Edição 61 - Revista de Agronegócios - Setembro/2011

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EDITORIAL

EXPOVERDE, mais que uma exposição!

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edição de setembro está repleta de informações sobre eventos, principalmente os relacionados à cafeicultura. Mostramos informações sobre a 11ª Hora Certa Cooparaíso, em São Sebastião do Paraíso (MG) e a Expocristais, em Cristais Paulista (SP), realizados neste início de setembro. Também divulgamos informações sobre o 9º Concurso de Qualidade do Café Alta Mogiana - Edição Dr. Orestes Quércia/2011, da AMSC, em Franca (SP) e do 8° Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café – Alta Mogiana, organizado pela Cocapec, em Franca (SP). O destaque maior para a 3ª EXPOVERDE, realizado pela Associação dos Produtores Rurais do Bom Jardim, em parceria com a Prefeitura de Franca, com a Revista Attalea Agronegócios, com a Cocapec, com o Banco do Brasil, com a Brasilbio, com o SEBRAE-SP e com a Embrapa Meio Ambiente.

Direcionado a produtores rurais e o público em geral interessado em paisagismo, o evento reunirá estandes de empresas, revendas agrícolas e instituições, com produtos, máquinas e equipamentos em oferta. Durante o evento também acontecerá, no dia 29 de setembro, o 1º Workshop Regional de Cafeicultura, com a presença do pesquisador Dr. Hélio Casale e do Engº Agrº Alessandro Oliveira, que discorrerão, respectivamente, sobre os temas “Meios para Elevar a Produtividade Econômica na Cafeicultura” e o “Uso da Gessagem e da Braquiária na Entrelinha do Cafezal”. Destaque ainda para a participação dos cafeicultores Antônio Carlos David (Fazenda Santa Izabel) e Fernando Ribeiro (Fazenda Petrópolis, do Grupo Kissol), que apresentarão os resultados obtidos com estas técnicas na região de Franca (SP). Boa Leitura a todos!!!

DICA DO MÊS • 2º Seminário de Meliponicultura de Franca (SP) - 27 a 29 Outubro Organizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento, o evento é direcionado a quem trabalha ou deseja desenvolver atividade econômica com abelhas sem-ferrão. Local = Pq. Fernando Costa, Unifran e Meliponário Abelha Brasil. Informações = (16) 3711-9483 (Célio)

• PROGRAMA TRAINEE CARGIL 2012 - Inscrições até 30 setembro O objetivo é preparar jovens em início de carreira. São oferecidas 30 vagas para candidatos graduados entre dez/2009 e dez/2011 nos cursos de Engenharia, Agronomia, Zootecnia e Administração de Empresas. Necessário fluência no idioma inglês. Informações = http://migre.me/5G3x6

e-mails JOÃO DEMERVAL LELLIS (jdlellisvete@hotmail.com) Pecuarista de Leite. Batatais (SP). “Peço a gentileza de atualizar o meu endereço para o recebimento da Revista Attalea Agronegócios. Aproveito para parabenizar os editores. Boas matérias, temas atuais, muito bom”. ALINE ZANETTI (zanettialine@hotmail.com) Arquiteta. Batatais (SP). “Meu pai, José Henrique Zanetti, é agricultor e tem interesse em receber a Revista Attalea Agronegócios.” ANSELMO FERNANDES CINTRA (anselmo@granjacalifornia.com) Suinocultor. Cristais Paulista (SP). “Gostaria de receber a revista”. FLÁVIO RIBEIRO R. CHAVAGLIA Produtor Rural. Ituverava (SP). “Gostaria de receber a revista”. TANIA M. MACHADO CORDEIRO. (cpd@afcp.com.br) Pesquisadora. Recife (PE). “Trabalho com controle biológico produzindo o fungo Metharizium anisopleae há mais de 20 anos e gostaria de me inteirar sobre as últimas informações da praga da “Cigarrinha da Raiz”, na cultura da cana-de-açúcar. Resp. = Tania, além do email que te enviei, encaminho outras duas sugestões. INSTITUTO BIOLÓGICO SP (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal - batistaf@biologico.sp.gov) e na EMBRAPA (Antonio Dias Santiago - santiago@cpatc. embrapa.br)


CONTABILIDADE RURAL

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MÁQUINAS

FOTOS: Divulgação Sami Máquinas

Café impulsiona mercado de tratores

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os últimos 12 meses, o preço da saca de café subiu mais de 100%, e como o café é uma cultura perene, por alguns anos o preço será bom para os cafeicultores brasileiros, já que a produção mundial não irá suprir a demanda. Diante deste cenário, o número de agricultores, independente do tamanho de suas propriedades, que está se equipando de maneira bastante intensa é grande. A procura por tratores desenvolvidos especialmente para este tipo de cultura aumentou bastante, segundo Nelson Watanabe, Gerente Nacional de Vendas da Agritech. “Nas últimas feiras em que participamos, como Expocafé e Agrishow, a expectativa de vendas foi superada em mais de 15% graças ao aumento de preços do café”, explicou Watanabe. Aliados a alta do preço do café, os produtores têm encontrado outros motivos para investir em maquinário: a NR31, a Norma Regulamentadora para a Área Rural e a perda de mão de obra para a cana-de-açúcar. Segundo Sami El Jurdi, diretor comercial da Sami Máquinas Agrícolas, concessionária Yanmar Agritech, com matriz em Franca (SP) e filial em São Sebastião do Paraíso (MG), o alto custo da NR31 tem forçado a mecanização do campo, já que no final, os custos com a produção são menores. “As leis trabalhistas e normas de segurança têm exigido muito dos proprietá-

Preço da saca de café subiu 100% e voltou a animar os produtores, que há mais de 10 anos amarguraram preços baixos. A situação aqueceu o mercado de tratores.


FOTOS: Divulgação Sami Máquinas

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rios de fazendas, e isso tem encarecido muito a produção. Para eles fica mais barato mecanizar o campo do que contratar agricultores e oferecer todas as condições exigidas pela lei”, comenta El Jurdi. O proprietário da concessionária Agritech também lembra que este ano a safra do café é baixa. “O momento é bom, com preços bons para a atividade, porém o ano é de safra baixa. Os agricultores estão investindo agora para colher bem no ano que vem”, completa Sami. A expectativa de que o próximo ano seja ainda melhor também animou o vendedor da Sami Máquinas Agrícolas, Rodrigo Moraes. “A expectativa para o ano que vem é ainda melhor, já que a safra será alta. Este ano o pessoal se animou com os preços, o mercado está aquecido e tem muita gente comprando trator à vista”, conta Moraes. No entanto, essa expectativa não é compartilhada por todos os produtores de café. Juliano Calil, da Fazenda Santa Helena, de Altinópolis (SP), acredita que o preço cairá um pouco no próximo ano devido à alta produção. “Alguns especialistas dizem que o preço sobe ainda mais. Prefiro ser um pouco mais cauteloso”, afirma Calil. Segundo o produtor, o preço do café ficou muito baixo por cerca de 10 anos e endividou muitos produtores. Para ele, agora é preciso que o preço da saca se mantenha entre R$ 480 e R$ 500 para que em poucos anos a conta seja equacionada. Calil também acredita que a mecanização do campo é uma tendência. “Não como há como andar para trás, a tecnologia veio para ficar e a mecanização é uma tendência sem volta. Hoje é uma necessidade ter o campo mecanizado”, conclui o produtor. A

“Preços bons para a atividade”, Sami El Jurdi, diretor comercial da Sami Máquinas Agrícolas.


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ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix) nunca deixou de ser uma ameaça à cafeicultura no Brasil, embora existam formas alternativas de convivência com a doença. Uma destas alternativas é o uso de cultivares resistentes à doença. Porém, descobertas recentes na Índia indicam que as fontes de resistência da maioria das variedades tornaram-se susceptíveis nos últimos anos, representando uma ameaça para as cultivares derivadas destes híbridos. Além disso, surgem com frequência novas raças de ferrugens, com potencial superior de virulência e agressividade. Assim, existem alguns desafios ao Brasil: Qual será a capacidade de ataque destas novas raças em lavouras brasileiras e o quanto as cultivares desenvolvidas conseguirão manter uma resistência duradoura? Depois de fazer uma apresentação no VII Simpósio Brasileiro de Pesquisas dos Cafés do Brasil, em Araxá (MG), o pesquisador do Centro de Investigação das ferrugens do cafee-

FOTO: UFLA

Epamig e Ufla reforçam necessidade de cooperação no combate à ferrugem

iro (CIFC-Portugal), Vítor Várzea, fez uma apresentação na sede da Unidade Sul de Minas da Epamig, em Lavras (MG), para pesquisadores e estudantes que se dedicam ao tema. Também visitou o setor de cafeicultura da UFLA Universidade Federal de Lavras (MG), em especial o Polo de Excelência do Café, acompanhado do pró-reitor de Extensão e Cultura, professor Magno Patto Ramalho e do pesquisador da Epamig, Antônio Alves Pereira, o Tonico, uma das referências brasileiras no desenvolvimento de cultivares resistentes à ferrugem.

Na Epamig, a apresentação de Vítor Várzea teve o objetivo de incentivar o debate sobre os novos desafios da doença, reforçando a necessidade de interação entre as instituições brasileiras e o CIFC para se buscar uma estratégia de convivência com este inimigo que continua como uma forte ameaça os cafeeiros. Em sua explanação, o pesquisador ressaltou a vulnerabilidade do cafeeiro à ferrugem, o que exige uma estratégia conjunta de defesa para desvendar a forma como as novas raças se originam, bem como os aspectos envolvidos na perda de resistência à doença. “A ferrugem tem uma capacidade tremenda de sobrevivência e de mutação para atacar o cafeeiro”, sinaliza o pesquisador, lembrando que a pesquisa deve estar atenta aos novos desafios, mesmo que seja para encontrar uma maneira eficiente de conviver com a doença. (FONTE: Polo de Excelência do Café) A

Concurso de Qualidade de Café da Cocapec distribui R$ 40 mil

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Cocapec - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas realiza, neste ano, o 8° Concurso de Qualidade de Café – Seleção Senhor Café – Alta Mogiana. As inscrições encerraram em 16 de setembro. Os nomes dos 20 primeiros classificados de cada categoria serão anunciados no dia 30 de setembro e a premiação acontecerá no dia 8 de outubro. Os cinco primeiros lotes classificados de cada categoria, produzidos em propriedades no Estado de São Paulo, serão encaminhados ao 10º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo. Os 5 primeiros classificados, dos cafés preparados por via seca (café natural), serão contemplados com os prêmios (vale compras) num A total de R$ 40 mil.


