Edição 27 - Revista de Agronegócios - Outubro/2008

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1 Revista Attalea庐 Agroneg贸cios - Out 2008 -


Attalea

GEOPROCESSAMENTO e GEOREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS URBANOS E RURAIS 2 Revista Attalea® Agronegócios

AGRONEGÓCIO e DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - Out 2008 EDUCAÇÃO AMBIENTAL e RESPONSABILIDADE SOCIAL AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA AGROENERGIA e SUSTENTABILIDADE

DURAÇÃO 12 MESES LETIVOS

AULAS QUINZENAIS

PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA e COMERCIALIZAÇÃO CERTIFICAÇÃO e RASTREABILIDADE DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

CORPO DOCENTE ESPECIALIZADO (IAC, ESALQ/USP, IEA, UNESP, FAFRAM/FE, FFLC/FE)

F U N D A Ç Ã O EDUCACIONAL


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E D I T O R I A L

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A incerteza econômica mundial e a hora de investir Em meio à turbulência da economia mundial, com o dólar passando de R$ 1,60 para R$ 2,30 em menos de 10 dias, com as bolsas de valores de todo mundo acumulando prejuízos da ordem de 50 a 60% em menos de um mês, o produtor rural tem que ter cautela e muita informação para tomar a decisão certa, na hora certa. O mundo não está em “crise”. Quem está em “crise” são os norte-americanos. Crise imobiliária. Uns poderiam dizer: “O que eu, aqui no Brasil, tenho a ver com isto?” A questão é que, o resto do mundo vai sentir os reflexos desta “crise”. No Brasil começa com a redução de créditos junto às instituições financeiras, dificultando os financiamentos. Outro fator é o aumento dos custos dos insumos; mais do que já vinha subindo. Com isto, o produtor rural brasileiro, que já tem que lutar contra o clima, contra a insegurança dos preços e diversos outros fatores, agora tem que analisar com cautela a situação econômica brasileira e mundial. Mas como disse um grande amigo cafeicultor de Franca (SP), “a vida não pára”. Não tem como esperar. O ano agrícola começou; a época de plantio da maioria dos grãos é agora; outras culturas precisam ser adubadas agora; está na hora de adquirir máquinas e

implementos para auxiliar na atividade agrícola. Esta é a hora de investir! Mas como disse o diretor da Cooparaíso, Rogério Couto Rosa Araújo, a decisão precisa ser tomada, mas com cautela. O produtor rural precisa buscar entidades, cooperativas ou empresas que apresentam as melhores condições, assim como foi o 7º Hora Certa Cooparaíso Cooparaíso, que teve um público excepcional de produtores, mesmo nesta época de incertezas, com a geração de negócios da ordem de R$ 40 milhões.Assim como está sendo organizando o Dia de Negócios Cocapec Cocapec, em Franca (SP). Nesta edição, buscamos retratar os benefícios da cultura do Eucalipto, como alternativa de renda ou como renda principal. Também apresentamos um artigo da Embrapa-Gado de Leite, a respeito da importância do uso e da preservação da água na atividade leiteira. Na cafeicultura, destacamos o artigo do IAC sobre as adaptações necessárias para enfrentar o aquecimento global. Também mostramos o artigo do Dr. Matielli, sobre a quebra na produção de café em Minas Gerais e Espírito Santo.

TIRAGEM 5 mil exemplares EDITORA ATTALEA REVISTA DE AGRONEGÓCIOS LTDA. CNPJ nº 07.816.669/0001-03 Inscr. Municipal 44.024-8 Rua Professora Amália Pimentel, 2394, Bairro São José CEP: 14.403-440 - Franca (SP) Tel. (16) 3723-1830 / 3403-4992 revistadeagronegocios@netsite.com.br

Trabalhadores irrigam cafezal no município de São Tomáz de Aquino (MG). A foto é de 1968 e foi uma gentileza do amigo Daniel Figueiredo, engenheiro agrônomo, atualmente trabalhando no Banco Santander, agência de Barretos (SP).

Foto da Capa: Editora Attalea Eucaliptos na Fazenda São Tomáz São Tomáz de Aquino (MG)

Obrigado e boa leitura! DIRETOR E EDITOR Eng. Agrº Carlos Arantes Corrêa cacoarantes@netsite.com.br

A Revista Attalea Agronegócios, registrada no Registro de Marcas e Patentes do INPI, é uma publicação mensal da Editora Attalea Revista de Agronegócios Ltda., com distribuição gratuita a produtores rurais, empresários e profissionais do setor de agronegócios, atingindo 85 municípios das regiões da Alta Mogiana, Sul e Sudoeste de Minas Gerais.

DESTAQUE

DIRETORA COMERCIAL / PUBLICIDADE Adriana Dias - (16) 9967-2486 adrianadias@netsite.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Rejane Alves - MtB 42.081 - SP ASSESSORIA JURÍDICA Raquel Aparecida Marques - OAB/SP 140.385 CTP E IMPRESSÃO Cristal Gráfica e Editora Rua Padre Anchieta, 1208, Centro Franca (SP) - Tel/Fax (16) 3711-0200 www.graficacristal.com.br

Novo Telefone (16) 3403-4992

CONTABILIDADE Escritório Contábil Labor Rua Campos Salles, 2385, Centro, Franca (SP) Tel (16) 3722-3400 É PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE QUALQUER FORMA, INCLUINDO OS MEIOS ELETRÔNICOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO EDITOR. Os artigos técnicos, as opiniões e os conceitos emitidos em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da Revista Attalea Agronegócios.

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Economia: maior impacto será sentido na safra 2009/10 Com a compra de insumos e parte da área já cultivada, a atual turbulência econômica não influenciou e não deve influenciar significativamente as projeções da próxima safra agrícola. Qualquer mudança se deve a acontecimentos anteriores, como o aumento do custo de produção, dada a alta dos fertilizantes. Com base neste raciocínio, três dos maiores especialistas brasileiros do agronegócio reunidos na sede da Ocepar - Organização das Cooperativas do Paraná traçaram um quadro que, se não é otimista, pelo menos não tem nada de assustador. “A queda dos preços das commodities vai ser revertida depois que a turbulência passar”, disse o economista da Safras e Mercados cados, Flávio Roberto de França Júnior. “Não é o fim dos tempos. Os preços têm condições de reagir. Dificilmente vão chegar ao pico que tivemos no auge da especulação, em junho e julho deste ano, mas não vão recuar para a média histórica”, garantiu. Para ele, a demanda vai ficar menos agressiva em 2009, mas não haverá quedas expressivas no consumo “porque os estoques mundiais vão continuar curtos”. Com isso, a produção brasileira de grãos vai se manter em crescimento, ainda que em ritmo lento. “No caso da soja estimo alta de 3% na safra 2008/ 2009. É fundamental que tenhamos uma boa colheita, para que os agricultores possam diluir os altos custos, principalmente com fertilizantes e defensivos”, comentou. Segundo ele, o temor maior é com respeito à escassez de crédito. “É uma crise do setor financeiro, o que diminui os recursos disponíveis e se reflete na economia real, que precisa de dinheiro

AgroP.

para financiar projetos e continuar crescendo”, concluiu. Já o especialista em economia rural e professor da Universidade Federal do Paraná, Eugenio Stefanello, alertou que esta crise vai ter conseqüências no crédito rural mas só na próxima safra, por falta de recursos em função da redução dos depósitos à vista e das exigibilidades bancárias; seletividade maior e prazos menores; aumento dos juros de mercado; e atraso na liberação de crédito e limite de oferta. Segundo ele, “um aumento dos custos de produção é irreversível e deve chegar a 20% no final de 2009, e as taxas de juros devem passar de 10% para até 22%”. Para Stefanello “o agricultor deve enfrentar a crise com redução de investimentos” e adotar a venda parcelada para conseguir um preço médio. A prioridade deve ser o pagamento de dívidas e a recomposição do fluxo de caixa. O também economista e sócio diretor da Tendências Consultoria Consultoria, Juan Pedro Jensen Perdomo, fez uma avaliação da situação do mercado financeiro internacional na mesma direção: “Em 2009 teremos uma desaceleração econômica, as empresas vão investir menos, vai faltar crédito para consumo, e vai ficar mais caro. A expansão do crédito em 2009 vai ser muito menor”, explicou. “Podemos esperar uma desaceleração forte. As empresas vão produzir e contratar menos”, alertou. Para ele, “o câmbio no momento está complicado. A restrição de crédito, a saída de capital estrangeiro, está pressionando a taxa. O movimento atual, que chegou a R$ 2,45, não reflete os fundamentos

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REVENDEDOR AUTORIZADO

econômicos do Brasil. Baixando a poeira, a taxa volta a operar em patamares mais baixos, em torno de R$ 2. Porém o prazo para isso acontecer é incerto. Estamos no pior momento da crise. Mas dificilmente vamos observar a taxa no patamar anterior de R$ 1,55 ou R$ 1,60”, concluiu. (Fonte: Gazeta Mercantil )

M E R C A D O

Setembro registra aumento de 7,5% na venda de máquinas agrícolas As vendas de máquinas agrícolas no Brasil subiram 7,5% em setembro em relação ao mês anterior. O total de unidades comercializadas somou 5,5 mil unidades, de acordo com dados divulgados pela Anfavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Se comparado ao mesmo mês do ano passado, as vendas de máquinas agrícolas no mercado brasileiro deram um salto de 52,4%, segundo informou a entidade. O levantamento relativo às vendas no acumulado do ano até o mês de setembro, as vendas têm alta acumulada de 48,4%, para 41 mil unidades. Já, no que diz respeito ao volume da produção nacional, a Anfavea informou que houve queda de 0,2% em setembro, em relação ao mês anterior. O total de máquinas produzidas pelo setor foi de 7,952 mil unidades. Na comparação com o mês de setembro de 2007, o houve salto na produção de 37,9%. Entre janeiro a setembro, a produção subiu 32,7% na comparação com o mesmo período de 2007.

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Casa do Agricultor inaugura loja em Franca

19º Torneio Leiteiro de São José da Bela Vista

Com um café da manhã e a presença de vários produtores rurais, foi inaugurada no final do mês de setembro, em Franca (SP), a mais nova revenda de produtos agrícolas da região: a Casa do Agricultor Agricultor, que é comandada por Pepinho e sua equipe competente e que já possui unidades em Ibiraci (MG) e Cássia (MG).

