Ed. Abril 2012

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notícias

e-mails

Tudo pronto para a 8ª BIO BRAZIL FAIR

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rogramado para os dias 24 e 25 de maio, o 8º Fórum Brasileiro de Agricultura Orgânica e Sustentável e o 1º Seminário Municipal de Agricultura serão realizados em conjunto durante a programação da Bio Brazil Fair 2012 – 8ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera/ Porão das Artes, em São Paulo. O fórum tem como objetivo ser uma grande plataforma de ideias sobre práticas que promovam a democratização do acesso aos produtos orgânicos e naturais. Serão discutidas formas de implantação da Economia Verde e oportunidades para a geração de negócios à produção agroecológica. A programação da Bio Brazil Fair 2012 será dividida em cinco módulos. No módulo AMBIENTE E TECNOLOGIA, será discutido o falso dilema de que agricultura e meio ambiente se contrapõem, que são atividades antagônicas. Mostrará, também, que existem tecnologias que permitem a produção se não de todos, mas de uma enorme variedade de produtos orgânicos compondo uma diversificada cesta de compras. No módulo POLÍTICAS PÚBLICAS E COMERCIALIZAÇÃO, será discutido como promover a democratização do Acesso aos Produtos Orgânicos e Naturais – exemplos de sucesso. Mostrará, também, a Copa Orgânica e Sustentável: Oportunidades e Desafios para a Geração de Negócios. No módulo PRODUÇÃO E SUSTENTABILIDADE será mostrado o Protocolo de Boas Práticas Ambientais No módulo MERCADO INTERNACIONAL serão discutidos os desafios da comercialização e de certificação dos produtos orgânicos italianos no Brasil. Já no módulo ECONOMIA VERDE será mostrada um São Paulo Rural – a importância da manutenção do espaço rural de Parelheiros. Também faz parte FOTO: Divulgação

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JORGE EMIR DOS SANTOS GARCIA (jorgeemir7@yahoo.com.br) Empresário TGARCAFE - Franca (SP). “Vi sua revista no Banco do Brasil, em Patrocínio Paulista (SP). Trabalho com café (TGARCAFE e Café Herculano) e minha esposa trabalha na Premix Nutrição de Resultados. Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. MURILO MARQUES (murilo_pucci@yahoo.com.br) Engeheiro Agrônomo - Viçosa (MG). “Já sou assinante da revista. Porém, mudei de endereço e gostaria de continuar recebendo-a”. JONES FERNANDES (jones@verdeagricola.com.br) Diretor VERDE AGRÍCOLA - Horizontina (RS). “Gostaria de receber a revista”.

da discussão o PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (projeto do Sebrae); e como formar uma sociedade sustentável consumidora de produtos orgânicos? Sobre a Feira - Uma das principais feiras de negócios voltada para a cadeia de produtos orgânicos, a Bio Brazil Fair 2012 – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia reúne 220 empresas expositoras e apresenta alimentos orgânicos in natura, alimentos orgânicos congelados, frutas e verduras orgânicas, leites, laticínios e ovos, pães, bolos e biscoitos, carnes, sucos e bebidas, produtos medicinais, tecidos e roupas, entre outros. Na edição do ano passado, a feira recebeu cerca de 22 mil visitantes. Além do público em geral, boa parte dos visitantes foi formada por compradores e profissionais ligados ao setor – lojas, supermercados, farmácias e drogarias, profissionais de saúde, restaurantes, hotéis, clínicas e escolas, e entidades, Paralelamente à Bio Brazil Fair acontece a NaturalTech 2012 – 8ª Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde. A

INFORMAÇÕES BIO BRAZIL FAIR 2012 8ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia Pavilhão da Bienal do Ibirapuera Tel. (11) 2226-3100 - www.biobrazilfair.com.br

EVANDRO ALVES DA SILVA (evandro@apagricola.com.br) Técnico em Agropecuária - Capitólio (MG). “Vi a Revista Attalea Agronegócios e achei muito interessante as matérias que são publicadas. Quero receber a revista mensalmente”. HB CORRETORA DE CAFÉ (hbcorretoradecafe@hotmail.com) Empresário - Varginha (MG). “Achei muito interessante o conteúdo e notícias de sua revista. Gostaria muito de receber seus exemplares”. AIRTON F. DE MATOS JUNIOR (juninho.matos@hotmail.com) Empresário - Ituverava (SP). “Tenho uma escola de equitação para crianças e adultos e também para alojamento de equinos. Quero receber a revista”. CLAUDINEI DE SOUZA (sstma.claudinei@hotmail.com) Estudante de Cafeicultura - Alfenas (MG). “Gostaria de saber como faço para adquirir a Revista Attalea Agronegócios”. ANA LUIZA SANTOS LUDOVINO (ana.luizasantos@hotmail.com) Técnica em Agropecuária - Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. GUILHERME DA SILVA ROCHA (rochabarretos@uol.com.br) Empresário - Área de Georreferenciamento - Barretos (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”. JOSÉ CARLOS PONTES (josecppontes@hotmail.com) Gerente de Revenda Agropecuária Cajuru (SP). “Li e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.


EDITORIAL

EVENTOS

AGRISHOW 2012: a maior feira do agronegócio mundial

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A expectativa é grande em todos os setores do agronegócio brasileiro e mundial. Acontece de 30 de abril a 04 de maio, em Ribeirão Preto (SP), com quase 800 expositores, a 19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - a AGRISHOW.

PIUMHI (MG) SEDIA 10ª RODA DE AGRONEGÓCIOS

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Organizado pelo Sindicato Rural de Piumhi, do presidente Juninho Tomé (foto) será realizado de 23 a 25 de maio, no Parque “Tonico Gabriel”, a 10ª Roda de Agronegócios.

CAFÉ

CAFÉ: IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA

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Artigo aborda trabalho de pesquisa desenvolvido na FAZU, em Uberlândia (MG), com resultados interessantes sobre a utilização da irrigação por aspersão em malha, na cultura do café.

CAFÉ

AMSC ELEGE CONSELHO REGULADOR DE IG

INSUMOS

artigo interessante sobre o uso da irrigação por aspersão em malha na cultura do café. Destaque também para a eleição da diretoria provisória do Conselho Regulador da Indicação de Procedência da Alta Mogiana. Artigo importante também de Armando Matielli, com informações sobre os custos da cafeicultura no país do Bolsa-Família. Na atividade leiteira, pesquisadores orientam criadores de gado leiteiro sobre quais os métodos de secagem interferem no aumento ou diminuição da mastite na lactação seguinte. Na cultura da cana de açúcar, destaque para os fertilizantes Nyon Solo Cana (da FERTEC) e do FF Organic (da EMBRAFÓS), empresas nacionais e de alta tecnologia em micronutrientes. Já o eucalipto é tema de matéria interessante e ganha força agora como fonte de energia. Aproveitamos para convidar todos os empresários e produtores rurais a visitarem o estande da Revista Attalea Agronegócios durante a AGRISHOW 2012: Pavilhão Oeste Estande 3 Boa leitura a todos!!!

ENSINO

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m meio ao vai e vem dos preços do café no mercado internacional nos últimos meses, os cafeicultores brasileiros iniciam os preparativos para a colheita 2012. Nas principais regiões produtoras do país (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia) começaram os trabalhos de contratação de mão de obra, manutenção de máquinas, organização de armazéns, compra de sacarias, aluguel de serviços e máquinas. Muita dúvida, também, com relação às previsões de safra de café, graças às diferenças de resultados entre as instituições de pesquisa e também com relação aos problemas climáticos do ano passado. Atrelado a este momento acontece a 19ª AGRISHOW, em Ribeirão Preto (SP) e a 10ª RODA DE AGRONEGÓCIOS, em Piumhi (MG). Eventos estes direcionados aos produtores rurais de todas as cadeias produtivas, com vários lançamentos de máquinas e implementos agrícolas e linhas de crédito diferenciadas. Nesta edição apresentamos

EUCALIPTO

Colheita de café e grandes feiras MARCAM MÊS DE MAIO

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Após realizar Curso de Classificação e Degustação, AMSC promove reunião e elege Diretoria Provisória do Conselho Regulador da Indicação de Procedência da Alta Mogiana.

FERTILIZANTE PARA CANA DE AÇÚCAR

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Com a expansão da cana de açúcar para regiões onde os solos apresentam fertilidade menor, a FERTEC cria o Nyon Solo Cana, para suprir as necessidades em Boro, Molibdênio e Zinco.

MÉTODO DE SECAGEM AFETA MASTITE

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Artigo de Tiago Tomazi e Marcos Veiga orientam os criadores de bovinos leiteiros sobre quais os métodos de secagem afetam ocorrência de mastite na lactação seguinte.

EUCALIPTO GANHA FORÇA COMO GERAÇÃO DE ENERGIA

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O plantio de eucalipto ganha outra alternativa. Além das tradicionais produções de madeira para serrarias, papel e celulose, o eucalipto pode ser utilizado como fonte alternativa de energia.

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8 FOTO: Divulgação - Agrishow

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AGRISHOW: a maior feira de

AGRONEGÓCIO DA AMÉRICA LATINA

Feira atrai produtores rurais com tecnologias que aumentam a produtitivade

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om a crescente importância da agricultura para a economia brasileira, a Reed Exhibitions Alcantara Machado promove a Agrishow 2012 - 19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, que acontece de 30 de abril a 4 de maio, no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios, em Ribeirão Preto (SP). A feira concentra os principais players da indústria mundial em um ambiente de negócios profissional e inovador. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estimam que o faturamento bruto da agropecuária brasileira deverá alcançar R$ 318,4 bilhões em 2012, sendo R$ 122,1 bilhões da produção da pecuária e R$ 196,4 bilhões dos produtos agrícolas. A Agrishow 2012 é o principal ponto de encontro para alavancar negócios do setor. Durante a feira, os compradores poderão conferir lançamentos de produtos e serviços, assistir as demonstrações de campo e participar dos test-drives oferecidos. A feira já se consolidou como o principal evento na agenda dos profissionais, autoridades e empresários do segmento, e este ano deve superar os

recordes de público e negócios registrados na edição passada, que atingiu R$ 1,755 bilhão durante a feira em 2011. Com o objetivo de otimizar a visita dos compradores, os organizadores da feira viabilizaram a entrada do evento através de duas portarias (Norte e Sul), além de concentrar os expositores por área de atuação. Neste sentido, a configuração da planta foi regionalizada em dez segmentos: aviação, irrigação, ferramentas, caminhões/ônibus/transbordos, máquinas para construção, agricultura de precisão, armazenagem, pecuária, pneus e automobilístico. Este ano tanto a ocupação de área coberta como descoberta será ampliada. Os pavilhões cobertos (Oeste e Leste) estarão situados em posições estratégicas e o pavilhão Leste terá sua área total ampliada em 25%, totalizando 2.250 m2. Também serão realizadas melhorias em banheiros e áreas comuns: “As mudanças visam não só atender os visitantes, mas os 780 expositores da Agrishow. A feira já está praticamente comercializada e os visitantes podem esperar muitas novidades em soluções de tecnologia para seus negócios. Em

virtude da crescente importância do agronegócio para a economia brasileira, é grande a probabilidade de superarmos os volumes de negócios registrados na edição passada”, afirma o diretor da Agrishow, José Danghesi. O interesse internacional também pode ser visto pela participação de países como Turquia, Portugal, Áustria, Itália, Índia, Estados Unidos e Argentina na feira. Promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, o evento é uma iniciativa da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) em conjunto com a ABAG (Associação Brasileira do Agribusiness), ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e SRB (Sociedade Rural Brasileira). Além da presença das empresas de grande porte da cadeia do setor agrícola e industrial, a feira conta com a presença de agricultores, pecuaristas, executivos da agroindústria, gerentes comerciais e de marketing, pesquisadores, técnicos agrícolas, estudantes e profissionais de entidades de classe. Lembrando que o evento é exclusivo para profissionais do setor, sendo proibida a entrada de menores de 16 anos.


