Edição 05 - Revista de Agronegócios - Outubro/2006

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falta de capacitação empresarial, falta de informação, excesso de produção e muitos outros. Tudo isto dificulta e muito a produção agropecuária no país. Por outro lado, a história e os números da economia comprovam que o setor agropecuário consegue superar todas estas dificuldades e

ainda se mostra superior aos demais. Basta observar os números de nossa exportação. A balança comercial está recheada de exemplos. E sabemos quem é o principal responsável pela sustentação do setor agropecuário: o produtor e o empresário agrícola. Os anos passam, as dificuldades aumentam, mas este ‘herói’ mostra-se invencível. Mas até que ponto? Ao ponto em que estes heróis compreendam que sozinhos continuarão a ser apenas um; mas que, unidos, conseguirão ter voz no parlamento, força na produção e na comercialização. Que todos estejam mais uma vez preparados, pois a vida continua...

3 Outubro 2006

Passada a euforia do revéillon 2005/2006, do descanso das férias de janeiro, dos gingados e batuques do Carnaval, das esperanças do Mundial de Futebol na Alemanha, das eleições presidenciais... A vida finalmente pode recomeçar. Mesmo que em outubro. Não é uma despedida de final de ano. Mas agora sim independente dos resultados político-partidários - os setores da economia nacional podem finalmente parar para planejar os caminhos para os próximos meses. Somos, sem sombra de dúvida, uma das maiores nações do mundo. Problemas não nos faltam. Distâncias geográficas, corrupções e desinteresses políticos, os juros altos, a falta de apoio à pesquisa científica,

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E a vida continua, empresário rural!


18 PECUÁRIA DE CORTE As novas regras do Sisbov

8 CAFÉ AMSC premia a qualidade

9 CAFÉ Cocapec divulga vencedores do 4º Concurso de Qualidade

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Fazenda Petrópolis: uma gigante na produção leiteira na região de Franca.

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Consorciação de seringueira com culturas de interesse econômico

23 ALFACE Pira-Roxa, a nova cultivar desenvolvida pela Esalq/USP

12 LEITE

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20 SERINGUEIRA

13 Leite: Alimentos para Bovinos Leiteiros 16 Leite: Sanidade de Úbere e Fertilidade

LANÇAMENTO ...Gostaria de receber esta conceituada revista, a qual me informará e me tratá novidades do agronegócio. Carlos Eduardo Darini Engenheiro Agrônomo e empresário do ramo agrícola - Alfenas (MG) ...Gostaria de receber o mais novo veículo de informação sobre agronegócio da região. Jorge Andrade Megale pecuarista - São Sebastião do Paraíso (MG)

24 FIGO IAC ensina cultivar a figueira

26 OVINOS Produção de carne de cordeiro (parte IV) SUGESTÕES ... Gostaria de orientações mais detalhadas sobre o cultivo do maracujá. Tenho uma pequena propriedade e tenho muito interesse em fruticultura. João Manuel da Silva agricultor - Ituverava (SP) Caro João, informamos que a Revista Attalea Agronegócios fechou uma parceria com a Dra. Laura Maria Molina Melleti, pesquisadora do IAC, que a partir da próxima edição passará a orientar os leitores sobre o cultivo do maracujá.

João Batista da Silva, Cafeicultor - Rio Paranaíba (MG)

... Sugiro matérias a respeito do cultivo da seringueira. Daniel Ferreira Figueiredo Engº Agrônomo - Barretos (SP)

...Fiquei conhecendo a revista através de um exemplar na Cocapec, em Franca, e vi que tinha um contexto muito interessante. Gostaria de receber a revista João Iunes Elias Neto representante comercial, cafeicultor, pecuarista e horticultor - Cajuru (SP)

Caro Daniel, agradecemos a sugestão e já nos prontificamos, nesta edição, de iniciarmos a publicação de matérias sobre o cultivo de seringueira. Aproveitamos para agradecer o apoio do Dr. Paulo Gonçalves, pesquisador do IAC.

...Gostaria de receber a revista.

A Revista Attalea Agronegócios, registrada no Registro de Marcas e Patentes do INPI, é uma publicação mensal, com distribuição gratuita, reportagens atualizadase foco regionalizado na Alta Mogiana paulista e no Sudoeste de Minas Gerais. TIRAGEM 3 mil exemplares EDITORA ATTALEA REVISTA DE AGRONEGÓCIOS LTDA. CNPJ nº 07.816.669/0001-03 Inscr. Municipal 44.024-8 Rua Eduardo Garcia, 1921, Resid. Baldassari Franca (SP) - Tel. (16) 3723-1830 revistadeagronegocios@netsite.com.br DIRETOR E EDITOR Eng. Agrº Carlos Arantes Corrêa cacoarantes@netsite.com.br DIRETORA COMERCIAL Adriana Silva Dias adrianadias@netsite.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Rejane Alves MtB 42.081 - SP PUBLICIDADE Sérgio Berteli Garcia (16) 9965-1977 Adriana Silva Dias (16) 9967-2486 ASSESSORIA JURÍDICA Raquel Aparecida Marques OAB/SP 140.385 FOTOS e PROJETO GRÁFICO Ed. Attalea Revista de Agronegócios COLABORADORES Méd. Vet. Marcelo Figueiredo e Silva Méd. Vet. Josiane Hernandes Ortolan Prof. Édson Ramos de Siqueira PsC Rafael Pio CTP E IMPRESSÃO Gráfica Cristal Editora Rua Padre Anchieta, 1137, Centro Franca (SP) - Tel/Fax (16) 3722-0022 www.graficacristal.com.br CONTABILIDADE Escritório Contábil Labor Rua Campos Salles, 2385, Centro, Franca (SP) - Tel (16) 3722-3400 É PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE QUALQUER FORMA, INCLUINDO OS MEIOS ELETRÔNICOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO EDITOR. Os artigos técnicos e as opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da REVISTA ATTALEA AGRONEGÓCIOS.

Foto da Capa: Editora Attalea Cartas ou e-mails para a revista, com críticas, sugestões e agradecimentos devem ser enviados com: endereço, município, número de RG e telefone, para Editora Attalea Agronegócios:- Rua Eduardo Garcia, 1921, Residencial Baldassari. CEP 14.401-260 - Franca (SP) ou através do email revistadeagronegocios@netsite.com.br


Os pesquisadores brasileiros assinaram um termo em que se comprometiam a usar a seqüência de promotores apenas para pesquisa em laboratório. “Quando recebemos o material, começamos a fazer construções gênicas, ou seja, colocamos os promotores atrás dos genes responsáveis por aumentar as defesas da planta contra a broca”, diz Silva Filho. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram gerar plantas consideradas transgênicas que expressavam as proteínas de defesa. E com isso conseguiram provar que as plantas associadas aos promotores realmente possuíam uma resistência maior contra o ataque da broca, principal responsável, junto com outras pragas dos canaviais, por

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Cana transgênica testada na casa de vegetação

prejuízos de cerca de US$ 500 milhões por ano aos produtores brasileiros. Essa cana é considerada transgênica, embora os promotores sejam da própria espécie, porque foram isolados do genoma da planta e introduzidos nela posteriormente. O ciclo da broca no canavial começa com as mariposas, que colocam pequenos ovos na parte de baixo das folhas. Quando os ovos eclodem saem minúsculas larvas, de cerca de 1 a 2 milímetros, que caminham em direção à região próxima ao colmo (caule) da planta, onde penetram e se alimentam da polpa carnuda e doce. Dentro da cana, as larvas vão mudando de fase, até atingir cerca de 3 a 4 centímetros, quando saem da planta, transformam-se novamente em mariposas e dão início a um novo ciclo de vida do inseto. As galerias feitas por esses insetos mastigadores ocupam praticamente todo o interior da planta, provocando diminuição da massa vegetal e falhas na germinação, entre outros danos. Os furos abertos pelas brocas também são porta de entrada para fungos que causam a podridão vermelha, doença responsável pela diminuição na produção de sacarose. Quando a matéria-prima se destina à produção de álcool, o problema é ainda mais grave, pois os microorganismos invasores contaminam o caldo e concorrem com as leveduras na fermentação. Para combater a broca-da-cana as grandes usinas sucroalcooleiras produzem em seus laboratórios pequenas vespas (Cotesia flavipes), liberadas no campo para parasitar as lagartas.

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Uma das principais pragas que atacam a cultura da cana-de-açúcar é a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), um inseto que penetra no interior da planta e cava galerias internas, causando grandes prejuízos aos produtores. Para controlar esse inimigo de forma efetiva, pesquisadores da Esalq/ USP - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da cidade de Piracicaba (SP), conseguiram, por meio de modificação genética, chegar a uma cana que libera proteínas com atividade inseticida apenas quando atacada pela broca-da-cana. O caminho para produzir uma planta com essas características começou com um detalhado estudo e uma caracterização de genes da cana-deaçúcar para saber quais eram ativados exclusivamente por insetos. Cumprida essa etapa, era preciso então descobrir a seqüência de DNA que ativava esses genes, os chamados promotores, que permitem a expressão do gene no momento em que há necessidade. “Um gene sem promotor é um gene inativo, um pseudogene”, diz o professor Márcio de Castro Silva Filho, do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, do Departamento de Genética da Esalq, coordenador da pesquisa. Para expressar novos genes na cultura da cana, com potencial sobre a broca, os pesquisadores recorreram ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que possui vários promotores patenteados. Em 1998, época do início da pesquisa, não existiam promotores de cana disponíveis no Brasil.

FOTO: Eduardo Cesar

Cana geneticamente modificada tem propriedade inseticida apenas quando atacada por inseto


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FOTO: Editora Attalea

Os pequenos produtores não têm como fazer o controle biológico porque não há produção suficiente de vespas em escala comercial, sem contar que elas têm de ser liberadas na plantação nas condições ideais de temperatura e quantidade para surtir efeito. E a partir do momento em que a broca penetra na cana as perdas são inevitáveis, porque nessa fase não dá mais para recorrer ao controle biológico nem ao químico, devido ao alto custo dos inseticidas e à baixa eficiência dos produtos, incapazes de atingir as lagartas no interior da planta.

