Edição 62 - Revista de Agronegócios - Outubro/2011

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EDITORIAL

Café: grão atinge maior cotação em 50 anos

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período não poderia ser melhor. O grão cru do café atingiu este mês o melhor preço em 50 anos no país. Mesmo com oscilações nas bolsas do mundo, o café continua com preços atrativos, beneficiando o cafeicultor. Por outro lado, em decorrência de problemas climáticos (primeiro as geadas e posteriormente a seca na época do florescimento), associado à redução dos estoques mundiais e aumento de consumo podem “dobrar de valor”, como alerta Armando Matielli, presidente da SINCAL. Outro fator relevante, que merece ser destacado, é o fato do café estar mais caro na BM&F Bovespa do que na Bolsa de Nova York. No tocante ao uso da tecnologia na lavoura cafeeira, ressaltamos matéria da Agência Estado que mostra que a bienalidade perde força na cafeicultura. Dentre os eventos, esta edição

destaca a premiação do 9º Concurso de Qualidade de Café da AMSC, edição Dr. Orestes Quércia. Cafeicultores de Pedregulho (SP), Altinópolis (SP) e Cajuru (SP) conquistaram as primeiras colocações nas categorias Micro-Lote, Natural e Cereja Descascado, respectivamente. Queremos parabenizar toda a diretoria da AMSC, na pessoa do presidente André Luiz Cunha, também diretor da Monte Alegre Soluções Agrícolas. Apresentamos, também, o diade-campo realizado pela Syngenta em parceria com a Casa das Sementes. O evento aconteceu na propriedade do cafeicultor Toninho David e comprovou os benefícios do Programa ForteXtra na cafeicultura. Na atividade leiteira, excelente artigo sobre a água, o nutriente esquecido pela grande maioria de criadores. Boa leitura a todos.

ERRATA • A.ALVES = representante NEW HOLLAND na região Na edição anterior, publicamos informações erradas sobre a 3ª Expoverde. O representante New Holland na região de Franca (SP) é a A.ALVES. A AGROPL é uma empresa de locação de máquinas e prestação de serviços na agricultura.

• IRRIGARE = representante AMANCO em Franca (SP) Na edição anterior, publicamos informações erradas sobre a 3ª Expoverde. A Irrigare, que expôs no evento, é representante AMANCO e não NETAFIM, que é representada na região pela Bolsa Agronegócios e Bolsa Irriga.

e-mails RENATO MENDONÇA AGUIAR (renatoaguiar1@bol.com.br) Cafeicultor. São Sebastião do Paraíso (MG). “Solicito a gentileza de atualizar o meu endereço para o recebimento da Revista Attalea Agronegócios.”. SORAYA PIMENTA FARAH (soraya.pimenta.farah@gmail.com) Engª Agrônoma da BASF e empresária. São Sebastião do Paraíso (MG). “Solicito alteração do meu cadastro pois mudei de endereço.” RAFAELLA BRAZ Empresária. Piumhi (MG). “Gostaria que alterasse o meu endereço”. IVONE BARROSO (ivonybsb@hotmail.com) Universitária da UNIGRAN. Brasilia (DF). “Gostaria de assinar a revista, pois me ajudaria muito em meu curso ”. JULIO CESAR TERRA (juliocterra@yahoo.com.br) Franca (SP). “Quero receber a revista”. MÁRCIA TOMAZELLA (marcia.tomazella28@yahoo.com.br) Batatais (SP). “Gostaria de agradecer o recebimento da revista este mês. Tanto eu quanto meu pai adoramos. Muito interessante”. ROGERIO LUIZ DE AGUIAR (rogerioparaiso@yahoo.com.br) Cafeicultor. São Sebastião do Paraíso (MG). “Bom dia, favor mudar meu endereço de correspondência. Obrigado”.


MÁQUINAS

Faturamento do setor de máquinas agrícolas cresce 24,5% em 2011

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agrícolas, com aumento de 24,5% no faturamento; hidráulica e pneumática (15,1%); e bombas e motobombas (11,7%). Os piores resultados foram verificados em máquinas têxteis (-38,9%), válvulas (-20,8%) e máquinas para plástico (-1,7%). Segundo a ABIMAQ, a balança comercial do setor esta deficitária este ano em US$ 10,2 bilhões, um rombo 27,3% maior que o registrado no mesmo período de 2010 (US$ 8,1 bilhões). De janeiro a julho, as exportações somaram US$ 6,3 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 16,5 bilhões, crescimento de 29,5% e 28,1%, respectivamente, comparado a 2010. Entre os principais destinos das

exportações brasileiras destacaram-se, em valor, os países da América Latina (47%), seguida de Estados Unidos (18%) e Europa (18%). Com relação aos desembarques, os destaques foram, em valor, Estados Unidos (25,5%), Alemanha (14%) e China (13,1%). Para o presidente da ABIMAQ, Luiz Aubert Neto, apesar de o faturamento do setor ter crescido até agora, o governo precisa intervir nas políticas de câmbio e juros para manter o país competitivo. “A competitividade não será restabelecida caso o governo não mexa, urgentemente, na política cambial, nos juros e no custo Brasil”, afirma. (Fonte: Agência Brasil) A

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setor de máquinas e equipamentos, no acumulado de janeiro a julho de 2011, faturou R$ 45,8 bilhões, 10,3% a mais que o registrado no mesmo período de 2010. O resultado, no entanto, é 2,6% menor que o desempenho alcançado nos sete primeiros meses de 2008, antes da crise financeira internacional. Em julho, o setor faturou 6,9 bilhões, resultado 1,1% superior ao de junho e 10,9% ao de julho de 2010. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). Os setores que apresentaram os melhores resultados foram máquinas


EVENTOS

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om uma movimentação de negócios na ordem de R$ 1,74 milhão, em negócios imediatos e futuros, a Comissão Organizadora da 3ª Expoverde - Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, Flores, Frutas, Hortaliças, Plantas Ornamentais, Plantas Medicinais, Plantas Nativas, Insumos e Agricultura Orgânica, comemora os resultados alcançados. Realizada em Franca (SP) no final de setembro, a feira contou com 52 empresas expositoras, que contabilizaram mais de 20 mil contatos de negócios. Em quatro dias de evento, 19 mil pessoas visitaram o recinto, adquirindo máquinas, ferramentas, flores, plantas orna-

FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

Expoverde supera as expectativas e gera negócios superiores a R$ 1,7 milhão

Alexandre Ferreira (Secretário Municipal de Desenvolvimento), Marcial de Souza Stefani (cafeicultor) e Claudionor Euripedes da Silva (presidente da Associação Produtores Rurais do Bom Jardim)

mentais, mudas frutíferas, implementos agrícolas, adubos e serviços relacionados às áreas de agricultura e de paisagismo. Produtores rurais de município da Alta Mogiana e

de Minas Gerais, prestigiaram o evento que contou ainda com a participação do secretário adjunto de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Alberto Macedo, que visitou a feira em companhia do prefeito Sidnei Rocha. O GANHADOR - Marcial de Souza Stefani, cafeicultor do sítio Retiro, região rural do Caetitu, município de Ribeirão Corrente (SP), preencheu a ficha de inscrição ao visitar a feira e ganhou uma Carreta Agrícola Acton. O prêmio foi entregue por Claudionor Eurípedes da Silva, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Bom Jardim, e Alexandre Ferreira, secretário de Desenvolvimento. “É uma forma que encontramos para estimular a participação do produtor rural na Expoverde e, ao mesmo tempo, gerar mais negócios. Para o próximo ano, já estamos estudando qual será o prêmio para o produtor rural que visitar o evento”,

Estande da Oimasa na Expoverde


FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

EVENTOS

Estande da Sami Máquinas na Expoverde

afirma Alexandre Ferreira.