EVENTOS

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EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais é uma das instituições que está discutindo a implementação do sistema de curadorias de germoplasma do Brasil. O pesquisador Antônio Alves Pereira, representando a Empresa, compõe o comitê nacional responsável por elaborar um documento a ser enviado ao Governo Federal, sugerindo a criação de Sistemas de Curadorias nos Estados da União. O comitê vai trabalhar com o Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa) para estimular os demais estados a criarem seus sistemas de curadorias de banco de germoplasma, núcleos de conservação e coleções biológicas. Os bancos de germoplasma são unidades físicas para guarda e conservação de uma base genética ampla e diversificada, visando trabalhos de melhoramento para geração de novas cultivares mais adaptadas, resistentes e produtivas ou para uso futuro. O Brasil possui, atualmente, um total de 384 bancos de germoplasma. Em Minas Gerais, a intenção é propor que o trabalho de organização de curadorias de recursos genéticos seja realizado em ação conjunta com as universidades federais do estado. A EPAMIG pode contribuir para

FOTO: Samantha/MAPA

Bancos de Germoplasma tem coleção de cafés resistentes e de alta produtividade

Pau Brasil: uma das cultivares da EPAMIG resistente à ferrugem e de alta produtividade

a organização das curadorias, uma vez que já detém coleções de bancos de germoplasma de valor científico e econômico, como as de oliveira, videira, feijão, pimentas, batata baroa, batata doce, leguminosas, ervilha e feijões asiáticos, pinhão manso, soja, trigo e morango. A principal, segundo Antônio Alves Pereira, é a coleção de café arábica, com 1.580 acessos – muitos com resistência à ferrugem e a nematóides, e que possuem alta produ-

tividade. Entre as atribuições das curadorias de bancos de germoplasma estão aumentar a disponibilidade da variabilidade genética dos recursos genéticos vegetais, animais e de microrganismos importantes para o país; acompanhar as atividades de quarentena de pósentrada do germoplasma introduzido; promover expedições de coleta dos recursos genéticos vegetais, animais e de microrganismos existentes no país; realizar inventários dos recursos genéticos vegetais, animais e de microrganismos conservados; e organizar e manter a documentação dos dados de passaporte dos acessos de germoplasma. Política Nacional sobre Recursos Genéticos - Em julho passado, foi realizado o 1º Workshop de Curadores de Germoplasma do Brasil, em Campinas (SP), e, entre as resoluções, o grupo irá enviar proposta à Presidência da República e ao Congresso Nacional, estabelecendo princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional sobre os Recursos Genéticos de Interesse da Pesquisa em Agricultura e Alimentação. A


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auto-estima dos jovens que vivem nas áreas rurais também cresce a partir do momento em que tomam conhecimento da importância do agricultor na economia do país. Com este projeto, a Syngenta contribui para que a agricultura sustentável seja mais amplamente praticada no Brasil, fazendo da mesma uma atividade que atenda às necessidades presentes sem haver um comprometimento da capacidade das gerações futuras para atender às próprias necessidades. A

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om o objetivo de formar novas gerações de agricultores conscientes da necessidade de preservar o meio ambiente e usar a tecnologia para a produção de alimentos mais saudáveis, a Syngenta em parceria com a Capebe no dia 10 de agosto último iniciou as atividades com os professores do projeto “Escola no Campo”. Para cumprir este objetivo, foi desenvolvido um programa didático que é usado nas escolas rurais. O projeto conta com a participação ativa dos professores dos municípios de Boa Esperança (MG), representada pela Escola Rural do Barro Preto, de Nepomuceno (MG) e também Minduri (MG), os quais vão inserir os conteúdos educativos do projeto na grade curricular das séries atendidas. Com o projeto “Escola no Campo”, os jovens são estimulados a transmitir o que aprendem para suas famílias e para a sociedade em que vivem. Desta forma, o projeto também assume papel importante na conscientização dos adultos sobre os conceitos de agricultura sustentável. O principal resultado prático alcançado pelo projeto “Escola no Campo” é o aumento da qualidade nas práticas agrícolas das regiões atendidas. A

FOTO: Divulgação Syngenta

CAPEBE e Syngenta firmam parceria em projetos socioambientais


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EXPOCRISTAIS 2011: uma festa para o Setor Agropecuário Cristalense

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Prefeitura Municipal de Cristais Paulista (SP) realizou de 8 a 11 de setembro, a EXPOCRISTAIS 2011, evento destinado à classe agropecuária de toda a região da Alta Mogiana. Foram várias atividades desenvolvidas em prol dos produtores rurais de nossa cidade: Na Exposição de Máquinas e Equipamentos Agrícolas foi montada uma praça de exposições onde os produtores puderam ter acesso a tratores dos mais diversos modelos e potências, implementos agrícolas como máquinas de varrição e abanação de café, roçadeiras, sistemas de irrigação, guindaste para “bags” de fertilizantes e muito mais. Estiveram também presentes duas concessionárias de automóveis, mostrando seus últimos modelos utilitários. Os participantes puderam até fazer um “test-drive” nos carros em exposição. Na área de expositores foi montado também um espaço institucional, onde esteve presente o estande da Se-cretaria Municipal de Agropecuária e Meio Ambiente, representando a Prefeitura de Cristais Paulista. Neste espaço foram expostos o trator e os implementos agrícolas adquiridos pela Prefeitura e que agora serão cedidos, em comodato, para a Associação dos Agropecuaristas de Cristais Paulista. A proposta é que a associação utilize estes equipamentos para o preparo e manutenção das lavouras dos associados. A área institucional contou ainda com o estande da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Outro estande de destaque na EXPOCRISTAIS 2011 foi o do o estande da empresa 1 - Engenheiro Agrônomo e secretário municipal de Agropecuária e Meio Ambiente de Cristais Paulista. Email: agronomo@cristaispaulista.sp.gov.br

Luffa-Agrobucha, mostrando todo o processo de industrialização da bucha. O resultado dos negócios realizados na feira ainda não foi publicado pelas empresas participantes, mas espera-se um montante de vendas compatível com as feiras anteriores. Um dos pontos mais importantes de todo o evento foi a realização do Simpósio de Agricultura do COMAM - Consórcio dos Municípios da Alta Mogiana. O tema do simpósio foi “O papel da Alta Mogiana no Agronegócio Brasileiro”, onde foi discutido e apontado a evolução da agropecuária na região da Alta Mogiana. O evento começou com um belo café da manhã e com três palestras de alto nível voltadas aos produtores rurais: “Formação de Pastagens com Leguminosas e Gramíneas” (Wolf Seeds), “Formalização da Atividade Rural” (SEBRAE) e “Pragas de Solo nos Cafeeiros” (IAC). O período da tarde foi destinado aos representantes municipais discutirem avanços e deficiências da agricultura regional. A autoridade principal foi a Secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento, Mônica Bergamaschi. “Esperamos que desta forma, tenhamos atingido os objetivos traçados, que foi dar ao produtor rural de nosso município e região uma festa que os homenageasse”, disse Hélio Kondo, prefeito da cidade. A

Campanha Hora Certa Cooparaíso supera as expectativas

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ais de 1.500 produtores rurais de toda a região prestigiaram a 11ª Hora Certa. A feira acontece todos os anos na matriz (em São Sebastião do Paraíso/MG)e nos 11 núcleos da Cooparaiso. Este ano o evento contou com a participação de mais de 80 fornecedores, entre máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes e instituições parceiras. “As mesmas modalidades de oferta e financiamento são aplicadas durante a campanha”, ressalta o diretor Rogério Araújo. Cidades vizinhas organizam caravanas de produtores rurais para a visitação na feira da matriz. Renato Antunes, vendedor da loja Cooparaíso salienta que o evento superou as expectativas de bons negócios. “Nos surpreendemos, o produtor estava muito receptivo. As ofertas e condições de preço foram uma boa oportunidade, isso significa aumento de lucratividade e investimento na produção”, disse. A


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Distorções tributárias afetam a cadeia produtora de café

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tação gerou efeitos considerados perversos para a cadeia produtiva. O próprio setor admite que foi necessário um tempo considerável para perceber essas distorções. De um lado, se ressentem as empresas exportadoras de café verde que só atuam no mercado internacional, pois têm dificuldade de reaver os créditos tributários. Isso leva à diminuição das vantagens competitivas das empresas apenas exportadoras. De outro lado, se ressentem as torrefadoras que só atuam no mercado brasileiro, pois têm desvantagens ao pagar os tributos. Aqui, o forte processo de concentração no mercado brasileiro de torrado e moído seria a principal prova dessa realidade. Dessa forma, sabendo que toda política tributária tem caráter distributivo e considerando as distorções da política atual, resta saber o que se deseja para o setor: a manutenção do status quo ou a realização de reformas, embora a incerteza impeça que os impactos das mudanças sejam totalmente A previstos. (FONTE: Correio do Estado)

