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EDITORIAL
DESTAQUE: soja
Adubação Verde na sucessão da soja segunda safra
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Artigo do Engº Agrônomo José Aparecido Donizeti Carlos mostra a importância da prática da Adubação Verde no cultivo da soja. Segundo o autor, trata-se de uma técnica milenar, utilizado em solos degradados pelo cultivo, aumentando a capacidade produtiva do solo. A técnica contribui, ainda, no controle de nematóides. Pesquisas indicam que a crotalária spectabilis e a Crotalaria ochroleuca são as espécies mais indicadas.
BORRACHA LEITE
Brasil carece de inovação e planejamento
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Há séculos a produção leiteira no Brasil mantém característica predominantemente extrativista. A atividade carece extremamente de Planejamento e de Inovação Tecnológica.
Lançado livro sobre o Cultivo de Seringueiras
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De autoria de Pedro Galbiati Neto e Luiz Carlos Guilherme, o livro “Heveicultura - a Cultura da Seringueira” foi lançado em novembro deste ano em São José do Rio Preto (SP).
Custos de Produção é tema de estudo da Conab
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lária ochroleuca. Este é o primeiro artigo da parceria firmada entre Revista Attalea Agronegócios e a Sementes Piraí, de Piracicaba (SP). Na cultura do café, destaque principal para o artigo em que retratamos as diferenças e peculiaridades do custo de produção do café arábica nas principais regiões produtoras do país. A base do artigo vem do estudo realizado pela Conab. Em seu sétimo artigo, o Engº Agrônomo Renato Passos Brandão, consultor do Grupo Bio Soja, aborda o tema nutrição com ênfase na importância da análise foliar do cafeeiro. Apresentamos, ainda, informações importantes sobre os resultados da pesquisa da ESALQ/USP sobre quais os melhores clones de Limão Tahiti para o estado de São Paulo. Na apicultura, destaque para o Estado de Minas Gerais, responsável por quase 70% da produção brasileira de própolis. Aproveitamos a oportunidade para desejar-lhes Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Boa leitura a todos!
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Em matéria especial, apresentamos estudo da Conab com os Custos de Produção de Café Arábica nas principais regiões produtoras do país (SP, MG, ES, BA e PR).
Nutrição do Cafeeiro (7º), a Análise Foliar
CAFÉ
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agricultura é uma atividade que remonta os primeiros passos do homem. Foi com o ‘domínio’ da produção agrícola que o homem passou a garantir o seu sustento de forma mais plena, seja qual for a região do Planeta que habite. E desde este tempo, o sucesso das colheitas muito se deve ao grau de fertilidade que este mesmo solo possui. Assim, o homem descobriu que precisava repor os nutrientes que as culturas extraiam do solo. Criou-se o adubo químico. O tempo passou, as colheitas quadriplicaram de tamanho e o homem voltou a entender que o solo precisa algo mais que simplesmente repor elementos químicos. A técnica de se utilizar outras plantas para auxiliar a recomposição do solo de cultivo existe há milênios. Mas ainda é pouco utilizado em grandes extensões de cultivo. No Brasil, o complexo soja vem obtendo excelentes resultados com a adoção do cultivo da Crotalária spectabilis e da Crota-
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Artigo do Engº Agrônomo Renato Passos Brandão, consultor agronômico do Grupo Bio Soja, com todas as orientações necessárias para se fazer a Análise Foliar no cultivo do café.
Pesquisa define clones de Limão Tahiti (Lima Ácida)
LIMÃO
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O solo como base para O SUCESSO NA AGRICULTURA
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Pesquisador da ESALQ/USP realiza pesquisa que determina quais os melhores clones para o cultivo do Limão Tahiti (Lima Ácida), bem como a importância da irrigação na cultura.
MÁQUINAS
Sami Máquinas realiza neste segundo semestre as famosas e ESPERADAS EXCURSÕES PARA YANMAR AGRITECH E JACTO
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LEITE
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Produção de leite no Brasil carece de PLANEJAMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
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Marco Aurélio Bergamaschi 1
produção leiteira no Brasil é uma atividade predominantemente extrativista. Ela está baseada na exploração dos fatores de produção, como terra, animais, forragens e mão de obra. Apesar das muitas alternativas tecnológicas validadas e disponíveis, poucas são incorporadas ao processo produtivo pela falta de conhecimento, de orientação ou por impossibilidade financeira. Para que haja a especialização da atividade, é necessária a incorporação de técnicas que possibilitem o aumento da produção e da produtividade, seja por meio de área, animal ou homem. O efeito esperado é o aumento na renda, apesar do maior custo operacional. Ainda que haja mais dispêndio, os investimentos feitos de forma planejada e coerente trarão impactos positivos ao faturamento e ao lucro. Os investimentos têm de ser feitos, basicamente, em fertilidade do solo, melhoramento de pastagens, genética animal e alimentação. O produtor deve ter à sua disposição tecnologia viável e acessível, além de ser bem orientado para desenvolver um planejamento adequado à sua situação. Por isso, o papel da pesquisa e da extensão rural é de fundamental importância. 1 - Médico veterinário, doutor e supervisor do Sistema de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP). Publicado originalmente no jornal Folha de S.Paulo
Um erro recorrente é o investimento em fatores que não refletirão, necessariamente, em aumento direto na produção de leite, como construções (sala de ordenha e de leite, depósito e áreas com cochos cobertos), máquinas agrícolas, resfriador e ordenhadeira mecânica. Sem dúvida, esses fatores melhoram a qualidade do leite e devem ser implementados na ocasião oportuna. Mas, em um primeiro momento, haverá comprometimento do fluxo de caixa e da lucratividade. EFICIÊNCIA - O bom planejamento indica que os investimentos devem ser dimensionados de acordo com a produção. A ordenha mecanizada só se torna viável a partir de 250 litros de leite por dia. O ponto de equilíbrio na relação produção/homem é de 400 litros. Produzir com a máxima eficiência e o menor custo é o objetivo dos que se dedicam à pecuária leiteira. O produtor é tomador de preços, tanto na aquisição dos insumos quanto na venda do seu produto. O grande desafio, portanto, é produzir mais com o custo por litro mais baixo possível. É preciso lembrar que as margens são pequenas e que o real valorizado favorece a entrada de produtos importados. Cautela, estratégia e recursos humanos bem treinados são a chave do sucesso de toda atividade econômica, mas imprescindíveis quando se fala em produção de leite. A
MEIO AMBIENTE
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HEVEICULTURA
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Lançado em São José do Rio Preto (SP) LIVRO SOBRE A CULTURA DA SERINGUEIRA
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ive o prazer de ganhar, no início do mês, um exemplar do livro “Heveicultura - A Cultura da Seringueira”, de autoria do Engº Agrº Pedro Galbiati Neto e do advogado e empresário Luiz Carlos Guilherme. Trata-se da primeira edição de um livro em que os autores condensaram dois manuais práticas: um de sangria (que contempla todas as etapas da exploração até a identificação de pragas e doençcas) e outro, para a formação de mudas de seringueira e seu cultivo (para a formação dos seringais). O livro foi lançado durante o 8º Ciclo de Palestras so bre Heveicultura, organizado pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e pela APABOR - Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha, em São José do Rio Preto (SP). Segundo os autores, o livro descreve as exigências de qualidade para atender o exigente mercado pneumático, com a descrição do processo industrial, dos sistemas de qualidade, com o objetivo de incutir uma parcela de responsabilidade ao agente que ocupa a base da cadeia produtiva.
