Edição 63 - Revista de Agronegócios - Novembro/2011

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EDITORIAL

AGRISHOW, contagem regressiva para 2012

FOTO: Editora Attalea

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destaque maior neste mês de novembro fica pela confirmação de mais uma participação da Revista Attalea Agronegócios na AGRISHOW. De 30 de abril a 04 de maio de 2012, estaremos presentes com estande próprio. Além disto, nestes próximos seis meses estaremos retratando as principais informações e tecnologias relacionados ao agronegócio regional. Nesta edição, publicamos mais um artigo sobre Óleos Lubrificantes, contando com o apoio do pesquisador Marcos Bormio, da Unesp de Botucatu (SP). Na atividade leiteira, destaque para a raça “Girsey”, cruzamento envolvendo animais Gir Leiteiro e Jersey,

que apresentam maior produtividade leiteira e idade média de parto inferior a 30 meses. Na cafeicultura, abordamos os Dias de Campo nas Associações dos Produtores Rurais do Morro Vermelho e nos Pimentas; a obtenção de mudas de café sem-cafeína por pesquisadores da Unicamp e do IAC; Na questão, mercado de café, destaque para o artigo: “Raio-X do mercado italiano de café”. Destaque maior para a CBI Agropecuária, dos amigos Paulo Eduardo e Rita Ribeiro Maciel, ganhadora do prêmio “Melhores do Agronegócio 2011”, organizado pela Revista Globo Rural. Boa leitura a todos!

ANTONIO JOÃO CAETANO (anjoca56@hotmail.com) Bancário. Sacramento (MG). “Tenho um sítio cujo nome é “Recanto da Cachoeira”, onde tenho uma pequena lavoura de eucalíptos. Estou estudando mais uma pequena área para plantar café. Gostaria de saber como faço para assinar a Revista Attalea Agronegócios.” ROBERTO AZEVEDO MACHADO (roma1940@gmail.com) Agropecuarista. São Gonçalo do Sapucaí (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios.” SELMA PAULINI (selmapaulini@yahoo.com.br) Estudante. Franca (SP). “Gostaria de saber como faço para assinar a revista. Meu interesse decorre do fato de um dos meus filhos estar concluindo o 2° ano do curso de Agropecuária na ETEC “Prof. Carmelino Correa Júnior” neste ano, bem como da minha expectativa em fazer um curso de graduação em Agronegócios no próximo ano, para que possamos trabalhar na área rural”. GRACIANO LISBOA NETTO (graciano.netto@cultivedis.com.br) Engº Agrônomo e Consultor de Negócios da Cultive Distribuidora. São José do Rio Pardo (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios. Sou agrônomo e acho a revista muito interessante e bem elaborada. Quando vou a Franca sempre leio em alguma revenda. a Revista Attalea Agronegócios.”


MÁQUINAS

Sami Máquinas Agrícolas realiza 10ª visita de cafeicultores à fábrica da Jacto, em Pompéia (SP)

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FOTO: Divulgação Sami Máquinas

ela 10ª vez consecutiva, a Sami Máquinas Agrícolas promoveu, nos dias 09 e 10 de novembro, a tradicional visita dos cafeicultores de Franca e região à fábrica da Jacto, que continua sendo um sucesso entre os produtores de café da região. O grupo, com 40 pessoas, seguiu no dia 09/11 para a cidade de Marília (SP), onde ficou hospedado em um confortável hotel e foi recebido pela diretoria da Jacto em uma churrascaria de destaque da cidade. No dia seguinte, dirigiu-se para Pompéia (SP), sede da empresa e distante 20 km de Marília, para uma visita completa às modernas instalações da Jacto, empresa que conta com mais de 2.000 profissionais. Lá conheceram não só todos os detalhes que envolvem a fabricação das máquinas, como também a linha de montagem das colhedeiras de café, com suas inovações para a safra de 2012.

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foram brindados com uma palestra sobre a Faculdade de Tecnologia Agrícola de Precisão, da Fundação Paula Souza (FATEC) instalada naquele campus, bem como sobre o museu com peças históricas e reveladoras sobre a trajetória do Sr. Nishimura e de sua

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Após o almoço, com a presença de todos os diretores e membros do Conselho de Administração da empresa, pertencentes à família Nishimura, a visita se concluiu na Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, entidade que leva o nome de seu fundador. Lá, todos


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Jacto. A excursão, formada por cafeicultores de todas as cidades que compreendem a Alta Mogiana e o Sudoeste Mineiro, foi acompanhada pela equipe comercial da Sami Máquinas, liderada pelo seu Diretor Comercial, o Sr. Sami El Jurdi. Segundo ele, este evento, já tradicional no calendário de atividades da empresa, aproxima o produtor rural do fabricante das máquinas. “Na Jacto, além de conhecer a empresa e as pessoas responsáveis, ele tem o espaço reservado para expor suas sugestões de melhoria do produto”, complementa Sami. Ao mesmo tempo, o Gerente Comercial da Jacto, Sr. Armando Carlos Maran, ressaltou a satisfação e a alegria em receber os usuários de suas máquinas: “tudo o que fazemos aqui é para o produtor, que adoramos receber em nossa casa. Esta iniciativa da Sami Máquinas é extremamente louvável e esperamos que perdure por muitos anos”, conclui Armando. Assim, a expectativa de todos foi superada e enriquecida, além das inúmeras informações recebidas, com a amizade e a troca de informações entre os participantes. “Vamos lá pessoal, comecem a se organizar para a viagem do ano que vem conversando com a equipe de vendas da Sami Máquinas e reservando seu lugar”, concluiu. A

Agritech comemora 10 anos

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Agritech Lavrale, fabricante dos tratores e microtratores Yanmar Agritech, comemorou no início de novembro, dez anos de trabalhos focados em oferecer os melhores produtos e soluções para a agricultura familiar. Instalada na cidade de Indaiatuba (SP), a história da Agritech começou em 2001, quando o Grupo Francisco Stédile adquiriu a fábrica de tratores voltados ao pequeno produtor da Yanmar do Brasil, que havia iniciado sua produção em 1987. Com isso surgiu a Agritech Lavrale S.A., onde são fabricados os tratores e microtratores da marca. “Há dez anos eu disse que manteríamos a mesma estrutura e equipe da Yanmar do Brasil, hoje me orgulho de ver que 102 colaboradores, dos 138 que estavam aqui na época, continuam fazendo parte da Companhia”, disse o presidente Hugo Domingos Zattera durante a solenidade. Hoje a Agritech conta com 298 funcionários em sua planta de Indaiatuba. A Agritech planeja e controla todo o processo de desenvolvimento de tratores e microtratores que são vendidos no País, com a qualidade dos motores Yanmar, testados e aprovados pelo mercado agrícola brasileiro há 50 anos. “Aumentamos nossas linhas de produtos, nossa produção e nossas vendas. Hoje somos um Grupo maior e mais forte”, completou Zattera. Atualmente a empresa detém uma participação de 4,5% do mercado total de tratores, sendo que em 2011 a produção atingirá uma marca superior a 2,2 mil unidades. Mesmo com as constantes quedas do mercado de máquinas agrícolas, a Agritech vem mantendo um crescimento contínuo desde 2001. “O planeta encolheu. Hoje nossos concorrentes estão do outro lado do mundo e por isso precisamos ser criativos e competitivos. Nosso desafio para os próximos dez anos será difícil, teremos que vencer o mercado mundial”, completou o presidente da Companhia. A

Produtores buscam recursos para modernização

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s programas de investimento em modernização da agricultura e conservação de recursos naturais (Moderagro) e em agricultura irrigável e armazenamento (Moderinfra) detêm as maiores taxas de crescimento na aplicação de recursos entre as linhas de crédito do Plano Agrícola. Pelo Modeagro, nos meses de julho a setembro de 2011, já foram liberados R$ 111,9 milhões dos R$ 850 milhões programados. Se comparado ao ano passado, o número cresceu 75,2%. Já o Programa Moderinfra teve um crescimento de 85,7% na aplicação de recursos. Nestes três meses já foram liberados R$ 43,6 milhões, contra R$ 23,5 milhões no ano passado. “Essas aplicações indicam a disposição dos agricultores em investir em suas atividades produtivas”, analisa Caio Rocha, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A aplicação do crédito rural destinado ao Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), com a incorporação dos programas Propflora (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas) e Produsa (Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável) também teve uma das maiores taxas de crescimento entre as linhas de crédito do Plano Agrícola. Nos meses de julho, agosto e setembro de 2011 o crédito para o programa cresceu 50% em relação ao mesmo período de 2010, chegando a R$ 101,4 milhões. Nos primeiros três meses da safra passada foram liberados R$ 67,4 milhões. O total liberado em julho, agosto e setembro em todas as linhas de crédito para agricultura foi de R$ 30 bilhões, 2,7% mais do que no mesmo período de 2010. Programa Modeagro - visa apoiar o desenvolvimento da produção de espécies de frutas com potencial mercadológico interno e externo e fomentar os setores da apicultura, aqüicultura, avicultura, floricultura, ovinocaprinocultura, ranicultura, sericicultura e suinocultura, pecuária leiteira e a defesa animal. Programa Moderinfra - de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem que apóia o desenvolvimento da agropecuária irrigada sustentável, econômica e ambientalmente, de forma a minimizar o risco na produção e aumentar a oferta de produtos agropecuários. Além de ampliar a capacidade de armazenamento da produção agropecuária pelos produtores rurais, proteger a fruticultura em regiões de clima temperado contra a incidência de granizo e apoiar a construção e ampliação das instalações destinadas à guarda de máquinas e implementos agrícolas e à estocagem de insumos agropecuários. Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) - vai incorporar todas as ações que incentivam a produção de alimentos com preservação ambiental. No total, os projetos de investimento voltados as atividades agropecuárias que permitem a mitigação da emissão de gases de efeito estufa já têm disponibilizados R$ 3,15 bilhões para o ano de 2011 que poderão ser contratados com condições mais facilitadas, como taxa de juros de 5,5% ao ano, carência de até oito anos e prazo para pagamento de 15 anos. A


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Qual é a hora da troca do Óleo do Cárter?

