Edição 30 - Revista de Agronegócios - Janeiro/2009

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1 Revista Attalea庐 Agroneg贸cios - Jan 2009 -


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Revista Attalea® Agronegócios

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3 Revista Attalea® Agronegócios

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E D I T O R I A L

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Os 3P’s: Persistência, Pesquisa e Políticas Públicas impulsionam o agronegócio O brasileiro realmente é um povo diferenciado. Não que eu seja um adulador da política medíocre e caolha do governo federal, que ainda insiste em “marolinha” quando na verdade a onda já quebrou em cima do produtor e do empresário, bem como do trabalhador urbano e rural. Não estou aqui para ignorar a falta de juros, as perdas econômicas, as altas de preços e as dificuldades de comercialização em todos os setores. Mas o brasileiro surpreende sempre que se encontra em momentos de crise. Ele consegue transformar em oportunidade as dificuldades do dia-a-dia. Nesta questão, podemos dizer que a pesquisa e a tecnologia são os principais meios utilizados para reduzir custos, aprimorar sistemas e elaborar novos produtos, amenizando as dificuldades econômicas atuais. Retratamos aqui duas boas contribuicões de políticas públicas voltadas ao agronegócio brasileiro: o Programa Pró-Trator Pró-Trator, criador pelo governo do Estado de São Paulo e o Programa Mais Alimento Alimento, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Apresentamos algumas pesquisas que contribuem com as atividades agropecuárias.

A REGIÃO EM FATOS E

Na bovinocultura de leite, apresentamos informações sobre a utilização da polpa cítrica na alimentação do gado. Na horticultura, apresentamos informações sobre os novos híbridos de alface, pimentão e tomate desenvolvidos pela empresa Tomatec, de Campinas (SP). Na cafeicultura, apresentamos dois artigos muito importantes. O primeiro, traz informações novas sobre a produção de mudas de café em tubetes. O segundo, mostra as diferenças de duração entre os períodos de floração e maturação de cafés das variedades Catuaí e Mundo Novo. Na silvicultura, apresentamos artigo interessante sobre o cultivo do Eucalipto e a conservação do solo . Já com relação ao Cedro Australiano, apresentamos informações sobre estudos desenvolvidos no município de Campo Belo (MG). Mas o grande destaque de nossa edição está na matéria sobre Cachaça de Alambique. Pela segunda vez consecutiva, a Agropecuária Santa Elisa, sediada em Patrocínio Paulista (SP), se destaca no cenário nacional. Comandada pelo amigo Christian Johnson - filho do saudoso Bruce Baner Johnson - a Cachaça Elisa IMAGENS conquistou o prêmio máximo no 3º Concurso Nacional de Avaliação da Qualidade de Cachaça Cachaça, realizado em Lorena (SP), no final do ano passado. Ressaltamos que esta conquista não é novidade. No ano passado, a Cachaça Elisa também havia ganho o mesmo concurso. Boa leitura a todos!

CAPA

EDITORA ATTALEA REVISTA DE AGRONEGÓCIOS LTDA. CNPJ nº 07.816.669/0001-03 Inscr. Municipal 44.024-8 R. Profª Amália Pimentel, 2394, Tel. (16) 3403-4992 São José - Franca (SP) CEP: 14.403-440

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Escritório Contábil Labor R. Campos Salles, nº 2385, Centro - Franca (SP) Tel (16) 3722-3400 CTP E IMPRESSÃO Cristal Gráfica e Editora R. Padre Anchieta, 1208, Centro Franca (SP) - Tel. (16) 3711-0200 www.graficacristal.com.br ASSESSORIA JURÍDICA Raquel Aparecida Marques OAB/SP 140.385 É PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE QUALQUER FORMA, INCLUINDO OS MEIOS ELETRÔNICOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO EDITOR.

Com o início dos preparativos da 40ª EXPOAGRO Exposição Agropecuária de Franca (SP), a ser realizada em maio de 2009, relembramos uma foto histórica, de 1985, cedida pelo amigo Heitor de Lima, onde retrata a abertura da EXPOAGRO daquele ano. Da esquerda para a direita: Ary Pedro Balieiro (vice-prefeito atual e na época), Nelson Nicolau (então Secr. de Agricultura do Estado SP), Heitor de Lima (Secr. de Agricultura de Franca), Airton Sandoval (então Deputado Estadual), Sidnei Rocha (prefeito atual e na época também) e Milton Baldochi (então Deputado Estadual). ENVIEM-NOS FOTOS SOBRE O TEMA “AGRONEGÓCIOS”, DAS REGIÕES DA ALTA MOGIANA OU SUDOESTE MINEIRO, PARA PUBLICARMOS NESTA SEÇÃO.

A Revista Attalea Agronegócios, registrada no Registro de Marcas e Patentes do INPI, é uma publicação mensal da Editora Attalea Revista de Agronegócios Ltda., com distribuição gratuita a produtores rurais, empresários e profissionais do setor de agronegócios, atingindo 85 municípios das regiões da Alta Mogiana, Sul e Sudoeste de Minas Gerais.

Os artigos técnicos, as opiniões e os conceitos emitidos em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da REVISTA ATTALEA AGRONEGÓCIOS.

Cartas / Assinaturas Foto da Capa:- Christian Johnson Garrafa da Cachaça Elisa Ouro. (Patrocínio Paulista/SP)

Editora Attalea Revista de Agronegócios Rua Profª Amália Pimentel, 2394 São José - Franca (SP) CEP 14.403-440 revistadeagronegocios@netsite.com.br


PROGRAMA PRÓ-TRATOR faz agricultores superlotarem as concessionárias da região Buscando adquirir tratores agrícolas com desconto de até 20% e ainda financiamentos sem juros e carência de até três anos, pequenos e médios produtores rurais de todo o Estado de São Paulo superlotaram as concessionárias de máquinas agrícolas no último mês de dezembro. Mais de 1.600 pedidos para a adesão ao Programa Pró-Trator foram protocolados no Estado, desde a assinatura do convênio entre o governo do Estado e o banco Nossa Caixa, ocorrida no início de dezembro. O Programa Pró-Trator é um programa da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, faz parte do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) e conta com seis concessionárias parceiras: Agritech, Agrale, Valtra, Massey Ferguson, John Deere e CNH. Po-

dem ser financiados tratores entre 50 e 120 cavalos. Conforme o secretário de Agricultura do Estado, João Sampaio, somente na primeira semana foram mais de 650 pedidos, ou seja, mais de 10% dos 6 mil tratores previstos para serem financiados pelo programa. “Foi uma surpresa recebermos tantos pedidos logo na primeira semana. A previsão era de que os 6 mil tratores durassem dois anos. Mas se continuar neste ritmo vamos atingir a meta antes disso.” A proposta do programa é beneficiar produtores que obtêm no mínimo 80% da renda bruta anual com a atividade agropecuária, limitada a R$ 400 mil/ ano. O prazo para pagamento é de até 5 anos e a carência é de até 3 anos,

dependendo da atividade agrícola e do projeto técnico. Para a Agritech, fabricantes dos tratores e microtratores Yanmar Agritech, uma das participantes do Programa, a iniciativa irá viabilizar a muitos produtores a compra de um trator, proporcionando um ganho em produtividade com a mecanização. “Além de facilitar a questão financeira, o Programa Pró-Trator de São Paulo também é um processo democrático, pois é o produtor quem escolhe o modelo que vai comprar”, acrescenta o gerente de vendas da empresa, Nelson Watanabe. Para aderir ao programa o produtor interessado deve procurar a Casa de Agricultura ou Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR) do município e pedir uma análise para

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FOTO: Divulgação Atritech

FOTO: Nilson Konrad

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O QUE PODE SER FINANCIADO

Dentre os modelos de trator mais vendidos na região entre os cafeicultores, estão os modelos Massey Ferguson MF265, da Oimasa (esquerda) e o YanmarAgritech 1155 superestreito, da Sami Máquinas (direita).

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enquadramento no programa, que é feita pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). De posse do documento de aprovação emitido pela CATI, o produtor terá até 30 dias para apresentar a proposta para análise de crédito na Nossa Caixa. Se aprovado, o banco emitirá a carta de crédito para o produtor apresentar na revenda de uma das concessionárias parceiras. De posse da nota fiscal emitida pela concessionária, o produtor deve pro-

curar novamente a Nossa Caixa para formalização e liberação do crédito. Em consulta com o engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Franca (SP), na primeira quinzena de janeiro deste ano, constatamos que a grande dificuldade do Programa Pró-Trator é o agricultor se enquadrar. Faltam comprovantes fiscais, principalmente do imposto de renda. Sem ele, o produtor não consegue comprovar que pelo menos 80% de sua renda provém da agricultura.

Programa Mais Alimentos também impulsiona venda de tratores Mesmo num cenário de crise econômica mundial, os números do Programa Mais Alimentos são positivos. De acordo com dados apresentados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor registrou no último ano um aumento de 45% nas vendas de tratores da linha da agricultura familiar (até 75 CV). “O Mais Alimentos é um sucesso e veio para ficar, já está consolidado e servindo de exemplo para outros programas”, avalia o vice-presidente da Anfavea, Mário Fioretti. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, recebeu em janeiro seu gabinete em Brasília (DF), representantes das empresas fabricantes de máquinas e implementos agrícolas que possuem acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na implementação do programa Mais Alimentos. Também participaram do encontro executivos da Anfavea. De acordo com Cassel, a intenção do MDA com esses encontros é se antecipar aos possíveis problemas que possam surgir, principalmente em

decorrência da crise econômica. “O Mais Alimentos é exemplar, pois reage bem, consegue crescer na crise”, afirmou o ministro. Os representantes das empresas aproveitaram a ocasião para sugerir melhorias no programa, como acelerar a inclusão de outros agentes financeiros e buscar um equilíbrio entre as ações da Emater nos diversos estados do País. A revisão dos preços dos produtos, prevista nos Acordos de Cooperação Técnica firmados entre o MDA e os setores industriais para ser decidida neste mês, foi um dos itens da pauta do encontro. Ficou acertado que o reajuste será de 7,55%, abaixo da inflação de custos da ordem de 12,4%. O Plano Safra da Agricultura Familiar 2008/2009 trouxe como novidade o programa Mais Alimentos. Trata-se de uma linha especial de crédito que destina recursos para investimentos em infra-estrutura da propriedade rural. A linha financia até R$ 100 mil que podem ser pagos em até dez anos, com juros anuais de 2% e três anos de carência. (FONTE: MDA e INCRA )

1) - TRATOR COM POTÊNCIA MÍNIMA DE 50cv. Características mínimas:-tração 4x4; transmissão com 8 marchas à frente e 2 marchas à ré; TDP; pneus dianteiros 8.0-18R1; pneus traseiros 14.94R1; plataforma de operação aberta com estrutura de segurança e toldo; levante hidráulico 3 pontos completo; 1 válvula de controle remoto; barra de tração; contrapesos dianteiros. 2) - TRATOR COM POTÊNCIA MÍNIMA DE 75 cv. Características mínimas: tração 4x4; transmissão com 8 marchas à frente e 2 marchas à ré; TDP; pneus dianteiros 9.5-24R1; pneus traseiros 14.924R1; plataforma de operação aberta com estrutura de segurança e toldo; levante hidráulico 3 pontos completo; 1 válvula de controle remoto; barra de tração; contrapesos dianteiros. 3) - TRATOR COM POT. MÍNIMA DE 80cv. Características mínimas: tração 4x4; transmissão com 8 marchas à frente e 2 marchas à ré; TDP; pneus dianteiros 12.4-24R1; pneus traseiros 18.4-30R1; plataforma de operação aberta com estrutura de segurança e toldo; levante hidráulico 3 pontos completo; 1 válvula de controle remoto; barra de tração; contrapesos dianteiros e traseiros. 4) - TRATOR COM POT. MÍNIMA DE 100cv. Características mínimas: tração 4x4; transmissão com 8 marchas à frente e 2 marchas à ré; TDP; pneus dianteiros 13.624R1; pneus traseiros 18.4-30R1; plataforma de operação aberta com estrutura de segurança e toldo; levantamento hidráulico 3 pontos completo; 2 válvulas de controle remoto; barra de tração; contrapesos dianteiros e traseiros. 5) - TRATOR COM POT. MÍNIMA DE 120cv. Características mínimas: tração 4x4; transmissão com 12 marchas à frente e 4 marchas à ré; TDP; pneus dianteiros 14.9-24 R1; pneus traseiros 18.4-34R1; plataforma de operação aberta com estrutura de segurança e toldo; levante hidráulico 3 pontos completo; 2 válvulas de controle remoto; barra de tração; contrapesos dianteiros e traseiros. (FONTE: Nossa Caixa)