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possibilidade de mudanças na legislação do PIS/ Cofins para a cadeia de café tem provocado controvérsias e um grande debate no setor. Sabe-se que em um mundo de incertezas é impossível prever todas as implicações de uma política pública. Por mais que as autoridades se esmerem em modelar predições, usando sofisticados métodos computacionais, dificilmente se terá certeza dos resultados no mundo real. Em primeiro lugar, tem-se a dificuldade de prever todos os efeitos sistêmicos derivados de uma política. No caso de uma tributação, as peculiaridades de cada setor representam um empecilho. Qual a alíquota que deve ser imposta de forma que os ganhos de receita sejam maiores que os custos da tributação? Qual a possibilidade de as empresas repassarem o tributo para os consumidores? Se essa possibilidade existir, será que haverá isonomia de efeito entre as empresas que compõem o setor? Diz a teoria que as empresas com maior poder de mercado têm mais capacidade de repassar aumentos tributários para os consumidores. Isso pode criar um impacto indesejado para a economia? Outro conjunto de incertezas se refere ao ambiente externo. A modificação de uma política nos países desenvolvidos, por exemplo, pode afetar as taxas de juros, o câmbio no Brasil e, indiretamente, modificar os resultados esperados da tributação e na competitividade do setor. Por fim, um terceiro efeito pode surgir: o rearranjo natural das empresas à restrição imposta pela política visando diminuir o ônus da tributação. Isso pode ocorrer por meio do aproveitamento de brechas na legislação ou pelo uso de artifícios fraudulentos de difícil verificação. Um exemplo da dissintonia entre o resultado esperado e o obtido foi a medida que instituiu a cobrança do PIS/Cofins sobre as vendas de café verde e estabeleceu créditos presumidos para as empresas exportadoras. Com o propósito de incentivar as exportações, a tribu-


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Viva a Diferença

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engenheiro agrônomo Gerson Silva Giomo apresenta com deferência os cafeeiros altos, encorpados e uniformes que formam uma mancha verde de um dos lados de uma estrada de terra da Fazenda Santa Elisa, nas bordas da cidade de Campinas (SP). É o resultado de quase um século de melhoramento genético, que fez a produtividade dar um salto de 250%. Em seguida, Giomo sorri com discrição ao mostrar, do outro lado da estradinha, o que mais lhe interessa: fileiras de cafeeiros miúdos, desgrenhados e deselegantes. “Quem disse que esses pés feios, pequenos e com poucos frutos não podem produzir café de qualidade?”, ele indaga. “Quanto mais diferentes são as plantas, maior a chance de encontrar frutos com características que interessem para os produtores e apreciadores.” À frente do programa de cafés especiais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Giomo está colhendo os grãos que devem resultar em cafés mais doces, encorpados, leves, achocolatados ou frutados, para serem bebidos com calma, como café, não como um rápido cafezinho, ou usados em misturas de cafés, os blends, e em molhos para carnes. Em julho Giomo acompanhou a colheita dos grãos dos cafeeiros pouco valorizados, embalados separadamente. Ele esperou os grãos secarem sem pressa durante 30 dias em um dos galpões de secagem do IAC e es-

tava perto na hora de torrar, quando os grãos esverdeados ganham cor, aroma e acidez, antes de serem moídos e aproveitados para se fazer uma das bebidas mais consumidas do mundo. Em seguida foi como degustador certificado pela Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA) que Giomo escolheu os de sabores e aromas mais originais, que ele pretende apresentar neste mês para um grupo de degustadores – pelo menos dois dos Estados Unidos. “São eles que vão nos dizer quais as variedades a que devemos dar mais atenção no IAC”, assegura. A SCAA estabelece 10 itens de avaliação, como sabor, aroma, doçura, acidez, corpo, sabor residual e equilíbrio. Acidez mais alta é valorizada, mas depende do tipo de acidez: “É melhor uma acidez cítrica ou frutada; a acidez acética, que lembra o vinagre, é ruim”. Escolhidos os melhores entre os melhores, os pesquisadores devem voltar ao campo e ampliar a produtividade das plantas em que cresceram os grãos do café que mais impressionaram os provadores. Giomo acredita que em sete anos os produtores poderão ter à mão pelo menos 10 novas variedades que conciliem características marcantes e diferenciadas de sabor e aroma com uma produtividade aceitável. “Queremos que os resultados cheguem aos produtores interessados o mais rapidamente possível”, apressa Oliveiro Guerreiro Filho, diretor do Centro de Café do IAC. Cana, o Exemplo – O trabalho

integrado com os produtores foi o que recuperou o programa do IAC para melhoramento genético da cana-de-açúcar. No final da década de 1980, Marcos Landell, então pesquisador recém-contratado, encontrou o programa agonizante: os especialistas mais experientes se aposentavam, nenhuma pesquisa nova à vista. Logo depois, dois programas de pesquisa em cana criados nos anos 1970 encolheram, estimulando o IAC a se reorganizar nessa área. “Como éramos poucos, tratamos de nos organizar”, conta Landell. Ele e dois colegas de outras unidades do IAC, Pery Figueiredo e Mário Campana, procuraram técnicos de usinas produtoras de açúcar e álcool e pesquisadores de universidades e de outras instituições. Durante um ano reuniram-se uma vez por mês no bar Ao Leste do Éden para levantar problemas e possibilidades de ação. As conversas, ele garantiu, eram bastante produtivas, mas a mulher de um deles reclamou das noitadas, sem acreditar que eram encontros técnicos, e em abril de 1992 começaram a se reunir dentro do IAC de Ribeirão Preto (SP). Trocaram as cervejas por café e chá, mas o grupo já havia crescido de meia dúzia para cerca de 40 participantes – hoje são 130. Em conjunto, planejaram e testaram novas técnicas de colheita, identificaram novas variedades de cana que poderiam ser usadas, detectaram e combateram pragas e doenças que começavam a chegar. Uma consulta realizada em uma feira agrícola realizada no IAC indicou que os produtores queriam uma cana mais adequada à alimentação do gado. “Vimos que havia mais de 1,5 milhão de pecuaristas que usavam cana para gado, mais que para etanol”, conta Landell. Sua equipe, em conjunto com colegas do Instituto de Zootecnia e da Embrapa, identificou no próprio acervo do IAC uma variedade de cana forrageira menos fibrosa e mais doce, capaz de fazer as vacas produzirem mais leite, lançada em 2002. “Renascemos das cinzas, sem recursos, mas com a disposição de pessoas das usinas e da administração do instituto que deixaram o caminho aberto para atuarmos com criatividade”, celebra Landell, que desde 1995 dirige o centro de pesquisa e coordena o programa de melhoramento de cana. A contratação de nove pesquisadores em 2005 ampliou os trabalhos conjuntos com outros centros de pesquisa do país. Desse tipo de abordagem, se funcionar outra vez, poderão resultar cafés de gostos diferenciados, tornan-


formada em 1932 com variedades trazidas da Etiópia, do Quênia, da Costa Rica, de El Salvador e da Guatemala. Por uma área de 70 hectares se espalham cerca de 120 mil plantas de 15 espécies ou combinações entre elas. “Por causa das leis que desde os anos 1990 dificultam a troca de material genético entre pesquisadores de países diferentes”, diz Bernadete, “hoje seria impossível formar uma coleção tão rica em diversidade genética”. Uma das espécies silvestres que crescem perto do centro de pesquisa do café é a Coffea eugenioides. É um arbusto de folhas pequenas e frutos

vermelhos bem pequenos, a partir dos quais se pode produzir um café suave, límpido, com baixa adstringência e um tênue aroma floral. Estudos recentes indicaram que essa espécie é uma das que originaram espécies das quais se formou a Coffea arabica. Outra conclusão importante: a doçura e o aroma agradável dessa espécie mais cultivada comercialmente provêm dos genes herdados da C. eugenioides. “O surgimento da Coffea arabica foi um fenômeno espontâneo dos mais felizes, ocorrido há cerca de 700 mil anos, unindo os genes de Coffea eugenioides e de uma espécie mais robusta, a Coffea canephora”, diz Carlos Colombo, pesquisador do IAC que participa de uma equipe de especialistas com ramificações em vários estados que analisa os genes do café. O problema é que a produtividade das espécies silvestres normalmente é baixa, e não é nada fácil fazer com que essas variedades produzam mais, por meio de cruzamentos com outras, sem perder os sabores especiais. Um cafeeiro demora dois anos para frutificar pela primeira vez e só é considerado um candidato à nova variedade se produzir grãos com as características desejadas e em uma quantida-

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do a produção brasileira respeitada não só pela quantidade, mas também pela qualidade. O Brasil é hoje o maior produtor mundial de café: a safra de 2011 deve ser de 43,5 milhões de sacas de 60 kg. Apenas duas espécies, as mais produtivas até agora encontradas, dão conta dessa montanha de café. A Coffea arabica, que produz os grãos usados no café consumido como bebida, ocupa 76% dos cafezais, enquanto a Coffea canephora, também chamada de robusta ou conilon, usada em cafés solúveis, os outros 24%. O melhoramento genético fez a produtividade aumentar em 250% desde 1727, quando o sargento Francisco de Melo Palheta plantou no Pará as primeiras mudas de café, que ele trouxe clandestinamente da Guiana Francesa. Por outro lado, a qualidade não foi tão enfatizada. “O melhoramento genético elimina a diversidade para valorizar a produtividade”, diz Maria Bernadete Silvarolla, pesquisadora do IAC. As novas variedades devem ser escolhidas entre as raridades que crescem na fazenda do IAC – algumas delas nem parecem um pé de café, são longilíneas e têm folhas largas como uma jaqueira. Essa coleção de cafeeiros, a maior do país, começou a ser