7 Estande da Vemafre Chevrolet na 3ª Expoverde, com o lançamento do Cruze

mar o nome da Amanco no setor de irrigação. PALESTRAS - Dentre os eventos de difusão de tecnologia, destaque para o 1º Workshop de Cafeicultura da Região de Franca, que contou com a presença dos consultores Hélio Casale e Alessandro Oliveira, que apresentaram informações sobre Produtividade

Econômica na Cafeicultura. Mais de 120 cafeicultores de Franca e região participaram do evento. PRÓXIMO EVENTO - A Comissão Organizadora da Expoverde já iniciou os preparativos para a edição 2012 da feira, que acontecerá de 13 a 16 de setembro, no Parque de Exposições “Fernando Costa”. A

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DESTAQUES - O destaque maior ficou por conta da participação do Banco do Brasil, com estande próprio e orientações direcionadas aos produtores rurais. De acordo com Norivaldo Rocha, gerente geral do banco, por conta da 3ª Expoverde, R$ 675 mil foram protocoladas em todas as agências do Banco do Brasil. Além disto, o evento aproximou os expositores e os pequenos agricultores do Banco do Brasil e fortaleceu relacionamentos junto à expositores e instituições presentes. Dentre as empresas expositoras, destaque maior para a Vemafre, concessionária Chevrolet em Franca (SP). De acordo com André Ferreira, consultor de vendas da Vemafre, a Expoverde facilitou o contato da empresa com os produtores rurais da região de tal forma que, em apenas dois dias, cinco veículos foram comercializados (três Camionete S10 e duas Montana). No setor de máquinas agrícolas, destaque para a Oimasa, concessionária Massey Ferguson, que comercializou um trator MF 4297 cabinado. Já a Sami Máquinas (revenda Yanmar Agritech) e o Departamento de Máquinas da Cocapec fecharam a 3ª Expoverde com vários implementos comercializados. No setor de flores, orquídeas e plantas ornamentais, a Multiverde (viveiro de mudas de Batatais/SP) e a Sapucaia Paisagismo (Franca/SP) contabilizaram, cada uma, cinco caminhões de mudas. No setor de irrigação, o grande destaque ficou com a Irrigare Sistemas de Irrigação. Segundo Wesley do Carmo Araújo, diretor da empresa, a Expoverde foi muito importante para ampliar o trabalho que a equipe da Irrigare já vinha executando junto aos produtores rurais da região, bem como fir-


EVENTOS

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iver na zona rural tem seus prós, mas também seus contras. Entre as desvantagens, talvez a dificuldade de comunicação, tanto via internet quanto por telefone, seja um dos principais desafios para quem vive no campo. Seja na hora de conversar com um fornecedor ou negociar a safra, a comunicação é fundamental para o andamento dos negócios. A boa notícia é que, até 2015, produtores rurais das regiões mais longínquas do País poderão ter acesso a esse tipo de serviço, sem que para isso precisem se deslocar até a cidade, por exemplo. É que no dia 30 de junho, o governo federal assinou o Plano Geral de Metas Para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo (PMGU 3). O texto do decreto número 7.512 determina que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve realizar a licitação até abril de 2012 das faixas de frequência de 450 mega-hertz (MHz), voltadas para a telefonia rural e também para a frequência de 2,5 gigahertz (GHz) para a banda larga de quarta geração (4G). Em todo o Brasil, existem mais de 44 milhões de telefones fixos instalados. Segundo Eduardo Levi, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), cada frequência é utilizada para um fim específico. “A de 450 mega-hertz

ARTE: Revista Isto É Dinheiro

Até 2015, toda área rural do país será atendido por telefonia e internet banda larga

será a frequência da telefonia rural e transferência de dados”, diz. O PMGU 3 também determina que até outubro deste ano a Anatel adote medidas regulatórias para estabelecer padrões de qualidade, a serem cumpridos pelas operadoras de internet banda larga. Um dos grupos que se mostraram interessados em operar a área de telefonia e internet rural, no Brasil, é o americano Access Industries. O grupo, que atua no setor de commodities agrícolas, químico, imobiliário, telecomunicações e mídia, é proprietário, entre outras empresas, da Warner Music Group. A holding já detém a concessão para a prestação de serviço de telecomunicações semelhante na Suécia. Em entrevista coletiva concedida em junho, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, confirmou o interesse da companhia estrangeira. “Pedimos para eles apresentarem a proposta à Anatel”, disse. Por enquanto, os requisitos para concorrer à licitação não foram divulgados. “Ainda não sabemos como será feita a licitação. Estamos no aguardo de mais notícias”, diz. No fim de julho, uma delegação brasileira, composta por representantes do Ministério das Comunicações e da Anatel, viajou até a Suécia para conhecer de perto como funciona o sistema de telecomunicações na faixa dos 450 megahertz por lá. Entre as empresas visitadas estão a Ericsson e a Net 1. (Fonte: Isto É Dinheiro) A


CAFÉ

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efeito desta maior concentração sobre os grãos, se há aumento da densidade de pragas, ou mesmo mutações nas doenças, além de constatar se o excesso do gás de efeito estufa prejudicará o sabor da bebida. A necessidade de descobrir tais detalhes é importante para os produtores brasileiros, já que o País é o maior produtor e exportador mundial do grão, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em 2010, o Brasil produziu 48,1 milhões de sacas e a previsão para 2011 é de 43,5 milhões de sacas, redução de 9,5% na comparação com o ano anterior, mas que ainda mantém a liderança no cultivo do grão. Por um período mínimo de dois anos, será observado se o solo da plantação foi afetado, se pragas como bicho-mineiro do café (uma larva que se alimenta da folha e causa buracos nela) e a ferrugem foram afetadas ou sofreram mutações genéticas que dificultariam seu combate, além de saber se o período de crescimento se alterou. “Para chegarmos ao resultado, vamos simular ainda a modificação no sistema de chuva devido ao aumento da temperatura nos próximos anos, conforme previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Por isso, a irrigação dos pés de café também passará por alterações”, explica Raquel. O estudo tem investimentos de R$ 2 milhões, parte proveniente do governo federal. A

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ma plantação com 35 mil pés de café, em Jaguariúna (SP), teve 12 equipamentos instalados (denominados anéis), que vão liberar o gás carbônico nas plantas de acordo com a direção dos ventos. A intenção dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é saber os efeitos da mudança do clima em uma das principais culturas agrícolas do Brasil. Os grãos testados serão o ubatã e o catuaí-vermelho, este último um dos mais plantados no País. “Queremos saber o que vai acontecer com a cultura do café em diferentes aspectos. Nós vamos monitorar as alterações dessas plantas que receberam o gás ao longo do tempo. É a primeira vez no mundo que será testada a resistência do café às alterações climáticas”, disse Raquel Ghini, pesquisadora e coordenadora do projeto Climapest, que envolve o Face (sigla para Free Air Carbon Dioxide Enrichment), que simula um aumento do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Os especialistas vão analisar, por um período mínimo de dois anos, o

FOTO: Editora Attalea Agronegócios

Mudança Climática: Embrapa testa efeitos do CO2


CAFÉ

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COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas, de Franca (SP), premiou, no início de outubro, os cinco melhores lotes de café na categoria Cereja Descascado e Natural do 8º Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café – Alta Mogiana.

FOTOS: Divulgação COCAPEC

Cafeicultores de Franca (SP) e Cássia (MG) vencem 8º Concurso de Qualidade de Café da Cocapec

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Os vencedores na Categoria Natural. Da esquerda para direita (1º) Sérgio Hiroshi Nakamura, de Franca/SP; (2º) Antonio Carlos Taveira, de Franca/SP; (3º) Célio Isidoro Pereira, de Itirapina, SP; (4º) Maria Leonor Guimarães, de Cássia/MG; e (5º) José Milton de Sousa, de Franca/SP. Na Categoria Cereja Descascado, Eurípedes Alves Pereira, de Cássia/MG, ficou em 1º lugar.

O Engº Agrônomo João Alves de Toledo Filho, diretor presidente da Cocapec, discursa na solenidade de abertura do evento

O evento aconteceu na matriz da cooperativa, em Franca (SP) e contou com a presença do presidente João Alves de Toledo Filho, da diretoria da cooperativa, de cooperados e familiares; de Manoel Bertone, Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA); e de Gil Barabach, consultor de mercado de Safras & Mercados. A

Robério Silva assume OIC

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posse do economista Robério Oliveira Silva na Direção-Executiva da Organização Internacional do Café (OIC) acontecerá no dia 1º de novembro, em Londres. Embora fosse a favorita desde o início, a candidatura brasileira enfrentou a resistência dos EUA e da Alemanha, que fecharam com o candidato do México, Rodolfo Trampe Taubert. Mas a diplomacia venceu. Robério foi aclamado por 77 países produtores. Atual diretor do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva tem estreita ligação com o tema. Foi secretário-geral da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e secretário de Produtos de Base do Ministério do Desenvolvimento, além de secretário-geral da Associação dos Países Produtores de Café (APPC) entre 1994 e 2002. A


CAFÉ

CAPEBE e Syngenta ďŹ rmam parceria em projetos socioambientais

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Syngenta e Casa das Sementes realizam dia-de-campo em Franca (SP)

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Para finalizar o programa, a Syngenta indica o ‘Actara’, um inseticida sistêmico seletivo, utilizado especificamente contra o bicho mineiro e outros insetos sugadores. Toninho David afirma, ainda que utiliza, quando necessário, o fungicida ‘Alto 100’. A

