Edição 65 - Revista de Agronegócios - Janeiro/2012

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e-mails

notícias 43ª EXPOAGRO COMEÇA DIA 18/05

COCAPEC PREPARA 4º SIMCAFÉ

A Associação dos Produtores Rurais do Paiolzinho será a organizadora da 43ª EXPOAGRO - Exposição Agropecuária de Franca (SP), que acontecerá de 18 de maio a 03 de junho. De acordo com a Comissão Organizadora, já foram efetivados os contatos com as Associações de Criadores, dos quais já estão garantidas as Exposições Ranqueadas dos cavalos Árabe, Mangalarga eo Mangalarga Marchador; Copa de Marcha de Muares; Gado Gir Leiteiro, Girolando e Nelore. Informações: www.franca.sp.gov. br/expoagro. Tel. (16) 3724-7080.

A quarta edição do SIMCAFÉ Simpósio do Agronegócio Café da Alta Mogiana acontecerá nos dias 18 e 19 de abril, no salão de Clube Castelinho, em Franca (SP). O evento realizado pela COCAPEC – Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas, discutirá no 4º SIMCAFÉ, temas atuais de interesse dos cafeicultores, como qualidade da bebida, perspectivas para produção de café, manejo da adubação, boas práticas e sustentabilidade na lavoura. Informações: giscadastro@cocapec.com.br Tel. (16) 3711-6235.

GUSTAVO NOGUEIRA 4ª EXPOVERDE GERENTE DA SOCIL PROMETE SURPRESAS A EVIALIS, multinacional francesa e uma das líderes mundiais em nutrição animal, anunciou a promoção de Gustavo Nogueira de Oliveira, que assume o cargo de Gerente de Produtos Ruminantes da Socil. Nogueira é Engenheiro Agrônomo formado pela UNESP, com especialização em Produção de Ruminantes pela ESALQ e MBA em Marketing pela FGV. Informações: www.evialis.com.br // www.socil. com.br.

livros

A 4ª EXPOVERDE - Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, Flores, Frutas, Hortaliças, Plantas Nativas, Ornamentais e Medicinais e Agricultura Orgânica da Região de Franca (SP) será realizada de 20 a 23 de setembro, no Parque de Exposições “Fernando Costa”. A Comissão Organizadora praticamente definiu o formato do evento, que promete superar o sucesso da edição anterior. Informações: www.franca. sp.gov.br/expoverde. Tel. (16) 3711-9482.

“MEU FILHO, UM DIA TUDO ISSO SERÁ TEU”

AUTOR: Richard Jakubaszko e Fábio Lamônica Pereira AUTOR: PÁGINAS:140 FORMATO: 15x22 EDITORA: Editora UFV PREÇO: 30,00 CONTATO: Tel. (11) 3879-7099 www.livraria.ufv.br // richardassociados@yahoo.com.br Lançado em setembro 2011, esta obra mostra os caminhos de como se estabelecer a continuidade do negócio na área rural. Além de definir princípios fundamentais para uma sucessão bem conduzida, como a vocação e aptidão de um ou mais herdeiros para a condução do negócio da família, Jakubaszko ressalta a importância de herdeiros e doadores igualmente terem em conta os fundamentos de qualquer processo de mudança e os riscos inerentes. Esta obra é um convite à reflexão sobre um tema raramente tratado fora da literatura jurídica, mesmo na imprensa. É uma espécie de tabu tanto para quem tem patrimônio a deixar, e considera que este não é um problema seu e sim de seus herdeiros, quanto para os herdeiros que, por pudor ou respeito, evitam mais ainda o assunto, arrastando-o para o momento inevitável, quando as coisas terão que ser definidas nem sempre tão bem quanto poderiam em hora mais oportuna.

CARLOS HENRIQUE DE SOUZA (chs@outcenter.com.br) Cafeicultor. Fazenda do Córrego - Cabo Verde (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. ANDRESSA FONSECA DE BRITO (gueguealfenas@yahoo.com.br) Técnica em Agropecuária. Alfenas (MG). “Dei uma olhada na Revista Attalea Agronegócios e vi que ela poderá me ajudar muito em meus estudos”. GUSTAVO HENRIQUE OLIVEIRA (www.granjaiana.com.br) Engenheiro Agrônomo. Pouso Alto (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios, como devo proceder pois gostei muito do material de vocês! CLYCIANE AP. SILVA MACHADO (clycianemachado@yahoo.com.br) Agricultora. Ituverava (SP). “Trabalhamos com café, soja e milho e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. CLODOALDO BATISTA DE SOUZA (sstma.clodoaldo@hotmail.com) Técnico em Cafeicultura. Carmo do Rio Claro (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”. ANA MARIA MARTINEZ OLIVEIRA (paraisoorganico@gmail.com) Produtora Orgânica. Franca (SP). “Sou produtora de hortaliças, frutas, frangos e ovos. Gostaria de assinar a revista! PATRICK JUNIOR DA SILVA (patrick@apagricola.com.br) Consultor de Vendas. AP Agricola - Piumhi (MG). “Gostaria de receber sua revista, onde tem matérias muito interessantes e essencial para o nosso dia a dia”. LUCIO FLAVIO GARCIA NEVES (fazpinheiro@yahoo.com.br) Revenda Agrocac - Cajuru (SP). “Trabalho com manutenção de motores de máquinas agrícolas e quero assinar a revista”. MOISÉS ARAÃO DA SILVA (na.emo@hotmail.com) Pecuarista de Leite. Franca (SP). “Gostaria de receber a revista, pois vi uma em uma loja que visitei e gostei muito”. RÊMULO PAULINO DA COSTA (sindicatorural@pontocomnet.com.br) Engº Agrônomo e Presidente Sindicato Rural - Poço Fundo (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. Pela sua qualidade nas publicações de técnicas agrícolas, será muito útil ao Sindicato Rural e a seus associados produtores rurais.


EDITORIAL COMO FAZER E FORNECER UMA BOA SILAGEM

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Artigo do especialista Junio Cesar Martinez que busca fornecer informações práticas para a gestão da qualidade da silagem e fornecimento aos animais, visando determinar e avaliar potenciais problemas de saúde em vacas leiteiras

CAFÉ

INFESTAÇÃO DA BROCA SERÁ BAIXA EM 2012

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Entomologistas da EPAMIG preveêm baixas infestações da broca, devido à entressafra seca em Minas Gerais, desfavorável à sobrevivência da praga nos frutos da safra anterior.

CAFÉ

FLORADA UNIFORME COM A IRRIGAÇÃO

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Pesquisas em Minas Gerais demonstram aumento de produtividade média 50% maior com o uso da irrigação, quando comparada com lavouras de sequeiro.

CAFÉ

MERCADO APOSTA EM LUCRO CERTO EM 2012

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Estoques mundiais em baixa, problemas climáticos, consumo em alta e quebra das safras no Vietnã, Colômbia e Costa Rica, apontam para melhoria da renda nas propriedades rurais.

CANA

CTC LANÇA NOVAS VARIEDADES DE CANA

EUCALIPTO

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elatórios recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio apontaram aumento superior a 100% no volume de exportação de ‘café verde’ no município de Franca (SP), em cinco anos. De US$ 31,9 milhões exportados em 2005, a cidade contabilizou em 2011 a exportação de US$ 64,4 milhões [deste total, US$ 51,6 foi comercializado pela Marubeni Colorado]. Se por um lado este número representa um avanço positivo do café sobre o tradicional setor calçadista francano, a exportação de ‘café verde’ vem demonstrar o quanto a cadeia produtiva do café ainda necessita de estruturação. Vendemos matéria prima, dando oportunidade para países como Alemanha, Itália e Suiça (que não plantam 1 pé de café) serem os maiores exportadores de café processado do mundo. O processamento e a industrialização do grão do café garantiria, em primeiro plano, a abertura de muitos empregos, gerando renda, promovendo o crescimento da cidade e da região. Por outro lado, provocaria uma mudança no cenário. O país deixaria de ser o ‘campeão’ da exportação de matéria prima para ser exportador de produto processado. Mas temos fé. Há muito ainda a ser discutido e reformulado! Nesta edição, destacamos artigo de Junio Cesar Martinez, que orienta pecuaristas sobre ‘Como Fazer e Fornecer uma Boa Silagem’ para suas vacas leiteiras, através de orientações bem práticas. O Dr. Julio Cesar de Souza, pesquisador da EPAMIG, informa que a infestação da broca do cafezal será muito baixa nesta safra. Ressaltamos a advertência do pesquisador quanto à indicação do Endosulfan para o controle da praga. A substância foi proibida no Brasil em 16 de agosto de 2010, pela ANVISA, mas segue o seguinte cronograma pré-estabelecido: não pode ser mais importado deste o início de 2011; a sua fabricação em território nacional será proibida a partir de 31 de julho de 2012; e não poderá ser comercializado, no Brasil, a partir de 31 de julho de 2013. Começamos o ano presenteando nossos leitores com uma nova diagramação da Revista Attalea Agronegócios, já nos preparando para mais uma edição da AGRISHOW, que acontecerá em Ribeirão Preto (SP), de 30 de abril a 04 de maio. Boa leitura a todos.

CITROS

Exportações de Café Verde dobram de volume em Franca

DESTAQUE

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As novas variedades apresentadas pelo Centro de Tecnologia Canavieira tem por objetivo elevar a produtividade dos canaviais que sofrem com déficit hídrico, evitando prejuízos econômicos.

CICLO NUTRICIONAL DO EUCALIPTO

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Consultores explicam aspectos importantes da fisiologia da planta do Eucalipto, que faz com que a espécie seja tão procurada para o reflorestamento, seja para a produção de papel ou madeira.