CONTABILIDADE RURAL

Produtores rurais podem utilizar crédito de ICMS na compra de produtos agrícolas FOTO: Divulgação Agritechh

Para a grande maioria dos produtores rurais do país, a utilização dos créditos de ICMS na produção agrícola é uma grande novidade. “Por isso, os créditos ainda são pouco utilizados. Este procedimento quase não existe”, afirma Luis César Marangoni, diretor do Escritório Alvorada, tradicional escritório de contabilidade rural da região de Franca (SP). Mas, afinal, o que são os “Créditos de ICMS”? Como o produtor rural pode obtê-los? De que forma podem ser utilizados? Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, a melhor definição do crédito de ICMS é que é um ativo do produtor. “Ele o pagou na hora da compra do insumo e tem direito à restituição. Com a possibilidade de utilizá-lo na própria produção agrícola, o produtor rural reduz o efeito cascata nas demais operações com o produto, que facilita na redução do preço final da mercadoria”, afirma. Os governos dos estados de São Paulo e de Minas Gerais oferecem aos produtores rurais a possibilidade de transferirem crédito acumulado de ICMS, que também é válido para as cooperativas. Em Minas, o benefício é regulamentado pelo Decreto Estadual 44.942, de 12 de novembro de 2008.

Já em São Paulo, pelo Decreto Esta-dual 53.671, de 10 de novembro do ano passado. Através destes decretos, eles podem transferir seus créditos de ICMS – provenientes da aquisição de insumos agropecuários (ver boxe ao lado) – para aquisição de máquinas e implementos agrícolas, insumos agropecuários e embalagens, além de combustível, energia

elétrica, sacaria nova e materiais de embalagem, entre outros. Para Luis César Marangoni, o desconhecimento do benefício e a imagem de “algo complicado” acabam restringindo o uso de tal benefício. “A escrituração da propriedade rural precisar estar bem organizada, com os talões de notas fiscais corretamente preenchidos, conforme as notas fiscais de entrada das operações e comprovando a movimentação contábil. Fora isto, o escritório de contabilidade rural se responsabiliza por encaminhar a documentação necessária junto ao Posto Fiscal da Receita Estadual. Liberado os créditos, o agricultor passa a se responsabilizar pelo contato com as empresas de máquinas e insumos, buscando trocar os créditos por mercadorias do seu interesse”, explica Marangoni.

TIRE SUAS DÚVIDAS Quem pode fazer a recuperação? Todo e qualquer produtor rural devidamente inscrito na Fazenda do Estado de São Paulo, devendo também estar inscrito no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Quais insumos dão origem à recuperação? Tudo o que for utilizado pelo produtor em sua atividade agropastoril,

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desde que tais insumos (combustíveis, corretivos de solo em geral, agroquímicos em geral, embalagens descartáveis de venda da produção, eletricidade, frete, dentre outros) sejam onerados pelo ICMS na hora da compra. O que pode ser feito com os créditos de ICMS? No caso de São Paulo, o produtor pode trocar os seus créditos por

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CONTABILIDADE RURAL - CRÉDITO DE ICMS dinheiro, caso faça a venda de sua produção a uma indústria que aceite a troca. Essa modalidade é uma negociação pela qual a indústria que adquiriu a produção não é obrigada a receber os créditos, portanto, só será feita a transferência se a indústria quiser. O produtor ainda poderá adquirir bens ou insumos destinados à sua produção agropastoril e pagar com seus créditos. Mas não há obrigatoriedade de as empresas vendedoras aceitá-los em pagamento, o que deverá ser negociado caso a caso, em particular. Os bens que podem ser adquiridos com os créditos são: a) Tratores, máquinas e implementos agrícolas, suas partes e peças em geral; b) - Sacaria nova e materiais de embalagem descartáveis; c) - Combustíveis - óleo diesel, gasolina (para veículos e aviões de pulverização), álcool, gás veicular e gás para aquecimento de aviário; d) - Energia elétrica utilizada na movimentação de máquinas e equipamentos destinados à atividade agropastoril; e) - Insumos agropecuários: inseticida, fungicida, formicida, herbicida, parasiticida, germicida, acaricida, nematicida, raticida, desfolhante, dessecante, espalhante, adesivo, estimulador ou inibidor de crescimento (regulador), vacina, soro ou medicamento, com destinação exclusiva a uso na agricultura, pecuária, apicultura, aqüicultura, avicultura, cunicultura, raniculFOTO: Nilson Konrad

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tura ou sericicultura; ração animal, concentrado, suplemento, aditivo, premix ou núcleo, sendo o fabricante ou o importador devidamente registrado nos ministérios da Agricultura e da Reforma Agrária e o seu número seja indicado no documento fiscal; calcário ou gesso, como corretivo ou recuperador do solo; composição ou fabricação de ração animal; esterco animal; mudas de plantas; sêmen congelado ou resfriado; enzimas preparadas para decomposição de matéria orgânica animal; amônia, uréia, sulfato de amônio; nitrato de amônio, nitrocálcio, MAP (mono-amônio-fosfato), DAP (di-amônio fosfato) ou cloreto de potássio; adubo simples ou composto, ou fertilizante; girino, alevino, ovo fértil e aves de um dia, exceto as ornamentais; gipsita britada destinada ao uso na agropecuária ou à fabricação de sal mineralizado; milheto, quando destinado a produtor e à cooperativa de produtores. Como são feitas as “compras”? Primeiro, o produtor tem de estar com seus créditos aprovados até o mês

imediatamente anterior ao da compra. Depois, precisa verificar se o produto ou bem está dentro da listagem dos permitidos pelo Governo. Após esses procedimentos, procurar qual a empresa aceitará os créditos e acertar todos os detalhes (forma de venda, valor a ser transferido, data provável da transferência etc). Tirar a nota fiscal do produto (NF), fazendo constar da nota de venda todos os dados de sua propriedade detentora do crédito (lembrando que os créditos são da propriedade e não do produtor). Após receber a NF de venda, fazer a nota fiscal de produtor (NFP) em transferência de créditos nos exatos moldes do contido na Portaria CAT 17/03. Levar a NF de venda (primeira e terceira vias) e a NFP de transferência (1ª, 2ª e 4ª vias) no Posto Fiscal da propriedade para pegar o carimbo de liberação do crédito, enviando a seguir a primeira e quarta vias da NFP ao vendedor. Sem perigo em se fazer a recuperação dos créditos Não há perigo em fazer a recuperação e a transferência. De acordo com a Secretaria Estadual da Receita, o perigo está em “quem” faz esse serviço para o produtor. Por isso, ele deve sempre procurar por pessoa capacitada, com clientes que lhe possam dar indicações de serviços já realizados e ir ao Posto Fiscal ou revendas autorizadas para verificar se a pessoa que está se dispondo a realizar os serviços é conhecida.

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ABERTURA DE FIRMAS, ESCRITAS FISCAIS E CONTABILIDADE EM GERAL


Pecuaristas utilizam a polpa cítrica como substituta para o milho FOTO: Abecitrus

Subproduto da agroindústria citrícola, a polpa cítrica pode ser uma boa alternativa para a alimentação do rebanho bovino. Composta basicamente por cascas, sementes e bagaço de laranja, depois que a fruta é submetida à extração do suco, a polpa cítrica pode ser armazenada em condições ideais, podendo durar até a próxima safra. Usada há mais de um século na alimentação dos bovinos no hemisfério norte, somente nos últimos anos esse produto passou a fazer parte, de forma mais efetiva, da alimentação do rebanho brasileiro. Grande parte da polpa produzida no país era vendida para o exterior, o que encarecia o produto internamente.

O seu processo de produção, que ocorre entre maio e dezembro, consiste basicamente de duas prensagens do bagaço da laranja para a retirada de água, obtendo-se um material com até 75% de umidade. O líquido obtido no

processo é reincorporado a polpa, para facilitar a formação de pellets, como normalmente é apresentado para consumo. O seu fornecimento se dá diretamente no cocho, completando o volumoso ou, se o produtor preferir, misturado à ração, desde que o misturador esteja capacitado para triturá-lo. Com isso, reduzem-se os custos que envolvem o fornecimento de concentrados, promovendo maior economia no processo. Antes de introduzir o produto na dieta, porém, é preciso fazer um planejamento da alimentação estabelecida na fazenda, pois só assim vai se maximizar o desempenho propiciado pelo produto.

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De acordo com Jailton Carneiro, nutricionista e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, o valor energético (NDT) da polpa representa 70% do valor energético do milho, o que a torna uma boa substituta para os grãos. “Mas a polpa só é plenamente viável quando o seu preço representar, no máximo, 70% do preço do milho”, afirma. Os preços costumam oscilar de acordo com a oferta e a cotação internacional e na época da safra é possível encontrar a polpa a valores competitivos. Outro fator que pode aumentar os custos da polpa é o transporte. Enquanto as lavouras de milho estão dispersas no Brasil, grande parte da produção de laranja do País concentra-se em São Paulo, favorecendo os produtores mais próximos das áreas de citricultura. O preço do produto varia conforme a safra da laranja. Entre os meses de maio e janeiro, quando se colhe a fruta, os valores são mais atrativos. Contabilizando-se os custos e verificando que não há impedimento econômico, a utilização da polpa traz vantagens: ela é um alimento palatável, possui 24% de fibras digestíveis (FDN) e 70% de NDT. Isso lhe dá condições de substituir não só o milho, mas também outros cereais energéticos. Utilizando a polpa cítrica - A polpa cítrica pode ser usada de várias maneiras. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Fermino Deresz, afirma que uma das formas de utilização é como aditivo na produção de silagens de capins tropicais, melhorando o processo de fermentação. “As gramíneas tropicais são pobres em carboidratos enquanto a polpa é excelente neste aspecto. Seu uso na produção de silagem do Capim-Elefante, por exemplo, aumenta o teor de matéria seca da silagem, beneficia o processo de fermentação e diminui as perdas”, diz Deresz. Ele recomenda que seja entre 10% e 20% a participação da polpa cítrica nas silagens de gramíneas tropicais, na base da matéria seca.É indicada para vacas em lactação, novilhas e bezerros. Mas não se deve exagerar na utilização do produto para não comprometer a ação de outros componentes da dieta, já que ela pode interferir na digestibilidade da celulose e, assim, alterar o balanceamento da dieta.

Tabela 1. Níveis Comparativo de Proteína Bruta, Valor Energético e Fibras Digestíveis do Milho e da Polpa Cítrica.

FOTO: Editora Attalea

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Produto Milho Polpa Cítrica

PB 10% 7%

NDT 85% 70%

FDN 10% 24%

* PB = Proteína Bruta; NDT = Valor Energético; FDN = Fibras Digestíveis. Fonte: Nutrient Requeriments Dairy Cattle - NRC

menos ácido propiônico e mais ácido acético”, diz Deresz. Além disso, por estimular a produção de ácido acético no rúmen, ocorre o aumento do teor de gordura no leite. Numa época em que os sólidos totais estão bastante valorizados, essa não deixa de ser uma vantagem adicional.