FOTOS: Jacinto Chiarelli Junior

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m evento realizado no final do mês de setembro, a Syngenta, com o apoio da Casa das Sementes, apresentou aos cafeicultores da região de Franca (SP) os resultados do Programa Café ForteXtra na lavoura do cafeicultor Antonio Carlos David, no Sitio Santa Isabel, região do Bom Jardim. O Programa Café ForteXtra compreende a aplicação de ‘Verdadero’, ‘Priori Xtra’ e ‘Actara’ na cultura do café e, de acordo com o Engº Agrº Flávio Henrique Nascimento, da Syngenta, assegura um excelente controle fitossanitário com maior vigor, produtividade e qualidade, proporcionado maior rentabilidade ao cafeicultor. Segundo Toninho David, os produtos da Syngenta - por serem menos agressivos - não interferem no trabalho que ele já vem desenvolvendo há anos com o manejo da braquiária, principalmente nos procedimentos utilizados para decomposição da matéria orgânica. “No meu cafezal, apliquei 1 kg/ ha de Verdadero em 20 de outubro do ano passado. Em 15 de novembro, 0,5 litro/ha de Priori Xtra, mesma quantidade repetida 60 dias após. No início de fevereiro, apliquei 1kg/ ha de Actara e finalizei na segunda quinzena de abril com 750ml/ha de Alto 100 + 400ml/ha de Vertimec. O ‘Verdadero’ atua diretamente no sistema radicular, promovendo maior crescimento das radicelas. Posteriormente, com a aplicação do ‘Priori Xtra’, o objetivo é garantir a sanidade (especificamente para ferrugem, phoma e cercóspora) e o vigor das folhas do cafeeiro. Quanto maior a área foliar, maior a intensidade da fotossíntese e, consequentemente, maior a disponibilidade de energia que a planta terá.

O Engº Agrônomo Flávio Henrique Nascimento apresenta a tecnologia Syngenta para os cafeicultores.


FOTOS: Jacinto Chiarelli Junior

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O Engº Agrônomo Edmilson Bezerra (Casa das Sementes) e o cafeicultor Toninho David explicam os benefícios do Programa Café ForteXtra.

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Em um talhão de café já em floração, o cafeicultor Toninho David acompanha o Engº Agrº Wanderley Lima Salgado e um cafeicultor de Ibiraci/MG


CAFÉ

Café ficou mais caro na BM&F que em Nova York

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combinação entre oferta escassa, demanda elevada e problemas de liquidez na BM&FBovespa levaram o mercado futuro de café a uma situação inédita nas últimas semanas. Pela primeira vez, afirmam participantes do mercado, a commodity negociada em São Paulo está mais cara do que na bolsa de Nova York em um período de safra no Brasil. Ao longo de 2011, inclusive durante o pico da entressafra, quando a oferta é escassa, os contratos futuros na bolsa brasileira operaram sistematicamente em níveis inferiores aos novaiorquinos, que servem de referência para a formação dos preços em todo o mundo. O “desconto” em relação a Nova York é considerado o padrão nesse mercado - entre outras razões, devido às diferenças de especificação do produto. Em meados de setembro, porém, houve o que os analistas chamam de “inversão”. O mercado paulista passou a pagar um “prêmio” sobre as cotações internacionais, sob forte pressão devido à aposta dos fundos de investimento contra as commodities em meio aos

sinais de agravamento da crise global. O diferencial se manteve neste mês, mesmo com a recuperação das cotações em Nova York. O fenômeno é mais acentuado nos contratos de curto prazo - os lotes para entrega em dezembro chegaram a apresentar um ágio superior a US$ 20 por saca nos últimos dias -, mas também pode ser observado nos vencimentos mais longos. Para Gil Barabach, analista da consultoria Safras & Mercados, a BM&FBovespa reflete um cenário atípico de aperto na oferta, apesar da colheita brasileira recém-encerrada. Gozando de uma situação financeira privilegiada, após a escalada dos preços internacionais ao longo do último ano, os produtores adotaram uma postura defensiva e restringiram a disponibilidade do café no mercado. “O produtor está dosando as vendas, trabalhando com volumes pequenos e sempre abaixo da linha de consumo, o que obriga o comprador a ser muito mais agressivo”, explica Barabach. Segundo ele, o mercado novaiorquino é menos afetado pela postura do produtor brasileiro. “O comprador

Universidade do Café oferece pós-graduação em São Sebastião do Paraíso/MG

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inda é possível se inscrever no curso de pós-graduação em Gestão do Agronegócio Café da Universidade Café Brasil, que terá início no dia 28 de outubro de 2011, em São Sebastião do Paraíso, município situado ao Sul de Minas Gerais, principal região produtora de café de Minas Gerais. Oferecido por uma parceria entre a Universidade do Café Brasil, a Fundação Instituto de Administração (FIA) e a Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (COOPARAÍSO), o programa aborda disciplinas como Economia e Coordenação do Agronegócio Café, Administração Geral, Governança e Cooperativismo, Matemática e Gestão Financeira, Comercialização e Mar-

keting, entre outros temas relacionados à atividade cafeeira. O curso de especialização latosensu, credenciado pelo Ministério da Educação, é composto por um total de 500 horas. Com início em 28 de outubro de 2011, as aulas vão até dezembro de 2012 e acontecem sempre às sextas-feiras e aos sábados, em encontros de 14 horas de duração, nas dependências da COOPARAÍSO. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail unilly@unilly. com.br ou pelo telefone (11) 37322034. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail franciscolandi@cooparaiso.com.br ou pelos telefones (35) 3411-7101 e (35) 3411-7098. A

estrangeiro tem outras opções. Colômbia, América Central e Vietnã estão começando a colher suas safras, então ele pode esperar. No Brasil, o comprador não tem opção.” “O produtor brasileiro tem sido muito bem sucedido em sua estratégia de venda, o que ajudou a sustentar os preços localmente”, afirma Rodrigo Costa, operador de mercado da Caturra Coffee Corporation, em Nova York. Ele observa que os preços na ICE Futures US ajustaram-se mais rapidamente, “talvez, de forma precipitada”, à expectativa de um menor aperto na oferta global de café na safra 2011/12, com a possibilidade de uma colheita recorde no Brasil no ano que vem. “Também é possível que o investidor estrangeiro estivesse se antecipando a uma desvalorização ainda mais acentuada do real, o que pesaria sobre os preços internacionais do café”, especula o trader. Nos últimos 30 dias, os preços do café verde em Nova York acumularam uma queda de 10% nos contratos para março. As cotações futuras também recuaram no Brasil, mas numa intensidade menor: 7,6%. Analistas afirmam que a “inversão” do mercado também reflete as barreiras impostas ao capital especulativo estrangeiro no Brasil, que fizeram minguar a liquidez. “Quando o diferencial sobe, não há especulador para vender e fazer a contraparte dos compradores, então temos uma distorção no mercado”, afirma Eliezer Freitas, analista da corretora Socopa na capital paulista. “Alguns dos maiores investidores que operavam em São Paulo agora estão exclusivamente em Nova York”, observa ele. A principal barreira é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em vigor desde 2009, que sobretaxa os investidores estrangeiros em 2% nas operações com derivativos financeiros e agropecuários na bolsa de São Paulo. Estima-se que o custo total para os não residentes pode chegar a 8%, uma vez que o tributo incide também sobre os ajustes diários. O resultado é o crescente desinteresse pela bolsa paulista. Apenas no último ano, o número de contratos de café abertos na BM&FBovespa cedeu de quase 16 mil para 6,5 mil. A


FERTILIZANTES

Vendas de fertilizantes crescem 25% no país

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áreas de replantio, em esforço de renovação dos canaviais no Brasil. Roquetti Filho ressaltou que a relação de troca segue favorável ao produtor. “O preço (do insumo) subiu, mas de forma suave, muito mais lenta que nos picos de 2008, enquanto os preços de commodites seguem em alta”, explicou. As importações também tiveram forte alta, saltando 45 por cento, para 12,833 milhões de toneladas no acumulado até agosto, ante 8,884 milhões de toneladas em igual período de 2010. Já a produção nacional subiu 4,3 por cento, para 6,303 milhões de toneladas entre janeiro e agosto, versus 6,041 milhões de toneladas de 2010. A despeito da crescente demanda, a indústria local trabalha com uma limitada capacidade de produção e passa por um período de investimentos para ampliar a oferta interna, especialmente entre as grandes do setor como a Vale e a Petrobras. Questionado sobre o cronograma de navios carregados com fertilizantes, o executivo informou que o tempo médio de espera no Porto de Paranaguá, principal via de entrada do produto no país, está em 32 dias e o volume deve continuar constante na faixa de 1,8 milhão de toneladas. “O ritmo de importações continua firme. A grande dúvida do mercado é saber se o consumo será assim também. Se continuar do jeito que está com todas as variáveis macro (econômicas) atuais, a tendência é que continue como está”, ponderou o executivo. (FONTE: CAPEBE, por Fabíola Gomes) A