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Promotores específicos Após confirmar que as plantas com os promotores tinham a resistência aumentada contra a praga, os pesquisadores se viram diante de um novo desafio. Eles precisavam descobrir novas seqüências de DNA ainda não patenteadas que fizessem os genes expressarem a defesa contra ataques de insetos. E, além disso, queriam promotores específicos, distintos daqueles descobertos pelos norte-americanos e cedidos para a pesquisa, chamados de promotores constitutivos, que se expressam o tempo todo ao longo do ciclo de vida da cana. “É esse tipo de promotor que vem sendo utilizado pelas empresas de biotecnologia nas plantas transgênicas com resistência a insetos”, diz Silva Filho. A pesquisa realizada na Esalq tinha, desde o início, o objetivo de identificar na cana promotores de genes que eram ativados apenas quando a planta fosse atacada pela lagarta. Depois de três anos de estudo, os pesquisadores conseguiram descobrir o promotor que controla a expressão de defesa do gene, batizado de sugarina. Na seqüência foi feito um trabalho de clonagem do promotor e depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) um pedido de patente com o apoio da FAPESP, por meio do Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (Papi). “O promotor da sugarina tem um grande potencial biotecnológico, porque acreditamos que ele funcione de maneira semelhante a

outras plantas parentes da cana, como milho e arroz”, afirma Silva Filho. Se a planta não for atacada pelo inseto, ela é igual a uma planta convencional, que não passou por nenhuma modificação genética, de uma forma diferente das variedades de milho e algodão transgênicos resistentes a insetos, liberados para comercialização na Argentina, na China e nos Estados Unidos, que utilizam basicamente genes isolados de uma bactéria de solo chamada Bacillus thuringiensis (BT). Essas plantas produzem uma toxina, derivada de um gene bacteriano, durante todo o ciclo da planta, mesmo se não estiver sendo atacada. A diferença da cana da Esalq com outras plantas transgênicas foi comprovada em vários experimentos que avaliaram as situações em que o gene de defesa se expressava. Um deles consistia em fazer um ferimento na planta, como um rasgo na folha, por exemplo. “Normalmente, boa parte dos genes de defesa que são ativados por insetos também entra em ação quando ocorre um ferimento”, explica o pesquisador. No caso da cana modificada com o promotor da sugarina, a planta responde apenas ao inseto. Os pesquisadores ainda não sabem com certeza como a planta consegue saber que a lesão é causada por um inseto e não por um ferimento. Eles ainda estão tentando caracterizar quais as moléculas envolvidas nessa resposta específica. Uma das hipóteses é que as substâncias presentes na saliva do inseto possam ativar a expressão dos genes. Para entender essa relação tão próxima entre planta e inseto herbívoro os pesquisadores iniciaram em 1998 uma extensa pesquisa, finalizada em

2002 e também financiada pela FAPESP, na modalidade Projeto Temático. “Começamos a fazer uma abordagem dos dois lados”, afirma Silva Filho. De um lado, a pesquisa buscava entender os mecanismos de defesa que a planta usa contra o inseto para evitar que ele a utilize como alimento ou hospedeiro. E são muitos mecanismos, já que ela não pode sair do lugar para se defender. Por outro lado, os insetos também têm suas estratégias para enganar a defesa das plantas. A partir desse Projeto Temático, uma nova linha de pesquisa foi iniciada no laboratório da Esalq envolvendo a interação entre planta e inseto. E resultou no isolamento e caracterização do promotor da sugarina, trabalho que foi tese de doutorado de Patrícia Pompermayer, orientada por Silva Filho e uma das co-autoras da patente. Encerrada essa etapa, a pesquisa agora está na fase de detalhamento do mecanismo de atuação do promotor da cana, estudo que está sendo conduzido por Anne Hackbart de Medeiros, também sob orientação de Silva Filho e outra co-autora da patente. “Vimos nessa fase que o pico de ativação do gene é de cerca de 24 horas após o ataque da broca”, afirma o pesquisador. Ao mesmo tempo em que os pesquisadores finalizam os estudos da sugarina, eles se preparam para solicitar à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão governamental que controla o plantio de transgênicos no país, autorização para levar os experimentos com as mudas que já estão preparadas na casa de vegetação para o campo, em uma área dentro da Esalq. Nessas condições, será possível saber se o promotor ativa a expressão de defesa da planta também quando ocorre o ataque da cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata ), um inseto sugador que teve seus índices de infestação aumentados em razão da colheita mecânica. No final do processo a máquina deixa no campo uma camada de palha, ideal para a proliferação dessa praga. (Texto extraído da Revista Pesquisa Fapesp. Dinorah Eleno - julho de 2006)


região cefálica que permitem a localização do bicudo”, afirma Luis Garrigós Leite, pesquisador do Centro Experimental do instituto. “Cultivados em culturas de bactérias, os nematóides se alimentam delas e as carregam no intestino. Ao penetrar no bicudo, os vermes liberam as bactérias para matar o inseto”, complementa Garrigós Leite. A literatura científica registra cerca de 55 espécies de nematóides entomopatogênicos dos gêneros Steinernema e Heterorhabditis. O nematóide de interesse para o controle do bicudo pertence ao gênero Steinernema. Comercializados na forma de pó para diluir em água, os nematóides podem ser pulverizados por meio de sistemas de irrigação convencionais, de modo semelhante aos produtos químicos. “Estamos prontos para dar início à produção de nematóides in vitro e em escala industrial, para comercialização em forma de bioinseticida”, afirma Leite. De acordo com os testes preli-

minares realizados na fábrica piloto instalada no Instituto Biológico de Campinas, a produção inicial poderá irrigar até 3 mil hectares de cana por mês. A produção piloto foi feita por meio de associação com a Bio Controle, empresa que atua no monitoramento e controle de pragas. A Bio Controle recebeu apoio da FAPESP, por meio do Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe), para a pesquisa com os nematóides. Leite reconhece que o número ainda é baixo se considerada a dimensão total da área atingida pelo bicudo da cana-de-açúcar, cuja estimativa é de 200 mil hectares apenas no Estado de São Paulo. “Mas a produção será ampliada com a construção de outra biofábrica de nematóides no interior paulista”, disse. A Bio Controle já adquiriu uma área de 9 mil metros quadrados em Araras (SP) e a previsão é que as instalações estejam prontas em dois anos. (Fonte: Agência FAPESP)

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O bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis) - uma praga de solo que se protege na terra quando da aplicação de inseticidas químicos convencionais -, tem gerado problemas em plantações brasileiras. Mas o inseto, capaz de destruir 30 toneladas de cana por hectare, chegando a colocar em risco até 40% da produção, acaba de ganhar um inimigo poderoso. Pesquisadores do Instituto Biológico de Campinas, no interior paulista, adaptaram para as necessidades brasileiras a técnica de combate biológico ao inseto adotada em mais de dez países. A solução consiste no uso de nematóides entomopatogênicos - vermes que são atraídos pelo gás carbônico emitido pelo bicudo. Os nematóides são produzidos em esponjas de poliuretano, material poroso que oferece suporte biológico e oxigenação ideal para sua reprodução. “Os nematóides apresentam um comportamento de busca natural dos hospedeiros. Eles têm receptores químicos na

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Biotecnologia amplia área de cultivo de cana


Milton Pucci e Itamar Cavalini são os vencedores do Concurso de Qualidade de Café da AMSC

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FOTO: GSB2

Os melhores cafés dos Cafeicultores e Agropeda safra 2006 produzidos cuaristas; Eduardo Carvanas terras mais altas do lhaes Jr., coordenador do nordeste do estado de Concurso Qualidade Café São Paulo, região da Alta de São Paulo e diretor do Mogiana, são colhidos Museu do Café; Milton Pucnas fazendas Furna, ci, vice-presidente da sediada em Pedregulho, AMSC; João Guilherme e Santa Rita, em ResPires Martins, diretor de tinga. A conclusão é da Marketing da AMSC; Edcomissão julgadora, Eli Vieira Brentini Brentini, presidente do Sindicato Rural de Pedregulho; Antônio gard Bressani, presidente da Uehara, representando Itamar Cavalini (1º colocado na categoria “Natu- Comissão Julgadora; e Eli formada por 12 prova- Clarant Uehara Quércia, diretora do Panamby; o ex-governador Orestes Quércia Quércia, Brentini, presidente do Sindores com maior know- ral”) ; Alaíde Quércia presidente da AMSC e Luisa Léia Jacintho Pucci Pucci, representando Milton Pucci how do País, respon- (1º colocado na categoria “Cereja Descascado”). dicato Rural de Pedregulho. sável pelo resultado da Ao todo, foram prequarta edição do Concurso de Quali- esforço em criar e realizar anualmente miados seis produtores de café natural e cinco de cereja descascado, que tamdade de Café da Região da Alta o concurso”, afirmou Quércia. Mogiana, promovido pela Associação O evento contou com o apoio de bém terão o direito de participar do 5º de Cafés Especiais da Alta Mogiana instituições ligadas ao setor do café, Concurso Estadual de Qualidade Café (conhecida internacionalmente como representadas no evento e que ocupa- de São Paulo. O evento contou com apoio da AMSC - Alta Mogiana Specialty ram lugar de destaque na mesa presiCoffees). dida por Quércia e sua esposa, Alaíde Coffee Cuppers World Council Os ganhadores foram Itamar Quércia, diretora do Café Panamby. CCWC e da Specialty Coffee AssoCavalini, proprietário da Fazenda Entre os presentes, Maurício Miarelli, ciation of America - SCAA, com orgaFurna, na categoria Café Natural; e presidente da Cocapec - Cooperativa nização da GSB2 Propaganda. Milton Pucci, proprietário da Fazenda Santa Rita, produtor de Cereja DesCategoria NATURAL Categoria CEREJA cascado. Ambos receberam das mãos de 1º - Itamar Cavalini (Pedregulho) 1º - Milton Cerqueira Pucci e Outro Orestes Quércia, presidente da AMSC, 2º - Diogo Ribeiro Luz (Cristais Pta) (Restinga) 3º - Ronaldo N. Vilela (Pedregulho) 2º - Antônio Basso (Rib. Corrente) o prêmio de R$ 7 mil, cada, além do 4º - Danusa Radi Gomes Santiago 3º - Ailton José Rodrigues troféu Dr. Octávio Quércia. (Pedregulho) (Pedregulho) Na cerimônia de premiação, o ex5º - Guilhermino A. da Silva 4º - Francisco A. R. Corral governador lembrou que um dos (Cristais Paulista) (Pedregulho) objetivos da AMSC é promover os cafés 5º - Claudio Gilberto Silva 5º - Nivaldo Antônio Rodrigues de alta qualidade produzidos na região (Pedregulho) (Pedregulho) da Alta Mogiana. “Embora o café da

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Alta Mogiana seja o grande café do Brasil, nós não temos o marketing para promovê-lo, e isso justifica todo este

Preparador vencedor na categoria – Reginaldo Martins da Silva

Preparador vencedor na categoria – Cássio Henriques Fernandes Moreira


Maurício Miarelli (presidente da Cocapec) dá início à solenidade de premiação, compondo a mesa junto com o diretor secretário Ricardo Lima de Andrade (à esquerda) e o diretor vice-presidente Carlos Yoshiyuki Sato (à direita). De acordo com Miarelli, vários fatores influenciaram a qualidade do café este ano. “Primeiramente, tivemos uma grande safra, o que dificultou a secagem. Por outro lado, a estiagem e as temperaturas elevadas de janeiro a abril aceleraram o processo de maturação, interferindo diretamente na qualidade da bebida”, afirmou Miarelli. Os cinco primeiros lotes classificados de cada categoria, produzidos em propriedades no Estado de São Paulo, foram encaminhados ao 5º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo - Prêmio “Aldir Alves Teixeira”.

