Edição 67 - Revista de Agronegócios - Março/2012

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notícias

e-mails

BIOBRAZIL FAIR cresce 30% ao ano

43ª EXPOAGRO define exposições

Dados econômicos dão conta que até 2014 a receita de orgânicos no País deve dobrar, particularmente pelo apoio governamental e por conta dos selos que atestam a qualidade dos produtos, além da consciência orgânica e da crescente demanda do consumidor por alimentos livres de agrotóxicos. Esse é o cenário de uma das principais feiras de negócios voltada para a cadeia de produtos orgânicos, a Bio Brazil Fair 2012 – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, organizada pela Francal Feiras e que acontece entre os dias 24 e 27 de maio no pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP). A feira reúne cerca de 220 empresas expositoras e apresenta alimentos orgânicos in natura, alimentos orgânicos congelados, frutas e verduras orgânicas, leites, laticínios e ovos, pães, bolos e biscoitos, carnes, sucos e bebidas, produtos medicinais, tecidos e roupas, entre outros. Paralelamente à Bio Brazil Fair acontece a NaturalTech 2012 – 8ª Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde. Informações: www.biobrazilfair. com.br. Tel. (11) 2226-3100.

A Comissão Organizadora da 43ª EXPOAGRO - Exposição Agropecuária de Franca (SP) definiu no último dia 15 de março os turnos de realização das exposições de bovinos e equinos. A feira acontecerá de 18 de maio a 03 de junho. No primeiro turno (18 a 20 de maio) teremos a exposição do Cavalo Árabe e a Copa Brasileira / Copa Regional de Marcha de Muares. No segundo turno (25 a 27 de maio) teremos as exposições de gado Girolando e Gir Leiteiro, e a do Cavalo Mangalarga Marchador. Lembrando que durante a semana teremos os Torneios Leiteiros de Gado Gir Leiteiro e também de Girolando. A tradicional Expocães acontecerá no dia 27 de maio, durante todo o dia. No terceiro e último turno (1º a 03 de junho) teremos as exposições de Gado Nelore e de Cavalo Mangalarga. A Copa Promocional de Hipismo acontecerá durante todo o dia 03 de junho, na pista principal do Parque de Exposições “Fernando Costa”. Informações: www. franca.sp.gov.br/expoagro. Tel. (16) 37247080, com Paulinho ou Celio Rodrigues.

livros

“CARACTERIZAÇÃO DA CAFEICULTURA DE MONTANHA DE MG”

A coordenação geral da publicação é de Pierre Santos Vilela, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), representada pelo Instituto Antonio Ernesto de Salvo (INAES). São 300 páginas, distribuídas em oito capítulos que tiveram a participação de pesquisadores envolvidos com a temática. Dentre os temas abordados, caracterização da propriedade, do produtor e da atividade, condições ambientais, relações trabalhistas, gestão e comercialização, legislação florestal, economia e geração de emprego e propostas de ações políticas para desenvolvimento sustentável da atividade. Segundo levantamento do INAES, a região de montanha tem se mostrado mais vulnerável às incertezas do mercado, fruto de particularidades que a distinguem, como a maior necessidade de mão-de-obra dada sua condição geográfica, e à estrutura produtiva, predominantemente de cafeicultores familiares. Ao todo, foram amostradas 1026 propriedades, sendo 362 na Zona da Mata, e 664 no Sul de Minas, estratificadas em pequenos, médios e grandes produtores. http://www.inaes.org.br/publica/Livro_cafeicultura_de_montanha.pdf

ALEXANDRE BASILE DE CASTRO (fcordilheira@hotmail.com) Pecuarista e Agricultor. Fazenda Cordilheira - Itaú de Minas (MG). “Trabalhamos com produção diária de 4.000 litros de leite; com o plantio de 500 hectares de milho e 7 hectares com café. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. ALEXANDRE MIMI DA SILVA (alexandremimi@yahoo.com.br) Cafeicultor - Piraju (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. PEDRO MILLER MORAIS BUENO (pedromillermb@yahoo.com.br) Cafeicultor - Muzambinho (MG). “Há leitura técnica e um aprendizado permanente e constante. Ser leitor da Revista Attalea Agronegócios é, com certeza, ter uma boa colheita de conhecimentos. É uma revista que deve ser levada e passada de mãos em mãos. JOSÉ OSVALDO B. CRUVINEL (cruvinel@cooxupe.com.br) Gerente de Núcleo Cooxupé - Monte Carmelo (MG). “Recebia a Revista Attalea Agronegócios em São José do Rio Pardo/SP. Com minha mudança, gostaria de alterar o meu endereço de recebimento. CLAUDIA HELENA M. JOCHEM (claudia@jochem.com.br) Tecnóloga em Cafeicultura - Alfenas (MG). “Tenho uma empresa de corretagem de café, sou Tecnóloga em Cafeicultura e trabalho na empresa Café Quetal, que comercializa café. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. LUIS FERNANDO DA SILVA (fernando.colosio@dedeagro.com.br) Depto. Comercial - Altinópolis (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios. SÉRGIO JOSÉ MACHADO (sergiojose2004@hotmail.com) Estudante - Recreio (MG). “Recebi informação de amigos do curso técnico que frequento que a revista possui artigos muito bem elaborados e que irão enriquecer meus conhecimentos. Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios. KLAUS WAGNER HUBINGBER (max.aax@terra.com.br) Agricultor - Araxá (MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios. Achei interessante e útil o seu conteúdo. LUIZ FRANCISCO POLONI (luizfpoloni@yahoo.com.br) Agropecuarista e Cafeicultor - Sales Oliveira (SP). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios.


EDITORIAL

EVENTOS PECUÁRIA

INOVAÇÕES MUDAM NEGÓCIO DO CAFÉ NO MUNDO

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Artigo do Profº Marcos Fava Neves apresenta, em poucas linhas, informações extremamente importantes sobre a Cadeia Produtiva do Café nos últimos anos, desde o incremento no valor e quantidade das exportações, até consumo e aumento da renda.

AGRISHOW: NOVIDADES EM MÁQUINAS

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Expositores de Máquinas, Implementos e Veículos Agrícolas estarão participando da Agrishow 2012 para exibir novas linhas de produtos disponíveis no mercado.

AUMENTO DAS CHUVAS E ESTIAGENS PROLONGADAS

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Análise de dados de 121 anos e de 106 estações meteorológicas do IAC no Estado de São Paulo confirmam que é recorrente o atraso na época das chuvas, prejudicando a cafeicultura.

CAFÉ

IMPORTÂNCIA DAS SUBSTÂNCIAS HÚMICAS

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A questão chave na agricultura brasileira e mundial é: “como produzir alimentos, biocombustíveis e fibras de forma sustentável para uma população cada vez maior e mais ávida?”

ARÁBICA: NOVO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MUDAS

CAFÉ

Arábica: a propagação clonal e massal de plantas selecionadas. Destaque, também, para as informações sobre o consumo de café na Índia. Análises econômicas demonstram que, dentro dos próximos cinco anos, o país se tornará importador. Principalmente devido às mudanças no hábito de consumo. Ainda na cafeicultura, artigo interessante sobre o café Conilon ou Robusta: ‘patinho-feio’ ou um ‘cisne’ esperando crescer? Na silvicultura, apresentamos projeto inédito desenvolvido em Itapetininga (SP) incentivando a instalação de Sistemas Integrados de Produção de madeira de Eucalipto com a produção de Ovinos. Na pecuária leiteira, publicamos artigo dos pesquisadores Bruno Carneiro e Murilo Saraiva, onde é discutida a eficiência de sistemas de produção animal em pastagens. Para finalizar, estudos do de mais de cem anos do IAC comprovam o recorrente atraso na época das chuvas no Estado de São Paulo. Boa leitura a todos!

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Pesquisa em Cultura de Tecidos, desenvolvidos pelo IAC e empresas particulares, desenvolve tecnologias para a propagação clonal e massal de plantas selecionadas de cafeeiro.

TRÊS NOVAS VARIEDADES DE CANA

CAFÉ

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temporada de grandes feiras teve seu início neste mês de março. Os agricultores e pecuaristas da Alta Mogiana, Triângulo Mineiro, Sul e Sudoeste Mineiro aguardam com expectativa as novidades que “desfilarão” pela Fenicafé (Araguari/MG), o Simcafé (Franca/SP), o Circuito Mineiro de Cafeicultura (vários municípios), a Agrishow (Ribeirão Preto/SP), a Expozebu (Uberaba/ MG), a Hora Certa Cooparaíso (São Sebastião do Paraíso/MG), a Expoagro (Franca/SP), a Roda de Agronegócios (Piumhi/MG), a Expocafé (Três Pontas/MG), a Feicorte (São Paulo/SP) e a Hortitec (Holambra/SP). Nesta edição destacamos o artigo do Profº Marcos Fava Neves, da FEA/USP, de Ribeirão Preto (SP). Com brilhantismo, o professor detalha a importância do momento para a cafeicultura brasileira, e o quanto que a inovação tecnológica alterou o ‘negócio café’ no mundo. Mantendo no quesito tecnologia, publicamos matéria importante sobre a nova técnica de produção de mudas de café

EVENTOS

Expectativa de bons negócios em várias feiras pelo país

DESTAQUE

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Resultado do programa de pesquisa voltado exclusivamente para as necessidades das usinas, a Monsanto lançou três variedades de cana de açúcar: a CV7231, a CV7870 e a CV6654.

EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTAGENS

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Dois estágios são de fundamental importância em sistemas de produção animal. Cada qual desses estágios tem sua própria eficiência, a qual pode ser influenciada pelo manejo.