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s vendas de fertilizantes seguem fortes no Brasil e cresceram 25,6 por cento no acumulado do ano até agosto, estimuladas pelo bom cenário registrado para as culturas de soja, milho, cana e café, mostrou levantamento mensal divulgado pela indústria nesta quinta-feira. Os dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) revelam que os produtores brasileiros já compraram 17,053 milhões de toneladas, contra 13,573 milhões de toneladas em igual período do ano passado. Os altos preços das commodities agrícolas vêm impulsionando o ritmo das vendas de fertilizantes neste ano. Somente em agosto, as entregas do insumo nas revendas do país totalizaram 3,117 milhões de toneladas, alta de 16,9 por cento sobre o mesmo mês de 2010. Este volume representa o maior já registrado para um mês de agosto, similar ao que já aconteceu tanto em junho como julho. O volume recorde de entregas do setor foi registrado em outubro de 2006, quando as vendas totalizaram 3,438 milhões de toneladas, segundo a Anda. “Tivemos aí uma antecipação de compras, mas também um aumento de consumo no primeiro semestre”, afirmou o diretor executivo Anda, David Roquetti Filho. Além da demanda para milho safrinha no primeiro semestre, os números indicam os esforços de produtores para investir em insumos para o cultivo da safra de verão, sobretudo, milho e soja. No caso da cana, diz o executivo, houve um bom volume de vendas no primeiro semestre, para adubação das


CAFÉ

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m noite de muito brilho e participação de convidados especiais, a AMSC - Associação de Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana premiou os vencedores do 9º Concurso de Qualidade de Café da Alta Mogiana - “Edição Drº Orestes Quércia 2011”. A festa de premiação aconteceu no Clube de Campo de Franca (SP) e reuniu mais de 500 convidados, entre cafeicultores, empresas parceiras, prefeitos, vereadores e convidados ilustres, como a D. Alaíde Quércia, viúva do ex-Senador Orestes Quércia; do prefeito de Ribeirão Corrente (SP), Sr. Luiz da Cunha Sobrinho e de Manoel Ortolan, presidente da Associação dos Fornecedores de cana do Oeste do Estado de São Paulo (CANAOESTE). Foram premiados os lotes de café acima de 80 pontos, emitidos pelos classificadores durante a etapa de Júri e Seleção, realizada no Santoro Café (Franca/SP) entre os dias 8 e 9 de outubro último. Destaque para Leonardo Marangoni (Pedregulho/SP) ficou em primeiro lugar na categoria Micro-Lote, sendo que cada saca do seu café foi arrematado por R$ 2.200,00 pela Eisa Interagrícola durante o leilão realizado logo após a premiação. Na categoria Cereja Descascado, Versi Crivelenti (Cajuru/SP) mais uma vez conquistou o prêmio. Já na categoria Natural, o vencedor foi José Luiz S.

O Engº Agrº Milton Cerqueira Pucci (diretor da AMSC) e a esposa, Luisa Léia.

FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

Cafeicultores de Pedregulho, Altinópolis e Cajuru vencem 9º Concurso da AMSC

André Luis da Cunha (presidente da AMSC e diretor da Monte Alegre Soluções Agrícolas) discursa na solenidade de abertura, ao lado de Luiz da Cunha Sobrinho (seu pai e prefeito de Ribeirão Corrente/ SP), Milton Pucci (diretor de Relações Públicas da AMSC), D. Alaíde Quércia, do degustador aposentado Dr. Odilon e Joel Leal Ribeiro (Cati-Franca).

Palma (Altinópolis/SP). José Luiz Palma e Flávia Lancha Olivito (Cristais Paulista/SP) foram os destaques do evento, visto que ambos conseguiram brilhantes colocações tanto no Natural quanto no Cereja Descascado. Mais uma vez o Banco Bradesco

foi o patrocinador master do evento, consolidando-se como o parceiro financeiro da instituição. O evento contou ainda com parcerias com o Sebrae; Sami Máquinas Yanmar Agritech; A.Alves New Holland; Syngenta; Bayer CropScience; Stockler; Valoriza; NaanDannJain; e Senar-SP. A


FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

CAFÉ

17 Calixto Peliciari premia Leonardo Marangoni, de Pedregulho (SP), pelo 1º Lugar na Categoria Micro-Lote.

O cafeicultor José Luiz S. Palma, de Altinópolis (SP) conquistou o 1º Lugar na Categoria Café Natural e o 2º Lugar na Categoria Cereja Descascado.

O cafeicultor Wagner Crivelente Ferrero, representa Versi Crivelenti, de Cajuru (SP), que conquistou o 1º Lugar na Categoria Cereja Descascado.

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André Luiz Cunha (presidente da AMSC e diretor da Monte Alegre Soluções Agrícolas) e a esposa Lucimara.


FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

CAFÉ

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A empresária Célia Aparecida Souza (Monte Alegre Soluções Agrícolas), ao lado do marido e da filha.

Luis Cláudio (diretor da Cooperfran) e a esposa Elaine (assessora do Banco Santander em Franca/SP)

O Engº Agrônomo Guilherme Ubiali e a namorada Maria Fernanda Lima

José Edson (diretor da Cafeeira Silva & Diniz) e a esposa Carla.

José Frugis (Gerente-Café da Bayer CropScience) e a esposa.

Márcio Lima Freitas (RTV Bayer CropScience), esposa e filhos.


FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

CAFÉ

João Carlos Seixas (Técnico em Desenvolvimento de Mercado BASF) e a esposa.

O Engº Agrº Renato Pádua Duarte (RTV BASF Café) e a esposa.

A empresário Sheila Lima e o Engº Agrº Allan de Menezes Lima, diretores da Bolsa Agronegócios.

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O empresário Danilo Vaz Pereira Lima (A.Alves e New Holland), a esposa e Manoel Ortolan, presidente da CANAOESTE.

Alexandre Ferreira (secretário de Desenvolvimento e Secretário de Saúde do município de Franca/SP) parabeniza André Cunha, ao lado da esposa.

César Oliveira (Coordenador Regional de Vendas da Yanmar Agritech), Nelson Watanabe (Gerente Nacional de Vendas da Yanmar Agritech), Sami El Jurdi (diretor da Sami Máquinas), a esposa Maria Elaine, Liliana Jurdi e o esposo Eduardo Carui.


CAFÉ

Grão cru de café atinge o melhor preço em 50 anos

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aior produtor mundial, o país contabilizou no ano passado 48,1 milhões de sacas de 60 quilos, das quais 33 milhões foram destinadas ao mercado externo. Em 2011, ano de ciclo de baixa para a safra, a redução dos estoques somou-se a fatores como o aumento do consumo e a queda da safra colombiana, que perdeu entre 2 milhões e 3 milhões de sacas em três anos, para fazer o preço do café em grão cru alcançar o melhor patamar dos últimos 50 anos e bater na casa dos R$ 520 a saca - o dobro do registrado pouco mais de 12 meses atrás. “Esse conjunto de fatores, somados ao dólar valorizado, fez os preços subirem a níveis inimagináveis há um ano”, diz Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). No mercado externo, o preço do café arábica era de US$ 1,30 no ano passado. Em 2011, chegou a US$ 3 - e tende a continuar alto. O Brasil está ganhando produtividade e qualidade. Antes ausente, o café brasileiro hoje compõe 50% dos blends da rede mundial Starbucks. Agora vai ser servido na rede de Alain Ducasse, ícone da gastronomia mundial. O privilégio pertence ao café Jacu, da fazenda Camocim, região de Pedra Azul (ES), e exemplifica a sofisticação alcançada pelo produto nacional. De alto valor agregado, com preço que supera R$ 5 mil

