- em linhas gerais, as principais diferenças genéticas entre o dar a melhorar o aroma e o sabor da bebida ao permitir o de- café arábica e o café conilon? senvolvimento de novas variedades com melhor qualidade Alan Andrade: O café arábica (C. arabica) é uma e mais resistentes à seca, a doenças e outros fatores químicos ou biológicos. Isso faz com que os custos diminuam e a produtividade aumente. Benefício para o produtor e também para o consumidor, que terá bebida de mais qualidade. Antes desse sequenciamento do genoma do café canephora, Alan Andrade, em 2004, fez parte do grupo pioneiro no Brasil que sequenciou pela primeira vez o genoma funcional do café arábica e de outras espécies. O projeto gerou o maior banco de dados do mundo sobre genoma café, com 200 mil sequências de DNA. Hoje esse banco possui mais de 30 mil genes identificados e está à disposição das instituições participantes e parceiras do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. O sequenciamento do genoma funcional forneceu a base para os projetos atuais de sequenciamento genômico do cafeeiro. Para falar sobre a pesquisa de genoma do café, entrevistamos Alan Andrade, graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras - UFLA (1990) e mestre em Agronomia (Fitotecnia) pela mesma Universidade (1994). Tem doutorado e pós-doutorado (1995/2002) em Molecular Genetics pela Wageningen University And Research Center, na Holanda. Alan foi coordenador do Núcleo de Biotecnologia do Consórcio Pesquisa Café no período de 2004-2008. Participa como pesquisador e membro do Comitê Gestor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café - INCT-Café. Revista Attalea Agronegócios: Você poderia descrever,

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espécie tetraploide (2n=4x=44), sendo um híbrido de duas espécies diploides, C. eugenioides (2n=22) e C. canephora (2n=22). Ou seja, o café arábica tem o dobro de cromossomos se comparado ao C. canephora , que é a espécie do café conilon. Isso significa que o genoma do café arábica tem quatro formas alélicas para cada gene (duas do subgenoma de C. eugenioides e duas do subgenoma de C. canephora ). Outra característica importante é que o café arábica é uma planta autógama, apesar de baixa taxa de fecundação cruzada. Ou seja, as sementes são formadas com pólen da própria planta, o que diminui a variabilidade genética. Já o café conilon (C. canephora ) é uma planta alógama, com fecundação cruzada. Nesse caso, as sementes da planta são formadas a partir de pólen de outra planta, gerando assim uma variabilidade genética maior quando comparado ao café arábica.

FOTO: Divulgação Embrapa Café

CAFÉ

Revista Attalea Agronegócios: Em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Embrapa Café e Instituto Uniemp, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia concluiu, em 2004, a primeira etapa do sequenciamento do genoma funcional do café arábica. No que consistiu o sequenciamento daquele genoma, de que forma a experiência adquirida em 2004 contribuiu para o sequenciamento do genoma completo do café conilon? Alan Andrade: Naquela época, as tecnologias de sequenciamento de DNA eram outras e o custo era elevado. Dessa forma, era impensável a execução de um projeto de sequenciamento completo do genoma do café. Portanto, devido ao custo e à semelhança da maioria dos projetos de sequenciamento do genoma de plantas cultivadas, optamos, na época, por sequenciar somente o genoma funcional do cafeeiro. Ou seja, somente as sequências gênicas expressas foram identificadas, resultando num banco de dados com mais de 30 mil genes do cafeeiro. Foi um feito memorável e inédito para a ciência brasileira, o que propiciou à comunidade científica mundial acesso inicial a sequências em larga escala do genoma funcional do cafeeiro. Muitos trabalhos científicos na área molecular de diversas áreas do conhecimento (fitopatologia, fisiologia, genética etc.) puderam, então, ser desenvolvidos e avanços significativos do conhecimento foram alcançados, inclusive com a geração de várias patentes por grupos de pesquisa brasileiros. Sem dúvida alguma, a execução daquele projeto no Brasil foi a pedra fundamental para a execução dos projetos de sequenciamento genômico do cafeeiro atuais. Revista Attalea Agronegócios: Qual a diferença do sequenciamento completo do genoma estrutural para o sequenciamento do genoma funcional? De que forma essas pesquisas contribuem para a efetiva melhoria da qualidade do café no Brasil? E o produtor, de que forma prática ele se beneficia? Alan Andrade: O sequenciamento do genoma estrutural elucida todo o complemento genético de um organismo, inclusive com a ordem e disposição das sequências em cada cromossomo. Sendo que, além das sequências gênicas

(genoma funcional) também são caracterizadas as regiões intragênicas que tem importância fundamental no processo de regulação da expressão dos genes. Com esse conhecimento do genoma completo, torna-se possível a aplicação de técnicas genômicas avançadas nos programas de melhoramento genético do cafeeiro, tornando-os mais rápidos, precisos e eficientes. Dessa forma, o produtor terá à sua disposição variedades superiores para diversas características de interesse, mais adaptadas e também com qualidade superior. Revista Attalea Agronegócios: Quais instituições de pesquisa estiveram envolvidas nesse trabalho? De que forma o Consórcio Pesquisa Café contribuiu com o sequenciamento do café conilon? Alan Andrade: O trabalho foi realizado por um consórcio internacional, composto por pesquisadores de diversas instituições de pesquisa de onze países. Certamente, uma das contribuições fundamentais foi a disponibilização dos dados do Projeto Genoma Café brasileiro, os quais foram importantes na etapa de anotação do genoma completo. Além disso, sou pesquisador da Embrapa, que é uma das instituições fundadoras do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, e, nesse sentido, creio que não há como dissociar qualquer resultado de pesquisa obtido por nós no tema café do apoio recebido do Consórcio nos últimos 17 anos. Revista Attalea Agronegócios: Com o desvendamento dessa “radiografia” do genoma de cada planta e antecipação do desenvolvimento de características de interesse agronômico, que impactos são previstos para a economia cafeeira no Brasil? Alan Andrade: As intempéries ambientais que o produtor cafeeiro tem vivenciado nos últimos anos impõem vários riscos à sustentabilidade da produção de café no Brasil e no mundo. Nesse sentido, a pesquisa tem sempre que estar na vanguarda, trabalhando hoje no desenvolvimento de soluções para o amanhã. No caso do café, por ser uma cultura perene, todos sabemos das dificuldades e da morosidade decorrente nos programas de melhoramento genético.Vejo como fundamental o desenvolvimento desses novos


novos métodos genômicos para auxiliar e acelerar os programas de melhoramento genético, pois as demandas e riscos são enormes, assim como serão catastróficas as consequências ao agronegócio café se não estivermos preparados para prover as soluções tecnológicas ao produtor quando demandadas. Nesse sentido, creio que o maior impacto tecnológico que podemos almejar na economia cafeeira será sempre a garantia da sua sustentabilidade e rentabilidade.