“Também enfrentamos as dificuldades com a imposição de preços abusivos, na tentativa de mostrar aos produtores rurais que a fase de preços sobrevalorizados (como na citricultura) é um prenúncio de um mercado com preços artificiais, que sacrificarão a rentabilidade do produtor rural”, explica Galbiati. De acordo com Stephen Evans, secretário-geral do Grupo Internacional de Estudos da Borracha, de Cingapura, a disponibilidade de mão de obra, além da competição entre culturas, o crescimento acelerado dos países asiáticos e o longo período de inatividade na implantação de novos seringais são os principais entraves à expansão da cultura, inclusive no Brasil. Além disto, os autores citam ainda que a valorização da mão de obra provocada pela expansão da indústria e da cultura da cana de açúcar, vai gerar uma dificuldade adicional para a exploração dos novos seringais. Todo o conteúdo possui uma evolução racional, como na formação de mudas, que vai da seleção da área, análise e correção do solo, irrigação, sementes, germinação, transplante, tratos culturais, enxertia, etc. O mesmo ocorre com a cultivo das mudas para a formação do seringal, que parte da seleção da área, análise e correção do solo, plantio direto ou mecanizado, irrigação, mudas, plantio, tratos culturais, indução da copa, etc. A exploração, desde a identificação das árvores aptas até a sangria, para avaliação da viabilidade do início da fase produtiva, também aborda as técnicas já consagradas para o manejo do seringal, a correção do solo para permitir a melhoria da sua fertilização, através da interação de microorganismos, que transformam a matéria orgânica em micronutrientes. As questões mais recentes também foram abordadas no livro. Como o risco de disseminação dos nematóides, tanto em viveiros quanto nos seringais, os métodos para o seu controle e a proposta de normatização da produção de mudas de seringueira em plataformas suspensas, com o emprego de substrato vegetal no lugar do próprio solo, para evitar o risco de disseminação destes microorganismos. “É a primeira obra do gênero, com redação não acadêmica, na forma de manual prático, voltado para o heveicultor e todos aqueles que buscam informações acessíveis sobre a cultura da seringueira”, afirma Luiz Carlos Guilherme. O livro possui 344 páginas, é inteiramente ilustrado e ainda conta com um CD com atos normativos, tabelas, orçamentos, modelos e fluxogramas fotográficos. Informações: Email: heveicultura@viahevea.com.br ou através do Site: www.viahevea.com.br A
EVENTOS
Concurso de Qualidade premia os MELHORES CAFÉS DA ALTA MOGIANA
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NOTÍCIAS ARANTES VIABILIZA VARIEDADES DE SOJA CONSTRUÇÃO DE 23 PARA ALIMENTAÇÃO CASAS EM CÁSSIA (MG) HUMANA
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deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSC) estiveram em Cássia no início do mês para assinar o convênio com a Caixa Econômica Federal (CEF), que possibilitará a construção de 23 casas populares na zona rural do município, viabilizado pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). “Este programa da Caixa traz, sobretudo, dignidade ao produtor e estímulo para que ele permaneça no campo, produzindo e evitando o temido êxodo rural. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cássia, Domingos Inácio disse que regiões da zona rural como “Resfriado”, Cerrado, Itambé e Água Limpa terão casas construídas. Ele elogiou a atenção do deputado e dos técnicos da EMATER no programa. “O deputado e seu assessor têm feito um trabalho ótimo na divulgação deste programa, dando suporte aos municípios com relação a documentação e as exigências. O Antônio Carlos já é parceiro antigo da cidade e esta é apenas mais uma ação que beneficia Cássia. Os técnicos da EMATER também fizeram um trabalho importante na captação dos produtores que possuem o perfil para a aquisição destas moradias”. A
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SEAPA - Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento estuda alternativas que possibilitem a inclusão de cultivares especiais de soja na alimentação escolar. Registradas com o selo “Soja de Minas”, as cultivares BRSMG 790A (Fit soy) e BRSMG 800A (Nutri Soy) foram desenvolvidas pelos pesquisadores da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais e EMBRAPA, em parceria com a Fundação Triângulo. Segundo a pesquisadora Ana Cristina Juhász, as cultivares são frutos de melhoramento genético (não são transgênicas), têm sabor suave e agradável e são apropriadas para alimentação humana. As cultivares foram lançadas há cinco anos, mas ainda não estão no mercado. Para o presidente do Comitê Gestor Soja de Minas, Jônadan Ma, a ampliação do consumo de soja, no mercado nacional, esbarra no conceito que as pessoas têm de que seu sabor é ruim, trazendo como consequência uma baixa procura voluntária para o consumo do produto. A maior parte da soja produzida no país é comercializada como commodity para a produção de óleo. A
EVIALIS APRESENTA NOVA DIRETORIA DE COMPRAS
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om o objetivo de alinhar a organização brasileira com a estrutura mundial da empresa, a EVIALIS, multinacional francesa e uma das líderes mundiais em nutrição animal, acaba de nomear Hugo Campelo Nascimento para o cargo de diretor de Compras. Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-graduado em Logística Empresarial pela Universidade Mackenzie, Hugo soma 19 anos de experiência na companhia, na qual iniciou sua carreira na unidade de São Lourenço da Mata, passando por diversas funções dentro do grupo. Em 1998 assumiu a posição de Comprador Regional na unidade de Maringá e posteriormente na Unidade de Paulinia, onde atua como Gerente de Compras desde 2008. “É um desafio e as expectativas são motivadoras: temos uma equipe qualificada, suporte internacional e investimentos para consolidação em infraestrutura. Todos esses fatores somados ao espírito de inovação do grupo prometem boas perspectivas e muito trabalho pela frente”, afirma Hugo, responsável pelo novo setor. A