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CAFÉ

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AGRISHOW 19 ANOS DE SUCESSO! O principal fator do sucesso da Agrishow foi a adoção do conceito de feira agrícola dinâmica, isto é, uma feira que não fosse apenas uma exposição estática, mas com demonstrações de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas em ação. Esse novo tipo de evento, em que o produtor rural tem a oportunidade de avaliar o desempenho dos equipamentos em condições reais de operação, era a principal característica do Farm Progress Show, nos Estados Unidos, e da Expochacra, na Argentina. No Brasil, a primeira experiência desse novo tipo de feira tinha sido feita pela Expodinâmica, um evento realizado em duas oportunidades – primeiro em Londrina (PR) e depois em Uberaba (MG) – organizado por

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iniciativa de Brasílio de Araújo Neto, proprietário rural e presidente da Sociedade Rural do Paraná, em parceria com a empresa responsável pela organização da feira argentina. “A Agrishow foi uma forma de repensar as feiras. Antes de sua criação, as feiras agrícolas eram realizadas junto com feiras de pecuária, e tinham shows de artistas, onde corria muita bebida”, recorda Shiro Nishimura, presidente da Máquinas Agrícolas Jacto. “Nós que vendemos bens de capital queríamos um ‘palco’ diferente. Até a Agrishow surgir, nós sentíamos falta de uma feira específica para o nosso segmento, porque não queríamos continuar vendendo máquinas até a meia noite. Queríamos uma feira que nos permitisse mostrar aos nossos clientes finais qual era a utilidade do nosso produto

para eles.O presidente da Jacto também considera que a Agrishow acabou nascendo da combinação de idéias de Ney Bittencourt, de Roberto Rodrigues, dos associados da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas e da diretoria da Abimaq. PROJETO AGRISHOW A idéia da criação de uma feira dinâmica começou a ser formalmente tratada numa reunião realizada no dia 22 de maio de 1993. Isso acorreu na sede da Carborundum, em Vinhedo (SP), presidida por Ivan Pupo Lauandos, diretor dessa empresa e então presidente do DNMIA – Departamento Nacional de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, depois transformada na atual Câmara. Nessa reunião, que contou com a presença de representantes da Anfavea, Marchesan, Baldan e Jumil, tratou-se da Exposição Nacional Dinâmica de Máquinas e Insumos e ficou decidido que a Abimaq, Anfavea, Anda, Andef e Abrasem deveriam ser envolvidas no projeto, as quais seriam contatadas após a identificação de uma empresa organizadora. Também ficou decidido que a primeira edição seria realizada no estado de São Paulo e que ela deveria ser uma feira “essencialmente de negócios”. Na reunião realizada em 22 de junho, na sede da Abimaq, entre representantes das entidades e das empresas fabricantes, foram definidas as primeiras providências práticas, como uma consulta às entidades e uma pesquisa sobre as empresas organizadoras com experiência para realizar o evento. “Todos os que estiveram envolvidos nessas primeiras reuniões buscavam tornar realidade uma feira dinâmica, tomando como exemplo a Farm Progress Show, que todos tínhamos visitado”, recorda Ivan Lauandos. “Havia um consenso quanto à idéia de que deveria ser uma feira menos política e mais técnica, e que em hipótese alguma poderia ter shows, como costumava acontecer nos eventos agropecuários que se realizavam naquela época no Brasil.” Na reunião seguinte, realizada em 27 de julho, a Abag, a SRB, a Anfavea e a Abimaq confirmaram sua intenção de participação no evento que, naquele momento, ficou provisoriamente denominado 1ª Feira Dinâmica de Máquinas Agrícolas. Os representantes dessas entidades também decidiram reiterar o convite de participação à Anda, Andef e Abrasem. NOME E LOCAL O nome Agrishow, sugerido por Celso Luís Casale, foi escolhido para denominar definitivamente o evento na reunião realizada em 3 de agosto, também na sede da Abimaq. Na ocasião também se tentou definir o local da feira, tendo sido sugeridas, por ordem de preferência, as cidades de Ribeirão Preto, São Carlos e Araras. Embora a maioria dos presentes preferisse a primeira, ainda não


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havia uma definição quanto à propriedade a ser utilizada. Enquanto isso, já tinham sido realizadas conversações com a Embrapa para uma possível realização da feira na Fazenda Canxim, em São Carlos (SP). Deliberou-se então que a comissão se reuniria em Ribeirão Preto (SP) no dia 10 de agosto, para visitar as propriedades disponíveis nessa região, e que, não havendo consenso sobre um local apropriado nesse município, a feira seria realizada em São Carlos (SP). A reunião realizada em 14 de setembro de 1993, na Estação Experimental, pode então ser considerada como a data inicial para a implantação da feira em Ribeirão Preto. “A grande realização da Agrishow foi promover a primeira grande reunião de todos os elos da cadeia produtiva do agronegócio do Brasil. Isso permitiu uma aproximação maior de todas as áreas envolvidas e uma compreensão maior dos problemas de cada uma das áreas e a busca de soluções comuns”, declarou o ex-presidente da Abimaq, Luiz Carlos Delben Leite. “A partir desse ponto, uma série

FOTO: Editora Attalea

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Massey Ferguson de outras etapas foram alcançadas. A Agrishow hoje é um sucesso absoluto, o que pode ser constatado pelo crescimento do público a cada ano. Este sucesso foi alcançado pela utilidade que Agrishow representa para essas pessoas, porque nela se reúnem hoje em dia todos os principais lançamentos de máquinas, implementos, sementes, defensivos, fertilizantes, enfim de todas as tecnologias que estão sendo colocadas à disposição do agricultor e do pecuarista brasileiros.

EVOLUÇÃO CONSTANTE A Agrishow é tradicionalmente realizada na semana que compreende os últimos dias de abril e o início de maio, de segunda-feira a sábado. Ou seja, num período em que os agricultores estão terminando de colher a safra anterior e se preparam para a próxima. O momento mais indicado para a tomada de decisões sobre novas aquisições de máquinas, implementos e demais insumos. Nessa época,


DESTAQUE FOTOS: Editora Attalea

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Jacto eles também têm mais disponibilidade de tempo para se afastar de sua propriedade e visitar a feira. Desde 1994, os produtores rurais brasileiros têm comparecido de uma forma maciça e crescente a Ribeirão Preto. As empresas, que logo perceberam que a feira vinha se constituindo num palco privilegiado para seus produtos e serviços, têm ampliado sua presença no evento, como pode ser comprovado pelos números colhidos pela organização da Agrishow. Na primeira edição, realizada de 4 a 7 de maio de 1994, participaram 86 empresas expositoras e um público de 17 mil visitantes. Um ano depois,

Wolf Seeds o número de visitantes foi da ordem de 60 mil pessoas. Em 2008, em sua 15ª edição, o evento reuniu 774 expositores nacionais e internacionais e atraiu 140 mil visitantes de diferentes países. Em 2000, atendendo a uma demanda que vinha sendo detectada desde a primeira edição da feira, os organizadores criaram, dentro da própria Agrishow Ribeirão Preto, a Feira de Pastagem e Fenação, um espaço específico para os produtores de insumos para gado. Esse novo evento dentro da grande feira contou, já naquele primeiro ano de realização, com 30 expositores, que receberam 38 mil visitantes, sendo 500 es-

trangeiros. Também nesse ano, o Sebrae-SP patrocinou a presença de 48 empresas de pequeno porte, que fecharam mais de 700 negócios, com um rendimento total de R$ 903 mil, durante a feira, e expectativas de negócios futuros estimados em R$ 7,8 milhões. A quarta edição desse segmento específico da Agrishow Ribeirão Preto, em 2003, contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, a Pastagem e Fenação é um dos setores da feira que mostra equipamentos, insumos e serviços específicos do segmento, tem uma programação própria de demonstrações dinâmicas, que permite ao pecuarista conhecer os mais recentes avanços. SHOW DE DEMONSTRAÇÕES As demosntrações dinâmicas são o grande fator diferencial da Agrishow Ribeirão Preto. O momento em que “as empresas que confiam no seu taco” – na expressão do ministro Roberto Rodrigues – não só expõem seus produtos de forma estática, mas demonstram também a sua eficiência e produtividade, ou seja, as qualidades intrínsecas que de fato interessam ao cliente em potencial. Para eles, é o momento de tirar dúvidas comparando o desempenho de equipamentos similares. Para os fabricantes, é a hora da verdade, de provar a superioridade dos seus produtos. Desde 2004, as demonstrações são classificadas em três grupos: agricultura empresarial, agricultura familiar e pecuária. A principal preocupação dos organizadores é com o respeito às regras destinadas a garantir uma participação totalmente ética e imparcial. A Agrishow Ribeirão Preto passará por mudanças constantes nas próximas edições. É necessário, mas sempre em função das necessidades do dinâmico setor agropecuário nacional. Todas elas, porém, deverão se condicionar ao compromisso assumido há praticamente quinze anos atrás pelas entidades organizadoras, de fazer da Agrishow uma grande e eficiente “vitrine de tecnologia” e uma feira “essencialmente de negócios”. A


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UNIVERSIDADE

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EVENTOS

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78ª EXPOZEBU e 42ª EXPOAGRO: o

FUTURO EM BOAS MÃOS

Exposições de animais, leilões e torneios leiteiros FOTO: Editora Attalea

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A pista principal do Parque de Exposições “Fernando Costa” abriga, todos os anos, os maiores criadores e os melhores animais do país, em disputas supervisionadas pelas Associações de Criadores.

O

s grandes criadores de bovinos de corte, bovinos de leite, equinos e muares do país estão em fase final de preparação para duas das mais tradicionais exposições agropecuárias do Brasil. A 78ª EXPOZEBU acontece em Uberaba (MG), no Parque de Exposições “Fernando Costa” de 23 de abril a 10 de maio. Já a 43ª EXPOAGRO, acontece em Franca (SP), no Parque de Exposições “Fernando Costa”, de 18 de maio a 03 de junho. A EXPOZEBU reúne mi-

lhares dos melhores exemplares de bovinos das raças Nelore, Nelore Mocho, Brahman, Guzerá, Sindi, Tabapuã, Indubrasil e Gir Leiteiro, bem como de muares. Além dos animais, reúne centros de pesquisa, universidades, empresas do segmento, apresentando o que há de mais inovador em termos de tecnologia avançada em pecuária. A EXPOZEBU é conhecida por agregar grandes animais de alta qualidade e atrair os maiores investidores do ramo na seleção. Quer na pista de julgamentos, onde os critérios são rígidos, ou

nos remates e shoppings programados, a cada ano resultados surpreendentes são revelados e garantindo a valorização dos plantéis. Isto sem contar a movimentação em torno de negócios com sêmen e embriões que segue em linha ascendente e cujas previsões são cada vez mais otimistas. Maiores informações no site www.expozebu.org.br. Em Franca (SP) - Já a EXPOAGRO, realizada imediatamente posterior ao término da EXPOZEBU, reúne grande parte dos criadores que passaram pelas pistas de julgamento de Uberaba (MG). Reúne cerca de 1.200 animais todos os anos, envolvendo bovinos das raças Nelore, Nelore Mocho, Gir Leiteiro e Girolando; e equinos das raças Árabe, Mangalarga e Mangalarga Marchador; além de abrigar uma das etapas na Copa Brasileira de Marcha de Muares, com burros e mulas de vários estados. Destaque, ainda, para os torneios leiteiros de Gado Gir Leiteiro e Girolando, que promovem disputas acirradas entre criadores de vários municípios e premiações atrativas, graças ao apoio do Laticínios Jussara e Rações Guabi. Ambos os eventos tornaram-se referência e que todo criador de destaque quer ter animais participando dos grandes campeonatos das raças (julgamentos na pista). Também, não é por menos. Premiado, o animal estará valorizado no mercado de sêmen e embriões, além de remates e shopping de animais. Este é o principal interesse da organização de uma exposição agropecuária: fomentar a criação nos municípios, promover a geração de renda e, automaticamente, a criação de novos empregos. A


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UNIVERSIDADES

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FOTO: Unifran

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EVENTOS

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Piumhi (MG) sedia em maio a 10ª RODA DE AGRONEGÓCIOS

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FOTOS: Editora Attalea

Profissionalismo e recordes marcam os dez anos do evento

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Máquinas para cafeicultura, como o da Palini & Alves no ano passado, são destaques na feira.

odo o setor agrícola do sudoeste mineiro tem encontro marcado em Piumhi (MG) no mês de maio. Entre os dias 23 e 25, o Parque de Exposições “Tonico Gabriel” sediará a 10ª Roda de Agronegócios, consolidando-se como um dos principais eventos técnicos e de geração negócios agrícolas da região. Nascida por iniciativa do Sindicato Rural de Piumhi e gerenciada até então por esta entidade, a Roda de Agronegócios superou todas as expectativas e em um curto espaço de tempo. De R$ 1,5 milhão de faturamento na primeira edição, o evento alcançou a marca de R$ 70 milhões no ano passado, comprovando o potencial agrícola e agroindustrial que a região de Piumhi tem. Para o presidente do Sindicato Rural de Piumhi, Rafael Alves Tomé, a instituição investiu pesado na organização do evento desde a primeira

edição. “E deu certo, comprovando a visão empreendedora de todas as entidades ruralistas da região e fazendo com que os resultados refletissem di-

retamente no aumento da geração de renda nas propriedades rurais e também na criação de novos empregos”, explica Juninho Tomé, como é conhecido o presidente. Para este ano, buscando incrementar ainda mais, a Comissão Organizadora promoverá algumas modificações na planta da feira. “Os estandes serão instalados e divididos por setores, sendo distribuídos em uma área superior a 60 mil metros quadrados. A proposta é fazer com que a feira fique mais aconchegante para o visitante, facilitando a visualização e o acesso aos estandes”, explica Flávio Garbin, coordenador da Roda de Agronegócios. Para a também coordenadora do evento, Helenice Miranda, “a inovação estrutural para 2012 proporcionará aos parceiros expositores melhores oportunidades para demonstração de seus produtos, permitindo aos produtores visitação em todos os estandes em um pequeno espaço de tempo, acesso às informações e tecnologias, comparando qualidade dos produtos, preços e condições de pagamentos, facilitando assim as negociações”. Além de conhecer as novidades nos setores de máquinas agrícolas, fertilizantes, sementes e demais insumos, os produtores rurais visitantes da 10ª Roda de Agronegócios de Piumhi poderão contar ainda com a disponibilização de linhas de crédito. “Contaremos com cerca de cinco agentes financiadores: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Sicoob Credialto e Sicoob Credifor. Eles esta-

Organização, limpeza, variedade e setorização: destaques da Roda de Agronegócios de Piumhi.


EVENTOS

FOTO: Editora Attalea

FOTO: Divulgação - Sindicato Rural

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Estande da Fertec e Embrafós na edição anterior da Roda de Agronegócios.

rão presentes durante os três dias de evento apresentando propostas de financiamento”, explica Juninho Tomé. Somente em suas últimas três edições, a feira movimentou algo em torno de R$ 140 milhões em negociações. Destes, R$ 70 milhões apenas em

sua 9ª edição, no ano passado, quando cerca de 4 mil pessoas visitaram a feira. A abertura da 10ª Roda de Agronegócios de Piumhi (MG) acontecerá no dia 23 de maio às 16 horas. Já nos dis 24 e 25 de maio, a feira funcionará das 12 às 20 horas. A

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Juninho Tomé, presidente do Sindicato Rural de Piumhi (MG), mais uma vez à frente da organização da Roda de Agronegócios.