FOTO: Divulgação Embrapa Café

CAFÉ

Revista Attalea Agronegócios: Quando o banco de dados resultante do sequenciamento estrutural do café conilon deverá estar disponível em instituições de pesquisa do Brasil e do exterior? Onde essas informações se encontram? Alan Andrade: Todos os dados obtidos já estão disponíveis para a comunidade científica. Hoje essas informações estão disponibilizadas em uma página da web localizada na França (http://coffee-genome.org/), mas também estamos idealizando trazer toda a base para o Brasil com vistas a facilitar e dar mais agilidade às análises para os pesquisadores brasileiros. Revista Attalea Agronegócios: O feito científico do sequenciamento do genoma está sendo divulgado agora, mas diversas plantas já genotipadas em escala genômica estão sendo testadas em campo, há mais de três anos, na Embrapa Cerrados, Instituição participante do Consórcio Pesquisa Café. Quais as perspectivas desses trabalhos? Alan Andrade: Esse é um ponto muito importante. Na verdade, os dados de sequenciamento são só ferramentas e somente será possível atingirmos resultados com aplicação prática para o produtor se tivermos as plantas nos campos experimentais. Nesse sentido, temos trabalhado conjuntamente com a equipe de pesquisadores da Embrapa Cerrados há vários anos, com o intuito de estabelecermos os acessos de café adequados para os nossos estudos. Foi com esse objetivo que houve grande esforço nos últimos anos para ampliar o Banco de Germoplasma de Café da Embrapa, localizado naquela Unidade. Essa colaboração tem sido muito efetiva e produtiva e estamos muito otimistas com os resultados que serão alcançados a partir dessa interação. Revista Attalea Agronegócios: Depois do sequenciamento do genoma completo do café conilon, quais as próximas etapas da pesquisa genética de café? Em termos de utilidade prática, o que se vislumbra? Alan Andrade: Bom, as pesquisas de genômica aplicada em plantas, em linhas gerais, seguem as mesmas direções das pesquisas em genética humana. Na verdade, o objetivo maior de nossas pesquisas é prever o comportamento de uma planta no campo, com base em análise de DNA de mudas no viveiro. Ou seja, da mesma forma que já é possível prever o risco, em humanos, de desenvolver determinada doença, com base em análises de DNA, objetivamos também prever as características agronômicas de uma planta de café de for-

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ma bem precoce, reduzindo-se assim os custos e aumentando-se a eficiência e rapidez dos programas de melhoramento genético do cafeeiro. A grande vantagem será poder associar diversas características de interesse em uma só planta, com base na mesma análise de DNA. Ou seja, a análise será global para diversas características de interesse, possibilitando a identificação de plantas com diversas características associadas, tais como ‘produtiva e com qualidade’, ‘produtiva, com tolerância à seca e com qualidade’ etc. Além disso, com o conhecimento do genoma do arábica, que está em fase de conclusão, será possível, também, o desenvolvimento de metodologias moleculares para diversos outros aspectos de interesse da indústria, como, por exemplo, identificação de misturas no café torrado (robusta x arábica), identificação específica de variedades (registro das cultivares e também rastreabilidade). Ou seja, imagine que determinada indústria quer desenvolver cápsula específica de determinada variedade (100% Bourbom, por exemplo). Com esse conhecimento, será possível desenvolvermos metodologias que garantam essa identificação no processo de compra do grão verde pela indústria. Isso certamente contribuirá para melhoria da qualidade final do café destinado ao consumidor. A IMPORTÂNCIA DO COFFEA CANEPHORA - O Coffea canephora é uma espécie muito importante para o Brasil e ocupa cerca de 30% do mercado mundial. A variedade Conilon é a mais utilizada para a produção de blends, combinada com o Coffea arabica, o mais consumido no Brasil e no mundo. Blends são composições de grãos diferentes. Assim como os vinhos, os grãos de café podem ser misturados para obter o máximo de variedade e qualidade na xícara. Os estados do Espírito Santo e de Rondônia são os maiores produtores brasileiros de Coffea canephora. De acordo com a Conab (Set/2014), a produção nacional de café será de 45,1 milhões de sacas de 60 kg, sendo 32.1 de café arábica e 13,0 de café conilon. A indústria de café torrado e moído consome, em média, cerca de oito milhões de sacas da variedade Conilon e a indústria de solúvel aproximadamente quatro milhões.


TECNOLOGIA

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas 42

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Estevam Antonio Chagas Reis1 e Renato Bottrel2

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om a crescente necessidade de ser cada vez mais eficiente em relação aos processos produtivos, visto o aumento dos custos de produção, a utilização correta do conhecimento sobre a cultura em questão se torna imprescindível para a eficiência do processo produtivo. Sendo assim, sempre que o valor econômico da cultura esteja em risco devido a ataque de pragas, doenças e plantas daninhas deve ser realizado intervenção como forma de reduzir os danos causados na mesma. O uso da tecnologia de aplicação faz com que se tenha maior eficiência na utilização de defensivos, sendo que seu conhecimento proporciona a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade adequada, de forma econômica e com o mínimo de contaminação em outras áreas. Sempre que necessário o controle, devem ser consideradas as seguintes questões: - Qual o alvo biológico a ser controlado? - Qual tratamento mais adequado? - Como realizar uma aplicação eficaz? Para um bom entendimento em relação às práticas adequadas a serem utilizadas, o conhecimento a respeito de alguns conceitos se torna necessário para a utilização correta das técnicas: - Pulverização: processo físico-mecânico de transformação de uma substancia líquida em partículas ou gotas. - Aplicação: deposição de gotas sobre um alvo desejado, com tamanho e densidade adequada. - Regulagem do equipamento: ajustar os componentes da máquina em relação às características da cultura e produtos utilizados. - Calibragem do equipamento: verificar a vazão das pontas, determinação do volume de aplicação e quantidade do produto a ser colocado no tanque. Há uma relação direta entre o produto a ser aplicado e o pulverizador utilizado, sendo necessário o conhecimento destas interações para a utilização correta das técnicas adequadas, como será descrito posteriormente. AGITAÇÃO DA CALDA - A primeira observação a ser realizada, é a verificação do sistema de agitadores se está funcionando corretamente. Em pulverizadores tratorizados a tomada de potência (TPD) deve trabalhar com rotação de 540 RPM, pelo fato de o sistema normalmente ser dimensio-

AUTORES

1 - Mestrando em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG). 2 - Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (MG).

nado para esta rotação. A não utilização da rotação adequada faz com que a calda não seja revolvida adequadamente e não se tenha o retorno correto da calda devolvida ao tanque, podendo interferir na eficácia do produto utilizado. Formulações pómolhável e suspenção concentrada contêm partículas sólidas em suspensão que tendem a se depositar no bundo do tanque de pulverização. Isso faz com que se tenha aplicação desuniforme do produto quanto à dose por área. UTILIZAÇÃO DE FILTROS CORRETOS - A malha do filtro utilizado deve ser adequada em relação ao produto que se está sendo aplicado junto à calda de pulverização. Filtros de malha inferior ao tamanho da partícula faz com que estas ficam retidas, formando uma pasta que o bloqueia com frequência. Esse fato faz com que seja necessária a limpeza constante, reduzindo o tempo útil de trabalho e aumentando os riscos de contaminação pelo operador. Misturas de tanque de suspensão concentrada ou pómolhável com adjuvantes oleosos pode potencializar o problema, visto que a coalizão entre as partículas pode resultar na união entre duas de pó e uma de óleo. Podem-se verificar estas interações conforme a Figura 1. VOLUME DE PULVERIZAÇÃO - Não há um volume de calda pré-estabelecido, sendo este dependente de fatores como o alvo desejado, tipo de ponta utilizada, arquitetura da planta e tipo de produto a ser utilizado. Por motivo econômico deve-se utilizar o menor volume indicado por hectare, como forma de intensificar a capacidade operacional. TAMANHO DE GOTAS - A ponta de pulverização não produz apenas um único tamanho de gota, variando sim a proporção entre elas.