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Marcos Roberto Bormio 1

rolongar o tempo de utilização do óleo do cárter do motor do trator, na tentativa de ganhar tempo e dinheiro, na verdade pode ser o início de um problema mais sério. A tendência de se prolongar o tempo de utilização do óleo lubrificante do cárter do motor se deve à dificuldade de parar o trator para manutenção, prejudicando a produção, ou à obtenção de ganho com a reutilização do lubrificante. A importância da substituição do óleo lubrificante de um motor dentro dos prazos estabelecidos pelo fabricante só pode ser desprezada quando houver controle do estado deste óleo lubrificante, através de acompanhamento de suas características por análises de óleo. O que Acontece com o Óleo - À medida que trabalha, o óleo tem suas características originais modificadas. A principal característica de um óleo lubrificante é a sua viscosidade, que pode sofrer uma alteração máxima de ± 10 % em relação ao valor de medição do óleo novo. De uma maneira geral, o que costuma ocorrer é a queda da viscosidade, sendo a principal causa a contaminação por combustível, que passa pelos anéis do pistão e se deposita no cárter, diluindo ou, no popular, “afinando” o óleo. É claro que a contaminação varia de motor para motor. Um motor novo está menos suscetível à contaminação do que um motor já usado, pois à medida que envelhece, a contaminação aumenta. O desgaste natural contribui para isto, pois os bicos injetores passam a gotejar, a bomba injetora se desregula, os cilindros perdem compressão, etc. Um óleo de motor com 6% de Diesel sofre queda de viscosidade de aproximadamente um grau SAE, ou seja, um óleo SAE 30 passa a ser um óleo SAE 20, inadequado para o trabalho indicado. A principal conseqüência é o desgaste acelerado por quebra do filme de lubrificação, o que ocasionará contato direto entre as peças e menor tempo de vida ao motor. A viscosidade também pode sofrer aumento. Uma das principais causas para que isto venha a ocorrer é o tempo excessivo de utilização

1 - Tecnólogo mecânico formado em 1981, Mestre em agronomia 1992 e Doutor em agronomia em 1995, todos pela Faculdades de Ciências Agronômicas Unesp-Botucatu.

do óleo. O “engrossamento” acontece por acúmulo de produtos insolúveis provenientes da combustão e do desgaste natural, ou que entram no motor com ar de admissão ou por outro meio qualquer: fuligem, poeira, metais de desgaste e resíduos de oxidação por umidade (água). Estes elementos além de engrossarem o óleo também são abrasivos e causam desgaste por se interporem entre as peças em movimento. Todos conhecem o resultado da presença de poeira no óleo. Outro dano causado é o desgaste excessivo das partes em movimento e, por incrível que pareça, óleo muito grosso dificulta o movimento e causa desgaste. Podemos ainda dizer que os aditivos, que são elementos químicos que melhoram o desempenho do óleo, se esgotam deixando de desempenhar suas funções, como proteger da corrosão, ferrugem etc. Por que não Prolongar - Para ilustrarmos o que pode ocorrer quando se prolonga a utilização, analisamos dez amostras de óleos lubrificantes dos motores de cinco tratores Massey Ferguson, sendo dois do modelo 275 e três do modelo 290. Fazem parte das análises realizadas os testes de: viscosidade, ponto de fulgor, presença de fuligem, presença de água e presença de elementos metálicos, onde foi verificada a presença de ferro, cobre, cromo, chumbo alumínio, níquel e silício. Os parâmetros de comparação para os valores obtidos nas análises são os do óleo novo utilizado nos motores dos tratores. Das dez análises realizadas somente em duas o óleo lubrificante estaria apto a continuar trabalhando, justamente naquelas em que o tempo de utilização estava aquém do tempo estabelecido para troca pelo fabricante. Portanto, em 80 % das amostras onde em duas o óleo estava praticamente com o tempo de troca e, em seis com o tempo acima do estabelecido para a troca, houveram problemas de desgaste. Desta forma, fica claro ser bastante temeroso o prolongamento do tempo de trabalho do óleo do cárter do motor sem o acompanhamento sistemático através de análises de óleo. Quando Trocar o Óleo - O API - American Petroleum Institute ou Instituto Americano do Petróleo é uma instituição americana que trata do

desempenho e classificação dos lubrificantes e recomenda que os serviços de troca de óleo do motor, troca do elemento filtrante do óleo do motor e a manutenção e troca dos elementos filtrantes do ar de admissão acatem pelo menos as recomendações feitas pelos fabricantes de motores, quando não houver controle através de análises do óleo lubrificante. As recomendações, por período ou quilometragem, são sempre conservadoras, para não prejudicar excessivamente a vida útil dos motores. Evidentemente, os períodos podem ser antecipados ou duplicados, dependendo das condições de uso. Os fabricantes de veículos ou motores podem descrever em seus manuais operacionais os detalhes de operação, nos quais se aplicam menores ou maiores períodos de trocas. Podemos exercitar situações, considerando que o óleo de última classificação, sob condições normais, deve ser trocado com 200 horas de trabalho: • 100 horas - uso do veículo sob condições predominantes de andapára, longos e freqüentes períodos em marcha lenta (utilização da TDP para acionar máquinas que requerem pouca potência), sob alta temperatura e carga e esforço adicional (implemento que exige carga maior do que o trator possa oferecer); • 200 horas - veículo operado normalmente, com acoplamento de implementos para ele dimensionados; • Tempo de trabalho - quando o número de horas de trabalho não é atingido, recomenda-se a substituição a cada 6 meses para óleo de base mineral e 12 meses para óleo sintético. Para motores inativos, o óleo poderá permanecer no cárter no máximo 3 meses e 6 meses, respectivamente. Procedimento para a Troca Toda troca de óleo, seja de motor, caixas de engrenagens ou fluído hidráulico, deve ser feita com o óleo quente, preferivelmente após o uso do veículo por um período que atinja a temperatura normal de operação. Após extrair o óleo pelo local de drenagem do reservatório, é aconselhável deixálo escorrer por algum tempo, por volta de 10 minutos, para assegurar que permaneça no reservatório o mínimo possível. Uma alternativa rápida, menos complicada e menos suja é sugar o óleo por uma bomba de sucção ligada a um tubo fino introduzido pelo orifício da vareta de nível de óleo. Este pro-


MÁQUINAS cesso, no entanto, apresenta o inconveniente de não remover totalmente o óleo. O veículo deve estar em local plano e adequado para qualquer extração ou troca de óleo.

Diesel, a classificação é dada por duas letras, sendo sempre a primeira delas a C de compression, compressão em inglês, que identifica um óleo para motor de ignição espontânea ou Diesel. A classificação propriamente dita é dada pela segunda letra. À medida que esta segunda letra avança no alfabeto, o óleo sobe de especificação, é mais moderno. Para melhor entendimento vamos dar alguns exemplos, supondo que o manual do seu trator especifique o óleo SAE 15W 40 ou SAE 20W 50 API-CG-4, foram dadas duas opções de viscosidade. O grau 15W deverá ser utilizado em regiões mais frias e o grau 20W em regiões mais quentes, considerando-se a temperatura ambiente. O mesmo ocorre para a medida de alta temperatura, 40 para regiões mais frias e 50 para regiões mais quentes. O desempenho API-CG-4 deve ser seguido com maior rigor. De nenhuma forma deve-se utilizar óleo de classificação anterior, por exemplo um API-CF ou inferior. Porém, pode-se utilizar um de especificação mais avançada, por exemplo um API-CH-4. Estas especificações estão nas embalagens de qualquer marca de óleo utilizado. A

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Que Óleo se deve Utilizar - Os melhores lubrificantes, óleo ou graxa, para serem utilizados no motor, no câmbio, no diferencial, no hidráulico e nos rolamentos e articulações do seu trator, são aqueles recomendados pelo fabricante do trator. No caso dos motores, normalmente são dadas algumas opções ao usuário. O óleo lubrificante para motores de ciclo Diesel, que são os mais utilizados em tratores, são classificados pela viscosidade e pelo desempenho que oferecem. A viscosidade é uma característica controlada pela SAE (Society Automotive Engineers). Existem óleos monograu, ainda bastante utilizados, onde a identificação é dada por um número (grau) antecedido da sigla SAE. É uma identificação que leva em conta a temperatura de trabalho do óleo a aproximadamente 100º C. Podemos ter óleos SAE 20, SAE 30, SAE 40 e SAE 50.

O desenvolvimento dos lubrificantes possibilitou a fabricação dos óleos de múltipla graduação e de primeira qualidade. Esses óleos, SAE 20W 40, SAE 20W 50, SAE 5W 40 etc., são conhecidos como óleos multiviscosos. São largamente usados porque ao dar partida no motor, o óleo está frio. Nesta temperatura ele deve ser fino o suficiente para fluir bem e alcançar todas as partes do motor. Já em altas temperaturas, ele deve ter a viscosidade adequada para manter a película protetora entre as partes metálicas. Por exemplo, os óleos SAE 20W 40 são formulados para cumprir os requisitos de viscosidade em baixa temperatura de um óleo monograu SAE 20 e os requisitos de viscosidade em alta temperatura de um óleo monograu SAE 40. Os óleos SAE 20W são testados para viscosidade de partida a -15°C, logo, eles são formulados para uso em temperaturas ambiente mais baixas. Já os óleos classificados como SAE sem a designação W têm suas viscosidades medidas somente a 100°C para assegurar viscosidade adequada em temperaturas operacionais normais do motor. O serviço ou desempenho do óleo é classificado pela API. Para motores


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Revista Attalea Agronegócios fecha parceria e participa mais uma vez da AGRISHOW

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om a proposta de ampliar sua participação junto às empresas do setor de agronegócios, a Editora Attalea firmou mais uma vez sua participação na AGRISHOW - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação. A 19ª edição da AGRISHOW acontecerá de 30 de abril a 04 de maio de 2012, das 8 às 18 horas, no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronégócios do Centro-Leste / Centro de Cana (Rodovia Antonio Duarte Nogueira Km 321 - Ribeirão Preto - SP). A Revista Attalea Agronegócios participará com estande próprio, apresentando ao público visitante o que nossas empresas parceiras tem de novidade nos setores de máquinas, implementos, defensivos agrícolas, fertilizantes, pecuária leiteira e de corte, cafeicultura, silvicultura, cultivo de grãos, horticultura e fruticultura. Faça parte deste evento. Divulgue, nos próximos meses, o seu negócio e seus produtos na Revista Attalea Agronegócios e tenha o nome de sua empresa circulando na

AGRISHOW 2012. Nas próximas edições apresentaremos a história da feira e as principais novidades do próximo ano. Todas as edições a partir de novembro estarão circulando durante o evento. Participe! Vincule o nome de sua empresa a principal feira de tecnologia das Américas. A Feira - A AGRISHOW mostra as maiores novidades do agronegócio brasileiro. É uma feira essencialmente de negócios, marcada pelas demonstrações de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas em ação.Neste evento, os visitantes encontram todos os principais lançamentos de máquinas, implementos, sementes, defensivos, fertilizantes, enfim de todas as tecnologias que estão sendo colocadas à disposição do agricultor e do pecuarista brasileiros. Empresário, garanta já sua participação. Seja um expositor. Com área de 360 mil metros quadrados, a 19ª AGRISHOW é a sua chance de realizar negócios, divulgar seus produtos e serviços para mais de 146 mil profissionais

do setor. Os números mostram o sucesso da última edição, que tem tudo para ser superado em 2012: a) - 40,2% do público visitante é decisor final de compra; b) - 71% dos visitantes participam do processo de compras: agricultores, pecuaristas, agroindustriais, estudantes, industriais e empresários do setor; c) - 98,6% dos expositores de 2011 tem intenção de retornar em 2012; d) - 95,6% dos expositores ficaram satisfeitos. e) - Crescimento de 15% das áreas de estandes; f) - R$ 1,755 bi em negócios realizados durante a feira; g) - 146.836 mil visitantes de 50 países; h) - 765 expositores de 45 países; i) - resença de 38 novas empresas nacionais; j) - Presença de 22 novas empresas estrangeiras.