FOTO: Divulgação

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de razoável por pelo menos quatro anos seguidos. Uma variedade de café naturalmente descafeinado mostra como o trabalho nesse campo pode ser longo. Bernadete examinou a quantidade de cafeína em grãos de 3 mil plantas até encontrar três, vindas da Etiópia, com 0,07% de cafeína, enquanto uma variedade comercial bastante usada de Coffea arabica chamada “Mundo Novo”, usada como comparação, contém 1,2%. Em um artigo de 2004 na Nature, ela e outros pesquisadores do IAC e da Universidade Estadual de Campinas apresentaram a provável razão da escassez de cafeína: a deficiência na quantidade ou no funcionamento da enzima cafeína sintase, que transforma a teobromina em cafeína. Essas três variedades, batizadas de “AC” em homenagem a Alcides Carvalho, pesquisador que liderou o programa de melhoramento genético de café no IAC durante 60 anos, tinham muito mais teobromina que a Mundo Novo. Desde 2004, a equipe de Bernadete cruzou plantas ACs com outras, mais produtivas. Quatro anos depois, nenhuma das 600 plantas dessa primeira geração produziu café sem cafeína porque, hoje se sabe, essa característica se deve à ação conjunta de pelo menos dois genes, ambos recessivos: os grãos terão baixo teor de cafeína somente quando uma cópia de um gene vinda de um pai e outra cópia vinda de outro pai forem recessivas. Depois de outro cruzamento dirigido e mais três anos de espera, os pesquisadores examinam quimicamente os grãos da primeira safra das 400 plantas da segunda geração, esperando encontrar algumas capazes de produzir grãos sem cafeína – e com uma produtividade que justifique seu cultivo em escala comercial. Se encontrarem, talvez possam produzir mais rapidamente, por meio de clonagem, outras plantas com essa mesma característica. Bernardete acredita que o

café naturalmente descafeinado poderia alegrar os paladares refinados e quem não pode ingerir cafeína, sob o risco de ganhar uma insônia ou desmaiar. Isolados na Mata – Pode haver outras raridades além das cercas do IAC. Cafezais hoje são raros no interior paulista – foram substituídos por canaviais e outras culturas que exigem terras menos férteis –, mas cafeeiros isolados ainda florescem em meio aos fragmentos de mata atlântica. “A natureza fez uma superseleção genética de graça para nós nos remanescentes florestais”, observa Sergius Gandolfi, professor da Universidade de São Paulo (USP). “Nos fragmentos de florestas existem milhares de cafés provavelmente únicos, em sabor, resistência a doenças ou capacidade de crescer à sombra, que resistiram à competição com outras plantas e ataque de pragas e viveram isolados, sem trocar genes com outros cafés de outros fragmentos, durante um século, talvez 20 gerações.” A qualidade dos grãos e da bebida não depende só da genética, mas também do ambiente e do processamento. Por essa razão é que a equipe do IAC pretende conseguir a colaboração de produtores que possam ceder terras, se possível em todo o país, para avaliarem se as plantas selecionadas mantêm as qualidades desejadas em outros ambientes. Se conseguirem, talvez possam encurtar o tempo de desenvolvimento de novas variedades – as que derem certo já estarão nas terras dos produtores. Outra possibilidade é modificar o ambiente para as plantas expressarem suas qualidades. Já se sabe que o cafeeiro cresce melhor em áreas mais altas, como as de Minas Gerais e da Alta Mogiana, em São Paulo, e que a arborização parcial pode compensar a baixa altitude e contribuir para melhorar a qualidade. Os cafés da Etiópia e do Quênia estão entre os melhores do mundo porque o café cresce em meio a florestas, seu ambiente original, com menos estresse, e os frutos podem amadurecer mais lentamente e produzir as substâncias que acentuam o sabor e o aroma. Gandolfi lembra que um estudo feito na Costa Rica indicou que a produção de grãos poderia ser 20% maior quando há uma floresta perto dos cafezais. A proximidade beneficiava também a qualidade dos grãos, por facilitar a polinização, mais eficaz quando feita por abelhas nativas. “Em tempos de mudança do Código Florestal, essas evidências “se contrapõem ao discurso de que os pequenos proprietários não precisam de florestas”. A produção de cafés especiais poderá exigir também ajustes na colheita e beneficiamento. Os grãos maduros talvez tenham de ser colhidos várias vezes, em vários momentos; hoje o colhedor puxa dos ramos de uma só vez os frutos verdes, maduros, cuja cor varia do amarelo pálido ao vermelho intenso, dependendo da espécie, e os já ressecados, depois os separando. Os grãos podem secar mais rapidamente no terreiro de cimento, como se faz há mais de um século, mais lentamente em secadores suspensos ou um pouco ao sol e depois em secadores mecânicos. Aindá há muito trabalho – e café – pela frente. (FONTE: Fapesp). A


Genótipos de Bourbon são avaliados por especialistas em qualidade do café

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pelo torrefador americano e juiz, Joel Shuler (Casa Brasil). A análise química será realizada posteriormente, sob a responsabilidade do pesquisador da Epamig, Marcelo Ribeiro Malta. Este terceiro ano de avaliação é uma continuidade do estudo que deu origem à dissertação de Mestrado em Ciências dos Alimentos de Luísa Pereira Figueiredo, intitulada “Perfil Sensorial e Químico de Genótipos de Cafeeiro Bourbon de Diferentes Origens Geográficas”, defendida em fevereiro de 2010, sob a orientação do professor Borém. O estudo original avaliou 20 genótipos, incluindo o ‘Mundo Novo’, o ‘Catuaí’ e o ‘Icatu’ como testemunhas. Agora, a mesma equipe de provadores ampliou a pesquisa em três projetos distintos em uma parceria entre UFLA, Epamig e IAC, com o apoio do CNPq e Consórcio Pesquisa Café. Ainda com resultados preliminares, é possível verificar a existência de variações sensoriais dentro do grupo de Bourbons, sobretudo, com relação à

qualidade diferenciada para os genótipos de frutos amarelos. Na avaliação do professor Borém, a série histórica trará maior confiabilidade a esta resposta, permitindo que sejam avaliadas, de forma complementar, as condições de cada ambiente. A identificação de diferentes atributos sensoriais do Bourbon em distintas regiões produtoras não deve ficar restrita aos genótipos cultivados comercialmente, mas seus resultados poderão contribuir na seleção de materiais para um novo alinhamento do melhoramento genético do cafeeiro, focado na qualidade final da bebida. A identificação de materiais promissores para determinado segmento de consumo é a essência do Programa Cafés de Especiais, recém lançado pelo IAC. De acordo com Giomo, pesquisador responsável pelo programa “há todo um universo de possibilidades para melhorar a qualidade do café a ser explorada”, finaliza. (FONTE: Polo de Excelência do Café) A

17 SET / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

erá possível afirmar que existe um genótipo de Bourbon que independente do ambiente terá sempre bom desempenho? Existe algum Bourbon que não deveria ser indicado? Qual fator é mais determinante na definição final da qualidade da bebida, o genótipo ou o ambiente? Para haver um grau maior de confiança nestas respostas, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) fez uma avaliação sensorial, pelo terceiro ano consecutivo, de amostras de sete genótipos de ‘Bourbons’, de três municípios distintos (Lavras/MG, Santo Antônio do Amparo/MG e São Sebastião da Grama/SP). A avaliação foi realizada no Polo de Tecnologia em Qualidade do Café, do Setor de Cafeicultura da UFLA, pelos pesquisadores e juízes internacionais, professor Flávio Meira Borém (UFLA) e Gérson Silva Giomo (IAC). A análise sensorial também foi realizada

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Produtividade da safra 2011/2012 encontra-se dentro da média, analisa Safras & Mercado

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colheita de café da safra brasileira 2011/12 foi indicada em 98% até 08 de setembro. O número faz parte do levantamento de SAFRAS & MERCADO para a evolução da colheita da safra. A colheita está adiantada em relação a igual período do ano passado, quando 93% da safra 2010/11 estava colhida. Quanto mais a colheita caminha para o seu término, mais se observa que os índices de produtividade encontram-se dentro da média para um ano de baixa produtividade. Como as condições meteorológicas ao longo dessa safra foram relativamente boas, a qualidade dos grãos de café também se encontram de “boas a excelentes”. Não estão sendo observados grãos com qualidades físicas e de bebida muito ruins. As considerações partem do Boletim Agrometeorológico Semanal da Somar Meteorologia. Segundo a Somar, com a colheita já se encaminhando para sua finalização, os olhares de toda a cadeia do agronegócio do café continuam sendo para a nova safra. As atenções estão em quando as chuvas voltam nas principais regiões cafeeiras do Brasil, para dar suporte ao pleno florescimento dos cafezais, haja vista que todas as plantas já se encontram com um excelente índice de botões florais e 100% deles aptos à abertura. Portanto, só está fal-

tando, agora, chuvas para que ocorra essa próxima florada. O boletim coloca que, segundo as previsões, isso só deverá ocorrer após o dia 20 de setembro, apesar de que na passada chegaram a ocorrer chuvas em algumas áreas da região sul de Minas Gerais e região da mogiana Paulista. Mas, como essas chuvas foram de baixa intensidade, não foram suficientes para provocar a abertura da florada. Porém,

a Somar indica que houve já alguns relatos de florada, mas sem importância significativa à produção tanto regional quanto nacional. A florada principal deverá ocorrer entre a última semana de setembro e a primeira de outubro. Sobre as perdas por geadas, aponta a Somar, começa a ficar claro que as baixas temperaturas ocorridas no final de junho e no início de agosto afetaram várias lavouras de café das regiões sul de Minas Gerais e de São Paulo. Com isso, haverá uma redução na produção de café do ano que vem, ou seja, da safra 2012. Contudo, essa redução poderá ser suplantada caso a florada seja intensa e os percentuais de pegamento também sejam altos, o que muito provavelmente acontecerá, observa a Somar. O boletim indica ainda que, para essa semana, não há previsão de chuva para nenhuma região cafeeira de São Paulo e Minas Gerais, somente após o dia 22/09 é que a passagem de uma frente fria sobre essas regiões irá organizar a umidade e trazer chuvas a essas regiões. Até lá, as condições se manterão favoráveis tanto à finalização da colheita quanto à secagem dos grãos, conclui a Somar. A


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Elias Marques 1

1 – Engenheiro Agrônomo e RTV Vitória Fertilizantes. Cel. (34) 99419292. Email: elias@vitoriafertilizantes.com.br