TEMPESTADE EM COPO DE LARANJA

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Artigo do Prof. José Luiz Tejon Megido, abordando a ameaça de proibição do ingresso do suco cítrico brasileiro nos EUA, por conta do uso do fungicida Carbendazin contra a pinta-preta.

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Como Fazer e Fornecer

UMA BOA SILAGEM

Cuidados básicos garantem a qualidade do produto

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Junio César Martinez 1

ilagem é um tipo de alimento muito comum nas fazendas leiteiras. Silagens são primariamente utilizadas devido à facilidade para colheita e baixa perda de nutrientes durante a estocagem. O processo de ensilagem é uma fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido lático, abaixamento do pH a ponto que iniba a fermentação microbiana. Entretanto, deve ser lembrado que uma silagem nunca está estática, ou seja, é um alimento potencialmente dinâmico que pode piorar drasticamente em qualidade em certas circunstâncias, como na adição de oxigênio. O objetivo deste texto é fornecer informações práticas para gestão da

1 - Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

FOTO: Massey Ferguson

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qualidade da silagem e fornecimento aos animais visando determinar e avaliar potenciais problemas de saúde em vacas leiteiras. Por que avaliar a qualidade dos alimentos ensilados? - Embora as silagens sejam os alimentos mais comuns nas fazendas leiteiras, são elas também os alimentos mais variáveis na alimentação dos animais. Como resultado, elas são geralmente fonte de problemas advindos da alimentação. Então, alguns parâmetros para determinação da qualidade devem ser observados. Avaliação Sensorial da Silagem - Uma caracterização significativa da qualidade da silagem pode ser conseguida por meio do olfato, visão e tato, sugerindo a necessidade de mais produtos químicos ou caracterização física do alimento. Os passos são os seguintes:

a) - Coloração da Silagem - pode indicar potenciais problemas de fermentação. Silagens com excessivo ácido lático poderá ter uma coloração amarelada, enquanto aquelas com alto ácido butírico poderá ter tom esverdeado. Silagens marrons e pretas normalmente indicam danos por aquecimento e umidade. Essas silagens têm alto potencial para aparecimento de mofos e não devem ser oferecida aos animais. Coloração branca também indica crescimento de mofos. b) - Odor da Silagem - pode também ser utilizada para avaliação do padrão de fermentação da massa ensilada. Silagem normal tem fraco odor devido ao ácido lático. Caso a produção de ácido acético seja alta, então a silagem pode ter um cheiro de vinagre. Alto etanol proveniente da fermentação de levedura provoca cheiro de álcool na silagem. Fermentação clostrídica resulta em cheiro de manteiga rancificada. Fermentação propiônica resulta em cheiro forte e adocicado ao paladar. Danos por aquecimento pode causar caramelização ou cheiro de tabaco. Silagens mofadas têm cheiro de podre. Lembre-se que o cheiro é importante para evitar redução do consumo dos animais. Avaliação Química da Silagem Esta análise deve ser realizada em laboratórios de análises comerciais


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sugere potencial para danos por calor. Boas silagens não esquentam quando no cocho à disposição dos animais.

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c) - Tamanho de Partícula - a fibra é de fundamental importância na dieta de ruminantes para manter as funções do rúmen e a atividade de ruminação. Partículas muito pequenas podem causar problemas metabólicos, mas por outro lado, tamanho de partícula muito grande reduz o consumo e o desempenho dos animais. No Brasil, com os implementos disponíveis, o objetivo é reduzir ao máximo o tamanho de partícula.

FOTO: Embrapa CNPGLeite

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podendo ser analisados os seguintes parâmetros: a) - Umidade - a determinação da quantidade de água é importante para conhecimento da matéria seca e, portanto, para o balanceamento da dieta. Este teste é simples e pode ser feito de forma artesanal na própria fazenda, utilizando um microondas. b) - Proteína Bruta - a fornecimento de proteína é o que mais onera a alimentação. Assim, a quantificação correta do teor protéico da forragem é importante para o conhecimento da quantidade de proteína suplementar que deverá ser provida proveniente de concentrados, que são mais onerosos que as forragens. c) - Proteína Solúvel - é a medida de quanta proteína é potencialmente utilizada no rúmen para a produção de proteína microbiana. O excesso de proteína será metabolizada pelo fígado e excretada na urina, encarecendo o custo da alimentação. Silagens mal manejadas têm mais de 60% da proteína na forma solúvel, o que não é bom. O ideal é que a fração solúvel permaneça entre 40 e 60% da proteína bruta total. d) - Nitrogênio Amoniacal - esta fração corresponde ao nitrogênio não proteico (NNP) da fração solúvel. O objetivo é minimizar o NNP e com ele as aminas, que podem reduzir o consumo dos animais. Bom seria manter essa fração entre 8 e 10% da proteína bruta total. e) - Fibra em Detergente Neu-

tro (FDN) - quantifica a quantidade de parede celular é inversamente proporcional ao consumo de matéria seca. Alta fração FDN tem baixo potencial de consumo, que pode ser minimizado pelo processamento do alimento por meio de uma picagem bem feita. f) - Perfil da fermentação - essa é a mais nova e importante análise química. Visa quantificar cada importante ácido graxo volátil produzido durante o processo fermentativo. Normalmente o ácido lático é o predominante, perfazendo cerca de 60% do total dos AGV da silagem. Excessiva quantidade de acético, propiônico ou butírico, assim como etanol, indica fermentação de baixa qualidade. Características físicas a) - pH - é uma medida de acidez. Silagens de alta umidade são instáveis quanto ao pH. Silagem de boa qualidade está associada com baixo pH, variando entre 3,8 e 4,2 para silagem de milho e entre 4,0 e 4,8 para silagem de gramíneas. b) - Temperatura - é uma medida da quantidade de calor produzida, que pode ser facilmente mensurada com a ajuda de um termômetro. Depois de estabilizado o processo fermentativo, a temperatura deverá ser próxima da ambiente. Temperatura acima da temperatura ambiente sugere respiração oxidativa realizada por mofos e outros fungos. Temperatura acima de 49ºC

Considerações Finais - Durante minha vida profissional, muitas vezes eu não me senti confortável para formular dietas a produtores de leite, por razões diversas. Mas com a experiência adquirida, hoje acredito que posso envolver o produtor como um agente monitorador, ou pelo menos essas é a melhor coisa a ser feita, ao meu entender. Alimentos de qualidade e estratégias de alimentação têm uma percentagem importantíssima na redução dos problemas advindos da alimentação nas fazendas. Um extensionista e um produtor devem trabalhar juntos. Ambos devem entender que a qualidade dos alimentos e o diagnóstico dos componentes críticos é determinante para o sucesso da exploração leiteira. Muitas vezes produtores e extensionistas praticamente “declaram guerra” quando da formulação de uma dieta ou implementação de uma estratégia de alimentação. Muitos dos conceitos aqui apresentados podem ser usados não somente para diagnosticar problemas, mas também para ajudar os produtores no processo de fazer melhores silagens. O monitoramente deverá começar com o primeiro corte! Sempre que possível preferir silos trincheiras. Observe o contorno, as bordas e a superfície do silo. O silo deve ter bordas lisas e retas para minimizar o contato com oxigênio. Silos irregulares e com face desigual tem maior área de superfície exposta ao oxigênio e, portanto, maior chance de atividade microbiana indesejável, e pior será a qualidade da silagem. (Fonte: www. milkpoint.com.br) A


CAFÉ

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Granizo em Itamogi (MG)

ATINGE MIL HECTARES Chuvas provocam perda de 10 mil sacas de café

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essenta e cinco pequenos produtores de Itamogi (MG) ainda estão computando prejuízos provocados por uma chuva de granizo que durou 20 minutos, além de outras ocorrências nos últimos 30 dias, causando uma perda estimada de 10 mil sacas de café e um prejuízo de R$ 5 milhões. O produtor e agrônomo, Carlos Simoni Neto, é um deles. O temporal acabou com quase 80% de sua plantação, em parte da propriedade da família, a Fazenda Catingueiro. A fazenda possui 40 hectares de lavouras de café; em torno de 14 hectares estão comprometidos pela chuva de granizo. A expectativa era colher cerca de três mil sacas e agora deve haver uma perda de 500 sacas do produto. “Devo perder

200 mil reais por causa da chuva”, atesta o produtor Carlos. “Fizemos todos os tratos necessários depois que o granizo varreu tudo, mas não vamos conseguir recuperar os prejuízos. Para recuperar essa lavoura, vamos gastar como se tivéssemos plantando uma nova”, disse o produtor, que deve ter alguma resposta positiva somente em 2014.“Agora, o jeito é fazer a próxima colheita, e tomar a decisão se recepamos (cortar cada pé próximo ao chão) essa lavoura, ou analisar como será o seu brotamento lateral, pois notamos que a planta está realizando um esqueletamento natural”, disse o produtor. A previsão é de que o município de Itamogi [que tem cerca 90% da sua economia baseada na lavoura cafeeira, formada integralmente por pequenos

produtores ] iria colher cerca de 170 mil sacas nesta safra. As chuvas de granizo provocaram desta forma uma perda de 6% da produção, ou 10 mil sacas. No total, 17% da área em produção no município foi afetada, trazendo um prejuízo significativo para 65 pequenos produtores que tiveram suas lavouras afetadas. Depois de visitar algumas áreas atingidas pelo granizo, o diretor da COOPARAÍSO - Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (MG) - Rogério do Couto Rosa Araújo informou que a entidade já está estudando os casos e providenciando ajuda a esses produtores. “Aconselhamos que o produtor que é atendido pelo PRONAF, que procure um técnico da EMATER para fazer um laudo sobre os estragos na lavoura. Após isso, ele pode solicitar financiamento. Aqueles produtores que não são atendidos pelo PRONAF podem pedir o laudo do corpo técnico da COOPARAÍSO e entrar em contato com o Banco do Brasil, porque o FUNCAFÉ possui recursos destinados a cobrir especificamente prejuízos causados por chuvas de granizo”, orienta Araújo. (Fonte: Fonte: Notícias Agrícolas e CoffeeBreak) A