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EMPRESAS

WLC, mais que

UMA CORRETORA

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á mais de 30 anos na cidade de Franca (SP), a Corretora WLC hoje é sinônimo de credibilidade, eficiência e bons negócios. “Nossa relação com o mercado de café começou há quatro gerações na cidade de Espírito Santo do Pinhal (SP). Meu bisavô era produtor de café naquela cidade e, depois, meus avós e meus pais continuaram os negócios”, comenta Tom, sócio do grupo WLC Na década de 80, Washington Luiz Bueno de Camargo, o Lui- Tom, em sua sala, durante as operações na BM&F Bovespa. zinho , veio para Franca abrir a filial de uma das empresas da praticamente todos os segmentos do família de compra e venda de café e mercado de café, com operações de nunca mais saiu. compra e venda no mercado físico, Hoje a Corretora WLC pode ser CPR, Termo (futuro) a Fixar e Merconsiderada uma das mais dinâmicas e cado Interno, além de assessoria em completas do Brasil, inovando a cada padronização de qualidade, exportação dia. “Nossos clientes contam com ferramentas operacionais e informações que vão além do mercado físico. Temos mais de 10 escritórios parceiros nas maiores regiões produtoras do Brasil. Eles nos fornecem informações, amostras e relatórios que são reenviados para nossos clientes compradores de forma resumida e exata dentro de um sistema exclusivo, que é o WLC Trade”, afirma. “Outro detalhe importante”, comenta Tom, “é que esse sistema permite que o produtor tenha acesso aos preços e negócios on line através do www.corretorawlc.com.br. portal Quando cadastrado, recebe informações por mensagens de celular e email. Poderá checar seu estoque, laudos de qualidade, além de ter acesso à noticias exclusivas e chat”. Luizinho mostrando a qualidade do café na A Corretora WLC trabalha com classificação da WLC FOTOS: Editora Attalea

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e entrega na BM&F Bovespa. “Produtores que fazem parte do WLC VIP não pagam corretagem na comercialização física, mas devem ser cadastrados anteriormente”. explica Tom. Outro diferencial do Grupo, é que, através da WLC Agente Autônomo de Investimentos (agente credenciado pela CVM e parceiro da Octo Corretora de Valores DTVM), clientes podem vender seu café diretamente na BM&F, rea-lizar operações estratégicas como hedge (proteção de preço) entre outras. Para investidores do mercado financeiro, a WLC oferece negócios com ações, fundos de investimentos, dólar futuro, índices, títulos públicos e todos os produtos que o Homebroker rico.com.vc disponibiliza. Homebroker que foi considerado por revistas e sites especializados como o melhor do Brasil em 2011 e fornece cotações dos ativos BM&FBovespa em tempo real, além de vários outros serviços. A estrutura física é outro atrativo da corretora. Conta com sala de prova e classificação de café, sala de cursos, sala para investidores e sala de reuniões. “Nossos clientes podem fazer, através da nossa área educacional, cursos presenciais e online de mercado de café, mercado de ações, análises gráficas e muitos outros que fazem parte de nosso portfólio. Recebem análises e indicações de compra e venda por e-mail, além de contar com a mesa de operações em Franca, tudo de maneira ágil e muito segura”, diz. De fato, hoje a WLC é mais do que uma corretora comum, pois atua como uma ferramenta de suporte para produtores e investidores que buscam em mercados voláteis como os atuais: segurança, informações estratégicas e transparência comercial, gerando os melhores negócios e resultados positivos em suas operações. A

INFORMAÇÕES CORRETORA WLC Rua Diogo Feijó, 1957, Estação - Franca (SP) Tel. (16) 3402-8611 www.corretorawlc.com.br / atendimento@corretorawlc.com.br


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CAFÉ

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EVENTOS

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Expositores ampliam participação

NA 14ª EXPOCAFÉ

Feira atrai grandes compradores e mostra tecnologias FOTO: Samantha - MAPA/EPAMIG

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Expositores demonstram em campo o funcionamento de máquinas e implementos agrícolas

Expocafé 2012, promovida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), será realizada entre os dias 19 e 22 de junho, na Fazenda Experimental de Três Pontas (MG). Até a primeira semana deste mês, 118 empresas confirmaram participação no evento. “A tendência nesta edição está sendo a ampliação dos estandes. Temos casos de empresas que irão ampliar a área de exposição em quatro vezes em relação ao ano

passado”, informa o relações públicas Antônio Augusto Braighi, integrante da Comissão de Organização e Comercialização. Neste ano a Expocafé contará com uma área de exposição de 12, 3 mil m2 e 193 estandes, em 2011 a área ocupada foi de 10 mil m2. “Já iniciamos os estudos de viabilidade para garantirmos a ampliação da feira em 2013”, afirma o coordenador do evento e chefe do Departamento de Eventos Tecnológicos da EPAMIG, Mairon Mesquista.

A maior parte das empresas que vão participar desta 15ª edição da Expocafé têm sede na região Sudeste do País, sendo 60 do estado de São Paulo e 42 de Minas Gerais. Também estão garantidos na feira expositores dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Distrito Federal. As atividades da Expocafé terão início no dia 19 de junho com a realização do 3º Simpósio da Mecanização da Lavoura Cafeeira. O Simpósio é exclusivo para participantes previamente inscritos. A partir do dia 20 a feira será aberta ao público com a realização da exposição de equipamentos, máquinas e insumos e de eventos paralelos, como as dinâmicas de campo, os cursos de capacitação para operadores de máquinas e o evento Café com Saúde, promovido pela EPAMIG em parceria com a Universidade Federal de Lavras. Dinâmicas de Máquinas - A EPAMIG iniciou as inscrições das empresas interessadas em participar das Dinâmicas de Máquinas durante a Expocafé 2012. É uma ótima oportunidade para os expositores demonstrarem em campo o funcionamento de máquinas e implementos agrícolas a cafeicultores e operadores. O regulamento das Dinâmicas está disponível no site: www.expocafe.com.br e as inscrições de expositores podem ser feitas até o dia 30 de maio pelos telefones: (31) 3489-5001 e 3489-5078 ou pelo e-mail expocafe@ epamig.br. O número de empresas participantes é limitado (30 vagas), sendo que cada expositor pode utilizar no máximo três máquinas. A


EVENTOS

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AGRISHOW: novidades em

MÁQUINAS E IMPLEMENTOS Mercado aquecido estimula participação na feira

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proveitando o crescimento das vendas de máquinas e implementos agrícolas em janeiro de 2012, expositores de máquinas, implementos e veículos agrícolas estarão na Agrishow 2012 19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - para exibir novas linhas de produtos disponíveis no mercado. Segundo dados da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, no final do ano passado, o faturamento com a venda de máquinas e implementos agrícolas atingiu R$ 10 bilhões, crescimento de 30% em comparação a 2010. Há expectativa de aumento no faturamento de 10% a 15% neste ano em relação a 2011.

A feira tem um papel importante para contribuir positivamente no desempenho do setor. Durante os cinco dias de evento, os visitantes podem facilmente comparar as tecnologias numa mesma área e adquirir conhecimento sobre as máquinas e implementos, pois conversa diretamente com quem melhor conhece o produto. A KO Máquinas Agrícolas, de Jaboticabal (SP), acompanhando o desafio de atender as exigências crescentes de um mercado em expansão, estará presente na Agrishow com muitas novidades em pulverizadores, atomizadores e carretas para transporte. (Estande B18C) Já a Pinheiro Máquinas Agrícolas, empresa de Itapira (SP), possui a

maior ensiladeira de forragens do mercado, exclusiva com 5 facas no rotor (ideal para o corte de cana-de-açúcar). Entre os lançamentos para a feira, estão trituradores de galhos, colhedora de duas e três linhas de milho e sorgo, carreta cafeeira e a ensiladeira modelo EP-5620. (Estande B3d) Outro expositor com presença garantida na feira, é o Grupo Oimasa, representante Massey Ferguson e com sede em Orlândia (SP) e unidades em outras quatro cidades da Alta Mogiana e duas no estado de Goiás. A empresa apresentará o que existe de mais moderno em tratores para as mais diversas necessidades. (Estande D10d) Sobre a Agrishow - Completando em 2012 dezenove anos de história, a Agrishow já está consolidada como a principal feira do setor agro na América Latina. Serão mais de 360 mil m² de feira, palco de demonstrações de máquinas e equipamentos agrícolas das principais empresas do mercado, além de rodadas de negócios e visitas técnicas. Visite a feira de 30 de abril a 4 de maio. Lembrando que é proibida a entrada de menores de 16 anos. A

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destaque

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INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS MUDAM O NEGÓCIO DO CAFÉ NO MUNDO

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cadeia do café contribuiu, em 2011, com quase US$ 9 bilhões em exportações, praticamente 10% do total exportado pelo agronegócio, trazendo e distribuindo renda em milhares de pequenas propriedades e em municípios. Em dez anos, pulou da exportação anual de 18 milhões para 35 milhões de sacas. Com aproximadamente 50 milhões de sacas (2011/12), o Brasil produz competitivamente, graças à extensão, à pesquisa e à tecnologia, 40% do café mundial e tem 30% de participação nas exportações mundiais. O consumo mundial em dez anos pulou de 110 milhões para

Marcos Fava Neves - Professor Titular de Planejamento e Estratégia na FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto (SP) e Coordenador Científico do Markestrat. [mfaneves@usp.br / www.favaneves.org] 135 milhões de sacas anuais. O bom tomador de café sorve 130 xícaras por ano; o chinês, menos de uma. Lá, o consumo cresce 30% ao ano, estimulado principalmente por hábitos dos jovens que estudaram no exterior e pelo aumento de viagens internacionais da população. O consumo na Índia também dobrou na década e proliferaram cafeterias pelo país. Em 20 anos, o forte mercado interno pulou de 9 milhões para 20 milhões de sacas anuais, com produtos mais nobres. O mercado mundial deve crescer 2% ao ano, algo como 3 milhões a 4 milhões de sacas a mais.