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roduzir café não é brincadeira ou muito menos negocio para aventureiros que visam simplesmente como atividade de investimento. Para se ter sucesso na cafeicultura e necessário ter boas experiências na atividade para ter sustentatividade no segmento em todas as fases do mercado e, principalmente, conhecimentos práticos e técnicos. Lembrando que se trata de uma cultura que deve ser projetada para ser instalada no mínimo por 13 anos, com bons manejos e tratos culturais. Para se ter bons resultados é sempre importante ter um bom técnico orientando as atividades a serem executadas, principalmente aqueles produtores que não tem tradição com a cultura. Isto para que não tenham surpresas e visando sempre inovações tecnoloógicas viáveis para produção. Para os plantio, sugerimos aos produtores que realizem as correções de solo (calagem), preparo para que seja realizada a aplicação da matéria orgânica, visando fonte de capacidade de retenção de água e fonte nutricional, para que as plantas desenvolvam melhores, principalmente nos períodos críticos de seca. É também de grande importância a complementação do fósforo mineral e as demais adubações necessárias, de acordo com as análises de solo. Outro fator imprescindível é a realização de um planejamento antecipado do plantio de mudas. Elas devem ser adaptadas para a região e com espaçamento correto de acordo com a variedade. O plantio deve acontecer nos melhores períodos de chuva. Lembrando que o que é urgente hoje é o que não foi feito diante do planejamento ideal. E o preparo de solo é fundamental para o sucesso do desenvolvimento das plantas. A

FOTOS: Vitória Fertilizantes

Cafeicultura com sucesso corresponde à tradição e às boas técnicas

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Safra brasileira 2011 de café soma 43,15 milhões de sacas

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produção brasileira de café no ciclo 2011/2012 está estimada em 43,15 milhões de sacas. O valor é o melhor para anos de baixa bienalidade do grão desde a temporada 1999/2000. O melhor desempenho da produção de café (arábica e conilon) se deve unicamente aos bons preços do café no mercado, que possibilitaram ao produtor investir, por exemplo, em melhores técnicas para o trato cultural (adubação, irrigação etc.). Se dependesse das condições climáticas - fortes incidências de veranicos no período de enchimento de grãos - este número seria bem diferente. A safra atual é 10,3%, ou 4,94 milhões de sacas inferior aos 48 milhões do ciclo anterior. A redução é registrada devido à baixa bienalidade, característica da lavoura de café, que alterna anos de ciclo alto e baixo. De acordo com o estudo da Conab, a produção não foi maior por causa da estiagem em janeiro e fevereiro. Essa condição climática prejudicou as lavouras em fase de enchimento dos frutos, sobretudo em Minas Gerais (regiões Sul e Cerrado Mineiro), na Bahia e em Rondônia. A maior redução é observada na produção de café arábica, com queda de 13,4% (4,93 milhões de sacas). Para a produção do Conilon (Robusta), a previsão aponta uma redução de 0,1%, correspondente a 8,6 mil sacas. A comparação entre a estimativa atual e a anterior, re-

alizada em maio, aponta aumento de produção no Espírito Santo (551 mil sacas) e Paraná (120 mil sacas). Minas Gerais, Bahia e Rondônia, devido à estiagem, apresentam redução na safra. O café Arábica representa 73,9% (31,89 milhões de sacas) da produção nacional, e o maior produtor é Minas Gerais, com 67,1% (21,40 milhões de sacas) de café beneficiado. Já o Robusta participa com 26,1% do grão beneficiado e tem grande produção no Espírito Santo, com 75,4% ou 8,49 milhões de sacas. A área total (em formação e em produção) soma 2,27 milhões de hectares -- 0,66% inferior à cultivada na safra passada. Estoques — Os estoques privados somam 9.238.135 sacas de café, quantidade 3,29% superior à contabilizada em 2010, quando chegou a 8.943.988 sacas. O café do tipo Arábica continua predominante no estoque privado nacional, correspondendo a 89,11% do total. A

OIC mantém projeção de safra mundial em 130 milhões de sacas

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produção mundial de café deve cair levemente em 2011/12. Safras maiores no Vietnã, México e Honduras ajudaram a compensar uma colheita mais baixa no Brasil e na Indonésia, informou hoje Organização Internacional de Café (OIC). A OIC reiterou que a produção totalizará 130 milhões de sacas de 60 quilos cada na temporada 2011/12, abaixo das 133,3 milhões de sacas registradas em 2010/11. Ainda assim, a organização alertou que o cenário mundial de oferta/demanda segue frágil, com o consumo estimado em 134,8 milhões de sacas. “Em agosto, os preços do arábica subiram 1,8%, com a média do segundo e terceiro vencimentos dezembro e março no mercado futuro de Nova York em 260,39 cents por libra-peso, acima dos 255,90 cents por librapeso apurados em julho”, disse a OIC. “O mercado futuro de Nova York oscilou fortemente em agosto e a volatilidade dos preços aumentou um pouco, principalmente em reação às recentes notícias de geadas em algumas áreas produtoras de café do Brasil”, acrescentou a organização. Apesar dos relatos de geadas, o impacto na atual safra de café parece ser muito limitado. “Ainda é muito cedo para estimar os efeitos que podem ter na produção de 2012/13, mas deve-se observar que as geadas normalmente afetam a floração das safras subsequentes”, afirmou a OIC. (FONTE: Notícias Agrícolas) A


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Cecafé aponta crescimento de 61,6% nas receitas com exportação de café

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FOTO: Editora Attalea Agronegócios

MAPA define padrões de sementes e mudas de cafeeiro

O lho e agosto de 2011) é 50 % superior a registrada nos mesmos meses de 2010 e atingiu US$ 1,316 bilhões, com o embarque de 4.928.954 sacas. De acordo com o balanço das exportações, do café exportado em agosto de 2011, 79 % foi da qualidade arábica, 11% de robusta e 10% de solúvel. Os dados do relatório apontam ainda que de janeiro a agosto de 2011 os maiores mercados importadores de café do Brasil foram: Europa (54% do total) seguida pela América do Norte (24%); Ásia (17%) e América do Sul (3%). Entre os países importadores, os Estados Unidos seguem na liderança (21% do total). Na sequência está a Alemanha (19%); Itália (8%); e Bélgica (8%). Em quinto lugar segue o Japão, com 7% do total (1.588.551 sacas). A

texto base de instrução normativa para determinar normas de produção e comercialização de sementes e mudas de cafeeiro (Coffea spp) está em consulta pública por 60 dias desde o dia 1º de setembro. A Portaria nº 147 permite que a proposta, elaborada pela Coordenação de Sementes e Mudas (CSM), do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas (DFIA), do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, receba sugestões dos setores envolvidos, de pesquisadores e da população. O projeto também prevê padrões de identidade e de qualidade para os materiais de propagação do cafeeiro, como, por exemplo, porcentagem de impurezas, germinação, tipos de sementes toleradas e proibidas, número máximo permitido de sementes de outras espécies. O texto traz as exigências que o produtor deve cumprir para se ins-crever no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Entre estes, estão os procedimentos para a inscrição dos campos de produção e as obrigações a serem cumpridas durante todo o processo de produção desses materiais. A

21 SET / 2011 www.revistadeagronegocios.com.br

receita com as exportações de café no mês de agosto de 2011 é a maior dos últimos cinco anos. Houve um crescimento de 61,6 % se comparada a do mesmo período de 2010. O resultado chegou a US$ 777,529 milhões, enquanto que, em agosto de 2010 foi apontada uma receita de US$ 481,104 milhões. Os dados são do balanço das exportações divulgado nesta terça-feira (6/9) pelo CECAFÉ - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. O relatório também mostra que o volume exportado (2.867.513 sacas entre verde, torrado & moído e solúvel) em agosto deste ano foi o maior para o mês desde 1990 e é 1,9% superior em relação a agosto de 2010, quando foram exportadas 2.813.475 sacas. O diretor geral do CECAFÉ, Guilherme Braga, destaca que “apesar de uma ligeira redução no volume de café verde exportado, os preços médios se mantêm crescentes e a receita acumulada no período de janeiro a agosto de 2011 é 71% mais elevada se comparada ao mesmo período de 2010. Considerando o período de janeiro a agosto de 2011, também é importante ressaltar a alta de 173% no volume exportado de conilon em relação aos mesmos oito meses de 2010.” A receita com as exportações de café do início da safra 2011/2012 (ju-


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3ª EXPOVERDE promete máquinas e implementos 22 em oferta e tecnologia para os produtores rurais

A OIMASA, revenda Massey Ferguson, estará presente com a tecnologia que todos conhecem e também com as máquinas para café da Eclética Bertanha.

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om a proposta de se tornar a principal feira de “agricultura e paisagismo” da Alta Mogiana, tem início no próximo dia 29 de setembro a terceira edição da EXPOVERDE – Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, Insumos, Flores, Frutas, Hortaliças, Plantas Nativas, Ornamentais e Medicinais; e Agricultura Orgânica da Região de Franca. O evento acontecerá no Parque de Exposições “Fernando Costa”, em Franca (SP), das 9 às 19 horas e estenderá até o dia 02 de outubro. A entrada é gratuita. A realização é da Associação dos Produtores Rurais do Bom Jardim e conta com o apoio da Prefeitura de Franca (através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento), da BRASILBIO - Associação Brasileira de Orgânicos, do SEBRAE-SP, do Banco do Brasil, da Revista Attalea Agronegócios e da COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas da Região de Franca. A EXPOVERDE propõe trazer novidades tecnológicas nos estandes empresariais e também através dos seminários, workshops, mini-cursos e palestras”, diz. “A feira tem um caráter técnico e o foco principal é a promoção de negócios”, ressalta Claudionor Eurípedes da Silva, presidente da Associação do Bom Jardim. Para o secretário municipal de Desenvolvimento, Alexandre Ferreira, a Expoverde propõe ser um espaço diferenciado, no qual será permitido mostrar os produtos aos clientes finais, num grande showroom de Franca e região. “A Prefeitura de Franca acredita no potencial econômico do setor agrícola do município e da região. A proposta da Prefeitura e das instituições parceiras é de transformar o Parque ‘Fernando Costa’ em um ponto de referência regional nesta época do ano, na área de agricultura e paisagismo. Com possibilidade de conhecer e adquirir máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, bem como fertilizantes, sementes, defensivos, além de diversos outros produtos voltados à agricultura e de paisagismo”, orienta Alexandre. A feira abrigará ainda várias empresas do setor paisagístico da região, com exposição e comercialização de orquídeas, flores, gramas, plantas ornamentais diversas e outros produtos, máquinas e equipamentos paisagísticos. Será um evento diferenciado, voltado especificamente à tecnologia e aos negócios. “A agricultura em Franca e na região é rica e diversificada, o que contribui para a geração de empregos, criação e fortalecimento de empresas e aumento do número de profissionais que trabalham

Marca presença também a VIASOL, empresa francana do ramo de aquecedores solares .