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Infestação da Broca do Café

SERÁ BAIXA EM 2012

Entressafra seca reduzirá infestação da praga

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Drº Júlio César de Souza 1

ara a safra de café a ser colhida em 2012, entomologistas da EPAMIG Sul de Minas-EcoCentro – prevêem baixas infestações da broca nas lavouras, já que ocorrerá entressafra seca, o que é normal na cafeicultura mineira e brasileira, sendo desfavorável à sobrevivência e à multiplicação de pragas nos frutos não colhidos da safra de 2011. ENTRESSAFRAS SECAS Segundo os entomologistas, em condições normais, as entressafras do café na Região Sudeste são secas, sem chuvas, e as chuvas abundantes caídas na entressafra de 2009 foram atípicas, resultantes da influência do fenômeno climático El Niño, que terminou em junho de 2010. Daí as altas infestações da broca na safra de 2010 e baixíssimas infestações nas safras de 2011 e 2012 e, provavelmente, nas futuras safras de café. MONITORAMENTO - O monitoramento da broca-do-café, a cada ano, é muito importante já que sua infestação varia a cada safra. Na safra de café de 2010, as infestações da broca nas lavouras, em nível de controle químico, foram maiores, pela ocorrência de chuvas atípicas na safra de 2009, as quais favoreceram a sua sobre-vivência e multiplicação. Já na safra de café a ser colhida em 2011, pelo fato de a entressafra de 2010 ter sido muito seca, sem chuvas, o que normalmente acontece, a broFOTO: EPAMIG

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1 - Engenheiro Agrônomo Pesquisador da EPAMIG-CTSM Lavras (MG). Doutor em Fitotecnia pela UFLA/Especialização em Entomologia.

ca pouco sobreviveu e multiplicou-se nos frutos secos remanescentes, o que resultou em sua insignificante infestação em toda a cafeicultura brasileira, praticamente dispensando seu controle químico com endosulfan. Para a safra de 2012, se a entressafra de 2011 for seca, a infestação nas lavouras será novamente baixa, o que é bom para os cafeicultores brasileiros. SINTOMAS - O sintoma do ataque da broca é constatado pelos frutos verdes chumbões perfurados pelo inseto, na região da coroa, no período de novembro a janeiro. O correto controle da broca é em sua época de trânsito, ou seja, quando seus adultos fêmeas abandonam os frutos secos não colhidos, nos cafeeiros e no chão, onde foram criadas e se multiplicaram na entressafra, e procuram frutos chumbões verdes para perfurálos na região da coroa. Nesses frutos, que apresentam 86,0% de umidade, inclusive suas sementes, a broca fêmea adulta apenas os perfura, sem colocar ovos. Portanto, não causam prejuízos, já que sementes aquosas não são o alimento ideal para as suas larvas. Só fazem a perfuração posteriormente, quando os frutos apre-

sentam menor umidade, de 70% a 80%, e as sementes uma certa consistência, alimento ideal para suas larvas. Assim,os prejuízos são causados pelas larvas da broca,que se alimentam das sementes, danificando-as.Os adultos não se alimentam, já que dispõem de energia acumulada em seu corpo. Sua única função é reprodutiva. Após a época de trânsito, a partir do mês de março, as fêmeas adultas da broca perfuram frutos verdes chumbões, verdes-cana, cerejas, passas e secos, ovipositando neles. Assim, o controle químico da broca deve ser realizado em sua época de trânsito, visando matá-la nos frutos verdes chumbões aquosos, perfurados por ela, para evitar que ovipositem posteriormente e causem prejuízos à lavoura,pela ocorrência de seus ciclos evolutivos. CONTROLE QUÍMICO - O correto controle do inseto resulta de seu monitoramento talhão por talhão, com a utilização de uma planilha específica, como a da EPAMIG, preenchida na lavoura, sendo uma para cada talhão, em sua “época de trânsito”, que se inicia anualmente, no período de novembro a janeiro, 90 dias após a maior florada. O monitoramento da broca deve ser mensal, até o mês de março. Os dados da planilha, pela observação nos cafeeiros de frutos broqueados e frutos sadios, permitem calcular a porcentagem de frutos broqueados, talhão por talhão. Se o resultado for de > 3% a 5% de frutos broqueados, o cafeicultor fará uma única pulverização em cobertura total dos cafeeiros, com pulverizador tratorizado, na dosagem de 2,0 L de endosulfan 350 concentrado emulsionável (CE)/ha, para lavouras com estandes de até 3.500 plantas/hectare. Para estandes maiores, como por exemplo, 4.000 a 5.500 plantas/hectare, aumentar a dosagem para 2,5 L do produto comercial (p.c)/ha, numa só pulverização. Em lavouras implantadas emtopograia acidentada, pode-se usar o atomizador tipo canhão, que não apresenta muita eficiência, já que depo-


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sita as gotas por gravidade. Porém, é o único recurso que o cafeicultor dispõe para a aplicação de endosulfan com pulverizador costal manual e atomizador costal motorizado, pois esta aplicação está proibida pelo MAPA. O inseticida endosulfan poderá ser utilizado na cafeicultura e em outras culturas, para as quais está registrado até julho de 2013. Até lá, um novo inseticida, do grupo das Diamidas Antranílicas, de classe toxicológica III – tarja azul, de baixa toxicidade, ainda em pesquisa será registrado no Brasil em substituição ao padrão endosulfan.

FOTO: EPAMIG

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DOSAGENS - Atualmente, na moderna cafeicultura brasileira, mecanizada, os estandes são maiores e variam de 3 mil a 5 mil plantas ou mais/hectare, o que resulta em maiores produtividades. Assim, para esses estandes maiores recomenda-se utilizar a dosagem de 2,0 a 2,5 L de endosulfan/hectare, ou utilizar a concentração

de 0,5% (500 mL de endosulfan 100 L de água). Portanto, no volume médio usual de 400 L de água/hectare, serão gastos 2,0 L de endosulfan. Se o gasto de água for de 500 L/ha, a dosagem do inseticida endosulfan será de 2,5 L (500 L x 0,5%). Para volumes maiores, mantém-

se a dosagem de 2,5 L. Recomendase também adicionar espalhante adesivo para uma maior aderência do produto nas folhas e frutos. Não é preciso utilizar produtos à base de enxofre para desalojar a broca dos frutos broqueados, já que o próprio endosulfan apresenta ações de contato e fumigação. O controle da broca visa manter as fêmeas adultas presentes nos frutos verdes chumbões broqueados, pela ação de contato, para evitar que coloquem ovos, posteriormente. É necessário somente uma única aplicação com turbo atomizador e também com atomizador costal motorizado. Se a aplicação for com canhão e pulverizador costal manual, recomendam-se duas pulverizações com intervalo de 30 dias. Finalmente, é tecnicamente viável aplicar o inseticida endosulfan com fungicidas e adubos foliares, numa só operação, para reduzir custos e o trânsito de trator nas lavouras. A

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Subtropical,

SERJÃO, SUBTROPICAL (2) A Temperatura e a Qualidade do café FOTO: Ensei Neto

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Ensei Neto 1

s origens dos vinhos em geral se localizam em latitudes maiores que 30º , podendo se estender a até 48º de latitude, onde predomina o Clima Subtropical por excelência. A parreira e o cafeeiro são frutíferas que produzem somente em ramos novos, apesar das arquiteturas completamente distintas. Sim, enquanto a parreira é uma planta que precisa de, digamos, fios condutores para se esparramar, o cafeeiro é um arbusto que chega a ser imponente como uma conífera, com algumas variedades lembrando o formato de pinheiros. A parreira que produz uvas viníferas é podada todo final de safra para que novos ramos cresçam após o tempo de dormência. O cafeeiro precisa lançar novos internódios para que botões florais possam ter lugar.

1 - Consultor em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais. Email: bureaucoffee@uol.com.br. Site: www.coffetraveler.net