a saca, resulta de grãos consumidos e defecados pelo jacu (pássaro típico da Mata Atlântica). “Queremos mostrar que o Brasil produz o melhor café do mundo”, explicou Henrique Sloper, proprietário da Camocim e integrante da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). O esforço se justifica. O segmento não chega a 3% do mercado mundial, mas cresce entre 7% e 10% ao ano. O subsegmento de cafés orgânicos tem expansão anual de 20% e plus de mais de 100 pontos na bolsa de Nova York, onde chega a 350 pontos. Segundo dados da certificadora UTZ, o Brasil hoje também é líder global em volume de cafés certificados, com 1 milhão de sacas em 2010, 38% do total mundial. “A certificação rende em média US$ 10 de prêmio”, diz Vanduir Antonio Caixeta, gerente comercial do Alto Cafezal, grupo que congrega trade e 12 fazendas em Patrocínio (MG), das quais duas já são certificadas e mais duas estão em preparação. O comportamento do grupo reflete a profissionalização do produtor e o desempenho atual do café brasileiro, com mais foco em produtividade do que em expansão. Além de investimentos voltados ao aperfeiçoamento de tratos culturais, irrigação, campo experimental para identificar espécies mais resistentes, o Alto Cafezal gastou mais de R$ 5 milhões em um armazém com capacidade para 300 mil sacas e processamento diário de 3 mil. “O pessoal tem se capacitado da porteira para dentro e para fora”, diz Caixeta. Isso significa entender mais de mercado, comercialização, câmbio. O grupo, que embarca entre 100 mil e 120 mil sacas ao ano, faz hedge em café e em dólar para lidar com possíveis oscilações. A produção própria soma 2,2 mil hectares, com média de 80 mil sacas anuais e projeto de nos próximos quatro anos chegar a 3 mil hectares e 100 mil sacas por ano. Os planos levam em conta a manutenção dos preços mesmo com cenário financeiro incerto. “O otimismo vem do equilíbrio entre produção e demanda, com ganhos de produtividade, custos de produção mais competitivos e melhoria no perfil qualitativo”, concorda Guilherme Braga, diretor do Conselho de Exportadores do Café do Brasil (Cecafé). Mas ele lembra que os preços melhoraram também para os países concorrentes do Brasil. Nos próximos anos, a expansão da produção pode ser um fator de pressão. “O desafio é continuar o processo de melhoria. O mundo está disposto a comprar café diferenciado e pagar por isso”, diz Braga. Segundo ele, o cenário atual reflete a característica de altas e baixas do café, cujo pico de valorização no final dos anos 90 foi seguido de forte queda nos preços entre 2001 e 2002, quando a saca chegou a ficar abaixo de US$ 40. O resultado foi o ajuste na produção mundial, com os países reduzindo rapidamente sua oferta. “Os preços hoje são o dobro dos de 2007, mas sujeitos a grande volatilidade, mesmo sem alteração substancial nos fundamentos”, alega. Nos últimos três meses, com o vaivém da crise, os preços chegaram a US$ 2,95 e caíram a US$ 2,30, sem registro de aumento de produção ou de queda no consumo. (Fonte: Coffee Break). A


FERTILIZANTES

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m palestra realizada no início de outubro, no Hotel Dan Inn, em Franca (SP), a Fertec Indústria e Comércio de Fertilizantes, com sede em Colina (SP), apresentou o que a empresa tem de novidade em nutrição para a cultura do café. O evento teve início com a palestra do pesquisador Alysson Vilela Fagundes, engº agrônomo da Fundação Procafé, em Varginha (MG), que abordou o tema “Importância da Nutrição Equilibrada do Cafeeiro”. Dirigido especificamente para profissionais que trabalham no setor, a palestra foi encerrada com a participação

FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

Palestra da Fertec aborda a importância da nutrição equilibrada do cafeeiro

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do empresário e engº agrônomo Fernando Paiva, diretor da Fertec. “A FERTEC oferece produtos diferenciados de alta concentração com baixas dosagens e conseqüentemente um menor volume de resíduos lançados ao meio ambiente. A proposta foi a de incrementar ainda mais as informações que os profissionais de campo já possuem, apresentando novidades em micronutrientes e solucionando dúvidas”, disse. A


CAFÉ

Com tecnologia, bienalidade do café perde força

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crescente emprego de tecnologia pelos cafeicultores brasileiros tem aumentado a produtividade das lavouras e diminuído a diferença de rendimento entre safras de ciclo baixo e alto. Cultura com característica bienal, o café alterna anos de alta e de baixa produção. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produtividade dos anos de ciclo baixo saltou 47% em dez anos, de 14 sacas de 60 quilos para 21 sacas por hectare, entre 2001/02 e 2011/12. Na outra ponta, o rendimento dos anos de ciclo alto subiu de 21 para 23 sacas entre 2002/03 e 2010/11. No último ciclo, de baixa, a safra foi a maior desde 1999/2000, com 43,15 milhões de sacas, queda de 10,3% ante a safra passada, de acordo com a estatal. Embora não permitam dizer que o ciclo bienal do café está em xeque, os números mostram uma forte aproximação entre os anos de alta e baixa produção. Isso, afirmam pesquisadores, é resultado direto do emprego mais generalizado de tecnologia, em especial por pequenos e médios produtores. “A planta continua tendo um ciclo bienal. Mas quando você adensa, irriga, maneja a fertilidade, consegue mitigar essa bienalidade. A produtividade oscila muito mais próxima da média.

Não chega a acabar, mas reduz a amplitude”, afirma o pesquisador Celso Luis Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura de São Paulo. Entre os fatores que têm ajudado o cafeicultor a tirar mais grãos das lavouras ano a ano Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, pesquisador da Embrapa Café/Incaper, destaca a renovação das lavouras. “Os novos plantios têm sido feitos em bases tecnológicas mais avançadas, com variedades mais produtivas e adaptadas a cada região”, afirmou. “Os cafezais do cerrado da Bahia têm produtividades altíssimas porque os cultivos são novos, irrigados”, lembra. Ali, o rendimento é de cerca do dobro da média nacional. No Espírito Santo, onde predomina a variedade robusta, a média de plantas por hectare passou de 1,5 mil para 3 mil nos últimos 18 anos; no Paraná, chega a 15 mil e 20 mil plantas em algumas áreas. “O adensamento reduz os riscos de geada, economiza água e conserva o solo”, afirma Fonseca. E os bons preços pagos pelo grão têm gerado uma renovação mais intensa em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. “Na região de Franca (SP), 25 milhões de mudas estão sendo produzidas”, contra Vegro, do IEA. No caso da irrigação, seu em-

prego tem avançado no País, o que contribui para elevar a produtividade e reduzir a diferença que caracteriza a bienalidade. “A irrigação é relativamente nova no Brasil, mas no Espírito Santo, por exemplo, já abrange um terço das áreas”, diz Fonseca, da Embrapa Café/Incaper. Segundo ele, a formação de algumas áreas novas de cafeicultura, como ocorre em Goiás, só se faz com irrigação. Não há dados sobre a extensão das áreas com a tecnologia, contudo. Fonseca as estima em cerca de 20%. Já Vegro calcula esse porcentual em 10%. Mas ele vê avanços. “Por ano, são agregados 12 mil hectares de irrigação no Brasil.” O avanço em áreas como o sul de Minas Gerais, que responde por 25% da produção do país, também se dá pela necessidade de mitigar os efeitos de anos de estiagens muito intensas. Ali, diz o pesquisador da Embrapa, chove bem, mas às vezes em épocas erradas. De acordo com Fonseca, o alto custo da irrigação na fase de implantação do sistema - de R$ 3 mil até R$ 7 mil por hectare - é compensado pelo aumento de produtividade. “O custo de utilização é pequeno, mesmo considerando o gasto com energia”, disse. Segundo ele, a diferença de rendimento dos cafezais irrigados chega a ser o dobro. “Isso também contribui para tornar menos intensas as variações de produção de um ano para outro.” Futuro - O panorama tecnológico da cafeicultura nacional tem melhorado, mas ainda há obstáculos, diz Aymbiré Fonseca, da Embrapa Café/Incaper. O maior deles, diz, é justamente a disseminação de conhecimento entre os produtores. “A transferência de tecnologia é o grande salto que temos que dar no curto prazo”, diz. Para Celso Vegro, do IEA, “o conhecimento agronômico é, hoje, o maior capital na cafeicultura. Mais que o dinheiro.” Ambos acreditam que novos saltos de produtividade virão no futuro, mas de forma gradual. (FONTE: Agência Estado) A


A natureza agradece boas práticas Elias Pauliano Pereira Marques 1

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1 - Técnico em Agropecuária / Administrador com Ênfase em Agronegócios. Email: elias@ vitoriafertilizantes.com.br ou MSN eliastdb3@ hotmail.com

FOTOS: Divulgação Vitória Fertilizantes

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sábia Natureza responde de acordo com a ação do Homem. Podemos analisar que, são beneficiados os produtores que atuam em parceria com o meio ambiente, praticando bons manejos, como exemplo, o sistema de Braquiária na cafeicultura, associado ao método de uso das roçadeiras ecológicas e o uso de fertilizante orgânico de qualidade. Esta prática forma uma boa camada de matéria orgânica, melhorando as condições de vida microbiana do solo. Isto provoca vários outros benefícios, sendo os principais a temperatura do solo, que pode ter uma variação até mesmo superior a 10º C, quando comparamos áreas com bom nível de Matéria Orgânica com áreas sem uso do sistema acima mencionado. Também podemos identificar melhores resistências das plantas ao período da seca, por manter maior umidade no solo e melhor estrutura para o sistema radicular e, consequentemente, visando melhores resultados. Podemos analisar que os produtores que estão tendo bons manejos e uma boa programação de controle de pragas e doenças, com o sistema correto/preventivo, terão boas produtividades e qualidade. E mais, preparados para todas as fases do cafeeiro, em se tratando de fatores climáticos e comerciais. Deve ser lembrado dos quebraventos, que devem ser implantados