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LEITE

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idade média ao primeiro parto das vacas Girsey (cruzamento das raças Gir, zebuína, e Jersey, taurina), na tradicional bacia leiteira de Mococa (SP), é de 28 meses, ou seja, quase 20 meses abaixo da média nacional, o que diminui o custo de criação de novilha (começa a produzir cedo) e aumenta a vida útil do animal. Com isso, a vaca produz mais leite na vida útil e o criador passa a ter mais animais para venda, uma vez que é maior a taxa de nascimentos e menor a taxa de reposição. Este é um resultado parcial do projeto “melhoramento genético de bovinos da raça Gir leiteiro e seus cruzamentos”, desenvolvido no Polo Nordeste Paulista/APTA Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O Girsey incorpora a precocidade que é uma característica do Jersey, conta o pesquisador e coordenador do projeto Anibal Eugenio Vercesi Filho. Integram o projeto os pesquisadores Enilson Geraldo Ribeiro, Weber Vilas Boas Soares, Lenira El Faro, Vera Lúcia Cardoso, Cláudia Cristina Paro de Paz, José Ramos Nogueira, Maria Lucia Pereira Lima, André Fernandes Rabelo (Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro) e Fábio Carvalho Faria (UFMS). Além disso, pesquisa da Embrapa, que testou três raças européias (Jérsey, Holandês e Pardo Suiço) sobre o Girolando (cruzamento entre as raças Gir Leiteiro e Holandês), mostra que nas filhas de Jersey são duas lactações a mais e, consequentemente, dois bezerros. “A expectativa é que tenham maior número de bezerros na vida, menor peso e maior produção de sólidos. A certeza é que a idade do primeiro é menor e ocorre também menor intervalo entre partos nas Girsey.” Porém, ressalva Anibal, a amostra ainda é pequena. “O ideal é que tivéssemos pelo menos 60 vacas de cada grupo genético; hoje, são cerca de 20 animais.” Vantagens do Jersey - Entre as motivações para o cruzamento com Jersey, Anibal aponta que, em pesquisa publicada no início da década, este grupo genético tinha a mesma produção de leite do holandês na vida útil, porém melhor produção de sóli-

FOTO: Divulgação CATI / SAA

Vacas ‘Girsey’ produzem mais leite e tem idade média de parição inferior a 30 meses

Vacas Girsey produzem mais leite e o criador tem mais animais para venda. A idade média ao primeiro parto das vacas Girsey (cruzamento das raças Gir, zebuína, e Jersey, taurina), na tradicional bacia leiteira de Mococa (SP), é de 28 meses, ou seja, quase 20 meses abaixo da média nacional, o que diminui o custo de criação de novilha (começa a produzir cedo) e aumenta a vida útil do animal. Com isso, a vaca produz mais leite na vida útil e o criador passa a ter mais animais para venda, uma vez que é maior a taxa de nascimentos e menor a taxa de reposição..

dos (gordura e proteína). Como existe uma tendência para o pagamento pelo diferencial de qualidade (se pagava preço fixo pelo leite), o cruzamento com o Jersey passou a ser uma opção muito interessante do ponto de vista econômico. Outro motivo é o tamanho das vacas Jersey, explica Anibal. “Quando se trabalha com produção de leite a pasto, o que conta é a produção por hectare, e não por animal. Com animal de menor porte, tem-se mais animais por unidade de área, o que pode refletir em maior produção.” Resultados de pesquisas (tese de mestrado de Anibal, de 2000, e trabalho de 2004, da pesquisadora Vera Lúcia Cardoso do Polo Regional Centro Leste) demonstram que o peso da vaca adulta é uma característica importante em sistemas de produção de leite a pasto. Em outras palavras, tirar leite a pasto de vaca muito pesada é antieconômico. Nada mais oportuno no momento em que vai se tornar realidade no Brasil o pagamento do leite por qualidade (Instrução Normativa 51 entra em vigor em janeiro de 2012), diz Lúcio Rodrigues Gomes, vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). “Essas duas raças (zebuína e taurina) se complementam

por agregar animais especializados em leite e com alto teor de sólidos. Além disso, o Gir, por ser adaptado aos trópicos, apresenta resistência ao ectoparasita e menor incidência de mastite.” Lúcio, que é produtor em Taubaté (SP), conta que algumas cooperativas, principalmente de São Paulo e Minas Gerais, já estão pagando bonificação pelo leite de qualidade - cinco centavos por litro, no caso do Vale do Paraíba. Tanto que, atualmente, um dos apelos comerciais das centrais de sêmen é sobre touros que transmitem a suas filhas a característica de produzir leite com elevado teor de sólidos. Parceria com Produtores - Por volta de 2005/2006, o criador Otávio Roxo Nobre Barreira, da Fazenda do Conde, começou a prestar serviço de transferência de embrião para produtores de Gir e Girolando. “Depois, passamos a produzir os próprios animais. A aceitação foi muito grande no mercado devido à escolha de animais de ponta para nosso rebanho (características semelhantes às das vacas do Estado), com o apoio dos técnicos do Pólo Regional que nos permitiu fazer essa genética diferenciada.” Tanto que as novilhas de Otávio começaram a ganhar prêmio em pis-


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tas de feiras agropecuárias de grande expressão. E no torneio leiteiro de 2011, da Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de Mococa, os animais da Fazenda do Conde fecharam a média de 58 litros de leite. “A pista mostrou que os animais eram bons e bonitos; o torneio mostrou que os animais eram produtivos. Assim, temos a chancela de que o projeto é bem-sucedido.” Hoje, Otávio tem serviço de produção de material genético e serviço de multiplicação de material genético para terceiros. “O Polo tem me ajudado na escolha de touros melhoradores do rebanho. Esse trabalho com o Girsey tem colaborado de forma decisiva no trabalho que faço com Girolando, apesar de ser outro cruzamento.” A Fazenda do Conde vende 80% do seu material genético para produtores do Brasil inteiro. “Meu animal ´America Blitz Fiv do Conde´ percorre hoje as maiores pistas do Brasil, levando esse material para fora da região. Nosso foco é fazer animais leiteiros”, conta Otávio. A bacia leiteira é antiga e atrai pessoas de várias partes do País, observa. Teor de Gordura e Proteína - Há

seis anos, quando herdou a Fazenda Angico, Augusto Tabilerti, o Guto, decidiu fazer cruzamento de seu gado Girolando com o Jersey. “A idéia era obter animais menores, mais produtivos e persistentes no leite, para ter um pouco mais de animais.” O tempo de lactação mais curto de animais Girolando pode ser estendido com a introdução do Jersey, observa Guto. “Na média, acho que a produção supera a do Girolando, sem contar que o teor de gordura e proteína do cruzamento com Jersey é maior.” Numa área de 15 hectares de pastagem e produção de alimento para a seca, Guto mantém 80 animais (vacas, novilhas e bezerras), dos quais 40 vacas em lactação. A produtividade não é maior porque tem muito gado novo, ainda, observa. Guto aponta a vantagem de o produtor usar mais as inovações proporcionadas pela instituição de pesquisa. “Há seis anos, comecei tirando 200 litros de leite; no ano passado, cheguei a tirar quase 800 litros.” Hoje, a produção está em torno de 530 litros por causa da venda de 20 vacas e da renovação do rebanho com cruzamento das três raças, o chamado tricross

(Gir com Holandês e Jersey em cima). “Fui muito influenciado pelos técnicos do Polo”, resume Guto. Gado com Melhor Genética Com a expansão da cana e a perda de área de pastagem, o produtor dessa importante bacia leiteira modernizou a atividade e introduziu um gado com melhor genética e maior volume de leite em pequena área, observa Wagner Becker, presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de Mococa. Nesse processo, ele destaca a rusticidade, precocidade e lactação do Girsey, “que não perde para nenhum outro tipo de cruzamento”. Também enfatiza o apoio do Polo Regional à cooperativa, na forma de abertura a visitas, cursos, dias de campo e orientação sobre manejo de pastagem e nutrição. Wagner lembra que, com a criação do Polo, a região ganhou uma equipe de pesquisadores para atuar em áreas como pecuária de leite, piscicultura, hortaliças, café, cana-de-açúcar, milho e economia rural. Para Wagner, é fundamental a recomposição da equipe, pois esses pesquisadores tem papel importante no contexto do desenvolvimento rural. A

Projeto de Inseminação Artificial Volante mostra primeiros resultados em Cássia dos Coqueiros (SP)

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m setembro de 2010, a Prefeitura Municipal de Cássia dos Coqueiros (SP), em parceira com a CATI Regional Ribeirão Preto, implantou o projeto Inseminação Artificial Volante (IA Volante) com a aquisição de um botijão de sêmen que instalado na Casa da Agricultura local. Cada produtor assistido pelo projeto passou a adquirir as doses de sêmen, de acordo com as características do touro, seguindo as orientações do coordenador do projeto, o médico veterinário Gustavo Cunha Almeida Silva. O objetivo do IA Volante é utilizar a inseminação artificial como uma ferramenta para o melhoramento genético do rebanho dos produtores de leite do município, com os cruzamentos entre raças, permitindo ganhos com heterose. “Como exemplos, podemos citar a utilização de touro Holandês em vacas zebuínas para gerar fêmeas girolanda (F1), que unem a rusticidade e resistência do zebu com

as características de maior produção de leite da raça holandesa; outro é utilizar touro Jersey nas vacas F1 para obter animais Tricross (cruzamento de três raças), técnica que permite que se insira a genética de animais (Jersey) com características de maior produção de sólidos totais (gordura e proteína) no leite, além de precocidade reprodutiva e animais de menor porte”, explica o técnico. Para ser realizada a inseminação, o produtor observa a manifestação de cio das vacas ou novilhas e comunica a Casa da Agricultura ainda no período da manhã para que a inseminação seja realizada a tarde, ou no período da tarde para ser realizada de manhã. O técnico agrícola Rosano Nogueira dos Santos, da Casa da Agricultura, é responsável por levar o botijão até a propriedade e realizar o procedimento. Até o momento, 13 propriedades são assistidas pelo projeto e já foram realizadas 158 inseminações. Os produtores de leite de Cás-

sia dos Coqueiros (SP), já começam a ver os resultados de seu investimento com o nascimento das bezerras, que serão suas futuras matrizes leiteiras. O produtor José Carlos da Silva diz que “é nítida a diferença entre as bezerras nascidas de touros provados das bezerras nascidas de monta natural”. E o produtor Odair Francisco Cipriano comenta: “com o melhoramento da genética do rebanho logo conseguirei ter menos vacas mas manter a produção diária igual, diminuindo meus custos e aumentando o lucro”. Graças ao projeto, também é possível se realizar IATF (inseminação artificial em tempo fixo) com a utilização de protocolos hormonais em vacas que já passaram o período voluntário de espera e ainda não manifestaram cio ou estão com algum problema reprodutivo (cisto folicular ou luteínico). As raças de touro mais utilizadas são Holandês, Gir e Jersey, respectivamente. A


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FOTO: Editora Attalea

Diferenciais da Chevrolet Vemafre atraem produtores rurais na compra de veículos

om o bom crescimento de vendas, além de um consumo aquecido com a ascensão da classe “C” graças às facilidades de crédito, General Motors passou a focar mais no Brasil. Prova disso são os investimentos de 5,42 bilhões de reais até 2012 destinados à melhoria das plantas, das fábricas e de pessoal. O foco da companhia será o investimento em tecnologia. “Vamos investir 6% em desenvolvimento e pesquisa”, diz Denise Johnson, presidente da filial brasileira. A montadora conta hoje com uma equipe de aproximadamente 1.200 engenheiros - com mais contratações previstas para a fabricação de seus produtos. Um dos pontos levantados por ela para mostrar a importância do mercado brasileiro foi o bom desempenho da marca Chevrolet nos últimos 12 meses. Foram vendidas cerca de 660.000 unidades - um crescimento de 80% em relação ao mesmo período no ano 2000. Com esse salto, o país se tornou o terceiro mercado da GM no mundo e o segundo para a marca Chevrolet. Carros Conectados - Sobre o forte investimento em pesquisa e desenvolvimento, Denise disse que a montadora planeja criar carros que tenham conectividade.