ANVISA RETIRA ENDOSUFAN DO MERCADO
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aldicarbe, agrotóxico utilizado de forma irregular como raticida doméstico (chumbinho), foi banido do mercado brasileiro pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Estimativas do governo apontam que o produto é responsável por quase 60% dos 8 mil casos de intoxicação relacionados a chumbinho no Brasil todos os anos. O aldicarbe tem a mais elevada toxicidade entre todos os ingredientes ativos de agrotóxicos até então autorizados para uso no país. O único produto à base de aldicarbe que tinha autorização de uso no Brasil era o Temik 150, da empresa Bayer S/A. “Trata-se de um agrotóxico granulado, classificado como extremamente tóxico, que tinha aprovação para uso exclusivamente agrícola, como inseticida, acaricida e nematicida, para aplicação nas culturas de batata, café, citros e cana-de-açúcar”, informou a ANVISA. A
NOTÍCIAS
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TECNOLOGIA
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José Aparecido Donizeti Carlos 1
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FOTO: Divulgação SEMENTES PIRAÍ
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Adubação Verde na sucessão DA SOJA COMO SEGUNDA SAFRA necessidade de rotação de culturas já foi observada a dois a três séculos antes de Cristo nas civilizações chinesa, grega e romana. Em tempos tão remotos os agricultores resolviam problemas com as perdas de produtividade, devido ao empobrecimento do solo e ao aumento de pragas e doenças, com a rotação de culturas utilizando os adubos verdes. A Adubação Verde é uma prática agrícola milenar para aumentar a capacidade produtiva do solo. É uma técnica para recuperar os solos degradados pelo cultivo, melhorar os solos naturalmente pobres e conservar aqueles que já são produtivos. Consiste no cultivo de plantas, em rotação/sucessão/consorciação com as culCrotalária ochroleuca turas, que melhoram significativamente os atributos químicos, físicos e biológicos do solo. consagrada também por sua capacidade de fixar nitrogênio Essas plantas denominadas “Adubos Verdes” tem car- direto da atmosfera, por simbiose. acterísticas recicladoras, recuperadoras, protetoras, ‘melhoTrabalhos de pesquisas da era moderna comprovaram radoras’ e condicionadoras de solo. Englobam diversas es- os mais diversos benefícios da adubação verde, como: o aupécies vegetais, porém a preferência pelas leguminosas está mento da capacidade de armazenamento de água no solo, intensificação da atividade biológica do solo, proteção de mu1 - Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP (Escola Superior de das-plantas e do próprio solo contra o vento e radiação solar, Agricultura Luiz de Queiroz). reciclagem de nutrientes, recuperação de solos de baixa fertilidade, redução da infestação de ervas daninhas e incidência de pragas nas culturas, e, matéria prima para compostagem. Houve grande evolução na agricultura em termos de tecnologia, mas ainda hoje o produtor esquece esses preceitos básicos de fazer rotação de culturas e provoca, na necessidade de produzir, o aumento e aparecimento de novas pragas, doenças e nematóides os quais aumentam os seus riscos e custos com defensivos e outros insumos. É notório o aumento e aparecimento de nematóides e os seus estragos na produtividade e a elevação no custo do produtor. No primeiro momento apareceram os nematóides de galha, depois do cisto e agora das lesões
TECNOLOGIA FOTO: Divulgação SEMENTES PIRAÍ
radiculares, e a melhor opção de controle é a rotação de culturas, ou melhor, sucessão de culturas com adubos verdes não hospedeiros. Com o solo já infestado com nematóides é preciso tomar novo cuidado na produção da soja e sacrificar a segunda safra de milho pela sucessão com os adubos verdes, as Crotalárias não hospedeiras, para garantir a produção da cultura principal na próxima safra que chega a compensar a perda da “safrinha”. A pesquisa já estudou e comprovou a redução da população dos nematóides com diversas espécies, como as Crotalárias-spectabilis e ochroleuca. Diversas publicações e palestras são proferidas nesse sentido, chamando a atenção sobre a sustentabilidade da produção e, conseqüentemente, para necessidade da rotação com adubos verdes não hospedeiros. Mas a sua aplicação tem sido errônea, pois o Crotalária spectabilis produtor só vai semear as coberturas após o plantio do milho, quando a probabilidade de insucesso é grande a germinação e desenvolvimento dos adubos verdes. devido á falta de umidade para a germinação e desenvolviA prática da adubação verde tem que ser entendida mento dos adubos verdes. como uma “medida profilática” para recuperar o solo nos Para conseguir um melhor resultado das Crotalárias é seus atributos químico/físico/biológico. E esse solo “desrecomendável semear logo após a colheita da soja, quando cansado/recuperado” irá proporcionar ao produtor estabiliainda se tem segurança de umidade suficiente para garantir dade de safras e com menor custo. A
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CAFÉ
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CONAB divulga estudos com o Custos de Produção NA PRODUÇÃO DE CAFÉ ARÁBICA NO PAÍS