A localização do Cinturão Vinícola no mundo segue uma lógica que tem por base a busca por uma combinação equilibrada de insolação e faixas de temperatura adequadas. Excelente é o Verão que tem dias longos e boa quantidade de chuvas, pois esse é o período que corresponde ao que chamo de Momento Adolescência dessas frutas: precisam de muita energia (portanto muita luz!), pois o crescimento é absurdamente rápido (muita água para preencher os espaços criados…), tal qual os adolescentes! No final do Verão e início do Outono, semelhante a quando chegamos ao ponto de nossa maturidade, continuando a comparação, as frutas precisam de equilíbrio entre luz e temperaturas, pois é quando as reações mais sofisticadas acontecem em seu interior. E sofisticado para as plantas significa produzir e acumular açúcares nos frutos. É nesse ponto que cai por terra o conceito de temperatura média anual para se considerar um local apropriado ou não para o cultivo dessas

duas plantas. Modelos modernos e sofisticados que empregamos utilizam média ponderada por momento fenológico, pois em cada fase do Ciclo do Fruto as necessidades de energia são diferentes e, portanto, as temperaturas reinantes tem de estar sincronizadas. Observe, ao lado, o Gráfico Sensorial de um lote produzido na Fazenda Jaboticabal, de Johann Nick, em Tomazina, Norte Pioneiro do Paraná, e que tive a oportunidade de apresentar a um seleto grupo de amigos e colegas juízes degustadores durante a FICAFÉ 2011, em Jacarezinho (PR). A complexidade deste café é algo surpreendente e emocionante! Isso foi possível porque combinou-se uma variedade que tem uma impressionante capacidade de adaptação ao Clima Subtropical, em parte devido à sua porção vinda do DNA de Robusta. O ciclo da fruta foi impensavelmente longo, permitindo que uma riqueza de sabores viessem à tona, sustentados por uma doçura que chega a ser bestial, resultado de um fabuloso período com predomínio do metabolismo basal. Criei um Gráfico Sensorial (próxima página) especialmente para a FICAFÉ e que é bastante intuitivo, ao mesmo tempo que dá pistas de elementos muito sofisticados. O círculo da esquerda, que tem cores que vão do verde ao alaranjado, mostra a formação das notas de Aromas & Sabores na frutificação e senescência. Portanto, você deve tomar como ponto inicial as notas HERBAIS, seguindo-se das FLORAIS, de FRUTAS CÍTRICAS, FRUTAS AMARELAS/TROPICAIS e FRUTAS VERMELHAS. O círculo central e o da direita são notas de Aromas & Sabores, formados durante a torra do café, sendo o central resultado das Reações de Maillard, enquanto que os da direita surgem durante a intensificação do processo de pirólise. No entanto, o círculo central é a chave do que é a qualidade de um café, pois o que determina a sua qualidade global é a colheita de frutos maduros, que, traduzindo-se para as nossas papilas, significa presença de AÇÚCARES e, portanto, do sabor DOCE. Os açúcares durante as Reações de Maillard caramelizam (é como fazer uma calda de caramelo colocando


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açúcar numa panela e levar ao fogo) e é por isso que para cafés bacanas ou Cafés Especiais SEMPRE o sabor de CARAMELO é OBRIGATÓRIO. Escrevi em maiúsculas para deixar bem claro que algo que sempre é encarado como um atributo maravilhoso é, na realidade, o primeiro e necessário indicador de que o café é de alta qualidade (= colhido maduro e secado direitinho)! Durante as Reações de Maillard surgem em sequência as notas de Aromas & Sabores de NOZES (Amendoim, Nozes, Amêndoa e Avelãs), CARAMELO (Mel, Caramelo e Toffee) e CHOCOLATE (que começa com Manteiga e chega no Chocolate, o Dark). Quando se inicia a Pirólise, temos como sequência a notas de Aromas & Sabores que denominamos RESINOSOS, que estão no Xarope de Maple e Erva Doce, por exemplo, as ESPECIARIAS LEVES como Baunilha, Anis e Canela, para, finalmente, chegar nas ESPECIARIAS PICANTES como Cardamomo e Pimenta do Reino. Observe que boa parte das notas de Aromas & Sabores é uma mescla de dois e até três grupos. Um exemplo: a

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Baunilha tem uma mescla Floral, com leve passagem pelo Caramelo e de Especiarias Leves! A seleção boliviana de futebol, mesmo os clubes daquele país no caso da Copa Libertadores da América, sempre marca seus jogos em cidades de

grande altitude, como La Paz, que está localizada acima dos 3.000 m acima do nível do mar. Isso não é por acaso… O ar rarefeito daquela altitude faz com que a sensação de peso seja menor (a bola atinge velocidade maior do que num jogo de praia…), bem como para os jogadores não adaptados, traz


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dificuldade para respirar depois de uma corrida. As elevadas altitudes afetam o metabolismo, tornando ideal uma respiração mais pausada. A respiração mais lenta devido às grandes altitudes tem impacto considerável nas plantas também. O ar rarefeito tem sua relação entre o oxigênio e nitrogênio alterada, ficando o oxigênio com menor presença, o que obriga os seres vivos a respirarem ralentando como forma de adaptação. A respiração tem ligação direta com o chamado Ciclo de Krebs ou do Ácido Cítrico, que, de forma simplificada, contribui para a formação de ácidos importantes no café, principalmente o Ácido Cítrico e, secundariamente, o Málico. A respiração lenta

dá condições de maior presença desses ácidos, daí o Ácido Málico ser mais comum em cafés de origens muito elevadas. A temperatura ao longo do ano tem impacto direto no Ciclo Fenológico da fruta do cafeeiro, que vai da florada ao ponto cereja. É interessante observar que as necessidades variam em cada fase desse ciclo. O início, que é a florada e sua fecundação se dá com temperaturas não tão elevadas e ar com umidade relativa média a alta. Na fase da “Adolescência”, umidade elevada e temperaturas mais elevadas é um conjunto que se torna tudo de bom para as frutas do cafeeiro. Chegando na fase do amadurecimento, o ideal é ter um ambiente

com temperaturas mais baixas e menor umidade, que coincide com o final do Verão e início do Outono. Se compararmos com o nosso ciclo de vida, essa fase corresponde a quando queremos estabilidade e tranqüilidade, combinando com o momento em que temos a verdadeira percepção das coisas da vida. Ou seja, é quando começamos a ficar mais sabidos… Ficarmos mais sabidos, como digo, é quando passamos a observar as coisas sob perspectiva mais sofisticada, enxergando sutilezas imperceptíveis quando somos mais jovens. Por exemplo, não é mais a quantidade de garrafas de cerveja que foram tomadas num encontro de amigos da faculdade que importa, mas a gama de sabores que uma determinada marca tem e podemos perceber. Prazer é qualidade, não quantidade! O mesmo efeito que a grande altitude provoca na forma de respirar, obrigando-a mais lenta por ajustes fisiológicos, é observada quando o ciclo fenológico é alongado em razão das temperaturas do local. E aqui a Latitude tem papel muito importante. Nas regiões Subtropicais as menores temperaturas adequadas à agricultura ocorrem nas áreas mais baixas! Observe o Gráfico Sensorial de um lote de café (alto desta página) produzido na Fazenda Califórnia, em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná. Dos oito cafés apresentados como um painel dos cafés dessa origem, este era o que disparadamente tinha a maior intensidade de acidez, que combinada com uma doçura de excepcional proporção, se mostrou licorosa, impressionando a todos. A surpresa foi ainda maior quando souberam que esse lote de café foi produzido no local mais baixo de todos os apresentados. Subtropical! Assim disse ao companheiro de viagem Sérgio Parreiras Pereira, mais conhecido por Serjão do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), sobre qual seria a razão determinante de toda a riqueza de sabores e intensidades que puderam ser experimentadas nos cafés do Norte Pioneiro do Paraná. As deliciosas e impressionantes xícaras de cafés dos diferentes produA tores mostraram tudo!


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Certificação: transparência

É PARTE DO NEGÓCIO Processos exigem mudanças substanciais

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s custos também pesam, mas os resultados compensam. “Uma empresa certificada ganha transparência, controle, eficiência e qualidade, ingredientes indispensáveis em qualquer mercado, seja no âmbito externo ou interno”, avalia José Joaquim do Amaral, Ferreira, diretor de certificação da Fundação Vanzolini, certificadora dos processos ISO no país. “Nos próximos anos, a tendência é que as exigências fiquem ainda maiores tanto na União Européia, quanto nos Estados Unidos. Quem não se preparar não conseguirá exportar, que dirá manter uma continuidade de remessas”, afirma.

Os especialistas observam que cada país tem uma série de diretivas que determinam quais os procedimentos devem ser cumpridos para que um produto possa ou não ser vendido por lá. As determinações variam desde a proibição de uso de metais pesados até boas práticas de trabalho, além de procedimentos religiosos nos casos de países com forte densidade das religiões muçulmana e judaica. Algumas exigências são comuns a todos como atestado do país de origem, adoção dos processos das ISOS, Certificado de Fumigação (NINF-15) para embalagens e produtos de madeira. Os países europeus são os mais exigentes na certificação de produtos, não acei-

tando em hipótese alguma remessas não certificadas. Todavia, os acordos comerciais entre países ou blocos podem minimizar esse rigor. Foi disposto a ganhar uma fatia substanciosa do mercado de café gourmet na Europa que o produtor Arthur Moscofian, sócio do café gourmet Santa Mônica, levou anos buscando certificações para a fazenda e para seus grãos 100% arábicos. O primeiro selo foi emitido para a fazenda, atestando que não adotava mão de obra escava ou infantil, depois veio o selo de qualidade do próprio café, emitido pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Na sequência, Moscofian buscou a certificação da torrefação, que levou três anos para ser concluída. “Entre 1992 e 1995 conseguimos os principais certificados para a fazenda e o produto, a um custo total de US$ 10 mil”, lembra Moscofian. “Só então começamos a negociar com a Itália e depois com a França, Estados Unidos e Canadá, sempre via trading company”. Hoje, 30% das 25 mil sacas produzidas por ano pelo café Santa Mônica, em cinco fazendas no Sul de Minas