Diferencial - Com forte atuação em Franca (SP) e região, a Vemafre - concessionária Chevrolet - atendeu somente neste ano mais de 100 produtores rurais. É um reconhecimento dos diferenciais dos carros Chevrolet, mas também a facilidade de utilização das linhas de financiamento rural do Banco do Brasil. A parceira entre a Vemafre e o Banco do Brasil tem agilizado todo o processo, desde o projeto até a entrega do veículo com condições exclusivas. A Vemafre é uma concessionária filha da terra, genuinamente francana, dirigida por Fred Belini, Diretor Comercial da empresa; Giovani Teixeira, gerente comercial; e André Ferreira, consultor de vendas. “As taxas de juros do Pronaf (2% a.a.) e do Pronamp (6,25% a.a) são muito atraentes. Mas o nosso diferencial é o atendimento mais próximo do produtor rural, incluindo visitas diretamente na propriedade”, finaliza André Ferreira. A

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Estande da Vemafre na 3ª EXPOVERDE, em Franca (SP)

“Como os consumidores de hoje são jovens e muito ligados às redes sociais como Facebook e Twitter, queremos ter modelos que permitam acesso a esses recursos”, diz. “Queremos trabalhar com banda larga 4G nos veículos com sistemas que possibilitem uma interatividade entre os usuários”, afirma ela. “


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Cooparaíso, em parceria com a Epamig e a Emater, realizou nos dias 26 e 27 de outubro, dias de campo voltados para a cafeicultura. A iniciativa buscou aprimorar o conhecimento dos produtores rurais. O diferencial foi a localização do evento, em ambos os dias os especialistas e engenheiros agrônomos foram até os bairros rurais, ou seja, até a “casa” do cafeicultor. Temas como pragas e doenças do cafeeiro, certificação e cultivares de café foram apresentados e debatidos pelos especialistas. O primeiro dia do evento foi realizado na propriedade do produtor rural José Reis de Oliveira, também presidente da Associação da Comunidade dos Pimentas. Já no dia 27, o evento aconteceu na Associação da Comunidade Rural de Morro Vermelho, localizada a 25 km de São Sebastião do Paraíso (MG). No primeiro encontro foram quatro estações: “Manejo Integrado de Pragas”, com o Dr. Júlio César de Souza; “Manejo Integrado de Doenças”, com Dr. Vicente Luiz de Carvalho; “Cultivares de Café”, com Dr. Gladyston Carvalho e “Certificação da Cafeicultura” apresentada por Homero Vieira e João Bosco Minto da Emater, além da engenheira agrônoma Lívia Colombaroli. “Os produtores tiveram aula com

Cultivar ‘Paraíso’

FOTOS: Divulgação Cooparaíso

Cooparaíso realiza dias de campo no ‘Morro Vermelho’ e nos ‘Pimentas’

Cafeicultores atentos aos temas debatidos nas estações de campo. os doutores que puderam ser comparadas a pós graduação, já que são os melhores especialistas falando sobre a cafeicultura”, afirmou o educador cooperativista, Ilson José Aparecido. Segundo a engenheira agrônoma, Lívia Colombaroli, o balanço dos dois dias de evento foi positivo, mais de 150 produtores rurais tiveram contato e aprenderam com os profissionais. “Com o dia de campo os produtores conhecem novas tecnologias e manejos eficientes, com isso a cafeicultura se torna mais sustentável”. Conhecimento Renovado – Cafeicultor há anos, Alexandre Oliveira participou do dia de campo no bairro Pimentas. Ele destaca que renovou seus conhecimentos com as estações que difundiram tecnologia. “De uma forma geral, todas as estações focam as necessidades do pequeno ao grande produtor. São pesquisas e trabalhos atuais que mostram a realidade do diaa-dia do produtor que lida na cafeicultura”. Cleuci Helena é esposa de cafeicultor e esteve atenta as palestras em cada estação. Segundo ela, saber as técnicas e manejos adequados são fundamentais para o homem do campo. “É uma boa oportunidade para aprender. Eu como esposa de produtor fico atenta para sempre poder ajudar na

produção”, conclui. Cultivares de Café – O doutor em Agronomia-Fitotecnia, Gladyston Rodrigues Carvalho, destacou durante o dia de campo a importância e necessidade de se escolher cultivares apropriadas para a região. “Na região de São Sebastião do Paraíso observei poucas cultivares em meio às várias opções, os produtores se assustam com tanto volume. Hoje encontramos grupos de cultivares resistentes e grupos suscetíveis a doenças, como a ferrugem”, disse. A cultivar adequada para cada cafeicultor depende de vários fatores, como a topografia. “É preciso conhecer a sua realidade, analisar região, clima e qualidade do solo para fazer a escolha correta”, orienta. O espaçamento também deve ser analisado na escolha da planta ideal, pois o diâmetro é específico de cada cultivar. De acordo com Gladyston experimentar novas cultivares é importante desde que o cafeicultor lucre com a mudança. “É preciso experimentar o que é bom, pensando na sua propriedade. As fazendas experimentais da Epamig auxiliam na hora da escolha. Válido lembrar que plantio de novas cultivares é indicado para apenas 10% da área total de plantio”, finaliza. A


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Cafeicultores de Franca (SP) e Cássia (MG) vencem 8º Concurso de Qualidade de Café da Cocapec

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FAFRAM realiza Semana Agronômica e Semana de Medicina Veterinária

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e 24 a 28 de outubro, a FAFRAM - Faculdade Doutor Francisco Maeda, de Ituverava (SP), promoveu a XXII Semana Agronômica e a VII Semana Científica de Medicina Veterinária. Participaram da solenidade de abertura dos eventos o presidente da Fundação Educacional de Ituverava, Paulo César da Luz Leão; os conselheiros da FE, Antônio Gonçalves Delgado e Vicente Paulo Vieira; o diretor da FAFRAM, Márcio Pereira; o diretor da FFCL, Antônio Luís de Oliveira; os coordenadores de cursos, Vinícius Antônio Maciel Júnior (Agronomia) e Elzylene Légae (Medicina Veterinária); e os presidentes dos Diretórios Acadêmicos, Juliano Aparecido Balbino (Agronomia) e Lucas Cristiano (Medicina Veterinária). “As semanas acadêmicas são de muita importância, pois contribuem com o desenvolvimento do aluno e o crescimento da instituição. Durante essas semanas, são promovidos cursos e palestrantes visando fazer com que os alunos absorvam cada vez mais conhecimento, para que saiam da faculdade melhor preparados”, disse o presidente da FE, Paulo César da Luz Leão. O diretor da Fafram, Márcio Pereira, elogiou. “É um motivo de orgulho e satisfação realizar essas semanas acadêmicas, que são tradicionais dentro de nossa instituição educacional”. “É um conhecimento que se soma ao ministrado dentro da sala de aula. Isso é enriquecedor e fortalece ainda mais o ensino oferecido pela instituição de ensino”, afirma a coordenadora do curso de Medicina Veterinária, Elzylene Légae. A XXII Semana Agronomica teve como tema principal a sustentabilidade na agricultura e teve início com a palestra “Perspectiva do Agronegócio Brasileiro Frente à Globa-

lização”, ministrada pelo Economista Msc. Willy Gentil de Goes, professor da FEI e FAFIBE (Ribeirão Preto SP) e integrante do (InGTeC) - Grupo de Pesquisas do CNPq. As Palestras - A programação foi extensa e muito bem elaborada pelos alunos da equipe do Diretório Acadêmico ‘Tsunezaemon Maeda’. O tema Cultura do Eucalipto abordou palestras sobre a terceira cultura mais cultivada no nosso país na atualidade, com temas como gargalo de comércio, pragas, doenças e atualidades no seu manejo. Já o tema Física do Solo promoveu a exposição de fatores físicos do solo e possibilidades de cultivo com as diferentes maneiras de condução dos solos brasileiros, abordando sempre o lado sustentável do manejo do solo. A Biotecnologia Agrícola foi inserida na programação tendo em vista as alterações promovidas na agricultura nas ultimas décadas e em um futuro próximo. Destaque para a palestra do Engº Agrônomo Elder Fragalle (da Pioneer), que abordou o tema “Tecnologia Bt” A Produção Animal Sustentável teve como abordagem o tão comentado Bem-Estar Animal, melhoramento genético em busca de maior produção e menor poluição. Tudo envolvendo a suinocultura, a avicultura, a bovinocultura e a ranicultura. Destaque para a palestra do Engº Agrº José Camilo Mendonça (Frigorífico Camari), que abordou o tema “Visão Empresarial na Suinocultura” No tema Agroenergia os participantes contaram com palestras atualizadas de empresas e centros de pesquisas que buscam novas fontes energéticas mais sustentáveis que as atuais sustentáveis. O mesmo ocorreu com o tema Bolsas e Mercados do Agronegócio, onde as palestras tiveram como base as condições de mercado para a agricultura nos últimos, expectativas de crescimento e desenvolvimento do setor, métodos de comércio, maneiras de tornar o produto final mais viável ao consumidor sem abalar o produtor, etc. A Cafeicultura foi um tema a parte. Seis palestras abordaram todos os aspectos da cultura. O Engº Agrº André Siqueira Rodrigues Alves (diretor da Casa do Café, Franca/SP) abordou o “Perfil do Agrônomo na Cafeicultura”. A questão fertilidade foi abordada pelos agrônomos Everson Luiz Mocarzel (Yara) e Israel Rosalin (Valoriza). Com relação ao controle de pragas e doenças, abordagens dos agrônomos Weverley Aparecido Rizieri (RR. Ribeiro) e San Juan (Bayer CropScience). Finalizando, o Engº Agrº Gabriel Moscardini (Adubos Triângulo) ministrou palestra sobre “Agricultura de Precisão” De acordo com Juliano Aparecido Balbino, presidente do DA de Agronomia e graduando pelo 7º Ciclo, a semana foi excelente. “Contou com palestrantes e cursos interessantes, que abordaram temas que estão diretamente ligados à nossa futura profissão”, finalizou. A