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café é uma das bebidas mais populares no mundo e um dos produtos mais importantes no comércio internacional. A produção mundial de café estimada para a safra 2012/2013, segundo dados da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento é de 147 milhões de sacas, sendo que, na safra anterior, a produção ficou em torno de 137 milhões de sacas de café. O Brasil ocupa a posição de maior produtor mundial de café, sendo responsável por 35% do mercado internacional em 2012. Seguido do Vietnã (15%) e Indonésia (6%). Na pauta de exportações brasileiras em 2011, de acordo com a SECEX - Secretaria de Comércio Exterior, o café é “apenas” o décimo principal item das exportações, representando 3,4% do total. Mas representa mais que a cadeia do papel e celulose (2,8%), calçados e couro (1,4%) e Esquematização do mercado café no Brasil (Fonte: Conab 2012) suco de laranja (0,4%). No setor de agronegócios, as exportações de café são gerar riquezas e competitividade mundialmente. A produção de café no Brasil está concentrada nos superadas apenas pelo complexo soja, pelo complexo carnes estados de Minas Gerais (51%), Espírito Santo (26%), São e pelo complexo açúcar e etanol. Percebe-se, assim, que o agronegócio café é uma ativi- Paulo (7%), Bahia (5%) e Paraná (4%). Em relação às espécies de café cultivadas no Brasil, dade de acentuada relevância socioeconômica no desenvolvimento brasileiro. Além disso, a cafeicultura assume conforme dados da CONAB, a produção de arábica repreimportante função social, visto que possui relevante capa- senta 74% da produção do país, e concentra-se nos estados cidade de gerar empregos. É do conhecimento de todos que de São Paulo, Paraná, Bahia, parte do Espírito Santo e no através da cafeicultura iniciou-se a formação das regiões estado de Minas Gerais. mais dinâmicas do País, visto que parte da industrialização Por outro lado, as regiões do país que mais plantam o brasileira teve como base uma cafeicultura forte, capaz de café conilon são os Estados do Espírito Santo (75%), maior
CAFÉ
Por serviços à cafeicultores, COOPARAÍSO É ELEITA A COOPERATIVA DO ANO
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CAFÉ CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Franca (SP) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Renque Adensado Produtividade Média: 1.500 kg/ha 25,00 sc 60kg
CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Guaxupé (MG) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Manual (lavoura de serra) Produtividade Média: 1.800 kg/ha 30,00 sc 60kg
produtor nacional, e Rondônia (12%), sendo que as lavouras formadas com cultivares desta espécie representam 26% da produção nacional. Na última década, o agronegócio do café brasileiro internalizou novas técnicas de produção, preparo pós-colheita, industrialização e comercialização, com destaque para o lançamento de novos materiais geneticamente superiores, o adensamento dos talhões de cultivo; a mecanização da colheita e a utilização da irrigação e difusão das boas práticas
de colheita e pós-colheita, com impactos positivos sobre produtividade, competitividade e qualidade final do produto. Nesse contexto, a cultura do café sofre a influência desses elementos externos sobre os quais o empresário rural não tem controle a exemplo do mercado, do clima, que faz parte da ação da natureza, e da bienalidade (que é uma característica própria do cafeeiro). Além disso, existem aqueles fatores que o empreendedor pode controlar, como
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SILVICULTURA
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CAFÉ CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Patrocínio (MG) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Semi Adensado Produtividade Média: 1.680 kg/ha 28,00 sc 60kg
CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Luis Eduardo Magalhães (BA) Café Arábica Irrigado / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Semi Adensado Produtividade Média: 3.000 kg/ha 50,00 sc 60kg
CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Londrina (PR) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Adensado Produtividade Média: 1.440 kg/ha 24,00 sc 60kg
é o caso da determinação dos itens que compõem o Custo de Produção. Diante do exposto, conhecer as variáveis que afetam os custos de produção da cultura do café torna-se fundamental, haja vista que são essas, juntamente com a influência dos preços de mercado, as causas que determinam uma maior ou menor rentabilidade para os empreendedores rurais, por meio de uma administração eficiente. Neste contexto, tomando por base o levantamento feito pela CONAB recentemente, divulgaremos informações sobre Custos de Produção nas principais regiões de cafeicultura do país e outras informações inerentes ao assunto.
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RESULTADOS - Com base nos gráficos apresentados nesta matéria, ressaltamos que o produtor rural precisa gerenciar melhor os custos de produção da lavoura de café para obter uma melhor rentabilidade. Essa cultura sofre influência de diversos fatores incontroláveis, como os aspectos fisiológicos, os ambientais, os tratos culturais, além do mercado. Porém existem aqueles que o empreendedor pode controlar, como é o caso da alocação dos recursos de produção. Assim, quanto melhor o produtor utilizar seus recursos produtivos no sentido de potencializar sua produtividade, melhores resultados poderão ser obtidos. DESTAQUES - Relacionamos, a seguir os principais
EVENTOS
COCAPIL realiza sorteio de vários BRINDES PARA COOPERADOS FOTOS: Revista Attalea Agronegócios
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om uma festa muita bem organizada pela equipe da COCAPIL - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Ibiraci Ltda., cooperados, agricultores e empresários do setor agrícola lotaram o Salão do Padre, em Ibiraci (MG), em dezembro. Embalada com a companhia do amigo Toni Hill (radialista de Franca/SP) e vários sucessos sertanejos, a festa de premiação teve cada palmo do salão do Padre disputadíssimo. Foi uma campanha expetacular, onde a cooperativa premiou os cooperados que depositaram café em seus armazéns neste ano. Além do empenho de todos os funcionários da COCAPIL, o evento contou com o apoio da Prefeitura Municipal, com a participação direta de José Fernando Hermogenes de Freitas, prefeito eleito nas últimas eleições municipais; de representantes do Banco do Brasil local e de várias empresas do setor agrícola, em destaque, a OIMASA representante Massey Ferguson na cidade de Franca (SP).