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Gerais, são exportadas para cinco países europeus, além dos Estados Unidos, Canadá, Japão e China. O produtor destaca que tanto a fazenda quanto a torrefação também são certificadas casher, o que abriu novos mercados. Ter o selo de produção orgânica também faz muita diferença, já que coloca o produto exportado em posição privilegiada quanto aos preços praticados, além de ser um atestado de qualidade. Para se ter uma ideia, antes de ser certificado como produto orgânico e receber o selo do comércio justo, o preço do quilo do guaraná vendido pela Cooperativa Urucá, do Amazonas, era, em média, R$ 3. Hoje, o quilo é comercializado a R$ 20. “A certificação abre portas e eleva o nível do preço praticado”, declara Luiz Mazzon, diretor da Ecocert Brasil, braço da Ecocert internacional, responsável pela emissão no país de certificações de produto orgânico e comércio justo. “Nosso selo vale tanto para o mercado interno como para o externo, sendo reconhecido na Europa e nos Estados Unidos”. Hoje, cerca de 400 empresas têm seus produtos certificados como orgânicos, entre elas, a Cachaçaria Weberhaus, fabricada em Ivoti (RS). “Fomos uma das primeiras cachaças certificadas do país, recebemos o selo em 2006. Hoje, já temos licores, caipirinha e aguardente misturada com ervas e frutas certificadas”, diz Evandro Luis Weber, sócio da Weberhaus. O produto é rastreado desde o preparo do solo para o plantio da cana até o engarrafamento, com auditoria anual do Inmetro, reconhecida em 95 países. A cachaçaria exporta para os Estados Unidos, Bermudas, Canadá, Itália, Alemanha e Irlanda, com um faturamento médio de US$ 400 mil no mercado externo. Para exportação segue apenas 30% da produção de 140 mil litros de cachaça por ano, comercializados no Brasil a preços que variam de R$ 35 a R$ 180 o litro, dependendo do tipo da cachaça. Na visão de Luiz Roberto Oliveira, consultor de comércio exterior da UHY Moreira Auditores, consultoria especializada em internacionalização de empresas, muitos pequenos empreendedores ainda desistem de exportar porque encaram os processos de certificação caros e demorados. A

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Trabalhador rural com

APOSENTADORIA MAIOR

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ramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2540/11 que concede ao trabalhador rural o direito de optar por uma contribuição maior para se aposentar com benefício superior ao salário mínimo. De autoria do deputado Giovani Cherini (PDT-RS), a medida beneficia os contribuintes individuais que explorem atividade agropecuária e trabalhadores rurais eventuais, avulsos ou segurados especiais, de acordo com as regras estabelecidas pela lei 8213/91. Com a mudança, esses trabalhadores, para efeito do cálculo do salário de benefício, poderão contribuir com 1% sobre a média da produção agrícola anual, até o limite do máximo do salário de contribuição. Com isso, a aposentadoria do trabalhador rural poderá chegar até o teto do regime geral da Previdência Social. No caso de aposentadoria por idade, o cálculo da renda mensal do benefício será calculado conforme a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo. (Fonte: AgnoCafe)


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Como Uniformizar a Florada do Cafezal com o

USO DA IRRIGAÇÃO (1) A Temperatura e a Qualidade do café

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André Luís Teixeira Fernandes 1

irrigação é a maior usuária da água na produção agrícola mundial, representando um consumo em torno de 70% de toda a água derivada de rios, lagos e mananciais subterrâneos, comparado com 23% da indústria e apenas 7% do abastecimento humano. Apesar do grande consumo de água, a irrigação representa a ma1 - Eng. Agrônomo, Doutor em Engenharia de Água e Solo / Unicamp, Prof. Pesquisador da Universidade de Uberaba (MG), área de Irrigação e Drenagem, coordenador do Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café, representante institucional Uniube / Embrapa Café, Pesquisador do CNPq.

neira mais eficiente e produtiva de se obterem alimentos. A metade dos alimentos nos últimos 30 anos tem vindo da agricultura irrigada estimando-se que no futuro de metade a dois terços do incremento da produção de alimentos será proveniente da agricultura irrigada. Hoje, a área irrigada no mundo corresponde a 17% do total agricultado, porém, é responsável por 40% da produção total de alimentos. O Brasil apresenta grande potencial, com 5% da área cultivada irrigada, respondendo por cerca de 20% da produção total e por 35% do valor da produção. Levando-se em conta a importância da irrigação para a agricultura mundial, po-

Tabela 1 - Classificação das regiões cafeeiras do Brasil de acordo com as temperaturas médias mensais

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rém, considerando-se que o consumo Figura 1 - Produtividade do cafeeiro com diferentes lâminas de irrigação na de água na atividade é muito grande, região de Lavras - MG (média de 3 safras) o uso racional da água nas atividades agrícolas assume papel de destaque, tanto é verdade que foi promulgada a Lei Federal número 9433, em 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A irrigação já uma realidade na cafeicultura brasileira, ocupando área significativa, permitindo situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Levantamentos preliminares indicam que cerca de 10% da sua área plantada é irrigada, concentradas principalmente no Norte do Espírito Santo, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em Minas Gerais e Oeste da Na Tabela 1, é possível se verificar a diBahia. Esta área irrigada, de cerca de 250.000 ha, é responsável por 25% da visão da cafeicultura brasileira em regiões, de produção brasileira de café. A irrigação tem sido utilizada mesmo nas regiões consideradas acordo com a temperatura. As regiões podem tradicionais para o cafeeiro, como Sul de Minas Gerais, Zona da Mata de ser classificadas, segundo Santinato & FerMinas Gerais, Mogiana Paulista, Espírito Santo, etc. Trabalhos de pesquisa nandes (2002) em “frias”, “médias” e quentes. demonstram que o aumento de produtividade média com o uso da irriga- A irrigação tem proporcionado melhores reção (médias de pelos menos 3 safras) tem sido de 50% quando comparada sultados de produtividade nas regiões quentes, com as lavouras de sequeiro, trabalhos estes desenvolvidos nas regiões de seguido pelas medidas e frias, pelo fato de na Lavras e Viçosa, Minas Gerais, regiões consideradas aptas climaticamente totalidade dos meses do ano, a temperatura média serem superiores a 19º C. ao cultivo do cafeeiro, sem a necessidade de irrigação. Esta informação quer dizer que o estresConvém salientar que, embora a irrigação seja viável nestas regiões, o beneficio do uso desta tecnologia é mais evidente em regiões mais quentes, se hídrico é mais adequado e menos sujeito a onde a temperatura média mensal dificilmente fica abaixo dos 19º C, como riscos nas regiões frias e médias, devendo as novas fronteiras do café, como Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães e Cocos, na Bahia. Tabela 2 - Produtividade do cafeeiro irrigado por gotejamento com diferentes tratamentos de irrigação e fertirrigação, Viçosa (MG).

Produção brasileira

SERÁ INSUFICIENTE

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próxima safra de café no Brasil pode não ser suficiente para atender à demanda doméstica e das exportações, mesmo com previsão de produção recorde”, disse o corretor do Escritorio Carvalhaes. A produção prevista é de 49 a 52.3 milhões de sacas, ante 43,5 milhões ano passado. “Para atender a exportação e a demanda interna atual, sem levar em conta os estoques de segurança reconstrução e crescimento anual do consumo global de café, o Brasil precisará em média de 54 milhões de sacas”, o corretor disse em um relatório de 13 de janeiro. O Brasil exportou um recorde de 33,46 milhões de sacas de café em 2011, segundo dados do CECAFÉ. “Apesar do recorde histórico de vendas e, a produção de estoques, tanto nos países produtores e consumidores permanecerá em níveis perigosamente baixos”, disse o corretor. A


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Figura 2 - Produtividade do cafeeiro irrigado por tripa na região de Presidente Olegário(MG) [6 safras]

sidade Federal de Viçosa estudou, além dos tratamentos de irrigação, testaram diferentes produtos aplicados em fertirrigação, comparando-se com a adubação convencional, conforme Tabela 2. Verifica-se que não houve diferença significativa entre os tratamentos de adubação, porém, todos foram superiores ao tratamento não irrigado, que produziu na média de 3 safras 39 sc.ben/ha, comparando-se com a média de 65 sc.ben/ha dos tratamentos irrigados. 2.2. Regiões médias - 2 meses de temperatura média inferior a 19ºC Em experimento conduzido na região de Presidente Olegário (MG), pesquisadores da Universidade de Uberaba e do Ministério da Agricultura estudaram o efeito da irrigação pelo sistema de tripa na produtividade do cafeeiro, e após 6 safras, obtiveram ganhos de 67% , em média, com os tratamentos irrigados (Figura 2).

ser adotado com extremo critério nas áreas quentes, onde o cafeeiro cresce o ano todo. Vários experimentos têm sido conduzidos nas diferentes regiões cafeeiras, principalmente objetivando avaliar o efeito da irrigação na produtividade e qualidade do cafeeiro, sendo vários deles relacionados a estresse hídrico x produtividade/ qualidade do café. 2. EXPERIMENTOS NAS REGIÕES CAFEEIRAS 2.1. Regiões frias - 4 meses de temperatura média inferior a 19ºC Em experimento conduzido em Lavras (MG), os pesquisadores da UFLA estudaram os efeitos de diferentes lâminas de irrigação (Sem irrigação, 100%; 80%; 60% e 40% ECA) na produtividade do cafeeiro irrigado por gotejamento, e após 3 safras, verificaram que a irrigação total (100% do exigido) proporcionou as maiores produtividades, com 68 sc.ben/ha, muito superior ao tratamento sem irrigação (39 sc.ben/ha) - Figura 1. Ainda em região “fria”, a equipe da UniverFigura 3 - Produtividade do cafeeiro irrigado com diferentes períodos de estresse hídrico - Planaltina de Goiás, (GO) média de 3 safras.