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CATI Regional Franca promoveu, no dia 08 de novembro, o 5º Encontro de Técnicos e Agricultores do Projeto CATI Café, reunindo 80 produtores e técnicos no Sítio São Geraldo, propriedade de Amarildo Dalpícolo, no município de Jeriquara (SP). Durante o evento foram apresentados os custos de produção das 52 propriedades que são acompanhadas pelos técnicos de 10 Casas da Agricultura pertencentes à Regional Franca. Para falar sobre “Perspectivas de Mercado para o Café” foi convidado o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Celso Vegro. O projeto CATI Café teve início em 2006 por iniciativa da CATI Regional Franca. Na ocasião foram implantadas propriedades-piloto em cada um dos 13 municípios da Regional. Atualmente, 52 propriedades são assistidas e acompanhadas pelos técnicos das Casas da Agricultura, tanto na área técnica quanto de gestão, com destaque para custos de produção. “Pelos resultados apresentados, percebemos, hoje, que um grande diferencial de custo está na adoção da colheita mecanizada em relação à colheita manual”, conta o diretor da CATI Regional Franca, Pedro Avelar. O CATI Café tem tido uma boa aceitação pelos agricultores. A Regional Franca conta com 57 mil hectares de cafeeiros plantados e é conhecida como uma das mais importantes regiões produtoras do Estado de São Paulo, oferecendo um café tipo exportação, de alta qualidade. A

FOTO: Divulgação CATI / SAA

Projeto CATI-CAFÉ reúne técnicos e produtores na regional Franca

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Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola


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ioneira em nutrição de plantas e com forte atuação nas lavouras de café nas regiões da Alta Mogiana, Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro, a Nutriplant apresenta uma ampla variedade de produtos, como micronutrientes de solo (FTE), foliares líquidos, foliares sólidos, fosfitos, organominerais, cobalto e molibdênio, sais e produtos para fertirrigação. Além do café, os produtos Nutriplant também são muito utilizados em lavouras de eucalipto e de citros. Na região de Franca (SP), uma das empresas parceiras da Nutriplant é a Casa das Sementes, tradicional revenda de produtos agrícolas em diversos setores. A Nutriplant leva aos cafeicultores da região um programa completo de nutrição via solo (FTE e Endurene), complementado com produtos foliares de alta tecnologia. De acordo com o Engº Agrônomo Fernando Jardine, supervisor de

FOTO: Fernando Jardine

Nitrogênio de liberação lenta faz sucesso em cafezais de SP e MG

vendas da Nutriplant, a empresa vem trabalhando com o Endurene na região da Alta Mogiana há dez anos, compro-

vando que o produto é garantido e já conquistou a confiança dos cafeicultores. “O Endurene é um fertilizante de aplicação via solo, composto de nitrogênio com moderna fonte de liberação lenta, além de fósforo, magnésio, boro e zinco. É muito mais nutrição e eficiência. O Endurene é a fonte mais eficiente em fornecimento gradativo de nitrogênio à planta”, explica Jardine. Segundo ele, a liberação lenta reduz a perda de nitrogênio por volatilização e lixiviação; reduz a queima das raízes pelo contato do fertilizante nitrogenado; fornece nitrogênio por até 8 meses; além de reduzir consideravelmente os custos operacionais. “Uma única aplicação garante maior resistência da planta às condições de estresse hídrico. Os principais adubos nitrogenados presentes no mercado apresentam algumas limitações no seu uso, como o alto poder de acidificação (caso do sulfato de amônio), alta higroscopicidade (caso do nitrato de amônio) e elevadas perdas de Nitrogênio por volatilização (caso da uréia). Ocorrem ainda perdas de nitrogênio por erosão do solo, lixiviação (em profundidade), imobili-


zação e desnitrificação (perdas gasosas). A utilização do Endurene tem mostrado excelentes resultados nas principais regiões cafeeiras do país. Seja através da aplicação no substrato na formação das mudas; seja em misturas bem efetivadas na cova de plantio; ou ainda em aplicações localizadas em lavouras com 1 ano. A liberação gradativa do nitrogênio é o fator preponderante para este sucesso. “A fonte de nitrogênio sofre reação química com um produto diferenciado, conferindo proteção ao

FOTOS: Fernando Jardine

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21 nitrogênio e disponibilização lenta deste através da decomposição bioquímica”, explica Jardine. Com isto, o aproveitamento pelas plantas é superior quando comparado às outras fontes de nitrogênio. “O cafeicultor deve ficar atento com o nitrogênio. Ele tem papel fundamental para o aumento da área foliar da planta e também na formação dos botões florais. Com isto, é fácil detectar se falta nitrogênio em sua lavoura. Sua deficiência é mais observada nas folhas e na fase de granação. A

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Fernando Jardine em experimento com Endurene em plantio de café.


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Um raio-X do mercado italiano de café

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GRÁFICO: Revista do Café

italiano Vincenzo Sandalj esteve recentemente no Brasil e proferiu palestra para empresários e exportadores de café no Rio de Janeiro (RJ). Foi uma aula magna sobre um dos mercados de café mais exigentes e tradicionais do mundo. Ex-presidente (2003-2004) da Associação de Cafés Especiais da Europa e atualmente à frente da mais antiga associação de café da Itália, a Associação de Café de Triste, Sandalj é uma das maiores sumidades no segmento de cafés especiais hoje no Velho Continente. Ele explicou que as profundas diferenças subjetivas dos mercados europeus dificultam a existência de uma definição precisa sobre o que seria um café especial. Cada país tem seus gostos e tendências, o que faz da Europa um “blend peculiar de diferentes tradições”. No norte da Europa, os consumidores preferem o café filtrado, na Itália toma-se espresso, o café turco ainda predomina no sudeste europeu, e todos apresentam diferentes níveis de torra e métodos de extração (mais concentrados ou menos). A preferência dos consumidores, ressalta Sandalj, que determinará a criação de nichos para cafés especiais em cada um desses mercados. O café espresso nasceu na Itália dos anos 50, vindo a se popularizar por toda Europa apenas nos anos 90. Atualmente, o espresso corresponde a 30% do café consumido no país. Os outros 70% são preparados na chamada “cafeteira italiana”, que na Itália é apelidada simplesmente de “Moka”,

ou “macchinetta”. Atualmente, o mercado italiano é dividido em três zonas, que apresentam características de consumo bem distintas, atendidas por aproximadamente 1.000 indústrias de torrefação. No norte, a torração é mais leve e a extração do café na xícara é mais longa (café menos concentrado). O consumo de cafés com leite, como macchiato e cappuccino, é muito popular. Há muitos blends com 100% arábica, e outros com pequeno percentual de robusta. Raro encontrar um blend 100% robusta no norte da Itália. Há também uma preferência por cafés mais ácidos em direção ao noroeste, enquanto o nordeste do país gosta de blends mais doces. Na região central da Itália, o percentual de robusta usado nos blends começa a subir, atingindo 50% em Roma. A torração é mais escura e o nível de extração, mais concentrado. Uma camada espessa de espuma torna-se importante na medida em que desce o país em direção ao sul, enquanto o uso de leite cai substancialmente. O consumo de café fora de casa é maior do que no norte. No sul do país, a torração é bastante escura e o espresso muito concentrado (ristretto). A espuma do café deve ser mais grossa que o próprio líquido, de maneira que o açúcar flutue sobre ela sem afundar. O uso de leite é quase irrelevante, e os blends tem predominância do café robusta, sendo muito comum os que apresentam até 100% da variedade. O consumo de café em bares é o dobro em relação ao norte. O principal ingrediente dos blends usados em toda Itália é o arábica natural do Brasil, ao qual se acrescentam arábicas lavados e robustas. Os arábicas brasileiros e o café robusta possuem cerca de 37%, cada um, do mercado italiano; o restante é suprido por arábicas lavados. Este tem sido um padrão constante desde o início do consumo de espresso no país, aceito em todas as regiões, com poucas diferenças. Corpo e doçura são as características mais apreciadas num clássico espresso italiano, sendo esta a razão pela qual o grão brasileiro é tão estimado. Os aromas de amêndoas, avelãs, cacau, chocolate e mel, típicos dos melhores arábicas brasileiros, são hoje muito procurados pelos consumidores mais especializados. Durante muito tempo, observou Sandalj, os cafés de forte acidez foram considerados inadequados para um blend italiano tradicional, mas a crescente sofisticação dos consumidores levou torradores a quebrarem várias regras. Sandalj ressaltou ainda que enquanto outros países consideram o Brasil um mero fornecedor de cafés convencionais, os importadores italia-


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sacas, sendo que 6 milhões foram consumidas internamente. O mercado de cafés especiais é calculado oficialmente em 25% do consumo total no país, mas na opinião de Sandalj este número é exagerado, e um percentual mais realista seria de 10%. O mercado de café no país, considerando os 1.000 torrefadores e 100 fábricas de máquinas de café espresso, movimenta hoje cerca de 3 trilhões de euros por ano na A Itália. (Fonte: Revista do Café - www.cccrj.com.br)

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nos tem visto o país como uma de suas principais fontes de cafés finos. “Os italianos foram os primeiros a mandar uma mensagem clara aos brasileiros, e para o resto do mundo: os cafés naturais também podem ser os melhores gourmet”, lembrou. Nos últimos tempos, porém, tem havido algumas mudanças no mercado italiano de cafés gourmet. Em linha com as tendências internacionais, alguns torradores ampliaram o percentual de arábicas lavados em seus blends. Robustas lavados também vem sendo bastante procurados por algumas indústrias. “Infelizmente, existem poucas fontes de robusta lavado no mundo”, observou. Sandalj observou que os cafés chamados “éticos”, “orgânicos” ou “sustentáveis” tem um mercado reduzido na Itália, onde o sabor continua sendo o principal chamariz. Entretanto, em divergência com a tradição italiana de fazer blends com várias origens, o mercado de espresso tem começado a aceitar alguns cafés de origem única. Existem hoje na Itália cerca de 130 mil bares onde se pode beber café espresso. Mas a tendência do consumo fora de casa tem sido declinante, por causa do surgimento das máquinas caseiras, sobretudo do tipo com “pods”, ou cápsulas, cujo consumo tem crescido em 20% ao ano e já responde por 5% do consumo total na Itália. O consumo fora de casa, em termos de quantidade, caiu de 30% para abaixo de 20% nos últimos 20 anos. O consumo de cafés especiais, de maneira geral, tem crescido de maneira muito forte na Europa, mas especialmente na Itália, que lidera esse segmento. Sandalj lembrou que a Itália é hoje uma grande re-exportadora de cafés torrados, tendo embarcado no ano passado 2,35 milhões de sacas. A importação total de café em 2010 foi de 8,25 milhões de