No último dia 10 de outubro, no Salão Paroquial de São José da Bela Vista (SP), foi realizada a premiação dos vencedores do 19º Torneio Leiteiro, que foi organizado pela Associação de Produtores Rurais do município, com o apoio da Coonai, da Lagoa da Serra, da JA Produtos Veterinários e do Sindicato Rural de Franca. FOTOS: Editora Attalea

FOTOS: Editora Attalea

N O T Í C I A S

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O retireiro Carlinho, o e esposa (campeões na kg); o criador Antônio categoria novilha, com organizador, Adalberto

criador José Laércio Cavalheiro categoria vaca, “Sapeca” / 64,5 Faciroli Caramori (campeão na “Chorona” / 41,1 kg); e o Alves Berteli.

Representando a Coonai no evento, Dannilo Castaldi de Faria convidou os produtores a conhecerem melhor a proposta de parceria com a cooperativa. “Vários produtores já adquiriram vacas de leite, tratores e até mesmo reforma de piquetes em parceria com a Coonai. A cooperativa possui recursos para o agronegócio em geral, com valores de até R$ 7.000,00 a 1% ao ano e até $ 30.000,00 com juros de 1,5% a 5,5%, dentro do Pronaf. ” Maiores informações: (16) 3145-1011 ou 9214-6035.


Este ano o XVIII Seminário Café do Cerrado foi marcado pela presença de um novo participante: a Agroplanta Agroplanta, uma das maiores fabricantes de insumo, também destinados a nutrição do café. O evento, que aconteceu em Patrocínio (MG) entre os dias 24, 25 e 26 de setembro, reuniu renomados especialistas tratando de temas relevantes para o agronegócio e trouxe na programação palestras, feira de negócios, exposição de empresas, simpósio de lavoura branca e pecuária. Na ocasião, os visitantes puderam conhecer também a vasta linha de fertilizantes foliares e de micronutrientes de solo produzidos pela Agroplanta Agroplanta, empresa cujo portfólio oferece inúmero produtos destinados ao setor. “É fundamental investir nesses eventos, pois queremos tornar nossa tecnologia de fertilizantes cada vez mais próxima dos cafeicultores”, explica Gustavo Gonçalves, coordenador de Marketing da empresa. Após ter participado dos principais eventos da cafeicultura do Brasil ao longo de 2008 – como a Expocafé e a Fenicafé – , a Agroplanta reservou para o Seminário o anúncio das grandes novidades do ano. “Os visitantes puderam conhecer nossa nova geração de fertilizantes NPK de liberação gradativa – o Greencote , o Maxcote e o Nutricote , e também o Fluence , um

FOTO: Divulgação

Agroplanta marca presença no XVI Seminário Café do Cerrado

E M P R E S A S

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Vista aérea da nova unidade industrial da Agroplanta, em Batatais (SP).

fertilizante foliar com características especiais”, acrescenta Fernando Fonseca, do departamento técnico da Agroplanta Agroplanta. Sobre a Agroplanta Fundada em 1977, a Agroplanta é atualmente uma das maiores fabricantes de fertilizantes micronutrientes e foliares do Brasil. Com sede em Batatais (SP), a empresa possui duas plantas industriais dedicadas à produção de mais 250 variedades de fertilizantes, que incluem desde os foliares fluidos, foliares fosfitos, foliares sólidos, organominerais, sais inorgânicos, NPK revestidos e até os de fertilizantes micronutrientes de solo.

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Cerrado premia os vencedores de concurso Vencedores do Concurso de Qualidade do Café do Cerrado 2008 foram premiados no encerramento do XVI Seminário do Café do Cerrado evento. O concurso abrangeu os 55 municípios da área demarcada com o Café do Cerrado somando 242 produtores inscritos nas duas categorias: Café Natural e Café Cereja Descascado. Na categoria Café Natural , o 1º lugar ficou com Robson Ferreira Leite, cafeicultor de Rio Paranaíba (MG) . Já na categoria Café Cereja Descascado, Fernando Lucas Urban, de Coromandel (MG) ficou em primeiro lugar.


A Cocapec – Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Franca, realiza no dia 17 de Outubro de 2008, das 8: 00 as 17:30 horas, nas dependências da Matriz (Av. Wilson Sábio de Mello, 3100, Distrito Industrial) um Dia de Negócios Negócios, com a presença de 25 empresas fornecedoras de máquinas e implementos. O evento contará ainda com a presença de dois agentes financeiros: a Nossa Caixa e a Credicocapec, para acatar propostas de financiamentos. Informações Informações: Daniel Carrijo, Tel. (16) 3711-6200. E-mail setor.compras@cocapec.com.br Cargill amplia capacidade de moagem da Cevasa

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Roullier e Cocapec realizam palestra para cafeicultores

Cocapec realiza “Dia de Negócios”

A americana Cargill confirmou que vai ampliar a capacidade de moagem de cana da usina Cevasa, localizada em Patrocínio Paulista (SP), na qual detém 63% de participação. A multinacional ratificou, também, que a unidade, hoje dedicada à produção de álcool, fará também açúcar até 2010. A Cargill não informou quanto vai investir na ampliação e na diversificação, mas agências noticiosas como a Reuters informaram que o aporte será de R$ 190 milhões. Na Cevasa, cujo controle passou às mãos do grupo americano em 2006, os demais 27% de participação pertencem a um grupo de fornecedores de cana reunidos na empresa Canagril. Heveicultura é tema de palestras em São José do Rio Preto (SP) A APABOR - Assoc. Paulista dos Prod. e Beneficiadores de Borracha realiza nos dias 26 e 27 de novembro o VI Ciclo de Palestras sobre Heveicultura Paulista Paulista. Informações: Tel. (17) 32351088 www.apabor.org.br www.apabor.org.br.

FOTO: Editora Attalea

N O T Í C I A S

A empresa Roullier realizou no último dia 9 de outubro, na Churrascaria Minuano, em Franca (SP), um evento direcionado a engenheiros agrônomos e cafeicultores. O engº agrônomo Ricardo Teixeira apresentou palestra com o tema “Novas Tecnologias na Adubação do Cafeeiro”.

2º Dia de Campo de Ovinocultura em Franca (SP) O Sebrae-SP, escritório Franca, com o apoio do IBS - Instituto Biosistêmico e a Prefeitura de Franca, realiza no dia 17 de outubro, às 8h00, no Auditório “Fábio de Salles Meirelles”, no Parque de Exposições Fernando Costa, o 2º Dia de Campo de Ovinocultura Ovinocultura, contando com duas palestras. Renato Godoy Santos apresentará orientações sobre o “Controle Estratégico de Verminose em Ovinos”, enquanto que Cledson Augusto Garcia apresentará as “Tendências de Mercado da Carne Ovina”. Informações: (16) 3723-4188. AEAARP realiza II Workshop de Agroenergia em Rib. Preto (SP)

Mulheres em Ação em Taiúva (SP) O Centro Físico Educacional de Taiúva (SP) recebeu um grupo de 250 mulheres ligadas ao campo. Elas atenderam ao convite do Projeto “Mulheres em Ação” Ação”, uma parceria da Faculdade de Agronomia Francisco Maeda (Fafram), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e CATI. O objetivo do evento foi conhecer a realidade das mulheres no campo e, ao mesmo tempo, difundir informações sobre o uso correto e seguro de agrotóxicos. Pecuaristas de São João da Boa Vista visitam região de Franca Produtores de leite da região de São João da Boa Vista (SP) realizaram, no dia 30 de setembro, uma excursão à região de Franca para troca de experiências em relação à atividade leiteira. As propriedades visitadas foram dos municípios de Itirapuã (SP) e São José da Bela Vista (SP).

A AEAARP - Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Ribeirão Preto realiza, de 15 a 17 de outubro, na sede da entidade (R. João Penteado, 2237, Jd. São Luiz) o II Workshop de Agroenergia Agroenergia. O evento tem por objetivo fomentar debates e treinamentos sobre as questões do Futuro Energético Sustentável, produção de bioetanol, biodiesel e culturas agroenergéticas. Informações: (16) 2102-1700. Email: agroenergia @aeaarp.org.br @aeaarp.org.br. Site: www.aeaarp. org.br org.br. Cadeia Produtiva do Leite se reúne na FEILEITE A Feileite - Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite acontece de 28 de outubro a 1º de novembro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP). No ano passado, o evento reuniu 15 mil pessoas e 130 criadores. Informações formações: Tel. (11) 5067-6767. www. feileite.com.br feileite.com.br.

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Circuito Leiteiro da Coonai reúne cerca de 400 pessoas em Cristais Paulista Aproximadamente 400 pessoas entre produtores rurais e técnicos para a difusão de tecnologias e melhoria de técnicas de produção reuniram-se dia 24 de setembro na Fazenda Mangueiras, em Cristais Paulista (SP), durante o 1º Circuito Coonai de Tecnologia na Pecuária Leiteira Leiteira. O evento teve apoio do Sebrae-SP e do IBS (Instituto BioSistêmico) Além de foco no aprimoramento tecnológico, o evento buscou promover a integração e o espírito de cooperação entre os produtores, com a apresentação de trabalhos técnicos, depoimento de produtores e espaço para troca de informações. A programação contempla incluiu palestras e exposições na parte da manhã e trabalhos técnicos em campo no período da tarde, com os temas como qualidade do leite, implantação e manejo de pastagens rotacionadas, utilização e limpeza de equipamentos de ordenha, utilização de cana-deaçúcar como alimento volumoso no inverno entre outros. Durante todo o dia teve demonstração de produtos e serviços, com estandes de empresas e informações sobre

todos os serviços disponibilizados pela cooperativa. “O Circuito Leiteiro faz parte dos diversos eventos promovidos pela Coonai para a atualização de informações e conhecimentos do setor. O objetivo é aliar as exposições de trabalhos e palestras com as visitações técnicas”, diz Marcelo Avelar, vice-presidente da Coonai.

FOTO: Agência Outras Palavras

L E I T E

Parceria Sebrae-SP / Coonai Uma parceria entre o Sebrae-SP e a Coonai possibilita desde 2006 o desenvolvimento do Projeto de Viabilidade Econômica da Atividade Leiteira que envolve cerca de 350 produtores e tem como principal meta ampliar a renda bruta dos produtores em 25% até dezembro de 2009. O projeto prevê 16 atendimentos por propriedade, sendo oito relacionados a manejo sanitário e oito a manejo reprodutivo. Os atendimentos são mensais realizados por médicos veterinários mediante visitas pré-agendadas e seguindo temas já determinados, em um trabalho conjunto entre Sebrae-SP, Coonai e Instituto Biosistêmico (IBS). De acordo com a analista do Sebrae-SP em

Artur Chinelatto proferiu palestra com o tema “Produção de Leite de Forma Competitiva”

Franca (SP), Cintia Carillo Maniglia, esses eventos focados em transferência e difusão de tecnologia na pecuária leiteira fazem parte e compõem as ações do Projeto de Viabilidade Econômica. “Todo o trabalho desenvolvido pelas equipes neste projeto tem como objetivo geral melhorar as condições de trabalho e de vida desses produtores rurais”, afirma Cintia.