Os vencedores da categoria Café Natural. Da esquerda para a direita: 5º lugar = Eugênio Zani (Fazenda Potirendaba, Pedregulho/SP); 4º lugar = Sara Cristina Cabral (Fazenda São Francisco, Franca/SP); 3º lugar = Dr. Nilton Messias de Almeida (Fazenda São Francisco, Patrocínio Paulista/ SP); 2º lugar = Antônio Basso (Sitio Santa Nilza, Ribeirão Corrente/SP); e 1º lugar = José Maurício Alves Garcia (Fazenda Santa Rita, Pedregulho/ SP). Além dos prêmios, os vencedores desta categoria também foram premiados pela multinacional Syngenta com o Programa Café Forte.

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FOTOS: Editora Attalea

Capetinga e Pedregulho vencem o 4º Concurso de Qualidade de Café Seleção Senhor Café

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A cafeicultora Fernanda Silveira Maciel Raucci - vencedora do 2º Concurso Nacional de Qualidade de Café da ABIC do ano passado - e seu filho Felipe Maciel prestigiaram o evento.

Antonio Basso (Sitio Santa Nilza, Ribeirão Corrente/SP) foi o grande destaque da noite. Além de faturar o 2º e o 4º prêmio na categoria Cereja Descascado, faturou também o 2º prêmio na categoria Café Natural.

OS GRANDES VENCEDORES. José Maurício Alves Garcia (Fazenda Santa Rita, Pedregulho/SP) vencedor na categoria Café Natural, e Joaquim Antonio Rodrigues (Fazenda Catiguá, Capetinga/MG), vencedor na categoria Cereja Descascado.


FOTOS: Editora Attalea

Engenheiros Agrônomos comemoram o seu dia

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Homenagem especial também ao Engº Agrônomo Albino João Rocchetti, profissional reconhecido em toda a região e também membro da Comissão Organizadora.

Reunião feminina: as Engªs Agrônomas Belquice Rodrigues, Maria do Carmo Alarcon e Gisele Pereira Avelar (Colégio Agrícola).

O Engº Agrº Alex Kobal, vice-presidente de Agronomia da AERF , presidente da Comissão Organizadora e um dos grandes responsáveis pelo sucesso do evento.

O Engº Agrº Alan Menezes Lima e a esposa, outro profissional responsável pela Comissão Organizadora

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O vereador e engenheiro Rui Engrácia Caluz premia o Engº Agrº Pedro César Barbosa Avelar - o grande homenageado da noite.

O Engº Agrônomo Luis Fernando Puccinelli e a esposa.

O Engº Agrônomo Milton Pucci e a esposa Luisa Léia. Os cafeicultores e empresários (Franterra e Café Pucci) festejaram duplamente.

O Engº Agrº Cláudio Sandoval Ribeiro, um dos diretores da Escola Técnica Estadual “Prof. Carmelino Corrêa Jr.”, lê carta de Marcelo Avelar (Coonai) dirigida ao irmão Pedro Avelar.

Os Engºs Agrºs Márcio Figueiredo Andrade, (Cati e membro da Comissão Organizadora) e Élbio Rodrigues Alves Filho, ovinocultor, pecuarista e diretor da Sementes Monte Bello.


DOIS. O Engº Agrº Ricardo Nogueira e esposa Ana, também agrônoma.

Os Engºs Agrºs Edson Castro do Couto Rosa, Djalma Celso Blésio (Cati) e Carlos Leone (Cati)

O Engº Agrº Ricardo Lima Andrade (diretorsecretário da Cocapec) e a esposa.

TRÊS. Os Engº Agrônomos Alceu Tavares de Andrade (SAI), Edson Castro do Couto Rosa e Henrique Lopes (ex-prefeito de Patrocínio Paulista)

QUATRO. Os Engº Agrônomos Newton Roberto Rodrigues (Cati), Priscilla Menezes de Souza (Prefeitura S.J.Bela Vista), Welson Roberto (DEPRN) e Shigueru Kondo (Cati)

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FOTOS: Editora Attalea

Os Engº Agrônomos Antônio Carlos Corali (Nova Produtos Agrícolas) e o Paulo de Tarso Rosa de Andrade (diretor do EDR-Franca).

O Engº Agrº João Luiz de Souza Faleiros (Cachaça Formosa) e esposa.

O Engº Agrº Luis Fernando Paulino (Casa das Sementes) e a esposa.

O Engº Agrº Rui Nobuo Maegawa(EDA - Defesa Agropecuária) e a esposa.

O Engº Agrº Jacintho Chiarelli Junior (Prefeitura de Franca) e esposa Gleida.

O Engº Agrº Joel Leal Ribeiro (Cati) e a esposa.

O Engº Agrº Marcelo Padovan Nogueira (Nilza Alimentos) e a esposa.

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Fazenda Petrópolis: uma gigante na produção leiteira

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A história econômica da região da Alta Mogiana e, em específico na região de Franca (SP), mostra que várias atividades econômicas do agronegócio predominaram na região durante os séculos passados: a pecuária extensiva, a cafeicultura e a pecuária leiteira. Esta última foi tão preponderante que marcou a cidade, que ficou conhecida como uma das maiores “bacias leiteiras” do país. Hoje, muito tempo se passou, a produção de leite é atividade de pequenos e micro-produtores e as grandes fazendas de produção de leite não existem mais. Com uma exceção: a Fazenda Petrópolis. Com 700 animais (eram 368 em lactação em setembro); uma produção diária de cerca de 11 mil litros; 16 funcionários efetivos; ordenha mecanizada; 4 freestal apropriados; 10 hectares de piquete para animais em préparto ou secas; produção de 8 mil toneladas de silagem de milho por ano em 180 hectares próprios. Esta é a Fazenda Petrópolis. Sediada no município de Franca (SP), a fazenda e a maior fornecedora do leite para a CCL - Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo. “Toda nossa produção é coletada pela Colaba - Cooperativa de Laticínios e Agrícola de Batatais (SP), que mesmo após a desativação da sua produção, mantém a distribuição de leite para a CCL”, afirma o Engº Agrº Fernando Alves Ri-beiro, administrador geral da

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A produção de silagem de milho na Petrópolis atinge 8 mil toneladas anuais. E ainda tem a silagem de grão úmido.

O gerente Luiz André de Oliveira e o administrador, Engº Agrº Fernando Alves Ribeiro. Ao lado, um dos freestal da Fazenda Petrópolis.

fazenda. Além do leite, trabalha também com a cafeicultura e com a suinocultura. Na produção de leite, a Fazenda Petrópolis se destaca como uma das grandes empresas do país. “Não existe mais que 10 fazendas em todo o Brasil que possuam os números que a Fazenda Petrópolis tem na produção de leite”, adverte Ribeiro. Com três ordenhas diárias, a média em setembro era de 28 kg de leite/ animal/dia. “Nossa meta é atingir média de 30 kg por animal e estamos trabalhando para isto”, avisa Luiz André de Oliveira, gerente da fazenda. Um médico veterinário acompanha quinzenalmente as planilhas com os dados de cada animal, avaliando índices de produtividade, vacinação, vermifugação, doenças, etc. O rebanho também conta com o acompanhamento mensal de um nutricionista, que trabalha em conjunto com o médico veterinário para obter a melhor resposta de cada animal. “É importantíssimo podermos contar com o acompanhamento de profissionais, que indicam uma alimentação balanceada para cada animal e para cada período reprodutivo”, diz Ribeiro. Os números expressivos da produção, contudo, deparam com a falta de informações sobre lucros e despesas. “A linha adotada pelos proprietários sempre foi a de buscar o máximo em todas as atividades. Assim, a atividade que melhor remunera a fazenda acaba cobrindo as despesas das demais”,

afirma Ribeiro, que garante que os procedimentos para conhecer a fundo cada atividade já foram iniciados. O planejamento da fazenda é ampliar a área com freestal, dando maior conforto aos animais, e ampliar a produção diária. “Mas queremos atingir esta marca com animais nossos. Acho que daqui uns dois anos conseguiremos chegar a 450 vacas ordenhadas e atingir 15 mil litros diários”, garante o administrador. A propriedade aplica um programa de descarte de animais que apresentam problemas reprodutivos, de produção ou até mesmo de cascos. E a substituição é realizada com animais provenientes da própria fazenda. A grande novidade deste ano é a parceria com a ABS Pecplan, que gerenciará o programa de reprodução da propriedade. “Através do uso de sêmen sexado conseguiremos garantir em até 95% a nascimento de bezerras. É uma tecnologia cara, mas que compensa, pelo produto final ”, garante André de Oliveira.

A ordenha mecânica é realizada três vezes por dia e alcança 11 mil litros atualmente.


Alimentos para bovinos de leite

1. Forragens Em geral, forragens são as partes vegetativas de uma planta que contém uma alta concentração de fibras (mais de 30% de fibra detergente neutro). Precisam possuir tamanho mínimo (pelo menos 2,5 cm) para a estimulação física do rúmen e correta função ruminal. 1

- Médica Veterinária, mestre em Qualidade e Produtividade Animal e Doutoranda em Qualidade e Produtividade Animal FZEA-USP, Promotora de rações Premix. Patrocínio Paulista (SP). Email: josiortolan@hotmail.com

• Variação de proteína: Dependendo do seu estágio de maturação, as leguminosas podem conter de 15 a 23% de proteína bruta, já as gramíneas típicas contém de 8 a 18% de proteína bruta (dependendo da quantidade de nitrogênio na adubação), e resíduos de culturas têm somente 3 a 4% de proteína bruta (palha). Num ponto de vista nutricional, as forragens podem ser alimentos muito nutritivos ou mesmo alimentos pouco nutritivos dependendo do seu grau de maturação. Gramíneas e leguminosas Uma forragem de alta qualidade pode fazer parte de dois terços da matéria seca de uma ração; e as vacas podem estar comendo de 2.5 a 3% do seu peso vivo em matéria seca vinda da forragem (por exemplo, uma vaca de 600 kg, pode comer de 15 a 18 kg de matéria seca vinda de uma boa forragem).