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O grande ganhador do trator Massey Ferguson, o cafeicultor Valdinei Antunes Cintra
Ao todo foram sorteados 8 brindes: sendo 4 roçadeiras costais, 1 carreta agrícola, 2 pulverizadores Arbus 400 e um trator Massey Ferguson MF-4265/2F. Na próxima edição, traremos todos os detalhes deste evento, que promete transformar-se em um grande evento
entre os cafeicultores da região. De acordo com a diretoria da COCAPIL, para dezembro de 2013 estão programados vários brindes, incluindo automóveis 0km, aos cooperados que depositarem seus cafés A na cooperativa.
CAFÉ CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: São Sebastião do Paraíso (MG) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Semi Mecanizado Produtividade Média: 1.380 kg/ha 23,00 sc 60kg
CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO LOCAL: Venda Nova do Imigrante (ES) Café Arábica / Safra: 2012/2013 Sistema Produção: Semi Adensado Produtividade Média: 1.440 kg/ha 24,00 sc 60kg
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itens do levantamento da CONAB: A) - Na região Sul de Minas Gerais, os custos com mãode-obra respondem por 53% dos custos operacionais e defensivos e fertilizantes por 24%. Os custos com mão-de-obra são elevados pois a maior parte da colheita é manual, em razão da topografia da região que dificulta a operação com colheitadeiras; B) - Na região do Triângulo Mineiro, os custos com mão-de-obra representam um pouco menos, comparativamente ao Sul de Minas, chegando a 40% e os gastos com defensivos e fertilizantes respondem por 22%; C) - No Espírito Santo, que é o maior produtor de robusta, os custos com mão de obra representam 31%, defensivos e fertilizantes 21%; D) - Na Bahia o solo exige maior correção, por isso os defensivos e fertilizantes representam 30,3% dos custos operacionais, e também há maior necessidade de irrigação, por isso os custos com operação de máquinas e equipamentos chega a 28%, enquanto a mão de obra responde por 4%. E) - Os principais custos das torrefadoras são: 55% café, 20% embalagens e energia elétrica 10%. A
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Setor cafeeiro inicia preparativos para o CINQUENTENÁRIO DA OIC NO BRASIL
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o início deste mês, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Elmiro Nascimento, convocou o setor produtor da cafeicultura nacional, em especial o mineiro, para tratar do Programa de Comemoração dos 50 Anos da OIC - Organização Internacional do Café e da rodada de reuniões da entidade, as quais serão sediadas em Belo Horizonte (MG), no ano que vem. O encontro contou com a participação do CNC - Conselho Nacional do Café, da Comissão Nacional do Café da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, da Organização das Cooperativas (OCEMG/Sescoop-MG) e da FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, da EMATER-MG, de representantes de sindicatos e cooperativas de produtores, além do secretário de Transportes e Obras Públicas do governo mineiro, Carlos Melles, profundo conhecedor de café e presidente da COOPARAÍSO, cooperativa associada ao CNC. De acordo com Silas Brasileiro, presidente executivo do Conselho, a reunião deu início ao planejamento conjunto para a celebração do cinquentenário da OIC no Brasil e para a segunda vez em que a rodada de reuniões da Organiza-
ção ocorrerá em território nacional. “Salientou-se que esta é uma oportunidade ímpar para estreitarmos o relacionamento com os consumidores e para mostrarmos, in loco, aos representantes de todo o mundo, a diversidade, a qualidade e a produção cafeeira embasada nas sustentabilidades econômica, social e ambiental do Brasil”, ressalta. O presidente executivo do CNC anota que a proteção ao cafeicultor mundial também é uma das preocupações dos organizadores. “Vamos destacar muito isso, porque o produtor é o elo mais fraco da cadeia, por isso merece um cuidado maior e essa defesa vem exatamente ao encontro dos ideais da OIC. A cafeicultura é um fator de desenvolvimento para muitas nações e surge, em alguns casos, como oportunidade única de trabalho e fonte de renda”, explica. Segundo ele, o próximo passo para a definição do cronograma de atividades para a celebração dos 50 anos da Organização Internacional do Café em Belo Horizonte será uma reunião com o governo federal. “Temos apoio incondicional dos Ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, os quais são fundamentais nesse planejamento. (Fonte: Agrolink) A
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Nutrição do Cafeeiro (parte 7) ANÁLISE FOLIAR NO CAFEEIRO
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Renato Passos Brandão 1 Cássio Rodrigues Gomes 2 Cássio de Souza Yamada 3
stamos nos aproximando de mais um final de ano e em poucos dias estaremos iniciando mais um ano: 2013. As esperanças de dias melhores se renovam e planos na vida particular e profissional são elaborados com o intuito de melhorar a nossa qualidade de vida. Aqueles que estão com peso acima da faixa adequada elaboram os seus projetos para emagrecimento a partir do primeiro dia de 2013. Outros planejam a construção de uma nova residência e outros estão a procura de novos desafios profissionais Neste momento, qual a principal expectativa do cafeicultor no ano novo que se aproxima? “Vender o café pelo maior preço possível e comprar os insumos pelo menor preço”. Entretanto, a realidade das últimas safras é bem diferente dos nossos sonhos. De maneira geral, as cotações do café ficaram muito próximas do custo de produção ou abaixo, não remunerando adequadamente o cafeicultor. As cotações do café acima do custo de produção ocorrem esporadicamente e por períodos de tempo relativamente curto e devem ser aproveitadas pelo cafeicultor com contratos futuros (Figura 1). Na edição de novembro da Revista Attalea Agronegócios foi comentado que o custo de Figura 1. Cotações do café arábica tipo 6 BC-Duro (base CEPEA-ESALQ) no produção do café é muito variável dependendo do período de janeiro de 2010 a setembro de 2012. manejo da lavoura mas de maneira geral, o custo Fonte: Revista Attalea Agronegócios, nº 74, outubro de 2012. de 1 ha do café em produção em cultivo de sequeiro é de R$ 6.000,00 a 8.000,00 e o irrigado varia de R$ conhecimento técnico e apoio de um profissional (agrônomo 11.000,00 a 12.000,00. ou técnico) com larga experiência na cafeicultura. Infelizmente, não é o cafeicultor que define o preço A partir de maio deste ano, o Deptº. Agronômico da do seu produto e nem o preço dos insumos agrícolas. Quem Bio Soja iniciou uma série de artigos técnicos publicados define os preços acima é o “mercado” que muitas vezes é mensalmente na Revista Attalea com o intuito de colaboinfluenciado por “boatos e especulações” que podem causar rar no aumento da lucratividade da atividade cafeeira dos distorções proporcionando prejuízos na atividade cafeeira. leitores desta revista. Portanto, o cafeicultor só tem uma saída, aumentar a Nesta edição da Revista Attalea Agronegócios, que é produtividade das suas lavouras visando aumento na lucra- a última deste ano, será abordada a primeira parte de um tividade da sua atividade econômica. Aparentemente, é mui- assunto que não é novo mas ainda é um tabu na cafeiculto fácil aumentar a produtividade mas é um trabalho muito tura nacional e é relegado ao esquecimento: análise foliar árduo que demanda tempo, determinação, sacrifícios, muito do cafeeiro. A análise foliar é uma ferramenta imprescindível em 1 - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Solos e Nutrição de Plantas e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. E-mail: renatobrandao@biosoja.com.br qualquer atividade agrícola mas principalmente na cafeicul2 - Engenheiro Agrônomo, cafeicultor e Consultor de Vendas da Campagro. tura. Um programa nutricional em sistemas de alta produ3 - Estudante de Agronomia da FAFRAM - Ituverava (SP) e estagiário do tividade tem início com a análise do solo que é a primeiDepartamento Agronômico do Grupo Bio Soja.