FOTO: Revista do Café

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m 1963, a FAO, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação, organizou uma expedição com pesquisadores de diversas partes do mundo à Etiópia, que tinha entre seus objetivos a preservação do ‘AC’, uma variedade de café arábica naturalmente descafeinada e que corria risco de extinção. Os membros brasileiros da missão trouxeram sementes e mudas da variedade para estudá-la mais de perto, mas o ‘AC’ apresentou baixíssima produtividade nas terras brasileiras, o que desestimulou novas investigações. Agora, quase 50 anos depois da expedição pioneira, pesquisadores do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) puderam enfim fazer com que o País produza café naturalmente descafeinado. Persistência - ‘Procurar uma agulha no palheiro’. A expressão popular resume bem o árduo trabalho da Engª Agrônoma Maria Bernadete Silvarolla, pesquisadora do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que a levou a uma descoberta capaz de transformar a economia brasileira. Você sabia que 10% do café consumido no mundo é descafeinado? Isso significa que, por ano, aproximadamente 13,4 milhões de sacas de 60 quilos de café passam pelo processo de retirada da cafeína. Com base nesse fato, em 1999, Maria Bernadete Silvarolla iniciou uma pesquisa em busca de um pé de café naturalmente sem cafeína. “Eu propus avaliar introduções de café arábica recebidas da Costa Rica, mas provenientes da Etiópia”, diz Maria Bernardete. Para isso, ela recorreu ao banco de germoplasma do IAC, uma espécie de “arquivo vivo” com mais de 100 mil plantas de café de diferentes variedades e procedências: África, Ásia, América Latina, entre outras regiões. O foco da busca foi um lote de café arábica com três mil cultivares. Desde os anos 80, a equipe do melhorista de café Alcides Carvalho, da qual Bernadete fazia parte, tentava obter uma planta naturalmente descafeinada através de hibridização. Os pesquisadores cruzavam o cultivar da família Arábi-

FOTO: Divulgação IAC

Café naturalmente sem cafeína

Maria Silvarolla, pesquisadora do IAC, mostra pés de café naturalmente sem cafeína.

ca, considerado o de melhor qualidade e do qual é feito o café que consumimos, com os de outras famílias com teor de cafeína reduzido. Só que estes rendiam uma bebida pouco palatável. No fim dos anos 90, à frente da pesquisa no IAC com o pesquisador Luiz Carlos Fazuoli e com a ajuda do pesquisador Paulo Mazzafera, que desenvolvia o projeto pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a engenheira conseguiu recursos com o Consórcio Brasileiro de Pesquisa do Café para dar início à busca pela muda descafeinada. Foram cinco exaustivos anos de pesquisa em laboratório avaliando a quantidade de cafeína presente nos grãos. Maria Bernadete estava quase desistindo, tinha avaliado 80% do repertório, quando encontrou três exemplares potencialmente promissores para o objetivo do trabalho. As sementes destes pés de café apresentaram apenas 0,07% de cafeína, enquanto o grão descafeinado industrialmente possui 0,1% e o grão normal 1%. E elas estavam ali desde a década de 70. “Para nós, estes casos são mutações, fenômenos espontâneos na natureza”, diz Maria Bernadete. Como os cultivares encontrados apresentavam baixo vigor, a equipe decidiu fazer melhoramento genético para aumentar a produtividade. “Usamos a técnica de induzir uma modificação no DNA de uma planta já existente. Sementes do cafeeiro comercial Catuaí Vermelho tiveram seus códigos genéticos alterados por dois tipos de agentes químicos e foram germinadas para dar origem a nova planta. No estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi analisada a presença ou não de cafeína em cerca de 28 mil plantas resultantes da germinação desenvolvida. A nova espécie não apresentou o composto e pode ser uma alternativa


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na produção desse tipo de bebida. Mas a pesquisa mostrou que o melhoramento genético será difícil. “O gene que permite esta baixa dose de cafeína é bem recessivo, teremos que fazer diversos cruzamentos para chegarmos a uma linha inteira com a mutação. São os segredos da biologia”, explica Silvarolla. A pesquisadora estima ser necessário ainda mais sete ou oito anos para se chegar a uma variedade comercialmente viável. O problema é que demora. Do plantio da semente do café aos primeiros frutos, são quatro anos. De acordo com a pesquisadora, seriam necessárias, pelo menos, mais três ou quatro gerações da planta para obter o resultado esperado. Mas o financiamento FINEP termina em neste ano. - Vamos continuar correndo atrás de recursos. Podemos atingir nosso Os pesquisadores Bernadete Silvarolla e Luiz Carlos Fazuoli, do IAC, e Paulo Mazzafera, da Uniobjetivo em 12 anos se conseguirmos camp, no banco de café do Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ manter as pesquisa. Caso contrário, colodisso, embora no Brasil o mercado de descafeinado seja meque mais uns 40 anos aí”, afirma. Atualmente, a pesquisa liderada por Maria Bernadete nos de 1% das vendas, no mundo a porcentagem é 10% e conta com quatro pesquisadores de tempo integral e seis de nos EUA alcança 20%. Além disso, a população mundial está tempo parcial. Quando o estudo estiver finalizado e as cul- crescendo, o que deve elevar o consumo de café. Quem também vai gostar da novidade são as pessoas tivares liberadas para o cultivo comercial, os cafeicultores terão uma opção de café de maior valor agregado, o que deve que por algum motivo têm restrição à cafeína ou extrema sensibilidade à substância, a ponto de precisar evitar a bebiser interessante, sobretudo, para os pequenos agricultores. De qualquer forma, a descoberta é um trunfo guardado da após certo horário para não prejudicar o sono. Esse grupo a sete chaves pelo IAC. Isso porque o café sem cafeína tem poderá comemorar tomando uma xicrinha de café minutos o mesmo gosto do café normal, enquanto o descafeinado in- antes de se deitar. dustrialmente não conserva o mesmo aroma e sabor. Além A

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ábio Ruellas, classificador, degustador e consultor em qualidade de café, foi um dos jurados a avaliar as amostras inscritas no 9º Concurso de Qualidade do Café da Alta Mogiana. Com uma atuação reconhecida nacionalmente, Ruellas destacou a qualidade dos grãos e a organização do evento realizado em outubro pela AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana). O Concurso recebeu cerca de 160 amostras em três categorias: café arábica preparado por via seca (café natural), café arábica preparado por via úmida (cereja descascado ou despolpado) e micro lote, preparado em qualquer forma, proveniente de propriedade com até 10 hectares de área total. “Encontrei excelentes cafés com notas altíssimas em aroma e sabor, e em outros atributos como doçura. Esta região produz grãos com qualidade muito boa. Os cafés que provei aqui estão entre os melhores da safra 2012”, afirma Ruellas. O consultor também chamou atenção para as características e a qualidade dos grãos produzidos na Alta Mogiana. “É uma região com clima muito bom para este cultivo. Os cafés da Alta Mogiana são muito doces e com corpo aveludado. Vejo isso com uma vantagem competitiva, até porque doçura é um importante ponto na classificação”. Para Ruellas o principal atrativo do Concurso promovido pela AMSC é a aposta no produtor. “Quase todos os concursos usam os mesmos critérios de avaliação. Aqui, o grande diferencial é a valorização do profissional”, diz. A

FOTOS: Editora Attalea

‘Os cafés que provei no Concurso da AMSC estão entre os melhores desta safra’, afirma consultor

O cafeicultor José Luiz S. Palma (Altinópolis/SP) recebe premiação das mãos de Gabriel Mei Alves de Oliveira, observados por André Luiz Cunha (presidente da AMSC) e Milton Cerqueira Pucci (diretor da AMSC). José Luiz foi o destaque do 9º Concurso da AMSC. Conquistou o 1º lugar na categoria Café Natural e ficou em 2º lugar na categoria Cereja Descascado.

Silvia Cunha (Cooperfran), o marido Júnior e a filha Júlia.

A empresária Célia Aparecida da Silva Souza (Monte Alegre Soluções Contábeis) e o marido, Luiz Ferreira.


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27 NOV / 2011

Paulo Eduardo Ribeiro Maciel, diretor da CBI Agropecuária, recebe prêmio das mãos de Frederic Zoghaib, diretor-geral da Editora Globo.

Os cafeicultores Paulo Maciel e a esposa Rita Maciel (diretores da CBI Agropecuária), ao lado de Mônika Bergamaschi (Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) e de Gabriel A. Mei Alves de Oliveira (diretor da AMSC - Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana)

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revista Globo Rural realizou no final de outubro a sétima edição do prêmio Melhores do Agronegócio. O evento, que ocorreu no hotel Unique, em São Paulo (SP), premiou as empresas mais destacadas em 30 segmentos do agronegócio. A grande campeã da noite, eleita entre as vencedoras de todas as categorias, foi a cooperativa paranaense COAMO, que também levou um troféu por sua performance como Indústria de Soja e Óleos. Também estiveram presentes a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a secretária estadual de Agricultura de São Paulo, Mônika Bergamaschi, que afirmou que “premiar o agronegócio é premiar a competitividade e a eficiência”. A CBI Agropecuária (que integra o Grupo CBI Brasil) conquistou o prêmio Melhor do Agronegócio 2011 na categoria “Grãos”. “Temos a expectativa de elevar a produção em 2012”, diz o presidente do Grupo CBI Brasil, Paulo Eduardo Ribeiro Maciel. O ciclo de alta do café estimulou a CBI Agropecuária a concentrar recursos na ampliação e na melhoria da qualidade de sua produção do grão. Entre 2010 e 2011, o preço da saca exportada teve valorização superior a 40%, o que motivou a empresa familiar a continuar investindo na cultura, que já faz parte de sua história há mais de 30 anos. Neste ano, fatores climáticos e redução do número de fazendas da empresa afetaram a produção de café, que ficou aquém do esperado. Por ser uma cultura bianual, em 2012, a colheita será naturalmente maior, quando os resultados da atividade deverão ser ainda melhores. A CBI também contará com significativa redução dos custos nas próximas safras, proporcionada pela maior mecanização e sistematização da cultura. As exportações de café corresponderam a 45% do total do faturamento do grupo. Depois vêm as florestas de eucalipto e sua industrialização (35%). Seguem-se as atividades imobiliárias (13%) e a pecuária (7%). A empresa tem 350 hectares ocupados com lavouras de café em cinco fazendas – duas em São Paulo e três em Minas Gerais. As áreas de fazenda que não estavam sendo utilizadas com café foram reflorestadas com eucaliptos. “A combinaA ção tem se mostrado fantástica”, afirma Maciel.

FOTOS: Divulgação Editora Globo

Melhor do Agronegócio: CBI Agropecuária fatura prêmio na categoria ‘Grãos’


CAFÉ

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rodutores de café de Guaranésia (MG) têm sido estimulados a participar de cursos gratuitos do SENAR MINAS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) sobre Manejo Integrado de Pragas e Doenças. A idéia é minimizar os problemas nas lavouras de café, pois com o aprendizado há identificação mais rápida dos males na lavoura que podem evitar perdas futuras. A iniciativa é do engenheiro agrônomo Antonio Carlos Fidélis, do Departamento Técnico da Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé), Núcleo de Guaranésia. Ele começou a incentivar os produtores cooperados a participarem dos cursos justamente para que eles saibam identificar, antecipadamente, pragas e doenças e solicitem ajuda prévia a técnicos e profissionais da área. “Nosso objetivo é evitar perdas ou desperdícios nas fazendas de café por meio do monitoramento. Os cursos do SENAR são uma ferramenta para este controle, pois funcionários de fa-

FOTO: Divulgação SENAR/MG

Cursos sobre Manejo de Pragas e Doenças minimizam perdas em fazendas de café em Guaranésia (MG)

Os cafezais podem ser vítimas de pragas e doenças, que prejudicam o grão e dão prejuízo ao produtor

zendas e os produtores saberão identificar as pragas e doenças com mais facilidade e rapidez”, explicou Fidélis.

