Edição 18 - Revista de Agronegócios - Janeiro/2008

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será o da silvicultura, abordando notícias e artigos sobre reflorestamento e o plantio de árvores. Na cafeicultura, destaque para o diade-campo de produção de mudas de café em tubetes plásticos, realizado no Viveiro Monte Alegre, em Ribeirão Corrente (SP). A tecnologia está sendo estudada com responsabilidade pela empresa, buscando atender as exigências legais da proibição do uso do brometo de metila, mas também respaldando os produtores quanto às orientações corretas para o

plantio das mudas. Na questão de mercado, a notícia que mereceu destaque foi a previsão de safra da ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café entre 46 e 48 milhões de sacas; bem superior às estimativas oficiais divulgadas pelo IBGE (33 milhões de sacas). Na fruticultura, a Dra. Laura Maria Meleti, do IAC - Instituto Agronômico de Campinas, orienta sobre a necessidade de polinização manual do maracujazeiro. Mas foi no campo da política que os agricultores - principalmente os cafeicultores - e os próprios trabalhadores rurais tiveram o maior ganho. Em dezembro passado foi publicada a Medida Provisória 410, que cria o Contrato de Trabalhador Rural por Pequeno Prazo, possibilitando a prestação de serviços sem burocracia, garantindo os direitos trabalhistas e previdenciários e reduzindo a informalidade no campo. Boa leitura a todos....

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FOTO: Editora Attalea

Certificação e Rastreabilidade. Nomes complicados e muitas vezes criticados pelos agricultores por considerarem estas exigências como sendo apenas mais um custo na produção agrícola. Mas o que se observa é que, a cada ano que se passa, a certificação dos alimentos é exigida cada vez pelos mercados compradores. Antes, apenas no exterior. Mas hoje até mesmo no mercado interno, como é o caso dos alimentos orgânicos, após a aprovação do decreto de regulamentação. O agricultor e empresário que tiver interesse em abrir ou ampliar seus mercados precisa compreender os benefícios da certificação. Apresentamos a partir desta edição algumas matérias e artigos referentes a este tema, abrangendo produtos animais e vegetais, como orienta o Prof. Silvio Mello, da FAFRAM, de Ituverava (SP). Outro assunto que passaremos a incluir em todas as edições da revista

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Tecnologia, política e certificação de produtos

GIR LEITEIRO - FRANCA/SP


Aminoácidos na agricultura: vigor e produtividade FOTO: EMBRAPA

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6 - PECUÁRIA DE CORTE = Altura de pastagem: uma importante ferramenta de manejo. 9 - LEITE = Começa uma nova etapa do Projeto CATI Leite. 12 - CAFÉ = Sri-Lanka adotará tecnologia de Altinópolis (SP) 14 - CAFÉ = Dia de Campo no Viveiro Monte Alegre. 17 - FIQUE DE OLHO = Esforço da CNA reduz a burocracia na contratação de empregados rurais. 18 - OVINOS = Aumentar o rebanho rumo à auto-suficiência. 19 - DESTAQUE = Campagro solifica atuação em Minas Gerais e São Paulo. 20 - DESTAQUE = Fábio Meirelles é reeleito por unanimidade na FAESP. 21 - FRUTICULTURA = Certificação em Produção Integrada de Mamão. 23 - FRUTICULTURA = Polinização do Maracujazeiro. 26 - SILVICULTURA = Besouro-quatro-pintas ataca Eucalipto. 27 - ARTIGO DO MÊS = Os Índices de Produtividade estão em Xeque.

A Revista Attalea Agronegócios, registrada no Registro de Marcas e Patentes do INPI, é uma publicação mensal, com distribuição gratuita, reportagens atualizadas e foco regionalizado na Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais. TIRAGEM 3 mil exemplares EDITORA ATTALEA REVISTA DE AGRONEGÓCIOS LTDA. CNPJ nº 07.816.669/0001-03 Inscr. Municipal 44.024-8 Rua Professora Amália Pimentel, 2394, São José CEP: 14.403-440 - Franca (SP) Tel. (16) 3723-1830 revistadeagronegocios@netsite.com.br DIRETOR E EDITOR Eng. Agrº Carlos Arantes Corrêa cacoarantes@netsite.com.br DIRETORA COMERCIAL Adriana Silva Dias (16) 9967-2486 adrianadias@netsite.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Rejane Alves MtB 42.081 - SP PUBLICIDADE Sérgio Berteli Garcia (16) 9155-4845 Adriana Silva Dias (16) 9967-2486 ASSESSORIA JURÍDICA Raquel Aparecida Marques OAB/SP 140.385 FOTOS e PROJETO GRÁFICO Editora Attalea Revista de Agronegócios Ltda. COLABORADORES Méd. Vet. Josiane Hernandes Ortolan Zootec. Ana Vera Martins Franco Brüning Zootec. Silvio de Paula Melo Paulo Afonso Schwab Jailson Lopes Cruz Dra. Laura Maria Molina Meleti

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CTP E IMPRESSÃO Cristal Gráfica e Editora Rua Padre Anchieta, 1208, Centro Franca (SP) - Tel/Fax (16) 3711-0200 www.graficacristal.com.br CONTABILIDADE Escritório Contábil Labor Rua Campos Salles, 2385, Centro, Franca (SP) - Tel (16) 3722-3400 É PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE QUALQUER FORMA, INCLUINDO OS MEIOS ELETRÔNICOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO EDITOR.

O pesquisador Júlio Roberto Fagliari publica artigo referente à aplicação de aminoácidos nas lavouras, técnica que torna as plantas mais resistentes à seca.

Os artigos técnicos e as opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da REVISTA ATTALEA AGRONEGÓCIOS.

Foto da Capa: Editora Attalea Mudas de Café, variedade Catuaí Vermelho, no Dia de Campo no Viveiro Monte Alegre, Ribeirão Corrente (SP).

Cartas ou e-mails para a revista, com críticas, sugestões e agradecimentos devem ser enviados com: endereço, município, número de RG e telefone, para Editora Attalea Revista de Agronegócios:- Rua Profª Amália Pimentel, 2394, São José. CEP 14.403-440, Franca (SP) ou através do email revistadeagronegocios@netsite.com.br


- Qualidade do leite e nutrição da vaca em lactação (4) 1

Dietas elaboradas para vacas com alta produção de leite, quando o nível de concentrado já está no limite máximo, hoje graças ao avanço das pesquisas em nutrição animal, os produtores podem lançar mão do uso de alimentos especiais. A aplicação de gordura saturada (sebo bovino) pulverizada sobre o concentrado, em quantidades controladas (até 2 % da MS da dieta), possibilita aumentar a densidade energética da dieta, sem resultar em disfunção no rúmen. Uma alternativa é o uso de caroço de algodão ou de grão tostado de soja (ambos até um máximo de 12 % da MS total ingerida) que são alimentos energéticos onde o óleo vegetal é liberado lentamente no rúmen, sem causar queda no teor de gordura do leite. Altas produções de leite (> 60 litros/ dia) requerem o emprego suplementar de gordura “by-pass” “by-pass”, os chamados sabões de cálcio (tipo Megalac), fazendo o teor 1

- Médica veterinária, mestre em Qualidade e Produtividade Animal e doutoranda em Qualidade e Produtividade Animal pela FZEAUSP. Email: josiortolan@hotmail.com

de gordura da dieta chegar até cerca de 8 % da MS. O uso desses produtos deve ser criterioso e a dieta balanceada por um nutricionista, visando suprir um eventual déficit energético agudo no pós-parto. Outra opção seria os resíduos da agroindústria, como farelo de glúten de milho, casquinha de soja e polpa cítrica, que também são alimentos especiais que ajudam a manter um teor de gordura normal no leite. Esses ingredientes fermentam rapidamente no rúmen, liberando energia para a síntese microbiana, sem baixar o pH do rúmen, podendo substituir até 50 % do grão nas dietas com alto nível de concentrado. Pesquisas mostram que a introdução de gorduras do tipo “by-pass” (protegidas da fermentação no rúmen) na dieta da vaca em lactação aumentam a proporção de certos ácidos graxos na gordura do leite, como os ácidos ômega para reduzir o colesterol nos consumidores, ou como o ácido linolêico de ligações duplas conjugadas, que além de baixar o colesterol teria ação anti-carcinogênica em relação a diversos tipos de câncer (melanoma, câncer de mama, câncer colo-retal) o

que sugere um grande potencial de mercado para o leite e derivados com tais propriedades (Kennelly et al.,1999). Vacas com lactação acima de 10.000 litros demandam de suplementação com alimentos energéticos, e os níveis antes comuns de, apenas, 3 a 4 % de gordura na MS podem aumentar com o uso controlado de gordura vegetal ou animal e de produtos especiais, como a chamada gordura inerte no rúmen, ou “by-pass” (sabões de cálcio). De acordo com Kennelly et al.(1999), a suplementação com gordura geralmente tem um efeito negativo sobre a percentagem de proteína do leite, embora em certos estudos tenham sido encontrados até aumentos na produção de proteína, face ao aumento da produção de leite. Na próxima edição falaremos sobre proteína e energia na dieta da vaca e sua repercussão na produção de leite, sempre pensando em sanar as principais duvidas sobre a nutrição da vaca em lactação. Gostaria também de lembrar que dúvidas e sugestões são bem vindas e devem ser mandadas à revista ou no email, josiortolan@hotmail.com. Até a próxima.