CAFÉ ra etapa para a calagem, gessagem, adubações de solo e foliares e tem na análise foliar do cafeeiro, a sua etapa final visando as adaptações nos programas de adubações de solo e foliares (Figura 2). O objetivo deste artigo é abordar a análise foliar no cafeeiro focando a amostragem das folhas e o preparo e remessa das folhas do cafeeiro ao laboratório. A interpretação dos resultados da análise foliar do cafeeiro será abordada na próxima edição, a ser publicada em janeiro de 2013. 1. Análise foliar do cafeeiro A análise ou diagnose foliar é a determinação dos teores ou concentrações dos nutrientes nas folhas do cafeeiro e a comparação com padrões nutricionais de lavouras com altas produtividades. A parte do cafeeiro utilizada para o diagnóstico do estado nutricional é a folha. É neste órgão que ocorre o metabolismo das plantas e reflete com maior precisão, o estado nutricional do cafeeiro. A análise foliar associada à análise de solo permite um diagnóstico muito mais preciso do estado nutricional do cafeeiro e das necessidades de adaptações nos programas de adubação. O uso da análise foliar baseia-se nas premissas da existência, dentro de limites, de relações diretas entre: a.) - Dose do nutriente e produtividade do cafeeiro; b.) - Dose do nutriente e teor foliar do nutriente e, c.) - Teor foliar e produtividade do cafeeiro. Quanto melhor o estado nutricional do cafeeiro (teor adequado dos nutrientes e balanceados entre si), maior será a produtividade da cultura. Portanto, a análise foliar consiste em analisar o solo, utilizando a planta como solução extratora.
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Figura 2. Importância da análise foliar nos programas nutricionais do cafeeiro.
Benefícios da análise foliar na cultura do cafeeiro: a.) - Avaliação do estado nutricional e da probabilidade de resposta à aplicação de um ou mais nutrientes; b. ) - Avaliação do equilíbrio nutricional; c.) - Verificar as deficiências ou toxicidades causadas pelos nutrientes; d.) - Monitoramento dos programas nutricionais e se houver necessidade, realizar ajustes nas doses dos nutrientes;
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Para que a análise foliar seja utilizada com sucesso na cultura do cafeeiro, é necessário responder as quatro perguntas a seguir.
e linhagens, idade das plantas, práticas culturais, dentre as quais, calagem, gessagem, adubações no solo e foliares, uso de irrigação, dentre outros.
Primeira pergunta: qual o número mais adequado de amostragem das folhas do cafeeiro Realizar pelo menos duas amostragens das folhas do cafeeiro. Entretanto, a maioria dos cafeicultores que utilizam a análise foliar realizam apenas uma amostragem foliar.
c.) - Horário da amostragem Se for possível, realizar a amostragem das folhas do cafeeiro nas primeiras horas do dia, até às 10h00.