TECNOLOGIA - Gotas grandes (>400µm) são menos arrastados por derivas e apresentam menores problemas por evaporação até o alvo. Em contrapartida as mesmas possibilitam menor cobertura da superfície tratada e menor concentração de gotas por cm², também apresentam menor capacidade de absorção pela cultura e maior escorrimento superficial foliar. - Gotas médias (200-400µm) possuem características intermediárias entre gostas grades e pequenas. São indicadas quando não há recomendação de tamanho de gostas na bula do produto de forma a minimizar as chances de erro. - Gotas pequenas (<200µm) são mais arrastadas pela deriva e apresentam problemas com evaporação até o alvo. Em contrapartida possibilitam maior cobertura da superfície tratada e maior concentração de gotas por cm², também apresentam maior capacidade de absorção pela cultura e menor escorrimento superficial foliar. O tamanho de gota a ser empregado, em sua maioria, está descrito junto a bula do produto a ser utilizado visando maior eficiência do mesmo. PONTAS DE PULVERIZAÇÃO - A ponta de pulverização se caracteriza pelo componente do bico responsável pela formação de gotas. As pontas de pulverização são classificadas em função da energia utilizada para formação das gotas. Em aplicações agrícolas, as pontas hidráulicas são as mais utilizadas. Nelas o líquido sob pressão é forçado através de uma abertura, fazendo com que o mesmo se espalhe, desintegrando em gotas de diferentes tamanhos. Vários são os modelos de pontas de pulverização, sendo que cada uma apresenta características únicas; fazendo com que a escolha adequada influencie na eficiência da aplicação. Os principais modelos de pontas são: - Pontas de jato plano: podem ser de jato tipo leque ou de impacto, produzem jato em um só plano, sendo indicada para alvos planos como solo, parede e culturas como soja. - Pontas de jato cônico: compostas por dois componentes denominadas de ponta (discos) e núcleo (difusor, caracol, espiral). Podem ser de dois tipos: cone cheio e cone vazio. São utilizadas na pulverização de alvos irregulares, como folhas de uma cultura. INFLUÊNCIA CLIMÁTICA - Alguns fatores podem influenciar no momento da pulverização como vento, temperatura e umidade relativa. As condições que limitam esses fatores são: - Umidade relativa do ar: mínima de 55%; - Velocidade do vento: 3 – 10 km/h; - Temperatura: abaixo de 30ºC. Seguindo as técnicas adequadas de aplicação se tem maior eficiência na utilização de defensivos agrícolas, obtendo sucesso no trabalho realizado. SOBRE O NECAF - A Universidade Federal de Lavras (UFLA), em uma iniciativa pioneira, propôs em 1994 a criação do NÚCLEO DE ESTUDOS EM CAFEICULTURA, no Departamento de Agricultura, que conta com a participação de profissionais, dos mais diversos Departamentos da Universidade e de outras Instituições, como EPAMIG, INCT Café, Polo de Excelência do Café e EMATER-MG.

O NECAF teve início com a assinatura de um Convênio entre a UFLA e o Conselho Nacional do Café (CNC), em novembro de 1994. O Núcleo de Estudo em Cafeicultura tem como objetivo proporcionar aos seus membros maior conhecimento teórico e prático sobre o tema, através da realização de reuniões semanais e atividades extras como, cursos, treinamentos, palestras, prestação de consultorias, organização de eventos, dias de campo e projetos de extensão, abordando áreas da cafeicultura como fisiologia, irrigação, tecnologia, mecanização, fitopatologia, entomologia, nutrição da planta, beneficiamento e qualidade. O NECAF possui sede no Setor de Cafeicultura da Universidade Federal de Lavras, coincidindo felizmente com o centro geográfico da cafeicultura brasileira, ficando equidistante das várias regiões produtoras de café e inserido na região de maior expressão da cultura no País, o sul de Minas. Atualmente o Núcleo de Estudos em Cafeicultura da UFLA conta com a participação de professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação e graduação (na sua maioria bolsistas de Iniciação Científica) que realizam trabalhos de pesquisa em parceria com a EPAMIG e empresas privadas, nas áreas de: * Genética, melhoramento e biotecnologia do cafeeiro; * Solos e nutrição mineral do cafeeiro; * Manejo da lavoura cafeeira; * Manejo integrado de doenças e pragas do cafeeiro e controle dos nematóides; * Cafeicultura Irrigada; * Difusão de tecnologia na cafeicultura brasileira. Além dos trabalhos de ensino e pesquisa (publicações em congressos e simpósios) o NECAF realiza outras atividades de extrema importância, tais como: participação na EXPOCAFÉ em Três Pontas, organização do Ciclo de Palestras em Cafeicultura da UFLA (2007-2013) e organização do Encontro Sul-Mineiro de Cafeicultores,que encontra-se na sua 15° Edição. Estreitando assim, o laço existente entre a Universidade e o produtor rural, através do compartilhamento de informações geradoras de conhecimento. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Manual de tecnologia de aplicação/ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal. - Campinas, São Paulo: Linea Creativa, 2004.

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HORTALIÇAS

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Calagem e adubação de alface, almeirão, agrião d´água, chicória, coentro, espinafre e rúcula

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Paulo Espíndola Trani1, Luís Felipe Villani Purquério1, Gilberto Job Borges Figueiredo2, Sebastião Wilson Tivelli3 e Sally Ferreira Blat4

s hortaliças folhosas alface (Lactuca sativa), almeirão (Cichorium intybus), agrião d’água (Nasturtium officinale), chicória ou escarola (Cichorium endivia), coentro (Coriandrum sativum), espinafre da Nova Zelândia (Tetragonia expansa) e rúcula (Eruca sativa), ocupam uma área estimada de 14.000 ha, representando aproximadamente 10% da área total com cultivo de hortaliças no Estado de São Paulo (Camargo & Camargo, 2013). Este grupo de hortaliças tem em comum o sistema de plantio adensado em canteiros. Assim, além da possibilidade de aplicação dos fertilizantes em sulcos, estes podem ser distribuídos na área total dos canteiros. A construção dos canteiros normalmente é realizada por uma rotocanteiradora, implemento que também incorpora os corretivos e fertilizantes ao solo, proporcionando um desenvolvimento uniforme das raízes das plantas e a boa qualidade das hortaliças colhidas. A aspersão e o gotejamento são os principais sistemas de irrigação para as hortaliças folhosas, tanto no campo, como no sistema de cultivo protegido. Isto deve ser considerado na definição da maneira de fornecimento dos fertilizantes e da frequência de aplicação destes em cobertura. ESPAÇAMENTOS - Recomenda-se adotar os seguintes espaçamentos para estas hortaliças folhosas- alface: 0,20 a 0,35 m x 0,20 a 0,35 m; almeirão: 0,15 a 0,25 m x 0,10 a 0,15 m; agrião d’água: 0,20 a 0,30 m x 0,20 a 0,30 m; chicória ou escarola: 0,30 a 0,40 m x 0,30 a 0,40 m; coentro: 0,20 a 0,25 m x 0,05 a 0,10 m; espinafre da Nova Zelândia: 0,30 a 0,40 m x 0,20 a 0,30 m; rúcula: 0,20 a 0,25 m x 0,05 a 0,10 m, entrelinhas e entre plantas respectivamente. CALAGEM - Aplicar o calcário com antecedência de 30 a 90 dias (conforme o PRNT) antes da semeadura ou do transplante das mudas. Recomenda-se para a alface, agrião d’água, coentro, espinafre e rúcula elevar a saturação por bases do solo a 80% e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-3. Para o almeirão e a chicória (ou escarola), aplicar calcário visando elevar a saturação por bases a 70% e o teor de magnésio a um mínimo de 8 mmolc dm-3. Incorporar o corretivo de acidez desde a superfície do solo até 20 cm de