Concorrentes do Brasil apresentam problemas na capacidade de produção e de expansão, levando a um a sensível redução de estoques. Os preços mudaram de patamares, desde 2004 até os recordes vistos em 2011. Cafeicultores estão saldando dívidas e voltaram a ter capacidade de investimento, renovando a cafeicultura. O sustentável café brasileiro emprega uma infinidade de pessoas e é fortemente punido com a anacrônica legislação trabalhista brasileira. Além dos custos crescentes e os vícios do seguro-desemprego, tem-se uma indústria de indenizações instalada. Para o desenvolvimento do Brasil, surgem até propostas para contratar estrangeiros de maneira temporária, devido à dificuldade de encontrar mão de obra local. É fundamental que os produtores inovem na governança e fortaleçam as cooperativas e as associações, coordenando melhor a oferta (qualidade e preço) com políticas de estoque, evitando oscilações de preço danosas à sustentabilidade econômica da cadeia produtiva, e capturando valor. Melhoria da produtividade via renovação, mecanização e compartilhamento de ativos, controle celular dos custos de produção são imperativos na nova cafeicultura. A parte mais fascinante são as inovações que estão levando o café a ser como o vinho – cada vez mais associado a variedade, origem, forma como foi produzido, local, sabor, complexidade da bebida, tipos de certificação, entre outros aspectos de identidade. Proliferam transações diretas de torrefadores e distribuidores internacionais com os produtores brasileiros, relatando a história e aproximando o tomador de café ao cafeicultor, nos aprazíveis momentos de consumo. Inovações em máquinas de vendas, específicas para o café expresso, que já ocupam as casas, os quartos de hotéis e outros locais. Com design arrojado, passam a fazer parte da decoração dos ambientes. O café entendeu que tem uma grande história para contar. O consumidor quer saber e dá valor para esse conhecimento. A


CAFÉ

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Cursos de degustação e classificação

ALTA MOGIANA

GANHAM ESPAÇO NA REGIÃO

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FOTO: AMSC

Com vagas limitadas, AMSC prepara curso para abril ara garantir ao consumidor um produto de alta qualidade é preciso que o café seja selecionado, classificado e preparado por profissionais capacitados. A formação e especialização destes profissionais vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado atual, em que a qualidade é indispensável. Na região estão sendo ministrados vários treinamentos visando à formação de profissionais capazes de identificar as características do café e que saibam avaliar as diferenças existentes entre sabores, aromas, acidez, amargor, corpo, dentre outras características. “Saber classificar e degustar café é de extrema importância para quem atua no setor, pois permite que o produtor identifique os atributos de qualidade que determinam o preço do seu produto; além de poder identificar o resultado dos tratos culturais empregados durante o plantio, a colheita e a pós-colheita”, comenta Calixto Jorge Peliciari, certificado cupping judge SCAA. Segundo a COB (Classificação Oficial Brasileira), o café pode ser classificado por categoria, segundo a espécie; por subcategoria, segundo o formato do grão e granulometria; por grupo, segundo o aroma e o sabor; por classe, segundo a bebida; e por tipo, segundo a cor e qualidade.

Durante os cursos de degustação e classificação, são abordados, entre outros pontos, técnicas de degustação por prova de xícara e tipos de bebidas – dura, dura para melhor, mole, estritamente mole, rio e riada, com equivalência na tabela SCAA; e mecanismos de percepção sensorial (olfato e paladar). Para capacitar os produtores da Alta Mogiana, a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) prepara, para a primeira quinzena de abril, a segunda edição do

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Na edição anterior, erramos na publicação do mapa que designa a região da Alta Mogiana para o Selo de Indicação de Procedência do INPI. Acima, o mapa correto, com a retirada do município de Rifaina (SP) e a inclusão do município de Nuporanga (SP). A região abriga 15 municípios, que produziu no ano passado 813 mil sacas de café beneficiado em 53 mil hectares de lavouras.

curso ‘Noções Básicas de Classificação e Degustação de Café’. O treinamento será ministrado pelos provadores de cafés especiais Calixto Peliciari e Julio Ferreira, da Mogiana Assessoria em Cafés Especiais. As vagas são limitadas. A


CLIMA

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Aumento de chuvas e períodos de

ESTIAGENS PROLONGADAS

Banco de dados do IAC comprovam alteração no clima

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ma base de dados de 121 anos permite que as análises climáticas sejam mais seguras e que os pesquisadores possam comparar as informações atuais com períodos anteriores. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP), possui 106 estações meteorológicas automáticas no Estado de São Paulo e tem uma das bases de dados mais antigas do País. Com essas informações, que datam de 1890, os pesquisadores do Instituto podem afirmar que desde a década de 80 é recorrente o atraso na época de início das chuvas, o que prejudica, principalmente, a florada do café, refletindo na produtividade dos cafezais e na qualidade dos grãos. A safra de 2012, por exemplo, pode ter redução de até 20% devido ao período de seca, frio e desfolha das plantas. Os estudos do IAC permitiram observar também que de 2000 a 2009 ocorreram três eventos de chuvas extremas por ano em Campinas (SP) – acima de 50mm – enquanto entre 1990 e 2000 foram dois. A mesma situação ocorreu na década de 20, quando foram registrados, em média, cinco eventos de chuvas extremas, o que mostra que as mudanças climáticas podem não ter como causa apenas o aquecimento global e sim a ciclicidade do tempo. Em 2012, o IAC registrou um evento de chuva extrema em Campinas (SP), em 16 de janeiro. Na ocasião choveu 61 mm. Em julho deste ano, o IAC com-

pleta 125 anos de pesquisas agrícolas ininterruptas. O Instituto foi responsável por iniciar a climatologia agrícola brasileira no século XIX e mantém serviços de orientação agrometeorológicas que auxiliam os produtores rurais. Normalmente, o período das chuvas no Brasil se inicia no começo de outubro e termina em março. A partir da década de 80, porém, os pesquisadores do IAC observaram que o período de estiagem se estendeu para até o fim de outubro e começo de novembro. “As chuvas são importantes para a agricultura porque o plantio começa a partir da primeira chuva. Esse atraso das chuvas pode causar prejuízos para várias culturas, sendo uma delas o café provocando floradas tardias, prejudicando as fases de enchimento dos grãos e de maturação”, afirma Marcelo Bento de Paes Camargo, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O café, normalmente, começa a florescer no início de setembro e tem a florada principal até o começo de outubro. De acordo com Camargo, nos últimos cinquenta anos, os principais atrasos na florada ocorreram em 1964, 1994 e 2007. Nas ocasiões, além do atraso, a safra foi prejudicada, principalmente, pela falta de chuva. “As plantas ficaram debilitadas, as folhas caíram e o pegamento da floração foi muito baixo. A safra de 64, por exemplo, foi de 0, a de 94 – em que houve

seca e geada – diminuiu a produção em até 60% e a de 2007, a quebra chegou a 30%”, afirma o pesquisador do IAC. Segundo Camargo, 2011 foi um ano frio, tanto no inverno como na primavera, o que prejudicou o enchimento dos grãos de café. “Os grãos estão menores e a seca de agosto e setembro provocou a desfolha da planta além do normal, provocando queda dos frutos. Este problema ocorreu em todo o Estado de São Paulo e também no Sul de Minas Gerais. O problema climático de atraso no início das chuvas altera a função da seca e até agora podemos estimar uma perda de 20% da produtividade do café, e sem contar a qualidade do produto final”, explica. O café passa por seis fases até ser colhido. A primeira é a vegetação e formação das gemas foliares, a segunda, de indução e maturação das gemas florais, seguida da florada, chumbinho e expansão dos frutos. A quarta fase é a da granação, seguida da maturação dos frutos e, por fim, o repouso e a senescência dos ramos terciários e quaternários. Segundo Camargo, o atraso de uma das fases vai prejudicar a seguinte, pois cada uma delas precisa de uma condição climática diferente para melhor produtividade e qualidade da bebida. “As cooperativas estão preocupadas com a próxima safra porque tivemos uma seca em fevereiro, que afetou a fase vegetativa da planta, e depois, uma em agosto até outubro, a qual atrasou a florada e causou a desfolha. Não se sabe o quanto o café perderá de qualidade se em 2012 ocorrer muita chuva, devido ao tamanho dos grãos. Até agora há a estimativa de 20% de perda da produtividade, mas esse número poderá ser maior”, explica Camargo. O produtor tem como alternativa para melhorar as condições de sua lavoura a utilização da irrigação ou


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da arborização. “Ele pode usar a irrigação para minimizar os efeitos da seca”, afirma Camargo. A utilização de árvores nos cafezais é outra opção para deixar o clima mais ameno e diminuir a intensidade dos ventos. “Com utilização das árvores – de porte alto – o produtor acaba perdendo um pouco da área de cultivo, mas melhora a qualidade do seu cafezal”, diz. Em tese, a utilização de árvores nos cafezais pode reduzir em até 3 ºC a temperatura ambiente e com a diminuição da ocorrência de ventos há menos problemas fitossanitários que afetam as plantas localizadas em altitude mais elevada. Chuvas Extremas – De acordo com o pesquisador do IAC, Gabriel Constantino Blain, somado aos problemas da estiagem, há ainda a elevação dos eventos de chuvas extremas – precipitações pluviais superiores a 50 mm. “Ao mesmo tempo em que estamos enfrentando um atraso na retomada da estação agrícola chuvosa, ou seja, estamos tendo mais problemas com a seca agrícola, observamos também, especialmente nos meses de dezembro a janeiro, de 1985 para cá, graves problemas com as chuvasextremas”, afirma o pesquisador do IAC. Com esse acúmulo de água, o solo fica encharcado e pode ocorrer deslizamentos de terra em alguns pontos críticos, além de inundações. “Hoje em dia, não se pode separar o evento extremo deprecipitação do crescimento desordenado das cidades que impermeabilizam o solo”, afirma Blain. De 2000 a 2009, ocorreram em média três eventos por ano de chuvas extremas em Campinas, enquanto na década de 90 foram dois. Essa quantidade de dias com chuvas fora do comum se assemelha aos índices da década de 1920, quando ocorreram, em média, cinco chuvas extremas por ano. O IAC trabalha com hipóteses para o aumento da quantidade de chuvas intensas e a semelhança dela com a década de 20. Segundo Blain, uma possível explicação são os fenômenos climáticos como o El Niño, a oscilação decadal do oceano Pacífico e também o aquecimento global.