FOTOS: Editora Attalea

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A Cocapec, revenda da Agrale, Matão, JF, Komander e Lavrale, estará também presente no evento.

O Palácio das Ferramentas participará novamente.


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Também marcará presença no evento a Sami Máquinas, revenda Yanmar Agritech, Jacto, Nogueira, Jumil, Kamaq, Piccin, Facchini, Vicon, Dria, KO, Marispan, Baldan, Pinhalense e Dragão Sol.

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na área do agronegócio, como engenheiros agrônomos, médicos veterinários, técnicos agrícolas e zootecnistas. A EXPOVERDE foi criada exatamente para mostrar a força deste setor, promovendo e gerando negócios para atender o público local e regional”, explica Alexandre Ferreira. Como forma de potencializar a geração de negócios, a Comissão Organizadora firmou parceria com o Banco do Brasil, que estará presente no evento com estande próprio e com equipe capacitada para orientar os produtores rurais interessados em adquirir máquinas e implementos agrícolas e também veículos utilitários. “Será uma oportunidade única para os produtores rurais. As concessionárias de veículos e máquinas agrícolas estão prometendo ofertas na aquisição de utilitários, de tratores, de carretas, de roçadeiras, de distribuidor de calcário, de picadeiras, de adubadeiras, de colhedeiras de café, de máquinas de beneficiar, de varrição e recolhedoras de café”, explica Claudionor. Entre as concessionárias de tratores, a Comissão Organizadora confirma a participação da Massey Ferguson (Oimasa), da Yanmar Agritech (Sami Máquinas), da New Holland (AgroPL / A.Alves), da John Deere (Colorado), da Agrale (Cocapec). Todas estas também representam várias empresas de maquinários e implementos agrícolas voltados, em especial, para a cafeicultura. Os produtores rurais serão beneficiados com várias atividades técnicas, como o 1º Workshop Regional de CafeiA cultura; o 5º Seminário de Agricultura Orgânica.

EM TEMPO

3ª EXPOVERDE - Parque de Exposições “Fernando Costa” (Av. Dr. Flávio Rocha, 500, Vila Exposição - Franca (SP) Tel. (16) 3724-7080 / 3711-9482 Site: www.franca.sp.gov.br/expoverde / Email: expoverde@franca.sp.gov.br

A Casa das Sementes, uma das maiores revendas agrícolas de Franca, também estará presente em um diversificado estande.


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Agricultor que visitar a EXPOVERDE concorre a implemento agrícola

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A AgroPL, a mais nova revenda de tratores de Franca e concessionária New Holland, mostrará o que a empresa tem de melhor também nas parcerias com a FM Coppling.

5º Seminário de Agricultura Orgânica aborda tecnologia

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ais um tema agrícola relevante será discutido durante todo o dia 30 de setembro na 3ª EXPOVERDE: a Agricultura Orgânica. O tema é de interesse para os agricultores da APOFRAN – Associação dos Produtores Orgânicos da Região de Franca, que vem sendo capacitados através de oficinas do SEBRAE-SP e pela Se-cretaria Municipal de Desenvolvimento. Com o apoio da BRASILBIO – Associação Brasileira de Orgânicos e do SEBRAE, a Comissão Organizadora da 3ª EXPOVERDE realizará o 5º Seminário de Agricultura Orgânica da Região de Franca. “Este ano selecionamos cada um dos palestrantes, para que estes contribuam diretamente para o fortalecimento do grupo de produtores orgânicos da região”, afirmou Alexandre Ferreira, secretário Municipal de Desenvolvimento. O 5º Seminário abrigará as palestras do Drº Silvio Roberto Penteado (Via Orgânica), abordará os temas: produção de hortaliças e frutas orgânicas; enxertia de frutíferas; hortaliças de plantio direto. Logo a seguir, Ricardo Camargo (Embrapa) abordará a importância econômica da criação de Abelhas Sem-Ferrão. No período da tarde, o Drº Carlos Armênio Kathounian (ESALQ/ USP) discorrerá palestra sobre o tema Agroecologia e Matéria Orgânica. Finalizando, Drº Carlos Mezza (pesquisador chileno / Mundo Orgânico) discorrerá sobre a biotecnologia; controle biológico de pragas e doenças; residuais de pesticidas e fertilizantes; os desafios da exportação e de trabalhos em grandes culturas; bem como o panorama atual da agricultura convencional e orgânica. O seminário tem o limite de 100 vagas apenas. As inscrições são gratuitas e os interessados devem efetivar inscrição antecipadamente através do site www. franca.sp.gov.br/expoverde. A

3ª edição da EXPOVERDE confirma o compromisso dos organizadores em tornar a feira a maior expressão do setor agrícola da região. Além das atividades de difusão de tecnologia (seminário, workshop e palestras) e com a proposta de prestigiar o público-alvo principal do evento - que é o produtor rural - a Comissão Organizadora estará sorteando brindes para o agricultor que visitar o evento. “Com o apoio da Prefeitura de Franca, das instituições parceiras e das empresas expositoras, estamos organizando uma lista de equipamentos que serão sorteados somente para produtores rurais”, explica Claudionor Euripedes da Silva, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Bom Jardim. Além participar dos seminários e das palestras técnicas e também visitarem os estandes de revendas, de máquinas e implementos agrícolas, os produtores rurais poderão ganhar um implemento agrícola e vários outros brindes. Basta visitar a 3ª EXPOVERDE, preencher uma ficha de inscrição na portaria do Parque de Exposições ‘Fernando Costa’, durante o período da feira. “Ressaltamos, porém, que estes brindes serão sorteados apenas para produtores rurais que comprovarem ser proprietários ou arrendatários de terra”, afirma Alexandre Ferreira. As empresas expositoras estarão comercializando máquinas e implementos a preços especiais. É uma oportunidade única para produtores rurais. O sorteio acontecerá no domingo às 11 horas, com os resultados divulgados no som ambiente e no site do evento. A

A Eclética/Bertanha estará presente através da parceria com a OIMASA, que esta no passa a representá-los na região.


DESTAQUE

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Produção de Plantas Medicinais: opção comercial na agricultura

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om o intuito de expandir os horizontes comerciais na agricultura regional, a Comissão Organizadora da 3ª EXPOVERDE realizará, no dia 1º de Outubro, o Mini-Curso “Produção de Plantas Medicinais”. A atividade será organizada pela Drª Marielle Cascaes Inácio, doutoranda em Agronomia com ênfase em Horticultura pela FCA – Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu (SP). O curso tem o limite de 25 vagas apenas. As inscrições são gratuitas e os interessados devem efetivar inscrição através do site www.franca.sp.gov.br/expoverde. A proposta do curso é o de mostrar o potencial econômico da atividade junto aos produtores rurais do município e região. “O evento está trazendo uma das maiores especialistas na área de plantas medicinais. É uma grande oportunidade para as pessoas interessadas em aprender a técnica e iniciar uma atividade econômica”, afirma Alexandre Ferreira, Secretário Municipal de Desenvolvimento. O curso tem duração de duas horas e abrange os temas importantes da atividade, como a identificação das espécies; a infraestrutura necessária; as características ambientais exigidas; a influência do solo; os métodos de propagação; qualidade e dormência de sementes; os métodos de secagem e armazenamento; a legislação e comercialização. A

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Dr. Hélio Casale (último à direita) será o grande destaque no workshop, apresentando informações sobre a produtividade econômica na atividade.

Também participarão do evento os cafeicultores Fernando Ribeiro (Fazenda Petrópolis) e Antônio Carlos David (Sitio Santa Isabel), que utilizam na região de Franca (SP) a técnica da braquiária no café e da gessagem. Será um ‘bate-papo’ de produtor para produtor, mostrando cada um deles os caminhos adotados, os resultados obtidos e as recomendações para cada tipo de lavoura de café. O evento terá início as 13 horas, com a apresentação de insumos importantes de empresas voltadas para a cafeicultura. Para participar, os interessados podem efetivar as inscrições através do site do evento (www.franca. sp.gov.br/expoverde) ou diretamente no local, no credenciamento. A

À esquerda, o cafeicultor Antônio Carlos David, que utiliza a técnica da Braquiária na entrelinha do cafezal e Paulo Figueiredo, diretor da Casa das Sementes

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om a proposta de promover a difusão de tecnologias que venham reverter em melhorias no solo e nos cafezais da região de Franca (SP) e, conseqüentemente, reverter em retorno financeiro para os cafeicultores, a Comissão Organizadora da 3ª EXPOVERDE realizará, no dia 29 de setembro, no Auditório “Fábio de Salles Meirelles”, o 1º Workshop Regional de Cafeicultura. Participarão do evento o Drº Hélio Casale (um dos maiores consultores em cafeicultura do país) e Alessandro Silva de Oliveira (engenheiro agrônomo e diretor da empresa AP Romero, de Piumhi/MG). Hélio Casale abordará o tema “Meios para Elevar a Produtividade Econômica na Cafeicultura”. Já Alessandro Oliveira tratará do tema “Uso da Gessagem e da Braquiária na Entrelinha do Cafezal”. Os participantes terão a oportunidade de conhecer melhor algumas técnicas que melhoram as condições físicoquímicas do solo da cultura do café e, conseqüentemente, melhoram o estado nutricional do cafeeiro. Segundo os pesquisadores, planta bem nutrida é planta sem doença, produz mais e melhor bebida, revertendo diretamente para ganhos financeiros no final da colheita.