Produtores de leite de Bom Jesus da Penha (MG) aperfeiçoam administração com GQC Vinte pecuaristas de leite de Bom Jesus da Penha (MG) iniciaram em outubro a participação no GQC Gestão com Qualidade em Campo po, programa de aperfeiçoamento administrativo da propriedade rural desenvolvido pelo SENAR MINAS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Gratuito, o curso terá duração de 3 meses, finalizando em janeiro de 2009. A parceria é da Cooperpenha Cooperativa Agropecuária de Bom Jesus da Penha. O curso é direcionado para produtores de pecuária leiteira do município, com o objetivo de capacitá-los para o melhor gerenciamento de sua propriedade rural. São 10 propriedades participantes, com dois representantes

de cada uma delas. “Com o GQC, eles vão desenvolver planejamento estratégicos com objetivos e metas gerenciais para enfocar a qualidade do seu produto. Os produtores passarão a ver a propriedade rural como empresa”, explicou o Jair Monte, administrador rural e instrutor do curso. Ao todo, são 80 horas aulas, sendo 64 horas teóricas e outras 16 horas para a prática, com consultorias especializadas em cada propriedade. O GQC do SENAR também tenta sanar as dificuldades apresentadas na propriedade, como informou o instrutor Jair Monte. Nesta primeira semana de treinamento, ele já observou algumas dificuldades enfrentadas pelos proprietários rurais.

Dentre elas, ele destaca falta de assistência técnica e de pessoal especializado para a produção de leite e a desorganização dos produtores. “Percebo que não há assistência correta em todas as fases do processo produtivo, desde a compra de insumos até controle zootécnico e custos de produção. E com a desorganização, os pequenos produtores ficam frágeis e sem poder de barganha, pagando mais caro pelos insumos devido às compras individuais. Comprando junto, o custo barateia”, avaliou Jair Monte. O planejamento estimulado pelo GQC é a longo prazo, mas pode aumentar a renda líquida do produtor em 10% ao ano, além de proporcionar melhoria da qualidade do produto.


Água na fazenda: cuide bem para não faltar FOTOS: Editora Attalea

Durante a vida produtiva, uma vaca necessita de mais de um milhão de litros de água. Este número superlativo se refere não só à água dos bebedouros, mas também ao volume hídrico presente nos alimentos. Nesta conta está ainda toda a água utilizada na limpeza de instalações e equipamentos, imprescindível para práticas higiênicas de ordenha e obtenção de leite de qualidade. Diante de tais fatos, não há como negar: o principal persona-gem na rotina de uma fazenda leiteira é a água. Refletir sobre como os recursos hídricos da propriedade são manejados é um dever de todos os produtores.Do ponto de vista da dieta, menos consumo de água significa queda na produção de leite. A necessidade desse elemento varia conforme a categoria animal e está relacionada à temperatura ambiente, umidade relativa, peso corporal, etc. A pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Maria de Fátima Ávila Pires diz que uma vaca de alta produção pode consumir até 170 litros de água por dia. “Esse é o item de maior requisição quantitativa para o bovino. O leite produzido por uma vaca contém apenas 12,5% de sólidos; os demais 87,5% são água” , diz a pesquisadora. Parte das necessidades hídricas dos animais são atendidas pela ingestão de alimentos, principalmente de volumosos. O pastejo de 12 quilos de matéria

seca de uma gramínea tropical tenra equivale ao consumo involuntário de cerca de 60 litros de água provenientes dessa forragem. No entanto, quanto maior o volume de concentrados adicionado à dieta, maior será o consumo de água in natura. O engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa, Aloísio Torres, diz que o hábito do consumo de água segue o de alimentos. “O pico do consumo coincide com o pico da ingestão de matéria seca. Quanto mais matéria seca consumida, maior a necessidade de ingestão de líquido”. Bebedouros Outro momento de pico de consumo ocorre após a ordenha, quando a vaca pode ingerir até 50% das suas necessidades hídricas diárias. Isso torna a saída da sala de ordenha um dos locais estratégicos para a localização dos bebedouros. Os pesquisadores recomendam que os bebedouros fiquem em locais frescos e de fácil acesso. Além disso, ele deve ter espaço suficiente para que os animais não precisem “disputar” pela água. O recomendável é que um bebedouro seja capaz de atender 20 vacas. Assim, evita-se que os animais dominantes impeçam que outros bovinos tenham acesso à água. Bebedouros artificiais são mais indicados que as fontes naturais. Eles permitem um melhor monitoramento da qualidade da água do re-

banho. O bioquímico e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Otenio, diz que as fontes naturais, quando contaminadas com matéria orgânica por exemplo, podem trazer riscos à saúde dos bovinos. “Não é incomum encontrar reservatórios naturais ou artificiais de água com uma coloração verde. Esta água contem algas que podem ser tóxicas, que produzem componentes altamente nocivos para os bovinos”, afirma. Não permitir o acesso do rebanho às minas, lagos, riachos e rios é também importante por evitar a contaminação da água por fezes e urina. Essa medida contribui para a preservação das fontes naturais, já que o pisotear do rebanho compacta o terreno e destrói a vegetação ao redor. A água fornecida ás vacas deve ser limpa e fresca. Os bovinos são seletivos tanto na escolha do pasto quanto na hora de matar a sede. Água parada e suja não só desestimula o consumo como também provoca doenças. Os bebedouros precisam ser limpos semanalmente ou toda vez que acumularem restos de ração, lodo ou outras sujeiras. No que diz respeito à temperatura, estudos realizados indicam que os bovinos preferem bebê-la entre 25ºC e 30ºC. “O consumo diminui quando a temperatura fica abaixo de 15ºC”, diz Aloísio Torres. Comparado aos países de clima temperado, no Brasil a preocupação com a água na pecuária de leite deve ser ainda maior. Pesquisas realizadas em países de clima frio mostram que vacas de alta lactação têm suas necessidades hídricas elevadas em cerca de 70% quando a temperatura ambiente passa de 10ºC para 32ºC. Em certas épocas do ano, as

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condições climáticas brasileiras favorecem temperaturas em torno de 40ºC. Isso pode fazer as vacas sofrerem com o estresse térmico. Nessas condições, além de aumentar o consumo, as vacas procuram a água para se refrescar. É comum vê-las entrarem em lagos, deitarem em poças de lama ou colocarem os membros dentro dos bebedouros para aliviar o calor. O consumo de grandes volumes de água no verão visa diminuir a sensação de desconforto, reduzindo a temperatura do retículo e do rúmen, absorvendo, dessa forma, parte do calor corporal. Pelo menos, nessas situações, a preocupação com a qualidade da água não chega a ser relevante. Segundo a legislação brasileira, se não há poluição química na área e a água registra um número de componentes orgânicos permitidos, ela pode ser usada para o consumo animal. Qualidade da água Mais de 80% da área rural brasileira não possui saneamento. A água utilizada vem das reservas naturais das fazendas e o produtor sequer costuma conhecer sua composição. Como foi dito no início dessa reportagem, a água é imprescindível para obtenção de leite de qualidade, o que inclui a lavagem de utensílios e equipamentos. Mas para que se obtenha tal qualidade é preciso utilizar água limpa. “Investir em produtos de higiene e limpeza e lavar os equipamentos com água de baixa qualidade significa perder dinheiro”, afirma Marcelo Otenio. Na maioria das vezes, é o próprio

FOTO: Editora Attalea

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Imagem característica da maioria das propriedades rurais do país, onde se nota a ausência de mata ciliar nas margens do curso d´água.

produtor o responsável pela má qualidade da água de sua fazenda. “Historicamente, os rios são utilizados para levar embora o lixo produzido pelo homem”, diz Otenio. Como resultado, temos lagoas e cursos d’água contaminados com fertilizantes, agrotóxicos, etc. É muito comum a sujeira oriunda da limpeza das salas de ordenha desembocar em um riacho, poluindo-o com matéria orgânica que resultará no aparecimento de algas, diminuição do oxigênio e morte dos peixes. A solução para problemas como esse pode ser a fertirrigação, que além de proteger os recursos hídricos trará vantagens econômicas para o produtor. Mas, ainda que a água seja “limpa”,

Tabela 1. - Cuidados com a água em propriedades leiteiras • Preserve as nascentes dos rios e a mata ciliar; • Fique atento com o manejo da água realizado pelos vizinhos; • Conscientize os produtores mais próximos sobre a importância dos recursos hídricos; • Certifique-se da qualidade da água fornecida ao rebanho e utilizada na limpeza dos equipamentos por meio de análises laboratoriais; • Forneça água limpa e fresca aos animais em bebedouros bem distribuídos na propriedade. • A temperatura da água nos bebedouros deve ficar entre 25ºC e 30ºC; • Assegure acesso à água para as vacas logo após a ordenha; • Prefira os bebedouros artificiais (lagos e rios podem conter microorganismos nocivos). • Evite água parada; • A água dos bebedouros deve ser trocada pelo menos duas vezes ao dia.- Os bebedouros precisam ser limpos periodicamente; • O animal não deve andar muito para matar a sede (os bebedouros têm que ser distribuídos de forma racional na propriedade); • Dimensione os bebedouros para que um maior número de animais adultos possa utilizálos simultaneamente.