“A dieta precisa ser equilibrada para se obter resposta em produção de leite. A polpa não pode ser dada em excesso, pois acaba comprometendo a ação dos outros elementos que compõem a receita”, destaca. Deresz recomenda que sejam fornecidos até quatro quilos de polpa para vacas em qualquer estágio da lactação, divididos em duas vezes (dois quilos pela manhã e dois à tarde). Para as novilhas, pode-se usar a polpa até 30% da matéria seca total da dieta (volumoso + concentrado). O fornecimento do produto reduz a necessidade de grão de milho ou sorgo já que, com a polpa, os animais estão recebendo grande parte da energia de que necessitam. Mas, por ser um alimento com baixo teor de proteína e minerais (principalmente sódio, fósforo e enxofre), Deresz chama a atenção para a necessidade de um melhor balanceamento da alimentação do rebanho, o que pode ser feito com o apoio de um técnico. Por sua alta digestibilidade (24% de FDN), a polpa é indicada para vacas de alta produção que utilizam níveis elevados de concentrados. “As características positivas da fermentação ruminal, quando se usa o produto, diminuem a acidose das vacas. Isto se deve ao fato do produto ser fibroso o que, na fermentação ruminal, permite a produção de

Polpa x Milho - Por possuir grande valor energético e uma fração fibrosa de alta digestibilidade, a polpa cítrica é um ótimo substituto para o milho. O produto tem ainda um elevado teor de pectina (cerca de 30%), um carboidrato cuja degradação é bastante elevada no rúmen, acelerando o processo digestivo e, como conseqüência, estimulando o consumo de alimentos por parte dos bovinos. Compare na Tabela 1 os valores que diferenciam o milho da polpa cítrica. Vantagens da polpa cítrica Quando o preço do produto não constitui um fator limitante, as vantagens da utilização da polpa cítrica são muitas. Confira algumas delas: • O produto possui bom teor de energia (70% de NDT). • Sua fração fibrosa é de alta digestibilidade, o que aumenta o consumo de alimentos. • A polpa cítrica, ao melhorar a fermentação, aumenta a qualidade das silagens de gramíneas tropicais quando usada como aditivo no processo de ensilagem. • Oferecida no cocho como alimento exclusivo ou misturado ao volumoso, o produto diminui a ocorrência de problemas metabólicos (acidose ruminal), especialmente nas vacas de maior produção que consomem grande quantidade de concentrado. • Por estimular a produção de ácido acético no rúmen da vaca, a polpa cítrica contribui para aumentar o teor de gordura no leite.


Cachaça Elisa conquista prêmio máximo em concurso nacional FOTOS: Christian Johnson

Há dois anos atrás, tive lentes. Mas o que ninguém sabe o privilégio de entrevistar o é que nós, paulistas, também empresário rural Bruce temos. A estratégia de markeBaner Johnson, norte-ameting deles é primorosa”, analia ricano radicado no Brasil e Christian. proprietário do Alambique Na verdade, a qualidade da Santa Elisa, em Patrocínio cachaça brasileira deve ser resPaulista (SP). Na época, peitada em todo mundo. O veBruce estava colhendo os lho Bruce Baner já dizia que frutos de anos de conheciuma cachaça bem feita apremento e dedicação na prosenta qualidade superior ao dução de cachaça de alammais famoso whisky do munbique. A Cachaça Elisa do. Carlos Lima, diretor execuAirosa Ouro havia arretivo do IBRAC - Instituto Brasibatado o primeiro lugar no leiro da Cachaça, compartilha 2º Concurso Nacional de da mesma análise. Avaliação da Qualidade de Para comprovar esta tese, Cachaça, promovido pelo o produtor mostra com orguLaboratório para o Desen- O empresário Christian Johnson, em sua loja em Patrocínio lho a premiação da marca involvimento da Química da P a u l i s t a . ternacional de cachaça da emUSP-São Carlos. presa em um concurso realiInfelizmente, Bruce faleceu. Foi das quatro cachaças brasileiras com zado na Inglaterra, o Silver Best in uma perda irreparável. Mas o seu tra- conceito máximo. As outras marcas Class.“Além do mercado interno, a balho não foi em vão e vem sendo campeãs foram: Sirigaita do Canário empresa exporta, tendo a Califórnia administrado, com ‘sabedoria’, pelo filho (Batatais/SP), Dedo de Prosa Car- como nosso principal mercado. Com valho (Piranguinho/MG) e Germana isto, a demanda vem aumentando, o que Christian Johnson. Como prêmio à esta dedicação e co- (Caeté/MG). tem contribuído para a manutenção de Além do prêmio máximo, o Alam- nossa produção, estimada em 80 mil nhecimento, em dezembro do ano passado, o Alambique Santa Elisa foi um bique Santa Elisa conquistou ainda dois litros por ano”, afirma o produtor. dos grandes destaques do 3º Concurso segundos lugares na categoria enveSegundo ele, a empresa vem se espeNacional de Avaliação da Qualidade de lhecida - com as cachaças Ginga Brasil cializando em atender os diversos nichos Ouro bem co- de mercado. “O carro-chefe da empresa Cachaça, realizado em Lorena (SP), du- Ouro e Elisa Airosa Ouro, mo o título de campeã na categoria ca- é a Cachaça Elisa rante o 7º Brazilian Meeting on ChemElisa, produto bi-destichaça descansada, com a cachaça Elisa lado. Mas a boa aceitação do público istry of Food and Beverages. Prata. No evento, a Cachaça Elisa Ex- Airosa Prata por cachaça monodestilada contribuiu “Minas Gerais tem cachaças exce- para que investíssemos também na tra Premium foi escolhida como uma

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As conquistas da Cachaça Elisa: o 6º Brazilian Meeting, realizado em São José do Rio Preto/SP, em 2006 (esq.); o Silver Best Class, realizado na Inglaterra em 2007 (centro); e o 7º Brazilian Meeting, realizado em Lorena (SP), em 2008 (dir.).

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produção da Ginga Brasil Brasil”, explica Christian. Além destes produtos e buscando atingir outros tipos de consumidores, a empresa está investindo em diversificação e já lançou uma linha de licores - nos sabores café e jabuticaba. E não para por aí. Mostrando ainda mais sua capacidade empreendedora, Christian informa que, em abril, estará promovendo o lançamento de uma Reserva Especial da Cachaça Elisa Extra Premium Premium. “Trata-se de um produto diferenciado, um lote com mais de 10 anos, com embalagem própria, direcionado a um público seleto. Ainda não definimos a forma deste lançamento, mas já avisamos que dispomos de cerca de apenas mil litros”, diz Christian. A empresa comercializa seus produtos em lojas especializadas de São Paulo (SP), Ribeirão Preto (SP) e Franca (SP) e dispõe de uma loja própria na cidade de Patrocínio Paulista (SP), ‘capitaneado’ pelo amigo Edilson de Castro Martins. Concurso - Coordenado pelo Dr. Douglas Wagner Franco, responsável pelo Instituto de Química da USP de São Carlos, o Concurso Nacional de Avaliação da Qualidade de Cachaça acontece conjuntamente com o Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages (BMCFB). Trata-se de um encontro bianual, que acontece desde 1998, e envolve pesquisadores, profissionais das indústrias de alimentos e estudantes de pós-graduação e graduação do país, com o objetivo de promover a divulgação de estu-

O ‘velho’ Bruce Baner, idealizador de todo o projeto da Agropecuária Santa Elisa

FOTOS: Christian Johnson

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Da esquerda para a direita, os produtos do Alambique Santa Elisa: Elisa Prata, Elisa Ouro, Ginga Brasil Prata e Ginga Brasil Golden

dos sobre Química de Alimentos e Bebidas, bem como incentivar a sua relação com as áreas afins de Biotecnologia e de Processos. Nos anos 1998, 2000 e 2004, o evento aconteceu em São Carlos (SP), no Instituto de Química da USP. Em 1999, foi realizado no Instituto de Química da Unesp de Araraquara (SP). Em 2002, na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Em 2006, foi realizado no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, de São José do Rio Preto (SP). No ano passado, foi realizado em Lorena (SP) e contou com a participação de pesquisadores de diversos países, como Bélgica, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dinamarca, Escócia, Espanha, Itália, Portugal, Peru e Uruguai. O evento vem se destacando pela seriedade na organização do concurso. “A cachaça tem de ser analisada especificamente do ponto de vista sensorial e químico, sem esquecer da importância da análise de substâncias que não de-

veriam estar ali”, analisa Franco. Neste último concurso, 50 produtores participaram do rigoroso processo de escolha das marcas campeãs, que foi composto por três etapas. Primeiramente, a análise química. Posteriormente,15 analistas sensoriais treinados e chefiados por Luigi Odelo (pesquisador italiano do Centro Studi Assaggiatori, da cidade de Brescia) degustaram e elegeram as melhores marcas. E, finalmente, na terceira fase, cada produto (sem rótulo) foi provado por 35 cidadãos comuns. No final, quatro tiraram classificação ouro (sendo duas do Alambique Santa Elisa); sete prata e uma bronze.


Índices de Qualidade e Crescimento de Mudas de Café produzidas em Tubetes João Paulo Marana 1 Édison Miglioranza 2 Ésio de Pádua Fonseca 3 Roberto Hiroshi Kainuma

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INTRODUÇÃO - A produção de café no Brasil tem importância tanto econômica como social, pois o país é o maior produtor mundial, e a cultura utiliza predominante mãode-obra da produção de mudas até a colheita. Na produção comercial de mudas de café tradicionalmente são empregadas sacolas de polietileno. Esses recipientes, porém, trazem o inconveniente de necessitarem de maior volume de substrato, o que aumenta a área do viveiro e dificulta o manejo, especialmente com relação à distribuição de água e mondas e, posteriormente, o transporte para o campo e a posterior 1

- Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil. 2 - Departamento de Agronomia, UEL, CP 6001, 86051-990, Londrina, PR, Brasil. Email: emiglior@uel.br. 3 - Curso de Agronomia, UEL, Londrina, PR, Brasil. = Artigo publicado na Revista Ciência Rural, v.38, n.1, jan-fev, 2008.

distribuição para o plantio na lavoura (CAMPINHOS JR. & IKEMORI, 1983). Além disso, maior quantidade de substrato amplia a possibilidade de disseminação de pragas e doenças, o que pode inviabilizar futuros cultivos. Por outro lado, o uso de tubetes constitui-se numa alternativa para solucionar esses problemas com vantagens (SIMÕES, 1987). Tais recipientes já vêm sendo utilizados com sucesso, por um bom período, em viveiros de pínus e de eucaliptos, com redução nos custos de produção de aproximadamente 50% para mudas de eucaliptos (CAMPINHOS JR & IKEMORI, 1983). A produção de mudas de café em tubetes vem sendo efetuada desde 1989 e atualmente é usada em quase todo o Brasil (COSTA et al., 2000). No caso da utilização de tubetes na produção de mudas, não são recomendados substratos com predominância de terra ou areia (GOMES et al., 1985). Por sua vez, a casca de arroz carbonizada, devido às suas características físicas, químicas e biológicas, é potencialmente utilizável (MINAMI & GONÇALVES, 1994).