AUTORES

1 - IAC - Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, Campinas (SP). Email: petrani@iac.sp.gov.br; felipe@iac.sp.gov.br 2 - CATI - Casa da Agricultura de Caraguatatuba (SP). 3 - APTA - Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica, São Roque (SP) 4 - APTA - Polo Regional do Centro Leste, Ribeirão Preto (SP).

Tabela 1 - Adubação mineral de plantio para alface, almeirão, agrião d’água, chicória ou escarola, coentro, espinafre da Nova Zelândia e rúcula, conforme análise do solo. Nitrogênio N (kg ha-1) 30 a 50

K+ trocável (mmolc dm-3)

P resina (mg dm-3) 0-25

26-60 61-120 >120

B (mg dm-3) 0-0,30 0,31-0,60 >0,60

0-1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 >60 --------- K2O (kg ha-1) --------30 120 80 50

--------- P2O5 (kg ha ) --------60 320 180 100 -1

Cu (mg dm-3) 0-0,2

0,3-1,0

Zn (mg dm-3) >1,0

0-0,5

0,6-1,2

>1,2

--------- B (kg ha ) --------- -------- Cu (kg ha ) -------- -------- Zn (kg ha ) -------1,5 1,0 0 3 3 1,5 0 1,5 0 -1

-1

-1

RECOMENDAÇÃO: Aplicar junto com o NPK em pré-plantio, 20 a 30 kg ha-1 de Enxofre (S) e, em solos deficientes em Manganês, 1 a 2 kg ha-1 de Mn.

profundidade. ADUBAÇÃO ORGÂNICA - Os fertilizantes orgânicos tem importante função na manutenção e na melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo. Além disso, fornecem e liberam os nutrientes de maneira gradativa, conforme sua composição e relação C/N. Recomenda--se de 30 a 40 dias antes do plantio, incorporar ao solo 40 a 60 t ha-1 de esterco bovino curtido ou composto orgânico, ou ainda 1/4 a 1/5 dessas quantidades de húmus de minhoca, esterco de frango, galinha, suínos, ovinos, caprinos ou equinos. Ressalta-se que os estercos animais em geral, devem ser compostados antes da incorporação ao solo, para que estejam isentos de patógenos e sementes de plantas daninhas. O composto orgânico Bokashi pode ser utilizado na dose de 150 a 250 g por m2 para ajudar na recuperação de solos degradados. No cálculo da quantidade de fertilizante orgânico a ser utilizado, considerar a sua concentração em nitrogênio, bem como, o aspecto econômico. ADUBAÇÃO MINERAL DE PLANTIO - Aplicar entre 7 e 10 dias antes do plantio, em área total dos canteiros ou nos sulcos de plantio, conforme a análise de solo, as doses de nutrientes apresentadas na Tabela 1. ADUBAÇÃO MINERAL DE COBERTURA - A fertilização em cobertura visa o fornecimento principalmente de N e K, devendo ser de aplicação parcelada, a fim de atender as necessidades nutricionais das plantas em suas diferentes fases de desenvolvimento, evitando-se também, as perdas por lixiviação causadas pela chuva ou pela irrigação. A utilização de fósforo em cobertura, em pequenas quantidades, nas proporções máximas de 1/4 a 1/3 de P2O5 em relação ao N e ao K2O, pode proporcionar melhor qualidade das hortaliças colhidas, conforme observações práticas em diferentes locais. A alta solubilidade de alguns fertilizantes binários fosfatados como o DAP e o MAP, presentes em formu-


FOTO: Francisco A. Passos 2006

FOTO: Angélica Prela-Pantano 2014

GRÃOS

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Figura 1. Alface crespa, em início de desenvolvimento, após adubação de pré-plantio em área total do canteiro e irrigada por aspersão. À direita, alface em fase de colheita após 3 aplicações manuais de fertilizantes em cobertura. Campinas (SP).

tes em cobertura são apresentadas a seguir: A) - ALFACE - aplicar 60 a 100 kg ha-1 de N, 15 a 30 kg ha de P2O5 e 30 a 50 kg ha-1 de K2O, parcelando em 2 a 4 aplicações durante o ciclo, ou a cada dois dias no caso do uso de fertirrigação. A alface do grupo americana deve receber doses de potássio 30% a 40% superiores em relação às alfaces dos grupos lisa e crespa. A Figura 1 mostra plantas de alface no campo, irrigadas por aspersão. As Figuras 2 e 3 mostram plantas de alface sob cultivo protegido, irrigadas e fertilizadas por gotejamento. A Figura 4 mostra hortaliças folhosas de diferentes espécies e famílias botânicas, sob estufa agrícola, no sistema de rotação entre canteiros. Isso propicia a médio prazo, um melhor aproveitamento dos nutrientes do solo, além de possibilitar a implantação de diferentes sistemas de irrigação localizada. A Figura 5 mostra canteiros que receberam previamente em sua superfície na forma de “mulching”, a aplicação de cama de frango compostada e peneirada. Após a colheita das hortaliças, o canteiro será refeito e o material orgânico será incorporado ao solo. -1

FOTO: Luis Felipe V. Purquério, 2012

FOTO: Oliveiro B. Basseto Jr., 2008

lações de cobertura de média (e alta) concentração de nutrientes (como 18-04-12 e 20-05-15) proporciona rápida absorção de P pelas raízes das hortaliças, inclusive aquelas de ciclo rápido (colheita entre 30 a 60 dias após transplante). Nas fórmulas de cobertura de baixa concentração de nutrientes (como 12-04-12) é frequente a inserção de superfosfato simples que contém 40% de gesso agrícola, com os conhecidos efeitos benéficos para as plantas. Destaca-se também o fato de que fórmulas de fertilizantes de cobertura, fabricadas com adubos fosfatados em sua composição, normalmente são menos higroscópicas em relação às fórmulas que contém apenas fertilizantes nitrogenados e potássicos. Vale ressaltar ainda, que o fósforo solúvel presente em quantidades adequadas no solo favorece a absorção de nitrogênio pelas plantas. A definição final sobre a utilização de menores ou maiores quantidades de nutrientes em cobertura dependerá de fatores como adubação orgânica anterior, interpretação da análise de solo e da análise foliar, época de plantio, cultivares utilizadas e culturas anteriormente instaladas. Recomenda-se aplicar os fertilizantes ao lado das plantas, de maneira que não entrem em contato direto com as mesmas, irrigando-se logo após. As quantidades de nutrien-

Figura 2. Alface sob cultivo protegido com tela de sombreamento e fertirrigação por gotejamento. Santa Cruz do Rio Pardo (SP).