INFORMAÇÕES 10ª RODA DE AGRONEGÓCIOS Sindicato Rural de Piumhi (MG) Parque de Exposições “Tonico Gabriel” Cel.: (37) 9964-2478 – Helenice Miranda rodadeagronegociosdepiumhi@gmail.com helenicemiranda@yahoo.com.br www.rodadeagronegociosdepiumhi.com.br


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artigo

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CAFÉ PARA O CAPITAL Celso Luis Rodrigues Vegro - Engenheiro Agrônomo, M.S. Desen-

volvimento Agrícola. Pesquisador Científico do IEA - Instituto de Economia Agrícola - SP. [ celvegro@iea.sp.gov.br ] e outros.

N

a trajetória da história humana, o estágio da produção industrial é um fato recentíssimo.A herança agrária, ao contrário, está incrustada no DNA do processo civilizatório. Disso resulta que muitas das transformações históricas e processos de diferenciação dos povos e civilizações devem ser perscrutados a partir da forma como singularmente se organizou a produção rural e a distribuição de gêneros oriundos da agropecuária (alimentares, vestuário, moradia). Desde a revolução agrícola neolítica em que foi domesticada grande parte das espécies vegetais cultivadas na atualidade e, concomitantemente, iniciou-se a seleção genética dos animais de criação; passando pelas civilizações hidroagrícolas (mesopotâmica; delta do Nilo; indoasiáticas); a segunda revolução agrícola no florescimento grego (introdução da charrua à tração animal e do pousio); o surgimento dos sistemas agropecuários integrando florestas e criações típicos da idade média; os patamares de altitude andinos, até as revoluções agrícolas dos tempos modernos (quimificação, mecanização e genética – bio e nanotecnologias), propiciaram saltos de produtividade e incremento da diferenciação social por meio da melhoria da alimentação em quantidade, qualidade e diversidade. O êxito na organização de siste1 - José Sidnei Gonçalves. Eng. Agr., Dr.Ciências Econômicas. Pesquisador Científico do IEA. Email: sydy@iea.sp.gov.br 1 - Paulo Henrique Leme. Consultor Marketing Estratégico no Agronegócio. P&A Marketing Internacional. Mestre e Doutorando em Adm. de Empresas. Email: phleme@peamarketing.com.br

mas de produção de alto rendimento assegurava a nutrição adequada de suas populações, maior força às cidades/estados, de seus exércitos e condições de se firmar no contexto das disputas territoriais regionais. Assim as inovações agrícolas e os sistemas de produção agropecuária vinculada a logística de suprimentos, têm sido os propulsores de maior impacto no processo de avanço da civilização. Sobre uma sólida base agrícola foi que se gerou um futuro viável à humanidade. Imaginar os tempos modernos apenas como retratou o insuperável Chaplin não passa de miopia histórica, enquanto que compreender acertadamente a evolução da agricultura, suas transformações e como tais fenômenos moldam a dinâmica sócio-econômica é necessidade inescapável do cientista que tenha a intenção de analisar esse segmento. Concentrando-se no período que vai do pós-guerra até nossos dias, pode-se caracterizá-lo como de rápida transição agrícola. O fenômeno que resultou no processo de industrialização da agricultura foi imaginado, primeiramente, por Rangel (1954) quando assim o descreveu: “As tarefas de elaboração dos produtos primários são realizadas em unidades especializadas (fábricas) o que implica em criar um setor novo, fora da agropecuária mas dentro do país. Esse setor é a manufatura ou no sentido corrente a indústria. É a criação desse setor que muda toda dinâmica da economia”1 A dinâmica da economia rural a que se refere Rangel é da substituição da centralidade político/econômica do capital agrário (propriedade fundiária) pelo capitaneado pela agroindústria. Perde relevância a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, ganhando evidência a Federação da In-

dústria do Estado de São Paulo. Essa mudança de representatividade setorial serve como boa imagem da transformação ocorrida em âmbito da agricultura em sua orientação rumo a grau crescente de complexificação. Nessa trajetória ocorre outra modificação igualmente crucial. A transição atual é regida pela imposição da modalidade ampliada de reprodução do capital (pertencente à agricultura moderna de base financeira/industrial) e supressão (por meio da concorrência em preços com auxílio de políticas públicas mal desenhadas) da reprodução simples (prevalecente na agricultura de cunho autárquico – com pouco emprego de insumos extra-segmento ainda que de base mercantil). Sob a reprodução ampliada do capital, avoluma-se o montante de dinheiro empregado para a produção de mais dinheiro (amortização e apuração de lucro)2 com estágio intermediário, porém necessário, na mercadoria. Esse dinheiro empregado inicialmente possui uma composição orgânica em que a proporção de trabalho morto (máquinas, equipamentos, instalações) supera muitas vezes o de trabalho vivo (salários). Sob essa determinação, a mobilização do capital somente acontecerá mediante “relativa” certeza de obtenção de lucro. Assim, na agricultura moderna de base capitalista, o esforço não está direcionado para a produção de alimentos e matérias primas, mas de lucros. A industrialização da agricultura acelera-se com a intermediação financeira tanto por sua condição de centralizar capital (crédito a juro compatível) como ser racionalizadora e última instância de conjunto de necessidades do padrão agrícola industrial: sustentação dos riscos de preço (hedge); uniformização de qualidade (contratos


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PECUĂ RIA

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em bolsas) e agronômico (seguro). A racionalização financeira confere a esse segmento a instância mais privilegiada e última de concentração do capital 3. O padrão agroindustrial moderno ainda não está pleno em todos os segmentos, existindo espaços que, ainda, não superaram completamente os sistemas de produção tradicionais da agropecuária. A cafeicultura brasileira é um exemplo dessa dicotomia, pois percentual significativo dos estabelecimentos 4 pertence aos cafeicultores de perfil familiar, em que prevalece uma estratégia de reprodução familiar pautada pela diversificação produtiva e produção visando à possibilidade de aquisição de outras mercadorias internamente à propriedade não produzidas 5. Existem do ponto de vista da reprodução do capital, dois tipos de cafeicultores, aqueles em que a lógica financeira/industrial domina a organização do processo produtivo e os outros em que o foco é a manutenção familiar com suficiente dignidade. Esse recorte estabelecido a partir da lógica de reprodução do capital permite alocar esforço de coordenação nos vetores de maior possibilidade de êxito. Para o primeiro caso a obtenção de graus de liberdade diante da gangorra dos preços é posicionamento estratégico mais acertado. Nesse caso o principal direcionamento consiste em elaborar uma bem traçada política comercial. Já para os familiares o empenho em coordenação deve focalizar as ações mutualísticas com ênfase nas estruturas associativas e cooperativas. A harmonização de interesses (explícitos ou difusos) depende do reconhecimento ex ante dessas modalidades de cafeicultura. Naquela industrial/financeira, as ações visando a melhoria do contexto de previsibilidade de reposição do estoque de capital com a captura de lucro formam as condições mais propícias para a implementação de ações de coordenação, enquanto que entre os familiares com talhões de exígua dimensão podem, eventualmente, serem mobilizados mediante interesses não imediatamente vinculados ao lucro. A certificação de qualidade ou a criação de uma marca regional, por exemplo, podem resultar positivamente quando o rol dos interessados for majoritariamente

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formado por cafeicultores familiares. Políticas de opções públicas, subvenção para a contratação do hedge e do seguro são pilares coordenativos para os produtores empresariais com avançado processo de industrialização de sua cafeicultura. A constituição dos chamados clusters produtivos (Cerrado Mineiro, por exemplo) orientam-se, justamente no sentido de criação de ambiente de negócios mais propenso à captura de lucro. A estrutura de apoio à cafeicultura do Cerrado Mineiro: faz assessoria à contratação de hedge; promove o marketing coletivo na promoção da origem e supervisão do uso do selo de identidade regional; organiza a logística de exportação e aquela destinada ao mercado interno. Esse arranjo técnico/ produtivo/comercial corrobora a hipótese de que ao se concentrar na comercialização e na assessoria na mitigação do risco de preço, mais propício se configura e mais cristalizaram os mecanismos de coordenação. Evidentemente que cafeicultores familiares e médios cafeicultores, beneficiam-se dessa organização (como de fato ocorre no Cerrado), mas o leitmotiv desse ordenamento é a pavimentação de um caminho que conduz ao lucro! Ambos os modelos de cafeicultura subsistem nos cinturões produtores brasileiros. O avançado e moderno não logrou superar o familiar. Todavia, fatia crescente do suprimento em café ao mercado, já se origina em propriedade acima dos 30ha 6. Para esses, aprimorar o arcabouço das políticas de proteção de preço, mitigação dos riscos e estatísticas de qualidade são as formas de coordenação mais acertadas. Situados abaixo daquela dimensão temos uma miríade de cafeicultores demandando políticas de apelo quase que social. Coordenação para esses deve ser pautada por um bom serviço de assistência técnica e extensão rural, capacitação dos jovens, organização associativa/cooperativa, ordenamento fundiário e, eventualmente, estruturação de campanhas visando a concretização de interesses difusos (certificação em grupo, unidades de preparo comunitária, criação de marca, etc...). Essas iniciativas de caráter difuso, para alcançarem êxito demandam antes o bom funcionamento das políticas públicas de base.

O domínio teórico das temáticas que se aplicam aos fenômenos sócioeconômicos é condição fundamental para que as ações implementadas não padeçam de voluntarismo. Delimitar e caracterizar com nitidez o campo de atuação sempre será a forma de melhor se movimentar, ainda mais em terreno tão pantanoso como é a cafeicultura brasileira. Finalizando vai a dica de pesquisador experiente: toda a vez que tiver diante de si uma saca de café imagine imediatamente um pacote de capital! 1 RANGEL, Inácio. El desarollo económico en Brasil. Santiago do Chile: CEPAL, 1954, 167 p. - Nesse livro é pela primeira vez delineada a idéia de industrialização da agricultura. Antes, portanto, dos estadunidenses Davis & Goldberg que, apenas em 1956, cunharam o termo agribusiness. Por princípio de justiça e de reconhecimento a um dos mais brilhantes economistas brasileiros, abdicarei definitivamente da expressão agronegócios e passarei a utilizar apenas agricultura para significar o processo de inovação tecnológica e amplificação da produção de riquezas com elevada integração em cadeias de produção como lastro de complexas redes de negócios. Para designar as atividades rurais (dentro da porteira) utilizarei a expressão agropecuária. 2 A identidade criada por Marx D-M-D’ (reprodução ampliada) forma a base desse raciocínio. 3 Os resultados dos balanços trimestrais dos bancos brasileiros demonstram essa assertiva. 4 Detalhes sobre a dimensão dos talhões podem ser obtidos no link: http://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ IE/2010/ie-1210.pdf 5 A outra identidade criada por Marx M-D-M’(reprodução simples) forma a base desse raciocínio. 6 Uma lavoura com 30ha demanda, necessariamente, a introdução de máquinas em seu manejo, por isso a delimitação dessa dimensão para efeito de caracterizá-la como pertencente ao grupo da agricultura moderna. A


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Irrigação por aspersão em malha na

LINHA DE PLANTIO DE CAFÉ

Pesquisa instalada em Uberlândia (MG) tem boa aceitação FOTO: Divulgação

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André Luís T. Fernandes1 Vinícius de Oliveira Rezende2 Eusímio Felisbino Fraga Júnior3

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irrigação por aspersão permite a utilização de água de qualidade inferior, com menores riscos de entupimentos, pois os bocais dos aspersores possuem, em geral, diâmetros superiores às partículas presentes na água. O sistema de aspersão em malha é uma tecnologia recente no Brasil, com boa aceitação pelos produtores, principalmente os pequenos. Neste sistema, as linhas laterais, de derivação e principal são enterradas, necessitando apenas da mudança dos aspersores. Criado ini1 - Engº Agrônomo, Doutor em Engenharia de Água e Solo/Unicamp, Prof. Pesquisador da Universidade de Uberaba (MG), área de Irrigação e Drenagem, coordenador do Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café, representante institucional Uniube/Embrapa Café, Pesquisador do CNPq. 2 - Engº Agrônomo. Consultor em Irrigação. ORCOL Irrigação LTDA. São Paulo (SP). 3 - Mestrando em Irrigação e Drenagem ESALQ/ USP. Piracicaba (SP)

cialmente para pastagens, em geral, trabalha-se com um aspersor por malha hidráulica, sendo necessárias várias mudanças dos aspersores para irrigar uma determinada área. Dentro deste contexto, foi desenvolvido um trabalho de pesquisa com o objetivo de comparar dois protótipos de sistemas de irrigação por aspersão em malha, analisando-se o funcionamento dos aspersores em dois tratamentos: o primeiro consiste em um sistema de irrigação por aspersão em malha com uma rede principal alimentando quatro malhas, sendo que cada malha opera com um aspersor; o segundo consiste em um sistema de irrigação por aspersão em malha que trabalha com os 4 aspersores em linha, necessitando de três redes principais subdividindo as malhas. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 2 tratamentos e 96 repetições. Observou-se diferença significativa entre os tratamentos, demonstrando a superioridade do segundo tratamento com uma vazão de 30,01 x 29,06 litros por hora. Como a diminuição da perda de carga, ocorreu

o aumento da pressão de trabalho e da vazão. Dessa forma, é possível afirmar que o segundo tratamento, quando implantado em campo, permitirá trabalhar com um numero maior de aspersores ou com uma moto bomba menor quando se compara à malha convencional. Introdução - O entupimento é uma das maiores preocupações em irrigação localizada. A principal consequência desses entupimentos é a baixa uniformidade de emissão, causando danos a culturas em decorrência de um déficit de água no solo em alguns pontos e excesso em outros. Quando as águas utilizadas contêm impurezas, necessita-se de sistema de filtragem, manutenções frequentes e custo inicial elevado. Caso a água contenha altos níveisl de ferro e carbonato, o sistema de irrigação por gotejamento torna-se inviável. (MANTOVANI, et. al, 2007). A irrigação por aspersão tolera água de qualidade inferior, com menores riscos de entupimentos, pois os bocais dos aspersores possuem, em geral, diâmetros superiores às partículas presentes na água. (FERNANDES et al., 2005). O sistema de aspersão em malha foi, recentemente, adaptado pela Universidade de Uberaba com boa aceitação pelos produtores, principalmente, os pequenos. No sistema de aspersão em malha, as linhas laterais, de derivação e principal são enterradas, necessitando apenas da mudança dos aspersores. Com isso, a mão-de-obra é sensivelmente reduzida em comparação com o sistema de aspersão convencional, que necessita de mudança tanto dos aspersores quanto das linhas laterais. Na prática, em projetos de irrigação em malha, tem-se observado que um homem opera um sistema de 75 a 100 hectares, quando se utilizam aspersores de baixo e médio alcance. Nestes projetos, os aspersores instalados são espaçados desde 12 x 12 m até 24 x 24 m.Em áreas maiores, tem-se empregado mini-canhões e canhões, que são instalados em espaçamentos que variam desde 30 x 30 m até 42 x 42 m. Nesse caso, é comum um homem operar sistemas de 150 a 200 hectares. A tecnologia tem alta uniformidade de aplicação da água, tornando-se mais acessível aos pequenos produtores,