Por que é importante realizar duas amostragens foliares no cafeeiro? A primeira amostragem das folhas do cafeeiro tem por objetivo avaliar o estado nutricional do cafeeiro e definir as adaptações a serem realizadas nas adubações de solo e foliares. A segunda amostragem das folhas tem por objetivo verificar o estado nutricional do cafeeiro após as adaptações nos programas nutricionais e se houver necessidade, realizar novas adaptações nas últimas adubações de solo e foliares. Se for possível, o cafeicultor pode realizar uma terceira amostragem, 30 dias após a última adubação de solo e foliar para avaliar o estado nutricional do cafeeiro antes da colheita dos grãos (abril ou maio). Segunda pergunta: como realizar a amostragem das folhas do cafeeiro A amostragem das folhas do cafeeiro é uma das fases mais críticas na avaliação do seu estado nutricional. Uma amostragem das folhas mal realizada resulta em uma análise que não reflete o estado nutricional do cafeeiro podendo causar graves prejuízos ao cafeicultor. Os erros durante a amostragem das folhas do cafeeiro nunca serão corrigidos nas etapas seguintes: preparo e remessa das folhas do cafeeiro ao laboratório e interpretação dos resultados da análise foliar. a.) - Época de amostragem Realizar a primeira amostragem das folhas do cafeeiro com frutos na fase do “chumbinho”. Esta fase normalmente ocorre entre os meses de novembro e dezembro, cerca de 60 dias após a florada principal. A segunda amostragem deve ser realizada cerca de 30 dias após as adubações de solo e foliares realizadas levandose em consideração as adaptações nos programas nutricionais. Normalmente, a segunda amostragem ocorre entre janeiro e fevereiro. Não coletar as folhas do cafeeiro até 30 dias após as adubações no solo e foliares, ou após a aplicação dos defensivos agrícolas. Após um período chuvoso, esperar pelo menos 48 horas para fazer a amostragem das folhas do cafeeiro. b.) - Divisão da área a ser amostrada em talhões ou glebas homogêneas A amostragem das folhas do cafeeiro deve ser realizada em área homogênea denominada de talhão ou gleba Essa área deverá ser uniforme quanto ao relevo, tipo de solo (cor e textura), profundidade do solo, produtividade, variedade
d.) - Seleção dos ramos e folhas Ramos: escolher ramos produtivos, na altura mediana do cafeeiro (Figura 3a). Posição das folhas nos ramos: colher o 3º ou 4º pares de folhas a partir do primeiro par de folhas com comprimento acima de 2 cm (Figura 3b). Condições das folhas: evitar a coleta de folhas anormais e/ou deformadas, causada por danos provocados por pragas, doenças ou mecânicos. Número de folhas: amostrar 100 folhas de café por talhão uniforme ou 50 pares de folhas. Terceira pergunta: como preparar e enviar as folhas do cafeeiro ao laboratório O preparo, acondicionamento e remessa das folhas do cafeeiro para a análise no laboratório é uma fase crítica e deve ser realizada com o maior cuidado possível. O ideal seria que as folhas do cafeeiro chegassem ao laboratório no mesmo dia da amostragem. Entretanto, na maior parte das situações, as folhas não são entregues no laboratório no mesmo dia da amostragem. Neste caso, é aconselhável que as folhas sejam lavadas com água corrente e enxaguadas com água filtrada ou destilada, acondicionadas em sacos de papel e postas para secar ao sol. A remessa das folhas do cafeeiro ao laboratório deve ser realizada em saco de papel e previamente identificada. A identificação das amostras deve conter o seu número, cultura, variedade e linhagem do cafeeiro, nome da propriedade e do produtor, município, data da coleta e endereço de correspondência. No laboratório, as folhas do cafeeiro serão lavadas em água destilada e, em seguida, secas em papel-toalha, serão posteriormente acondicionadas em sacos de papel, onde serão submetidas à secagem em estufa de circulação forçada de ar variando de 65 a 70ºC até atingir peso constante. Quarta pergunta: como realizar a interpretação dos resultados da análise foliar Os teores dos nutrientes da análise foliar do cafeeiro são interpretados comparando os resultados com padrões que são provenientes da experimentação agrícola. Antes da interpretação dos resultados da análise foliar é necessária uma série de informações para melhorar a avaliação do estado nutricional do cafeeiro e se houver necessidade, realizar as adaptações nas adubações de solo e foliares. Informações necessárias para a correta interpretação da análise foliar do cafeeiro: Cultivar e linhagens; Idade do cafeeiro e espaçamento; Sistema de cultivo: sequeiro ou irrigado;
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Figura 3a. Amostragem das folhas do cafeeiro em produção (parte mediana da planta).
Data da amostragem das folhas; Regime pluviométrico e temperatura; Análise completa do solo (macro e micronutrientes); Manejo na última e na atual safra: calagem, gessagem, adubações de solo e foliares, controle fitossanitário e podas; Produtividades anteriores e expectativa de produtividade para safra atual. Conforme comentado anteriormente, a interpretação dos resultados da análise foliar será realizada na próxima edição da Revista Attalea Agronegócios, a ser publicada em janeiro de 2013. 2. Considerações finais A análise foliar é uma ferramenta imprescindível em sistemas de cultivo com alto potencial produtivo na cultura do cafeeiro. As informações da análise foliar devem ser utilizadas para as adaptações das adubações de solo e foliares minimizando as prováveis deficiências nutricionais e evitando a toxidez dos nutrientes. Além disso, a análise foliar também otimiza a utilização dos fertilizantes de solo e foliares na cultura do cafeeiro reduzindo os custos de produção. É quase que impossível manter altas produtividades na cafeicultura sem a utilização da análise foliar como uma ferramenta para o manejo da nutrição do cafeeiro. Maiores informações sobre os produtos Bio Soja, entrar em contato com a Bio Soja via representante comercial (verificar o telefone de contato – www.biosoja.com.br) ou via e-mail - biosoja@biosoja.com.br. A
Figura 3b. Amostragem das folhas do cafeeiro em produção (3º ou 4º pares de folhas).
FRUTICULTURA
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valorização da lima ácida ‘Tahiti’ no mercado interno e a expansão do mercado internacional da fruta, observado nos últimos 15 anos, promoveu condições favoráveis para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva composta por pequenos e médios citricultores e indústrias de beneficiamento nas regiões Sudeste e Nordeste do Estado de São Paulo. Porém, a cultura apresenta desafios relacionados à rentabilidade, fato que tem levado produtores a abandonar a atividade, provocando impactos sociais e econômicos importantes para as regiões produtoras. Pesquisa realizada por Horst Bremer Neto, aluno de doutorado do Programa de Pós-graduação (PPG) em Fitotecnia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), intitulada “Desempenho horticultural de clones de lima ácida ‘Tahiti’ enxertados em citrumelo ‘Swingle’ cultivados com e sem irrigação”, aponta que, entre as variáveis horticulturais que
FOTO: Horst Btremer Neto
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Desempenho horticultural DE CLONES DO LIMÃO TAHITI
Fruto do clone “CNPMF EECB”.