FOTO: Divulgação IAC

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“Pode não ser ainda uma mudança de clima. O clima voltou a um padrão que apresentava há 90 anos. Retornou a um período de elevada variância, ou seja, de frequência de eventos de chuvas extremas”, afirma. De acordo com o pesquisador, não se pode desconsiderar as causas naturais do meio ambiente, porque é difícil pensar em aquecimento global na década de 20. A pesquisa trabalha apenas com hipóteses e levará algum tempo ainda para se ter certeza das causas do aumento das precipitações extremas e a demora para início das chuvas. “O sistema atmosférico é chamado de caótico e é difícil atribuir a causa de uma alteração a apenas um fator”, explica. A média anual de chuva em Campinas varia entre 1500 e 2 mil milímetros. De acordo com o pesquisador do IAC, a quantidade de chuva continua a mesma desde a década de 20, mas em menor quantidade de dias, mudando a distribuição temporal. “A

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chuva diária, antes tinha em média 10 mm, hoje, com o desvio de padrão, pode chegar até a 40 mm e depois ficar longos períodos sem chover”, afirma. A explicação é que a precipitação pluvial, diferentemente da temperatura, sofre com a falta de memória. “Se hoje estiver muito quente, amanhã possivelmente também estará. Os valores elevados de temperatura tendem a agrupar-se temporalmente. No caso das chuvas, esse fato não acontece. Hoje pode chover muito e amanhã não chover nada”, explica Blain. Os dados gerados nas 106 estações meteorológicas automáticas do IAC contribuem com o universo urbano ao orientar os trabalhos preventivos das unidades de Defesa Civil paulista. Os órgãos utilizam as informações em ações preventivas em períodos de seca e de chuvas, respectivamente, para evitar queimadas e desmoronamentos. Eles são também utilizados para registrar, avaliar e transferir informações sobre chuvas e outros dados climáticos necessários para os agricultores adequarem o manejo das culturas com menor desperdício de produtos, melhor aproveitamento para as lavouras e menor impacto ambiental. A climatologia agrícola brasileira iniciou-se no IAC no século XIX e mantém serviços de orientação agrometeorológica que auxiliam produtores no manejo dos campos, envolvendo aspectos de controle fitossanitário e aplicação de defensivos. A


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Importância das Substâncias Húmicas

NA QUALIDADE DOS SOLOS

Fertium® confere maior equilíbrio químico, físico e biológico

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as próximas décadas, a Agricultura Brasileira será submetida a grandes desafios, só comparado à Revolução Verde, ocorrida nas décadas de 60 e 70 do século passado. A questão chave é: Como produzir alimentos, biocombustíveis e fibras de forma sustentável para uma população brasileira e mundial cada vez maior e mais ávida em suprir as suas necessidades, sem a degradação do meio ambiente e com o menor impacto ambiental? Os solos agrícolas estão sendo submetidos a uma pressão nunca vista e é necessário um manejo adequado para manter ou aumentar o seu potencial produtivo a longo prazo. Dentro deste contexto, o Grupo Bio Soja vem ao longo dos anos pesquisando e desenvolvendo produtos que possam aumentar a produtividade das culturas, melhorar a rentabilidade da atividade agrícola e minimizar os impactos da agricultura no meio ambiente. Os produtos da linha Fertium® são classificados em dois grupos: condicionadores de solos e fertilizantes organominerais. A principal característica destas linhas de produtos são os altos teores de substâncias húmicas (SH). As substâncias húmicas (SH) promovem a melhoria das propriedades físicas, físico-químicas e biológicas dos solos. Portanto, são um componente fundamental na qualidade dos sistemas agrícolas e na manutenção da sustentabilidade agrícola dos solos cultivados. As substâncias húmicas (SH) não substituem o fornecimento de fertilizantes FOTO: Divulgação

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minerais, mas têm por objetivo maximizar os seus benefícios nas culturas. A Matéria Orgânica nos Solos O solo possui três fases: a fase sólida, a líquida e a gasosa. A fase sólida do solo é constituída pela fração mineral e orgânica. A fração orgânica corresponde a matéria orgânica do solo, que na grande maioria dos solos minerais das regiões tropicais e subtropicais não ultrapassa a 5%. A matéria orgânica é fundamental na qualidade dos sistemas agrícolas, sendo essencial para a manutenção da fertilidade dos solos e da sustentabilidade dos agroecossistemas. Em solos tropicais altamente intemperizados, a matéria orgânica tem grande importância no fornecimento dos nutrientes às culturas, na retenção de cátions, na complexação dos elementos tóxicos e dos micronutrientes, na estabilidade da estrutura do solos, na retenção de água na atividade e diversidade microbiana dos solos. A matéria orgânica do solo é um sistema complexo de substâncias orgânicas, cuja dinâmica é governada

pela adição de resíduos orgânicos de diversas naturezas e pela sua contínua transformação sob ação de fatores biológicos, químicos e físicos. Portanto, o termo matéria orgânica abrange todos os componentes orgânicos do solo, nos seus diversos estágios de decomposição, ocorrendo em íntima associação com os constituintes mine-rais do solo. A matéria orgânica do solo pode ser dividida em dois grupos: substâncias não húmicas e substâncias húmicas. O primeiro grupo constitui uma pequena fração do teor de carbono do solo, representando entre 10 e 15% da matéria orgânica total do solo. São substâncias relativamente fáceis de serem degradadas pelos microrganismos do solo e tem permanência muito pequena no solo. Já o segundo grupo, as substâncias húmicas (SH), são o principal componente da matéria orgânica do solo (85 a 90%). As SH são o estágio final da humificação dos resíduos orgânicos do solo e representam as frações mais ativas da matéria orgânica. São responsáveis pelos inúmeros processos físicos e físico-químicos que ocorrem nos solos. As culturas cultivadas em solos tropicais com alto teores de substâncias húmicas são mais produtivas, economicamente viáveis e as produções são sustentáveis a longo prazo nos sistemas agrícolas. O que são as Substâncias Húmicas (SH) - Conforme comentado anteriormente, as SH são o estágio final da humificação dos resíduos orgânicos do solo. São uma mistura complexa de compostos orgânicos com natureza, principalmente coloidal (partículas extremamente pequenas), apresentando propriedades ligeiramente ácidas e com grande interação com outros componentes do solo, as frações minerais. As SH são classificadas em


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TECNOLOGIA

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Benefícios nas propriedades físicas dos solos • Melhora as propriedades físicas do solo, formando e mantendo agregados com alta estabilidade. A estrutura granular favorece maior infiltração da água, aeração do solo e maior resistência do solo à erosão. • Diminui a plasticidade e coesão dos solos argilosos, minimizando a sua compactação; • Diminui as oscilações da temperatura dos solos, propiciando maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas e maior atividade microbiana. Benefícios na disponibilidade de nutrientes às plantas • Aumenta a disponibilidade de fósforo às plantas, com a redução da fixação deste nutriente através da complexação dos óxidos de ferro e de alumínio dos solos e liberação de parte FOTOS: Bio Soja

três frações ou grupos químicos, baseados na sua solubilidade em meio ácido e em meio alcalino: ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas. Todas as frações ou grupos químicos das SH são relativamente estáveis nos solos. Os ácidos fúlvicos são a fração mais facilmente degradada pelos microrganismos dos solos e os ácidos húmicos e as huminas são mais resistentes ao ataque microbiano. As SH do Fertium® proporcionam uma série de benefícios às plantas e aos solos. Benefícios nas plantas • Aumenta a capacidade germinativa das sementes e o enraizamento das mudas transplantadas; • Estimula o desenvolvimento do sistema radicular das plantas proporcionando maior absorção de água e nutrientes; • Maior resistência das plantas aos estresses ambientais, tais como: veranicos, variações bruscas na temperatura do solo e do ar; • Maior desenvolvimento vegetarivo das culturas; • Maior produtividade das culturas. Benefícios nas propriedades físicoquímicas dos solos • Aumenta a capacidade de retenção dos cátions (CTC) dos solos, reduzindo as perdas dos nutrientes catiônicos por lixiviação, tais como: potássio, cálcio e magnésio. A CTC do Fertium® é de 900 mmolc/kg, enquanto que a CTC da maioria dos solos brasileiros situa-se entre 50 e 100 mmolc/kg; • Aumenta a capacidade de retenção de água (CRA) dos solos, tornando as plantas mais tolerantes aos veranicos.

do fósforo anteriormente adsorvido pela fração mineral; • Aumenta a disponibilidade de potássio, cálcio e magnésio às plantas, pela redução das perdas destes nutrientes por lixiviação, principalmente nos solos com menor capacidade de retenção de cátions (solos arenosos ou de textura média e os solos altamente intemperizados). Benefícios nas propriedades biológicas dos solos • Estimula a atividade dos microrganismos benéficos às plantas, fornecendo substâncias húmicas, ácidos orgânicos e outros compostos que servem de fonte de energia e de nutrientes. PRODUTOS BIO SOJA - Atualmente, a Bio Soja possui uma linha completa de condicionador de solos e fertilizantes organominerais. O Fertium® é um condicionador de solos com altos teores de substâncias húmicas proveniente da humificação dos materiais orgânicos ao longo de milhares de anos. Possui 17% de COT e CTC de 900 mmolc/kg de produto. O Fertium® Phós é um fertilizante organomineral com altos teores de substâncias húmicas enriquecido com fósforo prontamente disponível às plantas (fósforo solúvel em CNA+água e em água). Além das substâncias húmicas, possui 3% de N e 15% P2O5. A CTC do produto é de 500 mmolc/kg.

CONCORRENTE

FERTIUM® PHÓS

Café com 15 meses após o transplante (foto em 31 de março de 2011)


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Invasão de sacaria de juta importada ATINGE INDÚSTRIA NACIONAL Castanhal reduz produção e demite 820 funcionários

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vanço da importação de sacos de juta - utilizados principalmente para embalar o café - afeta o mercado dos fabricantes da Amazônia, que já iniciaram demissões. Os fabricantes nacionais foram afetados pelo menor preço dos sacos de juta fabricados na Índia e em Bangladesh, que chegam ao País cerca de 10% mais baratos em relação aos produtos nacionais. A Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), por exemplo, uma das maiores fabricantes de sacos de juta do País, cortou quase pela metade o número de empregados nos últimos meses. “Até 30 de outubro, a fábrica de Castanhal, no Pará, trabalhava em quatro turnos, sete dias por semana”, conta o presidente da empresa, Hélio Junqueira. De lá para cá, foram demitidos