Figura 3. Alface sob cultivo protegido com estufa plástica e fertirrigação por gotejamento. São Carlos (SP).


FOTO: Paulo E. Trani, 2014

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FOTO: Paulo E. Trani, 2014

HORTALIÇAS

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Figura 4 - Alface e outras hortaliças folhosas cultivadas no sistema de rotação. A arquitetura desta estufa possibilita a implantação de diferentes sistemas de irrigação e de adubação em cobertura. Santa Cruz do Rio Pardo (SP).

Figura 5. Cama de frango peneirada aplicada como “mulching” sobre os canteiros, anteriormente ao transplante das mudas de alface. Após a colheita, os canteiros serão refeitos e o fertilizante orgânico incorporado ao solo. Santa Cruz do Rio Pardo (SP).

B) - ALMEIRÃO, AGRIÃO D´ÁGUA, CHICÓRIA OU ESCAROLA, COENTRO E ESPINAFRE - aplicar 40 a 80 kg ha-1 de N, 10 a 20 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 40 kg ha-1 de K2O, parcelando em 2 a 4 aplicações durante o ciclo, ou a cada dois dias quando do uso de fertirrigação. As Figuras 6 e 7 mostram almeirão, chicória e coentro em fase de colheita, ocupando a área total dos canteiros, após adubação equilibrada, proporcionando boas produtividades e qualidade dos produtos colhidos. A Figura 8 mostra o espinafre da Nova Zelândia em fase de colheita, sob estufa agrícola do “tipo” capela, com irrigação por microaspersão, após três adubações manuais de cobertura com fertilizantes de baixa solubilidade. Este sistema de manejo é de baixo custo e garante boa produtividade e qualidade de hortaliças folhosas diversas.

to de cálcio a 0,2% e sulfato de magnésio heptaidratado a 0,1%. Utilizar espalhante adesivo. No comércio existem fertilizantes foliares que contém todos estes nutrientes em uma mesma solução, misturados em formas compatíveis. Observar as concentrações e indicações conforme o rótulo. Não misturar os fertilizantes foliares com agrotóxicos.

C) - RÚCULA - aplicar 80 a 140 kg ha-1 de N, 15 a 30 kg ha-1 de P2O5 e 30 a 50 kg ha-1 de K2O, parcelando em 2 a 3 aplicações durante o ciclo, ou a cada dois dias quando do uso de fertirrigação. A Figura 9 mostra a rúcula sob cultivo protegido após fertirrigações realizadas 3 vezes por semana.

Figura 6. Almeirão ‘Folha Larga’. Os canteiros receberam adubação de pré-plantio em área total e duas adubações em cobertura. Campinas(SP).

FOTO: Paulo E. Trani, 2010

FOTO: Angélica Prela-Pantano 2014

FOTO: Angélica Prela-Pantano 2014

ADUBAÇÃO FOLIAR - Cerca de 7 dias após o “pegamento” das mudas, e a cada semana, pulverizar as plantas com ácido bórico a 0,05%, sulfato de zinco a 0,1%, clore-

MONITORAMENTO NUTRICIONAL - DIAGNOSE FOLIAR - A análise química foliar consiste na determinação dos teores de elementos em tecidos vegetais (principalmente folhas) visando o diagnóstico do estado nutricional da cultura. Auxilia ainda, na interpretação dos efeitos da adubação anteriormente efetuada e a estimar indiretamente o grau de fertilidade do solo. É ainda possível com esta técnica, distinguir os sintomas provocados por agentes patogênicos daqueles provocados por nutrição inadequada. Mesmo para hortaliças de ciclo curto como as folhosas, a realização da análise foliar possibilita a correção de eventuais desequilíbrios nutricionais para as safras seguintes. A amostragem de folhas e a interpretação dos resultados analíticos são apresentadas nas Tabelas 2, 3 e 4, na próxima página.

Figura 7. Chicória e coentro, ocupando a área total dos canteiros após adubação equilibrada, conforme a análise de solo e a exigência nutricional da cultura. Campinas (SP).


HORTALIÇAS FOTO: Paulo E. Trani, 2006

Tabela 2 - Amostragem de alface, almeirão, agrião d´água, chicória, coentro, espinafre da Nova Zelândia e rúcula para análise química foliar. Hortaliça

FOTO: Edson Akira Kariya, 2012

Figura 8. Espinafre da Nova Zelândia sob estufa agrícola do “tipo” capela, com irrigação por microaspersão e adubação manual de cobertura com fertilizantes de baixa solubilidade. Este manejo é de baixo custo e garante boa produtividade para hortaliças folhosas diversas. Campinas (SP).

Descrição da Amostragem

Alface

Folha recém desenvolvida, da metade a 2/3 do ciclo: 20 plantas

Almeirão

Toda parte aérea, da metade a 2/3 do ciclo: 20 plantas

Agrião

Folhas compostas do topo da planta: 25 plantas

Chicória

Folha mais velha, na formação da 8ª folha: 20 plantas

Coentro

Toda parte aérea, na metade do ciclo: 25 plantas

Espinafre

Folha recém desenvolvida, 30 a 50 dias: 25 plantas

Rúcula

Toda a parte aérea, da metade a 2/3 do ciclo: 25 plantas

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Tabela 3 - Produtividade da lavoura e qualidade nutricional da silagem de milho para diferentes pontos de corte. Hortaliça

N

P

K

Ca

Mg

S

---------------------------------- (g kg-1) ----------------------------------

Alface

30-50

3-7

50-80

15-25

4-6

Almeirão

30-50

3-12

35-80

10-25

3-10

-

Agrião

45-60

3-12

35-50

15-35

3-10

4-7

Chicória

30-60

4-7

40-60

15-30

3-8

-

Coentro

40-60

4-6

40-60

10-30

3-5

3-4

Espinafre

40-60

4-8

30-50

14-40

4-8

3-10

Rúcula

40-50

3-8

30-70

20-40

4-7

4-9

2-4

Tabela 4 - Faixas de teores adequados de micronutrientes nas folhas de alface, almeirão, agrião d´água, chicória, coentro, espinafre da Nova Zelândia e rúcula. Hortaliça