O vermicomposto, ou húmus de minhoca, é outro substrato promissor e vem sendo estudadoespecialmente na produção de mudas de espécies florestais (SCHUMACHER et al., 2001; VOGEL et al.,2001), sendo usado também como substrato na produção de mudas de café (ANDRADE NETO et al.,1999). O substrato comercial Plantmax®, devido às suas boas características físicas, também pode ser utilizado na produção de mudas de café, embora necessite de adubações complementares. Na verdade, devido ao pequeno volume dos tubetes, os substratos normalmente utilizados em seu preenchimento não conseguem fornecer as quantidades de nutrientes adequados para o crescimento e desenvolvimento das mudas (MÜLLER et al., 1997; ANDRADE NETO et al., 1999; COSTA et al., 2000). Dessa forma, os nutrientes devem ser fornecidos na forma sólida ou por meio de fertirrigação. MÜLLER et al. (1997) conseguiram produzir mudas de café de boa qualidade em tubetes com o uso de mistura de vermiculita e casca carbonizada de arroz, acrescidas de doses

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adequadas de nitrogênio, fósforo e potássio, fornecidas via irrigação. Entretanto, os viveiristas produtores de mudas de café geralmente não possuem estrutura suficiente para realizar a fertirrigação em larga escala, enquanto os adubos sólidos tradicionais, devido ao volume limitado dos tubetes, não podem ser fornecidos de uma só vez, por ocasião da semeadura ou mesmo do transplantio. Os nutrientes a serem fornecidos às mudas devem ser disponibilizados de acordo com a necessidade das mesmas, durante o período de cinco meses que é necessário à sua formação. O uso de um adubo com liberação lenta atende a essa questão, podendo assim servir para a produção de mudas de café em tubetes, com qualidade necessária para a comercialização. Nesse sistema de produção, a avaliação da qualidade da muda pode ser uma ferramenta para identificar se está sendo conduzida de maneira adequada, isto é, se as mudas encontram-se sadias, com o máximo potencial para sobrevivência e posterior desenvolvimento no campo (FONSECA, 2000). O princípio de avaliação quantitativa é de que quanto maior a muda melhor. Mas, para evitar distorções provenientes do excesso de nitrogênio, por exemplo, ou do crescimento foliar em detrimento do sistema radicular, utilizam-se índices de qualidade, que são relações entre os parâmetros de crescimento. Neste trabalho, o objetivo foi estudar os efeitos das doses de adubo de liberação lenta e de dois tipos de substratos sobre as diversas características de crescimento e sobre a qualidade das mudas de café, a fim de obterem-se parâmetros que permitam a padronização e a classificação segura da qualidade de um determinado lote de mudas. MATERIAL E MÉTODOS - O experimento foi desenvolvido no período de fevereiro a julho de 2001, no setor de produção demudas, no Centro de Ciências Agrárias, na Universidade Estadual de Londrina, em Londrina Paraná, com latitude 23o 23’S, longitude 51o 11’W. O clima da região é Cfa, segundo a classificação de W.Köppen. Foram utilizados dois substratos (substrato comercial Plantmax® e o vermicomposto de esterco decurral com casca de arroz carbonizada na proporção de 4:1 v/v) e cinco doses de fertilizante de liberação lenta: 0, 5, 10, 15, 20kg m-3 de substrato. O substrato

Figura 1 - Variação da matéria seca total (MST), matéria seca de parte aérea (MSPA), matéria seca de folhas (MSF), matéria seca de caule (MSC), altura da parte aérea (APA), área foliar (AF), altura da parte aérea com diâmetro de coleto (RAD), diâmetro de coleto (DC) das mudas de café produzidas em Vermicomposto e Plantmax®, em função das doses de adubo de liberação lenta.

Plantmax® e o substrato vermicomposto apresentavam respectivamente: nitrogênio 5,5cmolc dm-3 e 5,5cmolc dm -3 ; fósforo 2,5cmol c dm -3 e 194,3cmolc dm-3; potássio 4,6cmolc dm-3 e 4,4cmol c dm -3 ; cálcio 15,5cmol c dm-3 e 9,9cmol c dm -3 ; magnésio 24,7cmolc dm-3 e 8,7cmolc dm-3. O adubo de liberação lenta utilizado foi o Osmocote® com a seguinte composição química: N=15%, (7% amoniacal e 8% nitrato), P2O5 = 9%, K2O = 12%, Ca = 3,5%, S = 2,3%, Mg = 1%,

Fe = 0,45%, Mn = 0,06%, Cu = 0,05%, Zn = 0,05% e Mo = 0,02%. Os tubetes utilizados possuíam diâmetro na parte superior de 35mm, 140mm de altura e 120mL de capacidade volumétrica. Todos os tubetes foram previamente lavados e esterilizados com hipoclorito de sódio a 2% diluído em água. Foram utilizadas duas sementes de café, da cultivar “IAC 99”, por tubete, sendo estes mantidos no setor de semeadura e germinação, que é protegido com plástico transparente e tela de polietileno de coloração preta,


com retenção de 48% do fluxo da radiação solar, e provido de sistema de irrigação suspenso com microaspersores com vazão de 75 l h-1. Posteriormente à germinação, as mudas foram levadas para o viveiro coberto com sombrite com 50% de sombreamento e desbastadas, deixando-se apenasuma plântula por tubete. Rega, monda, controle de pragas e doenças foram efetuados conforme recomendação para mudas de café. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em esquema fatorial, com dois substratos e cinco doses de adubo de liberação lenta, com quatro repetições e 25 plantas por parcela, distribuídas em cinco linhas e cinco colunas. A avaliação do crescimento e da qualidade da muda ocorreu aos 150 dias após a semeadura (DAS). Foram determinadas as seguintes características: a) área foliar, expressa em cm2, estimada com medidor de área foliar LI-COR modelo LI-3000; b) número de folhas; c) altura da parte aérea, expressa em cm, medida com régua milimetrada, a partir do coleto até a gema apical; d) diâmetro do coleto, expresso em mm, medido utilizandose um paquímetro com precisão de 0,01mm; e) matéria seca de folhas, matéria seca do caule e matéria seca de raízes, expressas em gramas, determinadas em estufa de circulação forçada a 75ºC até peso constante; f) matéria seca total, expressa em gramas, obtida pela soma das matérias secas de folhas caule e raiz; g) RPAR: relação da matéria seca da parte aérea com a matéria seca de raízes; h) RAD: relação da altura parte aérea com o diâmetro do coleto; i) IQD: índice de qualidade de Dickson obtido pela fórmula j) IQD = [matéria seca total/ (RAD + RPAR)] (DICKSON et al., 1960). Para cada característica avaliada dentro de cada substrato, foram testados modelos polinomiais para o efeito

Tabela 1 - Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas de café: relação parte aérea raiz (RPAR), índice de qualidade de Dickson (IQD) e relação altura da planta e diâmetro do coleto (RAD), em função dos tipos de substratos com cinco diferentes doses de adubo de liberação lenta. Parâmetro de crescimento Massa Seca raiz (g) Massa Seca caule (g) Massa Seca folhas (g) Massa Seca total (g) Número de folhas Área foliar (cm2) Diâmetro do coleto (mm) Altura parte aérea (cm) Parâmetro de crescimento RAD IQD RPAR

Substrato Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Substrato Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® Vermicomposto Plantmax® MÉDIA

Doses

0 0,15a 0,07b 0,06a 0,03b 0,25a 0,05b 0,47a 0,16b 7,31a 3,68b 52,81a 12,36b 2,44a 2,02b 6,79a 4,46b

de

Adubo

5 0,23a 0,31a 0,16b 0,20a 0,76b 0,97a 1,15b 1,49a 10,43a 10,62a 156,67b 199,80a 3,27a 3,23a 10,62b 12,72a

Doses

de

0 2,77a 2,45b 0,09a 0,04b 2,07 1,14 1,60

5 3,26b 3,94a 0,15a 0,19a 4,40 4,27 4,33

Liberação

10 0,16b 0,33a 0,17b 0,24a 0,80b 1,20a 1,13b 1,77a 9,87b 11,5a 149,08b 239,90a 3,06b 3,48a 10,57b 13,85a

Adubo

15 0,17b 0,29a 0,17b 0,24a 0,86b 1,31a 1,21b 1,86a 10,43b 11,81a 172,54b 264,22a 3,06a 3,31a 11,31b 14,50a

Liberação

10 3,45b 4,01a 0,11b 0,21a 6,95 4,71 5,83

Lenta

Lenta

(kg

m - 3)

20 0,17a 0,24a 0,17a 0,24a 1,01b 1,33a 1,38b 1,57a 10,25b 11,37a 193,72b 259,39a 3,19a 3,32a 11,70b 13,60a (kg

m - 3)

15 2 0 média -3,69b 3,69b -4,42a 4,11a -0,12b 0,13a -0,19a 0,16a 6,56 7,95 5,59a 6,06 7,56 4,75b 6,31 7,75

Médias não precedidas de mesma letra na vertical (entre substratos) diferem entre si em nível de 1% pelo Teste de Tukey.

de doses de adubo de liberação lenta. O critério para a escolha do modelo foi a significância pelo teste F a 5% de probabilidade de erro que tenha apresentado maior valor de coeficiente de determinação (r2). Os pontos de máximo foram determinados por meio das derivada primeira das equações de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO - O resultado da análise de variância mostrou efeito significativo para doses e para substrato. Após a realização do teste F para determinar o grau das

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equações, obteve-se que o efeito das doses de adubo de liberação lenta sobre todas as variáveis foi positivo quadrático para o substrato Plantmax-café®, assim como para o substrato vermicomposto, excetuando-se a área foliar (AF) e o diâmetro do coleto (DC), cujos efeitos Figura 11). foram positivos quadráticos (Figura Analisando o comportamento das funções da Figura 11, para o substrato vermicomposto, observa-se que foram alcançados pontos de máximo crescimento correspondentes às doses de adubo de liberação lenta, que variaram de 13,75kg m-3 para diâmetro de coleto

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(DC) até 18,42kg m-3 para relação altura da parte aérea/diâmetro do coleto (RAD). Para o substrato Plantmaxcafé® os pontos de máximo crescimento variaram de13,31kg m -3 para o diâmetro de coleto (DC) até 15,28kg m3 para matéria seca de folhas (MSF). De acordo com os gráficos da figura 1, observa-se que, na dose zero de adubo de liberação lenta, as características de crescimento das mudas estudadas apresentaram os menores valores. Isso comprova que existe a necessidade de complementação nutricional para um bom desenvolvimento das mudas em tubetes, independentemente do substrato, como também foi encontrado por MÜLLER et al. (1997). Na dose zero de adubo de liberação lenta, o desenvolvimento das mudas foi melhor no substrato vermicomposto, para todas as características de crescimento avaliadas, o que pode ser explicado pela fertilidade inicial do substrato principalmente em relação ao fósforo. Por outro lado, a dose de 5kg m-3 de adubo de liberação lenta foi suficiente para o substrato Plantmax-café® ser superior ao substrato vermicomposto nas características avaliadas, exceto para diâmetro do coleto (DC), mas ainda insuficiente para que a muda de café desenvolvesse o máximo de sua potenFigura 11). cialidade (Figura É interessante notar que, na dose de 10kg m-3, todas as características de crescimento avaliadas apresentaram melhor desempenho quando o substrato era o Plantmax-café®. Isso inverte o que aconteceu com a dose zero de adubo de liberação lenta, na qual o substrato vermicomposto apresentou melhores resultados. Por outro lado, na dose de 15kg m-3, o Plantmax-café® também apresentou comportamento superior, enquanto que, para a dose de 20kg m-3, as características diâmetro do coleto (DC) e a relação altura da parte aérea/ diâmetro do coleto (RAD) foram praticamente iguais em relação Figura 11). aos dois substratos (Figura O substrato Plantmax-café®, fertilizado com adubo de liberação lenta, foi considerado adequado para a produção de mudas de café segundo ANDRADE NETO et al. (1999), apesar de naquele experimento o Plantmax® apresentar comportamento inferior ao esterco de curral em dosagem acima de 50%. Estercos com maior concentração de nutrientes, como base do substrato, mesmo que curtido, podem não promover um adequado desenvolvimento