podem ocorrer outros problemas para a atividade relacionados a ela. A lavagem de ordenhadeiras, por exemplo, exige cuidados especiais com sua qualidade. A última etapa da higienização dos equipamentos deve ser feita com água em abundância para retirar todos os resíduos de cloro. Semanalmente é necessária uma limpeza especial, utilizando detergente ácido para retirar aquela espécie de poeira branca que se acumula na tubulação. Estes resíduos, conhecidos como “pedra do leite”, são provocados pelo cálcio. Em regiões onde a água é muito “dura”, a limpeza com detergente ácido deve ser feita em intervalos mais curtos. A dureza da água se deve ao alto teor de cálcio e magnésio. Teores elevados desses elementos resultam na água salobra, que não deve ser utilizada para a lavagem de equipamentos. Otenio explica que, para conhecer a qualidade da água, é necessário analisá-la do ponto de vista físico-químico e microbiológico. Existem poucos laboratórios comerciais especializados nesse tipo de análise. No entanto, o trabalho pode ser realizado em universidades que possuam departamentos de química ou em empresas municipais de saneamento. Se os testes indicarem uma “água dura”, não estará ao alcance do produtor resolver o problema. Os tratamentos para corrigir a dure-


ciliares são barreiras naturais que protegem os cursos d’água de sedimentos, agrotóxicos e fertilizantes levados pela chuva. A vegetação atua como cílios (daí a palavra “ciliares”) impedindo o assoreamento de lagos e rios. As Áreas de Proteção Permanente (APP) nas margens dos rios é definida pela legislação brasileira de Matas ciliares acordo com a largura do As matas ciliares tem por função evitar o assoreamento Tabela 22). rio (Tabela dos rios mantendo o volume de água dos mananciais. O que está ao alcance do As APPs também têm produtor é a preservação dos recursos conscientizar da sua importância e levar a função de manter o volume de água hídricos. O primeiro passo para isso é se a sério a velha cantilena que diz que, de dos mananciais. Cerca de 30% da água toda água do planeta, somente 2,75% infiltra na terra. Os demais 70% reTabela 2. Largura de APP - Área de não é salgada e apenas 30% desse total é tornam para a atmosfera por evapoPreservação Permanente conforme a legislação brasileira. transpiração (evaporação da água e adequada ao consumo. Água é um recurso limitado e a transpiração dos vegetais). Largura APP Largura Quando uma nascente seca, é preservação das matas ciliares é tarefa em cada margem do rio imprescindível para que ela continue possível recuperá-la no prazo de um a 30 m Até 10 m jorrando de forma abundante e dois anos promovendo o replantio da 50 m 10 a 50 m vegetação natural em torno dela. Mas cristalina. 100 m 50 a 200 m A engenheira florestal e pesquisadora o ideal é que todos cuidem para que as 200 m 200 a 600 m da Embrapa Gado de Leite, Elizabeth nascentes nunca sequem ( Fonte: 500 m Mais de 600 m raio de 50 m Nascentes Nogueira Fernandes ensina que as matas EMBRAPA GADO DE LEITE ) FOTO: Editora Attalea

za da água custam caro e só são realizados por indústrias e empresas de saneamento. Desde que a dureza não afete o consumo por parte dos animais, o produtor poderá conviver com o problema. Basta limpar os equipamentos com mais freqüência, usando os produtos indicados pelo fabricante da ordenhadeira.

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Pesquisadores defendem cultivo de eucaliptos “Deserto Verde” é uma das definições dadas por ambientalistas para florestas plantadas de eucalipto, uma espécie usada pela indústria brasileira. Os órgãos de defesa do meio ambiente dizem que o eucalipto causa o esgotamento da água na área onde está plantado, prejudicando toda a biodiversidade do local. A plantação acabaria até com nascentes de rios. Pesquisadores, porém, refutam essas teorias. Dizem que o eucalipto tem os seus benefícios e, se for plantado de maneira adequada, não causa prejuízos. Além disso, o eucalipto exerce uma outra função: diminui a ‘pressão’ sobre os remanescentes de mata nativa. O eucalipto é uma espécie originária da Austrália que se espalhou pelo mundo. Foi trazido para o Brasil por imigrantes em meados do século XIX. No início do século passado, o engenheiro Edmundo Navarro de Andrade, da extinta Companhia Paulista de Estradas de Ferro, começou a estudar espécies que poderiam substituir as árvores nativas nos dormentes das ferrovias e na produção de lenha. Foi assim que o eucalipto começou a se destacar. A árvore tem um rápido crescimento, adquirindo mais biomassa em menos tempo em relação às espécies nativas. Entre as aplicações do eucalipto

pecuária”, afirma. Andrade comenta que a hidrologia de uma floresta plantada não é muito diferente de uma mata nativa. Como a produção de biomassa é rápida, existe um consumo grande de água nos primeiros momentos, quando a árvore começa a crescer. O pesquisador diz que a cana-de-açúcar - uma das culturas mais difundidas do país - consome a mesma quantidade de água que o

FOTO: Editora Attalea

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estão papel, celulose, siderurgia, carvão vegetal, móveis e na construção civil. As florestas plantadas, cuja produção é chamada de silvicultura, ocupam menos de 1% do solo brasileiro. O eucalipto perde em área plantada para o Pinus, outra espécie exótica nessa atividade. Existem 600 espécies de eucalipto, plantado em mais de cem países. Para o pesquisador Guilherme de Castro Andrade, da EMBRAPA-Florestas - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, existe uma visão distorcida que propaga prejuízos do eucalipto, em um ponto de vista mais emocional do que científico. “Existem muitas pesquisas em hidrologia, de várias pessoas respeitadas, que refutam o que muitas organizações não-governamentais dizem. O impacto do eucalipto é pequeno em comparação às atividades de agricultura e

eucalipto. O pesquisador informa ainda que as áreas com baixa precipitação se tornam pouco viáveis para a silvicultura, como a caatinga. Se não houver irrigação, não haverá ganho de biomassa. O arranque do crescimento faz com que o eucalipto precise de mais água. “Mas, em compensação consegue melhorar a qualidade da água que chega aos lençóis subterrâneos e aos rios, em comparação com as áreas agrícolas”, enfatiza. Andrade também não concorda com as declarações de que o eucalipto secaria nascentes. De acordo com ele, tudo depende de onde está localizada a nascente. Se for em uma área sem florestas em volta, com vegetação rasteira, o eucalipto pode afetar a produção de água local porque as árvores plantadas terão uma biomassa maior do que a vegetação natural. “Mas isso não é exclusivo do eucalipto. Qualquer espécie provocaria este efeito”, ressalta. Para não correr riscos, o ideal é manter a área em volta da nascente como ela é originalmente. A microbacia da região é estudada antes de se começar o plantio de árvores, para manter a sustentabilidade do sistema e atenuar os impactos. Andrade também desmente que Tel: (16) 9999-7196 as florestas plantadas causariam (35) 9978-5740 grandes erosões e perdas de solo. atendimento@arbara.com.br “Um fator favorável do eucalipto é CEDRO AUSTRALIANO que há menos perda de solo. Ele fica Toona ciliata var. Australis Investimento rentável e de baixo custo protegido porque são ciclos de proProjetos Ambientais e Comerciais, Viveiro de Mudas Nativas dução maiores do que a agricultura, e Projetos de Compensação de CO2 que trabalha com espécies anuais.

Valorize sua propriedade plantando madeiras nobres


Além disso, a agricultura usa mais agrotóxicos do que as florestas plantadas”, conta Andrade. “A plantação florestal recobre consideravelmente o solo, diminuindo as chances de erosão. O terreno é pouco atingido de maneira direta pelas chuvas, principalmente se comparado com algumas espécies agrícolas”, orienta. O Brasil é o país que mais desenvolveu a plantação de eucalipto no mundo, mesmo tendo uma cobertura florestal grande. O potencial de terras e as condições climáticas favorecem esse tipo de atividade, em conjunto com estudos desenvolvidos por institutos de pesquisa. As maiores taxas de crescimento de eucalipto no país estão nas áreas plantadas no litoral do Espírito Santo e sul da Bahia, onde há uma alta precipitação de chuvas e uma insolação abundante.

A silvicultura exerce um papel importante porque tira a ‘pressão’ existente sobre os remanescentes de florestas. “A sociedade precisa de madeira e seus derivados. Imagine se não tivesse o eucalipto e o pinus? Onde se supriria essa demanda? Provavelmente nas florestas nativas. Isso agravaria a situação de devastação existente, como a que acontece na Floresta Amazônica para a abertura de pastagens e plantio de grãos”, relata o pesquisador Paulo Eduardo Telles dos Santos, também da EMBRAPA-Florestas. O eucalipto consegue substituir as madeiras de árvores nativas com uma boa qualidade. Mas para isto, as empresas especializadas precisam possuir certificadfos de garantia do produto.

Segundo Santos, não dá para esquecer que a floresta de eucalipto é plantada e, por isso, não possui tanta diversidade quanto uma floresta natural. Mas pode diminuir esses efeitos com algumas medidas , como preservar áreas nativas dentro da propriedade e direcionar ‘corredores de vegetação nativa’ na área de plantação, o que favorece a fauna local e ajuda o conjunto a ter muito mais equilíbrio. “Existe uma preocupação sobre a presença da fauna e inimigos naturais. O manejo é muito importante, até porque dentro de uma plantação de eucalipto não vai existir alimento. Ela oferece abrigo e lugares para reprodução. Cuidados com a preservação de áreas nativas, de reservas legais e da mata ciliar, contribui para o equilíbrio da região”, conclui.

Biomassa do Eucalipto para a produção de etanol “O eucalipto pode ser tão bom e eventualmente até melhor do que a cana-de-açúcar para a produção de biocombustíveis a partir da biomassa gerada na plantação dessas culturas.” A afirmação de Carlos Alberto Labate, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), foi feita aos pesquisadores presentes no 1º Simpósio sobre Etanol de Celulose, realizado em setembro, na sede da FAPESP. “O eucalipto é uma árvore incrível e, o Brasil, um país de muita sorte por ter todas as condições necessárias para a alta produtividade da cultura. A indústria florestal brasileira, uma das melhores do mundo e que serve de referência para vários países, está interessada em entender como a biomassa do eucalipto pode ser usada para a produção de etanol. Trata-se de uma nova revolução da química verde”, disse. Sem deixar de reconhecer que a cana-de-açúcar é uma das principais fontes de biomassa para a geração de energia, Labate, que é professor do Departamento de Genética da Esalq, destacou a importância das cascas do eucalipto. Atualmente, esses resíduos permanecem no solo das plantações após a extração do tronco da árvore, que normalmente é destinada à indústria de papel e celulose. “Uma quantidade razoável de casca é dispensada no solo com o corte da madeira, algo em torno

de 20 toneladas por hectare. Ao ser fermentado ao longo dos anos, esse material libera gases do efeito estufa”, disse Labate. “Sabendo que as indús-trias do setor florestal estão preocu-padas com as questões dos impactos ambientais, uma forma de despertar ainda mais o interesse é mostrar o valor econômico dos resíduos desperdiçados, que podem tanto ser usados para produzir bioetanol como biopolímeros. A casca do eucalipto é uma ótima fonte de carbono de baixo custo”, diz. Em sua palestra, intitulada The eucalypt as a source of cellulosic ethanol, Labate mostrou estudos conduzidos por sua equipe no Laboratório Max Feffer de Genética de Plantas, que comprovam que a composição da casca do eucalipto é mais favorável do que o bagaço da cana em termos de açúcares fermentáveis: a quantidade de pentoses (monossacarídeos de cinco carbonos) inibitórias ao processo de fermentação está presente, segundo ele, em menor quantidade na casca do eucalipto. “Além disso o eucalipto possui o dobro de hexoses, que são açúcares fermentáveis como sacarose, glicose, frutose e galactose, em relação ao bagaço da cana. Isso significa que, teoricamente, o potencial do eucalipto para a fermentação é maior do que o da cana. O problema é que ainda não temos o hidrolisado tanto da casca como do bagaço para fermentar e estudar. O potencial do eucalipto existe, mas ele precisa ser melhor pesquisado”, apontou Labate.