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permitindo o aumento da Figura 1 - Sistema de irrigação em malha 3x3m, um aspersor em por anel cante (Equação 1) produtividade, o que pode Com os dados de refletir, substancialmente, vazão e pressão para os na renda da família. (EMdois sistemas propostos, BRAPA 2009). Outras vanrealizou-se uma análise tagens, segundo Drumond de variância e teste de e Fernandes (2001) são: médias, conforme a Taa) - utilização de tubos de bela 1. PVC de baixo diâmetro, Os resultados que constituem as linhas comparativos dos tratalaterais que, ao contrário mentos comprovam da aspersão convencional, Figura 2 - Sistema de irrigação em malha 3 x 3m, aspersores reunidos em que é possível obter um são interligadas em malha; um pasto. sistema de irrigação por b) - baixo consumo de enaspersão em malha que ergia, em torno de 0,60 a irriga por linha (no caso 1,30 CV / ha; c) - adaptada cultura do café) e ação a qualquer tipo de terinda nesse caso têm-se reno; d) - Possibilidade de um rendimento superidivisão da área em várias or de 1,57 % em relação subáreas; e) - facilidade de à malha convencional, operação e manutenção; f) quando se considera a pressão observada. Em - possibilidade de fertirrirelação à vazão, o vogação; g) - possibilidade de lume de água na malha convencional aplicação de dejetos; h) - baixo custo de os aspersores em linha (Figura 2). instalação e manutenção. Dentro deste As vazões foram coletadas nos foi de 1,87 m³ h-1, enquanto a malha contexto, o objetivo desse trabalho foi bocais dos aspersores com o auxílio de com os aspersores reunidos foi de 1,90 comparar o desempenho hidráulico de uma mangueira, em um tempo de 10 m³ h-1, comprovando estatisticamente um sistema de irrigação por aspersão segundo, despejada em um balde de que quando se adicionam tubulações em malha trabalhando com 2 asper- 18 litros. O volume coletado do bocal alimentando as malhas em dois ou sores por anel, com um sistema de menor foi somado com a do bocal de mais pontos, a perda de carga é redumalha convencional, com um aspersor maior diâmetro, sendo ambos pesados zida, aumentando-se o rendimento e possibilitando-se durante a elaboração por malha hidráulica. com uma balança de precisão. As diferenças hidráulicas entre as do projeto a opção de irrigar por linha Material e Métodos - O trabalho duas situações estão demonstradas nas de café, facilitando a operação diária foi instalado ao lado do laboratório de Figuras 1 e 2, onde na primeira há ape- do sistema. Tecnologia Aplicada das Faculdades nas um cano de 50 mm alimentando as Conclusões - Nas condições em Associadas de Uberaba - FAZU, loca- malha e enquanto na segunda há três que foi conduzido este trabalho e conlizada no município de Uberaba - MG. tubulações de 50 mm alimentando as siderando-se os dados obtidos podem Foi criado um protótipo de um siste- malhas. Os dados foram submetidos à ser retiradas as seguintes conclusões: ma de irrigação em malha. A posição análise de variância e depois a um teste • houve superioridade da malha ligeográfica é delimitada pelas coorde- de comparação de médias. near quando comparada à convencionadas 47º 57’ de latitude Sul e de 19º nal; Resultados e Discussão - De posse 44’ de longitude Oeste, com altitude • quando se adicionam tubulações média de 700 m acima do nível do mar. das vazões coletadas no campo, foi pos- alimentando as malhas em dois ou Para a realização das análises do exper- sível determinar a pressão observada mais pontos, a perda de carga é diimento, utilizou-se um delineamento em cada simulação e ponto analisado, minuída, aumentando-se a pressão disinteiramente casualizado (DIC) com 2 através da equação característica do ponível e possibilitando-se a irrigação aspersor disponibilizada por seu fabri- por linhas. tratamentos e 96 repetições. A Os tubos utilizados foram de PVC, diâmetros de 25 e 50 mm; a Tabela 1 - Pressão e vazão obtidas nas duas simulações de malha avaliadas. Faculdades Asmotobomba utilizada foi a da marca sociadas de Uberaba, Uberaba (MG), 2009. Schneider, modelo BC-21 R 1 ½, rotor de 149 mm com 5,5 cv de potência. O espaçamento dos aspersores foi de 3 x 3 metros. Esse protótipo teve como objetivo determinar a distribuição dos canos que compõem a malha em relação a vazão e pressão de trabalho em duas situações: operar com um aspersor por malha (Figura 1) e operar com


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AMSC promove curso de classificação

E DEGUSTAÇÃO DE CAFÉ

Curso reúne 12 profissionais na Fazenda Bom Jesus FOTOS: AMSC - Julio Calixto

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om o objetivo de preparar e qualificar profissionais da região a classificar e degustar cafés finos, a AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana), em parceria com a Mogiana Assessoria em Cafés Especiais, realizou de 10 a 13 de abril a segunda edição do curso ‘Noções Básicas de Classificação e Degustação de Café’. O treinamento teve carga horária de 32 horas, com aulas teóricas e práticas, e foi ministrado pelos especialistas

Calixto Peliciari e Julio Ferreira. Doze profissionais de empresas da Alta Mogiana participaram do curso, que aconteceu na Fazenda Bom Jesus, da Labareda Agropecuária. “A classificação do café é uma fase muito importante no processo da comercialização. É importante e necessário que o produtor conheça pelo menos um pouco do sistema, para poder avaliar o seu produto”, destacou Calixto Peliciari, instrutor do curso. Segundo os especialistas, a de-

terminação da qualidade do café compreende duas fases distintas: a classificação por bebida, que leva em consideração aroma, paladar, corpo, acidez e sabor; e a classificação por tipos ou defeitos, que é feita com base na contagem dos grãos defeituosos ou das impurezas contidas em uma amostra de 300g. No Brasil, o café também é classificado pelo formato das favas (graúda, boa, média, miúda) e pelo estilo dos grãos. Além disso, a classificação do café pela descrição também considera as seguintes características: cor/aspecto, peneira e torração. Além das noções de classificação e degustação, o treinamento abordou diversos tópicos. Foi discutido desde a história do café e como o produto chegou ao Brasil, até a variedade de grãos e a melhor maneira para realizar a colheita da safra. “A escolha da época exata da colheita é fundamental. Se os frutos não estão maduros, os grãos não estarão plenamente desenvolvidos ou amadurecidos em seu interior”, explicou o instrutor Julio Ferreira. A


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28 FOTO: Editora Attalea Agronegócios

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Formalizada diretoria do Conselho Regulador da

INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA DA ALTA MOGIANA Da esq. para direita. SENTADOS = Gabriel Borges (AMSC), Fernanda Raucci (cafeicultora), Lucileida Castro (AMSC). EM PÉ = Adilson Salviano (Cooparaíso), Paulo Betarello (Sind. Pedregulho), Evernon Reigada (Sebrae), Paulo Elias (Cooparaíso), Luis Cláudio Cunha (Cooperfran), Gabriel Mei (AMSC), Carlos Pasquali (Aprona), Márcio Pereira (Fafram), Guilherme Vicentini (Sind. Altinópolis), Hélio Kondo (Pref. Cristais Paulista), André Cunha (AMSC), Milton Pucci (AMSC), Roberto Toffeti (Sind. Batatais) e Pedro Tosi (Unesp). Participaram ainda da reunião: Márcio Martins Ferreira (Cocamog), José Augusto Freixes (Sind. Franca), José Henrique Mendonça (Sind. Franca), Hélio Jorge (Sindifranca), Edmilson Lima (Allmark Marcas e Patentes) e Carlos Arantes (Secretaria de Desenvolvimento - Prefeitura de Franca).

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m reunião realizada no último dia 13 de abril de 2012, no Auditório do Sindifranca, em Franca (SP), ficou formalizada a diretoria provisória do primeiro Conselho Regulador da Indicação de Procedência da Alta Mogiana. Organizado pela diretoria da AMSC - Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, o evento teve por objetivo congregar instituições interessadas em efetivar a Indicação de Procedência da Alta Mogiana, através da democratização de informações sobre os procedimentos realizados até o momento, bem como eleger uma diretoria provisória do Conselho Regulador. Participaram do evento 14 instituições: AMSC; Sindicato Rural de Franca (SP); Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (SP); Sindicato Rural de Altinópolis (SP); Sindicato Rural de Batatais (SP); Sindicato Rural de Pedregulho (SP); Prefeitura de Franca (SP); Prefeitura de Cristais Paulista (SP); FAFRAM - Faculdade de Agronomia “Francisco Maeda”, de Ituverava (SP); UNESP - Faculdade de História de Franca (SP); COOPARAÍSO - Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (MG); COCAMOG - Cooperativa dos

Produtores de Café da Alta Mogiana; SEBRAE - Escritório de Franca (SP); Cooperfran - Cafeeira e Armazéns Gerais; e representantes de produtores da região. De acordo com Milton Cerqueira Pucci, engenheiro agrônomo e diretor de relações públicas da AMSC, o papel do novo Conselho Regulador da Indicação de Procedência da Alta Mogiana será: a) - não medir esforços para promover ações que agreguem todas as instituições envolvidas na cadeia produtiva do café na Alta Mogiana; b) efetivar a primeira Diretoria Efetiva do Conselho Regulador; c) - elaborar toda a legislação complementar necessária. “Nossa intenção, desde o princípio, sempre foi o de envolver todas as instituições representativas da cadeia produtiva do café na região da Alta Mogiana em prol desta conquista. Várias outras ações anteriores já sinalizavam para esta congregação” e temos certeza de que, com o empenho e atuação de todas as instituições envolvidas no Conselho Regulador, todas as pendências que porventura existirem e que interferirão no registro definitivo da Indicação de Procedência Alta Mogiana serão solucionadas”, explicou Pucci. Segundo Lucileida Mara de Cas-

tro, diretora administrativa da AMSC, várias outras instituições foram convidadas para esta primeira reunião. Foram eleitos para a Diretoria Provisória da Indicação de Procedência da Alta Mogiana: a) - Presidente = André Luis da Cunha, presidente da AMSC; b) - Vice-Presidente = Guilherme Vicentini, diretor do Sindicato Rural de Altinópolis/SP; c) - Secretário = Pedro Geraldo Tosi, doutor e livre-docente do curso de História da UNESP de Franca/SP; d) - 1º Conselheiro = Prefeitura de Cristais Paulista/SP; e) - 2º Conselheiro = Cooparaíso; f) - 3º Conselheiro = Cocamog; g) - 4º Conselheiro = IAC. A partir de agora, uma agenda de reuniões será definida com todas as instituições. IG do Calçado - Recentemente, a diretoria da AMSC acompanhou a diretoria do Sindifranca em uma visita técnica ao Vale dos Vinhedos, em vários municípios do Rio Grande do Sul. O objetivo foi o de conhecer a história do “antes e depois” daquela região, que também possui IG na produção do vinho, extraindo informações que auxiliarão na região da Alta Mogiana. A


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ESALQ promove Simpósio sobre

MICRONUTRIENTES E MAGNÉSIO Especialistas abordarão temas atuais na fertilização

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erca de 300 participantes, entre profissionais, pesquisadores, empresários, estudantes e representantes de instituições privadas e públicas são esperados para discussão sobre mercado, novas tecnologias e aplicações dos nutrientes na produção agropecuária, durante o Simpósio sobre Micronutrientes e Magnésio, programado para 4 a 6 de julho de 2012 , no Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) , em Piracicaba (SP). Sob a coordenação dos Profs. Drs. Godofredo Cesar Vitti (ESALQ/USP) e Pedro Henrique de C. Luz (FZEA/ USP),, o evento tratará, entre outros temas, a negligência na adubação de Magnésio associado à crença no seu fornecimento total por meio da calagem, tornando sistemática a deficiência deste macronutriente nos solos brasileiros. A programação também inclui legislação nacional e mundial de fertilizantes, fontes e modos de aplicação, biofortificação e aspectos nutricionais, Magnésio na nutrição vegetal, além de grãos e algodão. Informações: FEALQ - Tel. (19) 3417-6604, com Maria Eugênia; www. fealq.org.br ou cdt@fealq.org.br