das mudas, dependendo da forma como for usado (SILVA Jr. & GIORGI, 1993). As causas do melhor desempenho do Plantmax-café® que o do vermiFigura 11) devem ser explicomposto (Figura cadas pelas diferenças físicas e químicas entre os dois substratos. Uma possível causa é a de que a casca de arroz carbonizada, usada na composição do vermicomposto, possa ter contribuído para aumentar o teor de manganês, sendo que este, somado ao Mn acrescentado pelo adubo de liberação lenta, pode ter reduzido o crescimento das mudas. FRANCO et al. (2004) determinaram que a casca de arroz carbonizada apresenta altos teores de Mn, cerca de 705mg kg-1 de matéria seca. Na Tabela 11, estão apresentados os valores médios do que se consideraram índices de qualidade das mudas. Outras características, que não o RPAR, apresentaram interação significativa entre os substratos e doses de adubo de liberação lenta em nível de 5% de probabilidade, pelo teste F. Uma vez que os parâmetros de desempenho foram calculados a partir das características de crescimento, foram observados também os menores valores quando da ausência de adubação, independentemente do substrato utilizado, exceto para matéria seca de raiz no substrato vermicomposto Tabela 11). (Tabela Os menores valores de matéria seca total (MST) foram encontrados na dose zero de adubação, quando se comparam as doses de um mesmo substrato. No entanto, quando, na dose zero, comparam-se os dois substratos, a MST foi maior para o vermicomposto que para o Plantmax-café®. Entretanto, já a partir da dose 5kg m-3, o Plantmaxcafé® apresentou melhor desempenho do que o vermicomposto, comprovando sua alta eficiência como adubo de liberação lenta para suplementação de nutrientes em substrato para o crescimento de mudas de café (ANDRADE NETO et al., 1999). Os valores de MST variaram entre 0,16 e 1,86. Considerando-se que a dose de 10kg de adubo de liberação lenta por m3 de substrato foi a mais adequada para o crescimento e desenvolvimento do Tabela 11), valores de MST cafeeiro (Tabela entre 1,0 e 1,8 gramas de matéria seca por muda parecem razoáveis. As relações altura da planta/diâmetro do coleto (RAD) também foram menores na dose zero de adubação e, novamente, as plantas se desenvolveram

melhor em Vermicomposto que em Tabela 1). 1 Em todas as Plantmax® (Tabela adubações com adubo de liberação lenta, as mudas também apresentaram melhor desempenho quando o substrato usado foi o Plantmax®. No caso do vermicomposto, os valores de RAD variaram entre 2,77 e 3,69, e os maiores valores foram obtidos para as doses de 10, 15 e 20kg m-3 Tabela 11). (Tabela Com relação ao Plantmax®os valores de RAD variaram entre 2,45 e 4,42, e os maiores valores foram obtidos Tabela para as doses de 15 e 20kg m-3 (Tabela 1 ). De maneira geral, observou-se que, com o incremento das doses de adubo, aumentaram os valores de RAD, indicando um efeito semelhante ao estiolamento, crescendo a muda mais em altura do que em diâmetro do coleto. Considerando-se que a dose de 10kg m-3 foi a mais adequada, então, valores de RAD de 3,5 a 4,0 parecem razoáveis. Valores maiores indicam crescimento excessivo da muda em altura, e menores indicam menor crescimento. Em ambos os casos, os problemas podem ser controlados com o manejo das condições no viveiro. O crescimento excessivo pode ser controlado com reduções nas adubações, reduções na irrigação e exposição à plena luz. Os índices de qualidade de Dickson Tabela 11). variaram entre 0,04 e 0,21 (Tabela Quando o substrato foi o vermicomposto, a dose zero apresentou a menor média e a dose de 5kg m-3 apresentou a maior média. Por outro lado, nas demais doses, os desempenhos das mudas foram intermediários entre esses dois extremos Tabela 1). 1 No caso do Plantmax® o (Tabela menor valor foi obtido na dose zero, sendo que, para todas as demais doses, as médias foram maiores que essa. No tratamento sem adubação, o vermicomposto apresentou melhores resultados que o Plantmax-café®. Estabelecendose como padrão o valor mínimo de 0,20, conforme recomendação de HUNT (1990), observa-se que apenas na dose de 10kg de adubo de liberação lenta por m3 de Plantmax® as mudas atingiram esse valor. Conforme FONSECA (2000), o manejo das mudas no viveiro pode permitir que se atinja o valor mínimo desejado. Os valores da relação parte aérea/ raiz (RPAR) variaram entre 1,14 e 7,95 Tabela 1). 1 De modo geral, RPAR (Tabela aumentou com o aumento da dose de


adubo fornecido, independentemente do tipo de substrato. Assim, somente com a dosagem máxima obteve-se a maior média entre os dois substratos para a relação parte aérea/raiz (RPAR), que foi de 7,75 Tabela 11). As mudas produzidas no (Tabela substrato Plantmax® apresentaram média menor que as produzidas no substrato vermicomposto, evidenciando que as mudas de café apresentam maior crescimento de suas raízes quando desenvolvidas no vermicomposto, em relação ao Plantmax®. Considerandose a dose de adubo de liberação lenta de 10kg m-3 de substrato como a mais adequada para o desenvolvimento das mudas, valores razoáveis de RPAR podem variar de 4,7 a 7,0. Valores de RPAR menores que 4,7 indicam que a muda não teve um bom desenvolvimento da parte aérea, sendo que, acima de 7,0, o crescimento do sistema radicular aparentemente foi insuficiente. Os índices estudados relacionam-se com um equilíbrio entre diferentes avaliações, através de uma razão entre elas. Identificou-se, neste trabalho, para o RPAR, que os melhores valores situaram-se entre quatro e sete, o que é semelhante ao encontrado em MÜLLER et al. (1997), que não utilizaram adubo de liberação lenta em seu estudo, o que melhor caracteriza a validade de sua referência para uso generalizado.

de relação altura da planta e o diâmetro do caule de 4,0; o índice de qualidade de Dickson de 0,21; e a relação de matéria seca entre a parte aérea e raiz de 4,7.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ENDNOTES ANDRADE NETO, A. et al. Avaliação de substratos alternativos e tipos de adubação para a produção de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.) em tubetes. Ciência e Agrotecnologia Agrotecnologia, v.23,n.2, p.270-280, 1999. CAMPINHOS JÚNIOR, E.; IKEMORI, Y.K. Introdução de nova técnica na produção de mudas de essências florestais. Silvicultura Silvicultura, n.28, p.226-228, 1983. COSTA, A.C.M. et al. Mudas em tubetes: novos componentes e misturas. Informativo da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça Garça, Ano 5, n.51, p.14-15, 2000. DICKSON, A. et al. Quality appraisal of white spruce and white pine seedling stock in nurseries. Forest Chronicle, v.36, p.10-13, 1960. FONSECA, E.P. Padrão de qualidade de mudas de Trema micantra (L.) Blume, Cedrela fissilis Vell. e Aspisdosperma polyneurom Müll. Arg. produzidas sob diferentes períodos de sombreamento sombreamento. 2000. 113f. Tese (Doutorado em Agronomia – Produção Vegetal) - Universidade Estadual Paulista. FRANCO, E. et al. High metal contents in coffee plant organs developed in tubets with different proportions of biosolid composts and carbonized rice hulls. Brazilian Archives of Biology and Technology Technology, v.47, n.4, p.503-510, 2004. GOMES, J.M. et al. Uso de diferentes substratos na produção de mudas de Eucaliptos grandis em tubetes e em bandejas de isopor. Revista Árvore Árvore, v.9, n.1, p.58-86, 1985.

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17 Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -

Attalea

CONCLUSÕES - Em tubetes de 120mL, os substratos necessitaram de adubação para garantir o crescimento e o desenvolvimento adequado das mudas de café, sendo a dose de 10kg de adubo de liberação lenta por m3 de substrato a mais adequada para a formação de mudas de café, independentemente do substrato utilizado. Quando se adubou com 10kg de adubo de liberação lenta por m3, no que se refere à qualidade de muda, foi

preferível usar o Plantmax-café® em relação ao vermicomposto. As mudas desenvolvidas em Plantmax-café® adubado com 10kg de adubo de liberação lenta por m3 apresentaram o valor

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Estimação da Duração do Subperíodo Floração-Maturação dos Frutos das Cultivares de Café Mundo-Novo e Catuaí Fabiana Lataro Nunes 1 , Marcelo B. Paes de Camargo 2 , Luiz Carlos Fazuoli 2, José Ricardo M. Pezzopane 3

18 Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -

INTRODUÇÃO - Previsões de safras agrícolas são de suma importância para o estabelecimento da política cafeeira no país. Modelos agrometeorológicos que relacionam condições ambientes, como temperatura e disponibilidade hídrica no solo, com fenologia e produtividade do cafeeiro estão sendo desenvolvidos para as regiões cafeeiras do Brasil. Esses modelos consideram que cada variável meteorológica exerce controle na produtividade da cultura por influenciar em determinados períodos fenológicos críticos, como na floração, na formação e na maturação dos frutos dos cafeeiros. O café arábica (Coffea arabica L.) é uma planta especial, que leva dois anos para completar o ciclo fenológico, o qual apresenta uma sucessão de fases vegetativas e reprodutivas, diferente1

- Curso de PG em Agricultura Tropical e Subtropical, IAC, Campinas-SP, Bra. fabilataro@hotmail.com. 2 - Instituto Agronômico, IAC, Campinas-SP, Bolsista – CNPq. mcamargo@iac.sp.gov.br 3 - Centro Universitário Norte do Espírito Santo, UFES, São Mateus-ES. josepezzopane @ceunes.ufes.br

mente da maioria das plantas que emitem as inflorescências na primavera e frutificam no mesmo ano fenológico CAMARGO, (1985). CAMARGO & CAMARGO, (2001) subdividiram o ciclo fenológico do cafeeiro para as condições climáticas tropicais do Brasil, em seis fases distintas: 1ª) vegetação e formação das gemas foliares; 2ª) indução e maturação das gemas florais; 3ª) florada, chumbinho e expansão dos frutos”; 4ª) granação dos frutos; 5ª) maturação dos frutos e 6ª) repouso e senescência dos ramos terciários e quaternários. O período reprodutivo do cafeeiro corresponde ao subperíodo “floraçãomaturação (fases 3 a 5). A 3ª fase “florada, chumbinho e expansão dos frutos” inicia normalmente a partir de setembro com o reinício das chuvas da primavera, que induzem a floração principal do café e vai até dezembro. Temperatura elevada associada a déficit hídrico durante a florada pode causar abortamento das flores. Após a fecundação, vêm os chumbinhos e a expansão dos frutos. Havendo estiagem forte nesta fase, o estresse hídrico poderá prejudicar o crescimento dos frutos. A 4ª fase de “granação dos frutos” ocorre quando os líquidos internos solidificam-

FOTO: Editora Attalea

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Cafeeiro da variedade Catuaí

se, dando formação aos grãos de café. Ocorre em pleno verão, normalmente de janeiro a março. As estiagens severas nessa fase poderão resultar em mal formação do endosperma, ou seja “chochamento” de frutos. A 5ª fase “maturação dos frutos” ocorre normalmente entre abril e junho, sendo que a maturação plena acontece, quando pelo menos 50% dos grãos atingem a fase de cereja. Segundo CAMARGO & CAMARGO (2001) o subperíodo “floraçãomaturação” é completado quando a soma de evapotranspiração potencial (ETp) atinge cerca de 700 mm. Este valor é equivalente ao acúmulo de cerca de 2800 graus-dia (PEZZOPANE et al., 2005). Porém, segundo PEZZOPANE et al. (2006), para ser incorporado em modelos de estimativa de produtividade são necessários mais estudos para determinar com maior precisão os limites térmicos e hídricos para a maturação dos frutos. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar os melhores modelos agrometeorológicos de quantificação de soma térmica na estimação da duração do subperíodo floração-maturação dos frutos das cultivares de café “Mundo Novo” e “Catuaí”.