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Josiane Hernandes Ortolan

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Utilizando gordura na alimentação de vacas de alta produção


A altura da pastagem: uma importante ferramenta de manejo

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Gilmar Brüning 1, Ana Vera Martins Franco Brüning 2

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Figura 1: Ganho médio diário em pastos de B. brizantha cv. Marandu mantido em quatro alturas de manejo durante o período dez/01 – mar/02 (Andrade 2003).

bocado mais profundo, mais pesado, e consequentemente, maior consumo de matéria seca. Conforme os dados apresentados na figura 11, Andrade 2003, observou que os valores de ganho de peso médio diário (GMD) foram crescentes com o aumento da altura do dossel forrageiro, no período de dezembro de 2001 a março de 2002, sendo o menor valor mensurado nos pastos mantidos a 10 cm de altura. Pastos manejados mais altos geraram maiores valores de GMD individual, porém associados com menofigura res taxas de lotação (figura 2). Por outro lado, o menor desempenho em pastos mais baixos foi contrabalançado por maiores taxas de lotação. Assim, as maiores produtividades (ganho de peso vivo por hectare) foram observadas em pastos manejados a 30 e 40 cm de altura. Os valores de desempenho animal podem ser explicados pelos resultados obtidos por

Para a otimização de sistemas de produção em pastejo são necessários alguns cuidados com relação a planta, o animal e o ambiente de pastejo, uma vez que existe uma grande interação entre estes. Em sistemas de alimentação a cocho os alimentos fornecidos, de forma geral, são balanceados e com concenFigura 2: Taxa de lotação média em pastos de B. tração de nutrientes estável, já brizantha cv. Marandu mantido em quatro alturas de animais em pastagens estão manejo durante o período dez/01 – Dez/02 (Adaptado sujeitos a contínuas mudanças de Andrade 2003). na estrutura e composição da mesma. Por outro lado, conciliar alta produção de forragem e perenidade do pasto com elevada produção animal, exige uma adequação do manejo da desfolha dentro de um equilíbrio que respeite os limites específicos de cada espécie forrageira e permita ao animal “colher” a máxima quantidade de nutrientes em um determinado período de tempo, limitado pelo ritmo circadiano e pela competição com o tempo neces- Figura 3: Relação entre altura do dossel forrageiro e (a) tamanho do bocado, sário para outras atividades (Ruminação, (b) taxa de bocado, (c) tempo de pastejo e (d) consumo de forragem em descanso, socialização, etc.) (Carvalho, pastos de Capim Marandu (Sarmento 2003). 1997). A altura da pastagem é uma importante ferramenta de manejo, que pode ser aplicada facilmente no dia a dia das propriedades e contribuir para o aumento dos índices de produtividade. Em pastos mantidos mais baixos com maior taxa de lotação o crescimento das plantas diminui, o desempenho animal é reduzido e o processo de degradação é iniciado (Corsi, 1994; Zimmer et al., 1998). Em alturas de pastejo mais elevadas, o desempenho individual do animal poderá ser maximizado em função da possibilidade de 1 - Zootecnista, MSc em Plantas Forrageiras, email: gilmar.bruning@gmail.com 2 - Zootecnista, MSc em Produção Animal – Nutrição de Ruminantes – Depto Técnico Premix.


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3 onde o Sarmento 2003, (figura figura 3) tamanho do bocado (aa), respondeu de forma crescente ao aumento em altura do dossel forrageiro, com os valores estimados para o tratamento de 40 cm sendo três vezes maior que o correspondente ao tratamento 10 cm. Animais manejados em pastos com 10 cm apreb) (51,3 sentaram maior taxa de bocados (b bocados/minuto), enquanto os animais manejados em pastos com 40 cm apresentaram taxa de bocados mais reduzida (17,7 bocados/minuto). Na situação de 10 cm de altura, para manter a ingestão de forragem, os animais aumentaram além da taxa de bocados o tempo de pastejo (cc). Mesmo assim não conseguiram atingir o nível de consumo, de matéria seca, dos animais manejados em alturas de 40 cm que tiveram um consumo de forragem quase 60% maior, em relação aos animais manejados em pastos com 10 cm de altura.

Para finalizar, produção animal a pasto se faz com colheita eficiente de nutrientes digestíveis. Não é somente produzir massa. Há que se criar ambientes pastoris adequados e compatíveis com os requerimentos dos animais, onde eles possam colher o que precisam sem se deparar com estruturas de pasto limitantes a sua ingestão.

PASTAGENS COM ANIMAIS, 1, MARINGÁ, 1997. pg 25 – 52. CORSI M,; NASCIMENTO JR,D. Princípios de fisiologia e morfologia de plantas forrageiras aplicados no manejo das pastagens, IN: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C.; FARIA, V.P. Pastagens: fundamentos da exploração racio-nal. 2ed Piracicaba: FEALQ, 1994. p.15-48.

BIBLIOGRAFIA ANDRADE, F.M.E. Produção de forragem e valor alimentício do Capimmarandu submentido a regimes de lotação contínua por bovinos de corte. Dissertação de Mestrado. ESALQ, Piracicaba – 2003. 141pg. CARVALHO, P.C.F. A estrutura das pastagens e o comportamento ingestivo de ruminantes em pastejo. IN: SIMPÓSIO SOBRE AVALIAÇÃO DE

SARMENTO, D. Comportamento ingestivo de bovinos em pastos de capim marandu submetidos a regimes de lotação contínua. Dissertação de Mestrado. ESALQ, Piracicaba, 2003. 89 p. ZIMMER, A.H.; EUCLIDES, V.P.B.; EUCLIDES FILHO, K.Ç; MACEDO, M.C.M. Considerações sobre índices de produtividade da pecuária de corte em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Embrapa . Doctos, 70.

Ministério alerta pecuaristas para valor agregado com rastreabilidade da carne Para agregar valor à carne que exportam, os pecuaristas deverão ter o rebanho aprovado pelo Sisbov - Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos, em funcionamento desde o dia 1º. O alerta é do secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz. Em entrevista após reunião com técnicos da área federal e dos estados, para discutir o processo de auditagem das propriedades que já está em curso – por exigência dos importadores de carne da União Européia –, o secretário disse

no dia 10 de janeiro que os novos métodos adotados serão aperfeiçoados e permitirão, em janeiro de 2009, a auditagem desde o nascimento dos bezerros. Também não será permitida a compra entre propriedades que não estejam integradas às normas do Sisbov, lembrou Kroetz. Até o final do mês, acrescentou, será apresentada à União Européia a lista das propriedades rurais aprovadas para exportação – em março, os europeus virão conferir os dados fornecidos. Segundo o secretário, ao longo do ano outras listas de propriedades que aderirem às condições de atender às exigên-

cias dos importadores serão enviadas à União Européia. Ele alertou ainda que “é grande o prejuízo do exportador quando tem seu contêiner devolvido”. E lembrou que o Brasil tem um mercado potencial de 350 mil toneladas por ano de carne. Os principais criadores do país estão nos estados de Goiás, Mato Grosso (com 1.791 propriedades), Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina. Veterinários farão o trabalho de auditagem a cada seis meses, nas propriedades, e a cada dois meses, no gado em confinamento.


dades, houve uma breve explanação da sistemática do projeto, com todos os benefícios, as obrigações e os deveres dos envolvidos. O Projeto de Viabilidade Leiteira na Agricultura Familiar, a partir de agora foi denominado CATI Leite – Desenvolvendo São Paulo. Esse projeto teve início nas regiões de Jales (SP), Fernandópolis (SP) e Votuporanga (SP), em 1999, por meio de uma parceria entre a CATI e a Embrapa – Pecuária Sudeste. Durante essa fase eram escolhidas algumas propriedades que serviam de unidade demonstrativa para difusão da tecnologia, pelos técnicos das Casas da Agricultura. O objetivo do projeto sempre foi, e continuará a ser, a aplicação de técnicas

adequadas de manejo, nutrição, sanidade, reprodução e gerenciamento das atividades que regem a pecuária leiteira. Cada propriedade é estudada, caso a caso, na busca de soluções viáveis, trazendo novas perspectivas e melhores resultados. Segundo o coordenador da CATI, Francisco E. B. Simões, a atividade leiteira faz parte de uma programação do Governo do Estado, que prevê a geração de renda e emprego. O momento agora é promover um diagnóstico da realidade dos pequenos pecuaristas para montagem de projetos estratégicos. A metodologia utilizada visa trazer benefícios aos agricultores. A Embrapa treinou os técnicos extensionistas, que agora serão multiplicadores junto aos produtores rurais. A meta inicial é a implantação em 400 propriedades leiteiras do Estado. Para adesão e mais informações sobre o projeto, procure a Casa da Agricultura.

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FOTO: Divulgação

Nos dias 27 e 28 de dezembro de 2007, as Regionais da CATI de Franca (SP) e de Catanduva (SP) deram início à nova etapa do Projeto CATI Leite - Desenvolvendo São Paulo. Seis propriedades receberam a visita dos técnicos Pedro César Barbosa Avelar, monitor do Projeto na Regional de Franca, juntamente com os executores das Casas da Agricultura e o gerente técnico do Projeto, Méd. Vet. Carlos Pagani Netto. Das seis propriedades visitadas, três já participavam do trabalho conjunto desenvolvido pela CATI e Embrapa. As outras estão em fase de implantação do projeto. Para as propriedades que já faziam parte, a visita foi para conferir as “tarefas”, acertar conceitos e, juntos, combinar as atividades para a próxima visita, que será feita a cada três meses. Nas propriedades que pretendem iniciar as ativi-

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Começa uma nova etapa do projeto CATI Leite


PÓS-GRADUAÇÃO

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Dr. Silvio de Paula Mello1

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FAFRAM realiza curso de especialização em Certificação e Rastreabilidade de Produtos Agropecuários Ultimamente, muito tem se falado sobre a rastreabilidade e certificação dos produtos agropecuários e pecuários, principalmente devido ao já conhecido fato de que há preocupações no mercado internacional com relação à importação de produtos que permitam a identificação de sua origem e respectivo processo de produção. Dessa forma, a rastreabilidade animal e vegetal é uma realidade na produção nacional frente às exigências do mercado internacional, cada vez mais exigindo certificado de origem dos produtos. As autoridades sanitárias e de defesa do consumidor desenvolveram e editaram regulamentos para garantir a segurança alimentar. Diante disso, o setor produtivo teve que desenvolver ferramentas de aperfeiçoamento para que a qualidade dos alimentos não fosse questionada. Uma das formas de garantir a qualidade e a segurança alimentar é a realização do rastreamento, principalmente quando se fala em carne bovina. Tal rastreamento é exigido pelo comércio internacional e requer a intensificação do manejo nas propriedades rurais. A rastreabilidade é a atitude de reencontrar o histórico, a utilização de um produto qualquer por meio de identificação registrado, ou seja, no caso de animais, um sistema de controle que permite a identificação individual de cada animal desde o nascimento até o abate, registrando todas as ocorrências relevantes ao longo de sua vida. Todo o processo de rastreabilidade ganha maior credibilidade se o mesmo estiver certificado. Sendo assim, a certificação nada mais é que o conjunto de medidas e atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação comercial, de terceira parte, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. 1

- Zootecnista e professor da FAFRAM/ FE Faculdade Dr. Francisco Maeda, de Ituverava (SP).