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Em geral os alimentos são classificados em forragens, concentrados (alimentos protéicos e energéticos), minerais (tema para um próximo artigo) e vitaminas. Embora essa classificação seja uma pouco arbitrária, é uma maneira interessante para agrupar os alimentos.

Normalmente, as forragens são cultivadas na própria fazenda, podendo ser servida em sistema de pastejo, silagem ou feno. Dependendo do estágio de lactação das vacas, as forragens devem contribuir com cerca de 100% da matéria seca do alimento (vacas secas); ou com cerca de 35% da matéria seca (vacas no início de lactação). As características das forragens são: • Volume Volume: O tipo de volumoso pode limitar a capacidade de ingestão da vaca. A ingestão de energia e a produção de leite de uma vaca podem ser afetadas pela alta quantidade de fibra da dieta. Contudo, alimentos com fibra são essenciais para a estimulação ruminal e manutenção da saúde do animal. • Alta fibra e baixa energia energia: As forragens podem conter de 30 a 90% de fibras (fibra detergente neutro). Em geral, a quantidade de fibra na forragem é inversamente proporcional à sua quantidade de energia.

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Josiane Hernandes Ortolan1


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Coonai e Sebrae assinam parceria

Irineu Andrade Monteiro (presidente do Sindicato Rural de Patrocínio Paulista), Luis Carlos Donda (gerente do Escritório Regional do Sebrae) e Eduardo Lopes de Freitas (presidente da Coonai).

Após intensivas reuniões de trabalho nos últimos meses, Coonai - Cooperativa Nacional Agroindustrial e Sebrae - Escritório Regional de Franca festejaram, no último dia 10 de outubro, a assinatura de um projeto de promoção da viabilidade econômica da pecuária leiteira na região. A intenção é aumentar a renda bruta do produtor em 25% até 2009. “Para isto, buscamos fortalecer o cooperativismo, melhorar as técnicas de produção, de gestão e de comercialização”, afirma Marcelo de Figueiredo e Silva, presidente da Uniata.

Méd. Veterinário Amilcar Alarcon Pereira (Coonai), Méd. Vet. Marcelo de Figueiredo e Silva (presidente da Uniata), Paula Ornelas Belo Fagnani (Sebrae/SP) e Cintia Carillo (Escritório Regional do Sebrae Franca).

são amplamente cultivadas em todo o mundo. As gramíneas precisam de fertilizantes nitrogenados e umidade para um desenvolvimento ideal. Contudo, as leguminosas são mais resistentes em climas mais áridos. Além disso, as leguminosas podem adicionar cerca de 200 kg de nitrogênio/ano/ hectare no solo, pois estas plantas vivem em associação com bactérias que convertem nitrogênio do ar em nitrogênio para fertilização do solo. O valor alimentar das forragens depende do estágio de crescimento da planta na ocasião da colheita ou do pastejo. As fases do crescimento de uma planta podem ser divididos da seguinte maneira: 1) - Estágio vegetativo; 2) - Estágio de Floração; 3) - Estágio de formação de sementes. Normalmente, o valor alimentar de uma forragem é maior durante a fase vegetativa e menor durante o estágio de formação de sementes. Com o aumento da maturidade da planta a concentração de proteína, energia, cálcio, fósforo, e de matéria seca degradável diminui; porém, a quantidade de fibras aumenta. A quantidade de lignina aumenta juntamente com o aumento da quantidade de fibra no alimento. A lignina não é digerível e torna indisponíveis os carboidratos que estão no interior das fibras. Como conseqüência, o valor energético das forragens diminui. Portanto, quando as forragens são plantadas para a alimentação de bovinos, elas devem ser colhidas em estágios iniciais de desenvolvimento. O milho e o sorgo quando plantados para fins de ensilagem são exceção, pois juntamente com a diminuição do valor nutritivo das partes vegetativas da planta (caules e folhas) durante a formação das sementes, ocorre um acúmulo de amido nos grãos. A máxima produção de matéria seca digestível de uma forragem é obtida: • Em estágios intermediários de maturidade para gramíneas gramíneas; • Um pouco após o estado intermediário para leguminosas leguminosas; • Antes da espiga estar completamente cheia de grãos para o milho e o sorgo sorgo. Depois que a planta já está excessivamente madura não existem muitas opções de manejo para prevenir a perda do seu valor nutritivo. Cada dia de atraso depois do ótimo estágio de maturi-

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As vacas normalmente comem mais leguminosas que gramíneas se ambas estiverem em um mesmo estágio de maturação. Contudo, forragens de boa qualidade oferecidas nas dietas balanceadas vão suprir a maioria das necessidades de proteína e energia necessárias para a produção de leite. As condições climáticas e a qualidade do solo determinam o tipo de forragem cultivada em uma determinada região. Gramíneas e leguminosas

dade pode afetar a produção de leite dos animais que estão ingerindo a forragem. Contudo, várias estratégias podem ser utilizadas para manter a forragem com um bom valor nutritivo: 1) - Desenvolver um esquema de pastejo que adeqüe o número de animais com a taxa de crescimento das gramíneas; 2) - Consórcio de gramíneas e leguminosas com diferentes taxas de crescimento e maturidade; 3) - Colheita das forragens em um estágio inicial de desenvolvimento e preservá-las em forma de silo ou feno; 4) - Fornecimento de forragem de baixo valor nutritivo para vacas secas e vacas em final de lactação, e forragens de alto valor nutricional para vacas em início de lactação. Resíduos de cultivo e outros alimentos de baixo valor nutricional Os resíduos de cultivo são as partes das plantas que ficam no campo depois da colheita (ex: palhada de milho, aveia, bagaço de cana). Os resíduos de plantio podem ser utilizados para o pastejo, processados como alimento pré-secado, ou mesmo ensilados. Algumas características dos resíduos de plantio são: • Volumoso de baixo custo; • Alta porcentagem de fibra não digerível devido à alta concentração de lignina nas fibras (tratamentos químicos podem ser utilizados para aumentar seu valor alimentar); • Pobre em proteína; • Proteínas e minerais precisam ser suplementados; • Precisam ser bem picados na ocasião da colheita ou alimentação; • Devem ser adicionados à dieta de animais com baixos requerimentos nutricionais como, por exemplo, em vacas secas. Na próxima edição falaremos sobre os concentrados na alimentação para bovinos de leite.


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15 Outubro 2006

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Os cinco passos para a rentabilidade na produção leiteira 2º passo: Sanidade de Úbere e Fertilidade

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wtabchoury@lagoa.com.br

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ciais enfermidades das vacas leiteiras, de enorme importância econômica e com grande interSão dois os principais caferência na qualidade do leite minhos que podem aumentar o produzido. resultado econômico da ativiQuando se analisam os cusdade leiteira: redução dos custos tos envolvidos com a mastite, por de produção e/ou incremento das exemplo, observa-se que a mesreceitas. Neste sentido, o inédito ma leva a uma perda no potencial sistema de seleção da HG partiu de produção de leite daquela da identificação das duas caraclactação, descarte do leite e terísticas que têm o maior impacaumento dos gastos com tratato no desempenho técnico e ecomentos, especialmente medicanômico das matrizes leiteiras, ou mentos, vacinas, mão-de-obra e seja, a melhoria da Sanidade de serviços veterinários. Úbere e da Fertilidade. Os touros da HG exibem nas suas 1) avaliação genética prévia do A HG vem trabalhando, há 60 anos, com o intuito de desenvolver mérito genético dos touros para provas os parâmetros da avaliação do indivíduos geneticamente superiores Sanidade de Úbere e Fertilidade das suas mérito genético para Contagem de Células Somáticas (CCS) e Sanidade de para estas duas importantes carac- filhas; 2) divulgação destes parâmetros Úbere. Já na primeira prova, ou seja, terísticas. Sendo assim, busca-se selecionar animais que vão produzir leite nas provas de todos os seus touros, quando se têm as informações do pricom um menor índice de Contagem de informando previamente aos produ- meiro grupo de filhas (120 filhas em 100 Células Somáticas (CCS), redução na tores dos respectivos méritos genéticos rebanhos), já se atinge uma confiabilidade entre 75 e 80% para CCS. incidência de mastites e com desem- para estas referidas características. Os parâmetros genéticos de CCS penho reprodutivo superior. Portanto, ao analisar os resulta- são incluídos no índice de Sanidade de Desta forma, haverá contribuição para uma redução significativa nos dos das provas, sabe-se previamente Úbere, mas a CCS não é o único fator custos de produção de leite e, conse- qual será o comportamento genético determinante para o aparecimento de qüente, incremento das receitas, me- esperado das filhas de um determinado mastites. Desta forma, a confiabilidade lhorando assim os resultados técnicos e touro para Sanidade de Úbere (Conta- máxima alcançada para Sanidade de gem de Células Somáticas e Mastite Úbere gira ao redor de 56%. econômicos da exploração leiteira. São utilizadas na HG cinco caracDo ponto de vista prático, sabe-se Clínica), por exemplo, e também para terísticas para o cálculo do mérito genéque desordens na Sanidade de Úbere e Fertilidade. tico para Sanidade de Úbere: na Reprodução são as principais razões - profundidade de úbere; Sanidade do Úbere que levam ao descarte involuntário das - inserção de úbere posterior; O controle da sanidade de úbere matrizes, gerando aumento expressivo - comprimento de tetos; deve ser um dos principais objetivos das nos seus custos de produção de leite. - velocidade de ordenha e Ciente destas informações, a HG empresas produtoras de leite, uma vez - CCS criou uma série de parâmetros técnicos que a mastite é uma das mais pre-judiDo ponto de vista que avaliam o mérito prático, a média para sanigenético de todos os seus Tabela 1. Custos Anuais Totais com Mastites (rebanho de 100 vacas, dade de úbere é 100 e para touros e a performance produzindo em média 8.200 kg de Leite em 305 dias). cada ponto acima disso, para Sanidade de Úbere e Item Índice de Sanidade de Úbere espera-se uma redução de Fertilidade das suas fi100 104 98 3% na incidência de casos lhas, incluindo estas in- Número Casos Clínicos Mastite 50 44 53 VALORES EM R$ clínicos de mastites das formações nas provas Produção Leite (1) 10763 9471 11408 filhas destes touros, quando destes animais. Com isso, Perda Descarte Leite (2) 4033 3549 4275 comparadas às filhas de um a HG introduziu dois Gastos com Tratamento (3) 3350 2948 3551 18295 16116 19385 touro com índice 100 para conceitos novos no mer- TOTAL Sanidade de Úbere. cado mundial de inse2179 -1090 DIFERENÇAS A Tabela 1 mostra os minação artificial de ganhos econômicos que bovinos leiteiros: Fonte: Lagoa da Serra (março 2006). podem ser alcançados pela 1 Preço Médio do Leite: R$ 0,50/litro; - Engenheiro Agrônomo e Sanidade de Úbere, consi0,5% Mastite Clínica no Rebanho com Índice 100 para Sanidade Úbere; Gerente do Produto Leite da derando-se um rebanho de (1) 5,25% de perda Total da Lactação/caso clínico (430,5 kg/caso clínico); Lagoa da Serra, Sertãozinho (SP). Email: (2) descarte de 6 dias/caso clínico = 161,3 kg de leite/caso clínico; 100 vacas, produzindo em Wiliam Tabchoury1

(3) Gastos médios de tratamento de R$ 67,00/caso de Mastite Clínica.