Figura 9. Plantas de rúcula sob cultivo protegido. A adubação de cobertura foi realizada através de fertirrigação por gotejamento sub-superficial. Itapetininga (SP).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, G.B.; SILVA, D.M.; MARINHO, A.G.; NASCIMENTO, W.M. Recomendações técnicas para o cultivo de hortaliças em agricultura familiar. Brasília, Embrapa, 2007, 16p.(Circular Técnica 47) CAMARGO FILHO, W.P.; CAMARGO, F.P. Acomodação da produção olerícola no Brasil e no Estado de São Paulo, 19902010 - análise prospectiva e tendências para 2015. Instituto de Economia Agrícola, São Paulo, 2013 (não publicado) DAFLON, D.S.G.; FREITAS, M.S.M.; CARVALHO, A.J.C.; MONNERAT, P.H.; PRINS, C.L. Sintomas visuais de deficiência de macronutrientes e boro em coentro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.32, p.28-34. 2014. FONTES, P.C.R. Alface. In: Recomendação para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5.ª aproximação), p.177. Viçosa. Comissão de Fertilidade do Solo de Minas Gerais. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G., ALVAREZ V.H., (Ed.), 1999. 359p. HAAG, H.P.; BELFORT, C.C.; MINAMI, K. Absorção de nutrientes na cultura do coentro (Coriandrum sativum L.) In. Nutrição mineral em hortaliças, 2ª ed. Campinas, Fundação Cargill, p.27-35. 1988. OLIVEIRA, A.P.; SILVA, V.R.F.; SANTOS, C.S.,ARAÚJO, J.S.; NASCIMENTO, J.T. Produção de coentro cultivado com es-

B

Cu

Fe

Mn

Mo

Zn

-------------------------------- (mg kg-1) --------------------------------

Alface

30-70

7-20

50-150

30-150

0,8-1,4

30-100

Almeirão

25-75

7-60

50-300

40-250

-

25-250

Agrião

25-60

7-20

50-300

50-300

0,8-1,3

25-100

Chicória

30-100

8-20

50-300

30-250

-

30-100

Coentro

40-70

8-15

-

-

-

40-80

Espinafre

30-100

5-15

100-300

50-250

0,4-0,8

30-100

Rúcula

25-60

5-20

100-300

50-160

-

45-80

terco bovino e adubação mineral. Horticultura Brasileira, v.20, p.477-479. 2002. PURQUERIO, L.F.V. Crescimento, produção e qualidade de rúcula (Eruca sativa Miller) em função do nitrogênio e da densidade de plantio. 2005. 199p. (Tese de Doutorado), UNESP, Botucatu, 2005. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo, 2.ed. rev. ampl. Campinas, Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100) RODRIGUES, A.B.; MARTINS, M.I.E.G.; ARAÚJO, J.A.C. Avaliação econômica da produção de alface em estufa. São Paulo, Informações Econômicas, v.27, p.27-35, 1997. TESTEZLAF, R. Irrigação: métodos, sistemas e aplicações. Campinas: UNICAMP - Faculdade de Engenharia Agrícola. 2011. 203p. TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; MELO, A.M.T.; TIVELLI, S.W.; BOVI, O.A.; PIMENTEL, E.C. Hortaliças e plantas medicinais: manual prático (2.ª ed. rev. atual.). Campinas: Instituto Agronômico, 2010. 72 p. (Série Tecnologia APTA, Boletim Técnico IAC, 199) TRANI, P.E.; TIVELLI, S.W.; CARRIJO, O.A. Fertirrigação em Hortaliças. Campinas, Instituto Agronômico, 2011. 51 p. (Boletim Técnico IAC, 196, 2.a ed. rev. atual.).


CANA DE AÇÚCAR

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Luciana Ap. Carlini-Garcia1, Mauro Alexandre Xavier2 e Marcos Guimarães de Andrade Landell3

A

cana-de-açúcar é muito importante para o Brasil, constituindo-se na principal fonte de bioenergia do país. A partir dela são produzidos açúcar e etanol, além da cogeração de energia. Os programas de melhoramento da cana têm contribuído de maneira relevante para elevar a produtividade da cultura. Essa contribuição pode ser aferida pela obtenção de cultivares produtivos, com alto teor de sacarose e adaptados a diversas condições ambientais. Os programas visam principalmente a produção de açúcar e etanol, destinados ao consumo interno e à exportação. Nos últimos 20 anos, a produção de cana no Brasil saltou de 206.536 mil toneladas para 653.444 mil toneladas, sendo o estado de São Paulo o maior produtor nacional, cuja produção subiu de 130.750 mil toneladas para 367.450 mil toneladas no mesmo período. Na safra 2013/14, o país gerou 37.709 mil toneladas de açúcar, 12.219 mil m3 de etanol anidro (adicionado à gasolina) e 15.318 mil m3 de etanol hidratado, sendo que somente o estado de São Paulo gerou 23.963 mil toneladas de açúcar, 6.058 mil m3 de etanol anidro e 6.986 mil m3 de etanol hidratado. A demanda mundial pela substituição de combustíveis

AUTORES

1 - Engª Agrônoma, Drª PqC do Polo Regional Centro Sul/APTA. Email: lacgarcia@apta.sp.gov.br 2 - Eng. Agr. Dr. PqC do Centro de Cana/IAC-APTA. Email: mxavier@iac. sp.gov.br 3 - Eng. Agr. Dr. PqC do Centro de Cana/IAC-APTA. Email: mlandell@ iac.sp.gov.br

FOTO: Programa Cana - IAC/APTA

O novo perfil varietal da cana de açúcar

Figura 1 - Variedade comercial de cana.

fósseis por biocombustíveis é crescente. Essa mudança é benéfica economicamente para as nações importadoras de petróleo, que se tornam menos dependentes dos países produtores do mesmo. Além disso, os biocombustíveis são fonte renovável de energia e têm vantagens do ponto de vista ambiental, contribuindo para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, gerando créditos de carbono, e para adiar o esgotamento das reservas mundiais petróleo. O uso de biomassa para produção de etanol celulósico (de segunda geração) e energia elétrica tem se expandido recentemente, alterando, de forma positiva, a matriz energética do Brasil. O aproveitamento da biomassa residual gerada pela cultura traz vantagens socioeconômicas, reduz o acúmulo de resíduos e a poluição ambiental. Atentos às mudanças, os programas de melhoramento genético da cana passaram a enfatizar, não apenas a busca por cultivares que atendam à indústria convencional de

Variedades de cana que geram mais energia U ma pesquisa realizada na UFPR analisou as variedades genéticas de cana-de- açúcar para avaliar as que melhor podem gerar energia. O trabalho do doutorando Luís Cláudio Inácio da Silveira, técnico da RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) será defendido em banca de doutorado nesta segunda-feira, dia 8, às 8 horas, na pós-graduação em Produção Vegetal, Setor de Ciências Agrárias. A tese, intitulada “Seleção de famílias de irmãos completos em cana-de-açúcar para produção de biomassa”, foi orientada pelo professor Edelclaiton Daros. A cana-de-açúcar é uma das culturas agrícolas mais eficientes na conversão de energia solar em energia química A pesquisa é especialmente relevante porque a RIDESA é responsável pela liberação da variedade de cana-de-

açúcar RB867515, atualmente a mais cultivada no Brasil e no mundo. Visando contribuir com a nova linha de pesquisa da entidade, o trabalho de Silveira foi avaliar a diversidade genética entre 50 genitores potenciais para obtenção de cana energia, selecionar os melhores cruzamentos (famílias) e os clones promissores, além de definir as estratégias a serem adotadas na avaliação e seleção das famílias. A UFPR é uma das 10 universidades participantes da RIDESA, trabalhando com pesquisa para obtenção de variedades de cana-de-açúcar. Juntas, as entidades representam 70% do que é cultivado nacionalmente, com variedades RB. Ou seja 70% do etanol e do açúcar consumido no Brasil se deve às universidades, por meio deste trabalho. (FONTE: Universidade Federal do Paraná).