Segundo ele, atualmente existe apenas uma empresa no mundo, localizada no Canadá, que acaba de ser inaugurada para a produção de etanol a partir da celulose de madeira. “Como, de modo geral, o custo de produção de papel aumentou muito, as indústrias no hemisfério Norte estão tentando buscar novas alternativas econômicas para a floresta”, disse. Ele também comparou a quantidade de biomassa anual gerada pela canade-açúcar e pelo eucalipto no Estado de São Paulo. Enquanto a cana produz em torno de 10,6 toneladas de bagaço por hectare em um ano, o eucalipto chega a gerar de 23 a 25 toneladas de biomassa por hectare, no mesmo período, com alto potencial para serem transformadas em energia. Para Labate, outro fator de interesse pelo eucalipto se relaciona com a área total da floresta plantada no Brasil, que gira em torno de 5,6 milhões de hectares, sendo pelo menos 3,5 milhões de eucalipto, o que insere o país entre os três maiores fornecedores mundiais de papel para impressão. “A previsão para 2015 é que essa área plantada de eucalipto cresça para 4,3 milhões de hectares. Uma das razões desse crescimento é a forte demanda da China por papel e o Brasil deve aproveitar essa oportunidade de crescimento da plantação para a extração de energia da biomassa”, disse. (Thiago Romero / Agência FAPESP)

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Comparação de rendimentos de Eucalipto obtidos com manejo convencional e para uso múltiplo Ivo Pera Eboli

1

retorno, foram feitas adaptações de esquemas de manejo atualmente em uso por grandes empresas, além de outros sugeridos por instituições de pesquisas. Ressalta-se que este tipo de manejo é ainda um campo em estudo e que ainda vão decorrer vários anos até que se chegue a um bom manejo.

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Este trabalho compara retornos financeiros dos plantios de eucalipto em Minas Gerais manejados de forma convencional (com a madeira destinada aos usos mais comuns, geralmente energia) com plantios manejados para uso múltiplo, em que a madeira é destinada tanto para usos comuns quanto para serraria. A exploração sob manejo convencional, com ciclo de 21 anos (corte realizado a cada sete anos), resultou numa taxa interna de retorno(*) de 15,37%, enquanto que a exploração sob manejo para uso múltiplo, com um ciclo de 16 anos, resultou numa taxa interna de retorno de 24,51%. Tipos de Manejo 1. - Manejo Convencional É aquele praticado pela maioria dos produtores rurais que plantam eucalipto com capital próprio em Minas Gerais. A maior parte da madeira produzida é geralmente destinada para fins energéticos (carvão e lenha). Entretanto é comum haver também outros usos, tais como, na utilização em beifeitorias do próprio imóvel rural e na construção civil. Os tratos culturais são restritos à realização de capina, replantio e combate às formigas. Na fase de exploração são feitos cortes rasos entre 5 e 7 anos após o plantio, sendo frequente deixar que a rebrota recomponha o povoamento. Entre o décimo e o décima quarto ano faz-se um novo corte, repetindo-se o procedimento entre o décimo quinto e o vigésimo primeiro ano. As variações ocorrem, muitas vezes, em função das características regionais de clima e solo. 2. - Manejo para uso Múltiplo O manejo para uso múltiplo permite 1 - Engenheiro Florestal M. Sc. Departamento Técnico da Emater-MG

Procedimentos a destinação da madeira tanto para os usos já consagrados quanto para serraria, postes de transmissão de energia elétrica, etc. Esse manejo consiste, basicamente, em retirar as árvores menos desenvolvidas ou mal posicionadas dentro do plantio, deixando as melhores árvores com espaço maior para se desenvolverem e crescerem ainda mais. Como os nós desvalorizam a madeira serrada, as árvores destinadas à serraria devem estar livres deles. Os responsáveis pela formação dos nós são os galhos que devem, portanto, ser retirados das melhores árvores, as que serão encaminhadas à serraria no final do ciclo. Essas árvores devem ser identificadas, marcadas e desramadas já no segundo ou terceiro ano de idade, procurando manter somente o terço superior de suas copas, enquanto a altura das árvores permitir a realização desta prática. As demais árvores não devem ser desramadas porque essa operação é dispendiosa. Buscando o melhor retorno financeiro, pelo cálculo das taxas internas de

A madeira a ser retirada do quarto ao oitavo ano teve seu preço computado pelo mercado convencional de madeira de eucalipto. A madeira a ser retirada do décimo segundo ao décimo sexto ano teve seu preço computado pelo preço que tem sido pago aos produtores por toras de eucalipto em pé dessa idade e com DAP (diâmetro medido a 1,30m do solo) em torno de 30cm, destinadas à serraria ou postes para linhas de energia elétrica. Ressalta-se que existem outros tipos de manejo para uso múltiplo sugeridos por instituições de pesquisas ou praticados por grandes empresas. Considerações Para fins deste trabalho, foram utilizados valores de produtividade médios. Assim, para o incremento dos povoamentos, foi considerado o valor de 30 esteres/ha/ano, sendo que algumas regiões de Minas Gerais proporcionam incrementos maiores e outras menores. Para o manejo convencional, segundo dados de literatura e a prática de campo foi considerada uma redução de

Tabela 1. Manejo para povoamentos de eucalipto com espaçamentos de 3m x 2m, totalizando 1.667 árvores por hectare. CORTES

IDADE (anos)

1º desbaste 2º desbaste 3º desbaste Corte Final

4 8 12 16

ÁRVORES ÁRVORES ESTIMATIVA RETIRADAS REMANESCENTES P R O D U Ç Ã O (número) (esteres e m³) ( % ) (número) 40 24 15 21

667 1 400 250 350

1.000 600 350 0

1

3

2

4

- Inclui árvores falhadas. - (40% x 30 esteres/ha/ano x 4 anos) menos 10% de árvores falhadas.

- 24% x 30 esteres/ha/ano x 8 anos - 250 árvores x 0,60m³/árvore. 5 - 350 árvores x 0,70m³/árvore.

43,2 st 2 57,6 st 3 150,0 st 4 245,0 st 5


produtividade de 20% na primeira rebrota e 30% na segunda rebrota, com ciclo de sete anos em qualquer caso. No manejo para uso múltiplo, o rendimento esperado de 120 st/ha no quarto ano não terá uma redução linear ao desbaste, uma vez que serão cortadas as árvores menos desenvolvidas. Seguindo o raciocínio, deve haver, entretanto, um aumento de produtividade nos anos seguintes. Por não terem sido encontrados dados estatísticos confiáveis nesse particular, esse aspecto deixou de ser aqui considerado. Foram considerados plantios no espaçamento de 3m x 2m, com maciços de 1.667 árvores por hectare, com um índice de perda de 10%. Quanto aos preços recebidos pelo produtor, foi adotado o valor de R$ 25,00/st (janeiro de 2008), pago pela madeira de eucalipto em pé com sete anos, como média da maioria das regiões de Minas Gerais. Para árvores de eucalipto em pé, acima de 12 anos de idade, foi adotado o valor de mercado praticado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, que corresponde a um valor médio de R$ 100,00 por m³ (janeiro de 2008). Neste trabalho, assumiu-se o volume médio de 0,60m³ para árvores com 12 anos e 0,70m³ para árvores com 16 anos. Ressalta-se que em outras regiões foram reportados valores pagos pelo metro cúbico superiores aos aqui adotados. Notar que as alternativas para comercialização variam conforme a região, devendo o produtor manter-se atento às oportunidade de mercado. Conclusão A análise dos fluxos de caixa mostra a vantagem do manejo para uso múltiplo, dentro dos parâmetros aqui assumidos. Entretanto deve-se notar também que as receitas acontecem mais tarde no manejo para uso múltiplo, quando comparadas com o manejo convencional. Por outro lado, não se vislumbram grandes riscos para o produtor na aplicação do manejo de eucaliptais para uso múltiplo. Não é de se esperar queda na demanda de madeira serrada e, na hipótese de que isso aconteça, é grande a flexibilidade no que diz respeito à destinação final da madeira obtida.

Tabela 2 - Manejo Convencional. INVESTIMENTO (R$)

ANO 0 1 7 14 21 TOTAL

CUSTEIO (R$)

PRODUÇÃO (R$)

RECEITAS (R$)

2.300,00 223,00 392,00 392,00

210 170 150 ....................................................................

5.250,00 4.250,00 3.750,00 13.250,00

Taxa interna de retorno = 15,37%

Tabela 3 - Manejo para Uso Múltiplo. INVESTIMENTO (R$)

ANO 0 1 4 8 12 16 TOTAL

CUSTEIO (R$)

PRODUÇÃO (R$)

RECEITAS (R$)

S I L V I C U L T U R A

2.300,00 450,00

1

43,2 st 57,6 st 150,0 m³ 245,0 m³ ....................................................................