CAFÉ

sobre orientações técnicas, observando a altura da barreira, comprimento, altura, distância entre as barreiras para ter mais sucesso. E melhor, atingir o máximo do potencial das áreas existentes em harmonia com a natureza

e desenvolver novas áreas com bons manejos e qualidade. Desejo aos produtores e aos consultores técnicos, ótimos planejamentos e, ações das atividades para que possam ter resultados satisfatórios na próxima safra. A


artigo

Café: Pane na Produção

Armando Matielli - Engenheiro Agrônomo e presidente do SINCAL

[www.sincal.org.br]

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rimeiramente gostaríamos de em Manhuaçu (MG), em abril passado, relembrar os nossos artigos afirmou categoricamente que teríamos de 01/06/2011 e 15/06/2011, um ano muito frio e seco. Realmente intitulados “SINCAL ALER- suas previsões foram “acertadas na TA – Geada nos Cafezais, Estoques mosca”. Praticamente Zerados” e “Geadas nos Provando essas colocações cafezais” respectivamente publicados mostramos na TABELA 1 os dados no site do SINCAL, onde fizemos con- pluviométricos em diferentes regiões siderações a respeito de geadas e seca produtoras de café, fornecidas pela na cafeicultura. Fatos esses confirma- FUNDAÇÃO PROCAFÈ do MAPA, de dos e que estão impactando de maneira Varginha. extremamente negativa na produção Esses índices pluviométricos es2012/2013. tão ocasionando um agravado prejuízo Nas nossas andanças pelas regiões que impacta de maneira drástica na cafeeiras, nesses últimos dias, constata- produção. mos claramente que nossas lavouras Além desses dados sabemos que sofreram grandes prejuízos pelo frio e outras regiões produtoras de café, em pela seca atual ocasionando um des- Minas Gerais, como Zona da Mata e folhamento anormal e comprometerá Sudoeste Mineiro os dados pluviode forma drástica a produção vindoura métricos foram péssimos, de MAIO a de 2012/2013. Gostaríamos de para- SETEMBRO e, as lavouras perderam benizar o professor Dr. Molion que nos suas características produtivas. O mes“abriu os olhos” sobre o clima, onde o mo ocorreu nas regiões produtoras do conceituado pesquisador e doutor no Estado de São Paulo, com isso a seca assunto, durante o Simpósio do Café assolou 90% das regiões produtoras TABELA 1 - Índice Pluviométrico (mm) nas regiões cafeeiras de MG.

de arábica. Outro dado importante é o levantamento dos últimos 22 anos da Fazenda Jacutinga (Guapé/MG), apresentados abaixo (TABELA 2), constatamos que a média histórica foi de 178,82 mm de MAIO A SETEMBRO e esse ano choveu tão somente 39 mm sendo 22% da média histórica, ou seja, o menor índice pluviométrico dos últimos 22 anos. Além disso, o ano de 2010, também foi seco, com somente 98 mm de chuva no mesmo período e foi um fator determinante para a queda de produção, que não deverá chegar à 40 milhões de sacas e, as bases atuais nos dão sustentação aos números iniciais que prevíamos 35 milhões de sacas. Para efeito de segurança deveremos fechar no máximo com 38 milhões de sacas de 2011/2012. No Simpósio, do Rio de Janeiro, dias 5 e 6 de setembro passado, as principais Cooperativas apresentaram uma queda ao redor de 20% do previsto inicialmente e confirmando o afirmado de uma produção de no máximo 38 milhões de sacas para a presente safra. A quebra no rendimento, devido à seca de 2010, entre MAIO e SETEMBRO, provocou um grande susto nos cafeicultores e nas cooperativas. Precisou-se a redor de 550 a 600 litros de café para um saco beneficiado, ou seja, ao redor de 20% de pre-


CAFÉ TABELA 1 - Relação Índice Pluviométrico (mm/mês) e a Produção Brasileira de Café (milhões de sacas) [1990 a 2011].

IMPORTANTE - Mesmo que a pluviometria (período de chuvas) venha a se regularizar a partir de outubro, o prejuízo já ocorrido é IRREVERSÌVEL em termos de produção 2012. Quando observamos os dados históricos de 22 anos de regime pluviométrico nunca ocorreram 02 (dois) anos de seca seguidos nessa intensidade. Outro aspecto importante a ser analisado são as safras abundantes no citado período, quando de MAIO a SETEMBRO, do ano anterior foi chuvoso, ou seja, acima de 200 mm no período. Vejamos: - 2009 choveu acima de 200 mm e a safra de 2010 foi de 48 milhões de sacas, o mesmo ocorre em 2006, quando colhemos 42,5 milhões de sacas. Ainda em 2002, tivemos recorde de produção de 48,5 milhões de sacas, pois em 2001 choveu acima de 200 mm no período referenciado. Portanto a binualidade está diretamente relacionada com o regime hídrico, o qual é muito mais importante que o próprio estado vegetativo da lavoura. Para ilustrar tal confirmação, lembramos que tínhamos no final do verão um potencial de até 55 milhões de sacas. E agora? “SÓ DEUS SABE”. Mas, pelos dados pluviométricos de seca intensa nos dois últimos anos principalmente 2011, poderemos seguramente afirmar que deveremos atingir no máximo, em 2012, uma safra igual ou menor que 2011. O IAC ( Instituto Agronômico de Campinas), foi fundado há mais de um século para pesquisar , principalmente café e do IAC saíram as principais tecnologias, cultivares

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juízo sobre a média histórica. Portanto, tivemos secas sucessivas entre, MAIO à SETEMBRO, em 2010 e 2011 e isso compromete drasticamente a produção.

plantadas no Brasil e outros países. O IAC pode ser determinado juntamente com o antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café) os pais da CAFEICULTURA. No IAC passaram os principais técnicas do café como Dr. Alcides Carvalho, entre outras e numa pesquisa de 30 ANOS (3 décadas) detectou-se que as produções foram obtidas dentro do seguinte contexto. (DE MAIO A SETEMBRO). Baseado no exposto, o mercado precisa se preparar para uma frustração marcante da safra de 2012. A SINCAL, alerta os cafeicultores que os preços dispararão em detrimento a escassez dada à baixa produção de 2011, seguida de baixa produção em 2012, estoques baixíssimos e os patamares de preços alcançaram níveis incalculáveis e dentro de um cenário real poderemos vender café acima de R$ 1.000,00/ saca. Preço esse realmente necessário para cobrir o grande prejuízo que tivemos nos últimos 14 anos, onde o café subiu tão somente 35% até 2010 e os custos subiram 550%. Fato esse decorrido a total falta de gestão na política cafeeira tanto no MAPA, como nas entidades privadas que sugaram os cafeicultores colocando-os dentro de uma escravidão econômica nunca sofrida, por um período tão longo, no setor produtivo. Baseado nisso, precisamos quebrar paradigmas existentes no “statu quo” dos diversos elos da Cadeia do Agronegócio Café. Está totalmente perceptível uma coesão de interesses recíprocos dos diferentes segmentos da cadeia, numa acomodação mais interessantes a todos esses elos em detrimento à escravidão imposta ao setor produtivo. Portanto, o preço de R$ 500,00 / saca está totalmente defasado e na lógica financeira e matemática deveríamos estar vendendo nosso café a R$ 1.100,00 / saca, para cobrir a evolução do custo de produção, pois vendíamos café à R$ 200,00/saca (ordem de grandeza) há 14 anos e corrigindo a 550% realmente chegamos a R$ 1.100,00/saca que será um preço compatível com os ajustes de defasagem financeira. A


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Rafaela Carareto 1

uitos produtores e técnicos se esforçam para garantir aos animais dietas balanceadas, com excelentes fontes de proteínas, energias, vitaminas etc... E acabam se esquecendo de garantir ao animal o nutriente mais importante que ele necessita para maximizar a produção de leite: a água. Estudos indicam que em média, para cada litro de leite produzido, a vaca precisa ingerir de 2 a 4 litros de água e um litro de leite contém 87% de água, portanto garantir que o animal tenha acesso a água com quantidade e qualidade satisfatória torna-se extremamente necessário para se alcançar elevada produção leiteira. A água, como já foi citado, é um nutriente extremamente importante e necessário. Perde apenas para o oxigênio em escala de importância. Ela participa de vários processos vitais como: transporte de nutrientes, controle da temperatura (por isso é muito importante em dias de elevadas temperaturas), solventes para transporte de excrementos e nutrientes e ainda manutenção do balanço de íons e fluídos. Um animal pode perder 100% de sua gordura e 50% de sua proteína corporal e ainda consegue se manter vivo (por certo tempo), porém, a perda de 20% de água do seu corpo o leva à morte rapidamente. Quanto de água o animal ingere por dia? - A quantidade de água que o animal deve ingerir por dia varia em função da produção, do peso do animal e também em função de algumas variáveis climáticas como a temperatura e a umidade. Não podemos nos esquecer que o consumo de água também varia em função do teor de matéria seca da dieta, ou seja, com dietas mais secas o animal terá que consumir mais água e com dietas mais úmidas o animal precisará ingerir menores quantidades de água. Por fim a quantidade de água a ser ingerida por dia também pode variar de acordo com o teor de gordura do leite, fato que devemos estar atentos, principalmente quando o rebanho for composto por raças caracterizadas pela elevada produção de gordura, como 1 - Professora da Universidade de Brasília - UnB, campus Planaltina (DF). (www.milkpoint.com. br)