açúcar e etanol, mas também um novo biótipo com maior conteúdo de biomassa e fibra, com intuito de produzir bioeletricidade e etanol celulósico. Para atingir esse objetivo é necessário realizar cruzamentos entre as cultivares e espécies selvagens de cana, especialmente tipos da espécie Saccharum spontaneum, que apresentam maior teor de fibras, visando transferir tal característica para as cultivares. Nesse contexto, o Centro de Cana do IAC têm importado genótipos selvagens de cana de outros países, como Austrália e Estados Unidos para serem usados nesses cruzamentos. Para corroborar este esforço, em julho de 2013, o Centro Cana do IAC foi designado como mantenedor da terceira cópia da Coleção Mundial de Cana-de-Açúcar, a qual ficará sediada em Ribeirão Preto (SP). Na atualidade, o Centro Cana já dispõe de cerca de 200 acessos de cana selvagem em sua coleção. Os trabalhos de descrição genética e fenotípica relacionadas à produtividade, porte, resistência a pragas e doenças, entre outros, bem como a caracterização tecnológica (Brix, Pol% - sacarose aparente, teor de fibra, etc.) desses materiais já foram iniciados e os resultados parciais têm confirmado as diferenças entre as cultivares e os acessos selvagens. Diferentemente da espécie cultivada, as espécies selvagens de cana apresentam colmos mais finos (Figuras 1 e 2), maior concentração de fibras e, em geral, são mais resistentes a fatores bióticos (pragas e doenças) e abióticos, como estresse hídrico. Com a expansão da cultura para regiões de

Raízen inicia produção de etanol de 2ª geração N o final de novembro de 2014, a Raízen iniciou a produção em escala industrial do etanol celulósico a partir do processamento do bagaço e da palha de cana-de-açúcar. O chamado etanol de segunda geração (2G) é produzido na planta industrial anexa à Usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP), uma das 24 unidades da maior companhia sucroalcooleira do País, joint-venture entre o Grupo Cosan e a Shell. Segundo o vice-presidente executivo da Raízen, Pedro Mizutani, a unidade será inaugurada oficialmente apenas em março de 2015, mas o combustível produzido na unidade já é comercializado em postos. “A escala ainda é pequena”, disse. A usina de etanol 2G da Raízen tem capacidade de produção de 40 milhões de litros por safra, o que deve aumentar em 50% a oferta da usina, que produz 80 milhões de litros anualmente de etanol de cana. Na primeira safra completa, a 2015/2016, a usina deve produzir dois terços da capacidade total, ou seja, aproximadamente 26,7 milhões de litros. A unidade custou R$ 230 milhões, e outras oito plantas industriais de etanol 2G estão nos planos da Raízen no futuro, para a produção de até 1 bilhão de litros por safra do combustível a partir da celulose de bagaço e palha de cana.

FOTO: Programa Cana - IAC/APTA

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Figura 2 - Espécie selvagem de cana.

climas mais áridos, a tolerância à seca passou a ser uma característica importante a ser considerada no melhoramento e a ser transferida para as cultivares comerciais de cana. Alguns cruzamentos entre cultivares e materiais selvagens foram realizados pelo Programa Cana IAC, os quais ainda estão sob processo de avaliação. Os resultados prévios são promissores, pois as progênies geradas tendem a apresentar maiores teores de biomassa, como desejado. Além do teor de fibra elevado, caracteres como as resistências bióticas e abióticas também podem ser incorporados nos materiais comerciais. Assim, via cruzamentos planejados e seleção eficiente dos genótipos resultantes desses cruzamentos, o programa de melhoramento genético de cana do IAC iniciou processo de obtenção de cultivares de cana com perfil bioenergético, ou seja, uma planta produtiva, rica em biomassa visando produção de etanol celulósico e cogeração de energia elétrica, e com resistência às pragas, doenças e ao estresse hídrico, que atenda à nova demanda do mercado. REFERÊNCIAS LANDELL, M.G.A.; BRESSIANI, J.A. As estratégias de seleção de cana em desenvolvimento no Brasil. Visão Agrícola, v.1, p. 18-23, 2004. LANDELL, M.G.A.; BRESSIANI, J.A. Melhoramento genético e manejo varietal. In: DINARDO-MIRANDA, L.L.; VASCONCELOS, A.C.M.; LANDELL, M.G.A.(Org.). Canade-Açúcar. 1ed. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 2008, v. 1, p. 101-156. LEITE, R.C.C.; LEAL, M.R.L.V. O biocombustível no Brasil. Novos Estudos. CEBRAP. v.78, p.15-21, 2007. MUKHERJEE, S. K. Origin and distribution of Saccharum. Botanical Gazette, Chicago, v. 119, p.55-61, 1957. SILVA, A.S.; SILVA, F.L.H.; CARVALHO, M.W.N.C.; PEREIRA, K.R.O. Hidrólise de celulose por catalisadores mesoestruturados NiO-MCM-41e MoO3-MCM-41. Quim. Nova, v.35, n.4, p.683-688, 2012. ÚNICA (2014) União da Indústria de Cana-de-açúcar. Disponível em <http://www.unicadata.com.br/index.php> (consulta realizada em 29/08/2014).


ARTIGO

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PRA - PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL: REGULARIZAR PARA CUIDAR E PRODUZIR Arnaldo Jardim - Secretário de Agricultura do Estado de São

O

Paulo e Deputado Federal. [ www.arnaldojardim.com.br ]

Governo Geraldo Alckmin sancionou o Projeto de Lei nº 219/2014 – proposta que define as bases para a implementação do PRA (Programa de Regularização Ambiental) das propriedades e imóveis rurais com o propósito de adequar a legislação estadual ao novo Código Florestal promulgado em 2012 e que a Assembleia Legislativa de São Paulo havia aprovado. O que se busca com o PRA é a adequação ambiental com menor impacto social e econômico dentro das regras previstas pelo Código Florestal. Assim o PL 219/2014, agora convertido na Lei nº 15.684, de 14 de janeiro de 2015, detalha os procedimentos de regularização. A nova legislação estadual dá capilaridade maior ao que já consta na lei federal com a definição de conceitos, garantia de compatibilidade dos cadastros estaduais e federais das propriedades rurais e segurança jurídica para regularização. Os aspectos relevantes considerados no PRA são as boas práticas ambientais de forma a não permitir a supressão de vegetação nativa; a revitalização das matas ciliares como prioridade; o aumento da vegetação nativa – São Paulo possui hoje 17,70% de vegetação nativa e passará a ter 24,04% de cobertura do território do Estado – ; e ganho ambiental com respeito às cláusulas sociais. Enquanto a média de recomposição da vegetação no entorno dos rios no País é estimada entre 3,5% e 4% do território, em São Paulo com a regulamentação do PRA será de 6,54% , o que representará 7,94% de toda a área efetivamente utilizada na agropecuária. Com a nova lei estadual em consonância com todos os critérios do Código Florestal, é esperado que a recuperação vegetal em nosso Estado possa atingir de 1,5 a 1,8 milhões de hectares, praticamente dobrando o que já existe de vegetação nativa nas propriedades paulistas. O PRA determina a constituição das chamadas RLs (Reservas Legais), ou seja, a reserva de um percentual da propriedade para a execução do restauro e da recomposição florestal. Cria em São Paulo um modelo inovador para facilitar a implantação e operacionalização dos métodos de compensação de reserva legal. Com isso, o governo estadual poderá colocar em prática instrumentos econômicos de mercado que poderão, inclusive, em alguns casos, serem negociado em bolsa de valores, trabalharemos isto na regulamentação que virá em breve. A geração dos ativos ocorreria para financiar a restauração ecológica de áreas degradadas em diferentes situações