FOTOS: Editora Attalea

Workshop Regional de Cafeicultura aborda Meios para Elevar a Produtividade Econômica


GRÃOS

Investindo estrategicamente para melhor atender ao mercado

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Geraldo Davanzo 1

m um país com as dimensões continentais como é o Brasil, com os seus 8.514.876 Km2 de superfície, área cultivada de aproximadamente 70 milhões de hectares na última safra e com um imenso potencial agrícola a ser explorado, as questões de infraestrutura e logística das empresas produtoras de insumos agrícolas são cada vez mais decisivas para atender à demanda crescente dos empresários rurais. Com o agronegócio cada vez mais intenso, em que se colhe uma cultura e se planta outra na sequência, a exemplo da soja e milho safrinha, planejamento e tempo passam a ser primordiais para o sucesso do setor. Assim, as empresas devem estar estrategicamente preparadas dentro do conceito

1 - Diretor de produção soja da Pioneer Sementes (www.pioneersementes. com.br)

de cadeia de suprimento/logística para atender à necessidade de seus clientes em quantidade, qualidade e tempo. No caso específico de uma empresa de genética como a Pioneer, que fornece sementes híbridas de milho e cultivares de soja, e que deve cumprir toda uma sequência de seleção, testes e validação e cujos produtos possuem forte interação com o ambiente, a questão de infraestrutura e logística torna-se ainda mais complexa. Dentro de todo este processo, um aspecto fundamental são as regiões de produção. Além de necessitar de planejamento detalhado, considerando as particularidades técnicas de cada cultivar ou híbrido tais como melhor época de plantio, sincronismo entre plantio, ciclo, colheita e capacidade de recebimento nas unidades, também precisa de ambientes adequados para multiplicação das sementes e possuir toda a infraestrutura necessária com cooperados e fornecedores capacitados tecnicamente, aliado de facilidade no escoamento da produção, para que não haja atraso no cronograma de plantio dos clientes. E este é um dos pontos mais fortes da Pioneer que, sem dúvida, a coloca como a empresa de sementes com melhor posicionamento geográfico e estratégico, com suas unidades de pesquisa e produção posicionadas de maneira estratégica, permitindo o desenvolvimento e a multiplicação de produtos adaptados e de alta performance para atender a complexa logística da agricultura brasileira, conforme pode ser observado na figura ao lado. Somente nestes dois últimos anos, a empresa iniciou três novos investimentos, sendo dois Centros de Terminação e Distribuição de Sementes em que se faz o Tratamento Industrial de Sementes com inseticidas e fungicidas, embala,

21º Encontro Anual de Agrônomos acontece dia 29/10

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Comissão Organizadora do 21º Encontro Anual de Engenheiros Agrônomos da Região Franca (SP) informa que a data do evento já ficou definida. Será no dia 20 de outubro, sábado, no Salão do Agabê (Rua Arnulfo de Lima, bairro São José). Já definiram participação no evento as empresas: Fênix Agro, Syngenta, Basf, Bayer Florestal, Bayer CropScience, Cocapec, Arysta, Irrigare e Revista Attalea Agronegócios; Sami Máquinas, Bolsa Agronegócios, Bolsa Irriga, Credicocapec, Calcário Itaú, Uniagro; Oxiquimica, Mosaic, Monsanto/Dekalb, Biomatrix, Viveiro Monte Alegre, Cooperfran e Gecal; Sindicato Rural de Pedregulho, Viça Café, Yorin, Campo & Flores, Semente Monte Belo, Ihara e Realpec. A escolha do Agrônomo do Ano será ampliada neste ano. Os agrônomos da região de Franca (SP) poderão indicar (através do email cacoarantes@netsite.com.br, em uma lista tríplice), três nomes de profissionais que se destacaram nos últimos anos. A Comissão ressalta, contudo, que o prazo final para a escolha é o dia 30 de setembro e que não poderão ser escolhidos agrônomos que já foram premiados (lista pág. 2).


GRÃOS FOTO: Pioneer Sementes

Pioneer terá a sua Unidade de Recebimento e Beneficiamento de Sementes de Soja mais moderna do mundo. Localizada às margens da BR-050 e próximo ao distrito industrial, está projetada

para o recebimento, beneficiamento, tratamento industrial, armazenagem e expedição de 1 milhão de sacas de 40 Kg em sua primeira fase de construção, com início de operação previsto para fevereiro de 2012, atingindo 2 milhões de unidades quando o projeto estiver completo. Além desses investimentos, a empresa está elevando sua capacidade de câmaras frias em praticamente todas as suas Unidades de Produção, garantindo assim a preservação da qualidade superior de seus produtos. Mas a Pioneer sabe que, para sustentar todos estes investimentos, necessita de profissionais qualificados, possuindo um forte e estruturado programa de desenvolvimento, capacitação e retenção de talentos, que incluiu treinamento e intercâmbio técnico na matriz nos Estados Unidos e em outras operações no mundo, onde a empresa possui bases físicas. Mostrando claramente confiança no desenvolvimento do Brasil, os investimentos não param. Já estão sendo projetados mais investimentos, visando um melhor atendimento às necessidades de um mercado cada vez mais exigente e profissional. A

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armazena e distribui. Situados em Guarapuava (PR) e Primavera do Leste (MT), além de uma nova Unidade de Produção de Sementes de soja em Catalão (GO), somando investimentos de aproximadamente US$ 60.000.000,00. Em Guarapuava, às margens da rodovia BR-277, que liga o Centro-Oeste do país ao Porto de Paranaguá, que abastece os produtores das regiões dos campos gerais e centro norte do Paraná, além do Mato Grosso do Sul. Com uma área de armazenagem de 6.100 m², possui capacidade de estocagem para 500.000 unidades. Em Primavera do Leste (MT), em frente a BR-070, no distrito industrial desta localidade, possui 9.000 m² de armazém, equipado com câmaras climatizadas à 17°C para armazenagem de sementes de soja e câmara fria à 10°C para sementes de milho. Este Centro de Distribuição, estrategicamente localizado, atenderá a partir desta safra o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e o restante da região CentroNorte do país tanto em sementes de soja como de milho. Em Catalão (GO), certamente a


LEITE

Características do produtor de leite de sucesso

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produtor de leite, assim como qualquer outro empreendedor ou dono de negócio próprio, deve estar atento às mudanças do seu ramo de trabalho. As mudanças acontecem por causa do desejo de que seu produto tenha mais quantidade ou qualidade, independente do negócio que você trabalhe. Seu cliente sempre quer o melhor de você ou de seus concorrentes. Ganha quem souber atender esses clientes e mudar o que precisa ser mudado para eles terem satisfação com seu negócio. Relacionamos, a seguir, alguns itens primordiais para que o produtor de leite tenha sucesso. 1º) - Presença do Proprietário na Fazenda: quando não vive na fazenda, o proprietário participa diretamente da administração da atividade e procura conhecer técnica e economicamente a exploração. Em nenhum deles prevalece a tradicional figura do empresário dono de fazenda, mas que pouco conhece da atividade. Isso não quer dizer que o produtor não possa ter outra atividade, até principal, ou que não tenha profissionais contratados para a gestão. O que se quer dizer é que exige da equipe o mesmo profissionalismo com que tocam seus outros negócios, quando isso acontece, e que conhecem o que fazem. 2º) - Paixão: apesar de encararem sua atividade como negócio, ficou evidente a paixão com que tocam suas explorações. Aliás, desconheço qualquer profissional de sucesso, ainda mais em uma atividade como o leite, que não gosta do que faz. A atuação no leite por parte destes produtores transcende a questão econômica (mas obviamente não a exclui). É frequente ouvir que antes de produtor de leite, é criador de vacas holandesas, sintetizando com seu lema como pensa a atividade: quer ter vacas bonitas, produtivas e rentáveis.

3º) - Baixa Rotatividade da Mãode-Obra / Qualificação e Gestão da Equipe: outro ponto crucial em comum entre estes produtores. Em muitos casos, as famílias nasceram na propriedade e estão há gerações como a família, como é o caso da Agrindus, de Roberto Jank (Descalvado/SP) e da Santa Luzia, de Maurício Silveira Coelho (Passos/MG). Assim como nas propriedades de Antônio Carlos Pereira (Carmo do Rio Claro/MG), cujo tempo médio de serviço no leite é de 11,2 anos, com 75% dos funcionários tendo mais de 5 anos de casa. Isso faz toda a diferença. Em todos, há o reconhecimento de que lidar bem com a equipe é tão ou mais importante do que lidar com as vacas; 4º) - Controle de Custos e Plane-

jamento: todos têm dados precisos sobre sua atividade, sabendo o terreno em que estão pisando, como os exemplos de Pedro Nunes, da Fazenda Brejo Alegre (32.200 litros/ha/ano), e Ronaldo Gontijo, da Fazenda Monjolo Velho, que está estruturando um projeto de 30.000 litros diários com base em pastejo irrigado; 5º) - Metas e Escala: além de saberem o que fazem, estes produtores possuem metas claras e, sem exceção, buscam crescer na atividade. Escala de produção é um aspecto relevante a todas estas explorações; Na próxima edição, continuamos com este artigo, explicitando outros itens importantes para o sucesso na atividade leiteira. (FONTE: www. milkpoint.com.br) A

O homem de 71 mil vacas

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principal exemplo de sucesso na atividade leiteira é o de Luis Bettencourt, um açoriano radicados nos EUA e diretor da empresa Bettencourt Dairy. Sediada no estado de Idaho, a empresa conta com 11 fazendas num raio de 70km, 71 mil vacas (das quais 61 mil em lactação) e produz diariamente uma média de 2,4 milhões de litros de leite. Mas o que mais surpreende não são estes enormes números. Mas sim como o criador começou e a forma em que desenvolve a atividade diariamente. Tudo começou em 1982 com 17 vacas. Segundo Luis, o empreendimento foi alavancado com recursos tomados em empréstimos bancários. “Cada vez que eu quitava um empréstimo, feito para comprar um grupo de vacas, tomava outro empréstimo e comprava mais vacas. Negociante está sempre aberto à novos negócios”, afirma Luis. O produtor informa, ainda, que cada uma de suas fazendas constitui uma unidade autônoma, sob a gestão de um responsável pela

coordenaão das atividades. Mas é somente ele quem contrata e demite. Além disto, percorre todas as fazendas diariamente. A empresa produz 40% dos alimentos consumidos e a produção entregue em diferentes laticínios, com destino específico para fabricação de proteína concentrada e de leite em pó. A fazenda de menor tamanho abriga 1.000 cabeças e a maior 17.000. Em uma delas concentra a criação de novilhas que, ao atingirem 7 meses de prenhez são distribuídas pelas demais. Neste ano, durante sua participação na Interleite 2011, Luis Bettencourt esteve visitando algumas propriedades leiteiras no Brasil. Segundo ele, os brasileiros se preocupam demais com que fazem os vizinhos. “É você quem cuida de seu negócio. É você quem está ganhando dinheiro. Porque então se preocupar com os outros? Se você é um líder no seu negócio, tem de se preocupar com as suas coisas e deixar que os outros se preocupem com as deles”. (FONTE: Mundo do Leite) A