2.3. Regiões quentes - o ano todo com temperatura média superior a 19ºC Em lavoura de café Mundo Novo, espaçamento 4,2 x 1,0 m, na região de Planaltina de Goiás (GO), os pesquisadores da Universidade de Uberaba e do Ministério da Agricultura estudaram o efeito de diferentes períodos de estresse hídrico na produtividade do cafeeiro, desde 30 dias até 180 dias. Conforme a Figura 3, o melhor resultado, nesta região considerada quente, foi o obtido com a reposição total de água, com média em 3 safras de 47 sc.ben/ha, muito superior às 24 sc.ben/ha do tratamento sem irrigação. É interessante notar que todos os períodos de déficit hídrico (de 30 a 90 dias) foram prejudiciais à produtividade do cafeeiro. Na próxima edição, publicaremos a segunda parte do artigo , que tratará das características das floradas dos cafeeiros, aplicação prática e gerenciamento da irrigação. A

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Café, aposta de

LUCRO CERTO EM 2012 Quebra de safra e demanda em alta garantem cotações

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ara os cafeicultores brasileiros, o ano de 2012 promete ser excelente, uma vez que os fundamentos do mercado apontam para um período de estoques apertados, produção regular e consumo em alta, o que deve ajudar a manter os preços do grão em alta e reforçar a posição do Brasil como maior produtor mundial de café. Para a indústria, no entanto, as altas dos preços pagos aos produtores podem contribuir para a redução das margens de lucro. “Tem sido difícil comprar café, situação que reflete o fato de os produtores estarem segurando sua produção para vendê-la durante a entressafra, e o abastecimento das indústrias está apertado”, diz Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). No campo, o aumento dos preços

do café se reflete em cuidados no cafezal – que, depois de anos de abandono, voltou a ser adubado e podado na época certa. Na avaliação de Carlos Paulino, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (COOXUPÉ), ainda que 2012 seja um ano de alta para a produção de café – que é uma cultura bianual, caracterizada por ano de safra gorda seguido por outro de safra magra –, a expectativa é que a produção brasileira não supere a de 2010. “Em 2011, consumimos a safra atual e a de 2010. Agora em 2012, se a produção for menor, haverá problema de oferta de café em 2013 e 2014”, avalia Paulino. Na área de atuação da COOXUPÉ – que contempla o sudeste de Minas Gerais, o Triângulo Mineiro, parte do estado de São Paulo e 10,5 mil produ-

Pesquisa esclarece mistério

DA FERRUGEM DO CAFE

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esquisa realizada ao longo de seis anos por professores dos departamentos de Fitopatologia e Biologia Geral da UFV esclareceu um dos mais intrigantes mistérios científicos a respeito da ferrugem – principal doença no cafeeiro. A descoberta da chamada criptossexualidade no fungo Hemileia vastatrix pode levar à criação de estratégias mais eficazes para aumentar a resistência da planta à ferrugem. Um problema que, no Brasil, causa prejuízos anuais estimados em 35 a 40% da produção, ou seja, cerca de US$2 bilhões (valores para o ano de 2010).

Uma das principais dificuldades para se controlar o Hemileia vastatrix é sua variabilidade genética, considerada surpreendente pelos estudiosos. Sempre que se desenvolve uma variedade de cafeeiro resistente à doença, o fungo surge geneticamente renovado – e não demora a quebrar a resistência. O que durante muito tempo não era compreendido é como isso acontecia. Em tese, o fungo da ferrugem do cafeeiro só se reproduzia de maneira assexuada. “Na reprodução assexuada, cada esporo reproduz uma colônia idêntica à anterior, mas isso não ocorre no caso da ferrugem do cafeeiro”, afirma o professor Robert W. Barreto,

tores de café –, a safra de 2012 não baterá os 9 milhões de sacas obtidos em 2010, porque a florada foi prejudicada devido à seca no inverno. Com isso, a tendência é que os preços se mantenham firmes. A média de preços na região em 2011 foi de R$ 460 por saca, mas a tendência é que ultrapasse os R$ 500 ao longo de 2012. Já as exportações do grão nunca renderam tanto ao setor. Com a expectativa de encerrar 2011 com vendas de 33,2 milhões de sacas, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ) estima uma receita recorde para as vendas fora do Brasil, de US$ 8,4 bilhões. “Os preços de 2011 se valorizaram em 49% em relação os de 2010, tanto por conta do ajuste entre a produção e o consumo mundial de café como pelo fato de que os fundos de investimentos incluíram as commodities agrícolas em suas cestas de investimentos”, avalia Guilherme Braga, presidente do CECAFÉ. O Brasil mantém uma participação expressiva no mercado internacional, no qual responde por 34% das exportações. “Como alguns países da América Central e a Colômbia terão quebra em suas safras e a demanda permanecerá aquecida, devemos manter as vendas externas no mesmo patamar de 33 milhões de sacas”, diz Braga. A do Departamento de Fitopatologia da UFV. Os resultados da pesquisa foram publicados pelo professor Robert, juntamente com os professores Carlos Roberto Carvalho, do Departamento de Biologia Geral, e Harry C. Evans, do Departamento de Fitopatologia, na revista internacional PLoS ONE. Segundo o professor Robert, as estruturas assexuadas da ferrugem, na verdade, funcionam como sexuadas. “Os eventos típicos da reprodução sexuada acontecem de modo oculto, dentro das estruturas sexuadas, o que passou despercebido dos pesquisadores durante mais de cem anos”, explica. A descoberta do que foi batizado de “criptossexualidade” (do grego krypto, que significa escondido) só foi possível graças à aplicação pioneira de técnicas de citometria de imagem, “que nunca haviam sido usadas antes para esse propósito”, ressalta o pesquisador. (Fonte: Marcel Ângelo/UFV)) A


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AMSC lança Programa

‘VENDER MELHOR’ FOTO: AMSC

Programa objetiva valorizar os cafés especiais da região

Ricardo Nogueira Coelho (Origem Corretora), Gabriel Mei Alves de Oliveira (AMSC), Lucas Araújo (Origem Corretora), Clênio Robson do Araújo (Origem) e Anilton Machado (Origem Corretora).

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roduzir cafés especiais e exportar os grãos com preço diferenciado, para o mundo. Esta vem sendo uma proposta cada vez mais atrativa no mercado. Para atender esta demanda e orientar os produtores da região, a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) lançou em dezembro, com o apoio do Sebrae, o programa ‘Vender Melhor’, que tem como objetivo valorizar os cafés especiais da região. Podem participar do programa

produtores de café da Alta Mogiana paulista cujas propriedades estejam acima de 800m de altitude e sejam associados à AMSC. Além de orientar, o programa ‘Vender Melhor’ irá ajudar o cafeicultor a agregar valor na produção. “O produtor precisa ter práticas de qualidade desde a seleção das plantas até o processamento final dos grãos. Isso inclui o ponto ideal de maturação pra colheita, um bom lavador pra separar os grãos verdes dos maduros, temperatura certa pra secagem, terreiro, seca-

dor, local ideal para armazenagem, melhorias constantes em tecnologia e certificações”, avalia Ricardo Nogueira Coelho, diretor comercial da Origem Corretora. Segundo Ricardo, o processo para classificar um café especial tem várias etapas “São analisados diversos fatores: aspecto de seca do café, coloração, formação do grão, peneiras e cheiro; e é feita a prova do café para ver se existe algum gosto estranho, como: terra, mofo, azedo, fermentado, riado”. A corretora de cafés atua como intermediadora dessas operações. “O cafeicultor deve procurar uma consultoria especializada que encontre o melhor mercado para a sua produção. Uma empresa que tenha conhecimento e experiência para buscar o melhor retorno para o seu produto, tanto no mercado interno quanto na exportação. Desta forma, o cafeicultor pode focar seus esforços na produção e comercializar sua safra em um momento favorável”, comenta. Ricardo destaca ainda o aumento do consumo de cafés especiais no mundo. “Enquanto o consumo de cafés cresce de 1,5 a 2% ao ano, o consumo de cafés especiais cresce em torno de 5%, chegando em alguns países a mais de 10% ao ano. Outro ponto positivo é que quem aprende a tomar café especial não consegue tomar outro. Com isso a procura só tende a aumentar, sustentando e melhorando cada vez mais os valores pagos a cafés finos”, afirma. Pela qualidade dos cafés que produz, a Alta Mogiana precisa trabalhar para dar maior projeção ao seu produto. A

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são de paladar, utilizados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Porém, uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL) pode resolver o problema, tornando testes do tipo mais ágeis e acessíveis. Coordenada pela professora Suzana Lucy Nixdorf, a pesquisa é realizada também pelas estudantes de pós-graduação Elis Daiane Pauli, Franciele Barbieri e Júlia Estéfane Martins de Abreu, com a participação do professor Carlos Alberto Paulineti da Câmara, responsável pelo desenvolvimento do software que vai ajudar nas futuras avaliações. O trabalho já rendeu o primeiro prêmio – entre 210 concorrentes - num congresso realizado em setembro na Feira Internacional de Tecnologia para Laboratórios

Precisão: Método identifica

IMPUREZAS NO CAFÉ

Pesquisa em Londrina promete café sem impurezas

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direito de tomar um cafezinho de qualidade deveria estar garantido na Constituição. A bebida, preferência nacional e internacional, está enraizada na cultura brasileira. Hoje, é a segunda commodity mais exportada do mundo, atrás apenas do petróleo. Porém, nem sempre o líquido que se coloca na xícara é o resultado da infusão do puro café, torrado e moído. Em casos mais frequentes do que se imagina, indústrias e torrefações misturam outros produtos ao pó de café. Por causa disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) baixou, no ano passado, a Normativa 16, que estabelece critérios rígidos para garantir a qualidade do produto oferecido ao consumidor e define exigências de porcentual máximo de impurezas (até 1%), umidade (até 5%) além de um padrão básico de sabor, aroma e fragrância. O problema é que o método de identificação das impurezas é feito de forma difícil e complicada – através da identificação celular – que poucos laboratórios estão aptos a realizar e no qual não se identifica exatamente a impureza que foi acrescida. Quanto à qualidade, os testes mais aceitos