A rastreabilidade e a certificação dos produtos oriundos das cadeias produtivas da soja, milho, cana de açúcar, frutas, produtos orgânicos, madeira entre outros, é uma realidade e um diferencial para o produtor que quer colocar no mercado produtos de melhor qualidade. Como exemplos, podemos citar o certificado da Produção Integrada de Frutas (PIF), criado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), evidenciando que frutas com o selo PIF desfrutam de espaço privilegiado no mercado, sendo preferidas por consumidores bem informados, que sabem tratar-se de um produto de consumo mais saudável e seguro. A produção de soja transgênica no Brasil e a restrição por parte de alguns países importadores, faz com que a segregação dos produtos geneticamente modificados (OGMs) dos não modificados seja exigida por esses países, sendo nesse caso a rastreabilidade e a certificação fatores decisivos para exportação desse produto. Assim, tudo aquilo que possa contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos e serviços deve ser reconhecido

e, sobretudo, valorizado. Nesse sentido, o processo de rastreabilidade, que visa à identificação e a certificação de produtos agropecuários devem ser muito bem vindo. A rastreabilidade é comprovadamente um processo complexo, que depende fundamentalmente do sucesso na obtenção de mudanças no comportamento dos produtores e consumidores. É um processo de educação e de conscientização do agricultor e de todos os demais setores envolvidos nas cadeias produtivas de alimentos. Nesse contexto de um mundo globalizado, alta competitividade e um consumidor mais exigente, a FAFRAM/ FE – Faculdade “Dr. Francisco Maeda” de Ituverava (SP), promove o Curso de pós graduação em Certificação e Rastreabilidade de Produtos Agropecuários que tem como objetivo atender a demanda existente por capacitação de profissionais com diferentes formações na área de produção animal e vegetal, permitindo por meio de subsídios teóricos e práticos de caráter interdisciplinar, fundamental para o exercício do controle de qualidade e certificação, preparandoos para o exercício de atividades de planejamento, implementação, organização e gerência de programas de rastreabilidade da produção animal (bovinocultura, suinocultura e avicultura) e vegetal (cana de açúcar, cafeicultura, fruticultura, grãos, silvicultura e produtos orgânicos), realizadas em empresas privadas, e instituições públicas de fiscalização. Estão aptos a realizar esse curso todos os profissionais de nível superior ligados às áreas de Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária, e de outras áreas afins, que queiram se engajar num mercado de trabalho que está cada vez mais globalizado e competitivo. O curso tem duração de 12 meses letivos, com uma carga horária de 380 horas presenciais. As aulas serão ministradas em semanas alternadas e às sextas-feiras (informações pelo site: www. feituverava .com.br/fafram .com.br/fafram)


RONEGÓCIO e 2 - AG DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AMBIENTAL e 3 - EDUCAÇÃO RESPONSABILIDADE SOCIAL

4 - AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

DURAÇÃO 12 MESES LETIVOS

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GEOPROCESSAMENTO e 1GEOREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

5 - AGROENERGIA e SUSTENTABILIDADE

AULAS QUINZENAIS

AGROPECUÁRIA e 6 - PRODUÇÃO COMERCIALIZAÇÃO e RASTREABILIDADE 7 - CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

MATRÍCULAS ABERTAS CORPO DOCENTE ESPECIALIZADO (IAC, ESALQ/USP, IEA, UNESP, FAFRAM/FE, FFLC/FE)

F U N D A Ç Ã O EDUCACIONAL

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Governo do Sri Lanka adotará tecnologia de Altinópolis

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FOTO: Editora Attalea

O município paulista de Altinópolis é, atualmente, um dos — senão o — que possui maior uso de tecnologia em seus cafezais, além de ser o maior produtor estadual do grão, juntamente com Pedregulho. Ciente disso e com o intuito de alavancar a cafeicultura em seu país, o vice-ministro da Agricultura, Desenvolvimento e Serviços Agrários da República Socialista do Sri Lanka, Siripala Gamlath, esteve ontem na Fazenda Cascata, de propriedade de Célio Fontão Carril. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Altinópolis e diretor segundosecretário da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo), João Abrão Filho, a autoridade cingalesa ficou encantada com o que viu. “Apresentamos a tecnologia utilizada nas lavouras da região, secadores, despolpadores, estruturas de terreiro, plantios modernos e todos mecanizados, máquinas de café em funcionamento, enfim, toda a tecnologia e a infra-estrutura que dispomos e o senhor Gamlath ficou bastante impressionado”, comentou. Abrão explicou que Sri Lanka produz pouco café e a intenção, de acordo com informações passadas pelo vice-ministro, é aumentar o plantio no país, cujas culturas fortes são chá e canela. “Nesse sentido, ele demonstrou grande interesse no que viu e até disse que vai contratar o consultor brasileiro Fernando Vicentini,

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Produtores vão administrar centros de café em MG

que também esteve presente aqui, para tentar implantar a tecnologia brasileira por lá”, anotou o presidente do Sindicato, que completou argumentando que o intuito dessa implantação é alavancar a cafeicultura no Sri Lanka com base no observado em Altinópolis. Também de acordo com João Abrão Filho, o representante do governo cingalês manterá contato para esclarecimentos e dúvidas que possam surgir, “Porém, em princípio, eles captaram o passado e gostaram da maneira como trabalhamos com café”, concluiu. Além de Gamlath, marcaram presença o analista de comércio exterior da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Artur Teixeira, o gerente do núcleo regional da Cooparaíso (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso), Anderson Silva, e um grupo de 30 cafeicultores da região. (Fonte: Coffee Break - www. coffeebreak.com.br)) coffeebreak.com.br

Depois de investir cerca de R$ 3 milhões, o governo de Minas Gerais conclui a transferência da administração de todos os Centros de Excelência do Café do Estado para a associação de produtores de café de Minas. Os três centros estão instalados em Machado (Sul), Patrocínio (Alto Paranaíba) e Viçosa (Zona da Mata) e foram construídos em parceria com prefeituras, universidades e associações com o objetivo de treinar trabalhadores, técnicos e outros profissionais ligados à cadeia produtiva do café. A última unidade a ser concluída foi a das Matas de Minas, na Zona da Mata. Localizado na Universidade Federal de Viçosa, ela será gerida pela Associação dos Produtores de Cafés Especiais das Serras de Minas. “A criação dos centros foi uma demanda que partiu dos produtores de café do Estado”, afirma o assessor de Café da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Wilson Lasmar. A cada três meses, os gestores deverão encaminhar à Secretaria de Agricultura um documento constando todas as atividades desenvolvidas nos centros e um relatório da movimentação financeira. “É fundamental que os centros sejam geridos pelos principais interessados pelo empreendimento, ou seja, os produtores. São eles quer irão cuidar da parte administrativa, financeira e operacional”, afirma Lasmar.


A ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café prevê uma aumento na safra 2008/09 para um intervalo de 46 milhões a 48 milhões de sacas, contra 33,7 milhões de sacas (60 kg) oficialmente estimadas em 2007/08. Segundo um comunicado divulgado pela ABIC, mesmo com o aumento considerável da safra no período de alta no ciclo bienal de produção do café arábica, a oferta será apertada neste anosafra, em função da queda nos estoques após o ano de baixa na colheita e pelo aumento do consumo no país.“Não teremos excedentes de grãos”, disse o presidente da ABIC, Guivan Bueno, lembrando que a safra “deverá ser inteiramente demandada pela exportação e pelo consumo interno”. O presidente da ABIC ressaltou que “os estoques físicos brasileiros estão muito baixos e devem chegar em março nos menores níveis das últimas décadas”. De acordo com a ABIC, para 2008, somando-se o consumo interno com as exportações, estimadas em torno de 28

milhões de sacas, tem-se uma demanda total de 46 milhões de sacas —número mais baixo do intervalo da estimativa. A Abic estimou no dia 7 de janeiro (segunda-feira )o consumo de café no Brasil entre novembro de 2006 e outubro de 2007 em 17,1 milhões de sacas, crescimento de 4,74 por cento em relação ao período anterior. Segundo a associação, “o mercado brasileiro de café continuará crescendo de forma acentuada e consistente”. Para 2008, a Abic espera uma alta no consumo para 18,1 milhões de sacas, com vendas alcançando 6,8 bilhões de reais. Em 2007, as vendas alcançaram 6,4 bilhões de reais. A entidade mantém a sua estimativa de que o consumo nacional atingirá 21 milhões de sacas em 2010. “Vamos incrementar e consolidar o mercado de cafés superiores, gourmet e especiais”, disse o presidente da Abic, lembrando que a melhora na qualidade do produto é um dos fatores que impulsiona o consumo. No dia começo de janeiro, a Conab Companhia Nacional de Abastecimento

divulgou a primeira estimativa da safra 2008/2009. Antes de uma seca que atingiu as principais regiões produtoras do Brasil, por cerca de três meses no segundo semestre do ano passado, acreditava-se que o Brasil poderia colher mais de 50 milhões de sacas, estabelecendo novo recorde de produção. No entanto, o tempo seco atrasou e prejudicou a florada em muitas regiões, especialmente no sul de Minas Gerais, a principal área produtora. Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, a maior cooperativa cafeeira do Brasil, com sede em Guaxupé (sul de MG), disse que antes da seca havia a expectativa de se colher mais em 2008. “A previsão para 2008 está abaixo (do potencial), havia uma expectativa para 20 por cento a mais. Mesmo assim, a Cooxupé estima receber de seus cooperados um volume de café de 4,4 milhões de sacas neste ano de alta do ciclo do arábica, contra 2,6 milhões de sacas na temporada passada, ano de baixa do ciclo da lavoura.

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ABIC prevê safra de até 48 milhões sacas de café

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FOTOS: Viveiro Monte Alegre

Mudas de café certificadas pelo Ministério da Agricultura

Mudas de café produzidas no sistema convencional (saquinhos), tubetões e mudões para replantio. Encomendas pelos Fones: Fazenda Monte Alegre: (16) 3723-5784 André Cunha: (16) 9967-0804 / Luis Cláudio: (16) 9965-2657


EVENTOS

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FOTOS: Editora Attalea

Dia de Campo no Viveiro Monte Alegre:

A família Cunha: André, Luiz da Cunha e Luis Cláudio.

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Mudas de café em tubetões expostas no evento.

Cerca de 300 pessoas participaram do dia-de-campo, acompanhando as palestras das empresas e visitando o plantio a campo.

Fernando Jardine (Nutriplant), André Cunha (Viveiro Monte Alegre), Israel Rosalin (Valoriza), Elias Marques (Valoriza) e Luis Cláudio (Viveiro Monte Alegre)


EVENTOS

Guilherme Morais (Campagro), André Cunha (Viveiro Monte Alegre), Engº Agrº Renato Pádua (BASF) e Engº Agrº Rafael Isaac (Campagro).

Engº Agrº Albino Rocchetti (AERF-Franca), Rafael Jardini (Valoriza), Rosalice Gomes (MecPrec), Isarel Rosalin (Valoriza) e Engª Agrª Silvia Leite de Campos (MecPrec).

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“Formação de mudas de café em tubetes”

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Cafeicultores observam o plantio no campo experimental do Viveiro Monte Alegre das mudas produzidas em sistema convencional e em tubetões (destaque). Os interessados podem visitar o local para maiores informações.