820 empregados e os atuais mil funcionários da fábrica trabalham hoje 44 horas por semana e em turnos normais. A produção de sacos de juta, que era de 1.080 toneladas por mês, foi reduzida a 600 toneladas mensais. A mudança no ritmo de produção se deve, segundo Junqueira, à entrada de produtos importados da Índia e de Bangladesh. A unidade do saco importado para café sai, em média, por R$ 3,75, enquanto o preço do saco de juta nacional para a mesma finalidade gira em torno de R$ 4,15. “O Brasil, como um todo, tem sido um país muito caro. Se uma fábrica da Índia se estabelecer do outro lado da rua onde está a minha empresa, ganho dela em competitividade”, diz o empresário, que atua no setor há 46 anos. Ele explica que o produto

brasileiro perde na competição com os importados por causa da pesada carga tributária, encargos trabalhistas e deficiências na infraestrutura, entre outros fatores. “Dentro do portão da fábrica somos mais competitivos.” A cadeia produtiva da juta, da produção da fibra até a confecção do sacos, se destaca pela autossuficiência do País. Porém, o que se viu no ano passado foi um avanço dos volumes importados. Segundo Junqueira, entre 2001 e 2010, o País importava entre 150 e 200 toneladas de sacos de juta por ano. Em 2011, foram 3.600 toneladas. Produtores. O impacto do avanço dos sacos de juta importados já atinge os cerca de 15 mil produtores ribeirinhos, que cultivam a fibra às margens dos Rios Amazonas e Solimões, nos Estados do Pará e Amazonas. Hoje os produtores estão na fase de colheita e venda da safra. Arlindo Leão, secretário executivo do Instituto de Fibras da Amazônia (Ifibram), relata que o preço do quilo da fibra recebido pelo produtor nesta safra oscila entre R$ 1,70 e R$ 1,80. Na mesma época de 2011, a cotação do quilo estava em R$ 1,90. A

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Novo sistema de produção de

MUDAS DE ARÁBICA

responsável pela pesquisa, desenvolvimento e inovação de tecnologias, desenvolveu um novo sistema de produção capaz de atender as necessidades do setor. A parceria inédita realizada entre as empresas Instituto Biosomática, IAC Café e SBW do Brasil resultou na otimização da técnica inovadora de produção massal de mudas superiores. Três genótipos com elevado potencial de comercialização e com valores agronômicos agregados foram produzidos em escala piloto. Os resultados obtidos foram promissores, superando a expectativa de produção em 10 vezes. Agora estamos na fase de acompanhando das mudas no campo. Paralelamente ainda, outros centros de pesquisa já enviaram suas variedades para serem submetidas à otimização nesta tecnologia. Este sistema de produção é muito superior aos anteriores por utilizar material vegetal simples para iniciar a propagação, garantir milhares ou até milhões de mudas com elevado padrão de fitossanidade e produtividade, e maior flexibilidade no planejamento, uma vez determinada a estratégia de produção, o cliente/produtor poderá implantar seu novo cafezal no momento em que desejar. Além de manter a planta matriz produtiva, ou seja, sem necessidade de destruição da mesma como ocorre para outras culturas, a embriogênese somática do cafeeiro permite que genótipos responsáveis pelas características de interesse como, por exemplo, sanidade, precocidade, qualidade dos frutos, produtividade, porte e arquitetura da planta sejam retidos no melhor indivíduo selecionado, como resultado final de um processo de melhoramento genético. O uso dessa tecnologia permite viabilizar a produção escalonada de mudas idênticas, reduzir os custos de produção e implantação do cafezal, aumentar a eficiência do processo proporcionando maior produtividade e consequentemente maior lucratividade para o produtor. Uma vez estabelecidas as variedades excepcionalmente produtivas, a produção em larga escala está garantida. A embriogênese somática do cafeeiro consiste na coleta de folhas jovens para iniciar o processo de propagação. Pequenos fragmentos foliares são colocados em meios nutritivos específicos para induzir a formação de uma massa celular com elevado potencial de regeneração, que após diversas modificações fisiológicas e estruturais, irão originar milhares de embriões capazes de se desenvolverem em plantas adultas idênticas àquela selecionada como planta matriz. A

Propagação clonal e massal de plantas selecionadas Joyce Meire Gomes Ferreira 1

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onsiderando que estamos próximos do momento de renovação dos cafezais e para isso será necessária uma ferramenta capaz de produzir centenas, milhares e até mesmo milhões de mudas para a reposição das plantas atuais, faz-se necessário o desenvolvimento de tecnologias para a propagação clonal e massal de plantas selecionadas de cafeeiro. A propagação vegetativa do cafeeiro apresenta-se como uma excelente alternativa na busca de avanços para a produção de mudas. Dentro da cultura de tecidos, a embriogênese somática destaca-se como uma importante ferramenta de multiplicação de plantas selecionadas. Esta técnica vem sendo conduzida de forma promissora em alguns programas de melhoramento de espécies deste gênero, embora ainda apresente vários entraves relativos ao genótipo. Com o objetivo de elevar a produtividade e reduzir as perdas Joyce Meire Gomes Ferreira - Bióloga MSc, Coordenadora do projeto Embriogênese Somática de Café do Instituto Biosomática.

FOTO: Divulgação

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O processo de embriogênese somática do cafeeiro: Folha de café selecionada para iniciar o processo; Células formadas no tecido foliar; Formação de embriões somáticos; Desenvolvimento dos embriões somáticos; Germinação de embriões somáticos; e mudas de café enraizadas.

causadas pelas pragas e doenças, os principais centros de melhoramento genético como o Instituto Agronômico de Campinas, Fundação Procafé, Embrapa Café e IAPAR, desenvolveram variedades superiores. O Instituto Biosomática,


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Gene de bactéria permite a

BROCA COLONIZAR CAFÉ Pesquisa em cafezais da Colômbia comprova tese

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broca-do-café, escaravelho que é uma das maiores pragas dos cafezais, pode ter adquirido sua capacidade de colonizar as plantações graças a uma transferência de genes procedentes de uma bactéria presente em seus intestinos. Um estudo publicado no início do mês de março pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), desenvolvido pela equipe do Departamento de Biotecnologia e Entomologia no Centro Nacional de Pesquisas de Café da Colômbia, chegou à conclusão de que uma “transferência horizontal de genes” da bactéria para o escaravelho permite ao inseto produzir uma proteína que absorve um carboidrato-chave presente nos grãos de café.

A broca-do-café (Hypothenemus hampei) representa uma grave ameaça para a produção mundial do fruto e a cada ano causa prejuízos calculados em US$ 500 milhões, o que afeta 20 milhões de famílias de agricultores. A transferência genética horizontal, ou lateral, ocorre quando os genes passam de uma espécie a outra por meios não sexuais e é uma força evolutiva significativa entre as células procariontes, aquelas que carecem de núcleo celular diferenciado e cujo material genético se encontra disperso no citoplasma. “Há muitos exemplos da importância desta transferência lateral de genes como mecanismo de adaptação ecológica neste domínio da vida”, escreveram os autores. Por outro lado, são muito me-

nos comuns as transferências genéticas horizontais entre os eucariontes, domínio que inclui organismos unicelulares e pluricelulares, cujas células têm núcleos verdadeiros. Os exemplos de transferência lateral entre animais são ainda mais raros. Os cientistas identificaram um gene da praga, denominado HhMAN1, que, segundo eles, dá provas claras de uma transferência genética lateral a partir de bactérias. “O HhMAN1 codifica uma enzima, a mananase, que representa uma classe das glicosídeo hidrolases jamais encontrada nos insetos”, explicaram os pesquisadores. O gene provavelmente se originou em bactérias do intestino do inseto, acrescentaram os autores, que realizaram uma ampla pesquisa geográfica com amostras de insetos colhidas em 16 países de Ásia, África e Américas. A presença do HhMAN1 foi detectada em 37 amostras diferentes e “a aparente onipresença do HhMAN1 no inseto indica que a transferência genética horizontal precedeu as invasões da praga a partir de sua origem, no oeste da África, a América Latina e Ásia”, aponta o artigo. A

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cional do Café em 2010, há uma diferença de preços de US$ 1,41 por quilo entre estes cafés – mais que o dobro! O motivo? A resposta tem a ver com pelo menos três décadas de pesquisa e desenvolvimento e melhorias substanciais nos múltiplos processos de transformação. Também devem ser considerados o efeito de programas de marketing para os arábicas de alta qualidade,e o maior conhecimento do consumidor final, exigindo melhor qualidade nas cadeias de cafés comerciais como McCafe, Dunkin Donuts. Na verdade, a fórmula do sucesso dos arábicas não é um segredo; são os padrões de qualidade na cadeia de produção, a educação do consumidor e a ética nas relações de marketing. A mesma fórmula pode ser aplicada ao Robusta, mas o trabalho não é feito. O primeiro passo é descobrir o material genético e regiões com vocação para a qualidade. O segundo passo é garantir a qualidade, treinando pessoas (degustadores) capazes de distinguir esses Robustas de melhor qualidade e diferencia-los exatamente como os Arábicas: por xícara, e grau. Também foi descoberto que os Robustas Finos podem distinguir-se -igual ao Arábica- por seu país de origem; vários Robustas têm arrancado pontos acima de 80 no momento da degustação. Entre as origens, destacam-se os já reconhecidos Robustas do leste da África: Uganda, Tanzânia, República do Congo, onde o café Canephora permanece silvestre em florestas tropicais de altitude, mais de mil metros acima do nível do mar. As variedades Robusta, Kuillou e Buganda nesta região apresentam uma variação genética marcante e xí-

Robusta: o ‘patinho feio’ ou o ‘cisne’

ESPERANDO PARA CRESCER?

Pesquisa em cafezais da Colômbia comprova tese

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Manuel Diaz 1

s duas espécies de café mais comumente conhecidas à nível comercial, são a Canephora – cujo uma das variedades é o Robusta¬ e a Arábica, mas há cerca de 60 espécies de café, algumas das quais têm potencial econômico. Por razões históricas e preferências de mercado, o café arábica ganhou a reputação de ser o irmão “bom”, enquanto que o Robusta era como o patinho feio da família. O café robusta foi “descoberto” há relativamente pouco tempo, no final do século XIX, e conhecemos pouco dessa família do café. Embora a exploração comercial do café Robusta na África tenha começado no início do século XX, os esforços de pesquisa e de melhorias se concentraram no café arábica, negligenciando o patinho feio com o seu potencial para se tornar um cisne. Durante várias décadas, os preços do café Robusta continuaram perto do café arábica, e a diferença era pequena. Atualmente, há grande disparidade de preços entre Robusta e Arábica. Segundo os indicadores da Organização Interna1 – Engº Agrônomo. Especialista em degustação de Robusta do CQI.