14:00 – Abertura - Dr. José Vicente Caixeta Filho (ESALQ) 14:30 - Cenário nacional e internacional de micronutrientes - Eng. Agr. Franco Borsari (BBAGRO Global) 15:50 - Legislação nacional e mundial de fertilizantes - Dr. Fernando Carvalho (MAPA) 16:40 - Análise crítica da legislação brasileira e seus impactos na agricultura - Dr. José Francisco da Cunha (ANDA) / Doutorando Thiago Augusto de Moura (GAPE/USP)

PROGRAMAÇÃO

05 de Julho de 2012 PAINEL II: Diagnóstico de recomendação de micronutrientes 08:00 - Micronutrientes na planta: absorção e transporte: Dr. Ciro Antonio Rosolen (FCA/UNESP) 08:50 - Dinâmica dos micronutrientes no solo, e fatores associados à deficiência e disponibilidade: Dr. Valter Casarin (IPNI) 10:10 - Métodos de avaliação da necessidade de aplicação de micronutrientes (diagnose visual, análise foliar, análise do solo e genética da planta): Dra. Cleide Aparecida de Abreu (IAC) 11:00 - Manejo de micronutrientes: fontes e modos de aplicação: Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti (ESALQ/USP) / Dr. Alfredo Scheid Lopes (UFLA/ANDA)

04 de Julho de 2012 PAINEL I: Panorama mundial do mercado de micronutrientes

PAINEL III: Micronutrientes e qualidade da produção agrícola 14:00 - Metais em fertilizantes

com micronutrientes - Avaliação de risco à saúde: Dr. Luiz Roberto Guimarães Guilherme (UFLA)/ Dr. Giuliano Marchi (UFLA) 14:50 - Novas tecnologias de uso e fontes de micronutrientes via fluída: Dr. Arnaldo Antonio Rodella (ESALQ/ USP) 16:10 - Micronutrientes na nutrição humana: Dra. Silvia M. Franciscato Cozzolino (USP) 17:00 - Biofortificação e Aspectos nutricionais das plantas x Co, Mo e Ni: Dr. Milton Moraes (UFPR/Palotina) 06 de Julho de 2012 PAINEL IV: A importância do magnésio na agricultura tropical 08:00 - Fontes de Magnésio: Dr. Godofredo Cesar Vitti (ESALQ) / Doutoranda Priscila O. Martins (GAPE) 08:50 - Dinâmica do magnésio no sistema solo, planta e atmosfera e suas interações com os íons do solo: Dr. Vinicius Benites / Dr. José Carlos Polidoro (EMBRAPA solos) 10:10 - Metodologias de avaliação do Magnésio no solo x nutrição da planta Dr. Marcos Kamogawa (ESALQ/USP) / Dr. Pedro Henrique de Cerqueira Luz (FZEA/USP) 11:00 - Magnésio na nutrição vegetal: Dr. Ismael Cakmak (Sabanci University – Istambul) PAINEL V: Métodos de recomendação e uso do magnésio 14:00 - Grãos e algodão: Dr. Ciro Rosolen (FCA/UNESP) 14:50 - Café e fumo: Dr. José Laercio Favarin (ESALQ/USP) 16:10 – Citros: Dr. José Antonio Quaggio (IAC) 17:00 – Frutícolas (videira, abacaxi e banana): Dr. Luiz Teixeira Junqueira (IAC) (a confirmar) A


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Seca do ano passado pode QUEBRAR PRODUÇÃO DE CAFÉ Estimativas prevêem queda em todas as regiões produtoras

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tamanho da próxima safra brasileira de café, cuja colheita terá início entre junho e julho, é um dos pontoschave da equação que está ditando os rumos dos preços internacionais do produto. Mas a colheita poderá não ser tão volumosa quanto sinalizam as estimativas de mercado - entre 55 milhões e 57 milhões de sacas de 60 quilos - que colaboraram para derrubar as cotações nos últimos meses na bolsa de Nova York. Em Minas Gerais, maior produtor nacional do grão, a safra deverá ser até 2 milhões de sacas menor que o previsto em razão da estiagem registrada em 2011 e este ano. Levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), de Minas, realizado na 2ª quinzena de fevereiro em 93% dos municípios

do Estado apontou uma colheita de 24,6 milhões de sacas na temporada 2012/13. A projeção já é menor que a da Conab, que calculou a produção mineira em 26,3 milhões de sacas, com margem de erro de 3,01% para cima ou para baixo. José Rogério Lara, diretor-técnico da Emater-MG, lembra que a seca foi severa no ano passado e provocou abortamento intenso de flores e chumbinhos. Neste ano, após as chuvas intensas de janeiro, a estiagem, que em algumas regiões durou de 15 a 50 dias, também prejudicou a granação dos frutos. Na Bahia, 4º maior produtor nacional de café, também houve seca e a quebra da produção poderá chegar a 30% na maior região produtora do Estado, a do Planalto, segundo a As-

sociação dos Produtores de Café do Estado (Assocafé). As projeções iniciais indicavam uma colheita baiana da ordem de 2,5 milhões de sacas, 1,3 milhão das quais no Planalto - onde não deverá ultrapassar 1 milhão. Segundo João Lopes Araújo, presidente da Assocafé, os produtores investiram muito na cultura no ano passado em função dos preços altos do grão e agora estão “frustrados”. O primeiro levantamento da Conab para a nova safra, divulgado em janeiro, estimou a colheita nacional entre 49 milhões e 52,3 milhões de sacas beneficiadas. Algumas consultorias chegaram a estimar a produção em 55 milhões de sacas, e o Rabobank projetou 57 milhões. Paulo Etchichury, meteorologista da Somar Meteorologia, acredita que, de modo geral, o clima deverá beneficiar a cultura nos próximos meses. Mas a partir da metade de julho ondas de massa de ar polar elevarão o risco de geadas. Algum episódio de chuva no período também pode atrapalhar a colheita e o amadurecimento do grão na fase final. “O risco é mais para o manejo”, diz. (FONTE: Valor Econômico - Carine Ferreira) A

31 ABR 2012


CAFÉ

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NUTRIPLANT inova em produto

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PARA FINALIZAÇÃO DE COLHEITA

ABR 2012

FOTOS: Fernando Jardine

Nutri-K-Star mostra desempenho excelente no final de granação

O cafeicultor Fernando Martins mostra os resultados do Fert-K-Star em um dos talhões da lavoura.

E

Fernando Jardine1

Levando em conta esses aspectos, a Nutriplant - empresa pioneira no segmento de micronutrientes -, lança no mercado o fertilizante foliar NutriK-Star onde, nos ensaios de campo e vendas realizadas, mostrou-se um desempenho muito bom no final da granação, especificamente na coloração dos frutos, ajudando a melhorar a maturação de cada um. As imagens representam um ensaio realizado no município de Presidente Olegario (MG), na Fazenda São Thiago, do cafeicultor Fernando Cézar Martins. Como podemos observar, onde foi realizado o tratamento com Nutri-K-Star foi melhor, pois observamos menos grãos verde do que onde foi realizado apenas com tratamento padrão da fazenda. Esse processo acontece através do contato direto do grão com o produto Nutri-K-Star. Ele age translocando com uma maior rapidez os carboidratos da folha para o fruto, a denominada relação fonte-dreno, deste modo, acelera-se a maturação e a uniformidade, ajudando-os no aumento de peso devido a presença do macronutriente potássio (K). A

nfim chegou a hora da colheita, que devidos aos preços da saca de café vem animando os produtores, principalmente os que visam uma lavoura de boa produção, com ótima qualidade, uniformidade na granação e maior peso dos frutos. 1 - Engenheiro Agrônomo e Supervisor de vendas da Nutriplant em Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

Acima e abaixo, detalhes de talhão sem o uso do Nutri-K-Star.

Acima, Fernando Jardine mostra os excelentes resultados do uso do NutriK-Star.


CAFÉ

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Municípios cafeeiros se

DESTACAM EM MG

Nos municípios pesquisados, ao se comparar o IDH com as áreas plantadas com café, ficou evidenciado que, quanto maior a área plantada, maior o IDH do município. “Isso não é apenas uma questão de preço e mercado”, analisa o gerente da Emater-MG. Segundo ele, o mercado vem passando por bons momentos, os estoques mundiais enfrentaram um período de baixa, o consumo individual vem aumentando, mas a cultura está associada não apenas à geração mas também à distribuição de renda. Os cinco municípios com a maior área plantada de café em Minas Gerais em 2011 têm um índice superior à média do todo o Estado. São eles: Patrocínio (0,799); Três Pontas (0,733); Manhuaçu (0,776); Monte Carmelo (0,768) e Nepomuceno (0,747). “É uma cultura que emprega muita mão de obra não apenas nas lavouras, mas na cadeia produtiva como um todo. Além disso, apresenta um faturamento por área muito bom, em comparação com outras atividades agropecuárias”, afirma. De acordo com os cálculos do gerente, uma lavoura com produtividade média de 25 sacas por hectare, pode render cerca de R$ 10 mil por hectare, se cada saca for comercializada ao preço médio atual de R$ 400. “É um bom retorno financeiro, se compararmos ao conseguido com o eucalipto, por exemplo, que na média do Estado gira torno de R$ 2,28 mil por hectare ao ano”, compara. A

IDH de pólos produtores é superior à média estadual

M

unicípios mineiros que têm no café a base de suas economias registram Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior que a média do Estado. A conclusão faz parte de um estudo elaborado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), abrangendo cem municípios mineiros, com área plantada acima de 5 mil hectares. As análises da Emater indicam que o IDH médio dos municípios com tradição no cultivo do café está acima de 0,756, enquanto que o IDH médio no Estado é de 0,726, com base nos últimos dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Segundo o gerente de Programas Especiais da Emater-MG, Leonardo Kalil, o tamanho da área plantada foi uma variável determinante para o levantamento, porque o café é uma cultura perene, associada à tradição dos municípios. “Não é uma lavoura que se forma de um ano para outro, e para que a cafeicultura atinja área suficiente para ter algum impacto na economia local é preciso tempo e, especialmente, estar associada à cultura da comunidade”, afirma.

33 ABR 2012


CAFÉ

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Custos da cafeicultura no

PAÍS DO BOLSA FAMÍLIA SINCAL alerta para a dificuldade de contratação de mão de obra

A

Armando Matielli 1

cafeicultura hoje passa por problemas bem distintos. Propriedades rurais que dependem praticamente de trabalho manual, com o mínimo de mecanização, sofrem os efeitos da falta de mão de obra, principalmente por conta do Bolsa-Família. Quando conseguem contratar, produtores de regiões montanhosas, tem seus custos de produção aumentados violentamente em decorrência dos altos custos de mão de obra. Aproximadamente, 72% do segmento utiliza trabalhadores tanto para colheita quanto serviços gerais. Calculamos a R$15,00/medida de 60 litros, que foi um valor praticamente corrente na colheita da última safra e que eleva tremendamente os custos da produção de café. Vivemos um enorme contrasenso: O Programa Bolsa Família, para 11.000.000 de pessoas, impende o registro de trabalhador. A consequência é que, infelizmente, muitos beneficiados preferem não trabalhar e continuar no Programa. Apagão de Mão de Obra Não Especializada - Conforme a lei do Bolsa Família, a partir do momento que o beneficiado for registrado, cessase imediatamente o vínculo com o projeto. Por outro lado, o empregador prefere registrar os funcionários porque é exigência legal, além de ser mais seguro para ambos os lados. Como resolver esse impasse? Há hoje um reposicionamento na pirâmide social do país. Representantes das classes C,D e E estão conquistando novas oportunidades de trabalho. No lugar dessas pessoas, trabalhadores de rendas mais baixas ocupam naturalmente esse espaço. Essa é a dinâmica de mercado. A evolução ocorre para todos. Entretan1 - Presidente Executivo da SINCAL. Cafeicultor em Guapé (MG). Eng. Agrônomo com MBA em Marketing na FGV

to, para estas famílias que recebem o benefício, o correto seria uma outra sistemática visando continuar com o apoio do programa, mas possibilitando o trabalho remunerado. Não é o que ocorre. Fica um abismo entre essas duas classes impactando muitos empregadores, em especial produtores rurais, que utilizam trabalhadores não especializados. Qual a consequência do apagão da mão de obra? A invasão de estrangeiros

vindos de países onde as leis trabalhistas são amadoras, quando não nulas. Haitianos, paraguaios, bolivianos e outros trabalhadores vindos voluntariamente, ou não, para preencher esse vácuo. Enquanto isso o Brasil cria um contingente de “bolsistas”, dos quais muitos perfeitamente aptos ao trabalho, porque a conjuntura econômica permite sua inclusão profissional. As 11 milhões de bolsas- família, correspondem aproximadamente a 40 milhões de brasileiros vivendo na ociosidade. E para o empregador falta mão de obra. É urgente rever os critérios do Programa. Corremos o risco de termos no futuro um sem número de estrangeiros se profissionalizando no país, enquanto os brasileiros permanecem estagnados. Réplica do que vive a Europa hoje. A falta de mão de obra mata a cafeicultura e outras atividades. E

TABELA 1 - Custo de Produção da Cafeicultura de Montanha ITENS DE DESPESA 1) - CONTROLE DO MATO a) - 2 roçadas, 2 aplicações de herbicida pós b) - limpeza manual e repasses c) - herbicidas 2) - ADUBAÇÃO a) - aplicação mecanizada (3) b) - adubo 20-5-20 c) - ácido bórico d) - calcário aplicado 3) - PULVERIZAÇÕES a) - 3 aplicações sendo 2 com fungicidas b) - micronutrientes foliares c) - fungicida a base de Triazol d) - fungicida cúprico e) - inseticida 4) - ARRUAÇÃO (Limpeza p/ Colheita) 5) - COLHEITA 6) - PREPARO (Seca/Beneficiamento)