A equipe Eucatex-Agro: Engº Agr Ricardo Munhoz, Eduardo Holme (coordenador regional) e Engº Agrº Luiz Henrique Damatto (gerente nacional).

Mateus e o Engº Agrº Luis Fernando (Casa das Sementes) e o Engº Agrº Gilberto Raimbault (Sol Pack).


R E VI S TA ATTALEA AGRONEGÓCIOS Janeiro de 2008

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Conscientização, tecnologia e pesquisa na produção de mudas de café. Estes foram os temas abordados por pesquisadores, no Dia de Campo “Formação de Mudas de Café em Tubetes”, realizado no último dia 12 de janeiro, no Viveiro Monte Alegre, tradicional produtor de mudas de café no município de Ribeirão Corrente (SP). O evento contou com a participação de várias empresas, como a Casa das Sementes (Franca/SP), Fertsolo (Franca/ SP), Valoriza Soluções Agrícolas (Patos de Minas/MG); Nutriplant Tecnologia e Nutrição (Paulínia/SP); Eucatex-Agro (Paulínia/SP); Mec-Prec (Rio de Janeiro/ RJ); Sol Pack (Uberlândia/MG); e Campagro/BASF (Franca/SP). De acordo com André Cunha - que ao lado do irmão Luis Cláudio e do pai Luiz da Cunha Sobrinho dirigem o Viveiro Monte Alegre -, o objetivo principal de se organizar o dia de campo foi o de orientação aos cafeicultores. “Produzimos mudas de café há mais de 20 anos e a cada ano estamos melhorando o nosso padrão de qualidade, investindo em pesquisa e tecnologia para atender cada vez mais os padrões de mercado e as exigências dos produtores de café”, afirmou André. Segundo ele, a proibição do uso do brometo de metila para a desinfecção da terra e de esterco praticamente inviabiliza o processo convencional de enchimento de saquinhos. “Esta proibição dificultará muito a produção de mudas de café. Para isto, estamos iniciando testes e pesquisas de campo para definir uma tecnologia que seja tão ou mais eficiente que o sistema tradicional, visando obter resultados que se apoiem também no tripé da sustentabilidade”, enfatizou André. A formação de mudas de café em tubetões está sendo implantada no Viveiro Monte Alegre de forma gradual. E para isto a família Cunha conta com a contribuição de empresas como a Valoriza. “Estamos propondo aqui fazer na região da Mogiana o mesmo que a Valoriza fez em Minas Gerais, que foi a implantação de campos experimentais para que o próprio cafeicultor tire a prova. Não somos nós que vamos falar que o tubete é melhor que o saquinho”, disse. O Engº Agrº Luis Fernando Paulino, responsável técnico do Viveiro Monte

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Dia de Campo no Viveiro Monte Alegre orienta cafeicultores quanto à produção de mudas de café em tubetes

Alegre e profissional da Casa das Sementes, tradicional revenda de insumos agropecuários em Franca (SP) foi um dos organizadores do evento e reforçou a importância dos campos de pesquisa na região. “A fruticultura e a floricultura já utilizam substratos há muito tempo. Já possuem a tecnologia para a produção. Falta agora a cafeicultura. É importante continuar a pesquisa”, afirmou. De acordo com Israel Rosalin, diretor técnico da Valoriza, a empresa firmou parceria com o Viveiro Monte Alegre, pois tem como meta difundir a tecnologia de produção de mudas em tubetes, utilizando substratos recicláveis, como a casca de pinus e a fibra de coco. “Eu diria assim que estamos resgatando esta técnica, já que ela foi usada no passado, mas com resultados frustrantes na época. Isto devido à falta de conhecimentos de todos os fatores envolvidos no processo de produção de mudas. Hoje a pesquisa avançou, as informações estão mais claras. Houve um aperfeiçoamento tecnológico fantástico. Todas as empresas estão produzindo substratos de alta qualidade”, afirmou Rosalin. Os irmãos André e Luis Cláudio ressaltam que a tecnologia de produção de mudas de café em tubetões apresenta várias vantagens: sanidade e uniformidade das mudas; redução no uso de agrotóxicos; melhor enraizamento; facilidade no manuseio; otimização do transporte com segurança; agilidade no plantio; sistema radicular preservado no ato do plantio; bom pegamento no campo; e menor “agressão” ao meio ambiente. “O sistema utiliza substrato ecologicamente correto, tubetes e

Brometo de Metila O brometo de metila é um gás que age como inseticida e fumigante, utilizado para tratamento de solo, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. Serve para evitar que pragas e doenças sejam disseminadas para outras cidades ou países, quando os produtos são exportados/importados, ou para “limpar” o solo para desenvolver o plantio. O produto mata os insetos, os patógenos (nematóides, fungos e bactérias), ervas daninhas e qualquer outro ser vivo presente no solo e na zona de penetração do gás. De acordo com o Protocolo de Montreal, cada átomo de bromo do brometo de metila que alcança a estratosfera destrói 60 vezes mais ozônio que os átomos de cloro dos CFCs. Em termos de prazos para a eliminação do consumo, pelo Protocolo de Montreal os países signatários tinham até 2005 para abolir o uso do brometo. bandejas plásticas retornáveis, fabricadas a partir de materiais reciclados e, no plantio, não deixa resíduos no campo”, finaliza Luis Cláudio. O evento contou ainda com a participação do Engº Agrº Luiz Henrique Damatto, gerente nacional de vendas da Eucatex-Agro e do Engº Agrº Edgard Borrmann, gerente de vendas da Nutriplant Tecnologia e Nutrição. Os cafeicultores interessados em adquirir mudas de café de qualidade já podem encomendá-las.


ALVORADA

17 Janeiro de 2008

O esforço da CNA - Confederação MEDIDA PROVISÓRIA Nº 410, DE § 5 o A não-inclusão do trabalhador na da Agricultura e Pecuária do Brasil para 28 DE DEZ. 2007. GFIP pressupõe a inexistência de contratação na forma deste artigo, sem prejuízo de desburocratizar as relações de trabalho O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no comprovação, por qualquer meio admitido no campo obteve resultado positivo com uso da atribuição que lhe confere o art. 62 em direito, da existência de relação jurídica a criação do contrato de trabalho rural da Constituição, adota a seguinte Medida diversa. por pequeno prazo, por meio da Medida Provisória, com força de lei: § 6 o O recolhimento das contribuições Provisória (MP) nº 410. previdenciárias far-se-á nos termos da legislaContratação de trabalhador rural ção da Previdência Social. Segundo as novas regras, as conpor pequeno prazo § 7o São assegurados ao trabalhador rural tratações de natureza temporária – com Art. 1o A Lei no 5.889, de 8 de junho de contratado por pequeno prazo, além de duração de até dois meses – poderão ser 1973, passa a vigorar acrescida do seguinte remuneração equivalente à do trabalhador rural feitas por meio de um contrato escrito, permanente, os demais direitos de natureza artigo: sem necessidade de anotação na Carteira “Art. 14-A. O produtor rural pessoa física trabalhista. poderá realizar contratação de trabalhador § 8 o Todas as parcelas devidas ao trabade Trabalho e Previdência Social ou em rural por pequeno prazo para o exercício de lhador de que trata este artigo serão calculadas Livro de Registro de Empregados. A atividades de natureza temporária. dia-a-dia e pagas diretamente a ele mediante remuneração e os direitos devem ser cal§ 1o O contrato de trabalhador rural por recibo. culados dia a dia e pagos diretamente ao pequeno prazo que superar dois meses dentro § 9 o O Fundo de Garantia do Tempo de trabalhador mediante recibo. O modelo do período de um ano fica convertido em Serviço - FGTS deverá ser recolhido nos contrato de trabalho por prazo indetermos da Lei n o 8.036, de 11 de maio de do contrato pode ser obtido no site terminado. 1990.”(NR) www.cna.org.br. Previdência de trabalhador rural § 2o A filiação e a inscrição do trabalhaSegundo o presidente da Comissão dor de que trata este artigo na Previdência Art. 2 o Para o trabalhador rural Nacional de Relações do Trabalho e Social decorre, automaticamente, da sua inempregado, o prazo previsto no art. 143 da Previdência Social da CNA, Rodolfo clusão, pelo empregador, na Guia de RecoLei n o 8.213, de 24 de julho de 1991, fica lhimento do Fundo de Garantia do Tempo prorrogado até o dia 31 de dezembro de 2010. Tavares, a Medida Provisória atende a de Serviço e Informações à Previdência Social Parágrafo único. Aplica-se o disposto no um antigo pleito dos produtores rurais e - GFIP, cabendo à Previdência Social instituir caput ao trabalhador rural enquadrado na contribui para reduzir a informalidade mecanismo que permita a sua identificação. categoria de segurado contribuinte individual, no campo. “A medida possibilita a presque presta serviços de natureza rural, em § 3o O contrato de trabalhador rural por tação de serviço sem burocracia, garancaráter eventual, a uma ou mais empresas, pequeno prazo não necessita ser anotado na sem relação de emprego. Carteira de Trabalho e Previdência Social ou tindo os direitos trabalhistas e previArt. 3 o Na concessão de aposentadoria em Livro ou Ficha de Registro de Empregados, denciários”, avalia Tavares. Caso o períomas, se não houver outro registro documental, por idade do empregado rural, em valor do de prestação de serviço se estenda equivalente ao salário mínimo, será contado é obrigatória a existência de contrato escrito além de dois meses, a relação temporária para efeito de carência: com o fim específico de comprovação para a se converte em contrato de trabalho por I - até 31 de dezembro de 2010, o período fiscalização trabalhista da situação do comprovado de emprego, na forma do art. trabalhador. prazo indeterminado. § 4 o A contribuição do segurado traba143 da Lei nº 8.213, de 1991; A CNA recomenda que produtores e lhador rural contratado para prestar serviço II - de janeiro de 2011 a dezembro de trabalhadores rurais formalizem o conna forma deste artigo é de oito por cento so2015, cada mês comprovado de emprego será trato escrito, pois este documento fabre o respectivo salário-de-contribuição multiplicado por três dentro do respectivo cilitará a comprovação junto ao Instituto definido no inciso I do art. 28 da Lei no 8.212, ano civil; e de 24 de julho de 1991. III - de janeiro de 2016 a dezembro de Nacional do Seguro Social (INSS) no 2020, cada mês compromomento da solicitação de vado de emprego será benefício ou aposentadoria. multiplicado por dois, “O contrato deve menciolimitado a doze meses Escritório de nar que é celebrado com dentro do respectivo ano Contabilidade Rural civil. base na MP nº 410 e, por Parágrafo único: cautela, deve ter a assinatura Aplica-se o disposto no de duas testemunhas e recocaput e respectivo inciso nhecimento de firma. Esses I ao trabalhador rural cuidados precisam ser toenquadrado na categoria CADASTRO NO INCRA (C.C.I.R.), I.T.R., de segurado contribuinte mados para que não existam IMPOSTO DE RENDA, DEPARTAMENTO individual, que comprodúvidas em relação à data var a prestação de serviço PESSOAL, CONTABILIDADE E OUTROS do início do trabalho e a de natureza rural, em questões como salário e 33 ANOS PRESTANDO SERVIÇOS CONTÁBEIS caráter eventual, a uma carga horária”, diz Rodolfo AOS PROPRIETÁRIOS RURAIS ou mais empresas, sem relação de emprego. Tavares. A MP equipara o Rua Gonçalves Dias, 2258, Vila Nicácio LUIZ INÁCIO LULA acesso aos benefícios da DA SILVA Arno Hugo Franca (SP) PABX (16) 3723-5022 aposentadoria e pensões Filho, Carlos Lupi, Luiz Email: ruralalvorada@netsite.com.br rurais do segurado. Marinho

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Esforço da CNA reduz burocracia para contratação de empregados no meio rural. Cafeicultores comemoram.