IEP (dias) 404,00 401,90 399,80

Taxa Prenhez (%) 47,62 50,00 52,63

Número Serviços IA (*) por ano 168 160 152

Valores em R$ Ganhos na Ganhos no IA (R$25/IA) IEP (**) -200 -2520 0 200 2520

TOTAL -2720 0 2720

Fonte: Lagoa da Serra (março 2006). Onde: IEP = Intervalo entre Partos (dias); Taxa de Prenhez (%) = TP = (% deteção de cio x % taxa concepção)/100; % Deteção Cio = 80%, por exemplo; PG = Período de Gestação = 283 dias, por exemplo; IPS = Idade Primeiro Serviço = 76,9 dias, por exemplo; IEP = Intervalo entre Partos (dias); IEP = IPS + 21/TP*100 + PG TP = (21/(IEP - IPS - PG))*100 (*) IA = Inseminação Artificial; (**) Adicional de R$ 12,00/dia (US$ 5,50) de acréscimo do Período de Serviço acima de 118,9 dias.

média 8.200 kg de leite/lactação de 305 dias. Para melhor entendimento da Tabela 11, é bom destacar algumas das principais perdas advindas da mastite clínica: 1) - perda média de 5,25% no potencial total de leite da lactação/caso clínico, segundo o National Mastitis Council (NMC); 2) - descarte do leite produzido por 6 dias, para a maioria dos casos, em função da sua qualidade imprópria para o consumo e/ou pelo uso eventual de antibióticos que deixam resíduos no leite; 3) - custo de tratamento com medicamentos e mão-de-obra; 4) - perda de tetos, descarte de animais, etc.

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Pelos resultados da Tabela 11, pode-se concluir que haverá um ganho econômico anual de R$ 2.179 no rebanho que utilizou touros com índice de mérito genético 104 para Sanidade de Úbere, quando comparado ao rebanho com índice 100. Desta forma, estamos falando numa redução média anual de R$ 21,79/ vaca com os custos totais de mastite para cada filha dos touros com índice 104 para Sanidade de Úbere, o que significa R$ 5,44/vaca para cada ponto de Sanidade de Úbere acima de 100. Fertilidade A fertilidade é a base do processo produtivo de produção de leite, uma vez que a lactação se inicia no parto e, para que haja continuidade da secreção de leite, as vacas leiteiras precisam se

reproduzir periodicamente, ou seja, apresentarem um intervalo entre partos de 12,0 a 13,5 meses, em média. Quando ocorre interrupção do processo reprodutivo das vacas, automaticamente estes animais estarão sendo descartados no futuro, uma vez que se tornarão vacas secas (sem produção de leite) e vazias. Além disso, as desordens reprodutivas levam a uma redução na quantidade total de leite produzido na vida útil das vacas e no número total de nascimentos, gerando um aumento do índice de descarte do rebanho, dos custos da reprodução, da reposição das matrizes e dos gastos com a mão-de-obra. Um bom caminho para se avaliar a eficiência reprodutiva das vacas é o acompanhamento do intervalo entre partos (IEP). O IEP é influenciado pelo número de dias decorrentes entre o parto e o primeiro serviço e a taxa de prenhez após este primeiro serviço. O aumento do tempo para o primeiro serviço e a redução da taxa de prenhez leva a uma elevação do IEP do rebanho. Todos os touros da HG exibem nas suas provas o índice de Fertilidade das

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Mérito Genético do Touro Fertilidade Filhas 96 100 104

suas filhas (fertilidade das filhas), que pode ser usada como ferramenta para melhorar a fertilidade do rebanho. A média do índice de Fertilidade das filhas é 100 e valores acima deste são considerados positivos e abaixo são negativos. Filhas de um touro com índice de fertilidade das filhas 104 (um desvio padrão significa quatro pontos) apresentam, na média, uma redução de 2,1 dias no IEP, quando comparadas com as filhas de touros com índice 100 para Fertilidade das filhas. Na Tabela 22, pode-se verificar o ganho econômico advindo da redução dos gastos com reprodução do rebanho através do uso de touros provados da HG com índice de mérito genético positivo para fertilidade das filhas. Pelos resultados da Tabela 22, pode-se constatar que o uso de touros com índice de mérito genético 104 para fertilidade das filhas gera um ganho anual da ordem de R$ 2.720 para um rebanho de 100 vacas, advindo da melhoria na fertilidade, quando comparado a um rebanho original de vacas filhas de touros com índice 100 para Fertilidade das filhas. Com a utilização de touros com índice 104 para fertilidade das filhas haverá ainda aumento de 2,63 pontos percentuais na taxa de prenhez, o que significa um ganho econômico médio de R$ 10,34/vaca para cada ponto percentual de acréscimo na taxa. Deve-se lembrar que a redução no IEP vai gerar, ainda, aumento no número de nascimentos e redução na taxa de descarte do rebanho, entre outros benefícios técnicos e econômicos. Desta forma, a escolha adequada de touros com mérito genético positivo para Sanidade de Úbere e Fertilidade podem contribuir significativamente para o aumento da eficiência econômica das fazendas leiteiras. O incremento da lucratividade está condicionado principalmente à geração de filhas mais sadias e mais férteis nos rebanhos e estes devem ser um dos principais objetivos de seleção dos produtores de leite. Portanto, o mérito genético para Sanidade de Úbere e Fertilidade também devem ser considerados quando da escolha dos touros, uma vez que estes têm enorme peso no resultado técnico e econômico das matrizes leiteiras.

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Tabela 2. Ganhos Econômicos Anuais com Fertilidade (rebanho de 100 vacas, com Intervalo entre partos de 401,9 dias e 50% de Taxa de Prenhez).


Novas regras do SISBOV entram em vigor

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As novas regras do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV) editadas na Instrução Normativa de Número 17, publicada no mês de julho no Diário Oficial da União, entraram em vigor no final do mês de setembro, quando expirou o prazo de 60 dias estipulado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). As alterações implicam na criação do conceito de “Propriedade Aprovada Sisbov”, com a certificação por propriedade, porém, com a obrigatoriedade da rastreabilidade e identificação individuais dos animais. “Os produtores devem ficar bastante atentos, pois o prazo limite para a inserção de animais obedecendo as regras antigas, isto é, o disposto na IN 21 de 02 de abril de 2004, é 30 de novembro do ano corrente. Portanto, a partir de 1º de dezembro de 2006 não poderão inserir no SISBOV animais rastreados segundo o sistema antigo”, adverte Vantuil Carneiro Sobrinho, diretor da Brasil Certificação. Segundo o diretor da empresa, embora as regras do sistema antigo (IN21) e do Novo SISBOV (IN17) continuem coexistindo até dezembro de 2007, a partir de dezembro de 2006 os animais poderão ser rastreados somente no sistema vigente, já enquadrado ao conceito de propriedade aprovada. “Desta forma fica claro que os produtores cadastrados no SISBOV segundo a legislação antiga têm até dezembro de 2007 para se adaptarem ao novo sistema, sob pena de não poder comercializar seus animais”, explica. A propriedade aprovada no Novo SISBOV fica agora sob tutela de uma única certificadora, que a supervisionará a cada 180 dias, com exceção dos confinamentos, vistoriados a cada 60 dias. “Este procedimento, em princípio, vem em beneficio do produtor, pois na legislação antiga a cada inserção o pro-

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dutor deveria pagar uma ‘visita de inserção’. Já na nova legislação o pecuarista deverá arcar com apenas duas visitas anuais”, ressalta Sobrinho. O Novo SISBOV exige do criador que ele apresente à certificadora um plano de gestão, atentando para a qualidade da produção, manejo sani-tário e alimentar, bem como controle de informações referentes ao bem-estar animal. “Como conseqüência, o criador

poderá usar essa ferramenta para acompanhar sua produção, identificar eventuais falhas, evitar prejuízos e aumentar o retorno econômico do seu negócio. Na verdade, não se trata apenas de uma exigência do MAPA e sim do mercado. È uma tendência natural da pecuária moderna, onde o projeto não sobrevive se não der lucro”. O criador também deve atentar quanto à desclassificação dos animais, penalizada em média por R$ 3/ arroba. A desclassificação acontece devido à perda do elemento de identificação do SISBOV ou discrepância entre as informações da GTA (Guia de Trânsito Animal) e da BND (Base Nacional de Dados). Essas informações incluem nome da propriedade e do proprietário, localização, sexo, idade e raça do bovino ou bubali-no, tempo de permanência na BND e na última propriedade em que esteve.