NECESSIDADE

CUSTO TOTAL

6 HD 5 HD 4 litros

R$ R$ R$

6 HT 1.500 kg 15 kg 500 kg

R$ 210,00 R$ 1.900,00 R$ 75,00 R$ 70,00

6 kg 2 litros

R$ R$ R$ R$ R$

250,00 50,00 80,00 90,00 40,00

6 HD

R$

280,00

R$15,00/medida R$ 25,00/saca

7) - UTENSÍLIOS 8) - OUTROS (adm., transp., impostos, retiradas para produtor, custos sociais)

210,00 175,00 30,00

25%

R$ 2.640,00 R$

550,00

R$

100,00

R$ 1.687,00

• Custo direto / saca = R$ 8437,00 / 22 = R$ 383,50 • Depreciação da Lavoura (20 anos) = R$ 12.000,00/20 = R$ 600,00/hectare/ano • Depreciação de Instalações = 150,00/ha/ano • Custo Financeiro (juros cap.circ.) 12% a.a sobre 50% = R$ 551,00 Custo Total despesas indiretas = R$ 1301,00 • Despesas Indiretas / saca = R$ 59,14 • Custo Total por saca (direta + indireta) = R$442,67

=> HD = 35,00/Dia => Nesses custos não levamos em consideração: Remuneração do Capital Empatado, depreciação de veículos e semoventes e despesas ambientais. AM/NL-03/2012 Referência: Cultura do Café no Brasil. Matiello, Santinato, Garcia, Almeida e Fernandes. Páginas 430 e 431. MAPA/PROCAFÉ. Fonte: SINCAL - Possíveis Soluções


CAFÉ

isso é oposto ao desenvolvimento. O programa Bolsa-Família deve continuar, mas com regras alinhadas ao crescimento não só de consumo, e sim de empregos. Uma ideia viável é suspender a proibição do registro e/ou do benefício em épocas de safra. O empregado tem um aumento da remuneração em 6 meses, e depois, não tendo a intenção de continuar trabalhando, tem seu benefício de volta assim que rescindido o contrato. Salário Máximo, Lucro Mínimo - A crescente valorização da mão de obra na cafeicultura, impacta em até 60% no custo de produção. A economia brasileira em franco crescimento, alavanca esses valores, inviabilizando diversos segmentos, entre os quais, o café. A cafeicultura é importante geradora de divisas e agente uma social. O país responde por cerca de 50% do mercado de café arábica mundial. É, o mundo não fica sem o nosso café. Portanto, traders e torrefadores internacionais precisam enxergar a nova economia nacional. O café

FOTO: Divulgação

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brasileiro vale mais, porque tem qualidade e segue leis rígidas trabalhistas e ambientais. Nossos custos aumentaram e precisamos do retorno desse investimento. O preço da matéria prima é irrisório em comparação com o preço do produto preparado e industrializado. A Tabela 1 apresenta o cálculo de uma produtividade de 22 sacas/ha que é aproximadamente o que produzimos. Se produzíssemos 40 a 50 sacas/ha,

como alguns veículos divulgam, teríamos uma produção de 100.000.000 de sacas em média, o que não reflete a realidade. É crítico que toda a cadeia cafeeira, como comerciantes, cooperativas, exportadores e importadores, além do Ministério da Agricultura,enquanto gestor, precisam repensar essas práticas de mercado. Com um custo da saca de café apresentado acima de R$ 442, isso inviabiliza a cafeicultura nacional nos atuais patamares de preço. O produtor vendeu o café em mais de dez anos na faixa de R$ 250/saca. O discreto aumento para R$ 400 ou R$ 500/saca, não cobre as perdas desse período, sequer investimentos futuros. Para “afundar” ainda mais o setor, o produtor não familiarizado com cálculos, aceita esse preço que está muito aquém do necessário para manter uma propriedade. O empregado precisa de uma política que estimule o trabalho, não a ociosidade. O empregador, estratégias de crescimento sólidas, não frágeis. O país, um planejamento de longo prazo sério e comprometido. Estamos dispostos ao diálogo. E vocês? A

35 ABR 2012


CAFÉ

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Quanto teremos de café disponível para

EXPORTAR DA SAFRA 2012/13?

U

Cesar de Castro Alves1

ma coisa que todo analista que gosta e acompanha o mercado de café pode é escolher qual número nas estatísticas de café gosta mais (ou odeia menos). O que não se pode é querer que estes números conversem entre si. É fato antigo que os dados oficiais de oferta e demanda de café do Brasil não batem no sentido de fechar as contas. Todavia ano após ano voltamos ao mesmo questionamento sobre qual número está mais errado. O limite dessa discussão é o surgimento de todo e qualquer número de produção, estoques e consumo, o que confunde os agentes do mercado, aumenta muito a especulação e penaliza os mais despreparados. Há instituições (inclusive com grande credibilidade) que acreditam seriamente que o Brasil deva colher próximo de 60 milhões de sacas neste ano. É número pra todo gosto e a falta de uma postura oficial por parte do governo sobre o status atual oferta e da demanda também dá espaço para mais assimetria de informação. A pretensão aqui é explicitar essa

1 - Engenheiro Agrônomo, Analista da MB Agro. Email:- cesar@mbagro.com.br

diferença e jogar luz sobre este desvio, afinal alguém está errado. Além disso, seria formidável se pudéssemos no mínimo traçar possibilidades de cenários para o final do próximo ano safra. Quanto termos de café disponível para exportação até maio de 2013? O ano safra cafeeiro 2011/12 está terminando no Brasil, com os últimos lotes desta safra baixa sendo exportados. Embora rigorosamente o ano safra comece em 1º de julho, sabemos que é possível encontrar cafés disponíveis da safra nova antes deste início oficial do ano-safra. Ainda que com bastante atraso, a Conab/Ministério da Agricultura nos informou que havia no país há pouco mais de um ano (precisamente no dia 31 de março de 2011), 11,345 milhões de sacas de café em estoque, ou seja, pouco antes da entrada da safra 11/12, que foi de 43,48 milhões de sacas segundo a própria Conab. Para que o balanço interno de oferta e demanda seja o menos imperfeito possível, é preciso iniciar a conta a partir da entrada efetivamente da safra, de modo que não haja dupla contagem. Ao descontar do estoque (em 1º/ mar/11) as exportações efetivas de abril e maio de 2011 (5,387 milhões de sc)

Abastecimento de café mundial tem cenário

DE PRECAUÇÃO

A

OIC (Organização Internacional do Café) aumentou em 2,4 milhões de sacas, para 131 milhões de sacas a estimativa para a produção de 2011/2012, com um incremento nos volumes obtidos nas lavouras da Índia e do Peru, país que deve ter uma produção de 5,2 milhões de sacas e que já se posiciona entre “as maiores nações produtoras do grão”. A entidade intergovenamental também notou que a “situação do abastecimento é menor alarmante” na América Central, região em que os problemas climáticos parecem ter causados prejuízos menores que os esperados, sendo que se verificou, então, um aumento para estimativa de safra em países como Costa Rica, Honduras e Guatemala. A “garantia de abastecimento regular” dessa região fez com que o mercado tivesse uma pressão menor, o que contribuiu para o declínio dos preços, que já caíram mais de 20% na bolsa de Nova Iorque ao longo de 2012. No entanto, a OIC demonstrou preocupação quanto à continuidade das estimativas sobre a disponibilidade cafeeira, indicando que o Brasil, que em 2012 terá um ciclo de alta, pode não ter o incremento de volume esperado para outras origens. Por sua vez, o alto custo de produção e de insumos, como os de combustíveis, deve ter um impacto negativo sobre a produção, segundo a OIC, que sustenta que os cafeicultores devem “buscar reduzir o uso de vários desses insumos, o que poderá refletir em uma retração da capacidade produtiva.” A entidade evidencia que, diante desse quadro, mesmo o Brasil pode ter a garantia de uma produção consistente. A Conab avaliou que o Brasil deve produzir em 2012/2013 um montante de 50,6 milhões de sacas, 16,2% a mais que no ano anterior, sendo 37,7 milhões de sacas de arábica e 12,9 milhões de sacas de A robusta.


CAFÉ

mais o consumo interno equivalente a dois meses baseado na Abic (3,283 milhões de sacas = 19,7 milhões de scs * 2/12 avos) chega-se a um estoque inicial 2011/12 de 2,674 milhões de sacas em 1º de junho de 2011. Uma vez “conhecido” o estoque na entrada da safra 11/12 poderíamos somá-lo à produção de 43,48 milhões de sacas e descontar o consumo interno (que a ABIC nos informou ter sido de 19,7 milhões de sacas entre out/10 e nov/11) e as exportações, que são registradas, não sendo portanto estimativas como é o caso da produção, dos estoques e do consumo. Se estes números estivessem corretos, não seria possível exportar entre 1/6/11 e 31/5/12 mais que 26,45 milhões de sacas, o que significaria uma queda de 23% sobre o mesmo período do ano anterior. Esta situação está exposta na hipótese 1 da Tabela 1. Ocorre que alguma estimativa oficial está errada, pois já exportamos este volume até o fechamento de março/12 restando ainda dois meses até a entrada da próxima safra. E é provável assistirmos mais dois meses de exportações ao redor de 2 milhões de sacas, o que somará quase 31 milhões de sacas exportadas, o que daria uma queda de 11% (não 23%) ante 2010/11. Um segundo exercício supõe consumo exógeno, ou seja, não o conhecemos, sendo, portanto calculado, mas sabemos que as exportações (aproximadamente) serão de 30,8 milhões de sacas. Seguindo o mesmo raciocínio, para zerar o estoque no final de maio de 2012, não teríamos como ter consumido mais que 16 milhões de sacas. Notar que, neste caso, do estoque inicial do final de março/11, devemos descontar dois meses do consumo calculado (2,7 milhões de sacas), partindo, portanto de um estoque inicial de 3,291 milhões de sacas, como apontado na hipótese 2. E uma terceira possibilidade (hipótese 3) seria desconfiarmos do estoque inicial, o colocando como exógeno no cálculo. Neste caso, considerando o consumo da Abic, e as exportações em 30,8 milhões de sacas, o estoque inicial teria sido de 7 milhões de sacas no início de junho de 2011 ou de 15,6 milhões de sacas em 31/3/11, que é comparável aos 11,345 milhões de sacas apontado no relatório de estoques privados de 2011. Portanto, se não há equivoco no levantamento da produção realizado pela Conab (eu acredito que o menos imperfeito dos números seja este) e considerando ser im-

FOTO: Divulgação

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possível a primeira situação, temos duas possibilidades: ou o estoque (real) de 31/3/11 foi 4,3 milhões de sacas maior do que o informado, ou o consumo interno foi 3,7 milhões de sacas menor do que o levantamento da Abic. Um pouco de erro em cada um também é factível. Tendo a acreditar mais na hipótese 2, porém o mais importante seria termos uma opinião consistente dos órgãos oficiais sobre seu posicionamento em relação à demanda também, afinal do jeito que está uma coisa é certa: a conta não fechará. A

37 ABR 2012


FERTILIZANTES

ABR 2012

´Fósforo Inteligente´ evita o desperdício

E INTENSIFICA AÇÃO NA CANA

Fertilizante FF Organic disponibiliza fósforo de maneira gradual

A

EMBRAFÓS, empresa nacional que atua há mais de 8 anos no agronegócio, desenvolveu em conjunto com as principais instituições de pesquisas do país, produtos de alta tecnologia para o campo, como o FF Organic, também chamado de o “Fósforo Inteligente”, que não se fixa no solo por ser revestido por agentes quelantes e matéria orgânica de altíssima qualidade, sendo liberado de forma gradual, promovendo economia para o produtor e trazendo uma série de vantagens e benefícios. Normalmente, a adubação fosfatada na cultura da cana é realizada uma única vez ao ano, ou seja, 80% do fósforo é aplicado durante o plantio. Na FOTO: Embrafós

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maioria destas adubações, utilizam-se fórmulas 100% solúveis em água, disponíveis para absorção da cana, mas isto não ocorre, pois a planta vai ab-

sorver esse fósforo de acordo com as suas necessidades. Como a cultura tem uma vida útil de 6 a 7 anos, pesquisas indicam que 70% desse fósforo não é absorvido pelas plantas, ele acaba se fixado no solo ou lavado pelas chuvas. Pesquisas ainda mostram que após o terceiro corte existe a necessidade de reposição de fósforo. Neste contexto encontra-se o diferencial do FF Organic, que auxi-lia o produtor melhorando a estrutura do solo, proporcionando crescimento das raízes, potencializando a capacidade de nutrição da planta, aumentando a produtividade, elevando a Capacidade de Retenção de Água (CRA) no solo, evitando a perda dos nutrientes por lixiviação e absorção do solo, além de contar com o MSP – Microorganismos Solubilizadores de Fósforo, que liberam gradualmente o fósforo retido no solo. Entre as instituições de pesquisam que atuam juntas com a EMBRAFÓS, estão o CPQBA-Unicamp, Fundação Procafé, ESALQ, UNESP, entre outras. O Produto também é certificado pelo IBD, atendendo as normas nacionais e internacionais no fornecimento de produtos orgânicos. A


EVENTOS

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9ª AGRIFAM 2012 será realizada

EM LENÇÓIS PAULISTA (SP)

Maior estrutura do centro de exposições melhora o evento

A

9ª edição da Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural (Agrifam) será realizada neste ano na cidade de Lençóis Paulista. O acerto ocorreu em reunião na Prefeitura Municipal de Lençóis Paulista, na tarde de 12 de abril, com a presença de Braz Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), entidade responsável pela realização da Agrifam; a prefeita do município, Izabel Cristina Campanari Lorenzetti; o presidente da Associação Rural de Lençóis, José Ulisses dos Santos; e José Oliveira Prado, diretor coordenador do centro de exposições que sediará a Feira, de 3 a 5 de agosto.