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Paulo Afonso Schwab

Janeiro de 2008

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A ovinocultura brasileira passa por um momento que pode ser considerado no mínimo, anacrônico. Apesar de possuirmos um rebanho de mais de 20 milhões de cabeças – volume que até é pequeno para as nossas potencialidades estamos sendo um bom cliente de outros países, na medida em que somos importador de carne (mais de 50% do consumo interno), pele, lã e derivados, justamente para suprir nossas necessidades. Por diversas vezes através de ações isoladas, já demonstramos capacidade para alterar esta situação, via programas de produção de ovinos. Mas, na maioria das vezes, estes projetos se findam no meio do caminho, salvo raras exceções. Precisamos e podemos alterar este cenário. Precisamos ser donos de nosso próprio mercado e atingirmos o estágio de exportadores destes produtos, assim como o frango, o suíno e o boi conseguiram fazer. Isto se faz com o aumento do rebanho, com a implantação e execução de programas de incentivo à ovinocultura, com a organização de toda a cadeia produtiva e com um intenso trabalho de melhoramento genético de todo o nosso rebanho. Um melhoramento que deve atingir a todos os níveis, desde os animais PO até os que não possuam registro. E isto se faz urgente! Desde sua criação a ARCO tem se pautado por trabalhar na assistência técnica e, de certa forma, na extensão 1 - Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos

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Aumentar o rebanho rumo à autosuficiência

rural do setor, buscando auxiliar os produtores no trabalho de seleção genética e aprimoramento do rebanho. Com o seu fortalecimento como uma entidade que é sinônimo de um “cartório de registros”, agora cada vez mais em nível nacional, ganhamos ainda mais a responsabilidade de direcionar a ovinocultura para a posição de destaque que ela sempre mereceu ter. E começamos este caminho fazendo o tema de casa. Buscamos estruturar a parte administrativa, treinando todo o pessoal para a melhoria no atendimento às necessidades do nosso associado. Já há algum tempo estamos trabalhando no aperfeiçoamento do Banco de Dados e de toda a parte de informática, para

permitir que tanto os inspetores técnicos quanto o associado façam suas comunicações de forma fácil e de qualquer parte do país. Na parte de “políticas externas” estamos buscando apoiar a fundação de associações estaduais de criadores, que ajudam na organização da atividade em nível regional. Com isto também fortalecemos ainda mais a presença da ARCO como entidade nacional da ovinocultura. E, para assinalarmos cada vez mais este aspecto, estamos atuando de forma incisiva, nas várias Câmaras Setoriais da Ovinocultura, tanto as estaduais quanto a nacional. Por fim, e não menos importante, realizamos o Iº Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da nossa entidade, evento que reuniu profissionais de todo o Brasil, pela primeira vez. Com tudo isto reafirmamos que estamos trabalhando para que a ARCO seja, cada vez mais, a entidade que trabalha pela ovinocultura em todos os âmbitos, desde o campo até as questões políticas e de regulação da atividade. Buscando elevar o agronegócio ovinos a uma condição de relevância econômica e política, semelhante a que a bovino-cultura de corte, por exemplo, tem hoje. E isto conseguiremos, com certeza.


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Campagro solidifica atuação em Minas e São Paulo

mercado da Alta Mogiana, Triângulo e Sudoeste Mineiro, com filiais em Batatais (SP), Franca (SP), São José do Rio Pardo (SP), Guaíra (SP), Passos (MG), Uberaba (MG) e Sacramento (MG). A empresa é representante das principais empresas do agronegócio nacional, como a BASF, Monsanto, Nortox, Milenia, Chemtura, Cheminova, Agromen, Arysta, Agripec, Grupo Biosoja, Serrafértil, Compo, Dow AgroSciences e Morlan Alteração de telefone O telefone da matriz da Campagro, em Orlândia, mudou para (16) 38200200. Essa mudança ocorreu em razão da migração do telefone para uma plataforma digital, que possibilita uma utilização de novos recursos tecnológicos, visando entre outras vantagens, um melhor atendimento ao cliente.

19 Janeiro de 2008

A Campagro é uma empresa especializada na comercialização e distribuição de insumos e sementes com a mais alta qualidade para várias culturas, tais como cana-de-açúcar, milho, feijão, café, hortifruti e soja. Com sede no município de Orlândia (SP), a Campagro cresceu baseada no bom atendimento, na maior proximidade com o produtor rural e disponibilizando apenas produtos comprados diretamente dos fabricantes, trabalhando assim com preço e qualidade. A empresa tem como missão levar soluções para o cliente através de assistência técnica, produtos de qualidade, informações de mercado, visando aumentar a lucratividade com respeito total ao meio ambiente e a todos os envolvidos. A Campagro foi fundada em 1990. Nestes 17 anos atuando no mercado de insumos, a empresa se solidificou no

A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Mato Grosso lançará no dia 08 de fevereiro a primeira variedade de soja resistente ao fungo causador da ferrugem da soja. Batizada de “Soja Inox” referência a materiais anti-ferrugem a variedade começou a ser pesquisada em 2002 e estará à disposição dos produtores de sementes para a safra 2008/2009 no Cerrado, segundo Fario Minoru Hiromoto, diretorsuperintendente da Fundação MT. “Vamos continuar pesquisando para levar o material a outras regiões, como Paraná e Rio Grande do Sul. Não sabemos se será possível ainda para a próxima safra”, avisa Hiromoto. Ele diz que ainda não há um preço definido para a nova variedade. “Mas, certamente, terá um custo menor do que se o produtor tivesse que combater a doença em variedades convencionais”, adianta o especialista. Segundo ele, é recomendável que o produtor, ao usar a Inox, faça uma aplicação de fungicida, para dificultar que se estabeleça resistência à variedade. O novo material estará disponível para os ciclos precoce, médio e longo e é adaptado aos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão e Bahia.

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“Soja Inox”: a variedade resistente à ferrugem-asiática

Tel. (16) 3701-3342 Av. Wilson Sábio de Mello, 1945 Distrito Industrial - Franca (SP)

“SOLUÇÕES INTELIGENTES PARA NOSSOS CLIENTES”


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O Presidente da CNA - Confederação Nacional da Agricultura, Fábio de Salles Meirelles, foi reeleito, no dia 6 de dezembro, por unanimidade dos 194 delegados representantes votantes, para a Presidência da FAESP - Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, em eleição realizada, na sede da entidade, para a escolha da diretoria para o triênio 2008- 2010. A FAESP congrega 236 sindicatos rurais, que, com 310 Extensões de Base, perfazem um total de 543 municípios paulistas representados nos dias atuais do total de 646 municípios. Após o encerramento da votação, Meirelles defendeu a união do setor e das entidades representativas como forma de sensibilização dos Poderes Públicos para que seja implantada no País uma política agrícola abrangente, de longo prazo. Assim acredita, seriam atenuado os efeitos das políticas macroeconômicas e se asseguraria produção e renda aos produtores, dando condições para o desenvolvimento, concomitantemente, tanto da agricultura energética e produção de alimentos para o abastecimento de mais de 200 milhões de brasileiros. “Temos todas as possibilidades de produzir alimentos e biocombustíveis tanto para o mercado interno quanto para o externo, com custos extremamente competitivos com desenvolvimento sustentável”. Destacou ainda como uma das maiores premências o seguro rural, “que atualmente carece de ajustes e de recursos para garantir renda e não apenas indenização contra sinistros.” Tranqüilidade no campo Meirelles ainda afirmou que para haver tranqüilidade no campo é necessária

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Fábio Meirelles é reeleito por unanimidade na FAESP Irineu Monteiro representa a região A região da Alta Mogiana está mais uma vez bem representada na nova diretoria da FAESP. O Dr. Irineu de Andrade Monteiro, presidente do Sindicato Rural de Patrocínio Paulista (SP), é membro efetivo da diretoria. Já o presidente do Sindicato Rural de Franca (SP), Geraldo Cintra Diniz, está como suplente. Confira a composição da diretoria eleita da FAESP:a redução das diferenças regionais, “como forma de proporcionar a todos os produtores e trabalhadores rurais brasileiros as condições indispensáveis para manter os ganhos de produtividade, gerar empregos e renda no campo, com o fortalecimento das cadeias produtivas”. Mas, para que isso aconteça, considera de fundamental importância o fortalecimento das Federações da Agricultura e Sindicatos Rurais, cuja atuação junto aos produtores e na representação do setor garantirá o acesso a novas tecnologias, a segurança sanitária animal e vegetal e a políticas públicas adequadas e suficientes para o desen-volvimento da atividade. Ao finalizar, ressaltou que o Brasil tem todas as condições para desenvolver ainda mais a sua agropecuária, assumindo um papel de liderança mundial na produção e na exportação de alimentos, fibras e biocombustíveis. “Para tanto, é preciso ter ousadia e visão de futuro, investimento e planejamento em consonância com as potencialidades brasileiras.”