MATERIAL E MÉTODOS - Os Tabela 11. - Soma térmica, em graus-dia (GD) e evapotranspiração (ET), no período dados fenológicos de café ( Coffea floração-maturação para o cafeeiro, cv Mundo Novo em Campinas, SP. arabica L.) cultivares Mundo Novo e Ano GD GDcorr ETp ETr ETr e ETp Catuaí foram obtidos junto aos arquivos Agrícola (Tb=10,2 oC) (Tb=10,5 oC) mm mm mm dos Centros de Café “Alcides Carvalho” s/correção c/correção e de “Ecofisioloia e Biofísica” de experi1988/89 2624 2480 707 647 687 mentos realizados no Centro Experi1989/90 2629 2511 686 652 679 mental Central do Instituto Agronômico 1990/91 2569 2450 669 628 634 (IAC), localizado no município de 1995/96 2727 2600 791 731 743 Campinas, São Paulo (Lat.: 22o54’ S; 2001/02 2618 2519 763 732 744 Long.: 47o 05’ W e altitude de 669m). 2002/03 2837 2642 826 704 723 Os dados meteorológicos diários de 2003/04 2665 2533 768 716 736 precipitação e de temperaturas máximas 2004/05 2764 2640 800 755 784 e mínimas do ar foram obtidos do posto 2005/06 2953 2812 821 766 780 meteorológico do IAC localizado pró2006/07 2979 2788 836 733 770 ximo aos talhões de café considerados. Média 2736,2 2597,4 766,7 706,7 728,0 Foram considerados diversos ciclos DP 144,2 124,4 60,3 47,9 48,5 do período de floração até a colheita CV (%) 5,3 4,8 7,9 6,8 6,7 obtidos dos arquivos históricos do programa de melhoramento de café do IAC de 1986 a 2007, em um total de 10 ciclos sentada pela ETp, que foi estimada solar na região, constitui assim, um para a cultivar Mundo Novo e 11 ciclos para pelo método de THORNTHWAITE índice de eficiência térmica da região, a cultivar Catuaí. Em se tratando de experi- (1948). A ETp é um elemento semelhante aos graus-dia (GD), porém mentos que possuíam o objetivo de produção climatológico fundamental para sendo expressa em milímetros (mm) de sementes do programa de melhoramento, indicar a disponibilidade de energia de evaporação equivalente a colheita era realizada quando os frutos estavam na fase de cereja considerada como a maturação plena dos frutos. Estes cultivares representam a grande maioria do parque cafeeiro do Brasil. O cultivar Mundo Novo possui alta capacidade de adaptação, dando boas produções em quase todas as regiões cafeeiras do Brasil, com porte alto, vigoroso, apresenta frutos vermelhos de maturação média e ótima qualidade da bebida. O cultivar Catuaí tem ampla capacidade de adaptação, com porte baixo, indicado para plantios adensados ou em renque. Apresenta frutos amarelos ou vermelhos de maturação média à tardia e ótima qualidade da bebida (FAZUOLI et al, 2007). Foram utilizadas diferentes somas térmicas baseadas em evapotranspirações (“ETp”, “ETr” e “ETr e ETp”) e graus-dia (“GD” e “GD corrigido pelo fator hídrico”). Inicialmente foi determinada a acumulação da ETp, e posteriormente da evapotranspiração real (ETr) e combinação dessas duas ETs (ETp e ETr) conforme proposto por PEZZOPANE et al. (2005) considerando ETr nos oito primeiros decêndios após a floração e acúmulo da ETp do nono decêndio até a matuAv. Wilson Sábio de Mello, 1490, São Joaquim ração. Este procedimento foi adotado, para considerar a influência de períodos com deficiência hídrica no desenvolvimento inicial dos frutos do cafeeiro. Tel. (16) 3402-7026 / 3402-7027 Desta maneira, foram gerados valores 3402-7028 / 3402-7029 decendiais da demanda atmosférica, repre-

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SILVA & DINIZ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO DE CAFÉ LTDA.

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19 Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -


20 Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -

(CAMARGO & CAMARGO, 2000), que é uma unidade física quantitativa (CAMARGO, 1962). O cálculo destes balanços hídricos foi realizado pelo programa desenvolvido por ROLIM et al. (1998), feito em planilhas no ambiente EXCELTM, baseado no método de THORNTHWAITE & MATHER (1955), em escala decendial. Como entrada de dados, o modelo utilizou valores diários de temperatura mínima e máxima do ar e precipitação pluviométrica, considerando capacidade máxima de água disponível (CAD) igual a 100 mm, que atende a grande maioria dos solos das áreas cafeeiras do Estado de São Paulo (CAMARGO & PEREIRA, 1994). Além do método de evapotranspiração utilizou-se o método clássico de graus-dia (GD) que segundo PEREIRA et al. (2002), baseia-se no fato de que a taxa de desenvolvimento de uma espécie vegetal está relacionada à temperatura do meio. Para isso, pressupõe a existência de temperatura basal inferior, abaixo da qual a planta não se desenvolve, e se o fizer, será a taxas reduzidas. Cada grau de temperatura acima da temperaturabase corresponde a um grau-dia. Cada espécie vegetal ou cultivar possui uma temperatura base, que pode variar em função dos diferentes subperíodos de desenvolvimento da planta, FOTO: Editora Attalea

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Cafeeiro da variedade Mundo Novo

O cálculo de GD é dado pela seguinte equação: GD = “ Tmed – Tb

FH = NH / N em que Tmed é a temperatura média do ar (ºC) e Tb é a temperaturabase inferior, determinada por PEZZOPANE et al. (2005) para o período floração-maturação como sendo de 10,2 ºC. Este conceito de graus-dia assume a existência de relação

Tabela 2. - Soma térmica, em graus-dia (GD) e evapotranspiração (ET), no período floração-maturação para o cafeeiro, cv Catuaí em Campinas, SP. Ano Agrícola

1986/87 1987/88 1989/90 1990/91 1991/92 1995/96 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 Média DP CV (%)

GD GDcorr (Tb=10,2 oC) (Tb=10,5 oC) s/correção c/correção

2936 2724 2654 2619 2731 2796 2703 2779 3038 2680 3032 2790,2 147,3 5,3

linear entre desenvolvimento da cultura e temperatura, não considerando o efeito de outros fatores ambientais sobre o crescimento e desenvolvimento vegetal. Para o cafeeiro, o desenvolvimento inicial da frutificação pode ser retardado em função de ocorrência de deficiência hídrica (RENA & MAESTRI, 1985). Para considerar os efeitos da ocorrência de deficiência hídrica no desenvolvimento inicial dos frutos de café foi utilizado também o “GD corrigido pelo fator hídrico” que é um fator de correção para os GD em função da disponibilidade de água no solo no inicio do desenvolvimento dos chumbinhos e expansão dos frutos (até o oitavo decêndio após a floração), de acordo com PEZZOPANE et al. (2005). O fator de correção dos grausdia para a disponibilidade hídrica (FH) no solo foi calculado com o uso da seguinte equação, proposta por MASSIGNAM & ANGELOCCI (1993):

2787 2565 2532 2495 2585 2663 2603 2558 2840 2566 2882 2643,3 132,5 5,0

ETp mm

791 740 705 678 741 806 784 794 850 781 840 773,7 53,0 6,9

ETr mm

732 663 664 637 678 744 753 661 758 741 780 710,0 49,7 7,0

ETr e ETp mm

754 681 682 644 708 759 765 680 790 764 799 729,6 52,2 7,2

onde: NH é a duração da fase que ocorreria se não houvesse deficiência hídrica e N é a duração da fase estimada por meio de equação de regressão proposta por PEZZOPANE et al. (2005). Os graus-dia corrigidos (GDcorr) para os decêndios iniciais de desenvolvimento onde ocorrem deficiências hídricas, foram calculados pela seguinte equação, considerando Tb igual a 10,5°C de acordo com PEZZOPANE et al. (2005): GDcorr = GD * FH

RESULTADOS E DISCUSSÃO - Nos 10 ciclos analisados para a cultivar Mundo Novo a duração do período floração-maturação variou de 197 a 227 dias com média de 212 dias. Considerando os 11 ciclos para a cultivar Catuaí, a duração do período floração-maturação variou de 197 a 234 dias com média de 217 dias.


Estes resultados confirmam que a cultivar Mundo Novo apresenta maturação média, enquanto a Catuaí maturação média-tardia. As necessidades térmicas (ET e GD) para o café, cultivar Mundo Novo e Catuaí no período da floração-maturação estão apresentadas nas Tabelas 1 e 22. Observa-se que a acumulação de média de ETp, foi de 766,7 mm para a cultivar Mundo Novo e de 773,7mm para a cultivar Catuaí, indicando assim que esta última é mais tardia que a cv. Mundo Novo. Estes valores foram superiores ao valor originalmente sugerido por CAMARGO & CAMARGO (2001) de cerca de 700mm. Entretanto a acumulação de ETp apresentou valores

de desvio padrão superiores comparados com as acumulações utilizando “ETr” ou “ETr e ETp”, que apresentaram valores médios de ETr de 706,7mm para a cultivar Mundo Novo e de 710,0mm para a cultivar Catuaí indicando assim um melhor desempenho do que a ETp na quantificação da acumulação necessária para o complemento da fase do florescimento - maturação. Com relação ao método clássico de GD utilizando Tb de 10,2o C, observouse média de 2736,2 GD para a cultivar Mundo Novo e 2790,2 GD para a cultivar Catuaí. Quando comparados com as somas térmicas com procedimento de correção (Tb=10,5 oC) para o fator

hídrico foi encontrado um acúmulo de 2597,4 GD para a cultivar Mundo Novo e 2643,3 GD para a cultivar Catuaí. A soma térmica utilizando “GD com correção para o fator hídrico” apresentou os menores valores de coeficientes de variação (4,8% e 5,0% para Mundo Novo e Catuaí respectivamente) e consequentemente as melhores estimações comparadas às demais somas térmicas. Assim, “GD com correção para o fator hídrico” possui potencialmente melhor capacidade para a quantificação da acumulação térmica necessária para o complemento da fase da floraçãomaturação para a cultivar Mundo Novo (2597 GD) e para a cultivar Catuaí (2643 GD).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ENDNOTES CAMARGO, A. P. Contribuição para a determinação da evapotranspiração potencial no Estado de São Paulo. Bragantia, Campinas, v. 21, n. 12, p. 163-203, 1962. CAMARGO, A. P. Florescimento e frutificação de café arábica nas diferentes regiões cafeeiras do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.20, n.7, p. 831-839, 1985. CAMARGO, A.P.; PEREIRA, A.R. Agrometeorology of the coffe crop. Gebeve. World Meteorological Organization, 1994. 96p. (Agricultural Meteorology CaM report, 58). 1994. CAMARGO, A.P.; CAMARGO, M.P. Uma revisão analítica da evapotranspiração potencial. Artigo de Revisão. Bragantia, Campinas, v.59, n.2, p.125-137, 2000. CAMARGO, A.P.; CAMARGO, M.B.P. Definição e esquematização das fases fenológicas do cafeeiro arábica nas condições tropicais do Brasil. Bragantia, Campinas, v. 60, n. 1, p. 65-68, 2001. FAZUOLI, L.C.; SILVAROLA, M.B., SALVA, T.J.G. et al. Cultivares de café

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Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -


M E R C A D O D E

Mercado Físico Café Arábica - Fonte Gazeta Mercantil e Café & Mercado. (Média mensal, R$ /sc 60kg) SÃO PAULO • Mogiana - Fino/Extra Fino - Bica Dura 6 • Marília/Garça - Bica Dura 6 - Bica Dura/Riada - Bica Rio 7

MINAS GERAIS

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• Sul/Sudoeste - Bica Fina - Bica Dura 6 - Cereja Desc. • Cerrado - Fino/Extra Fino - Bica Dura 6 - Cereja Desc.