FOTO: Divulgação

Água, o nutriente esquecido!

por exemplo, animais Jersey. Com tantos fatores influenciando o consumo de água fica difícil saber a quantidade exata de água que um animal deve ingerir por dia. Vários pesquisadores, na grande maioria norte americanos, realizaram experimentos a fim elaborar um equação para estimar a quantidade de água ingerida pelo animal, levando em consideração o teor de matéria seca da dieta e a produção lei-teira. O programa de computador usado para formular dietas, o NRC 2001, cita uma destas equações: Consumo de água (kg/dia) = 14,3 + 1,28 x (produção de leite kg/dia) + 0,32X (% de MS da dieta) Com base no exemplo acima, uma vaca produzindo 30 kg/dia e consumindo uma dieta com 60% de matéria seca, deveria ingerir 72 litros de água por dia. Já a Tabela 1 traz o consumo de

água em função da temperatura do ambiente de produção e da categoria animal: E por fim, temos ainda a equação proposta por Al Kertz, que leva em consideração além do consumo de matéria seca do animal, a produção de leite corrigida para 4% de gordura Consumo de água (kg/dia) = (4xconsumo de matéria seca) + produção de leite corrigido para 4% de gordura + 25,6 Onde produção de leite corrigido para 4% de gordura = (0,4 x Kg de leite) + [15 x (% de gordura do leite/100) x kg leite] Neste último exemplo uma vaca produzindo 30 kg/dia com 3,8% de gordura e consumindo 21 kg de matéria seca por dia teria a ingestão de 138 litros de água. Qualidade da Água - Uma vez resolvida a questão da quantidade

Tabela 1 - Consumo de água (kg/dia) em função da temperatura ambiente para diferentes categorias animais.


GRテグS

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LEITE

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de água, vamos agora discutir sobre a sua qualidade. Primeiro com relação a limpeza, os bebedouros devem ser limpos pelo menos uma vez por semana e como teste para verificar se eles precisam ser limpos vale a seguinte pergunta: - Esta água está boa para você beber? Se a resposta for NÃO, então é sinal que ela também não está apropriada para seus animais. Os bebedouros podem ainda ser desinfetados, usando água sanitária (1/2 xícara de água sanitária diluída em 5 litros de água). Com relação a composição da água, infelizmente ainda há poucos estudos sobre o assunto. Percebe-se que os animais são tão sensíveis ou mais do que nós quando ingerem água contaminada. Caso haja suspeita de que a água disponível não esteja com qualidade adequada, recomenda-se fazer análise para verificar os níveis de minerais e

possíveis contaminações bacterianas. Independentemente de suspeitar da qualidade da água, recomenda-se que esta seja analisada uma vez por ano. Problemas comuns relacionados aos minerais são elevados teores de sulfato e de ferro. No primeiro, a água fica com odor de ovo e o segundo fica com gosto metálico. Nestes casos o animal poderá ter o consumo de água reduzido e ainda prejudicar a absorção de outros minerais como cobre, zinco e selênio. A água poderá ainda conter elevados níveis de nitrato, que podem levar a problemas de intoxicação dos animais, uma vez que no rúmen o nitrato será convertido em nitrito e uma vez absorvido diminui a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. Teores elevados de nitrato são causados por contaminação de adubos ou matéria fecal (humana ou animal). A

DICAS a) - Para maximizar a produção de leite maximize a ingestão de comida (matéria seca) e para maximizar a ingestão de comida, maximize a ingestão de água! b) - Como maximizar a ingestão de água c) - instale bebedouros na saída da ordenha d) - os bebedouros devem estar no máximo a 15 metros do cocho de alimentação e) - evite água fria, os animais preferem água morna (temperatura entre 25º e 30º C) f) - recomenda-se lavar os bebedouros pelo menos uma vez por semana.

Características do produtor de leite de sucesso (parte 2) 5º) - Agricultura Eficiente: saindo agora do campo gerencial e indo para o técnico, foi possível perceber em todos eles, mesmo nos que têm grande paixão pelas vacas, a importância que se dá à exploração agrícola eficiente como sustentáculo da atividade. Analisando o caso destes produtores de destaque, não há leite rentável sem agricultura competente, seja via pasto de alta produtividade, seja agricultura tradicional. • Irrigação: nos proutores localizados em regiões onde há risco de déficit hídrico (ou seja, quase todos), o uso de irrigação entra como uma ferramenta fundamental para aumentar a lotação e portanto a receita por área, e reduzir os riscos climáticos cada vez mais freqüentes. • Utilização eficiente dos dejetos: nos produtores confinados, a irrigação é geralmente combinada com a aplicação de dejetos animais para reduzir o uso de fertilizantes químicos, melhorar as condições do solo, resolver problemas ambientais e elevar a produtividade por área. Dos 11 produtores brasileiros, 2 já tem biodigestores para geração de energia. No quesito sustentabilidade, não podemos de deixar de ressaltar Franke Dijkstra, pioneiro do plantio direto e que

abordou no evento como resolveu a sucessão familiar em seu negócio, além da questão da sustentabilidade ambiental e integração entre as atividades. • Instalações adequadas ao sistema de produção: via de regra, o que se viu foram instalações adequadas ao sistema de produção e feitas de acordo com as recomendações técnicas, assistidas por profissionais do ramo. Em nenhum dos casos se viu “aberrações” que eram tão comuns em projetos de grande porte há 10 ou 15 anos. • Diversificação: esse é um item interessante e que me chamou a atenção quando Luis Bettencourt, o maior produtor do mundo (62.000 vacas) e que veio ao Interleite assistir ao evento, sentenciou: “não vi nenhum produtor de leite aqui, todos eles têm várias atividades”. Na cabeça do americano (ou melhor, no caso do português que imigrou aos EUA), produtor de leite é aquele que apenas produz leite, muitas vezes nem as bezerras cria. No Brasil, nota-se entre os grandes produtores a existência de várias atividades, muitas vezes complementares: avicultura, suinocultura, sementes, citricultura, genética bovina, etc. Talvez isso tenha se dado pela histórica insegurança do setor, impelindo os produtores a desenvolver alternativas para não colocar todos os ovos na mesma cesta.

• Entendimento do modelo de negócios visando rentabilidade: mais um aspecto que gerou reflexões. Apesar de uma série de características parecidas, ficou evidente que cada caso é um caso e que o produtor precisa alinhar seus interesses e o mercado ao seu sistema de produção. Assim, a certificação da produção de leite da raça jersey faz todo o sentido para Geraldo Calmon, do Rio de Janeiro, que obtém um sobre-preço muito significativo ao fornecer o leite com essas características a uma multinacional especializada em queijos finos, mas pode não fazer sentido a Jeremy Casey, do projeto Leite Verde, que tem como meta produzir leite de qualidade a baixo custo. • Excelência no que fazem: uma última característica me chamou a atenção. Todos os produtores prepararam palestras de alta qualidade e se dedicaram a apresentar da melhor maneira possível, fazendo deste Interleite um grande evento para o setor. Neles, vi uma característica que sempre procuro identificar: a busca pela excelência, traduzida até na preparação das palestras. Pessoas assim não se contentam como nada que não seja o ótimo, e isso certamente se reflete na maneira como tocam seus negócios. (Fonte: Milkpoint) A


DESTAQUES

Mais sustentabilidade Colégio Agrícola de na produção de cana Franca entre as 50

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As Engª Agrônomas Belquice Rodrigues e Gisele Pereira Avelar, orientadoras dos alunos do “Carmelino Corrêa Jr.” na 1ª OBAP.