Setor debate nova modalidade de

SEGURO NA CAFEICULTURA

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o final de janeiro, o Conselho Nacional do Café (CNC), representado pelo presidente executivo Silas Brasileiro, e a Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), representada pelo presidente Breno Mesquita e pela assessora técnica Carolina Bazilli, reuniram-se com Edilson Alcântara, diretor do Departamento do Café (DCAF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para tratar de um novo modelo de seguro rural para a cafeicultura, apresentado pelo superintendente de seguros agrícolas, Gláucio Nogueira Toyama. Também estiveram presentes o diretor do Departamento da Cana de Açúcar e Agroenergia, Gerardo Fontelles; a coordenadora geral de Planejamento e Estratégias, Cláudia Marinelli; o coordenador geral de Apoio ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (FUNCAFÉ), Marconni Sobreira; além do presidente e o diretor do Sindicato Rural de Altinópolis (SP), Guilherme Vicentini e João Abrão, respectivamente. De acordo com o presidente executivo do CNC, esse novo modelo de seguro para a cafeicultura almeja proteger a renda do produtor na eventualidade de prejuízos gerados por adversidades climáticas, possibilitando que continuem na atividade, uma vez que as modalidades hoje existentes cobrem somente a parte da lavoura afetada e não a receita que seria gerada com a produção. “Discutiu-se a implantação do seguro, inicialmente, a partir do estágio da lavoura com o chumbinho até a colheita. O seguro teria ampla cobertura de intempéries e a taxa a ser aplicada deverá respeitar as características das regiões produtoras, haja vista as diferenças climáticas existentes”, explica. Silas Brasileiro anotou que a aplicação da taxa desse novo seguro também deve levar em conta a produtividade média de cada região, porém o cálculo atuário não incluirá a incidência de pragas e doenças, uma vez que não há como calcular com precisão o impacto que trazem à produção. A


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Análises, Biotecnologia e Controle de Qualidade – Analítica Latin America. Segundo Suzana, o método tradicional exige avaliação feita por especialista em células vegetais e é totalmente subjetivo, com o agravante de não se conseguir determinar a porcentagem de impurezas na mistura. “Até se consegue identificar o adulterante, mas para dizer a porcentagem exata, como determina o Mapa, é difícil. Por isso, é preciso ter equipamentos e técnicas mais elaboradas para chegar nesse nível de refinamento”, conta. Para o engenheiro agrônomo, classificador e provador de café do Mapa em Londrina, Francisco Barbosa Lima, se essa metodologia desenvolvida na UEL se mostrar eficiente, pode vir a agilizar o processo que hoje é praticamente manual. “Para fazer uma análise é preciso secar, desengordurar, peneirar, colocar as amostras no microscópio. Só se tem condições de processar poucas amostras por dia, em laboratórios credenciados”, explica. Análise usa Cromatógrafo e Modelos Matemáticos - A pesquisa da professora Suzana Nixdorf começou há 20 anos, quando decidiu tornar mais fácil a avaliação do café. Ao longo do tempo, foi adaptando máquinas para fazer análises até construir, em parceria com o professor Carlos Câmara, um cromatógrafo especial. É nele que são analisados os carboidratos presentes em cada substância amostrada. O cromatógrafo emite gráficos que trazem todo perfil da estrutura. Já foram analisadas as estruturas do café arábica, do robusta, das cascas e paus de café, da soja, do milho, triticale, cevada e vários outros produtos que são comumente adicionados ao pó de café. Estão sendo finalizados os estudos sobre as diferentes torras, que também podem alterar as estruturas. Segundo ela, com a máquina desenvolvida por eles, qualquer pessoa com treino em laboratório poderá utilizar a técnica. “O que nós fizemos de diferente foi montar um cromatógrafo totalmente adaptado de partes de componentes industriais já existentes, com software desenvolvido A

DESTAQUE pelo professor Carlos Câmara”, diz. A grande vantagem, explica, é que, além de cada composto, também vai identificar a quantidade de cada um. Paralelamente, o grupo está desenvolvendo outra metodologia, para triagem, que utiliza equipamentos comuns nos laboratórios. “Com esse software, os laboratórios poderão perceber rapidamente se há algo estranho com as amostras e encaminhá-las, então, para um [laboratório] mais especializado”, diz. Segundo ela, são “superfícies de repostas”, que dispensam a análise ponto a ponto daquelas amostras que estiverem adequadas. “É um modelo matemático, quase como o que acontece nos exames laboratoriais de saúde, por exemplo”, afirma. Nesse perfil matemático, o grupo contou com a participação da professora-doutora Ieda Scarminio. A previsão é que o estudo só esteja completo daqui a um ano e meio e a intenção do grupo é disponibilizar a tecFonte: Telma Elorza | nologia para todos os interessados. (Fonte: A Jornal de Londrina/PR)

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CANA DE AÇÚCAR

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CTC lança novas variedades

RESISTENTES À SECA

Variedades já podem ser utilizadas no Centro-Sul FOTOS: Divulgação CTC

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As novas variedades apresentadas pelo CTC têm o objetivo de elevar a produtividade em canaviais que sofrem com déficit hídrico, além de evitarem perdas e prejuízos econômicos. Acima, a variedade CTC24

O

Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), localizado em Piracicaba, no interior de São Paulo, apresentou nesta semana, duas novas variedades de cana-de-açúcar, a CTC23 e a CTC24. As varietais também já foram oficialmente ofertadas no mercado e já podem ser utilizadas em canaviais da região Centro-Sul. Segundo Arnaldo José Raizer, pesquisador do centro, as duas novidades são indicadas, principalmente, para finais de safra, período em que a planta perde significativos teores de sacarose. “Elas também são resistentes à secas intensas e não florescem”, afirma o cientista. Raizer disse que a CTC23 e a CTC24 apresentaram avanços impressionantes nos campos experimentais, principalmente os localizados em regiões com grande déficit hídrico, como o Cerrado (o CTC instalou 40 áreas de testes em todas as regiões produtoras). “Os experimentos, realizados desde a safra 2009/2010, apontaram que estas variedades têm alto teor de sacarose em fins de ciclos, aumentando a produtividade do canavial”, explicou o cientista. O principal objetivo das duas varietais é elevar a produtividade dos canaviais, driblando as intempéries

climáticas (seca intensa em determinados períodos do ciclo da cana) e adaptando a planta à mecanização. “As soqueiras das duas variedades demonstraram ótima brotação e longevidade, inclusive na colheita mecanizada de cana crua”, revela Raizer. A CTC23 e a CTC24 são espécies resistentes às principais doenças e pragas da cultura. Mas o que Raizer mais destacou é a capacidade destas plantas resistirem à seca e evitarem o florescimento, processo que inviabiliza a utilização da planta para processamento. Raizer estima que, somente na safra 2011/2012, a atual, a perda de matériaprima provocada pelo florescimento

seja de 4%. Segundo ele, o florescimento ocorre quando, em períodos de seca intensa, a planta da cana cresce demais, formando uma espécie de pluma (flor) no ápice das folhagens. O fenômeno ocorreu principalmente nos canaviais da região oeste de São Paulo neste ciclo. “As regiões de São José do Rio Preto (SP) e de Araçatuba (SP) foram altamente afetadas por este problema, provocado exclusivamente pelo clima”, explicou. “O florescimento da cana é fundamental para nos fornecer material genético, mas é péssimo para a comercialização”. Marcelo Britto, gerente agrícola da Usina Jalles Machado e Otávio Lage, ambas localizadas em Goiás, cultiva nos canaviais do grupo as duas variedades mais populares utilizadas no Brasil, a RB867515 e a SP813250 e mais recentemente, tornou-se parceira do CTC para testar a CTC23 e a CTC24. “Realmente percebemos que houve uma maior produtividade e tivemos menos perdas referentes aos fatores climáticos, além de biomassa exuberante”, revela Britto. Segundo ele, nenhuma das duas variedades floresceu nos 45 mil hectares plantados em região do Cerrado. “Foi muito positivo. Em 2010, a queda de produtividade foi muito acentuada e, em 2011, este comportamento das plantas foi semelhante. A busca por variedades que evitem mais perdas é fundamental para qualquer usina”, diz ele. As novas variedades vêm sendo desenvolvidas há mais de dez anos, período normal para o processo neste setor (levando-se em conta que a canade-açúcar é uma cultura de longo prazo). Para chegar às CTC23 e CTC24, o CTC investiu R$ 150 milhões. A

Resultados obtidos em áreas experimentais do CTC e grupos usineiros parceiros, como a Jalles Machado, comprovaram a eficácia da varietal, que não floresce no auge da seca. Acima, a variedade CTC23


SILVICULTURA

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boa função nutricional , que também é diretamente influenciada pelo espaçamento entre as árvores, assim como a função de sustentação das árvores no solo. Por isso, todo o planejamento tem que ser feito pensando e respeitando a fisiologia da planta. Os cuidados com a poda também são importantes para não comprometer a capacidade fotossintética da árvore. Também vale observar o papel do eucalipto no ciclo de regeneração do solo, uma vez que plantas bem nutridas devolvem nutrientes ao terem folhas e galhos reincorporadas à terra. Além disso, o eucalipto se mostra excelente regenerador de solos degradados, por exemplo, pela exaustão da atividade agrícola, ne medida em que é capaz de resgatar nutrientes a maior profundidade e promover uma reciclagem ao devolvê-los às folhas, que serão posteriormente reincorporadas à terra. É um ganho que vai além do lucro com a produção da madeira em si. Planejamento adequado, cumprimento das etapas e recomendações técnicas, desde a escolha da espécie que melhor se adapta até o preparo do solo, são fatores determinantes para bons resultados, produtividade e retorno do investimento. A

Eucalipto: como se dá o

CICLO NUTRICIONAL FOTO: Unisafe

Consultores explicam a fisiologia da planta

A

Antonio Felipe e Pedro Francio Filho 1

árvore é um eucalipto com quatro anos e meio, aproximadamente 25 metros de altura, e está com o sistema radicular bem articulado. Antonio Felipe explica como funciona a estrutura de absorção dos nutrientes no solo, a estruturação do caule na planta e também a fotossíntese nas folhas. O que a muda precisa fazer para chegar a ser árvore? De onde vem toda a matéria? A maior parte é carbono, que estava no ar, na atmosfera. Ou seja, o eucalipto é um excelente sequestrador de carbono. Com isso, aumenta a capacidade de estruturar a raiz para continuar capturando mais nutrientes, buscando mais água no solo. Dessa forma suporta o crescimento tanto da raiz quanto do caule e folhas lá em cima. Uma das funções da folha é interceptar a luz solar para desencadear o processo de fotossíntese e gerar o açúcar, que é a glicose, a fonte primária de energia da planta, que vai se transformar em celulose, em energia para os processos de absorção. A energia para o cálcio sair do solo, dos complexos de troca do solo, e entrar na planta, vem dessa glicose que foi produzida lá em cima. Quantidade e qualidade das folhas, então, o que é determinante para o desenvolvimento da planta, depende de 1 - Consultores da Unisafe Agronegócios, Londrina (PR). Tel. (43) 30276888. Site: www.unisafeagronegocios.com.br.