Segunda dose contra a febre aftosa começa em novembro A segunda etapa oficial da campanha de vacinação contra a febre aftosa já mobiliza os pecuaristas de todo o País. Somente no segundo semestre, a indústria veterinária brasileira já disponibilizou 85,2 milhões de doses da vacina. No total, em 2006 já foram comercializadas mais de 274,5 milhões de doses. A informação é da Central de Selagem de Vacinas (Vinhedo/SP), órgão constituído em parceria entre o Sindan - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, com a função de efetuar a rastreabilidade de cada frasco de vacina produzido no Brasil. Esta segunda etapa da campanha acontece de 1º a 30 de novembro. No

Estado de São Paulo, na última etapa realizada em maio, a cobertura vacinal foi de 99,50% de um rebanho bovino total de 13,5 milhões de cabeças. São Paulo não registra caso da doença desde 1996 e realizou um trabalho de defesa intenso com corredores sanitários, suspensão de eventos agropecuários e rastreamento de gado proveniente dos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, quando do aparecimento de aftosa no ano passado. “Conseguimos manter o estado livre da doença e continuamos a ser penalizados com o embargo a nossa carne. O início desta campanha, além de marcar os 10 anos sem aftosa, servirá para pedir o fim destes embargos”, afirma o secretário de Agricultura e Abastecimento, Alberto Macedo.


ticos e nem leilões. Teremos o dia livre para visitar fazendas e negociar nossos animais. À noite, os nossos encontros serão em um espaço preparado para mostrarmos nossas melhores doadoras, reprodutores, enfim, o que temos de ‘cabeceira’ em nossa seleção. Isso nos possibilitará negociar os nossos prdutos trocando martelo pelo aperto de mão”, enfatiza Tibery Jr. A feira manterá pontos de encontros entre os participantes no final de cada tarde onde eles irão acompanhar um desfile de touros e matrizes de cada produtor. Paralelamente, outros três even-tos técnicos serão realizados: Seminário de Revisão de Critérios de Seleção das Raças Zebuínas, Fórum de Discussão do DJRZ e 4ª Atualização do Corpo Técnico da ABCZ. INF:- (34) 3319-3930. Page: www.abcz.org.br www.abcz.org.br.. Email: abczsst@abczservicos.com.br

Depois de sofrer com os embargos da Rússia — maior comprador de carnes brasileiras — à importação desses produtos, empresas decidiram adotar estratégias nos segmentos de bovinos e suínos para evitar que os prejuízos com as restrições russas se prolonguem. Essas estratégias começam a dar resultado. No segmento de suínos, a opção é reconquistar o mercado russo “pelas beiradas” (via países próximos) e com ofensiva no mercado interno. Na carne bovina a alternativa é buscar importadores que compram produtos com maior valor agregado, como a França. Os frigoríficos exportadores de carne suína estão compensando parcialmente o embargo russo às carnes dos principais estados produtores vendendo carne para a própria Rússia, via Cingapura e Leste Europeu.

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Criadores de todo o Brasil já podem inscrever touros e doadoras de seus plantéis para a 1ª Mostra Nacional das Grandes Matrizes e Reprodutores das Raças Zebuínas Zebuínas. O evento, organizado pela ABCZ - Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, será realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), entre os dias 06 e 11 de novembro. Os animais ficarão expostos nos pavilhões do parque e o criador terá a oportunidade de negociar pessoalmente a venda, a preço de mercado. De acordo com o presidente da ABCZ, Orestes Prata Tibery Jr., o evento não tem apenas caráter comercial. Será uma forma de cada associado mostrar o seu trabalho de seleção a pecuaristas de todas as regiões brasileiras e dividir sua experiência na criação de zebu. “Não promoveremos shows artís-

Carne suína reage ao embargo russo

19 Outubro 2006

ABCZ realiza 1ª Mostra de Matrizes e Reprodutores


Consorciação de Seringueira com culturas de importância econômica

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Em seringais recém-implantados principalmente em pequenas propriedades, o uso de cultura intercalar pode ser uma saída para complementar à renda do produtor. A consorciação com culturas anuais deve ser feita no início do desenvolvimento do seringal, sendo que qualquer cultura pode ser utilizada nas entrelinhas da seringueira. Desde que estas culturas não hospedem pragas e doenças que possam infestar o seringal e a competição entre as duas espécies não prejudique o desenvolvimento da cultura prin-cipal. As vantagens da prática da consorciação seja com culturas anuais ou perenes são: melhores dis-tribuição da renda ao longo do ano; melhor utilização da mão-deobra; menor incidência de pragas e doen-ças; uso mais intenso e racional da terra; e maior lucro por unidade de área. Desvantagens que devem ser conhecidas, pois podem diminuir as possibilidades de uso da técnica, sendo elas: existência de competição por água, luz e nutrientes que pode restringir o desenvolvimento da seringueira, principalmente se o manejo do consórcio não for bem planejado. Algumas propriedades da região oeste de São Paulo tem criado carneiros lanados dentro dos seringais, visando o controle do mato. Essa exploração pode ser recomendada, pois os animais não danificaram o tronco da seringueira e possibilitam reduzir os custos de manutenção do seringal, diminuindo a necessidade de capinas e a aplicação de herbicidas. Em estudos conduzidos sobre o crescimento do perímetro do caule das 1

de 31 toneladas de frutos no primeiro ano de exploração. Recomenda o plantio de 1 a 4 ruas de abacaxi intercalando as linhas do seringal, espaçadas de 45 cm entre linhas por 7 cm entre plantas, em linhas duplas distanciadas de 1 m, para permitir os tratos culturais. Com quatro ruas de abacaxi, consegue-se uma população de 9.400 plantas/ha. Observou-se maior perímetro do caule das seringueiras com um maior número de ruas de abacaxi, provavelmente devido ao efeito residual da adubação das entrelinhas.

FOTOS: Paulo de Souza Gonçalves

Paulo de Souza Gonçalves 1 Adriano Tosoni da Eira Aguiar1

Pesquisadores Apta/IAC - Programa Seringueira. Caixa Postal 28 - CEP 13.001-970 Campinas (SP) E-mails: paulog@iac.sp.gov.br e aguiar@iac.sp.gov.br

árvores de seringueira em sistema de consorciação com banana, café e maracujá, durante o período de imaturidade do seringal, não foram observadas diferenças significativas no crescimento do seringal em relação ao cultivo solteiro. O sistema é viável até o terceiro ano de implantação do seringal. Para essas culturas, recomenda-se o plantio de uma única linha no espaço entre as linhas da seringueira. Abacaxi Recomenda-se apenas um ciclo de exploração em cada lavoura (14 a 24 meses), com a produção de apenas um fruto por planta, devido à ocorrência de infestação por Fusarium, causador de grandes prejuízos a lavou-ra. Na Ásia utilizou-se uma população de plantas de 4.565 plantas/ha, conseguindo um rendimento

Banana Deve ser plantada até o segundo ano de desenvolvimento da seringueira. Na Malásia, a banana é o produto tido como mais popular na consorciação, pois o uso de mãode-obra não é tão intenso. O plantio de banana como cultura intercalar deve ser muito bem planejado, caso contrário, pode haver um retardamento no desenvolvimento da seringueira, aumentando o período de imaturidade. Recomenda-se plantar duas linhas de banana nas entrelinhas da seringueira, espaçadas de 1,30 m entre si, com 1,70 m entre plantas na linha, mantendo a distância de 2,65 m da linha de seringueira. Palmito As espécies produtoras de palmito com potencial para a consorciação com

Consorciação de abacaxi nas entrelinhas de seringueira.


a seringueira são o palmiteiro (juçara), açaizeiro e pupunheira. O palmiteiro é considerado uma espécie bem adaptada às condições de baixa luminosidade, porém seu ciclo de desenvolvimento é longo e cada planta produz apenas um único palmito. A produção de palmito consorciado com a seringueira de 133g a 414g de palmito/planta, para os espaçamentos entre 1 m x 1 m e 2 m x 2 m, respectivamente. A produção de palmito por área variou de 1.033 a 1.612 kg/ha, havendo uma diminuição da mesma com o aumento da área por planta.

m para o cacau entre as linhas duplas de seringueira distanciadas de 10,5 m entre cada uma delas (3 linhas de cacau) no espaçamento de 7 x 3 m na linha dupla de seringueira. Observou-se que quanto maior o espaçamento nas entrelinhas das duplas, maior foi o rendimento alcançado pelas plantas de cacau, devido à maior luminosidade, assim como o período produtivo das plantas foi mais longo.

Culturas anuais Muitas outras combinações de espaçamentos têm sido pesquisadas visando a otimização no desenvolvimento das duas espécies. Milho, arroz, feijão, melancia, algumas hortaliças, Cacau Tanto o cacaueiro como a serin- batata doce, amendoim e soja são cultugueira são plantas de ciclo longo (ao ras anuais que podem ser utilizadas em redor de 30 anos) e requerem um inves- consorciação com a seringueira no inítimento elevado para a implantação. cio de desenvolvimento do seringal. O amendoim e a soja devem preLogo, o plantio convencional de cacau nas entrelinhas de seringueira deve ser encher toda a entrelinha até 1 m das muito bem avaliado quanto a sua plantas de seringueira, para evitar uma competição prejudicial entre as duas viabilidade. A combinação de espaçamentos espécies. Na implantação de uma cul-tura com o melhor resultado foi de 3,5 x 3,0 intercalar anual deve-se dar preferência para culturas de porte baixo, como feijão e amendoim, para não competir com as plantas de seringueira. O comportamento da consorciação de arroz, soja, milho, e amendoim com seringueira, até o quarto ano de implantação do A criação de ovinos também se destaca como uma seringal foi estudado por grande opção de consorciação com a seringueira. vários pesquisadores que

obtiveram rendimentos de 1.208 e 1.152 kg/ha para soja e amendoim, enquanto que, para o arroz e milho, o rendimento foi de 2.139 e 2.962 kg/ha, respecti-vamente. Não se verificaram mudanças significativas na fertilidade original do seringal, quando as entrelinhas foram cultivadas com alguma cultura intercalar durante três anos de exploração do sistema, não havendo redução do vigor das plantas de seringueira.

21 Outubro 2006

Consorciação de palmiteiro nas entrelinhas de seringueira.

A expansão da demanda por borracha natural e o aumento dos preços desse produto no mercado interno devem estimular novos investimentos no plantio de seringais no Brasil. O Estado de São Paulo lidera o plantio de seringais no país com 60 mil hectares - a metade da área cultivada - e deverá ampliar a área de cultivo em 40 mil hectares até o ano de 2010. “São Paulo responde por cerca de 70% da produção nacional, que gira em torno de 100 mil toneladas por ano, gerando receita em torno de R$ 750 milhões”, afirma Humberto Pennachio, analista da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento Segundo João Sampaio, presidente da SRB - Sociedade Rural Brasileira, os investimentos devem totalizar cerca de R$ 240 milhões nos próximos três anos. “Quem está investindo são produtos que já plantam seringueiras, especialmente nas regiões de Barretos, São José do Rio Preto e Araçatuba”, afirmou Sampaio. O consumo interno cresceu de 306 mil para 320 mil toneladas este ano, elevando as importações e superando 200 mil toneladas. Os preços pagos pelas usinas no Estado de São Paulo também subiram cerca de 33,7% nos últimos 12 meses.

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Cultura ocupa 60 mil hectares no Estado de São Paulo


“É inútil dizer a um rio para parar de correr; é melhor aprender a navegar na direção de seu fluxo”.