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conteceu entre os dias 6 e 8 de outubro, em Pouso Alegre (MG), a premiação final da 1ª OBAP Olimpíada Brasileira de Agropecuária, organizado pelo Instituto Federal do Sul de Minas e pelo CNPq. Todas as quatro etapas da Olimpíada aconteceram entre os meses de agosto e outubro de 2011. Cerca de 350 equipes de escolas agrícolas de todo o país foram inscritas no evento. A ETEC “Carmelino Corrêa Jr.”, mais conhecida como Escola Agrícola de Franca (SP) se fez presente com duas equipes: a Agromaster (Curso de Agronegócio) e a Agrotec (Curso de Agropecuária). As professoras Belquice Rodrigues e Gisele Pereira Avelar foram as responsáveis pela organização e acompanhamento das equipes. Para a etapa final foram classificadas 50 equipes, entre elas as duas equipes de Franca. Mas, infelizmente, não ficaram entre as 15 equipes finalistas. A Olimpíada é uma atividade dirigida aos alunos do ensino médio integrado e, concomitante, ao curso Técnico em Agropecuária. As três primeiras etapas são virtuais, através de avaliações de múltipla escolha, de caráter eliminatórias e classificatórias. Na 1ª e 2ª fases foram 10 questões de múltipla escolha cada uma, de Agricultura e Zootecnia. A 3ª fase com 20 questões de Agropecuária. Já a quarta fase foi presencial, e os alunos tiveram que apresentar uma inovação tecnológica em agropecuária, referente ao tema proposto para a Olimpíada: Projeto para uma Escola-Fazenda se tornar:Economicamente Viável; Socialmente Justa; Ecologicamente Correta; e Didaticamente Inovadora. A

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ssegurar a sustentabilidade da produção de cana-deaçúcar, trabalhando de acordo com as boas práticas agrícolas, respeitando o meio ambiente, o trabalhador e a sociedade. Esses são alguns dos benefícios oferecidos pelo Valore, programa de certificação criado pela Bayer CropScience, que está sendo implementado em algumas unidades do Grupo Guarani, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do Brasil e produtoras de açúcar, etanol e energia. O programa Valore da Bayer CropScience inicia como piloto junto a 13 produtores agrícolas, fornecedores de canade-açúcar das Unidades Cruz Alta e Severínia do Grupo Guarani, além das áreas de produção das duas usinas. O objetivo é agregar valor à cadeia produtiva e assegurar diferenciação e competitividade ao produtor brasileiro, certificando a produção responsável da cana-de-açúcar. O piloto será executado até abril de 2012 e incluirá metodologias como sistema de gestão integrada, adoção de boas práticas agrícolas, preservação ambiental, respeito às regras de segurança do trabalho, preocupação com o bemestar dos trabalhadores e atendimento rigoroso à legislação brasileira. Os fornecedores do Grupo Guarani serão orientados e acompanhados durante toda a safra, por uma equipe especializada da Bayer CropScience que vai avaliar e indicar as melhorias necessárias para que os padrões de certificação sejam atingidos, além de oferecer treinamento e apoio técnico. Ao final desse período, os fornecedores serão auditados pelo grupo alemão TÜV Rheinland, um dos mais respeitados certificadores do mundo. Uma vez aprovados, receberão o selo Valore pelas práticas sustentáveis. A

FOTOS: Editora Attalea Agronegócios

melhores da 1ª OBAP


artigo

O futuro do plástico: os agroplásticos Jean Baptiste de Vevey - ONG Sucre-Ethique na Suíça. [jeanbaptiste. devevey@gmail.com]

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FOTO: Jean Baptiste

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o meu primeiro artigo nesta Revista, eu falei da importância de sempre inovar para adquirir novos mercados e tornar sua empresa um sucesso a longo prazo. Agora, eu quero apoiar meu ponto de vista, apresentando uma empresa 100% brasileira sustentável e que está gerando muito lucro: a Braskem. Para quem não conhece, em poucas palavras, a Braskem é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas. Com 31 plantas industriais distribuídas pelo Brasil e Estados Unidos, a empresa produz anualmente mais de 15 milhões de toneladas de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos. Com uma receita total de 16,1 bilhões de dólares em 2010 e 6.700

empregados, a Braskem está fazendo da quómica, da petroquímica e das biotecnologias um negócio verde e lucrativo. De fato, a Braskem usa matérias agrícolas ao invés de usar recursos do petroléo para a fabricação de produtos químicos, plásticos e várias fontes de energia não-fósseis. Além disso, o escritório americano McKinsey estima que esse mercado vai crescer de 170 bilhões de dólares em 2008 até 450 bilhões de dólares em 2020. Em 2007, a Braskem desenvolveu o primeiro prolipeno 100% verde a partir da fermantação do álcool de cana de açúcar. O outro grande projeto desta empresa é o de oferecer um produto à base de etanol de segunda geração, feito de celulose. Ano que vem, uma usina de produção industrial de uma capaci-

dade de 200.000 toneladas por ano vai nascer. Há alguns meses atrás, a Nestlé Brasil em parceria com a Tetra Pak e a Braskem apresentaram para algumas das marcas da Nestlé Brasil uma ficha de embalagem feito a base de poliprolipeno verde. Esse processo contribui para a redução mundial de gás de efeito de estufa graças ao uso da cana de açúcar, fonte renovável que absorve o CO2 predominante da atmosfera. O conceito é baseado no princípio que, para conseguir um sucesso a longo prazo, é mais importante gerar valor para os acionistas que para as comunidades onde a empresa está presente. A Braskem é uma parceria de fundações de empresas, de governos, de ONGs de sociedades privadas, como a Tetra Pak. Neste contexto positivo e com muita avanço sobre seus concorrentes, a Braskem está no lugar certo para ganhar essa competição. Podemos pensar que o futuro do plástico está sendo nos agroplásticos. Isso é ótimo para o nosso planeta. Mas também não deve esconder as condições sociais nas lavouras. Hoje, recomenda-se comprar ações da Braskem e não vender, caso vocês já tenham comprado. Isto porque os analistas da Bolsa de Valores de São Paulo dizem que tudo está verde para essa empresa continuar a crescer. Essa empresa quer ser um dos maiores grupos de petroquímica no mundo em 2020 e o líder mundial da química A sustentável.


SILVICULTURA

FOTO: Divulgação

Eucalipto: novos olhares para antigos recursos

uantas pessoas a terra pode sustentar? Essa pergunta já se tornou tema de livros e ainda provoca polêmica entre especialistas. Alguns teóricos chegam a defender que o desenvolvimento da medicina e seus recursos podem ser responsáveis por um surto demográfico no planeta. Segundo a Divisão de População das Nações Unidas, até o final de 2011, seremos 7 bilhões de pessoas no mundo, enquanto, em 1930, não passávamos de 2 bilhões. Se em menos de um século a população mundial quase quadriplicou, deveríamos cogitar que os recursos disponíveis para a existência da humanidade teriam também de ter crescido quatro vezes nesse período – mas sabemos que não é essa a realidade. Ouvimos constantemente notícias sobre escassez de água ou falta de terras férteis em nosso planeta. Por isso, precisamos cada vez mais buscar um novo olhar para as soluções já existentes – o que nos poupa tempo e, muitas vezes, dinheiro. Um mesmo recurso pode ser fonte de múltiplos benefícios. O eucalipto, por exemplo, além de ter se tornado uma fonte de renda promissora para produtores rurais através do reflorestamento, tem chamado a atenção de outros setores. Em Candeias (BA), uma organização de energias renováveis passou a utilizar a árvore para cogerar energia elétrica em uma empresa da região. O eucalipto caiu no gosto da indústria cosmética e farmacêutica, sendo manejado para a utilização em essências e cremes, além da tradicional extração de mel por meio de programas de apicultura. A árvore também se tornou um dos principais recursos para o setor carvoeiro – somente em 2008, estima-se que quase um milhão de hectares de florestas 1 - Gerente Nacional de Vendas da Husqvarna, líder no fornecimento de equipamentos para o manejo de áreas verdes.

31 OUT / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

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Andre Lobo Faro1

plantadas de eucaliptos abasteceu fornos de diversos níveis tecnológicos para a geração do carvão vegetal destinados ao consumo industrial e doméstico no país. Mais uma inovação está por vir: a transformação da celulose em etanol em escala comercial. Diversos experimentos foram realizados com sucesso e esta tecnologia deverá revolucionar o mercado internacional de etanol em expansão. A expectativa é que novos países fornecedores entrem no setor, o que dará maior liquidez e credibilidade aos compradores, ajudando na consolidação desta àrea global. E o Brasil, certamente, irá figurar como um importante player. Para que o manejo inteligente desses recursos seja real, empresas de equipamentos para a plantação e colheita do eucalipto já estão fornecendo produtos que atendem a essa demanda. Este é o caso da Husqvarna, empresa sueca que desenvolve potentes máquinas para o manejo de florestas, possibilitando a poda e o corte de árvores, de forma equilibrada. Com o correto manejo de uma plantação, a sociedade obtém ganhos em diversos segmentos. O eucalipto é apenas um exemplo do que podemos fazer com qualquer tradicional método de encarar os recursos naturais, basta estar disposto a imaginar novos horizontes – e, claro, garantir os equipamentos mais avançados para tal. A


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