influenciam a viabilidade econômica da cultura, destacamse a produtividade, a precocidade de início de produção e a qualidade dos frutos. “A maximização desses fatores pode ser alcançada pela seleção criteriosa da combinação copa/portaenxerto e com a aplicação de tecnologias de produção, como a irrigação, que tem gerado resultados favoráveis quanto ao aumento da produção de frutos na safra e na entressafra”, explica o pesquisador. O projeto é resultado de parceria ESALQ e Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro. Foi realizado sob orientação do professor Francisco de Assis Alves Mourão Filho, do Departamento de Produção Vegetal (LPV) da ESALQ e contou com a participação de Eduardo Sanches Stuchi, da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Stuchi foi responsável pelo planejamento inicial e instalação do experimento. Assim, o estudo relata que as pesquisas realizadas nos últimos anos tem se dirigido à avalição de porta-enxertos e irrigação para lima ácida ‘Tahiti’. “São poucas aquelas que envolvem a avaliação de clones de lima ácida ‘Tahiti’ devido à constituição genética triplóide da espécie que impõe limitações à aplicação de técnicas de melhoramento convencional. A diversidade genética da espécie é pequena e os cultivos comerciais são baseados, predominantemente, nos clones “IAC 5” e “Quebra-galho”. No entanto, esses clones apresentam limitações relacionadas ao porte elevado e à contaminação com viróides dos citros”, explica Horst. O pesquisador lembra, ainda, que além da baixa diversificação de copas, grande parte dos pomares utilizam o limão “Cravo” (Citrus limonia Osbeck) como porta-enxerto, por induzir maior produtividade e tolerância à deficiên-
cia hídrica. Por outro lado, a combinação dos clones “IAC 5” e “Quebra-galho” com o limoeiro ‘Cravo’ tem levado à produção de plantas de porte elevado e baixa longevidade devido às elevadas taxas de mortalidade causadas por gomose Phytophthora (Phytophthora spp.) e a presença de estirpes severas do vírus da tristeza dos citros e do viróide da exocorte. O trabalho, conduzido em Bebedouro (SP), avaliou o desempenho horticultural de clones de limeira ácida ‘Tahiti’ enxertados em citrumelo ‘Swingle”. Levando-se em conta as restrições do uso comercial do citrumelo ‘Swingle’ em ambientes que apresentam deficiência hídrica prolongada, os clones foram avaliados em duas áreas distintas, diferenciadas pelo uso da irrigação. Foram avaliados os clones “IAC5”, “IAC 5-1”, CNPMF/EECB”, “CNPMF 2000” e “CNPMF 2001”. Bremer Neto assegura que, por meio desse estudo, foi possível fixar um clone altamente produtivo sob condição irrigada e não irrigada (“CNPMF/EECB”), previamente selecionado por Sanches (EMBRAPA Mandioca e Fruticultura), o qual apresenta potencial para futura disponibilização aos citricultores. “Além disso, a irrigação mostrou-se técnica adequada para o cultivo da lima ácida ‘Tahiti’ por induzir aumento significativo de produção, inclusive na entressafra, quando os preços praticados no mercado interno são elevados. E, ainda, os clones estudados apresentam desempenho distinto sob deficiência hídrica, resultado inédito na citricultura mundial, que concentra relatos envolvendo a influência do porta-enxerto sobre a tolerância da planta à deficiência hídrica”, complementa. (Fonte: Esalq/USP) A
APICULTURA
Minas Gerais se consolida como a maior PRODUTORA DE PRÓPOLIS DO PAÍS
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FOTO: Wikimedia Foundation
estado de Minas Gerais ocupa, desde o ano de 2000, a posição de maior produtor de própolis do país e é atualmente responsável por quase 70% da quantidade total da substância em todo o Brasil. Enquanto a produção nacional gira em torno de 40 toneladas anuais, Minas, sozinha, coleta 29 toneladas por ano. O presidente da FEMAP - Federação Mineira de Apicultura, Irone Martins Sampaio, afirma que há diferentes fatores que explicam a liderança do estado no segmento, entre eles a rentabilidade e a procura internacional pela própolis. “Enquanto um quilo de mel é vendido a R$ 5,00, um quilo da própolis sai a R$ 150,00. O mel só é coletado duas vezes ao ano e a própolis, toda semana. Além disso, Minas tem se tornado referência mundial na qualidade de sua própolis e hoje esse já é o produto apícola com maior volume em exportações”, informa Sampaio. De acordo com ele, estudos feitos no Japão consideram as propriedades terapêuticas da própolis e identificaram princípios ativos que possuem desde ação antibacteriana até função cicatrizante e regeneradora de tecidos. E, mesmo que os produtos apícolas sejam destinados à alimentação, seu uso como complemento medicinal tem incentivado o comércio com outros países, sobretudo na Ásia. “A própolis é o ‘filet mignon’ dos produtos apícolas e o mercado é altamente favorável a ela. A tendência é que a procura internacional aumente, inclusive em função das novas descobertas contra doenças. Para se ter uma ideia, a própolis de Minas possui um princípio ativo a mais que a própolis de outros estados. Esse princípio ajuda a combater tumores e inclusive o tumor cancerígeno. Trata-se do fenólico “Artepelin C”. Esse fenólico tem como origem botânica o Alecrim do Campo (Baccharis dracunculifolia). Em algumas regiões a própolis verde tem 1% de “Artepelin C”, em certas regiões de Minas ela chega a 11,6%. Por tudo isso, o comércio da própolis é um grande negócio”, enfatiza Sampaio. Outros motivos que colaboram para a boa posição mineira no ranking de produção de própolis envolvem a boa condição climática do estado, com altitude média e tempera-
tura ideias para a substância, bem como a profissionalização do setor e o uso de equipamentos inteligentes para a coleta e armazenam da produção. O presidente da FEMAP também analisa a recente Pesquisa da Produção da Pecuária Municipal, divulgada pelo IBGE e que aponta Minas Gerais como a sexta maior produtora de mel do país. “Esse ranking considera apenas o mel, mas é preciso ter em mente a vocação das abelhas para outros produtos. Se o apiário estiver localizado em uma região onde a biodiversidade não é favorável à produção do mel ou outra substância, não adianta utilizar essa substância específica como parâmetro”, defende. No caso de Minas, mesmo sem ter o mel como foco, os apicultores conseguem coletar sete mil toneladas do produto, considerando que uma colmeia, quando é muito produtiva, rende 20 kg de mel por ano. Além disso, no estado, o mel é um subproduto utilizado para garantir a produção da própolis e muitas vezes é deixado nas próprias colmeias para fortalecer as abelhas. “Investir em mel não é vantajoso para Minas mas, se ele fosse tão competitivo quanto a própolis, nós também teríamos uma posição de destaque”, afirma Sampaio. A
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