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Priscilla Andrade1

Outubro 2006

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O empreendedorismo, gradativamente, vem se firmando como uma possibilidade profissional perante o cenário econômico mundial em todos os setores, inclusive no agronegócio. A pesquisa anual da Global Entrepreneurship Monitor, aplicada em vários países revelou que o Brasil ocupa atualmente a sétima posição no ranking de países empreendedores. Porém, o que realmente levou os brasileiros a uma posição de destaque foi a constatação do crescimento de negócios ligados a questões ambientais. Por exemplo, para estes empreendedores, o lixo não é necessariamente um subproduto inútil, mas um recurso mal utilizado que pode servir de matéria-prima para a confecção de vários outros produtos, auxiliar na preservação do meio ambiente, agregar valor e render lucros. Além do mais, as oportunidades de negócio ligado à ecologia passa também a atender de maneira mais ampla as expectativas da sociedade que é de adquirir produtos que poluem menos ou que gerem menos resíduos em seu processo industrial. E conseqüentemente, o que poderia ser um ponto fraco, como a problemática do lixo, transforma-se num ponto forte quando é analisado estrategicamente pelos “ecopreneurs”, adquirindo um valor financeiro e real. Schumpeter certa vez afirmou que o empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. Poucas décadas atrás, os empreendedores se preocupavam apenas em oferecer produtos e serviços a seus clientes para garantir lucratividade e a perpetuação dos seus negócios. Atualmente, devido à degradação do meio 1

- Professora Mestre, pesquisadora e docente do curso de Agronegócios da UNIFRAN Universidade de Franca. Email: pri_andrade2000@yahoo.com.br

FOTO: Editora Attalea

O desenvolvimento dos “Ecopreuneurs” no Brasil

ambiente, surge a necessidade de preservar para as gerações futuras condições primárias de sobrevivência, fazendo com que qualquer empreendimento incorpore a visão da empresa como instituição sociopolítica. Ser um empreendedor ambientalmente responsável é exercer, em sua plenitude, ações éticas para com suas relações estabelecidas, sejam elas com o cliente, com o fornecedor ou com a própria comunidade. É, sobretudo, priorizar a qualidade de vida e promovê-la, com ações concretas de auxílio e proteção ao outro. A adoção da responsabilidade socioambiental é uma decisão política que deve envolver todo o negócio que se comprometa com a aplicação de princípios e valores em todas as suas operações. No caso dos “ecopreneurs”, a vantagem competitiva inicial já é garantida com a própria visão e missão do negócio, que deve ser constituído utilizando os alicerces da gestão ambiental para obtenção do modelo de administração e de competitividade. Isto significa que ultrapassar voluntariamente o respeito à legislação, muitas vezes, gera economias de custo. Na verdade, o benefício em adotar

estratégias empresariais ambientalmente saudáveis é poder alterar o seu próprio ambiente competi-tivo e participar ativamente do contexto onde a estratégia competitiva é formulada. Um exemplo do potencial do empreendedorismo ecológico é o Núcleo Produtivo de Sementes Pacová, criado em Tangará da Serra (MT), especializado na venda de bijouterias e jóias artesanais feitas com sementes nativas. Tudo começou com um grupo de 20 artesãos envolvidos num projeto que para livrá-los do trabalho domés-tico (no caso das mulheres) e de cuidar de gado (no caso os adolescentes). Com a venda dos artigos, cada artesão obtém uma renda mensal que varia de R$ 150 a R$ 450, o que contribui para o orçamento das famílias. No ano de 2002, todos passaram pelo curso de capa-citação oferecido pelo Sebrae, que con-tribuiu para a padronização das peças, cálculo de custos e organização da linha de produção. Atualmente, eles contam também com a ajuda de uma designer para agregar valor aos produtos. Com isso, o resultado foi o desenvolvimento de uma linha exclusiva para a joalheria Maiorca, com pérolas e sementes escuras. O Núcleo revende suas peças para clientes como: H. Stern, Museu da Arte Moderna de São Paulo, Chocolate, Osklen e Pão de Açúcar. As peças possuem valores que variam entre R$ 4,00 a R$ 250,00. Quem um dia imaginou que uma árvore além de fornecer semente para plantio ainda poderia se tornar numa fonte de matéria-prima para a fabricação de bijouterias e jóias, a serem vendidas no Brasil e no exterior. Na verdade, tudo depende do que percebemos a nossa volta. Mais do que explorar a terra,precisamos aprender a explorar as possiblidades que vem dela. Ver aquilo que está além dos olhos.Sem dúvida os desafios são enormes, porém as alternativas também são. É nesse contexto que universidade e sociedade podem trabalhar juntas para promover inovação e vantagem competitiva sustentável.


Para os adeptos do cultivo hidropônico – no qual a hortaliça é cultivada na água, em vez de na terra, a Pira Roxa se mostrou resistente ao fungo Pythium, que causa a podridão da raiz e é um dos maiores problemas desse tipo de cultivo no País. “A Pira Roxa aumenta muito a produtividade na alfacicultura. Ela salvou muita gente porque no cultivo da alface tem muita perda, muito prejuízo”, afirma Costa. Essa espécie também permite o cultivo contínuo da alface e garante uma maior durabilidade da alface no verão. “Como você tem alface o ano todo, a produção é maior e os preços, menores, o que favorece o consumidor”, explica Costa. A alface roxa não é propriamente uma novidade no mercado de hortaliças. No Brasil, já se cultivam em pequena escala outros tipos de alface roxa,

de coloração menos intensa e sem as propriedades atribuídas à Pira Roxa, como maior resistência a fungos e melhor aproveitamento no cultivo de verão. Muito comuns no mercado internacional, versões melhoradas dos alimentos já começam a surgir no Brasil. Segundo Costa, há ainda muito espaço nas mesas brasileiras para a Pira Roxa. “É um pro-duto diferenciado, que custa em torno de R$ 0,20 para o produtor e chega ao consumidor final por cerca de R$ 1,00. É quase o mesmo preço da alface comum, com todas as suas vantagens”, analisa. Para desenvolver a alface, a Esalq utilizou uma técnica já muito conhecida no meio agrônomo: o melhoramento clássico. Esse processo é completamente diferente do que produz os alimentos transgênicos, já que não manipula geneticamente o DNA da alface. Dessa forma, não há nenhuma possibilidade de efeitos colaterais de seu consumo a longo prazo. O processo de melhoramento clássico é bem simples e por isso tem baixo custo de produção. Nos dois anos de cultivo, até chegar à Pira Roxa, o custo total foi de apenas R$ 2 mil. “São técnicas de baixo custo, que não exigem equipamentos caros. Esses gastos foram basicamente com gasolina da minha caminhonete, para ir de Piracicaba à fazenda em Campinas onde a alface era plantaFonte: Jornal USP) da”, brinca Costa. (Fonte:

23 Outubro 2006

Depois de dois anos de trabalho, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba (SP), apresenta aos produtores e consumidores de todo o País a Pira Roxa, alface de folhas totalmente roxas desenvolvida para aumentar a produtividade no cultivo em clima tropical e com um valor nutricional maior que as alfa-ces comuns. A coloração roxa inten-sa se deve à presença em larga quantidade da antocianina, substância que confere ao alimento uma cor vermelha que, ao se misturar com o tom verde da clorofila, resulta na cor roxa. A Pira Roxa contém três vezes mais antocianina que as alfaces comuns e um teor também maior de antioxidantes, substâncias que ajudam no combate ao envelhecimento. “Foi provado, por um estudo publicado pela Sociedade Americana de Química, que a alface roxa tem maior quantidade de antioxidantes que a alface verde. Ela aproveita mais os bioflavonóides e combate os radicais livres associados ao envelhecimento precoce”, explica Cyro Paulino da Costa, responsável pela criação da nova alface, com seu doutorando Fernando Sala. Para os alfacicultores, a Pira Roxa oferece vantagens por ser mais resistente ao fungo míldio, que aparece na forma de lesões amareladas nas folhas e um pó esbranquiçado mais próximo à raiz. Esse fungo é responsável por grandes perdas no plantio de alface, que algumas vezes chegam a 100% da produção. Por ter maior resistência ao míldio, a Pira Roxa dispensa o uso de agrotóxicos, o que diminui os custos do produtor e possibilita o cultivo orgânico da alface. “Os produtores de alimentos orgânicos gostaram muito da Pira Roxa. O plantio dela não exige agrotóxicos, o que é crítico na criação orgânica e resulta em um alimento de melhor qualidade para o consumidor”, acrescenta Costa.

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Esalq desenvolve alface roxa que agrada aos olhos e ao paladar e ainda ajuda a prevenir o envelhecimento


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O Cultivo de Figueira (Ficus carica L.) R E VI S TA ATTALEA AGRONEGÓCIOS

Rafael Pio 1 Edvan Alves Chagas 1 Fernando Antônio Campo Dall’Orto1 Wilson Barbosa2

Outubro 2006

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A figueira é uma frutífera pertencente a família Moraceae, originária da região arábica mediterrânea, Mesopotâmia, Armênia e Pérsia, havendo relatos de cultivos até mesmo a 639 a.C. A figueira é considerada uma árvore sagrada, como símbolo de honra, utilizada na alimentação de atletas. O figo foi à primeira medalha olímpica. A planta apresenta folhas caducas que caem no outono-inverno. A figueira se desenvolve satisfatoriamente nas regiões subtropicais temperadas, mas é de comportamento cosmopolita, com grande capacidade de adaptação climática. Assim, há registros de seu culti-

vo no Brasil desde as regiões temperadas do Rio Grande do Sul, até mesmo nas regiões semi-áridas nordestinas. É caracterizada pela presença de células lactíferas, principalmente nos ramos e pecíolo foliar, que exsudam uma substância denominada de ficcina, enzima proteolítica que é responsável por queimaduras de 2º grau quando em contato com a pele. A planta apresenta porte arbustivo, conduzido em sistema de sucessivas podas drásticas. Os figos destinamse ao consumo in natura ou à industrialização, em forma de doces em calda (verdes e inchados), cristalizados, figada e secos do tipo rami. 1 Pesquisador Científico Centro APTA Frutas, O Brasil é considerado o 13º maior Instituto Agronômico (IAC). Av. Luiz Pereira dos Santos, nº 1500, Corrupira, CEP. 13214-820, produtor mundial e o maior produtor Jundiaí-SP. Autor para correspondência: das Américas e do hemisfério Norte. rafaelpio@iac.sp.gov.br O Estado do Rio Grande do Sul é 2 Pesquisador Científico Centro Experimental Central, Instituto Agronômico (IAC). Caixa o maior produtor nacional, em área, Postal 28, CEP 13001-970, Campinas-SP. seguido de São Paulo e Minas Gerais. RS e MG possuem a produção quase que totalmente destinada a fabricação de doces. No Estado de São Paulo, a região do Circuito das Frutas detém a maior produção, com destaque para os municípios de Valinhos, Vinhedo, Louveira e Campinas. Em Minas Gerais, destaca-se os municípios de São Sebastião do Figueira podada, com destaque para as estacas, que sevirão de mudas Paraíso e Lavras.