FERTILIZANTES

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artigo

O etanol na África para um Mundo mais justo? Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na

Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [ogenevieve@sucre-ethique.org / ogenevieve@acucar-etico.org]

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e 2003 até 2006, o comércio entre o Brasil e a África cresceu de 6 para 15 bilhões de dólares. Durante sua presidência, o presidente Lula visitou mais países africanos do que qualquer outro lider brasileiro. A diplomacia brasileira abriu 15 embaixadas e consulados na África Negra de 2002 até 2010. Ao mesmo tempo em que o presidente Lula visitou 28 vezes países africanos, ele foi nos Estados Unidos somente 9 vezes. Este interesse brasileiro é motivado, boa parte, mais pela política do etanol do que um espírito ligado a um trabalho de reparação da escravidão (os arquivos sobre a escravidão forma destruídas em 1889, sob as ordens de Rui Barbosa) Em 2007, líderes brasileiros e africanos encontravam-se em AddisAbeba, na Etiópia, para discutir sobre a indústria dos agrocombustíveis na África. Somente em 2010, o Brasil investiu 6 bilhões de dólares em Moçambique. Em 2010, líderes brasileiros encontraram as autoridades da União Econômica e Monetária da África do Oeste, em Burkina Fasso, a fim de discutir a política no setor dos agrocombustíveis. Parte da sociedade civil local não entenderam como se poderia pensar em fazer álcool a partir da mandioca, enquanto parte da população passava fome. No mesmo ano, um acordo entre o Quênia e o Brasil foi assinado com a finalidade de ajudar aquele país a atingir uma forma de soberania energética, quando ano depois o vizinho exportou centenas de milhares de pessoas puxadas pela fome em campos “cocomelos” maiores do que cidades como Santos ou Ribeirão Preto. A diplomacia brasileira tem dois

objetivos na África: multiplicar o numero de países produzindo o etanol a fim de tornar esta “matéria prima” uma “commodity” (cotado numa Bolsa de Valores, Nova Yorque por exemplo) e então poder ascender a novos mercados firmados e permitir a empresas do setor industrial poder ter um papel neste continente “novo”. Apesar em ter um passado tão forte como primeiro país importador de escravos do mundo, o presidente Lula comentou até na Nigéria que o Brasil era o segundo país negro do planeta. Os países africanos são também uma oportunidade “histórica” para obter novas terras e expandir a produção, tanto de cana como de outra produção que possa ser vendida no mercado internacional. Neste sentido, mais do que em competição com os países antigos ligado com a Africa (como a França e a Inglaterra), o Brasil está na frente de países como a China e a Índia nesta corrida para este espaço “virgem”. No ano passado, a ONG moçambicana “Justiça Ambiental” analisou a política bioenergética dos “primos” brasileiros (faz referencia a lingua e ao fato que o Portugal é um link familiar) como fato que “uma expansão dos agrocombustíveis no nosso país está transformando a matéria-prima e a vegetação em plantas para exportação, pegando terras férteis de comunidades rurais que produzem produziam alime ntos, gerando assim empregos (aspetos positivo) como condições de fraqueza (aspeto negativo)”. O que as boas intensões do president Lula podem ser frente à interesses privados e à competiçao mundial aonde o dolar é o valor universal? No passado, a política de saúde brasilieira internacional conseguiu que os medicamentos genéricos fos-

sem mais assessiveis para os doentes da HIV na África. Será que esta política brasileira agrícola fará o mesmo paralelo ao acesso à comida? Isso não é uma certeza por motivos privados. As indústrias farmacêuticas brasileiras tinham o interesse de reduzir barreiras protecionistas, a fim de ascender a mercados remuneradores; o que não é link entre comida e etanol por ser distintos. Em julho de 2011, a presidente Dilma Rousseff anunciou que a proporção do etanol iria diminuir de 25 % por 20 % para a mistura com gasolina, a fim de lutar contra a inflação. Isso não trará comida para os pratos dos moçambicanos ou quenianos. Não acredito que tenha uma concorrência direta entre a produção de etanol e de comida. Mas na África a escolha é um luxo que estes países não podem tomar sem segurança alimentar. Segurança alimentar não pode ser sacrificada em decorrência da soberania energética. Os dois tem que ir de frente para um mundo mais justo, slogan que o próprio Lula gritava em Porto Alegre (RS), durante os encontros altermondialistas de Porto Alegre. Como o Rudyard Kipling (18691936 - considerado por muitos como o profeta do imperialismo britanico) explicava sobre a colonização da África, em que o ocidental tinha um papel civilizador, o início da civilização era, é e será “comer”. O papel do Brasil frente a este vizinho tão conhecido pelos séculos de escravidão e desconhecidos terá de rever este desafio para um futuro melhor. A


SILVICULTURA

Material genético, o início das dificuldades

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Admir Lopes Mora 1

Consultor do IPEF - Instituto de Pesquisas Florestais.

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tecnologia utilizada atualmente para o cultivo do Eucalipto no Brasil foi desenvolvida ao longo dos últimos 40 anos, graças ao suporte de inúmeras pesquisas nas áreas de melhoramento genético, silvicultura e manejo. Estas, por sua vez, foram desenvolvidas por várias empresas florestais, normalmente em conjunto com universidades, institutos e centros de pesquisas. Agora, com a nova onda de crescimento do setor florestal, a alternativa tem sido plantar em novas áreas das regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Nessas regiões, é possível adquirir áreas extensas e bem localizadas, onde se podem plantar florestas obedecendo aos requisitos legais e com a possibilidade de obter produtividades que garantam a viabilidade econômica do empreendimento. A importância desses dois cenários para as pesquisas nos próximos 10 anos é destacada no Plano Estratégico do Ipef-2020. Entretanto, diferentemente do que aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, está ocorrendo uma mudança abrupta dos programas de plantios em escala comercial, porém sem toda a base de pesquisa necessária. Graças aos trabalhos efetuados por algumas empresas florestais ou industriais, foi possível identificar o potencial florestal produtivo de algumas dessas novas regiões, especialmente quando se utilizam clones de eucaliptos hibridados naturalmente ou através de polinizações controladas. A primeira dificuldade de plantio tem início com a pergunta: que materiais devem ser plantados para abastecer uma fábrica de celulose? Por trás dessa pergunta, subentende-se que o interessado deseja plantar clones que tenham alta produtividade, resistentes a déficit hídrico, a pragas e doenças e que tenham boa aceitação pelas indústrias. Certamente, se a intenção for a produção de carvão, a resposta será diferente. Atualmente, pode-se dizer que a utilização de boas fontes de sementes melhoradas é quase ignorada, visto que a heterogeneidade fenotípica ainda existente não agrada. Então, a maior preferência é pela utilização de clones, em sua maioria, facilmente reconhecidos pelos seus códigos e números. Existem vários clones disponíveis no mercado que foram selecionados para determinadas regiões e que, certamente, após 12 anos de testes de campo, foram aprovados e atendem à maioria dos itens selecionados (crescimento, qualidade da madeira, resistência a doenças, déficit hídrico). Entretanto, não há garantia de que essas mesmas respostas sejam dadas em qualquer local, pois a lei básica do melhoramento genético (fenótipo = genótipo + ambiente + interação g x a) é valida para qualquer lugar. Daí a preocupação dos melhoristas em estudar a estabilidade e a adaptabilidade de um determinado material. Hoje, graças às tentativas ao acaso, descobriu-se que 10 a 15 clones selecionados em São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais crescem bem em inúmeros locais do Brasil. Entretanto, de muitos clones que cresceram menos que o esperado ou que apresentaram algum tipo de doença, pouca gente sabe. Definidos os materiais que serão implantados, antes de ir à compra deles, é importante saber se eles estão registrados no RNC (Registro Nacional de Cultivares). Com o objetivo

de aumentar a diversidade genética e diminuir o risco de pragas e doenças, o ideal seria saber se há algum grau de parentesco entre esses materiais. Com isso, poder-se-á plantar mais clones e, ao mesmo tempo, evitar o plantio de clones iguais ou aparentados. O próximo passo é identificar um produtor de mudas que possa fornecer os materiais selecionados em quantidade (nessas regiões os plantios se concentram em poucos meses) e com a qualidade desejada. Em função da demanda, muitos novos viveiros foram instalados nessas regiões e, mesmo assim, em muitas situações, tem-se recorrido à busca de mudas em viveiros distantes a mais de 2.000 km. Nessas situações, a total atenção deve ser dada para atender a todos os requisitos dos tratamentos fitossanitários, a fim de evitar qualquer transferência de patógenos para essas novas regiões. Para finalizar, é importante ressaltar que os plantios comerciais em andamento também servem como uma fonte inesgotável de informações e de tomada de decisão. Porém as pesquisas simples (introdução de novos materiais, seleção nos locais, testes clonais, adubações, espaçamentos, etc) e as complexas (por exemplo, como a do TECHS - Tolerance of Eucalyptus Clones to Hydric and thermal Stress) ainda precisam ser efetuadas ordenadamente nessas regiões. Daí, com certeza, a hegemonia do setor florestal brasileiro no segmento das florestas plantadas estará garantida. A


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