DIRETORIA Fábio de Salles Meirelles Amauri Elias Xavier Eduardo de Mesquita José Candêo Mauricio Lima Verde Guimarães Leny Pereira Sant ´Anna José Eduardo Coscrato Lelis Argemiro Leite Filho Luiz Sutti Irineu de Andrade Monteiro Angelo Munhoz Benko SUPLENTES Tirso de Salles Meirelles Pedro Luiz Olivieri Lucchesi Geraldo Cintra Diniz Armando Prato Neto Fernando Carvalho de Souza Saladino Simões de Almeida Filho Eduardo Luiz Bicudo Ferraro Márcio Antonio Vassoler Eneida Ramalho Paschoal Ivo BotonLourival Koji Kawasima

PLANTE, CULTIVE E COLHA A PAZ


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- Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cx. Postal 007 – Cruz das Almas (BA) Email: jailson@cnpmf. embrapa.br

de Pragas (MIP) nos anos 70, como uma necessidade de reduzir o uso de pesticidas e de se obter maior respeito ao ambiente. Nesta época os produtores de maçãs do Norte da Itália verificaram que os ácaros da macieira tinham adquirido resistência aos acaricidas. Em função disso, e com auxílio de pesquisadores, iniciaram um programa de manejo integrado de ácaros, usando monitoramento e técnicas alternativas de controle. Posteriormente foi verificado que o problema dos ácaros perdeu importância e os produtores voltaram aos velhos costumes. Em conjunto decidiram que deveria haver mudanças profundas em todo o sistema e que as práticas isoladas para o controle de uma praga ou doença não eram suficientes; era necessária uma integração com as demais práticas culturais. Assim foram dados os primeiros passos para o estabelecimento das bases para a Produção Integrada de Frutas (PIF)”. No Brasil, técnicos da Embrapa Uva e Vinho perceberam a necessidade brasileira de também responder aos apelos da sociedade para se obter produtos agrícolas dentro dos critérios de sustentabilidade, o que fundamentou a decisão de propor um processo para a maçã. Para isto, convidaram no fim de 1996 instituições públicas e privadas para desenvolver no Brasil este sistema e ofereceram à Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e a quatro empresas e uma cooperativa de pequenos produtores a parceria para implantar, em cada uma delas, a primeira versão de um sistema de Produção Integrada no Brasil (Sanhueza, 2007). Os Sistemas de Produção Integrada visam estabelecer práticas que, no seu conjunto, tenham como objetivo viabi-

Situação atual Todos os principais países produtores da Europa, além da Austrália, da Nova da Zelândia e da África do Sul, têm o sistema de Produção Integrada em funcionamento, especialmente para maçãs, para outras frutas de clima temperado e para alguns produtos derivados, tais como o vinho. Esta estratégia de produção também está sendo implementada para hortaliças e cereais. No ano de 1998, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento concebeu o programa geral de Projeto de Produção Integrada de Frutas como forma de melhorar o padrão de qualidade das frutas brasileiras e dinamizar as exportações, bem como atender o crescente anseio da população brasileira – mercado interno – por frutas mais saudáveis e produzidas com base em boas práticas agrícolas.

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O mamoeiro é uma planta tropical, que encontra excelentes condições de desenvolvimento em várias regiões do Brasil. A participação brasileira na produção mundial de mamão é da ordem de 24%, com um volume de 1,6 milhão de toneladas de frutos (FAO, 2006), e apresentando um valor da produção estimado em R$ 765 milhões (IBGE, 2006). Dentre os Estados com maiores volumes de produção destacamse a Bahia, responsável por 46% da produção nacional, e o Espírito Santo, com 40% (IBGE, 2006). Vale ressaltar que a cultura do mamão é uma das principais atividades da fruticultura baiana, gerando em torno de 30 mil empregos. Em relação ao mercado da fruta, o mamão encontra-se listado na pauta de exportações brasileira, tendo atingido, em 2005, um montante superior a 30 milhões de dólares, classificando-a como a sexta fruta fresca em valor exportado (FAO, 2006). Mesmo ocupando essa posição, a participação brasileira na exportação de mamão ainda está muito aquém do desejado, pois a quantidade que é colocada no mercado internacional corresponde a menos de 2,5% da produção nacional. No entanto, o potencial brasileiro de exportação do mamão é muito grande, visto que as variedades produzidas no País são compatíveis com a demanda do mercado externo. Um dos problemas relacionados à pequena capacidade de exportação do mamão brasileiro é a falta de certificação que ateste a qualidade das frutas e a forma mais sustentável como elas foram produzidas. Exigências dessa natureza têm sido feitas pelo Mercado Comum Europeu, principal comprador do mamão brasileiro, bem como pelo mercado norte americano. Segundo Fachinelo (1999) “a Produção Integrada de Frutas (PIF) surgiu como uma extensão do Manejo Integrado

lizar, a médio e longo prazo, o empreendimento rural como negócio rentável, com segurança para a saúde humana e com sustentabilidade. Assim, esse sistema estabelece várias metas nas quais se incluem a redução/ racionalização no uso de agroquímicos para a proteção (pesticidas) e nutrição (fertilizantes) das plantas, substituindo-os, ainda que parcialmente, por métodos alternativos. Estabelece, ainda, a necessidade de avaliação dos efeitos das práticas culturais sobre a qualidade do ar, da água e do solo. Essa forma de praticar a agricultura, melhorando a qualidade do fruto e preservando o meio ambiente, tem como enfoque principal o conhecimento holístico do sistema agrário, o qual combina o uso de métodos naturais, biológicos e químicos, considera a melhoria do meio ambiente e leva em consideração o atendimento às demandas sociais. Assim, a Produção Integrada de Frutas veio para substituir os atuais sistemas de produção - que têm gerado aumento de custos, problemas ao ambiente (erosão, desertificação, poluição por agrotóxicos e perda de biodiversidade) e problemas à saúde do consumidor (altos níveis de pesticidas nos frutos) - por sistemas de produção mais sustentável.

21 Janeiro de 2008

Jailson Lopes Cruz 1

FOTO: Embrapa

Certificação em Produção Integrada de Mamão


Tabela 1. 1 Situação atual da Produção Integrada de Frutas. Tabela 2. Rápida comparação entre três sistemas de produção.

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Nº de produtores /empresas

Maçã* Manga* Uva** Mamão* Citros* Banana* Pêssego* Caju* Melão Goiaba* Figo* Caqui* Maracujá* Coco* Abacaxi Morango Total

283 242 206 26 212 67 105 15 39 27 25 23 30 12 16 193 1.521

Área (ha) 17.319 7.025 4.031 1.200 1.315 500 520 1.500 5.500 75 120 84 56 414 125 105 39.889

Produção (t)

Práticas Convencional Agronômicas Manejo do solo Agroquímicos Adubação Legislação

461.860 172.221 133.670 120.000 30.425 17.500 6.240 1.800 85.000 300 1.093 3.000 5.500 20.368 4.000 2.550 1.065.527

Certificação em PIF Depois que os auditores concluírem que não existe nenhuma inconformidade na propriedade (baseada na lista de verificação), emitem um documento certificando a área avaliada. Quando o produtor dispõe de casa de embalagem e deseja certificá-la, também é possível realizá-la no âmbito da PIF. As inspeções são realizadas por organismos credenciados, que estão sob o rígido controle do INMETRO. (Texto adaptado de Oliveira, 2002 )

Vantagens da Produção Integrada

A comparação entre três sistemas de produção pode ser visto na Tabela 22. Uma das principais diferenças entre os sistemas entre o sistema PIF e o convencional, além da legislação existente, é que nesse novo sistema a aplicação de defensivos deve levar em consideração os seguintes aspectos:

Mínimo Naturais Orgânica Lei CCE 2092

A rastreabilidade é a ação de poder determinar, a partir de um certo momento, todas as condições em que foi produzida, transportada e embalada a fruta. Estas ações requerem a correta identificação do produto, de forma que se consiga determinar, através de registros existentes, todas as condições mencionadas. As frutas produzidas dentro do sistema de produção integrada devemse manter sempre identificadas desde o momento da colheita até o embarque para o local definitivo de venda. A rastreabilidade é um sistema de identificação e registros que permitem encontrar a história, a origem do lote e, eventualmente, a causa de uma impropriedade (GIRARDI, 2001), ou seja, com a rastreabilidade é possível saber a procedência dos produtos; os procedimentos técnicos adotados e quais os produtos utilizados no processo produtivo.

O programa foi expandido para além da fruticultura e transformou-se em SAPI - Sistema Agropecuário de Produção Integrada, abrangendo 56 projetos e incorporando culturas e criações diversas. A partir do ano de 2004, a coordenação da Produção Integrada de Mamão na Bahia (PI Mamão) passou a ser exercida pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical que, juntamente com a Adab, EBDA e Sebrae, conseguiu implantar esse sistema em algumas propriedades da região do extremo sul desse Estado. Os números referentes à Produção Integrada encontram-se na Tabela 11.

Diferenças entre sistemas de produção

Mínimo Restritos Sob controle IN 20/2001

Orgânico

Rastreabilidade

* projetos com Normas Técnicas Específicas publicadas Fonte: DEPROS/SDC/MAPA – 18/12/2006

Para o produtor: - Organização da base produtiva; - Produtos de melhor qualidade; - Valorização do produto e maximização dos lucros; - Diminuição dos custos de produção; - Produto diferenciado; - Competitividade; - Permanência nos mercados. Para o consumidor - Garantia de frutas de alta qualidade; - Índice de resíduos de acordo com padrões brasileiros e internacionais; - Sustentabilidade do processo de produção e pós-colheita.

Intenso Pouco controle Pouco controle Não dispõe

PIF

- Produtos registrados; - Métodos preventivos; - Não aplicação calendário; - Racionalização do uso e do número de aplicações; - Produtos seletivos; - Baixa toxicidade ao homem, animais e ao meio ambiente; - Aplicação correta, evitando contaminar o aplicador e o meio ambiente.