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caras únicas. Na África Ocidental e Central também se encontram ótimos Robustas, assim como em Madagascar, onde o café Canephora também é nativo. Entre os países que introduziram o café Canephora de forma extensiva há um grande potencial para a qualidade e esses países já começam a desenvolver alguns esforços de diferenciação. Falamos de Indonésia, Índia, Brasil, Equador e México. E quanto a América Central? Alguns países decidiram negar a produção de Robusta, em vez de investigar as suas reais possibilidades. O CQI- Coffee Quality Institute (Instituto para a Qualidade do Café), começou nos últimos anos uma série de pesquisas e workshops para formar degustadores de Robustas Finos no Brasil, México, na África e Indonésia. Todos conhecemos o ditado “não compare pêras com maçãs”. Da mesma forma, muitas vezes se comenta que uma xícara de Robusta é desagradável por compararem os piores Robustas (com defeitos sem preparação adequada) com o melhor Arábica. A Desigualdade na comparação é óbvia! Afinal, 40% da produção mundial é de café Robusta, proporção que con-

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tinuará crescendo, pois o seu cultivo apresenta várias vantagens, tanto de manejo como econômicas. O Robusta, em geral apresenta menores custos de produção e tem um rendimento muito maior que o Arábica, tolera temperaturas mais quentes e algumas variedades são resistentes à seca, ferrugem e nematóides, não há problema algum em cultivá-lo em altitudes mais baixas (100 a 900 m ). Em termos de processo, tal como o Arábica têm- se favorecido os lavados por sua acidez pronunciada e limpeza na xícara, os Robustas parecem apresentar características mais interessantes ao serem processados de maneira natural, pois a doçura permanece, amenizando o amargor que muitos temem. Como mencionei anteriormente, o Robusta tem sofrido particularmente de uma má reputação ou equívocos que colocam os produtores de café em uma grande desvantagem. Não se esqueça que a qualidade não depende apenas do “tipo”, mas também da variedade, do solo onde crescem, do processo, do cuidado, preparação, etc. Chegou o momento de considerar isto e preparar o Robusta com o mesmo cuidado que os arábicas especiais - pro-

cesso cuidadoso, removendo falhas-, é quando começamos a descobrir a realidade. Muitos torrefadores têm comentado que ao desgustarem bons Robustas,se dão conta do que o mundo estava perdendo. O perfil de sabor dos cafés Robusta é distinto. É caracterizado por baixa acidez e doçura, e um gosto mais amargo do que o Arábica. No entanto, por esta razão, podemos encontrar xícaras com nuanças muito agradáveis: especiarias, achocolatadas, amanteigadas, complexas. Históricamente, o Robusta é usado em misturas de café espresso, para dar um corpo maior, uma melhor crema e certa característica especial muito apreciada em espressos italianos. No entanto, o Robusta trará surpresas no futuro próximo, quando programas de pesquisa tecnológica, desenvolvimento, treinamento de especialistas, e diferenciação no mercado renderão frutos. O Café Robusta não substituirá o Arábica, lavados ou naturais, simplesmente porque são produtos diferentes e devem ser vistos como tal. Há mercado para todos e o melhor para o Robusta é fazê-lo bem e explorar as suas características positivas. Afinal de contas, nem patos e cisnes eram iguais, mas no final da história, qual era melhor …? A


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Piumhi (MG) realiza em maio a

10ª RODA DE AGRONEGÓCIOS “Produtividade e Tecnologia na palma de sua mão”

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Sindicato Rural de Piumhi (MG) realizará, de 23 a 25 de maio, no Parque de Exposições “Tonico Gabriel” a 10ª Roda de Agronegócios. A Roda de Agronegócios permite ao produtor rural a oportunidade de em um espaço pequeno de tempo visitar todos os estandes e comparar os preços, a qualidade dos produtos, sendo que as empresas também ganham por expor seus produtos e as condições de pagamento para um grande número de compradores reunidos no mesmo local. O presidente do sindicato Rafael Alves Tomé (Juninho Tomé), relata que esse ano o evento tem tudo para alcançar um crescimento expressivo, pois os preços dos produtos, como café, milho,

arroba de boi, entre outros tiveram um aumento e o produtor está animado a investir e comprar novas máquinas, equipamentos, adubos e defensivos. Os organizadores reuniram-se no início de março para discutir e propor modificações para o evento. Cerca de 80 pessoas, entre elas empresários, agentes bancários, produtores rurais e a imprensa local estiveram presentes. Durante o encontro, foram propostas algumas mudanças que visam melhor rendimento para os participantes nesse ano, como data, horário e local do evento. Segundo um dos organizadores e também empresário, Flávio Garbin,

o ideal é realizar a abertura do evento na quarta-feira e seguir até a sexta-feira, pois essa é uma forma de facilitar o contato entre as empresas e os fornecedores. “O encerramento no sábado acaba atrasando os negócios dentro da roda, que ficam para a segunda-feira. E dessa forma será mais produtivo, pois durante a noite quase não se fazem negociações”, pontuou. Com relação ao local, os organizadores sugeriram de montar a Roda no estacionamento, devido ao espaço físico, especificamente para empresas de máquinas e implementos agrícolas que precisam de uma área maior para expor seus equipamentos. A sugestão foi aprovada pela maioria dos empresários presentes. No ano passado, o evento reuniu 35 empresas expositoras e disponibilização de mais de R$ 40 milhões em linhas de crédito para custeio e financiamento de insumos, adubos, sementes e máquinas agrícolas para o produtor rural, contando com o apoio de cinco agentes financiadores, Banco do Brasil, Bradesco, Sicoob Credialto e Sicoob Credifor. (Inf.: www.rodadeagronegociosdepiumhi.com.br) A

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bucks e Nestlé, afirmou Anil K. Bhandari, presidente da India Coffee Trust. Até então, redes de varejo de marca única poderiam reter até 51% das operações indianas. Para Bhandari, dentro de uma década, o consumo interno poderá facilmente ultrapassar 3 milhões de sacas por ano, ante ao consumo atual de 1 milhão de sacas. Cada saca é equivalente a 60 quilos, tornando o consumo atual da India em 60.000 toneladas. Segundo Bhandari, a produção doméstica de café deverá atingir cerca de 307.000 toneladas no ano que se encerra em março, levemente acima das estimativas anteriores, devido ao bom volume de chuvas. Quase 80% da produção anual média de 300.000 toneladas da India é exportada. “Desde cidades pequenas como Jalandhar, no Estado de Punjab no norte do país, até cidades remotas no noroeste, você encontrará a cultura do café se espalhando por todos os lugares”, disse Bhandari. “Nesses lugares, todos querem passar tempo nas cafeterias e seus pais não se importam”, completou. Os pais são, em grande parte, conservadores na India e preferem ver os jovens passando tempo em cafeterias do que em bares. Bhandari completou que o consumo de café na India está crescendo 6,5% ao ano, enquanto a demanda global está crescendo 2.5%. Enquanto a Starbucks está próxima de finalizar os seus planos de investimento na índia, outras companhias, como a Nestlé e Hindustan Unilever também estão interessadas, afirmou Bhandari. Tradicionalmente, o hábito do consumo do café estava em grande parte limitado a região sul da India, enquanto o chá era a bebida preferida no restante do país. Mas, com a entrada de redes de cafeterias de marca nos últimos dez anos, como a Coffee Cafe Day e Barista’s, o perfil do consumidor de café tem mudado rapidamente, com os jovens em todas as cidades do país bebendo café. A indústria indiana espera criar novas estradas que levem para as propriedades cafeeiras do país e buscou fundos no governo para a promoção da bebida sob o Plano de Cinco anos, que reserva verbas federais de longo prazo para diferentes segmentos da economia. Pela primeira vez, a indústria interna lançou o Festival Internacional do Café, com duração de três dias na capital indiana de Nova Déli, se afastando do sul da India, onde este tipo de evento é geralmente realizado. As informações partem de agências internacionais. (Fonte: Agência Safras e CaféPoint). A

Índia poderá se tornar importador

DE CAFÉ NOS PRÓXIMOS 5 ANOS De 4º maior exportador para importador de café

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Índia, quarto maior país exportador de café do mundo, poderá se transformar em importador do grão dentro dos próximos cinco anos, com o hábito de consumo da bebida rapidamente ganhando popularidade, de acordo com um executivo líder da indústria. A estrela das marcas multinacionais está em ascenção, com diversas companhias buscando tirar proveito do mercado indiano, depois que o governo local decidiu abrir espaço para as redes de varejo de marca única. O arrefecimento do controle governamental para a permissão de investimento estrangeiro direto no início deste mês provocou o forte interesse de redes de varejo como StarFOTO: Divulgação

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São Sebastião do Paraíso abre

CIRCUITO MINEIRO CAFEICULTURA Evento deste ano acontecerá em 12 municípios do Sul de MG

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abertura do Circuito Mineiro de Cafeicultura 2012 aconteceu em 15 de março, no município São Sebastião do Paraíso (MG). O evento contou com a participação de cerca de 500 representantes da cafeicultura regional, estadual e nacional e de representações das cooperativas, sindicatos, universidades e demais órgãos e entidades do setor. Por ser um ano com eleições municipais, o Circuito - reconhecido como oportunidade de integração e troca de conhecimento para os cafeicultores do Estado -, terá sua programação antecipada e reduzida. Serão realizados eventos em 12 municípios do Sul de Minas, a principal região produtora de café do Estado. A última etapa será em Campo Belo, no dia 17 de maio. A

mudança atende à legislação eleitoral, que determina restrições à realização de eventos com participação de prefeituras. “Este ano, apesar da redução no número de etapas, estamos trabalhando para aumentar a participação de público. Tivemos uma redução de 60% nas etapas do circuito deste ano, mas a expectativa é compensar com aumento de 40% na média de participantes por evento. Em 2011, foram 26 municípios-sede, com a participação de cerca de 7,5 mil participantes, entre produtores, técnicos do setor e lideranças, o que resultou numa média de 288 pessoas por evento”, explica o coordenador de Cafeicultura da Emater-MG Marcos Antônio Fabri. Durante as 36 palestras previstas para todo o Circuito, produtores e técnicos do setor vão debater as novidades

e experiências para melhorar a qualidade, produtividade, competitividade do café e a renda obtida com o produto. Os temas específicos que compõem a programação das etapas são definidos em função da demanda apresentada pelos produtores e técnicos de cada município. O Circuito Mineiro de Cafeicultura é realizado em parceria entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Universidade Federal de Lavras. AGENDA 2012: MARÇO • Dia 15 - São Sebastião do Paraíso • Dia 22 - Nepomuceno • Dia 29 - Boa Esperança ABRIL • Dia 03 - Santo Antônio Amparo • Dia 12 - Passos • Dia 18 - Andradas • Dia 19 - Guapé • Dia 25 – Nova Resende • Dia 27 – Cordislândia MAIO • Dia 03 - Paraguaçu • Dia 10 – Ouro Fino • Dia 17 – Campo Belo A