Conforme ele, as pragas mais comuns nas lavouras cafeeiras da região são o bicho mineiro, ácaros vermelhos e cigarras. Entre as doenças, estão a ferrugem, Cercospora, Phoma, Ascochyta e Pseudomonas. “Os cursos do SENAR ajudam muito no processo de manejo por ter boa metodologia para o público alvo, além de linguagem fácil e aprendizado prático. Os temas dos treinamentos são perfeitos para identificação das pragas e doenças e trazem atualização sobre o assunto. Sem falar que os cursos não têm custo para o produtor”, ressaltou o técnico. Neste ano, o convênio SENAR/Cooxupé já realizou dois treinamentos para 18 proprietários de fazendas em Guaranésia. Fidélis conta que já teve retorno positivo de alguns funcionários solicitando orientação sobre o aparecimento de pragas e doenças nos pés de café. “Produtores que já fizeram o curso vêm conversar de maneira diferente, com informação embasada na identificação das pragas e doenças. Eles também já sabem fazer amostragens, apurar nível de danos no cafezal e tomar decisões, antes só realizadas na presença dos técnicos”, afirmou Fidélis. “Assim, eles adiantam o processo e sabem direcionar o problema, observando se é necessário ou não uma intervenção química”, completou. Para ele, o conhecimento adquirido é bom para funcionários, proprietários e também para técnicos. Como a iniciativa tem surtido resultado, Fidélis já pensa em expandir o projeto para outras fazendas de cidades da região, como Guaxupé (MG) e até Mococa A (SP).


CAFÉ

Receita cambial apresenta elevação

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relatório, divulgado no último dia 17 de novembro, pela Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apresenta os números da receita cambial com exportação de café verde, solúvel, e torrado e moído. O relatório apresenta elevação nos primeiros dez meses do ano em comparação com o mesmo período de 2010.

Café Solúvel - A receita cambial com exportação de café solúvel apresentou elevação de 22,18% nos primeiros 10 meses do ano em relação ao mesmo período de 2010. Os industriais faturaram US$ 532,504 milhões em comparação com US$ 435,845 milhões entre janeiro e outubro do ano passado. O país exportou no período 64.301 toneladas, com aumento de 1,10% em relação a 2010 (63.601 t). O preço médio ficou em US$ 8.281 a tonelada, ante US$ 6.853/t em 2010, representando elevação de 20,85%. Segundo o relatório, os Estados Unidos foram o principal do destino do café processado brasileiro nos primeiros 10 meses do ano, com elevação de 22,91% em termos de receita sobre 2010. Mas também foi significativo o aumento da receita, em termos porcentuais, para Finlândia (375,58%), Indonésia (129,10%) e Coreia do Sul (85,47%). Entre os 15 principais destinos do café processado brasileiro, apenas dois países tiveram redução em receita cambial. O desempenho foi negativo para Reino Unido (-40,62%) e Mianmar

(-2,60%). O principal comprador de café solúvel brasileiro nos primeiros 10 meses do ano, em volume, foram os Estados Unidos, que apresentaram queda de 6,69% ante 2010. O segundo principal importador foi a Rússia (-6,53%). Em termos porcentuais, houve aumento significativo no volume vendido para Finlândia (230,71%), Indonésia (91,87%) e Coreia do Sul (52,18%). O volume embarcado reduziu para cinco destinos (além de Rússia e Estados Unidos), entre os 15 principais mercados: Reino Unido (-52,81%), Mianmar (-20,60%), Chile (-18,32%), Alemanha (-10,50%) e Bélgica (-4,59%). Café Torrado e Moído - A receita cambial com exportação brasileira de café torrado e moído apresentou elevação de 18,61% nos primeiros dez meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os industriais faturaram US$ 21,347 milhões em comparação com US$ 17,998 milhões em 2010. O País exportou no período 3.001 toneladas do produto, com redução de 17,21% em relação ao ano anterior (3.625 t). O preço médio da tonelada no período ficou em US$ 7.113/t, ante US$ 4.965/t, representando elevação de 43,27%. Segundo o relatório, os Estados Unidos foram o principal destino do café processado brasileiro, com aumento de 33,08%, em termos de receita. O segundo principal mercado é a Itália (alta de 24,27%), seguida de Japão (21,55%) e Argentina (queda de 23,78%). (Fonte: Agência Estado). A

29 NOV / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

Café Verde - A receita cambial com exportação de café verde apresentou elevação de 62,85% nos primeiros dez meses do ano em comparação com o mesmo período de 2010. O faturamento alcançou US$ 6,452 bilhões ante US$ 3,962 bilhões. O volume embarcado no período teve alta de 2,26%, para 1.466.487 toneladas ante 1.434.114 nos primeiros dez meses de 2010. O preço médio de exportação teve elevação de 59,26% no período, de US$ 2.763 a tonelada para US$ 4.400/t. A receita cambial cresceu entre todos os 15 principais destinos do café verde brasileiro até outubro. Os destaques de alta, em termos porcentuais, foram: Coreia do Sul (96,38%), Países Baixos (76,98%) e Japão (75,96%). O principal comprador de café verde brasileiro até outubro, em volume, foram os Estados Unidos, que apresentaram aumento de 8,33% ante os primeiros dez meses de 2010. O segundo principal importador foi a

Alemanha (queda de 1,81%). Entre os principais compradores, teve crescimento porcentual significativo o volume embarcado para Países Baixos (24,63%) e Coréia do Sul (22,16%). Em termos porcentuais, houve queda no volume vendido para apenas cinco destinos, além da Alemanha: Suécia (-8,33%), Reino Unido (-5,88%), França (5,26%), Finlândia (-2,68%) e Argentina (-1,42%).


CAFÉ

Café & Hedge: é bom quando não convém!

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Leandro Gomes Ribeiro Costa 1

uito já se ouviu falar sobre a palavra HEDGE. O conceito está relacionado à proteção, ou seja, garantias de preços que são realizadas através das famosas operações a termo, das CPR’s financeiras e físicas, swaps, bolsa de futuros e mercado de opções. Quando produtores utilizam-se destes instrumentos estão na verdade vendendo antecipadamente parte da safra futura com o objetivo de se livrar dos riscos de mercado. Desta forma, a prática do hedge não pode ser confundida como a melhor opção de negócio, mas sim como uma alternativa para se alcançar as melhores médias de preços do mercado de café e de outras commodities. Na contramão deste conceito, a especulação faz parte da vida dos seres humanos desde a sua origem e, por isso, sempre se especula com alguma coisa, com preço, com produtos, com caminhos a serem tomados, enfim, em tudo sempre tem uma boa dose de especulação. Quanto ao mercado de café, esta situação não é diferente. Aqueles que esperam por momentos oportunos de venda são os que acreditam em melhores vantagens em relação a este mercado. No caso do café e de outras commodities como milho, soja, açúcar, etc., deve se ter o cuidado para que, em função de uma especulação excessiva, não se perca o famoso “time de mercado”, ou seja, o “cavalo arriado”, sinônimo de hora certa de venda. Infelizmente, em função da complexidade dos movimentos do mercado de café, passa a ser muito difícil dizer

qual é o melhor momento. A verdade é que cada um tem o seu, por isso sempre desconfie dos gurus e videntes que fazem previsões e criam muitas expectativas sobre este assunto. Desta forma, livre-se do excesso de risco fazendo e praticando o hedge da sua produção. Muitas vezes o hedge é compreendido como a venda antecipada de toda a safra, mas na verdade o hedge é a prática da comercialização antecipada de um pequeno percentual daquilo que se irá colher no futuro, isto porque no mercado de café não existe apenas o risco de mercado, mas também os riscos operacionais, os riscos climáticos e outros que influenciam a produtividade e a produção. Enfim, a prática do hedge é justamente para que o produtor não fique com 100% do risco do mercado em suas mãos. Desta forma, e de acordo com este conceito, o produtor deve torcer sempre para errar nestas operações de venda futura, pois representam muito pouco mediante aquilo que eles ainda irão comercializar. Contudo, o mercado de café é dinâmico, reflete os sabores e dissabores de outros mercados mundiais e por isto as oportunidades são construídas e destruídas todos os dias. Desta forma, pode-se afirmar que o hedge é uma prática que deve ser utilizada quando tudo está indo bem, quando os preços estão altos, talvez prometendo até novos e melhores patamares. Quando esta oportunidade passar, os preços futuros também não serão os melhores e as bases oferecidas pelas trades e outros agentes do mercado já não serão condizentes com aquilo que se esperava. Embora a prática da comercialização seja única para cada realidade, seguem algumas sugestões interessantes para lidar com este mercado bonito, mas perigoso; confiante, mas inesperado; e, muitas vezes, rentável, mas volátil: 1º) - utilize os instrumentos de hedge para proteger a safra futura contra inesperadas quedas de mercado; 2º) - utilize a CPR como um instrumento de hedge e custeio; 3º) - comprometa, na melhor situação, o máximo de 40% da safra futura, não mais; 4º) - se estiver muito confiante em relação ao mercado, faça uma operação com uso do mercado de opções, é mais barato do que carregar o arrependimento e o prejuízo no futuro; 5º) - comprometa o café que está habituado a fazer, ou seja, se produz tipo 6/7 não se comprometa a entregar tipo 6; 6º) - observe as datas de colheita e finalização dos cafés para que os compromissos sejam cumpridos antes do prazo de vencimento; 7º) - o hedge é bom quando você não precisa vender, quando precisar já não será um bom negócio; 8º) - lembre-se que o mercado de café não é uma ilha, o mundo interfere constantemente nas bases de preço do seu negócio; 9º) - os fundamentos do mercado de café são bons, mas somente isto não garante manutenção de preço no mercado; 10º) - conheça seu custo de produção. Isso lhe ajudará a definir a hora das vendas. A Bons negócios!!!

1 - analista de mercado do Departamento de Café da Coccamig.