A justificativa da transferência para Lençóis é a estrutura a ser oferecida pelo recinto e o apoio da prefeitura. “Teremos condições de ampliar a Agrifam através da excelente estrutura que o centro de exposições oferece”, esclarece Albertini. As sete últimas edições foram realizadas em Agudos no Instituto Técnico Educacional de Trabalhadores do Estado de São Paulo (Itetresp) e a primeira em Presidente Prudente. O presidente da Fetaesp afirma que a transferência de cidade não altera as características da Feira, como entrada e estacionamento gratuitos. Segundo ele, o recinto de exposição de Lençóis irá permitir melhorias para a recepção do público visitante e exposi-

tores, pois possui uma estrutura maior, com três estacionamentos e vários pavilhões. Para a prefeita de Lençóis Paulista, a vinda da Agrifam para o município completa um panorama de exposições ligadas ao setor agrícola, já que na cidade são realizadas outras feiras distintas, tais como a agropecuária Facilpa e a Expovelha. “A Agrifam vai ocupar um espaço que estava aberto nesse sentido, com uma feira voltada para a Agricultura Familiar”, explica. O presidente da Associação Rural enfatiza esse aspecto. “Pela sua importância no cenário municipal, regional, estadual e até nacional, ela vem para acrescentar”, admite. Albertini destaca o apoio oferecido da Prefeitura e dos diretores da Associação Rural de Lençóis. “Fomos bem recebidos e teremos menos despesas, porque já há área para instalação dos estandes e melhores condições para atender ao público da Agrifam”, declarou. INFORMAÇÕES = Depto de Comunicação Fetaesp (14) 3262-9999. Email: comunicacao@fetaesp.org.br

39 ABR 2012


FERTILIZANTES

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Para suprir solos menos férteis na cultura da cana, FERTEC APRESENTA NYON SOLO CANA e SPONGER CANA

40 ABR 2012

FOTOS: Divulgação FERTEC

Com tecnologia e eficiência no campo, produtos suprem necessidade da cultura

O

aumento da demanda por açúcar e álcool fez com que a cultura da cana, antes estabelecida em solos de maior fertilidade, precisasse expandir para solos com baixos teores de Fósforo, Boro e Zinco. Pensando neste público, a FERTEC, empresa que oferece ao produtor/empresário brasileiro, fertilizantes diferenciados,

com tecnologia visando o aumento da eficiência dos micronutrientes e por consequência a elevação da produtividade, apresenta o NYON SOLO CANA, para suprir todas as necessidades do solo no plantio ou na soqueira, com o fornecimento de Boro, Molibdênio e Zinco. O produto formulado com suspensão fluída para uso via solo, com laudo de Nano Partículas de Boro e Zinco, compatível em misturas com outros produtos, dependendo do potencial de produtividade e da variedade, aplica-se a dosagem de 0,4 a 0,6 litros/ha. Com o lançamento de cultivares mais produtivos e exigentes e principalmente com o uso mais intensivo de colheita mecanizada, a FERTEC desenvolveu produtos que induz ao maior enraizamento dos toletes ou mudas em soqueira. O SPONGER CANA, desenvolvido com uma tecnologia não hormonal, aumenta o enraizamento e proporciona a maior retenção de água, facilitando o cultivo da cana. Este produto possui fontes de Cálcio e Magnésio, enriquecido com substâncias húmicas, capazes de reter mais água e forçar o enraizamento dos toletes ou mudas das soqueiras. A dosagem no plantio é de 5 litros/ha, também compatível em mistura com outros produtos. A


FERTILIZANTES

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Melhoria na renda faz expandir

O USO DE FERTILIZANTES

Mercado de defensivos também reflete aumento na renda

C

om a renda em alta, os produtores rurais estão conseguindo investir mais nos cuidados com as lavouras. Prova disso está nas vendas de fertilizantes no primeiro bimestre, que somaram 3,59 milhões de toneladas, indicando aumento de 3,8% em relação ao mesmo período de 2011. Os dados são da ANDA - Associação Nacional para Difusão de Adubos e foram apresentados na 59ª Reunião da Câmara Temática de Insumos Agropecuários, na semana passada, em Brasília. Em nutrientes, as entregas de fertilizantes nitrogenados (N) apresentaram evolução de 10,7%, passando de 541 mil toneladas em 2011 para 599 mil toneladas em 2012. O aumento pode

ser explicado pela demanda das culturas de cana-de-açúcar, algodão, café, milho safrinha e arroz. No bimestre analisado, o total de nutrientes (NPK) alcançou 1,47 milhão de toneladas, com evolução de 1,3% em relação ao mesmo período de 2011, quando foram entregues 1,45 milhão toneladas. Os fertilizantes fosfatados registraram aumento de 1,5%, passando de 401 mil toneladas em 2011 para 407 mil toneladas neste ano, com ênfase para as culturas de milho safrinha, algodão e cana de açúcar. Nos fertilizantes potássicos, foi registrada redução de 8,7%, passando de 517 mil toneladas em 2011 para 472 mil toneladas este ano. Mato Grosso concentrou o maior volume de entregas no primeiro bi-

mestre, atingindo 742 mil toneladas, seguido de São Paulo com 568 mil toneladas, Minas Gerais com 497 mil toneladas e Paraná com 458 mil toneladas. A produção nacional do primeiro bimestre somou 1,462 milhão de toneladas, contra 1,364 milhão de toneladas em 2011, representando aumento de 7,2%. O balanço do SINIDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola apontou que o mercado de defensivos cresceu 11% de 2010 para 2011, chegando a R$ 14 milhões. A alta foi impulsionada principalmente pelas culturas de cana, algodão, café, trigo, soja e milho. Já a produção de calcário no Brasil atingiu 28,774 milhões de toneladas em 2011, contra 24,748 do total de 2010, aumentando 14%. De acordo com projeção da ABRACAL - Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola, em 2012 a produção deverá chegar a 29,5 milhões de toneladas. Os estados de Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso se destacam como os maiores produtores A nacionais.

41 ABR 2012


PECUÁRIA

42 ABR 2012

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Método de secagem afeta ocorrência de

MASTITE NA LACTAÇÃO SEGUINTE Taxa de novas infecções é maior durante o período seco

O

Tiago Tomazi1 e Marcos Veiga dos Santos2

período seco é a fase do ciclo produtivo das vacas que tem por objetivo a manutenção da sanidade do úbere, bem como, garantir a produção de leite após o parto. Alcançar este objetivo é sempre um desafio, pois as vacas são altamente susceptíveis a infecções intramamárias (IIM) durante o início do período seco e a colostrogênese. Estudos recentes demonstram que a taxa de novas IIM é maior durante o período seco que durante a lactação. Infecções iniciadas durante o período seco são normalmente causadas por agentes ambientais, e algumas destas infecções persistem durante a lactação seguinte. Dois métodos de secagem são normalmente utilizados em propriedades leiteiras: o método de secagem abrupta, no qual, a ordenha é cessada no dia da aplicação do antibiótico para vacas secas; e o método de ordenha intermitente, com redução da frequência de ordenhas na última semana de lactação. O método de secagem tem relação com a produção de leite no momento de secar as vacas e exerce influência sobre a presença de IIM no início da lactação seguinte. Ordenhas intermitentes podem reduzir a produção de leite, o que pode facilitar a involução dos tecidos mamários e aumentar os fatores de defesa naturais contidos no leite como a lactoferrina. Mesmo assim, a forma de secagem mais recomendada em rebanhos leiteiros é a paralisação abrupta da ordenha ao final da lactação. Em vacas de alta produção, este método pode causar pressão excessiva na glândula 1 - Médico Veterinário e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP, Campus de Pirassununga-SP (http://www2.fmvz.usp.br/nutricaoanimal) 2 - Professor Associado da FMVZ-USP, Campus de Pirassununga-SP Site pessoal: www.marcosveiga.net

mamária e canal do teto, o que leva ao gotejamento de leite e permanência do canal dos tetos abertos por períodos prolongados. Em estudo recente, pesquisadores dos EUA avaliaram a influência da produção de leite e da ocorrência de infecção no momento da secagem sobre a probabilidade de IIM no início da lactação seguinte por meio da comparação de dois métodos de secagem. Cento e vinte sete vacas das raças Jersey e Holandesa, em fase final de lactação, fizeram parte do estudo que teve duração de dois anos. As vacas foram agrupadas por raça e separadas ao acaso em dois grupos durante a semana antecedente a secagem: grupo de ordenha intermitente e grupo controle (procedimento de ordenha de rotina). As vacas do grupo de ordenha intermitente foram ordenhadas pela manhã nos primeiros quatro dias, pulava-se o quinto dia, eram ordenhadas na manhã seguinte, não eram ordenhadas por mais um dia inteiro, e por fim, eram ordenhadas na manhã que antecedia a secagem. As vacas do grupo controle eram normalmente ordenhadas duas vezes ao dia até o dia da secagem, quando eram ordenhadas somente de manhã. Após a última ordenha, os quartos mamários de todas as vacas foram infundidos com antibiótico para vacas secas contendo cefapirina benzatina. As coletas de amostras de leite dos quartos mamários foram realizadas no dia da escolha dos animais (présecagem), na secagem e três dias após o parto. O leite foi então transportado ao laboratório para identificação microbiológica, a fim de caracterizar a ocorrência da infecção no quarto mamário. A concentração de lactoferrina nos quartos mamários foi quantificada a partir das amostras coletadas uma semana antes e no momento da secagem. Este procedimento foi realizado para avaliação do efeito da ordenha intermitente sobre os níveis deste fator de defesa natural no leite bovino. A

produção diária de cada vaca durante a semana final de lactação foi registrada por meio de sistema de gerenciamento e controle leiteiro. Amostras dos quartos mamários foram coletadas e enviadas para análises CCS. Ao final do estudo, os dados de 112 vacas foram analisados, 56 com secagem abrupta e 56 com secagem intermitente. As vacas submetidas à ordenha intermitente produziram em média de 74 Kg, enquanto as vacas do grupo controle tiveram produção de 129 kg durante a última semana de lactação. A maioria dos quartos que estavam sadios na pré-secagem permaneceram desta forma na secagem. A porcentagem total de quartos infectados, curados, persistentemente infectados, bem como os agentes causadores de mastite de ambos os grupos estão presentes na Tabela 1. A proporção de quartos infectados no parto não diferiu entre os grupos avaliados. Nas vacas com secagem intermitente , 84% das infecções presentes na secagem curaram-se durante o período seco. Da mesma forma, 85% das IIM do grupo controle curaram-se neste período. A menor taxa de cura foi observada nas infecções por S. aureus. Não foram observadas diferenças no número de infecções novas ou persistentes entre os grupos (Tabela 1). Quartos infectados por agentes primários na secagem apresentaram 7,6 vezes mais chance de permanecerem infectados no pós-parto quando comparados com quartos não infectados. Quartos infectados com agentes secundários na secagem demonstraram 3,3 vezes mais chance de permanecerem infectados no parto que os quartos sadios. Quartos não infectados de vacas com produção acima de 115 kg durante a última semana de lactação tiveram 7,1 vezes mais chance de estarem infectados no parto que quartos com produção inferior a 75 kg, no mesmo período. Vacas com produção por quarto entre 75 e 115 kg durante a última semana de lactação também demonstraram tendência a apresentarem IIM na ordenha pós-parto quando comparadas a vacas com produção inferior a 75 Kg. Em contrapartida, vacas ordenhadas intermitentemente antes da secagem foram 4,2 vezes mais predispostas a estarem infectadas no pósparto que vacas do grupo controle. Os resultados deste estudo sugerem que o efeito protetor desenca-


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PECUĂ RIA EVENTOS

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PECUÁRIA

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Tabela 1 - Distribuição de diferentes microrganismos isolados de quartos mamários de vacas dos grupos tratamento (ordenha intermitente) e controle (ordenha usual) provenientes de amostras coletadas na pré-secagem, secagem e três dias após o parto.