Cultivar Roxo de Valinhos, único cultivar comercial no Brasil. Mudas e época de plantio As mudas são produzidas a partir de estacas lisas (estacas coletadas junto a época de poda e plantadas diretamente na cova de plantio) ou estacas enraizadas. A época de realização do plantio vai depender do tipo de mudas disponível. • Mudas de raízes nuas ou estacas: de junho a julho; • Mudas produzidas em recipientes: em qualquer época, porém, de preferência, na estação das águas. Utilizar mudas provenientes de viveiros livres de nematóide; evitar o aproveitamento de filhotes que se formam junto do tronco das plantas adultas. A estaquia direta no campo é um processo de multiplicação que pode ser conveniente pela maior rapidez na implantação do figueiral, sob condições favoráveis de clima e solo. Espaçamento Se o plantio for destinado ao consumo in natura, deve-se adotar o espaçamento de 2,5 x 2,5m ou 3 x 2m. Se o objetivo for figo para indústria, recomenda-se usar 3 x 1m ou 2,5 x 1,5m. Mudas necessárias De 1.600 mudas por hectare (para os figos de mesa) a 3.300 mudas por hectare (frutos para a indústria).


FOTOS: Editora Attalea

Calagem e Adubação De acordo com a análise de solo, aplicar o calcário para elevar a saturação por bases a 70%. Aplicar o corretivo em área total, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem. As covas para o plantio devem ter dimensões de 40x 40x40cm. A primeira camada de solo (até os 30 cm iniciais), é separada do subsolo (demais 30 cm) e misturada com 5Kg de esterco de galinha ou 20Kg Cobertura morta com bagacinho de cana de esterco de curral curtido, 1Kg de calcário, 100g de P2O5 e 50g de perficial do terreno. A do subsolo é utilizada para a construção da bacia ao K2O. Essa mistura é colocada no fundo redor da muda, após o plantio. Nos demais anos, realizar a aduda cova, completando-se o que faltar com a terra provinda da raspagem su- bação de acordo com a análise do solo e/ou foliar. Irrigação Aconselhável nas estiagens da primavera de modo localizado e, de preferência, por gotejamento. Outros tratos culturais Poda anual drástica de inverno e desbrotas, para manter a copa arejada, com 6 (figo para mesa) a 12 ramos (figos verdes para indústria) por planta; manter espessa camada de cobertura morta, com capim gordura ou bagacilho de cana. Controle de pragas e doenças As principais pragas que atacam a figueira são: broca dos

ponteiros, coleobrocas e broca da seca da figueira. Quanto às doenças, podese citar: nematóides, ferrugem, antracnose, podridão dos frutos maduros, secas dos ramos, bacteriose e mancha de cercospora. Para o controle recomenda-se realizar, no inverno,, a caiação do tronco e no período de vegetação, aplicação de inseticidas + óleo mineral e fungicidas combinados com calda bordalesa ou produtos a base de cobre. Colheita O período de colheita vai depender da época de poda e do destino do fruto a ser produzido. De modo geral, colhe-se o fruto de novembro a maio. Produtividade normal De 20 a 22 t/ha de frutos maduros ou inchados, ou 10 t/ha de verdes em pomares adultos racionalmente conduzidos.

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Figueiral pulverizado para o controle de pragas e doenças.

25 Outubro 2006

Figueiral no município de Valinhos (SP).


Produção de carne de cordeiro 4ª PARTE extraído do jornal O (extraído OVELHEIRO OVELHEIRO, Informativo da ASPACO - Associação Paulista de Criadores de Ovinos)

ou maravalha) ou piso ripado. A área por animal confinado depende das condições da instalação. Quando forem ótimas, pode-se considerar 0,60 m2/cordeiro, até 30 kg de peso vivo, aumentando-se de acordo com a situação. Os comedouros deverão ser protegidos para que os animais não entrem, evitando que defequem e urinem na ração, fato que implicaria em perdas substanciais.

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Dr. Édson Ramos de Siqueira1

Outubro 2006

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Sistemas de Terminação Nas regiões tradicionais de criação de ovinos, a terminação é executada em pastagem (nativa ou cultivada). A eficiência deste sistema está na dependência do nível nutricional conferido pelas forra-geiras e também do grau de infestação de larvas de helmintos na pastagem. Quando este fator for limitante, o confinamento forna-se uma opção para a terminação eficaz dos cordeiros. A terminação em confinamento pressupõe investimentos adicionais, sobretudo em instalações e alimentação. Em visca disso, é de vital importância a busca de animais geneticamente capazes de responder ao nível nutricional das dietas oferecidas. Um bom cordeiro para o confinamento deve apresentar as seguintes características: a) - boa conversão alimentar; b) - altas taxas de crescimento muscular; c) - adequada deposição de gordura. Para se atingir tais objetivos, há que se planejar corre-tamente o sistema de produção, integrando-se harmonicamente a genética, a alimentação e o manejo. Os animais confinados deverão permanecer sempre presos, sem acesso às áreas onde haja forragens, foco de contaminação por vermes. O período 1

- Prof. Titular do Departamento de Produção e Exploração Animal. FMVZUNESP. Botucatu (SP). Email ersiqueira@fca.unesp.br

de confinamento depende do potencial de ganho de peso dos animais e o peso de venda deverá estar na faixa de 2832 kg. A qualidade da alimentação no confinamento é fundamental. Para cordeiros de bom potencial de ganho, dietas nobres. A utilização de ingredientes baratos poderá redundar em perda global de eficiência. Com relação às instalações, não há necessidade de algo especial ou caro. Qualquer galpão pode ser adaptado para receber cordeiros em confinamento, devendo-se prestar atenção às condições de conforto e salubridade dos animais. O piso pode ser de terra ou cimentado, devendo-se, entretanto, utilizar cama (de feno, palha de arroz

Fatores que afetam o crescimento e desenvolvimento O crescimento do cordeiro, em condições ótimas, é descrito por uma curva sigmóide, havendo uma aceleração de sua velocidade até a puberdade, diminuindo, então, até a maturidade. Uma das questões fundamentais relacionadas à obtenção de carcaças de alta qualidade é a determinação do peso ótimo de abate, considerando-se o dinamismo das alterações proporcionais na composição tecidual do organismo, sobretudo, da gordura. Os teores de gordura podem ser afetados tanto pelo genótipo, como pela alimentação. Os níveis de gordura são inferiores nos ovinos inteiros, comparativamente aos castrados e fêmeas; nas raças tardias, em contraposição às precoces, e nos indivíduos de crescimento rápido, relativamente aos de crescimento moderado. O crescimento do cordeiro pode ser afetado pelos seguintes fatores: a) - peso ao nascer; b) - perfil hormonal; c) - alimentação; d) - idade da ovelha; e) - raça; f) - cruzamento. Na próxima edição apresentaremos as características de cada item que interfere no crescimento dos cordeiros.


3º CONCURSO NACIONAL DA ABIC DE QUALIDADE DE CAFÉ dias 25. Hotel SESC. Guarapari (ES). INF. (21) 2516-8595. www.abic.com.br

CURSO DE HORTIFRUTI ORGÂNICOS dia 09. Sítio Cata-Vento. AAO. Indaiatuba (SP). INF. (11) 38752625. wwwv.aao.org.br

VISITA TÉCNICA FAZENDA SULA - LEITE E HORTALIÇAS ORGÂNICAS dia 11. Fazenda Sula. AAO. Ribeirão Preto (SP). INF. (11) 3875-2625. www.aao.org.br

5º CURSO DE GPS NAVEGAÇÃO NA AGROPECUÁRIA dias 09 e 10. FCAVJ-Unesp. Jaboticabal (SP). INF. (16) 32091300. eventos@funep.fcav. unesp.br

25ª EXPOSIÇÃO NACIONAL DO CAVALO ÁRABE dias 11 a 19. Pq. Permanente de Exposições. ABCCA. Ribeirão Preto (SP). INF. (11) 3661-7013. www.abcca.com.br

14º CURSO TÉCNICAS CONTROLE DE BRUCELOSE E TUBERCULOSE dias 11 a 15. FCAVJ-Unesp. Jaboticabal (SP). INF. (16) 32091303. eventos@funep.fcav. unesp.br

FOTO: Editora Attalea

COFFEE FORUM BRAZIL dias 8 a 11. Hotel Paulista Plaza. IBC. São Paulo (SP). INF. (11) 3017-6808. Email: ibc@ibcbrasil.com.br e www.ibcbrasil.com.br/coffee

Remanescentes Remanescentes.. Na região de Pedregulho (SP), os trilhos da Estrada de Ferro Mogiana e algumas poucas estações ferroviárias preservadas ainda são as únicas provas de um passado glorioso.

Envie-nos fotos antigas para a Seção Nos Trilhos do Tempo, sob o tema “Estradas de Ferro” da região da Alta Mogiana e Sudoeste Mineiro ou então para a seção Cartão Postal, com fotos de “paisagens”. Favor incluir nome completo, data da foto e cidade para:- Email:revistadeagronegocios@netsite.com.br ou revistadeagronegocios@hotmail.com

CAFEICULTURA CAFEICULTURA:- Contando com uma palestra do Prof. Edson Pozza, da UFLA - Universidade Federal de Lavras (MG), a equipe da Syngenta Proteção de Cultivos esteve presente em Franca (SP) no mês de outubro para a apresentação oficial do fungicida PriorieXtra, certificado também para a cultura do café. Na foto, da esquerda para a direita: os engenheiros agrônomos Luis Gustavo, André Alves Savino, André Fink, Carlos Becker e o Profº Edson Pozza.

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3º SIMPÓSIO SOBRE QUALIDADE DE CARNE dias 8 a 10. Unesp e Embrapa Pecuária Sudeste. Jaboticabal (SP). INF. (16) 3361-5611.

5º CICLO DE PALESTRAS SOBRE HEVEICULTURA dias 22 a 23. APABOR. São José do Rio Preto (SP). INF. (17) 32351088. apabor@apabor.org.br

27 Outubro 2006

CURSO: Pastejo Diferido dia 7. Embrapa Pecuária Sudeste. São Carlos (SP). INF. (16) 33615611.

FOTO: Editora Attalea

1ª MOSTRA DE MATRIZES E REPRODUTORES ZEBUINOS dias 6 a 11. Pq. Fernando Costa. ABCZ. Uberaba (MG). INF. (34) 3319-3930. www.abcz.org.vr abczsst@abczservicos.com.br

14º ENCAFÉ - Encontro Nacional da Indústria do Café dias 22 a 26. Hotel SESC. Sincafé e Abic. Guarapari (ES). INF. (21) 2516-8595. Email: daysi@abic.com.br e www.abic.com.br/encafe


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