SILVICULTURA

FOTO: Editora Attalea

Eucalipto: opção de renda para o pequeno produtor rural

31 NOV / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

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maioria das espécies plantadas no Brasil apresenta um crescimento rápido, produz grande quantidade de madeira e subprodutos e tem fácil adaptação. Como toda plantação, ele necessita de certos cuidados para sua boa produção e desenvolvimento. Plantá-lo é uma alternativa excelente de renda para produtores rurais, especialmente onde há demanda para seus produtos. O eucalipto, quando cultivado de maneira correta e responsável, interage com a natureza e ainda oferece inúmeros benefícios ao homem. Para falar sobre o plantio de eucalipto como opção de renda para o pequeno produtor, o Prosa Rural desta semana recebe os pesquisadores da Embrapa Florestas (Colombo/ PR), Antônio Bellote e Wilson Reis Filho. Os plantios de eucaliptos normalmente têm como objetivo a produção de madeira para usos múltiplos, como por exemplo: celulose, lenha, carvão, estacas, moirões e outros. É fundamental considerar a região e a localização da área a ser plantada, uma vez que a distância da área de produção e o mercado consumidor podem implicar em maiores custos de transporte e, assim, diminuir a sua renda. Fatores que podem influenciar na decisão são os preços pagos pela madeira e subprodutos na época do plantio e no futuro. Tomada essa decisão , recomenda-se considerar qual o destino da madeira e subprodutos, se é para lenha, carvão, celulose e papel, serraria, móveis ou outros usos. Feito isso, para garantir o sucesso das plantações é importante considerar as condições de solo, clima, região, e com base nas informações técnicas necessárias como as de instituições de assistência técnica ou pesquisa, escolher as espécies de eucalipto que são mais indicadas para a região, propriedade rural e aos interesses e objetivos dos plantios. “Os cuidados com o plantio do eucalipto vão desde o planejamento até a colheita. Primeiro, é preciso saber qual é a finalidade de uso para essa madeira, se é para a lenha, para a produção de carvão, para o uso em construção, serrarias ou qualquer outro uso. Definido isso, nós devemos nos preocupar com a escolha do local de plantio, com o preparo do solo, a adubação, a aquisição de mudas para plantio. Enfim,

cuidados semelhantes àqueles que temos quando plantamos uma cultura agrícola”, destaca Bellote, durante sua participação no Prosa Rural. Segundo Bellote, o êxito na implantação de plantios de eucalipto depende, em grande parte, do padrão de qualidade das mudas plantadas, que, além de resistirem às condições adversas do local de plantio definitivo, deverão sobreviver e, por fim, crescer satisfatoriamente, resultando em boas produtividades. “Mudas de boa qualidade e também de boa procedência são garantia de um plantio de sucesso. Por isso, quando o produtor for adquirir as mudas ele deve ter todo o cuidado possível. Sugerimos que procure a extensão rural da sua região e solicite orientações para a compra”, ressalta. São vários os fatores que influenciam a sobrevivência das mudas no início do plantio, como a habilidade dos operários durante o plantio; a firmeza do solo ao redor das raízes e a profundidade das covas; as condições meteorológicas após o plantio; condições desfavoráveis do solo, como superfície alagada ou erosão; ataque de formigas, cupins ou fungos; competição de ervas daninhas. (Fonte: Embrapa Florestas). A


DESTAQUE

21º Encontro Anual de Engº Agrônomos de Franca premia João Augusto Dedemo do Prado

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NOV / 2011

FOTOS: Maristella Vilas Boas

m noite festiva, os profissionais Engenheiros Agrônomos comemoraram o seu dia no Salão do Agabê, em Franca (SP). Foi o 21º Encontro Anual de Engenheiros Agrônomos de Franca e Região, que contou com a participação de 300 pessoas de Franca (SP), Restinga (SP), Patrocínio Paulista (SP), Altinópolis (SP), Igarapava (SP), Pedregulho (SP), Jeriquara (SP), Ribeirão Preto (SP), Cristais Paulista (SP), São Joaquim da Barra (SP), Ituverava (SP), Batatais (SP), Cássia (MG) e Capetinga (MG). O evento deste ano premiou João Augusto Dedemo do Prado o Engenheiro Agrônomo 2011. João Dedemo é diretor da Dedeagro Comércio e Representações de Produtos Agrícolas, tradicional revenda de Franca (SP). Formado em 1984 pela Universidade Federal de Ao lado da esposa Lucia Helena, João Augusto Dedemo do Prado recebe a premiação de Engº AgrônoViçosa (MG), João Dedemo foi escolhi- mo de 2011 das mãos de Roberto Maegawa, representando a Comissão Organizadora do evento. do por voto direto, através da internet (uma inovação neste ano), com 24,56% dos votos, superando todas as empresas patrocinadoras nestes últimos anos, que outras 24 indicações. compreenderam a proposta publicitária e contribuiram fiFizeram parte da Comissão Organizadora 2011: Ro- nanceiramente para que o evento fosse o sucesso que é. Deberto Maegawa (Cocapec), Alex Kobal (Biolimp), Márcio sejo sorte aos próximos organizadores”, afirma Arantes. Figueiredo (Cati), Belquice Rodrigues (Colégio Agrícola), Os sinceros agradecimentos às empresas patrocinaIvam Mendonça (Dedeagro), Antônio Rigolin Jr. (Casa das doras: Fênix, Irrigare, Basf, Syngenta, Bayer CropScience, Sementes), Matheus Moscardini (autônomo), Lucas Giral- Bayer Florestal, All Plant, Cocapec, Vemafre Chevrolet, des (Casa do Café), Eder Viana (Laticínios Itambé), Paulo Arysta LifeScience, Dedeagro, Fafram, Sami Máquinas, BolPeroni (Dedeagro), Pedro Avelar (Cati), Luciano Ferreira sa Agronegócios, Bolsa Irriga, Uniagro, Calcário Itaú, Gecal, (Cocapec), Gisele Avelar (Colégio Agrícola) e Carlos Aran- Coonai, Cooperfran, Monte Alegre Soluções Agrícolas, Casa tes Corrêa (diretor da Revista Attalea Agronegócios). “Pelo das Sementes, Credicocapec, Oxiquimica, Realpec, Viveiro sexto ano consecutivo, fiz parte da Comissão Organizadora Pavão, Ihara, Campo & Flores, Sind. Rural de Pedregulho, deste evento. Acho que contribui o suficiente para a con- Sind. Rural de Franca, Homeopatia Brasil, Embrafós, Fertec, tinuidade do Encontro Anual. A partir de 2012, serei ape- Casa do Café, Camari, DuPont e Cafeeira Francana. (Todas nas um convidado. Agradeço e parabenizo a participação de as fotos no site www.revistadeagronegocios.com.br) A

João Dedemo (diretor da Dedeagro), entre a filha, Drielli Oliviera Dedemo e a esposa Lúcia Helena Oliveira Dedemo

Alex Kobal (diretor da Biolimp e membro da Comissão Organizadora) parabeniza João Dedemo.


FOTOS: Maristella Vilas Boas

DESTAQUE

33 NOV / 2011

O Engº Agrônomo Luis Gustavo Monteiro de Andrade (Syngenta RTVCafé) e a esposa.

O Engº Agrônomo Márcio Lima Freitas (RTV Bayer CropScience) e família

O Engº Agrônomo Renato Pádua Duarte (RTV Basf Café) e a esposa.

O Engº Agrônomo Allan de Menezes Lima e a esposa Sheila Lima (diretores da Bolsa Agronegócios)

O Engº Agrônomo André Siqueira Rodrigues Alves (diretor da Casa do Café) e a esposa.

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O Engº Agrônomo João Carlos Seixas (Técnico em Desenvolvimento de Mercado da BASF) e a esposa.


FOTOS: Maristella Vilas Boas

DESTAQUE

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Wesley do Carmo Araújo (diretor da Irrigare Sistemas de Irrigação) e a

Fernando Rodrigues Pavão (Diretor do Viveiro Pavão e ), a esposa e os filhos.

O casal de Engº Agrônomos Ana Elisa Gomes Nogueira e Ricardo Padovan Nogueira (diretores da Solução Terra)

André Ferreira (Consultor de Vendas da Vemafre, Concessionária Chevrolet em Franca/SP) e a esposa.

O Engº Agrônomo Luis Fernando Rodrigues Puccinelli e a esposa

O Engº Agrônomo Albino João Rocchetti e a esposa

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NOV / 2011 namorada.


artigo

Do trabalho do homem à substituição pela máquina Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na

Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [ogenevieve@sucre-ethique.org / ogenevieve@acucar-etico.org]

U

cortar cana - que pode retirar até 120 empregos - custa, pelo menos nova, uns R$ 1,1 milhão de reais. A pergunta de “sempre” é: o que vamos fazer dos homens? A solução do “sistema econômico” foi o Estado Providência que, inerentemente, tem defeito de eficiência No meu artigo de fevereiro de 2011 pela Revista Attalea Agronegócios (número 54), tinha comentado sobre o movimento trabalhista chamado de lubbismo, que queria quebrar as maquinas acusando-as de destruir o ganha-pão deles. Com certeza uma das fontes de inspiraçao do Karl Marx foi este movimento. Todavia, com a crise mundial, o primeiro-ministro inglês James Came-ron procura saídas com uma reindustrialação do país. País de negociantes, fez fortuna com a troca de tecidos no século 19, após passar o século 20 sendo negociante de serviços. A crise que está abalando as economias modernas e, sobretudo, o estado providência (welfare, em inglês, ou seja “o ogro filantrópico” do poeta mexicano Octavio Paz) da antiga Europa não

tem mais fôlego por mais uma vez ter que correr ao socorro dos bancos, ou seja, do capitalismo. O economista Schumpeter (1883 –1950) analisou o capitalismo como um fenômeno de criação/destruição: uma invenção retirava uma antiga e criava um novo mercado como, ao mesmo tempo, destruía um antigo. Ele explicava que o capitalismo tinha na história grupos de invenção provocando revoluções: da máquina a vapor de James Watts, ao motor à explosão e, mais recentemente, à Internet. Conhecemos, sobretudo da Europa Ocidental a sociedades de lazer para uma maioria da populaçao. Foi a substuição das antigas zonas industriais por parques de diversão: a Disneylândia de Paris é um exemplo, entre outros. Estas sociedades existiram por ter um pedestal do estado providência no qual o sistema capitalista podia achar os mercados. Esta superfície econômica está cada vez mais pequena com a crise do endividamento mundial. A solução é, como sempre, a educação e o espírito não de lucro mas de criatividade. A educação precisa de soluções adaptadas a uma forma de sociedade sustentável, ou seja, de gera ção de empregos e, para a criatividade, precisamos liberá-la de um diagrama pré-formatado. Isso é o desafio de cada geração de seres humanos para puxar o fim do mundo, em frente, para um futuro. A

35 NOV / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

m dos grandes paradigmas do pensamento moderno é a herança marxista que o capital e o salário são as ferramentas das nossas sociedades modernas, como a oferta e a procura são ferramentas do mercado e o preço e a qualidade são ferramentas da escolha do consumidor. Estas duas forças estão ou em luta – a visão do socialismo científico, ou seja, o comunismo – ou chegam à um equilíbrio – a visão do socialismo utópico, ou seja, a socialdemocracia, ou capitalismo light. Desde o famoso livro “O Capital” do Marx (1818-1883) escrito em 1867 como sendo a “consagração de uma vida de reflexão”, em cima da miséria da sociedade da época, o progresso econômico juntou-se ao progresso tecnológico. Todavia, o espírito de escatologia ou seja, fim de mundo será sempre vivo. Desde Joaquim de Flores até hoje em dia, com o fim do mundo previsto para o 21 de dezembro de 2012, segundo o Calendário Maia. A revolução marxista foi um aborto com a queda do Muro de Berlim em 1998 e o “sistema capitalista” saiu vitorioso a não ser em lugares exóticos como Cuba ou a Coréia do Norte ou “bastardoso” como a China Continental. Será portanto que o capitalismo se curou de suas “contradições” como Marx escrevia e até da autodestruição que Marx tenta explicar ao longo do livro “O Capital”? Desde a época do Marx, será que hoje em dia o capital não seria sinônimo de tecnologia? Uma máquina de


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