FOTO: Embrapa

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Espécie


Flor do Maracujá-Amarelo (Passiflora edulis)

O maracujazeiro é uma planta cujas flores são entomófilas, ou seja, são polinizadas apenas por insetos. O vento não realiza esta operação porque o pólen das flores do maracujá é pegajoso e pesado, impossibilitando o transporte de uma flor para outra. Os insetos que visitam as flores do maracujá são muitos. Algumas espécies selvagens são polinizadas por beija-flores, morcegos, mas dentre todos os visitantes florais do maracujá, apenas as mamangavas (Xylocopa spp.) demonstram as características e comportamento necessários para serem consideradas polinizadores eficientes dos plantios comerciais do maracujá. As mamangavas são eficientes na polinização devido ao seu tamanho e seu comportamento durante a coleta de néctar e pólen. Entretanto, essas abelhas têm se tornado escassas na natureza, em função do desmatamento e das pulve-

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- Pesquisadora Científica, Instituto Agronômico, IAC. Caixa Postal 28, Campinas, SP. CEP: 13.012-970. e-mail: lmmm@iac.sp. gov.br 2 - Graduanda em Engenharia Agronômica, UFSCar, Via Anhanguera, km 174 – C. Postal 153, 13600-970 - Araras-SP. E-mail: camilla_andrade@yahoo.com.br

Maracujá-Amarelo IAC-273

rizações químicas realizadas em larga escala, principalmente em monoculturas extensivas. Na falta delas, a polinização manual das flores tem sido adotada como prática corrente nos pomares comerciais. Diferentemente do que ocorre em pomares de outras frutas, as abelhas européias (Apis mellifera) e as irapuás (Trigona spp) têm sido consideradas nocivas à cultura do maracujá, porque causam efeitos negativos na produtividade. Elas coletam praticamente todo o pólen produzido pela flor, às vezes antes mesmo dela se abrir. Também retiram todo o pólen de botões florais semiabertos, antecipando a abertura das flores e ocasionando a ausência de pólen quando as mamangavas chegam para trabalhar. Na prática, este comportamento determina queda drástica na produtividade, porque quando os produtores chegam às flores para fazer a polinização artificial, prática corrente e recomendada para ampliar a produtividade dos pomares, já não encontram mais pólen nas flores. Para os produtores que não adotam a polinização manual, a mais eficiente, ou não querem arcar com os custos desta prática, os estudos relacionados com polinização natural do maracujazeiro citam a eficiência de várias espécies do gênero Xylocopa, mais conhecidas como mamangavas, como os únicos agentes polinizadores para pomares comerciais

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O Brasil é, atualmente, o maior produtor mundial de maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims.), produzindo cerca de 500 mil toneladas anuais. A cultura está presente em quase todo o território nacional, com forte apelo social, e proporciona renda para inúmeros pequenos municípios, cuja economia baseia-se na agricultura familiar. A cultura se destaca pelo uso intensivo de mão-de-obra, geração de empregos e fixação do homem ao campo. O maracujazeiro-amarelo é uma das muitas plantas cultivadas que exige a polinização cruzada para a produção de frutos. Isso significa que há necessidade de uma eficiente troca de pólen entre flores de diferentes plantas para a obtenção de níveis satisfatórios de produtividade, compatíveis com os elevados custos de produção da fruteira. A polinização das flores do maracujazeiro-amarelo pode ser natural, quando realizada por insetos bastante específicos, como a mamangava. Pode ser também realizada artificialmente, de forma manual. Embora o Brasil seja atualmente o maior produtor mundial de maracujá, a produtividade média nacional ainda é baixa, bastante inferior àquela obtida quando níveis adequados de polinização e irrigação são atingidos. Quando a polinização é realizada eficientemente, resulta em frutos maiores e mais pesados. Se ela não ocorre, o resultado é o inverso, obtendo-se frutos muito leves, pequenos e parcialmente vazios, sem valor comercial. Isto ainda pode ser bastante observado em campo, apesar dos esforços dos técnicos. A desinformação de produtores inexperientes e de alguns técnicos ligados a outras culturas têm resultado em problemas na polinização, que acabam em frustração de safra. Observa-se, nestes casos, total ausência de frutificação ou significativa redução na produtividade, pelo manejo inadequado desta importante etapa da produção do maracujá.

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Laura Maria Molina Meletti 1 Camilla de Andrade Pacheco 2

FOTOS: Laura Maria Meleti

Polinização do Maracujazeiro


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FOTOS: Laura Maria Meleti

(NISHIDA, 1958; CARVALHO & também a certeza de que o pólen TEÓFILO SOBRI-NHO, 1973; utilizado na fecundação está vindo de RUGGIERO et al., 1975; CAMILLO, plantas diferentes, ou seja, que esteja 1978; CORBET & WILLMER, havendo cruzamento entre plantas diferentes 1980). A abelha comum A. diferentes. Se houver transferência de pólen de uma flor para outra, mellifera foi considerada como inseto-praga pelos produtores de dentro da mesma planta, não haverá várias regiões importantes na profecundação, porque o maracujazeiro dução de maracujá, de norte a sul do não aceita pólen dele mesmo, porque país, como por exemplo, em Araguari apresenta o fenômeno da auto(MG), onde se concentram os incompatibilidade. pomares da agroindústria Maguary É importante ter a certeza de que Mamangava (Xylocopa) em flor de maracujá S.A. as mudas forma originadas de plantas Também no Estado de São Paulo, diferentes. É comum que um prode abelhas sobre o maracujazeiro, pela vários relatos de produtores indicaram oferta de fontes alimentares alternativas dutor alinhe 10-15 plantas formadas a que há um período do ano em que as nos momentos em que apenas ele partir de sementes de um mesmo fruto. mamangavas desaparecem ou diminuem encontra-se florido numa determinada Neste caso, todas estas plantas são irmãs e muito e as abelhas-europa (Apis mellifera) região agrícola. não cruzam entre si. atacam as flores do maracujazeiro com Excluída a possibilidade de parentesco, Uma dessas opções alimentares é o mais voracidade, tornando-se pragas plantio de manjericão, que deve estar para solucionar eventuais problemas na importantes para a cultura. A redução localizado no meio do caminho entre a polinização, é preciso ainda verificar o da diversidade de culturas gerada pelas mata onde esses insetos tenham seus horário em que ela está sendo realizada. extensas áreas de monocultura (ex: cana- ninhos e o pomar. Ali, as abelhas encon- As flores do maracujazeiro podem se de-açucar) têm levado à conseqüente tram alimento farto e abundante em transformar em frutos apenas quando a diminuição da disponibilidade de praticamente todo o ano, sem que o flor está totalmente aberta, em dias secos alimento para as abelhas, que passaram a produtor tenha trabalho adicional, pois e ensolarados, e quando as estruturas competir com outros insetos poliniza- o manjericão cresce sozinho e não femininas estão completamente curvadas dores. Diferentemente de outras culturas, necessita de cuidados especiais. sobre a coroa vermelha da flor. como a da laranja, a presença das abelhas Se a polinização for feita com Desta forma, as abelhas saem de seus durante a florada é altamente prejudicial, ninhos para obter alimento, encontram umidade no ar (dias nublados ou antes pelos motivos apontados anteriormente. um campo florido e com fartura de de chuva), o pólen estoura e não há Estudos quantitativos realizados pelo pólen, deixando as flores do maracujá, fecundação. Se ela for feita muito cedo IAC, instituto que completou 120 anos ou a maioria delas, livres para as (antes das 14 horas), a flor ainda não está de tradição e trabalho de pesquisa mamangavas. receptiva. E se chover até 2 horas após a agrícola em 2007, apontaram um Quando existem problemas no polinização, o pólen estoura antes de vingamento das flores da ordem de 62% pegamento das flores nos pomares, elas completar a fecundação. Finalmente, é resultante da polinização cruzada caem em grande quantidade. Para que preciso verificar também se a pessoa que manual, contra 35% em flores polini- uma flor de maracujá fecunde e se está polinizando tem as mãos secas. Se zadas por mamangavas, desde que sem transforme em frutos, há necessidade da ela apresentar suor abundante nas mãos, qualquer interferência de abelhas, e polinização. Ela pode ser natural, feita esta umidade estoura o pólen e não há apenas 6% com sua interferência. Diante por mamangavas, mas onde elas são frutificação nas plantas. de resultados tão expressivos, já existem poucas ou não existem, a polinização tem Uma vez executada corretamente a relatos de estudos acadêmicos visando que ser realizada manualmente, polinização, com população adequada de práticas culturais para reduzir o ataque trocando-se pólen entre flores de plantas mamangavas ou mediante orientação dos operadores da polinização artificial, o diferentes. Se esta operação não é realizada, a maracujazeiro é capaz de produzir uma flor não fecundada cai no chão entre 1 e grande quantidade de frutos, grande, 3 dias após sua abertura. Se houver um pesados, saborosos, que certamente período de dias nublados ou chuvosos, darão água na boca daqueles que então o pólen molha e estoura. plantaram e estarão vendo, literalmente, Igualmente, a flor não fecundada cai no os frutos do seu trabalho. chão em poucos dias. Por isso, muitas pessoas que desejam ter um pé de maracujá produzindo em casa nunca conseguem ver frutos. A causa é a falta de polinização, muitas vezes pelo fato de se ter uma única planta, que nãopossui uma parceira com quem possa efetuar a troca de pólen e frutificar. Para ter certeza de que houve polinização, primeiro é preciso ter

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Quando fazer a polinização manual 1 - Em pomares infestados por muitas pragas, o uso freqüente de inseticidas provoca uma redução drástica na população de mamangavas, porque elas são altamente sensíveis a esses produtos. A ausência delas determina a polinização manual (PM); 2 - Locais com extensas plantações de grãos e sem matas nativas não possuem mamangavas em quantidade suficiente. 3 - Onde há ataque de abelhas (Apis mellifera) ou elevada população de abelhas irapuás (abelhas cachorro) a polinização manual é imprescindível. As abelhas retiram todo o pólen das flores e não efetuam a polinização, porque não possuem o tamanho necessário para esta finalidade. Prejudicam, também, porque repelem as mamangavas. 4 - Em pomares muito grandes, com mais de 3.000 plantas. Neste caso, o número de mamangavas dificilmente será suficiente para visitar todas as flores.

Quando não se deve fazer a polinização manual Quando há excesso de oferta de maracujá no mercado, o preço da fruta se reduz significativamente, por questões de mercado (oferta e procura). Nesta situação, pode não compensar para o produtor bancar o custo desta operação, fazer polinização manual e ampliar a produtividade, para vender os frutos a baixos preços. Além disso, uma elevada produtividade no período desfavorável pode provocar o esgotamento da planta, fazendo com que ela produza pouco no período de preços mais altos. Em regiões litorâneas, com áreas de preservação ambiental, existe uma população bastante grande de mamangavas. A polinização manual complementar, nestas situações, pode resultar em excesso de produção na planta, o que geralmente, diminui o tamanho dos frutos. Como fazer a polinização manual A flor do maracujá é completa, ou seja, composta de partes femininas (estígma, estilete e ovário) e masculinas (antera e estames). Apesar disso, ela não se auto-fecunda, porque possui um mecanismo fisiológico que faz com que a flor de uma planta não aceite o pólen dela mesma. Por isso, há necessidade de trocar pólen entre plantas diferentes, para que a fecundação da flor ocorra, resultando em frutos. O pólen, um pó amarelo, é produzido na antera. Ele deve ser trazido de flores de outras plantas diferentes daquela que se deseja polinizar, o que exige cuidados especiais. Para que a polinização manual seja bem sucedida, o produtor deve conhecer bem as fases de curvatura do estilete (parte feminina da flor) para definir a hora exata em que iniciará a atividade. As flores do maracujá são classificadas de acordo com a curvatura do estilete em três tipos: flor com estilete totalmente curvado; flor com estilete parcialmente curvado; e flor com estilete sem nenhuma curvatura. Os três tipos ocorrem simultaneamente na mesma planta, mas as produtivas apresentam pelo menos 70% de flores totalmente curvas, que é o estágio em que a polinização é bemsucedida.