1.080,00 1.440,00 15.000,00 29.400,00 46.920,00

1

- Incluídas despesas com desrama Taxa interna de retorno = 24,51%

Espécie representa 90% das florestas plantadas no Brasil Segundo o relatório anual da Bracelpa - Associação Brasileira de Celulose e Papel, até o ano de 1995, o eucalipto ainda perdia em área plantada no Brasil para o pinus (6.471 hectares contra 11.940 hectares). A partir daí a evolução do plantio de eucalipto foi assombrosa, atingindo em 2007 uma área de 297.861 hectares, contra 22.874 hectares com pinus. “Esta espécie está ganhando cada vez mais espaço no mercado. Graças às pesquisas científicas e ao aprimoramento genético, o eucalipto está se transformando em um bom substituto de outras espécies nativas, como a imbuia, por exemplo”, explica Roberto Gava, presidente executivo da APRE Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal. Ele diz que espécies e culturas mais prejudiciais à natureza, como a soja, não recebem a mesma quantidade de críticas atribuídas ao eucalipto. “Já existe um apagão florestal no Estado do Paraná, de florestas plantadas. Se elas acabarem, vai se buscar madeira nas matas nativas. E não queremos isto”, avalia. De acordo com Luiz Carlos Reis de Toledo Barros, ex-presidente da Abimci - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada

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Mecanicamente, a utilização do eucalipto está tomando volume, mesmo sendo ainda mais utilizado para a produção de papel, celulose e carvão vegetal. “É uma madeira de difícil tensão, que cresce rápido demais e, por isso, apresenta rachaduras. É mais difícil de trabalhar, mas já existe tecnologia para isso”, declara. O eucalipto pode ser transformado em chapas de fibras (MDF), madeira serrada para piso, componentes para móveis, lâminas para painéis estruturais para telhados (exportadas para os Estados Unidos), lâminas de madeira serrada para a construção civil, entre outros. No município de Cristais Paulista (SP), duas empresas trabalham com madeiras provenientes de florestas plantadas, como o eucalipto e pinus. São elas a Teca Madeiras Tratadas e a Engetrat. Ambas as empresas utilizam o processo de autoclavagem como forma de melhor preservar a madeira. A autoclave é um cilindro que suporta pressão, onde a madeira é introduzida e em seguida o produto imunizante é injetado. Este processo de tratamento da madeira garante a penetração dos preservativos, resultando numa madeira durável e resistente.

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E V E N T O S

Finalizado com um jantar no Clube de Campo de Franca (SP), o 6º Concurso de Qualidade de Café da AMSC - Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana foi um sucesso. Com a presença de João Antônio Liam, presidente do Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, do prefeito reeleito de Franca (SP), Sidnei Franco da Rocha e de várias outras autoridades, Milton Pucci (presidente da AMSC) e Gabriel Mei Alves de Oliveira (responsável pelo concurso) premiaram os cafeicultores vencedores deste ano. 18 Na foto ao lado, Gabriel Mei e Wagner Revista Crivelente Ferrero (vencedor na categoria Attalea® Agronegócios Cereja Descascado), José Édson da Silva (diretor da Cafeeira Silva & Diniz, - Out 2008 representando Renato Maurício de Paula, vencedor na categoria Natural) e Milton Pucci.

FOTO: Editora Attalea

AMSC premia os vencedores do 6º Concurso de Qualidade de Café

Premiados - Categoria NATURAL

PRODUTOR 1º Renato Maurício de Paula 2º Adriana Paula Batista de Paula 3º Anderson de Paula 4º Altair Pereira da Silva 5º Aníbal Antônio Branquinho 6º Fabiano C. Basso 7º Luis Cláudio Cunha 8º Leonildo Pereira Neto 9º Maurício Palma Rezende 10º Eurípedes Salvador Campos

PROPRIEDADE Sítio Petrópolis Chácara Itamarati Sítio Santa Emília Sítio São Sebastião Fazenda Nossa Senhora Abadia Sítio Santa Neiva Fazenda Monte Alegre Sítio Retiro Fazenda Limeira Sítio Ressaca

MUNICÍPIO Franca (SP) Pedregulho (SP) Patrocínio Paulista (SP) Franca (SP) Pedregulho (SP) Ribeirão Corrente (SP) Ribeirão Corrente (SP) Ribeirão Corrente (SP) Altinópolis (SP) Pedregulho (SP)

LEILÃO Dreyfuss R$ 550,00 / sc Octávio Café R$ 400,00 / sc Eisa R$ 450,00 / sc Cocapec R$ 515,00 / sc Dreyfuss R$ 405,00 / sc -

Premiados - Categoria CEREJA DESCASCADO MUNICÍPIO Santo Antônio da Alegria (SP) Franca (SP) São José da Bela Vista (SP) Restinga (SP) Cristais Paulista (SP)

PROPRIEDADE Sítio Cachoeiro Fazenda Água Santa Fazenda Jaguara Fazenda Marfin Fazenda Bom Jesus

LEILÃO Dreyfuss R$ 410,00 / sc Octávio Café R$ 400,00 / sc Eisa R$ 387,00 / sc Cocapec R$ 405,00 / sc Dreyfuss R$ 400,00 / sc Attalea

1º 2º 3º 4º 5º

PRODUTOR Wagner Crivelente Ferrero CBI Agropecuária Ltda. Jaguarão Agropecuária Paulo Eduardo R. Maciel Flávia Lancha O. A. Oliveira

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FOTOS: Editora Attalea

E V E N T O S

Gabriel Mei Alves de Oliveira parabeniza o A família Cunha: Luis Cláudio (Cooperfran) e esposa Elaine; Luiz cafeicultor Jamil Pereira da Silva e esposa, Cunha (prefeito eleito de Ribeirão Corrente/SP) e D. Terezinha; pela conquista na categoria Café Natural. André (Viveiro Monte Alegre), Silvia e o marido Elson.

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José Edson, a esposa Carla, Humberto Gomes e Gabriel e o cafeicultor Gabriel premia o cafeicultor Anibal Antônio Branquinho. Milene Fátima Campos. Antônio Dalvo Campos.

Aníbal Branquinho

Ricardo Lima Andrade, diretor Cocapec e a esposa Cristina.

da

O vereador eleito Paulo Zamikhowsky e esposa

O cafeicultor Antônio esposa Marlize

David

e

a


E V E N T O S

Castelinho realiza Jantar dos Agrônomos no dia 17

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A AERF - Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Franca e Região e a Comissão Organizadora responsável pela comemoração do Dia do Engenheiro Agrônomo 2008 estarão realizando, no dia 17 de outubro, sexta-feira, no Restaurante do Castelinho, em Franca (SP), o Jantar de Confraternização da categoria. Para este ano, a comissão organizadora estabeleceu um plano de mídia que agradou às empresas, facilitando a aquisição de materiais e a organização do evento. “A idéia era de profissionalizar a busca de patrocínio, facilitando a vida dos membros da comissão, bem como retribuindo de forma profissional a contribuição das empresas”, afirma Plaucius Seixas, engenheiro agrônomo da Cocapec e membro da comissão. De acordo com Alex Kobal, engenheiro agrônomo e vice-presidente da AERF, a união dos membros da comissão 2008 e a criação do plano de mídia contribuiu para a organização do evento. “Quero parabenizar todos os

membros desta comissão pela dedicação, pela seriedade e pelo profissionalismo na organização do jantar”, declara Kobal. Para este ano, a comissão foi formada por Plaucius Seixas (Cocapec), DJalma Celso Blésio (Cati), Caio Sandoval (Colégio Agrícola), Ednéia Brentini (Credicocapec), Marcelo Avelar (Coonai), Welson Roberto (DEPRN/ Cetesb), Carlos Arantes (Revista Attalea Agronegócios), Fabiano Mercatelli (Dedeagro), Maria Fernanda Malvicino e Iran Francisconi. “Outros profissionais também foram convidados a participar, mas sabemos das dificuldades de trabalho de cada um. Mesmo assim, gostaríamos de agradecer o apoio recebido de Allan de Menezes (Bolsa Agronegócio), Luis Fernando Paulino (Casa das Sementes / Cati de Patrocínio Paulista), Édson do Couto Rosa e do Dr. Albino João Rocchetti”, informa Carlos Arantes. Iran Francisconi, membro da comissão 2008 e um dos idealizadores

12 de Outubro Parabéns a todos Engenheiros Agrônomos

da realização de eventos anuais de confraternização da classe agronômica, ressalta a importância da AERF neste evento. “Primeiramente, por ser uma entidade que defende os interesses da nossa classe e também por assumir os custos pela utilização das secretárias no convite por telefone aos profissionais, pela cessão do espaço para as reuniões quinzenais e outras atividades.”, afirma Iran. Destacamos as empresas patrocinadores deste ano: Sami Máquinas, Cocapec, Syngenta, Fênix, Bayer CropScience, Premix, Cenafer, Coonai, Revista Attalea Agronegócios, Sindicato Rural de Franca, AgroPL, Teca Madeiras, Usina Cosan, Usina Batatais, Credicocapec, Serrana Fertilizantes, Nortox, Dedeagro, Biolimp, Campagro, Viça-Café, RealPec, Pfizer, Bolsa Agronegócios, Pioneer , Gecal-Calcário, Cati-Franca, Casa do Café, Serra Fértil, Cooperfran, Viveiro Monte Alegre e Roullier.

Confraternização Dia 17/10 Castelinho (Restaurante)

Seu trabalho gera bons frutos REALIZAÇÃO CREA-SP Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo

Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Franca

R R

CENAFER - CENTRAL DE ARMAÇÃO DE FERRO

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C A F É

Pesadelo na produção cafeeira Armando Matielli André Matielli Naiara Dutra

1 1 2

Com o adiantamento da colheita da atual safra de café, concretiza-se o que prevíamos em dezembro de 2007, onde oportunamente apontávamos para uma quebra substancial na produção brasileira. Nos últimos dias estamos vivenciando uma situação de total desmotivação e muitíssima apreensão dos nossos cafeicultores. No momento, muitas lavouras já foram colhidas, ou parcialmente colhidas, e a queda do rendimento é um fato. Em diversos locais necessitando até de 600 litros de café em coco (da roça) para se fazer um saco de café beneficiado (60 Kg). Analisando de modo generalizado, podemos citar que no Espírito Santo a quebra na produção total de Robusta pode chegar a 2.800.000 sacas, de 1

setembro de 2007, contra uma média histórica para aquela região de 236 mm para o mesmo período (dados do IAC, IBC e Secretaria de Agricultura; citados na página 27 do livro “Irrigação na Cultura do Café” - R. Santinato, A. Fernandes e D. Fernandes) – (vide Tabela 11). Em regiões como o Estado do Paraná, São Paulo e Mantiqueira de Minas Gerais, podemos afirmar que a colheita está caminhando sem grandes surpresas, com um rendimento normal e dentro do previsto, pois, nas referidas regiões, ocorreram chuvas, até em excesso, nos meses do outono e inverno passados. Com relação à seca, vide Tabela 22. Portanto, detectamos que a seca atingiu com elevado índice comprometedor 711.000 hectares no Estado Mineiro. Após o período extremamente seco, ocorreu a florada em 20/10/08. Conforme dados da Fundação MAPA/ Procafé, em Varginha (MG), em Carmo de Minas, Varginha e Boa Esperança, em 30 de setembro de 2007, o déficit

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Attalea

- Engenheiros agrônomos, com MBA em agribusiness pela FGV, e cafeicultores na Fazenda Jacutinga, em Guapé (MG). 2 - Gestora ambiental da Fazenda Jacutinga.