25 JAN 2012


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26 JAN 2012

TEMPESTADE EM COPO DE LARANJA Jose Luiz Tejon Megido - diretor vice-presidente de Comunicação

C

do CCAS - Conselho Científico para a Agricultura Sustentável e diretor do Núcleo de Agronegócios da ESPM. [edmea@tejon.com.br]

omeçamos o ano com a ameaça de termos parte da produção do suco cítrico brasileiro proibido de ingressar nos Estados Unidos. Trata-se, neste caso, de uma “tempestade em copo de laranja”. Primeiro que os Estados Unidos, representa 15% do consumo brasileiro. 85% da nossa produção vai para outros mercados. Do ponto de vista da segurança alimentar, a produção brasileira segue os rígidos padrões internacionais e atuamos dentro da lei. Tanto internacional, como local. O fungicida Carbendazin atua contra a pinta preta, que deixa a laranja não estética. O “codex alimentar” aceita universalmente em torno de 1000 partes por bilhão dos resíduos desse químico. Exportamos para a Europa que tolera 200 partes; o Canadá 1000. O ministério da Agricultura do Brasil, determina até 5000 partes por milhão e o Japão aceita até 3 mil. Os Estados Unidos aceitavam da mesma forma até 2009, quando numa intervenção da EPA, a agencia ambiental, definiram tolerância zero nesse item. Porém, continuaram recebendo as produções brasileiras, que apresentam em média indicadores em torno de 30 partes por bilhão. A pulverização do Carbendazin foi proibida nos Estados Unidos, mas o tema não foi incluído nos registros do Safety Concern, tanto é que o produto continua sendo usado

pelos americanos na produção de maçã, pêssego, morango e outros. A proibição foi exclusiva para a citricultura americana. O assunto atual é que uma companhia processadora levantou a questão para o FDA, que lendo a nova regra, informou que a tolerância era zero. Essa nota foi levantada e a industria brasileira já esteve em reunião com os técnicos americanos, para condução da questão em vias racionais. Isso quer dizer, aceitar dentro das faixas atuais em torno de 30 partes por bilhão. O mais grave da história, não é o aspecto técnico do assunto é o problema do ponto de vista de marketing. O suco de laranja vem caindo á média de 1,6 % seu consumo nos últimos anos, e na década passada caiu 25% nos Estados Unidos, o maior mercado consumidor do mundo, representando isoladamente 40% do globo. Claro que uma noticia dessas, correndo o mundo e envolvendo o publico leigo sobre o assunto, só irá ferir ainda mais as ações de retomada de mercado que o ramo já realiza agora junto aos consumidores. Inclusive a CitrusBr que age com uma campanha de comunicação na Europa, sendo bem recebida: “I feel orange”. Sobre a possibilidade de não vendermos para os Estados Unidos, considero impossível, pois 80% do suco americano é “ blendado “ com a produção brasileira. A curto prazo haveria estoque para a oferta americana continuar, mas a médio e longo prazo os efeitos de alta nos preços e a escassez da oferta versus a demanda, terminariam por paralisar a industria daquele pais. Com certeza, trata-se de mais um tema onde a razão e o bom senso irão prevalecer. O que vale para a industria citrícola é criar de fato o CONSENCITRUS, colocando seus agentes todos em harmonia, e continuar vendendo mais, como o ocorrido em 2011, com negócios de cerca de US$ 2 200 bilhões, o record nos últimos 10 anos. Além disso, é vital aproximar o setor da ciência e da pesquisa brasileira objetivando sustentabilidade real e factível; continuar com maior ênfase fazendo marketing e melhorando o seu nivel de diálogo com a sociedade, caso contrário sempre haverá o risco de “tempestades em copos de laranja”, terem a possibilidade de serem transformados em A tsunamis na indústria.


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DAS SUBVENÇÕES A UM JUSTO EQUILIBRIO ENTRE AS PLANTAÇÕES Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [ogenevieve@ sucre-ethique.org / ogenevieve@acucar-etico.org]

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o meio das negociações em Cannes durante o G20 como logo após em Bruxelas, no final de ano de 2011, para salvar a «Zona» do Euro, o projeto de reforma da política agrícola comum - a famosa PAC Européia (não confundir com o PAC Brasileiro, ou seja, o Programa de Aceleração do Crescimento) – está sendo finalizado. Entre as soluções para salvar o euro e quase o planeta, tem-se a idéia de emitir «eurobonds», ou seja obrigações do tesouro. Todavia, o mercado (ou seja os emprestadores com a oferta de capital) precisam receber «indenizações», ou seja, os juros cada vez mais alto, (com a inflação mundial e um dólar fraco) com entradas fiscais a fim de poder emprestar ou recompor o capital dele. Uma das problemáticas da Europa é em não ter uma fiscalização própria, a não ser em cima do açúcar, chamado de «cotisação açúcar», por 123 pequenos milhões de euros anuais. O restante é trazido dos Estados membros da União Européia via o equivalente de uma parte do ICMS deles ou diretamente com contribuições do budgetos nacionais. Além disso, a Europa tem um budgeto muito pequeno (114,9 bilhões de euros para o excercício de 2011, ou seja um quarto do fundo de estabilização fornecido pelos países europeus para apagar os «incêndios» Irlandês, Português e Grego para manhã?) Como no caso do Mercosul, sem budgeto nenhum, a Europa é uma ferramenta política no qual, os dois maiores produtores de açúcar do continente (a França e a Alemanha) pretendem dar o tempo musical. Iniciado em 2003, com a dinâmica da Organização Mundial do Comércio em cima das subvenções na exportação, a Europa teve que rever a política agrícola dela. Ela passou, no caso do açúcar, de exportadora a importadora. Ao mesmo tempo, o preço do açúcar não parou de subir, talvez ajudado pelo fim das subvenções e, sobretudo, com problemáticas atmosféricas (no ano passado a cana brasileira teve água demais e este ano de menos, por exemplo). Em cima do açúcar, o próximo passo será para os produtores europeus em fazer mais esforços em cima dos preços (já teve uma concentração em cima dos países mais competitivos, basicamente a França e a Alemanha, com o fim da produção

em países como a Itália ou a Espanha). O preço terá que ir para baixo e a saída parece ser a beterraba transgênica, que poderá ter período de colheita mais largo (atualmente somente três meses de colheita são possíveis, de setembro a novembro). Que será amanhã? O açúcar europeu poderá novamente abastecer os mercados do continente ou ser um concorrente feroz à cana brasileira? Isso não será antes de uns 8 a 10 anos, segundo intervençoes durante o Seminário Internacional do Açúcar, realizado em Londres no inicio de dezembro. Inicialmente a Política Agrícola Comum, a PAC, iniciada em 1962, tinha dois objetivos. O primeiro era assegurar um fonte estável de comida para a população européia após os anos da Segunda Guerra Mundial, a agricultura foi a ferramenta para a estruturação da Comunidade Européia. De fato, não foi o aço e o carvão que criou a Europa, mas os produtos agrícolas, no qual o açúcar! Hoje em dia, o budgeto da PAC é de 53 bilhões de euros anualmente. O projeto de reforma prevê que 30% desta verba será em cima do meio ambiente, sobretudo porque neste novo século, a população européia não é mais agrícola, mas urbana e que os territórios tem que ser «mentidos». Um dos grande passos é o fim da monocultura que enfraquece as terras e a fontes de água, já que as culturas são irrigadas. De fato, o agricultor deverá dividir as plantações com, no minimo, três plantas diferentes. Sem a plantação de trigo, milho e beteraba, por exemplo, não será possível a ele poder ter subsídios. Além disso, terá subsídios ligados ao pastoreio do gado, para deixar a terra em «paz» (descanso). Isso tambem é uma técnica agronômica utilizada no Brasil. Para preparar uma terra do gado à cana custa entre RS 4000 à 5000 por hectare, de acordo com a empresa Brasileira Datagro. No fundo, o problema precisa de capital público ou privado que viabilize o plantio. Os bancos e o setor público terão que estar na jogada, tanto aqui quanto lá para estabilizar o campo. No final das contas, o caminho da Europa é tentar achar um equilíbrio justo entre capital e terra e entre modelos de cultivos, para fazer do campo uma fonte sustentável de A alimentos, quanto de dinheiro.

JAN 2012


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28 JAN 2012


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