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CANA DE AÇÚCAR

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Pesquisa abre caminho para

ESTUDOS GENÉTICOS NA CANA USP desenvolve software e método de análise

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m novo método de análise estatística e um software desenvolvidos na Universidade de São Paulo (USP) deverão facilitar o estudo do genoma da canade-açúcar e abrir caminho para pesquisas que auxiliem o melhoramento genético da planta. Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista PLoS One. Embora o Brasil seja líder mundial na produção de cana-de-açúcar e de bioetanol, ainda há muito que avançar. Hoje, são produzidas em média 84 toneladas de cana por hectare de terra plantada no país. Cientistas estimam que com o melhoramento genético seja possível chegar a 380 toneladas. Mas o desafio não é pequeno, como explica Antonio Augusto Franco Garcia, pesquisador do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e um dos autores do estudo que integra o Projeto Temático “Genomic-assisted breeding of sugarcane”, realizado no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e coordenado por Anete Pereira de Souza, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Estadual de Campinas. “É muito difícil desenvolver estudos sobre a genética da cana-de-açúcar, dada a complexidade de seu genoma”, disse Garcia. Enquanto os seres humanos e quase a totalidade dos animais são diploides, ou seja, possuem apenas duas cópias de cada cromossomo, a cana-deaçúcar pode ter até 20. Isso significa que cada indivíduo na espécie humana pode possuir até duas formas variantes de cada gene, um herdado do pai e outro da mãe. Já na cana essa complexidade é bem maior, uma vez que um dado gene pode teoricamente possuir muitas formas variantes no mesmo indivíduo. “Dentro do genoma da cana-deaçúcar, há regiões que possuem seis conjuntos cromossômicos e outras com 8, 10, ou até mesmo 20 conjuntos. Por

isso, o conhecimento genético sobre a espécie não está tão avançado”, explicou Garcia. O primeiro passo para resolver o quebra-cabeça é fazer a genotipagem da espécie. “Diferentemente do sequenciamento, que analisa o genoma inteiro de um único ou de poucos indivíduos da espécie, a genotipagem faz a

leitura de partes específicas do genoma em vários indivíduos de uma dada população”, disse. Isso permite, por exemplo, montar o mapa genético e localizar em que região dos cromossomos estão os genes que regulam a produção de açúcar, a resistência a doenças e outras características de interesse. “Só depois disso será possível pensar em usar marcadores genéticos para fazer seleção assistida, algo que já é feito no melhoramento de bovinos, por exemplo”, disse Garcia. “Os resultados obtidos com cana-de-açúcar poderão ser de grande auxílio para estudos semelhantes em outros poliploides, que também se beneficiarão dessas novas tecnologias.” (Fonte: Agência Fapesp) A

Monsanto lança três

VARIEDADES DE CANA DE AÇÚCAR

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esultado do programa de pesquisa voltado exclusivamente para as necessidades das usinas, a Monsanto, por meio da marca CanaVialis, está oferecendo ao mercado três novas variedades de cana de açúcar. Vigor e riqueza, produtividade e brotação de soqueira, e colheitabilidade e perfilhamento são algumas das características dos produtos. “O sistema de pesquisa de novas variedades da CanaVialis está totalmente interligado com as necessidades das usinas, desde o momento do cruzamento das nossas variedades até a recomendação de manejo realizada nas áreas produtivas de nossos clientes”, afirma José Carlos Carramate, líder dos Negócios de Cana de Açúcar da Monsanto. Confira as principais características dos produtos.

CV 7231 - Variedade com alto teor de sacarose no início da safra, o que determina precocidade. Possui boa performance de brotação de soqueira e é adaptada à colheita mecanizada devido ao seu porte ereto. Indicada para ambientes intermediários (B, C e D). CV 7870 - Qualidade, além de

características como porte ereto e boa adaptabilidade a ambientes intermediários (C e D). Além de uma excelente germinação sob plantio mecanizado, a variedade possui excelente performance sob colheitas mecanizadas, especialmente quando realizadas em junho e julho. CV 6654 - Variedade se destaca pelo excelente perfilhamento, sanidade e colheitabilidade. Como não apresenta chochamento, pode ser manejada até agosto. Indicada para ambientes intermediários (B, C e D). “Essas três novas variedades atendem à demanda do mercado brasileiro por materiais produtivos e adaptados aos diferentes tipos de manejo”, diz Carramate. As três novas variedades já estão disponíveis, obedecendo aos critérios normais de multiplicação. Multiplicação de Mudas - A CanaVialis fornece aos seus clientes as mais modernas soluções na área de multiplicação de mudas, tornando o processo de adoção comercial de suas variedades cada vez mais rápido e eficiente. A empresa possui, ainda, uma moderna biofábrica focada na produção de mudas. A


EUCALIPTO

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Projeto em SP incentiva Integração

EUCALIPTO E OVINO DE CORTE

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instalação de sistemas integrados de produção de madeira de eucalipto com a produção de ovinos de corte por pequenos produtores, em condições viáveis do ponto de vista econômico, financeiro e técnico, é o objetivo de projeto inédito que será desenvolvido em Itapetininga pela Apta Regional Sudoeste Paulista, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) - órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e a Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec). Para isso serão avaliados os sistemas silvipastoril com fileira única e com duas fileiras de eucalipto e faixa de 12 metros. Esses serão comparados com os sistemas de ovinocultura em pastagens exclusiva e eucaliptocultura exclusiva. Como resultados serão publicados os dados econômico-financeiros comparativos, bem como as informações técnicas que possibilitem a implantação desses sistemas pelos pequenos agricultores, em cartilhas informativas a serem distribuídas aos interessados. Além disso, o projeto servirá de aprendizado aos alunos do curso de tecnologia em agronegócios sobre as questões gerenciais desses sistemas complexos, oferecendo estágios e oportunidades para o desenvolvimento de trabalhos de conclusão de curso.

Desenvolvimento Regional - A contribuição para o desenvolvimento regional é evidente na medida em que os sistemas silvipastoris surgem como alternativa para agricultores familiares, diz a pesquisadora Cristina Maria Pacheco Barbosa, coordenadora do projeto. Isso porque possibilita o rendimento contínuo, além do máximo aproveitamento da terra, garantindo também benefícios para o meio ambiente. No entanto, observa a pesquisadora, esses sistemas são complexos e precisam ser avaliados quanto à sua viabilidade técnica e econômico-financeira antes de serem divulgados como alternativa aos pequenos produtores. Cabe aos órgãos competentes dar essa segurança aos produtores rurais por meio de estudos. É aí que entram instituições como a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e a Cati. Resultados Esperados - Os resultados desse projeto serão disseminados por capacitações realizadas pelo grupo de pesquisa e em ações específicas de cada área. Como o estudo tem a participação de alunos e professores da Fatec, os resultados também serão disseminados via trabalhos de conclusão de cursos e monografias. O término do projeto está previsto para dezembro 2014. Sistemas Agroflorestais - Sistemas agroflorestais, com a utilização de Eucalyptus spp. para a produção de madeira, podem ser considerados como uma alternativa para pequenos produtores, conforme a pesquisadora. Não apenas integram a produção de madeira de alto valor no mercado, porém com ciclos produtivos longos (de seis, sete anos),

com a produção de alimentos, como também permitem ao pequeno agricultor obter renda contínua, reduzindo o impacto ambiental das plantações em grande escala. A principal limitação para o desenvolvimento destes sistemas integrados para o pequeno produtor é a

falta de informações técnicas na região para possibilitar sua implantação. A região de Itapetininga apresenta condições edafoclimáticas muito favoráveis ao cultivo do eucalipto, com a produtividade regional entre as maiores do Brasil e do mundo (35-55 m3 de madeira/ha/ano-1). O preço da madeira de eucalipto tem aumentado significativamente nos últimos anos, tornando a cultura altamente rentável na região, observa Cristina. “No entanto, essa vantagem econômica é muito pouco aproveitada pelos pequenos agricultores pela falta de informações técnicas sobre o plantio de eucalipto, que majoritariamente é plantado como maciços florestais por empresas de grande porte ou por agricultores em sistemas de fomento florestal, dificultando seu plantio pelo pequeno agricultor.” Outro entrave é o fato de essa cultura possuir um ciclo longo. “O pequeno agricultor que precisa de fonte de renda contínua para garantir seu sustento não tem condições financeiras de esperar até o final do ciclo para obter o retorno financeiro”, finaliza. A

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PECUÁRIA

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Eficiência de sistemas de produção

ANIMAL EM PASTAGENS

Oferta restrita e demanda crescente animam o setor FOTO: Embrapa Gado de Leite

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Bruno Carneiro Pedreira1 Murilo Saraiva Guimarães2

s principais processos em sistemas de produção de alimento são a utilização da energia luminosa e nutrientes para o crescimento da planta. Em sistemas de produção animal, dois outros estágios são de fundamental importância, em que as plantas devem ser consumidas pelos animais e convertida em produto animal. Cada qual desses estágios tem sua própria eficiência, a qual pode ser influenciada pelo manejo e quando somadas podem determinar a eficiência do processo como um todo (Hodgson, 1990). Em muitas situações a forragem colhida e a consumida não possuem nenhuma relação de interdependência, devido à interferência do homem no processo, mas em sistemas de pastejo, esses estágios não podem ser separados, de forma que a interação entre eles gera uma importante influência sobre produção animal e ao sistema como um todo. Consequentemente, decisões de manejo que melhorem a eficiência em um dos estágios, certamente reduzirá