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de lactoferrina na secagem foram superiores no grupo de ordenha intermitente que no grupo controle, este fator de defesa natural do leite não demonstrou relação com IIM na secagem e pareceu não ter efeito sobre a taxa de cura de infecções existentes ou desenvolvimento de novas infecções. O status de infecção do quarto mamário na secagem foi um fator de risco significativo sobre a ocorrência de mastite após o parto. Isto é interessante, pois todos os quartos de todas ECN – Estafilococos coagulase negativa; PI – Quartos mamários persistentemente infectados; IIM – Inas vacas incluídas neste estudo foram fecções intramamárias; Outras – Arcanobacterium pyogenes, Nocardia spp. e leveduras. FONTE: Adaptado de Newman et al. (2010). tratadas com antibiótico para vacas secas, e em geral, as taxas de cura foram deado pela produção reduzida na no final da lactação. A ordenha in- relativamente altas (84-85%). secagem deixa de atuar em vacas termitente parece ter dois efeitos Para maximizar o benefício da terapia de que já estão infectadas. Volumes opostos: enquanto este método de vaca seca e minimizar a frequência de tratamenores na secagem permitem a secagem reduz a produção de leite mentos durante a lactação, que normalmente formação do tampão de queratina e promove um efeito protetor, pa- não são efetivos, é importante identificar e acelera o fechamento do canal do rece aumentar o risco de IIM no cuidadosamente as vacas que têm alta probateto, o que forma uma barreira con- parto. Este estudo foi limitado a um bilidade de cura. Sugere-se que vacas velhas, único rebanho e estilo de manejo, com alta CCS, histórico de mastite clínica e tra agentes causadores da mastite. Quartos não infectados que entretanto, seus resultados confir- infecções crônicas por Streptococcus. aureus foram ordenhados intermitente- mam a observação de outros estu- sejam candidatas ao descarte. mente antes da secagem tiveram dos anteriores que relatam que alta Além disso, a redução da produção de maior tendência a estarem infecta- produção de leite na secagem é um leite antes da secagem das vacas é uma prática dos no parto que os quartos sadios fator de risco para IIM no início da que pode ser utilizada como uma estratégia das vacas do grupo controle, quan- lactação seguinte. de manejo para a redução de IIM no início da Mesmo que as concentrações próxima lactação. do se avaliou a produção de leite A


PECUÁRIA

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Alimentação de Precisão para novilhas,

ESTRATÉGIAS E RECOMENDAÇÕES

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Junio Cesar Martinez1

ustos com recursos humanos para manejo, com construções de instalações e principalmente com a alimentação fazem da categoria novilha uma grande consumidora de dinheiro em uma granja leiteira. Estes custos são alto pois o manejo a ser dado às novilhas deverá ser o suficiente para se produzir a melhor vaca possível, do ponto de vista produtivo e reprodutivo. Para atingir esse objetivo, alguns pontos importantes do ponto de vista nutricional deverão ser observados, alguns dos quais discutiremos a seguir. Embora o sistema de criação interfira no desenvolvimento da novilha, são os fatores dietéticos que causam grande impacto no desempenho ponderal as mesmas. O tipo de alimento que é fornecido às novilhas afeta diretamente a eficiência com que estes são utilizados para o crescimento e desenvolvimento das estruturas orgânicas, dentre elas a glândula mamária.

b) - Reduzir para 13 a 14% de proteína bruta depois da puberdade das novilhas, reduzindo o CMS para 1,65% do Peso vivo; c) - Manter de 30 a 35% de proteína solúvel nas rações o tempo todo; d) - Não exceder a proteína não degradável no rúmen em 25 a 30%. Os animais nesta fase requerem quantidades muito especificas de nutrientes diariamente, em especial a proteína. Logo, a manutenção de uma rotina alimentar bem definida é uma das chaves do sucesso para uma boa criação de novilhas.

1) - Balanceamento Protêico = a) - Fornecer entre 14 a 15% de proteína bruta na dieta de novilhas antes da puberdade, fornecendo alimentos a 2,15% do Peso vivo (CMS=consumo de matéria seca);

2) - Balanceamento Energético = As exigências por energia depende principalmente do tamanho das novilhas, da taxa de crescimento e das condições ambientais onde elas são criadas. Existem duas estratégias para suprir as necessidades de energia das novilhas. Primeiro, as dietas podem ser formuladas com densidade energética variável e fornecidas livremente, para que as novilhas selecionem o consumo de energia. Na segunda estratégia, as dietas podem ser formuladas para conter uma quantidade fixa de energia, geralmente alta. Independentemente da estratégia de alimentação, a concentração de energia deverá permitir ganho de peso variando entre 800 a 900 gramas por dia de peso vivo, ou ainda, fornecer 130 kcal de energia metabolizável para cada meio quilo de peso vivo metabólico (peso vivo vezes 0,75). A segunda estratégia de alimentação é recomendada, pois facilita o fornecimento preciso dos demais componentes da dieta.

1 - Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

3) - Teores de Fibra na Dieta = Mesmo para os programas mais

Dietas com Alto Concentrado A alimentação balanceada é facilitada quando a dieta é fornecida no cocho, onde o fornecimento de ração total facilita o suprimento preciso de nutrientes. Pesquisas recentes recomendam o seguinte:

avançados em nutrição de bovinos, como o NRC, os teores de fibras para novilhas leiteiras ainda não foram exatamente explicadas pelos experimentos científicos. Historicamente o nível de fibra depende principalmente da qualidade do alimento, e consequentemente interfere na densidade energética da dieta. Os requerimentos por FDN (fibra em Detergente Neutro) para novilhas em crescimento ainda não estão completamente estabelecidos, principalmente no que se refere ao limite mínimo. Portanto, prudência é requerida, não fornecendo dieta com FDN menor que 19%, visando evitar problemas de laminite, dentre outros. Entretanto, recomendações abaixo de 19% de FDN não são recomendados devido aos poucos experimentos realizados, o que é importante, pois o teor de FDN da dieta é um dos fatores que controla o consumo de alimento. Principais Recomendações 1. - Pese as novilhas frequentemente. O monitoramento do peso dos animais é a forma mais barata e muito eficiente de verificar se o manejo alimentar está adequado, principalmente depois que as novilhas estão prenhas. A pesagem uma vez por mês é suficiente para as checagens necessárias. 2. - Separe as novilhas por grupo em função do tamanho. Facilita o manejo alimentar, uma vez que um dos fundamentos básicos da nutrição é o oferecimento de alimento em função do Peso Vivo. Se possivel, permitir uma variação máxima de 90kg dentro do lote. Considerações Finais - Cada propriedade e grupo de animais possuem particularidades, que se não atendidas poderão depreciar a futura vaca. Procure um profissional que possa avaliar cuidadosamente o manejo adotado, o padrão dos animais, a infraestrutura da fazenda e assim, definir o melhor manejo alimentar a ser adotado para as novilhas de reposição. A

45 ABR 2012


SILVICULTURA

46 ABR 2012

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Eucalipto ganha força como fonte

Unido, Bélgica e Holanda são clientes em potencial. Segundo André Dorf, presidente da subsidiária, o continente precisará de 12 milhões de toneladas de madeira por ano para ajudar a suprir sua demanda energética. Motivo mais do que suficiente para levar a Suzano a planejar aportes de US$ 1,3 bilhão até 2019 na produção de pellets em uma fábrica no Maranhão que deverá entrar em operação em 2014. Até o fim da década, o objetivo é atingir uma produção de 5 milhões de toneladas por ano. “A pretensão da companhia é tornar-se líder mundial no setor”, declara Dorf. A mesma unidade maranhense deverá comportar também a produção de lignina, substância que confere rigidez à madeira usada na fabricação de insumos químicos e com potencial de cogeração de energia elétrica, como já informou o Valor. O projeto da subsidiária da Suzano nasceu por meio de uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP). A Fibria, empresa de papel e celulose, e a Duratex, produtora de chapas de madeira para a indústria moveleira, também são parceiras do estudo. Por enquanto, a produção de ambas é direcionada para cogeração própria. As indústrias investem, ainda, em plantios próprios, sem contar com terras de agricultores independentes. O vínculo do setor privado com a universidade está amparado no pioneirismo da pesquisa que encurtou o tradicional ciclo de sete anos do eucalipto, quando acontece o primeiro corte, para um período de 18 a 24 meses a partir de um plantio adensado. “Usamos diferentes espaçamentos entre mudas, com até cinco vezes mais árvores por hectare”, explica Saulo Guerra, coordenador do programa. O estudo testa três diferentes distâncias entre árvores: de 1,5 metro, 1 metro e 0,5 metro, em comparação aos costumeiros 2 metros. O “aperto” é para forçar o crescimento dos eucaliptos, que competirão por luminosidade. Ao espichar, eles se tornarão árvores mais altas e magras. “O diâmetro não é importante porque não buscamos lenha ou madeira para serraria”, diz Saulo Guerra. Segundo o professor, um hectare de plantio tradicional rende, por ano, cerca de 45 m3 de madeira. No espaçamento de 1 metro, por exemplo, é possível extrair em torno de 56,5 m3 do produto. Bem antes da colheita, os pesquisadores asseguram-se que as mudas cultivadas em estufas climatizadas tiveram umidade controlada e adubação adequada para serem plantadas aos 60 dias. Quando crescidas, a equipe tem a função de medir o diâmetro e a altura das árvores a cada seis meses, e de contabilizar as perdas. Antes mesmo que as plantações testadas pela universidade atinjam sua escala comercial, a New Holland, divisão da múlti americana CNH e também parceira na pesquisa, trabalha na adaptação de um equipamento que realiza o corte de seis a oito árvores de uma só vez e tritura a madeira formando cavacos (pequenos pedaços) em plena colheita. É a partir deles que são fabricados os pellets. “Estamos fazendo alterações porque o eucalipto plantado no Brasil é mais duro”, diz Samir Fagundes, coordenador de marketing da New Holland. Ele estima que a máquina será vendida por R$ 900 mil. A

DE GERAÇÃO DE ENERGIA

Mercado na silvicultura ainda é pouco explorado

N

ada de plantar eucalipto para as tradicionais produções de madeira para serrarias, papel e celulose. O novo apelo para o cultivo desta árvore de origem australiana que chegou ao Brasil no início do século passado é a geração de energia, como alternativa renovável ao petróleo e ao carvão mineral. As experiências nesta área são poucas, mas algumas empresas encontraram na energia fornecida pela queima da madeira plantada uma forma de abastecer o mercado europeu. A meta da Europa até 2020 é ter pelo menos 20% de sua matriz vinda de fontes renováveis. Por enquanto, a Suzano Energia Renovável é a única empresa que planeja investimentos nesta frente com foco em seus negócios. A subsidiária recém-criada da Suzano Papel e Celulose passará a produzir pellets (pequenos pedaços cilíndricos de serragem compactada para queimar e gerar energia) a partir do corte de eucaliptos. Alemanha, Reino


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artigo

47 ABR 2012

O ETANOL: MILAGRE OU MIRAGEM? A NOSTALGIA DO FUTURO “XISTO” Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [ogenevieve@ sucre-ethique.org / ogenevieve@acucar-etico.org]

A

lguns anos atrás um executivo da empresa agroalimentícia Kellogs tinha falado, no encontro anual da organização internacional, da especulação em cima do Etanol. Um mercado criado pelas legislações nacionais obrigando as companhias de petróleo a misturar o petróleo com fontes de energias agricolas. E investidores, como o famoso Georges Soros, querendo somente revender o que se valorizaria até a bolha especulativa explodir... talvez um dia não será mais o problema dos especuladores, mas das próximas gerações. Nestes últimos anos, o interior do Estado de Sao Paulo virou a « Califórnia brasileira », assim como regiões do MS, GO e MG…. num mar de cana de açúcar indo até no Tocantins. Os investimentos na última década permitiram criar uma “indústria industrializante” ou seja, um setor industrial criando empregos tanto no campo do na cidade. O setor canavieiro está, de fato, ligado ao petróleo quase no mesmo nivel do que o setor alimentar. A nostalgia bem brasileira do futuro indicava que a cana seria para abastecer o mercado de automóveis: o etanol ia para a conquista do mundo…da África para a China. Todavia, neste sistema de apostas, esqueceu o próprio petróleo e as fontes possíveis disponibilizadas pelos avanços tecnológicos, Ordem e Progresso. Entrou na jogada, a poucos anos, o fenômeno do petróleo de xisto. Isso não teve o eco no Brasil, focalizado em cima da herança da cana que os Portugues trouxeram da India e fixados nas fontes maravilho-

sas a 5.000 metros de profundidades no Oceano Atlântico… O orgulho nacional e a Petrobrás garantem um futuro para o país. Com o xisto, quem notou no Brasil que os Estados Unidos este ano será autosuficiente em petróleo? Isso é realmente uma revolução, tanto para o crescimento da primeira economia mundial do que para os relacionamento conflituosos do Tio Sam com a Venezuela ou o Irã (por nao falar os integristas sunitas da Arábia Saudita, os salafistas). Esta nova carta no jogo mundial da primeira potência econômica e política do planeta afetará indiretamente o uso do etanol e, de fato, o Brasil. Será que no futuro o mercado de locomoção precisará cada vez mais de etanol caso o xisto traga uma alternativa economomicamente viável? Em 2010, 76 bilhões de dólares foram criados pelo xisto. E isso em pouquíssimos anos: a tecnologia de extrair petróleo do xisto a partir de escavação horizontal não existia cinco anos atrás! Os especialistas (tem tantos que não se deve pensar que as expectativas são sérias) apostam para 2015 um faturamento de 118 bilhões e a criação de 870.000 empregos somente nos Estados Unidos. Ja a Romênia e a China

- via a companhia Shell - apostam no Xisto. A França recuou com as pressões de ambientalistas amigos do José Bove, famoso altermondialista e deputado europeu, devido aos riscos potenciais do meio ambiente. Esta tecnologia pode ter impactos nas águas subterrâneas porque a escavação horizontal implica uma injeção de produtos químicos a fim de fazer explodir as rochas de xisto que contém o petróleo. No estado de Dakota, que é muito agrícola, já teve casos de envenamento da água. Fazer crescer beterraba açucareira que o Dakota produz poderá ser um problema a longo prazo, como fazer o gado beber uma água contaminada. Mas não para o progresso... Sem ordem, até teve terremotos por utilizaçao desta técnica do futuro. Para o mercado energético, o petróleo de xisto via escavação poderia ser considerada quase como a invenção da Internet, acabando com o sistema francês do Minitel em alguns anos. Então, entre o deserto de cana ou a exploraçao do subsolo qual é o melhor ? Qual será o vencedor? Espero que seja o homem, que poderá tirar a sua existência da Terra com consciência, isso é o problema! O progresso é somente positivo com ordem ou seja para a sociedade toda. E não somente para uma minoria capitalizando os benefícios e um maioria mutualizando os riscos. A batalha do etanol versus xisto somente começa e acho que quem ganhará sera aqueles com mais sustentabilidade, ou seja, criação de emprego, respeito à natureza e com um modelo econômico viável a longo prazo… A


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48 ABR 2012


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