Geralmente, as flores do maracujazeiro-amarelo se abrem a partir das 13:00 horas (horário de verão) nos períodos quentes, mas, o maior índice de flores com máxima curvatura dos estiletes só ocorre a partir das 15:00 horas, em horário de verão. Depois que as flores estão completamente abertas e com os estiletes totalmente curvos sobre a coroa de filamentos roxos, o produtor deve tocar os dedos nas anteras até que fique impregnado com pólen (pó amarelo) e tocar levemente nas 3 estigmas de uma outra flor. Em seguida, nesta mesma flor, o produtor deve tocar novamente as anteras para retirar mais pólen. Na prática, deve fazer um movimento giratório com os dedos ao redor da coluna central da flor, o que faz com que o pólen grude em seus dedos, para depois fazer um movimento ascendente nesta mesma coluna, quando então colocará o pólen que está em suas mãos na parte feminina da flor, promovendo a polinização. Uma pessoa treinada, utilizando as duas mãos, consegue polinizar entre 1500 e 2000 flores por hora. Alguns produtores preferem usar dedeiras de flanela para colocar mais pólen sobre as flores, mas as dedeiras não são recomendadas, pois tiram a sensibilidade do operador, diminuindo o rendimento e provocando ferimentos ou quebrando os estigmas. Nos locais onde as abelhas roubam todo o pólen, pode-se utilizar “culturasarmadilhas” fora do pomar. É comum plantar-se uma quadra de manjericão, por exemplo, que floresce o ano todo e é altamente atrativo para as abelhas. Assim, elas obtêm uma fonte alimentar alternativa, prejudicando menos as flores do maracujá. Recomenda-se, em altas infestações de abelhas, que, antes da abertura das flores, o produtor vá até ao pomar, por volta das 12:00 horas, e abra alguns botões que apresentam a ponta branca (10% das flores,que se abrirão em seguida). Desta amostra, retira as anteras com os grãos de pólen, que são as estruturas amarelas. Coloca-as numa vasilha, mantendo-as em local sombreado até a hora em que as demais flores estiverem aptas para serem polinizadas.

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O efeito positivo da polinização manual no vingamento de frutos de maracujazeiro é bastante conhecido por pesquisadores, mas os produtores ainda não têm a devida consciência do valor desta prática cultural na rentabilidade dos pomares. Flores polinizadas manualmente resultam numa taxa média de 76% de vingamento (pegamento dos frutos), o que ocorre com apenas 7% das flores polinizadas naturalmente. Isso representa 10 vezes mais produtividade no pomar. Além disso, a quantidade de sementes resultantes de flores polinizadas à mão é pelo menos quatro vezes superior, o que implica em frutos maiores e mais pesados, com maior porcentagem de suco. Como o maracujá é uma fruta cuja aparência externa determina o valor comercial e é comercializado por peso, o benefício é duplo. Sazima e Sazima (1978) obtiveram 53% de vingamento da flor com polinização cruzada manual, contra 25% em flores polinizadas por mamangavas desde que sem qualquer interferência de abelhas irapuás ou apenas 6% com sua interferência.

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Benefícios da polinização


SILVICULTURA

Besouro-quatro-pintas em eucalipto

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FOTO: Banco de Dados SBS

O Besouro Desfolhador ou besouroquatro-pintas é um desfolhador de eucalipto ainda pouco conhecido. Vem se destacando devido ao seu elevado potencial de desfolhamento em plantações de eucaliptos. As perdas na produção foram estimadas em 16,5% e 13,57% no crescimento em altura e no diâmetro, respectivamente, dois anos após o ataque, em eucaliptos com um ano de idade. Como em outros casos, estas perdas devem aumentar ainda mais com a idade, até o corte das árvores, resultando em expressivos prejuízos na produção de madeira. O besouro é um Chrysomelidae, Metaxyonycha angusta, conhecido popularmente como besouro de quatropintas. Ataca as partes mais tenras das

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árvores de eucalipto provocando grandes perdas na produção de madeira. Os insetos adultos apresentam com coloração amarelo e brilhante. Sobre as asas existem quatro manchas azul-esverdeadas, com brilho metálico, o que deve ter gerado o nome popular de “besouro-quatropintas”. Todo o corpo é de coloração amarelada brilhante e sem pêlos. As pernas e abdome têm coloração amarela e os tarsos são negros, assim como os olhos. Esses besouros alimentam em árvores de Eucalyptus spp. comendo as extremidades dos ramos, como os ponteiros tenros e as folhas jovens e as folhas do terço superior das árvores atacadas. Em alguns casos, os insetos deixam apenas as nervuras principais das folhas.

Câmara aprova Novo Código Florestal Por 25 votos a 1, foi aprovado em dezembro passado, na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, o novo Código Florestal Brasileiro. O projeto de lei segue agora para as comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Constituição, Justiça e Cidadania, antes de ir para o Senado. O relator do projeto, deputado Homero Pereira (PR-MT), apresentou um substitutivo ao original. Este substitutivo foi aprovado com quatro emendas apresentadas pelos demais deputados da comissão. Duas destas emendas são do de-

putado Valdir Colatto (PMDB-SC), único a votar contra a aprovação do projeto.Há dois anos tramitando no Congresso Nacional, o novo Código Florestal é alvo das atenções de produtores rurais e ambientalistas. Ele prevê, por exemplo, a manutenção dos limites de reservas legais nas propriedades da Amazônia Legal, que compreende nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e parte do Mato Grosso. Elas são parcelas de propriedades destinadas à conservação da floresta, mas que podem ser utilizadas para a exploração sustentável.

Notícias Nova Lei Florestal em Minas Gerais O Secretário de Estado José Carlos Carvalho enviou projeto de lei à Assembléia Legislativa do Estado objetivando a auto-suficiência das siderúrgicas mineiras quanto ao uso de carvão vegetal proveniente de florestas plantadas. Segundo o Projeto, a partir de 2008, o uso de carvão proveniente da mata nativa de Minas Gerais não poderá mais exceder a 10% de consumo total, independentemente das taxas a serem cobradas. O restante do carvão a ser utilizado, deverá ser originário de florestas plantadas ou de outros Estados. O prazo é de 10 anos para que as siderúrgicas atinjam o suprimento pleno de seus autos-fornos com carvão vegetal oriundo de florestas plantadas.

Reflorestamento em pequenas propriedades A terceirização do plantio florestal com pequenos e médios produtores rurais evita o custo de aquisição e imobilização de capital em novas terrras por parte das empresas verticalizadas. Esse procedimento permite, de um lado, que os fabricantes contem com uma fonte alternativa de abastecimento; de outro lado, permite que os proprietários rurais aproveitem economicamente suas terras ociosas e contem com uma alternativa de renda. O proprietário rural obtém, das empresas, financiamento para implantação e formação da floresta, acompanhado de assistência técnica e orientação gerencial, possibilitando ao empreendedor rural auferir lucro para reinvestir na atividade. Tal financiamento será pago, no futuro, com parte da madeira produzida.

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CESÁRIO RAMALHO DA SILVA

Cesário Ramalho da Silva é presidente da SRB - Sociedade Rural Brasileira

lógica do vale tudo nas áreas rurais”, afirmo ao senhor ministro do MDA que já existem sim políticas públicas para a agropecuária, especialmente relativas ao uso da terra. A Constituição está aí para provar. Estabelece no artigo 185 que é insuscetível de desapropriação a propriedade produtiva. Afirma no artigo 184 que compete à União desapropriar o imóvel rural que não cumpra a função social. E define no artigo 186 que a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo graus e critérios da Lei 8.629/03, os seguintes requisitos: a) - aproveitamente racional e adequado; b) - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) - exploração que favoreça o bemestrar dos proprietários e dos trabalhadores. A existência dos índices coloca em conflito os atributos que definem a própria função social da terra, criando situações paradoxais. O produtor, obrigado a cumprir um indicador inadequado ao perfil de sua propriedade, fica encurralado. Ou produz a qualquer custo, tendo que, por exemplo, invadir a área de preservação ambiental de sua fazenda,

o que contraria o “uso adequado dos recursos naturais e de preservação do ambiente” ou não cumpre o índice e fica sob o risco de desapropriação. Ou ainda ele terá que produzir só para atingir o índice, mesmo não tendo para quem vender, em um período, por exemplo, no qual o mercado não tenha demanda. Este produtor amargará prejuízos, que serão sentidos também pelos funcionários, criando um efeito-cascata prejudicial à “exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”. A legislação ficou ultrapassada. É preciso um novo conceito de medição, que considere níveis de produtividade, mas não de forma estática. Um formato que contemple as diferentes características de solo, clima, nível de tecnologia e situação do mercado de cada propriedade. Projeto de lei do atual secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano, elaborado no período em que ele era deputado federal, sugere esta nova sistemática. Propõe a avaliação com base em um laudo de avaliação técnico-agronômico feito por um profissional habilitado em ciências agrárias e as áreas mantidas com cobertura vegetal original ou em fase adiantada de regeneração ficam fora do cálculo de medição. Se a propriedade rural mantiver nível de aproveitamento agropecuário e florestal sustentável e compatível com suas diferentes variáveis, será considerada produtiva. É um método mais completo e justo, até porque, ao ser lastreado em um projeto de lei prevê o debate ao Congresso Nacional, fato oposto ao dispositivo dos índices, uma medida unilateral do executivo.

27 Janeiro de 2008

FOTO: Editora Attalea

O debate sobre a atualização dos índices de produtividade agropecuários recrudesceu após dois artigos publicados recentemente no jornal Folha de S. Paulo. Um do ex-ministro Roberto Rodrigues e o outro do titular do MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Hoje, a medição da produtividade leva em conta apenas dois fatores: a ocupação intensiva no limite de uso do imóvel rural (lavoura ou animais) e o quanto a propriedade produz economicamente, por exemplo, de carne ou soja, tendo como período de análise somente um anosafra. O cálculo desconsidera condições climáticas e socioeconômicas a que o produtor rural estava sujeito na hora de produzir e os impactos da atividade ao entorno socioambiental. Rodrigues, assertivamente, defendeu o fim dos índices, argumentando que o mercado já se encarrega de funcionar como instrumento medidor da produtividade. Corroborando a opinião do exministro, destaco que a terra por si só não garante renda. Ela retorna o que recebe em tecnologia, manejo ambiental, gestão responsável de pessoas e processos, entre outros investimentos. Quem não faz assim fica naturalmente fora do negócio. Por outro lado, o produtor, que se mantém competitivo em um mercado extremamente acirrado como temos hoje, consequentemente cumpre a função social da terra. Cassel, por sua vez, procurou desqualificar a linha de raciocínio de Rodrigues. Mas, diferentemente do que escreveu, que é preciso “superar a

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Os índices de produtividade estão em xeque


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