acordo com informações publicadas no Coffee Break do dia 28/05/08 (Cooabriel - Cooperativa Agrária de São Gabriel). Já na Zona da Mata Mineira, a quebra é de 10 a 15 % do previsto, segundo a Cooperativa dos Cafeicultores de Caratinga e de diversas distribuidoras de insumos daquela região. No Triângulo Mineiro, mesmo contando com uma área expressiva de irrigação, já se afirma que teremos no mínimo 10% de quebra de acordo com o CACCER (Conselho das Associações do Cerrado), dado este publicado no Coffee Break do dia 24/07/08. Portanto, o triângulo está “quebrando” por volta de 500 mil sacas. A situação no sul de Minas Gerais é a mais preocupante. Sabemos que choveu o suficiente na Região da Serra da Mantiqueira Mineira, com limites até São Sebastião do Paraíso, Machado e São Gonçalo do Sapucaí; ao norte destes municípios a seca assolou assustadoramente, onde choveu tão somente por volta de 60 – 70 mm do final de abril a

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Tabela 1. - Déficit hídrico na Fazenda Jacutinga (MG) Período mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 TOTAL

Perdas por ET (mm) * 75,80 52,00 58,80 69,20 43,90 299,70

Índice Pluviométrico (mm)

Déficit Hídrico (mm)

34,00 5,00 22,50 61,50

41,80 47,00 36,30 69,20 43,90 238,20

Tabela 2. - Levantamento de áreas de cultivo de café no Estado de Minas Gerais. Localização área de café em MG área de café irrigado em MG área que recebeu chuva em julho (Mantiqueira) área sofrendo seca comprometedora

Área (hectares)

Fonte

1.011.865 170.000

Mapa/Conab Netasul/Netafim

130.000

Armando Matielli

711.000

Aproximado

* Obs.: E.T. = Evapotranspiração / Fonte: Fazenda Jacutinga

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hídrico foi de 550 mm. É sabido que déficits hídricos ao redor de 150 mm conferem elevados níveis de prejuízos. Calcular com 550 mm como está sendo a atual colheita? Era evidente essa quebra marcante na renda e na produção das nossas lavouras cafeeiras no Estado de Minas Gerais, circunscritas na citada área de 711.000 hectares, que é o coração da cafeicultura brasileira, em altos níveis de tecnologia e produtividade. Acabamos de expor a situação que reinou na principal região brasileira de café. No Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras do ano passado, em novembro, em Lavras (MG), encontramos os técnicos das mais distintas regiões e os mesmos afirmaram na época que o prejuízo da seca estaria entre 10 e 60% na produção, fato esse que estamos convivendo no momento. Iniciaram-se as chuvas em outubro de 2007, os cafeicultores, de forma generalizada, ficaram felizes com a florada. Infelizmente, muito dos quais, senão a grande maioria, são leigos em anatomia e fisiologia vegetal. Uma florada magnífica, assemelhando-se a verdadeiros lençóis brancos cobrindo nossos cafezais. Um espetáculo manifestado pela sábia natureza, de “encher os olhos” dos admiradores das belezas naturais. Essa florada ocorreu em profundo déficit hídrico, em plantas totalmente debilitadas. Nestas condições, na eminência de sobrevivência, as plantas fisiologicamente em estado de emissão máxima de botões florais não poderiam estar sofrendo nenhum tipo de stress; a florada foi bonita, mas ineficiente. Aproveitando daquele momento, o mercado comprador provocou um fortíssimo alarido de super produção, talvez por ignorância técnica ou talvez com propósitos “vampirizadores”. Estamos vivendo, nos últimos tempos, uma rapinagem “carterizada”, onde os produtores rurais são sufocados com o

único intuito de arrancar a qualquer custo lucros fáceis em detrimento a um prejuízo inimaginável, desde os mais simples cafeicultores dos grotões, bem como aqueles mais bem informados. Uma tristeza. Começaram a criar cenários de produções alucinógenas de 55 milhões de sacas. Um absurdo. Ainda continuam arrastando essa mentira, impingindo no mercado internacional esse tipo de informação que vai justamente de encontro com a necessidade de comprar café barato do Brasil para alcançarem lucros estratosféricos. Sabemos que no Agronegócio Café os produtores são massacrados e ficam com algo por volta de 5 a 10% da receita total, enquanto o restante do mercado e o comércio com 90 a 95%. Passaram-se os primeiros dias da florada, em novembro de 2007, e já detectamos um pegamento muito aquém do ideal. Na semana passada, em visita a Varginha, na Fundação MAPA/ Procafé, falamos com o Dr. Antônio Wander Garcia, que afirmou que o pegamento de chumbinhos pós-florada foi de tão somente 37%, contra uma média técnica de 50%. Dados esses levantados na fazenda experimental MAPA/Procafé, naquele mesmo município. Nesses parâmetros de florada e “vingamento”, já se detectou uma quebra de 26% na produção. Caracterizando o exposto, falamos também com o Sr. Gerson Procópio Ribeiro, com 80 anos de idade e plena e invejável saúde em atividades diárias, provando que o café é saudável. O Sr. Gerson é classificador e provador de café há 63 anos e alegou que, em quase todos esses anos de vida profissional, nunca se deparou com amostras de café de tão baixo nível de peneiras (de tão miúdos) como os da safra atual. È claro, faltou água. A florada foi abundante, mas totalmente debilitada, tardia, pois só floriu em 20 de outubro passado. Assim, a fase embrionária foi prejudicada

entre muitos outros fatores e o fruto foi gerado e formado desrespeitando o tempo/ciclo normal. Normalmente, em 20 de outubro, os frutos já estão com 30 dias e esse tempo faltou na formação e na granação. Resultado: peneiras baixas e miúdas e menor produção. Outro ponto importante foi o recebimento de café nas cooperativas. Sabíamos que a colheita estava atrasada, mas não tanto assim. No máximo 30 dias de atraso. O fato mais preocupante é que os produtores ainda não deram demonstrações de uma safra abundante. Muito pelo contrário, basta visitar as cooperativas e ouvir as lamentações dadas às baixíssimas rendas do café no beneficiamento. Portanto, para a região do Sul de Minas, dentro do apresentado, podemos elucidar uma quebra de pelo menos 15%, ou seja, por volta de 2.000.000 de sacas. Tabela 3. - Levantamento de quebras de safra em diferentes regiões. Regiões Sul de Minas Cerrado e Alto Paranaíba Zona da Mata / Norte de MG / Jequitinhonha / Rio Doce Espírito Santo

Quebra (milhões sc) 2.0 0.5

0.6 2.8

Fonte: As diversas citadas neste artigo

Logicamente estamos expondo esses números em ordens de grandeza e de modo generalizados, sem o detalhamento de uma previsão oficial, mas aqui passa pelas nossas sensibilidade e experiência, as quais foram somadas aos dados que as próprias fontes noticiaram e já apresentaram. Dentro do nosso descritivo, estamos prevendo uma quebra de 6.000.000 de sacas e, assim, não atingiremos o patamar de 40 milhões na safra 2008/2009. Portanto, os cafeicultores que sonharam na florada, estão vivendo um pesadelo na produção.


IAC acredita nas técnicas agronômicas de mitigação e adaptação frente ao aquecimento global FOTO: Editora Attalea

Para uma instituição de pesquisa agronômica que registra dados de chuva e temperatura desde 1890, como é o caso do Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, as adversidades climáticas ocorrem de forma cíclica e interferem na produção do café. A notícia de um possível aquecimento não surpreende o Instituto porque o trabalho de melhoramento genético do IAC sempre objetivou a adapIrrigação: alternativa em regiões mais secas tação de culturas a regiões adversas, com situações de clima e solo tecnologias que fizeram da agricultura bem diferentes das existentes nas o que é hoje. localidades de origem das plantas. Desde Os dados de clima coletados e regiso início das pesquisas no IAC - fosse por trados no IAC, somado ao conheciquestões de relevo, temperatura, regime mento acerca das plantas, permite ao de chuvas ou fitossanidade - , a pesquisa Instituto avaliar situações da agricultura agronômica investigou e gerou com consistência. É o caso do aqueci-

mento e os reflexos para a cafeicultura. Sobre esse tema, o pesquisador do IAC, Marcelo Bento Paes de Camargo, proferiu palestra na ASIC 2008 (22 nd International Conference on Coffee Science), a mais importante conferência internacional do café, realizada de 14 a 19 de setembro, em Campinas (SP). PhD em agrometeorologia, Camargo expôs a relação entre as variações climáticas e a cultura do café. O pesquisador abordou também as técnicas agronômicas de mitigação e adaptação ao aquecimento, como a arborização em cafezais, que reduz a temperatura em até 3ºC. A divulgação dessas ações é fundamental para esclarecer o setor produtivo, que está inseguro diante de notícias sobre aquecimento global. “A afirmação

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de que o aquecimento de 3°C, previsto para 2040, ocasionaria muitas mudanças climáticas e inviabilizaria a cafeicultura na maior parte da região Sudeste e que migraria para a região Sul do Brasil é prematura”, diz Camargo. A afirmação é sustentada nos experimentos realizados pelo IAC desde a sua fundação. O Instituto acredita na eficácia de técnicas agronômicas A arborização do café é outra opção que alteram o microclima do cafeeiro, reduzindo a temperatura e nos resultados dos modelos de ampliando produtividade e quali- previsão em longo prazo”. dade. Nos últimos quatro anos, experiSobre os efeitos devastadores do mentos com arborização em café aquecimento global, apontados por têm mostrado – em dias quentes estudos de alguns órgãos de pesquisa reduções de temperatura de 3ºC, a partir dos relatórios do IPCC (Painel quando usadas árvores maiores, coIntergovernamental de Mudanças mo seringueira, e de 2ºC, com árvoClimáticas), Camargo afirma: “O rela- res menores, como bananeira e tório é obviamente preocupante, coqueiro-anão. Segundo o pesquisamuito embora os próprios relatórios dor, a técnica da arborização permite contenham um alto grau de incerteza a entrada de 70 a 80% da energia FOTO: Editora Attalea

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SILVA & DINIZ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO DE CAFÉ LTDA. Av. Wilson Sábio de Mello, 1490, São Joaquim