(recuperação de mata ciliar, restauração de áreas para formação de corredores de biodiversidade, recuperação de Unidades de Conservação e plantio de florestas para produção sob manejo sustentável em áreas agrícolas). A ideia é que o governo estadual e instituições credenciadas emitam títulos para financiar projetos de restauro ecológico elegíveis de acordo com critérios técnicos e de propriedade, como de áreas essenciais para a garantia da segurança hídrica do Estado. Os compradores dos certificados seriam os detentores de obrigações de realizar plantios de vegetação, assim como os interessados em executar compensação de reserva legal ou mesmo os interessados em compensar, voluntariamente, emissões atmosféricas ou “pegadas hídricas”. Ao facilitar o encontro de obrigações de plantio, restauro ecológico, constituição de RLs com a necessidade de financiar projetos ecológicos de prioridade governamental, uma série de benefícios podem ser considerados, como o enquadramento do “devedor ambiental” às novas regras; o planejamento e execução de projetos mais robustos de restauro ecológico; e a solução para o financiamento de restauração ecológica, dentre outro já citados. Ao fim processo legislativo da instituição do PRA com a sanção governamental, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento entra agora em campo para uma nova etapa, a regulamentação do programa que concilia produção e preservação para ampliar a cobertura vegetal no Estado de São Paulo. Aliás, esta é uma das prioridades definidas durante meu discurso de posse na Pasta, onde afirmei: “São Paulo aceitou enfrentar a questão da preservação versus produção para transformá-la num paradigma de produção sustentável”. Hoje a secretaria apresenta seu balanço ambiental, toca o projeto de “microbacias” do programa de desenvolvimento rural sustentável. São animadores os dados sobre a recomposição de mata nativa, ampliou-se o cuidado com as matas ciliares e são inúmeros os programas de preservação de fontes e nascentes, muitos deles com destacada participação dos municípios e eles terão sua prioridade acentuada em nossa gestão.” A partir de agora vamos trabalhar intensamente, conforme orientou o Governador Alckmin, para o cumprimento de todos os objetivos previstos na lei que instituiu o PRA e assim garantir tranquilidade ao homem do campo, capacidade para cuidar do meio ambiente e produzir para todos!


ARTIGO

O QUE O DIREITO OFERECE PARA CONTORNARMOS A CRISE? Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ felipe@mtcadv.com.br - www.mtcadv.com.br ]

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uito se fala sobre as dificuldades e os desafios que o ano de 2015 reserva para a economia brasileira. No cenário externo, a desvalorização das commodities, a depreciação cambial e a desaceleração da economia chinesa prometem vida difícil para empresas inseridas na cadeia global de consumo. Internamente, questões conjunturais como aumento de tributos, aumento da taxa de juros, aumento de tarifas, corte de gastos públicos e inflação devem, no curto prazo, inibir o crescimento. O setor privado enfrenta as crises com as armas de que dispõem. Essas armas geralmente buscam adequar as empresas à nova realidade, por meio da busca de maior eficiência na execução de suas atividades. Obviamente, quando às crises é somada a falta de confiança, as medidas tendem a ser mais duras e amargas do que de hábito. Um dos recursos a que as empresas recorrem em períodos como este é o desligamento de certos e determinados fornecedores. Esse desligamento, do ponto de vista econômico, geralmente se justifica – não fosse isso, não haveria razão para o desligamento. Juridicamente, no entanto, a justificativa para o rompimento de uma relação contratual leva em conta outros fatores, notadamente, o comportamento dos parceiros contratuais durante o desenvolvimento da relação. Quando o comportamento de um dos parceiros contratuais é conflitante com alguma obrigação por ele assumida contratualmente, estamos diante de um descumprimento contratual e, possivelmente, um inadimplemento – situação em que aquele descumprimento torna impossível ou inútil a continuidade da relação. Esse é um dos casos em que o rompimento do contrato passa a ser justificado, por meio de um instrumento chamado “resolução contratual”. Evidentemente, é preciso lembrar que um inadimplemento não confere à parte prejudicada o direito de, a todo tempo, resolver o contrato. Na base do conceito de inadimplemento está, frise-se, a ideia de inutilidade ou impossibilidade de continuidade da relação. Se a relação prossegue, é porque a obrigação descumprida poderia (e foi) ser cumpri-

da posteriormente, sem prejuízo à continuidade do contrato. Outra hipótese de rompimento justificado refere-se a situações que, não previstas inicialmente pelas partes, advém durante o curso do contrato, tornando a obrigação de uma das partes muito onerosa, com extrema vantagem para a outra. Neste caso, a parte prejudicada também pode resolver o contrato, livrando-se das obrigações assumidas no contrato. Essa é uma situação muito comum em tempos de crise, notadamente, quando a crise é desencadeada por um fato novo e totalmente inesperado pelas partes. Contratos mais sofisticados, todavia, costumam prever as chamadas cláusulas de hardship, as quais, em casos como o mencionado acima, obrigam as partes a renegociarem os termos do contrato de modo a restabelecer o equilíbrio original – criando, assim, uma “etapa anterior” à resolução do contrato. A renegociação é sempre uma alternativa interessante em períodos de instabilidade – ainda que não haja “justificativa” jurídica para o rompimento da relação. Para além dos casos de resolução, há os casos de resilição, em que os contratos são rompidos sem motivo específico. Essas hipóteses são mais arriscadas porque podem obrigar a empresa a pagar multas ou indenizações, além de gerar problemas de reputação dentro de seu mercado de atuação – há casos, ainda, em que, se a parte prejudicada pela resilição fez investimentos relevantes para a execução do contrato, a própria resilição é considerada ineficaz, obrigando as partes a permanecerem contratadas até que aqueles investimentos sejam compensados. Nesses casos, a renegociação é sempre desejável. A renegociação demonstra disposição cooperativa, um voto de confiança no restabelecimento das condições ideais de mercado e a intenção de manter o relacionamento comercial mesmo em períodos de dificuldade. As vantagens econômicas e jurídicas desta ferramenta são evidentes e constitui uma das alternativas mais eficazes para o enfrentamento dos desafios que serão impostos a economia brasileira durante este ano.

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