JUL

ANO 2008 AGO SET OUT

NOV

Preços de Insumos Cafeicultura - Fonte IEA (Em R$)

Mês

Out/07 Jan/08 Ago/08 Out/08

• INSETICIDAS DE SOLO Verdadero 600WG (1kg) 424,31 Baysiston GR (20kg) 250,73 Temik 150 (20kg) 379,37 Actara 250WG (100g) 29,83

432,14 251,03 367,13 28,86

453,56 253,61 378,54 29,76

476,54 243,23 364,21 30,31

37,92 37,11

39,03 37,59

40,44 38,71

256,00 249,78 264,84 260,28 264,95 251,83 245,88 261,53 257,29 261,95 267,06 252,31 269,67 264,58 273,10

• FERRUGEM, PHOMA e CERCOSPORA Priori Xtra (1L) 124,33 124,45 Opera (1L) 82,26 83,73 Alto 100 (1L) 92,58 92,09 Folicur 200CE (1L) 63,68 61,61 Amistar (100g) 42,58 41,37 Opus (1L) 102,24 79,44

127,06 81,77 84,26 54,97 42,78 77,53

127,83 83,36 83,91 55,32 43,64 75,79

255,92 250,43 265,24 260,68 265,80 252,25 246,27 261,63 257,41 262,70 270,33 265,61 273,56 270,83 276,95

• HERBICIDAS Roundup (1L) Goal BR (1L) Trop (5L)

21,28 50,82 80,68

23,00 49,95 85,76

254,83 249,83 254,94 260,58 265,80 252,33 245,70 261,63 257,44 262,65 245,00 242,50 259,46 255,53 257,15 234,57 231,05 241,45 236,09 237,35 223,92 219,65 224,45 216,99 205,15

JUL

ANO 2008 AGO SET OUT

NOV

• BICHO-MINEIRO Decis 25CE (1L) Polytrin 400/40 CE (1L)

38,49 36,84

16,43 56,48 59,67

16,59 51,63 59,90

22 Revista Attalea® Agronegócios - Jan 2009 -

Principais Países Importadores - Fonte MIDC, ABIC e Café & Mercado CAFÉ VERDE Alemanha EUA Itália Bélgica Japão Espanha

CAFÉ SOLÚVEL EUA Rússia Ucrânia Reino Unido Japão Alemanha

TORRADO E MOÍDO

Jan a Nov 2007 volume1 preço2 receita3

Jan a Nov 2008 volume1 preço2 receita3

4.554.823 4.126.714 2.454.822 1.140.367 1.732.221 735.767

4.543.400 4.953.283 2.572.567 2.026.067 1.578.483 920.517

135,41 129,49 138,48 138,66 144,52 137,11

616.786 534.361 339.937 158.121 250.334 100.879

Jan a Nov 2007 volume1 preço2 receita3 480.883 461.929 190.692 222.582 130.972 179.045

109,01 170,90 172,02 164,29 172,01 130,59

52.422 78.942 32.802 36.568 22.529 23.382

Jan a Nov 2007 volume1 preço2 receita3

EUA 66.831 Itália 16.635 Argentina 4.041 Japão 3.648 Paraguai 1.161 Chile 720 1 -Volume em sacas de 60kg;

161,60 156,79 166,16 161,74 169,32 156,85

734.216 635.514 427.464 327.687 267.264 144.387

Jan a Nov 2008 volume1 preço2 receita3 502.363 359.017 199.507 188.890 179.573 158.860

143,18 192,72 202,04 187,92 197,13 169,80

71.926 69.188 40.309 35.497 35.399 26.975

Jan a Nov 2008 volume1 preço2 receita3

256,27 17.127 206,24 3.431 293,95 1.188 225,36 822 155,37 180 260,17 187 2 - Preços em US$/sc de

83.062 17.116 11.265 6.049 1.289 833 60kg; 3

Variação 2007/2008 volume preço receita -0,25% -1,78% 4,80% 77,67% -8,88% 25,11%

19,34% 19,04% 21,08% 18,93% 19,99% 25,75% 16,64% 107,24% 17,16% 6,76% 14,40% 43,13%

Variação 2007/2008 volume preço receita 4,47% -22,28% 4,62% -15,14% 37,11% -11,27%

31,34% 37,21% 12,77% -12,36% 17,45% 22,88% 14,39% -2,93% 14,60% 57,13% 30,03% 15,37%

Variação 2007/2008 volume preço receita

287,63 23.891 24,29% 231,24 3.958 2,90% 217,04 2.445 178,74% 254,91 1.542 65,84% 192,37 248 11,00% 338,54 282 15,69% - Receita em mil US$

12,24% 39,49% 12,12% 15,37% -26,17% 105,81% 13,11% 87,59% 23,82% 37,43% 30,12% 50,54%

Particip. Volume 2008 2007 12 MÉDIA 20% 18% 11% 5% 8% 3%

19% 17% 11% 9% 7% 4%

Particip. Volume 2008 2007 12 MÉDIA 17% 16% 7% 8% 5% 6%

17% 12% 7% 6% 6% 5%

Particip. Volume 2008 2007 12 MÉDIA 67% 17% 4% 4% 1% 1%

65% 13% 9% 5% 1% 1%


Celso Foelkel

1

O solo é um dos maiores patrimônios que a Natureza nos oferece. É ele que permite às plantas terrestres que se desenvolvam e realizem a fotossíntese. Sem a fotossíntese, esse nosso planeta não seria o que ele é hoje. A fotossíntese realizada pelas folhas dos vegetais é a base de toda a cadeia alimentar onde se insere o ser humano. Com solos saudáveis, as plantas se desenvolvem bem, fabricam carboidratos, proteínas, lipídeos, etc. Esses compostos orgânicos servem de base tanto para a restauração da qualidade do solo, ao caírem neles como resíduos, como também servem de alimentos para outros seres vivos. Antropocentricamente falando, colocamos o homem no topo dessa cadeia alimentar que começa nas folhas das árvores. Podemos então entender que a qualidade dos solos é um dos fatores para dar sustentabilidade à população humana. As plantas, para formar o material orgânico, necessitam de um habitat viável para viver. Os corpos dos vegetais que crescem sobre os solos do planeta abastecem duas cadeias importantes: a cadeia alimentar já mencionada e a não muito conhecida cadeia dos detritos. Nessa última, os detritos vegetais que caem sobre os solos se decompõem e liberam carbono orgânico e nutrientes para os mesmos solos. Isso ajuda a melhorar a estruturação dos solos, sua microvida e restaura parte da fertilidade dos mesmos. Com isso, realimentam a cadeia produtiva, pois dão nova fertilidade e revitalizam o solo, permitindo às plantas crescerem pelo uso desses nutrientes assim ciclados. Nos ambientes desérticos, onde o solo é pobre e quase estéril, a vegetação é rala, os cultivos agrícolas não vingam e existe pouca 1 - Coordenador técnico do Informativo Newsletter’ da Grau ‘Eucalyptus Newsletter’, Celsius, apoiada pela ABTCP Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel e das empresas Botnia, Aracruz , International Paper do Brasil, Conestoga-Rovers & Associates e Suzano Suzano. Tel.(51) 3338-4809 . Email: celso@celso-foelkel.com.br

FOTO: Editora Attalea

Os Eucaliptos e a Conservação do Solo

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capacidade de suporte desse ecossistema para que o homem e outros seres vivos aí habitem. Fácil de compreender então a importância dos solos, não é mesmo? Difícil de entender é porque existe por parte do mesmo ser humano, tão pouco respeito aos solos de nosso planeta. O uso intenso dos solos pelo homem tem ajudado a sua constante degradação. Na verdade, os solos continuarão a ser cada vez mais demandados pelo homem, que cresce em população e em bens que têm origem de coisas que vêm dos solos. Agora então, que estão a falar em fabricar combustíveis a partir de plantas (biocombustíveis) aumentará ainda mais a pressão sobre os solos. O que precisamos também entender é que podemos minorar os impactos sobre a qualidade dos solos, se os utilizarmos bem. A degradação dos solos e a perda de sua fertilidade têm-se devido, em muito, ao mau uso desses solos. Em parte isso é compreensível. Toda a ciência dos solos e os conhecimentos sobre as suas interações com as culturas agrícolas e plantações florestais são recentes. Até há poucas décadas atrás o solo era mais visto como um substrato físico onde as plantas, as florestas e as pastagens cresciam em cima. Algo com uma “riqueza inesgotável” e com uma capacidade enorme de resistir aos nossos desmandos. O que muitos não enxergavam e outros ainda hoje não enxergam é que a Natureza tomou milhões de anos para engenheirar e moldar tão perfeitos esses

solos. E isso tudo pode ser perdido em pouquíssimo tempo. Isso tem acontecido em muitos casos: todos nós já nos deparamos com essas situações de abandono e de desrespeito aos solos. Solos mal manejados ou mal conservados, sem adequada prevenção contra a erosão, podem perder cerca de 10 a 20 toneladas de sedimentos secos por hectare e por ano. Isso corresponde a uma lâmina de cerca de 1 mm de espessura do solo perdida por ano. Já em ambientes cobertos com florestas, mesmo as florestas plantadas, essa perda pode ser de cerca de 20 a 100 vezes menor. Se nada for feito para se dar o merecido respeito aos solos do planeta, podemos estar condenando toda a cadeia alimentar. O prejuízo será para o solo, para o planeta, para as plantas e animais que dependem dela, entre eles, nós humanos. Quando o setor de florestas plantadas de eucalipto fala em sustentabilidade, está entre outras coisas se referindo à sustentabilidade da capacidade produtiva dessas áreas de plantações. É uma das prioridades do setor. O plantador de florestas tem buscado entender seus impactos e minorá-los através dos conhecimentos gerados pela pesquisa e pelo monitoramento de seus efeitos ambientais. Com isso, uma das metas é a de manter os solos saudáveis e produtivos. Se isso não acontecer, a produtividade cairá e os solos não mais poderão atender os propósitos de produção florestal sustentável.


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O solo se esgotaria em fertilidade, carbono orgânico, teor de argila, umidade, microvida, etc. As florestas não se desenvolveriam mais e novas áreas teriam que ser buscadas, mais ou menos algo do tipo “agricultura de rapina”. Felizmente, isso não está acontecendo e sequer sendo considerado pelas empresas líderes florestais brasileiras. É muito fácil se identificar o caso de empresas florestais que não estejam fazendo bom uso de seus solos. O mesmo se aplica a fazendeiros de cultivos agrícolas ou de pastagens. Basta olhar 5 coisas fundamentais: o nível de erosão que esteja ocorrendo na área; a proporção de cobertura vegetal e de solo descoberto na propriedade; o vigor de crescimento das plantas; a manutenção de matas ciliares e de outros tipos de áreas de preservação permanente; a cor e o nível de eutrofização e de assoreamento das águas dos cursos d’água das microbacias da propriedade em questão. Os plantadores de florestas de eucalipto que se preocupam com a qualidade de seus solos sempre estão fazendo as seguintes perguntas: • como evitar a perda de sedimentos? • como evitar os diferentes tipos de erosão? • como garantir que as chuvas consigam penetrar os solos? • como aumentar a porosidade e a permeabilidade dos solos? • como facilitar a estruturação e a formação de agregados mais estáveis no solo? • como melhorar o teor de carbono orgânico no solo? • como melhorar a capacidade de troca catiônica e de troca iônica do solo: • como impedir a compactação do solo? • como evitar a perda de nutrientes do solo? • quais as quantidades de nutrientes que devem ser repostas para manter o balanço de nutrientes avaliando entradas, saídas e estoques de cada um dos elementos nutricionais? • como garantir a qualidade microbiológica do solo, a sua riqueza em micorrizas, bactérias nitrificadoras, fungos apodrecedores saprófitas, e organismos da mesofauna que ajudam na estrutura e consolidação do solo? • como renovar a qualidade e a vitalidade dos solos após o seu uso com as plantações florestais? • quais os impactos de cada operação?