1 - Pesquisador da EMBRAPA Agrossilvipastoril. Sinop (MT). 2 - Consultoria/extensão. Piracicaba (SP). Publicado em www.milkpoint.com.br

em outro. Assim a essência do manejo de pastagens é alcançar um balanço efetivo entre as eficiências do processo produtivo: crescimento, utilização e conversão (Hodgson, 1990). A definição e o planejamento de sistemas de produção animal em pastagens devem ser norteados pelos objetivos finais a que se propõe determinada exploração econômica, cada qual com suas peculiaridades e complexidades (Da Silva e Sbrissia, 2001). Sistemas podem visar à exploração do mérito genético dos animais (produção por animal) (Da Silva e Pedreira, 1997) ou mérito da planta forrageira (altas produções de matéria seca por ha), favorecendo aumento das taxas de lotação e maiores

produtividades. Para tanto é preciso entender o processo e suas eficiências para que possa utilizá-lo da melhor maneira possível, de acordo com os objetivos do sistema. Eficiência de Crescimento e a Produção de Forragem - A eficiência de crescimento de uma planta forrageira é função do potencial genético e das condições do meio (recursos disponíveis), gerando uma produção liquida de matéria seca, que é função do crescimento da forragem nova e da morte e desaparecimento de forragem velha (Da Silva e Sbrissia, 2001). Nesse contexto, a colheita do máximo de material verde possível através de redução das perdas por morte, senescência e decomposição de tecidos a um patamar mínimo, corresponderia à técnica de manejo que seria o conceito de manejo racional de pastagens (Da Silva e Pedreira, 1997). Esse ponto pode ser definido para as diferentes espécies e cultivares de plantas forrageiras através de estudos de fluxo e renovação de tecidos (dinâmica e acúmulo de matéria seca) aliados a avaliações de demografia de perfilhamento. Eficiência de Utilização da Forragem - A eficiência de utilização da forragem em sistemas de pastagens pode ser definida como a proporção da forragem bruta acumulada a qual é removida por animais em pastejo, antes de entrar em senescência, e quanto maior a quantidade de forragem produzida, a otimização da eficiência de utilização corresponde à minimização das perdas de tecidos foliares por senescência (Lemaire, 1997).

Figura 1 - Representação esquemática dos processos de produção animal em pastagens e suas eficiências (Adaptado de Hodgson, 1990).


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CRÉDITO RURAL

33 MAR 2012


PECUÁRIA

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Eficiência de Conversão e o Produto Animal - De acordo com Hodgson (1990) a eficiência de conversão dos nutrientes ingeridos em produto animal aumenta porque a proporção do total de nutrientes ingeridos requeridos para manter as funções vitais diminui progressivamente conforme o consumo total aumenta. Assim, animais com alto potencial de produção em sistemas baseados em pastagens possuem baixa exigência de mantença e/ou alta capacidade de ingestão de matéria seca, resultando em uma eficiência de conversão maior que animais de menor potencial para uma mesma circunstância. Uma alta conversão (favorecendo desempenho) está diretamente associada com um alto consumo de matéria seca que por sua vez, é resultado direto de altas ofertas de forragem o que,

FOTOS: Embrapa Gado de Leite

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A proporção de tecidos de folha que escapam a desfolhação e senescem pode ser estimada pela razão entre tempo de vida da folha e o intervalo de desfolhação, a qual determina o máximo número de vezes que uma folha pode ser desfolhada (Mazzanti e Lemaire, 1994). A importância da eficiência de utilização da forragem produzida é cada vez mais reconhecida e por isso é importante destacar a associação entre rebrotação vigorosa, produção e utilização da forragem produzida no manejo das pastagens (Corsi e Nascimento Jr., 1994).

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conseqüentemente, implica em baixa eficiência de utilização da forragem acumulada, com altas perdas de material por senescência e morte (Da Silva e Sbrissia, 2001). O contrário também é observado, em situações de baixas ofertas de forragem, onde a eficiência de utilização é maximizada, a conversão é comprometida, resultando em menor desempenho. Essas fases do processo produtivo interagem entre si continuamente, de tal forma, que interferir em qualquer uma delas afetaria diretamente as outras. A eficiência de uso da energia solar em crescimento de forragem é sempre baixa e varia em torno de 2 a 4% (Hodgson, 1990), além disso, as vias

fotossintéticas são processos inerentes à sobrevivência das plantas, que possui alguns bilhões de anos em evolução, portanto, não são passiveis de grandes modificações. Apesar disso, tanto a taxa de crescimento da forragem quanto à eficiência de uso da luz podem ser melhoradas (Da Silva e Sbrissia, 2001). A eficiência de conversão (7 a 15 %) também é uma característica intrínseca do animal, mas que pode ser beneficiada em detrimento da eficiência de utilização, apesar disso não representar grandes mudanças na eficiência do sistema como um todo (Hodgson, 1990). Já está última, a eficiência de utilização, tem valores entre 40 e 80%, demonstrando uma grande amplitude de variação, o que a torna uma ferramenta de manejo bastante interessante e que promove mudanças drásticas no sistema de produção animal em pastagens, provavelmente conseqüência de que a maioria dos processos relacionados à colheita de forragem pelo animal em pastejo seja passível de manipulação e monitoramento, tais como, controle do período de descanso e de ocupação, taxas de lotação, práticas de conservação e suplementação (Da Silva e Sbrissia, 2001). Dessa forma o manejo do pastejo mostra-se como uma primeira alternativa para qualquer intervenção no sistema, antes que qualquer outra atitude seja tomada, mostrando a necessidade de ser entendido dentro do contexto de ecossistema de pastagens, compreendendo seus componentes morfofisiológicos e suas relações. A


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artigo

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SALVAR A “ATLÂNTIDA INDÍGENA” OU A QUESTÃO INDIGENISTA NAS AMÉRICAS Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [ogenevieve@ sucre-ethique.org / ogenevieve@acucar-etico.org]

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poeta norte americano John Collier (1901-1980) declarava, nos anos 70, que precisava os Estados Unidos salvar a atlântida indigenista (the red atlandide) numa época de quase extinção da mimoria indigenista. De fato, a história norte americana, a respeito dos primeiros habitantes, seguiu um caminho parecido com o Brasil, ou seja, uma negação da problemática indigenista por décadas ou até séculos. A difícil situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, e particularmente dos Guarani-Kaiowá, em sua natureza, não é diferente do que se verifica com os Estados Unidos. A semelhança é até “perturbadora” mas pode dar respostas ou pelos menos alternativas. Como o primeiro grupo indigenista do pais, os Indios Guarani-Kaiowá com 38.000 pessoas, basicamente no Mato Grosso do Sul, conhecem uma problemática similar aos Shawnees ou Sioux dos EUA ou dos Micmacs ou Cris no Canadá. Os grandes espaços vazios - por ser usados por nômades sem noção moderna da propriedade - eram alvos óbvios para pessoas procurando terras e até uma “nova Israel”, vindo de uma Europa velha e “cansada” de uma civilização multimilenar sem mais espaços livres. Destes grandes espaços, hoje em dia, planta-se milho e cria-se gado, explorase petróleo, como no Brasil planta-se cana e cria-se gado e, talvez amanhã, explorará até gás. As terras foram nacionalizadas pelo poder moderno baseado no direito à propriedade das ambas partes e os indios foram puxados a uma simples expressão geográfica de lugares quase desapareçendo. Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, a chegada de novos habitantes puxaram para o Oeste os indios, os guarani indo para uma «terra sem mal», lenda parecida como uma Israel pelos ocidentais. Em ambos os países, reservas foram criadas ou pelo governo ou pela igreja, como vontade mais ou menos clara de proteger estas populações em nome da civilização, de ordem e do progresso. Todavia, numa civilização de direito, pela lei e não pela força, surgiram, em ambos os lados do «novo continente» (visto pelos europeus) movimentos de revindicaçoes de direito à terra, boa parte graças à democracia e o ideal de justiça social para todos. O movimento Guarani-Kaiowá pela recuperação das terras surgiu na virada dos anos 80, graças à redemocratização do País com a fim da ditatura. Ao longo das quatro décadas anteriores, os indígenas viram o seu território ser ocupado progressivamente por milhares de colonos vindos sobretudo dos estados do Sul e do Nordeste do País, em busca de oportunidades de empregos. No fim de 2007, a Funai assinou, junto ao Ministério

Público Federal, e com o testemunho das lideranças guaranis, um Compromisso de Ajuste de Conduta para resolver de uma vez por todas a situação das terras Guarani-Kaiowá. Em julho de 2008, são lançados seis grupos de trabalho para identificar e delimitar as terras indígenas, divididas de acordo com as bacias hidrográficas da região. Uma estimativa inicial dos antropólogos envolvidos é de 600 mil hectares a serem identificados – a extensão exata do território reivindicado só será conhecida com a publicação dos relatórios, nos próximos meses. Na época, fazendeiros e políticos do Estado do MS difundiram a versão de que as terras a serem demarcadas poderiam chegar a 12 milhões de hectares (quase um terço da área do Mato Grosso do Sul). Um braço de ferro está sendo feito entre os políticos locais, o governo federal e as multinacionais cada vez mais presentes nas terras ricas. Este contexto não facilita o trabalho da Funai. Diante da demora nos processos de identificação, mais uma vez os GuaraniKaiowá lançaram mão da estratégia de ocupar as terras reivindicadas para pressionar as autoridades. O resultado tem sido uma série de conflitos sangrentos, desde 2009. Sem uma ação mais contundente do poder público, mais problemas certamente continuarão a ocorrer. Nos últimos anos, diversos relatórios nacionais e internacionais, de organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional e a Survival, além de órgãos de governo e mesmo de Estado, como o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), têm apontado a situação dos Guarani-Kaiowá como um dos maiores desafios atuais do governo brasileiro na área dos direitos humanos. Será que o Brasil poderia pular em cima do que os Americanos acharam como solução com o «Tribal Law and Order Act» assinado pelo Presidente Obama o 29 de Julho de 2010? Esta lei fixa (esperamos) de vez as terras indígenas e resolve pela lei o futuro dos índios do Norte do continente. Os judeus falam que salvar a vida de um homen é salvar a humanidade. Agora, impedir o que os antropólogos chamam de etinocídio é uma obrigaçao da sociedade moderna tanto por países desenvolvidos como os subdesenvolvidos no caminho de uma terra sem mal. Tem também uma saída na problemática. O Canadá tem uma história um pouco diferente, pela influência dos franceses (o Quebec fala ainda francês). Novas regras apareceram fazendo ponte entre os dois mundo e respeitando os direitos de ambas partes, talvez o futuro do Mato Grosso A do Sul.

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36 MAR 2012


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