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solar, reduzindo as amplitudes térmicas e minimizando os efeitos do vento, que ferem as folhas e propicia o aparecimento de doenças. A arborização não é uma solução nova – constava já no primeiro relatório do IAC, em 1895. O Instituto, porém, vem aprimorando os estudos ao longo dos anos para trazer soluções a questões, como o aquecimento global. Com base na experiência em clima e cafeeiro, o IAC não acredita na migração da cafeicultura para o Sul do País, como apontam estudos. Segundo o pesquisador, além da temperatura média, é preciso considerar aspectos de amplitude térmica, risco de geadas, regime de chuvas e fotoperíodo (número diário de horas de luz existente em cada região), que são incompatíveis com as necessidades do café. “Este ano ocorreram 12 geadas no Rio Grande do Sul, a última na semana passada”, diz Camargo, ao esclarecer que a temperatura média não é o único fator a ser considerado. De acordo com o pesquisador, o risco de geadas aumenta muito conforme a elevação da latitude, a partir do Paraná para o sul do Brasil. “As geadas sempre vão ocorrer, independentemente do aquecimento”, explica. No Sudeste não há geada desde 2000. Os dados registrados pelo IAC mostram que, em média, ocorre geada severa a cada 15 anos. São exemplos as geadas severas de 1892, 1902, 1918 (a pior delas), 1942, 1953, 1975, 1981, 1994 e 2000. Segundo o pesquisador do IAC, o fotoperíodo é um dado astronômico, imutável e interfere na fenologia da planta, diretamente na indução ao florescimento e época da maturação dos frutos. ”O café é planta de verão quente e úmido e inverno moderadamente seco”, afirma. Camargo explica que o estresse hídrico é benéfico, principalmente para a qualidade do café, nos meses de junho e julho, pois a umidade propicia mais de uma florada no cafeeiro, prejudicando a uniformidade de grãos. A gravidade das infestações de pragas e doenças está relacionada às condições microclimáticas – os principais problemas fitossanitários associados ao microclima são: broca-do-café, bicho-mineiro, ferrugem das folhas e seca-dos-ponteiros. Estudos mostram que a arborização reduz em 25% os gastos com defensivos, ao evitar que os ventos firam as folhas e, conseqüentemente, ocorram doenças. O manejo do mato, outra ação mitigadora, reduz a temperatura do ar e do solo, além de proteger contra a erosão. Outro ganho é o aumento do teor de matéria orgânica, ampliando a retenção de água e melhorando a distribuição do sistema radicular.


Adversidades meteorológicas ocorrem em ciclos

FOTO: Epamig

lizou o cultivo de frutas de clima frio em regiões quentes. Além de tecnologias mitigadoras, o IAC está desenvolvendo Durante a palestra na ASIC variedades de café que toleram 2008, o pesquisador do IAC mostemperaturas mais altas. trou também que as adversidades O resultado da pesquisa que meteorológicas ocorreram de transfere a tolerância do café forma cíclica, com períodos robusta para o arábica deve viatípicos de 15 a 20 anos. bilizar a substituição do arábica “A década de 60 foi marcada em regiões quentes. A previsão por secas acentuadas nos anos de para a conclusão desse estudo é 1961 e 1963, que afetaram a de, no mínimo, seis anos. Os asManejo do mato como alternativa na cafeicultura produção de café de forma dráspectos agrometeorológicos dos tica nos anos de 1962 e 1964”, afirma. cultivos são fundamentais para auxiliar De acordo com Camargo, em 64, a o recorde de temperatura é de 37,5º C, na definição de soluções – mas é preciso produção de café foi zero em São Paulo em 15 de novembro de 1985. somá-los ao conhecimento que se tem Segundo Camargo, nos últimos 10 acerca da cultura, no caso o cafeeiro. e Paraná. “A cafeicultura ficou em vara”, diz. anos, a agricultura tem sofrido com Na avaliação de Camargo, a ciência A razão: em 63 choveu no final de temperaturas elevadas, especialmente meteorológica progrediu muito nos janeiro e depois só voltou a chover em nos anos de 2002 e 2007, o que confir- últimos anos. dezembro. Naquele ano, houve maria em parte o problema do aqueciPorém, ainda não é possível a preseqüência de quase dois meses (setem- mento global atingindo também o visão com antecipação de três a seis bro e outubro) de temperaturas máxi- Brasil. meses sobre como seria a próxima Porém, os pesquisadores do IAC estação. “A previsão de cenários ainda mas superiores a 35ºC. Esse período é crítico para o café, acreditam que a ciência agrícola pode mais distantes, como daqui a 10, 20, 50 pois coincide com a fase da florada e a gerar ferramentas tecnológicas capazes anos, é no mínimo inconsistente para temperatura elevada provoca o aborta- de amenizar os efeitos do aquecimento, concluirmos como ficará o cenário do mento das flores. Em Campinas (SP), a exemplo do que já foi feito na fruti- clima para as atividades agrícolas em conforme registros do IAC desde 1890, cultura, em que a ciência do IAC viabi- qualquer parte do planeta”, diz.

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7ª edição do Hora Certa Cooparaíso atrai mais de 5 mil produtores rurais Apesar da turbulência no mercado mundial, foi realizada com sucesso a sétima edição do Hora Certa Cooparaíso Cooparaíso, evento que reuniu 72 empresas expositoras do setor de agronegócios de todo o país, em São Sebastião do Paraíso (MG), de 6 a 10 de outubro, nas dependências da Cooparaíso Cooperativa de Cafeicultores da Região de São Sebastião do Paraíso. De acordo com Suzana Souza, jornalista responsável pela comunicação da cooperativa, o objetivo do evento é ofertar ao produtor rural tecnologia de produção, insumos, máquinas e implementos exatamente no momento em que se inicia o ano agrícola. “O momento racionalidade por parte dos produtores rurais, mas o cafeicultor sabe que precisa investir na cultura, precisa adubar, precisa controlar pragas e doenças, não tem como esperar”, afirma Suzana. De acordo com Rogério Couto Rosa Araújo, diretor comercial da Cooparaíso, o evento teve um público médio diário de cerca de mil produtores rurais, com expectativa de negócios de cerca de $ 40 milhões, superando os R$ 35 milhões do ano passado. “O evento está organizado há cerca de três meses. Com isto, a Cooparaíso conseguiu condições muito favoráveis aos produtores, com créditos subsidiados e juros na casa de 6,75% ao ano. Isto atraiu muitos produtores ao evento. Também conseguimos uma condição imperdível na troca de café por fertilizante, com o preço da saca de café fixado em R$ 330,00, para entrega em setembro de 2009”, afirma Rogério.

FOTOS: Editora Attalea

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Filas de produtores se formaram no setor de cadastramento durante todos os dias do evento

Além de fechar negócios, os produtores rurais puderam participar de sorteios de brindes.

Todos os expositores receberam premiações, assim como Fábio Pacheco (Lagoa da Serra)

Luis Henrique Abreu (da Griffo/Credit Suisse Hedging) proferiu palestra sobre o mercado de café, com direito a almoço e premiações Produtores negociam a compra de produtos e insumos nos estandes da BASF (à esquerda) e da Viça-Café (à direita), com o Engº Agrônomo Geraldo Majela de Faria e Krauss.


CONTABILIDADE RURAL

Novo tributo na produção rural O produtor rural pessoa física terá mais um ônus tributário com a cobrança de 2,3% da contribuição previdenciária rural, destinada à seguridade social, sobre a comercialização de embriões e sêmens, ovos galados, sementes, mudas e animais destinados à reprodução e criação, como bovinos, caprinos, ovinos e cavalos ou atividade granjeira. A incidência deste tributo, que já está em vigor, foi incluída na Medida Provisória 410, convertida na Lei nº 11.718, que trata da criação do contrato de trabalho de curto prazo no meio rural. Com a inserção do dispositivo, foi revogada a isenção da cobrança desta contribuição, prevista na Lei nº 8.212, de 1991, que dispõe sobre a organização da seguridade social. Para Luciano Carvalho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a medida gera aumento de carga tributária e do custo de produção, além de desestimular investimentos e o uso de tecnologia no setor agropecuário. ‘Esta cobrança penaliza vários setores e compromete ainda mais a baixa rentabilidade do produtor. É o equivalente a você onerar um bem de capital usado na fabricação de máquinas’, justifica. Segundo ele, a incidência desta contribuição é injusta pelo fato destas etapas da cadeia produtiva não utilizarem mão-de-obra intensiva e

terem uma carga fiscal superior à cobrança do imposto sobre a folha de pagamentos. Ele exemplifica que, no caso da pecuária, a incidência de 2% sobre a produção de um pecuarista com faturamento anual bruto de R$ 453 mil geraria um recolhimento de R$ 9.066,00 pelo INSS, enquanto que uma cobrança de 20% sobre a folha de pagamento deste mesmo montante totalizaria uma contribuição de R$ 2.340,00. Segundo Luciano Carvalho, o setor rural defende o restabelecimento da isenção da base de cálculo desta contribuição previdenciária na mesma lei onde o dispositivo foi revogado, a 8212, para reduzir o impacto fiscal na cadeia produtiva e nos custos de produção. Atualmente, há duas emendas propondo a volta desta isenção, apresentadas pelos deputados Marcos Montes (DEM/MG) e Alfredo Kaefer (PSDB/PR) à Medida Provisória 438, que trata de medidas tributárias aplicáveis às doações em espécie recebidas por instituições financeiras públicas controladas pela União e destinadas às ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas brasileiras. A matéria já está pronta para ser votada pelo plenário da Câmara Agência CNA Federal. (Agência CNA)

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“A tecnologia agrícola atual é puramente sintomática, concentrada na planta. Ao contrário, se concentrarmos toda a atenção na terra, as plantas automaticamente se beneficiarão. O trato do solo não deve ser essencialmente químico-mecânico, mas biológico-físico; devemos procurar os equilíbrio naturais destruídos. Uma agricultura sustentável econômica, social e ambientalmente”. É isto que ensina este pequeno manual.

PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DO LEITE Autor: Everton M. Campos e Marcos Fava Neves (coordenadores) Editora: Atlas Contato: Site: www.editoraatlas.com.br

Trata-se de um trabalho realizado pelo PENSA - Centro de Inteligência em Agronegócios em 2005, numa parceria com o Sebrae-SP, Faesp, Senar-SP e Ocesp, denominado “Tomografia do Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil”, onde reúne informações de todo o sistema produtivo do leite.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA TODOS Autor: Eduardo Frizi Nascimento Editora: Ribeirão Gráfica e Editora Contato: Tel. (16) 9221-1455 Email: frizibiologo@ gmail.com

Pós-graduando da FAFRAM de Ituverava (SP), o autor retrata neste livro uma visão holística da Educação Ambiental, buscando conscientizar, dinamizar ações e de transformar sentimentos em atitudes.

27 Revista Attalea® Agronegócios - Out 2008 -


28 Revista Attalea庐 Agroneg贸cios - Out 2008 -


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