FOTO: Editora Attalea

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• quais operações silviculturais devem ser praticadas para aumentar a capacidade de produção sustentada do sítio? Caso uma auditoria ambiental não conseguir obter evidências efetivas de respostas a essas perguntas, então, estaremos encontrando apenas uma plantação de árvores cujo único objetivo é obter madeira a custo barato no curto prazo. O longo prazo não será prioridade desse mau plantador de florestas. O mais interessante é que às vezes esse plantador consegue resultados de produtividade significativos em suas florestas. Era também o que conseguiam aqueles que queimavam toda a manta orgânica da floresta para transformá-la em cinzas que davam efeito de adubação no curtíssimo prazo. E no longo prazo? Ficavam os problemas para as próximas gerações administrar. Já as empresas certificadas pela norma ISO 14001 e pelos critérios do FSC e CERFLOR devem ter respostas e planos de monitoramento e de mitigação de efeitos negativos para todas essas perguntas. Entretanto, não são apenas as exigências normativas que têm levado as empresas de base florestal líderes em qualidade de nosso país a atuar bem em relação aos seus solos. A própria conscientização e sensibilização a esses temas importantíssimos para seu futuro têm levado essas empresas líderes a buscar caminhos mais sustentáveis para suas atividades de silvicultura. Quando retrocedemos uns 30 anos no tempo, veremos que era comum as

empresas queimarem seus resíduos florestais da colheita para favorecer as atividades da silvicultura que se seguiam. Era o modelo da época, com os conhecimentos que se dispunham. Queimavase o carbono, gerava-se o indesejável gás carbônico na atmosfera, desnudavase o solo para o impactos das gotas de chuva e conseqüente maior erosão, etc. Isso hoje é passado distante. Como é passado o trabalho intenso de preparo do solo que se dava com arações, gradagens, etc. para “afofar” o solo na intenção de facilitar o crescimento radicular das mudas plantadas. Ingenuidade da ciência agronômica da época. Expunha-se o solo a uma degradação intensa do carbono orgânico, a uma insolação direta sobre a microvida e a uma enorme perda de sedimentos por erosão. A ciência ajudou a mudar muita coisa em poucas décadas. O conhecimento agregado tornou os plantios florestais muito mais ecoeficientes. Entretanto, como sempre vejo oportunidades para fazer melhor, temos ainda muito mais a conquistar. Pretendo a seguir tecer comentários sobre cada um dos tópicos vitais de qualidade do solo e o que estamos fazendo ou podemos ainda melhorar mais no setor de florestas plantadas de eucaliptos. Compactação do solo O setor de florestas plantadas costuma utilizar solos já muito usados anteriormente pela agricultura e pelo pastoreio. São solos pobres em fertilidade, algumas vezes erodidos e com-


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pactados. A opção por esses solos é devido a seu baixo custo, às pequenas exigências das florestas plantadas, à baixa demanda de operações para limpeza e preparo da área e pelo banco de sementes limitado presente no solo. Os solos muito usados pela agricultura e pastagens podem se encontrar assim. Com isso, facilita-se muito o controle da matocompetição e simplificamse as operações de plantio das florestas. As operações de plantio e de colheita florestal são hoje bastante mecanizadas. A entrada dessas máquinas pode colaborar para uma compactação adicional nesses solos já compactados. A colheita mal feita tem forte impacto na compactação do solo, na infiltração de água no perfil do solo, colabora para a perda de sedimentos por erosão por desnudar o solo e pode desarranjar a manta orgânica de serapilheira que a floresta plantada formou durante seu crescimento. Para evitar que isso ocorra, é importante que o solo tenha uma vegetação ou restos de vegetação sobre ele para amortecer a pressão dos pneus ou das esteiras das máquinas. Sabe-se que a manutenção das cascas, galhos e folhas após a colheita minimizam a compactação do solo. Por isso, já é prática consagrada na maioria das empresas florestais se manterem os restos de colheita bem espalhados sobre o solo. Outra vantagem das plantações florestais é o seu ciclo longo entre plantio e colheita. Entre uma e outra operação a floresta fica entre 6 a 8 anos sem sofrer ações antrópicas. Com isso, as raízes das plantas e a manta orgânica de serapilheira ajudam a proteger o solo, a estruturá-lo, a enriquecê-lo de carbono, a evitar a erosão, etc. Quanto mais longo for o tempo entre plantio e colheita, melhor é para o solo e melhor é para a Natureza. Há uma estocagem de nutrientes e de carbono orgânico pelos detritos orgânicos na floresta. Com isso, mais tempo ficará a floresta crescendo a partir do uso de nutrientes que se liberam de seus próprios detritos. A isso se chama de ciclagem de

nutrientes. Por essa razão, devemos aumentar e não diminuir a rotação para os eucaliptais. Quando ouvimos os arautos dos biocombustíveis falarem em plantações de eucaliptos com espaçamentos apertados e colheita aos 3 a 4 anos, devemos nos assustar e nos

mobilizar contra isso. Todo o conhecimento acumulado mostra que essa proposta é completamente inadequada. O correto é se pensar no longo prazo, não é mesmo? Não podemos obter biocombustíveis para o hoje e incapacitar esse solo para hospedar plantas para fabricar fotossintetizados no futuro. É muito pobre se pensar assim. Os manejos florestais para alto fuste com rotações mais longas e incluindo desbastes deverão gradualmente se tornarem as práticas dominantes. Isso tanto para os agricultores, como para as empresas de base florestal. A formação de “clusters florestais” propugnada por diversos planos de desenvovimentos regionais catalisarão para que isso aconteça mais rapidamente.

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Em alta no mercado, Cedro Australiano é madeira ideal para fabricação de móveis e construção civil Assim como o Eucalipto, o Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) é uma espécie exótica, proveniente de várias regiões da Austrália. Apresenta bom crescimento em regiões de 500 a 1.500 m de altitude e com regime pluviométrico de 800 a 1.800 mm/ano, com 2 a 6 meses de estiagem. A planta tolera geadas leves de curta duração. Porém não suporta solos mal drenados, o que acarretam morte por encharcamento das raízes. No Brasil o Cedro Australiano encontrou condições favoráveis ao seu desenvolvimento, que é comparável ao do eucalipto. Mas como a tecnologia brasileira está mais adaptada ao processamento do eucalipto, o rendimento do Cedro Australiano ainda não se equipara. Pesquisas indicam que a idade ideal de corte do Cedro Australiano é aos 15 anos, podendo ser antecipada ou adiada, dependendo das condições específicas da cultura ou da necessidade do produtor. Indicase, ainda, o espaçamento de 3 x 2 m, o que determina um total 1.667 plantas por hectare. São necessários um desbaste aos 4 anos, quando são removidas de forma sistemática 660 plantas, e outro aos 8 anos, quando são removidas de forma seletiva 600 plantas, as 400 melhores são poupadas para o corte raso a partir dos 12 anos. A madeira do segundo desbaste é aproveitada para usos nobres como faFOTOS: Editora Attalea

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bricação de móveis. As árvores remanescentes, mais espaçadas, apresentarão ganho em diâmetro. Sua madeira é idêntica à do cedro brasileiro (Cedrela fissilis), nativo do Brasil, indicada para a fabricação de móveis finos e acabamentos em construção civil. A madeira de ambos está cotada em mais de R$ 1.500,00/m3. Plantios comerciais na região de Campo Belo (MG) tem apresentado resultados excepcionais, com plantas alcançando 1,20m aos 4 anos de idade. “Para plantar um hectare, o produtor gasta R$4 mil, fora o valor do terreno. Em 15 anos, lucra R$150 mil com a venda da madeira para serrarias”, afirma Ricardo Vilela, presidente da APFLOR - Associação dos Produtores Florestais do Sudoeste Mineiro.

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Uma das poucas diferenças entre as espécies é com relação à broca-da-gema-apical (Hypsipyla grandella), que causa grandes danos ao cedro e mogno brasileiros, mas não ataca o Cedro Australiano. O crescimento rápido da planta permite o consórcio com outras atividades: agrícola, já no primeiro ano, ou pecuária, a partir do segundo ano, o que barateia a manutenção da floresta e gera renda antecipada. Para a implantação de consórcios, ou sistemas agroflorestais (SAFs), é recomendado o espaçamento 8 x 2 m, que permite a mecanização e aumenta a insolação na área. Segundo Vilela, o Cedro Australiano é um produto com mercado garantido. “A promessa de boa rentabilidade tem despertado interesse de pessoas que querem plantar o cedro. A demanda por mais informações sobre a planta resultou numa parceria criada no fim do ano passado entre a Univeridade Federal de Lavras, o Instituto Estadual de Florestas, Sebrae e a Apflor. Os interessados em adquirir mudas de Cedro Australiano de qualidade podem adquirí-las no viveiro da Arbara Negócios Ambientais, sediado no município de São Tomáz de Aquino (MG) e pertencente ao Engº Agrº Paulo Figueiredo.


Novos híbridos de hortaliças chegam ao mercado

Cultivo de Pimentão em estufa

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FOTOS: Editora Attalea

Novos híbridos de hortaliças - como tomates com menor acidez e mais açúcar; brócolis com sabor mais palatável e couve-flor precoce - já chegaram ao mercado ou estão sendo lançados neste final do ano. Uma das grandes vedetes na seção de verduras e legumes de supermercados e varejões é o tomatinho em penca batizado de ‘Sweet Grape’. Além de mais alongado que o popular tomate cereja, também apresenta o dulçor evidenciado. De acordo com Sérgio Minori Hanai, engenheiro agrônomo da Tomatec, empresa de Campinas (SP) especialista em sementes e insumos para tomate, o diferencial do ‘Sweet Grape’ é o apelo à doçura. Enquanto a maior parte dos tomates comercializados no mercado apresenta níveis de dulçor entre 5 e 6, na novidade a média é 12. O nível de açúcar é medido pelo brix, uma espécie de tabela do dulçor de frutas e legumes. “O produto é comercializado em média a R$ 3,00 a bandeja de 150 gramas, enquanto o tomate ‘Andréia’, conhecido como ‘Italiano’, custa R$ 4,00 o quilo”, compara o engenheiro agrônomo da Tomatec. Uma das explicações para a diferença no preço entre as variedades de tomate é a logística e a produtividade. O tipo ‘Italiano’ chega a produzir o dobro para uma mesma área cultivada que outras variedades. Está chegando ao mercado a variedade ‘Italiana’ batizada de ‘Rosana”, com coloração da casca mais clara e rosada, menor acidez e maior concentração de licopenos, agentes que combatem os radicais livres. Há quatro grupos de tomates: ‘Salada’, ‘Italiano’, ‘Cereja’ e ‘Santa Clara’ (convencional).

LIVROS

Os autores reúnem tópicos de vários outros profissionais sobre o tema Agricultura Orgânica, como: Sistema Orgânico de Produção de Aves e Ovos, Café, Leite, Bovinos de Corte e Frutas, Mercado de Produtos Orgânicos, Legislação Orgânica, Processamento, Certificação. MEDINDO IMÓVEIS RURAIS COM GPS Para os produtores, a Tomatec apresentou um híbrido do tomate salada batizado de ‘Lume’, mais resistente a pragas como o nematóide, que afeta as raízes. Essa variedade, aponta Hanai, detém 70% do consumo na mesa do brasileiro. “Essa novidade deve chegar ainda no primeiro trimestre de 2009 nos distribuidores e de lá para a mesa do consumidor”, prevê o engenheiro agrônomo da Tomatec. O tomate ‘Lume’, o pequeno ‘Sweet Grape’ e mais 12 variedades de tomates foram apresentados a 800 produtores da Região Metropolitana de Campinas durante dois dias do Agroshow, promovido pelo Instituto Agronômico (IAC), em parceria com a Tomatec. Destinado a produtores de hortaliças em geral, o evento mostrou também novas tecnologias de produção e de manejo, incluindo variedades, produtos e técnicas de cultivo espalhadas em oito mil metros quadrados de fileiras cultivadas. Outra novidade é um pimentão de fruto liso e coloração verde brilhante, que tem vida póscolheita até sete dias maior, comparando com o que existe no mercado.Há também alface crespa que pode ser plantada o ano todo e o brócolis com menos fibra, talos e floretes mais macios, o que diminui o desperdício no FONTE: Cosmo On preparo. (FONTE: Line Line)

Autores: Edaldo Gomes, Luciano Montenegro da Cunha Pessoa e Lucílio Barbosa Silva. Editora: LK editora Contato: www. lkeditora.com.br. Tel. (61)3349-5107

Este manual técnico tem o objetivo de orientar o profissional encarregado da medição de imóveis rurais no uso da tecnologia do GPS, abordando informações sobre posicionamento diferencial, o planejamento e configuração dos pontos, o seu transporte, transferência de dados, processamento e a exportação dos resultados. PRODUÇÃO DE ABELHA-RAINHA PELO MÉTODO DA ENXERTIA Autores: Marcelino Champagnat Boaventura e Guaracy Telles dos Santos. Editora: LK editora Contato: www. lkeditora.com.br. Tel. (61)3349-5107

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